Nota Explicativa Mapa Aguas Subterraneas
Nota Explicativa Mapa Aguas Subterraneas
Nota Explicativa Mapa Aguas Subterraneas
Vários colaboradores.
Obra em 3 v.
Inclui CD-ROM e mapa escala.
Bibliografia.
05-8753 CDD-551.490981610223
GOVERNO FEDERAL
Luis Inácio Lula da Silva
Presidente
EXECUÇÃO
Coordenação Geral
Gerôncio Rocha – DAEE
Coordenação Temática
Amélia João Fernandes – IG (Aqüíferos Fraturados)
Malva Andrea Mancuso – IPT (Aqüíferos Sedimentares)
Equipe Técnica
Amélia João Fernandes – IG
Antonio Gimenez Filho – IPT
Armando Teruo Takahashi – CPRM
Elizete Domingos Salvador – CPRM
Fausto Luis Stefani – IPT
Geraldo Hideo Oda – IG
Gerôncio Rocha – DAEE
José Eduardo Campos – DAEE
José Luiz Albuquerque Filho – IPT
Malva Andrea Mancuso – IPT
Marcelo Denser Monteiro – IPT
Marcos Dutra da Silva – CPRM
Mônica Mazzini Perrotta – CPRM
Sérgio Gouveia de Azevedo – IPT
Cartografia Digital
Lauro Gracindo Pizzatto – CPRM
Nivaldo Paulon – IPT
CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL
Capítulo 4
Ricardo Hirata – IGc/USP
Alexandra Vieira Suhogusoff – IGc/USP
COLABORAÇÃO
DAEE
Alexandre Liazi, Armando Narumiya , Maria Dulce de Souza
IG
Anna Artemísia Barracco de Azevedo, Luciana Martin Rodrigues Ferreira, Mara Akie Iritani,
Alexandre Henrique da Silva
IPT
Omar Yazbek Bitar, Mário Otávio Costa, Ana Maria de Azevedo Dantas Marins,
Waldyr Dantas Cortez
CPRM
Ruy Edy Iglesias da Silveira, Maria Kazue Urukawa, Rafael de Barros Barbim, Marina
Graças Perin
PROJETO GRÁFICO
DuoDesign
Deodato de Mello Freire Júnior
Antonio Carlos Felix
PROGRAMAÇÃO VISUAL DO MAPA
Esperanza Sobral
PRODUÇÃO DO CD-ROM
Geojá Mapas Digitais
AGRADECIMENTOS
APOIO
Esta publicação foi editada com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
Introdução 09
1. O Território 11
Relevo e hidrografia 12
Clima 14
Geologia 16
Ocupação 17
Água 19
2. O Mapa 23
Introdução 24
Composição 24
Potencialidade 25
3. Os Aqüíferos 29
Aqüífero Bauru 32
Aqüífero Guarani 39
Aqüífero Tubarão 46
Aqüífero Furnas 50
Aqüífero São Paulo 52
Aqüífero Taubaté 57
Aqüífero Litorâneo 62
Aqüíferos Fraturados 66
Bibliografia 95
Anexo 1 101
Lista de poços representativos 102
Anexo 2 107
Legislação estadual específica de águas subterrâneas 108
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo introdução 9
INTRODUÇÃO
A nálises
N º poços
Químicas
7 B auru
1976 8 S ão José do R io Preto 6 3 .0 0 0 1.750 450
9 A raçatuba
10 Presidente Prudente
1979 4 4 .0 0 0 1.235 163
11 M arília
2 S antos 1 5 .5 0 0 129 27
To ta l 2 4 8 .0 0 0 9 .9 6 4 1411
E scala do R eg ião
An o E n tidade
m apeam en to Adm in istrativa
1977 IP T 1:100.000 3
O TERRITÓRIO
12 o território mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
O TERRITÓRIO
Gerôncio Rocha (DAEE)
O Estado de São Paulo tem cerca de 248.000 km2 de extensão e está localizado entre os
paralelos 20º - 25º S e os meridianos 44º 30’- 53º W, na Região Sudeste do Brasil. O
Trópico de Capricórnio (23º30’ S) passa a Sul do território.
Relevo e hidrografia
A modelagem do relevo do território paulista foi fortemente influenciada pela geologia e
pelo clima. As províncias fisiográficas maiores foram delineadas por MONBEIG (1949),
AB’SABER (1956) e ALMEIDA (1964): a Planície Costeira, o Planalto Atlântico, a Depressão
Periférica, as Cuestas Basálticas e o Planalto Ocidental. Posteriormente, o IPT (1981b)
elaborou o Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo, no qual delimita zonas e
sub-zonas geomorfológicas em cada uma das cinco províncias, com base em sistemas
de relevo.
Seguindo para oeste, a partir do limite do Planalto Atlântico, há uma queda brusca do
relevo ao longo de uma faixa de 80 a 100 km de largura. É a chamada Depressão
Periférica, com altitudes médias de 600 a 650 m, correspondente à área de ocorrência
de rochas sedimentares paleozóicas e mesozóicas da Bacia do Paraná. É um relevo de
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo o território 13
Fonte: Perrotta et al. (2005) (dados do SRTM - Shutle Radar Topographic Mission).
Figura 1.1. Aspecto geral do relevo paulista.
terras baixas, colinosas, cujas paisagens podem ser vistas no trecho do Médio Tietê,
entre Itu e Botucatu; entre Campinas, Piracicaba e Santa Maria da Serra; e, mais a nordeste,
nos vales do Pardo e do Mogi-Guaçu. Este relevo suave é interrompido por uma faixa
descontínua de escarpas que se estende de norte para sudeste, na porção central do
Estado; são as Cuestas Basálticas, com as frentes de escarpas voltadas para leste e seu
reverso para noroeste, formando planaltos isolados com altitudes médias de 800 a 900 m
(Franca, Altinópolis, Cravinhos, São Simão, São Carlos, Botucatu e outros). A partir da linha
sinuosa de cuestas, em direção à calha do Paraná, estende-se o Planalto Ocidental que
ocupa quase a metade do território. É um relevo ondulado, com predomínio de colinas e
morrotes, esculpidos nos arenitos do grupo Bauru. Destacam-se na paisagem os planaltos
de Marília - Garça - Echaporã, de Monte Alto e de Catanduva, com desníveis de 150 m em
relação às altitudes médias de 500 m dos relevos vizinhos. No conjunto, o Planalto Ocidental
é uma extensa plataforma com mergulho suave até a calha do rio Paraná, onde as altitudes
estão na faixa de 250 a 300 m.
No Planalto Atlântico os rios ora seguem o padrão dendrítico, ora se dispõem em treliça,
refletindo as estruturas das rochas cristalinas pré-cambrianas, paralelamente orientadas
segundo a direção nordeste -sudoeste. A partir da Depressão Periférica, os rios principais
(Grande, Tietê, Aguapeí, Peixe e Paranapanema) entalham o relevo em caminhos
subparalelos no sentido do rio Paraná. Neste caminho para oeste, o Tietê é o “rio bandeirante”,
atravessando quase todo o território numa extensão de 1080 km.
Clima
SETZER (1966), adotando o sistema internacional de W. Köppen, fez o zoneamento climático
Figura 1.3
do território paulista (Figura 1.3). Na região do Planalto Atlântico predominam os climas
úmidos de temperaturas brandas. Os climas quentes de inverno seco dominam toda a
Depressão Periférica e parte do Planalto Ocidental. Climas quentes e úmidos são predominantes
a sudoeste, no Vale do Ribeira e no Alto Paranapanema. A bacia do rio Grande, a norte, destaca-
se como uma região de climas tropicais de verão úmido e inverno seco.
As chuvas são naturalmente abundantes no Estado de São Paulo, com índices anuais médios
entre 1100 e 2000 mm predominantes em área (Figura Figura 1.4
1.4). Nas escarpas da Serra do Mar e
no Litoral, os índices pluviométricos situam-se entre 2500 e 3500 mm. De acordo com MONTEIRO
(1973), tamanha quantidade de chuva é conseqüência da atuação das principais correntes de
circulação atmosférica da vertente atlântica, com influência maior da Frente Polar.
SANT’ANNA NETO (1995) fez uma análise geográfica da distribuição de chuvas no período de
1971 – 1993, chegando às seguintes conclusões que, segundo o autor, são indícios de alteração
climática:
n comparando os totais anuais de chuvas e a média do período 1971 – 1993 com o período
anterior 1941-1970 verifica-se um aumento da pluviosidade da ordem de 10%;
n há, também, alteração na sazonalidade das chuvas. Tanto o trimestre mais chuvoso
quanto o mais seco passaram a ter atraso de um mês. No período 1941 – 1970 o trimestre
chuvoso era iniciado em novembro ou dezembro e terminava em janeiro ou fevereiro; agora
ele ocorre entre dezembro ou janeiro a fevereiro ou março. Por sua vez o período seco, que
antes ia de maio ou junho a julho ou agosto, agora vai de junho ou julho a agosto ou
setembro.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo o território 15
Geologia
Figura 1.5
Um terço do território paulista, situado a leste (Figura 1.5), é constituído por granitos e
rochas metamórficas (migmatitos, gnaisses e xistos) que constituem o embasamento pré-
Cambriano. São rochas marcadas por fortes deformações tectônicas que ocorreram ao
longo do vasto período geológico denominado pré- Cambriano, produzindo dobras e falhas,
com deslocamentos de blocos, refletidos no atual relevo montanhoso.
A maior parte (os outros dois terços) da área estadual pertence à Bacia do Paraná sendo
constituída por rochas sedimentares variadas e por basaltos. Na era paleozóica, desde o
período Devoniano, depositaram-se extensos pacotes sedimentares em ambiente
preponderantemente marinho: Formação Furnas, Grupo Itararé, Formação Aquidauana, Grupo
Guatá e Grupo Passa Dois. No Triássico o mar regrediu e não mais retornou. Em ambiente
continental, rios e lagos se formaram e o clima foi se transformando até se tornar inteiramente
desértico. É neste tempo que ocorre um novo ciclo de sedimentação com a deposição de
arenitos eólicos em sucessivos campos de dunas (formações Pirambóia, durante o Eo-
Triássico, e Botucatu, do Neo-Jurássico ao Eo-Cretáceo).
No Terciário o território foi novamente afetado por tectonismo relacionado à separação dos
continentes da América do Sul e África: houve soerguimento do embasamento pré-cambriano
e, em duas áreas, formaram-se bacias alongadas e delimitadas por falhas onde se
depositaram rochas sedimentares. São as bacias sedimentares de São Paulo e de Taubaté.
Coberturas sedimentares mais jovens (período Quaternário) formam aluviões ou camadas
dispersas e de pouca espessura, das quais as únicas representáveis na escala do presente
Mapa são as planícies litorâneas.
Ocupação
O Estado de São Paulo abriga cerca de 40 milhões de pessoas, a quinta parte da população
brasileira (SEADE 2005). A Figura 1.6 mostra a distribuição da densidade populacional.
Quase dois terços da população estão concentrados a leste, ao longo de dois eixos
principais: São Paulo - Campinas - Ribeirão Preto e São Paulo - São José dos Campos (Vale
do Paraíba). A Região Metropolitana de São Paulo concentra a metade da população, com
uma densidade em torno de 3000 hab/km2 – uma das mais altas do mundo.
Água
Graças à localização intertropical, ao clima e à geologia, o Estado de São Paulo tem abundância
de água superficial e subterrânea.
A base territorial para o planejamento e a gestão dos recursos hídricos é a bacia hidrográfica.
O território estadual está dividido em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos –
Figura 1.8
UGRHIs (Figura 1.8).
A chuva média plurianual que ocorre no território é da ordem de 1380 mm/ano ou 10.800
m3/s. Deste total, apenas 30% (3120 m3/s) constituem a vazão média que escoa pelos rios.
Uma parcela desta vazão média constitui o chamado escoamento básico, isto é, o volume de
águas subterrâneas que, na fase terrestre do ciclo hidrológico, mantém o nível de base dos rios
durante o período seco; corresponde a 40% (1280 m3/s) do escoamento total.
A demanda atual por água superficial é da ordem de 350 m3/s, assim repartida:
• abastecimento público: 110 m3/s
• uso industrial: 93 m3/s
• irrigação: 143 m3/s
• uso doméstico rural 4 m3/s
20 o território mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Estes números globais indicam que a disponibilidade de recursos hídricos é bem maior do
que a demanda. Quando, porém, a relação demanda/disponibilidade é distribuída segundo
as unidades de gerenciamento (Figura Figura 1.9
1.9) as diferenças regionais se destacam. Os
maiores índices de utilização das águas ocorrem nas bacias do leste, onde se concentram
a população e a atividade industrial. A região metropolitana da bacia do Alto Tietê já apresenta
déficit hídrico, tendo que importar cerca de 30 m3/s de água da vizinha bacia do Piracicaba,
para abastecimento público. Seguem, com índices elevados de utilização da água, as
bacias do Piracicaba – Capivari – Jundiaí, Tietê – Sorocaba e Pardo.
Nestas bacias do leste, as águas superficiais são duplamente afetadas: há exploração intensiva
e, ao mesmo tempo, o comprometimento da qualidade das águas pela poluição. A Figura
1.10 mostra a extensão da poluição ao longo do rio Tietê e seus afluentes - cerca de 300 km
desde as cabeceiras até a barragem de Barra Bonita.
As águas subterrâneas apresentam uma vazão total explorável da ordem de 330 m3/s, sendo
a demanda atual de 60 m3/s. Embora o volume disponível seja menor do que o de águas
superficiais, sua importância se deve a duas características básicas: a) as reservas de água
subterrânea regulam o fluxo de base dos rios, garantindo-lhes a perenidade no período seco; e
b) a parcela explorável é largamente utilizada no abastecimento público. Atualmente, 462
municípios paulistas, ou seja, cerca de 72% são, total ou parcialmente, abastecidos por água
subterrânea, atendendo a uma população de cerca de 5,5 milhões de pessoas.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
o território
Figura 1.10. Índice de qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo.
21
Capitulo 2
O MAPA
24 o mapa mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
O MAPA
Gerôncio Rocha (DAEE)
Amélia J. Fernandes (IG)
Introdução
O Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo é uma síntese de informações
hidrogeológicas com a finalidade de oferecer um panorama da localização, distribuição e
potencialidades dos aqüíferos no território.
