Processo de Extrusão
Processo de Extrusão
Processo de Extrusão
SUL-RIO-GRANDENSE
Campus Sapucaia do Sul
PROCESSO
DE
EXTRUSÃO
Figura 1.7 – Funil com sistema de alimentação forçada por rosca auxiliar e aplicação de vácuo para
retirada de ar entre as partículas durante a alimentação da máquina.
1.4 Rosca
A rosca da extrusora é uma das partes mais importantes da máquina e fica alojada
dentro do cilindro, acoplada mecanicamente à caixa de redução (e indiretamente ao motor
da extrusora). Em termos simples, a rosca compreende um tarugo de metal de diâmetro
variado e com um filete ao seu redor [2], apresentando uma pequena folga em relação ao
cilindro. O desenho de uma rosca é apresentado na figura 1.8.
1.5 Matriz
Em muitas extrusoras, uma placa perfurada e um sistema de telas-filtros são
incorporados entre a matriz e o cilindro. A placa perfurada é uma placa metálica espessa
composta por muitos orifícios paralelos ao eixo da rosca, pelos quais o polímero plastificado
é forçado a passar. Há duas razões principais para o uso de uma placa-perfurada em
processos de extrusão [2]:
● Fazer com que o fluxo do polímero, que é em modelo espiralar ao sair do canal da rosca,
passe a exibir um modelo de fluxo em linha, evitando problemas de distorções do
extrudado;
● Posicionar telas-filtros em frente a placa perfurada, a qual atua como um suporte para a
tela-filtro.
O propósito geral do uso de telas-filtros em máquinas extrusoras é filtrar qualquer
impureza que esteja junto com a massa polimérica plastificada. No entanto, o uso destas
telas-filtro provoca um aumento da pressão na região anterior à matriz, o que proporciona
um aumento do grau de mistura da massa plastificada. Uma função secundária do uso de
uma placa perfurada é melhorar a transmissão de calor entre o metal e o polímero
plastificado, o que pode aumentar a homogeneidade de temperatura no material.
Quando há um problema de ajuste entre a saída do cilindro da extrusora e a
entrada da matriz (em termos de dimensões), um adaptador pode ser utilizado. Se a matriz
for construída especificamente para uma extrusora, o uso do adaptador pode ser
desprezado; no entanto, devido à tendência de padronizações de extrusoras e matrizes, o
uso deste dispositivo vem aumentando nestes últimos anos [2,5].
Qc = I² R eq. 1.1
Figura 1.15 – Transdutor de pressão de medição por deformação de diafragma, utilizado para
verificar a pressão do polímero fundido dentro do cilindro de uma extrusora.
Figura 2.1 – Modelo de deformação encontrado durante o processamento de polímeros por extrusão.
3.2 Plastificação
Durante o processo de extrusão, quando o polímero cai no canal da rosca este é
compactado progressivamente, como se fosse um sólido elástico. Esta região pode ser
dividida em duas zonas distintas. A primeira zona é zona de retardo, na qual ocorre a
formação de um fino filme de polímero fundido na interface do leito de partículas
compactado com a superfície do cilindro. A segunda zona, na qual ocorre a completa
plastificação do polímero, é denominada de zona de plastificação efetiva. Combinada com
a pequena espessura do filme fundido formado, a grande velocidade relativa entre a
movimentação as partículas poliméricas e do cilindro provoca um substancial aumento da
4.2.1 Cabeçote
Nas máquinas para a produção de filmes tubulares, da-se o nome de cabeçote para
um conjunto onde estão montados a matriz, o anel de resfriamento, resistências elétricas e
termopares, entrada de ar para insuflamento do balão, além de alguns outros elementos
A superfície das duas partes da matriz devem ser muito bem polidas para assegurar
uma maior facilidade de processamento e obtenção de propriedades finais no filme, bem
como possuir geometria que permita um fluxo contínuo do polímero, sem cantos vivos e
pontos mortos. Geralmente a uniformidade do fluxo do polímero, em uma matriz de filmes
tubulares, é melhorada significativamente pelo aumento do número de canais helicoidais
(em espiral).
Uma grande parte da queda de pressão em linhas de extrusão ocorre na região da
matriz. Consequentemente, canais de escoamento mais largos necessitam ser utilizados
para polímeros com alto peso molecular, tais como polietileno linear de baixa densidade e
alguns polietilenos de alta densidade [5]. Também, as matrizes com alimentação em espiral
são mais adequadas ao processamento de polietilenos por possibilitarem uma melhor
homogeneização da massa de polímero fundido e, com a incorporação de zonas de relaxação
entre os canais e a saída da matriz, permitem uma eliminação das tensões geradas devido
ao escoamento do polímero pelos canais [2, 5]. Estas tensões resultam nas chamadas “linhas
de memória”, as quais fragilizam o filme e o tornam facilmente rasgável.
