Livro
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Livro
Química
Experimental
ME. THIAGO BALDASSO DE GODOI
Híbrido
GRADUAÇÃO
Química
Experimental
Me. Thiago Baldasso de Godoi
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
13
Principais
Equipamentos
e Utensílios de
um Laboratório
39
Manipulação de
Dados e Medidas
Experimentais
67
Densidade e
Soluções
Viscosidade
103 195
Transformações Velocidade de
da Matéria reações químicas
135 225
Misturas e Técnicas
Eletroquímica
de Separação
159 247
47 Condensador
166 Molécula de água
202 Acerto do menisco do balão volumétrico
253 Pilha galvânica
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Thiago Baldasso de Godoi
PLANO DE ESTUDOS
Cuidados na Manipulação de
Produtos Químicos: FISPQ
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer as normas gerais de conduta e segurança em • Conhecer os equipamentos de proteção individual (EPIs)
laboratórios. e coletiva (EPCs) utilizados em um laboratório.
• Compreender as informações dispostas nas fichas de se-
gurança de produtos químicos (FISPQ).
Regras Gerais
UNIDADE 1 15
De acordo com Bessler e Neder (2011), os • Vista-se com roupas e calçados adequados
principais acidentes em laboratórios de quí- (fechados). Cabelos compridos devem ser
mica devem-se a ferimentos que são causados mantidos presos.
por vidros quebrados, pelo contato direto com • Todas as substâncias, sem prévio conhe-
substâncias cáusticas, incêndios com líquidos cimento, devem ser consideradas nocivas
inflamáveis e, até mesmo, explosões. Ainda de e perigosas. Evite o contato direto e nunca
acordo com os autores, no caso de acidentes, o faça a mistura de reagentes dos quais não
responsável pelo laboratório deve proceder ade- tenha o devido conhecimento.
quadamente, com o intuito de minimizar suas • Não se deve comer ou beber em um labo-
consequências. ratório. Os alimentos podem ser contami-
Deste modo, antes de adentrar neste tipo de nados, por exemplo, por vapores tóxicos,
ambiente, deve-se conhecer previamente os riscos podendo prejudicar a saúde dos trabalha-
a que se estará exposto. Estes riscos estão associa- dores.
dos a essa atividade laboral e se deve ao fato dos • Mantenha sua bancada de trabalho orga-
indivíduos ficarem constantemente expostos a nizada e limpa.
situações potencialmente perigosas. • Se algum produto químico for acidental-
Com o intuito de diminuir a frequência e a mente derramado, deve-se verificar nas fi-
gravidade com que esses acidentes ocorrem, é ex- chas de segurança de produtos químicos
tremamente necessário o atendimento de uma (FISPQ) sobre os procedimentos corretos
série de normas que podem ser preestabelecidas a serem adotados.
por Engenheiros de Segurança no Trabalho (para • Todos os colaboradores do laboratório de-
o atendimento da legislação nacional e/ou inter- vem ter acesso às FISPQ dos produtos quí-
nacional) ou por conhecedores técnicos desse micos manipulados antes de iniciar suas
assunto. Elas são específicas para cada tipo de la- atividades, e estas devem ser dispostas em
boratório, ou seja, depende do ramo de ativida- locais de fácil acesso para todos.
de, dos produtos químicos manipulados, das leis • Não descarte as substâncias químicas já
trabalhistas, entre outros. De forma geral, desta- utilizadas, na pia ou esgoto. Consulte a fi-
cam-se algumas medidas comuns aos laboratórios cha de segurança de produtos químicos,
de química, sendo elas (BESSLER; NEDER, 2011; sobre a maneira correta de se fazer o des-
FONSECA; BRASILINO, 2007; MARTINS et al., carte ou as orientações de conhecedores
2013; ABREU, 2016): e técnicos da área de segurança, sobre as
• O laboratório de química envolve diversos medidas para descarte. Lembre-se que du-
riscos, então se deve trabalhar com aten- rante o descarte, se houver a mistura de
ção, calma e prudência. reagentes químicos incompatíveis, podem
• Verifique o local e o funcionamento dos ocorrer acidentes, explosões, entre outros.
dispositivos de segurança do laboratório, • Evite o contato de qualquer substância
tais como: extintores de incêndio, chuvei- com a sua pele. Evite passar os dedos na
ros de emergência, lavadores de olhos e boca, nariz, olhos e ouvidos. Caso alguma
saída de emergências. Crie registros para substância química respingue em sua pele,
checagem periódica do funcionamento deve ser lavada imediatamente a área afe-
desses equipamentos. tada com água em abundância.
• Não deixe materiais e vidrarias quentes como: tomadas, bico de Bunsen, fogo, en-
sem mensagens de advertência. Outros tre outros.
colaboradores podem pegá-los inadver- • Ao realizar aquecimento de tubos de en-
tidamente, podendo causar queimaduras, saio em bico de Bunsen, realizar esse aque-
quebras e corte de membros. cimento pela lateral da parede do tubo, e
• Certificar-se de que a válvula de segurança não pelo fundo, para promover um aque-
do gás metano está fechada quando não cimento uniforme. Não deixe a boca do
estiver utilizando esse produto. tubo voltado para seu rosto, pois o des-
• Os reagentes inflamáveis devem ser ma- prendimento de produtos químicos pode
nipulados longe de fontes de ignição, tais causar acidentes.
UNIDADE 1 17
• Existem diversos frascos de reagentes
químicos semelhantes. Certifique-se de
utilizar o reagente correto pela identifica-
ção do rótulo do frasco. Despeje o líquido
presente no frasco com a parte oposta do
rótulo para não inutilizá-lo (escorrer sobre
o rótulo) e prejudicar na identificação do
produto químico.
• Todos os procedimentos que envolvam a
liberação de vapores, sejam eles voláteis,
corrosivos, tóxicos ou inflamáveis, devem
ser realizados na capela de exaustão.
UNIDADE 1 21
Cuidados na Manipulação
de Produtos Químicos: FISPQ
UNIDADE 1 23
Fichas de Segurança de
Produtos Químicos (FISPQ)
De acordo com o Conselho Regional de Química informações dos produtos químicos manipulados
– IV Região (SOUZA, 2016, on-line)5, uma das pelas pessoas. A desobediência à legislação especí-
formas de obtermos informações confiáveis sobre fica acarreta em implicações legais e até criminais.
os produtos químicos é pela utilização da FISPQ. Neste ponto, futuro(a) Engenheiro(a), reco-
Essa ficha fornece informações sobre aspectos di- mendo a mudança de paradigmas! Você, futuro(a)
versos dos produtos químicos, tratando sobre te- gestor(a) de processos industriais, laboratoriais,
mas relacionados à segurança, à saúde, à proteção entre outros, terá o conhecimento das informações
individual, coletiva, informações toxicológicas, disponibilizadas em tais fichas e poderá dissemi-
disposições em caso de acidentes, entre outras. nar essas informações nos ambientes de trabalho, a
Esse documento, normatizado pela ABNT NBR fim de torná-los mais seguro! Ainda, a partir deste
14725, foi elaborado pelo Comitê Brasileiro de ponto, tem a ciência de que existe um documen-
Química, pela Comissão de Estudo de Informações to que pode esclarecer diversas dúvidas sobre os
sobre Segurança, Saúde e Meio Ambiente, relacio- produtos químicos de forma confiável e precisa!
nados a Produtos Químicos. De acordo com esse Quanto aos usos, o fornecedor dos produ-
órgão, a FISPQ fornece informações sobre vários tos químicos tem o dever de manter as FISPQs
aspectos de produtos químicos (substâncias ou sempre atualizadas, e deve dispor aos usuários a
misturas) quanto à proteção, à segurança, à saúde edição mais recente. Já o usuário, seja ele da in-
e ao meio ambiente. Fornece, também, conheci- dústria, de laboratórios, centros de pesquisa, dis-
mentos básicos sobre os produtos químicos, re- tribuição, dentre outros, deve agir de acordo com
comendações sobre medidas de proteção e ações as instruções nelas prescritas e manter todas as
em situação de emergência. Entre as informações outras pessoas informadas dos perigos relevantes
prestadas, inclui informações sobre o transporte, do local de trabalho. Trata-se de um documento
manuseio, armazenagem e ações de emergência, obrigatório para comercialização de produtos
possibilitando, ao usuário, tomar as medidas ne- químicos e deve ser disponibilizado para todas
cessárias relativas à segurança, à saúde e ao meio as pessoas que manipulam os produtos químicos
ambiente. Essa norma constitui parte do esforço (SOUZA, 2016, on-line)5.
para a aplicação do Sistema Globalmente Harmo- Deve constar na FISPQ, obrigatoriamente, 16
nizado (GHS) de informação de segurança de pro- seções, que serão brevemente descritas nos itens
dutos químicos perigosos, que busca padronizar as a seguir:
informações em níveis mundiais. 1. Identificação do produto e da empresa:
Em diversos países, essas fichas são tratadas contém informações comerciais do pro-
como documentos de grande importância, mas, duto, da empresa fabricante.
no Brasil, em diversos casos, são preparadas por 2. Identificação de perigos: traz alguns
empresas apenas para atender as solicitações de perigos mais importantes, como efeitos
clientes ou para atender a legislações específicas. adversos à saúde humana, efeitos ambien-
Nos EUA, por exemplo, um documento semelhan- tais, perigos físico-químicos, visão geral
te, conhecido por Hazard Communication Stan- sobre emergências e perigos específicos
dard, exige o treinamento e a disseminação das para determinados produtos químicos.
Riscos à Poluente
Reatividade
Saúde
Riscos
Risco de Vida Específicos
Reação Inflamável
UNIDADE 1 25
3. Composição e informações sobre os 9. Propriedades físicas e químicas: aborda
ingredientes: contém informações sobre algumas informações mais detalhadas do
os produtos. Deve constar o número CAS produto químico, como densidade, visco-
(Chemical Abstracts Service), quando o pro- sidade, ponto de ebulição, ponto de fusão,
duto é puro, ou cada um dos componentes inflamabilidade, pH, odor etc.
presentes, em caso de misturas. O número 10. Estabilidade e reatividade: traz questões
CAS é um identificador numérico que iden- relacionadas à estabilidade do composto
tifica uma substância. químico em determinadas condições am-
4. Medidas de primeiros socorros: contém, bientais (como a temperatura ambiente e
de forma detalhada, as medidas de primeiros pressão atmosférica), a reatividade com al-
socorros no caso de ocorrência de acidentes, guns outros compostos, as reações químicas
como ingestão, contato com a pele, olhos e que podem ocorrer e que são perigosas, as
ações que devem ser evitadas para prevenção condições que devem ser evitadas e, também,
de acidentes. materiais que são incompatíveis ao produto.
5. Medidas de combate a incêndios: contém 11. Informações toxicológicas: traz informa-
os meios de extinção de incêndio, que são ções, tais como os riscos à saúde propor-
apropriados para casos em que envolva o cionados por longa exposição ao produto
produto químico e, também, outros que não químico, doenças crônicas, entre outros,
são recomendados. reguladas, por exemplo, pela International
6. Medidas de controle para derramamento Agency of Research on Cancer (IARC) e Na-
e vazamentos: informa cuidados pessoais, tional Toxicology Program (NTP).
no caso de vazamentos, procedimentos para 12. Informações ecológicas: informa sobre o
proteger o meio ambiente, procedimentos de impacto ambiental causado pela presença do
emergência e, também, métodos de neutra- produto químico no meio ambiente e traz
lização e descontaminação. medidas de controle para eventuais aciden-
7. Manuseio e Armazenamento: relatam os tes ambientais.
recipientes que são adequados para arma- 13. Considerações sobre tratamento e dis-
zenar o produto químico (que não sofrem posição: contém informações sobre os mé-
interações com o produto químico), as todos recomendados para o tratamento e a
condições seguras para o armazenamento disposição final segura do material, minimi-
e transporte (temperatura adequada para zando os danos ao meio ambiente.
armazenamento). 14. Informações sobre o transporte: traz os
8. Controle de exposição e proteção indivi- detalhes sobre as regulamentações nacio-
dual: traz informações sobre a tolerância do nais e internacionais para o transporte da
organismo à exposição desse produto quími- substância.
co e, também, os equipamentos de proteção 15. Regulamentações: estabelece a legislação
individuais e coletivos que são necessários que é aplicável ao produto químico.
para evitar riscos ou danos à saúde. Esses limi- 16. Outras informações: apresenta algumas
tes podem ser regulados por órgãos interna- informações complementares ou específicas
cionais, como a American Conference of Go- para cada produto, além de siglas e biblio-
vernmental Industrial Hygienists (ACGIH). grafia.
UNIDADE 1 27
Equipamentos de
Proteção Individual
e Coletiva
UNIDADE 1 29
• Sapatos de segurança: utilizado para a
proteção dos pés em atividades diversas.
Para atividades em que há o risco de objetos
pesados caírem sobre os pés dos trabalha-
dores, é preciso modelos mais reforçados,
que contenham bicos de aço. Já para a pro-
teção contra reagentes químicos, pode ser
utilizado sapatos fechados em geral. Para
ambientes de trabalho úmido e escorrega-
dios, é indicado o uso das botas de PVC.
Figura 11 - Respirador
• Chuveiros de emer-
gência: utilizados
para remover pro-
dutos químicos que
possam entrar em
contato com o corpo
Figura 13 - Capela para exaustão de gases
dos trabalhadores.
• Cabines para segurança biológica: uti-
lizada para a proteção contra microrganis-
mos que podem causar danos à saúde. O
sistema de exaustão é projetado de tal forma
que a corrente de ar não entre em contato
com o trabalhador que faz uso da capela.
• Manta ou cobertor: utilizada para abafar
ou envolver a vítima de incêndio, sendo in- Figura 15 - Chuveiro
dicada a confecção em lã ou algodão grosso. de segurança
UNIDADE 1 31
• Lava-olhos: utilizados para lavar os olhos de pessoas que cíficas surgem da necessidade
possam ter o contato acidental com produtos químicos. de cada laboratório, de acordo
com os produtos que são mani-
pulados, grau de periculosida-
de, entre outros. Por exemplo,
um laboratório que manipula
materiais que são radioativos,
existem outras normas que são
muito específicas para esse tipo
de aplicação.
Vislumbramos onde conse-
guir informações importantes
sobre produtos químicos, quan-
to a aspectos da saúde, seguran-
ça e meio ambiente. Identifica-
mos importantes equipamentos
Figura 16 - Lavador de olhos
que corroboram na minimiza-
• Sprinkler: são chuveiros automáticos para a extinção de ção dos riscos de acidentes e de
incêndio. possíveis danos causados por
estes, os equipamentos de prote-
ção. A escolha do equipamento
adequado deve ser pautada no
conhecimento dos riscos, aos
quais estamos expostos, e esse
conhecimento, pode ser adqui-
rido pelo uso da FISPQ, que nos
indicam equipamentos de pro-
teção adequados para cada pro-
duto químico, além de outras
informações importantes. O
Figura 17 - Sprinkler
nosso próximo passo é adentrar
• Detectores de gases: detectam a presença de determinados em um laboratório. Lá, antes de
tipos de gases (tóxicos, cáusticos, entre outros) e emite avisos iniciarmos algumas aplicações,
sonoros para alertar os usuários do laboratório sobre os perigos. é necessário conhecermos os
principais equipamentos exis-
Até então, aluno(a), obtivemos uma visão geral das regras de se- tentes e suas funções primor-
gurança em um laboratório, que devem ser conhecidas antes de diais, que são objetivos de nossa
se adentrar a esse ambiente, para evitar acidentes. Regras espe- próxima unidade. Até lá!
33
5. Produtos químicos voláteis que são explosivos podem gerar grandes acidentes
em ambientes confinados, tais como em um laboratório de transformação
química ou uma indústria de transformação. Sobre esses conceitos, análise as
prerrogativas a seguir.
I) Substâncias inflamáveis são compostos que, nas condições normais de tem-
peratura e pressão, podem pegar fogo instantaneamente, devido a pequenas
perturbações no sistema, tais como passagem de corrente elétrica e aumento
da temperatura.
II) Toda substância química volátil é explosiva, portanto, deve ser manuseada
na capela de exaustão química.
III) Temperatura da ignição é a temperatura na qual o líquido passa para a fase
vapor.
34
WEB
35
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-14.725: Produtos químicos: informações sobre segu-
rança, saúde e meio ambiente. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
ABREU, D. G.; SILVA, G. M. Química básica experimental. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2016.
BESSLER, K. E.; NEDER, A. V. F. Química em tubos de ensaio: uma abordagem para principiantes. São Paulo:
Blucher, 2011.
MARTINS, G. A. V. et al. Laboratório de química geral experimental. Universidade de Brasília. Brasília, 2013.
REFERÊNCIAS ON-LINE
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Em: <https://quiprocura.net/w/2015/10/06/laboratorio-substancias-corrosivas/#inline_content>. Acesso em:
29 mar. 2019.
2
Em: <https://quiprocura.net/w/2015/10/06/laboratorio-compostos-inflamaveis/>. Acesso em: 29 mar. 2019.
3
Em: <https://www.quiminac.com.br/site/compostos-organicos-volateis/>. Acesso em: 29 mar. 2019.
5
Em: <https://www.crq4.org.br/informativomat_354>. Acesso em: 29 mar. 2019.
6
Em: <https://brainly.com.br/tarefa/2566585>. Acesso em: 29 mar. 2019.
7
Em: <http://www.sesmt.com.br/ConsultaCA>. Acesso em: 29 mar. 2019.
36
1. Vista-se com roupas e calçados adequados (fechados). Cabelos compridos devem ser mantidos presos. 2.
Não se deve comer ou beber em um laboratório. Os alimentos podem ser contaminados, por exemplo, por
vapores tóxicos, podendo prejudicar a saúde dos trabalhadores. 3. Evite o contato de qualquer substância
com a sua pele. Evite passar os dedos na boca, nariz, olhos e ouvidos. Caso alguma substância química
respingue em sua pele, deve ser lavada imediatamente a área afetada com água em abundância. 4. Todos
os procedimentos que envolvam a liberação de vapores, corrosivos, tóxicos ou inflamáveis devem ser
realizados na capela de exaustão. 5. Não utilize roupas de natureza sintética. De preferência para roupas
de algodão. Roupas sintéticas, em caso de incêndios, podem ficar aderidas na pele.
2. Os principais acidentes que são presentes em laboratórios, que fazem a utilização e manipulação de pro-
dutos químicos, são devidos a ferimentos causados pela quebra de recipientes de vidro, pelo contato com
substâncias corrosivas e, também, incêndios com líquidos inflamáveis.
3. Essa ficha fornece informações sobre aspectos diversos dos produtos químicos, tratando sobre temas
relacionados à segurança, à saúde, à proteção individual, coletiva, informações toxicológicas, disposições
em caso de acidentes, entre outras. Entre as informações prestadas, inclui informações sobre o transporte,
manuseio, armazenagem e ações de emergência, possibilitando ao usuário tomar as medidas necessá-
rias relativas à segurança, saúde e meio ambiente. Entre as seções presentes, pode-se destacar: Seção 2:
identificação de perigos: traz alguns perigos mais importantes, como efeitos adversos à saúde humana,
efeitos ambientais, perigos físico-químicos, visão geral sobre emergências e consta perigos específicos para
determinados produtos químicos. Seção 4: medidas de primeiros socorros: contém, de forma detalhada,
as medidas de primeiros socorros no caso de ocorrência de acidentes, como ingestão, contato com a pele,
olhos e ações que devem ser evitadas para prevenção de acidentes. Seção 8: controle de exposição e pro-
teção individual: traz informações sobre a tolerância do organismo à exposição deste produto químico e,
também, os equipamentos de proteção individuais e coletivos que são necessários para evitar riscos ou
danos à saúde.
4. Deve ser consultada a Ficha de Segurança de Produto Químico (FISPQ) deste reagente. De acordo com esse
documento, trata-se de um produto corrosivo. Se ingerido, pode causar queimaduras no trato gastrointes-
tinal. Se inalado, pode causar danos ao sistema respiratório. Em contato com a pele e os olhos, pode causar
queimaduras graves. Para reduzir os riscos de acidente, de acordo com a FISPQ, para a proteção respirató-
ria, deve ser utilizado máscara (facial inteira ou semi-facial) com filtro contra gases ácidos, máscara facial
inteira com linha de ar ou conjunto autônomo de ar respirável. Para a proteção das mãos, deve ser usada
luvas de borracha nitrílica, látex ou PVC impermeáveis e resistentes a rasgos e perfurações, de neoprene
ou PVC. Para a proteção dos olhos, devem-se usar óculos de segurança tipo ampla visão. Para a proteção
da pele, deve-se utilizar macacão de mangas compridas, impermeável e botas de PVC. Em relação a pro-
teção coletiva (EPC), deve-se assegurar ventilação adequada no local de trabalho, providenciar ventilação
exaustora onde os processos exigirem, chuveiros de emergência e lava olhos próximos ao local de trabalho.
5. C.
6. A.
37
38
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Principais Equipamentos
e Utensílios de um
Laboratório
PLANO DE ESTUDOS
Principais equipamentos
Utensílios de um laboratório
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
De acordo com Bessler e Neder Utilizado para realizar reações em pequena escala, testes de ocor-
(2011), o material mais utilizado rência de reação, principalmente aquelas que são qualitativas, como
em laboratórios químicos é o vi- na identificação de precipitados, alteração de cor, entre outras. Pode
dro. As vidrarias que são utiliza- ser aquecido diretamente na chama do bico de Bunsen, contudo,
das em laboratórios são fabrica- a chama deve ser direcionada na lateral do tubo, por motivos de
das em borossilicato junto com segurança, conforme já foi exposto.
óxidos de boro e de alumínio.
Esses materiais proporcionam
uma maior resistência química,
mecânica e térmica. Em nossas
casas, materiais semelhantes a
estes é o vidro pirex.
O trabalho com vidros per-
mite a transparência que facilita
a observação da ocorrência de
reações químicas, resistência
mecânica e química, já que é
inerte para grande parte dos
materiais, com exceção do áci-
do fluorídrico e bases concen-
tradas, e resistência térmica em
temperaturas próximas a 300 °C Figura 1 - Tubos de ensaio
(BESSLER; NEDER, 2011).
Quanto às limitações destes
materiais, podemos citar a fra-
gilidade, podendo quebrar em
impactos mecânicos; a sensibi-
lidade a choques térmicos; e a Diferença entre análises qualitativas e quantitativas
deformação, o amolecimento ou Temos, em química, análises que são qualitativas e quantitativas.
o derretimento em temperatu- Em análises qualitativas, temos interesse em saber, por exemplo,
ras superiores a 400 °C. se ocorreu a reação química, se houve mudança de coloração,
A seguir, apresentamos al- se houve a formação de precipitados, sem nos preocupar com a
guns dos equipamentos mais quantidade formada. Em análises quantitativas, há a medição da
comuns de laboratórios quími- quantidade exata de produtos que são formados, seja para o cál-
cos, fabricados em vidro (BES- culo de rendimento de reações químicas, conversão de reagentes
SLER; NEDER, 2011; TRINDA- em produtos, entre outros.
DE et al., 2016):
UNIDADE 2 41
Béquer
Figura 2 - Béquer
Fonte: acervo Unicesumar
Erlenmeyer
Figura 3 - Erlenmeyer
Fonte: acervo Unicesumar
Proveta Graduada
Buretas
UNIDADE 2 43
Balão Volumétrico
Balão de Fundo
Chato e de Fundo
Redondo
Kitassato
Funil de Adição
Utilizado em transferências de
líquidos e em processos de fil-
tração simples em laboratórios.
UNIDADE 2 45
Funil de Separação
Dessecador
Condensador
Utilizado para condensar vapores originados em reações químicas, como no caso de destilações. No tubo
de vidro, no interior do condensador, circula o composto que se deseja condensar em maior tempera-
tura. Em volta desse tubo, isolado do composto que se está resfriando, circula um agente refrigerante,
geralmente a água, que resfria o meio.
Figura 14 - Condensador.
Fonte: acervo Unicesumar
Vidro de Relógio
Bastão de Vidro
UNIDADE 2 47
Picnômetro e Densímetro
Os equipamentos do laboratório podem ser fa- O cadinho é utilizado para o aquecimento a seco
bricados, também, em porcelana ou materiais em estufas, muflas, que regulam altas tempera-
cerâmicos. Esses materiais resistem a tempera- turas, e também na chama do bico de Bunsen.
turas elevadas, na faixa de 400 °C, mas, em geral, Neste processo, ocorrem os processos de fusão,
têm baixa resistência mecânica. Os principais calcinação etc. Os cadinhos podem resistir a tem-
equipamentos são (BESSLER; NEDER, 2011; peraturas superiores a 440 °C.
TRINDADE et al., 2016): As cápsulas de porcelanas são empregadas para
evaporação de líquidos, principalmente em pro-
cessos que demandam uma maior temperatura.
