Renan Calheiros e Deltan Dallagnol
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Para conferir o original, acesse o site https://www2.tjal.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0727538-80.2020.8.02.0001 e código 532C96F.
3218-3507, Maceió-AL - E-mail: [email protected]
Autos n° 0727538-80.2020.8.02.0001
Ação: Procedimento Comum Cível
Autor: José Renan Vasconcelos Calheiros
Réu: Deltan Martinazzo Dallagnol
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por IVAN VASCONCELOS BRITO JUNIOR, liberado nos autos em 07/10/2021 às 00:29 .
SENTENÇA
Vistos etc.
Segundo alegou, o réu vem publicando desde 2017, através de sua conta
pessoal na rede social Twitter, conteúdo em desfavor da referida candidatura, agindo, segundo
a exordial, como militante político e buscando a descredibilização da sua imagem.
Afirmou que o réu mencionou em seus tweets os casos em que o autor está
sendo investigado no bojo da Operação Lava-Jato, visando imprimir teor negativo à sua
imagem, haja vista que os processos ainda estão em curso, podendo, ao final, ser absolvido.
Também teria encabeçado uma campanha para que a votação da Mesa Diretora do Senado
fosse realizada por meio de votação aberta.
Aduziu que a competência deve ser fixada no Estado de Alagoas haja vista
ser Senador pelo Estado, portanto, local onde a conduta perpetrada pelo réu possui maior
repercussão negativa.
Por esta razão, ajuizou a presente ação, pugnando pela compensação dos
danos morais que alega ter suportado, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Formulou
fls. 3699
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expressão, ficando afastado o ato ilícito e o dano. Afirmou que não foi proferida afirmação
injuriosa, caluniosa, difamadora ou de qualquer forma ofensiva contra o autor. Ressaltou que
era fato público e notório que o autor respondia a diversos processos e investigações. Afirmou
que as publicações decorreram da exposição de juízo crítico do réu e que não restou
comprovada a violação à direito da personalidade do autor. Pugnou pela improcedência dos
pedidos. Juntou documentos de fls. 3.198/3.638.
FUNDAMENTO E DECIDO.
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em se tratando de matéria de ordem pública, por se caracterizar inovação
recursal. Precedentes. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt
no REsp 1252714/PB, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES
DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUARTA
TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 27/11/2017)
Além disso, embora tenha sido requerida a produção de oral pela parte ré,
não há impedimento para que este Magistrado proceda ao julgamento da demanda, mormente
por estar convencido de que os autos já foram instruídos com as provas suficientes para
formação do livre convencimento, consoante prova documental carreada.
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Processo Civil, da mesma forma que o magistrado poderá determinar a produção de provas,
quando necessárias à instrução processual e consequente solução da lide, também deverá
indeferi-las, desde que sejam desnecessárias ou protelatórias.
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II – DAS PRELIMINARES.
a) Da Ilegitimidade Passiva:
III – DO MÉRITO.
Aduz o autor que sofreu danos à sua honra e imagem, especialmente perante
o seu eleitorado, decorrente das publicações realizadas pelo réu em sua rede social.
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Num primeiro momento deve-se ter em vista o que dispõe o artigo 953 do
Código Civil, in verbis:
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Código Penal, pratica calúnia aquele que imputa falsamente a outrem fato definido como
crime. Na prática de difamação ocorre a imputação a alguém de fato ofensivo à sua reputação.
Já a injúria ocorre quando se ofende à dignidade e o decoro de alguém. Em quaisquer dos
casos, é certo que a violação aos direitos da honra do indivíduo implicam em danos de ordem
moral à vítima, situação que é tutelada pelo Ordenamento Jurídico pátrio, resultando na
obrigação de indenizar.
Art. 5.º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Omissis
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
Omissis
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
No caso em deslinde, verifico constar nos autos prova documental nas quais
o próprio réu afirma que as postagens foram realizadas em sua conta pessoal, não
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Processo Administrativo Disciplinar, formulado pelo réu, reconheceu o excesso do direito de
liberdade de expressão, notadamente porque praticado por "uma autoridade que tem certas
garantias e vedações constitucionais justamente para manter-se fora da arena política", bem
como que o réu "emitiu opinião muito bem determinada, a respeito de uma eleição específica
e contra um candidato claramente identificado. E fez isso numa rede social de amplo alcance,
virtualmente acessível por qualquer pessoa."
Tendo em vista as provas carreadas aos autos está claro o forte abalo de
ordem moral suportado pelo autor, já que as palavras ditas pelo réu foram ofensivas,
imputando a prática de fatos criminosos em período eleitoral, gerando abalo a sua imagem
perante seus eleitores, configurando-se o dano de caráter in re ipsa, é dizer, que independe da
prova do prejuízo, já que praticado através de internet.
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deve ela contribuir para desestimular o ofensor a repetir o ato, inibindo sua
conduta antijurídica. (STJ. REsp 265133/RJ. Rel. Min. Sálvio de Figueiredo
Teixeira. Quarta Turma. 19/09/2000)
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compensatória do dano moral, considerando que as ofensas foram proferidas por meio de
conta pessoal em rede social do réu, através da rede mundial de computadores.
III – DA CONCLUSÃO.