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Paulina Chiziane

escritora moçambicana

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Paulina Chiziane (Manjacaze, Gaza, 4 de junho de 1955) é uma escritora moçambicana.[1]


Paulina Chiziane

Paulina Chiziane

Nascimento Paulina Chiziane


4 de junho de 1955 (66 anos)
Manjacaze,  Moçambique

Cidadania Moçambique

Alma mater Universidade Eduardo Mondlane

Ocupação escritora

Prémios Prémio José Craveirinha de Literatura, 2003


Prémio Camões, 2021

Género literário Romance, conto

Movimento literário Pós-modernismo

Obras destacadas Sétimo juramento

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Algumas imagens de documentário sobre Paulina, com falas realizadas quando esteve em Florianópolis.

Biografia

Paulina Chiziane cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo, anteriormente chamada


Lourenço Marques. Nasceu numa família protestante onde se falavam as línguas Chope e
Ronga. Aprendeu a língua portuguesa na escola de uma missão católica. Começou os
estudos de Linguística na Universidade Eduardo Mondlane sem ter concluído o curso.

Participou ativamente na cena política de Moçambique como membro da Frelimo (Frente de


Libertação de Moçambique), na qual militou durante a juventude.[2] A escritora declarou,
numa entrevista, ter apreendido a arte da militância na Frelimo. Deixou, todavia, de se
envolver na política para se dedicar à escrita e publicação das suas obras. Entre as razões
da sua escolha estava a desilusão com as directivas políticas do partido Frelimo pós-
independência, sobretudo em termos de políticas filo-ocidentais e ambivalências ideológicas
internas do partido, quer pelo que diz respeito às políticas de mono e poligamia, quer pelas
posições de economia política marxista-leninista, ou ainda pelo que via como suas
hipocrisias em relação à liberdade económica da mulher.

É a primeira mulher que publicou um romance em Moçambique.[3] Iniciou a sua atividade


literária em 1984, com contos publicados na imprensa moçambicana. As suas escritas vem
gerando discussões polémicas sobre assuntos sociais, tal como a prática de poligamia no
país. Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento (1990), a autora discute a poligamia
no sul de Moçambique durante o período colonial. Devido à sua participação ativa nas
políticas da Frelimo, a sua narrativa reflete o mal-estar social de um país devastado pela
guerra de libertação e os conflitos civis que aconteceram após a independência.

Paulina vive e trabalha na Zambézia. O seu romance Niketche: Uma História de Poligamia
ganhou o Prémio José Craveirinha em 2003.[4]

Em 2016, anunciou que decidiu abandonar a escrita porque está cansada das lutas travadas
ao longo da sua carreira.[5]

Em 2021, tornou-se a primeira mulher africana a ser distinguida com o Prémio Camões, a
mais prestigiosa honraria conferida a escritores lusófonos, patrocinada pelos governos de
Brasil e Portugal.[6] Sobre o inédito reconhecimento, declarou Paulina: "Não contava com
isso. Recebi a notícia e disse: 'Meu Deus! Eu já não contava com essas coisas bonitas!' É
muito bom. Esse prêmio é resultado de muita luta. Não foi fácil começar a publicar sendo
mulher e negra. Depois de tantas lutas, quando achei que já estava tudo acabado, vem esse
prêmio. O que eu posso dizer? É uma grande alegria."[7]

Prémios e Reconhecimento

Prémio José Craveirinha de 2003, pela obra Niketche: Uma História de Poligamia[8][9]

A Casa de Moçambique em Portugal homenageou-a em 2010, em Maputo.[10]

Em 2013, o então Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, condecorou-a


com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique[9][11]

Ganhou o Prémio Camões em 2021[6]

É também é 2021 que é lançado o documentário Paulina Chiziane: do mar que nos separa à
ponte que nos liga, sobre a sua vida e obra.[12]

Obras Seleccionadas

Entre as suas obras encontram-se:[13][14][15]

Romance
Balada de Amor ao Vento:
1.ª edição, 1990.

Lisboa: Caminho, 2003. ISBN 9789722115575.

Ventos do Apocalipse:
Maputo: edição do autor, 1993.

Lisboa: Caminho, 1999. ISBN 9789722112628.

O Sétimo Juramento. Lisboa: Caminho, 2000. ISBN 9789722113298.

Niketche: Uma História de Poligamia:


Lisboa: Caminho, 2002. ISBN 9789722114769.

São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

Maputo: Ndjira, 2009, 6ª edição. ISBN 9789024796281.

