A Educação e A Escola em Tempos de Corona Vírus: Artigo Científico
A Educação e A Escola em Tempos de Corona Vírus: Artigo Científico
A Educação e A Escola em Tempos de Corona Vírus: Artigo Científico
Pereira; Barros
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Artigo científico
Resumo. Após um decreto do Governo estadual para que as escolas suspendessem as aulas como prevenção à disseminação do
corona vírus (Covid-19), restou poucas alternativas - a não ser estudar de casa. Para solucionar esse problema, foi proposto o uso
de tecnologias, por meios de plataformas on-line para os alunos acessarem as vídeos-aulas e conteúdos digitais, além de poder
interagir entre eles. Outro desafio a ser enfrentado é a formação dos professores para trabalhar com as novas tecnologias e
principalmente o acesso dos alunos a tecnologia, principalmente dos alunos que residem em áreas periféricas e possuem baixas
condições sociais. Diante desse quadro, são esperadas muitas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem por conta das
dificuldades encontradas por boa parte dos professores e pela dificuldade em acesso a tecnologia por boa parte dos alunos.
Palavras-chave: Tecnologias da educação, Formação de professores, Condições sociais.
Abstract. After a decree from the state government for schools to suspend classes to prevent the spread of the coronavirus (Covid-
19), there were few alternatives - other than studying at home. To solve this problem, it was proposed to use technologies, through
online platforms for students to access video-lessons and digital content, in addition to being able to interact with them. Another
challenge to be faced is the training of teachers to work with new technologies and especially the access of students to technology,
mainly of students who live in peripheral areas and have low social conditions. Given this situation, many difficulties in the
teaching-learning process are expected due to the difficulties encountered by a good part of the teachers and the difficulty in
accessing technology by a good part of the students. Keywords: Education technologies, Teacher training, Social conditions.
Introdução
Diante da pandemia que atravessamos nesse momento um debate se faz necessário para
professores, estudantes e toda a comunidade escolar. É correto abrir mão da qualidade do
ensino. O governo pode-se utilizar de uma situação de calamidade pública para impor um EAD e
reestruturar a educação? Como todos os alunos serão incluídos no processo de ensino-
aprendizagem, visto que nem todos têm acesso à internet e computadores em casa? E o caso dos
professores que não possuem internet, computador e capacitação para lidar com essas
ferramentas? Essas questões estão colocadas diante da evidencia que as escolas e as
universidades de todo o país estão fechadas e sem perspectiva de retorno. Estima-se que a
paralisação durará de 2 a 3 meses – praticamente um semestre. Estima-se, também, que em
todo o mundo quase 1 bilhão de estudantes ficarão sem aula. O que fazer para reduzir ao
máximo o prejuízo? A resposta, na larga maioria dos países, tem sido dada com o uso das novas
tecnologias, seja por meio de plataformas on-line, nas quais os alunos podem acessar conteúdos
e interagir entre si, seja mediante de aulas virtuais. Segundo Carlota Boto (2008), professora da
Faculdade de Educação da USP:
É necessário fazer uma discussão sobre as atividades a serem desenvolvidas a distância
neste período de pandemia. Por um lado, transformar o conteúdo do ensino ministrado em
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atividades a distância nos leva a um impasse, em virtude daquilo que é efetivamente um dado:
há alunos nas escolas públicas e mesmo nas universidades que não têm acesso a internet banda
larga, de tal modo que, muitas vezes, parece inviabilizada a própria mobilização dos recursos da
internet para dar sequência ao ensino. O que fazer, portanto, com os alunos que não possuem
condições objetivas de acompanhar o ensino a distância? Se não olharmos para eles, corremos o
risco de favorecer uma segregação social que é, sob todos os aspectos, inadmissível. É preciso,
por definição, que tenhamos por princípio a incorporação de todos os nossos alunos ao nosso
projeto de educação. É preciso chegar até esses alunos. Esse é um ponto.
Ainda segundo a professora Carlota Boto, a escola, devido a pandemia provocada pelo
corona vírus, finalmente chegou ao tempo da computação e da internet. Caberá às Faculdades de
Educação, às Secretarias de Educação, enfim, a todos os educadores comprometidos com a
educação pública integrarem e interpretarem esse processo. Quem não souber mergulhar na
ocasião que a história nos coloca ficará para trás. São tempos muito tristes estes, que, no
entanto, nos trouxeram uma oportunidade pedagógica. Há de se avançar e olhar para frente.
A Formação de professores
A discussão sobre a formação docente nesse período da pandemia se faz necessária pelo
motivo das aulas presenciais estarem suspensas e os professores terem que produzir as suas
aulas por meio das tecnologias, em muitos casos, não existirá tempo suficiente para capacitar os
professores para essa nova demanda que se faz presente.
A estrutura e o desenvolvimento curricular das licenciaturas incluído os cursos de
pedagogia, não têm mostrado inovações e avanços que permitam ao licenciando enfrentar o
início de uma carreira docente com uma base consistente de conhecimentos, sejam os
disciplinares, sejam os de contextos sócio educacionais, sejam os das práticas possíveis, em seus
fundamentos e técnicas. As poucas iniciativas inovadoras não alcançaram expansão ficando
restritas às poucas instituições que as propuseram.
