EJA - Fisica - Vol.01
EJA - Fisica - Vol.01
EJA - Fisica - Vol.01
CADERNO DO ESTUDANTE
E N SI N O M é d i o
VOLUME 1
Nos Cadernos do Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho/CEEJA são
indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos
apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram
verificados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria
de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação não garante que os sites indicados
permaneçam acessíveis ou inalterados após a data de consulta impressa neste material.
* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas neste material que
não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.
1. Física – Estudo e ensino. 2. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Médio. 3. Modalidade
Semipresencial. I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. II.
Secretaria da Educação. III. Título.
CDD: 372.5
FICHA CATALOGRÁFICA
Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
Geraldo Alckmin
Governador
Cláudio Valverde
Secretário-Adjunto
Maurício Juvenal
Chefe de Gabinete
Secretaria da Educação
Herman Voorwald
Secretário
Wanderley Messias da Costa Heder, Herbert Rodrigues, Jonathan Nascimento, Laís Schalch,
Diretor Executivo Liliane Bordignon de Souza, Marcos Luis Gomes, Maria Etelvina
R. Balan, Maria Helena de Castro Lima, Paula Marcia Ciacco da
Márgara Raquel Cunha
Silva Dias, Rodnei Pereira, Selma Borghi Venco e Walkiria Rigolon
Diretora Técnica de Formação Profissional
Autores
Coordenação Executiva do Projeto
Arte: Roseli Ventrella e Terezinha Guerra; Biologia: José Manoel
José Lucas Cordeiro
Martins, Marcos Egelstein, Maria Graciete Carramate Lopes e
Coordenação Técnica Vinicius Signorelli; Filosofia: Juliana Litvin de Almeida e Tiago
Impressos: Dilma Fabri Marão Pichoneri Abreu Nogueira; Física: Gustavo Isaac Killner; Geografia: Roberto
Vídeos: Cristiane Ballerini Giansanti e Silas Martins Junqueira; História: Denise Mendes
e Márcia Juliana Santos; Inglês: Eduardo Portela e Jucimeire
Equipe Técnica e Pedagógica de Souza Bispo; Língua Portuguesa: Claudio Bazzoni e Giulia
Ana Paula Alves de Lavos, Carlos Ricardo Bifi, Cláudia Beatriz de Murakami Mendonça; Matemática: Antonio José Lopes; Química:
Castro N. Ometto, Elen Cristina S. K. Vaz Döppenschmitt, Emily Olímpio Salgado; Sociologia: Dilma Fabri Marão Pichoneri e
Hozokawa Dias, Fabiana de Cássia Rodrigues, Fernando Manzieri Selma Borghi Venco
Mauro de Mesquita Spínola Leitão, Cláudia Letícia Vendrame Santos, David dos Santos
Presidente da Diretoria Executiva Silva, Eloiza Mendes Lopes, Érika Domingues do Nascimento,
Fernanda Brito Bincoletto, Flávia Beraldo Ferrare, Jean Kleber
José Joaquim do Amaral Ferreira
Silva, Leonardo Gonçalves, Lorena Vita Ferreira, Lucas Puntel
Vice-Presidente da Diretoria Executiva
Carrasco, Luiza Thebas, Mainã Greeb Vicente, Marcus Ecclissi,
Gestão de Tecnologias em Educação Maria Inez de Souza, Mariana Padoan, Natália Kessuani Bego
Maurício, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Pedro
Direção da Área
Carvalho, Polyanna Costa, Priscila Risso, Raquel Benchimol
Guilherme Ary Plonski
Rosenthal, Tatiana F. Souza, Tatiana Pavanelli Valsi, Thaís Nori
Coordenação Executiva do Projeto Cornetta, Thamires Carolline Balog de Mattos e Vanessa Bianco
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Felix de Oliveira
Gestão Editorial Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito, Natália
Nos Cadernos e vídeos que fazem parte do seu material de estudo, você perce-
berá a nossa preocupação em estabelecer um diálogo com o mundo do trabalho
e respeitar as especificidades da modalidade de ensino semipresencial praticada
nos CEEJAs.
Bons estudos!
Secretaria da Educação
Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
apresentação
Afinal, como grifar um texto, organizar uma anotação, produzir resumos, ficha-
mentos, resenhas, esquemas, ler um gráfico ou um mapa, apreciar uma imagem
etc.? Na maioria das vezes, esses procedimentos de estudo são solicitados, mas
não são ensinados. Por esse motivo, nem sempre os utilizamos adequadamente ou
entendemos sua importância para nossa aprendizagem.
Aprender a estudar nos faz tomar gosto pelo estudo. Quando adquirimos este
hábito, a atitude de sentar-se para ler e estudar os textos das mais diferentes disci-
plinas, a fim de aprimorar os conhecimentos que já temos ou buscar informações,
torna-se algo prazeroso e uma forma de realizar novas descobertas. E isso acontece
mesmo com os textos mais difíceis, porque sempre é tempo de aprender.
Por fim, é importante lembrar que todo hábito se desenvolve com a frequência.
Assim, é essencial que você leia e escreva diariamente, utilizando os procedimen-
tos de estudo que aprenderá e registrando suas conclusões, observações e dúvidas.
Física
SUMÁRIO
Tema 1 – Flutuação...................................................................................................................106
Tema 2 – Rotação......................................................................................................................119
Tema 3 – Trabalho de uma força.............................................................................................124
Caro(a) estudante,
Agora que você decidiu retomar seus estudos, terá a oportunidade de aprofun-
dar alguns conhecimentos no campo da Física, que é uma parte importante do
pensamento científico. Muitos dos temas você já conhece, mas, neste momento,
eles serão estudados e analisados mais profundamente do ponto de vista físico.
Tudo isso permitirá que você se aproprie dos conhecimentos físicos como ins-
trumentos de leitura de mundo e de resolução de problemas, e possa ter um olhar
diferenciado sobre o meio em que vive e pensar no desenvolvimento histórico do
conhecimento científico, para que você possa se posicionar de forma prática e crí-
tica diante de situações de sua vida e de questões de sua comunidade.
Bons estudos!
O mundo físico
Unidade 1
física
TEMAS
1. Como surgem as ciências
2. Medidas e unidades
3. Ciência e tecnologia
Introdução
Nesta Unidade, você estudará o mundo físico. Verá como, ao longo do tempo, o
pensamento mítico, que se baseia em deuses, espíritos e forças sobrenaturais, foi
dando lugar a uma construção lógica fundamentada em conceitos de grandezas que
podem ser medidas e relacionadas matematicamente, numa tentativa de explicar
como e por que determinados fenômenos acontecem. Essa maneira de pensar, cha-
mada inicialmente de filosofia natural, deu origem a uma nova forma de conheci-
mento e explicação da realidade, denominada Física.
Para começar, você estudará por que o conhecimento físico não é inato, ou seja,
por que não nascemos com ele. O conhecimento é construído com base em ques-
tionamentos sobre aquilo que se observa. A partir de questionamentos e dúvidas,
podem-se criar hipóteses que expliquem os fenômenos naturais, e a racionalização
dessas explicações leva à escolha daquela que solucione melhor as questões.
© Svetlana Gombats/123RF
Observe a figura ao lado, reflita e anote suas
hipóteses no seu caderno.
• O que é a chuva?
A ciência na história
Desde o início da história da humanidade, o ser humano observou a natureza,
percebendo a sucessão dos dias e das noites, das estações do ano, os ciclos da Lua, as
estrelas, os períodos de chuva e de seca. Aprendeu a dominar o fogo e, aproveitando
os ciclos naturais, passou a cultivar a terra e criar animais, o que lhe permitiu fixar-
-se em determinados territórios, deixando de ser nômade. Ao longo desse tempo,
acumulou saberes e desenvolveu conhe-
cimentos e crenças, o que lhe possibilitou Animista
construir uma cultura na qual os fenôme- Concepção que parte da hipótese de que
nos naturais tinham origem misteriosa, tanto os seres vivos quanto os sistemas e
fenômenos da natureza têm alma (do latim
atribuída geralmente a deuses, espíritos anima) e vontade própria.
ou a outras explicações animistas.
© Oronoz/Album Art/Latinstock
homens livres e que também eram
proprietários de terras. Esse grupo
considerava o trabalho manual
algo degradante, a ser relegado aos
escravos. Eles assumiram o traba-
lho intelectual, tido como o mais
“nobre”, que permitia desenvolver
o conhecimento teórico. Associa-
ram o saber fazer (os conhecimen-
tos práticos ligados aos modos de
produção e às necessidades diá-
rias) ao saber por quê, relacionado Afresco retratando a “Academia de Platão”, onde acontecia o encontro de vá-
rios pensadores e filósofos, na cidade de Atenas, na Grécia. Na pintura estão
ao conhecimento teórico. representados alguns pensadores que realmente existiram, mas que viveram
em épocas muito distintas. Trata-se, portanto, de um encontro imaginado pelo
O conhecimento obtido dessa pintor, como uma homenagem à filosofia clássica [Rafael Sanzio. Escola de
Atenas, 1508-1511].
forma foi muito além da esfera
empírica, gerada pelas necessidades do dia a dia, associando a esta uma ten-
tativa de explicar como e por que certos fenômenos aconteciam de uma forma
e não de outra. Essa maneira de questionar e problematizar a realidade, de não
aceitar explicações preestabelecidas, deu origem a uma nova maneira de pensar,
dissociada do modo de produção: o pensamento filosófico.
Foi Pitágoras quem lançou uma das ideias mais marcantes dessa nova filoso-
fia: a de que a beleza está na simplicidade. Ele acreditava que deveria haver uma
explicação simples para tudo e que esta poderia ser representada em linguagem
matemática, estabelecendo relações numéricas entre diferentes grandezas. Esse
pensamento, de certa forma, foi a base e a busca da ciência moderna.
20 UNIDADE 1
a) Uma explicação comum para a ocorrência da chuva é dizer que Deus está
lavando o chão do céu. Os trovões seriam, de acordo com essa explicação, o baru-
lho de Deus movimentando as mesas e cadeiras de lugar enquanto lava o chão
celeste. Essa explicação é mítica ou científica? Quais elementos podem ser utiliza-
dos para justificar sua resposta?
© Hudson Calasans
ocorrência da chuva é que ela
Energia
é o resultado da condensação solar
© Hudson Calasans
seria o centro do Universo, em torno do qual gira- Saturno
Marte
Júpiter
O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja,
recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura
orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução
histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e
perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode
‑se afirmar que a filosofia
a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos,
das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões.
b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu
nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e
exige o trabalho da razão.
c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impos-
tos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.
d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou
invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela
codificação mítica.
Universidade Estadual de Goiás (UEG), 2013. Disponível em: <http://www.cneconline.com.br/exames-educacionais/
vestibular/provas/go/ueg/2013/1o-semestre/ueg-2013-1-prova-conhecimentos-gerais-c-gabarito-espanhol.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014.
HORA DA CHECAGEM
a) Mítica, pois baseia-se em explicação divina: a crença num Deus criador e todo-poderoso; o fato
de no céu existir um chão que se acredita poder ser lavado com água; e o fato de que os móveis do
22 UNIDADE 1
céu, ao serem arrastados, fazem barulho podem ser elementos que tornariam tal explicação plau-
sível, do ponto de vista mítico.
b) Científica, pois utiliza elementos presentes na própria natureza, analisados de forma metódica
e empírica, sem mencionar deuses ou espíritos. As mudanças de estado físico da água, como a sua
evaporação provocada pelo calor do Sol, dão sustentação a essa explicação científica.
