Manual CLC5 Alfaiate
Manual CLC5 Alfaiate
Manual CLC5 Alfaiate
NÚMERO DA UFCD: 5
DATA: 07-06-21
ESTRUTURA DO MANUAL
Este manual está estruturado em quatro domínios de referência e três dimensões, de acordo com o Referencial
de Competências-Chave:
Cultura
DR2 - Lidar com a micro e macro eletrónica em contextos socioprofissionais identificando
as suas mais valias na sistematização da informação, decorrentes também da especificidade de Língua
linguagens de programação empregues Comunicação
Cultura
DR3 - Relacionar-se com os mass media reconhecendo os seus impactos na constituição do Língua
poder mediático e tendo a perceção dos efeitos deste na regulação institucional
Comunicação
Cultura
DR4- Perceber os impactos das redes de internet nos hábitos precetivos, desenvolvendo uma Língua
atitude crítica face aos conteúdos aí disponibilizados
Comunicação
OBJETIVOS GERAIS
Cultura
3. Relacione o título do artigo publicado no jornal Expresso, no dia 03 de abril de 2013, com o cartoon
que acaba de observar.
Há décadas que temos telemóveis, mas durante muito tempo pouco mais faziam do que chamadas.
A mulher com quem partilho a minha existência sobre este planeta chamou-me a atenção para um detalhe:
a nossa incapacidade – e a minha em particular – para estar como se estava antigamente. Ou seja, estando.
Passo a explicar: boa parte da Humanidade deixou de estar em sítios sem fazer mais nada – por exemplo,
quando se está à espera de alguém. Deixámos de saber olhar para o ar, para as pessoas que passam, para os
pássaros ou os ramos das árvores balançando com doçura ao vento (ou com força, em dias de vendaval);
deixámos de pensar na vida ou, simplesmente, de praticar a nobre arte perdida de esvaziar a nossa mente e
não pensar em nada. Porquê? Porque temos telemóveis.
Na verdade, há décadas que temos telemóveis, mas durante muito tempo eles pouco mais faziam do
que chamadas. Ou seja, por muito que admirássemos a modernidade do objeto, não tinha grande coisa para
nos encantar que não a fascinante possibilidade de telefonarmos para quem quiséssemos do lugar que
quiséssemos. De repente, devagarinho, a alienação começou. As SMS, sim senhor; mas culpo também os
criadores de “Snake” de terem aberto a porta: foi com o lendário jogo da cobra retangular comilona que
começámos a baixar a cabeça nos tempos livres e a deixar de encarar o nada nos olhos. Nós pura e
simplesmente tínhamos que alimentar aquele estupor daquela cobra!
Aos poucos, um telemóvel deixou de ser só um telemóvel – e hoje carregamos orgulhosamente na
algibeira centros de entretenimento mais poderosos que um multiplex de 10 salas, com ligação ao
divertimento mais infinito de todos: a Internet. Resultado? Se temos o telemóvel na algibeira e se está
carregado, temos de lá estar a fazer alguma coisa. Acontece que eu nunca tinha racionalizado isto, o que é
inquietante: sacar do telemóvel enquanto espero, por exemplo, que a pessoa amada saia de uma loja de
roupa tornou-se tão natural e inquestionável como respirar – simplesmente, fazemo-lo. Faz parte desse
momento – como alçar a perna quando passamos por uma poça.
É claro que – como manda a tradição -, quando a pessoa amada nos diz uma verdade, é nosso dever
contestar e provar-lhe que tal se trata de um exagero. Mesmo que, no fundo da nossa mente – ou talvez nem
sequer tão fundo -, uma voz nos garanta: “Raios, ela tem razão.” Por isso, decidi mostrar-lhe que poderia, de
forma natural e sem esforço, deixar o telemóvel em casa e, num eventual tempo de espera que ocorresse,
durante uma visita dela a uma sapataria, por exemplo, praticar o nada com o mesmo talento que me tornou
famoso a praticar o nada na minha juventude e que levava pais e professores a considerarem-me
“distraído” e “sempre na lua”. Não era isso; estava de forma exímia e com grande talento, a estar.
E foi horrível. Foi horrível porque assim que a minha mulher entrou na loja, a minha mão, como que
movida por vontade própria, deslizou, rápida e eficaz, pelo bolso das calças adentro – constatando, em
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choque, que nenhum telemóvel lá estava. Seguiu-se profundo desconforto: tremuras, suores – e nova
incursão por todas as algibeiras das calças. Já sabia que não estava lá qualquer telemóvel, mas tinha de lá
estar alguma coisa. Alguma coisa que me “vestisse”, que fizesse desaparecer esta terrível sensação de que
estava nu em público, de que tinha de olhar para coisas e pessoas ou de abraçar a relaxante pacatez do não
fazer nada.
E estava.
Caramba, já repararam como uma bolinha de cotão do bolso das calças pode conter cores e
cambiantes tão fascinantes? Ah, se o cotão tivesse wi-fi…
MARKL, Nuno (2011). Ide Nós. Revista Única, 10/06/2011
1. Aponte os factos que, na opinião do cronista, levam os portadores de telemóveis a não saberem
estar sem fazer nada.
2. Explique o sentido da afirmação: “Aos poucos, um telemóvel deixou de ser só um telemóvel”.
3. O cronista procurou demonstrar que ele não era dependente do telemóvel.
3.1. Como?
3.2. O que aconteceu?
3.3. Como resolveu ele a situação?
4. Em que faixa etária enquadraria o autor do texto.
4.1. Justifique a sua resposta.
A primeira chamada feita de um telemóvel foi feita no dia 3 de abril de 1973. Nesse ano, o
engenheiro Martin Cooper, diretor de projeto da Motorola, causou furor em Manhattam. Muitos nova-
iorquinos pararam, boquiabertos porque viram um indivíduo a falar ao telemóvel na rua. Foi a primeira
chamada feita de um telemóvel de que há registo e correspondeu a um momento que acabaria por mudar a
vida de milhões de cidadãos em todo o mundo.
