Cultura e Diversidade Apostila 1
Cultura e Diversidade Apostila 1
Cultura e Diversidade Apostila 1
DISCIPLINA
CULTURA E DIVERSIDADE
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 27
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INTRODUÇÃO
noção dos direitos de autodeterminação, direitos dos povos indígenas, das minorias e
e se preocupa com temas como justiça social e solidariedade, os quais são bem
trabalhados. Eles se constituem nas únicas armas à disposição dos fracos e das
“tende a suprir culturas que não sejam dominantes na emergência da teoria moderna
Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, o mais importante nas Nações
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Unidas em prol das minorias. O Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas tem
coletivos das minorias é preciso definir algumas obrigações positivas para os Estados.
humanos, o qual não é centrado apenas no indivíduo, mas inclui normas de justiça
IDENTIDADE E CULTURA
cidadania transformam-se em objeto de análise não apenas por sua relevância, mas
pela necessidade de estudo e abordagem dos fenômenos nos quais atuam. Entendida
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específicas. Há necessidade de identificar a cultura como parte importante do
minorias, como:
identidade somente se torna uma questão quando existe crise, quando algo que se
mudam [...]” (MORIN, 2007, p.35). A cultura seria, pois, a maneira como se
manifestam saberes.
(1994, p.48):
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[...] a importância do reconhecimento foi-se modificando e aumentando com a
juntamente com um ideal: o de ser verdadeiro para comigo mesmo e para com a minha
descubra o seu próprio ser. O termo “identidade” foi promovido a um dos conceitos-
ou nacionais.
opiniões e aspirações fazem sentido. Se algumas das coisas a que eu dou mais valor
estão ao meu alcance apenas por causa da pessoa que eu amo, então ela passa a
saber diferente.
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Na atualidade, a cultura pode traduzir uma resposta ao sentimento de perda de
identidade do homem, assim como uma nova função atribuída à noção da cultura
implica em outras abordagens e novos deslocamentos. Ela não pode mais definir-se
avanço social e político, e que revestiu a todos de uma couraça de direitos gerais,
muito mais pelos ideais de igualdade e interessa-se por outros níveis de análise, como
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seres humanos. Exprimo-me desta maneira para excluir contextos culturais parciais
no seio de uma sociedade, assim como pequenas fases de uma grande cultura.
ficção, uma vez que o universalismo, reivindicado por ela, não seria senão um
das diferenças. Num mundo sem fronteiras e sem referências, a busca por identidades
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VALORIZAÇÃO DAS IDENTIDADES CULTURAIS
distintos. O retorno às origens culturais e suas reações por parte das nações podem
(english-ness).
particulares. Esse fato adquiriu uma dimensão inédita no mundo onde se inventam
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A identidade, por outra parte, é condição da universalidade. Identidade e
elementos e tem uma finalidade evidente: é uma máquina de sobrevivência, que utiliza
significa que eu me dedique a ela sozinho, mas, sim, que eu negocie, em parte,
isso há que se reconhecer que muitas são as dificuldades que se verificam perante
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padrões culturais definidos e impostos a grupos ocidentais brancos que se dizem mais
Por isso, torna-se difícil, muitas vezes, situar quem é quem no jogo das
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que é alvo de preconceito dos católicos, porém combate os evangélicos ou a união
estável entre pessoas do mesmo sexo; ou mesmo o caso de um gay ou lésbica que
sofre na pele o preconceito pela sua condição sexual, mas que não deixa de assumir
americanos [...] as pessoas africanas eram comparadas, pela sociedade branca, aos
instância, aliviar as tensões, conter a propagação dos racismos, bem como reafirmar
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Em virtude de tantas mudanças que vêm acontecendo com a globalização
(UNESCO), juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e
como conferências para manter o controle dos antagonismos sociais e culturais. Por
pode construir condições de vida e transformar a vida social em função de sua maneira
particulares.
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Levar em conta culturas simples e de educação implica repensar formas de
levam à civilidade. Refletir sobre mecanismos discriminatórios que tanto negam voz a
DIREITOS HUMANOS
Humanos, pode-se afirmar que o direito brasileiro passou por um importante processo
incentivos aos indivíduos, ao mesmo tempo que trata as pessoas como mercadorias
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outro lado, o regime de direitos humanos enfatiza a democracia e a participação, a
2010, p. 565-566).
internacionais, por força do princípio da norma mais favorável à vítima, que assegura
organismos internacionais.
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A significativa atuação dos órgãos internacionais tem provocado o surgimento
sobre a
lutas no país. No que se refere aos Direitos Culturais pode-se referenciar a Declaração
ocorrendo em busca dos direitos humanos, cuja luta é reivindicada pelos movimentos
(PIOVESAN, 2010, p. 434). Isso implica em discussões com maior poder de eficácia,
pois se tornam possíveis atos normativos que visam a fortalecer as lutas contra a
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Multiculturalismo e Direitos Humanos
fronteiras possam garantir formas de inclusão social. Para Santos, “enquanto forem
(SANTOS, 2010, p. 438). Segundo o autor, porém, para poderem operar de acordo
[...] existe uma natureza humana universal que pode ser conhecida
realidade; o indivíduo possui uma dignidade absoluta e irredutível que tem de ser
livres.