2 Embora seja uma explicação superada, ela é racional – portanto, científica –, pois se funda-
HORA DA CHECAGEM
Desafio
Alternativa correta: d. O surgimento da filosofia está ligado ao abandono das explicações míticas e
à racionalização da realidade observada.
23
Medidas e unidades T E M A 2
• Quais grandezas poderiam ser medidas com os instrumentos que você conhece?
• O que é grandeza?
Grandezas
Grandeza é tudo aquilo que se pode medir.
© Fernando Nascimento/Fotoarena
Mas o que é medir? Medir é comparar duas
grandezas de mesma espécie (por exemplo, área
com área, comprimento com comprimento,
volume com volume, velocidade com veloci-
dade etc.), tomando uma delas como parâmetro.
Assim, para medir a altura de uma porta, por
exemplo, pode-se tomar como padrão de com-
primento um palmo e comparar o tamanho do
palmo com o tamanho do objeto a ser medido
(no caso, a altura da porta), verificando quan-
tas vezes a altura da porta é maior ou menor do
que o palmo. Para medir a massa de um corpo,
é preciso escolher um padrão de medida de
massa (o quilograma, por exemplo) e comparar
a massa a ser medida com esse padrão.
Medindo uma porta com uma trena.
Experimentos constituem-se na
Você já pode ter ouvido falar em várias unidades de medida de comprimento, como polegada
(uma TV de 32 polegadas), metro (uma parede de 2 metros de altura), jarda (uma falta cometida
a 2 jardas da grande área), légua (uma cidade a 2 léguas de outra) ou palmo (um buraco com
7 palmos de profundidade). Qual dessas medidas é maior e qual é menor?
Para evitar confusões com as diversas unidades de medida, a Conferência Geral de Pesos e
Medidas (CGPM) criou o Sistema Internacional de Unidades, conhecido como SI. O SI é um sis-
tema de unidades de medida que pode ser utilizado em todos os países para realizar medidas
padronizadas, adotando-se uma unidade padrão para cada grandeza física.
Atualmente, com a globalização da economia, o SI tem sido cada vez mais utilizado para faci-
litar as transações comerciais entre diferentes povos que costumavam utilizar sistemas de
medidas diferentes.
Atividade 1 Grandezas
1 O que poderia ser medido neste Caderno que você está lendo agora?
A siderúrgica “Metal Nobre” produz diversos objetos maciços utilizando o ferro. Um tipo espe-
cial de peça feita nessa companhia tem o formato de um paralelepípedo retangular, de acordo com
as dimensões indicadas na figura que segue.
O produto das três dimensões indicadas na peça
resultaria na medida da grandeza 1,3 m
a) massa.
Metal Nobre
b) volume.
c) superfície.
0,5 m
d) capacidade.
2,5 m
e) comprimento.
Enem 2010. Prova azul. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2010/AZUL_Domingo_GAB.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014.
HORA DA CHECAGEM
Atividade 1 – Grandezas
São grandezas: massa, volume, força, pressão, altura e velocidade, pois podem ser medidas e com-
paradas com padrões estabelecidos para essas grandezas, como o quilograma (massa) e o metro
(altura), por exemplo.
2 Pode-se medir o Caderno com régua ou fita métrica, mas essas não são as únicas maneiras
possíveis. Pode-se medir por meio de unidades do próprio corpo, como o polegar, o palmo etc., mas
essas unidades de medida variam de uma pessoa para outra.
3 Como medir é comparar, pode-se medir uma mesma grandeza utilizando diferentes padrões de
comparação. Porém, padrões diferentes vão gerar medidas com valores diferentes, e é fundamental
estabelecer a relação entre eles, de forma que as medidas sejam equivalentes.
Desafio
Alternativa correta: b. Nessa questão, é preciso saber diferenciar os conceitos de massa, volume,
comprimento e capacidade.
HORA DA CHECAGEM
• Comprimento é a distância entre dois pontos.
• Volume é o espaço que um corpo ocupa. Esse espaço é expresso em unidades cúbicas de medida,
e envolve sempre, portanto, três dimensões.
O produto proposto pela questão é expresso em metros cúbicos, indicando, claramente, que se
trata de volume (no caso, comprimento × largura × profundidade).
28
T E M A 3 Ciência e tecnologia
Neste tema, você vai analisar as relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Vai
estudar que o desenvolvimento tecnológico só é possível a partir da ação humana,
tanto a intelectual, no momento de desenvolver teorias e projetar aparelhos, como
computadores, celulares, aparelhos de raios X, ultrassom etc., como na hora de produ-
zir esses aparelhos, extraindo a matéria-prima, soldando e parafusando peças.
A ciência está ligada a uma busca pelo conhecimento. Embora seja única, ela
pode ser pensada como uma composição entre ciência pura e ciência aplicada.
A ciência pura tem por objetivo a produção de conhecimento em si, enquanto a
ciência aplicada visa, principalmente, a geração de produtos que melhorem ou
facilitem a execução de tarefas, ou seja, é dela que deriva a tecnologia. Assim, a
tecnologia está subordinada às demandas de mercado, enquanto a ciência busca,
antes de tudo, o conhecimento como um bem em si mesmo.
As técnicas vinculadas à prática são muito mais antigas do que a ciência (que
está ligada ao desenvolvimento de teorias), sendo provavelmente tão antigas
quanto a própria humanidade. Do Paleolítico à Idade dos Metais, das pirâmides
egípcias aos castelos medievais e também entre os grandes templos no Oriente,
os grandes feitos da humanidade não foram construídos com base em princípios
físicos, mas por “mestres” que se valeram da experiência prática acumulada, e não
de um conhecimento abstrato sobre seu objeto de trabalho.
O casamento recente entre ciência e tecnologia pode ser ilustrado com a Revo-
lução Industrial, o domínio e a aplicação da eletricidade, da biotecnologia, da ener-
gia nuclear, da nanotecnologia etc. Desde o final do século XVIII, portanto, ciência,
tecnologia e sociedade andam juntas, atreladas ao desen-
© Laurentiu Iordache/123RF
volvimento industrial e à produção de bens de consumo.
do tempo, com a introdução dos relógios e horários de entrada e saída das fábri-
cas e das escolas, por exemplo; à fragmentação da produção, com a introdução
das linhas de produção; e à fragmentação da energia, com fótons e quanta.
O pensamento científico moderno, por sua vez, parte da hipótese de que muitos
fenômenos acontecem por acaso, sem motivo aparente. Ele não garante relações de
causa e efeito bem determinadas. Por isso, é relativo e fragmentado, parecendo que
uma causa não se relaciona univocamente com os efeitos, e que cada evento acon-
tece de forma absolutamente independente dos outros.
O pensamento científico influencia vários campos do conhecimento, como o artís-
tico, o esportivo, o social, o econômico e o cultural, entre outros, a ponto de ser válido
afirmar que, atualmente, a maior parte dos novos produtos é resultado de pesquisa
científica. Entretanto, apesar de todos os avanços da modernidade, o modo científico
de pensar e agir ainda está longe de ser universal. Assim, pode-se dizer, como apontou
Tambosi:
1 Com toda a automação que acontece atualmente nas linhas de produção, seria
possível produzir bens de consumo sem trabalho humano?
3 De acordo com o texto desta Unidade, ciência e tecnologia nem sempre estive-
ram associadas da forma como se observa atualmente. Busque no texto os argu-
mentos que sustentam essa afirmação, indicando inclusive o momento histórico
em que passam a “caminhar juntas”.
UNIDADE 1 31
HORA DA CHECAGEM
3 De acordo com o texto, as técnicas são muito mais antigas do que a ciência, o que pode ser
comprovado pelo fato de que, independentemente de desenvolver teorias para explicar os fenôme-
nos, os homens construíram ferramentas, casas, igrejas, castelos etc., com base exclusivamente em
sua experiência acumulada. Foi com a Revolução Industrial, no final do século XVIII, que ciência e
tecnologia começaram a caminhar juntas.
4 Resposta pessoal. O seu texto poderá indicar que o pensamento científico moderno é relativo e
fragmentado e que essa forma de pensar (relativa e fragmentada) permeia todos os campos do conhe-
cimento, inclusive o artístico. Desse modo, os relógios derretidos remetem à relatividade do tempo, e
o rosto e as mãos da mulher, à fragmentação.
A descrição do movimento
Unidade 2
física
TEMAS
1. Espaço, velocidade e aceleração
2. Classificando os movimentos
3. Movimentos circulares ou curvilíneos
Introdução
Nesta Unidade, você vai conhecer a parte da Física que trata da descrição e da
classificação dos movimentos, e, por isso, tem o nome de cinemática, de origem grega.
• Se essa pessoa pedalar por dez minutos, aonde ela vai chegar?
34 UNIDADE 2
Física – Volume 1
Esse vídeo aborda alguns aspectos da Física que você já viu na Unidade 1 – como o nascimento
da filosofia natural e dos primeiros estudos da Física –, mas será particularmente interessante
para acompanhar os estudos que você fará agora, na Unidade 2. Com a orientação do físico
e professor Francisco de Assis, você conhecerá como a Física explica os movimentos, a par-
tir de um referencial no espaço, e quais são os diferentes tipos de movimento: retilíneo uni-
forme, uniformemente variado e movimentos circulares. Assista ao vídeo mais de uma vez, pois
ele poderá ajudá-lo na compreensão de cada conceito.
Espaço
Para localizar um ponto no espaço, é neces-
© Daniel Beneventi
Bra
parede e à esquerda de outra, pode estar a certa distância de uma parede e a uma
distância diferente de outra. Desse modo, é sempre necessário informar o referen-
cial em relação ao qual se define uma posição.
© Hudson Calasans
Ao descrever a posição da carteira marcada
na figura ao lado, uma estudante disse que a car-
teira está na segunda fileira e na terceira coluna,
enquanto outra disse que está na quarta fileira e
na quarta coluna.
2 Que informação a mais elas poderiam dar que permitiria a uma pessoa qual-
quer identificar a qual carteira elas se referiam?
Corpos em movimento
Diz-se que um corpo está em movimento quando sua posição varia ao longo do
tempo, ou seja, à medida que o tempo passa, sua distância em relação a um dado
referencial vai mudando.
Daniel Beneventi sobre foto © Kostia Gerashchenko/123RF
Trajetória
Ao medir, ao longo da trajetória,
orientada
a distância que um ponto está da
origem, determina-se o seu espaço.
1m
+
S = -2 m S=0 S = 2m A grandeza espaço é representada
pela letra S e, no Sistema Internacio-
Origem das medidas
de espaço nal de Unidades (SI), é medida em
Para facilitar as medidas de espaço, é necessário definir uma origem co- metros (m). Outras unidades comuns
mum para elas e qual o sentido da trajetória, indicado por uma seta. O es-
paço (S) é a medida da distância que um ponto está da origem em uma para dimensionar o espaço são o qui-
trajetória. Para indicar se o corpo está antes ou depois do referencial, uti-
lômetro (km) e o centímetro (cm).
liza-se o sinal positivo (depois da origem) ou negativo (antes da origem).
