A Importancia Da Plantation Açucareira No Brasil Colonial

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 13

A IMPORTÂNCIA DA PLANTATION AÇUCAREIRA NO BRASIL COLONIAL

Autor: Victor Andrade da Silva


Orientador: MSc. Germano Moreira Campos
Curso: História Período: 8º Área de Pesquisa: História do Brasil

Resumo: Este trabalho visa mostrar a importância da plantation açucareira no Brasil


colonial, descrevendo toda sua estrutura, tanto física, como cultural, desde sua
origem, todo seu processo de implantação na América portuguesa, seu avanço
econômico, sua influência no comercio mundial durante o século XVI até o século
XVII, e os motivos que levaram ao seu declínio. Um dos motivos que levaram a
implantação da produção do açúcar no Brasil, foi a necessidade de povoação do
território, já que a coroa temia invasões por parte de seus rivais europeus, com a
divisão desse território para donatários com bom poder aquisitivo, eles visavam a
obtenção de lucro de forma rápida, E o cultivo do açúcar era visto como uma
solução, já que em média, demora dois anos desde sua plantação até o período de
safra. Porem não foi tão bem-sucedida de início como se esperava. Para a
elaboração desse tema, foi utilizado como fonte, livros artigos produzido por
especialistas em período colonial, com o objetivo de enriquecer o conteúdo criado.

Palavras-chave: Plantation Açucareira; Brasil; Colonial.


2

Abstract: This paper aims to show the importance of sugar plantation in colonial
Brazil, describing all its structure, both physical and cultural, since its origin, all its
implantation process in Portuguese America, its economic advance, its influence on
world trade during the 16th century to the 17th century, and the reasons that led to its
decline. One of the reasons that led to the establishment of sugar production in
Brazil, was the need for settlement of the territory, since the crown feared invasions
by its European rivals, with the division of this territory to grantees with good
purchasing power, they aimed at making a profit quickly, and sugar cultivation was
seen as a solution, as it takes on average two years from planting to harvesting. But
it was not as successful at first as expected. For the elaboration of this theme, it was
used as source, books articles produced by specialists in colonial period, with the
objective of enriching the created content.
Keywords: Sugar Plantation; Brazil; Colonial.
6

1. INTRODUÇÃO
A agricultura é e sempre foi essencial para a economia brasileira, e durante o
período colonial do Brasil, dentre os vários ciclos econômicos que ocorreram, a
maioria foi fruto do trabalho agrícola. Uma das produções mais marcantes deste
período foi à produção da cana de açúcar, que teve seu auge no inicio do século XVI
e seu declínio durante a metade do século XVII, tendo deste modo, quase cem anos
de domínio. Influenciando fortemente na organização da estrutura social, formação
cultural e marcando presença forte na economia, como aponta Ferreira (2015), a
plantation açucareira foi predominante no Nordeste brasileiro durante a colônia.
Tendo grande destaque no contexto histórico, a indústria de açúcar na principal
colônia portuguesa gera bastante interesse dos historiadores, sendo bastante
conhecida pela área, mas poucas pessoas realmente sabem como era produzido o
açúcar exportado, principalmente para o continente europeu, assim como para outras
regiões do planeta. Contudo, ao se estudar sobre o tema, fica claro que a nossa
agricultura colonial era muito forte, e que esta era motivada pela coroa portuguesa
cujo intuito era suprir o mercado internacional, e que sem a mão de obra escrava seria
improvável que ela atingisse aquele patamar. Porém, muitos se esquecem de
enaltecer os trabalhadores que tanto contribuíram para essa economia, os escravos, e
de destacar como era o modo de produção açucareira. Sendo assim, o presente
trabalho visa responder: quais as formas de trabalho da plantation açucareira no Brasil
colonial?
Para se chegar à resposta dessa questão será necessário analisar como
funcionavam os processos para a produção do açúcar no Brasil, tendo-se como
objetivos específicos: apresentar as peculiaridades da plantation açucareira, apontar
as dificuldades enfrentadas pela mão de obra no processo de produção do açúcar e
ilustrar as técnicas utilizadas para sua produção.
Tendo sua base de surgimento na Europa, como plantations escravistas em
conjunto com a casa grande, esse sistema foi adotado nas colônias europeias no
atlântico, na américa portuguesa isso ocorreu no início com as capitanias hereditárias,
onde foi fundamental para o nosso desenvolvimento agrícola, essa cultura importada
da Europa era dominante no sistema açucareiro na américa portuguesa, para a
implantação desse sistema, segundo Marquese (2006), era preciso ter uma um
espaço territorial em grande escala para que houvesse grande produção, a
exploração dessas terras ocorria somente em um produto especifico, produzido por
escravos, e quando se tornava pronto para consumo, exportava-se para os grandes
centros econômicos do mundo naquele período.
A tecnologia utilizada para a execução deste trabalho era fundamental para que
a mão de obra funcionasse bem, muito se fala sobre a importância econômica do
cultivo da cana na época em que pertencíamos a Portugal, mas pouco se conhece
sobre o processo, as tecnologias, os conhecimentos, que na maior parte os negros
faziam com competência, demonstrando sua grande intelectualidade desvalorizada
pelo sistema cultural dos séculos passados. Esse sistema de produção agrícola,
movimentava a economia do Brasil colonial, Europa, e África, onde os traficantes
africanos lucravam com vendas de homens que chegavam nos navios negreiros e
eram comprados por latifundiários para serem usados em suas fazendas.
Diante de uma sociedade pós-moderna e globalizada na qual vivemos, é
necessário refletir sobre a pratica adotada pela produção da plantation açucareira,
explorando assim as diferenças com a produção atual, visando expandir o
conhecimento, contextualizando seus avanços e suas modernidades existentes, com
o passado, onde com grandes problemas, houve um expansivo comercio.
7