A ideia de criar este aparelho surgiu em 1947, quando alguns pesquisadores se aperceberam de
que, recorrendo a pequenas células, poderiam aumentar a capacidade de comércio dos telefones móveis.
No entanto, apesar de aqui estar a base do conceito, ainda não existia a técnica nem a possibilidade de
alargar o comércio de conversação, já que a quantidade de chamadas possíveis de realizar ao mesmo tempo
era muito reduzida. Foi necessário chegar a 1968, para que se compreendesse que era fundamental
incrementar as comunicações móveis, dando frequências e possibilitando a existência de uma rede de
comunicações móveis avançada.
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O primeiro telemóvel surgiu precisamente em 1973, quando a Motorola lançou as bases da primeira
geração de telemóveis ao anunciar o DynaTACTM Cellular Phone, que pesava 1089 gr. Entretanto, em 1975,
foi registada a patente do sistema de rádio-telefone de Martin Cooper para a empresa Motorola, razão pela
qual é amplamente considerado o pai do telemóvel.
Na segunda geração de telemóveis, o sistema GSM (Global System for Mobile) passou a
desempenhar um papel muito importante, permitindo a melhoria das comunicações móveis. Começou a
haver mais qualidade nas comunicações, assim como surgiu a hipótese de utilizar o roaming internacional
(possibilidade de a partir de um telemóvel realizar e receber chamadas num país estrangeiro). Em 1998, a
popularidade do GSM continuou a acentuar-se, com a existência de 100 milhões de subscritores, cinco
milhões de novos utilizadores/mês, 120 países envolvidos, com 300 operadores e com uma percentagem
de 60% de telemóveis digitais com GSM.
Por todo o mundo proliferaram as marcas e os modelos de telemóveis e, as características, o
formato, o tamanho e o peso são fatores determinantes para associar os utilizadores a determinados estilos
de vida. Mas o telemóvel não é apenas usado para as tradicionais conversas telefónicas, atualmente, é
possível receber e enviar e-mails, ou faxes e aceder à Internet a partir de um simples aparelho. Assim, os
telemóveis são cada vez mais associados aos computadores, contribuindo todas estas características para a
natural convergência das telecomunicações.
Língua
Quero o maior! – desde pequeníssima, sempre o maior. O urso : o maior. O cãozinho : o maior. O
livro, se o escolhia : o maior, o com mais cores , o com a letra mais gorda. E, na comida: o prato maior, a fatia
maior, a posta maior. O bolo: evidentemente, o maior. Poupada apenas nisto das letras. Abreviaturas,
simplificações. Escolhido para nome Nê, porque encontra muito comprido o que lhe impuseram – Ana Lúcia
é o seu nome da escola, com que assina os testes e os trabalhos, e Nê o seu nome livre.
Vai agora a atravessar a passadeira de peões e a escrever uma sms ao mesmo tempo. É um truq q
costuma fzer para mostrar q tanto se lhe dá. Que é forte. Um carro pára, os travões guincham, os pneus até
dtm fmo, a mulher baixa o vidro e grita-lhe:
- Ó menina, quer ir já para o céu, tão novinha?
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Nê treme tanto que os dentes chocalham na boca, o carro a dois milímetros dos ténis de plataforma
que nesse dia estreia, o telemóvel na mão onde a sms começada ainda enlanguesce : “vmos hje ao cc cnema
k v o k?”; e a condutora olha-a de dentro da carrinha familiar, sorrindo, cínica e arrancando, em
esfogueteada primeira, grita:
- Menina (...) ! Menina Qualquer Coisa, palavra que ela não percebe e escreve no tlm “ia sendo
atropelada! tou aq td a trmer!” e envia à Ana Márcia que lhe responde logo “táse!”.
A palavra q ela não percebeu teve um efeito curioso em Ana Lúcia. Começou a tomar mais atenção ao
mundo, a estar mais alerta para td o que ia e vinha à sua volta, à espera de a reconhecer. Podia acontecer
em qualquer lado, na piscina, a meio de um salto da prancha, e ter a orelha tapada pela touca. No
polivalente, à passagem de alguém, embora lhe parecesse pouco provável. No polivalente havia sobretudo
ruído. Mas era preciso estar preparada. No café, ao interv do almoço, no meio da vozearia dos rapazes que
se batiam por td e por nada, ouviu a palavra “desconchavada” vinda de uma mesa de mulheres-gralhas e
achou q não era Aquela a Que Demandava, mas acabou por ficar.
Agora, em vez de responder “táse” quando o tio António, o meio tolinho meio irmão do pai q vive na
cave, lhe pergunta com um olho meio fechado : “Q tal o dia...? Na escola...?”, ela diz “Olha, tive um dia mesmo
desconchavado”, deixando a Leila interdita, com a franja a encaracolar-se-lhe e a escova de alisar o cabelo a
pilhas rodando estupidamente na mão. Foi lanchar, quase sem fome, escolhendo a fatia maior. Leila disse,
no dia seguinte, afundada na torrente de palavras sem sentido com q normalmente a enviava para a escola:
“encardida”. “O quê?”, perguntou. “O quê o quê?”, perguntou a Leila. “Disseste que a camisola estava o quê?”.
“Encardida?”. A palavra que Ana Lúcia buscava não era “encardida”, mas passou a usá-la tb. na frase “ Sinto
esta fase da minha vida um bocado encardida”. E comeu pouco ao pequeno almoço.
