Legislação Autárquica

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LEGISLAÇÃO AUTÁRQUICA

– MOÇAMBIQUE –
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ÍNDICE GERAL

APRESENTAÇÃO ............................................................................................ V

1 Atribuições, competências, finanças e património


das autarquias locais e criação de municípios
de cidade e vila
QUADRO JURÍDICO LEGAL PARA IMPLANTAÇÃO DAS AUTARQUIAS
LOCAIS ......................................................................................................... 3
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO MUNICÍPIO DE MAPUTO ....... 47
LEI DAS FINANÇAS E PATRIMÓNIO DAS AUTARQUIAS LOCAIS ............ 51
CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DE CIDADE E DE VILA EM ALGUMAS
CIRCUNSCRIÇÕES TERRITORIAIS .......................................................... 87
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS REGIMENTOS DAS ASSEMBLEIAS
MUNICIPAIS .................................................................................................. 89

2 Estatuto dos eleitos locais e regime da tutela


administrativa do Estado
ESTATUTO DOS TITULARES E MEMBROS DOS ÓRGÃOS
DAS AUTARQUIAS LOCAIS ........................................................................ 93
LEI DA TUTELA DAS AUTARQUIAS LOCAIS ............................................... 103

3 Recenseamento eleitoral, Comissão Nacional de Eleições


e Lei Eleitoral para as Autarquias Locais
INSTITUCIONALIZAÇÃO DO RECENSEAMENTO ELEITORAL .................. 113
RECENSEAMENTO GERAL DA POPULAÇÃO E HABITAÇÃO ................... 129
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ÓRGÃO DE DIRECÇÃO
DE PROCESSOS ELEITORAIS .................................................................. 135
LEI ELEITORAL PARA AS AUTARQUIAS LOCAIS ....................................... 141

ÍNDICE ALFABÉTICO E REMISSIVO ............................................................ 185

IV
1
Atribuições, competências, finanças
e património das autarquias locais
e criação de municípios de cidade
e de vila
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

QUADRO JURÍDICO LEGAL PARA IMPLANTAÇÃO


DAS AUTARQUIAS LOCAIS

LEI N.º 2/97


DE 18 DE FEVEREIRO

Havendo necessidade de criar o quadro jurídico legal para a implantação das


autarquias locais, ao abrigo do n.º 1 do artigo 135 da Constituição, a Assembleia
da República determina:

CAPÍTULO I

Princípios gerais

ARTIGO 1
(Autarquias locais)

1. Na organização democrática do Estado, o poder local compreende a existên-


cia de autarquias locais.
2. As autarquias locais são pessoas colectivas públicas dotadas de órgãos
representativos próprios que visam a prossecução dos interesses das populações
respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado.
3. As autarquias locais desenvolvem a sua actividade no quadro da unidade
do Estado e organizam-se com pleno respeito da unidade do poder político e do
ordenamento jurídico nacional.

ARTIGO 2
(Categorias)

1. As autarquias locais são os municípios e as povoações.


2. Os municípios correspondem à circunscrição territorial das cidades e vilas.
3. As povoações correspondem à circunscrição territorial da sede do posto
administrativo.
4. A lei poderá estabelecer outras categorias autárquicas superiores ou
inferiores à circunscrição territorial do município ou da povoação.

3
Art. 3 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 3
(Classificação)

As formas de classificação das autarquias locais de cada categoria são defi-


nidas por lei.

ARTIGO 4
(Estatuto da cidade capital)

O Estatuto Municipal da cidade capital do país é definido por lei.

ARTIGO 5
(Factores de decisão)

1. A criação e a extinção das autarquias locais é regulada por lei, devendo a


alteração da respectiva área ser precedida de consulta aos seus órgãos.
2. A Assembleia da República, na apreciação das iniciativas que visem a
criação, extinção e modificação das autarquias locais, deve ter em conta:
a) factores geográficos, demográficos, económicos, sociais, culturais e adminis-
trativos;
b) interesses de ordem nacional ou local em causa;
c) razões de ordem histórica e cultural;
d) avaliação da capacidade financeira para a prossecução das atribuições que
lhe estiverem cometidas.

ARTIGO 6
(Atribuições)

1. As atribuições das autarquias locais respeitam os interesses próprios,


comuns e específicos das populações respectivas e, designadamente:
a) desenvolvimento económico e social local;
b) meios ambiente, saneamento básico e qualidade de vida;
c) abastecimento público;
d) saúde;
e) educação;
f) cultura, tempos livres e desporto;
g) polícia da autarquia;
h) urbanização, construção e habitação.

4
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 8

2. A prossecução das atribuições das autarquias locais é feita de acordo com


os recursos financeiros ao seu alcance e respeita a distribuição de competências
entre os órgãos autárquicos e os de outras pessoas colectivos de direito público,
nomeadamente o Estado, determinadas pela Lei e por legislação complementar.

ARTIGO 7
(Autonomia)

1. As autarquias locais gozam de autonomia administrativa, financeira a


patrimonial.
2. A autonomia administrativa compreende os seguintes poderes:
a) praticar actos definitivos e executórios na área da sua circunscrição territo-
rial;
b) criar, organizar e fiscalizar serviços destinados a assegurar a prossecução
das suas atribuições.

3. A autonomia financeira compreende os seguintes poderes:


a) elaborar, aprovar, alterar e executar planos de actividades e orçamento;
b) elaborar e aprovar as contas de gerência;
c) dispor de receitas próprias, ordenar e processar as despesas e arrecadar
as receitas que, por lei, forem destinadas às autarquias;
d) gerir o património autárquico;
e) recorrer a empréstimo nos termos da legislação em vigor.

4. A autonomia patrimonial consiste em ter património próprio para a prosse-


cução das atribuições das autarquias locais.

ARTIGO 8
(Representação do Estado e dos seus serviços)

1. A Administração do Estado poderá manter a sua representação e serviços


na circunscrição territorial cuja área de jurisdição coincida total ou parcialmente com
a autarquia local.
2. Os serviços referidos no número anterior subordinar-se-ão aos órgãos
centrais ou locais do Estado, devendo articular-se com os órgãos autárquicos no
exercício de competências que respeitem a atribuição que a Administração do
Estado partilhe com a autarquia local.

5
Art. 9 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 9
(Tutela)

1. As autarquias locais estão sujeitas à tutela administrativa do Estado, segundo


as formas e nos casos previstos na lei.
2. A tutela administrativa sobre as autarquias locais consiste na verificação
da legalidade dos actos administrativos dos órgãos autárquicos nos termos fixados
na lei.
3. O exercício do poder tutelar pode ser ainda aplicado sobre o mérito dos actos
administrativos, apenas nos casos e nos termos expressamente previstos na lei.
4. As autarquias locais podem impugnar contenciosamente as ilegalidade
cometidas pela autoridade tutelar no exercício dos poderes de tutela.

ARTIGO 10
(Órgão de tutela)

1. O exercício da tutela administrativa sobre as autarquias locais é efectuado


através de órgão próprio cuja acção se desenvolva em todo o território nacional.
2. Os pressupostos, requisitos, processo e forma de exercício dos poderes
tutelares e seus efeitos são definidos por lei.

ARTIGO 11
(Poder regulamentar)

As autarquias locais dispõem de poder regulamentar próprio sobre matéria


integrada no quadro das suas atribuições, nos limites da Constituição, de leis e
de regulamentos emanadas das autoridades com poder tutelar.

ARTIGO 12
(Dever de fundamentação)

As decisões e deliberações dos órgãos autárquicos que afectem direitos ou inte-


resses legalmente protegidos, imponham ou agravem deveres, encargos ou
sanções, são expressamente fundamentadas.

ARTIGO 13
(Publicidade dos actos)

1. As deliberações e decisões dos órgãos das autarquias são publicadas, me-


diante afixação, durante trinta dias consecutivos, na sede da autarquia local.
2. Os órgãos das autarquias locais promoverão a criação de um sistema
adequado de informação sobre a actividade pública autárquica.

6
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 18

ARTIGO 14
(Legalidade)

A autarquia local desenvolve a sua actividade em estreita obediência à Cons-


tituição, aos preceitos legais e regulamentares e aos princípios gerais de direito,
dentro dos limites dos poderes que lhes estejam atribuídos e em conformidade com
os fins para que os mesmos lhes foram conferidos.

ARTIGO 15
(Especialidade)

Os órgãos das autarquias locais só podem deliberar ou decidir no âmbito das


suas competências e para a realização das atribuições que lhes são próprias.

ARTIGO 16
(Órgãos)

1. As autarquias locais têm como órgãos uma Assembleia — dotada de poderes


deliberativos — e um órgão executivo que responde perante ela, nos termos fixados
na lei.
2. A Assembleia é eleita por sufrágio universal, directo, igual, secreto, pessoal
e periódico dos cidadãos eleitores residentes na circunscrição territorial da autarquia
local, segundo o sistema de representação proporcional.
3. O órgão executivo da autarquia local é dirigido por um presidente, eleito por
sufrágio universal, directo, igual, secreto e pessoal dos cidadãos eleitores
residentes na respectiva circunscrição territorial.

ARTIGO 17
(Mandato)

A duração do mandato dos órgãos eleitos das autarquias locais é de cinco anos.

ARTIGO 18
(Quadro de pessoal das autarquias locais)

1. As autarquias locais dispõem de quadro de pessoal próprio, organizado de


acordo com as respectivas necessidades permanentes.
2. As formas de mobilidade dos funcionários entre os quadros da administração
do Estado e das autarquias locais são determinadas por lei.
3. É aplicável aos funcionários e agentes da administração autárquica o regime
dos funcionários e agentes do Estado.
4. Em caso de necessidade, as autarquias locais poderão solicitar ao Estado
os recursos humanos disponíveis para o seu funcionamento.

7
Art. 19 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 19
(Finanças e património)

1. As autarquias locais têm finanças e património próprios.


2. A lei define e estabelece o regime das finanças e do património das autar-
quias locais que, dentro dos interesses superiores do Estado, garanta a justa
repartição dos recursos públicos e a necessária correcção dos desequilíbrios entre
elas existentes.
3. As autarquias locais poderão ser encarregues da gestão de bens do domínio
público do Estado.
4. O Estado transferirá gradualmente para as autarquias locais os recursos
materiais disponíveis que se mostrarem necessários para a prossecução das
atribuições cometidas às mesmas.

ARTIGO 20
(Regras orçamentais)

1. As autarquias locais possuem orçamentos próprios, elaborados e geridos de


acordo com os princípios do Orçamento Geral do Estado.
2. O orçamento das autarquias locais obedece às regras da anualidade, uni-
dade, universalidade e de especificação.
3. Sem prejuízo das especificidades que lhe são inerentes, as autarquias locais
harmonizam o seu regime financeiro com os princípios gerais financeiros e
patrimoniais vigentes para o Orçamento Geral do Estado, de modo a garantir a
aplicação das normas da contabilidade nacional.

ARTIGO 21
(Receitas)

1. As receitas das autarquias locais classificam-se, pela sua natureza, em


correntes e de capital e, consoante a sua proveniência, são próprias ou subven-
cionadas.
2. São receitas próprias correntes:
a) o produto da cobrança de impostos de natureza eminentemente autárquica
já existentes ou que venham a ser criados;
b) um percentual de certos impostos cobrados pelo Estado, nos termos a definir
por lei;
c) o produto integral da cobrança de impostos que, pela sua natureza, se venha
a reconhecer dever ser transferido para as autarquias locais;
d) o produto da cobrança de taxas ou tarifas resultantes da prestação de
serviços ou da concessão de licenças pela autarquia local;

8
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 23

e) o produto de multas ou coimas que caibam às autarquias locais por lei,


regulamento ou postura;
f) o produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades.

3. São receitas próprias de capital:


a) o rendimento de serviços da autarquia local, por ela administrados ou
concessionados;
b) os rendimentos de bens próprios, móveis ou imóveis;
c) os rendimentos de participações financeiras;
d) o produto da alienação de bens patrimoniais próprios;
e) o produto de empréstimos contraídos pela autarquia local;
f) o produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades, desde que
incidentes sobre bens patrimoniais ou destinados a aplicação em investi-
mento específico.

4. São receitas subvencionadas as resultantes de subvenções do Estado e de


outras pessoas colectivas de direito público à autarquia local, as quais serão
consideradas correntes ou de capital, consoante os fins a que se destinam.
5. A lei poderá criar outras receitas autárquicas.

ARTIGO 22
(Despesas)

1. São despesas correntes ou de funcionamento as que se destinam ao custeio


da actividade correntes dos órgãos das autarquias locais.
2. As despesas correntes dividem-se em fundos de salários e de bens e
serviços.
3. São despesas de capital as que implicam alteração do património, pelo seu
enriquecimento ou formação de capital fixo, consubstanciando-se não só pelos
investimentos, mas também pelos activos e passivos financeiros.

ARTIGO 23
(Empréstimos)

A Assembleia Municipal ou da Povoação pode autorizar a contracção de


empréstimos desde que a sua amortização anual ou plurianual seja devidamente
fundamentada em mapa demonstrativo da capacidade de endividamento da
autarquia.

9
Art. 24 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 24
(Controlo financeiro)

1. A gestão financeira está sujeita a controlo interno e externo.


2. O controlo interno efectua-se através de inspecções ou de auditorias finan-
ceiras e de desempenho.
3. O controlo externo da gestão financeira é exercido:
a) pela Inspecção Geral de Finanças;
b) pelo Tribunal Administrativo.

ARTIGO 25
(Transferência de competências)

A transferência de competências de órgãos do Estado para órgãos autárquicos


é sempre acompanhada pela correspondente transferência dos recursos financeiros
e, se necessário, humanos e patrimoniais.

ARTIGO 26
(Sectores do investimento público)

A repartição dos sectores de investimento público entre o Estado, as empresas


públicas e estatais, e as autarquias locais, será objecto de decreto do Conselho
de Ministros.
ARTIGO 27
(Articulação e cooperação)

1. As autarquias locais e as estruturas locais das organizações sociais e da


administração directa a indirecta do Estado coordenarão os respectivos projectos
e programas e articularão as suas acções e actividades com vista à realização
harmoniosa das respectivas atribuições.
2. A Administração Central do Estado aprovará, sempre que necessário, regras
de cooperação técnica e financeira com as autarquias locais para a prossecução
de políticas e programas de desenvolvimento local e para a implementação de
políticas globais e sectorias e/ou que impliquem a reconversão de sectores sociais
e económicos.
ARTIGO 28
(Enquadramento das autoridades tradicionais)

1. O ministro que superintende na função pública e na Administração Local do


Estado, coordenará as políticas de enquadramento das autoridades tradicionais e
de formas de organização comunitária definidas pelas autarquias locais.
2. No desempenho das suas funções, os órgãos das autarquias locais poderão
auscultar as opiniões e sugestões das autoridades tradicionais reconhecidas pelas

10
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 31

comunidades como tais, de modo a coordenar com elas a realização de actividades


que visem a satisfação das necessidades específicas das referidas comunidades.
3. A actuação dos órgãos das autarquias locais, previstas nos números ante-
riores, concretiza-se no estrito respeito pela Constituição e pela lei.

ARTIGO 29
(Responsabilidade civil)

As autarquias locais respondem civilmente perante terceiros pelas ofensas dos


direitos destes ou pela violação das disposições destinadas a proteger os seus
interesses, resultantes dos actos ilícitos praticados com dolo ou mera culpa pelos
respectivos órgãos e agentes administrativos no exercício das suas funções e por
causa desse exercício nos termos e na forma prescritos na lei.

ARTIGO 30
(Dissolução)

1. O Governo, reunido em Conselho de Ministros, pode dissolver os órgãos deli-


berativos das autarquias locais, por razões de interesse público, baseado em
acções ou omissões ilegais graves, previstos na lei e nos termos por ela estabe-
lecidos.
2. A dissolução da Assembleia da autarquia local implica o termo do mandato
do Presidente do Conselho Municipal ou da Povoação.
3. A dissolução será ordenada por resolução na qual constatarão:
a) os fundamentos da dissolução;
b) a designação da comissão administrativa que substituirá os órgãos dissol-
vidos até à tomada de posse dos titulares dos novos órgãos eleitos;
c) o prazo para a realização das eleições intercalares.

O prazo referido na alínea c) do n.º 3 do presente artigo não poderá exceder


cento e vinte dias.

CAPÍTULO II
Do Município

SECÇÃO I
Disposições gerais

ARTIGO 31
(Designação)

A designação do município é a da respectiva cidade ou vila.

11
Art. 32 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 32
(Órgãos)

São órgãos do município a Assembleia Municipal, o Presidente do Conselho


Municipal e o Conselho Municipal.

ARTIGO 33
(Unidades administrativas)

Os órgãos executivos municipais poderão estabelecer unidades administrativas


ao nível dos respectivos escalões territoriais inferiores.

SECÇÃO II

Assembleia Municipal

ARTIGO 34
(Natureza)

A Assembleia Municipal é o órgãos representativo do município dotado de


poderes deliberativos.

ARTIGO 35
(Constituição)

A Assembleia Municipal é constituída por membros eleitos por sufrágio univer-


sal, directo, igual, secreto, pessoal e periódico dos cidadãos eleitores residentes
no respectivo círculo eleitoral.

ARTIGO 36
(Composição)

1. A Assembleia Municipal é composta por:


a) 13 membros quando o número de eleitores for igual ou inferior a 20 000;
b) 17 membros quando o número de eleitores for superior a 20 000 e inferior
a 30 000;
c) 21 membros quando o número de eleitores for superior a 30 000 e inferior
a 40 000;
d) 31 membros quando o número de eleitores for superior a 40 000 e inferior
a 60 000;
e) 39 membros quando o número de eleitores for superior a 60 000.

12
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 39

2. Nos municípios com mais de 100 000, o número de membros referido na


alínea e) do número anterior é aumentado para mais 1 por cada 20 000 eleitores.
3. Participam nas sessões da Assembleia Municipal mas sem direito a voto:
a) o Presidente do Conselho Municipal ou seu substituto;
b) os vereadores, quando forem convocados especificamente.

ARTIGO 37
(Mandato)

O mandato da Assembleia Municipal é de cinco anos.

ARTIGO 38
(Instalação)

1. O Presidente da Assembleia Municipal cessante procederá à instalação da


nova Assembleia Municipal no prazo de quinze dias, a contar do apuramento
definitivo dos resultados eleitorais.
2. No acto de instalação, o Presidente da Assembleia Municipal cessante
verificará a identidade e legitimidade dos eleitos designando, de entre os presentes,
quem redigirá e subscreverá a acta da ocorrência, que será assinada pelo
Presidente cessante e pelos membros presentes da nova Assembleia.
3. Compete ao cidadão que tiver encabeçado a lista mais votada ou, na sua
ausência, ao melhor posicionado na mesma lista presidir à primeira reunião da
Assembleia Municipal, que se efectuará imediatamente a seguir ao acto se
instalação para a eleição da Mesa.
4. Após a eleição mencionada no número anterior, dar-se-á início à discussão
do regimento da Assembleia Municipal.

ARTIGO 39
(Mesa)

1. A Mesa é composta por um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário


eleitos pela Assembleia Municipal, de entre os seus membros, por escrutínio
secreto.
2. A Mesa é eleita pelo período do mandato, sem embargo de os seus membros
poderem ser substituídos pela Assembleia Municipal, em qualquer altura, por
deliberação da maioria absoluta dos membros em efectividade de funções.
3. Terminada a votação para a Mesa e verificando-se empate na eleição do
Presidente, realizar-se-á novo escrutínio.
4. Se o empate se mantiver após o segundo escrutínio, será declarado Presi-
dente o cidadão que, de entre os membros que tiverem ficado empatados, se

13
Art. 40 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

encontrava melhor posicionado na lista mais votada na eleição para a Assembleia


Municipal.
5. Se o empate se verificar relativamente ao Vice-Presidente, proceder-se-á à
nova eleição, após o que, mantendo-se o empate, caberá ao Presidente a respec-
tiva designação de entre os membros que tiverem ficado empatados.
6. O Presidente é substituído, nas suas faltas e impedimentos, pelo Vice-
-Presidente.
7. O Secretário é substituído, nas suas faltas e impedimentos, pelo membro
designado pela Assembleia.
8. Na ausência de todos os membros da Mesa, a Assembleia Municipal elegerá,
por voto secreto, uma Mesa ad hoc para presidir a essa sessão.
9. Compete à Mesa proceder à marcação de faltas e apreciar a justificação das
mesmas, podendo os membros considerados faltosos recorrer para a Assembleia
Municipal.
10. As faltas têm de ser justificadas por escrito, no prazo de dez dias, a contar
da data da reunião em que se tiverem verificado.

ARTIGO 40
(Alteração da composição da Assembleia Municipal)

1. Nos casos de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato ou qualquer


outra razão que implique que um dos membros da Assembleia Municipal deixe de
fazer parte dela, a sua substituição é feita pelo suplente imediatamente a seguir
na ordem da respectiva lista.
2. Compete ao Presidente da Assembleia Municipal comunicar o facto ao
membro substituto e deverá ser feita antes da reunião seguinte deste órgão.
3. Esgotada a possibilidade de substituição prevista no número anterior e desde
que não esteja em efectividade de funções dois terços do número de membros que
constituem a Assembleia, o Presidente comunicará ao facto ao Governo para que
este marque novas eleições, no prazo de trinta dias.
4. A novas eleições deverão ocorrer entre o segundo e o terceiro mês após a
data da marcação.
5. A nova Assembleia Municipal completará o mandato da anterior.
6. Não se realizarão eleições se faltarem doze meses ou menos para o fim do
mandato dos membros da Assembleia Municipal.

ARTIGO 41
(Sessões ordinárias)

1. A Assembleia Municipal realiza cinco sessões ordinárias por ano.

14
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 44

2. Duas das sessões ordinárias indicadas no número anterior destinar-se-ão,


respectivamente, à aprovação do relatório de contas do ano anterior e à aprovação
do plano de actividades e do orçamento para o ano seguinte.
3. O calendário das sessões ordinárias é fixado pela Assembleia Municipal na
primeira sessão ordinária de cada ano.
4. As sessões da Assembleia Municipal são convocadas pelo seu Presidente
com base no calendário fixado de acordo com o número anterior.

ARTIGO 42
(Sessões extraordinárias)

1. A Assembleia Municipal pode reunir-se extraordinariamente, por iniciativa do


seu Presidente, por deliberação da Mesa ou a requerimento:
a) do Conselho Municipal;
b) de 50% do membros da Assembleia em efectividade de funções;
c) de pelo menos 5% de cidadãos eleitores inscritos no recenseamento eleitoral
do município;
d) do Presidente do Conselho Municipal, a pedido do membro do Conselho de
Ministros com poderes de tutela sobre as autarquias locais para apreciação
de questões suscitadas pelo Governo.

2. O Presidente da Assembleia Municipal é obrigado a convocá-la no prazo de


dez dias a contar da data da tomada de conhecimento da iniciativa, devendo a
sessão realizar-se no prazo de trinta dias a contar da data da convocação, sob
pena de se considerar automaticamente convocada para o trigésimo dia após a
data do pedido formalmente efectuado.
3. Nas sessões extraordinárias a Assembleia Municipal só poderá tratar dos
assuntos específicos para que tenha sido expressamente convocada.

ARTIGO 43
(Duração das sessões)

A duração das sessões da Assembleia Municipal é determinada pelo seu


regimento.

ARTIGO 44
(Publicidade das sessões)

As sessões da Assembleia Municipal são públicas.

15
Art. 45 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 45
(Competência)

1. Compete à Assembleia Municipal pronunciar-se e deliberar, no quadro das


atribuições municipais, sobre os assuntos e as questões fundamentais de interesse
para o desenvolvimento económico, social e cultural da comunidade municipal, à
satisfação das necessidades colectivas e à defesa dos interesses das respectivas
populações, bem como acompanhar e fiscalizar a actividade dos demais órgãos e
dos serviços e empresas municipais.
2. Compete à Assembleia Municipal, designadamente:
a) eleger, por voto secreto, a Mesa;
b) elaborar e aprovar o regimento;
c) verificar ou tomar conhecimento da morte, impossibilidade física duradoura
ou renúncia do mandato do Presidente do Conselho Municipal, declarando
o impedimento permanente e comunicando o facto à entidade tutelar;
d) comunicar à entidade tutelar qualquer facto de que tome conhecimento que
entenda ser motivo de perda de mandato;
e) registar, mediante comunicação do Conselho Municipal, os períodos de
suspensão de mandato do Presidente do Conselho Municipal;
f) acompanhar e fiscalizar o actividade dos órgãos executivos municipais e
serviços dependentes;
g) apreciar, em cada sessão ordinária, uma informação escrita do Presidente
do Conselho Municipal acerca do estado do cumprimento do seu plano de
actividades,
h) solicitar a qualquer momento e receber, através da Mesa, informações sobre
os assuntos de interesse para o município, e sobre a execução de delibera-
ções anteriores;
i) tomar posição perante os órgãos do Estado e outras entidades públicas
sobre os assuntos de interesse para o município devendo, para o efeito, ser
por aqueles consultada;
j) ser ouvido, quando solicitado, pelo Conselho de Ministros, sobre a modifi-
cação de limites, criação e extinção de novas autarquias locais que afectem
a respectiva área de jurisdição;
k) pronunciar-se e deliberar sobre assuntos que digam respeito aos interesses
próprios da autarquia local;
l) exercer os demais poderes conferidos por lei, nomeadamente pela legis-
lação avulsa destinada a corporizar a autonomia administrativa em áreas
até aqui dependentes dos departamento locais, províncias ou centrais do
Estado.

