Lab de Microbiologia
Lab de Microbiologia
Lab de Microbiologia
Microbiologia Geral
e Clínica Aplicada
à Farmácia
Material Teórico
Introdução à Microbiologia
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Introdução à Microbiologia
• Introdução da Unidade;
• Anexo I;
• Orientações para Leitura Obrigatória.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Desenvolver as habilidades para o manuseio adequado das vidrarias e equipamentos
de Laboratório, além de conhecer as técnicas adequadas de preparo e da manutenção
de culturas;
• Promover o raciocínio crítico e integrar o conhecimento básico de Microbiologia, por meio
da avaliação e da reflexão dos resultados das práticas realizadas;
• Reconhecer as rotinas de Laboratório e as regras de biossegurança;
• Desenvolver novas formas de estudo, o trabalho em grupo, a comunicação oral e escrita.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Introdução à Microbiologia
Introdução da Unidade
A Química Orgânica está presente em nosso dia a dia de forma muito inten-
sa, desde os alimentos que consumimos, combustíveis que utilizamos, roupas que
vestimos, móveis e diversos outros produtos. Nosso organismo funciona graças às
diversas reações orgânicas, que classificamos como bioquímicas, “bio” por serem
reações que ocorrem no organismo vivo.
Segurança no Laboratório
• É obrigatório o uso do EPIs para permanecer nos Laboratórios de Microbiolo-
gia: avental de manga longa, touca, óculos de proteção, luvas e máscara fazem
parte da rotina desse Laboratório;
• Os sapatos devem ser fechados e todas as partes do corpo devem estar pro-
tegidas, portanto, não é permitido bermudas e saias nos Laboratórios. Para
as alunas que, por motivos religiosos, não utilizam calças, providenciar uma
legging para colocar embaixo da saia durante as aulas para proteger as pernas;
• Os cabelos devem estar presos;
• Não é permitido o uso de celular durante as aulas;
• No Laboratório de Microbiologia não é permitido comer, beber, fumar, aplicar
cosméticos ou levar à boca qualquer objeto no Laboratório ou que possa ter
sido contaminado na bancada de trabalho;
• Não colocar as mãos na boca nem coçar os olhos;
• Lavar bem as mãos e os antebraços antes e após os procedimentos;
• Todo e qualquer incidente deverá ser comunicado ao docente responsável e,
no caso e quebra de placa ou tubo de ensaio contendo soluções contaminadas,
deve-se deixar o material no local até a orientação do docente e/ou do técnico;
• No Laboratório de Microbiologia, trabalha-se com microrganismos potencial-
mente patogênicos, devendo-se ter sempre cuidado para evitar uma possível
contaminação (a boca é porta de entrada para muitas infecções);
• Na bancada de trabalho, não deve haver acúmulo de objetos, nela permanecendo
apenas os indispensáveis para o experimento em execução.
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Biossegurança
Todas as ações realizadas para prevenir, controlar, diminuir e eliminar riscos à
saúde e meio ambiente, provenientes de atividades como procedimentos labora-
toriais, manuseio de produtos químicos e biológicos e trato com o paciente, entre
outros, são interesse da biossegurança.
Um acidente é um evento não previsto que acontece e pode levar a danos pes-
soais, patrimoniais ou ao meio ambiente, por exemplo, um corte com fragmento
de vidraria, uma queimadura com ácido, uma lesão causada ao tentar reencapar
uma agulha de medicação. Todo acidente, mesmo os leves, devem ser investigados
e ações tomadas para que não ocorram repetições.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Sempre lavar as mãos com água e sabão antes e após a realização de cada pro-
cedimento.
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É importante observar, ainda:
• É proibido pipetar com a boca;
• Não armazenar alimentos e artigos de uso pessoal no Laboratório: mochilas e bol-
sas devem ser armazenadas nos locais indicados pelo técnico e/ou pelo professor;
• Não utilizar os ventiladores durante os procedimentos;
• Não manter plantas e animais que não são relacionados ao trabalho na área
analítica;
• Descontaminar as superfícies das Bancadas de Trabalho antes e após os pro-
cedimentos e sempre que houver respingos ou derramamentos.
Importante! Importante!
