(4.3.4) Mensagens - 10 - CAP - (Fichas L4)

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Nome N.o 10.

o Data / /

Avaliação E. Educação Professor

F Ficha de Leitura 4

Exposição sobre um tema


Lê o excerto que se segue do texto «Leonardo da Vinci – da ciência na arte à arte na ciência», de
Carlos Fiolhais.

Leonardo da Vinci – por Carlos Fiolhais


da ciência na arte à arte na ciência 28 de abril de 2019

Renascimento começou por ser uma 35 O mito de Leonardo, além das suas obras-
revolução na arte para depois ser -primas pictóricas, assentou nas invenções,
uma revolução na ciência. Revolu- nos numerosos engenhos que propôs sob a
ção na arte porque do mundo plano forma de desenhos, embora os não tivesse
5 que aparecia na pintura da Idade comcretizado (nos dias de hoje existem
Média passou-se para um mundo tridimensional, 40 modelos para exposição, e até uma ou outra
proporcionado pela perspetiva. A ciência entrou realização maior, como uma ponte na
na arte, pois a perspetiva, a técnica de Noruega). O modo como Leonardo representa
representar um mundo cheio de volumes numa a sua obra técnica é de um grande artista: a
10 folha plana, não é mais do que um produto da perspetiva, por exemplo, é-lhe tão útil na
geometria, uma das ciências mais antigas. Além 45 pintura como na engenharia. Exibiu nessa
disso, a perspetiva implicou também uma obra uma extraordinária imaginação, que ia
mudança conceptual: o ponto de fuga, o sítio bem além da observação da Natureza: propôs
para onde é conduzido o olhar no desenho em um tanque de guerra, um guindaste para
15 perspetiva, implica a existência do infinito, uma escavar canais, um carro que se movia
ideia inquietante na época. 50 autonomamente. E um escafandro de
O palco da dupla revolução foi o Norte de mergulho, um paraquedas, um ornitóptero
Itália. Em 1435, Leon Battista Alberti, um dos (aparelho para o homem voar, imitando as
primeiros «homens do Renascimento», teorizou aves). Propôs até um robô na forma de um
20 a perspetiva no seu tratado de pintura (Della leão mecânico que, após dar uns passos, abria
Pittura). Em 1609, Galileu Galilei desenhou a 55 a boca para brotar uma flor-de-lis.
Lua que observava na sua luneta, representando Uma parte importante dos cadernos de
um relevo até então desconhecido, isto é, a Lua Leonardo contém desenhos anatómicos. Ele
não era esférica e perfeita como se dizia, mas próprio dissecou cadáveres, de modo a garantir
25 sim rugosa tal como a Terra (Sidereus a precisão da representação: «Para obter um
Nuncius). O olhar humano, servido pelo 60 conhecimento verdadeiro e completo dessas
telescópio, passou a reconhecer os astros tal veias, abri mais de dez corpos humanos, des-
como eles verdadeiramente eram e não como as truindo todos os outros membros, e
«autoridades» diziam que eram: a representação removendo, até às partículas mais minúsculas,
30 visual passou a ter um papel central na ciência, toda a carne que envolve essas veias, sem as
tal como há muito tinha na arte. Entre Alberti e 65 deixar sangrar.» As suas imagens médicas,
Galileu, mas temporalmente mais perto do como a de um feto humano no interior do
primeiro, viveu o mais célebre «homem do útero, batem de longe as que estavam
Renascimento»: Leonardo, natural de Anchiani, disponíveis na época aos alunos nas faculdades
em Vinci, na Toscânia (1452-1519). de medicina. Só em 1543, mais de duas
décadas após a morte de Leonardo,
o flamengo Andreas Vesalius haveria de

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70 publicar o seu famoso atlas anatómico com o é que Leonardo tenha antecipado, numa curta nota
título De Humani Corporis Fabrica (Sobre a num caderno, a visão heliocêntrica: «A Terra não
Constituição do Corpo Humano). Por mais 85 é o centro da órbita do Sol, nem o centro do
notáveis que sejam, os desenhos de Vesalius, universo, mas está no centro dos seus elementos
nos quais foi ajudado por um discípulo de complementares e unida a eles; e se alguém
75 Ticiano, ficam por vezes aquém dos de estivesse na Lua quando a Lua e o Sol estão
Leonardo. Mas Vesalius era professor abaixo de nós, a nossa Terra, com o seu
universitário de medicina e escrevia em latim. 90 elemento de água, apareceria e brilharia para
É curioso que no mesmo ano de 1543 tenha ele, assim como a Lua aparece e brilha para
vindo a lume o livro de Nicolau Copérnico, De nós.»
80 Revolutionibus Orbium Coelestium (Da Revolu-
ção das Esferas Celestes), que mudou a nossa https://www.publico.pt/2019/04/28/ciencia/noticia/leonard
mundividência cósmica. Mas mais curioso ainda o-vinci-ciencia-arte-arte-ciencia-1870482
(texto adaptado, consultado em 03.01.2020).

1. Segundo o primeiro parágrafo,

A. a revolução científica que se operou no Renascimento acabou por ter implicações


importantes na revolução artística que ocorreu posteriormente.
B. a interligação entre a arte e a ciência ficou a dever-se à introdução da perspetiva
nas representações pictóricas.
C. a utilização do ponto de fuga estava associada à criação de imagens
bidimensionais.
D. a geometria apenas surgiu no Renascimento, tendo assumido grande impacto na
revolução artística da época.

2. No terceiro parágrafo, o autor afirma que Leonardo da Vinci

A. se destacou apenas pelas suas obras-primas na pintura.


B. projetou engenhos que nunca poderiam vir a ser concretizados.
C. mostrou ter uma capacidade inventiva que superava grandemente a observação da
Natureza.
D. se mitificou pela grande quantidade de máquinas que construiu.

3. De acordo com o quarto parágrafo,

A. os desenhos anatómicos de Leonardo da Vinci resultaram das suas conjeturas


sobre o corpo humano.
B. os desenhos publicados no atlas anatómico de Andreas Vesalius eram muito
superiores aos de Leonardo da Vinci.
C. o facto de as representações anatómicas da obra de Andreas Vesalius terem sido
elaboradas com o auxílio de um discípulo de Ticiano levou-as a terem mais
reconhecimento do que as de Leonardo da Vinci.
D. as imagens médicas de Leonardo da Vinci eram muito superiores àquelas de que
dispunham os alunos de medicina da sua época.

4. No último parágrafo, Carlos Fiolhais demonstra que Leonardo da Vinci

A. foi o responsável pela mudança da mundividência cósmica da sua época.


B. dedicou uma longa obra à negação da teoria de que a Terra se encontrava no

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centro do universo.
C. se antecipou à teoria heliocêntrica de Copérnico.
D. foi influenciado pela obra de Nicolau Copérnico.

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