© Hudson Calasans
(+)
variação de espaço depende apenas t1
de onde começou e de onde termi-
nou o movimento, independente-
S1 S2
mente da trajetória e da distância 0 ∆S > 0
percorrida.
© Hudson Calasans
Posição 1 Posição 2 Posição 3
Posição 1:
Posição 2:
Posição 3:
2 Se o ônibus parte do ponto do espaço – 40 km e chega ao ponto +20 km, qual foi
variação de espaço que ele realizou?
38 UNIDADE 2
3 Se o ônibus parte da posição – 40 km, vai até a posição +20 km e volta para a posi-
ção –10 km, qual foi sua variação de espaço? E qual foi a distância que ele percorreu?
Velocidade média
a) Se você andar com velocidade constante de 1 m/s durante 10 segundos (10 s),
quantos metros terá percorrido ao fim da trajetória?
c) Se você andar com velocidade constante de 1 m/s durante 1 hora (1 h), quantos
metros terá percorrido ao fim da trajetória? E quantos quilômetros?
De táxi De ônibus
Aeroporto Distância até o centro
(minutos) (minutos)
Fortaleza 10 km 15 20
Santos Dumont (RJ) 3 km 20 30
Salvador 25 km 45 70
Congonhas (SP) 11 km 40 50
Recife 11 km 30 45
Fonte: FRANCO, Pedro Rocha. Táxi para Confins é o mais caro e demorado do país. O Estado de Minas, 30 jul. 2013. Disponível em: <http://www.em.com.br/app/
noticia/economia/2013/07/30/internas_economia,429086/taxi-para-confins-e-o-mais-caro-e-demorado-do-pais.shtml>. Acesso em: 14 jan. 2015.
Aceleração
A velocidade de um corpo pode mudar. Se o corpo está parado, por exemplo, e
começa a se movimentar, sua velocidade aumenta, e diz-se que ele acelerou. De
modo contrário, se um automóvel está se deslocando, e o motorista pisa no freio,
sua velocidade diminui, e diz-se que ele desacelerou.
DICA!
O símbolo “>” indica que o número ou algarismo à esquerda do símbolo é maior que o da direita.
O símbolo “<” indica que o número ou algarismo à esquerda do símbolo é menor que o da direita.
Ou seja, a > b lê-se: “a é maior que b”; a < b lê-se: “a é menor que b”.
A palavra “aceleração” pode ter diferentes significados, dependendo do contexto, mas sempre
se refere à mudança na velocidade ou na taxa de variação de algum processo.
Por exemplo, é comum que jornais falem em “aceleração da economia”, com o sentido de
aumento do ritmo do crescimento econômico; ou em “aceleração da aprendizagem”, o que sig-
nifica diminuir o tempo necessário para aprender alguma coisa. Também é possível falar em
“aceleração do processo de fabricação de um produto”, ou seja, diminuir o tempo em que um
bem é produzido, elevando, assim, a produtividade e o lucro da empresa.
42 UNIDADE 2
Δv 2
a= = = 0, 1 m/s 2
Δt 20
UNIDADE 2 43
Atividade 4 Aceleração
Desempenho
0 km/h – 100 km/h 11,6 s
40 km/h – 80 km/h 5s
60 km/h – 100 km/h 6,1 s
Frenagem 120 km/h a 0 9s
Consumo cidade 7,7 km/L
Consumo estrada 11 km/L
© Sidnei Moura
v (m/s)
20
15
10
0 10 20 30 40 t (s)
HORA DA CHECAGEM
2 Faltou informar qual seria o referencial que elas utilizaram para começar a contar as fileiras
e as colunas.
UNIDADE 2 45
A distância que ele percorreu foi de 90 km, sendo 60 km para ir do espaço inicial – 40 km ao espaço
+20 km e mais 30 km, para ir do espaço +20 km ao espaço –10 km.
b) 60 m. Utilize o mesmo raciocínio anterior: se em 1 segundo você anda 1 metro e a sua velocidade
é constante, em 1 minuto (que é equivalente a 60 segundos), você caminhará 60 metros.
c) 3.600 m ou 3,6 km. Se em 1 s você anda 1 m e a sua velocidade é constante, em 1 hora (que é
equivalente a 60 min ou 3.600 s), você caminhará 3.600 m. Para saber a distância em quilômetros,
lembre-se de que 1 km = 1.000 m. Portanto, dividindo 3.600 por 1.000 = 3,6 km.
d) 1 m/s = 3,6 km/h. Para chegar a essa conclusão, você deve lembrar que 1 h equivale a 3.600 s e
1.000
1 km é igual a 1.000 m. Então: 1 m/s = s ou 3,6 km/h.
3.600
e) 3,6 km. Como a velocidade foi dobrada (passou de 1 m/s para 2 m/s), você percorrerá a mesma
distância (3,6 km) na metade do tempo (de 1 hora para meia hora).
No Rio de Janeiro, o táxi percorre 3 km em 20 min, então cobrirá 9 km em 1 hora, que são 60 min
(3 · 20 min), ou seja, sua velocidade será de 9 km/h.
Em São Paulo, o táxi transita por 11 km em 40 min, então percorrerá 16,5 km em 1 h (fazendo uma
regra de 3), ou seja, sua velocidade será de 16,5 km/h.
Já em Recife, como percorre 11 km em meia hora, vai se deslocar 22 km em 1 h, ou seja, sua velo-
cidade será de 22 km/h.
Desafio
Alternativa correta: c. Acompanhe a análise das alternativas:
• A alternativa a sugere a semana como unidade de tempo. Assim, a carroça andaria a uma velo-
cidade de 10 km por semana, que é muito baixa, mesmo para esse tipo de veículo.
• A alternativa b sugere o dia como unidade de tempo. Assim, o carro andaria 10 km em um pouco
mais de 2 dias, ou seja, a uma velocidade aproximada de 5 km/dia, que, como se sabe, é irreal.
• A alternativa c sugere a hora como unidade de tempo. Assim, uma pessoa caminharia 10 km em
2 h, ou seja, a uma velocidade de 5 km/h. Sabe-se que esta é mesmo a velocidade média de uma
pessoa caminhando. Logo, esta é a resposta correta.
Atividade 4 – Aceleração
1
HORA DA CHECAGEM
a)
100.000 m ≅
• Entre 0 e 100 km/h, a velocidade inicial é zero e a final é 100 km/h = 27,8 m/s.
27, 8 3.600 s
Então, a aceleração será: a = = 2,4 m/s2.
11, 6
Ou, então: 100 km/h = 8, 6 km/h/s
11, 6 s
UNIDADE 2 47
40.000 m ≅
• Entre 40 km/h e 80 km/h, Δv = vf – vi = 80 – 40 = 40 km/h; ou, ainda: Δv = 11 m/s; logo,
3.600 s
40 km/h 11
a= = 8 km/h/s ou a = = 2, 2 m/s2.
5s 5
40.000 m ≅
• Entre 60 km/h e 100 km/h, Δv = vf – vi = 80 – 40 = 40 km/h; ou, ainda: Δv = 11 m/s;
3.600 s
11 ≅
logo, a = 40 km/h ≅ 6,6 km/h/s ou a = 1,8 m/s2.
6, 1 s 6, 1
Portanto, a aceleração média é maior no intervalo entre 0 e 100 km/h.
13.300
b) A desaceleração, pois 120 ⋅ km/h ≅ 13, 3 km/h/s , ou, ainda: 3.600 ⋅ m/s = 13. 300 ⋅ m ≅ 3, 7 m/s2, que
9 s 1 s 3.600 s ⋅ s
é maior que a maior aceleração média encontrada.
HORA DA CHECAGEM
2
a) Pode-se observar no gráfico que a velocidade não muda nos intervalos de tempo de 0 s a 10 s
(v = 5 m/s) e de 20 s a 30 s (v = 15 m/s).
c) O movimento é retardado quando a velocidade diminui. Pode-se observar, no gráfico, que a velo-
cidade reduz-se entre 30 s e 40 s.
48
T E M A 2 Classificando os movimentos
Neste tema, você vai estudar como identificar alguns tipos de movimento.
© ostill/123RF
• O que acontece com a velocidade da bicicleta
se o ciclista está andando num local plano e começa a pedalar com mais força?
Tipos de movimento
Embora os movimentos sejam muito variados, eles são classificados quanto ao
tipo de trajetória ou em relação ao que acontece com sua velocidade.
Trajetória retilínea.
UNIDADE 2 49
© Hudson Calasans
Com relação à velocidade, os movimentos
podem ser:
a) Movimentos retilíneos
b) Movimentos curvilíneos
c) Movimentos uniformes
d) Movimentos variados
50 UNIDADE 2
Por exemplo, uma pessoa andando devagar desenvolve uma velocidade média
de 1 m/s. Isso quer dizer que, em 1 min, ela anda 60 m e sua velocidade pode ser
escrita como 60 m/min. Em 2 min, andará 120 m. Em 3 min, andará 180 m. Em
4 min, andará 240 m, e assim por diante.
© Sidnei Moura
Espaço (km)
120
fico da posição em função do tempo,
80
nesse caso, é uma reta, o que é carac-
40
terístico de grandezas diretamente pro-
porcionais. 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Tempo (horas)
ΔS = v ⋅ Δt ΔS = 80 ⋅ Δt
© Hudson Calasans
0 km 40 km 80 km 120 km 160 km 200 km
11 12 1 11 12 1 11 12 1 11 12 1 11 12 1 11 12 1
10 2 10 2 10 2 10 2 10 2 10 2
9 3 9 3 9 3 9 3 9 3 9 3
8 4 8 4 8 4 8 4 8 4 8 4
7 6 5 7 6 5 7 6 5 7 6 5 7 6 5 7 6 5
Ou mesmo por meio de uma historinha: um ônibus saiu de uma cidade e per-
correu 200 km com velocidade constante. Em meia hora, percorreu 40 km. Depois
de uma hora, percorreu 80 km. Após uma hora e meia, ele viajou 120 km. Quando
andou 2 horas, percorreu 160 km e, finalmente, ao completar a viagem, com
200 km, gastou duas horas e meia.
2 A tabela a seguir mostra como variou a posição de uma formiga num percurso
retilíneo, do formigueiro até uma árvore, onde ela foi buscar pedaços de folha.
S (cm) 0 8 12 20 40 56
t (s) 0 10 15 25 50 70
52 UNIDADE 2
Como a velocidade aumenta, o corpo anda cada vez mais rápido. Então, a dis-
tância que ele percorre em intervalos de tempo iguais vai sempre aumentando.
A tabela 2 mostra a distância percorrida pela bola, a partir do instante em que ela
começa a cair. Nela, é possível perceber que, a cada segundo de queda, a bola per-
corre distâncias cada vez maiores. No primeiro segundo, ela percorre 5 m, mas, no
seguinte, ela percorre mais 15 m; no terceiro, 25 m; no quarto, 35 m; no quinto, 45 m,
totalizando os 125 m.
