A Dimensão Das Marcas
A Dimensão Das Marcas
A Dimensão Das Marcas
Conceito de marca
Utilizada desde o final dos anos 1800 nos Estados Unidos, o branding (ou gestão
das marcas em português) tem assumido importância cada vez maior no ambiente
de negócios das organizações. Centrado especialmente nos expressivos resultados
obtidos pelo desempenho dos produtos, o processo de gestão das marcas tem se
especializado a ponto de se transformar em uma nova competência do marketing,
sendo resultado, em grande parte, da intensificação da competição nos mais varia-
dos setores da economia dos tempos atuais. Embora ligada ao “P” do Produto (na
gestão do composto de marketing1), a gestão de marcas tem sido evocada como
uma variável dinâmica e estratégica na gestão dos negócios. Todavia, em que pese a
seu favor a progressiva coleção de bons resultados, resta saber em quais dimensões
a marca pode contribuir efetivamente para o fortalecimento da competitividade das
organizações, em especial aquelas voltadas para a produção e comercialização de
bens de consumo de massa.
O termo marca tem suas origens na antiga palavra norueguesa que significava
queimar (to burn) e, desde então, tem sido utilizado para identificar os bens e serviços
no campo dos negócios (SCHULTZ; BARNES, 2001). Keller (1998) identifica a origem do
uso das marcas como forma de controle que as Guildas (espécie de associação comer-
cial dos artesãos na Idade Média) estabeleciam para determinar a origem e, portanto,
a qualidade dos produtos comercializados pelos artesãos da época.
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Divulgação Procter & Gamble.
Nos Estados Unidos, os precursores no uso das marcas foram a indústria farma-
cêutica e a de mantimentos. Desse ponto em diante, a promoção de vendas e a pro-
paganda foram as grandes impulsoras do desenvolvimento e da fixação destas com
os consumidores, destinadas a diferenciar uma marca e assim posicioná-la junto aos
consumidores.
No sentido moderno, a gestão das marcas no plano dos negócios surgiu nos Es-
tados Unidos com o desenvolvimento do sabonete Ivory da Procter & Gamble no final
dos anos 1800, em que as técnicas da estrutura de valores e diferenciais do produto
foram, pela primeira vez, associadas à dimensão da marca de forma organizada e pla-
nejada (KELLER,1998).
um produto”.
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Caminham na mesma direção Pride e Ferrel (2001, p. 225) ao estabelecerem que:
“Marca é um nome, termo, desenho, símbolo ou qualquer outro aspecto que identifi-
que um bem ou serviço de um vendedor e que o distinga dos bens e serviços de outros
vendedores”.
Por fim, corroboram com todas as posições acima Etzel, Walker e Stanton (2001,
p. 246) ao fazerem a seguinte afirmativa: “marca é um nome e/ou símbolo que pre-
tende identificar o produto de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciar o
produto da concorrência”.
É bem verdade que todas essas definições têm uma origem em comum, a defi-
nição oficial estabelecida pela AMA – American Marketing Association, que traz o se-
guinte enunciado: “marca é um nome, termo, sinal, símbolo, ou qualquer outra carac-
terística que identifique um bem ou serviço do vendedor, em distinção a outros dos
demais vendedores” (BENNEETT, 1995, p. 26).
Em uma dimensão mais abrangente, observa-se que as marcas hoje vão além de
identificar ou diferenciar o produto no mercado frente aos concorrentes. Prefere-se,
pois, desenvolver uma visão mais ligada ao processo de ancoragem do produto, ou seja,
determinar os referenciais mercadológicos no sentido de dar a sustentação ao produ-
to – na verdade, entende-se que a função central das marcas deva ser a de criar refe-
renciais que a credenciem no mercado, dando sentido, vida e dinamismo a tal ponto
de poder estabelecer a preferência pelo produto, não só influenciando o consumidor,
como também determinando padrões de comportamento. Outra dinâmica relativa à
ancoragem dos produtos refere-se à lealdade a marcas, que se traduz, em última ins-
A dimensão das marcas
87
Marca é o conjunto de referenciais físicos e simbólicos capazes de influenciar
e determinar a preferência para os produtos, tendo por base a oferta de valor a
ela associada.
Divulgação Coca-Cola.
ção relacionada à própria marca, como, por exemplo, os
elementos visuais gráficos, o uso das cores, logotipia e
demais formas, além da própria embalagem do produto
que, em muitos casos passa a fazer parte da comunica-
ção visual da marca, como é o caso da Coca-Cola com a
silhueta da sua “garrafa contour2”. Toda a construção da
marca passa por esses elementos físicos, como a concha
estilizada da Shell, a maçã da Apple ou a letra H da Honda,
entre milhares de outros exemplos.
2
Nome dado ao formato único da garrafa de Coca-Cola.
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Em geral, os procedimentos de classificação ou categorização de conceitos es-
barram na natural dificuldade de se determinar as fronteiras que discriminam uma
categoria (ou classe) das demais. O entrelaçamento das fronteiras usualmente cria inú-
meros obstáculos nos pontos de sobreposição de uma categoria para outra, podendo
chegar a tal ponto de se descaracterizar a separação proposta. O desafio é, portanto,
estabelecer os limites do alcance das categorias. No entanto, dificuldades à parte, clas-
sificar as marcas é um pressuposto essencial para o desenvolvimento do conceito de
posicionamento – atividade fundamental da gestão de marketing.
