EJA - Fisica - Vol.01

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física

CADERNO DO ESTUDANTE

E N SI N O M é d i o

VOLUME 1
Nos Cadernos do Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho/CEEJA são
indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos
apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram
verificados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria
de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação não garante que os sites indicados
permaneçam acessíveis ou inalterados após a data de consulta impressa neste material.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação autoriza a


reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias do País, desde
que mantida a integridade da obra e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos*
deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos
artigos da Lei no 9.610/98.

* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas neste material que
não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.

Física : caderno do estudante. São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,


Tecnologia e Inovação (SDECTI) : Secretaria da Educação (SEE), 2015.
il. - - (Educação de Jovens e Adultos (EJA) : Mundo do Trabalho modalidade semipresencial, v. 1)

Conteúdo: v. 1. 1a série do Ensino Médio.


ISBN: 978-85-8312-110-7 (Impresso)
978-85-8312-088-9 (Digital)

1. Física – Estudo e ensino. 2. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Médio. 3. Modalidade
Semipresencial. I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. II.
Secretaria da Educação. III. Título.

CDD: 372.5

FICHA CATALOGRÁFICA
Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
Geraldo Alckmin
Governador

Secretaria de Desenvolvimento Econômico,


Ciência, Tecnologia e Inovação

Márcio Luiz França Gomes


Secretário

Cláudio Valverde
Secretário-Adjunto

Maurício Juvenal
Chefe de Gabinete

Marco Antonio da Silva


Coordenador de Ensino Técnico,
Tecnológico e Profissionalizante

Secretaria da Educação

Herman Voorwald
Secretário

Cleide Bauab Eid Bochixio


Secretária-Adjunta

Fernando Padula Novaes


Chefe de Gabinete

Ghisleine Trigo Silveira


Coordenadora de Gestão da Educação Básica

Mertila Larcher de Moraes


Diretora do Centro de Educação de Jovens e Adultos

Adriana Aparecida de Oliveira, Adriana dos Santos


Cunha, Durcilene Maria de Araujo Rodrigues,
Gisele Fernandes Silveira Farisco, Luiz Carlos Tozetto,
Raul Ravanelli Neto, Sabrina Moreira Rocha,
Virginia Nunes de Oliveira Mendes
Técnicos do Centro de Educação de Jovens e Adultos
Concepção do Programa e elaboração de conteúdos

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação

Coordenação Geral do Projeto Equipe Técnica


Ernesto Mascellani Neto Cibele Rodrigues Silva, João Mota Jr. e Raphael Lebsa do Prado

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

Wanderley Messias da Costa Heder, Herbert Rodrigues, Jonathan Nascimento, Laís Schalch,
Diretor Executivo Liliane Bordignon de Souza, Marcos Luis Gomes, Maria Etelvina
R. Balan, Maria Helena de Castro Lima, Paula Marcia Ciacco da
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Silva Dias, Rodnei Pereira, Selma Borghi Venco e Walkiria Rigolon
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Autores
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Arte: Roseli Ventrella e Terezinha Guerra; Biologia: José Manoel
José Lucas Cordeiro
Martins, Marcos Egelstein, Maria Graciete Carramate Lopes e
Coordenação Técnica Vinicius Signorelli; Filosofia: Juliana Litvin de Almeida e Tiago
Impressos: Dilma Fabri Marão Pichoneri Abreu Nogueira; Física: Gustavo Isaac Killner; Geografia: Roberto

Vídeos: Cristiane Ballerini Giansanti e Silas Martins Junqueira; História: Denise Mendes
e Márcia Juliana Santos; Inglês: Eduardo Portela e Jucimeire
Equipe Técnica e Pedagógica de Souza Bispo; Língua Portuguesa: Claudio Bazzoni e Giulia
Ana Paula Alves de Lavos, Carlos Ricardo Bifi, Cláudia Beatriz de Murakami Mendonça; Matemática: Antonio José Lopes; Química:
Castro N. Ometto, Elen Cristina S. K. Vaz Döppenschmitt, Emily Olímpio Salgado; Sociologia: Dilma Fabri Marão Pichoneri e
Hozokawa Dias, Fabiana de Cássia Rodrigues, Fernando Manzieri Selma Borghi Venco

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Mauro de Mesquita Spínola Leitão, Cláudia Letícia Vendrame Santos, David dos Santos
Presidente da Diretoria Executiva Silva, Eloiza Mendes Lopes, Érika Domingues do Nascimento,
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José Joaquim do Amaral Ferreira
Silva, Leonardo Gonçalves, Lorena Vita Ferreira, Lucas Puntel
Vice-Presidente da Diretoria Executiva
Carrasco, Luiza Thebas, Mainã Greeb Vicente, Marcus Ecclissi,
Gestão de Tecnologias em Educação Maria Inez de Souza, Mariana Padoan, Natália Kessuani Bego
Maurício, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Pedro
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Guilherme Ary Plonski
Rosenthal, Tatiana F. Souza, Tatiana Pavanelli Valsi, Thaís Nori
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Gestão Editorial Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito, Natália

Denise Blanes S. Moreira e Valéria Aranha

Projeto gráfico-editorial e diagramação: R2 Editorial, Michelangelo


Equipe de Produção
Russo e Casa de Ideias
Editorial: Carolina Grego Donadio e Paulo Mendes
Equipe Editorial: Adriana Ayami Takimoto, Airton Dantas
de Araújo, Alícia Toffani, Amarilis L. Maciel, Ana Paula S.
Bezerra, Andressa Serena de Oliveira, Bárbara Odria Vieira, CTP, Impressão e Acabamento
Carolina H. Mestriner, Caroline Domingos de Souza, Cíntia Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Caro(a) estudante

É com grande satisfação que a Secretaria da Educação do Estado de São


Paulo, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação, apresenta os Cadernos do Estudante do Programa Edu-
cação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho para os Centros Estaduais
de Educação de Jovens e Adultos (CEEJAs). A proposta é oferecer um material
pedagógico de fácil compreensão, que favoreça seu retorno aos estudos.

Sabemos quanto é difícil para quem trabalha ou procura um emprego se dedi-


car aos estudos, principalmente quando se parou de estudar há algum tempo.

O Programa nasceu da constatação de que os estudantes jovens e adultos


têm experiências pessoais que devem ser consideradas no processo de aprendi-
zagem. Trata-se de um conjunto de experiências, conhecimentos e convicções
que se formou ao longo da vida. Dessa forma, procuramos respeitar a trajetória
daqueles que apostaram na educação como o caminho para a conquista de um
futuro melhor.

Nos Cadernos e vídeos que fazem parte do seu material de estudo, você perce-
berá a nossa preocupação em estabelecer um diálogo com o mundo do trabalho
e respeitar as especificidades da modalidade de ensino semipresencial praticada
nos CEEJAs.

Esperamos que você conclua o Ensino Médio e, posteriormente, continue estu-


dando e buscando conhecimentos importantes para seu desenvolvimento e sua
participação na sociedade. Afinal, o conhecimento é o bem mais valioso que adqui-
rimos na vida e o único que se acumula por toda a nossa existência.

Bons estudos!

Secretaria da Educação

Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
apresentação

Estudar na idade adulta sempre demanda maior esforço, dado o acúmulo de


responsabilidades (trabalho, família, atividades domésticas etc.), e a necessidade
de estar diariamente em uma escola é, muitas vezes, um obstáculo para a reto-
mada dos estudos, sobretudo devido à dificuldade de se conciliar estudo e traba-
lho. Nesse contexto, os Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (CEEJAs)
têm se constituído em uma alternativa para garantir o direito à educação aos que
não conseguem frequentar regularmente a escola, tendo, assim, a opção de realizar
um curso com presença flexível.
Para apoiar estudantes como você ao longo de seu percurso escolar, o Programa
Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho produziu materiais espe-
cificamente para os CEEJAs. Eles foram elaborados para atender a uma justa e
antiga reivindicação de estudantes, professores e sociedade em geral: poder contar
com materiais de apoio específicos para os estudos desse segmento.
Esses materiais são seus e, assim, você poderá estudar nos momentos mais
adequados – conforme os horários que dispõe –, compartilhá-los com sua família,
amigos etc. e guardá-los, para sempre estarem à mão no caso de futuras consultas.
Os Cadernos do Estudante apresentam textos que abordam e discutem os conteúdos
propostos para cada disciplina e também atividades cujas respostas você poderá regis-
trar no próprio material. Nesses Cadernos, você ainda terá espaço para registrar suas
dúvidas, para que possa discuti-las com o professor sempre que for ao CEEJA.
Os vídeos que acompanham os Cadernos do Estudante, por sua vez, explicam,
exemplificam e ampliam alguns dos assuntos tratados nos Cadernos, oferecendo
informações que vão ajudá-lo a compreender melhor os conteúdos. São, portanto,
um importante recurso com o qual você poderá contar em seus estudos.
Além desses materiais, o Programa EJA – Mundo do Trabalho tem um site exclu-
sivo, que você poderá visitar sempre que desejar: <http://www.ejamundodotrabalho.
sp.gov.br>. Nele, além de informações sobre o Programa, você acessa os Cadernos
do Estudante e os vídeos de todas as disciplinas, ao clicar na aba Conteúdo CEEJA.
Já na aba Conteúdo EJA, poderá acessar os Cadernos e vídeos de Trabalho, que abor-
dam temas bastante significativos para jovens e adultos como você.
Os materiais foram produzidos com a intenção de estabelecer um diálogo com
você, visando facilitar seus momentos de estudo e de aprendizagem. Espera-se que,
com esse estudo, você esteja pronto para realizar as provas no CEEJA e se sinta cada
vez mais motivado a prosseguir sua trajetória escolar.
como se aprende A estudar?

É importante saber que também se aprende a estudar. No entanto, se buscar-


mos em nossa memória, dificilmente nos lembraremos de aulas em que nos ensi-
naram a como fazer.

Afinal, como grifar um texto, organizar uma anotação, produzir resumos, ficha-
mentos, resenhas, esquemas, ler um gráfico ou um mapa, apreciar uma imagem
etc.? Na maioria das vezes, esses procedimentos de estudo são solicitados, mas
não são ensinados. Por esse motivo, nem sempre os utilizamos adequadamente ou
entendemos sua importância para nossa aprendizagem.

Aprender a estudar nos faz tomar gosto pelo estudo. Quando adquirimos este
hábito, a atitude de sentar-se para ler e estudar os textos das mais diferentes disci-
plinas, a fim de aprimorar os conhecimentos que já temos ou buscar informações,
torna-se algo prazeroso e uma forma de realizar novas descobertas. E isso acontece
mesmo com os textos mais difíceis, porque sempre é tempo de aprender.

Na hora de ler para aprender, todas as nossas experiências de vida contam


muito, pois elas são sempre o ponto de partida para a construção de novas apren-
dizagens. Ler amplia nosso vocabulário e ajuda-nos a pensar, falar e escrever
melhor.

Além disso, quanto mais praticamos a leitura e a escrita, desenvolvemos


melhor essas capacidades. Para isso, conhecer e utilizar adequadamente diferentes
procedimentos de estudo é fundamental. Eles lhe servirão em uma série de situa-
ções, dentro e fora da escola, caso você resolva prestar um concurso público, por
exemplo, ou mesmo realizar alguma prova de seleção de emprego.

Por todas essas razões, os procedimentos de estudo e as oportunidades de


escrita são priorizados nos materiais, que trazem, inclusive, seções e dois vídeos
de Orientação de estudo.

Por fim, é importante lembrar que todo hábito se desenvolve com a frequência.
Assim, é essencial que você leia e escreva diariamente, utilizando os procedimen-
tos de estudo que aprenderá e registrando suas conclusões, observações e dúvidas.
Física

SUMÁRIO

Unidade 1 ‒ O mundo físico.........................................................................................17

Tema 1 – Como surgem as ciências..........................................................................................17


Tema 2 – Medidas e unidades...................................................................................................23
Tema 3 – Ciência e tecnologia...................................................................................................28

Unidade 2 ‒ A descrição do movimento.....................................................................33

Tema 1 – Espaço, velocidade e aceleração...............................................................................33


Tema 2 – Classificando os movimentos..................................................................................48
Tema 3 – Movimentos circulares ou curvilíneos....................................................................61

Unidade 3 ‒ Explicando o movimento........................................................................72

Tema 1 – Forças e seus efeitos..................................................................................................72


Tema 2 – Leis de Newton e suas aplicações............................................................................77
Tema 3 – Astronomia e gravitação...........................................................................................89

Unidade 4 ‒ Efeitos de uma força aplicada.............................................................106

Tema 1 – Flutuação...................................................................................................................106
Tema 2 – Rotação......................................................................................................................119
Tema 3 – Trabalho de uma força.............................................................................................124
Caro(a) estudante,

Agora que você decidiu retomar seus estudos, terá a oportunidade de aprofun-
dar alguns conhecimentos no campo da Física, que é uma parte importante do
pensamento científico. Muitos dos temas você já conhece, mas, neste momento,
eles serão estudados e analisados mais profundamente do ponto de vista físico.

Na Unidade 1, o tema é o mundo físico. Nela, procura-se contextualizar o que é


conhecimento físico, como ele nasceu e como se organiza e é sistematizado a par-
tir da experimentação, da realização de medidas e do estabelecimento de relações
entre grandezas. Você verá que as grandezas apresentam unidades e aprenderá
como converter umas em outras, quando for possível.

Na Unidade 2, você iniciará seu aprendizado em cinemática, que é a parte da


Física que descreve os movimentos, independentemente de suas causas. Você vai
conhecer algumas grandezas relevantes no estudo de movimentos (como espaço,
tempo, velocidade e aceleração) e verificar como analisar os movimentos para clas-
sificá-los em lineares ou circulares, uniformes ou variados. Por fim, analisará mais
detalhadamente como descrevê-los e compará-los, além de ver algumas aplicações
dos movimentos circulares.

Na Unidade 3, começará o estudo da dinâmica, parte da Física que busca


explicar as causas do movimento. Você estudará a definição de força e as leis de
Newton, que apresentam o conceito de força e permitem avaliar as consequências
de sua aplicação em corpos parados ou em movimento. Concluirá essa Unidade
estudando a força gravitacional, uma das mais importantes da natureza e que pos-
sibilitou entender o movimento dos corpos celestes, além de unificar os estudos
sobre os fenômenos físicos do céu com a física terrestre.

Na Unidade 4, você estudará alguns efeitos da aplicação de forças em diversos siste-


mas e do que dependem esses efeitos, como do tempo de aplicação da força, da distân-
cia e dos materiais envolvidos em sua aplicação, da área na qual ela é empregada etc.

Tudo isso permitirá que você se aproprie dos conhecimentos físicos como ins-
trumentos de leitura de mundo e de resolução de problemas, e possa ter um olhar
diferenciado sobre o meio em que vive e pensar no desenvolvimento histórico do
conhecimento científico, para que você possa se posicionar de forma prática e crí-
tica diante de situações de sua vida e de questões de sua comunidade.

Bons estudos!
O mundo físico
Unidade 1

física
TEMAS
1. Como surgem as ciências
2. Medidas e unidades
3. Ciência e tecnologia
Introdução
Nesta Unidade, você estudará o mundo físico. Verá como, ao longo do tempo, o
pensamento mítico, que se baseia em deuses, espíritos e forças sobrenaturais, foi
dando lugar a uma construção lógica fundamentada em conceitos de grandezas que
podem ser medidas e relacionadas matematicamente, numa tentativa de explicar
como e por que determinados fenômenos acontecem. Essa maneira de pensar, cha-
mada inicialmente de filosofia natural, deu origem a uma nova forma de conheci-
mento e explicação da realidade, denominada Física.

Essa nova forma de conhecimento deu ao homem a possibilidade de interferir e


modificar a natureza, permitindo o desenvolvimento tecnológico. Esse desenvolvi-
mento não ocorreu por acaso; ele decorreu das necessidades de uma população ou
grupo, e muitas vezes esteve vinculado aos interesses de grupos que o utilizaram
para explorar recursos naturais, assim como para dominar e subjugar outros grupos.

Como surgem as ciências T E M A 1

Para começar, você estudará por que o conhecimento físico não é inato, ou seja,
por que não nascemos com ele. O conhecimento é construído com base em ques-
tionamentos sobre aquilo que se observa. A partir de questionamentos e dúvidas,
podem-se criar hipóteses que expliquem os fenômenos naturais, e a racionalização
dessas explicações leva à escolha daquela que solucione melhor as questões.

O conhecimento, então, resulta de um acúmulo de informações que permite


identificar regularidades e estabelecer relações entre vários fenômenos. Com base
nessas relações, buscam-se teorias que consigam explicá-los. Esse processo não é
simples nem linear, e constitui uma aventura pela busca dos melhores modelos
que expliquem a realidade. A Física, assim como as outras ciências, é uma forma
de tentar explicar a realidade.
18 UNIDADE 1

© Svetlana Gombats/123RF
Observe a figura ao lado, reflita e anote suas
hipóteses no seu caderno.

• O que é a chuva?

• Por que a chuva cai?

• Como se origina a chuva?

• Você diria que as explicações que encontrou


para estas perguntas são científicas ou míti-
cas? Por quê?

Depois de estudar o tema, releia seus


apontamentos e pense se você alteraria suas
respostas.

A ciência na história
Desde o início da história da humanidade, o ser humano observou a natureza,
percebendo a sucessão dos dias e das noites, das estações do ano, os ciclos da Lua, as
estrelas, os períodos de chuva e de seca. Aprendeu a dominar o fogo e, aproveitando
os ciclos naturais, passou a cultivar a terra e criar animais, o que lhe permitiu fixar-
-se em determinados territórios, deixando de ser nômade. Ao longo desse tempo,
acumulou saberes e desenvolveu conhe-
cimentos e crenças, o que lhe possibilitou Animista
construir uma cultura na qual os fenôme- Concepção que parte da hipótese de que
nos naturais tinham origem misteriosa, tanto os seres vivos quanto os sistemas e
fenômenos da natureza têm alma (do latim
atribuída geralmente a deuses, espíritos anima) e vontade própria.
ou a outras explicações animistas.

Embora os povos do Oriente tenham deixado um vasto legado empírico (conhe-


cimento prático), acredita-se que os filósofos gregos tenham sido os pioneiros
na criação de sistemas de explicações racionais para os fenômenos naturais, em
uma primeira tentativa de entender e interpretar o mundo desvinculado do pen-
samento mítico; ou seja, uma tentativa de explicar os fenômenos observados sem
recorrer a espíritos, deuses ou outras entidades sobrenaturais, mas apenas a partir
de outros elementos presentes na natureza e encadeados logicamente.
UNIDADE 1 19

O desenvolvimento da linguagem e a especialização e divisão do trabalho propor-


cionaram uma divisão de classes na antiga sociedade grega. Na Grécia antiga eram
considerados cidadãos apenas os

© Oronoz/Album Art/Latinstock
homens livres e que também eram
proprietários de terras. Esse grupo
considerava o trabalho manual
algo degradante, a ser relegado aos
escravos. Eles assumiram o traba-
lho intelectual, tido como o mais
“nobre”, que permitia desenvolver
o conhecimento teórico. Associa-
ram o saber fazer (os conhecimen-
tos práticos ligados aos modos de
produção e às necessidades diá-
rias) ao saber por quê, relacionado Afresco retratando a “Academia de Platão”, onde acontecia o encontro de vá-
rios pensadores e filósofos, na cidade de Atenas, na Grécia. Na pintura estão
ao conhecimento teórico. representados alguns pensadores que realmente existiram, mas que viveram
em épocas muito distintas. Trata-se, portanto, de um encontro imaginado pelo
O conhecimento obtido dessa pintor, como uma homenagem à filosofia clássica [Rafael Sanzio. Escola de
Atenas, 1508-1511].
forma foi muito além da esfera
empírica, gerada pelas necessidades do dia a dia, associando a esta uma ten-
tativa de explicar como e por que certos fenômenos aconteciam de uma forma
e não de outra. Essa maneira de questionar e problematizar a realidade, de não
aceitar explicações preestabelecidas, deu origem a uma nova maneira de pensar,
dissociada do modo de produção: o pensamento filosófico.

Os primeiros filósofos lançaram-se à busca de explicar a origem do mundo e a


razão de ser das coisas, bem como de estabelecer relações de causa e efeito entre
os fenômenos. Assim, iniciaram um ramo específico da filosofia chamado filosofia
natural, que, posteriormente, deu origem à Física, que passou a se ocupar de expli-
car os fenômenos do mundo material. Dessa separação e contradição entre o con-
creto e o abstrato, nasceu a divisão do Universo em dois: o mundo físico, concreto
e palpável, e o mundo das ideias, etéreo e perfeito.

Foi Pitágoras quem lançou uma das ideias mais marcantes dessa nova filoso-
fia: a de que a beleza está na simplicidade. Ele acreditava que deveria haver uma
explicação simples para tudo e que esta poderia ser representada em linguagem
matemática, estabelecendo relações numéricas entre diferentes grandezas. Esse
pensamento, de certa forma, foi a base e a busca da ciência moderna.
20 UNIDADE 1

Atividade 1 Explicações de fenômenos naturais

1 Responda às questões a seguir sobre a ocorrência de chuvas.

a) Uma explicação comum para a ocorrência da chuva é dizer que Deus está
lavando o chão do céu. Os trovões seriam, de acordo com essa explicação, o baru-
lho de Deus movimentando as mesas e cadeiras de lugar enquanto lava o chão
celeste. Essa explicação é mítica ou científica? Quais elementos podem ser utiliza-
dos para justificar sua resposta?

b) Outra explicação para a

© Hudson Calasans
ocorrência da chuva é que ela
Energia
é o resultado da condensação solar

do vapor de água contido no ar, Precipitação


que forma as nuvens (conforme Condensação
a ilustração ao lado). A chuva
seria, então, uma parte do ciclo Transpiração
Precipitação Vento
da água. Depois de chover, Vento

a água evapora, sobe, forma Evaporação

nuvens, condensa­‑se e volta a Evaporação


Infiltração
cair em forma de chuva. Essa Rios e
lagos
explicação é mítica ou cientí- Oceano
fica? Quais elementos podem Água subterrânea

ser utilizados para justificar


sua resposta?
UNIDADE 1 21

2 O filósofo grego Aristóteles propôs que a Terra

© Hudson Calasans
seria o centro do Universo, em torno do qual gira- Saturno

riam a Lua, o Sol e os planetas (modelo geocên-


Vênus

trico). Essa explicação para a passagem dos dias e Mercúrio

das noites, dos meses e dos anos, é mítica ou cien- Terra

tífica? Quais elementos podem ser utilizados para Sol

justificar sua resposta? Lua

Marte
Júpiter

Esquema do modelo geocêntrico de Aristóteles.

O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja,
recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura
orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução
histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e
perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode­
‑se afirmar que a filosofia
a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos,
das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões.
b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu
nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e
exige o trabalho da razão.
c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impos-
tos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.
d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou
invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela
codificação mítica.
Universidade Estadual de Goiás (UEG), 2013. Disponível em: <http://www.cneconline.com.br/exames-educacionais/
vestibular/provas/go/ueg/2013/1o-semestre/ueg-2013-1-prova-conhecimentos-gerais-c-gabarito-espanhol.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014.

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Explicações de fenômenos naturais


1

a) Mítica, pois baseia-se em explicação divina: a crença num Deus criador e todo-poderoso; o fato
de no céu existir um chão que se acredita poder ser lavado com água; e o fato de que os móveis do
22 UNIDADE 1

céu, ao serem arrastados, fazem barulho podem ser elementos que tornariam tal explicação plau-
sível, do ponto de vista mítico.

b) Científica, pois utiliza elementos presentes na própria natureza, analisados de forma metódica
e empírica, sem mencionar deuses ou espíritos. As mudanças de estado físico da água, como a sua
evaporação provocada pelo calor do Sol, dão sustentação a essa explicação científica.