Descontaminação
Os ambientes e os equipamentos devem ser descontaminados diariamente e
após o uso. As soluções mais utilizadas são o álcool 70% e a solução de hipoclorito,
mas é importante avaliar o contaminante que está sendo manipulado para escolha
do agente de limpeza adequado.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
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• Classe de risco 2: risco individual moderado e risco coletivo limitado. Nessa
categoria, estão os agentes que podem provocar doenças no homem ou nos
animais, mas seu potencial de propagação coletiva é limitado. Para os micror-
ganismos dessa categoria, existem medidas profiláticas e terapêuticas eficazes.
Fazem parte dessa categoria Escherichia coli, Salmone ssp, Candida albicans,
Vírus da dengue e Rotavirus, entre outros.
Barreiras de Contenção
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Barreiras de Contenção
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Para estudar microrganismos, é necessário obter uma biomassa microbiana na
forma de populações puras, ou seja, isolar o microrganismo do meio, por meio de
técnicas que irão proporcionar seu crescimento.
Quando conseguimos esse crescimento isolado de uma população isolada, te-
mos uma cultura pura ou axênica, populações cultivadas em meios de cultura,
homogêneas (um tipo de microrganismo), sem a presença de outras formas de
vida contaminantes.
Podemos proporcionar esse crescimento em tubos específicos, frascos e Placas
de Petri.
Quando desejamos um crescimento em grande escala, para fins industriais, es-
sas colônias podem ser cultivadas em tanques especiais.
Mas como conseguimos essa separação de populações puras e como deve ser
o meio de cultura?
Atualmente, diversas técnicas e diversos meios de cultura existem para se con-
seguir o isolamento (obtenção de uma cultura pura a partir de uma mista) e cres-
cimento adequados.
Deve-se prever, no meio de cultivo, as substâncias exigidas pelos microrganis-
mos e necessárias para seu crescimento e multiplicação como as proteínas e os
carboidratos e as fontes de nitrogênio, os sais e as vitaminas.
Para conseguir promover o crescimento de uma cultura dentro de um La-
boratório, é importante conhecer e reproduzir as condições do habitat natural
do microrganismo.
Além disso, é fundamental reproduzir as condições ambientais favoráveis, não
somente as nutricionais, proporcionando temperatura, atmosfera de incubação,
pH, pressão osmótica e umidade ajustados às necessidades do microrganismo.
Para se obter o isolamento, realiza-se a semeadura, técnica que consiste na
adição de microrganismos na superfície de um meio de cultura sólido, permitindo,
assim, a formação de diversas colônias (populações isoladas que crescem na su-
perfície do meio de cultura). Das populações, é possível, então, isolar os microrga-
nismos desejados.
Os meios de cultura têm como objetivo obter crescimento bacteriano, isolar mi-
crorganismos para estudo, compreender a morfologia da colônia, pesquisar pa-
togenicidade e mecanismo de resistência, compreender e estudar características
bioquímicas, compreender e estudar o comportamento de microrganismos frente a
diversas substâncias (estudos de fármacos por exemplo), entre outros.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
É possível, ainda, classificar um meio quanto à sua natureza. Nesse caso, temos
os meios animados e inanimados:
• Meios animados: formados por células vivas, por exemplo, tecidos vivos e
ovos embrionados, ou células de animais de Laboratório;
• Meios inanimados: neste meio, não temos células vivas. Podem ser naturais,
quando as substâncias que compõem o meio são obtidas na natureza ou sintéti-
cos, quando contém em sua composição substâncias obtidas em Laboratórios.
Os semissintéticos são obtidos com materiais das duas origens.
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Encontramos, ainda, em algumas literaturas, outras classificações, como:
• Meios de transporte: apropriados para garantir que os microrganismos per-
maneçam viáveis até o momento que será possível realizar a cultura;
• Meios de triagem: são meios de cultura úteis para a identificação presuntiva
ou para segregar bactérias em grandes grupos;
• Meios complexos: denominam-se complexos os meios que apresentam em
sua composição componentes essenciais ao crescimento da maior parte de
microrganismos quimio heterotróficos. A composição química exata não é in-
teiramente conhecida. Exemplo: caldo nutriente;
• Meios indicadores (ou diferenciais): são meios de cultura que permitem uma
identificação pela análise de resultado de uma reação bioquímica, podendo ser
seletivo ou não;
• Meios redutores: são meios de cultura utilizados para promover o cresci-
mento de bactérias obrigatoriamente anaeróbias. Em sua composição, en-
contram-se substâncias que reagem com o oxigênio dissolvido, eliminando-o
do meio de cultura;
• Meios quimicamente definidos: são meios que possuem a composição quí-
mica exatamente conhecida.
