Apostila de Microbiologia
Apostila de Microbiologia
Apostila de Microbiologia
Curitibanos
2019/2
2 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
SUMÁRIO
AULA 01
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA
BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO (BPL) EM MICROBIOLOGIA
Métodos físicos
Métodos químicos
• Agentes químicos
1. MÉTODOS FÍSICOS
1.1. Temperatura - Calor
A resistência varia com o microrganismo e suas formas.
Microrganismos/formas Temperatura
Tipos de esterilização:
• Fervura – elimina formas vegetativas de bactérias, vírus e fungos.
• Autoclavação – temperatura elevadas obtidas por vapor sob pressão.
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Autoclave
ATENÇÃO: Abrir a autoclave sob pressão (acima de 100oC) o vapor pode queimar o
operador. Mesmo estando a temperatura acima de 100oC o líquido não evapora, quando
sob pressão. Se a tampa for aberta prematuramente ocorre uma violenta descompressão
que pode projetar tampões de algodão e líquido para cima. Cuidado!
Pasteurização
A pasteurização não pode ser considerada como um método de esterilização. É aplicada
em certos produtos naturais que desejamos conservar momentaneamente: o leite, a
cerveja, o vinho. O leite, por exemplo, é levado a 63oC por 30 min (método de baixa
temperatura) ou a 72oC por 15 segundos (método de alta temperatura). O leite passa
entre placas quentes em finas camadas, sendo em seguida, bruscamente resfriado até
10oC. A pasteurização deve garantir a inativação dos patógenos mais resistentes, tais
como Mycobacterium tuberculosis e Coxiella burnetii.
Tipos:
Ultra High Temperature (UHT) 141C/2seg.
High Temperature, Short Time (HTST) 72C/15seg
Low Temperature (LTH) 63C/30min
Outros métodos:
a. Flambagem – esterilização à chama direta - alça de níquel-cromo.
b. Incineração – queima de materiais.
Filtração
Faz-se passar o liquido através de filtros cujos poros têm uma dimensão tal que os
microorganismos não passam. Portanto, basta recolher o líquido filtrado assepticamente
para obter um líquido estéril, sem aquecimento. É o melhor procedimento para
esterilização de substâncias termolábeis tais como proteínas (enzimas), vitaminas. Os
filtros podem ser de vidro poroso, de amianto, de diatomatáceas ou de acetato de
celulose. O diâmetro de poro comumente utilizado no laboratório de Microbiologia é de
0,2μm. Observação: os vírus passam por estes filtros.
2. Radiação
Radiações que controlam microrganismos podem ser:
c. Ionizantes (raios X e gama)
Comprimento de onda mais curto (menor que 1m) e mais energia.
d. Não-ionizantes (UV)
Comprimento de onda maior que 1m.
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AULA 02
MÉTODOS QUÍMICOS DE CONTROLE DE CRESCIMENTO
MICROBIANO E MEIOS DE CULTIVO
1. INTRODUÇÃO
1.1. Meios de Cultivo.
Os meios de cultura consistem da associação qualitativa e quantitativa de
substâncias que fornecem os nutrientes necessários ao desenvolvimento (cultivo) de
microrganismos fora do seu meio natural. Tendo em vista a ampla diversidade
metabólica dos microrganismos, existem vários tipos de meios de cultura para
satisfazerem as variadas exigências nutricionais. Além dos nutrientes é preciso fornecer
condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento dos microrganismos, tais como
pH, pressão osmótica, umidade, temperatura, atmosfera (aeróbia, micro-aerofílica ou
anaeróbia), dentre outras.
Métodos de desinfecção:
O desinfetante ideal deve possuir uma série de qualidades:
a) Não ser tóxico para o hospedeiro.
b) Ter poder de penetração.
c) Ser solúvel.
d) Ser estável.
e) Não ser corrosivo nem gerar cores, odores ou aspecto indesejado.
O mais importante é que o desinfetante tenha um largo espectro antimicrobiano
(ou seja, afete bactérias Gram positivas, Gram negativas e micobactérias) assim como
ação fungicida, viricida e esporicida.Porém, este produto "ideal" ainda não existe.
2. OBJETIVO
2.1. Apresentar os principais tipos de meio de cultivo utilizados em
Microbiologia.
2.2. Avaliar o efeito de agentes desinfetantes sobre o crescimento microbiano.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
4.3. Por que existe a necessidade de se autoclavar o meio de cultura, após ser
preparado? O que aconteceria caso isso não fosse feito?
Placa 1 Placa 2
Sem tratamento
Água sanitária
Álcool
4.6. Calcule a eficiência de desinfecção para cada agente testado sobre o número
de fungos e bactérias em cada placa (os cálculos devem ser apresentados).
REFERÊNCIAS
MADIGAN, Michael. T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
SILVA FILHO, Germano Nunes; OLIVEIRA, Veturia Lopes de. Microbiologia:
manual de aulas práticas. 2. ed. rev. Florianópolis: Editora da UFSC, 2007.
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AULA 03
ISOLAMENTO, INOCULAÇÃO E REPICAGEM DE CULTURAS
MICROBIANAS.
1. INTRODUÇÃO
Para estudar as propriedades de um microrganismo e proceder a sua identificação,
é necessário isolá-lo em cultura pura (axênica), ou seja, uma cultura isenta de todos os
demais tipos de organismos, onde todas as células na população sejam idênticas
(originárias de uma mesma célula parental).
Para o isolamento de microrganismo é necessária uma sequência de
transferências de meios de cultivo até obter cultura pura. Essa transferência é
denominada repicagem e poderá ser feita para tubos, ou outros recipientes contendo
meio líquido ou sólido em função dos objetivos do trabalho.
A porção da colônia que será transferida chama-se inóculo e a operação deverá
ser feita com todos os cuidados de assepsia, a fim de evitar contaminações, garantindo,
assim, a qualidade do trabalho.
O isolamento consiste na obtenção de culturas puras que envolvem somente o
organismo de interesse. Na fase do isolamento, ocorre a seleção de uma colônia através
da observação da produção de determinado produto ou da morfologia da colônia. Nas
placas que utilizamos, entretanto, não temos certeza de que apenas uma espécie de
microrganismo existe em cada UFC (Unidade Formadora de Colônia). Portanto,
precisamos utilizar a técnica de semeadura por estrias para isolar completamente apenas
um microrganismo. Essa técnica também é chamada de esgotamento de alça.
Além dessa técnica, é necessária a transferência sucessiva desses microrganismos
para meios de cultura até a completa purificação. Essas transferências sucessivas são
chamadas repicagem. Mesmo após a obtenção de cultura pura (axênica), esta precisa
ser mantida em meio adequado ou, dependendo da finalidade, multiplicada para a
obtenção de maior quantidade de células ou de biomassa. Em qualquer dos casos, o
microrganismo precisa ser transferido periodicamente para meio de cultura novo, de
mesma composição ou de composição diferente, dependendo do trabalho a ser
executado.
2. OBJETIVO
Estabelecer cultura pura de uma colônia de bactérias e de fungos isoladas das
placas obtidas na última aula.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Placas de Petri contendo meio BDA e Sabouraud
Alça de níquel-cromo
Lamparina
Álcool 70%
Procedimento:
Isolamento bacteriano
Flambar uma alça de níquel-cromo em chama de lamparina.
