RevistaCREA 29 04 Web
RevistaCREA 29 04 Web
RevistaCREA 29 04 Web
v. 25, n. 71,
Primeiro trimestre
de 2021
PRESIDENTE
Eng. Agrimensor Joseval Costa Carqueija
CHEFE DE GABINETE
João Bosco Ramalho
DIRETORIA
1ª Vice-Presidente: Geógrafa Aline Correia da Silva
2º Vice-Presidente: Eng. Civil Diogenes Oliveira Senna
1ª Diretora Administrativa: Eng. Eletr. Cristina de Abreu Silveira
2º Diretor Administrativo: Eng. de Seg. Marcelo da Silva Miranda
1ª Diretora Financeira: Eng. Florestal Izabel Cristina Ceron de Paula
CONSELHO EDITORIAL
Vanessa Costa – Coordenadora de Comunicação
Olá, profissionais, Ubiratan Félix – Engenharia Civil
Jorge da Silva Júnior – Agronomia
Chegamos ao final de mais um trimestre desafiador para todos. Segundo João Ramalho – Engenharia de Segurança do Trabalho
os especialistas, o período mais letal neste último ano difícil marcado pela Leonardo Cotrim – Engenharia Mecânica
pandemia da Covid-19. Aline Correia – Agrimensura
Luiz Rogério Bastos – Geologia e Minas
Além das imensas dificuldades impostas pelo isolamento e seus impactos Eduardo de Brito – Engenharia Elétrica
sanitários, a economia nacional também nos deu sinais de fadiga e crise Édler Lins – Engenharia Química
neste trimestre. Supervisão de Jornalismo
É a partir dessa crise, simbolizada pelo anúncio da saída da Ford do país, que Nadja Pacheco
esta edição da Revista do Crea-BA propõe um olhar crítico e de cobrança Elaboração
sobre quais caminhos precisamos adotar para superar o momento. Comunicativa Associados
A matéria de capa traz análises de diversos especialistas sobre o que o Redatores
nosso estado precisa fazer para superar o vácuo deixado pela paralisação Lívia Montenegro, Lugana Olaiá,
Moisés Brito e Vivianne Ramos
da Ford, venda da RLAM e ociosidade do Estaleiro Enseada do Paraguaçu.
Revisão
Para celebrar o poder e espaço conquistado pelas mulheres, algumas matérias Moisés Brito
trazem o protagonismo feminino como pauta. Primeiro, mostramos os
avanços da presença feminina dentro do Sistema Confea/Crea, depois Impressão
Gráfica Edigráfica
apresentamos as ações da Associação Feminina de Engenharia, Agronomia
e Geociências, primeira entidade inteiramente feminina do sistema. Por fim, Projeto gráfico
Autor Visual/Perivaldo Barreto
celebramos a primeira mulher eleita como coordenadora do Crea Júnior.
Todas, vitórias simbólicas e importantes para todos nós. Diagramação
Carla Piaggio Design
Artigos, entrevistas e reportagens ainda discutem temas relevantes para o
nosso mercado, como a automação predial, as novas diretrizes curriculares
dos cursos de Engenharia e as dificuldades de implantação na educação
baiana, regularização fundiária e o marco regulatório da matriz energética
brasileira.
Tudo isso para levar informação de alto nível, com temas de interesse para Nosso endereço
Av. Professor Aloisio de Carvalho Filho, 402, Engenho Velho de Brotas
o nosso ecossistema profissional.
CEP: 40243-620 – Salvador/Bahia
Boa leitura! Tels.: (71) 3453-8989/Telecrea: (71) 3453-8990
E-mail: [email protected]
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Joseval Carqueija
Engenheiro agrimensor, empresário e presidente do Crea-BA As opiniões emitidas nas matérias e artigos
são de total responsabilidade de seus autores.
Trimestral
34
Presença Feminina
Cresce o número de mulheres na engenharia
37
Nanotecnologia
Biofertilizante é criado para ajudar o agronegócio
41
07 13 Mobilidade
BRT e VLT/Monotrilho prometem melhorar a vida
Programa Mulher Entrevista dos baianos
Ação garante o aumento da participação feminina Regularização fundiária e atual cenário no País
30 48
resumidas ou adaptadas ao espaço da revista.
12
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Artigo Profissões Eventos on-line são alternativa para reunir
Automação predial e o gerenciamento inteligentes Engenharia Ambiental: A engenharia do futuro especialistas
Edição on-lineno
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ou no aplicativoCrea-BA.
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CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 5
#MENSAGEM DO PRESIDENTE #MULHERES NO SISTEMA
FORMATOS DA ENGENHARIA
foi tão acertado como este ano, frente às mudanças
causadas pela pandemia da COVID-19. As pessoas e
instituições buscam estabelecer caminhos de nor-
malidade. Mesmo com a dor da perda de mais de
trezentas mil pessoas, dentre elas vários baianos.
E
O momento é difícil, mas não podemos perder a esperança e acreditar na nossa
Bahia de bons ventos, que geram energia. Da potência da nossa agricultura, que m 2019 nasceu a AFEAG
responde por grande parte do PIB nacional. Da diversidade da nossa produção – Associação Feminina de
mineral e também das riquezas extraídas das nossas águas. Razões não faltam Engenharias, Agronomia
para confiar na superação desta crise com desenvolvimento tecnológico e mer- e Geociências, na Bahia
cado para os profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências.
e em Minas Gerais, sen-
No contexto atual, o Sistema terá papel fundamental: o de se colocar como por-
do a primeira entidade feminina
tas de entrada para que profissionais e sociedade sejam acolhidos em diferentes
sentidos. Precisamos considerar o Conselho como caixa de ressonância da aten- do Sistema Confea/Crea/Mútua,
ção e cuidado, além da projeção de diálogos estratégicos para repensarmos a so- com o objetivo de dar visibilidade
ciedade nas etapas “com” e “pós” COVID-19. aos trabalhos realizados por mu-
Se nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, agora é o momento lheres nessas áreas. Atualmente,
de reafirmarmos o papel do Crea-BA para o desenvolvimento do nosso Estado e a associação enfrenta o desafio
quero contar o apoio de todos e todas nessa jornada. de realizar um trabalho social de
formação cultural para jovens mu-
lheres, reforçando as oportunida-
Joseval Costa Carqueija
Engenheiro agrimensor, casado, pai de duas meninas, nascido
des nas profissões de engenheira,
em Salvador, sua família é de Maragogipe mas ele reside no geóloga ou agrônoma, e desmis-
Oeste da Bahia, em Barreiras, desde 2007, onde atua profis- tificando outras áreas de atuação
sionalmente, como autônomo e empresário. No agronegócio
há 12 anos, colabora com o desenvolvimento da atividade, há que podem e devem ser ocupadas
08 anos também atua na implantação de parques eólicos na também por elas.
Bahia, Pernambuco e Paraíba. No Sistema Confea/Crea é res-
ponsável pela criação do CreaJr em 2011, já foi diretor admi-
nistrativo do Crea-BA, conselheiro, diretor geral da Mútua-BA,
coordenador nacional da Câmara de Agrimensura do Confea,
Foto: Divulgação
ss
As engenheiras que faziam parte do “A igualdade de gênero começa a apare-
oa
l
sistema, sentiam a necessidade de que cer quando as mulheres decidem fazer
o espaço no conselho tivesse maior re- o movimento de defender a inserção e F ot
o:
Ac
er
vo
O feminino traz mais harmonia
presentatividade feminina. Hoje as mu- valorização das profissionais da área”,
em muitas questões e o caminho
p e
ss
oa
l
sionais na Bahia cadastrados no siste-
ma. A engenheira civil, Rute Carvalhal,
“Quando o Conselho Federal trouxe os
debates da ONU e implantou na Bahia
é natural. Me sinto honrada em
que hoje é representante da Associação
Brasileira de Engenheiros Civis e é atu-
o Programa Mulher, nós percebemos atuar neste meu terceiro mandato
que existe um caminho se abrindo para
almente a única mulher que ocupou o a nossa atuação seguir como referên- como conselheira, gosto muito
cargo de Coordenadora da Câmara de cia. Entre os 17 objetivos existe a igual-
Engenharia Civil da Bahia, exercendo dade de gênero nas instituições e nós do que a minha experiência
agora o quarto mandato.
Para Rute, a presença feminina ain-
estamos contempladas”, destaca Rute.
Rute defende que “qualquer mulher que
profissional de 40 anos agrega
da reque um esforço grande, já que as cursou engenharia é capaz, tanto quan- e contribui com o sistema.
profissionais não se sentem acolhidas to os homens de exercer a profissão, A participação
no Conselho Federal. A organização da fazer a diferença, defender a socieda- Cristina Abreu, diretora administrativa do Crea-BA
AFEAG tem sua base na necessidade de e valorizar suas atuações enquanto feminina é
das mulheres de serem ouvidas, como
um grupo potente dentro do sistema.
profissionais”.