Este aquecimento pode ser realizado na chapa de
aquecimento, bico de Bunsen até mesmo muflas.
A calcinação consiste de um tratamento térmico de sólidos como minérios, para realizar sua decom-
posição e a eliminação de compostos voláteis. Um exemplo de calcinação é a eliminação da matéria
orgânica presente em sólidos ou, até mesmo, na remoção da água de minerais.
Fonte: Brown, Lemay e Bursten (2005).
Trata-se de um recipiente com Utilizado para realizar filtrações a vácuo, sendo acoplado ao kitas-
parede grossa e com tamanho sato com a utilização de uma borracha de vedação. Em sua parte
variado, que é utilizado para superior, há uma placa perfurada, em que é disposto o filtro. Neste
a trituração e pulverização de ponto, é importante ler novamente o conteúdo do kitassato, pois,
materiais sólidos. na maior parte das vezes, esses aparelhos trabalham em conjunto.
UNIDADE 2 49
Materiais Plásticos Pisseta
Os materiais fabricados com plásticos, tais como o Armazena água destilada (ou também comum,
polietileno, polipropileno, possuem boa resistên- a depender do uso), álcool e outros solventes.
cia mecânica, elasticidade e resistência química Utilizado para enxágue de vidrarias, lavagem de
perante alguns reagentes, tais como ácido fluorí- compostos químicos, para completar o volume de
drico (que ataca o vidro). Podem ser atacados por outros recipientes, como os balões volumétricos
solventes orgânicos, tais como o benzeno, tolueno, com água ou outro reagente que esteja armaze-
entre outros. Em relação à resistência térmica, es- nado na pisseta.
ses materiais são mais sensíveis que os vidros e ma-
teriais cerâmicos, podendo sofrer deformações em
faixas de temperatura de 110 °C (dependendo do
tipo de plástico que é fabricado). Por terem baixa
resistência térmica, não devem ser colocados em
estufas de secagem com temperaturas superiores
a 110 °C (BESSLER; NEDER, 2011; TRINDADE
et al., 2016). Os principais equipamentos são:
Pipeta de Pasteur
Figura 22 - Pisseta
Fonte: Vidraria de Laboratório (2012, on-line)2
Espátula de Aço
Figura 23 - Espátula
UNIDADE 2 51
Suporte para Bureta
Pinça
Pipetador/Pera
UNIDADE 2 53
Figura 28 - Pera para sucção de líquidos
Fonte: acervo Unicesumar
Estufa
Figura 30 - Estufa
É um banho termostático com água, utilizado Utilizado para o aquecimento controlado e tam-
para o aquecimento brando de substâncias. Seu bém de materiais inflamáveis.
aquecimento é mais lento e gradual comparado
ao aquecimento utilizando diretamente com a
chama. Em algumas ocasiões, no laboratório, é
desejado o aquecimento controlado, como quan-
do é necessário aquecer reagentes inflamáveis.
Figura 34 - Mufla
Figura 32 - Bico de Bunsen Fonte: acervo Unicesumar
UNIDADE 2 55
Balanças
Centrífugas
Figura 39 - pHmetro
Condutivímetro
UNIDADE 2 57
Escova
Figura 40 - Condutivímetro
Figura 41 - Escova
Fonte: acervo Unicesumar
59
A) Utilizado para medir volumes aproximados de líquidos.
B) Utilizado para medir volumes precisos de líquidos.
C) Utilizado no processo de separação de líquidos imiscíveis.
D) Em processos de filtração, este equipamento recolhe o filtrado.
E) É utilizado durante o preparo de soluções.
A associação correta é:
a) I-A; II-C; III-B; IV-E; V-D.
b) I-E; II-C; III-A; IV-D; V-B.
c) I-A; II-B; III-C; IV-D; V-E.
d) I-E; II-A; III-D; IV-B; V-C.
e) I-B; II-D; III-A; IV-C; V-E.
60
5. O processo de titulação é um procedimento laboratorial que permite determinar
a concentração desconhecida de uma substância a partir de uma substância de
concentração conhecida. É bastante empregada para a determinação da con-
centração de ácidos e bases, quando estas são desconhecidas. A seguir, temos
representado uma titulação entre o hidróxido de sódio e o ácido clorídrico:
61
WEB
WEB
WEB
62
BESSLER, K. E.; NEDER, A. V. F. Química em tubos de ensaio: uma abordagem para principiantes. São Paulo:
Blucher, 2011.
BROWN, L. B.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química: A ciência central. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
TRINDADE, D. F. et al. Química básica experimental. São Paulo: Icone editora, 2016.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://anselmo.quimica.ufg.br/up/56/o/FQExpServ_P3_densidade-de-liquidos.pdf>. Acesso em: 01
abr. 2019.
2
Em: <https://www.splabor.com.br/blog/condutivimetro-2/condutividade-unidade-de-medida-que-determina-
o-potencial-eletrico-de-uma-amostra>. Acesso em: 01 abr. 2019.
63
1. Balão volumétrico: equipamento utilizado para o preparo de soluções. Ele mede volumes precisos, como,
por exemplo, 500,0 mL, 1,0 L. O menisco indica o volume final a ser medido. Bureta: equipamento utilizado
para a medida precisa de volume de líquidos durante o escoamento, como ocorre em titulações. Possui
uma torneira que permite a transferência de volumes desejados para outros recipientes. Pipeta: utilizada
para a medida precisa de volumes de líquidos. Os tipos mais utilizados de pipetas são as graduadas, uti-
lizadas para medir volumes diversos. Já a pipeta volumétrica mede volumes fixos, por exemplo, 2,0 mL,
5,0 mL. As pipetas volumétricas são mais precisas que as graduadas. As pipetas são equipamentos mais
precisos que as provetas.
2. D.
3. B.
4. A.
5. C.
64
65
66
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Manipulação de Dados e
Medidas Experimentais
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar as regras gerais de elaboração de relatórios • Explanar, na teoria e na prática, os conceitos de precisão
técnicos. e exatidão em medidas experimentais.
• Apresentar teoricamente e de forma prática os concei-
tos envolvidos nas operações entre grandezas físicas e
unidades de medida.
Relatórios
Técnicos
UNIDADE 3 69
Título Citação Direta
Contém, de forma resumida, o assunto a ser trata- A citação é um relato de informações que são re-
do no relatório. Deve ser curto para facilitar a lei- tiradas de outras fontes (livros, internet, jornais,
tura e permitir ao leitor uma ideia rápida sobre o revistas, artigos científicos etc.). A citação direta
conteúdo que será exposto nos tópicos seguintes. é quando utilizamos, na íntegra, um conteúdo
Abaixo do título deve constar a data em que que foi citado por outro autor, ou seja, uma cópia
o relatório foi concluído, conforme modelo que idêntica da ideia desse autor.
disponibilizamos a seguir.
Exemplo:
De acordo com Brown, LeMay e Bustern Percebam que os textos não são iguais, reescre-
(2005, p. 1), “A química é o estudo das proprie- vemos o que os autores falaram com as nossas
dades dos materiais e das mudanças sofridas próprias palavras. Neste caso, no próprio corpo
por estes. [...]”. do texto, mencionamos os autores.
Uma outra forma de fazer uma citação indireta
Isto é, deixamos o texto igual o original, porém é referenciar os autores ao final do parágrafo, entre
entre “aspas”. Ainda, utilizamos apenas um pedaço parênteses, assim como segue:
do texto.
Para estudar a química, é preciso estudar as pro-
Ao final do texto, no item “referências bibliográ-
priedades e as mudanças sofridas por um mate-
ficas”, deve ser inserida a referência bibliográfica.
rial. E um dos encantos deste estudo é perceber
que a química está presente em nossa vida, como
Citação Indireta em um simples ascender de fósforos ou na ela-
boração de um remédio para combater o câncer
A citação indireta ocorre quando transcrevemos (BROWN; LEMAY; BUSTERN, 2005).
com nossas próprias palavras algum assunto
que foi pesquisado. Para fazer uma citação indi- Ao final do texto, no item “referências bibliográ-
reta adequadamente, devemos ler o conteúdo pro- ficas” deve ser inserida a referência bibliográfica.
posto, extrair a ideia do material, compreender e Para este caso, segue a referência correta:
reescrever, com nossas palavras, o que foi exposto
pelo autor original. BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E.
Química: a ciência central. São Paulo: Prentice
Hall, 2005.
Exemplo:
UNIDADE 3 71
Para trabalhos acadêmicos e científicos, sites Resultados e Discussão
como WIKIPÉDIA, COLADAWEB e EBAH de-
vem ser EVITADOS, pois os conteúdos postados Devem ser colocados os dados coletados durante a
nesses sites não são revisados por uma equipe realização do experimento e os cálculos que foram
técnica e não há nenhuma garantia de sua vera- realizados, bem como uma análise desses cálculos,
cidade. Assim, recomenda-se o uso do GOOGLE com base nos conceitos químicos envolvidos, que
ACADÊMICO, por exemplo, devendo o pesqui- foram dispostos na introdução. Deve-se incluir
sador ficar atento às fontes de pesquisa. todo o tipo de resultado obtido: verificações vi-
A citação da internet deve ser realizada da suais, dados experimentais numéricos (volumes,
mesma forma que explicado anteriormente, sendo massas, tempos, temperaturas, rendimentos, entre
necessário a apresentação da referência bibliográ- outros) e dados instrumentais. Uma das formas
fica ao final do texto. bastante empregadas para registrar os dados nu-
méricos é o emprego de tabelas e, em outras si-
tuações, os gráficos (Obs.: os gráficos ou figuras
sempre ilustram muito melhor os resultados do
A “praga” do plágio: que as tabelas; dê preferência a eles). Expresse os
consequências criminais e civis resultados apenas com os algarismos que são sig-
Ao se utilizar um texto escrito por uma outra nificativos, que serão estudados a seguir.
pessoa, deve-se referenciar a autoria original. Tanto as tabelas quanto os gráficos ou figuras
Mesmo na reprodução de pequenos trechos, devem possuir, sempre, um título e um número,
também, é necessário referenciar o autor ori- e estes devem ser referenciados no texto. O título
ginal. A Lei 9.610/98 regula os direitos autorais, desse gráfico ou figura deve ser claro e autoexpli-
determinando que estão protegidos os textos cativo. Em relação às tabelas e gráficos, seguir as
publicados em sites, revistas etc. De acordo com seguintes recomendações:
essa lei, “autor” é a pessoa física criadora da obra, • Tabela: é composta de título, um cabeça-
e este pode solicitar a apreensão dos exemplares lho, uma coluna indicadora, se necessá-
reproduzidos indevidamente, podendo solicitar rio, e um corpo. O título deve conter breve
indenizações, entre outros. descrição do que contém a tabela e as con-
Fonte: adaptado de Pinheiro (2012, on-line)1. dições nas quais os dados foram obtidos;
o cabeçalho é parte superior da tabela,
contendo as informações sobre o conteú-
Procedimento Experimental do de cada coluna; coluna indicadora é
localizada à esquerda da tabela, especifica
Deve conter uma descrição simplificada do pro- o conteúdo das linhas; o corpo fica abaixo
cedimento que foi realizado, contendo, também, do cabeçalho e à direita da coluna indica-
uma descrição dos materiais, instrumentos e rea- dora, contém os dados ou informações que
gentes utilizados, sempre na forma de texto. se pretende relatar.
• Gráfico: é a maneira de detectar visual-
mente como varia uma quantidade (y) à
medida que uma segunda quantidade (x)
também varia.
UNIDADE 3 73
Exemplo de um relatório técnico
1.0 Introdução
O vidro comum utilizado para fazer janelas, por exemplo, tem a composição média de sílica
(SiO2 - 75%), óxido de sódio (Na2O - 15%), óxido de cálcio (CaO - 8%) e óxido de alumínio
(Al2O3 - 2%). Essa é uma composição média, podendo sofrer alterações de acordo com a
finalidade à qual será destinada o vidro. Em alguns casos, é adicionado alguns compostos ao
vidro, como o boro, com a finalidade de aumentar a resistência ao calor, dando origem ao
produto que comercialmente é conhecido como Pyrex (LEE, 1996).
De acordo com Shoutner (1997), o Silício (Si) – elemento químico majoritário do vidro – é
um semimetal de número atômico 14. Em condições normais de temperatura e pressão, ele é
encontrado no estado sólido, com rede cristalina cúbica ou em forma de diamante. Na forma
cristalina, tem cor cinza e brilho metálico. O silício é o segundo elemento mais abundante
da crosta terrestre, superado somente pelo oxigênio. Ele não é encontrado livre na natureza,
ocorre principalmente na forma de óxidos e silicatos (combinação da sílica, o dióxido de silício
SiO2, com um ou mais óxidos metálicos e água). Comercialmente, é obtido pelo aquecimento
da sílica e carbono em forno elétrico com eletrodos de grafite.
É um elemento relativamente inerte. A maioria dos ácidos não o ataca, com exceção do
ácido fluorídrico.
Algumas propriedades físicas e termodinâmicas do silício:
• Densidade (298K): 2329 kg m-3
• Ponto de Fusão: 1683 K
• Ponto de ebulição: 2628 K
Santos (1999) relata que compostos constituídos de silício, como areia e argila, são amplamente
usados na construção civil. Devido à sua alta resistência, é utilizado em refratários empregados
em situações que exigem altas temperaturas.
Ainda de acordo com esse autor, uma das formas utilizadas para determinar a resistência de
um determinado vidro é triturá-lo e aquecê-lo na presença da água durante um determinado
intervalo de tempo. Vidros comuns, com menores resistências, em altas temperaturas, tendem
a se degradar e liberar hidróxido de sódio (NaOH) ao meio, tornando-o básico. A Tabela 1, a
UNIDADE 3 75
3.0 Resultados e discussão
O sistema de refluxo foi utilizado para que não houvesse perda de água evaporada do sistema,
assim, a água do balão que evapora, condensa no condensador e retorna para o balão.
A energia em forma de calor transferida para o balão era parte transformada em energia
cinética (movimentação dos pedaços de vidro), parte em energia sonora (barulho de pequenas
explosões) e parte utilizada para a ocorrência da reação química.
O aquecimento da mistura vidro e água possibilitou a seguinte reação:
A solução básica obtida foi titulada com HCl. Para a sua neutralização, utilizaram-se 12,80 mL
de HCl 0,0117mol.L-1.
A reação de neutralização é dada conforme a equação a seguir:
A partir desse volume, foi possível determinar a resistência do vidro, de acordo com a Tabela 1.
4.0 Conclusão
De acordo com a Tabela 1, exposta na introdução, o vidro utilizado para fazer o experimento é
de baixa resistência, já que precisou de mais de 6,50 ml de HCl 0,01N para a sua neutralização.
Esta análise é apenas uma demonstração da análise da resistência do vidro. Existem técnicas
mais aprimoradas, que podem gerar melhores valores.
Ressalta-se, ainda, que os instrumentos de medida utilizados na prática são visuais, podendo
haver erros na medida, na precisão, e que para medidas mais confiáveis, deveria ser realizado
o teste por mais vezes para verificar os valores médios.
LEE, A. A. Química inorgânica. São Paulo: Editora Edgar SSA Ltda, 1996.
SANTOS, I.; CARVALHO, B. Química Atual. Revista Educação, v. 8, n. 32, p. 37-45, out./dez. 1999.
SCHOUTNER, E. Introdução a métodos químicos. Florianópolis: Editora Polo Norte, 1997.
Notação científica
UNIDADE 3 79
Assim como a polegada e os centímetros, temos diversas unida- derivada (Pa). Para uma pressão
des de grandeza para medir diferentes coisas, como massa, volume, de 200 kPa, qual o valor corres-
tempo, comprimento etc. Cada país possui uma propensão para pondente na unidade bar?
usar alguma unidade de medida. Por exemplo, nos EUA, é comum Sabemos, do conteúdo vis-
o uso da polegada para medir comprimento, porém, aqui no Brasil, to no ensino médio e de física,
fazemos o uso do centímetro. A fim de padronizar as unidades de que a pressão é definida como
medida utilizada pelos países, em 1960, foi realizada a 11ª Confe- a força exercida sobre uma de-
rência Geral de Pesos e Medidas, que estabeleceu o sistema inter- terminada área, ou seja:
nacional de unidades (SI).
F
Tabela 2 - Unidades base do Sistema Internacional de Unidades P=
A
Grandeza Nome unidade Símbolo
Comprimento Metro m Sabemos, ainda, que força é de-
Massa Quilograma kg finida por:
Tempo Segundo s F = m.a
Temperatura termodinâmica Kelvin K
Assim:
Corrente elétrica Ampère A
Quantidade de matéria Mol mol
m.a
Fonte: o autor. P=
A
Essas unidades tratam-se das unidades conhecidas como base. Ao fazer Vamos substituir, nesta última
operações com estas, chegamos às unidades derivadas. Por exemplo, equação, as unidades de massa,
a força é definida como massa multiplicada pela aceleração, ou seja: aceleração e área:
m
kg . 2
F = m a [ = ] kg m / s 2 P s kg
2
m m.s 2
Essa unidade da força, também conhecida por Newton (N), é uma Esta é a unidade derivada de
unidade derivada, já que foi obtida por meio de uma operação das Pascal!
unidades base. Quanto à conversão de uni-
A seguir, são apresentadas algumas das principais unidades de- dades, podemos utilizar tabelas
rivadas do SI: de conversão:
Tabela 3 - Unidades derivadas do Sistema Internacional de Unidades 1 bar ------- 100 kPa
Grandeza Nome da unidade Símbolo Definição x bar ------- 200 kPa
Força Newton N kg·m/s-2
Pressão Pascal Pa Kg·m-1·s-2
Utilizando uma regra de três
Energia Joule J kg·m2/s2 = N·m
Potência Watt W J/s = N·m/s = Kg2/s3 simples, determinamos a pressão
Carga em bar, sendo esta igual a 2 bar.
Coulomb C A·s
Elétrica Em relação à conversão de
Fonte: o autor.
unidades, aluno(a), não se preo-
Exemplo 3: a pressão é uma grandeza muito utilizada em medidas cupe em decorar valores de con-
experimentais, especialmente quando se trabalha com gases. No versão, esses dados são forneci-
sistema internacional de unidades (SI), sua unidade é o Pascal (Pa), dos em exercícios e é facilmente
que é uma unidade derivada. Descreva como chegar a essa unidade encontrado na internet.
A precisão de uma medida experimental está di- Tenha sua dose extra de
retamente ligada ao número de algarismos sig- conhecimento assistindo ao
nificativos, quando estamos tratando da mesma vídeo. Para acessar, use seu
ordem de grandeza (BACCAN et al., 1979). Por leitor de QR Code.
UNIDADE 3 81
DETERMINAÇÃO DOS ALGARISMOS CORRETOS E DUVIDOSOS
3.0 Resultados
Tabela 4 - Dados experimentais obtidos para temperatura na estufa
Medida Instrumento Massa Volume
1 Balança comum -
2 Balança analítica de precisão -
3 Proveta -
UNIDADE 3 83
Arredondamentos • Se o último algarismo a ser mantido for
de números ímpar, deve ser somado uma unidade a ele.
• Se o último algarismo a ser mantido for
Em diversas ocasiões, devemos arredondar o par (zero é considerado par) mantém-se o
número, a fim de facilitar sua representação e algarismo intacto, descartando os demais.
manipulação. Iremos adotar as seguintes regras
de arredondamento neste livro (PORTAL DA Exemplo 9:
EDUCAÇÃO, 2013, on-line)4: • 7,635 para três algarismos significativos,
obtém-se 7,64, pois 3 é ímpar.
• 8,775 para três algarismos significativos
Menor que 5 obtém-se 8,78, pois 7 é ímpar.
Quando o algarismo seguinte ao último número a No resultado de uma operação de soma ou sub-
ser mantido é maior que 5 em uma sequência de tração, deve ser mantido o mesmo número de
números, todos os outros algarismos posteriores casas decimais que o termo que contém o menor
devem ser desprezados e soma-se uma unidade número de casas decimais (BACCAN et al., 1979).
ao algarismo que será mantido.
Exemplo 11:
Exemplo 8: ao arredondar 3,146 para três algaris- • 7,4 + 5,19 = 12,59, arredondando: 12,6
mos significativos, torna-se 3,15. O número 0,147, • 3,5 – 2,145 = 1,355, arredondando: 1,4
ao arredondar para dois algarismos significativos,
torna-se 0,15.
Multiplicação e divisão
UNIDADE 3 85
Precisão e Exatidão de
Medidas Experimentais
UNIDADE 3 87
mar as análises para que possam ser repetidas e que permitem averiguar a medida fornecida, bem
poder ser avaliado a confiabilidade destes dados. como calibrar esse equipamento. Há, ainda, os
Se realizamos análises por diversas vezes e esses padrões de transferência, que se tratam de um
resultados forem próximos uns dos outros, isso instrumento utilizado como intermediário para
quer dizer que temos uma confiança maior em comparar padrões.
nossos dados experimentais. O termo dispositivo de transferência deve ser
As incertezas nas medidas experimentais, que utilizado quando o intermediário não é um padrão.
interferem na precisão e exatidão dessas medidas, Por exemplo, a verificação da precisão e exatidão
são acompanhadas por erros que ocorrem nela. de um termopar, que regula a temperatura de uma
Esses erros podem ser determinados ou sistemá- estufa, pode ser feita por um termômetro de mer-
ticos (ligados ao método empregado, aos erros cúrio, que é um padrão de transferência. Ele tem
operacionais, a erros pessoais e a instrumentos) esse nome, pois também pode sofrer alterações em
ou também erros indeterminados (erros que não suas medidas, ou seja, ele não é um padrão.
podem ser localizados e corrigidos) (BACCAN Nos casos em que os equipamentos do labora-
et al., 1979). tório fornecem medidas que não estão de acordo
com a realidade, como no exemplo da balança, em
que ela é precisa, mas não é exata, há a necessidade
Calibração de equipamentos de calibração desses instrumentos. Isto é, por meio
no laboratório de uma série de medidas, são determinados fato-
res de correções para que esses valores medidos se
O uso dos equipamentos do laboratório, sua de- tornem o mais próximo possível dos valores reais.
preciação, a utilização incorreta, dentre outros
fatores, pode deixar esses equipamentos com a
precisão afetada e, em alguns casos, até mesmo Cálculos e construção de
com a sua exatidão prejudicada. Dessa forma, é curvas de calibração
muito importante, na rotina de um laboratório,
que esses equipamentos tenham uma periodici- A curva de calibração de um instrumento é uma
dade de averiguação de sua precisão e exatidão e, relação matemática entre os valores experimentais
também, de calibração, que reajustam esses apa- (determinados no experimento) e os valores reais
relhos para fornecerem medidas mais próximas (os resultados que deveriam ser obtidos).
da realidade. Existem empresas especializadas e Para entender esses conceitos, vamos imagi-
credenciadas por órgãos responsáveis capazes de nar um equipamento, por exemplo, uma estufa,
calibrar os equipamentos do laboratório e emitir que faz o ajuste da temperatura em seu interior.
laudos técnicos quanto à confiabilidade das me- Nela, temos um termostato, que regula a tempe-
didas efetuadas. ratura interna. Se houver algum problema com o
Para verificação da exatidão de instrumentos termostato, podemos regular uma temperatura
de medidas são, geralmente, utilizados padrões. interna de 40 °C, e o valor real, medido por um
Para balanças, por exemplo, há pesos padrões re- termômetro de transferência (mercúrio), ser de
gulamentados por órgãos fiscalizadores, que po- 45 °C. Portanto, verificamos uma imprecisão no
dem ser utilizadas para determinação da exatidão. termostato. Neste exemplo, a fim de corrigir os va-
No caso de pHmetros, existem soluções padrões lores regulados no termostato, podemos construir
b ∆x
Prática 2: Precisão e
exatidão de medidas
x
experimentais
Figura 5 - Representação gráfica da equação de reta
Fonte: o autor. A seguir, iremos ilustrar, na prática, os conceitos
vistos anteriormente, sobre precisão e exatidão de
medidas experimentais. Vamos lá?!
UNIDADE 3 89
PRECISÃO E EXATIDÃO DE MEDIDAS EXPERIMENTAIS
A seguir, caro(a) estudante, iremos exemplificar, na prática, alguns experimentos para que
possamos vislumbrar esses conceitos de precisão, exatidão e calibração que abordamos de
forma teórica. Lembrando que esses experimentos não devem ser realizados em casa, pois
não há os equipamentos de segurança necessários.
A presente prática tem por objetivo vislumbrar erros obtidos em alguns equipamentos de
uso constante no laboratório. Para isso, serão verificados os erros fornecidos por balanças
analíticas, reguladores de temperatura de estufas e banho de aquecimento (banho-maria),
provetas e balões volumétricos.
2.1 Materiais
• Balanças analíticas.
• Estufa.