Composição
O Mapa é constituído por quatro bases temáticas, a saber:
b. Base Aqüíferos, na qual os limites dos aqüíferos correspondem aos das unidades geológicas
maiores, extraídas do mapa geológico mencionado acima. Os aqüíferos foram classificados
em duas categorias: granulares ou sedimentares, onde a água circula entre os poros da rocha;
e fraturados (geralmente rochas cristalinas), onde a água percola ao longo de fraturas e outros
tipos de cavidades. No Mapa, segundo a convenção internacional, os aqüíferos granulares são
apresentados em tons de azul e os aqüíferos fraturados, em tons de verde.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo o mapa 25
B auru 676 69
Guarani 111 34
Tubarão 853 09
S ão Paulo 172 06
Taubaté 130 04
Litorâneo 60 04
Furnas 01 01
Potencialidade
A potencialidade de água subterrânea dos aqüíferos sedimentares está representada
no Mapa por faixas de vazão explorável, em m3/h. Define-se como vazão explorável, ou
recomendada, aquela que pode ser extraída de forma sustentável por longos períodos
e com rebaixamentos moderados da espessura saturada. Para os aqüíferos fraturados,
no entanto, são indicadas vazões prováveis, pois, apesar de resultarem de cálculos
realizados com capacidade específica de poços que contaram com a realização de
testes de bombeamento de, pelo menos, 20 horas, não se relacionam a rebaixamentos
em um período de tempo prolongado. Este é um fator que deve ser analisado para
cada poço existente ou a ser construído devido à heterogeneidade destes aqüíferos.
O cálculo da vazão (Q) explorável para os aqüíferos sedimentares foi realizado adaptando
a equação de THEIS (1935), para cálculo de rebaixamento, com a aproximação proposta
por COOPER & JACOB (1946). Neste cálculo considerou-se um período de 20 anos de
bombeamento contínuo.
26 o mapa mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
O rebaixamento máximo do nível d’água subterrânea foi definido para cada aqüífero
de acordo com as suas características e disponibilidade de dados (ver descrição
dos aqüíferos sedimentares no capítulo 3). Este método foi inicialmente aplicado
por ROCHA et al. (1982), para avaliação dapotencialidade do Aqüífero Bauru, em
São Paulo. A equação utilizada para o cálculo foi a seguinte:
onde,
Este método de cálculo foi utilizado para os aqüíferos Bauru, Guarani e Taubaté; no
entanto, para os aqüíferos Tubarão, São Paulo e Litorâneo, devido à insuficiência de
informações, as vazões foram calculadas utilizando-se a capacidade específica de poços
e considerando-se um rebaixamento máximo definido em função das características
de cada aqüífero (ver descrição de aqüíferos no capítulo 3). Para o Aqüífero Furnas
havia dados de apenas um poço e, por este motivo, a sua única faixa de vazão foi
estimada com base na informação disponível e nas características das rochas que
constituem a Formação Furnas.
A partir dos resultados obtidos com a aplicação da equação foi realizado o zoneamento
das vazões exploráveis, utilizando como pontos de controle as vazões resultantes de
testes de bombeamento de longa duração. As faixas de vazão para cada aqüífero
encontram-se apresentadas no Quadro 2.2.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo o mapa 27
B auru
Tubarão
Guarani A florante
C onfinado
Taubaté
S ão Paulo
Litorâneo
Quadro 2.2. Faixas de vazão explorável indicadas para os aqüíferos sedimentares, em m3/h.
Para a análise do fator “fraturas” foram elaborados mapas de lineamentos, cujo tratamento
resultou em mapas de densidade de lineamentos e de intersecções de lineamentos, os
quais, em geral, são correlacionáveis à densidade e à conectividade de fraturas,
respectivamente. Após a identificação de 4 classes de potencialidade, às quais
correspondem 4 curvas distintas de distribuição acumulada, procedeu-se à conversão dos
valores de capacidade específica de 20% e 80% de cada distribuição para valores de
vazão. Isto foi feito por meio de análise de correlação, com grau de confiança de 95%,
entre capacidade específica e vazão, utilizando dados de poços nos quais consta a
realização de testes de bombeamento com duração maior ou igual a 20 horas. Desta forma
foram obtidas as faixas de vazão especificadas no Quadro 2.3.
28 o mapa mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Classe de
S ig la T ipo de R o ch a 20% 50% 80%
Po ten cialidade
Rochas metamórficas
p∈ 1 1 2 6 19 9
e granitos
2 1 4 12 5 44
3 3 7 23 2 36
Ksg Basaltos 4 7 23 10 0 2 85
Quadro 2.3. Faixas de vazões prováveis indicadas no Mapa para os aqüíferos fraturados, em m3/h.
OS AQÜÍFEROS
30 os aqüíferos mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
OS AQÜÍFEROS
A Figura 3.1
3.1, também apresentada no Mapa de Águas Subterrâneas (denominado
brevemente de Mapa ao longo desta Nota), ilustra uma seção dos aqüíferos do Estado,
que é iniciada no litoral, a sudeste (próximo a Bertioga), passa por São Paulo e bordeja
o rio Tietê pela margem direita, até aproximadamente Botucatu, a partir de onde segue
pela margem esquerda, até atingir os limites do Estado, a noroeste, no rio Paraná. Para
elaboração desta seção foram consultados LEITE et al. (2004), LOPES et al. (2004),
PERROTTA et al. (2004) e SALVADOR et al. 2004. A linha de superfície nela traçada foi
baseada nas folhas planialtimétricas de escala 1:250.000, publicadas pelo IBGE.
O Aqüífero Guarani aflora em faixa estreita e irregular sobre o Aqüiclude Passa Dois e,
mais para oeste é confinado pelos basaltos da Formação Serra Geral, ocorrendo em
profundidades que variam desde algumas dezenas de metros, junto à área de
afloramento, a até mais de 1900 m, no extremo oeste do Estado.
O Aqüífero Serra Geral ocorre em superfície na região das Cuestas Basálticas, na porção
intermediária do Estado e regiões mais rebaixadas junto às margens dos rios Grande, a
norte, e Paranapanema, a sul. Encontra-se, em sua maior parte, recoberto pelos sedimentos
que constituem o Aqüífero Bauru, importante fonte de abastecimento para toda a porção
oeste do Estado.
Neste capítulo os aqüíferos serão descritos, de oeste para leste, de acordo com os
dois tipos de terrenos: sedimentares (Bauru, Guarani, Tubarão, Furnas, São Paulo, Taubaté
e Litorâneo, nesta ordem) e fraturados (Serra Geral e Pré-Cambriano).
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Fonte: Altimetria: cartas do IBGE, escala 1:250.000; Limites geológicos: carta geológica do Brasil ao milionésimo, folhas Paranapanema
os aqüíferos
(LOPES et al. 2004) e Rio de Janeiro (LEITE et al. 2004); Dados de subsuperfície de perfis geológicos da Base de poços.
Figura 3.1. SeÇão hidrogeológica esquemática do Estado de São Paulo.
31
32 aqüífero bauru mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
AQÜÍFERO
BAURU
Malva A. Mancuso (IPT)
José Eduardo Campos (DAEE)
Caracterização Geral
O Aqüífero Bauru ocupa aproximadamente a metade oeste do território do Estado de
3.2), possuindo uma área aproximada de 96.880 km2. Os limites do
Figura 3.2
São Paulo (F
Aqüífero Bauru no Estado compreendem a oeste e noroeste o rio Paraná, a norte o rio
Grande, a sul o rio Paranapanema e áreas de afloramento da Formação Serra Geral, que
delimitam também o aqüífero na região leste.
O Aqüífero Bauru é constituído pelas rochas sedimentares dos Grupos Bauru e Caiuá
(FERNANDES & COIMBRA 1992), depositados na Bacia Bauru, designação efetuada por
FERNANDES (1992).
A renitos Livre a
grosseiros localmente
imaturos; com confinado;
abundantes porosidade
B auru nódulos e cimento granular; 0,1 a 0,4 10 a 50
M édio/S uperior calcíferos; bancos contínuo e
de arenitos finos não uniforme
intercalados com
lamitos e siltitos
Fonte: Delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo - CPRM/ SGB (PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.2. O Aqüífero Bauru.
O estudo dos vários aspectos do aqüífero, tais como superfície de contato com os basaltos
da Formação Serra Geral, espessura saturada, potenciometria e potencialidade, baseou-se
nos dados de 1099 poços extraídos de cadastro do DAEE, com parte deles atingindo os
basaltos. Estes foram selecionados de acordo com a distribuição e confiabilidade da
informação hidrogeológica requerida.
Potencialidade
O estudo da potencialidade do Aqüífero Bauru baseou-se em 676 poços selecionados.
Destes, 69 foram considerados representativos das características do aqüífero, de acordo
com os seguintes critérios: confiabilidade da informação, máxima penetração no aqüífero,
existência de ensaio de bombeamento com duração igual ou superior a 20 horas e distribuição
homogênea na área.
A capacidade específica, obtida a partir da análise de 173 poços com tempo de bombeamento
igual ou superior a 15 h, apresenta valores médios de 0,57 m3/h/m, com mínimo de 0,022 m3/
h/m e máximo de 4,9 m3/h/m. Predominam capacidades específicas inferiores a 0,5 m3/h/m
3.4), entretanto, valores superiores a 1,6 m3/h/m ocorrem a oeste, nas áreas de domínio
Figura 3.4
(Figura
do Bauru Inferior/Caiuá.
A condutividade hidráulica do Aqüífero Bauru varia de 0,002 m/d a 3,66 m/d, segundo dados
de ensaios de recuperação realizados em 103 poços. Com base na análise dos mesmos
ensaios, concluiu-se que a transmissividade do sistema varia de 0,14 a 328 m2/dia, ocorrendo
predominância de valores inferiores a 50 m2/dia (Figura
Figura 3.5
3.5). No extremo oeste da área, nas
regiões de afloramento do Bauru Inferior/Caiuá, atinge valores superiores a 200 m2/dia, também
observados por IRITANI et al. (2000).
Fonte: Gerada a partir da interpretação de ensaios realizados em poços constantes no cadastro do DAEE.
Figura 3.5. Transmissividade do Aqüífero Bauru.
Para fins de cálculo, o coeficiente de armazenamento (S) foi definido com base na geometria
e distribuição espacial das formações presentes no Mapa Geológico do Estado de São
Paulo (PERROTTA et al. 2005). Assim, foram adotados os seguintes valores para o
parâmetro: 10-1 para a área de domínio do Bauru Inferior/Caiuá e de 10-3 para o Bauru
Médio/Superior (DAEE 1979b, ROCHA 1982).
A Figura 3.7 mostra mapa com cinco zonas diferenciadas de vazão explorável, com
intervalos que variam de 10 até 120 m3/h, no entanto, recomenda-se que, nesta última
faixa, as vazões praticadas não excedam os 80 m³/h. A consistência dos intervalos de
vazão explorável, resultante da equação, foi realizada considerando-se vazões reais
observadas em poços existentes. No domínio do Bauru Médio/Superior predominam vazões
38 aqüífero bauru mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Fonte: Potenciometria elaborada a partir da Base de poços, CAMPOS et al. (2000) e IBGE (2001).
Figura 3.7. Vazão explorável do Aqüífero Bauru.
As zonas de potencial explorável mais elevado encontram-se a oeste, numa faixa que se
estende ao longo do rio Paraná e abrange o Pontal do Paranapanema, onde predominam
intervalos de 40 a 80 m3/h. Estas são áreas de domínio do Bauru Inferior/Caiuá, que apresenta
espessuras saturadas da ordem de 100 a 200 m e transmissividade de até 300 m2/d.
AQÜÍFERO
GUARANI
Armando Takahashi (CPRM)
Caracterização geral
O Aqüífero Guarani ocorre na porção oeste do Estado de São Paulo, ocupando cerca de
Figura 3.8
76% do seu território. A leste está localizada a faixa aflorante (Figura 3.8), que se
estende desde o município de Rifaina, a norte, até Fartura, ao sul. Esta faixa, com área
de 16.000 km 2, está inserida na Depressão Periférica e apresenta largura irregular que
se amplia ao longo das grandes drenagens, como é o caso do rio Jacaré-Pepira, quando
atinge o máximo de 175 km. Para oeste daquela faixa, o aqüífero encontra-se confinado
pelos basaltos da Formação Serra Geral, numa extensão de cerca de 174.000 km 2 .
Nesta região, as águas do Guarani abastecem cidades importantes como São José do
Figura 3.8
Rio Preto, Presidente Prudente, Marília e Araçatuba (Figura 3.8).
Fonte: Delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo - CPRM/ SGB (PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.8. Localização do Aqüífero Guarani.
40 aqüífero guarani mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Este aqüífero é composto por arenitos das formações Pirambóia, na base, e Botucatu,
no topo (FFigura 3.9
3.9). A Formação Pirambóia, de idade triássica (MILANI 2004), é
constituída por arenitos de granulação média a fina, localmente grossos e
conglomeráticos, depositados em ambiente fluvio-lacustrino e eólico (CAETANO-CHANG
& WU 1992, MILANI et al. 1994). Apresenta estratificação de médio porte, cruzada
planar ou acanalada e estratificação plano-paralela, com lâminas ricas em argila ou
silte. No Jurássico-Cretáceo, seguiu-se a deposição eólica da Formação Botucatu,
constituída predominantemente por arenitos de granulação média a fina, avermelhados,
com grãos de alta esfericidade e bem selecionados, exibindo estratificação cruzada de
grande porte. Todo o pacote está assentado, em discordância angular, sobre o Grupo
Passa Dois e parte dele, a porção confinada, está recoberto pelos derrames basálticos
da Formação Serra Geral, que apresenta intertraps de arenito (IPT 1981a).
A superfície do topo, definida pelo contato com a Formação Serra Geral, mergulha
para sudoeste, apresentando altitudes de 800 m no limite da parte aflorante, até
1300 m abaixo do nível do mar na região de Presidente Prudente, junto ao rio Paraná
Figura 3.10
(Figura 3.10). Os gradientes desta superfície são de 1,8 m/km ao longo do vale do rio
Tietê, e de 3,8 m/km, pelo eixo próximo ao rio do Peixe até as imediações da
cidade de Avaré.
Potencialidade
O estudo da potencialidade do Aqüífero Guarani foi realizado com base em 111 poços
selecionados. Destes, 34 foram considerados representativos das principais características
do aqüífero, tais como nível potenciométrico, cota da superfície do topo, espessura e
faixas de vazão representadas no Mapa.
No que se refere ao limite da área de surgência do Aqüífero Guarani, este indica o local
a partir do qual o nível d’água subterrânea, sob pressão, eleva-se acima da superfície
do terreno. A geometria irregular deste limite é concordante com a topografia regional
(SILVA 1983).
44 aqüífero guarani mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
A condutividade hidráulica (K) do Aqüífero Guarani como um todo foi obtida pelo cálculo da
média ponderada dos valores de K das Formações Pirambóia (2,5 m/dia) e Botucatu (3,5 m/
dia) (DAEE 1974). O fator de ponderação correspondeu à somatória das espessuras de cada
formação, considerando 14 poços localizados na porção confinada do aqüífero e 54 poços na
área de afloramento. Os valores médios de K obtidos são 2,6 m/dia para a área confinada e 3,0
m/dia para a área livre.
A transmissividade (T), obtida com base no mapa de espessura do aqüífero e nos valores
de K, é de aproximadamente 260 m2/dia na área aflorante, aumentando progressivamente
para oeste até atingir valores superiores a 1200 m2/dia ao longo do vale do rio Tietê, na área
confinada.
