Adoradores de Deus Ou Servos de Satanás 38
Adoradores de Deus Ou Servos de Satanás 38
Adoradores de Deus Ou Servos de Satanás 38
INTRODUÇÃO
O livro de apocalipse é um dos livros menos lido entre os cristãos por causa dos
acontecimentos proféticos que anunciam o fim dos tempos. Suas palavras tem
causado espanto, admiração, medo, rejeição, ódio e principalmente confusão. E por
conta dessas dificuldades e paixões geradas por esse misterioso livro, muitos o
rejeitam achando que se trata de um texto indecifrável. A realidade desses
sentimentos e a atitude radical demonstrada nessas pessoas, deveria fazer sentido
àqueles que não fazem parte do corpo de Cristo, porque, na verdade, para um cristão
esse livro traz esperança, alegria, certeza e satisfação ao ver a glória de que o nosso
Senhor não apenas venceu e vencerá, mas que Ele é vencedor.
Das descrições acima sobre as atitudes com respeito a leitura desse livro, creio que o
que poderia ser verdadeiro para a igreja seja a confusão pelas inúmeras visões sobre
esse tema. Há tantas escolas de interpretação, tantas linhas de pensamento e tantos
livros publicados sobre o assunto dentro do contexto evangélico que, realmente, uma
grande confusão tem sido gerada por inúmeros pensadores que com bom intento,
creio, tem tentado ajudar a igreja com respeito as suas expectativas sobre a volta do
Senhor e, diante das circunstâncias difíceis que cada irmão através dos séculos tem
sofrido por Cristo, acabam cometendo o erro de ver em seus dias o cumprimento das
palavras proféticas. Essa atitude de grande esperança causou inúmeros problemas e
corroborou para as dificuldades que enfrentamos hoje ao estudar esse livro.
Porém, o meu intento nessas palavras não é me enveredar por alguma linha
escatológica que possa, irresponsavelmente, conflitar com a visão daqueles que estão
diante dessas letras. Meu objetivo não é presunçoso e nem dogmático, é simples,
grave, porém simples. Muitas das vezes deixamos esse livro de lado por temermos
interpretar de forma equivocada algum símbolo que o apóstolo João descreve. Se
você, por acaso, não visita constantemente essa carta tremendamente revigorante
para a igreja sofredora por medo ou receio, creio que satanás, o nosso inimigo, teve
êxito em sua estratégia de afastá-lo de um livro que revela seus planos, sua agenda, o
espírito de nossa época e, principalmente, a vitória de Cristo sobre a antiga serpente
profetizado em Gênesis 3:15.
Apocalipse é uma carta aberta, e aberta significa que podemos ler, entender e
interpretar usando todas as leis da hermenêutica para que pisemos em terreno
confiável. É um livro que fala sobre o futuro? Sim, mas o futuro da igreja que, unida a
Cristo, toma do futuro de seu salvador como o seu próprio futuro. Nós não temos
futuro, mas Cristo sim.
CAPÍTULO 1
A ADORAÇÃO AO DRAGÃO
Eu, como qualquer outro leitor, muita das vezes não me apercebo de uma questão
séria em algum texto da Bíblia, até que uma leitura mais acurada e calma abra meus
olhos para ver a realidade e seriedade de um texto, que antes não tinha muito sentido
e nem luz para o entendimento. Pois bem, isso aconteceu ao ler o texto de Apocalipse
capítulo 13. Por muito tempo eu havia lido essa passagem sombria da besta que subia
do mar e representava o homem da iniquidade que surgiria nos últimos dias para
desafiar o criador, e nunca tinha me atentado para a profundidade do que o apóstolo
João escrevera.
O texto nos fala de um império real e um imperador humano, que terá sobre si a
natureza de todos os reinos visto por Daniel na sua interpretação do sonho de
Nabucodonosor e, principalmente, da sua própria visão que teria muitos anos depois.
No caso do rei da Babilônia, a visão era de uma estátua que se dividia em quatro
partes, ouro, prata, bronze, ferro e por fim, ferro misturado com barro, que
representava os quatro impérios humanos que existiriam até os últimos dias. Com
Daniel a visão era mais terrível, e quatro animais que representavam as quatro partes
da estátua de Nabucodonosor, apareceram para ele em sonho. O rei da Babilônia havia
visto a aparência do mundo, mas Daniel viu a verdadeira natureza do mundo. E o
profeta pôde contemplar a natureza caída do homem, a mesma natureza da serpente
que se disfarça num belo animal inocente e enganoso, mas, todavia, terrivelmente
destruidor. Para Nabucodonosor, assim como para todos aqueles que jazem no
mundo, é ouro, prata, bronze e ferro reluzindo em glória, mas para aqueles que como
Daniel tiveram a revelação da natureza deste mundo, é três animais ferozes, e o
quarto tão terrível que Daniel nem sequer conseguiu nomeá-lo.
E dessa visão podemos concluir que todas as bestas vistas por Daniel fazem parte da
quarta besta que ressurgirá nos dias finais, cujo o aspecto era tão terrível que
terrificava aqueles que a contemplavam, segundo a visão do profeta, sendo cada uma
delas características bestiais do último império que emergirá do mar da revolução e
anarquia humanos1 e, por fim, se levantará na realidade de um reino que será
diferente dos demais, cuja a autoridade será delegada pelo próprio satanás ao homem
da perdição, e devorará toda a terra fazendo-a em pedaços debaixo de seus pés. Sim,
sabemos que o anticristo, a besta que sobe do mar, será adorado pelos homens, e esse
fato está relacionado a blasfêmia que cada cabeça desse reino teve e terá. Eles foram e
serão deuses, e receberam e receberão de um mundo maravilhado a adoração devida
somente a Deus.
No entanto, no início do verso 4 nos deparamos com uma situação desconcertante.
Sim, eles adorarão o anticristo pelo o que ele é, pelo o que ele faz e pelo que terá,
porém, essa mesma sociedade prestará adoração explícita ao próprio dragão, satanás,
lúcifer, a antiga serpente. Diz assim o texto:
Adoraram o dragão, que tinha dado autoridade a besta, e também adoraram a
besta, dizendo: “Quem é como a besta? Quem pode guerrear contra ele?” Ap
13:4
É fácil passar por essas linhas e não prestar a atenção necessária ao que está no verso.
Mas será chocante quando você perceber que o próprio satanás será adorado em
pessoa de forma direta, e não intermediada pelo anticristo. Mas é realmente dessa
forma que o texto é entendido e interpretado por todos os comentaristas? Bem,
parece que nem todos olham por esse ângulo. Stanley, em seu comentário sobre
Apocalipse, assim interpreta esse texto:
A adoração a satanás será feita através da besta. Mas os seus adoradores não
desconfiarão que o poder e a autoridade da besta vêm do dragão. 2
Seguindo a mesma interpretação de Stanley acima, Simon Kistemaker em seu
comentário escreve:
A intenção de João é esclarecer que o culto ao dragão é o mesmo culto à besta,
isto é, a besta é o instrumento na mão do dragão. Por todo este capítulo o
dragão é apresentado, porém sempre por trás da cortina; a besta está fazendo
o trabalho dele.3
Porém, quando olhamos para o texto, João tem o cuidado de fazer uma distinção
fundamental escrevendo que tanto o dragão, assim como o anticristo, receberá
adoração consciente e não inocente de seus súditos. Não há como não ver essa
verdade tão clara no texto citado. Hernandes Dias Lopes em seu comentário sobre
Apocalipse corrobora com o que estudaremos e a linha que seguiremos nesse estudo.
É um tema central no livro de Apocalipse: a noiva está adorando o Cordeiro, e a
igreja apóstata está adorando o dragão e o anticristo. O mundo está ensaiando
essa adoração aberta ao anticristo e Satanás. O Satanismo e o ocultismo estão
em alta: As seitas esotéricas crescem. A Nova Era proclama a chegada de um
novo tempo, em que o homem vai curvar-se diante do “Maitrea”, o grande
líder mundial. A adoração de ídolos é uma espécie de adoração de demônios. A
necromancia é uma adoração de demônios. O grande e último plano do
anticristo é levar seus súditos a adorarem a Satanás. Esse será o período da
grande apostasia. Nesse tempo os homens não suportarão a verdade de Deus e
obedecerão a ensinos de demônios. O Humanismo idolátrico, o endeusamento
do homem e sua consequente veneração é uma prática satânica. Adoração ao
homem e adoração a Satanás são a mesma cousa.4
Para não termos dúvidas com respeito ao texto e a ação dessa sociedade dos últimos
dias, Strong assim define o significado do termo proskuneo, adoração no grego, usado
nesse texto:
Um cachorro que lambe a mão do seu mestre. Beijar a mão de alguém em sinal
de reverência, cair de joelhos e tocar o chão com a testa como uma expressão
de profunda reverência. Ajoelhar-se, prestar homenagem ou reverência a
alguém, seja para expressar respeito ou para suplicar. Usado para reverência a
pessoas e seres de posição superior.5
Seguindo a lógica natural sem fazer violência ao texto em nossa interpretação, a
adoração ao dragão será uma adoração consciente de uma geração totalmente
satisfeita e plenamente realizada pelo anjo caído, a antiga serpente, o libertador dos
homens. O mundo caminha para essa triste realidade, e o Apocalipse apenas descreve
o que tem se tornado verdadeiramente claro a cada dia em nossa geração. Aqueles
que um dia foram iluminados pela luz da razão, renasceram para a liberdade das
superstições e que viviam zombando dos cristãos que adoravam a Jesus Cristo,
adorarão àquele que ressuscitará o filho da perdição, e que dirá a todos que o dragão
é a luz para os homens, o espírito de vida e o salvador da humanidade.
E essa é a maior tragédia de toda essa secularização de nossa sociedade. Homens que
foram iniciados na religião humanista e que receberam as ciências espúrias, estão
gerando não uma geração cética, e sim aberta a crer em qualquer coisa,
principalmente no dragão. John Mackay entendeu em parte esse problema e disse que
“a crença no nada não é clímax do processo de secularização. A tragédia de nosso
tempo não é o ceticismo, mas a fé em qualquer coisa”. 6 Na verdade essas duas
tragédias andam juntas e de mãos dadas. É o ceticismo em Deus que fará com que a
sociedade dos dias finais seja mais crente até que muitos verdadeiros crentes. Pois,
como disse Chesterton, “quando um homem volta as costas para Deus não é porque
ele não crê em nada, mas é que ele crê em tudo”. E essa crença em tudo conduzirá o
povo em rebelião a se prostrar diante da antiga serpente em adoração.
Mas como a sociedade chegará a esse ponto de total admiração à serpente ao ponto
de adorá-lo conscientemente? Parece loucura que a humanidade um dia se dobrará
diante da antiga serpente e a adorará como o seu deus. No entanto, as correntes de
pensamento estarão tão distorcidas que essa abominação, por fim, será possível. “O
terror outrora inspirado pelo mero nome do príncipe das trevas tem sido
gradualmente dissipado pela negação de sua existência, pelas teorias que incluem em
uma redenção universal e pela disposição geral de considerá-lo, se existe tal ser, como
não totalmente mau ou irrecuperável”.7
Esse movimento rebelde e revolucionário tem se levantado por toda a história humana
desde os seus princípios, começando por Eva através das palavras maliciosas da
serpente, seu filho Caim, aquele cujo os ofitas declaram ser o representante espiritual
mais elevado, passando por Cam, que marca um novo princípio maligno, e se
estabelecendo na vida e reinado de seu neto, mais conhecido como Ninrode, o
fundador de Babel, líder guerreiro de uma geração iníqua como ele. E essa adoração
direta que um dia a serpente recebeu nesses tempos de outrora, retornará na forma
dos modernos espiritualistas e teosofistas da doutrina gnóstica que, assim como
descreve Pember, “afirmam que a serpente é o verdadeiro amigo do homem por tê-lo
guiado ao que é a fonte de todo o poder humano, a árvore do conhecimento”. 8
Mas como tudo isso começou? Quem está por detrás desse movimento rebelde em
visível processo de expansão? Quais as suas origens? Bem, pra respondermos essas
perguntas temos que começarmos do início, pois, o início nos responderá sobro o fim.
TIJOLOS OU PEDRAS?
Em nosso estudo até aqui descobrimos que a Babilônia tem o seu nascimento bem no
princípio da criação humana, mais precisamente nos filhos que descenderam de Noé. E
quando estudamos Apocalipse 17 e 18 compreendemos que naqueles dois capítulos a
Babilônia de Ninrode tem, agora, não somente uma face, mas duas faces: religiosa e
político econômica que será representada, não somente por um sistema religioso
ecumênico, mas por uma cidade literal. Percebemos a ligação entre esses dois pontos
na influência que essa cidade terá sobre toda a terra nos últimos dias. A parte religiosa
está preparando a chegada do anticristo e a adoração ao dragão, o seu verdadeiro
deus. E a parte econômica está sendo levantada não para que o homem cumpra o
mandato cultural de Deus ao se espalhar sobre a terra e dominar a natureza
produzindo de seu trabalho, as riquezas para o seu sustento necessário para uma vida
digna do Criador. A Babilônia político econômica que será a capital do anticristo
despertará a luxuria, a lascívia, os desejos da carne, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida, cumprindo, por fim, a visão sinistra que o profeta Zacarias teve de
uma mulher escondida dentro de uma efa. Zc 5:8
O texto de Zacarias é bem significativo. O profeta em suas visões vê, alertado por um
anjo, uma vasilha que vinha surgindo. O anjo alerta com respeito a ela: “Aí está o
pecado de todo o povo desta terra”. E quando a tampa de chumbo é retirada, uma
mulher estava sentada dentro do cesto, e diante da revelação o anjo logo declara:
“Esta é a Perversidade”. Esta denominação para a mulher é a mesma que o apóstolo
Paulo usa para se referir ao anticristo quando o descreve como iníquo, que significa
rebelde. Hoje a abominação da Babilônia está oculta na efa e muitos, principalmente a
igreja, não percebe as a sua influência no comércio mundial, mas chegará um dia em
que o mistério será revelado quando essa efa for levada para a Babilônia, onde um
santuário será construído para ser contemplada e adorada pela humanidade
maravilhada, assim como nos dias de Ninrode toda uma geração corrompida e rebelde
o seguiu. Zc 5:11
Diante da face religiosa, Apocalipse 17 verso 5 nos diz que ela é a grande prostituta, e
na sua testa estava escrito “mistério: Babilônia, a grande; a mãe das prostitutas e das
práticas repugnantes da terra”. E o fato importante é que ela estará assentada sobre a
besta, mostrando que haverá uma forte aliança entre o sistema religioso e político
econômico nos últimos dias. Devemos nos atentar que o mistério da Babilônia religiosa
do fim estará sendo guardada por uma outra mulher conhecida como uma de muitas
prostitutas. O Mistério não nasceu dessa mulher, essa mulher herdou o mistério e a
usará para o seu próprio fim até que seja julgada por Deus. Essa prostituta, que herdou
esse mistério, não é a mãe, na verdade ela é uma de suas filhas, pois a mãe é tão
antiga quanto a própria humanidade, e no fim todas as prostitutas da terra se unirão a
sua mãe, formando uma só religião, retornando a sua origem.
A origem da grande mãe das abominações sempre apontará para o próprio Ninrode, o
primeiro grande rebelde que se levantou contra Deus e iniciou os cultos de mistério
que tinha submergido nas águas do dilúvio. E no início de seu culto somente poucos,
mais precisamente a elite como os iniciados, poderiam conhecer a revelação desse
mistério. E no ritual em si, esses iniciados para terem o privilégio de adentrar nos
mistérios ocultos, tinham de tomar do cálice e, quando estavam em frenesi alcóolico
inebriante semiconscientes, uma voz lhes dizia o seguinte mistério: “Você não precisa
de um salvador. Você tem condições de salvar a si mesmo. Procure fazer o bem com as
próprias mãos, procure melhorar a si mesmo e então alcançareis o céu”. 18
Esses iniciados eram tomados pelo mistério, possuídos pelo espírito da Babilônia e não
mais se tornavam a mesma pessoa de antes. Agora, com a revelação, eles se
transformavam em deuses que não precisavam de um salvador, pois, eles eram
salvadores de si mesmo. Aqui se encontra o mistério da Babilônia, o mesmo princípio
que está no centro de todas as religiões que é, na verdade, a religião de Ninrode e seus
mistérios, e que certamente podemos encontrar esse mesmo mistério sendo ensinado,
pregado e se tornando o mais “puro” evangelho na igreja. No entanto, o que muitos
não entende é que esse evangelho não é o evangelho de Cristo, mas o mistério de
Enoque, Lameque, Cuxe e Ninrode que lhes foi conferido por anjos caídos.
