Comunicação Social Nas Igrejas - Catolicas

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A IMPORTÂNCIA DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

NA ORGANIZAÇÃO DOS VEÍCULOS DE MÍDIA


DA DIOCESE DE TRÊS LAGOAS

Joice Alves Dias – AEMS – Três Lagoas/MS


Hercules Farnesi Cunha - AEMS (Orientador)

RESUMO

Este artigo foi desenvolvido através de pesquisa sobre a importância da comunicação na Igreja
Católica e como o trabalho da assessoria de comunicação pode contribuir na organização dos meios
midiáticos da Igreja, mais especificamente na Diocese de Três Lagoas. A Igreja, através da Cúria
Romana, reconhece a importância da comunicação como forma de integração e formação, num
sentido de preparar os fiéis para uma melhor compreensão dos fatos na comunidade religiosa ou
laica. A Diocese de Três Lagoas em sua extensão compreende 10 cidades quem em sua maior parte
abrange a região do bolsão* sul-matogrossense, restringindo apenas Chapadão de Sul e incluindo
Bataguassu. A assessoria de comunicação em uma entidade com esta densidade demográfica
contribui massivamente para o dinamismo e organização da informação. O presente trabalho é
proveniente do trabalho de conclusão de curso de comunicação social, que visa melhorar os meios de
comunicação existentes na diocese de Três Lagoas, através da assessoria de comunicação.

Palavras-chave:
Assessoria de Comunicação, Diocese de Três Lagoas, Igreja Católica.
A IMPORTÂNCIA DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
NA ORGANIZAÇÃO DOS VEÍCULOS DE MÍDIA
DA DIOCESE DE TRÊS LAGOAS

Joice Alves Dias – AEMS – Três Lagoas/MS


Hercules Farnesi Cunha - AEMS (Orientador)

INTRODUÇÃO
Desde o inicio da evolução humana, antes mesmo da escrita, gestos e
pinturas rupestres marcavam a necessidade do indivíduo de se comunicar. Com o
desenvolvimento da sociedade a comunicação estabelecida passou a ser mais
sofisticada, cada época a seu padrão. Com a revolução industrial vieram as
mudanças em comportamento, principalmente no meio corporativo e político onde
passaram a reconhecer o valor da comunicação. Manter-se informado se tornou a
preocupação da sociedade, trazendo um novo conceito de matéria prima, tendo a
informação como poder econômico para o desenvolvimento do individuo ou
organização, percebendo a importância para projetar –se perante ao público através
dela. Uma vez esta necessidade identificada, o jornalista passou a ter outras
funções, a de planejar a forma com que as notícias deveriam ser trabalhadas, tanto
para o publico externo, como para o público interno, o especificando assim como
assessor de imprensa. (TORQUATO, 1986 p.57)
A necessidade de evoluir, dentro do campo jornalístico envolve diretamente
ao profissional que escolhe a assessoria de imprensa, onde buscam qualificação e
competência para enfrentar cada vez mais a competição no segmento que cresce
com o passar dos tempos. O assessor de imprensa deve buscar cada vez mais a
superação e o domínio em outras áreas tendo o conhecimento de todos os meios de
comunicação, o jornalista passa a atuar em uma área mais abrangente, isso se deve
ao fato de o antigo modelo de corporativismo ter se rompido. (FENAJ, 2007)
O papel da assessoria é fazer um intermédio destas informações disponíveis,
além de se organizar e reconhecer o público que é atingido (CHINEM, 2003),
fazendo assim um direcionamento das mensagens aos padrões de cada
comunidade.
Dento da religião é de extrema importância para conciliar o meio profissional e
espiritual no sentido de contraponto e equilíbrio nas ações. É a forma de trazer a
coerência do meio acadêmico com o espiritual, para traduzir aos receptores laicos as
mensagens direcionadas do organograma religioso.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: SURGIMENTO E IMPORTÂNCA


