Autismo Na Escola Artigo Cientifico 2018

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AUTISMO E APRENDIZAGEM: A IMPORTÂNCIA DA

INSERÇÃO DA CRIANÇA COM ESPECTRO AUTISTA


NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM TRADICIONAL

Ana Elisa Moreira Pinho1

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar uma profunda reflexão sobre o real
trabalho do educador com crianças e adolescentes com Espectro Autista e sua
habilidade de interagir com o mundo ao seu redor. Quando falamos em
aprendizagem, devemos considerar todo o contexto social do discente,
empregando seus conhecimentos prévios para aprimorar e ampliar seus
horizontes. O mesmo deve ser levado em consideração ao falarmos sobre alunos
com Espectro Autista, tendo em vista a capacidade do cérebro do aluno em se
moldar para aprender e compreender o mundo a sua volta. Durante o processo
de aprendizagem é preciso que o educador esteja apto para auxiliar o aluno com
suas limitações e esteja sempre disponível para incentivá-lo a descobrir o mundo
ao seu redor. Para que isso seja possível, é importante conhecer os mecanismos
cerebrais que resultam na aprendizagem, como a memória por exemplo. As
atividades propostas, devem ser bem diversificadas e lúdicas, com a introdução
de jogos e brincadeiras, sempre contribuindo significativamente para o sucesso
da aprendizagem dos alunos com Espectro Autista, uma vez que estimulam a
memória visual, consequentemente acionam outras áreas cerebrais propiciando
a fixação do conteúdo estudado e assim melhorando sua capacidade de
interação também com as pessoas ao seu redor. É preciso valorizar e estimular
as habilidades e competências dos alunos com Espectro Autista respeitado suas
limitações, e só assim será possível alcançar uma aprendizagem significativa.
.
Palavras-chaves: Aprendizagem. Transtorno do Espectro Autista. Professores.
Desafios.

1 INTRODUÇÃO

A condição do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é o tema mais


abrangente e complexo no meio psiquiátrico e no pedagógico. O termo tem
origem no grego: “autos” que significa “próprio” (ZAFEIRIOU et al., 2007).

1Licenciatura Plena em Pedagogia com Habilitação em Treinamento e Desenvolvimento na


Empresa. Email: [email protected]
2

Clemens Benda (APUD BENDER, 1959). O termo autismo, foi citado em um


artigo psiquiátrico, pelo médico psiquiatra suíço Eugene Bleuler, isso em 1911,
o que a psiquiatria tentava descrever era que, o indivíduo tem uma fuga da
realidade e o retraimento do paciente que tinham esquizofrenia. O primeiro
médico que teve um diagnóstico um pouco mais assertivo foi o Doutor Leo
Kanner, um austríaco erradicado nos Estados Unidos, que em 1943, estudou 11
crianças, entre 2 e 11 anos de idade, sendo duas meninas e oito meninos, e os
observavam e registrava as análises em seu artigo intitulado de Distúrbios
Autisticos do Contato afetivo. Até então da época ainda eram bastante
confundidos o transtorno do espectro com esquizofrenia e psicose infantil.

Em 1949 Kanner, referiu-se ao mesmo como uma síndrome, e


denominando-a “Autismo infantil precoce”, e nesses estudos caracterizou que os
portadores da síndrome possuíam uma série de dificuldades de contato com as
pessoas ao redor, e a sua atenção se dirigia quase que única e exclusivamente
em objetos e não se atentavam ao mundo e as situações ao seu redor, e isso as
incapacitava de interagir com outras crianças, e de certa forma isso as isolava
das outras crianças. Kanner fez a separação de autismo e esquizofrenia, para
poder estudar melhor o espectro em sua forma íntegra, embora mantivesse o
autismo dentro do grupo de psicose infantil, porém ressaltou que havia a
necessidade de verificar se o autismo se encaixava no critério de sintoma
primário, desmembrando assim de quadros orgânicos e ou psíquicos também.