No princípio da religião Babilônica eles também passaram a adorar o homem Ninrode,
o deus sol, assim como sua esposa, Semíramis, a deusa lua. O culto a deus, assim como
a uma deusa que tem sido a base religiosa de muitas religiões no passado e no
presente, remonta a sua origem a abominação a qual Ninrode impôs sobre os povos
antigos. Diante disso, a Babilônia original que oriunda de Ninrode se tornou a mãe de
todas as religiões, pois todas as religiões, de alguma forma, derivam suas práticas,
cultos, crenças e filosofias desse mistério.
Retornando para a construção da torre de Babel em Gênesis 11, percebemos o
princípio demoníaco ali presente e o espírito que move as religiões, principalmente a
igreja do Senhor nesses dias.
Saindo os homens do oriente, encontraram uma planície em Sinear e ali se
fixaram. Disseram uns aos outros: vamos fazer tijolos e queimá-los bem.
Usavam tijolos em lugar de pedras, e piche em vez de argamassa. E depois
disseram: vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus.
Assim o nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra”.
Gn 11:2,4
Uma antiga lenda asteca relata essa história corroborando com o texto bíblico de
Gênesis. Essa lenda dizia que o povo havia coletado materiais para esse propósito, e eles
encontraram uma argila muito adesiva e betume com os quais eles rapidamente
começaram a construir a torre.18 No entanto, o projeto da construção desse grande
zigurate esgotou todos os recursos, limitando a força de trabalho ao ponto do colapso.
Babel se tornou um enorme fardo para as pessoas e para os recursos naturais 19,
fazendo Ninrode, diante do desânimo e da recusa do povo para continuar o projeto, se
tornar um tirano de proporções lendárias, escravizando a todos para forçá-los a
concluírem tal obra.
Esse fato histórico é muito significativo para o que estamos desenvolvendo em nosso
estudo. A forma como Jerusalém e Babilônia foram construídas delineia como os mais
conhecidos construtores da Bíblia desenvolvem os seus projetos. E as diferenças de
suas obras é de uma distância abismal intransponível.
O texto bíblico, corroborado pelos fatos históricos, revela que a intenção desse povo
rebelde era construir a cidade usando as suas próprias forças do início ao fim. Eles,
obstinadamente, decidiram construir aquele zigurate de tijolos queimados a palha, e
em nenhum momento eles usaram pedras. Há um significado profundo nessa decisão
de Ninrode e da intelligentsia da época. Aquilo que o povo intentava em seu coração
não deveria ter nenhuma ajuda divina, nada natural em sua composição, e qualquer
outro material que dispensasse o esforço humano não poderia fazer parte daquilo que
eles conquistariam. A torre seria um memorial de todo o esforço humano para se
alcançar o céu, representando o que o homem, com suas obras, esforços e realizações
seria capaz de conquistar.
O significado da Babilônia está declarado no texto. Tijolos representam o mandato
cultural corrompido, degenerado, rebelde, portanto, satânico que, influenciado pela
voz da serpente, disse para si mesma “que subiria até os céus e ergueria o seu trono
acima das estrelas de Deus”. Essa cidade representa todos os esforços do homem, suas
capacidades e sua proclamação de independência dizendo que Deus não é mais
necessário para que o céu venha a terra, ou a terra se torne o céu. Segundo o que está
relatado em Apocalipse 17, essa Babilônia blasfema representa o falso cristianismo
que rejeita a autoridade do Espírito Santo e sua soberania na salvação humana. Tudo é
feito baseado em seus próprios esforços, e aquilo que é feito na força do braço
consiste de tijolos queimados besuntados de betume declarando para Deus que o
homem é salvador de si mesmo.
Na Babilônia não há margem para a ação de Deus. Não há um Deus soberano na
salvação. A graça não está nem no banco dos réus, pois já está condenada. Tudo gira
em torno do homem, e dessa forma Deus é colocado à parte como um deus inferior,
submisso, fraco e impotente. Nesse princípio satânico o homem se torna suficiente
para todas as coisas, pois ele é a medida de tudo, o centro do universo, o senhor de
seu destino. Por isso o ministério nasce de Deus, é sustentado por Deus, capacitado
por Deus e levado adiante por Deus. Nada do homem natural pode ser misturado a
obra do Senhor.
Quando alguém pensa que é capaz de ser e fazer algo na obra de Deus por causa de
seus talentos naturais, facilmente se reconhece o cheiro da palha queimada assando
os tijolos para que Babel seja novamente estabelecida. Conta-se que certa feita
quando Jimmy Swaggart estava no auge de seu ministério, ele se encontrava na
Argentina para pregar numa grande cruzada evangelística. Havia mais de 100 mil
pessoas naquele estádio aguardando o “grande” pregador norte americano. Quando
esse homem perguntou a seu coordenador como estava a situação do evento e ele lhe
respondeu com esses números, Jimmy Swaggart respondeu, revelando todo o
princípio satânico provindo das profundezas da Babilônia, com essas blasfemas
palavras: “Deus precisa de meu ministério para evangelizar o mundo”. No entanto, o
que esse pretenso pregador não sabia é que Deus jamais aceitará tal mistura carnal e
diabólica em sua Nova Jerusalém.
Quando lemos sobre a Nova Jerusalém que desce do céu em Apocalipse 21, tudo o que
a compõe é celestial. Nela não há lugar para o homem, suas capacidades, sua glória,
seus esforços, seus méritos e realizações. Nada nessa cidade remete os nossos
pensamentos para a criatura. Não devemos nos esquecer que tudo o que é do homem
pode ser exteriormente ouro, prata, bronze e ferro, mas na realidade a sua natureza é
bestial, satânica, rebelde. O nosso Senhor uma vez nos alertou dizendo que tudo o que
está no mundo é do maligno e está debaixo de julgamento aguardando o grande dia. E
foi está palavra do Senhor que Jimmy Swaggart havia se esquecido e não percebeu
que, por mais alto que ele pudesse construir a sua torre de tijolos queimados, o céu de
Deus é muito mais alto que a altura mais alta do homem.
E a diferença primordial entre essas duas cidades é que Jerusalém, segundo o
propósito de Deus, era cercada por pedreiras, enquanto que em Sinear, demarcando a
sua pretensão, não existia essa fartura de obra prima para a construção do zigurate.
Porém, quando alguém toma de uma pedra para se construir algo, facilmente ele
reconhece que aquilo fora criado por Deus. Não há o que possa ser feito para
contribuir. Tudo é feito com base naquilo que Deus mesmo já fez. Na Nova Jerusalém
tudo é graça. Tudo é favor imerecido da parte do Deus trino. E aqui está o princípio do
evangelho e da Nova Jerusalém em contraste para o princípio da Babilônia: Deus vindo
em busca do homem, descendo do céu.
Quando o povo da planície se uniu para levantar aquele zigurate em afronta a graça de
Deus, todos os recursos possíveis foram necessários para se construir aquela blasfema
aberração, e o povo que estava debaixo da escravidão de Ninrode tinha sobre si um
grande fardo por demais pesado. Quando Jesus apareceu pregando as boas novas da
Nova Jerusalém que desce do alto, o povo estava totalmente escravizado pelo
princípio babilônico da salvação por si mesmo. O legalismo havia aprisionado os judeus
e colocado sobre eles um peso insuportável de leis e minúcias que nem mesmo o mais
santo dos homens poderia seguir. Mas o evangelho estava dizendo que não era preciso
mais essa angustiante empreitada para se fazer tijolos imitando pedras para se
alcançar os céus. Cristo era a casa, a escada, aquele que liga o céu a terra. E nele não
mais é preciso demandar esse grande esforço, essa grande necessidade de recursos, o
eminente caos existencial. Ele, Cristo, é a pedra angular que os construtores, como
Ninrode, rejeitaram e tem rejeitado desde o início. Por isso começamos a entender o
que o nosso Senhor queria dizer com essas palavras:
Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei
descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso
e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o
meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mt 11:28 a 30
O nosso Senhor de uma só vez faz o convite para que todos os que estão debaixo do
regime babilônico, sejam livres do peso das leis e ordenanças dessa religião que
somente traz culpa àqueles que, escravizados pelo senhor iníquo, não encontram paz e
nem descanso, mas caos em suas empreitadas rebeldes de se encontrar, por seus
próprios esforços, a sua salvação. Nada mais é preciso fazer para se alcançar o céu, ele
desceu até a humanidade através de Jesus Cristo em sua grande, infinita e inabalável
obra. Porém, o grito que tem sido proclamado nesses dias é que todas as religiões se
unam novamente, rejeitando a graça divina do que já foi feito em Cristo, para o que
podemos fazer em nós mesmos. E eles tem trabalhado duro queimando seus tijolos
através de muito suor, se esforçando ao máximo e, em muitas lágrimas, tijolo após
tijolo a torre de Babel tem sido novamente erigida pela prostituta de Apocalipse 17
abrindo o caminho para a adoração ao anticristo e ao dragão.
DA MINHA COSTELA
A casa que Deus está procurando é espiritual, formado por homens e mulheres salvos
pela graça, justificados pela fé, santificados pela fé e glorificados pela fé. Essa casa é a
igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade. Essa casa significa a união e
comunhão entre Deus e o homem em Cristo, aquele que é o centro de todas as coisas.
E por toda a história podemos perceber que Elohim tem se movido para que essa casa
seja construída. No início de todas as coisas Adão estava só no jardim do Éden, e Deus
disse que não era bom que ele estivesse nessa situação. Diante desse fato, o Senhor
Deus fez com que Adão dormisse um profundo sono e tomou algo de seu corpo, e
desse algo uma mulher foi edificada.
Quando Deus criou o primeiro homem, a Bíblia nos diz que do pó da terra ele foi
formado. Mas no caso de Eva, a primeira mulher que seria uma figura do propósito de
Deus, o caminho tomado pelo Criador foi totalmente diferente. Ele tomou algo do
primeiro homem e a edificou, não mais criando como se deu com Adão, e assim, levou-
a para que ele a conhecesse. A resposta de Adão nos revela qual é a natureza da Nova
Jerusalém, o povo de Deus em todas as eras:
Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa,
porquanto do varão foi tomada. Gn 2:23
A partir dessa união os dois se tornaram uma só carne. No Novo Testamento nós
temos a realidade do que representava a figura do primeiro casal no Éden. Deus tinha
um filho, e Ele desejou com que esse filho tivesse uma adjutora. E esse filho saiu em
busca dessa mulher que seria a sua esposa, osso dos seus ossos, carne de sua carne. E
quando ele esteve aqui na terra procurando aquilo que tanto buscava, o Pai o colocou
para dormir, assim como fez com o primeiro homem, num mundo cruel, maligno e
rebelde. Esse mundo se levantou contra ele e na cruz, sofrendo na mão desse mundo
rebelde, ele consumou a sua obra de redenção. Nesse momento quando Jesus bradou
“Deus meu, Deus meu”, o Pai o colocou para dormir, e de seu filho foi tomada algo
para edificar a igreja, a Nova Jerusalém. O irmão Stephen Kaung define o que é igreja:
O que é igreja? É Cristo em sua expressão corporal; é uma extensão de Cristo.
Ele olha para a igreja e diz: “Esta sou Eu, Minha Carne, meu osso”. Por isso a
igreja pode estar unida a Ele em espírito. Ele edifica a igreja. 19
Esse lugar que Deus edificou, é o lugar onde a sua habitação se faz presente. É
somente no lugar onde a natureza celestial de Cristo permeia essa edificação
completamente, que o Deus Santo pode habitar. A Nova Jerusalém que desce do céu
em Apocalipse 21 é toda composta de material divino. Nada ali é do homem e para o
homem. Tudo ali é de Deus e para Deus. A igreja, mesma aqui em sua luta contra o
pecado, é celestial, pois ela foi tirada de Cristo e é o próprio Cristo. Com respeito a
Babilônia, a cidade do anticristo, ela foi criada a partir da natureza bestial de um
mundo caído e condenado. Tudo nela é carnal, humano e diabólico. Ela foi feita do
barro pelos esforços do homem caído influenciado pela voz da serpente. Mas a Nova
Jerusalém foi edificada de Cristo, tirada dele, tendo a natureza dele. O material que
compõe a igreja é Cristo, a pedra angular de toda a casa. E toda a casa, como pedras
vivas, são edificadas da mesma natureza que Jesus Cristo é.
Na visão que Nabucodonosor teve de toda a história até o fim dos tempos, quatro
reinos são vistos claramente ali. Daniel revela que esses reinos fazem parte da
natureza diabólica que tem as suas origens nas civilizações dos primeiros dias, mais
precisamente em Ninrode e na sua cidade, Babilônia. Todos esses reinos eram
compostos de materiais terrenos que em sua glória efêmera, seduz os homens com o
propósito de enganar e corromper, fazendo-os cobiçarem as suas abominações. Mas a
história não termina com esses 4 reinos. Daniel diz precisamente que quando o último
reino composto de todas as naturezas bestiais que podem ser vistos nas nações, se
levantar no reino do anticristo, Deus estabelecerá um reino que jamais será destruído.
E esse reino tem como figura, não materiais como ouro, prata, bronze ou ferro,
distintivos dos reinos humanos da visão de Nabucodonosor, mas uma pedra, uma
simples pedra, que se soltou sem auxílio de nenhuma mão humana, e atingiu
exatamente os pés daquela imagem que representa o último império maligno e
rebelde, e toda aquela gigantesca estrutura veio ao chão.
Tu olhaste, ó rei, e diante de ti estava uma grande estátua: uma estátua
enorme, impressionante, e sua aparência era terrível. A cabeça da estátua era
feita de ouro puro, o peito e o braço eram de prata, o ventre e os quadris
eram de bronze, as pernas eram de ferro, e os pés eram em parte de ferro e
em parte de barro. Enquanto estavas observando, uma pedra soltou-se, sem
auxílio de mãos, atingiu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmigalhou.
Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram despedaçados,
viraram pó, como o pó da debulha do trigo na eira durante o verão. O vento
os levou sem deixar vestígio. Mas a pedra que atingiu a estátua tornou-se
uma montanha e encheu a terra toda. Dn 2:31-35
Daniel deixa claro que essa pedra é divina, é material celestial que homem algum em
sua natureza bestial tem participação. Essa pedra veio do céu e, ao colocar todos os
reinos da terra de joelhos, se torna uma grande montanha, a verdadeira montanha
sagrada. Aqui está a igreja, a Nova Jerusalém, a grande montanha que representa o
reino inabalável de nosso Deus e de seu Cristo. A igreja é composta daquilo que foi
tirado de Cristo. Ele é a rocha a qual Pedro, os demais apóstolos, discípulos do
primeiro século e todos os santos de todas as eras descendem. Tudo o que provêm do
homem não faz parte dessa montanha. Tudo o que é proveniente da vida natural
resultará em demolição. A Babilônia foi feita do barro terreno, mas a Nova Jerusalém
foi edificada do Cristo celestial, e somente o que sai de Cristo pode ser chamado de
igreja.
OS EDIFICADORES
Segundo Gary Wayne, Ninrode foi não apenas um maçom, mas também um grão
mestre, líder de um novo culto que amou as recém descobertas ciências espúrias, e
todo o seu rebelde poder que cativou e o corrompeu completamente. A ideia
comumente aceita é que o primeiro grão mestre que fundou a nova religião e a ultra
secreta sociedade da grande original fraternidade branca foi Salomão. No entanto, os
manuscritos antigos indicam que o primeiro dentre eles foi Ninrode, o primeiro grande
construtor pós diluviano .20
Ele se apossou das ciências que Deus havia legado para toda a humanidade, e
corrompeu-as para a sua própria glória. Ele, juntamente com o seu pai Cuxe, liderou o
renascimento dos males pela qual o primeiro mundo havia sido destruído. E ele
utilizou de um povo corrompido para construir em honra das conquistas
independentes do novo homem, um monumento que ficaria conhecido como o portão
dos deuses. Babel, que no acadiano traz essa ideia, foi o primeiro projeto maçônico do
mundo pós diluviano, revelando bem no princípio a aplicação do conhecimento
espúrio que Ninrode havia possuído, dando início a maçonaria moderna, a mãe de
todas as revoluções humanas.21
Esse primeiro grande projeto do povo de Sinear, como escreve Wayne, foi
homenageado nas lendas maçônicas como a glória do renascimento das ciências pré
diluvianas, as mesmas ciências que deram origem a todas as abominações da terra. 24 E
aqui renasce, na iniciativa de uma insurreição, tudo o que era espúrio, falso, maligno e
blasfemo que somente se poderia ver naquela religião que trouxe o julgamento
através do dilúvio e que, nos fim dos tempos, voltará a renascer na figura da grande
prostituta e da cidade da Babilônia futura. Todo aquele conhecimento profundo nas
ciências, e das ciências aplicadas na conquista humana, tiveram um papel fundamental
na rebelião generalizada daqueles dias. O mandamento cultural que visava a conquista
da natureza estava sendo usado para comunicar, manipular e conquistar o homem,
trazendo em seu bojo uma prepotência que os levou a desafiar o soberano Criador.