Segundo Aline Correia, vice-presidente
importante não só preparada para as ações e atividades No entanto, vale ressaltar a importância essa representação se torne mais evi-
do Crea, “O conselho do Sistema Con- por uma questão que surgem”. E a conselheira reforça o dessas profissionais garantirem capaci- dente no Confea. Acredito que a com-
fea/Crea historicamente é composto recado para as jovens mulheres estu- dade técnica, bom relacionamento com ponente feminina traz mais equilíbrio e
F ot
o:
Ac
er
vo
por maioria masculina. Nos últimos de fomentar a dantes, “se possível aproveitem todos os colegas, espírito competitivo para ajuda a reforçar obrigações com a socie-
anos vem aumentando a presença fe-
igualdade de os momentos para aprenderem, porque crescer na empresa e ter interesse em dade, validar a formação humana na en-
p e
ss
minina, principalmente a nível regio- o conhecimento é essencial. É preciso gestão recursos financeiros, RH e estar genharia, se ocupando de preservação e
oa
l
A mulher tem
e
da plenária no Confea na Coordenado-
seus ambientes
ss
adaptar todo o contato com o cliente
oa
l
ria de Câmaras Especializadas de Enge-
competência nharia Florestal e atualmente, representa
de trabalho,
como diretora algumas entidades além online e estamos avançando em
para ocupar enriquecendo
da AFEAG. São elas: a Associação dos En-
tecnologia. É essencial se qualificar
qualquer espaço genheiros do Oeste da Bahia, a Associa-
os debates e,
ção dos Engenheiros Florestais do Estado
e divulgar bem o seu trabalho para
que ela quiser. da Bahia e a Associação dos Engenheiros
consequentemente,
Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães, mostrar ao mundo quem você é.
Rute Carvalhal,
Coordenadora da Câmara de
residência atual de Izabel, onde ela foi a
primeira engenheira florestal a se cadas- as ações Izabel Ceron,, diretora da AFEAG, diretora e conselheira no Crea-BA, representante da plenária
no Confea na Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal, diretora da
Engenharia Civil da Bahia e
representante da Associação
trar no Crea-BA pelo município.
desenvolvidas. Associação dos Engenheiros do Oeste da Bahia, da Associação dos Engenheiros Florestais do
Brasileira de Engenheiros Civis Izabel afirma que “mesmo com desa- Estado da Bahia e da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães
fios, o campo da engenharia florestal Aline Correia
Correia,
vice-presidente do Crea-BA
não tem gênero, basta apenas estar
8 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 9
#CREA JR CREA JR
COORDENADORA
bertas pelo Sistema Confea/Crea podem
participar do Crea Júnior, seja como as-
sociado ou como colaborador, em car-
gos como Coordenador, Representan-
te de Instituição de Ensino Superior e
D
ponível na bio do Instagram oficial do
programa (@creajrba) e no Facebook
epois de cinco coordenadores, em 2021, o Crea Júnior terá sua (CREAjr Bahia).
Segunda reunião de alinhamento
primeira coordenadora eleita. A estudante Layla Costa, graduanda Dois bons exemplos de projetos desen-
em Engenharia Civil, cumprirá seu mandato até o final desse ano volvidos pelo Crea Júnior são o Multi-
ao lado de outros quatro coordenadores (veja box), que vão dirigir a plica, que acontece simultaneamente Benefícios para os associados
entidade com 3.559 associados e 116 colaboradores ativos. em todos os núcleos da Bahia, contan-
do com palestras, visitas técnicas e Ficou curioso para saber o que mais o Crea Júnior oferece aos associados? Fica ligado!
ações sociais; e o Changemakers, pau- • Atividades que promovem o desenvolvimento pessoal e profissional, exemplos:
“O foco da minha gestão será o alinha-
mento e aproximação do programa com
Conquista. “No primeiro trimestre o foco
do programa é na prospecção e capaci-
Networking tado nos Objetivos de Desenvolvimen-
to Sustentável da ONU (Organização
palestras, minicursos, congressos, workshops, entre outros.
• Ações sociais: como doação de sangue, entrega de alimentos e produtos de lim-
o Conselho e a reestruturação dos nú- tação dos novos colaboradores, através A relação entre estudantes universi- das Nações Unidas). “Destacaria a in- peza, apoio a entidades sociais entre outros.
cleos, que foram impactados com a pan- do processo seletivo e eleitoral, além tários e o mercado de trabalho sempre terdisciplinaridade dos projetos pro- • Visitas técnicas: as visitas possibilitam contato direto com a área de atuação
demia”, avalia Layla. do planejamento inicial das atividades é cheia de expectativas, desafios e no- movidos, além de serem totalmente escolhida pelo estudante, além de ser um momento de conhecimento prático e
Os núcleos citados por Layla estão lo- externas, como, por exemplo, a apre- vidades. Fazer uma transição segura gratuitos e pensados para auxiliar no de networking.
calizados nas cidades de Barreiras, Cruz sentação do programa para turmas de depende de vários fatores e o principal, desenvolvimento das habilidades téc- • Descontos em parceiros: parcerias com extensões estudantis que ofereçam con-
das Almas, Feira de Santana, Juazeiro, Engenharias e Geociências no retorno sem dúvida, é a rede de relacionamen- nicas e não-técnicas dos nossos asso- dições diferenciadas aos colaboradores e associados ao programa.
Itabuna, Ilhéus, Salvador e Vitória da às aulas”, detalha a nova coordenadora. tos que se constrói. Uma das melhores ciados”, pontua Costa.
Conheça os
sc sc sc sc sc
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Cr Cr Cr Cr Cr
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coordenadores
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A
A
do Crea Júnior
Layla Costa, Coordenadora Estadual Luan Oliveira, Coordenador Estadual Adjunto Filipe Santos, Coordenador Lisandra Carmo, Coordenadora Peterson Andrade, Coordenador
Graduanda em Engenharia Civil Graduando em Bacharelado em Estadual de Projetos Estadual de Comunicação Estadual de Desenvolvimento
[email protected] Ciências Exatas e Tecnológicas Graduando em Engenharia Química Graduanda em Engenharia Ambiental Graduando em Engenharia de Controle e Automação
[email protected] [email protected] [email protected] [email protected]
10 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 11
#ARTIGO Foto: Soraia Carvalho
#ENTREVISTA
S
implificação de pro-
cessos. Maior segu-
rança e economia.
Conforto às pessoas.
No meu entendimento,
Essas são algumas a regularização
das vantagens do uso da au-
tomação predial, que permite
fundiária é um
a execução de rotinas e tarefas dos principais
de forma autônoma por meio
da utilização de dispositivos
requisitos para o
computacionais, elétricos e ele- desenvolvimento
trônicos. Um bom exemplo disso
é o Salvador Bahia Airport, inte-
socioeconômico e
grante da rede VINCI Airports, ambiental sustentável
que hoje possui 80.486 m³ de
área total automatizada.
em nosso país.
Esse processo no Aeroporto de Salvador sageiros, com controle estável da tem- isso conta com estações de operação
foi concretizado com as obras de requa- peratura ambiente. distribuídas pela edificação e disposi-
lificação realizadas pela VINCI Airports, Um exemplo da funcionalidade do siste- tivos de acesso remoto como smart-
que possui uma cultura de inovação e ma de automação adotado no Aeroporto phones e tablets. Em caso de alarmes Miguel Pedro Engenheiro Cartógrafo e Analista Agrário do INCRA-BA.
traz a tecnologia como uma das mar- é que através dele é possível programar mais críticos, o sistema de automação da Silva Neto, em Reforma e Desenvolvimento Instagram: @analisegeo
cas registradas dos 45 aeroportos ad- horários para ativação e desativação predial realiza chamadas e envia SMS
ministrados pelo grupo. Com investi- dos sistemas – de forma sincronizada para celulares pré-cadastrados.
mentos de mais de R$ 7,5 milhões em – em áreas específicas, de acordo com a Além disso, através do sistema, é pos-
automação no terminal baiano, hoje, demanda de operação. É o caso do Píer sível exportar relatórios com dados his-
REGULARIZAÇÃO
são diversos sistemas automatizados. Sul, que, durante os primeiros meses de tóricos que podem ser úteis a outras
Entre eles, se destacam o de ar-con- pandemia, passou a operar em dias al- áreas. Tais dados fornecem, por exem-
dicionado, iluminação interna/exter- ternados, de acordo com os horários de plo, a avaliação de aspectos como: a re-
na, elétrico, de água potável e água de maior volume de pousos e decolagens, dução nos custos de manutenção das
reuso, controle de acesso, manejo/ins- e da área internacional, que é ativada instalações, economia de energia, de-
FUNDIÁRIA E ATUAL
peção de bagagens, sonorização am- em dias e horários em que ocorrem tais tecção rápida de falhas, maior conforto
biente, detecção/alarme de incêndio, tipos de voos. ambiental, maior eficiência na resposta
esteiras, escadas rolantes, elevadores, Com projeto baseado em normas e a alarmes, entre outros.