Após a saída do polímero pelo orifício da matriz, o balão formado deve ser
resfriado. Estes resfriamento externo é conseguido através da convecção de ar emergente
de um anel de resfriamento montado diretamente na saída da matriz. O volume, a
velocidade e a direção do fluxo de ar, e também a sua temperatura, determinam a eficácia
do resfriamento.
Figura 4.3 – Sistema de resfriamento interno do balão – Internal Bubble Cooling, demonstrando a
entrada do ar de resfriamento pela lateral e a retirada do ar aquecido pelo centro da matriz.
4.2.2 Torre
A torre é um elemento de fundamental importância no processo de fabricação de
filmes tubulares pois está relacionada diretamente à fatores que afetam a qualidade do
produto. Na torre são montados diversos equipamentos fundamentais ao processamento de
filmes tubulares, como os rolos puxadores, saia (responsável pelo gradual achatamento do
balão), e os estabilizadores, juntamente com outros equipamentos secundários.
A altura da torre deve ser ajustável, e esta altura é determinada em função das
características de processamento e da matéria-prima. A altura da torre deve ser ajustada
para que o filme seja achatado a uma temperatura específica; temperatura alta o
suficiente para não provocar dobras e vincos e baixa o suficiente para não provocar o
bloqueio ao passar pelos rolos puxadores. Torres muito altas tendem a formar dobras na
direção da extrusão, enquanto que torres muito baixas tendem a provocar dobras
transversais.
4.2.4 Saia
Para assegurar que o filme alcance os rolos puxadores sem nenhuma dobra ou vinco,
ele deve ser achatado ainda quente (60 – 80°C) e relativamente flexível. Para isto, a torre
é dotada de um sistema de achatamento gradual do filme. Para filmes de PEBD, a saia
consiste de duas séries de roletes metálicos horizontais, dispostos de forma cônica,
em contato com o filme. Por causa da eletricidade estática, em máquinas para filmes de
PEAD é mais aconselhável o uso de sarrafos do que roletes. A abertura entre os sarrafos
(ou os roletes) permite o resfriamento lento com ar ambiente, e há também a possibilidade
de inserir sarrafos, em ângulo com a saia, para auxiliar a estabilização do balão [10]. Como
há pouco risco dos filmes de PEAD aderirem-se (provocar o bloqueio), a saia e os suportes
laterais podem iniciar o achatamento do balão logo após o diafragma tipo íris.
No achatamento do filme tubular, devido à geometria do sistema, as partes do
balão em contato com a saia podem ter distâncias diferentes das partes que correm livres
para chegar até os rolos puxadores. Com isto, podem haver diferentes velocidades nos
diversos pontos do filme. Para minimizar esta diferença de comprimento e o risco de
formação de rugas no filme, é indicado um ângulo de 20° para cada abertura da saia. Se o
ângulo for maior do que 20°, ou seja, se a saia estiver muito aberta, ocorrem dobras
transversais. Para ângulos menores, as dobras tendem à aparecer no sentido de extrusão
do filme.
A razão de sopro (diâmetro do balão dividido pelo diâmetro da matriz) também
influencia a estabilidade do balão. De uma maneira não muito acentuada, a diminuição da
razão de sopro implica no aumento da estabilidade do balão, tornando-o mais firme e
dimensionalmente estável. Esta característica de estabilidade deve ser observada quando
se quer produzir filmes tubulares com altas taxas de extrusão.
Ajustes necessários para posicionar a altura da linha de névoa são feitos através de
alterações na velocidade de rotação da rosca (que influencia também a velocidade de
extrusão), fazendo-se também o ajuste correspondente na velocidade de puxamento
(estiramento longitudinal) do filme. Estes ajustes devem ser realizados no início do
processamento para que a espessura requerida do filme seja alcançada o mais rápido
possível, evitando a produção de material fora de especificação. Já os ajustes de menor
sensibilidade, recomenda-se que sejam realizados por meio de variação da vazão de ar de
resfriamento no interior do balão, ou por meio da abertura do anel calibrador.
A linha de névoa apresenta alta sensibilidade de variação quanto à espessura ao
longo do perímetro do filme. Se a espessura variar de um lado em relação ao outro, a linha
de névoa também apresentará variações acentuadas em sua altura, fazendo com que o filme
tenha regiões de diferentes orientações moleculares, prejudicando, então, suas
propriedades finais. Portanto, a linha de névoa deve sempre apresentar-se perfeitamente
horizontal ao redor do balão para que haja uniformidade no filme, conforme apresentado na
figura 4.7.
Figura 4.8 – Relação entre temperatura e velocidade de estiramento longitudinal de filmes tubulares.
