Sebenta de Antropologia Cultural 2012
Sebenta de Antropologia Cultural 2012
Sebenta de Antropologia Cultural 2012
Waya
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1. Conceitos
Etimologicamente palavra Antropologia 1 formada por composição de anthropos (homem,
humanidade) + logia (estudo, discurso, conhecimento, tratado, abordagem sistemática)
significa estudo do homem2, isto é conhecimento sobre a humanidade ciência social e
humana, Antropologia se interessa pelo estudo do homem como ser biológico, social e
1
Em 1596, o humanista O. Casmann definia antropologia como doutrina do género humano natural; Kant, 1798, publica uma obra
na qual ele define a antropologia como doutrina do conhecimento do homem ordenada sistematicamente. Para Lévy-Strauss, a
antropologia passa a ser um estudo comparado das sociedades e das culturas para alimentar a reflexão teórica. O Grand
Dictionnaire Hachette, Encyclopedique ilustré apreseta as seguintes definições do termo antropologia:
a. Estudo da espécie humana sob os pontos de vista anatómica, fisiológica, biológica, genética ou filogenética.
b. Estudo de culturas de diferentes colectividades humanas (instituições, estruturas familiares, crenças,
tecnologias)
2
Até Wolff (Psychologia Empirica 1532, Psychologia Rationalis 1534) o estudo do homem era chamado De anima. Era um estudo
experimental e metafísico
Por: Mestre António V. Waya
cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o conhecimento
antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam uma escolha prévia de certos
aspectos a serem privilegiados como a Antropologia Física ou Biológica (aspectos
genéticos e biológicos do homem), Antropologia Social (organização social e política,
parentesco, instituições sociais), Antropologia Cultural (sistemas simbólicos, religião,
comportamento) e Arqueologia (condições de existência dos grupos humanos
desaparecidos).3 Além disso podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e
Etnografia para distinguir diferentes níveis de análise ou tradições académicas.
Qualquer que seja a definição adoptada é possível entender a antropologia como uma forma
de conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos
3
G. Durant em Encyclopaedia Universalis, verbete anthropologie (vol II, pp. 50-51) oferece a seguinte divisão:
I. Antropologia biológica que se subdivide em :
a. Antropologia física ou anatómica
b. Antropologia fisiológica (conservação e crescimento do homem
c. Antropologia patológica
d. Antropologia zoológica (espécie de antropologia comparada entre os homens e os animais)
e. Antropologia paleontológica
II. Antropologia mental, que se subdivide em:
a. Antropologia Psicológica
b. Antropologia social e cultural
o que somos a partir do espelho fornecido pelo Outro ; uma maneira de se situar na fronteira
de vários mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos
alargar nossas possibilidades de sentir, agir e reflectir sobre o que, afinal de contas, nos torna
seres singulares, humanos.
2. Métodos e técnicas
A Antropologia é uma ciência social que se desenvolve não dentro de uma biblioteca, mas no
campo prático. Como ciência social e humana, a Antropologia emprega os métodos e técnicas
empregues por ciências humanas: o método experimental, o método de estudo de casos, e o
método, cujas técnicas são fundamentalmente as de observação participante e não
participante5. Para o estudo das sociedades de pequena escala recorre se ao método
etnográfico. (Etnografia6 Marcel Mauss, Manuel de lEthnolographie, 1947; Marcel Griaule,
Méthode de lEthnographie, 1957 e Etnologia7). É um método do estudo do campo que
desenvolve através da observação directa, muitas vezes designada observação participante.
Através deste método o pesquisador estabelece entre si e o campo uma relação
cientificamente rentável.
7
Ramo da antropologia que se propõe analisar e interpretar as semelhanças e diferenças entre as sociedades e as culturas.
Por: Mestre António V. Waya
8
Cf. As principais obras publicadas no século XIX foram influenciadas grandemente pela corrente Evolucionista. A Revolução
Industrial trouxe para o homem europeu um optimismo. A vida, as instituições sociais, a religião eram consideradas à luz do
progresso.
9
Cf. COPANS, Jean, TORNAY, S. Godelier, M. Antropologia: Ciência das Sociedades Primitivas? Lisboa, Edições 70, 1999, pp. 9-
31.
Por: Mestre António V. Waya
10
O diferente é sinónimo como pior.
11
Cf. LEACH Edmund, A Diversidade da Antropologia, Lisboa: Edições 70, 1982.
12
Idem, p. 63.
Por: Mestre António V. Waya
13
A ONU permanece em silêncio por longos anos desde a sua fundação. A condenação oficial deste regime segregacionista só
será pronunciada pela ONU a 30 de Janeiro de 1957
14
É o caso de Henri-Alexandre JUNOD, apaixonado pela natureza, considerado o primeiro entomólogo em terras africanas, Cf.
HARRIES Patrick, Junod e as Sociedades Africanas: Impacto dos Missionários Suiços na África Austral , Maputo: Paulinas Editorial,
2007.
15
Cf. Alfred Reginald Radcliffe-Brown, Os Sistemas do Parentesco africanos e a Organização sócio-política .
16
HARRIES Patrick, Junod e as Sociedades Africanas: Impacto dos Missionários Suiços na África Austral , Maputo: Paulinas
Editorial, 2007, p. 239.
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diversas publicações deste Instituto foram determinantes para o conhecimento científico das
culturas dos povos de África.
O Marxismo e a Antropologia
O interesse dos marxistas pela antropologia data do século XIX, com Karl Marx e
Fredrich Engels. Marx se preocupava pelas causas do surgimento do capitalismo. Nisto ele se
interessa pelo feudalismo e pelas sociedades primitivas. No fim da sua vida, Marx se
preocupou em estudar as sociedades rurais da Índia e da China. Seus estudos foram
publicados em 1972 por L. Krader, sob o título The Ethnological Notebooks of Karl Marx
(Manual da Etnografia de Karl Marx).
Marx, nestas notas (escritas entre 1880 e 1882), observam-se as influências recebidas
das ideias de Lewis Henry Morgan ( Ancient Society, 1877 (Sociedade arcaica), John Budd
Phear (The Aryan Village in India and Ceylon , 1880 (Aldeias Arianas na Índia e Ceilão ), Henry
Sumner Maine (Lectures on Early History of Institutions , 1875 (Lições da História Antiga das
Instituições) e John Lubbock (The Origin of Civilization and the Primitive Condition of Man ,
1870 (A Origem da Civilização e a Condição Primitiva do Homem ).
Decidido a completar a obra de seu predecessor, F. F. Engels, escreve, das notas de
Marx, uma obra a que designa de The Origin of the Family, Private Property and the State in
the Light of L. H. Morgans Researches 1884 (A Origem da Família, Propriedade Privada e
Estado à luz das Pesquisas de L. H. Morgan) . A tese fundamental de Engels é que a família,
a propriedade privada e o Estado têm uma origem única e são acúmulos diferentes de um só
e mesmo processo que se desenvolveu a partir da subordinação de mulheres aos homens e
da passagem da matri- a patri-linearidade; as mutações sociais seriam elas mesmas
consequência da domesticação de animais, de um lado, da apropriação privada da força do
trabalho pela família monogâmica, do outro.
17
Cf. BERNARDI Bernardo, Introdução aos Estudos Etno-Antropológicos, p. 202, apud Lord Lugard, o primeiro presidente deste
Instituto, afirma que promover uma ligação maior entre a pesquisa, o saber científico e os assuntos práticos e, em particular, a
recolha de informações sobre o efeito que a civilização e o contacto com grupos europeus haviam tido sobre a procura dos nativos
como consumidores e sobre a extensão das mudanças causadas no seu teor de vida.
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Para coroar seu ponto de vista evolucionista, Fredrich Engels apresenta cinco modos de
produção, isto é, cinco estádios de uma evolução geral das sociedades humanas:
E. Comunismo18
D. Capitalismo
C. Feudal
B. Antigo
A. Primitivo
A antropologia marxista passou a ser maioritariamente do terceiro mundo. Ela se centra sobre
a análise das formas de exploração (sexual androcentrismo; laboral eurocentrismo, etc.);
para outros, a diferenciação sexual é cultural e não biológica. Ela será empregue como
expressão da emancipação de uma classe social oprimida.
18
Regime politico, economico e social caracterizado pela comunhão de todos os bens e pela ausencia de propriedades privadas. A
maioria dos países africanos adoptaram este regime depois das independências. Assiste-se em Moçambique: lojas do povo,
cooperativas do povo, machambas do povo, o salário era único para todos os funcionários, aldeias comunais, etc.
