Perdas Necessárias Judith-Viorst

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WATT Tee PERDAS | NECESSARIAS Agradecimentos Este livro foi escrito gragas & sabedoria e a ajuda de muitas pes- soas. Sou extremamente grata a todas, elas. Agradego & Sociedade Psicanalitica de Washington e ao seu ins- tituto, onde estudei durante seis anos de emocionante intelectuali- dade; aos doutores Joseph Smith, Oscar Legault, Marion Richmond e John Kafka, por me orientar para o instituto e durante meus anos de estudo; a Mary Allen, do Instituto, Jo Parker e, muito especial- mente, a Pat Driscoll, por ter me ajudado — durante os anos em que trabalhei neste livro — na procura de intimeros livros ¢ referéncias; e ao Dr. Donald Burnham, por pequenos milagres. Sou grata 4 minha amiga Silvia Koner por ter me conduzido ao tema do livro e ao Dr. Louis Breger e Dr. Gerald Fogel, por suas criticas muito valiosas aos meus primeiros esbogos. Agradego aos seguintes psicanalistas, que compartilharam suas experiéncias como: Drs. Justin Frank, Robert Gillman, Pirkko Gra- ves, Stanley Gresspan, Robert King, Susan Lazar, Glenn Miller, Nancy Miller, Frances Millican, Betty Ann Otringer, Gerald Per- man, Earle Silber, Stephen Sonnenberg, Richard Waugaman e Ro- bert Winer. Agradego aos editores da Redbook pela oportunidade que me deram, durante cerca de dezoito anos, de escrever sobre uma larga 4rea de preocupagées humanas, algumas delas refletidas nas pagi- nas deste livro. Sou grata aos amigos que cooperaram comigo neste livro, do comego até o fim — a Leslie Oberdorfer, por ler e discutir meus ca- pitulos comigo quando safam, quentes ainda do meu processador de palavras; a Ruth Caplin, Li Schorr e Phyllis Hersh por estarem sempre disponfveis para explorar assuntos ¢ oferecer encoraja- mento; ¢ ao Dr. Harvey Rich por sua inteligéncia, clareza e grande coracao. Sou grata a Maria Nifio, da Biblioteca de Cleveland Park, por trés anos de ajuda desinteressada. Sou grata a meu marido Milton e a nossos trés filhos por seu ‘amor constante e boa vontade durante meus anos de completa dedi- englio A pesquisa e a redagéo do livro; a meu amigo e agente Ro- bert Lescher por sua ajuda e orientagao habituais, muito acima e além do dever; ao meu editor Herman Gollob por seu apoio con- sistente; e a Dan Green, que disse: famos fazer esse livro. Finalmente, agradego a varias pessoas que néo podem ser men- cionadas por seus nomes — homens, mulheres e criangas cujas ex- periéncias sao descritas neste livro e cuja privacidade prometi pro- teger. Necessary Losses nao existiria sem eles. pee Sumario Introdughose eee ee es 13 PRIMEIRA PARTE — O Eu Separado 17 1 O Alto Prego da Separagao . . 19 2 A Conexdo Final . 33 3 De Pé sem Ajuda . 43 4 © “Eu” Particular 53 5 Ligdes de Amor . 69 SEGUNDA PARTE — O Proibido ¢ o Impossivel ........ 85 6 Quando Vocé Vai Levar 0 Novo Bebé de Volta para (0; Hospital 27-Ahi iis ae eee ge) sees Sor carer ete | Fer 87 7 Triangulos Apaixonados . 103 8 Anatomia e Destino ... 117 © ‘Taq\Bom Quario'a Culpa et 133 10 O Fim da Infancia ........... ee 145) TERCEIRA PARTE — Conexées Imperfeitas ........... 163 11 Sonhos e Realidades 165 12 Amigos de Conveniéncia e Amigos Histéricos, Amigos de Encruzilhada, Amigos de Geracées Diferentes e Amigos que Aparecem Quando os Chamamos as Duas da Manha 175 13. Amor e Odio no Casamento 191 14 Salvando os Filhos . . 2u1 15 Sentimentos de Familia . . 229 QUARTA PARTE — Amar, Perder, Abandonar, Desistir ... 241 16 Amore Luto ....... eee) 17 Mudangas de Imagem . 271 18 Envelheco... Envelhego . 291 19 O ABC da Morte .. 313 20 Reconexées ........ 333 E a imagem na mente que nos une aos tesouros perdidos, mas € a perda que dé forma A imagem. Colette AMORES, ILUSOES, DEPENDENCIAS EEXPECTATIVAS IMPOSS[VEIS, DAS | QUAIS NOS TODOS TEMOS DE ABRIR MAO | PARA CRESCER Introducéo Depois de quase duas décadas escrevendo essencialmente sobre © mundo interior de criangas e adultos, resolvi aprender mais sobre as bases tedricas da psicologia humana. Iniciei meus estudos num instituto psicanalitico porque acredito que, com todas as suas im- perfeigdes, a perspectiva psicanalitica oferece a forma mais pro- funda de discernimento sobre 0 que somos e por que agimos deste ou daquele modo. Na melhor das hip6teses, a teoria psicanalitica simplesmente nos ensina, de modo diferente, o que j4 aprendemos com S6focles, Shakespeare e Dostoiévski. Na melhor das hipste- ses, a teoria psicanalitica nos oferece generalizagées esclarecedo- ras, mantendo ao mesmo tempo um apurado respeito pela comple- xidade e a singularidade de cada um de nds, como seres humanos. Em 1981, depois de seis anos de estudo, eu me formei como pesquisadora pelo Instituto Psicanalitico de Washington, que per- tence & rede internacional de institutos de ensino e de formagao prética criada por Sigmund Freud. Durante esses anos, fui também submetida 4 andlise e trabalhei em varias 4reas psiquidtricas — co- mo auxiliar na sega infantil, como professora de redagdo criativa para adolescentes emocionalmente perturbados e como terapeuta em duas clinicas, fazendo psicoterapia individual com adultos. Per- cebi entao que, para