16
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 45

3. Compete à Assembleia Municipal, sob proposta ou a pedido de autorização


do Conselho Municipal:
a) aprovar regulamentos e posturas;
b) aprovar o plano de actividades e o orçamento da autarquia local, bem como
as suas revisões;
c) aprovar anualmente o relatório, o balanço e a conta de gerência;
d) aprovar o plano de desenvolvimento municipal, o plano de estrutura e, de
um modo geral, os planos de ordenamento do território, bem como as regras
respeitantes à urbanização e construção, nos termos da lei;
e) aprovar a celebração, com o Estado, de contratos-programa ou de desenvol-
vimento, ou de quaisquer outros que visem a transferência ou o exercício
de novas competências pelas autarquias;
f) aprovar a contratação de empréstimos nos termos legais e observando o
artigo 23;
g) criar ou extinguir a unidade de polícia municipal e corpos de bombeiros
voluntários;
h) aprovar os quadros de pessoal dos diferentes serviços da autarquia local;
i) conceder autonomia administrativa e financeira a serviços os sectores
funcionais autárquicos e autorizar o Conselho Municipal a criar empresas
municipais ou a participar em empresas interautárquicas;
j) aprovar a participação da autarquia local no capital de empresas de direito
privado que prossigam fins de reconhecido interesse público local;
k) fixar, normativamente, as condições em que a autarquia local, através do
Conselho, pode alienar ou onerar bens imóveis próprios;
l) fixar um montante a partir do qual a aquisição de bens imóveis próprios pelo
Conselho Municipal dependerá da autorização da Assembleia;
m) autorizar o Conselho Municipal a alienar ou onerar bens imóveis próprios nos
termos da alínea k) deste número;
n) autorizar o Conselho Municipal a outorgar a exploração de obras e serviços
em regime de concessão, nos termos e prazos previstos na lei;
o) estabelecer, nos termos da lei, taxas autárquicas, derramas e outras receitas
próprias e fixar os respectivos quantitativos;
p) fixar tarifas pela prestação de serviços ao público através de meios próprios,
nomeadamente no âmbito da recolha, depósito e tratamento de resíduos,
conservação e tratamento de esgotos, fornecimento de água, energia
eléctrica, utilização de matadouros municipais, manutenção de jardins e
mercados, transportes colectivos de pessoas e mercadorias, manutenção de
vias, funcionamento de cemitérios;
r) estabelecer a configuração do brasão, selo e bandeira da autarquia local;

17
Art. 46 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

s) estabelecer o nome de ruas, praças, localidades e lugares no território da


autarquia local;
t) propor à entidade competente a mudança de nomes de ruas, praças,
localidades e lugares do território da autarquia local;
u) criar e atribuir distinções e medalhas autárquicas.

4. Compete ainda à Assembleia Municipal, sob proposta do Presidente do


Conselho Municipal, fixar o número de vereadores de acordo com o artigo 50 da
presente Lei.
5. Os pedidos de autorização para a contracção de empréstimos, nos termos
da alínea f) do n.º 3, são acompanhados pelo mapa demonstrativo da capacidade
de endividamento da autarquia local.
6. As propostas referentes às alíneas b) e c) do n.º 3, apresentadas pelo órgão
executivo competente, não podem ser alteradas pela Assembleia Municipal e
carecem da devida fundamentação quando rejeitadas, podendo o órgão executivo
proponente reformular a proposta de acordo com as sugestões e recomendações
feitas pela Assembleia.

ARTIGO 46
(Competências da Assembleia Municipal na gestão ambiental)

No âmbito das atribuições de protecção do meio ambiente, compete à Assem-


bleia Municipal, mediante proposta do Conselho Municipal, aprovar:
a) o plano ambiental e zoneamento ecológico do município;
b) programas de incentivos a actividades protectoras ou reconstituintes das
condições ambientais;
c) programas de uso de energia alternativa;
d) processos para a remoção, tratamento e depósito de resíduos sólidos,
incluindo os dos hospitais e os tóxicos;
e) programas de florestamento, plantio e conservação de árvores de sombra;
f) programas locais de gestão de recursos naturais;
g) normas definidoras de multas e outras sanções ou encargos que onerem
actividades especialmente poluidoras na área do município;
h) programas de difusão de meios de transporte não poluentes;
i) o estabelecimento de reservas municipais;
j) propostas e pareceres sobre a definição e estabelecimento de zonas
protegidas.

18
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 50

ARTIGO 47
(Competências do Presidente da Assembleia)

Compete ao Presidente da Assembleia Municipal:


a) representar a Assembleia Municipal;
b) convocar sessões ordinárias e extraordinárias;
c) dirigir os trabalhos e manter a disciplina das sessões;
d) exercer os demais poderes que lhe sejam conferidos por lei e pelo regimento
da Assembleia.

ARTIGO 48
(Competência do Secretário)

Compete ao Secretário secretariar as sessões, lavrar e subscrever as res-


pectivas actas, que serão também assinadas pelo Presidente, e assegurar o
expediente.

SECÇÃO III

Conselho Municipal

ARTIGO 49
(Natureza)

O Conselho Municipal é o órgão executivo colegial do município, constituído


pelo Presidente do Conselho Municipal e por vereadores por ele escolhidos e
nomeados.

ARTIGO 50
(Composição)

1. O Conselho Municipal, incluindo o Presidente, é composto por:


a) 11 para os municípios de população superior a 200 000 habitantes;
b) 9 para os de população compreendida entre 100 000 e 200 000 habitantes;
c) 7 para os de população compreendida entre 50 000 e 100 000 habitantes;
d) 5 para os de população inferior a 50 000 habitantes.

2. Poderá haver vereadores em regime de permanência ou em regime de


tempo parcial, cabendo ao Presidente do Conselho Municipal definir quais os
vereadores que exercem funções em cada um dos regimes.

19
Art. 51 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

3. Cada vereador poderá ficar encarregue, por decisão do Presidente do


Conselho Municipal, da superintendência de uma ou mais entidades administrativas
do município, sem prejuízo do poder geral de coordenação e superintendência do
Presidente.
ARTIGO 51
(Designação e cessação de funções de vereador)

1. O Presidente do Conselho Municipal designará vereadores de entre pessoas


da sua confiança política e pessoal, no seio da Assembleia Municipal e fora dela.
2. Pelo menos metade dos vereadores são escolhidos de entre os membros
da respectiva Assembleia.
3. Os vereadores respondem perante o Presidente do Conselho Municipal e
submetem-se às deliberações tomadas por este órgão, mesmo no que toca às
áreas funcionais por si superintendidas.
4. Os vereadores em regime de permanência podem acumular essa qualidade
com a de membros da Assembleia Municipal ou suspender o seu mandato, sem
sujeição ao limite previsto no n.º 4 do artigo 98.
5. Os vereadores cessam as suas funções na data da tomada de posse de um
novo Presidente do Conselho Municipal ou na data em que este os exonere.

ARTIGO 52
(Incompatibilidades)

É incompatível com a qualidade de membro de Conselho Municipal, o exercício


das seguintes funções:
a) de membro da Mesa da Assembleia Municipal;
b) de pessoal ou de funcionário dirigente em organismo que integre o departa-
mento ministerial de tutela das autarquias locais;
c) de agente ou funcionário do município.

ARTIGO 53
(Mandato)

1. O mandato do Conselho Municipal é de cinco anos.


2. O Conselho Municipal cessante assegura a gestão corrente dos assuntos
municipais até à tomada de posse do novo Conselho.

ARTIGO 54
(Instalação)

A instalação do Conselho Municipal compete ao Presidente da Assembleia


Municipal e faz-se no prazo de quinze dias após o apuramento dos resultados e
nos termos do artigo 38.

20
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 56

ARTIGO 55
(Reuniões do Conselho Municipal)

A periodicidade das reuniões e o processo de deliberação do Conselho Munici-


pal são definidos por regulamento interno.

ARTIGO 56
(Competência)

1. Compete ao Conselho Municipal:


a) executar e realizar as tarefas e programas económicos, culturais e sociais
de interesse local definidos pela Assembleia Municipal e enquadrados pela
lei;
b) coadjuvar o Presidente do Conselho Municipal na execução e cumprimento
das deliberações da Assembleia Municipal;
c) participar na execução do plano de actividades e do orçamento, de acordo
com os princípios da estrita disciplina financeira;
d) apresentar à Assembleia Municipal propostas e pedidos de autorização e
exercer as competências autorizadas no âmbito das matérias previstas no
n.º 3 do artigo 45;
e) fixar um valor a partir do qual a aquisição de bens móveis depende de uma
deliberação sua;
f) alienar ou onerar bens imóveis próprios nos termos da alínea m) do n.º 3
do artigo 45;
g) aceitar doações, legados e heranças;
h) designar os responsáveis superiores dos serviços e sectores funcionais
autárquicos autorizados;
i) deliberar sobre as formas de apoio a organizações não-governamentais e
outros organismos que prossigam fins de interesse público do município;
j) propor à instância competente a declaração de utilidade pública, para efeitos
de expropriação;
k) exercer os poderes e faculdades estabelecidas na Lei de Terras e o seu
regulamento;
l) conceder licenças para construção, reedificação ou conservação, bem como
aprovar os respectivos projectos, nos termos da lei;
m) ordenar, após vistoria, a demolição total ou parcial, ou beneficiação de
construções que ameacem ruína ou constituam perigo para a saúde e
segurança das pessoas;
n) conceder licenças para estabelecimentos insalubres, incómodos, perigosos
ou tóxicos, nos termos da lei;

21
Art. 57 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

o) deliberar sobre a administração de águas públicas sob sua jurisdição;


p) deliberar sobre tudo o que interesse à segurança e fluidez da circulação,
trânsito e estacionamento nas ruas e demais lugares públicos e que não se
insira na competência de outros órgãos ou entidades;
q) estabelecer a numeração dos edifícios e toponímia;
r) deliberar sobre a deambulação de animais vadios ou de espécies bravias e
mecanismos organizativos de enquadramento.

2. Verificando-se a situação prevista no n.º 3 do artigo 40, o Conselho Munici-


pal pode, excepcionalmente, substituir a Assembleia Municipal no exercício das
competências das alíneas c), d), e), i), k) e l) do n.º 2, f) e alíneas l) e m) do n.º 3
do artigo 45, ficando as deliberações sujeitas à ratificação, na primeira sessão da
Assembleia, a pós a realização de eleições, sob pena de nulidade.

SECÇÃO IV

Presidente do Conselho Municipal

ARTIGO 57
(Natureza)

O Presidente do Conselho Municipal é o órgão executivo singular do município.

ARTIGO 58
(Eleição)

1. O Presidente do Conselho Municipal é eleito por sufrágio universal, igual,


directo, secreto e periódico dos cidadãos eleitores recenseados na área do respec-
tivo município.
2. A lei eleitoral das autarquias locais regulará o processo eleitoral do
Presidente do Conselho Municipal.

ARTIGO 59
(Substituição)

O Presidente do Conselho Municipal é substituído, nas suas faltas e impedi-


mentos, por um dos vereadores por ele designados.

ARTIGO 60
(Impedimento permanente do Presidente do Conselho Municipal)

1. Nos casos de morte, incapacidade física permanente, renúncia ou perda de


mandato, o Presidente do Conselho Municipal será substituído interinamente pelo
Presidente da Assembleia Municipal, até nova eleição.

22
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 62

2. No prazo de quinze dias a contar da declaração do impedimento permanente,


a entidade competente para marcar eleições para Presidente do Conselho Municipal
marcará eleição intercalar para esse órgão.
3. A eleição realizar-se-á dentro de quarenta e cinco dias a contar da data da
marcação.
4. O novo Presidente do Conselho Municipal limita-se a concluir o mandato do
anterior, não transitando automaticamente para o novo mandato.
5. Não se realizará a eleição intercalar se o tempo que faltar para a conclusão
do mandato, for igual ou inferior a doze meses.
6. O Presidente interino do Conselho Municipal exerce a plenitude dos poderes
podendo inclusive substituir os vereadores.

ARTIGO 61
(Posse)

1. O Presidente do Conselho Municipal é empossado pelo Presidente da


Assembleia Municipal no prazo de dez dias a contar da instalação do órgão repre-
sentativo.
2. No intervalo entre a data da declaração do impedimento permanente e a data
da tomada de posse, o Presidente interino do Conselho Municipal praticará apenas
os actos de gestão estritamente necessários para o bom andamento dos assuntos
urgentes do município.

ARTIGO 62
(Competência)

1. Ao Presidente do Conselho Municipal compete:


a) dirigir a actividade corrente do município, coordenando, orientando e supe-
rintendendo a acção de todos os vereadores;
b) dirigir e coordenar o funcionamento do Conselho Municipal;
c) exercer todos os poderes conferidos por lei ou por deliberação da assembleia
Municipal.

2. Ao Presidente do Conselho Municipal compete ainda:


a) representar o município em juízo ou fora dele;
b) executar e velar pelo cumprimento das deliberações da Assembleia Muni-
cipal;
c) escolher, nomear e exonerar livremente os vereadores do Conselho Muni-
cipal;
d) coordenar e controlar a execução das deliberações do Conselho Municipal;

23
Art. 62 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

e) orientar a elaboração e participar na execução do orçamento autárquico,


autorizando o pagamento de despesas orçamentais, quer resultem de delibe-
ração do Conselho Municipal, quer resultem da decisão própria;
f) assinar ou visar a correspondência do Conselho Municipal com destino a
qualquer entidade pública ou privada;
g) representar os órgãos executivos do município perante a Assembleia Muni-
cipal e responder pela política e linha programática seguida por esses
órgãos;
h) adquirir os bens móveis necessários ao funcionamento regular dos serviços
desde que o seu custo se situe dentro do limite fixado pelo Conselho
Municipal;
i) mandar publicar as decisões que disso careçam nos locais de estilo;
j) dirigir o serviço municipal de protecção civil, em coordenação com as
estruturas nacionais;
k) superintender na gestão e direcção do pessoal ao serviço do município;
l) modificar ou revogar os actos praticados por funcionários autárquicos;
m) outorgar contratos necessários ao funcionamento dos serviços;
n) efectuar contratos de seguro;
o) instaurar pleitos e defender-se neles, podendo confessar, desistir, transigir
ou aceitar composição arbitral;
p) promover todas as acções necessárias à administração corrente do patri-
mónio autárquico e à sua conservação, assegurando a actualização do
cadastro dos bens móveis e imóveis do município;
q) promover a execução das obras e intervenções de responsabilidade directa
do município que constem dos planos aprovados pela Assembleia Munici-
pal e que tenham cabimento adequado no orçamento relativo ao ano de
execução das mesmas, bem como inspeccioná-las, nos termos da lei e da
regulamentação autárquica específica;
r) outorgar contratos necessários à execução das obra referidas na alínea
anterior;
s) conceder licenças para habitação ou para outra utilização de prédios
construídos de novo ou que tenham sofrido grandes modificações, pro-
cedendo à verificação, por comissões apropriadas, das condições de habita-
bilidade e de conformidade com o projecto aprovado, de acordo com a
regulamentação autárquica específica;
t) embargar e ordenar a demolição de quaisquer obras, construções ou edifica-
ções efectuadas por particulares, sem observância da lei;
u) ordenar o despejo sumário de prédios expropriados ou cuja demolição ou
beneficiação tenha sido deliberada nos termos da lei;

24
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 65

v) conceder terrenos nos cemitérios municipais para jazigos e sepulturas


perpétuas;
w) conceder licenças policiais ou fiscais de harmonia com o disposto nas leis,
regulamentos e posturas;
x) exercer as funções de chefe da polícia municipal, quando exista.

3. Em caso de urgência e em circunstâncias em que o interesse público


autárquico excepcionalmente o determine, o Presidente do Conselho Municipal
pode praticar actos sobre matérias da competência do Conselho Municipal.
4. Os actos referidos no número anterior estão sujeitos à ratificação do Conse-
lho Municipal na primeira reunião após a sua prática, o que deverá acontecer no
prazo máximo de quinze dias.
5. A recusa de ratificação ou a sua não submissão para ratificação no devido
tempo é causa de nulidade do acto.

ARTIGO 63
(Delegação de poderes nos vereadores)

1. O Presidente do Conselho Municipal pode delegar competências nos verea-


dores, bem como em dirigentes das unidades administrativa autárquica.
2. Não são delegáveis as competências das alíneas a) e b) do n.º 1, c) e g)
do n.º 2 e o n.º 3 do artigo anterior.

CAPÍTULO III

Da Povoação

SECÇÃO I

Disposições gerais

ARTIGO 64
(Designação)

A designação da povoação é a da sede do posto administrativo.

ARTIGO 65
(Órgãos)

São órgãos da povoação a Assembleia da Povoação, o Conselho da Povoação


e o Presidente do Conselho da Povoação.

25
Art. 66 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

SECÇÃO II

Assembleia da Povoação

ARTIGO 66
(Natureza)

A Assembleia da Povoação é o órgão representativo da povoação, dotado de


poderes deliberativos.

ARTIGO 67
(Constituição)

A Assembleia da Povoação é constituída por membros eleitos por sufrágio uni-


versal, directo, igual, secreto, pessoal e periódicos dos cidadãos eleitores residentes
no respectivo círculo eleitoral.

ARTIGO 68
(Composição)

1. A Assembleia da Povoação é composta por:


a) 11 membros quando o número de eleitores for igual ou inferior a 3000;
b) 15 membros quando o número de eleitores for superior a 3000 e inferior a
6000;
c) 19 membros quando o número de eleitores for superior a 6000 e inferior a
12 000.

2. Nas povoações com mais de 12 000 eleitores, o número de membros referido


na alínea c) do número anterior é aumentado para mais 1 por cada 2000 eleitores.
3. Participam nas sessões da Assembleia da Povoação mas sem direito a voto:

a) o Presidente do Conselho da Povoação ou seu substituto;


b) os vereadores, quando forem convocados especificamente.

ARTIGO 69
(Mandato)

O mandato da Assembleia da Povoação é de cinco anos.

ARTIGO 70
(Instalação)

1. O Presidente da Assembleia da Povoação cessante procederá à instalação


da nova Assembleia da Povoação no prazo de quinze dias a contar do apuramento
definitivo dos resultados eleitorais.

26
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 71

2. No acto de instalação, o Presidente da Assembleia da Povoação cessante


verificará a identidade e legitimidade dos eleitos designando, de entre os presentes,
quem redigirá e subscreverá a acta da ocorrência, que será assinada pelo
Presidente cessante e pelos membros presentes da nova Assembleia.
3. Compete ao cidadão que tiver encabeçado a lista mais votada ou, na sua
ausência, ao melhor posicionado na mesma lista, presidir à primeira reunião da
Assembleia da Povoação, que se efectuará imediatamente a seguir ao acto de
instalação para a eleição da Mesa.
4. Após a eleição mencionada no número anterior, dar-se-á início à discussão
do regimento da Assembleia da Povoação.
5. Enquanto não for aprovado o novo regimento, vigorará o anteriormente
aprovado.

ARTIGO 71
(Mesa)

1. A Mesa é composta por um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário,


eleitos pela Assembleia da Povoação de entre os seus membros, por escrutínio
secreto.
2. A Mesa é eleita pelo período do mandato, sem embargo de os seus membros
poderem ser substituídos pela Assembleia da Povoação, em qualquer altura, por
deliberação da maioria absoluta dos membros em efectividade de funções.
3. Terminada a votação para a Mesa e verificando-se empate na eleição do
Presidente, realizar-se-á novo escrutínio.
4. Se o empate se mantiver após o segundo escrutínio, será declarado
presidente o cidadão que, de entre os membros que tiverem ficado empatados, se
encontrava melhor posicionado na lista mais votada na eleição para a Assembleia
da Povoação.
5. Se o empate se verificar relativamente ao Vice-Presidente, proceder-se-á à
nova eleição, após o que, mantendo-se o empate, caberá ao Presidente a
respectiva designação de entre os membros que tiverem ficado empatados.
6. O Presidente é substituído, nas suas faltas e impedimentos, pelo Vice-
-Presidente.
7. O Secretário é substituído, nas suas faltas e impedimentos, pelo membro
designado pela Assembleia.
8. Na ausência de todos os membros da Mesa, a Assembleia da Povoação
elegerá, por voto secreto, uma mesa ad hoc para presidir a essa sessão.
9. Compete à Mesa proceder à marcação de faltas e apreciar a justificação das
mesmas, podendo os membros considerados faltosos recorrer para a Assembleia
da Povoação.
10. As faltas têm de ser justificadas, por escrito, no prazo de cinco dias a contar
da data da reunião em que se tiverem verificado.

27
Art. 72 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 72
(Alteração da composição da Assembleia da Povoação)

1. Nos casos de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato ou qualquer


outra razão de implique que um dos membros da Assembleia da Povoação esteja
ausente, a sua substituição é feita pelo suplente imediatamente a seguir na ordem
da respectiva lista.
2. A comunicação do facto ao membro substituto compete ao Presidente da
Assembleia da Povoação e deverá ser feita antes da reunião seguinte deste órgão.
3. Esgotada a possibilidade de substituição prevista no número anterior e desde
que não esteja em efectividade de funções dois terços dos números dos membros
que constituem a Assembleia, o Presidente comunicará o facto ao Governo para
que este marque novas eleições no prazo de quarenta e cinco dias.
4. As novas eleições deverão ocorrer entre o segundo e o terceiro mês após
a data da marcação.
5. A nova Assembleia da Povoação completará o mandato da anterior.
6. Não se realizarão eleições se faltarem doze meses ou menos para o fim do
mandato dos membros da Assembleia da Povoação.

ARTIGO 73
(Sessões ordinárias)

1. A Assembleia da Povoação realiza cinco sessões ordinárias por ano.


2. Duas das sessões ordinárias indicadas no número anterior destinar-se-ão,
respectivamente, à aprovação do relatório de contas do ano anterior e à aprovação
do plano de actividades e do orçamento para o ano seguinte.
3. O calendário das sessões ordinárias é fixado pela Assembleia da Povoação
na primeira sessão ordinária de cada ano.
4. As sessões da Assembleia da Povoação são convocadas pelo seu Presi-
dente com base no calendário fixado de acordo com o número anterior.

ARTIGO 74
(Sessões extraordinárias)

1. A Assembleia da Povoação pode reunir-se extraordinariamente, por iniciativa


do seu Presidente, por deliberação da Mesa ou a requerimento:
a) do Conselho da Povoação;
b) de 50% dos membros da Assembleia em efectividade de funções;
c) de pelos menos 5% de cidadãos eleitores inscritos no recenseamento
eleitoral da povoação;

28
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 77

d) do Presidente do Conselho da Povoação, a pedido do membro do Conselho


de Ministros com poderes de tutela sobre as autarquias locais, para
apreciação de questões suscitadas pelo Governo.

2. O Presidente da Assembleia da Povoação é obrigado a convocá-la no prazo


de dez dias a contar da data da tomada de conhecimento da iniciativa, devendo a
sessão realizar-se num prazo de trinta dias a contar da data da convocação, sob
pena de se considerar automaticamente convocada para o trigésimo dia após a
data do pedido formalmente efectuado.
3. Nas sessões extraordinárias a Assembleia da Povoação só poderá tratar dos
assuntos específicos para que tenha sido expressamente convocada.

ARTIGO 75
(Duração das sessões)

A duração das sessões da Assembleia da Povoação é determinada pelo seu


regimento.

ARTIGO 76
(Publicidade das sessões)

As sessões da Assembleia da Povoação são públicas.

ARTIGO 77
(Competência)

1. Compete à Assembleia da Povoação pronunciar-se e deliberar sobre os


assuntos e as questões fundamentais de interesse para o desenvolvimento
económico, social e cultural da povoação, à satisfação das necessidades colectivas
e à defesa dos interesses das respectivas populações, bem como acompanhar e
fiscalizar a actividade dos demais órgãos e dos serviços e empresas.
2. Compete à Assembleia da Povoação, designadamente:
a) eleger, por voto secreto, a Mesa;
b) elaborar e aprovar o regimento;
c) verificar ou tomar conhecimento da morte, impossibilidade física duradoura
ou renúncia do mandato do Presidente do Conselho da Povoação,
declarando o impedimento permanente e comunicando o facto à entidade
tutelar;
d) comunicar, à entidade tutelar, qualquer facto de que tome conhecimento que
entenda ser motivo de perda de mandato;
e) registar, mediante comunicação do Conselho da Povoação, os períodos de
suspensão de mandato do Presidente do Conselho de Povoação;

29
Art. 77 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

f) acompanhar e fiscalizara actividade dos órgãos executivos da povoação e


serviços dependentes;
g) apreciar, em cada sessão ordinária, uma informação escrita do Presidente
do Conselho de Povoação acerca do estado do cumprimento do seu plano
de actividades;
h) solicitar, a qualquer momento, e receber, através da Mesa, informações sobre
os assuntos de interesse para a povoação e sobre a execução de delibe-
rações anteriores;
i) tomar posição perante os órgãos do Estado e outras entidades públicas
sobre os assuntos de interesse para a povoação devendo, para o efeito, ser
por aqueles consultada;
j) ser ouvido, quando solicitado pelo Conselho de Ministros, sobre a modifi-
cação de limites, criação e extinção de novas autarquias locais que afectem
a respectiva área de jurisdição;
k) pronunciar-se e deliberar sobre assuntos que digam respeito aos interesses
próprios da povoação;
l) exercer os demais poderes conferidos por lei, nomeadamente pela legislação
avulsa destinada a corporizar a autonomia administrativa em áreas até aqui
dependentes dos departamentos locais, provinciais ou centrais do Estado.