2 Embora seja uma explicação superada, ela é racional – portanto, científica –, pois se funda-
HORA DA CHECAGEM

menta na observação e na análise de um fenômeno sem levar em conta a intervenção de deuses,


heróis ou espíritos. O fato de não ser percebida a rotação da Terra sem o auxílio de tecnologia
moderna foi um argumento plausível para apoiar essa hipótese.

Desafio
Alternativa correta: d. O surgimento da filosofia está ligado ao abandono das explicações míticas e
à racionalização da realidade observada.
23

Medidas e unidades T E M A 2

O conhecimento físico do mundo se estabelece a partir de relações quantitati-


vas e qualitativas entre as grandezas envolvidas em determinado fenômeno. Faz
parte da pesquisa científica identificar quais são as grandezas importantes e como
medi-las. O objetivo deste tema é que você compreenda o que é uma grandeza,
o que é medida e que conheça alguns caminhos seguidos para a construção do
conhecimento científico.

Observe os objetos a seguir.

© Jittipong Rakritikul / gitanna / design56 / greycarnation / Ferli Achirulli / grazvydas / Maksym


Os instrumentos mostrados acima servem para realizar algumas medidas. Yemelyanov / Thanapol Kuptanisakorn / Taavi Toomasson / paulpaladin / Matthew Benoit / 123RF

• Você conhece algum(ns) desses instrumentos? Qual(is)?

• Quais grandezas poderiam ser medidas com os instrumentos que você conhece?

• O que é grandeza?

• O que significa medir uma grandeza?

• Quais são as unidades de medidas de distância?

• Quais são as unidades de medida do tempo?

• Quais são as unidades de medida da massa?


24 UNIDADE 1

Em seu caderno, faça as anotações em relação a essas questões e, depois de


estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria suas respostas.

Grandezas
Grandeza é tudo aquilo que se pode medir.

© Fernando Nascimento/Fotoarena
Mas o que é medir? Medir é comparar duas
grandezas de mesma espécie (por exemplo, área
com área, comprimento com comprimento,
volume com volume, velocidade com veloci-
dade etc.), tomando uma delas como parâmetro.
Assim, para medir a altura de uma porta, por
exemplo, pode-se tomar como padrão de com-
primento um palmo e comparar o tamanho do
palmo com o tamanho do objeto a ser medido
(no caso, a altura da porta), verificando quan-
tas vezes a altura da porta é maior ou menor do
que o palmo. Para medir a massa de um corpo,
é preciso escolher um padrão de medida de
massa (o quilograma, por exemplo) e comparar
a massa a ser medida com esse padrão.
Medindo uma porta com uma trena.

As medidas podem dar para a ciência um


caráter mais universal. Estabelecidos os padrões de medida, elas não dependem
mais de fatores culturais. Isso permite a obtenção de conhecimentos mais objeti-
vos sobre a realidade, já que eles independem da interpretação das pessoas. Se um
objeto mede 1 metro, por exemplo, ele medirá 1 metro no Brasil, no Japão ou em
qualquer país da África, independentemente das crenças das pessoas envolvidas
em sua medição. Por isso, o conhecimento científico muitas vezes é chamado de
conhecimento positivo, pois pretende ser o mais isento possível da trajetória cul-
tural dos cientistas.

Nessa perspectiva, o conhecimento físico sobre a realidade implica, então, tentar


minimizar o efeito das crenças pessoais sobre a observação e a interpretação da reali-
dade. A produção desse conhecimento segue um método, chamado de método científico.

De acordo com esse método, é fundamental observar a natureza, levantar ques-


tões sobre seu funcionamento e buscar respostas para essas questões. Para isso,
muitas vezes, os físicos realizam experimentos.
UNIDADE 1 25

Experimentos constituem-se na

© Christophe Vander Eecken/Corbis/Latinstock


reprodução de fatos observados ou
inseridos na natureza, porém em um
ambiente controlado, como um labora-
tório, sob condições determinadas, que
permitem analisar os efeitos de cada
uma das grandezas envolvidas num
fenômeno. Além disso, como parte do
processo, deve-se divulgar, sobretudo
O acelerador de partículas é um aparelho gigantesco no qual os físi-
à comunidade científica, o que se fez e cos realizam experimentos que buscam simular a origem da matéria.
o que se descobriu após a realização do
experimento. Essa divulgação pode acontecer pela publicação de artigos em revista
e jornais científicos reconhecidos internacionalmente e pela participação em even-
tos, como congressos, simpósios, seminários etc.

Você já pode ter ouvido falar em várias unidades de medida de comprimento, como polegada
(uma TV de 32 polegadas), metro (uma parede de 2 metros de altura), jarda (uma falta cometida
a 2 jardas da grande área), légua (uma cidade a 2 léguas de outra) ou palmo (um buraco com
7 palmos de profundidade). Qual dessas medidas é maior e qual é menor?

Para evitar confusões com as diversas unidades de medida, a Conferência Geral de Pesos e
Medidas (CGPM) criou o Sistema Internacional de Unidades, conhecido como SI. O SI é um sis-
tema de unidades de medida que pode ser utilizado em todos os países para realizar medidas
padronizadas, adotando-se uma unidade padrão para cada grandeza física.

Atualmente, com a globalização da economia, o SI tem sido cada vez mais utilizado para faci-
litar as transações comerciais entre diferentes povos que costumavam utilizar sistemas de
medidas diferentes.

Atividade 1 Grandezas

Indique, entre os conceitos a seguir, aqueles que constituem grandezas:

• massa • vontade • velocidade • altura

• força • amizade • filosofia • amor

• água • beleza • volume • pressão


26 UNIDADE 1

Atividade 2 Medindo grandezas

1 O que poderia ser medido neste Caderno que você está lendo agora?

2 Como é possível medir o comprimento e a largura do Caderno? Seria necessário o


uso de uma régua ou fita métrica ou existem outras formas de realizar as medidas?

3 Comente se existe ou não equivalência entre diferentes formas de realizar medidas.

A siderúrgica “Metal Nobre” produz diversos objetos maciços utilizando o ferro. Um tipo espe-
cial de peça feita nessa companhia tem o formato de um paralelepípedo retangular, de acordo com
as dimensões indicadas na figura que segue.
O produto das três dimensões indicadas na peça
resultaria na medida da grandeza 1,3 m
a) massa.
Metal Nobre
b) volume.
c) superfície.
0,5 m
d) capacidade.
2,5 m
e) comprimento.
Enem 2010. Prova azul. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2010/AZUL_Domingo_GAB.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014.

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Grandezas
São grandezas: massa, volume, força, pressão, altura e velocidade, pois podem ser medidas e com-
paradas com padrões estabelecidos para essas grandezas, como o quilograma (massa) e o metro
(altura), por exemplo.

Atividade 2 – Medindo grandezas


1 Poderiam ser medidos o comprimento, a largura e a espessura do Caderno e, a partir daí, ser
calculado seu volume e a área da capa. Seria possível medir também a massa do Caderno.
UNIDADE 1 27

2 Pode-se medir o Caderno com régua ou fita métrica, mas essas não são as únicas maneiras
possíveis. Pode-se medir por meio de unidades do próprio corpo, como o polegar, o palmo etc., mas
essas unidades de medida variam de uma pessoa para outra.

3 Como medir é comparar, pode-se medir uma mesma grandeza utilizando diferentes padrões de
comparação. Porém, padrões diferentes vão gerar medidas com valores diferentes, e é fundamental
estabelecer a relação entre eles, de forma que as medidas sejam equivalentes.

Desafio
Alternativa correta: b. Nessa questão, é preciso saber diferenciar os conceitos de massa, volume,
comprimento e capacidade.

• Massa é uma medida da quantidade de matéria contida em um objeto ou corpo.

HORA DA CHECAGEM
• Comprimento é a distância entre dois pontos.

• Capacidade é quanto cabe em determinado espaço.

• Volume é o espaço que um corpo ocupa. Esse espaço é expresso em unidades cúbicas de medida,
e envolve sempre, portanto, três dimensões.

O produto proposto pela questão é expresso em metros cúbicos, indicando, claramente, que se
trata de volume (no caso, comprimento × largura × profundidade).
28

T E M A 3 Ciência e tecnologia

Neste tema, você vai analisar as relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Vai
estudar que o desenvolvimento tecnológico só é possível a partir da ação humana,
tanto a intelectual, no momento de desenvolver teorias e projetar aparelhos, como
computadores, celulares, aparelhos de raios X, ultrassom etc., como na hora de produ-
zir esses aparelhos, extraindo a matéria-prima, soldando e parafusando peças.

© Andrew Brookes National Physical Laboratory/SPL/Latinstock


• As pesquisas científicas são fei-
tas em que tipo de ambiente?
Público ou privado?

• Um pesquisador consegue esco-


lher o que vai pesquisar?

• Uma pesquisa científica precisa


ter um objetivo?

• Uma pesquisa científica precisa


ter uma utilidade prática?

Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria


suas respostas.

Desenvolvimento científico e tecnológico


Nas sociedades atuais, marcadas por novas formas de produção cultural e de
dominação econômica, o desenvolvimento científico e a inovação tecnológica se
fazem indispensáveis.

Se é verdade que, a princípio, o desenvolvimento técnico não esteve atrelado ao


desenvolvimento científico, atualmente ciência e tecnologia apresentam-se inter-
ligadas de tal forma, que é comum se referir a elas como uma coisa só, chamada
ciência e tecnologia (C&T).
UNIDADE 1 29

A ciência está ligada a uma busca pelo conhecimento. Embora seja única, ela
pode ser pensada como uma composição entre ciência pura e ciência aplicada.
A ciência pura tem por objetivo a produção de conhecimento em si, enquanto a
ciência aplicada visa, principalmente, a geração de produtos que melhorem ou
facilitem a execução de tarefas, ou seja, é dela que deriva a tecnologia. Assim, a
tecnologia está subordinada às demandas de mercado, enquanto a ciência busca,
antes de tudo, o conhecimento como um bem em si mesmo.

As técnicas vinculadas à prática são muito mais antigas do que a ciência (que
está ligada ao desenvolvimento de teorias), sendo provavelmente tão antigas
quanto a própria humanidade. Do Paleolítico à Idade dos Metais, das pirâmides
egípcias aos castelos medievais e também entre os grandes templos no Oriente,
os grandes feitos da humanidade não foram construídos com base em princípios
físicos, mas por “mestres” que se valeram da experiência prática acumulada, e não
de um conhecimento abstrato sobre seu objeto de trabalho.

O casamento recente entre ciência e tecnologia pode ser ilustrado com a Revo-
lução Industrial, o domínio e a aplicação da eletricidade, da biotecnologia, da ener-
gia nuclear, da nanotecnologia etc. Desde o final do século XVIII, portanto, ciência,
tecnologia e sociedade andam juntas, atreladas ao desen-

© Laurentiu Iordache/123RF
volvimento industrial e à produção de bens de consumo.

O que não se pode esquecer, quando se fala de produtos


tecnológicos, como o tablet, por exemplo, é que, mais do que
um amontoado de fios, plásticos etc., ele é resultado de um
processo de fabricação que envolveu desde o trabalhador,
que escavou a terra à procura de minérios, que foram trans-
formados em fios e outros componentes eletrônicos, pas-
sando pelo projeto do produto até chegar, eventualmente, ao
O tablet é resultado da união
produto final. entre ciência e tecnologia.

O pensamento científico não se desenvolve descolado do seu tempo. Como cons-


trução social, ele faz parte da cultura. Por isso influencia e é influenciado por ela.
Durante a Revolução Industrial, por exemplo, o desenvolvimento das máquinas a
vapor prescindia de um conhecimento mais elaborado dos gases, assim como o desen-
volvimento inicial da metalurgia prescindiu do conhecimento da estrutura da matéria.

Nessa época, foi retomado o modelo atômico, que fragmenta a matéria em


pedacinhos, chamados átomos. Com o avanço do capitalismo em substituição ao
regime feudal, a sociedade assistiu à fragmentação do espaço, com a divisão de
grandes feudos e castelos em propriedades privadas menores; à fragmentação
30 UNIDADE 1

do tempo, com a introdução dos relógios e horários de entrada e saída das fábri-
cas e das escolas, por exemplo; à fragmentação da produção, com a introdução
das linhas de produção; e à fragmentação da energia, com fótons e quanta.
O pensamento científico moderno, por sua vez, parte da hipótese de que muitos
fenômenos acontecem por acaso, sem motivo aparente. Ele não garante relações de
causa e efeito bem determinadas. Por isso, é relativo e fragmentado, parecendo que
uma causa não se relaciona univocamente com os efeitos, e que cada evento acon-
tece de forma absolutamente independente dos outros.
O pensamento científico influencia vários campos do conhecimento, como o artís-
tico, o esportivo, o social, o econômico e o cultural, entre outros, a ponto de ser válido
afirmar que, atualmente, a maior parte dos novos produtos é resultado de pesquisa
científica. Entretanto, apesar de todos os avanços da modernidade, o modo científico
de pensar e agir ainda está longe de ser universal. Assim, pode-se dizer, como apontou
Tambosi:

A tecnologia já conquistou os corações, mas a ciência ainda não alcançou as


mentes [...].
TAMBOSI, Orlando. O desafio de gerar, aplicar e divulgar o conhecimento científico. Disponível em:
<http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/secex/sti/indbrasopodesafios/nexcietecnologia/Tambosi.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014.

Atividade 1 Pensamento científico e produção técnica

1 Com toda a automação que acontece atualmente nas linhas de produção, seria
possível produzir bens de consumo sem trabalho humano?

2 Explique a diferença entre ciência pura e ciência aplicada.

3 De acordo com o texto desta Unidade, ciência e tecnologia nem sempre estive-
ram associadas da forma como se observa atualmente. Busque no texto os argu-
mentos que sustentam essa afirmação, indicando inclusive o momento histórico
em que passam a “caminhar juntas”.
UNIDADE 1 31

4 Observe os quadros a seguir, que foram pintados no século XX e que trazem


elementos do pensamento científico moderno.

Foto: © Album/Akg-Images/Latinstock © Fundación Gala-Salvador Dalí/Autvis, 2015

Foto: © SuperStock/Keystone © Succesion Pablo Picasso/Autvis, 2015


Salvador Dalí. A persistência da memória, 1931. Museu de Arte de Nova Iorque Pablo Picasso. Mulher chorando , 1937. Tate
(MoMA), Nova Iorque, Estados Unidos. Gallery, Londres, Reino Unido.

Agora, escreva um pequeno texto articulando os conceitos trabalhados no


texto, como fragmentação e relativização, e as obras observadas.

Muitas propagandas utilizam expressões como “produto testado cientifica-


mente” ou “especialistas dizem que...”, ou ainda “pesquisas mostram que...”. Em
todas essas expressões há um apelo muito grande ao conhecimento e/ou ao uso
do método científico como fonte confiável de informação. Em sua opinião, por que
uma propaganda menciona isso?
32 UNIDADE 1

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Pensamento científico e produção técnica


1 Por mais automatizada que seja a linha de produção, o trabalho humano é necessário, para
planejar, projetar ou produzir os programas que controlam as máquinas, ou mesmo para supervi-
sionar seu funcionamento.

2 Enquanto a ciência pura objetiva a produção de conhecimento em si, sem se preocupar em


como ele será utilizado ou se servirá a algum fim específico, a ciência aplicada tem por objetivo
gerar produtos que auxiliem a execução de tarefas.

3 De acordo com o texto, as técnicas são muito mais antigas do que a ciência, o que pode ser
comprovado pelo fato de que, independentemente de desenvolver teorias para explicar os fenôme-
nos, os homens construíram ferramentas, casas, igrejas, castelos etc., com base exclusivamente em
sua experiência acumulada. Foi com a Revolução Industrial, no final do século XVIII, que ciência e
tecnologia começaram a caminhar juntas.

4 Resposta pessoal. O seu texto poderá indicar que o pensamento científico moderno é relativo e
fragmentado e que essa forma de pensar (relativa e fragmentada) permeia todos os campos do conhe-
cimento, inclusive o artístico. Desse modo, os relógios derretidos remetem à relatividade do tempo, e
o rosto e as mãos da mulher, à fragmentação.
A descrição do movimento
Unidade 2

física
TEMAS
1. Espaço, velocidade e aceleração
2. Classificando os movimentos
3. Movimentos circulares ou curvilíneos
Introdução
Nesta Unidade, você vai conhecer a parte da Física que trata da descrição e da
classificação dos movimentos, e, por isso, tem o nome de cinemática, de origem grega.

Verá também que, na descrição do movimento, a grandeza mais importante é


a velocidade. É ela que permite definir se há movimento e que tipo de movimento
está ocorrendo. Verá que a variação da velocidade é determinada pela aceleração
e que os movimentos podem ser variados ou uniformes.

Estudará ainda que grandezas como espaço, velocidade e aceleração dependem


do referencial, da direção e do sentido em que ocorrem, de como são definidas e de
como variam em função do tempo.

Espaço, velocidade e aceleração T E M A 1

Para descrever e classificar os movimentos – principal objetivo desta Unidade –,


é preciso compreender conceitos que já fazem parte do seu cotidiano: espaço, velo-
cidade e aceleração. Neste tema, você vai estudá-los de um ponto de vista científico.

A figura ao lado mostra uma pessoa em uma bici-


© Don Mason/Corbis/Latinstock

cleta. Observe a imagem e responda às questões pro-


postas, anotando as respostas nas linhas a seguir.

• Você diria que a pessoa na bicicleta está parada


ou está em movimento?

• E a bicicleta, está parada ou está em movimento?

• Ao fundo da imagem, é possível observar algumas árvores. Elas estão paradas ou


estão em movimento?

• Se essa pessoa pedalar por dez minutos, aonde ela vai chegar?
34 UNIDADE 2

Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e verifique se você faria


alterações em suas respostas.

Física – Volume 1

Por dentro dos movimentos

Esse vídeo aborda alguns aspectos da Física que você já viu na Unidade 1 – como o nascimento
da filosofia natural e dos primeiros estudos da Física –, mas será particularmente interessante
para acompanhar os estudos que você fará agora, na Unidade 2. Com a orientação do físico
e professor Francisco de Assis, você conhecerá como a Física explica os movimentos, a par-
tir de um referencial no espaço, e quais são os diferentes tipos de movimento: retilíneo uni-
forme, uniformemente variado e movimentos circulares. Assista ao vídeo mais de uma vez, pois
ele poderá ajudá-lo na compreensão de cada conceito.

Espaço
Para localizar um ponto no espaço, é neces-

© Daniel Beneventi
Bra

sário determinar a(s) distância(s) que ele está de


Brasil sil

algum lugar. Por exemplo, para localizar uma casa R$ 0,50


R$
0,50

numa cidade, é preciso determinar a rua na qual


Destinatário:
ela está localizada e a que distância ela está do Um Dois Três de Oliveira Quatro
Rua Galileu nº
- 17 - Cidade Cinemática
começo da rua, que é dada pelo número da casa São Paulo - SP
CEP 01000-100
(veja a figura ao lado). Dessa forma, é possível
determinar a posição da casa na cidade.

Em Física, a palavra posição não se refere a estar, por exemplo, em pé ou dei-


tado, à frente ou atrás, mas sim à distância em relação a um referencial. Espaço,
ou posição de um corpo, é definido como a distância que ele está de determinado
ponto, chamado origem, que serve
de referência para a medida dessa
distância. Portanto, espaço e posi- A palavra corpo pode ser usada para se referir
a qualquer objeto. Portanto, em Física, a
ção dependem do referencial. Assim palavra corpo não significa necessariamente
como você pode estar à direita de uma o corpo humano.
UNIDADE 2 35

parede e à esquerda de outra, pode estar a certa distância de uma parede e a uma
distância diferente de outra. Desse modo, é sempre necessário informar o referen-
cial em relação ao qual se define uma posição.

Atividade 1 Referencial e posição

© Hudson Calasans
Ao descrever a posição da carteira marcada
na figura ao lado, uma estudante disse que a car-
teira está na segunda fileira e na terceira coluna,
enquanto outra disse que está na quarta fileira e
na quarta coluna.

1 Elas poderiam estar descrevendo a posição


da mesma carteira? Justifique sua resposta.

2 Que informação a mais elas poderiam dar que permitiria a uma pessoa qual-
quer identificar a qual carteira elas se referiam?

Corpos em movimento
Diz-se que um corpo está em movimento quando sua posição varia ao longo do
tempo, ou seja, à medida que o tempo passa, sua distância em relação a um dado
referencial vai mudando.
Daniel Beneventi sobre foto © Kostia Gerashchenko/123RF

Dessa forma, quando um corpo se


desloca, ele vai ocupando sucessivas
posições. O conjunto dessas posições é
chamado de trajetória.

Na figura ao lado, é possível visuali-


zar a trajetória descrita pelo caminhante
com base em suas pegadas na areia.
Cada pegada representa, na areia, uma
36 UNIDADE 2

posição ocupada pelo caminhante. Assim como a posição, a trajetória também


depende do referencial.
© Hudson Calasans

Trajetória
Ao medir, ao longo da trajetória,
orientada
a distância que um ponto está da
origem, determina-se o seu espaço.
1m
+
S = -2 m S=0 S = 2m A grandeza espaço é representada
pela letra S e, no Sistema Internacio-
Origem das medidas
de espaço nal de Unidades (SI), é medida em
Para facilitar as medidas de espaço, é necessário definir uma origem co- metros (m). Outras unidades comuns
mum para elas e qual o sentido da trajetória, indicado por uma seta. O es-
paço (S) é a medida da distância que um ponto está da origem em uma para dimensionar o espaço são o qui-
trajetória. Para indicar se o corpo está antes ou depois do referencial, uti-
lômetro (km) e o centímetro (cm).
liza-se o sinal positivo (depois da origem) ou negativo (antes da origem).

Ao se movimentar, um corpo descreve uma trajetória, e seus espaços percor-


ridos vão mudando em relação à origem. A medida da distância entre seu espaço
inicial (onde ele começou a se movimentar) e seu espaço final (onde ele parou de
se deslocar) é chamada de variação de espaço, ou espaço percorrido, sendo repre-
sentada pelo símbolo ΔS.

O símbolo Δ, que parece um triângulo, é a letra grega maiúscula cha-


mada delta. Dessa forma, a variação de espaço, simbolizada por ΔS,
deve ser lida como “delta S”.

Na linguagem matemática, escreve-se que:

Sf: espaço final;

ΔS = Sf – Si Si: espaço inicial;

ΔS: variação de espaço ou espaço percorrido.

Variação de espaço e distância percorrida


Em Física, variação de espaço e distância percorrida não são a mesma coisa.
A distância percorrida corresponde à distância que o móvel percorreu e, portanto,
UNIDADE 2 37

é determinada pela trajetória. Já a t2

© Hudson Calasans
(+)
variação de espaço depende apenas t1
de onde começou e de onde termi-
nou o movimento, independente-
S1 S2
mente da trajetória e da distância 0 ∆S > 0
percorrida.

Nessa imagem, a origem da trajetória é o ponto zero, e as distâncias até t1 e t2 são,


respectivamente, S1 e S2. A variação de espaço entre t1 e t2 é igual a ΔS (ΔS = S2 – S1),
que nesse caso é igual à distância percorrida.

Atividade 2 Trajetória e espaço

A figura a seguir mostra a trajetória descrita por um ônibus numa estrada.

