Duarte Barbosa Montenegro - 2015.1

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CONTRIBUIÇÕES DA EQUOTERAPIA PARA O

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA AUTISTA

DUARTE, Elidiana1
BARBOSA, Wandely2
MONTENEGRO, Sandra³
[email protected]
[email protected]
[email protected]

Resumo

O presente artigo abordará a equoterapia como um método educacional que busca propiciar aos
autistas um desenvolvimento biopsicossocial. Esta atividade exige a participação do corpo
inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento,
conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio.
Com o uso dessa terapia o autista pode obter ganhos significativos em seu repertório
comportamental e desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e
autoestima. Nossa pesquisa será aprofundada junto com a contribuição de alguns autores como
Leo Kanner e Hans Asperger. Além disso, alguns documentos como a declaração de Salamanca
e a LDB nos ajudaram nessa temática. Se tratando de uma pesquisa bibliográfica foi tentado
mostrar as diferentes visões dos autores em relação ao assunto abordado, tendo como suporte
alguns livros, artigos e informações retiradas de sites dos centros equoterápicos para nosso
objeto de pesquisa.

Palavras-chaves: autismo, métodos educacionais, equoterapia.

1. Introdução

Desde o inicio de sua existência, as pessoas estão acostumadas a conviver apenas


com indivíduos ditos normais e dessa forma acabam por excluir e ignorar
completamente aqueles que se distanciam dos padrões exigidos e esperados pela
sociedade.

1
Concluinte do curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected]
2
Concluinte do curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected]
3
Orientadora do TCC, professora Adjunto da UFPE. [email protected]
2
O preconceito ainda existe e a negligencia também, mas atualmente é possível
perceber que algumas medidas estão sendo tomadas para atender de forma eficaz as
pessoas com deficiência.
O autismo que foi objeto de nossa pesquisa apresenta perturbações e
especificidades que afetam diretamente a vida social dos autistas e por isso necessitam
de uma atenção aprofundada com métodos e técnicas que venham auxilia-os fazendo
com que eles tenham um melhor e maior desenvolvimento da sua mente e do seu corpo.
O autismo é uma síndrome que afeta o desenvolvimento social e a comunicação da
criança, sendo assim é necessário que exista um acompanhamento no dia a dia delas e
para isso precisa-se que o autista receba alguma intervenção educacional que o auxilie
em sua vida. Portanto, queremos entender as principais características do autismo e
como a equoterapia que é um método terapêutico que utiliza o cavalo
interdisciplinarmente nas áreas de saúde, educação e equitação, visando o
desenvolvimento físico e social de pessoas com necessidades especiais. A equoterapia
não é considerada apenas como esporte e lazer, os benefícios que surgem comprovam
sua eficiência.
“A equoterapia é um dos raros métodos, talvez o único, que permite
vivenciarem-se tantos acontecimentos ao mesmo tempo,
simultaneamente, e no qual as informações e reações são também
numerosas”. (LALLERY, 2006 apud BRITO, 2013, s/p).

Mesmo o autismo sendo pesquisado há quase seis décadas, ainda apresenta muita
controvérsia quanto à sua etiologia devido à gravidade de sintomas e a forma global que
atinge o desenvolvimento da criança. As primeiras publicações sobre autismo foram
feitas por Leo Kanner (1943) e Hans Asperger (1944), cada um fazendo o seu estudo,
forneceram informações dos casos que acompanhavam e suas principais hipóteses sobre
essa síndrome até então desconhecida. Como interrogantes nesse trabalho, determinam-
se: Quais profissionais fazem parte da equipe dos centros de Equoterapia? A
Equoterapia precisa de indicação médica? Quem pode fazer Equoterpia?
Os autistas não se comportam da mesma forma, varia de pessoa a pessoa, porém
existem características que são vistas com frequência como, por exemplo, a
incapacidade de relacionamento com outras pessoas e na comunicação da linguagem,
além de apresentar indícios de depressão e ansiedade que são diagnosticadas como
perturbações do Espectro do Autismo.
3
A marca está nas dificuldades, nas habilidades de interação social e comunicação,
associadas à presença de comportamento repetitivo e/ou restrito e interesses em
atividades estereotipadas.
Precisamos ser compreendidos pelas pessoas, pois nos comunicamos e
expressamos o que sentimos como o autista faz parte dessa sociedade, torna-se
necessário um método que ajude no seu desenvolvimento social, tornando-o menos
dependente e amenizando as dificuldades específicas que apresenta.
4
1. Referencial teórico

