Tutoria 1 - Aes 12 Al

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TUTORIA 1 - AES 12 O Sistema Único de Saúde brasileiro adota um

conceito ampliado de saúde e inclui em suas


Objetivo 1. Conceituar a Saúde Mental e discutir a prioridades o cuidado à saúde mental. Entretanto, este
diferença entre doença mental e sofrimento estudo pressupõe que tal perspectiva não foi
naturalizada pelos profissionais de saúde que integram
mental relacionando com os estigmas.
esse sistema, ainda prevalecendo o paradigma
Não há saúde sem saúde mental. É, muitas vezes, com biomédico.
essa frase que profissionais de saúde, movimentos
sociais, organizações internacionais e, mais DOENÇA MENTAL X SOFRIMENTO MENTAL
recentemente, entidades governamentais têm
Muitas pessoas confundem o sofrimento mental com
reconhecido o papel central dos problemas de saúde
os transtornos psiquiátricos. O sofrimento mental
mental na atenção à saúde das populações. Durante
comum, como o problema é conhecido na área da
muito tempo, tais problemas permaneceram
psiquiatria, trata de sensações como ansiedade, tristeza
negligenciados em estudos e políticas públicas, tendo
e somatizações que não chegam a configurar um
apenas ultimamente recebido maior destaque,
transtorno mental.
sobretudo após a demonstração do impacto que
representam em termos de morbidade em saúde O sofrimento psíquico é uma desordem emocional que
pública. pode ser progressiva. Ela pode ser observada mais
claramente em situações que envolvam perda, luto e
Entre as razões para a relevância dos problemas de
dificuldade profissional. A persistência de emoções
saúde mental estão a sua elevada ocorrência e a sua
como a tristeza e a frustração pode desencadear
cronicidade. Uma em cada quatro pessoas terá algum
desequilíbrios químicos no organismo que causam
problema de saúde mental ao longo de sua vida, sendo
transtornos mentais mais sérios, como a ansiedade
que mais da metade desses transtornos incidirão antes
generalizada e a depressão.
dos 14 anos de idade. Estratégias eficazes para o
tratamento de problemas de saúde mental existem, O Transtorno está relacionado a multicausalidade, ou
sendo disponíveis e custo-efetivas em países de baixa e seja, várias são as causas que fazem com que o
média renda. indivíduo venha a desenvolver, em determinado
A OMS define saúde mental como "um estado de momento de sua história, um transtorno mental. De
bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias forma simplificada, podemos dizer que três grupos de
habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, fatores influenciam o surgimento da doença mental: os
pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir físicos ou biológicos, os ambientais e os emocionais.
para sua comunidade".
Objetivo 2. Compreender a Política Nacional de
A Psiquiatria, com todo o seu conhecimento, é parte Saúde Mental (Os direitos do portador de
essencial desse estudo, mas não a única. Outras áreas transtorno mental, critérios e tipos de
de estudo se integram para formar um conhecimento internação).
mais amplo, que tente dar conta desta forma de
sofrimento humano. O termo Saúde Mental se A Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei
justifica, assim, por ser uma área de conhecimento 10.216/02, busca consolidar um modelo de atenção à
que, mais do que diagnosticar e tratar, liga-se à saúde mental aberto e de base comunitária. Isto é,
prevenção e promoção de saúde, preocupando-se em mudança do modelo de tratamento: no lugar do
reabilitar e reincluir o paciente em seu contexto social. isolamento, o convívio com a família e a comunidade.

Garante a livre circulação das pessoas com transtornos


O conceito brasileiro de saúde começou a ser
mentais pelos serviços, comunidade e cidade, e oferece
entendido de forma mais complexa, considerando os
cuidados com base nos recursos que a comunidade
princípios de universalidade, integralidade e equidade
oferece. Este modelo conta com uma rede de serviços
no cuidado à saúde. Esses princípios, contudo,
e equipamentos variados tais como os Centros de
coexistem com abordagens claramente ligadas à antiga
Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços
visão
Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de
Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral meio de uma reforma do “modelo de assistência em
(em Hospitais Gerais, nos CAPS III). O Programa de saúde mental, que necessitava de aprimoramentos, sem
Volta para Casa que oferece bolsas para egressos de perder a essência de respeito à lei 10.216/01”.
longas internações em hospitais psiquiátricos, também
faz parte desta Política. Objetivo 3. Compreender os recursos de cuidado
para a saúde mental na APS (Portaria 3088) e a
Os CAPS são instituições destinadas a acolher os Rede de atenção psicossocial (RAPS).
pacientes com transtornos mentais, estimular sua
integração social e familiar, apoiá-los em suas A Portaria MS nº 3088, de 23/12/2011, institui a Rede
iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes de Atenção Psicossocial-RAPS, no âmbito do SUS
atendimento médico e psicológico. Sua característica para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e
principal é buscar integrá-los a um ambiente social e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool
cultural concreto, designado como seu “território”, o e outras drogas, ampliando e promovendo o acesso da
espaço da cidade onde se desenvolve a vida cotidiana população, de forma a garantir a articulação e
de usuários e familiares. Os CAPS constituem a integração dos pontos de atenção das redes de saúde
principal estratégia do processo de reforma no território, qualificando o cuidado por meio do
psiquiátrica. acolhimento, do acompanhamento contínuo e da
atenção às urgências.