A menor faixa de vazão explorável (de 20 a 40 m3/h) pode conter vazões inferiores a 20 m3/h nas
áreas próximas à Formação Passa Dois, onde o aqüífero apresenta as menores espessuras
saturadas. Dentro da área confinada, as vazões aumentam para oeste-noroeste, até se
fixarem em valores máximos recomendados de 360 m3/h, a partir da linha que se inicia em
Ourinhos, a sudeste, e se estende até as proximidades de Miguelópolis, a nordeste.
Em termos de potabilidade, o DAEE (1974, 1976, 1979b) recomenda apenas cuidado com
a presença de eventuais contaminantes tais como: nitratos, principalmente na área aflorante
devido à existência de fossas negras ou à aplicação de insumos agrícolas; ferro, originário
da água dos basaltos ou da dissolução da tubulação dos poços; e flúor, originado mais
provavelmente da decomposição de minerais presentes nas rochas sedimentares do aqüífero
(FRAGA 1992).
46 aqüífero tubarão mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
AQÜÍFERO
TUBARÃO
Geraldo Hideo Oda (IG)
Caracterização geral
A faixa aflorante do Aqüífero Tubarão localiza-se no centro-sudeste do Estado entre os meridianos 46º50’ e
49º40’ W e os paralelos 21º e 24º S, ocupando uma área de 20.700 km² (450 x 45 km). Insere-se na
Depressão Periférica Paulista, envolvendo parte das UGRHIs 4, 5, 9, 10 e 14 (F Figura 3.14
3.14).
Fonte: Geologia e delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo - CPRM/ SGB
(PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.14. Localização do Aqüífero Tubarão.
Este aqüífero é constituído pelas seguintes unidades geológicas do Mapa Geológico do Estado de São
Paulo (PERROTTA et al. 2005): (1) Grupo Itararé e Formação Aquidauna (Permo-Carbonífero), depositados
em ambiente glacial continental com ingressões marinhas; e (2) Grupo Guatá (Permiano), que contém
as formações Tatuí (predominante), Rio Bonito e Palermo (subordinadas), depositado em ambiente
marinho raso (Figura 1.5). O Grupo Guatá situa-se, estratigraficamente, abaixo do Grupo Passa Dois e
o Grupo Itararé e Formação Aquidauna, acima do Grupo Paraná. Grande parte das duas últimas unidades
(Itararé e Aquidauana) foi depositada diretamente sobre o embasamento pré-Cambriano.
O Grupo Itararé constitui a unidade aqüífera principal e compreende uma complexa associação de
diamictitos, ritmitos, siltitos, argilitos, folhelhos, conglomerados e arenitos, de cor cinza claro a escuro,
que se sucedem tanto na vertical como na horizontal; as camadas destas rochas sedimentares
podem alcançar várias dezenas de metros de espessura e associam-se a diversos subambientes
do ambiente glacial, isto é, fluvial, marinho, lacustre, praiano, deltáico, entre outros. De acordo com
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo aqüífero tubarão 47
DAEE (1982) a espessura do Grupo Itararé, na sua porção aflorante, pode alcançar cerca de 800 m.
A Formação Aquidauana, que está presente na porção nordeste do aqüífero, é constituída principalmente
por arenitos, conglomerados, siltitos e folhelhos. Depositou-se, sob influência do ambiente glacial, em
subambientes fluvial e lacustre. A base desta formação jaz sobre o embasamento pré-Cambriano e
seu contato superior é feito, por discordância erosiva, com a Formação Tatuí ou com as unidades
superiores. A Formação Aquidauana pode atingir espessuras de cerca de 300 m na região de Mococa.
De acordo com DEFFONTAINES (1935 apud ALMEIDA 1964), ALMEIDA (1964), IPT (1981b) e
ROSS & MOROZ (1997), a Depressão Periférica, onde está inserida a faixa aflorante do Aqüífero
Tubarão, foi subdividida em: (1) Zona do Moji-Guaçu, de colinas amplas de topos tabulares e
altitudes entre 500 e 650 m; (2) Zona do Paranapanema, de colinas de topos convexos e
tabulares e altitudes entre 600 e 700 m; e (3) Zona do Médio Tietê, de colinas amplas de topos
tabulares e convexos e altitudes entre 500 e 650 m.
parte delas anteriormente descritas para as regiões entre Salto de Pirapora e Itu (ODA 1998), Campinas
(IG 1993), porção média da bacia do rio Piracicaba (IG 1995) e das cidades de Tietê, Capivari e
Mombuca (VIDAL 2002). Algumas porções rebaixadas do embasamento atingem as seguintes altitudes:
300 m em Campinas, 250 m em Itu, e aproximadamente o nível do mar na região de Mombuca.
Potencialidade
A base de dados utilizada para a avaliação deste aqüífero contou com 853 poços
selecionados, provenientes dos cadastros de poços do DAEE e do IG, dos quais 9
estão ilustrados no Mapa, e representam as características principais do Aqüífero
Tubarão. Os poços do DAEE encontram-se uniformemente distribuídos na área de
ocorrência do aqüífero, enquanto os poços do IG estão concentrados na porção central,
no eixo Sorocaba-Campinas.
A capacidade específica, disponível para 765 poços dos selecionados, oscila entre
0,002 e 4,67 m 3/h/m (Figura
Figura 3.16
3.16) e apresenta média, mediana e desvio padrão de
0,30 m³/h/m, 0,11 m³/h/m e 0,54, respectivamente. Estes valores são concordantes
com DAEE (1981, 1982), DIOGO et al. (1981), ODA (1998), IG (1993) e IG (1995). O
estudo apontou a presença de áreas pontuais ou “ilhas” de elevada produtividade (2,2
a 4,6 m 3 /h/m), próximas a áreas de baixa e média produtividade, indicando a
compartimentação do sistema em escala local. Exemplos disto são observados em
poços perfurados pelo IG nas cidades de Tietê, Rafard e Capivari, com boa produtividade,
e Cerquilho, com baixa produtividade. Nas regiões com baixa densidade de poços
observa-se a predominância de extensas áreas com valores médios (0,49 a 0,87 m3/h/
m) e baixos (0,002 a 0,21 m³/h/m) de capacidade específica. De acordo com DAEE
(1981, 1982), a transmissividade está entre 0,3 e 40 m²/dia, podendo alcançar até 150
m²/dia.
Tomando-se como base a análise dos dados dos poços selecionados, recomendam-se
uma profundidade máxima de 150 m para a abertura de novos poços, e um rebaixamento
máximo da ordem de 30 m (aproximadamente 25% da espessura saturada mediana). É
também proposto um espaçamento mínimo de 500 m entre poços (ou 4 poços/km²).
Este espaçamento é atualmente utilizado pelo Instituto Geológico nos estudos de
viabilidade de captação de água subterrânea no Aqüífero Tubarão.
Para a obtenção das faixas de vazão recomendada para este aqüífero, foi aplicado um
rebaixamento único de 30 m para todos os poços, o qual foi multiplicado pelos valores de
capacidade específica de cada poço. Após esta operação, os novos valores de vazão foram
interpolados por meio do software ArcGIS– Spatial Analyst da ESRI (2002).
AQÜÍFERO
FURNAS
Armando Takahashi (CPRM)
Caracterização geral
O Aqüífero Furnas tem exposição restrita na porção sudoeste do Estado de São Paulo,
ocupando uma área de 530 km², tendo como principais referências geográficas os
Figura 3.17
municípios de Itararé, Itapeva e Nova Campina (DAEE 1982) (Figura 3.17).
Fonte: Delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo - CPRM/ SGB (PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.17. Localização do Aqüífero Furnas.
No Mapa há uma única faixa de vazão explorável, de até 10 m³/h, para toda a área de
exposição do Aqüífero Furnas. Isto foi estimado a partir das características litológicas
da formação, já que não se dispunha de informações de poços.
AQÜÍFERO
SÃO PAULO
José Eduardo Campos (DAEE)
José Luiz Albuquerque Filho (IPT)
Caracterização geral
O Aqüífero São Paulo é constituído por rochas sedimentares que preenchem a Bacia de
São Paulo. Estes sedimentos ocupam uma área de pouco mais de 1000 km 2, e estão
distribuídos irregularmente na porção central da bacia hidrográfica do alto curso do rio
Tietê, coincidindo aproximadamente com a área ocupada pelo município de São Paulo e
Figura 3.18
arredores, cuja população é da ordem de 13 milhões de habitantes (Figura 3.18).
Fonte: Geologia e delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo -
CPRM/ SGB (PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.18. Bacia Sedimentar de São Paulo.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo aqüífero são paulo 53
As rochas da Bacia de São Paulo pertencem às seguintes unidades: (1) Grupo Taubaté
(Paleógeno) constituído, da base para o topo, pelas formações Resende, Tremembé e
São Paulo; (2) Formação Itaquaquecetuba (Neógeno); e (3) coberturas aluvionares e
coluvionares (Quaternário) (RICCOMINI & COIMBRA 1992). A sedimentação da bacia
desenvolveu-se em ambientes de leques aluviais, sistemas fluviais entrelaçados e
meandrantes e flúvio-lacustres. A espessura média do pacote sedimentar é da ordem
de 100 m e, em algumas áreas, as espessuras totais dos sedimentos chegam a atingir
mais de 250 m. A variabilidade dos termos litológicos pode ser ilustrada num poço perfurado
pelo DAEE no Parque Ecológico do Tietê, Zona Leste (FFigura 3.19)
3.19), cuja seqüência sedimentar
é caracterizada pela predominância de camadas argilosas intercaladas por lentes de areia.
A distribuição espacial dessas unidades segundo TAKIYA (1997) mostra que a Formação
Resende, constituída por arenitos, conglomerados, diamictitos e lamitos, tem a maior
expressão em área, podendo alcançar mais de 200 m de espessura de sedimentos. Por
outro lado, a Formação Tremembé, constituída por argilitos, folhelhos, margas e calcários
dolomíticos, ocorre apenas em subsuperfície, em áreas restritas, e pode atingir espessuras
de até 60 m. Os depósitos da Formação São Paulo, que correspondem a arenitos, argilitos,
siltitos e arenitos conglomeráticos, apresentam carapaças ferruginosas, sustentando altas
colinas, como no espigão central da Avenida Paulista (RICCOMINI & COIMBRA 1992). Os
arenitos grossos arcoseanos da Formação Itaquaquecetuba, que também contém lamitos
e brechas, situam-se abaixo da cota 710 m, com espessuras variando de 20 a 130 m.
Sobre estes sedimentos e ocupando as planícies dos principais rios da bacia hidrográfica
do Alto Tietê, estendem-se as coberturas aluvionares e coluvionares quaternárias
(RICCOMINI & COIMBRA 1992), compreendendo linhas de seixos, horizontes argilo-arenosos,
conglomerados e areias médias (TAKIYA 1997).
54 aqüífero são paulo mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
A Bacia de São Paulo pertence ao Planalto Paulistano e está encaixada entre a Serra do
Mar, a sul, e a Serra da Cantareira, a norte. Sobre o pacote sedimentar desenvolveu-se
um sistema de drenagem representado principalmente pelos rios Tietê e Pinheiros, e
seus afluentes, Tamanduateí, Aricanduva, Pirajussara e outros, resultando em um relevo
de colinas com altitudes variando de 710 a 839 m.
Potencialidade
Neste trabalho foi considerado como Aqüífero São Paulo toda a sequência sedimentar. A
avaliação da potencialidade para o aproveitamento das águas subterrâneas foi realizada a
partir da análise de um conjunto de poços selecionados do cadastro do DAEE. Este conjunto
contém 172 poços com dados confiáveis e distribuição que se concentra, e melhor
representa, a porção central do município de São Paulo e parte do município de Guarulhos.
A qualidade natural das águas subterrâneas do Aqüífero São Paulo é, no geral, adequada
ao consumo para os diversos tipos de uso ou atividades. As principais restrições referem-
se à presença de fluoreto, ferro e manganês. Um número razoável de poços (25) apresentou
fluoreto acima de 0,7 mg/L dos quais seis, no eixo Lapa - Jaguaré – Osasco, superiores a
1,6 mg/L. Cerca de 25 poços também excedem os padrões de 0,3 mg/L de ferro ou
0,05 mg/L de manganês, ou ambos. Já com relação às concentrações de boro, em torno
de 0,03 mg/L, e de sódio (expresso pela Relação de Absorção de Sódio – SAR), na faixa de
5 a 15, indicam que estas águas se mostram adequadas para o uso agrícola.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo aqüífero taubaté 57
AQÜÍFERO
TAUBATÉ
Malva A. Mancuso (IPT)
Marcelo D. Monteiro (IPT)
Caracterização Geral
O Aqüífero Taubaté está localizado no vale do rio Paraíba do Sul, na porção leste do Estado
de São Paulo; é constituído por sedimentos da Bacia de Taubaté e apresenta forma alongada
na direção ENE, com extensão de 168 km por 20 km de largura, ocupando uma área
aproximada de 2340 km2. A região é importante eixo econômico entre São Paulo e Rio de
Janeiro, abrangendo cidades de médio a grande porte como São José dos Campos, Jacareí,
Taubaté e Aparecida, com população urbana de 1,5 milhões de habitantes (IBGE 2002).
Fonte: Geologia e delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo - CPRM/ SGB (PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.22. Localização do Aqüífero Taubaté.
58 aqüífero taubaté mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Esta bacia representa uma das porções mais expressivas do Rift Continental do Sudeste do
Brasil, que se constitui de diversas depressões, onde se desenvolveram bacias sedimentares
distribuídas ao longo de uma faixa alongada de direção ENE, localizada entre as cidades de
Curitiba (PR) e Barra de São João (RJ) (RICCOMINI & COIMBRA 1992). Dentre as bacias, a de
Taubaté destaca-se como a mais expressiva área de exposição de sedimentos terciários.
O Grupo Taubaté (Paleógeno) é subdividido nas formações Resende, Tremembé e São Paulo
(RICCOMINI 1989). A Formação Resende contém arenitos, conglomerados, diamictitos e lamitos,
depositados em sistema de leques aluviais associados a planícies aluviais de rios entrelaçados.
A Formação Tremembé, situada na parte central da bacia, é constituída por depósitos de
sistema lacustre do tipo playa-lake, que são argilitos, folhelhos, margas e calcários dolomíticos.
A Formação São Paulo, presente na porção sudoeste da bacia, compreende arenitos, argilitos,
siltitos e arenitos conglomeráticos, originários de um sistema fluvial meandrante.
O Aqüífero Taubaté ocorre em duas áreas principais da bacia, uma situada na porção sudoeste
e outra, na nordeste. Entre estas duas regiões existe um compartimento preenchido
predominantemente por argilitos e folhelhos, pouco permeável e com características de aqüiclude
(DAEE 1977), onde se localizam as cidades de Taubaté, Tremembé e Pindamonhangaba.
Na área central da bacia, a base do aqüífero encontra-se em cotas topográficas que variam
de 100 a 250 m, destacando-se as sub-bacias de Eugênio de Melo, Tremembé e Lorena
por apresentarem os menores valores (DAEE 1977). As cotas da base aumentam na direção
dos limites da bacia, chegando a elevações de 550 m nas proximidades das áreas de afloramento
de rochas pré-cambrianas. Na porção central da bacia ocorrem as maiores espessuras de
sedimentos, diminuindo na direção das margens e também a noroeste. A espessura
saturada do aqüífero varia de 200 a 300 m na área central da bacia. Nas proximidades de
Lorena e ao norte de Potim foram inferidas espessuras superiores a 300 m, e acima de 400 m
na região de Taubaté (F Figura 3.24
3.24).