© Hudson Calasans
Posição 1 Posição 2 Posição 3

-40 km -30 km -20 km -10 km 0 km +10 km +20 km

1 Nela, as posições estão marcadas em quilômetros. Qual é o ponto do espaço do


ônibus em cada uma das três posições indicadas na figura?

Posição 1:

Posição 2:

Posição 3:

2 Se o ônibus parte do ponto do espaço – 40 km e chega ao ponto +20 km, qual foi
variação de espaço que ele realizou?
38 UNIDADE 2

3 Se o ônibus parte da posição – 40 km, vai até a posição +20 km e volta para a posi-
ção –10 km, qual foi sua variação de espaço? E qual foi a distância que ele percorreu?

Velocidade média

Enquanto o tempo vai passando, um corpo pode se mover. Se passar “pouco


tempo” para o corpo ir de um ponto a outro do espaço, significa que ele se movi-
menta “rapidamente”, mas, se demorar “muito tempo” para ele percorrer esse
mesmo trajeto, significa que o corpo está se deslocando “lentamente”. A grandeza
física que indica se um corpo está se movendo rápida ou lentamente, de um lugar
para outro, se chama velocidade.

A velocidade média (v) de um corpo é definida como a proporção entre a variação


de espaço desse corpo (ΔS) e o tempo que ele gastou (Δt) para realizar essa variação
de espaço. Em linguagem matemática, essa relação é expressa da seguinte forma:

v: velocidade média do corpo;


ΔS ∆S: variação de espaço desse corpo: ∆S = Sf – Si;
v=
Δt
∆t: intervalo de tempo gasto para realizar essa
variação de espaço: ∆t = tf – ti.

No Sistema Internacional de Unida-


Velocidade instantânea
des, a velocidade média é medida em Durante um movimento, em geral, a
m/s (metros por segundo), mas existem velocidade vai mudando. Algumas vezes
outras unidades usuais, como km/h (qui- ela aumenta e, outras, diminui. O valor
que a velocidade tem em um determi-
lômetros por hora), nós (muito utilizada nado momento é a sua velocidade ins-
na navegação) e milhas por hora (mph), tantânea. O velocímetro, por exemplo,
usada em países de língua inglesa. marca a velocidade instantânea.
© Peter Gudella/123RF

Dizer que um carro está com a velo- Fis_EM1_U2_008


cidade de 108 km/h é o mesmo que
dizer que ele se desloca à velocidade de
30 m/s, ou seja, que o carro percorre a
distância 30 metros no tempo 1 segundo.

Velocímetro mostrando a velocidade instantânea


de um automóvel em km/h e mph (milhas por hora).
UNIDADE 2 39

Atividade 3 Unidades de velocidade

1 Responda às questões abaixo.

a) Se você andar com velocidade constante de 1 m/s durante 10 segundos (10 s),
quantos metros terá percorrido ao fim da trajetória?

b) Se você andar com velocidade constante de 1 m/s durante 1 minuto (1 min),


quantos metros terá percorrido ao fim da trajetória?

c) Se você andar com velocidade constante de 1 m/s durante 1 hora (1 h), quantos
metros terá percorrido ao fim da trajetória? E quantos quilômetros?

d) Então, a velocidade de 1 m/s corresponde a uma velocidade de quantos quilô-


metros por hora?

e) E se correr durante meia hora com velocidade de 2 m/s, quantos quilômetros


você vai percorrer?
40 UNIDADE 2

2 A tabela a seguir mostra as distâncias aproximadas entre o aeroporto e o cen-


tro da cidade para algumas capitais do País, bem como o tempo médio gasto para
percorrê-las de táxi e de ônibus.

De táxi De ônibus
Aeroporto Distância até o centro
(minutos) (minutos)
Fortaleza 10 km 15 20
Santos Dumont (RJ) 3 km 20 30
Salvador 25 km 45 70
Congonhas (SP) 11 km 40 50
Recife 11 km 30 45
Fonte: FRANCO, Pedro Rocha. Táxi para Confins é o mais caro e demorado do país. O Estado de Minas, 30 jul. 2013. Disponível em: <http://www.em.com.br/app/
noticia/economia/2013/07/30/internas_economia,429086/taxi-para-confins-e-o-mais-caro-e-demorado-do-pais.shtml>. Acesso em: 14 jan. 2015.

a) Qual é a maior velocidade média, de táxi, em km/h?

b) Qual é a menor velocidade média, de ônibus, em km/h?

c) Em qual dessas viagens o ônibus desenvolve a maior velocidade média?

d) Em qual dessas viagens o táxi desenvolve menor velocidade média?


UNIDADE 2 41

Aceleração
A velocidade de um corpo pode mudar. Se o corpo está parado, por exemplo, e
começa a se movimentar, sua velocidade aumenta, e diz-se que ele acelerou. De
modo contrário, se um automóvel está se deslocando, e o motorista pisa no freio,
sua velocidade diminui, e diz-se que ele desacelerou.

Em Física, aceleração é definida como a taxa com que a velocidade de um


corpo varia. Na linguagem matemática, a aceleração é expressa por:

a: aceleração média do corpo;


Δv Δv: variação da velocidade, em que Δv = vf – vi;
a=
Δt
Δt: tempo necessário para que ocorra essa variação de
velocidade, em que Δt = tf – ti.

A aceleração de um corpo é medida, no Sistema Internacional de Unidades, em


metros por segundo a cada segundo (m/s2).

Para um corpo que se move no mesmo sentido da trajetória, se a velocidade


aumenta, a variação da velocidade é positiva (∆v > 0) e sua aceleração também (a > 0).
Nesse caso, o corpo acelerou, então tem-se um movimento acelerado. Por outro
lado, se a velocidade do corpo diminui, a variação da velocidade é negativa (∆v < 0),
assim como sua aceleração (a < 0). Neste caso, o corpo desacelerou, então tem-se um
movimento retardado.

DICA!
O símbolo “>” indica que o número ou algarismo à esquerda do símbolo é maior que o da direita.

O símbolo “<” indica que o número ou algarismo à esquerda do símbolo é menor que o da direita.

Ou seja, a > b lê-se: “a é maior que b”; a < b lê-se: “a é menor que b”.

A palavra “aceleração” pode ter diferentes significados, dependendo do contexto, mas sempre
se refere à mudança na velocidade ou na taxa de variação de algum processo.

Por exemplo, é comum que jornais falem em “aceleração da economia”, com o sentido de
aumento do ritmo do crescimento econômico; ou em “aceleração da aprendizagem”, o que sig-
nifica diminuir o tempo necessário para aprender alguma coisa. Também é possível falar em
“aceleração do processo de fabricação de um produto”, ou seja, diminuir o tempo em que um
bem é produzido, elevando, assim, a produtividade e o lucro da empresa.
42 UNIDADE 2

O gráfico ao lado modela a distância percorrida,


10 km
em km, por uma pessoa em certo período de tempo. A
escala de tempo a ser adotada para o eixo das abscissas
depende da maneira como essa pessoa se desloca. Qual
é a opção que apresenta a melhor associação entre meio
ou forma de locomoção e unidade de tempo, quando são tempo
0 1 2
percorridos 10 km?
a) Carroça – semana.
b) Carro – dia.
c) Caminhada – hora.
d) Bicicleta – minuto.
e) Avião – segundo.
Enem 2008. Prova amarela. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2008/2008_amarela.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014.

Como calcular a aceleração


Suponha que você está

© Marc Ohrem-Le Clef/Corbis/Latinstock


com um grupo de amigos
empurrando um carro, que
está parado e com a bateria
descarregada. Vocês tentam
fazer o automóvel “pegar no
tranco”. Após empurrarem o
carro por 20 s, ele atinge uma
velocidade de 2 m/s e, com
o “tranco”, começa a funcio-
nar. Qual era a aceleração do
carro enquanto estava sendo
empurrado?

Para iniciar, deve-se calcular a variação da velocidade. Como o carro estava


parado, sua velocidade inicial era zero (vi = 0). Após os 20 s, sua velocidade final
era de 2 m/s (vf = 2 m/s). Então, sua velocidade aumentou de 0 para 2 m/s, ou seja,
ela aumentou 2 m/s (Δv = 2 m/s). Como passaram 20 s para que isso acontecesse,
a aceleração pode ser calculada da seguinte maneira:

Δv 2
a= = = 0, 1 m/s 2
Δt 20
UNIDADE 2 43

Atividade 4 Aceleração

1 Observe a tabela abaixo, que mostra o teste de desempenho de um automóvel,


e responda às questões.

Desempenho
0 km/h – 100 km/h 11,6 s
40 km/h – 80 km/h 5s
60 km/h – 100 km/h 6,1 s
Frenagem 120 km/h a 0 9s
Consumo cidade 7,7 km/L
Consumo estrada 11 km/L

a) A aceleração média desse carro é maior no intervalo entre quais velocidades?


Justifique sua resposta.

• 0 a 100 km/h. • 40 a 80 km/h. • 60 a 100 km/h.

b) Ainda com base nessa tabela, o que é maior: a aceleração ou a desaceleração


do carro?
44 UNIDADE 2

2 O gráfico abaixo representa o movimento de um trem num trecho ao longo da


linha entre duas estações consecutivas.

© Sidnei Moura
v (m/s)

20

15

10

0 10 20 30 40 t (s)

a) Em qual(is) trecho(s) a velocidade é constante?

b) Em qual(is) trecho(s) o movimento é acelerado?

c) Em qual(is) trecho(s) esse movimento é retardado?

A propaganda de automóveis utiliza como destaque a aceleração que eles são


capazes de desenvolver. É comum a propaganda afirmar que o carro vai de zero a
100 km/h em poucos segundos. Qual é a vantagem de um carro ter boa aceleração?
Qual é a diferença de ir de 0 a 100 km/h em 4 ou 6 segundos? Isso é de fato muito
importante ou apenas um recurso para o carro parecer melhor? O que é mais seguro?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Referencial e posição


1 Sim, mas com base em referenciais diferentes. A primeira estudante se refere à segunda fileira
a partir da frente da sala, e à terceira coluna a partir de um dos lados da sala (o lado direito da
figura). Já a outra disse que a carteira estava na quarta fileira a partir do fundo da sala e na quarta
coluna a partir do outro lado da sala (lado esquerdo da figura).

2 Faltou informar qual seria o referencial que elas utilizaram para começar a contar as fileiras
e as colunas.
UNIDADE 2 45

Atividade 2 – Trajetória e espaço


1 Os espaços do ônibus são:
Posição 1: – 30 km (está antes da origem das medidas);

Posição 2: 0 km (está na origem das medidas dos espaços); e

Posição 3: +20 km (está depois da origem dos espaços).

2 A variação de espaço foi de 60 km, já que +20 – (– 40) = 20 + 40 = 60 km.

3 Lembrando que ΔS = Sf – Si, a variação de espaço foi −10 – (− 40) = 30 km.

A distância que ele percorreu foi de 90 km, sendo 60 km para ir do espaço inicial – 40 km ao espaço
+20 km e mais 30 km, para ir do espaço +20 km ao espaço –10 km.

Atividade 3 – Unidades de velocidade


1
a) 10 m. Para alcançar esse resultado, você pode utilizar uma “regra de três”: se em 1 segundo
você anda 1 metro e a sua velocidade é sempre a mesma (constante), em 10 segundos caminhará
10 metros.

b) 60 m. Utilize o mesmo raciocínio anterior: se em 1 segundo você anda 1 metro e a sua velocidade
é constante, em 1 minuto (que é equivalente a 60 segundos), você caminhará 60 metros.

c) 3.600 m ou 3,6 km. Se em 1 s você anda 1 m e a sua velocidade é constante, em 1 hora (que é
equivalente a 60 min ou 3.600 s), você caminhará 3.600 m. Para saber a distância em quilômetros,
lembre-se de que 1 km = 1.000 m. Portanto, dividindo 3.600 por 1.000 = 3,6 km.

d) 1 m/s = 3,6 km/h. Para chegar a essa conclusão, você deve lembrar que 1 h equivale a 3.600 s e
1.000
1 km é igual a 1.000 m. Então: 1 m/s = s ou 3,6 km/h.
3.600
e) 3,6 km. Como a velocidade foi dobrada (passou de 1 m/s para 2 m/s), você percorrerá a mesma
distância (3,6 km) na metade do tempo (de 1 hora para meia hora).

2 Para chegar a todas as respostas, observe os seguintes raciocínios:

Em Fortaleza, o táxi percorre 10 km em 15 min, então fará a distância de 40 km em 1 h, que são


60 min (4 · 15 min), ou seja, sua velocidade será de 40 km/h.

No Rio de Janeiro, o táxi percorre 3 km em 20 min, então cobrirá 9 km em 1 hora, que são 60 min
(3 · 20 min), ou seja, sua velocidade será de 9 km/h.

Em Salvador, o táxi percorre 25 km em 45 min, então se deslocará cerca de 33 km em 1 h (fazendo


HORA DA CHECAGEM

uma regra de 3), ou seja, sua velocidade será de ≅ 33 km/h.

Em São Paulo, o táxi transita por 11 km em 40 min, então percorrerá 16,5 km em 1 h (fazendo uma
regra de 3), ou seja, sua velocidade será de 16,5 km/h.

Já em Recife, como percorre 11 km em meia hora, vai se deslocar 22 km em 1 h, ou seja, sua velo-
cidade será de 22 km/h.

Logo, a maior velocidade média ocorre em Fortaleza.


46 UNIDADE 2

Em Fortaleza, o ônibus percorre 10 km em 20 min, 30 km em 1 hora, ou seja, sua velocidade é de


30 km/h.

No Rio, o ônibus percorre 3 km em meia hora, 6 km em 1 h, ou seja, sua velocidade é de 6 km/h.

Em Salvador, o ônibus percorre 25 km em 70 min, aproximadamente 21 km em 1 h, ou seja, sua


velocidade é de cerca de 21 km/h.

Em São Paulo, o ônibus percorre 11 km em 50 min, aproximadamente 13,2 km em 1 h, ou seja, sua


velocidade é cerca de 13,2 km/h.

Em Recife, como percorre 11 km em 45 min, fará aproximadamente 14,7 km em 1 h, ou seja, sua


velocidade é de cerca de 14,7 km/h.

Logo, a menor velocidade média ocorre no Rio de Janeiro.

a) 40 km/h (Fortaleza). c) Fortaleza (30 km/h).

b) 6 km/h (Rio de Janeiro). d) Rio de Janeiro (9 km/h).

Desafio
Alternativa correta: c. Acompanhe a análise das alternativas:

• A alternativa a sugere a semana como unidade de tempo. Assim, a carroça andaria a uma velo-
cidade de 10 km por semana, que é muito baixa, mesmo para esse tipo de veículo.

• A alternativa b sugere o dia como unidade de tempo. Assim, o carro andaria 10 km em um pouco
mais de 2 dias, ou seja, a uma velocidade aproximada de 5 km/dia, que, como se sabe, é irreal.

• A alternativa c sugere a hora como unidade de tempo. Assim, uma pessoa caminharia 10 km em
2 h, ou seja, a uma velocidade de 5 km/h. Sabe-se que esta é mesmo a velocidade média de uma
pessoa caminhando. Logo, esta é a resposta correta.

• A alternativa d sugere o minuto como unidade de tempo. Assim, a bicicleta andaria 10 km em


2 min, ou seja, a uma velocidade de 5 km/min, ou 300 km/h, que se sabe ser muito alta para esse
tipo de veículo.

• A alternativa e sugere como unidade de tempo o segundo. Assim, o avião percorreria 10 km em


2 s, ou seja, a velocidade do avião seria de 5 km/s. Sabe-se que um avião pode viajar a cerca de
400 km/h, que seria, fazendo a transformação de hora para segundo, 0,11 km/s – bem menor que
os 5 km/s sugeridos pela alternativa.

Atividade 4 – Aceleração
1
HORA DA CHECAGEM

a)
100.000 m ≅
• Entre 0 e 100 km/h, a velocidade inicial é zero e a final é 100 km/h = 27,8 m/s.
27, 8 3.600 s
Então, a aceleração será: a = = 2,4 m/s2.
11, 6
Ou, então: 100 km/h = 8, 6 km/h/s
11, 6 s
UNIDADE 2 47

40.000 m ≅
• Entre 40 km/h e 80 km/h, Δv = vf – vi = 80 – 40 = 40 km/h; ou, ainda: Δv = 11 m/s; logo,
3.600 s
40 km/h 11
a= = 8 km/h/s ou a = = 2, 2 m/s2.
5s 5
40.000 m ≅
• Entre 60 km/h e 100 km/h, Δv = vf – vi = 80 – 40 = 40 km/h; ou, ainda: Δv = 11 m/s;
3.600 s
11 ≅
logo, a = 40 km/h ≅ 6,6 km/h/s ou a = 1,8 m/s2.
6, 1 s 6, 1
Portanto, a aceleração média é maior no intervalo entre 0 e 100 km/h.
13.300
b) A desaceleração, pois 120 ⋅ km/h ≅ 13, 3 km/h/s , ou, ainda: 3.600 ⋅ m/s = 13. 300 ⋅ m ≅ 3, 7 m/s2, que
9 s 1 s 3.600 s ⋅ s
é maior que a maior aceleração média encontrada.

HORA DA CHECAGEM
2
a) Pode-se observar no gráfico que a velocidade não muda nos intervalos de tempo de 0 s a 10 s
(v = 5 m/s) e de 20 s a 30 s (v = 15 m/s).

b) O movimento é acelerado quando a velocidade aumenta. Pode-se observar, no gráfico, que a


velocidade cresce entre 10 s e 20 s.

c) O movimento é retardado quando a velocidade diminui. Pode-se observar, no gráfico, que a velo-
cidade reduz-se entre 30 s e 40 s.
48

T E M A 2 Classificando os movimentos

Uma vez em movimento, um corpo pode descrever trajetórias regulares ou irregu-


lares, retilíneas ou em forma de curvas, pode manter a velocidade constante ou variar.

Neste tema, você vai estudar como identificar alguns tipos de movimento.

Enquanto pedala sua bicicleta, uma pessoa


faz uma série de movimentos. Reflita sobre a
situação e responda às seguintes questões:

• O movimento do pedal durante as pedaladas é


retilíneo ou circular?

• E o movimento da bicicleta, é circular ou


retilíneo?

• O movimento da bicicleta pode ser acelerado?

© ostill/123RF
• O que acontece com a velocidade da bicicleta
se o ciclista está andando num local plano e começa a pedalar com mais força?

• Qual é a trajetória descrita pelo pedal durante um movimento no qual o ciclista


pedala e vai para a frente?

Em seu caderno, faça as anotações em relação às questões, e depois de estudar


o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria suas respostas.

Tipos de movimento
Embora os movimentos sejam muito variados, eles são classificados quanto ao
tipo de trajetória ou em relação ao que acontece com sua velocidade.

Em relação à trajetória, os movimentos podem ser:


y
• retilíneos, quando os corpos descrevem trajetórias
retas em relação a um referencial, como a de um
objeto lançado verticalmente para cima em relação a
© Daniel Beneventi

um ponto fixo no solo;

Trajetória retilínea.
UNIDADE 2 49

• curvilíneos, como a trajetória dos planetas em


sua órbita em torno do Sol (trajetória elíptica) ou
de uma roda-gigante (trajetória circular).

© Hudson Calasans
Com relação à velocidade, os movimentos
podem ser:

• uniformes, quando o valor da velocidade é Trajetória curvilínea.

constante (a aceleração é nula), como os ponteiros de um relógio ou a luz se deslocando


em um meio homogêneo;

• variados,quando o valor da velocidade muda ao longo do tempo (a aceleração


é diferente de zero), como a de um objeto lançado para cima por uma pessoa na
superfície da Terra.

Com base neste último exemplo, percebe-se que é possível classificar os


movimentos quanto a sua trajetória e a sua velocidade, ao mesmo tempo. O
movimento de um corpo lançado verticalmente para cima, na Terra, é retilíneo e
variado (em relação à superfície da Terra), já que sua velocidade vai diminuindo
à medida que ele sobe e aumentando conforme desce (cai).

Atividade 1 Classificando movimentos

O movimento é algo bastante comum no cotidiano. Procure observar ou se lem-


brar de movimentos do seu dia a dia e dê pelo menos dois exemplos dos seguintes
tipos de movimento:

a) Movimentos retilíneos

b) Movimentos curvilíneos

c) Movimentos uniformes

d) Movimentos variados
50 UNIDADE 2

Movimento retilíneo uniforme (MRU)


O movimento retilíneo uniforme é o mais simples de ser descrito, justamente
por ser realizado em linha reta e apresentar velocidade constante. Nesse tipo de
movimento, a velocidade é a mesma em qualquer instante e, portanto, terá sempre
valor igual ao da velocidade média.

No MRU, a variação de espaço é diretamente proporcional ao tempo utilizado para o


corpo se movimentar. Ou seja, ao andar o dobro do tempo, percorre-se o dobro da dis-
tância. Ao andar o triplo do tempo, percorre-se o triplo da distância, e assim por diante.

Por exemplo, uma pessoa andando devagar desenvolve uma velocidade média
de 1 m/s. Isso quer dizer que, em 1 min, ela anda 60 m e sua velocidade pode ser
escrita como 60 m/min. Em 2 min, andará 120 m. Em 3 min, andará 180 m. Em
4 min, andará 240 m, e assim por diante.

Na linguagem matemática, pode-se escrever uma equação que descreve esse


movimento, chamada equação horária, da seguinte forma:

ΔS: variação de espaço;


ΔS = v ⋅ Δt v: velocidade (neste caso, constante);

Δt: intervalo de tempo gasto nesse movimento.

No exemplo anterior, de uma pessoa em movimento, poderia se escrever que


S = 60 ⋅ t. Assim, se o tempo for 1 minuto, a posição da pessoa será 60 ⋅ 1 = 60 m;
se t = 2 min, a posição será 60 ⋅ 2 = 120 m, e assim por diante.

Observe a tabela a seguir, que apresenta a posição e os horários de passagem,


a cada 40 km, de um ônibus durante seu percurso entre duas cidades. Imagine
que a estrada entre elas é reta. Repare que a cada meia hora ele percorre 40 km,
ou seja, a cada hora ele percorre 80 km. Então, sua velocidade média é constante,
de 80 km/h.

Posição (km) Tempo (horas)


0 0,0
40 0,5
80 1,0
120 1,5
160 2,0
200 2,5
UNIDADE 2 51

Esse mesmo movimento pode ser

© Sidnei Moura
Espaço (km)

descrito por um gráfico, como o mos- 200

trado na figura ao lado. Note que o grá- 160

120
fico da posição em função do tempo,
80
nesse caso, é uma reta, o que é carac-
40
terístico de grandezas diretamente pro-
porcionais. 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Tempo (horas)

Além da tabela e do gráfico, pode-se descrever o MRU utilizando uma equação,


a equação horária, como foi escrita anteriormente. Ela ficaria assim:

ΔS = v ⋅ Δt ΔS = 80 ⋅ Δt

O MRU pode ainda ser representado por um desenho:

© Hudson Calasans
0 km 40 km 80 km 120 km 160 km 200 km

11 12 1 11 12 1 11 12 1 11 12 1 11 12 1 11 12 1
10 2 10 2 10 2 10 2 10 2 10 2
9 3 9 3 9 3 9 3 9 3 9 3
8 4 8 4 8 4 8 4 8 4 8 4
7 6 5 7 6 5 7 6 5 7 6 5 7 6 5 7 6 5

Ou mesmo por meio de uma historinha: um ônibus saiu de uma cidade e per-
correu 200 km com velocidade constante. Em meia hora, percorreu 40 km. Depois
de uma hora, percorreu 80 km. Após uma hora e meia, ele viajou 120 km. Quando
andou 2 horas, percorreu 160 km e, finalmente, ao completar a viagem, com
200 km, gastou duas horas e meia.

