7-Análise Granulométrica

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MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS

1. Princípios da análise granulométrica

1.1. Objetivos

Como mostra a figura abaixo, um solo compõe-se de partículas de várias formas,


tamanhos e quantidades. A análise granulométrica divide essas partículas em grupos pe-
las suas dimensões (frações de solo) e determina suas proporções relativas ao peso total
da amostra.
A análise granulométrica é o ensaio básico de laboratório, necessário à identifica-
ção de um solo, pelos sistemas de classificação adotados na engenharia de solos.

1.2 Frações de solo


A grande maioria dos sistemas de classificação dos solos divide as partículas sóli-
das, com base nas suas dimensões, nas seguintes categorias - matacão, pedra, pedregu-
lho, areia, silte e argila, com a opção de dividir a areia em grossa, média e fina.
Na figura seguinte, estão representadas as frações de solo adotadas por alguns
sistemas de classificação de solos e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas -
ABNT.

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ABNT areia
NBR 6502 argila silte
fina média grossa
pedregulho pedra matacão
(1995)
0,002 0,06 0,2 0,6 2 60 200

areia pedregulho
USCS finos (argila + silte) pedra matacão
fina média grossa fino grosso
0,075 0,425 2 4,75 19 75 300

areia
AASHTO argila silte pedregulho matacão
fina grossa
0,005 0,075 0,425 2 75

areia
ASTM argila silte pedregulho pedra matacão
fina média grossa
0,005 0,075 0,425 2 4,75 75 300

Diâmetro do grão (mm)

Constata-se que as partículas podem apresentar dimensões superiores a 200 mm


ou serem menores do que 0,002 mm. A relação entre esses extremos é de 105.
À medida que a dimensão D diminui, o número de partículas contidas na unidade de

massa aumenta proporcionalmente a 1/D3 e sua massa individual diminui na mesma re-

lação.
Outra distinção entre as partículas finas e grossas está no valor da grandeza de-
nominada superfície específica que expressa a área superficial total das partículas por
unidade de massa. Admitindo como esféricas as partículas de solo, a superfície caracte-
rística de uma areia fina é 0,03 m 2/g, enquanto as das argilas minerais caolinita e mont-

morilonita são 10 e 1000 m2/g, respectivamente. Essa propriedade influencia largamente


a interação entre as partículas de solo. Assim, enquanto nas areias predominam as for-
ças gravitacionais, nas partículas de argila, pela elevada superfície específica, atuam,
predominantemente, as forças eletrostáticas responsáveis pela interação de uma partícu-
la com outra e com o fluido que a cerca.

1.3 Curva de distribuição granulométrica


Os solos naturais são uma mistura de partículas que não se enquadram somente
em um intervalo ou fração de solo, podendo cobrir duas ou mais categorias. Então, para
representar-se a distribuição dos grãos pelas várias categorias recorre-se, geralmente, a
uma distribuição estatística acumulada.

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A curva de distribuição granulométrica é traçada marcando-se a percentagem de


material com dimensões menores do que uma determinada dimensão, versus essa di-
mensão de partícula, numa escala logarítmica.
CLASSIFICAÇÃO DAS FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS
A figura abaixo mostra uma curva
(ABNT típica de /distribuição
NBR 6502 95) granulométrica. Os valores
marcados são sempre crescentes, pois se trata de uma curva acumulada.

Areia
Argila Silte Pedregulho Pedra
Fina Média Grossa
0,002 0,06 0,2 0,6 2,0 60

Lançando-se a curva junto a uma escala padronizada, pode-se, de imediato, obter


informações sobre as características granulométricas do solo.
 a posição da curva na escala indica tratar-se de um solo de granulação grossa
ou de granulação fina;
 a alta declividade, o achatamento e a forma geral da curva informam sobre a
distribuição dos grãos pelos diversos diâmetros.

Os solos granulares, como as areias e pedregulhos, podem ser classificados pela


curva de distribuição granulométrica, inferindo-se daí as suas propriedades de engenha-
ria.
As informações completas sobre a classificação dos solos serão objeto de outra
unidade deste curso. Entretanto, será apresentada a seguir uma classificação aplicada às
areias e pedregulhos, decorrente de suas composições granulométricas, onde se definem
três tipos principais, representados na figura seguinte.

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Solos uniformes - Nos solos uniformes (curva A), a maioria dos grãos possui,
aproximadamente, a mesma dimensão. A curva apresenta alta declividade, aproximando-
se da vertical.
A uniformidade dos solos é caracterizada pelo coeficiente de uniformidade Cu

D60
Cu  onde: D60 - diâmetro do grão correspondente a 60%
D10
mais fino
D10 - diâmetro do grão correspondente a 10%
mais fino. Esse valor é denominado diâme-
tro efetivo.

Cu representa a inclinação média da curva entre 10 e 60%, e o valor máximo que


pode assumir é igual a 1, correspondente a um solo perfeitamente uniforme, com todas
as partículas iguais.

Solos bem graduados - Nos solos bem graduados (curva B), as dimensões das
partículas abrangem uma extensa faixa de valores, a curva granulométrica é suave apre-
sentando uma concavidade típica dos materiais bem graduados.
A distribuição granulométrica pode ser caracterizada pela sua curvatura, ou mais
especificamente, pelo coeficiente de curvatura Cc

2
D30
Cc  onde: D30 - diâmetro do grão correspondente a 30%
D10  D60
mais fino

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Por definição, os pedregulhos e as areias são considerados bem graduados quan-


do:
pedregulhos Cu > 4 e 1 < Cc < 3
areias Cu > 6 e 1 < Cc < 3

Solos mal graduados - O termo mal graduado aplica-se a qualquer solo que não
se enquadre como bem graduado, inclusive aos solos uniformes. Nos solos mal gradua-
dos faltam partículas com certas dimensões e suas curvas granulométricas apresentam
trechos quase horizontais (curva C).
As propriedades dos solos não dependem somente das dimensões das partículas,
mas também de outros fatores tais como a composição mineralógica, estrutura e história
geológica. Nas argilas, A plasticidade e a consistência controlam muito mais o comporta-
mento mecânico das argilas do que a distribuição granulométrica; por isso, os ensaios
dos limites de Atterberg fornecem informações, mais significativas, para a classificação e
a previsão do comportamento dos solos finos do que as obtidas nas análises granulomé-
tricas.

1.4 Aplicações da análise granulométrica na prática da engenha-


ria

Na prática da engenharia geotécnica, os resultados das análises granulométricas


dos solos são importantes na solução de várias situações:

Seleção de material para aterro: os solos empregados na construção de aterros


e barragens de terra devem estar dentro de determinados limites, definidos pelas curvas
de distribuição granulométrica. As várias zonas de uma barragem de terra, por exemplo,
tem diferentes características granulométricas.

Materiais para pavimentos rodoviários: cada camada de um pavimento rodoviá-


rio ou de aeroportos deve atender a uma granulometria especificada para que se obtenha
uma fundação mecanicamente estável.

Materiais para filtros: as especificações para a granulometria de uma camada de


filtro estão relacionadas, de certo modo, à composição do terreno adjacente ou da próxi-
ma camada de filtro. Essas especificações, conhecidas como critérios para filtros, evitam

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que as pequenas partículas, carregadas pelas forças de percolação, ocupem os vazios


entre as partículas maiores.

Drenagem do terreno: as características de drenagem de um terreno depende da


proporção de finos ( partículas com dimensões de siltes e argilas ) presente no solo.

Injeção no terreno: o tratamento do terreno com calda de cimento ou produtos


químicos consiste na injeção, de líquidos com características mecânicas ou químicas
predefinidas, nos vazios do solo para diminuir a permeabilidade do terreno ou melhorar
suas propriedades mecânicas. A escolha do processo de injeção e o volume de terreno
que poderá ser empregado depende, principalmente, da distribuição granulométrica dos
solos.