3. Compete à Assembleia da Povoação, sob proposta ou a pedido de autori-


zação do Conselho da Povoação:
a) aprovar regulamentos e posturas;
b) aprovar o plano de actividades e o orçamento da autarquia local, bem como
as suas revisões;
c) aprovar anualmente o relatório, o balanço e a conta de gerência;
d) aprovar o plano de desenvolvimento da povoação, o plano de estrutura e,
de um modo geral, os planos de ordenamento do território, bem como as
regras respeitantes à urbanização e construção, nos termos da lei;
e) aprovar a celebração, com o Estado, de contratos-programa, de contratos
de desenvolvimento ou de quaisquer outros que visem a transferência ou o
exercício de novas competências para povoação;
f) aprovar a contratação de empréstimos nos termos legais e observando o
artigo 23;
g) criar ou extinguir a unidade de polícia da povoação e corpos de bombeiros
voluntários;
h) aprovar os quadros de pessoal dos diferentes serviços da povoação;
i) conceder autonomia administrativa e financeira a serviços ou sectores
funcionais da povoação e autorizar o Conselho da Povoação a criar empre-
sas ou a participar em empresas interautárquicas;

30
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 78

j) autorizar o Conselho de Povoação a outorgar a exploração de obras e servi-


ços em regime de concessão, nos termos e prazos previstos na lei;
k) estabelecer, nos termos da lei, taxas autárquicas, derramas e outras receitas
própria e fixar os respectivos quantitativos;
l) fixar tarifas pela prestação de serviços ao público, nomeadamente no âmbito
da recolha, depósito e tratamento de resíduos, conservação e tratamento de
esgotos, fornecimento de água, utilização de matadouros da povoação,
manutenção de jardins e mercado, transportes colectivos de pessoas e
mercadorias, manutenção de vias, funcionamento de cemitérios;
m) estabelecer a configuração do brasão, selo e bandeira da povoação;
n) criar e atribuir distinções e medalhas da povoação;
o) fixar o número de vereadores nos termos do artigo 82 da presente Lei.

4. Os pedidos de autorização para a contratação de empréstimos, nos termos


da alínea f) do n.º 3, são acompanhados pelo mapa demonstrativo da capacidade
de endividamento da povoação.
5. As propostas referentes às alíneas b) e c) do n.º 3, apresentadas pelo órgão
executivo competente, não podem ser alteradas pela Assembleia da Povoação e
carecem da devida fundamentação quando rejeitadas, podendo o órgão executivo
proponente reformular a proposta de acordo com sugestões e recomendações feitas
pela Assembleia.

ARTIGO 78
(Competências da Assembleia da Povoação na gestão ambiental)

No âmbito das suas atribuições de protecção do meio ambiente, compete à


Assembleia da Povoação, mediante proposta do Conselho da Povoação, aprovar:
a) o plano ambiental da povoação;
b) programas de incentivos a actividades protectoras ou reconstituintes das
condições ambientais;
c) programas de uso de energia alternativa;
d) processos para a remoção, tratamento e depósito de resíduos sólidos,
incluindo os das unidades sanitárias e tóxicos;
e) programas de florestamento e plantio de árvores de sombra;
f) programas de gestão local de recursos naturais;
g) normas definidoras de multas e outras sanções ou encargos que onerem
actividades especialmente poluidoras na área da povoação;
h) o estabelecimento de reservas da povoação;
i) propostas e pareceres sobre a definição e o estabelecimento de zonas
protegidas.

31
Art. 79 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 79
(Competências do Presidente da Assembleia)

Compete ao Presidente da Assembleia da Povoação:


a) representar a Assembleia da Povoação;
b) convocar as sessões ordinárias e extraordinárias;
c) dirigir os trabalhos e manter a disciplina nas sessões;
d) exercer os demais poderes que lhe sejam conferidos por lei e pelo regimento
da Assembleia.

ARTIGO 80
(Competência do Secretário)

Compete ao Secretário secretariar as sessões, lavrar e subscrever as respecti-


vas actas, que serão também assinadas pelo Presidente, e assegurar o expediente.

SECÇÃO III

Conselho da Povoação

ARTIGO 81
(Natureza)

O Conselho da Povoação é o órgão executivo colegial da povoação, constituído


pelo Presidente do Conselho da Povoação e por vereadores por ele escolhidos e
nomeados.

ARTIGO 82
(Composição)

1. O número de membros do Conselho da Povoação, incluindo o Presidente,


é de 5 para as povoações de população superior a 5000 habitantes e de 3, para
as de população inferior a 5000 habitantes.
2. Poderá haver vereadores em regime de permanência ou em regime de
tempo parcial, cabendo ao Presidente do Conselho da Povoação definir quais os
vereadores que exercem funções em cada um dos regimes.

ARTIGO 83
(Designação e cessação de funções de vereador)

1. O Presidente do Conselho da Povoação designará os vereadores de entre


pessoas da sua confiança política e pessoal, no seio da Assembleia da Povoação
e fora dela.

32
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 87

2. Quando o número de vereadores for de 5, pelo menos 2 são designados


de entre os membros da Assembleia da Povoação, sendo 3 o número de verea-
dores, 1 será designado de entre os membros do órgão representativo.
3. Os vereadores respondem perante o Presidente do Conselho da Povoação
e submetem-se à decisões e deliberações tomadas por este órgão, mesmo no que
toca às áreas funcionais por si superintendidas.
4. Os vereadores em regime de permanência podem acumular essa qualidade
com a de membros da Assembleia representativa ao suspender o seu mandato,
sem sujeição ao limite previsto no n.º 4 do artigo 98.
5. Os vereadores cessam as suas funções na data da tomada de posse de um
novo Presidente do Conselho da Povoação ou na data em que este os demita.

ARTIGO 84
(Incompatibilidades)

É incompatível com a qualidade de membro do Conselho da Povoação, o


exercício das seguintes funções:
a) membro da Mesa da Assembleia da Povoação;
b) agente ou funcionário dirigente em organismo que integre o departamento
ministerial de tutela das autarquias locais;
c) agente ou funcionário de serviços do município.

ARTIGO 85
(Mandato)

1. O mandato do Conselho da Povoação é de cinco anos.


2. O Conselho da Povoação cessante assegura a gestão corrente dos assuntos
da povoação até à tomada de posse do novo Conselho.

ARTIGO 86
(Instalação)

A instalação do Conselho da Povoação compete ao Presidente da Assembleia


da Povoação e faz-se no prazo de quinze dias após o apuramento dos resultados
e nos termos do artigo 38.

ARTIGO 87

(Reuniões do Conselho da Povoação)

A periodicidade das reuniões e o processo de deliberação do Conselho da


Povoação são definidos por regulamento interno.

33
Art. 88 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 88
(Competência)

1. Compete ao Conselho da Povoação:


a) executar e realizar as tarefas e programas económicos, culturais e sociais
de interesse local definidos pela Assembleia da Povoação e enquadrados
pela lei;
b) coadjuvar o Presidente do Conselho da Povoação na execução e cumpri-
mento das deliberações da Assembleia da Povoação;
c) participar na execução do plano de actividades e do orçamento, de acordo
com os princípios da estrita disciplina financeira;
d) apresentar, à Assembleia da Povoação, propostas e pedidos de autorização
e exercer as competências autorizadas no âmbito das matérias previstas no
n.º 3 do artigo 77;
e) aceitar doações, legados e heranças;
f) designar os responsáveis superiores dos serviços e sectores funcionais
autárquicos autorizados;
g) deliberar sobre as formas de apoio a organizações não-governamentais e
outros organismos que prossigam fins de interesse público na povoação;
h) propor à instância competente a declaração de utilidade pública, para efeitos
de expropriação;
i) exercer os poderes e faculdades estabelecidos na Lei de Terras e o
respectivo regulamento;
j) conceder licenças para construção, reedificação ou conservação, bem como
aprovar os respectivos projectos, nos termos da lei;
k) ordenar, após vistoria, a demolição total ou parcial, ou a beneficiação de
construções que ameacem ruína ou constituam perigo para a saúde e a
segurança das pessoas;
l) deliberar sobretudo o que interessa à segurança e fluidez da circulação,
trânsito e estacionamento nas ruas e demais lugares públicos e estaciona-
mento nas ruas e demais lugares públicos e não se insira na competência
de outros órgãos ou entidades;
m) estabelecer a numeração dos edifícios;
n) deliberar sobre a deambulação de animais vadios ou de espécies bravias e
mecanismos organizativos de enquadramento.

2. Verificando-se a situação prevista no n.º 3 do artigo 72, o Conselho da


Povoação pode, excepcionalmente, substituir a Assembleia de Povoação no
exercício das competências das alíneas c), d), e), i), k) e l) do n.º 2, f), l) e m) do
n.º 3 do artigo 77, ficando as deliberações sujeitas à ratificação, na primeira sessão
da Assembleia, após a realização de eleições, sob pena de nulidade.

34
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 92

SECÇÃO IV

Do Presidente do Conselho da Povoação

ARTIGO 89
(Natureza)

O Presidente do Conselho da Povoação é o órgão executivo singular da


povoação.

ARTIGO 90
(Eleição)

1. O Presidente do Conselho da Povoação é leito por sufrágio universal, igual,


directo, secreto e periódico dos cidadãos eleitores recenseados na área da
respectiva povoação.
2. A lei eleitoral das autarquias locais regulará o processo eleitoral do Presi-
dente do Conselho da Povoação.

ARTIGO 91
(Substituição)

O Presidente do Conselho da Povoação é substituído, nas suas faltas e


impedimentos, por um dos vereadores por ele designado.

ARTIGO 92
(Impedimento permanente do Presidente do Conselho da Povoação)

1. Nos casos de morte, incapacidade física permanente, renúncia ou perda do


mandato, o Presidente do Conselho da Povoação é substituído interinamente pelo
Presidente da Assembleia da Povoação até nova eleição.
2. No prazo de dez dias a contar da declaração do impedimento permanente,
a entidade competente para marcar eleições para Presidente do Conselho da
Povoação marcará eleição intercalar para esse órgão.
3. A eleição realizar-se-á dentro de trinta dias a contar da data da marcação.
4. O novo Presidente do Conselho da Povoação limita-se a concluir o mandato
do anterior, não transitando automaticamente para o novo mandato.
5. Não se realizará a eleição intercalar se o tempo que faltar para a conclusão
do mandato for igual ou inferior a doze meses.
6. O Presidente interino do Conselho da Povoação exerce a plenitude dos
poderes podendo inclusive substituir os vereadores.

35
Art. 93 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 93
(Posse)

1. O Presidente do Conselho da Povoação é empossado pelo Presidente da


Assembleia da Povoação no prazo de dez dias a contar da instalação do órgão
representativo.
2. No intervalo entre a data da declaração do impedimento permanente e a data
da tomada de posse, o Presidente interino do Conselho da Povoação praticará
apenas os actos de gestão estritamente necessários para o bom andamento dos
assuntos urgentes da povoação.

ARTIGO 94
(Competência)

1. Ao Presidente do Conselho da Povoação compete:


a) dirigir a actividade corrente da povoação coordenando, orientando o superin-
tendendo a acção de todos os vereadores;
b) dirigir e coordenar o funcionamento do Conselho da Povoação;
c) exercer todos os poderes conferidos por lei ou por deliberação da Assembleia
da Povoação.

2. Ao Presidente do Conselho da Povoação compete ainda:


a) representar a povoação em juízo e fora dele;
b) executar e velar pelo cumprimento das deliberações da Assembleia da
Povoação;
c) escolher, nomear e exonerar livremente os vereadores do Conselho da
Povoação;
d) coordenar e controlar a execução das deliberações do Conselho da Povoa-
ção;
e) orientar a elaboração e participar na execução do orçamento autárquico,
autorizando o pagamento de despesas orçamentais, quer resultem de
deliberação do Conselho da Povoação, quer resultem de decisão própria;
f) assinar ou visar a correspondência do Conselho da Povoação com destino
a qualquer entidade pública ou privada;
g) representar os órgãos executivos da povoação perante a Assembleia da
Povoação e responder pela política e linha programática seguida por esses
órgãos;
h) adquirir os bens móveis necessários ao funcionamento regular dos serviços
desde que o seu custo se situe dentro do limite fixado pelo Conselho da
Povoação;

36
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 94

i) mandar publicar as decisões que disso careçam nos locais de estilo;


j) dirigir o serviço de protecção civil da povoação em coordenação com as
estruturas nacionais;
k) superintender na gestão e direcção do pessoal ao serviço da povoação;
l) modificar ou revogar os actos praticados por funcionários da povoação;
m) outorgar contratos necessários ao funcionamento dos serviços;
n) instaurar pleitos e defender-se neles, podendo confessar, desistir, transigir
ou aceitar composição arbitral;
o) promover todas as acções necessárias à administração corrente do patri-
mónio da povoação e à sua conservação, assegurando a actualização do
cadastro dos bens móveis e imóveis da povoação;
p) promover a execução das obras e intervenções de responsabilidade directa
da povoação que constem dos planos aprovados pela Assembleia da
Povoação e que tenham cabimento adequado no orçamento relativo ao ano
de execução das mesmas, bem como inspeccioná-las, nos termos da lei e
da regulamentação autárquica específica;
q) outorgar contratos necessários à execução das obras referidas na alínea
anterior;
r) conceder licenças para habitação ou para outra utilização de prédios
construídos de novo ou que tenham sofrido grandes modificações, proceder
à verificação, por comissões apropriadas, das condições de habitabilidade
e de conformidade com o projecto aprovado, de acordo com a regulamen-
tação autárquica específica;
s) embargar e ordenar a demolição de quaisquer obras, construções ou edifi-
cações efectuadas por particulares sem observância da lei;
t) ordenar o despejo sumário de prédios expropriados ou cuja demolição ou
beneficiação tenha sido deliberada nos termos da lei;
u) conceder terrenos nos cemitérios da povoação para jazigos e sepulturas
perpétuas;
v) conceder licenças policiais ou fiscais de harmonia com o disposto na lei,
regulamentos e posturas;
w) exercer as funções de chefe da polícia autárquica, quando exista.

3. Em caso de urgência e em circunstâncias em que o interesse público da


povoação excepcionalmente o determine, o Presidente do Conselho da Povoação
pode praticar actos sobre matérias da competência do Conselho da Povoação.
4. Os actos referidos no número anterior estão sujeitos a ratificação do Conse-
lho da Povoação na primeira reunião após a sua prática, o que deverá acontecer
no prazo máximo de dez dias.
5. A recusa de ratificação ou a sua não submissão para ratificação no devido
tempo é causa de nulidade do acto.

37
Art. 95 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 95
(Delegação de poderes nos vereadores)

1. O Presidente do Conselho da Povoação pode delegar competências nos


vereadores.
2. Não são delegáveis as competências das alíneas a) e b) do n.º 1, c) e g)
do n.º 2 e o n.º 3 do artigo anterior.

CAPÍTULO IV
Das disposições comuns aos órgãos das autarquias locais

SECÇÃO I
Direitos e deveres

ARTIGO 96

(Direitos, deveres e garantias dos órgãos autárquicos)

1. São deveres dos titulares dos órgãos das autarquias locais, nomeadamente:
a) prestar regularmente contas perante os respectivos eleitores no desempenho
do seu mandato;
b) desempenhar activa e assiduamente as respectivas funções;
c) contactar as populações da autarquia;
d) votar nos assuntos submetidos à apreciação dos órgãos de que façam parte,
salvo impedimento legal.

2. São direitos dos membros dos órgãos das autarquias locais:


a) elaborar e submeter à deliberação dos órgãos municipais e das povoações
projectos e propostas no âmbito da competência dos mesmos;
b) solicitar e obter, de quaisquer entidades públicas ou privadas na autarquia
local, informações e bem assim solicitar e obter, de quaisquer entidades
públicas, informações sobre assuntos que interessam à vida das populações
do município ou povoação;
c) participar nas reuniões dos órgãos colegiais nos termos legais e regimentais.

3. Os membros dos órgãos municipais e de povoações não podem ser prejudi-


cados no seu emprego permanente, carreira profissional e benefícios sociais por
causa do exercício do seu mandato.
4. Outras prerrogativas, distinções e benefícios materiais dos titulares dos
órgãos deliberativos e executivos das autarquias locais serão estabelecidos por lei.

38
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 99

ARTIGO 97
(Responsabilidade civil e criminal)
Os membros do órgãos das autarquias locais estão sujeitos à responsabilidade
civil e criminal pelos actos ou omissões realizados no exercício dos seus cargos.

SECÇÃO II
Mandatos

ARTIGO 98
(Fundamento da perda de mandato e dissolução dos órgãos)

1. É fundamento de perda do mandato, em caso de prática individual por


titulares de órgãos autárquicos ou dissolução do órgão, em caso de acção ou
omissão deste:
a) a prática de ilegalidades graves no âmbito da gestão autárquica;
b) a responsabilidade culposa pela inobservância, por parte da autarquia local,
das atribuições enunciadas no artigo 6;
c) a manifesta negligência no exercício das suas competências.

2. A perda do mandato ou dissolução podem também ocorrer em caso de não


aprovação, em tempo útil, de instrumentos essenciais ao funcionamento da autar-
quia local.
3. Tratando-se do Presidente do Conselho Municipal ou da Povoação, a perda
do mandato obriga à realização de eleições nos termos do artigo 30.
4. A dissolução da Assembleia Municipal ou da Povoação implica o termo
imediato do mandato do Presidente do Conselho Municipal ou da Povoação.
5. No decreto do Conselho de Ministros que dissolva uma Assembleia Munici-
pal ou da Povoação será designada uma comissão administrativa e determinar-se-
á a realização de eleições, no prazo de seis meses, para órgãos preenchidos, por
sufrágio universal, directo, igual, secreto e periódico, salvo se, à data daquele
decreto, faltarem menos de doze meses para as eleições autárquicas gerais,
circunstância em que a comissão funcionará até tomarem posse os eleitos nessas
eleições.
6. A comissão administrativa terá a composição e as competências enumeradas
no decreto do Conselho de Ministros, referido no número anterior.

ARTIGO 99
(Perda do mandato)

1. Para além do disposto no artigo anterior, perdem o mandato os titulares dos


cargos dor órgãos autárquicos que pratiquem actos contrários à Constituição, que

39
Art. 100 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

desrespeitem persistentemente a lei, que violem gravemente a ordem pública, que


sejam condenados por crime punível com prisão maior, sejam internados por
medida de prevenção ou segurança ou que incorram em qualquer causa de perda
de mandato prevista na lei.
2. Perdem ainda o mandato os titulares dos cargos dos órgãos autárquicos que
tenham entrado em situação de incompatibilidade, sem que tenham renunciado,
num prazo de quinze dias, ao cargo ou à actividade incompatível.
3. Quando a perda do mandato dependa de operações materiais ou
apreciações factuais da Assembleia Municipal ou da Povoação esta comunicará
ao órgão de tutela a verificação do facto motivador da perda do mandato para os
efeitos do número seguinte.
4. A perda do mandato é declarada por decreto do Conselho de Ministros, após
realização de inquéritos ou sindicâncias, se necessário, e é comunicada à Assem-
bleia Municipal ou da Povoação respectiva para efeitos de substituição das pessoas
por ela atingidas.
5. A data da perda do mandato é a do decreto do Conselho de Ministros
podendo contra esta serem movidos todos os meios de impugnação graciosa e
contenciosa previstos pela lei contra actos administrativos de órgãos do Estado.
6. No que for omisso, o presente artigo será regulado pela lei referente ao
exercício dos poderes tutelares do Estado.

ARTIGO 100
(Renúncia ao mandato)

1. Os membros eleitos dos órgãos autárquicos podem renunciar ao respectivo


mandato.
2. A renúncia deverá ser comunicada, por escrito, à Mesa da Assembleia
Municipal ou da Povoação.

ARTIGO 101
(Suspensão do mandato)

1. O Presidente do Conselho Municipal ou da Povoação pode decidir a suspen-


são do seu mandato.
2. Os membros das Assembleias Municipais e das Povoações podem, por
iniciativa própria, solicitar à Mesa, nos termos fixados no regimento, a suspensão
do respectivo mandato.
3. São motivos de suspensão nomeadamente:
a) doença comprovada;
b) afastamento temporário da área da autarquia local por período superior a
trinta dias;

40
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 104

c) impossibilidade de se deslocar à sede da autarquia local por dificuldade de


transporte;
d) motivos profissionais ponderosos.

4. A suspensão não poderá ultrapassar trezentos e sessenta e cinco dias,


seguidos ou interpolados, no decurso do mandato, sob pena de perda do mesmo.

SECÇÃO III

Deliberações e decisões

ARTIGO 102

(Quorum)

1. As Assembleias Municipal e da Povoação só podem deliberar estando


presentes mais de metade dos seus membros em efectividade de funções.
2. Os Conselhos Municipal e da Povoação só podem deliberar quando estive-
rem presentes pelo menos dois terços dos seus membros em efectividade de
funções.
3. Nos casos em que as reuniões não se efectivarem por inexistência de
quorom haverá lugar ao registo das presenças e das ausências no livro de actas.

ARTIGO 103
(Deliberações)

1. Salvo disposição expressa em contrário, as deliberações são tomadas à


pluralidade dos votos, tendo o Presidente voto de qualidade em caso de empate,
não contando as abstenções para apuramento da maioria.
2. A votação é nominal, salvo se o regimento ou o regulamento interno estipular
ou o órgão deliberar, por proposta de qualquer membro, outra forma de votação.
3. Sempre que se realizem eleições ou estejam em causa juízos de valor sobre
pessoas, a votação é feita por escrutínio secreto.

ARTIGO 104
(Actas)

Será lavrada, nos termos do regimento, acta que registe o que de essencial
se tiver passado nas reuniões, nomeadamente as faltas verificadas, as deliberações
tomadas e as posições contra elas assumidas.

41
Art. 105 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 105
(Executoriedade das deliberações)

As deliberações e decisões dos órgãos autárquicos tornam-se executórias


no décimo quinto dia após a sua afixação, salvo se tiver havido deliberação por
maioria de dois terços dos membros do órgão que deliberou, reconhecendo
a urgência da executoriedade, caso em que este se verificará a partir de cinco
dias do momento da afixação.

ARTIGO 106
(Deliberações nulas)

1. São nulas, independentemente da declaração dos tribunais, as decisões dos


órgãos autárquicos:
a) que forem estranhas às atribuições da autarquia local;
b) que forem tomadas sem “quorum”, ou sem a maioria legalmente exigida;
c) que transgridam as disposições legais respeitantes ao lançamento de
impostos;
d) que careçam absolutamente de forma legal;
e) que nomeiem funcionários a quem faltem requisitos exigidos por lei, com
preterição de formalidades essenciais ou de preferências legalmente pre-
vistas;
f) que violem direitos fundamentais dos cidadãos.

2. As deliberações e decisões nulas são impugnáveis sem dependência de


prazo, por via de interposição de recurso contencioso ou de defesa em qualquer
processo administrativo ou judicial.

ARTIGO 107
(Deliberações anuláveis)

1. São anuláveis pela jurisdição administrativa as deliberações e decisões de


órgãos autárquicos feridas de incompetência, vício de forma, desvio de poder,
violação da lei, regulamento ou contrato administrativo.
2. As deliberações e decisões anuláveis só podem ser impugnadas, em recurso
contencioso, dentro do prazo legal.
3. A não impugnação do vício dentro do prazo de recurso contencioso sana a
deliberação ou decisão anulável.

42
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 111

ARTIGO 108
(Impugnabilidade dos actos administrativos autárquicos)

As deliberações ou decisões de órgãos autárquicos, que contenham actos


administrativos definidores de situações jurídicas de particulares com eficácia
externa imediata, ficarão submetidos, para efeitos de impugnação graciosa
ou contenciosa, a regime idêntico ao dos actos de natureza equivalente emanados
por órgãos do Estado.

ARTIGO 109
(Patrocínio judiciário)

O município e a povoação são patrocinados, em juízo, pelo representante do


Ministério Público ou por advogado legalmente constituído.

ARTIGO 110
(Participação dos moradores)

1. Os cidadãos moradores no município ou na povoação podem apresentar,


verbalmente ou por escrito, sugestões, queixas, reclamações ou petições à respec-
tiva Assembleia.
2. A apresentação far-se-á ao Secretário da Assembleia pelos cidadãos,
individualmente ou através dor corpos directivos de organizações sociais ou por
outro mecanismo organizativo por estes designado.
3. Nos casos referidos no presente artigo, um representante do peticionário e
dos cidadãos moradores poderá participar, por deliberação da respectiva assem-
bleia, nos debates que eventualmente tiverem lugar.