SMS para cá e para lá nas aulas. O tema: um MMS da Ana Sandra que mostrava um homem todo nu com
uma grande cabeça de abóbora. Mas Nê já estava noutra. Achou os colegas todos “lúgubres”. E, no interv das
dez e meia, espantou a Ana Margarida ao dizer que a comida do refeitório era “sórdida”, que o Paulo andava
“sorumbático” e “extravagante”, mas sorriu ao nome da namorada dele, quando lho disseram : Mirtília
Túlia. Não era de troça, era um nome q era um nome verdadeiro. E a frase favorita : “ O Paulo é cá um lapa”.
E o filme de murros no centro comercial? “Inane”, comentou. Procurou (sem realmente procurar) os sítios
onde seria mais provável ouvir o que não percebera da primeira vez. A casita onde morava com o meio tio e
a mulher, Leila, passou a ser uma “choça” e o carro deles um “chaço”. Olhou Silvestre, o misterioso vizinho
que estudava matérias misteriosas, com nova motivação. Espiava-o do seu pátio em frente à garagem e
achava tudo feio – fora a cameleira, “deslumbrante”. E pequenos musgos no muro, “pitoresco”. Não falava
muito. Ficava a apreciar o pouco que tinha, procurando as palavras mais apropriadas com gula. Não era, por
exemplo, paixão o que sentia por Silvestre, mas “encantamento”, e em outros momentos, “delírio”. De vez
em quando escrevia uma palavra no muro, de líquen a líquen. Silvestre, entretanto conquistado pelo
prolongado silêncio dela, convidou-a para tomar um café. Acompanhou-a à vitrina.
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1.1. Identifique os excertos do texto em que a autora recorre à linguagem frequentemente usada
nos SMS1.
1.1.1. Substitua as abreviaturas usadas pela palavra correspondente.
1.2. Em trabalho de pares, construa um glossário das abreviaturas mais frequentes na escrita de
SMS.
Comunicação
com os outros.
TELEMÓVEL
Vantagens Desvantagens
3. Individualmente, num texto coerente e coeso (consulte a ficha informativa relativa a esta matéria),
reflita, sobre a afirmação que se segue:
«O telemóvel é uma extensão do “eu”».
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Língua
A palavra texto provém do latim “textu”, que significa “tecido, entrelaçamento”. Tendo em conta
esta origem etimológica, nunca devemos esquecer que o texto resulta desta ação de tecer, de entrelaçar
unidades que formam um todo interrelacionado.
Podemos, pois, definir um texto como um conjunto de enunciados (orais ou escritos) relacionados
entre si que formam um todo com sentido.
A coerência e a coesão são dois princípios básicos de estruturação de um texto.
A – A coerência
Dizemos que um texto é coerente quando aquilo que ele transmite está de acordo com o
conhecimento que cada locutor tem do mundo. Para que haja coerência textual é ainda necessário que o
texto apresente progressão temática e continuidade semântica. A progressão e a continuidade completam-
se, pois a primeira, pela introdução de informação nova relativa a um tema central, assegura que o texto
não se limita a repetir indefinidamente aquilo que já foi exposto e a segunda garante a existência de um fio
condutor. Alternando equilibradamente continuidade e progressão, garante-se a continuidade do tema
central e unificador e o desenvolvimento progressivo desse tema nos seus múltiplos aspetos.
A coerência é, assim, a propriedade textual que assegura a ligação entre o texto e o mundo (real ou
imaginário) que ele designa.
Leia o texto:
Literatura e violência
“A literatura e a violência” é, dependendo da perspetiva que se pretenda adotar, matéria extremamente
vasta para estudo. Esconde-se violência no espinho de uma rosa.
Os analistas, os estudiosos das literaturas mais difundidas no mundo, encontram textos de todas as épocas
em que literatura e violência se apresentam, quer como expressão literária de autores sobre esse tema,
quer como produção de ensaios e teses sobre o mesmo. Não pretendendo fazer história, peço-vos que
recordem, desde a antiguidade aos tempos modernos, os numerosos escritores que sobre a violência
produziram literatura e encontraremos, sem falar dos remotos gregos e árabes, dos clássicos russos aos
1
SMS - do inglês “Short Message Service”
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alemães, muitos dos quais se exilaram e adotaram uma nova realidade, aos grandes escritores americanos
dos ciclos do tabaco e do algodão, aos brasileiros sobre a colónia, a escravatura, o cacau e açúcar, o
coronelismo. E fiquemos por aqui, para não termos possibilidades de não acabar nunca mais.
ANDRADE, Costa(2007). Opiniões, critérios. Ensaios, palestras, conferencias sobre tudo e coisa nenhuma. Angola: Editorial Kilombelombe.
Depois de anunciar o tema central e estruturante de todo o texto – “literatura e violência” –, o autor
vai introduzindo novos factos e ideias (progressão temática), o que faz o texto avançar: a presença da
violência em todo o lado (“no espinho de uma rosa”); a sua presença em textos literários, ensaios, teses, em
diferentes países e épocas…
Note-se, também, que a progressão depende da recorrência do tema – o aparecimento de novas
informações é acompanhado pela recuperação do assunto anunciado no tema: “Esconde-se violência…”;”
literatura e violência”; “esse tema…”; “sobre violência…”.
B. Coesão
As unidades constitutivas de um texto estão ligadas entre si, isto é, estabelecem entre elas
determinadas relações através de uma série de mecanismos, fundamentalmente linguísticos, a que se dá o
nome de coesão.
A coesão pode ser interfrásica, temporal, lexical. Por agora, vamos deter-nos apenas na
coesão interfrásica.