Divulgação Nestlé.
Os tipos de classificação mais usualmente encontrados apontam para três grupos:
marca do fabricante (quando a marca é de propriedade e identifica o fabricante do pro-
duto – ex.: Nestlé), marca do intermediário (quando a marca pertence ao canal – ataca-
do ou varejo – ex.: Pão de Açúcar), e marca genérica (quando não há a identificação do
produto, apenas indica a sua categoria – ex.: legumes).
Divulgação Pão de Açúcar.
Embora haja autores que consideram a marca do fabricante como marca nacional,
devemos entender que o nível de cobertura de uma marca não deve se confundir com
a sua propriedade (BOONE; KURTZ, 1998). Em resumo, marca do fabricante é aquela
que é de domínio de quem fabrica e distribui o produto, como por exemplo Tostines
(Nestlé), Brahma (AmBev), Palio (Fiat), entre outras.
89
Divulgação Yakult.
Linha de produtos com a marca do fabricante.
Também classificar uma marca como genérica gera uma incongruência, pois por
marca genérica se assume a ausência de marca. Atribuímos o surgimento do conceito
de “produtos genéricos” (ou sem nomes) na França, nos anos 1970, com o apelo de boa
qualidade e baixo preço (SEMENIK; BAMOSSY, 1996). A transposição de produto gené-
rico para marca genérica ocorre logo após.
Consideramos que uma marca genérica não possui um nome, sendo identificada
apenas pela categoria do produto (ETZEL; WALKER; STANTON, 2001; NICKELS; WOOD,
1999). Há, portanto, uma apropriação inadequada do conceito de “marcas genéricas”,
sendo preferível apenas o termo produto genérico, este sim com ampla aplicação, no-
tadamente nas commodities.
Marcas
líderes
Fabricante
Marcas de
primeiro preço
Marcas
Gestão de Marcas e Produtos
Marcas
próprias
Canal
Marcas
exclusivas
90
Em suma, conforme ilustra a figura 1, pode-se afirmar que uma classificação
mais adequada deve estabelecer dois grupos (tipos) de marcas, segundo a origem
da sua propriedade: a dos fabricantes e a dos canais de marketing (atacado ou
varejo).
Marcas do fabricante
As marcas do fabricante podem ser subdivididas em duas outras categorias:
As marcas líderes são as mais lembradas e, por esse motivo, são as que têm a
maior preferência dos consumidores. A preferência das marcas líderes advém dos atri-
butos oferecidos pela marca ao mercado, tornando mais atrativa a marca que as demais
opções existentes no mercado, apresentando certa regularidade de compra por parte
dos consumidores. É importante notar, porém, a diferença entre marcas líderes (prefe-
rência) de marcas líderes de mercado (maior participação de vendas no mercado). As
marcas líderes de mercado são as mais vendidas em uma determinada categoria de
produtos e, nesse caso só pode existir uma marca líder de venda nessa categoria, ao
passo que as marcas líderes (de preferência) podem ter mais de uma marca líder em
uma mesma categoria de produto. Por exemplo, na categoria de sabões em pó, exis-
tem as seguintes marcas líderes (preferência): OMO, Brilhante, Ariel e Ypê, mas apenas
a marca OMO é líder de vendas (tem a maior participação de mercado).
Marcas de primeiro preço, por sua vez, centram seu apelo ao consumidor apenas
pelo preço menor ofertado entre as demais opções de escolha no mercado, ou seja,
A dimensão das marcas
o consumidor compra em geral pelo preço baixo, muitas vezes nem sequer sabendo
qual a marca que ele está comprando. No Brasil, o Instituto AC Nielsen (2008) estima
em cerca de 34% (relativo ao ano de 2007) a participação das marcas de primeiro preço
(denominada pelo AC Nielsen de marcas regionais) no faturamento do varejo de pro-
dutos alimentícios, higiene pessoal e limpeza.
91
As marcas de primeiro preço também podem ser denominadas como marcas B
(no sentido de segunda categoria), marcas populares, marcas econômicas, marcas re-
gionais, marcas de segunda linha, entre outras denominações.
92
Conclusão
As marcas estão presentes em todos os momentos da vida dos consumidores.
Nas mais diversas situações deparamo-nos com a escolha e convivência com inúmeras
marcas de nossas preferências. O verdadeiro papel das marcas vai muito além de iden-
tificar e diferenciar a oferta de produtos no mercados, mas principalmente de criar a
referência para a decisão dos consumidores e determinar a preferência pelo produto.
Assegurar ao consumidor que a melhor escolha foi realizada é outro fator deter-
minante do sucesso de uma marca. Dividida em dois grandes grupos, as marcas podem
ser de propriedade dos fabricantes do produto ou dos canais de marketing, responsá-
veis pela distribuição dos produtos e por fazê-los chegar às mãos dos consumidores.
Texto complementar
(HERZOG, 2008)
93
cas. Por trás da frase de efeito está uma estratégia que vem sendo o grande motor da
expansão da companhia: a prática de colocar sob o guarda-chuva de uma marca já
reconhecida pelos consumidores uma miríade de itens - muitas vezes de diferentes
categorias - que tenham afinidade com o produto que originalmente a consagrou.