CAPÍTULO V

Disposições finais e transitórias

ARTIGO 111
(Regimento)

1. Os princípios fundamentais a constarem do regimento das Assembleias


Municipais e das Povoações são fixados por decreto do Conselho de Mi-
nistros.
2. Enquanto não for aprovado o novo regimento, vigorará o anteriormente
aprovado.

43
Art. 112 Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

ARTIGO 112
(Marcação da data para as primeiras eleições)

As primeiras eleições para os órgãos das autarquias locais realizar-se-ão em


1997, em data a definir por decreto do Conselho de Ministros.

ARTIGO 113
(Primeira instalação das Assembleias Municipais
e da Povoação)

A primeira instalação da Assembleia Municipal ou da Povoação é feita pelo Juiz-


Presidente do Tribunal Judicial, Provincial e Distrital, respectivamente.

ARTIGO 114
(Criação)

O Conselho de Ministros submeterá à Assembleia da República uma proposta


de criação das autarquias locais nas circunscrições territoriais que reúnam condi-
ções para uma administração autárquica.

ARTIGO 115
(Gabinetes técnicos)

1. Nas autarquias locais poderão funcionar gabinetes técnicos locais.


2. Os gabinetes técnicos locais assistirão os órgãos da autarquia local no con-
cepção e implementação das acções tornadas necessárias pela descentralização.
3. Os gabinetes técnicos são compostos por técnicos vinculados por contratos
de consultoria de curto prazo, suportados por fundos especiais mobilizados pela
administração do Estado.
4. A escolha dos membros dos gabinetes técnicos resultará de comum acordo
entre o ministério de tutela e o Presidente do Conselho Municipal ou da Povoação.

ARTIGO 116
(Conversão de distritos municipais em municípios)

Os distritos municipais criados pela Lei n.º 3/94, de 13 de Setembro, passam


a designar-se municípios, nos termos da lei.

ARTIGO 117
(Revogação da lei anterior)

É revogada a Lei n.º 3/94, de 13 de Setembro.

44
Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro Art. 118

ARTIGO 118
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra imediatamente em vigor.

Aprovada pela Assembleia da República, aos 27 de Dezembro de 1996.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed Issá.
Promulgada, aos 18 de Fevereiro de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

45
Lei n.º 8/97, de 31 de Maio

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DO MUNICÍPIO DE MAPUTO

LEI N.º 8/97


DE 31 DE MAIO

A Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro, estabelece que a cidade capital do país goza
de estatuto municipal específico, definido por lei.
Assim, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 135 da Constituição, a Assem-
bleia da República determina:

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Objecto)

A presente Lei define as normas especiais que regem a organização e o


funcionamento do Município de Maputo, bem como os deveres e direitos dos
titulares e membros dos respectivos órgãos.

ARTIGO 2
(Remissão para a lei geral)

A tudo o que não estiver especialmente regulado no presente diploma aplica-


-se a lei geral.

ARTIGO 3
(Atribuições)

1. Todas as atribuições previstas no artigo 6 da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro,


são de exercício mínimo obrigatório para o Município de Maputo.
2. Salvaguardados os limites constitucionais, ao Município de Maputo podem
ser reconhecidas ou conferidas outras atribuições.

47
Art. 4 Lei n.º 8/97, de 31 de Maio

ARTIGO 4
(Tutela administrativa)

A tutela administrativa do Estado sobre os órgãos do Município de Maputo é


directa e exclusivamente exercida pelo ministro que superintende na função pública
e na administração local do Estado e pelo ministro que superintende no plano e
finanças, no domínio das respectivas áreas de competência.

ARTIGO 5
(Composição da Assembleia Municipal)

A Assembleia Municipal é composta por um máximo de 71 membros.

ARTIGO 6
(Mesa da Assembleia Municipal)

A Mesa da Assembleia Municipal é composta por um presidente, um vice-


-presidente e três secretários, eleitos pela Assembleia Municipal de entre os seus
membros, por escrutínio secreto.

ARTIGO 7
(Constituição do Conselho Municipal)

O Conselho Municipal de Maputo é constituído por 13 a 17 vereadores.

ARTIGO 8
(Unidades administrativas)

1. Com base no plano de organização e estruturação da cidade aprovado pela


Assembleia do Município de Maputo, o Conselho Municipal estabelecerá unidades
administrativas em uma ou várias parcelas do seu território.
2. Os dirigentes das unidades administrativas referidas no número anterior são
nomeados pelo Presidente do Conselho Municipal.
3. O Conselho Municipal poderá afectar alguns dos seus membros a uma ou
várias unidades administrativas para nelas zelarem pela prestação de serviços
públicos autárquicos.
4. A Assembleia Municipal deverá considerar como prioritária a aprovação de
um plano de organização e estruturação do Município, com vista a assegurar o
melhor funcionamento dos órgãos autárquicos.

48
Lei n.º 8/97, de 31 de Maio Art. 12

CAPÍTULO II

Direitos dos Titulares e Membros dos Órgãos Municipais

ARTIGO 9
(Estatuto do Presidente do Conselho Municipal)

O Presidente do Conselho Municipal de Maputo tem os seguintes direitos:


a) remuneração mensal até três vezes o valor de A1 da tabela de vencimentos
vigente no aparelho de Estado;
b) casa e viatura protocolares;
c) despesas de representação;
d) tratamento protocolar;
e) ajudante de campo.

ARTIGO 10
(Remuneração dos vereadores)

1. As remunerações dos vereadores em regime de tempo inteiro são fixados


até ao limite correspondente à letra A-3 da tabela de vencimentos do aparelho do
Estado.
2. As remunerações dos vereadores em regime de tempo parcial são fixadas
em 50% do valor das mencionadas no número anterior.

ARTIGO 11
(Senhas de presença)

Os valores das senhas de presença a atribuir, por sessão, aos membros da


Assembleia Municipal são fixados do seguinte modo:
a) Presidente, até ao limite da remuneração mensal da letra H-1 da tabela de
vencimentos vigente para os funcionários do aparelho do Estado;
b) Vice-presidente, secretários e membros - 80%, 70% e 60% da letra referida
na alínea anterior, respectivamente.

ARTIGO 12
(Ajudas de custo)

Os valores das ajudas de custo a abonar aos titulares e membros dos órgãos
municipais são:
a) os correspondentes à letra A-3 da tabela de vencimentos do aparelho do
Estado para o Presidente da Assembleia Municipal;

49
Art. 13 Lei n.º 8/97, de 31 de Maio

b) os correspondentes à letra H-1 da tabela de vencimentos do aparelho do


Estado, para o vice-presidente, secretários e membros da Assembleia Mu-
nicipal.

ARTIGO 13
(Competência)

Compete à Assembleia Municipal de Maputo fixar as remunerações dos seus


membros e dos membros do Conselho Municipal dentro dos limites estabelecidos
nesta Lei.

ARTIGO 14
(Entrada em rigor)

A presente Lei entra em vigor em 1 de Janeiro de 1998.

Aprovada pela Assembleia da República, aos 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed lssa.
Promulgada aos 31 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

50
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

LEI DAS FINANÇAS E PATRIMÓNIO


DAS AUTARQUIAS LOCAIS

LEI N.º 11/97


DE 31 DE MAIO

Havendo necessidade de definir e estabelecer o regime jurídico-legal das finan-


ças e do património das autarquias, ao abrigo do disposto nos termos do n.º 1 do
artigo 135 da Constituição, a Assembleia da República determina:

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Autonomia financeira e patrimonial)

1. As autarquias locais gozam de autonomia administrativa, financeira e patri-


monial, possuindo finanças e património próprios geridos autonomamente pelos
respectivos órgãos.
2. O regime de autonomia financeira e patrimonial compreende, nomeada-
mente, os poderes de:
a) elaborar, aprovar, alterar e executar planos de actividade e orçamentos;
b) dispor de receitas próprias e arrecadar quaisquer outras que, por Iei, sejam
destinadas às autarquias locais;
c) ordenar e processar as despesas orçamentadas;
d) realizar investimentos públicos;
e) elaborar e aprovar as respectivas contas de gerência;
f) gerir o património autárquico;
g) contrair empréstimos nos termos da lei.

3. A autonomia patrimonial consiste em ter património próprio para a prosse-


cução das atribuições das autarquias locais.

51
Art. 2 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

4. A tutela administrativa que recai sobre a gestão patrimonial e financeira das


autarquias locais é exercida em conformidade com os princípios e normas
estabelecidas na Lei da TuteIa Administrativa, bem como nos termos da presente
Lei.

ARTIGO 2
(Deveres e garantias gerais do contribuinte)

1. É dever da população da correspondente autarquia contribuir, nos termos


da Iei e dos regulamentos, para as receitas das autarquias locais.
2. São nulas e de nenhum efeito as deliberações de qualquer órgão autárquico
que determinem a criação de impostos, taxas ou derramas não previstos na lei.
3. No lançamento e cobrança dos impostos o outros tributos, os órgãos compe-
tentes da autarquia respeitam o disposto na Constituição e na Iei.
4. De qualquer ilegalidade praticada pelos órgãos autárquicos em matéria fis-
cal, cabe recurso ao TribunaI Administrativo nos termos gerais de direito aplicáveis,
sem prejuízo do disposto nos artigos 73 e seguintes.

ARTIGO 3
(Exercício da competência tributária das autarquias locais)

1. No exercício da respectiva actividade tributária as autarquias locais devem


pautar a sua actuação pelo respeito aos princípios da legalidade, segurança,
igualdade e capacidade contributiva das respectivas populações.
2. Na determinação do valor das tarifas e taxas a cobrar, os órgãos autárquicos
competentes devem actuar com equidade, sendo interdita a fixação de valores que,
pela sua dimensão, ultrapassem uma relação equilibrada entre a contrapartida dos
serviços prestados e o montante recebido pela autarquia local.

ARTIGO 4
(Colaboração interautárquica)

As autarquias locais podem associar-se entre si para a realização de obras ou


prestação de serviços públicos de interesse comum, incluindo a criação de empre-
sas públicas de âmbito interautárquico ou a designação de concessionário único
de serviços comuns.

52
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 8

CAPÍTULO II

Orçamento e Património

SECÇÃO I

Elaboração, publicidade e gestão do orçamento

ARTIGO 5
(Princípios gerais)

1. Os orçamentos das autarquias locais são elaborados com observância dos


princípios da anualidade, unidade e universalidade, especificação e equilíbrio, não
consignação, não compensação.
2. O ano financeiro corresponde ao ano civil.
3. Deve ser dada publicidade ao orçamento, depois de aprovado pelo órgão
deliberativo competente.

ARTIGO 6
(Consignação de receitas)

Nos casos expressamente regulamentados pelo Governo, pode haver lugar à


consignação de receitas.

ARTIGO 7
(Consultas públicas ao orçamento aprovado)

1. O orçamento das cidades e vilas deve ser publicado no Boletim da Repú-


blica, em série própria.
2. Para efeitos do disposto no n.º 3 do artigo 5, e sem prejuízo de outras formas
adequadas de publicação, deve-se manter permanentemente um mínimo de três
cópias do orçamento aprovado e de qualquer das suas revisões, à disposição do
público, para informação e consulta, em local apropriado do edifício-sede da
autarquia.

ARTIGO 8
(Modelo orçamental a adoptar)

1. O regime financeiro das autarquias deve observar os princípios gerais vigen-


tes para elaboração e execução do Orçamento do Estado e para a organização
da contabilidade pública.

53
Art. 9 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. De conformidade com o princípio enunciado no número anterior:


a) a estrutura, as classificações e as definições no orçamento autárquico são
idênticas às do Orçamento do Estado, sem prejuízo das especificidades que
lhe são inerentes;
b) é estabelecido o modelo de orçamento a adoptar, idêntico para todas as
autarquias locais.

ARTIGO 9
(Preparação, aprovação do orçamento e informação estatística)

1. O conselho municipal ou de povoação apresenta à assembleia correspon-


dente a proposta orçamental até 15 dias antes da última sessão do ano anterior
ao da sua vigência.
2. A aprovação do orçamento é feita de modo a que o mesmo entre em vigor
a partir do dia 1 de Janeiro do ano a que respeite. A aprovação do orçamento é
sujeita a ratificação pelo órgão que superintende a área do plano e finanças.
3. As autarquias locais prestam, ao Ministério que superintende a área do plano
e finanças até 31 de Julho, a informação financeira necessária à elaboração do
Orçamento do Estado do ano seguinte.

ARTIGO 10
(Atrasos na aprovação do orçamento)

1. Ocorrendo atraso de aprovação do orçamento, mantém-se em vigor o orça-


mento do ano anterior com as alterações que nele tenham sido introduzidas.
2. No mês seguinte à aprovação do orçamento serão efectuados acertos de
verbas a que porventura haja lugar.
3. A não aprovação do orçamento até 31 de Março do ano em que o exercí-
cio tenha lugar, pode implicar a aplicação das sanções estipuladas no n.º 2 do
artigo 98 da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro.

ARTIGO 11
(Reforços e transferências orçamentais)

1. As revisões do orçamento autárquico obedecem, em tudo o que não contrarie


o disposto nos números seguintes, os princípios e regras vigentes para o Orça-
mento do Estado e estão sujeitos à ratificação pelos órgãos de tutela.
2. Em nenhum caso são permitidos:
a) mais que 3 revisões do mesmo orçamento anual;
b) o uso de disponibilidades em dotações de bens e serviços para reforço das
verbas de despesas com o pessoal;

54
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 13

c) a transferência de saldos em rubricas de despesas de capital para reforço


de verbas do fundo de salários.

3. Os saldos de exercícios findos apurados na execução do orçamento autár-


quico apenas podem ter aplicação no financiamento de despesas de investimento.

ARTIGO 12
(Novas atribuições e competências)

1. A transferência de funções actualmente exercidas por qualquer dos órgãos


do Estado para as autarquias locais deve operar-se de forma gradual, de modo a
permitir a criação e consolidação dos necessários requisitos de capacitação técnica,
humana e financeira dos órgãos autárquicos.
2. O financiamento do processo de transferência de funções a operar nos
termos do número anterior é assegurado com a observância das seguintes regras:
a) sempre que tal se revele necessário, o Orçamento do Estado deve prever
a verba necessária para o exercício das funções a transferir para as autar-
quias locais, a partir do ano em que tal transferência deva operar-se,
devendo o plano de distribuição da correspondente dotação constar da Lei
Orçamental;
b) a verba global assim considerada e distribuída pelas autarquias interessadas,
tendo em conta a previsão das despesas que a cada uma delas devam caber
no exercício das novas atribuições ou competências;
c) as importâncias assim transferidas para as autarquias locais são exclusiva-
mente destinadas ao exercício da atribuição ou competência respectiva,
devendo inscrever-se obrigatoriamente, nos orçamentos autárquicos, as
correspondentes dotações.

3. O disposto no número anterior, com as devidas correcções, mantém-se


enquanto as autarquias não disponham de recursos próprios para o efeito.

SECÇÃO II

Receitas e acesso a empréstimos

ARTIGO 13
(Receitas próprias)

1. Constituem receita própria das autarquias locais:


a) o produto da cobrança dos impostos e taxas autárquicos a que se refere o
artigo 48;
b) o produto de um percentual de impostos do Estado, nos termos a definir por
Iei;

55
Art. 14 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

c) o produto do lançamento de derramas ou adicionais sobre impostos do


Estado, quando para tal haja prévia autorização legal;
d) o produto da cobrança de taxas por licenças concedidas pelos órgãos
autárquicos;
e) o produto da cobrança de taxas ou tarifas resultantes da prestação de
serviços;
f) o produto do lançamento de multas ou coimas que, por lei, regulamento ou
postura, caibam à autarquia local;
g) o produto de heranças, Iegados, doações e outras liberalidades;
h) quaisquer outras receitas estabelecidas por Iei a favor das autarquias locais.

2. São igualmente receitas próprias das autarquias locais, especialmente afec-


tas ao financiamento de despesas de investimento, incluindo grandes reparações
e reabilitação das infraestruturas a seu cargo:
a) o rendimento de serviços pertencentes à autarquia local, por ela directamente
administrados ou dados em concessão;
b) o rendimento de bens próprios, móveis e imóveis;
c) o produto da alienação de bens próprios;
d) outras receitas estabelecidas por Iei a favor das autarquias locais.

3. As receitas referidas na alínea g) do n.º 1 são consignadas para os objectivos


definidos pelo doador deixando, neste caso, de constituir receita própria.

ARTIGO 14
(Recursos complementares e acesso a empréstimos)

1. Em complemento das receitas próprias a que se refere o artigo anterior, os


orçamentos autárquicos beneficiam de:
a) transferências do Fundo de Compensação Autárquica a que se refere o
artigo 40;
b) demais transferências que, por lei, possam vir a estabelecer-se, nomeada-
mente para atender as finalidades a que se referem o artigo 45 e o n.º 2 do
artigo 47;
c) contracção de empréstimos.

2. Salvaguardado o disposto nos artigos seguintes, o recurso a empréstimos


tem sempre carácter extraordinário e destina-se:
a) a aplicação em investimentos reprodutivos e em investimentos de carácter
social ou cultural;
b) a atender a despesas extraordinárias necessárias à reparação de prejuízos
ocorridos em situação de calamidade pública;

56
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 18

c) a satisfazer necessidades de saneamento financeiro das autarquias locais,


em resultado da execução de contrato de reequilíbrio financeiro previamente
celebrado.

ARTIGO 15
(Empréstimos de curto prazo)

1. As autarquias locais podem contrair empréstimos a curto prazo junto de


instituições de crédito nacionais para acorrer a dificuldades ocasionais de tesou-
raria, não podendo, todavia, o seu montante ultrapassar, em qualquer circunstância
ou caso, o equivalente a dois duodécimos da verba que a cada uma delas couber
nas transferências do Fundo de Compensação Autárquica.
2. Os empréstimos contraídos nos termos do número anterior devem obrigato-
riamente amortizar-se até ao termo do exercício respectivo.

ARTIGO 16
(Contracção de empréstimos plurianuais)

A contracção de empréstimos de amortização plurianual depende de ratificação


do ministro que superintende a área do plano e finanças.

ARTIGO 17
(Regime de crédito dos serviços autónomos e empresas públicas autárquicas)

O recurso ao crédito por parte dos serviços autónomos e empresas públicas


autárquicas a que alude o artigo 35 é objecto de regulamentação especial pelo
Conselho de Ministros.

SECÇÃO III

Despesas e investimento

SUBSECÇÃO I

Aspectos gerais

ARTIGO 18

(Classificação das despesas)

1. As despesas das autarquias locais dividem-se em correntes e de capital.

57
Art. 19 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. São despesas correntes as que se destinam ao custeio da actividade


corrente dos órgãos autárquicos, nomeadamente:
a) fundo de salários;
b) bens e serviços.

3. Entende-se por despesas de capital as que implicam alteração do património


autárquico, incluindo os respectivos activos e passivos financeiros.

ARTIGO 19
(Princípio da legalidade)

1. Só é permitida a efectivação de quaisquer despesas ou a assumpção de


encargos desde que tenham cobertura legal e para os quais exista adequada
previsão e cabimento orçamental.
2. Incorre em responsabilidade disciplinar, civil e criminal aquele que efectuar
ou autorizar despesas em contravenção com o número anterior.

ARTIGO 20
(Remuneração dos titulares e membros dos órgãos autárquicos)

1. As remunerações dos titulares e membros dos órgãos autárquicos elegíveis


e dos vereadores são estabelecidas pela assembleia autárquica dentro de parâme-
tros fixados por lei.
2. Os proventos referidos no n.º 1 são os escriturados a título de salários,
senhas de presença, verbas de representação ou qualquer outro.
3. As remunerações a que se refere o presente artigo só podem ser suportadas
pelas receitas próprias da autarquia e, em nenhum caso, podem exceder 30% das
mesmas.

SUBSECÇÃO II

Investimento

ARTIGO 21

(Âmbito do investimento público nas autarquias locais)

A realização de investimentos públicos compreende a identificação, a ela-


boração e a aprovação de projectos, o financiamento e a execução dos empreen-
dimentos, a respectiva manutenção, a gestão e o funcionamento dos equipa-
mentos.

58
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 24

ARTIGO 22
(Regime de delimitação e coordenação de actuações)

1. O regime de delimitação e coordenação das actuações do Estado e da


administração autárquica, em matéria de investimento público nas autarquias locais,
compreende:
a) a identificação dos investimentos públicos cuja execução cabe, em regime
de exclusividade, às autarquias locais;
b) a articulação do exercício das competências, em matéria de investimentos
públicos, pelos diferentes níveis de administração, quer sejam exercidas em
regime de exclusividade quer em regime de colaboração.

2. A definição de áreas de investimento público, da responsabilidade das


autarquias locais não prejudica o carácter unitário da gestão de recursos pela
Administração Pública, na prossecução dos fins comuns que lhe são impostos pela
comunidade.
3. O regime de delimitação de competências que agora se estabelece não
afecta igualmente a actividade das entidades privadas e cooperativas que actuem
em qualquer dos domínios nele indicados, nem a colaboração e o apoio que por
parte das entidades públicas lhes possam ou devam ser prestados.

ARTIGO 23
(Competência regulamentar)

Compete ao Governo a aprovação de normas e regulamentos gerais relativos


à realização de investimentos públicos e respectiva fiscalização, sem prejuízo do
exercício da competência regulamentar própria dos órgãos autárquicos.

ARTIGO 24
(Articulação com o sistema de planeamento)

1. As competências em matéria de investimento público que, por Iei, sejam


atribuídas aos diversos níveis de administração, são exercidas tendo em conta os
objectivos e os programas de acção constantes dos planos de médio e de longo
prazo e, ainda, nos termos dos planos anuais reguladores da actividade da adminis-
tração central e da administração autárquica.
2. Compete especialmente as autarquias locais a elaboração e a aprovação dos
planos de desenvolvimento da autarquia local, planos de ordenamento do território
ou dos planos de estrutura, gerais e parciais de urbanização e dos planos de
pormenor.
3. Compete também às autarquias a delimitação e aprovação de áreas priori-
tárias de desenvolvimento urbano e de construção, com respeito pelos planos
nacionais e regionais e pelas políticas sectoriais de âmbito nacional.

59
Art. 25 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

4. A competência referida no número anterior e exercida com observância do


disposto no artigo 27 e com a aprovação dos planos de desenvolvimento da
autarquia local e do ordenamento do território e carecendo de ratificação pelo
Governo, cujo acto é publicado no Boletim da República.

ARTIGO 25
(Competências próprias das autarquias locais)

1. É competência própria das autarquias locais o investimento público nas


seguintes áreas:
a) Equipamento rural e urbano:
1) espaços verdes, incluindo jardins e viveiros da autarquia;
2) rodovias, incluindo passeios;
3) habitação económica;
4) cemitérios públicos;
5) instalações dos serviços públicos da autarquia;
6) mercados e feiras;
7) bombeiros;

b) Saneamento básico:
1) sistemas autárquicos de abastecimento de água;
2) sistemas de esgotos;
3) sistemas de recolha e tratamento de lixos e limpeza pública;

c) Energia:
1) distribuição de energia eléctrica;
2) iluminação pública, urbana e rural;

d) Transportes e Comunicações:
1) rede viária, urbana e rural;
2) transportes colectivos que se desenvolvam exclusivamente na área da
respectiva autarquia;

e) Educação e Ensino:
1) centros de educação pré-escolar;
2) escolas para o ensino primário;
3) transportes escolares;

60
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 26

4) equipamentos para educação de base de adultos;


5) outras actividades complementares da acção educativa, designadamente
nos domínios da acção social escolar e da ocupação de tempos livres;

f) Cultura, Tempos Livres e Desporto:


1) casas de cultura, bibliotecas e museus;
2) património cultural, paisagístico e urbanístico da autarquia;
3) parques de campismo;
4) instalações e equipamento para a prática desportiva e recreativa;

g) Saúde:
1) unidades de cuidados primários de saúde;

h) Acção social:
1) actividades de apoio às camadas vulneráveis;
2) habitação social;

i) Gestão ambiental:
1) protecção ou recuperação do meio ambiente;
2) florestamento, plantio e conservação de árvores;
3) estabelecimento de reservas municipais;
2) A vocação autárquica de investimento nas áreas indicadas não prejudica
iniciativas de investimento nas mesmas áreas por parte do Estado, as
quais devem, todavia, desenvolver-se sempre em coordenação com a
autarquia interessada, numa base de acordo prévio indispensável.

3. É ainda da competência das autarquias locais aprovar projectos de obras


de equipamento social relativas a entidades particulares de interesse para a autar-
quia e assegurar, na sua execução, o apoio técnico que tenham por conveniente,
de acordo com as disposições legais aplicáveis.