Para manter um meio de cultura adequado, ele deve ser estéril e a conservação
deve preservar essa condição, ou seja, devemos garantir que a conservação e o ma-
nuseio não propiciem o crescimento de quaisquer outras formas de vida. Para isso,
é necessária uma técnica asséptica, que garante que, ao introduzir um microrga-
nismo no meio estéril (inoculação), não ocorra contaminação externa (ambiental).
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Figura 3
Fonte: ENCRYPTED, 2019
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Meios para crescimento e isolamento
Figura 7
Fonte: ENCRYPTED, 2019
Em sua composição, contém nutrientes do cérebro, coração e fontes de nitrogênio, carbono,
Caldo BHI - brain heart
vitaminas e enxofre. Utilizada para cultivo de streptococcos, pneumococos, meningococos,
infusion
enterobactérias, não fermentadores, leveduras e fungos.
Figura 8
Fonte: ENCRYPTED, 2019
Meio bifásico: Meio constituído de uma fase líquida (Löwenstein Jensen) e uma fase sólida (7H-9), utilizado para
Löwenstein e isolamento de microbactérias isoladas, extraídas de materiais nobres como líquor, líquido pleural,
Middlebrook biópsias, sangue etc.
Apresenta antimicrobianos (cicloheximida e cloranfenicol) em sua composição, que permite o
Ágar Mycosel
isolamento de fungos patogênicos, especialmente dermatófitos.
Figura 9
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Figura 11
Fonte: FISHERSCI, 2019
Figura 12
Fonte: Wikimedia commons
Utilizada para analisar a capacidade de microrganismos em usar descarboxilases (enzimas que
Caldo base de Moeller reagem com grupos carboxilas) obtendo produtos como cadaverina, putrescina e citrulina. Entre
eles, as enterobactérias, os bacilos Gram negativos não fermentadores e os estafilococos.
Meio utilizado para identificar grupos
de microrganismos que produzem uma
enzima que hidrolisa o DNA presente
no meio de cultura, diferenciando
microrganismos DNase positivos e
negativos, entre eles, Stpahilococcus
Ágar Dnase aureus, Serratia spp. e Proteus spp,
Stenotrophomonas maltophila,
Cryseobacterium meningosepticum
e Moraxella catarrhalis (positivos) e
Staphylococcus coagulase negativa, e
outras enterobactérias e bacilos Gram- Figura 13
negativos não fermentadores (negativos). Fonte: ENCRYPTED, 2019
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Meios comerciais para provas de identificação
Algumas espécies de bactérias são capazes de hidrolisar a esculina, formando a esculetina, que
Ágar Esculina reage com o ferro presente no meio tornando o meio marrom escuro ou preto.
Utilizado para diferenciar espécies de enterobactérias e não fermentadores.
Utilizado para diferenciar gêneros de enterobactérias, a partir de sua capacidade de produzir ácido
Ágar Fenilalanina
fenilpirúvico a partir da fenilalanina adicionada ao meio.
Figura 15
Fonte: ENCRYPTED, 2019
Utilizado para testes de bacilos Gram negativos fermentadores e não fermentadores,
Ágar base ureia
Staphylococcus e Haemophilus, por meio da determinação da capacidade do microrganismo em
(Christensen)
degradar a ureia.
Fonte: Adaptado de ANVISA, 2010
Para saber mais detalhes sobre os meios citados como preparo, controle de qualidade, com-
Explor
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
De modo geral, os meios comerciais devem ser preparados para utilização, hi-
dratados, inicialmente, com pequena quantidade de água purificada, de modo que
todo meio fique úmido, para, então, adicionar o restante da água.
Para alguns meios pode ser necessário aquecimento para solubilização. Utilizar
sempre vidros apropriados e aquecer com auxílio de bico de Bunsen e tripé ou
chapa de aquecimento.
A esterilização por autoclave é a mais comum e, quando não houver outra des-
crição em procedimento, recomenda-se 15 minutos na temperatura de 121°C.