A primeira obra humana no novo mundo era em honra aos deuses pagãos e em
memória aos rebeldes que conspiraram contra a divindade. Há alguns relatos que
revelam que a primeira obra do primeiro construtor humano, além de tudo o que foi
descrito aqui, era também um convite aos deuses que haviam, uma vez antes, descido
nessa terra e levado a humanidade a patamares de perversidade nunca antes visto. 25 A
montanha “sagrada” de Babel era o desejo do primeiro construtor pós diluviano de
conectar o centro da terra até o céu sem a necessidade de um salvador. E segundo
Ginzberg, Ninrode se esforçou para converter todas as pessoas da terra à sua nova
religião, tornando-se deus e fazendo um trono em imitação ao trono de Deus. todas as
nações vieram e prestaram homenagens ao divino Ninrode e diziam: “Desde a
fundação do mundo não existiu ninguém como Ninrode, um poderoso caçador de
homens e feras, e um pecador diante de Deus”.26
No entanto a Bíblia nos fala de outro construtor. Certa feita quando o Senhor Jesus
estava juntamente com seus discípulos na região de Cesaréia de Filipe, levou-os a um
lugar onde havia uma grande rocha e perguntou a eles:
Quem os outros dizem ser o Filho do homem? Mt 16:13
Após algumas respostas distorcidas, por fim Pedro, tendo uma revelação sem
compreensão, disse:
Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Mt 16:16
A primeira vez que a igreja é revelada no ministério de Cristo se deu após a revelação
que Pedro havia tido. E o nosso Senhor diz que a igreja seria edificada sobre a pedra
daquela revelação. Dentre as revelações que essa passagem aponta, uma noz diz que é
Cristo quem edificaria a igreja, ninguém mais. Enquanto Ninrode estava construindo
uma imitação para a sua própria glória, Cristo estava edificando a Nova Jerusalém para
a sua própria glória. A diferença é que o feito de Ninrode é idolatria, e o feito de Jesus
é adoração. E o nosso senhor é o único e verdadeiro construtor, o único que pode
edificar a casa de Deus para ligar o céu a terra. Ninguém mais é capaz de fazer tal obra.
Tudo o que é feito no homem sempre será a Babilônia satânica. E por toda a Bíblia os
homens de Deus contemplavam essa cidade cujo o arquiteto e edificador é o próprio
Deus. Não somente Abraão, Isaque e Jacó peregrinaram nessa terra aguardando a
aparição da cidade celestial, mas Jeremias que “em meio à tempestade e pesar,
vislumbrou o amanhecer de um dia melhor e, por meio de sua visão profética, avistou
uma cidade mais nobre levantando-se dentre as ruínas da cidade antiga, e a nova
aliança tomando o lugar daquela que parece ter sido anulada tão decididamente”. 27
Somente Deus poderá edificar a sua casa. Moisés, aquele que é usado pela prostituta
indevidamente para estabelecer o espírito da Babilônia na igreja, é apenas uma pedra
dentre muitas pedras na grande construção da casa de Deus. Em Hebreus capítulo 11
está escrito que “Jesus é considerado digno de maior glória do que Moisés, quanto
maior honra do que a casa tem aquele que a estabeleceu”. (Hb 11:8,9) Quem é a casa
e quem é o construtor nesse texto? Moisés é a casa e Cristo, o nosso Senhor, é aquele
que edifica Moisés, Davi, Paulo, Pedro, Você e eu. E essa casa é a Nova Jerusalém que
um dia descerá do céu revelando, por fim, a união entre Deus e o homem.
Claramente está diante de nós dois princípios de construção e dois construtores que
tem, durante a longa história humana, edificado suas casas para alcançarem o céu. E
nitidamente podemos enxergar que em todo o movimento na obra de Deus,
edificações têm sido erigido na força do braço, refazendo, dessa forma, um zigurate
em memória do próprio nome e que não serve para servir a Deus. “Após todo o
trabalho ser realizado, tudo o que você pode dizer é: Ele o fez. Você não fez nada
porque tudo o que vem de bom de você é aquilo que Ele operou em você”28
Há uma história que corrobora para o entendimento dessa verdade essencial do
evangelho. Um pai iria mover uma mesa e essa mesa era muito pesada, mas o pai era
forte. Ele começou a levantar a mesa, e seu filho pequeno disse: “Pai, deixa-me ajuda-
lo”. O pai disse: “bem, eu preciso de sua ajuda”. Assim, ele permitiu que o garoto
segurasse uma das pernas e juntos moveram a mesa. Na verdade, o garoto colocou
mais peso na mesa, por isso o pai carregou não somente a mesa, mas também o
garoto. Finalmente, ele moveu a mesa, e o garoto disse: “Pai, nós o fizemos!”.
A cidade da Babilônia é a proclamação da independência do homem, a sua declaração
de emancipação para a sua maioridade quando tomou do fruto da árvore do bem e do
mal dando ouvido a serpente. E o que o homem não percebeu, e ainda não consegue
perceber, é que desde esse dia ele foi transformado em escravo, dominado pelo diabo
e totalmente corrompido. Esse é o tipo de material que Ninrode precisa e deseja para
edificação de sua cidade. Mas com Deus não é assim. Deus não usa um material tão
danificado como esse. Ele precisa refazer essa matéria e torná-lo digno para a
construção da casa em Cristo. O material que o nosso Deus usa para a edificação da
Nova Jerusalém é o homem, mas não o homem como Ninrode, o construtor iníquo, e
sim o homem como Cristo, o verdadeiro construtor.
Em babel foi usado tijolos do pó da terra misturada com palha, a glória humana. No
entanto, a casa de Deus segundo a Bíblia, é edificada com o mesmo material que a
rocha de esquina que foi rejeitada pelos Maçons desde o início. Os que compõe a
igreja são pedras vivas, cujo a vida de Deus está nelas e nelas permanece. Por isso
quando Paulo nos pergunta qual tipo de material usamos na obra, é para revelar que
tipo de construtor estamos seguindo. Se Ninrode, a construção será de madeira palha
e feno. Se for Cristo será materiais como ouro, prata e pedras preciosas que nos falam
da natureza de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Por um lado, é natureza
humana, glória humana, energia humana com o propósito de estabelecer um nome
humano. Por outro é natureza divina, para glória de Deus, na força de Deus com o
propósito de estabelecer o nome de Deus. Essa é a igreja de Cristo, que saiu de dentro
dele e está sendo edificada nele e por Ele para a sua própria glória.
CAPÍTULO 2
DAS ALTURAS AO PÓ
Quando os apóstolos ainda estavam vivos e compartilhavam do evangelho às nações,
uma igreja forte e revigorante que resplandecia a natureza divina em seus mais
preciosos materiais que a compõe, estava assentada com Cristo nas regiões celestiais.
Nos tempos de Paulo a igreja estava amadurecida, vestida de linho finíssimo que são
as obras em Deus e para a glória de Deus. A Nova Jerusalém estava sendo preparada
para o encontro com o seu noivo e tudo parecia correr muito bem. Se colocarmos essa
maturidade na datação da última carta que o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo até as
sete cartas que João escreveu em Apocalipse, menos de trinta anos depois a igreja já
se encontrava num estado lastimável, salvo apenas duas naquele contexto de João,
indicando, por fim, um futuro não muito promissor como veremos a seguir.
O que tinha acontecido para que a situação chegasse a níveis tão blasfemos? Como
que a boa semente que foi lançada num campo preparado para uma boa colheita, foi
enfestada de joio? Como se deu essa transformação do arbusto de mostarda para
aquela grande árvore? Como que aquela massa se tornou levedada? A resposta para o
declínio da igreja é que a Babilônia sorrateiramente adentrou as portas da cidade
santa corrompendo-a a partir de dentro, se ocultando e sutilmente invadindo as
brechas que ainda haviam nos muros, plantando, sem que a igreja percebesse, a sua
quinta coluna no meio do povo.
Bem, diante de nós se encontra as parábolas do joio, do grão de mostarda e do
fermento na massa, que explicam de modo surpreendente os dias terríveis em que
vivemos. Mas antes de olharmos para essas parábolas, temos que entrar no contexto
do cumprimento dessas parábolas.
Se olharmos para as sete cartas do apóstolo João como períodos proféticos da história
da igreja, sabendo que a sua interpretação pode ser também histórica e espiritual,
entenderemos o porquê a igreja chegou a tal ponto de degradação. Poderíamos nos
perguntar, diante dessa visão profética, o porquê de Deus escolher de tantas igrejas
existentes naquela região da Ásia menor, essas sete para que recebessem cartas
específicas, para seus problemas específicos, trazendo repreensões específicas e curas
específicas. Se compreendermos que a intenção do Senhor ao tornar público a
condição espiritual daquelas igrejas como uma figura do desenvolvimento de sua igreja
no decorrer da história, então se tornará claro que cada igreja e sua condição moral,
representa a igreja em cada momento da história a partir da igreja apostólica até os
nossos dias.
Se essa visão estiver correta, e eu creio que está, quando chegamos a igreja de
Pérgamo, que representa a igreja nos dias de Constantino, chegaremos à conclusão
que foi exatamente nesse período da história, que vai dos anos 313 a 600 d.C, que a
igreja tomou uma decisão totalmente desastrosa que mudou completamente o rumo
de sua história. Abaixo está um exemplo das sete igrejas descritas em Apocalipse
sendo vista de maneira profética.
Éfeso = relaxamento
Fim do primeiro século
Perda do primeiro amor
Esmirna = Mirra
De 100 a 313 d.C.
Perseguições romanas
Sardes = Reforma
De 1517 a 1827
Reforma - Lutero
O nosso foco, como foi descrito acima, é a cidade de Pérgamo, onde uma igreja havia
sido estabelecida ainda nos dias dos primeiros apóstolos. O nome dessa cidade que
estamos estudando trás dois significados que nos fala muito sobre a igreja dessa
geração específica. Pérgamo deriva da palavra purgos, que significa torre, edificação,
ou de uma junção de duas palavras gregas, per-gamos, que traz o sentido de
casamento, ou eis o casamento. Devemos trazer a nossa mente que a igreja dessa era
havia acabado de sair de um tempo de pesadas perseguições, e o fato de não haver
liberdade para as reuniões forçava-os a buscarem os lugares mais escondido para o
partir do pão. A morte era o que esperava àqueles que fossem presos como cristãos,
salvo se negassem o único Kurios, o Senhor Jesus, e queimassem um incenso ao
imperador deus. Mas agora, como descreve Pember:
Os tempos da inflamada perseguição haviam passado. Os apóstolos
massacrados agora descansavam com o seu Senhor, e as cinzas dos corpos em
chamas usados para iluminar os jardins de Nero jaziam frias há mais de dois
séculos. A crueldade de Domiciano, Trajano e Adriano estava quase esquecida.
Há muito que Lião deixara de estremecer com as dores de Blandina e Potino, e
nem Pérpetua se preocuparia mais com os animais selvagens do anfiteatro ou
se seria transpassada pela espada do gladiador. Máximo e Décio estavam
mortos; o forno de cal africano e a adoração a Júpiter não eram mais
alternativas para eles. O reinado sangrento de Diocleciano e Maxiamo
terminara. Sebastião suportou seu segundo martírio, e o último suspiro de
Timóteo e Maura subira a Deus de seus corpos crucificados. Uma nova era
começara. Satanás parou com as perseguições que eram ineficazes, e agora
tentava obter melhor sucesso por meio da lisonja e corrupção, fazendo com
que a igreja aceitasse o poder humano.2
E foi exatamente logo após a espada de Roma se abrandar sobre o cristianismo, que os
templos começaram a ser construídos, ou os antigos templos aos deuses pagãos serem
considerados cristãos. A casa espiritual erguida até os céus pelo trabalhar de Cristo na
vida desses homens e mulheres, estava dando lugar a um novo construtor que
edificaria uma igreja segunda a natureza corrompida dos reinos desse mundo. Foi
exatamente nesse ponto da história da igreja que Ninrode desfilou, num cortejo
macabro, a sua arrogante vitória que nem mesmo a mais cruel espada romana pôde
produzir. O imperador do grande império romano havia se tornado cristão, a
perseguição terminara, benefícios começaram a ser distribuídos aos conversos, assim
como cargos públicos aos cristãos. A igreja começou a imitar o sistema pagão da
religião romana, assim como os seus templos, sacerdotes, costumes e rituais,
anunciando, por fim, que a igreja havia se casado, mas não com seu verdadeiro noivo,
mas com o estado romano divinizado, herança direta da rebelião de Ninrode.
Mas, como foi descrito acima, é precisamente nessa igreja que o Senhor trás uma
revelação importante para o nosso estudo. Ele diz que naquela cidade onde havia um
testemunho vivo, o trono de satanás se fazia presente. Muitos não conseguem
perceber a gravidade das palavras de Jesus com respeito a essa revelação. Naquela
época Pérgamo era o centro do paganismo em todo mundo, aquela que corrompia a
todos com suas abominações. Os habitantes daquela cidade haviam recebido o título
de mantenedores dos mais importantes cultos religiosos que beneficiavam a Ásia. Por
causa dessa religião mística e pagã, surtos religiosos de zelo fanático, como visto na
Índia nos dias atuais, eram dirigidos contra a igreja ali estabelecida, e os cristãos
daquela cidade constantemente experimentavam a fúria da turba enlouquecida.
Mas como Pérgamo se tornou o centro da religião babilônica? O que aconteceu para
que o trono de satanás fosse estabelecido nesse lugar?
Seguindo a migração desse culto no mundo antigo, podemos encontrar esse mistério
precisamente na Babilônia de Nabucodonosor, cujo os Caldeus, os filhos de Ninrode, o
grupo religioso e guardador desse mistério, tinha poder e influência na política do
maior império da época. Pember descreve como uma sociedade secreta dentre esse
grupo tinha essa posição tão elevada na corte real babilônica e manipulava
ocultamente, como uma mão invisível, o curso das ações de todos os povos debaixo do
poder desse império.
Uma organização secreta de incrédulos foi formada logo depois da morte de
Ninrode, em uma época em que apostasia aberta era perigosa. Os membros da
organização estabeleceram a sede na babilônia, onde empenharam-se com
atividades incessantes com a finalidade de confundir e destruir o conhecimento
de Jeová no mundo e colocar os homens sob jugo de deuses demoníacos. Logo
tornaram-se uma corporação poderosa e influente, mas descobriram que seu
método original de procedimento era tão eficaz que, mesmo quando tinham se
esquecido do medo indicador de suas precauções, e logo se tornariam
supremos em toda a terra, eles recusaram mudar o caráter de sua corporação e
continuaram a ser uma sociedade secreta. Os indivíduos que quisessem
partilhar de seu poder e privilégio só poderiam fazê-lo passando pela provação
da iniciação que incluía um batismo, após o qual o iniciado era chamado de
duas vezes nascido ou regenerado.3
Não é coincidência que Nabucodonosor usava o fogo para matar seus inimigos, como
podemos perceber na sua ação furiosa conta os três amigos de Daniel. Na Caldéia,
Ninrode persuadiu os seus seguidores a se tornarem adoradores do fogo, lançando
todos aqueles que se recusassem a se tornar um adorador em fornalhas gigantes como
sacrifício para o seu panteão corrupto e vil. 4 Quando Ninrode desceu ao pó, sua esposa
Semíramis estabeleceu que ele era o deus-sol, sendo que o fogo era considerado a
representação terrestre do Ninrode divino.5 E essa abominação era guardada por essa
sociedade secreta, e o que é descrito no livro de Daniel é toda a herança macabra que
Ninrode havia deixado para a sua descendência, não somente na Babilônia, mas em
todos os lugares ao redor do mundo por onde as suas abominações fincaram raízes.
Com a queda do império Babilônico e a ascensão de Roma, podemos perceber que, de
alguma forma misteriosa, Pérgamo, umas das cidades onde uma igreja estabelecida
havia recebido uma carta, era, nos dias de João, onde se encontrava o trono de
satanás. Nesse local havia um acúmulo de cultos pagãos, onde nenhuma outra cidade
do império rivalizava em suas abominações. Havia um verdadeiro panteão de deuses
naquela cidade, mas o principal santuário foi erigido ao deus Esculápio, mais
conhecido como o deus serpente. Uma mulher chamada Nicágora, uma espécie de
bruxa e feiticeira, trouxe para a cidade uma serpente tremenda que foi entronizada em
Pérgamo. O interessante é que o deus serpente, Esculápio, está presente na
simbologia dos médicos e fármacos como o emblema de uma serpente enrolada
bebendo de uma taça. Isso representa o culto que era dirigido ao deus serpente em
Pérgamo, onde o povo se reunia para celebrar esculápio e ser curado, adorando-o
como seu deus.6
O mistério da grande Babilônia havia migrado para essa cidade após a derrota do
império nos tempos de Belsazar, que foi vergonhosamente derrotado pelos exércitos
de Ciro. E esse fato histórico foi o moto para a expansão da religião babilônica pelo
mundo de então, chegando a Índia e fundando o budismo, e se alastrando pela Ásia
menor, se estabelecendo em Pérgamo. Os magi, mais conhecidos como Caldeus, eram
os sacerdotes rituais naquela cidade, os magos de quem descende o Balaão descrito
no livro de Números, e três deles podem ser vistos na visita ao menino Jesus, porém,
esses foram influenciados e transformados pelo ministério de Daniel na Babilônia. Por
muitos anos esse mistério estava oculto naquela cidade, derramando sangue inocente
e corrompendo almas humanas com as suas abominações com o propósito de
disseminar a adoração a serpente, o próprio satanás.
