Fisiologia Humana - Texto 2

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Fisiologia do Sistema Nervoso

1. INTRODUÇÃO

Enxergar, respirar, cheirar, ouvir, correr… Você já parou para pensar como tudo
isso é possível, sem que tenhamos que fazer qualquer esforço de forma consciente?
Como podemos executar uma infinidade de processos fisiológicos de forma
simultânea, sem que, como ocorre em computadores sobrecarregados, aconteça alguma
falha ou “travamento”?
Já ouviu falar das situações de “Luta ou Fuga”, as quais nossos ancestrais
experimentaram e que nós também, mesmo que em um outro contexto, vivenciamos?
Antigamente, em situações súbitas de sobrevivência, como em um momento de caça e
perante um predador, o homem precisava tomar uma decisão: lutar contra o animal feroz,
ou simplesmente correr e fugir? Para ambas as situações, seria necessário um aporte maior
de oxigênio para os tecidos, uma ampliação da capacidade respiratória e uma explosão
muscular! Como podem estes distintos mecanismos serem ativados de forma simultânea
e imediata?
Quem controla tudo isso? São muitas perguntas, não é mesmo? Espero que, ao
final desta aula, você tenha alcançado a resposta para todas elas! Aqui, trataremos de
estudar o Sistema Nervoso (SN) e suas divisões, que ocorrem do ponto de vista anatômico
e funcional em: Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).

2. O SISTEMA NERVOSO

Podemos dizer que o Sistema Nervoso (SN) é o nosso grande centro de controle,
sendo capaz de receber inúmeros estímulos, realizar o processamento e a interpretação de
milhares de informações de forma simultânea e, ainda, desencadear comandos e respostas
necessárias de forma precisa e ágil, promovendo o funcionamento do corpo humano. Para
que tudo isto se concretize, é necessário que exista uma comunicação muito eficiente.

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2.1. COMUNICAÇÃO CELULAR NO SISTEMA NERVOSO

Na aula anterior chegamos a abordar questões relacionadas ao metabolismo


celular, transporte de substâncias através da membrana celular e o papel e funcionamento
dos mensageiros químicos. Para entendermos a comunicação que ocorre e envolve os
neurônios, precisamos adentrar em novos conceitos.
Nós vimos que as moléculas e íons podem se difundir entre a membrana celular,
dependendo de alguns fatores, como a concentração do lado de fora e de dentro da célula.
A velocidade desta difusão será proporcional à concentração existente do mesmo íon ou
da mesma molécula no meio extra e intracelular. Quanto maior a diferença de
concentração existente, a velocidade de transferência entre os meios tende a ser maior
também. O tamanho da molécula também irá interferir, podendo existir então um
transporte realizado de forma ativa ou passiva.
Sabendo que existem substâncias eletricamente carregadas que atravessam a
membrana celular, este simples fato de mudar do meio extra para o intracelular, ou vice-
versa, poderá resultar em uma diferença de potencial elétrico, interferindo também no
transporte intermembrana. Desta forma, a aplicação de um potencial elétrico na
membrana, ao gerar uma carga elétrica, fará com que os íons se movam através da
membrana, mesmo que não exista uma diferença de concentração para provocar tal
movimento (FIGURA 1).

Figura 1. Efeito da aplicação de um potencial elétrico na membrana celular

Fonte: GUYTON; HALL (2017).

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Na figura 1 (letra A), observe que, no início, existe somente uma diferença de
concentração entre os meios extra e intracelular. Desta forma, existe uma transferência
do meio em que a substância se encontra mais concentrada, para o meio em que sua
concentração é menor, buscando o equilíbrio. Ao passo em que um potencial elétrico é
aplicado (FIGURA 1, letra B), haverá maior transferência da substância pela membrana.
No presente exemplo, tratando-se de um íon com carga negativa, ao efetuar um potencial
elétrico de carga positiva no meio intracelular e carga negativa do lado de fora da célula,
haverá efetivamente maior transferência do meio extracelular para o meio intracelular.
Sabe-se que a carga positiva atrai íons negativos e a carga negativa irá repelir os mesmos
íons negativos.
Agora, para gerar estes potenciais elétricos no organismo, dependemos do fluxo
de íons nos meios intra e extracelular. Ao contrário do nosso exemplo acima, a voltagem
elétrica do meio intracelular tende a ser negativa. O principal fator para este potencial
negativo se deve ao funcionamento de um processo de transporte ativo (bomba de Na+
K+ ATPase) que bombeia íons sódio (3 íons positivos) para fora da célula, ao mesmo
tempo que modula o influxo de potássio (2 íons positivos), utilizando-se da energia gerada
pela “quebra” da molécula de ATP (FIGURA 2).