54 UNIDADE 2
© Sidnei Moura
Altura (h)
140
35 m
120
100 t=4s V = 40 m/s; h = 45 m
80
60
45 m
© Daniel Beneventi
40
20
t=5s V = 50 m/s; h = 0 m
0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s)
Note que, durante a descida, a bola realiza uma variação de espaço de 125 m
em 5 s, o que lhe confere uma velocidade média de 25 m/s. Isso deixa claro que,
quando o movimento é acelerado, a velocidade média não é a informação mais
adequada para avaliar o que aconteceu, já que a velocidade instantânea variou
ao longo do trajeto. Essa variação da velocidade pode ser descrita pelo gráfico da
velocidade em função do tempo, como é mostrado a seguir.
© Sidnei Moura
Velocidade (m/s) Aceleração (m/s2)
60 12
50 10
40 8
30 6
20 4
10 2
t=2s V = 30 m/s; h = 80 m
Compare essa representação da bola subindo
com a anterior, da bola caindo, e responda: 35 m
entre elas?
45 m
© Daniel Beneventi
t=0s V = 50 m/s; h = 0 m
Espaço (m)
ocupados pela bola (altura da bola) em 140
100
a) Qual é a variação de espaço entre os
80
instantes 0 s e 2 s?
60
40
20
0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s)
56 UNIDADE 2
© Sidnei Moura
instantes 2 s e 4 s? 60
50
40
30
20
b) Por que esses valores são diferen- 10
tes da velocidade média calculada na
0 1 2 3 4 5 6 Tempo (s)
questão 2?
UNIDADE 2 57
1 Leia com atenção a tira da Turma da Mônica mostrada abaixo e analise as afirmativas que se
seguem, considerando os princípios da Mecânica Clássica.
2 O fabricante informa que um carro, partindo do repouso, atinge 100 km/h em 10 segundos. A
melhor estimativa para o valor da aceleração nesse intervalo de tempo, em m/s 2, é:
a) 3,0 · 10–3. c) 3,6. e) 10.
b) 2,8. d) 9,8.
Unesp 2006, 2o semestre. Disponível em: <http://www.curso-objetivo.br/vestibular/
resolucao_comentada/unesp/2006_2/1dia/UNESP2006_2_1dia_prova.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.
HORA DA CHECAGEM
a) Um automóvel deslocando-se num trecho de estrada reto, uma pessoa andando em linha reta,
um trem num trilho retilíneo, um objeto abandonado de determinada altura em relação ao solo
(como um tijolo que cai de uma obra), um feixe de luz emitido por uma lanterna etc.
b) Uma bola de basquete lançada ao cesto, uma bola de vôlei após o saque ou de futebol chutada
com efeito para o gol, o movimento dos ponteiros do relógio, atletas numa corrida de 400 metros
numa pista de atletismo etc.
c) Um carro numa estrada com velocidade constante, o avião quando atinge velocidade de cruzeiro,
o movimento dos ponteiros de um relógio, a rotação da Terra em torno do Sol, o tambor de uma
betoneira etc.
58 UNIDADE 2
d) É o mais comum: os movimentos de uma pessoa, animal, carro, ônibus, qualquer corpo que
começa ou para de se movimentar, carros numa corrida de fórmula 1 etc.
a) ΔS = 8 cm
8
b) v0-10 = = 0,8 cm/s
10
4
c) v10-15 = = 0,8 cm/s
5
8
v15-25 = = 0,8 cm/s Espaço (cm)
10
© Sidnei Moura
60
v = 0,8 cm/s em todos os intervalos
considerados, inclusive entre os instan- 50
tes 25 s e 50 s, e 50 s e 70 s. 40
30
d) Sim, pois a velocidade é constante
em qualquer instante. 20
10
e) Sim, trata-se de um gráfico linear,
como se pode observar ao lado. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo (s)
a) Pode-se perceber que as distâncias percorridas pela bola são as mesmas na subida e na descida,
nos intervalos de tempo considerados, assim como as velocidades, porém em sentido contrário.
c) 125 m
d) 25 m/s
2
HORA DA CHECAGEM
a) ΔS = 80 – 0 = 80 m
80
b) v = = 40 m/s
2
c) ΔS = 120 – 80 = 40 m
40
d) v = = 20 m/s
2
e) A velocidade diminuiu, e o movimento é retardado.
UNIDADE 2 59
b) Porque a velocidade média representa uma média entre dois instantes, e a velocidade instantâ-
nea representa o valor da velocidade num dado momento, e não em um intervalo de tempo.
Desafio
1 Alternativa correta: d.
I. Errada. Cascão está em movimento em relação a Cebolinha, mas em repouso em relação ao skate.
II. Correta.
2 Alternativa correta: b.
HORA DA CHECAGEM
Inicialmente, é preciso converter as medidas da velocidade:
100 km 100.000 m
v= = ≅ 27, 8 m/s
1h 3.600 s
Δv 27, 8
a= = ≅ 2, 8 m/s2
Δt 10
60 UNIDADE 2
61
Muitos movimentos que fazem parte do nosso cotidiano não são lineares.
Embora nem sempre seja possível ver, os movimentos de engrenagens, rodas, e
mesmo o de automóveis em vários trechos de uma estrada, são circulares ou cur-
vilíneos. Neste tema, você vai estudar quais são as principais características desse
tipo de movimento.
© Daniel Beneventi
Responda às seguintes questões, depois A
de analisar a imagem:
Trajetórias curvilíneas
Quando a trajetória descrita por um corpo em movimento não segue uma linha
reta, mas sim uma curva, o movimento é chamado de movimento curvilíneo. Exis-
tem vários tipos de trajetórias curvilíneas, como as parabólicas, as elípticas, as
circulares etc.
62 UNIDADE 2
© diversphoto/123RF
relógio em 1 minuto. Já o período do ponteiro dos minu-
tos é de 1 hora (T = 1 h), ou 60 minutos (T = 60 min), ou
3.600 segundos (T = 3.600 s), enquanto o período do pon-
teiro das horas é de 12 horas (T = 12 h).
90 batidas
f= = 1, 5 Hz
60 segundos
ou seja, nessa condição, o coração deve bater uma vez e meia por segundo.
1 1
f= ou T =
T f
© heinteh/123RF
1 Numa serra circular, a lâmina gira com uma frequên-
cia de 5.800 rpm. Qual é a sua frequência e o seu período
em unidades do SI?
© Iakov Filimonov/123RF
frequência e seu período em unidades do SI?
© Axel Bueckert/123RF
frequência 3 Hz. Para bater a massa de um bolo, a bate-
deira deve funcionar durante 5 min. Quantas rotações as
pás da batedeira vão realizar durante esse movimento?
Velocidade angular
Você já se perguntou por que, nas corridas de atletismo em que os atletas vão
dar algumas voltas na pista, eles partem de posições diferentes, como mostra a
figura na página a seguir?
Isso acontece porque, numa circunferência, quanto maior for o raio da curva,
maior será seu perímetro.
UNIDADE 2 65
© Daniel Beneventi
Raio e perímetro
perímetro
0 0
raio raio
perímetro
O perímetro de uma circunferência é dado por C = 2πr, onde r é o raio da
circunferência e π é uma constante, cujo valor é aproximadamente 3,14.
© Daniel Beneventi
R8 R1
123
456
78
© Daniel Beneventi
π
RADIANO 2π 2
rad
π
3
3π 3
π
Apesar de a unidade mais uti- 4
90°
4
60°
lizada para indicar medidas de comprimento
5π 120°
45°
π
6 135° 6
ângulos ser o grau (°), ele não igual ao raio
150° 30°
Um radiano é a medida de um arco da circunferência cujo comprimento é igual ao seu raio. Como
ao arco está associado um ângulo central, também pode-se dizer que o radiano é uma medida
indireta do ângulo central que determina na circunferência um arco cujo comprimento é igual ao
raio. Uma volta completa de uma circunferência é igual a 2π radianos, que equivale a 360°.
Por outro lado, os pontos do ponteiro mais distantes do eixo de rotação descrevem
uma circunferência maior do que os que estão mais próximos e, por isso, têm que
andar mais rápido. Assim, embora todas as partes
© Hudson Calasans
ΔS comprimento da circunferência 2π r 2 ⋅ π ⋅ 1, 5
v= = = = 2,36 km/min ou 141 km/h
Δt Δt Δt 4
Lembrando que ≅ 2,36 km/min ≅ 2,36 km ≅ 2,36 ⋅ 60 km/h ≅ 141 km/h.
1
h
60
E a velocidade do carro azul será:
ΔS comprimento da circunferência 2 ⋅ π ⋅ 1
v= = = 1,57 km/min ou 94 km/h
Δt Δt 4
Lembrando que ≅ 1,57 km/min ≅ 1,57 km ≅ 1,57 ⋅ 60 km/h ≅ a 94 km/h.
1
h
60
Então, é possível afirmar que o carro amarelo desenvolveu uma velocidade maior
do que o azul, embora os dois tenham apresentado a mesma velocidade angular:
Δϕ 2 ⋅π
ω= = 1, 57 rad/min ou 90 graus/min
Δt 4
Muda o sentido e a
velocidade da rotação.
© Julija Sapic/123RF
associação de engrenagens acontece
na bicicleta. Nela, existem pelo menos
duas engrenagens (a coroa e a catraca),
associadas por meio de uma corrente.
Coroa
© Daniel Beneventi
Catraca
Pedal
Corrente
10 ⋅ 10 = 5 ⋅ fcatraca
Portanto,
fcatraca = 20 rpm
Ou seja, enquanto o pedal gira 10 vezes, a roda da bicicleta gira 20 vezes, isto é,
duas vezes mais rápido.
HORA DA CHECAGEM
Desafio
HORA DA CHECAGEM
Alternativa correta: d. Como são dois pontos na mesma roda, eles obrigatoriamente têm mesmo
período, mesma frequência e mesma velocidade angular. No entanto, como estão a distâncias dife-
rentes do centro, possuem velocidade escalar (linear) diferente. Como o raio do ponto B é o dobro
do raio do ponto A, a velocidade linear do ponto B será o dobro da velocidade do ponto A, já que o
tempo para percorrer a circunferência (período) é igual para os dois pontos.
Explicando o movimento
Unidade 3
física
TEMAS
1. Forças e seus efeitos
2. Leis de Newton e suas aplicações
3. Astronomia e gravitação
Introdução
Descrever o movimento é um passo importante para responder a algumas
questões: “Como é o movimento de queda de um objeto?”, “Como a Lua mantém
seu movimento ao redor da Terra?”, por exemplo. É possível afirmar quando um
movimento acontece com velocidade constante ou variável, numa trajetória retilí-
nea ou numa trajetória curva, quanto tempo demora e até mesmo prever onde um
corpo estará, se forem conhecidas sua velocidade, aceleração e trajetória.
Mas seria interessante também responder a questões como: “Por que a veloci-
dade muda ou não?”, “Por que um corpo se movimenta em linha reta ou curva?”.
Para responder a essas questões, você vai estudar uma nova parte da Física: a
dinâmica, na qual o conceito de força é essencial.
Além de conhecer esse conceito, você vai analisar como o efeito de uma força
pode depender da massa do corpo na qual ela é aplicada e também da distância,
do tempo, da superfície e do volume em que ela está sendo aplicada.
Tudo isso constitui a dinâmica, que é a parte da Física que estuda o movimento
e suas causas.
