O Que A Bíblia Ensina Sobre Liderança
O Que A Bíblia Ensina Sobre Liderança
O Que A Bíblia Ensina Sobre Liderança
INTRODUÇÃO
Por outro lado, alguns começaram bem, mas depois seguiram pelo
caminho da desobediência, como Saul e Salomão. Outros começaram mal
e terminaram bem, como Manassés, que após uma vida de impiedade se
arrependeu e foi ajudado pelo Senhor. Sem falar nos inconstantes, como
Sansão, ou ainda naqueles que nunca abandonaram sua vida de maldade,
como a maioria dos reis de Israel.
Nosso objetivo é analisar as orientações do apóstolo João, na sua
terceira carta, na qual contrasta a liderança amorosa de Gaio com a
liderança egoísta de Diótrefes.
A terceira carta escrita por João é a mais pessoal de suas epístolas e foi
escrita para um líder cristão de nome Gaio (3Jo 1-4). Nada sabemos sobre
ele além do que é extraído da própria epístola, nem sabemos com certeza
que função ocupava na igreja, ou mesmo em que localidade ela se
encontrava. Possivelmente, Gaio era um presbítero e João escreveu com o
objetivo de felicitá-lo por seu amoroso testemunho cristão e informá-lo
sobre os transtornos que Diótrefes estava causando ao recusar receber os
emissários apostólicos, o que denunciava a impiedade de seu caráter, que
não deveria ser imitado.
Após sua inicial declaração amorosa, o apóstolo faz votos pela saúde
física do seu amigo e reconhece o estado sadio de sua vida espiritual. A
frase “eu faço votos”, no grego, “eu oro”, indica o ardente desejo do
amigo apóstolo com o bem-estar físico de Gaio. João usa aqui duas
palavras gregas que quando combinadas mostravam o progresso e o vigor
físico de alguém. A primeira é a palavra “prosperidade”, cujo significado
literal no grego era “ter uma boa viagem”, no entanto, está sendo usada
em seu sentido metafórico para indicar “ter saúde” ou “prosperar”. A
segunda, “saúde”, em um sentido físico. O entendimento dessas duas
palavras fica mais claro com a frase seguinte, em que João reconhece a
prosperidade da alma de Gaio (“é próspera a tua alma”), ou seja, o estado
saudável de sua vida espiritual. Gaio estava prosperando espiritualmente
e a preocupação do apóstolo era que seu bem-estar físico acompanhasse
o progresso da sua alma, já que sua presença naquela igreja estava sendo
muito importante.
João agora move seu argumento expondo a Gaio a parte mais incômoda
da sua carta, o péssimo exemplo de Diótrefes e suas motivações malignas
que estavam influenciando negativamente o rebanho. Não sabemos se
Gaio pertencia à mesma igreja local de Diótrefes, ou se pertencia a outra
igreja doméstica próxima, ou ainda a uma igreja rural que era extensão da
mesma igreja, mas certamente eles se conheciam. Talvez seja melhor
entender que pertenciam à mesma igreja (cf. o termo singular “à igreja”)
ou grupo local de crentes e o objetivo de João é informar a todos sobre o
que estava realmente acontecendo (3Jo 9). Havia três problemas na
conduta de Diótrefes que indicavam seu desastroso comportamento como
líder cristão: seu desejo de primazia, sua insubmissão para com uma
autoridade apostólica e a ausência de piedade e amor fraternal.
A. Desejo de primazia
Esse amor cego por poder (“E, não satisfeito com essas coisas…”) o
levou a tomar quatro atitudes repreensíveis: (1) iniciou uma campanha
difamatória contra João e seus emissários; (2) recusou hospitalidade aos
emissários; (3) proibiu os que na igreja queriam acolhê-los; (4)
excomungou da igreja os que discordaram dele (3Jo 9-10). Ao que tudo
indica, o problema de Diótrefes não era nem tanto doutrinário; pois não
há nenhuma denúncia do apóstolo quanto a isso, o que certamente o
apóstolo apontaria, como nas demais epístolas. O problema era de ordem
prática e moral. Ele era um líder prepotente e fraudulento, cujas obras
provavam isso.
João fez um imperativo apelo para que Gaio não seguisse o exemplo de
Diótrefes (“não imites o que é mau”), mas procurasse se espelhar em
melhores modelos de vida cristã, como Demétrio, por exemplo, um
possível emissário apostólico (3Jo 11-12). A injunção apostólica é
acompanhada de uma declaração reveladora da razão do comportamento
de Diótrefes. Por que ele age assim? Qual a razão para esse líder cristão
não demonstrar vida piedosa e amor? Diótrefes era um ímpio, pelo menos
suas obras revelavam isso.
É assustador pensar que possam existir líderes cristãos ímpios, mas eles
existem. Obviamente nem todo comportamento errado de um líder
aponta para sua falta de conversão. Porém, uma atitude obstinada e um
proceder pecaminoso constante, sem arrependimento e mudança,
indicam que esse líder jamais conheceu o evangelho que ensina. Por outro
lado, líderes verdadeiros podem se perder em sua caminhada e
desenvolver atitudes mundanas. Assim, todo líder deve examinar seu
coração lembrando que o Senhor “não vê como vê o homem. O homem
vê o exterior, porém o SENHOR, o coração” (1Sm 16.7b).
CONCLUSÃO