A pesquisa utilizada para o embasamento dessas reflexões, foi artigos de


educadores, livros, focando em especial na plantation açucareira no período do Brasil
colonial, e sua relevância histórica. Esta tese ira relacionar outros fatores que
colaboraram para esta formação dessa estrutura açucareira, como o alicerce
estrutural das fazendas de engenho, a relação do escravo e seus senhores, o
funcionamento de toda essa estrutura, a relação com Portugal, que trouxe essas
técnicas implantadas pela mão de obra negra para a América do Sul, a influencia em
outras poderosas nações no período colonial.
Os portugueses chegaram a utilizar os nativos para produção em larga escala
da cana de açúcar, porém, pela diferença cultural, isso não deu resultado como eles
esperavam, eles não obtinham as técnicas necessárias, apesar de algumas tribos
terem certas habilidades no cultivo de plantações, isso não era suficiente, eles não
demonstravam interesse em aprender, essa escravização dos indígenas sofrera
várias mudanças no processo de colonização, com certa influência da igreja.

Era o confronto de dois povos cujos sistemas econômicos e visões de mundo


não poderiam ser mais opostos. A atitude dos portugueses perante a “barbárie” dos
tupinambás, um povo cuja a prática agrícola já os havia colocado no mínimo em uma
fase de transição para uma cultura neolítica, exacerbava-se quando deparava com
outros povos indígenas que ainda não havia atingido aquela etapa. Alguns
observadores, especialmente os jesuítas, foram as vezes repórteres perspicazes da
vida dos nativos.
(Schwartz,1988, p.42).

A composição étnica dos escravos africanos trazidos para cá, era muito
diversa, mas diferentemente dos índios, a mão de obra era qualificada, já que eles
conheciam todos os processos, a cultura capitalista de produção para comercializar
seus produtos visando a obtenção de lucros era comum nas tribos africanas,
diferentemente do que ocorria no novo mundo antes da chegada dos europeus. A
produção de subsistência era vista como o necessário pelos índios, já os africanos,
por terem sido colonizados por Portugal alguns anos antes, já tinha essa visão
econômica.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Referencial Teórico
2.1.1. O surgimento da lavoura açucareira no Brasil Colonial
A plantação açucareira foi a principal atividade econômica no Brasil, durante os
séculos XVI ao XVIII, criando toda uma sociedade em torno da produção do açúcar.
Com seu deslocamento em direção ao Oeste, é natural que chegasse essa produção
nas colônias europeias na América, sendo que, um dos principais fatores que
incentivaram a produção do açúcar no Brasil durante aquele período, foi o fato de que
nas colônias portuguesas, como Açores, Canárias, Cabo Verde, São Tomé e Madeira
já praticavam esse cultivo do açúcar e tinha obtido muito sucesso, tanto em qualidade
do açúcar, como lucro financeiro para Portugal, sendo assim, através das capitanias,
a coroa esperava que acontecesse o mesmo no Brasil.
Ao contrário do que esperavam os colonizadores, poucas foram às capitanias
que obtiveram sucesso, além da terra não ser necessariamente a mais benéfica para
o cultivo da atividade açucareira, os conflitos com os indígenas que habitavam essas
regiões ajudaram nesse insucesso. Já as terras menos propensas e apropriadas para
8