Um ano após a publicação do artigo de Kanner sobre o autismo, o médico


e pesquisador também austríaco Doutor Hans Asperger, publica seu artigo que
refuta as ideias de Kanner e critica-o sobre como ainda acreditava que o
indivíduo nascia por ter tido um abandono de país ausentes. Hans cita em seu
artigo, A Psicopatia Autista na Infância, que a síndrome ocorria em sua maioria
em meninos, e que o indivíduo tinha uma desordem de personalidade, que
dentre as características incluía-se a falta de empatia, a baixa capacidade de
interação social, isso incluía fazer amizades, a conversação unilateral entre
outros, Asperger chamava as crianças de pequenos professores, devido as suas
capacidades de discorrer sobre temas detalhadamente. (KANNER, 1971)
3

1.1 SÍNDROME DO AUTISMO X SÍNDROME DE ASPERGER

Profundamente confundida a síndrome de autismo com a síndrome de


Asperger, tem-se detalhes que podem ser observados e classificados como
iguais, por não se ter um diagnóstico mais detalhado e pouco conhecimento no
assunto. Mas as caraterísticas que as diferem é a maior severidade dos sintomas
do Autismo e a ausência de atraso na linguagem na síndrome de Asperger.

Crianças que possuem Asperger, comumente tem uma boa linguagem e


habilidades cognitivas, em que muitas vezes se destacam no indivíduo, para um
observador comum, uma criança com Asperger parece ser uma criança que se
comporta de maneira diferente, talvez até excêntrica e muitas vezes é bastante
desajeitada.

Já as crianças com a Síndrome do Autismo, parecem mais distantes e


menos interessadas em pessoas e mais interessadas em objetos, e muitas vezes
por serem retraídas acabam ficando em seus mundos e interagindo com objetos
poucas vezes interessantes para crianças normais.

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Ut nec augue tempus, efficitur leois. [...] (METRING et al, 2016, p.86)

1.2 SOBRE AUTISMO

A primeira médica psiquiatra a estudar e diagnosticar o autismo foi a


Doutora Lorna Wing, que tinha uma filha com o distúrbio. Até antes dos estudos
e acompanhamentos de Lorna, o que era aceito na comunidade médica
psiquiatra eram as noções que o artigo de Kanner tinha difundido na época,
Kanner classificava a criança autista dentro da psicose infantil, o que Lorna
discordava totalmente, para ela não era a criação ou ter pais ausentes que
tornava a criança a autista, para ela eram fatores biológicos e externos ou
internos que proporcionavam essa condição a criança.
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Alguns critérios eram usados para definir a criança autista, antes usada
por Lena Wing eram:

1. Linguagem correta, mas pedante, estereotipada

2. Comunicação não verbal - voz monótona, pouca expressão facial,


gestos inadequados

3. Interação social não recíproca, com falta de empatia

4. Resistência à mudança - Preferência por atividades repetitivas

5. Coordenação motora - postura incorreta, movimentos desastrados,


por vezes estereotipais

6. Capacidades e interesses - Boa memória mecânica, interesses


especiais circunscritos.

A partir desses critérios Lorna definiu melhor como podia se caracterizar


o autismo em sua forma integral, mas ao longo dos anos foram surgindo novas
características e métodos que melhor entendiam e correspondiam para a
detecção da síndrome.

O Autismo, que pode também ser chamado de Transtorno do Espectro


Autista, pode ser clinicamente diagnosticado através de observações diretas
sobre o comportamento do indivíduo, os sintomas costumam aparecer logo
quando a criança nasce, onde com alguns dos sinais já podem ser observados,
como não manter o contato visual e não apontar com o dedinho, já em seu
primeiro ano de vida a criança passa a demonstrar mais interesse por objetos do
que por pessoas, e quando há interação dos pais em brincadeiras, eles não
expressam muitas emoções.

As crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista, (TEA)


aborda-se um grupo de transtornos que são caracterizados por um espectro
compartilhados de prejuízos qualitativos em sua interação social, que são
acompanhados por comportamentos repetitivos e interesses restritos. De acordo
com Leboyer (1995 apud CHIOTE, 2013), as características mais comuns na
criança com Espectro Autista, são: isolamento, incapacidade de se relacionar
com outras pessoas, distúrbio de fala e até mesmo crianças que não falam.
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Dentro do TEA, pode-se observar que há diversos graus de variedades


que caracterizam-se de leves à complexados, onde o indivíduo com grau leve
tem autonomia e total independência e com dificuldades discretas, já o indivíduo
com um alto grau de complexidade, depende de tutores e pais para o auxiliarem
em atividades por toda a vida.