Tocar a superfície de uma colônia.
Espalhar a alça sobre uma segunda placa de Petri contendo meio LB, fazendo
movimentos em zigue-zague e formando um caminho na forma de estrias. Existem
várias possibilidades de fazer essas estrias, sendo ela descontínua ou contínua.
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Em seguida, as placas serão incubadas a 28ºC por 48 horas. Após este período, as
placas serão transferidas para geladeira até a próxima aula prática, quando avaliaremos
os resultados obtidos.
Isolamento fúngico
Flambar uma alça de níquel-cromo em chama de lamparina.
Tocar a superfície de uma colônia.
Transferir para o centro de cada uma das duas placas contendo meio Sabouraud.
Incubar cada uma das placas em temperaturas diferentes: temperatura ambiente e
a 25ºC. Após uma semana de incubação, as placas serão estocadas em geladeira.
LEMBRETE:
4.3. Seu grupo pôde observar colônias bacterianas individuais? O que isso
significa? Caso isto não tenha sido possível, discutir os fatores que dificultaram o
isolamento das colônias.
4.6. Em caso do seu grupo não ter obtido uma cultura aparentemente pura, quais
seriam os próximos passos a serem realizados se o trabalho de laboratório prosseguisse
até o isolamento?
REFERÊNCIAS
MADIGAN, Michael. T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
SILVA FILHO, Germano Nunes; OLIVEIRA, Veturia Lopes de. Microbiologia:
manual de aulas práticas. 2. ed. rev. Florianópolis: Editora da UFSC, 2007.
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AULA 04
ESTOCAGEM E MANUTENÇÃO DE MICRORGANISMOS
1. INTRODUÇÃO
A importância da manutenção e principalmente, preservação de microrganismos
caracteriza-se como reflexo da necessidade de utilização de organismos ou espécimes a
qualquer momento, quer para fins experimentais, didáticos, industriais ou estudos
comparativos. Desta forma, conhecer a melhor maneira de preservar culturas
bacterianas e dispor de técnicas simples e eficientes, reveste-se de grande valia aos
laboratórios de microbiologia. O principal objetivo da manutenção de um
microrganismo não é somente conservar seu estado inicial evitando mutações
indesejáveis, mas também garantir ao máximo a vitalidade das células e a quantidade de
células viáveis.
Após a obtenção de cultura pura (axênica), é necessário estocar estes
microrganismos. Em geral, após a repicagem dos microrganismos em placas com meio
sólido, estes são crescidos em tubos com meio sólido inclinado. Esta inclinação é
recomendada para aumentar a área de crescimento bacteriano. Após o crescimento, em
geral, coloca-se uma camada de óleo mineral esterilizado a fim de limitar a quantidade
de oxigênio disponível, causando assim uma redução no metabolismo e,
consequentemente, na taxa de multiplicação do agente.
Em nossa aula prática, faremos a transferência para um tubo com meio de cultura do
tipo BDA, solidificado em ângulo.
2. OBJETIVO
Apresentar técnica de estocagem de microrganismos.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Procedimento:
- Esterilizar a alça de platina com bico de Bunsen ou lamparina.
- Abrir a placa, esfriar a alça no canto da placa e tocando a colônia escolhida.
- Fechar a placa.
- Retirar o tampão do tubo contendo meio de BDA inclinado.
- Flambar a boca do tubo e mantê-la próximo ao bico de Bunsen.
- Introduzir a alça de platina carregada no meio inclinado.
- Inocular fazendo estrias na superfície do meio de cultura, começando do fundo do tubo
até 2/3 do comprimento da superfície.
- Flambar a boca do tubo e recolocar o tampão.
- Esterilizar a alça de platina e recolocá-la no suporte.
- Identificar o material
- Incubar a 28 - 30ºC por 48 horas. Em seguida, estocar em geladeira.
LEMBRETE!!!!
Trabalhe SEMPRE mantendo as condições de assepsia:
Desinfetar as mãos e a bancada de trabalho com álcool 70%, ANTES DE
ACENDER A LAMPARINA.
Sempre deixe o material PRÓXIMO À CHAMA para evitar contaminação
externa.
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4.1. Foi possível observar crescimento satisfatório das bactérias que se pretendia
estocar? Houve crescimento de contaminantes?
4.3. Descreva um outro método de estocagem indicado para bactérias, e qual sua
aplicação na área de agronomia.
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REFERÊNCIAS
MADIGAN, Michael. T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
SILVA FILHO, G. N.; OLIVEIRA, V. L. Microbiologia: manual de aulas práticas. 2.
ed. rev. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2007.
SOLA, Marília Cristina et al. Manutenção de microrganismos: conservação e
viabilidade. Enciclopédia Biosfera - Centro Científico Conhecer, Goiânia, v.8, n.14,
p.1398-1418, 2012.
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AULA 05
COLORAÇÃO DIFERENCIAL (TESTE DE GRAM)
1. INTRODUÇÃO
A observação de um microrganismo ao microscópio depende de seu contraste
com o meio que o cerca. Com exceção de estruturas celulares muito pigmentadas (p. ex.
cloroplastos), objetos biológicos absorvem muito pouca luz na região visível do
espectro e assim sendo, o contraste de uma célula viva é quase todo ele devido à
refração da luz. No entanto, o contraste pode ser bastante aumentado através de
colorações: tratamentos com corantes que se ligam seletivamente a célula inteira ou a
certos componentes celulares, promovendo desta forma uma maior absorção da luz
incidente.
Os microrganismos podem ser observados vivos, em suspensão aquosa, ou
mortos, sob a forma de esfregaços secos, fixados e corados. Neste último caso, o
processo de preparação das lâminas envolve três etapas:
1) Gram I - Cristal violeta (Cristal violeta), que penetra no interior das células.
2) Gram II - Solução iodo-iodetada (lugol). Há a formação de um complexo
cristal violeta+lugol no citoplasma.
3) Gram III – Álcool ou acetona. Ocorrem alterações diferenciadas na parede
celular das bactérias Gram positivas e Gram negativas. Os lipídeos são destruídos na
parede das bactérias Gram negativas e com isso, o complexo cristal violeta+ lugol sai da
célula, que perde a coloração.
4) Gram IV - Fucsina diluída ou safranina, que é o corante de contraste. Será
absorvido apenas por bactérias Gram negativas, já que estas estão internamente
insaturadas. As Gram positivas já estão preenchidas pelo complexo violeta+lugol e,
portanto, não absorvem o corante de contraste, em quantidade significativa.
2. OBJETIVO
Caracterizar uma cultura bacteriana através das diferenças de parede celular pelo
Teste de Gram.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Preparo e fixação do esfregaço: a preparação inicial do esfregaço depende do
tipo de cultura disponível. Ele é constituído de uma camada muito fina de material sobre
a lâmina e deve ser seca. A fixação do material na lâmina pode ser feita pela ação do
calor, álcool, formol, ácido acético e outros produtos, e destina-se a imobilizar os
constituintes celulares, fixando o esfregaço na lâmina através de precipitação ou
coagulação do material protéico.
