Inadimplencia

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TEMA: Gestão de valores a receber

1. INDIMPLÊNCIA

1.1 Conceito

Adimplir com um compromisso é atender ou cumprir com o acordado


previamente enquanto que ao contrário, não cumprimento de determinado acordo ou
parte de um negócio torna-se uma inadimplência.
A definição de inadimplência segundo dicionário da Língua Portuguesa é:
“Descumprimento de uma obrigação previamente acordada, especialmente relacionada
com a falta de pagamento de uma dívida. ” [INADIMPLÊNCIA]. In: DICIO, Dicionário
Online de Português.
Obviamente, a adimplência é fundamental para que se mantenha o giro de
capital no mercado, gerando maior flexibilização nos prazos e melhores condições na
política de crédito. Embora fundamental para a economia nem sempre é possível
manter-se adimplente e, por este motivo a lei e doutrina brasileiras estabelecem
diretrizes havendo inadimplência.
O artigo 389 do Código Civil de 2002 estabelece:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por


perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.

Nota-se que o artigo supracitado trata do inadimplemento total e absoluto onde


a obrigação não foi cumprida e, será atualizada com juros e multas e como
consequência ressarcimento dos danos causados pelo não cumprimento desse acordo.
Ressalta-se que as correções e indenizações permitidas pelo Código Civil não são meios
de enriquecimento do credor, mas, um meio de evitar que ocorra a inadimplência assim
como de evitar a desvalorização da moeda pela inflação.
Segundo Sandroni (2001, p.293) “falta de cumprimento das cláusulas
contratuais em determinado prazo. Além de permanecer em débito, a parte inadimplente
fica sujeita ao pagamento de juros de mora, multa contratual e outros encargos”.
E, embora os devedores busquem descontos em seus valores inadimplentes e
até mesmo isenção destes encargos, é importante que os credores se mantenham firme
pois dispensar os encargos além de premiar o devedor e punir quem paga em dia, pode
gerar certa segurança ao consumidor para que volte à inadimplir na certeza de não
haverá penalidades.

1.2 Importância

Para Santos (2003, p. 15) “crédito, em finanças, é definido como a modalidade


de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre
empresas e clientes”.
Trabalhar com concessão de crédito permite ampliar a carteira de clientes,
aumentar o fluxo de vendas e rentabilidade e rotatividade do negócio. Contudo, ao abrir
esta possibilidade de negociação, também se corre o risco de possuir inadimplentes.
O cliente ao realizar uma compra de produtos ou serviços a prazo, a empresa
está concedendo crédito no qual pode ocasionar o não recebimento desta compra de
serviços ou produto.
O site do manual sobre inadimplência do SEBRAE-SP (2008, p. 02) expõem
que, inicialmente devemos verificar alguns fatores que levam os consumidores à
inadimplência como, por exemplo: dificuldades financeiras pessoais, que impossibilitam
o cumprimento de suas obrigações; desemprego; falta de controle nos gastos; compras
para terceiros; atraso de salário; comprometimento de renda com outras despesas;
redução de renda; doenças; uso do dinheiro com outras compras e má fé.
As causas da inadimplência se agravam em épocas de crise, por isso é
importante conhecê-la bem para saber como administrá-la (MANUAL SEBRAE-
SP,2008, p. 03).
Segundo Trento (2009, p. 63) “A função financeira de crédito é a
administração de ativos com a disposição de assumir riscos, visando obter o melhor
resultado possível”.
De acordo com Silva (1998, p. 54):

Cada vez que um banco concede um empréstimo ou um


financiamento está assumindo o risco de não receber, ou seja, o
cliente pode não cumprir a promessa de pagamento. As razões
que levam o cliente ao não cumprimento da promessa podem
estar relacionadas ao seu caráter, a sua capacidade de gerir os
negócios, aos fatores externos adversos ou a sua incapacidade de
gerar caixa. Mesmo a garantia não devendo ser o fator decisivo
para concessão do empréstimo ou de um financiamento, alguns
tipos de operações devem ser respaldadas por garantias que
equilibrem e compensem as fraquezas relacionadas ás demais
variáveis implícitas no risco de crédito.