Sempre que você quer alterar seu estado de movimento, precisa fazer algum tipo
de força. Ao acordar, por exemplo, faz força para se levantar, andar e realizar todas
as demais atividades físicas durante o dia. O estudo de forças será iniciado com a
tentativa de entender o que é força e quais são suas principais características.
A imagem a seguir mostra uma bola de vôlei deslocando-se após ser rebatida
por uma jogadora em direção ao lado da quadra do time adversário. Reflita sobre
essa situação e responda às questões em seu caderno.
UNIDADE 3 73
Física – Volume 1
Utilizando como exemplo os esportes olímpicos, este vídeo tem início com a explicação do
conceito de força, todo agente físico capaz de alterar a velocidade de um corpo – por exemplo,
tirando-o de uma situação de repouso e colocando-o em movimento –, ou a sua forma. Outros
conceitos muito importantes para o estudo da Física, como: massa e peso, força gravitacional
e força de contato, aceleração, também são abordados nesse vídeo.
O que é força?
A palavra força é muito utilizada no dia a dia. Deseja-se força a um amigo em
dificuldade, se “dá uma força” para alguém que precisa de ajuda, se diz que a força
das águas é capaz de arrastar carros em uma enxurrada, fala-se em força de von-
tade, que um time é mais forte do que outro, que uma bebida é forte e muito mais.
Os efeitos de uma força dependem, entre outros fatores que serão analisados
futuramente, da direção e do sentido no qual ela está sendo aplicada. Por exem-
plo, pense na seguinte questão: se uma força for aplicada numa bola que está em
repouso (parada), para onde ela vai? A resposta vai depender da direção e do sen-
tido no qual a força for aplicada. Se a força aplicada for suficiente para colocar o
objeto em movimento e direcionada horizontalmente para a direita, em relação a
um referencial, a bola vai se deslocar para a direita. Mas, se ela for aplicada para a
esquerda, com as mesmas condições anteriores, a bola vai para a esquerda. Se a bola
for jogada para cima, ela subirá.
A força é uma grandeza que só fica completamente definida quando são conhe-
cidas sua intensidade, direção e sentido, pois o resultado de sua aplicação depende
deles. Por isso, diz-se que a força é uma grandeza vetorial.
VETOR
Vetor é um conceito matemático
© Sidnei Moura
utilizado para representar grande- Tamanho do vetor indica sua
A seta indica
intensidade, ou seja, está
zas que, além de valor numérico e relacionado ao valor numérico o sentido da
da grandeza representada. grandeza representada.
unidade, precisam também ter sua
direção e seu sentido determinados.
Ângulo formado entre o
vetor e a linha horizontal.
Força e velocidade são exemplos de Def ine a direção da
grandezas físicas vetoriais. Elas são grandeza representada.
representadas por um segmento de
reta orientado (semelhante a uma seta), em que a intensidade (o valor numérico da grandeza)
é representada pelo comprimento do segmento e a direção é dada pelo ângulo formado entre
ele e uma linha de referência. O sentido do vetor é dado pela ponta da seta.
Uma força sempre atua entre dois ou mais sistemas ou dois ou mais corpos, ou
seja, é impossível você aplicar força se não for sobre alguma coisa.
Essa ação pode ocorrer apenas quando os corpos estão em contato, como
a força que você aplica no chão ao caminhar, a força que sua mão aplica em
um copo ao segurá-lo para beber água, a força de atrito entre um pneu e o
solo, a força de tração numa corda ou a força que se faz ao empurrar um carro
parado. Essas são as chamadas forças de contato. Mas também existem forças
que atuam mesmo que os corpos envolvidos não se toquem, como a força gra-
vitacional (entre a Terra e o Sol, por exemplo) e a força do magnetismo terrestre,
que age sobre uma bússola, por exemplo, chamadas de forças de campo ou for-
ças de ação à distância.
UNIDADE 3 75
© Paul Bradbury/Caiaimage/Latinstock
© Antony McAulay/123RF
Para puxar e empurrar um carrinho são usadas forças de ação por contato. A força gravitacional age à distância.
a) Força aplicada entre a mão do índio c) Força que o lustre aplica no teto.
e o arco com a flecha.
© Edson Sato/Pulsar Imagens
© Sergey Karpov/123RF
b) Forças atuantes entre a Terra, a Lua d) Força atuante entre o ímã e a porta da
e o Sol. geladeira.
© PaulPaladin/Alamy/Glow Images
Quando acontece algo ruim com algum amigo, é comum desejar a ele que
tenha força para superar o ocorrido. Qual é o significado de força nesse caso? É o
mesmo sentido usado em Física?
HORA DA CHECAGEM
b) Campo: a força gravitacional atua entre todos os corpos que possuem massa, estejam estes pró-
ximos ou distantes, como o Sol, planetas e satélites.
c) Contato: embora o lustre em si esteja afastado do teto, o fio estabelece o contato entre ambos,
permitindo que ele exerça força no teto.
d) Campo: embora o ímã de geladeira fique em contato com a porta da geladeira, a força magnética
é uma força de campo. Isso pode ser percebido quando se sente o efeito dessa força ao aproximar
ou afastar o ímã da porta.
77
© Hudson Calasans
talmente sobre uma superfí-
cie, ele se desloca por certa
distância e depois para. Reflita
sobre essa situação e responda
às questões no seu caderno.
• Se
o objeto estiver parado e você quiser que ele se desloque, é necessário aplicar
uma força sobre ele?
Depois de estudar o tema, releia seus apontamentos e pense se você alteraria
suas respostas.
Ele percebeu que, quando soltava a bola do alto do plano inclinado, ela descia e,
após atingir o plano horizontal, deslocava-se por mais um trecho e depois parava.
Em seguida, ele poliu a bola e o plano e percebeu que a bola ia mais longe. Depois,
lubrificou ambos e se deu conta de que, quanto menor fosse o atrito entre a bola
e o plano, mais longe ela iria. Então, concluiu que, se não houvesse atrito entre a
bola e o plano, ela rolaria infinitamente, sem parar; ou seja, era a força de atrito,
contrária ao movimento, que fazia a bola parar.
Com base nessa e em outras ideias do séc. XVII, o físico Isaac Newton formulou
uma teoria, que ajudou a humanidade a explicar uma série de fenômenos conheci-
dos naquela época, mas que não tinham ainda uma explicação física, baseada em
observações, experimentos e novas hipóteses. Essa teoria, conhecida como mecâ-
nica de Newton, ou mecânica clássica, está estruturada sobre três leis, chamadas
leis de Newton, em homenagem a esse cientista inglês.
F1 F2 FR (Força resultante)
F1 F2
F1 = 80 N F2 = 100 N
FR
FR = F2 + F1
FR = 100 + (– 80)
FR = 20 N
No caso representado na figura, como as forças aplicadas pelas pessoas na corda têm a mesma
direção (horizontal), mas sentidos opostos (a força de 80 N tem sentido da direita para a esquerda
e a de 100 N, da esquerda para a direita), a força resultante é de 20 N, na direção horizontal e com
sentido para a direita.
Note que, se as duas forças tivessem a mesma intensidade, a força resultante entre elas seria
nula e, consequentemente, nada se moveria.
A tendência que um corpo tem de manter sua velocidade é chamada de inércia. Por
isso, uma pessoa que se mexe pouco ou que tem pouca iniciativa é chamada de inerte.
© Hudson Calasans
Por isso é muito importante o uso do cinto de segurança. Ele evita que seu
corpo continue em movimento, para frente ou para o lado, e que você se machu-
que, caso o veículo faça movimentos muito bruscos.
Pense no que ocorre com você quando está andando de carro ou ônibus e o veículo
faz uma curva. Procure explicar como esse efeito está relacionado com a elimina-
ção de parte da água da roupa colocada na máquina de lavar.
2a lei de Newton
Você viu na 1a lei de Newton o que acontece quando a força resultante sobre
um corpo é nula. Mas o que acontece, então, quando a força resultante não é nula,
ou seja, o que acontece quando há uma força resultante aplicada em um corpo?
Imagine duas caixas de mesmo tamanho. Uma delas está vazia e a outra cheia de
tijolos. Sendo assim, a caixa vazia está muito mais leve do que a outra. Qual delas será
mais fácil de movimentar?
© Vuk Vukmirovic/123RF
Por exemplo, se uma força resultante
de 400 N for aplicada em um carro de
1.000 kg, ele vai adquirir qual aceleração?
Fr = m ⋅ a 400 = 1.000 ⋅ a
400
a= a = 0,4 m/s2
1.000
20
Fr = m ⋅ a 20 = 100 ⋅ a a= a = 0,2 m/s2
Daniel Beneventi sobre foto © La Fabrika Pixel S.l./
Dreamstime/Other Images
100
Porém, se os dois empurrarem na mesma direção
e sentido, com as mesmas forças citadas anterior-
mente, a resultante será 70 + 50 = 120 N, e calcula-se
a aceleração:
120
Fr = m ⋅ a 120 = 100 ⋅ a a= a = 1,2 m/s2
100
UNIDADE 3 83
© TRL LTD./SPL/Latinstock
sar é o de um carro se movimentando a
100 km/h, quando colide contra um muro.
Qual é a força que atua sobre uma pessoa
de 80 kg que estiver em seu interior?
Como a massa da pessoa é de 80 kg, a força aplicada pelo carro nela, durante a
colisão, é de:
F = m ⋅ a = 80 ⋅ 140 = 11.200 N
Essa força equivale a colocar um bloco com pouco mais de 1 tonelada (t) sobre
essa pessoa.
2 Calcule a força aplicada sobre uma pessoa de massa 80 kg, que está num carro
a 80 km/h. Quando este carro colide frontalmente com uma parede. Suponha que
essa colisão dure 0,2 s.
A resposta para essa questão é dada a partir da 3 a lei de Newton, que afirma
que as forças sempre aparecem aos pares. Ela estabelece que a toda ação corres-
ponde uma reação. Essa reação possui a mesma intensidade e direção, mas sen-
tido contrário. Ou seja, se um corpo A aplica uma força sobre um corpo B, então
o corpo B também aplica uma força no corpo A, de mesma intensidade, mesma
direção, mas em sentido contrário.
© John Fedele/Easypix
© Oleksiy Maksymenko Photography/Alamy/Glow Images
© Michael Simons/123RF
UNIDADE 3 85
Observe o exemplo a seguir, no qual uma bola bate na parede. Note que as forças de
ação e reação possuem as seguintes características:
© Daniel Beneventi
Força que a bola
aplica na parede
• têm a mesma intensidade (a força que a bola aplica na parede tem o mesmo valor
da força que a parede aplica na bola);
A mesma coisa acontece quando uma pessoa anda. Sua ação é a de empurrar
o chão para trás, então o chão reage e a empurra para frente. Embora a força
aplicada no chão seja exatamente a mesma que o chão aplica nos pés, a resul-
tante não é nula, pois, conforme foi dito anteriormente, não se podem somar
forças que estão atuando em corpos diferentes. Uma pessoa aplica uma força
no chão (ação da pessoa no solo) e o chão aplica uma força nela (reação do solo
sobre a pessoa). Como a massa do chão, ou seja, da Terra, é muito maior do
que a de uma pessoa, ele permanece praticamente com a mesma velocidade
(parado), enquanto a pessoa vai para frente.