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Os estudos levam a crer, portanto, que a dimensão sociológica da
direitos da época (1948), que teve como prioridade os direitos coletivos, cívicos e
em todo o mundo, muitas vezes correndo grandes riscos em defesa de classes sociais
não é mero pensamento, mas é prática da entrega moral, afetiva e emocional baseada
concepção idealista de diálogo intercultural pode esquecer facilmente que tal diálogo
o fechamento cultural é, quando muito, uma aspiração piedosa que na prática oculta
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em relações de poder e em trocas culturais tão desiguais que o fechamento cultural
e as relações de poder entre elas. Parte-se do princípio de que a cultura seja completa
cultura deve ser escolhida para o diálogo intercultural a que representa o círculo de
reciprocidade mais amplo, a versão que vai mais longe no reconhecimento do outro”
social. Cabe a cada sociedade cultural decidir quando está pronta para o diálogo
intercultural. Este tempo, da mesma forma como num diálogo intercultural, resulta de
alteridade de uma determinada cultura se torne significativa para outra, sendo sua
significativa. Com relação aos temas, “a convergência é muito difícil de alcançar, não
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só porque a tradução intelectual dos temas é inerente à problemática, mas também
pessoa, refere-se, como havíamos visto, à medida de estima social que é concedida
hierarquia social de valores se constitui de modo que ela degrada algumas formas de
vida ou modos de crença, considerando-as de menor valor ou deficientes, ela tira dos
tem para seus portadores a consequência de eles não poderem se referir à condução
de sua vida como a algo a que caberia um significado positivo no interior de uma
coletividade; por isso, para o indivíduo, vai de par com a experiência de uma tal
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A Constituição Federal de 1988 teve papel de suma importância no processo
ditatoriais, nos quais prevalecia uma baixa cultura de direitos humanos e, depois,
institucional, marcada por uma forte preocupação com a proteção dos direitos
humanos.
sem razão que o princípio da dignidade humana passou a ser considerado um dos
Federal aumentou o seu rol de direitos e garantias, abarcando direitos civis e políticos,
assim como direitos econômicos, sociais e culturais. Esta foi, portanto, a primeira
fato de ela prever uma série de princípios que passaram a reger o país em suas
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relações internacionais. Estes vieram a reforçar preocupações com a dignidade da
para com seu povo e contribuindo para os interesses da sociedade mundial. O texto
novas normas e condutas, a exemplo do art. 5º, que atribuiu aos Direitos Humanos
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no cenário global dos direitos humanitários. Ademais, há uma relação de direitos e
DIVERSIDADE CULTURAL
passou a ter vigência em 2002, e inseriu em seu art. 1º a diversidade cultural como
patrimônio da humanidade. Segundo Montiel (2003, p. 464), este foi o primeiro acordo
da espécie humana. A diversidade cultural foi uma das bandeiras internacionais que
culturas existentes. Tal ação gerou uma presença importante na redação final,
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desenvolvimento. A expressão cidadania cultural diz respeito à luta pela superação
perspectiva democrática, em que a cultura é vista como direito dos cidadãos, os quais
cultural.
das minorias, bem como os constantes fluxos migratórios que, de sua vez, também
O cenário social brasileiro construído por estudiosos supõe que exista em meio
mestiços do Brasil estrutura para que compreendam sua experiência através dos
etnias indígenas e outras dezenas de etnias africanas foram trazidas para o país. Os
portugueses vinham como titulares das armas que oprimiam e tiravam dos índios suas
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terras e suas vidas, escravizando-os. Tiravam também dos africanos toda a sua força
incondicional dos modos de vida do “outro”, mas na compreensão que o “outro” tem
suas razões para se comportar de tal ou qual maneira, de acreditar nisto ou naquilo,
Faz-se necessário então compreender que existe uma humanidade que exige
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diversidade cultural, favorecendo a interação entre culturas e o desenvolvimento de
desenvolvimento humano.
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REFERÊNCIAS
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MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento.
Trad. de Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. p. 15.
______. O método 5: a humanidade da humanidade. Trad. de Juremir Machado da
Silva. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007. 309 p.
MONTIEL, Edgar. A nova ordem simbólica: a diversidade cultural na era da
globalização. In: SIDEKUM, Antônio (Org.). Alteridade e multiculturalismo. Ijuí, RS:
Ed. Unijuí, 2003. 464 p. (Coleção Ciências Sociais).
PIOVESAN, Flavia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 7. ed.
rev. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.
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ROCHA, Carmem Lúcia. A proteção das minorias no direito brasileiro. Disponível em:
<http://www.cjf.jus.br/revista/seriecadernos/vol24/artigo03.pdf>. Acesso em: 28 ago.
2013.
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humanos. In: ______. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo
multicultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
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e educação: em defesa da diversidade cultural. Disponível em:
<http://www.fit.br/home/ link/texto/Multiculturalismo.pdf >. Acesso em: 30 ago. 2013.
TAYLOR, Charles. Multiculturalismo. Trad. de Marta Machado. Instituto Piaget:
Lisboa, 1994.
TOURAINE, Alain. Um novo paradigma para compreender o mundo hoje. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2006. 261 p.
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