A partir de 2002, novos tipos de CAPS começaram a
ser criados, com o objetivo de atender populações com Diretrizes do RAPS:
necessidades específicas. Assim, foram criados e
1. Respeito aos direitos humanos, garantindo a
incorporados à rede de saúde do SUS os CAPS-I, para
autonomia, a liberdade e o exercício da cidadania
prestar atendimento a crianças e adolescentes, e os
2. Promoção da equidade, reconhecendo os
CAPS-AD, para atender pacientes com problemas
determinantes sociais da saúde
relacionados ao uso de álcool e abuso de substâncias.
3. Garantia do acesso e da qualidade dos serviços,
Em 2006, havia 673 CAPS para adultos e 66 CAPS
ofertando cuidado integral e assistência
especiais para crianças e adolescentes. Em 2014,
multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar
existia um total de 2.209 CAPS, e em 2017 esse
4. Ênfase em serviços de base territorial e
número tinha subido para 2.462.
comunitária diversificando as estratégias de
Uma estratégia especialmente inovadora para a cuidado, com participação e controle social dos
desinstitucionalização foi o programa Volta para Casa, usuários e de seus familiares
criado por meio de uma lei nacional aprovada pelo 5. Organização dos serviços em RAS regionalizada,
Congresso Nacional em 2003. Dentro desse programa, com estabelecimento de ações intersetoriais para
um apoio financeiro poderia ser oferecido a pacientes garantir a integralidade do cuidado
desinstitucionalizados, que tivessem estado internados 6. Desenvolvimento da lógica do cuidado centrado
ininterruptamente durante pelo menos um ano. Além nas necessidades das pessoas com transtornos
desse apoio, a esses pacientes foi também assegurado mentais, incluídos os decorrentes do uso de
o acesso a um programa de gerenciamento de casos substâncias psicoativas.
fornecido pelos CAPS de sua área residencial, Projeto Terapêutico Singular - PTS
incluindo cuidados e apoio na resolução de problemas
de documentação civil. Em 2003, 206 pacientes “É um conjunto de propostas de condutas terapêuticas
haviam sido incluídos no programa. Em 2014, o articuladas, para um sujeito individual ou coletivo,
número havia aumentado para 4.349 pacientes. resultado da discussão coletiva de uma equipe
interdisciplinar, com apoio matricial, se necessário.
A última descrição oficial das mudanças que o Geralmente é dedicado a situações mais complexas.”
governo pretende introduzir na política de saúde
mental vem de uma nota técnica publicada em Pode ser utilizado como uma ferramenta do processo
fevereiro de 2019, na qual se anuncia que as mudanças de integração entre NASF e equipes vinculadas,
previstas têm o objetivo de “tornar a rede assistencial permitindo que, mesmo em situações em que seja
mais acessível, eficaz, resolutiva e humanizada”, por necessária uma intervenção específica do profissional
do NASF, a equipe de referência possa manter a maior importância para o registro dos dados colhidos,
coordenação do cuidado. uma vez que a partir da anamnese é obtida a maior
parte dos aspectos do estado mental do paciente.
1. Diagnóstico: Avaliação e problematização de
aspectos orgânicos, psicológicos e sociais que ANAMNESE
possibilita identificar riscos, vulnerabilidades e
Anamnese e Saúde Mental
potencialidades para a produção de cuidado. Nesta
etapa, a equipe procura compreender como o sujeito A tarefa de avaliar mental e emocionalmente a pessoa
singular, individual ou coletivo, é coproduzido diante não é tão diferente assim de outras tarefas do cotidiano
de distintas forças, como a doença, os desejos, o do médico. A abordagem emocional requer que ele
trabalho, a cultura e a rede social, e sintetizar um não só compreenda os critérios de diagnóstico, mas
consenso operativo sobre quais os problemas que seja capaz de acolher com sensibilidade sinais e
relevantes do ponto de vista dos profissionais de saúde sintomas das pessoas, muitas das quais terão
e dos usuários em questão. dificuldade em relatar uma história clara.

2. Definição de metas: Propostas construídas para A abordagem emocional se traduz pela descrição dos
curto, médio e longo prazo que serão negociadas com sentimentos associados aos fatos, já que o afeto é um
o sujeito doente pelo membro da equipe com quem facilitador para a compreensão e a elaboração do que
tiver um vínculo melhor. está ocorrendo.
➔ Perceber as emoções que estão em jogo.
3. Divisão de responsabilidade: As tarefas de cada ➔ Reconhecer na emoção uma oportunidade de
envolvido devem ser bem definidas. Além disso, compreensão do que está ocorrendo no íntimo da
deve-se identificar um profissional de referência na pessoa, para estabelecimento de uma relação de
Equipe de Saúde da Família ou na de Atenção Básica, confiança com o profissional.
independentemente da formação, para exercer esse ➔ Ouvir com empatia, legitimando os sentimentos.
papel, favorecendo a continuidade do andamento das ➔ Ajudar a pessoa a encontrar as palavras e a
ações acordadas no PTS. Esse será o profissional que o identificar a emoção que está sentindo.
sujeito procurará, caso seja necessário, ou que acionará ➔ Explorar estratégias para solução do problema em
o NASF sempre que precisar. questão.
