Lista 04 - Termodinânima 2020.2
Lista 04 - Termodinânima 2020.2
Lista 04 - Termodinânima 2020.2
Discutimos após uma das aulas o problema 1.55 do livro-texto, onde se estima a energia total U e a
capacidade térmica C = ∂U ∂T de um sistema ligado gravitacionalmente, como uma estrela. Colocando o zero
de energia potencial gravitacional a uma distância infinita, o resultado é que tanto U como C são negativos:
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Uestrela (T ) = − N kT ; Cestrela (T ) = − N k
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onde N é o número de partículas que compõem a estrela e T > 0 a sua temperatura (média).
Obs: não é necessário ter feito aquele problema para fazer este.
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b) Explique por que essas expressões não podem estar corretas no limite em que T → 0.
c) Considerando temperaturas para as quais as expressões acima valem, escreva expressões para a entropia
S de uma estrela, primeiro em função de sua temperatura T e em seguida em função de sua energia
total U .
Obs: ambas as expressões devem depender de uma constante aditiva desconhecida. (Por que?)
d) Faça um gráfico S(U ) × U da entropia em função da energia (Atenção: lembre-se que U < 0 !). Discuta
a forma deste gráfico, em particular suas derivadas primeira e segunda, e o que isto implica. Discuta
ainda o comportamento da curva nos limites U → 0 e U → −∞, explicando, com base nas propriedades
básicas da entropia, por que ambos esses limites não podem estar fisicamente corretos.
a) No Ex. 9 da Lista 3 você calculou a entropia de um buraco negro de massa M , a qual vale
GM 2
SBN = k.8π 2
hc
(Obs: não é necessário ter feito aquele exercício para fazer este, embora ajude.)
Reescreva essa expressão em função da energia U do buraco negro, assumindo que esta é essencialmente
dada pela energia de repouso gravitacional M c2 . Esboce o gráfico de S(U ), e mostre que ele está na
categoria de sistemas discutidas no item (a) do Ex. 3.
b) A partir da expressão obtida no item anterior, calcule a temperatura de um buraco negro em função de
sua massa M . O que acontece com T quando a massa do buraco negro aumenta? Verifique que isto é
consistente com a conclusão do item (a) do Ex. 3.
c) Calcule a temperatura para um buraco negro de massa igual à do nosso Sol. Obs: o valor pode ser
surpreendente!. Qual teria de ser a massa de um buraco negro para que ele tivesse a mesma temperatura
que a superfície do Sol (6000K)? Que tipo de corpo celeste tem massa nessa faixa?
a) Estime a variação total de entropia no universo ao longo de 1 ano devido à energia que sai do Sol e é
absorvida por 1m2 da superfície da Terra. Assuma 8h/dia de iluminação solar naquele pedaço de chão.
b) Suponha que você plante plantas neste metro quadrado, que em um ano geram ∼ 50kg de massa vegetal.
Faça uma estimativa, por cima, da redução na entropia do Universo devido à formação desses seres
vivos, da seguinte forma: estime primeiro a entropia inicial Si dos 50kg de matéria quando estavam na
forma de nutrientes (Carbono, Oxigênio, etc) desorganizados. Isso pode ser feito no espírito do Ex. 5
da Lista 3. Considerando então a entropia final Sf (do ser vivo) igual a zero, a variação de entropia
pode ser estimada como −Si . (Naturalmente, a entropia real de um ser vivo é maior que zero, de modo
que estamos superestimando essa variação).
c) Algumas pessoas poderiam argumentar que o crescimento destas plantas (ou de qualquer outro ser
vivo) viola a 2a lei da Termodinâmica, porque nutrientes desorganizados são convertidos numa forma
organizada de vida. Como você responderia a este argumento? Argumente usando um cálculo.
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I = σT 4 ,
valor de σ depende de física quântica, e é feita nos cursos de Física Moderna, ou Física Estatística).
a) Na prática, a radiação de Hawking jamais foi detectada - caso tivesse sido, ele certamente teria ganho
o prêmio Nobel. Porém, essa ausência de detecção não é inesperada, pelo menos para buracos negros
que conhecemos, os quais tem a massa de uma estrela ou superior. Para ver por que não, use a lei de
Stefan-Boltzmann, juntamente com o valor de T obtido no item (c) do Ex. 5, para calcular a potência
total emitida por um buraco negro com a massa do Sol (M = 2 × 1030 kg) e raio correspondente
R(M ) = 2GM /c2 = 3 × 103 m (conforme discutido no Ex. 11 da lista 3). Discuta.