A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ, 2007) denomina assessoria
de comunicação, como a ampliação das atividades das assessorias de imprensa
(AI), o qual o profissional atua em áreas estratégicas, tornando-se um gestor de
comunicação integrando as áreas de Relações Públicas, Publicidade e Propaganda
e Assessoria de Imprensa. Sobrepondo a responsabilidade de ser estrategista na
comunicação de uma forma abrangente para privilegiar a organização sendo o
interlocutor junto ao público interno ou externo com responsabilidade social e ética.
Tem a finalidade de desenvolver uma relação de confiança com os veículos de
comunicação além de detectar o que é de interesse público numa organização e o
que pode ser aproveitado como material jornalístico.
A necessidade de se abranger o máximo de áreas através do
jornalismo, conotando a função de informar e formar opiniões passou a ser utilizado
em prol de moldar a imagem de uma instituição ou organização. Ao ser percebido
que se noticiando facilitaria a interação com o meio externo, fez com que
especialistas fizessem dos jornalistas porta-vozes que fariam o papel de
intermediadores entre público e instituição.
Segundo Manuel Carlos Chaparro (2002), esta relação se deve à
globalização, rumos da democracia e a institucionalização, bem como interesses
próprios, firmando assim o que conhecemos de padrões de assessoria de imprensa
ou assessoria de comunicação. Esta relação, segundo o autor, segue o que diz Ivy
Lee, inventor da especialidade, onde traçou um bem sucedido projeto profissional
entre vínculo e imprensa. ( CHAPARRO, 2002)
Uma boa estruturação organizacional colabora para as distinções dos setores
ficando especificadas para que haja compreensão no seu organograma, respeitando
a responsabilidade de cada um. As divisões destas especificações devem ocorrer
para que não haja confusão entre os profissionais da área, nem entre o público,
contribuindo para uma integração entre instituição e público.
Na medida em que o processo de comunicação passou a evoluir juntamente
com a humanidade a necessidade de uma organização passou a ser evoluída
conforme suas necessidades. Alguns teólogos apontam registros dos primeiros
sinais de relações públicas desde o século I antes de Cristo na dinastia Han, na
China (KOPPLIN; FERRARETO, 2000) e posteriormente passando por Luis XIV,
mas foi o jornalista Ivy Lee, que em 1906 realizou a primeira ação de assessoria de
comunicação, na época reconhecido como ato de relações públicas. Lee se dedicou
a reverter à imagem negativa de um barão do Capitalismo norte americano, John
Rockefeller, que na época era o empresário mais impopular dos Estados Unidos,
acusado de aspirar um monopólio que visava combater as médias empresas
impiedosamente. Sua missão era “conseguir que o velho barão do capitalismo
selvagem, de odiado, passasse a ser venerado pela opinião pública americana”.
(CHAPARRO,2002, p.34)
Ivy Lee viu nesta ocasião uma oportunidade de abrir um segmento: prestar
assessoria de imprensa para os empresários com o objetivo de corrigir a imagem
que a opinião pública tinha deles. Deixou as redações, montou seu escritório e, por
meio de um projeto de relações com a imprensa, começou o trabalho de Assessoria
de Imprensa (AI), também denominado Relações Públicas. O jornalista norte-
americano é, então, considerado o fundador das relações públicas, “berço da
atividade de assessoria de imprensa”, conforme Chaparro (2002, p. 34). Nas
empresas de Rockefeller, o jornalista trabalhava a “imagem institucional (Relações
Públicas) e divulgação (Assessoria de Imprensa)” (KOPLIN; FERRARETO, 2000,
p.21). Lee criou e distribuiu às redações de jornais uma Carta de Princípios, em que
definia um conjunto de regras ético-morais no relacionamento com a imprensa,
estabelecendo um pressuposto de confiabilidade.
Ao se distinguir o assessor, como agente de organização e filtro de
informação, do jornalista, emissor de mensagens, e colocando assim uma barreira
na forma de se aproximar da fonte, Lee automaticamente criava um dos maiores
“escudos” que uma organização pode ter. O “saber lidar” com a gravidade de alguns
assuntos sempre foi uma das maiores preocupações das organizações no mundo,
seja laica ou religiosa, pública ou privada.
Através da primeira nota à imprensa, Lee perpetuou o conceito de assessoria
se comprometendo em fornecer notícias, se colocando a disposição dos jornalistas e
entregando material sempre que solicitado e estabelecendo um conjunto de regras
éticas, comprometendo-se com a verdade para o bom relacionamento com a mídia.
Clarividente que cabe ao jornalista decidir o que é noticioso e em determinadas
situações, principalmente, no dias atuais, o conceito de regras éticas são moldadas
às necessidades e urgências de cada situação.
Com esta iniciativa o conceito de assessoria em 1940 tornou-se mais comum
e passou a se expandir, chegando no Canadá e seis anos mais tarde na Europa.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E A FILTRAGEM DE INFORMAÇÃO


