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GRADUAÇÃO

Química
Experimental
ME. THIAGO BALDASSO DE GODOI

Híbrido
GRADUAÇÃO
Química
Experimental
Me. Thiago Baldasso de Godoi
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


272 p.
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
“Graduação - EAD”. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
1. Química. 2. Experimental. 3. EaD. I. Título.
Permanência Leonardo S paine; Diretoria de
ISBN 978-85-459-1956-8 Design Educacional Débora L eite; Head de
CDD - 22 ed. 540 Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
Head de Curadoria e Inovação Ta nia Cristiane Yoshie
Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
Impresso por: F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádilade
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock

Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues


Galan e Fabio Augusto Gentilin.
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação
Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná
Revisão Textual Érica Fernanda Ortega.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Editoração Isabela M. Belido.
Ilustração Mateus Calmon.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Este livro foi preparado com o objetivo de apresentar conceitos básicos


sobre a Química Experimental para você, aluno(a) de Engenharia. Dian-
te de todos os assuntos a serem abordados ao longo das nove unidades,
nosso maior objetivo é, além do conhecimento, ajudá-lo(a) a responder
um questionamento que se possa fazer a respeito dessa disciplina: por que
estudar a Química Experimental? Onde é usada essa ciência? Para respon-
der a esses questionamentos, ao longo do livro, buscamos contextualizar os
conceitos teóricos com aplicações práticas inerentes à rotina profissional
de um Engenheiro.
A Química, sem sombra de dúvidas, está presente em nossas vidas. Nos
alimentamos de química, produzimos energia em nosso corpo por meca-
nismos químicos, geramos energia com auxílio da química. É impossível nos
desvincularmos dessa importante ciência. Em nível atômico, por exemplo,
entendemos que as moléculas perdem/ganham elétrons durante a ocorrên-
cia de uma reação química, mas isso nos parecia uma realidade um pouco
distante. Porém, se imaginarmos que a transferência de elétrons nos permite
degustar um bom vinho, perceberemos que não é uma realidade tão obscura.
As reações químicas, em que os elétrons são compartilhados em nível mole-
cular, nos permitem produzir produtos indispensáveis à manutenção da vida.
Para o entendimento da Química Experimental, reunimos conceitos básicos
da Química, da Física, da Matemática, até mesmo da Biologia. Os conteúdos
aprendidos outrora não são desconexos com esta disciplina. Lembrando,
sempre, que na vida, o conhecimento nunca se perde, ele se transforma!
Há uma vasta gama de possibilidades, experimentos, reações existentes
nesta área e, para descrever todas, precisaríamos de diversos livros destes e,
em um curto período de tempo, seria impraticável. Desta forma, não busca-
mos formar especialistas neste conteúdo, queremos formar pesquisadores,
pessoas que detêm o conhecimento básico e que são capazes de aprofundar
o conhecimento na área específica em que irá atuar. E, para isso, iremos
estudar algumas aplicações que nos permitirão formar um conhecimento
geral de um ambiente laboratorial e industrial.
O conteúdo deste livro foi distribuído em função de sua importância no
aprendizado de futuros engenheiros. Por esse motivo, iniciamos o estudo
que precede qualquer outro assunto dentro de um laboratório ou de uma
indústria: a segurança. Este conteúdo, embora seja abordado na Unidade
1, nos acompanhará não apenas em nossa disciplina, mas em toda nossa
trajetória profissional.
Em seguida, trataremos dos principais utensílios e equipamentos existentes
em um laboratório, processo de calibração, obtenção e manipulação de me-
didas experimentais. Abordaremos assuntos referentes à padronização de
um trabalho realizado em um laboratório, por meio de relatórios técnicos,
a disposição dos números, sua precisão e exatidão. Antes de iniciar as dis-
cussões sobre as transformações químicas, veremos algumas das principais
propriedades físicas atreladas a esses compostos, que auxiliam no processo
de separação de misturas. Dentre as transformações físicas e químicas da
matéria, entenderemos os conceitos de equações químicas, velocidades de
reações, estequiometria, evidências de transformações físicas e químicas,
o conceito de soluções e dissoluções, concentrações, entre outros. Por fim,
vislumbraremos um tipo especial de reação química, as reações de oxir-
redução, importantes na eletroquímica e na produção de energia elétrica.
Convido-o(a) a participar desta experiência no conhecimento das opera-
ções básicas que ocorrem em um laboratório.
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Me. Thiago Baldasso de Godoi


Possui mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2016),
pós-graduação em Engenharia de Produção pela Unicesumar (2013) e graduação em Enge-
nharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2009). Atualmente, é é supervisor
operacional de ensino da Unicesumar (EaD) .
Currículo Lattes disponível em:
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4258694E9>.
Noções Básicas
sobre Segurança
em Laboratório

13

Principais
Equipamentos
e Utensílios de
um Laboratório

39

Manipulação de
Dados e Medidas
Experimentais

67
Densidade e
Soluções
Viscosidade

103 195

Transformações Velocidade de
da Matéria reações químicas

135 225

Misturas e Técnicas
Eletroquímica
de Separação

159 247
47 Condensador
166 Molécula de água
202 Acerto do menisco do balão volumétrico
253 Pilha galvânica

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Noções Básicas sobre


Segurança em Laboratório

PLANO DE ESTUDOS

Cuidados na Manipulação de
Produtos Químicos: FISPQ

Regras Gerais Equipamentos de Proteção


Individual e Coletiva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer as normas gerais de conduta e segurança em • Conhecer os equipamentos de proteção individual (EPIs)
laboratórios. e coletiva (EPCs) utilizados em um laboratório.
• Compreender as informações dispostas nas fichas de se-
gurança de produtos químicos (FISPQ).
Regras Gerais

Olá, caro(a) aluno(a)! Estamos iniciando o nos-


so curso de Química Experimental. Gostaria de
salientar o que pretendemos com este curso:
entender conceitos básicos que nos geram as
bases para o trabalho no laboratório. Em la-
boratórios de química experimental, há uma
infinita variedade de análises laboratoriais. Há
análises específicas para o setor farmacêutico,
químico, de combustíveis, eletrônico, da cons-
trução civil, do ramo alimentício, siderúrgico,
ambiental, entre outros!
Conhecer na prática todas estas análises é im-
possível, em um curto espaço de tempo. Porém,
grande parte dessas práticas, além do uso de equi-
pamentos específicos, fazem o uso de aparelhos
básicos e comuns existentes em laboratórios. As-
sim, iremos, a partir de então, verificar algumas
práticas simples, comuns em laboratórios, que
nos forneça as bases da química experimental,
tais como medidas de segurança em laboratórios,
principais equipamentos existentes, propriedades transformações químicas realizadas em grande
químicas e físicas dos materiais, transformações escala, em uma indústria, são realizadas em pe-
físicas e químicas, soluções, entre outras. Assim, quenas escalas em um laboratório, desta forma,
proveremo-nos das bases da química experimen- os conceitos que iremos aprender serão muito
tal e estaremos munidos de informações que nos utilizados para quando necessitarmos trabalhar
possibilitam a pesquisa e o aprofundamento dos em um ambiente industrial.
conceitos quando formos solicitados em áreas De acordo com Bessler e Neder (2011), o la-
específicas de nossa trajetória profissional. boratório é um dos principais locais de trabalho
Vamos lá? para profissionais da química que atuam na in-
Antes de adentrarmos em um laboratório, dústria de manipulação, de transformação, de
é muito importante que conheçamos algumas análise, entre outros que manipulam ou estocam
das principais regras de conduta e segurança produtos químicos. Ao entrar em um laboratório
comuns, existentes em diversos laboratórios de química, caro(a) aluno(a), você deve considerar
de manipulação de produtos químicos. Assim, que os produtos existentes podem ser inflamá-
o objetivo principal desta unidade é fornecer, veis, explosivos, corrosivos e, até mesmo, tóxicos,
para você, as principais regras a serem seguidas devendo-se evitar o contato com substâncias das
no laboratório, algumas medidas de seguran- quais não temos o devido conhecimento. Assim,
ça comumente adotadas por grande parte dos a manipulação de produtos químicos, recipientes
laboratórios, conhecer equipamentos que nos frágeis (vidros) e superfícies aquecidas geram os
auxiliam em nossa proteção, preservando nossa fatores capazes de causar acidentes, com danos
integridade física e saúde. leves e graves à nossa saúde e, também, de todas
Ao tratarmos da segurança em laboratórios, é as pessoas que trabalham nesse espaço, podendo
necessário ter o conhecimento prévio sobre algu- afetar, inclusive, ao meio ambiente.
mas substâncias químicas, conceitos que aprende- O risco existente na manipulação de produtos
mos na disciplina de Química Geral e Inorgânica. químicos, em muitos casos, não é visível ou apa-
Dessa forma, caro(a) aluno(a), os conteúdos não rente. Vidrarias, que se encontram quentes, não
são desconexos. É uma ponte entre as disciplinas! apresentam uma característica diferenciada, sen-
Alguns dos conceitos teóricos aprendidos lá, iremos do que pessoas desavisadas podem sofrer danos,
aplicar aqui. Contudo, antes de qualquer aplicação, a como queimaduras. Contudo, mesmo substâncias
regra número zero, em qualquer laboratório ou am- que visualmente parecem ser inofensivas, como o
biente industrial, é a garantia da nossa segurança! caso de substâncias inodoras (sem cheiro) ou in-
Vale lembrar que um laboratório parece ser colores, quando inaladas ou por meio do contato
um ambiente pequeno e limitado; porém, ele é físico, podem ocasionar doenças nos trabalhado-
um protótipo da indústria de transformação. As res desprotegidos.

UNIDADE 1 15
De acordo com Bessler e Neder (2011), os • Vista-se com roupas e calçados adequados
principais acidentes em laboratórios de quí- (fechados). Cabelos compridos devem ser
mica devem-se a ferimentos que são causados mantidos presos.
por vidros quebrados, pelo contato direto com • Todas as substâncias, sem prévio conhe-
substâncias cáusticas, incêndios com líquidos cimento, devem ser consideradas nocivas
inflamáveis e, até mesmo, explosões. Ainda de e perigosas. Evite o contato direto e nunca
acordo com os autores, no caso de acidentes, o faça a mistura de reagentes dos quais não
responsável pelo laboratório deve proceder ade- tenha o devido conhecimento.
quadamente, com o intuito de minimizar suas • Não se deve comer ou beber em um labo-
consequências. ratório. Os alimentos podem ser contami-
Deste modo, antes de adentrar neste tipo de nados, por exemplo, por vapores tóxicos,
ambiente, deve-se conhecer previamente os riscos podendo prejudicar a saúde dos trabalha-
a que se estará exposto. Estes riscos estão associa- dores.
dos a essa atividade laboral e se deve ao fato dos • Mantenha sua bancada de trabalho orga-
indivíduos ficarem constantemente expostos a nizada e limpa.
situações potencialmente perigosas. • Se algum produto químico for acidental-
Com o intuito de diminuir a frequência e a mente derramado, deve-se verificar nas fi-
gravidade com que esses acidentes ocorrem, é ex- chas de segurança de produtos químicos
tremamente necessário o atendimento de uma (FISPQ) sobre os procedimentos corretos
série de normas que podem ser preestabelecidas a serem adotados.
por Engenheiros de Segurança no Trabalho (para • Todos os colaboradores do laboratório de-
o atendimento da legislação nacional e/ou inter- vem ter acesso às FISPQ dos produtos quí-
nacional) ou por conhecedores técnicos desse micos manipulados antes de iniciar suas
assunto. Elas são específicas para cada tipo de la- atividades, e estas devem ser dispostas em
boratório, ou seja, depende do ramo de ativida- locais de fácil acesso para todos.
de, dos produtos químicos manipulados, das leis • Não descarte as substâncias químicas já
trabalhistas, entre outros. De forma geral, desta- utilizadas, na pia ou esgoto. Consulte a fi-
cam-se algumas medidas comuns aos laboratórios cha de segurança de produtos químicos,
de química, sendo elas (BESSLER; NEDER, 2011; sobre a maneira correta de se fazer o des-
FONSECA; BRASILINO, 2007; MARTINS et al., carte ou as orientações de conhecedores
2013; ABREU, 2016): e técnicos da área de segurança, sobre as
• O laboratório de química envolve diversos medidas para descarte. Lembre-se que du-
riscos, então se deve trabalhar com aten- rante o descarte, se houver a mistura de
ção, calma e prudência. reagentes químicos incompatíveis, podem
• Verifique o local e o funcionamento dos ocorrer acidentes, explosões, entre outros.
dispositivos de segurança do laboratório, • Evite o contato de qualquer substância
tais como: extintores de incêndio, chuvei- com a sua pele. Evite passar os dedos na
ros de emergência, lavadores de olhos e boca, nariz, olhos e ouvidos. Caso alguma
saída de emergências. Crie registros para substância química respingue em sua pele,
checagem periódica do funcionamento deve ser lavada imediatamente a área afe-
desses equipamentos. tada com água em abundância.

16 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


• A manipulação de produtos químicos e tóxicos deve ser cautelosa, preferencialmente, no caso
de manipulação de ácidos, bases concentrados e produtos tóxicos.
• Tenha cuidado no manuseio e transporte de vidrarias. Peças de vidro quebradas podem causar
sérios acidentes.
• Nunca tente saber o sabor de um produto químico.
• Quando houver a necessidade de se detectar o desprendimento de gases pelos produtos químicos
ou reações químicas, nunca coloque seu rosto próximo ao frasco ou recipiente que contém o
produto. Desloque, com sua mão, os vapores desprendidos em direção ao seu nariz. Só realize
esta operação de for extremamente necessário e se houver conhecimento das propriedades
toxicológicas dos gases desprendidos, que podem ser encontradas na FISPQ.

Figura 1 – Odor de compostos químicos

• Não deixe materiais e vidrarias quentes como: tomadas, bico de Bunsen, fogo, en-
sem mensagens de advertência. Outros tre outros.
colaboradores podem pegá-los inadver- • Ao realizar aquecimento de tubos de en-
tidamente, podendo causar queimaduras, saio em bico de Bunsen, realizar esse aque-
quebras e corte de membros. cimento pela lateral da parede do tubo, e
• Certificar-se de que a válvula de segurança não pelo fundo, para promover um aque-
do gás metano está fechada quando não cimento uniforme. Não deixe a boca do
estiver utilizando esse produto. tubo voltado para seu rosto, pois o des-
• Os reagentes inflamáveis devem ser ma- prendimento de produtos químicos pode
nipulados longe de fontes de ignição, tais causar acidentes.

UNIDADE 1 17
• Existem diversos frascos de reagentes
químicos semelhantes. Certifique-se de
utilizar o reagente correto pela identifica-
ção do rótulo do frasco. Despeje o líquido
presente no frasco com a parte oposta do
rótulo para não inutilizá-lo (escorrer sobre
o rótulo) e prejudicar na identificação do
produto químico.
• Todos os procedimentos que envolvam a
liberação de vapores, sejam eles voláteis,
corrosivos, tóxicos ou inflamáveis, devem
ser realizados na capela de exaustão.

Figura 2– Aquecimento de tubo de ensaio

Figura 3 - Capela de Exaustão

18 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


Substâncias corrosi- Compostos tóxicos: os compostos tóxi-
vas: em um laboratório, cos, como o próprio nome diz, são tóxicos
podem existir diversas ao ser humano; dependendo da concen-
substâncias corrosivas, tração a que se é exposto, pode ser letal.
sendo mais usados os
ácidos, as bases e os
compostos halogenados.
Quando o efeito corrosivo
dessas substâncias atinge
a pele ou os tecidos vivos,
o processo é chamado Compostos volá-
de queimadura química. teis: são compos-
Neste processo, há a des- tos que possuem
naturação das proteínas e uma alta pressão
a hidratação, que remove de vapor em con-
a água dos tecidos em dições normais de
um processo exotérmico, pressão e tempera-
contribuindo para a quei- tura, podendo va-
madura. As queimaduras porizar-se em uma
provocadas podem ser grande quantidade.
extremamente danosas à Em outras palavras,
saúde das pessoas, in- são compostos que
cluindo danos aos olhos, passam facilmente
trato respiratório e gas- do estado líquido
trointestinal, sendo fatais para a fase vapor na
em muitos casos. Alguns temperatura am-
destes compostos, ao se- biente, ou seja, sem
rem manuseados, podem a necessidade de
liberar vapores corrosivos aquecimento. Como
e, para estes casos, de- exemplos destes
vem ser usados os equi- compostos, pode-
pamentos de proteção mos citar o éter, ál-
adequados para evitar os cool, acetona, entre
riscos associados a estes diversos outros. É
compostos (MEDEIROS, necessário que esses
2015, on-line)1. compostos sejam
mantidos em em-
balagens fechadas
para que não eva-
porem rapidamente
para o ambiente. Os
Substâncias inflamáveis: são aquelas que apresentam o compostos voláteis
ponto de fulgor (menor temperatura, na qual o compos- podem ou não ser
to libera uma quantidade suficiente de vapor para for- inflamáveis ou tóxi-
mar uma mistura inflamável por uma fonte externa de cos, ou seja, tratam-
calor na presença de oxigênio). Estes compostos devem -se de propriedades
ser manipulados longe de chamas e em local ventilado diferentes. Alguns
ou aberto. Podemos citar como exemplos de compostos desses compostos
inflamáveis o etanol, o éter etílico, hidrogênio, metano, podem produzir
propano, entre outros. Na necessidade de aquecimento intoxicação e efei-
destes compostos, recomenda-se utilizar o banho-maria, tos adversos sobre
nunca bico de gás ou de Bunsen e evitar a chapa elétri- o sistema nervoso
ca (BESSLER; NEDER, 2011; MEDEIROS, 2015, on-line)2. (QUIMINAC, [2019],
on-line)3.
UNIDADE 1 19
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

• Sempre que for efetuar a diluição de um • Não introduza pipetas, conta-gotas, em


ácido concentrado, principalmente o áci- frascos de reagentes químicos. Para correta
do sulfúrico, adicione lentamente o ácido manipulação, retire a alíquota necessária
concentrado sobre a água. Nunca faça o em um recipiente, por exemplo, um bé-
contrário (BESSLER; NEDER, 2011). O quer, e então realize a transferência para o
processo inverso pode desprender molé- equipamento desejado.
culas de gás hidrogênio de forma violenta, • Identifique os extintores de incêndio pre-
que podem carregar junto partículas de sentes no laboratório. Veja em seu rótulo
ácidos, podendo atingir sua pele, olhos, quais as indicações de uso, ou seja, para
entre outros. quais tipos de incêndios são destinados.
• Atenção na diluição de substâncias. No
caso da diluição de ácidos concentrados,
grande parte dos processos são exotér-
micos, ou seja, liberam calor, deixando os
recipientes quentes, podendo causar quei- Principais tipos de extintores
maduras. • Pó químico – O princípio de funcionamento é
• Na manipulação de frascos de reagentes o abafamento, retirando o oxigênio próximo
químicos, deixe as tampas voltadas para da combustão, que é necessário para a pro-
cima para evitar contaminações cruzadas. pagação do fogo.
• Não deixe frascos de reagentes abertos • Gás Carbônico - Esse extintor retira o oxigênio
quando não estiverem sendo manipu- e também resfria. Cuidado! Ele é asfixiante.
lados. Alguns reagentes são voláteis (se • Água - Indicado para incêndios com materiais
desprendem para fase gasosa mesmo na de fácil combustão. Ele pode resfriar e, em
temperatura ambiente) e podem perder menor proporção, abafar. Não é indicado para
as propriedades desejadas. equipamentos energizados.
• Retire do frasco do reagente somente a • Espuma mecânica – É capaz de abafar e res-
quantidade que for necessária para a práti- friar ao mesmo tempo. Sua espuma é capaz
ca química. Não retorne ao frasco original de formar uma fina camada aquosa sobre a
restos de reagentes não utilizados, pois es- superfície, cessando a combustão.
tes podem ser contaminados por vidrarias Fonte: adaptado de Mikail (2014, on-line)4.
mal lavadas, entre outros.

20 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


• Use corretamente os instrumentos de proteção individual (EPI) e de proteção coletiva (EPC).
Para saber quais são os aparelhos corretos a serem usados, verifique as fichas de segurança de
produtos químicos e siga as orientações do Engenheiro de Segurança no Trabalho.
• Atenção para o uso de lentes de contato. Em geral, não é recomendado o uso no laboratório,
pois o respingo de produtos químicos nos olhos com lentes pode dificultar a sua retirada dos
olhos. Elas podem ficar aderidas na retina.
• Não utilize roupas de natureza sintética. Dê preferência para roupas de algodão. Roupas sinté-
ticas, em caso de incêndios, podem ficar aderidas na pele.
• Lave as mãos após encerrar as atividades no laboratório.
• Evite trabalhar sozinho no laboratório. Em caso de acidentes, a pessoa pode ficar inconsciente.

UNIDADE 1 21
Cuidados na Manipulação
de Produtos Químicos: FISPQ

Os principais acidentes envolvendo laboratórios


que fazem a utilização e manipulação de produtos
químicos são devidos a ferimentos causados pela
quebra de recipientes de vidro, pelo contato com
substâncias corrosivas e, também, incêndios com
líquidos inflamáveis. Desta forma, o trabalho em
um laboratório químico deve ser cauteloso e todas
as medidas de segurança, com base nas informa-
ções dos produtos utilizados, devem ser adotadas
antecipadamente (BESSLER; NEDER, 2011).
Na dúvida se determinada substância pode
causar danos à sua saúde ou, até mesmo, ao meio
ambiente, considere que a substância é potencial-
mente perigosa, e evite, dessa forma, o contato di-
reto, ou seja, evite a inalação, a ingestão e o contato
com os membros do corpo.
Neste ponto, você, aluno(a), deve estar se per-
guntando: “como se precaver de todos os compos-
tos químicos existentes na natureza?”. Esta, real-
mente, é uma pergunta difícil de ser respondida.
Na tabela periódica, temos mais de 110 elementos
químicos diferentes. Estes são elementos puros,
presentes na natureza, que efetuam ligações quí-
micas para atingir a estabilidade, formando uma

22 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


infinidade de outros compostos! Pequenas alterações no produto
químico promovem grandes mudanças em suas propriedades.
Para exemplificar que pequenas alterações na estrutura química
do composto podem provocar grandes mudanças em suas proprie-
dades químicas, podemos citar o exemplo do produto Talidomida.
Foi descoberto, na década de 60, na Europa, que o uso desse compos-
to, por gestantes, possuía o efeito calmante, tranquilizante e sonífero.
Muitas gestantes que utilizaram esse composto tiveram bebês com
membros atrofiados (mãos, pernas, pés). Esse resultado foi devido
ao uso de compostos que continham um isômero da Talidomida.
Os dois isômeros desse composto são apresentados a seguir:

(S)- Talidomida (R)- Talidomida


Teratogênico Sedativo e
Hipnótico
Figura 4 - Isômeros da Talidomida
Fonte: o autor.

Os isômeros apresentam a mesma fórmula química, mas podem


apresentar uma pequena alteração na posição de uma das ligações. A
(R)-Talidomida possui o efeito tranquilizante, mas a (S)-Talidomida,
o efeito Teratogênico, responsável por atrofiar os membros do fetos
das gestantes. A partir de então, o processo de produção foi aprimora-
do para produzir produtos com orientações espaciais bem definidas.
Voltando à nossa pergunta inicial,“como conhecer todas as pro-
priedades, de todos os elementos, para que possamos nos proteger
de possíveis acidentes?” Decorar todas essas informações sobre os
produtos químicos é difícil e não recomendado. O mais importante
é sabermos onde conseguir procurar informações confiáveis, que
nos tragam informações seguras sobre os perigos envolvidos, riscos
ambientais, riscos de acidentes, entre outros. Neste ponto, caro(a)
aluno(a), recomendo o uso das Fichas de Segurança de Produtos
Químicos, que iremos tratar no próximo tópico (ABNT, 2009; SOU-
ZA, 2016, on-line)5.

UNIDADE 1 23
Fichas de Segurança de
Produtos Químicos (FISPQ)

De acordo com o Conselho Regional de Química informações dos produtos químicos manipulados
– IV Região (SOUZA, 2016, on-line)5, uma das pelas pessoas. A desobediência à legislação especí-
formas de obtermos informações confiáveis sobre fica acarreta em implicações legais e até criminais.
os produtos químicos é pela utilização da FISPQ. Neste ponto, futuro(a) Engenheiro(a), reco-
Essa ficha fornece informações sobre aspectos di- mendo a mudança de paradigmas! Você, futuro(a)
versos dos produtos químicos, tratando sobre te- gestor(a) de processos industriais, laboratoriais,
mas relacionados à segurança, à saúde, à proteção entre outros, terá o conhecimento das informações
individual, coletiva, informações toxicológicas, disponibilizadas em tais fichas e poderá dissemi-
disposições em caso de acidentes, entre outras. nar essas informações nos ambientes de trabalho, a
Esse documento, normatizado pela ABNT NBR fim de torná-los mais seguro! Ainda, a partir deste
14725, foi elaborado pelo Comitê Brasileiro de ponto, tem a ciência de que existe um documen-
Química, pela Comissão de Estudo de Informações to que pode esclarecer diversas dúvidas sobre os
sobre Segurança, Saúde e Meio Ambiente, relacio- produtos químicos de forma confiável e precisa!
nados a Produtos Químicos. De acordo com esse Quanto aos usos, o fornecedor dos produ-
órgão, a FISPQ fornece informações sobre vários tos químicos tem o dever de manter as FISPQs
aspectos de produtos químicos (substâncias ou sempre atualizadas, e deve dispor aos usuários a
misturas) quanto à proteção, à segurança, à saúde edição mais recente. Já o usuário, seja ele da in-
e ao meio ambiente. Fornece, também, conheci- dústria, de laboratórios, centros de pesquisa, dis-
mentos básicos sobre os produtos químicos, re- tribuição, dentre outros, deve agir de acordo com
comendações sobre medidas de proteção e ações as instruções nelas prescritas e manter todas as
em situação de emergência. Entre as informações outras pessoas informadas dos perigos relevantes
prestadas, inclui informações sobre o transporte, do local de trabalho. Trata-se de um documento
manuseio, armazenagem e ações de emergência, obrigatório para comercialização de produtos
possibilitando, ao usuário, tomar as medidas ne- químicos e deve ser disponibilizado para todas
cessárias relativas à segurança, à saúde e ao meio as pessoas que manipulam os produtos químicos
ambiente. Essa norma constitui parte do esforço (SOUZA, 2016, on-line)5.
para a aplicação do Sistema Globalmente Harmo- Deve constar na FISPQ, obrigatoriamente, 16
nizado (GHS) de informação de segurança de pro- seções, que serão brevemente descritas nos itens
dutos químicos perigosos, que busca padronizar as a seguir:
informações em níveis mundiais. 1. Identificação do produto e da empresa:
Em diversos países, essas fichas são tratadas contém informações comerciais do pro-
como documentos de grande importância, mas, duto, da empresa fabricante.
no Brasil, em diversos casos, são preparadas por 2. Identificação de perigos: traz alguns
empresas apenas para atender as solicitações de perigos mais importantes, como efeitos
clientes ou para atender a legislações específicas. adversos à saúde humana, efeitos ambien-
Nos EUA, por exemplo, um documento semelhan- tais, perigos físico-químicos, visão geral
te, conhecido por Hazard Communication Stan- sobre emergências e perigos específicos
dard, exige o treinamento e a disseminação das para determinados produtos químicos.

24 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


Neste item, deve constar o diagrama de Hommel – uma
classificação das substâncias perigosas em sistemas inter- Gás sob
pressão
nacionais de risco. Trata-se de um diagrama visual, para
facilitar a visualização dos perigos mais importantes, de-
senvolvido pela NFPA (National Fire Protection Agency).
É apresentado como a figura a seguir:
Cuidado
Risco de Vida Risco de Fogo
4- Mortal (ponto de fulgor) 4 - abaixo de 22°C
3- Extremamente perigoso 3 - abaixo de 38°C
2- Perigoso 2 - abaixo de 94°
1- Pequeno risco 1 - acima de 94° Explosivo
0- Material normal 0 - não é inflamável
Inflamabilidade

Riscos à Poluente
Reatividade
Saúde

Riscos
Risco de Vida Específicos
Reação Inflamável

Oxidante - 0XX 4- Pode detonar


Ácido - ACID 3- Choque e calor
Álcalis - ALK podem detonar
Corrosivo - CRO 2- Reação Química
Não use água -W violenta Perigo
Radioativo - 1- Instável quando
aquecido
0- Estável
Figura 5 - Diagrama de Hommel
Fonte: Brainly ([2019], on-line)6. Tóxico
A cor azul indica os riscos à saúde; a cor vermelha, os riscos de infla-
mabilidade; amarelo, a reatividade, ou seja, se reage facilmente com
outros produtos; e a cor branca traz algum risco que é específico
para o produto químico, como radioatividade, corrosividade. Além Oxidante
disso, neste diagrama, há uma escala numérica de zero (sem risco)
a quatro (risco sério ou grave), ou seja, quanto maior o número,
maior a periculosidade do produto.
Nesta seção, quando necessário, deve constar, também, os pic-
Corrosivo
togramas do perigo, que são imagens visuais que demonstram os
principais perigos oferecidos pelo produto.
Figura 6 - Pictogramas do perigo

UNIDADE 1 25
3. Composição e informações sobre os 9. Propriedades físicas e químicas: aborda
ingredientes: contém informações sobre algumas informações mais detalhadas do
os produtos. Deve constar o número CAS produto químico, como densidade, visco-
(Chemical Abstracts Service), quando o pro- sidade, ponto de ebulição, ponto de fusão,
duto é puro, ou cada um dos componentes inflamabilidade, pH, odor etc.
presentes, em caso de misturas. O número 10. Estabilidade e reatividade: traz questões
CAS é um identificador numérico que iden- relacionadas à estabilidade do composto
tifica uma substância. químico em determinadas condições am-
4. Medidas de primeiros socorros: contém, bientais (como a temperatura ambiente e
de forma detalhada, as medidas de primeiros pressão atmosférica), a reatividade com al-
socorros no caso de ocorrência de acidentes, guns outros compostos, as reações químicas
como ingestão, contato com a pele, olhos e que podem ocorrer e que são perigosas, as
ações que devem ser evitadas para prevenção condições que devem ser evitadas e, também,
de acidentes. materiais que são incompatíveis ao produto.
5. Medidas de combate a incêndios: contém 11. Informações toxicológicas: traz informa-
os meios de extinção de incêndio, que são ções, tais como os riscos à saúde propor-
apropriados para casos em que envolva o cionados por longa exposição ao produto
produto químico e, também, outros que não químico, doenças crônicas, entre outros,
são recomendados. reguladas, por exemplo, pela International
6. Medidas de controle para derramamento Agency of Research on Cancer (IARC) e Na-
e vazamentos: informa cuidados pessoais, tional Toxicology Program (NTP).
no caso de vazamentos, procedimentos para 12. Informações ecológicas: informa sobre o
proteger o meio ambiente, procedimentos de impacto ambiental causado pela presença do
emergência e, também, métodos de neutra- produto químico no meio ambiente e traz
lização e descontaminação. medidas de controle para eventuais aciden-
7. Manuseio e Armazenamento: relatam os tes ambientais.
recipientes que são adequados para arma- 13. Considerações sobre tratamento e dis-
zenar o produto químico (que não sofrem posição: contém informações sobre os mé-
interações com o produto químico), as todos recomendados para o tratamento e a
condições seguras para o armazenamento disposição final segura do material, minimi-
e transporte (temperatura adequada para zando os danos ao meio ambiente.
armazenamento). 14. Informações sobre o transporte: traz os
8. Controle de exposição e proteção indivi- detalhes sobre as regulamentações nacio-
dual: traz informações sobre a tolerância do nais e internacionais para o transporte da
organismo à exposição desse produto quími- substância.
co e, também, os equipamentos de proteção 15. Regulamentações: estabelece a legislação
individuais e coletivos que são necessários que é aplicável ao produto químico.
para evitar riscos ou danos à saúde. Esses limi- 16. Outras informações: apresenta algumas
tes podem ser regulados por órgãos interna- informações complementares ou específicas
cionais, como a American Conference of Go- para cada produto, além de siglas e biblio-
vernmental Industrial Hygienists (ACGIH). grafia.

26 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


Neste ponto, caro(a) aluno(a), para exemplificarmos os conteúdos
relatados sobre a FISPQ, é muito importante um primeiro contato com
esse documento! É importante para verificarmos como são dispostas
as informações e nos familiarizarmos com esse tipo de documento.
Então, como uma tarefa complementar, deixo aqui a recomendação
de estudo da FISPQ do ácido clorídrico (HCl). Foque principalmente na
sessão de 3 a 13, atentando-se nas informações que são dispostas.

Assim, aluno(a), identificamos uma fonte segura que nos fornecem


importantes informações dos produtos químicos, relacionados às
suas propriedades físico-químicas, segurança, saúde, meio ambiente,
entre outras. Dentre as informações prestadas, temos o controle à
exposição, a proteção individual e a proteção coletiva, conforme
relatado na seção 8 da FISPQ. Nesta seção, foi informado que exis-
tem equipamentos que reduzem a probabilidade de ocorrência de
acidentes, que estudaremos no próximo tópico.

UNIDADE 1 27
Equipamentos de
Proteção Individual
e Coletiva

A Norma Regulamentadora (NR) n° 6, do Mi-


nistério do Trabalho e do Emprego (MTE), de-
termina que todo e qualquer tipo de empresa é
obrigada a fornecer aos seus trabalhadores, de
forma gratuita, os equipamentos de proteção in-
dividual (EPI) e equipamentos de proteção co-
letiva (EPC) adequadas ao risco e em perfeitas
condições de uso.
Essa mesma regulamentação considera equi-
pamento de proteção individual todo dispositivo
ou produto de uso individual, utilizado pelo tra-
balhador, destinado à proteção de riscos suscetí-
veis de ameaçar à segurança e a saúde no trabalho.
Considera, ainda, que o equipamento conjuga-
do de proteção individual é todo aquele composto
por vários dispositivos, que o fabricante tenha
associado contra um ou mais riscos que possam
ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Já o equipamento de proteção coletiva (EPC)
trata-se de todo dispositivo, sistema ou produto
de uso coletivo que é destinado à proteção e pro-
moção da saúde em um ambiente de trabalho. Em

28 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


outras palavras, trata-se de um equipamento que exercida. Ela pode ser fabricada por diver-
pode ser utilizado por mais de um trabalhador sos materiais, como couro ou algodão, para
para promover a segurança no local de trabalho proteção térmica e mecânica; metal para
ou oferece a proteção a um grupo de pessoas. proteção de materiais cortantes; e nitrílicas,
Cada equipamento de proteção individual PVC ou látex para a proteção contra rea-
possui um CA, que é um certificado de apro- gentes diversos e riscos microbiológicos.
vação, emitido pelo Ministério do Trabalho e Em-
prego, que tem por finalidade avaliar a manter um
padrão nos equipamentos de proteção. A NR 6
regulamenta que todos os EPI, de origem nacional
ou importada, só poderão ser comercializados
se possuírem o seu respectivo CA. Desta forma,
este é um critério importante para indicar se o
aparelho de proteção está capacitado a fornecer
a proteção que é devida (BLOG SESMT, [2019],
on-line)7.
A seguir, são relacionados alguns equipamen-
Figura 8 - Luvas de segurança
tos de proteção mais comuns nos laboratórios de
química: • Jalecos ou guarda-pós: recomendado o
• Óculos de segurança: é um EPI utilizado uso de jalecos compridos e mangas com-
para a proteção dos olhos, podendo ser fa- pridas para proteção dos membros supe-
bricado por diversos materiais, dentre eles riores e corpo. É aconselhado o uso do ja-
acrílico ou plástico rígido. Recomenda-se leco de algodão, já que os de fibra sintética
utilizar óculos com proteção lateral, a fim são altamente inflamáveis. É importante o
de cobrir uma maior região dos olhos. No uso desse EPI para proteger o corpo contra
laboratório de química, protege princi- eventuais produtos químicos que, aciden-
palmente contra o respingo de produtos talmente, possam entrar em contato com
químicos. o corpo do trabalhador.

Figura 7 - Óculos de segurança

• Luvas: utilizada para a proteção das mãos


de agentes corrosivos, cortantes, térmicos e
biológicos, ou seja, existe um tipo adequa-
Figura 9 - Jaleco
do de luva conforme o risco e a atividade

UNIDADE 1 29
• Sapatos de segurança: utilizado para a
proteção dos pés em atividades diversas.
Para atividades em que há o risco de objetos
pesados caírem sobre os pés dos trabalha-
dores, é preciso modelos mais reforçados,
que contenham bicos de aço. Já para a pro-
teção contra reagentes químicos, pode ser
utilizado sapatos fechados em geral. Para
ambientes de trabalho úmido e escorrega-
dios, é indicado o uso das botas de PVC.

Figura 11 - Respirador

• Protetores auditivos: utilizado para am-


bientes que têm uma quantidade de ruídos
maior que os limites de tolerância estipula-
dos por normas regulamentadoras. Podem
ser tipo de “concha”, “plug”, dentre outros,
cujo uso depende do nível de ruído ao qual
o trabalhador está exposto.

Figura 10 - Botas de segurança


• Máscara: o uso de máscaras em labora-
tórios de química é muito comum, prin-
cipalmente para usuários de trabalham
Figura 12 - Protetor auricular do tipo “plug”
com produtos químicos que são voláteis,
como ácidos. Para produtos que são tóxi- Em geral, os equipamentos, listados anteriormen-
cos, devem ser usadas máscaras com car- te, são de uso individual, ou seja, tratam-se de
vão ativado, presente no refil, que adsorve EPI’s. Porém, a classificação em ser EPI ou EPC
os compostos tóxicos. Em geral, protegem deve ser avaliada cautelosamente. Por exemplo,
os trabalhadores contra a inalação de con- uma luva metálica para proteção contra agentes
taminantes gerados por agentes quími- cortantes ou de couro para proteção contra quei-
cos, como poeiras, névoas, fumos, gases maduras, quando usadas de forma esporádicas,
e vapores. pode ser usada por mais de um trabalhador.

30 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


Os equipamentos de proteção coletiva tra- • Mangueira de incêndio: utilizada para
tam-se de todos os dispositivos ou sistemas que apagar incêndios.
promovem a proteção coletiva, para assegurar a • Dispositivos de pipetagem: utilizados
integridade física e da saúde de um grupo de traba- para a sucção de pipetas, como os pipe-
lhadores. São exemplos de equipamentos de prote- tadores automáticos, pera de borracha.
ção coletiva: sinalizações de segurança, proteção de
partes móveis de máquinas, corrimão de escadas,
ventilação de locais de trabalho, extintores de in-
cêndio, kit de primeiros socorros, dentre outros.
Nos laboratórios de química, alguns dos prin-
cipais equipamentos de proteção coletiva são:
• Cabines de exaustão química (capela):
utilizada para manipulação de compos-
tos químicos que desprendem vapores,
por exemplo os compostos tóxicos, que
podem causar danos à saúde. Os vapores
são exauridos para a parte externa, sendo
destinadas a equipamentos específicos que
fazem a recuperação deste produto e, pos-
teriormente, tratamento.

Figura 14 - a) Pipetador tipo pera


de borracha, b) Pipetador auto-
mático

• Chuveiros de emer-
gência: utilizados
para remover pro-
dutos químicos que
possam entrar em
contato com o corpo
Figura 13 - Capela para exaustão de gases
dos trabalhadores.
• Cabines para segurança biológica: uti-
lizada para a proteção contra microrganis-
mos que podem causar danos à saúde. O
sistema de exaustão é projetado de tal forma
que a corrente de ar não entre em contato
com o trabalhador que faz uso da capela.
• Manta ou cobertor: utilizada para abafar
ou envolver a vítima de incêndio, sendo in- Figura 15 - Chuveiro
dicada a confecção em lã ou algodão grosso. de segurança

UNIDADE 1 31
• Lava-olhos: utilizados para lavar os olhos de pessoas que cíficas surgem da necessidade
possam ter o contato acidental com produtos químicos. de cada laboratório, de acordo
com os produtos que são mani-
pulados, grau de periculosida-
de, entre outros. Por exemplo,
um laboratório que manipula
materiais que são radioativos,
existem outras normas que são
muito específicas para esse tipo
de aplicação.
Vislumbramos onde conse-
guir informações importantes
sobre produtos químicos, quan-
to a aspectos da saúde, seguran-
ça e meio ambiente. Identifica-
mos importantes equipamentos
Figura 16 - Lavador de olhos
que corroboram na minimiza-
• Sprinkler: são chuveiros automáticos para a extinção de ção dos riscos de acidentes e de
incêndio. possíveis danos causados por
estes, os equipamentos de prote-
ção. A escolha do equipamento
adequado deve ser pautada no
conhecimento dos riscos, aos
quais estamos expostos, e esse
conhecimento, pode ser adqui-
rido pelo uso da FISPQ, que nos
indicam equipamentos de pro-
teção adequados para cada pro-
duto químico, além de outras
informações importantes. O
Figura 17 - Sprinkler
nosso próximo passo é adentrar
• Detectores de gases: detectam a presença de determinados em um laboratório. Lá, antes de
tipos de gases (tóxicos, cáusticos, entre outros) e emite avisos iniciarmos algumas aplicações,
sonoros para alertar os usuários do laboratório sobre os perigos. é necessário conhecermos os
principais equipamentos exis-
Até então, aluno(a), obtivemos uma visão geral das regras de se- tentes e suas funções primor-
gurança em um laboratório, que devem ser conhecidas antes de diais, que são objetivos de nossa
se adentrar a esse ambiente, para evitar acidentes. Regras espe- próxima unidade. Até lá!

32 Noções Básicas sobre Segurança em Laboratório


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Antes de entrar em um local que manipula ou armazena produtos químicos,


é necessário seguir algumas medidas para a garantia da segurança. Cite cinco
medidas de conduta comuns a laboratórios químicos.

2. A manipulação de produtos químicos, reagentes, vidrarias e equipamentos em


laboratórios podem causar diversos acidentes. Quais são os acidentes mais
comuns em laboratórios de manipulação e transporte de produtos químicos?

3. A ficha de segurança no trabalho (FISPQ) traz importantes informações para os


manipuladores de produtos químicos. Qual é o papel fundamental da FISPQ?
Complemente sua resposta com, no mínimo, três partes constituintes desse
documento, comentando sobre cada uma delas.

4. O ácido clorídrico, cuja fórmula é HCl, trata-se de um produto corrosivo e que


pode causar diversos acidentes e prejuízos à saúde. Qual documento deve ser
consultado para estabelecer os principais perigos durante a manipulação desse
reagente? Quais são os EPI’s e EPC’s mais recomendados para evitar acidentes?

33
5. Produtos químicos voláteis que são explosivos podem gerar grandes acidentes
em ambientes confinados, tais como em um laboratório de transformação
química ou uma indústria de transformação. Sobre esses conceitos, análise as
prerrogativas a seguir.
I) Substâncias inflamáveis são compostos que, nas condições normais de tem-
peratura e pressão, podem pegar fogo instantaneamente, devido a pequenas
perturbações no sistema, tais como passagem de corrente elétrica e aumento
da temperatura.
II) Toda substância química volátil é explosiva, portanto, deve ser manuseada
na capela de exaustão química.
III) Temperatura da ignição é a temperatura na qual o líquido passa para a fase
vapor.

Sobre as afirmações, é correto o que se afirma em:


a) Apenas II.
b) I e II.
c) Apenas I.
d) I e III.
e) Apenas III.

6. A rotulagem dos produtos químicos é fundamental para a identificação e a se-


gurança no manuseio dos produtos químicos nos laboratórios. Uma alternativa
é o uso do Diagrama de Perigo, que é um sistema padrão, de fácil reconheci-
mento e entendimento, utilizado para indicar a toxicidade, a inflamabilidade
e a reatividade de produtos químicos perigosos. Com base nesse diagrama,
pode-se afirmar que:
a) Os números de 4 a 0 significam o máximo e mínimo de periculosidade.
b) A reatividade é representada pela cor vermelha.
c) O risco à saúde é representado pela cor amarela.
d) A inflamabilidade é representada pela cor azul.
e) A cor branca, quando indicada com o dizer “radioatividade”, indica que o am-
biente é livre contra esse risco.

34
WEB

Mister Bean no Laboratório


Um vídeo do Youtube do famoso “Mister Bean” em contato com um laboratório
químico, realizando procedimentos desconhecidos e os resultados catastróficos,
explorados de forma cômica, mas que retratam os riscos existentes no labora-
tório ao se manipular compostos dos quais não se tem conhecimento.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

35
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-14.725: Produtos químicos: informações sobre segu-
rança, saúde e meio ambiente. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

ABREU, D. G.; SILVA, G. M. Química básica experimental. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2016.

BESSLER, K. E.; NEDER, A. V. F. Química em tubos de ensaio: uma abordagem para principiantes. São Paulo:
Blucher, 2011.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 06 – Equipamento de proteção individual – EPI. Brasília:


Ministério do Trabalho e Emprego, 2001. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/
NR/NR6.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2018.

FONSECA, M. G.; BRASILINO, M. G. A. Química básica experimental. Universidade Federal da Paraíba,


João Pessoa, 2007.

MARTINS, G. A. V. et al. Laboratório de química geral experimental. Universidade de Brasília. Brasília, 2013.

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29 mar. 2019.
2
Em: <https://quiprocura.net/w/2015/10/06/laboratorio-compostos-inflamaveis/>. Acesso em: 29 mar. 2019.
3
Em: <https://www.quiminac.com.br/site/compostos-organicos-volateis/>. Acesso em: 29 mar. 2019.

Em: <https://engenharia360.com/voce-sabe-para-que-serve-cada-tipo-de-extintor/>. Acesso em: 06 mar. 2020.


4

5
Em: <https://www.crq4.org.br/informativomat_354>. Acesso em: 29 mar. 2019.
6
Em: <https://brainly.com.br/tarefa/2566585>. Acesso em: 29 mar. 2019.
7
Em: <http://www.sesmt.com.br/ConsultaCA>. Acesso em: 29 mar. 2019.

36
1. Vista-se com roupas e calçados adequados (fechados). Cabelos compridos devem ser mantidos presos. 2.
Não se deve comer ou beber em um laboratório. Os alimentos podem ser contaminados, por exemplo, por
vapores tóxicos, podendo prejudicar a saúde dos trabalhadores. 3. Evite o contato de qualquer substância
com a sua pele. Evite passar os dedos na boca, nariz, olhos e ouvidos. Caso alguma substância química
respingue em sua pele, deve ser lavada imediatamente a área afetada com água em abundância. 4. Todos
os procedimentos que envolvam a liberação de vapores, corrosivos, tóxicos ou inflamáveis devem ser
realizados na capela de exaustão. 5. Não utilize roupas de natureza sintética. De preferência para roupas
de algodão. Roupas sintéticas, em caso de incêndios, podem ficar aderidas na pele.

2. Os principais acidentes que são presentes em laboratórios, que fazem a utilização e manipulação de pro-
dutos químicos, são devidos a ferimentos causados pela quebra de recipientes de vidro, pelo contato com
substâncias corrosivas e, também, incêndios com líquidos inflamáveis.

3. Essa ficha fornece informações sobre aspectos diversos dos produtos químicos, tratando sobre temas
relacionados à segurança, à saúde, à proteção individual, coletiva, informações toxicológicas, disposições
em caso de acidentes, entre outras. Entre as informações prestadas, inclui informações sobre o transporte,
manuseio, armazenagem e ações de emergência, possibilitando ao usuário tomar as medidas necessá-
rias relativas à segurança, saúde e meio ambiente. Entre as seções presentes, pode-se destacar: Seção 2:
identificação de perigos: traz alguns perigos mais importantes, como efeitos adversos à saúde humana,
efeitos ambientais, perigos físico-químicos, visão geral sobre emergências e consta perigos específicos para
determinados produtos químicos. Seção 4: medidas de primeiros socorros: contém, de forma detalhada,
as medidas de primeiros socorros no caso de ocorrência de acidentes, como ingestão, contato com a pele,
olhos e ações que devem ser evitadas para prevenção de acidentes. Seção 8: controle de exposição e pro-
teção individual: traz informações sobre a tolerância do organismo à exposição deste produto químico e,
também, os equipamentos de proteção individuais e coletivos que são necessários para evitar riscos ou
danos à saúde.

4. Deve ser consultada a Ficha de Segurança de Produto Químico (FISPQ) deste reagente. De acordo com esse
documento, trata-se de um produto corrosivo. Se ingerido, pode causar queimaduras no trato gastrointes-
tinal. Se inalado, pode causar danos ao sistema respiratório. Em contato com a pele e os olhos, pode causar
queimaduras graves. Para reduzir os riscos de acidente, de acordo com a FISPQ, para a proteção respirató-
ria, deve ser utilizado máscara (facial inteira ou semi-facial) com filtro contra gases ácidos, máscara facial
inteira com linha de ar ou conjunto autônomo de ar respirável. Para a proteção das mãos, deve ser usada
luvas de borracha nitrílica, látex ou PVC impermeáveis e resistentes a rasgos e perfurações, de neoprene
ou PVC. Para a proteção dos olhos, devem-se usar óculos de segurança tipo ampla visão. Para a proteção
da pele, deve-se utilizar macacão de mangas compridas, impermeável e botas de PVC. Em relação a pro-
teção coletiva (EPC), deve-se assegurar ventilação adequada no local de trabalho, providenciar ventilação
exaustora onde os processos exigirem, chuveiros de emergência e lava olhos próximos ao local de trabalho.

5. C.

6. A.

37
38
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Principais Equipamentos
e Utensílios de um
Laboratório

PLANO DE ESTUDOS

Principais equipamentos

Utensílios de um laboratório

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os principais utensílios de um laboratório e seus • Conhecer os principais equipamentos presentes em um


cuidados. laboratório e seus cuidados.
Utensílios de
um Laboratório

A execução de experimentos em laboratórios


químicos envolve a utilização de uma gama de
equipamentos e materiais diferentes. Cada mate-
rial tem suas limitações físicas e químicas, e cada
utensílio de laboratório tem uma certa finalidade.
A utilização de um equipamento específico de-
pende dos objetivos a serem atingidos e, também,
das condições em que a técnica será realizada.
O uso inadequado de vidrarias e equipamentos
em laboratórios pode gerar resultados equivoca-
dos e, também, danificar parcialmente ou inte-
gralmente esses equipamentos, e em casos mais
graves, ocasionar acidentes e oferecer riscos à saú-
de e à integridade física. Justifica-se, portanto, a
importância de se conhecer o uso dos principais
equipamentos existentes no laboratório. Para isso,
iremos descrevê-los de forma sucinta, para que
possamos ter um primeiro contato com esses ins-
trumentos que iremos utilizar ao longo de nosso
curso e vida profissional. Vamos lá?
Materiais em Vidro Tubos de Ensaio

De acordo com Bessler e Neder Utilizado para realizar reações em pequena escala, testes de ocor-
(2011), o material mais utilizado rência de reação, principalmente aquelas que são qualitativas, como
em laboratórios químicos é o vi- na identificação de precipitados, alteração de cor, entre outras. Pode
dro. As vidrarias que são utiliza- ser aquecido diretamente na chama do bico de Bunsen, contudo,
das em laboratórios são fabrica- a chama deve ser direcionada na lateral do tubo, por motivos de
das em borossilicato junto com segurança, conforme já foi exposto.
óxidos de boro e de alumínio.
Esses materiais proporcionam
uma maior resistência química,
mecânica e térmica. Em nossas
casas, materiais semelhantes a
estes é o vidro pirex.
O trabalho com vidros per-
mite a transparência que facilita
a observação da ocorrência de
reações químicas, resistência
mecânica e química, já que é
inerte para grande parte dos
materiais, com exceção do áci-
do fluorídrico e bases concen-
tradas, e resistência térmica em
temperaturas próximas a 300 °C Figura 1 - Tubos de ensaio
(BESSLER; NEDER, 2011).
Quanto às limitações destes
materiais, podemos citar a fra-
gilidade, podendo quebrar em
impactos mecânicos; a sensibi-
lidade a choques térmicos; e a Diferença entre análises qualitativas e quantitativas
deformação, o amolecimento ou Temos, em química, análises que são qualitativas e quantitativas.
o derretimento em temperatu- Em análises qualitativas, temos interesse em saber, por exemplo,
ras superiores a 400 °C. se ocorreu a reação química, se houve mudança de coloração,
A seguir, apresentamos al- se houve a formação de precipitados, sem nos preocupar com a
guns dos equipamentos mais quantidade formada. Em análises quantitativas, há a medição da
comuns de laboratórios quími- quantidade exata de produtos que são formados, seja para o cál-
cos, fabricados em vidro (BES- culo de rendimento de reações químicas, conversão de reagentes
SLER; NEDER, 2011; TRINDA- em produtos, entre outros.
DE et al., 2016):

UNIDADE 2 41
Béquer

O Béquer é utilizado para dissolver solutos, rea-


lizar pesagens, misturar, aquecer, verter líquidos
e realizar reações. Apesar de possuir medidas
graduadas de volume, não é aconselhável para a
medida de volumes precisos, pois não tem uma
boa precisão para esse tipo de medida.

