Cinética Da Fermentação Alcoólica Na Elaboração Do Vinho Tinto Fino Seco
Cinética Da Fermentação Alcoólica Na Elaboração Do Vinho Tinto Fino Seco
Cinética Da Fermentação Alcoólica Na Elaboração Do Vinho Tinto Fino Seco
Introdução
História da Fermentação
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por conta da presença de microrganismos diferentes, que transformavam o álcool em ácido
acético, conhecido popularmente como vinagre.
Além do vinho a fermentação é utilizada na produção de outros alimentos como pão,
cerveja e queijos, sendo esses alimentos tão velhos quanto a agricultura. Os egípcios já
utilizavam a fermentação da cevada para a obtenção de uma espécie de cerveja e, em 4000
a.C, a levedura da cerveja já estava sendo utilizada na panificação (WARD, 1991).
A fermentação que é feita através de microrganismos, demorou anos e anos para ser
compreendido pelo homem e hoje se tornou tão importante para a indústria. Além da indústria
de alimentos, a fermentação tem grande importância na indústria farmacêutica na produção de
antibióticos e na indústria química na produção do etanol.
A História do Vinho
O vinho é uma bebida obtida a partir da fermentação alcoólica, sendo ele parte
integrante da experiência humana há quase setenta séculos, ou seja, o homem já sabia
produzir vinho muito antes de saber explicar os mecanismos da fermentação. Apesar das suas
origens serem incertas, ele tem sido produzido e consumido, onde quer que uvas ou uma
variedade de uvas cresçam (HENDERSON; REX, 2014). Apesar de existir vinhos de outras
frutas, o vinho mais conhecido hoje pelo mundo inteiro é produzido a partir do processamento
e da fermentação do suco de uva;
A fermentação é um processo natural que age para estabilizar o suco de uva e protegê-
lo da deterioração, de forma que ele seja estocado para consumo posterior. O álcool no vinho,
que é produzido por fermentação, também evita o crescimento de microrganismos
patogênicos (HERDERSON; REX,2014)
Segundo a História o início da civilização se deu no Oriente Médio e por conta disso
não é surpreendente que o vinho tenha surgido na mesma região. Há indícios que ele foi
consumido pela primeira vez na região da Pérsia (hoje Irã) por volta de 5000 a 6000 a.C.,
porém a composição exata desse vinho é incerta pois ele pode ter sido feito de frutas arbóreas
nativas da região ou de tâmaras, ao invés de uvas.
Vitis vinífera é uma espécie de uva utilizada com mais frequência para a produção de
vinho, é nativa da região entre os mares Negro e Cáspio, a noroeste do Irã – onde atualmente
se situa a República da Geórgia. Alguns estudiosos especulam que a vinificação que usava
uvas pode ter começado nessa região e deslocado para o sul. (HENDERSON; REX,2014).
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Os Biorreatores podem operar em processo contínuo e descontínuo, sendo o processo
descontínuo, também conhecido por batelada, utilizado nesse estudo. O processo em batelada,
é amplamente utilizado em usinas e destilarias brasileiras, devido a facilidade de assepsia
durante o processo. Nesse sistema geralmente são utilizadas dornas (biorreatores) de pequeno
volume, o que leva a produção de baixas quantidades de produto por batelada. Quanto ao
funcionamento, o meio fermentativo (mosto) esterilizado presente no fermentador é inoculado
com microrganismo (levedura) depois incubado, a fim de que a fermentação possa se
processar sob condições ótimas. O enchimento da dorna é instantâneo. Outro aspecto
importante é que durante o processo fermentativo nada é adicionado ou removido da dorna,
exceto ácidos e bases para controle de pH, antiespumante e outros compostos em quantidades
que não influenciam no volume final. (MARTINEZ, 2007).
Além desses equipamentos automatizados, com o avanço dos estudos sobre
fermentação e vinificação, foram criados outros equipamentos como as cubas de fermentação
que são fabricadas com materiais adequados para não comprometerem a qualidade do vinho,
porém muitos vinicultores ainda preferem fermentar seus vinhos de maneira tradicional com a
utilização de barris de carvalho.
Fermentação alcoólica
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Portanto assim como a Equação 1 (Eq.1) acima indica o desprendimento de 33
calorias, a fermentação alcoólica sempre será uma reação exotérmica, isto é, desprenderá
calor, conforme, Equação 2 (Eq.2): (HASHIZUME, 2014)
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fermentativo e os nutrientes do substrato que compõe o meio de cultura (os açúcares). Os
valores das concentrações experimentais obtidos em função do tempo permitem traçar curvas
de ajuste e permitem definir seus perfis para uma descrição quantitativa do processo
fermentativo bem como a sua duração. (HISS, 2001)
O objetivo deste trabalho foi realizar o estudo comparativo da cinética reacional para a
produção do vinho tinto fino seco via processo natural, sem adição de levedura selecionada, e
catalítico, com adição da levedura selecionada Saccharomyces cerevisiae RC 212 –
Bourgoorouge selection BIVB, ambos os processos foram realizados em meio aeróbio. A uva
utilizada para o desenvolvimento desse trabalho foi a Vitis vinífera Merlot, ela apresenta um
potencial elevado de acúmulo de açúcar originando vinhos tintos de coloração vermelho-
violácea e com boa intensidade, o vinho dessa cultivar caracteriza-se por seu excelente
aspecto, grau de fineza e maciez. (RIZZON; DALL’AGNOL, 2007)
Metodologia
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Análises de acompanhamento
obtido em ºBrix.