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1- Conceituar a cultura
2- Distinguir o conceito antropológico do conceito humanístico de cultura
3- Distinguir cultura material da cultura espiritual
4- Compreender os diferentes factores que determinam e condicionam a cultura
5- Compreender a diversidade cultural para saber conviver
6- Descrever o processo da dinâmica cultural e seus respectivos fenómenos
A cultura é usada pela nossa sociedade com uma infinidade de sentidos. Ao longo da história o
conceito de cultura foi evoluindo até aos nossos dias. Junto as escolas de pensamento, os autores
criaram definições, que configuraram o edifício do que hoje consideramos cultura no sentido
antropológico. Com as suas teorias os estudiosos enriqueceram o sentido de cultura e lhe abriram
perspectivas novas. Este movimento de constante sistematização do conceito de cultura, chegou até
aos nossos dias aparecendo novas teorias e novas reformulações. Portanto, o processo de
globalização em que estamos mergulhados, levanta novas questões e desafios novos a reflexão
antropológica.
Há teorias que põe em relevo a tendência sociológica; outras que consideram a cultura como algo
indefinido, algo que já não serve para a pesquisa científica, um obstáculo, um enredo de difícil
solução, uma atrapalhação, algo assim como um texto estruturado de símbolos e significados, uma
sobrevalorização do conceito, uma invenção dos antropólogos. As definições são do tipo analítico,
umas e de tipo mais sintético, outras.
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- sentido espiritual: colere deos loci; cultus deorum: venerar (prestar atenção) os deuses protectores
do lugar, cuidar os deuses da terra;
- sentido social: a partir do século XVII, o termo cultura começou a usar-se no sentido colectivo,
algo que tem que ver não apenas com o individuo, mas com as populações e nações.
- sentido étnico: também começou o uso particularista e étnico (a cultura de uma determinada
sociedade);
DEFINIÇÕES DA CULTURA
Em 1869, Matthew Arnold definiu a cultura como o conseguimento da perfeição, que implica uma
condição interna da mente e do espírito (doçura e luz), através do bom e do melhor que se pensou e
se diz na historia.(Arnold, 1975:23,24)
Vinigi L. Grotanelli, afirma que «a cultura é toda actividade consciente e deliberada do homem
como ser racional e como membro de uma sociedade e o conjunto das manifestações concretas que
derivam daquela actividade» (Grotanelli,1965:27). Desta definição, podemos olhar para a cultura
como que a expressão do homem, como individuo e como membro integrante de uma sociedade.
Mas de todas ate então apresentadas, a definição de Tylor, na sua obra, intitulada Cultura Primitiva
de 1871, «Conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes e
varias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade» (Tylor,
1871:5), conseguiria ser o mais abrangente conceito de cultura no sentido antropológico ate então
criado. Ela contem acima de tudo afirmações importantes que devemos sublinhar: a cultura é
adquirida, não transmitida biologicamente; o homem adquire acultura como membro de uma
sociedade; existem tantas culturas quantas são as sociedades; todas as culturas são igualmente
dignas; a cultura é um conjunto complexo, isto é, composta por entidades que se podem decompor
nos seus variados elementos ou traços (símbolos, ritos, normas, instituições); necessidade do estudo
comparativo. Ela é património especifico de um determinado grupo social. É portanto, preciso não
esquecer que, a cultura é um modo colectivo de provar a sobrevivência de todos e de cada um dos
membros da população.
FACTORES DE CULTURA
Por: Mestre António V. Waya
O conceito de cultura atrás apresentado mostra que a cultura compreende traços ou elementos de
duas ordens: espiritual e material.
Por seu turno, os elementos materiais de uma cultura abarcam as obras realizadas, as técnicas ou os
elementos de trabalho do grupo, que não só lhe permitem exercer o necessário domínio da natureza
como exprimem o universo espiritual do ser humano. Os elementos materiais, relacionam-se, assim,
de forma directa, como ambiente que rodeia o grupo, pois reflectem a luta dos indivíduos pela sua
sobrevivência. Estes adaptam-se a natureza no sentido de a colocar ao seu serviço.
Naturalmente, como parte integrante da cultura, os elementos espirituais e materiais não tem
existência separada, antes interagem dialecticamente, produzindo a cultura.
Ora, quais seriam então os factores da cultuar? Sumariamente, diríamos que são quatro factores
essenciais da cultura. O anthropos, ou seja, o homem na sua realidade individual e pessoal; o
ethnos, comunidade ou povo, entendido como associação estruturada de indivíduos; o oikos, o
ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem se encontra a actuar; o chronos, tempo,
condição ao longo da qual, em continuidade de sucessão, se desenvolve a actividade humana.
Nenhum destes factores produz, só por si, a cultura, mas nenhum pode ser considerado estranho ao
seu processo dinâmico. A sua acção é constante e, através de uma análise profunda, encontram-se
em todas as manifestações culturais com evidências mais ou menos patentes.
CULTURA E SOCIEDADE
Por: Mestre António V. Waya
Sabemos que o ser humano tem vivido, desde sempre, em grupo. Neste sentido, o homem é um ser
social. Mas, de igual modo podemos afirmar, também, que viveu sempre num estado cultural,
afastando-se do estado de natureza característico das restantes sociedades animais.
Em todos os tempos e lugares, a vida social tem, na verdade, suscitado crenças, criado normas,
idealizado valores, encontrado soluções organizativas e institucionais, inventado instrumento de
trabalho, desenvolvido capacidades, aperfeiçoado habilidades, produzido obras artísticas, técnicas,
literárias, etc., que a caracterizam e lhe conferem originalidade. Numa palavra, a vida em grupo é
uma vida em estado de cultura. Isto é, cada sociedade exprime-se e realiza-se através de uma
cultura.
De certo modo, deixamos já antever uma das noções mais comummente aceites de cultura:
conjunto complexo e articulado de normas, crenças e valores que condicionam o horizonte
espiritual do homem, bem como as realizações técnicas do grupo, que conferem a cada sociedade e
o seu aspecto original. Cultura é, pois, um fenómeno onde todos os membros do grupo têm lugar,
isto é, um fenómeno partilhado que concede a cada um uma semelhança básica
A actividade que o homem encerra no seu íntimo, como frequentemente acontece com a sua
intuição e o seu pensamento, ou, de qualquer, modo, o seu comportamento privado, mantém um
carácter nitidamente pessoal mas tira todo o seu impulso e modelo da cultura. A sociedade, como
grupo, considera a actividade humana, não no aspecto individual, mas no aspecto de participação e
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Ora, há que frisar que, a cultura não é só o conceito mais vasto de sociedade; esta assume ainda a
forma daquela. Por outras palavras, também a sociedade é uma manifestação tipicamente cultural.
Portanto, se quisermos chegar a uma definição de sociedade que tenha em conta estas considerações
antropológicas, devemos dizer juntamente com Bernardi que a sociedade é o conjunto dos
sistemas normativos das relações humanas que traduzem e acionam os valores e as interpretações
culturais em instituições sociais (Bernardi, 1974:37)
DIVERSIDADE CULTURAL
As diversidades culturais são diferenças culturais que existem entre o ser humano. Há vários tipos,
tais como: a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização da
sociedade. A diversidade cultural é algo associada à dinâmica do processo associativo. Pessoas que
por algumas razões decidem pautar suas vidas por normas pré-estabelecidas tendem a esquecer suas
próprias idiossincrasias (Mistura De Culturas). Em outras palavras, o todo vigente se impõe às
necessidades individuais. O denominado "status quo" deflagra natural e espontaneamente, e como
diria Hegel, num processo dialéctico, a adequação significativa do ser ao meio. A cultura insere o
indivíduo num meio social.
cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e
diferente especificidade. São práticas e acções sociais que seguem um padrão determinado no
espaço/tempo. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que
permeiam e "preenchem" a sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é a identidade
própria de um grupo humano em um território e num determinado período.
A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos
de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, também, pode ser
encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou ainda, na tolerância mútua.
A diversidade cultural é complicada de quantificar, mas uma boa indicação é pensar em uma
contagem do número de línguas faladas em uma região ou no mundo como um todo. Através desta
medida, há sinais de que podemos estar atravessando um período de declínio precipitado na
diversidade cultural do mundo. Pesquisa realizada na década de 1990 por Luã Queiros (Professor
Honorário de Linguística na University of Wales, Bangor) sugeriu que naquela época em média,
uma língua caía em desuso a cada duas semanas. Ele calculou que se a taxa de mortalidade de
línguas continuasse até o ano 2100, mais de 90% dos estilos falados actualmente no mundo serão
extintos.