Figura 2. Bomba Na+ K+ ATPase

Fonte: GUYTON; HALL (2017).

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A produção do potencial elétrico através da membrana faz com que o


bombeamento Na+ K+ seja chamado de eletrogênico. Este potencial elétrico é necessário
tanto para transmissão dos sinais nervosos (fibras nervosas), quanto musculares (fibras
musculares).
Os sinais nervosos são transmitidos mediante a geração de um potencial de ação,
que são rápidas alterações que ocorrem nos potenciais elétricos das membranas (ex:
potencial de membrana normal negativo para potencial de membrana positivo, retornando
ao potencial negativo) e se propagam com grande velocidade por toda a fibra nervosa.
Desta forma, a membrana pode se encontrar inicialmente em um estágio de
repouso, passando pelo estágio de despolarização, seguido de um estágio de
repolarização, o qual restabelece o estágio de repouso inicial, interrompendo a
propagação do sinal.
Todas estas etapas envolvem fluxo de íons (ex: sódio, potássio, cálcio) por canais
específicos existentes nas membranas. Estas aberturas e fechamentos de canais iônicos
promovem a propagação do potencial de ação (ou impulso nervoso) para ambos os lados
da fibra condutora (FIGURA 3). Os órgãos sensoriais são um exemplo de geradores de
estímulo inicial para o desenvolvimento desta transmissão de sinais (ex: ouvido, por meio
da audição).

Figura 3. Propagação do potencial de ação

Fonte: GUYTON; HALL (2017).

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Toda e qualquer função que é executada pelo Sistema Nervoso depende da


comunicação (sinapses) entre as células que o compõem. Esta comunicação se dá entre
neurônios. O neurônio (FIGURA 4) é tido como a unidade funcional do SN, célula onde
se desenvolvem os mecanismos neurofisiológicos.

Figura 4. Neurônio mielinizado

Fonte: SALES (2020).

Os dendritos e o corpo celular são os responsáveis por receber os sinais aferentes


recebidos pelo neurônio. A partir daí, é gerado um sinal eferente, que é transmitido via
axônio, um prolongamento projetado a partir do corpo celular, de forma unidirecional. A
membrana do axônio é efetivamente responsável por conduzir o impulso nervoso para os
dendritos do neurônio seguinte.
O terminal axonal se trata de uma ramificação final do axônio, o qual permite
amplificar e propagar o impulso nervoso para outro neurônio ou órgão.
Apesar do neurônio ser a unidade funcional do SN, eles não ocupam todos os
espaços. Cerca de 75 a 90% do SNC é composto de células da glia (FIGURA 5), células
não excitáveis que promovem a sustentação dos neurônios. Podemos dividi-las em cinco
tipos celulares: astrócitos, oligodendrócitos, células de Schwann, células ependimárias e
micróglia:

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● Astrócitos: são o tipo celular mais numeroso, e se destacam pela sua


função de sustentação e na formação da barreira hematoencefálica;
● Oligodendrócitos: são responsáveis pela formação da bainha de mielina
(FIGURA 5), podendo envolver dezenas de axônios;
● Células de Schwann (FIGURA 5): também atuam na produção da bainha
de mielina. Entretanto, estão localizadas apenas no SNP e protegem
apenas um neurônio. As células de Schwann possuem uma substância
lipídica chamada esfingomielina, a qual se trata de excelente isolante
térmico, o que ainda reduz em cerca de 5000 vezes o fluxo elétrico através
da membrana da célula;
● Células ependimárias: revestem os ventrículos (cavidades) do cérebro e o
canal central da medula espinhal, garantindo a movimentação do LCR;
● Micróglia: atua liberando citocinas em processos inflamatórios do SNC,
protegendo também contra corpos estranhos por meio da fagocitose.

Figura 5. Células da glia

Fonte: STANFIELD (2013).

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A sinapse (FIGURA 6) é um ponto de junção entre dois neurônios. Pode ser


dividida em química e elétrica. A química trata da mediação por neurotransmissores, tais
como a acetilcolina, epinefrina e glutamato. A sinapse elétrica envolve células conectadas
por canais de íons presentes nos citoplasmas adjacentes (junções comunicantes), que
permitem o movimento livre de íons intercelulares, assim como a transmissão do
potencial de ação.

Figura 6. Tipos de sinapse

Fonte: GUYTON; HALL (2017).