1.5 Tipos de análise granulométrica

Há dois processos distintos para a obtenção da distribuição granulométrica dos so-


los:

 análise granulométrica por peneiramento

 análise granulométrica por sedimentação

O peneiramento é empregado para partículas com dimensões das areias e pedre-


gulhos (solos grossos com grãos maiores do que 75 m), enquanto a sedimentação (aná-
lise com densímetro x ou pipeta) é usada nos solos mais finos.

As análises por peneiramento e sedimentação são combinadas para definir a com-


posição granulométrica dos solos que possuem grãos finos e grossos.

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2. Análise granulométrica por peneiramento

A análise por peneiramento aplica-se a solos contendo pequena quantidade de


material passando na peneira no 200, desde que não haja interesse em se conhecer a
distribuição granulométrica da porção da amostra que passa naquela peneira.

O processo consiste em passar a amostra através de um conjunto de peneiras


empilhadas em ordem decrescente da abertura da malha, e pesar o material retido em
cada peneira.

No Brasil, existem os seguintes documentos normativos referentes à análise gra-


nulométrica por peneiramento:

DNER-ME 080-94 Solos – Análise granulométrica de solos por peneiramento

ABNT EB-22/88 – Peneiras para ensaio

2.1 Material empregado

 Conjunto de peneiras dentro dos pa-


drões das normas brasileiras, constituídas
de malhas de aço e aberturas variando de
50 mm a 0,075 mm, incluindo ainda o fundo
e a tampa. Algumas peneiras são identifica-
das por números. Da série de peneiras, in-
dicada na norma deste ensaio, seleciona-se
aquelas cuja abertura cubra o intervalo das
dimensões das partículas presentes na
amostra ensaiada.

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A abertura das peneiras, segundo as normas brasileiras, está


mostrada no quadro ao lado.

 Agitador de peneiras com dispositivo para fixação desde


uma até seis peneiras, inclusive tampa e fundo;

 Balanças que permitam pesar:


 200 g com sensibilidade de 0,01 g
 1,0 kg com sensibilidade de 0,1 g
 5 kg com sensibilidade de 5 g

 Repartidor de amostras de 1,3 e 2,5 cm de abertura

 Almofariz e mão de gral recoberta de borracha, com capacidade de 5 kg de solo;

 Estufa capaz de manter a temperatura entre 105º a 110º C;

 Recipiente cilíndrico, aberto, com capacidade de 5 litros, munido de bico vertedor,


para desagregar a amostra de solo por lavagem;

 Escova metálica para limpeza das peneiras.

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2.2 Preparação da amostra

O material a ser ensaiado deve ser previamente seco ao ar, podendo-se usar re-
cursos de estufa ou lâmpada infravermelha, desde que a temperatura não exceda 60ºC.
Todos os torrões de solo devem ser desmanchados, por pressão dos dedos ou utilizando-
se o almofariz e a mão de gral.

A amostra a ser ensaiada deve ter um volume suficiente para representar o solo no
campo, mas reduzida o suficiente para não sobrecarregar as peneiras. A sobrecarga de
uma peneira resultará numa separação incompleta, acarretando erros no ensaio.

Assim, amostras muito grandes recebidas do campo, devem ser divididas em


amostras menores, por quarteamento, para preservar a distribuição granulométrica, em-
pregando-se nesta operação o separador de amostras.

Após o quarteamento, separa-se o material que vai ser peneirado, obedecendo-se


aos seguintes critérios:

 Solos argilosos ou siltosos 1 500 g

 Solos arenosos 2 000 g

Para a determinação da umidade higroscópica, separa-se 50g do material restan-


te.

2.2.1 Determinação da umidade higroscópica

A umidade higroscópica é o teor de umidade dos solos secos ao ar e sua determi-


nação obedece às normas para o cálculo da umidade, com secagem do material em es-
tufa. As pesagens devem ser feitas com aproximação de 0,01g.

Determinam-se as seguintes grandezas:


 Peso do material úmido - Ph
 Peso do material seco em estufa - Ps

Ph Ps
e o cálculo da umidade se faz pela fórmula: h 100
Ps

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2.3 Execução do ensaio

O material fino (menor que 0,075 mm) pode provocar a presença de torrões endu-
recidos ou aderir aos grãos maiores; para separá-los é necessário colocar a amostra no
recipiente cilíndrico, com água, esfregando-se o material com as mãos, aguardando-se o
tempo necessário à desagregação dos torrões.

O peneiramento será executado na fração de solo retida na peneira nº 200. Entre-


tanto, o lançamento de toda a amostra, diretamente nessa peneira, poderia danificar sua
malha, muito delicada. Então, toda a amostra, inclusive a água, é vertida do recipiente
onde foi lavada, para um conjunto de duas peneiras: a peneira nº 4 (2,0 mm), apoiada na
peneira nº 200 (0,075 mm). As frações retidas são lavadas em água corrente, diretamen-
te nas peneiras, até que a água de lavagem se apresen-
te limpa. A seguir, usando-se também jato d’água, são
transferidas para uma cápsula de porcelana e secas em
estufa, até constância de peso. Quando o solo apresenta
uma fração muito grande retida na peneira de 2,0 mm, o
peneiramento dessa fração poderá ser conduzido, sepa-
radamente, da fração retida na peneira de 0,075 mm.

A operação de peneiramento propriamente dito obedecerá às etapas descritas a


seguir:

 Retirar a amostra da estufa e deixar esfriar.

 Selecionar o conjunto de peneiras adequado ao solo ensaiado. A escolha das penei-


ras depende, usualmente, da experiência, critérios e aplicações pretendidas para a
análise granulométrica. Geralmente, são suficientes um de seis peneiras. A peneira
superior terá uma abertura um pouco superior ao tamanho da maior partícula.

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 Arrumar as peneiras em ordem decrescente de abertura, apoiadas num fundo de pe-


neira. Colocar a amostra na peneira superior e a tampa, para evitar a entrada de po-
eira ou perda de material durante o peneiramento.

 Colocar as peneiras no agitador, vibrando o


conjunto por um período de cerca de 10 a 15
minutos ou até que a vibração não produza
mais apreciável alteração na quantidade de
material retido em cada peneira (1% num mi-
nuto de vibração). Não estando disponível o
agitador mecânico, a vibração das peneiras
deverá ser feita, manualmente, através de
movimentos horizontais e verticais, intercala-
dos com pequenas batidas no conjunto, du-
rante, no mínimo, 15 minutos.

 Retirar o conjunto de peneiras do agitador e


iniciar a pesagem das frações de solo retidas
em cada peneira, iniciando pela peneira superior. Transferir o material para o prato da
balança, sobre um pedaço de papel grosso ou um recipiente maior, calibrado e deter-
minar seu peso P1, com aproximação de 0,1 g. Repetindo-se a operação para cada
peneira e para o fundo, teremos os pesos P1, P2, P3 ... Pn e Pn+1 das frações de so-
lo, retidas em todas as peneiras e depositadas no fundo, no final do peneiramento.

2.4 Cálculo do ensaio

Como descrito anteriormente e representado na figura 6, o peneiramento é reali-

zado numa pilha genérica de n peneiras, com aberturas diminuindo do topo para o fundo,
ordenadas de 1 a n, sendo os pesos retidos em cada peneira P1, P2, P3 ... Pn.

Na realidade, considerando-se a amostra como um todo, o material que efetiva-


mente é retido numa peneira qualquer, é a soma das frações retidas em todas as penei-
ras com aberturas maiores do que a da peneira em questão e, portanto, situadas acima
dela na pilha de peneiras para o peneiramento, conforme discriminado abaixo:

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Ordem da peneira Material retido acumulado


1 P1
2 P1 + P2
3 P1 + P2 + P3
 
n P1 + P2 + P3 ... + ... Pn

No cálculo desse ensaio, objetiva-se a determinação das percentagens das fra-


ções de solo, mais finas do que as aberturas de cada peneira, ou seja a percentagem do
material que passa na peneira em relação ao peso total da amostra seca. Com essas
percentagens é traçada a curva de distribuição granulométrica.