4. Reavaliação: Momento para discussão da evolução Uma análise aprofundada do motivo da busca do
e acordo de correções, se necessário. atendimento é sempre fundamental, pois fornece pistas
preciosas sobre o contexto do início dos sintomas e do
Apoio Matricial
núcleo psicológico do problema ou do conflito atual.
É a principal ferramenta tecnológica no trabalho do A anamnese em situações de risco (suicídio,
NASF por apresentar tanto ações assistenciais diretas agressão) é mais estruturada e direcionada, visto que
quanto ações técnico-pedagógicas, como a elaboração uma medida terapêutica rápida pode ser necessária. Na
de materiais de apoio, a discussão de casos, os avaliação de pacientes psicóticos, a liberdade
atendimentos conjuntos, dentre outros. Ao realizar exagerada ao discurso do paciente pode dificultar a
matriciamento, a equipe do NASF utiliza as obtenção de uma história adequada. Nesses casos, é
informações da equipe da ESF, buscando sua importante que o médico possa organizar
qualificação para a oferta de apoio às equipes minimamente o pensamento caótico que esses
vinculadas. pacientes muitas vezes apresentam, a fim de conter sua
ansiedade e poder elaborar seu plano terapêutico.
Objetivo 4. Entender como é feita a avaliação
No atendimento de pacientes na rede de atenção
clínica voltada a psiquiatria, anamnese e exame
primária, onde a procura por atendimento médico
de estado mental. (DUNCAN – 1º CAPÍTULO)
pode ter outros objetivos além da avaliação
A entrevista para avaliação de problemas de saúde psiquiátrica, a busca pelo equilíbrio ideal na anamnese
mental pode ser dividida de maneira arbitrária em pode ser particularmente difícil. Em função disso,
anamnese e exame do estado mental, fato esse que tem devem ser utilizadas perguntas ou instrumentos que
auxiliem no diagnóstico dos transtornos psiquiátricos ➔ Uso de medicamentos e realização de
mais frequentes ou de maior impacto no psicoterapias
funcionamento global do indivíduo.
História médica pregressa e revisão de sistemas
Dentro da avaliação de pacientes com suspeita de Questões relevantes:
quadros psiquiátricos, é de grande valor a anamnese ➔ Presença de comorbidades;
objetiva, que consiste na entrevista de um familiar ou ➔ Uso de medicações;
responsável que pode dar informações sobre o padrão ➔ Alergia, efeitos colaterais e reações adversas a
de funcionamento e os sintomas do paciente sob outra medicações;
ótica. Algumas situações psiquiátricas podem ser ➔ Cirurgias;
particularmente não perceptíveis ou egossintônicas ➔ Revisão de sistemas.
(não geram desconforto ao paciente). Nesses casos, a
anamnese objetiva pode ser extremamente reveladora. História familiar
Deve-se ressaltar que dados valiosos também podem Questões relevantes:
ser obtidos por meio de visitas domiciliares ou ainda ➔ Histórico psiquiátrico familiar;
pelo contato com agentes comunitários de saúde ou ➔ Presença de doenças clínicas na família.
com outros profissionais da equipe que podem
História social e de desenvolvimento
conhecer o paciente há mais tempo do que o médico
Questões relevantes:
assistente.
➔ Avaliação de ambiente familiar;
Saúde Mental e Saúde do Corpo ➔ Rede de apoio;
➔ Experiências escolares e profissionais;
Outra importante dificuldade encontrada no ➔ Relacionamentos íntimos e histórico sexual;
atendimento de pacientes com problemas de saúde ➔ Convívio com pessoas significativas
mental graves na atenção primária é a complexidade
aumentada que se configura para esses pacientes. Anamnese em situações de emergência

Isso porque, além dos sintomas psiquiátricos – que Pacientes com quadros psiquiátricos graves
demandam atenção, investigação e manejo emergenciais podem procurar diretamente serviços de
continuados –, essa população continua apresentando emergência, sendo então manejados e talvez
doenças médicas gerais, sendo inclusive bastante internados. No entanto, percebe-se que muitas vezes
conhecida a associação de alguns desses transtornos esses pacientes podem ser encontrados em uma agenda
mentais com problemas clínicos. usual de atendimentos diários em uma unidade básica
A estrutura da anamnese psiquiátrica segue os moldes de saúde.
da entrevista médica geral, com a identificação da Uma vez identificada uma situação de risco, é
queixa principal, busca da história da doença atual, primordial que o paciente não seja deixado sozinho, já
avaliação de históricos psiquiátrico e médico geral, que há risco de fuga ou mesmo de tentativa de suicídio
revisão de sistemas, história familiar, perfil no próprio local de atendimento. Se o paciente estiver
psicossocial e histórico de desenvolvimento. sozinho na consulta, é fundamental o contato imediato
História da doença atual com um familiar ou responsável para o posterior
Questões relevantes: encaminhamento para atendimento em serviço de
➔ Sintomas associados à queixa principal; emergência.