1. Coesão interfrásica
A coesão interfrásica consiste na articulação relevante e adequada de frases ou de sequências de
frases (segmentos textuais).
A conexão interfrásica é, sobretudo, assegurada pelos marcadores discursivos ou articuladores do
discurso.
… articular ideias de mas, porém, todavia, contudo, no entanto, apesar de, ainda que, embora,
contraste, oposição, mesmo que, por mais que, se bem que…
restrição
… adicionar e agrupar e, além disso, e ainda, não só… mas também/como ainda, bem como, por
elementos e ideias um lado… por outro lado, nem… nem (negativa), do mesmo modo,
igualmente…
… introduzir uma conclusão pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, em
a partir da ideia principal conclusão…
… resumir, reafirmar por outras palavras, ou seja, em resumo, em suma…
… exemplificar por exemplo, isto é, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a
saber, entre outros…
… comparar como, conforme, também, tanto… quanto, tal como, assim como, pela
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mesma razão…
… indicar uma consequência por tudo isto, de modo que, de tal forma que, daí, tanto… que, é por isso
que…
… dar uma opinião na minha opinião, a meu ver, em meu entender, parece-me, penso que…
… exprimir dúvida talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente, porventura…
… insistir nas ideias com efeito, efetivamente, na verdade, de facto…
expostas
… esclarecer, explicar uma quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, ou
ideia antes, dizendo melhor, ou melhor…
… organizar ideias por em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo lugar,
ordem sequencial (no em seguida, seguidamente, depois de, após, até que, simultaneamente,
tempo ou espaço) enquanto, quando, por fim, finalmente, ao lado, à direita, à esquerda, em
cima, no meio, naquele lugar…
… introduzir raciocínios que com o intuito de, para (que), a fim de, com o objetivo de, de forma a…
apresentam a intenção, o
objetivo com que se produz
o que é descrito
anteriormente
… anunciar uma ideia de pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa
causa de…
…indicar uma hipótese ou se, caso, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que, desde que,
condição supondo que…
… exprimir um facto dado com certeza, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida que…
como certo
… evidenciar ideias fosse…fosse, ou (…ou), ora…ora, quer…quer…
alternativas
DR2. Lidar com a micro e macro eletrónica em contextos socioprofissionais identificando as suas mais
valias na sistematização da informação, decorrentes também da especificidade de linguagens de
programação empregues
Objetivo: Identifica as mais-valias da sistematização da informação disponibilizada por via eletrónica
em contextos socioprofissionais.
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CULTURA
1.3. Na sua opinião, que vantagens trouxeram as Tecnologias da Informação e da Comunicação para o
contexto laboral?
1.3.1. Aponte possíveis utilizações das Tecnologias da Informação e da Comunicação na área da
Logística.
1.1. Para cada um dos itens que se seguem, escolha a alínea que corresponde à opção correta, de acordo
com o sentido do texto.
1.2. Através do recurso à repetição da conjugação subordinativa “quando”, nas linhas 3 a 6, o autor
pretende:
a. conferir ao seu texto um tom mais literário;
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3.2. Na frase “O caso do papel é um dos mais curiosos.” (l.11), o adjetivo refere-se:
a. ao facto de o papel ser um objeto raro e interessante;
b. à curiosidade que o papel suscita nos seus utilizadores;
c. à estranheza que o autor revela pelo facto de o fim anunciado do papel não se ter
concretizado.
3.3. No excerto “mas depois imprime os rascunhos, revê-os, discute-os e anota-os” (l.25-26), o pronome
pessoal (destacado a negrito) é usado para:
a. evitar a repetição do seu antecedente “rascunhos”;
b. tornar mais evidente a importância dos rascunhos;
c. evitar a repetição do nome “documentos”.
3.5. No penúltimo parágrafo do texto (ll. 29 – 35), as expressões “começamos por…”, “Depois…” e
“Finalmente…” são marcadores discursivos ou articuladores do discurso que:
a. evidenciam ideias alternativas;
b. organizam as ideias por ordem sequencial;
c. indicam uma condição.
LÍNGUA
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ESTRUTURA
A. Introdução
Parágrafo inicial no qual se apresenta a tese (ponto de vista), que tem de ser clara, sem referir ainda
quaisquer razões ou provas.
B. Desenvolvimento
C. Conclusão
É constituída por uma síntese da demonstração feita no desenvolvimento, devendo ser convincente
e irrefutável. Por norma, retoma-se o tópico da introdução.
Revisão – no final, releia o seu texto e faça uma revisão cuidado do que escreveu, reformulando-o,
apagando, acrescentando, substituindo ou reconfigurando as ideias expostas.
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EXEMPLO
A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens. Funciona como um
estímulo que condiciona os comportamentos, positiva ou negativamente.
A televisão difunde programas educativos edificantes, tais como o ZigZag, os documentários sobre Historia,
Ciências, informação sobre a atualidade, divulgação de novos produtos…
Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibir modelos, cujas características são
inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são amplificadas, os defeitos esbatidos, criando-se
a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção produz sentimentos de insatisfação do eu consigo mesmo e de
menosprezo pelo outro. A violência é outro aspeto negativo da televisão, em geral. As crianças/jovens tendem a imitar os
comportamentos violentos dos heróis, o que pode colocarem risco a vida dos mesmos. O mesmo acontece com o
visionamento de cenas de sexo. As crianças formam uma imagem destorcida da sua sexualidade, potenciando a prática
precoce de sexo e suscitando distúrbios afetivos.