• Banho-maria.
• Termômetro de Mercúrio.
• Proveta de 10,0 mL.
• Proveta de 100,0 mL.
• Balão volumétrico de 100,0 mL.
• Pipeta ou conta-gotas.
• Gelo picado.
• Béquer de 100 mL.
• Erlenmeyer de 100 mL.
• Bico de Bunsen.
• Pesos padrões.
2.2 Procedimentos
Será comparada a medida de um peso padrão de 200 g, fornecido por três balanças ana-
líticas diferentes. Com base nessa medida, é possível determinar a balança com melhor
exatidão e precisão.
UNIDADE 3 91
Tabela 6 - Verificação da exatidão de instrumentos de medida de diferentes capacidades
Massa de 10 mL de Volume Massa de 10 mL de
Volume
Amostra água na proveta de calculado água na proveta de
calculado (mL)
10,0 mL (g) (mL) 100,0 mL (g)
1
2
Fonte: o autor.
Qual instrumento de medida de volume apresentou a melhor capacidade preditiva e por quê?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Qual instrumento de medida de volume apresentou a melhor capacidade preditiva e por quê?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Para uma temperatura de 35 °C medida neste termômetro, qual seria a temperatura real de
acordo com a curva de calibração?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
UNIDADE 3 93
2.2.5 Calibração do termômetro de ajuste da estufa
• Acoplar o termômetro de transferência (mercúrio) à estufa.
• Selecionar as temperaturas conforme disposto na tabela a seguir.
• Aguardar a estabilização da temperatura e fazer a leitura no termômetro de transfe-
rência. Registrar o valor na tabela a seguir.
• Alterar a temperatura da estufa para as demais temperaturas e proceder da mesma
forma. Aguardar a estabilização de cada temperatura, fazer a leitura no termômetro
de transferência e anotar os valores.
• Plotar o gráfico, dispondo no eixo da abscissa (eixo X) as temperaturas ajustadas na
estufa, e no eixo da ordenada (eixo Y) as temperaturas obtidas com o termômetro de
mercúrio, a fim de se obter a curva de calibração.
Tabela 8 - Dados experimentais obtidos para temperatura na estufa
Temperatura ajustada no equipamento Temperatura real ou temperatura do ter-
(°C) (Eixo X) mômetro transferência (ºC) (Eixo Y)
30
40
50
60
70
80
Tabela 8 - Dados experimentais obtidos para temperatura na estufa
Para uma temperatura de 55 °C ajustada na estufa, qual seria a temperatura real de acordo
com a curva de calibração?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
UNIDADE 3 95
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
Estão corretas:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
96
4. Em práticas laboratoriais, é muito comum realizar o arredondamento dos núme-
ros para facilitar o manuseio ou, até mesmo, quando estes são transformados
em notação científica. Represente os números a seguir em notação científica e
arredonde-os para o número de algarismos significativos indicado:
a) 0,000834 com dois algarismos significativos.
b) 10780000 com três algarismos significativos.
c) 0,0325 com dois algarismos significativos.
d) 200543 com três algarismos significativos.
e) 0,0008340 com três algarismos significativos.
f) 0,0320 com três algarismos significativos.
g) 9,775 com três algarismos significativos.
97
WEB
98
BACCAN, N. et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. Campinas: Editora Edgard Blücher LTDA,
1979.
BROWN. T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E. Química: a ciência central. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
SILVA, R. R. et al. Introdução à Química Experimental. São Paulo: MacGraw Hill, 1990.
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1
Em: <https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/a-praga-do-plagio-consequencias-criminais-e-
civis/66307/>. Acesso em: 02 abr. 2019.
2
Em: <https://www.metric-conversions.org/pt-br/comprimento/conversao-de-polegadas.htm>. Acesso em: 02
abr. 2019.
3
Em: <https://www.ipem.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11&Itemid=266>. Acesso
em: 02 abr. 2019.
Em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/regras-de-arredondamento/30568>.
4
99
1.
Introdução: deve ser explicitado, de forma clara e breve, qual foi o objetivo da experiência, teste ou assun-
to que trata o relatório. Deve conter uma breve descrição teórica sobre os fundamentos da parte prática
efetuada. Tem por objetivo situar o tema do experimento.
Procedimento experimental: deve conter uma descrição simplificada do procedimento que foi realizado,
contendo, também, uma descrição dos materiais, instrumentos e reagentes utilizados, sempre na forma
de texto.
Resultados e discussão: devem ser colocados os dados coletados durante a realização do experimento e
os cálculos que foram realizados, bem como uma análise desses cálculos, com base nos conceitos químicos
envolvidos, que foram dispostos na introdução.
Conclusão: é onde são discutidos os resultados finais obtidos, comentando-se sobre as adaptações ou não,
apontando-se possíveis explicações e fontes de erro experimental. É mencionado se o teste ou pesquisa
efetuada atingiu os seus resultados.
2.
3. B.
4.
a. 8,3 x 10-4.
b. 1,08 x 107.
c. 3,2 x 10-2.
d. 2,00 x 105.
e. 8,34 x 10-4.
f. 3,20 x 10-2.
g. 9,78 x x 101.
100
101
102
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Densidade e Viscosidade
PLANO DE ESTUDOS
Viscosidade
Densidade
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar os conceitos da densidade e as variáveis que • Apresentar os conceitos da viscosidade. Verificar como
influenciam esta propriedade. Verificar como pode ser pode ser determinado experimentalmente esta pro-
determinado experimentalmente essa propriedade. priedade.
Densidade
Ainda não entendeu a diferença entre massa específica e densidade? Veja o vídeo! Temos um vídeo muito
interessante, bastante didático, que nos demonstra a diferença entre a densidade e a massa específica.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0BRc38C5bUY>.
UNIDADE 4 105
Segundo a teoria do Big Bang, toda a matéria, do universo inteiro,
1 kg de estava concentrada em um único ponto, menor que a cabeça de
algodão que um alfinete. Você consegue imaginar a densidade deste ponto?
ocupa um
volume V1
Conforme visualizado no Saiba Vale ressaltar que apenas a medida da densidade não é suficiente
Mais, a densidade é uma técnica para identificação de fraudes. Por exemplo, no caso do leite, há relatos
muito empregada para se deter- de produtores, mal-intencionados, que adicionam produtos com a
minar o grau de pureza de diver- densidade parecida do leite in natura, a fim de aumentar o volume e
sas substâncias. Por exemplo, a lucrar mais com a venda. Pelo fato da densidade dessas substâncias
densidade é um parâmetro de serem próximas, apenas essa análise não é suficiente para atestar a
qualidade utilizado em indús- qualidade do produto, sendo necessário outras análises, por exemplo, o
trias de laticínios para a análise teor de crioscopia, que verifica o ponto de congelamento do leite, que
da qualidade do leite; em postos também é característico para cada substância e pode auxiliar, junto
de combustíveis para avaliar a com uma série de outras análises, a identificar as fraudes.
qualidade do álcool e a quanti- Além disso, a densidade é muito empregada na indústria de trans-
dade de etanol presente na gaso- formação. Por exemplo, na produção do álcool ou açúcar, em uma das
lina. Neste caso, há uma faixa de etapas, há a fermentação do caldo de cana para produção do álcool
valores de referência para esses pela ação de determinada cultura de bactérias. Para separação do ál-
compostos em suas condições cool formado, em produções artesanais, isso pode ser feito por meio da
ideais (composição, temperatu- densidade. A cultura de bactérias, geralmente, possui maior densidade
ra, pressão), e que, se fora desses e se deposita no fundo, podendo o composto líquido ser retirado na
limites, pode indicar fraudes. parte superior para ser concentrado em processos posteriores.
UNIDADE 4 107
Ao se adicionar, na mistura, uma maior quan- nas condições especificadas. Como a densidade é
tidade do componente de maior densidade, au- uma relação de massa por volume, de posse desse
mentamos a densidade da mistura formada, pois valor, ele pode determinar qual o volume de leite
teremos uma maior proporção do componente que corresponde aos 100 kg que são necessários.
com maior densidade na mistura formada. Esta Suponha que a densidade do leite nas condi-
regra é clara para grande parte dos casos usuais. ções especificadas é de 1,032 g por mL. Isto é, cada
A estimativa do valor exato da densidade de 1,032 g de leite, nas condições acima especificadas,
uma mistura depende, também, das forças atrati- ocupa um volume de 1 mL.
vas/repulsivas existentes entre as moléculas. Se as Por meio de uma regra de três e sabendo que 1
moléculas da mistura têm grande afinidade, elas kg = 1.000 g ou, ainda, 100 kg = 100.000 g:
tendem a ficar mais próximas, ocasionando uma
contração do volume e alterações na densidade. 1, 032 � g � � � � � − − −� −1� mL
Para se estimar a densidade de misturas de forma 100.000 � g − − − − X
teórica, é necessário o conhecimento de regras
de mistura, que vai além dos objetivos de nosso X = 96.899,22 mL de leite ou, 96,90 L de leite.
curso. Porém, a química experimental nos permite
determinar o valor da densidade da mistura por Assim, o engenheiro determinou, para a utiliza-
meio da medida da massa e do volume de uma ção do novo coalho, que para cada 100 gramas de
forma satisfatória. Neste ponto, caro(a) aluno(a), é coalho deve ser utilizado 96,90 L de leite.
importante sabermos que a densidade de misturas
é influenciada pela composição.
0 891 g / cm3
densidade relativa =
1 000 g / cm3
UNIDADE 4 109
Densidade Teórica A escolha do líquido deve ser criteriosa. Por
exemplo, se o sólido for solúvel no líquido, deve
As propriedades da maioria das substâncias são ser escolhido um outro líquido que o sólido a ser
encontradas em Handbooks e em páginas da inter- analisado não seja solúvel, pois, se não, ele será
net, como no livro de Química do National Insti- dissolvido. Uma outra possibilidade é o sólido ser
tute of Standards and Technology (NIST, on-line)2. menos denso que o líquido e flutuar. Neste caso,
Os Handbooks são compilações que congre- a medida do volume é também penalizada, de-
gam uma infinidade de informações. Por exem- vendo-se escolher um outro líquido menos denso
plo, o livro The properties of gases and liquids que o sólido a ser testado (LENZI et al., 2012).
(POLING; PRAUSNITZ; O’CONNELL, 2001) Uma outra possibilidade é o sólido ser poro-
traz uma grande quantidade de informações so- so. Para esse tipo de sólido, temos duas densi-
bre as propriedades de diversas substâncias, de dades, a densidade aparente e a densidade real.
forma tabelada, e também correlações que esti- A densidade aparente é a divisão entre a massa
mam as propriedades com grande acuracidade. e o volume do sólido, considerando, também, o
volume dos poros. A densidade real é a divisão
da massa pelo volume das partículas sem con-
Determinação experimental siderar os poros (neste caso, o sólido foi moído
da densidade e pulverizado para desfazer os canais) (LENZI
et al., 2012).
Conforme mencionamos, existem uma grande
quantidade de fontes de pesquisa para determinar
valores de densidades. Porém, há casos em que as Densidade de líquidos
condições (temperatura, pressão ou composição)
são variadas, e não temos esses dados tabelados. O princípio é o mesmo, medir a massa e o volume
Nestes casos, necessitamos determinar experi- para determinação de sua razão. Pode ser feito
mentalmente o valor desta propriedade. utilizando balança analítica e um picnômetro ou
balão volumétrico para medir o volume. Uma ou-
tra possibilidade é a utilização de densímetros,
Densidade de sólidos que nada mais é do que aparelhos com um peso
na extremidade, que são colocados nos líquidos
Procura-se determinar a relação massa/volume e que flutuam na posição vertical, indicando em
utilizando uma balança analítica e algum instru- uma escala o valor da densidade. Existem densí-
mento para medir o volume (LENZI et al., 2012). metros para líquidos mais pesados ou leves que
No caso de sólidos, como é difícil estimar o volume a água. Há casos de densímetros exclusivos, cujo
de sólidos com geometrias complexas, o volume é uso é intenso, como os alcoômetros, que medem
estimado com auxílio de algum líquido. O sólido a densidade do álcool; o termolactodensímen-
é imerso no líquido e, pela medida da variação do tro, que mede a densidade de leites, entre outros
volume, é possível determinar o volume do sólido. (LENZI et al., 2012).
MATERIAIS
• Proveta.
• Amostra de sólidos diversas.
• Leite.
• Óleo.
• Água destilada.
• Pisseta.
• Balão volumétrico.
• Béquer.
• Balança analítica.
• Picnômetro.
• Densímetro.
UNIDADE 4 111
MÉTODOS
Para determinar a densidade de amostras sólidas com o volume difícil de ser mensurado
devido à superfície irregular, é necessário determinar a massa do sólido seco.
• Usando uma balança analítica, determine a massa do sólido. Pode ser utilizado um
béquer como suporte (M1).
• Adicione água destilada com auxílio de uma pisseta em uma proveta de 50 mL. Es-
colha alguma marcação na metade da proveta, e complete com água até essa marca.
Registre esse valor (V1).
• Adicione, na proveta contendo água, a massa de sólido que foi pesada. Atenção para
não perder material. Verifique o deslocamento do menisco para a medida (V2).
• Preencha a tabela a seguir.
• Registre a temperatura e pressão ambiente.
• Procure em algum Handbook a densidade dos materiais testados e calcule o desvio
percentual com a fórmula a seguir, preenchendo os desvios na tabela devida.
Tabela 1 - Dados experimentais obtidos para determinação da densidade das amostras sólidas
Amostra Massa M1 Sólido (g) V1 (mL) V2 (mL) ΔV = V2 – V1 (mL) Densidade (g/mL)
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
UNIDADE 4 113
• Adicione, em seu interior, o líquido que será estimado a densidade. Verifique se não
houve a formação de bolhas, que podem prejudicar nos resultados finais. Tampe de
modo que escorra pelo seu tubo capilar o excesso de líquidos. Com auxílio de um
papel poroso, enxugue o líquido presente na parte externa do picnômetro.
• Registre a massa do picnômetro com o líquido.
• Registre os dados na tabela a seguir.
• Compare a densidade obtida com a fornecida utilizando um densímetro.
Tabela 5 - Estimativa da densidade de amostras líquidas
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)
Fonte: o autor.
Temperatura ambiente: _______________
Pressão atmosférica: _________________
Tabela 6 - Desvios entre valores estimados e valores teóricos
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)
Fonte: o autor.
Temperatura ambiente: _______________
Pressão atmosférica: _________________
3.0 Conclusões
UNIDADE 4 115
entre as moléculas é tão grande, ou seja, o fluido é tão viscoso, A aplicação da propriedade
que é necessário empregar uma força extra para realizar o movi- física viscosidade não se limi-
mento. Tal fato não seria observado se esse frasco estivesse cheio ta apenas a motores e projeto
de água. A força empregada para movimentar a água é muito de equipamentos industriais.
menor, ou seja, ela é menos viscosa do que o mel. Ela também é empregada para
Exemplos de fluidos com grandes viscosidades, amplamente melhorar as características vi-
utilizados por nós, são o detergente líquido, amaciante de roupas, suais de um produto.
óleo de cozinha, mel, bebida láctea, iogurte, entre outros. Você está em um merca-
do fazendo compras e precisa
comprar amaciante de roupas.
Verifica duas novas marcas,
com mesma faixa de preço,
mesmo odor do produto, mes-
mo volume, qual você levaria
se tivesse que escolher pelas
duas marcas?
Provavelmente, o consu-
midor, desconhecedor do as-
sunto, além das características
visuais da embalagem vai veri-
ficar a consistência do produ-
to. Aquele que possuir a maior
consistência, ou seja, possuir a
maior viscosidade, proporcio-
nará uma “impressão” de ser
Figura 5 - Exemplos de fluidos com alta viscosidade: detergentes e óleos de
motores
mais concentrado e, portanto,
melhor. Aqui nos cabe uma
De acordo com Bird, Stewart e Lightfoot (2004), para fluidos com reflexão. Não, necessariamen-
baixo peso molecular, a propriedade física que caracteriza a resis- te, um produto mais viscoso,
tência ao escoamento é a viscosidade. Os autores citam, ainda, uma com maior consistência, será o
aplicação muito comum para a viscosidade: os óleos de motores. mais concentrado! Podem ser
adicionadas certas substâncias
espessantes que aumentam a
viscosidade da mistura, tornan-
Você sabia que a lubrificação dos motores de automóveis só é pos- do-o mais consistente. Assim,
sível devido à propriedade de viscosidade? São escolhidos fluidos visualmente, para a aplicação
com valores de viscosidades que ficam aderidos por um tempo desejada (amaciante de rou-
maior na superfície que estão em contato, evitando o atrito entre pas), um produto mais viscoso
as partes de metal do motor, que causam desgastes. ou consistente pode se tornar
mais atrativo e alavancar as
vendas. Porém, isso não signi-
UNIDADE 4 117
Temperatura
A viscosidade é, fortemente, influenciada pela próximas umas das outras, e um aumento da pres-
temperatura. Para a maior parte dos compostos são, de modo geral, não será capaz de aproximar
líquidos, o aumento da temperatura tende a dimi- as moléculas de tal forma que possa aumentar ou
nuir os valores da viscosidade (POLING; PRAUS- diminuir sua interação umas com as outras.
NITZ; O’CONNELL, 2001). Para ilustrar essa si-
tuação, imaginemos o óleo de cozinha. Quando
ele está frio, percebemos que ele é mais espesso Composição
e viscoso. Contudo, ao colocá-lo em uma panela,
percebemos que, com o aquecimento, ele se mo- A viscosidade de misturas de fluidos é fortemen-
vimenta com mais facilidade, ou seja, torna-se te influenciada pela composição das substâncias
menos espesso, menos viscoso. Isto é explicado que ali estão presentes (POLING; PRAUSNITZ;
pelo fato do aumento da temperatura em geral di- O’CONNELL, 2001). A explicação para tal fato
minuir as forças intermoleculares que agem sobre está na atração entre as moléculas, devido à exis-
as moléculas. Estas, em uma condição de maior tência da polaridade. Se temos uma mistura entre
temperatura, ficam mais “soltas” e livres para se substâncias que têm forte atração, as moléculas
movimentar, reduzindo os valores da viscosidade. tenderão a ficar próximas devido a essa força de
atração e, nesta condição, mais difícil será conse-
guir promover o seu movimento, caracterizando
um aumento da viscosidade.
Você sabia que a temperatura de trabalho dos Na literatura, existem diversas correlações
motores de automóveis pode influenciar na es- teóricas capazes de predizer a viscosidade de
colha do lubrificante ideal? A seguir, temos um gases, líquidos, misturas, em diversas condições
link que relata justamente isso, a importância da de temperatura, pressão, composição (POLING;
escolha do óleo lubrificante correto, de acordo PRAUSNITZ; O’CONNEL, 2001). Para o nosso
com o fabricante do veículo, para que a variação curso de Química Experimental, é suficiente
da viscosidade com a elevação da temperatura sabermos que a viscosidade também é influen-
não danifique as partes móveis do motor. ciada pela composição.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=_RpXEx_jrtA>.
Determinação experimental
da viscosidade
Pressão
Existem diversas formas de se determinar a vis-
Para líquidos, a variação da pressão exerce efeitos cosidade experimental de líquidos. A seguir, é
mínimos sob a viscosidade, exceto para altíssimas apresentada duas formas principais e uma forma
pressões (POLING; PRAUSNITZ; O’CONNELl, alternativa. Antes disso, no Material Complemen-
2001). Isso se deve ao fato de que para compostos tar-Web, indico um vídeo rápido e intuitivo que
líquidos, as moléculas constituintes já estão muito resume todas essas técnicas.
Nesse viscosímetro, o líquido é despejado na par- Trata-se de um viscosímetro mais moderno. Neste
te superior do equipamento. Na parte inferior, caso, é colocado no interior de um béquer o líqui-
há um orifício que permite a saída do líquido. do que se deseja mensurar a viscosidade. Então,
É medido o tempo que o líquido demora para é colocado o viscosímetro no béquer. Nas pontas
escoar inteiramente pelo orifício do equipamen- das hastes que ficam submersas no líquido, há
to. Se o líquido é muito viscoso, demora mais a uma espécie de hélice que promove o movimento
escoar, e pode ser utilizado um orifício maior, que do fluido. O viscosímetro é acionado e ele é capaz
permite o escoamento mais rápido. Existem ta- de medir a força que o líquido oferece na resis-
belas de conversão, que transformam as medidas tência ao movimento. Isto é, ele mede o torque
de tempo e abertura em valores de viscosidade. necessário para promover o movimento do fluido.
Essas tabelas são elaboradas pelos fabricantes dos Na memória do equipamento, existem valores
aparelhos; cada viscosímetro é específico para pré-definidos e ele é capaz de fornecer o valor
tipos específicos de líquidos. da viscosidade com base na comparação desse
banco de dados.
UNIDADE 4 119
Viscosímetro de Ostwald
µH 2O . t.ρ
µ
t H 2O � ρ H 2O
É válido lembrarmos que todas as variáveis pre-
sentes na equação acima são dependentes da
temperatura e, por esse motivo, antes de realizar
os cálculos ou a medida da viscosidade, é preciso
registrar a temperatura ambiente para que possa
conseguir resultados mais próximos da realidade.
Prática 2: Determinação
experimental da viscosidade
Nesta prática, deseja-se mensurar a viscosidade (µ), a temperatura ambiente e pressão ambiente de
uma solução composta de glicerina e água. As viscosidades das duas soluções serão obtidas usando
a viscosidade da água como referencial, a partir dos tempos de escoamento e das densidades.
MATERIAIS
• Seringa de plástico sem êmbolo.
• Suporte para seringa.
• Béquer.
• Cronômetro.
• Termômetro.
• Proveta.
• Água destilada.
• Solução de glicerina e água.
MÉTODOS
Para determinar a viscosidade da amostra desejada, repita os procedimentos a seguir:
• Determine experimentalmente a densidade da amostra desconhecida. Faça conforme
descrito na prática de densidade desta unidade.
Tabela 6 - Estimativa da densidade da amostra desconhecida
Amostra V (mL) Massa Líquido (g) Densidade (g/mL)
Fonte: o autor.
Temperatura ambiente: _______________
Pressão atmosférica: _________________
Densidade média: _________________
• Lave a seringa 3 vezes com água destilada. Não é preciso lavar com sabão. Durante
a lavagem, deixe a água escorrer pela extremidade inferior. Após isso, chacoalhe a
seringa para escorrer a água que ali restou.
• Coloque a seringa no suporte que foi preparado previamente e adicione, com auxílio
de uma proveta, um volume de 10 mL do líquido a ser testado. Obs.: tapar a extremi-
dade inferior com o dedo para que o líquido não saia. Coloque o béquer de 100 mL
abaixo do aparato montado e zere o cronômetro.
• Acione o cronômetro e simultaneamente retire o dedo da extremidade da seringa. O
líquido irá gotejar. Acione o cronômetro novamente quando todo o líquido escoar
por completo pela seringa. Registre o tempo obtido (segundos).
UNIDADE 4 121
• Repita esse procedimento por mais duas vezes e calcule o tempo médio de escoa-
mento, registrando os valores na tabela.
• Coloque o termômetro no béquer que contém o líquido que escoou e registre a
temperatura do líquido. Calcule a viscosidade da amostra utilizando a Fórmula 07.
• A viscosidade da água a ser utilizada na fórmula é aquela na mesma temperatura que
foi obtida do líquido, cujos valores podem ser retirados da tabela a seguir.
• Dos três experimentos realizados, utilize o tempo de escoamento e a densidade média.
Tabela 7 - Densidade e viscosidade da água
Densidade e viscosidade da água, P = 1 atm
T (°C) ρ (g/cm3) µ (cP)
15 0,9991 1,1390
16 0,9989 1,1090
17 0,9988 1,0810
18 0,9986 1,0530
19 0,9984 1,0270
20 0,9982 1,0020
21 0,9980 0,9779
22 0,9978 0,9548
23 0,9975 0,9325
24 0,9973 0,9111
25 0,9970 0,8904
26 0,9968 0,8705
27 0,9965 0,8513
28 0,9962 0,8327
Fonte: Poling, Prausnitz e O’connell (2001).
3.0 Conclusões
UNIDADE 4 123
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Uma caixa com volume de 20 dm3 contém, em seu interior, um metal. Esta
caixa é transportada de um ponto a outro em uma determinada fábrica. Por
medidas de segurança no trabalho, considere que uma pessoa com 70 kg de
massa pode transportar essa caixa, com um peso máximo igual ao seu peso.
Indique o metal que está presente na caixa. Para isso, utilize-se dos dados dis-
ponibilizados a seguir.
(Dado: 1 dm3 = 1L = 1 000 cm3).
Material Densidade em g/cm3
Alumínio 2,7
Zinco 7,1
Prata 10,5
Chumbo 11,4
Ouro 19,4
a) Alumínio.
b) Zinco.
c) Prata.
d) Chumbo.
e) Ouro.