➔ Histórico dos sintomas atuais;
É importante que o médico possa trabalhar com os
➔ Fatores estressores associados;
demais profissionais da equipe de saúde a fim de
➔ Nível de funcionamento atual e pré-mórbido.
dividir tarefas como entrar em contato com familiares,
avisar os demais pacientes da agenda sobre a
História psiquiátrica pregressa
impossibilidade da consulta agendada ou a remarcação
Questões relevantes: desta para outro profissional ou data, acompanhar o
➔ Idade de início dos sintomas paciente, entrar em contato com outros serviços de
➔ Número de episódios e data do último episódio saúde, como unidades de emergência e hospitais, para
➔ Hospitalizações
informações como disponibilidade de vagas e logística ASMOC = Atenção, Sensopercepção, Memória,
de encaminhamento. Orientação, Consciência. Geralmente mais associados
a Síndromes Cerebrais Orgânicas
Anamnese em transtornos de personalidade
PLIAC = Pensamento, Linguagem, Inteligência,
Transtornos de personalidade são problemas altamente Afetividade Conduta. Geralmente mais associados a
prevalentes na população em geral (em torno de 10% Transtornos do Humor e quadros Psicóticos e
em amostras comunitárias), porém pouco identificados Neuróticos.
como de fato um problema a ser tratado. Isso porque
correspondem a padrões de comportamento Objetivo 5. Conhecer as funções psíquicas
profundamente enraizados que acompanham aqueles elementares e suas alterações. (PSIQUIATRIA
acometidos desde a adolescência ou o início da vida BÁSICA – RODRIGUES M. NETO – Ref. que será
adulta – muitas vezes vistos como características cobrada na prova)
pessoais imutáveis pelo paciente, pelos familiares e até
pela própria equipe de saúde. Entretanto, é possível Não existem funções psíquicas isoladas e alterações
percebê-los como transtornos por representarem claro psicopatológicas compartimentalizadas desta ou
desvio em relação ao meio e às expectativas culturais e daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade
também por gerarem sofrimento clinicamente que adoece.
significativo ou prejuízo funcional. CONSCIÊNCIA
EXAME DO ESTADO MENTAL O estado de consciência representa o todo
momentâneo das atividades mentais ou o conjunto dos
O exame do estado mental é a síntese esquemática dos rendimentos psíquicos num dado instante, de acordo
sinais e sintomas que se fazem presentes nos com Jaspers.
transtornos psiquiátricos. É uma avaliação instantânea, ➔ Definição neuropsicológica: estado vigil.
quase fotográfica, do funcionamento mental de um ➔ Definição psicológica: dimensão subjetiva da
indivíduo. Aquilo que, em uma primeira avaliação, é atividade psíquica que se volta para a realidade.
visto de determinada forma, pode estar diferente em ➔ Definição ético-filosófica: Capacidade de
um momento subsequente. tomar ciência dos deveres éticos e assumir
responsabilidades, os direitos e deveres
A realização do exame do estado mental se dá
concernentes a essa ética.
mediante avaliação de diversos itens pré-especificados.
Entretanto, não há forma exata de aplicação, sendo a Alterações quantitativas da Consciência:
descrição final do exame composta pela observação 1. Obnubilação (turvação da consciência):
direta da aparência e do comportamento do paciente, Rebaixamento em grau leve e moderado, de difícil
por informações extraídas durante a anamnese e, diagnóstico.
muitas vezes, por dados coletados com acompanhantes 2. Topor: Sentimento de mal-estar caracterizado pela
do paciente – mais comumente familiares. diminuição da sensibilidade e do movimento;
entorpecimento, estupor, insensibilidade.
Encaminhamento de transtornos de personalidade ao
Indiferença ou apatia, indolência, prostração.
especialista:
3. Sopor: Estado marcante de turvação, com
➔ Múltiplas comorbidades psiquiátricas;
incapacidade de ações espontâneas.
➔ Dúvida diagnóstica;
4. Coma: Grau mais profundo de rebaixamento, sem
➔ Transtorno grave por uso de substância;
qualquer atividade voluntária consciente.
➔ Incapacidade da equipe em manejar o paciente;
➔ Sintomas sugestivos de risco de suicídio; Síndromes psicopatológicas associadas:
➔ Problemas graves de autocontrole. ➔ Delirium: Rebaixamento leve a moderado do nível
de consciência, acompanhado de desorientação
Elementos do Exame do Estado Mental: ASMOC
temporo-espacial, dificuldade em concentrar-se,
PLIAC
perplexidade, ansiedade em graus variados,
agitação ou lentificação psicomotora, ilusões e/ou
alucinações, quase sempre visuais.
