C - 3.4-Propriedades Das Rochas Reservatórios
C - 3.4-Propriedades Das Rochas Reservatórios
C - 3.4-Propriedades Das Rochas Reservatórios
Faculdade de Engenharia
Disciplina:
Petróleo e Gás e Modelização de Reservatórios
Capítulo 3:
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3.4.1. Propriedades das rochas de reservatórios
As informações sobre as propriedades das rochas são factores decisivos para o estudo do comportamento
dos reservatórios de petróleo e, portanto, a sua colecta e a sua interpretação devem merecer uma
atenção especial, através de um trabalho exaustivo e meticuloso.
3.4.1. Porosidade
Para se comportar como reservatório uma rocha terá de conter alguns espaços vazios entre a sua matriz
de modo a reter petróleo e gás. A estes espaços dá-se o nome de porosidade e é expressa em
percentagem.
A porosidade (ф) é uma das mais importantes propriedades das rochas na engenharia de reservatórios,
pois ela mede a capacidade de armazenamento de fluidos. A equação da porosidade é dada por:
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Uma porosidade próxima de 0% é considerada como insignificante e é excelente quando da ordem dos
20%.
Considera-se que um reservatório composto por arenito é susceptível de ser explorado quando a sua
porosidade é superior a 8% (porosity cutoff). No caso de calcários este valor desce para os 3%. Há três
tipos de porosidade: intergranular, vugular e de fractura.
A porosidade intergranular corresponde basicamente aos espaços abertos entre os grãos ou fragmentos
de uma rocha clástica (arenitos, conglomerados e calcários). Em termos teóricos, a porosidade
intergranular de uma areia composta de esferas de igual diâmetro seria de 48%, sendo, portanto, este
valor correspondente a uma porosidade máxima. No entanto, em depósitos naturais a porosidade poderá
ter valores até 30%.
Esta porosidade intergranular é afectada fortemente pelo tipo de calibração dos grãos.
O segundo tipo de porosidade é a porosidade vugular, que ocorre em calcários, que após a litificação
estiveram acima do nível do mar e expostos a água doce. À medida que águas ácidas percolavam, foram
abrindo pequenos canais interligados (vugs).
Estes espaços são, regra geral, muito pequenos contribuindo de forma modesta para a porosidade total
(até 5%). Este facto é compensado pelo facto de estas formações terem em geral grande possança e
constituírem bons reservatórios.
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PETRÓLEO ARMAZENADO EM FRACTURAS SOB DISCORDÂNCIA
A porosidade (ф) pode ser medida de várias formas e os seus valores provêm normalmente de dados
sísmicos, diagrafias no poço e amostras recolhidas.
Quando se recolhem amostras, a medição da porosidade pode ser feita recorrendo a vários métodos,
todos eles baseados na medição do volume não mineral da amostra. Exemplos de métodos usados são o
de Washburn-Bunting e o porosímetro Ruska.
A permeabilidade (K) é a facilidade com que um fluido escoa através de um meio poroso. Esta grandeza é
medida em Darcy. A lei de Darcy estipula a relação entre o fluxo e a permeabilidade:
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A unidade de permeabilidade é o Darcy, que corresponde à permeabilidade que permite um fluido com
viscosidade de 1cP, de passar com uma velocidade de 1cm/s com uma queda de pressão de 1atm/cm.
A permeabilidade de uma formação pode ser medida através de um ensaio laboratorial ou através de
diagrafias (estimada por correlação com a porosidade).
Durante a sedimentação, os sedimentos tinham os seus vazios preenchidos por água. Aquando dos
processos de litificação essa água manteve-se e pode, ou não, ter sido substituída por petróleo ou gás.
Este processo de substituição é ajudado pelas diferentes densidades e processa-se em longos períodos e
raramente está concluído.
Normalmente existe sempre num reservatório uma fase de gás, outra de petróleo e outra de água, sendo
que a dimensão desta última fase afecta a rendibilidade da exploração. As três fases normalmente estão
separadas.
No entanto, quando há uma alta saturação de água nos poros e baixa de hidrocarbonetos (por exemplo
25%), poderão coexistir as duas fases em separado criando tensões superficiais nas gotículas de petróleo
que estabilizam as gotículas nos poros. Se fosse aberto um poço a água fluiria livremente deixando o
petróleo nos poros, pois é a água que constitui a fase continua ligando a matriz, em que as gotículas de
petróleo estão com a cor mais escura e os grãos minerais com a cor mais clara.
Numa situação oposta em que o petróleo substituiu a fase de água na matriz porosa, a saturação de
petróleo é alta (S0) e a saturação de água (Sw) é baixa (inferior a 20%). Aqui a água presente é inamovível
e permanece ligada por forças de capilaridade.
A saturação do petróleo (So), é suficientemente alta para se interligar de forma contínua através dos poros
e se um diferencial de pressão for aplicado através da abertura de um poço, este produziria petróleo.
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Arenito saturado de hidrocarboneto
Normalmente os poços abertos produzem tanta água como petróleo. Isto passa-se, pois, a saturação de
petróleo (So) e a saturação de água (Sw), são ambas superiores a 25%, sendo que o grau de saturação da
água vai um pouco além da mínima inamovível e a do petróleo para além da saturação residual do
petróleo.
A determinação dos valores de saturação de petróleo, gás e água, são de grande importância na fase
prospecção e normalmente são determinados através de diagramas eléctricos em furo (open-hole electric
logs).
A medida de petróleo e gás num reservatório foi determinada por Gus Archie através da seguinte equação
(equação de Archie):
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A permeabilidade e porosidade são parâmetros fundamentais na geologia do petróleo. No entanto, não
podemos dissocia-los da origem a que a rochas estiveram sujeitas. A matriz deposicional afecta e
predefine a boa ou má aptidão como rocha reservatório. A diagénese actua posteriormente acentuando
ou não determinadas características como a forma dos grãos, calibração, tamanho e a matriz.
Alguns estudos apontam para a esfericidade relacionar-se de forma inversa com a porosidade (devido à
melhor compactação quando maior for a esfericidade). De igual forma, a porosidade aumenta com
arenitos mais grosseiros, provavelmente devido a factores de cimentação e calibração. A permeabilidade
varia directamente com o tamanho dos grãos por aumento da capilaridade. De igual forma a porosidade
aumenta com a gradação. Arenitos mal calibrados têm entre os grãos de maior dimensão, outros de
menor dimensão que lhes baixam a porosidade.
A porosidade das rochas sedimentares é função do grau de compactação das mesmas, e as forças de
compactação são função da máxima profundidade em que a rocha já se encontrou.
Neste contexto, a compressibilidade (Cf) é de maior importância para a engenharia de reservatórios que
mede a variação fraccional do volume poroso da rocha com a variação unitária da pressão.
Considerando que uma rocha reservatório é constituída basicamente de matriz e volume poroso, é
conveniente diferenciar três tipos de compressibilidades: Compressibilidade da Rocha Matriz,
Compressibilidade Total da Rocha e Compressibilidade dos Poros.
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Em relação à mobilidade (γo) de um fluido, esta representa a relação entre a sua permeabilidade efectiva
e a sua viscosidade. Quanto mais viscoso for o fluido, menor será a sua mobilidade, ou seja, menor será a
eficiência de deslocamento desse fluido no meio poroso.