Figura 2 - Béquer
Fonte: acervo Unicesumar

Erlenmeyer

Utilizado para aquecimento de líquidos, reações de


precipitação, para dissolver compostos sólidos, agi-
tação de reagentes e misturas, dissoluções, titulações,
entre outras. A sua forma cônica evita a perda de
líquidos durante o processo de agitação. É bastante
utilizado em processos de titulação ácido-base, para
determinação da concentração desconhecida.

Figura 3 - Erlenmeyer
Fonte: acervo Unicesumar

Proveta Graduada

Utilizado para medidas aproximadas de volume


de líquidos. As provetas mais comuns podem ter
volume entre 10 a 500 mL. Deve-se evitar o aque-
cimento desse equipamento, pois a dilatação do
material afeta a escala graduada de volume e altera
a precisão do equipamento.

Figura 4 - Proveta graduada


Fonte: acervo Unicesumar

42 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Pipetas

São utilizadas para a medida de volumes de lí-


quidos. Os tipos mais utilizados são as graduadas
(com uma graduação na lateral, que demonstra o
volume ocupado pelo líquido), para a medição de
volumes variados. As pipetas graduadas podem
possuir diversas capacidades, entre 1 a 50 mL.
A pipeta volumétrica (tem apenas uma gra-
duação) é utilizada para medir volumes fixos,
como 2,0 mL e 5,0 mL. Elas são mais precisas que
as graduadas. Por sua vez, as pipetas são equipa-
mentos mais precisos do que as provetas.
Assim como as provetas, também deve ser Figura 5 - Pipetas graduadas Figura 6 - Pipetas volumétricas
evitado o aquecimento deste equipamento pelos Fonte: acervo Unicesumar Fonte: acervo Unicesumar
motivos já expostos.

Buretas

Equipamento utilizado para a medida e escoa-


mento de um volume preciso de líquido. Possui
uma torneira que permite a transferência ou o es-
coamento de volumes desejados de líquidos para
outros recipientes, permitindo medir o volume
que foi escoado.
É bastante utilizada em processos de titulação
de ácido-base. Ela permite a medida do volume do
ácido necessário para neutralizar completamente
a base com concentração desconhecida presente
em um erlenmeyer ou vice-versa.
Por possuir uma escala graduada, não é acon-
selhável o aquecimento dessa vidraria.
Na figura a seguir, temos, na parte superior,
uma bureta graduada acoplada em um suporte
universal, e abaixo dela, um erlenmeyer. É comum
essa configuração para quando vamos realizar
titulações, assunto que veremos nas próximas
unidades.
Figura 7 - Bureta
Fonte: acervo Unicesumar

UNIDADE 2 43
Balão Volumétrico

Equipamento bastante utilizado para o preparo e


diluição de soluções. Ele mede volumes precisos
e exatos, como 500,0 mL e 1,0 L. Em seu pescoço
há a marcação de uma linha, chamada de traço
de aferição, destinado para medir o volume do
líquido. Possui tampa de vidro ou plástico para
que possa fechar a abertura. O menisco indica
o volume final a ser medido. Possui diversos ta-
manhos, variando de 5 mL a 10 L, sendo os mais
comuns de volumes 50, 100, 250, 500 e 1000 mL.
Esse equipamento jamais deve ser aquecido,
Figura 8 - Balão volumétrico
pois o calor irá distorcer o vidro e mudar o volume
Fonte: acervo Unicesumar
calibrado.

Balão de Fundo
Chato e de Fundo
Redondo

O balão de fundo chato pode


ser apoiado em superfícies
planas e é normalmente utili-
zado para o aquecimento e o
armazenamento de líquidos.
Ele, em muitos casos, é apoiado
em cima de um tripé e tela de
amianto para aquecimento de
líquidos. O balão de fundo re-
dondo é utilizado para o aqueci-
mento de líquidos e em reações
com desprendimento de gases,
empregado em sistemas de re-
fluxo e evaporação.

Figura 9 - a) Balão de fundo chato; b) Balão de fundo redondo


Fonte: acervo Unicesumar

44 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Na figura anterior, no item a), temos o aquecimento de um líquido utilizando um balão de fundo
chato, apoiado em uma tela de amianto. Neste caso, o calor é transmitido apenas ao fundo do balão.
Na figura b), temos um balão de fundo redondo que será aquecido em um banho maria, em um equi-
pamento chamado rotoevaporador. Neste caso, o balão é rotacionado e toda sua superfície é aquecida.
No material complementar, ao final da unidade, temos exemplificado com um vídeo o funcionamento
de um rotoevaporador, que contém um balão de fundo redondo.

Kitassato

Recipiente que contém uma


saída lateral. É bastante empre-
gado em processos de filtração
sob sucção (a vácuo). Neste
caso, o suporte que armazena o
papel filtro, chamado de Funil
de Buchner, é acoplado na par-
te superior do kitassato. Uma
mangueira de borracha ligada
a um motor é instalada na saída
lateral do kitassato. Essa man-
Figura 10 - Kitassato
gueira retira o ar presente no in- Fonte: acervo Unicesumar
terior do kitassato, diminuindo
a pressão interna, acelerando no
processo de filtração.
No material complemen-
tar, ao final da unidade, temos
exemplificado com um vídeo
o funcionamento de uma fil-
tração à vácuo, utilizando um
kitassato.

Funil de Adição

Utilizado em transferências de
líquidos e em processos de fil-
tração simples em laboratórios.

Figura 11 - Funil de adição


Fonte: acervo Unicesumar

UNIDADE 2 45
Funil de Separação

Usado para a separação de líquidos imiscíveis. O


líquido menos denso fica na parte superior e o
mais denso na parte inferior. Há um registro na
saída que permite abrir e escoar um dos líquidos.

Qual a propriedade física dos materiais que


permite a separação de misturas entre líquidos
imiscíveis?
Figura 12 - Funil de separação
Fonte: acervo Unicesumar

Dessecador

É um equipamento fechado que contém, em seu


interior, um agente de secagem, conhecido como
dessecante. A tampa do dessecador é engraxa-
da, normalmente utilizando-se graxa de silicone,
para que feche o ambiente de forma hermética. É
utilizado para a redução da umidade de um deter-
minado composto, ou manter o composto em um
ambiente com umidade controlada. Para redução
da umidade do meio, no dessecador, além de ser
armazenada a substância, é colocada também a
Figura 13 - Dessecador
sílica, que absorve a umidade do meio. Fonte: acervo Unicesumar

Condensador

Utilizado para condensar vapores originados em reações químicas, como no caso de destilações. No tubo
de vidro, no interior do condensador, circula o composto que se deseja condensar em maior tempera-
tura. Em volta desse tubo, isolado do composto que se está resfriando, circula um agente refrigerante,
geralmente a água, que resfria o meio.

46 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Condensador

Figura 14 - Condensador.
Fonte: acervo Unicesumar

Vidro de Relógio

Utilizado para pesar materiais


sólidos, cobrir béqueres em eva-
porações, entre outros.
Figura 15 - Vidro de Relógio
Fonte: acervo Unicesumar

Bastão de Vidro

Utilizado para misturar/agitar


misturas e auxiliar na transfe-
rência de líquidos, como nos
processos de filtração.

Figura 16 - Bastão de vidro


Fonte: acervo Unicesumar

UNIDADE 2 47
Picnômetro e Densímetro

O picnômetro (Figura 17-a) é um dispositivo uti-


lizado para determinação da densidade de um
composto líquido. É fabricado em vidro e possui
grande precisão, por isso, não pode ser aqueci-
do. A amostra líquida é inserida em seu interior
(equipamento devidamente limpo), sendo que
o excedente, devido à sua geometria, é expelido
para fora. Assim, é possível determinar a massa
correspondente ao volume do aparelho, e pela ra-
zão destas duas medidas, determinar a densidade.
Nas unidades seguintes, veremos, na prática, como
utilizar esse equipamento.
O densímetro é utilizado para identificar a
densidade de líquidos, principalmente aqueles
compostos por mais de um tipo de substância. Ele
possui estrutura resistente, com um tubo de vidro
contendo chumbo em seu interior. Na parte supe-
rior, há uma escala numérica que aponta o nível
de densidade do líquido que se está sendo testado.
É comum vermos esse equipamento em bombas Figura 17 - a) Picnômetro; b) Densímetro
de combustíveis para demonstrar sua densidade. Fonte: Oliveira ([2019], on-line)1.

Materiais Refratários Cadinho e Cápsula de Porcelana

Os equipamentos do laboratório podem ser fa- O cadinho é utilizado para o aquecimento a seco
bricados, também, em porcelana ou materiais em estufas, muflas, que regulam altas tempera-
cerâmicos. Esses materiais resistem a tempera- turas, e também na chama do bico de Bunsen.
turas elevadas, na faixa de 400 °C, mas, em geral, Neste processo, ocorrem os processos de fusão,
têm baixa resistência mecânica. Os principais calcinação etc. Os cadinhos podem resistir a tem-
equipamentos são (BESSLER; NEDER, 2011; peraturas superiores a 440 °C.
TRINDADE et al., 2016): As cápsulas de porcelanas são empregadas para
evaporação de líquidos, principalmente em pro-
cessos que demandam uma maior temperatura.
Este aquecimento pode ser realizado na chapa de
aquecimento, bico de Bunsen até mesmo muflas.

48 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Figura 18 – a) Cadinho de porcelana; b) Cápsula de porcelana
Fonte: acervo Unicesumar

A calcinação consiste de um tratamento térmico de sólidos como minérios, para realizar sua decom-
posição e a eliminação de compostos voláteis. Um exemplo de calcinação é a eliminação da matéria
orgânica presente em sólidos ou, até mesmo, na remoção da água de minerais.
Fonte: Brown, Lemay e Bursten (2005).

Almofariz e Pistilo Funil de Büchner

Trata-se de um recipiente com Utilizado para realizar filtrações a vácuo, sendo acoplado ao kitas-
parede grossa e com tamanho sato com a utilização de uma borracha de vedação. Em sua parte
variado, que é utilizado para superior, há uma placa perfurada, em que é disposto o filtro. Neste
a trituração e pulverização de ponto, é importante ler novamente o conteúdo do kitassato, pois,
materiais sólidos. na maior parte das vezes, esses aparelhos trabalham em conjunto.

Figura 19 - Almofariz e pistilo


Fonte: acervo Unicesumar
Figura 20 - Funil de Büchner
Fonte: acervo Unicesumar

UNIDADE 2 49
Materiais Plásticos Pisseta

Os materiais fabricados com plásticos, tais como o Armazena água destilada (ou também comum,
polietileno, polipropileno, possuem boa resistên- a depender do uso), álcool e outros solventes.
cia mecânica, elasticidade e resistência química Utilizado para enxágue de vidrarias, lavagem de
perante alguns reagentes, tais como ácido fluorí- compostos químicos, para completar o volume de
drico (que ataca o vidro). Podem ser atacados por outros recipientes, como os balões volumétricos
solventes orgânicos, tais como o benzeno, tolueno, com água ou outro reagente que esteja armaze-
entre outros. Em relação à resistência térmica, es- nado na pisseta.
ses materiais são mais sensíveis que os vidros e ma-
teriais cerâmicos, podendo sofrer deformações em
faixas de temperatura de 110 °C (dependendo do
tipo de plástico que é fabricado). Por terem baixa
resistência térmica, não devem ser colocados em
estufas de secagem com temperaturas superiores
a 110 °C (BESSLER; NEDER, 2011; TRINDADE
et al., 2016). Os principais equipamentos são:

Pipeta de Pasteur

Utilizada para a transferência de pequenos volu-


mes de líquidos em que não há a necessidade de
precisão nas medidas.

Figura 22 - Pisseta
Fonte: Vidraria de Laboratório (2012, on-line)2

Dependendo da necessidade, outros equipamen-


tos podem ser fabricados em plásticos, tais como
béqueres, provetas, funil de adição e funil de bü-
chner, sendo que seu uso é condicionado com
a aplicação ao qual é destinado. Em geral, esses
equipamentos são fabricados em plásticos, pois
tem menores custos, maior resistência mecânica,
sendo empregados em análises que não deman-
Figura 21 - Pipeta de Pasteur
Fonte: acervo Unicesumar
dam grandes precisões.

50 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Materiais Metálicos

Em geral, os metais que mais comumente são uti-


lizados no laboratório são corroídos por alguns
produtos químicos, tais como os ácidos. Portanto,
como regras gerais, deve ser evitado o contato de
metais com os ácidos presentes no laboratório. Os
principais equipamentos são (BESSLER; NEDER,
2011; TRINDADE et al., 2016):

Espátula de Aço

Utilizada para dosagem/pesagem/transferências de


pequenas quantidades de materiais sólidos.

Figura 23 - Espátula

Tripé de Ferro com Tela de


Amianto

Suporte para béquer ou outros materiais e vidra-


rias que se deseja aquecer na chama direta de um
bico de Bunsen. Na figura a seguir, o suporte me-
tálico que sustenta a tela de amianto é chamado
de tripé. A tela de amianto distribui o calor igual-
mente por toda a superfície.

Garra/ Suporte universal

Utilizado para prender objetos e vidrarias. A garra


é utilizada, por exemplo, para prender condensado-
res ao suporte universal em processos de destilação. Figura 24 - Tripé de ferro e tela de amianto

UNIDADE 2 51
Suporte para Bureta

Utilizada para prender a bureta


em seu suporte, permitindo a
realização das práticas.

Pinça

É um material que é utilizado


como suporte em processos
de aquecimento ou na transfe-
rência de materiais sólidos. Na
figura a), temos uma pinça que
auxilia a transportar materiais
aquecidos, e na figura b), uma
pinça utilizada para transferên-
cia de materiais sólidos.
Há, ainda, uma pinça de ma-
deira, que é utilizada para aqueci-
mento de tubos de ensaio, confor-
me demonstra a figura a seguir:

Figura 25 - Garra/ Suporte universal


Fonte: acervo Unicesumar

Figura 26 – Pinças metálicas Figura 27 – Pinça de madeira


Fonte: acervo Unicesumar Fonte: acervo Unicesumar

52 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Principais
Equipamentos

Até então, mencionamos os principais utensílios


presentes em um laboratório. Temos, também,
equipamentos básicos utilizados para realização
das diversas práticas na área de química expe-
rimental, que são descritas como seguem (BES-
SLER; NEDER, 2011; TRINDADE et al., 2016):

Pipetador/Pera

Utilizado para sucção de líquidos. Pode ser do tipo


manual, como a pera ou pipetadores automáticos.

UNIDADE 2 53
Figura 28 - Pera para sucção de líquidos
Fonte: acervo Unicesumar

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

Figura 29 - Pipetador automático


Fonte: acervo Unicesumar

Estufa

Utilizada para a secagem de


materiais, vidrarias. Pode ser
regulada até temperaturas
próximas a 150-200 °C, utili-
zando termostatos. Também
pode ser utilizada para man-
ter a temperatura constante e
controlada, para determinados
sistemas reacionais ou sistemas
biológicos, que necessitam de
um rigoroso controle de tem-
peratura.

Figura 30 - Estufa

54 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Banho-Maria Manta de Aquecimento

É um banho termostático com água, utilizado Utilizado para o aquecimento controlado e tam-
para o aquecimento brando de substâncias. Seu bém de materiais inflamáveis.
aquecimento é mais lento e gradual comparado
ao aquecimento utilizando diretamente com a
chama. Em algumas ocasiões, no laboratório, é
desejado o aquecimento controlado, como quan-
do é necessário aquecer reagentes inflamáveis.

Figura 31 - Banho-maria Figura 33 - Manta de aquecimento


Fonte: acervo Unicesumar
Bico de Bunsen
Mufla
É o equipamento que permite o aquecimento uti-
lizando diretamente a chama. Caso seja necessário É capaz de gerar altas temperaturas. Amplamente
o aquecimento de materiais inflamáveis, é utiliza- utilizado para a calcinação de substâncias (trata-
do a manta elétrica. mento térmico de sólidos para eliminar substâncias
voláteis presentes é um exemplo de calcinação).

Figura 34 - Mufla
Figura 32 - Bico de Bunsen Fonte: acervo Unicesumar

UNIDADE 2 55
Balanças

Utilizadas para a determinação das massas. Pos-


suem diversas especificações, podendo conter
duas ou três casas decimais, sendo classificada
como balança semianalítica ou, até mesmo, com
quatro casas decimais ou mais, classificadas como
balanças analíticas. O tipo do equipamento a ser
utilizado vai depender da aplicação que se é de-
sejada. Em geral, para medir pequenas massas
ou materiais que são caros, sensíveis, requer-se
balanças com maiores precisões.

Figura 36 - Agitador magnético


Fonte: acervo Unicesumar

Centrífugas

Utilizadas para promover a separação de uma


amostra fluida quando submetida a um aparelho
centrifugador (que promove uma força centrípe-
ta). A separação dos componentes se dá por um
processo de sedimentação de compostos imiscí-
veis com diferentes densidades.

Figura 35 - Balança analítica

Agitador Magnético com


Aquecimento

Efetua o aquecimento e, também, a agitação, por


meio de uma barra magnética imersa no líquido,
chamado no laboratório de “peixinho”. Ele possui
um motor que controla a velocidade de agitação
do meio reacional. A rotação do “peixinho” é oca-
sionada devido ao campo magnético gerado. Exis-
tem aparelhos que apenas realizam a agitação e
Figura 37 - Centrífuga
outros que também são capazes de aquecer.

56 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Termômetros tração entre a solução presente no eletrodo e a so-
lução que está sendo testada é convertida em uma
Utilizados para a medida da temperatura. Podem escala de pH que varia entre 0 a 14. É um aparelho
ser utilizados termômetros de mercúrio, que utili- amplamente empregado para a determinação do
zam a dilatação térmica do mercúrio para a medi- caráter ácido ou básico de soluções diversas.
da de temperatura, e também os termopares, mais No material complementar, indico um vídeo
utilizados em escala industrial. Os termopares são contendo dicas principais sobre o uso do pHme-
sensores simples compostos de dois diferentes tro. É importante a complementação desse estudo,
metais unidos na extremidade. Quando há uma pois o uso desse aparelho é bastante comum em
diferença de temperatura entre a extremidade que laboratórios.
está unida e a extremidade livre, há a formação de
uma diferença de potencial que é medida por um
voltímetro, sendo transformada em temperatura.

Figura 39 - pHmetro

Condutivímetro

Trata-se de um equipamento de laboratório uti-


Figura 38 - Termômetro de mercúrio
lizado para medir o potencial elétrico de um de-
Fonte: acervo Unicesumar terminado material, ou seja, a capacidade que o
material que está sendo testado tem de conduzir
correntes elétricas. As unidades fornecidas por
pHmetro um condutivímetro são microsiemens por cen-
tímetro (µs/cm) ou também microsiemens por
Trata-se de um equipamento destinado à medida metro (µs/m). O procedimento a ser adotado é
de pH de um meio líquido. Ele é composto por um semelhante a um pHmetro, sendo necessário a
eletrodo acoplado a um circuito potenciômetro. calibração em soluções padrões e a imersão do
Antes do uso do aparelho, é necessária uma ca- eletrodo na amostra que será analisada.
libração em soluções padrão, normalmente uti- É utilizado em indústrias eletrônicas, químicas
lizadas soluções tampões com pH 4,0 e 7,0 (que e controle de qualidade de água, pois identifica a
sofrem pequenas interferências no valor do pH). A presença de minerais presentes na água devido à va-
tensão gerada (milivolts) pela diferença de concen- riação da condutividade (SPLABOR, 2017, on-line)2.

UNIDADE 2 57
Escova

A escova é utilizada para limpeza dos


materiais do laboratório. Ela pode
ter vários formatos para facilitar a
limpeza do equipamento que será
limpo. Na figura a seguir, as esco-
vas mais finas podem ser utilizadas
para limpeza de tubos de ensaio,
enquanto que as mais grossas po-
dem ser utilizadas para a limpeza,
por exemplo, de provetas.

Figura 40 - Condutivímetro

Figura 41 - Escova
Fonte: acervo Unicesumar

Até então, caro(a) aluno(a), conhecemos alguns dos principais


equipamentos existentes em um laboratório de química e suas
funcionalidades primordiais. Verificamos que há diversos tipos de
materiais para fabricação, como vidro, plástico, porcelana e metais.
Dessa forma, além do conhecimento dos equipamentos, é necessá-
rio conhecermos as propriedades gerais dos compostos químicos,
para selecionarmos o equipamento que é mais adequado. Ao longo
das próximas unidades, iremos aprofundar esses conhecimentos e
verificar aplicações práticas que envolvem alguns desses equipa-
mentos. Vamos lá?!

58 Principais Equipamentos e Utensílios de um Laboratório


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. São diversos os equipamentos e vidrarias existentes no laboratório que per-


mitem a realização de diversas práticas importantes para a indústria de trans-
formação de produtos químicos. Cite quais as funções do balão volumétrico,
bureta e da pipeta.

2. São diversas as vidrarias utilizadas em laboratórios de química. Em relação a


esse assunto, julgue as alternativas a seguir e assinale a correta:
a) Em um processo de titulação, o volume do titulante gasto é medido com a
utilização de uma pipeta graduada.
b) As provetas permitem medir volumes fixos, com um valor muito próximo do
valor real.
c) Os ambientes laboratoriais devem ser mantidos limpos. Assim, ao final de uso
das vidrarias, estas devem ser dispostas em uma estufa para a correta secagem.
d) O volume medido na pipeta volumétrica é mais preciso que aquele medido na
pipeta graduada.
e) O balão volumétrico é amplamente empregado para medir volumes de líquidos
em laboratórios, pois ele oferece uma ótima precisão. Não há restrições quanto
ao resfriamento desse equipamento.

3. No laboratório de química, é importante conhecermos os equipamentos e suas


principais aplicações. Com base em seus conhecimentos, associe o nome do
disposto com a devida funcionalidade:
I) Balão volumétrico.
II) Funil de separação.
III) Proveta.
IV) Erlenmeyer.
V) Pipeta volumétrica.

59
A) Utilizado para medir volumes aproximados de líquidos.
B) Utilizado para medir volumes precisos de líquidos.
C) Utilizado no processo de separação de líquidos imiscíveis.
D) Em processos de filtração, este equipamento recolhe o filtrado.
E) É utilizado durante o preparo de soluções.

A associação correta é:
a) I-A; II-C; III-B; IV-E; V-D.
b) I-E; II-C; III-A; IV-D; V-B.
c) I-A; II-B; III-C; IV-D; V-E.
d) I-E; II-A; III-D; IV-B; V-C.
e) I-B; II-D; III-A; IV-C; V-E.

4. Os materiais fabricados em vidro são importantes no laboratório, por permitir


uma limpeza facilitada, por ser inerte a diversos compostos químicos. Uma
restrição quanto a esse tipo de material pode ser a temperatura ao qual são
submetidos. Temperaturas altas podem danificar a precisão e exatidão dos ma-
teriais devido à dilatação irreversível de alguns materiais. Sobre esses conceitos,
assinale a alternativa que contém materiais que podem ser secos na estufa sem
prejuízos à sua precisão e exatidão.
I) Funil de Büchinner.
II) Balão de fundo chato.
III) Béquer.
IV) Pipeta graduada.
V) Pipeta volumétrica.
VI) Bastão de vidro.
VII) Bureta.

Estão corretas apenas:


a) I, II, III e VI.
b) I, II, IV e VII.
c) II, III, VI e VII.
d) III, V, VI e VII.
e) I, III, V e VI.

60
5. O processo de titulação é um procedimento laboratorial que permite determinar
a concentração desconhecida de uma substância a partir de uma substância de
concentração conhecida. É bastante empregada para a determinação da con-
centração de ácidos e bases, quando estas são desconhecidas. A seguir, temos
representado uma titulação entre o hidróxido de sódio e o ácido clorídrico:

NaOH(aq) + HCl(aq) → NaCl(aq) + H2O(l),

O equipamento usado para adicionar cuidadosamente o volume adequado da


solução de hidróxido de sódio é chamado de:
a) Pipeta graduada.
b) Proveta.
c) Bureta.
d) Pipeta volumétrica.
e) Picnômetro.

61
WEB

Temos demonstrado, a seguir, o funcionamento de um rotoevaporador, que


utiliza balão de fundo redondo. Reparem que toda a superfície do balão de
fundo redondo é aquecida.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Temos demonstrado, a seguir, o funcionamento de um processo de filtração a


vácuo, que utiliza um kitassato.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Temos demonstrado, a seguir, os cuidados durante o uso do pHmetro para


medidas de pH.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

62
BESSLER, K. E.; NEDER, A. V. F. Química em tubos de ensaio: uma abordagem para principiantes. São Paulo:
Blucher, 2011.

BROWN, L. B.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química: A ciência central. São Paulo: Prentice Hall, 2005.

TRINDADE, D. F. et al. Química básica experimental. São Paulo: Icone editora, 2016.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://anselmo.quimica.ufg.br/up/56/o/FQExpServ_P3_densidade-de-liquidos.pdf>. Acesso em: 01
abr. 2019.
2
Em: <https://www.splabor.com.br/blog/condutivimetro-2/condutividade-unidade-de-medida-que-determina-
o-potencial-eletrico-de-uma-amostra>. Acesso em: 01 abr. 2019.

63
1. Balão volumétrico: equipamento utilizado para o preparo de soluções. Ele mede volumes precisos, como,
por exemplo, 500,0 mL, 1,0 L. O menisco indica o volume final a ser medido. Bureta: equipamento utilizado
para a medida precisa de volume de líquidos durante o escoamento, como ocorre em titulações. Possui
uma torneira que permite a transferência de volumes desejados para outros recipientes. Pipeta: utilizada
para a medida precisa de volumes de líquidos. Os tipos mais utilizados de pipetas são as graduadas, uti-
lizadas para medir volumes diversos. Já a pipeta volumétrica mede volumes fixos, por exemplo, 2,0 mL,
5,0 mL. As pipetas volumétricas são mais precisas que as graduadas. As pipetas são equipamentos mais
precisos que as provetas.

2. D.

3. B.

4. A.

5. C.

64
65
66
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Manipulação de Dados e
Medidas Experimentais

PLANO DE ESTUDOS

Operações com grandezas e


unidades de medida

Relatórios técnicos Precisão e exatidão de


medidas experimentais

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar as regras gerais de elaboração de relatórios • Explanar, na teoria e na prática, os conceitos de precisão
técnicos. e exatidão em medidas experimentais.
• Apresentar teoricamente e de forma prática os concei-
tos envolvidos nas operações entre grandezas físicas e
unidades de medida.
Relatórios
Técnicos

Nos laboratórios de química, que trabalham com


pesquisa e desenvolvimento, é comum realizar-
mos novos procedimentos, tais como testes de
reagentes em temperaturas variadas ou condições
diversas, a fim de maximizar a taxa de produção
de um produto de interesse. Se as condições forem
alteradas sem um registro das informações, não
saberemos quais foram as variáveis responsáveis
pela melhora ou piora do processo. Neste ponto
aluno(a), é de extrema importância registrar todos
os dados e ações realizadas de forma minuciosa.
Com essas informações, ao final das reações, po-
demos elaborar relatórios técnicos, que permitem
o entendimento e a reprodução da técnica por
outros pesquisadores.
Em diversas circunstâncias, são solicitados re-
latórios técnicos aos profissionais de engenharia.
Esses relatórios podem ser utilizados para descre-
ver situações variadas, como testes realizados no
setor produtivo ou controle de qualidade, testes
laboratoriais, testes de qualidade de matéria-pri-
ma ou produto acabado, entre outros.
Nas indústrias, de forma geral, é comum existi- produzir o famoso cafezinho se não houver alguém
rem as Instruções Operacionais (IOP). Estas nada como substituto? Um procedimento muito bem
mais são que documentos, que padronizam a rea- detalhado, que consiga reportar todos as minúcias
lização de alguma atividade. Por tratar-se de uma e detalhes permitem que a Dona Cleusa “quebre o
padronização, sua forma de elaboração é bastante galho” naquele dia e faça o cafezinho com o gosto
semelhante a um relatório técnico. Em uma ins- mais próximo possível da Dona Maria!
trução operacional, são apresentados os conceitos
envolvidos, os objetivos do documento, o passo a
passo para a reprodução da atividade em questão,
os resultados esperados, dentre outros. Assim, a
elaboração de um relatório é importante não ape-
nas para reproduzir um simples experimento no
interior do laboratório, mas serve como uma base
para que todos possam executar o mesmo proce-
dimento e chegar aos mesmos resultados finais.
Tomemos como um exemplo a simples tarefa
de fazer um cafezinho. Uma pessoa, para preparar
uma determinada quantidade, tem o costume de
Figura 1 - Preparo de café
colocar 4 colheres de chá de pó de café; outra,
considera que o ideal sejam 3 colheres. Açúcar
a gosto. No simples ato de preparar um café, por Elaboração de um
exemplo, uma cafeteria que atende a um público Relatório Técnico
exigente deve ter seus procedimentos muito bem
elaborados e propagados, a fim de produzir o mes- A elaboração de um relatório técnico não é tão
mo café todos os dias. A quantidade de pó de café, simples. Devem ser seguidas algumas regras gerais.
de açúcar e água devem ser fixadas. Deve-se coar A linguagem a ser utilizada em um relatório do tipo
o café e depois adoçar ou adoçar e depois coar? técnico é a impessoal. Sugere-se a utilização da voz
Todas essas possibilidades podem gerar diferentes passiva e o tempo no passado, pois foram medidas,
sabores! O público, acostumado com o gosto do procedimentos que já foram realizados. No caso
“cafezinho de todo o dia” pode não ficar contente do cafezinho, ficaria desta forma: “foram utilizadas
em tomar em um dia o café “X” muito amargo, e três colheres de sopa cheias de pó de café da marca
no outro, o mesmo café “X” superadocicado. En- Coffe. Essa massa foi depositada no papel filtro...”.
tendem a importância de padronizarmos nossos O modelo de um relatório pode ser específico
procedimentos? para cada empresa ou instituto, mas, em geral,
Essa padronização do que fazer, quais materiais apresentam itens comuns que devem ser apre-
utilizar, quais as etapas a serem seguidas e qual a sentados. Entre esses itens comuns, pode-se res-
quantidade dos produtos a ser adicionada é feita saltar o título, introdução, objetivos, materiais e
por meio de um relatório técnico. Este deve ser mui- reagentes, procedimentos, resultados, conclusões
to rico em detalhes! E se a Dona Maria, que prepara e referências bibliográficas. Silva et al. (1990) des-
o cafezinho todos os dias em nossa cafeteria, ficar crevem de forma simplificada a constituição de
doente e faltar no expediente? Quem conseguirá re- cada uma dessas partes, conforme segue.

UNIDADE 3 69
Título Citação Direta

Contém, de forma resumida, o assunto a ser trata- A citação é um relato de informações que são re-
do no relatório. Deve ser curto para facilitar a lei- tiradas de outras fontes (livros, internet, jornais,
tura e permitir ao leitor uma ideia rápida sobre o revistas, artigos científicos etc.). A citação direta
conteúdo que será exposto nos tópicos seguintes. é quando utilizamos, na íntegra, um conteúdo
Abaixo do título deve constar a data em que que foi citado por outro autor, ou seja, uma cópia
o relatório foi concluído, conforme modelo que idêntica da ideia desse autor.
disponibilizamos a seguir.
Exemplo:

Introdução Vamos analisar o texto original presente na página


1 do livro Química: a ciência central, do ano de
Deve ser explicitado, de forma clara e breve, qual 2005, dos autores Brown, LeMay e Bursten.
foi o objetivo da experiência, teste ou assun-
to que trata o relatório. Deve conter uma breve A química é o estudo das propriedades dos ma-
teriais e das mudanças sofridas por estes. Um
descrição teórica sobre os fundamentos da parte
dos prazeres de aprender química é ver como os
prática efetuada. Tem por objetivo situar o tema princípios químicos estão presentes em todos os
do experimento. O tamanho da introdução vai aspectos de nossas vidas, desde atividades coti-
depender do tipo do trabalho ao qual se destina. dianas, como ascender um fósforo, até as mais
A introdução não pode ser uma cópia direta de complexas, como o desenvolvimento de novos
textos da apostila ou internet, devendo referenciar, medicamentos para a cura do câncer.
de forma correta, as referências que se utilizou
da literatura, de acordo com as regras da ABNT Para fazer uma citação direta de um trecho que
para citações (Associação Brasileira de Normas contenha mais de três linhas, devemos fazer da
Técnicas). O último parágrafo da introdução deve seguinte forma:
constar, de forma sucinta, o objetivo do relatório
ou da prática. De acordo com Brown, LeMay e Bustern
O objetivo também pode ser considerado (2005, p. 1):
como um item após a introdução, devendo ser
explicado, de forma sucinta e clara, quais os ob- “A química é o estudo das propriedades
jetivos da experimentação que será explanada. dos materiais e das mudanças sofridas
Acerca das citações, para exemplificar, vamos por estes. Um dos prazeres de aprender
demonstrar, a seguir, de forma sucinta, os três ca- química é ver como os princípios quí-
sos mais utilizados: citação direta, citação indireta micos estão presentes em todos os as-
e citação da internet, sendo que os demais casos pectos de nossas vidas, desde atividades
serão abordados ao longo do curso em disciplinas cotidianas, como ascender um fósforo,
específicas. até as mais complexas, como o desenvol-
vimento de novos medicamentos para a
cura do câncer.”

70 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


Perceba, aluno(a), que, neste caso, copiamos o tex- De acordo com Brown, LeMay e Bustern (2005),
to idêntico ao original. Porém, para isso, no corpo estudar a química é estudar as propriedades e as
do texto, mencionamos quem são os autores, e mudanças sofridas por um material. Ainda de
deixamos com recuo e com uma fonte menor o acordo com os autores, um dos encantos desse
estudo é perceber que a química está presente
texto que copiamos de forma idêntica.
em nossa vida, como em um simples ascender de
Para trecho que contenha menos de três li- fósforos ou na elaboração de um remédio para
nhas devemos fazer da seguinte forma: combater o câncer.

De acordo com Brown, LeMay e Bustern Percebam que os textos não são iguais, reescre-
(2005, p. 1), “A química é o estudo das proprie- vemos o que os autores falaram com as nossas
dades dos materiais e das mudanças sofridas próprias palavras. Neste caso, no próprio corpo
por estes. [...]”. do texto, mencionamos os autores.
Uma outra forma de fazer uma citação indireta
Isto é, deixamos o texto igual o original, porém é referenciar os autores ao final do parágrafo, entre
entre “aspas”. Ainda, utilizamos apenas um pedaço parênteses, assim como segue:
do texto.
Para estudar a química, é preciso estudar as pro-
Ao final do texto, no item “referências bibliográ-
priedades e as mudanças sofridas por um mate-
ficas”, deve ser inserida a referência bibliográfica.
rial. E um dos encantos deste estudo é perceber
que a química está presente em nossa vida, como
Citação Indireta em um simples ascender de fósforos ou na ela-
boração de um remédio para combater o câncer
A citação indireta ocorre quando transcrevemos (BROWN; LEMAY; BUSTERN, 2005).
com nossas próprias palavras algum assunto
que foi pesquisado. Para fazer uma citação indi- Ao final do texto, no item “referências bibliográ-
reta adequadamente, devemos ler o conteúdo pro- ficas” deve ser inserida a referência bibliográfica.
posto, extrair a ideia do material, compreender e Para este caso, segue a referência correta:
reescrever, com nossas palavras, o que foi exposto
pelo autor original. BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E.
Química: a ciência central. São Paulo: Prentice
Hall, 2005.
Exemplo:

Vamos analisar o mesmo texto retirado na íntegra Citação da internet


do livro Química: a ciência central, disposto ante-
riormente. Para fazer uma citação indireta, devemos O uso da internet tem facilitado a pesquisa sobre di-
ler o conteúdo e reescrever com nossas palavras: versos assuntos e temas, devido à sua disponibilidade
e informações que estão a “um click” de distância.
Contudo, o uso dessa ferramenta deve ser consciente,
pois nem tudo que está na internet está correto.

UNIDADE 3 71
Para trabalhos acadêmicos e científicos, sites Resultados e Discussão
como WIKIPÉDIA, COLADAWEB e EBAH de-
vem ser EVITADOS, pois os conteúdos postados Devem ser colocados os dados coletados durante a
nesses sites não são revisados por uma equipe realização do experimento e os cálculos que foram
técnica e não há nenhuma garantia de sua vera- realizados, bem como uma análise desses cálculos,
cidade. Assim, recomenda-se o uso do GOOGLE com base nos conceitos químicos envolvidos, que
ACADÊMICO, por exemplo, devendo o pesqui- foram dispostos na introdução. Deve-se incluir
sador ficar atento às fontes de pesquisa. todo o tipo de resultado obtido: verificações vi-
A citação da internet deve ser realizada da suais, dados experimentais numéricos (volumes,
mesma forma que explicado anteriormente, sendo massas, tempos, temperaturas, rendimentos, entre
necessário a apresentação da referência bibliográ- outros) e dados instrumentais. Uma das formas
fica ao final do texto. bastante empregadas para registrar os dados nu-
méricos é o emprego de tabelas e, em outras si-
tuações, os gráficos (Obs.: os gráficos ou figuras
sempre ilustram muito melhor os resultados do
A “praga” do plágio: que as tabelas; dê preferência a eles). Expresse os
consequências criminais e civis resultados apenas com os algarismos que são sig-
Ao se utilizar um texto escrito por uma outra nificativos, que serão estudados a seguir.
pessoa, deve-se referenciar a autoria original. Tanto as tabelas quanto os gráficos ou figuras
Mesmo na reprodução de pequenos trechos, devem possuir, sempre, um título e um número,
também, é necessário referenciar o autor ori- e estes devem ser referenciados no texto. O título
ginal. A Lei 9.610/98 regula os direitos autorais, desse gráfico ou figura deve ser claro e autoexpli-
determinando que estão protegidos os textos cativo. Em relação às tabelas e gráficos, seguir as
publicados em sites, revistas etc. De acordo com seguintes recomendações:
essa lei, “autor” é a pessoa física criadora da obra, • Tabela: é composta de título, um cabeça-
e este pode solicitar a apreensão dos exemplares lho, uma coluna indicadora, se necessá-
reproduzidos indevidamente, podendo solicitar rio, e um corpo. O título deve conter breve
indenizações, entre outros. descrição do que contém a tabela e as con-
Fonte: adaptado de Pinheiro (2012, on-line)1. dições nas quais os dados foram obtidos;
o cabeçalho é parte superior da tabela,
contendo as informações sobre o conteú-
Procedimento Experimental do de cada coluna; coluna indicadora é
localizada à esquerda da tabela, especifica
Deve conter uma descrição simplificada do pro- o conteúdo das linhas; o corpo fica abaixo
cedimento que foi realizado, contendo, também, do cabeçalho e à direita da coluna indica-
uma descrição dos materiais, instrumentos e rea- dora, contém os dados ou informações que
gentes utilizados, sempre na forma de texto. se pretende relatar.
• Gráfico: é a maneira de detectar visual-
mente como varia uma quantidade (y) à
medida que uma segunda quantidade (x)
também varia.

72 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


» Eixo horizontal (abs- » Traços: a curva deve ser traçada de modo a representar
cissa ou valores de a tendência média dos pontos, ou seja, um ajuste que é
x): representa a va- realizado aos dados experimentais.
riável independente;
é aquela cujo valor é A seguir, temos um exemplo de um gráfico qualquer, que indica a va-
controlado pelo ex- riação do pH de um determinado compostos com o tempo. Veja que,
perimentador. neste caso, determinamos o valor do pH em um tempo estipulado,
» Eixo vertical (orde- por isso, o eixo “x” é nossa variável independente. Os valores do pH
nada ou valores de variam de acordo com o tempo, por isso, são as variáveis dependentes,
y): representa a va- e estão no eixo “y”. Ainda, neste nosso exemplo, nosso eixo “x” iniciou
riável dependente; em 2, e o eixo “y” com o valor 1, dessa forma, evitamos espaços em
cujo valor é medido branco no gráfico. Os pontos pretos foram pontos experimentais, e a
experimentalmente e curva tracejada representa a tendência ou o comportamento desses
é função dos valores pontos, ou seja, eles possuem uma variação linear.
de x. Variação do pH com o tempo
» Escolha das escalas 11
dos eixos: suficien- 10
temente expandida 9
8
de modo a ocupar a 7
maior porção do pa- 6
pH

pel (não é necessário 5


4
começar a escala no 3
zero e sim num valor 2
1
um pouco abaixo do 2 3 4 5 6 7 8 9 10
valor mínimo que foi Tempo (s)
medido).
Figura 2 – Exemplo de gráfico
» Símbolo de grande-
zas: deve-se indicar Conclusão
junto ao eixo o sím-
bolo da grandeza cor- É onde são discutidos os resultados finais obtidos, comentando-se
respondente dividido sobre as adaptações ou não, apontando-se possíveis explicações e
por sua respectiva fontes de erro experimental. É mencionado se o teste ou pesquisa
unidade. efetuada atingiu os seus resultados. Se não forem atingidos, deve ser
» Título ou legenda: citado os principais motivos por não se conseguir atingir. Pode-se,
indicam o que repre- ainda, incluir sugestões para trabalhos futuros.
senta o gráfico.
» Pontos: deve-se usar Referências Bibliográficas
círculo, quadrado ou
outra forma para in- Mencionam-se, no relatório, as fontes consultadas, utilizando-se
dicar cada ponto de as normas recomendadas pela ABNT, cuja normativa é facilmente
cada curva. encontrada na internet.

UNIDADE 3 73
Exemplo de um relatório técnico

Para um melhor entendimento, a seguir, é apresentado um exemplo de um relatório qualquer. O tema é


sobre a resistência de uma amostra de vidro. Neste caso, aluno(a), não se atente para o tema apresentado,
mas em como foi estruturado o relatório, as partes constituintes e como foi descrito cada uma das partes.
Observação: não é preciso realizar essa prática.

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UMA AMOSTRA DE VIDRO


(01/01/2014)

1.0 Introdução

O vidro comum utilizado para fazer janelas, por exemplo, tem a composição média de sílica
(SiO2 - 75%), óxido de sódio (Na2O - 15%), óxido de cálcio (CaO - 8%) e óxido de alumínio
(Al2O3 - 2%). Essa é uma composição média, podendo sofrer alterações de acordo com a
finalidade à qual será destinada o vidro. Em alguns casos, é adicionado alguns compostos ao
vidro, como o boro, com a finalidade de aumentar a resistência ao calor, dando origem ao
produto que comercialmente é conhecido como Pyrex (LEE, 1996).
De acordo com Shoutner (1997), o Silício (Si) – elemento químico majoritário do vidro – é
um semimetal de número atômico 14. Em condições normais de temperatura e pressão, ele é
encontrado no estado sólido, com rede cristalina cúbica ou em forma de diamante. Na forma
cristalina, tem cor cinza e brilho metálico. O silício é o segundo elemento mais abundante
da crosta terrestre, superado somente pelo oxigênio. Ele não é encontrado livre na natureza,
ocorre principalmente na forma de óxidos e silicatos (combinação da sílica, o dióxido de silício
SiO2, com um ou mais óxidos metálicos e água). Comercialmente, é obtido pelo aquecimento
da sílica e carbono em forno elétrico com eletrodos de grafite.
É um elemento relativamente inerte. A maioria dos ácidos não o ataca, com exceção do
ácido fluorídrico.
Algumas propriedades físicas e termodinâmicas do silício:
• Densidade (298K): 2329 kg m-3
• Ponto de Fusão: 1683 K
• Ponto de ebulição: 2628 K

Santos (1999) relata que compostos constituídos de silício, como areia e argila, são amplamente
usados na construção civil. Devido à sua alta resistência, é utilizado em refratários empregados
em situações que exigem altas temperaturas.
Ainda de acordo com esse autor, uma das formas utilizadas para determinar a resistência de
um determinado vidro é triturá-lo e aquecê-lo na presença da água durante um determinado
intervalo de tempo. Vidros comuns, com menores resistências, em altas temperaturas, tendem
a se degradar e liberar hidróxido de sódio (NaOH) ao meio, tornando-o básico. A Tabela 1, a

74 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


seguir, demonstra a classificação do vidro de acordo com o volume de ácido clorídrico (HCl)
necessário para neutralizar o hidróxido de sódio liberado depois da hidrólise do vidro.
Tabela 1 - Classificação do vidro quanto à resistência
CLASSE DO VIDRO VOLUME DE HCl (0,01N) em mL
Vidro sem alteração 0,00 a 0,32
Vidro resistente 0,32 a 0,65
Vidro duro usado em aparatos químicos 0,65 a 2,80
Vidro de resistência mediana 2,80 a 6,50
Vidro ordinário para janelas e garrafas Acima de 6,50
Fonte: Lee (1996).
Tem-se como objetivos, neste relatório, testar a resistência de uma amostra de vidro desconhecida.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais e Métodos:


• Balão de fundo redondo.
• Proveta.
• Condensador.
• Suporte universal.
• Bureta.
• Erlenmeyer.
• Tela de amianto.
• Tripé.
• Bico de Bunsen.
• Fenolftaleína.
• Água destilada.
• Ácido clorídrico (0,0117 mol/L).
• Amostra de vidro.
• Transferiu-se para um balão de fundo redondo 1,00 g de uma amostra de vidro. Adi-
cionou-se, com auxílio de uma proveta, 25 ml de água destilada.
• Adaptou-se o condensador ao balão. O condensador deve ficar na posição vertical,
para que haja o refluxo da água condensada, e aberto, para não aumentar a pressão do
sistema. Para o condensador, a água para resfriamento deve entrar pela parte inferior
e sair na parte superior.
• Aqueceu-se por um tempo aproximado de 70 minutos. Depois do equilíbrio térmico
do sistema com o ambiente externo, transferiu-se o conteúdo do balão para um erlen-
meyer e adicionou-se duas gotas de fenolftaleína. Em seguida, titulou-se essa solução
com HCl 0,0117mol.L-1, com auxílio de uma bureta. Anotou-se o volume de HCl
utilizado para a neutralização.

UNIDADE 3 75
3.0 Resultados e discussão

O sistema de refluxo foi utilizado para que não houvesse perda de água evaporada do sistema,
assim, a água do balão que evapora, condensa no condensador e retorna para o balão.
A energia em forma de calor transferida para o balão era parte transformada em energia
cinética (movimentação dos pedaços de vidro), parte em energia sonora (barulho de pequenas
explosões) e parte utilizada para a ocorrência da reação química.
O aquecimento da mistura vidro e água possibilitou a seguinte reação:

Na2SiO3+ H2O → SiO2 + 2NaOH

A solução básica obtida foi titulada com HCl. Para a sua neutralização, utilizaram-se 12,80 mL
de HCl 0,0117mol.L-1.
A reação de neutralização é dada conforme a equação a seguir:

HCl + NaOH → NaCl + H2O

A partir desse volume, foi possível determinar a resistência do vidro, de acordo com a Tabela 1.

4.0 Conclusão

De acordo com a Tabela 1, exposta na introdução, o vidro utilizado para fazer o experimento é
de baixa resistência, já que precisou de mais de 6,50 ml de HCl 0,01N para a sua neutralização.
Esta análise é apenas uma demonstração da análise da resistência do vidro. Existem técnicas
mais aprimoradas, que podem gerar melhores valores.
Ressalta-se, ainda, que os instrumentos de medida utilizados na prática são visuais, podendo
haver erros na medida, na precisão, e que para medidas mais confiáveis, deveria ser realizado
o teste por mais vezes para verificar os valores médios.

5.0 Referências Bibliográficas

LEE, A. A. Química inorgânica. São Paulo: Editora Edgar SSA Ltda, 1996.
SANTOS, I.; CARVALHO, B. Química Atual. Revista Educação, v. 8, n. 32, p. 37-45, out./dez. 1999.
SCHOUTNER, E. Introdução a métodos químicos. Florianópolis: Editora Polo Norte, 1997.

76 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


Este relatório trata-se de um exemplo fictício, com
dados simulados. O intuito de demonstrar esse relató-
rio foi para observação dos elementos básicos consti-
tuintes do relatório: Título, Introdução, Procedimento
Experimental, Resultados e Discussão, Conclusão e
Referências Bibliográficas.
Desta forma, aluno(a), verificamos, de forma resu-
mida, como ocorre a estruturação de um relatório. Cada
instituição, centro de pesquisa, pode adicionar itens ou
regras específicas que consideram importantes para
instituição, bem como o número máximo de páginas.
Por isso, é importante ficar atento às regras estipuladas
pelas instituições para as quais o relatório é destinado.
Operações com Grandezas
e Unidades de Medida

Na manipulação de medidas experimentais, mui-


tas vezes nos deparamos com números muito
grandes ou, até mesmo, muito pequenos. Lembre-
mos dos conceitos da química geral e inorgânica:
sabemos, por exemplo, que 1 mol de qualquer
substância tem 6,022 x 1023 entidades, sejam mo-
léculas, átomos etc. – um número muito grande,
cuja manipulação pode ser trabalhosa. Nestes ca-
sos, trabalhamos com esses números na forma de
notação científica.

Notação científica

Para relembrar como representar números na


forma de notação científica, vamos tomar como
exemplo os números a seguir mencionados. Ob-
serve que o primeiro número trata-se de um nú-
mero muito grande e o segundo de um número
muito pequeno.

6533,4 g = 6,5334 x 103 g

0,0000222 mol = 2,22 x 10-5 mol

78 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


Até aqui, não temos grandes Exemplo 2: se temos 1.000 gramas de algum produto. A represen-
novidades. Ao deslocarmos a tação é 1.000 g ou, ainda, na notação científica, 1,0.103 g. A potência
vírgula para esquerda, como no 103 pode ser representada pelo símbolo “k”. Assim, a medida também
primeiro caso, o número de casas poderia ser representada como 1,0 kg.
deslocadas é a potência ao qual é A tabela, a seguir, apresenta alguns dos principais prefixos uti-
elevado o número 10. lizados no SI:
Ao deslocarmos a vírgula para Tabela 1 - Prefixos do Sistema Internacional de Unidades
direita, como no segundo exem- Prefixo Símbolo Número Notação Científica
Tera T 1000000000000 1012
plo, o número de casas deslocadas Giga G 1000000000 109
é a potência, com sinal negativo, Mega M 1000000 106
Quilo k 1000 103
ao qual é elevado o número 10.
Hecto H 100 102
Um ganho que temos ao re- Deca Da 10 101
presentar os números em no- Deci D 0,1 10-1
Centi C 0,01 10-2
tação científica é comparar a Mili M 0,001 10-3
ordem de grandeza entre dois Micro µ 0,000001 10-6
números. Nano N 0,000000001 10-9
Fonte: o autor.