Ainda que não seja uma novidade, a chamada extensão de marcas nunca esteve
tão em voga. Segundo uma pesquisa recente da Troiano Consultoria de Marca, 81 de
cada 100 produtos novos que hoje estão nas gôndolas do país pertencem a marcas
já conhecidas. Em 2005, eram 77. Nos Estados Unidos, considerado o mercado de
consumo mais maduro do mundo, essa relação é de mais de 90 produtos para
cada 100. O que explica esse fenômeno é o crescente temor que os executivos de
marketing têm de que uma marca criada do zero não vingue. Estima-se que uma
empresa americana gaste, no mínimo, 250 milhões de dólares em marketing para
que uma marca nova conquiste, ao longo de cinco anos, uma modesta participação
de mercado de 5%. Em contrapartida, estudos mostram que colocar nas prateleiras
um produto com a chancela de uma marca já consagrada custa, em média, 20%
menos. Como numa espécie de efeito dominó, a cada nova extensão, os gastos com
marketing seriam reduzidos em outros 20%.
de forma quase simplista. “Ela é forte? Tem um atributo claro aos olhos do con-
sumidor? Então, basta descobrir que outros produtos afins podem carregá-la e
pronto”, afirma Bergamo. Depois de definidas as possibilidades, é hora de dar um
choque de publicidade nos lançamentos – uma estratégia que Bergamo aprendeu
nos quase dez anos de trabalho direto com Júnior. Só em 2009, a Hypermarcas
vai investir 250 milhões de reais em marketing. A verba é administrada dentro de
94
casa. Desde que adquiriu a DM Farmacêutica, em meados de 2007, que tinha sua
própria agência de publicidade, a empresa produz todas as suas campanhas publi-
citárias internamente. E não é pouca coisa: a cada mês, no mínimo três comerciais
novos estreiam em canais de TV e estações de rádio. “Com isso, reduzimos custos
e ganhamos mais agilidade”, afirma Bergamo. Com essa estrutura, Júnior tem au-
tonomia para interferir ainda mais na linha dos comerciais – algo que, desde os
tempos em que era dono da Arisco, ele gosta de fazer. “Ele criou fórmulas das quais
não abre mão e que, aparentemente, funcionam”, afirma um publicitário amigo
do empresário. Para começar, poucas campanhas da Hypermarcas dispensam o
uso de celebridades consagradas, como Xuxa, Antônio Fagundes e Pelé. “Depois
da Globo, somos de longe o maior empregador de artistas famosos do país”, diz
Bergamo. Além disso, Júnior consegue identificar modismos que podem ajudar
a aumentar as vendas da companhia. Em 2005, por exemplo, quando a música
“Festa no apê”, do cantor Latino, se tornou um sucesso nas rádios de todo o país,
Júnior teve a ideia de fazer o mascote da Assolan dançar ao som de uma paródia
da melodia, em horário nobre da TV Globo. A partir de janeiro, também por suges-
tão de Júnior, a nova contratada para impulsionar as vendas da Assolan é Maísa, a
apresentadora mirim que virou a sensação do SBT.
cólume pelos fracassos ao lançar, em 2006, uma gelatina diet. “Quem compra Dona
Benta quer prazer à mesa e, enquanto a marca tiver esse atributo, nada diet ou light
faz sentido”, diz Pedreira. A Hypermarcas ainda não errou, e provavelmente caberá
à intuição de Júnior evitar que ela também tenha, no futuro, histórias desastrosas
para contar.
95
Atividades
2. Faça uma visita a uma loja de supermercado e escolha uma categoria de pro-
dutos e procure identificar quais são as marcas líderes e quais são as marcas de
primeiro preço.
Gestão de Marcas e Produtos
96
3. Escolha uma marca de algum produto de sua preferência e identifique os refe-
renciais físicos e simbólicos dessa marca.
97
Estrutura da marca
Objetivo: refletir sobre os fatores determinantes para a construção e desenvol-
vimento das marcas no contexto mercadológico.
Construção da marca
O fator central para toda marca é criar a referência, com a finalidade de gerar a
preferência dos produtos no mercado. É a preferência que irá proporcionar os fatores
distintivos do produto frente aos produtos que concorrem no mesmo segmento de
mercado.
Por outro lado, os valores agregados a uma marca são divididos em imagem, per-
sonalidade e representações visuais.
99
O autor.
MARCA
Atributos Valores
Fatores associativos
A associação da marca ao produto é de vital importância para a consolidação de
todos os fatores que irão identificar e posicionar a marca no mercado. Além do mais, o
conjunto de associações desenvolvidas pela marca com relação ao produto e à empre-
sa será determinante para o estabelecimento da preferência da marca no mercado.
São essas expectativas positivas que, a depender do nível gerado, vão possibilitar
Gestão de Marcas e Produtos
100
Os atributos associativos, portanto, são compostos das variáveis funcionais (que
operam no plano racional, estando, assim, ligadas diretamente ao desempenho do
produto), e as variáveis emocionais (que são relativas ao plano subjetivo, ou seja, rela-
ções de prestígio, poder, status, entre outros). A associação é fator vital para o sucesso
de uma marca.
Valores agregados
Valores agregados, por sua vez, são determinantes da consolidação do desempe-
nho da marca no mercado, uma vez que irão projetar o indivíduo em seu meio social e
profissional, conforme o caso.
A personalidade tal qual ocorre com a natureza humana, vai proporcionar o nível
de distinção de uma marca e todo o conceito do produto vai se sedimentar junto a ela.