Uma das vertentes de estudos para se compreender melhor o Transtorno


é estudar o comportamento genético dos pais e tentar padronizar características
que possam dar indício de se a criança ira nascer ou não com a Síndrome, um
dos fatores que podemos destacar é a combinação genética e fatores externos
tais como o uso de drogas e também a influência do ambiente, como a falta de
vitaminas como A Vitamina D, ou até mesmo doenças infeciosas no período
materno e até mesmo uma nascimento precoce.

Segundo Teixeira (2015), quanto mais tardio o diagnóstico, menores são


as chances de algum tipo de avanço no tratamento e na vida adulta.

1.3 AUTISMO E APRENDIZAGEM

Um dos efeitos que são sentidos, não só pelos pais, mas pelo próprio
individuo é a dificuldade de aprendizagem que por não ser tão difundido e tratado
por escolas, pais e médicos, o indivíduo muitas vezes por falta de um pré
diagnóstico, que acaba entrando em uma sala onde os professores não estão
munidos de conhecimento e ferramentas de aprendizagem e acabam defasando
no aprendizado do mesmo. A dificuldade maior ocorre quando há o diagnóstico,
mas por motivos de falta de estruturas financeiras ou sociais, a criança passa a
frequentar uma escola normal, ou até mesmo por falta de estrutura no bairro ou
por ser uma cidade pequena ou de interior e ser a única escola que pode receber
esses alunos, as salas ficar muito cheias e os professores não conseguem
desenvolver com tais alunos, os mesmos ficam em salas separadas diferentes
dos alunos que não possuem tais problemas.

Para que possam ser efetivamente alfabetizados e ensinados os alunos


identificados com Autismo precisam estar em salas separadas em ambiente
maiores e se não for uma escola preparada para receber crianças especiais,
sendo uma escola regular, os professores e alunos tende a estar abertos e
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receptivos aos modos de como a criança ou o adolescente vai lidar com o meio.
Casos que as crianças são inseridas em escolas e aceitas por parte dos alunos
e do corpo docente, seria o mundo ideal de qualquer pai ou mãe com crianças
que tem autismo, mas sabemos que nem sempre são possíveis esses casos de
acontecerem.

Planos pedagógicos tem que ser desenvolvidos de formas separadas para


crianças e adolescentes que são autistas, tais como algumas escolas sugerem
para que haja o acompanhamento da criança por meio de um orientador
terapêutico, para que possa acompanhar e desenvolver o aluno em suas
dificuldades pessoais. Há algumas ONG’S que prestam auxilio a pais que
buscam escolas para seus filhos autistas, uma dessas Ongs é a ONG Autismo e
Realidade, onde um de suas ideias é justamente a inclusão das crianças em
escolas especiais ou não.

Joana Portolese que é a coordenadora do projeto, diz que em diversos


casos já observados e acompanhados pela ONG o que não se pode fazer é uma
individualização das crianças com autismo para com as crianças normais,
segundo a coordenadora “É necessário um plano de ensino que respeite a
capacidade de cada aluno e que proponha atividades diversificadas para todos
e considere o conhecimento que cada aluno traz para a escola".

2 A APRENDIZAGEM

2.1 APRENDIZAGEM NO ESPECTRO AUTISTA

Esse ponto é o inicial dentro do processo de aprendizagem da criança


autista, o processo envolve três etapas no processo de aprendizagem, o primeiro
é a construção, a ação e a tomada de consciência da coordenação de suas
ações. A criança em seu intelecto já constrói um caminho pelo qual ele possa
trilhar, o mesmo quando é exposto a fatores como o aprendizado, torna a sua
fixação de forma diferente a tradicional, onde desenvolve insides, que funcionam
como gatilhos de fixação de aprendizado.
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Segundo Mantoan (2003), a inclusão no ambiente escolar, pode favorecer


e muito no desenvolvimento cognitivo e a coordenação motora da criança. Mas
para que tal ideal seja alcançado, é necessário que haja preparo por parte da
escola com professores capacitados e condições adequadas para o
desenvolvimento sócio cognitivo do aluno.