Potencialidade
No Mapa encontram-se assinalados quatro poços que têm perfil representativo do aqüífero.
Os mesmos estão localizados fora da área caracterizada como aqüiclude, dois a sudoeste,
60 aqüífero taubaté mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
nos municípios de São José dos Campos e Caçapava, e outros dois na porção nordeste da
bacia, nos municípios de Guaratinguetá e Canas.
A capacidade específica (Q/s) do Aqüífero Taubaté, analisada em 240 poços, varia entre
0,02 e 14 m3/h/m, embora 73% dos poços apresentem valores inferiores a 3 m3/h/m. Os
valores mais elevados observam-se nas imediações do município de São José dos
Campos e a norte da cidade de Jacareí. Destacam-se, também, poços localizados nas
cidades de Caçapava, Guaratinguetá e Lorena, com valores superiores a 5 m³/h/m.
De acordo com os resultados obtidos, as regiões do eixo Jacareí - São José dos Campos,
de Caçapava, de Lorena e de Guaratinguetá são consideradas as mais promissoras
para exploração de água subterrânea, com vazões entre 80 e 120 m 3/h, enquanto a
região central da bacia, entre os municípios de Taubaté e Pindamonhangaba, apresenta
características menos favoráveis, com vazões inferiores a 10 m 3/h (F
Figura 3.25
3.25). Vazões
entre 40 e 80 m3/h, observadas no sudoeste da bacia, nas proximidades de Roseira,
resultam, principalmente, do aumento da espessura saturada do aqüífero nesta região.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo aqüífero taubaté 61
Fonte: Potenciometria elaborada a partir da Base de poços, CAMPOS, J.E. (inédito) e IBGE (2001).
Figura 3.25. Vazão explorável do Aqüífero Taubaté.
Segundo SZIKSZAY (1980), o pH das águas subterrâneas varia de 4,5 a 8,5, enquanto os
valores de sólidos totais dissolvidos (STD) mostram média de 170 mg/L, com valor mínimo
de 19 mg/L e máximo de 1272 mg/L (VIDAL & CHANG 2004). VIDAL & CHANG (2002)
caracterizaram as águas como bicarbonatadas cálcicas, quando associadas aos sedimentos
fluviais, e bicarbonatadas sódicas, quando associadas a sedimentos lacustres. Segundo
CAMPOS (1993), 20% das águas são bicarbonatadas cálcicas e 42%, bicarbonatadas
sódicas. O mesmo autor observou, na Bacia de Taubaté, a presença de anomalias
hidroquímicas, com valores pontuais excessivos de fluoreto, sulfato e cloretos.
62 aqüífero litorâneo mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
AQÜÍFERO
LITORÂNEO
Armando Takahashi (CPRM)
Caracterização geral
O Aqüífero Litorâneo distribui-se irregularmente ao longo da costa, segmentado pelas rochas
do embasamento pré-Cambriano, desde a região de Cananéia, a sul, até a região de
Caraguatatuba e Ubatuba, a norte. É constituído por depósitos sedimentares da Planície
Litorânea, a qual chega a 70 km de largura , nas grandes planícies do vale do rio Ribeira de
Iguape, reduzindo-se a partir de Itanhaém, Santos e Bertioga, em direção ao norte, onde
Figura 3.26
pequenos bolsões isolados, de 300 m de extensão são mais característicos (Figura 3.26).
Fonte: Delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo - CPRM/ SGB (PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.26. Aqüífero Litorâneo.
As espessuras dos pacotes variam desde poucos metros até mais de 167 m, sem atingir
o embasamento pré-Cambriano, como em Ilha Comprida (DAEE 1979a).
Potencialidade
A elaboração dos mapas de contorno estrutural do topo do embasamento pré-Cambriano
Figura 3.27
(Figura Figura 3.28
3.27), espessura saturada (Figura 3.28) e superfície potenciométrica, neste estudo,
baseou-se em informações apresentadas em DAEE (1979a) e em dados de 60 poços
selecionados, provenientes de cadastro do DAEE.
Figura 3.29
A superfície potenciométrica (Figura 3.29), elaborada a partir dos dados de nível estático
de poços e com o auxílio de modelo digital do terreno, exibe cotas entre 0 e 20 m e os
valores mais elevados situam-se nas proximidades do embasamento pré-Cambriano. As
linhas de fluxo indicam sentidos de escoamento da água predominantemente para o oceano,
a não ser quando interceptadas por grandes drenagens, como é o caso dos rios Ribeira de
Iguape, Una, Preto, Itapanhaú e outros.
A vazão explorável foi obtida a partir do produto da mediana da capacidade específica pelo valor de
50% da espessura média saturada. Considerou-se um período de 20 anos de bombeamento contínuo.
Fonte: Potenciometria elaborada a partir da Base de poços e IBGE (2001). Vazão explorável calculada neste trabalho.
Figura 3.29. Vazão explorável do Aqüífero Litorâneo.
Neste estudo foi desconsiderada a influência da cunha salina, que pode afetar a qualidade
das águas extraídas. Sob condições normais as águas subterrâneas escoam em direção
ao mar, ocorrendo equilíbrio hidrodinâmico entre a água doce e a água salgada, representado
pela interface denominada “cunha salina”. Para a exploração das águas subterrâneas do
Aqüífero Litorâneo, devem ser considerados, também, a distância da linha da costa, a
profundidade da captação, o rebaixamento do nível d’água e as taxas de vazões extraídas,
de modo a evitar ou minimizar a influência da cunha salina.
O ferro total é o elemento químico mais restritivo, apresentando média de 1,39 mg/L. No
entanto, este problema pode ser facilmente corrigido por técnicas simples de aeração (DAEE
1979a). A maioria dos poços apresenta salinidade abaixo do padrão de 1.000 mg/L , sendo
maior na região de Santos-Cubatão, onde o cloreto está acima de 250 mg/L, o que indica
contaminação pela cunha salina.
66 aqüíferos fraturados mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
AQÜÍFEROS Este item trata da caracterização dos aqüíferos fraturados presentes no Estado de São
FRATURADOS Paulo, bem como do método utilizado na avaliação de sua produtividade, que resultou
Amélia J. Fernandes (IG) na definição dos intervalos de vazão apresentados no Mapa de Águas Subterrâneas do
Mônica M. Perrotta (CPRM) Estado de São Paulo.
Elizete D. Salvador (CPRM)
Sérgio G. Azevedo (IPT)
Antonio Gimenez Filho (IPT)
Fausto L. Stefani (IPT)
Nivaldo Paulon (IPT)
Conceitos
Em aqüíferos granulares, formados por sedimentos (materiais soltos, friáveis ou
inconsolidados) ou rocha sedimentar (sedimento endurecido ou consolidado), a água
circula predominantemente pelos espaços existentes entre os grãos que constituem
tais materiais. Os aqüíferos fraturados, por outro lado, são constituídos de rochas
cristalinas, ígneas ou metamórficas, que são compactas e não apresentam espaços
vazios entre os minerais que as constituem. Por este motivo, a água circula ao longo
dos espaços vazios gerados por fraturas. Estas fraturas são quebras, muitas vezes
planas ou retilíneas, que se formam após a rocha já ter sido resfriada e consolidada.
Desta forma, os aqüíferos granulares apresentam porosidade e permeabilidade primárias
geradas concomitantemente à deposição do material, e os aqüíferos fraturados
apresentam porosidade e permeabilidade secundárias, desenvolvidas após a
Figura 3.30
consolidação (cristalização) da rocha (Figura 3.30). Outros tipos de porosidade estão
Caracterização geral
No Estado de São Paulo ocorrem quatro tipos de aqüíferos fraturados. O primeiro é
constituído por rochas pré-cambrianas (mais antigas que 542 milhões de anos), que
correspondem a rochas metamórficas (gnaisses, xistos, quartzitos, entre outras) e rochas
ígneas (granitos maciços e foliados). Este aqüífero é denominado de Pré-Cambriano
(p ∈ ) e aflora na porção leste do Estado de São Paulo. Localmente ocorrem rochas
intrusivas mais jovens (do início do Fanerozóico ou do Cretáceo) que apresentam
comportamento hidráulico similar às rochas pré-cambrianas. O potencial de produção
de águas subterrâneas do Aqüífero Pré-Cambriano é, de modo geral, mais baixo que o
dos aqüíferos granulares, no entanto, é de grande importância para o abastecimento
local de, por exemplo, indústrias, propriedades rurais e condomínios. É importante
lembrar que grandes centros urbanos, como a Grande São Paulo e as regiões
metropolitanas de Campinas e Sorocaba, encontram-se atualmente em franca expansão
sobre este aqüífero.
O terceiro tipo de aqüífero fraturado, denominado Aqüífero Serra Geral (Ksg), corresponde
a basaltos da Formação Serra Geral. São rochas mais jovens, originadas a partir de
intensa atividade vulcânica no Eocretáceo (entre 138 e 127 milhões de anos atrás -
TURNER et al. 1994, STEWART et al. 1996), que ocorrem em faixa irregular na porção
central do Estado (F Figura 3.31
3.31). Sobre os basaltos da Formação Serra Geral estão
instalados importantes centros econômicos do interior do Estado, tais como Ribeirão
Preto e São Carlos. Este aqüífero sobrepõe-se ao Guarani e é recoberto pelo Bauru,
apresentando potencial de produção significativo e muito maior que o do Aqüífero Pré-
Cambriano, como será apresentado adiante.
68 aqüíferos fraturados mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Fonte: Delimitação do aqüífero com base no mapa geológico do Estado de São Paulo -
CPRM/ SGB (PERROTTA et al. 2005).
Figura 3.31. Localização das áreas de afloramento (aparecimento da rocha em superfície) dos aqüíferos fraturados
no Estado de São Paulo e distribuição dos poços que exploram os aqüíferos p∈, p∈c e Ksg.
Neste trabalho, utilizou-se como base o Mapa Geológico do Estado de São Paulo, na escala
1:750.000 da CPRM (PERROTTA et al. 2005), no qual descrições mais detalhadas das
rochas que ocorrem no Estado são encontradas.
Estruturas
Quando se objetiva estimar o potencial hidrogeológico (ou de produção de água
subterrânea) de aqüíferos fraturados, há a necessidade da caracterização das
estruturas presentes nas rochas que constituem tais aqüíferos. Estas estruturas
correspondem a superfícies freqüentemente planares que, na maioria das vezes, se
formam como resposta a esforços (pressões) aos quais a rocha é submetida. Tais
esforços são originados pela tectônica, ou movimentos de grande escala, da crosta
terrestre.
Para as rochas pré-cambrianas (gnaisses, xistos, quartzitos, mármores, granitos, etc.) são
dois os tipos principais de estruturas tectônicas:
Destes dois tipos de estruturas, apenas as fraturas induzem a formação de espaços vazios
ao longo dos quais a água subterrânea circula.
A posição espacial das estruturas presentes nas rochas é definida pela sua direção
(orientação da horizontal do plano com relação ao norte) e seu mergulho (inclinação do
plano com relação à horizontal). Para as foliações das rochas pré-cambrianas do Estado
predomina a direção nordeste, com variações para norte-nordeste e leste-nordeste. Um
tipo de foliação importante nestes terrenos é a milonítica, que ocorre ao longo de faixas
alongadas e intensamente deformadas, que correspondem a zonas de falha
desenvolvidas em profundidade. Tais faixas são chamadas de zonas de cisalhamento
e algumas das principais, que também apresentam direção nordeste, são representadas
no Mapa. Apesar de estruturalmente importantes, seu potencial hidrogeológico é
normalmente baixo.
No caso dos basaltos do Aqüífero Serra Geral, além das fraturas tectônicas, outros tipos de
descontinuidades, importantes para a circulação e armazenamento da água, são
representados por fraturas de resfriamento que podem ser verticais (disjunções colunares)
ou sub-horizontais.
(Figura 3.32)
3.32). Estes são desenhados por feições morfológicas (drenagens, quebras
de relevo, topos de morros), identificáveis em fotos aéreas, ou imagens de satélite de
sensores ópticos ou de radar. Mapas de lineamentos são extremamente úteis para a
caracterização das direções das principais estruturas presentes em uma dada área.
D A E E e subordinadamente
B ase de dados de poços C apacidade espe cífica (m³/h/m)
IG S M A
Instituto de Pesquisas
C arta geotécnica do E stado E spessura de manto
Tecnológicas do E stado
na escala 1:500.000 inconsolidado
IP T (1994)
D ensidade e intersecção de
lineamentos que, em geral, têm
M apa de lineamentos E laborado neste projeto
relação direta com a densidade
e intersecção de fraturas
Quadro 3.2. Materiais e dados utilizados para a avaliação da potencialidade dos aqüíferos
fraturados do Estado de São Paulo, com a citação da respectiva fonte e fator de análise extraído
de cada material consultado.
- Granito
- Gnaisse, xisto grosso, quartzito (rochas metamórficas de alto grau)
- Filito, xisto fino, metarenito (rochas metamórficas de baixo grau)
Tipo de rocha
- Rochas carbonáticas (calcário, mármore, marga)
- Basalto
- D iabásio
Quadro 3.3. Fatores considerados na avaliação da variação da produção dos poços e subdivisão
destes fatores em classes.
Potencialidade
Neste item são apresentados os resultados obtidos a partir da análise da variação da
capacidade específica dos poços com relação aos fatores apresentados no Quadro 3.3
3.3.
Figura 3.33. Curvas de distribuição acumulada obtidas para as várias classes de litologias que
constituem os aqüíferos fraturados do Estado de São Paulo.
Com o objetivo de avaliar o fator fraturas, que são os caminhos preferenciais de circulação
e armazenamento de água em aqüíferos fraturados, foi elaborado um mapa de lineamentos.
Estas feições foram traçadas sobre imagens LANDSAT TM-5, cenas 219-76, 219-77, 218-
76, 219-75 e 220-77 (aqüíferos pré-cambrianos, p ∈ e p∈ c) e sobre modelo digital de
elevação (MDE) produzido na Missão Topográfica por Radar Interferométrico (Shuttle Radar
Topographic Mission - SRTM) (para os aqüíferos Serra Geral, Ksg, e pré-cambrianos). Este
tipo de análise é utilizado em escalas regionais onde há necessidade de avaliação de
grandes áreas e onde trabalhos de campo são poucos ou inexistentes. Neste caso, além
do mapa de lineamentos, trabalhos anteriores são importantes fontes de informação sobre
as características das fraturas presentes nas regiões sob análise.
