Didática Geral

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DIDÁTICA

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João José Saraiva da Fonseca

Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca

DIDÁTICA

1ª Edição
Sobral/2017

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Sumário
Apresentação do Professor

Sobre o Autor

Unidade de Estudo I: Didática


Introdução
Objeto de estudo
O papel da didática nas tendências pedagógicas
Pedagogia progressista

Unidade de Estudo II: Metodologias de Ensino


A Metodologia
Conhecendo as Metodologias de Ensino;
Métodos Individualizados de ensino;
Métodos Socializados de ensino;
Métodos Sócio individualizados de ensino;

Unidade de Estudo III: Planejamento pedagógico


Introdução
Partes integrantes de um planejamento de ensino;
Tipos de Planejamento;
Características de um bom planejamento de ensino;
Definição de objetivos de aprendizagem;
A seleção de estratégias de ensino;
Relação entre categorias de objetivos e exemplos de estratégias.

Unidade de Estudo IV: Avaliação da Aprendizagem


Introdução
A avaliação enquanto espaço de aprendizagem;
O portfólio como instrumento de avaliação;

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Bibliografia
Bibliografia da Web

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Apresentação do professor

Caríssimos estudantes,

A Didática, como ciência do ponto de vista pedagógico, está presente no


ensino, dos diversos cursos desde a graduação até pós-graduações, ou seja,
faz parte do currículo dos cursos nas diferentes áreas do conhecimento:
jurídico, matemáticas, educação física, entre outras. Vamos investigar o que
vem a ser a Didática? Será que esta é um lugar da Pedagogia que enfoca a
ação do professor? Ou um procedimento de trabalho em sala de aula? Ou
mesmo um instrumental do ato de ensinar?

Nos cursos de formação docente das Instituições de Ensino Superior, a


Didática do Ensino Superior é um estudo necessário. Porque é indispensável
para exercer a profissão de professores, que tenham habilidades e
competências adequadas ao ensino, da educação infantil ao ensino superior.
Os conhecimentos didático-pedagógicos em sala de aula mostram o domínio
da formação pedagógica do professor como uma parte indiscutível à sua
competência docente.
Os autores.

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Biografia do autor

João José Saraiva da Fonseca, Pós-doutor em


educação pela Universidade de Aveiro em Portugal.
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (2008). Mestre em Ciências da
Educação pela Universidade Católica Portuguesa -
Lisboa (1999) (validado no Brasil pela Universidade
Federal do Ceará). Especialista em Educação
Multicultural pela Universidade Católica Portuguesa -
Lisboa (1994). Graduado em Ensino de Matemática e Ciências pela Escola
Superior de Educação de Lisboa (validado no Brasil pela Universidade
Estadual do Ceará). É pesquisador na área da produção de conteúdo para
educação à distância. Pró-Diretor de Inovação Pedagógica das Faculdades
INTA - Sobral CE.

Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca,


Mestre em Ciências da Educação pela Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias-ULHT.
Especialista em Ciências da Educação. Especialista em
Educação a Distância. Graduação em Pedagogia pela
Universidade Estadual do Ceará-UECE.

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DIDÁTICA

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Introdução

A educação é a prática social que acontece nas diferentes instâncias


das sociedades, seu objetivo é proporcionar aos seres humanos uma
participação nas invenções da civilização enquanto resultado do seu trabalho,
bem como, na sua construção e desenvolvimento. Isto porque não existe
educação, a não ser vinculada às relações sociais que juntam os homens entre
si de modo garantir a sua sobrevivência.

Assim sendo, a ciência da educação constitui uma tarefa da pedagogia


para conhecer e explicitar as diversas configurações que a educação se
manifesta, enquanto prática social, bem como, a contribuição que ela pode dar,
visando definir rumos para a sociedade. Surge a Didática enquanto ciência,
que tem como objeto de estudo o ensino e a aprendizagem. O foco da Didática
incide no estudo do conhecimento, dos processos de ensino e aprendizagem,
na investigação de possibilidades, de estruturação e funcionamento das
diferentes dimensões dos conhecimentos, com objetivo de criar probabilidades
de ensinar e aprender.

A pesquisa Didática deve adaptar os método e as técnicas de


maneira a obter o máximo resultado com o mínimo de esforço
(princípio comeniano da Didática Magna requisitos objetivos da
matéria de ensino e da sua lógica interna que as capacidades
subjetivas do aluno e da sua psicologia (LAENG, 1973 p. 128)

Anote!
A Didática é um elemento exclusivo da Pedagogia e se refere ao conteúdo
do ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento.
A Pedagogia é conceituada como a ciência e a arte da educação,
enquanto que a Didática é definida como a ciência e a arte do ensino.

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Resumindo

Análise da existência de coesão entre teoria e prática, deve se


considerar o exercício profissional, enquanto prática social, moldada à
constituição da mesma. Dessa maneira, a construção de novos conhecimentos,
implica em uma ação consciente sobre a realidade, atendendo às finalidades
pré-determinadas e considerando a realidade (existente). Procura-se assim
conhecer a realidade nas suas determinações, para identificar as
possibilidades do novo, resultante do confronto entre o ideal (a realidade que
se quer) e o real (o existente).

As ideias expostas acima são consideradas essenciais para o


entendimento do objeto de estudo da Didática e foram apresentadas por Selma
Garrido, na sua obra: O Estágio na Formação de Professores: Unidade Teoria
e Prática?

Compreender o objeto de estudo da didática, envolve a interiorização de


quaisquer propostas didáticas, implicitamente ou explicitamente partem de
duas concepções básicas. Por um lado, uma concepção de ensino e
aprendizagem que relacione e articule as dimensões: humana técnica e
político-social e por outro lado, uma concepção que valorize as diferentes
maneiras de ensinar que integram o saber, o fazer e o ser; a racionalidade e a
sensibilidade; a teoria e o tecnológico de que resultam em novos modos de
pensar e de aprender. O desafio da didática na atualidade é superar a uma
dimensão técnica, propondo alterações na maneira de agir e pensar do
docente.

Para Paulo Freire, ensinar é uma forma de intervenção na


sociedade, indo mesmo além da simples transmissão de
conteúdos, que se limita a reproduzir a ideologia
dominante. O autor refere ainda que, o professor deverá
perceber que sua prática não é neutra, por um lado, não pode deixar de se
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capacitar para ensinar corretamente e adequadamente os conteúdos da área
de conhecimento em que trabalha, mas por outro lado, não pode reduzir a sua
prática docente ao puro ensino desses conteúdos. (FREIRE, 1997).

Esse desafio obriga a escola e o professor a uma permanente busca do


sentido e significado para a prática educativa, numa dinâmica em que
assumem em conjunto que estão aprendendo e ensinando enquanto
professores, na busca permanente de novos saberes. (ALVES; DIMENSTEIN,
2003).

O professor deve-se constituir enquanto mediador de um processo em


que ele e os demais aprendem em conjunto. Nesse contexto tanto o professor,
quanto o estudante necessitam recorrer a métodos e técnicas, em virtude do
processo de construção do seu próprio saber e exigir análise, síntese,
interpretação de dados, fatos e situações, isso para além da experiência de
vida.

Para saber mais:


Leia a pesquisa: “Reflexões sobre questões metodológicas e práticas em
pesquisas em educação”.
Acesse:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8635491/3284

Objeto de estudo

A didática aborda o desenho da arte do ensino, provendo as bases para


que os professores possam trabalhar as situações de aprendizados em sala de
aula. Mas esta ideia se sintetiza os métodos e técnicas de ensino, limitando o
verdadeiro significado da ciência e não a explicando por completo.

A pesquisa realizada por Bernardete Angelina Gatti (2010) apresenta


quatro grupos de concepções associadas aos estudos em educação, enquanto
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campo da investigação que tem por objeto ações educacionais, considerando
essas ações no campo da sua localização nas realidades sociais e escolares.
Essas concepções têm reflexos diretos nas pesquisas desenvolvidas e nas
formas de conceber a educação.

A primeira concepção está associada a uma perspectiva técnico-


instrumental, em que a educação é encarada como conjunto de métodos,
técnicas e procedimentos para o ensino, portanto na didática, existem
ordenações de organização e gestão.

A segunda concepção está associada à perspectiva lógico-cognitiva,


tendo como foco as teorizações sobre questões associadas ao ensino das
disciplinas. A proposição é de que se diferencie pesquisa de ensino, não
devendo a pesquisa conduzir diretamente a recomendações de ações na
escola, pelo menos, não antes de se ter racionalmente estabelecido
parâmetros epistemológicos seguros para conteúdos em suas especificidades
disciplinares.

A terceira concepção coloca-se do ponto de vista do sujeito que


aprende, investigando os processos de apropriação dos saberes e se apoia
basicamente na proposta Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética
propostas por Jean Piaget, ou na referência sociointeracionista, sociocultural
ou sócio- histórica abordada por Lev Vygotsky.

Nesses subsídios não estão presente uma preocupação explícita com as


bases epistemológicas que sustentam os conteúdos do ensino. O foco são os
processos de aprendizagem das crianças ou jovens, gerando o que se poderia
caracterizar como uma abordagem cognitivista, em que os sujeitos
aprendentes são o foco, não o que há para aprender ou o que se considera
desejável que aprenda em determinada sociedade por razões históricas. Não
há um olhar sobre o valor dos conteúdos, dos saberes em situações sociais
determinadas. Apenas o processo do aprender é considerado.

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A quarta concepção parte do pensar as ações educativas, criando
conceitos fecundos na relação teoria-prática e produzindo conjuntos
instrumentais ancorados em uma reflexão sobre suas utilizações e suas
finalidades, em contextos complexamente considerados. Esta posição
expressa a ideia de que o conhecimento em educação nasce da prática e com
a prática deve a ela retornar. Sem o retorno à prática e sem a passagem pela
axiologia, o conhecimento se arrisca a ser apenas um “simulacro.” Nesta
vertente a pesquisa é concebida, sobretudo como pesquisa-ação, em variadas
possibilidades, procurando assegurar uma inter-relação entre a pesquisa formal
e os procedimentos da investigação na ação, porém, criando teorizações e
fundamentando-as.

Mobilizam-se certos conhecimentos que ajudam a compreender


situações e criar novos modos de ação. Funda-se sobre a análise do estatuto
sócio-histórico o saber a ser ensinado e dos objetivos do próprio ensino,
considerando critérios de pertinência e não critérios de legitimidade.

PARA SABER MAIS:

O habitus professoral integra parte do conjunto de elementos que subsidiam a


epistemologia da prática. A reflexão apresentada é parte do artigo: “O habitus
professoral: o objeto dos estudos sobre o ato de ensinar na sala de aula”
de Marilda da Silva. Acesse: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n29/n29a12.pdf

O papel da didática nas tendências pedagógicas

Vamos analisar as diferenças existentes entre as tendências


pedagógicas conforme a proposta de classificação de Libâneo (1986), que
sustentam os pressupostos de aprendizagem na educação do Brasil: a
Pedagogia liberal, (Tendência Tradicional, Tendência Renovadora
Progressista, Tendência Renovadora não-diretiva, Tendência Pedagogia
Tecnicist). Pedagogia Progressista, (Tendência progressista libertadora,
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Tendência progressista libertária, Tendência progressista "crítico-social dos
conteúdos").