É importante destacar que naquela cidade havia um trono do rei-sacerdote caldeu, a
mesma linhagem sacerdotal babilônica desde os tempos de Ninrode. E toda a Pérgamo
se movia em torno do mistério espúrio que foi ali consolidado. Testemunhar nesse
lugar tinha como consequência a morte. E esse fato nos explica o porquê de logo após
Jesus citar esse trono, o nome de um mártir ser mencionado. Antipas é um nome
composto, como era de costume da época, e significava anti, contra, e paz, tudo, isto
é, contra tudo. Esse servo fiel nadava contra a corrente naquela cidade paganizada, e
rejeitava qualquer coisa mundana, não aceitando as lisonjas do mundo e
permanecendo fiel ao seu Senhor. E o seu testemunho fez jus ao significado da
palavra martúrios, testemunha, que logo significaria mártir, aquele que dá sua vida por
causa de sua fé em Cristo.
Desde o início esse mistério foi sedento por sangue, e sua prática continha sacrifício
onde o seu deus do fogo era saciado. Antipas, o bispo de Pérgamo naquela época da
revelação de João, foi assassinado por esses adoradores da serpente. Simão
Metafrastes, um irmão que viveu naquela época, traz um testemunho sobre esse
homem e sua fidelidade diante da crueldade dos filhos de Ninrode. Ele diz que Antipas
era homem de Deus, usado por Ele naquela cidade e que foi perseguido pelos
sacerdotes satanistas de Esculápio, onde fabricaram um boi de bronze, figura de
Tamuz, filho de Ninrode, e o colocaram em seu interior para ser cozido lentamente. Diz
o testemunho que naquele lugar de suplício, Antipas orava e adorava ao seu Deus
enquanto era assado vivo. O santo de Deus, assim como nos tempos de Ninrode e
Nabucodonosor, seu descendente, era oferecido ao deus do fogo para celebração de
suas abominações.8
Quando voltamos para o relato dos tempos de Ninrode, seus seguidores chegaram ao
extremo de sua abominação ao beber sangue de vítimas em seus rituais, 9 mas nem
todos cometeram tal loucura. Assim como Antipas, muitos rejeitaram firmemente a
adoração ao panteão dos deuses que Ninrode havia erigido, e não se rebelaram contra
Elohim, permanecendo firmes em seu monoteísmo, fiéis a Deus e andando em seus
justos caminhos. E esses descendentes da mulher da profecia de Gênesis 3:15 que não
se prostraram diante da serpente, foram cruelmente removidos, provavelmente pela
morte através das mãos dos chamados iluminados, prenunciando o grande genocídio
do tempo do fim que será travado primeiro pela religião da Babilônia, e depois pelo
anticristo.10
Agora começamos a compreender a reação de João quando lemos o relato dessa
prostituta em Apocalipse 17, que nos últimos dias guardava o mistério da Babilônia. O
verso 6 diz que João viu que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos, o
sangue das testemunhas de Jesus. Após essa visão João escreve: “Quando vi, fiquei
admirado”. O termo usado pelo apóstolo é tão forte que era como se ele dissesse que
estava espantado com grande espanto. Ao mesmo tempo em que ele ficou admirado
com a visão, a confusão também lhe tomou de assalto. Porque o apóstolo ficou tão
admirado e confuso com aquela visão? As demais outras visões não continham
revelação tão impressionantes ou até maiores do que essa visão? A resposta possível
para essa reação do apóstolo talvez seja porque a prostituta que é descrita no texto,
que sabemos ser a igreja apóstata dos últimos dias, tenha gerado o grande espanto
por ele reconhecer quem era, fazendo João pensar como a igreja poderia ter chegado
a níveis tão blasfemos.
Em toda a história humana Deus sempre teve o seu testemunho sobre essa terra. E
esse testemunho sempre estava relacionado a um povo, um corpo, uma cidade. E
quando estudamos a palavra de Deus, principalmente o livro de Apocalipse, vemos o
quanto nosso inimigo tem imitado a obra de Deus com o intuito de enganar os
desprovidos de conhecimento. Se Deus tem uma cidade, satanás também tem a sua
cidade. A Babilônia foi levantada para corromper o testemunho de Deus sobre a terra,
e olhando para essa visão de João percebemos o quanto o testemunho estava em
ruínas. A igreja, de uma virgem pura e santificada, exteriormente havia se tornado uma
prostituta perversa e assassina.
O novo método de construção da grande meretriz se deu através de falsos obreiros
que se transfiguraram em apóstolos de Cristo. E as mesmas palavras de lisonja usadas
pela antiga serpente no jardim para seduzir Eva, retornavam aos ouvidos dos homens
e mulheres que haviam resistido firme diante da espada de Roma, e o testemunho que
marcou a igreja até aquele tempo, estava, aos poucos, sendo corrompidos pela
natureza bestial da Babilônia político econômica.
Agora, nesse novo contexto, a comodidade e prosperidade da igreja deixou-lhe tão
descuidada com o perigo à espreita, que eles passaram a tolerar a doutrina de Balaão
e os ensinos dos nicolaítas. As rachaduras da casa começaram a aparecer não muito
tempo depois da liberdade ser declarada por Constantino, e a ruína completa era
questão de tempo se não houvesse arrependimento de sua negligência. E para tristeza
do Senhor, o que havia acontecido com o povo de Israel nos tempos de Balaão e
Balaque, estava novamente acontecendo com a igreja em Pérgamo.
Como descrito acima, Balaão era um adivinhador e feiticeiro que havia recebido como
herança as ciências espúrias de seu pai Ninrode. Ele era caldeu, um magi da região de
Sinear, Babilônia, e era muito famoso por suas magias. A sua fama chegou aos ouvidos
de Balaque, rei dos moabitas, que temia o povo de Israel e queria destruí-lo. Mas a
fama do povo de Deus lhe precedia, e o rei moabita sabia que a batalha era mais
espiritual do que física. Ele enviou seus mensageiros com muito dinheiro a terra de
Sinear para convencer o feiticeiro a vir até o reino de Moabe e amaldiçoar o povo de
Israel acampados em suas campinas. Todos nós sabemos o que aconteceu após a
chegada de Balaão. Quando o feiticeiro pagão, ao se tornar, pela vontade de Deus, o
profeta do Senhor abençoou por três vezes Israel, o rei moabita se indignou com
Balaão. O feiticeiro percebeu que seria impossível amaldiçoar aqueles que Deus
abençoou, no entanto, entendeu que poderia armar ciladas para que o próprio povo
trouxesse sobre si a ira divina.
E foi exatamente isso o que aconteceu. A derrota da igreja nunca acontece de fora
para dentro, mas sempre de dentro para fora. Ele aconselhou a Balaque a não resistir
abertamente a nação de Israel, mas, como Constantino, estender-lhe as mãos
amistosas e colocar diante deles os prazeres da carne, dos olhos e a soberba da vida.
Se eles aceitassem as abominações moabitas, o curso natural seria que Deus retiraria o
seu favor de sobre o povo, e Israel estaria numa posição vulnerável.
Balaque deu início ao plano diabólico realizando os seus festivais abomináveis a curta
distância do acampamento israelita. Logo, as festas aos ídolos, as atrações sensuais, as
bebedeiras e orgias despertou a curiosidade e o desejo do povo e, quando eles se
aproximaram para ver de perto o espetáculo bestial do mundo, eles foram recebidos
calorosamente pelo moabitas e convidados a participarem da grande festa. talvez eles
pensaram que apenas assistiriam a festa como uma estratégia para se conhecer o
inimigo e assim, compartilhar as novas de Jeová. Mas com o mundo não se brinca, com
a sua sedução não se joga. E por fim, a sedução do pecado baixou a guarda do povo de
Deus e, fascinados pelas mulheres moabitas, se entregaram as suas paixões mais
bestais. O povo chamado para ser separado havia se misturado com a adoração pagã
dos filhos de Canaã, e passaram a aceitar as suas abominações fazendo uma miscelânia
de suas crenças e as crenças moabitas. Como diz Pember acerca de uma possível
desculpa dos israelitas para participarem da festa, “afinal, Jeová e Baal eram apenas
nomes diferentes para o mesmo Ser supremo, e os midianitas o serviam de acordo
com a luz que tinham”.11
Quando lemos os escritos que datam dessa época, entendemos as lutas dos pais da
igreja quando Constantino decretou a paz, entre eles Tertuliano, que percebeu a
desgraça do que estava acontecendo com a igreja quando, seduzida pelas
abominações do império romano que levantava as mãos da amizade para a igreja,
aceitava, sem nenhuma resistência, os costumes pagãos e suas festas abomináveis. Ele
acusava a abominável mistura dos cristãos com as tradições dos judeus, com a festa de
Saturno, de Janeiro, do Solstício de inverno e a festa das matronas. Parecia tudo
normal, aceitável, e a igreja ia tolerando essas abominações em seu seio sem se
preocupar com as consequências. E, com uma perspicácia característica, Tertuliano
conclui que “nenhum dia do Senhor, nenhum Pentecostes, mesmo que eles, os
pagãos, conhecessem, eles não teriam participado conosco! Pois eles teriam medo de
que fossem considerados cristãos: não temos medo de parecer que somos pagãos!” 12
Por outro lado, homens como o famoso pregador Crisóstomo, minimizaram o
problema com respeito ao calendário pagão ao se referir a fixação do aniversário de
Cristo pela igreja no dia 25 de dezembro, dia em que era comemorado o dia do
aniversário do invencível, o deus sol, o próprio Ninrode. E, tentando defender essas
práticas da igreja, Crisóstomo diz que “eles, ou seja, os pagãos, chamam esse dia de
aniversário do invencível, e quem seria tão invencível quanto o Senhor que derrotou e
venceu a morte? Por que o chamam de aniversário do sol? Ele, Jesus, é o sol da
justiça”.13
Os cristãos foram seduzidos pela sensualidade atraente da adoração pagã, e o
gnosticismo, filho das ciências espúrias de Cuxe e Ninrode, encontraria campo fértil
para o seu misticismo sincrético, corrompendo o evangelho a ponto de quase
desfigurá-lo completamente. E “a história diz que a igreja histórica de Pérgamo cedeu
ao gnosticismo; desgraçadamente cedeu ao gnosticismo; o gnosticismo conseguiu
vencer aos que não se mantiveram fiéis e se misturaram com o gnosticismo. 14 Por fim,
das ruinas do testemunho da igreja se erigia a Babilônia de Ninrode, blasfema como o
seu originador, a serpente.
Mas, como o trono de satanás que estava estabelecido em Pérgamo foi estabelecido
na igreja? Pember responde que após a queda da Babilônia pelos medos e persas, os
sacerdotes caldeus foram expulsos daquela cidade e, como vimos antes, se
estabeleceram em Pérgamo por séculos. No decorrer dos anos, a quarta besta do
sonho de Daniel estava se levantando no mundo antigo, e a sua fé era exatamente a
mesma fé que os caldeus haviam espalhado por todas as regiões do mundo habitado
na época. O segundo rei da recente nação conhecida como Roma, era um etrusco de
nome Numa Pompílio, que instituiu a religião babilônica como a religião da nação. E,
“concidentemente”, os etruscos eram uma colônia da região da Babilônia que tinha a
mesma crença dos caldeus. Assim Pember explica como Júlio César, o primeiro
imperador romano, veio a se tornar o pontífice máximo:
E aconteceu que a autoridade de Pérgamo nunca foi contestada pelos
pontífices da cidade das sete colinas (Roma) e, quando Átalo III morreu, ele
deixou seu sacerdócio real, domínio e vasta riqueza ao povo romano. No
entanto, como seu governo era uma república, eles não tinham cidadãos que
pudessem assumir as altas funções de Átalo, até que Júlio César, que fora sido
eleito pontífice máximo, tornou-se também imperador, e pôde ser o sucessor
de toda a dignidade do pontífice babilônico. Imediatamente declarou-se
descendente da deusa Vênus e, a partir de então, o imperador romano era
conhecido por divus, ou seja, divino e era adorado como deus.15
Foi exatamente no período em que a igreja de Pérgamo representa, mais precisamente
no de 366 d.C., que Dâmaso, que era líder dos conspiradores na época das disputas
por poder nos centros cristãos, foi eleito pela força ao bispado de Roma, tornando-se
chefe da igreja e recebendo o título pagão oriundo da Babilônia, o agora então
pontífice máximo que havia sido rejeitado pelo imperador Graciano, descendente de
Constantino. Por fim, essa coroação selou o casamento entre a Jerusalém e o estado,
recebendo como herança todas as abominações do panteísmo originado na Babilônia
que, por fim, manchou o testemunho de uma igreja gloriosa dos tempos da
perseguição romana. “E o resultado foi o nascimento da igreja de Roma, cujo o chefe
governante, sob o título de pontífice máximo, que ele conserva até hoje, logo elevou-
se acima de todos os monarcas seculares e reivindicou a supremacia sobre a
cristandade”.16 A prostituta acabara de se assentar sobre a besta.
Todo esse declínio se deve ao fato de a igreja ter se afastado da palavra de Deus, ou
corrompido o evangelho ao ponto dele se tornar irreconhecível. E Jesus inicia suas
palavras dizendo que Ele é aquele que tem a espada de dois gumes, e como aquele
anjo que se interpôs no caminho de Balaão, ele tem se colocado diante da igreja que
está, desapercebida, caminhando para a destruição. Essa espada penetra no íntimo,
nas intenções, na verdade, e separa aquilo que é carne daquilo que é espirito. Daquilo
que é santo, daquilo que é demoníaco. Daquilo que é a Nova Jerusalém e daquilo que
é Babilônia. Havia em seu meio a doutrina de Balaão e dos nicolaítas, e eles não se
preocuparam com esses perigos. Pelo fato de a igreja ter se casado com o mundo, eles
passaram a tolerar o erro e rapidamente se esqueceram das palavras daquele que
havia pago um preço alto por ela. As palavras de Jesus se tornaram desprezíveis pois
impedia com que aquelas pessoas vivessem suas próprias vidas.
A mistura havia corrompido a igreja e o poder brilhou mais forte do que a luz do
evangelho. O brilho do vil metal lhe seduziu, e seduzida ela passou a construir um
reino terreno, edificando para si palácios, templos, cidades e erigindo para si deuses
assim como Nabucodonosor que, debaixo do espírito de Ninrode, edificou todo um
império para sua própria glória.
CAPÍTULO 3
O SALMO SEGUNDO
Estamos estudando até aqui como uma igreja está sendo preparada desde muito
tempo para aceitar o reinado de satanás. Mas devemos entender que uma sociedade
também está sendo preparada para tal fim. E o que podemos perceber no texto de
Apocalipse 13 é que uma sociedade está sendo conduzida a uma rebelião contra Deus
nunca antes visto, desde os dias de Ninrode.
Sabemos que a palavra profética tem o cumprimento imediato e também remoto. E no
caso desse salmo, as palavras eram para os tempos do rei Davi, mas, profeticamente,
elas apontam para os últimos dias na pessoa do filho de Deus.
Cristo é centro de todas as coisas, e a palavra de Deus é sobre o seu filho, a revelação
do supremo propósito do Pai em cristo. E isso fica claro quando o Senhor, após a sua
ressurreição, se põe ao lado dos dois discípulos a caminho de Emaús. Diante da
incredulidade demonstrada daqueles homens, o Senhor os repreende firmemente e
lhes explica, começando por Moisés e passando pelos profetas, acerca do que as
escrituras diziam a respeito dele. E quando ele volta a aparecer diante dos discípulos
em Jerusalém, lhes fala da necessidade de se cumprir tudo o que estava escrito sobre
ele na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Diante desse fato, o salmo 2 nos fala
de Cristo, em primeiro lugar. E quando olhamos para esse salmo nessa perspectiva do
cumprimento no Messias, as coisas realmente mudam e nosso entendimento sobre ele
toma contornos realmente dramáticos.
O salmo tem o seu início com uma rebelião nos mesmos moldes da rebelião de
Ninrode. O texto nos fala de um motim, uma revolta, um distúrbio popular, um
tumulto dos vassalos contra o seu rei soberano e seu filho que é o pretendente ao
trono. As palavras usadas pelo salmista tomam um contexto bélico para explicar o que
está acontecendo. Por que as nações se enfurecem, pergunta o salmista. Não é uma
pergunta de surpresa ou pânico. É uma pergunta praticamente retórica, pois a próxima
pergunta responde a primeira. Por que vocês estão, como um mar bravio, se
rebelando. Por que tanto comoção popular em torno de planos fracassados? Não há
porquê agirem dessa forma, pois a sua fúria os torna cegos para não entenderem
quem são e quem o Rei soberano é. Quem está levando vocês a agirem dessa forma
estúpida, planejando coisas vãs, isto é, algo sem sucesso, falível. É uma guerra perdida
que vocês querem travar.