Região
interfacial
124
Considerando-se a experiência realizada pelo estudante de engenharia, e os
dados disponibilizados a seguir, assinale a alternativa que contém uma infor-
mação que é correta.
(Considere: dágua = 1,0 g/cm3, detanol = 0,79 g/cm3)
a) A densidade do óleo é menor que a da água.
b) A massa da água, no béquer, é 10 vezes maior que a de etanol.
c) A densidade do etanol é maior que a do óleo.
d) A densidade da água é menor que a do etanol.
e) Os três compostos não possuem densidade.
125
4. A viscosidade é uma importante característica dos compostos químicos, com
aplicações diversas na indústria. Essa propriedade atende desde a característi-
cas comerciais e estéticas até mesmo no projeto de equipamentos industriais.
Sobre essa propriedade, julgue as premissas a seguir:
I) A viscosidade sofre pouca interferência da temperatura. O aquecimento de
um líquido não é capaz de promover nenhuma interferência nas moléculas
constituintes desse líquido, de modo a não alterar significativamente nos
valores da viscosidade.
II) Para compostos líquidos, a viscosidade é fortemente influenciada pela varia-
ção da pressão. Isso se dá pelo fato de que com a aumento da pressão, as
moléculas constituintes desse líquido tendem a ficar mais próximas umas às
outras, ocasionando um aumento na viscosidade.
III) A viscosidade de líquidos em geral diminui com o aumento da temperatura
e sofre pequenas interferências com a variação da pressão.
IV) Ao se misturar na água pura uma solução de glicerina, a viscosidade da mis-
tura resultante é maior que a viscosidade da água pura.
126
5. Em uma pequena indústria de produção de produtos de limpeza, o dono con-
tratou um Engenheiro para gerenciar e controlar os processos. Um dos grandes
desafios encontrados por esse engenheiro foi aprimorar os procedimentos de
qualidade. Uma das reclamações recorrentes de clientes era que produtos, tais
como detergentes líquidos e amaciantes de roupas, apresentavam uma carac-
terística de produto “aguado” ou “pouco concentrado”. Analise as conclusões e
ações tomadas por esse engenheiro:
I) O engenheiro percebeu que as reclamações dos clientes eram em relação
a variações da densidade do produto. Poderiam haver falhas na adição dos
insumos que conferem essa característica no produto final.
II) Diante dos recursos financeiros limitados, na impossibilidade de adquirir um
viscosímetro rotacional para averiguar a viscosidade, o Engenheiro pensou
em um procedimento simples: comprou uma proveta de vidro de 1L e uma
bola de aço de pequeno diâmetro. Ele enchia a proveta com o produto a ser
testado e soltava a bola de aço na interface do líquido. Ao soltar a bola de
aço, ele cronometrava o tempo de caída. Se o produto tinha sempre a mesma
viscosidade, o tempo de caída era aproximadamente o mesmo. Contudo, se
o tempo de caída fosse menor, isso era um indicativo de que a viscosidade
era menor, e esse lote deveria ser bloqueado.
III) Uma medida eficaz tomada pelo engenheiro foi a criação de procedimentos
operacionais padrão e check-lists para garantir que fossem adicionados
sempre a mesma quantidade de insumos, para que o produto produzido
apresentasse sempre as mesmas características.
IV) Não há nenhuma forma alternativa e que não exija grandes investimentos
para checar a viscosidade dos produtos produzidos.
127
WEB
WEB
128
WEB
WEB
129
BIRD, R. B.; STEWART, W. E.; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de Transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2012.
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PERUZZO, J. A física através de experimentos. Irani: Edição do Autor, 2013. Disponível em: <https://super-
leomatematica.webnode.com/_files/200000032-0b4d70d420/A%20f%C3%ADsica%20atrav%C3%A9s%20
de%20experimentos%20-%20Vol.%20I%20-%20Mec%C3%A2nica.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2019.
POLING, B. E.; PRAUSNITZ, J. M.; O’CONNELL, J. P. The properties of gases and liquids, 5. ed., New York:
McGraw-Hill, 2001.
SISSON, L. E.; PITTS, D. R. Fenômenos de Transporte. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1996.
TRINDADE, D. F. et al. Química básica experimental. São Paulo: Ícone Editora, 2016.
REFERÊNCIA ON-LINE
2
Em: <https://webbook.nist.gov/chemistry/index.html.pt>. Acesso em: 03 abr. 2019.
3
Em: < https://anselmo.quimica.ufg.br/up/56/o/FQExpServ_P3_densidade-de-liquidos.pdf>. Acesso em: 03
abr. 2019.
4
Em: <https://www.salcas.com.br/viscosimetro-tipo-copo-ford-salcas?search=viscos%C3%ADmetro>. Acesso
em: 03 abr. 2019.
Em: <https://www.labstore.com.br/products/Viscos%C3%ADmetro-Rotacional-S%C3%A9rie-Viscolead-
5
130
1. A.
d = m/V → m = d . V
Visto que o indivíduo só poderia correr com um peso menor que 70 kg, temos, então, que o metal mais ade-
quado seria o Alumínio.
2. A.
a. Correto. O óleo é menos denso que a água, por isso suas gotículas ficam acima da superfície da água.
b. Incorreto. A massa de cada um é encontrada por meio da fórmula da densidade (dágua = 1,0 g/cm3,
detanol = 0,79 g/cm3):
d = m/V → m = d . V
mágua = d . V metanol = d . V
Veja que a massa da água, no sistema, não é 10 vezes maior que a de etanol.
c. Incorreto. A densidade do etanol é menor que a do óleo, por isso, o óleo afunda em relação ao etanol.
d. Incorreto. A densidade da água é maior que a do etanol porque ela afunda em relação a ele.
3. C.
I. Incorreta. Visto que a densidade da água é menor que a do leite, a sua adição ao leite deve diminuir a
densidade.
II. Correta. A densidade será maior porque a gordura tem menor densidade entre as substâncias do
leite, e a sua retirada implica o aumento da porcentagem das substâncias mais densas, aumentando
a densidade do leite que sobrou.
III. Incorreta. Visto que a densidade da gordura do leite é menor que a densidade do leite, um leite que
tiver mais gordura terá menor densidade.
131
IV. Incorreta. Visto que a densidade da água oxigenada é maior que a do leite, a sua adição ao leite deve
aumentar a densidade.
4. D.
II. Incorreta. Para compostos líquidos, a viscosidade sofre pouca influência pela variação da pressão. Para
compostos líquidos, as moléculas já estão muito próximas umas das outras, e variações de pressão
pequenas ou moderadas não são suficientes para aproximar ainda mais as moléculas.
III. Correta. O aumento da temperatura tende a reduzir a força com que as moléculas estão interligadas,
deixando-as mais soltas, contribuindo para a redução da viscosidade.
IV. Correta. A glicerina é mais viscosa e se mistura com a água. A mistura resultante fica com uma visco-
sidade maior.
5. B.
I. Incorreta. O engenheiro percebeu que as reclamações dos clientes eram em relação as variações da
VISCOSIDADE do produto.
II. Correta. Ao se soltar objetos em produtos mais viscosos, estes objetos demandarão um maior tempo
para chegar ao fundo do recipiente quando comparado a outros produtos com menor viscosidade. O
engenheiro não conseguirá determinar um valor exato para a viscosidade, mas conseguirá comparar
a viscosidade entre as produções e chegar em um valor ideal.
III. Correta. Uma medida eficaz tomada pelo Engenheiro foi a criação de procedimentos operacionais
padrão e check-lists para garantir que fossem adicionados sempre a mesma quantidade de insumos,
para que o produto produzido apresentasse sempre as mesmas características.
IV. Incorreta. O engenheiro poderia, inclusive, utilizar a viscosidade relativa, cuja determinação experi-
mental é simplificada.
132
133
134
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Transformações
da Matéria
PLANO DE ESTUDOS
Transformações
físicas
Transformações Transformações
da matéria químicas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 5 137
Transformações
Físicas
UNIDADE 5 139
Temperatura (°C) Mesmo para misturas, ainda assim percebemos um
250
INTERVALO de temperatura característico. Logo,
200
Vaporização essa propriedade é uma importante característi-
150
100 ca para identificarmos as substâncias. Isto é, para
Fusão
50 uma mistura que contém a mesma composição, os
Tempo (min.)
0 pontos de fusão e ebulição tendem a ser os mesmos
10 13 23 26 36
-50 nas mesmas condições de temperatura e pressão;
-100 mas por que nas mesmas condições de tempera-
-150
tura e pressão? Como já mencionamos, as forças
Figura 3 - Ponto fusão e ebulição água pura intermoleculares (que unem as moléculas) sofrem
Fonte: adaptada de Machado ([2019], on-line)1.
alterações em sua magnitude com as variações de
Podemos observar que, com o passar do tempo, temperatura e pressão, e interferem diretamente
a temperatura do gelo vai aumentando. Então, no nessa propriedade de ponto de fusão e ebulição.
tempo de 10 minutos, atinge-se o ponto de fusão Uma importante aplicação dessa propriedade
da água, e por 3 minutos essa temperatura perma- física está na análise da recepção de leites em la-
nece a mesma, até que todo o gelo se transforma ticínios. Essa análise é chamada de crioscopia e,
em água líquida. Tal fato também é observado na em linhas gerais, trata-se da avaliação do ponto de
mudança do estado líquido para gasoso. congelamento do leite “in natura”. De acordo com
Para misturas, o comportamento é um pouco Botaro e Santos (2008, on-line)2, a temperatura de
diferente. Na mudança de fase, não temos uma linha congelamento do leite, também designada de índi-
horizontal, como da água pura, mas uma curva com ce crioscópico ou crioscopia do leite, é mais baixa
uma certa inclinação, indicando uma faixa de tem- do que da água, devido à existência de substâncias
peratura. Podemos constatar esse fato na Figura 4: solúveis presentes no leite, tais como lactose, sais
minerais, entre outros. Dessa forma, quando há a
Temperatura (°C)
250
adição de forma fraudulenta de água no leite, a crios-
200 copia é aumentada em direção ao ponto em que a
Vaporização
150 água é congelada, ou seja, 0 °C. Ainda, de acordo
100 Fusão com o autor, a legislação brasileira estabelece como
50
Tempo (min.) índice crioscópico máximo do leite bovino o valor
0
10 13 23 26 36 de -0,512 °C. A determinação de fraude no leite por
-50
-100
adição de água é a aplicação mais usual em laticínios,
-150 realizado em um aparelho denominado crioscópio,
Figura 4 - Ponto fusão e ebulição para uma mistura líquida em que a amostra de leite é congelada e o ponto de
Fonte: adaptada de Machado ([2019], on-line)1. congelamento é lido em um termômetro preciso.
UNIDADE 5 141
Toda a transformação química constitui-se, neces- Como mencionamos, em alguns casos, essas ca-
sariamente, de uma reação química. Como já é de racterísticas visuais ou sensoriais não são percep-
conhecimento, os compostos presentes no início tíveis, como ocorre, por exemplo, quando mistu-
da reação são chamadas de reagentes e os que se ramos ácido clorídrico com hidróxido de sódio,
formam após as reações químicas, de produtos conforme a equação demonstrada a seguir.
(RUSSELL, 1994).
O que acontece ao aproximarmos um fósforo HCl NaOH � NaCl � H 2O
aceso de um recipiente com álcool (etanol)? O
álcool começará a queimar. Essa queima trata-se Em seu estado inicial, ambas as substâncias são
de uma reação química, pois ocorre uma alteração incolores. Após a mistura, o líquido resultante
na molécula do álcool que, ao entrar em contato ainda é incolor e, aparentemente, não houve ne-
com o oxigênio presente no ar, converte-se em nhuma alteração. Contudo, não percebemos uma
gás carbônico e água, liberando energia para o alteração visual, mas foi produzida novas substân-
meio ambiente (reação exotérmica), assim como cias com diferentes propriedades das substâncias
descrito na reação química a seguir: iniciais. Por isso, é importante conhecermos os
conceitos da química geral, que nos permite saber
C2 H 6O 3O2 2CO2 3 H 2O quando ocorrem as reações químicas.
E como diferenciar uma transformação física
A ocorrência de transformações químicas, ou rea- de uma transformação química? A seguir, temos
ções químicas, pode ser visualizada, muitas vezes, uma pílula de aprendizagem que nos dirá muito
não obrigatoriamente, como pela mudança da bem como fazer isso. Vamos acompanhar?
cor, pela liberação de um gás, pela formação de
um precipitado (composto insolúvel), pelo apa-
recimento de um odor, pelo desprendimento ou
absorção do calor, entre outros. Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
UNIDADE 5 143
Energia de ativação?
Em 1888, o químico sueco Svante Arrhenius sugeriu que as moléculas devem possuir uma quantidade
mínima de energia para que possam reagir. Esse modelo diz que essa energia é proveniente das energias
cinéticas das moléculas se colidindo. Assim, durante uma colisão, a energia cinética pode ser usada para
esticar, dobrar ou, até mesmo, quebrar as ligações, dando origem às reações químicas. Se a energia
cinética é baixa, as moléculas se movimentam vagarosamente e não batem entre si. Então, para que
ocorra a reação, é necessário que as moléculas que colidem tenham uma energia cinética total igual
ou maior que um valor mínimo. A esse valor mínimo de energia chamamos de energia de ativação.
Fonte: adaptado de Brown, Lemay e Bursten (2005).
UNIDADE 5 145
SUBLIMAÇAO DO IODO
2.1 Materiais
• Cápsula de porcelana.
• Bico de Bunsen ou manta de aquecimento.
• Pinça de madeira.
• Vidro de relógio.
• Cristais de iodo.
2.2 Procedimentos
• Adicione apenas alguns cristais de iodo na cápsula de porcelana.
• Tampe-a com o vidro de relógio e coloque algumas gotas de água sobre o vidro.
• Aqueça o sistema sobre a tela metálica por um tempo aproximado de 10 segundo.
• Deixe o sistema resfriar por 1 minuto, e usando a pinça de madeira, segure o vidro
de relógio, observando os cristais de iodo formados.
• Observe e classifique o fenômeno.
3.0 Resultados
Temos, neste ponto, uma outra experiência prática em que poderemos verificar as transformações da
matéria em física ou química. Nesta prática, podemos, ainda, verificar que quando temos misturas,
suas propriedades físicas são alteradas. Vamos acompanhar?
2.1 Materiais
• Tripé (suporte aquecimento).
• Tela amianto.
• Béquer.
• Termômetro de mercúrio.
• Água destilada.
• Cloreto de Sódio.
• Bico de Bunsen.
2.2 Procedimentos
• Deposite uma certa quantidade de água destilada em um béquer de um volume qualquer.
• Prepare o sistema de aquecimento (tripé, tela de amianto, bico de Bunsen).
• Coloque sobre o sistema de aquecimento o béquer contendo água destilada e inicie o
aquecimento.
• Observe atentamente o momento em que a água entra em ebulição. Registre a tempe-
ratura e a pressão ambiente.
• Em um outro béquer, adicione água destilada e uma certa quantidade de cloreto de
sódio (NaCl).
• Repita o procedimento anterior.
3.0 Resultados
Fonte: o autor.
UNIDADE 5 147
4.0 Conclusões
Qual a conclusão que se chega sobre o ponto de ebulição de substâncias puras e misturas?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Temos, a seguir, uma série de transformações que nos permitirão identificar algumas importantes
evidências para a ocorrência das transformações da matéria.
TRANSFORMAÇÕES DIVERSAS
2.1 Materiais
• Tubo de ensaio.
• Sacarose.
• Bico de Bunsen.
2.2.1 – Sacarose
• Colocar uma pequena porção de sacarose (açúcar) em um tubo de ensaio. Aquecer
diretamente na chama oxidante do bico de Bunsen.
• Observar o fenômeno que ocorre.
O fenômeno observado é:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
O fenômeno observado é:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
O fenômeno observado é:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
UNIDADE 5 149
2.2.4 – Cloreto de Sódio e Água
• Colocar em um tubo de ensaio aproximadamente 0,2 g de cloreto de sódio. Adicionar
3 mL de água. Agitar e observar.
O fenômeno observado é:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
O fenômeno observado é:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3.0 Conclusão
E assim, aluno(a), vamos chegando ao fim de mais uma unidade. Desta vez, conseguimos verificar
as transformações que a matéria sofre. Verificamos que essas transformações podem ter a natureza
física, quando não ocorrem alterações na estrutura das moléculas. Outras mudanças, contudo, são
capazes de transformar a estrutura da matéria e produzir novos compostos, as chamadas transforma-
ções químicas, que ocorrem por meio das reações químicas, e são capazes de produzir produtos de
interesse comercial. Além disso, pudemos vislumbrar, na prática, algumas evidências da ocorrência
das transformações químicas.
Nesta unidade, ressaltamos que as transformações químicas podem gerar um produto de interesse
comercial e também subprodutos, que precisam ser separados para purificação do produto de interesse.
Esses processos de separação que são efetuados no laboratório é o tema de nossa próxima unidade.
Até breve!
151
3. A seguir, são apresentados alguns processos. Identifique os processos que
constituem fenômenos químicos.
a) Produção de plásticos a partir do petróleo.
b) Fabricação de fios de cobre por meio de uma barra de cobre.
c) Preparação da coalhada a partir do leite in natura.
d) Dissolução do açúcar ou do sal de cozinha quando adicionados e agitados em
um certo volume de água.
e) Produção da gasolina a partir do petróleo em refinarias.
f) O enferrujar de um prego.
g) A queima da gasolina e do álcool em automóveis.
h) A fotossíntese realizada por vegetais.
i) A decomposição da luz solar em um prisma de vidro.
152
5. A seguir, são apresentadas algumas transformações da matéria:
I) Dissolução de comprimidos efervescentes em água.
II) Produção de açúcar caramelizado a partir do açúcar granulado.
III) Desaparecimento de naftalina sólida em armários.
IV) Queima de um pedaço de madeira.
V) Amassar uma lata de alumínio.
153
WEB
154
BROWN, T. L.; LEMAY, E. H.; BURSTEN, B. E. Química, a ciência central. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <https://www.aulas-fisica-quimica.com/7q_11.html>. Acesso em: 04 abr. 2019.
2
Em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/marco-veiga-dos-santos/entendendo-a-variacao-da-crioscopia-
do-leite-46948n.aspx>. Acesso em: 04 abr. 2019.
Em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/condicoes-para-ocorrencia-reacoes-quimicas.htm>.
3
155
1. B.
- A decomposição das substâncias (transformação química) que constituem o princípio ativo, podendo levar
a uma perda da eficiência do remédio.
- A formação de compostos (transformação química) citada no processo III, pode provocar um efeito inverso
do medicamento, em vez do paciente apresentar melhora, o quadro pode se agravar ainda mais.
01 – Por meio da digestão de alimentos, é possível transformar o que comemos em energia para nosso
sustento, portanto, ocorre um fenômeno químico.
04 – Toda queima é um processo químico pelo fato de modificar a natureza da matéria original.
16 – A sublimação (passagem do estado gasoso para o sólido) do iodo corresponde a uma transformação
física, em que a composição da matéria não sofre alteração.
3. Alternativas A, C, F, G e H.
Justificativa:
a) Os plásticos são fabricados a partir de uma conversão (transformação química) do petróleo em polímeros.
g) A queima da gasolina gera produtos diferentes da forma original, entre eles gases tóxicos.
4.
I. Fenômeno químico: uma passagem de corrente elétrica (eletrólise) pela água pode originar diferentes
gases, estes se diferem de H2O.
II. Fenômeno físico: o gelo passou por uma mudança de estado físico denominada de fusão.
III. Fenômeno químico: a decomposição da água oxigenada pela luz gera dois produtos diferentes da
matéria de origem.
5. B.
6. C.
156
157
158
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Misturas e Técnicas
de Separação
PLANO DE ESTUDOS
Solubilidade e
Miscibilidade
Técnicas de separação
Misturas
de misturas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Verificar os conceitos de misturas homogêneas e he- • Aprender as principais técnicas de separação de misturas
terogêneas. e realizar práticas para estudar os conceitos de misturas
• Entender os conceitos de solubilidade e miscibilidade. e seus processos de separação.
Misturas
UNIDADE 6 161
E o que aconteceria se misturarmos água com Em relação ao aspecto, as misturas são classifi-
álcool? Quantas fases teríamos? Ora, a água e o álcool cadas em homogêneas e heterogêneas. A mistura
são miscíveis, misturam-se por completo, formando homogênea apresenta uma única fase, enquanto
apenas uma única fase, conforme veremos adiante. que as heterogêneas apresentam mais de uma
As fases podem ser sólidas, líquidas ou ga- fase. Para exemplificar, pensemos em algumas
sosas. Quase todas as combinações de fases são misturas homogêneas: a água salgada (composta
possíveis, exceto quando há a presença de uma principalmente por água e cloreto de sódio), a
única fase gasosa (RUSSELL, 1994). gasolina (composta principalmente por hidrocar-
bonetos e água), o vinagre (composta principal-
mente por ácido acético e água), o aço-carbono
(ferro, carbono, manganês, silício e fósforo), o ar
atmosférico (oxigênio, nitrogênio e dióxido de
carbono), entre outros. Os componentes podem
estar presentes nessas misturas em qualquer nú-
mero (RUSSELL, 1994).
A mistura homogênea, com uma única fase, é
usualmente chamada de solução. Para distinguir
solução de substância pura, nos laboratórios, po-
demos utilizar a propriedade física de temperatu-
ra de mudança de fase, ponto fusão, ebulição etc.
Uma substância pura, como a água, ferve e muda
de fase em uma temperatura fixa. Já uma solução,
ou uma mistura homogênea, como a água salgada,
tem a temperatura de ebulição aumentada gra-
dualmente. Isso ocorre devido ao fato do ponto de
Figura 2 - Mistura com duas fases: água e gelo
ebulição da solução depender da composição da
mistura, ou seja, o quanto temos de cada um dos
produtos que formam a mistura (RUSSELL, 1994).
Misturas Homogêneas As misturas heterogêneas são mais fáceis de
e Heterogêneas serem identificadas, pois formam mais de uma
fase. São exemplos de misturas heterogêneas: água
A mistura é uma reunião ou uma combinação com óleo, água e gelo, areia e pedra, entre outros.
física de duas ou mais substâncias, nas quais cada Agora que já entendemos os conceitos de
uma mantém sua própria identidade química misturas, estamos aptos a iniciar os estudos das
(ou seja, quando não ocorre uma transformação técnicas de separação, que nos permite separar
química entre os compostos para produzir no- os componentes de uma mistura. Antes disso,
vos produtos com outras identidades químicas). irei apresentar mais uma propriedade das subs-
Há autores que denominam as misturas como tâncias, a solubilidade, que nos auxilia no enten-
dispersão. Em relação ao estado físico, as mistu- dimento da formação de misturas homogêneas
ras podem ser classificadas em misturas sólidas, e heterogêneas que ocorrem, por exemplo, em
líquidas e gasosas (LENZI et al., 2012). processos de dissolução.
dissolver
soluto + solvente solução
cristalizar
UNIDADE 6 163
processo está em um equilíbrio Neste tipo de solução, como a concentração do soluto é mais alta
dinâmico, formando uma solu- que a concentração de equilíbrio (da solução saturada), a solução
ção saturada. Neste caso, o so- formada é instável, podendo formar precipitado (BROWN et al.,
luto adicional que for adicionado 2005) ou corpo de fundo, que nada mais é do que o composto sólido
a essa solução saturada não será não dissolvido no fundo do recipiente. Podemos observar tal fato
dissolvido. A quantidade má- com nosso exemplo do sal em água. Inicialmente, verificamos que
xima de soluto necessária para todo o sal se dissolve na água. Quando uma grande quantidade de
formar uma solução saturada sal é adicionada, ultrapassando a solubilidade ou curva de solubi-
em certa quantidade de solvente lidade do sal, a água não consegue mais dissolver o sal excedente
é conhecido como solubilidade e ele passa a se depositar no fundo do recipiente na forma sólida.