onde quer que olhasse, quer dentro, quer fora dos hospitais, as pessoas — todos nés — estavam Iutando contra a perda. A perda tornou-se ento o assunto sobre o qual me propus a escrever. Quando pensamos em perda, pensamos na morte das pessoas que amamos. Mas a perda é muito mais abrangente em nossa vida. Pois perdemos, nao sé pela morte, mas também por abandonar e ser abandonado, por mudar e deixar coisas para trés e seguir nosso caminho. E nossas perdas incluem nao apenas separag6es e parti- ai) das dos que amamos, mas também a perda consciente ou incons- ciente de sonhos romanticos, expectativas impossiveis, ilusdes de liberdade e poder, ilus6es de seguranga — e a perda do nosso pré- prio eu jovem, o eu que se julgava para sempre imune as rugas, in- vulneravel e imortal. Um tanto enrugada, altamente vulnerdvel e definitivamente mortal, examinei essas perdas. Essas perdas de uma vida inteira. Essas perdas necessdrias. As perdas que enfrentamos quando nos vemos face a face com o fato do qual nao podemos fugir... que nossa mie vai nos deixar, e que nés vamos deixé-la; que o amor de nossa mie jamais sera s6 nosso; que as dores que nos machucam nem sempre desaparecem com um beijo; que estamos no mundo essencialmente por nossa conta; que teremos de aceitar — nos outros e em nés mesmos — um misto de amor e ddio, de bem e de mal; que, por mais sabia, bela e encantadora que seja, nenhuma ga- rota pode se casar com 0 pai quando crescer; que nossas opgées sio limitadas pela anatomia e pela culpa; que hé falhas em qualquer relacionamento humano; que nosso status neste planeta é implacavelmente efémero; © que somos completamente incapazes de oferecer a nés mesmos ou aos que amamos qualquer forma de proteg4o — protegdo contra o perigo e contra a dor, contra as marcas do tempo, contra a velhice, contra a morte, protecdo contra nossas perdas necessérias. Essas perdas sao parte da vida — universais, inevitdveis, inexo- raveis. E essas perdas sao necessdrias porque para crescer temos de perder, abandonar e desistir. Este livro € sobre o elo vital entre nossas perdas e ganhos. Este livro é sobre as coisas das quais desistimos para poder crescer. Pois a estrada do desenvolvimento humano é pavimentada com rentincia. Durante toda a vida crescemos desistindo. Abrimos mao de alguns dos nossos mais profundos vinculos com outras pessoas. De certas partes muito queridas de nés mesmos. Precisamos en- frentar, nos sonhos que sonhamos, bem como nos nossos relacio- namentos fntimos, tudo o que jamais teremos ¢ tudo o que jamais seremos. Investimentos emotivos nos fazem vulnerdveis a perdas. E iis vezes, por mais inteligentes que sejamos, temos de perder. Pediram a um garoto de oito anos um comentario filos6fico so- bre a perda, Sendo homem de poucas palavras, respondeu: “‘Perder 14 suga a gente”. Em qualquer idade, temos de concordar: perder é dificil e doloroso. Consideremos também 0 ponto de vista de que s6 através de nossas perdas nos tornamos seres humanos plena- mente desenvolvidos. Na verdade, gostaria de propor a idéia de que para compreender nossas vidas precisamos compreender como enfrentamos nossas perdas. Gostaria de propor neste livro a idéia de que as pessoas que somos e a vida que vivemos sao determinadas, para o melhor e para o pior, pelas nossas experiéncias de perda. Nao sou psicanalista e nao pretendo escrever como se 0 fosse. Também nfo sou estritamente freudiana, se esse termo tem a inten- gao de descrever uma pessoa que segue a risca as doutrinas de Freud e resiste a qualquer modificagdo ou mudanga. Mas, sem he- sitar, adoto a convicgéo de Freud de que nosso passado, com todos os seus desejos clamorosos e terrores e paixGes, habita o nosso presente, e a sua crenga no poder enorme do nosso inconsciente — aquela regiao fora da nossa percepcao — para modelar os fatos da nossa vida. Adoto também sua crenga de que a conscientizagao ajuda, que reconhecer 0 que estamos fazendo ajuda, e que a auto- compreensao pode ampliar o campo das nossas escolhas e possibi- lidades. Na preparacdo deste livro nao tomei como base apenas Freud ¢ uma vasta gama de outros pensadores psicanaliticos, mas também poetas, fildsofos e escritores que se preocuparam — direta ou indi- retamente — com os aspectos da perda. Além disso, usei extensa- mente minhas experiéncias pessoais como menina e mulher, como mae e filha, como esposa, irma e amiga. Conversei com analistas sobre seus pacientes, com pacientes sobre seus analistas, e com grande ntimero de pessoas do tipo a quem este livro é dirigid pessoas casadas e com familia, que se preocupam com os paga- mentos da hipoteca, os problemas peridentais, a vida sexual, 0 fu- turo dos filhos, 0 amor e a morte. Praticamente todos os nomes fo- ram mudados, exceto os de umas poucas pessoas “famosas”, cujas hist6rias servem como um testemunho ptiblico da caracteristica di- fusa dos problemas de perda. Pois as nossas perdas — examinadas sucessivamente nas quatro partes deste livro — sio sem diivida difusas. As perdas relativas ao afastamento do corpo e do ser da mie, da transformacao gradual em um ser & parte. TS

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