Exemplo 1: 2,5 x 105 é três or-


dens de grandeza maior que o O Sistema Internacional de Unidades (SI)
número 2,7 x 102 (subtração
dos expoentes: 5-2=3). Já o nú- Grande parte dos cálculos na Química exige a manipulação de números
mero 4,7 x 10-5 é quatro ordens e grandezas físicas diversas. Ao se mencionar a densidade de uma subs-
de grandeza menor 3,7 x10-1 tância, estamos relacionando duas grandezas físicas: a massa e o volume.
(5-1=4). Qualquer medida de grandeza consiste, sempre, em uma com-
paração da magnitude da grandeza com uma usada como unidade
de medida. Uma unidade de medida é uma quantidade padrão,
Prefixos para arbitrária dessa grandeza. Assim, 5,0 gramas de ferro têm a mesma
representação massa que 5,0 gramas de algodão; mas 5,0 gramas de ferro têm uma
de números massa menor do que 5,0 quilogramas de ferro, isso porque estamos
comparando duas grandezas diferentes: grama e quilograma.
Quando manipulamos as me-
didas experimentais, em diver-
sas situações, obtemos valores
muito grandes ou muito peque- A polegada (ou inch, em inglês, cujo símbolo é “in”) é uma unidade
nos. Como já vimos, podemos de medida de comprimento bastante utilizada em países como
representar essas medidas na Estados Unidos, Inglaterra, entre outros. Sua origem está ligada
notação científica. Uma forma à medição usando como base a largura do polegar do “dedão”
usual para representar a nota- de nossas mãos. Em 1959, o seu valor foi definido e equivale a,
ção científica é o emprego de aproximadamente, 2,54 centímetros.
prefixos, que podem substituir Fonte: Metric-Conversions (2018, on-line)2.
a notação científica.

UNIDADE 3 79
Assim como a polegada e os centímetros, temos diversas unida- derivada (Pa). Para uma pressão
des de grandeza para medir diferentes coisas, como massa, volume, de 200 kPa, qual o valor corres-
tempo, comprimento etc. Cada país possui uma propensão para pondente na unidade bar?
usar alguma unidade de medida. Por exemplo, nos EUA, é comum Sabemos, do conteúdo vis-
o uso da polegada para medir comprimento, porém, aqui no Brasil, to no ensino médio e de física,
fazemos o uso do centímetro. A fim de padronizar as unidades de que a pressão é definida como
medida utilizada pelos países, em 1960, foi realizada a 11ª Confe- a força exercida sobre uma de-
rência Geral de Pesos e Medidas, que estabeleceu o sistema inter- terminada área, ou seja:
nacional de unidades (SI).
F
Tabela 2 - Unidades base do Sistema Internacional de Unidades P=
A
Grandeza Nome unidade Símbolo
Comprimento Metro m Sabemos, ainda, que força é de-
Massa Quilograma kg finida por:
Tempo Segundo s F = m.a
Temperatura termodinâmica Kelvin K
Assim:
Corrente elétrica Ampère A
Quantidade de matéria Mol mol
m.a
Fonte: o autor. P=
A
Essas unidades tratam-se das unidades conhecidas como base. Ao fazer Vamos substituir, nesta última
operações com estas, chegamos às unidades derivadas. Por exemplo, equação, as unidades de massa,
a força é definida como massa multiplicada pela aceleração, ou seja: aceleração e área:
m
kg . 2
F = m a [ = ] kg m / s 2 P   s  kg
2  
m m.s 2
Essa unidade da força, também conhecida por Newton (N), é uma Esta é a unidade derivada de
unidade derivada, já que foi obtida por meio de uma operação das Pascal!
unidades base. Quanto à conversão de uni-
A seguir, são apresentadas algumas das principais unidades de- dades, podemos utilizar tabelas
rivadas do SI: de conversão:
Tabela 3 - Unidades derivadas do Sistema Internacional de Unidades 1 bar ------- 100 kPa
Grandeza Nome da unidade Símbolo Definição x bar ------- 200 kPa
Força Newton N kg·m/s-2
Pressão Pascal Pa Kg·m-1·s-2
Utilizando uma regra de três
Energia Joule J kg·m2/s2 = N·m
Potência Watt W J/s = N·m/s = Kg2/s3 simples, determinamos a pressão
Carga em bar, sendo esta igual a 2 bar.
Coulomb C A·s
Elétrica Em relação à conversão de
Fonte: o autor.
unidades, aluno(a), não se preo-
Exemplo 3: a pressão é uma grandeza muito utilizada em medidas cupe em decorar valores de con-
experimentais, especialmente quando se trabalha com gases. No versão, esses dados são forneci-
sistema internacional de unidades (SI), sua unidade é o Pascal (Pa), dos em exercícios e é facilmente
que é uma unidade derivada. Descreva como chegar a essa unidade encontrado na internet.

80 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


Algarismos Significativos
e Duvidosos

A precisão de uma medida experimental está di- Tenha sua dose extra de
retamente ligada ao número de algarismos sig- conhecimento assistindo ao
nificativos, quando estamos tratando da mesma vídeo. Para acessar, use seu
ordem de grandeza (BACCAN et al., 1979). Por leitor de QR Code.

isso, é muito importante sabermos manipular cor-


retamente esses algarismos.
Para entender esse conceito de algarismo signi- João fez a leitura de 2,25 cm. Clarissa fez a leitura
ficativo e duvidoso, vamos supor que pesamos, em de 2,28 cm. Quem está correto?
uma balança, uma determinada massa, obtendo o Nesta medida, temos certeza sobre os dois pri-
valor de 6,45 gramas. Nesta medida, temos que os meiros algarismos, pois o objeto passou a medida
números 6 e 4 tratam-se de algarismos corretos 2 e passou, ainda, a medida de 2,2. A medida está
da medida, aquele que temos certeza. O último entre 2,2 a 2,3. Como não temos subdivisões me-
dígito, 5, trata-se de um algarismo duvidoso, pois nores na escala dessa régua, fazemos estimativas.
é aquele em que pode haver variações na balança. Então a medida pode ser 2,25 cm ou 2,28 cm.
Para não mais esquecer, vamos verificar outro Os dois primeiros algarismos, por termos certeza
exemplo! Imagine que você tenha uma régua e vai dessa medida, tratam-se de algarismos corretos;
fazer a leitura de uma medida do objeto a seguir: o último algarismo trata do algarismo duvidoso.

Prática 1: Determinação dos algarismos signifi-


cativos e duvidosos
Agora, iremos verificar, na prática, os conceitos
0 1 2 3
vistos sobre as incertezas nas unidades de medida,
Figura 3 - Dúvidas em medidas algarismos significativos e duvidosos. Vamos lá?!
Fonte: o autor.

UNIDADE 3 81
DETERMINAÇÃO DOS ALGARISMOS CORRETOS E DUVIDOSOS

1.0 Objetivos da prática

Verificar experimentalmente a existência de algarismos corretos e duvidosos.

2.0 Procedimento Experimental


2.1 Materiais
• Balanças.
• Béquer.
• Proveta de 100 ml.
• Água.
2.2 Procedimentos
• Tarar o béquer na balança a ser pesada (baixa precisão).
• Depositar um volume qualquer de água nesse béquer.
• Registrar a massa obtida.
• Repetir o procedimento utilizando uma balança analítica.
• Insira um volume qualquer de água no béquer.
• Efetuar a leitura do volume utilizando a proveta e registrar na tabela a seguir.
• Registre os dados na tabela a seguir.

3.0 Resultados
Tabela 4 - Dados experimentais obtidos para temperatura na estufa
Medida Instrumento Massa Volume
1 Balança comum -
2 Balança analítica de precisão -
3 Proveta -

Identifique os algarismos corretos e duvidosos dessas medidas experimentais.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

82 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


Agora que conhecemos quais são os algarismos Vamos ver mais alguns exemplos para fixar esse
corretos e duvidosos, precisamos saber determi- conceito:
nar o número de algarismos significativos. Para • 45,30 g = 4,530 x 10-1 g - tem 4 algarismos
isso, é preciso transformar a medida em notação significativos.
científica. Vamos ver alguns exemplos para con- • 45,300 g = 4,5300 x 10+1 g - tem 5 algaris-
seguir entender: mos significativos.
• 0,0595 m = 5,95 x 10-2 m - tem 3 algarismos
Exemplo 4: uma massa de 28,7 g tem quantos significativos.
algarismos significativos? E uma massa de 0,78 g • 0,000675 kg = 6,75 x 10-4 Kg- tem 3 alga-
tem dois ou três algarismos significativos? rismos significativos.
• 28,7 g = 2,87 x 101 g, ao transformar em
notação científica, basta contar o núme- Repare, aluno(a), que o resultado 0,0450 kg é di-
ro de algarismos. Neste caso, temos três ferente 0,045 kg. O primeiro tem 3 algarismos
algarismos significativos. Observe que o significativos e o segundo tem dois algarismos
primeiro número deve ficar entre 0 e 9. significativos. A primeira medida, por ter um zero
• 0,78 g, ao olhar desta forma, erronea- após o cinco, temos a certeza sobre o número 5, e
mente, parece ter 3 algarismos signifi- incerteza no zero; na segunda medida, temos uma
cativos, mas quando transformamos em incerteza no número cinco (algarismo duvidoso).
notação científica, vejamos o que acon- Em outras palavras, a primeira medida foi mais
tece: 0,78 g = 7,8 x 10-1 g, portanto, essa precisa do que a segunda.
medida é de DOIS algarismos significa-
tivos. Viu a importância de transformar Exemplo 6: para apresentar o resultado de uma
para a base dez? medição, você utilizou uma balança analítica di-
gital, que fornece medidas com 4 algarismos sig-
Exemplo 5: vimos que a medida 0,78 g apresentou nificativos. Fez, ainda, a leitura das medidas em
dois algarismos significativos; e a medida 0,780 g triplicatas, ou seja, efetuou três vezes a medida da
apresenta quantos algarismos significativos? massa da mesma amostra, obtendo: 2502 g, 2504 g
Novamente, transformamos em notação e 2501 g. Informe a massa média dessa amostra.
científica: Para isso, basta somar e dividir por três:
• 0,780 g = 7,80 x 10-1 g. Neste caso, temos três 2502 g + 2504 g + 2501 g = 7507 g : 3 = 2502,333 g
algarismos significativos e, para entender
isso, podemos nos basear na seguinte regra: Ora, se você representar o resultado dessa medição,
como o valor anterior informado, sem qualquer
informação adicional, estará fraudando os resulta-
Dado o resultado de uma medição qualquer,
dos. Você passará a informação de que a medição
os algarismos significativos são todos aqueles
contados, da esquerda para a direita, a partir foi realizada com precisão, acima ao que de fato
do primeiro algarismo diferente de zero (BAC- realmente ocorreu. O correto é informar o resul-
CAN et al., 1979). tado com a mesma quantidade de significativos da
medição realizada, ou seja, 2502 gramas. Fizemos
um arredondamento desta medida, que será defi-
nido no próximo tópico (IPEM-SP, 2013, on-line)3.

UNIDADE 3 83
Arredondamentos • Se o último algarismo a ser mantido for
de números ímpar, deve ser somado uma unidade a ele.
• Se o último algarismo a ser mantido for
Em diversas ocasiões, devemos arredondar o par (zero é considerado par) mantém-se o
número, a fim de facilitar sua representação e algarismo intacto, descartando os demais.
manipulação. Iremos adotar as seguintes regras
de arredondamento neste livro (PORTAL DA Exemplo 9:
EDUCAÇÃO, 2013, on-line)4: • 7,635 para três algarismos significativos,
obtém-se 7,64, pois 3 é ímpar.
• 8,775 para três algarismos significativos
Menor que 5 obtém-se 8,78, pois 7 é ímpar.

Quando o algarismo seguinte ao último número Exemplo 10:


a ser mantido é menor que 5, todos os outros al- • 4,305 para três algarismos significativos ob-
garismos posteriores devem ser desprezados e o têm-se 4,30, pois zero foi considerado par.
número a ser mantido fica intacto. • 9,125 para três algarismos significativos
obtém-se 9,12, pois dois é par.
Exemplo 7: ao arredondar 3,144 para três algaris-
mos significativos torna-se 3,14. O número 0,140
ao arredondar para dois algarismos significativos Operações considerando os
torna-se 0,14. algarismos significativos

Maior que 5 Adição e subtração

Quando o algarismo seguinte ao último número a No resultado de uma operação de soma ou sub-
ser mantido é maior que 5 em uma sequência de tração, deve ser mantido o mesmo número de
números, todos os outros algarismos posteriores casas decimais que o termo que contém o menor
devem ser desprezados e soma-se uma unidade número de casas decimais (BACCAN et al., 1979).
ao algarismo que será mantido.
Exemplo 11:
Exemplo 8: ao arredondar 3,146 para três algaris- • 7,4 + 5,19 = 12,59, arredondando: 12,6
mos significativos, torna-se 3,15. O número 0,147, • 3,5 – 2,145 = 1,355, arredondando: 1,4
ao arredondar para dois algarismos significativos,
torna-se 0,15.
Multiplicação e divisão

Igual a 5 O resultado final deve ser arredondado para o


mesmo número de algarismos significativos do
Quando o algarismo seguinte ao último número a termo que contém o menor número de algarismos
ser mantido for igual a 5, existem duas possibilidades: significativos (BACCAN et al., 1979).

84 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


Exemplo 12: 66,0 + 66,0 + 66,0 + 66,0 + 66,0 + 66,0 = 396,0 g
• 5,235 / 1,7 = 3,079411..., arredondando: 3,1
• 0,0250 / 2,568 = 0,0097352, arredondando:
0,00974 Sequência de operações
• 2,12 x 5,178 = 10,97736, arredondando: 11,0
Quando, na resolução do problema, exercício ou
OBSERVAÇÃO: quando a operação tratar de atividade experimental, for necessário realizar uma
números exatos, mantém-se o mesmo número série de contas, somas seguidas de divisões, sub-
de algarismos significativos da medida realizada. trações etc., a questão informará se é necessário
realizar o arredondamento em cada cálculo ou o ar-
Exemplo 13: qual é a massa de meia dúzia de redondamento do resultado final. Quando não for
laranjas que pesam 66,0 gramas? indicado, é aconselhável realizar o arredondamento
6 x 66,0 = 396,0 gramas apenas do resultado final (BACCAN et al., 1979).
As regras aqui apresentadas tratam-se apenas
Temos a intenção de deixar o resultado final com de regras práticas, resultado do fato de que, nestas
1 algarismo significativo, pois 6 contém apenas 1 operações algébricas, a incerteza relativa do resul-
algarismo significativo. Porém, 6 trata-se de um tado não pode ser menor que a incerteza do núme-
número exato, que não temos dúvida nenhuma ro que possui a menor incerteza relativa. Por isto,
a respeito dele (meia dúzia). Essa operação que nem sempre ela é válida (BACCAN et al., 1979).
fizemos é a mesma que:

UNIDADE 3 85
Precisão e Exatidão de
Medidas Experimentais

As medidas experimentais que efetuamos em


laboratórios de química podem ser precisas e/
ou exatas. Apesar dessas palavras parecerem se-
melhantes, elas têm grandes diferenças em seu
significado dentro de um laboratório. O conceito
de precisão nada mais é do que reproduzir diver-
sas medidas experimentais e obter valores muito
próximos uns aos outros (BACCAN et al., 1979).
Para entendermos melhor esse conceito, ca-
ro(a) estudante, vamos exemplificar, com o uso de
uma balança, que nos fornece medidas com uma
casa após a vírgula. Suponhamos que um determi-
nado objeto, com massa conhecida de 15,0 gramas,
medidos a massa 5 vezes consecutivas, em uma
mesma balança, obtendo as seguintes medidas:
1ª medida: 15,0 g
2ª medida: 15,1 g
3ª medida: 14,9 g
4ª medida: 15,0 g
5ª medida: 14,9 g

Dizemos que a balança que utilizamos é bastante


precisa, pois ela nos forneceu valores bem pró-
ximos uns aos outros; mas quando ela não seria
precisa? Suponha que efetuamos a mesma medida
em outra balança, obtendo:

86 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


1ª medida: 14,5 g a b
2ª medida: 15,5 g
3ª medida: 14,1 g
4ª medida: 15,9 g
5ª medida: 16,0 g

Neste caso, podemos verificar que as massas, do


mesmo objeto, tiveram valores que dispersam
muito uns dos outros. Assim, essa balança em
questão não foi precisa. Precisão: Não Precisão: Sim
Agora, aluno(a), imaginemos a seguinte situa- Exatidão: Não Exatidão: Não
ção: temos um objeto com massa conhecida de
20,0 gramas. Vamos efetuar 5 medidas da massa
desse objeto utilizando uma mesma balança. Va- c d
mos considerar que obtivemos as medidas a seguir:
1ª medida: 25,0 g
2ª medida: 25,1 g
3ª medida: 24,9 g
4ª medida: 25,0 g
5ª medida: 24,9 g

Neste exemplo, nós tivemos uma balança precisa.


Ela forneceu medidas que ficaram todas muito Precisão: Não Precisão: Sim
próximas umas das outras, contudo, essa nossa Exatidão: Sim Exatidão: Sim
balança não possui exatidão! Portanto, temos
uma balança que é precisa, mas não é exata.
Agora, considere que medimos a massa do Figura 4 - Precisão e exatidão
Fonte: Rossi Jr. (2013, on-line)5.
mesmo objeto anterior, em uma outra balança,
obtendo: Ao se realizar experimentos em laboratórios, de-
1ª medida: 20,0 g ve-se repeti-lo de forma que tenhamos confiabi-
2ª medida: 20,1 g lidade nos resultados. Há experimentos que são
3ª medida: 19,9 g realizados em duplicata, triplicata e até em mais
4ª medida: 20,0 g vezes para averiguar a precisão da medida obtida.
5ª medida: 19,9 g Isso porque esses equipamentos eletrônicos po-
dem, em determinadas condições, fornecer me-
Neste caso, a balança é dita precisa e exata. Ela didas diferentes da realidade. Por exemplo, uma
forneceu valores todos muito próximos uns aos balança analítica pode sofrer interferência de uma
outros e valores que são próximos da massa real: corrente de ar que passa por ela (ar condiciona-
20,0 gramas. do), movimento da mesa ao qual está alocada e,
A figura a seguir exemplifica o que acabamos até mesmo, erros dos laboratoristas que podem
de discutir. prejudicar a medida. Assim, é necessário progra-

UNIDADE 3 87
mar as análises para que possam ser repetidas e que permitem averiguar a medida fornecida, bem
poder ser avaliado a confiabilidade destes dados. como calibrar esse equipamento. Há, ainda, os
Se realizamos análises por diversas vezes e esses padrões de transferência, que se tratam de um
resultados forem próximos uns dos outros, isso instrumento utilizado como intermediário para
quer dizer que temos uma confiança maior em comparar padrões.
nossos dados experimentais. O termo dispositivo de transferência deve ser
As incertezas nas medidas experimentais, que utilizado quando o intermediário não é um padrão.
interferem na precisão e exatidão dessas medidas, Por exemplo, a verificação da precisão e exatidão
são acompanhadas por erros que ocorrem nela. de um termopar, que regula a temperatura de uma
Esses erros podem ser determinados ou sistemá- estufa, pode ser feita por um termômetro de mer-
ticos (ligados ao método empregado, aos erros cúrio, que é um padrão de transferência. Ele tem
operacionais, a erros pessoais e a instrumentos) esse nome, pois também pode sofrer alterações em
ou também erros indeterminados (erros que não suas medidas, ou seja, ele não é um padrão.
podem ser localizados e corrigidos) (BACCAN Nos casos em que os equipamentos do labora-
et al., 1979). tório fornecem medidas que não estão de acordo
com a realidade, como no exemplo da balança, em
que ela é precisa, mas não é exata, há a necessidade
Calibração de equipamentos de calibração desses instrumentos. Isto é, por meio
no laboratório de uma série de medidas, são determinados fato-
res de correções para que esses valores medidos se
O uso dos equipamentos do laboratório, sua de- tornem o mais próximo possível dos valores reais.
preciação, a utilização incorreta, dentre outros
fatores, pode deixar esses equipamentos com a
precisão afetada e, em alguns casos, até mesmo Cálculos e construção de
com a sua exatidão prejudicada. Dessa forma, é curvas de calibração
muito importante, na rotina de um laboratório,
que esses equipamentos tenham uma periodici- A curva de calibração de um instrumento é uma
dade de averiguação de sua precisão e exatidão e, relação matemática entre os valores experimentais
também, de calibração, que reajustam esses apa- (determinados no experimento) e os valores reais
relhos para fornecerem medidas mais próximas (os resultados que deveriam ser obtidos).
da realidade. Existem empresas especializadas e Para entender esses conceitos, vamos imagi-
credenciadas por órgãos responsáveis capazes de nar um equipamento, por exemplo, uma estufa,
calibrar os equipamentos do laboratório e emitir que faz o ajuste da temperatura em seu interior.
laudos técnicos quanto à confiabilidade das me- Nela, temos um termostato, que regula a tempe-
didas efetuadas. ratura interna. Se houver algum problema com o
Para verificação da exatidão de instrumentos termostato, podemos regular uma temperatura
de medidas são, geralmente, utilizados padrões. interna de 40 °C, e o valor real, medido por um
Para balanças, por exemplo, há pesos padrões re- termômetro de transferência (mercúrio), ser de
gulamentados por órgãos fiscalizadores, que po- 45 °C. Portanto, verificamos uma imprecisão no
dem ser utilizadas para determinação da exatidão. termostato. Neste exemplo, a fim de corrigir os va-
No caso de pHmetros, existem soluções padrões lores regulados no termostato, podemos construir

88 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


uma curva de calibração. Para isso, regulamos di-
versas temperaturas e medimos no termômetro de
transferência o valor real. Avaliamos a correlação
matemática entre os dados (temperatura real e Temos um vídeo interessante que auxilia a fazer
temperatura ajustada). Essa correlação pode ser a regressão linear e obter a equação da reta fa-
linear, de segundo grau, ou algum outro compor- zendo o uso do software Excel. Disponibilizo o
tamento. Com a equação de ajuste, podemos cor- link no Material Complementar. Aproveite!
rigir os valores ajustados no termostato, a fim de
obter uma temperatura ideal no interior da estufa.
Assim, de posse dos dados (temperatura ajus-
tada no termostato e temperatura do termômetro Exemplo 14: está sendo calibrado o termosta-
de transferência), podemos inserir em softwares to de uma estufa que mantém uma temperatura
matemáticos, por exemplo, uma planilha de cálcu- constante em seu interior. Para isso, foram regula-
lo (Excel®) e analisar o comportamento dos dados. das diversas temperaturas no termostato e medido
Para uma análise gráfica, podemos designar X a temperatura interna, após o equilíbrio térmico.
como sendo a temperatura ajustada e Y a tempe- Os dados foram dispostos no Excel, plotado um
ratura observada. Supondo que essa relação seja gráfico e realizado um ajuste linear, cuja equação
linear, obtemos uma equação de regressão linear do tipo y = a.x + b obtida foi de:
que representa a curva de calibração do tipo y =
ax + b, em que “a” é o coeficiente angular e “b” é o y  0, 9895 x  3, 297
coeficiente linear, as duas constantes que caracte-
rizam a reta, conforme apresentado na Figura 5. Neste caso, x representa a temperatura ajustada
no termostato e y a temperatura real no interior
do equipamento. Se a temperatura ajustada no
y termostato foi de 77,6 ºC, qual o valor da tem-
y=f(x)
peratura real?
y= ax + b Para determinar qual a temperatura real, basta
∆y substituir o valor da temperatura ajustada em X
a=
∆x da equação anterior.

∆y y = 0 9895 77, 6 + 3, 297


y  80,11C
α

b ∆x
Prática 2: Precisão e
exatidão de medidas
x
experimentais
Figura 5 - Representação gráfica da equação de reta
Fonte: o autor. A seguir, iremos ilustrar, na prática, os conceitos
vistos anteriormente, sobre precisão e exatidão de
medidas experimentais. Vamos lá?!

UNIDADE 3 89
PRECISÃO E EXATIDÃO DE MEDIDAS EXPERIMENTAIS

A seguir, caro(a) estudante, iremos exemplificar, na prática, alguns experimentos para que
possamos vislumbrar esses conceitos de precisão, exatidão e calibração que abordamos de
forma teórica. Lembrando que esses experimentos não devem ser realizados em casa, pois
não há os equipamentos de segurança necessários.

1.0 Objetivos da prática

A presente prática tem por objetivo vislumbrar erros obtidos em alguns equipamentos de
uso constante no laboratório. Para isso, serão verificados os erros fornecidos por balanças
analíticas, reguladores de temperatura de estufas e banho de aquecimento (banho-maria),
provetas e balões volumétricos.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais
• Balanças analíticas.
• Estufa.
• Banho-maria.
• Termômetro de Mercúrio.
• Proveta de 10,0 mL.
• Proveta de 100,0 mL.
• Balão volumétrico de 100,0 mL.
• Pipeta ou conta-gotas.
• Gelo picado.
• Béquer de 100 mL.
• Erlenmeyer de 100 mL.
• Bico de Bunsen.
• Pesos padrões.

2.2 Procedimentos

2.2.1 Erros em balanças analíticas

Será comparada a medida de um peso padrão de 200 g, fornecido por três balanças ana-
líticas diferentes. Com base nessa medida, é possível determinar a balança com melhor
exatidão e precisão.

90 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


• Ligar a balança analítica.
• Verificar se ela apresenta o valor 0 no display (balança vazia).
• Pegar o peso de 200 g com um papel, limpá-lo e depositá-lo na balança.
• Fechar as escotilhas e aguardar a estabilização da leitura.
• Anotar o valor apresentado pela balança.
• Repetir esse procedimento por 4 vezes.
• Determinar qual a balança que melhor fornece medidas experimentais.
Tabela 5 - Dados experimentais obtidos para temperatura na estufa
Peso Balança 1 (g) Peso Balança 2 (g) Peso Balança 3 (g)

Qual a balança que melhor representou os valores reais?


____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

2.2.2 Leituras em instrumentos de medida com capacidades diferentes


• Completar com água destilada até a marca de 10 mL em uma proveta de 10,0 mL,
previamente tarada em uma balança.
• Pesar a proveta contendo água destilada.
• Realizar os procedimentos anteriores em duplicatas.
• Medir a temperatura da água destilada e a pressão atmosférica.
• Verificar em livros textos a densidade da água na temperatura e pressão indicada.
• Calcular o volume de água exato, utilizando a fórmula da densidade.
• Identificar quais dos dois aparelhos mencionados fornecem a melhor estimativa do
volume exato de água.
Temperatura água: _______________________________________________
Pressão atmosférica: ______________________________________________
Densidade água: _________________________________________________

Para calcular o volume real de água, utiliza-se a equação da densidade:

A densidade foi encontrada (tabelada) em uma dada condição de pressão e temperatura; a


massa de água foi obtida na balança; e o volume é obtido pela equação acima mencionada.

UNIDADE 3 91
Tabela 6 - Verificação da exatidão de instrumentos de medida de diferentes capacidades
Massa de 10 mL de Volume Massa de 10 mL de
Volume
Amostra água na proveta de calculado água na proveta de
calculado (mL)
10,0 mL (g) (mL) 100,0 mL (g)
1
2
Fonte: o autor.

Qual instrumento de medida de volume apresentou a melhor capacidade preditiva e por quê?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

2.2.3 Sensibilidade de diferentes instrumentos de medida de mesma capacidade


• Encher com água destilada um balão volumétrico de 100,0 mL previamente tarado
até a marca de aferição.
• Pesar o balão volumétrico e registrar o peso.
• Repetir o procedimento com uma proveta de 100,0 mL.
• Acrescentar, com um conta-gotas, 3 gotas a mais de água destilada no balão e 3 gotas
a mais na proveta.
• Observar o deslocamento do menisco.
• Calcular o volume de água com a fórmula da densidade.
• Realizar o procedimento em duplicata.
Tabela 7 - Sensibilidade de diferentes instrumentos de medida de mesma capacidade
Volume Massa de 100 mL
Massa de 100 mL de Volume calcula-
Amostra calculado de água no balão
água na proveta (g) do (mL)
(mL) de 100,0 mL (g)
1
2
Fonte: o autor.

Qual instrumento de medida de volume apresentou a melhor capacidade preditiva e por quê?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

O que se observou ao adicionar 3 gotas de água na proveta e no balão volumétrico?


____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

92 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


2.2.4 Calibração de um termômetro de mercúrio
• Adicionar cerca de 50 mL de água destilada com gelo picado em um béquer de 100
mL e agitar bem.
• Introduzir o termômetro a ser calibrado, de modo que o bulbo do mercúrio esteja
completamente imerso na mistura.
• Registrar a temperatura após sua estabilização.
• Adicionar 50,0 mL de água destilada em um erlenmeyer de 100 mL.
• Aquecer a água até a ebulição.
• Medir a temperatura com o termômetro a ser calibrado, de forma que o bulbo fique
próximo à superfície da água.
• Construir um gráfico, lançando na abscissa (eixo X) os valores observados dos pontos
de fusão e ebulição da água e na ordenada (eixo Y) os valores reais que foram medidos,
a fim de obter a curva de calibração desse termômetro.
Temperatura água destilada com gelo: __________________________________
Temperatura água em ebulição: ______________________________________

Figura 6 - Curva de calibração do termômetro de mercúrio

Para uma temperatura de 35 °C medida neste termômetro, qual seria a temperatura real de
acordo com a curva de calibração?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

UNIDADE 3 93
2.2.5 Calibração do termômetro de ajuste da estufa
• Acoplar o termômetro de transferência (mercúrio) à estufa.
• Selecionar as temperaturas conforme disposto na tabela a seguir.
• Aguardar a estabilização da temperatura e fazer a leitura no termômetro de transfe-
rência. Registrar o valor na tabela a seguir.
• Alterar a temperatura da estufa para as demais temperaturas e proceder da mesma
forma. Aguardar a estabilização de cada temperatura, fazer a leitura no termômetro
de transferência e anotar os valores.
• Plotar o gráfico, dispondo no eixo da abscissa (eixo X) as temperaturas ajustadas na
estufa, e no eixo da ordenada (eixo Y) as temperaturas obtidas com o termômetro de
mercúrio, a fim de se obter a curva de calibração.
Tabela 8 - Dados experimentais obtidos para temperatura na estufa
Temperatura ajustada no equipamento Temperatura real ou temperatura do ter-
(°C) (Eixo X) mômetro transferência (ºC) (Eixo Y)
30
40
50
60
70
80
Tabela 8 - Dados experimentais obtidos para temperatura na estufa

Figura 7 - Curva de calibração do termômetro de regulagem da estufa

Para uma temperatura de 55 °C ajustada na estufa, qual seria a temperatura real de acordo
com a curva de calibração?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

94 Manipulação de Dados e Medidas Experimentais


Caro(a) aluno(a), estamos chegando ao fim de mais uma unidade. Nesta unidade, aprendemos conceitos
que serão de grande valia na vida profissional de todos. Verificamos, na prática, como é esquematizado
um relatório técnico, que permite o entendimento e a reprodução da técnica por outros pesquisadores.
Verificamos, também, como realizar a manipulação de números, algarismos significativos, sendo ob-
servado que, para medidas experimentais, há uma pequena diferença na representação, que é função
da capacidade de predição de nosso instrumento de laboratório. Entendemos o conceito de precisão e
exatidão das medidas experimentais, sendo possível vislumbrar a distância entre o valor real e o valor
apresentado por um equipamento descalibrado, de maneira que, se esse valor for superior ao erro do
equipamento, uma calibração deve ser solicitada a uma empresa especializada.
É isso, caro(a) aluno(a)! Exercite esses conceitos resolvendo os exercícios e pesquisando em outras
referências bibliográficas!
Até a próxima unidade!

UNIDADE 3 95
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Cite e explique as principais partes constituintes de um relatório técnico.

2. A representação de números no formato de notação científica facilita no pro-


cesso de identificação de algarismos significativos de medidas experimentais.
Represente no formato de notação científica os seguintes números, informando
a quantidade de algarismos significativos.
a) 0,000834.
b) 10780000.
c) 0,032.
d) 20008000.
e) 0,0008340.
f) 0,0320.

3. Para a simplificação na representação de números, são utilizados alguns pre-


fixos. A massa de 1000 g pode ser representada por 1 kg, pois o prefixo “k”
significa que o número está multiplicado por 1000. Sobre esse assunto, analise
as alternativas a seguir:
I) 1 µm tem o mesmo valor que 1000000 m.
II) 20 kg tem o mesmo valor que 200 hg.
III) 50 mm tem o mesmo valor que 0,5 dm.
IV) 1 Mpa tem o mesmo valor que 1 x 109 Pa.

Estão corretas:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

96
4. Em práticas laboratoriais, é muito comum realizar o arredondamento dos núme-
ros para facilitar o manuseio ou, até mesmo, quando estes são transformados
em notação científica. Represente os números a seguir em notação científica e
arredonde-os para o número de algarismos significativos indicado:
a) 0,000834 com dois algarismos significativos.
b) 10780000 com três algarismos significativos.
c) 0,0325 com dois algarismos significativos.
d) 200543 com três algarismos significativos.
e) 0,0008340 com três algarismos significativos.
f) 0,0320 com três algarismos significativos.
g) 9,775 com três algarismos significativos.

97
WEB

Temos um vídeo interessante que auxilia a fazer a regressão linear e obter a


equação da reta fazendo o uso do software Excel:
Na regressão linear, avaliamos como os nossos dados experimentais se aproxi-
mam de uma reta. Se medimos, por exemplo, a variação do pH de uma deter-
minada solução em intervalos de 2 segundos, como esses valores de pH variam
com o tempo? Será que eles variam linearmente? Ao fazer uma regressão linear,
podemos fazer esse tipo de análise, e isso é muito importante em processos que
necessitamos analisar dados, pois, assim, conseguimos obter uma equação de
uma reta, que nos permite prever qual será o pH em um determinado tempo.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

98
BACCAN, N. et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. Campinas: Editora Edgard Blücher LTDA,
1979.

BROWN. T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E. Química: a ciência central. São Paulo: Prentice Hall, 2005.

SILVA, R. R. et al. Introdução à Química Experimental. São Paulo: MacGraw Hill, 1990.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/a-praga-do-plagio-consequencias-criminais-e-
civis/66307/>. Acesso em: 02 abr. 2019.
2
Em: <https://www.metric-conversions.org/pt-br/comprimento/conversao-de-polegadas.htm>. Acesso em: 02
abr. 2019.
3
Em: <https://www.ipem.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11&Itemid=266>. Acesso
em: 02 abr. 2019.

Em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/regras-de-arredondamento/30568>.
4

Acesso em: 02 abr. 2019.


5
Em: <https://calibraend.blogspot.com.br/2013/02/voce-conhece-diferenca-entre-precisao-e.html>. Acesso
em: 02 abr. 2019.

99
1.

Título: contém, de forma resumida, o assunto a ser tratado no relatório.

Introdução: deve ser explicitado, de forma clara e breve, qual foi o objetivo da experiência, teste ou assun-
to que trata o relatório. Deve conter uma breve descrição teórica sobre os fundamentos da parte prática
efetuada. Tem por objetivo situar o tema do experimento.

Procedimento experimental: deve conter uma descrição simplificada do procedimento que foi realizado,
contendo, também, uma descrição dos materiais, instrumentos e reagentes utilizados, sempre na forma
de texto.

Resultados e discussão: devem ser colocados os dados coletados durante a realização do experimento e
os cálculos que foram realizados, bem como uma análise desses cálculos, com base nos conceitos químicos
envolvidos, que foram dispostos na introdução.

Conclusão: é onde são discutidos os resultados finais obtidos, comentando-se sobre as adaptações ou não,
apontando-se possíveis explicações e fontes de erro experimental. É mencionado se o teste ou pesquisa
efetuada atingiu os seus resultados.

Referências bibliográficas: mencionam-se, no relatório, as fontes consultadas, utilizando-se as normas


recomendadas pela ABNT.

2.

a. 0,000834 = 8,34 x 10-4 –3 algarismos significativos.

b. 10780000 = 1,0780000 x 107 –8 algarismos significativos.

c. 0,032 = 3,2 x 10-2 –2 algarismos significativos.

d. 20008000 = 2,0008000 x 107–8 algarismos significativos.

e. 0,0008340 = 8,340 x 10-4 –4 algarismos significativos.

f. 0,0320 = 3,20 x 10-2 –3 algarismos significativos.

3. B.

4.

a. 8,3 x 10-4.

b. 1,08 x 107.

c. 3,2 x 10-2.

d. 2,00 x 105.

e. 8,34 x 10-4.

f. 3,20 x 10-2.

g. 9,78 x x 101.

100
101
102
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Densidade e Viscosidade

PLANO DE ESTUDOS

Viscosidade

Densidade

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar os conceitos da densidade e as variáveis que • Apresentar os conceitos da viscosidade. Verificar como
influenciam esta propriedade. Verificar como pode ser pode ser determinado experimentalmente esta pro-
determinado experimentalmente essa propriedade. priedade.
Densidade

Estudaremos, nesta unidade, alguns conceitos


importantes dos compostos químicos, sejam eles
substâncias puras ou misturas. Iremos falar da
massa específica e densidade, propriedades ca-
racterísticas dos materiais. São muito empregadas
desde o dimensionamento de equipamentos in-
dustriais até no controle de qualidade, para identi-
ficação de fraudes, qualidade de produtos fabrica-
dos, entre outros. Um outro conceito importante é
a viscosidade, uma importante característica dos
materiais quando pensamos no transporte dos
fluidos, não limitando apenas ao transporte por
tubulações, podendo ser empregada, inclusive,
para fins comerciais.
Antes de iniciar nosso estudo, temos um
vídeo bastante intuitivo, que disponibilizei no
Material Complementar-Web, em que apresenta
a diferença entre os conceitos de massa, volume,
peso e densidade, vamos assistir?
De acordo com Peruzzo (2013), a massa es-
pecífica ( r ), também conhecida por massa ab-
soluta, é a razão entre a massa (m) da substância
e o volume (V) desta substância, em uma dada
condição de temperatura e pressão. Trata-se de
uma propriedade da substância e não do objeto. rém, muitas referências tratam estas propriedades
Já a densidade (d) é a propriedade do objeto. As- como semelhantes, se não for discriminado nada
sim, um objeto oco pode ter a densidade muito a respeito disso, considere-as como semelhantes.
diferente da massa específica do material que o Há bastante divergência quanto ao emprego
compõe. A representação matemática da massa desses termos em diversas literaturas. Lenzi et al.
específica é dada por: (2012) consideram a densidade, densidade abso-
luta e massa específica como conceitos análogos.
m
r= Neste livro, adotaremos o conceito da densidade
V
como a razão entre a massa e volume. Em geral,
De acordo com Picollo (2014), a densidade de quando se fala de compostos puros, costuma-se
um corpo, representada pela letra “d”, é a relação empregar o termo massa específica. Em nosso
ou a razão entre a massa (m) do corpo e o volume caso, iremos tratar apenas como densidade. Já
(V) deste corpo, em uma dada condição de tem- a razão entre as densidades de dois compostos,
peratura, pressão e composição. A representação chamaremos de densidade relativa, ou seja, a
matemática da densidade é dada por: densidade de uma substância em relação à den-
sidade de outra substância tomada com padrão.
m
d= No sistema internacional, a unidade da densi-
V dade é kg/m3, sendo amplamente utilizada as uni-
As duas definições parecem muito semelhantes. dades do sistema CGS (abreviação de centímetro,
Para diferenciarmos, imaginemos que a substân- grama, segundo) cuja unidade da densidade é g/
cia em questão tem uma determinada massa que cm3. Outras unidades são g/mL, kg/L, kg/m3, den-
ocupa um determinado volume no espaço e que tre outras. É comum encontrarmos, na literatura,
no interior desse volume há espaços vazios, muito diversos valores de densidade para uma grande
comum em substâncias porosas, como carvão, variedade de compostos na pressão atmosférica
solo, etc. Vamos, primeiro, calcular a densidade. (1 atm) e temperatura ambiente (20 ou 25 °C).
Para isso, vamos medir a massa desse corpo e di- Em relação ao significado físico da densidade,
vidir pelo volume total (junto com o volume oco, ela nos revela o quanto a massa está comprimida
dos poros, ou seja, não descontamos este volume dentro do corpo. Por exemplo, para dois corpos
poroso), obtendo a densidade. No caso da massa de mesmo volume, no primeiro corpo, com a pre-
específica no cálculo da propriedade, desconta- sença de algodão, temos uma massa de 1 kg de
mos o volume oco do material (dos poros) quan- algodão, enquanto que para o mesmo volume,
do vamos calcular o volume. Simples não? Po- ocupado por ferro, teremos 100 kg de ferro.

Ainda não entendeu a diferença entre massa específica e densidade? Veja o vídeo! Temos um vídeo muito
interessante, bastante didático, que nos demonstra a diferença entre a densidade e a massa específica.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0BRc38C5bUY>.

UNIDADE 4 105
Segundo a teoria do Big Bang, toda a matéria, do universo inteiro,
1 kg de estava concentrada em um único ponto, menor que a cabeça de
algodão que um alfinete. Você consegue imaginar a densidade deste ponto?
ocupa um
volume V1

Diz a lenda que Arquimedes, um cientista da época dos impérios


gregos, foi incumbido de determinar se a coroa do rei da época era
verdadeira, por meio da densidade. A forma conhecida até então
era determinar o volume da peça, e fazer a razão da massa pelo
100 kg de ferro volume. Porém, ele não sabia determinar o volume da coroa sem
que ocupa um derretê-la. Durante um banho, Arquimedes observou que o nível
volume V1 de água subia e assim poderia determinar o volume da coroa sem
destruir. Arquimedes, eufórico com a descoberta, foi para a rua
gritar “Eureka” (encontrei/ descobri).

Figura 1 - Substâncias com densida- Fonte: adaptado de Martins (2000).


des diferentes e mesmo volume
Fonte: o autor.

Conforme visualizado no Saiba Vale ressaltar que apenas a medida da densidade não é suficiente
Mais, a densidade é uma técnica para identificação de fraudes. Por exemplo, no caso do leite, há relatos
muito empregada para se deter- de produtores, mal-intencionados, que adicionam produtos com a
minar o grau de pureza de diver- densidade parecida do leite in natura, a fim de aumentar o volume e
sas substâncias. Por exemplo, a lucrar mais com a venda. Pelo fato da densidade dessas substâncias
densidade é um parâmetro de serem próximas, apenas essa análise não é suficiente para atestar a
qualidade utilizado em indús- qualidade do produto, sendo necessário outras análises, por exemplo, o
trias de laticínios para a análise teor de crioscopia, que verifica o ponto de congelamento do leite, que
da qualidade do leite; em postos também é característico para cada substância e pode auxiliar, junto
de combustíveis para avaliar a com uma série de outras análises, a identificar as fraudes.
qualidade do álcool e a quanti- Além disso, a densidade é muito empregada na indústria de trans-
dade de etanol presente na gaso- formação. Por exemplo, na produção do álcool ou açúcar, em uma das
lina. Neste caso, há uma faixa de etapas, há a fermentação do caldo de cana para produção do álcool
valores de referência para esses pela ação de determinada cultura de bactérias. Para separação do ál-
compostos em suas condições cool formado, em produções artesanais, isso pode ser feito por meio da
ideais (composição, temperatu- densidade. A cultura de bactérias, geralmente, possui maior densidade
ra, pressão), e que, se fora desses e se deposita no fundo, podendo o composto líquido ser retirado na
limites, pode indicar fraudes. parte superior para ser concentrado em processos posteriores.

106 Densidade e Viscosidade


Uma outra aplicação está em reações quími- interações do tipo ligação de hidrogênio, que
cas que produzem uma mistura de compostos levam à diminuição do volume e aumento dos
imiscíveis, ou seja, que não se misturam. Pode valores da densidade. Isso explica o fato que, em
ser empregada a propriedade das diferenças de alguns lugares, em dias muito frios, forma-se
densidades para se promover a separação, ou seja, uma camada de gelo que fica na superfície de
o composto com menor densidade fica na par- rios e lagos (SILVEIRA, 2013, on-line)1.
te superior e os de maior densidade na parte de A densidade para grande parte dos compostos
baixo, facilitando o processo de separação. Isso é sólidos é influenciada em pequena escala com
verificado na produção do sabão sólido a partir a variação da temperatura (TRINDADE et al.,
de óleos de cozinha usados, em que há a produção 2016), haja visto que o volume de sólidos é alte-
de uma “pasta” menos densa que fica na superfície, rado em pequena magnitude com a dilatação tér-
permitindo sua separação. mica dos materiais, e como o volume encontra-se
Verificamos, até então, os conceitos das densi- no denominador da fórmula da densidade, peque-
dades e diversas aplicações reais que envolvem esse nas variações do volume causadas pela variação
conceito. Agora, precisamos abordar quais variá- da temperatura, causam pequenas variações na
veis podem influenciar nos valores da densidade. densidade.

Variáveis que influenciam Pressão


a densidade
Em relação à pressão, a variação dessa proprieda-
A seguir, iremos mencionar algumas variáveis que de afeta muito pouco nos valores da densidade de
podem interferir nos valores experimentais da líquidos e sólidos. Isso é explicado pelo fato das
densidade dos compostos: moléculas, nesses estados, estarem muito próxi-
mas umas das outras e um aumento da pressão
externa não promove uma aproximação substan-
Temperatura cial que seja capaz de alterar significativamen-
te o volume e, consequentemente, os valores da
Para substâncias líquidas puras, a densidade é in- densidade. Para se ter uma ideia, é necessário um
fluenciada pela temperatura e pressão (LENZI et grande aumento na pressão para uma pequena
al., 2012). Em geral, o aumento da temperatura mudança na densidade da água.
aumenta a energia das moléculas (agitação), au-
mentando o espaçamento entre elas que, conse-
quentemente, aumenta o volume. Na fórmula da Composição
densidade, o volume encontra-se no denomina-
dor, fazendo com que a densidade diminua com Para misturas, soluções, a densidade é função,
o aumento da temperatura. também, da composição. Pensemos, por exem-
Existem algumas exceções, como é o caso plo, em uma mistura de dois líquidos miscíveis,
da água, que entre a faixa de temperatura de 0 ou seja, aqueles que se misturam e formam apenas
a 4 °C, a densidade aumenta com o aumento da uma única fase. Um dos componentes tem uma
temperatura, devido à quebra e rearranjo das menor densidade e o outro tem maior densidade.

UNIDADE 4 107
Ao se adicionar, na mistura, uma maior quan- nas condições especificadas. Como a densidade é
tidade do componente de maior densidade, au- uma relação de massa por volume, de posse desse
mentamos a densidade da mistura formada, pois valor, ele pode determinar qual o volume de leite
teremos uma maior proporção do componente que corresponde aos 100 kg que são necessários.
com maior densidade na mistura formada. Esta Suponha que a densidade do leite nas condi-
regra é clara para grande parte dos casos usuais. ções especificadas é de 1,032 g por mL. Isto é, cada
A estimativa do valor exato da densidade de 1,032 g de leite, nas condições acima especificadas,
uma mistura depende, também, das forças atrati- ocupa um volume de 1 mL.
vas/repulsivas existentes entre as moléculas. Se as Por meio de uma regra de três e sabendo que 1
moléculas da mistura têm grande afinidade, elas kg = 1.000 g ou, ainda, 100 kg = 100.000 g:
tendem a ficar mais próximas, ocasionando uma
contração do volume e alterações na densidade. 1, 032 � g � � � � � − − −� −1� mL
Para se estimar a densidade de misturas de forma 100.000 � g − − − − X
teórica, é necessário o conhecimento de regras
de mistura, que vai além dos objetivos de nosso X = 96.899,22 mL de leite ou, 96,90 L de leite.
curso. Porém, a química experimental nos permite
determinar o valor da densidade da mistura por Assim, o engenheiro determinou, para a utiliza-
meio da medida da massa e do volume de uma ção do novo coalho, que para cada 100 gramas de
forma satisfatória. Neste ponto, caro(a) aluno(a), é coalho deve ser utilizado 96,90 L de leite.
importante sabermos que a densidade de misturas
é influenciada pela composição.

Exemplo 1: para a produção de queijos, há a ne-


cessidade de se adicionar um composto conheci- Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
do como coalho ou cultura láctica, que nada mais
vídeo. Para acessar, use seu
é do que bactérias que utilizam como alimento leitor de QR Code.
o leite, produzindo, em conjunto com processos
adicionais, um composto sólido e insolúvel de
cor clara, o queijo. Em um determinado laticínio, Exemplo 2: durante o recebimento de amostras para
o engenheiro responsável recebeu amostras de a aprovação do leite “in natura” de um determinado
coalho com um melhor preço do que o fornecedor laticínio, o engenheiro responsável precisa decidir
atual. No rótulo desse novo produto consta que sobre o recebimento do leite. Uma das análises rea-
deve ser adicionado 100 g do coalho para cada lizadas por esse laticínio, para aprovação ou repro-
100 kg de leite. Contudo, o leite adicionado nos vação, é a de densidade. No laboratório, foi utilizada
tanques de fabricação é medido em volume (L). uma proveta de 500,0 mL, previamente tarada na
Como o Engenheiro deve proceder para deter- balança. Completou-se todo o volume da proveta, o
minar a quantidade exata de coalho a ser adicio- leite a ser analisado, e se obteve uma massa de 542,05
nado? (Suponha que a temperatura é de 15 °C e g.Com base nesses valores, considerando que os li-
pressão de 1 atm.) mites de densidade aceitáveis para recebimento são
Para determinar a relação correta, é preciso 1,023 – 1,040 g/mL a 15 °C e 1 atm, determine se esse
que o engenheiro conheça a densidade do leite recebimento foi aprovado ou reprovado.