Quando o meio preparado não for compatível com altas temperaturas, a micro-
filtração é o método de escolha para esterilizar o meio.
Utiliza-se o filtro com 0,22 micrômetros de porosidade para esta atividade. Para
este método de esterilização, o filtrado obtido deve ser adicionado em um recipiente
previamente esterilizado.
A eficácia da esterilização pode ser verificada após o processo. Uma amostra de 10%
do lote preparado deve ser analisada, por aquecimento em estufa – 35ºC por 24
horas, não deve aparecer crescimento de colônias ou mudança de cor do meio, ou
ainda, pode-se utilizar cepas de referência ATCC para controle.
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A Farmacopeia Brasileira apresenta as formulações para diversas soluções e meios de cultura
Explor
Todo material que será utilizado deve ser esterilizado. Para isso, devem ser bem
embalados em papel Kraft, de modo que não fiquem partes expostas ou que per-
mitam abertura após a esterilização.
Técnicas de Plaqueamento
Plaquear é inocular uma amostra em um meio de cultura, que irá formar colô-
nias originadas de um ou mais microrganismos.
Plaqueamento em profundidade
• Limite de detecção de 10UFC/g para sólidos ou 1UFC/ml para líquidos;
• Aplicada a ensaios de contagem total de aeróbios mesófilos, contagem de clos-
trídios sulfito redutores e contagem de enterobactérias lácticas;
• Desvantagem: necessidade de fusão do meio de cultura antes do uso limita seu
uso a meios e microrganismos que não são sensíveis ao calor.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Plaqueamento em superfície
• Não há necessidade de fusão do meio, a amostra é inoculada diretamente na
superfície do meio de cultura sólido;
• Não expõe o microrganismo ao meio quente (pela fusão como ocorre no pla-
queamento em profundidade);
• Permite a diferenciação em diversas colônias;
• Desvantagem: o volume que pode ser inoculado é limitado, não mais do que
0,5ml por placa, sendo padrão o uso de 0,1ml por placa;
• Limite de detecção 100 UFC/g para sólidos e 1UFC/ml para líquidos;
• Aplicada para ensaios de contagem total de aeróbios psicrotróficos, contagem
de bolores e leveduras, contagem de S. aureus e contagem de B. cereus.
Plaqueamento em gotas
• Técnica de inoculação em superfície, portanto apresenta as mesmas vantagens
já citadas;
• Nesta técnica, o inóculo não é espalhado e sim depositado no meio de cultura
(gotas de 0,01ml);
• Permite inocular em triplicata diluições diferentes;
• Limite de detecção de 1000 UFC/g para sólidos e 100 UFC/ml para líquidos.
Filtração em membrana
• Limitado a amostras líquidas límpidas;
• Amostra é filtrada em membrana de 0,45 micrômetros;
• Permite inoculação de volume maior de amostra. Os microrganismos ficam
concentrados na membrana na quantidade inoculada;
• Limite de detecção 1UFC por volume inoculado;
• Indicado para amostras com contagem abaixo do limite de detecção pelos
outros métodos;
• Utilizada para ensaios de contagem total de aeróbios mesófilos, contagem de
bolores e leveduras, contagem de bactérias lácticas, contagem de enterococos,
coliformes fecais e e-coli, especialmente em alimentos e bebidas.
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Figura 16
Fonte: Acervo do conteudista
Figura 17
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Figura 18
Fonte: Getty Images
Explor
Técnicas de Coloração
As colorações auxiliam na observação dos microrganismos e células. Geralmen-
te ao se visualizar sem coloração, as células estão vivas ou em grandes culturas
que podem ser visualizadas a olho nu. Nesses casos, observa-se comportamento
e mobilidade, sendo, muitas vezes, necessário um microscópio de campo escuro.
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A utilização de corantes é muito útil para identificações, pois microrganismos
e células são de difícil visualização. As bactérias por exemplo, são quase incolo-
res, dificultando sua observação in natura. Os corantes reagem à estrutura celular
facilitando a visualização de características estruturais. Esta técnica é realizada em
microrganismos, que não estão viáveis, e as lâminas preparadas podem ser trans-
portadas e armazenadas.