(BROWN et al., 2005). Um exem- A curva de solubilidade, também conhecida como curva de
plo seria a solubilidade do sal de saturação, é encontrada na literatura para grande parte dos casos
cozinha em água. Na temperatu- práticos, ou seja, temos uma grande quantidade de valores de so-
ra de 20 ºC, a solubilidade é de lubilidade tabelados. Ela nos permite prever a quantidade de sóli-
35,7 g em 100 mL de água. Essa do que podemos adicionar em um solvente de forma a conseguir
é a quantidade máxima de NaCl dissolvê-lo por completo. Um exemplo de curva de solubilidade é
que pode ser dissolvida em água dado conforme a figura a seguir:
para produzir uma solução em
Coeficiente de Solubilidade
equilíbrio estável. ( gramas de soluto/100g de água )
Se dissolvermos menos so-
luto do que essa quantidade ne-
KNO3
140
cessária para formar a solução
saturada (valores menores que o 120
coeficiente de solubilidade), cha- 100 K2CrO4
mamos de solução insaturada. 80
No exemplo anterior, se dissol-
60 NaCl
vermos 10 g do sal em 100 mL
de água, na temperatura de 0 ºC, 40
formaremos uma solução insatu- 20 Ce2(SO4)3
rada, pois nosso solvente água te-
ria a capacidade de dissolver mais 20 40 60 80 Temperatura (°C)
soluto (BROWN et al., 2005). Figura 3 - Curva de solubilidade para alguns sais
Uma outra situação é a pos-
sibilidade de formar soluções Para fazer uso deste gráfico, em uma temperatura constante, verifica-
que contenham uma maior mos no eixo “x” qual a temperatura (por exemplo T = 40 °C) em que
quantidade de soluto do que se se encontra o solvente e “subimos” por uma linha vertical até atingir
é necessário para formar a so- a curva de solubilidade (por exemplo, a curva do NaCl). Projetamos
lução saturada (valores maiores esse ponto no eixo “y” e descobrimos a quantidade máxima de soluto
que o coeficiente de solubilida- que consegue ser dissolvida em 100 gramas de água. No exemplo dado,
de), nesses casos, chamamos na temperatura de 40 °C, conseguiríamos dissolver, no máximo, 40 g
a solução de supersaturada. de NaCl em 100 gramas de água para formar uma solução saturada.
UNIDADE 6 165
H(+) H(+)
O(-)
Efeitos da Temperatura
90 NO
3
Na
Solubilidade (g de sal em 100g de H20)
80
70
7
2O
Cr
Cl 2
3
O
Ca )2
2
K
60
KN
NO3
(
50 Pb
KCl
Molécula de água 40 NaCl
30
lO
Efeitos da Pressão
3
20 KC
Na
dade máxima desse composto
Solubilidade (g de sal em 100g de H20)
80
que pode ser dissolvida em 100
gramas de água na tempera- 70
7
O 2
Cr
Ca )2
2
K
60
KN
O3
essa mistura? ( N
50 Pb
Para resolver esse proble- KCl B
ma, devemos consultar a curva 40 NaCl
de solubilidade. No eixo “x, na A
temperatura de 20 °C, subimos 30
lO 3
com uma reta vertical até cru- 20 KC
zar a curva de solubilidade do C
nitrato de potássio. Na intersec- 10 Ce2(SO4)3
ção dessa linha, marcamos um 0
ponto. Então, projetamos esse 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
ponto no eixo “y” por meio de Temperatura (°C)
uma reta horizontal e, dessa for- Figura 7 - Curva de solubilidade para alguns sais (pontos de saturação)
ma, descobrimos o valor de 30 Fonte: adaptada de Brown et al. (2005).
UNIDADE 6 167
Se temos pontos acima da curva de saturação a solução insaturada. Esta é a região em que
(PONTO B, quando misturamos por exemplo temos uma concentração de soluto menor que a
50 g de NaCl, em 100 g de água a 90 °C), isto nos solubilidade do composto e, consequentemente,
indica que existe uma quantidade excedente de uma mistura homogênea. Nesta região, ainda
sal que a água não consegue mais dissolver, for- podemos adicionar o composto sólido na água
mando uma solução supersaturada. A qualquer permitindo sua dissolução completa (CÉSAR,
instabilidade no sistema (agitação, mudança de 2017, on-line)1.
temperatura etc.), o excedente de sal se precipita
no fundo, formando duas fases, caracterizando
uma mistura heterogênea, e a solução se torna Prática 1: Precipitação do
saturada com a presença de corpo de fundo (CÉ- Carbonato de Cálcio
SAR, 2017, on-line)1.
Para os pontos abaixo da curva de saturação Nessa prática, iremos verificar experimentalmente
(PONTO C, quando dissolvemos, por exemplo, a formação de compostos com baixa solubilidade
20 g de NaCl em 100 g de água a 90 °C), temos em água e a formação do corpo de fundo.
1.0 Objetivos
2.0 Introdução
As águas utilizadas para consumo humano, e também nos processos industriais, possuem, entre
os constituintes, o bicarbonato de cálcio (Ca(HCO3)2), um sal solúvel em água. Na presença de
calor, esse composto se decompõe em carbonato de cálcio (CaCO3), água (H2O) e dióxido de
carbono (CO2). A reação química que representa essa transformação é dada a seguir:
3.1 Materiais
• Solução de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) 0,02 mol/L.
• Indicador fenolftaleína.
• Tubo de ensaio.
• Canudo.
3.2 Procedimentos
• Adicionar um volume qualquer da solução de hidróxido de cálcio em um tubo de ensaio.
Encher até, aproximadamente, metade do tubo de ensaio.
• Adicionar 1 gota do indicador de fenolftaleína e agitar.
• Observar a coloração formada.
• Assoprar dentro do tubo de ensaio com o canudo.
• Observar a mudança de coloração.
• Deixar o tubo de ensaio em repouso por alguns minutos, verificar a formação do precipitado.
UNIDADE 6 169
4.0 Conclusões
Inicialmente, tem-se dentro do tubo de ensaio hidróxido de cálcio (Ca(OH)2). Quando adi-
cionado fenolftaleína ao meio, este se torna rosa, devido ao fato do meio ser básico. Essa base
se dissocia em meio aquoso, formando o íon cálcio e hidroxila, conforme a reação a seguir:
O cálcio presente na água (Ca2+) reage com o íon carbonato ( ) para formar o carbonato
de cálcio (CaCO3), que é insolúvel e precipita na água, de acordo com a reação a seguir.
Ca2+ + CaCO3(s)
Como há a formação do precipitado, a solução começa a perder a cor (rosa forte) e fica com
a cor opaca, indicando a formação do precipitado.
Após um tempo em repouso, é possível observar que o precipitado se deposita no fundo
do tubo de ensaio.
Desse processo, pode-se vislumbrar, experimentalmente, a ocorrência de uma transformação
química, a formação de novos compostos, a presença de compostos com baixa solubilidade
que se precipitam, formando o corpo de fundo.
Esse processo, realizado em pequena escala, é uma demonstração do que ocorre em escala
industrial, que pode reduzir a eficiência das caldeiras, pois esse precipitado formado é isolante
térmico e reduz o processo de troca térmica. Como consequências mais drásticas, pode ocorrer
o entupimento dos tubos, aumento da pressão e, até mesmo, explosões. Assim justifica-se o
tratamento prévio da água, como, por exemplo, na utilização de colunas de troca iônica, a fim
de remover o íon cálcio presente na água.
A B C D
UNIDADE 6 171
nica dissolvida, formando um composto insolú- • Separação magnética: processo utilizado
vel e mais denso que a água. Ainda no tanque de em microescala e também em grande escala
decantação, esse composto, mais denso, formado industrial, realizado por um ímã para a sepa-
deposita-se no fundo, permitindo sua separação. ração de metais contaminantes. É muito utili-
Alguns métodos aplicados para a separação zado por empresas extrativistas de minério de
são simples e comuns ao nosso dia a dia, como a ferro, indústrias de alimentos para separação
catação de feijão antes de cozinhar, com a seleção de contaminantes metálicos, entre outras.
dos grãos ou a separação das cascas de amendoins • Dissolução fracionada: ocorre quan-
pelo processo de ventilação. No entanto, o pro- do um componente sólido, presente em
cesso de separação de misturas pode ser muito uma mistura entre sólidos, é solúvel em
complexo, envolvendo fenômenos da Engenharia, um determinado líquido. Neste caso, um
especialmente pela sua grande aplicação para a dos componentes é dissolvido no solvente,
indústria de transformação. formando uma solução, e o componente
insolúvel é separado, por decantação, fil-
tração, entre outros. Industrialmente, esse
Separação de Misturas processo é conhecido como extração por
Heterogêneas solventes. Um exemplo deste caso está no
processo de separação do sal da areia. O sal,
O Engenheiro é um profissional que atua em di- solúvel em água, é dissolvido na água e, por
versas áreas, assim, é importante obter o conhe- meio de uma filtração, utilizando um filtro,
cimento do processo de separação sólido-sólido. consegue separar a areia, restando apenas a
Uma mistura que envolve dois sólidos pode ocor- água e sal. Então, por meio de um processo
rer, por exemplo, com o arroz e sua casca. Entre os de evaporação, em que a água é evaporada,
processos mencionados, destacamos: é separado o sal no estado sólido.
• Catação: é um método rudimentar, no
qual a separação pode ser feita manual- Ainda dentro do sistema de separação de misturas
mente com as mãos ou com uso de instru- heterogêneas, iremos ver o sistema de separação
mentos, como pinças, em que são separados sólido-líquido.
os componentes sólidos de interesse, como: • Decantação: é quando a fase sólida, de
extração de pedras preciosas, separação da maior densidade, sedimenta-se, ou seja,
sujidade do feijão, ervilhas, entre outros. assenta-se no fundo do recipiente. Nas es-
• Ventilação: separam-se a parte sólida tações de tratamento de água, após chuvas
(mais leve), pelo uso de uma corrente de volumosas, a água coletada pode estar bar-
ar (ventilação). Isso ocorre, por exemplo, renta. É então deixada em repouso para que
na separação da casca de amendoim. seus sedimentos se assentem no fundo do
• Levigação: com a passagem de água cor- tanque. Esse processo é chamado de decan-
rente, o componente de menor densidade é tação, pois a fase de maior densidade irá
arrastado e separado. Como exemplo, pode- separar das demais. Pode ser, ainda, adicio-
mos citar o processo de separação de areia nado compostos floculantes que se agregam
e ouro: o ouro, que tem maior densidade, às sujidades, tornando-as ainda mais den-
fica retido, enquanto que a areia é separada. sas, acelerando o processo de decantação.
Água Decantação
Barrenta Líquido
Separado
Sifonação Líquido
Separado
Figura 8 - Decantação
Fonte: adaptada de Peripato ([2019], on-line)2.
UNIDADE 6 173
Figura 10 - Filtração comum
ar puro
ar + poeira
• Filtração: é um processo simples e eficiente na separação dos gases e sólidos formados ao lon-
go de um processo industrial. Assim, o filtro utilizado retém as partículas de poeiras, evitando
contaminação do ambiente e exposição na atmosfera.
UNIDADE 6 175
Separação de Misturas ção da mistura homogênea. Pode ser se-
Homogêneas parado sal dissolvido na água, até mesmo
álcool e água. A condição para que ocorra
Uma mistura homogênea ocorre, por exemplo, no a separação é que a substância a ser des-
processo de produção do etanol. Após a fermen- tilada (separada) deve ter um ponto de
tação, em uma das etapas finais do processo, res- ebulição mais baixo do que o restante da
tam, majoritariamente, dois compostos: a água e mistura. A mistura (presente em um balão
o etanol. Para comercialização e atendimento aos de fundo redondo) é aquecida (por uma
padrões de qualidade, deve-se purificar o etanol. manta ou bico de Bunsen) e os vapores
Utiliza-se, por exemplo, o processo de destilação, são conduzidos por meio de uma tubula-
capaz de separar os componentes de uma mistu- ção de vidro (cabeça de destilação) até um
ra homogênea, devido a diferenças existentes no condensador em que os vapores quentes
ponto de ebulição da água e etanol. trocam calor, condensam-se e se liquefa-
As principais técnicas são destacadas a seguir: zem. Esse líquido é chamado de destilado,
• Evaporação: é um processo físico para sendo separado em um béquer ou erlen-
separar componentes de uma mistura meyer (LENZI et al., 2012).
homogênea. Normalmente, a fase líquida, • Destilação fracionada: é um processo
o solvente, vaporiza sob a ação do calor físico de separação dos componentes de
(fornecido por um bico de Bunsen, manta misturas líquidas em suas frações, desde
aquecedora), deixando a fase sólida que é que os componentes formadores da mis-
o soluto. Na evaporação, não há o interesse tura tenham diferentes pontos de ebuli-
em se coletar o vapor que se desprende da ção. A diferença com a destilação simples
mistura (LENZI et al., 2012). é que entre o condensador e o balão de
• Destilação simples: a propriedade física fundo redondo há uma coluna de vidro
em que cada substância líquida tem um de fracionamento. A coluna de fraciona-
valor específico de temperatura de ebuli- mento é projetada de tal forma que ela di-
ção é o que permite a destilação e separa- ficulta a passagem de um dos compostos.
UNIDADE 6 177
Resposta: e)
Prática 2:
Preparação de
uma Mistura
Composta de
Água, Sal de
Cozinha e Areia
2.1 Materiais
• Frasco com água pura.
• Frasco com cloreto de sódio puro (NaCl).
• Frasco com areia pura.
• Balança analítica.
• Bastão de vidro.
• Béquer de 100 mL.
• Dois béqueres de 50 mL.
UNIDADE 6 179
• Ao copo béquer contendo a solução de sal e água, adicionar os Z g de areia. Agitar o
sistema com o bastão de vidro. Deixar em repouso. Observar e responder as questões:
Quantas espécies químicas apresenta o sistema? (Suponha que a areia seja um componente puro).
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
3.0 Conclusão
Verificar, experimentalmente, como pode ser separada uma mistura diversa composta por sal
de cozinha, areia e água.
2.1 Materiais
• Os 40 g de mistura preparado na etapa anterior.
• Papel de filtro analítico.
• Bastão de vidro.
• Suporte universal com anel suporte para o funil.
• Proveta ou balão volumétrico com capacidade para 100 mL.
• Pissete com água pura.
• Balança analítica.
• Vidro de relógio.
• Estufa.
• Dessecador.
• Cápsula de porcelana.
• Pipeta volumétrica de 25 ou 20 mL.
• Tripé ou suporte universal para tela de amianto.
• Sistema de gás.
UNIDADE 6 181
• Esperar a filtração. Ao final, lavar o papel de filtro por 3 a 4 vezes com água destilada
para remover todo sal que possa estar impregnado.
• O papel de filtro com areia é colocado em um vidro de relógio e levado à estufa a 110 °C
para secar.
• Após, é colocado no dessecador para resfriar até a temperatura ambiente.
• A seguir, é pesado, registrando a massa da areia com o papel de filtro (Mt = _______ g).
• Calcular a massa de areia: _________________ g.
• Pesar a cápsula de porcelana com vidro de relógio e registrar a massa mCV: ______ g.
• Homogeneizar o filtrado utilizando um bastão de vidro limpo.
• Com a pipeta volumétrica, transferir para a cápsula 25 mL do filtrado.
• O sistema cápsula + filtrado com vidro de relógio em cima é levado sobre a tela de
amianto para, com auxílio do bico de Bunsen, evaporar a água.
• O aquecimento deve ser cuidadoso para não se perder sal com excesso do calor.
• Ao se verificar que na cápsula de porcelana não há mais água para evaporar, com uma
pinça, retira-se a cápsula que é colocada no dessecador para esfriar. Após esfriar, pesar
a cápsula com o sal registrando a massa total mT = ________ g.
Em relação a massa do sal inicial e o valor obtido experimentalmente, calcular o erro absoluto
e o erro relativo.
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Nesta prática, iremos estudar um processo especial de separação, que é a extração de óleos essenciais
por arraste a vapor, que é explanado na introdução da prática.
1.0 Objetivos
Essa prática tem como objetivo extrair o óleo essencial de citronela ou outra planta utilizando
o método de hidrodestilação.
2.0 Introdução
UNIDADE 6 183
• Manta de aquecimento.
• Condensador.
• Erlenmeyer.
• Capim cidreira ou Citronela.
4.0 Procedimentos
4.4 Cálculos
Propriedades físicas
Dentro das propriedades físicas dos óleos citronelal e citronelol, a densidade média obtida para
esse óleo é 0,855 a 0,877 g/cm3. Com esse valor de densidade, é possível determinar a massa
de óleo essencial extraída para determinação do rendimento da extração.
Assim, para obter a massa do óleo, é necessário retirar com auxílio de uma pipeta a suspensão
do óleo sem a presença da água (duas fases, mistura heterogênea) e dispor em uma proveta para
medir o volume obtido após a extração.
Neste caso, o volume obtido foi de: ________ mL.
Agora com os dados referentes ao valor da densidade = 0,855 a 0,877 g/cm3 e aplicação do
volume obtido em mL durante a extração, determina-se a massa:
m = ________ g
Conclusão
A aula prática permitiu maior entendimento em torno do objetivo proposto por meio da ex-
tração por hidrodestilação e obtenção final do óleo essencial. Foi possível verificar, também, o
uso de alguns equipamentos básicos existentes em laboratórios químicos, tais como a balança
analítica para pesagem, béquer para armazenamento, balão de aquecimento, manta aquecedora,
condensador para condensação do vapor, pipeta para coleta de pequenas amostras, entre outros.
Esse método vem atuando de forma didática, como um importante meio de obter óleo
essencial de forma simples e com pouca perda de qualidade. Entretanto, o Engenheiro dificil-
mente atuará com um método tão rústico na indústria de processos, especialmente pelo baixo
rendimento apresentado e dificuldade em otimizar a escala produtiva, sendo empregados outros
equipamentos que realizam a extração com maiores rendimentos.
UNIDADE 6 185
Assim, verificamos, nesta unidade, os conceitos de misturas homogêneas e heterogêneas. Vimos que as
transformações químicas podem gerar subprodutos de reação ao mesmo tempo que geram os produtos
de interesse, produzindo misturas que precisam ser separadas. Vislumbramos que as propriedades fí-
sicas das substâncias, tais como densidade, ponto de ebulição, solubilidade, dentre outras, nos permite
separar os compostos de interesse. Recapitulamos as principais técnicas de separação, envolvendo
misturas sólidas, líquidas e gasosas de misturas homogêneas e heterogêneas.
O estudo das técnicas de separação nos exigiu o conhecimento de uma outra importante propriedade
dos compostos, a solubilidade. Verificamos os diagramas de solubilidade e aprendemos a interpretar
corretamente esses diagramas, conhecendo as distintas regiões (insaturada, saturada e supersaturada).
Verificamos que esses diagramas nos fornecem informações importantes na dissolução de sais em água
de modo a impedir a formação do corpo de fundo.
Além disso, temos procurado, no decorrer de nosso curso, não limitar aos conceitos químicos e ao
que ocorre apenas no interior de um laboratório. Sempre que possível, procuramos fazer uma ponte
entre o conhecimento, entre o laboratório e a indústria, haja visto que a indústria de transformação
nada mais é que um laboratório que opera em grande escala.
Na próxima unidade, iremos tratar de um assunto de grande importância para o laboratório e para
as indústrias: as soluções. Até breve!
CaO H 2O Ca OH 2
187
a) 100.
b) 560.
c) 1 000.
d) 2 000.
e) 10 000.
188
4. Os processos de separação são interessantes para separação de compostos
que são desejáveis daqueles que são indesejáveis. Por exemplo, para separa-
ção das misturas gasolina-água e nitrogênio-oxigênio, podem ser utilizados os
respectivos processos:
a) Decantação e liquefação.
b) Dedimentação e destilação.
c) Filtração e sublimação.
d) Destilação e condensação.
e) Flotação e decantação.
189
LIVRO
190
BROWN, T. L. et al. Química: A Ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.
LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2012.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.vestibulandoweb.com.br/quimica/teoria/classificacao-solucoes-saturacao.asp> Acesso em:
05 abr. 2019.
2
Em: <https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/decantacao>. Acesso em: 05 abr. 2019.
3
Em: <https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Vinho/SistemaProducaoDestiladoVinho/
destilacao.htm>. Acesso em: 05 abr. 2019.
191
1. E.
56 g ................. 74 g
A partir da equação de decomposição do carbonato de cálcio, que origina o óxido de cálcio, pode ser cal-
culada a massa do carbonato usada:
100g ......... 56 g
Visto que o rendimento do processo em relação é de apenas 50%, a massa de carbonato a ser empregada
será o dobro, portanto 2000 ton. Ainda, levando-se em conta que de cada 50 g de amostra de calcário,
apenas 10 g são do carbonato, a massa de amostra que irá originar as 2000 ton de carbonato de cálcio será:
2. E.
Nesta questão, temos o impulso de marcar supersaturada. Contudo antes de atingir o estado de supersa-
turação, ela atinge a curva de saturação, que corresponde à quantidade máxima de soluto que pode ser
dissolvida no solvente.
3. C.
II. Falso. Soluções saturadas apresentam soluto dissolvido em quantidade igual ao coeficiente de solubilidade.
III. Verdadeiro. A variação da pressão altera a solubilidade dos gases nos líquidos. Aumentando a pressão,
a solubilidade aumenta.
IV. Falso. Existem substâncias que têm a solubilidade em água diminuída com aumento da temperatura.
V. Falso. Mistura homogênea, pois é possível verificar apenas uma única fase.
4. A.
A gasolina e a água são líquidos praticamente insolúveis e podem ser separados por decantação, por exemplo, em
um funil de separação. O oxigênio e o nitrogênio são separados por liquefação e posterior destilação fracionada.
192
193
194
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Soluções
PLANO DE ESTUDOS
Titulações: medidas de pH
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar os conceitos de soluções, concentrações e dilui- • Entender o conceito de titulações, medidas de pH, na
ções, na teoria e na prática. teoria e na prática.
Soluções,
Concentrações
e Diluições
UNIDADE 7 197
Iremos verificar esses conceitos de tipos de medidas diretas de massa (kg), volume (L), e não
concentração, como preparar uma solução com o mol (LENZI et al., 2015). Porém, em virtude
concentração conhecida, diluições, uso do espec- do uso de diferentes unidades, apresentaremos, a
trofotômetro por meio de uma prática intitulada seguir, os principais tipos de concentração. Alguns
Degradação de Corantes Alimentícios, logo mais dos nomes estão em desuso (apenas o nome, não
à frente! as unidades), como é o caso da molaridade.
Os termos concentrados e diluídos são bastante
utilizados para dar uma indicação qualitativa
Concentração da concentração e o soluto em uma solução.
Concentrado implica em uma concentração
Para entender o que é a concentração, a definição relativamente alta de soluto e diluído, uma
de soluto, solvente e solução, vamos pensar no concentração relativamente baixa (RUSSEL, 1994).
exemplo da solução que preparamos dissolvendo
2 g do sal de cozinha (NaCl) em 1 L de água. As-
sim, reafirmamos a definição de solução que já Concentração Comum (C)
falamos anteriormente: uma mistura homogênea
entre o soluto e o solvente. A concentração comum relaciona a massa do
Dizemos que a concentração de uma solução é soluto (m1) e o volume da solução (V), dado de
a relação entre a quantidade do soluto (que seria o acordo com a expressão a seguir:
sal de cozinha) e a quantidade de solvente (quanti-
m1
dade de água) ou a quantidade de solução (que é a C=
V
quantidade do soluto mais a quantidade do solven-
te). De uma maneira mais genérica, concentração A unidade usualmente utilizada é g/L – isso
é a razão entre a quantidade de soluto pela quan- quando a massa do soluto estiver em gramas e o
tidade de solvente ou pela quantidade de solução volume estiver em litros (L) (LENZI et al., 2015).
(LENZI et al., 2015), conforme a equação a seguir:
Exemplo 1: NaCl a 2 g/L: em 1 litro da solução,
Quantidade � de
� soluto temos 2 gramas de NaCl.
Concentração =�
Quantidade � de
� solvente
Quantidade � de
� soluto Concentração Molar (M) ou
Concentração =�
Quantidade � de
� solução em Quantidade de Matéria
(Molaridade)
A IUPAC (União Internacional de Química Pura
e Aplicada) recomenda a utilização do mol para Provavelmente, é a unidade de concentração mais
representar a quantidade de matéria, conforme usada em soluções aquosas. Relaciona o número de
verificamos em nossas primeiras unidades. Po- mol do soluto (n1) e o volume da solução (V) (RUS-
rém, na prática, a quantidade de matéria de um SEL, 1994), dado de acordo com a expressão a seguir:
determinado composto continua a ser medido
n1
por sua massa, volume, entre outros. Isto talvez se M =�
V
deva ao fato de nossos instrumentos fornecerem
198 Soluções
A quantidade de matéria (n1) é dada em mol e o Essa relação não apresenta unidade de medida por
volume na unidade litro (L). se tratar de uma divisão de massas com a mesma
unidade, ou seja, anulam-se.
Exemplo 2: NaCl a 2 mol/L: em 1 litro da solução,
temos 2 mols de NaCl. Exemplo 3: NaCl a 2% em massa: em 1 quilograma
da solução, temos 0,02 quilogramas de NaCl, ou seja:
nº mol do componente 1
x componente 1
nº mol componente 1 + nº mol componente 2 + ...
Relaciona o volume ocupado pelo soluto (V1) e o volume da solução (V), como na expressão a seguir:
V1
TV =
V
O título em volume não apresenta unidade de medida por se tratar de uma divisão de volumes com a
mesma unidade, ou seja, anulam-se.