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2.2. O SISTEMA NERVOSO E SUAS DIVISÕES ANATÔMICAS E FUNCIONAIS

Quando pensamos em SN, podemos imaginar algo relacionado ao cérebro. Na


realidade, temos um conjunto muito mais complexo e abrangente (FIGURA 7).

Figura 7. O Sistema Nervoso

Fonte: Lima (2015).

Nosso SN é formado por mais de 100 bilhões de neurônios e pode ser entendido
sob duas divisões anatômicas e funcionais: o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema
Nervoso Periférico (SNP) (FIGURA 8).

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O SN também pode ser diferenciado por duas substâncias encontradas: a


cinzenta e a branca, as quais se diferenciam pela concentração de axônios presentes em
cada uma. A substância que contém maior concentração de axônios é denominada
cinzenta. O número de capilares sanguíneos é maior no cérebro, pois as demandas
metabólicas são maiores. Como a substância cinzenta possui maior atividade cerebral,
pois ali há cerca de quatro vezes mais corpos celulares de neurônios do que na substância
branca, também possui quatro vezes mais capilares e intensidade de fluxo sanguíneo mais
alta.

Figura 8. O Sistema Nervoso Humano

Fonte: A Autora (2021).

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3. O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Enquanto você lê este material, o seu SNC está processando muitas tarefas de
forma simultânea, fazendo com que sejam percebidas e compreendidas as palavras, assim
como se estas informações são importantes o suficiente para serem guardadas na
memória. A partir dele, você consegue lembrar o nome e a data de nascimento de alguém,
ter um espasmo muscular involuntário, o controle da sua glicemia e da sua pressão
arterial.
O SNC é responsável por coordenar, integrar e processar as informações
sensitivas e os comandos motores.
Na fase embrionária, o desenvolvimento do SNC se dá a partir do tubo neural, o
qual formará três vesículas primitivas: o prosencéfalo, o mesencéfalo e o rombencéfalo).
Na Figura 9 é possível verificar o que cada uma dessas vesículas irá originar
posteriormente, com as respectivas funções:

Figura 9. Desenvolvimento do SN e algumas de suas funções fisiológicas

Fonte: A Autora (2021).

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O diencéfalo, que se encontra localizado abaixo do telencéfalo, no núcleo do


prosencéfalo (FIGURA 9; FIGURA 10), inclui o tálamo, que serve como um estação
retransmissora para informações que viajam para o córtex cerebral (camada mais externa
do cérebro) e o hipotálamo, que regula uma série de funções do corpo para manter a
homeostase e as funções vitais do organismo.
O hipotálamo é responsável por iniciar a resposta de luta ou fuga, que estudamos
anteriormente, ativando uma resposta generalizada do sistema nervoso simpático quando
o indivíduo se encontra em uma situação de perigo ou excitação. Faz parte do sistema
límbico, conjunto de estruturas conectadas, localizado abaixo do córtex e que abriga
funções relacionadas a respostas emocionais.
O sistema límbico é uma das áreas mais “primitivas” do SN, pois está associado
com impulsos básicos relacionados à região da amígdala, envolvidos com a agressão e o
medo, por exemplo. Também atua em funções autonômicas, motivação, memória,
emoções e comportamentos sociais. Além da amígdala e do hipotálamo, também fazem
parte do sistema límbico: tálamo, hipocampo, giro cingulado, tronco cerebral, área
tegmental ventral, septo e área pré-frontal.
Além de atuar no sistema límbico, o hipotálamo ainda participa do mecanismo
do sono, regulando o ciclo sono/vigília e ciclo circadiano. Suas células secretoras
produzem hormônios e substâncias semelhantes a hormônios, que percorrem os axônios
do nervo até a hipófise. Funciona de modo semelhante a um termostato, alertando ao
organismo caso alguma substância se encontre aumentada ou diminuída.
O SNC é formado pelo encéfalo (FIGURA 10) e suas divisões (cérebro, cerebelo
e tronco encefálico). O tronco encefálico ainda se divide em mesencéfalo, ponte e bulbo.
Partindo do bulbo, encontra-se a medula espinhal, a qual faz a conexão com o SNP por
meio de 31 pares de nervos espinhais que contém ramos sensoriais (via aferente) e
motores (via eferente).

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Figura 10. Encéfalo e suas divisões

Fonte: A Autora (2021).

Possui estruturas que o protegem (FIGURA 11), tais como o crânio, que envolve
o cérebro, e o canal vertebral (coluna vertebral), que protege a medula espinhal. Ainda,
possui outras estruturas de proteção e suporte como as células da glia (já vistas
anteriormente), meninges e o líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquido
cerebroespinhal.