A prática escolar está vinculada a condicionamentos de natureza social


e política, que obrigam a uma constante reflexão sobre a diferente natureza do
papel da escola e da aprendizagem, com reflexos explícitos e implícitos na
forma como os professores realizam o seu trabalho na escola. Por intermédio
do conhecimento das tendências pedagógicas e dos seus pressupostos de
aprendizagem, o docente terá a oportunidade de avaliar os fundamentos
teóricos utilizados na sua prática em sala de aula.

A educação o professor e o educando apresentam-se com diferentes


papéis, em cada uma das tendências pedagógicas. A didática tem
desempenhado diversificados papéis associadas às inúmeras tendências
pedagógicas. Apresentam-se algumas das tendências pedagógicas mais
importantes, no âmbito da realidade educacional brasileira.

PARA SABER MAIS: Sugiro a leitura do livro Didática do autor José Carlos Libâneo.

Pedagogia Liberal

A Pedagogia Liberal defende a proposta de que a escola tem por função


preparar os educandos para o desempenho de papéis sociais, atendendo às
suas aptidões individuais. Para que isto ocorra, os indivíduos precisam
aprender a adaptar-se aos valores e às normas que normatizam a sociedade
de classes, através do desenvolvimento da cultura individual. (LIBÂNEO,
1986).

Historicamente, a concepção de educação liberal teve início com a


consolidação da pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da
hegemonia da classe burguesa, evoluiu para a pedagogia renovada (também
denominada escola nova ou ativa), o que não significou a substituição de uma
pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar
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Tendência Tradicional

Na Pedagogia Tradicional a função social da escola centra-se na


transmissão de conhecimentos disciplinares visando à formação integral dos
sujeitos e a sua inserção futura na sociedade. Essa formação apresenta
características bivalentes, pois é um tipo de educação onde a escola é
apresentada ao povo e à classe dominante.

O professor é a figura central do processo educativo. Ele se apresenta


como o detentor da autoridade, exigindo dos estudantes uma atitude receptiva,
passiva, controlando opressivamente os processos de comunicação na sala de
aula. As ações do ensino estão centradas em aulas expositivas e transmissão
oral dos conteúdos pelo docente, atendendo a uma sequência predefinida e a
um rigoroso e inflexível controle do tempo. (LUCKESI, 1994).

Atribui-se particular cuidado à repetição de exercícios enquanto maneira


de garantir a memorização dos conteúdos. Os procedimentos didáticos não
levam em conta o contexto escolar, nem os problemas reais vivenciados na
realidade social dos estudantes.

A Educação Tradicional incide em particular atenção, em narrar uma


verdade a ser absorvida e esvaziada na vivência dos discentes, apresentando
o ensino como algo imóvel, estático, compartimentado e obediente. (LIBÂNEO,
1994). Os conteúdos do ensino correspondem aos conhecimentos e valores
sociais acumulados pelas gerações anteriores, considerados enquanto
verdades acabadas e, apesar da escola procurar oportunizar uma preparação
para a vida, não oferece as condições para estabelecer relações entre os
conteúdos ensinados e o nível de interesse dos estudantes e, muito menos
entre os conteúdos ensinados e os problemas reais que afligem a sociedade.

A educação assume uma postura “bancária” em que os estudantes


recebem dos professores os conhecimentos, o “depósito”, arquivando
informações. Ela se constitui numa manifestação instrumental da ideologia da
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opressão e promotora da alienação em que os homens se apresentam como
espectadores e não recriadores do mundo. (FREIRE, 2002).

PARA SABER MAIS: Leia o artigo sobre “A prática pedagógica e o desafio


do paradigma emergente”.
Acesse o link: http://rbep.inep.gov.br/index.php/rbep/article/view/977/951

Atendendo ao que foi afirmado, a educação bancária está associada a


um conjunto de pressupostos (FREIRE, 1992). Segue abaixo para melhor
entendimento:

Educador Educando
Quem educa; São educados;
Quem sabe; Não sabem;
Que pensa; Os pensados;
Quem fala; Só escutam;
Quem disciplina; Os disciplinados;
Opta e prescreve sua opção; Seguem a prescrição;
Quem atua; Têm a ilusão que atuam;
Escolhe o conteúdo Programático; Jamais ouvidos nesta escolha;
Autoridade do saber; Devem adaptar-se as determinações;
Sujeito do processo; Meros objetos;

Apresenta-se com base em Bordenave e Pereira (1991), uma


sistematização das consequências da Pedagogia Tradicional, tanto em nível
individual quanto social.

a) Em nível individual:

 Individualismo e falta de participação e cooperação;

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 Falta de conhecimento da própria realidade;
 Inadaptação cultural, com adoção de padrões de pensamento e
comportamento estrangeiros;
 Aceitação passiva de processos de exclusão e divisão social.

b) Em nível social:

 Prevalência da memorização;
 Passividade e falta de atitude crítica;
 Acrítica sobre as fontes de informação;
 Preferência pela especulação teórica e consequente distância com a
prática;
 Não problematização da realidade.

Tendência Renovadora Progressista

A Pedagogia Renovada Progressista inclui várias correntes que


assumem como eixo central a valorização da educação, enquanto espaço de
fomento no individuo das condições para a resolução por si própria dos seus
problemas do cotidiano, não se limitando a uma postura simplesmente
contemplativa.

Tendo como ponto de referência a pedagogia tradicional, o foco da


atividade escolar deixa de ser o ensino pelo professor e os conteúdos
disciplinares, para passar a ser o processo de aprender a aprender do
estudante, enquanto ser ativo e curioso. (LUCKESI, 1994).

O processo de ensino procura oferecer condições favoráveis ao


autodesenvolvimento do discente e estimular a sua curiosidade (SAVIANI,
1985). O professor deve organizar e coordenar as situações de aprendizagem,

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procurando adaptar permanentemente as suas ações às características
individuais dos discentes.

Dessa forma, abre caminho para que o processo de demanda pelo


conhecimento parta de forma livre e espontânea, dos próprios estudantes e
promove o desenvolvimento das suas capacidades e habilidades intelectuais.

John Dewey

A escola nova é uma das correntes mais conhecidas da pedagogia


renovada progressista e John Dewey, um de seus autores
mais conhecidos. Propôs a educação pela ação (aprender
fazendo) em que o conhecimento não tem um fim em si
mesmo, devendo ser direcionado para a experiência.
Tendo o conceito de experiência como elemento fulcral de
seus pressupostos, a escola não pode se assumir enquanto
uma preparação para a vida, mas se afirmar enquanto a própria vida. O filósofo
ressalta o valor das atividades que colocam problemas concretos para serem
resolvidos. A aprendizagem deverá ser uma atividade basicamente coletiva,
assim como também deverá ser coletiva a produção do conhecimento. O
trabalho desenvolve o espírito de comunidade e a divisão das tarefas estimula
a cooperação e a criação de um espírito social, enquanto subsídio para uma
vida em democracia.

O- processo de ensino-aprendizagem
Uma compreensão para
de que o saber é Dewey seria
constituído subsidiado em:
por conhecimentos e
vivências que se interligam de forma dinâmica, afastada da previsibilidade das
ideias passadas;
- Estudantes e professores com experiências próprias anteriores e cujas
competências são incorporadas no processo. O professor possui uma perspectiva
sintética dos conteúdos, os estudantes uma perspectiva sincrética, o que
transforma a experiência em um ponto nuclear na formação do conhecimento, bem
Willian Kilpatrick
mais do que os conteúdos formais. (ZACHARIAS, 2005).
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Willian Kilpatrick é o idealizador da pedagogia de
projetos, baseada na importância do espaço escolar, o
estudante realiza projetos a partir de propósitos pessoais.
Isto porque unicamente uma atividade aceita e projetada
pelos alunos pode fazer da vida escolar uma vida que eles
sintam que vale a pena viver. (KILPATRICK, 1974).

Propõe que todas as atividades escolares se realizem por meio de


projetos, subsidiados por problemas reais vivenciados no dia a dia do
estudante. Kilpatrick (1974) classificou os projetos em quatro grupos: o de
produção que resulta um produto; o de consumo que se utiliza algo já
produzido; de resolução de problemas e por último, de aperfeiçoamento de
técnicas de aprendizagem.

Segundo o autor, um projeto deve considerar três princípios:

I - o projeto resulta de uma situação problemática que desperta


o interesse do estudante de maneira que a deseje resolver;
II - a experiência real anterior é suporte essencial para a
garantia do sucesso;
III - o projeto deve ser trabalhado em conjunto com múltiplas
pessoas, promovendo desse modo a convivência social.
(KILPATRICK, 1974).

Ovide Decroly

Para Ovide Decroly a escola em vez de somente proporcionar aos


conhecimentos visando a sua formação profissional, deverá
também estar centrada no estudante com particular objetivo
em prepará-lo para a vida em sociedade. A proposta mais
conhecida de Decroly é a ideia de globalização de
conhecimentos (inclui o chamado Método global de

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alfabetização) e os centros de interesse.

O princípio de globalização de Decroly propõe que o individuo apreende


a realidade que o rodeia tendo como suporte uma visão do todo e de que este
futuramente pode se organizar em partes. Como reflexo desta ideia, Decroly
propõe que a aprendizagem da leitura, comece não do conhecimento isolado
de sílabas e letras, mas nas atividades de associação de significados, de
discursos completos.

Os Centros de interesse são grupos de aprendizado organizados de


acordo com as faixas de idade dos estudantes. Eles também consideram como
base para a classificação, as etapas da evolução neurológica infantil e o
convencimento de que os estudantes chegam à escola com as condições
biológicas suficientes para procurar e desenvolver os conhecimentos de seu
interesse.

Maria Montessori

O trabalho de Maria Montessori teve como prioridade os anos iniciais da


vida de criança. Para a autora, a criança se constitui enquanto
um ser humano integral, desde o seu nascimento. Por isso ela
defende que as necessidades e os interesses de cada
estudante devem ser respeitados, atendendo aos estágios de
desenvolvimento correspondentes às suas faixas etárias.
Montessori argumentava a necessidade do seu método não
contrariar a natureza humana, sendo assim os estudantes
conduzem o próprio aprendizado, sendo tarefa do professor acompanhar o
processo e identificação da maneira particular, de cada um manifestar seu
potencial.

Desenvolveu pesquisas na educação, seus trabalhos centravam-se na


ideia de que a criança pudesse se dominar a si própria e ao espaço que a
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rodeia e a educação pelo movimento que procurava respeitar as necessidades
e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento.