0 02 L ácido acético
TV 2 100 2%
1 L de solução água ácido acético
Como o volume da solução é resultante da soma do volume do soluto (V1) e o volume do solvente
(V2), podemos reescrever a fórmula do título em volume da seguinte maneira:
V1
TV
V1 V2
UNIDADE 7 199
PPM ummilhão de partes de solução. As partes men-
cionadas podem ser: 130 gramas de cloro em
Essa forma de expressar a concentração é utilizada 1.000.000 de gramas da solução.
quando a relação entre a quantidade de soluto e a O termo ppm é bastante empregado na indús-
quantidade de solução é muito pequena. A expres- tria de forma geral, então bastante atenção! Um ou-
são ppm significa partes por milhão, ou seja, uma tro exemplo, se for mencionado que a quantidade
parte do soluto lhe correspondem a um milhão de máxima permitida de chumbo nas águas de abaste-
partes da solução. Em termos numéricos a 1,0 g cimento público é de 0,015 ppm, isso significa que
de soluto lhe correspondem 1,0 . 106 g de solução. são 0,015 g ou 15 mg de chumbo em 1 milhão de
Outros nomes podem ser utilizados, como ppb gramas de solução. Veja que trabalhamos apenas
(parte por bilhão), ppt (partes por trilhão) (LENZI com os prefixos do números, que já estudamos.
et al., 2015). A expressão é:
Fração Molar
1 parte
ppm =
1.000.000 partes
Trata-se de um número adimensional (que não
Também não apresenta unidades de medida por possui unidade de grandeza) que correlaciona a
se tratar de uma divisão entre números que pos- quantidade de um componente em uma mistura.
suem a mesma unidade. É indicada como sendo a razão do número de
mols daquele componente pelo número de mols
Exemplo 5: detergente alcalino clorado, com de todos os componentes (composto 1 + compos-
130 ppm de cloro, temos 130 partes de cloro em to 2) (RUSSEL, 1994).
nº mol do componente 1
x componente 1
nº mol componente 1 + nº mol componente 2 + ...
A soma da fração molar de todos os componentes de uma mistura é sempre igual a 1, ou seja:
xcomposto �1 xcomposto
� 2 xcomposto � 3 1
Exemplo 6: uma solução de Hidróxido de Sódio (NaOH) foi preparada a partir de 250 mL de água
destilada e 12 g do soluto. Calcular a fração molar do NaOH nessa solução.
Primeiramente, deve-se calcular o número de mols do NaOH, a partir da massa molar do com-
posto (40 g/mol):
40 g NaOH ................ 1 mol
12 g NaOH ................. x x = 0,3 mol NaOH
Em seguida, calcula-se o número de mol de H2O contidos em 250 mL. Considerando que a densidade
da H2O é 1 g/mL, em 250 mL de H2O, temos 250 g de H2O. Assim:
18 g H2O ................. 1 mol
250 g H2O ................. x x = 13,89 mols H2O
200 Soluções
Desta forma, a fração molar é calculada como segue:
n° mol do componente NaOH 0, 3
xNaOH = = = 0 0211 ou 2, 11%
n° mol componente NaOH + n° mol componente H 2O 13, 89 + 0, 3
Qual seria a fração molar da H2O?
xNaOH + xH 2 O = 1
0, 0211 + xH 2 O = 1
xH 2 O = 0 9789 ou 97 89%
Fração Mássica
É muito semelhante à fração molar, contudo, no lugar do número de mols, é utilizado a massa dos compostos.
massa � do
� componente1�
xcomposto�1
massa � componente
� 1 massa � componente� 2
A soma da fração mássica de todos os componentes de uma mistura é sempre igual a 1, ou seja:
xcomposto �1 xcomposto
� 2 xcomposto � 3 1
Exemplo 7: em um determinado equipamento industrial, há uma entrada de 100 kg/h de uma mistura
de etanol e água. Sabendo que a fração mássica do etanol é 0,7, determine a quantidade, em kg/h, que
entra de etanol e de água.
Para calcular a quantidade de etanol, basta multiplicar a entrada pela fração mássica:
Etanol = 0,7 . 100 kg/h = 70 kg/h de etanol.
E a quantidade de água? Ora, se entra 100 kg/h, e 70 kg é etanol, 30 kg é água. O que acabamos de fazer
é utilizar a fórmula da soma das frações mássicas sendo igual a 1. Caso ainda haja dúvidas, vamos fazer:
Precisamos da fração mássica da água:
xetanol xágua 1
0, 7 xágua 1
xágua = 0, 3
UNIDADE 7 201
Estudamos, em unidades anteriores, a densidade, e vimos que ela é uma relação entre a massa e o
volume, dada, por exemplo, em gramas/litro. A densidade é uma unidade de concentração? Qual a
diferença entre a densidade e a concentração?
Preparo de Soluções
202 Soluções
Figura 1 - Acerto do menisco do balão volumétrico empregado para o preparo e diluição de soluções
É importante lembrar que, ao preparar soluções Exemplo 8: preparar uma solução 20 mg/L de
utilizando esse equipamento, primeiramente hidróxido de sódio (NaOH).
adicionamos o reagente (sólido ou líquido), em O NaOH é vendido no estado sólido. Assim,
seguida, completamos com o solvente, sendo bas- para preparar essa solução, devemos pesar 20 mg ou
tante empregada à água. Devemos completar com 0,02 g dessa substância, transferir para um balão vo-
o solvente até a marcação do menisco, sendo que a lumétrico de 1 L e completar com água até a marca.
curvatura da interface líquida formada deve ficar
exatamente acima da marcação do instrumento, Exemplo 9: preparar 250 mL de solução, 20 mg/L
conforme demonstra a realidade aumentada. de hidróxido de sódio (NaOH).
Em alguns casos, para evitar desperdícios, não
desejamos preparar 1 L, mas apenas 250 mL de
A partir de Soluto Sólido solução, como proceder?
Basta fazer uma simples regra de três. A solu-
As soluções podem ser preparadas a partir de ção inicial tem volume de 1000 mL ou 1 L, que
um soluto sólido ou um soluto que está con- conterá 20 mg de NaOH, mas queremos apenas
tido em uma solução líquida. Quando traba- 250 mL dessa solução, então, qual deve ser a massa
lhamos com o soluto no estado sólido, basta de NaOH que devemos dissolver nesses 250 mL?
pesarmos a quantidade desejada para que seja
dissolvida no solvente, utilizando um recipien- 1000 mL de solução .............. 20 mg NaOH
te de medida de volume adequado, tal qual o 250 mL de solução ............... x
balão volumétrico. x = 5 mg de NaOH
UNIDADE 7 203
Isto é, devemos dissolver 5 mg ou 0,005 g dessa Como já mencionamos anteriormente, em
substância em um volume que completará os diversos casos, é difícil pesar um soluto líquido.
250 mL da solução, utilizando um balão volu- Devemos transformar a massa (50 g) em volume,
métrico de 250 mL. Repare que a concentração e como fazer isso? Já temos essa resposta, devemos
é a mesma: 20 mg/L: usar a densidade!
Utilizando uma regra de três para estimar a
5 mg NaOH massa necessária para o preparo dessa solução:
C= = 20 mg L
0 25 L de solução
1000 mL de solução .............. 50 g butanol
A Partir de Soluto Líquido 500 mL de solução ............... x
x = 25 g de butanol
Quando não há necessidade de algum formato de
concentração específica, por exemplo, em mol/L, Agora, transformamos essa massa em volume
o processo mais fácil é trabalhar com a concentra- com o uso da densidade. A densidade do buta-
ção na unidade de volume/volume, como o Título nol na temperatura de 20 °C é 0,81 g/mL, ou seja,
em Volume, visto anteriormente (TV). 0,81 g de butanol corresponde a um volume de
1 mL. Assim:
Exemplo 10: preparar 100 mL de uma mistura
aquosa de glicerina com concentração de 20 mL/L, 1 mL de butanol .............. 0,81 g butanol
ou seja, 20 mL de glicerina para 1 litro de solução. x ............... 25 g butanol
A concentração desejada é 20 mL/L, mas não x = 30,86 mL de butanol
queremos preparar 1L, necessitamos apenas de
100 mL dessa solução. Dessa forma, devemos uti- Logo, se utilizarmos 30,9 mL de butanol, que será
lizar uma regra de três para determinar a quanti- dissolvido até o volume de 500 mL de solução,
dade de soluto necessária: obtemos 500 mL de solução com a concentração
de 50 g/L.
1000 mL de solução .............. 20 mL Glicerina
100 mL de solução .............. x
x = 2 mL de glicerina A partir de uma Solução:
DILUIÇÃO
Isto é, devemos utilizar 2 mL de glicerina para ser
dissolvido em 100 mL de solução. Dessa forma, A palavra diluição é usada quando uma solução
obtemos 100 mL de solução com a concentração pode ser mais diluída pela adição de mais solven-
de 20 mL/L. te (RUSSEL, 1994). Em grande parte dos casos
Contudo, e quando temos um soluto líquido práticos, não temos uma substância pura para o
e nos é solicitado uma concentração em massa, preparo de uma solução. Temos uma solução com
como proceder? alta pureza ou concentração, chamada de solução
estoque; e para o preparo de soluções com con-
Exemplo 11: preparar 500 mL de uma mistura centrações mais baixas, deve ser adicionada água,
aquosa de butanol com concentração de 50 g/L. no processo de diluição (BROWN et al., 2005).
204 Soluções
O ácido sulfúrico, por exemplo, é comumente Trata-se de um título em massa, ou seja, temos
comercializado em frascos de soluções concentra- 0,96 grama do ácido sulfúrico diluído em 1 gra-
das com título de 96% (96 cg/g). Para relembrar, o ma de solução. Essa 1 grama de solução deve ser
título de 96% em massa significa: 96 centigramas transformado em volume, e é feito pela densidade:
de ácido sulfúrico em 1 grama de solução ou, ain-
da, 0,96 gramas de ácido sulfúrico em 1 grama de 1,84 g solução ........... 1mL de solução
solução (água mais ácido). O ácido clorídrico é 1 g de solução ............ x
comprado como uma solução de 12 mol/L, bas- x = 0,5435 mL de solução = 0,5435.10-3 L de solução.
tante concentrado para aplicações usuais, sendo Assim, obtemos que
necessário sua diluição (BROWN et al., 2005). 96 g 0 96 g
A técnica da diluição nada mais é do que pe- = = 1766 33 g L
g 0 5435 10−3 L
garmos um volume dessa solução concentrada
que será misturada com um volume de água, a Descobrimos a concentração da solução comer-
fim de diluir essa solução. Por exemplo, temos um cial concentrada, na unidade desejada. Quere-
copo com 30 gramas de sal dissolvido em água, mos preparar 250 mL de solução com concentra-
se pegarmos um pequeno volume desse copo e ção de 150 g/L. Estamos saindo da concentração
colocarmos em outro copo, completando com de 1766,33 g/L (muito grande) para a concen-
água, essa nova mistura estará menos salgada, pois tração de 150 g/L, portanto, precisamos efetuar
efetuamos uma diluição. uma diluição.
A fórmula da diluição é (BROWN et al., 2005): Para fazer essa diluição, devemos pegar uma
alíquota dessa solução concentrada para diluir
CiVi = C f V f 13 em água e produzir a nova solução.
Os dados que temos até o momento:
Em que Ci é a concentração da solução inicial • Concentração solução estoque (inicial):
(mais concentrada), Vi é volume inicial que tem 1766,33 g/L
que ser utilizado dessa solução para o preparo • Volume da solução comercial (inicial):
de uma solução diluída, Cf a concentração final desconhecido
desejada e Vf o volume final desejado (BROWN • Concentração desejada (final): 150 g/L
et al., 2005). • Volume desejado (final): 250 mL
• Substituímos esses dados na fórmula da
Exemplo 12: preparar 250 mL de uma solução diluição:
de ácido sulfúrico com a concentração de 150
CiVi = C f V f
g/L. A solução disponível para o preparado é o
ácido sulfúrico concentrado com título de 96% 1766 33 Vi = 150 250
em massa e densidade de 1,84 g/mL.
Vi = 21, 23� mL
Para realizar essa diluição devemos deixar as
concentrações com a mesma unidade de medida. Resumindo: para preparar 250 mL de solução
Vamos transformar a unidade do título em massa de ácido sulfúrico, com concentração de 150 g/L,
(96%) para a unidade de g/L. Desta forma: devemos separar 21,23 mL da solução de ácido
sulfúrico concentrada (98% ou 1766,33 mL), que
96 cg/g = 96.10-2 g/g = 0,96 g/g. deve ser diluída até o volume de 250 mL.
UNIDADE 7 205
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Agora, aluno(a), iremos verificar como usamos na prática os conceitos de concentração, diluição, e
também trataremos brevemente sobre o uso do espectrofotômetro – um aparelho de laboratório que
pode auxiliar na determinação da concentração de compostos.
1.0 Objetivos
Essa prática tem como objetivo a determinação da concentração do corante, presente em uma
amostra com concentração desconhecida.
2.0 Introdução
Na atualidade, existem diversos alimentos industrializados que utilizam como base de suas
formulações os corantes, naturais ou artificiais, para realçar a cor e melhorar os aspectos visuais
dos alimentos. Nesse sentido, existem resoluções regulamentadoras vigentes no país, como as
resoluções 382 e 388, de 9 de agosto de 1999, da ANVISA (Agência Nacional da Vigilância
Sanitária), que determinam, dentre outros, a concentração máxima permitida de corantes
nos alimentos. No caso de refrigerantes de laranja, as amostras podem conter concentração
máxima de 2,5 mg/L do corante sintético Tartrazina.
Essas resoluções, além da quantidade máxima permitida para não causar danos à saúde
humana, definem o uso de inúmeros outros corantes. Todos os corantes sintéticos ou naturais,
antes de serem liberados para adição e coloração dos alimentos processados, são testados por
órgãos governamentais e não governamentais, sendo elaborados laudos técnicos que informam
sobre sua toxicidade, concentrações, dentre outras informações pertinentes. No Brasil, alguns
dos corantes artificiais permitidos são: amarelo crepúsculo, azul brilhante FCF, bordeaux S
ou amaranto, eritrosina, indigotina, ponceau 4R, tartrazina e o vermelho 40. Também existem
corantes naturais, tais como o açafrão, corante de urucum e cochonilha.
206 Soluções
Um dos cuidados requeridos por esses compostos está relacionado ao processo de estoca-
gem. Os alimentos que contêm corantes, por exemplo, devem ser estocados preferencialmente
em locais em que não ocorre a exposição ao sol ou variações de temperatura, que causam a
degradação da cor desse corante, podendo prejudicar as características visuais dos alimentos.
Uma das formas amplamente utilizadas pela indústria e órgãos fiscalizadores é a utilização
do espectrofotômetro para determinação da concentração de soluções. Esse aparelho emite
uma fonte de luz (energia radiante) contínua sobre a amostra e mede a quantidade de luz que
foi absorvida pela referida solução.
Para determinação da concentração, é necessário, antecipadamente, criar uma curva de
calibração a partir de soluções com concentrações conhecidas, ou seja, uma determinada so-
lução com concentração X terá uma absorbância Y. Com a leitura da absorbância de diversas
concentrações padrões, pode-se correlacionar a absorbância com a concentração, e determinar
a concentração de outras soluções desconhecidas, desde que estas tenham o mesmo consti-
tuinte da solução padrão.
Materiais e Reagentes
• Micropipeta de 1,0 mL.
• Béquer.
• Balança analítica.
• Corante de Alaranjado de Metila (15 mg).
• Amostra com concentração desconhecida de tartrazina.
• Balão volumétrico de 1,0 L.
• Espectrofotômetro.
Procedimentos
• Preparação da solução de tartrazina padrão (15 mg/L)
Para determinar a concentração do corante presente na amostra desconhecida, é ne-
cessário, antes, criar uma curva de leitura que correlaciona os valores de absorbância
que serão fornecidos por meio do uso do espectrofotômetro versus a concentração de
várias amostras padrão de corante tartrazina.
As concentrações da solução de corante a serem produzidas, para criar a curva de leitura
são as que seguem:
Tabela 1 - Concentrações da solução de corante padrão
Concentração mg/L
15
10
7,5
5,0
2,5
0,0
Fonte: o autor.
UNIDADE 7 207
Para produzir uma solução de 15 mg/L de corante, deve-se utilizar a fórmula da concentração:
O valor da concentração inicial é conhecido, 15 mg/L (Tabela 1), a massa a ser pesada na ba-
lança é de 15 mg e o volume a ser completado é de 1 L.
Adicionar a corante previamente pesada em um balão volumétrico de 1 L e completar com
o volume de água até a marcação do balão volumétrico. Assim, tem-se uma solução padrão
de tartrazina com concentração de 15 mg/L. A partir dessa solução, devem ser feitas diluições
para conseguir obter as soluções com concentrações menores de 10, 7,5, 5,0, 2,5 e 1,25 mg/L.
Para a diluição, deve-se utilizar a solução inicial de 15 mg/L, produzida anteriormente, e fazer
o uso da seguinte fórmula:
Nesse caso:
• C1 é conhecido, ou seja, 15 mg/L (solução preparada inicialmente e que será utilizado
para diluição).
• C2 é a concentração desejada, ou seja, 10 mg/L.
• V2 é o volume de solução de 10 mg/L que se deseja preparar, no caso, 1 L.
• V1 é o volume da solução padrão de 15 mg/L que deve ser utilizado para produzir a
solução diluída.
Após determinar o valor de V1, adicionar esse volume em um novo balão volumétrico, e comple-
tar até a marca de 1 L. Dessa forma, produziu-se uma solução padrão de tartrazina de 10 mg/L.
Esse procedimento deve ser repetido para as demais diluições, conforme os valores da Tabela 1.
208 Soluções
Tabela 2 - Leituras da absorbância da Tartrazina
Concentração mg/L Leituras Absorbância
15
10
7,5
5,0
2,5
1,25
Fonte: o autor.
3.0 Conclusões
UNIDADE 7 209
Titulações:
Medidas de pH
210 Soluções
O conteúdo presente na bureta, o titulante, é Os indicadores ácido-base nada mais são que
despejado vagarosamente sobre o titulado, e esse substâncias orgânicas que, quando em contato
volume despejado pode ser medido. Ocorre uma com um ácido, adquirem uma cor e, ao entrar
reação química chamada de neutralização entre em contato com uma base, outra cor. Então, para
o ácido e a base, que se estende até que todo o saber se uma substância é ácido ou base, podemos
ácido ou toda a base seja consumida (ponto em utilizar um indicador ácido/base. São exemplos de
que o número de mols de íons H+ do ácido é indicadores ácido-base: fenolftaleína, alaranjado
igual ao número de mols de íons OH- da base), de metila, papel tornassol e azul de bromotimol.
ponto que é visível pela mudança de cor (devido Há, também, indicadores naturais, como o re-
à presença do indicador que adicionamos inicial- polho roxo, a flor Hortência e o Hibisco (SOQ,
mente), ou seja, o ponto de viragem ou ponto [2019], on-line)3.
de equivalência. Os indicadores ácidos possuem hidrogênio(s)
Neste ponto, a razão do número de mols de áci- ionizável(eis) (H+) (hidroxônio) em sua estrutu-
dos no início para mols da base que foi adicionada ra. Assim, quando o meio está ácido, a molécula
é igual a razão estequiométrica (RUSSEL, 1994). de indicador mantém seus hidrogênios com elas
Uma outra forma de vislumbrar esse ponto é por devido ao efeito do íon comum; nesta situação, a
uma alteração brusca no valor do pH, utilizan- molécula está neutra. Quando o meio está básico,
do-se pHmetros. os hidrogênios do indicador são atraídos pelos
grupos OH- (hidroxila) para formarem água e,
neste processo, são liberados os ânions do indica-
dor (que possuem coloração diferente da colora-
ção da molécula) (UFJF, [2015], on-line)4.
Os indicadores básicos possuem o grupo ioni-
zável OH- (hidroxila), portanto, em meio básico,
as moléculas do indicador não se ionizam (não
são liberadas para o meio); e em meio ácido, os
grupos OH- são retirados das moléculas do indi-
cador para a formação de água, e neste processo
são liberados os cátions (de coloração diferente da
coloração da molécula) (UFJF, [2015], on-line)4.
Podemos enfatizar alguns cuidados em proces-
sos de titulação, para se trabalhar com soluções
nas quais pode-se obter uma maior homogeneida-
de e representatividade, tanto do padrão (titulan-
te) quanto da amostra problema (titulado). É por
isso que, nesta técnica, medimos o volume. Assim,
a titulometria que é baseada em volumes é deno-
minada, na química experimental, de Volumetria
(BROWN et al., 2005). Dessa forma, a solução
indicada em processos de titulação é chamada
Figura 2 - Sistema de titulação de solução padrão, que provém da dissolução
UNIDADE 7 211
de uma quantidade exata de uma substância padrão num volume Medidas de pH
conhecido de solução total. No caso de não possuir a substância
padrão, prepara-se uma solução dita grosseira, ou seja, com uma Como mencionado anterior-
concentração aproximada; depois, com auxílio de uma outra solu- mente, o pH é uma medida que
ção padrão, determina o valor exato de concentração. Esta é uma auxilia na identificação do pon-
operação denominada de padronização, que nada mais é que uma to de viragem, quando ocorre a
titulação adicional para conferir a concentração do titulante utili- neutralização do ácido ou base
zado (LENZI et al., 2015) que se está sendo titulada em
Um outro cuidado está na escolha dos indicadores cujos pontos um processo de titulação. Nes-
finais correspondam ao ponto de equivalência da titulação (BRO- se processo, após a viragem,
WN et al., 2005). Deve ser selecionado um indicador que possua há uma brusca mudança nos
viragem na faixa de pH em que se irá trabalhar. Alguns dos prin- valores de pH, indicando que
cipais indicadores ácido-base e as cores que ficam em meio ácido ocorreu a neutralização do áci-
ou meio básico são citados a seguir: do ou da base.
Tabela 3 - Indicadores ácido-base O pH pode ser determina-
Indicador Meio Ácido Meio Básico do com auxílio de indicadores
Papel Tornassol Róseo Azul ácido-base, dos quais citamos
Fenolftaleína Incolor Vermelho
alguns na tabela anterior, e tam-
Alaranjado de Metila Vermelho Amarelo
Azul de Bromotimol Amarelo Azul bém por soluções-padrão áci-
Fonte: o autor. do e padrão básico, por meio
da comparação das cores. Estas
Para exemplificar, vamos tomar um exemplo: temos uma solução são medidas aproximadas. Me-
de hidróxido de sódio (NaOH) que desconhecemos a concentração, didas mais precisas podem ser
logo, iremos dispor essa solução no erlenmeyer, com a presença de realizadas com o uso do pH-
um indicador ácido/base, por exemplo, a fenolftaleína. O hidróxido metro (LENZI et al., 2015), que
de sódio, por ser uma solução com água, contém íons dispersos de consiste em um par de eletrodos
Na+ e OH-. Na bureta, iremos dispor uma solução de ácido, com conectados a um medidor capaz
concentração conhecida, por exemplo, o ácido clorídrico (HCl). de medir pequenas voltagens,
Vagarosamente, vamos adicionando o ácido sobre a base, agitando na ordem de milivolts. Uma
o erlenmeyer, ocorrendo a reação de neutralização descrita a seguir: voltagem que varia com o pH,
é gerada quando os eletrodos
NaOH HCl � NaCl H 2O são colocados em certa solu-
ção. Essa voltagem é lida pelo
Perceba que a reação entre a base (NaOH) e o ácido (HCl) forma medidor, que é calibrado para
um sal (NaCl) e água. No erlenmeyer, tínhamos, inicialmente, uma fornecer um valor de pH (BRO-
solução que era básica, por causa do OH-. Na presença do indicador WN et al., 2005).
fenolftaleína, ela se torna rosa. Quando adicionamos o ácido clorídrico, Em soluções que contém
estamos neutralizando essa solução. No ponto de viragem, quando toda caráter ácido, há a presença de
a hidroxila (OH-) presente no NaOH foi consumida, ou seja, reagiu íons H+ ou H3O+, responsáveis
com o H+ presente no ácido (HCl), produzindo H2O e, assim, o meio pelo caráter ácido da solução e
se torna neutro, e o indicador muda de cor, passando para transparente. baixos valores de pH. Em solu-
212 Soluções
ções com caráter básico, há a presença do íon OH-, pH = -log [H3O+] = -log [1,00 x 10-7] = 7,00
responsável pelo caráter básico do meio e por altos
valores de pH (LENZI et al., 2015). pOH = -log [OH-] = -log [1,00 x 10-7] = 7,00
Para a água pura, a concentração é de [H3O+] =
[OH-] = 1,00 x 10-7 mol/L, e dizemos que a solução Este é o pH neutro, da água pura, quando a concen-
é neutra (BROWN, 2005). Para uma solução de tração de [H3O+] = [OH-] (BROWN et al., 2005).