Conceitos sobre Autismo segundo Kanner e Asperger

Atualmente muito se fala sobre autismo, artigos, livros, revistas e filmes tentam
alertar a população. Para que ocorra o diagnóstico preciso do autismo, foram elaborados
critérios, escalas, manuais e questionários que devem ser utilizados pelos profissionais
que atuam com essa clientela. Mas, os pioneiros nesse assunto foram Kanner (1943) e
Asperger (1944), fizeram seus estudos separadamente e contribuíram para a divulgação
do autismo.
O autismo em 1943, caracterizado por Leo Kanner tornou-se um dos desvios
comportamentais mais estudados, debatidos e disputados. Até hoje, sua descrição
clínica é utilizada da mesma forma, que foi chamado de Distúrbios Autísticos do
Contato Afetivo-Síndrome Única.
Na década de 40, Kanner passou a observar a falta de relacionamento interpessoal,
estereotipias, comportamentos peculiares de onze crianças. Em 1943, ele afirmou que
essas crianças tinham características de distúrbios do desenvolvimento. O que mais
surpreendia era a incapacidade dessas crianças de estabelecer relações de maneira
normal com as pessoas. Além disso, apresentavam outras características como: atraso e
alterações no uso da linguagem, a fala era principalmente para nomear objetos, adjetivos
indicando cores, as palavras eram ouvidas e repetidas (ecolalia imediata), algumas
posteriormente (ecolalia diferida).
Kanner chamou atenção para um sintoma típico do autismo; eles gostavam de
manter ambientes intactos com tendência a repetir uma sequência limitada de atividades
ritualizadas. Outro fato interessante observado foi à dificuldade na atividade motora
global e uma facilidade (habilidade) na motricidade fina, principalmente para girar
objetos circulares. Ele revisou o seu conceito de autismo várias vezes e constatou que se
tratava de crianças muito inteligentes.
Asperger nasceu nas proximidades de Viena em 1906. Ao longo da sua vida
interessou-se por crianças “fisicamente anormais”. Diferiu dos estudos de Kanner,
porque suas descrições foram mais amplas e mencionava casos envolvendo
comprometimento orgânico.
5
Seu trabalho baseou-se em estudos que envolveram mais de 400 crianças.
Observou que o comportamento e habilidades que descreveu ocorreram
preferencialmente em meninos, denominando de psicopatia autista.
Como Kanner observava a falta de convívio social, Asperger procurou ser mais
amplo, observou a forma ingênua e inapropriada de aproximar-se das pessoas, além do
retraimento social. Mencionou também a dificuldade dos pais em reconhecer os
comprometimentos nos três primeiros anos de vida da criança. Os trabalhos de Asperger
foram reconhecidos nos últimos anos, pois as suas publicações eram em alemão, quando
os seus trabalhos foram publicados em inglês, passou a ser reconhecido como um
pioneiro nos estudos do autismo. Asperger mencionava que a síndrome descrita por ele
tinha semelhanças e diferenças a de Kanner. Ambos relataram as dificuldades de
relacionamento interpessoal e a linguagem como fatos mais marcantes. Asperger
chegou a sugerir a hipótese de um transtorno profundo do afeto ou “instinto”. Ambos
usavam o termo autismo para chamar atenção sobre o retraimento social das crianças.
Contudo, uma criança não comunicativa, isolada e incapaz de mostrar afeto, não
corresponde às observações atuais nos estudos nessa área. Kanner chegou a relatar as
diferenças individuais dos casos estudados por ele. Por isso a existência de várias
associações, criadas por pais e médicos especializados no assunto para estudar a relação
entre autismo e outros transtornos do desenvolvimento.