PARA SABER MAIS:


MÉTODO MONTESSORI: sua concepção de educação está baseada nos
princípios biológicos do desenvolvimento, num sistema didático que concebe o
homem e o mundo de uma perspectiva vitalícia. A educação dos sentidos, por
meio da realização de jogos sensoriais e uso de material didático-pedagógico
próprio, como por exemplo, a educação do movimento por meio da prática de
exercícios físicos e rítmicos e do exercício de linha, educação da inteligência
por meio de lições e exercícios, de vida prática sistemática e de aula do
silêncio, visando desenvolver a capacidade de atenção, autodisciplina e a
percepção auditiva. Esse método é guiado pelos princípios de liberdade,
atividade, vitalidade e individualidade.

Tendência Renovadora Não-Diretiva

A Tendência do Não-Diretivismo tem como precursor mais conhecido


Carl Rogers. Assume como princípio norteador de
valorização do indivíduo enquanto um ser livre, ativo e
social. O centro da atividade escolar não pode ser
caracterizado enquanto ensino no professor, ou mesmo nos
conteúdos disciplinares. O centro da atividade escolar se
revela enquanto um espaço onde o discente tem a
oportunidade de ser ativo e curioso, ativamente envolvido
num processo de aquisição do saber. Para Rogers, se tratando de aprender a
aprender, o mais importante é o processo de aquisição do saber. O processo
de busca pelo conhecimento deve partir do estudante. O professor apenas
facilita o desenvolvimento livre e espontâneo desse indivíduo, devendo
organizar e coordenar as situações de aprendizagem, adaptando as suas
ações às características individuais dos estudantes, proporcionando as

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condições para que possam desenvolver competências. O professor deve para
isso motivar os estudantes, despertando neles a busca pelo conhecimento e o
alcance das metas pessoais e de aprendizagem. (LIBÂNEO, 1986).

Tendência Pedagogia Tecnicista

A Pedagogia Tecnicista enfatiza a rigorosa programação dos passos


para se adquirir o conhecimento, bem como austera programação das técnicas
e dos procedimentos pedagógicos. Ela privilegia o planejamento, a
organização, a condução e o controle, intensifica a burocratização e a divisão
do trabalho que termina submetendo o plano pedagógico ao administrativo: os
técnicos são responsáveis pelo planejamento e controle; o diretor da escola é o
intermediário entre eles e os professores que são reduzidos a meros
executores.

A Pedagogia Tecnicista teve como fonte de inspiração as teorias


behavioristas da aprendizagem, desenvolvidas por
diversos autores que se destaca Skinner.
Trabalhando com uma eficiente articulação entre
estímulos e recompensas, essa pedagogia tentava
condicionar o estudante a emitir as respostas
esperadas pelo professor. A prática pedagógica
revela-se extremamente controlada e dirigida, com
atividades mecânicas no âmbito de uma proposta educacional rígida e passível
de ser programada em detalhes pormenorizados. Os conteúdos de ensino
seguem uma sequência lógica e psicológica definida por especialistas. Elimina-
se qualquer princípio de subjetividade, sendo privilegiado o conhecimento
observável e mensurável. Na pedagogia por condicionamento compete à
escola organizar o processo de aquisição de competências (habilidade,
atitudes e conhecimentos específicos), úteis e necessários para que os
indivíduos sejam integrados na ordem social vigente. A educação escolar
funciona como modeladora do comportamento, oportunizando ao mercado de
trabalho, indivíduos tecnicamente competentes. (LUCKESI, 1994).
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A Tendência Tecnicista apresenta uma proposta educacional
suportada nos seguintes pontos: planejamento e organização racional
da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos;
parcelamento do trabalho, com a especialização das funções e
motivação à utilização de variadas técnicas e instrumentos, como
instrução programada e máquinas de ensinar, buscando possibilitar
uma aprendizagem “crescentemente objetiva”.

A partir de Luckesi (1994), podem-se apresentar algumas das


consequências da Pedagogia Tecnicista.

1 - Nível individual

O estudante veicula as respostas que o sistema lhe permitir. Não se


questiona sobre os objetivos ou os métodos, nem participa de sua seleção, não
tem a oportunidade para criticar as mensagens ou os conteúdos programáticos.
A natureza e a oportunidade dos reforços são definidas pelo programador do
sistema, e a tendência ao individualismo sai reforçada, exceto quando o
programa estabelece oportunidades de coparticipação. Neste nível, o estímulo
à competitividade é reforçado, em virtude do estudante adquirir mais rápido um
status elevado e poder acessar os materiais anteriores e a originalidade da
criatividade dos sujeitos na tendência vem a ser reduzir, em virtude das
respostas corretas serem pré-estabelecidas.

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2 - Nível social

Há uma maior incidência na produtividade e eficiência, do que na


criatividade e originalidade, uma dependência de fontes externas para a
definição de objetivos, métodos e reforços, assim como a falta de
desenvolvimento, de consciência crítica e cooperação. No Nível Social, há
suscetibilidade à manipulação ideológica e tecnológica e ausência da dialética
“professor-conteúdo”, com a exceção de eventuais sessões de reajustes.
Contudo, nesse nível, há uma tendência ao conformismo em virtude da
tendência para a eficiência e o utilitarismo.

Pedagogia Progressista

O termo "progressista" é usado para designar as tendências que,


partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam
implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação.

Tendência Progressista Libertadora

Paulo Freire surge como inspirador e mentor da Tendência Progressista


Libertadora. Para ele, a educação se relaciona dialeticamente com a
sociedade, questionando concretamente a realidade das relações do homem
com a natureza e com os outros homens, constituindo-se em um importante
instrumento no processo de transformação da mesma. Nessa concepção, o
homem é considerado um ser localizado num mundo material, concreto,
econômico, social e ideologicamente determinado. Assim, a escola deve ser
valorizada como instrumento de luta das camadas populares, oportunizando o
acesso ao saber historicamente acumulado pela humanidade, filtrado pela
realidade social na qual o estudante está inserido. Seu principal determinante é
elevar o nível de consciência a respeito da realidade que o cerca, para torná-lo

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capaz de atuar no sentido de busca pela sua emancipação econômica, política,
social e cultural.

Para transformar essa realidade, revela-se prioritária a busca do


conhecimento, apresentada enquanto atividade inseparável da prática social.
Para tal não pode se subsidiar no acúmulo de informações, mas, envolver,
numa reelaboração mental, revelada em forma de ato sobre o mundo social.

Os conteúdos de ensino são designados de temas geradores e resultam


da problematização da prática vivida pelos estudantes, da qual se deve
distanciar para poder ter as condições para analisar criticamente. O importante
não é a transmissão de conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma
da relação com a experiência vivida.
A Tendência Progressista Libertadora não aceita os conteúdos
tradicionais, porque não emergem do saber popular. Cada grupo envolvido na
ação pedagógica apresenta intrinsecamente, ainda que, de maneira
rudimentar, os conteúdos suficientes para iniciar o estudo. Os conteúdos a
trabalhar, deverão ser redigidos pelos próprios estudantes com as orientações
do educador. Esse processo exige entre discentes e docentes uma relação
aprimorando diálogo mediatizado pelo objeto a ser conhecido e ambos se
posicionam como sujeitos do ato de conhecimento. Para além da dispensa de
um programa previamente estruturado, recusam-se trabalhos escritos e aulas
expositivas, sendo o "grupo de discussão” a forma de trabalho mais usada na
tendência progressista libertadora, animado pelo professor. Este tem de
caminhar junto com os estudantes e deve se adaptar às características e ao
desenvolvimento próprio de cada grupo.

A Tendência Progressista Libertadora associa qualquer tipo de


verificação direta da aprendizagem à educação bancária e por esse motivo a
recusa. Admite, contudo, a avaliação da prática vivenciada entre estudante e
professor no grupo, bem como, a autoavaliação se realizada considerando os
compromissos assumidos com a prática social. (LIBÂNEO, 1986).

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Tendência Progressista Libertária

A Tendência Progressista Libertária procura se apresentar enquanto


uma maneira de resistência à burocracia dominadora do Estado, que
controlando, por exemplo: professores, programas e provas, etc., retira a
autonomia à escola. Valoriza a experiência de autogestão, autonomia e não-
diretividade que em conjunto, de acordo com as suas propostas, devem
resumir quer o objetivo pedagógico, quer o objetivo político da educação.
Nessa tendência, a ideia de conhecimento, surge associada à descoberta de
respostas que possam atender às exigências da vida social. Rejeita assim a
investigação cognitiva de fatos reais, para procurar revelar um sistema
qualquer de representações mentais.

Ela recusa qualquer forma de poder ou autoridade. Por isso procura


conduzir a relação professor-estudante no sentido da não-diretividade,
considerando a ineficácia e a nocividade dos métodos que transformam o
docente em objeto. A escola instituirá, com base na participação grupal,
mecanismos institucionais de mudança (assembleias, conselhos, eleições,
reuniões, associações etc.), visando exercer uma transformação na
personalidade dos educandos e que atuando nessas instituições a partir dos
níveis subalternos, vai posteriormente influenciar todo o sistema. A Tendência
Progressista Libertária ressalta o processo de aprendizagem grupal, quando
comparado com os conteúdos de ensino. O professor é um catalisador que se
insere no grupo para oportunizar as condições para uma reflexão em comum,
num processo em que o desenvolvimento individual somente se realiza no
coletivo.

Os conteúdos verdadeiramente importantes resultam das


necessidades e interesses manifestos pelo grupo e
frequentemente terminam não correspondendo aos conteúdos
tradicionais. O destaque é dado à aprendizagem informal
realizada no âmbito do grupo, e à negação de toda forma de

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repressão procurando desse modo favorecer o desenvolvimento de indivíduos
mais livres. Ressalta-se o conhecimento que resulta das experiências vividas
pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica,
que permitam a cada um de seus membros, o atendimento de suas aspirações
e necessidades. Particularmente relevante para o desenvolvimento das ideias
da Tendência Progressista Libertária foi o trabalho de Celestin Freinet.
(LIBÂNEO, 1986).

PARA SABER MAIS:

MOVIMENTO FREINET: Movimento de caráter comunitário e cooperativo,


procurando a elaboração, pelo conjunto do grupo docente, dos próprios
instrumentos de trabalho, de acordo com o meio em que está inscrito e visando
aperfeiçoar a prática docente. Seus princípios giram em torno da realização de
um trabalho educativo que incentive os educandos a falar e escrever melhor e
de forma mais fluente.

