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Teste 1

É possível conhecer? (1)

Nome: N.º: Turma:

Professor/a: Classificação:

Grupo I

Seleciona a opção correta.

1. A crença não é uma condição suficiente para o conhecimento porque

A. eu posso conhecer sem acreditar no que conheço.

B. o conhecimento é factivo e as crenças falsas não constituem conhecimento.

C. as crenças são subjetivas.

D. basta ter uma crença para que eu tenha conhecimento.

2. A Siri é uma assistente virtual muito utilizada para responder a perguntas. De acordo
com a definição tradicional de conhecimento,

A. é verdadeiro que a Siri tenha conhecimento, porque tem crenças


verdadeiras justificadas.

B. é falso que a Siri tenha conhecimento, porque só tem crenças.

C. é verdadeiro que a Siri tenha conhecimento, porque é inteligente.

D. é falso que a Siri tenha conhecimento, porque não tem crenças.

3. Qual dos seguintes filósofos afirma que o conhecimento é um estado inteiramente


mental?

A. Platão.

B. Edmund Gettier.

C. Timothy Williamson.

D. Alvin Goldman.

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4. Considera as afirmações seguintes.
Seleciona a opção correta, de acordo com o racionalismo:

1. A razão tem um papel preponderante na construção do conhecimento.


2. A experiência é a única fonte de conhecimento do mundo.
3. O papel dos sentidos é desvalorizado.
4. As crenças básicas provêm da razão.

A. As afirmações verdadeiras são a 1 e a 4.

B. A única afirmação falsa é a 2.

C. Todas as afirmações são verdadeiras.

D. Todas as afirmações são falsas.

5. Um dos principais argumentos céticos para defender que nenhuma das fontes de
justificação do conhecimento é satisfatória é

A. o argumento da aleatoriedade.

B. o argumento da infalibilidade dos sentidos.

C. o argumento do ilusionista.

D. o argumento da regressão infinita da justificação.

6. Descartes só aceita o conhecimento

A. sensível.

B. a posteriori.

C. claro e distinto.

D. empírico.

7. A dúvida cartesiana é hiperbólica porque

A. coloca em causa o conhecimento a posteriori.

B. coloca em causa o conhecimento a priori.

C. estabelece que não é possível conhecer.

D. rejeita, como se fosse falso, tudo aquilo que suscite a mais pequena dúvida.

8. Na perspetiva de Descartes, a crença na existência do mundo exterior é


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A. verdadeira, porque Deus garante a verdade desta ideia clara e distinta.

B. falsa, porque não é uma ideia clara e distinta.

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C. verdadeira, porque Descartes questiona apenas a fiabilidade dos sentidos.

D. falsa, porque não conseguimos distinguir o sonho da realidade.

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9. Na perspetiva de David Hume, a ideia de que Deus existe é

A. verdadeira, porque Deus é um ser cuja existência está, à partida, demonstrada.

B. falsa, porque não existe qualquer impressão que lhe corresponda.

C. verdadeira, porque Deus existe e colocou em nós essa ideia.

D. falsa, porque se Deus existisse, não existiria mal no mundo.

10. Considera as afirmações seguintes quanto à ideia de causalidade.


Seleciona a opção correta, de acordo com David Hume:

1. Não provém da experiência.


2. É formada pelo pensamento, independentemente da experiência.
3. Não tem qualquer impressão que lhe corresponda.
4. É uma ideia inata.

A. As afirmações 1 e 3 são verdadeiras, as afirmações 2 e 4 são falsas.

B. As afirmações 1, 2 e 3 são verdadeiras e a afirmação 4 é falsa.

C. As afirmações 1 e 2 são verdadeiras, as afirmações 3 e 4 são falsas.

D. Todas as afirmações são falsas.

Grupo II

1. Considera a afirmação seguinte:

“Para sabermos que a Leonor nasceu em 2014, basta que ela tenha nascido nesse ano.”

1.1. De acordo com a definição tradicional de conhecimento, esta afirmação é verdadeira?


Justifica.

1.2. Apresenta a crítica de Edmund Gettier relativamente à definição tradicional de


conhecimento.

2. Considera o texto seguinte:

«Segundo o fundacionalismo, todo o conhecimento assenta numa base absolutamente


primeira, originária, que não carece de justificação por se autojustificar a si mesma, pela
sua evidência imediata, pela sua infalibilidade, incorrigibilidade, certeza. […] Renunciar a
esta base significaria inviabilizar a possibilidade de justificar qualquer crença ou conheci-
mento.»
Maria Luísa Couto Soares, O que é o Conhecimento?, Porto, Campo das Letras, 2004, p. 44.

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2.1. A partir do texto, apresenta a tese do fundacionalismo.