esse cultivo e onde os conflitos com tribos indígenas não prejudicaram os engenhos, o
sucesso aconteceu, como nas regiões de Pernambuco, São Vicente, Sergipe.
Segundo Schwartz (1988, p. 31) “as poucas regiões que obtiveram certo êxito devem-
no a uma feliz combinação de atividade açucareira a um relacionamento
razoavelmente pacifico com as tribos indígenas locais”.
Durante a formação da indústria açucareira no Brasil colonial ocorreu à
tentativa de usar os índios como escravos pelos colonizadores, mas não deu certo,
pelo fato de algumas tribos serem muito agressivas, e por definitivamente não fazer
parte da cultura indígena esse sistema de trabalho para a obtenção de lucro, já que
eles praticavam uma agricultura de subsistência. Vários engenhos foram destruídos
pelas tribos mais agressivas, já os indígenas escravizados não conseguiam produzir
de acordo com as necessidades da indústria açucareira, e a influência da Igreja
Católica também foi decisiva para isso. Gerando assim uma troca de indígenas por
escravos africanos, estes que já estavam acostumados a esse sistema capitalista.
Mesmo com a utilização negra para a plantation, não podemos considerar isso
como padrão para toda a américa portuguesa, já que no sul esse processo ocorreu de
maneira diferente devido ao clima, onde ocorria o cultivo de gado, suíno, e a
escravização era vista de maneira diferente das plantations nas regiões como
Nordeste e Sudeste.

No Sul, o escravismo não foi igual e não jogou o mesmo papel que
nas regiões das plantations de café e de açúcar. Uma série de
causas impediu a construção de uma sociedade escravista nos
moldes em que ela chegou a se sedimentar nas regiões do leste e do
nordeste do Brasil. As causas mais importantes parecem guardar
relação com uma fronteira tardiamente definida e sempre envolvida
em guerras; com o tipo de firma escravista, seus concorrentes e o
seu mercado específico; por fim, com a fraqueza relativa da classe
dominante da região face às suas congêneres no País.
(Targa, 1991, p. 446).

Além da mão de obra que era essencial para que iniciasse todo esse projeto
agrícola, não podemos deixar de citar a estrutura que os alimentava, além da
plantation, a agricultura de subsistência era fundamental para alimentar seus
senhores, que comiam uma mesa farta, e seus escravos, que apesar de numerosos,
se alimentavam com o de mais barato fosse possível.

2.1.2. Meios de produção e as formas de trabalho utilizadas pela indústria


açucareira no Brasil Colonial
Os meios de trabalho e as técnicas que fizeram com que a plantation
açucareira fosse um sucesso estrondoso durante o século XVI e XVII é muito
interessante para o estudo da agricultura no Brasil. Analisando as técnicas utilizadas
para o fabrico do açúcar e como trabalhava a mão de obra, em sua maioria formada
por escravos negros, desde o canavial, passando pelo engenho, até o processo de
encaixotamento para exportação do açúcar.
A pirâmide da sociedade açucareira colonial era dividida da seguinte maneira:
os senhores de Engenho ficavam no topo, visando sempre obter o maior lucro
possível, através da exportação, principalmente para a Europa, o grande comprador
da época, tendo grande poder e status nessa sociedade, e abaixo dos senhores de
engenhos, ficavam seus familiares e agregados. Gilberto Freyre (1969, p 22-3)” A
9