estações elevatórias de esgoto, medi- técnicas de cabeamento estruturado Assim, seguindo um mercado em cres-
ção de energia/água, pontes de embar- e protocolos universais, desenvolvido cente expansão, com inúmeras aplica-
CENÁRIO NO PAÍS
que, monitoramento de temperatura com tecnologia que permite flexibilida- ções e tipos de produtos, a automação
das áreas e Estação de Tratamento de de, escalabilidade e conectividade com predial no Aeroporto mostra que essa é
Efluentes (ETE). dispositivos de diversos fabricantes, o uma tendência que veio para ficar, seja
Graças a essa aposta em automação, o gerenciamento de todos os ativos de para funções mais simples, seja para
automação no Aeroporto é realizado aquelas mais complexas, agregando
A
Aeroporto da capital baiana está entre
os mais automatizados do Brasil, com através de uma única plataforma, que gerenciamento inteligente e eficiên-
redução de 90% do tempo para iden- reúne todas as informações necessárias cia operacional. regularização fundiária é também um instrumento para promoção da
tificação de falhas, resultando em au- para que sejam tomadas decisões mais cidadania, devendo ser articulada com outras políticas públicas. No Brasil,
mento da disponibilidade dos equipa- rápidas, inteligentes e seguras. Renan Passarini é engenheiro eletricista o tema está em evidência. Na Bahia, trouxemos informações sobre a atual
mentos, redução de custos operacionais Todo o monitoramento e controle des- com atuação na área de automação e situação dos assentamentos de terra e como estão as políticas voltadas
estimada em R$ 1,5 milhão por ano e ses sistemas são realizados 24h por dia Supervisor de Manutenção do Salvador
melhoria do conforto térmico dos pas- pela equipe de manutenção, que para Bahia Airport.
para o cadastro de imóveis rurais e urbanos.
12 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 13
#ENTREVISTA ENTREVISTA
Qual a importância Desde 2009, o Governo Federal vem recriação do Conselho Nacional de Pro-
Qual a atual situa-
atuando diretamente na regulariza- teção da Amazônia Legal para coorde-
ção da Bahia em O estado da Bahia contabiliza o maior
da regularização ção das ocupações em terras públicas nar ações de preservação e de desen-
na Amazônia Legal e, com a publicação volvimento sustentável na região. Sob
relação a este tema? número de imóveis rurais no país.
fundiária no nosso da Lei nº 11.952/2009, através do Pro- a liderança do Vice-Presidente da Re-
país, principalmente
grama Terra Legal, buscou regularizar pública, o General Hamilton Mourão, foi Considerando os dados do cadastro de Salvador apresenta um nível de
centenas de milhares destas áreas, mas implementada a Operação Verde Bra- imóveis rurais da Receita Federal em
neste momento? sem muito sucesso durante os anos de sil, que visou coibir crimes ambientais 2015, o estado da Bahia contabiliza o irregularidade dos imóveis urbanos
No meu entendimento, é um dos princi-
vigência do programa.
Em 2019, com a publicação da Medida
na faixa de fronteira, unidades de con-
servação e terras indígenas. Esta ope-
maior número de imóveis rurais no país,
com mais 1,3 milhões, e a capital Sal-
na ordem de 70%. Há muito por fazer.
pais requisitos para o desenvolvimento Provisória nº 910, o Governo Federal ração está em sua realização e deverá vador, segundo a Prefeitura, apresenta
socioeconômico e ambiental sustentá- propôs alterações das regras para regu- servir de base para criação do Plano um nível de irregularidade dos imóveis
vel em nosso país. Seja na aplicação de larização fundiária de imóveis da União Amazônia, para estabelecer diretrizes urbanos na ordem de 70%.
políticas sociais, fiscais ou de infraestru- ocupados irregularmente, e estabeleceu de combate aos ilícitos ambientais e O cadastro de imóveis rurais certifi-
tura, pois além de permitir o direito de novos critérios para a regularização fun- fundiários. cados pelo Instituto de Colonização e
propriedade para famílias sensíveis do diária desses imóveis, incluindo assen- Atualmente, circula no Congresso Na- Reforma Agrária – Incra-BA, apresenta
ponto de vista social, possibilita a exe- tamentos ocupados até maio de 2014 cional o Projeto de Lei nº 510/2021, que pouco mais de 36 mil imóveis rurais em
cução de grandes projetos de infraes- e com área de até 15 módulos fiscais. visa resgatar as propostas colocadas na sua base de dados, cobrindo cerca de
trutura e de desenvolvimento regional. À época, o Brasil estava sofrendo duras MP nº 910. Considerando o ambiente 30% do território do estado.
Este tema nunca esteve tão em evidên- críticas de entidades preservacionis- político atual, apresenta grandes chan- Diante desse cenário, podemos afirmar
cia no Brasil quanto nos últimos dois tas e de órgãos internacionais por não ces de lograr êxito em sua aprovação. que há muito por fazer, principalmen-
anos. E isto se deve muito a necessidade conseguir conter o aumento das quei- A política fundiária rural, ora prioriza- te no desenvolvimento das ações de
de preservação e combate ao desmata- madas na Amazônia e a MP nº 910 não da na região amazônica, deve ser es- regularização fundiária das ocupações
mento ilegal na Amazônia, e ao dever conseguiu um ambiente político ade- tendida para todo território nacional e rurais. Esta ação está sob a respon-
dos municípios de buscar uma autono- quado para sua votação e consequente atender as várias realidades de nosso sabilidade da Coordenação de Desen-
mia orçamentária a partir da regulariza- transformação em Lei. imenso país. volvimento Agrário – CDA, vinculada
N
os últimos anos, a energia solar teve grande cresci- Fo
to
mento no Brasil. Além do fator economia na conta
:A
ce
rv
de luz, existem inúmeras vantagens como a redução
op
ess
oal
da sobrecarga de redes distribuidoras e a diminuição
dos impactos ambientais, seja em residências, esta-
belecimentos comerciais ou indústrias.
Apesar de seu grande potencial, a Bahia energia em até 100% poderão ter que
ainda ocupa a 10ª posição no ranking es- arcar com os custos da rede, encargos
tadual de geração distribuída de energia e transporte da energia gerada. O dis-
solar, de acordo com dados divulgados pêndio com essa taxação proposta da
em março pela Associação Brasileira Aneel poderá representar até 62% da
de Energia Solar Fotovoltaica (ABSO- energia injetada na rede de distribuição.
LAR). Quem lidera esse ranking são os
estados de Minas Gerais e São Paulo.
O documento, de autoria do engenhei- A utilização de
ro eletricista e conselheiro federal Da-
Atualmente, o sistema de compen- niel de Oliveira Sobrinho, critica ainda energia renovável
sação permite transformar a geração a mudança de prazos para cobrança da
distribuída em descontos no valor da tributação. Para ele, a revisão piora o ce- é um excelente
fatura de energia elétrica. Pelo regu-
lamento brasileiro, o microgerador ou
nário da matriz energética brasileira. “As
mudanças podem provocar uma retra-
investimento
minigerador de energia solar ganha
1kW na tarifa para cada 1kW gerado.
ção do mercado de energia renovável, com benefícios
fazendo com que as bandeiras tarifárias
Caso o gasto seja menor, o excedente
de energia é direcionado para a rede
continuem por muito mais tempo, com ambientais e
o uso de usinas térmicas que poluem o
elétrica de distribuição pública e o con- meio ambiente”, diz. econômicos.
sumidor garante créditos nas próximas
contas de luz. Daniel de Oliveira Sobrinho,
Foto: pvproductions | freepik
Esta foi uma das regras criadas em 2012 Mercado engenheiro eletricista e
conselheiro federal do Confea
pela Resolução Normativa nº 482 da Segundo a Agência Internacional de
Aneel (Agência Nacional de Energia
MARCO REGULATÓRIO
Energia (IEA), a maior fonte energéti-
Elétrica). Alterada em 2015 pela Re- ca do mundo até 2035 será a de gera-
solução Normativa nº 687 e dois anos ção distribuída por painéis fotovoltai-
depois pela Resolução Normativa nº
786/2017, a REN 482 entrou novamen-
cos. Atualmente no Brasil, esse mer- Números
cado cresce em média 200% ao ano, o
te em debate em 2019, desta vez para
ENERGÉTICO
que motiva representantes do setor a Caso as regras da Resolução Normativa
tratar do sistema de compensação de nº 482/2012 sejam mantidas serão:
apostarem na energia renovável como
créditos. Após inúmeras audiências,
caminho para recuperação da econo- • Mais de 672 mil novos empregos até
uma proposta de revisão foi definida
mia brasileira. 2035.
pela Aneel e aguarda aprovação.
