O Custo Da MIssão - John Paton
O Custo Da MIssão - John Paton
O Custo Da MIssão - John Paton
Mateus 28:20
Introdução:
“Os canibais! Você será comido por canibais! ” Disse um certo Sr. Dickson quando um jovem chamado John
Paton expressou o seu desejo de ser missionário nas Novas Hébridas. Dois missionários haviam sido mortos e
comidos 19 anos atrás. Ao que o jovem Paton respondeu:
Sr. Dickson, o senhor já está avançado em anos e sua perspectiva em breve é estar deitado no túmulo para ser
comido pelos vermes. Eu confesso ao senhor que se eu puder viver e morrer servindo e honrando o Senhor
Jesus, não fará diferença para mim se eu for comido por canibais ou por vermes; e no Grande Dia da
ressurreição, meu corpo se levantará tão formoso quanto o seu, à semelhança de nosso Redentor ressuscitado.
Quem é esse corajoso missionário que não tinha medo de ser comido por canibais? Cinquenta anos depois ele
seria chamado por Charles H. Spurgeon como o “rei dos canibais”.
Suas Origens
John Gibson Paton nasceu na Escócia em 1824 e desempenhou seu ministério junto aos canibais nas Ilhas
Novas Hébridas no pacífico sul, hoje Vanuatu formada por 18 ilhas descobertas em 1606 na Oceania.
Atualmente a população é cerca de 200.000 habitantes. Filho mais velho entre onze de uma família cristã pobre
e piedosa, Paton entregou sua vida a Jesus aos doze anos, e se comprometeu a ser um missionário.
O pai de John Paton orava, como regra, depois de cada refeição. Os onze filhos conheciam esse lugar,
respeitavam-no e aprenderam algo profundo a respeito de Deus. O impacto sobre John Paton foi imenso.
“Mesmo que uma catástrofe indizível pudesse banir de minha memória tudo o que diz respeito à religião (e que
tais coisas fossem apagadas de meu entendimento), minha alma ainda se recordaria daquelas cenas antigas; se
fecharia novamente no Pequeno Santuário e, ouvindo os ecos daqueles clamores a Deus, resistiria a todas as
dúvidas com o vitorioso apelo: “Ele andou com Deus, por que não eu? Não posso explicar o quanto as orações
de meu pai me impressionaram, naquele tempo. Nenhum estranho poderia compreendê-lo. Quando, de joelhos,
com todos nós ajoelhados ao seu redor, em culto familiar, ele derramava toda a sua alma, com lágrimas, em
favor da conversão do mundo pagão à adoração a Jesus, bem como em favor de necessidades pessoais e
familiares, todos nos sentíamos como se estivéssemos na presença do Salvador vivo e aprendíamos a conhecê-
Lo e amá-Lo como nosso divino Amigo.
Paton mudou-se para Glasgow onde fez estudos teológicos e médicos. Foi ordenado na Igreja Presbiteriana e
trabalhou por dez anos como evangelista. Ele então se sentiu chamado para as Novas Hébridas após apelos de
que os missionários naquele campo precisavam de ajuda.
Sua missão
Em 1858, Paton partiu, aos 33 anos, para os mares do Sul, levando consigo sua esposa Mary Ann Robeson. Um
ano depois Paton perde sua esposa e filhos recém-nascido que morreram de febre. Paton cavou a sepultura e
enterrou ambos perto de sua casa. Ele continuou servindo sozinho por quatros anos até que foi tirado em 1862.
Ele fez um trabalho de mobilização por 4 anos nas igrejas presbiterianas na Austrália e Grã-Bretanha. Casou-se
novamente em 1864 com Margaret e partiu em 1866 para outra ilha chamada Aniwa [pequena]. Ali eles
trabalharam por 41 anos.
Eles tiveram duas filhas e oito filhos. Uma filha e dois filhos morreram na infância; um filho morreu aos 2 anos
e meio. O casal Paton aprendeu a língua local, com isso eles escreveram, traduziram e imprimiram o Novo
Testamento para os ilhéus. Os Patons também estavam muito envolvidos na ajuda prática: educar, criar
empregos e iniciar assistência médica e social. O impacto da pregação e da prática do Evangelho foi notável;
em duas décadas, a ilha inteira se tornou cristã praticante. Dois filhos de Paton e Margareth se tornaram
missionários nas Novas Hébridas e uma filha se casou com um missionário lá.
