Calendario Zoosanitario Caprino Ovino PUBVET
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Resumo
O potencial para consumo interno de carne ovina e caprina na região Sudeste do
Brasil é enorme, em especial de produtos que atendam os preceitos de qualidade
sanitária e denominação de origem. Para tanto, o objetivo deste trabalho é
apresentar os conceitos fundamentais de Boas Práticas de Manejo, de Gestão
Sanitária e de Bem-estar Animal, que executados em distintos sistemas de
produção, visam que estes sejam sustentáveis. Boas Práticas de Manejo são
técnicas e normas de conduta visando incrementar a produção animal, garantir
segurança e qualidade da carne produzida, conquistar maior confiança e
RODRIGUES, C.F.C. et al. Boas práticas, gestão sanitária e bem estar animal na produção de
ovinos e caprinos. PUBVET, Londrina, V. 6, N. 11, Ed. 198, Art. 1330, 2012.
Abstract
The potential for domestic consumption of goat meat and sheep in the Southeast
region of Brazil is huge, especially for products that meet the precepts of health
and quality designation of origin. Therefore, the objective of this work is to
RODRIGUES, C.F.C. et al. Boas práticas, gestão sanitária e bem estar animal na produção de
ovinos e caprinos. PUBVET, Londrina, V. 6, N. 11, Ed. 198, Art. 1330, 2012.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O rápido retorno econômico, a possibilidade de integração com diferentes
sistemas de produção animal e vegetal e o amplo mercado consumidor a ser
conquistado, principalmente o de produtos cárneos, credenciam a
ovinocaprinocultura como atividade economicamente viável, tanto para a
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Calendário Zoossanitário
A melhor maneira de se aperfeiçoar os procedimentos relacionados ao
manejo sanitário dos rebanhos é fazendo um planejamento das ações e
programação das atividades - como, por exemplo, as vacinações, aplicação de
vermífugo, corte da cauda, apara de cascos, banho contra parasitas, eventuais
colheitas de sangue e fezes para exames, etc. - conforme as necessidades ao
longo de um período, que pode ser de 1 ano ou 6 meses - dependendo da
necessidade da propriedade - e fazendo um agendamento dividido por semanas
ou quinzenas.
A programação das atividades só facilita o trabalho de todos os envolvidos
no manejo do rebanho, reduzindo gastos com mão-de-obra, aumentando a
eficiência de vermífugos e dos banhos contra parasitas – pois serão utilizados em
períodos estratégicos, conforme a época do ano. Aumenta também a eficiência do
manejo reprodutivo, reduzindo as repetições de cio e permitindo a implantação
de estações de monta.
É interessante que se faça um calendário para cada categoria animal. Por
exemplo, os procedimentos de manejo das matrizes durante a estação de monta
até o período de parição deve estar detalhado em um calendário apenas,
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podendo-se incluir o manejo dos cordeiros até a desmama. Outro calendário pode
ser utilizado para se detalhar os procedimentos de manejo dos cordeiros e
cabritos durante o período de engorda até o abate, e assim sucessivamente.
Temos a seguir um exemplo simplificado de calendário para procedimentos
de manejo sanitário em uma propriedade produtora de ovinos de corte.
1° Quinzena 2° Quinzena
Início da estação de monta
Janeiro Vermifugação se necessário (**)
Colheita de fezes (*)
Fevereiro Pedilúvio
Março Fim da estação monta
Coleta de sangue para leptospirose e
Abril brucelose/
Clostridiose fêmeas prenhes (1°dose)
Pedilúvio / Clostridiose(reforço
Maio
fêmeas prenhes)
Junho P Descola
A
R Clostridiose nascidos em
Julho Descola
I junho(1°dose)
Ç Pedilúvio
Agosto à Clostridiose dos nascidos em Descola
O junho(reforço) e julho(1°dose)
Clostridiose dos nascidos em
Setembro
julho(reforço) e agosto(1°dose)
Coleta de sangue para leptospirose e
brucelose.