Assim, uma marca assume contornos de superior, competente, marcante, fidedigna,
Estrutura da marca
ativa, formal, jovem, intelectual, formosa, entre outros fatores (traços apoiados em pa-
drões eminentemente culturais). Essas características são resultantes do processo de
classificação das representações sociais e vão determinar o valor de uso de uma marca.
101
Por fim, as representações visuais são todas as simbolizações gráficas, ou seja, as ima-
gens alusivas a uma marca. Os elementos visuais são de extrema importância para a
fixação da mensagem associativa que se quer produzir com a marca, e essa simbologia
assume, na maioria das vezes, papel mais importante que o próprio texto (nome) da
marca. O McDonald’s, por exemplo, pode ser reconhecido a centenas de metros de
distância, em qualquer lugar do mundo, apenas pela imagem do M afixada nos painéis
em suas lojas. A estrela da Mercedes é um dos símbolos mais conhecidos do mundo.
A maçã mordida da Apple identifica rapidamente uma das séries de produtos eletrô-
nicos mais desejados do mundo, como o iPod, iPhone e os computadores pessoais
Macintosh, o leão estilizado da Peugeot e assim por diante.
Divulgação McDonald’s.
Divulgação Apple.
Divulgação Peugeot.
As marcas, quando bem construídas, têm a capacidade de expressar sentimen-
tos e estabelecer relacionamentos de grau afetivo com os consumidores. A marca do
sabão em pó Omo é um bom exemplo, sendo possível identificar fatores que eviden-
ciam fortes laços emocionais no plano da escolha das marcas. Dentro dessa dimensão,
algumas variáveis podem ser classificadas no conjunto de atributos de uma marca: o
nível de motivação que uma marca desperta em uma pessoa, as atitudes provenientes
dessa motivação e, por fim, o valor agregado (representativo do benefício) espelhado
por ela.
“Estar na mente dos consumidores” é um dos elementos mais críticos para a for-
mação do valor da marca. Os valores culturais e sociais nesse caso são fundamentais
para se obter apelos intuitivos e que possam proporcionar associações espontâneas
pelo consumidor. Quanto maior for a espontaneidade na formação das associações na
mente do consumidor, tanto mais diferenciada será a marca, evitando, ou reduzindo, a
possibilidade de imitações da marca referenciada. Nesses casos, o preço poderá até ser
superior, que a marca se sustentará.
Gestão de Marcas e Produtos
102
Dessa forma, as principais resultantes das influências exercidas pelas marcas no
público consumidor, são, entre outras: diferenciar o produto, compensar preços altos,
gerar novos desejos e necessidades (criando mercados), criar novas identidades, e
assim por diante, com vistas a criar a promessa do bem-estar pessoal. Ora, e o que é o
consumo senão uma tentativa, nem sempre concreta, de realização pessoal? A sensa-
ção de bem-estar não é, por vezes, resultante da posse de objetos fortemente deseja-
dos? O consumo, nesse contexto, surge para realizar desejos e aspirações, muitas vezes
reprimidos ou deixados ao limbo do esquecimento (mais no sentido da sublimação
do que da perda do interesse). Ele atua para incentivar atitudes e justificar comporta-
mentos de compra, notadamente no que se refere ao dispêndio monetário. Ou seja, o
indivíduo pode deixar de comprar algo que do ponto de vista da utilidade seria extre-
mamente necessário, mas opta por algo que é, em contrapartida, altamente desejado,
mesmo que a utilidade do produto tenha uma importância significativamente menor.
É notório que nesse processo as marcas assumem, na maioria das vezes, impor-
tância determinante no estabelecimento da relação de prazer com o consumo. No
fundo, as marcas representam a promessa do bem-estar, a garantia de que o prazer em
consumir determinado produto ou serviço vai efetivamente ocorrer após a compra e
a posse do bem.
Arquitetura da marca
Essa reflexão, conforme Serralvo (1999) leva, portanto, a uma consideração inicial
sobre a oferta da empresa ao mercado, ou seja, quais são os fatores de maior relevância
e que determinam o sucesso de um produto no mercado? A resposta a essa questão
aponta para o que se denomina de valor da marca, ou seja, o grau de importância que
o consumidor atribui a um produto ou marca. Esse grau de importância será o fator
decisivo no estabelecimento da preferência do consumidor no processo de escolha
dos produtos e marcas que vão compor o seu repertório de consumo.
Estrutura da marca
103
Schultz e Barnes (2001, p. 57), por sua vez, fazem as seguintes considerações sobre
o valor da marca:
A marca é o ativo principal da organização de marketing no mercado do século XXI. Embora
possamos controlar alguns aspectos da marca, o seu verdadeiro significado e valor provêm
do consumidor. Mensagens da marca, contatos da marca, associações da marca, redes da
marca e valor patrimonial da marca são conceitos-chave para o desenvolvimento da nossa
compreensão das marcas e de nossa capacidade de feri-las de maneira efetiva. Tanto os dados
comportamentais quanto os referentes a atitudes são necessários para avaliar a marca a partir
da perspectiva do cliente.
Não restam dúvidas de que o valor da marca é um importante ativo para as or-
ganizações, sejam elas lucrativas ou não, públicas ou privadas. Para se desenvolver o
valor das marcas é apresentada uma proposta baseada no princípio da expectativa do
consumidor com relação à marca e ao produto.