Em jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às estações de televisão uma restrição de exibição de material
violento ou desajustado à faixa etária nas suas grelhas de programação, dado que a exposição a este tipo de conteúdos é
extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens, pois, tal como diz o povo, “violência só gera
violência”.
http://pt.scribd.com/doc/31355681/exemplo-texto-agumentativo (2013/04/30)
COMUNICAÇÃO
Num texto coerente e coeso, reflita acerca das vantagens e desvantagens do uso das Tecnologias da
Informação e da Comunicação no âmbito laboral.
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Imagine que, no último domingo, ao ler um jornal diário, encontrou, na secção de classificados - “PRECISA-
SE”, o seguinte anúncio:
PRECISA-SE
Técnico de Logística
- 12º ano, preferencialmente em curso de
dupla certificação
- Conhecimentos de inglês
- Conhecimentos de informática na ótica
do utilizador
- Capacidade para gerir equipas
Redija o seu curriculum vitae, bem como a sua carta de apresentação, para responder ao anúncio
apresentado.
NÃO SE ESQUEÇA QUE ESTES DOIS DOCUMENTOS SÃO A CHAVE DO SEU SUCESSO E A PORTA DE
ENTRADA PARA ESTE NOVO EMPREGO!
Curriculum Vitae
Definição
O curriculum vitæ (do latim trajetória de vida), também abreviado para CV ou apenas currículo (por
vezes utiliza-se o termo curricula, como forma no plural do termo) é um documento de tipo histórico, que
relata a trajetória educacional e/ou académica e as experiências profissionais de uma pessoa, como forma
de demonstrar suas habilidades e competências. De um modo geral o curriculum vitae tem como objetivo
fornecer o perfil da pessoa para um empregador, podendo também ser usado como instrumento de apoio
em situações académicas.
O curriculum vitae é uma síntese de qualificações e aptidões, na qual o candidato a alguma vaga de
emprego descreve as experiências profissionais, formação académica, e dados pessoais para contacto.
Ainda é a forma que muitas empresas usam para preencher vagas de emprego.
A entrega do currículo é apenas a primeira fase da admissão em uma instituição, as fases
posteriores compreendem a entrevista e prova de conhecimentos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Curriculum_vit%C3%A6 (2013/03/26)
Carta de apresentação
✓ os objetivos desta carta são: suscitar o interesse do empregador, chamar a atenção para o seu
curriculum, expressar o seu interesse e motivação face à função e à empresa às quais se candidata e
conseguir obter uma entrevista;
✓ ao escrever a carta deverá ter em atenção os seguintes aspetos:
o utilize frases curtas, claras e sem erros de ortografia;
o utilize o registo de língua cuidado;
o evite banalidades, falsos elogios e frases demasiado pomposas;
o não utilize o post-scriptum (P.S.) – se der conta que não mencionou um ponto importante, é
preferível escrever a carta de novo;
o obedeça à estrutura da carta;
o se for acompanhada de curriculum, deve mencioná-lo, no canto inferior esquerdo
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da folha;
o dirija-a ao Diretor de Recursos Humanos ou ao Diretor da empresa
Exemplo
João da Silva
Rua da Bélgica, n.º xx
4200-436 Vila Nova de Gaia
Telef.: xx xxx xx xx
Venho, por este meio, responder ao anúncio publicado pela empresa de V. Exa. no Jornal de Notícias,
do passado dia 11 de Julho, para a função de técnico de vendas, no caso de reunir as condições que
considerem necessárias para a integração na V/ empresa.
A minha experiência profissional é diversificada dentro da área comercial, tendo trabalhado
durante 12 anos na mesma firma, que, por deslocação do pólo de produção para o continente africano,
resolveu encerrar as portas.
Assim, e como penso que a minha experiência poderá ser enriquecedora e uma mais-valia para a
empresa de V.Exa., e que esta será, sem dúvida, uma boa oportunidade de desenvolver as minhas
competências pessoais e profissionais, coloco-me, desde já, à V/ inteira disposição para um posterior
contacto, onde poderei fornecer informações mais pormenorizadas acerca da minha experiência
profissional.
João da Silva
Anexo: CV
Manual da UFCD (CLC5) Curso: Alfaiate
DR3. Relacionar-se com os mass media reconhecendo os seus impactos na constituição do poder mediático
e tendo a perceção dos efeitos deste na regulação institucional
Objetivo: reconhecer a importância dos mass media e o seu impacto na sociedade no poder legislativo e
executivo.
CULTURA
O jornalismo, na sua justa e verdadeira atitude, O jornalista não: trabalha, luta, derrama ideias,
seria a intervenção permanente do País na sua sistemas, filosofias sociais e populares estudos
própria vida política, moral, religiosa, literária e refletidos, improvisações, defesas eloquentes,
industrial. nobres ataques da palavra e da ideia, pois bem,
Mas esta intervenção nos factos, nas ideias, para tudo isso passa, morre, esquece: aquela folha
ser fecunda, elevada, para ter um carácter de delgada e leve, onde ele põe o seu, espírito, a sua
utilidade pública e largas vistas sociais, deve ser ideia, a sua consciência, a sua alma, perde-se,
preparada pela discussão e pelo esclarecimento da desaparece, some-se, sem esperanças de vida, de
direção governativa, do estado geral dos espíritos, duração, de imortalidade, como uma folha de
do vigor das consciências, da situação pública, da árvore ou como um trapo arremessado ao
virtude das leis. monturo. (...)