Tendência Progressista "Crítico-Social dos Conteúdos"

A Tendência Progressista "Crítico-Social dos Conteúdos" afirma que a


escola para eliminar a seletividade social e se tornar democrática, deve ser
valorizada enquanto instrumento de apropriação do saber. Sendo a escola
constituinte inseparável do todo social, promover transformações dela, resulta
obrigatoriamente em agir no rumo da transformação da sociedade. Entendida
nesse sentido, a educação é uma atividade mediadora no âmbito da prática
social global, o mesmo é afirmar, uma das mediações pela qual o discente,
pela intervenção do docente e por sua própria participação ativa, passa de uma
experiência primeiramente confusa e fragmentada, a uma visão mais
organizada e unificada. O estudante, por intermédio de sua experiência
imediata num contexto cultural, participa na busca da verdade, ao confrontá-la
com os conteúdos e modelos apresentados pelo professor.

29
A Tendência Progressista "Crítico-Social dos Conteúdos" apresenta uma
vincada preocupação com a importância do domínio dos conteúdos científicos
(por parte dos professores e estudantes), enquanto condição para uma
participação efetiva nas lutas sociais. Esses conteúdos não deverão ser
abstratos, mas concretos e indissociavelmente legados à realidade social. Os
conteúdos ensinados devem estar ligados de forma inseparável à sua
significação humana e social. Para que isto ocorra, constitui tarefa do professor
selecionar os conteúdos mais significativos para o estudante, os quais passam
a contribuir na sua formação profissional. Porém, não é suficiente que os
conteúdos sejam bem ministrados, e sim que apresentem uma significação
humana e social. Procura-se desse modo a inserção do estudante no contexto
social e em suas contradições, oportunizando um instrumental para garantir
sua participação organizada e ativa na democratização da sociedade.

Contudo, se o objetivo da Tendência Progressista "Crítico-Social dos


Conteúdos" é privilegiar a aquisição de um saber vinculado às realidades
sociais, é necessário por um lado, que os métodos oportunizem as condições
para uma ajustada correspondência entre os conteúdos e os interesses dos
discentes e, por outro lado que estes reconheçam os conteúdos como um
auxílio no seu processo de compreensão da realidade social.

Assim, os métodos da pedagogia crítico-social dos conteúdos não


partem de um saber artificial, depositado a partir do exterior, nem do saber
espontâneo. Eles devem estabelecer uma relação direta entre a experiência já
construída e confrontada com o seu saber vivenciado nos conteúdos propostos
pelo professor. O assumir de novos paradigmas, só será possível com a
introdução explícita pelo professor dos novos elementos de análise a serem
aplicados criticamente à prática do estudante, num processo em que se
procura a unidade entre teoria e prática.

No desenvolvimento das ideias da Tendência Progressista "Crítico-


Social dos Conteúdos", participaram autores como Mário Manacorda e
particularmente Georges Snyders. (LIBÂNEO, 1986).
30
Sintetizando as Tendências Pedagógicas:

RELAÇÃO PROFESSOR-
TENDÊNCIAS CONTEÚDO DO ENSINO MÉTODO
ALUNO

Expositivo: Preparação
O professor: postura autoritária,
do conteúdo,
ele é o transmissor do
Prioriza conhecimentos apresentação,
conhecimento.
TRADICIONAL herdados e transmitidos associação,
O estudante: mero ouvinte,
pela geração adulta. generalização e
onde a relação é centrada no
aplicação em exercícios
professor.
e atividades.
A importância recai sobre
as experiências Ativo. Deve-se aprender
vivenciadas, os desafios fazendo. Pesquisar,
cognitivos e as situações trabalhar em grupo, Relação democrática: o
RENOVADA
problema. O processo de resolver problemas, professor é um facilitador da
PROGRESSISTA
aquisição de propor soluções, estudar aprendizagem do aluno.
conhecimentos é menos o meio ecológico e
relevante que a social, etc.
metodologia aplicada.
Terapêutico: o papel do
A ênfase é dada no professor é o de
desenvolvimento das facilitador da
Relação humana: o professor
relações e das aprendizagem. Uso de
RENOVADA não deve dirigir o aluno no que
comunicações. Incentivo técnicas de
NÃO-DIRETIVA tange as atividades. A relação é
aos alunos para que sensibilização é ênfase
centrada no aluno.
busquem por si mesmos, na melhoria do
seu próprio conhecimento. relacionamento
interpessoal.
Método científico de Técnica-diretiva: relações
Voltada para a preparação
Spencer: metodologia estruturadas-objetiva, com
técnica a fim de que o
tecnicista e abordagem papeis bem definidos.
aluno possa responder
TECNICISTA sistêmica. Uso de Professor: administrador, Aluno:
adequadamente ao sistema
instrução programada, ser que responde. A relação é
social, global e ao mercado
planejamento, recursos centrada no controle das
de trabalho.
audiovisuais, etc. condições.
Não-diretividade; Os alunos são
Tem um caráter político, eu
sujeitos ao ato do
incorpora a realidade
Dialogicidade: trabalho conhecimento. Professor
vivencial do aluno como
LIBERTADORA em grupo de discussão e favorece a aproximação da
ponto de partida para a
conscientização. consciência. A relação é
seleção dos conteúdos da
centrada nas relações
ação educativa
interpessoais.
Autogestão da
experiência do grupo:
Não-diretiva: o professor é o
O Conteúdo emerge dos formas de participação e
orientador e catalisador do
LIBERTÁRIA interesses dos alunos, não de expressão pela
processo, junto ao grupo gera
é pré-determinado. palavra, mediante
reflexões. Não há centralidade.
organização e execução
do trabalho.
Interação diretiva: troca entre
professores e alunos.
Há conteúdos
Professor: mediador e
determinados que são Participativo e
CRÍTICO- intervencionista. Aluno:
escolhidos a partir de bens fundamentado no saber
SOCIAL DOS confronta sua experiências com
culturais da humanidade, universal: vínculo teoria e
CONTEÚDOS os conhecimentos selecionados
com funções formativas e prática.
pelo professor. A relação é
instrumentais.
centrada nos conteúdos de
ensino.

31
Avance com foco no seu aprendizado

Estamos disponibilizando neste espaço de aprendizagem os vídeos, um


recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua aprendizagem
sobre os temas referente às unidades de estudo da disciplina.

Guiando o estudo com os vídeos

 Leia o cada unidade de estudo e ao final assista os vídeos para


ampliar seu estudo e ou dirimir as dúvidas sobre o tema.

Entrevista com Paulo Freire Demerval Saviani

32
METODOLOGIAS DE
ENSINO

33
34
A Metodologia

A Metodologia constitui o estudo dos métodos, é o conjunto das ações


de investigação das diversas ciências, quanto aos seus fundamentos e
validade, diferenciando-se das técnicas que são aplicações exclusivas dos
métodos.

A Didática enquanto ciência existe uma conexão entre os métodos


próprios da ciência que dão suporte ao objeto de ensino e os métodos de
ensino. Portanto, a metodologia pode ser compreendida no âmbito geral
considerando os diversos métodos: métodos tradicionais, métodos ativos,
métodos da descoberta e método de solução de problemas.

As metodologias específicas são aquelas que tratam dos procedimentos


de ensino e estudo das disciplinas do currículo escolar, como exemplo:
Matemática, História, Português e outras que estão à disposição do professor.
Nesse caso cabe ao professor definir os critérios para selecionar os métodos e
técnicas de ensino, antes de elaborar sua proposta didática pedagógica com
intenção de possibilitar ao estudante a construção do conhecimento.

Alguns critérios são considerados básicos, tais como: ajuste dos


objetivos definidos ao processo de ensino e aprendizagem; a natureza do
conteúdo a ser ensinado; a natureza da aprendizagem que se procura que o
educando se solidifique; considerando as características apresentadas pelos
estudantes: idade, desenvolvimento mental, interesse, expectativas de
aprendizagem; condições físicas disponíveis e o tempo atribuído.

As técnicas e outros elementos de ensino são recursos e complementos


da metodologia que promovem a ação e reflexão sobre a sua neutralidade. Os
métodos e técnicas de ensino não são neutros, em virtude de serem
suportados por referenciais teóricos implícitos, que determinam a prática

35
docente e a intenção dos docentes ao escolherem os métodos que serão
empregados na sua atuação docente.

Atividade de Aprendizagem:

Elabore um resumo, identificando os temas fundamentais da Didática.

Conhecendo as Metodologias de Ensino

O processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do


professor e dos estudantes. O direcionamento a esse processo está associado
com o planejamento pelo professor no desenvolvimento das aulas envolvendo:
a definição dos objetivos, a seleção dos conteúdos e os métodos do ensino.
(LIBÂNEO, 1994).

Os métodos de ensino se constituem enquanto sequência de operações,


com vistas a um determinado resultado que se espera. São fundados na
relação entre os objetivos e os conteúdos, e determinam a forma como devem
alcançar, por intermédio do processo de ensino e os objetivos definidos pelo
professor. A seleção dos métodos e técnicas utilizados no processo ensino-
aprendizagem não é neutra, obrigando à opção por pressupostos teóricos
implícitos. O método expressa também uma visão global da relação do
processo educativo com a sociedade, atendendo aos seus desígnios sociais e
pedagógicos, assim como as expectativas de formação dos estudantes perante
as exigências e desafios que a realidade social levanta. (LIBÂNEO, 1994).

Os métodos de ensino são as ações do professor por intermédio das


suas atividades com os estudantes, procurando atingir os objetivos do trabalho
docente, considerando um conteúdo específico.

36
Existem variadas maneiras de classificar os métodos de ensino e por
sua vez, cada método tem técnicas que lhes são mais ajustadas. No sentido de
procurar uma correlação entre algumas técnicas e métodos de ensino,
apresenta-se uma sistematização da classificação dos métodos adaptada de
Carvalho (1973). Como se pode verificar nas próximas unidades de estudo.

Métodos Individualizados de Ensino

Dentre os métodos estudados, temos os Individualizados de Ensino


neles podemos destacar:

AULA EXPOSITIVA: Consiste na apresentação oral de um tema logicamente


estruturado. Com a utilização desse método, temos a exposição dogmática,
aberta ou dialogada dos conteúdos. A mensagem a ser transmitida não pode
ser considerada devendo ser repetida por ocasião das provas de verificação.
Por ser dialógica, a mensagem do professor é simples pretexto para
desencadear a participação, podendo haver contestação, pesquisa e
discussão.

ESTUDO DIRIGIDO: A proposta é fazer com que os estudantes estudem a


partir de um roteiro elaborado pelo professor, o qual estabelece a profundidade
do estudo. Nesse método, há leitura de textos e manipulação de matérias ou
construção e observação de objetos, fatos ou fenômenos na busca de
conclusões.

CENTRO DE INTERESSE: Concepção também fundada na Biologia percebe a


educação como manutenção e conservação da vida. Seguida por alguns
princípios como autoeducação; uma escola para a vida e pela vida; orientações
de classes homogêneas de acordo com o ritmo de aprendizagem dos
estudantes; redução do número de alunos por classe; consideração aos
interesses naturais das crianças e às condições locais; centros de interesse.