ácido acético, por exemplo, podemos ter a con- No caso do ácido acético, que citamos ante-
centração de [H3O+] = 1,32 x 10-3 mol/L. riormente, temos:
São todas concentrações muito baixas, ex-
pressas em potências de 10. As operações com pH = -log [H3O+] = -log [1,32 x 10-3] = 2,88
números pequenos tendem a ser complicadas,
para simplificar, aplicou-se algumas proprie- As soluções ácidas têm o pH menor que 7,00. As
dades de logaritmos a essa representação, que soluções com caráter básico ou alcalino têm o
é o cologaritmo na base 10 de H+ (BROWN et pH maior que 7,0. As soluções neutras têm o pH
al., 2005). igual a 7,0. Esses valores vêm do produto iônico
Vejamos a regra, por exemplo, para o caso da da água, um processo de equilíbrio entre os íons
água, em que a concentração de H3O+ = OH- = H+ e OH- (BROWN, et al., 2015).
1,00 x 10-7 mol/L. A escala de pH é mostrada a seguir:
Dente
Amonia e
trico
o Mar
cal
nt
Sangue ra
Deterge
u
S o da em
Pasta de
ás
as
Água P
Solução
Lixívia
Vinagre
Chuvas
Água d
Suco G
Água d
Limão
Uvas
UNIDADE 7 213
A medida do pH é uma das análises mais comuns realizadas em laboratórios de química. Ela é empre-
gada para o controle de processos industriais. Por exemplo, na produção da cerveja, há um pH ideal
no processo de fermentação, em que leveduras consomem o açúcar fermentável do mosto, gerando
o álcool, o dióxido de carbono, aromas e sabores. Ele também é uma importante medida no controle
de qualidade.
A água potável tem um pH adequado para consumo humano, por isso é constantemente realiza-
da essa análise. Na produção de leites e queijos, também é testado o pH do leite “in natura”, a fim de
se determinar o estado de conservação e armazenamento. Se o leite é velho, se foi armazenado em
temperaturas maiores que 3 °C ou se está contaminado, o pH do leite é afetado, atingindo valores
menores que o normal. Nessas condições, há a proliferação de bactérias que degradam as proteínas
do leite. Entre os subprodutos dessa reação, há o ácido láctico, que reduz o pH do leite e permite que
seja realizada essa análise.
Agora, aluno(a), iremos verificar como usamos, na prática, o conceito de titulação, determinação da
concentração, uso de indicadores de ácido/base. Vamos lá?
1.0 Objetivos
Essa prática tem como objetivo a determinação da acidez total do ácido acético comercial.
214 Soluções
3.0 Procedimentos
• Com auxílio de um copo béquer, transferir um pouco de solução padronizada de hi-
dróxido de sódio 0,118 mol/L para a bureta e enxágua-la. Repetir a operação três vezes
e descartar a solução utilizada. Encher a bureta com a solução padrão, tendo o cuidado
de encher, também, a parte que fica abaixo da torneira. Eliminar toda e qualquer bolha
de ar que, por acaso, tenha no interior da bureta. Fixar a bureta no suporte metálico.
Verificar se a bureta goteja sem abrir a torneira.
• Transferir 5 mL de solução de vinagre a ser titulada para o copo erlenmeyer.
• Adicionar duas gotas de fenolftaleína à solução do erlenmeyer.
• Colocar o erlenmeyer sob a bureta, de tal modo que a ponta dela esteja dentro do copo.
• Com a mão esquerda, abrir devagar a torneira da bureta (gotejar) e com a mão direita
agarrar o erlenmeyer e agitá-lo para homogeneizar o sistema reagente. Como não se tem
ideia do quanto de solução-padrão se deve adicionar para alcançar o ponto de viragem
do indicador faz-se a primeira titulação de forma rápida para saber que volume de so-
lução-padrão alcança o ponto final da reação. Deve-se cuidar, pois agora o indicador
do incolor passa para o rosa.
• Ler na bureta o volume da solução básica gasta na titulação e registrar seu valor.
• Lavar o erlenmeyer por mais três vezes, tomando bastante cuidado próximo ao ponto
de viragem, deixar gotejar em todas as vezes próximo ao ponto. Caso tenha dúvida
quanto a ter sido ou não atingido o ponto final, fazer a leitura do volume escorrido na
bureta e adicionar mais uma gota e observar o resultado.
• Efetuar os cálculos da concentração do analito com o valor médio de pelo menos três
titulações.
Resultados e discussão
Conclusões
Qual a acidez do ácido acético?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
UNIDADE 7 215
Aluno(a), chegamos ao final de nossa uni-
dade! Verificamos, na teoria e na prática,
importantes conceitos. Entendemos a teoria
de soluções, tipos de concentrações, preparo
de soluções e diluições. Em nosso dia a dia,
temos impregnado todos esses conceitos:
a quantidade de flúor presente na pasta de
dente, a quantidade de álcool presente em
bebidas alcoólicas, a quantidade de gordura
presente nos leites. Em tudo, temos a quan-
tificação de quanto de determinada matéria
existe presente em uma mistura ou solução.
E a forma de se apresentar essas medidas
são diversas, dependendo do uso a que
são destinadas. Além disso, outro conceito
fundamental é o preparo de soluções. Em
indústrias de transformação, por diversos
momentos, o preparo de uma solução com
concentração conhecida nos é solicitado.
Dificilmente compramos um produto puro
devido ao alto custo. Compramos soluções
concentradas e para o preparo de soluções,
é fundamental o conhecimento das técnicas
de diluição.
Ainda dentro desse conceito, verifi-
camos como determinar a concentração
desconhecida de soluções ácidas ou bási-
cas, por meio das técnicas de titulação, que
nada mais é que uma reação química que
permite quantificar a quantidade do com-
posto desconhecido presente na amostra.
Essa técnica é muito útil para determina-
ção de acidez de óleos, leites, vinagres, entre
outros. Nessa mesma linha, entendemos o
conceito de pH, como pode ser medido e
qual o seu significado físico, sendo essa
medida fundamental para grande parte
das indústrias de transformação.
Até a próxima!
216 Soluções
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. (ENADE 2011) Uma indústria química de ácidos utiliza ácido sulfúrico, H2SO4,
comprado na forma de solução concentrada 96 cg/g e densidade 1,84 g/mL,
a 20 ºC. Considerando a utilização dessa solução por essa indústria, para o
preparo de soluções diluídas de H2SO4, analise as afirmações a seguir.
I) No rótulo dos frascos comprados pela indústria, seria correto estar escrito
96%.
II) A 20 ºC, na preparação de 250 L de solução de H2SO4, de concentração
150 g/L, seriam necessários, aproximadamente, 21 L da solução comprada
pela indústria (densidade H2SO4 = 1,84 g/mL).
III) As concentrações em quantidade de matéria das soluções diluídas prepa-
radas pela indústria devem ser registradas, nos respectivos rótulos, com a
unidade g/L.
217
a) 18,0.
b) 18,2.
c) 18,4.
d) 18,6.
e) 18,8.
218
LIVRO
219
BRASIL. Resolução n° 382, de 5 de agosto de 1999. ANVISA, Ministério da Saúde, Diário Oficial da União,
1999. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/1999/res0382_05_08_1999.html>.
Acesso em: 09 abr. 2019.
______. Resolução n° 388, de 5 de agosto de 1999. Aprova o “Regulamento técnico que aprova o uso de
Aditivos Alimentares, estabelecendo suas Funções e seus Limites Máximos para a Categoria de Alimentos 19 –
Sobremesas. ANVISA, Ministério da Saúde, Diário Oficial da União, 1999. Disponível em: <http://portal.anvisa.
gov.br/documents/33916/391619/RESOLUCAO_388_1999.pdf/ac1c03bc-17b8-46a1-b8e5-1003d3a930d8>.
Acesso em: 09 abr. 2019.
BROWN, T. L. et al. Química: A ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_126_21720039243.html> Acesso
em: 08 abr. 2019.
2
Em: <https://www.novacana.com/etanol/controle-qualidade/>. Acesso em: 08 abr. 2019.
3
Em: <https://www.soq.com.br/conteudos/em/indicadores_acido_base/>. Acesso em: 08 abr. 2019.
4
Em: <https://www.ufjf.br/quimica/files/2015/06/AULA-6.pdf >. Acesso em: 08 abr. 2019.
5
Em: <https://andre-godinho-cfq-8a.blogspot.com.br/2012/12/escala-de-ph.html>. Acesso em: 08 abr. 2019.
220
1. C.
II – A partir da densidade da solução concentrada (1,84 g/mL) e da concentração em massa (96% ou 0,96
g/g ou, ainda, 0,96 gramas de ácido em 1 grama de solução), é possível obter a concentração em g/L:
1 g solução ......... x
x = 0,00054 L solução
0,96 g
C(g/L)= = 1777,78 g/L
0,00054 L
C1V1 = C2V2
V1 = 21,03 L
III - Finalmente, a terceira afirmação não está correta, pois a unidade g/L não se constitui em unidade de
quantidade de matéria que, pela IUPAC, é mol/L.
2. C.
Partindo da densidade do ácido sulfúrico concentrado (1,84 g/mL), é possível determinar a massa corres-
pondente a 1,0 litro (1 000mL) desta solução, tendo em vista que se pretende obter a concentração em
mol/litro. Assim:
1 mL ........... 1,84 g
1 L (1000mL) ........... x
x = 1 840 g
Que é a massa de 1 L da solução. Tendo em vista que a concentração em massa é 98%, o teor de ácido
sulfúrico puro nesta massa será:
x ............ 98%
x = 1 803,2 g
221
Sendo a massa molar do ácido sulfúrico (H2SO4) equivalente a 98 g/mol, o número de mols contidos na
massa será:
1 mol ............ 98 g
x ............ 1 803,2 g
x = 18,4 mols
Portanto, em cada litro de solução concentrada de ácido sulfúrico, com concentração em massa 98% e
densidade 1,84 g/mL, há 18,4 mols.
3. A.
Para resolver este problema, devemos utilizar a fórmula que determina que a fração mássica de todos os
compostos da solução deve ser igual a 1.
xcomposto �1 xcomposto
� 2 xcomposto � 3 1
A única combinação possível para satisfazer essa igualdade é o que está descrito na alternativa a.
4. C.
x .................. 80,0 mL
222
Pela massa molar do HCl:
x = 0,2044 g de HCl
Mas temos essa quantidade de HCl em um volume 30,0 mL, precisamos descobrir a quantidade em 1 L:
X ........... 1000,0 mL
223
224
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Velocidade de
reações químicas
PLANO DE ESTUDOS
Velocidade de
Reações químicas
Reações químicas e
estequiometria de reações
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar os conceitos relacionados às reações químicas e • Estudar os fatores que alteram a velocidade das reações
estequiometria das reações, padronização de soluções, químicas na teoria e na prática.
na teoria e na prática.
Reações Químicas
e Estequiometria
de Reações
UNIDADE 8 227
A estequiometria é baseada em entendimento de massas atômicas e em um princípio fundamental: a
lei da conservação das massas. A massa total de uma substância presente ao final de uma reação quí-
mica é a mesma massa total do início da reação. O nobre francês e cientista Antonie Lavoiser descobriu
essa importante lei química no final do século XVI. Ele publicou a referida lei, em um livro, da seguinte
maneira: “Podemos formulá-la como uma máxima incontestável que, em todas as operações artificiais
e naturais, nada se cria: existe a mesma quantidade de matéria antes e depois do experimento”.
Fonte: adaptado de Brown et al. (2005).
Em alguns sistemas químicos, os produtos formados elemento químico, antes da reação, seja o mesmo que
reagem entre si e formam novamente o reagente, ou o número de átomos após a reação (RUSSEL, 1994).
seja, a reação é regida no sentido inverso. Esse pro- Há diversas maneiras para se balancear as rea-
cesso ocorre até que as quantidades de reagentes e ções químicas. As duas formas principais são a “ten-
produtos permanecam constantes, ou seja, quando tativa e erro” e por meio do método de “oxirredução”.
é atingido um estado de equilíbrio químico. A re- Entende-se, neste curso, que esse conceito já é de co-
presentação desse tipo de reação é dada conforme a nhecimento de todos. Para ilustrar, iremos balancear
equação química a seguir: utilizando o método de tentativa e erro, conforme o
exemplo a seguir.
N2 g 3 H 2 g 2 NH 3 g Geralmente, é melhor balancear primeiro os
elementos que aparecem com o menor número
Essa é uma equação que representa a produção da de fórmulas químicas de cada lado da equação. No
amônia (NH3) a partir dos gases nitrogênio e hi- exemplo 1, percebemos que o carbono e hidrogênio
drogênio. Parte da amônia produzida se decompõe aparecem apenas em um reagente, e no produto apa-
novamente nos gases nitrogênio e hidrogênio, es- rece em dois produtos. Começamos, então, pelo CH4.
tabelecendo um equilíbrio. Diz-se que, nesse caso, Balanceamos cada tipo de átomo sucessivamente,
essa reação de produção de amônia não tem um ajustando os coeficientes quando necessário. Esse
rendimento de 100%, pois ainda sobrou reagente método funciona para a maioria das equações quí-
após o final da reação. micas (BROWN et al., 2005).
UNIDADE 8 229
Combustão ao Ar
4 Fe s 3O2 g 2 Fe2O3 s
Esse tipo de reação ocorre rapidamente e produzem
uma chama. Em grande parte delas há a presença Nessa equação, temos representada uma reação na
do oxigênio (O2) entre os reagentes (BROWN et al., qual o ferro reage com oxigênio para formar o óxido
2005). de ferro.
Um exemplo desse tipo de reação está na com- Em relação a quantidades, uma equação quími-
bustão do propano, utilizado para cozinhar e aquecer ca balanceada especifica uma relação numérica das
residências: quantidades de reagentes e produtos de uma rea-
ção. Essas relações podem ser expressas em termos
C3 H 8 g 5O2 g 3CO2 g 4 H 2O g de quantidades microscópicas: átomos, moléculas,
fórmulas unitárias ou, também, em quantidades ma-
croscópicas: mols de átomos e moléculas. Na equação
Estequiometria de Reações dada anteriormente, podemos ter a interpretação: 4
átomos de ferro combinam-se com 3 moléculas de
Estequiometria é o nome derivado das palavras oxigênio para formar 2 fórmulas unitárias de óxido
stoicheion (elemento) e metron (medida). A este- de ferro, ou também: 4 mols de átomos de ferro com-
quiometria é uma ferramenta essencial na química. binam-se com 3 mols de moléculas de oxigênio para
Problemas tão diversos, como medir a concentração formar 2 mol de fórmula unitária de óxido de ferro
de ozônio na atmosfera, determinar o rendimento (RUSSEL, 1994), sendo esta última forma de leitura
potencial do ouro a partir do mineral e avaliar dife- a mais empregada pelos autores.
rentes processos para converter carvão em combus- Essa relação estequiométrica permite que sejam
tíveis gasosos, são solucionados com princípios de feitos os cálculos estequiométricos. Podemos, com
estequiometria (BROWN et al., 2005). base nesses conceitos, prever que, a partir de uma
Qualitativamente, uma equação química descre- determinada quantidade de reagentes, podemos pro-
ve quais serão os produtos que serão formados a duzir uma certa quantidade de produtos.
partir dos reagentes de uma reação, ou seja, leva em Para incorporamos esses conceitos, vamos pensar
consideração a lei da conservação das massas para na reação entre hidrogênio e oxigênio para produzir
a realização dos cálculos. Por exemplo na reação a água:
seguir (RUSSEL,1994; BROWN et al., 2005): 2 H 2 g O2 g 2 H 2O l
Vejam quantas informações conseguimos rela- posto, ou seja, também relacionamos a massa!
cionar pela estequiometria da reação. Observem Por curiosidade, some as massas dos reagentes e
que, na última linha, temos o coeficiente estequio- dos produtos. Isso nos prova a lei de Lavoisier, da
métrico multiplicando a massa molar do com- conservação das massas. Interessante, não?!
UNIDADE 8 231
PADRONIZAÇÃO DE UMA SOLUÇÃO DE HCL
1.0 Objetivos
Vislumbrar experimentalmente uma transformação química entre um ácido e uma base por
meio de uma padronização de solução.
2.1 Materiais
• Água destilada.
• Solução padronizada de NaOH 0,118 mol/L.
• Solução de ácido clorídrico 0,1000 mol/L.
• Bureta com capacidade para 25 mL.
• Erlenmeyer de 250 mL.
• Pipeta volumétrica de 10 mL.
• 2 béqueres de 50 mL.
• Suporte metálico com agarrador para bureta.
• Indicador de fenolftaleína.
• Conta-gotas.
2.2 Procedimentos
• Com auxílio de um béquer, transferir um pouco da solução padronizada de NaOH
para a bureta e enxaguá-la.
• Encher a bureta com a solução padrão, tendo o cuidado para eliminar todas as bolhas.
• Transferir 10 mL da solução de HCl que será padronizada para o erlenmeyer.
• Adicionar duas gotas de fenolftaleína à solução a ser padronizada.
• Realizar a titulação até a mudança de coloração.
• Ler, na bureta, com exatidão, o volume da solução da base gasto na titulação e efetuar
os cálculos da concentração do analito.
3.0 Resultados
UNIDADE 8 233
vem ser efetivas (com orientação correta e com a em água um comprimido efervescente triturado e
quantidade de energia necessária), que resultará um inteiro. O comprimido triturado reagirá mais
na quebra das antigas ligações e na formação de rápido, pois sua superfície de contato é bem maior
novas ligações, ou seja, a reação química ocorrerá que o comprimido inteiro.
e haverá a produção de novos produtos.
Dentre os principais fatores, podemos citar
quatro mais comuns e que tem grande influência Temperatura
em grande parte das reações químicas, são eles:
estado físico dos reagentes ou superfície de con- A regra geral válida para grande parte dos ca-
tato, temperatura, concentração e catalisadores. sos é que quanto maior a temperatura, maior a
velocidade de ocorrência das reações químicas.
A explicação para esse fato é que o aumento da
Estado Físico dos Reagentes temperatura faz com que aumente a energia ciné-
ou Superfície de Contato tica ou o grau de agitação das moléculas presentes
na reação, ou seja, as moléculas se movimentam
Os reagentes precisam entrar em contato para mais rápido, fazendo com que aumente os cho-
que reajam. Quanto mais rapidamente as mo- ques efetivos, aumentando a velocidade da reação
léculas colidem entre si, mais rapidamente elas química. Outro fato importante é que o aumen-
reagem. Grande parte das reações são entre mis- to da energia das moléculas faz com que estas
turas homogêneas. Quando os reagentes estão atinjam a energia suficiente para a ocorrência da
em fases diferentes, como ocorre entre um gás reação, chamada de energia de ativação (BROWN
e um sólido, a reação é limitada pela superfície et al., 2005).
de contato existente entre esses dois compostos.
Desta forma, nas reações que envolvem sólidos,
a velocidade é aumentada caso a área de contato Concentração
também aumente. Por exemplo, podemos citar os
casos dos medicamentos. Um remédio na forma A regra geral é que quanto maior a concentração
de comprimido se dissolverá no estômago e entra- dos reagentes, maior a velocidade de ocorrência
rá na corrente sanguínea de forma mais lenta que da reação química. Com maiores concentrações,
o mesmo medicamento na forma de pó (BROWN temos um número maior de moléculas reagentes
et al., 2005). confinadas em um único volume; dessa forma,
A explicação para esse fato é que as reações temos uma maior probabilidade das moléculas
químicas ocorrem entre as moléculas que estão chocarem umas com as outras de maneira efe-
localizadas na superfície do reagente. Desta forma, tiva e, assim, aumentar a velocidade das reações
quanto maior for a superfície de contato, mais (BROWN et al., 2005).
moléculas estarão em contato umas com as ou- Um exemplo desse fato é quando fazemos o
tras e maior será a probabilidade de que ocorram famoso churrasco. Para acender o carvão, ven-
choques com uma energia e condição necessária tilamos o ar sobre a brasa, a fim de aumentar a
para que aconteça a ligação. Dessa forma, a reação concentração de oxigênio presente e, consequen-
química tende a ocorrer de forma mais rápida. temente, aumentar a velocidade da reação quími-
Um exemplo ilustrativo é quando colocamos ca de combustão, da qual já comentamos.
Prática 2:
Velocidade das
Reações Químicas
UNIDADE 8 235
VELOCIDADE DAS REAÇÕES QUÍMICAS
1.0 Objetivos
2.0 Introdução
NaHCO3 (aq) + H3C6H5O7 (aq) → NaH2C6H5O7 (aq) + H2O (l) + CO2 (g)
Nesta reação, há a liberação do dióxido de carbono no estado gasoso (CO2), que é responsável
pelas bolhas desprendidas no contato do comprimido com a água, evidenciando a ocorrência
da reação química.
A efervescência faz com que os comprimidos sejam mais vantajosos para a eficácia do
tratamento, quando comparados com comprimidos habituais. A liberação do gás faz com que
o líquido seja agitado e que o comprimido seja dissolvido mais rapidamente, além disso, sua
absorção é melhor, uma vez que o princípio ativo do medicamento está mais solubilizado após
a efervescência, fazendo com que o organismo assimile melhor.
As reações químicas são afetadas pela superfície de contato, temperatura do meio reacional, con-
centração e também devido à presença de catalisadores. As três primeiras condições serão demons-
tradas experimentalmente por meio de uma prática que engloba a velocidade das reações químicas.
Materiais
• 6 béqueres.
• 1 proveta graduada.
• 6 vidros relógio.
• 6 comprimidos efervescentes (antiácido).
• 1 almofariz.
• Água destilada.
TESTE TEMPERATURA
• Adicionar água em temperatura ambiente em um béquer e, no outro, água quente (não
há necessidade da água estar em ebulição).
• Adicionar no mesmo instante um comprimido efervescente em cada um dos recipientes.
• Observar e registrar as condições observadas.
TESTE DA CONCENTRAÇÃO
• Em um béquer, adicionar água destilada. Em um segundo béquer, adicionar água des-
tilada misturada com vinagre.
• Adicionar, no mesmo instante, um comprimido efervescente em cada um dos recipientes.
• Observar e registrar as condições observadas.
4.0 Conclusões
Quais as conclusões que se pode chegar sobre a influência da temperatura na velocidade das
reações químicas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Quais as conclusões que se pode chegar sobre a influência da superfície de contato na veloci-
dade das reações químicas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Quais as conclusões que se pode chegar sobre a influência da concentração na velocidade das
reações químicas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
UNIDADE 8 237
Assim, estamos chegando ao fim de nossa penúl-
tima unidade. Conversamos sobre as transforma-
ções químicas, estequiometria e alguns tipos es-
peciais de transformações. Verificamos que estas
são de grande valia em nosso dia a dia, por nos
permitir produzir compostos de interesse. Por úl-
timo, e não menos importante, verificamos alguns
dos principais parâmetros capazes de interferir na
velocidade das reações químicas. Entendemos que
esse conceito é muito importante, pois ao se redu-
zir o tempo de processamento, podemos produzir
maiores quantidades, maximizando os lucros.
1. (ENADE-2011) Os calcários são rochas sedimentares que, na maioria das vezes, re-
sultam da precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonatos. Podem ser
encontrados no mar, em rios, lagos ou no subsolo (cavernas). Eles contêm minerais
com quantidades acima de 30% de carbonato de cálcio (aragonita ou calcita). Quando
o mineral predominante é a dolomita (CaMg{CO3}2 ou CaCO3.MgCO3), a rocha calcária é
denominada calcário dolomítico. A calcite (CaCO3) é um mineral que se pode formar a
partir de sedimentos químicos, nomeadamente íons de cálcio e bicarbonato, como segue:
Em contato com a água, o óxido de cálcio forma hidróxido de cálcio, de acordo com a reação:
CaO H 2O Ca OH 2
239
2. O conhecimento da velocidade das reações químicas, como os fatores que in-
terferem na velocidade, é de extrema importância para a produção industrial
de uma série de produtos. Nesse contexto, analise as afirmações a seguir:
I) Os equipamentos industriais que contêm ferro que trabalham em altas tem-
peraturas têm um processo de corrosão acelerado, pois as velocidades das
reações químicas aumentam com o aumento da temperatura.
II) Um meio mais concentrado não proporciona maiores taxas de reação, haja
visto que as velocidades das reações químicas sempre independem da con-
centração dos reagentes.
III) A velocidade de uma reação química depende da orientação apropriada das
moléculas na hora do choque.
IV) Para os sólidos, quanto maior a superfície de contato, menor será a velocidade
da reação química, por isso, de modo geral, quando são utilizados reagentes
sólidos, a superfície é finamente dividida.
