O FRUTO DO ESPÍRITO - A Verdadeira Longanimidade

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Encontro de Oração | iBetelcjardim | Pr. Luiz de Souza | quinta-feira, 03 de dezembro, 2020.

O FRUTO DO ESPÍRITO - COMO DEVE SER A VIDA CRISTÃ.

#04 – A LONGANIMIDADE | Gálatas 5.22-25

A paciência que precisamos!

Introdução

O que mais precisamos nesta vida é de longanimidade – paciência. Somos impacientes


na infância, desejamos ficar adultos logos para podermos tomar as nossas próprias
decisões. Somos impacientes quando chegamos a fase adulta, queremos casar-nos, ter
filhos, bom emprego, casa própria e carro do ano. Somos impacientes em tudo. Temos
pressa para tudo. O mundo pós-moderno prega o imediatismo e conquistas a curtos prazos
porque, se demorar para acontecer, quando acontecer, já estará ultrapassado.

Na vida cristã também tem acontecido assim. Temos pressa para receber as bençãos do
Senhor. Ficamos impacientes quando há demora para as portas se abrirem. Somos
impacientes quando não chega logo a nossa vez de assumir o cargo tão esperado. Ficamos
impacientes quando tudo parece demorar para acontecer.

O grande problema não é ser longânimo em si mesmo, mas os pecados que cometemos
por não sermos longânimos. Pecamos com murmurações. pensamentos, competições e
práticas vingativas quando, aparentemente, fomos esquecidos. A impaciência produz ira
em nosso coração e, portanto, nos leva a práticas pecaminosas maiores contra o próximo
e a nós mesmos. Por não saber esperar, tomamos decisões precipitadas que, mais tarde,
resultarão em prejuízos, tristezas, desilusões, decepções e arrependimentos.

Com isso, guardamos ressentimentos pecaminosos. Ficamos irados com a demora das
coisas acontecerem e como aconteceram; e, até com as falhas dos neófitos na fé,
rompemos amizades e deixamos de praticar o amor, a misericórdia e o bom testemunho
de Cristo para nossos irmãos. “A falta de longanimidade, expressa por meio da ira
prolongada, é uma brecha que abrimos para a atuação do Diabo em nossas vidas” 1.

1
Israel Belo de Azevedo. O fruto do Espírito p. 52, Vida Nova, edição do Kindle.

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Elucidação

O que o apóstolo Paulo faz nessa parte de sua carta aos gálatas é estimular esses irmãos
recém convertidos ao cristianismo à piedade prática, uma vez que agora precisão
compreender que a verdadeira guerra é contra as obras da carne e não um contra o outro.
O apóstolo exorta esses cristãos a uma devoção prática séria, como o melhor antídoto
contra as ciladas dos falsos mestres.

Quando o apóstolo Paulo relaciona as obras da carne, menciona vários pecados


decorrentes da ausência desse Fruto do Espírito – a longanimidade; tais como:
“...inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções...” (Gl 5.20
[ARA]).

1. Inimizades – hostilidade/falta de harmonia


2. Porfias – contendas/disputas/discussão
3. Ciúmes – rivalidade invejosa e contenciosa
4. Iras – raiva/fúria
5. Discórdias - ambições egoístas
6. Dissensões – divisões
7. Facções - um grupo de homens escolhendo seus próprios princípios (seita ou
partido)

A longanimidade, como uma aplicação do Espírito Santo na vida do cristão, preenche o


vazio que o pecado promove por causa de nossas ambições egoístas e partidárias. Paulo
lança luz na vida de seus contemporâneos sobre a importância da nova vida em Cristo
que é desenvolvida com a ação do Espírito Santo. A longanimidade é parte desta ação
que precisa ser desenvolvida à medida que progredimos em nossa caminhada como
peregrinos neste mundo.

Compreenderemos melhor ao refletirmos sobre alguns pontos importantes. Vejamos:

Esboço

i. Etimologia da palavra - longanimidade

No idioma que o apóstolo Paulo escreveu sua carta aos Gálatas, a palavra longanimidade
vem do grego μακροθυμια m akrothum ia que significa paciência, tolerância,

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constância, firmeza e perseverança. Ser longânimo significa ser equilibrado em vez de
ter pavio curto; ser demorado em irritar-se, ter boa vontade para com quem fere. No latim,
longânimo é “ânimo longo”.