É o grande dever do jornalismo fazer conhecer o (...) o jornalismo ensina, professa, alumia
estado das cousas públicas, ensinar ao povo os sobretudo; é ele o grande construidor do futuro;
seus direitos e as garantias da sua segurança, estar não é só o facto de hoje que o prende - isso é o
atento às atitudes que toma a política estrangeira, menos - é o facto que o futuro contém: ele vai das
protestar com justa violência contra os atos relações presentes às relações futuras e mostra a
culposos, frouxos, nocivos, velar pelo poder revolução lenta, serena, imensa, pela qual a
interior da Pátria, pela grandeza moral, intelectual humanidade transforma e refaz o seu destino no
e material em presença das outras nações, pelo sentido da justiça.
progresso que fazem os espíritos, pela É por isso que ele contradiz muitas vezes a opinião
conservação da justiça, pelo respeito do direito, da recebida; e com razão; nem sempre a grande
família, do trabalho, pelo melhoramento das massa tem a consciência do bem, do direito e da
classes infelizes. (...) sua verdadeira razão; é necessário que o
O jornalismo não sabe que há o abatimento moral, jornalismo a esclareça, que a avise quando ela se
o cansaço, a fadiga, o repouso. Se ele repousasse, transviar, que a sustenha, quando ela for a cair. (...)
quem velaria pelos que dormem? (…) Eça de Queirós, in Páginas de Jornalismo –
Há homens, há trabalhadores de ideias, filósofos, "O Distrito de Évora" (n.º 1, 6 de Janeiro de 1867), vol. II, Lello e
Irmãos Editores
que fazem o mesmo áspero trabalho incessante:
mas esses têm a glória, que é como um bálsamo
divino derramado nos seus cansaços.
José Maria Eça de Queirós (Póvoa de Varzim, 1845 - Paris, 1900) - Formou-se em Direito na Universidade
de Coimbra. Participou nas Conferências do Casino e teve um importante papel na Geração de 70. Foi
nomeado cônsul em Havana (1872), tendo viajado muito. Algumas obras: "O Crime do Padre Amaro"
(1875-1876), "O Primo Basílio" (1878), "A Relíquia" (1887), "Os Maias" (1888), "Contos" (1902) e "Prosas
Bárbaras" (1903). É considerado um dos maiores romancistas portugueses do século XIX.
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2. No terceiro parágrafo, o autor enumera aquelas que considera serem as grandes funções do jornalismo.
2.1. Selecione as três que lhe parecem mais significativas, justificando a sua escolha.
5.1. Esclareça se se trata de uma apreciação marcadamente positiva ou negativa, confirmando a sua
resposta com citações do texto.
6. Num texto de cerca de cento e cinquenta palavras, apresente a sua opinião acerca do jornalismo que
se pratica atualmente nos meios de comunicação social portugueses.
Desde há anos, estudiosos dos media repetem que a “televisão morreu”. E, no entanto, ela move-se
mais rápida do que os especialistas. Conquista novos públicos em todo o mundo. Reúne maiores audiências
do que qualquer outro médium quando em direto de acontecimentos trágicos, como o 11 de Setembro, ou
de entretenimento, como o mundial de futebol ou o final do campeonato de futebol americano 2010, que
juntou 106 milhões de americanos – mais do que o youtube durante um mês. A televisão é um motor de
economia. Dá emprego e mobiliza a criatividade de dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo. A
qualidade de alguns conteúdos televisivos supera hoje a de muito cinema de Hollywood.
Com aquela previsão necrológica, os especialistas pretendiam dizer que a TV a que chamamos
generalista tem os dias contados. Desde os anos 80 que a previsão ainda não se concretizou. Em todo o
mundo, os canais generalistas, como em Portugal a RTP1, a RTP2, a SIC e a TVI, permanecem os mais vistos
e os mais importantes em termos políticos, sociais e económicos. Todavia, as profundas mudanças que o
meio televisivo e os seus contextos nacionais têm sofrido merecem reflexão e debate público, pois dizem
respeito a todos. Este ensaio pretende contribuir para esse debate. (…)
TORRES, Eduardo Cintra (2011). A televisão e o Serviço público. FFMS e Relógio D’Água Editores
2. Responda às questões.
2.1. Desde há anos, estudiosos dos media repetem que a “televisão morreu”.
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Língua
Estreia de um africano
Esta é a primeira vez que um autor oriundo de um país africano de língua oficial
portuguesa recebe o prémio depois da APE e a autarquia famalicense decidirem alargar o concurso em
2005.
“Receber um prémio é um acréscimo de responsabilidade para o trabalho e para e para as próximas obras”,
adiantou Ondjaki. O autor espera lançar um novo romance assim como um livro de poesia que está previsto
para Fevereiro.
O representante do júri, Manuel Frias, considera que Ondjaki tem um “enorme talento literário” salientando
o uso “recorrente” do autor à ironia.
Entendendo que ao premiar um autor dos PALOP está a ” valorizar-se” a figura de Camilo e a sua obra, o
presidente da Câmara de Famalicão, Armindo Costa, aponta que ao patrocinar o prémio está a “estimular” a
criação literária contemporânea.
In Jornal de Notícias, 5/12/2008
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Comunicação
2. Indique o aspeto particular da imagem principal do anúncio que assegura a ligação com os restantes
elementos.
3. Identifique o público-alvo deste anúncio, justificando a sua resposta.
3.1. Prove que o anúncio foi pensado de forma a valorizar o seu público.
4 Normalmente, um texto publicitário é também constituído por um texto de argumentação no qual
são apresentadas algumas vantagens do serviço publicitado. Produza um texto argumentativo que
se adeque à mensagem e ao slogan apresentados.
5. Explique por que razão este anúncio faz parte da publicidade comercial.
DR4. Perceber os impactos das redes de internet nos hábitos precetivos, desenvolvendo uma atitude crítica
face aos conteúdos aí disponibilizados.
Objetivo: compreender e interpretar o impacto das TIC nos hábitos individuais e colectivos, a nível
comunicacional, cultural e linguístico.