Atividade 2 Descrevendo movimentos

1 Compare as cinco maneiras apresentadas para descrever o movimento: narra-


tiva (“historinha”), imagem, equação, gráfico e tabela. Em seu caderno, responda
qual delas você achou mais fácil de entender? Qual delas é a mais sintética?

2 A tabela a seguir mostra como variou a posição de uma formiga num percurso
retilíneo, do formigueiro até uma árvore, onde ela foi buscar pedaços de folha.

S (cm) 0 8 12 20 40 56
t (s) 0 10 15 25 50 70
52 UNIDADE 2

a) Qual é a variação de espaço entre o instante 0 s e o instante 10 s?

b) Qual é, então, a velocidade média da formiga nesse intervalo de tempo?

c) Determine a velocidade média da formiga entre os instantes 10 s e 15 s, 15 s e 25 s,


25 s e 50 s, e 50 s e 70 s.

d) Esse movimento pode ser considerado uniforme? Justifique.

e) Construa o gráfico do espaço em função do tempo e verifique se é linear (uma


linha reta), característica do MRU.
UNIDADE 2 53

Movimento uniformemente variado (MUV)


A maioria dos movimentos tem velocidade variável. Uma pessoa em repouso,
por exemplo, tem velocidade nula em relação ao chão, ou seja, sua velocidade é
igual a zero (v = 0). Se ela começa a se deslocar, sua velocidade deixa de ser nula e
vai adquirindo valores crescentes, até se estabilizar. Em seguida, se a pessoa resolve
parar, sua velocidade diminui até chegar a zero. Ao andar na rua ou mesmo em casa,
é muito comum que a frequência ou o tamanho dos passos sejam modificados, apre-
sentando diferentes valores de velocidade ou direções diferentes. Em todos esses
casos, no qual a velocidade muda, o movimento é chamado de variado.

Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV)

Um caso particular de movimento variado é aquele no Tabela 1

qual a variação da velocidade é constante. A tabela 1 mos- t (s) v (m/s)

tra os valores da velocidade de uma bola que cai do ter- 0 0

raço de um prédio, a partir de uma altura de 125 m. 1 10


2 20
Note que a ação da gravidade faz a bola cair, sem-
3 30
pre aumentando sua velocidade de 10 m/s em 10 m/s, a 4 40
cada segundo, até alcançar o solo. Sua velocidade está 5 50
variando de maneira uniforme, com aceleração constante
de 10 m/s 2. Esse tipo de movimento, no qual um corpo Tabela 2

se desloca em linha reta e a velocidade varia de maneira t (s) S (m)


0 0
uniforme, é chamado de movimento retilíneo uniforme-
1 5
mente variado e tem como característica o fato de a tra-
2 20
jetória ser uma reta e a aceleração ser constante. Nesse
3 45
caso, o movimento é acelerado, pois a velocidade está
4 80
aumentando, e também pode ser chamado de movimento
5 125
retilíneo uniformemente acelerado.

Como a velocidade aumenta, o corpo anda cada vez mais rápido. Então, a dis-
tância que ele percorre em intervalos de tempo iguais vai sempre aumentando.
A tabela 2 mostra a distância percorrida pela bola, a partir do instante em que ela
começa a cair. Nela, é possível perceber que, a cada segundo de queda, a bola per-
corre distâncias cada vez maiores. No primeiro segundo, ela percorre 5 m, mas, no
seguinte, ela percorre mais 15 m; no terceiro, 25 m; no quarto, 35 m; no quinto, 45 m,
totalizando os 125 m.
54 UNIDADE 2

A figura ao lado e o gráfico a seguir ilustram


t=0s V = 0 m/s; h = 125 m
essa situação, do espaço percorrido (pela bola) em 5m
t=1s V = 10 m/s; h = 120 m
função do tempo. Perceba como, para essa situa-
15 m
t=2s V = 20 m/s; h = 105 m
ção, o espaço está representado pela altura (h).
25 m
Trajetória da bola: espaço × tempo
t=3s V = 30 m/s; h = 80 m

© Sidnei Moura
Altura (h)

140
35 m
120
100 t=4s V = 40 m/s; h = 45 m

80
60
45 m

© Daniel Beneventi
40
20
t=5s V = 50 m/s; h = 0 m
0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s)

Note que, durante a descida, a bola realiza uma variação de espaço de 125 m
em 5 s, o que lhe confere uma velocidade média de 25 m/s. Isso deixa claro que,
quando o movimento é acelerado, a velocidade média não é a informação mais
adequada para avaliar o que aconteceu, já que a velocidade instantânea variou
ao longo do trajeto. Essa variação da velocidade pode ser descrita pelo gráfico da
velocidade em função do tempo, como é mostrado a seguir.

Trajetória da bola: velocidade × tempo Trajetória da bola: aceleração × tempo

© Sidnei Moura
Velocidade (m/s) Aceleração (m/s2)

60 12

50 10

40 8

30 6

20 4

10 2

0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s) 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s)

A aceleração é constante. Então, mesmo que o tempo varie, a aceleração per-


manece constante, como mostra o gráfico acima.
A variação da velocidade também pode ser constante quando ela diminui.
Nesse caso, se a trajetória for retilínea, tem-se um movimento retilíneo uniforme-
mente retardado. É o que acontece quando um carro freia devagar ou quando um
objeto é jogado para cima, num movimento conhecido como lançamento vertical –
enquanto o objeto sobe, sua velocidade vai diminuindo até o ponto mais alto, quando
para de subir e começa a cair.
UNIDADE 2 55

Atividade 3 Analisando um MRUV


t=5s V = 0 m/s; h = 125 m

1 A figura ao lado ilustra um movimento retilí- 5m


t=4s V = 10 m/s; h = 120 m
neo uniformemente variado, no qual uma bola
15 m
t=3s V = 20 m/s; h = 105 m
é lançada verticalmente para cima, a partir do
solo, com velocidade inicial de 50 m/s. 25 m

t=2s V = 30 m/s; h = 80 m
Compare essa representação da bola subindo
com a anterior, da bola caindo, e responda: 35 m

a) Que semelhanças você consegue identificar t=1s V = 40 m/s; h = 45 m

entre elas?
45 m

© Daniel Beneventi
t=0s V = 50 m/s; h = 0 m

b) Quais diferenças você consegue perceber entre elas?

c) Qual é a variação de espaço (altura) percorrida pela bola durante a subida?

d) Qual é a velocidade média da bola durante a subida?

2 O gráfico ao lado representa os espaços


© Sidnei Moura

Espaço (m)
ocupados pela bola (altura da bola) em 140

função do tempo. Observe-o e responda: 120

100
a) Qual é a variação de espaço entre os
80
instantes 0 s e 2 s?
60

40

20

0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s)
56 UNIDADE 2

b) Qual é a velocidade média da bola entre os instantes 0 s e 2 s?

c) Qual é a variação de espaço entre os instantes 2 s e 4 s?

d) Qual é a velocidade média da bola entre os instantes 2 s e 4 s?

e) A velocidade média aumentou ou diminuiu? O movimento é acelerado ou retardado?

3 O gráfico a seguir mostra como variou a velocidade da bola durante a subida.

a) Qual é o valor da velocidade nos Velocidade (m/s)

© Sidnei Moura
instantes 2 s e 4 s? 60

50

40

30

20
b) Por que esses valores são diferen- 10
tes da velocidade média calculada na
0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s)
questão 2?
UNIDADE 2 57

1 Leia com atenção a tira da Turma da Mônica mostrada abaixo e analise as afirmativas que se
seguem, considerando os princípios da Mecânica Clássica.

I. Cascão encontra-se em movimento em relação ao skate e também em relação ao amigo Cebolinha.


II. Cascão encontra-se em repouso em relação ao skate, mas em movimento em relação ao amigo
Cebolinha.
III. Em relação a um referencial fixo fora da Terra, Cascão jamais pode estar em repouso.
Estão corretas:
a) apenas I. c) I e III. e) I, II e III.
b) I e II. d) II e III.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2002. Disponível em:
<http://www.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/pucsp/2002/1dia/PUCSP2002_1dia.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.
Imagem © Maurício de Souza Editora LTDA.

2 O fabricante informa que um carro, partindo do repouso, atinge 100 km/h em 10 segundos. A
melhor estimativa para o valor da aceleração nesse intervalo de tempo, em m/s 2, é:
a) 3,0 · 10–3. c) 3,6. e) 10.
b) 2,8. d) 9,8.
Unesp 2006, 2o semestre. Disponível em: <http://www.curso-objetivo.br/vestibular/
resolucao_comentada/unesp/2006_2/1dia/UNESP2006_2_1dia_prova.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Classificando movimentos


Há muitos exemplos de movimento que podem ser utilizados, dependendo da trajetória cultural.
Alguns exemplos seriam:

a) Um automóvel deslocando-se num trecho de estrada reto, uma pessoa andando em linha reta,
um trem num trilho retilíneo, um objeto abandonado de determinada altura em relação ao solo
(como um tijolo que cai de uma obra), um feixe de luz emitido por uma lanterna etc.

b) Uma bola de basquete lançada ao cesto, uma bola de vôlei após o saque ou de futebol chutada
com efeito para o gol, o movimento dos ponteiros do relógio, atletas numa corrida de 400 metros
numa pista de atletismo etc.

c) Um carro numa estrada com velocidade constante, o avião quando atinge velocidade de cruzeiro,
o movimento dos ponteiros de um relógio, a rotação da Terra em torno do Sol, o tambor de uma
betoneira etc.
58 UNIDADE 2

d) É o mais comum: os movimentos de uma pessoa, animal, carro, ônibus, qualquer corpo que
começa ou para de se movimentar, carros numa corrida de fórmula 1 etc.

Atividade 2 – Descrevendo movimentos


1 Resposta pessoal. A linguagem matemática é mais sintética. A equação (fórmula), por exemplo,
informa tudo o que as outras formas de descrever dizem, porém com apenas cinco símbolos (Δ, S,
=, v, t). Porém, justamente por isso, é mais abstrata e precisa ser interpretada.

a) ΔS = 8 cm
8
b) v0-10 = = 0,8 cm/s
10
4
c) v10-15 = = 0,8 cm/s
5
8
v15-25 = = 0,8 cm/s Espaço (cm)
10

© Sidnei Moura
60
v = 0,8 cm/s em todos os intervalos
considerados, inclusive entre os instan- 50

tes 25 s e 50 s, e 50 s e 70 s. 40

30
d) Sim, pois a velocidade é constante
em qualquer instante. 20

10
e) Sim, trata-se de um gráfico linear,
como se pode observar ao lado. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo (s)

Atividade 3 – Analisando um MRUV


1

a) Pode-se perceber que as distâncias percorridas pela bola são as mesmas na subida e na descida,
nos intervalos de tempo considerados, assim como as velocidades, porém em sentido contrário.

b) Enquanto na descida as velocidades e as variações de espaço aumentam, na subida elas diminuem.

c) 125 m

d) 25 m/s

2
HORA DA CHECAGEM

a) ΔS = 80 – 0 = 80 m
80
b) v = = 40 m/s
2
c) ΔS = 120 – 80 = 40 m
40
d) v = = 20 m/s
2
e) A velocidade diminuiu, e o movimento é retardado.
UNIDADE 2 59

a) 30 m/s no instante 2 s e 10 m/s no instante 4 s.

b) Porque a velocidade média representa uma média entre dois instantes, e a velocidade instantâ-
nea representa o valor da velocidade num dado momento, e não em um intervalo de tempo.

Desafio
1 Alternativa correta: d.

I. Errada. Cascão está em movimento em relação a Cebolinha, mas em repouso em relação ao skate.

II. Correta.

III. Correta. Adotando o referencial fixo fora da Terra.

2 Alternativa correta: b.

HORA DA CHECAGEM
Inicialmente, é preciso converter as medidas da velocidade:

100 km 100.000 m
v= = ≅ 27, 8 m/s
1h 3.600 s

Da definição de aceleração escalar média, você terá:

Δv 27, 8
a= = ≅ 2, 8 m/s2
Δt 10
60 UNIDADE 2
61

Movimentos circulares ou curvilíneos T E M A 3

Muitos movimentos que fazem parte do nosso cotidiano não são lineares.
Embora nem sempre seja possível ver, os movimentos de engrenagens, rodas, e
mesmo o de automóveis em vários trechos de uma estrada, são circulares ou cur-
vilíneos. Neste tema, você vai estudar quais são as principais características desse
tipo de movimento.

© Daniel Beneventi
Responda às seguintes questões, depois A
de analisar a imagem:

• Quando a engrenagem A girar no sentido


horário, em qual sentido vão girar as engrena-
gens B e C? No sentido horário ou anti-horário? C
B
• Você acha que todas as engrenagens
giram com a mesma velocidade ou que o
Glossário
tamanho delas interfere na velocidade?
Sentido horário
• O que você entende por frequência de rota- Sentido do movimento dos ponteiros de
ção de um motor de uma máquina de lavar? um relógio.

Depois de estudar o tema, releia seus Sentido anti-horário


Sentido do movimento oposto ao dos pon-
apontamentos e pense se você alteraria
teiros de um relógio.
suas respostas.

Trajetórias curvilíneas
Quando a trajetória descrita por um corpo em movimento não segue uma linha
reta, mas sim uma curva, o movimento é chamado de movimento curvilíneo. Exis-
tem vários tipos de trajetórias curvilíneas, como as parabólicas, as elípticas, as
circulares etc.
62 UNIDADE 2

Daniel Beneventi sobre foto


© 4x6/E+/Getty Images
Sob a ação da força da gravidade, uma bola
chutada obliquamente descreve uma tra-
jetória parabólica.
© Dorling Kindersley/Getty Images

As órbitas planetárias são elípticas.


© Maxim Petrichuk/123RF

Um ponto no pneu da bicicleta em movimen-


to descreve trajetórias circulares, com re-
ferência ao centro do pneu da bicicleta.

Movimento circular uniforme (MCU)

Um tipo particularmente importante de movimento é aquele no qual a trajetória


é um círculo e a velocidade é constante, como o movimento dos ponteiros de um
relógio, de pneus, discos, hélices de um avião ou de um ventilador, engrenagens
em sistemas mecânicos e muito mais. Esse tipo de movimento circular com velo-
cidade constante é chamado de movimento circular uniforme (MCU).

O MCU é um movimento periódico, isto é, no qual todas as suas grandezas


se repetem em intervalos de tempo iguais. Esses intervalos correspondem ao
tempo necessário para que o corpo que está realizando o MCU complete uma volta.
O tempo gasto para um corpo em MCU realizar uma volta é chamado de período
do movimento e é representado pela letra T.

Os extremos dos ponteiros de um relógio, por exemplo, descrevem um MCU.


O movimento desses ponteiros é periódico, pois eles se repetem em intervalos
de tempo iguais. O tempo que cada ponteiro leva para dar uma volta completa
UNIDADE 2 63

no relógio é o período do movimento. Assim, o período


do ponteiro dos segundos é 1 minuto (T = 1 min) ou
60 segundos (T = 60 s), pois ele dá uma volta completa no

© diversphoto/123RF
relógio em 1 minuto. Já o período do ponteiro dos minu-
tos é de 1 hora (T = 1 h), ou 60 minutos (T = 60 min), ou
3.600 segundos (T = 3.600 s), enquanto o período do pon-
teiro das horas é de 12 horas (T = 12 h).

Outra grandeza característica do MCU é o número de voltas que o corpo em


movimento realiza em um determinado intervalo de tempo. Essa grandeza recebe
o nome de frequência e é representada pela letra f.

Por exemplo, no relógio analógico (de ponteiros), a frequência do ponteiro de


segundos é de 1 rotação por minuto (f = 1 rpm) ou 60 rotações por hora (f = 60 rph).
Quando o intervalo de tempo está em segundos, que é a unidade do Sistema Inter-
nacional de Unidades (SI), a unidade resultante é hertz (Hz).

A frequência é uma grandeza muito utilizada em várias áreas de conhecimento.


Por exemplo, quando se vai ao médico, ele costuma medir a frequência cardíaca.
Esse número expressa a quantidade de vezes que o coração bate em 1 minuto. Para
uma mulher jovem e saudável, em situação de esforço, o número de batidas fica
em torno de 90 batidas por minuto. Portanto, a frequência cardíaca, em unidades
do SI, seria:

90 batidas
f= = 1, 5 Hz
60 segundos

ou seja, nessa condição, o coração deve bater uma vez e meia por segundo.

Vale ressaltar, também, que a frequência é o inverso do período, e vice-versa:

1 1
f= ou T =
T f

No exemplo da frequência cardíaca de uma mulher jovem e saudável reali-


zando esforço, note que, usando a regra de três (ou pelo uso da expressão apre-
1 ≅
sentada acima), como f = 1,5 Hz, seu coração demora 0,67 s para dar uma
1, 5
batida, que é o período do seu batimento cardíaco.
64 UNIDADE 2

Atividade 1 Período e frequência

© heinteh/123RF
1 Numa serra circular, a lâmina gira com uma frequên-
cia de 5.800 rpm. Qual é a sua frequência e o seu período
em unidades do SI?

2 Numa furadeira, a broca gira a 1.680 rpm. Qual é sua

© Iakov Filimonov/123RF
frequência e seu período em unidades do SI?

3 Numa batedeira, as pás realizam um movimento de

© Axel Bueckert/123RF
frequência 3 Hz. Para bater a massa de um bolo, a bate-
deira deve funcionar durante 5 min. Quantas rotações as
pás da batedeira vão realizar durante esse movimento?

4 Um carrossel gira com um período de 2 min. Qual é

© Bauer-Griffin/GC Images/Getty Images


a frequência do movimento desse carrossel?

Velocidade angular
Você já se perguntou por que, nas corridas de atletismo em que os atletas vão
dar algumas voltas na pista, eles partem de posições diferentes, como mostra a
figura na página a seguir?

Isso acontece porque, numa circunferência, quanto maior for o raio da curva,
maior será seu perímetro.
UNIDADE 2 65

© Daniel Beneventi
Raio e perímetro
perímetro

0 0
raio raio

perímetro
O perímetro de uma circunferência é dado por C = 2πr, onde r é o raio da
circunferência e π é uma constante, cujo valor é aproximadamente 3,14.

Observe as duas figuras de uma pista de atletismo. Se o atleta der a volta


completa pela raia 8, ele percorrerá uma distância maior do que outro que der a
volta completa pela raia 1. Isso porque os raios da raia 1 (R 1) e da raia 8 (R8) são
diferentes. O raio da raia 8 é bem maior do que o da raia 1 (R8 > R1). As posições
de largada diferentes permitem que a mesma distância seja percorrida nas oito
raias durante a prova.
© PCN Photography/Alamy/Glow Images

© Daniel Beneventi
R8 R1

123
456
78

Isso mostra que, num movimento circular, é fundamental distinguir a veloci-


dade angular da velocidade linear.

A velocidade angular é uma grandeza que relaciona o ângulo descrito por


um corpo em movimento circular e o tempo gasto para percorrer esse ângulo.
Sendo assim, a velocidade angular média pode ser escrita, na linguagem mate-
mática, como:

(letra grega; lê-se: “ômega”): símbolo utilizado para represen-


∆ϕ tar a velocidade angular;
ω=
∆t Δ ( = letra grega; lê-se: “fi”): ângulo descrito pelo movimento;

Δt: intervalo de tempo necessário para descrever tal ângulo.


66 UNIDADE 2

Talvez você já esteja habituado a medir os ângulos em graus. No entanto, em


Física, utiliza-se outra unidade de medida de ângulo, chamada radiano. Então, a
unidade de velocidade angular no SI é o radiano por segundo (rad/s).

© Daniel Beneventi
π
RADIANO 2π 2
rad
π
3
3π 3
π
Apesar de a unidade mais uti- 4
90°
4
60°
lizada para indicar medidas de comprimento
5π 120°
45°
π
6 135° 6
ângulos ser o grau (°), ele não igual ao raio
150° 30°

está relacionado diretamente 0° 0 rad


π rad
com as propriedades geométricas 1rad ~ 57° 180° 360° 2π rad

do círculo, além de necessitar de 330°


r
7π 210° 11 π
um instrumento próprio (trans- 315°
6
6 225° 300°
feridor) para ser aferido. Definiu­ 5π 240° 7π
270°
4 4π 5π
4
‑se, assim, uma nova unidade de 3
3 π rad 3
medida chamada radiano. 2

Um radiano é a medida de um arco da circunferência cujo comprimento é igual ao seu raio. Como
ao arco está associado um ângulo central, também pode-se dizer que o radiano é uma medida
indireta do ângulo central que determina na circunferência um arco cujo comprimento é igual ao
raio. Uma volta completa de uma circunferência é igual a 2π radianos, que equivale a 360°.

Voltando a analisar o movimento dos ponteiros de um relógio, visto anterior-


mente, todos os pontos de um ponteiro descrevem um MCU; além disso, deslo-
cam-se com a mesma velocidade angular. O ponteiro dos segundos, por exemplo,
desenvolve uma velocidade angular de:
2⋅π π ≅
ω= = 0,1 rad/s ou 6 graus/s.
60 30
Portanto, todos os pontos que o constituem giram com a mesma velocidade angular.

Por outro lado, os pontos do ponteiro mais distantes do eixo de rotação descrevem
uma circunferência maior do que os que estão mais próximos e, por isso, têm que
andar mais rápido. Assim, embora todas as partes
© Hudson Calasans

do ponteiro tenham a mesma velocidade angular,


cada uma tem velocidade linear diferente.

Por exemplo, imagine que, numa pista circu-


lar, dois carros dão a volta no mesmo tempo. O
R = 1 km R = 1,5 km
carro azul corre por dentro, numa parte da pista
de raio 1 km, e o carro amarelo corre por fora,
numa parte da pista com raio 1,5 km. Se os dois
dão a volta em 4 min, qual deles desenvolveu a
maior velocidade linear?
UNIDADE 2 67

A velocidade do carro amarelo será:

ΔS comprimento da circunferência 2π r 2 ⋅ π ⋅ 1, 5
v= = = = 2,36 km/min ou 141 km/h
Δt Δt Δt 4
Lembrando que ≅ 2,36 km/min ≅ 2,36 km ≅ 2,36 ⋅ 60 km/h ≅ 141 km/h.
1
h
60
E a velocidade do carro azul será:
ΔS comprimento da circunferência 2 ⋅ π ⋅ 1
v= = = 1,57 km/min ou 94 km/h
Δt Δt 4
Lembrando que ≅ 1,57 km/min ≅ 1,57 km ≅ 1,57 ⋅ 60 km/h ≅ a 94 km/h.
1
h
60
Então, é possível afirmar que o carro amarelo desenvolveu uma velocidade maior
do que o azul, embora os dois tenham apresentado a mesma velocidade angular:
Δϕ 2 ⋅π
ω= = 1, 57 rad/min ou 90 graus/min
Δt 4

Atividade 2 Velocidade angular

1 A Terra completa uma volta em torno de seu eixo em 24 h (1 dia).

a) Qual é o período de rotação da Terra?

b) Qual é a velocidade angular de rotação da Terra?

2 Qual é a velocidade linear de um ponto localizado em Macapá, capital do estado


do Amapá, que fica na linha do Equador terrestre? (Adote o valor de 6.000 km para
o raio da Terra e T = 24 h.)
68 UNIDADE 2

Transmissão do movimento circular


Uma aplicação bastante importante do movimento circular está no uso de
polias e engrenagens, como as que são mostradas a seguir.