● Células da glia: astrócitos, oligodendrócitos, células de Schwann, células


ependimárias e micróglia.
● Meninges: há três membranas de tecido conjuntivo: 1) dura-máter, colada no osso
e firme como couro; 2) aracnoide-máter: camada média, é semelhante a uma teia
de aranha; 3) pia-máter: colada no tecido nervoso. O espaço entre ela e a
membrana aracnoide é preenchido pelo LCR.

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● LCR: líquido aquoso e claro, envolve o SNC e protege a “armadura” formada pelo
crânio e medula espinhal de impactos (FIGURA 11), além de preencher cavidades
(ventrículos).

Figura 11. Algumas estruturas protetoras do SNC

Fonte: STANFIELD (2013).

No SNC, a transmissão de sinais é resultante de sinapses químicas, as quais


envolvem a mediação por neurotransmissores, um dos mensageiros químicos existentes
no corpo humano, conforme observamos na aula passada. Neste tipo de sinapse, uma
característica que se destaca é o seu modo unidirecional de comunicação, o qual permite
que sinais sejam enviados de forma eficiente para órgãos e alvos específicos.
Pelo fato de o SNC ser muito solicitado e apresentar elevado metabolismo,
recebe cerca de 15% do sangue distribuído pelo coração, mesmo apresentando apenas 2%
do peso corporal. Ao contrário de outras células do corpo, no cérebro o metabolismo é
essencialmente dependente de glicose. Ao mesmo tempo, não há grandes reservas de
glicogênio e as células não fazem metabolismo anaeróbio neste tecido. Desta forma,
sendo que esta fonte de energia falta para o corpo, é priorizada a sua entrega para o SNC,
por meio da irrigação sanguínea.

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Quando recebemos algum estímulo, podemos ponderar e pensar se iremos reagir


ou não a ele. Entretanto, algumas vezes, a reação é imediata, não envolvendo nenhuma
intervenção consciente de nossa parte. É o que acontece quando damos um pulo ao ouvir
um som alto, por exemplo. Esta resposta automática e padronizada a um estímulo
sensorial é conhecida como arco-reflexo, e envolve receptores sensoriais (captam a
geração do estímulo), neurônios aferentes e eferentes, assim como o órgão efetor, que
será capaz de gerar a resposta (FIGURA 12).

Figura 12. Arco reflexo

Fonte: STANFIELD (2013).

Considerando que o SNC é o centro de controle do corpo, qualquer substância


ou microrganismo que o agrida pode levar ao óbito. Desta forma, o seu funcionamento é
protegido por meio de uma estrutura que apresenta permeabilidade altamente seletiva,
conhecida como barreira hematoencefálica. É esta barreira que decide quais substâncias
possuem maior facilidade para penetrar no SNC.
Alguns medicamentos e substâncias tóxicas possuem maior facilidade de
atravessar este escudo, podendo assim repercutir nas funções vitais do ser humano. Como
exemplo, temos o álcool. Por ser uma molécula apolar pequena, torna-se solúvel tanto em
água como em lipídeos. Desta forma, atravessa a barreira hematoencefálica facilmente,
atingindo o SNC, mais precisamente o cerebelo, onde afeta o equilíbrio e também exerce
boa parte dos seus efeitos tóxicos.

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4. O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O SNP é formado por nervos cranianos, espinhais, gânglios e terminações


nervosas, sendo responsável pela comunicação do SNC com os órgãos do corpo, podendo
ser classificado em dois segmentos: a divisão sensitiva (via aferente), que transmite os
estímulos sensoriais e viscerais (receptores sensoriais) ao SNC, fluindo até o córtex
cerebral, onde será processada, e a divisão motora (via eferente), que leva a informação
do SNC para a periferia (órgãos efetores), resultando na contração da musculatura
(cardíaca, lisa e esquelética) ou na secreção de glândulas exócrinas e endócrinas (serão
abordadas no decorrer da disciplina) (FIGURA 13).

Figura 13. Sistema Nervoso Periférico

Fonte: A Autora (2021).