O crédito é um facilitador da venda e usado adequadamente como instrumento


de gerenciamento de consumo facilitando às transações de bens e consumo.

1.3 Influência no capital de giro

O comércio brasileiro, assim como à prestação de serviços, sofre diariamente


com consumidores inadimplentes, embora o setor industrial também seja atingido, o
fluxo de capital de giro de grandes empresas permite maior tempo de sobrevivência
econômica assim como melhores condições de negociações e parcelamentos de débitos
para adimplementos de credores.
Para empresas com menor capital de giro ou prestadores, onde basicamente
dependem do adimplemento de um cliente para dar seguimento ao negócio ou até
mesmo pagamento de fornecedores, quando ocorre a inadimplência de um contrato o
risco de iniciar uma cadeia de inadimplência é maior.
Segundo Assaf Neto e Silva (2010, p. 15), “o capital de giro representa os
recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais. ”
A composição do capital de giro se dá com recursos do ciclo de curto prazo –
que podem ser recuperados e reutilizados em um próximo ciclo de investimento.
Para manter o equilíbrio financeiro é preciso manter um certo nível de capital
de giro e, analisar como e para quem realizar concessões de crédito afetam o
investimento necessário em contas a receber.

1.4 Ferramentas que auxiliam nas inadimplências

Segundo Trento (2009) diz que “Para lidar com a inadimplência, é preciso
antes conhecê-la bem, sabendo quais os fatores que a ocasionaram. A partir daí, deve-se
utilizar práticas preventivas, podendo desta forma controlá-la”.
A inadimplência por sua vez de acordo com Trento (2009, p. 59) “decorre da
concessão de crédito à pessoa insolvente e que já está sem disponibilidade financeira
para fazer frente às suas dívidas vencidas, vincendas e futuras. ”
O autor descreve que a análise de crédito é fundamental, pois a situação do
solicitante de empréstimo será identificada mais facilmente.
Assim Trento (2009, p. 59), aponta algumas políticas para amenizar a
inadimplência “Para eliminar esta ocorrência, deverão existir políticas claras de
concessão de crédito, limites aos clientes, delegação de poderes às pessoas experientes e
treinamento de pessoal”.
Evidentemente para Schrickel (2000) a análise de crédito é uma habilidade de
tomada de decisões em meio a incertezas e informações que podem ocorrer mudanças.
O risco sempre estará presente em empréstimos seja eles de curto, médio ou
longo prazo, segundo Schrickel (2000, p.45).
Existem, entre os doutrinadores, algumas regras preventivas, ações que podem
auxiliar na análise de concessão do crédito com intuito de reduzir ou minimizar os
riscos da inadimplência.
Em destaque são 3 regras básicas em destaque:
1º) exigir a apresentação de documentos pessoais: RG, CPF/CNPJ, Impostos de
renda, comprovantes de endereço e referências comerciais/pessoais que possam
confirmar as informações.
2º) realizar consultas aos órgãos de Proteção do Consumidor, Serasa e
consultas de cheques;
3º) priorizar recebimentos com cartões de crédito e débito;
E, em casos de inadimplências, o credor deve agir rápido, através de um
sistema de cobrança próprio ou terceirizado, que irá buscar o contato constante e diário
com o devedor, aplicado às penalidades que a legislação permite.
Importante, destacar neste momento que cobrar é um ato delicado e deve ser
realizado dentro dos parâmetros legais permitidos. O Código de Defesa do Consumidor
(CDC) define os parâmetros que devem ser seguidos para que o consumidor
inadimplente não se sinta constrangido.
O art. 42 do Código de Defesa do Consumidor estabelece que, na cobrança de
dívidas, o consumidor inadimplente não poderá ser exposto a ridículo nem submetido a
qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Esclarece ainda que, apenas o devedor inadimplente e as pessoas que garantam
a dívida (avalistas, fiadores, por exemplo) poderão ser cobrados. Os familiares do
consumidor não deverão ser importunados, a menos para fornecer, excepcionalmente,
informações acerca do local onde ele possa ser encontrado.
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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