Seguindo o texto compreendemos o que, ou quem está levando o povo a se rebelar
contra Deus Pai e seu filho. Os reis da terra se levantam, os príncipes conspiram. Aqui
está a intelligentsia mundial oculta direcionando os rumos da história, e manipulando
as sociedades de todas as eras para se rebelarem contra a divindade. A política, a
educação, a economia, as leis, a filosofia, tudo o que Deus presenteou à humanidade
para moldar uma sociedade justa e temente tem sido corrompido e implementado por
mentes perversas, e uma agenda maligna tem sido levado a cabo por esses anticristos
com o intuito de preparar o caminho para o seu messias satânico.
Quando Paulo escreve a sua segunda carta para a igreja em Tessalônica, ele comenta
sobre o iníquo, o rebelde e o mistério da iniquidade. E nas palavras do apóstolo fica
claro que antes da volta de nosso Senhor, haverá uma rebelião generalizada contra
tudo o que se chama Deus. Assim está escrito:
Ninguém vos engane de modo algum, pois isso nãos acontecerá sem que
primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da
perdição, que se opõe e se levanta contra tudo que se chama deus ou é objeto
de adoração, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, apresentando-se
como Deus. 2 Ts 2:3,4
Paulo está alertando os irmãos de Tessalônica, e também a nós, que, antes da volta do
Senhor, a apostasia antecederia o aparecimento, não de Cristo, mas do anticristo.
Guardemos bem essas palavras de Paulo. Aqui, nesse contexto, duas coisas se
revelariam antes de Cristo se revelar. A apostasia, por ser um termo ligado a igreja, nos
conduz a uma interpretação objetiva, fechada, tendo somente a igreja como referência
nesse texto. Mas não é isso o que Paulo está dizendo. Sim, a igreja certamente está
envolvida nessa apostasia, como dissemos no início de nosso estudo. Mas devemos
entender essa apostasia de forma geral, envolvendo também a sociedade não
convertida ao Senhor.
O engano quanto a interpretação fechada se dá pelo fato de se interpretar apostasia
como abandono, afastamento da fé. Porém, o seu significado é rebelião, revolta.
Devemos olhar para esse texto com uma interpretação aberta, e não afunilada para a
igreja. Quando nos dirigimos à natureza do anticristo, o termo usado por Paulo é
iniquidade. A essência do caráter desse homem do pecado é iniquidade, rebelião. A
palavra iniquidade é anomia em grego, que traz o significado de sem lei. Um homem
sem lei, que desafia as leis de Deus nas leis da humanidade que rege o pecado
humano. Por isso Ninrode aponta para o anticristo, o iníquo, pois ele era também
iníquo e se revoltou contra aquilo que Deus havia estabelecido.
Assim como Ninrode, o iníquo futuro em sua rebelião dirá que somente a sua vontade
é lei, e esse mistério, que é o mistério da Babilônia, já operava desde os tempos de
Paulo, o que nos revela que ele nunca deixou de atuar na história humana. Ele diz no
verso 7 que o mistério da impiedade já operava, estava em plena atuação. Essa frase
que Paulo acrescenta na futura revelação do iníquo nos diz que a iniquidade, que é a
essência do anticristo, será também a essência da natureza dessa sociedade dos
últimos dias. Essa rebelião estará a tal ponto em operação nos últimos dias, que o
próprio povo se revoltaria contra as leis estabelecidas, que é a base do tecido social e
faz com que uma sociedade funcione para o bem de todos. Seria um trabalho conjunto
entre o iníquo e uma sociedade iníqua, e, assim como João Batista preparou o caminho
pavimentando-o para que o Cristo viesse, essa sociedade preparará um caminho para
a chegada do anticristo e a adoração ao dragão.
E podemos perceber uma engenharia social a todo vapor mudando os tempos, as leis,
a natureza humana, a ponto de torná-las novamente em besta feras, assim como o seu
líder, a besta do apocalipse. A agenda avança, e a rebelião está ganhando proporções
nunca antes imaginada nem nos tempos da sociedade romana nos dias de Nero. A
nossa sociedade avançou, e muito, em comparação àqueles dias negros vividos pela
igreja debaixo da espada desse imperador maligno. Há uma operação do erro enviada
pelo próprio Deus para aqueles que odiaram, odeiam e odiarão a verdade num mundo
pós-verdade. E, enganados por esse poder sedutor que é o mistério da Babilônia, os
iníquos estão enchendo o cálice da ira de Deus a ponto de transbordá-lo. Deus usa o
pecado que eles tanto desejam para punir os pecadores. Ninguém é inocente quando a
iniquidade está em questão. Muitos podem ser ignorantes a esse respeito, e esse livro
tem o intuito bem humilde de acabar com ela, para que ninguém seja nem ignorante
diante dessa rebelião patente aos nossos olhos, e muito menos inocente.
Estamos nessa fase avançada na agenda global da Babilônia, por que os líderes, a
intelligentsia, os governantes, os influenciadores digitais, os professores de todos os
níveis escolares, as celebridades, os mais ricos, todos esses que, corrompidos pelas
ciências espúrias legada por Ninrode, estão trabalhando incansavelmente para esse
único propósito: rebelião. E podemos entender que a cada dia um estado divinizado
tem se levantado e tomado o lugar de Deus, exigindo culto a si, mudando a ordem
política, os costumes morais e a natureza humana segundo a imagem de Deus,
inflamando o povo, colocando-os em pé como Ninrode, prontos para a batalha. São
eles, os líderes nos bastidores ocultos do mistério babilônico, que tem engendrado
essa corrupção moral, essa rebelião generalizada contra Deus e seu filho e,
automaticamente, contra a igreja, a verdadeira igreja.
Quando olhamos para o mundo do lado ocidental em praticamente todos os países
que o compõe, o que percebemos é uma homogeneidade, um padrão, uma revolta
conjunta, unânime, onde todos tem um mesmo pensamento para o cumprimento
dessa agenda para fins escusos. E segundo a linguagem do salmista, essa revolta seria
progressiva, constante, crescente. É um ódio natural, o ódio do bem, que deseja a
morte de Deus e de quem o segue. E esse desejo assassino tem crescido a cada dia.
Desde os dias de Abel, a semente da mulher tem sofrido debaixo da maldade da
descendência da serpente, e essa maldade tem tomado proporções apocalípticas em
nossos dias. E, prudentemente, eles têm avançado nos governos que estabelecem leis
e as derrubam. Nas universidades que formam as mentes de nossos jovens. Nas
mídias, jornais, judiciário e etc. Por todos os lados os tentáculos da iniquidade têm
penetrado o tecido social para mudar os tempos.
Se compreendermos a intenção de Antônio Gramsci, entenderemos o que estamos
falando. Esse pensador de nosso tempo entendeu que o slogan de Lenin “atacar
juntos, marchar separados”, não traria a hegemonia, a aliança de classes que seria um
vínculo mais forte com o proletariado. O problema é que esse proletariado, nós no
caso, somos influenciados pelos intelectuais da burguesia. Aqui você pode colocar a
moral judaico cristã e tudo aquilo de bom e ético que construiu a nossa sociedade,
principalmente a palavra de Deus, como os ensinos burgueses. É essa cultura ocidental
legada pela burguesia, isto é, principalmente o cristianismo, que Gramsci quer
exterminar.
Ele entendeu que as armas e ameaças podem converter o corpo, mas não o espírito. E
para que o espírito do homem fosse conquistado, era preciso dominar a cultura de um
povo, pois, a cultura é aquilo a qual cada povo presta culto. Se essa cultura está
baseada no cristianismo e o culto a Deus, logo que essa visão é mudada, o homem
adorará qualquer coisa. E era, não no campo econômico político, como apregoava
Lenin, que a hegemonia dos ideais marxistas seria consolidada em um povo. Não, dizia
Gramsci. É no campo da crença, dos valores, da identidade, da cultura em si, que um
povo seria conquistado. Em suas próprias palavras ele defini o que é a guerra cultural:
Toda revolução foi precedida por um intenso trabalho de crítica, de penetração
cultural, de permeação de ideias através de agremiações humanas no princípio
refratários e aplicados somente em resolver o dia-a-dia, uma hora por vez, e
para eles mesmos, seu problema econômico e político, sem vínculos de
solidariedade com as demais que se encontravam nas demais condições.
Aqui está a intelligentsia manipulando a massa para conspirar contra tudo aquilo que
se chama Deus ou é objeto de culto. Vocês já notaram o quanto de leis que inibiam o
pecado tem sido quebrado em nossos dias? Essas leis são retrógadas, reacionárias, e
não permite o progresso do homem, dizem. Eles estão em sua guerra cultural,
pacientemente corroendo, segundo o pensamento gramsciano, a hegemonia
ideológica da classe dominante, isto é, burguesa. Entenda que o que eles praticamente
querem destruir é tudo aquilo que está no decorrer do texto do salmista:
Rompamos suas correntes e livremo-nos de suas algemas. Sl 2:3
Essa rebelião passiva, penetrante, paciente, permeando ideias que Gramsci tem feito
através de seus escritos, é a tentativa de se libertarem das leis divinas e proclamarem
a morte de Deus para que, livres, possam finalmente viverem num jardim sem Deus, e
num milênio sem Cristo. Há muito tempo Dostoievski já dizia que “se Deus está morto,
tudo se torna possível”. E o salmista quando escreveu o salmo 53 já pensava a mesma
coisa que o russo pensaria muito tempo depois. Assim o salmista escreve:
O insensato diz no seu coração: Deus não existe. Todos se corrompem e
praticam abominações; não há quem faça o bem. Salmo 53:1
Perceba como o salmo é construído. Há uma sequência lógica que salta aos olhos.
Primeiro o homem mata Deus em seu coração e, quando isso acontece, o que vemos
depois é corrupção e abominações praticadas por esses indivíduos que declararam a
morte de Deus. E o resultado dessa rebelião é aquilo que Chesterton dizia: “Quando o
homem deixa de crer em Deus, pode crer em qualquer coisa”. E quando essa
intelligentsia corrompe o coração humano proclamando que não há Deus, pecado,
inferno, vida após a morte, a consequência é, cedo ou tarde, essa sociedade iníqua se
prostrar diante do dragão e do seu cristo.
É nesse ponto que o mistério da Babilônia se apresenta com mais força. Deus se torna
aquele que impede o desenvolvimento humano, e tudo o que impede com que o
homem progrida, evolua, cresça tem que ser eliminado. Eles proclamam a liberdade
revelando paulatinamente o segredo há muito escondido, e aos poucos esse mistério
está sendo impregnado numa sociedade sedenta pelo pecado. Posteriormente
entraremos nesse assunto mais profundamente.
George Ladd, em sua teologia do Novo Testamento traz uma reflexão muito
interessante para o que estamos estudando aqui.
A ideia não é tanto a de desviar-se do Senhor em direção à apatia, mas um
posicionamento deliberado de violenta oposição a Deus, que já está em
operação. Essa rebelião será um evento definitivo, um acontecimento
apocalíptico. O anticristo não apenas se oporá a toda autoridade divina, como
também será apoiado por uma rebelião geral contra Deus.33
E como estamos estudando desde o começo, essa revelação do homem do pecado,
não é algo novo na história. Essa rebelião teve seu início no céu, se espalhou pelo
mundo através do primeiro casal naquele jardim, e Paulo apenas estava se certificando
que essa rebelião cósmica estava em atuação há muito tempo, mas que teria sua
culminação num futuro próximo. No entanto, George Ladd traz uma visão interessante
sobre aquilo que detém a revelação total dessa rebelião. Ele deixa claro que Paulo não
diz o que era esse algo que detém a aparição do iníquo, porém, quando esse algo fosse
tirado, automaticamente o iníquo seria revelado.
No entendimento de Ladd, o que Paulo tinha em mente quando disse tais palavras era
um Estado, ou governo baseado nas leis que regem o bom funcionamento da justiça,
um governo que fosse ministro de Deus para o teu bem. Rm 13:4
Deus ordenou que as autoridades humanas preservem a ordem, isto é, que
aprovem aqueles que fazem o bem, e que punam aqueles que fazem o mal. A
antítese disso é iniquidade mencionada em 2 tessalonicenses 2:4: a divinização
do Estado, de modo que este não seja mais um instrumento da lei e da ordem,
mas um sistema totalitário que desafia Deus e exige culto por parte dos
homens. Esse é o Estado demoníaco.34
Daniel, em suas visões e interpretações dos sonhos descritos em seu livro, viu tanto os
impérios como as bestas que estariam a frente desses impérios. Nabucodonozor era a
Babilônia, e a Babilônia era Nabucodonozor. Não foi o rei Luiz XIV da França quem
primeiro falou que ele era o estado. Daniel percebeu que, quando se tratava daqueles
reinos, tanto o rei como o reino eram a mesma coisa. E esse estado leviatã que está
surgindo nesses últimos dias nada mais é que a personificação do iníquo que virá. Tudo
caminha para o cumprimento do propósito de Deus, e a besta que sobe do mar falará
palavras contra o altíssimo e oprimirá os santos do altíssimo, procurando mudar os
tempos e a lei segundo o que está revelado em Daniel 7:25. E continuando o seu
argumento, Ladd escreve:
Paulo vê um dia em que a regência da lei sucumbirá, quando a ordem política
será exterminada e, assim, será incapaz de continuar a restringir o princípio da
iniquidade, então, as últimas defesas que o Criador erigiu contra os poderes do
caos serão completamente abaladas. 35
Segundo a dialética de Hegel, primeiro produza o caos, por que é desse caos que a
revolução virá. Pratique o mal para que, deste mal, algo bom flua para a realidade.
Esse princípio da tese, antítese e síntese de Hegel tem sido aplicado há milênios, mas
foi com esse pensador satanista que a doutrina ganhou corpo e tem, em nossos dias,
ganhado expressão nunca antes vista. O problema é que o que está sendo combatido é
o evangelho de Cristo, e o que está sendo erguido das cinzas é o mesmo estado
totalitário demoníaco que Ninrode erigiu no passado e por onde o anticristo surgirá. É
esse Estado divinizado que desafiará a ordem divina e moldará uma sociedade inteira.
Não há como não chegar à conclusão que o marxismo e todas as suas ideologias
periféricas são satanistas em sua essência, pois Karl Marx, satanista, foi diretamente
influenciado pela filosofia de Hegel que, por sua vez, foi influenciado pelo livro de
Fausto Goethe, onde satanás se apresenta como a força do mal que produz vida. É
através do mal, da destruição, da morte, da perversidade que o paraíso será, por fim,
implantado na terra.
Tudo o que estamos vendo diante de nossos olhos são frutos dessa revolução latente e
paciente, que tem destruído uma civilização inteira baseada na lei e na ordem que
glorifica o Deus da lei e da ordem. As famílias estão sendo destruídas. Nossos jovens
estão sendo corrompidos. As leis estão sendo banalizadas e a ordem está dando lugar
ao caos. Tudo isso tem método, e o método é por fim a tudo aquilo que Deus
estabeleceu desde o princípio da criação.
E quando nos voltamos para o texto do salmista, o que podemos perceber é um Deus
que acha graça de toda essa revolta. O salmo revela onde Deus está, e onde Deus está,
é onde Ele sempre esteve: reinando. Aquele que está assentado nos céus se ri; o
Senhor zomba deles. Nada mudará essa realidade. Na terra há confusão, tumulto,
desordem, manipulação, mas Deus continua onde sempre esteve. O seu trono não é
abalado pelo o que acontece na terra, e a adoração continua no lugar santíssimo
àquele que detém todo o poder e o rumo de nossa história.
Os rebeldes, enganados pela serpente ferida, realmente pensam que podem ganhar
essa guerra. E é especificamente esse fato que faz com que o nosso Deus se ri da
atitude louca dessa geração estúpida. Qual seria a reação de qualquer pessoa diante
de um planejamento que não terá êxito? Por isso o nosso Deus zomba dessa loucura, e
essa loucura só prova o quanto de engano está em operação nesses dias pelo fato de
os revoltosos acharem que terão algum sucesso.
O profeta Isaías escreve algo que corrobora o que estamos estudando. Profetizando
contra Senaqueribe, a intelligentsia rebelde da época, ele escreve:
Por causa do teu furor contra mim, e por que a tua arrogância chegou aos meus
ouvidos, porei o meu anzol no teu nariz e o meu freio na tua boca, e te farei
voltar pelo caminho por onde vieste. Is 37:29
Esse rei era o homem mais poderoso do mundo. E se você olhar o contexto das
palavras de Isaías, verá as palavras de insolência e arrogância que saiam de sua boca.