A assessoria de comunicação pode ser comparada ao cume de uma
pirâmide, onde um triângulo essencial deve ser formado. Assessoria de Imprensa,
Relações Públicas e Publicidade e Propaganda, formam este tripé, que apesar de
estar no topo da pirâmide, considerado como base organizacional de uma
instituição.
Esta cúpula é uma transmissora de mensagens das instituições públicas e
privadas aos veículos de comunicação em geral a fim de alcançar uma imagem
positiva na sociedade. É de responsabilidade do profissional da área filtrar o que
deverá ser noticiado, fazendo o papel de mediador de contato entre instituição e
mídia. (FENAJ, 2007). Rivalo Chinem (2003) classifica o assessor de imprensa como
um profissional que deve manter contato freqüente com redações e ter um
relacionamento estreito com jornalistas, redatores, editores, etc, para que seja mais
tranqüilo o processo de notoriedade ao se tentar emplacar um release.
Além disso, este contato direto com as redações, facilita na administração da
informação, permitindo que o assessor divulgue apenas o que julgar necessário, não
perdendo o controle de qualquer situação.
Boanerges Lopes (1995) diz que assessoria de imprensa deve ser atenta e
especializada para a prevenção de crise, para que uma vez ocorrida, estando bem
estruturada, a sua ação é mais eficaz. Ela é responsável pelo planejamento
estratégico no que diz respeito à forma de como as informações são processadas e
destinadas a sua finalidade. Ressalta ainda que seus profissionais sejam
qualificados e seu espaço bem definido dentro da corporação. Toda a disposição de
como é instalada a assessoria de comunicação implica no resultado de seu trabalho.
A proximidade do assessor de imprensa com o seu assessorado é de suma
importância para que a forma com que são trabalhadas as notícias não venha a
interferir no regimento interno ou na opinião pública, no entanto o que se vê
atualmente é um padrão que foge deste principio moral. È natural que a moralidade
seja substituída pela conveniência. Cada vez mais vivemos em uma sociedade em
que não se deve dizer o que pensa, tampouco o que acontece nos bastidores de
uma instituição. É necessário que haja a precedência ou conhecimento imediato
dos fatos para que o gerenciamento de crise seja eficaz.
A necessidade de um parâmetro entre os setores é ressaltada por Lopes,
onde substitui o modelo que era seguido por algumas instituições- onde a direção
sobrepunha a assessoria de comunicação, vindo em seguida a assessoria de
imprensa e somente após, a publicidade e propaganda e a relações públicas da
empresa- pelo modelo mais atual, que equipara os três últimos setores como parte
funcional da assessoria de comunicação que está ligada diretamente a direção.
(LOPES, 1995. p.18)

ASSESSORIA RELIGIOSA
Talvez a única diferença entre fazer assessoria laica e religiosa, seja sua
finalidade, uma vez que a assessoria não religiosa esta cuidadosamente aplicada e
pontos estratégicos com o intuito de filtrar determinadas situações empresariais,
onde se tratando de mídia laica, seu objetivo é o controle absoluto da massa,
obtendo êxito em seu agendamento. È possível perceber o cuidado da comunicação
religiosa onde pode se notar em decretos do vaticano que uma de suas
preocupações é justamente alertar os receptores sobre este poder indutivo da mídia
laica.
O que não quer dizer que determinados órgãos da igreja não usem o poder
de persuasão em benefício próprio.
É possível comparar a Igreja à uma empresa por seu organograma e a forma
com que é distribuída, afinal o vaticano é um estado e seu chefe é o Sumo Pontífice,
o Papa.
A Igreja Católica tem seu funcionamento e hierarquia regidos por legislação
interna, é através dela que se definem as ações no Vaticano e no mundo todo. Este
é o Código de Direito Canônico. No decorrer dos tempos reformas no código são
realizadas à medida que as necessidades surgem. Estas leis de disciplina canônica
regem a Igreja para que ela se seja fiel à sua missão que lhe é confiada, mesmo
com a alteração de líderes. (Mensagem Papa João Paulo II, TotusTuus, p.15)
O código de direito canônico está promulgado desde 1917 e passou pela sua
primeira revisão em 1959 pelo então Papa João XXIII. A segunda revisão ocorreu
em 25 de janeiro de 1983 pelo Papa João Paulo II. Tais mudanças e adequações só
são realizadas após serem requeridas pelo Concílio, para que as mudanças sejam
igualitárias e em prol do bem comum da igreja como um todo, sendo leigos ou
religiosos.
O Código Canônico, como o Sumo Pontífice João Paulo II discorre na
apresentação do mesmo, não visa substituir a vida na igreja e que seu objetivo é
criar uma ordem na vida eclesial.