Quando polias ou engrenagens são associadas, é possível aumentar ou diminuir


significativamente o valor da velocidade de rotação de um sistema, e alterar sua
direção ou sentido de rotação.

Ilustrações: © Daniel Beneventi


Muda a direção da rotação.

Muda o sentido da rotação.

Muda o sentido e a
velocidade da rotação.

Um exemplo muito conhecido de

© Julija Sapic/123RF
associação de engrenagens acontece
na bicicleta. Nela, existem pelo menos
duas engrenagens (a coroa e a catraca),
associadas por meio de uma corrente.

Quando os pedais giram, eles


fazem rodar a coroa. Esta, por sua vez,
transmite o movimento para a catraca,
por meio da corrente. Em geral, a
coroa é maior do que a catraca. Assim, para uma volta completa da coroa, a
catraca dá mais do que um giro, aumentando a velocidade da bicicleta.

Numa bicicleta com marchas, a catraca é composta de várias engrenagens.


Dependendo da relação entre o tamanho da coroa e da catraca que está sendo uti-
lizada, a bicicleta terá maior ou menor velocidade.
UNIDADE 2 69

Suponha que numa bicicleta a coroa tenha um raio de 10 cm (rcoroa = 10 cm) e a


catraca, um raio de 5 cm (rcatraca = 5 cm). Se a coroa for girada com uma frequência
de 10 rpm (ou seja, se for possível pedalar à razão de 10 pedaladas em 1 min), qual
será a frequência de rotação da catraca (e, portanto, a frequência de giro das rodas
da bicicleta)?

Coroa

© Daniel Beneventi
Catraca

Pedal
Corrente

Como as duas engrenagens giram juntas, conectadas pela corrente, e a veloci-


dade linear da corrente tem que ser a mesma em todas as suas partes (senão ela
quebraria), a velocidade linear das extremidades das engrenagens também é igual.
Desse modo:

comprimento da coroa comprimento da catraca


Vcoroa = Vcatraca ⇒ = ⇒
período da coroa período da catraca
2 ⋅ π ⋅ rcoroa 2 ⋅ π ⋅ rcatraca
⇒ =
Tcoroa Tcatraca
1
sendo f = , tem-se:
T
rcoroa ⋅ fcoroa = rcatraca ⋅ fcatraca

Então, substituindo as variáveis pelos valores:

10 ⋅ 10 = 5 ⋅ fcatraca

Portanto,

fcatraca = 20 rpm

Ou seja, enquanto o pedal gira 10 vezes, a roda da bicicleta gira 20 vezes, isto é,
duas vezes mais rápido.

Além disso, como o tamanho (raio) do pneu é maior do que o da coroa (e da


catraca), há uma ampliação ainda maior da velocidade.
70 UNIDADE 2

Dois pontos A e B situam-se respectivamente a 10 cm e 20 cm do eixo de rotação da roda de um


automóvel em movimento uniforme. É possível afirmar que:
a) o período do movimento de A é menor que o de B.
b) a frequência do movimento de A é maior que a de B.
c) a velocidade angular do movimento de B é maior que a de A.
d) as velocidades angulares de A e B são iguais.
e) as velocidades lineares de A e B têm mesma intensidade.
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 2013. Disponível em:
<http://www.vestibular2013ead.ufsc.br/files/2013/06/licenciatura_em_matematica.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.

Lembre-se de qual é o período de rotação da Terra e reflita: o que aconteceria


com a duração dos dias se o período de rotação da Terra aumentasse?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Período e frequência


5.800 ≅ 1
1 5.800 rpm correspondem a 5.800 rotações em 60 s (1 min). Logo, f = 96,7 Hz; e, como T = ,
60 f
1 ≅
então T ≅ 0,01 s.
96, 7
1.680 1
2 1.680 rpm correspondem a 1.680 rotações em 60 s (1 min). Logo, f = = 28 Hz; e, como T = ,
60 f
1 ≅
então T = 0,036 s.
28
3 Se a frequência da batedeira é de 3 Hz, isso significa que suas pás realizam 3 rotações em 1 s; e,
em 1 min (60 s), 60 ⋅ 3 = 180 rotações. Em 5 min, realiza 5 ⋅ 180 = 900 rotações.
1 1 0, 5 ≅
4 Como f = e T = 2 min, tem-se f = = 0,5 rpm. Como 1 min = 60 s, então f = 0,0083 Hz.
T 2 60

Atividade 2 – Velocidade angular


1
1 1
a) Como T = 24 h = 24 ⋅ 60 ⋅ 60 = 86.400 s, e como f = , tem-se f = ≅ 0,00001 Hz.
T 86.400

b) ω = 2π rad ≅ 0,26 rad/h ou 15 graus/h.


24 h

comprimento da circunferência da Terra 2π ⋅ 6 .000 ≅


2 v = ΔS = = 1.570 km/h.
Δt Δt 24
UNIDADE 2 71

Desafio

HORA DA CHECAGEM
Alternativa correta: d. Como são dois pontos na mesma roda, eles obrigatoriamente têm mesmo
período, mesma frequência e mesma velocidade angular. No entanto, como estão a distâncias dife-
rentes do centro, possuem velocidade escalar (linear) diferente. Como o raio do ponto B é o dobro
do raio do ponto A, a velocidade linear do ponto B será o dobro da velocidade do ponto A, já que o
tempo para percorrer a circunferência (período) é igual para os dois pontos.
Explicando o movimento
Unidade 3

física
TEMAS
1. Forças e seus efeitos
2. Leis de Newton e suas aplicações
3. Astronomia e gravitação
Introdução
Descrever o movimento é um passo importante para responder a algumas
questões: “Como é o movimento de queda de um objeto?”, “Como a Lua mantém
seu movimento ao redor da Terra?”, por exemplo. É possível afirmar quando um
movimento acontece com velocidade constante ou variável, numa trajetória retilí-
nea ou numa trajetória curva, quanto tempo demora e até mesmo prever onde um
corpo estará, se forem conhecidas sua velocidade, aceleração e trajetória.

Mas seria interessante também responder a questões como: “Por que a veloci-
dade muda ou não?”, “Por que um corpo se movimenta em linha reta ou curva?”.
Para responder a essas questões, você vai estudar uma nova parte da Física: a
dinâmica, na qual o conceito de força é essencial.

Além de conhecer esse conceito, você vai analisar como o efeito de uma força
pode depender da massa do corpo na qual ela é aplicada e também da distância,
do tempo, da superfície e do volume em que ela está sendo aplicada.

Tudo isso constitui a dinâmica, que é a parte da Física que estuda o movimento
e suas causas.

T E M A 1 Forças e seus efeitos

Sempre que você quer alterar seu estado de movimento, precisa fazer algum tipo
de força. Ao acordar, por exemplo, faz força para se levantar, andar e realizar todas
as demais atividades físicas durante o dia. O estudo de forças será iniciado com a
tentativa de entender o que é força e quais são suas principais características.

A imagem a seguir mostra uma bola de vôlei deslocando-se após ser rebatida
por uma jogadora em direção ao lado da quadra do time adversário. Reflita sobre
essa situação e responda às questões em seu caderno.
UNIDADE 3 73

• Qual tipo de trajetória a bola vai fazer até atingir o

© Karl Gehring/Getty Images


lado da quadra do time adversário?

• Depois de ser rebatida pela jogadora, há ainda


alguma força empurrando a bola para cima e para
frente?

• A jogadora exerce alguma força sobre o chão?

• O chão exerce alguma força no pé da jogadora?

Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria


suas respostas.

Física – Volume 1

Dinâmica dos movimentos

Utilizando como exemplo os esportes olímpicos, este vídeo tem início com a explicação do
conceito de força, todo agente físico capaz de alterar a velocidade de um corpo – por exemplo,
tirando-o de uma situação de repouso e colocando-o em movimento –, ou a sua forma. Outros
conceitos muito importantes para o estudo da Física, como: massa e peso, força gravitacional
e força de contato, aceleração, também são abordados nesse vídeo.

O que é força?
A palavra força é muito utilizada no dia a dia. Deseja-se força a um amigo em
dificuldade, se “dá uma força” para alguém que precisa de ajuda, se diz que a força
das águas é capaz de arrastar carros em uma enxurrada, fala-se em força de von-
tade, que um time é mais forte do que outro, que uma bebida é forte e muito mais.

Na linguagem da Física, porém, força tem um significado diferente. De maneira


simplificada, pode-se dizer que força é todo agente físico capaz de alterar a velocidade
de um corpo ou de modificar a sua forma. A rigor, os efeitos da aplicação de uma
força podem ser vários, como manter corpos unidos (força de atração), separar corpos
(força de repulsão), equilibrar ou desequilibrar sistemas etc.

A unidade de medida de força no Sistema Internacional de Unidades (SI) chama-


-se newton (N). Um newton (1 N) corresponde à força necessária para manter sus-
penso um objeto de aproximadamente 100 g, sob efeito da gravidade terrestre.
74 UNIDADE 3

Os efeitos de uma força dependem, entre outros fatores que serão analisados
futuramente, da direção e do sentido no qual ela está sendo aplicada. Por exem-
plo, pense na seguinte questão: se uma força for aplicada numa bola que está em
repouso (parada), para onde ela vai? A resposta vai depender da direção e do sen-
tido no qual a força for aplicada. Se a força aplicada for suficiente para colocar o
objeto em movimento e direcionada horizontalmente para a direita, em relação a
um referencial, a bola vai se deslocar para a direita. Mas, se ela for aplicada para a
esquerda, com as mesmas condições anteriores, a bola vai para a esquerda. Se a bola
for jogada para cima, ela subirá.
A força é uma grandeza que só fica completamente definida quando são conhe-
cidas sua intensidade, direção e sentido, pois o resultado de sua aplicação depende
deles. Por isso, diz-se que a força é uma grandeza vetorial.

VETOR
Vetor é um conceito matemático

© Sidnei Moura
utilizado para representar grande- Tamanho do vetor indica sua
A seta indica
intensidade, ou seja, está
zas que, além de valor numérico e relacionado ao valor numérico o sentido da
da grandeza representada. grandeza representada.
unidade, precisam também ter sua
direção e seu sentido determinados.
Ângulo formado entre o
vetor e a linha horizontal.
Força e velocidade são exemplos de Def ine a direção da
grandezas físicas vetoriais. Elas são grandeza representada.
representadas por um segmento de
reta orientado (semelhante a uma seta), em que a intensidade (o valor numérico da grandeza)
é representada pelo comprimento do segmento e a direção é dada pelo ângulo formado entre
ele e uma linha de referência. O sentido do vetor é dado pela ponta da seta.

Uma força sempre atua entre dois ou mais sistemas ou dois ou mais corpos, ou
seja, é impossível você aplicar força se não for sobre alguma coisa.
Essa ação pode ocorrer apenas quando os corpos estão em contato, como
a força que você aplica no chão ao caminhar, a força que sua mão aplica em
um copo ao segurá-lo para beber água, a força de atrito entre um pneu e o
solo, a força de tração numa corda ou a força que se faz ao empurrar um carro
parado. Essas são as chamadas forças de contato. Mas também existem forças
que atuam mesmo que os corpos envolvidos não se toquem, como a força gra-
vitacional (entre a Terra e o Sol, por exemplo) e a força do magnetismo terrestre,
que age sobre uma bússola, por exemplo, chamadas de forças de campo ou for-
ças de ação à distância.
UNIDADE 3 75

© Paul Bradbury/Caiaimage/Latinstock

© Antony McAulay/123RF
Para puxar e empurrar um carrinho são usadas forças de ação por contato. A força gravitacional age à distância.

Atividade 1 Campo ou contato?

Identifique, em cada caso a seguir, se a força que atua no sistema é de campo


ou de contato.

a) Força aplicada entre a mão do índio c) Força que o lustre aplica no teto.
e o arco com a flecha. 
 
© Edson Sato/Pulsar Imagens

© Sergey Karpov/123RF

b) Forças atuantes entre a Terra, a Lua d) Força atuante entre o ímã e a porta da
e o Sol. geladeira. 
 
© PaulPaladin/Alamy/Glow Images

© Juan Naharro Gimenez/Getty Images


76 UNIDADE 3

Quando acontece algo ruim com algum amigo, é comum desejar a ele que
tenha força para superar o ocorrido. Qual é o significado de força nesse caso? É o
mesmo sentido usado em Física?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Campo ou contato?


a) Contato: se o indígena não tocar o arco e a flecha, não haverá a aplicação de força entre eles.

b) Campo: a força gravitacional atua entre todos os corpos que possuem massa, estejam estes pró-
ximos ou distantes, como o Sol, planetas e satélites.

c) Contato: embora o lustre em si esteja afastado do teto, o fio estabelece o contato entre ambos,
permitindo que ele exerça força no teto.

d) Campo: embora o ímã de geladeira fique em contato com a porta da geladeira, a força magnética
é uma força de campo. Isso pode ser percebido quando se sente o efeito dessa força ao aproximar
ou afastar o ímã da porta.
77

Leis de Newton e suas aplicações T E M A 2

Para alterar a velocidade de um corpo, é necessária a aplicação de uma força.


Neste tópico, você estudará como a aplicação de uma força altera a velocidade de
um corpo e quais são os fatores que influenciam na variação da velocidade.

Sabe-se que, quando um


objeto é arremessado horizon-

© Hudson Calasans
talmente sobre uma superfí-
cie, ele se desloca por certa
distância e depois para. Reflita
sobre essa situação e responda
às questões no seu caderno.

• Porque o objeto para de se


deslocar?

• É necessária a ação de uma força para mantê-lo em movimento?

• Se
o objeto estiver parado e você quiser que ele se desloque, é necessário aplicar
uma força sobre ele?
Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria
suas respostas.

Explicando as causas dos movimentos


Durante muito tempo a humanidade se perguntou por que determinados obje-
tos se movimentavam. A experiência diária mostrou que, para deslocar um objeto
que estivesse parado, era necessário aplicar uma força sobre ele. Por isso, chegou-
-se à conclusão de que, para manter um movimento, também seria necessária a
ação de uma força.

Mas, durante o período conhecido como Renascimento (séculos XIV-XVI), o


físico italiano Galileu Galilei modificou a pergunta inicial e passou a se questionar:
Por que os corpos em movimento param de se movimentar? O que é necessário
fazer para que um corpo em movimento pare?

Galileu realizou então uma série de experimentos com um plano inclinado e


uma bola.
78 UNIDADE 3

© Leemage/Universal Images Group/Getty Images


Experimento de Galileu com plano inclinado [Giuseppe Bezzuoli. Galileu demonstrando a lei da gravidade, 1839].

Ele percebeu que, quando soltava a bola do alto do plano inclinado, ela descia e,
após atingir o plano horizontal, deslocava-se por mais um trecho e depois parava.
Em seguida, ele poliu a bola e o plano e percebeu que a bola ia mais longe. Depois,
lubrificou ambos e se deu conta de que, quanto menor fosse o atrito entre a bola
e o plano, mais longe ela iria. Então, concluiu que, se não houvesse atrito entre a
bola e o plano, ela rolaria infinitamente, sem parar; ou seja, era a força de atrito,
contrária ao movimento, que fazia a bola parar.

Com base nessa e em outras ideias do séc. XVII, o físico Isaac Newton formulou
uma teoria, que ajudou a humanidade a explicar uma série de fenômenos conheci-
dos naquela época, mas que não tinham ainda uma explicação física, baseada em
observações, experimentos e novas hipóteses. Essa teoria, conhecida como mecâ-
nica de Newton, ou mecânica clássica, está estruturada sobre três leis, chamadas
leis de Newton, em homenagem a esse cientista inglês.

1a lei de Newton – Princípio da inércia


A primeira lei de Newton, também conhecida como princípio da inércia, afirma
que se nenhuma força agir sobre um corpo, ou se a soma das forças que agirem
sobre ele (chamada de força resultante) for nula (igual a zero), então ele não muda
de velocidade, ou seja, permanece com sua velocidade vetorial constante. Em
outras palavras, para que a velocidade de um corpo seja alterada, e, consequente-
mente, o movimento, é necessário que alguma força atue sobre ele.
UNIDADE 3 79

Visualização da força resultante e suas consequências


Chama-se de força resultante a soma de todas as forças que atuam em um corpo.
© Daniel Beneventi

F1 F2 FR (Força resultante)

Direção horizontal Direção horizontal Direção horizontal


Sentido da direita para a esquerda Sentido da esquerda para a direita Sentido da esquerda para a direita
Intensidade F1 = 80 N Intensidade F2 = 100 N Intensidade FR = 20 N

F1 F2

F1 = 80 N F2 = 100 N

FR

FR = F2 + F1
FR = 100 + (– 80)
FR = 20 N

No caso representado na figura, como as forças aplicadas pelas pessoas na corda têm a mesma
direção (horizontal), mas sentidos opostos (a força de 80 N tem sentido da direita para a esquerda
e a de 100 N, da esquerda para a direita), a força resultante é de 20 N, na direção horizontal e com
sentido para a direita.

Note que, se as duas forças tivessem a mesma intensidade, a força resultante entre elas seria
nula e, consequentemente, nada se moveria.

A tendência que um corpo tem de manter sua velocidade é chamada de inércia. Por
isso, uma pessoa que se mexe pouco ou que tem pouca iniciativa é chamada de inerte.

Garfield, Jim Davis © 1995 Paws, Inc. All Rights


Reserved / Dist. Universal Uclick

Essa propriedade da matéria pode ser observada em várias atividades cotidia-


nas. Ela explica por que, por exemplo, quando se está parado no interior de um
ônibus e ele começa a se movimentar, se tem a sensação de estar sendo jogado
para trás, ou, quando um veículo está andando e para repentinamente, se tem a
sensação de ser lançado para frente, ou mesmo quando o automóvel em que se
viaja faz uma curva, e você pode sentir que está sendo lançado para fora dele.
80 UNIDADE 3

© Hudson Calasans
Por isso é muito importante o uso do cinto de segurança. Ele evita que seu
corpo continue em movimento, para frente ou para o lado, e que você se machu-
que, caso o veículo faça movimentos muito bruscos.

Atividade 1 Aplicações do princípio da inércia

1 Considere um objeto que se move com velocidade constante. Existe alguma


força agindo sobre ele? E em um objeto que se desloca por um espaço, até parar?
Justifique sua resposta.

2 Pensando na 1a lei de Newton, explique qual é a função do cinto de segurança


de um carro.

3 As máquinas de lavar têm seu


© Jevgenija Pigozne/Alamy/Glow Images

tambor todo furado, no qual ficam as


roupas que serão lavadas. Ao final da
lavagem, durante a centrifugação, esse
tambor gira bem rápido. As roupas
ficam “coladas” em sua superfície e
parte da água contida nas peças é eli-
minada. Esse processo de retirar a água
das roupas por centrifugação se baseia
no princípio da inércia.
UNIDADE 3 81

Pense no que ocorre com você quando está andando de carro ou ônibus e o veículo
faz uma curva. Procure explicar como esse efeito está relacionado com a elimina-
ção de parte da água da roupa colocada na máquina de lavar.

2a lei de Newton
Você viu na 1a lei de Newton o que acontece quando a força resultante sobre
um corpo é nula. Mas o que acontece, então, quando a força resultante não é nula,
ou seja, o que acontece quando há uma força resultante aplicada em um corpo?

Se não há força resultante agindo em um corpo, sua velocidade permanece


constante; portanto, quando houver uma força resultante, sua velocidade vai
variar. É isso o que afirma a 2a lei de Newton. Mais do que isso, ela diz o quanto a
velocidade vai variar.

Imagine duas caixas de mesmo tamanho. Uma delas está vazia e a outra cheia de
tijolos. Sendo assim, a caixa vazia está muito mais leve do que a outra. Qual delas será
mais fácil de movimentar?

O que a 2a lei de Newton afirma é que a mudança na velocidade de um corpo


depende de sua massa. Quanto maior a massa, maior a sua inércia, ou seja, maior
será a dificuldade de modificar a velocidade do corpo. Sendo assim, é mais fácil
movimentar a caixa vazia do que a caixa cheia de tijolos, não é mesmo?

Em linguagem matemática, diz-se que a mudança na velocidade é inversa-


mente proporcional à massa do corpo. Para uma força de mesma intensidade,
quanto maior a massa, menor será a variação da velocidade.

Como a grandeza física que mede a variação da velocidade é a aceleração,


pode-se escrever que:

F: força aplicada sobre um corpo;


m: massa do corpo;
Δv
F=m ⋅ Δv: variação da velocidade;
Δt
Δt: intervalo de tempo necessário para que a
velocidade varie.
82 UNIDADE 3

Sabendo que a variação da velocidade dividida pela variação do tempo é igual


à aceleração do corpo a = Δv , é possível escrever a 2a lei de Newton, em sua for-
Δt
mulação matemática, desta maneira:

Fr: força resultante que atua sobre um corpo;


Fr = m ⋅ a m: massa do corpo;

a: aceleração que ele adquire devido à ação da força resultante F.

© Vuk Vukmirovic/123RF
Por exemplo, se uma força resultante
de 400 N for aplicada em um carro de
1.000 kg, ele vai adquirir qual aceleração?

Utilizando a 2a lei de Newton, tem-se:

Fr = m ⋅ a 400 = 1.000 ⋅ a

400
a= a = 0,4 m/s2
1.000

© La Fabrika Pixel S.l./Dreamstime/Other Images


Se duas pessoas empurram um bloco de 100 kg
sobre uma superfície com atrito desprezível na
mesma direção, mas em sentidos opostos, com a
da direita atuando com uma força de 70 N, e a da
esquerda, com uma força de 50 N, qual será a ace-
leração adquirida pelo bloco?

Note que, nesse caso, as forças têm sentido


contrário; então a força resultante sobre o bloco será de 70 – 50 = 20 N, para a
esquerda, já que a pessoa da direita está aplicando mais força. Portanto, de acordo
com a 2a lei de Newton, tem-se que:

20
Fr = m ⋅ a 20 = 100 ⋅ a a= a = 0,2 m/s2
Daniel Beneventi sobre foto © La Fabrika Pixel S.l./
Dreamstime/Other Images

100
Porém, se os dois empurrarem na mesma direção
e sentido, com as mesmas forças citadas anterior-
mente, a resultante será 70 + 50 = 120 N, e calcula-se
a aceleração:

120
Fr = m ⋅ a 120 = 100 ⋅ a a= a = 1,2 m/s2
100
UNIDADE 3 83

Outro exemplo que se pode anali-

© TRL LTD./SPL/Latinstock
sar é o de um carro se movimentando a
100 km/h, quando colide contra um muro.
Qual é a força que atua sobre uma pessoa
de 80 kg que estiver em seu interior?

A situação é a seguinte: esse carro,


que estava em movimento, parou subi-
tamente. Ele foi de 100 km/h a 0 km/h
em aproximadamente 0,2 s. Inicial-
mente, é preciso transformar a unidade da velocidade de km/h para m/s: 100 km
equivalem a 100.000 m, e 1 h equivale a 3.600 s. Então:
100 km 100.000 m ≅
= 28 m/s
1h 3.600 s
Ou seja, o carro vai de 28 m/s a 0 m/s (Δv = 28 m/s) em 0,2 s. Portanto, sua ace-
leração é de:
Δv 28
a= = = 140 m/s2
Δt 0, 2

Como a massa da pessoa é de 80 kg, a força aplicada pelo carro nela, durante a
colisão, é de:
F = m ⋅ a = 80 ⋅ 140 = 11.200 N

Essa força equivale a colocar um bloco com pouco mais de 1 tonelada (t) sobre
essa pessoa.

