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Epistemologia(s) Ribeirinha(s): A Educação Marajoara em Foco
Epistemologia(s) Ribeirinha(s): A Educação Marajoara em Foco
Epistemologia(s) Ribeirinha(s): A Educação Marajoara em Foco
E-book192 páginas2 horas

Epistemologia(s) Ribeirinha(s): A Educação Marajoara em Foco

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Sobre este e-book

Esta obra, intitulada Epistemologia(s) ribeirinha(s): a educação marajoara em foco problematiza a educação escolar ribeirinha a partir de análises da construção do projeto educativo escolar (PEE). Essa terminologia é sinônima de Projeto Político-Pedagógico (PPP) e vem sendo utilizada nos estudos de Santos filho (2012), Bertan (2012), Brocanelli e Rinaldi (2012), Rinaldi, Brocanelli e Militão (2012), Marchelli e Dias (2012), Sabia (2012) e Ferri, Macedo e Santos (2012). Sua edificação ocorreu tendo como base observações realizadas em uma escola ribeirinha localizada no município de São Sebastião da Boa Vista, no arquipélago Marajoara, estado do Pará. Fundamentado na contribuição de Bertan (2012) sobre a dimensão antropológico-filosófica, levanto um debate sobre a importância do conhecimento referente à ontologia do caboclo ribeirinho marajoara. Compreendo que sem esse aporte inexiste a possibilidade de uma educação escolar ribeirinha que valorize a identidade cultural dos povos que habitam a Ilha de Marajó. O objetivo desta obra é contribuir para a edificação de novos espaços dialógicos em que todo o processo histórico de formação do caboclo-marajoara e o conhecimento empírico que se manifesta nesse contexto recebam a merecida atenção por parte da educação escolar. Este livro questiona, em suas abordagens, os vários tipos de dominações impostas ao povo da região em questão. Destaco, especialmente, as ideologias presentes na proposta de currículo vigente na escola ribeirinha. Compreendo que a participação coletiva é um princípio que possibilitará a transformação no contexto da educação marajoara.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de out. de 2021
ISBN9786558209621
Epistemologia(s) Ribeirinha(s): A Educação Marajoara em Foco

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    Epistemologia(s) Ribeirinha(s) - Francisco Miguel da Silva de Oliveira

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Aos docentes/missionários do Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) dos circuitos da Ilha de Marajó. Aos amigos, familiares e educadores ribeirinhos marajoaras. Genitores, Juracy e Maria. Para o filho, João Pedro, às filhas, Olímpia e Ananda, e Neli, esposa e companheira de luta.

    AGRADECIMENTOS

    Ao Pai do céu pela sabedoria e o dom da vida.

    Aos colaboradores: Escola Padre Silvério, Prof. Dr. José Camilo dos Santos Filho, Prof. Dr. Alex Sandro Gomes Pessoa.

    Às minhas irmãs e meus pais, pelo apoio constante. A João Pedro, filho querido. Às mulheres da minha vida, Olímpia e Ananda, filhas amadas.

    À Neli, esposa e eterna namorada.

    Vá em busca de seu povo. Ame-o. Aprenda com ele.

    Comece com aquilo que ele sabe. Construa sobre aquilo que ele tem.

    (Kwame N’Krumah)

    PREFÁCIO

    Conheci Francisco no Programa de Mestrado em Educação da Unoeste, onde fui professor do programa de 2001 a 2015, quando me desliguei da Universidade. Ao entrar no programa de mestrado, devido ao tema de escolha para fazer sua dissertação, Francisco foi alocado pelo programa para ser meu orientando. Em razão de seu projeto de pesquisa, Francisco fez o curso que ofereci sobre projeto educativo escolar e lhe indiquei diversas obras de autores brasileiros, portugueses e espanhóis sobre o tema de sua pesquisa para consolidar seu domínio do referencial teórico da pesquisa. Quando chegamos a um acordo de que sua pesquisa versaria sobre o tema do projeto educativo de uma escola de seu município, subsidiei Francisco com bibliografia sobre pesquisa-ação e pesquisa-ação colaborativa para instrumentá-lo no referencial metodológico de seu trabalho.