As Andorinhas, 2009 1ª Edição, Indico Editores

O Alegre Canto da Perdiz. Lisboa: Caminho, 2008. ISBN 9789722119764.

Na mão de Deus, 2013


Por Quem Vibram os Tambores do Além, 2013, com Rasta Pita

Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento, 2015.

O Canto dos Escravizados, 2017.

Outras obras
Eu, mulher… por uma nova visão do mundo (Testemunho, em 1992 e publicado em 1994)[16]

Obras sobre Paulina Chiziane

MARTINS, Ana Margarida Dias. The Whip of Love: Decolonising the Imposition of Authority in
Paulina Chiziane’s Niketche: Uma História de Poligamia. in The Journal of Pan African
Studies, vol. 1, n.º 3, março de 2006.[17]

PEREIRA, Ianá de Souza. Vozes Femininas de Moçambique. Dissertação de mestrado


apresentada ao departamento de Letras da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
Trata-se de uma análise comparativa dos romances Ventos do Apocalipse (1999) e
Niketche: uma história de poligamia (2004), na qual se discutem as representações e o
papel social da mulher em romances que se pautam na intensa força das relações sociais
que informam a maneira de agir de homens e de mulheres em Moçambique.[18]

SILVA, Érica, Paulina Chiziane e a voz feminina moçambicana através do texto literário
(2019), Revista Darandina.[19]
TEDESCO, Maria do Carmo Ferraz. Narrativas da Moçambicanidade: Os Romances de
Paulina Chiziane e Mia Couto e a Reconfiguração da Identidade Nacional. Tese apresentada
ao Departamento de História da Universidade de Brasília. Brasília, novembro de 2008.[20]

Referências

1. «O ato de colonizar está nas mentes» (http://issuu.com/revistabastiao/docs/bastiao18is


su) . Revista Bastião. Consultado em 1 de setembro de 2014

2. MARTINS, 2006.

3. Perdigao, Yovanka Paquete (22 de dezembro de 2015). «Say What! Where are all the black
writers from Portuguese Africa?» (http://afrikult.com/say-what-where-are-the-black-writers-
from-portuguese-africa/) . Afrikult. Consultado em 19 de dezembro de 2018

4. Fitzpatrick, Mary (2007). Mozambique. [S.l.]: Lonely Planet. pp. 34–35

5. Remédios, José Maria (11 de julho de 2016). «Paulina Chiziane: "Não volto a escrever.
Basta!" » (https://www.geledes.org.br/paulina-chiziane-nao-volto-escrever-basta/) .
Geledes Instituto da Mulher Negra. Consultado em 19 de dezembro de 2018
6. observador.pt. «Prémio Camões atribuído a Paulina Chiziane, "a primeira romancista de
Moçambique" » (https://observador.pt/2021/10/20/escritora-mocambicana-paulina-chizia
ne-vence-premio-camoes/) . 20-10-2021. Consultado em 20 de outubro de 2021

7. Gabriel, Ruan de Sousa (20 de outubro de 2021). «Escritora moçambicana Paulina


Chiziane vence Prêmio Camões: 'É o resultado de muita luta' » (https://oglobo.globo.com/
cultura/livros/escritora-mocambicana-paulina-chiziane-vence-premio-camoes-o-resultado-
de-muita-luta-25244066) . O Globo. Consultado em 20 de outubro de 2021

8. «Prémio José Craveirinha | BUALA» (https://www.buala.org/pt/da-fala/etiquetas/premio-jo


se-craveirinha) . www.buala.org. Consultado em 21 de outubro de 2021

9. «Moçambicana Paulina Chiziane vencedora do Prémio Camões: "Conquistei o mundo de


pés descalços, aprendi a escrever debaixo de uma árvore" » (https://expresso.pt/sociedad
e/2021-10-21-Mocambicana-Paulina-Chiziane-vencedora-do-Premio-Camoes-Conquistei-o-
mundo-de-pes-descalcos-aprendi-a-escrever-debaixo-de-uma-arvore-8c3f5076) . Jornal
Expresso. Consultado em 21 de outubro de 2021

10. Portugal, Rádio e Televisão de. «Escritora Paulina Chiziane homenageada em Maputo pela
Casa de Moçambique em Portugal» (https://www.rtp.pt/noticias/cultura/escritora-paulina-
chiziane-homenageada-em-maputo-pela-casa-de-mocambique-em-portugal_n338061) .
Escritora Paulina Chiziane homenageada em Maputo pela Casa de Moçambique em
Portugal. Consultado em 21 de outubro de 2021