“A utilização de energia renovável é um • Mais de R$ 25 bilhões em nova arre-
2017
2011
A energia solar fotovoltaica participa pela primeira vez do Leilão
A Portaria INMETRO nº 004/2011 e a Chamada Pública nº de Energia Nova, resultando em contratos de grande escala.
CAMINHOS
013/2011 aprimoram regras fundamentais e reúnem conheci-
mentos relevantes para subsidiar decisões sobre como a GD solar
fotovoltaica deve operar no País.
Janeiro de 2018
A energia solar fotovoltaica atinge seu primeiro gigawatt (GW)
2012
PARA A BAHIA
de capacidade instalada no Brasil.
Publicação da REN 482/2012: nasce o sistema de compensação
de energia elétrica!
Maio de 2018
PÓS-FORD
A ANEEL abre a Consulta Pública nº 010/2018 para rever as re-
2013 gras para a geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil.
Realização do primeiro leilão de energia solar FV do Brasil, em
Pernambuco. Simultaneamente, o mercado de GD solar fotovol-
taica aos poucos começa a se desenvolver.
Janeiro de 2019
A geração centralizada solar fotovoltaica atinge 2 GW de capaci-
2014 dade instalada acumulada e se torna a 7ª maior fonte de energia
elétrica do Brasil, superando a nuclear.
Especialistas debatem
cenário de mudanças no setor
Realização do primeiro leilão nacional de energia solar fotovoltai-
ca, o Leilão de Energia de Reserva (LER), resultando em 31 contra-
tos de energia solar fotovoltaica em larga escala, com capacidade
total de 889,66 MWac. Junho de 2019
A geração distribuída solar fotovoltaica atinge seu primeiro GW industrial e seus impactos na
de capacidade instalada!
Abril de 2015
Publicação do Convênio ICMS nº 16/2015 que autoriza os esta-
atração de empregos após o
dos brasileiros a conceder isenção dos impostos estaduais sobre
a energia injetada (net-metering). A isenção vale para os projetos
de geração distribuída, nas modalidades de geração junto a carga
Agosto de 2019
Todos os estados brasileiros aderem ao Convênio ICMS nº
fechamento da montadora
e autoconsumo remoto, com até 1 MW de capacidade instalada. 16/2015, concedendo a isenção fiscal estadual para o Sistema de
Compensação de Energia Elétrica.
Outubro de 2015
A Lei nº 13.169/2015 determinou a isenção dos tributos federais
2020
PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição A geração distribuída solar fotovoltaica atinge 4 GW de capacida-
para o Financiamento da Seguridade Social) sobre a parcela de de instalada.
20 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 21
#MATÉRIA DE CAPA MATÉRIA DE CAPA
Tamanho
O
Raio X: saída da
ano mal tinha começado e a impren- do impacto
sa de todo o país anunciava o fecha-
Segundo o Departamento Intersindical
Ford em números
mento das operações da Ford no Brasil, 20 anos de operação na Bahia
de Estatística e Estudos Socioeconômi-
começando pela unidade do Pólo cos (Dieese), cada R$ 1 investido na in- 5ª maior montadora do país
Industrial de Camaçari, na Bahia. O dústria automobilística acrescenta R$ 5 mil empregos diretos perdidos
susto e a comoção foram generalizados, atingin- 1,40 no valor agregado da economia.
Queda na arrecadação de R$ 3 bilhões/ano
do desde agentes do setor público, passando por Joseval Carqueija lembra que a implan-
Redução de 1,3% no PIB da Bahia em 2021
lideranças do setor privado e, principalmente, en- tação de indústrias é um passo determi-
nante para o grau de desenvolvimento 300 a 500 mil unidades a menos produzidas no Brasil
tre os profissionais e familiares dos empregados
de uma região. “A indústria agrega valor
da montadora americana. ao que é produzido, mas também traz
desenvolvimento direto para a região diretamente e em cadeias produtivas estes que também apresentam suas
em que o sítio industrial está instala- próximas à montadora. relações próprias com outros segmen-
do. Exatamente por isso, sua implan- “Com base nessas premissas, a FIEB es- tos”, detalha o diretor de Estatística e
As previsões oscilavam entre cinco e ção em nosso estado é um movimento tação requer mão-de-obra qualifica- tima que o impacto negativo do fecha- Indicadores da SEI, Armando Affonso
mais de 25 mil empregos perdidos só preocupante e afeta diretamente os pro- da, com impactos diretos em outros mento da Ford no PIB do estado seja or- de Castro Neto.
na Bahia, num período marcado pela fissionais de engenharias e geociências, segmentos, como varejo, educação e dem de 1,3% em 2021, o que deve frear Por outro lado, a venda da RLAM é vis-
instabilidade política e econômica e pois é no setor industrial onde estão as até saúde. Uma região com indústrias uma esperada recuperação da economia ta com bons olhos pela FIEB. “Espera-se
agravado pelos efeitos da pandemia de vagas mais qualificadas e os maiores certamente terá também cursos uni- baiana neste ano”, avalia Peres. que a venda seja positiva, pois, como
Covid-19 na economia, saúde pública e empregadores de profissionais oriun- versitários e profissionalizantes, saúde A previsão está em linha com os dados se sabe, a Petrobras ao longo dos últi-
na confiança dos agentes financeiros. dos dessas carreiras. É urgente discutir suplementar e outros segmentos para informados pela Superintendência de mos anos acumulou pesadas dívidas e,
Também em janeiro, um novo baque. alternativas para essas perdas”. atender este consumidor qualificado”, Estudos Econômicos e Sociais do Estado como os investimentos para a área do
A Enseada Indústria Naval, dona do E o cenário já não era animador. Em analisa Carqueija. da Bahia (SEI). “Os resultados mostram pré-sal são vultosos e exigem da em-
estaleiro Enseada Paraguaçu, entrou 2019, portanto antes da pandemia do Esse efeito da atividade industrial sobre que eliminação de todo o setor [cadeia presa quase toda a capacidade atual de
com um pedido de recuperação extra- Sars-Cov2, segundo a Relação Anual o conjunto da economia de uma região é produtiva da FORD] tem potencial para geração de caixa, a área de refino ficou
judicial. O estaleiro está com mais de de Informações Sociais (RAIS), eram conhecido como efeito-renda. E, segun- reduzir a riqueza gerada no estado em em segundo plano para a companhia.
80% das obras concluídas e já consu- 8.215 empregos de carteira assinada do o especialista em desenvolvimento 1,2% ao ano, algo em torno de R$ 3,0 Portanto, o maior benefício da venda
miu investimentos de R$ 2,7 bilhões. em todas as engenharias na Bahia. Cin- industrial da Federação das Indústrias bilhões. Em termos de emprego, há pro- da refinaria será a otimização da plan-
No total, o empreendimento custaria co anos antes, em 2014, o número era do Estado da Bahia (FIEB) Danilo Peres babilidade de perda de mais de 25 mil ta, retornando aos níveis de produção
R$ 3,2 bilhões. Hoje, embora seja ope- de 10.038 empregos, o que representa é uma das premissas levadas em con- postos de trabalhos diretos e indiretos já alcançados no passado recente. Lo-
racional, o estaleiro está parado, com uma queda de 20%. sideração pela entidade para dimen- em diversos setores da economia baia- gicamente, a produção está correlacio-
apenas 90 trabalhadores responsáveis Para o vice-governador e titular da Se- sionar o impacto causado pelo fecha- na. Isso ocorre porque a cadeia de su- nada com a evolução da economia, que
pela manutenção dos equipamentos e cretaria de Desenvolvimento Econômico mento da FORD. Além do efeito-renda, primentos envolve setores importantes se espera que todo o processo venha
uma dívida de R$ 1,2 bilhão, sem enco- do Estado da Bahia (SDE), João Leão, a há impactos diretos e indiretos, rela- em nossa economia como metalurgia, com a melhora do ambiente econômi-
mendas e sem caixa. decisão da FORD não tem relação direta cionados aos trabalhadores atingidos plástico, borracha e química, setores co”, avalia Peres.
Menos de um mês depois, outra notí- com a realidade econômica do estado.
cia agitava o ambiente econômico do “A decisão da montadora foi motivada
estado quando a Petrobras informou a por questões estratégicas da empresa
Os resultados mostram que
Fo
conclusão da rodada final do processo e de uma profunda reformulação pela
to
:A
de venda da Refinaria Landulpho Alves
ce
qual vem passando o setor automotivo
rv
eliminação de todo o setor [cadeia
op
(Rlam) para o fundo Mubadala Capital, mundial”. O gestor destaca ainda que
ess
oal
de Abu Dhabi. A venda ainda precisa ser a empresa manterá em operação o seu
confirmada pelos órgãos reguladores, Centro de Design em Camaçari. “Apenas produtiva da FORD] tem potencial
e faz parte de um projeto de venda de
outras refinarias da empresa que deve
nesse centro são mais de 1 mil profissio-
nais, dos quais mais de 700 engenheiros
para reduzir a riqueza gerada no
ser concluído até o final de 2021.