Outro ponto a ser observado é que o mesmo deve ser exposto a fatores
que fixem o aprendizado e o estimulem, para que assim o cérebro possa captar
a mensagem e armazená-la, porém, o mesmo precisa de estímulos para que
possa exercitar o conhecimento aprendido.

De acordo com Mantoan (2001, apud BRUSCATO, 2015) a questão de


inclusão é poder acolher todo tipo de pessoa com essas características e acolhe-
las com carinho para que elas saibam que futuramente, ocupem o seu espaço
na sociedade, exercendo sua cidadania de forma plena.

Algumas mudanças acontecem quando há a fixação de conteúdos e


aprendizagens no cérebro do indivíduo, uma dessas mudanças são as bases
neurológicas, onde a partir do parieto-occipital primário que fica responsável por
desenvolver a linguagem escrita e oral, já o córtex visual primário é responsável
por todo o processamento de símbolos e gráficos, e a área do lobo parietal são
responsáveis pelas questões visuais-espaciais da grafia.

2.2 DISLEXIA

Um dos problemas mais recorrentes no aprendizado de crianças autistas


é a dislexia, onde ela dificulta não só o aprendizado, mas também a comunicação
e a sua socialização. Crianças com dislexia tendem a ter grande dificuldade em
verbalizar sentimentos, compreender mapas, figuras e símbolos, além do
preconceito que a criança sofre por não conseguir acompanhar o plano
pedagógico comum. Esse transtorno é fruto de uma alteração neurobiológica,
isto é, trata-se de uma condição genética hereditária. Portanto, a dislexia não é
decorrente de má alfabetização ou desatenção, muito menos de falta de
inteligência.

De acordo com Fonseca (2011) o conceito básico de dislexia expressa


“dificuldade da fala ou da dicção”. Do ponto de vista comportamental, a dislexia
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distingue-se por dificuldades no reconhecimento correto de palavras e na


capacidade de decodificá-las.

Sendo considerada uma alteração de aprendizagem, a dislexia


caracteriza-se por dificuldades específicas na realização da leitura e da escrita,
havendo, de maneira geral, dois tipos de dislexia: a dislexia de desenvolvimento
e a dislexia adquirida. A primeira refere-se a alterações no aprendizado da leitura
e escrita com origem institucional, ou seja, ambiental, referente à forma de
aprendizado escolar. Nesses casos, ocorre diminuição da capacidade de leitura
associada a disfunção cerebral, havendo uma alteração específica na aquisição
das habilidades de leitura e consequente dificuldade no aprendizado da leitura.
Existem autores que consideram fatores genéticos como uma das causas de
dislexia de desenvolvimento. Já na dislexia adquirida, o aprendizado da leitura e
da escrita, que foi adquirido normalmente, é perdido como resultado de uma
lesão cerebral. Dislexia e distúrbio da atenção/hiperatividade.

A grande maioria das crianças com déficit de atenção/hiperatividade


apresenta dificuldades escolares, podendo haver a concomitância dessas
alterações com dislexia do desenvolvimento.

Realizou-se um estudo comparando grupos de crianças com dificuldades


de leitura sem déficit de atenção/hiperatividade, crianças somente com déficit de
atenção e hiperatividade, crianças com dificuldade de leitura e déficit de atenção
e hiperatividade, e crianças sem nenhum prejuízo. Foram investigados aspectos
referentes ao processamento auditivo do lobo temporal dessas crianças. Os
resultados da pesquisa não indicaram um déficit nas funções temporais auditivas
em crianças com dificuldades de leitura, mas sugeriram que a presença de déficit
de atenção e hiperatividade é um fator significante na performance de crianças
com dificuldades de leitura. Outra pesquisa realizada na Holanda (Department
of Special Education, Vrije Universiteit, Amsterdã) mostrou que os déficits
inibitórios em disléxicos lexicais podem ser atribuídos a disfunções em estruturas
cerebrais front-centrais envolvidas em inibições motoras, sugerindo que possa
haver uma associação entre dislexia lexical e déficit de atenção/hiperatividade,
já que os dois grupos apresentam disfunção executiva.
9