86 UNIDADE 3
1 Retome os exemplos iniciais sobre subir uma escada e fazer exercícios com barra.
Explique, utilizando a 2a e a 3a leis de Newton, por que se faz força para baixo ao subir
uma escada e, para “fazer barra”, uma pessoa “puxa a barra para baixo” e acaba subindo.
2 Quando você aplica uma força para empurrar uma cadeira, por exemplo, ela reage
e aplica em você uma força de mesma intensidade, mesma direção e sentido oposto.
Sendo assim, a resultante dessas duas forças somadas será zero, e a cadeira nunca
iria se mover. Contudo, a cadeira é deslocada, pois é possível mudá-la de lugar. Então,
qual é a falha no raciocínio apresentado?
No estudo das leis do movimento, ao tentar identificar pares de ação-reação, são feitas as
seguintes afirmações.
I. Ação: A Terra atrai a Lua.
Reação: A Lua atrai a Terra.
II. Ação: O pulso do boxeador golpeia o adversário.
Reação: O adversário cai.
III. Ação: O pé chuta a bola.
Reação: A bola adquire velocidade.
IV. Ação: Sentados numa cadeira, empurramos o assento para baixo.
Reação: O assento nos empurra para cima.
O princípio da ação-reação é corretamente aplicado:
a) somente na afirmativa I.
b) somente na afirmativa II.
c) somente nas afirmativas I, II e III.
d) somente nas afirmativas I e IV.
e) nas afirmativas I, II, III e IV.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), 2001. Disponível em:
<http://vestibular.pucrs.br/wp-content/uploads/2014/08/fisica20011.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.
UNIDADE 3 87
O que faz o air bag, além do cinto de segurança, para diminuir o impacto da
força sofrida por alguém dentro de um veículo em colisão?
HORA DA CHECAGEM
2 Devido à inércia, quando um carro para de repente, as pessoas em seu interior são lançadas para
frente, pois estão em movimento e sua tendência é permanecer em movimento. O cinto de segurança
tem a função de manter os passageiros presos ao banco, fazendo-os parar junto com o restante do
carro, evitando que a inércia os faça continuar em movimento e ser lançados para frente, batendo
contra o vidro.
3 Assim como uma pessoa é jogada para a lateral do carro quando ele faz uma curva, as roupas
na máquina de lavar também são jogadas para a parede do tambor quando a máquina está centri-
fugando. Da mesma maneira que a porta fechada mantém a pessoa dentro do carro, a parede do
tambor da máquina de lavar também mantém as roupas dentro da máquina. Se você abrir a porta
do carro durante uma curva, será lançado para fora do carro. Os furinhos nas paredes do tambor
servem como “portas abertas” para as gotas de água que estão na roupa. Elas vão saindo por esses
buraquinhos no tambor, deixando a roupa, que ficou presa, menos úmida.
2 A velocidade inicial do carro precisa ser convertida para a unidade m/s, então, como 80 km é
igual a 80.000 m e 1 h é igual a 3.600 s:
80.000
≅ 22, 2 m/s
3.600
Δv ≅ 22, 2 ≅
Portanto, sua aceleração é a = 111 m/s2. Aplicando a 2a lei de Newton, tem-se:
Δt 0, 2
F = m ⋅ a = 80 ⋅ 111 = 8.880 N
o chão). Portanto, o pé é que sobe bastante, enquanto o solo praticamente não se movimenta.
Observe que o mesmo ocorre quando uma pessoa pula.
Ao “fazer barra”, a situação é a mesma. Quando a barra é puxada para baixo, ela reage e puxa o
corpo da pessoa para cima. Observe que o mesmo ocorre com flexões de braço: enquanto o chão é
empurrado para baixo, ele nos empurra para cima.
2 A falha no raciocínio apresentado é que essas forças não se anulam, pois estão aplicadas em cor-
pos diferentes (na cadeira e em você) e, portanto, não podem ser somadas. É como se a pergunta fosse:
“Qual é a força resultante entre uma força que está aplicada em um barco e outra, em uma bicicleta?”.
Desafio
HORA DA CHECAGEM
Alternativa correta: d. As alternativas I e IV estão corretas. Para que as alternativas II e III ficassem
corretas, de acordo com as leis de Newton, elas deveriam estar da seguinte forma:
II. Ação: o pulso do boxeador aplica uma força no adversário.
Astronomia e gravitação T E M A 3
Refletir sobre o céu é uma atividade humana. Essa capacidade do ser humano
de olhar para cima, observar e pensar sobre o movimento dos astros pode ter sido
um dos fatores que ajudaram o desenvolvimento da humanidade e, certamente,
contribuíram para o desenvolvimento da ciência.
Neste tema, você vai estudar uma das principais conquistas da humanidade: a
construção de um modelo explicativo para o que se observa nos céus e sua intera-
ção com fenômenos terrestres.
“Organizando” o Universo
© Babak Tafreshi/Photoresearchers/Latinstock
Além de organizar e sistemati-
zar conhecimentos de sua época nas
três leis, Newton também desenvol-
veu uma teoria que explicou o movi-
mento dos astros no Universo, além
de vários outros fenômenos terres-
tres, como as marés. Com Newton,
finalmente os mundos celeste e ter-
restre foram unificados.
Desde os tempos mais remotos, a humanidade percebeu que, no céu, muitos even-
tos se repetiam com incrível regularidade. O Sol nascia e se punha todos os dias, a
Lua tinha seu ciclo de fases que se completava todo mês, as estrelas pareciam dar
uma volta completa no céu a cada ano. Alguns pontos brilhantes, os planetas, tam-
bém apresentavam um movimento regular pelo céu, que se repetia de tempos em
tempos. Eles pareciam brilhar mais e se mover mais rapidamente no céu em algu-
mas épocas e menos em outras, e a distância entre as estrelas não parecia se alterar
ao longo do tempo.
Para explicar melhor o movimento dos astros, Ptolomeu imaginou que os pla-
netas giravam em torno de um círculo (epiciclo – ver na figura a seguir) que, por
sua vez, orbitava em torno da Terra, como se fosse o pedal de uma bicicleta, que
gira em torno do eixo e também se desloca para frente, junto com a bicicleta.
© Hudson Calasans
Saturno
Planeta
Júpiter
Vênus
Sol
Lua Epiciclos
Mercúrio
Terra
Terra
Marte
Esse modelo satisfazia bem uma sociedade que acreditava que o ser humano teria
sido feito à imagem e à semelhança de Deus, pois colocava o ser humano (na Terra)
como o centro da criação divina e o restante do Universo como tendo sido criado para
seu usufruto. Também por isso, esse modelo foi depois adotado pela Igreja Católica.
Contudo, esse modelo criou outras questões. Por que os astros girariam em
torno do “nada”? Além disso, o desenvolvimento de instrumentos ópticos e
mecânicos possibilitou a melhoria na qualidade e na quantidade de observa-
ções celestes. Com isso, houve melhor detalhamento da trajetória dos planetas
e foi necessário introduzir cada vez mais epiciclos no modelo ptolomaico, de tal
forma que ele ficou muito complexo e confuso e, mesmo assim, não dava conta
de explicar tudo o que se observava no céu.
© Hudson Calasans
Saturno Júpiter
Saturno Júpiter
Marte
Marte Marte
Lua
Terra Lua
Saturno Terra
Lua Mercúrio
Mercúrio
Vênus
Vênus
Vênus
Terra Sol
Mercúrio Sol
Sol
Júpiter
Modelo de Heráclides para o Universo. Mercúrio e Vênus gira- Modelo heliocêntrico de Copérnico para o Universo.
vam em torno do Sol, e este, com as luas e demais planetas,
giravam em torno da Terra.
UNIDADE 3 93
Embora esse modelo explicasse muito bem os eventos celestes, ele encontrou
muita resistência, principalmente por parte da Igreja, pois havia tirado a Terra, e,
portanto, o ser humano, do centro da criação divina. Por outro lado, também teve
vários defensores, como Galileu, Kepler, Newton, entre outros.
As leis de Kepler
Um dos defensores do modelo heliocêntrico foi o matemático alemão Johannes
Kepler. Seguindo a linha de trabalho e de pesquisa de Copérnico, e após muitos
estudos envolvendo as órbitas dos planetas (principalmente de Marte), ele concluiu
que as órbitas não eram circulares como se pensava, mas sim elípticas (ovais).
Além disso, concluiu que a velocidade orbital dos planetas não era constante e que
existia uma relação matemática entre a distância a que um planeta está do Sol e
o período de translação dele.
94 UNIDADE 3
© Daniel Beneventi
como oval, semelhante a um círculo achatado como
mostra a figura ao lado. Ela é caracterizada pela exis-
b1 a2
tência de dois pontos, chamados focos (F1 e F2). A partir
dos focos é possível traçar linhas (na figura representa- a1 b2
Essa relação matemática pôde ser testada e aplicada a outros planetas e saté-
lites e, como as contas realizadas coincidiam com o que se observava, sua teoria
pôde ser aplicada a todo o Sistema Solar.
© Hudson Calasans
Júpiter
Vênus
Terra Saturno
Sol Mercúrio
Marte
Representação fora de escala de alguns planetas, com elipses das órbitas bastante acentuadas.
A velocidade orbital dos planetas não é constante. Eles se movem com maior
velocidade quando estão mais próximos do Sol e com menor velocidade quando
estão mais distantes do Sol. Apesar disso, a área que um planeta percorre no céu,
em intervalos de tempo equivalentes, é a mesma.
UNIDADE 3 95
© Hudson Calasans
Planeta Linha imaginária
Sol-planeta
A2 = área 2
A1 = área 1 Órbita elíptica do planeta
Áreas iguais: Kepler mostrou que um A D
planeta leva o mesmo tempo para se
mover de A até B e de C para D.
As áreas em rosa têm o mesmo tamanho. Parte mais Parte mais
rápida Sol lenta
A1 A2 da órbita da órbita
∆t1
= ∆t2
B C
Como você viu, quanto mais distante do Sol está um planeta, mais tempo ele
precisa para realizar uma volta completa em torno da estrela. Por exemplo, um
ano marciano dura, aproximadamente, 687 dias (quase dois anos terrestres). Dessa
maneira, seu aniversário em Marte ocorreria sempre em pouco menos de dois anos
96 UNIDADE 3
Sol
A P
Coube ao físico inglês Isaac Newton, após estudar o que seus antecessores
haviam analisado sobre os movimentos celestes e terrestres, dar a explicação a
esses fenômenos e unificar, definitivamente, a física da Terra com a física dos céus.
Newton sabia que um corpo jogado para cima subia durante certo tempo e depois
caía. Se ele fosse lançado para cima e para frente, como uma bala de canhão, além de
subir, ele iria para frente, descrevendo uma trajetória parabólica. Percebeu, então, que
a bala caía na Terra como se estivesse sendo atraída para ela por uma força.
© Hudson Calasans
A trajetória da bala atirada por um canhão é parabólica.
Newton avaliou que, se a bala fosse lançada cada vez com mais força, cairia cada
vez mais longe, e que, se ela fosse lançada com certa velocidade, seria atraída pela
Terra e “cairia” em direção ao solo, mas nunca chegaria nele, como se ficasse caindo
para sempre, sem alcançar o chão. Dessa forma, a bala ficaria girando, em órbita, em
volta da Terra.