Conceito moderno sobre o Autismo

Historicamente o Autismo foi agrupado na categoria de esquizofrenia, pois ambos


apresentam comprometimento no relacionamento interpessoal e estereotipias.
Ao longo dos anos houve controvérsia com relação à distinção entre autismo,
psicose e esquizofrenia.
A partir da década de 80, houve várias quebras de paradigmas no conceito. Saindo
de psicose e fazendo parte dos transtornos globais do desenvolvimento.
Os transtornos invasivos do desenvolvimento (hoje dito dessa forma)
caracterizam-se por dificuldades na relação social, comunicação e estereotipias.
Apesar de o Autismo ser objeto de estudo da ciência há seis décadas, ainda há
divergências e questões para serem respondidas.
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A comunidade científica ainda não chegou a um consenso sobre a etiologia do
Autismo. Diversas causas já foram propostas, como: Causas psicológicas, disfunções
cerebrais, alterações de neurotransmissores e fatores ambientais.
Uma das hipóteses que tem gerado polêmica nos EUA é a atribuição de que as
vacinas tomadas na infância teriam causado o Autismo em diversas crianças.
Essa polêmica foi parar nos tribunais americanos em 2007. As famílias alegavam
que o conservante thimerosal contido nas vacinas seria o responsável pelas disfunções
na interação social e comunicação fruto da alteração do espectro Autista.
Para essas famílias o aparecimento do Autismo se deve às vacinas da varicela,
rubéola e papeira quando combinadas com outras vacinas que contém thimerosal. Ele é
um preservativo que contém cinquenta por cento de etil mercúrio, muito tóxico e tem o
poder de prevenir a contaminação bacteriana de certas vacinas. E não é necessário em
todas as vacinas, incluindo aquelas feitas com vírus vivo, mas está presente nas vacinas
contra a hepatite B, coqueluche, difteria, tétano e meningite bacteriana. Em Junho de
1999, o governo americano comunicou aos especialistas que se as crianças menores de
seis meses recebessem certo número de vacinas contendo o thimerosal na mesma
consulta médica, os níveis de thimerosal poderiam dar à criança uma dose de mercúrio,
mas ainda estão disponíveis as vacinas com este metal. Além disso, outro fato citado foi
à composição dessas vacinas: anticongelante, fenol (usado como desinfetante),
formaldeído (conhecido como cancerígeno), alumínio (associado à doença de
Alzheimer), thimerosal (derivado do mercúrio, ligados a danos no cérebro e a doença no
sistema imunológico), neomicina e streptomicina. Vale lembrar que os estudos
científicos anteriores não encontraram ligação entre esta patologia e a administração das
vacinas com thimerosal. Atualmente os fatores genéticos aparecem substancialmente na
etiologia. No momento estão realizando estudos de alguns genes para saber se eles
desencadeiam o autismo. Descobertas recentes também apontam a possibilidade que o
autismo possa ser causado por uma interação gene-ambiente.
Segundo o Projeto Autismo, do instituto de Psiquiatria do Hospital das clinicas na
USP (Universidade de São Paulo), em 2007 foi estimado cerca de 1 milhão de casos de
autismo no Brasil. Atualmente estima-se que exista 2 milhões de pessoas com autismo.
Nosso país precisa de esclarecimentos científicos, principalmente na área
biomédica.
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Médicos, pais e educadores necessitam de informações sobre esse transtorno.
Informações estas que na maioria das vezes se torna impossível, pois a sua literatura
atual costuma estar em outros idiomas.
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2. Método