O ensaio permite o cálculo imediato da percentagem relativa ao material retido em


peso de solo seco retido na peneira

 
cada peneira: % retida =
peso da amostra total seca P
s

e as percentagens acumuladas retidas em cada peneira, somando-se à percenta-


gem retida na peneira considerada, as percentagens de todas as peneiras acima dela.

% retida acumulada =  % retida na peneira e acima dela

A percentagem do material que passa é determinada pela diferença:

% passando = 100 - % retida acumulada


Face ao exposto e considerando-se as recomendações da norma rodoviária DNER
- ME 080/94, o cálculo do peso total da amostra seca compreende as seguintes etapas:

(a) Peso parcial seco da amos- Soma dos pesos das frações retidas na peneira
tra total de 2,0 mm e nas de maior abertura de malha.

( a ) = ( P1 + P2 + P3 ... + ... Pno. 10 )


A Norma considera que a secagem ao ar elimina,
totalmente, a água da fração acima de 2,0mm,
então este somatório representa uma parcela do
peso seco da amostra total.

(b) Peso da fração que passa O ensaio parte de uma amostra total representati-
na peneira de 2,0 mm, seca ao va (Ph), seca ao ar, na qual existem frações com-
ar. pletamente secas, cujo peso foi determinado no

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item (a), anterior. Subtraindo-se do peso da

amostra total, (Ph) o valor calculado no ítem (a),


obtem-se o peso seco ao ar da fração que passa
na peneira de 2,0 mm.
( b ) = ( Ph ) - ( a )

(c) Peso seco da fração de solo O peso obtido em (b) corresponde a uma fração
que passa na peneira com de solo com umidade higroscópica; obtem-se seu
abertura 2,0 mm correspondente peso seco multiplicando-se por
um fator de correção.
100
(c)=(b).
100  h
onde h é a umidade higroscópica.

(d) Peso total da amostra seca Compõe-se da soma dos pesos secos das fra-
ções de solo, retidas e que passam na peneira de
2,0 mm, determinadas nos itens acima (a) e (d)

Ps = (a) + (d)

O valor Ps - peso total da amostra seca será utilizado para calcular as percenta-

gens retidas em cada peneira e as percentagens retidas acumuladas, conforme explicado


anteriormente.

2.5 Causas prováveis de erro

 A presença de torrões não desmanchados: quando o material contém finos plásti-


cos esta causa de erro é mais comum e devem ser cumpridas as recomendações
quanto a lavagem prévia e destorroamento do material.

 Vibração das peneiras em períodos muito curtos ou com movimentos inadequa-


dos: as amostras devem ser vibradas de modo que uma partícula fique exposta à
abertura da peneira, em diversas posições, possibilitando sua queda.

 Peneiras com telas quebradas ou deformadas: as peneiras devem ser inspeciona-


das, freqüentemente, de modo a se ter segurança de que suas aberturas não estão
maiores do que o padronizado.

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2.6 Apresentação dos resultados

Os resultados das análises por peneiramento são apresentados na forma de uma


curva de distribuição granulométrica, traçada numa escala semi-logarítmica conforme a
figura abaixo. Essa curva é obtida plotando-se os diâmetros das partículas (abertura da
peneira) como abscissa (escala logarítmica) e as percentagens, em peso, dos mais finos
como ordenada (escala aritmética).

3. Análise granulométrica por sedimentação

3.1 Objetivos
A análise granulométrica por sedimentação tem como objetivo definir a curva gra-
nulométrica dos solos que são muito finos para serem ensaiados por peneiramento.
Nessa análise, as partículas são separadas por seus diâmetros, usando o proces-
so físico da sedimentação, descrito pela lei de Stokes (1891). Os diâmetros dos grãos
menores do que a peneira nº 200, siltes e argilas, são calculados pelas distâncias de
queda das partículas e a percentagem dos mais finos são determinadas medindo-se o
peso específico da suspensão solo-água.

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3.2 Princípios da sedimentação

A esfera rígida com diâmetro D, representada


na figura ao lado, está imersa num fluido de viscosi-
dade que se desloca com uma velocidade V. De
acordo com a lei de Stokes, o fluido viscoso moven-
do-se lentamente exerce a força de arrasto F sobre a
esfera:
F  3 V D (1)

A viscosidade do fluido tem a dimensão de uma massa dividida pelo comprimento


e pelo tempo; geralmente sua unidade é g/cm.s.
A lei de Stokes só se aplica quando o fluido desloca-se muito lentamente e a gran-
deza Re denominada número de Reynolds é menor do que 1 e também somente nessa
situação as moléculas do fluido descrevem as trajetórias representadas na figura 8. O
número de Reynolds é adimensional e definido pela relação entre as forças de inércia e
de viscosidade. No caso particular do escoamento em torno de uma esfera, Re assume a
expressão:
 VD
Re  (2) sendo  a massa específica do fluido.

 Aplicação da lei de Stokes a uma esfera em queda no interior de um fluido

Quando uma esfera de raio R cai com velocidade constante V ,num fluido de visco-
sidade  , fica submetida às seguintes forças:

4
peso da esfera   R3  s onde  s é o específico do solo
3

força de arrasto  6  V R
4
empuxo   R3  a onde  a é o específico do fluido
3

Quando essas forças estão em equilíbrio, o somatório das expressões acima é nu-
lo e a velocidade V assume um valor constante, deduzido como se segue:

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4 4
 R3  s   R3  a  6   V R  0 (3)
3 3
2 s  a
V   R2 (4)
9 

Com o valor de V poderá ser deduzido o correspondente valor de Re


4 s  a
Re    a  R 3 (5)
9 2
onde a é a massa específica do fluido.

Considerando-se uma esfera com massa específica  s  2,7 g cm 3 , caindo em

queda livre na água de massa específica  a  1,0 g cm 3 e viscosidade   0,01 g cm  s ,


poderão ser calculadas a velocidade de queda V e os correspondentes números de Rey-
nolds. A Tabela 2 contém esses valores para esferas de raios 0,1 e 0,001 mm.

Tabela 2 Velocidade e número de Reynolds


para esferas de vários raios.

R (mm) V (cm/s) Re

0,1 3,7 7,4


0,01 3,7 x 10-2 7,4 x 10-3

Pela tabela 2, constata-se que a lei de Stokes não se aplica a esferas com raios
superiores a 0,1 mm, porque Re > 1. O diâmetro 0,1mm é, portanto, o limite superior apro-
ximado do tamanho de partículas para as quais é válida a eq. 4.

O limite inferior são as partículas menores do que 1m, ou seja, às partículas co-
loidais, nas quais predominam as ações das forças eletrostáticas superficiais sobre as
das forças gravitacionais, submetendo as partículas a um movimento aleatório, denomi-
nado Browniano.
Assim, admitindo-se as partículas de solo esféricas, os diâmetros anteriormente
mencionados, estabelecem o intervalo para o emprego do processo de sedimentação.
Como conseqüência da equação 4 e considerando-se V = H/t, a esfera de raio R,
na superfície do líquido no instante t = 0 atingirá a altura H no tempo t
2 s  a
H    R2 t (6)
9 

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3.2.1 O processo de sedimentação

t=0s Para analisar o mecanismo segundo o qual se proces-


sa a sedimentação de partículas de solos em suspensão num
certo volume de água, pode-se considerar um modelo simpli-
ficado de suspensão mostrado na figura ao lado, no qual um
solo, constituído de partículas com apenas quatro diâmetros
diferentes, é colocado num recipiente com altura de 50 cm,
cheio de água. Agitando-se, inicialmente, o conjunto solo-
água, as partículas distribuem-se na suspensão, uniforme-
mente, iniciando-se o processo de deposição no instante t =
0, tão logo cesse o processo de agitação da mistura.