2.3 O AUTISMO NO CONTEXTO ESCOLAR

Devido à grande carência de qualificação profissional para o diagnóstico


e atendimento à criança autista, a escola padece ao recepcionar este aluno. A
escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras
sociais e se adaptar ao novo ambiente. Esse comportamento é logo confundido
com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento, alguns profissionais
da educação não sabem reconhecer e identificar as características de um
autista, principalmente os de alto funcionamento, com grau baixo de
comprometimento. Os profissionais da educação não são preparados para lidar
com crianças autistas e a escassez de bibliografias apropriadas dificulta o
acesso à informação na área. (Santos, 2008, p. 9)

Santos (2008) afirma que a escola tem um papel importante na


investigação diagnóstica, uma vez que é o primeiro lugar de interação social da
criança separada de seus familiares. É onde a criança vai ter maior dificuldade
em se adaptar às regras sociais, o que é muito difícil para um autista.

Visto que existem diversos tipos de autismo, suas características podem


variar de acordo com essa variedade e consequentemente o processo de
aprendizagem, então há a necessidade de adequação do trabalho pedagógico
para aluno. Como menciona Santos (2008), os autistas do tipo Asperger, por
exemplo, falam perfeitamente bem, até sem erros; mas eles têm dificuldade de
usar a linguagem como meio de contato social, os obstáculos para a
comunicação são sua indisposição ao contato e o foco de interesse restrito.

"O nível de desenvolvimento da aprendizagem do autista geralmente é


lento e gradativo, portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de
comunicação a cada aluno." (Santos, 2008, p. 30)

Cabe também ao educador adaptar e preparar os demais os alunos para


a melhor inclusão do autista no contexto escolar.

"É de responsabilidade do professor a atenção especial e a sensibilização


dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e como se comportam
esses alunos autistas." (Santos, 2008, p.30)
10

Ana Maria Tarcitano dos Santos (2008) ainda alerta que o autista pode
apresentar uma reação violenta ao ser submetido ao excesso de pressão, no
entanto se o programa de aprendizagem está sendo positivo ou se há
necessidade de realizar alguma mudança. É utilizado no Brasil um método de
ensino com o objetivo de atender as necessidades do autista utilizando as
melhores abordagens e métodos disponíveis, é o método TEACCH. Este é um
grande aliado do educador que busca eficiência e eficácia no processo de
aprendizagem de seu aluno autista, pois trabalha com o autista e toda a
sociedade que o envolve.

"No Brasil é muito utilizado o método de ensino TEACCH, que foi


desenvolvido no início de 1970 pelo Dr. Eric Schopler e colaboradores, na
Universidade da Carolina do Norte." (Santos, 2008, p.31)

Faz necessário que o educador tenha demasiada paciência e


compreensão para com o aluno autista para que ele consiga aprender, pois ela
pode apresentar um olhar distante e não atender ao chamado e até mesmo
demorar muito para aprender determinada lição. Mas nada disso acontece
porque a criança é desinteressada e sim porque o autismo compromete e retarda
o processo de aprendizagem, ela precisa de muito elogio, motivação e carinho
para desenvolver sua inteligência.