Hawking raciocinou ainda que, ao irradiarem, os buracos negros perderiam energia, e portanto massa,
através da equivalência U = M c2 . Ele batizou esse fenômeno de ‘evaporação de buracos negros’. Dado o
resultado do item (a) do Ex. 5, essa perda tenderia a aumentar a temperatura do buraco, o que aumentaria a
potência da emissão, o que aumentaria mais ainda a temperatura, e assim por diante. Hawking previu assim
que, se um buraco negro não é ‘alimentado’ com nova massa/energia, vai evaporar mais e mais rapidamente,
até que o finalmente se esvai numa explosão final de energia. Novamente, essas explosões nunca foram
detectadas por astrônomos. Mais uma vez, porém, isto não é inesperado, como você poderá mostrar.
b) Usando novamente a Lei de Stefan-Boltzmann, juntamente com a expressão geral para T (M ) obtida
no Ex. 2 acima, escreva uma fórmula geral para a potência P emitida por um buraco negro de massa
M e raio correspondente R(M ) = 2GM/c2 . Ela deve ter a forma P = b.U −2 , onde b é uma constante
que independe de M . Calcule o valor de b.
c) Podemos igualar P = −dU/dt (o sinal vem do fato de que U diminui com a emissão), Resolva essa eq.
diferencial e encontre uma expressão simples para o ‘tempo de vida’ t de um buraco negro de massa
inicial M0 , i.e., o tempo que ele levaria para evaporar completamente. Calcule esse tempo no caso de
um buraco negro de massa solar, e compare-o com a idade do Universo (13,7 bilhões de anos). O que
você pode concluir sobre a possibilidade de observarmos o fim de um desses objetos?
a) Qual a entropia deste sólido? Mostre que os termos provenientes da raiz quadrada na expressão acima
podem ser desprezados se q, N 1
b) Deduza uma expressão para a temperatura do sólido, como função de N e q. Simplifique sua expressão
o máximo possível. Dica: Ela deve depender apenas da razão q/N .
c) Mostre que o limite q N corresponde a altas temperaturas (kT ε), e o limite N q corresponde
a baixas temperaturas (kT ε). Mostre ainda que, no primeiro caso, a temperatura fica proporcional
à energia média por oscilador, de forma a satisfazer o teorema da equipartição.
d) Inverta o resultado do item (b) para obter a energia U como função da temperatura T . Como sempre,
simplifique sua expressão o máximo possível. Esboce um gráfico de energia U vs temperatura T usando
variáveis adimensionais, U/(N ε) vs. kT /ε.
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e) Considere dois sólidos de Einstein, A e B, em contato térmico e isolados do resto do universo. O sólido
A tem NA = 1000 osciladores; o sólido B tem NB = 3000 osciladores. Os dois sólidos partilham um
total de unidades de energia qtot = qA + qB = 5000. Estime o valor de qA no equilíbrio, isto é, o valor
de qA que maximiza a entropia total do sistema.
Dica: Use o fato que o resultado no item (b) depende apenas da razão q/N , e imponha a condição de
equilíbrio entre os dois sistemas
b) Prove que a capacidade térmica C se torna N k (o valor previsto pela lei de Dulong-Petit) no limite de
alta temperatura. Lembre: se x 1, ex ' (1 + x).
c) Trace, com auxilio de um computador, um gráfico da capacidade térmica vs. temperatura usando
variáveis adimensionais: C/(N k) vs. kT /ε.
d) Compare seu gráfico com os gráficos de CP vs T para três sólidos reais (Pb, Al, e Diamante), na fig.
1.14 do livro-texto. (Lembre-se que, para sólidos, CP ' CV ). Tente estimar qual seria o valor de ε para
cada um desses sólidos, caso eles fossem de fato descritos pelo modelo do sólidos de Einstein.
Dica: Identifique aproximadamente o valor de kT /ε para o qual o seu gráfico atinge a metade da altura
máxima (i.e., C ' 0.5N k). Identifique então os valores aproximados de T onde o mesmo ocorre para
cada sólido real. Fazendo a correspondência com o valor que você encontrou, estime ε em cada caso.
Comentário: no modelo quântico do oscilador harmônico, que foi de onde construímos o sólido de
Einstein, a quantidade 2πh ε corresponde à frequência angular ω do oscilador. Você deve lembrar de
Física 1 que,ppara um oscilador clássico, essa frequência está ligada à ‘constante de mola’, através da
relação ω = kmola /m. Em outras palavras, podemos esperar que quanto maior for o ε de um sólido
de Einstein, mais rígidas serão as ‘molas’ que o compõem, e portanto menos maleável deverá ser o
material. Ainda, quanto mais rígido o sólido, mais lentamente C deve aumentar com T . Confira se
seus resultados verificam essas expectativas .
C3 H8 + 2H2
3CH4
Vamos supor que esta reação está sendo realizada numa câmara selada, com volume V e energia U constantes.
a) Escreva a identidade termodinâmica para esse sistema. Simplifique essa equação considerando as
condições em que a reação está sendo realizada, e ainda o fato de que as variações dNi das três espécies
envolvidas na reação não são independentes umas das outras (p. exemplo, você pode escrever dN2 e
dN3 em proporção a dN1 ).
b) No ponto de equilíbrio (químico e térmico) da reação a entropia deve ser máxima. Aplicando este fato à
identidade termodinâmica mostre que, neste ponto, os potenciais químicos das três espécies (numeradas
na ordem em que aparecem na equação acima), devem satisfazer a relação
Obs 1: Deve dar pra ver que essa relação é geral, i.e., para qualquer reação a U e V constantes, os potenciais
químicos dos reagentes no ponto de equilíbrio estarão relacionados pelos mesmos coeficientes inteiros que
aparecem na equação da reação, conhecidos como coeficientes estequiométricos.
Obs 2: Na verdade, essa relação vale também em situações mais realistas, em que P e T são fixadas pelo
ambiente, e não U e V . Se quiserem saber mais sobre equilíbrio químico, vejam a seção 5.6 do livro-texto.