Os primeiros sinais do Autismo podem ser vistos nos bebês que podem apresentar
um comportamento mais quieto e calmo outros podem apresentar comportamentos mais
agitados como ficar gritando e chorando o tempo todo. Levar a criança para fazer uma
avaliação com um especialista em autismo é muito importante, pois os mesmos
indicarão quais áreas a criança precisará de ajuda, através de fonoaudiólogo, terapeuta
ocupacional ou psicólogo comportamental.
Os autistas apresentam algumas características em seu comportamento que podem
ser: Dificuldade de relacionamento com outras crianças, pouco ou nenhum contato
visual, insensibilidade a dor, preferência pela solidão, interatividade ou extrema
inatividade, ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal), recusa
afagos, não tem consciência de situações que envolvam perigo, acesso de raiva e entre
outros.
Existem muitos métodos que auxiliam no desenvolvimento físico, mental e social
dos autistas como o método TEACCH, o PECS, a Comunicação Facilitada e a ABA.
Além destes citados também existe outro bastante importante que é um método
terapêutico chamado de Equoterapia que se constitui em um método fundamental para
reabilitação de pessoas com deficiência. A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) foi
quem aprovou em decisão terminativa o projeto de lei que regulamenta a prática de
equoterapia como método terapêutico e educacional (PLS 264/2010). A proposta prevê
a utilização do cavalo nas áreas da saúde, educação e equitação, como abordagem
interdisciplinar, para a busca do desenvolvimento biopsicossocial da pessoa com
deficiência. A sessão é feita utilizando o cavalo.
Esse método chegou ao Brasil no ano de 1971 e foi trazido pela Dra. Gabriele
Brigitter Walter e desde então vem sendo analisado e aplicado com sucesso. O termo
equoterapia foi criado em 1989 pela ANDE- BRASIL (Associação Nacional de
Equoterapia), em 1997 ela foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como
um recurso terapêutico de reabilitação motora e como um método educacional pela
Instituição de Divisão de Ensino Especial da Secretaria de Educação do Distrito
Federal.
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A Equoterapia utiliza técnicas de equitação e atividades eqüestres e tem por
objetivo educar e trazer a reabilitação para as pessoas com deficiência, através do
desenvolvimento psicológico e físico. Profissionais da área afirmam que os movimentos
do cavalo estimulam o deslocamento do corpo exercitando o equilíbrio, a postura e a
coordenação motora. Também proporciona o aumento da autoestima, da autoconfiança
e torna o paciente menos agressivo e conseqüentemente mais sociável.
Segundo uma equoterapeuta de São Paulo, cada 30 minutos de aula faz com que o
praticante da equoterapia receba cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais, que são
enviados pela medula espinhal até o sistema nervoso central e a partir desse processo
vão se formando novas células nervosas.
É muito importante que durante a sessão da equoterapia exista uma equipe de
profissionais multidisciplinares formado por fisioterapeutas, fonoaudiólogos psicólogos,
pedagogos, psicopedagogos, instrutores de equitação e do médico responsável pelo
centro de equoterapia, todos eles juntos contribuirão para um melhor progresso da
técnica e conseqüentemente para um melhor progresso do desenvolvimento dos autistas.
Através da equoterapia é possível também estimular a fala, a linguagem, a
lateralidade, o tato, a cor, a memória, o raciocínio, a direção, a percepção auditiva e
visual e a orientação espacial e temporal dos pacientes.