Existem, em São Paulo, exemplos anteriores deste tipo de avaliação, tais como FERNANDES
(1997), FERNANDES & RUDOLPH (2001), PERROTTA & SALVADOR (2002), TAKAHASHI et
al. (2003) e MADRUCCI (2004). No Estado de São Paulo, vários outros trabalhos investigaram
74 aqüíferos fraturados mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Figura 3.34. Curvas de distribuição acumulada obtidas para as várias classes de espessura de manto
inconsolidado que ocorrem sobre os aqüíferos fraturados do Estado de São Paulo e mapa de distribuição
destas classes em área de rochas pré-cambrianas.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo aqüíferos fraturados 75
a influência das estruturas tectônicas e/ou lineamentos sobre a produção de poços (e.g.
DAEE 1979b, 1981, 1982, BERTACHINI 1987, MENEGASSE 1991) ou ainda sobre a
delimitação de áreas de proteção de poços e fontes (IG 1997, IRITANI et al. 1998, IG 2000)
e elaboração de mapas de vulnerabilidade (IG 2002, FERNANDES 2003).
Rochas pré-
N5W-10E N85E-75W N30-65W N60-75E N25-35E
cambrianas
Figura 3.35. (A) a (E) Mapa de lineamentos das rochas pré-cambrianas do Estado e (F) rosácea de
todos os lineamentos (por comprimento acumulado) mostrando as suas principais direções.
76 aqüíferos fraturados mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo aqüíferos fraturados 77
78 aqüíferos fraturados mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Figura 3.36. (A) Mapa de lineamentos dos basaltos do Estado e (B) rosácea de todos os lineamentos (comprimento
acumulado) mostrando as suas principais direções.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo aqüíferos fraturados 79
Foram elaborados também mapas de densidade de lineamentos para cada uma das
Quadro 3.4
cinco direções identificadas (Quadro 3.4) além de mapas de densidade de intersecções,
considerando todas as possíveis combinações de direções de lineamentos. Considera-
se que, de um modo geral, estes parâmetros são diretamente proporcionais à densidade
e conectividade de fraturas, respectivamente. Correlações positivas com a capacidade
específica de poços foram obtidas apenas para a densidade de lineamentos EW e
para a densidade de intersecções entre as direções EW e NS; seus respectivos mapas
e distribuições acumuladas são ilustrados na Figura 3.37
3.37. Este resultado, no entanto,
é conclusivo apenas para a região localizada entre São Paulo e Campinas, onde existe
uma maior densidade de poços. Para as demais áreas o resultado não foi validado por
ausência de dados.
Figura 3.31
de poços (Figura 3.31); para as demais regiões do Estado, onde a densidade de
poços é muito baixa, os resultados são apenas indicativos. Ainda na região entre a
Grande São Paulo e Campinas, as áreas com maiores densidades de lineamentos EW
e de intersecção de lineamentos EW com NS também apresentam maiores valores de
capacidade específica. Concluiu-se que o fator blocos geológicos foi o que indicou
mais claramente, para as rochas pré-cambrianas não carbonáticas (granitos e rochas
metamórficas de alto e baixo grau), a existência de regiões com potenciais distintos de
produção, ilustrados na Figura 3.38
3.38.
Figura 3.38. Distribuições acumuladas das classes de produção potencial para as rochas
pré-cambrianas não-carbonáticas, obtidas com base na análise de blocos geológicos e de
densidades de lineamentos e de intersecções de lineamentos; e distribuições acumuladas
de poços localizados a até 3 km de distância da Bacia do Paraná e a até 1 km de distância da
Bacia de São Paulo.
82 aqüíferos fraturados mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Figura 3.40. Gráfico e equação de correlação da variação de Q/s (capacidade específica) com Q
(vazão) feita com base em dados de poços com teste de bombeamento igual ou superior a
20 h, para os aqüíferos Pré-Cambriano e Basalto (Serra Geral).
84 aqüíferos fraturados mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Gru po de
Siglas Classe 20% 50% 80% 20% 50% 80%
R o ch a s
Rochas
p∈ metamórficas 1 0,01 0,04 0,14 1 2 6 19 9
e granitos
Rochas
p ∈c 4 0,12 1,25 7 Não Calculada * 12
Carbonáticas
* Explicado no texto
Quadro 3.5. Valores de 20%, 50% (mediana) e 80% para as curvas de distribuição acumulada
obtidas em cada aqüífero fraturado e, também, para os poços localizados a 1 e 3 km de distância
das bacias de São Paulo e do Paraná, respectivamente.
Desta forma, no Mapa final obtido distinguem-se áreas com vazões prováveis, nos intervalos
de 20 a 80% da distribuição, entre 1 e 6 m3/h (classe 1), 1 e 12 m3/h (classe 2), 3 e 23 m3/h
(classe 3) e 7 e 100 m3/h (classe 4). As rochas onde ocorrem estas faixas de vazão são
mencionadas no Quadro 3.5, onde são citadas também as medianas (valores centrais ou
de 50%). Apesar de não ter sido possível calcular os valores de vazão para o Ksgd (diabásio)
e p∈c, considerou-se que, devido à semelhança de suas curvas de distribuição acumulada
com as da classe 2 do Aqüífero p∈ e do Aqüífero Ksg, respectivamente, poderiam ser-lhes
atribuídas as mesmas faixas de vazão destas classes.
Capitulo 4
UTILIZAÇÃO E PROTEÇÃO
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
86 utillização e proteção mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
UTILIZAÇÃO E
PROTEÇÃO DAS
ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS
Ricardo Hirata (IGc-USP)
Alexandra V. Suhogusoff (IGc-USP) Introdução
Amélia J. Fernandes (IG-SMA)
Neste capítulo são apresentados 7 indicadores de situação das águas subterrâneas
e sua aplicação às 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs)
d o E s t a d o d e S ã o Pa u l o . A u t i l i z a ç ã o d o s i n d i c a d o r e s v i s a i d e n t i f i c a r a s
potencialidades hídricas bem como problemas relacionados à quantidade e
qualidade, sempre em escala de reconhecimento. O mapa resultante desta
aplicação, junto com o Mapa de Águas Subterrâneas apresentado nesta Nota,
funciona como um pano de fundo para o estabelecimento de linhas básicas de
gestão. Isto é abordado na segunda parte do capítulo onde são apresentadas as
ações, muitas vezes embasadas em leis já existentes, que devem fazer parte de
uma estratégia de planejamento dos recursos hídricos, visando a proteção da
qualidade e a conservação da quantidade.
Figura 4.1. Situação das águas subterrâneas por meio de Indicadores de qualidade e quantidade
A dependência das águas subterrâneas é nítida no Estado de São Paulo, como denotam
Quadro 4.2
os Indicadores 1 e 2 (Quadro 4.2). Com referência ao abastecimento público (Indicador
1 = abastecimento público por água subterrânea/população total da UGRHI), observa-
se que 9 UGRHIs mostram alta dependência em relação à água subterrânea (>50%
da população abastecida); 6, intermediária (49 a 25%); e 7, baixa (<24%). A maior
demanda está situada nas porções norte, central e oeste do Estado. Por outro lado,
considerando-se o uso da água subterrânea para outros fins em relação ao recurso
hídrico total (superficial + subterrâneo) (Indicador 2 = demanda total de água subterrânea
/ demanda total de recursos hídricos), a dependência é expressivamente menor (11%
para todo o Estado), denotando o uso preferencial das águas subterrâneas para o
abastecimento público. A maioria das bacias situa-se na categoria baixa (I2 < 25%),
três na moderada (25% ≤ I2< 50%), e uma na alta (I2=50%), UGRHI São José dos
Dourados.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo utillização e proteção 89
07. Baixada
0 0 881 1 ND 2,9 0
Santista
20% B; 43% M; 7% A;
09. Mogi-Guaçú 25 10 112 4 28 0,1 0
30% ND
11. Ribeira de
Iguape/ 7 8 139 7 3 1 ND 0,1 0
Litoral Sul
16. Tietê/
91 11 186 0 10 14% B; 82% M; 4% A 0,03 3
Batalha
17. Médio
44 26 2 89 2 15 22% B; 38% M; 40% ND 0,05 2,4
Paranapanema
22. Pontal do
56 7 2908 4 15% B; 60% M; 25% A 0,1 4,7
Paranapanema
Estado de
16 11 7 87 12 ND 0,5 5,3
São Paulo
BAIXO Indicador < 25% Indicador < 25% Indicador > 1500 Indicador < 25% A < 5% Indicator < 10% Indicador <15%
MODERADO 25%<Indicador< 50% 25% < Indicador<50% 500 < Indicador < 1500 25% < Indicador<40% 5 % < A < 10 % 10%<Indicator< 20% 15%<Indicador< 30%
ALTO Indicador > 50% Indicador > 50% Indicador < 500 Indicador > 40% A > 10 % Indicator > 20% Indicador >30%
Quadro 4.2. Indicadores dos recursos hídricos subterrâneos do Estado de São Paulo.
Ver quadro 4.1 para explicação dos indicadores.
90 utillização e proteção mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Com relação à qualidade natural, o Indicador 7 (número de municípios da UGRHI com água
subterrânea de qualidade natural comprometida/número total de municípios da UGRHI) mostra
que, de um modo geral, as águas apresentam excelente qualidade, ressalvando-se alguns
casos, como os das UGRHIs São José dos Dourados (32% dos municípios com presença de
cromo) e Turvo/Grande (19% com flúor) (ALMODÓVAR 2000, PERRONI et al. 1985, CETESB
2004). Convém lembrar que as áreas dos municípios, bem como o número de ocorrências de
contaminação natural dentro de cada um deles, são distintas e, portanto, estudos mais
detalhados são necessários para determinar a real extensão das áreas comprometidas.
Como conclusão, nota-se que as águas subterrâneas no Estado de São Paulo são ainda
pouco utilizadas para a maioria das UGRHIs, constituindo um grande potencial para suprir
as necessidades de água com boa qualidade natural e ainda pouco contaminada.
gestão eficiente deverá ser uma ação compartilhada entre o Estado, os municípios e a população
usuária destes recursos, tal como já está preconizado na Política Estadual de Recursos Hídricos
(Lei 7663/91) e suas regulamentações.
Propõe-se que toda a estratégia de planejamento de Recursos Hídricos, tal como foi
concebido na Lei Paulista das Águas, deva contemplar as seguintes ações:
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ANEXO 1
Listagem de Poços
Representativos
102 poços representativos mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
ANEXO 1
Listagem de Poços
Representativos
Nº M u n icípio C o o r d . G e o g r á f i c a s (1 ) Po ç o A q u í f e ro Va z ã o NE ND Q /s
4 S TO. A N TÔN IO D O -20,8717 -50,4917 415 107 B auru 12,0 12,00 65 0,23
A R A C A N GUÁ
7 Á LVA R E S M A C HA D O -22,0864 -51,4786 450 260 B auru 17,2 85,50 130 0,38
26 GUA IÇ A R A -21,6153 -49,7958 460 148 B auru 8,8 22,60 127 0,08
28 QUITA N A -22,0681 -50,3006 600 263 B auru 13,9 1,02 134 0,1
29 QUATÁ -22,2647 -50,6467 540 148 B auru 50,0 30,00 102 0,69
34 VA L E N TIM GE N TIL -20,4300 -50,0786 487 132 B auru 8,8 10,10 95 0,1
36 FLOR E A L -20,6797 -50,1433 490 113 B auru 4,0 49,80 103 0,08
latitude longitude cota (m) prof.(m) nome m3/h (m) (m) (m3/h/m)
42 POTIREND A BA -21,0494 -49,3767 480 155 Bauru 20,8 65,10 101 0,59
43 PIRA NGI -21,1000 -48,6717 595 110 Bauru 22,0 47,00 83 0,6
45 VA LPA RA ÍSO -21,2203 -50,8775 440 187 Bauru 11,2 30,00 123 0,12
46 MONTE A LTO -21,2753 -48,4922 650 140 Bauru 4,4 77,00 104 0,16
47 RUBIÁ CEA -21,3019 -50,7289 435 132 Bauru 11,0 10,70 82 0,15
48 CÂ ND ID O ROD RIGUES -21,3256 -48,6278 590 152 Bauru 7,5 49,20 62 0,57
49 PENÁ POLIS -21,4289 -50,0889 413 181 Bauru 7,5 21,30 94 0,1
50 PIA CATU -21,5897 -50,6078 380 125 Bauru 9,9 59,50 93 0,29
51 A LTO A LEGRE -21,6250 -50,2419 470 202 Bauru 14,4 33,80 112 0,18
52 SA LMOURÃ O -21,6281 -50,8531 430 200 Bauru 11,3 36,50 116 0,14
53 LUCÉLIA -21,7281 -51,0206 430 191 Bauru 16,5 34,50 122 0,19
54 A RCO ÍRIS -21,7736 -50,4631 440 142 Bauru 3,5 25,40 97 0,05
56 MA RIÁ POLIS -21,8011 -51,1769 360 200 Bauru 35,0 31,30 116 0,41
57 SA NTO EX PED ITO -21,8506 -51,3883 395 196 Bauru 22,6 23,30 78 0,42
58 SA GRES -21,8853 -50,9578 432 150 Bauru 13,7 37,90 113 0,18
60 TUPÃ -21,9464 -50,5011 510 240 Bauru 105,0 35,20 116 1,3
61 SA NTO A NA STÁ C IO -21,9861 -51,6664 390 196 Bauru 21,0 54,10 101 0,44
63 PIRA JUÍ -22,0575 -49,6242 460 136 Bauru 24,0 45,50 97 0,46
66 ESTRELA D O NORTE -22,4856 -51,6556 370 150 Bauru 16,3 39,00 84 0,37
67 TEOD ORO SA MPA IO -22,5261 -52,1794 365 160 Bauru 150,0 74,60 105 4,93
68 EUCLID ES D A CUNHA -22,5572 -52,5875 290 100 Bauru 44,0 13,40 36 1,92
PAULISTA
69 ITÁ POLIS -21,5161 -48,6903 523 101 Bauru 6,7 16,80 86 0,1
70 PEREIRA BA RRETO -20,6167 -51,1000 365 1042 Guarani 1100,0 +72 +6 17,18
72 SERRA A ZUL -21,3173 -47,5564 620 239 Guarani 11 25,00 159 0,10
74 PITA NGUEIRA S -21,0138 -48,2189 510 692 Guarani 280 29,00 107 3,59
76 CATA ND UVA -21,1238 -48,9713 530 770 Guarani 587 85,00 113 20,96
77 NOVO HORIZONTE -21,4744 -49,2280 451 600 Guarani 225 14,00 29 15,00
80 VOTUPORA NGA -20,4353 -49,9700 520 1352 Guarani 442 71,00 138 6,60
81 MA RÍLIA -22,2464 -49,9921 580 1200 Guarani 309 134,00 178 7,02
104 poços representativos mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Nº M u n icípio C o o r d . G e o g r á f i c a s (1 ) Po ç o A q u í f e ro Va z ã o NE ND Q /s
84 M ATÃ O -21,6140 -48,3494 594 580 Guarani 165 87,00 124 4,46
85 S . JOA QUIM D A B A R R A -20,5935 -47,8664 690 586 Guarani 186 140,00 220 2,33
88 IB ITIN GA -21,7412 -48,8246 460 434 Guarani 169 36,00 117 2,10
90 A R A R A QUA R A -21,7788 -48,0938 670 231 Guarani 161 113,00 140 5,96
91 B A R R E TOS -20,5227 -48,5653 575 1015 Guarani 125 97,00 113 7,81
94 B R OD ÓS QUI -20,9830 -47,6356 795 450 Guarani 119 250,00 265 7,93
95 GUA R IB A -21,3549 -48,2232 590 600 Guarani 200 97,00 108 18,18
96 IGA R A Ç U D O TIE TÊ -22,5116 -48,5538 470 300 Guarani 220 25,00 72 4,68