Paton confiava que ele era imortal até que Deus achasse adequado que sua obra fosse realizada. Hoje, o impacto
de sua vida e dedicação à fé em Jesus Cristo pode ser visto em Papua Nova Guiné e Vanuatu.
Seus desafios
Os povos do pacífico sul eram vistos como subumanos e incapazes de civilização e destinados à extinção ou
escravidão. Paton cuidou e os valorizou. Eles eram canibais que comiam a carne do inimigo derrotado, vivendo
em extrema, problemas de saúde, batalhas brutais entre clãs, infanticídio e sacrifício de viúvas para servir ao
marido no outro mundo. A brutalidade contra as mulheres era tão comum que idosas eram raras. Além disso,
havia uma atmosfera de medo espiritual devido à crença generalizada em espíritos malignos e na prática de
bruxaria.
Paton admitiu que às vezes seu coração vacilava ao se perguntar se essas pessoas poderiam ser levadas ao ponto
de tecer ideias cristãs na consciência espiritual de suas vidas. Mas ele teve esperança no poder do Evangelho.
Paton aprendeu a língua, criou a escrita dessa língua, imprimiram Bíblias, traduziu catecismos e hinos,
construiu orfanatos, ensinaram leitura e artesanato aos ilhéus, fizeram escolas, treinaram professores e
distribuíram remédios. Nos 15 anos que se seguiram a ilha de Aniwa se voltou a Cristo.
“Reivindiquei Aniwa para Cristo e, pela graça de Deus, agora, Aniwa adora aos pés do Salvador”.
John Paton passou seus últimos anos principalmente em Melbourne, Austrália, onde morreu em 28 de janeiro
de 1907, aos 83 anos. Ele foi enterrado no cemitério de Boroondara. Hoje, mais de 100 anos após sua morte,
cerca de 91% da população de Vanuatu identifica-se como cristã, sendo 14% evangélica.
Suas lições
1. Sua coragem
Paton teve coragem em face da perda de sua esposa e filhos em sua primeira missão! Paton teve coragem em
face de arriscar sua vida diante doenças e sem médicos.
“Febre e febre me atacaram catorze vezes severamente” (p. 105). Imagine lutar contra uma doença de vida ou
morte repetidamente com apenas um amigo cristão nativo chamado Abraão, que tinha ido com ele à ilha para
ajudá-lo.”
“O perigo contínuo me fazia muitas vezes dormir com minhas roupas, para que eu pudesse agir no primeiro
sinal de alertas. Minha fiel cadela Clutha daria um latido forte e me acordaria [...] Deus fez com que eles
tremessem esta criatura e muitas vezes a usou para salvar nossas vidas ” (Autobiografia).
“Um chefe selvagem me seguiu por quatro horas com seu mosquete carregado e, embora muitas vezes
apontado para mim, Deus restringiu sua mão. Falei gentilmente com ele e cuidei de meu trabalho como se ele
não tivesse estado lá, totalmente persuadido de que meu Deus me colocara ali e me protegeria até que minha
tarefa terminasse. Olhando para cima em oração incessante ao nosso querido Senhor Jesus, deixei tudo em
suas mãos e me senti imortal até que meu trabalho estivesse concluído. Provações e fugas por um triz
fortaleceram minha fé e pareciam apenas me fortalecer para que mais coisas se seguissem”
“Certa manhã, ao amanhecer, encontrei minha casa cercada por homens armados e um chefe deu a entender
que eles haviam se reunido para tirar minha vida. Vendo que estava inteiramente em suas mãos, ajoelhei-me e
entreguei-me de corpo e alma ao Senhor Jesus, pelo que parecia a última vez na terra. Levantando-me, fui até
eles e comecei a falar calmamente sobre seu tratamento cruel para comigo e compará-lo com toda a minha
conduta para com eles [...] Por fim, alguns dos chefes que compareceram ao culto levantaram-se e disseram:
“Nossa conduta tem sido ruim; mas agora vamos lutar por você e matar todos aqueles que te odeiam.”