Tabela 3 Velocidade de queda das partículas


em suspensão

Tipo de Diâmetro Velocidade de queda


partículas (m) (cm/s)

A (silte) 35 0,1090
B (silte) 12 0,0128

C (silte) 4 0,0014

D (argila) 2 0,0004

Num espaço de tempo muito curto, todas as partículas atingem sua velocidade de
queda uniforme, a qual depende de suas dimensões. No modelo hipotético considerado,
as partículas A, B, C e D que compõem o solo, atingirão as velocidades de queda apre-
sentadas na Tabela 3.

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t= 0 s t = 10 s t = 2 min t = 15 min t=3h t= 8 h

No tempo t = 10 s, as partículas mais grossas A desceram cerca de 1 cm, enquan-


to as partículas de argila deslocaram-se apenas 40 m.
Após um período de t = 15 min, todas as partículas maiores de silte (A) já se depo-
sitaram no fundo enquanto as partículas B só se depositam, totalmente, no fim de
t =3 h.
Decorrido um tempo t = 8 h do início da sedimentação, somente as partículas de
argila (D) permanecem em suspensão.
O processo de sedimentação seleciona as partículas pelas suas dimensões, ana-
logamente como as peneiras separam as partículas mais grossas.

Na dispersão inicial, as partículas estão uniformemente distribuidas e em qualquer


profundidade são idênticos o peso das partículas e a percentagem dos grãos menores do
que uma determinada dimensão.

De acordo com o mecanismo da sedimentação, exposto na figura anterior, em


qualquer tempo t > 0, todas as partículas acima da profundidade H, tem um diâmetro
menor do que D fornecido pela expressão:

18  H
D  (7)
s  a t

Na profundidade H, a concentração das partículas de diâmetro D é constante, de


t = 0 até t = H/V, onde V é a velocidade de queda das partículas de. diâmetro D No tempo
t > H/V, não haverá mais partículas de diâmetro D na profundidade H. As porcentagens
em peso da fração de solo mais fina do que D é determinada através da concentração
das partículas (peso por unidade de volume) na profundidade H, no tempo t. O processo
normalizado para a análise granulométrica por sedimentação determina o emprego de um

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densímetro para a medida da concentração da suspensão, em intervalos de tempo t pre-


viamente estabelecidos. Nesse caso, a altura H em cada tempo t , corresponderá à pro-
fundidade em que se encontra o centro de gravidade do densímetro utilizado.

3.2.2 Peso específico da mistura fluido - partículas

O peso específico da mistura pode ser deduzido a partir da expressão de seu pe-
so total:

Peso total da mistura:


onde:
 P
V    Ps  V  s    a (8) V - volume total da suspensão
 s
 - peso específico médio da suspensão
Peso específico da mistura: Ps - peso das partículas sólidas
Ps    s - peso específico do grão
 1  a    a (9)
V  s
a - peso específico da água

Considerando a correlação  s     a fórmula (9) pode ser expressa:

Ps    1
    a (10) sendo  = densidade real dos grãos
V   

A medida que as partículas se depositam, o peso Ps das partículas em suspensão

diminui, gradualmente, até zero e  reduz-se até o valor a.

O peso específico da suspensão , o qual varia com a profundidade e o tempo, é


lido no densímetro.

3.2.3 Determinações com o densímetro

De acordo com a figura seguinte, o densímetro tem uma haste graduada e um bul-
bo pesado, para permitir sua flutuação, compensando o empuxo sofrido quando imerso
na suspensão.
O peso específico da mistura varia com a profundidade e o tempo. Como o peso
do densímetro permanece constante, uma diminuição do peso específico da mistura, im-
plica no aumento da sua área molhada do densímetro, para contrabalançar o novo empu-
xo no bulbo.

81
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

Portanto, a haste do den-


peso específico da suspensão
símetro pode ser graduada para
medir o peso específico da mistura,
na profundidade Ht, correspondente
Ht ao centro de gravidade do bulbo.

Se (Ps), for o peso inicial das


CV
susp
+ partículas sólidas na suspensão, ()
o peso específico da mistura, no
tempo t e na profundidade (Ht), a
percentagem q % das partículas
profundidade
menores que o diâmetro D, em re-

lação ao peso total Ps, poderá ser deduzida introduzindo-se modificações na fórmula

(10):

   1 V    1
     a 
Ps
  q    a q 
V    e
Ps    (11)

3.3 Documentos normativos

A análise por sedimentação fornece a distribuição granulométrica das partículas


menores que 0,075 mm (passando a peneira no. 200). Entretanto, um solo pode con-
ter partículas abrangendo uma gama muito ampla de diâmetros, exigindo uma com-
binação dos métodos de peneiramento e sedimentação para a obtenção de sua cur-
va granulométrica.

As normas disponíveis, abaixo relacionadas, descrevem os procedimentos neces-


sários à execução de uma análise granulométrica combinada.

DNER – ME 051- 94 Solos – Análise granulométrica


ABNT MB – 32 / 88 ( NBR 7181 ) Solo – Análise granulométrica

Para a aplicação dessas Normas é necessário consultar:


DNER – ME 041 / 94 Solos – Preparação de amostras para ensaios de caracteriza-
ção

82
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

3. 4 Material empregado

A figura abaixo contém um conjunto parcial do material utilizado na análise granu-


lométrica por sedimentação.

proveta de vidro, altura 45 cm e diâmetro 6,5


cm, traço indicando 1 000 ml a 20 oC

peneira 10 balança de 200 g


peneira 200 sensível a 0,01g

almofariz e
mão de gral

fundo

cápsulas de porcelana
espátula de 500 ml
seriga de
borracha

Conjunto de alguns materiais empregados na sedimentação

Estão incluídos na aparelhagem:

 Aparelho de dispersão - Dispositivo mecânico


 = 9,5 cm
constituído de uma base com uma coluna, onde
é acoplado um motor capaz de girar uma haste
vertical a uma velocidade de 10 000 rpm, sem Chicanas
fixas
carga. Na extremidade da haste existe uma héli- 17,8 cm
ce substituível, com =1,90 cm. O conjunto inclui
um copo especial destinado a conter a amostra
durante a dispersão, dotado de chicanas fixas,
longas e curtas,.  = 6,5

Chicanas
curtas
 = 1,9cm
Chicanas
longas

Copo de dispersão

83
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

 Densímetro de bulbo simétrico, calibrado para ler 1 000 g/cm3,


na água pura a 20 ºC e graduado em 0,001, num intervalo de 0,995
a 1,050 g/cm3.
Previamente, o densímetro deve ser calibrado, determinando-se as
distâncias do centro de volume do bulbo às diversas leituras do
densímetro, obtendo-se a curva de calibração. A curva de calibra-
ção dará a altura média de queda das partículas em suspensão.
Nesta etapa, são determinadas ainda as correções a serem aplica-
das às leituras, decorrentes do efeito da temperatura do ensaio, da
influência do agente dispersor e da imprecisão da leitura, pela difi-
culdade em se identificar a correta posição do menisco. (Ver em
anexo, notas específicas sobre este assunto).
 Termômetro graduado em 0,5 ºC , de 0 a 50 ºC.
 Tanque para banho de temperatura constante, onde serão colo-
cadas as provetas, durante o ensaio.
 Estufa capaz de manter a temperatura entre 105 ºC e 110 ºC.
 Peneiras padronizadas números 16, 30, 40, 50, 100 e 200, inclu-
sive fundo e tampa.
 Cronômetro, relógio de alarme, becher de vidro com capacidade
Densímetro
de 250 ml.

Os grãos muito finos dos solos, normalmente, tendem a flocular numa suspensão,
isto é, aderem uns aos outros e se depositam juntos. Para evitar a floculação, adiciona-se
um agente dispersor, recomendando a Norma, o emprego de uma solução de hexa-
metafosfato de sódio com a concentração de 45,7g do sal por litro de solução. Essa solu-
ção deve ser freqüentemente preparada de acordo com os seguintes procedimentos:
 Pesar 45,7 g de soluto de hexametafosfato;
 Colocar o soluto num copo Becker e adicione 954,3 ml de água destilada (o que falta
para completar o litro);
 Aquecer o copo Becker, agitando o conteúdo durante o aquecimento, com o auxílio de
uma espátula até que o hexametafosfato de sódio se dissolva completamente;
 Retirar o copo Becker da chama e deixar descansar até atingir a temperatura am-
biente;
 Para tamponar este defloculante com carbonato de sódio adicioná-lo aos poucos até
obter um pH entre 8 e 9, verificado com o uso do papel indicador.