2.2. Relaciona a afirmação da autora, «Renunciar a esta base significa inviabilizar a


possibilidade de justificar qualquer crença ou conhecimento.», com o argumento da
regressão infinita da justificação dos céticos.

3. Considera o texto seguinte:

«Como podemos alguma vez ter a certeza de que o futuro será como o passado?
Que razões temos para pensar que só porque algo sempre foi assim será assim
amanhã? […] O problema desafia o “raciocínio indutivo” de qualquer tipo. A indução é o
que fazemos quando tiramos conclusões a partir da observação de várias coisas que
acontecem. Se eu vir vários cães a ladrar durante muitos dias, posso concluir com
segurança que “os cães ladram”. Se até agora o Sol se levantou todos os dias, nós
“induzimos” que deve nascer amanhã. Se cada vez que experimento whisky tem um
sabor horrível, posso dizer que con-
sidero o whisky repugnante. […]
Podemos pensar em qualquer número de razões estranhas para que as coisas
possam mudar quando repetimos uma experiência (o mundo é uma simulação, ou a
alucinação de um demónio maléfico, ou isto é um sonho). Nunca poderemos saber
plenamente que o amanhã será o mesmo. Por isso, devia continuar a experimentar
whisky, porque não há nenhuma garantia filosófica de que será sempre nojento.»
Jonny Thomson, Mini Filosofia, O Pequeno Livro das Grandes Ideias, Coimbra, Minotauro,
2021, pp. 289-290.

3.1. De acordo com o texto, «Nunca poderemos saber plenamente que o amanhã será o
mesmo.»
Relaciona a afirmação com o problema da indução levantado por David Hume.
Na tua resposta, integra, de forma pertinente, informação do texto.

Grupo III

1. Considera o texto seguinte:

«Suponhamos então que a mente seja, como se diz, uma folha em branco, sem quais-
quer caracteres, sem quaisquer ideias. Como é que a mente recebe as ideias? […] De
onde tira todos os materiais da razão e do conhecimento? A isto respondo com uma só
palavra: EXPERIÊNCIA.»
John Locke, Ensaio sobre o Entendimento Humano, Vol. I, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,
2014, p. 106 (Adaptado).

1.1. Compara as perspetivas de Descartes e de David Hume.


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Na tua resposta, deves:


– Apresentar a posição dos filósofos relativamente à tese defendida no texto.
– Analisar comparativamente as perspetivas racionalista de Descartes e empirista de
David Hume quanto à origem, possibilidades e limites do conhecimento.

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COTAÇÕES

Grupo Item (cotação em pontos)


1. a 10.
I 80 pontos
10 × 8 pontos
1.1. 1.2. 2.1. 2.2. 3.1.
II 90 pontos
18 18 14 18 22
III Item único 30 pontos

TOTAL 200 pontos

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Teste 1: É possível conhecer? (1)

Grupo I

1. B.

2. D.

3. C.

4. B.

5. D.

6. C.

7. D.

8. A.

9. B.

10. A.

Grupo II

1.

1.1. De acordo com a definição tradicional de conhecimento, a afirmação é falsa. Há três


condições necessárias para haver conhecimento: a crença, a verdade e a justificação.
Separadamente, cada uma destas condições não é suficiente para haver
conhecimento, mas as três condições necessárias são, conjuntamente, suficientes.
Ora, de acordo com a afirmação, para sabermos que a Leonor nasceu em 2014 basta que
ela tenha nascido nesse ano, o que significa que basta que a afirmação seja verdadeira.
Mas a verdade não é condição suficiente para o conhecimento, é apenas condição
necessária. Assim, temos de juntar a esta condição necessária a crença e a justificação.
Portanto, para eu saber que a Leonor nasceu em 2014, tenho de acreditar nisso, a crença
tem de ser verdadeira (ela ter nascido em 2014) e estar também justificada (por exemplo,
pelo registo de nascimento).

1.2. Edmund Gettier refuta a definição tradicional de conhecimento, propondo


contraexemplos que revelam que podemos ter uma crença verdadeira justificada sem
termos conhecimento. Assim, ter uma crença verdadeira justificada é condição
necessária, mas não é condição suficiente para o conhecimento.

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2.

2.1. De acordo com o fundacionalismo, o conhecimento está alicerçado em fundamentos


certos, seguros e indubitáveis – as crenças básicas: «todo o conhecimento assenta numa
base absolutamente primeira, originária, que não carece de justificação por se
autojustificar, pela sua evidência imediata, pela sua infalibilidade, incorrigibilidade,
certeza.» Tais fundamentos podem encontrar-se na razão (racionalismo) ou na
experiência (empirismo).