Simples Diferencial
• Gram • Esporros
• Ziehl-Neelsen • Cápsulas
• Flagelos
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
A etapa da fixação é importante para que o material biológico não seja perdido
durante a coloração, fazendo com o material fique aderwdido à lâmina. Essa etapa
lisa (destrói) as células dos microrganismos, porém, preserva as estruturas na posi-
ção necessária para visualização e identificação.
Coloração de Gram
É a coloração mais comum em Laboratórios de Microbiologia, sendo, atualmen-
te, importante ferramenta auxiliar de diagnóstico.
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que são retidos pelas bactérias gram-positivas, depois de a lâmina receber um tra-
tamento com álcool, que consegue remover parte dessa coloração nas bactérias
gram-negativas.
De modo bem resumido, podemos dizer que essa diferença de adesão do coran-
te entre as bactérias gram-negativas e gram-positivas ocorre pela diferença entre as
estruturas da parede celular entre esses dois grupos.
A camada mais espessa das positivas evita o descoramento pelo álcool, enquan-
to a parede mais fina das gram-negativas, junto à membrana rica em fosfolipídeos,
são permeáveis ao álcool.
Você pode encontrar pequenas diferenças entre técnicas de coloração, mas que
não irão influenciar no resultado final.
Lipoproteins: lipoproteínas;
Peptidoglycan: parede celular (peptideoglicano);
Priplasmic space: espaço periplasmático;
Cytoplasmic membrane: membrana plasmática;
Lipoplysaccharides: lipopolissacarídeos – LPS;
Porin: porinas;
Protein: proteínas.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Explor
Etapas da coloração Gram: http://bit.ly/2TFri25
Gram Positive
Cocci Bacilli
Corynebacterium
Clostridium
Staphylococcus Streptococcus Listeria
catalase + catalase - Bacillus
Figura 20
Coloração de Ziehl-Neelsen
Esta técnica é aplicada em alguns gêneros de bactérias (Micobacterium e
Nocardia). Esses gêneros são tratados com uma solução de fcsina fenicada, e após
coloração, resistem ao descoramento utilizando uma solução álcool-ácido, e man-
tém a cor vermelha.
Mordente: substância química que pode ser adicionada ao processo de coloração e tem
Explor
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Denominamos estas espécies de BAAR – Bacilo-Álcool-Ácido-Resistente
Essa coloração é útil para diagnóstico de tuberculose. Visualizamos os bacilos BAAR como
Explor
bastonetes corados em vermelho em um fundo azul e é feito geralmente com escarro, mas
também pode ser utilizado lavado brônquico e gástrico, swab de laringe, biópsias e outros.
A quantidade de bacilos visualizadas no campo determina se o resultado é negativo ou po-
sitivo para Tuberculose.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Anexo I
Prática 1 – Métodos de Desinfecção
Materiais
• Água purificada fervendo;
• Cultura de e-coli em suspensão;
• Tubo de ensaio;
• Banho de água quente;
• Álcool 70%;
• Placa de ágar (preferência Mueller Hinton);
• Alça para cultivo microbiano;
• Bico de Bunsen.
Procedimento
Dividir uma placa com o meio de cultura ágar em quatro quadrantes (identificar
os quadrantes);
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III IV
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Resultados
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Responda
1 – Diferencie esterilização, desinfecção, antissepsia e assepsia.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Procedimento
• As alças de platina deverão ser flambadas antes e depois da semeadura (manter
a alça no bico de Bunsen a 45° até que fique incandescente);
• Esfriar a alça na parede do tubo ou no meio da placa (desde que ainda não
esteja inoculada);
• Flambar a boca do tubo de ensaio contendo a cultura logo após a retirada da
tampa (retirar a tampa “abraçando” com o dedinho);
• Retirar a amostra com a alça e flambar a boca do tubo novamente, antes de
fechar;
• Semear de acordo com as técnicas (estrias, esgotamento etc.).
• Observar os crescimentos após tempo de incubação.
Resultados
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Procedimento
• Dividir a turma em grupos de modo que cada grupo colete amostras em locais
diferentes (maçanetas de portas, celulares, teclados de computadores, notas de
dinheiro, sola do sapato, entre os dedos da mão etc.);
• Deixar uma das amostras aberta (ao ar, durante o período da coleta);
• Identificar as placas (com o nome do grupo e o número da amostra);
• Para realizar a semeadura, utilizar os próprios swabs de coleta;
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• Incubar as placas a 30°C até a próxima aula;
• Verificar o crescimento das colônias a olho nu.