A HIERARQUIA DA IGREJA CATÓLICA


A hierarquia da igreja católica é composta por Papa, cardeais, bispos, padres
e diáconos.

PAPA
Segundo os cânones 330 a 332, o Papa, bispo de Roma, é a suprema
autoridade da Igreja, seu cargo é vitalício, tem nela poder supremo, pleno, universal
e imediato o podendo exercer livremente.

CARDEAIS
São escolhidos pelo Papa para compor junto com ele o topo da hierarquia da
igreja. Os cânones 349 a 353, especificam que aos cardeais competem assegurar a
eleição do Sumo Pontífice além de o assistirem, podendo ter funções administrativas
no Vaticano.

BISPOS
Os bispos sãos as autoridades religiosas ordenadas pelo Papa, a fim de
serem mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo
(cân. 375). Os bispos podem ser diocesanos, aqueles que comandam uma diocese,
ou titulares (cân 376). Os bispos ou arcebispos (que comandam uma região de
dioceses, como uma ‘província eclesiástica’), têm o poder de estabelecer o
sacramento da ordem, podendo elevar diáconos a padres.
PADRES
Os padres sãos indivíduos que recebeu a ordenação sacerdotal com
formação realizada por instituições competentes (cân. 659 § 3) suas atribuições,
está a celebração da eucarística, além de ser o líder religioso de sua paróquia.

DIÁCONOS
É primeiro nível da ordenação. Assiste o padre e os bispos na celebração dos
ministérios. Existem dois tipos de diáconos: o transitório, que recebe o sacramento
de primeiro grau para depois ser consagrado padre; e o permanente, que não tem a
intenção de ascender a padre e por essa razão pode ser casado.

Gráfico 1: Hierarquia da Igreja Católica


Fonte: Blog Expresso
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO PARA A IGREJA
Como discorrido na 51ª Assembléia Geral da CNBB (Conferencia Nacional
dos Bispos do Brasil) e presente no Diretório para a Comunicação da Igreja no
Brasil, há cinco décadas, desde o Concílio Ecumênico Vaticano II, que a
comunicação passou a ter mais atenção da Igreja. Através do decreto Inter Mirifica
(1963) ficou definido que a comunicação religiosa fosse aberta ao diálogo e suas
tecnologias.
Em 1989 com a Campanha da Fraternidade cujo documento foi intitulado
Uma Comunicação para a Justiça e a Paz, a Igreja como um todo, especificamente
no Brasil quis com esta campanha despertar a consciência crítica do receptor no uso
da mídia, como atitude interior necessária para a comunicação da verdade e da paz
e também a necessidade de conscientizar os receptores sobre seu papel de agentes
de influência na orientação de programas nos meios de comunicação (CF, 1989).
Papa João Paulo II disse em carta de abertura nesta campanha que “a comunicação
social representa um dos bens de maior consumo; e o seu controle desperta a
cobiça do poder, do ter e do prazer da sabedoria terrena, contraposta à sabedoria
que vem do Alto”, alertando sobre os riscos do mau uso da comunicação. Trabalhou
o tema, para que os fiéis tivessem mais esclarecimentos sobre o uso da
comunicação, uma vez que “para sobreviverem, empresas de comunicação passam
a incentivar padrões de comportamento que perturbam a ordem na sociedade,
nomeadamente a violência, o erotismo e o consumismo.” (Mensagem de 1989)
Uma vez que é responsável por garantir que a ordem seja cumprida, o código
canônico também discorre sobre a comunicação social como forma de direcionar e
garantir seu espaço na igreja, o qual exige que os lideres da Igreja façam uso de
comunicação como forma de garantir que as atividades pastorais atinjam êxito. (cân.
822)
Haja vista que a Igreja reconhece o valor da comunicação, é necessário que
se garanta a idoneidade dos fatos, diante disso o Papa Paulo VI esclarece no
Decreto Inter Mirifica de 4 de dezembro de 1966, que a preocupação da Igreja está
voltada à ética e a transparência nos meios de comunicação.
“A primeira questão refere-se à chamada informação, ou obtenção e
divulgação das notícias. É evidente que tal informação, em virtude do
progresso actual da sociedade humana e dos vínculos mais estreitos
entre os seus membros, resulta muito útil e, na maioria das vezes,
necessária, pois a comunicação pública e oportuna de notícias sobre
acontecimentos e coisas facilita aos homens um conhecimento mais
amplo e contínuo dos factos, de tal modo que pode contribuir
eficazmente para o bem comum e maior progresso de toda a
sociedade humana. Existe, pois, no seio da sociedade humana, o
direito à informação sobre aquelas coisas que convêm aos homens,
segundo as circunstâncias de cada um, tanto particularmente como
constituídos em sociedade. No entanto, o uso recto deste direito
exige que a informação seja sempre objectivamente verdadeira e,
salvas a justiça e a caridade, íntegra. Quanto ao modo, tem de ser,
além disso, honesto e conveniente, isto é, que respeite as leis morais
do homem, os seus legítimos direitos e dignidade, tanto na obtenção
da notícia como na sua divulgação.” (MENSAGEM, 1966)