Durante o processo fermentativo foram realizadas análises para acompanhar o
adensamento da biomassa, o teor de açúcar consumido e o teor de álcool gerado. O
adensamento da biomassa foi acompanhado medindo a altura que ela atingia dentro da dorna
no decorrer do tempo com o auxílio de uma fita métrica, já o teor de açúcar redutores
consumidos foi acompanhado através do método de Fehling ou Lane Eynon e o teor alcoólico
pelo diferencial de densidade.
O método de Fehling ou Lane Eynon é uma metodologia titulométrica padronizada
para determinar o teor de açúcares redutores em uma amostra líquida, sendo a amostra o
titulante e o titulado os reagentes Fehling A e B, nas concentrações 34,65 g/L e 298 g/L
respectivamente, neste método utiliza-se como indicador o azul de metileno.
Para a quantificação do teor alcoólico utilizou-se um densímetro com graduação
expressa em g/mL cujas as densidades obtidas de cada alíquota foram corrigidas quanto a seus
valores à temperatura de 20ºC utilizando uma tabela de conversão¹. Após a correção os
valores foram convertidos para ºGL (Gay Lussac) utilizando-se a Equação 6 (Eq.6)
(FOUNTAN; VERÍSSIMO; SILVA, R.L.W. et all):
Vp = Pf – P0 Eq. 7
tf – t0
Vs = - Sf – S0 Eq.8
tf – t0
YPS = Pf – P0 Eq.9
S0 - Sf
Pr = PEXP Eq.10
t
Por fim o rendimento (R) do processo de fermentação alcoólica que avalia a eficácia
com que as leveduras convertem os açúcares redutores em álcool, expresso em %, foi
calculado utilizando a Equação 11 (Eq.11) (FOUNTAN; VERÍSSIMO; SILVA, R.L.W. et
all):
Resultados e Discussões
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Conforme indica a Figura 5 observa-se que a altura que a biomassa ocupava dentro da
dorna do biorreator sofreu uma pequena diminuição em 48 horas, e que em 72 e 144 horas
houve uma diminuição significativa. Portanto o adensamento da biomassa começou a ocorrer
a partir de 48 horas, atingindo seu adensamento máximo de 8 cm em 144 horas.
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Durante o adensamento da biomassa, ocorre a separação de sólido e líquido, sendo a
biomassa a parte sólida que vai ocupando a superfície, e o vinho formado a parte líquida que
fica sob a biomassa. A biomassa sobe devido a formação de gás carbônico (CO2) da reação de
fermentação e das diferenças entre as densidades dela e a do vinho.
Comparando os gráficos da Figura 5, e da Figura 6, observa-se que o adensamento da
biomassa da B2 começou a ocorrer bem antes do que o referente à B1. Enquanto que na B2 o
adensamento começou a ocorrer a partir de 5 horas do início do experimento, na B1 ele
começou a ocorrer apenas a partir de 48 horas do início. Isso significa que a liberação de gás
carbônico (CO2) proveniente da reação de fermentação ocorreu mais cedo na B2 do que na
B1, o que mostra que a reação de fermentação ocorreu mais rapidamente na segunda
bateladado que na primeira comprovando assim a eficiência da levedura selecionada como
catalisador da reação.
O oxigênio dissolvido (O.D) pôde ser analisado através do processo fermentativo da
B2 conforme indica a Figura 8 abaixo:
Eq.12
Estas outras prováveis reações que talvez ocorreram na B2, talvéz tenham ocorrido
também na B1, mas não foram possíveis de serem detectadas devido à fermentação alcoólica
da B1 ter levado mais tempo para terminar (144 horas) do que a B2 (56 horas), e devido à
essas outras reações terem ocorrido juntamente com a fermentação alcoólica da B1.
Pode-se supor também que o crescimento e o decaímento de O.D que se observa na
Figura 8, após a formação do etanol, pode ter ocorrido pelo fato do vinho já ter entrado em
seu novo processo fermentativo, a fermentação malolática que se inicia naturalmente após
encerrado o processo de fermentação alcoólica. Na fermentação malolática ocorre a
transformação do ácido lático em ácido málico.
Os valores experimentais de pH obtidos através do sensor de pH do biorreator ficaram
entre os valores teóricos esperados para o processo de fermentação, tanto para a B1 como para
a B2, que eram de 4,0 a 3,0. Em ambas as bateladas foi possível detectar uma pequena
diminuição do pH devido à produção de àlcool etílico que tem caráter ácido, mas essa
pequena redução era o esperado para ambos os processos.
Realizando-se os cálculos cinéticos, foram obtidos os seguintes resultados para a B1,
Tabela 1 e para a B2, Tabela 2.