ARTIGO 26
(Competências exercidas em regime de colaboração)

1. As acções relativas a investimentos públicos não referidos no artigo ante-


rior podem ser executadas, quer pelos competentes serviços do Estado, quer pelas
autarquias locais, neste último caso mediante acordo prévio a celebrar com o
Governo ou ainda em regime de colaboração, nos termos dos números seguintes.
2. A actuação dos órgãos autárquicos, no exercício de quaisquer competências
em regime de colaboração, é objecto de regulamentação que constará de contratos-

61
Art. 27 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

-tipo a serem celebrados entre os departamentos competentes da administração


central e as autarquias.
3. Prevendo-se a eventualidade de o montante disponível para o respectivo
programa se revelar insuficiente para atender a todas as necessidades, são fixados,
concomitantemente com a divulgação do contrato-tipo, os critérios de selecção das
autarquias interessadas.
4. Os acordos de que resulte o exercício de competências, em regime de
colaboração com uma ou mais das autarquias locais, compreendem o modo da
participação destas na elaboração dos planos nacionais e na gestão dos equipa-
mentos ou dos serviços públicos correspondentes, bem como as formas de informa-
ção recíproca sobre o desenvolvimento das acções envolvidas.

ARTIGO 27
(Urbanismo e política de solos)

1. Os planos referidos no n.º 2 do artigo 24 são elaborados em colaboração


com as entidades competentes da administração central.
2. A delimitação de zonas de protecção urbana e de áreas críticas de recupe-
ração e reconversão urbanística, compreendendo à aprovação dos planos de
renovação urbana de áreas degradadas e de recuperação de centros históricos e
culturais, é da competência dos órgãos executivos da autarquia, sempre que os
correspondentes projectos estiverem previstos no programa de desenvolvimento
urbanístico ou no faseamento do plano de estrutura, urbanização geral, parcial ou
de pormenor, devidamente aprovados e ratificados.
3. Na falta de planos, a aprovação compete às assembleias autárquicas,
mediante proposta do órgão executivo, instruída com os pareceres que a lei tornar
obrigatórios, quando for caso disso.
4. É igualmente da competência dos órgãos executivos da autarquia a aprova-
ção dos planos de pormenor e das operações de loteamento, independentemente
da sua localização e dimensão, sempre que:
a) os mesmos se mostrem de conformidade com o plano de desenvolvimento
da autarquia ou com o plano geral de estrutura vigentes;
b) estando tais planos em elaboração, existam normas provisórias legalmente
aprovadas.

5. Fora dos casos previstos no número anterior ou sempre que, pela sua
dimensão ou localização, as obras a desenvolver impliquem alterações significativas
das condições ambientais e das infraestruturas existentes na área da própria
autarquia ou em áreas de outras circunscrições territoriais vizinhas, as correspon-
dentes operações de loteamento ficam sujeitas à ratificação do Governo.

62
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 30

ARTIGO 28
(Expropriação)

1. Da ratificação prevista no n.º 4 do artigo 24 e no n.º 5 do artigo anterior


resulta a declaração de utilidade pública urgente de expropriação dos prédios e
direitos a eles relativos, necessários à realização dos planos, bem como a auto-
rização para a posse administrativa dos mesmos pela autarquia, caso se verifique,
no prazo a estabelecer em regulamento próprio após aquela ratificação, estarem
esgotadas as negociações para a aquisição extrajudicial.
2. A faculdade conferida às autarquias locais nos termos do número anterior
caduca se, no prazo de dois anos a contar da publicação do acto de ratificação,
não tiver sido concretizado o acordo efectuado.
3. A renovação das declarações de utilidade pública de expropriação que hajam
caducado por força do decurso do prazo indicado no número anterior, assim como
quaisquer outras declarações de utilidade pública de expropriação e respectiva
posse administrativa, que se mostrem necessárias ao desenvolvimento normal da
actividade das autarquias locais, carecem da ratificação do Governo.
4. Sempre que os prédios ou os direitos expropriados não forem aplicados ao
fim que determinou a expropriação e ainda no caso de ter cessado a aplicação a
esse fim, dar-se-á a respectiva reversão a favor do expropriado, tendo este direito
a ser indemnizado nos termos fixados pela lei.

SECÇÃO IV

Património das autarquias locais

ARTIGO 29
(Âmbito e administração do património autárquico)

1. Constituem património da autarquia local todas as coisas móveis e imóveis,


direitos e acções que a qualquer título lhe pertençam ou venham a pertencer.
2. A administração do património autárquico compete ao presidente do conselho
municipal ou de povoação com observância das disposições Iegais aplicáveis,
salvaguardadas as competências da assembleia respectiva relativamente aos bens
utilizados ao seu serviço.

ARTIGO 30
(Aquisição, alienação de bens e abates)

1. A aquisição e alienação de bens do património das autarquias locais faz-se


por concurso público ou em hasta pública.

63
Art. 31 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. Tratando-se de bens imóveis, a respectiva alienação apenas poderá ter lugar


em situações de comprovado interesse público.
3. Em nenhum caso podem ser alienados bens imóveis cedidos pelo Estado
sem a concordância prévia deste.
4. O abate à carga de quaisquer bens, móveis e imóveis, deve respeitar os
prazos e demais preceitos Iegais aplicáveis.

ARTIGO 31
(Cedência de direitos de uso)

1. A cessão de direitos de uso ou exploração de bens do património autárquico


a favor de terceiros pode ter lugar mediante concessão, permissão ou autorização,
consoante se revele mais adequado ao interesse público, devendo sempre ser dada
adequada publicidade do correspondente acto.
2. Cabe ao Governo regulamentar o regime a observar, consoante a natureza
dos bens e os fins da cedência, bem como as formas de publicidade a observar
em cada caso, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
3. Quando incida sobre bens imóveis e sempre que não se revista de forma
precária, a cedência de direitos faz-se por concurso público.

ARTIGO 32
(Extravio ou dano de bens do património autárquico)

1. O sector dos serviços que tenha sob sua responsabilidade o controle dos
bens do património da autarquia é obrigado, sem dependência de despacho de
qualquer outra entidade, a abrir inquérito administrativo e a propor, se for caso
disso, a competente acção disciplinar, civil e criminal contra qualquer servidor,
sempre que forem apresentadas denúncias ou acto de notícia relativos ao extravio
ou dano de bens a seu cargo.
2. Nenhum servidor da autarquia pode ser dispensado, transferido, exonerado,
ter rescindido ou denunciado o seu contrato, sem que o sector competente dos
serviços ateste que o mesmo devolveu em boa ordem os bens do património
autárquico que a ele estivessem confiados.

SECÇÃO V

Obras e serviços públicos

ARTIGO 33
(Responsabilidade das autarquias locais)

É da responsabilidade das autarquias locais, tendo em devida consideração os


interesses e as necessidades das respectivas populações, prestar serviços
públicos, bem como realizar obras públicas, podendo adjudicá-las a particulares,
mediante concurso.

64
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 36

ARTIGO 34
(Execução de obras públicas)

1. Salvo os casos de extrema urgência, devidamente justificados, a execução


de obras públicas é precedida da elaboração e aprovação do:
a) respectivo projecto;
b) orçamento dos seus custos;
c) plano de financiamento, com indicação da origem dos correspondentes recur-
sos financeiros e das condições da sua mobilização;
d) estudo de viabilidade do empreendimento, com identificação da sua
conveniência e oportunidade para o interesse público;
e) cronograma de execução dos trabalhos, com explicitação dos prazos para
o seu início e conclusão;
f) concurso público, nos casos em que não sejam por administração directa.

2. Compete ao Conselho de Ministros regulamentar as condições gerais dos


concursos para execução de obras públicas, fixando regras obrigatórias em matéria
de formação e controle de preços, bem como quanto ao regime de fiscalização a
adoptar

ARTIGO 35
(Serviços autónomos e empresas públicas autárquicas)

1. As autarquias locais podem criar serviços autónomos ou empresas públicas


autárquicas para satisfação de necessidades colectivas das respectivas populações,
quando tais necessidades sejam de interesse relevante para a colectividade e/ou
a gestão autónoma se mostre a solução mais eficiente.
2. Compete à assembleia autárquica deliberar sobre a autonomização de servi-
ços e a criação de empresas públicas autárquicas nos termos do número anterior,
mediante proposta fundamentada do competente órgão executivo, devendo tal
proposta ser acompanhada das necessárias demonstrações da respectiva viabili-
dade nos aspectos económico, técnico e financeiro, e instruída com os pareceres
que a lei tornar obrigatórios.
3. Os serviços autónomos a que se referem os números anteriores são geridos
em termos empresariais, por conta e risco das autarquias, gozando de autonomia
administrativa e financeira.

ARTIGO 36
(Concessão da exploração de serviços públicos)

1. A assembleia autárquica pode autorizar a concessão de serviços públicos


pelos órgãos executivos das autarquias locais, desde que o interesse público se
mostre devidamente assegurado.

65
Art. 37 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. A escolha do concessionário tem lugar mediante concurso público a realizar


com observância da legislação em vigor.
3. São nulas e de nenhum efeito as concessões ou qualquer outra forma de
autorização para a exploração de serviços públicos estabelecidas com desrespeito
do presente artigo.

ARTIGO 37
(Regulamentação, fiscalização e tarifas)

1. Os serviços cuja exploração seja objecto de concessão estão sujeitos a


regulamentação e a fiscalização da administração autárquica, cabendo igualmente
aos órgãos executivos autárquicos aprovar a respectiva política tarifária.
2. O presidente do conselho municipal ou de povoação pode rescindir os
contratos de concessão ou de exploração, sempre que se verifique actuação em
desconformidade com as cláusulas contratuais, lesiva do interesse público, ou
quando os serviços venham funcionando em condições manifestamente insatis-
fatórias de atendimento das necessidades dos utentes.

ARTIGO 38
(Representação e participação dos utentes)

1. Os utentes podem ter representação assegurada nas entidades prestadoras


de serviços públicos de âmbito autárquico, na forma e nos termos estabelecidos
em postura local, participando das decisões relativas a:
a) planos e programas de expansão dos serviços;
b) revisão da base de cálculo dos custos operacionais;
c) política tarifária;
d) nível de atendimento da procura, em termos quer quantitativos, quer quali-
tativos;
e) mecanismos de atendimento de petições e reclamações dos utentes, incluin-
do os relativos a apuramento de responsabilidades por danos causados a
terceiros.

2. Tratando-se de empresa concessionária, as obrigações a que se refere o


número anterior devem constar do contrato ou dos termos da autorização.

ARTIGO 39
(Informações públicas obrigatórias)

As entidades prestadoras de serviços públicos são obrigadas a dar ampla


publicidade das suas actividades, pelo menos uma vez por ano, informando em
especial sobre planos de expansão, aplicação de recursos financeiros e realização
de programas de trabalho.

66
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 42

CAPÍTULO III

Transferências Orçamentais

SECÇÃO I

Fundo de Compensação Autárquica

ARTIGO 40
(Dotação e fins)

1. O Fundo de Compensação Autárquica é um fundo destinado a complementar


os recursos orçamentais das autarquias.
2. O montante do Fundo de Compensação Autárquica e dos subsídios aos
órgãos locais do Estado é objecto de uma dotação própria a inscrever no orçamento
do Estado. Essa dotação é constituída por 1,5% a 3% das receitas fiscais previstas
e realizadas no respectivo ano económico.
3. O produto das transferências desse Fundo é de afectação livre pelas
autarquias beneficiárias, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 20.

ARTIGO 41
(Regras de distribuição)

A dotação global do Fundo de Compensação Autárquica é repartida pelo con-


junto das autarquias locais por aplicação de uma fórmula a ser inserida anualmente
na Lei do orçamento do Estado que atenda simultaneamente, entre outras, os
seguintes factores:
a) o número de habitantes da correspondente autarquia;
b) a respectiva área territorial;
c) o índice de desempenho tributário da autarquia;
d) o índice de desenvolvimento ponderado.

ARTIGO 42

(Distribuição do Fundo de Compensação Autárquica e prazos de efectivação


das transferências)

1. Compete ao Ministério que superintende a área do plano e finanças asse-


gurar a correcta aplicação dos critérios de distribuição a que alude o artigo anterior,
bem como garantir a regularidade da efectivação das transferências, para as autar-
quias locais, das importâncias que a cada uma delas caibam na dotação do Fundo.

67
Art. 43 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. O montante global que caiba anualmente a cada autarquia nas transferências


do Fundo, bem como os respectivos coeficientes, constarão do Orçamento do
Estado e é transferido para as respectivas tesourarias por duodécimos até ao dia
15 de cada mês.
3. Ocorrendo qualquer atraso nos prazos de aprovação do Orçamento do
Estado que obste o conhecimento em tempo oportuno das dotações do Fundo para
esse ano, as transferências a que se refere o número anterior processam-se
transitoriamente com base nos duodécimos correspondentes do ano anterior pro-
cedendo-se, no mês seguinte à aprovação do novo orçamento, os acertos que
porventura sejam necessários.

SECÇÃO ll

Desenvolvimento autárquico e investimento público

ARTIGO 43
(Especial responsabilidade do Governo)

Compete ao Governo a especial responsabilidade de implementar mecanismos


operativos de apoio ao desenvolvimento autárquico, devendo os respectivos
princípios e regras orientadoras ser objecto de publicação por decreto do Conselho
de Ministros.

ARTIGO 44
(Dotações específicas para projectos de investimento
nas autarquias locais)

1. Anualmente serão inscritas no orçamento de investimentos do Estado, de


forma discriminada, verbas específicas para o financiamento de projectos de
investimento nas autarquias locais, com as seguintes características:
a) compreendidos em programas integrados de desenvolvimento económico e
social;
b) objecto de contratos-programa de desenvolvimento a celebrar com as
autarquias interessadas, preferentemente no quadro da cooperação inter-
autárquica;
c) incluídos em qualquer outro tipo de programas, nomeadamente no caso de
projectos para os quais haja sido celebrado contrato-tipo, nos termos previs-
tos no n.º 2 do artigo 26.

2. Cabe ao Ministério que superintende a área do plano e finanças emitir as


instruções necessárias para a disponibilização das dotações orçamentais inscritas
nos termos do número anterior.

68
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 47

ARTIGO 45
(Investimentos de iniciativa local)

1. Adicionalmente às dotações referidas no artigo anterior, o Orçamento do


Estado poderá contemplar, anualmente, uma dotação global para o financiamento
de projectos de iniciativa e decisão local, em complemento dos recursos próprios
das autarquias.
2. A afectação às diferentes autarquias da dotação assim inscrita é feita de
harmonia com critérios e prioridades a explicitar anualmente na Lei Orçamental.

ARTIGO 46
(Outros investimentos)

O Governo pode, depois de avaliação prévia das respectivas necessidades,


prever no Orçamento do Estado, dotação para:
a) correcção dos efeitos negativos de investimento ou outras acções de
responsabilidade da administração central que afectem significativamente as
autarquias, em especial na construção de estradas, auto-estradas, portos,
aeroportos e barragens;
b) implementação de programas de expansão e renovação urbana, quando o
seu peso relativo transcenda a capacidade ou responsabilidade das
autarquias.

SECÇÃO Ill

Transferências extraordinárias

ARTIGO 47
(Subsídios e comparticipações)

1. Não são permitidas quaisquer transferências extraordinárias sob forma de


subsídios ou comparticipações financeiras por parte do Estado, institutos públicos
ou fundos autónomos a favor das autarquias locais, salvo nos casos expressamente
previstos na Iei.
2. O Conselho de Ministros pode, não obstante, tomar excepcionalmente
providências orçamentais extraordinárias visando a concessão de auxílio financeiro
às autarquias locais nas seguintes circunstâncias:
a) ocorrência de situações de calamidade pública;
b) resolução de bloqueamentos graves, que afectem anormalmente a prestação
de serviços públicos indispensáveis.

69
Art. 48 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

3. O Conselho de Ministros define, por decreto, as condições em que haverá


lugar à concessão de auxílio financeiro nas situações previstas no presente
artigo.
4. As providências orçamentais a que se refere o n.º 2 podem correr por conta
da rubrica para as despesas não previsíveis e inadiáveis.

CAPÍTULO IV

Sistema Tributário Autárquico

SECÇÃO I

Impostos e Taxas Autárquicos

SUBSECÇÃO I

Disposições gerais

ARTIGO 48
(Enumeração)

1. O sistema de impostos e taxas autárquicos compreende:


a) Imposto Pessoal Autárquico;
b) Imposto Predial Autárquico;
c) Taxa por actividade económica;
d) Imposto Autárquico de Comércio e Indústria;
e) Imposto sobre rendimentos de trabalho - secção B.

2. Os residentes das autarquias locais em nenhuma circunstância estão sujeitos


à dupla tributação, devendo o Conselho de Ministros regulamentar a aplicação dos
impostos e taxas referidos no n.º 1 do presente artigo.

ARTIGO 49
(Derramas)

1. Para além dos impostos enunciados no artigo anterior, podem ainda as


autarquias locais lançar derramas incidentes sobre a colecta das Contribuições
Industrial e Predial e do Imposto de Turismo.
2. As derramas têm carácter excepcional de imposto extraordinário e o pro-
duto da sua cobrança apenas pode ter aplicação nas seguintes finalidades,

70
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 52

nas condições expressamente determinadas pelo respectivo diploma de autori-


zação:
a) projectos de investimento das autarquias locais;
b) despesas extraordinárias com a reabilitação de infraestruturas;
c) reparação dos efeitos de situações de calamidade pública.

3. O montante das derramas não pode exceder o limite de 15% sobre as


colectas dos impostos referidos no n.º 1 a cobrar na autarquia.

SUBSECÇÃO II

Imposto Pessoal Autárquico

ARTIGO 50
(Incidência)

1. O Imposto Pessoal Autárquico substitui o lmposto de Reconstrução Nacional,


representa a comparticipação mínima de cada cidadão para os encargos públicos
da autarquia e incide, segundo taxas específicas, sobre todas as pessoas, nacio-
nais ou estrangeiras, residentes na respectiva autarquia, quando tenham entre 18 e
60 anos de idade e para elas se verifiquem as circunstâncias de ocupação, aptidão
para o trabalho e demais condições estabelecidas na regulamentação do imposto.
2. Para efeitos de incidência do imposto consideram-se residentes na autarquia
as pessoas que aí tenham domicílio.
3. Os novos residentes na autarquia ficam sujeitos ao pagamento de imposto
na nova autarquia, desde que não provem ter satisfeito a obrigação no local onde
anteriormente estavam domiciliados.

ARTIGO 51
(Taxas)

As taxas do Imposto Pessoal Autárquico a vigorar anualmente em cada


autarquia são estabelecidas até 30 de Setembro do ano anterior pela respectiva
assembleia autárquica, não podendo exceder o máximo de dois décimos do salário
mínimo nacional mensal para os trabalhadores da indústria.

ARTIGO 52
(Isenções)

1. São isentos do Imposto Pessoal Autárquico:


a) os indivíduos que, por debilidade, doença ou deformidade física, estejam
temporária ou permanentemente incapacitados de trabalhar;

71
Art. 53 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

b) os cidadãos no cumprimento do Serviço Militar Obrigatório, compreendendo


o ano da incorporação e o ano da passagem à disponibilidade;
c) os estudantes que frequentem, em regime de tempo inteiro, curso de nível
médio ou superior, abrangendo o ano em que perderem essa qualidade, até
completarem 21 ou 25 anos de idade, respectivamente, consoante se trate
do ensino médio ou superior;
d) os pensionistas do Estado, das autarquias locais, da Segurança Social ou
de outras formas de pensão, quando não tenham outros proventos além das
respectivas pensões;
e) a mulher camponesa e a mulher doméstica;
f) os estrangeiros ao serviço do país da respectiva nacionalidade, quando haja
reciprocidade de tratamento.

2. Por deliberação da respectiva assembleia, mediante proposta do executivo


autárquico, podem ainda ser temporariamente isentos do pagamento deste imposto
os contribuintes que, devido a calamidades naturais ou outras circunstâncias
excepcionais, não se encontrem em condições de o satisfazer em determinado ano.

ARTIGO 53
(Formas e prazos de pagamento)

1. O imposto é pago em dinheiro ou em espécie, nos prazos e nos termos


estabelecidos pela assembleia autárquica.
2. Uma percentagem do imposto arrecadado, não excedente a 10% da respec-
tiva colecta, destina-se a remunerar os agentes que participem nas actividades de
recenseamento dos contribuintes e de lançamento do imposto.

SUBSECÇÃO III

Imposto Predial Autárquico

ARTIGO 54
(Incidência)

1. O Imposto Predial Autárquico incide sobre o valor patrimonial dos prédios


urbanos situados no território da respectiva autarquia.
2. Para efeitos da aplicação do imposto, entende-se por prédio urbano toda a
parcela de terreno, abrangendo os edifícios e construções nela incorporados ou
assentes com carácter de permanência, desde que:
a) faça parte do património de uma pessoa singular ou colectiva ou a esta
possa imputar-se o respectivo uso ou fruição sem o pagamento de uma
renda;

72
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 58

b) seja susceptível de, em condições normais, produzir rendimento e esteja


afecto a quaisquer fins que não sejam a agricultura, silvicultura ou pecuária.

3. Os edifícios ou construções, ainda que móveis por natureza, são conside-


rados como tendo carácter de permanência quando se acharem assentes no
mesmo local por um período superior à seis meses.

ARTIGO 55
(Sujeitos da obrigação do imposto)

O imposto é devido pelos titulares do direito de propriedade presumindo-se


como tais as pessoas em nome de quem os mesmos se encontrem inscritos na
matriz predial ou que deles tenham efectiva posse.

ARTIGO 56
(Determinação do valor colectável)

1. O valor patrimonial dos prédios sujeitos a imposto e determinado nos termos


de regulamento específico de avaliações, a estabelecer por decreto do Conselho
de Ministros.
2. Até à aprovação do regulamento previsto no número anterior, tem-se como
valor colectável de cada prédio o montante, eventualmente corrigido nos termos
do artigo seguinte, que resultar da respectiva avaliação provisória segundo as
regras estabelecidas para efeitos do processo de venda dos imóveis sob gestão
da Administração do Parque Imobiliário do Estado.

ARTIGO 57
(Correcção dos efeitos da depreciação monetária)

1. Os prédios cujo valor cadastral se mostre depreciado em mais de 30%


podem ser objecto de reavaliação administrativa, por aplicação do índice de
correcção monetária adequado.
2. Cabe ao Governo fixar, por diploma do ministro que superintende a área do
plano e finanças, os índices anuais de correcção monetária a aplicar, para efeitos
do disposto no número anterior.

ARTIGO 58
(Taxas)

1. As taxas do Imposto Predial Autárquico a vigorar em cada autarquia são


fixadas pela respectiva assembleia, entre 0,2% a 1% do valor patrimonial.
2. Na situação prevista no artigo 61, o imposto devido é graduado de forma
progressiva, consoante o número de anos que o terreno permaneça desaprovei-

73
Art. 59 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

tado, entre o mínimo de 20% e o máximo de 100% do valor da correspondente


renda anual, sem prejuízo do determinado pela legislação acerca das normas de
ocupação de terra.
3. Compete à assembleia autárquica, mediante proposta do conselho autár-
quico, aprovar a tabela de rendas a aplicar, para efeitos do número anterior.

ARTIGO 59
(Isenções)

1. Estão isentos de Imposto Predial Autárquico:


a) as associações humanitárias e outras entidades que, sem intuito lucrativo,
prossigam no território da autarquia fins de assistência social, saúde pública,
educação, culto, cultura, desporto e recreação, caridade, beneficência ou
outra actividade de relevante interesse público, relativamente aos prédios
afectos à realização desses fins;
b) os Estados estrangeiros, relativamente aos prédios adquiridos para instala-
ção das suas instalações diplomáticas ou consulares, quando haja reciproci-
dade de tratamento;
c) a própria autarquia e qualquer dos seus serviços, ainda que personalizados,
relativamente aos prédios que integrem o respectivo património;
d) as casas de construção precária e outras construções não definitivas, quando
habitadas pelo respectivo proprietário.

2. Compete à assembleia autárquica confirmar se a actividade exercida pelas


associações humanitárias e outras entidades prossegue os objectivos indicados na
alínea a) do n.º 1, para efeitos de isenção de imposto.
3. Cabe ao presidente do conselho municipal ou de povoação indicar o serviço
competente para o reconhecimento das demais isenções previstas neste artigo.

ARTIGO 60
(Incentivos à habitação própria)

1. Cabe à assembleia autárquica definir o quadro de isenções e bonificações


da taxa do imposto a observar, como incentivo à construção ou aquisição de
habitação própria.
2. Os benefícios a conceder nos termos do número anterior não devem exceder
10 e 15 anos, respectivamente, consoante se trate de isenção ou redução da taxa
do imposto.

ARTIGO 61
(Terrenos desaproveitados em zonas urbanas)

1. As assembleias autárquicas podem deliberar o agravamento do imposto pre-


dial urbano à situação de terrenos dentro das zonas urbanas das cidades, destina-

74
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 65

dos à construção ou que possam vir a ter esse destino, sempre que a entidade
que detenha a respectiva posse, a título precário ou definitivo, não lhes dê o apro-
veitamento previsto no plano de urbanização da cidade.
2. As condições de aplicação do imposto na situação prevista no número an-
terior são objecto de regulamentação por postura municipal ou de povoação, em
conformidade com o disposto no n.º 2 do artigo 58.