100 P IR A N GI -21,0903 -48,6678 530 557 Guarani 227 106,00 124 12,61
101 S Ã O C A R LOS -22,0205 -47,8879 805 130 Guarani 100,0 40,00 58 5,55
102 P IR ATIN IN GA -22,3955 -49,1166 480 144 Guarani 72,0 13,00 24 7,86
103 B ATATA IS -20,8644 -47,5314 695 262 Guarani 116 84,00 114 4,00
104 M OC OC A -21,5328 -47,0661 600 115 Tubarão 5.8 8.0 75.0 0,09
105 CASA BRANCA -21,7811 -47,0228 762 321 Tubarão 31.2 80.2 88.8 3,63
106 ITA B E R A -23,7600 -49,2758 510 250 Tubarão 0.8 0.0 82.3
107 TA QUA R IVA I -23,9331 -48,6936 600 155 Tubarão 9.5 3.5 97.5 0,10
108 JA GUA R IUN A -22,6442 -47,0014 580 68 Tubarão 6.00 4.00 48.00 0,14
109 S A R A P UI -23,6556 -47,6947 623 200 Tubarão 2.22 55.50 150.20 0,02
110 TIE TE -23,0889 -47,6931 485 300 Tubarão 21.40 37.50 54.03 1,29
111 ITU -23,3853 -47,3508 620 123 Tubarão 10.80 32.40 49.70 0,62
112 IB IUN A -23,8789 -47,1875 604 244 Tubarão 7.20 37.50 101.00 0,11
113 GUA R ULHOS -23,47503 -46,52348 728 252 S .Paulo 21,0 95 105 2,09
115 GUA R ULHOS -23,4131 -46,4334 748 216 S .Paulo 31,0 75,00 171 0,33
116 S A O PA ULO -23,6261 -46,6846 735 180 S . Paulo 44,0 46,00 85 1,12
117 S A O PA ULO -23,5396 -46,5918 737 175 S .Paulo 28,3 84,00 102 1,58
118 S A O PA ULO -23,5756 -46,6500 780 152 S . Paulo 8,0 63,00 88 0,32
119 CANAS -22,7122 -45,0553 540 141 Taubaté 33,0 42,70 58 2,19
120 GUA R ATIN GUE TÁ -22,8025 -45,2142 525 200 Taubaté 99,1 5,80 24 5,60
121 S. JOS É D OS C A M P OS -23,2219 -45,9136 582 200 Taubaté 22,6 58,00 94 0,62
122 C A Ç A PAVA -23,1144 -45,7050 560 150 Taubaté 107,0 16,90 36 5,63
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo poços representativos 105
Nº M u n icípio C o o r d . G e o g r á f i c a s (1 ) Po ç o A q u í f e ro Va z ã o NE ND Q /s
127 ITA R A R É -24,0936 -49,3447 720 220 Furnas 1,5 48,00 90 0,03
137 M OR R O A GUD O -20,6275 -48,2911 470 151 K sg 18,3 33,60 113 0,23
142 VA LE N TIM GE N TIL -20,4869 -50,1858 378 150 K sg 24,7 2,40 43 0,60
149 S . JOA QUIM D A B A R R A -20,5764 -47,8625 590 122 K sg 40,0 0,60 51 0,80
160 RED ENÇÃO D A SERRA -23,2777 -45,5357 720 160 P∈ 8,5 5,70 90 0,10
Nº M u n icípio C o o r d . G e o g r á f i c a s (1 ) Po ç o A q u í f e ro Va z ã o NE ND Q /s
164 Á GUA S D E LIN D ÓIA -22,4673 -46,6283 900 142 P∈ 25,0 5,00 46 0,61
166 MONTE A LEGRE D O SUL -22,7238 -46,6240 831 100 P∈ 7,0 3,00 84 0,09
176 IGA R ATÁ -23,2239 -46,1287 660 172 P∈ 3,9 33,00 91 0,07
179 JUN D IA I -23,2697 -46,8695 790 140 P∈ 4,4 11,00 110 0,04
180 IB IÚN A -23,6927 -47,3397 850 240 P∈ 4,6 1,00 143 0,03
190 E S P ÍR ITO S A N TO -22,1596 -46,7270 910 140 P∈ 8,3 26,00 116 0,09
194 ITA P IR A P UÃ P TA. -24,5798 -49,1692 560 151 P∈ 10,0 2,40 90 0,11
ANEXO 2
Legislação Estadual Específica de
Águas Subterrâneas
ORESTES QUÉRCIA
Governador do Estado
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo legislação 109
CAPÍTULO I
Das Disposições Preliminares
Art. 1º - Este Decreto regulamenta a Lei nº 6.134, de 2 de junho de 1988, que dispõe sobre a preservação dos depósitos naturais
de águas subterrâneas do Estado de São Paulo, e dá outras providências.
Art. 2º - A preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas do Estado de São Paulo reger-se-à pelas disposições da
Lei nº 6.134, de 2 de junho de 1988, deste decreto e dos regulamentos decorrentes.
Art. 3º - As águas subterrâneas terão programa permanente de conservação e proteção, visando ao seu melhor aproveitamento.
Art. 4º - Incluem-se no gerenciamento das águas subterrâneas as ações correspondentes:
I - à avaliação dos recursos hídricos subterrâneos e ao planejamento do seu aproveitamento racional;
II - à outorga e fiscalização dos direitos de uso dessas águas e
III - à aplicação de medidas relativas à conservação dos recursos hídricos subterrâneos.
Parágrafo único - Na administração das águas subterrâneas sempre serão levadas em conta sua interconexão com as águas
superficiais e as interações observadas no ciclo hidrológico.
Art. 5º - As exigências e restrições constantes deste decreto não se aplicam aos postos destinados exclusivamente ao usuário
doméstico residencial ou rural, sujeitas, todavia, à fiscalização dos agentes públicos credenciados, no tocante às
condições de ordem sanitária e de segurança.
Parágrafo único - Os poços mencionados neste artigo estão dispensados do cadastramento instituído na Seção V, do Capítulo IV, deste decreto.
SEÇÃO II
Das Definições
Art. 6º - Para os efeitos deste decreto são adotadas as seguintes definições:
I - águas subterrâneas: águas que ocorrem natural ou artificialmente no subsolo, de forma suscetível de extração e utilização pelo homem;
II - aqüífero ou depósito natural de águas subterrâneas: solo, rocha ou sedimento permeáveis, capazes de fornecer água
subterrânea, natural ou artificialmente captada;
III - aqüífero confinado: aquele situado entre duas camadas confinantes, contendo água com pressão suficiente para elevá-la
acima do seu topo ou da superfície do solo;
IV - aqüífero de rochas fraturadas: aquele no qual a água circula por fraturas e fendas;
V - poço ou obra de captação: qualquer obra, sistema, processo, artefato ou sua combinação, empregados pelo homem com o
fim principal ou incidental de extrair água subterrânea;
VI - poço jorrante ou artesiano: poço perfurado em aquífero cujo nível de água eleva-se acima da superfície do solo;
VII - poço tubular: poço de diâmetro reduzido, perfurado com equipamento especializado;
VIII - poluente: toda e qualquer forma de matéria ou energia que, direta ou indiretamente, cause poluição das águas subterrâneas;
IX - poluição: qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas das águas subterrâneas que possa ocasionar
prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações, comprometer seu uso para fins de consumo humano,
agropecuários, industriais, comerciais e recreativos, e causar danos à flora e à fauna;
X - recarga artificial: operação com finalidade de introduzir água num aquífero;
XI - sistema de disposição de resíduos: aquele que utiliza o solo para disposição, tratamento ou estocagem de resíduos tais como
aterros industriais e sanitários, lagoas de evaporação ou infiltração, áreas de disposição de lodo no solo ou de estocagem e
XII - usuário: o proprietário ou detentor de poço, sistema de poços ou de captação de águas subterrâneas.
SEÇÃO III
Das Atribuições
Art. 7º - Cabe ao Departamento de Águas e Energia Elétrica -DAEE a administração das águas subterrâneas do Estado, nos campos de
pesquisas, captação, fiscalização, extração e acompanhamento de sua interação com águas superficiais e com o ciclo hidrológico.
Parágrafo único - O Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE manterá serviços indispensáveis à avaliação dos recursos hídricos
subterrâneos, ao conhecimento do comportamento hidrológico dos aquíferos, ao controle e à fiscalização da extração.
Art. 8º - Cabe à CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental prevenir e controlar a poluição das águas
subterrâneas, para o que manterá os serviços indispensáveis.
Art. 9º - Cabe à Secretaria da Saúde a fiscalização das águas subterrâneas destinadas a consumo humano, quanto ao
atendimento aos padrões de potabilidade.
Art. 10 - Cabe ao Instituto Geológico a execução de pesquisa e estudos geológicos e hidrogeológicos, o controle e arquivo de informações dos
dados geológicos dos poços, no que se refere ao desenvolvimento do conhecimento dos aqüíferos e da geologia do Estado.
Art. 11 - As entidades e os órgãos mencionados nesta Seção poderão recorrer a outros organismos governamentais, para aplicação
das disposições deste Decreto.
110 legislação mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Art. 12 - Ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos caberá baixar normas complementares, necessárias ao cumprimento deste Decreto.
Art. 13 - Ao Grupo Técnico de Águas Subterrâneas - GTAS, vinculado ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos, incumbirá
coordenar a ação dos órgãos e das entidades mencionadas nesta Seção.
CAPÍTULO II
Da Defesa da Qualidade
SEÇÃO I
Da Proteção
Art. 14 - Nenhuma atividade desenvolvida poderá poluir, de forma intencional ou não, as águas subterrâneas.
Art. 15 - Todos os projetos de implantação de empreendimentos de alto risco ambiental, pólo petroquímico carboquímico e
cloroquímico, usinas nucleares e quaisquer outras fontes de grande impacto ambiental ou de periculosidade e risco para
as águas subterrâneas deverão conter uma detalhada caracterização da hidrogeologia e vulnerabilidade de aqüíferos,
assim como medidas de proteção a serem adotadas.
SEÇÃO II
Dos Resíduos Sólidos, Líquidos ou Gasosos
Art. 16 - Os resíduos sólidos líquidos ou gasosos provenientes de quaisquer atividades, somente poderão ser transportados ou
lançados se não poluírem águas subterrâneas.
SEÇÃO III
Da Disposição de Resíduos no Solo
Art. 17 - Os projetos de disposição de resíduos no solo devem conter descrição detalhada de caracterização hidro-geológica de sua área
de localização, que permita a perfeita avaliação de vulnerabilidade das águas subterrâneas, assim como a descrição detalhada
das medidas de proteção a serem adotadas.
§ 1º - As áreas onde existirem depósitos de resíduos no solo devem ser dotadas de monitoramento das águas subterrâneas,
efetuado pelo responsável pelo empreendimento, a ser executado conforme plano aprovado pela CETESB - Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental, e que deverá conter:
1 - a localização e os detalhes construtivos do poço de monitoramento;
2 - a forma de coleta das amostras, freqüência, parâmetros a serem observados e método analítico; e
3 - a direção, espessura e o fluxo do aqüífero freático e possíveis interconexões com outras unidades aqüíferas.
§ 2º - O responsável pelo empreendimento deverá apresentar relatórios à CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental, até 31 de janeiro de cada ano, informando os dados obtidos no monitoramento.
§ 3º - Se houver alteração estaticamente comprovada, em relação aos parâmetros naturais de qualidade da água nos poços a jusante, por ele
causada, o responsável pelo empreendimento deverá executar as obras necessárias para recuperação das águas subterrâneas.
SEÇÃO IV
Da Potabilidade
Art. 18 - As águas subterrâneas destinadas a consumo humano deverão atender aos padrões de potabilidade fixados na legislação sanitária.
CAPÍTULO III
Das Áreas de Proteção
SEÇÃO I
Do Estabelecimento de Áreas de Proteção
Art. 19 - Sempre que, no interesse da conservação, proteção e manutenção do equilíbrio natural das águas subterrâneas, dos serviços
de abastecimento de água, ou por motivos geotécnicos ou geológicos, se fizer necessário restringir a captação e o uso dessas
águas, o Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE e a CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
proporão ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos a delimitação de áreas destinadas ao seu controle.
§ 1º - Nas áreas a que se refere este artigo, a extração de águas subterrâneas poderá ser condicionada à recarga natural ou artificial dos aqüíferos.
§ 2º - As áreas de proteção serão estabelecidas com base em estudos hidrogeológicos pertinentes, ouvidos os municípios e
demais organismos interessados.
SEÇÃO II
Da Classificação das Áreas de Proteção
Art. 20 - Para os fins deste Decreto, as áreas de proteção classificam-se em:
I - Área de Proteção Máxima: compreendendo, no todo ou em parte, zonas de recarga de aqüíferos altamente vulneráveis à
poluição e que se constituam em depósitos de águas essenciais para abastecimento público;
II - Área de Restrição e Controle: caracterizada pela necessidade de disciplina das extrações, controle máximo das fontes
poluidoras já implantadas e restrição a novas atividades potencialmente poluidoras; e
III - Área de Proteção de Poços e Outras Captações: incluindo a distância mínima entre poços e outras captações e o respectivo
perímetro de proteção.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo legislação 111
SEÇÃO III
Das Áreas de Proteção Máxima
Art. 21 - Nas Áreas de Proteção Máxima não serão permitidos:
I - a implantação de indústrias de alto risco ambiental, pólos petroquímicos, carboquímicos e cloroquímicos, usinas nucleares e
quaisquer outras fontes de grande impacto ambiental ou de extrema periculosidade,
II - as atividades agrícolas que utilizem produtos tóxicos de grande mobilidade e que possam colocar em risco as águas
subterrâneas, conforme relação divulgada pela CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental e
Secretria de Agricultura e Abastecimento e
III - o parcelamento do solo urbano sem sistema adequado de tratamento de efluente ou disposição de resíduos sólidos.
Art. 22 - Se houver escassez de água subterrânea ou prejuízo sensível aos aproveitamentos existentes nas Áreas de Proteção
Máxima, o Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE e a CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental de acordo com as respectivas atribuições poderão:
I - proibir novas captações até que o aqüífero se recupere ou seja superado o fato que determinou a carência de água;
II - restringir e regular a captação de água subterrânea, estabelecendo o volume máximo a ser extraído e o regime de operação;
III - controlar as fontes de poluição existentes, mediante programa específico de monitoramento e
IV - restringir novas atividades potencialmente poluidoras.