108 Densidade e Viscosidade


O problema é muito simples de ser resolvido, A densidade relativa é definida pela razão entre
bastando aplicar a fórmula da densidade: a densidade de duas substâncias, ou seja (LENZI
et al., 2012):
m
d =�
V densidade � A
densidade � relativa � =
A massa é de 542,05 g e o volume de 500,0 mL, densidade � B
assim, a densidade nas condições acima estabe- Por ser uma divisão de duas unidades iguais (g/
lecidas fica da forma: mL / g/mL ou kg/m3 / kg/m3 etc.), o resultado
542 05 g g gerado é um número adimensional, ou seja, sem
d= = 1 084 unidades.
500 0 mL mL
Ao dividirmos a densidade do composto A
Como esse valor está acima do limite máximo es- pela densidade do composto B, estamos investi-
tipulado (1,040 g/mL), o leite deve ser reprovado. gando quantas vezes A é mais denso que B. Desta
forma, quando o resultado desta razão for:
• Maior que 1: B flutuará sobre A.
Densidade Relativa • Menor que 1: B ficará abaixo de A.
• Igual a 1: as densidades são iguais.
Uma das aplicações do conceito de densidade
relativa está relacionado a misturas de compos- Exemplo 3: considere que a densidade do óleo de
tos imiscíveis (aqueles que não se misturam, que cozinha comercial é 0,891 g/cm3, e que da água
formam duas fases distintas, ou seja, misturas é 1,000 g/cm3, em uma dada condição de tempe-
heterogêneas), sendo empregado para determi- ratura e pressão. Se for realizada a mistura destes
nar qual das substâncias fica na parte superior dois líquidos em um béquer, determine, nessas
ou na parte inferior. No caso da mistura de dois condições, qual será o líquido que ficará na parte
líquidos, aquele com a menor densidade fica na superior e qual ficará na parte inferior do béquer. 
parte superior. Isso explica o motivo do óleo ficar Para resolver esse problema basta calcular a
acima da água, ou o gelo boiar na água, ou seja, densidade relativa:
por possuírem densidades menores que da água.
densidade � A
densidade � relativa =
densidade � B

0 891 g / cm3
densidade relativa =
1 000 g / cm3

densidade relativa = 0 891 g cm3

Como a densidade relativa foi menor que 1, pela


regra anteriormente apresentada, o composto B,
ou seja, a água, ficará abaixo do óleo.
Figura 2 - Densidade relativa

UNIDADE 4 109
Densidade Teórica A escolha do líquido deve ser criteriosa. Por
exemplo, se o sólido for solúvel no líquido, deve
As propriedades da maioria das substâncias são ser escolhido um outro líquido que o sólido a ser
encontradas em Handbooks e em páginas da inter- analisado não seja solúvel, pois, se não, ele será
net, como no livro de Química do National Insti- dissolvido. Uma outra possibilidade é o sólido ser
tute of Standards and Technology (NIST, on-line)2. menos denso que o líquido e flutuar. Neste caso,
Os Handbooks são compilações que congre- a medida do volume é também penalizada, de-
gam uma infinidade de informações. Por exem- vendo-se escolher um outro líquido menos denso
plo, o livro The properties of gases and liquids que o sólido a ser testado (LENZI et al., 2012).
(POLING; PRAUSNITZ; O’CONNELL, 2001) Uma outra possibilidade é o sólido ser poro-
traz uma grande quantidade de informações so- so. Para esse tipo de sólido, temos duas densi-
bre as propriedades de diversas substâncias, de dades, a densidade aparente e a densidade real.
forma tabelada, e também correlações que esti- A densidade aparente é a divisão entre a massa
mam as propriedades com grande acuracidade. e o volume do sólido, considerando, também, o
volume dos poros. A densidade real é a divisão
da massa pelo volume das partículas sem con-
Determinação experimental siderar os poros (neste caso, o sólido foi moído
da densidade e pulverizado para desfazer os canais) (LENZI
et al., 2012).
Conforme mencionamos, existem uma grande
quantidade de fontes de pesquisa para determinar
valores de densidades. Porém, há casos em que as Densidade de líquidos
condições (temperatura, pressão ou composição)
são variadas, e não temos esses dados tabelados. O princípio é o mesmo, medir a massa e o volume
Nestes casos, necessitamos determinar experi- para determinação de sua razão. Pode ser feito
mentalmente o valor desta propriedade. utilizando balança analítica e um picnômetro ou
balão volumétrico para medir o volume. Uma ou-
tra possibilidade é a utilização de densímetros,
Densidade de sólidos que nada mais é do que aparelhos com um peso
na extremidade, que são colocados nos líquidos
Procura-se determinar a relação massa/volume e que flutuam na posição vertical, indicando em
utilizando uma balança analítica e algum instru- uma escala o valor da densidade. Existem densí-
mento para medir o volume (LENZI et al., 2012). metros para líquidos mais pesados ou leves que
No caso de sólidos, como é difícil estimar o volume a água. Há casos de densímetros exclusivos, cujo
de sólidos com geometrias complexas, o volume é uso é intenso, como os alcoômetros, que medem
estimado com auxílio de algum líquido. O sólido a densidade do álcool; o termolactodensímen-
é imerso no líquido e, pela medida da variação do tro, que mede a densidade de leites, entre outros
volume, é possível determinar o volume do sólido. (LENZI et al., 2012).

110 Densidade e Viscosidade


Temos, no material complementar, uma sugestão
de vídeos que tratam sobre o uso do picnômetro e
outro sobre o uso do densímetro. Eu indico forte-
mente que vejam esse material. Vamos lá?

Prática 1: Determinação ex-


perimental da densidade de
sólidos e líquidos

A seguir, iremos demonstrar, na prática, como


podemos determinar experimentalmente a den-
sidade de compostos no estado sólido e líquido.

Figura 3 - Exemplo de picnômetro Figura 4 - Exemplo


Fonte: Oliveira ([2019], on-line)1. de densímetro

1.0 Objetivos da prática

A presente prática tem por objetivo determinar experimentalmente a densidade de com-


postos no estado sólido e líquido.

2.0 Materiais, Métodos e Resultados

MATERIAIS

• Proveta.
• Amostra de sólidos diversas.
• Leite.
• Óleo.
• Água destilada.
• Pisseta.
• Balão volumétrico.
• Béquer.
• Balança analítica.
• Picnômetro.
• Densímetro.

UNIDADE 4 111
MÉTODOS

2.1 Densidade de sólidos com volume desconhecido

Para determinar a densidade de amostras sólidas com o volume difícil de ser mensurado
devido à superfície irregular, é necessário determinar a massa do sólido seco.
• Usando uma balança analítica, determine a massa do sólido. Pode ser utilizado um
béquer como suporte (M1).
• Adicione água destilada com auxílio de uma pisseta em uma proveta de 50 mL. Es-
colha alguma marcação na metade da proveta, e complete com água até essa marca.
Registre esse valor (V1).
• Adicione, na proveta contendo água, a massa de sólido que foi pesada. Atenção para
não perder material. Verifique o deslocamento do menisco para a medida (V2).
• Preencha a tabela a seguir.
• Registre a temperatura e pressão ambiente.
• Procure em algum Handbook a densidade dos materiais testados e calcule o desvio
percentual com a fórmula a seguir, preenchendo os desvios na tabela devida.
Tabela 1 - Dados experimentais obtidos para determinação da densidade das amostras sólidas
Amostra Massa M1 Sólido (g) V1 (mL) V2 (mL) ΔV = V2 – V1 (mL) Densidade (g/mL)

Fonte: o autor.

Temperatura ambiente: _______________


Pressão atmosférica: _________________
Tabela 2 - Desvios entre valores estimados e valores teóricos
Amostra Densidade experimental (g/mL) Densidade teórica (g/mL) Desvio (%)

Fonte: o autor.

2.2 Determinação experimental da densidade de líquidos

Para as amostras que se encontram no estado líquido, iremos utilizar um equipamento


volumétrico, como balão volumétrico, cuja altura do menisco indica o volume total, não
possuindo escala para medida da variação do volume.

112 Densidade e Viscosidade


• Tare o balão volumétrico utilizando uma balança analítica.
• Complete o volume do balão volumétrico até a altura do menisco com o líquido que
será determinada a densidade.
• Repita o procedimento para todos os líquidos que serão testados.
• Registre seus dados na tabela.
• Registre a temperatura e pressão ambiente.
• Procure, em algum Handbook, a densidade dos materiais testados e calcule o desvio
percentual, preenchendo os desvios na tabela devida.
• Compare a densidade obtida com a fornecida, utilizando um densímetro.
Tabela 3 - Estimativa da densidade de amostras líquidas
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)

Fonte: o autor.

Temperatura ambiente: _______________


Pressão atmosférica: _________________
Tabela 4 - Desvios entre valores estimados e valores teóricos
Amostra Densidade experimental (g/mL) Densidade teórica (g/mL) Desvio (%)

Fonte: o autor.

Temperatura ambiente: _______________


Pressão atmosférica: _________________

2.3 Determinação experimental da densidade de líquidos utilizando o picnômetro

O picnômetro é um aparelho mais sensível para a determinação da densidade de líquidos.


Esse equipamento foi projetado de tal forma que o líquido a ser testado preenche o seu in-
terior em um volume conhecido e preciso. A determinação da densidade por esse método
é semelhante ao método anterior, pela razão da massa pelo volume. A diferença que, por ser
um aparelho com volume preciso, pode fornecer melhores estimativas para a densidade,
desde que seja respeitado os cuidados de uso desse equipamento.
• Tare, em uma balança analítica, o picnômetro limpo e seco.
• Lave três vezes o picnômetro com um pequeno volume de líquido cuja densidade
será estimada para a remoção de qualquer resíduo que possa estar em seu interior.

UNIDADE 4 113
• Adicione, em seu interior, o líquido que será estimado a densidade. Verifique se não
houve a formação de bolhas, que podem prejudicar nos resultados finais. Tampe de
modo que escorra pelo seu tubo capilar o excesso de líquidos. Com auxílio de um
papel poroso, enxugue o líquido presente na parte externa do picnômetro.
• Registre a massa do picnômetro com o líquido.
• Registre os dados na tabela a seguir.
• Compare a densidade obtida com a fornecida utilizando um densímetro.
Tabela 5 - Estimativa da densidade de amostras líquidas
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)

Fonte: o autor.
Temperatura ambiente: _______________
Pressão atmosférica: _________________
Tabela 6 - Desvios entre valores estimados e valores teóricos
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)

Fonte: o autor.
Temperatura ambiente: _______________
Pressão atmosférica: _________________

3.0 Conclusões

Qual instrumento de medida de volume apresentou a melhor capacidade preditiva e porquê?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

114 Densidade e Viscosidade


Viscosidade

Uma outra propriedade física muito importante,


empregada no projeto de equipamentos indus-
triais, para melhorar a qualidade ou aspectos vi-
suais de alguns produtos é viscosidade. No projeto
de equipamentos industriais, ela é utilizada, por
exemplo, no dimensionamento de bombas para o
transporte de fluidos de um equipamento a outro
ou, até mesmo, em processos de agitação de tan-
ques. Em outras palavras, um fluido com uma alta
viscosidade tem a aparência de ser mais “grosso,
espesso, encorpado”, portanto, para promover o
seu movimento, seja durante o transporte ou em
processos de agitação, são necessários motores
com maiores potências.
A viscosidade de um fluido pode ser definida
como a resistência à deformação ou ao escoa-
mento, e pode ser entendida como uma fricção
interna entre as moléculas que constituem o
fluido. Um fluido mais viscoso tem uma maior
fricção entre suas moléculas e entre a parede do
recipiente que está armazenado, sendo assim,
mais difícil o seu movimento (SISSON; PITTS,
1996). Para entender esse fenômeno, imagine
colocar uma colher em um pote de mel (fluido
extremamente viscoso) e tentar agitar. A fricção

UNIDADE 4 115
entre as moléculas é tão grande, ou seja, o fluido é tão viscoso, A aplicação da propriedade
que é necessário empregar uma força extra para realizar o movi- física viscosidade não se limi-
mento. Tal fato não seria observado se esse frasco estivesse cheio ta apenas a motores e projeto
de água. A força empregada para movimentar a água é muito de equipamentos industriais.
menor, ou seja, ela é menos viscosa do que o mel. Ela também é empregada para
Exemplos de fluidos com grandes viscosidades, amplamente melhorar as características vi-
utilizados por nós, são o detergente líquido, amaciante de roupas, suais de um produto.
óleo de cozinha, mel, bebida láctea, iogurte, entre outros. Você está em um merca-
do fazendo compras e precisa
comprar amaciante de roupas.
Verifica duas novas marcas,
com mesma faixa de preço,
mesmo odor do produto, mes-
mo volume, qual você levaria
se tivesse que escolher pelas
duas marcas?
Provavelmente, o consu-
midor, desconhecedor do as-
sunto, além das características
visuais da embalagem vai veri-
ficar a consistência do produ-
to. Aquele que possuir a maior
consistência, ou seja, possuir a
maior viscosidade, proporcio-
nará uma “impressão” de ser
Figura 5 - Exemplos de fluidos com alta viscosidade: detergentes e óleos de
motores
mais concentrado e, portanto,
melhor. Aqui nos cabe uma
De acordo com Bird, Stewart e Lightfoot (2004), para fluidos com reflexão. Não, necessariamen-
baixo peso molecular, a propriedade física que caracteriza a resis- te, um produto mais viscoso,
tência ao escoamento é a viscosidade. Os autores citam, ainda, uma com maior consistência, será o
aplicação muito comum para a viscosidade: os óleos de motores. mais concentrado! Podem ser
adicionadas certas substâncias
espessantes que aumentam a
viscosidade da mistura, tornan-
Você sabia que a lubrificação dos motores de automóveis só é pos- do-o mais consistente. Assim,
sível devido à propriedade de viscosidade? São escolhidos fluidos visualmente, para a aplicação
com valores de viscosidades que ficam aderidos por um tempo desejada (amaciante de rou-
maior na superfície que estão em contato, evitando o atrito entre pas), um produto mais viscoso
as partes de metal do motor, que causam desgastes. ou consistente pode se tornar
mais atrativo e alavancar as
vendas. Porém, isso não signi-

116 Densidade e Viscosidade


fica que ele é mais concentrado em um deter-
kg
minado composto característico do amaciante. P Pa
= = .s
Foi possível verificar que, além dos usos tra- m.s
dicionais da viscosidade, utilizada no projeto de 1cP  1.103 P
equipamentos industriais, lubrificação de motores, O nome da unidade foi atribuído em homena-
ela também é uma propriedade que pode, inclu- gem ao médico fisiologista francês Jean Louis M.
sive, auxiliar para fins estéticos e comerciais. Di- Poiseuille que, em 1846, publicou estudos sobre o
versos produtos comercializados possuem agentes fluxo laminar de determinados fluidos. Em espe-
espessantes que os deixam com uma característica cial, seu interesse era entender o fluxo do sangue
de um produto mais consistente. Percebemos isso em artérias, veias e vasos capilares.
em detergentes líquidos, amaciante de roupas e, A dedução dessas unidades não é objetivo
até mesmo, em bebidas lácteas. de nossa disciplina, contudo, ela é disponível
Um outro uso, não menos importante, referente em livros textos da disciplina de Fenômenos de
a essa propriedade está na limpeza de superfícies Transporte. A teoria detalhada que explica esse
industriais. Imaginemos a seguinte situação: uma fenômeno é mais complexa, cabendo análises
parede de um tanque industrial (alocada na po- do movimento de camadas do fluido adjacen-
sição vertical), que necessita ser limpa com um tes, dentre outros conceitos. Contudo, por ser
produto específico e requer um tempo de contato uma propriedade importante, em diversos la-
mínimo para que a limpeza seja efetiva. Se aspergi- boratórios de qualidade, centros de pesquisas,
mos nesta superfície um líquido com baixa viscosi- entre outros, a medida experimental desta pro-
dade (pensemos como exemplo a água, que diante priedade é realizada, tornando-se um objetivo
de alguns outros fluidos, é menos viscosa), iremos também da química experimental.
notar que em uma fração de segundos ela escor- Assim como a densidade, a viscosidade tam-
re para o fundo da parede, não permanecendo o bém pode ser determinada experimentalmente,
tempo de contato necessário. Pensemos, agora, em sendo que existem diversos valores disponibili-
um detergente líquido, que é mais viscoso que a zados em Handbooks e internet, em condições
água. Ao adicionarmos nesta superfície vertical, de temperatura e pressão variadas, para uma
ele vai demorar um tempo maior para escoar até ampla gama de compostos.
o final da parede e, ainda, uma fina camada dele
fica aderida nesta parede, fornecendo o tempo de
contato necessário para a limpeza desejada. Variáveis que influenciam a
Em termos de definição, a viscosidade é re- viscosidade
presentada pela letra grega “µ”, ou “η”, e sua
unidade de medida no Sistema Internacional A viscosidade dos líquidos é influenciada, em ní-
de Unidades é: vel microscópico, pelas contribuições da energia
kg cinética das moléculas e pelas forças intermolecu-
m.s lares de atração e repulsão existentes entre estas.
Usualmente, é utilizada uma unidade conhecida A nível macroscópico, a temperatura e a pressão
por Poise (P) ou centipoise (cP): também têm efeito sobre essa propriedade, sendo
que a primeira tem uma ordem de magnitude
muito maior (SISSON; PITTS, 1996).

UNIDADE 4 117
Temperatura

A viscosidade é, fortemente, influenciada pela próximas umas das outras, e um aumento da pres-
temperatura. Para a maior parte dos compostos são, de modo geral, não será capaz de aproximar
líquidos, o aumento da temperatura tende a dimi- as moléculas de tal forma que possa aumentar ou
nuir os valores da viscosidade (POLING; PRAUS- diminuir sua interação umas com as outras.
NITZ; O’CONNELL, 2001). Para ilustrar essa si-
tuação, imaginemos o óleo de cozinha. Quando
ele está frio, percebemos que ele é mais espesso Composição
e viscoso. Contudo, ao colocá-lo em uma panela,
percebemos que, com o aquecimento, ele se mo- A viscosidade de misturas de fluidos é fortemen-
vimenta com mais facilidade, ou seja, torna-se te influenciada pela composição das substâncias
menos espesso, menos viscoso. Isto é explicado que ali estão presentes (POLING; PRAUSNITZ;
pelo fato do aumento da temperatura em geral di- O’CONNELL, 2001). A explicação para tal fato
minuir as forças intermoleculares que agem sobre está na atração entre as moléculas, devido à exis-
as moléculas. Estas, em uma condição de maior tência da polaridade. Se temos uma mistura entre
temperatura, ficam mais “soltas” e livres para se substâncias que têm forte atração, as moléculas
movimentar, reduzindo os valores da viscosidade. tenderão a ficar próximas devido a essa força de
atração e, nesta condição, mais difícil será conse-
guir promover o seu movimento, caracterizando
um aumento da viscosidade.
Você sabia que a temperatura de trabalho dos Na literatura, existem diversas correlações
motores de automóveis pode influenciar na es- teóricas capazes de predizer a viscosidade de
colha do lubrificante ideal? A seguir, temos um gases, líquidos, misturas, em diversas condições
link que relata justamente isso, a importância da de temperatura, pressão, composição (POLING;
escolha do óleo lubrificante correto, de acordo PRAUSNITZ; O’CONNEL, 2001). Para o nosso
com o fabricante do veículo, para que a variação curso de Química Experimental, é suficiente
da viscosidade com a elevação da temperatura sabermos que a viscosidade também é influen-
não danifique as partes móveis do motor. ciada pela composição.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=_RpXEx_jrtA>.
Determinação experimental
da viscosidade
Pressão
Existem diversas formas de se determinar a vis-
Para líquidos, a variação da pressão exerce efeitos cosidade experimental de líquidos. A seguir, é
mínimos sob a viscosidade, exceto para altíssimas apresentada duas formas principais e uma forma
pressões (POLING; PRAUSNITZ; O’CONNELl, alternativa. Antes disso, no Material Complemen-
2001). Isso se deve ao fato de que para compostos tar-Web, indico um vídeo rápido e intuitivo que
líquidos, as moléculas constituintes já estão muito resume todas essas técnicas.

118 Densidade e Viscosidade


Viscosímetro de orifício Viscosímetro rotacional

O viscosímetro de orifício é demonstrado na O viscosímetro rotacional é demonstrado na Fi-


Figura 6: gura 7:

Figura 6 - Viscosímetro de orifício Figura 7 - Viscosímetro rotacional


Fonte: adaptada de Salcas (2015, on-line)4. Fonte: Labstore ([2019], on-line)5.

Nesse viscosímetro, o líquido é despejado na par- Trata-se de um viscosímetro mais moderno. Neste
te superior do equipamento. Na parte inferior, caso, é colocado no interior de um béquer o líqui-
há um orifício que permite a saída do líquido. do que se deseja mensurar a viscosidade. Então,
É medido o tempo que o líquido demora para é colocado o viscosímetro no béquer. Nas pontas
escoar inteiramente pelo orifício do equipamen- das hastes que ficam submersas no líquido, há
to. Se o líquido é muito viscoso, demora mais a uma espécie de hélice que promove o movimento
escoar, e pode ser utilizado um orifício maior, que do fluido. O viscosímetro é acionado e ele é capaz
permite o escoamento mais rápido. Existem ta- de medir a força que o líquido oferece na resis-
belas de conversão, que transformam as medidas tência ao movimento. Isto é, ele mede o torque
de tempo e abertura em valores de viscosidade. necessário para promover o movimento do fluido.
Essas tabelas são elaboradas pelos fabricantes dos Na memória do equipamento, existem valores
aparelhos; cada viscosímetro é específico para pré-definidos e ele é capaz de fornecer o valor
tipos específicos de líquidos. da viscosidade com base na comparação desse
banco de dados.

UNIDADE 4 119
Viscosímetro de Ostwald

Uma forma alternativa de se estimar a viscosidade,


e muito simples de ser realizada, é por meio da
viscosidade relativa, ou seja, é necessário o conhe-
cimento das propriedades de um líquido e, a partir
da comparação de resultados, pode-se determinar
a viscosidade do líquido desejado.
O princípio de funcionamento do viscosíme-
tro de Ostwald é muito semelhante ao viscosíme-
tro de orifício. É escoado por um orifício com uma
determinada abertura um fluído com viscosida-
de e densidade conhecida (por exemplo, a água),
medindo-se o tempo de escoamento. Em segui-
da, é escoado pelo mesmo orifício o fluido com
viscosidade desconhecida. A densidade pode ser
determinada, experimentalmente, nas condições
do experimento e o tempo de escoamento desse
fluido também é medido.
A fórmula utilizada para mensurar a vis-
cosidade é:

µH 2O .  t.ρ 
µ
t H 2O � ρ H 2O
É válido lembrarmos que todas as variáveis pre-
sentes na equação acima são dependentes da
temperatura e, por esse motivo, antes de realizar
os cálculos ou a medida da viscosidade, é preciso
registrar a temperatura ambiente para que possa
conseguir resultados mais próximos da realidade.

Prática 2: Determinação
experimental da viscosidade

Neste ponto, iremos aprender a determinar expe-


rimentalmente a densidade de compostos líqui-
dos utilizando-se do mesmo princípio de Ostwald.

120 Densidade e Viscosidade


1.0 Objetivos da prática

Nesta prática, deseja-se mensurar a viscosidade (µ), a temperatura ambiente e pressão ambiente de
uma solução composta de glicerina e água. As viscosidades das duas soluções serão obtidas usando
a viscosidade da água como referencial, a partir dos tempos de escoamento e das densidades.

2.0 Materiais, Métodos e Resultados

MATERIAIS
• Seringa de plástico sem êmbolo.
• Suporte para seringa.
• Béquer.
• Cronômetro.
• Termômetro.
• Proveta.
• Água destilada.
• Solução de glicerina e água.

MÉTODOS
Para determinar a viscosidade da amostra desejada, repita os procedimentos a seguir:
• Determine experimentalmente a densidade da amostra desconhecida. Faça conforme
descrito na prática de densidade desta unidade.
Tabela 6 - Estimativa da densidade da amostra desconhecida
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)

Fonte: o autor.
Temperatura ambiente: _______________
Pressão atmosférica: _________________
Densidade média: _________________

• Lave a seringa 3 vezes com água destilada. Não é preciso lavar com sabão. Durante
a lavagem, deixe a água escorrer pela extremidade inferior. Após isso, chacoalhe a
seringa para escorrer a água que ali restou.
• Coloque a seringa no suporte que foi preparado previamente e adicione, com auxílio
de uma proveta, um volume de 10 mL do líquido a ser testado. Obs.: tapar a extremi-
dade inferior com o dedo para que o líquido não saia. Coloque o béquer de 100 mL
abaixo do aparato montado e zere o cronômetro.
• Acione o cronômetro e simultaneamente retire o dedo da extremidade da seringa. O
líquido irá gotejar. Acione o cronômetro novamente quando todo o líquido escoar
por completo pela seringa. Registre o tempo obtido (segundos).

UNIDADE 4 121
• Repita esse procedimento por mais duas vezes e calcule o tempo médio de escoa-
mento, registrando os valores na tabela.
• Coloque o termômetro no béquer que contém o líquido que escoou e registre a
temperatura do líquido. Calcule a viscosidade da amostra utilizando a Fórmula 07.
• A viscosidade da água a ser utilizada na fórmula é aquela na mesma temperatura que
foi obtida do líquido, cujos valores podem ser retirados da tabela a seguir.
• Dos três experimentos realizados, utilize o tempo de escoamento e a densidade média.
Tabela 7 - Densidade e viscosidade da água
Densidade e viscosidade da água, P = 1 atm
T (°C) ρ (g/cm3) µ (cP)
15 0,9991 1,1390
16 0,9989 1,1090
17 0,9988 1,0810
18 0,9986 1,0530
19 0,9984 1,0270
20 0,9982 1,0020
21 0,9980 0,9779
22 0,9978 0,9548
23 0,9975 0,9325
24 0,9973 0,9111
25 0,9970 0,8904
26 0,9968 0,8705
27 0,9965 0,8513
28 0,9962 0,8327
Fonte: Poling, Prausnitz e O’connell (2001).

Tabela 8 - Coleta dos tempos de escoamento


Tempos de escoamento
t1(S) t2(S) t3(S) tmédio(S)
Glicerina/ H2O
H2O
Fonte: o autor.

Tabela 9 - Estimativa da viscosidade da amostra desconhecida


Viscosidade
tmédio (s) Temperatura (°C) Viscosidade µ (cP)
Glicerina/ H2O
H2O
Fonte: o autor.

3.0 Conclusões

Qual as conclusões do experimento?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

122 Densidade e Viscosidade


Caro(a) aluno(a), estamos chegando a mais importante: a viscosidade. Entendemos que
um fim de uma unidade. Desta vez, pudemos essa propriedade trata da resistência que um
constatar propriedades importantes dos mate- determinado fluido tem ao movimento. Isto é,
riais. Estudamos, em um primeiro momento, a quanto maior for a força a ser empregada para
densidade, verificamos que ela é utilizada como promover o movimento de um determinado
parâmetro de qualidade em indústrias, poden- fluido em um intervalo de tempo, maior será
do indicar a existência de fraudes, adulterações a sua viscosidade. Vimos a importância des-
ou produtos com baixa qualidade. Verificamos sa propriedade em produtos que utilizamos
que a densidade é amplamente empregada para em nosso dia a dia, como no caso de óleos de
a análise da qualidade de combustíveis, alimen- cozinha, amaciante de roupas, bebida láctea,
tos, entre outros. Entendemos, também, que mel e, até mesmo, a água. As aplicações esten-
esta é uma importante propriedade utilizada dem-se desde fatores estéticos dos produtos
no projeto de equipamentos industriais, princi- até no projeto de equipamentos industriais,
palmente aqueles que promovem a separação de como ocorre, por exemplo, com as bombas de
misturas que não se misturam (heterogêneas), transporte de fluidos.
que, devido à diferença de densidade, facilita Assim aluno(a), abordamos algumas impor-
nos processos de separação. Aprendemos a de- tantes propriedades das substâncias! Em unida-
terminar experimentalmente esse parâmetro des subsequentes, abordaremos a propriedade
por técnicas simples de serem reproduzidas. de solubilidade e miscibilidade, que auxiliam o
Em seguida, estudamos uma proprieda- entendimento de misturas homogêneas, hete-
de nova para muitos de nós, mas não menos rógenas e nas técnicas de separação. Até breve!

UNIDADE 4 123
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Uma caixa com volume de 20 dm3 contém, em seu interior, um metal. Esta
caixa é transportada de um ponto a outro em uma determinada fábrica. Por
medidas de segurança no trabalho, considere que uma pessoa com 70 kg de
massa pode transportar essa caixa, com um peso máximo igual ao seu peso.
Indique o metal que está presente na caixa. Para isso, utilize-se dos dados dis-
ponibilizados a seguir.
(Dado: 1 dm3 = 1L = 1 000 cm3).
Material Densidade em g/cm3
Alumínio 2,7
Zinco 7,1
Prata 10,5
Chumbo 11,4
Ouro 19,4
a) Alumínio.
b) Zinco.
c) Prata.
d) Chumbo.
e) Ouro.

2. Um estagiário de engenharia realizou uma prática para estudar os conceitos


de densidade. Inicialmente, ele tinha um béquer de vidro contendo 500 mL
de água. Então, foi solicitado que adicionasse, de forma lenta, pelas paredes
internas do béquer, 50 mL de etanol. Após isso, foi preciso gotejar sobre essa
mistura óleo de soja vegetal. Essas gotas se posicionaram na região interfacial,
conforme demonstrado na figura a seguir:
Gotículas de óleo

Região
interfacial

124
Considerando-se a experiência realizada pelo estudante de engenharia, e os
dados disponibilizados a seguir, assinale a alternativa que contém uma infor-
mação que é correta.
(Considere: dágua = 1,0 g/cm3, detanol = 0,79 g/cm3)
a) A densidade do óleo é menor que a da água.
b) A massa da água, no béquer, é 10 vezes maior que a de etanol.
c) A densidade do etanol é maior que a do óleo.
d) A densidade da água é menor que a do etanol.
e) Os três compostos não possuem densidade.

3. O leite é uma mistura composta por proteínas, carboidratos, vitaminas, gordura,


sais minerais, água, entre outros. Uma das formas utilizadas pelos laticínios para
averiguar a qualidade é por meio da análise da densidade e também de sua
composição. Em geral, valores aceitáveis da densidade para o leito encontram-se
na faixa entre 1,028 e 1,034 g/L. Sobre este assunto, avalie as premissas a seguir.
I) No caso de o leite ser adulterado com a adição de água (dágua = 1,0 g/cm3),
sua densidade será maior que os valores padrões.
II) No caso de adulterações por retirada em excesso de gordura (utilizada na
produção de manteiga, requeijão), sua densidade será maior que os valores
padrões (dgordura = 0,93 g/cm3).
III) Se a densidade da gordura do leite é, aproximadamente, 0,93 g/cm3, e a do
leite sem gordura é em torno de 1,04 g/cm3, um leite com 3,0% de gordura
deverá ter uma densidade menor que o de um com 4,5% de gordura.
IV) Uma das substâncias utilizadas na fraude do leite é o peróxido de hidrogênio
(conhecido como água oxigenada), que possui densidade aproximada de
1,45 g/cm3. A densidade do leite adulterado com esse composto será menor
que a dos valores padrões.

Assinale a alternativa que apresenta as alternativas corretas:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

125
4. A viscosidade é uma importante característica dos compostos químicos, com
aplicações diversas na indústria. Essa propriedade atende desde a característi-
cas comerciais e estéticas até mesmo no projeto de equipamentos industriais.
Sobre essa propriedade, julgue as premissas a seguir:
I) A viscosidade sofre pouca interferência da temperatura. O aquecimento de
um líquido não é capaz de promover nenhuma interferência nas moléculas
constituintes desse líquido, de modo a não alterar significativamente nos
valores da viscosidade.
II) Para compostos líquidos, a viscosidade é fortemente influenciada pela varia-
ção da pressão. Isso se dá pelo fato de que com a aumento da pressão, as
moléculas constituintes desse líquido tendem a ficar mais próximas umas às
outras, ocasionando um aumento na viscosidade.
III) A viscosidade de líquidos em geral diminui com o aumento da temperatura
e sofre pequenas interferências com a variação da pressão.
IV) Ao se misturar na água pura uma solução de glicerina, a viscosidade da mis-
tura resultante é maior que a viscosidade da água pura.

Assinale a alternativa que apresenta as alternativas corretas:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas III e IV estão corretas.
e) Apenas II, III e IV estão corretas.

126
5. Em uma pequena indústria de produção de produtos de limpeza, o dono con-
tratou um Engenheiro para gerenciar e controlar os processos. Um dos grandes
desafios encontrados por esse engenheiro foi aprimorar os procedimentos de
qualidade. Uma das reclamações recorrentes de clientes era que produtos, tais
como detergentes líquidos e amaciantes de roupas, apresentavam uma carac-
terística de produto “aguado” ou “pouco concentrado”. Analise as conclusões e
ações tomadas por esse engenheiro:
I) O engenheiro percebeu que as reclamações dos clientes eram em relação
a variações da densidade do produto. Poderiam haver falhas na adição dos
insumos que conferem essa característica no produto final.
II) Diante dos recursos financeiros limitados, na impossibilidade de adquirir um
viscosímetro rotacional para averiguar a viscosidade, o Engenheiro pensou
em um procedimento simples: comprou uma proveta de vidro de 1L e uma
bola de aço de pequeno diâmetro. Ele enchia a proveta com o produto a ser
testado e soltava a bola de aço na interface do líquido. Ao soltar a bola de
aço, ele cronometrava o tempo de caída. Se o produto tinha sempre a mesma
viscosidade, o tempo de caída era aproximadamente o mesmo. Contudo, se
o tempo de caída fosse menor, isso era um indicativo de que a viscosidade
era menor, e esse lote deveria ser bloqueado.
III) Uma medida eficaz tomada pelo engenheiro foi a criação de procedimentos
operacionais padrão e check-lists para garantir que fossem adicionados
sempre a mesma quantidade de insumos, para que o produto produzido
apresentasse sempre as mesmas características.
IV) Não há nenhuma forma alternativa e que não exija grandes investimentos
para checar a viscosidade dos produtos produzidos.

Assinale a alternativa que apresenta as alternativas corretas:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas III e IV estão corretas.
e) Apenas II, III e IV estão corretas.

127
WEB

Diferença entre massa, peso, volume e densidade


No campo da química, física e engenharia, é importante sabermos diferenciar
os conceitos atrelados à cada característica do material. Quando relacionamos
densidade, estamos falando diretamente sobre massa, que às vezes pode gerar
uma certa confusão. Pensando nisso, temos um vídeo muito bem explicado, que
trata sobre a diferença entre os conceitos de massa, volume, peso e densidade.
Vamos acompanhar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Utilização experimental do picnômetro


Uma das formas de medir experimentalmente a densidade de líquidos é utili-
zando o picnômetro, que nada mais é que um recipiente, que nos permite medir
a massa e o volume, de uma forma bastante exata. De posse da massa e do
volume, podemos determinar a densidade. O uso do picnômetro requer alguns
cuidados, que temos explanado no link a seguir. Vamos verificar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

128
WEB

Utilização experimental do densímetro


Uma das formas de medir experimentalmente a densidade de líquidos é uti-
lizando o densímetro, que é um tubo oco, que possui, em seu interior, um
determinado peso. Ao ser colocado no líquido, ele flutua, de acordo com os
conceitos físicos do empuxo. A parte que não está submersa contém uma escala
graduada, que nos permite estimar a densidade do composto. Temos a seguir
um link explicativo sobre esse uso. Vamos verificar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Determinação experimental da viscosidade utilizando diferentes aparelhos


Existem diversas formas de medir experimentalmente a viscosidade de líqui-
dos, utilizando, por exemplo, o viscosímetro de orifício e também o rotacional.
No primeiro caso, a viscosidade é estimada de acordo com a dificuldade que o
líquido tem para escoar por meio de um orifício. Já no segundo caso, a viscosi-
dade é determinada com base na força exercida por um motor que rotaciona
uma haste presente no líquido que está sendo testado. Temos, a seguir, um link
explicativo sobre esses aparelhos. Vamos verificar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

129
BIRD, R. B.; STEWART, W. E.; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de Transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2012.

MARTINS, R. A. Arquimedes e a coroa do rei: problemas históricos. Cad. Cat. Ens. Fís., v. 17, n. 2, p. 115-121,
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PERUZZO, J. A física através de experimentos. Irani: Edição do Autor, 2013. Disponível em: <https://super-
leomatematica.webnode.com/_files/200000032-0b4d70d420/A%20f%C3%ADsica%20atrav%C3%A9s%20
de%20experimentos%20-%20Vol.%20I%20-%20Mec%C3%A2nica.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2019.

PICOLLO, K. C. S. A. Química Geral. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

POLING, B. E.; PRAUSNITZ, J. M.; O’CONNELL, J. P. The properties of gases and liquids, 5. ed., New York:
McGraw-Hill, 2001.

SISSON, L. E.; PITTS, D. R. Fenômenos de Transporte. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1996.

TRINDADE, D. F. et al. Química básica experimental. São Paulo: Ícone Editora, 2016.

REFERÊNCIA ON-LINE

Em: <https://www.if.ufrgs.br/novocref/?contact-pergunta=congelamento-dos-lagos>. Acesso em: 03 abr. 2019.


1

2
Em: <https://webbook.nist.gov/chemistry/index.html.pt>. Acesso em: 03 abr. 2019.
3
Em: < https://anselmo.quimica.ufg.br/up/56/o/FQExpServ_P3_densidade-de-liquidos.pdf>. Acesso em: 03
abr. 2019.
4
Em: <https://www.salcas.com.br/viscosimetro-tipo-copo-ford-salcas?search=viscos%C3%ADmetro>. Acesso
em: 03 abr. 2019.

Em: <https://www.labstore.com.br/products/Viscos%C3%ADmetro-Rotacional-S%C3%A9rie-Viscolead-
5

ONE-%252d-FUNGILAB.html>. Acesso em: 03 abr. 2019.

130
1. A.

Primeiramente, devemos achar o volume da mala em cm3.

V = 20 dm3 = 20 L = 20.000 cm3

Usando a fórmula da densidade (d = m/V), encontramos a massa de cada metal:

d = m/V → m = d . V

Alumínio Zinco Prata Chumbo Ouro


m = 2,7 . 20 000 m = 7,1 . 20 000 m = 10,5. 20 000 m = 11,4 . 20 000 m = 19,4 . 20 000
m = 54 000 g m = 142 000 g m = 210 000 g m = 228 000 g m = 388 000g
m = 54 kg m = 142 kg m = 210 kg m = 228 kg m = 388 kg

Visto que o indivíduo só poderia correr com um peso menor que 70 kg, temos, então, que o metal mais ade-
quado seria o Alumínio.

2. A.

a. Correto. O óleo é menos denso que a água, por isso suas gotículas ficam acima da superfície da água.

b. Incorreto. A massa de cada um é encontrada por meio da fórmula da densidade (dágua = 1,0 g/cm3,
detanol = 0,79 g/cm3):

d = m/V → m = d . V

mágua = d . V metanol = d . V

mágua = 1,0 . 500 metanol = 0,79. 50

mágua = 500 g metanol  = 39,5 g

Veja que a massa da água, no sistema, não é 10 vezes maior que a de etanol.

c. Incorreto. A densidade do etanol é menor que a do óleo, por isso, o óleo afunda em relação ao etanol.

d. Incorreto. A densidade da água é maior que a do etanol porque ela afunda em relação a ele.

e. Incorreto. Os compostos possuem densidade.

3. C.

I. Incorreta. Visto que a densidade da água é menor que a do leite, a sua adição ao leite deve diminuir a
densidade.

II. Correta. A densidade será maior porque a gordura tem menor densidade entre as substâncias do
leite, e a sua retirada implica o aumento da porcentagem das substâncias mais densas, aumentando
a densidade do leite que sobrou.

III. Incorreta. Visto que a densidade da gordura do leite é menor que a densidade do leite, um leite que
tiver mais gordura terá menor densidade.

131
IV. Incorreta. Visto que a densidade da água oxigenada é maior que a do leite, a sua adição ao leite deve
aumentar a densidade.

4. D.

I. Incorreta. A viscosidade sofre bastante interferência da temperatura. O aquecimento de um líquido faz


com que diminua as forças de interação entre as moléculas e, desta forma, estas tendem a ficar mais
livres e o fluido torna-se menos viscoso.

II. Incorreta. Para compostos líquidos, a viscosidade sofre pouca influência pela variação da pressão. Para
compostos líquidos, as moléculas já estão muito próximas umas das outras, e variações de pressão
pequenas ou moderadas não são suficientes para aproximar ainda mais as moléculas.

III. Correta. O aumento da temperatura tende a reduzir a força com que as moléculas estão interligadas,
deixando-as mais soltas, contribuindo para a redução da viscosidade.

IV. Correta. A glicerina é mais viscosa e se mistura com a água. A mistura resultante fica com uma visco-
sidade maior.

5. B.

I. Incorreta. O engenheiro percebeu que as reclamações dos clientes eram em relação as variações da
VISCOSIDADE do produto.

II. Correta. Ao se soltar objetos em produtos mais viscosos, estes objetos demandarão um maior tempo
para chegar ao fundo do recipiente quando comparado a outros produtos com menor viscosidade. O
engenheiro não conseguirá determinar um valor exato para a viscosidade, mas conseguirá comparar
a viscosidade entre as produções e chegar em um valor ideal.

III. Correta. Uma medida eficaz tomada pelo Engenheiro foi a criação de procedimentos operacionais
padrão e check-lists para garantir que fossem adicionados sempre a mesma quantidade de insumos,
para que o produto produzido apresentasse sempre as mesmas características.

IV. Incorreta. O engenheiro poderia, inclusive, utilizar a viscosidade relativa, cuja determinação experi-
mental é simplificada.

132
133
134
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Transformações
da Matéria

PLANO DE ESTUDOS

Transformações
físicas

Transformações Transformações
da matéria químicas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar os conceitos de transformações da matéria. • Apresentar os conceitos relacionados às transformações


• Apresentar os conceitos relacionados às transformações químicas teoricamente e na prática.
físicas teoricamente e na prática.
Transformações
da Matéria

Olá, aluno(a)! Na unidade anterior, verificamos


importantes propriedades dos compostos quí-
micos. Falamos sobre a densidade, viscosidade,
entre outros conceitos. A partir de agora, iremos
começar a ver como a matéria pode se transfor-
mar. Tudo que está em nossa volta se encontra
em constante transformação. Em nosso corpo,
por exemplo, ocorrem diversas reações: enquanto
respiramos e nos alimentamos, é gerada a energia
necessária para a manutenção da vida. As trans-
formações podem ser chamadas de transforma-
ções físicas, quando há a alteração na sua aparên-
cia física, mas não em sua composição, ou também
de transformações químicas, que formam novos
compostos, ou seja, uma substância química é
transformada em uma substância quimicamente
diferente (BROWN; LEMAY; BURSTEN, 2005).
A propósito, as transformações químicas são
de grande interesse para a indústria de transfor-
mação, pois nos permite produzir compostos
de interesse comercial, farmacêutico, entre ou-
tros. Em unidades subsequentes, veremos que as
transformações químicas são regidas por reações,
que nos permitem estimar a quantidade de rea-
gentes consumidos e produtos
formados. Verificaremos, mais a
frente, que em diversas circuns-
tâncias, as transformações quí-
micas não formam um único
produto, mas uma mistura de
compostos de interesse mistu-
rados com outros que não são
desejados. E deste impasse nos
surgirá a necessidade do co-
nhecimento dos processos de
separação, que se utilizam das
propriedades da matéria, tais
como densidade, ponto de ebu-
lição, solubilidade, para separar
o produto que é de interesse da-
queles subprodutos da reação.
Viu que os conteúdos não são
desconexos? Eles se somam e,
para resolver problemas de en-
genharia, somos levados a bus-
car um pedacinho em cada um
dos conceitos que aprendemos.
Legal, não?!
Ainda no âmbito das trans-
formações, iremos exemplificar
esses conteúdos em práticas de
simples execução, mas que são
capazes de demonstrar como é
o uso dos diversos equipamen-
tos disponíveis no laboratório.
É importante salientar que não
sairemos especialistas no uso de
equipamentos do laboratório,
pois como já comentamos, é
uma grande quantidade. Porém,
teremos todas as bases necessá-
rias para aprofundarmos esses
conceitos quando for necessá-
rio em nossa vida profissional.
Vamos lá?

UNIDADE 5 137
Transformações
Físicas

Nas transformações físicas, conforme menciona-


do, não há a formação de novos compostos, apenas
um rearranjo da matéria ali presente. As substân-
cias continuam a ser as mesmas, não há alteração
na constituição atômica, porém, poderão estar
mais divididas. Russel (1994) define uma trans-
formação física como aquelas que não alteram a
identidade das substâncias. Brown, LeMay e Burs-
ten (2005) definem que, em uma transformação
física, a substância apresenta uma alteração em
sua aparência física, mas não em sua composição.
Para facilitar o entendimento deste tipo de
transformação, vamos citar alguns exemplos, tais
como: evaporação da água. Quando a água evapo-
ra, ela se transforma do estado líquido para o esta-
do gasoso, mas ainda continuamos a ter moléculas
de água, porém, em diferentes estados. O ferro
fundido, muito útil em indústrias de usinagem
para fabricação de peças, é um exemplo de uma
transformação física: ainda temos o ferro, porém,
no estado líquido. Podemos citar outros exemplos
de transformações físicas: o derretimento de gelo,
a evaporação da água, a dissolução do açúcar em
água (ainda continuamos a ter açúcar e água), um
papel que se rasga e um fio de cobre que é fina-
mente dividido transformado em grânulos de pó.

138 Transformações da Matéria


ga em seu ponto de ebulição, e
há a transformação de estado.
Já a liquefação, solidificação,
ressublimação, tratam-se de
transformações físicas exotér-
micas, ou seja, libera-se calor
para o meio ambiente. Obser-
vamos tal fato, por exemplo, ao
se aproximar de uma chaleira
com água fervente. Percebemos
que próximo à chaleira o calor
Figura 1 - Transformações de estado físico está sendo liberado e sentimos
a presença do calor.
Dentro das transformações físicas, podemos destacar as mudanças Os pontos de fusão (tempe-
de estado físico. A matéria se transforma pelo fornecimento de ratura em que o estado sólido
energia, ou retirada dela entre os estados sólido, líquido e gasoso. transforma-se para líquido), ou
A figura a seguir define cada uma das transformações: de ebulição (temperatura em que
Transformações Exotérmicas o estado líquido transforma-se
para o estado gasoso) e vice-ver-
Sublimação sa são muito importantes dentro
das transformações físicas. Isso
Vaporização
Fusão se deve ao fato desses pontos
possuírem valores constantes de
Gasoso temperatura para as substâncias
Sólido que são puras e um determinado
Líquido
intervalo de tempo.
Ora, se sabemos que a água,
Solidificação Liquefação em condições normais de tem-
peratura e pressão, congela em
Ressublimação 0 °C e evapora em 100 °C, te-
mos uma característica que nos
Transformações Endotérmicas auxilia na identificação dessa
Figura 2 - Transformações de estado físico substância. Isto é, se temos um
Fonte: o autor. composto desconhecido e, ao
testar seu ponto de fusão, en-
Caro(a) aluno(a), não nos cabe, neste ponto, definir cada uma destas contrarmos um valor de 0 °C;
mudanças, pois tratam-se de conceitos básicos. Porém, é importante temos fortes evidências de que
ressaltar que, no caso da fusão, vaporização, sublimação, temos tal composto se trata da água
transformações físicas endotérmicas, ou seja, fornecemos calor para pura, não é mesmo?
promover a mudança de fase. É o que observamos ao aquecer a água A figura ilustra essa situação
em um fogão, fornecemos calor e, após algum tempo, a água che- para água pura:

UNIDADE 5 139
Temperatura (°C) Mesmo para misturas, ainda assim percebemos um
250
INTERVALO de temperatura característico. Logo,
200
Vaporização essa propriedade é uma importante característi-
150
100 ca para identificarmos as substâncias. Isto é, para
Fusão
50 uma mistura que contém a mesma composição, os
Tempo (min.)
0 pontos de fusão e ebulição tendem a ser os mesmos
10 13 23 26 36
-50 nas mesmas condições de temperatura e pressão;
-100 mas por que nas mesmas condições de tempera-
-150
tura e pressão? Como já mencionamos, as forças
Figura 3 - Ponto fusão e ebulição água pura intermoleculares (que unem as moléculas) sofrem
Fonte: adaptada de Machado ([2019], on-line)1.
alterações em sua magnitude com as variações de
Podemos observar que, com o passar do tempo, temperatura e pressão, e interferem diretamente
a temperatura do gelo vai aumentando. Então, no nessa propriedade de ponto de fusão e ebulição.
tempo de 10 minutos, atinge-se o ponto de fusão Uma importante aplicação dessa propriedade
da água, e por 3 minutos essa temperatura perma- física está na análise da recepção de leites em la-
nece a mesma, até que todo o gelo se transforma ticínios. Essa análise é chamada de crioscopia e,
em água líquida. Tal fato também é observado na em linhas gerais, trata-se da avaliação do ponto de
mudança do estado líquido para gasoso. congelamento do leite “in natura”. De acordo com
Para misturas, o comportamento é um pouco Botaro e Santos (2008, on-line)2, a temperatura de
diferente. Na mudança de fase, não temos uma linha congelamento do leite, também designada de índi-
horizontal, como da água pura, mas uma curva com ce crioscópico ou crioscopia do leite, é mais baixa
uma certa inclinação, indicando uma faixa de tem- do que da água, devido à existência de substâncias
peratura. Podemos constatar esse fato na Figura 4: solúveis presentes no leite, tais como lactose, sais
minerais, entre outros. Dessa forma, quando há a
Temperatura (°C)
250
adição de forma fraudulenta de água no leite, a crios-
200 copia é aumentada em direção ao ponto em que a
Vaporização
150 água é congelada, ou seja, 0 °C. Ainda, de acordo
100 Fusão com o autor, a legislação brasileira estabelece como
50
Tempo (min.) índice crioscópico máximo do leite bovino o valor
0
10 13 23 26 36 de -0,512 °C. A determinação de fraude no leite por
-50
-100
adição de água é a aplicação mais usual em laticínios,
-150 realizado em um aparelho denominado crioscópio,
Figura 4 - Ponto fusão e ebulição para uma mistura líquida em que a amostra de leite é congelada e o ponto de
Fonte: adaptada de Machado ([2019], on-line)1. congelamento é lido em um termômetro preciso.

140 Transformações da Matéria


Transformações
Químicas

As transformações químicas ocorrem quando


há formação de novas substâncias, ou seja, subs-
tâncias com propriedades físicas e químicas di-
ferentes das substâncias iniciais. Brown, LeMay
e Bursten (2005) definem uma transformação
química como o momento em que uma substân-
cia é transformada em outra substância quimi-
camente diferente. Russell (1994) define que nas
transformações químicas, existem substâncias que
são destruídas e outras, novas, que são formadas.
Como exemplo, o autor cita a ferrugem de um
prego, ou seja, a exposição do prego de ferro ao ar
livre e à chuva causa uma transformação química,
em que o ferro é combinado quimicamente ao
oxigênio e à água da atmosfera. Se a exposição for
longa, o ferro desaparecerá e em seu lugar surgirá
uma nova substância, a ferrugem. Podemos citar
outros exemplos de transformações químicas de
nosso cotidiano:
• Acender um fósforo.
• Adicionar um comprimido efervescente
na água.
• A fotossíntese realizada pelas plantas.
• Nossa respiração.
• O amadurecimento de uma fruta.

UNIDADE 5 141
Toda a transformação química constitui-se, neces- Como mencionamos, em alguns casos, essas ca-
sariamente, de uma reação química. Como já é de racterísticas visuais ou sensoriais não são percep-
conhecimento, os compostos presentes no início tíveis, como ocorre, por exemplo, quando mistu-
da reação são chamadas de reagentes e os que se ramos ácido clorídrico com hidróxido de sódio,
formam após as reações químicas, de produtos conforme a equação demonstrada a seguir.
(RUSSELL, 1994).
O que acontece ao aproximarmos um fósforo HCl  NaOH �  NaCl �  H 2O
aceso de um recipiente com álcool (etanol)? O
álcool começará a queimar. Essa queima trata-se Em seu estado inicial, ambas as substâncias são
de uma reação química, pois ocorre uma alteração incolores. Após a mistura, o líquido resultante
na molécula do álcool que, ao entrar em contato ainda é incolor e, aparentemente, não houve ne-
com o oxigênio presente no ar, converte-se em nhuma alteração. Contudo, não percebemos uma
gás carbônico e água, liberando energia para o alteração visual, mas foi produzida novas substân-
meio ambiente (reação exotérmica), assim como cias com diferentes propriedades das substâncias
descrito na reação química a seguir: iniciais. Por isso, é importante conhecermos os
conceitos da química geral, que nos permite saber
C2 H 6O  3O2  2CO2  3 H 2O quando ocorrem as reações químicas.
E como diferenciar uma transformação física
A ocorrência de transformações químicas, ou rea- de uma transformação química? A seguir, temos
ções químicas, pode ser visualizada, muitas vezes, uma pílula de aprendizagem que nos dirá muito
não obrigatoriamente, como pela mudança da bem como fazer isso. Vamos acompanhar?
cor, pela liberação de um gás, pela formação de
um precipitado (composto insolúvel), pelo apa-
recimento de um odor, pelo desprendimento ou
absorção do calor, entre outros. Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

Ainda sobre esse assunto, no Material Comple-


mentar – WEB, indico um vídeo interessante
do Manual do Mundo, que traz algumas trans-
formações químicas, tais como a combustão do
magnésio metálico, uma reação do perman-
ganato de potássio (KMnO4) com a glicerina
(C3H5(OH)3), uma outra do carbeto de cálcio
(CaC2) com a água (H2O), entre outras reações.
Vamos lá acompanhar?