sociedade colonial no Brasil, principalmente em Pernambuco e no Recôncavo da


Bahia, desenvolveu-se patriarcal e aristocraticamente à sombra das grandes
plantações de açúcar”. Consecutivamente, seus funcionários, que em geral era o
capitão do mato e o feitor, cuja sua principal função era controlar a classe escravista e
puni-las caso tentassem fugir ou desobedecer a qualquer ordem que lhes eram dadas.
E abaixo de toda essa estrutura, vinham os escravos, onde alguns, que tinham
facilidade com as técnicas do engenho, conseguiam algumas regalias, sendo
considerado mestre do açúcar, já os outros tinham suas funções, fixas ou revezadas.
Sendo fundamental para a produção do açúcar, os escravos faziam todo o
trabalho pesado, a plantação e a colheita do canavial, que ocorriam durante o dia,
sendo as principais tarefas relacionam ao campo, já que existiam outras como as
limpezas de plantas que prejudicariam a produção caso se alastrassem como a erva
daninha, por exemplo, os trabalhos no engenho não paravam em nenhum instante,
exceto quando ocorresse algum problema, ou para os reparos, e limpeza das
moendas. Schwartz (1988, p. 97) descreve que “o trabalho em um engenho brasileiro
era interrupto, sendo as tarefas pertinentes aos canaviais realizadas durante o dia e
as atividades da moenda feitas a noite. A moenda ficava em funcionamento
normalmente por dezoito a vinte horas, parando por apenas algumas horas para a
limpeza do mecanismo.”
Sem mão de obra escrava a indústria açucareira não existiria, pois era
necessária muita força física para o funcionamento dos engenhos, alguns engenhos
baianos chegavam a ter mais de trezentos escravos, o trafico negreiro era bastante
utilizado na época. Se para Schwartz (1988) a agressividade de tribos nativas
impedira o sucesso do desenvolvimento do fabrico de açúcar, para Simonsen (2005)
ele foi grande responsável para que a montagem dos engenhos fosse de tamanho
médio. Onde inicialmente se produzia acima de três mil arrobas por ano, e
consecutivamente com o aumento da estrutura, passou-se a produzir mais de dez mil
arrobas.
Percebendo que a utilização de indígenas como escravos não alavancaria a
indústria açucareira, percebemos o equivoco dos colonizadores, em achar que esse
processo ocorreria de forma natural como nas colônias africanas, a mão de obra dos
índios foi útil para a exploração do pau-brasil, massa não tinha a mesma eficácia na
agricultura. Os donatários quando tomavam posse de suas capitanias hereditárias,
tinha o direito de escravizar os nativos, porem ao perceberem a carência da produção
indígena, eles se viram designados a comprar negros para a execução do trabalho.
Segundo Simonsen (2005) ao contrário dos engenhos de outras ilhas
colonizadas pelos portugueses, o Brasil não pode construir engenhos de pequeno
porte, pelo ambiente nada favorável em questão de ameaças dos nativos, sem
esquecer que esse foi um dos motivos para a importação do trabalho escravo
africano.
Outro fator que resultava em bastantes dificuldades para os escravos era o
transporte das caixas de açúcar para o porto, já que geralmente os engenhos se
localizavam nas matas próximos aos rios. Para a chegada do açúcar até o porto
existiam dois métodos para a locomoção, um deles era o marítimo, onde os engenhos
que ficavam em áreas litorais utilizavam esse meio, onde, em geral os escravos que
faziam esse serviço, se colocavam as caixas em pequenos barcos e navegavam até o
porto. Já para os engenhos distantes da zona litorânea, se usava carros de boi para o
trajeto. Era necessária a mão de obra escrava em praticamente tudo para manter
esse mercado funcionando no Brasil colonial.
10

