Racismo, Sexismo, Crise Do Capital e Ofensiva Conservadora
Racismo, Sexismo, Crise Do Capital e Ofensiva Conservadora
Racismo, Sexismo, Crise Do Capital e Ofensiva Conservadora
raça/etnia, sexualidades.
Mesa coordenada Feminismo, direitos e diversidade.
Resumo: Reflexões preliminares da pesquisa que articula racismo estrutural, crise do capital e
ofensiva conservadora como desafios à consolidação da igualdade racial e de gênero nas
políticas sociais. O racismo e o sexismo fundamentam as sociedades capitalistas pós-coloniais
e dinamizam a hegemonia burguesa. A crise contemporânea do capital agudiza a exploração e
bloqueia o financiamento e a promoção de políticas públicas de igualdade racial e de gênero no
interior das políticas sociais. O conservadorismo como condicionamento ideológico da classe
trabalhadora imputa como naturais as desigualdades determinadas por raça e gênero.
Palavras-chave: Crise do Capital; Equidade de Raça e Gênero em Políticas Públicas;
Igualdade Racial; Ofensiva Conservadora; Racismo Estrutural.
Abstract: Preliminary reflections on research articulating structural racism, capital crisis and
conservative offensive as challenges to the consolidation of racial and gender equality in social
policies. Racism and sexism underpin post-colonial capitalist societies and energize bourgeois
hegemony. The contemporary crisis of capital sharpens the exploitation and blocks the
financing and promotion of public policies of racial and gender equality within social policies.
Conservatism as the ideological conditioning of the working class impute as natural the
inequalities determined by race and gender.
Keywords: Capital Crisis; Race and Gender Equity In Public Policies; Racial Equality;
Conservative Offensive; Structural Racism.
1. INTRODUÇÃO
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Professora com formação em Serviço Social. Universidade Estadual do Rio de Janeiro. E-mail:
<[email protected]>.
2 A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD iniciada em 1967, de periodicidade anual, foi
encerrada em 2016, com a divulgação das informações referentes a 2015. Planejada para produzir
resultados para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e nove Regiões Metropolitanas (Belém,
Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre)
pesquisava, de forma permanente, características gerais da população, educação, trabalho, rendimento e
habitação, e, com periodicidade variável, outros temas, de acordo com as necessidades de informação
para o País, tendo como unidade de investigação o domicílio. A PNAD foi substituída, com metodologia
atualizada, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua. de cobertura
territorial mais abrangente e disponibilização de informações conjunturais trimestrais sobre a força de
trabalho em âmbito nacional. (Fonte: www.ibge.gov.br)
4O uso do termo raça ao longo do trabalho não tem cunho biológico, contudo a invalidação científica do
conceito de raça não elimina sua influência como categoria social carregada de ideologia, visto que atua
na manutenção das relações de poder e dominação. Também não usaremos o termo entre aspas (“raça”)
porque o entendemos como uma categoria socialmente construída, assim como gênero, sexo e classe, ou
seja, resultante de produção histórica e ideológica. Em termos conceituais o conteúdo de raça está
baseado no componente morfo-biológico e o da etnia é sociocultural, histórico e psicológico. Assim, um
conjunto populacional referenciado como raça branca ou raça negra, pode conter no seu interior
diferentes etnias. A etnia constitui um conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente têm um
ancestral comum, uma língua em comum, uma mesma religião, uma mesma cultura e/ou convivem num
mesmo território. No entanto, a ideias sobre raça e etnia são também ideologicamente manipuladas e
demandam um trato crítico, considerando que o complexo categorial que as envolve transformando-as em
questão etnicorracial não é uma entidade estática (MUNANGA, 2003).
5 O termo racismo institucional foi introduzido em 1967pelos ativistas negros Stokely Carmichael e
Charles V. Hamilton, em Black Power: The politcs of liberation in America e refere às operações anônimas
[ou não] de discriminação em organizações, profissões, ou até mesmo sociedades inteiras. É anônimo na
medida em que os indivíduos podem negar a acusação de racismo e se abster da responsabilidade. [...]
se o padrão de exclusão persiste, as causas devem ser procuradas nas instituições [...] nas suposições
não expressas nas quais tais organizações baseiam suas práticas e nos inquestionáveis princípios que
porventura possam usar. [...] A força do racismo institucional está em capturar as maneiras pelas quais
sociedades inteiras, ou seções delas, são afetadas pelo racismo, ou talvez por legados racistas, muito
tempo depois dos indivíduos racistas terem desaparecido. O racismo residual pode não ser reconhecido,
nem ser intencional, mas, se não for exposto, permanecerá (CASHMORE, 2000, p. 469-471).
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Por outro lado, também são 130 anos de uma abolição sem
emancipação, e, cabe, portanto, a reflexão crítica sobre os desdobramentos de
uma lei que extinguiu juridicamente a escravidão, mas permitiu a manutenção
de relações de trabalho em bases escravistas, quando não instituiu nenhuma
proteção social para os ex-escravizados, “para que possa voltar-se sobre si
mesma e reconhecer nas suas contradições internas as profundas
desigualdades raciais que a caracterizam” (Gonzalez, 1988, p. 12).
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6bell hooks é o pseudônimo de Gloria Jean Watkins, professora e escritora norte-americana nascida em
1952, no Kentucky – EUA. O apelido escolhido para assinar suas obras é uma homenagem aos
sobrenomes da mãe e da avó. A grafia proposital em letras minúsculas é justificada em frase da própria
bell: “o mais importante em meus livros é a substância e não quem sou eu”.
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[...] Homens negros são vitimados pelo racismo, mas o sexismo lhes permite atuar
como exploradores e opressores das mulheres. As mulheres brancas podem ser
vitimizadas pelo sexismo, mas o racismo lhes permite atuar como exploradoras e
opressoras de pessoas negras. Ambos os grupos têm liderado os movimentos de
libertação que favorecem seus interesses e apoiam a contínua opressão de outros
grupos. O sexismo masculino negro prejudicou a luta para erradicar o racismo, assim
como o racismo feminino branco prejudica a luta feminista. Enquanto definirem a
libertação como a obtenção de igualdade social com os homens brancos da classe
dominante, esses dois grupos, ou qualquer outro, terão um grande interesse na
exploração e opressão continuada de outros (HOOKS, 2015, p.207).
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5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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