Figura 2. Preparação de lâmina para o teste de Gram a partir de culturas em meio líquido ou sólido.
4.1. Indique a coloração que cada tipo de célula bacteriana deve adquirir após o
uso de cada reagente durante o procedimento de coloração.
Cristal violeta
Lugol
Álcool
Fucsina ou safranina
4.2. Para cada lâmina avaliada, cite qual foi o resultado do teste de Gram.
4.3. Para cada lâmina avaliada, cite qual o formato das células bacterianas
observadas.
4.4. Nas lâminas feitas, foram observados os dois tipos de reação celulares, Gram-
positiva e Gram-negativa? Caso sim, qual a explicação para este fato?
4.7. Existem grupos de bactérias que não podem ser coradas pelo Teste de Gram,
e sim pela coloração de Ziehl-Neelsen. Explique o motivo e descreva esta técnica.
30 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
4.9. Cite duas espécies de bactérias Gram negativas e qual a sua importância para
a Agronomia
4.10. Cite duas espécies de bactérias Gram positivas e qual a sua importância para
a Agronomia.
REFERÊNCIAS
MADIGAN, Michael T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
SILVA FILHO, Germano Nunes; OLIVEIRA, Veturia Lopes de. Microbiologia:
manual de aulas práticas. 2. ed. rev. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2007.
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AULA 06
MORFOLOGIA DE FUNGOS
1. INTRODUÇÃO
Os fungos apresentam uma ampla diversidade morfológica. Essa diversidade
está, em grande parte, relacionada às atividades desenvolvidas por esses organismos. A
grande maioria dos grupos, entretanto, exibe crescimento filamentoso e isso acarreta
certa dificuldade na quantificação de seu crescimento. Enquanto para bactérias o
crescimento é facilmente quantificado através da contagem de células, para fungos o
crescimento micelial impõe algumas limitações e outras técnicas devem ser utilizadas.
As condições ótimas de crescimento também são diferentes entre bactérias e
fungos. A determinação dos valores ótimos de pH, temperatura e nutrientes são
importantes para que um fungo possa ser cultivado com sucesso. Além disso, o
conhecimento destas condições ótimas permite ao pesquisador determinar em que
condições aplicadas este fungo pode ser utilizado (por exemplo: compostagem,
degradação de xenobióticos, etc).
Além das diferenças morfológicas, os fungos apresentam, também, ampla
diversidade fisiológica. Eles ocupam os mais variados nichos nos ecossistemas. Atuam
como saprófitos (decompositores de material orgânico) ou como biotróficos. Neste
último caso, podem se comportar como parasitas de vegetais ou animais, ou como
simbiontes. Algumas simbioses são tão perfeitas, como no caso dos líquens, que parece
tratar-se de um único organismo. Dentre as associações de fungos e vegetais, chamam
atenção as que ocorrem entre basidiomicetos e espécies florestais (ectomicorrizas),
sendo algumas plantas totalmente dependentes da associação. Em outros casos, como as
micorrizas arbusculares (glomeromicetos e plantas) embora a dependência seja menor, a
participação do fungo é fundamental na produtividade da cultura.
Embora técnicas mais avançadas empregando ferramentas de biologia molecular
venham sendo utilizadas, a morfologia é ainda a principal característica utilizada na
identificação e taxonomia dos fungos. Dentre as características mais importantes na
identificação dos fungos, tem-se o tipo de micélio (septado e não septado), as hifas
especializadas na reprodução e estruturas de frutificação que podem conter diferentes
tipos de esporos de origem sexuada ou assexuada.
2. OBJETIVOS
Reconhecer a morfologia e as estruturas dos principais filos de fungos.
3. MATERIAL E MÉTODOS
04 – Líquen
Associação formada tanto com fungos do filo Ascomicota quanto Basidiomicota
05 – Corpo de frutificação
06 – Penicillium sp.
07 – Puccinia sp.
08 – Esporos
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10 – Malassezia sp.
11 – Microsporum sp.
37 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
4.3. Cite três exemplos de espécies de fungos basidiomicetos e sua importância para a
Agronomia, seja em processos benéficos ou prejudiciais. Descreva também a doença ou
problema associado a estas espécies.
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AULA 07
QUANTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS: DILUIÇÃO SERIADA
1. INTRODUÇÃO
A população microbiana ambiental é grande e complexa. O estudo dos
microrganismos que habitam os diversos ambientes (ar, água, solo, superfície da pele)
requer o conhecimento dos tipos específicos de microrganismos que ali se encontram.
Isto, por sua vez, requer técnicas capazes de separar as espécies distintas na forma de
culturas puras a partir de culturas mistas.
A obtenção de uma cultura pura envolve não apenas o isolamento de um dado
microrganismo de uma população microbiana natural mista, mas também a manutenção
do indivíduo isolado e sua progênie em um ambiente artificial. Existe uma variedade de
técnicas através das quais as diferentes espécies de um espécime natural podem ser
isoladas e desenvolvidas em cultura pura, como:
1. Técnica de enriquecimento: o processo de plaqueamento pode ser precedido
pelo crescimento em um meio de enriquecimento para melhorar as chances de
isolamento de alguns tipos fisiológicos.
2. Técnica da placa derramada (“pour-plate”): sucessivas diluições do inóculo são
colocadas em placas de Petri estéreis e misturadas ao meio contendo ágar fundido, que
logo em seguida solidifica. As colônias subsequentemente desenvolvem-se embebidas
no ágar. Esta técnica pode ser usada para análises quantitativas e/ou qualitativas.
Usando-se o processo quantitativo é possível determinar o número de um tipo de
bactéria, por exemplo, presente no inóculo, assim como isolar esses tipos em cultura
pura.
3. Técnica das diluições sucessivas ou seriada: A técnica de diluição é muito útil
quando se deseja saber quantas unidades formadoras de colônias (UFC) existem em
uma suspensão bacteriana. Esta técnica pode ser aplicada quando se quer determinar,
por exemplo, a população bacteriana ao longo do tempo, ou UFC de uma bactéria
fitopatogênica ou patogênica presente em um extrato obtido de uma amostra vegetal ou
animal.
Esta metodologia consiste na diluição progressiva da suspensão microbiana,
tomando-se uma pequena alíquota de uma suspensão mais concentrada, de onde se faz a
transferência desta para uma solução salina esterilizada, com volume previamente
determinado. Esta técnica permite obter colônias isoladas de microrganismos, além de
estimar a comunidade microbiana cultivável. Recomenda-se que o número final de
colônias por placa seja entre 30 e 300, quantidade que facilita a contagem e estimativa
da comunidade presente.
2. OBJETIVO
Realizar a técnica de diluição seriada para quantificação de populações
microbianas edáficas.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
Em nossa aula prática, quantificaremos a população microbiana de amostras de
solo.
A diluição inicial será feita com 10g de solo em 90mL de água (no Erlenmeyer).
Portanto, já iniciamos com uma relação de 10g de solo em cada 100mL de solução: 1/10
(fator de diluição 101).
Deste Erlenmeyer, tomamos 1mL e pipetamos no tubo A que contém 9mL de
água destilada. Aumentamos fator de diluição para 102.