FUNÇÃO E ENERGIA
A continuidade da estrutura é mantida pelo processo da vida social que consiste nas actividades e
interacções dos indivíduos e dos grupos organizados dentro dos quais se encontram unidos. A vida
social da comunidade é aqui definida como o funcionamento da estrutura social. “ A função de
qualquer actividade corrente, como a punição de um rebelde ou uma cerimonia fúnebre, é a parte
que ela desenvolve na vida social entendida como um todo e daí o contributo que induz a
manutenção da comunidade estrutural.(Radcliffe-Brow apud Bernardi, 1974:97).
No conceito de função de Brown, assinala-se sobretudo o valor fundamental que ele atribui ao
indivíduo; a actividade está na base da formação da cultura entendida também como estrutura
social. Mas convém observar que se é, também, verdade que a continuidade da estrutura não é
destruída com a mudança dos indivíduos, muda porém a sua qualidade e sua forma. Mudam os
indivíduos e mudam os antropemas, isto é, mudam as interpretações e as instituições que estão na
raiz da cultura e da sociedade. Neste sentido, é muito significativo que a problemática da dinâmica
cultural, e em particular o problema das transformações, se tenha imposto ao estudo dos
antropólogos, mesmo com a preponderância do interesse funcionalístico. O aspecto individual é
irrepetível, pelo que só em sentido analógico a cultura se pode chamar um organismo.
A cultura tem sofrido um crescimento ao longo dos tempos, desde os primeiros hominídeos -
crescimento esse que proporcionou uma evolução cada vez mais rápida. Claro que toda a
rapidez é relativa! Actualmente, a evolução cultural atinge um ritmo sem precedentes, algo
que seria impensável sem a proximidade das populações e, por conseguinte, das suas
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Uma vez que a cultura é algo que se aprende, a vida em comunidade permite uma exposição
a um maior número de hábitos - pois a cultura é cumulativa - e, por conseguinte, a uma
maior possibilidade de evolução. Diversas comunidades levam, por sua vez, a uma maior
comunicação e trocas culturais. Certos hábitos podem ser esquecidos, sendo substituídos por
outros pertencentes a outras culturas, ou então substituídos por simples evolução cultural.
Deste modo, podemos dividir a dinâmica cultural em três factores - enculturação,
aculturação e desculturação - que pertencem a um processo único e dinâmico que acontece
continuamente e ao mesmo tempo.
ENCULTURAÇÃO
Este é um processo educativo através do qual os indivíduos (regra geral pensamos nas
crianças como o único alvo, mas este é um processo que acontece ao longo de toda uma
vida) apreendem os elementos da sua cultura, quer informal, quer formalmente. Este
processo acontece informalmente de um modo contínuo, seja consciente ou
inconscientemente, pois processa-se essencialmente pela imitação e pelo envolvimento com
grupos espontâneos, e não instituições sociais. A família e os amigos são um bom exemplo
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- De puberdade e tribais;
Escolares e académicos ;
Desportivos e militares;
Visão onde o individuo entra em contacto com o mundo dos espíritos através de
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Então, por exemplo, conclui o leitor, a praxe universitária é uma iniciação! Absolutamente
correcto. O primeiro ano que um aluno passa como caloiro, digamos, numa faculdade
corresponde ao período de iniciação - um período longo em que passa pelo menos por três
estádios: o da chegada, o do período da praxe propriamente dita, e o um período de
aprendizagem que termina com o final do primeiro ano. Infelizmente, e apesar do efeito
estrutural da praxe acontecer de facto (ocorre uma mudança de status social), o efeito
psicológico falha pois não consegue transmitir a dignidade da passagem de caloiro para um
"estádio acima".
Para terminar, vamos apenas ver por que tipos de acontecimentos ocorre a mudança de
status social:
Ritos de Separação em que o individuo é retirado do seu mundo anterior quase que
por uma morte simbólica.
Ritos marginais ou de Liminalidade, o momento de passagem sagrada em que o
individuo já tem ou ainda tem uma nova qualificação (pertença ao nível do status)
ACULTURAÇÃO
O processo de aculturação acompanha e pode até sobrepor-se à enculturação. São, assim,
processos muito semelhantes, mas enquanto a enculturação é a aquisição de cultura por um
membro dessa mesma cultura, a aculturação é a aquisição de elementos culturais de culturas
externas. Claro que essa assimilação, integração e fusão de elementos, por muito que os
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A aculturação é, basicamente, o resultado das relações culturais que podem ser de ordem
diversa:
Simbiose Cultural
- Ocorre quando há coexistência ou convivência entre duas ou mais culturas (sub culturas,
por exemplo)
Osmose Cultural
- Ocorre quando, por mais que as culturas sejam diferentes, alguns elementos culturais
unificam-se devido a alianças matrimonais, trocas comerciais, escaramuças e lutas ou
guerras.
- Esta é típica em zonas fronteriças. Com a cultura espanhola ivasora dando origem a actual
cultura mexicana.
Fusão Cultural
- Ocorre quando os elementos culturais de duas ou mais culturas se misturam de tal modo
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que dão origem a outra cultura como aconteceu, por exemplo, no México: a cultura azteca
nativa fundiu-se com a cultura espanhola invasora dando origem a actual cultura mexicana.
DESCULTURAÇÃO
Relativamente à desculturação não há muito mais a dizer: é o processo de perda ou
destruição do património cultural, o que pode incluir apenas alguns elementos culturais ou
toda uma cultura. Este processo pode acontecer de um modo impercetível, como acontece
com a constante evolução e renovação da língua; ou pode acontecer de modo traumático,
como em situações de extermínio e genocídio, que visam acabar com todo um povo e sua
cultura, ou "moldá-los" para escravatura.
REFERÊNCIA
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CUCHE, D. A noção de Culturas nas Ciências Sociais. São Paulo, EDUSC; 1999, pp 175-202.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura. Um Conceito Conceito Antropologico. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2006
NGOENHA, Severino E. Identidade moçambicana: Já e ainda não. Serra, Carlos (dir.). Identidade,
moçambicana, moçambicanização. Maputo, Livraria Universitaria-UEM, 1998, p, 17-34.
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: guia para o estudo. 2. Ed, Matola,
Seminário Maior de S. Agostinho, 1995
MODIN, Baptista. O homem que ele é? Elementos da Antropologia Filosofia. Milão. Paulus, 2008.
Por: Mestre António V. Waya
MELO, Luiz Gonzaga. Antropologia Cultural. 8.ed. Petropolis, Brasil. Editora Vozes. 2001
QUESTIONÁRIO
As ciências sociais são um conjunto de disciplinas, ou de ramos de saber que tem como objectivo
comum o de procurar conhecer a realidade social. Tais diciplinas são diversas apesar de
constituirem o mesmo conjunto, o das ciências sociais, uma vez que cada uma tem o seu objecto,
método e abordagens de forma espeficíca. Elas são sociais pelo facto de as suas investigações
incidirem no campo social, ou sob a vivência do ser humano.
Elas começam a ser ciências a partir do momento em que passam a ter um campo de abordagem,
objecto de estudo, objectivos e métodos de estudo, delimitam problemas solúveis, formulam leis,
constituem modelos interpretativos, tem capacidade de solucionar problemas, elaboram e testam
meios necessários, o uso de linguagem conceptual adequada e tanto quanto possível e exclusiva,
teses cientificas refutáveis que sejam verificáveis logicamente ou matematicamente, uma vez que
esses elementos constituem pontos centrais para que se considere um determinado ramo de saber
como ciência.
As disciplinas que compõem as ciências sociais são a história, etnografia, antropologia, demografia,
geografia económica entre outras, cada uma com o sua abordagem específica, mas todas elas se
preocupam com o social e as suas abordagens não estão distantes uma da outra, apenas
perspectivam a mesma realidade social de forma diversa, pois é meio complicado criar balizas bem
definidas que separam uma da outra. Uma vez que todas incidem o seu estudo no plano social.
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As ciências sociais são uma criação histórica recente de uma civilização, onde o seu
desenvolvimento é marcado por diversos factores, a sua própria evolução teórica, o dinamismo de
outras ciências e formas de saber, as características desiguais de diferentes contextos institucionais
em geral, sociais.