    Concluídos os créditos do mestrado, Francisco se dedicou a realizar sua pesquisa sob minha orientação e, em 2015, estava com o trabalho pronto para fazer seu exame de qualificação, etapa importante na jornada para o mestrado. Nesse exame já demonstrou um progresso significativo em sua pesquisa e foi nesse momento que descobri que Francisco tinha também uma veia poética e já tinha escrito umas tantas poesias. Havia percebido a fluência de seu texto e o domínio do português acima da média em comparação com o de muitos de meus orientandos paulistas ou paranaenses. Estava explicado. Seu cultivo da Língua Portuguesa e da literatura era a razão de sua versatilidade no domínio da última flor do lácio.

    Como me havia desligado da Unoeste, Francisco recebeu outro orientador do Programa para concluir sua dissertação e defendê-la, o que o fez com pleno sucesso em 2016. Lamento não ter participado dessa fase final de seu mestrado, mas com o novo orientador conseguiu concluir seu curso, o que considero uma grande realização e conquista, tendo em vista o imenso sacrifício e esforço que realizou para viajar do Pará quinzenalmente para Presidente Prudente a fim de fazer seu curso de mestrado no Programa de Pós-graduação em Educação da Unoeste.

    Foi com muita satisfação que aceitei o convite de Francisco para prefaciar seu livro. Com pequenos ajustes e acréscimos pertinentes, sua dissertação foi transformada em livro e recebeu um título sugestivo e

    significativo, especialmente para o contexto multicultural da comunidade marajoara. Sua obra traz um complemento significativo ao livro coletivo que, junto com colegas-professores do Programa de Mestrado em Educação da Unoeste, publicamos sobre o projeto educativo escolar em 2012, pela Editora Vozes. Esse complemento se caracteriza pela aplicação da teoria que esboçamos no livro e pela ênfase especial que dá ao contexto socioeconômico e sociocultural, bem intitulado de Epistemologia(s) Ribeirinha(s): a educação marajoara em foco. Sua contribuição relevante consiste em apresentar a tradução prática da teoria sobre projeto educativo, com criatividade e eficácia, na tarefa de construção do projeto educativo de uma escola concreta de seu município, à qual deu o nome fictício e sugestivo de Escola Paraíso do Saber, para assegurar seu anonimato, como prometera aos membros da comunidade escolar.

    O livro de Francisco apresenta uma importante reflexão e exemplo concreto de um projeto educativo escolar em que a construção foi liderada, coordenada e realizada por ele com o envolvimento e a colaboração ativa de uma comunidade escolar da Ilha de Marajoara. Trata-se de uma aplicação da teoria na construção do projeto educativo de uma escola concreta. Nesse processo, a comunidade escolar escolhida para aprender a pensar e fazer na prática seu projeto educativo foi assistida, acompanhada e orientada por Francisco em todas as etapas do processo, desde a reflexão sobre o contexto de sua realidade até o planejamento de suas ações para avançar na melhoria do desempenho da escola e, em consequência, contribuir, com outros fatores relevantes, para a progressiva elevação do nível civilizatório de sua comunidade local. Nessa tarefa, Francisco teve a sabedoria de se inspirar na sabedoria de Kwame N’Krumah, (líder político africano que se tornou presidente de Gana) Vá em busca de seu povo. Ame-o. Aprenda com ele. Comece com aquilo que ele sabe. Construa sobre aquilo que ele tem [epígrafe desta obra].

    A conjugação de pensamento engajado numa realidade concreta e de ação transformadora de sua circunstância, como lembra Ortega y Gasset, deve ser a postura do intelectual que pretende contribuir para a elevação cultural e educacional da comunidade onde vive e trabalha. O intelectual que tem a coragem de sujar as mãos para contribuir efetivamente para a elevação do padrão de cultura e de vida de seus concidadãos merece o respeito e a admiração dos membros de sua comunidade.