Do tubo A, coletamos 1mL da solução e transferimos para o tubo B, que contém
9mL de água destilada. Desta forma, o fator de diluição no tubo B é de 103.
Do tubo B, coletamos 1mL da solução e transferimos para o tubo C, que contém
9mL de água destilada. Desta forma, o fator de diluição no tubo C é de 104.
Do tubo C, coletamos 1mL da solução e transferimos para o tubo D, que contém
9mL de água destilada. Desta forma, o fator de diluição no tubo D é de 105.
Do tubo D, coletamos 1mL da solução e transferimos para o tubo E, que contém
9mL de água destilada. Desta forma, o fator de diluição no tubo D é de 106.
Após o preparo das diluições, inocula-se 0,1 mL de cada um dos tubos (B, C, D e
E) em quatro placas de Petri distintas contendo meio LB (denominadas B, C, D, e E,
respectivamente) e procede-se o espalhamento do inóculo com auxílio de alça de
Drigalski. Incubar as placas invertidas a 28oC por 48h.
4.1. Qual a diferença entre uma célula bacteriana e uma unidade formadora de
colônia (UFC)?
4.2. Qual o número de UFCs obtidas nas amostras de seu e de outros grupos?
Bactérias Fungos
Grupo
Grupo
Grupo
Grupo
4.3. Caso haja diferenças entre os valores observados entre o seu grupo e os
demais, quais os fatores que podem ter contribuído para isso?
4.4. A quantidade de fungos e bactérias foi igual, maior ou menor? Por que há
essa semelhança (ou diferença)?
41 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
4.5. Existe algum erro de manipulação de vidraria ou de pipetagem que pode ter
ocorrido durante o trabalho do seu grupo? Como você poderia detectar isso nesta
técnica?
4.6. Como você acha que a técnica de diluição seriada para contagem da
comunidade microbiana pode ser útil na sua futura atuação como engenheiro (a)
agrônomo (a)? Ou seja, para que tipo de trabalhos ou estudos esta pode ser utilizada?
REFERÊNCIAS
MADIGAN, Michael. T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R; CASE, Christine L. Microbiologia. 10 ed.
Porto Alegre, RS: Artmed, 2012.
43 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 08
PROVAS BIOQUÍMICAS
1. INTRODUÇÃO
A identificação de bactérias requer a observação e apreciação de diferentes
características morfológicas, culturais, metabólicas, genéticas, etc. A investigação de
somente um tipo dessas características raramente é suficiente para identificação de uma
espécie bacteriana.
O estudo de seus caracteres bioquímicos (reações metabólicas) é muito
importante na identificação das bactérias. Provas bioquímicas consistem em testes
utilizados na verificação das transformações químicas que ocorrem num substrato
(composto) pela ação de um determinado microrganismo que auxiliam na sua
identificação.
2. OBJETIVO
Conhecer os princípios das provas bioquímicas utilizadas na identificação das
espécies microbianas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. FERMENTAÇÃO DE AÇÚCARES
As espécies microbianas podem diferir em sua capacidade de utilizar (fermentar)
açúcares (glicose, lactose, maltose, sacarose, manose, xilose, etc). A fermentação de
determinados carboidratos, principalmente mono e dissacarídeos, é evidenciada pela
produção de ácidos e/ou gás no meio de cultura. Para detecção do ácido, usa-se, em
geral, um meio básico contendo apenas uma fonte de carbono (açúcar que se deseja
testar) e um indicador de pH (Vermelho de fenol).
A produção de gás associada à fermentação pode ser avaliada pela presença de
bolha no interior do pequeno tubo invertido (tubo de Durham) colocado no meio de
cultura, quando for o caso.
Procedimento:
- Retirar com auxílio de alça de platina, uma parte do crescimento bacteriano e
colocar sobre lâmina de vidro.
- Gotejar sobre a amostra, o reagente peróxido de hidrogênio a 3%.
Figura 3. Resultados possíveis observados em bactérias catalase positivas (parte superior) e bactérias
catalase negativas (parte inferior).
Composição do meio:
Ureia 8,00g
Extrato de levedura 0,04g
Fosfato de sódio 3,80g
Fosfato dipotássico 3,64g
Vermelho de fenol (0,18%) 20,0mL
Água destilada 380mL
pH = 6,8
Figura 4. Resultados possíveis observados em bactérias urease positivas (esquerda) e bactérias urease
negativas (direita).
Procedimento: A inoculação deve ser feita com uma estria simples ao longo da
superfície do meio. Em seguida, incubar a 36,0±1ºC por 24-48h.
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3.5.HIDRÓLISE DO AMIDO
O amido é um polímero constituído de moléculas de glicose. Como o polímero é
muito grande, sua utilização pelos microrganismos deve ser precedida de uma
degradação, com a formação de substâncias mais simples e facilmente assimiláveis.
Muitas espécies bacterianas são capazes de produzir amilases que causam a
hidrólise do amido com a formação de maltose. A maltose pode, então, entrar na célula
onde é hidrolisada a glicose. Em alguns casos a hidrólise do amido é incompleta,
resultando no acúmulo de dextrinas no meio. O amido se cora de azul com o iodo, mas
seus produtos de hidrólise (dextrinas, maltose e glicose) não produzem essa reação.
Procedimento: Inocular o meio a bactérias por meio de estrias sobre a placa contendo
meio com amido e incubar por 48h a 30C.
Na próxima aula, observa se o resultado:
49 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
glicose da sacarose
Bactéria
Bactéria
50 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
REFERÊNCIAS
MADIGAN, Michael. T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
SILVA FILHO, Germano Nunes; OLIVEIRA, Veturia Lopes de. Microbiologia:
manual de aulas práticas. 2. ed. rev. Florianópolis: Editora da UFSC, 2007.
52 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 09
MICROBIOLOGIA DO SOLO: ISOLAMENTO DE RIZÓBIOS
1. INTRODUÇÃO
Os rizóbios são bactérias que em simbiose com as plantas da família das
leguminosas, fixam nitrogênio atmosférico. A fixação do N2 se dá pelo complexo
enzimático denominado nitrogenase, presente nos rizóbios (microssimbiontes).
Atualmente, vários gêneros são caracterizados como rizóbios, como Rhizobium,
Bradyrhizobium, Azorhizobium, Sinorhizobium. A maior parte dos nódulos é formada
no sistema radicular. Entretanto, em alguns gêneros botânicos, como Aeschynomene e
Discolobium, há a formação de nódulos no caule.
Se a linhagem bacteriana for eficiente, todo o nitrogênio exigido pela planta pode
ser suprido por essa associação, sendo indicada para produção de inoculantes. Nesses
casos, deve apresentar alta capacidade de fixação, alta capacidade competitiva por sítios
de infecção, baixa especificidade hospedeira e alta capacidade de sobreviver e colonizar
o solo.
Há uma constante necessidade de obtenção de novas linhagens de rizóbios, quer
seja para plantas que dispõe de inoculante, e se deseja maior eficiência, quer para as que
não dispõem de rizóbios eficientes. Qualquer que seja o caso, a obtenção de novas
estirpes de rizóbios tem início com o isolamento.