Conforme Serralvo (1999), o valor das marcas (Vm) refere-se ao resultado da equa-
ção determinada pelo nível de satisfação (S) obtido pelo produto com o esforço de
compra (EC) necessário para a aquisição do produto. Por sua vez, a satisfação será
sempre a resultante da comparação do desempenho (D) do produto, com promessa
feita pela marca (Pm) que se estabeleceu antes da aquisição deste.
Assim, um produto será tanto ou mais valorizado à medida que conseguir obter re-
lações favoráveis entre essas variáveis. Por exemplo, uma pessoa antes de comprar um
automóvel vai nutrir durante o processo de análise e avaliação das alternativas um con-
junto de expectativas (E) que espera vê-las atendidas ao realizar a compra do veículo. A
expectativa é, portanto, uma projeção antecipada dos benefícios que se quer obter.
Mas isso não é tudo. Para que o valor em marketing se efetive, é preciso ainda que
a satisfação resultante do bom desempenho alinhado às expectativas iniciais tenha
uma relação favorável com o esforço de compra (EC). O esforço de compra refere-se a
104
tudo aquilo que uma pessoa tem que fazer para ter acesso e comprar o produto. Inclui,
portanto, o preço do produto, as condições de pagamento, locais onde o produto pode
ser comprado, condições de entrega, instalações, entre outros fatores.
Divulgação Montblanc.
Divulgação Bic.
Conclusão
As marcas são de extrema importância para as organizações e seus produtos.
Construir adequadamente uma marca pode representar o grau de sucesso que uma
empresa pode obter no mercado em que atua. A marca é o fator diferencial competiti-
Estrutura da marca
105
Por fim, desenvolver o valor da marca é o elo central que permitirá à organização
tornar sua marca perene no mercado, criando não apenas diferenciais competitivos,
mas valores que transcendem as estruturas de mercado e projetam os seus usuários
no plano social.
Texto complementar
(GASPAR, 2008)
106
Vuitton e pensa em aeroportos. A imagem da Vuitton tem sido... a de Palm Beach”,
declarou. Essa uma associação improvável. Talentoso, mas problemático, com histó-
rico de uso de drogas, Jacobs tornou-se conhecido no início da década de 90, por
seu desfile grunge para uma marca de luxo chamada Perry Ellis, uma ousadia que
causou sua demissão. Na Vuitton, a ousadia de Jacobs foi canalizada para multipli-
car os lucros. “Até a sua chegada, a Vuitton era apenas uma empresa de acessórios.
Depois, passou a ser uma marca de moda”, diz o consultor Carlos Ferreirinha, que foi
presidente da Vuitton no Brasil.
Em 98, Vuitton fez sua primeira linha de roupas e o primeiro desfile na coleção
de Paris. Não que as roupas sejam propriamente um sucesso comercial. Estima-se
que sejam responsáveis por cerca de 10% das receitas. Mas são uma ótima ferra-
menta de marketing. “Elas ajudam a construir a marca, não são necessariamente
para lucrar”, diz um ex-executivo da Vuitton em Paris. Foi também de Marc Jacobs
a iniciativa, em 2003, de chamar o artista plástico japonês Takashi Murakami para
renovar as bolsas da marca. As bolsas brancas com o monograma colorido vende-
ram, naquele ano, 300 milhões de dólares, estão entre as mais procuradas nas lojas
até hoje. “Já éramos grandes, mas, quando Marc Jacobs veio, ficamos ainda maiores.
E avançamos muito no lado ‘fashion’ do negócio”, disse a Exame, Antoine Arnault,
herdeiro do grupo LVMH, após o desfile.
107
para avaliar detalhes como alças e fechos de bolsas, continuam os mesmos, e Jacobs
participa deles sem reclamar. A Marc Jacobs já tem mais de 100 lojas mundo afora
(a inauguração da primeira loja no Brasil está prevista para 2009), fatura mais de 350
milhões de dólares e começou a dar lucro em 2005. Jacobs trocou seu apartamento
em Paris por uma casa na região mais nobre da cidade, com vista para a Torre Eiffel
(no início de outubro, uma casa de dez cômodos no mesmo bairro era anunciada
nos jornais da capital francesa por 5,7 milhões de euros). Não dá para dizer, no en-
tanto, que não sobraram arestas. Pouco antes de o desfile na semana de moda de
Paris começar, todo o alto escalão da Vuitton estava mobilizado para acalmar o esti-
lista, que reclamava do atraso de 15 minutos do dono do LVMH, Bernard Arnault.
Atividades
1. Escolha uma marca de caneta de elevado valor e descreva o valor da marca, ten-
do como base a promessa da marca, discutida no conceito de valor de marca.
108
3. Escolha uma marca de roupa e procure relacionar os valores agregados, com
base no modelo de construção da marca.
Estrutura da marca
109
Posicionamento da marca
Objetivo: discutir a importância do posicionamento da marca para seu desen-
volvimento e refletir sobre a abordagem estratégica do posicionamento de marcas
para o aumento da competitividade dos produtos no mercado.
Conforme assinalado por Randazzo (1997, p. 294), “A marca é uma entidade per-
ceptual que existe em um espaço psicológico, na mente do consumidor”.
Dada essa complexidade, a seguir são apresentados alguns conceitos sobre o po-
sicionamento das marcas que vão auxiliar a entender melhor esse tema.
111
Posicionamento é um conceito de ampla aplicação. Indica que um produto não é
nada até que seja claramente posicionado na mente das pessoas em contraste com os
produtos dos competidores (KAPFERER, 1992).