Desde então inúmeros são os comunicados da Igreja referentes à


comunicação com a preocupação de como será utilizada, zelando por seu uso sem
que a população seja prejudicada. No dia em que a Igreja celebrou o V Dia Mundial
da Comunicação Social, 23 de maio de 1971, um importante documento foi
publicado segundo determinações do Concílio Vaticano II, assinado pelo Arcebispo
titular de Laodiceia na Síria, Martinho J. O’Connor, o documento “Communio et
progressio” , sobre os meios de comunicação social. Este documento registra esta
preocupação da Igreja em manter a ética na comunicação e a necessidade de seus
receptores estarem envolvidos na fiscalização das transparências das notícias.
Ressalta para “a comunhão e o progresso da convivência humana como fins
primordiais da comunicação social e dos meios que empregam como sejam:a
imprensa, o cinema, a rádio e a televisão”. Há 42 anos a preocupação com o meio
de desenvolvimento técnico já se fazia presente, uma vez que aumentava-se a
facilidade de mais pessoas terem acesso, aumentando assim o de maneira
expressiva a influência no comportamento e na mentalidade dos indivíduos.
Para a Igreja, segundo O’Connor, a comunicação é um dom divino desde que
seja usada de forma correta, facilita o surgimento de laços entres os homens
contribuindo para os tornarem mais solidários “já que um adequado uso dos meios
de comunicação social reverte em favor de todo o povo de Deus”.
O Cardeal ressalta ainda que, para a comunicação social continuar
contribuindo na sociedade, favorecendo a consciência aprofundando para uma vida
comunitária, é preciso ficar atento à falta de boa vontade, pois o mau uso destes
meios pode levar a sociedade um efeito contrário, adulterando ou negando os
valores humanos além de agravar fatores de desinteligência e discórdia.(Mensagem,
1971)
Na carta, o Cardeal diz ainda que para se conhecer melhor as vantagens dos
meios de comunicação e superar os inconvenientes por eles trazidos deve-se
considerar e analisar à medida que a sociedade é influenciada. Para atingir sua
eficácia plena é necessária a maturidade ou preparação cultural, para que o receptor
consiga absorver seu conteúdo, seja em seu meio específico, conseguindo
compreender o que de fato a notícia exprime.
O fato das notícias terem cada vez mais se expandido, rompendo barreira,
permitindo que o homem siga mais ativamente a vida no mundo traz a preocupação
e desperta questões que mesmo levantadas há 40 anos continuam atuais, entre elas
a responsabilidade em se “digerir” melhor a informação absorvida.
Mesmo com todo o reconhecimento da importância de uma assessoria de
comunicação, sua instalação ainda é ausente na maioria das dioceses pelo mundo.
Um dos principais fatores é a falta de profissionais ou remuneração dos mesmo. A
Igreja em sua base é composta por leigos de boa vontade que doam seu tempo em
forma de caridade para ajudar a Igreja, o que dificulta que uma assessoria de
comunicação estruturada e funcional seja implantada em qualquer que seja a
localização da Diocese.
A necessidade de possuir uma assessoria de comunicação é da consciência
da cúpula da Igreja mesmo onde ela ainda não está instalada. O Bispo da Diocese
de Três Lagoas, Dom José Moreira Bastos Neto, ressaltou em entrevista que
“Hoje, para que qualquer empresa, entidade ou organização de grupo,
possa desempenhar seu papel, torna-se necessário ter uma
assessoria de comunicação. A assessoria faz o papel de interligação
interna, e entre ela e a sociedade. A importância está, justamente, em
poder, ou em ser capaz de, fazer a interligação, o “meio de campo”,
como se diz na linguagem popular. E no nosso caso, de Igreja, traz
benefício primordial, tais como informação, formação, esclarecimento,
filtragem etc.”