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Resultados Enológicos
O Vinho obtido nesse estudo foi o vinho tinto fino seco rico em aroma frutado, sabor
balanceado e suave, apresentando também bastante brilho. Esse tipo de vinho é capaz de
melhorar sua estrutura quando envelhecidos em garrafas se armazenados adequadamente.
Conclusões
O objetivo do estudo cinético realizado neste artigo foi atingido, uma vez que foi
possível comprovar que o processo de fermentação alcoólica do vinho tinto fino seco
realizado por meio catalítico, com a utilização da levedura Saccharomyces cerevisiae RC 212
– Bourgoorouge selection BIVB (B2) foi mais rápido do que o processo não catalítico, sem a
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²< http://roneiandre.dominiotemporario.com/doc/vinificacao_tinto.pdf
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utilização da levedura selecionada (B1). Através do estudo cinético realizado observou-se que
a reação de fermentação para a produção do vinho foi mais acelerada através do processo
catalítico, uma vez que o término da reação ocorreu em menos de 60 horas enquanto que a
reação de fermentação não catalítica, ocorreu até 144 horas. Comparando a eficiência da
reação, a fermentação da B2 foi mais eficiente do que a fermentação da B1 uma vez que o
processo fermentativo na B2 conseguiu gerar o teor alcoólico de 12,45ºGL e considerando as
variações analíticas, corresponde aproximadamente ao valor teórico esperado para o processo
que era de 12,2ºGL. Já o teor alcoólico do processo fermentativo da B1 foi de 10,925ºGL, o
que é abaixo do valor teórico esperado e abaixo também do valor experimental obtido na B2.
Assim o rendimento da B2 de 102% foi maior que o rendimento da B1 de 89,55%,
comprovando que a levedura selecionada não apenas acelera a reação de fermentação, mas
também à torna mais eficiente quanto à produção de álcool.
Quanto a cinética das duas reações, os cálculos mostraram que para a B2, a velocidade
do consumo de açúcar que foi de 2,7409 g/(L.h) e a velocidade da produção de álcool que foi
de 2,2936 g/(L.h) foram mais que o dobro dos valores obtidos para a B1, que foram 1,2347
g/(L.h) para o consumo de açúcar e 0,7587 g/(L.h) para a produção de álcool. Isso mostra
novamente que a levedura selecionada Saccharomyces cerevisiae RC 212 – Bourgoorouge
selection BIVB funcionou como um catalisador do processo fermentativo do vinho fino tinto
seco.
Um outro parâmetro utilizado para a análise da cinética foi a medição do adensamento
da biomassa provocado pela diferença da densidade entre a parte líquida e a parte sólida e
também pela liberação de dióxido de carbono (CO2) resultante do processo fermentativo. Esse
parâmetro também mostrou com eficiência a diferença entre as velocidades das reações na B2
e na B1, uma vez que na B1 a altura da biomassa foi de 17,5cm para 8cm em 144 horas
enquanto que na B2 a altura da biomassa foi de 17cm para 8cm em 54,5 horas, ou seja, em
menos da metade do tempo, comprovando assim que a fermentação da B2 foi muito mais
rápida do que a fermentação da B1.
A partir dos dados de oxigênio dissolvido (OD), foi possível constatar para a B2, que o
processo fermentativo terminou em aproximadamente 55 horas, mas também foi possível
observar a provável ocorrência de outras reações após o processo fermentativo, uma vez que a
fermentação se encerrou mais rapidamente que na B1 e por isso foi possível detectar nas
análises a ocorrência dessas outras reações. Analisando o gráfico de OD, foi possível
constatar a provável ocorrência das reações de oxidação do álcool etílico, obtido do processo
fermentativo, em aldeído, e depois a subsequente oxidação do aldeído em ácido acético. Já
para a B1, estas reações não foram possíveis de serem detectadas devido ao maior tempo que
a reação de fermentação levou para ocorrer e devido também à essas outras reações ocorrerem
juntamente com a reação de fermentação alcoólica. Os valores de pH ficaram dentro do
esperado tanto para a B1 como para a B2, isto é, o pH ficou ácido com os valores entre 4,0 e
3,0, o que segundo a literatura são ideais para que o vinho resista à infecções bacterianas.
Em relação às propriedades organolépticas, pode-se comprovar o que diz na literatura,
que para obter vinho a partir do processo natural de fermentação, a fermentação deve ocorrer
em meio anaeróbio e não aeróbio, pois na B1 ao invés de obtermos vinho obtivemos ácido
acético. Pode-se comprovar também que as indicações do fabricante para o emprego da
levedura selecionada estão corretas, pois ela trabalhou bem em meio aeróbio.
Pode-se dar continuidade nos estudos deste trabalho.
Agradecimentos
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Merlot, ao nosso professor Orientador Dr. André Beati por toda sua atenção e
dedicação que contribuiu para que esse estudo fosse concluído com êxito e a todos aqueles
que de alguma forma colaboraram na concretização deste trabalho.
Referências Bibliográficas
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