Atividade 2 Massa e força

1 Um caminhão com massa de 6 toneladas © Paulo Fridman/Pulsar Imagens

movimenta-se por uma estrada com velocidade


de 72 km/h (20 m/s), quando avista o pedágio e
inicia a frenagem com uma desaceleração cons-
tante de 4 m/s2.

Qual é o valor da força aplicada pelos freios


sobre o caminhão?
84 UNIDADE 3

2 Calcule a força aplicada sobre uma pessoa de massa 80 kg, que está num carro
a 80 km/h. Quando este carro colide frontalmente com uma parede. Suponha que
essa colisão dure 0,2 s.

3a lei de Newton – Princípio da ação e reação


Você já percebeu que para subir uma escada você faz força para baixo com as
pernas? Que para fazer exercícios em uma barra você “puxa a barra para baixo”,
mas acaba subindo? E que, ao andar para frente, você faz força com os pés para
trás, como se estivesse empurrando o chão?

Essas situações parecem contraditórias, pois, ao fazer força em um sentido,


desloca-se para o sentido oposto. Como é possível explicar isso?

A resposta para essa questão é dada a partir da 3 a lei de Newton, que afirma
que as forças sempre aparecem aos pares. Ela estabelece que a toda ação corres-
ponde uma reação. Essa reação possui a mesma intensidade e direção, mas sen-
tido contrário. Ou seja, se um corpo A aplica uma força sobre um corpo B, então
o corpo B também aplica uma força no corpo A, de mesma intensidade, mesma
direção, mas em sentido contrário.
© John Fedele/Easypix
© Oleksiy Maksymenko Photography/Alamy/Glow Images

© Michael Simons/123RF
UNIDADE 3 85

Observe o exemplo a seguir, no qual uma bola bate na parede. Note que as forças de
ação e reação possuem as seguintes características:

© Daniel Beneventi
Força que a bola
aplica na parede

Força que a parede


aplica na bola

• têm a mesma intensidade (a força que a bola aplica na parede tem o mesmo valor
da força que a parede aplica na bola);

• têm a mesma direção (as duas forças são horizontais);

• têm sentidos opostos (a bola “empurra” a parede para a esquerda e a parede


“empurra” a bola para a direita).

Um par de forças de ação e reação nunca se equilibra (nunca se anula), pois as


forças de ação e reação estão aplicadas em corpos diferentes. No caso acima, a bola
exerce uma força na parede e a parede faz força na bola.

Utilizando a 2a lei de Newton, é possível perceber que, como a massa da bola é


bem menor do que a da parede, a maior variação de velocidade acontece na bola,
que acaba voltando, enquanto a parede praticamente não se move.

A mesma coisa acontece quando uma pessoa anda. Sua ação é a de empurrar
o chão para trás, então o chão reage e a empurra para frente. Embora a força
aplicada no chão seja exatamente a mesma que o chão aplica nos pés, a resul-
tante não é nula, pois, conforme foi dito anteriormente, não se podem somar
forças que estão atuando em corpos diferentes. Uma pessoa aplica uma força
no chão (ação da pessoa no solo) e o chão aplica uma força nela (reação do solo
sobre a pessoa). Como a massa do chão, ou seja, da Terra, é muito maior do
que a de uma pessoa, ele permanece praticamente com a mesma velocidade
(parado), enquanto a pessoa vai para frente.
86 UNIDADE 3

Atividade 3 Ação e reação

1 Retome os exemplos iniciais sobre subir uma escada e fazer exercícios com barra.
Explique, utilizando a 2a e a 3a leis de Newton, por que se faz força para baixo ao subir
uma escada e, para “fazer barra”, uma pessoa “puxa a barra para baixo” e acaba subindo.

2 Quando você aplica uma força para empurrar uma cadeira, por exemplo, ela reage
e aplica em você uma força de mesma intensidade, mesma direção e sentido oposto.
Sendo assim, a resultante dessas duas forças somadas será zero, e a cadeira nunca
iria se mover. Contudo, a cadeira é deslocada, pois é possível mudá-la de lugar. Então,
qual é a falha no raciocínio apresentado?

No estudo das leis do movimento, ao tentar identificar pares de ação-reação, são feitas as
seguintes afirmações.
I. Ação: A Terra atrai a Lua.
Reação: A Lua atrai a Terra.
II. Ação: O pulso do boxeador golpeia o adversário.
Reação: O adversário cai.
III. Ação: O pé chuta a bola.
Reação: A bola adquire velocidade.
IV. Ação: Sentados numa cadeira, empurramos o assento para baixo.
Reação: O assento nos empurra para cima.
O princípio da ação-reação é corretamente aplicado:
a) somente na afirmativa I.
b) somente na afirmativa II.
c) somente nas afirmativas I, II e III.
d) somente nas afirmativas I e IV.
e) nas afirmativas I, II, III e IV.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), 2001. Disponível em:
<http://vestibular.pucrs.br/wp-content/uploads/2014/08/fisica20011.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.
UNIDADE 3 87

O que faz o air bag, além do cinto de segurança, para diminuir o impacto da
força sofrida por alguém dentro de um veículo em colisão?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Aplicações do princípio da inércia


1 Se o objeto se move com velocidade constante, então a força resultante sobre ele é nula. Isso
não quer dizer que não há força agindo sobre ele, mas que a soma das forças que agem no objeto
é zero, ou seja, pode haver força agindo sobre o corpo. Se o objeto para, significa que uma força
atuou sobre ele, no sentido contrário ao do movimento.

2 Devido à inércia, quando um carro para de repente, as pessoas em seu interior são lançadas para
frente, pois estão em movimento e sua tendência é permanecer em movimento. O cinto de segurança
tem a função de manter os passageiros presos ao banco, fazendo-os parar junto com o restante do
carro, evitando que a inércia os faça continuar em movimento e ser lançados para frente, batendo
contra o vidro.

3 Assim como uma pessoa é jogada para a lateral do carro quando ele faz uma curva, as roupas
na máquina de lavar também são jogadas para a parede do tambor quando a máquina está centri-
fugando. Da mesma maneira que a porta fechada mantém a pessoa dentro do carro, a parede do
tambor da máquina de lavar também mantém as roupas dentro da máquina. Se você abrir a porta
do carro durante uma curva, será lançado para fora do carro. Os furinhos nas paredes do tambor
servem como “portas abertas” para as gotas de água que estão na roupa. Elas vão saindo por esses
buraquinhos no tambor, deixando a roupa, que ficou presa, menos úmida.

Atividade 2 – Massa e força


1 Aplicando a 2a lei de Newton, tem-se: F = m ⋅ a F = 6.000 ⋅ (− 4); portanto, a força vale F = − 24.000 N
(note que a massa de 6 toneladas equivale a 6.000 kg e que o sinal negativo da força informa que
ela é contrária ao sentido do movimento do caminhão).

2 A velocidade inicial do carro precisa ser convertida para a unidade m/s, então, como 80 km é
igual a 80.000 m e 1 h é igual a 3.600 s:

80.000
≅ 22, 2 m/s
3.600

Δv ≅ 22, 2 ≅
Portanto, sua aceleração é a = 111 m/s2. Aplicando a 2a lei de Newton, tem-se:
Δt 0, 2
F = m ⋅ a = 80 ⋅ 111 = 8.880 N

Atividade 3 – Ação e reação


1 Para subir a escada, empurra-se o chão para baixo. De acordo com a 3a lei de Newton, o chão
reage e nos empurra para cima. Como a massa de uma pessoa é bem menor que a do chão, o efeito
dessa força sobre ela é muito maior do que o efeito da força feita pelos pés sobre a Terra (que é
88 UNIDADE 3

o chão). Portanto, o pé é que sobe bastante, enquanto o solo praticamente não se movimenta.
Observe que o mesmo ocorre quando uma pessoa pula.

Ao “fazer barra”, a situação é a mesma. Quando a barra é puxada para baixo, ela reage e puxa o
corpo da pessoa para cima. Observe que o mesmo ocorre com flexões de braço: enquanto o chão é
empurrado para baixo, ele nos empurra para cima.

2 A falha no raciocínio apresentado é que essas forças não se anulam, pois estão aplicadas em cor-
pos diferentes (na cadeira e em você) e, portanto, não podem ser somadas. É como se a pergunta fosse:
“Qual é a força resultante entre uma força que está aplicada em um barco e outra, em uma bicicleta?”.

Desafio
HORA DA CHECAGEM

Alternativa correta: d. As alternativas I e IV estão corretas. Para que as alternativas II e III ficassem
corretas, de acordo com as leis de Newton, elas deveriam estar da seguinte forma:
II. Ação: o pulso do boxeador aplica uma força no adversário.

Reação: o adversário aplica uma força no pulso do boxeador.


III. Ação: o pé aplica uma força na bola.

Reação: a bola aplica uma força no pé.


89

Astronomia e gravitação T E M A 3

Refletir sobre o céu é uma atividade humana. Essa capacidade do ser humano
de olhar para cima, observar e pensar sobre o movimento dos astros pode ter sido
um dos fatores que ajudaram o desenvolvimento da humanidade e, certamente,
contribuíram para o desenvolvimento da ciência.

Neste tema, você vai estudar uma das principais conquistas da humanidade: a
construção de um modelo explicativo para o que se observa nos céus e sua intera-
ção com fenômenos terrestres.

A figura ao lado mostra o céu próximo do nas-

© Science Source/Photo Researchers, Inc./Latinstock


cer do Sol. Reflita sobre a situação apresentada e res-
ponda:

• Quais astros estão visíveis na imagem?

• Como se pode explicar a sucessão dos dias e das


noites?

• Qual é a diferença entre a Lua, os planetas e as


estrelas?

• Por que a Lua não cai na Terra nem escapa dela?

Depois de estudar o tema, releia seus apontamen-


tos e pense se você alteraria suas respostas.
90 UNIDADE 3

“Organizando” o Universo

© Babak Tafreshi/Photoresearchers/Latinstock
Além de organizar e sistemati-
zar conhecimentos de sua época nas
três leis, Newton também desenvol-
veu uma teoria que explicou o movi-
mento dos astros no Universo, além
de vários outros fenômenos terres-
tres, como as marés. Com Newton,
finalmente os mundos celeste e ter-
restre foram unificados.

Desde os tempos mais remotos, a humanidade percebeu que, no céu, muitos even-
tos se repetiam com incrível regularidade. O Sol nascia e se punha todos os dias, a
Lua tinha seu ciclo de fases que se completava todo mês, as estrelas pareciam dar
uma volta completa no céu a cada ano. Alguns pontos brilhantes, os planetas, tam-
bém apresentavam um movimento regular pelo céu, que se repetia de tempos em
tempos. Eles pareciam brilhar mais e se mover mais rapidamente no céu em algu-
mas épocas e menos em outras, e a distância entre as estrelas não parecia se alterar
ao longo do tempo.

Ocorriam também outros fenômenos menos comuns, quando algumas vezes


apareciam pontos brilhantes, que se moviam rapidamente no céu e deixavam
algum tipo de rastro: os cometas ou,
eventualmente, as chamadas estre-
Saturno
las cadentes. Além disso, ocorriam
os eclipses do Sol e da Lua etc.
Vênus
Para explicar esses fenôme-
Mercúrio
nos, os filósofos gregos criaram o
© Hudson Calasans

chamado modelo geocêntrico (geo Terra

quer dizer “terra”, daí o nome “geo- Sol

cêntrico” – Terra ao centro). Nesse Lua

modelo, organizado pelo filósofo


grego Aristóteles, no século IV a.C.,
admitia-se que a Terra seria imóvel Marte
Júpiter
e estaria no centro do Universo, con-
forme pode-se ver na figura ao lado.

Modelo geocêntrico de Aristóteles.


UNIDADE 3 91

De acordo com ele, o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas girariam em torno da


Terra, em órbitas circulares, com movimento uniforme.

Ainda de acordo com o modelo geocêntrico de Aristóteles, o Sol daria a volta na


Terra em um dia, a Lua, em um mês, a esfera das estrelas fixas, em um ano, e cada
um dos planetas, no seu tempo – Mercúrio em pouco menos de três meses, Vênus
em aproximadamente sete meses, Marte em pouco menos de dois anos, Júpiter
em 12 e Saturno em quase 30 anos. Esse modelo, com algumas modificações, foi
utilizado por quase 2 mil anos.

O modelo de Aristóteles, contudo, não explicava o movimento dos astros em


sua totalidade, particularmente de alguns planetas, e por isso foi modificado pelo
filósofo grego Ptolomeu, no século II d.C.

Para explicar melhor o movimento dos astros, Ptolomeu imaginou que os pla-
netas giravam em torno de um círculo (epiciclo – ver na figura a seguir) que, por
sua vez, orbitava em torno da Terra, como se fosse o pedal de uma bicicleta, que
gira em torno do eixo e também se desloca para frente, junto com a bicicleta.

© Hudson Calasans
Saturno

Planeta
Júpiter
Vênus
Sol

Lua Epiciclos
Mercúrio
Terra

Terra

Marte

Modelo geocêntrico de Ptolomeu. Epiciclos.

Com essas modificações no modelo original, Ptolomeu conseguiu manter a


Terra no centro do Universo e explicar a variação de brilho dos planetas: eles esta-
riam algumas vezes mais próximos e outras vezes mais longe da Terra, fazendo
que seu brilho variasse. Ele também explicou a variação nas velocidades orbitais,
além de outros fenômenos.
92 UNIDADE 3

Esse modelo satisfazia bem uma sociedade que acreditava que o ser humano teria
sido feito à imagem e à semelhança de Deus, pois colocava o ser humano (na Terra)
como o centro da criação divina e o restante do Universo como tendo sido criado para
seu usufruto. Também por isso, esse modelo foi depois adotado pela Igreja Católica.

Contudo, esse modelo criou outras questões. Por que os astros girariam em
torno do “nada”? Além disso, o desenvolvimento de instrumentos ópticos e
mecânicos possibilitou a melhoria na qualidade e na quantidade de observa-
ções celestes. Com isso, houve melhor detalhamento da trajetória dos planetas
e foi necessário introduzir cada vez mais epiciclos no modelo ptolomaico, de tal
forma que ele ficou muito complexo e confuso e, mesmo assim, não dava conta
de explicar tudo o que se observava no céu.

Para simplificar esse modelo e dar conta de reproduzir as observações astronômi-


cas, o padre polonês Nicolau Copérnico organizou os conhecimentos desenvolvidos
por seus antecessores e publicou, no século XVI, um importante e revolucionário livro,
intitulado Das revoluções dos corpos celestes. Com base nas ideias de outros filósofos
gregos da Antiguidade, como Heráclides e Aristarco, que já propunham o movimento
de rotação da Terra em torno de seu eixo (assunto que será explicado adiante) e de
Mercúrio e Vênus em torno do Sol, Copérnico propôs um novo modelo cosmológico
que retirava definitivamente a Terra do centro do Universo e colocava o Sol em seu
lugar. Esse modelo ficou conhecido como modelo heliocêntrico – hélio, em grego, quer
dizer “Sol”, portanto, o Sol no centro.

© Hudson Calasans
Saturno Júpiter
Saturno Júpiter
Marte
Marte Marte

Lua
Terra Lua
Saturno Terra
Lua Mercúrio
Mercúrio
Vênus
Vênus
Vênus
Terra Sol
Mercúrio Sol
Sol

Júpiter

Modelo de Heráclides para o Universo. Mercúrio e Vênus gira- Modelo heliocêntrico de Copérnico para o Universo.
vam em torno do Sol, e este, com as luas e demais planetas,
giravam em torno da Terra.
UNIDADE 3 93

Na proposta de Copérnico, o Sol era o centro do Universo, e todos os planetas,


inclusive a Terra, giravam ao seu redor em órbitas circulares, com velocidade
angular constante, descrevendo movimentos circulares e uniformes. Apenas a Lua
giraria em volta da Terra.

A velocidade orbital de cada planeta (a velo- Glossário


cidade com que cada um se desloca em seu
Translação
movimento de translação em torno do Sol) era Movimento que a Terra realiza em
diretamente proporcional à sua distância em rela- torno do Sol.
ção ao astro rei, ou seja, quanto mais próximo do
Rotação
Sol o planeta estivesse, mais rápido ele se movi- Movimento que a Terra realiza em
mentaria. Isso explicava o movimento aparente torno de um eixo imaginário que
dos planetas e das estrelas no céu, a variação no atravessa seu centro.

brilho deles e outros fenômenos observados.

Ao mesmo tempo em que transladava em torno do Sol, a Terra também teria um


movimento de rotação. Esse movimento de rotação da Terra era responsável pela suces-
são dos dias e das noites. Por fim, a translação da Lua em torno da Terra explicava suas
fases, e a combinação dos movimentos da Terra e da Lua explicava os eclipses.

Embora esse modelo explicasse muito bem os eventos celestes, ele encontrou
muita resistência, principalmente por parte da Igreja, pois havia tirado a Terra, e,
portanto, o ser humano, do centro da criação divina. Por outro lado, também teve
vários defensores, como Galileu, Kepler, Newton, entre outros.

Atividade 1 Modelos de Universo

Em seu caderno, faça desenhos representando os sistemas geocêntrico e helio-


cêntrico. Em seguida, escreva qual é a principal característica de cada um deles e
um argumento a favor e outro contrário a cada um desses modelos.

As leis de Kepler
Um dos defensores do modelo heliocêntrico foi o matemático alemão Johannes
Kepler. Seguindo a linha de trabalho e de pesquisa de Copérnico, e após muitos
estudos envolvendo as órbitas dos planetas (principalmente de Marte), ele concluiu
que as órbitas não eram circulares como se pensava, mas sim elípticas (ovais).
Além disso, concluiu que a velocidade orbital dos planetas não era constante e que
existia uma relação matemática entre a distância a que um planeta está do Sol e
o período de translação dele.
94 UNIDADE 3

A elipse é uma figura geométrica também conhecida

© Daniel Beneventi
como oval, semelhante a um círculo achatado como
mostra a figura ao lado. Ela é caracterizada pela exis-
b1 a2
tência de dois pontos, chamados focos (F1 e F2). A partir
dos focos é possível traçar linhas (na figura representa- a1 b2

das pelas letras a e b) até o contorno da elipse de modo


que, ao somar seus comprimentos (a + b), obtém-se o F1 F2

mesmo valor ou seja:


a3 b3
a1 + b1 = a2 + b2 = a3 + b3

Essa relação matemática pôde ser testada e aplicada a outros planetas e saté-
lites e, como as contas realizadas coincidiam com o que se observava, sua teoria
pôde ser aplicada a todo o Sistema Solar.

1a lei de Kepler – Lei das órbitas

Os planetas descrevem órbitas elípticas em torno do Sol, e este está em um dos


focos da elipse.

© Hudson Calasans
Júpiter
Vênus
Terra Saturno
Sol Mercúrio

Marte

Representação fora de escala de alguns planetas, com elipses das órbitas bastante acentuadas.

2a lei de Kepler – Lei das áreas

A velocidade orbital dos planetas não é constante. Eles se movem com maior
velocidade quando estão mais próximos do Sol e com menor velocidade quando
estão mais distantes do Sol. Apesar disso, a área que um planeta percorre no céu,
em intervalos de tempo equivalentes, é a mesma.
UNIDADE 3 95

© Hudson Calasans
Planeta Linha imaginária
Sol-planeta
A2 = área 2
A1 = área 1 Órbita elíptica do planeta
Áreas iguais: Kepler mostrou que um A D
planeta leva o mesmo tempo para se
mover de A até B e de C para D.
As áreas em rosa têm o mesmo tamanho. Parte mais Parte mais
rápida Sol lenta
A1 A2 da órbita da órbita

∆t1
= ∆t2
B C

3a lei de Kepler – Lei dos períodos

Após muitas tentativas fazendo contas com as medidas de que dispunha,


Kepler percebeu que existia uma relação matemática entre o raio da órbita de um
planeta (ao redor do Sol) e o período dessa mesma órbita. Ele descobriu que o qua-
drado do período de translação de cada planeta é diretamente proporcional ao
cubo da distância média dele até o Sol. Em linguagem matemática, pode-se escre-
ver essa relação da seguinte maneira:

T: período de translação de um planeta em torno do Sol;

R: distância média desse planeta ao Sol;


T2 = k ⋅ R3
k: é uma constante, ou seja, é um valor que só depende
das unidades utilizadas.

O modelo heliocêntrico e as leis de Kepler descreveram muito bem o movi-


mento da Lua, dos planetas e dos cometas, ou seja, explicaram como aconteciam
os eventos celestes. Faltava explicar o porquê.

Atividade 2 Leis de Kepler

Como você viu, quanto mais distante do Sol está um planeta, mais tempo ele
precisa para realizar uma volta completa em torno da estrela. Por exemplo, um
ano marciano dura, aproximadamente, 687 dias (quase dois anos terrestres). Dessa
maneira, seu aniversário em Marte ocorreria sempre em pouco menos de dois anos
96 UNIDADE 3

terrestres. Então, se você vivesse em Marte, envelheceria mais devagar? Justifique


sua resposta.

1 A figura abaixo representa exageradamente a trajetória de um planeta em torno do Sol. O sentido


do percurso é indicado pela seta. O ponto V marca o início do verão no hemisfério sul e o ponto I
marca o início do inverno. O ponto P indica a maior aproximação do planeta ao Sol, o ponto A marca
o maior afastamento. Os pontos V, I e o Sol são colineares, bem como os pontos P, A e o Sol.
a) Em que ponto da trajetória a velocidade do planeta é máxima?
Em que ponto essa velocidade é mínima? Justifique sua resposta. I

Sol
A P

b) Segundo Kepler, a linha imaginária que liga o planeta ao Sol per-


Planeta V
corre áreas iguais em tempos iguais. Coloque em ordem crescente
os tempos necessários para realizar os seguintes percursos: VPI,
PIA, IAV, AVP.

Unicamp 1998. Disponível em: <http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/1998/download/fisica.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014.

A lei da gravitação de Newton


Depois das leis de Kepler, foi possível descrever o movimento dos corpos celes-
tes com boa precisão. Galileu também observou com sua luneta as crateras da Lua
e as manchas solares, o que desmontava a tese de Aristóteles de que, no céu, os
astros eram perfeitos, imutáveis e feitos de matéria diferente da encontrada na
Terra; por isso, os aristotélicos consideravam a física celeste diferente da terrestre.
Além disso, Galileu também observou as luas de Júpiter, o que definitivamente
desconstruía a ideia de que a Terra seria o centro do Universo. Com tudo isso, o
modelo heliocêntrico ganhou força e acabou se firmando como a explicação mais
aceita pelos filósofos da época.
UNIDADE 3 97

Coube ao físico inglês Isaac Newton, após estudar o que seus antecessores
haviam analisado sobre os movimentos celestes e terrestres, dar a explicação a
esses fenômenos e unificar, definitivamente, a física da Terra com a física dos céus.

Newton sabia que um corpo jogado para cima subia durante certo tempo e depois
caía. Se ele fosse lançado para cima e para frente, como uma bala de canhão, além de
subir, ele iria para frente, descrevendo uma trajetória parabólica. Percebeu, então, que
a bala caía na Terra como se estivesse sendo atraída para ela por uma força.

© Hudson Calasans
A trajetória da bala atirada por um canhão é parabólica.

Imaginou, portanto, um experimento no qual atirava a bala do canhão com


velocidades cada vez maiores. Como a bala era atraída pela Terra para baixo, ela
acabava caindo, porém, cada vez mais longe.

Newton avaliou que, se a bala fosse lançada cada vez com mais força, cairia cada
vez mais longe, e que, se ela fosse lançada com certa velocidade, seria atraída pela
Terra e “cairia” em direção ao solo, mas nunca chegaria nele, como se ficasse caindo
para sempre, sem alcançar o chão. Dessa forma, a bala ficaria girando, em órbita, em
volta da Terra.