Figura 5 - Transformação química

142 Transformações da Matéria


Muitas vezes, para a ocorrência de uma reação
química, é necessária uma condição externa para
desencadear a reação. A primeira condição funda-
mental é o contato entre os reagentes. Ora, se os
reagentes não estão em contato, eles não conseguem Para ilustrar essa reação violenta do sódio me-
reagir. Um exemplo ilustrativo disso é o sódio me- tálico, indico um vídeo para que visualizem a
tálico. Esse composto é oxidado pelo oxigênio do reação explosiva do sódio! E quando for preciso
ar e reage violentamente com a água. Em processos manipular esse composto, cuidado!
em que há a necessidade do uso desse composto, o Disponível em: <https://www.youtube.com/
sódio, em grande parte dos casos, é armazenado em watch?v=pQ3viLoHe0E&t=195s>.
querosene, que é um composto que não tem afini-
dade, chamado de inerte, não promovendo reações.
Você sabia que o sódio metálico (Na), que faz Uma outra condição importante é a afinidade
parte da composição de nosso famoso sal de co- química. Essa propriedade trata da capacidade
zinha (NaCl), quando está na sua forma isolada que um composto tem de reagir com outro,
(Na), é explosivo na presença de oxigênio e água? pois mesmo que forem colocados em contato,
Quando misturamos o sódio com a água, te- se não houver afinidade, não haverá a reação.
mos a formação do hidróxido de sódio e hidro- No exemplo do sódio, vimos que ele é armaze-
gênio gasoso, de acordo com a seguinte reação: nado em querosene, a fim de que não promova
2 Na  2 H 2O  2 NaOH  H 2 reações, ou seja, eles não têm afinidade química,
por isso a reação não se desenvolveu (FOGA-
Essa é uma reação exotérmica, que libera uma grande ÇA, [2019], on-line)3.
quantidade de calor. O hidrogênio gasoso libera- Outra condição, não menos importante, é
do (H2), um composto altamente reativo e instável, a teoria das colisões. Para a ocorrência de uma
é menos denso, emergindo para fora da água. Em transformação química, as moléculas que compõe
contato com o oxigênio atmosférico (O2) e do calor o reagente e que estarão em contato devem colidir
liberado na reação, ocasiona explosões, por ser uma de uma forma que chamamos de efetiva. Quando
reação que libera uma grande quantidade de energia. uma colisão não é efetiva, não ocorre a quebra das
Na manipulação do sódio metálico, é necessá- ligações dos reagentes para a formação de novos
rio muito cuidado, pois ele é extremamente reativo produtos (FOGAÇA, [2019], on-line)3.
e pode ocasionar acidentes; mas não se preocupe, Por fim, havendo o contato dos reagentes,
em nosso sal de cozinha, o sódio se ligou com o afinidade entre eles, uma colisão efetiva, ainda é
cloro (Cl), adquiriu a estabilidade, e por isso não é necessário haver uma energia de ativação e com-
reativo e o utilizamos em diversas situações. plexo ativado.

UNIDADE 5 143
Energia de ativação?
Em 1888, o químico sueco Svante Arrhenius sugeriu que as moléculas devem possuir uma quantidade
mínima de energia para que possam reagir. Esse modelo diz que essa energia é proveniente das energias
cinéticas das moléculas se colidindo. Assim, durante uma colisão, a energia cinética pode ser usada para
esticar, dobrar ou, até mesmo, quebrar as ligações, dando origem às reações químicas. Se a energia
cinética é baixa, as moléculas se movimentam vagarosamente e não batem entre si. Então, para que
ocorra a reação, é necessário que as moléculas que colidem tenham uma energia cinética total igual
ou maior que um valor mínimo. A esse valor mínimo de energia chamamos de energia de ativação.
Fonte: adaptado de Brown, Lemay e Bursten (2005).

A energia mínima de ativação para a ocorrência está na decomposição térmica do carbonato de


da transformação química pode ocorrer de di- cálcio, produzindo óxido de cálcio e gás carbôni-
versas formas. A seguir, apresento algumas das co, conforme a equação química a seguir:
principais:
CaCO3  CaO  CO2

Calor ou Temperatura A temperatura aproximada para essa decompo-


sição é de 800 °C.
Muitas reações químicas só ocorrem quando há
uma fonte de calor. Por exemplo, a reação an-
teriormente citada, da combustão do etanol na Corrente Elétrica
presença do oxigênio que é impulsionada pelo
fornecimento de energia. Essa reação ocorre no Algumas transformações químicas ocorrem na
interior de nosso automóvel, que, de forma bem presença de uma corrente elétrica; esse processo
simplória, o combustível sofre uma transforma- é chamado de eletrólise. O processo de eletróli-
ção química, impulsionada pelo fornecimento de se é uma reação de oxirredução, trata-se de uma
energia, transformando-se em gases que movi- reação não espontânea, que ocorre apenas na pre-
mentam os pistões, capazes de movimentar o car- sença da corrente elétrica.
ro. Essa reação é endotérmica, pois absorve calor. Essa técnica é muito empregada, por exem-
Há casos em que temos um único composto, plo, na proteção de superfícies metálicas, sendo
que devido à presença de calor, decompõe-se em conhecida como proteção catódica que, em di-
outras substâncias. Esse é o caso da termólise ou versos casos, protege a superfície metálica contra
decomposição térmica. Um exemplo da termólise a corrosão dos agentes externos.

144 Transformações da Matéria


Ação da Luz transformação química. Sendo assim, apenas as
asserções 2 e 4 estão corretas.
Um exemplo clássico de transformação química Como já foi mencionado, as transformações
por ação da luz está na fotossíntese, em que a água químicas são regidas por equações químicas, que
e o dióxido de carbono são transformados em caracterizam as substâncias envolvidas na forma-
oxigênio e glicose. ção de novos compostos e permitem estimar a
quantidade de reagentes necessária para produzir
Exemplo 1: a seguir, apresentamos algumas uma determinada quantidade de produto, objeti-
transformações da matéria que ocorrem em nosso vos de unidades subsequentes.
cotidiano. Em quais delas observamos a ocorrên-
cia de uma transformação química?
1. O reflexo da luz nas águas de um lago. Práticas Experimentais
2. A chama da vela que emite raios lumi-
nosos. A seguir, apresentaremos algumas práticas expe-
3. O gelo derretendo em um copo contendo rimentais em que poderemos vislumbrar expe-
água líquida. rimentalmente as transformações sofridas pela
4. Grades de ferro enferrujando, adquirindo matéria, de natureza física e química.
uma coloração amarelho/vermelha.

Nas citações 1 e 3 estão representadas trans- Prática 1: Sublimação do Iodo


formações físicas, como refração da luz e mu-
danças de estado físico, respectivamente. A seguir temos uma prática que irá demonstrar a
A citação 2 faz referência à chama de uma vela, ocorrência de uma determinada transformação. Ao
em que há uma reação química chamada com- final da prática, teremos algumas evidências que nos
bustão. Já na citação 4, a grade de ferro enferru- permitirão dizer se temos uma transformação física
jada, representa um processo de oxidação, uma ou química.

UNIDADE 5 145
SUBLIMAÇAO DO IODO

1.0 Objetivos da prática

Realizar, analisar e identificar algumas transformações.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais
• Cápsula de porcelana.
• Bico de Bunsen ou manta de aquecimento.
• Pinça de madeira.
• Vidro de relógio.
• Cristais de iodo.

2.2 Procedimentos
• Adicione apenas alguns cristais de iodo na cápsula de porcelana.
• Tampe-a com o vidro de relógio e coloque algumas gotas de água sobre o vidro.
• Aqueça o sistema sobre a tela metálica por um tempo aproximado de 10 segundo.
• Deixe o sistema resfriar por 1 minuto, e usando a pinça de madeira, segure o vidro
de relógio, observando os cristais de iodo formados.
• Observe e classifique o fenômeno.

3.0 Resultados

Identifique o tipo de fenômeno formado em físico ou químico. Explique!


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Prática 2: Variação do Ponto de Ebulição de uma Substância


Pura ou Mistura

Temos, neste ponto, uma outra experiência prática em que poderemos verificar as transformações da
matéria em física ou química. Nesta prática, podemos, ainda, verificar que quando temos misturas,
suas propriedades físicas são alteradas. Vamos acompanhar?

146 Transformações da Matéria


VARIAÇÃO DO PONTO DE EBULIÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA PURA OU MISTURA

1.0 Objetivos da prática

Verificar, experimentalmente, a variação no ponto de ebulição de uma substância pura e de


uma mistura composta dessa mesma substância.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais
• Tripé (suporte aquecimento).
• Tela amianto.
• Béquer.
• Termômetro de mercúrio.
• Água destilada.
• Cloreto de Sódio.
• Bico de Bunsen.

2.2 Procedimentos
• Deposite uma certa quantidade de água destilada em um béquer de um volume qualquer.
• Prepare o sistema de aquecimento (tripé, tela de amianto, bico de Bunsen).
• Coloque sobre o sistema de aquecimento o béquer contendo água destilada e inicie o
aquecimento.
• Observe atentamente o momento em que a água entra em ebulição. Registre a tempe-
ratura e a pressão ambiente.
• Em um outro béquer, adicione água destilada e uma certa quantidade de cloreto de
sódio (NaCl).
• Repita o procedimento anterior.

3.0 Resultados

Registre os dados na Tabela 1.


Pressão atmosférica: ________________
Tabela 1 - Dados experimentais obtidos para determinação do ponto de ebulição da água destilada e água des-
tilada com cloreto de sódio
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)

Fonte: o autor.

UNIDADE 5 147
4.0 Conclusões

Qual a conclusão que se chega sobre o ponto de ebulição de substâncias puras e misturas?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Qual a importância desta análise no contexto de uma indústria de transformação química?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Por que o experimento realizado trata-se de uma transformação física?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Prática 3: Transformação Diversas

Temos, a seguir, uma série de transformações que nos permitirão identificar algumas importantes
evidências para a ocorrência das transformações da matéria.

TRANSFORMAÇÕES DIVERSAS

1.0 Objetivos da prática

Verificar, experimentalmente, a ocorrência de transformações diversas.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais
• Tubo de ensaio.
• Sacarose.
• Bico de Bunsen.

148 Transformações da Matéria


• Cobre metálico.
• Ácido Nítrico diluído.
• Cloreto de Sódio.
• Cloreto de Potássio.
• Nitrato de Prata.
• Água destilada.

2.2 Procedimentos e Resultados

2.2.1 – Sacarose
• Colocar uma pequena porção de sacarose (açúcar) em um tubo de ensaio. Aquecer
diretamente na chama oxidante do bico de Bunsen.
• Observar o fenômeno que ocorre.

O fenômeno observado é:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

2.2.2 – Cobre e Ácido Nítrico


• Colocar em um tubo de ensaio o becker seco, aproximadamente 0,1 g de cobre em
pó ou aparas. Adicionar um volume qualquer de ácido nítrico diluído. Agitar até que
desapareça o cobre e aquecer brandamente se for necessário.

O fenômeno observado é:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

2.2.3 – Cloreto de Potássio e Nitrato de Prata


• Colocar em um tubo de ensaio 1 mL de solução de cloreto de potássio. Adicionar
algumas gotas de solução de nitrato de prata até o aparecimento de um precipitado
branco. Agitar.

O fenômeno observado é:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

UNIDADE 5 149
2.2.4 – Cloreto de Sódio e Água
• Colocar em um tubo de ensaio aproximadamente 0,2 g de cloreto de sódio. Adicionar
3 mL de água. Agitar e observar.

O fenômeno observado é:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

2.2.4 – Ácido clorídrico e hidróxido de sódio


• Colocar 1 mL de ácido clorídrico em um tubo de ensaio. Adicionar cuidadosamente
1 mL de solução de hidróxido de sódio. Agitar e observar. Observar também a va-
riação da temperatura.

O fenômeno observado é:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

3.0 Conclusão

Registre as principais evidências que podem indicar uma transformação química.


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

E assim, aluno(a), vamos chegando ao fim de mais uma unidade. Desta vez, conseguimos verificar
as transformações que a matéria sofre. Verificamos que essas transformações podem ter a natureza
física, quando não ocorrem alterações na estrutura das moléculas. Outras mudanças, contudo, são
capazes de transformar a estrutura da matéria e produzir novos compostos, as chamadas transforma-
ções químicas, que ocorrem por meio das reações químicas, e são capazes de produzir produtos de
interesse comercial. Além disso, pudemos vislumbrar, na prática, algumas evidências da ocorrência
das transformações químicas.
Nesta unidade, ressaltamos que as transformações químicas podem gerar um produto de interesse
comercial e também subprodutos, que precisam ser separados para purificação do produto de interesse.
Esses processos de separação que são efetuados no laboratório é o tema de nossa próxima unidade.
Até breve!

150 Transformações da Matéria


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Em sistemas diversos, quando temos o aquecimento e o aumento da temperatu-


ra, podemos ocasionar alterações em nosso sistema, que podem ser originados
devidos a processos físicos ou químicos. Um exemplo clássico desse tipo de
alteração são os remédios. Na maior parte deles, temos descrito na bula para
evitarmos o calor excessivo sob a pena de deteriorar o conteúdo ali presente,
bem como manter sempre fechado. Neste exemplo, é necessário manter o
medicamento fechado e protegido do calor para que seja evitado:
I) A evaporação de um ou mais de seus componentes presente no remédio.
II) A decomposição e redução da concentração do composto que constitui o
princípio ativo do remédio, que auxilia no tratamento da doença.
III) A formação de novos compostos que podem ser indesejáveis, tóxicos ou que
mudam as características originais do medicamento.

Assinale a alternativa que corresponde, respectivamente, ao tipo de transformação:


a) Física, física e química.
b) Física, química e química.
c) Química, física e física.
d) Química, física e química.
e) Química, química e física.

2. A matéria pode sofrer transformações, que podem ou não alterar a constituição da


matéria envolvida, ou seja, é possível formar novos compostos, alterando a cons-
tituição do sistema. De acordo com o enunciado, estão corretas as associações:
01. A digestão de um alimento trata-se de uma transformação física.
02. A água oxigenada, na presença da luz, decompõe-se formando água e oxigênio
gasoso; é um exemplo de uma transformação química.
04. A queima de fogos de artifício é um exemplo de uma transformação física.
08. Transformação do gelo em água é um exemplo de uma transformação física.
16. Sublimação do iodo sólido é um exemplo de uma transformação química.

Avalie as prerrogativas e dê a soma dos itens que são corretos.

151
3. A seguir, são apresentados alguns processos. Identifique os processos que
constituem fenômenos químicos.
a) Produção de plásticos a partir do petróleo.
b) Fabricação de fios de cobre por meio de uma barra de cobre.
c) Preparação da coalhada a partir do leite in natura.
d) Dissolução do açúcar ou do sal de cozinha quando adicionados e agitados em
um certo volume de água.
e) Produção da gasolina a partir do petróleo em refinarias.
f) O enferrujar de um prego.
g) A queima da gasolina e do álcool em automóveis. 
h) A fotossíntese realizada por vegetais.
i) A decomposição da luz solar em um prisma de vidro.

4. A seguir, são disponíveis algumas transformações da matéria:


Corrente elétrica
I) Água gás hidrogênio, gás oxigênio
Calor
II) Gelo água
Luz
III) Água oxigenada água e gás oxigênio

Avalie cada um dos itens e classifique cada transformação em transformação


física ou química.

152
5. A seguir, são apresentadas algumas transformações da matéria:
I) Dissolução de comprimidos efervescentes em água.
II) Produção de açúcar caramelizado a partir do açúcar granulado.
III) Desaparecimento de naftalina sólida em armários.
IV) Queima de um pedaço de madeira.
V) Amassar uma lata de alumínio.

Quais das transformações citadas são transformações químicas?


a) I, II e III, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) I, II e V, apenas.
e) I, IV e V, apenas.

6. A seguir, são fornecidas transformações da matéria, que são comuns no coti-


diano das pessoas. Classifique cada transformação como física ou química e
selecione a alternativa que traz a correspondência correta.
I) Dissolução do açúcar na água.
II) Envelhecimento de vinhos nas adegas.
III) Preparação de cal a partir do calcário na construção civil.

a) Físico, físico e químico, respectivamente.


b) Físico, químico e físico, respectivamente.
c) Físico, químico e químico, respectivamente.
d) Químico, físico e físico, respectivamente.
e) Químico, químico e físico, respectivamente

153
WEB

A seguir, temos um vídeo bastante interessante, do Manual do Mundo, que traz


algumas transformações químicas, tais como a combustão do magnésio metálico,
uma reação do permanganato de potássio (KMnO4) com a glicerina (C3H5(OH)3),
uma outra do carbeto de cálcio (CaC2) com a água (H2O), entre outras reações.
Nestes casos visualizamos a formação de novos compostos, o que caracteriza
a ocorrência de uma transformação química. Vamos acompanhar?

154
BROWN, T. L.; LEMAY, E. H.; BURSTEN, B. E. Química, a ciência central. São Paulo: Prentice Hall, 2005.

RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, 1994.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <https://www.aulas-fisica-quimica.com/7q_11.html>. Acesso em: 04 abr. 2019.
2
Em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/marco-veiga-dos-santos/entendendo-a-variacao-da-crioscopia-
do-leite-46948n.aspx>. Acesso em: 04 abr. 2019.

Em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/condicoes-para-ocorrencia-reacoes-quimicas.htm>.
3

Acesso em: 12 abr. 2019.

155
1. B.

- O processo I sugere a evaporação (transformação física) dos componentes do medicamento.

- A decomposição das substâncias (transformação química) que constituem o princípio ativo, podendo levar
a uma perda da eficiência do remédio.

- A formação de compostos (transformação química) citada no processo III, pode provocar um efeito inverso
do medicamento, em vez do paciente apresentar melhora, o quadro pode se agravar ainda mais.

2. Soma = 10 (alternativas 02 e 08).

Justificativa para os itens incorretos:

01 – Por meio da digestão de alimentos, é possível transformar o que comemos em energia para nosso
sustento, portanto, ocorre um fenômeno químico.

04 – Toda queima é um processo químico pelo fato de modificar a natureza da matéria original.

16 – A sublimação (passagem do estado gasoso para o sólido) do iodo corresponde a uma transformação
física, em que a composição da matéria não sofre alteração.

3. Alternativas A, C, F, G e H.

Justificativa:

a) Os plásticos são fabricados a partir de uma conversão (transformação química) do petróleo em polímeros.

c) O leite se transforma em coalhada por meio do processo químico de fermentação.

f) A ferrugem presente em objetos de ferro é produto da reação química de oxidação.

g) A queima da gasolina gera produtos diferentes da forma original, entre eles gases tóxicos.

h) As plantas absorvem a luz solar e a transforma em energia.

4.

I. Fenômeno químico: uma passagem de corrente elétrica (eletrólise) pela água pode originar diferentes
gases, estes se diferem de H2O.

II. Fenômeno físico: o gelo passou por uma mudança de estado físico denominada de fusão.

III. Fenômeno químico: a decomposição da água oxigenada pela luz gera dois produtos diferentes da
matéria de origem.

5. B.

6. C.

156
157
158
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Misturas e Técnicas
de Separação

PLANO DE ESTUDOS

Solubilidade e
Miscibilidade

Técnicas de separação
Misturas
de misturas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Verificar os conceitos de misturas homogêneas e he- • Aprender as principais técnicas de separação de misturas
terogêneas. e realizar práticas para estudar os conceitos de misturas
• Entender os conceitos de solubilidade e miscibilidade. e seus processos de separação.
Misturas

Conforme mencionamos nas unidades anteriores,


as transformações químicas são de grande inte-
resse para a indústria de transformação química,
farmacêutica, siderúrgica, petrolífera, da constru-
ção civil, entre outras, pois nos permite produzir
compostos de interesse comercial. Enfatizamos,
também, que em diversas circunstâncias, as trans-
formações químicas não formam um único pro-
duto, mas uma mistura de compostos, em que
o(s) produto(s) de interesse está(ão) misturado(s)
ou formando uma solução com outros produtos
que não são desejados, chamados de subprodu-
tos. Desse impasse, surgirá-nos a necessidade do
conhecimento dos processos de separação, que se
utilizam das propriedades da matéria, tais como
densidade, ponto de ebulição, solubilidade, entre
outras, para separar o produto que é de interesse
daqueles subprodutos da reação.
Iremos apresentar diversas técnicas de sepa-
ração, empregadas em escala laboratorial, para a
separação dos compostos. Em escalada industrial,
as técnicas de separação de misturas são regidas
pelos mesmos princípios químicos, consideran-
do, também, a grande escala de operação para o
projeto dos equipamentos industriais.
Para ilustrar tal situação, podemos citar como exemplo o pro- Fases
cesso de produção de queijos. As proteínas do leite possuem uma
“capa” protetora, chamadas de micelas (que deixam a proteína De acordo com Russel (1994),
estável) e que são desestabilizadas pela ação da cultura láctica fase é definida como sendo uma
(cultura bacteriana) e ficam expostas ao meio reacional. Essas região distinta, onde todas as
proteínas possuem uma carga parcial negativa, e quando estão propriedades naquela região
desestabilizadas ligam-se com o cátion Cálcio (Ca2+) para atingir são as mesmas. Para exemplifi-
a estabilidade, produzindo um coágulo insolúvel (o nosso queijo), car tal situação, podemos citar
formando, assim, uma mistura heterogênea com o soro do leite. um copo de água pura. Nesta
Este coágulo, mais denso (olha a densidade!), precipita-se no fun- amostra, temos apenas uma
do do tanque reacional. Em seguida, são empregados técnicas de única fase, pois em qualquer
separação para separar a mistura (coágulo e soro de leite). Então, região dessa amostra, as pro-
o coágulo, após processos adicionais, irá formar o famoso queijo priedades, temperatura, com-
que tanto apreciamos! posição, densidade, viscosida-
Neste exemplo, vislumbramos a ocorrência de uma transforma- de, entre outras, são idênticas.
ção química com auxílio de microrganismos entre as proteínas do Porém, ainda de acordo com o
leite e os íons cálcio, a formação de um precipitado e uma mistura autor, se adicionarmos cubos de
heterogênea, a separação do composto de interesse (o coágulo) gelo nesse copo de água, iremos
possibilitada pelas propriedades de diferença de densidade e solu- formas duas fases: a fase sólida
bilidade. Interessante, não? Todos os conceitos que temos aprendido e a fase líquida (e não importa
se entrelaçam para nos permitir as operações da engenharia que a quantidade de cubos de gelo,
envolvem a química! ainda teremos duas fases). Neste
mesmo sistema, se adicionar-
mos óleo de cozinha, este, por
ser insolúvel, não irá se misturar
com a água e com o gelo, for-
mando três fases.
Quais outros sistemas bifá-
sicos (com mais de uma fase)
podemos destacar em nosso
dia a dia? Ora, se misturarmos
uma grande quantidade de sal
na água, o sal não dissolvido, de-
positado no fundo, forma uma
nova fase. No processo de pre-
Figura 1 - Separação do coágulo e soro do leite em um processo artesanal de paração do café, também temos
produção de queijos
duas fases: a água que contém
Agora que exemplificamos a importância dos processos de separa- a cafeína dissolvida formando
ção, precisamos definir as misturas. Antes disso, é preciso conhecer uma fase e o pó do café forman-
um conceito importante, chamado de fase. do outra fase.

UNIDADE 6 161
E o que aconteceria se misturarmos água com Em relação ao aspecto, as misturas são classifi-
álcool? Quantas fases teríamos? Ora, a água e o álcool cadas em homogêneas e heterogêneas. A mistura
são miscíveis, misturam-se por completo, formando homogênea apresenta uma única fase, enquanto
apenas uma única fase, conforme veremos adiante. que as heterogêneas apresentam mais de uma
As fases podem ser sólidas, líquidas ou ga- fase. Para exemplificar, pensemos em algumas
sosas. Quase todas as combinações de fases são misturas homogêneas: a água salgada (composta
possíveis, exceto quando há a presença de uma principalmente por água e cloreto de sódio), a
única fase gasosa (RUSSELL, 1994). gasolina (composta principalmente por hidrocar-
bonetos e água), o vinagre (composta principal-
mente por ácido acético e água), o aço-carbono
(ferro, carbono, manganês, silício e fósforo), o ar
atmosférico (oxigênio, nitrogênio e dióxido de
carbono), entre outros. Os componentes podem
estar presentes nessas misturas em qualquer nú-
mero (RUSSELL, 1994).
A mistura homogênea, com uma única fase, é
usualmente chamada de solução. Para distinguir
solução de substância pura, nos laboratórios, po-
demos utilizar a propriedade física de temperatu-
ra de mudança de fase, ponto fusão, ebulição etc.
Uma substância pura, como a água, ferve e muda
de fase em uma temperatura fixa. Já uma solução,
ou uma mistura homogênea, como a água salgada,
tem a temperatura de ebulição aumentada gra-
dualmente. Isso ocorre devido ao fato do ponto de
Figura 2 - Mistura com duas fases: água e gelo
ebulição da solução depender da composição da
mistura, ou seja, o quanto temos de cada um dos
produtos que formam a mistura (RUSSELL, 1994).
Misturas Homogêneas As misturas heterogêneas são mais fáceis de
e Heterogêneas serem identificadas, pois formam mais de uma
fase. São exemplos de misturas heterogêneas: água
A mistura é uma reunião ou uma combinação com óleo, água e gelo, areia e pedra, entre outros.
física de duas ou mais substâncias, nas quais cada Agora que já entendemos os conceitos de
uma mantém sua própria identidade química misturas, estamos aptos a iniciar os estudos das
(ou seja, quando não ocorre uma transformação técnicas de separação, que nos permite separar
química entre os compostos para produzir no- os componentes de uma mistura. Antes disso,
vos produtos com outras identidades químicas). irei apresentar mais uma propriedade das subs-
Há autores que denominam as misturas como tâncias, a solubilidade, que nos auxilia no enten-
dispersão. Em relação ao estado físico, as mistu- dimento da formação de misturas homogêneas
ras podem ser classificadas em misturas sólidas, e heterogêneas que ocorrem, por exemplo, em
líquidas e gasosas (LENZI et al., 2012). processos de dissolução.

162 Misturas e Técnicas de Separação


Solubilidade
e Miscibilidade

De acordo com Lenzi et al. (2012), a solubilidade


de um soluto sólido é a capacidade que uma subs-
tância no estado sólido possui de dissolver-se em
uma determinada quantidade de solvente líquido,
em uma dada condição de temperatura e pressão,
formando uma solução.
Quando um soluto sólido começa a ser dissol-
vido em um solvente, por exemplo a dissolução
de sal (soluto) na água (solvente), a concentração
ou a quantidade dessas partículas sólidas dissol-
vidas no solvente aumenta. Se temos uma maior
quantidade de partículas nessa solução, maior será
a probabilidade das partículas chocarem entre si
e formar novamente o composto sólido, em um
processo inverso da solubilização, chamado de
cristalização. Essa situação é demonstrada pela
equação a seguir (BROWN et al., 2005):

dissolver
soluto + solvente solução
cristalizar

Quando as velocidades desses processos opostos se


tornam iguais, não ocorre nenhum outro aumen-
to líquido na quantidade de soluto na solução, o

UNIDADE 6 163
processo está em um equilíbrio Neste tipo de solução, como a concentração do soluto é mais alta
dinâmico, formando uma solu- que a concentração de equilíbrio (da solução saturada), a solução
ção saturada. Neste caso, o so- formada é instável, podendo formar precipitado (BROWN et al.,
luto adicional que for adicionado 2005) ou corpo de fundo, que nada mais é do que o composto sólido
a essa solução saturada não será não dissolvido no fundo do recipiente. Podemos observar tal fato
dissolvido. A quantidade má- com nosso exemplo do sal em água. Inicialmente, verificamos que
xima de soluto necessária para todo o sal se dissolve na água. Quando uma grande quantidade de
formar uma solução saturada sal é adicionada, ultrapassando a solubilidade ou curva de solubi-
em certa quantidade de solvente lidade do sal, a água não consegue mais dissolver o sal excedente
é conhecido como solubilidade e ele passa a se depositar no fundo do recipiente na forma sólida.
(BROWN et al., 2005). Um exem- A curva de solubilidade, também conhecida como curva de
plo seria a solubilidade do sal de saturação, é encontrada na literatura para grande parte dos casos
cozinha em água. Na temperatu- práticos, ou seja, temos uma grande quantidade de valores de so-
ra de 20 ºC, a solubilidade é de lubilidade tabelados. Ela nos permite prever a quantidade de sóli-
35,7 g em 100 mL de água. Essa do que podemos adicionar em um solvente de forma a conseguir
é a quantidade máxima de NaCl dissolvê-lo por completo. Um exemplo de curva de solubilidade é
que pode ser dissolvida em água dado conforme a figura a seguir:
para produzir uma solução em
Coeficiente de Solubilidade
equilíbrio estável. ( gramas de soluto/100g de água )
Se dissolvermos menos so-
luto do que essa quantidade ne-
KNO3
140
cessária para formar a solução
saturada (valores menores que o 120
coeficiente de solubilidade), cha- 100 K2CrO4
mamos de solução insaturada. 80
No exemplo anterior, se dissol-
60 NaCl
vermos 10 g do sal em 100 mL
de água, na temperatura de 0 ºC, 40
formaremos uma solução insatu- 20 Ce2(SO4)3
rada, pois nosso solvente água te-
ria a capacidade de dissolver mais 20 40 60 80 Temperatura (°C)
soluto (BROWN et al., 2005). Figura 3 - Curva de solubilidade para alguns sais
Uma outra situação é a pos-
sibilidade de formar soluções Para fazer uso deste gráfico, em uma temperatura constante, verifica-
que contenham uma maior mos no eixo “x” qual a temperatura (por exemplo T = 40 °C) em que
quantidade de soluto do que se se encontra o solvente e “subimos” por uma linha vertical até atingir
é necessário para formar a so- a curva de solubilidade (por exemplo, a curva do NaCl). Projetamos
lução saturada (valores maiores esse ponto no eixo “y” e descobrimos a quantidade máxima de soluto
que o coeficiente de solubilida- que consegue ser dissolvida em 100 gramas de água. No exemplo dado,
de), nesses casos, chamamos na temperatura de 40 °C, conseguiríamos dissolver, no máximo, 40 g
a solução de supersaturada. de NaCl em 100 gramas de água para formar uma solução saturada.

164 Misturas e Técnicas de Separação


Até então, conceituamos a solubilidade, que envol- têm cargas iguais, eles irão se repelir, portanto, não
ve a mistura/dissolução de um composto sólido irão se “misturar”. Contudo, se aproximarmos as faces
em um composto líquido. Falta-nos entender a com cargas diferentes (positiva e negativa), os imãs
miscibilidade. Apesar de ser bastante semelhante, tenderão a se juntar e misturar. Aluno(a), é claro que
o conceito de miscibilidade é a capacidade que se trata de um exemplo ilustrativo para exemplificar
dois ou mais líquidos têm para se misturar. Lí- o que ocorre em nível microscópico.
quidos que se misturam são chamados de miscí- Em geral, de acordo com Brown et al. (2005),
veis (por exemplo, água e álcool) e os que não se o exame de diferentes combinações de solventes e
misturam, imiscíveis (por exemplo, água e óleo solutos nos leva a uma importante generalização:
de cozinha) (BROWN et al., 2005). substâncias com forças atrativas similares tendem a
ser solúveis entre si, que é bastante conhecida como
“semelhante se dissolve em semelhante”. Dessa forma,
Fatores que Afetam substâncias apolares são mais prováveis de serem so-
a Solubilidade lúveis em solventes polares; solutos iônicos e polares
são mais prováveis de serem solúveis em solventes
A seguir, iremos ilustrar os fatores que afetam a polares. Como exemplo, óleo e água não se misturam
solubilidade e/ou miscibilidade dos compostos. porque a água é polar (formam-se polos de acúmulo
de cargas positivas e negativas na molécula) e o óleo
apolar (não se formam estes polos).
Interação Soluto Solvente
Polar? Apolar?
As forças intermoleculares, ou as forças de atração Para exemplificar os conceitos de polar e apolar, to-
e repulsão relativas entre as moléculas do soluto memos como exemplo a molécula de água (H2O).
e do solvente, têm um papel muito importante Ela é polar pelo fato de que há um compartilhamento
no processo de dissolução (BROWN et al., 2005) desigual dos elétrons entre o átomo oxigênio e os áto-
e, consequentemente, afetam a solubilidade e mos de hidrogênio. Isso se deve porque os elétrons se
também a miscibilidade dos compostos. Ainda concentram mais sobre átomo de oxigênio, pois este
de acordo com os autores, quanto mais forte as é muito mais eletronegativo do que os de hidrogênio,
atrações entre as moléculas de soluto e do solven- como pode ser verificado na figura a seguir.
te, maior a solubilidade. Em outras palavras, um Outro exemplo é o metano (CH4, componen-
composto é solúvel/ miscível em outro quando te do gás de cozinha) que é considerado apolar
existem forças que permitem que suas moléculas porque o carbono compartilha os elétrons qua-
fiquem próximas umas das outras. Caso contrário, se uniformemente com os hidrogênios, uma vez
os compostos são insolúveis e não se misturam. que a diferença de eletronegatividade é pouca,
Vamos tomar um exemplo que irá deixar muito conforme demonstra a Figura 5. A polaridade,
claro esse conceito. Imagine que temos dois imãs, além de interferir na solubilidade, influi, também,
que representam dois líquidos quaisquer. Se esses na tensão superficial, ponto de fusão e ponto de
dois imãs forem aproximados por extremidades que ebulição, entre outros.

UNIDADE 6 165
H(+) H(+)
O(-)

Figura 4 - Representação da molécula da água Figura 5 - Representação da molécula do metano

Efeitos da Temperatura

A solubilidade da maioria dos solutos sólidos na água aumenta à


medida que a temperatura da solução aumenta (BROWN et al.,
2005). Podemos ver isso na figura da curva de solubilidade:
100

90 NO
3

Na
Solubilidade (g de sal em 100g de H20)

80

70
7
2O
Cr

Cl 2
3
O

Ca )2
2
K

60
KN

NO3
(
50 Pb
KCl
Molécula de água 40 NaCl
30
lO
Efeitos da Pressão
3
20 KC

A pressão tem pouca interfe- 10 Ce2(SO4)3


rência na solubilidade de só- 0
lidos e líquidos. Ela influência 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
de forma mais pronunciada na Temperatura (°C)
solubilidade de gases (BROWN Figura 6 - Curva de solubilidade para alguns sais
et al., 2005). Fonte: adaptada de Brown et al. (2005).

166 Misturas e Técnicas de Separação


Veja que, para grande parte gramas. Isto é, podemos dissolver 30 gramas de nitrato de potássio
dos sais no estado sólido, as em 100 gramas de água, formando uma solução saturada e uma
curvas são ascendentes, ou mistura homogênea.
seja, a solubilidade aumenta
com o aumento da tempera-
tura. Exceções ocorrem, por
exemplo, com o Ce2(SO4)3
(sulfato de césio (III)), em Tenha sua dose extra de conhecimento
assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
que a solubilidade é reduzida leitor de QR Code.
com o aumento da tempera-
tura. Da Figura 6, vemos que
podemos dissolver aproxima-
damente 35g de NaCl (clore- Formação de Misturas Homogêneas e
to de sódio) em 100g de água Heterógenas em Processos de Dissolução
numa temperatura de 30°C. Se
a temperatura for elevada para Como já visto, se temos pontos em cima da curva de saturação, por
90°C, conseguimos dissolver exemplo, quando dissolvemos 40 g de NaCl em água na temperatura
até 40g de NaCl para produzir de 90 °C (PONTO A), dizemos que estamos sob a curva de saturação e,
uma solução saturada. nessa condição, temos a solução saturada. De acordo com Russell (1994),
solução saturada é aquela que está em equilíbrio com o soluto. Para
Exemplo 1: você deseja dissolver esse ponto, temos uma mistura homogênea (CÉSAR, 2017, on-line)1.
nitrato de potássio (KNO3) em 100
água a 20 °C, para formar uma
solução saturada. Qual a quanti- 90 NO
3

Na
dade máxima desse composto
Solubilidade (g de sal em 100g de H20)

80
que pode ser dissolvida em 100
gramas de água na tempera- 70
7
O 2
Cr

tura mencionada para formar Cl 2


3
O

Ca )2
2
K

60
KN

O3
essa mistura? ( N
50 Pb
Para resolver esse proble- KCl B
ma, devemos consultar a curva 40 NaCl
de solubilidade. No eixo “x, na A
temperatura de 20 °C, subimos 30
lO 3
com uma reta vertical até cru- 20 KC
zar a curva de solubilidade do C
nitrato de potássio. Na intersec- 10 Ce2(SO4)3
ção dessa linha, marcamos um 0
ponto. Então, projetamos esse 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
ponto no eixo “y” por meio de Temperatura (°C)
uma reta horizontal e, dessa for- Figura 7 - Curva de solubilidade para alguns sais (pontos de saturação)
ma, descobrimos o valor de 30 Fonte: adaptada de Brown et al. (2005).

UNIDADE 6 167
Se temos pontos acima da curva de saturação a solução insaturada. Esta é a região em que
(PONTO B, quando misturamos por exemplo temos uma concentração de soluto menor que a
50 g de NaCl, em 100 g de água a 90 °C), isto nos solubilidade do composto e, consequentemente,
indica que existe uma quantidade excedente de uma mistura homogênea. Nesta região, ainda
sal que a água não consegue mais dissolver, for- podemos adicionar o composto sólido na água
mando uma solução supersaturada. A qualquer permitindo sua dissolução completa (CÉSAR,
instabilidade no sistema (agitação, mudança de 2017, on-line)1.
temperatura etc.), o excedente de sal se precipita
no fundo, formando duas fases, caracterizando
uma mistura heterogênea, e a solução se torna Prática 1: Precipitação do
saturada com a presença de corpo de fundo (CÉ- Carbonato de Cálcio
SAR, 2017, on-line)1.
Para os pontos abaixo da curva de saturação Nessa prática, iremos verificar experimentalmente
(PONTO C, quando dissolvemos, por exemplo, a formação de compostos com baixa solubilidade
20 g de NaCl em 100 g de água a 90 °C), temos em água e a formação do corpo de fundo.

PRECIPITAÇÃO DO CARBONATO DE CÁLCIO

1.0 Objetivos

Vislumbrar experimentalmente a formação de precipitado de carbonato de cálcio durante a


ocorrência de reações químicas devido à formação de compostos insolúveis em água.

2.0 Introdução

As águas utilizadas para consumo humano, e também nos processos industriais, possuem, entre
os constituintes, o bicarbonato de cálcio (Ca(HCO3)2), um sal solúvel em água. Na presença de
calor, esse composto se decompõe em carbonato de cálcio (CaCO3), água (H2O) e dióxido de
carbono (CO2). A reação química que representa essa transformação é dada a seguir:

Ca(HCO3)2 (aq) → CaCO3(s) + H2O(l) + CO 2(g)

168 Misturas e Técnicas de Separação


O carbonato de cálcio formado por essa reação de decomposição térmica (CaCO3) tem bai-
xíssima solubilidade em água e precipita-se formando o corpo de fundo.
Na indústria de transformação, hotéis, entre outros, há um equipamento chamado de
caldeira, que fornece vapor superaquecido para movimentar equipamentos industriais, gerar
energia elétrica ou aquecer a água utilizada em outros processos. O princípio de funcionamento
dessa caldeira consiste na queima de um combustível para a geração de calor. O calor gerado
é utilizado para evaporar a água que passa por dentro dessa caldeira, em pequenos tubos de
metais e gera o vapor.
A reação química descrita pode ser prejudicial para esse processo, pois se houver precipita-
ção desse composto pode gerar incrustações que reduzem a área de troca térmica, diminuindo a
eficiência do equipamento que necessita de uma maior quantidade de combustível para realizar
o processo. Em situações mais graves, a precipitação pode entupir esses tubos, a pressão pode
aumentar exorbitantemente, podendo causar explosões e acidentes.
Dessa forma, são empregados procedimentos iniciais, a fim de remover o bicarbonato de
cálcio dessa água. São técnicas de separação que procuram segregar esse composto. Uma das
técnicas amplamente empregadas é o uso de colunas de troca iônica. Dentro dessa coluna, há
uma resina sólida, impregnada com o íon Na2+. Quando a água passa previamente por essa
coluna, ela troca o íon cálcio (Ca2+) pelo íon sódio. Assim, a água tratada passa a ter bicarbonato
de sódio (Na(HCO3)2). Esse sal é bastante solúvel em água e não gera o precipitado durante o
aquecimento da água na caldeira, melhorando a eficiência da caldeira e reduzindo os riscos
de acidentes.
Os princípios envolvidos nesse processo são a solubilidade, transformações químicas e
processos de separação.

3.0 Procedimento Experimental

3.1 Materiais
• Solução de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) 0,02 mol/L.
• Indicador fenolftaleína.
• Tubo de ensaio.
• Canudo.
3.2 Procedimentos
• Adicionar um volume qualquer da solução de hidróxido de cálcio em um tubo de ensaio.
Encher até, aproximadamente, metade do tubo de ensaio.
• Adicionar 1 gota do indicador de fenolftaleína e agitar.
• Observar a coloração formada.
• Assoprar dentro do tubo de ensaio com o canudo.
• Observar a mudança de coloração.
• Deixar o tubo de ensaio em repouso por alguns minutos, verificar a formação do precipitado.

UNIDADE 6 169
4.0 Conclusões

Inicialmente, tem-se dentro do tubo de ensaio hidróxido de cálcio (Ca(OH)2). Quando adi-
cionado fenolftaleína ao meio, este se torna rosa, devido ao fato do meio ser básico. Essa base
se dissocia em meio aquoso, formando o íon cálcio e hidroxila, conforme a reação a seguir:

Ca(OH)2 Ca2+ + 2OH-

Então, o íon hidroxila (OH-) reage com o CO2 soprado, formando:

CO2(g) + 2OH-(aq) +H2O(l)

O cálcio presente na água (Ca2+) reage com o íon carbonato ( ) para formar o carbonato
de cálcio (CaCO3), que é insolúvel e precipita na água, de acordo com a reação a seguir.

Ca2+ + CaCO3(s)

Como há a formação do precipitado, a solução começa a perder a cor (rosa forte) e fica com
a cor opaca, indicando a formação do precipitado.
Após um tempo em repouso, é possível observar que o precipitado se deposita no fundo
do tubo de ensaio.
Desse processo, pode-se vislumbrar, experimentalmente, a ocorrência de uma transformação
química, a formação de novos compostos, a presença de compostos com baixa solubilidade
que se precipitam, formando o corpo de fundo.
Esse processo, realizado em pequena escala, é uma demonstração do que ocorre em escala
industrial, que pode reduzir a eficiência das caldeiras, pois esse precipitado formado é isolante
térmico e reduz o processo de troca térmica. Como consequências mais drásticas, pode ocorrer
o entupimento dos tubos, aumento da pressão e, até mesmo, explosões. Assim justifica-se o
tratamento prévio da água, como, por exemplo, na utilização de colunas de troca iônica, a fim
de remover o íon cálcio presente na água.

170 Misturas e Técnicas de Separação


Técnicas de Separação
de Misturas

Considere a transformação química a seguir, dada


pela seguinte reação:

A B  C  D

Nessa transformação, há a formação dos produtos


C e D. Contudo, se apenas o produto C é o de in-
teresse comercial, como proceder para promover
essa separação? Para isso, devemos utilizar das téc-
nicas de separação. Essas técnicas nos permitem
separar componentes de misturas homogêneas,
heterogêneas, utilizando-se das transformações
físicas e químicas.
Se são utilizadas transformações físicas, não há
alteração da estrutura das substâncias que ali estão
presentes. Como exemplo, imaginemos um dos
processos do tratamento de água para consumo
humano que utiliza a água de rios. Uma das técni-
cas iniciais consistem em grades ou peneiras que
segregam as sujidades. Em seguida, existem tan-
ques de decantação que permitem a sedimentação
de parte da “terra” arrastada. Processos químicos
podem ser utilizados para acelerar o processo. No
tratamento da água, pode ser adicionado agentes
floculantes, que se ligam à “terra” e matéria orgâ-

UNIDADE 6 171
nica dissolvida, formando um composto insolú- • Separação magnética: processo utilizado
vel e mais denso que a água. Ainda no tanque de em microescala e também em grande escala
decantação, esse composto, mais denso, formado industrial, realizado por um ímã para a sepa-
deposita-se no fundo, permitindo sua separação. ração de metais contaminantes. É muito utili-
Alguns métodos aplicados para a separação zado por empresas extrativistas de minério de
são simples e comuns ao nosso dia a dia, como a ferro, indústrias de alimentos para separação
catação de feijão antes de cozinhar, com a seleção de contaminantes metálicos, entre outras.
dos grãos ou a separação das cascas de amendoins • Dissolução fracionada: ocorre quan-
pelo processo de ventilação. No entanto, o pro- do um componente sólido, presente em
cesso de separação de misturas pode ser muito uma mistura entre sólidos, é solúvel em
complexo, envolvendo fenômenos da Engenharia, um determinado líquido. Neste caso, um
especialmente pela sua grande aplicação para a dos componentes é dissolvido no solvente,
indústria de transformação. formando uma solução, e o componente
insolúvel é separado, por decantação, fil-
tração, entre outros. Industrialmente, esse
Separação de Misturas processo é conhecido como extração por
Heterogêneas solventes. Um exemplo deste caso está no
processo de separação do sal da areia. O sal,
O Engenheiro é um profissional que atua em di- solúvel em água, é dissolvido na água e, por
versas áreas, assim, é importante obter o conhe- meio de uma filtração, utilizando um filtro,
cimento do processo de separação sólido-sólido. consegue separar a areia, restando apenas a
Uma mistura que envolve dois sólidos pode ocor- água e sal. Então, por meio de um processo
rer, por exemplo, com o arroz e sua casca. Entre os de evaporação, em que a água é evaporada,
processos mencionados, destacamos: é separado o sal no estado sólido.
• Catação: é um método rudimentar, no
qual a separação pode ser feita manual- Ainda dentro do sistema de separação de misturas
mente com as mãos ou com uso de instru- heterogêneas, iremos ver o sistema de separação
mentos, como pinças, em que são separados sólido-líquido.
os componentes sólidos de interesse, como: • Decantação: é quando a fase sólida, de
extração de pedras preciosas, separação da maior densidade, sedimenta-se, ou seja,
sujidade do feijão, ervilhas, entre outros. assenta-se no fundo do recipiente. Nas es-
• Ventilação: separam-se a parte sólida tações de tratamento de água, após chuvas
(mais leve), pelo uso de uma corrente de volumosas, a água coletada pode estar bar-
ar (ventilação). Isso ocorre, por exemplo, renta. É então deixada em repouso para que
na separação da casca de amendoim. seus sedimentos se assentem no fundo do
• Levigação: com a passagem de água cor- tanque. Esse processo é chamado de decan-
rente, o componente de menor densidade é tação, pois a fase de maior densidade irá
arrastado e separado. Como exemplo, pode- separar das demais. Pode ser, ainda, adicio-
mos citar o processo de separação de areia nado compostos floculantes que se agregam
e ouro: o ouro, que tem maior densidade, às sujidades, tornando-as ainda mais den-
fica retido, enquanto que a areia é separada. sas, acelerando o processo de decantação.

172 Misturas e Técnicas de Separação


Mangueira
Sedimentação

Água Decantação
Barrenta Líquido
Separado
Sifonação Líquido
Separado
Figura 8 - Decantação
Fonte: adaptada de Peripato ([2019], on-line)2.

• Centrifugação: é utilizada a força centrí-


peta (força devido à aceleração em torno
de alguma curva) ou de rotação para ace-
lerar o processo de decantação. Utilizada
para misturas com diferenças de densidade
não tão significativas. O princípio dessa
aplicação baseia-se na velocidade de rota-
ção por minuto (RPM) do equipamento,
que faz com que as partículas de maior
densidade sejam arremessadas para o
Figura 9 - Centrifugação do sangue humano
fundo do equipamento. Na indústria de
transformação, essa aplicação é muito útil • Filtração e filtração a vácuo: utilizado
em fecularias, onde o amido precisa ser para separar um componente sólido de um
separado dos demais detritos e retirado líquido. A separação é feita por meio de um
da água; com o uso de centrífugas de alta meio poroso capaz de reter a fase sólida e
rotação, em poucos minutos se obtém um permitir a passagem da fase líquida, por
produto límpido e com ótimas caracte- exemplo, papel filtro, membrana etc. Os fil-
rísticas de qualidade. Outro exemplo está tros possuem a porosidade adequada para
na indústria de laticínios: o leite passa por a aplicação que se é desejada. Em labora-
centrífugas de alta rotação para separar a tórios, utiliza-se o béquer ou erlenmeyer
gordura presente no leite. Este processo é para receber o filtrado, o funil, que será o
chamado de padronização e a gordura é suporte do papel de filtro, bastão de vidro e
utilizada como matéria-prima na produ- pisseta, para adicionar a mistura ao sistema
ção de requeijão. de filtração (LENZI et al., 2012).

UNIDADE 6 173
Figura 10 - Filtração comum

Na filtração a vácuo, no reci-


piente em que o líquido é ar-
mazenado, é promovido uma Funil de
buchner
redução da pressão (com uma
bomba de vácuo ou uma trom- Mangueira
pa de água), a fim de aumentar a Bomba de
velocidade de sucção do líquido vácuo
pelo meio filtrante, ou seja, au-
mentar a velocidade do proces-
so de separação. São utilizados o
funil de buchner, como suporte
do papel de filtro, o kitassato,
Sucção
que recebe o líquido filtrado e
onde é reduzida a pressão, e a
bomba de vácuo, que reduz a
pressão do kitassato. Esse tipo
de filtração é muito utilizada Kitassato
quando a fase sólida apresen-
Figura 11 - Filtração a vácuo
ta-se gelatinosa (em forma co-
loidal) (LENZI et al., 2012).

174 Misturas e Técnicas de Separação


Outra aplicação de grande impor- é utilizado por indústrias cujo
tância para a indústria de transfor- processo forma uma grande
mação é a separação entre misturas quantidade de poeiras.
líquidas heterogêneas (líquido-lí- • Decantadores: para re-
quido). Para esse tipo de separação, tirar a poeira gerada du-
destacamos a seguir: rante o processo de in-
• Decantação: neste pro- dustrialização, como em
cesso, estão incluídos os líquidos indústrias produtoras de
imiscíveis (por exemplo o óleo, lu- cimento em pó, entre ou-
brificantes, gorduras, entre outros) tras, pode ser empregado
por apresentarem uma densidade o sistema de decantação.
diferenciada, proporcionando a se- A poeira passa por uma
paração de fases. Nos laboratórios, câmara, conforme apre-
essa separação pode ser realizada sentado na Figura 13,
por meio de funis de separação ou em velocidade suficien-
funis de decantação. A separação dos temente baixa, fazen-
compostos pode ser realizada a olho do um “zigue-zague”. A
nu, onde o líquido com menor den- poeira, mais densa que
sidade fica na parte superior e o com o ar, é separada pelos
maior densidade na parte inferior. anteparos existentes nas
Uma outra separação de mistu- câmaras, sendo acumu-
ras heterogêneas envolve misturas lada na parte inferior do
Figura 12 - Funil de separação entre gases e sólidos. Esse processo equipamento.

ar puro
ar + poeira

Figura 13 - Decantador de poeiras para separação de sólidos de uma corrente gasosa


Fonte: o autor.

• Filtração: é um processo simples e eficiente na separação dos gases e sólidos formados ao lon-
go de um processo industrial. Assim, o filtro utilizado retém as partículas de poeiras, evitando
contaminação do ambiente e exposição na atmosfera.