Conceito de posicionamento
Os idealizadores do conceito de posicionamento foram Ries e Trout (2002), para
quem o conceito originou-se na indústria de bens embalados com o posicionamento
de produto. Para os autores, os anos 1950 foram marcados pela propaganda focada no
produto, onde os publicitários se concentravam nas características e benefícios dos
produtos anunciados e na comunicação do USP (Unique Selling Proposition ou propos-
ta única de venda). O passo seguinte, ainda na visão dos autores, foi a era da imagem,
quando os esforços se dirigiam para comunicar não apenas os benefícios do produtos
mas também seus efeitos, notadamente intangíveis.
Por posição pode-se entender como um lugar ocupado por um produto ou ser-
viço com relação aos seus concorrentes e o posicionamento, por decorrência como a
ação de posicionar a marca na mente das pessoas. Dessa forma, o ato de posicionar
uma marca no mercado decorre da ação que a empresa empreende para comunicar o
que a marca é e como ela pode se traduzir em benefícios para o público-alvo.
essa identidade e, a partir dessas crenças, estabelece o seu julgamento sobre a marca,
fixando-a, isto é, posicionando-a, em sua mente.
O autor.
identidade
Empresa Público
crenças
A definição de posicionamento dada por Kotler (2000, p. 321) diz que “posiciona-
mento é o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa, de forma que ocupem
um lugar distinto e valorado nas mentes dos mercados-alvo”.
Formas de posicionamento
Posicionamento da marca
113
Posicionamento por benefício: a marca é posicionada como líder em um certo
benefício. Por exemplo: BRADESCO – Completo.
Há recursos suficientes?
Reposicionamento de marcas
Gestão de Marcas e Produtos
Como pode ser observado, posicionar uma marca no mercado requer um pla-
nejamento de comunicação muito bem elaborado, inteiramente vinculado às ca-
racterísticas do produto. Reposicionar uma marca, no entanto, assume riscos ainda
maiores, pois se trata de mudar os referenciais existentes para novos referenciais.
A forma com que isso é realizado pode gerar resultados absolutamente diversos
dos pretendidos.
114
Para Kapferer (1992), o reposicionamento parte da distinção da oferta – procu-
rando-se por que, para quem e quando deve ser realizado o reposicionamento, tendo
ainda por perspectiva contra quem (competidores) a marca deve se reposicionar. As
variáveis incluídas no processo são: personalidade, cultura, autoimagem, reflexão, re-
lacionamento e psique da marca em relação ao mercado objetivado.
(COPELAND, 2001, p. 7)
Internos Origens
As
is so Reputação
Externos iona cia
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oc es
em int Personagenalidade
os an
Valores Percebidos f íci gív
ne eis Evolução
Be O que a
O que a marca Benefícios Identidade
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Posicionamento da marca
Be
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ra enç Atividades
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Processos ion Pr
ais
Apresentação
Relacionamentos
Tangíveis
Figura 2 – Modelo de reposicionamento McKinsey. 115
Os benefícios emocionais podem proporcionar as fontes mais poderosas de as-
sociações com a marca e são representados pelos sentimentos internos (grau de satis-
fação e recompensa com a marca), sentimentos externos (avaliação do nível do status
social e afetivo conferido pelo uso da marca) e os valores percebidos (crenças e opiniões
desenvolvidas sobre os atributos da marca). Os benefícios racionais, por sua vez, são
representados pelas variáveis ligadas aos contatos físicos da marca realizados por meio
do produto com o mercado-alvo: funcional (relacionado ao desempenho do produto),
processo (meios e formas pelas quais o produto é entregue) e relacionamento (grau de
interatividade dos contatos estabelecidos com o público alvo).
Conclusão
O posicionamento serve para diferenciar a oferta, tornando-a distinta das demais
opções existentes no mercado.
Gestão de Marcas e Produtos
116
Reposicionar a marca, por sua vez, requer cuidados ainda maiores, pois sempre
há o risco de perder os consumidores atuais e, ao mesmo tempo, não se atingir o novo
público-alvo desejado.
Texto complementar
(TEICH, 2009)
117
segmento de corrida, o que mais cresce no país, responde por 35%. “Não podíamos
ficar restritos a um nicho de mercado, precisávamos crescer em direção a outros es-
portes”, diz Beer. Para avançar, era necessário desconstruir a velha marca, calcada num
logotipo com um T estilizado, desenhado na década de 80. “A Topper era uma marca
antiga, com pé no passado e que não passava a ideia de inovação, atributo fundamen-
tal para o esporte”, diz Ana Couto, designer responsável pelo novo desenho do logo e
pela tipologia do nome. A marca passou a investir também em produtos mais tecnoló-
gicos, como a chuteira One Professional, feita de couro de canguru, usada pelo goleiro
Marcos, do Palmeiras, e o tênis Royal, do tenista Thomaz Belucci, primeiro colocado
no ranking brasileiro. Em sua primeira loja em São Paulo, inaugurada recentemente, a
Topper vende também roupas para ginástica e tênis femininos.
A herança da Topper
A Topper cresceu como patrocinadora de seleções nacionais e grandes eventos esportivos, mas per-
deu espaço com a chegada das marcas globais, na década de 90. Veja abaixo os principais patrocí-
nios da Topper.