Resultados
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Observação
A critério do professor, essas culturas podem ser utilizadas para fazer a colora-
ção de Gram.
Procedimento
• Identificar as lâminas com as amostras que serão utilizadas;
• Realizar o esfregaço e deixar secar;
• Cobrir o esfregaço com o corante Violeta de genciana e aguardar 1 minuto;
• Escorrer o corante da lâmina (não precisa lavar) e adicionar solução de lu-
gol, também em quantidade suficiente para cobrir o esfregaço e aguardar
mais 1 minuto;
• Escorrer o lugol da lâmina e lavar com água (sem esfregar a lâmina);
• Adicionar sobre a lâmina gota a gota, a solução de álcool-acetona para desco-
rar, por 15 segundos;
• Pingar na lâmina e deixar escorrer sobre o esfregado. Não pingar direto
no esfregado;
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Resultados
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Responda
1 – Qual a diferença entre uma bactéria Gram positiva e uma Gram negativa?
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Sugere-se a utilização de microrganismos do gênero Enterobacteriaceae
(Escherichia, Klebsiella, Enterobacter, Citrobacter, Shigella, Salmonella e Proteus),
porém, a quantidade de testes, bem como a escolha dos microrganismos fica a cri-
tério do professor.
Materiais
• Placa com o meio TSA;
• Placa MacConkey;
• Tubo com meio EPM;
• Tubo com meio MILI;
• Tubo com meio Citrato;
• Culturas pré-determinadas pelo docente e identificadas por números;
• Alças bacteriológicas;
• Bico de Bunsen;
• Reativo de Kovac (dimetilaminobenzaldeído).
Procedimento
Parte 1
• Com a alça bacteriológica, tocar em uma colônia e inoculá-la na placa
MacConkey (estriar para isolar colônias);
• Tocar em uma colônia com a agulha e perfurar o meio MILI (não encostar no
fundo do tubo);
• Flambar a alça e repetir o mesmo procedimento para o meio EPM (por estrias
na superfície do tubo);
• Estriar uma colônia na superfície inclinada do meio contendo CITRATO;
• Incubar por 24 h a 37ºC.
Parte 2
• Realizar as leituras da série bioquímica dos resultados para identificação dos
gêneros.
Agar MacConkey
• Indicador de bactérias fermentadoras de Lactose;
• Lactose positiva: cor vermelha;
• Lactose negativa: incolores.
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UNIDADE Introdução à Microbiologia
Meio EPM
• Os testes de produção de CO2, H2S e urease são verificados na base e teste
para a enzima L-triptofanodesaminase a observação é na superfície do meio;
Teste de CO2
• Observa-se a presença de bolhas resultantes da fermentação da glicose;
• C6H12O6 → Etanol + CO2gás;
• Prova positiva: base amarela com presença de bolhas de ar;
• Prova negativa: base amarela sem bolhas de ar.
Teste de H2S
• H2S Na2SO3 → H2S (reage com Fe dando coloração preta);
• Prova positiva: base preta;
• Prova negativa: base amarela ou inalterada.
Teste de urease
• As bactérias que sintetizam urease convertem a ureia em amônia e gás carbônico;
• Prova positiva: base azul;
• Prova negativa: base amarela ou inalterada.
Teste de Triptofanodesaminase
• Prova positiva: superfície verde escuro;
• Prova negativa: superfície azulada, amarelada ou inalterada.
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Agar Citrato de Simmons
• A presença de bactérias que podem utilizar citrato como fonte de carbono mo-
dificam o meio de verde para azul (pH>7.5);
• Prova positiva: coloração azul;
• Prova negativa: coloração do meio inalterada.
Resultados
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Referências
BRASIL. Governo do Estado do Espírito Santo. Secretaria Estadual de Saúde,
Laboratório Central de Saúde Pública. Manual de Biossegurança. Vitória: Lacen,
2017. Disponível em: <https://saude.es.gov.br/Media/sesa/LACEN/Manuais/
MANUAL%20DE%20BIOSSEGURAN%C3%87A%20LACEN-ES%20REV%20
02.pdf>. Acesso em: nov. 2019.
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