Na mente de Jesus (Mt 5.43-45), ser longânimo é não retaliar, é não vingar a ofensa, é
amar os inimigos (que são todos aqueles que nos fazem mal), é andar o segundo
quilômetro. Essa qualidade, no Antigo Testamento, é geralmente atribuída a Deus, por
sua capacidade de reter sua indignação diante da provocação humana. Nosso pecado
provoca a ira de Deus, mas ele não a descarrega sobre nós por ser longânimo em sua
essência.

É por essa razão que precisamos compreender essa palavra a luz do próprio Deus.
Vejamos:

ii. A natureza da longanimidade

A paciência é outra forma de Deus expressar a sua bondade para com os homens. Há
várias passagens nas Escrituras que descrevem a paciência de Deus:

a) Deus é longânimo (Sl 103.8; Êx 34.6; 1Pe 3.20; 2Pe 3.15);


b) Deus é tardio em irar-se (Ne 9.17; Sl 145.8; Jl 2.13).

Pink define a paciência de Deus dizendo ser ela aquele poder de controle que Deus exerce
sobre Si mesmo, levando-O a tolerar os ímpios e a Se demorar em castigá-los (Rm 9.22).
Ele ainda comenta dizendo que, se Deus despedaçasse imediatamente esses vasos
reprovados, Seu poder de autocontrole não apareceria tão eminentemente; tolerando a
iniquidade deles e adiando o castigo por tanto tempo, o poder da Sua paciência fica
demonstrado gloriosamente 2.

Ou seja, a longanimidade que o apóstolo Paulo ensina aos gálatas é, de fato, uma obra do
Espírito de Deus, pois somente ele pode aplicar plenamente esse fruto em nós. Do
contrário, sem o Espírito de Deus, agiríamos conforme as obras da carne.

É exatamente por causa da oposição as obras da carne (inimizades, rixas, ciúmes, iras,
discórdias, divisões e facções), que são frutos de uma vida aprisionada pelas paixões

2
A. W. Pink, 2016, páginas 98-100

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carnais, que o apóstolo Paulo apresenta o Fruto do Espírito como a solução para o mal
que o homem sem Deus abriga dentro de si.

A paciência, como fruto do Espírito Santo, significa por um lado, a habilidade de


aguentar por muito tempo os sofrimentos e oposições que possam surgir ao longo de
nossa caminhada cristã. Por outro lado, significa a habilidade de tolerar os pontos
fracos dos outros, inclusive de nossos irmãos em Cristo, pois agindo assim,
expressaremos a verdadeira obra do Espírito Santo e testemunharemos do
verdadeiro evangelho aos perdidos.

É exatamente isso que trataremos agora: a expressão da longanimidade.

iii. Expressões da longanimidade

Vimos que a verdadeira longanimidade é expressa em Deus, por meio de Cristo, ao não
derramar sua ira sobre nós como merecíamos; e, agora, compreenderemos a expressão
dessa longanimidade em reação às demais pessoas. Veremos que, em relação aos outros,
precisamos desenvolver a tolerância máxima, não a tolerância zero, como é o padrão de
muitos.

Em Lucas 9.51-56 nos deparamos com a falta de hospitalidade por parte dos samaritanos,
e os discípulos Tiago e João perguntaram: — Senhor, quer que mandemos descer fogo
do céu para os consumir? A resposta do discipulador foi rápida: — Vocês não sabem
de que espírito são vocês, pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas
dos homens, mas para salvá-las. A longanimidade de Deus nos salva. Devemos ser
gratos a ele por isso. Nossa longanimidade deve salvar outras pessoas, mesmo que elas
não nos agradeçam.

Somos chamados a exercer esse dom do Espírito porque também desfrutamos dele em
nossa salvação e sustento da parte do Senhor Jesus. É unicamente por causa de sua plena
paciência que Deus não nos pune como merecíamos, mas nos ensina a exercer o perdão
e a tolerância com aqueles que tropeçam em suas paixões carnais.