A
E
B
© Hudson Calasans
Assim, ele pôde concluir que o mesmo acontecia com a Lua. Ao mesmo tempo
em que ela caía em direção à Terra, ela andava para o lado, de tal maneira que nunca
encontraria o solo terrestre, ou seja, ela não colidiria com a Terra porque tinha movi-
mento lateral. Se ela parasse de girar em torno do nosso planeta, a Lua cairia no solo
terrestre como uma pedra qualquer abandonada no alto de um precipício.
• diretamente da massa dos corpos envolvidos: quanto maior a massa deles, maior
seria a força de atração; e
© Sidnei Moura
m₁ m₂
F F
R
m1 e m2 são as massas dos corpos, F é a força de atração gravitacional entre eles e R é a
distância entre seus centros de massa.
Isso explica por que, quando o planeta está mais próximo do Sol, essa força
aumenta e ele passa a se deslocar mais rápido enquanto esse aumento de acelera-
ção agir sobre ele. Da mesma forma, quando o planeta está mais longe, ele se move
mais lentamente em torno do Sol. Isso explica a 2a e a 3a leis de Kepler e por que os
planetas mais distantes como Marte, Júpiter e Saturno têm períodos de translação
maiores do que a Terra, mas Mercúrio e Vênus têm períodos menores.
Por meio da lei da gravidade, Newton conseguiu explicar como a Terra pode
ser redonda e estar em movimento e mesmo assim as pessoas, em qualquer lugar,
ainda estarem presas a ela e não caírem: a força
© Hudson Calasans
da gravidade entre a Terra e as pessoas (e tudo
o que está em sua superfície) é suficientemente
grande para mantê-las presas ao solo. A Terra
exerce uma força sobre o que está em sua volta,
puxando tudo “para baixo”, ou melhor, para o
seu centro. Por isso, não faz sentido pensar que
estamos de cabeça para baixo em relação aos
moradores do Japão, por exemplo, pois, num pla-
neta redondo, todos estão “do lado de cima” da
Terra, relativamente ao centro do planeta.
© Hudson Calasans
Maré de sizígia
Maré alta
Maré baixa
Sol
Maré baixa
Lua minguante
Universo 6
© Hudson Calasans
observável
Localização
Localização do do
planeta
planeta TerraTerra
no
Universo erso
1 Terra
Sistema Solar
5
2
Super
aglomerado
local
Via Láctea
4
Grupo local
de galáxias
3
A Terra (1) é um entre oito planetas do Sistema Solar (2). O Sol, por sua vez, é uma entre bilhões de estre-
las da Via Láctea (3). A Via Láctea, por sua vez, é uma entre algumas dezenas de galáxias que compõem
o grupo local de galáxias (4). O grupo local, com outras dezenas de galáxias, forma o superaglomerado
local de galáxias (5), e finalmente este, com outros superaglomerados, forma o Universo observável (6).
1 Se a força gravitacional atua entre todos os corpos que têm massa, as pessoas
também se atraem gravitacionalmente? Justifique.
102 UNIDADE 3
3 O seu peso corresponde à força com que a Terra o atrai. E quanto a você: tam-
bém atrai a Terra ou não? Justifique.
© Fernando Gonsales
Embora a lei da gravidade seja válida para o gato e para o rato, apenas a parte do
telhado onde está o gato se rompeu. Como você poderia explicar esse fato?
UNIDADE 3 103
2 Em uma passagem do poema Os lusíadas (canto X, 89) de Luís de Camões (1525-1580), brilharam os
astros. Um belo exemplo da influência do pensamento científico nas artes. O Sol é descrito poetica-
mente como O claro olho do céu e a Lua, no verso final da estrofe, aparece sob a denominação de Diana:
Nesta bela e curiosa estrofe, os astros aparecem em versos sucessivos. Essa passagem revela que:
a) Camões admitia a concepção prevalecente em sua época, segundo a qual a Terra era fixa e ocupava
o centro do Universo.
b) Camões se mostra afinado ao pensamento de Kepler, já descrevendo qualitativamente o sistema
de acordo com as leis de Kepler.
c) A concepção admitida por Camões encontra-se de pleno acordo com uma análise qualitativa da
lei da gravitação universal de Newton.
d) Essa descrição de Camões concorda com a visão de Galileu de que a Terra estaria em movimento.
e) Camões provou através desses versos a teoria da relatividade.
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 2009. Disponível em:
<http://siga.ufjf.br/index.php?module=vestibular&action=html:files:provas2009:pismi_2_fis.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.
Você viu neste tema que a Terra está girando no espaço, mas não somos lan-
çados para fora dela por conta da atração gravitacional entre nossos corpos e o
planeta. Mas e se ela parasse de girar de repente, seríamos lançados no espaço?
HORA DA CHECAGEM
observadas para os planetas e, como ponto negativo, há o fato de ser difícil acreditar que a Terra está
em movimento, pois não se percebe esse efeito.
2 Essa afirmação é falsa. Uma vez que as forças com que a Terra atrai a Lua e a Lua atrai a Terra
formam um par de ação e reação, elas têm exatamente o mesmo valor e direção, encontrando-se
apenas em sentidos opostos.
3 Sim, você atrai a Terra com a mesma força com que a Terra atrai seu corpo (par ação e reação).
Porém, como a massa da Terra é muito maior do que a sua, a velocidade da Terra quase não se
altera, mas a sua sim.
4 A massa do gato é bem maior do que a do rato e, portanto, a força peso entre ele e a Terra foi
suficiente para quebrar o telhado. No caso da força peso entre a Terra e o rato, ela é bem menor, e
insuficiente para quebrá-lo.
Desafio
1
a) De acordo com a 2a lei de Kepler (lei das áreas), em um mesmo intervalo de tempo Δt, a linha
imaginária que une o planeta ao Sol percorre a mesma área no afélio (ponto A, onde o planeta
passa mais longe do Sol) e no periélio (ponto P, onde o planeta passa mais próximo do Sol). Logo, a
velocidade é máxima em P (mais perto do Sol) e mínima em A (mais longe do Sol).
b) De acordo com a 2a lei de Kepler (lei das áreas), num mesmo intervalo de tempo Δt, a linha que
une o planeta ao Sol percorre a mesma área. Então, observando a imagem, percebe-se que a área
HORA DA CHECAGEM
VPI é a menor, a área IAV é a maior, e que as áreas PIA e AVP são iguais, portanto:
2 Alternativa correta: a. Pode-se perceber pela ordem dos astros que se trata de um sistema geo-
cêntrico, pois coloca Saturno mais longe, depois, pela ordem: Júpiter, Marte, o Sol (“O claro olho do
céu”), Vênus e Mercúrio e a Lua (Diana).
UNIDADE 3 105
Efeitos de uma força aplicada
Unidade 4
física
TEMAS
1. Flutuação
2. Rotação
3. Trabalho de uma força
Introdução
O resultado da ação de uma força em um corpo depende de uma série de fato-
res. Você viu, na Unidade anterior, que, além da massa do corpo no qual a força
está sendo aplicada, a intensidade, a direção e o sentido de aplicação da força são
fatores importantes na determinação do efeito desta força sobre um corpo.
Mas esses não são os únicos fatores. A interação da força com um corpo
depende também do tempo no qual a força permanece agindo, da distância em
que atua, da superfície na qual está sendo aplicada, além de muitos outros fatores.
T E M A 1 Flutuação
Neste tema, você vai estudar os conceitos de densidade, pressão e empuxo, que
vão ajudá-lo a entender melhor a flutuação dos corpos.
© Photoshot News/Latinstock
Densidade
Diz-se que o ferro é mais pesado que o isopor,
© Daniel Beneventi
mas essa afirmação não é realmente correta. Se
houver, por exemplo, 1 kg de ferro e 1 kg de iso-
por num mesmo local da Terra, pode-se verificar
que os dois têm o mesmo peso. O que nos dá a
impressão de que o ferro é mais pesado do que o
Isopor Ferro
isopor é o fato de que o volume de ferro necessá-
rio para obter 1 kg de massa é bem menor do que o volume necessário para obter
a mesma massa de isopor.
d: densidade do corpo;
m
d= m: massa do corpo;
V
V: volume do corpo.
Atividade 1 Densidades
© Martin Leigh/Oxford Scientific/Getty Images
b) Olhando para a imagem do copo com água e óleo e comparando-a com os resulta-
dos das densidades desses líquidos, qual é a relação deles com a flutuação observada?
Isto é, numa mistura de materiais fluidos com densidades diferentes e que não se
misturam, qual deles fica embaixo?
Peça de
Material Água Cortiça Glicerina Óleo Mel
plástico
Densidade
1,0 1,01 0,7 1,2 0,8 1,4
(g/cm3)
© Hudson Calasans
cada numa faca afiada se distribui por uma área
menor, multiplicando seu efeito. O mesmo acon-
tece com um prego. Se ele não for pontudo, fica
mais difícil pregá-lo numa parede, por exemplo. Lâmina de faca sem fio,
vista de frente.
Lâmina de faca afiada,
vista de frente.
A grandeza física que relaciona o efeito de uma força com a superfície na qual
ela é aplicada chama-se pressão. Na linguagem matemática, pode-se escrever:
F
F
p=
Área
Área
Peso de um corpo
Como visto na Unidade 3, peso é uma força diferente da grandeza massa. Sendo uma força, ele
pode ser calculado pela 2a lei de Newton: o produto da massa pela sua aceleração (F = m ⋅ a).
Na Unidade 2, você viu que os corpos que caem livremente estão submetidos a uma acelera-
ção, no caso, a aceleração da gravidade terrestre, que será representada pela letra g. Matema-
ticamente, tem-se:
P=m⋅g
em que P é a força peso, m é a massa do corpo, e g é a aceleração da gravidade terrestre, que
vale aproximadamente 10 m/s2.
110 UNIDADE 4
É possível calcular a pressão que um tijolo comum, de massa 1,5 kg, exerce
sobre o solo quando está apoiado em cada uma de suas faces.
21 cm
Se o bloco estiver apoiado na base 1 (ver figura), a área será 0,21 ⋅ 0,05 = 0,0105 m2,
15 ≅ 1.428,57 N/m2 ≅ 1.428 Pa.
e a pressão será
0, 0105
Se o bloco estiver apoiado na base 2, a área será 0,21 ⋅ 0,10 = 0,021 m2, e a pres-
15 ≅
são 714,2857 N/m2 ≅ 714 Pa.
0, 021
Se o bloco estiver apoiado na base 3, a área será 0,05 ⋅ 0,10 = 0,005 m2, e a pres-
15
são será = 3.000 N/m2 ≅ 3.000 Pa. No formalismo matemático, tem-se:
0, 005
F 15
p= = = 3.000 N/m 2 ≅ 3.000 Pa
A 0, 005
Comente, com base nos conceitos estudados até aqui, por que facas e outras
ferramentas de corte devem ser afiadas.
UNIDADE 4 111
http://www.assessoriadeimprensa.com.br/release.aspx?codRelease=1337
EGOM Assessoria de Imprensa. Problemas ortopédicos decorrentes do uso contínuo de salto alto atingem mulheres cada vez mais jovens.
Disponível em: <http://www.assessoriadeimprensa.com.br/release.aspx?codRelease=1337>. Acesso em: 14 jan. 2015.