SUBSECÇÃO IV

Taxa por actividade económica

ARTIGO 62
(Incidência)

A taxa por actividade económica é devida pelo exercício de qualquer actividade


de natureza comercial ou industrial, incluindo a prestação de serviços, na área da
respectiva autarquia, desde que exercido num estabelecimento.

ARTIGO 63
(Casos especiais de sujeição à taxa)

Cabe especialmente à assembleia autárquica deliberar quanto aos requisitos


de incidência e mecanismos específicos de lançamento e fiscalização da taxa.

ARTIGO 64
(Taxas)

1. As taxas são fixadas anualmente pela assembleia autárquica.


2. A taxa é paga de uma só vez em Janeiro de cada ano ou até 3 prestações,
conforme for deliberado pela respectiva assembleia.

SUBSECÇÃO V

Imposto Autárquico de Comércio e Indústria

ARTIGO 65

(Incidência)
1. O Imposto Autárquico de Comércio e Indústria é devido pelos actuais contri-
buintes da Contribuição Industrial C que exerçam a sua actividade nas circunscri-
ções territoriais das autarquias.

75
Art. 66 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. Aplica-se com as necessárias adaptações a este imposto, o disposto na


Contribuição Industrial C.
3. Está igualmente sujeito a este imposto o exercício de:
a) comércio por vendedores ambulantes nas ruas e outros lugares públicos;
b) comércio em feiras e mercados sem lugar marcado;
c) quaisquer outras actividades de natureza artesanal ou de prestação de
serviços quando exercidos sem estabelecimento ou em regime de indústria
doméstica.
4. Para além dos requisitos de incidência e isenção que constam da correspon-
dente parte aplicável do Código dos Impostos sobre o Rendimento, estão isentos
de Contribuição Industrial C os rendimentos normais sujeitos a imposto autárquico
de comércio e indústria.
ARTIGO 66
(Taxas)

1. As taxas do imposto, a fixar anualmente pela assembleia autárquica, são


graduadas dentro dos seguintes limites anuais e segundo os critérios que vão
indicados:
a) entre 1 e 10 vezes o salário mínimo nacional mensal para os trabalhadores
da indústria, por estabelecimento, consoante a respectiva localização e a
área ocupada;
b) entre 0,5 a 10 vezes o salário mínimo nacional mensal para os trabalhadores
da indústria, consoante a natureza e as condições do exercício da actividade
e os correspondentes rendimentos normais, no caso de actividades exercidas
sem estabelecimento ou em regime de indústria doméstica.
2. O imposto é pago de uma só vez em Janeiro de cada ano ou em 3 pres-
tações, salvo tratando-se das actividades a que se refere o n.º 2 do artigo ante-
rior, caso em que pode estabelecer-se diferente periodicidade, incluindo a cobrança
de taxas diárias ou semanais quando se trate de actividades exercidas em mer-
cados, feiras e outros lugares públicos.

SUBSECÇÃO Vl

Imposto sobre o Rendimento do Trabalho - secção B

ARTIGO 67
(Imposto sobre o Rendimento do Trabalho - secção B)

1. O imposto é cobrado nos precisos termos previstos no Código dos Impostos


sobre o Rendimento, relativamente a actividades exercidas na autarquia.
2. As taxas são anualmente fixadas por deliberação da assembleia autárquica.

76
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 69

SECÇÃO II

Repartição de outros impostos

ARTIGO 68
(Critérios de partilha)

Em complemento dos recursos provenientes do sistema tributário autárquico,


as autarquias locais beneficiam igualmente da partilha das colectas dos seguintes
impostos do Estado, cujas receitas lhes ficam consignadas nas proporções que em
cada caso vão indicadas:
a) a 30% do Imposto de Turismo incidente sobre estabelecimentos localizados
na respectiva autarquia ou sobre actividades aí exercidas, na parte não
consignada ao Fundo de Turismo;
b) a alocação, pelo Governo, de 75% do Imposto sobre Veículos Automóveis
cujos proprietários sejam residentes na área da autarquia;
c) outras receitas que lhe venham a ser atribuídas nos termos da alínea b) do
n.º 1 do artigo 13.

SECÇÃO III

Outras receitas tributárias

ARTIGO 69
(Taxas por licenças concedidas)

1. As autarquias locais podem cobrar taxas por:


a) realização de infraestruturas e equipamento simples;
b) concessão de licenças de loteamento, de execução de obras particulares,
de ocupação da via pública por motivo de obras e de utilização de edifícios;
c) uso e aproveitamento do solo da autarquia;
d) ocupação e aproveitamento do domínio público sob administração da autar-
quia e aproveitamento dos bens de utilização pública;
e) prestação de serviços ao público;
f) ocupação e utilização de locais reservados nos mercados e feiras;
g) autorização da venda ambulante nas vias e recintos públicos;
h) aferição e conferição de pesos, medidas e aparelhos de medição;
i) estacionamento de veículos em parques ou outros locais a esse fim desti-
nados;

77
Art. 70 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

j) autorização para o emprego de meios de publicidade destinados a propa-


ganda comercial;
k) utilização de quaisquer instalações destinadas ao conforto, comodidade ou
recreio público;
l) realização de enterros, concessão de terrenos e uso de jazigos, ossários e
de outras instalações em cemitérios mantidos pela autarquia;
m) licenciamento sanitário de instalações;
n) qualquer outra licença da competência das autarquias, cuja tramitação não
esteja isenta por lei;
o) registos determinados por lei.

2. Estão igualmente abrangidos pelo disposto no número anterior, outras impo-


sições constantes dos actuais códigos de posturas.
3. Compete à assembleia autárquica fixar, mediante proposta do conselho
autárquico, os valores das taxas a que se referem os números anteriores, em
conformidade com os códigos tributário, autárquico e de posturas.

ARTIGO 70
(Tarifas e taxas pela prestação de serviços)

1. Aplicam-se tarifas ou taxas de prestação de serviços nos casos em que as


autarquias tenham sob sua administração directa a prestação de determinado
serviço público e, nomeadamente, nos seguintes casos:
a) abastecimento de água e energia eléctrica;
b) recolha, depósito e tratamento de lixos, bem com a ligação, conservação e
tratamento de esgotos;
c) transportes urbanos colectivos de pessoas e mercadorias;
d) utilização de matadouros;
e) manutenção de jardins e mercados;
f) manutenção de vias.

2. Cabe à assembleia autárquica a fixação das tarifas a que se refere o número


anterior e, sempre que possível, na base da recuperação de custos.

ARTIGO 71
(Coimas e multas)

1. A violação do código de posturas e de regulamentos de natureza genérica


e execução permanente das autarquias constitui contra-ordenação sancionada com
coima.

78
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 75

2. As coimas a prever nas posturas e nos regulamentos autárquicos não podem


ser superiores a dez vezes o salário mínimo nacional dos trabalhadores da
indústria, nem exceder o montante das que forem impostas pelo Estado para con-
tra-ordenação do mesmo tipo.
3. A competência para a instrução dos processos de conta-ordenação e
aplicação das coimas pertence aos órgãos executivos autárquicos, podendo ser
delegada em qualquer dos seus membros.
4. As autarquias locais beneficiam ainda, total ou parcialmente, das multas
fixadas por lei a seu favor.

SECÇÃO IV

Disposições diversas

ARTIGO 72
(Liquidação e cobrança dos impostos autárquicos)

A liquidação e a cobrança dos impostos e demais rendimentos autárquicos são


realizados pelos serviços competentes da autarquia.

ARTIGO 73
(Contencioso fiscal)

As reclamações e impugnações dos interessados contra a liquidação e cobrança


dos impostos e demais tributos autárquicos são deduzidas perante a entidade com-
petente para a respectiva liquidação e decididas nos termos do Código Tributário.

ARTIGO 74
(Comissões locais de Justiça Tributária)

1. São constituídas em cada autarquia Comissões locais de Justiça Tributária


às quais compete apreciar e decidir sobre as reclamações e impugnações que, nos
termos do artigo anterior, devam ser deduzidas perante os respectivos órgãos
executivos.
2. A composição e funcionamento das Comissões locais de Justiça Tributária
constam do Código Tributário.

ARTIGO 75
(Execuções Fiscais)

A cobrança coerciva de dívidas de natureza fiscal às autarquias locais compete


ao Juízo de Execuções Fiscais territorialmente competente aplicando-se, para o
efeito, com as necessárias adaptações, os termos estabelecidos no respectivo
Código.

79
Art. 76 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

CAPÍTULO V
Contabilidade autárquica, prestação de contas e inspecções

ARTIGO 76
(Contabilidade autárquica)

1. O regime da contabilidade autárquica, a regulamentar pelo Conselho de


Ministros, tem como princípios orientadores a respectiva uniformização, normali-
zação e simplificação, de modo a constituir um instrumento de gestão económico-
-financeira e permitir a apreciação e o julgamento da execução orçamental e patri-
monial.
2. À contabilidade dos serviços autónomos e das empresas autárquicas e
interautárquicas é aplicado o Plano Geral de Contabilidade, com as adaptações
que se impuserem.
3. Em condições a regulamentar, a contabilidade das povoações pode limitar-
-se ao simples registo de receitas e despesas.

ARTIGO 77
(Gestão de tesouraria)

1. As receitas e as despesas do orçamento da autarquia são movimentadas


através de um sistema de caixa única, regularmente instituído.
2. A autarquia tem tesouraria própria, pela qual são movimentados os recursos
que lhe forem destinados.
3. As disponibilidades de tesouraria da autarquia e de qualquer dos seus servi-
ços, ainda que personalizados, são mantidas em depósito em instituições financei-
ras nacionais ou em cofre, quando na autarquia não existam essas instituições.
4. Podem constituir-se fundos de maneio, com os limites legalmente permitidos,
para ocorrer a pequenas despesas a pronto pagamento.

ARTIGO 78
(Exactores)

1. São sujeitos à prestação de contas os agentes da administração autárquica


responsáveis pela arrecadação ou guarda de quaisquer bens e valores perten-
centes ou confiados à autarquia.
2. O tesoureiro da autarquia ou o funcionário que exerça essa função fica
obrigado à apresentação de um boletim diário de tesouraria, a afixar em local
próprio na sede da autarquia.
3. Os demais agentes autárquicos apresentam as respectivas contas nos
primeiros dez dias do mês subsequente àquele em que tenham sido recebidos os
valores a que a prestação de contas respeitar.

80
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 82

ARTIGO 79
(Caução)

Os exactores referidos no artigo anterior estão sujeitos à prestação de uma


caução nos termos da legislação em vigor.

ARTIGO 80
(Tutela inspectiva)

1. Cabe ao Governo fiscalizar a legalidade da gestão financeira e patrimonial


das autarquias locais.
2. As autarquias com a categoria de município devem ser inspeccionadas
ordinariamente pelo menos duas vezes no período de cada mandato dos respec-
tivos órgãos.
3. O Governo pode ordenar inquéritos e sindicâncias, mediante queixas ou
participações devidamente fundamentadas.

ARTIGO 81
(Apreciação e julgamento das contas)

1. As contas anuais da autarquia são apreciadas pela assembleia autárquica,


reunida em sessão ordinária até ao final do mês de Março do ano seguinte àquele
a que respeitam.
2. As contas das autarquias são enviadas pelo respectivo Conselho Autárquico
ao Tribunal Administrativo, com conhecimento ao órgão de tutela que superintende
a área do plano e finanças, até ao dia 30 de Junho do mesmo ano, independen-
temente da sua aprovação pela assembleia autárquica.
3. O parecer produzido pelo Ministério que superintende a área do plano e
finanças é enviado ao Tribunal Administrativo.
4. O Tribunal Administrativo julga as contas até 31 de Outubro de cada ano e
remete o seu acórdão aos órgãos autárquicos, igualmente com cópias para os
Ministérios referidos no n.º 3 do presente artigo.
5. O não cumprimento pela autarquia das obrigações estipuladas pelo presente
artigo pode implicar a aplicação das sanções estabelecidas pelo n.º 2 do artigo 98
da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro.

ARTIGO 82
(Exame público e reclamações)

1. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, as contas das autarquias locais


ficam à disposição dos cidadãos durante sessenta dias, a partir do dia 1 de Março
de cada ano, para consulta dentro do horário normal de funcionamento dos
serviços, em local de fácil acesso ao público, no edifício-sede da autarquia.

81
Art. 83 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. A consulta prevista no número anterior pode ser feita por qualquer interes-
sado, sem dependência de qualquer requerimento, autorização ou despacho.
3. A consulta só pode ser feita no recinto municipal destinado a esse fim, onde
deve haver sempre, pelo menos, três cópias do processo de contas à disposição
do público.

ARTIGO 83
(Tramitação das reclamações ou queixas)

1. Dentro do prazo indicado no n.º 1 do artigo anterior, qualquer interessado


pode apresentar reclamação ou queixa, por escrito, devendo a mesma:
a) conter a identificação e a qualidade do reclamante ou queixoso;
b) incluir os elementos ou provas em que se fundamente.

2. Das reclamações ou queixas apresentadas extraem-se cópias para:


a) anexar ao processo de contas a encaminhar, nos termos do n.º 2 do artigo
80, ao Tribunal Administrativo e aos Ministérios que superintendem a função
pública e administração local e o plano e finanças;
b) anexar às contas à disposição do público durante o remanescente do prazo
a que se refere o n.º 1, sem dependência de despacho ou qualquer outra
formalidade;
c) encaminhar aos serviços da assembleia autárquica, onde fica arquivado.

3. O incumprimento do disposto na alínea b) do número anterior dá lugar a


procedimento disciplinar sem prejuízo dos demais procedimentos legais.

ARTIGO 84
(Relatório especial de termo do mandato)

1. Até trinta dias antes das eleições autárquicas, o presidente do conselho


autárquico deve ter preparado, para entrega ao seu sucessor e publicidade imediata
na forma determinada pela assembleia autárquica, um relatório detalhado da
situação da administração da autarquia, o qual contém obrigatoriamente, entre
outros elementos pertinentes, informação actualizada sobre:
a) dívidas da autarquia, com a relação dos respectivos credores e dos prazos
e formas de pagamento;
b) acordos celebrados com o Estado, relativos ao financiamento de projectos
e outras acções no âmbito da autarquia;
c) prestação de contas por transferências recebidas e a receber do orçamento
do Estado e outras formas de apoio financeiro:
d) contratos celebrados ou em negociação relativos à execução de obras ou
ao fornecimento de bens e serviços, com informação do que haja sido

82
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 86

realizado ou executado e pago e do que esteja por executar e/ou pagar, bem
como indicação dos respectivos prazos e formas de pagamento;
e) situação dos contratos com concessionários e outros operadores de serviços
públicos na esfera da autarquia;
f) situação dos funcionários ou servidores da autarquia, com indicação dos
respectivos custos, efectivo e sectores de afectação;
g) informação detalhada sobre a execução do orçamento da autarquia do ano
em curso.

2. O presidente do conselho autárquico deve igualmente apresentar o inventário


dos bens patrimoniais conjuntamente com o termo de entrega.
3. Salvo nos casos excepcionais expressamente previstos na lei, é vedado aos
responsáveis dos órgãos autárquicos assumir no último ano do respectivo mandato,
quaisquer compromissos com a execução de programas ou projectos que se
traduzam em criação de encargos para além do período da sua gerência.

CAPÍTULO VI

Disposições finais e transitórias

SECÇÃO I

Dispositivos transitórios de aplicação da Lei

ARTIGO 85

(Regime transitório de distribuição do Fundo de Compensação Autárquica)

Até aos três primeiros anos de execução da presente Lei, a distribuição do


Fundo de Compensação Autárquica é feita numa relação directamente proporcional
à cobrança do Imposto Pessoal Autárquico em cada autarquia.

ARTIGO 86
(Novas competências das autarquias em matéria de investimentos públicos)

1. O exercício pelas autarquias locais das novas competências em matéria de


investimentos públicos a que alude o artigo 25 é progressivo, devendo o Orçamento
do Estado indicar, em cada ano, as responsabilidades a transferir nesse ano e os
correspondentes meios financeiros.
2. Os departamentos da administração estatal até agora responsáveis pela
execução dos investimentos públicos cuja competência venha, nos termos do
número anterior, a passar em cada ano para as autarquias locais fornecem a estas

83
Art. 87 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

últimas todos os planos, programas e projectos que respeitam ao respectivo


território, bem como o conveniente apoio técnico, durante o período de transição
que em cada caso se revelar necessário.

ARTIGO 87
(Empreendimentos em curso)

1. Os empreendimentos em curso são concluídos pelas entidades que os inicia-


ram, salvo acordo expresso em contrário.
2. Exceptuados também os casos de entendimento diferente entre as entidades
interessadas, o património e os equipamentos eventualmente afectos a investi-
mentos públicos em curso cuja responsabilidade da execução transite para a
administração autárquica, por força da entrada em vigor da Lei, podem, por decisão
do Governo, constituir património das autarquias em causa, devendo as transfe-
rências a que haja lugar processar-se sem qualquer ónus e mediante a celebração
de protocolos.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, a titularidade dos contratos de
arrendamento porventura existentes transfere-se para as autarquias locais sem
dependência de quaisquer formalidades salvo acordo prévio em contrário.

ARTIGO 88
(Transferência de bens patrimoniais)

1. São transferidos para as autarquias locais, em regime de propriedade plena,


por força da entrada em vigor da presente Lei, os edifícios do património do Estado
onde funcionam actualmente os serviços que devam integrar a administração
autárquica, bem como as casas de função que, sendo igualmente propriedade do
Estado, na mesma data lhes estejam afectas.
2. Quanto aos edifícios que sejam propriedade privada e se encontrem presen-
temente arrendados pelo Estado para o exercício de funções cometidas por lei às
autarquias locais, transmitem-se também para estas os contratos de arrendamento
existentes.
3. Para efeitos de registo na correspondente Conservatória será elaborado um
protocolo com a autoridade governamental competente, do qual constem devida-
mente arrolados e identificados os bens imóveis transferidos nos termos dos núme-
ros anteriores.
4. A situação de ocupação ilegal em que se encontrem os imóveis referidos no
n.º 1 do presente artigo não obsta a aplicação do princípio nele estabelecido.

ARTIGO 89
(Capacitação das autarquias)

1. Cabe ao Governo regulamentar a forma de capacitação das autarquias para


o exercício cabal das funções previstos no artigo 72.

84
Lei n.º 11/97, de 31 de Maio Art. 92

2. A liquidação e cobrança dos impostos referidos nas alíneas b), d) e e) do


artigo 48 é assegurada pelos serviços do Estado até estarem criadas as condições
mencionadas no número anterior.

SECÇÃO II

Harmonização do sistema tributário nacional

ARTIGO 90
(Isenções)

1. O Estado e qualquer dos seus serviços, estabelecimentos e organismos,


ainda que personalizados, estão isentos do pagamento de todos os impostos e
demais tributos autárquicos.
2. A isenção prevista no número anterior não abrange igualmente as tarifas e
taxas a que alude o artigo 70.
3. As autarquias locais gozam, relativamente aos impostos do Estado, do
mesmo regime de isenções que a este se aplica.

ARTIGO 91
(Prédios arrendados)

1. Os prédios destinados a habitação normalmente ocupados pelo respectivo


proprietário são sujeitos apenas a Imposto Predial Autárquico, deixando sobre eles
de incidir à contribuição predial urbana.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, presumem-se arrendados ou
destinados a arrendamento e, como tal, estão sujeitos à contribuição predial ur-
bana:
a) todos os fogos destinados à habitação e não habitados pelo seu proprietário
registados no mesmo município ou povoação;
b) todos os edifícios não destinados à habitação, sempre que o respectivo pro-
prietário não faça prova da sua utilização em actividade sujeita à contribuição
industrial.

ARTIGO 92
(Adicionais aos impostos do Estado)

1. São mantidos os actuais adicionais sobre as colectas da contribuição pre-


dial urbana, sisa e imposto sucessório, ficando as respectivas receitas consignadas
aos orçamentos autárquicos.

85
Art. 93 Lei n.º 11/97, de 31 de Maio

2. São igualmente mantidos os actuais percentuais das rendas do Parque


Imobiliário do Estado, arrecadados nas autárquicas.
3. O percentual referido no número anterior é anualmente ajustado às neces-
sidades orçamentais das autarquias.

SECÇÃO III

Disposições finais

ARTIGO 93
(Competência regulamentar)

A regulamentação do sistema de impostos e taxas instituídos pela presente Lei


consta do Código Tributário Autárquico, a aprovar por decreto do Conselho de
Ministros, ficando ainda o Governo autorizado a expedir a demais regulamentação
necessária à implementação da mesma Lei até à sua entrada em vigor.

ARTIGO 94
(Vigência de posturas e regulamentos)

As posturas e regulamentos referidos no n.º 1 do artigo 71 entram em vigor


15 dias depois da sua publicação nos termos legais.

ARTIGO 95
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra em vigor em 1 de Janeiro de 1998, sendo aplicável na


elaboração e aprovação do Orçamento do Estado para o mesmo ano.

Aprovada pela Assembleia da República, aos 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed Issa.
Promulgada, aos 31 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

86
CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DE CIDADE E DE VILA
EM ALGUMAS CIRCUNSCRIÇÕES
TERRITORIAIS

LEI N.º 10/97


DE 31 DE MAIO

Verificando-se existirem condições mínimas para a criação de municípios de


cidade e de vila em algumas circunscrições territoriais, usando da competência
atribuída pelo n.º 1 do artigo 135 da Constituição, a Assembleia da República
determina:

ARTIGO 1
(Criação de municípios de cidade)

São criados municípios nas seguintes cidades:


1. Na Província de Cabo Delgado
– Montepuez
2. Na Província de Niassa
– Cuamba
3. Na Província de Nampula
– Angoche – llha de Moçambique – Nacala
4. Na Província da Zambézia
– Gúruè – Mocuba
5. Na Província de Manica
– Manica
6. Na Província de Sofala
– Dondo
7. Na Província de Inhambane
– Maxixe
8. Na Província de Gaza
– Chibuto – Chókwè.

87
Art. 2 Lei n.º 10/97, de 31 de Maio

ARTIGO 2
(Criação de municípios de vila)

São criados municípios nas seguintes vilas:


1. Na Província de Cabo Delgado
– Mocímboa da Praia
2. Na Província do Niassa
– Metangula
3. Na Província de Nampula
– Monapo
4. Na Província da Zambézia
– Milange
5. Na Província de Tete
– Moatize
6. Na Província de Manica
– Catandica
7. Na Província de Sofala
– Marromeu
8. Na Província de Inhambane
– Vilankulo
9. Na Província de Gaza
– Mandlakazi
10. Na Província de Maputo
– Manhiça
ARTIGO 3
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra imediatamente em vigor.

Aprovada pela Assembleia da República, aos 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed Issa.
Promulgada, aos 31 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

88
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS REGIMENTOS
DAS ASSEMBLEIAS MUNICIPAIS

DECRETO N.º 35/98


DE 7 DE JULHO

Havendo necessidade de estabelecer os princípios fundamentais dos regimentos


das assembleias municipais, ao abrigo do n° 1 do artigo 111 da Lei n° 2/97, de
18 de Fevereiro, o Conselho de Ministros decreta:

ARTIGO 1
(Elaboração e aprovação do regimento das assembleias municipais)

1. Compete à assembleia municipal a elaboração e alteração do seu regimento.


2. A discussão do regimento da assembleia municipal deverá ter lugar, depois
da instalação da assembleia municipal, após a eleição da sua mesa.
3. A aprovação dos regimentos é da competência da assembleia municipal.
4. Enquanto não for aprovado o novo regimento, vigorará o anteriormente aprovado.

ARTIGO 2
(Princípios fundamentais dos regimentos das assembleias municipais)

Os regimentos das assembleias municipais devem respeitar os seguintes


princípios fundamentais:
a) O princípio da legalidade, nos termos do qual a assembleia municipal desen-
volve a sua actividade em estreita obediência à Constituição e à lei;
b) O princípio da legitimação democrática do eleito local, de acordo com o qual
os membros da assembleia municipal têm o direito a participar plenamente
nos trabalhos do órgão representativo, até que exista uma causa legal de
cessão de funções;
c) O princípio da especialidade, em conformidade com os qual a assembleia
municipal só delibera no âmbito da sua competência e para a realização das
atribuições da autarquia local;
d) O princípio da participação dos cidadãos moradores, que implica existirem
mecanismos de apresentação de sugestões, queixas, reclamações ou peti-
ções por parte dos munícipes;

89
Art. 3 Lei n.º 35/98, de 7 de Julho

e) O princípio da publicidade, que determina serem as sessões da assembleia


municipal públicas e as suas deliberações e decisões deverem ser objecto
da divulgação adequada ao seu efectivo conhecimento pelos potenciais
destinatários.
ARTIGO 3
(Matérias a integrarem os regimentos das assembleias municipais)

Os regimentos das assembleias municipais, em conformidade com os princípios


fundamentais definidos no artigo anterior, devem integrar normas relativas às seguin-
tes matérias:
a) O início e termo do mandato dos membros da assembleia municipal;
b) Os direitos e deveres dos membros da assembleia municipal em matéria do
seu funcionamento;
c) A suspensão, renúncia e perda de mandato dos membros da assembleia
municipal;
d) A substituição dos membros da assembleia municipal;
e) A eleição da mesa da assembleia municipal e a substituição dos seus
membros;
f) A competência de mesa da assembleia municipal e dos seus membros;
g) A competência da assembleia municipal;
h) A reunião da assembleia municipal em sessão ordinária e extraordinária;
i) O quorum;
j) A presença de público nas reuniões da assembleia municipal;
k) A organização dos períodos das reuniões;
l) A uso da palavra nas reuniões;
m) Deliberação e votações;
n) Elaboração das actas das reuniões e o seu conteúdo;
o) A publicidade das actas e das deliberações da assembleia municipal;
p) O prazo de executoriedade das deliberações da assembleia municipal;
q) A apresentação de sugestões, queixas, reclamações e petições pelos cida-
dãos residentes e os termos em que podem ser objecto de apreciação pela
assembleia municipal;
r) Os fundamentos de nulidade e de anulabilidade de deliberações e decisões
da assembleia municipal e dos seus órgãos;
s) A aprovação, alterações e entrada em vigor do regimento da assembleia
municipal.
Aprovado pelo Conselho de Ministros.
Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Pascoal Manuel Mocumbi.