UNIDADE 6 175
Separação de Misturas ção da mistura homogênea. Pode ser se-
Homogêneas parado sal dissolvido na água, até mesmo
álcool e água. A condição para que ocorra
Uma mistura homogênea ocorre, por exemplo, no a separação é que a substância a ser des-
processo de produção do etanol. Após a fermen- tilada (separada) deve ter um ponto de
tação, em uma das etapas finais do processo, res- ebulição mais baixo do que o restante da
tam, majoritariamente, dois compostos: a água e mistura. A mistura (presente em um balão
o etanol. Para comercialização e atendimento aos de fundo redondo) é aquecida (por uma
padrões de qualidade, deve-se purificar o etanol. manta ou bico de Bunsen) e os vapores
Utiliza-se, por exemplo, o processo de destilação, são conduzidos por meio de uma tubula-
capaz de separar os componentes de uma mistu- ção de vidro (cabeça de destilação) até um
ra homogênea, devido a diferenças existentes no condensador em que os vapores quentes
ponto de ebulição da água e etanol. trocam calor, condensam-se e se liquefa-
As principais técnicas são destacadas a seguir: zem. Esse líquido é chamado de destilado,
• Evaporação: é um processo físico para sendo separado em um béquer ou erlen-
separar componentes de uma mistura meyer (LENZI et al., 2012).
homogênea. Normalmente, a fase líquida, • Destilação fracionada: é um processo
o solvente, vaporiza sob a ação do calor físico de separação dos componentes de
(fornecido por um bico de Bunsen, manta misturas líquidas em suas frações, desde
aquecedora), deixando a fase sólida que é que os componentes formadores da mis-
o soluto. Na evaporação, não há o interesse tura tenham diferentes pontos de ebuli-
em se coletar o vapor que se desprende da ção. A diferença com a destilação simples
mistura (LENZI et al., 2012). é que entre o condensador e o balão de
• Destilação simples: a propriedade física fundo redondo há uma coluna de vidro
em que cada substância líquida tem um de fracionamento. A coluna de fraciona-
valor específico de temperatura de ebuli- mento é projetada de tal forma que ela di-
ção é o que permite a destilação e separa- ficulta a passagem de um dos compostos.

Figura 14 - Destilação simples Figura 15 - Destilação fracionada

176 Misturas e Técnicas de Separação


No interior desta coluna, podem haver • Liquefação fracionada: trata-se da
separações, muitas vezes, chamadas de aplicação de um processo que envolve a
pratos, que permite separar vapores com liquefação dos gases contidos na atmos-
diferentes pontos de ebulição. O vapor se fera. Assim, esse processo é denominado
move para cima da coluna e parte dele se de liquefação fracionada, pois ocorre a
condensa nos pratos da coluna. Esse con- separação dos componentes gasosos. Esse
densado goteja para baixo da coluna, en- processo é empregado para obter gases
contrando o vapor mais quente subindo, com altas concentrações de nitrogênio,
havendo troca de calor. Neste encontro, oxigênio, entre outros.
parte do líquido da espécie mais volátil
junta-se novamente com o vapor ascen- Você consegue imaginar aplicações dessa impor-
dente. O resultado é que, no topo da colu- tante propriedade da liquefação em nosso dia a
na, o vapor puro é coletado, e na base da dia? Pesquise e reflita sobre a sua importância!
coluna, o líquido mais puro é acumulado
(LENZI et al., 2012). Exemplo 2: as misturas podem ser classificadas
como homogêneas e heterogêneas. Leia as afirma-
ções a seguir e marque a alternativa que reúne as
afirmações corretas.
a) A mistura homogênea ocorre quando te-
Produção do vinho artesanal mos mais de dois componentes e não é
O termo destilação corresponde à separação das possível fazer a sua separação.
substâncias voláteis presentes no vinho que, ini- b) A mistura homogênea ocorre quando
cialmente, são transformadas em vapor por uma temos, apenas, um componente, sendo
corrente quente e, posteriormente, são conden- possível realizar sua separação.
sadas e separadas com auxílio de uma corrente c) A separação de uma mistura homogênea,
fria. A destilação artesanal de vinhos ocorre em contendo água e sal, pode ser realizada por
duas etapas, e se baseia na diferença entre o meio de um processo de filtração simples.
ponto de ebulição da água (100 °C) e do etanol d) Uma mistura heterogênea composta de
(78,4 °C). Na primeira destilação, é concentrado sal e areia pode ser separada mediante um
o vinho em 30% do seu volume inicial. A segunda processo de levigação e isso só é possível
destilação ocorre de forma lenta. devido à diferença na densidade desses
Fonte: adaptado de Rizzon e Meneguzzo (2008, dois compostos.
on-line)3. e) Dentre as propriedades que caracterizam
as misturas, tanto homogêneas quanto
heterogêneas, pode-se destacar o ponto
de fusão, ponto de ebulição, a densidade,
a polaridade, entre outras.

UNIDADE 6 177
Resposta: e)

Segue a justificativa das alterna-


tivas incorretas:
a) É possível separar os
componentes de uma
mistura homogênea.
b) Para ser mistura, neces-
sariamente, devemos
ter dois ou mais com-
ponentes.
c) Não, filtração é capaz
de separar misturas he-
terogêneas.
d) Primeiro deve ser rea-
lizado uma dissolução,
para dissolver o sal,
então deve ser realiza-
do uma filtração, para
separar a areia e, em se-
guida, uma evaporação,
para recuperar o sal.
e) Correto.

Prática 2:
Preparação de
uma Mistura
Composta de
Água, Sal de
Cozinha e Areia

Nesta prática, iremos verificar


experimentalmente a formação
de misturas homogêneas e hete-
rogêneas, atreladas aos concei-
tos de solubilidade.

178 Misturas e Técnicas de Separação


PREPARAÇÃO DE UMA MISTURA COMPOSTA DE ÁGUA, SAL DE COZINHA E AREIA

1.0 Objetivos da prática

Verificar, experimentalmente, os conceitos de fases, misturas homogêneas, heterógenas, so-


lubilidade.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais
• Frasco com água pura.
• Frasco com cloreto de sódio puro (NaCl).
• Frasco com areia pura.
• Balança analítica.
• Bastão de vidro.
• Béquer de 100 mL.
• Dois béqueres de 50 mL.

2.2 Procedimentos e Resultados


• Fazer os cálculos para preparar 40 g de uma mistura que contenha 70% de água pura,
8% de cloreto de sódio (sal de cozinha) e 22% de areia.
• Pesar no béquer de 100,0 mL (registrando o peso do béquer vazio) os X g de água pura.
» Peso do béquer: _________ g
» Peso da água: __________ g
» Massa total (béquer + água): _________ g
• Num béquer de 50 mL, pesar os Y g de sal puro e, no outro béquer, pesar os Z g de areia:
» Peso sal: ______ g
» Peso areia: ______ g
• No copo béquer que contém os X g de água, adicionar os Y g de sal. Com auxílio de
um bastão de vidro, dissolvê-lo. Deixar em repouso. Cuidar para não retirar o bastão
de vidro da mistura e colocá-lo sobre a mesa, pois estaria tirando massa do sistema.
• Observar a mistura sal e água e responder as questões:

Há sal no fundo do béquer?


______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Quantas fases a mistura possui?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

UNIDADE 6 179
• Ao copo béquer contendo a solução de sal e água, adicionar os Z g de areia. Agitar o
sistema com o bastão de vidro. Deixar em repouso. Observar e responder as questões:

Há areia no fundo do béquer?


______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Por que a areia está no fundo?


______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Quantas fases tem o sistema?


______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Quantas espécies químicas apresenta o sistema? (Suponha que a areia seja um componente puro).
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

3.0 Conclusão

Quais as evidências da formação de uma mistura homogênea e heterogênea? Quais as pro-


priedades físicas envolvidas?
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Prática 3: Separação de uma Mistura Composta de Água,


Sal de Cozinha e Areia

Nesta prática, iremos exemplificar a separação de misturas homogêneas e heterogêneas, utilizando os


conceitos estudados.

180 Misturas e Técnicas de Separação


SEPARAÇÃO DE UMA MISTURA COMPOSTA DE ÁGUA, SAL DE COZINHA E AREIA

1.0 Objetivos da prática

Verificar, experimentalmente, como pode ser separada uma mistura diversa composta por sal
de cozinha, areia e água.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais
• Os 40 g de mistura preparado na etapa anterior.
• Papel de filtro analítico.
• Bastão de vidro.
• Suporte universal com anel suporte para o funil.
• Proveta ou balão volumétrico com capacidade para 100 mL.
• Pissete com água pura.
• Balança analítica.
• Vidro de relógio.
• Estufa.
• Dessecador.
• Cápsula de porcelana.
• Pipeta volumétrica de 25 ou 20 mL.
• Tripé ou suporte universal para tela de amianto.
• Sistema de gás.

2.2 Procedimentos e Resultados

2.2.1 Filtração para separação da areia

• Preparar o papel de filtro, dobrando-o em quatro partes iguais.


• Pesar o papel de filtro e registrar sua massa Mp = _______ g.
• Colocar o papel de filtro no funil de vidro e umedecer com água destilada.
• Armar o funil no anel do suporte universal, colocando na saída a proveta.
• Introduzir a haste do funil na proveta, encostando-a na sua parede para que o filtrado
escorra e não se perca nenhuma massa.
• Com o auxílio do bastão de vidro, transferir a mistura para o papel de filtro.
• Lavar o fundo do béquer com água destilada da pisseta para retirar todo material re-
manescente.

UNIDADE 6 181
• Esperar a filtração. Ao final, lavar o papel de filtro por 3 a 4 vezes com água destilada
para remover todo sal que possa estar impregnado.
• O papel de filtro com areia é colocado em um vidro de relógio e levado à estufa a 110 °C
para secar.
• Após, é colocado no dessecador para resfriar até a temperatura ambiente.
• A seguir, é pesado, registrando a massa da areia com o papel de filtro (Mt = _______ g).
• Calcular a massa de areia: _________________ g.

2.2.2 Evaporação para a separação do sal

• Pesar a cápsula de porcelana com vidro de relógio e registrar a massa mCV: ______ g.
• Homogeneizar o filtrado utilizando um bastão de vidro limpo.
• Com a pipeta volumétrica, transferir para a cápsula 25 mL do filtrado.
• O sistema cápsula + filtrado com vidro de relógio em cima é levado sobre a tela de
amianto para, com auxílio do bico de Bunsen, evaporar a água.
• O aquecimento deve ser cuidadoso para não se perder sal com excesso do calor.
• Ao se verificar que na cápsula de porcelana não há mais água para evaporar, com uma
pinça, retira-se a cápsula que é colocada no dessecador para esfriar. Após esfriar, pesar
a cápsula com o sal registrando a massa total mT = ________ g.

Calcular a massa do sal contida nos 25 mL do filtrado:


______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Calcular a massa total do sal no volume total de filtrado.


______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Em relação a massa do sal inicial e o valor obtido experimentalmente, calcular o erro absoluto
e o erro relativo.
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

182 Misturas e Técnicas de Separação


Prática 4: Extração de Óleos Essenciais

Nesta prática, iremos estudar um processo especial de separação, que é a extração de óleos essenciais
por arraste a vapor, que é explanado na introdução da prática.

EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS

1.0 Objetivos

Essa prática tem como objetivo extrair o óleo essencial de citronela ou outra planta utilizando
o método de hidrodestilação.

2.0 Introdução

A extração do óleo essencial do capim citronela (Cymbopogon winterianus), que contém, em


sua composição química, os compostos citronelal e citronelol, apresentam aplicações como
repelentes de insetos, especialmente para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Outra aplicação dos constituintes do óleo essencial de citronela é atuar sobre o crescimento
microbiano, eliminando fungos e bactérias. É importante dizer que o óleo essencial de citronela
puro pode ser irritante para a pele, devendo ser utilizado de acordo com orientação profissional.
Para extrair óleos essenciais de plantas, pode-se trabalhar com o método de arraste a vapor
ou a hidrodestilação. No arraste a vapor, a água é evaporada e seu vapor passa pelas partes da
planta arrastando o óleo essencial, depois, esse vapor misturado com óleo é condensado e faz-se
a separação da água e do óleo essencial. Na hidrodestilação, as partes vegetais são misturadas
diretamente com a água, essa mistura é aquecida até a temperatura de ebulição (em torno de
100 ºC) e depois de iniciar a fervura, a temperatura é abaixada para valores de 75 ºC. Os vapo-
res formados arrastam o óleo essencial e seguem para o condensador para, depois, ocorrer a
separação entre o óleo e a água. O processo de hidrodestilação é mais lento e apresenta menor
rendimento do que o arraste a vapor, mas é mais simples de ser realizado em um laboratório,
por isso, você aprenderá como extrair óleo essencial utilizando esse método.

3.0 Materiais e Reagentes


• Béquer.
• Proveta de 500 mL.
• Balão de recepção.
• Funil.
• Pipeta de Pasteur.
• Frasco âmbar.
• Balança analítica.
• Pescoço de conexão.

UNIDADE 6 183
• Manta de aquecimento.
• Condensador.
• Erlenmeyer.
• Capim cidreira ou Citronela.

4.0 Procedimentos

4.1 Preparo da amostra de hidrodestilação


• Pesar o béquer que receberá a amostra de citronela.
• Apertar a tecla TARA para “zerar” a balança.
• Colocar a citronela no béquer até atingir 70 g.
• Transferir a citronela para o balão de recepção.
• Adicionar 400 mL de água destilada ao balão com citronela.

4.2 Montagem do aparelho de hidrodestilação


• Colocar o balão de recepção na manta aquecedora.
• Conectar o “pescoço” ao balão de recepção e ao condensador.
• Conectar o condensador a um erlenmeyer para recepção do destilado.

4.3 Processo de hidrodestilação


• Ligar a manta térmica em 100 ºC.
• Abrir a torneira para passagem de água pelo condensador.
• Quando começar a ferver a mistura de citronela e água, abaixar a temperatura da manta
térmica para 75 ºC.
• Desligar a manta térmica após 2h e coletar o óleo misturado à água do erlenmeyer.
• Retirar o óleo essencial, que forma a fase superior do erlenmeyer, com uma pipeta de
pasteur e coletar em uma proveta.

4.4 Cálculos

Propriedades físicas
Dentro das propriedades físicas dos óleos citronelal e citronelol, a densidade média obtida para
esse óleo é 0,855 a 0,877 g/cm3. Com esse valor de densidade, é possível determinar a massa
de óleo essencial extraída para determinação do rendimento da extração.

Cálculo da massa de óleo extraída


Fórmula aplicada:

184 Misturas e Técnicas de Separação


Em que:

d = densidade do óleo g/cm3.


m = massa em gramas obtidas.
v = volume esperado dados em mL.

Assim, para obter a massa do óleo, é necessário retirar com auxílio de uma pipeta a suspensão
do óleo sem a presença da água (duas fases, mistura heterogênea) e dispor em uma proveta para
medir o volume obtido após a extração.
Neste caso, o volume obtido foi de: ________ mL.
Agora com os dados referentes ao valor da densidade = 0,855 a 0,877 g/cm3 e aplicação do
volume obtido em mL durante a extração, determina-se a massa:

m = ________ g

Cálculo do percentual do rendimento obtido em laboratório


Por meio de uma regra de três simples, pode-se determinar o rendimento da extração.
70g ------- 100%
___ g ------- x
x = ________%

Conclusão

A aula prática permitiu maior entendimento em torno do objetivo proposto por meio da ex-
tração por hidrodestilação e obtenção final do óleo essencial. Foi possível verificar, também, o
uso de alguns equipamentos básicos existentes em laboratórios químicos, tais como a balança
analítica para pesagem, béquer para armazenamento, balão de aquecimento, manta aquecedora,
condensador para condensação do vapor, pipeta para coleta de pequenas amostras, entre outros.
Esse método vem atuando de forma didática, como um importante meio de obter óleo
essencial de forma simples e com pouca perda de qualidade. Entretanto, o Engenheiro dificil-
mente atuará com um método tão rústico na indústria de processos, especialmente pelo baixo
rendimento apresentado e dificuldade em otimizar a escala produtiva, sendo empregados outros
equipamentos que realizam a extração com maiores rendimentos.

UNIDADE 6 185
Assim, verificamos, nesta unidade, os conceitos de misturas homogêneas e heterogêneas. Vimos que as
transformações químicas podem gerar subprodutos de reação ao mesmo tempo que geram os produtos
de interesse, produzindo misturas que precisam ser separadas. Vislumbramos que as propriedades fí-
sicas das substâncias, tais como densidade, ponto de ebulição, solubilidade, dentre outras, nos permite
separar os compostos de interesse. Recapitulamos as principais técnicas de separação, envolvendo
misturas sólidas, líquidas e gasosas de misturas homogêneas e heterogêneas.
O estudo das técnicas de separação nos exigiu o conhecimento de uma outra importante propriedade
dos compostos, a solubilidade. Verificamos os diagramas de solubilidade e aprendemos a interpretar
corretamente esses diagramas, conhecendo as distintas regiões (insaturada, saturada e supersaturada).
Verificamos que esses diagramas nos fornecem informações importantes na dissolução de sais em água
de modo a impedir a formação do corpo de fundo.
Além disso, temos procurado, no decorrer de nosso curso, não limitar aos conceitos químicos e ao
que ocorre apenas no interior de um laboratório. Sempre que possível, procuramos fazer uma ponte
entre o conhecimento, entre o laboratório e a indústria, haja visto que a indústria de transformação
nada mais é que um laboratório que opera em grande escala.
Na próxima unidade, iremos tratar de um assunto de grande importância para o laboratório e para
as indústrias: as soluções. Até breve!

186 Misturas e Técnicas de Separação


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. (ENADE-2011) Os calcários são rochas sedimentares que, na maioria das vezes,


resultam da precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonatos.
Podem ser encontrados no mar, em rios, lagos ou no subsolo (cavernas). Eles
contêm minerais com quantidades acima de 30% de carbonato de cálcio (ara-
gonita ou calcita). Quando o mineral predominante é a dolomita (CaMg{CO3}2
ou CaCO3.MgCO3), a rocha calcária é denominada calcário dolomítico. A calcite
(CaCO3) é um mineral que se pode formar a partir de sedimentos químicos,
nomeadamente íons de cálcio e bicarbonato, como segue:

cálcio + bicarbonato → CaCO3 (calcite) + H2O (água) + CO2

O giz, que é calcário poroso de coloração branca, formado pela precipitação de


carbonato de cálcio com microrganismos, e a dolomita, que é um mineral de
carbonato de cálcio e magnésio. Os principais usos do calcário são: produção de
cimento Portland, produção de cal (CaO), correção do pH do solo na agricultura,
fundente em metalurgia, como pedra ornamental.
O óxido de cálcio, cal virgem, é obtido por meio do aquecimento do carbonato
de cálcio (calcário), conforme reação a seguir:

CaCO3  CaO  CO2

Em contato com a água, o óxido de cálcio forma hidróxido de cálcio, de acordo


com a reação:

CaO  H 2O  Ca  OH 2

Considere que uma amostra de 50 g de calcário, contendo 10 g de carbonato de


cálcio, que a obtenção do óxido de cálcio é de 50% do carbonato de cálcio e que
todo óxido de cálcio se transforma em hidróxido de cálcio. Considere, ainda, os
dados: O = 16 g/mol, Ca= 40 g/mol, H= 1 g/mol, C= 12 g/mol.
Com base nessas informações, caso uma indústria de transformação necessite
da fabricação de 740 toneladas de hidróxido de cálcio, quantas toneladas do
calcário serão necessárias para essa produção?

187
a) 100.
b) 560.
c) 1 000.
d) 2 000.
e) 10 000.

2. Em processos chamados de dissolução, podemos adicionar soluto a um deter-


minado solvente até chegar a um ponto em que o solvente não é mais capaz de
dissolver o soluto. Quando atingimos esse ponto, a solução torna-se:
a) Diluída.
b) Concentrada.
c) Fraca.
d) Supersaturada.
e) Saturada.

3. As misturas e soluções são importantes não apenas no contexto da química,


mas também na vida cotidiana. Utilizamos constantemente soluções de ácido
acético e fazemos misturas, e separações de misturas ao preparar um simples
café. Sobre soluções e misturas, analise as sentenças a seguir:
I) O latão é uma mistura de cobre e zinco e trata-se de uma solução sólida.
II) Soluções saturadas apresentam uma quantidade de soluto menor do que
consta na curva do coeficiente de solubilidade.
III) A variação da pressão altera a solubilidade dos gases nos líquidos.
IV) A solubilidade dos compostos sólidos, em água, é aumentada com a elevação
da temperatura.
V) O álcool comercial utilizado como combustível é uma mistura do tipo hete-
rogênea.

É correto o que se afirma em:


a) Apenas I e II.
b) Apenas II, III e IV.
c) Apenas I e III.
d) Apenas III, IV e V.
e) Todas as alternativas estão corretas.

188
4. Os processos de separação são interessantes para separação de compostos
que são desejáveis daqueles que são indesejáveis. Por exemplo, para separa-
ção das misturas gasolina-água e nitrogênio-oxigênio, podem ser utilizados os
respectivos processos:
a) Decantação e liquefação.
b) Dedimentação e destilação.
c) Filtração e sublimação.
d) Destilação e condensação.
e) Flotação e decantação.

189
LIVRO

Química Geral e Experimental


Autor: Ervin Lenzi, Luzia Otilia Bortolli Favero, Aloísio Sueo Tanaka, Evilásio de
Almeida Vianna Filho, Manoel Jacó Garcia Gimmenes
Editora: Freitas Bastos
Ano: 2012
Sinopse: esta obra foi elaborada por uma equipe de professores universitários,
Mestres e Doutores, que ministram essa matéria há vários anos no 1º ano de
vários cursos: Química, Engenharia Química, Zootecnia, Farmácia, Bioquímica,
Agronomia, Biologia etc. O livro é feito em unidades didáticas, de forma a facilitar
a atividade acadêmica e tem como ênfase a relação entre a teoria e a prática.
Obra verdadeiramente inovadora e sem paralelo no Brasil. Texto apresentado
em 27 unidades, das quais 7 tratam da introdução do aluno(a) ao laboratório
e a obtenção de medidas com caráter científico, 2 orientam na preparação e
calibração da instrumentação, 3 ensinam as técnicas de obtenção, separação
e purificação de substâncias, 2 evidenciam a forma de determinação de pro-
priedades das substâncias, 3 apresentam os princípios de Química Analítica,
preparação de soluções padrões e padronização, 3 orientam para o estudo da
reação química, 4 são destinadas ao estudo do equilíbrio químico, 1 ao estudo da
cinética química, 1 ao estudo da termoquímica e 1 ao estudo da eletroquímica.

190
BROWN, T. L. et al. Química: A Ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.

LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2012.

RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, 1994.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.vestibulandoweb.com.br/quimica/teoria/classificacao-solucoes-saturacao.asp> Acesso em:
05 abr. 2019.
2
Em: <https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/decantacao>. Acesso em: 05 abr. 2019.
3
Em: <https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Vinho/SistemaProducaoDestiladoVinho/
destilacao.htm>. Acesso em: 05 abr. 2019.

191
1. E.

A questão refere-se ao balanço da matéria (estequiometria) envolvida na decomposição do carbonato de


cálcio – CaCO3, a partir de uma amostra de calcário, originando óxido de cálcio – CaO – e dióxido de car-
bono – CO2. Em etapa posterior, o óxido de cálcio é hidratado resultando o hidróxido de cálcio – Ca(OH)2.
Com base na relação de massas que acompanha a hidratação do óxido de cálcio, é possível determinar a
massa de óxido que origina as 740 toneladas de hidróxido de cálcio mencionadas no enunciado, ou seja,

CaO + H2O → Ca(OH)2

56 g ................. 74 g

x ................. 740 ton x = 560 ton CaO

A partir da equação de decomposição do carbonato de cálcio, que origina o óxido de cálcio, pode ser cal-
culada a massa do carbonato usada:

CaCO3 → CaO + CO2

100g ......... 56 g

x ......... 560 ton x = 1000 ton CaCO3

Visto que o rendimento do processo em relação é de apenas 50%, a massa de carbonato a ser empregada
será o dobro, portanto 2000 ton. Ainda, levando-se em conta que de cada 50 g de amostra de calcário,
apenas 10 g são do carbonato, a massa de amostra que irá originar as 2000 ton de carbonato de cálcio será:

50 g calcário ............. 10 g de carbonato

xg .................. 2000 ton x = 10 000 ton calcário

2. E.

Nesta questão, temos o impulso de marcar supersaturada. Contudo antes de atingir o estado de supersa-
turação, ela atinge a curva de saturação, que corresponde à quantidade máxima de soluto que pode ser
dissolvida no solvente.

3. C.

I. Verdadeiro. O latão, mistura de cobre e zinco, é uma solução sólida.

II. Falso. Soluções saturadas apresentam soluto dissolvido em quantidade igual ao coeficiente de solubilidade.

III. Verdadeiro. A variação da pressão altera a solubilidade dos gases nos líquidos. Aumentando a pressão,
a solubilidade aumenta.

IV. Falso. Existem substâncias que têm a solubilidade em água diminuída com aumento da temperatura.

V. Falso. Mistura homogênea, pois é possível verificar apenas uma única fase.

4. A.

A gasolina e a água são líquidos praticamente insolúveis e podem ser separados por decantação, por exemplo, em
um funil de separação. O oxigênio e o nitrogênio são separados por liquefação e posterior destilação fracionada.

192
193
194
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Soluções

PLANO DE ESTUDOS

Titulações: medidas de pH

Soluções, concentrações e diluições

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Estudar os conceitos de soluções, concentrações e dilui- • Entender o conceito de titulações, medidas de pH, na
ções, na teoria e na prática. teoria e na prática.
Soluções,
Concentrações
e Diluições

Olá, aluno(a)! Recapitulando, nas unidades an-


teriores, estudamos conceitos importantes rela-
cionados às transformações da matéria. Vimos
as transformações físicas, que não alteram a es-
trutura dos compostos participantes, e as trans-
formações químicas, que transformam a estru-
tura dos compostos participantes, produzindo
novas substâncias, até mesmo subprodutos, que
precisam ser separados, utilizando-se, para isso,
de propriedades, tais como densidade, solubilida-
de, ponto de fusão, ponto de ebulição, até mesmo
transformações químicas, que nos auxiliam nos
processos de separação.
Nesta unidade, dedicaremo-nos ao estudo
das soluções. Aprenderemos como preparar uma
solução, uma prática muito importante para a
atuação no laboratório, e como realizar dilui-
ções, conceito importante para a indústria de
transformação. Além disso, veremos o conceito
de titulações, utilizado, por exemplo, para deter-
minar a acidez ou basicidade de óleos, azeites, ou
seja, na determinação da concentração de solu-
ções ácidas ou básicas por meio de uma reação
química de neutralização.
As soluções com concentrações conhecidas grama de cloreto de sódio. E se utilizarmos 1/3 da
são importantes em diversas áreas. Por exemplo, solução? Para facilitar, podemos fazer uma regra
para a lavagem de equipamentos em que há a de três, mas, antes, multiplicamos 1 L por 1/3 para
manipulação de alimentos, necessitamos de de- descobrir o volume que corresponde a 1/3, ou
tergente alcalino clorado, com 130 ppm de clo- seja, 0,333L.
ro, para sanitização de uma solução de 25 ppm
de iodo, entre outros procedimentos (RIBEIRO; 1 L de solução ................. 2g NaCl
CARVALHO, [2019], on-line)1. O álcool hidrata- 0,333 L de solução ................. xg NaCl
do produzido por usinas de cana-de-açúcar deve x = 0,667 gramas de NaCl.
conter, no mínimo, 94,5% de etanol em volume
e, no máximo, 4,9% de água em volume (NOVA Utilizando 1/3 da solução, teremos disponível ape-
CANA, [2019], on-line)2. nas 0,667 g de NaCl para realizar a reação química.
As aplicações de concentração de soluções
não se limitam apenas aos exemplos listados no
parágrafo anterior, está presente na produção de Soluções
medicamentos, produtos de limpeza, alimentos e
diversos outros. Em laboratórios e indústrias de A definição de uma solução é uma mistura homo-
transformação, na maioria das reações químicas, gênea de um soluto (substância sendo dissolvida)
devemos saber a concentração inicial para que em um solvente (substância que efetua a dissolu-
possamos identificar a quantidade real de rea- ção). O soluto, a fase dispersa, é aquele que está
gentes que ali estão presentes para promover uma em menor quantidade. O solvente é o dispersante,
determinada reação. é o composto que está em maior proporção. A
Contudo, como isso acontece? Imagine que concentração de uma solução é expressa entre a
determinada reação química ocorre com o cloreto relação da quantidade de soluto e a quantidade de
de sódio (NaCl). Para essa reação, é preciso dissol- solvente (ou solução) (TRINDADE et al., 2016).
ver esse composto que, na maior parte dos casos, é As soluções podem ser encontradas em quais-
feito em água, conhecida como solvente universal, quer dos três estados físicos: sólido, líquido ou
por ser capaz de dissolver uma grande quantidade gasoso (LENZI et al., 2015). Como exemplo de
de compostos. Pois bem, se pesarmos 2 gramas de uma solução gasosa, podemos citar o ar, que é
NaCl e dissolvermos em 1 litro de água, teremos uma mistura de nitrogênio, oxigênio e quantida-
1 litro de solução com concentração de 2 gramas des menores de outros gases. Quanto às soluções
por litro. Temos um volume bastante grande de sólidas, temos as ligas metálicas como o “níquel”
nossa solução, correto? Um litro de solução! No das moedas (25% Ni, 75% Cu). Como exemplo de
entanto, nesse um litro, temos apenas 2 gramas solução líquida, podemos citar água com açúcar
do cloreto de sódio, ou seja, na reação química, ou água com etanol.
teremos disponíveis apenas 2 gramas para realizar Uma solução de etanol em água com 94,5%
a reação química, nada mais que isso. de etanol em volume tem uma concentração de
E se utilizarmos apenas meio litro daquela 94,5% em volume, ou seja, 94,5 mL de etanol em
solução? Ora, se a solução foi corretamente agi- 100 mL de solução (volume do etanol + volume da
tada, se pegamos metade dessa solução, teremos água). Uma solução de cloreto de sódio 2 g/L tem
ali dentro apenas metade do reagente, ou seja, 1 2 gramas de cloreto de sódio em 1 litro de solução.

UNIDADE 7 197
Iremos verificar esses conceitos de tipos de medidas diretas de massa (kg), volume (L), e não
concentração, como preparar uma solução com o mol (LENZI et al., 2015). Porém, em virtude
concentração conhecida, diluições, uso do espec- do uso de diferentes unidades, apresentaremos, a
trofotômetro por meio de uma prática intitulada seguir, os principais tipos de concentração. Alguns
Degradação de Corantes Alimentícios, logo mais dos nomes estão em desuso (apenas o nome, não
à frente! as unidades), como é o caso da molaridade.
Os termos concentrados e diluídos são bastante
utilizados para dar uma indicação qualitativa
Concentração da concentração e o soluto em uma solução.
Concentrado implica em uma concentração
Para entender o que é a concentração, a definição relativamente alta de soluto e diluído, uma
de soluto, solvente e solução, vamos pensar no concentração relativamente baixa (RUSSEL, 1994).
exemplo da solução que preparamos dissolvendo
2 g do sal de cozinha (NaCl) em 1 L de água. As-
sim, reafirmamos a definição de solução que já Concentração Comum (C)
falamos anteriormente: uma mistura homogênea
entre o soluto e o solvente. A concentração comum relaciona a massa do
Dizemos que a concentração de uma solução é soluto (m1) e o volume da solução (V), dado de
a relação entre a quantidade do soluto (que seria o acordo com a expressão a seguir:
sal de cozinha) e a quantidade de solvente (quanti-
m1
dade de água) ou a quantidade de solução (que é a C=
V
quantidade do soluto mais a quantidade do solven-
te). De uma maneira mais genérica, concentração A unidade usualmente utilizada é g/L – isso
é a razão entre a quantidade de soluto pela quan- quando a massa do soluto estiver em gramas e o
tidade de solvente ou pela quantidade de solução volume estiver em litros (L) (LENZI et al., 2015).
(LENZI et al., 2015), conforme a equação a seguir:
Exemplo 1: NaCl a 2 g/L: em 1 litro da solução,
Quantidade � de
� soluto temos 2 gramas de NaCl.
Concentração =�
Quantidade � de
� solvente

Quantidade � de
� soluto Concentração Molar (M) ou
Concentração =�
Quantidade � de
� solução em Quantidade de Matéria
(Molaridade)
A IUPAC (União Internacional de Química Pura
e Aplicada) recomenda a utilização do mol para Provavelmente, é a unidade de concentração mais
representar a quantidade de matéria, conforme usada em soluções aquosas. Relaciona o número de
verificamos em nossas primeiras unidades. Po- mol do soluto (n1) e o volume da solução (V) (RUS-
rém, na prática, a quantidade de matéria de um SEL, 1994), dado de acordo com a expressão a seguir:
determinado composto continua a ser medido
n1
por sua massa, volume, entre outros. Isto talvez se M =�
V
deva ao fato de nossos instrumentos fornecerem

198 Soluções
A quantidade de matéria (n1) é dada em mol e o Essa relação não apresenta unidade de medida por
volume na unidade litro (L). se tratar de uma divisão de massas com a mesma
unidade, ou seja, anulam-se.
Exemplo 2: NaCl a 2 mol/L: em 1 litro da solução,
temos 2 mols de NaCl. Exemplo 3: NaCl a 2% em massa: em 1 quilograma
da solução, temos 0,02 quilogramas de NaCl, ou seja:

Título em Massa (T) 0 02 kg NaCl


TM = = 0 02 100 = 2%
1 kg ( NaCl + H 2O )
Também conhecida como percentagem em mas-
sa, ou massa percentual (RUSSEL, 1994), relaciona No exemplo, multiplicamos por 100 para obter a
a massa do soluto (m1) com a massa da solução percentagem.
(m), como na expressão a seguir: No título em massa, como a massa da solução
é resultante da soma da massa do soluto (m1) e
m1
TM =� a massa do solvente (m2), podemos reescrever a
m
fórmula da seguinte maneira:

nº mol do componente 1
x componente 1
nº mol componente 1 + nº mol componente 2 + ...

Título em Volume (Tv)

Relaciona o volume ocupado pelo soluto (V1) e o volume da solução (V), como na expressão a seguir:

V1
TV =
V
O título em volume não apresenta unidade de medida por se tratar de uma divisão de volumes com a
mesma unidade, ou seja, anulam-se.

Exemplo 4: vinagre a 2% em volume: em 1 litro da solução, temos 0,02 litros de vinagre.

0 02 L ácido acético
TV   2 100  2%
1 L de solução  água  ácido acético 

Como o volume da solução é resultante da soma do volume do soluto (V1) e o volume do solvente
(V2), podemos reescrever a fórmula do título em volume da seguinte maneira:
V1
TV 
V1  V2

UNIDADE 7 199
PPM ummilhão de partes de solução. As partes men-
cionadas podem ser: 130 gramas de cloro em
Essa forma de expressar a concentração é utilizada 1.000.000 de gramas da solução.
quando a relação entre a quantidade de soluto e a O termo ppm é bastante empregado na indús-
quantidade de solução é muito pequena. A expres- tria de forma geral, então bastante atenção! Um ou-
são ppm significa partes por milhão, ou seja, uma tro exemplo, se for mencionado que a quantidade
parte do soluto lhe correspondem a um milhão de máxima permitida de chumbo nas águas de abaste-
partes da solução. Em termos numéricos a 1,0 g cimento público é de 0,015 ppm, isso significa que
de soluto lhe correspondem 1,0 . 106 g de solução. são 0,015 g ou 15 mg de chumbo em 1 milhão de
Outros nomes podem ser utilizados, como ppb gramas de solução. Veja que trabalhamos apenas
(parte por bilhão), ppt (partes por trilhão) (LENZI com os prefixos do números, que já estudamos.
et al., 2015). A expressão é:
Fração Molar
1 parte
ppm =
1.000.000 partes
Trata-se de um número adimensional (que não
Também não apresenta unidades de medida por possui unidade de grandeza) que correlaciona a
se tratar de uma divisão entre números que pos- quantidade de um componente em uma mistura.
suem a mesma unidade. É indicada como sendo a razão do número de
mols daquele componente pelo número de mols
Exemplo 5: detergente alcalino clorado, com de todos os componentes (composto 1 + compos-
130 ppm de cloro, temos 130 partes de cloro em to 2) (RUSSEL, 1994).

nº mol do componente 1
x componente 1
nº mol componente 1 + nº mol componente 2 + ...

A soma da fração molar de todos os componentes de uma mistura é sempre igual a 1, ou seja:

xcomposto �1  xcomposto
� 2  xcomposto � 3  1

Exemplo 6: uma solução de Hidróxido de Sódio (NaOH) foi preparada a partir de 250 mL de água
destilada e 12 g do soluto. Calcular a fração molar do NaOH nessa solução.
Primeiramente, deve-se calcular o número de mols do NaOH, a partir da massa molar do com-
posto (40 g/mol):
40 g NaOH ................ 1 mol
12 g NaOH ................. x x = 0,3 mol NaOH

Em seguida, calcula-se o número de mol de H2O contidos em 250 mL. Considerando que a densidade
da H2O é 1 g/mL, em 250 mL de H2O, temos 250 g de H2O. Assim:
18 g H2O ................. 1 mol
250 g H2O ................. x x = 13,89 mols H2O

200 Soluções
Desta forma, a fração molar é calculada como segue:
n° mol do componente NaOH 0, 3
xNaOH = = = 0 0211 ou 2, 11%
n° mol componente NaOH + n° mol componente H 2O 13, 89 + 0, 3
Qual seria a fração molar da H2O?

n° mol do componente H 2O 13, 89


xH 2 O = = = 0 9789 ou 97 89%
n° mol componente NaOH + n° mol componente H 2O 13, 89 + 0, 3
Uma maneira mais simples de calcular a fração molar da água seria:

xNaOH + xH 2 O = 1
0, 0211 + xH 2 O = 1
xH 2 O = 0 9789 ou 97 89%

Fração Mássica

É muito semelhante à fração molar, contudo, no lugar do número de mols, é utilizado a massa dos compostos.

massa � do
� componente1�
xcomposto�1 
massa � componente
� 1  massa � componente� 2 
A soma da fração mássica de todos os componentes de uma mistura é sempre igual a 1, ou seja:

xcomposto �1  xcomposto
� 2  xcomposto � 3  1

Exemplo 7: em um determinado equipamento industrial, há uma entrada de 100 kg/h de uma mistura
de etanol e água. Sabendo que a fração mássica do etanol é 0,7, determine a quantidade, em kg/h, que
entra de etanol e de água.
Para calcular a quantidade de etanol, basta multiplicar a entrada pela fração mássica:
Etanol = 0,7 . 100 kg/h = 70 kg/h de etanol.

E a quantidade de água? Ora, se entra 100 kg/h, e 70 kg é etanol, 30 kg é água. O que acabamos de fazer
é utilizar a fórmula da soma das frações mássicas sendo igual a 1. Caso ainda haja dúvidas, vamos fazer:
Precisamos da fração mássica da água:

xetanol  xágua  1

0, 7  xágua  1

xágua = 0, 3

Água= 0,3 . 100 kg/h = 30 kg/h de água.

UNIDADE 7 201
Estudamos, em unidades anteriores, a densidade, e vimos que ela é uma relação entre a massa e o
volume, dada, por exemplo, em gramas/litro. A densidade é uma unidade de concentração? Qual a
diferença entre a densidade e a concentração?

Se no exemplo anterior fosse dada a fração molar (número de mols),


não poderíamos multiplicar essa fração pela entrada (100 kg), pois,
na entrada, temos a massa, o que nos impede de multiplicar pela
fração molar! Agora, se na entrada fosse fornecida em número de
mol (por exemplo, 100 mols de mistura na entrada), poderíamos
utilizar a fração molar nos cálculos.

Preparo de Soluções

Conforme discutimos em unidades anteriores, o preparo de soluções


líquidas é feito principalmente fazendo o uso de um balão volumé-
trico com um volume adequado. A escolha por esse equipamento é
Acerto do menisco do balão volumétrico devido a boa precisão nas medidas de volume.

202 Soluções
Figura 1 - Acerto do menisco do balão volumétrico empregado para o preparo e diluição de soluções

É importante lembrar que, ao preparar soluções Exemplo 8: preparar uma solução 20 mg/L de
utilizando esse equipamento, primeiramente hidróxido de sódio (NaOH).
adicionamos o reagente (sólido ou líquido), em O NaOH é vendido no estado sólido. Assim,
seguida, completamos com o solvente, sendo bas- para preparar essa solução, devemos pesar 20 mg ou
tante empregada à água. Devemos completar com 0,02 g dessa substância, transferir para um balão vo-
o solvente até a marcação do menisco, sendo que a lumétrico de 1 L e completar com água até a marca.
curvatura da interface líquida formada deve ficar
exatamente acima da marcação do instrumento, Exemplo 9: preparar 250 mL de solução, 20 mg/L
conforme demonstra a realidade aumentada. de hidróxido de sódio (NaOH).
Em alguns casos, para evitar desperdícios, não
desejamos preparar 1 L, mas apenas 250 mL de
A partir de Soluto Sólido solução, como proceder?
Basta fazer uma simples regra de três. A solu-
As soluções podem ser preparadas a partir de ção inicial tem volume de 1000 mL ou 1 L, que
um soluto sólido ou um soluto que está con- conterá 20 mg de NaOH, mas queremos apenas
tido em uma solução líquida. Quando traba- 250 mL dessa solução, então, qual deve ser a massa
lhamos com o soluto no estado sólido, basta de NaOH que devemos dissolver nesses 250 mL?
pesarmos a quantidade desejada para que seja
dissolvida no solvente, utilizando um recipien- 1000 mL de solução .............. 20 mg NaOH
te de medida de volume adequado, tal qual o 250 mL de solução ............... x
balão volumétrico. x = 5 mg de NaOH

UNIDADE 7 203
Isto é, devemos dissolver 5 mg ou 0,005 g dessa Como já mencionamos anteriormente, em
substância em um volume que completará os diversos casos, é difícil pesar um soluto líquido.
250 mL da solução, utilizando um balão volu- Devemos transformar a massa (50 g) em volume,
métrico de 250 mL. Repare que a concentração e como fazer isso? Já temos essa resposta, devemos
é a mesma: 20 mg/L: usar a densidade!
Utilizando uma regra de três para estimar a
5 mg NaOH massa necessária para o preparo dessa solução:
C= = 20 mg L
0 25 L de solução
1000 mL de solução .............. 50 g butanol
A Partir de Soluto Líquido 500 mL de solução ............... x
x = 25 g de butanol
Quando não há necessidade de algum formato de
concentração específica, por exemplo, em mol/L, Agora, transformamos essa massa em volume
o processo mais fácil é trabalhar com a concentra- com o uso da densidade. A densidade do buta-
ção na unidade de volume/volume, como o Título nol na temperatura de 20 °C é 0,81 g/mL, ou seja,
em Volume, visto anteriormente (TV). 0,81 g de butanol corresponde a um volume de
1 mL. Assim:
Exemplo 10: preparar 100 mL de uma mistura
aquosa de glicerina com concentração de 20 mL/L, 1 mL de butanol .............. 0,81 g butanol
ou seja, 20 mL de glicerina para 1 litro de solução. x ............... 25 g butanol
A concentração desejada é 20 mL/L, mas não x = 30,86 mL de butanol
queremos preparar 1L, necessitamos apenas de
100 mL dessa solução. Dessa forma, devemos uti- Logo, se utilizarmos 30,9 mL de butanol, que será
lizar uma regra de três para determinar a quanti- dissolvido até o volume de 500 mL de solução,
dade de soluto necessária: obtemos 500 mL de solução com a concentração
de 50 g/L.
1000 mL de solução .............. 20 mL Glicerina
100 mL de solução .............. x
x = 2 mL de glicerina A partir de uma Solução:
DILUIÇÃO
Isto é, devemos utilizar 2 mL de glicerina para ser
dissolvido em 100 mL de solução. Dessa forma, A palavra diluição é usada quando uma solução
obtemos 100 mL de solução com a concentração pode ser mais diluída pela adição de mais solven-
de 20 mL/L. te (RUSSEL, 1994). Em grande parte dos casos
Contudo, e quando temos um soluto líquido práticos, não temos uma substância pura para o
e nos é solicitado uma concentração em massa, preparo de uma solução. Temos uma solução com
como proceder? alta pureza ou concentração, chamada de solução
estoque; e para o preparo de soluções com con-
Exemplo 11: preparar 500 mL de uma mistura centrações mais baixas, deve ser adicionada água,
aquosa de butanol com concentração de 50 g/L. no processo de diluição (BROWN et al., 2005).

204 Soluções
O ácido sulfúrico, por exemplo, é comumente Trata-se de um título em massa, ou seja, temos
comercializado em frascos de soluções concentra- 0,96 grama do ácido sulfúrico diluído em 1 gra-
das com título de 96% (96 cg/g). Para relembrar, o ma de solução. Essa 1 grama de solução deve ser
título de 96% em massa significa: 96 centigramas transformado em volume, e é feito pela densidade:
de ácido sulfúrico em 1 grama de solução ou, ain-
da, 0,96 gramas de ácido sulfúrico em 1 grama de 1,84 g solução ........... 1mL de solução
solução (água mais ácido). O ácido clorídrico é 1 g de solução ............ x
comprado como uma solução de 12 mol/L, bas- x = 0,5435 mL de solução = 0,5435.10-3 L de solução.
tante concentrado para aplicações usuais, sendo Assim, obtemos que
necessário sua diluição (BROWN et al., 2005). 96 g 0 96 g
A técnica da diluição nada mais é do que pe- = = 1766 33 g L
g 0 5435 10−3 L
garmos um volume dessa solução concentrada
que será misturada com um volume de água, a Descobrimos a concentração da solução comer-
fim de diluir essa solução. Por exemplo, temos um cial concentrada, na unidade desejada. Quere-
copo com 30 gramas de sal dissolvido em água, mos preparar 250 mL de solução com concentra-
se pegarmos um pequeno volume desse copo e ção de 150 g/L. Estamos saindo da concentração
colocarmos em outro copo, completando com de 1766,33 g/L (muito grande) para a concen-
água, essa nova mistura estará menos salgada, pois tração de 150 g/L, portanto, precisamos efetuar
efetuamos uma diluição. uma diluição.
A fórmula da diluição é (BROWN et al., 2005): Para fazer essa diluição, devemos pegar uma
alíquota dessa solução concentrada para diluir
CiVi = C f V f 13 em água e produzir a nova solução.
Os dados que temos até o momento:
Em que Ci é a concentração da solução inicial • Concentração solução estoque (inicial):
(mais concentrada), Vi é volume inicial que tem 1766,33 g/L
que ser utilizado dessa solução para o preparo • Volume da solução comercial (inicial):
de uma solução diluída, Cf a concentração final desconhecido
desejada e Vf o volume final desejado (BROWN • Concentração desejada (final): 150 g/L
et al., 2005). • Volume desejado (final): 250 mL
• Substituímos esses dados na fórmula da
Exemplo 12: preparar 250 mL de uma solução diluição:
de ácido sulfúrico com a concentração de 150
CiVi = C f V f
g/L. A solução disponível para o preparado é o
ácido sulfúrico concentrado com título de 96% 1766 33 Vi = 150 250
em massa e densidade de 1,84 g/mL.
Vi = 21, 23� mL
Para realizar essa diluição devemos deixar as
concentrações com a mesma unidade de medida. Resumindo: para preparar 250 mL de solução
Vamos transformar a unidade do título em massa de ácido sulfúrico, com concentração de 150 g/L,
(96%) para a unidade de g/L. Desta forma: devemos separar 21,23 mL da solução de ácido
sulfúrico concentrada (98% ou 1766,33 mL), que
96 cg/g = 96.10-2 g/g = 0,96 g/g. deve ser diluída até o volume de 250 mL.

UNIDADE 7 205
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Degradação de Corantes Alimentícios: Concentrações,


Diluições e Noções Básicas do Espectrofotômetro

Agora, aluno(a), iremos verificar como usamos na prática os conceitos de concentração, diluição, e
também trataremos brevemente sobre o uso do espectrofotômetro – um aparelho de laboratório que
pode auxiliar na determinação da concentração de compostos.

DEGRADAÇÃO DE CORANTES ALIMENTÍCIOS: CONCENTRAÇÕES, DILUIÇÕES E


NOÇÕES BÁSICAS DO ESPECTROFOTÔMETRO

1.0 Objetivos

Essa prática tem como objetivo a determinação da concentração do corante, presente em uma
amostra com concentração desconhecida.

2.0 Introdução

Na atualidade, existem diversos alimentos industrializados que utilizam como base de suas
formulações os corantes, naturais ou artificiais, para realçar a cor e melhorar os aspectos visuais
dos alimentos. Nesse sentido, existem resoluções regulamentadoras vigentes no país, como as
resoluções 382 e 388, de 9 de agosto de 1999, da ANVISA (Agência Nacional da Vigilância
Sanitária), que determinam, dentre outros, a concentração máxima permitida de corantes
nos alimentos. No caso de refrigerantes de laranja, as amostras podem conter concentração
máxima de 2,5 mg/L do corante sintético Tartrazina.
Essas resoluções, além da quantidade máxima permitida para não causar danos à saúde
humana, definem o uso de inúmeros outros corantes. Todos os corantes sintéticos ou naturais,
antes de serem liberados para adição e coloração dos alimentos processados, são testados por
órgãos governamentais e não governamentais, sendo elaborados laudos técnicos que informam
sobre sua toxicidade, concentrações, dentre outras informações pertinentes. No Brasil, alguns
dos corantes artificiais permitidos são: amarelo crepúsculo, azul brilhante FCF, bordeaux S
ou amaranto, eritrosina, indigotina, ponceau 4R, tartrazina e o vermelho 40. Também existem
corantes naturais, tais como o açafrão, corante de urucum e cochonilha.

206 Soluções
Um dos cuidados requeridos por esses compostos está relacionado ao processo de estoca-
gem. Os alimentos que contêm corantes, por exemplo, devem ser estocados preferencialmente
em locais em que não ocorre a exposição ao sol ou variações de temperatura, que causam a
degradação da cor desse corante, podendo prejudicar as características visuais dos alimentos.
Uma das formas amplamente utilizadas pela indústria e órgãos fiscalizadores é a utilização
do espectrofotômetro para determinação da concentração de soluções. Esse aparelho emite
uma fonte de luz (energia radiante) contínua sobre a amostra e mede a quantidade de luz que
foi absorvida pela referida solução.
Para determinação da concentração, é necessário, antecipadamente, criar uma curva de
calibração a partir de soluções com concentrações conhecidas, ou seja, uma determinada so-
lução com concentração X terá uma absorbância Y. Com a leitura da absorbância de diversas
concentrações padrões, pode-se correlacionar a absorbância com a concentração, e determinar
a concentração de outras soluções desconhecidas, desde que estas tenham o mesmo consti-
tuinte da solução padrão.

Materiais e Reagentes
• Micropipeta de 1,0 mL.
• Béquer.
• Balança analítica.
• Corante de Alaranjado de Metila (15 mg).
• Amostra com concentração desconhecida de tartrazina.
• Balão volumétrico de 1,0 L.
• Espectrofotômetro.

Procedimentos
• Preparação da solução de tartrazina padrão (15 mg/L)
Para determinar a concentração do corante presente na amostra desconhecida, é ne-
cessário, antes, criar uma curva de leitura que correlaciona os valores de absorbância
que serão fornecidos por meio do uso do espectrofotômetro versus a concentração de
várias amostras padrão de corante tartrazina.
As concentrações da solução de corante a serem produzidas, para criar a curva de leitura
são as que seguem:
Tabela 1 - Concentrações da solução de corante padrão
Concentração mg/L
15
10
7,5
5,0
2,5
0,0
Fonte: o autor.