3.1 Equoterapia no cavalo

Segundo a história da Reeducação Equestre (1° Seminário Multidisciplinar Sobre


Equoterapia – 1992), a utilização do cavalo na equoterapia se resume em quatro
momentos:
 Hipoterapia: O cavalo é tido como instrumento dotado de ritmo, a oscilação
do corpo beneficia o físico e o psicológico. É utilizada quando os
praticantes não têm autonomia, necessitando de ajuda do terapeuta. O
cavalo é usado principalmente como instrumento cinésio-terapêutico.
 Reeducação eqüestre: Visa a coordenação global com fins pedagógico, os
pacientes devem ter o mínimo de autonomia postural e/ou psicoemocional.
Ainda não domina o cavalo, os terapeutas auxiliam o momento terapêutico
como laterais, aplicando suas condutas e técnicas do solo. O cavalo atua
como instrumento pedagógico.
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 Pré-esporte: Atividades feitas em grupo onde os pacientes se organizam no
espaço e tempo e preparam-se para sua inserção na sociedade. Inicia o
domínio da atividade equestre. Sendo uma preparação para a sua inclusão
no esporte. O cavalo é utilizado principalmente como instrumento de
inserção social.
 Esporte: O paciente pode participar em várias categorias: como as provas
equestres, resultando em socialização, organização espacial mais elaborada
com a regularização da própria agressividade e de uma melhora na estrutura
da personalidade.
As características específicas do cavalo para a equoterapia não são relatadas na
literatura científica, mas, na prática são utilizados cavalos de baixa estatura, idade
avançada, dóceis e mais calmos.
Segundo a história, já na Grécia antiga, a equitação era vista como elemento
restaurador da saúde, exercitando não só o corpo como também os sentidos.
No início do século XX, muitos médicos passaram a ter interesse no cavalo e a
atender e usar o animal como instrumento cinésio-terapêutico na reeducação das
deficiências.
Vários países utilizam a Equoterapia para diversos objetivos. A Itália é um dos
países onde o tratamento de reeducação e reabilitação motora través de técnicas de
equitação está mais desenvolvido. Em 1989foi fundada a ANDE – Brasil (Associação
Nacional de Equoterapia), que a define como um método terapêutico e educacional que
utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação
e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência
e/ou com necessidades especiais.

3.2 Indicações para Equoterapia

Toda atividade equoterápica deve se basear em fundamentos técnico-científicos.


O atendimento equoterápico só poderá ser iniciado mediante parecer favorável em
avaliação médica, psicológica e fisioterápica.
A equoterapia também é indicada em casos de alterações psicossociais, como:
autismo, alterações comportamentais e transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade.
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3.3 A criança autista na Equoterapia

Para trabalhar com a equoterapia é preciso de um local apropriado e seguir alguns


procedimentos. As crianças autistas costumam ter medo das novidades, por isso o
incentivo do terapeuta será fundamental. Inicialmente os autistas não se interessam por
outros cavaleiros e instrutores, à medida que eles avançam na sua independência
costumam ter afeto com as pessoas.
Principais comportamentos austísticos durante as sessões equoterápicas:
Os autistas têm dificuldade na interação social, comunicação e imaginação. A
equoterapia busca amenizar essas dificuldades específicas.
Os itens: postura corporal, gestos para iniciar ou modular a interação social,
obedecer a ordens simples, percepção, exploração, relacionamento com o animal e
iniciativa própria, tiveram resultados mais significativos. Ocorrência a cima da média de
sessões.
Itens com frequência média: comportamentos sociais, que implicam em perceber e
ser percebido, frequência do ajuste tônico, percepção do outro, imitação e jogo social.
Itens com frequência média superior: vinculação com objetos inusitados,
percepção em relação ao mundo externo e estado de excitação durante a sessão.
Itens com frequência média inferior: movimentos estereotipados. Itens com
freqüência abaixo da média: aversão ao contato físico e dispersão.

3.4 Equipe da Equoterapia

 Fisioterapeuta

A fisioterapia na equoterapia tem como finalidade proporcionar ao praticante


portador de deficiência a prevenção e o tratamento de patologias, bem como a
reabilitação e o desenvolvimento de seu estado atual por meio do uso do cavalo,
principalmente do movimento tridimensional e multidirecional.
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 Psicólogo

O psicólogo orienta e acompanha os praticantes durante as sessões da Equoterapia


trabalhando conflitos e traumas comportamentais, resgatando a autoconfiança do
autista.