84
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

3.5 Preparação da amostra

Preparada a amostra total de acordo com a Norma DNER-ME 041/94, separar da


fração que passa na peneira de 2,0 mm, uma amostra com cerca de 120 g para solos
arenosos e 70 g para solos argilosos. Essas amostras, colocadas num Becker, devem ser
pesadas com aproximação de 0,01 g.
Adicionar água destilada até que amostra fique submersa e a se-
guir acrescente 125 ml da solução do defloculante (hexametafosfato de
sódio), agitando a mistura até que o solo fique totalmente molhado. A
amostra permanecerá em repouso por um período mínimo de 12 horas
ou até que todos os flocos sejam totalmente desmanchados.
Para a obtenção dos resultados do ensaio de sedimentação é
necessário o conhecimento da umidade higroscópica e da densidade real dos grãos da
amostra ensaiada. As determinações desses valores obedecerão às suas respectivas
Normas e deverão estar disponíveis quando do término do ensaio de sedimentação.

3.6 Execução do ensaio de sedimentação

 Transferir, cuidadosamente, toda a mistura (solo + defloculante) para o copo dispersor, remo-
vendo com água destilada todo o material que tenha aderido ao copo de vidro Becker. Acrescen-
tar água destilada até que o nível fique a 5 cm abaixo da borda do copo dispersor. Água em ex-
cesso provocará perda de material durante a dispersão.

 Submeter a mistura à ação do aparelho de dispersão por um período de 5, 10 ou 15 minutos,


dependendo da plasticidade do solo. Quanto menor a plasticidade, menor o tempo necessário pa-
ra a dispersão completa da amostra. Os solos com índice de plasticidade menor ou igual a 5 po-
derão ser dispersos em 5 minutos; os de índice de plasticidade entre 5 e 20, em 10 minutos e os
de índice de plasticidade maior que 20, em 15 minutos.

Transferência da solução
Dispersão da solução

85
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

 Transferir o material do copo dispersor para uma proveta de 1


000 ml, removendo-se com água destilada todo o material que
tenha aderido ao copo do dispersor.
 Completar com água destilada até atingir o traço corresponden-
te a 1 000 ml.
 Colocar, em seguida, a proveta no banho agitando-se freqüen-
temente com uma bagueta de vidro para manter as partículas
em suspensão. Quando a suspensão atingir a temperatura de
equilíbrio, a proveta é retirada do banho para ser submetida a
um processo de agitação.

 Tampar a boca da peneira com a palma de uma das mãos e com a outra agitar a proveta, exe-
cutando durante 1 minuto, movimentos enérgicos de rotação, pelos quais a boca da proveta pas-
se de cima para baixo e vice versa. Com isso, desloca-se o material do fundo da proveta produ-
zindo-se uma suspensão uniforme.

Como agitar a proveta

 Imediatamente após o período de agitação, colocar a proveta no banho, anotando na folha de


ensaio a hora exata do início da sedimentação. Mergulhar o densímetro na proveta, cuidadosa-
mente, para evitar perturbações na suspensão.
 Conservando o densímetro dentro da proveta, fazer as leituras densimétricas correspondentes
aos tempos de sedimentação de 30 segundos, 1 minuto e 2 minutos.

 As leituras ( L ) devem tomar como referência a parte superior do menisco. Como os densíme-
tros são graduados para se obter a massa específica da suspensão, lê-se os dois últimos alga-
rismos e estima-se o terceiro. O valor a ser registrado na folha de ensaio será ( L - 1 ) .1000. As-
sim, uma leitura L = 1,0304 será anotada 30,4.

86
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

 No fim de 2 min e após cada leitura subsequente, colocar o termômetro na suspensão e regis-
trar a temperatura com aproximação de 0,5 oC. Retirar o densímetro, lenta e cuidadosamente,
colocando-o em outra proveta com água destilada a temperatura do banho. Este procedimento
será repetido no final de cada leitura, pois a permanência do densímetro na suspensão, no inter-
valo entre as leituras, pode trazer erros significativos nas leituras, pela aderência das partículas
do solo ao densímetro.

 Efetuar novas leituras a 4, 8, 15 e 30 minutos, 1, 4 e 25 horas, a contar do início da sedimenta-


ção, mergulhando o densímetro cerca de 15 a 20 segundos antes de cada leitura. O densímetro
deverá estar em equilíbrio, no ato da leitura.

3.7 Peneiramento no ensaio combinado peneiramento-sedimentação

No final deste capítulo está mostrada uma figura com o fluxograma com os proce-
dimentos executados na análise granulométrica dos solos que contem partículas cujas
dimensões abrangem um amplo intervalo. Na preparação da amostra total são separadas
as frações de solo retidas e que passam na peneira nº 10. A sedimentação é realizada
com a fração que passa (menor que 2,0 mm), mas só seleciona, pelos tamanhos dos
grãos, as menores que 0,075mm (peneira nº 200). Para a obtenção da curva de distribui-
ção granulométrica completa é necessária a execução do peneiramento da fração de solo
maior do que 2,0 mm, denominado peneiramento da amostra total e da fração de solo cu-
jas dimensões estão compreendidas entre 2,0 mm e 0,075 mm., designado peneiramento
fino ou peneiramento da amostra parcial

3.7.1 Execução do peneiramento fino

 Terminadas as leituras do ensaio de sedimentação, verter


todo o material na peneira de 0,075 mm e lavá-lo em água
potável corrente (fig. 19). Remover, com excesso de água,
todo o material que eventualmente tenha aderido à proveta.

 Secar a parte retida na peneira, em estufa a 105 ºC -


110ºC , até constância de peso.

 Passar o material seco na pilha das peneiras de 1,2 - 0,6 - 0,42 - 0,30 - 0,15 e 0,075mm, ano-
tando os pesos retidos em cada peneira com aproximação de 0,01 g.

87
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

3.7.2 Execução do peneiramento da amostra total ( peneiramento grosso )

Com o solo seco ao ar e retido na peneira de 2,0 mm , obtido no processo de preparação


da amostra total, será efetuado o peneiramento denominado peneiramento da amostra
total ou peneiramento grosso.

 Passar o material seco numa pilha das peneiras de 50 - 38 - 25 - 19 - 9,5 - 4,8 e


2,0mm, anotando os pesos retidos em cada peneira com aproximação de 0,1 g.

3.8 Cálculo do ensaio


Analogamente ao peneiramento simples, admite-se que a fração de solo acima de 2,0mm,
seca ao ar, não contém umidade higroscópica sendo necessário determinar-se o peso total da
amostra seca e o peso do material seco usado na suspensão.

 Peso seco da amostra total

(a) Peso seco da fração de solo Soma dos pesos das frações retidas na peneira
retido na peneira nº 10 de 2,0 mm e nas de maior abertura de malha, ob-
tidos no peneiramento grosso.

( Pg ) = ( P1 + P2 + P3 ... + ... Pno. 10 )

(b) Peso seco da fração de solo Subtair do peso úmido da amostra total (Pt) o pe-
passando na peneira nº 10 so seco determinado em (a), obtendo-se o peso
úmido do solo da amostra total, passando na pe-

neira nº 10 (Pt - Pg). Este valor deve ser multi-


plicado pelo fator de correção da umidade higros-
100
cópica , para transformá-lo em peso se-
100  h
co.