"É importante a continuidade do ensino para uma criança autista, para que se
torne menos dependente, mesmo que isto envolva várias tentativas, e ela não
consiga aprender. É preciso atender prontamente toda vez que a criança
autista solicitar e tentar o diálogo, a interação, quando ocorrer de chamar uma
criança autista e ela não atender, é necessário ir até ela, pegar sua mão e leva-
la para fazer o que foi solicitado. Toda vez que a criança conseguir realizar
uma tarefa, ou falar uma palavra, ou enfim, mostrar progresso, é prudente
reforçar com elogios. Quando se deseja que a criança olhe para o professor,
segura-se delicadamente o rosto dela, direcionando-o para o rosto do
professor. Pode-se falar com a criança, mesmo que seu olhar esteja distante,
tendo como meta um desenvolvimento de uma relação baseada em controle,
segurança, confiança e amor." (Santos, 2008, p.31 e 32)

3 ESTUDO DE CASO
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O estudo foi feito através de busca de informações sobre a história e o


cotidiano de uma criança autista, respondendo as seguintes indagações:

• Quais são seus interesses?


• Como é seu relacionamento com os familiares?
• Como é sua convivência escolar?
• Quais são suas potencialidades?

O caso pesquisado foi encontrado e pesquisado via internet, exibido em


Programa Especial na televisão em 21 de maio de 2010.

L., uma criança do sexo feminino de 10 anos de idade, portadora de


autismo do tipo Asperger; embora contem em seu interior as dificuldades e
limitações do autismo, é uma criança que vive naturalmente e gosta das mesmas
coisas que uma criança dita como "normal".

A mãe conta que a menina chorava muito e não sabia mamar,


apresentava dificuldade na questão motora (para ela a coordenação motora era
uma coisa muito difícil). Aos dois anos e meio de idade foi diagnosticada como
tendo a síndrome de Asperger.

Relata a mãe que a família ao descobrir está ou qualquer outra anomalia


passa a procurar um milagre, uma pílula mágica, mas tal pílula não existe, pois,
o milagre acontece diariamente. A mãe brinca até de casinha com a filha para
ensiná-la os códigos sociais. Tem também uma filha de quatorze anos de idade,
a qual compreende e pratica diversas atividades com a irmã autista.

Além de consultas com a fonoaudióloga foi acompanhada por


psicopedagogo ao entrar na escola e praticava natação para auxiliar na
coordenação motora.

A escola, com uma visão personalizada a esta criança descobriu nela um


grande potencial para cantar. Certo dia ela subiu no palco porque tinha uma
apresentação na escola, começou então a cantar e notaram sua linda voz. A
escola sugeriu à mãe que colocasse a menina na aula de canto, pois tinha muito
potencial para cantar. Como diz a mãe isso também isso também é uma forma
de ajudar a criança autista a melhorar sua autoestima; ela apresenta dificuldades
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motoras, porém para cantar ela não necessita de coordenação motora e sim de
voz e outras coisas. Ela faz aula de canto e é feliz cantando e a música para ela
é algo que ela pode fazer melhor que os outros, alimentando seu ego.

A menina faz aula de canto, é feliz e integrada na escola dela, acompanha


sua turma (com adaptação, ela tem uma mediação, no início diária depois
passou a três vezes por semana). Mãe menciona que quando a filha entrou nesta
escola apresentava tanta dificuldade de interagir com o outro que não saia
debaixo da mesa; agora ela é completamente interligada ao grupo social, seus
amigos de escola têm muito carinho e cuidado com ela, aprenderam a lidar com
a diferença dela e não a veem como diferente e ao mesmo tempo a ajudam.

Para finalizar a mãe da menina afirma que os pais têm dentro de si um


remédio transformador que é o amor, o amor de entrega, de acolhimento, de
aceitação. Sendo assim o doutor daquilo que o filho tem, encontrando formas de
terapia através de um olhar peculiar que nem os melhores doutores das
melhores universidades do mundo conseguiram encontrar. A mãe de L. visualiza
nela possibilidade de continuar evoluindo, de ter um amor, filhos, carreira e ser
feliz como qualquer pessoa.

4 ANÁLISE DE DADOS

Baseando-se nesse caso verídico percebe-se que é possível que um


autista tenha uma vida normal através de um diagnóstico preciso e de
adaptação, acolhimento da criança no contexto social. Isto quando não iniciado
pela família torna-se uma tarefa exclusiva do educador ao recebê-lo em sala de
aula, dessa forma o aluno que era visto como uma "ovelha negra" da turma passa
a ser vista uma agradável criança que necessita de adaptações específicas para
aconselhar a aprendizagem e compreensão por parte de todos.