37
Métodos Socializados de Ensino

USO DE JOGOS: Atividade física ou mental, organizada por um sistema de


regras, é natural do ser humano inserindo-se na ludicidade humana e
estimulando-a. Regida pelos princípios de mobilização dos esquemas mentais
de forma a acionar as funções psiconeuróticas e as operações mentais
estimulando o pensamento, além de integrar as dimensões afetivas, motoras e
cognitivas da personalidade, correspondendo a um impulso natural do
estudante, seja ele criança ou adulto, pois o ser humano apresenta uma
tendência lúdica. Absorve o jogador de forma intensa e total, criando um clima
de entusiasmo.

DRAMATIZAÇÃO (Role-playing): Representação pelos estudantes de um fato


ou fenômeno, de forma espontânea ou planejada. Este princípio leva o
estudante a concretizar uma situação-problema, contribuindo para aumentar o
nível de motivação, ajuda a desenvolver a capacidade dos estudantes de
colocarem imaginariamente um papel que não é o próprio.

TRABALHO EM GRUPO: Oportunidade para o diálogo, a troca de ideias e


informações. É regido pelos princípios de facilitação da construção do
conhecimento, possibilitando a prática da cooperação para conseguir um bem
em comum. Além de favorecer a formação de certos hábitos e atitudes de
convívio social, coopera com a união de esforços para que o objetivo comum
possa ser atingido, planeja em conjunto as etapas de um trabalho dividindo
tarefas e atribuições, tendo em vista a participação de todos, expondo suas
ideias e opiniões sucintas, de forma a serem compreendidas, aceitando e
fazendo críticas construtivas e, sobretudo ouvindo com atenção os colegas,
esperando a vez de falar, respeitando a opinião alheia e por último, aceitar a
decisão quando ficar resolvido que prevalecerá a opinião da maioria.

ESTUDOS DE CASO: Apresentação de uma situação real aos estudantes


dentro do assunto estudado, para que analisem e, se for necessário,

38
proponham alternativas de solução. Facilita a construção do conhecimento,
permite a troca de ideias e informações de seus princípios.

ESTUDO DO MEIO: Técnica que permite o estudo de forma direta, o meio


natural e social que circunda e do qual participa. Seus princípios são o de
facilitar a construção do conhecimento e permitir a troca de ideias e
informações, criando condições para que o aluno entre em contato com a
realidade circundante, promovendo o estudo dos seus vários aspectos de
forma direta, objetiva e ordenada. Ainda, propicia a aquisição de
conhecimentos geográficos, históricos e econômicos, sociais, políticos,
científicos, artísticos, etc. De forma direta por meio da experiência vivida,
desenvolve assim, habilidades de entrevistar, coletar dados, analisar, sintetizar
e tirar conclusões.

39
Métodos Socioindividualizados de ensino

MÉTODO DA DESCOBERTA: Proposição aos estudantes de uma situação de


experiência e observação, para que eles formulem por si próprios conceitos e
princípios, utilizando o raciocínio indutivo. Seus princípios consistem no uso de
procedimentos indutivos, participação ativa e vê o erro como fonte de
aprendizagem.

MÉTODO DA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS: Apresentação do estudante, a


uma situação problemática, para que ele proponha uma situação satisfatória,
utilizando os conhecimentos que já dispõe ou buscando novas informações por
meio da pesquisa. Estimular a participação do educando na construção do
conhecimento, desenvolvendo raciocínio, favorecendo a aquisição de
conhecimentos e a transferência de aprendizagens desenvolvendo a prática
pela iniciativa de busca.

MÉTODO DE PROJETOS: O ensino realiza-se por meio de amplas unidades


de trabalho, estas com uma finalização em vista e supõe a atividade proposta
do estudante. Desenvolve o raciocínio aplicado à vida real, buscando soluções
de um problema a integração do pensamento, sentimento e ação dos
educandos a partir da realidade, a globalização do ensino.

UNIDADES DIDÁTICAS: Organização e desenvolvimento do ensino por meio


de unidades amplas, significativas e globalizadas de conhecimentos. Promoção
e aquisição de conhecimentos de forma globalizada, estruturada e ordenada,
permitindo o estudante construir o saber como um todo orgânico, estimulando o
pensamento lógico e a atividade reflexiva do educando.

40
Resumindo:

MODALIDADES TÉCNICAS APLICAÇÕES


BÁSICAS
Estimular método de estudo e pensamento reflexivo, Conduzir à
ESTUDO DIRIGIDO
autonomia intelectual e atender à recuperação de estudos.
INDIVIDUALIZANDO Apresentação de informações em pequenas etapas e numa
INSTRUÇÃO PROGRAMADA sequencia lógica. Atribui recompensa imediata e reforço.
Proporciona que o estudante progrida no seu ritmo individual.
Troca de ideias e opiniões face a face, Resolução de problemas,
ESTUDO DE CASO Procura de informações, Assumir de decisões.
Definir pontos de acordo e desacordo. Debate, consenso e
PAINEL atitudes diferentes (assuntos polêmicos)
Troca de informações. Integração total (das partes num todo).
PAINEL INTEGRADO Novas oportunidades de relacionamento.
SOCIALIZADO Troca de informações.
GRUPO DE COCHICHO Funciona como meio de incentivo. Facilita a reflexão.
DISCUSSÃO DIRIGIDA Solução conjunta de problemas.
TEMPESTADE DE IDÉIAS OU
Criatividade e Participação
BRAINSTORMING
Estudo aprofundado de um tema. Coleta de informações e
SEMINÁRIO experiências. Pesquisa, conhecimento global do tema. Reflexão
crítica.
Divisão de um assunto em partes visando o seu estudo.
SIMPÓSIO Apresentação de ideias de maneira autêntica.
O grande grupo confere o que foi apresentado.
Verbalização.
GRUPO NA BERLINDA Objetividade na discussão de ideias.
Capacidade de análise e síntese.
Troca de informações.
ENTREVISTA Apresentação de fatos, opiniões e pronunciamentos
significativos.
Intercomunicação direta.
DIÁLOGO Exploração pormenorizada de diferentes pontos de vista.
Exposição mais informal de ideias relevantes.
PALESTRA Sistematização do conteúdo.
Comunicação direta com a totalidade dos discentes do grupo.
DRAMATIZAÇÃO Representação de situações da vida real.
SÓCIO- Possibilita a realização de ações concretas.
MÉTODO DE PROJETOS Motiva a resolução de problemas.
INDIVIDUALIZADO Relacionado a trabalho em grupo e atividades individuais.
RESOLUÇÃO DE
Desenvolve os pensamentos reflexivos e científicos.
PROBLEMAS

Os métodos de ensino são as ações do professor por intermédio das


suas atividades de ensino e dos estudantes procurando atingir os objetivos do
trabalho docente considerando um conteúdo específico.

41
Avance com foco no seu aprendizado

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recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua aprendizagem
sobre os temas referente às unidades de estudo da disciplina.

Guiando o estudo com os vídeos

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Desempenho escolar focado nas competências e habilidades Rubens Alves

42
PLANEJAMENTO
PEDAGÓGICO

43
44
Introdução

O planejamento envolve a análise de uma realidade, a reflexão sobre as


condições nela existentes e a previsão de processos de intervenção, visando
superar as dificuldades ou atingir os objetivos ambicionados. O plano tem a
conotação de produto do planejamento. Na educação, pode-se falar que o
planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação de
ações, que permitam a concretização de objetivos que envolvam e articulem a
atividade escolar e a problematização do contexto social. O plano de ensino é
um guia organizado em unidades didáticas para um período de tempo e
utilizado para o registro de decisões: o que se pensa fazer? Como se vai fazer?
Quando? Com o quê? Com quem se vai fazer? (LIBÂNEO, 1994).

O planejamento pedagógico ocorre na escola, é uma ação de


responsabilidade do professor que inclui a previsão das atividades didáticas,
além de planejar as ações docentes, também é um momento de pesquisa e
organização dos aspectos que serão avaliados no decorrer da ação docente.

PARA SABER MAIS:

Refletir sobre a trajetória histórica do planejamento, implica reconhecer que a


atividade de planejar é essencialmente humana, demandando reflexão e
intencionalidade. Diferentes conceitos e práticas de planejamento encontram-
se intrinsecamente vinculados à categoria trabalho em suas múltiplas
configurações e às diferentes formações sociais. Nesse sentido, o planejar
remete à própria evolução humana e o processo civilizatório.

45
Portanto, o planejamento pedagógico na escola prevê o processo de
racionalização, organização e coordenação da ação docente, em articulação à
atividade docente e o contexto social.Vale advertir, que tudo que ocorre no
cenário escolar está recheado de influencias econômicas, políticas e culturais,
isto quer dizer que os elementos que constituem a escola são influenciados
diretamente pela sociedade. Assim, o planejamento não se trata apenas de
preencher formulários para o acompanhamento do coordenador pedagógico da
escola. O planejamento escolar tem a função de explicitar princípios, diretrizes
e procedimentos que assegurem a conexão entre as atividades da escola e as
exigências da sociedade atual que exige participação democrática.

O plano é a formalização sistematizada e justificada de um conjunto de


decisões tomadas, relativas à ação, envolvendo desse modo, uma discussão
prévia sobre os fins e objetivos do planejamento. Não se apresenta como um
documento rígido e absoluto, variando conforme os diferentes momentos do
processo de planejar, envolvendo naturalmente desafios e contradições. Para
que se constitua num instrumento eficiente de ação, precisa apresentar
diretrizes claras, práticas e objetivas.

Desenvolver o currículo e promover a aprendizagem envolve


obrigatoriamente o planejamento. Apesar de que, na educação o improviso é
importante e necessário, e deve acontecer enquanto uma exceção e não como
regra. O planejamento deve constituir preocupação permanente do professor.
O docente necessita ver seu objetivo como um momento de chegada e
trabalhar as competências em função dele. Só desse modo o professor deixa
de ser um simples executor e transforma-se em um profissional capaz de
atribuir um sentido ao seu trabalho.

PARA SABER MAIS:

Propomos a leitura do artigo: Planejamento coletivo do trabalho pedagógico da


Educação Física, em que procura identificar os principais elementos constitutivos das
abordagens de planejamento educacional que têm sido adotadas pela área da
educação física. Acesse: http://www.nepecc.faefi.ufu.br/arquivos/art_pctp.pdf

46
Partes integrantes de um planejamento de ensino.

Diagnostico da Definição dos


Realidade Objetivos

Replanejamento Seleção dos


Conteúdos

Fase de Aperfeiçoamento
Feedback ou Seleção e Organização
Retroalimentação dos Procedimentos de
Ensino

Fase de Preparação

Avaliação Seleção dos


recursos didáticos

Seleção dos
Plano em Ação Estruturação do
Instrumentos de
Plano de Ensino
Avaliação

Fase de Desenvolvimento

A primeira parte de um planejamento envolve o diagnóstico da realidade.