A
E
B
© Hudson Calasans

Quanto maior a velocidade de lançamento do


C projétil, maior será seu alcance. Nas trajetórias
A e B, o projétil cai no solo. Nas trajetórias C e D,
ele busca o solo, mas não o encontra, ficando em
órbita. Já na trajetória E, a velocidade inicial do
projétil é suficiente para que ele escape da ação
D gravitacional da Terra.
98 UNIDADE 3

Assim, ele pôde concluir que o mesmo acontecia com a Lua. Ao mesmo tempo
em que ela caía em direção à Terra, ela andava para o lado, de tal maneira que nunca
encontraria o solo terrestre, ou seja, ela não colidiria com a Terra porque tinha movi-
mento lateral. Se ela parasse de girar em torno do nosso planeta, a Lua cairia no solo
terrestre como uma pedra qualquer abandonada no alto de um precipício.

Newton então analisou o movimento dos planetas e satélites, e observou que


todos eles se moviam em torno de um corpo central (os satélites em torno do pla-
neta e os planetas em torno do Sol), concluindo que todos deviam se atrair com
uma força chamada força gravitacional, que dependia:

• diretamente da massa dos corpos envolvidos: quanto maior a massa deles, maior
seria a força de atração; e

• inversamente da distância: quanto mais afastados estivessem os corpos, menor


seria a intensidade dessa força.

© Sidnei Moura
m₁ m₂

F F

R
m1 e m2 são as massas dos corpos, F é a força de atração gravitacional entre eles e R é a
distância entre seus centros de massa.

Utilizando os dados disponíveis, ele percebeu que a relação com a distância é


quadrática, ou seja, a força gravitacional varia com o inverso do quadrado da dis-
tância entre os corpos envolvidos. Essa força atua sobre todos os corpos que têm
massa, sejam eles celestes ou terrestres.

Em linguagem matemática, pode-se escrever que:

F: força gravitacional que atua entre os dois corpos de massa m1 e m2;


m1: massa de um dos corpos envolvidos na interação gravitacional;

m1 ⋅ m2 m2: massa do outro corpo envolvido na interação gravitacional;


F=G ⋅
R2 R: distância entre os centros de massa dos corpos envolvidos na interação
gravitacional;
G: é uma constante, ou seja, é um valor que só depende das unidades utili-
zadas. É conhecida como constante universal da gravitação.
UNIDADE 3 99

Isso explica por que, quando o planeta está mais próximo do Sol, essa força
aumenta e ele passa a se deslocar mais rápido enquanto esse aumento de acelera-
ção agir sobre ele. Da mesma forma, quando o planeta está mais longe, ele se move
mais lentamente em torno do Sol. Isso explica a 2a e a 3a leis de Kepler e por que os
planetas mais distantes como Marte, Júpiter e Saturno têm períodos de translação
maiores do que a Terra, mas Mercúrio e Vênus têm períodos menores.

Por meio da lei da gravidade, Newton conseguiu explicar como a Terra pode
ser redonda e estar em movimento e mesmo assim as pessoas, em qualquer lugar,
ainda estarem presas a ela e não caírem: a força

© Hudson Calasans
da gravidade entre a Terra e as pessoas (e tudo
o que está em sua superfície) é suficientemente
grande para mantê-las presas ao solo. A Terra
exerce uma força sobre o que está em sua volta,
puxando tudo “para baixo”, ou melhor, para o
seu centro. Por isso, não faz sentido pensar que
estamos de cabeça para baixo em relação aos
moradores do Japão, por exemplo, pois, num pla-
neta redondo, todos estão “do lado de cima” da
Terra, relativamente ao centro do planeta.

Isso também permite diferenciar os conceitos de massa e peso. A massa é uma


característica do corpo que tem um valor universal, ou seja, tem o mesmo valor
em qualquer lugar do espaço. Mas o peso não. O peso é uma força; é a força que a
Terra aplica em um corpo que esteja suficientemente próximo dela, ou seja, o peso
é a força com que um planeta (no caso, a Terra) puxa um corpo para o seu centro.
Portanto, embora a massa de uma pessoa qualquer não mude se ela circular em
diferentes astros, seu peso pode se alterar. Na Lua, por exemplo, ela será seis vezes
mais leve, mas, em Júpiter, duas vezes e meia mais pesada, embora sua massa não
se altere.

A força gravitacional, junto com a rotação da Terra, também ajuda a entender


o fenômeno das marés. Como a água é fluida, ela pode se deslocar sobre a super-
fície da Terra de acordo com a ação da força gravitacional tanto da Lua quanto
do Sol, além da gravitação terrestre. A força gravitacional “puxa” a água que se
concentra na direção do Sol e da Lua. Quando eles estão alinhados, acontecem as
marés altas mais altas (chamadas maré de sizígia) e, quando estão em quadra-
tura, ou seja, formando um ângulo de 90º (com a Terra como vértice), acontecem
as marés altas menores.
100 UNIDADE 3

© Hudson Calasans
Maré de sizígia

Maré alta

Lua cheia Lua nova


Sol

Maré baixa

Maré de quadratura Lua crescente


Maré alta

Sol

Maré baixa

Lua minguante

A lei da gravitação universal de Newton permitiu prever a existência de novos


planetas no Sistema Solar. Com o desenvolvimento de lunetas e telescópios cada
vez mais potentes, também foi possível mapear suas trajetórias com mais preci-
são e descobrir outro planeta, batizado de Urano. Porém, Urano nunca era encon-
trado onde as leis de Kepler previam, e alguns astrônomos começaram a des-
confiar da existência de outro planeta que, com sua força gravitacional, estaria
modificando a trajetória de Urano.

Utilizando as leis de Newton sobre gravitação, o astrônomo francês Le Verrier


calculou onde deveria estar o astro que modificava a trajetória de Urano, e outros
astrônomos localizaram um novo planeta, Netuno, apontando seus telescópios
para o local indicado pelo cientista francês. Com isso, as leis de Newton ganharam
definitivamente o status de teoria válida para explicar o movimento dos corpos.

Com a evolução tecnológica, muitas novidades foram descobertas no céu.


Atual­mente, sabe-se que o Universo é muito maior do que aquele conhecido pelos
gregos, e mesmo pela humanidade, até a época de Copérnico, Galileu, Kepler ou
Newton. O modelo heliocêntrico é válido para o Sistema Solar, ou seja, o Sol é uma
estrela entre muitas outras e tem seu sistema planetário formado pelos planetas
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, cada um com
sua(s) lua(s), exceto por Mercúrio e Vênus, que não as têm. Por sua vez, o Sol faz
parte de um conjunto muito grande de estrelas que formam uma galáxia, chamada
Via Láctea. Esta, por sua vez, é uma entre muitos bilhões de galáxias espalhadas
pelo Universo, tudo isso interligado por meio da força gravitacional.
UNIDADE 3 101

Universo 6

© Hudson Calasans
observável

Localização
Localização do do
planeta
planeta TerraTerra
no
Universo erso
1 Terra
Sistema Solar

5
2
Super
aglomerado
local

Via Láctea
4

Grupo local
de galáxias
3
A Terra (1) é um entre oito planetas do Sistema Solar (2). O Sol, por sua vez, é uma entre bilhões de estre-
las da Via Láctea (3). A Via Láctea, por sua vez, é uma entre algumas dezenas de galáxias que compõem
o grupo local de galáxias (4). O grupo local, com outras dezenas de galáxias, forma o superaglomerado
local de galáxias (5), e finalmente este, com outros superaglomerados, forma o Universo observável (6).

Atividade 3 A força gravitacional

1 Se a força gravitacional atua entre todos os corpos que têm massa, as pessoas
também se atraem gravitacionalmente? Justifique.
102 UNIDADE 3

2 A afirmação “Como a massa da Terra é maior do que a massa da Lua, então a


força que a Terra exerce sobre a Lua é maior do que a força que a Lua exerce sobre
a Terra” é verdadeira ou falsa? Justifique sua resposta.

3 O seu peso corresponde à força com que a Terra o atrai. E quanto a você: tam-
bém atrai a Terra ou não? Justifique.

4 Observe a tirinha abaixo:

© Fernando Gonsales

Níquel náusea, de Fernando Gonsales.

Embora a lei da gravidade seja válida para o gato e para o rato, apenas a parte do
telhado onde está o gato se rompeu. Como você poderia explicar esse fato?
UNIDADE 3 103

2 Em uma passagem do poema Os lusíadas (canto X, 89) de Luís de Camões (1525-1580), brilharam os
astros. Um belo exemplo da influência do pensamento científico nas artes. O Sol é descrito poetica-
mente como O claro olho do céu e a Lua, no verso final da estrofe, aparece sob a denominação de Diana:

Debaixo deste grande firmamento,


Vês o céu de Saturno, deus antigo;
Júpiter logo faz o movimento,
E Marte abaixo, bélico inimigo;
O claro olho do céu, no quarto assento,
E Vênus, que os amores traz consigo;
Mercúrio, de eloquência soberana;
Com três rostos, debaixo vai Diana.

Nesta bela e curiosa estrofe, os astros aparecem em versos sucessivos. Essa passagem revela que:
a) Camões admitia a concepção prevalecente em sua época, segundo a qual a Terra era fixa e ocupava
o centro do Universo.
b) Camões se mostra afinado ao pensamento de Kepler, já descrevendo qualitativamente o sistema
de acordo com as leis de Kepler.
c) A concepção admitida por Camões encontra-se de pleno acordo com uma análise qualitativa da
lei da gravitação universal de Newton.
d) Essa descrição de Camões concorda com a visão de Galileu de que a Terra estaria em movimento.
e) Camões provou através desses versos a teoria da relatividade.
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 2009. Disponível em:
<http://siga.ufjf.br/index.php?module=vestibular&action=html:files:provas2009:pismi_2_fis.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.

Você viu neste tema que a Terra está girando no espaço, mas não somos lan-
çados para fora dela por conta da atração gravitacional entre nossos corpos e o
planeta. Mas e se ela parasse de girar de repente, seríamos lançados no espaço?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Modelos de Universo


O desenho pode ser baseado nas imagens existentes ao longo do texto. A principal característica do
modelo geocêntrico é assumir a Terra como centro do Universo. A favor disso, há o fato de não se per-
ceberem os movimentos de rotação e translação da Terra no espaço e, contra, o fato de não se conse-
guir explicar satisfatoriamente o movimento dos astros no céu. Em relação ao modelo heliocêntrico,
sua principal característica foi tirar a Terra do centro do Universo e colocar o Sol nesse lugar. Como
ponto favorável, esse modelo consegue reproduzir de forma melhor e mais simples as trajetórias
104 UNIDADE 3

observadas para os planetas e, como ponto negativo, há o fato de ser difícil acreditar que a Terra está
em movimento, pois não se percebe esse efeito.

Atividade 2 – Leis de Kepler


Não, o envelhecimento seria o mesmo, pois o tempo passaria da mesma forma nos dois planetas.
Embora o ano de Marte dure quase dois anos terrestres, o tempo lá transcorre da mesma maneira
que na Terra. Sua contagem pode até ser diferente, assim como na Terra existem grupos que con-
tam o tempo com base nos ciclos da Lua e outros por meio da aparente translação solar no firma-
mento terrestre.

Atividade 3 – A força gravitacional


1 Qualquer corpo que possui massa exerce atração gravitacional. Como todas as pessoas possuem
massa, todas elas se atraem gravitacionalmente. Ou seja, a atração gravitacional entre duas pessoas
existe, mas não se pode percebê-la por ser muito pequena, já que, segundo a lei de gravitação univer-
sal, quanto maior a massa dos corpos, maior é a força de atração; por isso, só se consegue perceber a
atração gravitacional de objetos que possuem muita massa (a atração que as pessoas exercem mutua-
mente são considerados desprezíveis se comparados à força exercida pelo planeta Terra).

2 Essa afirmação é falsa. Uma vez que as forças com que a Terra atrai a Lua e a Lua atrai a Terra
formam um par de ação e reação, elas têm exatamente o mesmo valor e direção, encontrando-se
apenas em sentidos opostos.

3 Sim, você atrai a Terra com a mesma força com que a Terra atrai seu corpo (par ação e reação).
Porém, como a massa da Terra é muito maior do que a sua, a velocidade da Terra quase não se
altera, mas a sua sim.

4 A massa do gato é bem maior do que a do rato e, portanto, a força peso entre ele e a Terra foi
suficiente para quebrar o telhado. No caso da força peso entre a Terra e o rato, ela é bem menor, e
insuficiente para quebrá-lo.

Desafio
1

a) De acordo com a 2a lei de Kepler (lei das áreas), em um mesmo intervalo de tempo Δt, a linha
imaginária que une o planeta ao Sol percorre a mesma área no afélio (ponto A, onde o planeta
passa mais longe do Sol) e no periélio (ponto P, onde o planeta passa mais próximo do Sol). Logo, a
velocidade é máxima em P (mais perto do Sol) e mínima em A (mais longe do Sol).

b) De acordo com a 2a lei de Kepler (lei das áreas), num mesmo intervalo de tempo Δt, a linha que
une o planeta ao Sol percorre a mesma área. Então, observando a imagem, percebe-se que a área
HORA DA CHECAGEM

VPI é a menor, a área IAV é a maior, e que as áreas PIA e AVP são iguais, portanto:

Δt(VPI) < Δt(PIA) = Δt(AVP) < Δt(IAV).

2 Alternativa correta: a. Pode-se perceber pela ordem dos astros que se trata de um sistema geo-
cêntrico, pois coloca Saturno mais longe, depois, pela ordem: Júpiter, Marte, o Sol (“O claro olho do
céu”), Vênus e Mercúrio e a Lua (Diana).
UNIDADE 3 105
Efeitos de uma força aplicada
Unidade 4

física
TEMAS
1. Flutuação
2. Rotação
3. Trabalho de uma força
Introdução
O resultado da ação de uma força em um corpo depende de uma série de fato-
res. Você viu, na Unidade anterior, que, além da massa do corpo no qual a força
está sendo aplicada, a intensidade, a direção e o sentido de aplicação da força são
fatores importantes na determinação do efeito desta força sobre um corpo.

Mas esses não são os únicos fatores. A interação da força com um corpo
depende também do tempo no qual a força permanece agindo, da distância em
que atua, da superfície na qual está sendo aplicada, além de muitos outros fatores.

Nesta Unidade, serão analisados alguns desses fatores.

T E M A 1 Flutuação

Quando utensílios de cozinha são lavados na pia ou em uma bacia, pode-se


perceber que algumas peças afundam na água e que outras flutuam. Ainda que
sejam feitos do mesmo material, garfos e facas afundam, mas algumas tigelas de
alumínio ou de plástico flutuam, se não estiverem cheias de água.

Neste tema, você vai estudar os conceitos de densidade, pressão e empuxo, que
vão ajudá-lo a entender melhor a flutuação dos corpos.
© Photoshot News/Latinstock

A imagem ao lado mostra um imenso navio porta-aviões


flutuando no oceano. Reflita sobre essa situação e responda
às questões seguintes em seu caderno.

• O que é mais pesado: um navio ou um único prego?

• Se os dois são feitos de aço, por que o navio flutua e o


prego afunda?
UNIDADE 4 107

• Por que um bloco de 10 kg de isopor flutua e um bloco de 100 g de cimento afunda?

• Seria possível levantar um elefante de 1 tonelada (t) fazendo pouca força?

Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria


suas respostas.

Densidade
Diz-se que o ferro é mais pesado que o isopor,

© Daniel Beneventi
mas essa afirmação não é realmente correta. Se
houver, por exemplo, 1 kg de ferro e 1 kg de iso-
por num mesmo local da Terra, pode-se verificar
que os dois têm o mesmo peso. O que nos dá a
impressão de que o ferro é mais pesado do que o
Isopor Ferro
isopor é o fato de que o volume de ferro necessá-
rio para obter 1 kg de massa é bem menor do que o volume necessário para obter
a mesma massa de isopor.

A relação entre a massa e o volume de um corpo é o que se chama densidade


desse corpo. Na linguagem matemática, pode-se escrever:

d: densidade do corpo;
m
d= m: massa do corpo;
V
V: volume do corpo.

As unidades de densidade serão sempre unidades de massa divididas por


unidades de volume. No Sistema Internacional de Unidades (SI), utiliza-se kg/m³.
Para medir volume de sólidos, costuma-se utilizar g/cm³ e, para líquidos, g/mL.

Atividade 1 Densidades
© Martin Leigh/Oxford Scientific/Getty Images

1 Ao misturar água e óleo, uma cozinheira percebeu que o óleo


ficava acima da água, como mostra a imagem ao lado. Para enten-
der o que observou, ela mediu a massa e o volume de cada um,
obtendo os dados mostrados a seguir, e, com eles, calculou a den-
sidade dos dois líquidos.
108 UNIDADE 4

a) Utilizando a fórmula da densidade, calcule, como a cozinheira, a densidade cor-


reta desses líquidos e complete a tabela abaixo.

Material Massa (g) Volume (mL) Densidade (g/mL)


Água 250 250
Óleo 40 50

b) Olhando para a imagem do copo com água e óleo e comparando-a com os resulta-
dos das densidades desses líquidos, qual é a relação deles com a flutuação observada?
Isto é, numa mistura de materiais fluidos com densidades diferentes e que não se
misturam, qual deles fica embaixo?

2 A figura ao lado mostra uma série de líquidos e objetos colo-

© Clive Streeter/Dorling Kindersley/Getty Images


cados juntos num copo. Consultando a tabela a seguir, indique:

Peça de
Material Água Cortiça Glicerina Óleo Mel
plástico
Densidade
1,0 1,01 0,7 1,2 0,8 1,4
(g/cm3)

a) Qual é o líquido incolor?

b) Qual é o líquido que está acima de todos?

c) Qual é o líquido que está no fundo do recipiente?

d) Qual dos materiais sólidos é o mais denso e qual é o menos denso?


UNIDADE 4 109

Pressão nos sólidos


Por que um prego tem ponta? Por que uma faca, para cortar bem, precisa
estar afiada?

O efeito de uma força aplicada num corpo


depende da área na qual essa força está aplicada.
Quanto menor for essa área, maior será o efeito
da força. Por isso as facas são afiadas. A força apli-

© Hudson Calasans
cada numa faca afiada se distribui por uma área
menor, multiplicando seu efeito. O mesmo acon-
tece com um prego. Se ele não for pontudo, fica
mais difícil pregá-lo numa parede, por exemplo. Lâmina de faca sem fio,
vista de frente.
Lâmina de faca afiada,
vista de frente.

A grandeza física que relaciona o efeito de uma força com a superfície na qual
ela é aplicada chama-se pressão. Na linguagem matemática, pode-se escrever:

p: pressão sobre a superfície;


F
p= F: força aplicada perpendicularmente à superfície;
A
A: área da superfície na qual a força F é aplicada.

No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de pressão é N/m2 (newton


por metro quadrado). Essa unidade recebe o nome de pascal (Pa). © Daniel Beneventi

F
F
p=
Área
Área

Peso de um corpo
Como visto na Unidade 3, peso é uma força diferente da grandeza massa. Sendo uma força, ele
pode ser calculado pela 2a lei de Newton: o produto da massa pela sua aceleração (F = m ⋅ a).
Na Unidade 2, você viu que os corpos que caem livremente estão submetidos a uma acelera-
ção, no caso, a aceleração da gravidade terrestre, que será representada pela letra g. Matema-
ticamente, tem-se:
P=m⋅g
em que P é a força peso, m é a massa do corpo, e g é a aceleração da gravidade terrestre, que
vale aproximadamente 10 m/s2.
110 UNIDADE 4

É possível calcular a pressão que um tijolo comum, de massa 1,5 kg, exerce
sobre o solo quando está apoiado em cada uma de suas faces.

A força que o tijolo vai aplicar na superfície, em qualquer situação, é o seu


peso. Então, a força peso, ou simplesmente o peso do tijolo, é P = m ⋅ g. Sendo
assim, P = 1, 5 ⋅ 10 = 15 N.

Daniel Beneventi sobre foto © Michael


Wildsmith/The Image Bank/Getty Images
2
5 cm
10 cm
1
3

21 cm

Se o bloco estiver apoiado na base 1 (ver figura), a área será 0,21 ⋅ 0,05 = 0,0105 m2,
15 ≅ 1.428,57 N/m2 ≅ 1.428 Pa.
e a pressão será
0, 0105
Se o bloco estiver apoiado na base 2, a área será 0,21 ⋅ 0,10 = 0,021 m2, e a pres-
15 ≅
são 714,2857 N/m2 ≅ 714 Pa.
0, 021
Se o bloco estiver apoiado na base 3, a área será 0,05 ⋅ 0,10 = 0,005 m2, e a pres-
15
são será = 3.000 N/m2 ≅ 3.000 Pa. No formalismo matemático, tem-se:
0, 005
F 15
p= = = 3.000 N/m 2 ≅ 3.000 Pa
A 0, 005

Atividade 2 Afiar por quê?

Comente, com base nos conceitos estudados até aqui, por que facas e outras
ferramentas de corte devem ser afiadas.
UNIDADE 4 111

Atividade 3 Salto alto

Leia o texto a seguir:

http://www.assessoriadeimprensa.com.br/release.aspx?codRelease=1337

São Paulo, 25 de novembro de 2013

Problemas ortopédicos decorrentes do uso contínuo de salto alto atingem


mulheres cada vez mais jovens
Com o uso cada vez mais frequente de salto alto e por períodos longos, é cada vez maior
o número de mulheres que apresenta problemas ortopédicos, tais como a fasciíte plantar
– também chamada de encurtamento da planta do pé –, esporão e joanete. E mais, a idade
média das pacientes que chegam ao consultório do ortopedista Maurício Lebre Colombo,
especializado em joelhos e membros da equipe de cirurgia do joelho do Hospital do Servi-
dor Público Estadual, é cada vez menor.
“O uso do salto alto no dia a dia começa mais cedo, ainda na adolescência, e se estende por horas
e horas, por isso surgem os problemas”, explica. A altura do salto também agrava os problemas,
quanto mais alto, mais inclinado fica o pé. Para Colombo, no tratamento, é preciso reduzir o uso
de salto e alongar o pé para recuperar totalmente. Caso contrário, o problema persistirá.
Pelo fato de o pé não tocar o solo por inteiro, acontece, em muitos casos, um encurtamento
da planta do pé, causando dor e desconforto. Como consequência da fasciíte plantar, por
exemplo, é muito comum também o surgimento do chamado esporão, a membrana que reco-
bre o osso do calcanhar é tão estirada que forma um bico. “Pacientes com fasciíte mal tratada
cronicamente também podem ter esporão”, afirma o especialista. A combinação de salto alto
com sapato de bico fino por muitas horas por dia pode causar o que chamamos de joanete.
“Não é o caso de deixar de usar o salto alto, mas usar com parcimônia. Se a mulher vai para
o trabalho todos os dias e fica em pé por horas com um salto bem alto vai ter problemas
logo. O salto alto deve ser reservado a momentos mais especiais, com possibilidade de usar
apenas por uma ou duas horas e depois colocar um sapato mais confortável”, explica o
ortopedista especializado em problemas do joelho.
Segundo ele, o salto alto também piora um problema ortopédico muito comum em mulhe-
res acima dos 40 anos, a dor anterior do joelho, cujo nome correto é condromalácia de
patela. Trata-se de uma inflamação da cartilagem do joelho causada por uma alteração
dos músculos do quadril característica do sexo feminino. “Muitas mulheres chegam ao
consultório com esta dor crônica que é causada pelo fato dos quadris das mulheres serem
mais largos, o que força os músculos desta região”, explica.  Para o médico, as pessoas hoje
vivem mais e têm uma rotina mais intensa, então precisam cuidar destes problemas que
incomodam e podem se arrastar por toda vida.
Quem é Maurício Lebre Colombo
Médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, ortopedista, com especialização
em cirurgia do joelho no exterior.  Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Sociedade Brasileira de Cirurgia
do Joelho, Sociedade Brasileira de Artroscopia. Atualmente, Maurício Lebre Colombo é membro da equipe de cirur-
gia do joelho do Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo.