Concidentemente o império Assírio é fruto da rebelião de Ninrode. Ele também é pai
dessa nação. Os princípios que moviam essa nação era o mesmo princípio da Babilônia
e do Egito, povos irmãos oriundos do mesmo pai.
O rei da Assíria, juntamente com o povo assírio, se rebelou contra Deus e suas
palavras, e matando o Criador em seus corações pensavam serem capazes de fazerem
o que planejavam. Mas aquilo que eles planejavam era simplesmente o fracasso. E
essa tem sido a realidade de todos os rebeldes arrogantes por toda a história humana.
Deus, em sua soberania, está permitindo com que esses homens e mulheres com
pensamento abomináveis, deem um passo adiante em seus propósitos, mas isso
somente é possível porque Deus, o soberano, permitiu com que eles avançassem em
sua agenda. Todos, dos maiores aos menores, têm em seus narizes um anzol, e em sua
boca um freio que os guiam para realização do supremo propósito de Deus, isto é, o
trono para o seu filho.
O nosso Deus, nesse salmo, é apresentado como criador, e a sua vontade como a
causa de todas as coisas. Por nosso Deus ser Criador, tudo o que Ele faz lhe pertence.
Ele é revestido de autoridade absoluta sobre tudo. Ele é sustentador de todas as coisas
e determina os fins que elas estão destinadas a se cumprir. Ele governa como rei no
sentido absoluto da palavra, e todas as coisas dependem dEle e lhe são subservientes.
Teologia do processo ou o teísmo aberto podem olhar para ao avanço do inimigo como
uma possível derrota do reino, mas como Paulo falou aos religiosos atenienses citando
seus próprios pensadores: Nele nos movemos, existimos e somos. Se o nosso Deus
desligar a tomada, todos nós desapareceremos da história num instante.
Na segunda guerra mundial, quando a Alemanha nazista estava preste a ser derrotado,
os aliados estavam as portas para invadir a nação alemã. Hitler deu ordens para o
exercito alemão atacasse as forças aliadas nas Ardenas, Bélgica. Por um momento o
exército nazista avançou as linhas aliadas causando uma grave derrota. Esse fato
trouxe a ilusão para o comando alemão de que a guerra poderia ser mudada. Mas era
um ledo engano. Era um exército derrotado em seus últimos espasmos de vida. A
vitória aliada já estava decretada e somente esperava o momento certo de dar cabo ao
exército vencido.
Assim está acontecendo na nossa história. Esses homens maus que intentam contra
Deus e seu filho, estão agindo em seus últimos momentos de vida e pensam que,
avançando momentaneamente sobre o reino de Deus, estarão vencendo a guerra. O
que eles não entendem é que esse avanço é para cumprimento do propósito de Deus.
E o sofrimento para que o filho varão seja gerado e toda a grande colheita seja
amadurecida, passa na verdade por esse avanço do reino inimigo. Como Lutero dizia
“Deus choca os seus melhores ovos debaixo das asas de satanás”.
Por muito tempo os poderosos da terra têm pensado que são livres para fazerem seus
planos ocultos se cumprirem. Realmente eles estão levando a cabo o que arquitetam
em seus castelos luxuosos, mas a vida de Nabucodonozor só prova o quanto o deus
deste século os tem cegado.
Quando Judá se afastou do Senhor, Deus levanta uma poderosa nação somente com o
propósito de corrigi-la de seu pecado. Pense comigo, o surgimento desta grande nação
teve, como objetivo, corrigir uma pequena nação medíocre no oriente médio. Judá era
insignificante diante da grandeza da Babilônia, o império da vez naqueles dias. E para
que o seu propósito se cumprisse, Deus levanta um homem, Nabucodonozor, para
cumprir o que ele planejou. Nabucodonozor era poderoso. Seu exercito esmagava
qualquer outro poder existente. Ele destruiu o império Assírio, e olhando do ponto de
vista humano, esse rei achava que tudo aquilo que a Babilônia havia conquistado era
por causa do seu poder. Ele achava que era livre para pôr fim aos seus propósitos.
Jeremias, no entanto, via pela perspectiva divina, e trouxe a baila que Nabucodonozor
nada mais era do que um servo de Deus. Seria Nabucodonozor crente no Deus de
Israel? Seria ele temente a Jeová? Não, de maneira nenhuma. Ele temia o seu deus,
Marduk, e a prova disso é as mudanças nos nomes de Daniel e seus amigos.
Nabucodonozor não conhecia o Deus de Israel. Ele era uma figura do anticristo, uma
besta que estava erigindo o trono para o anticristo. Mas a questão é que, mesmo sem
saber sobre o que o Deus de Israel planejava, ele iria cumprir aquilo que Deus havia
estabelecido em sua vontade soberana. Deus tinha levantado Nabucodonozor para
somente esse objetivo.
E quando esse grande rei soube das intenções divinas por intermédio de Daniel, o
profeta, ele conspirou contra o decreto de Deus de que ele somente era a cabeça de
ouro, e seu reino passaria. Nabucodonozor incitou o povo a se rebelar, erigiu toda uma
estátua de ouro dizendo que seu reino duraria mil anos, e proclamou a todos:
rompamos de sobre nós as suas ataduras, sacudamos de nós as suas cordas. Mais uma
revolta contra o Deus soberano estava em curso na história, e ele, rejeitando o quinto
reino, não queria o Deus de Israel como Senhor, e nem o seu Cristo como rei.
E o fim desse homem que achava que era livre para fazer o que quisesse, nós sabemos.
A sua verdadeira natureza aflorou, e como um animal irracional, ele pastou por um
tempo, até que Deus o quebrasse e, por fim, ele reconhecesse quem é o soberano. É
essa loucura que faz o nosso Senhor rir, que o leva a zombar dos intentos desses
homens maus. O que o nosso Senhor falou, se cumprirá, querendo os poderosos ou
não. Eles acham que estão agindo livremente, cumprindo sua agenda e estabelecendo
esse reino iníquo. Mas Deus está no trono e faz tudo aquilo que lhe apraz.
Com isso em mente, nós, o povo de Deus, temos que entender que todo o propósito
de Deus para ser cumprido, passará pelos sete selos, as sete trombetas, e a ira de
satanás. E no meio de todo esse manifestar das dores de parto, a igreja se faz presente
bem no centro do reino do inimigo que agoniza, antevendo a sua derrota final. E para
que isso não se cumpra, algo que é impossível, o reino do dragão se levantará nas suas
últimas forças, e intentará contra os santos de Deus. Seria esse ataque, onde o exercito
inimigo que avança as nossas fileiras produzindo mártires como Antipas, um sinal de
derrota? De modo nenhum. É o suplício de um exército derrotado que Deus, assim
como fez com Judá, permitirá para que o seu povo seja aperfeiçoado debaixo da
espada dos anticristos e do anticristo.
E no meio de tudo isso, em toda a revolta da humanidade contra tudo o que se chama
Deus e é objeto de culto. Em meio a maldade humana, a mudança dos tempos, ao caos
gerado pela iniquidade, pelo ajuntamento tumultuoso, da sabedoria dos conselheiros
satânicos, da perícia dos legisladores maquiavélicos, do avanço do inimigo que mata,
persegue, aniquila, avança as nossas fileiras, em toda essa situação desesperadora aos
olhos humanos...
... DEUS UNGI O SEU REI.
É exatamente isso que está descrito no verso 5 do salmo segundo. Eu mesmo, diz o
Senhor, constituí o meu rei em Sião, meu santo monte. Se seguirmos a sequência desse
salmo, não há como não vermos uma correspondência quando a sétima trombeta do
Apocalipse é soada. Aqui diz que Deus proclama o seu decreto dizendo que o seu filho
é como Ele mesmo, Deus sobre tudo. E que, pelo penoso trabalho de suas mãos
através da cruz, o Pai daria a herança que era devida ao seu filho: as nações e todas as
extremidades da terra.
O livro do Apocalipse nos revela a glorificação do Senhor Jesus aos seu lugar de honra,
onde, em meio a toda aquela glória, Ele recebe das mãos do Pai o livro contendo a
escritura de todo esse universo que foi usurpado por nosso inimigo. Desde esse dia
quando nos deparamos com tudo o que acontece nesse mundo, desde a manifestação
da natureza e passando pelas ações dos poderosos, é o Senhor Jesus tomando de volta
aquilo que é dele por criação e, agora, por direito de redenção.
E quando, finalmente a ultima trombeta é soada, as palavras do Salmo 2 voltam a
nossa mente.
O sétimo anjo tocou a sua trombeta tocou a sua trombeta, e surgiram no céu
fortes vozes, que dizia: O REINO DO MUNDO PASSOU A SEER DE NOSSO
SENHOR E DE SEU CRISTO, E ELE REINARÁ PELOS SÉCULOS DOS SECULOS. As
nações se enfureceram, então veio a tua ira, o tempo de serem julgados os
mortos e de dares a recompensa a teus servos, os profetas, aso santos e aos
que temem o teu nome, aos pequenos e grandes, e de destruíres os que
destroem a terra.
Aqui está a rebelião final de uma geração iniqua que não reconheceu que o Deus de
Israel é o verdadeiro Deus, e o seu Filho, Jesus Cristo é o pretendente real ao trono. E
no fim do versículo se encontra a intelligentsia, aqueles que tem destruído a terra, não
somente fisicamente, mas com suas abominações a qual enganou gerações, e os fez
seguir ante as suas rebeliões. Ele pode dizer, como um deles disse recentemente:
“querendo ou não, teremos um governo mundial. A única pergunta é se ocorrerá por
meio de consenso ou imposição”. Eles irão dominare todas as coisas? Não tenha
dúvidas. Eles irão implantar o que querem? Com certeza. Eles irão perseguir e matar
aqueles que, como Antipas, não aceitarem as suas abominações? Sim, irão. Mas toda
essa revolta é uma ilusão, e toda a ideia de uma possível vitória eá apenas mais uma
loucura humana.
Jesus já foi ungido rei, e isso se deu há mais de dois mil anos. É um fato consumado
que nada mudará. O mundo pode não reconhecer, mas Ele é. Pode não aceitar a sua
autoridade, mas Ele a possui. E sobre a igreja ele governa e tem estendido a sua
inflûencia debaixo do nariz do inimigo.
CAPÍTULO 4
COMEÇO DE TUDO
Um dos maiores enganos que tem sido espalhados por todo mundo e por toda a
história humana, é que satanás não é uma pessoa, uma mente pensante, e sim uma
força, uma influência ou algo abstrato, não real. O próprio C.S Lewis debateu sobre
esse tema que negava a personalidade do mal em seus dias, tempos bem próximos do
auge da alta crítica e do cientificismo.
Em seu livro, que demonstra toda a argúcia do autor, Lewis escreve sobre uma
conversa de um diabo experiente aconselhando um diabo menos experiente, seu
sobrinho cujo o nome é Vermelindo. Na carta de número 7 ele responde uma pergunta
sobre se é essencial manter seus pacientes na ignorância quanto à sua própria
existência. Ele explica ao jovem diabo que o comando não tinha tomado a decisão
sobre o assunto, e ele cria que, no momento, a política era se manter em oculto. E ele
revela que nem sempre foi assim na história, isto é, havia uma consciência da sua
existência real no passado, mas com o passar do tempo algo veio a mudar, e essa
mudança era um dilema para eles. E assim Maldanado, o tio de Vermelindo
argumenta:
Quando os seres humanos deixam de acreditar em nossa existência, perdemos
todas as consequências prazerosas do terrorismo direto e deixamos de produzir
bruxos. Por outro lado, quando eles acreditam em nós, não temos como torná-
los materialistas e céticos. Pelo menos por enquanto. Tenho muita esperança
de que iremos aprender em pouco tempo como apelar aos sentimentos e
transformar em mito a ciência deles a ponto de aquilo que é, com efeito, uma
crença em nós (embora não com esse nome) se infiltrará de mansinho,
enquanto a mente humana permanecerá fechada à crença na existência do
inimigo.
Lewis dizia que a estratégia de satanás sempre foi enviar ao mundo os erros em pares
opostos. Aqui, no caso, nos deparamos com essa estratégia entre a crença e descrença
sobre a pessoa de nosso inimigo. E esse problema duplo sempre nos conduzirá a
desperdiçar um tempo precioso tentando adivinhar qual deles é o pior. O resultado é
que o homem passa a odiar um lado e cair, facilmente, no outro, mas de uma maneira
desequilibrada. Então ele nos diz para termos equilíbrio sobre esses opostos mantendo
o caminho reto, tendo sempre uma consciência sadia sobre esses assuntos. Claro que
ele sabia que nessa questão espiritual o homem se deparava com dois erros opostos
sobre a existência de demônios, ou, sendo mais específico, satanás. Um erro era não
acreditar em sua existência, e o outro era acreditar e sentir excessivo e doentio
interesse neles.
É certo que nós nos encontramos bem no meio dessa encruzilhada a qual Lewis coloca
diante de nós. A intelligentsia com certeza tem a revelação do seu senhor e deus nos
encontros obscuros em seus resorts de luxo, mas a grande massa da população que,
seguindo os ensinos satanistas (a crença em nós, embora com outros nomes como diz
Maldanado), ainda desconheçam a quem serve, até chegar o dia em que acreditarão
em lucífer, mas não em Deus. E esses dias estão mais próximos do que imaginamos.
Mas, para delinearmos o que seria o satanismo, devemos nos voltar para o início de
tudo, e compreendermos qual é o princípio satânico que estamos tentando definir.
Em primeiro lugar, devemos nos posicionar equilibradamente que um mundo imaterial
existe, e que nesse mundo imaterial personalidades espirituais existem. Deus, no
princípio, criou espíritos de luz, anjos, anciãos, seres viventes para lhe prestarem culto.
Na gênese da existência desses seres apenas uma vontade, a vontade do Deus trino
criador, existia. No entanto, num determinado tempo, uma outra vontade começou a
se revelar no céu. Por causa de sua beleza, de sua glória e de seu poder, um ser criado
chamado lúcifer, ou anjo de luz, declarou independência dizendo que a sua vontade
também é lei. Era o começo da loucura da criação que trouxe a desarmonia onde
nunca antes uma música desafinada havia sido tocada.
Quando nos voltamos para a Bíblia, dois textos se apresentam para nós explicando
como se deu essa revolução nos céus de Deus. O profeta Ezequiel em seu livro traz
uma figura sombria de uma rebelião do rei de Tiro. Por mais que alguns intérpretes
historicistas tentem aplicar esse texto para esse rei especificamente, fica difícil crer
que era sobre ele que o profeta estava fazendo referência. Assim diz a profecia:
Filho do homem, erga um lamento a respeito do rei de Tiro e diga-lhe: ‘Assim
diz o Soberano Senhor: " ‘Você era o modelo de perfeição, cheio de sabedoria
e de perfeita beleza. Você estava no Éden, no jardim de Deus; todas as pedras
preciosas o enfeitavam: sárdio, topázio e diamante, berilo, ônix e jaspe, safira,
carbúnculo e esmeralda. Seus engastes e guarnições eram feitos de ouro;
tudo foi preparado no dia em que você foi criado. Você foi ungido como um
querubim guardião, pois para isso eu o determinei. Você estava no monte
santo de Deus e caminhava entre as pedras fulgurantes. Você era inculpável
em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade
em você. Por meio do seu amplo comércio, você encheu-se de violência e
pecou. Por isso eu o lancei em desgraça para longe do monte de Deus, e eu o
expulsei, ó querubim guardião, do meio das pedras fulgurantes. Seu coração
tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e você corrompeu a sua
sabedoria por causa do seu esplendor. Por isso eu o atirei à terra; fiz de você
um espetáculo para os reis. Ez 28:12-17
John Macarthur, corroborando com a mesma visão, escreve que tanto o texto de
Ezequiel, como o texto de Isaías a seguir, são melhores aplicadas na figura de satanás.
No entanto ele entende, o que também focamos aqui, que uma mão invisível está por
detrás desses governantes, manipulando-os para o seu próprio objetivo. Da mesma
forma Wiersbe entende que a impressão que esse rei aqui descrito é muito mais do
que o governate humano e que pode ser uma descrição de satanás. A causa dessa
percepção, aponta o comentarista, está nos termos usados, tais como querubim, que
para Wirsbe se trata de um ser angelical, e monte santo de Deus.
Quando lemos essas palavras menciondas pelo copmentarista, e outras que seguem o
mesmo tom, rapidamente entendemos do por quê lucífer ter reagido em rebelião
contra a vontade de Deus. Ele tinha a primazia na criação. Era glorioso a ponto de
receber o nome de estrela da manhã, como veremos no texto a seguir, e as pedras
preciosas citadas no texto descrevem a sua grande beleza. É interessante notar que
essas pedras mencionadas no texto eram encontradas no peitoral do sumo sacerdote,
o que pode descrever a função desse ser antes da queda. A glória de Deus plenamente
refletia nele, e esse ser irradiava essa luz por todos os lados.