O açúcar do Brasil colonial era reconhecido internacionalmente, e cobiçado por


diversas potências econômicas da época, como as ocupações holandesas em 1621
na Bahia, onde os holandeses não obtiveram sucesso e foram rapidamente expulsos
pelos colonos. E a outra invasão holandesa, ocorreu em Pernambuco no ano de 1630,
dessa vez, bem sucedida, onde os holandeses conseguiram seu objetivo principal,
que foi obter lucro com a indústria do açúcar. Mesmo com algumas revoltas da
população devido aos altos impostos cobrados pela Holanda, eles ocuparam o
território até 1654. De acordo com Marquese (2006) esse período de ocupação
holandesa foi fundamental para o desenvolvimento do açúcar em outras áreas, onde
ouve uma transmissão das técnicas do fabrico do açúcar aprendido aqui pelos
holandeses durante o período de ocupação na colônia de Portugal para as colônias
inglesas e as francesas e com isso os números de escravos cresceram nessa região,
pois era necessária uma mão de obra que suportasse fisicamente as necessidades
para iniciar uma produção que daria inicio a um comercio açucareiro que competisse
com as colônias portuguesas.
Esse núcleo formado pelos senhores de engenho sendo proprietário de um
terreno, e sua mão de obra sendo totalmente escrava era natural no Brasil colonial,
assim que a indústria do açúcar começou a deslanchar. Os proprietários levavam
prejuízos caso alguma fermenta para o funcionamento estragasse, como a moenda,
por exemplo. Além de imprevistos que ocorriam no funcionamento das maquinas, o
calendário religioso os obrigava a parar o serviço na colheita às vezes. Esse era um
ponto de discordância entre a igreja e os senhores, que obvio, criavam um jeito pra
burlar essa lei e evitar que isso acontecesse. A importância em manter os engenhos
em funcionamento era tão grande nesse processo de transformação da cana-de-
açúcar em pães de açúcar que eram exportados para a Europa, que nem em caso de
acidente com algum escravo o seu funcionamento era interrompido. Já que além de
ser cansativo, ele colocava em risco o corpo do escravo por ser muito inseguro.

Os cativos realizavam um grande número de tarefas, sendo


concentrados em sua maioria nos pesados trabalhos do campo. A
situação de quem trabalhava na moenda, nas fornalhas e nas
caldeiras podia ser pior. Não era incomum que escravos perdessem a
mão ou o braço na moenda. Muitos observadores que escreveram
sobre os engenhos brasileiros notaram a existência de um pé-de-
cabra e uma machadinha próximos à moenda para, no caso de um
escravo ser apanhado pelos tambores, estes serem separados e a
mão ou braço amputado, salvando-se a máquina de maiores estragos.
(FAUSTO, 1996, p. 48).

O sucesso da plantation no Nordeste é evidente, mas não é a única região


especifica que essa atividade se tornou lucrativa, na região Fluminense por exemplo,
temos um reconhecimento grande por parte dos portugueses de que a produção era
estrondosa, segundo Paranhos (2000) o vice-rei do Brasil pediu no ano de 1778 que
os produtores de açúcar de Goytacazes, parasse sua fabricação, pois a maioria dos
transportes estavam sendo deslocado para tal, e atrapalhava a capital, devido a
limitação de cargas por viagem dos navios.
Esse sistema de patriarcado, onde o senhor controlava todas as ações em
suas terras, foi mui eficaz no período colonial para seu enriquecimento através da
produção do açúcar, mas suas influências, são bem mais profundas em nossa
sociedade, de acordo com Freyre (1969), a população brasileira tem bases no sistema
11

da plantation brasileira colonial, onde o Brasil se formou como um país agrícola,


enraizado em um sistema de exploração, formação genética hibrida, porém com
preconceitos.