1980 1982 1984 1986 1993/1994 2005
Transmissão Uniformes Transmissão Seleção Brasi- Rubens São Paulo
da Olímpiada da Seleção da Olímpiada leira de Fute- Barrichello Futebol
de Moscou Brasileira de Los Ange- bol na Copa (Fórmula 1) e Clube, que
para o Brasil. de futebol les. Patroci- do Mundo. Gustavo Bor- conquistou a
na Copa da nou ainda ges (natação). Libertadores
Espanha. os atletas e o Campeo-
Marquinhos nato Mundial
(basquete) e Interclubes.
Ricardo Prado
(natação).
118
muito coerentes”, diz Alejandro Pinedo, diretor do escritório brasileiro da consultoria
internacional de avaliação de marcas Interbrand.
Assim como a Puma fez no passado, a Topper tenta realizar as mudanças sem,
no entanto, abrir mão de suas qualidades e dos consumidores tradicionais. O que
não significa que o novo posicionamento da marca esteja sendo bem-aceito por
todos. Logo que foi anunciada, no início do ano, a mudança de seu logotipo provo-
cou uma chuva de protestos na internet - um deles, postado em um blog de colecio-
nadores de camisas de times de futebol, diz que a nova marca “é boa para uma loja
de sungas”. Especialistas em reestruturação de marcas, porém, alegam que esse tipo
de reação é natural e que mudanças como as adotadas pela Alpargatas demoram
pelo menos cinco anos para se consolidar e render resultados. No caso da Topper, a
experiência faz parte de um movimento abrangente, que tem como objetivo criar
uma marca internacional com atuação na América Latina, gerida a partir do Brasil.
O projeto de reformulação da marca surgiu em meio ao processo de fusão entre as
operações da Alpargatas no Brasil e na Argentina, em 2007. As duas empresas, que
tiveram um passado remoto comum, cresceram e se desenvolveram isoladamente
em seus mercados e, ao atuar juntas, apresentavam perfis distintos. Ambas tinham,
por exemplo, a marca Topper. No entanto, enquanto no Brasil a marca era focada ba-
sicamente em futebol, na Argentina tinha uma vasta linha de calçados destinados a
vários esportes (há até modelos para rúgbi, por exemplo). Líder em seu país, a Topper
argentina tem hoje 32% de participação de mercado e forte presença no Chile. “De-
cidimos aproveitar essa vantagem e unificar as operações em torno de uma única
marca, modernizada e com apelo regional para a América Latina”, diz Beer.
119
responsável pela campanha. A sorte também tem dado sua contribuição – basta
conferir a foto de Kleber Pereira com a bola.
Atividades
2. Escolha uma marca de chocolates e faça uma relação das principais crenças
relacionadas à identidade dessa marca.
Gestão de Marcas e Produtos
120
3. Escolha uma marca e descreva os principais benefícios emocionais (sentimento
internos, sentimentos externos e valores percebidos) dessa marca.
Posicionamento da marca
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Patrimônio de marca
Objetivo: analisar os meios para o desenvolvimento do patrimônio das marcas
e suas implicações para o desenvolvimento das estratégias de marketing das
organizações.
As traduções usualmente adotadas para Brand Equity são de valor de marca. No en-
tanto, já se adotou a tradução literal para equidade da marca, fato que gera um conflito
conceitual muito grande, pois no vernáculo da língua portuguesa o termo equidade
tem apenas a conotação de julgamento justo, respeito às igualdades, justiça e virtude,
correção, lisura, entre outros. Na língua inglesa, no entanto, o vocábulo, além de cono-
tação semelhante à língua portuguesa, tem o sentido do valor de uma propriedade
deduzidos os ônus a ela eventualmente inerentes, ou ainda os direitos não exigíveis dos
acionistas de uma empresa . Entendemos, pois, que a melhor conotação para o termo
seja patrimônio da marca, pois esse é o sentido que o termo tem no original em inglês,
embora seja pouco utilizado pelos autores e pesquisadores da área no Brasil.
123
O que se observa, de forma geral, é que o conceito não tem um sentido único ou
mesmo uma abordagem que permita uma concepção mais objetiva entre os pesqui-
sadores e autores da área.
124
Cabe salientar, no entanto, que “prestígio” – ponto central da concepção concei-
tual que se assume neste trabalho – não está relacionado apenas a produtos luxuo-
sos ou de elevado glamour. Ao contrário, tanto pode estar relacionado a produtos de
elevado valor monetário, como, por exemplo, as marcas Rolex, Cartier, Victor Hugo,
entre outras, mas também às marcas de produtos de baixo valor agregado como Bic,
Bombril, em mercados de produtos de consumo de massa, e assim por diante.
125
Fidelidade à marca: a fidelidade da base de consumidores reduz a vulnerabi-
lidade da ação competitiva. Os concorrentes podem ver-se desencorajados a
investir recursos para atrair consumidores satisfeitos. Uma alta fidelidade im-
plica, ainda, melhores negócios com o comércio, uma vez que os consumido-
res leais esperam que a marca esteja sempre disponível.
Como parte do seu papel em adicionar valor para o consumidor, o Brand Equity
tem o potencial de acrescentar valor para a empresa, pela geração marginal de fluxo
de caixa.
1
Produtos com preços mais elevados da categoria, decorrente do alto valor percebido pelos consumidores.
126
Proporciona uma plataforma para o crescimento via extensões da marca.
Relevância diz respeito ao grau de importância que a marca tem para as pesso-
as, isto é, valores atribuídos à marca, seu prestígio e grau de reconhecimento.