90
2
Estatuto dos eleitos locais e regime
da tutela administrativa do Estado
Lei n.º 9/97, de 31 de Maio

ESTATUTO DOS TITULARES E MEMBROS


DOS ÓRGÃOS DAS AUTARQUIAS LOCAIS

LEI N.º 9/97


DE 31 DE MAIO

Sendo necessário definir o estatuto dos titulares e dos membros dos órgãos
das autarquias locais, usando da competência atribuída nos termos do n.º 1 do
artigo 135 da Constituição, a Assembleia da República determina:

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Objecto)

1. A presente Lei define o estatuto dos titulares e dos membros dos órgãos das
autarquias locais.
2. O estatuto dos titulares e dos membros dos órgãos municipais da Cidade
de Maputo é regulado no diploma que define o estatuto específico respectivo.

ARTIGO 2
(Titulares e membros dos órgãos)

1. São titulares dos órgãos das autarquias locais os que desempenham o cargo
de presidente do conselho municipal ou de povoação e de presidentes da assem-
bleia municipal ou de povoação.
2. São membros dos órgãos das autarquias locais os que desempenham as
funções de:
a) membro da assembleia municipal ou de povoação;
b) vereador.

93
Art. 3 Lei n.º 9/97, de 31 de Maio

ARTIGO 3
(Regime de desempenho de funções dos vereadores)

1. Os vereadores desempenham as suas funções em regime de tempo inteiro


ou parcial.
2. O regime do desempenho de funções dos vereadores é definido pelo
presidente do conselho municipal ou de povoação.

ARTIGO 4
(Dispensa de funções)

Os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais ficam total ou


parcialmente dispensados das suas actividades profissionais públicas ou privadas,
consoante o regime de exercício das respectivas funções e o de tempo inteiro ou
parcial, respectivamente.

ARTIGO 5
(Dever de colaboração)

As entidades públicas e privadas estão sujeitas ao dever geral de colaborar com


os órgãos das autarquias locais no exercício das funções destes.

CAPÍTULO II

Incompatibilidades e Impedimentos

ARTIGO 6
(Incompatibilidades)

Os cargos de presidente do conselho municipal ou de povoação, de membro


da assembleia autárquica e de vereador são incompatíveis com as funções de:
a) Presidente da República,
b) deputado da Assembleia da República;
c) membro do Conselho Constitucional;
d) membro do Conselho de Ministros;
c) membro do governo provincial;
f) membro do conselho executivo de distrito e chefe de posto administrativo;
g) magistrado em efectividade de funções;
h) militar e elemento das forças paramilitares em efectividade de serviço;
i) membro do Conselho Superior da Comunicação Social;
j) membro do Conselho Superior da Magistratura Judicial.

94
Lei n.º 9/97, de 31 de Maio Art. 9

ARTIGO 7
(Incompatibilidades do presidente do conselho municipal ou de povoação
e dos vereadores)

Os cargos de presidente do conselho municipal ou de povoação e de vereador


em regime de tempo inteiro são ainda incompatíveis com o desempenho de
funções de:
a) Director Nacional;
b) membro de órgão directivo de empresa pública ou mista de capitais maio-
ritariamente públicos;
c) qualquer outra actividade pública ou privada remunerada.

ARTIGO 8
(Declaração)

Os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais entregam à pro-


curadoria da república da área em que se encontra compreendida a respectiva
autarquia local, nos 90 dias posteriores à sua tomada de posse, a declaração de
inexistência de quaisquer incompatibilidades devendo nela constar todos os
elementos necessários à verificação do disposto nesta Lei.

ARTIGO 9
(Impedimentos)

1. É vedado aos titulares e aos membros dos órgãos das autarquias locais:
a) exercer o mandato judicial como autores nas acções cíveis contra o Estado
e demais pessoas colectivas de direito público;
b) servir de perito ou árbitro, a título remunerado, em qualquer processo
em que sejam parte o Estado e demais pessoas colectivas de direito
público;
c) no exercício da actividade económica, participar em concursos públicos de
fornecimento de bens e serviços, bem como em contratos com o Estado e
outras pessoas colectivas de direito público;
d) integrar corpos sociais de empresas ou sociedades concessionárias de
serviços públicos, instituições de crédito ou para-bancárias, seguradoras,
sociedades imobiliárias ou quaisquer outras empresas intervenientes em
contratos com o Estado e demais pessoas colectivas de direito público;
c) exercer funções em órgão executivo de fundação subsidiada pelo Estado.

2. Os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais ficam também


impedidos de decidir ou participar na discussão e votação de matérias que lhes

95
Art. 10 Lei n.º 9/97, de 31 de Maio

digam directamente respeito ou que beneficiam os seus familiares ou afins, nomea-


damente: cônjuge, pais, filhos, irmãos, enteados, sogros, genros, noras, padrasto,
madrasta, avós, netos, cunhados, tios, primos e sobrinhos do primeiro grau.
3. Os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais ficam ainda
impedidos de participar, quer em discussões, quer em votações que os coloque
em situações que originem a perda do mandato, nos termos definidos pela Lei da
Tutela Administrativa do Estado sobre as Autarquias Locais.

CAPÍTULO III
Deveres

ARTIGO 10
(Deveres dos titulares e membros dos órgãos das autarquias locais)

Para além dos deveres estabelecidos no artigo 96 da Lei n.º 2/97, de 18 de


Fevereiro, os titulares e membros dos órgãos das autarquias locais tem deveres de:
a) legalidade e de defesa dos direitos dos cidadãos;
b) prossecução do interesse público;
c) funcionamento dos órgãos de que sejam titulares ou membros.

ARTIGO 11
(Deveres em matéria de legalidade e direitos dos cidadãos)

Em matéria de legalidade e direitos dos cidadãos, os titulares dos órgãos das


autarquias locais estão vinculados, no exercício das suas funções, ao cumprimento
dos deveres de:
a) observar escrupulosamente as normas constitucionais, Iegais e regulamen-
tares aplicáveis aos actos por si praticados ou pelos órgãos a que perten-
çam;
b) cumprir e fazer cumprir as normas constitucionais e legais relativas à defesa
dos interesses e direitos dos cidadãos no âmbito das suas competências;
c) actuar com justiça e imparcialidade;
d) respeitar os direitos dos administrados, nomeadamente no âmbito do proce-
dimento administrativo.

ARTIGO 12
(Deveres em matéria de prossecução do interesse público)

Em matéria de prossecução do interesse público, os titulares e os membros dos


órgãos das autarquias locais estão vinculados, no exercício das suas funções, aos
deveres de:

96
Lei n.º 9/97, de 31 de Maio Art. 14

a) salvaguardar e defender os interesses públicos do Estado e da respectiva


autarquia local;
b) respeitar o fim público dos poderes em que se encontram investidos;
c) não patrocinar interesses particulares, próprios ou alheios, de qualquer
natureza, quer no exercício das suas funções, quer invocando a qualidade
de titular de órgão da autarquia local;
d) não celebrar qualquer contrato, salvo de adesão, com a respectiva autarquia
local;
e) não usar, para fins de interesse próprio ou de terceiros, informações a que
tenham acesso no exercício das suas funções;
f) não utilizar, para benefício próprio ou alheio, equipamentos ou instalações
a que tenham acesso em virtude do exercício das suas funções;
g) denunciar, junto das autoridades competentes, as infracções de que tenham
conhecimento.

ARTIGO 13
(Deveres em matéria de funcionamento dos órgãos
de que sejam membros)

Em matéria de funcionamento dos órgãos a que pertençam, os titulares e


membros dos órgãos das autarquias locais estão vinculados, no exercício das
respectivas funções, aos deveres de:
a) participar nas reuniões ordinárias e extraordinárias dos órgãos das autarquias
locais;
b) votar as deliberações dos órgãos das autarquias locais, sem prejuízo do seu
direito à abstenção;
c) pertencer às comissões e organismos legalmente criados pelos órgãos das
autarquias locais para estudo de problemas específicos;
d) apresentar propostas destinadas a aumentar a eficácia e rapidez dos servi-
ços prestados pela autarquia local.

ARTIGO 14
(Responsabilidade civil e criminal)

Os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais são civil e crimi-
nalmente responsáveis pelos actos e omissões que praticarem no exercício das
suas funções.

97
Art. 15 Lei n.º 9/97, de 31 de Maio

CAPÍTULO IV

Direitos

ARTIGO 15
(Direitos dos titulares e membros dos órgãos das autarquias locais)

1. Para além dos direitos estabelecidos no artigo 96 da Lei n.º 2/97, de 18 de


Fevereiro, os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais, têm ainda
os seguintes direitos:
a) remuneração mensal ou senhas de presença;
b) ajudas de custo e subsídios de transporte;
c) assistência médica e medicamentosa;
d) férias anuais;
e) cartão especial de identificação;
f) livre circulação em lugares públicos quando em exercício das suas funções;
g) passaporte de serviço quando em serviço da autarquia;
h) viatura municipal quando em serviço da autarquia;
i) protecção em caso do acidente de trabalho;
j) apoio aos processos jurídicos que tenham como causa o exercício das
respectivas funções.

2. O presidente do conselho municipal ou de povoação tem direito a despesas


de representação.
3. O total das despesas referidas nas alíneas a) e b) do número anterior, de
qualquer autarquia local, tem o limite máximo de 30% das receitas próprias.

ARTIGO 16
(Remuneração dos presidentes de conselho municipal e de povoação)

Os vencimentos dos presidentes de conselho municipal e de povoação são


fixados com observância dos seguintes limites máximos da tabela de vencimentos
vigente para os funcionários do aparelho do Estado:
a) cidades de nível B até A-1;
b) cidades de nível C e D até C-1;
c) vila até H-1;
d) povoação - M-1.

98
Lei n.º 9/97, de 31 de Maio Art. 20

ARTIGO 17
(Remuneração dos vereadores)

1. Os vencimentos dos vereadores dos conselhos municipais e de povoação


em regime de ocupação integral são fixados tendo em conta os limites máximos
da tabela de vencimentos vigente para os funcionários do aparelho do Estado nas
seguintes letras, nomeadamente:
a) cidade de nível B até D-1;
b) cidades de níveis C e D até G-1;
c) vilas até M-1;
d) povoação até T-1.

2. Observando-se o regime de tempo parcial, as remunerações serão até um


limite máximo de 50% dos valores correspondentes às letras constantes do número
anterior.

ARTIGO 18
(Senhas de presença)

1. Os presidentes das assembleias municipais de cidades dos níveis B, C e D


e de vilas, os presidentes das assembleias de povoação e os membros das
referidas assembleias têm direito a uma senha de presença por cada reunião a
que compareçam.
2. O total anual do valor das senhas de presença do presidente, do vice-
presidente e do secretário corresponde a 10%, 7% e 5%, respectivamente, do total
anual do vencimento do respectivo presidente do conselho municipal ou de
povoação.
3. O total anual do valor da senha de presença do membro corresponde a 3%
do total anual do valor do vencimento do respectivo presidente do conselho mu-
nicipal ou de povoação.

ARTIGO 19
(Ajudas de custo)

Os valores das ajudas de custo a abonar aos titulares e aos membros dos
órgãos das autarquias locais são os constantes da tabela anexa, que faz parte
integrante da presente Lei.

ARTIGO 20
(Assistência médica e medicamentosa)

Aos titulares e membros dos órgãos das autarquias locais em regime de tempo
inteiro é aplicável o regime de assistência médica e medicamentosa do funciona-
lismo público, se não optarem pelo regime da sua actividade profissional.

99
Art. 21 Lei n.º 9/97, de 31 de Maio

ARTIGO 21
(Férias)

Os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais em regime de


tempo inteiro têm direito a 30 dias de férias anuais, nos termos a definir pelo
respectivo órgão.

CAPÍTULO V

Disposições Finais

ARTIGO 22
(Garantias dos direitos adquiridos)

1. Os titulares e os membros dos órgãos das autarquias locais não podem ser
prejudicados, no respectivo emprego público ou privado de carácter permanente,
em virtude do desempenho daquelas funções.
2. Os funcionários do Estado, de quaisquer pessoas colectivas de direito público
e de empresas públicas estatais ou mistas que exerçam funções de presidente do
conselho municipal ou de povoação e vereador em regime de tempo inteiro ou
parcial, consideram-se em comissão de serviço.
3. Durante o exercício do respectivo cargo, os titulares e os membros dos
órgãos das autarquias locais não podem ser prejudicados no que respeita a
promoções, concursos, regalias, gratificações, benefícios sociais ou qualquer outro
direito adquirido de carácter não pecuniário.

ARTIGO 23
(Comissões administrativas)

As normas do presente diploma aplicam-se igualmente aos membros das


comissões administrativas nomeadas na sequência da dissolução dos órgãos das
autarquias locais.

ARTIGO 24
(Encargos financeiros)

1. As remunerações, compensações, subsídios e demais encargos previstos na


presente Lei são suportados pelo orçamento da respectiva autarquia local, excepto
o disposto em matéria de contagem de tempo de serviço e de reforma.
2. A suspensão do exercício dos cargos dos titulares e membros dos órgãos
das autarquias locais faz cessar o processamento das remunerações e compensa-
ções, a não ser que aquela se fundamente em doença devidamente comprovada.

100
Lei n.º 9/97, de 31 de Maio Art. 26

ARTIGO 25
(Revogação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente Lei.

ARTIGO 26
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra em vigor em 1 de Janeiro de 1998.

Aprovada pela Assembleia da República aos 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed Issa.
Promulgada aos 31 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

Tabela de ajudas de custo diárias a que se refere o artigo 19


Letra da tabela de vencimentos
Titular Autarquia
do aparelho de Estado

Cidade B A1
Presidente
Cidade C e D C1
da
Vila H1
Assembleia
Povoação M1
Cidade B A1
Cidade C e D C/D1
Vice-Presidente
Vila H1
Povoação M1
Cidade B D1
Cidade C e D G1
Secretário
Vila M1
Povoação T1
Cidade B D1
Cidade C e D G1
Membro
Vila M1
Povoação T1
Cidade B A1
Presidente
Cidade C e D C1
do Conselho
Vila H1
Municipal
Povoação M1
Cidade B D1
Cidade C e D G1
Vereadores
Vila M1
Povoação T1

101
Lei n.º 7/97, de 31 de Maio

LEI DA TUTELA DAS AUTARQUIAS LOCAIS

LEI N.º 7/97


DE 31 DE MAIO

A Constituição da República estabelece que as autarquias locais estão sujeitas


à tutela administrativa do Estado, nos termos da lei.
Nestes termos e ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 135 da Constituição,
a Assembleia da República determina:

ARTIGO 1
(Âmbito)

A presente Lei estabelece o regime jurídico da tutela administrativa do Estado


a que estão sujeitas as autarquias locais.

ARTIGO 2
(Tutela administrativa)

1. A tutela administrativa do Estado sobre as autarquias locais consiste na


verificação da Iegalidade dos actos administrativos dos órgãos autárquicos, nos
termos da presente Lei.
2. O exercício do poder tutelar pode ser ainda aplicado sobre o mérito dos actos
administrativos das autarquias locais apenas nos casos e nos termos previstos na
presente Lei.

ARTIGO 3
(Autonomia e tutela)

1. As autarquias locais são autónomas na realização das suas atribuições, sem


prejuízo do exercício dos poderes de tutela administrativa do Estado.
2. A tutela administrativa do Estado só pode limitar a autonomia das autarquias
locais, nos termos estabelecidos na Iei.

103
Art. 4 Lei n.º 7/97, de 31 de Maio

ARTIGO 4
(Modalidades)

1. O exercício da tutela administrativa do Estado compreende a verificação da


legalidade dos actos administrativos das autarquias locais através de inspecções,
inquéritos, sindicâncias e ratificações.
2. Independentemente de inspecção, inquérito ou sindicância, os órgãos de tu-
tela administrativa do Estado podem solicitar informações e esclarecimentos sobre
decisões administrativas dos órgãos e serviços das autarquias locais.

ARTIGO 5
(Fiscalização)

1. O órgão com poderes tutelares pode realizar inspecções, inquéritos ou


sindicâncias aos actos administrativos dos órgãos autárquicos de forma regular ou
ocasional.
2. A inspecção consiste na verificação da conformidade, com a Iei, dos actos
administrativos praticados e dos contratos celebrados pelos cidadãos e serviços
das autarquias locais.
3. O inquérito consiste na averiguação da legalidade dos actos administrativos
dos órgãos e serviços das autarquias locais em virtude de denúncia fundada ou
ainda, quando resulte de informações e recomendações de uma inspecção ante-
rior.
4. A sindicância consiste na indagação profunda e global da actividade dos
órgãos e serviços da autarquia local, quando existam indícios de ilegalidades que,
pelo seu volume ou gravidade, não possam ser averiguados no âmbito de mero
inquérito.

ARTIGO 6
(Ratificação)

1. A eficácia de certos actos administrativos dos órgãos das autarquias locais


fica dependente da ratificação do órgão da tutela administrativa.
2. Carecem de ratificação do órgão tutelar os actos administrativos dos órgãos
autárquicos expressamente indicados na Iei, bem como os que tenham por
objectivo:
a) aprovar o plano de desenvolvimento da autarquia local;
b) aprovar o orçamento;
c) aprovar o plano de ordenamento do território;
d) aprovar o quadro de pessoal;
e) aprovar a contracção de empréstimos e de amortização plurianual.

104
Lei n.º 7/97, de 31 de Maio Art. 8

3. O órgão de tutela administrativa dispõe apenas da faculdade de ratificar ou


não o acto administrativo, não podendo introduzir ou propor alterações nem
substituí-lo por outro.
4. A não ratificação expressa dos actos administrativos e das deliberações refe-
ridas no n.º 2 deste artigo carece sempre de fundamentação do órgão tutelar.
5. Os actos administrativos não ratificados são inexequíveis.

ARTIGO 7
(Regime de ratificação tutelar)

1. Para efeitos de ratificação tutelar será remetida à entidade tutelar, pelo


presidente do órgão autárquico, uma certidão ou cópia autenticada do acto sujeito
à tutela.
2. A ratificação tutelar só pode ser recusada com fundamento em ilegalidade
do acto sujeito a tutela ou na sua desconformidade com os planos e programas a
que a autarquia esteja vinculada, nos termos da lei.
3. A ratificação tutelar pode ser parcial, quando se refira a uma autónoma de
um acto susceptível de decisão sem alteração do seu conteúdo.
4. A ratificação tutelar pode ser concedida sob condição suspensiva ou
resolutiva tendente a garantir a conformidade do acto sujeito a tutela com a
Iegalidade.
5. Considera-se a ratificação tutelar tacitamente concedida se, no prazo de 45
dias a contar da recepção da certidão ou cópia referida no n.º 1, não for comuni-
cada por escrito a sua denegação expressa, total ou parcial, ao órgão tutelado.
6. Da ratificação tutelar ou da sua recusa, cabe reclamação graciosa ou recurso
contencioso com fundamento em ilegalidade, nos termos gerais da lei.
7. Tem Iegitimidade para reclamação graciosa e para recurso contencioso
previstos no número precedente:
a) as pessoas que neles tenham interesse legítimo, directo, imediato e actual;
b) o órgão tutelado, nos casos de recusa da ratificação ou ratificação parcial
ou ainda sob condição.

ARTIGO 8
(Órgãos de tutela)

1. A tutela administrativa do Estado cabe ao Governo e é exercida pelo ministro


que superintende na função pública e na administração local do Estado e pelo
ministro que superintende no plano e finanças, no domínio das respectivas áreas
de competência.
2. Sem prejuízo do estabelecido no n.º 1, o ministro que superintende na função
pública e na administração local do Estado é o órgão central da tutela adminis-
trativa.

105
Art. 9 Lei n.º 7/97, de 31 de Maio

3. As competências de tutela administrativa estabelecidas no n.º 1 poderão ser


delegadas nos governadores provinciais pelos ministros competentes em razão da
matéria.
4. Os actos administrativos praticados ao abrigo do número anterior poderão
ser objecto de recurso ao ministro competente em razão da matéria, podendo por
este serem confirmados, revogados, modificados, suspensos ou convertidos.

ARTIGO 9
(Sanções)

A prática de ilegalidades graves no âmbito da gestão autárquica, a responsa-


bilidade culposa pela inobservância das suas atribuições, à manifesta negligência
no exercício das suas competências e dos respectivos deveres funcionais, consti-
tuem fundamento de perda de mandato do titular do órgão ou de dissolução do
órgão a quem forem imputadas.

ARTIGO 10
(Perda de mandato)

1. É fundamento para perda do mandato dos titulares de cargo em órgãos das


autarquias locais a prática de actos contrários à Constituição, a persistente violação
da Iei, a quebra grave da ordem pública e a condenação por crime punível com
prisão maior.
2. Perdem o mandato os titulares de órgãos das autarquias locais que:
a) após a eleição, sejam colocados em situação que os torne inelegíveis ou
se torne conhecida qualquer situação de inelegibilidade anterior à eleição;
b) sem motivos, deixem de comparecer a seis reuniões seguidas ou a doze
reuniões interpoladas;
c) pratiquem individualmente alguns dos actos previstos no artigo 9 da presente
Lei;
d) após as eleições, se inscrevam em partido político diverso ou adiram a lista
diferente daquela em que se apresentaram a sufrágio.

3. Perdem o mandato os titulares de órgãos das autarquias locais que no exer-


cício das suas funções ou por causa delas, se coloquem em situação de incom-
patibilidade por intervirem em processo administrativo, acto ou contrato de direito
público ou privado, quando:
a) nele tenham interesse, por si, como representantes ou como gestores de
negócios de outra pessoa;
b) por si ou como representantes de outra pessoa, nele tenham interesse o res-
pectivo cônjuge, parente ou afim em linha recta e na linha colateral até ao
segundo grau ou em qualquer pessoa com quem viva em economia comum;

106
Lei n.º 7/97, de 31 de Maio Art. 11

c) por si ou como representantes de outra pessoa, tenham interesse em


questão semelhante a que deve ser decidida ou quando tal situação se
verifique em relação a pessoa abrangida pela alínea anterior;
d) tenham intervindo como peritos ou mandatários, ou hajam dado parecer
sobre a questão a resolver;
e) tenha intervindo no processo como mandatário, qualquer das pessoas
referidas na alínea b);
f) contra eles ou qualquer dos seus parentes ou afins referidos na alínea b)
tenha sido proferida sentença condenatória transitada em julgado numa
acção judicial proposta por um dos interessados no processo administrativo,
acto ou contrato, ou pelo respectivo cônjuge;
g) se trate de recurso de decisão proferida por si ou com a sua intervenção,
proferida por qualquer das pessoas referidas na alínea b) ou com a inter-
venção destas.

4. De modo a evitar a situação de incompatibilidade, os titulares de órgãos das


autarquias locais devem revelar ao órgão em que se integram a existência do
conflito de interesses e pedir escusa de participação na decisão em causa.
5. Constitui ainda causa de perda de mandato a verificação, em momento pos-
terior ao da eleição, por inspecção, inquérito, sindicância ou qualquer meio judi-
cial, da prática por acção ou omissão de ilegalidades graves em mandato imedia-
tamente anterior exercido num órgão de qualquer autarquia local.

ARTIGO 11

(Processo e competência para a decisão de perda de mandato)

1. A perda de mandato será precedida de:


a) inquérito ou sindicância aos órgãos ou aos serviços nos casos não previstos
nas alíneas seguintes;
b) sentença judicial transitada em julgado, no caso da prática dos factos
passíveis de procedimento criminal referidos no n.º 1 do artigo anterior;
c) verificação dos factos que consubstanciem as situações das alíneas a) e b)
do n.º 2 do artigo anterior.

2. Nos casos das alíneas a) e b) do número anterior, se as conclusões do


inquérito ou da sindicância ou ainda de sentença transitada em julgado reve-
larem a existência de qualquer das situações que constituem fundamento para
a perda do mandato, isso será comunicado ao ministro competente, nos termos
do artigo 8, pela entidade que houver promovido o inquérito ou a sindicância.
3. No caso da alínea c) do n.º 1, a verificação dos factos cabe à assembleia
da autarquia local, que os comunicará ao ministro competente, nos termos do
artigo 8.