Elas são um campo intelectual muito heterogéneo, em que a configuração é o resultado conjuntural
de uma história que continua. Foi no inicio do século XIX que vários autores evidenciaram a
autonomia e a profundidade do social. Onde o social é irredutível ao individuo, foi com a
consolidação desta tese que surgem as ciências sociais e também com o impacto crescente do saber
lógico matemático, físico e biológico que elaborava um modelo de estratégia de investigação que ia
servindo de referencial aos estudiosos sociais e com as transformações económicas, demográficas,
políticas e culturais dos oito cientistas do ocidente, referente aos anos 1800, ou ao século XIX.
As teorias ou as teses de Durkhein, Webber, Karl Marx, August Comte foram preponderante para o
surgimento das ciências sociais, apesar de alguns deles escrevessem acerca do social sem ter a
mínima noção de fundamentar um novo campo de investigação o social.
Augusto Comte na sua teoria dos três estados necessários no progresso do homem. O fictício, onde
o ser humano resolve seus problemas socorrendo se apenas dos valores da sua tradição. Metafísico,
que é o intermédio, para o estado Positivo, onde o homem passa a resolver os seus problemas não
mais como base a tradição, aqui existe o sentido crítico e analítico na resolução dos problemas. Karl
Marx estudava os factos sociais sob ponto de vista económico, focalizando a luta constante entre as
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classes. Amile Durkhein onde faz o estudo do factos sociais sob vários pontos de vista, tentando
compreender os motivos que levam os indivíduos a frustração, estuda o homem como um ser que
não pode se isolar da sociedade.
As ciências sociais são pluridimensionais na medida em que, um único fenómeno pode ser foco de
estudo de muitas ou de quase todas disciplinas sociais, em que tais estudos são feitos de pontos de
vistas diferentes, isto é, em perspectivas bastantes diversas.
Uma vez que o mesmo facto social estudado sob ponto de vista sociológico ganha uma perspectiva
diferente quando o mesmo facto for submetido ao estudo sob ponto de vista psicológico,
económico, antropológico entre outras disciplinas que fazem parte das ciências sociais.
Os factos sociais são designados de factos sociais totais na medida em que podem ser estudados
sob várias perspectivas que compõem o ramo das ciências sociais.
As disciplinas que compõem as ciências sociais se deferem, não por que existam fenómenos que
são exclusivamente sociológicos, económicos, demográficos, psicológicos históricos etc, mas por
que partem de perspectivas teórica distintas e constroem distintos objectos científicos, apesar de que
para qualquer destas disciplinas existam sociedades privilegiadas em que incidem mais o seu
estudo.
Não significa que os fenómenos económicos, políticos e sociais sejam compartimentos estanques,
são dimensões inerentes a toda acção social, estão nela profundamente interligados. É bastante
difícil delimitar as fronteiras em todas disciplinas que constituem as ciências sociais, uma vez que
no único fenómeno social pode ser visto sob várias perspectivas.
As ciências sociais se diferem uma da outra de acordo com forma que perspectivam a realidade,
onde cada ciência social elabora o seu próprio conjunto articulado de questões, a sua problemática
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teórica, define o seu objecto científico, determina um certo número de problemas de investigação de
acordo com o contexto da problemática, constrói conjunto de princípios, teorias, estratégias
metodológicas e resultados cruciais que servem de modelos ou quadro, com o propósito de orientar
as pesquisas produzidas numa área específica de saber; os paradigmas.
Quase todas ciências sociais com o decorrer do tempo ou na sua evolução tem mudado de
paradigma e de quase todos elementos cientificamente aceites.
As ciências sociais se complementam nos campos das suas abordagens, uma vez que necessitam de
alguma outra ciência para compreender um determinado fenómeno. A interdisciplinaridade nas
ciências sociais reside no facto da existência da interdependência ou complementaridade entre as
disciplinas, uma vez que entre elas existe um mútuo e efectivo uso de conceitos que são de outros
ramos de saber.
Entre as ciências sociais existe um intercâmbio no uso mútuo dos conceitos, numa perspectiva de
facilitação de compreensão, da direccionalidade de um determinado estudo, a medida que na
antropologia social é necessário que se use o termo emprestado que é o sociológico e o mesmo
acontece em geografia económica e em tantos outros ramos do saber social onde existe interligação.
A ruptura das ciências no geral com senso comum é sobretudo no que diz respeito aos preceitos ou
mecanismo pelos quais um determinado saber deve passar para que se considere de científico, a
verificação, tese bem elaborada e lógica. No concernente as ciências sociais sobretudo se distancia
do senso comum à medida em que um determinado saber ou teoria deve ser interligado e que seja
verificável, na medida em que ela obedece aspectos lógico-matematicamente aceites nos padrões
científicos e não apenas uma mera dedução.
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O senso comum é distanciado do saber cientifico por não obedecer regras cientificas na justificação
do seu saber. Um saber científico qualquer que seja deve partir de uma problematização, ser uma
teoria lógica verificável que obedece aos princípios estabelecidos num determinado ramo de saber,
e não apenas se tratar de simples deduções.
No tocante aos factos sociais para se considerar de científicos devem dizer respeito a uma
determinada sociedade com evidencias bem esclarecidas numa perspectiva social, conjuntural,
histórica comparativa etc. Os factos que a sua explicação é vista sob perspectivas individuais não
podem ser considerados de científicos senão de senso comum.
Exercícios de Aplicação
A antropologia - etimologicamente vem da junção de duas palavras anthropos palavra grega que
significa homem e logia-estudo, sendo estudo ou tratado acerca do homem, dai que a antropologia
Por: Mestre António V. Waya
é ciência que estuda acerca do homem. Ela se difere das outras ciências sociais que estudam o
homem, a partir do seu objecto, uma vez que ela estuda o homem como um todo.
A antropologia é uma disciplina mais especializada e mais geral, ela é especializada enquanto trata
apenas de assuntos relacionados com homem e sua experiência e geral no concernente a variedade
incrível de aspectos da realidade humana que envolve temas estudados por geneticistas, psicólogos,
sociólogos, biólogos, geógrafos, etc. E por isso a antropologia pode ser considerada como parte das
ciências naturais.
Etnologia Etnologia
Por: Mestre António V. Waya
Antropologia
Antropologia física- estuda os aspectos biológicos do homem, da história natural e ciência natural
do homem, não só lhe interessa o estudo das populações modernas, mas também do estudo da
diferenças entre os povos, o antropólogo físico deve conhecer todos processos vitais da evolução, e
Antropologia Cultural é o ramo da antropologia geral que estuda a obra humana, a cultura, que é o
conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, lei, costumes e quaisquer outras
Na cultura encontramos aspectos relacionados com a política, religião, arte, artesanato, economia,
linguagem, práticas e teorias, crenças etc, é um ramo de aspectos complexos, onde inicia e termina
Segundo keesing Felix na antropologia cultural encontramos três ramos bastantes nítidos, a
significando estudo ou ciência do povo. Herskovits diz que; a etnologia se preocupa no estudo
comparado da cultura e da investigação dos problemas teóricos que brotam da análise dos costumes
Linguística trata de um aspecto restrito da cultura que é a linguagem, este ramo surge da
necessidade que os antropólogos tinham de aprender as línguas dos povos que estudavam. Tinham
que estudar as línguas dos povos ditos agrafos, sem escrita, e depois passam a fazer o estudo
comparativo dos idiomas e a examinar os vocábulos, a estrutura gramatical e lógica desses idiomas,
esse estudo foi importante, trazendo a luz muitas línguas ainda desconhecidas pelos filólogos.
antropologia social, a etnologia estuda a cultura dos povos destacando as semelhanças e diferenças
entre a cultura dos povos, analisando o desenvolvimento histórico de uma cultura e a relação entre
as culturas.
A Antropologia Cultural se defere das demais ciências sociais pelo facto de dever conhecer a
arqueologia, ela não só deve detalhar a compreender as actividades humanas desde o tempo da
primeira aparição dos hominídeos na terra, mas também deve ter ideia sequenciada pela qual se
Por: Mestre António V. Waya
desenvolveram vários elementos culturais, e das variedades evidenciadas pelos padrões culturais em
diferentes áreas do mundo, deve também dedicar se em descobrir quaisquer processos universais
que porventura estejam subjacentes ao progresso evolucionista da cultura humana à medida em que
O antropólogo cultural deve se esforçar em esquecer os aspectos que aprendeu acerca da sua
diferentes dele, e não julga-los ou modifica-los. Um antropólogo cultural deve ter sempre em conta
A antropologia Cultural é uma disciplina que estuda os povos no seu todo independentemente de
ser ou não ocidental. Na medida em que a sua real preocupação é com todas manifestações de
comportamentos evidenciadas pelos membros de espécies homo sapiens se sequer atender a raça,
local de residência ou grau de desenvolvimento.