2. OBJETIVO
Isolar bactérias fixadoras de N2 a partir de nódulos radiculares.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Procedimento
Selecionar de três a cinco dos maiores nódulos com coloração intensa
avermelhada, o que indica presença de leg-hemoglobina e atividade da nitrogenase.
Remover os nódulos da raiz e lavá-los com água.
Lavar os nódulos com álcool 95% em um béquer durante 1 minuto.
Retirar o álcool e adicionar água sanitária. Deixar o nódulo imerso no béquer por
5 minutos.
Lavar os nódulos com água esterilizada e destilada por cinco vezes.
Macerar os nódulos com um bastão de vidro estéril.
Coletar uma pequena alíquota desta suspensão com uma alça de platina
flambada.
Inocular uma placa contendo ágar meio manitol (YMA) vermelho congo
fazendo estrias compostas de forma a obter colônias isoladas.
Incubar as placas a 28ºC, no escuro, na posição invertida.
Avaliar o crescimento bacteriano após sete dias.
3. Qual a origem mais provável dos contaminantes que você observa na placa?
4. Se você tivesse que repetir esta técnica, alteraria algum procedimento para tentar
diminuir a ocorrência de contaminantes? Qual seria esse?
5. O que você faria para tentar minimizá-los e aumentar suas chances de encontrar
rizóbios?
54 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
6. Quais os problemas que você enfrentaria caso resolvesse isolar bactérias fixadoras
de nitrogênio das raízes de uma planta não leguminosa, que não formam nódulos?
REFERÊNCIAS
HUNGRIA, Mariangela. Coleta de nódulos e isolamento de rizóbios. In: HUNGRIA,
Mariangela; ARAÚJO, Ricardo S. Manual de métodos empregados em estudos de
microbiologia agrícola. Série Documentos 46. Brasília: EMBRAPA-CNPAF, 1994, p.
45-61.
MADIGAN, Michael. T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
55 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 10
MICROBIOLOGIA DO SOLO:
CARACTERIZAÇÃO DE RIZÓBIOS.
1. INTRODUÇÃO
Após o isolamento do rizóbio de nódulos, é necessária sua caracterização baseada
em características morfológicas, fisiológicas e genéticas, além de sua eficiência na
formação de nódulos em uma planta-teste.
Algumas avaliações baseadas nas características morfológicas e bioquímicas são
úteis para diferenciação dos rizóbios. Um dos testes mais simples é o de Gram que,
como já vimos em aulas anteriores, consiste em diferenciar as bactérias em dois grandes
grupos (Gram-positivo e Gram-negativo), devido a diferenças na composição da parede
celular. Por esse teste, pode-se observar que os rizóbios são bastonetes, Gram-negativos
e flagelados.
Os rizóbios podem ser ainda, classificados pela taxa de crescimento que, inclusive
influencia na sua denominação. Os rizóbios de crescimento rápido levam de três a cinco
dias para crescimento, enquanto os de crescimento lento necessitam de sete a dez dias.
Um exemplo do uso da taxa de crescimento para denominação de rizóbios é observado
no gênero Bradyrhizobium. O prefixo Brady significa lento. A espécie Bradyrhizobium
japonicum é específica para nodulação da soja (Glycine max L. Merril).
Outro atributo importante para caracterização é a modificação de pH do meio de
cultivo. Nesse aspecto, os rizóbios podem ser classificados em três classes: estirpes que
acidificam o meio (mais comum entre rizóbios de crescimento rápido), as que não
alteram o pH e as que o alcaliniza (mais comum entre rizóbios de crescimento lento).
Essa diferenciação é observada em meio especifico (YMA) contendo indicador Azul de
bromotimol que, em pH 6,8, apresenta a coloração verde.
2. OBJETIVO
Caracterizar os rizóbios isolados pela taxa de crescimento e tipo de modificação
de pH em meio de cultivo.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Figura 1: Gradiente de coloração por alteração do pH em meio YMA azul de bromotimol pelo
crescimento de rizóbios. (a) pH alcalino; (b) pH neutro; (c) pH ácido.
REFERÊNCIAS
HUNGRIA, Mariangela. Coleta de nódulos e isolamento de rizóbios. In: HUNGRIA,
Mariangela; ARAÚJO, Ricardo S. Manual de métodos empregados em estudos de
microbiologia agrícola. Série Documentos 46. Brasília: EMBRAPA-CNPAF, 1994, p.
45-61.
MADIGAN, Michael. T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
58 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 11
MICROBIOLOGIA DO SOLO:
INOCULAÇÃO DE SEMENTES
1. INTRODUÇÃO
As fontes de nitrogênio disponíveis para a soja são os fertilizantes nitrogenados e
a fixação biológica de nitrogênio (FBN), que no Brasil se constitui na mais viável
economicamente e ecologicamente para a cultura. A simbiose que ocorre entre as
plantas leguminosas e bactérias do gênero Bradyrhizobium (bactérias do grupo rizóbio),
que resulta na formação de nódulos nas raízes da soja, possibilita a obtenção de todo o
nitrogênio que a cultura necessita para alta produtividade.
Existem dois tipos de inoculantes microbianos comercializados: líquido e turfoso.
Os inoculantes turfosos, líquidos ou outras formulações devem conter uma população
mínima de 1 x 109 células por grama ou mL de inoculante, terem eficiência simbiótica
comprovada pela Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização
e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola (RELARE) e
serem registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A quantidade mínima de inoculante deverá ser aquela que forneça pelo menos
600.000 células bacterianas por semente de soja. Contudo, as avaliações realizadas em
Roraima e nas principais regiões produtoras de soja tem mostrado que uma dose de
1.200.000 células por semente tem apresentado benefícios significativos na nodulação e
FBN, mostrando ser interessante a utilização de uma maior concentração de células
bacterianas nas sementes. Dessa forma, recomenda-se a dose de 1,2 milhões de células
viáveis por semente, especialmente em áreas de primeiro cultivo ou com pousio
prolongado.
2. OBJETIVO
Familiarizar o estudante com a prática de inoculação de sementes utilizando
material de origem líquida e turfosa.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. INOCULAÇÃO COM MATERIAL LÍQUIDO
- Pesar 100g de sementes de soja e acondicioná-las em embalagem plástica.
- Realizar o cálculo da quantidade de inoculante necessária para 100g de
sementes, conforme instruções contidas na embalagem do produto. A dose de
inoculante a ser aplicada é sempre apresentada na embalagem. No caso do inoculante
para a soja que estamos utilizando, a dose a ser utilizada é de 2mL por kg de semente.
Portanto, será aplicado 0,2mL de inoculante líquido em 100g de sementes.
- Pipetar 0,2mL de inoculante e despejá-lo sobre as sementes. Encher o saco
plástico com ar e homogeneizar.
- Deixar as sementes secarem a sombra antes do plantio, que deve ser realizado
dentro de no máximo 24 horas.
- Levar à casa-de-vegetação e plantar em vasos contendo substrato e observar a
nodulação após três a quatro semanas.
produto. Se para 50kg de semente são utilizados 300mL, então em 100g serão utilizados
0,6mL.
- Pipetar 0,6mL de solução açucarada e despejá-la sobre as sementes. Encher o
saco plástico com ar e homogeneizar.