2.2. De acordo com a autora, renunciar a uma base fundacionalista significa inviabilizar a
possibilidade de justificar qualquer crença ou conhecimento, precisamente porque se não
tivermos crenças básicas que se autojustifiquem e justifiquem todas as restantes crenças
(crenças não básicas), corremos o risco de cair numa regressão infinita da justificação
em que nenhuma das nossas crenças está devidamente justificada. Se as crenças
verdadeiras não estiverem justificadas, então não há conhecimento. É o que afirmam os
céticos ao negarem que as nossas crenças estejam devidamente justificadas. É a
existência de crenças básicas que refuta o argumento da regressão infinita dos céticos.

3.

3.1. De acordo com David Hume, o raciocínio indutivo tem por base o princípio da
uniformidade da natureza, isto é, parte do pressuposto de que a natureza é uniforme e
regular (comporta-se sempre da mesma maneira), e de que o futuro se assemelhará ao
passado. Por exemplo, «se eu vir vários cães a ladrar durante muitos dias, posso concluir
com segurança que “os cães ladram”. Se até agora o Sol se levantou todos os dias, nós
“induzimos” que deve nascer amanhã. Se cada vez que experimento whisky tem um
sabor horrível, posso dizer que considero o whisky repugnante.»
«Nunca poderemos saber plenamente que o amanhã será o mesmo.», porque o princípio
da uniformidade da natureza não é uma lei objetiva, que resida na própria natureza, é
antes uma projeção sobre a natureza de uma uniformidade sentida pelo ser humano, o
que significa que, no entender de David Hume, todas as afirmações baseadas no
raciocínio indutivo são injustificadas. «Por isso, devia continuar a experimentar whisky,
porque não há nenhuma garantia filosófica de que será sempre nojento.»

Grupo III

1.

1.1. O texto defende a tese de que todo o conhecimento deriva da experiência e, como tal, a
nossa mente é como uma folha de papel em branco antes do contacto com a experiência,
o que significa que não há ideias inatas.
David Hume é um empirista e, como tal, partilha da tese enunciada no texto. Segundo o
filósofo, o ponto de partida para o conhecimento são as perceções, que são tudo o que há
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na nossa mente. A perceção é o processo pelo qual adquirimos informação acerca do


mundo, usando os nossos sentidos. As perceções podem ser de dois tipos: impressões e
ideias. Estas distinguem-se pelo grau de força ou de vivacidade. Todas as nossas ideias
derivam de impressões, mesmo as mais abstratas, o que significa que não existem ideias
inatas.
Descartes discordaria da tese enunciada no texto. O filósofo considera que existem ideias
inatas, isto é, ideias que já nascem connosco, nomeadamente o cogito e a ideia de Deus.

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Sendo um racionalista, considera que a razão é a fonte fundamental do conhecimento e é ela
que nos permite a descoberta destas ideias.
Ambos os filósofos são fundacionalistas e afirmam a possibilidade do conhecimento, no
entanto, diferem quanto ao que consideram ser a fonte fundamental do conhecimento e
quanto à natureza do conhecimento a priori: Descartes considera que o conhecimento a
priori tem um papel fundamental e que o primado está na razão; David Hume considera
que o conhecimento a priori nada nos diz acerca do mundo e valoriza o papel da
experiência e dos sentidos. Assim, no entender de Descartes a fonte de justificação última
das crenças está na razão. No entender de David Hume, está na experiência, nas
perceções.
Os filósofos diferem, ainda, na apreciação que fazem relativamente aos limites do
conhecimento. Para Descartes, não há limites para o conhecimento: pela razão, podemos
atingir os atributos essenciais do cogito (res cogitans), de Deus (res divina) e do mundo
exterior (res extensa). Para David Hume, os limites do conhecimento são os limites da
própria experiência: só podemos conhecer aquilo de que temos impressão. Assim,
considera que não temos impressões correspondentes à ideia do eu (porque a nossa ideia
de eu resulta de um conjunto de impressões particulares que nunca experimentamos
simultaneamente e que não permanecem, a ideia de um eu imutável e permanente é uma
ideia complexa, produto da imaginação e, enquanto tal, falsa, dado que eu não tenho a
sensação de um núcleo de personalidade inalterável), de Deus (porque não há nenhuma
impressão que lhe corresponda, pelo que, pela experiência, não podemos afirmar a sua
existência) e do mundo exterior (porque, embora a coerência e a constância de certas
perceções nos levem a acreditar que há coisas externas dotadas de uma existência
contínua, não podemos confundir a perceção de um objeto com esse objeto). David Hume
defende, portanto, um ceticismo moderado, isto porque não rejeita a possibilidade de se
conhecer a realidade, mas reconhece a imperfeição e os limites do entendimento humano,
que não pode ir além da experiência, exigindo que sejamos moderados nas nossas
opiniões.

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