Parágrafo único
único: Quando houver restrição à extração de águas subterrâneas, serão prioritariamente atendidas as captações
destinadas ao abastecimento público de água, cabendo ao Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE estabelecer
a escala de prioridades, segundo as condições locais.
SEÇÃO IV
Das Áreas de Restrição e Controle
Art. 23 - Nas Áreas de Restrição e Controle, quando houver escassez de água subterrânea ou prejuízo sensível aos aproveitamentos
existentes, poderão ser adotadas as medidas previstas no artigo 22 deste decreto.
SEÇÃO V
Das Áreas de Proteção de Poços e Outras Captações
Art. 24 - Nas Áreas de Proteção de Poços e Outras Captações, será instituído Perímetro Imediato de Proteção Sanitária,
abrangendo raio de dez metros, a partir do ponto de captação, cercado e protegido com telas, devendo o seu interior
ficar resguardado da entrada ou penetração de poluentes.
§ 1º - Nas áreas a que se refere este artigo, os poços e as captações deverão ser dotados de laje de proteção sanitária, para evitar
a penetração de poluentes.
§ 2º - As lajes de proteção, de concreto armado, deverão ser fundidas no local, envolver o tubo de revestimento, ter declividade
do centro para as bordas, espessura mínima de dez centímetros e área não inferior a três metros quadrados.
Art. 25 - Serão estabelecidos, em cada caso, além do Perímetro Imediato de Proteção Sanitária, Perímetros de Alerta contra poluição,
tomando-se por base uma distância coaxial ao sentido do fluxo, a partir do ponto de captação, equivalente ao tempo de trânsito
de cinquenta dias de águas no aqüífero, no caso de poluentes não conservativos.
Parágrafo Único
Único: No interior do Perímetro de Alerta, deverá haver disciplina das extrações, controle máximo das fontes
poluidoras já implantadas e restrição a novas atividades potencialmente poluidoras.
CAPÍTULO IV
Das Aprovações, Outorgas e Cadastramento
SEÇÃO I
Dos Empreendimentos Sujeitos a Aprovação
Art. 26 - A implantação de distritos industriais, de grandes projetos de irrigação, de colonização e outros, que dependam da
utilização de água subterrânea, ou ponham em risco sua qualidade natural, fica sujeita à aprovação dos órgãos e das
entidades referidos no Capítulo I, Seção III, deste Decreto.
Parágrafo único
único: As atividades mencionadas neste artigo deverão ser precedidas de estudos hidrogeológicos que permitam
avaliar o potencial disponível e o correto dimensionamento do sistema de abastecimento.
SEÇÃO II
Dos Estudos Hidrogeológicos
Art. 27 - Os estudos hidrogeológicos, projetos, e as obras de captação de águas subterrâneas deverão ser realizados por
profissionais, empresas ou instituições legalmente habilitados perante o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia - CREA, exigindo-se o comprovante de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART.
Art. 28 - Deverá ser obtida autorização prévia do Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE para qualquer obra de
captação de água subterrânea, incluída em projetos, estudos e pesquisas.
Art. 29 - Os estudos hidrogeológicos e projetos de obras de captação deverão ser protocolados no Departamento de Águas e
Energia Elétrica - DAEE, na sede ou na Diretoria correspondente à bacia hidrográfica onde será realizado o aproveitamento,
em duas vias de relatório detalhado, conforme norma aprovada mediante Portaria do Superintendente da Autarquia.
112 legislação mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
SEÇÃO III
Das Concessões e Autorizações
Art. 30 - O uso das águas subterrâneas estaduais depende de concessão ou autorização administrativa, outorgadas pelo
Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE, como segue:
I - concessão administrativa, quando a água destinar-se a uso de utilidade pública ou a captação ocorrer em terreno do domínio público; e
II - autorização administrativa, quando a água extraída destinar-se a outras finalidades.
Art. 31 - As outorgas referidas no artigo anterior serão condicionadas aos objetivos do Plano Estadual de Recursos Hídricos,
levando-se em consideração os fatores econômicos e sociais.
§ 1º - As concessões e autorizações serão outorgadas por tempo fixo, nunca excedente a trinta anos, determinando-se prazo
razoável para início e conclusão das obras, sob pena de caducidade.
§ 2º - Se, durante três anos, o outorgado deixar de fazer uso exclusivo das águas, sua concessão ou autorização será declarada caduca.
§ 3º - Independerão de outorga as captações de águas subterrâneas em vazão inferior a cinco metros cúbicos por dia, ficando,
todavia, sujeitas à fiscalização da Administração, na defesa da saúde pública e da quantidade e qualidade das águas
superficiais e subterrâneas.
§ 4º - Antes de outorgar, total ou parcialmente, ou negar a extração de água pretendida, o Departamento de Águas e Energia
Elétrica - DAEE poderá solicitar as informações adicionais que entender necessárias.
§ 5º - As outorgas serão efetuadas pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE dentro do prazo de sessenta dias
contados da data do pedido ou do atendimento à última eventual exigência.
Art. 32 - Os atos de outorga para a extração de água subterrânea deverão proibir mudanças físicas ou químicas que possam
prejudicar as condições naturais dos aqüíferos, ou do solo, assim como os direitos de terceiros.
SEÇÃO IV
Das Licenças
Art. 33 - A execução das obras destinadas à extração de água subterrânea e sua operação dependerão de outorga das licenças
de execução e de operação respectivamente.
§ 1º - Aprovados os estudos e projetos de obras e perfuração de poços, ou de obras destinadas à pesquisa ou ao aproveitamento
de água subterrânea, o Departamento de Águas e Energia e Elétrica - DAEE expedirá a licença de execução das obras
e credenciará seus agentes para acompanharem, realizarem ou exigirem os testes e as análises recomendáveis.
§ 2º - Concluída a obra, o responsável técnico deverá apresentar relatório pormenorizado contendo os elementos necessários à exploração da água
subterrânea, de forma a possibilitar a expedição, pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE, da licença de operação.
SEÇÃO V
Do Cadastro de Poços e Outras Captações
Art. 34 -Fica instituído, sob a administração do Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE, o Cadastro de Poços Tubulares
Profundos e outras Captações, consubstanciado no Sistema de Informação de Águas Subterrâneas - SIDAS.
Art. 35 - Os dados e as informações de poços e outras captações contidos no Sistema de informações de Águas Subterrâneas - SIDAS,
assim como os estudos hidrogeológicos desenvolvidos por órgãos e entidades da Administração Estadual estarão à disposição
dos usuários, para orientação e subsídio, no sentido de promoverem a utilização racional das águas subterrâneas.
Art. 36 - Todo aquele que construir obra de captação de águas subterrâneas, no território do Estado, deverá cadastrá-la no
Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE, conforme norma a ser baixada em Portaria do Superintendente da
Autarquia, apresentar as informações técnicas necessárias, e permitir o acesso da fiscalização ao local.
§ 1º - O cadastramento deverá ser efetuado na sede do Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE ou na Diretoria
correspondente à bacia hidrográfica em que estiver localizado o aproveitamento.
§ 2º - Cada poço cadastrado receberá um número de identificação e registro.
§ 3º - As captações existentes deverão ser cadastradas dentro do prazo de cento e oitenta dias contados da data da entrada em
vigor deste Decreto.
§ 4º - As captações novas deverão ser cadastradas dentro do prazo de 30 dias contados da data de conclusão das respectivas obras.
CAPÍTULO V
das Medidas Preventivas
SEÇÃO I
Da Operação e Manutenção de Poços
Art. 37 - O usuário de obras de captação de águas subterrâneas deve operá-la em condições adequadas, de modo a assegurar
a capacidade do aqüífero e evitar o desperdício de água, podendo o Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE exigir
a reparação das obras e das instalações e a introdução de melhorias.
Art. 38 - Os poços e outras obras de captação de águas subterrâneas deverão ser dotados de equipamentos de medição de
volume extraído e do nível da água.
Parágrafo único - os usuários deverão manter registro mensal de dados e outras informações sobre o uso da água e apresentar ao
Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE um informe anual detalhado.
Art. 39 - Nas instalações de captação de água subterrânea destinada a abastecimento público, deverão ser efetuadas análises
físicas, químicas e bacteriológicas da água, nos termos da legislação sanitária.
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo legislação 113
SEÇÃO II
Dos Poços Abandonados
Art. 40 - Os poços abandonados, temporária ou definitivamente, e as perfurações realizadas para outros fins que não a extração de
água deverão ser adequadamente tamponados por seus responsáveis para evitar a poluição dos aqüíferos ou acidentes.
§ 1º - Os poços abandonados, perfurados em aqüíferos friáveis, próximos à superfície, deverão ser tamponados com material
impermeável e não poluente, como argila, argamassa ou pasta de cimento, para evitar a penetração de água da
superfície no interior do poço, ou ao longo da parte externa do revestimento.
§ 2º - Os poços abandonados, perfurados em aqüíferos de rochas fraturadas, deverão ser tamponados com pasta ou argamassa
de cimento, colocada a partir da primeira entrada de água, até a superfície com espessura nunca inferior a 20 (vinte) metros.
§ 3º - Os poços abandonados, que captem água de aqüífero confinado, deverão ser tamponados com selos de pasta de cimento,
injetado sob pressão, a partir do topo de aqüífero.
SEÇÃO III
Dos Poços Jorrantes ou Artesianos
Art. 41 - Os poços jorrantes ou artesianos devem ser dotados de fechamento hermético, para evitar o desperdício de água.
SEÇÃO IV
Das Escavações, Sondagens ou Obras
Art. 42 - As escavações, sondagens ou obras para pesquisa, lavra mineral ou outros fins, que atingirem águas subterrâneas,
deverão ter tratamento idêntico a poço abandonado, de forma a preservar e conservar os aqüíferos.
CAPÍTULO VI
Da Fiscalização e das Sanções
Seção I
Da Fiscalização
Art. 44 - O Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE, a CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
e a Secretaria da Saúde, no âmbito das respectivas atribuições, fiscalizarão a utilização das águas subterrâneas, para
protegê-las contra poluição e evitar efeitos indesejáveis aos aqüíferos e à saúde pública.
Art. 45 - Fica assegurado aos agentes credenciados, encarregados de fiscalizar a extração e a qualidade das águas subterrâneas,
o livre acesso aos prédios em que estiverem localizadas as captações e aos locais onde forem executados serviços ou
obras que, de alguma forma, possam afetar os aqüíferos.
Parágrafo Único - No exercício de suas funções, os agentes credenciados poderão requisitar força policial, se necessário, para
garantir a fiscalização de poços ou sistemas de captação.
Art. 46 - Aos agentes credenciados, além das funções que lhes forem cometidas pelos respectivos órgãos ou entidades, cabe:
I - efetuar vistorias, levantamentos, avaliações e verificar a documentação técnica pertinente;
II - colher amostras e efetuar medições, a fim de averiguar o cumprimento das disposições deste Decreto;
III - verificar a ocorrência de infrações e expedir os respectivos autos;
IV - intimar, por escrito, os responsáveis pelas fontes poluidoras, ou potencialmente poluidoras, ou por ações indesejáveis sobre as
águas, a prestarem esclarecimentos em local oficial e data previamente estabelecidos; e
V - aplicar as sanções previstas neste Decreto.
SEÇÃO II
Das Sanções
Art. 47 - Nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº 6.134, de 2 de junho de 1988, a descarga de poluentes, tais como águas
ou refugos industriais, que possam degradar a qualidade das águas subterrâneas, e o descumprimento de suas disposições e
das estabelecidas neste Decreto, sujeitarão o infrator às sanções e aos procedimentos previstos nos artigos 80 e 107, do
Regulamento aprovado pelo Decreto nº 8468, de 8 de setembro de 1976, com alterações posteriores, sem prejuízo das sanções cabíveis.
Art. 48 - A desobediência às disposições da legislação sanitária sujeitará o infrator às sanções e aos procedimentos previstos
nas normas sobre promoção, preservação e recuperação da saúde, no campo de competência da Secretaria da Saúde, contidas
no Regulamento aprovado pelo Decreto nº 12.342, de 27 de setembro de 1978.
Art. 49 - O não atendimento às disposições relativas à extração, ao controle e à proteção das águas subterrâneas, estatuídas por
Decreto, sujeitará o infrator à revogação da outorga, ou à declaração de sua caducidade, e sua resposabilização por eventuais
danos causados ao aqüífero ou à gestão daquelas águas.
Art. 50 - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
PORTARIA D
PORTARIA AEE 717/96, DE 12/12/96
DAEE
Aprova a Norma e os Anexos de I a XVIII que disciplinam o uso dos recursos hídricos:
O Superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica-DAEE, com fundamento nos artigos 36, 43 e 11 do Decreto Federal nº 25.643,
de 10.07.34 (Código de Águas), combinados com os incisos I do artigo 2º, I e VIII do artigo 4º e I e XVI do artigo 11 do Regulamento da Autarquia,
aprovado pelo Decreto Estadual nº 52.636, de 03.03.71, alterado pelo Decreto Estadual nº 23.933. de 18.09.85.
DETERMINA:
Art. 1º
1º- Ficam aprovados a Norma e os Anexos de I a XVIII que disciplinam o uso dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos do
Estado de São Paulo, na forma da Lei Estadual nº 6.134 de 02.06.88, que dispõe sobre a preservação dos depósitos naturais
de águas subterrâneas no Estado de São Paulo, e de seu regulamento, aprovado pelo Decreto Estadual nº 32.955, de 07.02.91,
bem como da Lei Estadual nº 7.663, de 30.12.91, que estabelece a Política Estadual de Recursos Hídricos, e de seu
regulamento, aprovado pelo Decreto Estadual nº 41.258 de 31/10/1996 que dispõe sobre Outorga e Fiscalização.
Título I
DAS MODALIDADES DE OUTORGA
Capítulo I
Da Implantação de Empreendimentos
Art. 2º - A implantação de empreendimento, que demande a utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos,
dependerá de manifestação prévia do DAEE, por meio de uma autorização.
Parágrafo único - Essa autorização não confere a seu titular o direito de uso de recursos hídricos.
Capítulo II
Das Obras e Serviços que interfiram com os Recursos Hídricos Superficiais
Art. 3º - A execução de obras ou serviços que possam alterar o regime, a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos
superficiais, dependerá de manifestação prévia do DAEE, por meio de uma autorização.
Parágrafo único - Essa autorização não confere a seu titular o direito de uso de recursos hídricos.
Capítulo III
Da Licença de Obras de Extração de Águas Subterrâneas
Art. 4º - A execução de obra, destinada à extração de águas subterrâneas, dependerá de manifestação prévia do DAEE, por meio
de uma licença de execução.
Parágrafo único - A licença de execução não confere a seu titular o direito de uso de recursos hídricos.
Capítulo IV
Do Uso do Recurso Hídrico
Art. 5º - Dependerão de outorga do direito de uso, passada pelo DAEE:
I - a derivação de água de seu curso ou depósito, superficial ou subterrâneo, para utilização no abastecimento urbano, industrial, agrícola
e qualquer outra finalidade;
II - os lançamentos de efluentes nos corpos d’água, obedecidas a legislação federal e a estadual pertinentes à espécie.