Outubro
Clostridiose dos nascidos em
agosto(reforço)
Tosquia e 2 dias após, banho de
Novembro Casqueamento / Pedilúvio imersão, pulverização ou
ectoparasiticidas injetáveis
Dezembro Repetir banho de imersão
Exame andrológico
(*) Colheita de fezes feita mensalmente.
(**) A vermifugação deve ser feita de acordo com os resultados do exame
coproparasitológico.
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Bem-estar animal
Segundo as diretrizes da Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE),
animais criados com finalidade de produzir alimentos têm direito de sobreviver
dignamente e, dessa forma, comprovadamente, a produção tende a melhorar
conforme melhores são as condições de vida do rebanho.
Em uma propriedade produtora de ovinos e ou caprinos, por exemplo, os
animais que não sofrem estresse engordam mais rapidamente, as fêmeas
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Saúde Pública
A ovinocaprinocultura exige uma mão de obra especializada para o manejo
dos animais. Essa mão-de-obra deve ser preparada adequadamente para que não
ocorram situações que interfiram no bom andamento da criação.
O ovinocaprinocultor deve ter a consciência que incentivar a realização de
treinamentos e capacitação para todas as pessoas envolvidas na atividade é um
investimento que garantirá a viabilidade econômica do seu criatório.
Medidas devem ser tomadas em relação à eventual transmissão de doenças
que podem ser comum entre os animais e o homem, as chamadas Zoonoses.
Algumas zoonoses podem ser relacionadas diretamente à criação de ovinos
e caprinos, como por exemplo, a epidedimite ovina (bruelose ovina), a
leptospirose, a toxoplasmose, a raiva e a linfadenite caseosa e o ectima
contagioso, que já foram devidamente esclarecidas nos capítulos anteriores.
A maior preocupação deve ser com os trabalhadores que lidam com os
animais e que estão constantemente suceptíveis à possível transmissão dessas
enfermidades vindas do rebanho.
Os equipamentoss de proteção e segurança que serão utilizados pelos
criadores e/ou funcionários de uma propriedade produtora de ovinos têm
importância fundamental para minimizar ou suprimir as possibilidades de
contaminação, como por exemplo, a utilização de luvas e máscaras descartáveis
quando no trato com animal doente ou em uma manipulação de ferimento em
qualquer região do corpo do animal.
Não só no contato direto com o animal, mas também na limpeza e
higienização das instalações, existe o risco de contágio de diversas doenças. Isso
obriga também o uso de equipamentos de proteção e desinfetantes apropriados.
É importante ressaltar que um funcionário que se encontre em condições
precárias de saúde tem seu desempenho reduzido e está mais susceptível a
enfermidades e a sofrer acidentes de trabalho, podendo interferir nos resultados
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Considerações finais
Para o setor produtivo animal o desenvolvimento e apropriação de
inovações tecnológicas visam basicamente dois aspectos: aumentar a
produtividade e minimizar impactos econômicos negativos, prioritariamente
daqueles desencadeados por agentes etiológicos potencialmente zoonóticos. Uma
eficiente produção animal é resultante da gestão sanitária e financeira da
atividade, e tem, por exigência do mercado, na oferta de alimentos inócuos a
preços mais competitivos a sua meta finalista. A percepção da qualidade sanitária
dos produtos alimentícios pelo público consumidor é determinante na formação e
fidelização de novos mercados. A rastreabilidade e a certificação de produtos de
origem animal, fundamentais nesse processo e cada vez mais consideradas como
critérios para a aquisição de alimentos, são intrinsecamente dependentes de
inovações ou aperfeiçoamentos das normas e protocolos que regem a sua
produção. A qualidade sanitária dos rebanhos, o respeito aos aspectos gerais de
conforto e bem-estar animal, a promoção e preservação da saúde pública e o
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