O profeta Isaías também traz um texto que parece fazer referência a esse ser de glória,
e descreve contornos tenebrosos, indicando que o anjo caído procura fortalecer e
motivar líderes mundiais indicando príncipes para várias nações com o objetivo de
manipular os governantes a agirem em oposição a vontade de Deus em rebeldia. Assim
o profeta descreve a queda desse ser:
Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi
atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você que dizia no seu
coração: "Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus;
eu me assentarei no monte da assembleia, no ponto mais elevado do monte
santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo".
Mas às profundezas do sheol você será levado, irá ao fundo do abismo! Is
14:12-15
O que torna esse texto de Isaías mais interessante, é que essa profecia está sendo
direcionada para a Babilônia, a mãe de todas as abominações, o centro de todas as
blasfêmias e do sistema iníquo que tem declarado independência de Deus e se
rebelado desde o princípio. Quem está por detrás dessa rebelião é o mesmo ser que
iniciou a primeira rebelião no princípio da criação. Por outro lado, vemos o profeta
Ezequiel profetizando contra Tiro, o centro comercial do mundo naquela época, onde
mamon, o deus reconhecido por Cristo, reinava nos corações dos homens gananciosos.
Dos dois lados vemos a natureza da Babilônias no livro de Apocalipse, espiritual e
político econômico, e descobrimos quem é o agente por detrás desses dois sistemas,
personificados nesses líderes e nações e, acima de tudo, o seu destino certo
profetizado por nosso Deus.
Novamente devemos salientar sobre as leis de interpretação na palavra de Deus. As
profecias muitas das vezes tem cumprimento duplo, e muitas das vezes falam uma
coisa se referindo a outra. E nesse caso os profetas estavam nos direcionando àquele
que estava por detrás desses movimentos, que governava esses poderosos e
sustentava essa rebelião contra Deus. É esse ser poderoso, não uma força impessoal,
que move as nações, que manipula as massas, que ilumina a intelligentsia, que traz
revolta e rebelião na humanidade contra àquele que deseja o bem da humanidade. E a
sua mensagem tem distorcido a realidade ao ponto de todo o sistema mundano falir
com respeito ao que é certo e verdadeiro. O rebelde está, pacientemente, se
infiltrando de mansinho, enquanto a mente humana permanecerá fechada à crença na
existência do inimigo, isto é, Deus, compartilhando de sua natureza e levando o mundo
a agir segundo o seu princípio.
Voltando para a primeira rebelião, o que se destaca ali é o nascimento de uma vontade
paralela, rebelde, iníqua. Satanás, iludido pela glória de Deus refletida nele, achou que
tinha glória em si mesmo, e se elevou em seu orgulho começando a agir por conta
própria, sendo ele mesmo a lei para si mesmo. E pela primeira vez o “eu” veio à tona
na criação. O orgulho, o primeiro pecado, fez com que satanás desviasse seus olhos do
criador para a sua pretensa glória, e por fim dizer “eu” subirei. Não foi essa a reação de
Ninrode e o seu povo ao criar aquela torre? “Nós” vamos construir uma torre e
chegaremos até os céus fazendo o nosso nome famoso? É o mesmo princípio de
satanás. Ele desejou subir, por conta própria, até o trono de Deus e ser como Deus.
Nota-se que o seu desejo não era ser maior do que Deus, mas ser como Ele, igual a Ele.
Essa mesma sedução se fez ouvir pela boca da serpente quando, tentando a mulher,
disse-lhe que ela não seria maior do que Deus, mas seria como Ele, assim como a
própria serpente queria um dia ser.
Em todo o decorrer da história podemos enxergar uma mente pensante por detrás das
mentes pensantes, um ser rebelde por detrás de toda a rebeldia, um poder maligno
por detrás de todos os poderosos malignos. Por um lado, nós temos os bruxos, a
intelligentsia e a elite global oriunda de Babel que propaga conscientemente o
princípio de satanás, Por outro lado nós temos os que negam a existência desse ser, e
não conseguem enxergar que ele, o dragão do Apocalipse, está por detrás de todo o
mal no mundo, e conduz, pacientemente, toda a sociedade para a culminação de sua
agenda. Mas essa visão está mudando a cada dia, e a mídia tem sido um dos agentes
dessa mudança quando revela lucífer como um ser não demonizado pela igreja, mas
humanizado pela intelligentsia a ponto de colocá-lo como o libertador, salvador,
aquele que trouxe luz e liberdade para a humanidade aprisionada por esse “Deus mal”.
Aqui está um dos mistérios da grande Babilônia. Lúcifer, na verdade, é o primeiro ser
que ousou se libertar das amarras desse “criador sádico e mesquinho”, aquele que fez
em pedaços as suas correntes, e lançou de sobre si as suas algemas. E por toda a
história da criação ele tem tentado despertar essa revolta contra a autoridade
“maligna de Deus”.
Quando olhamos para o livro de Gênesis, podemos perceber esse princípio em ação.
Primeiro, devemos crer que esse livro é histórico, isto é, os personagens ali descritos
realmente existiram. E no decorrer dos anos, principalmente nos dias da alta crítica,
homens começaram a contestar a autoridade bíblica, e a se perguntarem se realmente
essas narrativas “fantásticas” eram literais ou apenas mitos, e, influenciados pelas
descobertas cientificas e o avanço do conhecimento humano, para não dizer da
serpente, chegaram à conclusão de que nada daquilo realmente existiu. Se nos
aprofundarmos no estudo de quem esteve por detrás dessa nova hermenêutica,
concluiremos que a intelligentsia satanista também adentrou os círculos acadêmicos
da teologia, propagando a desinformação para os seus próprios propósitos.
Então, partindo do fato que Eva é real, que estava num jardim real e conversou com
uma serpente real, no entanto, possuída por esse espírito caído, entenderemos que
desde o começo o homem foi tentado a ser como satanás, rebelde contra todas as leis
de Deus e, naquele caso, somente uma lei: não comer do fruto. Apocalipse ao se
referir ao nosso inimigo, traz a nossa mente que ele é a antiga serpente (literatizando,
dessa forma, o fato como histórico), aquele que sorrateiramente adentrou o jardim no
Éden, esgueirou-se por entre as árvores e aguardou o momento certo para destilar o
seu veneno da rebelião. Essa figura de nosso inimigo como serpente revela o quanto
ele pode penetrar em todas as áreas da vida humana e destilar o seu veneno, seja na
política, governo, educação, arte, criação, igreja, família, todas as esferas possíveis de
uma sociedade e, a partir de dentro, destruir tudo o que pode ser objeto de adoração
a Deus.
Naquele jardim diante de Eva, ele destilou o seu veneno que mudaria toda a história.
Deus tem a sua vontade, e segundo a Paulo, a vontade de Deus é perfeita, justa e boa.
Mas, naquele dia ele tentou a mulher a duvidar dessa vontade divina. Devemos
entender que até aquele momento apenas a vontade de Deus era vivida pelo homem.
A sua liberdade estava debaixo da vontade de Deus que limitava, para o seu próprio
bem, a vontade do homem. Apenas uma vontade reinava no jardim de Deus, até que
em um fatídico dia, a serpente reconhecendo o momento de fraqueza da mulher, e
percebendo que ela estava próxima o suficiente para ver o fruto daquela árvore, se
aproximou e disse as mesmas palavras que ele, desde então, tem dito para todos os
homens e mulheres de todas as eras:
Foi isto mesmo que Deus disse: não comam de nenhum fruto das árvores do
jardim? Gn 3:1
Eva não percebeu que por detrás daquele réptil que, segundo a Bíblia, se diferenciava
do mesmo réptil que vemos hoje, se escondia um poderoso inimigo para testá-la com
respeito a sua fidelidade ao criador. E desde esse dia o nosso inimigo tem se disfarçado
de alguma forma impressionante e com aparente inocência, para enganar a todos,
desde a intelligentsia mundial, assim como os incultos e ignorantes de sua presença,
mas que experimentam da mesma forma, de sua rebelião.
O tom da pergunta da serpente coloca sobre Deus uma malignidade por restringir o
que os homens poderiam fazer, e talvez ele até soubesse de alguns questionamentos
pessoais, pois, pela resposta de Eva ao incluir o “não toqueis” ao se dirigir a serpente,
parece mostrar um descontentamento secreto e uma inclinação a considerarem o
mandamento do Altíssimo o mais cruel possível. Havia algo por detrás da negativa de
somente não comer de uma árvore, e esse algo impedia com que o homem vivesse
plenamente a sua liberdade. E a resposta de Eva revela que ela havia caído nas
palavras de satanás ao “não apenas aumentar a severidade da lei, mas também
enfraquecer o castigo. Deus havia falado: “certamente morrerás”, o que Eva altera
para: “para que não morrais”. A dúvida já estava trabalhando em sua mente, e, agora,
ela estava preparada para ouvir a verdade de Deus abertamente negada”. É bem
interessante notar que, nesse diálogo entre a mulher e a serpente, por duas vezes ela
se refere a Deus como Eloim, isto é, o Poder poderoso, e não Jeová, o Senhor, o Deus
da aliança, Benfeitor e Criador. As palavras da serpente cegaram os olhos de Eva para
ver a bondade, graça e amor de um Deus que os visitava ao entardecer para ter
comunhão, e ela passou a ver que esse Deus que é poderoso estava privando-a de algo
que ela teria direito de possuir. Pember, comentando sobre esse episódio, escreve:
Com quanta frequência, quando somos perfeitamente conscientes de algum
mandamento direto de Deus ao qual não desejamos obedecer, somos
seduzidos ao exagero de sua magnitude e inconveniência até que, enfim, pelo
contínuo jogo das imaginações malignas, quase chegamos à sua
impossibilidade. Ao mesmo tempo, esforçamo-nos para diminuir sua
importância e a penalidade que sua negligência provavelmente envolve, sem
perceber que, enquanto estamos trabalhando nossa própria vontade em
desafio à vontade de Deus, Seu Santo Espírito está gradualmente saindo de nós,
e nossa consciência de Deus, ou como seria ordinariamente designada,
sentimento religioso, está tornando-se cada vez mais fraca. Entretanto, o
pecado que habita em nós e está crescendo proporcionalmente e adquirindo
força até que, por fim, quando nossos olhos estão novamente abertos,
encontramo-lo como algum terrível tumor que, abominável e doloroso, tem
sido negligenciado há tanto tempo que dificilmente deixará vida em nós se for
retirado.
Pember acabou de descrever o satanismo nascido naquele dia no jardim no Éden. A
serpente imediatamente ao perceber a situação favorável, acusou Deus do que ele faz,
e o chamou do que ele é. Ele teve a audácia, a mesma audácia rebelde que revelou no
céu, de chamar Aquele que é santo e verdadeiro de mentiroso, dizendo a mulher que
ela certamente não morreria. Aquele que se opôs a Deus no céu, estava tentando a
mulher a se opor a Deus na terra, revelando nela mesma toda a natureza satânica da
serpente, acreditando no mentiroso e se rebelando contra Jeová, o Deus da aliança.
Por fim, a dúvida quanto a Deus ser próximo e íntimo dominou o seu coração, e o
pecado teria o seu começo. Assim como o orgulho despertou o primeiro pecado no
céu, rebelião, a cobiça da carne da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida daria
início ao primeiro pecado na terra, a mesma rebelião de satanás. Seu orgulho e
vontade própria fizeram com que a única árvore no jardim que havia sido proibida de
ser comida, se tornasse mais desejável do que todas as outras que estavam a sua
disposição para alimentá-la. E assim o satanismo adentrou o mundo dos homens e
desde esse dia tem movido os poderosos para a rebelião final.
No céu de Deus havia nascido uma outra vontade na rebelião de satanás, e agora, na
terra que Deus havia criado, uma outra vontade havia se iniciado trazendo rebelião
contra a vontade revelada de Deus. Eva foi forçada a pensar que não era livre para
escolher o que seria melhor para ela, e de forma carnal, promiscua e sensual, desejou
possuir aquilo que Deus havia negado para o seu próprio bem, algo terrível que
podemos descobrir através de toda desgraça que adentrou no mundo e fez com que a
própria Eva, não muito tempo depois, se alimentasse de sua própria rebelião ao
enterrar o seu filho por causa da sedução de satanás.
O princípio satânico tinha conquistado o coração humano, e desde esse dia ele
começou a viver de forma egoísta e ególatra. Aquele que buscava a liberdade, acabou
caindo em escravidão e, enganado, acabara de ser expulso do jardim para que não
comece da árvore da vida no estado de rebelião e, dessa forma, vivesse eternamente
como lúcifer.
Agora, desde o dia da queda, o homem passou a viver em completa alienação da
presença de Deus, e aquele relacionamento de graça e amor havia sido posto ao fim
por causa da rebelião da vontade. E não muito tempo depois desses dias, mais
precisamente em Gênesis 6, a natureza iníqua já aflorava em praticamente toda a
humanidade da época, salvo oito almas. E essa rebelião é mais identificada pelo
nascimento de uma raça que ficou conhecida como os nefilins, os híbridos, que ainda
se discute qual seria a sua origem, no entanto, se seguirmos a interpretação dos
primeiros cristãos que entendiam esse texto como anjos tendo relações com as
mulheres em geral naquela época, se torna ainda mais terrível a situação daquela
geração. O que temos de certeza é que os nefilins eram seres poderosos, gigantes,
considerados deuses, cruéis, e devoradores de homens.
Estamos agora em posição de dizer que todas (revoluções), foram criadas por
uma mão oculta. Os cabalistas, relativamente escondidos na sua época,
moldaram a Reforma e dividiram a Cristandade; os maçons rosacrucianos de
Amsterdã moldaram as revoluções Puritana e Gloriosa; os maçons templários
do Grande Oriente Illuminati moldaram as revoluções Francesa, Imperialista-
Prussiana e Russa, enquanto a Maçonaria Sionista rothschildiana moldou a
Revolução Imperialista Britânica. Todas essas influências ocultas eram franco-
maçônicas. Embora a Reforma tenha antedatado a fundação oficial da Franco-
Maçonaria, o Cabalismo era uma influência oculta que teve impacto sobre o
catarismo das escolas de Languedoc, e a tradição franco-maçônica é uma
ramificação do Cabalismo: ambos contemplam o Templo de Salomão e a
tradição do Antigo Testamento. Pelo que mostra nosso estudo das revoluções,
da Renascença à Revolução Russa, as influências desses levantes são franco-
maçônicas. As sociedades secretas se reuniam a portas fechadas e incitavam a
súbita mudança em suas sociedades. Os líderes tinham a segurança de operar
em segredo, acreditando que sua fraternidade não os trairia. O mesmo
princípio esteve por trás do crescimento da Nova Ordem Mundial no século XX,
cujas raízes são franco-maçônicas.
Baseado numa farta documentação, essa obra revela o quanto as sociedades secretas,
principalmente a maçonaria, esteve por detrás dessas rebeliões que mudaram a
história do mundo, dando uma nova direção voltada ao cumprimento do propósito de
satanás. Bem, você pode discordar dizendo que influência essas sociedades secretas
poderiam ter na construção desse mundo iníquo como nos dias de Noé. Mas, o ponto
principal se encontra na descoberta de Nicholas Hagger sobre a crença dessas
sociedades secretas.
E a conclusão que Hagger faz no seu comentário acima é a constatação do que temos
falado desde o princípio. Os nossos jovens, mentes ainda em formação, tem sido
influenciado diretamente por mestres satanistas conscientes que propagam obras
satanistas disfarçadas de arte, literatura, música e filosofia, gerando em seu consciente
e inconsciente, uma mente rebelde e revolucionária pronta a seguir o iníquo e
implantar um reino de iniquidade em nosso mundo. Uma revolução cultural está em
curso em todo o planeta, e os jovens tem sido as vítimas da elite oculta servindo de
massa de manobra para que os tempos sejam mudados e as leis que regem a
humanidade sejam, silenciosamente, deturpadas.
Não é possível entender a Revolução sem fazer essa conexão com lúcifer, o
revolucionário arquetípico, pois é seu domínio que explica o extremismo dos
estágios político e físico. A guilhotina de Robespierre e os pelotões de
fuzilamento do rosa-cruz Stálin têm uma implacabilidade que só pode ser
compreendida no nível satânico. Na fase de consolidação, a revolução é
necessariamente destrutiva. Mesmo assim, no contexto geral de todas as
civilizações, as revoluções têm um lugar necessário. Como já vimos, elas fazem
avançar suas civilizações e favorecem as liberdades individuais. No entanto,
aumentam a secularização e favorecem a decadência da civilização. É como se
as civilizações fossem uma luta entre dois princípios conflitantes e opostos: o
princípio de ordem e o princípio de destruição e decadência. As revoluções são
como o vento de outono que sacode violentamente as folhas das árvores –
para que elas se renovem na primavera seguinte. As revoluções destrutivas
servem às civilizações criativas assim como Satã, pois suas tentações e
crueldades (talvez sem perceber) fazem a vontade de Deus, o supremo Ser
criativo e, portanto, positivo, que não poderia manter o Todo renovado e
dinâmico sem a ajuda da destruição e da negatividade.