Nesse momento, o professor tendo por referência o seu envolvimento com o
espaço escolar e comunitário, deve perceber quais são as necessidades dos
estudantes, da comunidade e do próprio ambiente escolar.

A segunda parte o professor, atendendo ao diagnóstico, define os


objetivos para que se alcance a aprendizagem pretendida. Na fase da seleção
dos conteúdos o professor deverá relacionar o que ensinar e quando ensinar.

Na posse dos conteúdos anteriormente selecionados e considerando os


objetivos, o professor deverá apresentar os procedimentos pedagógicos a
utilizar. No momento da escolha dos recursos didáticos, o docente seleciona os
recursos (vídeo, computador, data show, etc.) que serão utilizados.

47
Ao passo da estruturação do plano de ensino, o professor especifica e
prevê a sua operacionalização, apresentando as ações e procedimentos que
irá realizar na sala de aula e os materiais que se pretende usar.

Na avaliação o professor estabelece as diversas formas como


mensurará o aprendizado dos estudantes. Isso pode ocorrer por intermédio de
provas escritas e orais ou envolver a experimentação. O feedback ou
retroalimentação pode vir dos estudantes, de outros professores, da
comunidade ou mesmo ser oriundo da sociedade em geral.

Quando o professor realiza uma autoavaliação e percebe que o caminho


seguido não alcançou o resultado pretendido, é fundamental que aconteça o
replanejamento. Por seu intermédio se reinicia o processo, procurando atender
às necessidades de aprendizagem dos estudantes.

Tipos de planejamento

O planejamento possibilita e permite à escola e ao professor, organizar


antecipadamente a ação didática, possibilitando atender mais facilmente aos
objetivos desejados, superar as dificuldades, evitar a improvisação, aumentar a
economia de tempo e eficiência na ação. No âmbito da educação é possível
encontrar vários tipos de planejamento:

O planejamento do sistema educacional em nível nacional, estadual


ou municipal, vem refletindo a política de educação adotada. Ele deve ser
executado por toda a equipe da instituição de ensino, abarcando a tomada de
decisões no que diz respeito aos objetivos a serem alcançados e a previsão de
ações desenvolvidas pela escola. Está relacionado à previsão por todos
aqueles que participam do processo pedagógico da escola.

O planejamento curricular integra o desenvolvimento dos conteúdos


programáticos previstos nos diversos componentes curriculares a serem
48
desenvolvidos ao longo do curso. Enquanto que o planejamento didático ou
de ensino envolve a especificação e a operacionalização do plano curricular e
prevê as ações que o professor irá realizar tendo em vista atingir os objetivos
educacionais estabelecidos, envolve a organização das atividades dos
estudantes e as suas experiências de aprendizagem.

1- O planejamento de curso é a previsão do trabalho docente e discente


durante um período de tempo. Nele, o professor prevê os
conhecimentos a serem construídos e as atividades a serem realizadas
pelos alunos, por exemplo, em um ano ou em um semestre letivo;
2- O planejamento de uma unidade obriga o professor a reunir várias
aulas sobre assuntos relacionados, estabelecendo entre cada uma
delas inter-relações.
3- O planejamento de aula é o momento em que o professor especifica
e operacionaliza a sua atuação diária, de forma a concretizar os planos
de curso e de unidade.

Características de um bom plano de ensino

Falar de um bom plano de ensino envolve encontrar nele incluídos: os


objetivos que se pretende alcançar, os conteúdos selecionados e organizados
de forma coerente com as especificidades do curso e as características e
expectativas dos estudantes, bem quanto a estreita articulação com as áreas
ou disciplinas afins. Contudo é preciso ir mais além e considerar a necessidade
do plano:

• Apresentar os objetivos passíveis de serem executados;


• Utilizar recursos que favorecem a sua execução;
• Propor conteúdos que permitam alcançar os objetivos propostos;

49
• Atribuir às atividades, tempo que permita o desenvolvimento e
aprendizagem dos conteúdos, em seus diversos níveis de
complexidade.

A definição de objetivos de aprendizagem

Os professores necessitam definir objetivos, o mesmo é dizer, prever


desde o princípio o que o estudante será capaz de realizar ao final do processo
de ensino-aprendizagem. Se não definir os objetivos, não poderá avaliar de
maneira coerente os frutos de sua atividade de ensino e será complexo
selecionar e voltar a planejar estratégias de ensino mais ajustadas.

Quando reveladas as grandes metas educacionais, que correspondem a


uma formulação ampla, a escola e o professor deverão explicitar os objetivos,
relativo às disciplinas e às unidades de estudo, envolvendo os conceitos
básicos e as capacidades que demostrem maior importância. Atendendo a
relevância em sua definição, devem ser ponderados alguns pormenores tais
como:

- As grandes metas educacionais;


- A característica de cada disciplina;
- O nível etário dos alunos;
- O seu grau de aprendizagem anterior;
- As condições de trabalho.

É fundamental que os objetivos sejam expressos em termos das


mudanças que se deseja realizar, no desenrolar do processo ensino-
aprendizagem dos estudantes. A objetividade e clareza de intencionalidade na
construção desses objetivos de ensino, indicam que o professor deseja que o
estudante aprenda, possibilitando uma avaliação coerente em relação aos
objetivos definidos no plano de ensino.

50
O primeiro passo na definição de objetivos consiste na relação de uma
lista dos objetivos gerais, que apesar de possibilitar uma ideia concreta dos
resultados da aprendizagem a serem atingidos, não indica os pormenores
específicos que se desejam. Os objetivos gerais são amplos e devem ser
formulados em termos de metas de ensino. Por isso há necessidade de
elaborar objetivos específicos que se apresentam, em listas de
comportamentos observáveis, que no seu todo constituem a comprovação de
que o objetivo geral foi atingido. O número dos objetivos a incluir na lista, deve
possibilitar que ela seja praticável.

As taxonomias possibilitam uma fácil fonte de seleção de objetivos


educacionais e consistem num conjunto de categorias gerais e específicas na
qual estão incluídas todas as possíveis metas de aprendizagem que se podem
alcançar no ensino. Elas surgiram atendendo à necessidade de sistematizar e
clarificar a atividade de definição dos objetivos educacionais.

PARA SABER MAIS:


Bloom foi um professor da Universidade de Chicago que concebeu uma
taxonomia dos objetivos educacionais que exerceu uma influência muito
importante nos processos de planificação e de avaliação.

Dentre as taxonomias existentes a de Bloom (1956) é uma das mais


vulgarizadas. Nessa, os objetivos são divididos pelos três domínios
psicológicos: cognitivo, aditivo e psicomotor.

O domínio cognitivo enfatiza objetivos que se referem à memória ou


evocação de conhecimentos e ao desenvolvimento de habilidades e
capacidades técnicas de ordem intelectual. De acordo com a taxonomia dos
objetivos educacionais de Bloom, o domínio cognitivo encontra-se dividido em
seis categorias organizadas em função da complexidade dos processos
mentais: recordação, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação.

51
Taxonomia de Bloom Avaliação Tomar decisões e suportar
pontos de vista
Combinar a informação num
único produto
Síntese
Identificar os componentes de
Análise uma situação.
Usar informação num único
produto Aplicação

Reescrever nas suas próprias


Compreensão palavras
Memorizar a informação
verbal
Recordação

Principais categoriais do domínio cognitivo da taxonomia de objetivos


educacionais de Bloom:
A memorização é o mais baixo nível das metas de aprendizagem no domínio cognitivo.
MEMORIZAÇÃO
Exige somente o relembrar do que foi previamente aprendido.
A compreensão envolve a capacidade de compreender o significado do que foi
aprendido. Manifesta-se pelo estabelecer de correspondências, interpretação, previsão
COMPREENSÃO
de consequências futuras, apesar de marcar um passo em frente ao nível de
memorização, corresponde ao nível mais baixo da compreensão.
A aplicação diz respeito à capacidade de aplicação das aprendizagens realizadas a
novas e concretas situações. Isto inclui a aplicação de regras, métodos, princípios.
APLICAÇÃO
Conceitos, leis e teorias. As metas de aprendizagem neste domínio requerem um nível
de compreensão mais elevado que as do nível anterior.
A análise refere-se à capacidade de desagregar o material nas suas partes
constituintes para que a sua estrutura organizativa possa ser compreendida. Isto pode
incluir a identificação dos componentes, a análise das relações entre estes e o
ANÁLISE reconhecimento dos princípios organizativos implícitos. As metas de aprendizagem,
neste caso, representam um nível intelectual mais elevado do que os dois anteriores,
porque requerem uma compreensão, quer do conteúdo, quer da forma estrutural do
material.
A síntese é a capacidade de reunir os componentes de modo que se forme um novo
conjunto. Isto pode envolver a produção de uma única comunicação (tema ou
discurso), um plano de operações (um projeto de pesquisa) ou um conjunto de
SÍNTESE
relações abstratas (um esquema para classificar a informação).
As metas de aprendizagem, neste domínio, impelem a comportamentos criativos, com
maior realce na formulação de novos padrões ou estruturas.
A avaliação está ligada à capacidade de julgar o valor do material (exposição, novela,
poema, relatório) para um determinado fim. Os juízos têm de ser baseados em critérios
bem definidos. Estes podem ser internos (organização) e externos (relevância para o
fim desejado) e o aluno pode determinar os critérios ou estes podem ser-lhe
AVALIAÇÃO
fornecidos. As metas de aprendizagem.
Nesta área, são as mais altas na hierarquia do domínio cognitivo, porque contêm não
só elementos de todas as outras categorias como juízos de valor conscientes,
baseados em critérios claramente definidos.

52
Exemplo de verbos utilizados para definir os objetivos em cada uma das
categorias:

Conhecimento Compreensão Aplicação Analises Síntese Avaliação

Recolher e recordar Interpretar Usar o Dividir o Juntar ou unir Fazer juízos


informação informação conhecimento conhecimento partes ou com base em
reconhecendo-a ou a em partes e fragmentos de critérios
através de generalização mostrar as conhecimento fornecidos
palavras em novas relações entre para formar a
próprias ilusões elas todos e
construir novas
relações e
situações
Organizar, Definir, Duplicar Classificar, Aplicar,, Analisar, Organizar, Valorar,
Rotular, Enumerar, Par, Descrever, Demonstrar, Valores, Assemblar, Argumentar,
Memorizar, Nomear, Discutir, Dramatizar, Calcular, Colecionar, Avaliar,
Ordenar, Reconhecer, Expressar, Empregar, Categorizar, Compor, Atacar,
Relacionar, Recordar, Identificar, Ilustrar, Criticar, Construir, Ligar,
Repetir, Reproduzir. Indicar, Interpretar, Diagramar, Desenhar, Defender,
Reconhecer, Operar, Diferenciar, Formular, Estimar,
Reportar, Preparar, Discriminar, Administrar, Julgar,
Renunciar, Praticar, Examinar, Organizar, Predizer,

Rever, Programar, Experimentar, Planear, Qualificar,

Selecionar, Esboçar, Inventariar, Gráficos, Pontuar,

Ordenar, Solucionar, Questionar, Sintetizar, Selecionar,


Utilizar Examinar, Redigir Apoiar,
Traduzir

O domínio psicomotor enfatiza as habilidades muscular ou motora.