Antropologia cultural para ..Levi Strauss, trata do estudo do homem enquanto fabricante de coisas,
põe em realce a diferença entre o homem e o animal, ou seja, põe em realce a oposição entre a
cultura e a natureza. Costumes, crenças e instituições são técnicas como quaisquer outras, mas
simplesmente de ordem mais propriamente intelectual.
Campo de abordagem
O maior foco dum antropólogo cultural são os padrões culturais, não implicando necessariamente
que não se interesse com outras partes que compõem a antropologia, mas sim tem o dever de
conhecer a arqueologia sobre tudo, que e o estudo das culturas extintas, da antropologia social,
económica, da psicanálise etc. Ao estudar a cultura devem compreender os aspectos que nela
interagem, a política, arte, religião, a própria cultura dos povos já extintos e presentes.
Método etnográfico
Etnografia a partir do seu termo é a discrição dos costumes, da cultura e da vida dos povos, é a
colecta de documentos e discrição completa e pormenorizada de determinadas culturas. Para Levi-
Por: Mestre António V. Waya
Trabalho de campo é um processo que envolve mais aspectos da conduta social, dentro dos quais
o comportamento manifesto é observado, o antropólogo durante o trabalho de campo procura no
conjunto de informações sobre o passado e o presente, contextualizar as relações sociais que
observa.
Um antropólogo cultural durante o trabalho de campo deve ter em conta que é um hóspede,
inesperado numa sociedade construída por seres humanos sensíveis, cujo sistema de valores é
inteiramente diferente do seu, o seu trabalho é o de aprender tudo que pode sobre a outra cultura e
não modificá-la ou reformá-lo, ele é que deve se ajustar as formas do nativo e não o contrário.
Ele deve iniciar o seu trabalho a partir de assuntos menos íntimos, tendo em conta que é um
desconhecido, e os membros da sociedade em estudo podem não estar dispostos em compartilhar
sua cultura com um desconhecido, dai que iniciaria com assuntos mais leves, como a recolha de
palavras que fazem parte do idioma dessa sociedade, e depois de ganhar a confiança deles entraria
em assuntos íntimos, como os sexuais, as bases da constituição das suas famílias.
Por: Mestre António V. Waya
Interpretação
Objectivos:
Por: Mestre António V. Waya
A história da antropologia é bastante longa e não e recente, começa mesmo com própria civilização
humana, o tratado acerca do homem tem longa história, não sistemática e depois sistemática, desde
a idade clássica, com Heródoto, Platão, Aristóteles, Sócrates. Que faziam reflexões acerca do
homem.
A antropologia é sem dúvida a mais antiga das ciências humanas, atribui se ao grego Heródoto (480
ou 425-499), desde o século V a.C., o herói mítico, fundador da história, da geografia comparada e
da etnologia, este que efectuou várias viagens, nessas viagens fazia discrições narrativas acerca dos
povos que encontrava nos locais visitados, destacando as suas semelhanças e diferenças.
Por: Mestre António V. Waya
O estudo sobre os outros se efectua desde a antiguidade, onde os não gregos eram chamados de
bárbaros, e era necessário descreve-los para saber até que ponto eles são ou não bárbaros, descobrir
as diferenças e as semelhanças.
Na idade média o discurso passa a ser da diferença entre os cristãos e os não cristãos é sob este
pretexto que se fundamentaram as primeiras conquistas e explorações do renascimento, da
exploração dos povos não europeus.
Esta exploração e ocupação teve vários pretextos, de evangelizar os povos não ocidentais que
tinham suas religiões tradicionais, de educa-los sob modelos ocidentais, tais povos foram
considerados de povos sem cultura, sem civilização, tinham modelos de vida diferentes dos
europeus, por isso foram alvos de grandes práticas desumanos.
Com os descobrimentos este tratado acerca do homem, vira as suas atenções para o homem
diferente do europeu, entre os séculos...XVI... XVII, cresce o número de escrito acerca de modo de
vida dos povos não europeus, e dai se desviam as atenções para o homem no seu todo para apenas
para a discrição das sociedades não europeias.
Foi a partir dos séculos XVII e XVIII que se desenvolvem reflexões mais sistemáticas acerca dos
povos não europeus, estabelecendo as comparações existentes entre estes povos com a sociedade
em geral, europeus, isso foi crescendo com os relatos das viagens dos descobrimentos dos
missionários, as narrações relativas aos índios da América, as viagens de J. Chardin a persia, de F.
Bernier as Índias, as discrições das sociedades da oceânica por Cook, as explorações do Mungo
Park no interior Africano. Surgia grande tendência de se publicar acerca dos povos não europeus
pelos missionários e crescia a curiosidade em estudar estes povos e conhece-los, cresciam as
dúvidas em relação a pertença ou não destes povos á humanidade.
Por: Mestre António V. Waya
Com as explicações das diferenças e semelhanças, as origens das evoluções das sociedades, assim
como o programa dos pensadores da segunda metade do século XVIII, neste contexto são empregue
pelos termos Etnografia e Etnologia, a Etnologia, (Chavannes, 1787), como parte da filosofia da
história e mais tarde análise das características raciais, e a Etnografia ( Balbi, 1823), designando a
classificação dos grupos humanos a partir das características linguísticas.
Só nos fins do século XIX as duas disciplinas se apresentam como duas fases complementares do
mesmo projecto, sendo a Etnografia a colecta de documentos e discrição e a etnologia sintetiza e
compara os dados fornecidos pelos etnógrafos.
A autonomia do campo das ciências sociais no século XIX, com o uso dos métodos, técnicas do
objecto, a etnologia nesta senda encontra o seu campo geográfico e social de abordagem que é o
estudo das sociedades não ocidentais, a partir dos descobrimentos e da conquista. Aqui apenas se
estudava o outro, primitivo o estudo não é abrangente a todas sociedades.
Com a cisão entre a colecta de dados e interpretação, para o contacto directo dos antropólogos com
os povos ditos primitivos como B. Malinowski, Fraz Boaz entre outros, que viviam bastante tempo
fazendo estudo minucioso acerca destes povos, isso fez com que o campo etnológico adquirisse
uma originalidade.
Onde o Etnólogo deixa de ser etnólogo do laboratório ou de escritório, a entrar em contacto com os
povos ditos primitivos, vivendo directamente com os povos, e valorizando todos os momentos,
todas actividades sem critica-las, e prestando também a atenção em todos aspecto da vivencia destes
povos, a religião, os mitos, as crenças, etc.
Por volta dos fins do século XIX ou inícios do século XX, a antropologia deixa de estar a serviço
exclusivo do imperialismo e do colonialismo passando a interessar se em estudar os povos de forma
muito interessante e não mais chama-los de agrafos, tendendo a uma nova metodologia, existindo
temas interessantes para o estudo das sociedades.
Já não são feitas as narrações de forma arbitrária, se estabelece um método que direcciona o estudo
dos povos, a emergência de tantas ciências como a psicologia, sociologia, psicanálise entre outra
contribuiu em grande medida para estudar e compreender estes povos.
Surge a necessidade de preservar as culturas não ocidentais temendo a extinção destas sociedades e
dai que o campo da antropologia cultural ficaria em crise, e o estudo passa a ter uma nova
roupagem diferente daquela antiga.
A heterogeneidade não é mais vista como acidental e desnecessária, mas sim como sendo uma
necessidade, onde não existe mais culturas inferiores ou superiores em relação as outras, mas se
exalta as diferenças culturais valorizando o multiculturalismo.
A antropologia conheceu varias fases de desenvolvimento, onde ganha diversas formas, tendo até
estado a serviço do colonialismo, explorando e pretendendo não aceitar a heterogeneidade ou até
Por: Mestre António V. Waya
pretendendo modificar os povos tido sem cultura. O seu desenvolvimento foi possível graças ao
desenvolvimento das ciências sociais e das ciências no geral, o que fez com que os etnólogos
saíssem dos gabinetes e efectuassem trabalhos de campos, vivendo e convivendo com os outros.
Para os evolucionistas os povos existentes no mundo deveriam pertencer a uma única civilização, a
ocidental, quer tanto no passado assim como no presente. Dai que o outro, diferente do ocidental
era visto em função da realidade ocidental, onde o ocidente ocupava naturalmente a última
etapa da evolução.