➔ Estado onírico: Semelhante a um sonho muito (hipovigilância). Isso acontece pelo fato de o indivíduo
vívido, com atividade alucinatória visual intensa e estar em depressão grave, muitas vezes voltado
grande carga emocional. Comum nas psicoses totalmente para si, concentrado em conteúdos de
tóxicas, síndromes de abstinência e quadros febris fracasso, doença, culpa, pecado, ruína, etc. Em
tóxico-infecciosos. pacientes deprimidos, o desempenho prejudicado em
➔ Amência: Quadros mais ou menos intensos de tarefas de atenção constante é, de modo geral,
confusão mental, com excitação psicomotora, proporcional à gravidade do estado depressivo. A
incoerência do pensamento, perplexidade e atenção seletiva sensorial é geralmente menos afetada.
sintomas alucinatórios oniróides. Atualmente tais
quadros são chamados de delirium. Alterações Da Atenção:
➔ Síndrome do cativeiro: Paciente aparentemente ➔ Hipoprosexia: Diminuição global da atenção, com
não responsivo, em virtude de lesões em perda básica da capacidade deconcentração, e
determinadas áreas do cérebro. fadigabilidade aumentada, dificultando a
percepção de estímulos ambientais e a
Alterações qualitativas da consciência: compreensão.
➔ Estados crepusculares: Estreitamento transitório do ➔ Aprosexia: Total abolição da capacidade de
campo da consciência que surge e desaparece atenção, por mais fortes e variados que sejam os
abruptamente, com preservação da atividade estímulos.
psicomotora global mais ou menos coordenada, ➔ Hiperprosexia: Estado de atenção exacerbada,
podendo durar horas ou algumas semanas. com surpreendente infatigabilidade.
➔ Dissociação da consciência: Perda da unidade ➔ Distração: Sinal de superconcentração ativa da
psíquica comum a partir da divisão ou atenção sobre determinados conteúdos ou objetos,
fragmentação do campo da consciência. com inibição de tudo o mais (hipertenacidade e
➔ Transe: Estado de dissociação que se assemelha a hipovigilância).
um sonho acordado e dele difere pela presença de ➔ Distraibilidade: Estado patológico onde existe a
atividade motora automática e estereotipada. Ocorre instabilidade marcante e mobilidade acentuada da
geralmente em contextos religioso-culturais. atenção voluntária, com dificuldade ou
Diferente do transe histérico. incapacidade para se fixar ou se manter em
➔ Estado hipnótico: Estado de consciência reduzida e qualquer coisa que implique esforço produtivo.
estreitada e de atenção concentrada, que pode ser
induzido por outrem. Não há nada de místico ou ORIENTAÇÃO
paranormal no hipnotismo.
Pode ser definida como “a capacidade de situar-se
ATENÇÃO quanto a si mesmo e ao ambiente”, sendo sua
avaliação um instrumento para a verificação de
Na psicologia contemporânea da atenção atualmente, perturbações da consciência . A orientação pode ser:
subdivide-se a atenção em quatro aspectos básicos: ➔ Autopsíquica: Orientação do indivíduo em relação
1. Capacidade e foco de atenção; a si mesmo (nome, idade, profissão, etc).
2. Atenção seletiva; ➔ Alopsíquica: Capacidade de orientar-se em relação
3. Seleção de resposta e controle executivo; e ao mundo, em termos de tempo (orientação
4. Atenção constante ou sustentada. temporal, que se caracteriza por ser mais
sofisticada e tardia no desenvolvimento do
Transtornos do humor (depressão e transtorno bipolar), indivíduo) e espaço (orientação espacial).
transtorno obsessivo-compulsivo(TOC), esquizofrenia
e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade Alterações Da Orientação
(TDAH) são os que mais apresentam alterações da Geralmente a desorientação ocorre primeiro quanto ao
atenção. Nos quadros depressivos, geralmente há tempo, só depois influenciando na orientação quanto
diminuição geral da atenção. Em alguns casos graves, ao espaço e a si mesmo, na medida em que o
ocorre a fixação da atenção em certos temas transtorno se agrava. Existem vários tipos de
depressivos (hipertenacidade), com rigidez e alguma desorientação:
diminuição da capacidade de mudar o foco da atenção
➔ Desorientação por redução do nível de consciência A conservação (retenção) depende de repetição e
(ou Desorientação torporosa ou confusa), ocorre associação com outros elementos. A evocação é a
pela turvação da consciência e produz alterações na capacidade de recuperar e atualizar os dados fixados,
atenção, na concentração e na capacidade de enquanto o esquecimento é a impossibilidade de
integração dos estímulos ambientais. Mais comum. evocar e recordar. Pode-se dividir o processo temporal
➔ Desorientação por déficit de memória imediata e de aquisição e evocação dos elementos mnêmicos em
recente (ou Desorientação amnéstica), onde há 3 fases:
dificuldades em fixar informações ambientais 1. Memória imediata ou de curtíssimo prazo
básicas, com consequente perda de noção do fluir (confunde-se com a atenção)
do tempo e do deslocamento no espaço 2. Memória recente ou de curto prazo (capacidade
(desorientação temporo-espacial) limitada)
➔ Desorientação demencial, com perda da memória 3. Memória remota ou de longo prazo (capacidade
de fixação e déficit cognitivo em vários aspectos. ampla).