Considerando os objetivos da aprendizagem estes, foram divididos em cinco
níveis conforme o quadro abaixo:

IMITAÇÃO O estudante perante uma ação observada esboça uma imitação dessa ação.

O discente é capaz de realizar uma ação de acordo com instruções e não apenas
MANIPULAÇÃO com base na observação. Começa a demonstrar habilidade para manipular
instrumentos selecionados.

O estudante é capaz de reproduzir um ato, com um grau superior de exatidão e de


PRECISÃO
eficiência.
O estudante coordena uma série de ações, por intermédio do estabelecimento de
ARTICULAÇÃO
uma sequência apropriada.
NATURALIZAÇÃO O aprendiz adquire competências que não possuía anteriormente.

53
Veja:

NATURALIZAÇÃO

ARTICULAÇÃO

PRECISÃO

MANIPULAÇÃO

IMITAÇÃO

Monta, constrói, calibra, modifica, limpa, conecta, compõe, cria,


esboça, projeta, instala, desinstala, insere, remove, manipula,
conserta, repara, pinta, aparafusa, fixa.

O domínio afetivo enfatiza os objetivos de aprendizagem relacionados


com valores e atitudes. Considerando os objetivos de aprendizagem, o domínio
afetivo também está dividido em cinco níveis que serão descritos abaixo:

RECEPÇÃO O aluno se apercebe da existência de um dado valor apresentado. Dirige a sua atenção
para ele de modo seletivo e intencional. Todavia os alunos assumem uma postura passiva
em relação a ele.

RESPOSTA
Presume uma ação por parte do estudante considerando um determinado valor ensinado.
Esta ação vai desde a simples obediência a determinações explícitas, até à iniciativa na
qual se possa observar alguma expressão de satisfação por parte do estudante.
VALORIZAÇÃO
O valor ensinado foi internalizado pelo aprendiz. Distingue-se do nível de resposta, pela
consistência (não são esporádicos), persistência (prolongam-se para além do período em
que são ensinados) e pela persuação (o aluno procura convencer outras pessoas da
importância do valor).
ORGANIZAÇÃO

54
O estudante reinterpreta o valor ensinado à luz de outros valores análogos ou antagónicos,
ao valor original. Analisa de diferentes ângulos, compara-o a valores concorrentes.
CARACTERIZAÇÃO
DE UM VALOR O processo de internalização atinge o ponto em que o estudante passa a ser identificado
pela sua comunidade como um símbolo ou representante do valor que ele incorporou.
COMPLEXO

Veja:

VALORES
COMPLEXOS

ORGANIZAÇÃO

VALORIZAÇÃO

RESPOSTA

RECEPÇÃO

Exemplo de verbos utilizados para definir os objetivos em cada uma das


categorias:

NIVEL VERBOS ASSOCIADOS

Ouvir, atender, preferir, aceitar, receber, perceber, estar, favorecer, selecionar.


RECEBER

VALORIZAR Aceitar, reconhecer, participar, incrementar, desenvolver, realizar, indicar,


decidir, influenciar,

Revisar, modificar, enfrentar, aceitar, julgar, desenvolver, demonstrar,


CARACTERIZAR
identificar, decidir.

Especificar, responder, completar, selecionar, listar, escrever, gravar,


RESPODER
desenvolver, derivar.

Organizar, julgar, relacionar, encontrar determinar, correlacionar, associar,


ORGANIZAR
formar, selecionar.

55
A seleção de estratégias de ensino

No processo de planejamento, após a formulação dos objetivos, surge a


necessidade de conseguir maneiras de atingi-los. O desenvolvimento de
estratégias de ensino pretende atender a essa necessidade.

Antes de especificar a estratégia a desenvolver, é necessário definir


linhas gerais de orientação, de maneira a constituir um fio condutor, que
permita o professor escolher uma estratégia específica que obviamente será
diferente, atendendo a fatores como: o tema do conteúdo em que se focaliza a
aprendizagem, os estudantes a quem se dirigem as condições existentes e os
materiais disponíveis. Essas estratégias não estão ainda concretizadas,
correspondendo apenas a linhas gerais que orientarão o professor na seleção
das atividades específicas para aprendizagem.

Atividade de Aprendizagem:
Leia a Entrevista de Philippe Perrenoud concedida a Revista Nova Escola,
em seguida responda: Será que a didática é só técnica de ensino?
Acesse:
http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2000/2000_
31.html

A análise do quadro abaixo revela como a estratégia, ainda é encarada


de modo muito geral e orienta o caminho a seguir para atingir os objetivos.
Mostra a relação entre os objetivos e as estratégias a desenvolver para atingi-
los, concretizada para o caso particular do objetivo geral: compreender o
conceito X.

56
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ESTRATÉGIA (LINHA ORIENTADORA)

A partir de fatos (descobertos pelos alunos e/ou


fornecidos pelo professor) orientar os estudantes a
1. Explica o conceito X com palavras próprias estabelecer relações entre eles de modo a
2. Identifica o conceito X implícito numa dada apreenderem os conceitos a que esses fatos
situação. conduzem.
3. Explica acontecimentos com base no conceito X. Fomentar discussões que contribuam para que os
4. Faz inferências com base no conceito X. estudantes possam: explicar conceitos com suas
próprias palavras; identificar conceitos implícitos
em determinadas situações; explicar
acontecimentos com base em conceitos: fazer
inferências; fazer previsões; etc.

Quadro 1 – Apresentação das linhas orientadoras da estratégia de acordo com os objetivos

A análise do quadro põe, pois, em evidência a relação entre meios e


fins. São os objetivos que vão estabelecer as estratégias. Se o objetivo for
“executar experiências” a estratégia terá necessariamente de envolver uma
atividade laboratorial. Em outros casos a relação não é tão direta, isto é, várias
estratégias permitem alcançar o mesmo objetivo; assim, o “compreender o
conceito X” pode ser atingido através de uma atividade de laboratório, de uma
discussão baseada em filmes, apresentação em PowerPoint ou outras,
podendo mesmo acontecer que várias estratégias possam ser utilizadas
simultaneamente. Por outro lado à mesma estratégia permite geralmente atingir
mais que um objetivo. Assim, a atividade laboratorial é uma estratégia que
permite não só alcançar o objetivo, mas executar experiências, formular
problemas, interpretar resultados, ser objetivo, ser responsável, ter curiosidade,
são alguns deles.

Por outro lado, há ainda necessidade de definir, para cada um dos


objetivos, o tipo de técnica e avaliação mais apropriado. Uma maneira de
assegurar que os objetivos, as estratégias e as técnicas de avaliação estão
inter-relacionados, é a preparação de um quadro que inclua os três.

57
O quadro para uma unidade de ensino inclui todos os objetivos gerais,
objetivos específicos, as estratégias e o tipo de técnicas de avaliação.

Esse quadro possibilita ter uma visão geral que assegure mais
facilmente a definição para cada objetivo, estratégia e técnica de avaliação
adequada, servindo assim de orientação.

OBJETIVOS ESTRATÉGIA (LINHA TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO


ORIENTADORA)

*Objetivo geral  *A partir de fatos


(fornecidos pelo professor
-Compreender conceitos, ou descobertos pelos
princípios e esquemas alunos) orientar os alunos
conceituais. a estabelecer relações
entre eles de modo a
- Item de composição curta.
*Objetivos específicos aprenderem os conceitos
a que esses fatos
- Descrever o conceito por conduzem.
suas palavras.
- Item de composição.
- Estabelecer a distinção * Fomentar discussões
entre dois conceitos. que favoreçam aos
- Resolver problemas com estudantes a fazer
base no conceito. inferências, resolver
- Inferir com base no problemas, explicar
conceito. situações fazer previsões,
- Explicar uma situação com base no conceito
com base no conceito envolvido.

Quadro 2 – Especificação da relação entre objetivos, estratégias e técnicas de avaliação.

58
Uma vez especificado o conteúdo “compreender conceitos”, é
necessário definir a estratégia de forma mais específica, indicando atividades
concretas. O quadro abaixo procura tornar clara esta ideia.

ESPECIFICAÇÃO DO CONTEÚDO ESPECIFICAÇÃO TEMPO RECURSOS


DA ESTRATÉGIA PREVISTO PREVISTOS

* Conceito de solo

Fatos:

* Aula de campo para


- O solo é constituído por matéria orgânica recolher dados sobre:
– proveniente da mata morta e por matéria - elementos vivos e
inorgânica proveniente da decomposição não vivos;
das rochas. - relação entre os
- O solo é constituído por diferentes elementos vivos e
camadas. não vivos; Ficha de
- Os organismos macroscópicos do solo - relações entre o trabalho,
Aula 1
alimentam-se da mata morta. solo e o exterior. Papel madeira
Aula 2
- Algumas partículas constituintes das e pinceis
Aula 3
camadas do solo * Organização de atômicos
são semelhantes aos materiais relatório da aula de
constituintes das rochas. campo.
- As rochas apresentam-se mais ou menos
desagregadas. * Discussão centrada
- A mata morta é constituída por resíduos em torno dos dados
de seres vivos. recolhidos na aula de
- O solo contém organismos. campo.
- Os organismos macroscópicos do solo
removem a terra.

Quadro 3 – Apresentação da estratégia de acordo com um conteúdo específico. Note que


enquanto o primeiro quadro pode ser igual para qualquer conceito em qualquer unidade, este
quadro é específico de um determinado conceito numa unidade.

Uma análise breve do quadro acima mostra que nele já são


apresentados o conceito cuja compreensão se pretende alcançar, assim como
as principais estratégias que através da sua inter-relação favorece o
conhecimento dos fatos, permitindo atingir a compreensão dos conceitos.
59
Veja que a estratégia selecionada não permitiu apenas chegar à
compreensão do conceito (conceito de solo). Conduziu previamente ao
conhecimento dos fatos. Foi com a discussão que inter-relacionaram esses
fatos, que chegaram assim à compreensão do conceito (de acordo com o que
havia sido definido pela linha orientadora).

Relação entre categorias de objetivos e exemplos de


estratégias

Existem diversas categorias de objetivos que abrangem áreas distintas


do processo de aprendizagem e tem reflexos nas estratégias do professor na
sala de aula. Conheça no quadro abaixo (MASETTO, 1997) as diversas
categorias de objetivos e exemplos de técnicas que o professor poderá utilizar
na sala de aula para trabalhar.