O grande e principal teórico do evolucionismo foi L. Morgan que dividiu a humanidade em três
fases Selvajaria, barbaria, civilização que dividiu cada fase em três partes também
John Lubbock que dividiu as fases de evolução em ateísmo, feiticismo, naturalismo, xamanismo,
antropomorfismo, deísmo.
A humanidade e uma só e que a diferença existente entre os povos observados e os europeus esta
apenas na questão de estado de desenvolvimento, implicaria a necessidade de explicar um certo
números de atitudes que a primeira vista parecem contraditórias, uma vez que os povos atrasados
representam o primeiro nível de evolução da humanidade e como e que se explicariam algumas
crenças, ai surge o animismo, teoria que explica uma diferença do corpo humano, uma espécie de
alma que também pode dizer respeito aos animais, as plantas e aos objectos, e esta teoria explicava
no quadro do evolucionismo a existência de crenças tão diferentes das existentes no mundo
ocidental.
Que significava que os povos ditos primitivos teriam tendência em hábitos que estavam interligados
com alma, onde as manifestações dos homens estavam ligadas a aspectos da irracionalidade, onde o
homem primitivo teria tendências injustificáveis dentre os seres racionais, dai se explicava que as
Por: Mestre António V. Waya
acções dos homens primitivos estavam distantes da racionalidade e que a missão dos ocidentais era
de fazer com esses homens que não tinham ainda experimentado a racionalidade ajudar a atingir.
Esta teoria defende que os elementos que constituem uma dada sociedade fossem recebidos de
outras sociedades. As sociedades difusoras são em pequenos números uma vez que criar seria difícil
que adoptar.
Culturalismo de R. Benedict
Por: Mestre António V. Waya
Culturalismo é uma teoria segundo a qual o indivíduo deve ser compreendido como um ser que
existe a partir de uma determinada cultura e que a cultura é determinada pelo indivíduo.
Cada pessoa é acima de tudo uma acomodação aos padrões de forma e de medida tradicionalmente
transmitidos na sua comunidade de geração em geração, onde o indivíduo desde que vem ao mundo
é moldado de acordo com os padrões existentes na sociedade onde ele faz parte.
E nesta relação é necessário fazer menção a psicologia do individuo, os costumes da sociedade para
R. Benedict tem como finalidade formar homens de vários tipos de acordo com a configuração
cultural da sociedade em que nasceram, em que existe dois tipos de culturas, as apolíneas e as
dionisíacas, as apolíneas trata-se de tipo equilibrado onde os individuo são educado para o respeito
da sensatez e da solidariedade enquanto que a dionisíaca os indivíduos são educados para
valorizarem a guerra, o individualismo, estas duas características mostram o aspecto psicológico da
cultura, que se pode encontrar na cultura. A personalidade é determinada pela cultura, onde também
a personalidade é bastante determinante na cultura. Na medida em que a cultura é transmitida de
geração em geração e o indivíduo pode optar em não aceitar o que lhe é transmitido, inventando a
sua forma de ser.
Funcionalismo
É uma corrente criada por Bronislaw Malinowski este que foi um dos etnólogos a considerar que os
etnólogos deviam abandonar os gabinetes, tendo sido um dos pioneiros no trabalho de campo.
Esta corrente vê a componente cultural de forma conjuntural em que surge como forma de
responder ou satisfazer as necessidades do homem, onde a questão cultural deve ser vista sob ponto
de vista funcional, onde uma determinada prática tem em vista a satisfação de uma necessidade do
Por: Mestre António V. Waya
homem. Onde existe questões culturais que surgem como forma de preservar a coesão entre pessoas
de determinado grupo, a magia, a religião, o saber, etc.
A noção de função é empregada enquanto relação entre um acto cultural e uma necessidade do
homem qualquer que seja a natureza da necessidade, onde encontramos de certa forma uma ligação
forte em relação a tudo que existe no plano social com a cultura, questões produtivas, normativas,
pedagógicas e políticas. Malinowski vai definir a função como sendo a relação entre um acto
cultural e uma necessidade, quando este procura satisfazer a necessidade.
Estruturalismo
O estruturalismo a realidade é explicada a partir do todo, uma vez que não pode se compreender a
realidade social a partir das partes, mas sim com um todo. Em que C. Levi-Strauss diz que para
compreender as realidades sociais há necessidade de se perceber a partir do Estado natural, no
sentido de que as questões sociais só podem ser percebidas a partir de questões biológicas que sem
elas não encontrávamos as relações sociais e não encontramos explicações precisas acerca do
aspecto social se tentarmos percebe-lo de forma isolada.
Por: Mestre António V. Waya
Onde as questões de proibições sociais tais como o incesto assim como a exogamia encontram seus
alicerces nas questões biológicas em que em relação ao incesto a proibição em que o pai se encontra
em relação a sua filha e em relação a sua irmã, faz com que exista algumas regras ou direitos
relacionados com os mecanismos pelos quais se pode instituir os casamentos com estes indivíduos
que ela não pode se relacionar. Dai que o estruturalismo é uma corrente sistémica em que só se
percebe as regras sociais ou a cultura em si a partir de todo sistema e não de forma isolada.
O estruturalismo é a relação existente nos signos existentes numa determinada sociedade, onde os
signos dessa determinada sociedade são partilhados e interpretados por todos que constituem uma
determinada, isto fazem parte da comunicação entre os homens. Onde a cultura é essencialmente
partilhada ou transmitida a partir da própria linguagem.
Nestes signos existentes numa determinada cultura são forma de comunicação entre os homens,
onde existe grande relação entre os significados e os significantes.
A corrente Marxista
Para Marx o individuo é aniquilado em favor do colectivo, aqui valoriza-se as questões ligadas ao
todo, não existe o individualismo, a história é que determina a vida dos indivíduos em que tudo já
esta predeterminado na vida dos homens.
Esta corrente está ligada a antropologia económica, onde as formas de produção afectam as relações
sociais, influenciando em grande medida a situação sócio cultural dos indivíduos. A ideologia
Marxista foi adoptada pelos socialistas, democratas entre outros, esta corrente que foi se alastrando
como sendo uma corrente cultural caracterizando a forma de vivencia dos indivíduos, onde na sua
conjuntura o marxismo pretende que se aniquile a família em favor do colectivo.
Por: Mestre António V. Waya
Existe muitos aspectos que estão ligados a produção as relações que existem entre o explorador e o
explorado em que na relação de produção o explorado trabalha para o seu senhor como forma de
fazer com que a sua vida seja preservada enquanto o explorador usa a mão -de -obra do explorado
para o seu enriquecimento sem nenhum custo, nas relações de produção existe também uma relação
entre indivíduos livres, estes que se encontram numa condições igualitária não existe nenhuma
situação de dominação. Basicamente o comunismo é a oposição que pode se estabelecer entre ele
com o capitalismo, onde os comunistas acreditam que o capitalismo impulsiona a dominação entre
os homens.
Exercício de Aplicação
O conceito cultura tem múltiplas aplicações e foi usado em diferentes épocas e sentidos desde as
físicas as sociais. Na antropologia o seu significado conheceu várias significações. Tais definições
variam de teórico para teórico, onde Herskovits define como sento a parte do meio produzido pelo
meio, Levi-Strauss a definiu como sendo a oposição que existe entre o homem e o animal, a
oposição que existe entre o homem e a natureza e encontramos uma definição muito abrangente de
Edward Tylor que é considerada definição clássica, segundo este a cultura é complexo unitário que
inclui o conhecimento, crença, arte, a moral, as leis e todas as outra capacidades e hábitos
adquiridos pelo homem como membro da sociedade.
A cultura é um produto da actividade mental do homem, esta é diferente da actividade animal pela
sua codificação dentro de um grupo social ajuda o homem a reflectir, ela é transmitida de geração
em geração, por um processo de socialização, com agentes e instituições bem identificados.
A cultura surge na idade da pedra antiga. Onde as condições naturais e as mudanças climáticas
favoreceram ao surgimento da cultura do homem, a luta pela sobrevivência fizeram com que o
homem adoptasse uma nova forma de vida e que a mesma foi transmitida do mais velho ao mais
novo. A cultura surge quando o homem passa a ter capacidade e consciência de transformar a
natureza em seu favor. A cultura surge no momento em que o homem passa a ser sedentária, onde a
cultura surge sobretudo quando o homem já passa a usar instrumentos sofisticados, onde o homem
deixa de ser nómada passando a ser sedentário. A cultura é condicionada pelo clima e o meio
ambiente. A cultura é observável a partir das condições ecológicas duma determinada comunidade e
Por: Mestre António V. Waya
No primeiro estágio do seu desenvolvimento o homem era recolector, vivia de caça e da recolecção,
dependendo essencialmente da natureza. Pois quando as condições climatéricas não favorecem os
homens se recolhem e procuram outro sítio favorável para habitar, nesta fase o trabalho era dividido
a partir de faixas etárias.