➔ Desorientação apática ou abúlica, provocada pelo O esquecimento é o oposto da evocação e se dá por 3
desinteresse profundo, geralmente nas depressões vias;
graves. 1. Normal, fisiológico - por desinteresse ou desuso;
➔ Desorientação por déficit intelectual (anterior mente 2. Por repressão (Freud) – quando se trata de
chamada de desorientação oligofrênica). material desagradável ou pouco importante;
➔ Desorientação por dissociação. 3. Por recalque (Freud) – conteúdos mnêmicos
➔ Desorientação delirante. emocionalmente insuportáveis banidos da
➔ Desorientação por desagregação. consciência.
➔ Desorientação quanto à própria idade “Em relação ao processo temporal de aquisição e
evocação de elementos mnêmicos, a neuropsicologia
MEMÓRIA moderna divide a memória em quatro fases ou tipos:
1. Memória imediata ou de curtíssimo prazo (de
Definição: Capacidade de registrar, manter e evocar poucos segundos até 1 a 3 minutos).
fatos já ocorridos, relacionando-se estreitamente com o 2. Memória recente ou de curto prazo (de poucos
nível de consciência, a atenção e o interesse afetivo. minutos até 3 a 6 horas).
Serve de suporte para a inteligência. Podem ser 3. Memória remota ou de longo prazo (de meses até
identificados os seguintes tipos no campo do estudo da muitos anos).
memória biológica e humana: genética, imunológica e
cognitiva (psicológica). Composta pelas fases de São quatro os principais tipos de memória que
a) percepção, registro e fixação; correspondem a estruturas cerebrais diversas. Esses
b) retenção e conservação; tipos são, atualmente, as principais formas de
c) reprodução e evocação. Cultural. memória de interesse à semiologia neurológica,
psiquiátrica e neuropsicológica. São eles:
Afixação depende de: 1. Memória de trabalho
➔ Do nível de consciência e estado geral do 2. Memória episódica
organismo; 3. Memória semântica
➔ Da atenção (global e concentrada); 4. Memória de procedimentos.
➔ Da sensopercepção preservada;
➔ Do interesse e colorido emocional relacionado ao Alterações quantitativas da memória:
conteúdo, bem como da vontade e afetividade; ➔ Hiperminésias
➔ Do conhecimento anterior; ➔ Amnésias (ou hipomnésias) – perda da capacidade
➔ Da capacidade de compreensão; de fixar ou de manter e evocar antigos conteúdos.
➔ Da organização temporal das repetições; Podem ser psicogênicas ou orgânicas.
➔ Dos canais sensoperceptivos envolvidos (quanto ➔ Amnésia anterógrada (perda das lembranças
maior o número de canais sensoriais, mais eficiente relativas ao período pós-trauma/dano cerebral,
a fixação. bem como dificuldade para fixar elementos a
partir daí) - De origem neurológica, afetando a
capacidade de fixação.
➔ Amnésia retrógrada - perda dos fatos ocorridos 5. Paixões: Estado afetivo intenso, que domina a
antes do início da doença. atividade psíquica como um todo.
Alterações qualitativas da memória (paramnésias):
➔ Deformações no processo de evocação dos Reação Afetiva: A vida afetiva ocorre sempre em um
conteúdos mnêmicos fixados. contexto de relações do eu com o mundo e com as
➔ Ilusões mnêmicas (acréscimo de elementos falsos pessoas, variando de um momento para o outro na
a um núcleo verdadeiro) - comuns na medida em que os eventos e as circunstâncias da vida
esquizofrenia, paranoia, histeria grave e se sucedem. A afetividade caracteriza-se
transtornos de personalidade. particularmente por sua dimensão de reatividade.
➔ Alucinações mnêmicas (criações imaginativas Neste sentido, temos duas importantes dimensões de
com a aparência de lembranças e que ser vem para resposta ou reação afetiva do indivíduo:
a for mação do delírio) – associadas à 1. Sintonização afetiva – Capacidade de o IO ser
esquizofrenia e ou traspsicoses funcionais. influenciado afetivamente por estímulos externos.
➔ Fabulações - elementos da imaginação preenchem 2. Irradiação afetiva – Capacidade que o IO tem de
lacunas de memória produzidas por déficit de transmitir, irradiar ou contaminar os outros com seu
fixação, não existindo intenção em mentir. estado afetivo momentâneo.
➔ Criptomnésias –falseamento da memória, onde as Na condição de rigidez afetiva estas duas dimensões
lembranças aparecem como fatos novos. No ficam comprometidas.
Alzheimer, por exemplo. Alterações patológicas da afetividade:
➔ Ecmnésia (ou visão panorâmica da vida) ➔ Alterações Do Humor: Os dois pólos básicos das
–recapitulação e revivência intensa, abreviada e alterações de humor são o depressivo ou
panorâmica da existência, de modo alucinatório. hipotímico (sendo a hipotimia a base de toda
➔ Lembrança obsessiva (ou “ideia fixa” ou síndrome depressiva) e o maníaco ou hipertímico
“representação prevalente”). (humor patologicamente alterado no sentido da
Os transtornos de reconhecimento podem ser divididos exaltação e da alegria ).
em: ➔ Distimia: Alteração básica do humor, tanto no
1. Agnosias – de origem essencialmente cerebral; sentido da inibição quanto no da exaltação. Difere
2. Associados a transtornos psiquiátricos – sem base do transtorno distimia, que é um transtorno
orgânica definida, geralmente classificados como depressivo leve, de acordo com o CID-10 e o
falso reconhecimento ou falso desconhecimento. DSM-IV.