As palavras de Nicholas Hagget parecem tão absurdas que somos tentados a pensar
que não se trata de uma verdade, mas de uma teoria conspiratória. Se você leitor for
por esse caminho, saiba que o mestre da desinformação já está agindo para que a luz
da verdade não brilhe tão cedo na sua vida, e que aquilo que para você era apenas
devaneios de uma mente que delira, quando essas teorias enfim se tornarem fato,
realidade e constatação, e não aja mais tempo (se realmente você ver alguma luz
sendo tão cego), para voltar atrás e desfazer toda uma vida de incredulidade, então
será tarde demais para se preparar para o que está vindo. Nosso inimigo não deseja
que a verdade seja revelada de uma só vez sem que a sociedade esteja anestesiada
pela rebelião, e não perceba que o deus desse século é nada mais que a serpente que
tem em sua cabeça uma ferida mortal.
Quando ele estava diante de Eva usou da desinformação para confundir o que estava
claro em sua mente: Deus disse. E desde esse tempo, passando por Tróia, pela
Alemanha nazista de Joseph Goebbels, pelo levante do general Franco e sua quinta
coluna, as táticas comunistas da KGB e todo o trabalho de engano da mídia
corrompida, satanás tem avançado em sua estratégia para entorpecer e emburrecer
uma geração de céticos, enganados pela mentira e iludidos por uma inteligência burra.
Hagger não é um cristão evangélico, mas viu a verdade e se torna, dessa forma, mais
prudente que os filhos de Deus que, influenciados pela intelligentsia, rejeita tudo
aquilo que foge ao seu mundo controlado, onde uma visão micros os impedem de
comtemplar o plano geral da antiga serpente. Hoje, no ano de 2021, estamos
acompanhando várias “teorias da conspiração” sendo reveladas diante de nossos
olhos. Verdades foram ridicularizadas por mentes escravizadas pelo espirito desse
século e, agora, eles assistem estupefatos a realidade nua e crua de que não há mais o
que fazer, porque nos bastidores tudo foi minunciosamente planejado, e a agenda da
elite satânica avançou a passos largos por causa da idiotização de uma geração.
Se por um lado Nicholas Hagger tenha seguido o mesmo caminho, porém de forma
distinta a visão evangélica, por outro o irmão Gino Ianfrencesco conseguiu enxergar
nos idos dos anos de 1979, a mesma verdade que Nicholas veria muitos anos depois.
Aos 27 anos o irmão Gino escreveu um livro que fala sobre esse mesmo assunto, mais
precisamente no último capítulo intitulado “relação histórico-mitologal, onde faz um
mapeamento das origens luciferianas e satanistas, assim como o outro autor, porém
retrocedendo até os dias de Noé, onde Cuxe, o pai de Ninrode, recebeu do próprio
lúcifer o mistério que seria propagado por seu filho, e guardado na grande cidade, a
Babilônia, a mãe de todas as abominações.
Ninrode herdou todo esse mistério de seu pai e estabeleceu nas cidades que criou,
principalmente Babilônia, a religião de Hermes, Cuxe seu pai, e os seus sacerdotes, os
caldeus, espalharam as abominações por todo mundo conhecido na época. Esse
intercâmbio entre Babilônia, Egito e Grécia pode ser comprovado por Heródoto,
Plutarco, Diodoro, Porfirio e Procos, que sustentava que Pitágoras, um dos grandes
filósofos e matemáticos da Grécia, tinha recebido a iniciação nos mistérios órfico das
mãos de Aglaofamos. E se estudarmos a história de Sólon, Platão, Porfirio e tantos
outros desses pensadores, saberemos que todos receberam iniciação em algum tipo
de mistério e foram influenciados, se não iluminados, pela pessoa da antiga serpente.
Mentes brilhantes, iluminadas pelo deus desse século, elaboraram os ritos, as magias,
as tradições, iniciações e delinearam, com o passar do tempo, toda a doutrina ocultista
que está em torno de uma só verdade, e única verdade em todo esse movimento
rebelde: a serpente, lúcifer, é o deus de todas as religiões que descendem da
Babilônia, ou que foram por ela corrompida. E os seus segredos foram compartilhados
a judeus quando estiveram cativos na Babilônia, nascendo, dessa forma a cabala e
todo o seu sincretismo e ecletismo, plágio das teogonias do paganismo circundante
que influiu a sua vez aos gregos, aos gnósticos e aos sufis. Está aparentada ao Talmud,
passando ao gnosticismo, joanistas, templário e por fim chegou a maçonaria, e desde
então tem se escondido atrás do socialismo que é dirigida pela loja maçônica do
grande oriente, do qual reuni a poderosa família Rothschild do século passado.
Os tentáculos da grande mãe também podem ser vistos no ocultismo que permeou a
intelligentsia nazista, que mediante a ordem de Thule esteve ligado a ordem Aurora
Dourada, convento privado dos Rothschild, e ao qual é o tribunal supremo da
sociedade luciferiana dos iluminati, e tem, como único propósito a coroação do
anticristo. E a influência da serpente adentrou as portas da igreja católica, e os filho de
Ignácio de Loyola se pactuaram com a maçonaria em 1925, sendo que hoje existem
muitos altos clérigos nas lias dessa sociedade secreta. E como falamos antes, a própria
teologia liberal e modernista que desacreditou praticamente toda a palavra de Deus, e
a filosofia existencialista nascida em Soren Kierkegarard, resultam ser também filhas
da mesma serpente. A mesma influencia pode ser descoberta no pseudo humanismo e
o comunismo que Marx recebeu por M. Hesse e Levi Baruch através da judaico-
maçonaria e com endosso dos Rothschilds sob a direção do Albert Pike, que uma vez
dissera que lúcifer é o deus de luz e do bem que batalha pela humanidade contra
Adonay, o Deus das trevas e do mal.
Assim como Trotsky e Lenin eram altos graus maçônicos, praticamente todos os
homens iníquos ilustres na nossa história, de alguma forma foram iniciados no
ocultismo e receberam influência direta da serpente, se tornando os prometeus dos
últimos dias se expondo como cumplices do diabo em motivação. Eles, durante toda a
história, têm adorado ao deus da maçonaria de alto grau, lúcifer, onde os seus
sacerdotes a serviço da elite mundial comandam sagazmente para a consecução do
governo mundial draconiano.
Como falamos no início, nosso inimigo tenta nos confundir quanto a sua atuação em
toda a história, e oculta a sua estratégia na desinformação fazendo-nos crer que não
há nenhuma manipulação da antiga serpente adorada em todas as revoluções em
andamento no mundo. O princípio satânico está presente, e se revelará a todos não
muito depois desse tempo, assim como disse Maldanado, o diabo experiente do conto
de Lewis, que por fim mudarão a sua política quando os poderes das trevas já tiverem
encobrindo toda a terra.
Essa é a revelação das origens satânicas das religiões e das sociedades secretas pelo
mundo. No entanto, há um satanismo disfarçado, oculto, latente que tem feito um
trabalho igual, ou até mais destrutivo que a forma oculta do luciferianismo, sendo
aceito sem muita resistência pela sociedade e pela igreja, influenciando os costumes, a
moral, e as tradições, e adentrando as portas da igreja trazendo uma nova teologia e
uma nova hermenêutica corropendo, de dentro, as palavras do Senhor Jesus que tem
poder para salvar. É o que vamos estudar no próximo capítulo.
CAPÍTULO 5
OS GRANDES VULTOS SATÂNICOS NA HISTÓRIA
A intelligentsia
Falamos anteriormente sobre os pensadores que tem, através de seus escritos,
propagado a rebelião contra Deus e revelado o mistério da Babilônia há muito
guardado. Pois bem, podemos enumerar alguns deles que, tanto no passado como nos
dias presentes, tem colaborado para um levante da última geração que prestará culto
ao dragão.
Esses homens e mulheres tem recebido de satanás iluminação para as mais perniciosas
filosofias para servir de engano e engodo para corromper os corações ao longo dos
anos. Todos, de alguma forma, tem falado a mesma língua e operado com o mesmo
objetivo.
Quando entendemos que homens como Epicuro, um filósofo grego que viveu e
ensinou trezentos anos antes do Senhor Jesus nascer, iniciou uma revolta contra os
deuses grego em seus dias e, futuramente seria o mestre de uma gama de pensadores
revolucionários até o nosso tempo, perceberemos que tudo tem sido arranjado e se
estruturado para que uma geração inteira, amadurecida na iniquidade e plenamente
satanizada, se erga nos últimos dias para a chegada do filho da perdição.
Epicuro entendeu que a crença nos deuses trazia alguns incômodos para os homens. E
dentre eles a ansiedade era a mais prejudicial. Claro que a visão de deus que Epicuro
fora ensinado trazia essa ideia de um deus pronto a castigar seus adoradores caso não
fosse agradado a altura. E essa interferência divina nos assuntos do homem trazia o
desassossego quanto a vida presente, assim como a vida na eternidade. O homem
praticamente vivia com medo, aterrorizado com o deus iracundo presente e o inferno
no mundo do além.
Para combater esses desassossegos, Epicuro eliminou tudo aquilo que é imaterial,
principalmente a alma, e reduziu tudo ao material, aquilo que podemos tocar. Ele dizia
que nada existe a partir do que não existe. E se nada não é uma causa, conclui-se que
nada foi criado do nada. Por isso ele começou a ensinar que a única coisa eterna era o
universo material. E se o universo é eterno, logo ele não precisaria de algum ser mais
alto para criá-lo. Todo esse argumento de Epicuro era para excluir a divindade da
realidade da natureza, pois, a natureza não precisa de alguém ou uma causa, ela, por
ser eterna, sempre existiu aparte de qualquer intervenção externa.
Esse filósofo começou a delinear o pensamento babilônico original, onde somente o
que é material é realmente existente. O universo é autônomo, agindo por conta
própria, e as leis que regem essa natureza torna desnecessário a existência de um
criador, regulador, interventor, sustentador. A natureza é autossuficiente, e partindo
desse argumento, o homem é senhor de sua própria vida, independente de qualquer
desassossego que venha a impedir uma vida plena.
Epicuro é o pai do materialismo cujo o avô é satanás, que transmitiu a esse filósofo a
ideia de que tudo o que existe, existe para ser vivido nesse tempo, no presente. Nada
está voltado para um futuro após a morte, pois aquilo que vem após a morte na
verdade não existe. Tudo se resume ao aqui e agora. Não há mais nada a temer quanto
aos deuses e quanto ao futuro. Finalmente Epicuro proclamou a liberdade humana de
toda a presença desumana de um deus.
Pronto, o caminho estava aberto para o hedonismo, onde o prazer pecaminoso se
tornaria a base do fim do desassossego humano quanto ao castigo. Epicuro
simplesmente liberou a besta aprisionada no lugar mais abscôndito do coração
humano, e se não há mais uma divindade para reprimir a maldade humana, o céu não
é mais o limite. Assim ele escreve:
Se as coisas que produzem os prazeres de homens devassos eliminassem
temores do intelecto quanto aos fenômenos dos céus e quando à morte e às
dores e, além disso, se elas nos ensinassem o limite de nossos desejos, então
não teríamos razão em criticá-los, pois eles, os homens devassos, se encheriam
de prazeres de todas as fontes e não teriam nenhum sentimento de dor ou
angústia de nenhuma fonte – e isso é que é o mau.
Note que Epicuro não era um homem promiscuo, devasso, dado aos prazeres mais
pecaminosos da raça humana. Mas ele não condenava os que praticavam tais coisas.
Antes, a sua filosofia dava toda a sustentação para que homens devassos
extravasassem a sua devassidão, pois o verdadeiro mau é o desassossego de qualquer
espécie, e isso Epicuro não tolerava. Ele cria que nenhum prazer é mau em si mesmo,
pois a natureza não impõe limites como os deuses impunham com severas
consequências. A natureza era uma mãe gentil e caridosa, enquanto os deuses seriam
os pais iracundos e severos. Por fim, a filosofia de Epicuro desobrigava os homens da
culpa de se fazer qualquer coisa que eles assim o quisessem.
E incrivelmente o único conselho que Epicuro deu a tais seres humanos repugnantes
foi: “não deixem nada ser feito em sua vida que o faça ser descoberto pelo próximo”.
Se tudo o que o devasso fizer for bem planejado e acobertado, não há o que temer
quanto a justiça divina e nem humana. E assim, Epicuro legou para as futuras gerações
que, com a morte de Deus, não há mais o que temer e nem limite quanto ao prazer.
Na esteira da rebelião de Epicuro, um outro pensador da antiguidade pensou a partir
dos pensamentos do filósofo grego. Lucrécio surgiu na história praticamente no
mesmo período onde o evangelho tinha sido, enfim, revelado ao discípulos,
principalmente na pessoa de Paulo.
CAPÍTULO 6
A CULMINAÇÃO NO SATANISMO
Quando se fala de satanismo, o que nos vem a mente são figuras caricatas
blasfemando contra Deus, cultuando o baphomet, ou fazendo magia, rituais e coisas
desse tipo. Mas o ponto que estamos tentando destacar nessa obra é um satanismo
mascarado, latente, disfarçado, que tem sido muito mais prejudicial para o mundo do
que o culto satânico explicito. Muitas das vezes aqueles que propagam o satanismo o
fazem inconscientemente, mesmo causando o mesmo dano que aqueles que, com
intuito maligno, espalham a semente da rebelião em seus escritos.
Um filme bem interessante conta uma dessas histórias. “A Jornada, uma viagem pelo
tempo” conta a história de um professor de um seminário bíblico no ano de 1890 que
está sendo avaliado por colegas por causa de um livro de sua autoria que será
publicado pela editora da universidade. O título do livro é bem sugestivo: “tempos de
mudança”. Todos os professores do conselho, menos um, que havia cuidadosamente
examinado o material, discordou de um ponto específico da obra. O ponto em questão
era que a moral cristã poderia ser ensinada sem a autoridade de Cristo. Não seria nada
demais pregar o que Cristo ensinou sem mencionar o seu nome. A atitude desse
professor mais experiente causa revolta no autor da obra que, insatisfeito com a
negativa de endosso por parte desse professor, tenta manipular o conselho para que
se publique seu livro mesmo sem o aval de seu colega. O professor experiente vendo a
decepção daquele escritor e colega, convida-o a sua casa para explicar o motivo da
discordância de seu material.
Em sua casa o professor experiente mostra-lhe uma máquina do tempo construída por
seu pai e, ao invés de explicar com palavras os problemas de seu escrito, ele conduz o
inexperiente professor para o ano 2000, pra ver, por si mesmo, o resultado da sua obra
que, para o escritor não tinha nenhum problema. As cenas que vemos a partir desse
momento é de um homem estupefato pela decadência de uma geração, e muito
daquilo por causa de seu livro. E a desgraça foi completa, pois a igreja estava
irreconhecível para ele. Como temos colocado diante dos irmãos, tanto a sociedade,
como a igreja estavam mergulhados num caos moral. E a consequência de se ensinar
uma vida moral sem Deus é o colapso de uma sociedade outrora temente e que vivia
pela graça no Deus que salva e santifica.
Um dos diálogos mais interessantes do filme se encontra quando o experiente
professor confronta a atitude irresponsável e soberba de seu colega e escritor.
Satanás não é contra as normas morais, ele é contra a Jesus Cristo. um home
pode ser íntegro por toda a sua vida, mas sabemos que ele irá para o inferno
quando morrer. É de Jesus Cristo que eles precisam, o dia sabe disso. E o
objetivo de satanás é eliminar o nome de Cristo de seus ensinamento e as
pessoa pensarão que vivendo em integridade receberá a aprovação de Deus e
irá para o céu.
Aqui está o que temos falado desde o princípio. Tudo está sendo resumido a uma vida
moral sem Cristo, porém uma vida moral sem um padrão moral fará com que as
pessoas sejam o padrão moral para si mesmo. E sabemos o resultado disso quando
Deus destruiu o mundo no dilúvio, através do fogo, e pela espada israelita. O mundo
antediluviano, assim como Sodoma, Gomorra e Canaã viviam um padrão moral relativo
e o resultado é toda lassidão oral que a Bíblia revela em sua letras e foram castigadas
por Deus.
A moral sem Cristo é imoralidade. E sistematicamente esse satanismo disfarçado de
piedade tem adentrado as portas da igreja e da sociedade secular. Se não há
absolutos, tudo será permitido. E quando isso acontece é o satanismo que vemos.
Deus deixa claro a sua vontade para que os homens vivam diante dEle. E quando não
seguimos a vontade de Deus, não é a nossa vontade que seguiremos, mas a vontade
do deus desse século. E nosso inimigo, conhecedor da natureza humana caída, sabe
muito bem disso e trabalhou por toda a história humana para que o homem se
rebelasse contra Deus, conciente, sim, mas principalmente de forma inconsciente.
Diante desse fato, um nome nos vem a mente. Alister Crowley foi um bruxo que
viveu...
CRENTES SATÂNICOS