Resenha Crítica - Ex1
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RESENHA
Pablo Pereira 1
Universidade Regional de Blumenau (FURB); Bolsista do Programa de Bolsas Universitárias
de Santa Catarina UNIEDU/Pós-graduação; Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Educação Superior (GEPES/FURB) e da Rede Iberoamericana de Pesquisas em Políticas e
Processos de Educação Superior (RIEPPES/Unoesc)
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Mestrando no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Regional de Blumenau (FURB);
Graduado em Letras pela Uniasselvi.
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Posto isso, vamos aos testemunhos. No primeiro deles, Dias afirma que, nas últimas
décadas, o Pensamento único, patrocinado por aqueles que dominam a vida política e
econômica, estimulou mudanças nas instituições e no comportamento dos indivíduos, por meio
da aplicação da teoria da modernização, a qual se baseia num pressuposto etnocêntrico
ocidental. Nesse contexto, a globalização se consolidou, apresentando-se como um processo
que visa a facilitar a mobilidade de ideias, pessoas, bens e serviços. Esse fenômeno, contudo,
fortaleceu a interdependência e enfraqueceu a noção de Estado. Na área econômica, por
exemplo, os polos dominantes controlam o conhecimento e os serviços, enquanto os polos
periféricos permanecem dependentes.
Ainda sobre o aspecto econômico, no testemunho intitulado Evoluções nos Organismos
Internacionais, o autor lembra o leitor de que a adaptação ao Ensino Superior dos princípios
econômicos do consenso de Washington teve o Banco Mundial (BM) como seu principal agente
de promoção, denotando os riscos da linha tênue que separa o acesso ao conhecimento da
mercantilização da educação. Vale ressaltar que outros organismos internacionais, como a
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Fundo Monetário
Internacional (FMI), a Comissão Europeia e a Organização Mundial do Comércio (OMC),
também promoveram tal adaptação.
Na sequência, em A imposição de um modelo, Dias aponta que o modelo de universidade
americano se tornou o sistema dominante no mundo. No entanto, nem para os Estados Unidos
esse modelo parece ser mais adequado atualmente. Ao enfraquecer o currículo em artes liberais
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ser o principal alerta do autor em sua obra. Sem essa integração, visando a uma sociedade latino-
americana mais justa e independente, condenará o modelo educação da região a “permanecer
imitando, copiando, sem capacidade de criar e de ser independente”, segundo o autor.
Vista assim, a leitura de Educação Superior como bem público: perspectivas para o
centenário da Reforma de Córdoba resultou na seguinte reflexão: qual é o lugar da América
Latina, em especial do Brasil, no mundo? Parece-me que os latino-americanos não sabem o que
querem, não sabem para onde ir; e não concluo isso baseado exclusivamente em políticas
governamentais. Aliás, é perceptível ao longo da leitura da obra que nem a existência da
proximidade geográfica entre os países latino-americanos, nem as tentativas de integração com
os demais países periféricos ganham amplo espaço nas estratégias das universidades. Da mesma
forma, o processo de imitação dos modelos educacionais europeus ou norte-americanos acaba
por apresentar inúmeras dificuldades de implantação na América Latina, dando a impressão de
que tudo fica por acontecer.
Logo, sob a perspectiva de uma tese que defende a urgência de uma tomada de decisão
em tempos de ambígua globalização da economia e da educação, recomendo a leitura dos
testemunhos latino-americanos de Marco Antonio Rodrigues Dias para estudantes de graduação
e pós-graduação, bem como, e principalmente, para professores, pesquisadores e gestores
universitários. Afinal, tornam-se prementes ações que visem à adaptação de um novo modelo
de universidade à realidade dos países da América Latina.