Comunicação
Ouça a reportagem “Adiciona-me” difundida pela Antena 1 da autoria de Rita Colaço e responda às questões
que se seguem.
1. Quem é Gustavo Cardoso?
1.1. Qual a sua opinião acerca das redes digitais?
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Cultura
1. A partir da mancha gráfica que compõe o texto que se segue, identifique o tipo de texto que vai ler.
2. Leia o texto.
Juergen Scriba
Rafaela Bredow *
Em 1972, Clifford Stoll criou o sistema Arpanet, precursor da atual Internet. Ficou mundialmente conhecido
por, em 1987, ter desmantelado um grupo de sabotagem que na Alemanha vendia informações secretas à
KGB. Entretanto, passou a ser inimigo declarado do culto da Internet.
Entre outros, deve-se a si a existência da Internet no mundo de hoje. Mas você transformou-se num
crítico feroz da comunicação eletrónica. Como é possível que um entusiasta dos computadores se
tenha transformado num inimigo figadal?
Não é verdade. Adoro os computadores. O que me irrita é o culto criado em redor deles. Trata-se de uma
ideia da Microsoft, da Apple e de mais algumas pessoas de Silicon Valley, que impuseram ao mundo esta
mensagem: se não tens e-mail, se não navegas na Internet, és um fracassado e um eterno frustrado.
Há gente respeitável, tanto no ramo dos computadores, como no da investigação científica, que o
acusa de ser isso mesmo.
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Há mesmo quem me odeie violentamente. Sou injuriado, chamam-me o idiota total, o destruidor de
máquinas. No entanto, eu só faço perguntas a que tais pessoas não sabem responder. E argumentam
mostrando-me fotografias de crianças felizes por estarem diante do computador a clicar com o rato.
Mas, então, todos os "ratos de biblioteca" se transformarão em assassinos: nada isola mais um
jovem do que passar a vida agarrado a livros fascinantes.
Mas essa era a tese de Sócrates: ele pretendia que as pessoas não aprendessem a ler, deveriam, pelo
contrário, pensar e discutir umas com as outras. Sócrates só fazia perguntas e não punha em cima da mesa
soluções feitas.
Mas a função dos multimédia consiste precisamente em transformar matérias escolares áridas em
assuntos interessantes. Os jovens de hoje não leem o "Mercador de Veneza" de Shakespeare, mas
podem admirar essa peça teatral no Teatro de Stratford recorrendo à Internet.
Mas isso é televisão! É Shakespeare televisivo! Shakespeare é teatro. Mostre-me o chip da Intel que
consegue transmitir os sentimentos de MacBeth! Arranje-me um CD-ROM que ensine os meus filhos a
representar o MacBeth!
Os defensores da Internet dir-lhe-ão que é uma questão de tempo. Em breve, os computadores serão
tão rápidos que poderão transmitir toda o tipo de dados.
Que tecnologia será necessária para transmitir a três dimensões um holograma da minha pessoa? E, mesmo
que tal venha a ser possível, será isso substituto de um bom professor?
Você está a comparar as potencialidades da Internet com o professor ideal. Porém, onde está ele? A
esmagadora maioria das crianças estão condenadas a ler o Shakespeare a preto e branco.
Eu acho isso muito bem. Excita a imaginação das crianças, fomenta a sua fantasia e evita que elas, frente ao
computador, sejam informadas às colheradas sobre Shakespeare. Na Internet, as crianças veem o Romeu e
a Julieta e dizem: olha, eles são assim. Se, porém, lerem o livro, constroem a sua própria imagem de como
teriam sido essas personagens. Os multimédia destroem para sempre a capacidade de imaginação das
crianças.
Não estará você a repetir a mesma argumentação de Charlie Chaplin quando apareceram os
primeiros filmes sonoros?
E ele tinha razão: imagem e som ao mesmo tempo duplicam a informação, porém a mensagem perde-se.
Marshall McLuhan tinha razão quando em meados dos anos 60 escreveu: "A mensagem é o médium." O
modo como uma informação é recebida depende do médium que a transmite. Ora, a mensagem da Internet
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é só uma: clic! A Internet só ensina a clicar. Não precisas de trabalhar, basta clicar! Não precisas de pensar,
basta clicar! Se não gostas do que estás a ver, tens apenas de clicar! Por isso é que navegar na Net é uma
excelente receita para deixar de pensar.
Esse seu argumento tanto dá para defender a Internet como um bom professor. Um mau professor
de biologia não cativa tanto os alunos como o célebre documentário de Edward Wilson sobre a vida
das formigas e que você pode ir buscar à Internet.
Mas isso é pura televisão. Transmite a sensação de termos aprendido algo sem, na realidade, termos
aumentado a nossa cultura. Os problemas da floresta amazónica transmitidos na Internet geram a ilusão de
termos experimentado as chuvas tropicais. A Internet transforma as nossas crianças em pessoas que
pensam que o acesso à informação faz delas, automaticamente, conhecedoras da realidade.
Mas maus professores também transformam crianças em pessoas que passam a odiar a escola, o
aprender e os livros.
Nessa argumentação, também poderemos trocar um mau professor de biologia por um bom sistema
informático, e eu aceito isso. Porém, seria mais lógico trocar um mau professor por um bom professor de
biologia. Não acha que seria melhor investir o nosso dinheiro em formar bons professores do que em
construir melhores computadores?
Um computador faz as crianças mais felizes. A felicidade das crianças não é um bom motivo para
aprender?