 Pedagogo e/ou Psicopedagogo

O papel do pedagogo e/ou psicopedagogo é o de criar situações que encaminhem


a pessoa à utilização dos recursos disponíveis durante as sessões de equoterapia para as
atividades escolares, objetivando trabalhar as dificuldades resultantes do processo
ensino-aprendizagem, a assimilação, concentração e atenção.

 Fonoaudiólogo

O fonoaudiólogo realiza um trabalho voltado para estimulação da fala, deglutição


e fortalecimento orofacial, pois o andar do cavalo auxilia inclusive no trabalho da
musculação oral.

 Educador físico e Equipe Médica

O educador físico propõe exercícios e atividades que venham trabalhar o indivíduo


globalmente e em suas especificidades, promovendo o seu bem-estar, conforto e
desenvolvimento musculoesquelético.

 Auxiliar-guia

Pessoa que acompanha o deslocamento do praticante a pé, ao lado do cavalo, com


o objetivo de segurança.
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 Família

Ter um filho é um dos acontecimentos mais importantes na vida de um ser


humano. Pois os laços emocionais entre pais e filhos, bem como as emoções dessa
dinâmica, normalmente são intensas (Martinez Martin, 2008). Quando os pais se
deparam com a notícia de ter um filho autista, eles geralmente não acreditam, gerando
assim um processo de resistência frente às reais circunstâncias. Famílias com um bom
funcionamento psicossocial apresentam um bom equilíbrio na coesão e na
adaptabilidade familiar. Por adaptabilidade, entende-se, neste contexto, a capacidade de
mudança da família, a fim de responder eficientemente a uma situação estressante,
negociando as diferenças e tomando decisões em tempo de crise. (Marque e Dixe,
2011). É importante ressaltar que o autismo acarreta mudanças familiares, pois suas
vidas passam a ter novos significados, viver para os filhos, para o desenvolvimento,
como se fosse a missão que devessem realizar. O acompanhamento familiar é muito
importante para o paciente, principalmente na Equoterapia, que trabalha a inserção ou
reinserção social, sendo esta primeira esfera social adquirida no âmbito familiar.
Indubitavelmente, as famílias que se encontram em circunstâncias especiais, promotoras
de mudanças nas atividades de vida diárias e no funcionamento psíquico de seus
membros, deparam-se com uma sobre carga de tarefas e exigências especiais que podem
suscitar situações potencialmente indutoras de estresse e tensão emocional. Segundo
Koegel e cols. (1992), as famílias de autistas revelam um nível geral de preocupação
quanto ao bem-estar de suas crianças depois que os pais não puderem providenciar mais
cuidados para elas. O prejuízo cognitivo da criança é um dos focos de estresse dos pais
nas suas preocupações com as inabilidades (atrasos) linguísticas e cognitivas das
crianças. É comum o achado de dificuldades das mães de crianças autistas em
prosseguir sua carreira profissional devido ao tempo excessivo da demanda de cuidados
que a criança necessita e à falta de ser mãe, enquanto a definição de bom cônjuge no
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caso dos pais de crianças autistas é de alguém provedor de suporte emocional e físico.
As mães de crianças autistas indicam que a gravidade do transtorno da criança
(estresse), o suporte social da mãe (recursos), e o lócus de controle percebido pela mãe
(percepção) foram fatores significantes no ajustamento familiar. O ajuste familiar
aumentou quando o evento estressor externo da gravidade do sintoma esteve menos
severo e quando houver maior suporte social, que visivelmente ajudou a abrandar as
dificuldades de criação da criança autista.