As mudanças no ambiente industrial
que, segundo a própria empresa, estão
entre seus melhores e mais bem pagos
estado em 1,2% ao ano, algo em
da Bahia trazem preocupações para o profissionais. Isso mostra que a FORD torno de R$ 3,0 bilhões.
Sistema Confea/Crea-Ba, materializa- estava muito satisfeita com a qualida-
das na fala do presidente do Crea-BA, de e desempenho de suas operações Armando Affonso de Castro Neto,
diretor de Estatística e Indicadores da SEI
Joseval Carqueija. “A desindustrializa- na Bahia”, ressalta.
22 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 23
#MATÉRIA DE CAPA MATÉRIA DE CAPA
Desafios a cada. Por outro lado, a desindustrializa- um desempenho limitado, sendo ainda
Foto: Divulgação
ção é rápida e doída”, lembra Carqueija. mais sufocada pela pandemia que nos
serem vencidos O cenário macro econômico também é assola”, conclui Neto.
desafiador para a indústria baiana, na Por último, mas não menos importante,
O principal desafio a ser vencido é o
tempo, que corre contra os profissio- visão de Armando Neto (SEI). “A indús- os famosos subsídios, que foram um dos É fundamental
tria já vinha perdendo participação re- temas mais comentados publicamente
nais diretamente impactados e os novos
profissionais que chegam ao mercado lativa no PIB num processo que não é durante o debate sobre o fechamento descentralizarmos
de trabalho anualmente oriundos das regional, e sim mundial, em virtude do
crescimento das atividades de serviços,
da FORD, voltam à cena na conclusão de
Danilo Peres (FIEB). “O Estado da Bahia a indústria, criando
universidades.
“A industrialização é lenta, requer pla-
em especial aquelas com peso tecno-
lógico. Em paralelo, a economia brasi-
tem enfrentado muita dificuldade em
atrair investimentos industriais no pe-
oportunidade e
nejamento, estudos de viabilidade e
investimento tanto do setor privado
leira, nos últimos seis anos, enfrentou ríodo recente, com o esgotamento das
políticas de incentivo fiscal. Uma das
desenvolvimento
baixíssimo crescimento, quando mui-
quanto dos gestores públicos, que pre-
cisam atuar fortemente na atração de
to, e estagnação ou recessão como pa- poucas exceções a esse quadro de di- nas diversas
drão. A indústria baiana, nesse cenário, ficuldades tem sido a implantação de
projetos viáveis para o estado. Entre a
e considerando o seu papel preponde- parques de geração de energia eólica regiões do Estado,
idéia de criar um pólo industrial e a sua e solar, posto o grande potencial que a
concretização pode-se levar até uma dé-
rante de complementar à indústria do
centro-sul do país, apresenta também Bahia possui nas duas áreas”, conclui. aproveitando nossos
enormes potenciais
Fazenda Modelo do Pólo Agroindustrial e Bioenergético do Médio São Francisco
naturais para
agroindustrialização,
Fo t
o: M
criando oportunidade e desenvolvimen-
é o caminho
arina Tei
to nas diversas regiões do Estado, apro- energias renováveis.
veitando nossos enormes potenciais na-
xeira | Siste
Para você que chegou a esse ponto es-
turais para agroindustrialização, mine- João Leão, vice-governador e titular
perando caminhos para o mercado de da Secretaria de Desenvolvimento
ração e energias renováveis (biomassa,
ma F
engenharia após os desafios impostos Econômico do Estado da Bahia (SDE)
IEB
eólica e solar)”, destaca Leão.
pelo fechamento da FORD começamos
a apresentá-los a partir de agora. Com O setor de energia eólica realmente
a ajuda do olhar crítico e criterioso dos apresenta excelentes resultados, tendo
especialistas ouvidos pela reportagem, a Bahia como líder na produção nacio-
tentaremos traçar um mapa de oportu- nal. Segundo dados da SEI, o investi-
Fo
to
mento do setor totaliza R$ 21,8 bilhões
:A
nidades de industrialização e, conse-
sco
O Estado da Bahia tem enfrentado nos últimos nove anos e a previsão até
m|
quentemente, de geração de empregos
S DE
na Bahia (ver mapa página 24). 2025 é de 130 parques eólicos e 57 em-
muita dificuldade em atrair O vice-governador João Leão acredita preendimentos solares em atividade.
Além disso, a implantação do Pólo
investimentos industriais. que a própria região de Camaçari con-
tinuará a oferecer condições, a médio Agroindustrial e Bioenergético do Mé-
Uma das poucas exceções tem prazo, de absorver tanto os profissio-
nais desligados da FORD, quanto novos
dio São Francisco, projeto que está sen-
do capitaneado pela Secretaria de De-
sido a implantação de parques de empregos gerados a partir de “projetos senvolvimento Econômico (SDE) pro-
químicos/petroquímicos que estão sen- mete mudar a face da região com a
geração de energia eólica e solar. do negociados pelo Estado para implan- implantação de 11 usinas de açúcar e
tação no Polo Industrial de Camaçari”. álcool, produção de energias eólica e so-
Danilo Peres, especialista em desenvolvimento industrial Ainda assim, Leão enxerga que a des- lar, alimentação para gado e produção
da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) centralização e interiorização são op- agrícola. “Serão criadas muitas opor-
ções estratégicas para o futuro da Bahia. tunidades para engenheiros naquela
“O Pólo Industrial de Camaçari conti- região, bem como a expansão ora em
nuará sendo muito importante para a curso na mineração e na implantação
economia de nosso Estado, e assim tra- dos parques de geração eólica e solar”,
balhamos para que seja, mas é funda- detalha João Leão.
24 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 25
#MATÉRIA DE CAPA MATÉRIA DE CAPA
ot
o:
Cl
ara
Fel
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Olhando para o futuro, fica clara a necessidade de um projeto de industrialização que aproveite os potenciais já exis-
tentes na Bahia. Por isso, as fontes ouvidas para essa reportagem nos ajudaram a montar um mapa de oportunida-
des para profissionais do Sistema Confea/Crea.
26 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 27
#MATÉRIA DE CAPA MATÉRIA DE CAPA
Infraestrutura,
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
saúde e tecnologia
Atualmente, as indústrias química e
petroquímica são as protagonistas no
mapa industrial baiano. Só a RLAM,
considerada a maior indústria da Bahia,
representa quase 30% do valor da
transformação industrial do estado,
com uma receita líquida de vendas da
ordem de R$ 30 bilhões, segundo da-
dos da FIEB.
Esse protagonismo dificilmente será
tomado por outros segmentos indus-
triais, porém, a expectativa é que, além
da interiorização, citada anteriormen-
te, o estado assista uma maior diver-
sificação da sua matriz industrial nos
próximos anos.
“O planejamento do Sistema FIEB tem
apostado em vertentes da chamada
indústria 4.0, na integração crescen-
te entre indústria e serviços, na cone-
xão de equipamentos produtivos pela
internet das coisas, o uso de big data
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
e computação em nuvem. Além dis-
so, temos investido na indústria da
saúde, através da criação do ISI SAS
– Instituto Senai de Inovação em Sis-
temas Avançados de Saúde que, além
da extrema importância social, pode se
tornar um vetor de desenvolvimento
econômico, como se vê no atual cená-
rio de crise da pandemia”, revela Danilo
Peres da FIEB.
No Governo do Estado, as apostas vêm
da área de infraestrutura, com a implan-
tação do VLT do Subúrbio, os projetos
de saneamento do Estado e, principal-
mente, a construção da Ponte Salvador
– Itaparica, maior projeto de infraestru-
tura do Brasil.
“Além disso, há vários projetos quími-
cos de grande porte em negociação para
implantação em Camaçari, projetos de
mineração no interior, projetos de gera-
ção eólica e solar, duas novas cerveja-
rias em implantação em Alagoinhas e
Catu e o reaquecimento do setor calça-
dista, que gera muito emprego”, adianta Acima: ISI SAS – Instituto Senai de Inovação em Sistemas Avançados de Saúde. Obras de infraestrutura em implantação: Ponte Salvador – Itaparica e VLT do Subúrbio.
o vice-governador. Abaixo: Parque Tecnológico da Bahia incentiva e apoia o ecossistema baiano de startups.
28 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 29
#PROFISSÃO: ENGENHARIA AMBIENTAL PROFISSÃO: ENGENHARIA AMBIENTAL
mercado de trabalho
30 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 31
#PROFISSÃO: ENGENHARIA AMBIENTAL
como Embasa, Cetrel, Ypê, Klabin e Bra- mente no combate à poluição atmos-
cell. Para ele, o mercado baiano tem férica por questões do aquecimento
uma série de oportunidades e áreas a global e da camada de ozônio.
serem exploradas pelo engenheiro am- De acordo com Victor, neste campo o
Podemos atuar em biental, e é necessário ir além do foco engenheiro atua para garantir que os
em meio ambiente e desenvolver es-
segmentos que tratégias para entrega de resultados
projetos ambientais colocados como
condicionantes para instalação das usi-
perpassam desde positivos para a empresa.