(c) Peso seco da amostra total O peso seco da amostra total será a soma

Pts 
P P   100  P
t g
100 h g

88
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

 Peso seco do material usado na sedimentação

Designando-se por Ph o peso da amostra úmida (umidade higroscópica), prepara-


da para o ensaio de sedimentação de acordo com o ítem 3.5, o correspondente peso se-
 100 
co será Ps = Ph   
 100  h

 Percentagem do material que passa no peneiramento grosso


Para cada uma das peneiras de 50 - 38 - 25 - 19 - 9,5 - 4,8 e 2,0 mm serão deter-
minadas as percentagens de material retido, as percentagens retidas acumuladas e a

percentagem de material que passa, todas relativas ao peso seco da amostra total (Pts)

Este cálculo será conduzido de acordo com o constante no item 2.4 - Cálculo do
ensaio por peneiramento simples, usando-se no denominador das expressões o valor do
peso seco da amostra total, acima referido.
A percentagem de material que passa na peneira de 2,0 mm (nº 10) é muito impor-
tante para o cálculo das percentagens no peneiramento fino e na sedimentação, daí re-
ceber a designação especial (N).

 Percentagem do material que passa no peneiramento fino


As percentagens relativas às peneiras de 1,2 - 0,6 - 0,42 - 0,30 - 0,15 e 0,075mm

são calculadas relativamente ao peso seco (Ps) da amostra usada na sedimentação

Considerando que este peneiramento e a sedimentação são realizados com uma


amostra parcial da amostra total, coletada do material que passa na peneira de 2,0 mm, a
percentagem que passa calculada através dos pesos retidos nas peneiras, refere-se a
essa amostra parcial e deverá ser multiplicada por N, para transformá-la numa percenta-
gem que passa da amostra total.

 Percentagem do material em suspensão


O cálculo das percentagens correspondentes a cada leitura do densímetro partem
V  
da fórmula 11, apresentada no item 3.2.3 q     a 
Ps    1 
A expressão acima traduz a percentagem em relação à amostra parcial e para
convertê-la numa percentagem da amostra total, tal como no peneiramento fino, também
V  
deverá se multiplicada por N, passando a: Q N      a  (12)
Ps    1 

89
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

Considerando que:

V = 1 000 cm3  = L (leitura do densímetro) a = 1 g / cm3

 = densidade real dos grãos do solo

   1000L1
a fórmula 12, transforma-se em Q  N   (13)
  1  Ps

Aos valores das leituras densimétricas serão somadas, algebricamente, as corre-


ções R, correspondentes à temperatura da suspensão quando da leitura.

   1000L1 R
Q  N   (14)
   1  Ps

 Diâmetro das partículas de solo em suspensão em suspensão

A fórmula 7, decorrente da lei de Stokes, permite calcular, para cada leitura do


densímetro, o diâmetro D para o qual todas as partículas em suspensão acima da pro-
fundidade H são menores do que ele. A profundidade H corresponde ao centro de volume
do bulbo do densímetro, quando se realiza uma leitura densimétrica e é obtido da curva
de calibração do densímetro.
1800  H
D  (15)
s  a t

Para obter-se o diâmetro D em (mm), os demais componentes da fórmula devem


entrar com as seguintes unidades:

D - diâmetro das partículas mm


 - coeficiente de viscosidade do meio dispersor, à temperatura do ensaio g.s / cm2
H -altura de queda das partículas  cm
t - tempo de sedimentação s
s = . a - massa específica dos grãos do solo g / cm3

a - massa específica da água ( admitida igual a 1,00 g / cm3 ) g / cm3

Os valores da viscosidade da água (), à diversas temperaturas, podem ser retira-


dos de tabelas e a densidade real dos grãos (), obtido do ensaio específico.

90
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

Obs: Como as partículas de solo não são esféricas, hipótese da lei de Stokes, os
valores de D calculados são diâmetros equivalentes, isto é, diâmetros de partículas esfé-
ricas de massa específica igual à dos solos em suspensão, que cairiam com as mesmas
velocidades que as partículas do solo.

3.8 Causas prováveis de erros

 Emprego de tipo ou quantidade de defloculante não adequado à natureza do solo.


 Dispersão incompleta do solo na suspensão.
 Solo em excesso na suspensão - Os resultados da análise com o densímetro será afe-
tada, se a quantidade da amostra ultrapassar as recomendações da norma.
 Insuficiente agitação prévia da proveta.
 Falta de cuidado na introdução ou retirada do densímetro - Distúrbios na suspensão
ocorrem principalmente quando o densímetro é retirado, muito rapidamente, após uma
leitura.
 Falta de limpeza da haste do densímetro - Poeira ou gordura na haste do densímetro
impede o desenvolvimento completo do menisco.
 Desuniformidade ou variação excessiva da temperatura, durante a execução da sedi-
mentação.
 Perda de material na transferência de recipientes.
 Lavagem insuficiente da fração grossa na peneira nº 200 ou arraste de grãos nessa
operação.

3.9 Apresentação dos resultados

Os resultados são apresentados sob a forma de uma curva de distribuição granu-


lométrica, marcando-se no eixo das abscissas, em escala logarítmica, os diâmetros da
partículas e nas ordenadas, em escala aritmética, as percentagens de diâmetros mais fi-
nos que os diâmetros considerados.
Através da curva granulométrica pode ser determinada a composição granulomé-
trica do solo traduzida pelas frações definidas por sistema de classificação ou as percen-
tagens de grãos mais finos que um determinado valor que seja de interesse prático.
Na figura seguinte está traçada uma curva de distribuição granulométrica, onde es-
tão indicados os trechos obtidos por peneiramento e pela sedimentação.

91
CLASSIFICAÇÃO DAS FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS
(ABNT NBR 6502 / 95)
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

sedimentação peneiramento fino peneiramento grosso

Areia
Argila Silte Pedregulho Pedra
Fina Média Grossa
0,002 0,06 0,2 0,6 2,0 60

Curva granulométrica completa

4. Anexos

ANEXO 1 – Fluxograma para realização do ensaio de granulometria com sedimentação

ANEXO 2 – Calibração do densímetro

ANEXO 3 – Planilha para cálculo do ensaio de granulometria por peneiramento

ANEXO 4 – Planilha para cálculo do ensaio de granulometria com sedimentação

92
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

ANEXO 1

Secagem ao Ar Pesagem da
Destorroamento Amostra

11/2
1
PENEIRAMENTO 3/4
MATERIAL RETIDO # 10
(2mm)
GROSSO 3/8 NA PENEIRA # 10
4
10
MATERIAL QUE
PASSA # 10
PREPARAÇÃO PARA SEDIMENTAÇÃO

APÓS 12 h 70 ou 120 g

SOLO + DISPERSOR

Dispersor
5 a 10min

SEDIMENTAÇÃO PENEIRAMENTO FINO


Lavagem na #200 Secagem em Estufa
(0,074mm) 20
MATERIAL RETIDO 40
1000ml 60
#200 100
leituras por 24h 93
200
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

ANEXO 2
CALIBRAÇÃO DO DENSÍMETRO
As leituras feitas com o densímetro, durante a realização da sedimentação, neces-
sitam ser corrigidas devido a três efeitos:

- temperatura CT
- menisco Cm
- defloculante Cd

A correção devido à temperatura do ensaio faz-se necessária pela diferença exis-


tente entre o volume do bulbo do densímetro na temperatura do ensaio e seu valor
na temperatura de calibração, em virtude da dilatação térmica do vidro. A correção
devido ao menisco é necessária pela impossibilidade de se fazer as leituras no den-
símetro no nível de repouso da suspensão argilosa em virtude da sua turbidez. As-
sim, fazem-se as leituras na parte superior do menisco, abatendo-se a diferença en-
tre esse plano e o nível da suspensão. A correção devido ao defloculante é feita em
conseqüência do mesmo aumentar a altura do menisco.