Eduardo Teixeira, diz que uma das funções da assessoria religiosa é ampliar
a participação e o vinculo das instituições religiosas, fundamentando os
relacionamentos com a comunidade que a circunda, além de fortalecer a identidade
da instituição. Segundo ele a comunicação profissional desde que planejada
estrategicamente agrega valor aos públicos ao mostrar suas ações.(209)
Instituições do terceiro setor necessitam de lucro para sobreviver e uma boa
comunicação contribui para que seu trabalho seja conhecido, além de ampliar sua
interação com o público, fazendo que o retorno seja financeiro ou voluntariado.
Teixeira com isso deixa claro que se torna um círculo vicioso, quando autoridades
religiosas justificam a ausência da assessoria devido a falta de verba. (TEIXEIRA,
2013, p.210)
Ela exerce “um certo” poder, onde pessoa ou entidade gera certa influencia
sobre outrem. Enquanto processo, a comunicação tem o papel de transferir
simbolicamente uma determinada ação ou ideias de seu interlocutores, no entanto
capaz de gerar influencias, designa o poder expressivo tornando outros poderes
organizacionais legítimos. Uma comunicação contribui com maior produtividade e
com a economia de um modo geral. Torquato ressalta que isso é possível, pois o
processo de comunicação passa por de codificações e decodificações linguísticas na
forma do discurso que podem influenciar na aceitação dos receptores.
(TORQUATO,1986, p.115)
Cabe portanto cada instituição usar este poder persuasivo, para buscar
melhorias internas ou externas no que diz respeito a melhorias no processo de mídia
ou integração de comunicação.

A DIOCESE DE TRÊS LAGOAS


A Igreja Católica é divida em regiões geográficas, que podem ser comparadas
a divisão política da extensão territorial do Brasil, compreendendo Estados e
cidades. A Diocese de Três Lagoas ocupa uma extensão de 49 mil metros
quadrados com uma população que ultrapassa, segundo o IBEG, 214.700
habitantes. Foi criada no dia 3 de janeiro de 1978 e instituída segundo a tradição
Católica pelo Papa Paulo VI. O primeiro Bispo foi Dom Geraldo Majela Reis desde
esta data até o ano de 1981, quando assumiu Dom Izidoro Kosinsk, ficando até o
ano de 2009, passando para o então Bispo diocesano, Dom José Moreira Bastos
Neto.
Sua sede é hoje a cidade de maior destaque no Estado, a cidade de Três
Lagoas trouxe a visão empreendedora para a região leste do Estado, através de
suas indústrias, com isso os Católicos Cristãos que aqui vieram morar modificaram o
perfil dos fieis desta parte da diocese. Fazendo com que o ar interiorano fosse
minimizado e a necessidade de acompanhar este crescimento chegasse aos meios
de comunicação.
Somente em Três Lagoas são mais 55 mil católicos (IBGE) e um número
crescente de indivíduos que usam a internet para se comunicar. Diante disso pode-
se observar que as redes sociais são de importância relevante como forma de
comunicação do novo fiel, uma vez que a forma restrita de informativos ao final de
celebrações atinge uma quantidade irrisória de fiéis.
No processo evolutivo da informação, a igreja reconhece desde sempre a
importância em se fazer comunicação, no ano de 1963, uma das mais importantes
inter mirificas já observava a preocupação do vaticano com o processo
comunicacional. Isso ficou reafirmado em 1989 quando a Igreja no mundo celebrou
a Campanha da Fraternidade com o tema “ A Comunicação Social”, muito
expressiva e fundamental perante os acontecimentos no Brasil e no mundo que
marcavam a história como um processo extremamente importante, As ‘Diretas Já”
no Brasil e dentre outros a queda do muro de Berlim, na antiga União Soviética.
As novas mídias sociais contribuem para que a velocidade na informação
aconteça, porém internautas cada vez mais sedentos de velocidade e imediatismo
oferecem riscos a vida útil dos veículos de comunicação religiosos desatualizados.
Isso acarreta em uma contradição pontifícia, uma vez que os decretos e as
inter mirificas publicadas constantemente sobre a importância da comunicação
caem no desuso e descaso pela não observância dos líderes religiosos ao papel da
comunicação e seu “poder” exercido na comunidade.
Foi possível observar através deste trabalho, um nível satisfatório de
compreensão comunicacional dentro da estrutura dos veículos midiáticos da sede de
Três Lagoas, o site www.diocese3lagoas.com.br e do Jornal Vida Diocesana em
formato tablóide. No entanto o conteúdo necessita que haja uma linguagem
unificada aos padrões jornalísticos e para isso a implantação da assessoria de
comunicação como supervisão da pastoral da comunicação contribui para esta
integração; com isso os objetivos de cada um deles poderá ter mais êxito ao ser
veiculado.
Além do site e do jornal o sucesso dos outros meios utilizados depende de
uma atualização e expansão de divulgação para fora do ambiente paroquial e dos
paroquianos para que a informação atinja a finalidade. São os casos dos inúmeros
blog’s que não são alimentados frequentemente, deixando um vazio e com isso o
desinteresse daqueles que são pertencentes daquele grupo.
Site diocese3lagoas.com.br