“Atualmente meu foco está voltado para
nas sejam realizados de acordo com as
normas, além de todo levantamento
o licenciamento a gestão de resíduos sólidos da fábrica, ambiental, estudos prévios de impac-
controle de indicadores de perda de
ambiental, processo, consumo de água, posição de
tos ambientais, entre outros. “No nosso
estado, destaco a região norte do esta-
estoque de resíduos, acompanhamento
segurança no dos KPI’s do setor, atendimento a legis-
do, englobando cidades como Morro do
Chapéu, Jacobina, e algumas regiões
trabalho, petróleo lação aplicável a unidade, entre outras
atribuições”, destaca Luan.
próximas da Chapada Diamantina. O
engenheiro atua antes, durante e de-
e gás, até qualidade pois da instalação dessas usinas, que
do ar e da água. Tendência têm suas licenças renovadas a cada
cinco anos”, esclarece.
Considerada uma nova área de atua-
Victor Vieira, Outras tendências de crescimento para
engenheiro ambiental
ção, a busca pela energia renovável e
limpa é uma das tendências tanto no atuação do engenheiro ambiental são
Brasil como em outros países. Esse é um as áreas de licenciamento e perícia am-
mercado em expansão devido à preocu- biental, auditoria e geoprocessamento
pação com o meio ambiente, principal- que têm sido muito valorizadas.
Faculdade Área 1 – Wyden: A faculdade oferta o curso por 10 semestres, nos turnos ma-
tutino e noturno, e a cada semestre o estudante entenderá os processos ambientais, reco-
nhecerá os agentes envolvidos e os riscos existentes, analisando as intervenções huma-
nas e planejando as interferências adequadas de forma a controlar, recuperar ou preservar
a biodiversidade existente.
Instituto Federal da Bahia: O curso é ofertado no campus de Vitória da Conquista e tem
como objetivo central oferecer condições ideais para a formação de um engenheiro ambien-
tal sintonizado com os problemas e necessidades do Sudoeste da Bahia, da Bahia e do país.
UFBA: O curso ofertado na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia 4.325h con-
tando com as disciplinas obrigatórias e optativas.
Unifacs: Com duração de cinco anos, o curso conta com turmas pela manhã e à noite,
na modalidade presencial, com carga horária total de 3.603h.
UniFTC: O curso tem carga horária de 3.720h e ao longo de dez semestres, o aluno é
preparado para desenvolver técnicas e tecnologias que ajudem a desenvolver solu-
ções para o meio ambiente.
Unijorge: O curso tem duração de 10 semestres e é ofertado nos
turnos matutino e noturno, com carga horária de 4.216h.
PROGRAMA MULHER
Michele Ramos, atual conselheira fe- um mesmo ideal é muito gratificante,
deral, foi eleita numa chapa exclusiva- mas também exige atenção na separa- Fo
mente feminina, e as profissionais do ção do que é política de igualdade de di-
to
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ce
estado hoje se sentem representadas reito entre mulheres e homens, daquilo
rv
op
ess
no conselho federal. A conselheira vem que é militância sexista. É importante
oal
Projeto garante o aumento da participação atuando e mantendo o diálogo próximo
com os conselhos regionais, com as câ-
destacar que a conscientização e o diá-
logo tem se mostrado eficazes para re-
maras especializadas e as entidades duzir as resistências nas defensoras do
de profissionais femininas dentro do sistema de classe que compõem o plenário do
Crea-BA. Para ela, esse relacionamento
sexismo”, confessa Michele.
O Programa Mulher do sistema Confea/
Confea/Crea/Mútua estreito “é a melhor forma de garantir
que as principais demandas do estado
Crea/Mútua começou a ser elaborado
em 2018, sendo um marco importante
cheguem até o conselho federal”, pon- no processo de consolidação da política
tua Michele. de equidade de gênero dentro do siste-
to
:A
ce
rv
profissional das mulheres no sistema,
op
ess
oal
é uma oportunidade de dar voz para
outras, e este sentimento é de que
a luta vale a pena.
Fabyola Resende, secretária executiva do
Programa Mulher do sistema Confea/Crea/Mútua
de um conjunto
social como o
sistema, e então começamos um am-
plo debate nacional sobre essa questão
junto com outras entidades de classe”,
comenta Fabyola.
falar com a população sobre a impor-
tância da engenharia pública que escuta
a demanda da sociedade, por exemplo”
defende Marjorie.
A NANOTECNOLOGIA A
Confea/Crea.
Marjorie Nolasco,
conselheira federal suplente
“Fazer parte do Confea é a experiência
mais honrosa que já tive na vida! Tem
sido muito valiosa em termos profissio-
nais e sinto o meu crescimento pessoal.
No que diz respeito às questões de gê-
nero, a conselheira se coloca com um
posicionamento assertivo e diz que “as
mulheres dentro do sistema precisam
FAVOR DO AGRONEGÓCIO
Neste período minha inteligência emo-
cional veio se fortalecendo, enquanto
ser representadas por outras, e pelas en-
tidades femininas. Não podemos ape-
Conheça o biofertilizante desenvolvido por
pesquisadores da UnB em parceria com a Embrapa
Fo
aprendi a lidar com diferentes tipos de nas ocupar posições de apoio para fa-
to
:A
P
oal
uma oportunidade de dar voz para ou- Em sua atuação no cargo ela defende
tras, e este sentimento é de que a luta que a campanha que a colocou nesta esquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram um
vale a pena. A criação do programa era cadeira se chamava “Juntas no Confea”
biofertilizante diferente, puro, atóxico e capaz de enriquecer alimentos
uma demanda reprimida dentro do sis- e lembra que assim foi formada a base e
tema, e pela primeira vez na história do o acordo de trabalho das mulheres pre- com micro e macro nutrientes, deixando a planta mais resistente à seca
conselho ele diz para sociedade que se sentes no sistema. “Nós incentivamos e mais produtiva, capaz de aumentar as produções de diversas culturas.
importa com as situações problemáti- a presença da mulher no sistema e re- Trata-se da arbolina, desenvolvida em laboratórios de nanotecnologia, por
cas para as mulheres como desigualda- forçamos a importância de se colocar meio da integração de conhecimentos da Química, Biologia, Eletrônica, Computação
de salarial, violência contra a mulher e como representante de um conjunto
e Física para estimular o crescimento de plantas.
assédio no local de trabalho. Tudo isso social como o Confea/Crea” completa.
36 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 37
#TECNOLOGIA NO CAMPO TECNOLOGIA NO CAMPO
ou
rã
o
comprovar a eficácia do bioestimulan- das plantas e a ativamos”, diz.
te no campo, realizou parceria com a Na Bahia, a arbolina já está sendo tes-
Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- tada por agricultores da região Oeste.
pecuária (Embrapa), registrando um No município de Luís Eduardo Maga-
aumento de produtividade de até 25% lhães ela foi aplicada nas lavouras de
na produção de tomate e até 33% na soja, milho e algodão, e as primeiras co-
produção de feijão. lheitas, que estão previstas para acon-
Um dos inventores deste bioestimu- tecer no mês de maio, podem ter acrés-
lante inovador é o químico Marcelo Ro- cimo mínimo de 10%. “Os agricultores
drigues, que esclarece que a arbolina é foram muito receptivos com o produto
uma nanopartícula de carbono consti- e a expectativa é alta. Estamos apos-
tuída basicamente por 70% de carbo- tando no aumento da produtividade e
Marcelo Rodrigues é pesquisador da UnB no orgânico. “O grande diferencial são na qualidade da próxima colheita, pois
e hoje lidera empresa de nanotecnologia as moléculas da superfície. Proteínas os testes de aceitação já estão tendo MORANGO: Aumento de FEIJÃO: Aumento de TOMATE: Aumento de
envolvidas no crescimento da planta ótimos resultados”, conta o consultor produtividade em até 80% produtividade em até 33% produtividade em até 25%
dependem de uma composição de su- de vendas Johnny Henke.
perfície bastante homogênea. É isso o Além do aumento da produtividade,
que garante a reprodutibilidade. Então, outro fator de destaque do bioestimu-
38 CREA, Salvador, BA, v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 CREA, Salvador, BA,v. 25, n. 71, primeiro trimestre de 2021 39
#TECNOLOGIA NO CAMPO #MOBILIDADE
Foto: wirestock/freepik
Foto: Johnny Henke
tolerantes à seca. “Em situações de mu- de pesquisas de centros acadêmicos
danças climáticas, essa proteína ajuda de excelência do Brasil. O consórcio de-
a planta a se gerenciar e autorregular. senvolve pesquisas com sensores para
Numa condição de estresse hídrico ou água e solo, biossensores, bionanocom-
causado por produto químico defensivo, pósitos e novos materiais sustentáveis
por exemplo, melhoramos seu metabo- para embalagens. Além disso, o grupo
lismo, possibilitando que determinada estuda os aspectos de segurança do
cultura absorva nutrientes e aproveite uso dos nanocompostos na agricultura.
melhor o adubo que está no solo”, ex-
plica Marcelo.