Segundo GATTI (2016) nos cursos de formação de professores, e em seu exercício de
trabalho, interferindo em sua qualidade, oito pontos podem ser apontados:
a) ausência de uma perspectiva de contexto social e cultural e do sentido social dos
conhecimentos;
b) a ausência nos cursos de licenciatura, e entre seus docentes formadores, de um perfil
profissional claro de professor enquanto profissional (em muitos casos será preciso criar, nos que
atua nesses cursos de formação, a consciência de que se está formando um professor);
c) a falta de integração das áreas de conteúdo e das disciplinas pedagógicas dentro de
cada área e entre si;
d) a escolha de conteúdos curriculares;
e) a formação dos formadores;
f) a falta de uma carreira suficientemente atrativa e de condições de trabalho;
g) ausência de módulo escolar com certa durabilidade em termos de professores e
funcionários;
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para que o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situação de
aprendizagem. É importante compreender o modo como às pessoas aprendem e as condições
necessárias para que a aprendizagem aconteça e, para isso, as teorias de aprendizagem
permitem que o professor adquira conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão
alcançar melhores resultados.
Ainda segundo PEREIRA (2017) os smartphones se transformaram em centrais multimídias
computadorizadas e, além de permitirem recursos de fotos, vídeos e mensagens, permitem a
utilização de diversos aplicativos. Todo este aparato com acesso à internet. Em geral, os alunos
possuem um grande interesse e conhecimento sobre dispositivos e aplicativos implantados nos
aparelhos celulares. Com as tecnologias e recursos cada vez mais avançados que surgem a cada
modelo lançado no mercado, como internet móvel, que permite o acesso às redes sociais e
aplicativos atrativos, os smartphones disputam cada vez mais a atenção dos alunos em sala de
aula, tornando-se uma das modalidades da tecnologia da informação e comunicação (TIC) que
mais os alunos acessam. E esse fato pode ser aproveitado pelo professor para o processo de
ensino-aprendizagem.
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possível só para 5,7% da população. Nessas condições de elevada concentração, resulta utópico,
e até paradoxal, priorizar a inclusão digital pela via individual para aqueles que vivem no nível da
subsistência e muitas vezes nem isso. E essa foi, até hoje, a política preponderante da expansão
digital, em detrimento de estratégias coletivas ou sociais. Os quantitativos da PNAD/IBGE de
2005 são claros ao destacar essa prioridade: enquanto 10,5% da população de 10 anos de idade
ou mais acessou a Internet em seu domicílio, só 2,1% o fizeram em centros gratuitos. Mais ainda,
esses centros gratuitos, por diversos motivos, como localização, finalidade etc., acabam sendo
mais utilizados pelos setores de maior renda.
Em uma pesquisa realizada na ETEC UIRAPURU que possui aproximadamente 10 cursos
técnicos (3 técnicos integrados ao médio, 6 cursos técnicos e 1 curso profissionalizante) com
1200 alunos matriculados, ou seja, 120 alunos por curso, tentamos identificar quantos alunos
está com acesso à internet. Para isso foi perguntado, através de e-mail enviado para os alunos e
por meio do sistema da secretaria digital, quem estava com acesso à internet e acompanhando
os informes passados pela escola durante o período de pandemia.
Entre os 1200 alunos da ETEC apenas 436 alunos retornaram a pesquisa de alguma
maneira, o que representa aproximadamente 36,3 % do total de alunos da escola.
O gráfico abaixo mostra a quantidade de alunos por curso e a porcentagem de alunos por
curso do total que responderam a pesquisa.
Gráfico 1 - da quantidade de alunos que estão com acesso à internet por curso (cada curso possui 120 alunos
matriculados). Fonte: Secretaria da ETEC UIRAPURU.
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Através dos dados acima, é possível perceber que uma parcela enorme dos alunos está
sem o devido acesso a internet ou simplesmente não demonstram nem um interesse pelas
atividades escolares nesse período de isolamento social.
Considerações Finais
Através da discussão levantada nesse artigo é possível perceber que para uma boa
qualidade no processo de ensino-aprendizagem durante o período de isolamento social por conta
da pandemia de covid-19 dependem basicamente de três fatores. O primeiro fator está
relacionado com a familiaridade e a formação dos professores na produção de materiais
didáticos de qualidade e suas habilidades com o uso de novas tecnologias, além é claro, do
acesso que esses professores terão aos meios tecnológicos para produzirem suas atividades.
O segundo fator envolve o acesso que os alunos possuem ao computador com acesso a
internet. Ficou evidente que os alunos menos favorecidos, muitas vezes não possuem
computadores em suas casas, e por esse motivo, esses alunos já estarão excluídos do processo de
ensino-aprendizagem.
O terceiro fator trata-se do aluno que possui o computador em sua casa com acesso a
internet e muitas vezes precisa ser motivado para realizar as atividades. O professor precisara
desenvolver atividades que motivem esses alunos a realizar tais atividades de modo efetivo e que
traga de fato um conhecimento significativo por parte do aluno.
Alguns pessimistas já assinalam a perda de qualidade do ensino ministrado virtualmente,
já apontam o risco de se transformar a educação presencial em ensino a distância, demonstrando
preocupação quanto à reposição presencial das aulas perdidas. Outros procuram visualizar
qual é a potência do que vem acontecendo; ou seja, quais lições poderão tirar desse tempo em
que a escola não estava à nossa frente?
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WAISELFISZ, Julio Jacobo; LÁPIS, Borracha. Mapa das desigualdades digitais no Brasil. UNESCO Brasil, 2007.
¹Marcio Donizeti Pereira; Mestre em Ensino de Física; Universidade Federal de São Carlos; Rua das Glicínias, 240,
Jardim Santa Bárbara - Embu das Artes - SP; [email protected];
²Edjane Angelo de Barros; Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas; Instituto Federal de São Paulo -
Câmpus São Roque; Rodovia Prefeito Quintino, de Lima, 2100 - Paisagem Colonial - São Roque – SP.
Este artigo:
Recebido em: 02/2020
Aceito em: 04/2020
PEREIRA, Marcio Donizeti; BARROS, Edjane Angelo. A educação e a escola em tempos de Corona Vírus. Scientia Vitae,
v.9, n.28, p. 1-7, abr. /jun. 2020.
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