112 UNIDADE 4
© Daniel Beneventi
for o salto, menor será a área do pé que ficará em
contato com o solo.
© Daniel Beneventi
que o filete de água que jorra pelo orifício mais baixo
h1
da garrafa vai mais longe do que aquele que jorra do
p1
orifício mais alto. Isso acontece porque na parte mais
baixa da garrafa a pressão da água é maior do que a h2
∆h
pressão que a água exerce na parte mais alta. A pressão
que um líquido exerce sobre uma superfície em certa p2
profundidade depende de três fatores:
d: densidade do fluido/líquido;
p=d ⋅ g ⋅ h
g: aceleração da gravidade local;
h: profundidade.
Por exemplo, a pressão exercida pela água, cuja densidade é de 1.000 kg/m3,
numa profundidade de 1 m, será p = 1.000 ⋅ 10 ⋅ 1 = 10.000 N/m2 = 10. 000 Pa .
UNIDADE 4 113
Isso mostra que pontos que estão a uma mesma profundidade apresentam a
mesma pressão. Por isso, a superfície de um líquido em repouso é sempre hori-
zontal: todos os pontos na superfície estão sujeitos à mesma pressão. Isso explica
também o princípio dos vasos comunican-
tes: num conjunto de dois ou mais vasos
© Daniel Beneventi
Atividade 4 Caixa-d’água
© Hudson Calasans
lugares mais altos?
Prensa hidráulica
Uma aplicação importante da pressão hidrostática é a prensa hidráulica.
O físico francês Blaise Pascal verificou que, diferentemente do que ocorre nos
sólidos, nos líquidos a pressão se transmite integralmente em todas as direções.
Isso quer dizer que, ao se aplicar uma força na plataforma 1 (ver a figura a seguir),
114 UNIDADE 4
© Daniel Beneventi
o carro? Perceba que a força F1 precisa Plataforma 1 F2
empurrar para baixo um volume igual
ao volume que é empurrado para cima.
F1 F F1 10.000
p1 = p2 ⇒ = 2 ⇒ = ⇒ F1 = 2 N
A1 A 2 0, 0004 2
Empuxo
O corpo vai receber do líquido uma pressão maior na sua parte mais funda
do que na sua parte mais próxima da superfície. Portanto, haverá uma diferença
UNIDADE 4 115
de pressão entre a parte mais baixa e a mais alta do corpo imerso no líquido,
fazendo com que o líquido aplique no corpo uma força de baixo para cima. Essa
força é chamada força de empuxo. O empuxo E é uma força vertical para cima
que se contrapõe ao peso de parte do corpo imerso no líquido, fazendo com
que os objetos mergulhados na água pareçam mais leves do que quando estão
fora dela.
© Hudson Calasans
• do volume V de líquido deslocado pelo corpo imerso
(que é igual ao volume da parte do corpo que está imerso
no líquido): quanto maior o volume imerso no líquido, P
maior a força de empuxo;
d: densidade do fluido;
E=d ⋅ V ⋅ g
V: volume de líquido deslocado;
empuxo
apenas pela água e outros líquidos, mas também pelos
gases, como o ar, por exemplo. A mesma força que sustenta
um navio no mar mantém um balão no ar, por exemplo.
peso empuxo
© Hudson Calasans
Observe a figura e explique por que a
pedra (ou qualquer corpo) parece mais leve
quando está mergulhada na água.
Caixa
2 O manual que acompanha uma ducha higiênica informa que a D’água
pressão mínima da água para o seu funcionamento apropriado é de Água
20 kPa. A figura mostra a instalação hidráulica com a caixa d’água e o
cano ao qual deve ser conectada a ducha. h3
h2
O valor da pressão da água na ducha está associado à altura h1 h5
h4
a) h1. d) h4.
b) h2. e) h5.
c) h3.
Parede
Enem 2012. Prova azul. Disponível em : <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/
enem/provas/2012/caderno_enem2012_sab_azul.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015. Piso
UNIDADE 4 117
Assim como os navios flutuam na água, pode-se dizer que os balões flutuam no
ar. As forças que atuam no navio são as mesmas que atuam no balão? E num avião
em voo, também são as mesmas forças que dão sustentação ao avião?
HORA DA CHECAGEM
Atividade 1 – Densidades
1
250 40
a) Densidade da água: = 1 g/mL e densidade do óleo = = 0,8 g/mL.
250 50
b) O material mais denso fica embaixo do material menos denso.
b) O óleo.
Atividade 4 – Caixa-d’água
1 Quanto mais alto o local do reservatório d’água, maior a pressão exercida na base, o que possi-
bilita o escoamento da água pelo encanamento.
2 Como a pressão da água depende da diferença entre a altura do nível da água no reservatório
e o nível da água nas casas, as residências mais altas ou situadas num plano mais elevado terão
menor diferença de altura em relação ao reservatório, diminuindo a pressão da água e prejudi-
cando o abastecimento.
Desafio
HORA DA CHECAGEM
1 Alternativa correta: c.
g g 4 m
pA = pB mA ⋅ = mB ⋅ = B mB = 1 kg
a b 80 20
2 Alternativa correta: c. A diferença de pressão se deve à diferença de altura entre o nível da água
na caixa e o de saída do cano, que corresponde a h3.
119
Rotação T E M A 2
© Eugene Sergeev/123RF
A figura ao lado mostra uma porta. Reflita e
responda às questões propostas.
© Daniel Beneventi
porta, é muito mais fácil aplicar a força longe de
seu ponto de apoio, ou seja, longe das dobradiças.
Isso ocorre porque o efeito de rotação de uma força Força F
Alavancas
O mesmo princípio visto na troca de pneus pode ser aplicado para entender o
funcionamento das alavancas.
© Daniel Beneventi
F1 F2
mente uma barra de madeira ou metal,
b1 b2
que pode girar em torno de um ponto
de apoio e que amplia o efeito de rotação de
uma força, facilitando o deslocamento
de objetos. Tesouras, enxadas, alicates, abridores de garrafa, nossos braços, pernas e
pés são alguns exemplos de alavancas com os quais estamos em constante interação.
F1 ⋅ b1 = F2 ⋅ b2
© Daniel Beneventi
exemplo, utiliza-se uma alavanca, como mostra
Força de
Força de
a figura ao lado, e, com pouca força, é possível resistência
ação
Ponto
realizar essa tarefa. Suponha que a pedra tenha de apoio
Um portão está fixo em um muro por duas dobradiças A e B, conforme mostra a figura, sendo
P o peso do portão.
Credito
Caso um garoto se dependure no portão pela extremidade livre, e supondo que as reações
máximas suportadas pelas dobradiças sejam iguais,
a) é mais provável que a dobradiça A arrebente primeiro que a B.
b) é mais provável que a dobradiça B arrebente primeiro que a A.
c) seguramente as dobradiças A e B arrebentarão simultaneamente.
d) nenhuma delas sofrerá qualquer esforço.
e) o portão quebraria ao meio, ou nada sofreria.
Enem 1998. Prova amarela. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/1998/1998_amarela.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.
Diz a lenda que o filósofo grego Arquimedes, ao ser questionado sobre se con-
seguiria mover um navio extremamente pesado, teria respondido: “Dai-me uma
alavanca e um apoio e moverei o mundo”. Você acha que seria possível mover a
Terra de sua órbita utilizando uma alavanca?
HORA DA CHECAGEM
Desafio
HORA DA CHECAGEM
Alternativa correta: a. Como o portão tende a girar rumo ao solo, ele puxa a dobradiça A e com-
prime a dobradiça B. Como as peças resistem mais à compressão do que à tração, é mais provável
que a dobradiça A se rompa.
Uma explicação possível para saber qual dobradiça quebra primeiro: se o garoto se dependurar na
extremidade livre, o portão tenderá a girar no sentido horário, “puxando” primeiro a dobradiça A.
A dobradiça B só seria puxada se a A já não estivesse lá, ou seja, nesse caso, para a dobradiça B ser
puxada (ou forçada), a dobradiça A teria que estar quebrada.
124
Neste tema, você vai analisar como a distância de aplicação de uma força num
objeto influi nos efeitos gerados por essa aplicação.
© Daniel Beneventi
do solo até a porta, qual caminho você
utilizaria, a escada ou a rampa? Por quê?
Nos séculos XVII e XVIII, a mão de obra escrava e artesanal foi dando lugar ao
trabalho assalariado e ao uso de máquinas. Nessa mesma época, o conceito de
trabalho de uma força foi definido, até porque o trabalho realizado pelas pessoas
passou a ser comprado e, por isso, surgiu a necessidade de ser medido.
Diz-se que uma força realiza trabalho quando o resultado de sua aplicação é o
deslocamento de um objeto. O trabalho realizado por uma força paralela ao deslo-
camento depende, então, do valor da força e também do deslocamento que ela foi
capaz de produzir. Quanto maior a força, maior será o trabalho, e, quanto maior
for o deslocamento gerado pela aplicação dessa força, maior também terá sido o
trabalho realizado pela força.
© Hudson Calasans
F F
Deslocamento (∆S)
A B
Por exemplo, o trabalho realizado por uma pessoa para elevar um pacote de 100 g
(ou seja, 0,1 kg), cujo peso é de 1 N, do chão até uma altura de 1 m, corresponde a:
= F · ΔS = 1 N · 1 m = 1 J.
126 UNIDADE 4
Como você viu nas leis de Newton, na Unidade 3, conforme uma força atua em
um corpo, ele muda de velocidade. E quando uma força realiza trabalho, ela tam-
bém vai alterar a velocidade do corpo? Justifique.
Contudo, nem sempre a força que é aplicada num corpo é constante. Nesse
caso, o cálculo do trabalho realizado pela força depende de uma análise de como
essa força vai mudando com a distância. Essa variação pode ser ilustrada num grá-
fico que representa a variação da força com a distância.
No gráfico 1, pode-se ver como varia a força realizada por um elástico à medida
que se tenta esticá-lo. Quanto mais se puxa o elástico, mais força contrária ao
“puxão” ele exerce, ou seja, essa força aplicada pelo elástico, conhecida como força
elástica, é proporcional a quanto ele estica, como se observa no gráfico 2. Para cal-
cular o trabalho realizado por essa força elástica, basta calcular a área subenten-
dida entre a linha do gráfico e o eixo x.
Gráfico 1 Gráfico 2
© Sidnei Moura
Força Força
F F
A área deste
gráfico é igual
ao trabalho
realizado
pela força.
0 x Deformação 0 x Deformação
UNIDADE 4 127
Um carro se desloca numa rua, quando seu motorista avista o farol. Ele aciona
os freios, imprimindo uma força de 2.000 N para parar os pneus. O gráfico abaixo
mostra como varia a força aplicada pelo sistema de freios nos pneus. Qual foi o
trabalho realizado pelos freios até o carro parar?
© Sidnei Moura
F (N)
0 2 4 ΔX (m)
Uma das atividades fundamentais que realizamos para nos manter vivos é res-
pirar. Durante a respiração há realização de trabalho?
HORA DA CHECAGEM
2 ∙ 1.000
F (N) Área = = 1.000
2
Área = 4 ∙ 1.000 = 4.000
1.000
0 2 6 ΔX (m)
128 UNIDADE 4