EGOM Assessoria de Imprensa. Problemas ortopédicos decorrentes do uso contínuo de salto alto atingem mulheres cada vez mais jovens.
Disponível em: <http://www.assessoriadeimprensa.com.br/release.aspx?codRelease=1337>. Acesso em: 14 jan. 2015.
112 UNIDADE 4

Observe a figura e repare que, quanto maior

© Daniel Beneventi
for o salto, menor será a área do pé que ficará em
contato com o solo.

Qual é a relação disso com a pressão que é


exercida sobre o pé da pessoa?

Pressão nos líquidos ou pressão hidrostática


Observando a figura ao lado, é possível perceber

© Daniel Beneventi
que o filete de água que jorra pelo orifício mais baixo
h1
da garrafa vai mais longe do que aquele que jorra do
p1
orifício mais alto. Isso acontece porque na parte mais
baixa da garrafa a pressão da água é maior do que a h2
∆h
pressão que a água exerce na parte mais alta. A pressão
que um líquido exerce sobre uma superfície em certa p2
profundidade depende de três fatores:

• da densidade d do líquido: quanto mais denso o


líquido, maior é a pressão que ele exerce;

• da profundidade h dessa superfície: quanto maior a profundidade, maior a pressão;

• da aceleração da gravidade g: quanto maior for a aceleração da gravidade, maior


será a pressão do líquido.

Pode-se representar tudo isso na linguagem matemática, escrevendo:

p: pressão exercida pelo líquido;

d: densidade do fluido/líquido;
p=d ⋅ g ⋅ h
g: aceleração da gravidade local;

h: profundidade.

Por exemplo, a pressão exercida pela água, cuja densidade é de 1.000 kg/m3,
numa profundidade de 1 m, será p = 1.000 ⋅ 10 ⋅ 1 = 10.000 N/m2 = 10. 000 Pa .
UNIDADE 4 113

Isso mostra que pontos que estão a uma mesma profundidade apresentam a
mesma pressão. Por isso, a superfície de um líquido em repouso é sempre hori-
zontal: todos os pontos na superfície estão sujeitos à mesma pressão. Isso explica
também o princípio dos vasos comunican-
tes: num conjunto de dois ou mais vasos
© Daniel Beneventi

abertos e interligados, de tal modo que


um líquido colocado num deles possa fluir
para os outros, sua altura fica igual em
todos os recipientes, independentemente
de suas formas ou tamanhos.

Atividade 4 Caixa-d’água

A figura a seguir mostra uma típica instalação de um reservatório d’água para


abastecimento doméstico.

1 Por que o reservatório deve ficar em

© Hudson Calasans
lugares mais altos?

2 Por que, quando falta água, ela sem-


pre acaba primeiro nos pontos mais altos
da cidade ou nos andares mais altos dos
prédios de apartamentos?

Prensa hidráulica
Uma aplicação importante da pressão hidrostática é a prensa hidráulica.

O físico francês Blaise Pascal verificou que, diferentemente do que ocorre nos
sólidos, nos líquidos a pressão se transmite integralmente em todas as direções.
Isso quer dizer que, ao se aplicar uma força na plataforma 1 (ver a figura a seguir),
114 UNIDADE 4

a pressão exercida será transmitida por completo à plataforma 2, onde está o


carro. Se a plataforma 2 tiver, por exemplo, uma área 10 vezes maior do que a pla-
taforma 1, então a força na plataforma 2 também será 10 vezes maior, para manter
a pressão do líquido constante, ou seja, uma prensa hidráulica funciona como um
multiplicador de força.

Suponha, por exemplo, que o carro


tenha massa de 1 tonelada (t) e que a
plataforma 2 tenha área de 2 m2, e que
Plataforma 2
a plataforma 1 tenha área de 4 cm 2 .
Qual será a força necessária para elevar F1

© Daniel Beneventi
o carro? Perceba que a força F1 precisa Plataforma 1 F2
empurrar para baixo um volume igual
ao volume que é empurrado para cima.

Inicialmente, acertam-se as unidades de área. Lembre-se de que


1 m = 100 cm, então 4 cm 2 = 0,0004 m 2; 1 t equivale a 1.000 kg, cujo peso vale
P = m ⋅ g = 1.000 ⋅ 10 = 10.000 N. Assim, como a pressão nas duas plataformas é a
mesma, pode-se escrever que:

F1 F F1 10.000
p1 = p2 ⇒ = 2 ⇒ = ⇒ F1 = 2 N
A1 A 2 0, 0004 2

ou seja, com uma força de 2 N, equivalente à massa de 200 g, consegue-se levantar


um carro de massa 1 t.

Empuxo

Quando um corpo é mergulhado em um Volume de água


deslocado para cima
líquido, ele passa a ocupar o espaço que era pelo corpo

preenchido pelo líquido, que, assim, é des-


locado, dando a impressão de que aumen-
© Hudson Calasans

tou de volume ocupado pelo líquido (veja


a figura ao lado). Esse volume deslocado
corresponde ao volume do corpo que ficou
imerso no líquido.

O corpo vai receber do líquido uma pressão maior na sua parte mais funda
do que na sua parte mais próxima da superfície. Portanto, haverá uma diferença
UNIDADE 4 115

de pressão entre a parte mais baixa e a mais alta do corpo imerso no líquido,
fazendo com que o líquido aplique no corpo uma força de baixo para cima. Essa
força é chamada força de empuxo. O empuxo E é uma força vertical para cima
que se contrapõe ao peso de parte do corpo imerso no líquido, fazendo com
que os objetos mergulhados na água pareçam mais leves do que quando estão
fora dela.

A força de empuxo depende de três fatores:

• da densidade d do líquido no qual o corpo está mer-


gulhado: quanto maior a densidade do líquido, maior E
o empuxo;

© Hudson Calasans
• do volume V de líquido deslocado pelo corpo imerso
(que é igual ao volume da parte do corpo que está imerso
no líquido): quanto maior o volume imerso no líquido, P
maior a força de empuxo;

• da aceleração da gravidade g: quanto maior a acelera-


ção gravitacional, maior o empuxo.

Na linguagem matemática, pode-se escrever que:

E: força de empuxo que o líquido aplica no corpo;

d: densidade do fluido;
E=d ⋅ V ⋅ g
V: volume de líquido deslocado;

g: aceleração da gravidade local.

A força de empuxo é exercida por qualquer fluido, não


Daniel Beneventi sobre foto © Mariusz Blach/123RF

empuxo
apenas pela água e outros líquidos, mas também pelos
gases, como o ar, por exemplo. A mesma força que sustenta
um navio no mar mantém um balão no ar, por exemplo.

Um navio consegue flutuar, mesmo sendo muito mais


pesado do que um prego, porque é oco e seu volume é grande.
Assim, o volume de líquido deslocado por ele é muito grande,
o que gera uma grande força de empuxo, por isso ele flutua. No
peso caso do prego, que é maciço, ele desloca pouca água quando
submerso, gerando pequeno empuxo, por isso ele afunda.
116 UNIDADE 4

Daniel Beneventi sobre foto © Hellen


Sergeyeva/123RF

Daniel Beneventi sobre foto © Ilya


Andriyanov/123RF
empuxo

peso empuxo

Se o peso for maior do que o empuxo, o corpo afunda; se


o empuxo for igual ao peso, o corpo flutua; e, se o empuxo for peso
maior do que o peso, ele lança o corpo para cima.

Atividade 5 Peso aparente

© Hudson Calasans
Observe a figura e explique por que a
pedra (ou qualquer corpo) parece mais leve
quando está mergulhada na água.

1 Considere o arranjo da figura, onde um líquido está confinado mA mB


na região delimitada pelos êmbolos A e B, de áreas a = 80 cm2 e A B
horizontal
b = 20 cm2, respectivamente. O sistema está em equilíbrio. Des-
preze os pesos dos êmbolos e os atritos.
Se mA = 4,0 kg, qual o valor de mB?
a) 4 kg. c) 1 kg. e) 2 kg.
b) 16 kg. d) 8 kg.

Fuvest 1987. Disponível em: <http://www.fuvest.br/vest1987/provas/P1F87_12.stm>. Acesso em: 7 out. 2014.

Caixa
2 O manual que acompanha uma ducha higiênica informa que a D’água
pressão mínima da água para o seu funcionamento apropriado é de Água
20 kPa. A figura mostra a instalação hidráulica com a caixa d’água e o
cano ao qual deve ser conectada a ducha. h3
h2
O valor da pressão da água na ducha está associado à altura h1 h5
h4
a) h1. d) h4.
b) h2. e) h5.
c) h3.
Parede
Enem 2012. Prova azul. Disponível em : <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/
enem/provas/2012/caderno_enem2012_sab_azul.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015. Piso
UNIDADE 4 117

Assim como os navios flutuam na água, pode-se dizer que os balões flutuam no
ar. As forças que atuam no navio são as mesmas que atuam no balão? E num avião
em voo, também são as mesmas forças que dão sustentação ao avião?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Densidades
1
250 40
a) Densidade da água: = 1 g/mL e densidade do óleo = = 0,8 g/mL.
250 50
b) O material mais denso fica embaixo do material menos denso.

a) A água, de densidade “intermediária”.

b) O óleo.

c) O mel, pois é o líquido mais denso.

d) O material sólido mais denso é a glicerina e o menos denso é a cortiça.

Atividade 2 – Afiar por quê?


Quanto mais afiada a ferramenta, menor será a área de contato e, assim, maior a pressão exercida
sobre o material a ser cortado.

Atividade 3 – Salto alto


Quanto maior o salto, menor o contato da planta do pé com o chão. Isso faz a pressão sobre a parte
do pé que está em contato com o solo aumentar, elevando a pressão nos dedos e na parte da frente
dos pés, prejudicando não apenas os pés, mas também toda a postura da pessoa.

Atividade 4 – Caixa-d’água
1 Quanto mais alto o local do reservatório d’água, maior a pressão exercida na base, o que possi-
bilita o escoamento da água pelo encanamento.

2 Como a pressão da água depende da diferença entre a altura do nível da água no reservatório
e o nível da água nas casas, as residências mais altas ou situadas num plano mais elevado terão
menor diferença de altura em relação ao reservatório, diminuindo a pressão da água e prejudi-
cando o abastecimento.

Atividade 5 – Peso aparente


Quando o corpo está imerso na água, a força de empuxo atua sobre ele, sempre para cima. Por-
tanto, é preciso aplicar menos força para equilibrar o peso, pois uma parte dela é feita pelo
empuxo. Assim, o peso aparente da pedra fica menor que seu peso real.
118 UNIDADE 4

Desafio
HORA DA CHECAGEM

1 Alternativa correta: c.
g g 4 m
pA = pB mA ⋅ = mB ⋅ = B mB = 1 kg
a b 80 20
2 Alternativa correta: c. A diferença de pressão se deve à diferença de altura entre o nível da água
na caixa e o de saída do cano, que corresponde a h3.
119

Rotação T E M A 2

A rotação é um movimento muito presente em nosso cotidiano. Não apenas as


rodas, mas portas, braços e pernas, planetas e satélites também realizam movi-
mentos de rotação. Neste tema, você vai estudar rotações em inúmeras situações.

© Eugene Sergeev/123RF
A figura ao lado mostra uma porta. Reflita e
responda às questões propostas.

• Por que a maçaneta da porta fica sempre longe


das dobradiças?

• O que aconteceria se a maçaneta fosse colo-


cada no meio da porta ou ainda mais perto da
dobradiça?

• Por que é mais fácil abrir a porta com uma


maçaneta de cabo do que com uma maçaneta
redonda?

• É possível mover uma pedra enorme e pesada fazendo pouca força?

Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria


suas respostas.
120 UNIDADE 4

Momento ou torque de uma força


Nossa experiência mostra que, para abrir uma Braço B

© Daniel Beneventi
porta, é muito mais fácil aplicar a força longe de
seu ponto de apoio, ou seja, longe das dobradiças.
Isso ocorre porque o efeito de rotação de uma força Força F

depende, além da intensidade da força, da distân-


cia em que ela é aplicada em relação ao eixo de
rotação. Por isso, é mais fácil soltar um parafuso Ponto ou eixo
de rotação
com uma chave de cabo mais comprido (figura ao
lado) do que com uma chave de cabo curto.

Essa distância do ponto de aplicação da força em relação ao eixo de rotação é o


que se chama de braço de rotação da força aplicada. Esse efeito de rotação de uma
força é medido por uma grandeza chamada momento ou torque de uma força, que
pode ser calculado pela expressão matemática:

M: momento ou torque aplicado pela força F perpendicular ao braço


da força aplicada;

M=F⋅b F: é a força aplicada;

b: distância entre a reta que define a direção da força aplicada e o ponto


ou eixo de rotação, também chamado de braço de rotação dessa força.

O momento de uma força será medido em N · m (newton vezes metro), em


unidades do Sistema Internacional. Assim, fica claro que, para uma mesma força
aplicada, quanto maior o braço, maior será o efeito de rotação dessa força.

Atividade 1 Trocando o pneu

É muito comum, quando se troca o pneu de um


© Henry Arden/cultura/Corbis/Latinstock

carro e não se consegue desatarraxar a porca com a


chave de roda, colocar um cano de ferro nela, como
mostra a figura ao lado.

Por que esse recurso funciona, permitindo desa-


tarraxar as porcas até então “inseparáveis” da roda
do automóvel?
UNIDADE 4 121

Alavancas
O mesmo princípio visto na troca de pneus pode ser aplicado para entender o
funcionamento das alavancas.

Alavanca é um objeto rígido, geral-

© Daniel Beneventi
F1 F2
mente uma barra de madeira ou metal,
b1 b2
que pode girar em torno de um ponto
de apoio e que amplia o efeito de rotação de
uma força, facilitando o deslocamento
de objetos. Tesouras, enxadas, alicates, abridores de garrafa, nossos braços, pernas e
pés são alguns exemplos de alavancas com os quais estamos em constante interação.

Numa alavanca em equilíbrio, conforme a figura acima, o momento (torque)


gerado pelas forças aplicadas em cada um dos seus lados tem de ser o mesmo.
Então, pode-se escrever na linguagem matemática que:

F1 ⋅ b1 = F2 ⋅ b2

Assim, para mover uma enorme pedra, por

© Daniel Beneventi
exemplo, utiliza-se uma alavanca, como mostra
Força de
Força de
a figura ao lado, e, com pouca força, é possível resistência
ação

Ponto
realizar essa tarefa. Suponha que a pedra tenha de apoio

uma massa de 500 kg, ou seja, seu peso é de 500 kg


cm
150

5.000 N. Se o braço da força peso da pedra for de m


30 c
30 cm e o braço da força de ação que é feita para
mover a pedra for de 1,5 m (ou seja, 150 cm), será aplicada uma força de apenas 1.000 N,
equivalente ao peso de uma massa de 100 kg (e não 500 kg, que é a massa da pedra).

Atividade 2 Que braços grandes! © Jan De Wild/123RF

A figura ao lado mostra um alicate de corte de bra-


ços grandes, utilizado para cortar peças mais duras e
resistentes, como grades e correntes metálicas. Qual é a
vantagem de ele ter os braços bem maiores que a ponta
da ferramenta?
122 UNIDADE 4

Um portão está fixo em um muro por duas dobradiças A e B, conforme mostra a figura, sendo
P o peso do portão.

Credito
Caso um garoto se dependure no portão pela extremidade livre, e supondo que as reações
máximas suportadas pelas dobradiças sejam iguais,
a) é mais provável que a dobradiça A arrebente primeiro que a B.
b) é mais provável que a dobradiça B arrebente primeiro que a A.
c) seguramente as dobradiças A e B arrebentarão simultaneamente.
d) nenhuma delas sofrerá qualquer esforço.
e) o portão quebraria ao meio, ou nada sofreria.
Enem 1998. Prova amarela. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/1998/1998_amarela.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.

Diz a lenda que o filósofo grego Arquimedes, ao ser questionado sobre se con-
seguiria mover um navio extremamente pesado, teria respondido: “Dai-me uma
alavanca e um apoio e moverei o mundo”. Você acha que seria possível mover a
Terra de sua órbita utilizando uma alavanca?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Trocando o pneu


Ao colocar o cano, aumenta-se o braço de aplicação da força, incrementando seu efeito de rotação.
É como se estivesse se ampliando a força aplicada.

Atividade 2 – Que braços grandes!


O alicate, assim como a tesoura, nada mais é do que a junção de duas alavancas, presas por um
parafuso nas partes que separam os braços (cabos) da ponta do alicate. Sendo assim, quanto maio-
res forem os braços em relação à ponta, maior será o efeito multiplicador da alavanca e a força
aplicada por estes para cortar peças.
UNIDADE 4 123

Desafio

HORA DA CHECAGEM
Alternativa correta: a. Como o portão tende a girar rumo ao solo, ele puxa a dobradiça A e com-
prime a dobradiça B. Como as peças resistem mais à compressão do que à tração, é mais provável
que a dobradiça A se rompa.

Uma explicação possível para saber qual dobradiça quebra primeiro: se o garoto se dependurar na
extremidade livre, o portão tenderá a girar no sentido horário, “puxando” primeiro a dobradiça A.
A dobradiça B só seria puxada se a A já não estivesse lá, ou seja, nesse caso, para a dobradiça B ser
puxada (ou forçada), a dobradiça A teria que estar quebrada.
124

T E M A 3 Trabalho de uma força

Existem muitos fatores que influenciam os efeitos da aplicação de uma força


num corpo. Alguns já foram vistos, como intensidade da força, massa do corpo,
área e volume na qual ela está aplicada e a distância dela a um eixo de rotação.

Neste tema, você vai analisar como a distância de aplicação de uma força num
objeto influi nos efeitos gerados por essa aplicação.

Analise a figura apresentada e responda às questões a seguir.

• Se tivesse que levar uma caixa pesada

© Daniel Beneventi
do solo até a porta, qual caminho você
utilizaria, a escada ou a rampa? Por quê?

• Se você fosse um carregador de malas


e tivesse de estipular o preço para car-
regá-las de um local para outro, quais
seriam os fatores que você consideraria?

• Qual seria a melhor maneira de alte-


rar a velocidade de um corpo: aplicar
pouca força por uma longa distância ou
muita força numa distância pequena?

Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria


suas respostas.
UNIDADE 4 125

Trabalho de uma força constante


Diferentemente dos outros animais, o ser humano busca adaptar a natureza
aos seus interesses, em vez de apenas se adaptar a ela. A princípio, ele usava a
própria energia, geralmente trabalhando em grupos. Mais tarde, passou a utilizar
a energia de animais domésticos, e até mesmo a forçar outros seres humanos ao
trabalho escravo.

Nos séculos XVII e XVIII, a mão de obra escrava e artesanal foi dando lugar ao
trabalho assalariado e ao uso de máquinas. Nessa mesma época, o conceito de
trabalho de uma força foi definido, até porque o trabalho realizado pelas pessoas
passou a ser comprado e, por isso, surgiu a necessidade de ser medido.

Diz-se que uma força realiza trabalho quando o resultado de sua aplicação é o
deslocamento de um objeto. O trabalho realizado por uma força paralela ao deslo-
camento depende, então, do valor da força e também do deslocamento que ela foi
capaz de produzir. Quanto maior a força, maior será o trabalho, e, quanto maior
for o deslocamento gerado pela aplicação dessa força, maior também terá sido o
trabalho realizado pela força.

© Hudson Calasans
F F

Deslocamento (∆S)

A B

Isso tudo pode ser escrito na linguagem matemática como:

: trabalho realizado pela força F;

= F · ΔS F: força constante e paralela ao deslocamento;

ΔS: distância percorrida pelo corpo sob a aplicação da força.

No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de trabalho é N · m


(newton vezes metro), que é chamada de joule (J).

Por exemplo, o trabalho realizado por uma pessoa para elevar um pacote de 100 g
(ou seja, 0,1 kg), cujo peso é de 1 N, do chão até uma altura de 1 m, corresponde a:
= F · ΔS = 1 N · 1 m = 1 J.
126 UNIDADE 4

No conceito de trabalho, força e distância se complementam. Ou seja, se for


preciso levar uma caixa pesada do solo até o primeiro andar, pode-se levá-la por
uma escada, fazendo muita força numa distância menor, ou por uma rampa,
fazendo menos força, porém por uma distância maior.

Atividade 1 Trabalho e aceleração

Como você viu nas leis de Newton, na Unidade 3, conforme uma força atua em
um corpo, ele muda de velocidade. E quando uma força realiza trabalho, ela tam-
bém vai alterar a velocidade do corpo? Justifique.

Trabalho de uma força qualquer


Embora força e deslocamento possam se compensar, o trabalho realizado por
uma força mostra que, para uma mesma força aplicada, quanto maior a distância
na qual ela permanece agindo, maior será a mudança na velocidade. Isso não é
fácil de perceber apenas por meio das leis de Newton.

Contudo, nem sempre a força que é aplicada num corpo é constante. Nesse
caso, o cálculo do trabalho realizado pela força depende de uma análise de como
essa força vai mudando com a distância. Essa variação pode ser ilustrada num grá-
fico que representa a variação da força com a distância.

No gráfico 1, pode-se ver como varia a força realizada por um elástico à medida
que se tenta esticá-lo. Quanto mais se puxa o elástico, mais força contrária ao
“puxão” ele exerce, ou seja, essa força aplicada pelo elástico, conhecida como força
elástica, é proporcional a quanto ele estica, como se observa no gráfico 2. Para cal-
cular o trabalho realizado por essa força elástica, basta calcular a área subenten-
dida entre a linha do gráfico e o eixo x.

Gráfico 1 Gráfico 2
© Sidnei Moura

Força Força

F F
A área deste
gráfico é igual
ao trabalho
realizado
pela força.

0 x Deformação 0 x Deformação
UNIDADE 4 127

Atividade 2 Trabalho resistente

Um carro se desloca numa rua, quando seu motorista avista o farol. Ele aciona
os freios, imprimindo uma força de 2.000 N para parar os pneus. O gráfico abaixo
mostra como varia a força aplicada pelo sistema de freios nos pneus. Qual foi o
trabalho realizado pelos freios até o carro parar?

© Sidnei Moura
F (N)

0 2 4 ΔX (m)

Uma das atividades fundamentais que realizamos para nos manter vivos é res-
pirar. Durante a respiração há realização de trabalho?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Trabalho e aceleração


Sim. Quando uma força atua num corpo e ele se desloca, além de alterar sua velocidade, ela tam-
bém realiza trabalho. Note que seria possível um conjunto de forças atuar num corpo fazendo que
ele se deslocasse com velocidade constante. Nesse caso, haveria a realização de trabalho, mas não
haveria mudança de velocidade.

Atividade 2 – Trabalho resistente


Basta calcular a área do gráfico, conforme ilustrado, que resulta em 5.000 J.
© Sidnei Moura

2 ∙ 1.000
F (N) Área = = 1.000
2
Área = 4 ∙ 1.000 = 4.000
1.000

0 2 6 ΔX (m)
128 UNIDADE 4

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