240
4. Acetileno gasoso (C2H2) sofre uma reação química de oxidação com o oxigênio
presente no ar. Qual é a quantidade de matéria do gás oxigênio (O2) que é pre-
ciso para formar 17,5 mols de água, (H2O)?
a) 43,75 mols.
b) 2 mols.
c) 17,5 mols.
d) 35 mols.
e) 27,2 mols.
241
LIVRO
242
RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, 1994.
BROWN, T. L.; LEMAY, E. H.; BURSTEN, B. E. Química: A ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.
REFERÊNCIA ON-LINE
Em: <https://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/museu%20virtual/curiosidades%20e%20descobertas/
1
243
1. E.
56 g ................. 74 g
A partir da equação de decomposição do carbonato de cálcio, que origina o óxido de cálcio, pode ser cal-
culada a massa do carbonato usada:
100 g.............. 56 g
Visto que o rendimento do processo em relação é de apenas 50%, a massa de carbonato a ser empregada
será o dobro, portanto 2000 ton. Ainda, levando-se em conta que, de cada 50 g de amostra de calcário,
apenas 10 g são do carbonato, a massa de amostra que irá originar as 2000 ton de carbonato de cálcio será:
2. E.
II- Quanto maior a concentração dos reagentes, maior será a velocidade da reação e vice-versa, ou seja, a
concentração tem grande influência na velocidade.
IV- Sempre que a superfície de contato for maior, a velocidade da reação também será.
3. B.
A letra “a” está errada porque, como haverá produção de um gás, a massa será alterada em razão do esca-
pe de matéria. A letra “c” está errada, porque quando o material está pulverizado, a velocidade sempre é
maior. A letra “d” está errada, porque o tamanho da partícula interfere na velocidade das reações. A letra
“e” está errada porque a efervescência é um fenômeno químico.
244
4. A.
Devemos, antes de tudo, escrever a equação balanceada da reação para relacionar a estequiometria da
reação:
245
246
Me. Thiago Baldasso de Godoi
Eletroquímica
PLANO DE ESTUDOS
Diferença de potencial em
pilhas e cubas eletrolíticas
Eletroquímica: Importância da
reações de oxirredu- eletroquímica
ção, pilhas, eletrólise
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Reações de oxirredução
Dentro das reações químicas, que já discutimos brevemente em capítulos anteriores, temos uma classe
especial de reações, que são as reações de oxirredução. Entende-se como reação de oxirredução as
reações que envolvem transferência de elétrons, em que um dos participantes da reação perde elétrons,
neste caso, dizemos que é o elemento que se oxida; enquanto que o outro composto ganha elétrons, e
dizemos que ele se reduz.
Para identificar quem se oxida e quem se reduz, precisamos relembrar de mais um conceito, que é
o número de oxidação, conhecido por NOX.
UNIDADE 9 249
Vamos tomar alguns exemplos: Algumas observações importantes: para áto-
mos livres, do tipo, Na, Fe, ou ligados ao mesmo
Exemplo 1: H2SO4 elemento, como Cl2, N2, entre outros, o nox é zero.
O oxigênio (O) encontra-se na família 6A da ta- Fizemos a análise de um composto com três
bela periódica, portanto, tem 6 elétrons na camada elementos. E para um composto com dois ele-
de valência, precisando de mais 2 elétrons para mentos? É mais fácil ainda! Vejamos um exemplo:
atingir a regra do octeto e ficar estável, e seu nóx
é 2-. Por que negativo? Pois o oxigênio é mais ele- Exemplo 2: Fe2O3(s).
tronegativo que o átomo da outra extremidade, o Sabemos que o nox do oxigênio é 2-, como temos
hidrogênio. Como temos 4 átomos de oxigênio, três átomos, o nox total será 6-. A molécula não
seu nox total será 8- (4 átomos x 2- =8-). tem carga, ou seja, o nox total dela é zero, correto?
O hidrogênio em grande parte das tabelas pe- Então, o nox dos dois átomos de ferro é 6+, pois,
riódicas, está localizado na família 1A. Sabemos assim, a soma total se torna zero. O nox de cada
que os elementos dessa família, com exceção do átomo de ferro é 3+, resultado da divisão de 6+
hidrogênio, precisam doar 1 elétron para ficar es- por dois átomos.
tável. No caso do hidrogênio ele precisa ganhar ou Tabela 2 - Determinação do nox do Fe2O3
compartilhar um elétron para ficar com a mesma
configuração do hélio, que são as exceções da ta- 2+ 6-
bela periódica, ou seja, seu nox será 1+. Como 3+ 2-
temos 2 átomos de hidrogênio, o nox total será 2+. Fe2 O3
A molécula de ácido sulfúrico é neutra, ela não Fonte: o autor.
tem carga sobrando, certo? Então, para determi-
nar o nox do enxofre, somamos todos os nox e
igualamos a zero:
(2+)+(X)+(8-) = 0
(X) = (+6) Aluno(a), este processo requer um conhecimento
prévio das propriedades dos elementos quími-
Para facilitar a determinação do nox, sugiro fazer o cos, tabela periódica, conceitos que são apren-
uso do esquema a seguir, iniciando a análise sem- didos na disciplina de química geral.
pre pelo último átomo, neste exemplo, o oxigênio:
Tabela 1 - Determinação do nox do H2SO4
Nox total +2 +6 8-
Exemplo 3: agora que sabemos determinar o nox,
podemos continuar nosso estudo para identificar
Nox do elemento +1 X 2-
quem se oxida, reduz. Para ilustrar tal situação, to-
Elemento H2 S O4 memos como exemplo a reação química a seguir
Fonte: o autor.
(LENZI et al., 2015):
Recapitulando: escrevemos na última linha os ele-
mentos. Acima, o nox de cada um e, na primeira Fe2O3 s 3CO g 2 Fe s 3CO2 g
linha, o nox total. Iniciamos a análise pela terceira
coluna, então partimos para a primeira e, por fim, Agora, determinamos o nox para cada elemento e
para a coluna do meio. também o nox total, conforme abordamos:
250 Eletroquímica
Tabela 3 - Determinação do nox dos compostos da reação química do óxido de ferro
6+ 6- 2+ 2- 0 4+ 4-
3+ 2- 2+ 2- 0 4+ 2-
Fe2 O3(S) + 3 C O(g) → 2 Fe(s) + 3 C O2(g)
Fonte: o autor.
Zn + +
Cu(2aq + S +
Zn(2aq + S O42(−aq ) + Cu
) O42− )
Fonte: o autor.
Caro(a) aluno(a), atenção para o íon SO42−. Na determinação do nox destes elementos, sabemos que o
oxigênio tem nox 2-, e como há 4 átomos, total de 8-. Como temos um íon, e a carga dele é 2-, o nox do
enxofre só pode ser 6+, pois a soma de todos os nox fornece 2-, que é a carga do íon. Veja que, na tabela,
“X” foi usado apenas para indicar o elemento do qual estamos determinando a carga.
Na análise, vemos que o zinco se oxida, ou seja, perde 2 elétrons, passando do nox zero para o nox
2 . O cobre se reduz, ou seja, ganha dois elétrons, passando do nox 2+ para o nox 0.
+
UNIDADE 9 251
Na Figura 1, temos o eletrodo
Zn Zn2 2� e de zinco, submerso em uma
solução que contém o íon do
Cu 2 2 � e Cu zinco, ligado, por meio de um
fio de platina, a um eletrodo de
Caro(a) aluno(a), é neste processo de transferência de elétrons que cobre, imerso em uma solução
vislumbramos a alteração do nox dos elementos que geramos as que contém o íon cobre. As duas
correntes elétricas, objetivos da nossa unidade: transformações soluções estão interligadas por
eletroquímicas! um meio semipermeável.
Neste caso, o cobre tem mais
afinidade pelos elétrons do que
Pilhas o zinco, ele tende a puxar para
perto de si os elétrons. Isto é,
Quando colocamos uma lâmina metálica dentro de uma solução os elétrons são deslocados do
que contenha os mesmos íons constituintes da lâmina dissolvidos zinco para o cobre. Neste caso,
na solução, é gerado, na lâmina, uma diferença de carga elétrica. dizemos que o eletrodo de zinco
Dizemos que há a formação de um eletrodo com um potencial tem um potencial elétrico mais
característico do metal da lâmina, denominado de potencial do elevado, ou seja, uma maior
eletrodo. A seguir demonstramos a formação dos eletrodos de zinco capacidade de ceder elétrons
e de cobre (LENZI et al., 2015). frente ao cobre. Como os elé-
trons são conduzidos pelo fio
Ânodo Cátodo de platina, há a geração de uma
(Zinco) (Cobre) corrente elétrica, devido ao mo-
vimento dos elétrons.
No eletrodo do zinco, o
zinco metálico está perdendo
os elétrons, por meio de uma
Membrana Porosa reação de oxidação, conforme
descrito a seguir:
Fluxo
Aniônico Zn0 Zn2 2e
252 Eletroquímica
Já no eletrodo de cobre, que recebe os elétrons, os íons de cobre
que estão presentes na solução recebem esses elétrons presentes
na placa e passam do formato íon, na solução, para o estado sólido,
na placa, por meio de uma reação de redução, conforme descrito
a seguir:
Cu 2 2e Cu 0
Ponte Salina
NO3- Na+
NO3- Cu2+
Pilha galvânica
Zn2+ NO3-
Algodão
Zn(NO3)2 Cu(NO3)2
2
Zn0s Cu2aq 0
Zn aq Cu s
UNIDADE 9 253
Uma notação típica utilizada para representa- porosas que permitem a passagem dos cátions e
ção dos eletrodos é a que segue: ânions em direção ao cátodo e ao ânodo, respec-
tivamente (LENZI et al., 2015).
Zn m |� Zn2aq
1mol � L
1
Na seção Novas Descobertas, temos um vídeo
bastante interessante que demonstra os concei-
Cu m |� Cu2aq
1mol � L
1
tos vistos sobre pilhas, cátodo e anodo. Vamos
acompanhar?
A barra, na seguinte notação, representa a separa-
ção do estado físico (sólido e líquido). À esquerda
da barra, temos os metais participantes; à direita, as Cuba Eletrolítica ou Eletrólise
espécies em solução com as devidas concentrações.
Na cuba eletrolítica, o processo que ocorre é o
contrário daquele que vislumbramos nas pilhas.
Ânodo e Cátodo Nas pilhas, vimos que a passagem dos elétrons
gera uma diferença de potencial e condução de
O polo da pilha onde os elétrons são retirados, em corrente elétrica de forma espontânea. Já na cuba
nosso exemplo, na placa de zinco, é chamado de eletrolítica, o processo é forçado. Neste caso, é apli-
ânodo. É neste local em que se evidencia a reação cado uma diferença de potencial igual ou maior
de oxidação. Já a região para onde os elétrons são que o potencial gerado pela célula, e os processos
atraídos, em nosso exemplo, na placa de cobre, é passam a ser invertidos. Em nosso exemplo, os
chamado de cátodo, sendo o local em que ocorre elétrons são transferidos do cobre para o zinco
a reação de redução (LENZI et al., 2015). (LENZI et al., 2015). As equações se tornam da
Assim como apresentamos a notação típica seguinte forma:
para os eletrodos, a pilha também tem sua repre-
sentação: Zn0 Zn2 2e
Cu 2 2e Cu 0
Zn( m ) Zn(2aq
+
) (1mol L )
−1
Cu(2aq
+
) (1mol L ) Cu( m)
−1
254 Eletroquímica
Diferença de Potencial em
Pilhas e Cubas Eletrolíticas
UNIDADE 9 255
temperatura podem provocar variações
na ddp da pilha.
• Metais utilizados para a construção dos
eletrodos.
Potencial Padrão
do Hidrogênio
256 Eletroquímica
Fio de O padrão estabelecido é que os potenciais-padrão
Platina de redução e oxidação normais do hidrogênio, nas
H2(g) referidas condições, são zero, por convenção. Des-
sa forma, ao se ligar um outro eletrodo qualquer,
(1 atm)
de outro metal, medimos a diferença de potencial
da pilha. Como o potencial do eletrodo do hidro-
gênio é zero, a medida experimental fornecida
corresponde ao potencial padrão do metal.
Para o cálculo teórico da diferença de poten-
cial, utilizamos o símbolo ΔE° e a seguinte fórmula:
UNIDADE 9 257
Na Tabela 5, podemos prever o que acontece quando combinamos dois materiais para formar uma
pilha. Por exemplo, se utilizarmos o zinco e o ferro para constituir os eletrodos, percebemos, na
tabela, que o potencial do zinco é -0,76V, e do ferro -0,44V; portanto, neste caso, o zinco, que tem
menor potencial, é quem se oxida nessa combinação.
ΔE0 = + 1,10V
258 Eletroquímica
Importância da
Eletroquímica
UNIDADE 9 259
Os usos do alumínio são indiscutíveis, usa- conhecida por eletrodeposição. Nesta técnica, re-
do desde a construção civil, na eletroeletrônica veste-se a peça metálica com um outro metal que
e também na indústria de alimentos, em arma- seja mais nobre, menos reativo e, portanto, mais
zenamento de produtos. O grande problema é resistente à corrosão. A peça que se deseja proteger
que o alumínio não é encontrado na natureza em é colocada em um cátodo, que é o polo negativo,
sua forma elementar (Als), e sim combinado com em um circuito de eletrólise. É fornecida energia
outros minérios, como a bauxita, que contém o proveniente de uma fonte externa, e o metal nobre
óxido de alumínio hidratado (Al2O3 + H2O). O presente na solução é depositado na superfície
processo utilizado para obter alumínio em sua do metal, em nosso caso, do ferro, protegendo-o
forma elementar trata-se de um processo de ele- dos agentes externos que produzem a ferrugem.
trólise (DIEGO, 2018, on-line)4. Quando é recobrido uma peça de ferro ou aço
Esse processo consiste em colocar uma mis- utilizando-se zinco, chamamos de um processo
tura fundida da alumina com a criolita (Aℓ2O3 + de galvanização.
Na3AℓF6) num recipiente feito de ferro ou de aço Conforme mencionamos, a ferrugem se origina
junto a eletrodos de carbono que estão mergulha- devido a uma reação de oxidação do ferro, que
dos nessa mistura. Como a mistura está fundida, produz o íon Fe2+ na presença do oxigênio do ar e
ela contém os íons Aℓ3+(ℓ) e O2(ℓ) livres, confor- da água. O ferro e a maioria dos metais (com exce-
me a equação a seguir (DIEGO, 2018, on-line)4: ção do ouro e da platina) possuem menor poten-
cial de redução que o oxigênio e, por este motivo,
2 Al2O3 l 4 � Al3l � 6 O2l tendem a se oxidar (FARIA, [2019], on-line)5:
O recipiente em que se encontra essa mistura atua Fe(s) → Fe2+ + 2e- E0redução = - 0,44 V
como cátodo, ou seja, o polo negativo, em que
ocorre a redução dos cátions de alumínio: ½ O2 + H2O + 2 e- E0redução = + 0,40 V
260 Eletroquímica
Zn(s) → Zn2+ + 2e- E0redução = - 0,76 V Ânodo: 2 Zn(s) → 2 Zn2+ + 4 e-
Quando o zinco é oxidado, acontecem duas coisas Desta forma, aluno(a), concluímos nosso con-
importantes que impedem o ferro de ser corroído. teúdo sobre eletroquímica, percebendo que não
A primeira é que, visto que seu potencial de redu- há apenas uma grande relevância tecnológica, na
ção é menor que o do ferro, ele reduz o cátion Fe2+ produção de eletricidade, mas também por atuar
a ferro metálico novamente, conforme demonstra na indústria de transformação, protegendo super-
a equação a seguir (FARIA, [2019], on-line)5: fícies metálicas, tais como pontes, cuja estruturas
de ferro poderiam perder a resistência mecânica
Zn(s) → Zn2+ + 2e- devido à ferrugem que acontece em transforma-
Fe2+ + 2e- → Fe(s) ções químicas espontâneas.
____________________________
PILHA DE DANIELL
1.0 Objetivos
Compreender o funcionamento de uma pilha eletroquímica, desde sua montagem até o funcio-
namento. Medir o potencial dessa pilha e vislumbrar os conceitos de oxirredução, comparando
com dados presentes na literatura.
2.0 Introdução
Uma pilha de fácil aplicação e bastante conhecida na área da química, que permite a observação
do fenômeno da eletrólise, é a pilha de Daniell. Ela é formada por um sistema composto por
cobre e zinco. Quando estes compostos são postos em contato elétrico, ocorre a redução do
cobre e a oxidação do zinco. A figura a seguir demonstra um esquema de uma pilha de Cu/
Zn. Observe que, em cada meia célula, há um eletrodo (de Zn ou Cu) e um eletrólito, ZnSO4
UNIDADE 9 261
(sulfato de zinco) CuSO4 (sulfato de cobre), que se encontram dissolvidos. Os eletrodos de zinco
e cobre são ligados por meio de um fio elétrico a um voltímetro. As soluções se mantêm ligadas
eletricamente por meio de uma ponte salina, composta por NaCl (cloreto de sódio) e água, que
deixa passar apenas os íons da solução. Encontramos, na literatura, que quando a concentração
de ambos os eletrólitos é de 1 mol/L e a temperatura a 25 °C, essa pilha produz uma diferença
de potencial padrão (E°célula) de 1,1 V. A modificação da concentração dos íons Cu2+ e Zn2+
modificam o potencial da pilha, poden-
do ser calculado o novo potencial por
meio da Equação de Nernst:
Cátodo
Cu + Ponte Salina NaCl+ H2O
Em que: Ânodo
• E: potencial da pilha em qual- Zn -
quer concentração.
• n = número de elétrons trocados
na reação de oxirredução.
Algodão
• [Zn2+] e [Cu2+] = concentração CuSO4 + H2O ZnSO4 + H2O
molar de zinco e cobre, respec-
tivamente.
3.1 Materiais
• Sulfato de cobre II (CuSO4) 0,1 mol/l. • Sulfato de zinco (ZnSO4) 0,1 mol/l.
• Lâminas de zinco metálico e de cobre metálico. • Solução de NaCl ou KCl (saturada).
• Béqueres. • Tubo em U.
• Algodão. • Suportes.
• Lixa. • Multímetro.
• Conjunto de fios. • Balão volumétrico de 250 ml.
3.2 Procedimentos
262 Eletroquímica
• Coloque 50 mL de solução de CuSO4 0,1 mol/L em um béquer e 50 mL de solução de
ZnSO4 0,1 mol/L em outro béquer.
• Preparar a ponte salina da seguinte maneira: preencha o tubo em U com solução de
NaCl, de modo que não haja espaços vazios no interior do tubo e feche-o com uma
pequena quantidade de algodão em cada ponta.
• Encaixe esta ponte salina no béquer contendo CuSO4 e no outro que contém ZnSO4.
Tome cuidado ao manusear o tubo em U, para evitar quebrá-lo.
• Lixe cuidadosamente as lâminas de zinco e cobre, removendo impurezas e óxidos de
suas superfícies. Lave as lâminas com água destilada e encaixe a lâmina de cobre no
frasco com solução de sulfato de cobre. A lâmina de zinco é encaixada no frasco com
sulfato de zinco. A Figura anterior ilustra como deve ser montada a pilha.
• Ligar o multímetro em 20 V. O fio vermelho do multímetro deve ser ligado à lâmina
de cobre, e o fio preto ligado à lâmina de zinco. O multímetro deve, então, indicar o
potencial da pilha. Inverta os fios de ligação do multímetro e observe o que acontece.
Em adição, estando ainda o multímetro ligado à pilha, remove-se a ponte salina, observe
novamente o que acontece.
4.0 Conclusões
Escreva as equações das semi-reações de oxidação, de redução e da reação global que ocorrem
na pilha montada neste experimento.
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Determine o potencial da pilha com a fórmula apresentada e compare com o valor apresentado
no multímetro.
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UNIDADE 9 263
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. A pilha de Daniell, dada por Feº/ Fe2+ // Cu2+/ Cuº, possui os seguintes potenciais
de redução:
Fe2+ + 2e- → Feº Eº = - 0,44V
Cu + 2e → Cuº
2+ -
Eº = + 0,34V
Assinale a alternativa que apresente corretamente o valor da diferença de po-
tencial, em Volts desta pilha:
a) 0,78V.
b) 0,10V.
c) - 0,10V.
d) 1,56V.
e) 0,20V.
264
3. Durante o funcionamento da pilha demonstrada, a barra de chumbo se desgasta
e a barra de prata se torna mais espessa.
interruptor amperímentro
barra barra
de Pb de Ag
265
WEB
WEB
A seguir, temos um vídeo bastante interessante do canal Kuadro, que nos au-
xilia a entender a diferença entre a pilha e a eletrólise. Veremos que, na pilha,
a reação de oxidação é espontânea; enquanto que na eletrólise, ela é forçada
pela corrente elétrica. Vamos acompanhar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
266
BROWN, T. L. et al. Química: A ciência Central. São Paulo: Editora Pearson, 2005.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://pibidqmcvr.blogspot.com.br/2012/12/800x600-normal-0-21-false-false-false.html>. Acesso em:
11 abr. 2019.
2
Em <https://www.academia.edu/31733577/Pilhas_e_Baterias_Moises_Andr%C3%A9_Nisenbaum>. Acesso
em: 09 mar. 2020.
3
Em: <https://quimicalogia.blogspot.com/2012/12/eletrodo-padrao-de-hidrogenio.html>. Acesso em: 11 abr.
2019.
4
Em: <https://culturalivre.com/producao_de_aluminio_extracao_da_bauxita_obtencao_eletrolise/>. Acesso
em: 11 abr. 2019.
5
Em: <https://www.infoescola.com/quimica/galvanizacao/>. Acesso em: 11 abr. 2019.
267
1. A.
Maior potencial de redução: cobre (Cu), pois seu valor é maior, logo, ele sofre redução.
Menor potencial de redução: ferro (Fe), pois seu valor é menor, logo, ele sofre oxidação.
ΔE = Emaior - Emenor
ΔE = 0,34 - (-0,44)
ΔE = 0,34 + 0,44
ΔE = 0,78 V.
2. B.
A convenção mundial de representação das pilhas é feita com base na seguinte ordem:
ÂNODO CÁTODO
A AX+ BX+ B
Assim, a representação Zn0 / Zn2+ // Cu2+ / Cu0 indica que o Zn oxida-se a Zn2+ (no ânodo, polo negativo) e
Cu2+ reduz-se a Cu (no cátodo, polo positivo).
3. C.
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CONCLUSÃO
Ao longo das nove unidades deste livro, abordamos os principais aspectos existentes
em um laboratório de química, que são de interesse para a formação do engenheiro. De
forma geral, em cada conteúdo, procurou-se relembrar os conceitos teóricos da química,
atrelados à parte experimental e às possíveis aplicações de cada conceito.
Na Unidade 1, a atenção especial foi dedicada ao tema segurança no laboratório.
Este tema é importante não apenas dentro de um laboratório, mas pode ser estendido
para o contexto industrial e, de tamanha importância, deve acompanhar toda a vida de
um profissional que atuará na área da química de transformação. Na Unidade 2, foram
apresentados os principais equipamentos e instrumentos existentes em um laboratório.
Na Unidade 3, foi apresentado como deve ser realizada a correta representação das
medidas experimentais, os conceitos de precisão, exatidão, as incertezas fornecidas
por alguns instrumentos de laboratório, bem como os conceitos de calibração para
atenuar as discrepâncias entre medidas, bem como a forma de dispor os resultados
experimentais em um relatório técnico. Na Unidade 4, foram apresentadas as proprie-
dades físicas fundamentais dos compostos, que permitem a ocorrência de operações,
como de separação de misturas.
A partir da Unidade 5 foram apresentados os conceitos de transformação que evi-
denciam a ocorrência de reações químicas que permitem a produção de novos com-
postos. Na Unidade 6, foi dado ênfase ao processo de mistura, processos de separação,
que nos permitem separar os compostos de interesse dos subprodutos das reações. Na
Unidade 7, foi dada uma especial importância aos conceitos de preparo e diluições de
soluções, pois pequenos erros nessas medidas podem gerar prejuízos para a indústria
por não representar a quantidade real de matérias-primas ou reagentes a ser utilizado
em uma transformação. Na Unidade 8, introduzimos os conceitos de reações químicas,
estequiometria e velocidade das reações. Por fim, na última unidade, tratamos de um
tipo especial de reação química, as reações de oxirredução, que permitem, por exem-
plo, a produção de energia a partir de reações químicas, sendo que esses conceitos são
bastante empregados em pilhas e baterias.
Espero que tenha conseguido entender, por meio das análises e conceitos estudados,
quais são os equipamentos básicos que compõe um laboratório de química. Com esta
base, somos capazes de nos aprimorar e aperfeiçoar em práticas específicas de cada
área de atuação da Engenharia. Uma boa sorte em sua rotina profissional, e que esta
seja repleta, sempre, de muito conhecimento!