1. Correção devido à temperatura (CT)

O volume do bulbo do densímetro, por ocasião das leituras, pode ser calculado da
forma:

VT  VC 1   T  TC  (1)

onde
VT = volume do bulbo do densímetro na temperatura do ensaio
VC = volume do bulbo na temperatura de calibração do densímetro
 = coeficiente de dilatação volumétrica do vidro
T = temperatura do ensaio
TC = temperatura de calibração do densímetro

Considerando-se que as leituras densimétricas são proporcionais ao volume des-


locado pelo bulbo do densímetro, tem-se:

LC LT

VC VT

94
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

onde
LC = leitura densimétrica na temperatura de calibração
LT = leitura densimétrica na temperatura do ensaio
ou seja:
LC VC 1
 
LT VC [1   (T  TC )] 1   (T  TC )

1
Sendo essa expressão do tipo , desenvolvendo-a em série pelo método da
1 
divisão de Mercartor, obtém-se 1 -  + 2 - 3 + ... , que, considerando-se apenas os
dois primeiros termos, fornece:
LC
 1   (T  TC )
LT
ou
LC  LT  LT (T  TC )
ou ainda
LC  LT   (T  TC ) (2)

uma vez que LT  1 e (T-TC) é muito menor do que 1.

Normalmente os densímetros são calibrados à temperatura de 20oC e o valor mé-


dio do coeficiente de dilatação volumétrica do vidro é  = 0.000025. Assim, obtém-se:
LC  LT  0.000025(T  20)
O peso específico da suspensão, num instante qualquer, é obtido por

 susp  LC .  C
onde C é o peso específico da água à temperatura de calibração. No caso de calibração
a 20oC tem-se C = 20 = 0.99823. Da mesma maneira, pode-se escrever que:
 susp  1  LC  1 1   C  1  1  LC  1   C  1  ( LC  1)( C  1)
ou ainda, desprezando o último termo:

 susp  LC   C  1 (3)

A expressão da porcentagem de partículas com diâmetro  d, num instante qual-


quer, em relação ao peso da amostra parcial N é dada pela Equação 12.

95
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

V   
QN   susp   a  (4)
PS    1 
onde a é o peso específico da água na temperatura do ensaio. Com vistas a facilitar o
uso dessa expressão, pode-se calcular previamente o valor do último termo (susp - a),
para diversos valores de temperatura, dispensando-se a consulta de tabelas de peso es-
pecífico da água durante os cálculos. Para isso, substituindo-se o valor de susp, obtém-
  
LC   C  1   a 
V
se: QN 
PS   1

V   
QN  LT   T  TC    C  1   a 
PS    1 

ou, rearrumando,
V   
QN  LT  1   C   a    T  TC 
PS    1 

Fazendo

(LT – 1) = LD x 10-3 leitura densimétrica sem correção


(c - a) - (T – TC) = CT x 10-3 correção devido à temperatura

e considerando que o volume da suspensão V = 1.000 cm3, obtém-se

N  
Q  
 LD  CT
PS    1 
 (5)

Considerando-se o densímetro calibrado a 20oC, pode-se substituir os valores de C,  e


T, na expressão de CT, obtendo-se:

CT = 1.000 (0.99823 - a - 0.000025(T-20) (6)

Com essa expressão, pode-se traçar um gráfico do fator de correção CT devido à tempe-
ratura em função da temperatura do ensaio T, como mostrado na Figura 1.

Para densímetros calibrados a 20oC a correção será positiva para T> 20oC e nega-
tiva para T<20oC, sendo nula quando T=20oC.

96
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

-1

-2
10 15 20 25 30
o

TEMPERATURA ( C)

Figura 1 Variação do coeficiente de correção com a temperatura

2. Correção devido ao menisco (Cm)

Os densímetros são calibrados em líquidos transparentes, fazendo-se as leituras

no nível da sua superfície de repouso do líquido. Como a suspensão argilosa utilizada

no ensaio é turva, é necessário fazer-se as leituras no nível superior do menisco, sub-

traindo-se a altura do menisco determinada com água límpida, conforme mostrado na

Figura 2.

LEITURA
correção

97
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

Figura 2 Correção devido ao menisco

Essa diferença é sempre positiva e constante para um dado densímetro a uma


mesma temperatura, com um valor aproximado de 0.5 g/dm 3 para a maioria dos densíme-
tros.
Como a adição do defloculante modifica a altura do menisco, deve-se determinar
os valores de Cm fazendo-se flutuar o densímetro em uma proveta com água (875 cm 3) e
defloculante (125 cm3), variando-se a temperatura entre 10 e 40oC, fazendo-se as leituras
acima e abaixo do menisco e calculando-se o valor da correção correspondente a cada
temperatura. Com os valores obtidos, traça-se a curva de correção devido ao menisco em
função da temperatura como mostrada na Figura 3.

1,0
CORREÇÕES

2,0

3,0

4,0

TEMPERATURA

Figura 3 Correção devido ao menisco (Cm)

Assim, a leitura densimétrica corrigida será


Lc = LD + Cm
onde LD é a leitura densimétrica, durante o ensaio, no nível superior do menisco e Cm a
correção correspondente.

98
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

3. Correção devido ao defloculante (Cd)

A adição do defloculante aumenta a densidade da água. Em conseqüência, o peso


específico da água utilizada na suspensão é um pouco maior do que o valor de a utiliza-
do nos cálculos, necessitando ser corrigido para levar em conta esse efeito. Assim, a
correção Cd será subtraída da leitura densimétrica, sendo, portanto, de sinal contrário à
correção devido ao menisco.
O valor máximo de Cd pode ser estimado através da concentração do agente dis-
persor na solução stock (usualmente adotada de 45.7 g de hexametafosfato de sódio pa-
ra 1 dm3 de solução) e do volume dessa solução para cada litro dágua. Assim:
Cd = Xd Vd (g/dm3)
onde Xd é a concentração do dispersor (g/dm 3) e Vd o volume da solução stock num litro
dágua (dm3). Usualmente se emprega 125 ml de solução para cada litro d’água, obtendo-
se
Cd = 45.7 x 125 x 0.001 = 5.71 g/dm3
Na prática, o valor medido de Cd é um pouco menor do que o calculado uma vez que o
peso específico do agente dispersor é um pouco menor do que o peso específico das
partículas de solo.

4. Procedimento de correção

As correções da leitura densimétrica, devido os efeitos da temperatura (CT), do deflo-


culante (Cd) e do menisco (Cm) podem ser somadas algebricamente, para cada tempera-
tura, dando a correção final:
C = (CT) - (Cm) + (Cd)

podendo-se obter um gráfico (ou tabela) de correção para cada densímetro.

A leitura densimétrica a ser considerada na Equação 5 do cálculo da porcentagem


de partículas com diâmetro < d deve ser, então, corrigida para consideração desses três
efeitos, obtendo-se finalmente:

   N  
LD  CT  Cd  Cm  
N
Q   ( LD  C ) (7)
PS   1 PS    1 

99
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

5. Determinação da altura de queda

Chama-se altura de queda a distância compreendida entre as leituras densimétricas


e o centro de volume do densímetro, medida no eixo longitudinal, conforme mostrado na
Figura 3.

ALTURA
DE
QUEDA
Figura 3 Altura de queda de
um densímetro

CV

O centro de volume de um densímetro é obtido pela distância em centímetros que


vai da extremidade inferior do bulbo ao plano que divide na metade o volume deslocado
pelo densímetro quando imerso num líquido, estando a marca do meio da graduação da
escala na superfície do líquido.
A determinação experimental do centro de volume de um densímetro é feita imer-
gindo-o lentamente numa proveta com água, até a metade da sua escala densimétrica,
anotando-se os valores da imersão (cm) e do volume deslocado (cm 3) no nível da sus-
pensão, traçando-se o gráfico correspondente. Determina-se, graficamente, a ordenada
correspondente à metade do volume deslocado, conforme mostrado na Figura 4.

imersão
(cm)
3

V ( c m )

im e r s ã o
H
(c m )

V/2 V 3

VOLUME DESLOCADO V (cm )

Figura 4 Determinação do centro de volume

100
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

Para se obter a altura de queda correspondente à uma determinada leitura densi-


métrica mede-se a distância, em cm, da base do bulbo às leituras extremas da escala do
densímetro, subtraindo-se a distância do centro de volume. Estas distâncias, marcadas
no eixo das ordenadas, correspondentes às leituras densimétricas, marcadas no eixo das
abscissas, fornecem dois pontos que, ligados por uma reta, permitem a obtenção da altu-
ra de queda das três primeiras leituras densimétricas feitas após 30 segundos, um minuto
e dois minutos, durante as quais o densímetro não é retirado do interior da proveta.