Parágrafo único - Essa outorga se fará por concessão, nos casos de utilidade pública, e por autorização, nos demais casos.
Título II
DOS EFEITOS DAS OUTORGAS
Capítulo I
Direitos, obrigações e restrições
Art. 6º - As concessões, autorizações e licenças são intransferíveis, a qualquer título, são conferidas a título precário e não
implicam delegação do Poder Público aos seus titulares.
Art. 7º - A análise e a emissão dos atos de outorga sujeitarão o interessado ao pagamento de emolumentos, conforme tabela
constante do Anexo XVIII.
Art. 8º - Os atos de outorga não eximem o usuário da responsabilidade pelo cumprimento das exigências da Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental - CETESB, no campo de suas atribuições, bem como das que venham a ser feitas por outros órgãos
e entidades aos quais esteja afeta a matéria.
Art. 9º - Obriga-se o outorgado a:
I - operar as obras hidráulicas segundo as condições determinadas pelo DAEE;
II - conservar em perfeitas condições de estabilidade e segurança as obras e os serviços;
III - responder, em nome próprio, pelos danos causados ao meio ambiente e a terceiros em decorrência da manutenção, operação
ou funcionamento de tais obras ou serviços, bem como pelos que advenham do uso inadequado da outorga;
IV - manter a operação das estruturas hidráulicas de modo a garantir a continuidade do fluxo d’água mínimo, fixado no ato de
outorga, a fim de que possam ser atendidos os usuários a jusante da obra ou serviço;
V - preservar as características físicas e químicas das águas subterrâneas, abstendo-se de alterações que possam prejudicar as
condições naturais dos aqüíferos ou a gestão dessas águas;
VI - instalar e operar as estações e os equipamentos hidrométricos especificados pelo DAEE, encaminhando-lhe os dados
observados e medidos, na forma preconizada no ato de outorga e nas normas de procedimento estabelecidas pelo DAEE;
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo legislação 115
VII - cumprir, sob pena de caducidade da outorga, os prazos fixados pelo DAEE para o início e a conclusão das obras pretendidas;
VIII - repor as coisas em seu estado anterior, de acordo com os critérios e prazos a serem estabelecidos pelo DAEE, arcando
inteiramente com as despesas decorrentes.
Capítulo II
Dos Prazos
Art. 10 - Os atos de outorga estabelecerão, nos casos comuns, prazo fixo de validade, a saber:
a - até o término das obras, nas licenças de execução;
b - máximo de 5 (cinco) anos, para as autorizações;
c - máximo de 10 (dez) anos, para as concessões;
d - máximo de 30 (trinta) anos, para as obras hidráulicas.
Parágrafo único - Poderá o DAEE, a seu critério exclusivo, em caráter excepcional, sempre em função de situações emergenciais
e desde que fatores sócio-econômicos o justifiquem, fixar prazos diferentes dos estabelecidos neste artigo.
Art. 11 - O ato de outorga poderá ser revogado a qualquer tempo, não cabendo ao outorgado indenização a qualquer título e sob
qualquer pretexto nos seguintes casos:
a - quando estudos de planejamento regional de recursos hídricos ou a defesa do bem público, tornarem necessária a revisão da outorga.
b - na hipótese de descumprimento de qualquer norma legal ou regulamentar, atinente à espécie.
Art. 12 - A outorga poderá ser renovada, devendo o interessado apresentar requerimento nesse sentido, até 6 (seis) meses antes
do respectivo vencimento.
Art. 13 - Perece de pleno direito a outorga, se durante 3 (três) anos consecutivos o outorgado deixar de fazer uso do direito de
interferência ou de uso do recurso hídrico.
Capítulo III
Disposições Gerais
Art. 14 - As obras necessárias ao uso dos recursos hídricos deverão ser projetadas e executadas sob a responsabilidade de
profissional devidamente habilitado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREA, devendo
qualquer alteração do projeto ser previamente comunicada ao DAEE.
Art. 15 - O aumento de demanda ou a insuficiência de águas para atendimento aos usuários permitirá a suspensão temporária
da outorga, ou a sua readequação.
Parágrafo único - No caso de readequação, o DAEE deverá fixar as novas condições da outorga, observando os critérios e normas
estabelecidos nos Planos de Bacias e nas Deliberações do Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH.
Art. 16 - Quando, em razão de obras públicas, houver necessidade de adaptação das obras hidráulicas ou dos sistemas de
captação e lançamento às novas condições, todos os custos decorrentes serão de responsabilidade plena e exclusiva do
outorgado, ao qual será assegurado prazo para as providências pertinentes, mediante comunicação oficial do DAEE.
Titulo III
DA FISCALIZAÇÃO
Art. 17 - O DAEE credenciará seus agentes para fiscalização e para imposição das sanções previstas na Lei Estadual nº 6.134, de
02.06.88, com a disciplina que lhe deu o Decreto Estadual nº 32.955, de 07.02.91, bem como na Lei Estadual nº 7.663, de
30.12.91, com a disciplina que lhe deu o Decreto Estadual no 41.258 de 31/10/1996 e nas demais normas legais aplicáveis.
Art. 18 - No exercício da ação fiscalizadora, ficam asseguradas aos agentes credenciados a entrada, a qualquer dia e hora, e a
permanência, pelo tempo necessário, em estabelecimentos públicos ou privados, se necessário requisitar reforço policial.
Titulo IV
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Capítulo I
Disposições Finais
Art. 19 - Para obtenção de concessão, autorização ou licença, bem como para as respectivas renovações, deverá o interessado
apresentar ao protocolo do DAEE, na sede da Diretoria correspondente à bacia hidrográfica onde se pretenda o uso de
recurso hídrico, a documentação estabelecida na Norma anexa.
Art. 20 - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Portaria
DAEE nº 187 de 16/05/96, retificada em 23/05/96 e 29/05/96.
Capítulo II
Disposição Transitória
Art. 21 - O DAEE expedirá a competente concessão, autorização ou licença em até 30 dias da data de entrada do requerimento,
cumpridas todas as exigências técnicas e legais atinentes à espécie.
Art. 22 - Continuam válidas as outorgas de uso já passadas pelo DAEE, quer de recursos hídricos superficiais, quer de
subterrâneos, permanecendo íntegras até seu término, salvo se tornarem insustentáveis por fato superveniente.
(a íntegra da Norma e respectivos anexos podem ser obtidos no site www.daee.sp.gov.br)
116 legislação mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo
Institui no âmbito do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH diretrizes e procedimentos para a definição de
áreas de restrição e controle da captação e uso das águas subterrâneas
O Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH considerando que:
a Lei N° 7.663, de 30 de dezembro de 1991, que estabelece a Política Estadual de Recursos Hídricos, dispõe como objetivo principal
assegurar que a água, recurso natural essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social, deve ser controlada e
utilizada, em padrões de qualidade satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo território do Estado de São
Paulo e estabelece, como uma de suas diretrizes, o desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção das águas
subterrâneas contra poluição e super-explotação;
a Lei N° 6.134, de 2 de junho de 1988 e seus regulamentos que dispõem sobre a preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas,
estabelecem que sempre que no interesse da preservação, conservação e manutenção do equilíbrio natural das águas subterrâneas, dos serviços
públicos de abastecimento de água, ou por motivos geotécnicos, geológicos ou sanitários, se fizer necessário restringir a captação e o uso dessas
águas, os órgãos de recursos hídricos, de controle ambiental e de saúde poderão delimitar áreas destinadas ao seu controle;
as diretrizes e normas para a proteção e recuperação dos mananciais de interesse regional, nos quais incluem-se as águas subterrâneas,
prevêem a criação de áreas de intervenção e estabelecem a prioridade do uso das águas nessas áreas para o abastecimento público em
detrimento de qualquer outro interesse, conforme a Lei N° 9.866, de 28 de novembro de 1997;
compete aos Comitês de Bacias a proposição de planos de utilização, conservação, proteção e recuperação dos recursos hídricos, por
meio do Plano de Bacias; bem como, a proposição da delimitação de áreas de proteção de mananciais, nos termos das Leis 7.663 , de
30 de dezembro de 1991 e 9.866, de 28 de novembro de 1997;
as reservas de águas subterrâneas, apesar de renováveis, são limitadas e que a situação atual de explotação dos aqüíferos em determinadas
regiões, pode superar as recargas naturais, o que pode provocar acentuado rebaixamento dos níveis d´água e interferências múltiplas entre poços,
caracterizando-se, portanto como áreas críticas e suscetíveis de enquadramento em programas de racionalização da captação;
as águas subterrâneas são suscetíveis à poluição e quando houver alteração, estatisticamente comprovada em relação aos parâmetros
naturais de qualidade das águas, haverá necessidade de sua remediação;
a necessidade do estabelecimento de normas complementares para o gerenciamento das águas subterrâneas e medidas específicas
relativas à sua conservação, delibera:
Artigo 1º - As Áreas de Restrição e Controle do uso das águas subterrâneas são aquelas onde existe a necessidade de disciplinar
as atividades que possam causar alterações ou efeitos negativos sobre a quantidade ou qualidade das águas subterrâneas.
§1° - A delimitação das Áreas de Restrição e Controle será estabelecida com o apoio de estudos hidrogeológicos e levará em
consideração os Planos de Bacias Hidrográficas, os Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos, os Programas Estaduais
de Monitoramento de Qualidade e Atendimento à Potabilidade, que evidenciem os efeitos negativos da explotação e
contaminação, apontando a necessidade da aplicação de ações preventivas e corretivas.
§2° - Constituem base para o estabelecimento das áreas de restrição e controle, os bancos de dados dos órgãos de recursos
hídricos, de controle ambiental e da saúde sobre quantidade, qualidade e fontes de contaminação.
Artigo 2º - Os órgãos gestores de recursos hídricos, de controle ambiental e da saúde proporão de forma integrada, a
delimitação das áreas de restrição e controle do uso das águas subterrâneas, que deverá ser submetida à apreciação do
Comitê de Bacias Hidrográficas em cuja área de atuação estejam inseridas.
§ 1o - A proposição da delimitação mencionada no caput deste artigo também poderá ser feita:
a. por Câmara Técnica do respectivo Comitê de Bacias Hidrográficas;
b. pela Agência de Bacias do respectivo Comitê de Bacias Hidrográficas;
c. por meio de proposta constante no Plano de Bacias da respectiva bacia hidrográfica.
§ 2o - A proposta de delimitação que for aprovada pelo Comitê de Bacias Hidrográficas deverá constar em um dos seguintes documentos:
a. Deliberação específica do respectivo Comitê de Bacias Hidrográficas;
b. Plano de Bacias da respectiva bacia hidrográfica.
§ 3o - Quando a proposta de delimitação não estiver contida no Plano de Bacias, a manifestação do Comitê de Bacias Hidrográficas
será antecedida de audiências públicas de caráter consultivo com a participação de órgãos gestores, usuários e
municípios das áreas envolvidas.
Artigo 3º - O ato declaratório de Áreas de Restrição e Controle (ARCs) será do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CRH).
Artigo 4º - As Áreas de Restrição e Controle (ARCs) de captação e uso das águas subterrâneas serão classificadas conforme segue:
a. Áreas Potenciais de Restrição e Controle (ARC-PO), que são aquelas onde a densidade de poços tubulares e o volume de água
extraído, indicam super-explotação ou aquelas onde estão sendo ou foram desenvolvidas atividades potencialmente
contaminadoras de solo e águas subterrâneas;
b. Áreas Prováveis de Restrição e Controle (ARC-PR), que são aquelas onde são observados indícios de super-explotação e
interferência entre poços ou apresentam indícios de contaminação no solo e águas subterrâneas, e
c. As Áreas Confirmadas de Restrição e Controle (ARC-CO), que são aquelas onde foi constatada a super-explotação ou a
contaminação das águas subterrâneas.
Parágrafo Único - As classes de áreas apresentadas no caput deste artigo (PO, PR e CO) respeitarão os limites de bacias hidrográficas
ou sub-bacias hidrográficas.
Artigo 5° - Para a delimitação e a classificação das ARCs em PO, PR e CO, deverão ser cumpridas as etapas constantes do APENDICE
I desta Deliberação, a saber:
a. Identificação inicial de áreas potenciais, para o estabelecimento de ARC-PO;
b. Realização de investigação preliminar, para o estabelecimento de ARC-PR;
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo legislação 117
APÊNDICE I - Fluxograma para o estabelecimento de áreas de restrição e controle da captação e uso das
águas subterrâneas.
Etapas de
Identificação Classes
de Arcs
Exclusão 1
Exclusão 2
Áreas Prováveis
Investigação de Restrição e
Preliminar Classificação 2
Controle (ARC-PR)
Priorização 2
Exclusão 3
Áreas Confirmadas
Investigação Classificação 3 de Restrição e
Confirmatória Controle (ARC-CO)
Priorização 3
C = ΣQz . 365
onde:
C= Volume total (em metros cúbicos) por tempo (em anos) de água subterrânea extraída dos aqüíferos da área de interesse;
Qz= Somatória da vazão outorgada dos poços (m³/h/dia);
II- Disponibilidade de água subterrânea para aqüíferos livres:
Q = (A . Qx . f) + (P)
onde:
Q= Volume de água disponível (em metros cúbicos) por unidade de tempo (em ano);
A= Área da bacia hidrogeológica (em quilômetros quadrados);
Qx= Vazão da recarga transitória multianual do aqüífero (em m3/ano/km²).
f= Índice que representa a quantidade máxima de água possível de ser extraída a partir da recarga devido a fatores técnicos, econômicos
e hidrogeológicos limitantes.
P= parcela da quantidade total de água que retorna imediatamente ao aqüífero (m3/ano)
mapa de águas subterrâneas do estado de são paulo legislação 119
APÊNDICE III – Distâncias indicativas mínimas para delimitação de Áreas de Restrição e Controle (ARC)
frente às atividades com potencial de contaminação.
D istân cia
in dicativa
Tipologia Fon te prin cipal Prin cipais mínima de Ju stificativa
polu en tes restrição
n a direção
de flu xo
Fabricação de ácidos e
bases, pigmentos, tintas, Á cidos, bases, metais,
Químicas 500m Substâncias persistentes
fertilizantes, pesticidas, solventes, fenóis
farmacêuticas
500m
Refinarias
Substâncias degradáveis
(grande quantidade)
D estilaria de alcatrão 500m
Hidrocarbonetos, fenóis,
Petroquímicas
ácidos, bases e asbestos
Bases de distribuição 400m Média quantidade
A terros de
resíduos Resíduos perigosos Metais, ácidos e bases 500m Substâncias persistentes
classe I
A terros de
Resíduos domiciliares e Bacteriológicos, metais, Port. 124 MINTER NBR
resíduos 200m
industriais ácidos e bases 13.896/97
classe II
30m ou 50 dias
Norma CETESB L1040-
Cemitérios Bacteriológicos de tempo de
cemitérios
trânsito
Legenda para a Tabela: Fe – Ferro; Cu – Cobre; Ni – Níquel; Zn – Zinco; Cr – Cromo; Cd – Cádmio; Pb – Chumbo