- Realizar o cálculo da quantidade de inoculante necessária para 100g de
sementes, conforme instruções contidas na embalagem do produto. Se para 50kg de
semente são utilizados 100g de inoculante, então em 100g de semente será aplicado
0,2g de inoculante.
- Pesar 0,2g de inoculante turfoso em papel alumínio.
- Despejar o inoculante sobre as sementes.
- Homogeneizar as sementes com o inoculante e a solução açucarada até que o
material encontre-se uniformemente distribuído na superfície de todas as sementes.
- Deixar as sementes secarem a sombra antes do plantio, que deve ser realizado
dentro de no máximo 24 horas.
- Levar à casa-de-vegetação e plantar em vasos contendo substrato e observar a
nodulação após três a quatro semanas.
1. O que é um inoculante?
REFERÊNCIAS
HUNGRIA, M. Inoculação com Azospirillum brasiliense: inovação em rendimento a
baixo custo. Londrina, PR: Embrapa Soja, 2011.
MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do Solo. 2 ed.
Lavras: Editora UFLA, 2006.
MUNHOZ, André Thiago; RONSANI, Aline de Liz; ALMEIDA, Roberto de; PURIN,
Sonia. Efeito de técnicas de coinoculação e inoculação pré-semeadura da soja até
30 dias antes do plantio. IN: FERTBIO 2014, Araxá, MG.
RONSANI, Aline de Liz; PINHEIRO, Magaiver Gindri; PURIN, Sonia. Efeitos de
diferentes formulações e técnicas de inoculação no crescimento da soja. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 34., 2013, Florianópolis, SC.
62 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 12
MICROBIOLOGIA DO SOLO
CICLO DO CARBONO:
RESPIRAÇÃO BASAL DO SOLO
1. INTRODUÇÃO
Os microrganismos são os responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e
responsáveis pela ciclagem de nutrientes e fluxo de energia. A respiração microbiana,
ou seja, absorção de O2 e liberação de CO2, pode ser utilizada para determinar a
atividade microbiana no solo e, consequentemente, a fertilidade e qualidade do solo.
(ANDRÉA; PETTINELLI, 2000; ALEF, 1995). Em geral, estima-se a liberação de
CO2, pois esse, tanto pode refletir a atividade de microrganismos aeróbicos, quanto de
anaeróbicos.
A respiração microbiana do solo é também conhecida como Respiração Basal do
Solo (RBS), pois reflete a atividade microbiana em função do próprio teor de matéria
orgânica presente nesse (DIONÍSIO et al., 2016). Essa está diretamente ligada à
decomposição da matéria orgânica e da mineralização do húmus, sendo possível,
através de sua análise, ter um indicativo do estado metabólico total do solo (MOREIRA
e SIQUEIRA, 2006).
Para determinar a RBS pela liberação de CO2, diversas metodologias podem ser
utilizadas (DIONÍSIO et al., 2016). A titulação do gás capturado em solução básica
(NaOH ou KOH) é uma das mais utilizadas e de fácil execução.
2. OBJETIVO
Estimar a respiração basal do solo, como indicativo de atividade microbiana.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Material
100g de solo
Frascos tipo Pirex de 250mL
Frascos de penicilina
Erlenmeyers de 125mL
KOH 0,3M
Cloreto de bário 20%
Fenolftaleína
HCl 0,1M
Procedimentos
a. Pesar 20g de solo úmido1 e acondicionar em frascos de 250mL que possuam
vedação (ex: frascos Pirex).
b. Pesar igual volume de solo em cápsulas de peso conhecido e levar a estufa a
105C por 48h, para determinar o peso seco.
c. Os frascos com o solo do item (a) devem receber frascos de penicilina,
contendo 10 mL de KOH 0.3 M (agente aprisionador de CO2).
d. Incubar por uma semana, no escuro a 25C.
e. Após este período, transferir o volume dos frascos de penicilina para
erlenmeyers de 125mL, adicionar 3 mL de BaCl (20%), adicionar uma gota
de fenolftaleína (indicador) e agitar.
63 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
2KOH + CO2 K2CO3 + H2O (em água é solúvel, formando 2K+ e CO32-)
(Agente aprisionador de CO2)
K2CO3 + BaCl2 2KCl + BaCO3
(É solúvel, formando:
Ba + CO32-)
2+
CO32- + H2O HCO32- + HO-
(HO- torna o meio básico. Coloração rosa)
BaCO3 + 2HCl BaCl2 + H2O + CO2
(Colaboração: Profa Hérica A. Magosso)
Cálculo
Para calcular a RBS, utiliza-se a seguinte equação:
*Este volume é obtido pela titulação de 10mL de KOH 0,3M com HCl0, 1M
(ambos previamente padronizados), contendo uma gota de fenolftaleína, até
atingir o ponto de equivalência descrito acima.
64 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
4.4. Como a relação C/N de resíduos incorporados ao solo pode alterar a RBS?
REFERÊNCIAS
ALEF, K. Soil Respiration. In: ____;NANNIPIERI, P. (Eds). Methods in Soil
Microbiology and Biochemistry.San Diego: Academic Press Inc., 1995, p. 214-215.
ANDRÉA, M.M.; PETTINELLI Jr., A. Efeito de aplicações de pesticidas sobre a
biomassa e a respiração de microrganismos de solos. Arq. Inst. Biol., v.67, p.223-228,
2000.
DA SILVA, E.E.; De AZEVEDO, P.H.S.; De-POLLI, H. Determinação da respiração
basal (RBS) e quociente metabólico do solo (qCO2).Seropédica: Embrapa
Agrobiologia, 2007. 4p. ( Embrapa Agrobiologia. Comunicado técnico, 99).
DIONISIO, J. A.; PIMENTEL, I. C.; SIGNOR, D. Respiração microbiana. In:
_____.;_______.; ______.; PAULA, A. M. de; MACEDA, A.; MATANNA, A. L
(Coord.). Guia prático de biologia do solo. Curitiba: SBCS: NEPAR, 2016., cap. 12,
p.72-77.
MOREIRA, F. M. de SOUZA e SIQUEIRA, J.O. Microbiologia e bioquímica do solo.
2. ed. atual. ampl. Lavras: Editora UFLA, 2006. 729p.
66 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 13
MICROBIOLOGIA DO SOLO:
ECTOMICORRIZAS E FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES
1. INTRODUÇÃO
Existem dois grupos de fungos micorrízicos de importância destacada para o
Engenheiro Agrônomo: os fungos ectomicorrízicos e os fungos micorrízicos
arbusculares.
Os fungos ectomicorrízicos ocorrem tanto no filo Ascomicota quanto
Basidiomicota e promovem diversos benefícios para seu hospedeiro. Os filamentos
fúngicos, denominados hifas, retiram das árvores compostos orgânicos necessários à
sobrevivência do fungo e à produção de novos cogumelos ou basidiocarpos. Em
contrapartida, as plantas tornam-se mais bem nutridas e apresentam maior sobrevivência
e longevidade no campo. Além desses efeitos diretos sobre os membros da simbiose, os
fungos ectomicorrízicos desempenham importante papel nos ciclos de alguns elementos
químicos nos ecossistemas florestais.