Para tal pesquisa foram utilizados sites de revistas, artigos, jornais e blogs que
tratam diretamente e especificamente do autismo e da utilização da Equoterapia como
um método que traz grandes benefícios para o desenvolvimento de uma forma geral
para os autistas.
15

3. O que os dados revelam sobre a equoterapia

Na equoterapia a estimulação que vem do ambiente e dos movimentos


oscilatórios tridimensionais do cavalo, a qual o autista está exposto, remetem ao mesmo
uma sensação totalmente inusitada, fazendo com que a espontaneidade se aflore e o
prazer em estar montado em um animal que é superior ao seu tamanho em porte e altura
faz com que sua auto-estima e autoconfiança aumentem. O deambular do cavalo é o
mais próximo do caminhar humano, tendo somente 5% de diferença. O movimento
rítmico e tridimensional do cavalo, ao caminhar desloca-se para frente, para trás, para os
lados, para cima e para baixo e, pode ser comparado com a ação da pelve humana ao
andar. Os resultados obtidos com as influências da equoterapia na (re) educação motora
do praticante são vistos nos seguintes fatores:

- postura de base: pois no cavalo a postura do autista é contrária aos padrões


patológicos;

- solicitações cinéticas provocadas pelos movimentos do cavalo, as quais os grupos


musculares de ereção do tronco são estimulados alternadamente por contração e
relaxamento, em um movimento complexo, que por si, estimula a rotação do tronco e
envolve outros segmentos corpóreos e os membros em seqüência ordenados e rítmicos;

- informações sensitivas e sensoriais provenientes do sistema vestibular, dos


proprioceptores dos músculos e articulações. Estas aferências combinam-se segundo o
esquema dos sinais de solicitação cinética organizada pela postura do autista e os
movimentos do cavalo. No entanto, as estimulações sensoriais, visuais e acústicas, que
são captadas pelos movimentos executados, contribuem para a melhor percepção
espacial;

- percepção da auto-imagem, que é o resultado destas informações sensitivas e suas


respostas dinâmico-posturais, seja, como esquema corporal, seja em relação ao próprio
interior psico-intelectual da criança e o ambiente que o cerca;

- o efeito sobre a organização espaço-temporal faz com que a experiência cognitiva do


próprio corpo e do ambiente externo leve automaticamente o autista a uma nova ou até
melhor organização espaço-temporal, proporcionando uma utilização melhor de seu
componente afetivo;
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- modificações na natureza psicológica: a atividade automática do sistema nervoso


central, ligada em sua maior parte à vida de relação, nasce de solicitações de caráter
mecânico, mas também de impulsos superiores que envolvem o aspecto emotivo e
intelectual do complexo psicomotor, que se manifesta de modo parcial, por estímulos
quantitativos e qualificativos. A carência de estímulos adequados pode ser uma das
causas da diminuição destes impulsos. Com a prática da equoterapia, pode-se verificar
que as crianças autistas quando vão para o tratamento e, enquanto estão em tratamento,
sobre o cavalo, todos apresentam uma enorme satisfação em estar montado em um
animal dócil e que os aceita como são. Esta alegria transforma a seriedade da terapia
numa sessão em que o aspecto lúdico predomina e, portanto, a vontade de traduzir seus
sentimentos em palavras ou sons, faz com que a tentativa de comunicação de autistas
que não falam ou apenas realizam alguns sons, seja feita para demonstrar seu mais
nobre momento: o da comunicação, seja com o meio ambiente, com os interlocutores,
com si próprio ou, até como forma de agradecimento ao animal. Interagindo com o meio
ambiente a criança aumenta sua capacidade cognitiva. Os movimentos cadenciados do
animal e a alegria de comandá-lo fazem com que a participação ativa do praticante no
decorrer da terapia traga pontos positivos e incomensuráveis.
17