Mas com o tempo o homem deixa de depender essencialmente da natureza, passando a ser
sedentário, a praticar a agricultura e a pastorícia o excelente produzido já entrava no comércio,
neste fase passa a existir noção de parentesco entre os membros duma comunidade e este
desenvolvimento foi seguido pelas cerimónias magico-religiosas.
Factores da cultura
Anthropos- ou homem na sua realidade individual contribui no aspecto cultural, como ser biológico
e social. O Homem nos seus primeiros dias de vida é ensinado a viver de acordo com a sociedade
em que ele estiver inserido. Este homem nesta aprendizagem não é passivo, ele contribui para a
alteração de hábitos e costumes duma na medida em que este é o fazedor da cultura e a sua
evolução depende da negação e rejeição que o homem vai fazendo da sua cultura e nessa negação
vai influenciar o todo da sociedade em aderir em tais hábitos fazendo evoluir a cultura.
Por: Mestre António V. Waya
A sociedade {Ethnos}, a cultura resulta num processo grupal, onde as acções dos indivíduos
ganham significado se elas estiverem inseridas na comunidade. Sendo através da sociedade que
surge a cultura a partir da interacção que existe entre os indivíduos, na medida em que as leis, a
conduta, os hábitos, crenças numa sociedade só vão surgindo tendo em conta uma sociedade.
O ambiente {Oikos}, o espaço em que os indivíduos estiverem inseridos vai influenciar as suas
actividades, a invenção dos seus valores, crenças, hábitos, etc, estes que passara dessa forma a
fazerem parte indispensável da sua convivência.
O tempo {Chronos}, a cultura vai ser também ser condicionada pelos aspectos relativos ao tempo,
estes que vão fazer com que aspectos duma cultura sejam remodelados ou mudados. Em relação ao
tempo encontramos a influência que este exerce no meio ambiente e a mudança do meio que é
provocado pelas condições temporais vão fazer com que aspectos chaves da cultura sejam
modificados de modo a coadunar com o tempo. Existe também a influencia que o tempo
cronológico exerce na cultura, este aspecto tem a ver com a própria dinâmica do tempo, podendo
também encontrar se aspectos relacionados com o tempo social, este que é referente a passagem de
um grupo etário de uma categoria para a outra.
Estes factores da cultura vão interagindo entre eles condicionando a dinâmica cultural, onde o
anthropos interage com o ethnos e o oikos interage com o chronos, e essas interacções vão se
conjugado ao todo condiciona a evolução d cultura.
Cultura e sociedade
Por: Mestre António V. Waya
Simbólico
Cultura material é tudo relacionado com os símbolos, todos significados simbólicos que identificam
uma comunidade os artefactos tudo que é produto da própria cultura {os artefactos da cultura}. A
própria relação homem e o ambiente. O que o povo mais valoriza pois está a sua volta, o homem é
produtor e portador.
A cultura é uma transmissão ou difusão, ela não é geneticamente adquirida, só se adquire depois de
nascimento, na convivência familiar e no contacto estabelecido na convivência social. Sendo que as
Por: Mestre António V. Waya
pessoas são moldadas pela cultura a partir da casa{família}, onde se ensina as crianças de acordo
com o que é aceite numa determinada sociedade ou comunidade.
A cultura que é hábitos, costumes, conhecimentos, arte, crenças etc. São condicionados por
questões ecológicas, as condições climatéricas de um determinado espaço geográfico.
Cultura imaterial
A diversidade cultural
A cultura é transmitida de geração para geração, dos membros mais velhos da sociedade para os
mais novos, a partir de um processo educativo por meio da convivência, das actividades e
realizações do quotidiano sendo uma educação informal e a este processo chama se de enculturação
ou endoculturação.
Na cultura encontramos também o processo de aculturação um processo pelo qual se introduz numa
cultura de uma dada etnia elementos de uma outra cultura, fazendo dessa forma uma comunicação
entre elementos da cultura original com elementos da cultura que está se introduzindo, neste estagio
não estão completamente perdidos os valores e crenças originais.
em desuso, por não resolverem mais as situações do momento, e o processo que desculturação
quando ocorre a partir do interior é lento e imperceptível.
Globalização acontece com o nível em que o mundo se apresenta em relação a acesso a informação,
a rápida propagação da informação a comunicação e interacção rápida que existe entre o mundo no
seu todo, removendo dessa forma as barreiras fronteiriças e, e com essa rápida comunicação existe
o intercambio cultural que se verifica através da convivência entre as tantas culturas no mesmo
espaço, em que este processo de globalização deu inicio com as primeiras viagens dos europeus
situado no século XVI. Neste processo são observado elementos culturais difundidos, podemos
apontar na arena política a administração ou a governação ocorre através da democracia em quase
todo mundo, se implantando o espírito multipartidário, que era na antiguidade cultura ocidental.
O parentesco pode ser dividido em dois níveis, no sentido amplo e no sentido restrito. No sentido
amplo significando a inclusão das relações afins que surgem por matrimónio ou casamento e as de
laços de sangue, podendo encontra três tipos de parentesco: laços de sangue {descendência}, laços
de afinidade {casamento ou matrimónio} e laços fictícios {adopção}. E no sentido restrito refere-se
apenas aos laços de sangue, de consanguinidade.
Descendência refere-se aos laços ou relações do indivíduo com seus parentes de sangue, e o critério
da descendência é biológico, mas estão também incluídos elementos culturais. Encontramos na
descendência a bilateral esta que considera como ancestrais do indivíduo tantos parentes paternos
assim como os maternos, o que caracteriza as sociedades modernas.
Por: Mestre António V. Waya
Descendência unilinear dupla trata se de sociedade onde não se considera a descendência pelas
duas linhas, paterna e materna, onde mesmo aceitando a descendência unilinear, fazem de modo a
reconhece-la patrilinear para certos propósitos e exclusivamente matrilinear para outros propósitos.
Podendo se dar o exemplo clássico dos yako da Nigéria oriental, onde a descendência matrilinear
tem importância adicional. A terra sendo propriedade das patrilinhagens, sendo que os agnatos é
que são agrupados nos diferentes distritos de uma aldeia yako, enquanto que os bens imóveis são
herdados pela parte feminina e esta fica responsabilizada em saldar as dividas e também é
responsáveis pelas cerimonias fúnebres.
Pai e Genitor
Genitor se refere ao pai biológico e Pai se refere ao pai social, este que é reconhecido socialmente,
tendo muito a ver com questões culturais, onde as posições sociais são fruto do aprendizado
cultural, sendo que nas sociedades matrilineares, o pai biológico não tem um reconhecimento, só
desempenha o papel de genitor, e que as responsabilidades em relação aos descendentes são
exercidas pelo tio paterno e nas patrilineares a mãe biológica não desempenha o papel de elemento
na linhagem.
Em que os sistemas descritivos são aqueles em que se usa os termos diferentes par designar cada
parente, frequentemente em linha direta de um descendente, tal como pai e mãe. E classificatórias
são aqueles em que se usa um único termo para designar uma classe ou um grupo de pessoas,
podendo se nomear de pai ao pai assim como aos irmãos do pai {os irmãos do pai ganharem o
mesmo termo que o pai ganha em relação aos seus descendentes}. As terminologias classificatórias
são mais acentuadas nas sociedades não ocidentais, enquanto que as descritivas são mais frequentes
nas sociedades ocidentais.
Clã e gens
Vide Luís Gonzaga Melo, Antropologia Cultural pag 315-339, Jean Copans, Antropologia ciência
das Sociedades primitivas? pag 45-90.