2.1.3. Escravizados e Homens Livres: mão de obra na indústria açucareira no


Brasil Colonial
Com as dificuldades enfrentadas pela tentativa de escravizar os nativos
durante a implantação das capitanias, a solução criada pelos colonizadores foi
implantar o sistema de escravidão com a utilização de negros trazidos do continente
africano para o Brasil colonial, com o passar dos anos ficou bem evidente o quanto o
trafico de escravos cresceu, principalmente pelo crescimento da população negra,
sendo significativamente superior aos demais, principalmente se comparando aos
números de trabalhadores livres que tinham funções bem especificas nas grandes
fazendas produtoras de açúcar.
A mão de obra livre existia, ou por homens brancos que eram contratados
pelos senhores para fazer algum trabalho técnico que determinada região não tinha
pessoas capacitadas para fazê-lo. Apesar dos homens livres serem em sua maioria
brancos, durante o período em que fomos colonizados pelos portugueses, existia
homens pardos, mulatos e mestiços que eram livres.
De acordo com Fausto (1996) os homens livres faziam trabalho que
necessitavam demais capacitação para as plantações canavieiras, como plantar
mudas de cana-de-açúcar, ou comandar o processo de transformação do produto,
como os senhores do açúcar. Vale ressaltar que não era necessariamente homens
branco que faziam esses trabalhos, existiam muitos negros que aprendiam essas
técnicas e a faziam. Schwartz (1988) relata casos em que o escravo tinha facilidades
com as técnicas mais difíceis do fabrico do açúcar, e se tornava senhor do açúcar e
se aproveitava dessa posição para conseguir privilégios que os outros escravos não
tinham.
Por mais que o trabalho nos campos e nos engenhos feito pelos africanos
negros, ou por pessoas com outro tom de pele, em grande parte livres tinham o
mesmo valor, os negros sofriam todos os tipos de repressões possíveis, psicológicas,
agressões físicas caso não cumprissem sua função determinada, levando chicotas e
sendo ridicularizados, os senhores de engenho usavam de exemplo essas punições
para que outros escravos não descumprissem suas ordens. Já os homens libertos que
exerciam algum tipo de trabalho não recebiam esse tratamento.

A escravidão foi uma instituição nacional. Penetrou toda a sociedade,


condicionando seu modo de agir e de pensar. O desejo de ser dono
de escravos, o esforço por obtê-los ia da classe dominante ao
modesto artesão branco das cidades. Houve senhores de engenho e
proprietários de minas com centenas de escravos, pequenos
lavradores com dois ou três, lares domésticos, nas cidades, com
apenas um escravo. O preconceito contra o negro ultrapassou o fim
da escravidão e chegou modificado a nossos dias. Até pelo menos a
introdução em massa de trabalhadores europeus no centro-sul do
Brasil, o trabalho manual foi socialmente desprezado como "coisa de
negro". (FAUSTO, 1996, p. 41).

A diferença histórica e cultural, principalmente durante a escravidão no Brasil,


que perdurou até 1889, entre negros e brancos é abissal. Ou seja, além de ser
exaustivo prejudicial à saúde, o trabalho que resultou na maior obtenção de lucro
12

durante algumas décadas do século XVI e XVII não era tão valorizado como deveria,
especificamente o trabalho escravo, onde sem essa farta produção dos africanos
nos campos e engenhos, a produção açucareira não seria a mesma no Brasil
colonial.
O período da plantation açucareira no Brasil é tão grande na história do Brasil,
que a sociedade atual ainda se baseia naquele sistema, que teve seu auge durante
o final do século XVI e XVII. Claro que a indústria nos dias atuais tem uma
tecnologia baseada no eletrônico, a exportação do açúcar ocorre de forma mais
dinâmica, e o mercado interno, também é um grande consumidor. Mas a estrutura, é
claramente induzida aquele período em que os portugueses colonizaram o Brasil.
Geralmente o cultivo de cana ocorre em grandes fazendas, o latifundiário, por sua
maioria é o homem branco, obviamente, a escravidão foi abolida, hoje temos leis
trabalhistas, porém, devido à falta de fiscalização, e a influência de grandes
fazendeiros no trabalho dos fiscais, ainda vemos maus tratos a mão de obra que
tanto o enriquece como descreve Novaes (2007,p.167-68):

Para se alimentar, pagavam R$ 135,00/mês. Esse preço seria


mantido sob uma condição: deveriam entregar para a pensão a cesta
básica a que têm, mensalmente, direito. Mas, se perdessem um dia
de trabalho, não recebiam a cesta básica. Nesse caso, o valor da
pensão passava para R$ 200,00/mês. Mas, com ou sem cesta
básica, eles se queixaram da alimentação fornecida pela pensão,
geralmente vinculada aos empreiteiros. Segundo eles, a carne de
frango – que comiam todos os dias, por ser a mais barata – é “pobre
em substância”. Com ela, quem trabalha no pesado no corte da cana
não repõe as energias que o corpo perde. Em resumo: alimentação
fraca, somada às exigências impostas pelo fiscal da turma, se traduz
em cansaço, dores no corpo e da coluna, das câimbras e das
tendinites.