➔ Humor triste e ideação suicida: Frequentemente
AFETIVIDADE relacionado com o humor depressivo, quando
acompanhado de desesperança e angústia.
É um termo genérico utilizado para designar várias ➔ Disforia: Distimia que se acompanha de uma
modalidades de vivências afetivas, como o humor, as tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada.
emoções e os sentimentos. Todas as vivências Depressão disfórica ou mania disfórica são
humanas recebem cor, brilho e calor da dimensão quadros de depressão ou mania acompanhados de
psíquica vida afetiva. A observação do estado afetivo um forte componente de irritação, amargura,
também inclui as repercussões fisiológicas mais desgosto ou agressividade
evidentes (rubor, sudorese, palidez, secura da boca, ➔ Euforia ou alegria patológica: Estado de alegria
dispneia, etc.). intensa e desproporcional às circunstâncias; humor
Os cinco tipos básicos de vivências afetivas são: morbidamente exagerado.
1. Humor ou estado de ânimo: Tônus afetivo ➔ Elação: Alegria intensa com a expansão do eu, ou
2. Emoções: Reações afetivas agudas, acompanhadas seja, uma sensação subjetiva de grandeza e de
de reações somáticas. poder.
3. Sentimentos: Estados e configurações afetivas ➔ Puerilidade: Alteração de humor que se
estáveis. caracteriza por seu aspecto infantil, simplório,
4. Afetos: Qualidade e tônus emocional que “regredido”, geralmente presente nas hebifrenias,
acompanham uma ideia, dando a elas “colorido”. quadros histéricos, personalidades imaturas e
pessoas com déficit intelectual.
➔ Moria: Alegria muito pueril, ingênua, “boba”, ➔ Embotamento afetivo e devastação afetiva –Perda
presente em pessoas com lesões extensas dos profunda de todo tipo de vivência afetiva,
lobos frontais, deficientes mentais e quadros observável pela mímica, postura e atitude do
demenciais acentuados. paciente. Ocorre em alguns tipos de esquizofrenia.
➔ Êxtase: Experiência de beatitude, sensação de ➔ Sentimento de falta de sentimento – vivência da
dissolução doeu no todo, de compartilhamento incapacidade de sentir emoções, experimentada de
íntimo do estado afetivo interior com o mundo forma penosa pelo paciente.
exterior. Frequentemente associado a experiências ➔ Anedonia – incapacidade total ou parcial de obter
religiosas ou místicas (perdendo o caráter e sentir prazer com determinadas experiências e
psicopatológico, neste contexto), ou presentes em atividades da vida. Sintoma central dos quadros
condições psicopatológicas da esquizofrenia, na depressivos, podendo ocorrer também nos quadros
mania ou transehistérico. esquizofrênicos crônicos, em transtornos de
➔ Irritabilidade patológica: Hiper-reatividade personalidade e em formas graves de neuroses.
desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a ➔ Labilidade afetiva e incontinência afetiva – são
estímulos do meio exterior. Presente nos quadros estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e
orgânicos, nas síndromes depressivas, nos quadros imotivadas de humor, sentimentos ou emoções. Na
maníacos, nas síndromes ansiosas e na incontinência, o IO não consegue conter de forma
esquizofrenia. Existe a irritabilidade secundária, alguma as suas reações afetivas,sendo suas
associada à vivências psicóticas ou neuróticas. respostas geralmente desproporcionais aos
➔ Ansiedade: Estado de humor desconfortável, uma estímulos (mesmo aos apropriados ). Podem
apreensão negativa em relação ao futuro, uma ocorrer nos quadros de depressão ou mania, em
inquietação intensa desagradável, que inclui estados graves de ansiedade e na esquizofrenia, ou
manifestações somáticas e fisiológicas (dispneia, mesmo em quadros psicorgânicos (encefalites,
taquicardia, sudorese, tontura, etc.), bem como tumores cerebrais, doenças degenerativas, etc.)
manifestações psíquicas (apreensão, inquietação ➔ Ambivalência afetiva –termo cunhado por Breuler
interna, desconforto mental, etc). para descrever sentimentos opostos em relação ao
➔ Angústia: Sensação de aperto no peito e na mesmo estímulo ou objeto, que ocorrem de modo
garganta, decompressão e sufocamento. Com absolutamente simultâneo, geralmente nos
conotação mais corporal e mais relacionada ao quadros esquizofrênicos.
passado. Tipo de vivência mais “pesada”, do ➔ Neotimia – designação para sentimentos e
ponto de vista existencial. experiências afetivas inteiramente novas,
➔ Medo: Refere-se a um objeto mais ou menos vivenciada por pacientes em estado psicótico.
preciso (o medo é sempre medo de algo). Afetos estranhos e bizarros.