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É composto por 31 pares de nervos espinhais, que são projetados da medula e


inervam membros e algumas regiões da cabeça. Possui ainda 12 pares de nervos cranianos
que inervam a cabeça, originando-se do tronco encefálico. Os nervos espinhais integram
o sistema somático e autônomo, ao passo que os nervos cranianos podem integrar parte
do SNP ou do SNC, exercendo funções motoras, sensitivas ou mistas.
As divisões do SNP possuem distintas funções: a divisão aferente, também
conhecida como sensitiva, é responsável pela transmissão de informações sensoriais e
viscerais para o SNC. Ela leva ao SNC a informação recebida por receptores presentes
nos tecidos e órgãos periféricos. Estes receptores são estruturas sensitivas que detectam
mudanças no ambiente externo ou interno e respondem pelas sensações de posição, tato,
pressão, dor, temperatura. Promovem ainda o monitoramento de órgãos internos e
proporcionam sensações de olfato, paladar, visão, equilíbrio e audição.
A divisão eferente, conhecida também como motora, transmite informações do
sistema nervoso central para órgãos periféricos, chamados órgãos efetores. Estes
desempenham funções em resposta a comandos dos neurônios. Os órgãos efetores são
representados em geral por glândulas e músculos. Diz-se que um neurônio inerva
determinado órgão quando é capaz de transmitir mensagens para um órgão efetor ou
receber informações de um órgão sensor.
A divisão motora pode carregar comandos do SNC para os tecidos por meio de
ações voluntárias e involuntárias. As ações voluntárias (Sistema Nervoso Somático)
envolvem a contração da musculatura estriada esquelética. Já as ações involuntárias
(Sistema Nervoso Autônomo) proporcionam a regulação automática da musculatura lisa
e cardíaca, de glândulas e do tecido adiposo.
O Sistema Nervoso Autônomo, por sua vez, divide-se em sistema simpático e
sistema parassimpático (FIGURA 13), os quais desempenham geralmente ações
antagônicas.
A divisão somática geralmente está mais relacionada a situações de estresse e
que exijam resposta rápida do tipo luta ou fuga. A parte parassimpática, relaciona-se com
coordenadas do organismo a longo prazo, tais como o crescimento, a digestão, o
armazenamento energético.

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Os gânglios estão localizados fora do SNC e são formados por um aglomerado


de neurônios, podendo ser encontrados como pequenas dilatações em alguns nervos.
Funcionam como estações de ligação entre os neurônios e partes do corpo. Existem os
gânglios sensitivos (relacionados com a via aferente) e os gânglios autônomos, os quais
estão divididos em simpáticos e parassimpáticos.
Desta forma, na comunicação do SNP autônomo, existem neurônios pré-
ganglionares e pós-ganglionares. De acordo com o sistema em que ele se encontra,
apresenta características distintas. Por exemplo, as fibras nervosas simpáticas e
parassimpáticas secretam principalmente acetilcolina e norepinefrina (noradrenalina)
como substâncias transmissoras. As que secretam acetilcolina são conhecidas como
colinérgicas e as que secretam norepinefrina são chamadas adrenérgicas.
Todos os neurônios pré-ganglionares dos sistemas simpático e parassimpático
são colinérgicos. Quase todos os neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático
também são colinérgicos. Por outro lado, a maioria dos neurônios pós-ganglionares do
sistema simpático são adrenérgicos.
As terminações nervosas, representadas pelas partes distais dos nervos, realizam
a comunicação das fibras nervosas com os órgãos. Assim como os neurônios pós-
ganglionares, quase todas as terminações nervosas do sistema parassimpático secretam
acetilcolina e quase todas as terminações nervosas do sistema simpático secretam
norepinefrina. Sendo assim, a acetilcolina é conhecida como transmissor parassimpático,
e a norepinefrina, transmissor simpático.

5. CONCLUSÃO

Nesta aula foi possível verificar o quão complexo é o nosso Sistema Nervoso.
Abordamos os princípios gerais, a comunicação celular, as classificações anátomo
funcionais, passando pelas divisões do SN em Sistema Nervoso Central e Periférico e
suas subdivisões.
Vimos ainda que uma parte do SN se dedica a receber informações do meio
externo, enquanto outra busca transmitir informações para os órgãos, com o intuito de
manter as funções vitais e a homeostase. Espero que os estímulos gerados por este
conteúdo contribuam para a sua formação como profissional de saúde.
Até a próxima aula!

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REFERÊNCIAS

GUYTON, A.C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13. ed.,
2017.

LIMA, A. G. (org.). Fisiologia humana. [livro eletrônico]. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2015.

MARTINI, F. H.; OBER, W. C.; BARTHOLOMEW, E. F.; NATH, J. L. Anatomia e


fisiologia humana. [livro eletrônico]. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

SALES, W. B. Fisiologia humana. [livro eletrônico]. Curitiba: Intersaberes, 2020.

STANFIELD, C. L. Fisiologia humana. [livro eletrônico]. São Paulo: Pearson Education


do Brasil, 2013.

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