Por mas que com o passar dos anos a relação de quem exerce o trabalho
braçal na plantação do açúcar, e seu beneficiário, tenha mudado, porém, não
podemos perder nosso olhar critico sobre essa situação, pois toda essa estrutura
social existente no Brasil, favoreceu a exploração de pessoas, mesmo que nos dias
atuais ele ocorra de maneiras diferentes do período de colonização.

2.2. Metodologia
Para a descrição da Plantation açucareira no Brasil Colonial e seus modos de
trabalho foi necessário explicar todo o meio social em que a produção da cana do
açúcar estava inserida, sendo muito relevante para a história econômica do Brasil,
ressaltando sua importância, especialmente na região do Nordeste. Para Schwartz
(1988) a indústria açucareira no Brasil foi essencialmente importante para definir o
estilo de vida de uma sociedade, principalmente as elites, influenciando em toas as
áreas, politicamente e economicamente. Pois era o principal gerador de riquezas da
região durante os séculos XVI e XVII.

Para a existência desse funcionamento, é necessária, obviamente a mão de


obra. Por isso a importância de explicar os meios de trabalho, já que sem ele não
existiria a produção do açúcar. De acordo com Fausto (1996) a produção do açúcar
foi fundamental para dar inicio ao meio social e econômico da população nordestina,
desde a escravidão dos índios mal sucedida, até a necessidade de importar
13

escravos africanos. Durante o domínio do açúcar na economia colonial brasileira,


houve vários fatores que só ocorreram por causa desse sucesso açucareiro.
Segundo Schwartz (1988) além de gerar mudanças na sociedade baiana, a cana-de-
açúcar era fundamental para a regulação de preços de produtos, e em especial de
escravos, já que de acordo com o crescimento das produções na região, se
regulamentava a necessidade de compra e os preços dos escravizados.
Além da história econômica, podemos ressaltar a importância da história
social do Brasil para a elaboração dessa pesquisa descritiva, já que muitos
acontecimentos de hoje, se deve a fatos que ocorreram durante o período da
plantation, como os motivos que levaram a população negra ser grande no Brasil, o
porquê da cana-de-açúcar ainda ser cultivada em grande escala na região. Como
retrata Ferreira Filho (2015, p. 8):

Pensar as terras de açúcar como um espaço transtemporal que


integra elementos naturais e históricos é tomá-las, então, não como
um simples constructo mental ou, seu avesso, um lócus onde as
relações entre os homens se davam. A dimensão espacial da
plantation impõe à sua análise um ponto de vista mais holístico, que
incorpore tanto elementos físico-naturais, quanto estruturais e
sociais. A partir desse espaço – ao mesmo tempo condição, meio e
produto de sua própria existência – os engenhos se proliferaram
enquanto domínios territoriais instituídos para, por meio do controle
absoluto sobre os corpos, garantir lucros ao setor agroindustrial.

A metodologia traçada para a elaboração dessa pesquisa descritiva tem como


objetivo demonstrar a importância da Plantation açucareira no Brasil colonial e tornar
evidentes as formas de trabalhos que faziam essa produção canavieira funcionarem,
demonstrando sua importância para fatores que existem na atualidade em regiões
brasileiras devido a esse fenômeno histórico do nosso passado. De acordo com
Chasin (2014, p. 44):

Os métodos, materiais e/ou equipamentos utilizados na realização do


trabalho experimental devem ser descritos de forma precisa, tal que
outros pesquisadores possam repetir os mesmos ensaios. Técnicas
e processos já publicados devem ser apenas referidos por citação de
seu autor, enquanto novas técnicas, modificações de técnicas
consagradas e/ ou de equipamentos utilizados devem receber
descrição detalhada. As marcas comerciais de equipamentos e
materiais devem ser incluídas e podem aparecer no texto ou em nota
de rodapé.