➔ Medo – não é uma emoção patológica, mas algo
Alterações Das Emoções E Dos Sentimentos: universal dos animais superiores e do homem,
➔ Apatia – diminuição da excitabilidade emotiva e caracterizado por progressiva insegurança e
afetiva. O paciente torna-se hiporreativo, isto é, angústia, impotência e invalidez crescentes, ante à
para eles “tanto faz quanto tanto fez” para tudo na impressão iminente de que sucederá algo que
vida. Próprio dos quadros depressivos. queríamos evitar.
➔ Hipomodulação do afeto – incapacidade de ➔ Fobias – medos determinados
modular a resposta afetiva de acordo com a psicopatologicamente, desproporcionais e
situação existencial. incompatíveis com as possibilidades de perigo real
➔ Inadequação do afeto ou paratimia – reação oferecidas pelos desencadeantes, chamados de
totalmente incongruente a situações existenciais objetos ou situações fobígenas. No IO fóbico o
ou a determinados conteúdos ideativos. contato com os objetos ou situações fobígenas
➔ Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo desencadeia intensa crise de ansiedade. As fobias
–perda progressiva e patológica das vivências podem ser: simples, social, agorafobia,
afetivas, comum nas síndromes psicorgânicas, nas claustrofobia.
demências e em algumas formas de esquizofrenia.
➔ Pânico – reação de medo intenso, de pavor, 1. É realizado sem fase prévia de intenção, deliberação
relacionada geralmente ao perigo imaginário de e decisão.
morte iminente, descontrole ou desintegração. 2. É realizado, de modo geral, de forma egossintônica.
O indivíduo não percebe tal ato como inadequado, não
VONTADE tenta evitá-lo ou adiá-lo. O ato impulsivo
frequentemente não é contrário aos valores morais e
desejos de quem o pratica.
A vontade é uma dimensão complexa da vida mental, 3. É geralmente associado a impulsos patológicos, de
relacionada intimamente à esfera instintiva e afetiva, natureza inconsciente, ou à incapacidade de tolerância
assim como à esfera intelectiva (avaliar, julgar, à frustração e necessária adaptação à realidade
analisar, decidir) e ao conjunto de valores, princípios, objetiva. Da mesma forma, o indivíduo dominado pelo
hábitos e normas socioculturais do IO. ato impulsivo tende a desconsiderar os desejos e as
O ato volitivo (ato de vontade) é traduzido pelas necessidades das outras pessoas”.
expressões típicas do “eu quero” ou “eu não quero”, Ato compulsivo: O ato compulsivo ou compulsão,
que caracterizam a vontade humana. O ato volitivo se caracteriza-se por ser “reconhecido” pelo indivíduo
dá como um processo, o chamado processo volitivo, como “indesejável e inadequado, assim como pela
no qual se distinguem quatro etapas ou momentos tentativa de refreá-lo ou adiá-lo. A compulsão é
fundamentais e geralmente cronologicamente geralmente uma ação motora complexa que pode
seguidos: envolver desde atos compulsivos relativamente
➔ A fase de intenção ou propósito; simples, como coçar-se, picar-se, ar ranhar-se, até
➔ A fase de deliberação; rituais compulsivos complexos, como tomar banho de
➔ A fase de decisão propriamente dita; forma repetida e muito ritualizada, lavar as mãos e
➔ A fase da execução. secar-se de modo estereotipado, por inúmeras vezes
O ato de vontade pautado por estas quatro etapas é seguidas, etc.”
denominado ação voluntária.
Os atos e os rituais compulsivos apresentam as
Alterações Da Vontade seguintes características:
➔ Hipobulia/abulia “Pacientes com hipobulia/abulia 1. Há a vivência frequente de desconforto subjetivo
apresentam diminuição ou até abolição da atividade por parte do indivíduo que realiza o ato compulsivo.
volitiva. O indivíduo refere que não tem vontade 2. São egodistônicos, isto é, experienciados como
para nada, sente-se muito desanimado, sem forças, indesejáveis, contrários aos valores morais e anseios
sem “pique”. Geralmente, a hipobulia/abulia de quem os sofre.
encontra-se associada à apatia (indiferença afetiva), 3. Há a tentativa de resistir (ou pelo menos adiar) a
à fadiga fácil, à dificuldade de decisão, tão típicas realização do ato compulsivo.
dos depressivos graves” 4. Há a sensação de alívio ao realizar o ato
➔ Hipobulia, uma fraqueza, diminuição no desejo, compulsivo, alívio que logo é substituído pelo retorno
falta de vontade e de energia; do desconforto subjetivo e pela urgência em realizar
◆ Atos impulsivos, são atos súbitos, novamente o ato compulsivo.
incoercíveis e incontroláveis; 5. Ocorrem frequentemente associados a ideias
◆ Atos compulsivos, primeiro pode haver luta obsessivas muito desagradáveis, representando, muitas
ou resistência em executar um ato, mas com vezes, tentativas de neutralizar tais pensamentos”.
falha nessa tentativa o ato é feito de forma
frequente, ritualizado e para aliviar
sofrimento.

Ato impulsivo: Ato impulsivo representaria um “curto


circuito” no processo volitivo, ocorrendo a supressão
(“um pulo”) nas etapas de intenção à execução. Suas
características:

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