Essa ‘tolerância’ não é sinónimo de concordância, mas de compreensão das limitações e


em reconhecimento de que também estamos sujeitos aos erros. Com isso mente, ao invés
de apontarmos o dedo, estendemos as mãos para ajudar aqueles que estão perdidos em
suas inclinações pecaminosas.

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Nossas mãos estendidas também não significarão que temos apenas amor para oferecer.
Também somos chamados para corrigir e exortar em amor aqueles que estão em pecado.
Fazemos isso em amor, mas sem deixar de exercer a justiça de Deus ao apontar os erros
e o melhor caminho para ajudar o faltoso a voltar à presença do Santo dos santos.

Foi exatamente isso que Cristo fez na cruz do Calvário. Foi lá que Deus, em Cristo,
aplacou sua ira que era sobre nós. Foi lá que Ele plenamente manifestou a sua
longanimidade. Paulo diz essa mesma verdade quando escreve aos colossenses, dizendo
“tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de
ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na
cruz” (Cl 2.14 [ARA]).

Aplicação

Compreendendo a maneira de expressarmos a verdadeira longanimidade que vem do


Espírito de Deus, aprendemos algumas lições importantes:

1. Reconheçamos que fomos salvos por causa da longanimidade do Senhor – do


contrário, ainda estaríamos sob a ira de Deus e condenados ao inferno;
2. Estejamos convictos que em nós a longanimidade é fruto do Espírito – do
contrário, ainda estaríamos vivendo em discórdias, iras, ciúmes, divisões e
inimizades;
3. Assumamos que devemos ser instrumentos de longanimidade, até como
instrumento para salvação de outros – do contrário, seríamos como pedra de
tropeço para os que estão sendo alcançados pelo testemunho fiel das Escrituras
em nossas vidas, ao pregarmos todo o conceito de Deus aos perdidos;
4. Busquemos o fruto do Espírito, pois só assim seremos cristãos melhores, para
a glória de Deus – do contrário, sem o Espírito de Deus, prevalecerá as obras da
carne e não glorificaremos Aquele que nos resgatou das trevas e nos aproximou
de si para a comunhão, o louvor e sua glória.

Conclusão

Quanto as coisas que tanto esperamos e que parecerem demorar em acontecer, que
mantenhamos a paciência pois, no final de tudo, compreenderemos que o tempo de Deus

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não é o nosso e que seus pensamentos não são os nossos pensamentos. Também
compreenderemos que Ele é soberano e nós não somos.

Quanto o que já recebemos da parte de Deus, busquemos com zelo e perseverança nos
mantermos fiéis no compromisso com sua santidade e o progresso de nossa fé; no final,
tudo passará, mas as palavras do Senhor não passarão (Mt 24.35). O que Ele prometeu se
cumprirá; precisamos apenas ser longânimos.

Quanto o que ainda vamos receber e desfrutar na presença do Senhor, precisamos crer
plenamente que a sua vontade é boa, perfeita e agradável, portanto, vale muito a pena
aguardar no Senhor; seja o casamento, o emprego, a faculdade, o ministério e qualquer
outra coisa.

Enquanto aguardamos pacientemente, sejamos longânimos uns com os outros e vivamos


no amor de Deus, até que Cristo venha!

Referências

Azevedo, I. B. (2013). O fruto do Espírito: como deve ser a vida cristã. São Paulo, SP: Vida Nova.

Campos, H. C. (2012). O ser de Deus e o seus atributos. São Paulo, SP: Cultura Cristã.

Gomes, O. (2016). As obras da carne e o Fruto do Espírito. Rio de Janeiro, RJ: CPAD.

Packer, J. I. (2014). O conhecimento de Deus. São Paulo, SP: Cultura Cristã.

Pink, A. W. (2016). Os atributos de Deus. São Paulo, SP: PES: Publicações Evangélicas Selecionadas.

Sociedade Bíblica do Brasil. (2018). Bíblia de Estudo NAA. Barueri, SP: SBB.

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