Todo o traçado da pesquisa feita de forma qualitativa teve como base fontes
bibliográfico como principal, tendo livros e artigos acadêmicos de diferentes
historiadores lidos e utilizados como base. Criando uma interação entra as ideias
dos autores, procurando fazer uma analise das diferentes visões obre o tema
abordado.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizar, apresenta-se as considerações finais a respeito da plantation
açucareira no Brasil colonial, descrevendo sua importância para a sociedade
brasileira, onde podemos adquirir mais conhecimento sobre o nosso passado, o
14

funcionamento social e econômico de u período, que para nós, pode parecer


distante, mas suas marcas históricas deixadas em nosso meio de vida atual, é
perceptível até hoje. Sua relevância não fica limitada aos nascidos em nossa nação,
já que sua influência na época em que éramos colônia, influenciou todo o mundo,
tanto América portuguesa, Europa, África, as Índias, grande mercado dos europeus
na época.
Neste estudo conseguimos refletir sobre as formas de trabalho praticadas na
plantation, desde o canavial, onde era plantada para cultivo e colheita. Em seguida a
cana era levado para as moendas, movida geralmente pelos bois, dependendo da
fazenda, existia moinhos movida a água, as vezes os próprios escravos que giravam
o engenho que extraiam o caldo da cana. Em seguida o caldo era colocado nas
caldeiras, onde era aquecido, depois para a casa das fornalhas, onde haviam
grandes fornos, e transformava o produto em melaço de cana, e para se refino, a
casa de purgar se encarregava dessa transformação final. Depois de embalados, os
senhores de engenho se encarregavam das vendas.

4. REFERÊNCIAS

CHASIN, Alice A. da Matta. MANUAL PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS DE


CONCLUSÃO DE CURSO: São Paulo: Produção Editorial Estúdio Criativo Mercado
Editorial, 2014. Disponível em:
<https://www.oswaldocruz.br/Download/arquivos/manual_para_elaboracao_tcc.pdf>.
Acesso em: 18 set. 2019.

FAUSTO. Boris. História do Brasil. Edusp, 1996.

FERTIGI, André. MARTINS T. Jefferson. REPRESENTAÇÕES DA ESCRAVIDÃO


NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO BRASIL. UFSM, 2007.

FERREIRA FILHO. José Marcelo Marques. A PLANTATION AÇUCAREIRA NO


NORDESTE DO BRASIL E A CARTOGRAFIA MENTAL DOS TRABALHADORES
NO MUNDO DOS ENGENHOS (PERNAMBUCO, SÉCULO XX): Florianópolis:
XXVIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 2015. Disponível em:
<http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1442252616_ARQUIVO_ArtigoA
NPUH-.pdf>.
Acesso em: 19 ago. 2019.

FREYRE. Gilberto. Casa grande & senzala. Rio de Janeirov.1. 14. ed. Rio de
Janeiro, José Olympio, 1969.

MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil: Resistência,


tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. São Paulo: Novos estud. - CEBRAP
n. 74, 2006. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002006000100007>.
Acesso em: 03 set. 2019.

Novaes, José Roberto Pereira. "Campeões de produtividade: dores e febres nos


canaviais paulistas." Estudos Avançados 21.59 (2007): 167-177.
Acesso em: 07 nov. 2019.
15

PARANHOS, Paulo. SÃO JOÃO DA BARRA, APOGEU E CRISE DO PORTO DO


AÇÚCAR DO NORTE FLUMINENSE. Teresópolis, (Teresópolis: Revista da Cidade
Gráf. e Ed.), 2000.

SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade


colonial 1550-1835. Trad. de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Editora Schwarcz
Ltda, 1988.

SIMONSEN, Roberto C. História econômica do Brasil: 1500-1820. Brasília:


Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. Disponível em:
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1111/749413.pdf?sequence=4>.
Acesso em: 01 set. 2019.

TARGA. Luiz Roberto P. AS DIFERENÇAS ENTRE O ESCRAVISMO GAÚCHO E O


DAS PLANTATIONS DO BRASIL — INCLUINDO NO QUE E POR QUE
DISCORDAMOS DE F. H, C. Porto Alegre, Ensaios FEE, 1991.

Você também pode gostar