11. «ENTIDADES ESTRANGEIRAS AGRACIADAS COM ORDENS PORTUGUESAS - Página Oficial


das Ordens Honoríficas Portuguesas» (https://www.ordens.presidencia.pt/?idc=154&list
=1) . www.ordens.presidencia.pt. Consultado em 21 de outubro de 2021

12. «Documentário sobre Paulina Chiziane lançado hoje no Brasil - O País - A verdade como
notícia» (https://www.opais.co.mz/documentario-sobre-paulina-chiziane-lancado-hoje-no-
brasil/) . 27 de março de 2021. Consultado em 21 de outubro de 2021

13. «Biblioteca Nacional de Portugal - Paulina Chiziane» (https://catalogo.bnportugal.gov.pt/ip


ac20/ipac.jsp?session=163H832F05V95.76549&profile=bn&uri=link=3100018~!937092~!
3100024~!3100022&aspect=basic_search&menu=search&ri=3&source=~!bnp&term=Chizi
ane,+Paulina,+1955-&index=AUTHOR) . catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 21 de
outubro de 2021

14. «Paulina Chiziane» (https://www.goodreads.com/author/show/101955.Paulina_Chizian


e) . www.goodreads.com. Consultado em 21 de outubro de 2021

15. «Livros portugueses, livros estrangeiros, livros escolares e ebooks - Wook» (https://www.w
ook.pt/) . www.wook.pt. Consultado em 21 de outubro de 2021
16. Paulina Chiziane (2013). «[Testemunho] Eu, mulher... Por uma nova visão do mundo» (htt
p://www.revistaabril.uff.br/index.php/revistaabril/article/view/114) . Abril, Revista do
Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana da UFF, v. 5, n.10 (2013).
Consultado em 23 de fevereiro de 2018

17. «The Whip of Love: Decolonising the Imposition of Authority in Paulina Chiziane's'
Niketche: Uma História de Poligamia' » (https://scholar.google.pt/citations?view_op=view_
citation&hl=pt-PT&user=OKQca3wAAAAJ&citation_for_view=OKQca3wAAAAJ:zYLM7Y9
cAGgC) . scholar.google.pt. Consultado em 21 de outubro de 2021

18. Cf. o registo da dissertação (https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-140


32013-103752/pt-br.php) .

19. Silva, Érica Luciana De Souza Silva (2019). «Paulina Chiziane e a voz feminina
moçambicana através do texto literário» (https://www.researchgate.net/publication/33602
4523_Paulina_Chiziane_e_a_voz_feminina_mocambicana_atraves_do_texto_literario) .
Researchgate

20. Tedesco, Maria do Carmo Ferraz (novembro de 2008). «Narrativas da moçambicanidade :


os romances de Paulina Chiziane e Mia Couto e a reconfiguração da identidade nacional»
(https://repositorio.unb.br/handle/10482/3339) . Consultado em 21 de outubro de 2021

Fontes

Contracapa da obra Balada de Amor ao Vento.

Biblioteca Nacional de Portugal, Porbase (https://web.archive.org/web/20090302044608/


http://opac.porbase.org/#focus) .

Ligações externas

Notícias do Maputo (https://web.archive.org/web/20080710073305/http://www.jornalnoti


cias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/178598) : Entrevista a Paulina Chiziane
(consultado em 5 de Julho de 2008).

Adelto Gonçalves (http://www.elcorresponsal.com/modules.php?name=News&file=article


&sid=5016) : O feminismo negro de Paulina Chiziane (consultado em 5 de Julho de
2008).

Entrevista (https://web.archive.org/web/20090208191315/http://www.ccpm.pt/paulina.h
tm) a Paulina Chiziane sobre os seus livros e a sua vida (consultado em 5 de Julho de
2008).
Biografia de Paulina Chiziane no site do Centre for the Study of Contemporary Women's
Writing (University of London) (https://web.archive.org/web/20170327071732/http://mode
rnlanguages.sas.ac.uk/centre-study-contemporary-womens-writing-ccww/languages/port
uguese/paulina-chiziane)

Programa Grandes Africanos (RTP)| Episódio: Paulina Chiziane (https://www.rtp.pt/progra


ma/tv/p31019/e114)

Trailer do documentário: Paulina Chiziane: do mar que nos separa à ponte que nos une (htt
ps://www.youtube.com/watch?v=G0mhi8n6ars)

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