6. Correção devido à imersão

Após a terceira leitura, o densímetro é retirado do interior da proveta, sendo recoloca-


do alguns segundos antes das leituras subsequentes. Quando se imerge o densímetro na
V
proveta, há uma elevação do nível da suspensão de um valor igual a , onde V é o vo-
A
lume deslocado e A a área da seção transversal da proveta, conforme mostrado na Figu-
ra 5. Por outro lado, uma partícula que esteja inicialmente no nível correspondente ao
V
centro de volume do densímetro se elevará a metade desse valor, ou seja, .
2A

Figura 5 Correção devido à imersão

101
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

Em conseqüência, a partir da quarta leitura densimétrica, inclusive, é necessário


que se faça a correção da altura de queda, devido à imersão, traçando-se uma reta para-
lela à reta de altura de queda anteriormente determinada, afastada da mesma do valor de
V
, medido para baixo, conforme mostrado na Figura 6.
2A ALTURA DE QUEDA (cm)

V
C=
2A

A
B
935

1020

1040
1010

1050
1000

1030

1060

LEITURA DENSIMÉTRICA
SEM CORREÇÃO

Figura 6 Gráficos da altura de queda em função da leitura densimétrica

102
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

ANEXO 3
Planilha de Cálculo do ensaio de granulometria por peneiramento

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR PENEIRAMENTO


(Método de Ensaio DNER-ME 080-94)
OBRA: Laboratorista:
LOCAL:
AMOSTRA: Data:

Amostra Umidade Higroscópica Resumo Granulometria


Cápsula N⁰ 3 Pedregulho (>4,8mm) 30,8%
Amostra Total Úmida (g) 1500,00
Peso Cápsula (g) 15,63 Areia Grossa
24,1%
Retido Nº 10 Seca (g) 801,86 Cápsula e Solo Úmido (g) 41,30 4,8 - 2,0mm
Passando Nº 10 Úmida (g) 698,14 Cápsula e Solo Seco (g) 39,92 Areia Média
16,1%
Solo Seco (g) 24,29 2,0 - 0,42mm
Água (g) 39,66
Água (g) 1,38 Areia Fina
11,4%
Passando Nº 10 Seca (g) 658,48 Umidade Higroscópica (%) 5,68 0,42 - 0,074mm
Silte+Argila (<0,074mm) 17,6%
Amostra Total Seca (g) 1.460,34 Fator de Correção 0,9462
Total ........................ 100%

PENEIRAMENTO

Material Retido Material Passante Peneiras


Peneiras Peso (g) % Amostra Total Acumulada (%) Acumulada (%) (mm)
3 pol 0,0 0,0 100,0 76,2
2 pol 0,0 0,0 100,0 50,8
1 1/2 pol 0,0 0,0 100,0 38,1
1 pol 0,0 0,0 100,0 25,4
3/4 pol 50,00 3,4 3,4 96,6 19,1
3/8 pol 100,00 6,8 10,3 89,7 9,5
N 4 300,00 20,5 30,8 69,2 4,8
Nº 10 351,86 24,1 54,9 45,1 2,0
Nº 16 87,90 6,0 60,9 39,1 1,2
Nº 30 117,20 8,0 69,0 31,0 0,6
Nº 40 29,30 2,0 71,0 29,0 0,42
Nº 50 43,95 3,0 74,0 26,0 0,30
Nº 100 73,25 5,0 79,0 21,0 0,15
Nº 200 50,00 3,4 82,4 17,6 0,074

120
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL

100

80

60

40

20

0
0,01 0,1 1 10 100

PENEIRAS (mm)

103
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

ANEXO 4
Planilha de Cálculo do ensaio de granulometria com sedimentação
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA COM SEDIMENTAÇÃO
(Método de ensaio DNER-ME 051-94)

OBRA: Laboratorista:
LOCAL:
AMOSTRA: Data:
AMOSTRA Teor de Umidade Resumo da Granulometria
Amostra Total Úmida (g) 2.000,00 Peso Cápsula (g) 15,40 Pedregulho Areia Fina
61,71 5,06
Retido Nº 10 (g) 1.412,79 Cápsula e Solo Úmido (g) 35,10 Acima 4,8 mm 0,42 - 0,05 mm
Passando Nº 10 Úmida (g) 587,21 Cápsula e Solo Seco (g) 32,73 Areia Grossa Silte
11,52 3,10
Passando Nº 10 Seca (g) 516,57 Solo Seco (g) 17,33 4,8 - 2,0 mm 0,05 - 0,005 mm
Água (g) 70,64 Água (g) 2,37 Areia Média Argila
4,71 13,90
Amostra Total Seca (g) 1.929,36 Teor de Umidade (%) 13,68 2,0 - 0,42 mm Abaixo 0,005mm
Fator de Correção 0,8797 Total ..................................................... 100,00

PENEIRAMENTO DA AMOSTRA TOTAL (AT)

Material Retido % Que Passa Peneiras


Peneiras
Peso (g) % Amostra Total % Acumulada Amostra Total (mm)
1 1/2 pol 115,37 5,98 5,98 94,02 38,10
1 pol 64,00 3,32 9,30 90,70 25,40
3/4 pol 153,34 7,95 17,24 82,76 19,10
3/8 pol 505,03 26,18 43,42 56,58 9,50
Nº 4 352,87 18,29 61,71 38,29 4,80
Nº 10 222,18 11,52 73,23 26,77 2,00
Total Retido Nº 10 1.412,79

PENEIRAMENTO DA AMOSTRA PARCIAL (AP)


Amostra Parcial (g) = 70 Amostra seca parcial = 61,58
Peneiras Material Retido % Que Passa % Que Passa Peneiras
Peso (g) % Amostra Total % Acumulada Amostra Parcial Amostra Total (mm)
Nº 16 6,31 10,25 10,25 89,75 24,03 1,2
Nº 30 3,20 5,20 15,44 84,56 22,64 0,6
Nº 40 1,33 2,16 17,60 82,40 22,06 0,42
Nº 50 0,18 0,29 17,90 82,10 21,98 0,3
Nº 100 2,83 4,60 22,49 77,51 20,75 0,15
Nº 200 3,27 5,31 27,80 72,20 19,33 0,074

SEDIMENTAÇÃO
Densidade dos Grãos 2,7151 Densímetro Nr. 32

Tempo Decorrido Leitura Temperatura Leitura Altura de % Que Passa Diâmetros


Correção
(min) Densímetro (Celsius) Corrigida Queda (cm) Amostra Total Partículas(mm)
0,5 29,8 26 -5,1 24,7 11,50 17,00 0,0575
1,0 28,8 26 -5,1 23,7 12,00 16,31 0,0415
2,0 28,3 26 -5,1 23,2 12,20 15,97 0,0296
4,0 27,5 26 -5,1 22,4 11,20 15,42 0,0201
8,0 27,0 26 -5,2 21,8 11,50 15,00 0,0144
15,0 26,4 26 -5,2 21,2 11,80 14,59 0,0106
30,0 25,8 25 -5,2 20,6 12,00 14,18 0,0076
60,0 25,4 25 -5,2 20,2 12,20 13,90 0,0054
240,0 24,3 26 -5,2 19,1 12,60 13,15 0,0027
1.500,0 22,9 26 -5,2 17,7 13,10 12,18 0,0011

100,00

90,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL

80,00

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS (mm)

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MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

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MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

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108
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MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

110
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

111
MECÂNICA DOS SOLOS - APOSTILA DE LABORATÓRIO - IME

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