Certa vez, um nativo chamado Ian chamou Paton para seu leito de doente e, quando Paton se inclinou sobre ele,
puxou uma adaga e a segurou contra o coração de Paton.
“Não ousei me mover nem falar, exceto que meu coração continuava orando ao Senhor para me poupar, ou se
chegasse a minha hora de me levar para casa para a glória com Ele. Passaram-se alguns momentos de
suspense terrível. Minha visão foi e veio. Nenhuma palavra foi dita, exceto a Jesus; e então Ian girou a faca,
enfiou-a na folha de cana-de-açúcar. E gritou para mim: "Vá, vá rápido!" [...] Corri pela minha vida uns
exaustivos 6 km para salvar minha vida até chegar à Casa da Missão, desmaiando, mas louvando a Deus por
tal libertação.
Sua coragem vem de Seu lar, da convicção de seu chamado divino e da soberania de Deus.
Paton escreveu no túmulo de sua esposa e filho: “Sentindo-me inabalavelmente seguro de que meu Deus e Pai
é muito sábio e amoroso demais para errar em qualquer coisa que ele faz ou permite que aconteça, busquei a
ajuda do Senhor e lutei em Sua obra ”.
A vida de Paton é marcada por coragem. E é isso que precisamos para fazermos missões e ver o evangelho
avançar – coragem! É o que Josué precisava! É o que Isaías precisava! É o que Timóteo precisava. É o que nós
aqui precisamos! Precisamos de ousadia e coragem para realizamos a missão de pregar o evangelho.
2. Sua renúncia
Paton antes de ir para a sua missão em Novas Hébridas serviu como missionário urbano na Escócia, em
Glasgow entre pessoas de baixa renda, ouvindo suas aulas e sermões semanais. Seu professor de teologia tentou
o persuadir a ficar. Em sua missão ele estava bem, questionaram seu chamado, se tudo não passava de uma
obstinação. Aprendemos que não há missões sem sacrifício ou custo! É preciso renunciar coisas, lugares,
conforto e até pessoas para que o evangelho avance! Lc 14:26-27
“Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor: Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso
fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso
coração, pois a vinda do Senhor está próxima. [...] Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes [...].”
(Tiago 5:7, 8 e 11a).
Paton teve os primeiros 4 anos de trabalho aparentemente infrutífero em Tanna que poderiam ter significado o
fim da sua vida missionária. Ele poderia ter se lembrado de que em Glasgow, por dez anos, ele teve um sucesso
sem precedentes como missionário urbano. Agora, por quatro anos, ele parecia não ter realizado nada e ele
perdeu sua esposa e filho no processo. Mas, em vez de ir para casa, ele voltou seu coração missionário para
Aniwa. E desta vez a história foi diferente.
Somos imediatistas e queremos resultados e respostas rápidas. Temos que ser perseverantes na pregação.
Muitas vezes, ao passar pelos perigos e derrotas de meus primeiros quatro anos no campo missionário em
Tanna, eu me perguntava [...] por que Deus permitiu tais coisas. Mas olhando para trás agora, eu já percebo
claramente [...] que o Senhor estava me preparando para fazer o melhor, e me fornecendo materiais para
realizar o melhor trabalho de toda a minha vida, ou seja, acender o coração do presbiterianismo australiano
com uma afeição viva por esses ilhéus de seus próprios mares do sul [...] e ser o instrumento de Deus no envio
Missionário após Missionário para as Novas Hébridas, para reivindicar outra ilha e ainda outra para Jesus.
5. Sua crença no poder do Evangelho, para mudar corações e sustentar o ânimo – Rm 1:16
Aprendemos que o Evangelho tem poder! Poder para converter pessoas difíceis. O evangelho tem o poder
transformador! Não importa a dureza do coração humano! O evangelho é poderoso para transformar os
corações. Nem uma força ou ciência humana pode mudar o coração do homem profunda e radicalmente, mas
Deus pode e ele o faz por meio do Evangelho.