Popularidade, por sua vez, diz respeito aos sentimentos que a marca desperta
nas pessoas. Ser popular significa ser simpática, agradável e bem-vista pelas
pessoas. Certamente a popularidade é resultante, em grande parte, das ações
de comunicação da empresa com relação a sua marca.
Os diferenciais, por outro lado, remetem aos fatores associados à marca e que
a distinguem das demais ofertas do mercado.
2
O grupo Ipsos é um dos líderes globais no fornecimento de pesquisas de marketing, propaganda, mídia, satisfação do consumidor e pesquisa de opinião
pública e social. Fundada na França em 1975, a Ipsos é uma empresa independente, com capital aberto, administrada por profissionais de pesquisa. Suas ações
são negociadas na Bolsa de Paris desde 1.º de julho de 1999. Desde 1990 foram criadas ou adquiridas mais de 40 empresas no mundo.
127
o rápido desaparecimento, ou a não longevidade, de inúmeras marcas lançadas no
mercado. Esses fatores dificultam um dos principais aspectos ligados à percepção da
marca – os atributos associativos – que irão possibilitar a construção da expectativa,
fator-chave no desenvolvimento da lealdade, conforme será ilustrado mais adiante.
Para se falar da lealdade, no entanto, é necessário retomar-se do princípio, ou seja, da
fundamentação estrutural da marca em si.
128
número de milhas, o passageiro troca por passagens grátis para os destinos cobertos
pela empresa. Dessa forma, no anseio de acumular o maior número de milhas possível,
o passageiro não voava com outra companhia, mantendo-se leal à American.
do bem a ser comprado por exemplo, uma guloseima raramente representa risco em
termos financeiros, ao passo que um automóvel ou uma casa sim, ou seja, o risco finan-
ceiro refere-se ao valor absoluto do bem e no nível de renda do consumidor), como
também outras variáveis, tais como: qualidade (especialmente em alimentos e higiene
pessoal), desempenho e durabilidade (produtos eletroeletrônicos), entre outras.
129
O nível de intensidade da lealdade deriva diretamente de dois fatores: atrativida-
de e intervalo de compras. A atratividade vai determinar o quão envolvida a pessoa
estará no processo de compra, que pode variar do nível máximo até não haver nenhum
envolvimento. Exemplifica-se com a compra de um vestido novo, que será usado em
uma festa muito importante. Nesse caso, a pessoa tenderá a se envolver intensamente
na compra, pesquisando intensamente as diversas opções que se apresentam perante
ela. Contrapõe-se a essa situação, a compra de uma guloseima, efetuada corriqueira-
mente e por impulso, em que a decisão é tomada em uma fração de segundo; o envol-
vimento prévio praticamente não existiu.
Por outro lado, Griffin (1998) procurou estabelecer quatro níveis básicos da lealda-
de, tomando por princípio os fatores atratividade e intervalo de compras. Assim, deter-
minou a não lealdade, a lealdade por inércia, a lealdade latente e a lealdade premium.
A não lealdade ocorre quando o nível de atratividade do grupo de produtos e, por-
tanto, das marcas disponíveis é muito baixo, havendo assim grande variabilidade na
compra, oscilando entre compras ora de uma marca, ora de outra, havendo, portanto,
total instabilidade, sendo a marca, muitas vezes, o último fator a se levar em conside-
ração no momento da compra. Esse fenômeno pode ocorrer, por exemplo, com alguns
produtos de higiene pessoal, tais como desodorantes, entre outros.
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Por fim, a lealdade premium diz respeito ao grupo de produtos em que o intervalo
de compras não é muito longo e a atratividade da marca é contínua. Assim, sempre que
o consumidor for efetuar a compra, procurará pela marca preferida. Um bom exemplo
desse comportamento, no Brasil, é o caso do OMO, que é regularmente comprado por
folgada maioria dos consumidores de sabões em pó.
É claro que exemplos como esses demonstram que as pessoas podem amar não
só outras pessoas mas também marcas. Outra classificação do tipo de lealdade é apre-
sentada por Gade (1980, p. 76). Nela, a autora relaciona os consumidores com lealdade
total, lealdade dividida, lealdade instável e sem lealdade.
A não lealdade, como o próprio nome já o diz, não leva o consumidor a decidir a
compra do produto pela marca, mas sim por outros fatores, como o preço, por exem-
plo. A escolha se dá por qualquer marca. Nesse caso, o mais importante pode ser a faci-
lidade de encontrar o produto, ofertas, mensagens publicitárias e assim por diante.
O ponto central que se quer focar, portanto, refere-se às razões da ocorrência das
recompras, ou das compras continuadas. Assim, parte-se do princípio de que alguns
fatores irão concorrer de forma mais decisiva para que a lealdade ocorra.
Patrimônio de marca
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necessidade, pelo fato de a primeira envolver os aspectos sentimentais do consumo
criando laços muitíssimos mais fortes entre o consumidor e a marca, ao passo que a se-
gunda pode estar no plano mais racional, em que o envolvimento tende a ser menor.
Conclusão
O Brand Equity ou, em português, patrimônio de marcas, é o ponto central da
gestão das marcas, pois é ele que vai determinar o grau de sucesso do desempenho de
uma marca no mercado. Um grau elevado de Brand Equity significa um forte patrimô-
nio de marca que se traduz pelo desempenho superior da marca no mercado.
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