Jornal Vida Diocesana


Em uma pesquisa no site internacional de buscas, não é facilmente
encontrado sites ou blogs da Diocese de Três Lagoas, a não ser em busca
direcionada, onde encontra-se a Pastoral da Juventude que teve sua última
atualização no ano de 2011, o do Grupo Jovisa, com atualização em 2012 e do blog
do grupo Jovens de Fogo com atualização de fevereiro de 2013.
Pastoral da Juventude - Jovisa
Jovens de Fogo
Contudo, ao concluir este trabalho é notório, que haja a compreensão de que
a assessoria pode e deve ser utilizada como meio transformador de um determinado
seguimento, principalmente dos meios religiosos que devem seguir o exemplo do
criador que usou de comunicação para persuadir o mundo. (Livro de São Marcos,
São João). Através da assessoria de comunicação a integração midiática dos meios
religiosos se tornam mais eficazes por compreender de qual maneira a informação
deve ser produzida com isso um longo processo de aprendizado pode ser
dinamizado pela otimização da comunicação direcionada. A questão mais difícil de
resolver, talvez, seja a adequação da vontade Vaticanista com as realidades
diocesanas mais carentes de mão de obra qualificada e principalmente carente no
interesse em se buscar o real conhecimento do que realmente a força da
comunicação pode realizar no meio em que é aplicada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAPARRO, Manuel Carlos. Cem Anos de Assessoria de Imprensa. In: DUARTE,


Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia. 2ª ed. São Paulo:
Atlas, 2002. p.33-51.

Código de Direito Canônico, Codex Iuris Cononici. Totus Tuus. Edições Loyola,
1983

DUARTE, Jorge (org.). Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia:


Teoria e Técnica. 2a. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS – FENAJ. Manual da Assessoria


de Comunicação. 4a. ed. Brasília: FENAJ, 2007.

KOPPLIN, Elisa; FERRARETTO, Luiz Artur. Assessoria de Imprensa – Teoria e


Prática. 4a. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2000.

LOPES, Boanerges. O que é assessoria de imprensa. São Paulo: Brasiliense,


1995.

TORQUATO, F.G. Comunicação empresarial, comunicação institucional. São


Paulo: Summus, 1986.

Diretório para a Comunicação da Igreja no Brasil, 51ª. Conferencia Nacional dos


Bispos do Brasil.
Sites

Decreto Inter Mirifica Sobre os Meios de Comunicação Social, 1966, Papa Paulo VI
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_decree_19631204_inter-mirifica_po.html . Acesso em Julho de 2013

Mensagem do Papa João Paulo II, ao povo brasileiro por ocasião da Campanha da
Fraternidade de 1989, com o tema: “ A comunicação Social”
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/pont_messages/1989/docu
ments/hf_jp-ii_mes_19890209_brasile_po.html. Aceso em Julho de 2013

Mensagem “ Communio et Progressio” Sobre os meios de Comunicação Social


publicada por mandato do Concílio Ecumênicoa II do Vaticano, 1971
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/pccs/documents/rc_pc_pccs_d
oc_23051971_communio_po.html. Acesso em Julho de 2013

Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano, Nº 1.208-


224 Janeiro/Abril 2013

Assessoria de Imprensa em instituições Religiosas: Mecanismos profissionais versus


proselitismo.

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