Um efeito contrário pode ser observado com a temperatura do filme, que diminui
após a saída da matriz até alcançar a linha de cristalização, permanecendo constante até
alcançar a linha de névoa. Este patamar de temperatura constante do filme é resultado do
processo de solidificação do polímero sob temperatura constante (mesmo efeito que ocorre
durante a fusão). Após a passagem pela linha de névoa, a temperatura do filme continua a
diminuir (resfriar), em função do resfriamento complementar.
A figura 4.10 exibe a diferença nos perfis de temperatura do filme para os dois
modelos de fluxo de ar de resfriamento (baixa e alta velocidade), em função da distância
em relação à matriz. Nestas figuras, pode-se observar as temperaturas da superfície
interna e externa do filme, bem como a temperatura média do filme. Pode-se observar que
para o resfriamento com maior fluxo de ar, como é de se esperar, que a temperatura da
superfície externa do filme, próximo à saída da matriz (5 a 10 cm), é menor em relação ao
outro método de resfriamento, e que, a medida em que o filme se afasta da matriz, as
temperaturas das superfícies internas e externas tendem a se igualarem [13]. Este efeito
pode ser melhor visualizado na figura 4.11, a qual exibe a temperatura média do filme em
relação à distância da matriz, para os dois modelos de fluxo do ar de resfriamento.
De uma forma geral, mantendo-se as demais variáveis de processo e de máquina
constantes, um aumento na taxa de resfriamento (retirada de calor do filme por unidade de
tempo) resulta em uma diminuição da linha de névoa e da altura do pescoço, resultando em
um menor grau de estiramento do polímero em função da rápida restrição do escoamento
(deslizamento) das moléculas poliméricas quando estas são submetidas às tensões de
estiramento longitudinal e transversal.
Pode ser notado que as tensões de tração longitudinal e transversal não são apenas
funções das razões de sopro e de estiramento longitudinal, mas também do diâmetro e da
abertura da matriz. Desta forma, identificar amostras de filmes apenas com a razão de
estiramento longitudinal e razão de sopro não é suficiente; é necessário especificar outras
variáveis também, tais como diâmetro e abertura da matriz, taxa de extrusão e
temperatura da massa fundida [12].
Figura 4.10 – variação da temperatura do filme (superfície) em relação à distância da matriz, para
dois modos de resfriamento (alta taxa de resfriamento e baixa taxa de resfriamento).
REFERÊNCIAS
[1] KRAMER, W.. Motors and drivers for extrusion applications. SPE ANTEC, 1999.
[2] RAUWENDAAL, C.. Polymer extrusion. Munich: Hanser Gardner, 2001.
[3] RAUWENDAAL, C.. Statistical process control in extrusion. New York: Hanser, 1993.
[4] THOMSOM, F. M.. Particulate polymer handling and storage engineering. In M. Narkins
e N. Rosenzweig. Polymer powder technology. New York: John Wiley and Sons, 1995.
[5] STEVENS, M. J., COVAS, J.. Extruder principles and operations. New York: Chapman &
Hall, 1995.
[6] BIRLEY, W., HAWORTH, B., BATCHELOR, J.. Physics of Plastics: Processing,
Properties and Materials Enginnering. Hanser: New Yrok, 1993.
[7] STEWARD, Edward L.. recording pressure and melt temperature in extrusion. SPE
ANTEC, 1998.
[8] CATÁLOGO SEGURANÇA EM EXTRUSORAS (sem fonte precisa)
[9] Notas de aula de processos de transformação do curso Técnico em Transformação de
Termoplásticos, ano 2000, Professor Andrei Z. Cavalheiro, CEFET/RS – UNED Sapucaia do
Sul.
[10] POLÍGRAFO DE PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO, 2000 – Disponível na Biblioteca
do Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas / Uned Sapucaia do Sul..
[11] SMITH, R. D.. Como melhorar o desempenho de bobinadoras de filmes. SPE ANTEC
2002; Revista Plástico Industrial, 2003.
[12] KWACK, T. H.. Processing variables and the scaling parameters in blownfilm extrusion.
SPE ANTEC, 1999.
[13] SIDIROPOULOS, V., VLACHOPOULOS, J.. Numerical simulation of blow film cooling.
SPE ANTEC 2001.
[14] CANTOR, K. Como as variáveis de processo determinam a geometria dos filmes
tubulares. SPE ANTEC 2000; Revista Plástico Industrial, 2001.
[15] PROGELHOF, R. C., THRONE, J. L.. Polymer engineering principles: properties,
process, test for design. Hanser: New York, 1993.
[16] CHARRIER, J. M.. Polymer materials and processing: plastics, elastomers and
composites. Hanser: New York, 1990.