Ele revela ainda que a arbolina é um
Disponível
produto que pode ser reproduzido co- no mercado
mercialmente, não acumula no ecossis-
A arbolina já está sendo comercializa-
tema e é totalmente compatível com
da e é um dos produtos oferecidos pela
seres vivos. “Por se tratar de matrizes
empresa da qual Marcelo é sócio, a Krill-
carbonáceas que estão em consonância
tech. Ele conta ainda que um produto
com a lei, o produto está posicionado
semelhante, mas com maior potencial,
para uso em sistema de produção con-
está sendo desenvolvido e deve ser di-
vencional, orgânico, fazendas urbanas,
vulgado em breve.
produção protegida, seja indoor ou ou-
tdoor”, complementa o sócio-fundador A biofábrica da arbolina fica no municí-
e CEO da Krilltech, Diego Stone Aires. pio de Dias D’Ávila. São 50 m², onde é
possível produzir 200 mil litros do pro-
duto por mês – volume suficiente para
Nanotecnologia 100 mil hectares de lavoura.
Plantações de soja no Oeste baiano já estão
usando a arbolina como fertilizante
na Agricultura
A nanotecnologia pode ser considera-
da como um conjunto de atividades ou
mecanismos que ocorrem em uma es-
cala extremamente pequena, mas que Sobre a Krilltech
tenham implicações no mundo real. Trata-se de uma agtech brasileira que emergiu de uma parce-
Esses mecanismos estão além da per- ria com a Universidade de Brasília e a EMBRAPA, que tem como
cepção dos olhos humanos e operam foco o desenvolvimento de uma agricultura sustentável e de
em uma escala chamada nanométri- alta produtividade.
ca, sendo um nanômetro a bilionésima As tecnologias desenvolvidas buscam oferecer soluções disrup-
parte de um metro. tivas baseadas em Nanotecnologia Verde, visando aumentar a
Segundo a Embrapa, a nanotecnologia produtividade e a qualidade nutricional dos mais diversos cultivos.
MODERNIZAÇÃO NO
pode contribuir significativamente na Para isso, foi criada a linha de produtos ARBOLIN, de soluções
melhoria do desempenho de produtos inovadoras de fertilização. Baseado ainda na tecnologia Arbo-
agropecuários e no desenvolvimento lina, estão surgindo outras formulações orgânicas e ecológicas
de novas aplicações, agregando valor, de nanobiofertilizantes e nanobiofortificantes para auxiliar no
SISTEMA DE MOBILIDADE
abrindo novos mercados e ajudando metabolismo da planta, deixando-a mais forte, produtiva e re-
assim a capacidade do país de passar sistente, além de enriquecer os alimentos que chegam na mesa
de simples produtor de commodities, do consumidor com nutrientes essenciais.
na forma de alimentos in natura, para
Devido a sua tecnologia revolucionária, a Krilltech foi considera-
gerador de uma série de outros produ-
da pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) como potencial
tos de fontes renováveis e obtidos de
forma sustentável.
unicórnio brasileiro, termo criado pela investidora Aileen Lee,
do fundo americano Cowboy Ventures, para descrever as star-
Conheça os projetos do BRT e VLT/Monotrilho,
A
Foto: Prefeitura Municipal de Salvador | Divulgação Foto: Metrogreen Skyrail | Divulgação
chegada do BRT e
do VLT/Monotrilho Onde faremos os
vai garantir mobi- trilhos teremos
lidade de qualidade
para os soteropoli- também um parque
tanos. Estão sendo realizadas linear com ciclovias,
obras para viabilizar sistemas passeios reformados,
de transporte público modernos
e de alta capacidade, moderni- ciclofaixas, toda
zando suas vias, reduzindo o uma requalificação
tempo de trajeto e melhorando
a vida na cidade.
urbanística daquela
região.
Nelson Pellegrino,
Secretário de Desenvolvimento Urbano
do Estado da Bahia
Projeto do BRT Projeto do VLT
NOVAS DIRETRIZES
Em tempos digitais, nada melhor do que se manter
constantemente atualizado no conforto do seu lar, ou até
aproveitar as horas livres para ampliar seus conhecimentos.
Tendo tudo isso na palma da mão, seguem aqui dicas de
CURRICULARES
e-books, filmes, séries, sites e perfis de Instagram que
podem auxiliar no dia a dia da sua profissão ou até mesmo
startar a vontade de novos cursos de especialização.
E aí, já pegou o smartphone para salvar essas dicas?
NACIONAIS PARA
TÁ NA LITERATURA
ENGENHARIA
PERDIDO EM MARTE
Mark se torna o primeiro homem a pisar em Marte. Mas, durante a mis-
são ele acaba se envolvendo em um acidente. Acreditando que ele es-
COMPLETAM
DOIS ANOS
tava morto, seus companheiros partem do planeta vermelho sem ele.
Negando-se a desistir, Mark usa suas habilidades como engenheiro e
botânico para sobreviver e conhecer o planeta. Lançado em 2015, pela
editora Arqueiro, a obra foi escrita por Andy Weir.
PODCAST
Faculdades e
MULHERES DA ENGENHARIA
Feito pela engenheira eletricista, Ariana Adratt, esse projeto traz sem-
universidades
pre uma profissional da área para falar sobre sua trajetória. São epi-
sódios semanais, de em média uma hora. Com muita variedade, esse baianas ainda
podcast tem 80 episódios disponíveis.
estão em fase
de adaptação
TÁ NO STREAMING às novas
demandas do
mercado de
INDÚSTRIA AMERICANA
Esse é um ganhador do Oscar, na categoria Melhor Documentário. No
lugar que antes era a fábrica da General Motors, fechada por causa de
trabalho
uma crise em 2008, se instala uma empresa chinesa, que para comple-
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#DIRETRIZES CURRICULARES DIRETRIZES CURRICULARES
O
Conselho junto às universidades para como o caso das Diretrizes ou por meio
comportamento da sociedade muda o tempo inteiro. Novos diminuir estes ruídos. “Conversar com de alguma demanda específica do setor
hábitos de consumo são adotados, novas necessidades são as pessoas como um parceiro e aliado
das universidades e faculdades, para
produtivo onde a instituição de ensino
está mais próxima.
São cursos
percebidas e, consequentemente, novas tecnologias são propostos por
que elas estejam alinhadas com a rea- Uma saída, apontada pelo professor, é a
criadas para atender a demanda de um mundo cada vez mais
conectado e imediatista. Junto com essa evolução constante,
lidade do mercado”, explica, enquanto
coloca a Ceap à disposição para estar
criação de novos cursos que permitem
um ensino mais específico, como é o
universidades
torna-se essencial uma adaptação coletiva. mais ativa nestas atividades, como uma caso da Engenharia da Complexidade e faculdades
forma de realizar uma fiscalização e
orientação educacional.
e Engenharia de Energias Renováveis.
“São cursos propostos por universida- que entendem
A questão é: será que os profissionais todas as competências gerais e tam- Profissional (Ceap) do Crea-BA, Jonatas
e, principalmente, as instituições res- bém as específicas. Sodré, ainda há uma distância muito Instituições des e faculdades que entendem que
tem que haver algumas mudanças nos
que tem que
ponsáveis por estas formações, estão
realmente preparados para acompanhar
Os conceitos de aprendizagem ativa, em grande entre as reais necessidades do
mercado e o que tem sido oferecido pe- de Ensino currículos básicos. Sai de um curso me- haver algumas
que permite mais autonomia do aluno,
esta mudança? Em abril de 2019, o Mi- e interdisciplinaridade, que estimula a las instituições. Muitas faculdades e universidades, tan-
ramente tradicional para um curso que
possa atender as diversas demandas da
mudanças
nistério da Educação (MEC) publicou as
Novas Diretrizes Curriculares Nacionais,
integração dos aprendizados, também
fazem parte do documento como uma
Sodré, que é engenheiro sanitarista e
ambiental, avalia a reformulação das
to públicas quanto particulares, estão
passando por um processo de “curricu-
sociedade contemporânea”. nos currículos
as DCNs, para os cursos de graduação
em Engenharia. A última atualização
forma de incentivar os alunos e dimi- bases curriculares como necessária e ur- larização de extensão”, como definiu o
professor Diogenes Senna, segundo vice
Para ele, esta é uma forma de formar pro-
fissionais com demandas mais específi- básicos. Sai
nuir a evasão dos estudantes que – no gente. Para ele, as instituições de ensino
tinha sido feita 17 anos antes, em 2002. período da publicação – chegava a 50%. não estão acompanhando as demandas presidente do Crea, professor da Uefs e cas, com perfis mais “empreendedores,
versáteis, resilientes, ecléticos, com ca-
de um curso
Neste período, muita coisa mudou no
mercado de trabalho e entre suas neces-
Um estudo realizado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
do mercado e oferecendo as competên-
cias indispensáveis para o exercício da
engenheiro civil. Nestes casos, atividades
de extensão são incorporadas às discipli- pacidade de entendimento da comple- meramente
sidades e capacitações exigidas. No do- apontou, ainda em 2019, que a ten- profissão. Isso pode acontecer, muitas nas, permitindo que os alunos tenham
experiências mais práticas acompanha-
xidade dos problemas atuais possuindo
uma visão sistêmica deste problema”.