No Brasil, muitas plantas arbóreas de importância econômica, usadas na produção
de madeira, carvão e celulose, como o Pinus, o Eucalyptus e a Acacia mangium, são
capazes de associar-se simbioticamente com fungos, resultando na formação de
ectomicorriza.
As ectomicorrizas caracterizam-se por apresentarem uma camada de hifas, o
manto, que recobre as células da epiderme radicular; a rede de Hartig, formada pelo
crescimento das hifas nos espaços intercelulares da epiderme e do córtex; e uma rede
externa de hifas que interligam as raízes ao solo e aos basidiocarpos (corpos de
frutificação).
Esporos
Hifa
Micélio intra-radicular
Raiz
2. OBJETIVOS
Familiarizar o estudante com as estruturas produzidas por ectomicorrizas em
mudas de Pinus.
Identificar as estruturas produzidas por fungos micorrízicos arbusculares.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. ECTOMICORRIZAS
Placa de Petri:
FMA em associação com uma raiz geneticamente transformada
Microscópio 2 – Vesículas
Microscópio 3 - Esporos
71 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
REFERÊNCIAS
CLETO, Carla Cândida; PURIN, Sonia. Efeito da inoculação e adubação orgânica na
colonização de raízes de milho crioulo por fungos micorrízicos arbusculares. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 34., 2013. Florianópolis, SC.
COSTA, Mauricio Dutra et al. Ectomicorrizas: A face oculta das florestas.
Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, n. 29, p. 38-46.
MOREIRA, Fatima Maria de Souza; SIQUEIRA, José Osvaldo. Microbiologia e
Bioquímica do Solo. 2 ed. Lavras: Editora UFLA, 2006.
SIQUEIRA, José Osvaldo; LAMBAIS, Marcio Rodrigues; STÜRMER, Sidney Luiz.
2002. Fungos Micorrízicos Arbusculares. Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento,
n. 25, p. 12-21.
SIQUEIRA, José Osvaldo et al. Micorrizas: 30 anos de pesquisas no Brasil. Lavras:
Editora UFLA, 2010.
73 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 14
MICROBIOLOGIA DA ÁGUA:
TESTE PRESUNTIVO
1. INTRODUÇÃO
As análises de água são realizadas segundo normas adotadas por cada país ou
região. No caso brasileiro, os procedimentos utilizados são os do “Standard Methods
for Examination of Water and Wastewater”, da American Public Health Association
(APHA). As análises microbiológicas da água podem ser tanto no aspecto quantitativo
quanto no qualitativo.
No aspecto quantitativo, procura-se avaliar as populações de um modo geral. Sua
importância está mais relacionada a estudos ecológicos, de monitoramento ambiental ou
dos tratamentos efetuados, mas seus dados podem ajudar também na avaliação da água
quanto a sua potabilidade. Água com altas populações de microrganismos tem maiores
possibilidades de conter organismos patogênicos, podendo indicar, também, um alto
conteúdo orgânico. A decomposição da matéria orgânica pode consumir o oxigênio,
produzindo ácidos e gases tóxicos. Embora a legislação não apresente padrões
restritivos quanto ao número de microrganismos, autores sugerem que águas de boa
qualidade para consumo devem ter populações de bactérias inferiores a 100 UFC/mL.
Além do aspecto de potabilidade, a qualidade microbiológica da água é que vai decidir
sobre seus possíveis usos, como, por exemplo, a irrigação de lavouras (legumes, frutas,
cereais e florestas), a recreação (balneabilidade), a criação de animais (meio de criação
e dessedentação), entre outros.
A contagem de microrganismos em geral, particularmente a de bactérias, também
pode ser um bom indicador no cultivo de animais aquáticos. Avaliações constantes nas
populações de microrganismos existentes nestes ambientes permitem o conhecimento
da população em equilíbrio. Alterações nessas populações podem indicar alterações nas
condições do meio. Um exemplo comum consiste no excesso de alimentação ou na
sobra de alimentos provocada por algum estresse. Isso resulta no aumento da população,
que consumirá mais oxigênio, promovendo a fermentação e alteração de substâncias
tóxicas, o que provocará a morte da criação. Assim, antes de ocorrerem estes problemas,
pode-se prevê-los fazendo-se avaliações periódicas das populações microbianas nos
tanques.
A contagem de fungos não tem uma grande aplicação prática. No entanto, em
algumas situações em que há suspeita de contaminação da água com fungos patógenos
ou toxigênicos, pode ser importante um procedimento de contagem, mas com o objetivo
de verificar os tipos que ocorrem. Por exemplo, Aspergillus flavus, produtor de
aflatoxina.
Vários procedimentos podem ser utilizados na avaliação de amostras de água; no
entanto, os mais utilizados são os testes para indicação da ocorrência de coliformes
totais e fecais. O teste para detecção de coliformes totais consiste de duas etapas, o teste
presuntivo e o teste confirmativo, cujas características já estudamos em aula teórica. A
pesquisa de coliformes é baseada nas características do grupo bastonete Gram-negativo,
que produz ácido e gás a partir de lactose.
2. OBJETIVOS
Iniciar a avaliação da qualidade de amostras de água pela análise preliminar da
quantidade de coliformes totais.
74 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
3. MATERIAL E MÉTODOS
No teste presuntivo, presume-se que os microrganismos que crescem e produzem
gás a partir de lactose sejam coliformes. Entretanto, como não há outras informações
sobre as demais características desses microrganismos, são necessários outros testes
para confirmação. A pesquisa pode ser conduzida de várias maneiras, entre elas, pela
técnica dos tubos múltiplos e do filtro de membrana.
O procedimento adotado na técnica dos tubos múltiplos depende do objetivo da
análise. Nesta aula, usaremos cinco tubos de ensaio contendo 10mL de caldo lactosado
em uma concentração de 13g/L.
Procedimentos
a) Medir um volume de 100mL da amostra trazida do campo com o auxílio de
uma proveta.
b) Serão utilizados cinco tubos de cultura com um tubo de Durham invertido.
Neles, foram adicionados 10mL de caldo lactosado e foi realizada a esterilização por 20
minutos a 121ºC previamente a realização desta aula prática.
c) Do volume de água de 100mL, pipetar 10mL da amostra de água a ser
examinada em cada um dos 5 tubos. Utilizar pipetas previamente esterilizadas.
d) Incubar os tubos a 35ºC por 48 horas. Após este período, eles serão transferidos
para a geladeira até a próxima aula prática.
microbiano
REFERÊNCIAS
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 2 ed.
Brasília, DF: Fundação Nacional de Saúde, 2006.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
SANTOS, Gilmario Vilela; PURIN, Sonia; LEITE, Nei Kavaguichi. Análise
microbiológica de água subterrânea na bacia do Rio Marombas, SC. In:
SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 23., 2013, Florianópolis, SC.
77 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 15
MICROBIOLOGIA DA ÁGUA:
TESTE CONFIRMATIVO E COLIFORMES FECAIS.
1. INTRODUÇÃO
A água potável não deve conter microrganismos patogênicos e deve estar livre de
bactérias indicadoras de contaminação fecal. Os indicadores de contaminação fecal,
tradicionalmente aceitos, pertencem a um grupo de bactérias denominadas coliformes.
O principal representante desse grupo de bactérias chama-se Escherichia coli.
A Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que sejam
determinados, na água, para aferição de sua potabilidade, a presença de coliformes
totais e termotolerantes de preferência Escherichia coli e a contagem de bactérias
heterotróficas. A mesma portaria recomenda que a contagem padrão de bactérias não
deve exceder a 500 Unidades Formadoras de Colônias por 1 mililitro de amostra
(500/UFC/ml).
A maioria das doenças veiculadas pelas águas tem sua origem na contaminação
fecal. Exemplos destas são: a febre tifoide (Salmonella typhi), a shigelose (Shigella), a
hepatite “A” de origem viral, os rotavírus, os polivírus, as gastroenterites (Salmonella) e
a cólera (Vibrio cholerae), além de parasitas como os protozoários Entamoeba
hystolytica e Giardia lamblia, que causam a disenteria. Seria praticamente impossível
investigar a presença de cada microrganismo patogênico que pudesse ser transmitido
pela água. Além do que, muitos deles são liberados em pequenas quantidades e às vezes
de forma descontínua. Tudo isto teria um custo elevado e levaria um tempo precioso na
determinação do contaminante. Assim, a opção foi escolher um microrganismo que
indicasse a contaminação da água com fezes e, portanto, a suspeita de conter
microrganismos patogênicos. O microrganismo escolhido foi a Escherichia coli. Ela é
constante no intestino humano e no de animais de sangue quente, é abundante nas fezes,
cresce facilmente em meios de cultura e vive bastante tempo na água. Outros grupos de
microrganismos também podem estar presentes nas fezes, como os enterococos
(Streptococcus faecalis) e bacilos (Clostridium perfringens), e têm sido sugeridos como
indicadores. Apesar de algumas desvantagens apresentadas pela Escherichia coli
(menor resistência à cloração e menor viabilidade na água do mar), suas vantagens em
relação aos outros indicadores são significativas.
A Escherichia coli faz parte de um grupo de microrganismos denominados
genericamente de coliformes, que inclui Enterobacter aerogenes, E. cloaceae,
Klebsiella e Citrobacter. Dentre os coliformes presentes nas fezes, a grande maioria é E.
coli (95%). À exceção dos coliformes fecais, os demais podem ser encontrados em
outros ambientes como solo, água e vegetais.
2. OBJETIVOS
Avaliar a qualidade de amostras de água pela análise da população de coliformes
totais e fecais.
3. MATERIAL E MÉTODOS
- Teste confirmativo
a) tomar o número de tubos do Teste Presuntivo que deram positivos.
b) tomar igual número de tubos contendo o meio de cultura Caldo Bile Verde
Brilhante a 2%;
78 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
c) com a alça de platina, previamente flambada e fria, retirar de cada tubo positivo
uma porção de amostra e inocular no tubo correspondente contendo o meio de cultura
Caldo Bile Verde Brilhante.
d) identificar os tubos com o nome do grupo;
e) incubar durante 48 horas a 35ºC;
f) se no final do período de 48 horas houver crescimento bacteriano e formação de
gás dentro do tubo de Durham, o teste é considerado positivo. Caso não haja formação
de gás, o teste é considerado negativo.
b) transferir, com alça de platina flambada e fria, uma porção para os tubos de
ensaio contendo meio de cultura EC na concentração de 37g/L;
c) incubar a 44,5º C durante 24 horas;
e) se no final de 24 horas ou menos houver a formação de gás, está indicado a
presença de coliformes de origem fecal;
microbiano
5
80 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
microbiano
10. Explique a função dos sais biliares no meio de cultivo usado para coliformes
totais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 2 ed.
Brasília, DF: Fundação Nacional de Saúde, 2006.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
SANTOS, Gilmario Vilela; PURIN, Sonia; LEITE, Nei Kavaguichi. Análise
microbiológica de água subterrânea na bacia do Rio Marombas, SC. In:
SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 23., 2013, Florianópolis, SC.
83 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
AULA 16
MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS:
QUALIDADE DO LEITE.
1. INTRODUÇÃO
O leite é um excelente meio de cultura para vários microrganismos. Ao ser
produzido é estéril, mas à medida que se desloca pelos canais das glândulas, pode
contaminar-se com microrganismos, cujos tipos são variáveis dependendo do animal do
qual é retirado. Algumas vezes, o leite pode conter microrganismos patogênicos
(Salmonella, Coxiella burnetti, Mycobacterium bovis, M. tuberculosis, Brucella
abortus) originários ou não do próprio animal.
A contaminação do leite pode continuar durante a ordenha, o transporte e o
armazenamento. Pessoas portadoras de infecções que participam da manipulação do
produto também podem representar fonte de contaminação. Assim, grandes populações
de microrganismos degradadores (Sreptococcus, Leuconostoc, Lactococcus,
Lactobacillus, Pseudomonas, Proteus) podem estar presentes no leite. Grandes
populações são indicativas de que as características iniciais do leite foram modificadas
pelo crescimento microbiano. Assim, a qualidade do leite pode ser avaliada em função
de sua microbiota, fornecendo informações que refletem as condições sob as quais o
alimento foi produzido, beneficiado e/ou mantido (refrigeração e armazenamento
inadequado).
Vários procedimentos são utilizados para avaliação da qualidade do leite. Alguns
adotam conhecimentos práticos (teste da fervura e teste do álcool 70%), outros
empregam a atividade enzimática (teste da redutase) e há ainda, os que avaliam o
tamanho da microbiota (contagem em placa) ou a presença de grupos de
microrganismos (coliformes, salmonelas).
2. OBJETIVO
Avaliar a qualidade de amostras de leite através dos testes de fervura, álcool, azul
de metileno e contagem de bactérias.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Procedimento
- Colocar 5mL de leite em um tubo de ensaio;
- Levar à fervura;
- Observar se há ou não coagulação (no leite alterado ocorre coagulação).
Procedimento
- Colocar 5mL de leite em um tubo de ensaio;
- Adicionar 5mL de álcool 70%;
- Observar se há ou não coagulação (no leite alterado ocorre coagulação).
Tabela 1. Relação entre o tempo de descoloração do leite e o número de bactérias após a adição de azul
de metileno.
Procedimento
- Pipetar em um tubo de ensaio, 10mL do leite a ser testado;
- Adicionar 1mL de azul de metileno (0,02%);
- Misturar e colocar na incubadora a 37ºC. Anotar o horário de início;
- Fazer a primeira leitura após 20 minutos e as seguintes, após 2 e 5,5 horas.
Considera-se um teste positivo, quando for detectada cor branca no tubo de
ensaio.
Procedimento
- Preparar diluição seriada até 104.
- Inocular nas placas 0,1mL das diluições de 102 a 104, em três repetições.
- Incubar por dois a três dias a 30ºC.
- Realizar a contagem de UFCs.
85 UFSC Curitibanos – Disciplina de Microbiologia Agrícola
Meio padrão
1. Com relação ao teste do azul de metileno, como foi classificada amostra de leite?
REFERÊNCIAS
MADIGAN, Michael T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de
Brock. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2004.
NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.
Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010.
TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R; CASE, Christine L. Microbiologia. 10 ed.
Porto Alegre, RS: Artmed, 2012.