UNIDADE 7 207
Para produzir uma solução de 15 mg/L de corante, deve-se utilizar a fórmula da concentração:

O valor da concentração inicial é conhecido, 15 mg/L (Tabela 1), a massa a ser pesada na ba-
lança é de 15 mg e o volume a ser completado é de 1 L.
Adicionar a corante previamente pesada em um balão volumétrico de 1 L e completar com
o volume de água até a marcação do balão volumétrico. Assim, tem-se uma solução padrão
de tartrazina com concentração de 15 mg/L. A partir dessa solução, devem ser feitas diluições
para conseguir obter as soluções com concentrações menores de 10, 7,5, 5,0, 2,5 e 1,25 mg/L.

Diluição do corante tartrazina

Para a diluição, deve-se utilizar a solução inicial de 15 mg/L, produzida anteriormente, e fazer
o uso da seguinte fórmula:

Nesse caso:
• C1 é conhecido, ou seja, 15 mg/L (solução preparada inicialmente e que será utilizado
para diluição).
• C2 é a concentração desejada, ou seja, 10 mg/L.
• V2 é o volume de solução de 10 mg/L que se deseja preparar, no caso, 1 L.
• V1 é o volume da solução padrão de 15 mg/L que deve ser utilizado para produzir a
solução diluída.

Após determinar o valor de V1, adicionar esse volume em um novo balão volumétrico, e comple-
tar até a marca de 1 L. Dessa forma, produziu-se uma solução padrão de tartrazina de 10 mg/L.
Esse procedimento deve ser repetido para as demais diluições, conforme os valores da Tabela 1.

• Leitura da absorbância da amostra padrão de tartrazina


Realizar as leituras utilizando o espectrofotômetro no comprimento de onda de 426 nm
dos padrões de solução tartrazina, elaborados na etapa 4, e registrar os valores na Tabela 2.

208 Soluções
Tabela 2 - Leituras da absorbância da Tartrazina
Concentração mg/L Leituras Absorbância
15
10
7,5
5,0
2,5
1,25

Fonte: o autor.

• Fazer a curva de calibração de tartrazina


Linearizar os dados constantes na Tabela 2. Será obtida a equação de uma reta que cor-
relaciona a concentração com a absorbância fornecida pelo espectrofotômetro versus
a concentração, conforme segue:

Concentração (mg/L) = a. Leitura absorbância (nm) + b

Em que a e b são as constantes da reta obtida na regressão linear.

• Determinar a concentração de corante na amostra desconhecida


Efetuar a leitura da absorbância no espectrofotômetro da amostra desconhecida (com-
primento de onda selecionado de 426 nm). A partir da equação da reta, obter a concen-
tração de corante presente na amostra.

3.0 Conclusões

Pode ser constatada a importância de análises laboratoriais, como a utilização do espectrofo-


tômetro para quantificação da concentração de determinados compostos a partir de leituras
da absorbância de soluções. No caso específico, determinamos a concentração do corante
presente em uma amostra desconhecida, que poderia ser refrigerante sabor laranja, que é de
extrema importância não apenas para atender as legislações vigentes, mas, acima de tudo, para
garantia da qualidade do produto.
Essa técnica pode ser utilizada para determinação da concentração de diversos outros
compostos.

UNIDADE 7 209
Titulações:
Medidas de pH

A titulação é um processo muito utilizado para


a determinação da concentração molar desco-
nhecida de compostos de caráter ácido ou bási-
co (chamada de analito). Quando a substância
desconhecida é um ácido, usamos uma base com
concentração conhecida e vice-versa. O princípio
da titulação é uma reação química do tipo ácido/
base, denominada de neutralização. Quando a
concentração de caráter ácido é desconhecida,
pode ser determinada pela adição vagorosa de
uma solução básica de concentração conhecida
na solução de ácido (RUSSEL, 1994).
No processo de titulação, a substância com
concentração desconhecida fica em um erlen-
meyer e é chamado de titulado. Acima do er-
lenmeyer, é disposto uma bureta, que contém a
substância com concentração conhecida, cha-
mada de titulante. Como mencionado, uma das
substâncias é um ácido e a outra é uma base.
Antes de iniciar o processo, é adicionado, ao er-
lenmeyer, um indicador ácido-base. O indicador
possui a característica de apresentar determinada
coloração em uma solução ácida, básica ou neutra.
A seguir, apresentamos alguns indicadores ácido/
base que são comumente empregados.

210 Soluções
O conteúdo presente na bureta, o titulante, é Os indicadores ácido-base nada mais são que
despejado vagarosamente sobre o titulado, e esse substâncias orgânicas que, quando em contato
volume despejado pode ser medido. Ocorre uma com um ácido, adquirem uma cor e, ao entrar
reação química chamada de neutralização entre em contato com uma base, outra cor. Então, para
o ácido e a base, que se estende até que todo o saber se uma substância é ácido ou base, podemos
ácido ou toda a base seja consumida (ponto em utilizar um indicador ácido/base. São exemplos de
que o número de mols de íons H+ do ácido é indicadores ácido-base: fenolftaleína, alaranjado
igual ao número de mols de íons OH- da base), de metila, papel tornassol e azul de bromotimol.
ponto que é visível pela mudança de cor (devido Há, também, indicadores naturais, como o re-
à presença do indicador que adicionamos inicial- polho roxo, a flor Hortência e o Hibisco (SOQ,
mente), ou seja, o ponto de viragem ou ponto [2019], on-line)3.
de equivalência. Os indicadores ácidos possuem hidrogênio(s)
Neste ponto, a razão do número de mols de áci- ionizável(eis) (H+) (hidroxônio) em sua estrutu-
dos no início para mols da base que foi adicionada ra. Assim, quando o meio está ácido, a molécula
é igual a razão estequiométrica (RUSSEL, 1994). de indicador mantém seus hidrogênios com elas
Uma outra forma de vislumbrar esse ponto é por devido ao efeito do íon comum; nesta situação, a
uma alteração brusca no valor do pH, utilizan- molécula está neutra. Quando o meio está básico,
do-se pHmetros. os hidrogênios do indicador são atraídos pelos
grupos OH- (hidroxila) para formarem água e,
neste processo, são liberados os ânions do indica-
dor (que possuem coloração diferente da colora-
ção da molécula) (UFJF, [2015], on-line)4.
Os indicadores básicos possuem o grupo ioni-
zável OH- (hidroxila), portanto, em meio básico,
as moléculas do indicador não se ionizam (não
são liberadas para o meio); e em meio ácido, os
grupos OH- são retirados das moléculas do indi-
cador para a formação de água, e neste processo
são liberados os cátions (de coloração diferente da
coloração da molécula) (UFJF, [2015], on-line)4.
Podemos enfatizar alguns cuidados em proces-
sos de titulação, para se trabalhar com soluções
nas quais pode-se obter uma maior homogeneida-
de e representatividade, tanto do padrão (titulan-
te) quanto da amostra problema (titulado). É por
isso que, nesta técnica, medimos o volume. Assim,
a titulometria que é baseada em volumes é deno-
minada, na química experimental, de Volumetria
(BROWN et al., 2005). Dessa forma, a solução
indicada em processos de titulação é chamada
Figura 2 - Sistema de titulação de solução padrão, que provém da dissolução

UNIDADE 7 211
de uma quantidade exata de uma substância padrão num volume Medidas de pH
conhecido de solução total. No caso de não possuir a substância
padrão, prepara-se uma solução dita grosseira, ou seja, com uma Como mencionado anterior-
concentração aproximada; depois, com auxílio de uma outra solu- mente, o pH é uma medida que
ção padrão, determina o valor exato de concentração. Esta é uma auxilia na identificação do pon-
operação denominada de padronização, que nada mais é que uma to de viragem, quando ocorre a
titulação adicional para conferir a concentração do titulante utili- neutralização do ácido ou base
zado (LENZI et al., 2015) que se está sendo titulada em
Um outro cuidado está na escolha dos indicadores cujos pontos um processo de titulação. Nes-
finais correspondam ao ponto de equivalência da titulação (BRO- se processo, após a viragem,
WN et al., 2005). Deve ser selecionado um indicador que possua há uma brusca mudança nos
viragem na faixa de pH em que se irá trabalhar. Alguns dos prin- valores de pH, indicando que
cipais indicadores ácido-base e as cores que ficam em meio ácido ocorreu a neutralização do áci-
ou meio básico são citados a seguir: do ou da base.
Tabela 3 - Indicadores ácido-base O pH pode ser determina-
Indicador Meio Ácido Meio Básico do com auxílio de indicadores
Papel Tornassol Róseo Azul ácido-base, dos quais citamos
Fenolftaleína Incolor Vermelho
alguns na tabela anterior, e tam-
Alaranjado de Metila Vermelho Amarelo
Azul de Bromotimol Amarelo Azul bém por soluções-padrão áci-
Fonte: o autor. do e padrão básico, por meio
da comparação das cores. Estas
Para exemplificar, vamos tomar um exemplo: temos uma solução são medidas aproximadas. Me-
de hidróxido de sódio (NaOH) que desconhecemos a concentração, didas mais precisas podem ser
logo, iremos dispor essa solução no erlenmeyer, com a presença de realizadas com o uso do pH-
um indicador ácido/base, por exemplo, a fenolftaleína. O hidróxido metro (LENZI et al., 2015), que
de sódio, por ser uma solução com água, contém íons dispersos de consiste em um par de eletrodos
Na+ e OH-. Na bureta, iremos dispor uma solução de ácido, com conectados a um medidor capaz
concentração conhecida, por exemplo, o ácido clorídrico (HCl). de medir pequenas voltagens,
Vagarosamente, vamos adicionando o ácido sobre a base, agitando na ordem de milivolts. Uma
o erlenmeyer, ocorrendo a reação de neutralização descrita a seguir: voltagem que varia com o pH,
é gerada quando os eletrodos
NaOH  HCl �  NaCl  H 2O são colocados em certa solu-
ção. Essa voltagem é lida pelo
Perceba que a reação entre a base (NaOH) e o ácido (HCl) forma medidor, que é calibrado para
um sal (NaCl) e água. No erlenmeyer, tínhamos, inicialmente, uma fornecer um valor de pH (BRO-
solução que era básica, por causa do OH-. Na presença do indicador WN et al., 2005).
fenolftaleína, ela se torna rosa. Quando adicionamos o ácido clorídrico, Em soluções que contém
estamos neutralizando essa solução. No ponto de viragem, quando toda caráter ácido, há a presença de
a hidroxila (OH-) presente no NaOH foi consumida, ou seja, reagiu íons H+ ou H3O+, responsáveis
com o H+ presente no ácido (HCl), produzindo H2O e, assim, o meio pelo caráter ácido da solução e
se torna neutro, e o indicador muda de cor, passando para transparente. baixos valores de pH. Em solu-

212 Soluções
ções com caráter básico, há a presença do íon OH-, pH = -log [H3O+] = -log [1,00 x 10-7] = 7,00
responsável pelo caráter básico do meio e por altos
valores de pH (LENZI et al., 2015). pOH = -log [OH-] = -log [1,00 x 10-7] = 7,00
Para a água pura, a concentração é de [H3O+] =
[OH-] = 1,00 x 10-7 mol/L, e dizemos que a solução Este é o pH neutro, da água pura, quando a concen-
é neutra (BROWN, 2005). Para uma solução de tração de [H3O+] = [OH-] (BROWN et al., 2005).
ácido acético, por exemplo, podemos ter a con- No caso do ácido acético, que citamos ante-
centração de [H3O+] = 1,32 x 10-3 mol/L. riormente, temos:
São todas concentrações muito baixas, ex-
pressas em potências de 10. As operações com pH = -log [H3O+] = -log [1,32 x 10-3] = 2,88
números pequenos tendem a ser complicadas,
para simplificar, aplicou-se algumas proprie- As soluções ácidas têm o pH menor que 7,00. As
dades de logaritmos a essa representação, que soluções com caráter básico ou alcalino têm o
é o cologaritmo na base 10 de H+ (BROWN et pH maior que 7,0. As soluções neutras têm o pH
al., 2005). igual a 7,0. Esses valores vêm do produto iônico
Vejamos a regra, por exemplo, para o caso da da água, um processo de equilíbrio entre os íons
água, em que a concentração de H3O+ = OH- = H+ e OH- (BROWN, et al., 2015).
1,00 x 10-7 mol/L. A escala de pH é mostrada a seguir:

Dente

Amonia e
trico

o Mar

cal
nt
Sangue ra

Deterge
u

S o da em
Pasta de
ás

as

Água P

Solução
Lixívia
Vinagre

Chuvas

Água d
Suco G

Água d
Limão

Uvas

Figura 3 - Algumas soluções comuns e o seu pH


Fonte: adaptada de Godinho (2012, on-line)5.

UNIDADE 7 213
A medida do pH é uma das análises mais comuns realizadas em laboratórios de química. Ela é empre-
gada para o controle de processos industriais. Por exemplo, na produção da cerveja, há um pH ideal
no processo de fermentação, em que leveduras consomem o açúcar fermentável do mosto, gerando
o álcool, o dióxido de carbono, aromas e sabores. Ele também é uma importante medida no controle
de qualidade.
A água potável tem um pH adequado para consumo humano, por isso é constantemente realiza-
da essa análise. Na produção de leites e queijos, também é testado o pH do leite “in natura”, a fim de
se determinar o estado de conservação e armazenamento. Se o leite é velho, se foi armazenado em
temperaturas maiores que 3 °C ou se está contaminado, o pH do leite é afetado, atingindo valores
menores que o normal. Nessas condições, há a proliferação de bactérias que degradam as proteínas
do leite. Entre os subprodutos dessa reação, há o ácido láctico, que reduz o pH do leite e permite que
seja realizada essa análise.

PRÁTICA 2: DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ TOTAL DO VINAGRE

Agora, aluno(a), iremos verificar como usamos, na prática, o conceito de titulação, determinação da
concentração, uso de indicadores de ácido/base. Vamos lá?

DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ TOTAL DO VINAGRE

1.0 Objetivos

Essa prática tem como objetivo a determinação da acidez total do ácido acético comercial.

2.0 Materiais e Reagentes


• Água destilada.
• Solução padronizada de NaOH 0,118 mol/L (NaOH, M = 39,997 g).
• 100 mL de diversos tipos de vinagre comercial (H3C-COOH, M=60,053 g).
• Bureta para capacidade de 25 mL.
• Erlenmeyer de 250 mL.
• Pipeta volumétrica de 5 e de 10 mL.
• Dois béqueres de 50 mL.
• Suporte metálico com garra para bureta.
• Solução indicadora de fenolftaleína.
• Conta-gotas.

214 Soluções
3.0 Procedimentos
• Com auxílio de um copo béquer, transferir um pouco de solução padronizada de hi-
dróxido de sódio 0,118 mol/L para a bureta e enxágua-la. Repetir a operação três vezes
e descartar a solução utilizada. Encher a bureta com a solução padrão, tendo o cuidado
de encher, também, a parte que fica abaixo da torneira. Eliminar toda e qualquer bolha
de ar que, por acaso, tenha no interior da bureta. Fixar a bureta no suporte metálico.
Verificar se a bureta goteja sem abrir a torneira.
• Transferir 5 mL de solução de vinagre a ser titulada para o copo erlenmeyer.
• Adicionar duas gotas de fenolftaleína à solução do erlenmeyer.
• Colocar o erlenmeyer sob a bureta, de tal modo que a ponta dela esteja dentro do copo.
• Com a mão esquerda, abrir devagar a torneira da bureta (gotejar) e com a mão direita
agarrar o erlenmeyer e agitá-lo para homogeneizar o sistema reagente. Como não se tem
ideia do quanto de solução-padrão se deve adicionar para alcançar o ponto de viragem
do indicador faz-se a primeira titulação de forma rápida para saber que volume de so-
lução-padrão alcança o ponto final da reação. Deve-se cuidar, pois agora o indicador
do incolor passa para o rosa.
• Ler na bureta o volume da solução básica gasta na titulação e registrar seu valor.
• Lavar o erlenmeyer por mais três vezes, tomando bastante cuidado próximo ao ponto
de viragem, deixar gotejar em todas as vezes próximo ao ponto. Caso tenha dúvida
quanto a ter sido ou não atingido o ponto final, fazer a leitura do volume escorrido na
bureta e adicionar mais uma gota e observar o resultado.
• Efetuar os cálculos da concentração do analito com o valor médio de pelo menos três
titulações.

Resultados e discussão

Desenvolver os cálculos da concentração do analito e registrar a seguir:


_______________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________

Conclusões
Qual a acidez do ácido acético?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

UNIDADE 7 215
Aluno(a), chegamos ao final de nossa uni-
dade! Verificamos, na teoria e na prática,
importantes conceitos. Entendemos a teoria
de soluções, tipos de concentrações, preparo
de soluções e diluições. Em nosso dia a dia,
temos impregnado todos esses conceitos:
a quantidade de flúor presente na pasta de
dente, a quantidade de álcool presente em
bebidas alcoólicas, a quantidade de gordura
presente nos leites. Em tudo, temos a quan-
tificação de quanto de determinada matéria
existe presente em uma mistura ou solução.
E a forma de se apresentar essas medidas
são diversas, dependendo do uso a que
são destinadas. Além disso, outro conceito
fundamental é o preparo de soluções. Em
indústrias de transformação, por diversos
momentos, o preparo de uma solução com
concentração conhecida nos é solicitado.
Dificilmente compramos um produto puro
devido ao alto custo. Compramos soluções
concentradas e para o preparo de soluções,
é fundamental o conhecimento das técnicas
de diluição.
Ainda dentro desse conceito, verifi-
camos como determinar a concentração
desconhecida de soluções ácidas ou bási-
cas, por meio das técnicas de titulação, que
nada mais é que uma reação química que
permite quantificar a quantidade do com-
posto desconhecido presente na amostra.
Essa técnica é muito útil para determina-
ção de acidez de óleos, leites, vinagres, entre
outros. Nessa mesma linha, entendemos o
conceito de pH, como pode ser medido e
qual o seu significado físico, sendo essa
medida fundamental para grande parte
das indústrias de transformação.
Até a próxima!

216 Soluções
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. (ENADE 2011) Uma indústria química de ácidos utiliza ácido sulfúrico, H2SO4,
comprado na forma de solução concentrada 96 cg/g e densidade 1,84 g/mL,
a 20 ºC. Considerando a utilização dessa solução por essa indústria, para o
preparo de soluções diluídas de H2SO4, analise as afirmações a seguir.
I) No rótulo dos frascos comprados pela indústria, seria correto estar escrito
96%.
II) A 20 ºC, na preparação de 250 L de solução de H2SO4, de concentração
150 g/L, seriam necessários, aproximadamente, 21 L da solução comprada
pela indústria (densidade H2SO4 = 1,84 g/mL).
III) As concentrações em quantidade de matéria das soluções diluídas prepa-
radas pela indústria devem ser registradas, nos respectivos rótulos, com a
unidade g/L.

É correto o que se afirma em:


a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

2. (ENADE 2011) Segundo um estudo norte-americano, publicado na revista Pro-


ceedings of the National Academy of Sciences, as temperaturas na superfície da
Terra não subiram tanto entre 1998 e 2009, graças ao efeito resfriador dos gases
contendo enxofre, emitidos pelas termelétricas a carvão (as partículas de enxo-
fre refletem a luz e o calor do Sol). O enxofre é um dos componentes do ácido
sulfúrico (H2SO4), cujo uso é comum em indústrias na fabricação de fertilizantes,
tintas e detergentes. Sabendo-se que o ácido sulfúrico concentrado é 98,0% em
massa de H2SO4 e densidade 1,84 g/mL, conclui-se que a sua concentração, em
mol/L, é igual a:
Dados: Massa molar do H2SO4 = 98 g/mol.

217
a) 18,0.
b) 18,2.
c) 18,4.
d) 18,6.
e) 18,8.

3. Sendo uma mistura de gases, o ar que respiramos é formado principalmente


por oxigênio (O2), nitrogênio (N2), gás carbônico (CO2) e gases nobres, sendo o
O2 fundamental para que nossas células produzam energia. A composição do ar
também é importante para determinar a eficiência da queima de combustíveis
na caldeira, um equipamento industrial utilizado para geração de vapor e ener-
gia. Considerando uma determinada região específica, em que o ar apresenta
22% de oxigênio e 0,93% de gases nobres, percentuais em massa, verifique qual
alternativa apresenta a concentração correta de nitrogênio e gás carbônico.
a) 77% e 0,07%.
b) 77% e 0,06%.
c) 76% e 0,07%.
d) 76% e 0,07%.
e) 78% e 0,06%.

4. O ácido clorídrico (HCl) é muito utilizado em análises laboratoriais para neu-


tralização de soluções, para isso, há necessidade de se conhecer sua real con-
centração, que pode ser feito por titulação. Em uma titulação ácido-base, você
utilizou 30,0 mL de HCl para titular 80,0 mL de uma solução de Na2CO3 com
concentração 0,0350 M. A reação é apresentada a sgeuir:

HCl + Na2CO3 → NaCl + H2O + CO2

Determine a concentração da solução de HCl (em g/L) e assinale a alternativa


correta. Não esqueça de balancear a equação.
a) 0,00280 g/L.
b) 0,204 g/L.
c) 6,81 g/L.
d) 20,4 g/L.
e) 28,0 g/L

218
LIVRO

Fundamentos de Metodologia Científica


Autor: Aidil Jesus da Silveira Barros e Neide Aparecida de Souza Lehfeld.
Editora: Pearson
Sinopse: esta 3ª edição de Fundamentos de metodologia científica está total-
mente revisada e atualizada. Uma das principais mudanças foi a atualização
das normas da ABNT, assim como das várias fontes de pesquisa, o que tornou
a obra muito mais completa e útil. No entanto, sua estrutura básica, muito bem
aceita há mais de uma década, permanece a mesma, oferecendo os elementos
fundamentais e necessários à compreensão da metodologia científica e de suas
implicações para a elaboração e execução de projetos de pesquisa. Para tanto,
este livro vai além do enfoque teórico, apresentando questões referentes à
dinâmica do conhecimento, assim como aspectos relacionados ao atual con-
texto da pesquisa científica. Também aborda temas para pesquisa e a maneira
de referenciá-los bibliograficamente, entre outros assuntos relevantes. A obra
é indicada para alunos – graduandos e pós-graduandos – que necessitam de
referencial para a organização de seus estudos e para a realização de pesquisas
científicas. Nesse sentido, oferece requisitos imprescindíveis para a produção
de projetos e trabalhos científicos em todas as áreas de conhecimento, com
exemplos facilitadores concretos.

219
BRASIL. Resolução n° 382, de 5 de agosto de 1999. ANVISA, Ministério da Saúde, Diário Oficial da União,
1999. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/1999/res0382_05_08_1999.html>.
Acesso em: 09 abr. 2019.

______. Resolução n° 388, de 5 de agosto de 1999. Aprova o “Regulamento técnico que aprova o uso de
Aditivos Alimentares, estabelecendo suas Funções e seus Limites Máximos para a Categoria de Alimentos 19 –
Sobremesas. ANVISA, Ministério da Saúde, Diário Oficial da União, 1999. Disponível em: <http://portal.anvisa.
gov.br/documents/33916/391619/RESOLUCAO_388_1999.pdf/ac1c03bc-17b8-46a1-b8e5-1003d3a930d8>.
Acesso em: 09 abr. 2019.

BROWN, T. L. et al. Química: A ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.

LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: F. Bastos, 2015.

RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, 1994.

TRINDADE, D. F. et al. Química Básica Experimental. São Paulo: Ícone, 2016.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_126_21720039243.html> Acesso
em: 08 abr. 2019.
2
Em: <https://www.novacana.com/etanol/controle-qualidade/>. Acesso em: 08 abr. 2019.
3
Em: <https://www.soq.com.br/conteudos/em/indicadores_acido_base/>. Acesso em: 08 abr. 2019.
4
Em: <https://www.ufjf.br/quimica/files/2015/06/AULA-6.pdf >. Acesso em: 08 abr. 2019.
5
Em: <https://andre-godinho-cfq-8a.blogspot.com.br/2012/12/escala-de-ph.html>. Acesso em: 08 abr. 2019.

220
1. C.

I - O enunciado indica que a concentração em massa da solução concentrada de ácido sulfúrico é de 96


cg/g, ou seja, 96 centigrama/grama, que é o mesmo que 0,96 g/g, que corresponde, em porcentagem, a
96% em massa, sendo esta a forma usual de indicar a “concentração em massa ou Título”. Logo está correta
a primeira das afirmações.

II – A partir da densidade da solução concentrada (1,84 g/mL) e da concentração em massa (96% ou 0,96
g/g ou, ainda, 0,96 gramas de ácido em 1 grama de solução), é possível obter a concentração em g/L:

1,84 g solução ......... 0,001 L solução

1 g solução ......... x

x = 0,00054 L solução
0,96 g
C(g/L)= = 1777,78 g/L
0,00054 L

Agora, é preciso utilizar a fórmula da diluição:

C1V1 = C2V2

1777,78 . V1 = 150 . 250

V1 = 21,03 L

III - Finalmente, a terceira afirmação não está correta, pois a unidade g/L não se constitui em unidade de
quantidade de matéria que, pela IUPAC, é mol/L.

2. C.

Partindo da densidade do ácido sulfúrico concentrado (1,84 g/mL), é possível determinar a massa corres-
pondente a 1,0 litro (1 000mL) desta solução, tendo em vista que se pretende obter a concentração em
mol/litro. Assim:

1 mL ........... 1,84 g

1 L (1000mL) ........... x

x = 1 840 g

Que é a massa de 1 L da solução. Tendo em vista que a concentração em massa é 98%, o teor de ácido
sulfúrico puro nesta massa será:

1 840 g ........... 100%

x ............ 98%

x = 1 803,2 g

221
Sendo a massa molar do ácido sulfúrico (H2SO4) equivalente a 98 g/mol, o número de mols contidos na
massa será:

1 mol ............ 98 g

x ............ 1 803,2 g

x = 18,4 mols

Portanto, em cada litro de solução concentrada de ácido sulfúrico, com concentração em massa 98% e
densidade 1,84 g/mL, há 18,4 mols.

3. A.

Para resolver este problema, devemos utilizar a fórmula que determina que a fração mássica de todos os
compostos da solução deve ser igual a 1.

xcomposto �1  xcomposto
� 2  xcomposto � 3   1

22%  0, 93%  xN 2  xCO2  100%


Repare que se utilizarmos porcentagem, a soma deve ser igual a 100%.

A única combinação possível para satisfazer essa igualdade é o que está descrito na alternativa a.

4. C.

Antes de iniciar, devemos balancear a equação:

2 HCl + Na2CO3 → 2 NaCl + H2O + CO2

A solução de carbonato de sódio tem a concentração de 0,0350 mol/L:

0,0350 mol Na2CO3 ................. 1000 mL

x .................. 80,0 mL

x = 0,00280 mol Na2CO3

Pela estequiometria da reação:

2 molHCl ................. 1 mol Na2CO3

x ................... 0,00280 mol

x = 0,00560 mol de HCl

222
Pela massa molar do HCl:

1 mol HCl ................. 36,5 g HCl

0,00560 mol ................. x

x = 0,2044 g de HCl

Mas temos essa quantidade de HCl em um volume 30,0 mL, precisamos descobrir a quantidade em 1 L:

0,2044 g HCl ...........30,0 mL

X ........... 1000,0 mL

x = 6,81 g/L HCl

223
224
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Velocidade de
reações químicas

PLANO DE ESTUDOS

Velocidade de
Reações químicas

Reações químicas e
estequiometria de reações

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Estudar os conceitos relacionados às reações químicas e • Estudar os fatores que alteram a velocidade das reações
estequiometria das reações, padronização de soluções, químicas na teoria e na prática.
na teoria e na prática.
Reações Químicas
e Estequiometria
de Reações

Vimos, em unidades anteriores, que a matéria so-


fre transformações físicas e químicas. As trans-
formações químicas são capazes de gerar novos
produtos. Por meio delas, temos o vinagre, o álcool
combustível, os medicamentos, entre muitos ou-
tros produtos. Essas transformações químicas são
regidas por equações químicas, que nos permitem
prever, a partir de uma determinada quantidade
de reagentes, qual será a quantidade de produtos
formados. Isso é de suma importância para os
Engenheiros, pois, com esse conhecimento, po-
demos estimar custos, realizar a programação da
produção em relação à quantidade de insumos ou
reagente que devem ser armazenados para man-
ter a operação industrial em pleno vapor por um
determinado período de tempo.
Para mensurar a quantidade de reagentes con-
sumidos e de produtos formados, utilizamos a
estequiometria. De acordo com Russel (1994), a
palavra estequiometria vem das palavras gregas
stoicheon, que significa elemento, e metron, que
significa medida. Assim, a definição de estequio-
metria está relacionada à quantidade relativa dos
elementos que se combinam e são consumidos e
a quantidade de produto que é formado.
Na representação das equações químicas, em- As equações químicas nada mais são do que uma
pregamos a fórmula molecular dos compostos, que maneira simbólica de se representar uma trans-
emprega um símbolo e um subíndice para indicar o formação química pelo uso de símbolos e fórmu-
número de cada tipo de átomo que forma a molécu- las. Essa representação só é considerada correta se
la. Por exemplo, a água possui a fórmula molecular estiver corretamente balanceada, demonstrando,
H2O, ou seja, uma molécula possui dois átomos de entre outras coisas, que os átomos são conser-
hidrogênio e 1 átomo de oxigênio (RUSSEL, 1994). vados na reação, ou seja, na reação química, os
A fórmula química ou a fórmula molecular são átomos não são criados nem destruídos, eles se
empregadas para representar uma substância. No combinam entre si para formar novos compostos,
exemplo que apresentamos, a fórmula H2O repre- formados pelos mesmos átomos que tínhamos
senta a substância água. Quantitativamente, a fór- nos reagentes (RUSSEL, 1994).
mula representa um mol de moléculas ou fórmulas Um exemplo de reação química muito presen-
unitárias de uma substância. Em relação à quanti- te em nosso dia a dia é a combustão do etanol. Essa
dade, a fórmula descreve a composição da substân- reação ocorre em nossos carros para a produção
cia, especificando o número de mols de átomos de de energia de movimento. A equação pode ser
cada elemento, em um mol de moléculas (RUSSEL, representada conforme segue:
1994). Complexo, não? Para facilitar, pensemos no
exemplo da água. Um mol de moléculas de água C2 H 5OH  l   3O2 g   2CO2 g   3 H 2O l 
(ou seja, 6,02. 1023 moléculas de água – número do
Avogadro) possui 2 mols de átomos de hidrogênio Conforme já mencionado, os termos do lado
e 1 mol de átomos de oxigênio. esquerdo tratam-se dos reagentes, e os do lado
direito, os produtos. Os números que multi-
plicam os símbolos podem indicar o número
de entidades: átomos, moléculas, mols, e são
O número 6,02 .1023 é um número importan- chamados de coeficientes estequiométricos
te, ao qual foi dado o nome de Avogadro, em (RUSSEL, 1994).
homenagem ao cientista italiano Amedeo Avo- As letras entre parênteses representam o esta-
gadro (1776-1856). Ele é o número de átomos do físico dos compostos: sólido, líquido ou gasoso.
de oxigênio, enxofre, cobre ou qualquer outro Em diversos casos, os reagentes ou produtos estão
elemento, que deve ser reunido com a finali- dissolvidos em água, tratam-se de soluções, e po-
dade de que o grupo inteiro apresente uma dem vir com o subíndice “aq”, que denota que está
massa em gramas, que é numericamente igual em meio aquoso (RUSSEL, 1994).
a massa atômica. Um mol de átomos, um mol As equações químicas, quando estão correta-
de moléculas ou um mol de qualquer coisa mente balanceadas, seguem a lei da Conservação
contém o número de Avogadro destes objetos: das Massas ou de Lavoisier, que diz: “Numa reação
• 1 mol de átomos de carbono = 6,02.1023 química que ocorre num sistema fechado, a massa
átomos de carbono total antes da reação é igual à massa total após a
• 1 mol de moléculas de água = 6,02.1023 reação”.
moléculas de água
Fonte: adaptado de Russel (1994) e Brown et al. (2005).

UNIDADE 8 227
A estequiometria é baseada em entendimento de massas atômicas e em um princípio fundamental: a
lei da conservação das massas. A massa total de uma substância presente ao final de uma reação quí-
mica é a mesma massa total do início da reação. O nobre francês e cientista Antonie Lavoiser descobriu
essa importante lei química no final do século XVI. Ele publicou a referida lei, em um livro, da seguinte
maneira: “Podemos formulá-la como uma máxima incontestável que, em todas as operações artificiais
e naturais, nada se cria: existe a mesma quantidade de matéria antes e depois do experimento”.
Fonte: adaptado de Brown et al. (2005).

Em alguns sistemas químicos, os produtos formados elemento químico, antes da reação, seja o mesmo que
reagem entre si e formam novamente o reagente, ou o número de átomos após a reação (RUSSEL, 1994).
seja, a reação é regida no sentido inverso. Esse pro- Há diversas maneiras para se balancear as rea-
cesso ocorre até que as quantidades de reagentes e ções químicas. As duas formas principais são a “ten-
produtos permanecam constantes, ou seja, quando tativa e erro” e por meio do método de “oxirredução”.
é atingido um estado de equilíbrio químico. A re- Entende-se, neste curso, que esse conceito já é de co-
presentação desse tipo de reação é dada conforme a nhecimento de todos. Para ilustrar, iremos balancear
equação química a seguir: utilizando o método de tentativa e erro, conforme o
exemplo a seguir.
N2 g   3 H 2 g   2 NH 3 g  Geralmente, é melhor balancear primeiro os
elementos que aparecem com o menor número
Essa é uma equação que representa a produção da de fórmulas químicas de cada lado da equação. No
amônia (NH3) a partir dos gases nitrogênio e hi- exemplo 1, percebemos que o carbono e hidrogênio
drogênio. Parte da amônia produzida se decompõe aparecem apenas em um reagente, e no produto apa-
novamente nos gases nitrogênio e hidrogênio, es- rece em dois produtos. Começamos, então, pelo CH4.
tabelecendo um equilíbrio. Diz-se que, nesse caso, Balanceamos cada tipo de átomo sucessivamente,
essa reação de produção de amônia não tem um ajustando os coeficientes quando necessário. Esse
rendimento de 100%, pois ainda sobrou reagente método funciona para a maioria das equações quí-
após o final da reação. micas (BROWN et al., 2005).

Exemplo 1: as reações de combustão envolvem a


Balanceamento presença de gás oxigênio, chamado de comburente, e
de Reações Químicas um combustível que é queimado. Em nosso cotidiano,
utilizamos desse tipo de reação ao preparar alimen-
O balanceamento das reações químicas é necessário tos utilizando o gás de cozinha. Na combustão do
para que a representação respeite a lei de Lavoisier composto orgânico, como o metano (CH4), a reação
de Conservação das Massas. O procedimento de ba- completa sempre produz gás carbônico (CO2) e água
lancear uma equação química tem por finalidade ga- (H2O). A seguir, temos a equação química que repre-
rantir que o número de átomos de um determinado senta a reação de combustão completa do gás metano:

228 Velocidade de reações químicas


CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + H2O(v) exemplo desse tipo de reação acontece quando
o magnésio metálico se queima ao ar com uma
Indique a alternativa que traz os menores coeficien- claridade ofuscante para produzir o óxido de
tes que deixam essa equação de acordo com a lei de magnésio (BROWN et al., 2005).
Lavoisier. O modelo desse tipo de reação é:
f) 1, ½, ½, 1.
g) 1, 2, 1, 4. A B  C
h) 2, 1, 1, 2.
i) 1, 2, 1, 2. Ou, ainda:
j) 13, 13/2, 13/2, 6.
2 � Mg s   O2 g   2 MgO s 
Resposta: para resolver esse problema, podemos uti-
lizar o método da tentativa e erro. Se temos um áto- Essa reação é utilizada para produzir a chama
mo de carbono do lado direito, devemos ter 1 átomo brilhante utilizada em sinais luminosos.
de carbono no lado esquerdo. Assim, colocamos na
frente do CH4 e do CO2 o coeficiente 1.
Se temos 4 hidrogênios nos reagentes, temos que Reação de Decomposição
ter 4 hidrogênios nos produtos. Para tanto, temos que
inserir, na frente da molécula de H2O, o coeficiente 2. Em uma reação de decomposição, uma substân-
Se temos 4 átomos de oxigênio nos produtos, cia produz outra ou mais substâncias. É bastante
devemos ter 4 do lado dos reagentes, assim, o coefi- característica em decomposição térmica, que é
ciente do O2 é 2. quando materiais se decompõe devido à instabi-
A resposta correta é a letra D. lidade originada com o aquecimento (BROWN,
LEMAY, BURSTEN, 2005).
1 CH4(g) + 2 O2(g) → 1 CO2(g) + 2 H2O(v) Essa reação pode ser caracterizada da seguinte
forma:
O método adotado para realizar esse balanceamen-
to é o da tentativa e erro. Neste caso, balanceamos C  A B
cada tipo de átomo individualmente, ajustando os
coeficientes quando se faz necessário. Esse método Ou também na decomposição térmica do carbo-
funciona para grande parte das equações químicas nato de cálcio:
(BROWN et al., 2005).
CaCO3 s   CaO s   CO2 g 
Na química, temos três tipos de reações que acon-
tecem frequentemente e merecem nosso destaque,
como veremos a seguir. Essa equação é bastante importante comercial-
mente. Calcário ou conchas do mar, que contém
esse composto, são aquecidas para a produção do
Reação de Combinação óxido de cálcio (CaO), popularmente conhecida
como cal ou cal viva.
Em uma reação de combinação, duas ou mais
substâncias reagem para formar um produto. Um

UNIDADE 8 229
Combustão ao Ar
4 Fe s   3O2 g   2 Fe2O3 s 
Esse tipo de reação ocorre rapidamente e produzem
uma chama. Em grande parte delas há a presença Nessa equação, temos representada uma reação na
do oxigênio (O2) entre os reagentes (BROWN et al., qual o ferro reage com oxigênio para formar o óxido
2005). de ferro.
Um exemplo desse tipo de reação está na com- Em relação a quantidades, uma equação quími-
bustão do propano, utilizado para cozinhar e aquecer ca balanceada especifica uma relação numérica das
residências: quantidades de reagentes e produtos de uma rea-
ção. Essas relações podem ser expressas em termos
C3 H 8 g   5O2 g   3CO2 g   4 H 2O g  de quantidades microscópicas: átomos, moléculas,
fórmulas unitárias ou, também, em quantidades ma-
croscópicas: mols de átomos e moléculas. Na equação
Estequiometria de Reações dada anteriormente, podemos ter a interpretação: 4
átomos de ferro combinam-se com 3 moléculas de
Estequiometria é o nome derivado das palavras oxigênio para formar 2 fórmulas unitárias de óxido
stoicheion (elemento) e metron (medida). A este- de ferro, ou também: 4 mols de átomos de ferro com-
quiometria é uma ferramenta essencial na química. binam-se com 3 mols de moléculas de oxigênio para
Problemas tão diversos, como medir a concentração formar 2 mol de fórmula unitária de óxido de ferro
de ozônio na atmosfera, determinar o rendimento (RUSSEL, 1994), sendo esta última forma de leitura
potencial do ouro a partir do mineral e avaliar dife- a mais empregada pelos autores.
rentes processos para converter carvão em combus- Essa relação estequiométrica permite que sejam
tíveis gasosos, são solucionados com princípios de feitos os cálculos estequiométricos. Podemos, com
estequiometria (BROWN et al., 2005). base nesses conceitos, prever que, a partir de uma
Qualitativamente, uma equação química descre- determinada quantidade de reagentes, podemos pro-
ve quais serão os produtos que serão formados a duzir uma certa quantidade de produtos.
partir dos reagentes de uma reação, ou seja, leva em Para incorporamos esses conceitos, vamos pensar
consideração a lei da conservação das massas para na reação entre hidrogênio e oxigênio para produzir
a realização dos cálculos. Por exemplo na reação a água:
seguir (RUSSEL,1994; BROWN et al., 2005): 2 H 2 g   O2 g   2 H 2O l 

2H2(g)+ 1O2(g) →2H2O(l)


2 moléculas 1 molécula → 2 moléculas
2.(6,02.1023 átomos) 1.(6,02.1023 átomos) → 2.(6,02.1023 átomos)
2 mols 1 mol → 2 mols
2 . 2g 1 . 32g → 2.18 g

Vejam quantas informações conseguimos rela- posto, ou seja, também relacionamos a massa!
cionar pela estequiometria da reação. Observem Por curiosidade, some as massas dos reagentes e
que, na última linha, temos o coeficiente estequio- dos produtos. Isso nos prova a lei de Lavoisier, da
métrico multiplicando a massa molar do com- conservação das massas. Interessante, não?!

230 Velocidade de reações químicas


Exemplo 2: na reação: 2ª balancear equação:
2 NaOH  H 2 SO4  Na2 SO4  2 H 2O
N2 g   3 H 2 g   2 NH 3 g 
3ª pela estequiometria:
Quantos mols de moléculas de H2 são consumidos 1 mol Na2SO4 ........................ 2 mol de NaOH
e quantos mols de moléculas de NH3 são formados 2.358,49 mol/h Na2SO4 ....... X
quando 1,38 mols de moléculas de N2 reagem? X = 4716,98 mol NaOH por hora

Solução: 1 mol Na2SO4 ........................... 1 mol de H2SO4


Vamos utilizar regra de três: 2.358,49 mol/h Na2SO4 .......... X
1 mol de N2 .............. 3 mols de H2 X = 2358,49 mol por hora de H2SO4
1,38 mols de N2 ....... X
X = 4,14 mols de H2 4ª transformar em uma quantidade diária:
4716,98 mol NaOH ......... 1 hora
Novamente, por outra regra de três: X .......... 24h
1 mol de N2 .................... 2 mols de NH3 113.207,52 mol/dia de NaOH
1,38 mols de N2 ............. X
X = 2,76 mols de NH3 2358,49 mol de H2SO4 .............. 1 hora
X .............. 24h
Exemplo 3: é representado, a seguir, uma reação X = 56.603,76 mol/dia de H2SO4
química entre um ácido e uma base, também co-
nhecida por reação de neutralização para produ-
ção industrial do sulfato de sódio:

NaOH  H 2 SO4  Na2 SO4  H 2O


Tenha sua dose extra de
Deseja-se produzir 335,00 kg de sulfato de sódio por conhecimento assistindo ao
hora. Determine quantos mols por dia de hidróxido de vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
sódio e ácido sulfúrico são necessários, considerando a
produção ininterrupta.

Dados: PRÁTICA 1: Padronização


MM (Na2SO4) = 142,04 g/mol de uma Solução de
MM (NaOH) = 40,0 g/mol Hcl ±0,1000 mol/L
MM (H2SO4) = 98,0 g/mol
Nesta prática, iremos visualizar experimental-
Solução: mente a ocorrência de reações químicas, balan-
1ª Converter 335,0 kg /hora em mol/hora: ceá-las para fazer o correto dimensionamento.
142,04 g (Na2SO4) ................ 1 mol
335000 g (Na2SO4) ............... X
X = 2.358,49 mol (Na2SO4) por hora

UNIDADE 8 231
PADRONIZAÇÃO DE UMA SOLUÇÃO DE HCL

1.0 Objetivos

Vislumbrar experimentalmente uma transformação química entre um ácido e uma base por
meio de uma padronização de solução.

2.0 Procedimento Experimental

2.1 Materiais
• Água destilada.
• Solução padronizada de NaOH 0,118 mol/L.
• Solução de ácido clorídrico 0,1000 mol/L.
• Bureta com capacidade para 25 mL.
• Erlenmeyer de 250 mL.
• Pipeta volumétrica de 10 mL.
• 2 béqueres de 50 mL.
• Suporte metálico com agarrador para bureta.
• Indicador de fenolftaleína.
• Conta-gotas.

2.2 Procedimentos
• Com auxílio de um béquer, transferir um pouco da solução padronizada de NaOH
para a bureta e enxaguá-la.
• Encher a bureta com a solução padrão, tendo o cuidado para eliminar todas as bolhas.
• Transferir 10 mL da solução de HCl que será padronizada para o erlenmeyer.
• Adicionar duas gotas de fenolftaleína à solução a ser padronizada.
• Realizar a titulação até a mudança de coloração.
• Ler, na bureta, com exatidão, o volume da solução da base gasto na titulação e efetuar
os cálculos da concentração do analito.

3.0 Resultados

Volume de hidróxido de sódio gasto na titulação: _________________________________


Descrever a reação química e balancear: ________________________________________
Efetuar os cálculos:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

232 Velocidade de reações químicas


Velocidade de
Reações Químicas

Na indústria de transformação, um interesse es-


pecial é destinado à velocidade das reações quí-
micas. Existem casos que desejamos aumentar
a taxa de ocorrência da reação, a fim de tornar
o processo mais rápido, promover a redução de
custos e maximizar a quantidade produzida. Em
outros casos, há interesse em inibir as reações. Por
exemplo, produtos alimentícios são armazenados
sob resfriamento ou congelamento, a fim de redu-
zir as reações químicas que degradam o alimento.
As velocidades de reações estendem-se so-
bre uma grande amplitude, desde aquelas que
se completam em frações de segundos, como as
que ocorrem em explosões, como aquelas que
demoram milhões de anos, como na formação
de diamantes (BROWN et al., 2005). A área da
química interessada na velocidade das reações
químicas é chamada de cinética química.
Como as reações envolvem a quebra e a for-
mação de ligações, suas velocidades dependem
da natureza do reagente (BROWN et al., 2005).
Para a ocorrência de uma reação química, é ne-
cessário que ocorram colisões entre as moléculas
participantes, e não apenas isso, essas colisões de-

UNIDADE 8 233
vem ser efetivas (com orientação correta e com a em água um comprimido efervescente triturado e
quantidade de energia necessária), que resultará um inteiro. O comprimido triturado reagirá mais
na quebra das antigas ligações e na formação de rápido, pois sua superfície de contato é bem maior
novas ligações, ou seja, a reação química ocorrerá que o comprimido inteiro.
e haverá a produção de novos produtos.
Dentre os principais fatores, podemos citar
quatro mais comuns e que tem grande influência Temperatura
em grande parte das reações químicas, são eles:
estado físico dos reagentes ou superfície de con- A regra geral válida para grande parte dos ca-
tato, temperatura, concentração e catalisadores. sos é que quanto maior a temperatura, maior a
velocidade de ocorrência das reações químicas.
A explicação para esse fato é que o aumento da
Estado Físico dos Reagentes temperatura faz com que aumente a energia ciné-
ou Superfície de Contato tica ou o grau de agitação das moléculas presentes
na reação, ou seja, as moléculas se movimentam
Os reagentes precisam entrar em contato para mais rápido, fazendo com que aumente os cho-
que reajam. Quanto mais rapidamente as mo- ques efetivos, aumentando a velocidade da reação
léculas colidem entre si, mais rapidamente elas química. Outro fato importante é que o aumen-
reagem. Grande parte das reações são entre mis- to da energia das moléculas faz com que estas
turas homogêneas. Quando os reagentes estão atinjam a energia suficiente para a ocorrência da
em fases diferentes, como ocorre entre um gás reação, chamada de energia de ativação (BROWN
e um sólido, a reação é limitada pela superfície et al., 2005).
de contato existente entre esses dois compostos.
Desta forma, nas reações que envolvem sólidos,
a velocidade é aumentada caso a área de contato Concentração
também aumente. Por exemplo, podemos citar os
casos dos medicamentos. Um remédio na forma A regra geral é que quanto maior a concentração
de comprimido se dissolverá no estômago e entra- dos reagentes, maior a velocidade de ocorrência
rá na corrente sanguínea de forma mais lenta que da reação química. Com maiores concentrações,
o mesmo medicamento na forma de pó (BROWN temos um número maior de moléculas reagentes
et al., 2005). confinadas em um único volume; dessa forma,
A explicação para esse fato é que as reações temos uma maior probabilidade das moléculas
químicas ocorrem entre as moléculas que estão chocarem umas com as outras de maneira efe-
localizadas na superfície do reagente. Desta forma, tiva e, assim, aumentar a velocidade das reações
quanto maior for a superfície de contato, mais (BROWN et al., 2005).
moléculas estarão em contato umas com as ou- Um exemplo desse fato é quando fazemos o
tras e maior será a probabilidade de que ocorram famoso churrasco. Para acender o carvão, ven-
choques com uma energia e condição necessária tilamos o ar sobre a brasa, a fim de aumentar a
para que aconteça a ligação. Dessa forma, a reação concentração de oxigênio presente e, consequen-
química tende a ocorrer de forma mais rápida. temente, aumentar a velocidade da reação quími-
Um exemplo ilustrativo é quando colocamos ca de combustão, da qual já comentamos.

234 Velocidade de reações químicas


Presença de
Catalisadores

Os catalisadores são compostos


que são adicionados, que auxi-
liam no aumento da velocidade
das reações químicas e não são
consumidos ao final da reação
(BROWN et al., 2005).
Os catalisadores são capazes
de aumentar a velocidade das
reações químicas, pois eles mo-
dificam o mecanismo de reação,
atuando na redução da energia
de ativação necessária para a
ocorrência da reação química
(BROWN et al., 2005).
Na indústria, o uso de cata-
lisadores é imprescindível para
tornar os processos economica-
mente viáveis, principalmente
para reações que ocorrem em
pequenas taxas.

Prática 2:
Velocidade das
Reações Químicas

Nesta prática, iremos vislum-


brar experimentalmente os
parâmetros capazes de inter-
ferir na velocidade das reações
químicas, tais como superfície
de contato, temperatura, con-
centração.

UNIDADE 8 235
VELOCIDADE DAS REAÇÕES QUÍMICAS

1.0 Objetivos

Vislumbrar experimentalmente a variação da velocidade de uma reação química devido às


alterações na superfície de contato, temperatura e concentração do meio reacional.

2.0 Introdução

Um dos principais componentes dos comprimidos efervescentes ou antiácidos, popularmente


conhecidos como “sal de fruta”, é o bicarbonato de sódio (NaHCO3). Esse composto tem a
aparência de um pó branco que é solúvel em água. Um outro componente que também faz
parte desses comprimidos é um ácido, tal como o ácido cítrico (H3C6H5O7).
Na presença de água, os dois compostos, apresentados no parágrafo anterior, dissociam-se,
permitindo a ocorrência da reação química, conforme ilustrado a seguir:

NaHCO3 (aq) + H3C6H5O7 (aq) → NaH2C6H5O7 (aq) + H2O (l) + CO2 (g)

Nesta reação, há a liberação do dióxido de carbono no estado gasoso (CO2), que é responsável
pelas bolhas desprendidas no contato do comprimido com a água, evidenciando a ocorrência
da reação química.
A efervescência faz com que os comprimidos sejam mais vantajosos para a eficácia do
tratamento, quando comparados com comprimidos habituais. A liberação do gás faz com que
o líquido seja agitado e que o comprimido seja dissolvido mais rapidamente, além disso, sua
absorção é melhor, uma vez que o princípio ativo do medicamento está mais solubilizado após
a efervescência, fazendo com que o organismo assimile melhor.
As reações químicas são afetadas pela superfície de contato, temperatura do meio reacional, con-
centração e também devido à presença de catalisadores. As três primeiras condições serão demons-
tradas experimentalmente por meio de uma prática que engloba a velocidade das reações químicas.

3.0 Procedimento Experimental

Materiais
• 6 béqueres.
• 1 proveta graduada.
• 6 vidros relógio.
• 6 comprimidos efervescentes (antiácido).
• 1 almofariz.
• Água destilada.

236 Velocidade de reações químicas


Procedimentos

TESTE TEMPERATURA
• Adicionar água em temperatura ambiente em um béquer e, no outro, água quente (não
há necessidade da água estar em ebulição).
• Adicionar no mesmo instante um comprimido efervescente em cada um dos recipientes.
• Observar e registrar as condições observadas.