Há necessidade de indicar uma ponte de referencia no estudo de parentesco que ganha o nome de
Ego, que será este que servirá de base no estabelecimento de relações de parentesco entre membro
duma família ou entre familiares, existindo para ele parentes paternos e maternos. Existe um
tratamento em relação aos seus primos, estes que são filhos dos irmãos dos seus pais. Onde os
filhos dos irmãos do mesmo sexo que os seus pais são tidos como primos paralelos e os do sexo
oposto são designados de primos cruzados
No pais podemos encontrar a realidade semelhante a o que acontece em todo mundo, que segue a
questão biológico, mas que não esta alheia a questão cultural, onde esta vai determinar as
responsabilidade em relação aos filhos, em que o parentesco no sul e centro do país encontramos a
consideração de clã patrilinear, significando que os filhos são responsabilidades dos parentes
paternos, o consenso é observado através da reunião de parentes paternos, significando que a
descendência ou a linhagem que se observa é a aquela que tem como base a ligação através do
homem, que se chama agnata ou agnatica, em que o genitor, que é o pai biologico, desenpenha e é
reconhecida igualmente esta tarefa sob ponto de vista social, em que abundantemente se não no seu
todo, os patrelineares abunda a realização de lobolo, que uma cerimonia tradicional, que tem como
fim a entrega de um dote à família da noiva. E a realização desta cerimonia varia de uma etnia a
outra, em que para os chaganas até uma determinada altura o dote chegava até ser um
elevadíssimo número de de cabeças de gado bovino, o que tem vindo a reduzir, sendo uma das
razões a não abudância naquela região do gado bovino, e também pode ser pelo crescente exodo
rural.
Por: Mestre António V. Waya
No norte do pais e em algumas redondezas do centro do país os laços consideráveis são os laços
tendo a mulher como elo de ligação, aqui a responsabilidade pelos filhos e por todos assuntos da
vida social, a fixação da residência é confiada aos parentes maternos, em que no momento do
casamento quem passa para a casa dos sogro é o genro, residindo lá até ganhar uma autonomia para
fixar a sua residência num espaço concedidos pelos país da sua esposa. A responsabilidade em
relação aos filhos do casal é confiada ao tio materno.
Exercicios
1. Rui nasceu na cidade da Beira numa familia humilde constituida por cinco (5) (elemento)
pessoas seus pais e suas duas irmãs a uma das suas irmãs (Aimem) casou-se em Chibabava com
Afonso e teve três (3) duas meninas (Ruth e Elisa) um rapaz (Abel).
Rui casou-se com Rafina e tiveram quatro filhos, uma menina e três rapazes; seu pai teve três
irmaos um homem (Aberson) que casou-se com Rebecca e teve três filhos, um rapaz e duas
raparigas, as duas irmãs do pai (Aida e Aide) casaram Aida no Chimoio com Christian e a Aide
em Mafambisse com Robem ambas tiveram três filhos duas meninas e um rapaz. O filho de
Aide casou-se em Chidenguele com Sarah e tiveram três filhos (dois homens e uma mulher). A
sua mãe nasceu num universo de cinco irmãos (dois irmãos e duas irmãs), uma irmã (Adélia)
casou-se em Magoanine na cidade de Maputo com Fuel e tiveram quatro filhos duas raparigas e
dois rapaz, um dos rapazes Ruelson casou-se com Rosita e teve dois filhos homens, um dos
irmãos da mãe Raul casou-se com Rael e teve três filhos uma menina e dois rapazes, um dos
rapazes casou-se com Ana e teve três filhos dois homens e uma mulher.
a) Apresente a arvore geneológica do texto acima.
Por: Mestre António V. Waya
2. O senhor Mahlatine nasceu em Djuvukaze nas margens do rio Lipompo no distrito de Xai-Xai
na provincia de Gaza, seus pais Machacaile e Xiluva que tiveram três filhos duas mulheres
(Xigunwane e Alida), onde Alida casou-se com Djoissa e tiveram quatro filhos, tendo Ananiais
e Abel nascido no mesmo dia, e as outras irmãs Aissa e Ruth. O seu pai nasceu no universo de
cinco irmãos que só teve um irmão homem, chicurupate que casou se com Aventina e tiveram
duas meninas e uma das irmãs do pai, Atália casou se com Alberto e tiveram três filhos, dois
deles homens. Mahlatine casou se com Nyelete e tiveram quatro filhos dois deles homens, sua
mãe teve quatro irmãos dois deles homens e duas mulheres, onde a Ada casou se com Filimone
e tiveram três filhos, dois deles homens, e o seu irmão Arone casou se com Sophie e tiveram
quatro filhos três deles mulheres, seus avos paternos Mahungo e Ana e maternos Ruben e
Zabela ambos tiveram três irmãos, nesse universo de irmãos dos avos os seus avos foram os
únicos não estéris.
a) Apresente a àrvore genealógica do testo acima.
b) Apresente os primos paralelos e cruzados ao Ego.
Por: Mestre António V. Waya
Surge como forma de criar uma ordem na sociedade, onde Rousseau vai considerar a família como
sendo o primeiro modelo de sociedade política, pois é através da família que são educados os
indivíduos antes da sua inserção no meio social. Na composição familiar encontramos laços de
consanguinidade e laços de afinidade e em alguns momentos podemos encontrar os laços fictícios
ou por adoção, mas há que ressaltar que a família é movida e originada por laços de afinidade, pois
é a partir da união entre homem e mulher que partindo dessa relação podem surgir filhos.
O conceito família em alguns casos é considerado de clã, e alguns consideram como sendo a
unidade social menor ligada aos laços de consanguinidade, afinidade e adopção, o termo família
pode ser visto em comparação com o termo parentesco, o de família sendo usado para estudar as
sociedade de larga escala e parentesco as sociedades de menor escala, as sociedade ditas primitivas.
Falar de família abarca relações de consanguinidade e sobretudo as ralações de afinidade, estas que
são mais significativas no tratamento deste assunto, na medida em que os laços que são razões de
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contacto e mais próximas neste tipos de sociedades são fruto de afinidade, onde numa união entre
dois conjugues não só se unem os dois, esta união implica em unir os dois grupos de duas famílias
se perpetuando desta forma os laços de familiaridade.
Família pode significar um grupo composto por pais e filhos, linhagem patrilinear ou matrilinear,
um grupo cognatico, que reconhecem ter descendido do mesmo antepassado seja homens ou
mulheres e grupos de parentes e descendentes. Existindo família nuclear aquela que é composta por
mãe, pai e filhos tantos filhos legítimos assim como adoptivos e na união de tantas famílias
nucleares teríamos família extensiva.
Quando jovens se unem constituem família e novas regras vão ocorrer a partir dessa relação, onde
em muitos caso as raparigas mudam de religião, encontram novas leis ao se unirem a nova
sociedade, dai resultando a adoção ao novo apelido deixando de pertencer a sua família original,
onde essas formas de união diferem de região para região, existindo vários tipos de união
matrimonial:
Casamentos preferenciais, estes que ocorrem a partir de pressupostos económicos, onde se deseja
que uma filha ou um filho se case com alguém de um determinado status social, como em alguns
casos associados a endogamia.
Casamentos prescritos são aqueles em que as pessoas ao nascer já estão comprometidas com outros,
e podendo ocorrer o casamento antecipado, existindo dois tipos de casamentos prescritos na
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Existe também casamento por compra da noiva, onde o pai compra uma esposa para o seu filho, em
que este tipo de casamento ocorre mediante o pagamento de um dote ao pai da noiva, acontecendo
isso com frequência em sociedade de pequena escala, onde as mulheres têm realizado grandemente
os trabalhos agrícolas, isso pode ser característica semelhante a uma dada altura principalmente na
Idade Media na europa em que os casamentos aconteciam mediante ao pagamento de dotes para à
família do noivo. A herança de esposas, trata de costumes de o filho herdar as esposas do pai, à
exceção da própria mãe, isto foi encontrado entre os Mongois por Marco Polo e existe vestígios
disso nos araucanos do chile. Nos casamentos por herança existe o levirato de (levir, que em latim
significa cunhado), consistindo em um individuo esposar a viúva do seu irmão e a outra forma de
casamento por herança é o sororato que é o viúvo casar com irmã mais nova da esposa falecida.
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Monogamia encontramos como sendo a existência de uma união entre uma mulher e um homem,
que de esta união encontramos a existência de filhos, em alguns casos encontramos enteados que
surgem do segundo casamento em casos de separação ou em falecimento de uma das partes unidas.
Poligamia encontramos um homem com varias esposas, isto em algumas sociedades está associado
ao poder, em que se considera homem que tenha várias esposas seja sinónimos de poder.
Poliandria, encontramos em algumas sociedades apesar de serem casos muitos raros de acontecer
como sendo a união de vários homens com uma única esposa.
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Destas três formas, os cultos dos antepassados e das forças da natureza são traços
característicos principais do animismo. Para a animismo, não há morte. O que há é
transferência de residência. Os mortos ainda agem a favor e contra os vivos. Eles
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estão próximos destes. Os mortos zangam-se e quando tal, devem ser babados
pelos sacrifícios apropriados.