4.1 INSTRUÇÃO INADEQUADA

A exclusão baseada na oportunidade de aprender e no fornecimento da


instrução adequada na educação geral faz sentido se não houver nenhum
13

esforço para ensinar as crianças. Porém, essa noção costuma ser ampliada e
incluir crianças cuja instrução é adequada. Embora a ausência de resposta das
crianças à instrução adequada seja um forte indicativo de um transtorno, os
problemas cognitivos associados aos seus TAs assemelham-se aos de crianças
que não respondem adequadamente à instrução. Entre os diferentes critérios de
exclusão, os fatores instrucionais são os menos estudados, mas talvez os mais
importantes. A exclusão baseada na oportunidade de aprender presume que o
campo tem uma boa compreensão do que constitui uma instrução adequada.

Esse não era o caso na época em que a definição federal foi adotada.
Documentos de consenso recentes (Snow, Burns e Griffin, 1998; National
Reading Panel, 2000) deixam claro que sabemos muito sobre como ensinar as
crianças a ler. Pelo menos em relação à leitura, que envolve a maioria das formas
de TAs, a resposta dos estudantes a intervenções de qualidade deve se tornar
parte da definição de TA, representando um grande ímpeto para os modelos
baseados na resposta à instrução (Gresham, 2002; Fuchs e Fuchs, 1998). Por
que usar os complexos critérios de identificação e os caros procedimentos da
educação especial antes de se experimentar uma intervenção no início do
desenvolvimento da criança? A falta de resposta da criança a uma intervenção
de qualidade pode ser a melhor maneira de operacionalizar a noção da
oportunidade de aprender.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que as dificuldades não só em detectar o Autismo e, mas em


incluir o indivíduo em escolas regulares e ou particulares vem sendo um
problema constante. Através de pesquisas realizadas ao longo dos anos, notou-
se que os planos pedagógicos regulares já existentes não estão aptos totalmente
a atender à crescente demanda de alunos Autistas.

Já existem esforços para que sejam adaptados os planos pedagógicos


para a criança Autista, porém ainda sem um efetivo sucesso pela defasagem do
ensino e infraestrutura adequada a acolher e capacitar essas crianças. O ensino
14

regular já tem o auxílio de mais uma professora, para que a mesma possa
dedicar uma maior atenção a esses alunos, também já temos em todas as
escolas do pais a obrigatoriedade de uma sala especial para que possam aplicar
planos pedagógicos com diferentes formas de abordagem para que a criança
venha se desenvolver de forma continua e efetiva.

Esses esforços mostram resultados positivos, dos quais as pesquisas


mais recentes mostram que há um maior número de casos de crianças autistas
frequentando o ensino fundamental, antes esses casos além de isolados
proporcionavam as crianças um maior abandono devido as dificuldades não só
escolares, mas em questões de adaptabilidade ao ambiente externo e social.
Assim com os estudos vê-se que é possível sim educar e ensinar essas crianças
e que os esforços para superarem as dificuldades como a dislexia, vem sendo
trabalhado pelos pedagogos e a sociedade em si.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Constituição: República Federativa do Brasil 1998. Ministério da


Educação. Brasília-DF. Esplanada dos Ministérios, 1998.

BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Lei Nº 9394. Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Brasília-DF: Editora do Brasil, 1996.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Necessidades Educativas Especiais –


NEE. In: Conferência Mundial sobre NEE: Acesso em Qualidade – UNESCO.
Salamanca/Espanha: UNESCO, 1994.

GARDNER, H. Estruturas da Mente: a teoria das Inteligências Múltiplas. Porto


Alegre: Artmed, 1994.

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre:


Artmed, 1995.

RELVAS, Marta Pires. Neurociências e Transtornos de Aprendizagem: as


múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 6ª ed. Rio de Janeiro: Wak
Edtora, 2015.

Teoria das Inteligências Múltiplas. Disponível em: http://www.psiconlinews.com


– Acesso em 10 de abril de 2017.

FONSECA 2011: a Dislexia e suas implicações no contexto escolar. Porto Alegre

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