tradicional para
cumento, houve um incentivo para que vezes, pela falta de um engenheiro es-
a formação destes novos profissionais
dência seria a carência de profissio-
nais capacitados para o ano seguinte. pecializado na coordenação do curso dos pelos professores – se aproximando
Soluções um curso que
fosse feita baseada por competências,
com um maior foco em prática e uma
A avaliação não dizia respeito sobre a
falta de profissionais formados, mas na
daquela área fazendo com que, na hora
de montar a grade curricular do curso,
das orientações das Novas Diretrizes.
Na UEFS, o Escritório de Engenharia O professor Diogenes Senna admite possa atender
aprendizagem mais ativa. As mudanças qualificação destas pessoas e por isso, atribuições específicas – e fundamen- Pública presta assistência gratuita à a necessidade um alinhamento mais
próximo ao Crea para que seja realiza-
as diversas
tais – fiquem de fora. população de baixa renda de Feira de
também permitiram flexibilidade entre
as instituições de ensino para mexerem
a adoção destas Novas Diretrizes se faz
tão importante. Outra questão apontada por Sodré é Santana. “Os alunos fazem projetos de do esse atendimento às demandas do demandas
em suas grades curriculares.
Adaptação
o fato de que, muitos desses currícu-
los das universidades cadastrados no
Construção Civil, Levantamento Topo-
gráfico, Perícias, Cadastramento Imobi-
mercado de trabalho. Jonatas Sodré
também acredita no poder da parceria
da sociedade
Na época, o Conselho Nacional de Edu-
cação (CNE), apontou que estas mudan- Neste mês, completam-se dois anos Crea-BA, estão desatualizados. O que liário para Fins de regularização fundiá- do Conselho Regional para auxiliar as contemporânea.
significa que, mesmo um profissional ria, entre outras atividades, orientados universidades neste momento. O coor-
ças visavam formar mais e melhores destas Novas Diretrizes. Apesar de o
formado em 2021, possui uma formação por professores especialistas da área. denador da Comissão, que tem como
engenheiros, já que sugeriam, além das período de implantação sugerido ser até Diogenes Senna,
diferente do que está sendo ofertado no Então, isto oportuniza aos alunos esta principal função justamente promover a
capacidades técnicas, uma visão mais o ano que vem, fechando os três anos, segundo vice presidente do Crea,
momento que ele se forma. vivência profissional”, explica. interface entre Conselho x Sistema Edu-
humana e holística das suas carreiras. muitos desafios ainda precisam ser en- professor da Uefs e engenheiro civil
Apesar disso, Senna admite que, de uma cacional, reforça o papel fundamental
Atividades em laboratório, por exem- frentados. De acordo com o Coordenador Sodré aponta, ainda, que precisa ser es-
forma geral, “não há mudanças efetivas do Conselho neste momento.
plo, passaram a ser obrigatórias para da Comissão de Educação e Atribuição tabelecida uma parceria ainda maior do
acontecendo agora e nem se tem pre- “Muitas faculdades se baseiam nas com- F ot
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visões para mudanças significativas”. petências que o profissional deve ter er
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p e A universidade deu o primeiro passo perante MEC, mas o MEC é vago
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com o que precisa em cada enge-
Conversar com as pessoas como um
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vamente, para gerir a reformulação curri- nharia. A gente vê, muitas vezes
parceiro e aliado das universidades cular atendendo as DCNs. “A Universida-
de Pública é um pouco lenta nesse pro-
no mercado, que o profissional
tem atribuição para fazer de-
e faculdades, para que elas estejam cesso de adequação às novas exigências terminadas questões, mas que
do mercado, mas já envida-se esforços ele não viu na faculdade. Es-
alinhadas com a realidade do para poder adequá-la ao que o merca- tamos nos aproximando das
mercado. do impõe. Hoje, discute-se bastante a
questão da indústria 4.0”, explica.
universidades para articular
que os cursos de engenharia te-
Jonatas Sodré, Coordenador da Comissão de Para o segundo vice presidente, as mu- nham um pouco mais de aproxi-
Educação e Atribuição Profissional (Ceap) do Crea-BA danças curriculares acontecem apenas mação com as atribuições profissio-
quando há imposições governamentais, nais que o Crea dá”, completa.
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#CÂMARAS ESPECIALIZADAS F ot
CÂMARAS ESPECIALIZADAS
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no formato presencial, não teria
o mesmo alcance. A tecnologia
PROMOVEM CICLOS DE foi capaz de juntar aquilo que a
pandemia separou. Essa é a magia
PALESTRAS ON-LINE da engenharia.
Miguel Fábio Lobo e Silva,
coordenador da Câmara
Conexões Elétricas, da Câmara de Engenharia tricas Precárias e os Riscos de Aciden- são Agro” foi pensado para aproximar Apesar de não ter data definida para
U
trico Brasileiro”, entre outras. o consumidor e à sociedade em geral forma descontraída.
A iniciativa deu certo. Foram quase cin- e gerar novos laços de relacionamento
nir conteúdo técnico, temas atuais, especialistas, estudantes de diversas áreas e a so- e networking.
co mil visualizações nas palestras, que
ciedade em geral. Este é um dos desafios que o Crea-BA está enfrentando junto com as
ainda renderam certificados para todos Os temas abordados serão definidos a Conheça as Câmaras
Câmaras Especializadas nos últimos meses para promover eventos durante a pandemia. os inscritos. A segunda edição está pre- cada mês, de acordo com o que de mais Especializadas Crea-BA
vista para o segundo semestre deste relevante para aquele período precisa
ano. “Talvez, se esse evento acontecesse ser discutido. Entre as opções, estão • Agronomia (CEAGRO)
Incentivado pela Câmara Especializada no formato presencial, não teria o mes- os diretamente ligados às atividades • Engenharia de Agrimensura (CEAGRI)
de Engenharia Elétrica – CEEE/BA, di- mo alcance. A tecnologia foi capaz de exercidas na região, como elaboração
versos projetos passarão a acontecer juntar aquilo que a pandemia separou. e condução de obras, fiscalização, cré- • Engenharia Civil (CEEC)
– de forma remota – com o objetivo Essa é a magia da engenharia”, conta o dito rural, seguro rural e os produtos • Engenharia Elétrica (CEEE)
de promover e divulgar o trabalho rea- coordenador da Câmara, Miguel Fábio da região. • Engenharia Mecânica e Metalúrgica
lizado pelos colegiados. A ideia é que Lobo e Silva. “O principal objetivo é tentar trazer essa (CEEMM)
diversas iniciativas aconteçam duran-
te a gestão, com oportunidades para Extensão Agro proximidade da sociedade junto à Câ-
mara e trazer problemas que não são
• Geologia e Engenharia de Minas
(CEGEM)
todas as Câmaras. Em breve, mais um projeto estará no ar. discutidos no dia a dia de um profis-
A CEEE/BA deu início ao processo com A Câmara Especializada de Agronomia sional, como remuneração, piso sala- • Engenharia Química (CEEQ)
a realização da primeira edição do pro- (CEAGRO), também está em fase final rial, áreas de atuação e créditos rurais”, • Segurança do Trabalho (CEEST)
jeto Conexões Elétricas. Em meio à ne- de organização do seu evento. O “Exten- explica Júnior.
cessidade do distanciamento social, foi
criado um evento que pudesse agregar
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informações relevantes ao seu público o:
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vés do canal do Youtube do Crea-BA.
essa proximidade da sociedade junto
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A ação também teve o objetivo de in-
formar sobre os trabalhos que estavam à Câmara e trazer problemas que não
sendo realizados pela Câmara e agregar
novas informações sobre a modalida-
são discutidos no dia a dia de um
de. Participaram das palestras Conse- profissional, como remuneração,
lheiros e Analistas da CEEE e também
profissionais convidados. piso salarial, áreas de atuação
Com a primeira edição realizada em e créditos rurais.
outubro, o evento durou dez semanas
Jorge da Silva Júnior,
e abordou temas como “Instalações Elé- coordenador da CEAGRO
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#INSPETORIAS DO CREA-BA