CATEGORIA DE OBJETIVOS ESTRATÉGIAS


Aquisição de conhecimentos adquiridos pelos Leitura de textos. Leitura com roteiro de
estudantes (informações, fato, conceitos, teorias, questões. Aulas expositivas com recursos
interpretações, análises, estudos, hipóteses, audiovisuais; Aulas expositivas dialogadas
pesquisas). Visitas guiadas; Estudos de caso.
Objetivos de habilidades relacionados com tudo
aquilo que o estudante vai aprender a fazer
desenvolvendo suas capacidades intelectuais, Dramatização, desempenho de papéis
afetivas, psicomotoras, sociais e políticas, como por (representação estática ou dinâmica).
exemplo: relacionar informações, inferir, abstrair, Atividades em grupos tais como:
identificar características, transferir informações, Grupo de observação/grupo de
avaliar, comparar verbalização.
Pequenos grupos para formular questões.
fatos e teorias, descobrir, experimentar, criar, Grupos de oposição.
organizar trabalhos, coordenar seus movimentos, Aulas práticas.
trabalhar em equipe, fundamentar suas opiniões,
questionar, ser participante.
Desenvolvimento de atitudes visando Estudo de caso.
comportamentos que indiquem valoração, importância Relatórios com opiniões fundamentadas.
e crença, tais como valorizar a busca de informações, Estágios. Visitas guiadas. Dramatização.

60
a curiosidade científica, a convivência com os
colegas, a criatividade, a integração de
conhecimentos. O trabalho em equipe, a comunicação,
a corresponsabilidade pela aprendizagem, a
capacidade crítica.
MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

61
Avance com foco no seu aprendizado

Estamos disponibilizando neste espaço de aprendizagem os vídeos, um


recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua aprendizagem
sobre os temas referente às unidades de estudo da disciplina.

Guiando o estudo com os vídeos

 Leia o cada unidade de estudo e ao final assista os vídeos para


ampliar seu estudo e ou dirimir as dúvidas sobre o tema.

Didática – Prof. Fernando José de Almeida

62
AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM

63
64
Introdução

O ato de avaliar não é neutro, pois está alicerçado em opções


filosóficas-políticas determinantes de uma ação, nesse sentido, destacamos o
ser humano como um individuo que avalia em todos os instantes da vida. A
avaliação é um construtor social e, portanto, há um contrato ideológico e
político no cerne do ato de avaliar. Ela aparece inerente e indissociável a
educação promotora da liberdade, pelos ideais de trasnformar e libertar,
quando concebida como problematização, questionamento e pensamento
sobre a ação. Avaliar deve criar possibilidades para o estudante compreender
os seus limites na construção do conhecimento, valorizando suas verdades,
interesses e autonomia.

PARA SABER MAIS: Propomos a visualização do vídeo onde Philippe


Perrenoud, fala sobre a necessidade do conhecimento, ser construído e
utilizado como ferramenta para promover a compreensão do mundo e agir
sobre ele.
Acesse:https://www.youtube.com/watch?v=AQvAVuTPW80&feature=results_vi
deo&playnext=1&list=PL62D266696D7A4C63

A avaliação enquanto espaço de aprendizagem

Redefinir os processos de avaliação da aprendizagem é uma


necessidade inerente ao espaço escolar e alvo de múltiplas discussões. É
necessário desconstruir essa concepção de avaliar, baseada essencialmente
na quantificação dos resultados, na aplicabilidade das provas e atribuição de
notas por outros elementos que podem tornar o ato avaliativo mais
compreensivo e produtivo para educadores e educandos. Isso poderá ocorrer
quando a avaliação não acontecer em momentos isolados da prática
pedagógica e envolver todo o processo educativo, incluindo o planejamento, a

65
correção das atividades e até a própria avaliação institucional do curso.
Quando a escola e o professor não consideram o processo, ocorre uma quebra
na descontextualização do processo avaliativo e perde-se o olhar sobre o
retorno que a prática pedagógica tem produzido nos estudantes. Exige-se hoje
que o ato de avaliar ocorra no processo e não apenas ao final de um
resultado.

As mudanças essenciais em avaliação dizem respeito, em primeiro


plano, não à mudança de procedimentos avaliativos, mas sim à finalidade
desses procedimentos. (HOFFMANN, 2001). Assim, a avaliação deve ser
pensada no âmbito de uma didática. Nessa perspectiva, cabe ao professor
integrar a avaliação à sua pratica didática através de uma nova proposta que
implique necessariamente na modificação dessas práticas, ou seja, o professor
deverá compreender que o progresso do estudante só poderá ser percebido
quando comparado com ele mesmo: Como estava? Como está? As ações
desenvolvidas entre as duas questões compõem a avaliação. (HADJI, 2001).

O princípio da avaliação deve incluir, que o conhecimento humano visa


sempre o futuro, tende a evoluir e se superar. Assim, procura não apenas
compreender, mas promover ações em benefício dos educandos e das
escolas. (HOFFMANN, 2001).

A aprendizagem do estudante deve se constituir, de uma observação


permanente das suas manifestações durante a aprendizagem, de modo a
otimizar as dificuldades individuais, e valorizar suas possibilidades enquanto
aprendente.

Vale a pena ressaltar as afirmações de Hoffmann (2001, p. 21) quando


diz:
O princípio da avaliação na visão dialética do conhecimento,
implica o princípio de historicidade, o conhecimento humano
visa sempre ao futuro, evolui e se supera. Assim, destina-se a
avaliação mediadora a conhecer, não apenas para
compreender, mas para promover ações em beneficio dos
educandos, às escolas , às universidades.
66
(No inciso V alínea e) do artigo 24 A lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) de 1996 recomenda flexibilidade nos assuntos
sobre a avaliação no âmbito escolar. Essa flexibilidade envolve a contínua
prevalência dos aspectos de qualidade sobre os de quantidade, sobretudo na
aplicação dos resultados das provas finais.

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,


será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
[...] V - a verificação do rendimento escolar observará os
seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do
desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de
aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c)
possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante
verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos
concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de
recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para
os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados
pelas instituições de ensino em seus regimentos (BRASIL,
1996).

As práticas de averiguação devem, partindo da ideia que a realidade da


avaliação não satisfaz, adotar uma postura sustentada na ação–reflexão-ação,
coletiva e consensual, e também na construção de uma consciência critica e de
responsabilidade de todos envolvidos no cotidiano da escola, onde o processo
ocorre.

Para mudar contextos avaliativos, é necessário adotar práticas


diferenciadas, tais como: a observação e o portfólio.

A observação empregada no processo de verificação de conteúdos,


permite ao docente investigar as características individuais no âmbito das suas
atividades individuais ou contato interativo com o grupo da sala de aula. Dessa
forma, é possível perceber e identificar fatores que potencializam ou dificultam
o trabalho pedagógico. Porém a observação é por vezes condicionada por
fatores que ultrapassam a própria dinâmica e percepção do professor, a

67
começar pela sua própria subjetividade. Nesse sentido, o professor deverá
assumir uma atitude criteriosa, tirando conclusões apenas quando observar os
estudantes em situações diversificadas, de modo a conseguir avaliar de
maneira fundamentada e não apenas uma opinião superficial sobre o aluno.

PARA SABER MAIS:

Assista ao vídeo: “Função da escola por Libâneo” para uma maior


compreensão sobre qual a função social da escola. Acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=6kk__FXVwC0

A observação pode ser um instrumento importante de avaliação, desde


que o professor tenha cuidados ao utilizá-la, tais como:

 Oportunizar as condições para que possa gerir o seu tempo em


interação avaliativa com os estudantes e não somente colocando
simples perguntas;
 Anotar os incidentes, ou seja, acontecimentos interessantes e
significativos assim que ocorram.
 Planejar o que será observado, por exemplo, um determinado
estudante, um determinado momento, um trabalho na sala de aula.
 Definir objetivos possíveis de ser alcançados e realísticos para a
observação, atendendo, por exemplo, a quantidade de observados, as
características, o momento da observação e o período de duração da
mesma.
 Organizar as observações em um caderno de registro que deverá estar
sempre à mão.

68
O portfólio como instrumento de avaliação

O portfólio consiste numa pasta na qual são arquivados os trabalhos


desenvolvidos pelos estudantes ao longo do seu processo de aprendizagem.
Os trabalhos incluídos no portfólio serão selecionados pelos estudantes entre
os que eles entendam como atividades mais relevantes após um processo de
análise crítica e devida fundamentação. Nesse aspecto, vale salientar que não
é o portfólio em si o mais importante, mas o trabalho de reconstruir e reelaborar
os conhecimentos construídos que ele oportuniza. Ele constitui um meio para
atingir um fim, o mesmo é dizer, o destaque no portfólio é o aprendizado
adquirido durante a sua construção. O portfólio possibilita criar um percurso
histórico do aprendizado de um estudante ou de um grupo e esse registro
revela o resultado do percurso dessa aprendizagem no decorrer do trabalho
pedagógico. O portfólio como é óbvio, também é um instrumento de avaliação
da própria atuação do professor.

Atividade de Aprendizagem:

Realize a leitura da Entrevista de Cipriano Carlos Luckesi, em seguida faça um


texto enfatizando a importância da avaliação, e suas contribuições para o
desenvolvimento da aprendizagem. Acesse:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABaGwAC/art-avaliacao-entrev-paulo-
camargo2005

Fique atento!

A avaliação trabalha com desempenhos provisórios ou processuais, na


medida em que ela subsidia o processo de busca dos resultados os melhores
possíveis. Debruça-se sobre o que estava acontecendo com o estudante antes,
o que está acontecendo agora e o que acontecerá após, pois a avaliação da
aprendizagem está a serviço de um projeto pedagógico construtivo, que
visualiza o ser humano em desenvolvimento permanente. Um verdadeiro
69
processo de avaliação, não atribui atenção à aprovação ou à reprovação do
estudante, mas sim à sua aprendizagem, possibilitando um convite para a sua
melhoria.

Consequentemente, ela se apresenta como inclusiva, enquanto não


descarta, mas inclui. Considerando as relações pedagógicas, a avaliação exige
uma postura democrática do sistema de ensino e do professor uma atuação em
conformidade com esses princípios de todos os condicionantes do ensino-
aprendizagem. Estas palavras foram proferidas em entrevista de Cipriano
Carlos Luckesi publicada no caderno do Colégio Uirapuru, Sorocaba – SP em
outubro de 2005.

Atividade de Aprendizagem:

Elabore um texto do tipo dissertativo enfocando qual o papel da escola e sua


função social.

70
Avance com foco no seu aprendizado

Estamos disponibilizando neste espaço de aprendizagem os vídeos, um


recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua aprendizagem
sobre os temas referente às unidades de estudo da disciplina.

Guiando o estudo com os vídeos

 Leia o cada unidade de estudo e ao final assista os vídeos para


ampliar seu estudo e ou dirimir as dúvidas sobre o tema.

Cipriano Luckesi – Avaliação da Aprendizagem

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Bibliografia
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Você também pode gostar