Nego que aprender seja um prazer. Se defendermos essa tese, estaremos a mentir aos nossos filhos. Nos
anos 50, quando eu andava na escola, também havia multimédia. E nessa altura dizia-se que as crianças
gostavam de ler. Por isso, transformaram-se em banda desenhada os grandes êxitos da literatura mundial:
Dostoievski, Shakespeare, etc. Esses cadernos eram uma ratoeira. Para aprender é necessário trabalho,
disciplina, fazer os trabalhos de casa e ler livros, tudo coisas que não poderemos comprar em nenhum CD-
ROM nem encontrar num programa multimédia.
Há cerca de cem anos, um jornalista escreveu no "New York Times" que a nova técnica de introduzir
o quadro preto nas salas de aula era "uma moda passageira". Não acha que também você se pode
enganar?
E os outros que têm interesses nos novos computadores também não se podem enganar? Todas as pessoas
que inventam coisas novas dizem logo que esse produto vai revolucionar o ensino. Thomas Edison
acreditava em 1922, quando inventou o filme sonoro, que passados cinco anos deixariam de existir
compêndios escolares. Também houve pessoas que pretenderam instalar a rádio nas escolas para
substituir os professores. E depois, evidentemente, a televisão nas escolas. Fracassou tudo. E o pior é que
ninguém aprendeu a lição. O mesmo se está agora a passar com a Internet.
Não podemos admitir essa sua tese segundo a qual qualquer técnica nova será necessariamente um
fracasso.
Eu não digo isso. Afirmo, apenas, que todo o progresso técnico tem um preço e que é preciso pagá-lo. Pense
nas redes de autoestradas. Todos diziam que elas seriam uma bênção para as populações. E veja o que
aconteceu: as pessoas fugiram das cidades e criaram em redor de todas as grandes cidades "dormitórios"
horrorosos sem características próprias.
ideias e pensamentos ficam reduzidos à homogeneidade. O horroroso da cultura das redes de autoestradas
é consequência direta da decisão de cobrir um país com uma rede de autoestradas. Ora, o mesmo acontece,
intelectualmente, quando se pretende impor em cada casa uma World Wide Web.
1.1. Assinale verdadeiro ou falso nas afirmações seguintes, de acordo com as declarações do
entrevistado.
V F
As pessoas veneram de tal forma a internet, que apenas quem a utiliza é visto como bem
sucedido.
2. Faça um levantamento das vantagens e desvantagens da internet enunciadas na entrevista que acabou de
ler.
COMUNICAÇÃO
Tendo em conta o título da entrevista lida “INTERNET É RECEITA PARA DEIXAR DE PENSAR”, debata com
os seus colegas as vantagens e desvantagens da internet.
Preparação do Debate
Cultura
As tecnologias da informação e comunicação são cada vez mais utilizadas pelas instituições culturais,
nomeadamente pelos museus. Estas têm repercussões quer para a gestão interna do próprio museu quer
para a sua projeção externa. Neste último caso, desempenham um papel fundamental os sítios web.
Partindo da observação e análise das páginas web dos museus nacionais portugueses é possível constatar
que a sua presença na “www” é heterogénea, disponibilizando informações, conteúdo e recursos muito
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Elabore um inquérito sobre os dos hábitos de ocupação dos tempos livres, tendo em conta a forma como
usa os diferentes meios de comunicação (televisão, rádio, internet, …). O inquérito deverá ser aplicado no
grupo de formação e na sua esfera familiar.
Língua
Depois de apurados os resultados do inquérito, apresente-os sob a forma de gráfico e faça um relatório,
apresentando as conclusões a que o grupo chegou.
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Definição: texto em que se expõe por escrito e analisa uma actividade ou situação. Consoante a sua
finalidade, pode assumir diversas formas: relatório de contas, relatório médico, relatório de aulas práticas,
relatório de visita de estudo, etc.
A principal finalidade deste tipo de texto é informar, dar conta da actividade realizada. No entanto, um
relatório deve também analisar criticamente os dados a fim de reflectir sobre os resultados para se chegar a
conclusões.
Estrutura
O relatório deverá contemplar todos os elementos que se seguem:
Capa – contém a identificação da instituição, o título, a identificação do autor, o nome do destinatário, o
nome da área de formação e a data;
Introdução – onde se enunciam os objectivos, assunto e circunstâncias da elaboração do relatório, isto é,
descreve-se o que vai ser relatado;
Desenvolvimento – é feita a descrição da situação com a crítica, em que o relator sublinha os aspectos
positivos e negativos; pode conter os objectivos da actividade, o método seguido, as fases da actividade, o
material e os recursos envolvidos, os dados, os resultados e a sua análise crítica, fotografias, gráficos,
tabelas, etc,..
Conclusão – constituída pelo balanço crítico das actividades desenvolvidas.
Bibliografia (se for pertinente);
Índice
Caraterísticas da Linguagem
✓ O tipo de linguagem a usar num relatório deve respeitar os seguinte parâmetros:
✓ registo de língua cuidado;
✓ predominância de tempos do pretérito (pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito);
✓ uso da 1ª ou 3ª pessoas. Deve, no entanto, manter o uso da pessoa verbal com que iniciou o texto, de
modo a que a sua coerência e clareza não sejam afetadas;
✓ uso de verbos como: “notar”, “constatar”, “observar”, “confirmar”,“sublinhar”…
✓ uso de frases curtas;
✓ modos expositivo, descritivo e/ ou narrativo na apresentação dos factos;
✓ utilização da exposição e da argumentação para refletir sobre os dados e os resultados.
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ATENÇÃO:
A APRESENTAÇÃO DEVE SER IMPECÁVEL:
✓ numere as páginas;
✓ use letra legível, ou, em computador, utilize uma letra de tamanho médio;
✓ destaque os cabeçalhos, títulos e subtítulos.
MANUAL ADAPTADO A PARTIR DE Duarte, Olga (n.d.). Cultura, Língua e Comunicação. Delegação Regional do
Norte.