5. Considerações finais

O autismo é uma síndrome que afeta a capacidade de atenção, comunicação,


imaginação e de comportamento que são possíveis de se verificar desde muito cedo.
As primeiras explicações do autismo foram feitas por Leo Kanner na década de
40. Nas últimas décadas vários estudiosos tentaram explicar a etiologia do autismo. A
criança autista apesar de aparentar ser fisicamente normal possui determinados
comportamentos típicos, como: estereotipias, ecolalia, dificuldade de se relacionar com
outras crianças. Contudo, defende-se a educação em seu sentido mais amplo como
primordial no desenvolvimento de qualquer ser humano e, no caso da criança autista
muito mais, pois a educação é a porta para o não isolamento, as habilidades sociais,
acadêmicas e vivenciais da criança com autismo.
Concluiu-se que a equoterapia é de inteira importância para o tratamento de
diversas patologias, tanto em crianças quanto em idosos, melhorando o equilíbrio,
mudanças de comportamentos emocionais e físicos, da marcha, da postura, da
segurança, da independência, do uso dos outros sentidos e da coordenação dos
movimentos.
As contribuições que o uso da Equoterapia traz para os autistas são enormes, vai
desde o desenvolvimento mental até o físico, fazendo com eles se descubram e
redescubram o mundo ao seu redor. A equoterapia ajuda no desenvolvimento integral
não somente das crianças autistas, mas também dos adultos e dos idosos, pois o contato
diário com o cavalo além de estimular os movimentos do corpo, faz com que o autista
crie afeição pelo animal em questão e a partir daí ele vai ganhando a confiança do
cavalo e o mesmo dele e dessa forma a criança autista vai aprendendo a demonstrar
carinho e atenção às pessoas e se desenvolverá melhor tornando-se independente e
altamente capaz de se relacionar com outras pessoas, de estudar, trabalhar, ou seja, se
torna capaz de viver como qualquer outra pessoa, claro que terá seus limites como todo
mundo tem e eles até mais pelas suas necessidades, porém crescerá e se tornará
independeste sem precisar de outras pessoas para realizar suas atividades diárias.
Faz-se necessário a abertura de centros de equoterapia com profissionais
capacitados, para atender melhor as necessidades dos autistas, para uma melhor
valorização da técnica e inclusão do atendimento no Sistema Único de Saúde,
ampliando assim os recursos fisioterapêuticos, visando a melhoria, o bem estar dos
18
pacientes e a garantia de que eles serão respeitados e de que receberão os cuidados e a
atenção que merecem e precisam.
O dia 2 de Abril foi instituído como o dia do autismo e tem como principal
objetivo conscientizar e lutar contra o preconceito sofrido pelos autistas nas escolas, no
trabalho nas ruas e até mesmo dentro de casa.
É muito importante que a família esteja sempre apoiando, dando amor, carinho e
atenção é justamente onde o tratamento do autista começa, pois de nada vai adiantar que
existam centros especializados de suporte para eles se a família que é fundamental na
vida de qualquer ser humano não tiver a consciência de que o autista pode sim aprender
a conviver com os outros e a viver de forma mais independente sem nenhum problema.
Se uma pessoa possui algum familiar autista precisa antes de tudo encarar a situação de
frente, o preconceito, o medo, a insegurança e o descaso, mas devem também lutar pelos
seus direitos.
 Referências

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<http://www.associacaoequoterapia.com.br/metodo/>. Acesso em 15 de Dezembro de
2014.

BACCARIN, Raquel Yvonne Arantes; MOTA Claudia da Costa. A equoterapia é um


método educacional e terapêutico. Disponível em:
<http://revistas.bvs-vet.org.br/apamvet/article/view/8709> Acesso em: 15 de Dezembro
de 2014.

BRITO, M. C. G. (2013). As contribuições da equoterapia na educação inclusiva.


Curso normal superior da UNIME. Disponível em:
<http://www.equoparaiso.com.br/artigos/AS%20CONTRIBUICOES%20DA%20EQU
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<http://corautista.org/por-onde-comercar.html> Acesso em 9 de Dezembro de 2014.

DECLARAÇÃO dos direitos humanos. Conferência Mundial sobre Educação para


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FREIRE, H. B. G. O Autista na Equoterapia: a descoberta do cavalo. Instituição:


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<http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/news/article.php?storyid=476>
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<http://www.vidamaislivre.com.br/especiais/materia.php?id=1574&> Acesso em 10 de
Dezembro de 2014.

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