TESTE DA CONCENTRAÇÃO
• Em um béquer, adicionar água destilada. Em um segundo béquer, adicionar água des-
tilada misturada com vinagre.
• Adicionar, no mesmo instante, um comprimido efervescente em cada um dos recipientes.
• Observar e registrar as condições observadas.

TESTE DA SUPERFÍCIE DE CONTATO


• Triturar com o auxílio do almofariz um comprimido efervescente.
• Adicionar a mesma quantidade de água destilada em dois béqueres.
• Adicionar, ao mesmo instante, um comprimido efervescente inteiro em um béquer e o
outro comprimido triturado no outro béquer.
• Observar e registrar as condições observadas.

4.0 Conclusões

Quais as conclusões que se pode chegar sobre a influência da temperatura na velocidade das
reações químicas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

Quais as conclusões que se pode chegar sobre a influência da superfície de contato na veloci-
dade das reações químicas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

Quais as conclusões que se pode chegar sobre a influência da concentração na velocidade das
reações químicas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

UNIDADE 8 237
Assim, estamos chegando ao fim de nossa penúl-
tima unidade. Conversamos sobre as transforma-
ções químicas, estequiometria e alguns tipos es-
peciais de transformações. Verificamos que estas
são de grande valia em nosso dia a dia, por nos
permitir produzir compostos de interesse. Por úl-
timo, e não menos importante, verificamos alguns
dos principais parâmetros capazes de interferir na
velocidade das reações químicas. Entendemos que
esse conceito é muito importante, pois ao se redu-
zir o tempo de processamento, podemos produzir
maiores quantidades, maximizando os lucros.

Velocidade de uma reação


Os químicos costumam fazer três perguntas
fundamentais quando eles estudam as reações
químicas: Como acontece? Com que rapidez
isso acontece? E qual é a extensão deste acon-
tecimento? A resposta da primeira questão é
dada pelo balanceamento da reação química.
A resposta da terceira questão está relacionada
com o equilíbrio químico. A resposta da segunda
questão poderá ser entendida ao conhecermos
a velocidade no qual uma reação ocorre.
A área da química relacionada com a velocidade
das reações e a sequência de etapas pelo qual a
reação ocorre é chamada de Cinética Química.
[...] Na atmosfera superior, a manutenção ou
diminuição da camada de ozônio (moléculas de
O3), que nos protege da radiação ultravioleta pe-
rigosa do sol, depende das velocidades relativas
das reações que a produzem ou a destroem. [...]
As velocidades das reações são afetadas por va-
riáveis tais como concentrações de reagentes e
temperatura. [...].
Fonte: Museu Virtual PUC-RIO ([2019], on-line)1.

238 Velocidade de reações químicas


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. (ENADE-2011) Os calcários são rochas sedimentares que, na maioria das vezes, re-
sultam da precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonatos. Podem ser
encontrados no mar, em rios, lagos ou no subsolo (cavernas). Eles contêm minerais
com quantidades acima de 30% de carbonato de cálcio (aragonita ou calcita). Quando
o mineral predominante é a dolomita (CaMg{CO3}2 ou CaCO3.MgCO3), a rocha calcária é
denominada calcário dolomítico. A calcite (CaCO3) é um mineral que se pode formar a
partir de sedimentos químicos, nomeadamente íons de cálcio e bicarbonato, como segue:

cálcio + bicarbonato → CaCO3 (calcite) + H2O (água) + CO2

O giz é calcário poroso de coloração branca, formado pela precipitação de carbonato de


cálcio com microrganismos, e a dolomita é um mineral de carbonato de cálcio e magnésio.
Os principais usos do calcário são: produção de cimento Portland, produção de cal (CaO),
correção do pH do solo na agricultura, fundente em metalurgia, como pedra ornamental.
O óxido de cálcio, cal virgem, é obtido por meio do aquecimento do carbonato de cálcio
(calcário), conforme reação a seguir.

CaCO3  CaO  CO2

Em contato com a água, o óxido de cálcio forma hidróxido de cálcio, de acordo com a reação:

CaO  H 2O  Ca  OH 2

Considere que uma amostra de 50 g de calcário, contendo 10 g de carbonato de cálcio,


que a obtenção do óxido de cálcio é de 50% do carbonato de cálcio e que todo óxido
de cálcio se transforma em hidróxido de cálcio. Considere, ainda, os dados: O = 16 g/
mol, Ca=40 g/mol, H=1 g/mol, C=12 g/mol.
Com base nessas informações, caso uma indústria de transformação necessite da fa-
bricação de 740 toneladas de hidróxido de cálcio, quantas toneladas do calcário serão
necessárias para essa produção?
a) 100.
b) 560.
c) 1 000.
d) 2 000.
e) 10 000.

239
2. O conhecimento da velocidade das reações químicas, como os fatores que in-
terferem na velocidade, é de extrema importância para a produção industrial
de uma série de produtos. Nesse contexto, analise as afirmações a seguir:
I) Os equipamentos industriais que contêm ferro que trabalham em altas tem-
peraturas têm um processo de corrosão acelerado, pois as velocidades das
reações químicas aumentam com o aumento da temperatura.
II) Um meio mais concentrado não proporciona maiores taxas de reação, haja
visto que as velocidades das reações químicas sempre independem da con-
centração dos reagentes.
III) A velocidade de uma reação química depende da orientação apropriada das
moléculas na hora do choque.
IV) Para os sólidos, quanto maior a superfície de contato, menor será a velocidade
da reação química, por isso, de modo geral, quando são utilizados reagentes
sólidos, a superfície é finamente dividida.

Assinale a alternativa que indica somente as afirmações corretas:


a) II e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) I e II.
e) I e III.

3. Os comprimidos efervescentes possuem, em sua formulação, o ácido cítrico e o


carbonato de sódio, entre outros. Quando colocados em um recipiente aberto
contendo água, observa-se a dissolução do comprimido e a liberação de gás.
Assinale a alternativa correta sobre o conceito afirmado.
a) A massa deste sistema – copo, água e comprimido – se manterá inalterada
durante a dissolução.
b) A velocidade de liberação das bolhas aumenta se houver uma elevação da
temperatura da água.
c) Se o comprimido estiver finamente dividido, a velocidade de dissolução será
mais lenta.
d) Se o comprimido estiver finamente dividido, a velocidade de dissolução será a
mesma que da dissolução do comprimido inteiro.
e) O fenômeno corresponde a um processo físico.

240
4. Acetileno gasoso (C2H2) sofre uma reação química de oxidação com o oxigênio
presente no ar. Qual é a quantidade de matéria do gás oxigênio (O2) que é pre-
ciso para formar 17,5 mols de água, (H2O)?
a) 43,75 mols.
b) 2 mols.
c) 17,5 mols.
d) 35 mols.
e) 27,2 mols.

241
LIVRO

Curso de Química para Engenharia: Energia


Autor: Milan Trsic e Maíra Carvalho Fresqui
Editora: Manole
Sinopse: o primeiro volume do Curso de química para engenharia surge em meio
a um cenário conflitante: o Brasil ainda carece de profissionais qualificados, capa-
zes de levar ao sistema produtivo o conhecimento científico gerado no país; ao
mesmo tempo, foi a primeira nação a produzir álcool a partir da cana-de-açúcar;
recentemente, logrou integrar o grupo dos países exportadores de petróleo; e,
de modo paralelo, mantém em construção uma usina de energia nuclear. Dos
muitos desafios tecnológicos atuais, destacam-se justamente a aplicação (em
suas variadas formas) da diversa produção energética pelos profissionais da
engenharia. Energia apresenta, sob o enfoque da química, um panorama atual
das várias fontes energéticas. Para isso, os autores: elucidam o contexto de
surgimento e o uso de cada fonte; apontam quem são os grandes produtores
ou usuários de cada uma; trazem informações socioeconômicas relevantes;
discutem as vantagens e desvantagens de cada fonte.

242
RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, 1994.

BROWN, T. L.; LEMAY, E. H.; BURSTEN, B. E. Química: A ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.

REFERÊNCIA ON-LINE

Em: <https://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/museu%20virtual/curiosidades%20e%20descobertas/
1

Velocidade%20de%20uma%20reacao/introducao.html>. Acesso em: 10 abr. 2019.

243
1. E.

A questão refere-se ao balanço da matéria (estequiometria) envolvida na decomposição do carbonato de


cálcio – CaCO3, a partir de uma amostra de calcário, originando óxido de cálcio – CaO – e dióxido de car-
bono – CO2. Em etapa posterior, o óxido de cálcio é hidratado, resultando o hidróxido de cálcio – Ca(OH)2.
Com base na relação de massas que acompanha a hidratação do óxido de cálcio, é possível determinar a
massa de óxido que origina as 740 toneladas de hidróxido de cálcio mencionadas no enunciado, ou seja,

CaO + H2O → Ca(OH)2

56 g ................. 74 g

x ................. 740 ton

x = 560 ton CaO

A partir da equação de decomposição do carbonato de cálcio, que origina o óxido de cálcio, pode ser cal-
culada a massa do carbonato usada:

CaCO3 → CaO + CO2

100 g.............. 56 g

x ............. 560 ton

x = 1000 ton CaCO3

Visto que o rendimento do processo em relação é de apenas 50%, a massa de carbonato a ser empregada
será o dobro, portanto 2000 ton. Ainda, levando-se em conta que, de cada 50 g de amostra de calcário,
apenas 10 g são do carbonato, a massa de amostra que irá originar as 2000 ton de carbonato de cálcio será:

50 g calcário ............. 10 g de carbonato

x g ............. 2000 ton

x = 10 000 ton calcário

2. E.

Os itens a seguir estão incorretos porque:

II- Quanto maior a concentração dos reagentes, maior será a velocidade da reação e vice-versa, ou seja, a
concentração tem grande influência na velocidade.

IV- Sempre que a superfície de contato for maior, a velocidade da reação também será.

3. B.

A letra “a” está errada porque, como haverá produção de um gás, a massa será alterada em razão do esca-
pe de matéria. A letra “c” está errada, porque quando o material está pulverizado, a velocidade sempre é
maior. A letra “d” está errada, porque o tamanho da partícula interfere na velocidade das reações. A letra
“e” está errada porque a efervescência é um fenômeno químico.

244
4. A.

Devemos, antes de tudo, escrever a equação balanceada da reação para relacionar a estequiometria da
reação:

2 C2H2(g) +5 O2(g) → 4 CO2(g) + 2 H2O(v)

Pela estequiometria da reação:

5 mol de O2(g) ..................... 2 mol de H2O(v)

x ...................... 17,5 mol de H2O(v)

x = 43,75 mol de O2(g)

245
246
Me. Thiago Baldasso de Godoi

Eletroquímica

PLANO DE ESTUDOS

Diferença de potencial em
pilhas e cubas eletrolíticas

Eletroquímica: Importância da
reações de oxirredu- eletroquímica
ção, pilhas, eletrólise

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Estudar os conceitos relacionados à eletroquímica, oxirre- • Entender a importância da eletroquímica e reproduzir


dução, pilhas e eletrólise, na teoria e na prática. experimentalmente uma pilha clássica: a pilhas de Daniell.
• Estudar os conceitos relacionadas à diferença de potencial.
Eletroquímica:
Reações de Oxirredução,
Pilhas, Eletrólise

A eletroquímica é uma importante parte da quí-


mica que se propõe a estudar as transformações
químicas e processos elétricos gerados pela rea-
ção. Essas transformações químicas podem ser
espontâneas, como ocorre em pilhas e baterias,
e há também as que só ocorrem quando há uma
passagem forçada de corrente elétrica em uma
dada solução, sendo conhecida como eletrólise
(LENZI et al., 2015).
Em nosso dia a dia, essas duas transformações
são essenciais. Só conseguimos utilizar nossos ce-
lulares, tablets e outros dispositivos eletrônicos
devido à existência de uma bateria. Nestes instru-
mentos, temos a ocorrência de reações químicas
que desprendem eletricidade, permitindo o uso
desses equipamentos. Essa importância não se
restringe apenas a esses aparelhos. Na indústria
de transformação, temos diversos compostos que
são obtidos por meio dessas reações eletrolíticas,
a citar o cloro, obtido a partir de uma solução de
cloreto de sódio; o hidróxido de sódio, utilizado
na construção civil, nos processos de branquea-
mento de papel; entre outros (LENZI et al., 2015).
Pilha Voltaica
Alessandro Volta, em 1800, empilhou diversas placas de prata e zinco, que foram separadas por pa-
nos umidificados com água salgada, percebendo a ocorrência de um choque elétrico quando eram
ligadas as duas extremidades da pilha. Alessandro percebeu que outros metais, quando submetidos
às mesmas condições, também geravam um choque elétrico. A denominação de pilha voltaica se dá
pelo nome do cientista, cujo sobrenome é Volta. Em 1836, uma outra pilha ficou bastante conhecida,
a pilha de Daniell, que fez uma combinação de metais diferentes, no caso, zinco e cobre.
Fonte: adaptado Lenzi et al.(2015).

Nestes processos eletroquímicos que mencionamos, a existência da eletricidade se deve às reações de


oxidação e de redução, que iremos relembrar brevemente a seguir:

Reações de oxirredução

Dentro das reações químicas, que já discutimos brevemente em capítulos anteriores, temos uma classe
especial de reações, que são as reações de oxirredução. Entende-se como reação de oxirredução as
reações que envolvem transferência de elétrons, em que um dos participantes da reação perde elétrons,
neste caso, dizemos que é o elemento que se oxida; enquanto que o outro composto ganha elétrons, e
dizemos que ele se reduz.
Para identificar quem se oxida e quem se reduz, precisamos relembrar de mais um conceito, que é
o número de oxidação, conhecido por NOX.

Número de NOX: o estado de oxidação de um elemento é representado por um número, podendo


ser inteiro ou fracionário, negativo ou positivo, que mede a ligação de um elemento com um outro.
O número de oxidação (Nox) possui um valor de 1+, quando o átomo cedeu um elétron; 2+ quando
o átomo cedeu 2 elétrons; e assim por diante. O nox será negativo quando o elemento recebe elé-
trons. Por exemplo, se tem o valor 1-, significa que ele recebeu um elétron. Ao analisar um elemento,
a decisão se o nox é positivo ou negativo vai depender do elemento ao qual ele está ligado. O nox
será negativo para o elemento mais eletronegativo.
Fonte: adaptado de Lenzi et al. (2015).

UNIDADE 9 249
Vamos tomar alguns exemplos: Algumas observações importantes: para áto-
mos livres, do tipo, Na, Fe, ou ligados ao mesmo
Exemplo 1: H2SO4 elemento, como Cl2, N2, entre outros, o nox é zero.
O oxigênio (O) encontra-se na família 6A da ta- Fizemos a análise de um composto com três
bela periódica, portanto, tem 6 elétrons na camada elementos. E para um composto com dois ele-
de valência, precisando de mais 2 elétrons para mentos? É mais fácil ainda! Vejamos um exemplo:
atingir a regra do octeto e ficar estável, e seu nóx
é 2-. Por que negativo? Pois o oxigênio é mais ele- Exemplo 2: Fe2O3(s).
tronegativo que o átomo da outra extremidade, o Sabemos que o nox do oxigênio é 2-, como temos
hidrogênio. Como temos 4 átomos de oxigênio, três átomos, o nox total será 6-. A molécula não
seu nox total será 8- (4 átomos x 2- =8-). tem carga, ou seja, o nox total dela é zero, correto?
O hidrogênio em grande parte das tabelas pe- Então, o nox dos dois átomos de ferro é 6+, pois,
riódicas, está localizado na família 1A. Sabemos assim, a soma total se torna zero. O nox de cada
que os elementos dessa família, com exceção do átomo de ferro é 3+, resultado da divisão de 6+
hidrogênio, precisam doar 1 elétron para ficar es- por dois átomos.
tável. No caso do hidrogênio ele precisa ganhar ou Tabela 2 - Determinação do nox do Fe2O3
compartilhar um elétron para ficar com a mesma
configuração do hélio, que são as exceções da ta- 2+ 6-
bela periódica, ou seja, seu nox será 1+. Como 3+ 2-
temos 2 átomos de hidrogênio, o nox total será 2+. Fe2 O3
A molécula de ácido sulfúrico é neutra, ela não Fonte: o autor.
tem carga sobrando, certo? Então, para determi-
nar o nox do enxofre, somamos todos os nox e
igualamos a zero:
(2+)+(X)+(8-) = 0
(X) = (+6) Aluno(a), este processo requer um conhecimento
prévio das propriedades dos elementos quími-
Para facilitar a determinação do nox, sugiro fazer o cos, tabela periódica, conceitos que são apren-
uso do esquema a seguir, iniciando a análise sem- didos na disciplina de química geral.
pre pelo último átomo, neste exemplo, o oxigênio:
Tabela 1 - Determinação do nox do H2SO4
Nox total +2 +6 8-
Exemplo 3: agora que sabemos determinar o nox,
podemos continuar nosso estudo para identificar
Nox do elemento +1 X 2-
quem se oxida, reduz. Para ilustrar tal situação, to-
Elemento H2 S O4 memos como exemplo a reação química a seguir
Fonte: o autor.
(LENZI et al., 2015):
Recapitulando: escrevemos na última linha os ele-
mentos. Acima, o nox de cada um e, na primeira Fe2O3 s   3CO g   2 Fe s   3CO2 g 
linha, o nox total. Iniciamos a análise pela terceira
coluna, então partimos para a primeira e, por fim, Agora, determinamos o nox para cada elemento e
para a coluna do meio. também o nox total, conforme abordamos:

250 Eletroquímica
Tabela 3 - Determinação do nox dos compostos da reação química do óxido de ferro
6+ 6- 2+ 2- 0 4+ 4-
3+ 2- 2+ 2- 0 4+ 2-
Fe2 O3(S) + 3 C O(g) → 2 Fe(s) + 3 C O2(g)
Fonte: o autor.

A partir de então, estamos aptos a dizer qual o


elemento que se oxida e que se reduz, a partir da
seguinte regra: Tenha sua dose extra de
• Processo de oxidação: conhecimento assistindo ao
» Há o aumento do número de oxidação vídeo. Para acessar, use seu
do átomo. leitor de QR Code.
» Há a perda de elétrons por um átomo.
• Processo de redução:
» Diminuição do número de oxidação Por definição, em uma reação de oxirredução, te-
do átomo. mos a transferência de elétrons de uma espécie quí-
» Ganho de elétrons por um átomo. mica para outra espécie. Em outras palavras, temos
mudanças nos números de oxidação dos elementos
Com essas regras, partimos para nossa análise: que estão presentes na equação (LENZI et al., 2015).
O ferro tinha número de oxidação 3+ no
lado dos reagentes, e passou para 0 no lado dos Exemplo 4: vamos ver mais um exemplo para
produtos, portanto, sofreu redução. O oxigênio ficar-mos craques no assunto. A reação química
permaneceu com o mesmo nox nos reagentes e que iremos avaliar é a seguinte:
produtos (observe que analisamos apenas o nox  2 2 2
Zn  Cu2aq   SO4  Zn aq   SO4 aq   Cu
do átomo unitário, não o total, ou seja, apenas da
2ª linha). O carbono passou do nox 2+ para 4+, Determinando o número do nox de cada um dos
portanto, ele se oxidou. elementos:
Tabela 4 - Determinação do nox dos compostos da reação química entre zinco, cobre e o íon sulfato
0 2+ 6+ 8- 2+ 6+ 8- 0
0 2+ x = 6+ 2- 2+ x = 6+ 2- 0

Zn + +
Cu(2aq + S +
Zn(2aq + S O42(−aq ) + Cu
) O42−  )

Fonte: o autor.

Caro(a) aluno(a), atenção para o íon SO42−. Na determinação do nox destes elementos, sabemos que o
oxigênio tem nox 2-, e como há 4 átomos, total de 8-. Como temos um íon, e a carga dele é 2-, o nox do
enxofre só pode ser 6+, pois a soma de todos os nox fornece 2-, que é a carga do íon. Veja que, na tabela,
“X” foi usado apenas para indicar o elemento do qual estamos determinando a carga.
Na análise, vemos que o zinco se oxida, ou seja, perde 2 elétrons, passando do nox zero para o nox
2 . O cobre se reduz, ou seja, ganha dois elétrons, passando do nox 2+ para o nox 0.
+

Podemos descrever a reação de oxirredução em uma de oxidação e outra de redução, conforme


segue (LENZI et al., 2015):

UNIDADE 9 251
Na Figura 1, temos o eletrodo
Zn  Zn2  2� e de zinco, submerso em uma
solução que contém o íon do
Cu 2  2 � e  Cu zinco, ligado, por meio de um
fio de platina, a um eletrodo de
Caro(a) aluno(a), é neste processo de transferência de elétrons que cobre, imerso em uma solução
vislumbramos a alteração do nox dos elementos que geramos as que contém o íon cobre. As duas
correntes elétricas, objetivos da nossa unidade: transformações soluções estão interligadas por
eletroquímicas! um meio semipermeável.
Neste caso, o cobre tem mais
afinidade pelos elétrons do que
Pilhas o zinco, ele tende a puxar para
perto de si os elétrons. Isto é,
Quando colocamos uma lâmina metálica dentro de uma solução os elétrons são deslocados do
que contenha os mesmos íons constituintes da lâmina dissolvidos zinco para o cobre. Neste caso,
na solução, é gerado, na lâmina, uma diferença de carga elétrica. dizemos que o eletrodo de zinco
Dizemos que há a formação de um eletrodo com um potencial tem um potencial elétrico mais
característico do metal da lâmina, denominado de potencial do elevado, ou seja, uma maior
eletrodo. A seguir demonstramos a formação dos eletrodos de zinco capacidade de ceder elétrons
e de cobre (LENZI et al., 2015). frente ao cobre. Como os elé-
trons são conduzidos pelo fio
Ânodo Cátodo de platina, há a geração de uma
(Zinco) (Cobre) corrente elétrica, devido ao mo-
vimento dos elétrons.
No eletrodo do zinco, o
zinco metálico está perdendo
os elétrons, por meio de uma
Membrana Porosa reação de oxidação, conforme
descrito a seguir:
Fluxo
Aniônico Zn0  Zn2  2e

Assim, na placa metálica, antes


com zinco metálico, há a for-
mação de íons de zinco, que são
Figura 1 - Pilha galvânica de zinco e cobre
dispersos na solução. Há, então,
uma diminuição do tamanho
da placa, pois o zinco está mi-
grando para a solução.

252 Eletroquímica
Já no eletrodo de cobre, que recebe os elétrons, os íons de cobre
que estão presentes na solução recebem esses elétrons presentes
na placa e passam do formato íon, na solução, para o estado sólido,
na placa, por meio de uma reação de redução, conforme descrito
a seguir:
Cu 2  2e  Cu 0

Perceba que o cobre está migrando da solução para a superfície do


metal e o tamanho da placa metálica está aumentando, conforme
demonstra a imagem a seguir:
e- e-
Ânodo (-)
Zn0(s) Zn+2(aq.) + 2e- Cátodo (+)
1,1V
Cu+2(aq.) + 2e- Cu0(s)

Ponte Salina
NO3- Na+

NO3- Cu2+

Pilha galvânica
Zn2+ NO3-
Algodão
Zn(NO3)2 Cu(NO3)2

Figura 2 - Pilha galvânica de zinco e cobre.


Fonte: Silva Júnior (2012, on-line)1.
A reação química que ocorre na pilha é (somando a reação de oxi-
dação e redução descritas anteriormente):

 2
Zn0s   Cu2aq 0
  Zn aq   Cu s 

Analogamente a este processo, a solução de qualquer substância em


água gera um ambiente com uma atividade eletrônica, que pode
ter maior ou menor intensidade. Quanto maior for a atividade
eletrônica, maior será a capacidade do sistema em ceder elétrons, e
o sistema é dito ser mais redutor. O contrário também é verdade e,
neste caso, dizemos que o meio é mais oxidante (LENZI et al., 2015).

UNIDADE 9 253
Uma notação típica utilizada para representa- porosas que permitem a passagem dos cátions e
ção dos eletrodos é a que segue: ânions em direção ao cátodo e ao ânodo, respec-
tivamente (LENZI et al., 2015).

Zn m  |� Zn2aq 
 1mol � L
1
 Na seção Novas Descobertas, temos um vídeo
bastante interessante que demonstra os concei-

Cu m  |� Cu2aq 
 1mol � L
1
 tos vistos sobre pilhas, cátodo e anodo. Vamos
acompanhar?
A barra, na seguinte notação, representa a separa-
ção do estado físico (sólido e líquido). À esquerda
da barra, temos os metais participantes; à direita, as Cuba Eletrolítica ou Eletrólise
espécies em solução com as devidas concentrações.
Na cuba eletrolítica, o processo que ocorre é o
contrário daquele que vislumbramos nas pilhas.
Ânodo e Cátodo Nas pilhas, vimos que a passagem dos elétrons
gera uma diferença de potencial e condução de
O polo da pilha onde os elétrons são retirados, em corrente elétrica de forma espontânea. Já na cuba
nosso exemplo, na placa de zinco, é chamado de eletrolítica, o processo é forçado. Neste caso, é apli-
ânodo. É neste local em que se evidencia a reação cado uma diferença de potencial igual ou maior
de oxidação. Já a região para onde os elétrons são que o potencial gerado pela célula, e os processos
atraídos, em nosso exemplo, na placa de cobre, é passam a ser invertidos. Em nosso exemplo, os
chamado de cátodo, sendo o local em que ocorre elétrons são transferidos do cobre para o zinco
a reação de redução (LENZI et al., 2015). (LENZI et al., 2015). As equações se tornam da
Assim como apresentamos a notação típica seguinte forma:
para os eletrodos, a pilha também tem sua repre-
sentação: Zn0  Zn2  2e

Cu 2  2e  Cu 0
Zn( m ) Zn(2aq
+
) (1mol L )
−1
Cu(2aq
+
) (1mol L ) Cu( m)
−1

Esse processo consiste no carregamento da pilha,


Nesta representação, o ânodo é representado ou seja, estamos armazenando energia química.
à esquerda e o cátodo à direita. As duas barras Na seção Novas Descobertas, temos um vídeo
representa a ponte salina ou meio poroso. Ela é bastante interessante sobre as diferenças entre as
preenchida por uma solução salina, em geral, KCl, pilhas eletroquímicas e as cubas eletrolíticas, va-
fechado em suas extremidades por membranas mos acompanhar?

254 Eletroquímica
Diferença de Potencial em
Pilhas e Cubas Eletrolíticas

Anteriormente, discutimos que o fluxo de elétrons


numa pilha se dá no sentido do ânodo para cátodo
ou, em outras palavras, do eletrodo que possui um
menor potencial de redução para o eletrodo que
possui o maior potencial de redução. Essa passa-
gem de elétrons gera uma diferença de potencial
(ddp) que pode ser medida. A sua unidade de me-
dida é o volt, cujo símbolo no sistema internacio-
nal de unidades é o V. Cada metal diferente, utili-
zado na construção de pilhas ou cubas eletrolíticas,
gera um diferente valor de diferença de potencial
(ddp), ou seja, diferentes fluxos de elétrons pelos
eletrodos (NISENBAUM, [2019], on-line)2.
O maior valor de diferença de potencial gerado
por uma pilha é quando ela inicia o seu funcio-
namento, e a este valor denominamos de força
eletromotriz, cuja representação pode ser dada
por fem ou E. Essa medida pode ser determinada
teoricamente, utilizando-se de potenciais tabe-
lados dos metais que constituem o cátodo ou o
ânodo; ou experimentalmente, utilizando-se um
voltímetro instalado entre os eletrodos das pilhas
(NISENBAUM, [2019], on-line)2.

UNIDADE 9 255
temperatura podem provocar variações
na ddp da pilha.
• Metais utilizados para a construção dos
eletrodos.

Para cálculos teóricos, utilizamos um conceito


de potencial-padrão (potencial determinado em
condições normais, temperatura de 25 °C, pressão
atmosférica e concentração de 1,0 mol/L), sendo
identificado pelo símbolo E°. No saiba mais, a fim
de curiosidade, conceituamos essa medida padrão.

Potencial Padrão
do Hidrogênio

As medidas do potencial gerado no movimen-


Figura 3 - Voltímetro to dos elétrons entre os eletrodos nada mais são
No exemplo que temos tratado até então, do que comparações com um padrão conhecido. No
eletrodo de zinco imerso em uma solução que início dos nossos estudos, havíamos mencionado
contém íons zinco e do eletrodo de cobre imerso que a medida “ft”, em inglês, feet, era a medida
na solução de sulfato de cobre, ao colocarmos o do pé, ou seja, todas as medidas eram compara-
voltímetro nessa pilha, veremos que a medida das a esse padrão. Na eletroquímica, não ocorre
fornecida é de 1,10V, obtemos, portanto, uma diferente. Para calcular a força eletromotriz de
medida experimental. uma pilha, a convenção estabelecida foi medir o
O valor da força eletromotriz de uma pilha, potencial (tanto de redução quanto de oxidação)
como no caso do exemplo acima, é variável de de cada eletrodo, ou de cada metal em relação a
acordo com alguns parâmetros, entre eles (NI- um eletrodo padrão, ou seja, uma referência para
SENBAUM, [2019], on-line)2: poder se comparar valores.
• Concentração: conforme já informamos, O eletrodo escolhido foi o do hidrogênio, que é
no início do funcionamento da pilha, constituído por um fio de platina, com uma placa
a concentração dos íons ali presente de platina na ponta, imersa em um tubo de vidro
é a maior e, por esse motivo, a ddp é a que contém, em seu interior, o gás hidrogênio
maior no início, reduzindo gradativa- nas condições normais (pressão atmosférica e
mente com o passar do tempo, pois a temperatura de 25 °C). A função do gás hidro-
concentração de íons vai diminuindo na gênio é se adsorver, impregnar na placa de plati-
solução. na, que é inerte e não participa da reação. Todo
• Temperatura: a elevação da temperatura esse conjunto fica submerso em uma solução de
aumenta a velocidade das reações quími- ácido sulfúrico com concentração de 1 mol/L,
cas, conforme já mencionamos em uni- na mesma temperatura mencionada (ISAQUE,
dades anteriores. Portanto, variações na 2012, on-line)3.

256 Eletroquímica
Fio de O padrão estabelecido é que os potenciais-padrão
Platina de redução e oxidação normais do hidrogênio, nas
H2(g) referidas condições, são zero, por convenção. Des-
sa forma, ao se ligar um outro eletrodo qualquer,
(1 atm)
de outro metal, medimos a diferença de potencial
da pilha. Como o potencial do eletrodo do hidro-
gênio é zero, a medida experimental fornecida
corresponde ao potencial padrão do metal.
Para o cálculo teórico da diferença de poten-
cial, utilizamos o símbolo ΔE° e a seguinte fórmula:

Pt ΔE° = E°red (maior) - E°red (menor)

Na equação, o valor de redução maior corres-


ponde ao maior potencial de redução entre os
eletrodos. Neste livro, trabalharemos com as re-
comendações da IUPAC, que sugere a utilização
dos potenciais de redução em vez dos potenciais
Solução de H2SO4(aq.) de oxidação. Esses valores são tabelados, obtidos
1 Mol/L em relação aos experimentalmente pelo potencial padrão do
íons H3O(aq.)
+1
hidrogênio.
Figura 4 - Eletrodo padrão de hidrogênio A seguir, temos uma tabela com o potencial de
Fonte: adaptada de Isaque (2012, on-line)3. redução padrão de alguns compostos:
Tabela 5 - Potenciais-padrão de redução em água a 25°C

Potencial (V) Semi-reação de redução


+2,87 Fe2(g) + 2e- → 2 F-(aq)
+1,51 MnO4-(aq) + 8H+(aq) + 5e- → Mn2+(aq)+4 H2O(l)
+1,36 Cl2(g)+2e- → 2Cl-(aq)
+1,23 O2(g)+4H+(aq)+4e- → 2H2O(l)
+0,80 Ag+(aq) + e- → Ag(s)
+0,77 Fe3+(aq) + e- → Fe2+(aq)
+0,34 Cu2+(aq)+2e- → Cu(s)
0 2H+(aq) + 2e- → H2(g)
-0,44 Fe2+(aq) + 2e- → Fe(s)
-0,76 Zn2+(aq) + 2e- → Zn(s)
-1,66 Al3+(aq) + 3e- → Al(s)
-2,71 Na+(aq) + e- → Na(s)
Fonte: Brown et al. (2005).

UNIDADE 9 257
Na Tabela 5, podemos prever o que acontece quando combinamos dois materiais para formar uma
pilha. Por exemplo, se utilizarmos o zinco e o ferro para constituir os eletrodos, percebemos, na
tabela, que o potencial do zinco é -0,76V, e do ferro -0,44V; portanto, neste caso, o zinco, que tem
menor potencial, é quem se oxida nessa combinação.

Exemplo 5: no caso da pilha de Daniell, o potencial de redução do zinco é -0,76V e o potencial de


redução do cobre é + 0,34V. Assim, o valor da ddp dessa pilha será:

Zn2+(aq) + 2 e- Zn(s) Ered = - 0,76 V

Cu2+(aq) + 2 e- Cu(s) Ered = + 0,34 V

ΔE0 = E0red (maior) - E0red (menor)

ΔE0 = Ered Cu2+ - Ered Zn2+

ΔE0 = + 0,34 – (- 0,76)

ΔE0 = + 1,10V

Esse é exatamente o valor apontado no voltímetro!

258 Eletroquímica
Importância da
Eletroquímica

Uma das grandes importâncias das pilhas está


na geração de energia elétrica, principalmente
para dispositivos portáteis. Há, no mercado, a
utilização de pilhas e também de baterias em
celulares, relógios, tablets, carros, entre outros.
A diferença entre uma pilha e uma bateria é que
as pilhas possuem apenas dois eletrodos, já as
baterias são formadas por várias pilhas, que são
conectadas em série ou em paralelo, com o intui-
to de aumentar a voltagem final fornecida pelo
sistema, porém, o princípio de funcionamento é
similar ao que estudamos.
Em relação à eletrólise, como já definimos,
há o emprego da energia elétrica externa para
ser transformada em energia química, ou seja,
o processo inverso das pilhas. A energia elétri-
ca empregada força a ocorrência de uma reação
química não espontânea dada pela neutralização
das cargas dos íons e consecutiva formação de
substâncias simples. Esse processo é muito em-
pregado na produção de substâncias simples que
não são comumente encontradas na natureza, no
caso do gás cloro, sódio metálico, que são obtidas
pela eletrólise ígnea do cloreto de sódio. Um outro
material amplamente empregado e obtido por um
processo de eletrólise é o alumínio.

UNIDADE 9 259
Os usos do alumínio são indiscutíveis, usa- conhecida por eletrodeposição. Nesta técnica, re-
do desde a construção civil, na eletroeletrônica veste-se a peça metálica com um outro metal que
e também na indústria de alimentos, em arma- seja mais nobre, menos reativo e, portanto, mais
zenamento de produtos. O grande problema é resistente à corrosão. A peça que se deseja proteger
que o alumínio não é encontrado na natureza em é colocada em um cátodo, que é o polo negativo,
sua forma elementar (Als), e sim combinado com em um circuito de eletrólise. É fornecida energia
outros minérios, como a bauxita, que contém o proveniente de uma fonte externa, e o metal nobre
óxido de alumínio hidratado (Al2O3 + H2O). O presente na solução é depositado na superfície
processo utilizado para obter alumínio em sua do metal, em nosso caso, do ferro, protegendo-o
forma elementar trata-se de um processo de ele- dos agentes externos que produzem a ferrugem.
trólise (DIEGO, 2018, on-line)4. Quando é recobrido uma peça de ferro ou aço
Esse processo consiste em colocar uma mis- utilizando-se zinco, chamamos de um processo
tura fundida da alumina com a criolita (Aℓ2O3 + de galvanização.
Na3AℓF6) num recipiente feito de ferro ou de aço Conforme mencionamos, a ferrugem se origina
junto a eletrodos de carbono que estão mergulha- devido a uma reação de oxidação do ferro, que
dos nessa mistura. Como a mistura está fundida, produz o íon Fe2+ na presença do oxigênio do ar e
ela contém os íons Aℓ3+(ℓ) e O2(ℓ) livres, confor- da água. O ferro e a maioria dos metais (com exce-
me a equação a seguir (DIEGO, 2018, on-line)4: ção do ouro e da platina) possuem menor poten-
cial de redução que o oxigênio e, por este motivo,
2 Al2O3 l   4 � Al3l � 6 O2l tendem a se oxidar (FARIA, [2019], on-line)5:

O recipiente em que se encontra essa mistura atua Fe(s) → Fe2+ + 2e- E0redução = - 0,44 V
como cátodo, ou seja, o polo negativo, em que
ocorre a redução dos cátions de alumínio: ½ O2 + H2O + 2 e- E0redução = + 0,40 V

4 Al3l  12e   4 � Al l  Como o potencial de redução do ferro é bem


menor que o do oxigênio e da água, o ferro, em
Assim, obtém-se o alumínio fundido, que é colo- contato com esses compostos, forma uma pilha
cado em moldes, solidificando-se (DIEGO, 2018, eletroquímica, em que o oxigênio atua como cáto-
on-line)4. do ou polo positivo, ocorrendo sua redução e ga-
Uma outra importância da eletroquímica é a nho de elétrons. O ferro perde elétrons, sofrendo
proteção de superfícies metálicas. É de nosso co- oxidação e atuando como ânodo ou polo negativo,
nhecimento que metais, tais como o ferro, oxida- formando a ferrugem (FARIA, [2019], on-line)5.
-se quando exposto à umidade e oxigênio atmos- Num processo de galvanização, a superfície
férico, causando grandes transtornos e prejuízos. do ferro é coberta com zinco, por meio de um
A ferrugem é gerada por uma oxidação do processo de eletrólise, impedindo o processo
ferro, por meio da reação: de ferrugem do ferro. Em termos do potencial
de redução, o zinco, por ter menor potencial de
Fe s   Fe2  2e
redução, possui maior tendência para se oxidar,
conforme verificamos nas equações a seguir, ou
Uma das maneiras de se proteger o ferro e outros seja, presente na superfície do ferro, ele se oxida
metais é utilizando-se do processo da eletrólise, no lugar do ferro (FARIA, [2019], on-line)5:

260 Eletroquímica
Zn(s) → Zn2+ + 2e- E0redução = - 0,76 V Ânodo: 2 Zn(s) → 2 Zn2+ + 4 e-

Fe(s) → Fe2+ + 2e- E0redução = - 0,44 V Cátodo: O2 + 2 H2O + 4 e- → 4 OH-

O2 + 2 H2O + 4 e- E0redução = + 0,40 V Reação global: 2 Zn + O2 + 2 H2O → 2 Zn(OH)2

Quando o zinco é oxidado, acontecem duas coisas Desta forma, aluno(a), concluímos nosso con-
importantes que impedem o ferro de ser corroído. teúdo sobre eletroquímica, percebendo que não
A primeira é que, visto que seu potencial de redu- há apenas uma grande relevância tecnológica, na
ção é menor que o do ferro, ele reduz o cátion Fe2+ produção de eletricidade, mas também por atuar
a ferro metálico novamente, conforme demonstra na indústria de transformação, protegendo super-
a equação a seguir (FARIA, [2019], on-line)5: fícies metálicas, tais como pontes, cuja estruturas
de ferro poderiam perder a resistência mecânica
Zn(s) → Zn2+ + 2e- devido à ferrugem que acontece em transforma-
Fe2+ + 2e- → Fe(s) ções químicas espontâneas.
____________________________

Zn(s) + Fe2+ → Zn2+ + Fe(s)


Prática: Pilhas de Daniell
O segundo ponto é que, em contato com o ar
e a água, o zinco origina o hidróxido de zinco Para praticar os conceitos de pilhas eletroquími-
(Zn(OH)2), que se deposita sobre o ferro que cas, iremos praticar, agora, com uma prática tra-
estava exposto e, novamente, o protege contra a dicional no campo da química, a pilha de Daniell,
corrosão (FARIA, [2019], on-line)5. vamos lá?

PILHA DE DANIELL

1.0 Objetivos

Compreender o funcionamento de uma pilha eletroquímica, desde sua montagem até o funcio-
namento. Medir o potencial dessa pilha e vislumbrar os conceitos de oxirredução, comparando
com dados presentes na literatura.

2.0 Introdução

Uma pilha de fácil aplicação e bastante conhecida na área da química, que permite a observação
do fenômeno da eletrólise, é a pilha de Daniell. Ela é formada por um sistema composto por
cobre e zinco. Quando estes compostos são postos em contato elétrico, ocorre a redução do
cobre e a oxidação do zinco. A figura a seguir demonstra um esquema de uma pilha de Cu/
Zn. Observe que, em cada meia célula, há um eletrodo (de Zn ou Cu) e um eletrólito, ZnSO4

UNIDADE 9 261
(sulfato de zinco) CuSO4 (sulfato de cobre), que se encontram dissolvidos. Os eletrodos de zinco
e cobre são ligados por meio de um fio elétrico a um voltímetro. As soluções se mantêm ligadas
eletricamente por meio de uma ponte salina, composta por NaCl (cloreto de sódio) e água, que
deixa passar apenas os íons da solução. Encontramos, na literatura, que quando a concentração
de ambos os eletrólitos é de 1 mol/L e a temperatura a 25 °C, essa pilha produz uma diferença
de potencial padrão (E°célula) de 1,1 V. A modificação da concentração dos íons Cu2+ e Zn2+
modificam o potencial da pilha, poden-
do ser calculado o novo potencial por
meio da Equação de Nernst:

Cátodo
Cu + Ponte Salina NaCl+ H2O

Em que: Ânodo
• E: potencial da pilha em qual- Zn -
quer concentração.
• n = número de elétrons trocados
na reação de oxirredução.
Algodão
• [Zn2+] e [Cu2+] = concentração CuSO4 + H2O ZnSO4 + H2O
molar de zinco e cobre, respec-
tivamente.

3.0 Procedimento Experimental

3.1 Materiais

• Sulfato de cobre II (CuSO4) 0,1 mol/l. • Sulfato de zinco (ZnSO4) 0,1 mol/l.
• Lâminas de zinco metálico e de cobre metálico. • Solução de NaCl ou KCl (saturada).
• Béqueres. • Tubo em U.
• Algodão. • Suportes.
• Lixa. • Multímetro.
• Conjunto de fios. • Balão volumétrico de 250 ml.

3.2 Procedimentos

262 Eletroquímica
• Coloque 50 mL de solução de CuSO4 0,1 mol/L em um béquer e 50 mL de solução de
ZnSO4 0,1 mol/L em outro béquer.
• Preparar a ponte salina da seguinte maneira: preencha o tubo em U com solução de
NaCl, de modo que não haja espaços vazios no interior do tubo e feche-o com uma
pequena quantidade de algodão em cada ponta.
• Encaixe esta ponte salina no béquer contendo CuSO4 e no outro que contém ZnSO4.
Tome cuidado ao manusear o tubo em U, para evitar quebrá-lo.
• Lixe cuidadosamente as lâminas de zinco e cobre, removendo impurezas e óxidos de
suas superfícies. Lave as lâminas com água destilada e encaixe a lâmina de cobre no
frasco com solução de sulfato de cobre. A lâmina de zinco é encaixada no frasco com
sulfato de zinco. A Figura anterior ilustra como deve ser montada a pilha.
• Ligar o multímetro em 20 V. O fio vermelho do multímetro deve ser ligado à lâmina
de cobre, e o fio preto ligado à lâmina de zinco. O multímetro deve, então, indicar o
potencial da pilha. Inverta os fios de ligação do multímetro e observe o que acontece.
Em adição, estando ainda o multímetro ligado à pilha, remove-se a ponte salina, observe
novamente o que acontece.

4.0 Conclusões

Escreva as equações das semi-reações de oxidação, de redução e da reação global que ocorrem
na pilha montada neste experimento.
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Determine o agente oxidante e o agente redutor da reação.


_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Determine o potencial da pilha com a fórmula apresentada e compare com o valor apresentado
no multímetro.
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

UNIDADE 9 263
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A pilha de Daniell, dada por Feº/ Fe2+ // Cu2+/ Cuº, possui os seguintes potenciais
de redução:
Fe2+ + 2e- → Feº Eº = - 0,44V
Cu + 2e → Cuº
2+ -
Eº = + 0,34V
Assinale a alternativa que apresente corretamente o valor da diferença de po-
tencial, em Volts desta pilha:
a) 0,78V.
b) 0,10V.
c) - 0,10V.
d) 1,56V.
e) 0,20V.

2. Na pilha eletroquímica, cujos metais são o zinco e cobre, e cuja representação


é dada por Zn0 / Zn2+ // Cu2+ / Cu0, ocorrem reações de oxirredução. Sobre esse
sistema, julgue as assertivas a seguir:
I) No polo negativo, há redução de Cu0 a Cu2+.
II) No polo negativo, há oxidação de Zn0 a Zn2+.
III) No polo positivo, há redução de Cu2+ a Cu0.
IV) No polo positivo, há oxidação de Zn0 a Zn2+.
V) No polo positivo, há redução de Zn2+ a Zn0.
Está correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) III e V, apenas.

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3. Durante o funcionamento da pilha demonstrada, a barra de chumbo se desgasta
e a barra de prata se torna mais espessa.

interruptor amperímentro

barra barra
de Pb de Ag

Solução Aquosa parede Solução


de Pb(NO3)2 porosa Aquosa
de AgNO3

No início do experimento, as duas barras apresentavam as mesmas medidas.


Ao ser posta em funcionamento, analise o que acontece e identifique a seguir
as assertivas que estão corretas:
I) A semirreação de redução, que ocorre no ânodo, é 1 Pb(s) → 1 Pb2+(aq) + 2e-.
II) A semirreação de redução, que ocorre no cátodo, é 2Ag2+(aq) + 2e- → 2Ag(s).
III) A equação química da equação global é representada por
1 Pb(s) + 2 Ag 2+
(aq)
→ 1Pb 2+
(aq)
+ 2 Ag(s).
IV) Os elétrons se movimentam do ânodo (eletrodo de chumbo) para o cátodo
(eletrodo de prata).
V) Os cátions se movimentam do ânodo para o cátodo e os ânions se movimen-
tam do cátodo para o ânodo por meio do circuito externo.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III, apenas.
b) I, II e V, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) II, III e V, apenas.
e) II, IV e V, apenas.

265
WEB

A seguir, temos um vídeo bastante interessante da Alfamavideos, que traz o


funcionamento de uma pilha eletroquímica formada por cobre (Cu) e zinco
(Zn), demonstrando o cátodo, o ânodo, os materiais que sofrem a oxidação, a
redução. Vamos acompanhar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

A seguir, temos um vídeo bastante interessante do canal Kuadro, que nos au-
xilia a entender a diferença entre a pilha e a eletrólise. Veremos que, na pilha,
a reação de oxidação é espontânea; enquanto que na eletrólise, ela é forçada
pela corrente elétrica. Vamos acompanhar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Temos, no link que segue, a pilha de Daniell sendo reproduzida experimentalmen-


te, que contextualiza todos os assuntos que vimos nessa unidade. Aproveitem!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

266
BROWN, T. L. et al. Química: A ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.

LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: F. Bastos, 2015.

RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, 1994.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://pibidqmcvr.blogspot.com.br/2012/12/800x600-normal-0-21-false-false-false.html>. Acesso em:
11 abr. 2019.
2
Em <https://www.academia.edu/31733577/Pilhas_e_Baterias_Moises_Andr%C3%A9_Nisenbaum>. Acesso
em: 09 mar. 2020.
3
Em: <https://quimicalogia.blogspot.com/2012/12/eletrodo-padrao-de-hidrogenio.html>. Acesso em: 11 abr.
2019.
4
Em: <https://culturalivre.com/producao_de_aluminio_extracao_da_bauxita_obtencao_eletrolise/>. Acesso
em: 11 abr. 2019.
5
Em: <https://www.infoescola.com/quimica/galvanizacao/>. Acesso em: 11 abr. 2019.

267
1. A.

1° Passo: determinar o maior e o menor potencial de redução.

Maior potencial de redução: cobre (Cu), pois seu valor é maior, logo, ele sofre redução.

Menor potencial de redução: ferro (Fe), pois seu valor é menor, logo, ele sofre oxidação.

2° Passo: determinar o potencial da pilha na equação a seguir:

ΔE = Emaior - Emenor

ΔE = 0,34 - (-0,44)

ΔE = 0,34 + 0,44

ΔE = 0,78 V.

2. B.

A convenção mundial de representação das pilhas é feita com base na seguinte ordem:

ÂNODO CÁTODO

Substância metálica Cátion que Substância metálica


Cátion que se forma
que sofre oxidação sofre redução que se forma

A AX+ BX+ B
Assim, a representação Zn0 / Zn2+ // Cu2+ / Cu0 indica que o Zn oxida-se a Zn2+ (no ânodo, polo negativo) e
Cu2+ reduz-se a Cu (no cátodo, polo positivo).

3. C.

I) A semirreação de OXIDAÇÃO, que ocorre no ânodo, é 1 Pb(s) → 1 Pb2+(aq) + 2e-.


II) A semirreação de redução, que ocorre no cátodo, é 2Ag2+(aq) + 2e- → 2Ag(s).
III) A equação química da equação global é representada por 1 Pb(s) + 2 Ag2+(aq) → 1Pb2+(aq) + 2 Ag(s).
IV) Os elétrons se movimentam do ânodo (eletrodo de chumbo) para o cátodo (eletrodo de prata).
V) Os cátions se movimentam do ânodo para o cátodo e os ânions se movimentam do cátodo
para o ânodo – não há movimento dos cátions e ânions, e sim dos elétrons.

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269
270
271
CONCLUSÃO

Ao longo das nove unidades deste livro, abordamos os principais aspectos existentes
em um laboratório de química, que são de interesse para a formação do engenheiro. De
forma geral, em cada conteúdo, procurou-se relembrar os conceitos teóricos da química,
atrelados à parte experimental e às possíveis aplicações de cada conceito.
Na Unidade 1, a atenção especial foi dedicada ao tema segurança no laboratório.
Este tema é importante não apenas dentro de um laboratório, mas pode ser estendido
para o contexto industrial e, de tamanha importância, deve acompanhar toda a vida de
um profissional que atuará na área da química de transformação. Na Unidade 2, foram
apresentados os principais equipamentos e instrumentos existentes em um laboratório.
Na Unidade 3, foi apresentado como deve ser realizada a correta representação das
medidas experimentais, os conceitos de precisão, exatidão, as incertezas fornecidas
por alguns instrumentos de laboratório, bem como os conceitos de calibração para
atenuar as discrepâncias entre medidas, bem como a forma de dispor os resultados
experimentais em um relatório técnico. Na Unidade 4, foram apresentadas as proprie-
dades físicas fundamentais dos compostos, que permitem a ocorrência de operações,
como de separação de misturas.
A partir da Unidade 5 foram apresentados os conceitos de transformação que evi-
denciam a ocorrência de reações químicas que permitem a produção de novos com-
postos. Na Unidade 6, foi dado ênfase ao processo de mistura, processos de separação,
que nos permitem separar os compostos de interesse dos subprodutos das reações. Na
Unidade 7, foi dada uma especial importância aos conceitos de preparo e diluições de
soluções, pois pequenos erros nessas medidas podem gerar prejuízos para a indústria
por não representar a quantidade real de matérias-primas ou reagentes a ser utilizado
em uma transformação. Na Unidade 8, introduzimos os conceitos de reações químicas,
estequiometria e velocidade das reações. Por fim, na última unidade, tratamos de um
tipo especial de reação química, as reações de oxirredução, que permitem, por exem-
plo, a produção de energia a partir de reações químicas, sendo que esses conceitos são
bastante empregados em pilhas e baterias.
Espero que tenha conseguido entender, por meio das análises e conceitos estudados,
quais são os equipamentos básicos que compõe um laboratório de química. Com esta
base, somos capazes de nos aprimorar e aperfeiçoar em práticas específicas de cada
área de atuação da Engenharia. Uma boa sorte em sua rotina profissional, e que esta
seja repleta, sempre, de muito conhecimento!

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