    Na apresentação do livro, o autor oferece um panorama do conteúdo de sua obra para adiantar para o leitor o que pode esperar de sua contribuição, consciente de que liber liberat [o livro liberta]. Francisco conclui seu livro, revelando que escrevê-lo e aplicá-lo foi um aprendizado para ele e para os membros da comunidade escolar como resultado da vivência coletiva de uma pesquisa ação-colaborativa. A leitura deste livro por educadores envolvidos com o trabalho escolar na educação básica trará uma contribuição significativa para a melhoria de sua competência na árdua tarefa de construir um projeto educativo escolar relevante para a escola onde trabalha. Podemos dizer que Francisco aplicou em sua pesquisa a epígrafe que escolheu para sintetizá-la. Os educadores poderão também aprender com a experiência de Francisco.

    Como membro do Conselho Municipal de Educação de seu município na Ilha de Marajó, no Estado do Pará, e agora como mestre em Educação, Francisco certamente trará uma contribuição muito relevante para o aprimoramento dos projetos educativos das escolas da rede municipal de educação de seu município. E agora, com seu livro poderá contribuir também para a melhoria das escolas das redes municipais de educação de seu Estado e de outros Estados da Federação. Para tanto, os educadores da educação básica estão convidados a descobrir a experiência educacional do educador Francisco registrada em seu livro sobre a construção do projeto educativo escolar.

    José Camilo dos Santos Filho

    Prof. titular aposentado da Faculdade de Educação da Unicamp

    APRESENTAÇÃO

    Inicio esta seção esclarecendo que encontrei suporte teórico nos estudos de vários autores, entre eles, Santos Filho (2012). A expressão projeto educativo escolar vem sendo utilizada em suas pesquisas e por essa razão decidi adotá-la para fomentar a análise e as discussões realizadas em toda esta obra. A partir das leituras relacionadas à sua contextualização, percebi que sua utilização nos debates referentes à educação ribeirinha marajoara acrescenta e valoriza significativamente todas as análises que serão realizadas no decorrer desta obra. Essa terminologia é sinônima de Projeto Político-Pedagógico.

    Desde muito tempo existia uma pretensão latente em contribuir com ampliação dos debates referentes à educação ribeirinha da Ilha de Marajó. O direcionamento desse processo sempre esteve relacionado com problemas que historicamente desqualificam a educação escolar praticada no arquipélago marajoara. Entre esses fatores que serviram de estímulo destaco: a falta de uma política curricular que valorize o conhecimento empírico das populações ribeirinhas; a inexistência de políticas públicas que valorizem todos os profissionais que atuam nas escolas locais; a recorrência de obstáculos como a evasão escolar, a reprovação e, em alguns casos, a aprovação sem qualidade; e, por fim, a falta de um planejamento adequado às demandas locais. Todos esses elementos sempre me preocuparam e instigaram-me em colaborar com um diálogo mais aprofundado em que a educação ofertada para os povos ribeirinhos marajoaras fosse o fulcro. Todavia, após a conclusão do mestrado em educação percebi que a atmosfera era ideal para publicar uma obra que abordasse os problemas supracitados. Surgiu a oportunidade de tornar realidade esse sonho.

    O livro Epistemologia(s) ribeirinha(s): a educação marajoara em foco, a partir das análises sobre a construção do projeto educativo escolar, argumenta, principalmente, sobre a ausência de uma prática escolar que dialogue como as experiências vivenciadas pelo sujeito ribeirinho presente no contexto que compreende a Ilha do Marajó. Acredito que é deveras importante que o leitor observe que as interconexões entre os caboclos ribeirinhos marajoaras e o espaço em que eles se constituem como sujeitos são aprofundadas nesta

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