Cap. 15 - Direito Aduaneiro e Jurisdição
Cap. 15 - Direito Aduaneiro e Jurisdição
Cap. 15 - Direito Aduaneiro e Jurisdição
■ 15.2.4. Alfandegamento
Nos termos do artigo 5º do Regulamento Aduaneiro, somente nos portos,
aeroportos e pontos de fronteira alfandegados poderão ocorrer as seguintes
operações, sempre sob controle aduaneiro:
■ estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele
destinados;
■ ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem
de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; e
■ embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou
a ele destinados.
Uma primeira questão, portanto, diz respeito ao que seria o
alfandegamento.
Entende-se por alfandegamento a autorização, por parte da Receita
Federal do Brasil (RFB), para estacionamento ou trânsito de veículos
procedentes do exterior ou a ele destinados; embarque, desembarque ou
trânsito de viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados;
movimentação, armazenagem e submissão a despacho aduaneiro de
mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob
regime aduaneiro especial; bens de viajantes procedentes do exterior, ou a ele
destinados; e remessas postais internacionais, nos locais e recintos onde tais
atividades ocorram sob controle aduaneiro95.
O ato declaratório executivo que autoriza o alfandegamento é de
competência do Superintendente da Receita Federal da região de jurisdição
do porto, aeroporto ou ponto de fronteira interessado.
Em razão do natural risco de entrada ou saída irregular do território
aduaneiro de pessoas e mercadorias nos pontos alfandegados, o controle
sobre os veículos que circulam nessas áreas merece atenção especial.
Os veículos nacionais ou estrangeiros utilizados na logística do comércio
exterior (inclusive o transporte de passageiros) somente poderão circular nas
áreas restritas dos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados
mediante prévia autorização, com a apresentação dos itinerários e dos
procedimentos de carga, descarga, embarque e desembarque.
No mesmo sentido, o controle aduaneiro exige que todas as operações
envolvendo mercadorias e pessoas destinadas ao exterior ou dele procedentes
sejam realizadas em áreas dotadas de segurança física e jurídica, com a
perfeita identificação dos responsáveis.
As empresas que atuam na movimentação e armazenagem de mercadorias,
bem assim as responsáveis pelo transporte de passageiros, também possuem
cadastro e autorização especial de funcionamento.
A armazenagem pode ser gratuita (em operações de trânsito ou passagem)
ou remunerada, quando o responsável pelo recinto alfandegado exige dos
usuários o pagamento de tarifas, normalmente em razão do valor das
mercadorias ou período de permanência.
O STJ já decidiu pela legalidade da cobrança de tarifas pela utilização de
áreas alfandegadas, conforme podemos depreender da seguinte decisão:
(...) A utilização de áreas e espaços nos aeroportos é remunerada pelo
pagamento de uma taxa, criada por lei (Lei n. 6.009/73) e fixada por
Portaria do Ministério da Aeronáutica, ou por preço cobrado das
instituições que exploram a utilização dos espaços chamados civis dos
aeroportos, hoje sob a égide da INFRAERO. 2. No pagamento das tarifas
aeroportuárias, deve-se obedecer ao critério do serviço que é utilizado
pelo contribuinte ou posto à sua disposição. 3. Empresa que se utiliza de
áreas da zona primária e, eventualmente, de áreas da zona secundária,
sofre enquadramento mais oneroso que as empresas que só se utilizam de
uma das áreas. 4. Segurança denegada (STJ, 1ª Seção, MS
200101765263, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 25-11-2002, p. 178).
Ante a necessidade de modernização da infraestrutura brasileira destinada
ao comércio exterior, os recintos alfandegados, outrora administrados pelo
Estado, passaram a ser comercialmente explorados por empresas privadas,
escolhidas mediante licitação.
Como sabemos, a logística do comércio internacional compreende, ainda,
a utilização de vários meios de transporte, conhecidos como modais.
Cada espécie de transporte enseja um modal diferente, daí falar-se em
modais aéreos, aquaviários (marítimo, fluvial e lacustre) e terrestres
(rodoviário e ferroviário).
No intuito de controlar a atividade econômica dos empresários
relacionados a cada setor, foram criadas, a partir da década de 1990, as
agências reguladoras, autarquias especiais com autonomia administrativa e
orçamento próprio.
As principais agências reguladoras relacionadas ao controle dos
transportes são:
■ Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC);
■ Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ);
■ Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT).
Cabe a elas, nos termos das respectivas leis instituidoras, as atribuições de
habilitação ao tráfego internacional, condição indispensável para o
alfandegamento.
A ANAC, entre outras competências, é responsável por outorgar
concessões de serviços aéreos e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária,
além de regular as atividades de administração e exploração de aeródromos
exercida pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(INFRAERO).
Compete à ANTAQ regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de
prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da
infraestrutura portuária e aquaviária, enquanto a ANTT administra e
regulamenta o Programa de Concessão de Rodovias Federais.