107
Art. 12 Lei n.º 7/97, de 31 de Maio

4. Tomando conhecimento de factos susceptíveis de conduzir a perda do


mandato, o ministro competente, nos termos do artigo 8, assegura que o visado
seja ouvido, fixando-se o prazo de trinta dias para a apresentação da sua defesa
e fornecendo-lhe todos os elementos por ele solicitados que possam ser essenciais
para a defesa e de que ainda não tenha conhecimento, nomeadamente, os
relatórios dos inquéritos e sindicâncias e respectivos elementos de prova.
5. Produzida a defesa do visado, o ministro com poderes tutelares aprecia todos
os elementos do processo e remete-o ao Conselho de Ministros para decisão.
6. A decisão de perda de mandato é impugnável junto do Tribunal Administrativo
pelo titular ou membro visado.

ARTIGO 12
(Impugnação contenciosa do Decreto de Perda de Mandato)

1. A impugnação contenciosa do Decreto de Perda de Mandato poderá ser feita


junto do Tribunal Administrativo por qualquer titular dos órgãos ou membro visado.
2. O prazo de interposição do referido recurso é de vinte dias a contar da data
da publicação do Decreto de Perda do respectivo Mandato e tem efeitos sus-
pensivos.
3. O Conselho de Ministros poderá contestar, querendo, impugnação do
Decreto, no prazo de vinte dias a contar da data de notificação ou revogar o seu
Decreto antes da deliberação do Tribunal Administrativo.
4. O processo previsto nos números anteriores tem carácter urgente.

ARTIGO 13
(Dissolução dos órgãos das autarquias locais)

1. Qualquer órgão colegial da autarquia local pode ser dissolvido pelo Conselho
de Ministros quando:
a) obste a realização de inspecção, inquérito ou sindicância, quando se recuse
a prestar aos agentes da inspecção informações e esclarecimentos ou a
facultar-lhes o exame aos serviços e a consulta de documentos;
b) tenha responsabilidade na não prossecução, pela autarquia, das atribuições
a que se refere o artigo 6 da Lei n.º 2/67, de 18 de Fevereiro;
c) não dê cumprimento a decisões definitivas dos tribunais;
d) tenha obstado à aprovação, em tempo útil, de instrumentos essenciais para
o funcionamento da autarquia local, salvo ocorrência de facto julgado
justificativo e não imputável ao órgão em causa;
e) não apresente a julgamento, no prazo legal, as respectivas contas, salvo
ocorrência de facto julgado justificativo;

108
Lei n.º 7/97, de 31 de Maio Art. 15

f) o nível de endividamento da autarquia local ultrapasse os limites legalmente


autorizados;
g) os encargos com o pessoal ultrapassem os limites estipulados na lei.

2. A dissolução é proposta pelo ministro com poderes tutelares, sendo objecto


de decreto fundamentado.
3. O decreto de dissolução do conselho municipal ou de povoação designará
uma comissão administrativa que se manterá em funções até à sua substituição,
nos termos da lei, após a realização de eleições para o presidente do conselho
municipal ou de povoação.
4. A dissolução do conselho municipal ou de povoação não implica a perda do
mandato do respectivo presidente nem a dissolução da correspondente assembleia
municipal ou de povoação.
5. A dissolução do conselho municipal ou de povoação é precedida de audição
da correspondente assembleia municipal ou de povoação.
6. A dissolução da assembleia tem as consequências previstas na Lei
n.º 2/97, de 18 de Fevereiro.

ARTIGO 14
(Efeitos da dissolução e da perda de mandato)

1. No período de tempo que resta para conclusão do mandato interrompido e


no subsequente período de tempo correspondente a novo mandato completo, os
membros dos órgãos da autarquia local, objecto do decreto de dissolução, bem
como os que hajam perdido o mandato não poderão desempenhar funções em
órgãos de qualquer autarquia nem ser candidatos nos actos eleitorais para os
mesmos.
2. O disposto no número anterior não é aplicável aos membros do órgão da
autarquia que tenham votado contra ou que não tenham participado nas delibe-
rações, nem tenham praticado os actos ou omitido os deveres legais a que estavam
obrigados e que deram causa à dissolução do órgão.
3. Os membros dos órgãos da autarquia referidos no número anterior devem
invocar a não existência da causa de inelegibilidade no acto de apresentação de
candidatura.
4. A renúncia ao mandato não prejudica os efeitos previstos no n.º 1 do
presente artigo.

ARTIGO 15
(A impugnação contenciosa do Decreto de Dissolução)

1. O Decreto de Dissolução é contenciosamente impugnável junto do Tribunal


Administrativo por qualquer dos membros do órgão dissolvido.

109
Art. 16 Lei n.º 7/97, de 31 de Maio

2. O prazo de interposição do referido recurso é de trinta dias a contar da data


da notificação do Decreto recorrido.
3. O Conselho de Ministros poderá contestar, querendo, a impugnação do
Decreto de Dissolução, no prazo de trinta dias a contar da data da notificação, ou
revogar o seu Decreto, antes da deliberação do Tribunal Administrativo.
4. O processo referido nos números anteriores tem carácter urgente.

ARTIGO 16
(Disposição final)

É revogada toda a legislação anterior contrária a esta Lei.

ARTIGO 17
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra imediatamente em vigor.

Aprovada pela Assembleia da República aos 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed Issa.
Promulgada aos 31 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

110
3
Recenseamento Eleitoral

Comissão Nacional de Eleições

e Lei Eleitoral das Autarquias


Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO RECENSEAMENTO ELEITORAL

LEI N.º 5/97


DE 28 DE MAIO

Sendo necessário proceder à institucionalização de um recenseamento eleitoral


sistemático para a realização de eleições e referendos, no uso da competência
atribuída pela alínea c) do n.º 2 do artigo 135 da Constituição, a Assembleia da
República determina:

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1
(Regra geral)

O recenseamento eleitoral é oficioso, obrigatório e único para todas as eleições


por sufrágio universal. directo, igual, secreto, pessoal e periódico, bem como para
referendos.

ARTIGO 2
(Universalidade)

1. É dever de todos os cidadãos moçambicanos residentes no país ou no


exterior, com dezoito anos de idade completos ou a completar à data da realização
de eleições, promover a sua inscrição no recenseamento eleitoral.
2. A inscrição dos eleitores no recenseamento eleitoral é feita obrigatoriamente
pela respectiva entidade recenseadora.

ARTIGO 3
(Actualidade)

O recenseamento eleitoral deve corresponder, com actualidade, ao universo


eleitoral.

113
Art. 4 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

ARTIGO 4
(Obrigatoriedade e oficiosidade)

1. Todo o cidadão que se encontre na situação do artigo 2 tem o dever de


promover a sua inscrição no recenseamento eleitoral, de verificar se está devi-
damente inscrito e de solicitar a respectiva rectificação, em caso de erro ou
omissão.
2. A inscrição dos eleitores no recenseamento eleitoral é feita obrigatoriamente
pela respectiva entidade recenseadora.

ARTIGO 5
(Unicidade de inscrição)

Ninguém pode estar inscrito mais do que uma vez no recenseamento eleitoral.

ARTIGO 6
(Âmbito temporal)

1. A validade do recenseamento eleitoral é permanente.


2. O recenseamento eleitoral é actualizado anualmente.

ARTIGO 7
(Presunção de capacidade eleitoral)

1. A inscrição de um cidadão no caderno de recenseamento eleitoral implica


a presunção de que tem capacidade eleitoral.
2. A presunção referida no número precedente só pode ser ilidida por docu-
mento comprovativo da morte do eleitor ou da alteração da respectiva capacidade
eleitoral.

ARTIGO 8
(Âmbito territorial)

1. O recenseamento eleitoral tem lugar em todo o território nacional e no


estrangeiro.
2. As unidades geográficas de realização do recenseamento eleitoral são:
a) no território nacional, os distritos e a cidade de Maputo;
b) no estrangeiro, a área correspondente à jurisdição da missão consular ou
da representação diplomática.

114
Lei n.º 5/97, de 28 de Maio Art. 13

ARTIGO 9
(Local de inscrição no recenseamento)

1. O cidadão eleitor inscreve-se no local de funcionamento da entidade


recenseadora da unidade geográfica da sua residência habitual.
2. O recenseamento eleitoral de cidadãos militares ou membros das forças de
manutenção da lei e da ordem tem lugar na entidade recenseadora mais próxima
da sua unidade.

CAPÍTULO II
Organização do recenseamento eleitoral

ARTIGO 10
(Direcção do recenseamento eleitoral)

O recenseamento eleitoral é feito pelo Secretariado Técnico da Administração


Eleitoral, sob direcção da Comissão Nacional de Eleições.

ARTIGO 11
(Entidades recenseadoras)

O recenseamento eleitoral é efectuado, sob direcção do Secretariado Técnico


da Administração Eleitoral, pelas seguintes entidades:
a) no território nacional, pelas administrações de distrito e da Cidade de
Maputo;
b) no estrangeiro, pelas missões consulares e pelas missões diplomáticas.

ARTIGO 12
(Colaboração dos partidos políticos)

1. Qualquer partido político legalmente constituído pode colaborar com as


entidades de recenseamento eleitoral, competindo a estas definir a necessidade
e o âmbito dessa colaboração.
2. A colaboração dos partidos políticos faz-se através dos elementos designa-
dos pelas respectivas direcções e indicados aos gabinetes provinciais do Secre-
tariado Técnico da Administração Eleitoral, até dez dias antes do início do período
de recenseamento.

ARTIGO 13
(Fiscalização dos partidos políticos)

1. Os partidos políticos têm direito de fiscalização dos actos do recenseamento


eleitoral para verificar a sua conformidade com a Lei.

115
Art. 14 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

2. A fiscalização dos partidos políticos, coligações de partidos ou grupos de


cidadãos realiza-se através de fiscais por eles indicados e cujos nomes são comu-
nicados à Comissão Nacional de Eleições, até dez dias antes do início do recensea-
mento eleitoral.
3. Na falta da comunicação prevista no número anterior, considera-se que os
partidos políticos prescindiram de indicar os seus representantes aos actos de
recenseamento eleitoral.
4. A Comissão Nacional de Eleições deve emitir credenciais para os fiscais e
proceder à sua entrega ao partido político interessado, no prazo de cinco dias após
a solicitação.
5. Os partidos políticos são representados em cada entidade recenseadora por
um fiscal, sem embargo de a mesma pessoa poder fiscalizar várias entidades
recenseadoras.
ARTIGO 14
(Direitos dos Fiscais dos partidos políticos)

São direitos dos fiscais dos partidos políticos:


a) solicitar e obter informações sobre os actos do processo do recenseamento
eleitoral;
b) apresentar, por escrito, reclamações e recursos sobre as deliberações
relativas a capacidade eleitoral.

ARTIGO 15
(Deveres dos Fiscais dos partidos políticos)

São deveres dos fiscais dos partidos políticos:


a) exercer uma fiscalização conscienciosa e objectiva;
b) abster-se de apresentar reclamações ou recursos de má fé.

CAPÍTULO III
Operações do recenseamento eleitoral

SECÇÃO I
Período de actualização

ARTIGO 16
(Actualização do recenseamento eleitoral)

O período de actualização do recenseamento eleitoral é estabelecido anual-


mente pelo Conselho de Ministros.

116
Lei n.º 5/97, de 28 de Maio Art. 19

ARTIGO 17
(Anúncio do período de actualização)

O Secretariado Técnico da Administração Eleitoral anuncia o período de


recenseamento eleitoral, até trinta dias antes do seu início, através de editais a
afixar nos locais públicos habituais e por intermédio dos órgãos de comunicação
social.

SECÇÃO II
Modo de inscrição

ARTIGO 18
(Teor da inscrição)

1. A inscrição dos cidadãos eleitores é feita pelo seu nome completo, filiação,
data e local de nascimento, bem como o endereço completo da residência habitual.
2. Da inscrição consta ainda o número e a entidade emissora do bilhete de
identidade ou do passaporte.
3. Caso o cidadão eleitor não possua os documentos referidos no número
anterior, a identificação far-se-á por uma das seguintes formas:
a) por qualquer outro documento que contenha fotografia actualizada, assina-
tura ou impressão digital e que seja geralmente utilizado para identificação,
nomeadamente, carta de condução, cartão de trabalho, cartão de recensea-
mento militar, cartão de identificação militar ou caderneta de desmobilização;
b) por reconhecimento da identidade do cidadão pela entidade recenseadora;
c) através de prova testemunhal feita por dois cidadãos eleitores inscritos no
mesmo distrito ou por entidades religiosas, tradicionais ou outras, desde que
a sua idoneidade não possa ser contestada;
d) através de cédula pessoal, certidão de nascimento ou outro documento legal
bastante.

ARTIGO 19
(Inscrição no exterior do país)

A inscrição no exterior do país faz-se com base num dos seguintes documentos
comprovativos da nacionalidade moçambicana:
a) passaporte ou bilhete de identidade moçambicanos dentro do prazo de
validade;
b) documento de identidade do cidadão estrangeiro residente, válido, emitido
pela autoridade competente do país de acolhimento.

117
Art. 20 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

ARTIGO 20
(Processo de inscrição)

1. O boletim de inscrição é assinado e datado pela entidade recenseadora.


2. Se o eleitor não puder assinar o boletim de inscrição nem apresentar a sua
impressão digital por impossibilidade física notória, esse facto deve ser anotado
pela entidade recenseadora no próprio boletim.

ARTIGO 21
(Cartão de eleitor)

1. No acto de inscrição é entregue ao cidadão um cartão de eleitor compro-


vando da sua inscrição, devidamente autenticado pela entidade recenseadora e no
qual constam obrigatoriamente:
a) fotografia;
b) número de inscrição;
c) nome completo do eleitor;
d) data área de nascimento;
e) unidade geográfica de recenseamento;
f) assinatura ou impressão digital;
g) número e entidade emissora do bilhete de identidade ou passaporte sempre
que possível.

2. Em caso de extravio do cartão, o eleitor deve comunicar o facto à entidade


recenseadora, devendo esta emitir novo cartão com a indicação de que se trata
de segunda via.
ARTIGO 22
(Modificação do nome do cidadão eleitor)

1. Qualquer modificação do nome do cidadão eleitor inscrito é comunicada è


entidade recenseadora pelo competente serviço, para efeitos de alteração na
inscrição.
2. A alteração do nome do cidadão eleitor não acarreta alteração do número
inicial da sua inscrição.
ARTIGO 23
(Novas inscrições)

São novas inscrições no recenseamento eleitoral, as dos cidadãos que, não


estando inscritos, possuam capacidade eleitoral activa. Estas inscrições são feitas
no período de actualização.

118
Lei n.º 5/97, de 28 de Maio Art. 27

ARTIGO 24
(Transferência de inscrição)

1. A transferência da inscrição, no recenseamento eleitoral, por motivo de


mudança de residência, faz-se durante o período de inscrição, mediante a entrega
do cartão de eleitor e a apresentação do boletim de inscrição e de um impresso
de transferência na entidade recenseadora da unidade geográfica da nova
residência.
2. O impresso de transferência deve ser remetido, a entidade recenseadora
onde o cidadão eleitor se encontrava recenseado, para efeitos de eliminação no
caderno de recenseamento eleitoral respectivo, até cinco dias após o termo do
prazo de inscrição e pela via mais segura e expedita.

ARTIGO 25
(Mudança de residência no estrangeiro)

1. No estrangeiro, qualquer mudança de residência da área de uma unidade


geográfica para outra obriga ao pedido de eliminação da inscrição por parte do
cidadão eleitor, venha ou não a inscrever-se no recenseamento da nova unidade
geográfica.
2. No caso de a mudança de residência ocorrer dentro da área da mesma
unidade geográfica, o cidadão eleitor é obrigado a comunicar essa mudança se
não solicitar o cancelamento da sua inscrição no recenseamento eleitoral.

ARTIGO 26
(Informações prestadas pelas conservatórias do registo civil)

1. Para efeito do disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 29, as conservatórias


do registo civil enviam mensalmente à entidade recenseadora do distrito da primeira
inscrição ou ao Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, no caso de
cidadãos nascidos no estrangeiro, a relação contendo nome, filiação e local de
nascimento dos cidadãos maiores de dezoito anos falecidos, no fim do período de
inscrição imediatamente anterior.
2. A entidade recenseadora do distrito da primeira inscrição ou o órgão cen-
tral de administração eleitoral, conforme os casos, remete extracto da relação às
entidades recenseadoras em que os mesmos se encontrem recenseados.

ARTIGO 27
(Informações relativas a interditos e condenados)

1. Para efeitos do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 29, os tribunais


enviam mensalmente, à entidade recenseadora do distrito da primeira inscrição por
intermédio das respectivas secretarias, relação contendo os elementos de identifi-

119
Art. 28 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

cação referidos no artigo anterior dos cidadãos que, tendo completado 18 anos de
idade, hajam sido objecto de sentença com trânsito em julgado ou mera decisão
que impliquem privação da capacidade eleitoral nos termos da lei Eleitoral.
2. A entidade recenseadora do distrito da primeira inscrição ou o Secretariado
Técnico de Administração Eleitoral, conforme os casos, remete extracto da relação
às entidades recenseadoras em que os mesmos se encontram recenseados.

ARTIGO 28
(Informações relativas a internados em estabelecimentos psiquiátricos)

1. Os directores dos estabelecimentos psiquiátricos devem enviar,


mensalmente, à entidade recenseadora do distrito da primeira inscrição a relação,
contendo os elementos de identificação referidos no artigo 26, dos cidadãos que,
tendo completado dezoito anos, sejam internados por demência notoriamente
reconhecida, em virtude de anomalia psíquica, mas que não estejam interditos por
sentença com trânsito em julgado e, anualmente, durante o período de inscrição,
dos que, estando internados nas mesmas condições, atinjam dezoito anos até ao
fim do período de inscrição.
2. O mesmo procedimento deve ser adoptado quando, aos cidadãos referidos
no número anterior, tenha sido dada alta do estabelecimento psiquiátrico.
3. A entidade recenseadora do distrito de primeira inscrição ou o órgão de
administração eleitoral, conforme os casos, remete extracto da relação às entidades
em que os cidadãos referidos no n.º 1 se encontrem recenseados.

ARTIGO 29
(Eliminação de inscrições)

1. Devem ser eliminadas dos cadernos de recenseamento eleitoral as ins-


crições:
a) que forem objecto de transferência;
b) de cidadãos abrangidos pelas incapacidades eleitorais previstas na lei;
c) de cidadãos cujo óbito seja oficialmente confirmado por informação prestada
pela conservatória do registo civil, nos termos do artigo 26, ou pelas auto-
ridades estrangeiras, por certidão ou informação prestada à entidade recen-
seadora e confirmada, a pedido desta, pela respectiva conservatória;
d) dos que hajam perdido a nacionalidade moçambicana nos termos da Cons-
tituição.

2. As eliminações referidas nas alíneas b), c) e d) do n.º 1 só são admitidas


até sessenta dias antes do acto eleitoral.
3. Até cinquenta e cinco dias antes do acto eleitoral, as entidades recenseado-
ras tornam públicas, através de editais, as relações dos cidadãos que foram elimi-
nados dos cadernos de recenseamento eleitoral nos termos das alíneas b), c) e

120
Lei n.º 5/97, de 28 de Maio Art. 31

d) do n.º 1, para efeitos de reclamação e recurso por eliminação ou não eliminação


indevidas.
4. Os editais referidos no n.º 3 são afixados nos locais habituais durante dez
dias.
5. As reclamações efectuadas nos termos do n.º 3 podem ser apresentadas
até dois dias após o termo do prazo de afixação do respectivo edital, devendo a
decisão sobre a reclamação ser proferida pelo órgão distrital da administração
eleitoral no prazo de três dias.

ARTIGO 30
(Comunicação de eliminações)

As comunicações das inscrições eliminadas, nos termos do artigo anterior,


devem ser feitas à entidade recenseadora da área da primeira inscrição dos elimi-
nados ou ao órgão da administração eleitoral, tratando-se de indivíduos nascidos
no estrangeiro, para anotação nos respectivos ficheiros.

SECÇÃO III
Cadernos de recenseamento eleitoral

ARTIGO 31
(Elaboração dos cadernos)

1. O número de inscrição e o nome dos cidadãos eleitores constam dos


cadernos de recenseamento eleitoral.
2. Haverá tantos cadernos quantos os necessários para que, em cada um
deles, figurem aproximadamente mil eleitores do mesmo posto de recenseamento.
3. A actualização dos cadernos de recenseamento eleitoral é efectuada,
consoante os casos, por meio de um traço, que não afecte a legibilidade, sobre
os nomes daqueles que, em cada unidade geográfica, perderam a qualidade de
eleitores referenciando-se à margem o documento comprovativo da respectiva
eliminação ou por aditamento dos nomes resultantes de nova inscrição
4. Os cadernos de recenseamento são elaborados, sempre que possível, com
recurso a meios mecanográficos e magnéticos.
5. No estrangeiro, os cadernos de recenseamento são obrigatoriamente dactilo-
grafados, sempre que as entidades recenseadoras não disponham dos meios
referidos no número anterior.
6. Os cadernos de recenseamento são rubricados, em todas as suas folhas,
pela entidade recenseadora e tem termos de abertura e de encerramento por ela
subscritos.
7. A numeração dos cadernos de recenseamento deve coincidir com a
numeração do boletim de recenseamento e do cartão de eleitor.

121
Art. 32 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

ARTIGO 32
(Correcção de erros)

Até ao início do período de inalterabilidade dos cadernos de recenseamento


eleitoral, as entidades recenseadoras procedem às correcções dos erros materiais
cometidos no processo de realização do recenseamento eleitoral.

ARTIGO 33
(Encerramento dos cadernos de recenseamento eleitoral)

Terminadas as operações do recenseamento eleitoral, são lavrados os termos


de encerramento dos respectivos cadernos, os quais devem conter a assinatura
dos membros da entidade recenseadora e dos fiscais que a ela estejam adstritos.

ARTIGO 34
(Comunicação dos dados)

1. Cumpridas as formalidades previstas no artigo anterior, as entidades recen-


seadoras comunicam imediatamente ao órgão distrital da administração eleitoral
o número de eleitores inscritos na respectiva unidade geográfica e procedem
ao envio de todos os documentos inerentes ao processo de recenseamento
eleitoral.
2. Os órgãos distritais da administração eleitoral, após o período de reclama-
ções referidas no artigo 37, comunicam aos órgãos provinciais de administração
eleitoral o número de eleitores e enviam as cópias dos respectivos cadernos de
recenseamento eleitoral.
3. Os órgãos provinciais da administração eleitoral comunicam ao órgão cen-
tral da administração eleitoral o número de eleitores inscritos na sua área de
jurisdição mediante o envio de cópias dos respectivos cadernos de recenseamento
eleitoral.
4. O órgão central da administração eleitoral comunica à Comissão Nacional
de Eleições, o número total dos cidadãos eleitores inscritos.

ARTIGO 35
(Exposição de cópias dos cadernos de recenseamento eleitoral)

Entre o quarto e o décimo terceiro dia posteriores ao termo do período de


recenseamento eleitoral são expostas, nas sedes das entidades recenseadoras,
cópias fiéis dos cadernos de recenseamento eleitoral, para efeitos de consulta e
reclamação dos interessados.

122
Lei n.º 5/97, de 28 de Maio Art. 39

ARTIGO 36
(Inalterabilidade dos cadernos de recenseamento)

Os cadernos de recenseamento eleitoral são inalteráveis nos quinze dias que


antecedem cada acto eleitoral.

SECÇÃO IV
Reclamações e recursos

ARTIGO 37
(Reclamação para a entidade recenseadora)

1. Durante o período da exposição dos cadernos de recenseamento eleitoral,


qualquer eleitor, partido político, coligação de partidos pode, nos cinco dias seguin-
tes, reclamar, por escrito, perante a respectiva entidade recenseadora, as omissões
ou inscrições incorrectas neles existentes.
2. A entidade recenseadora decide sobre as reclamações nos cinco dias seguin-
tes à sua apresentação, devendo imediatamente afixar, as suas decisões até ao
termo do prazo da reclamação, na respectiva sede de funcionamento.

ARTIGO 38
(Recurso para o órgão da administração eleitoral)

1. Da decisão da entidade recenseadora podem recorrer ao órgão da adminis-


tração eleitoral, o eleitor, partido político ou coligação referidos no artigo anterior,
até cinco dias após a afixação da decisão, oferecendo com o requerimento todos
os elementos necessários para apreciação do recurso.
2. O órgão da administração eleitoral decidirá sobre o recurso apresentado no
prazo de dez dias.
3. A decisão do órgão da administração eleitoral sobre o recurso interposto é
imediatamente notificada:
a) à entidade recenseadora;
b) ao recorrente;
c) aos demais interessados

ARTIGO 39
(Direito a recurso)

1. Da decisão do órgão da administração eleitoral, cabe recurso à Comissão


Nacional de Eleições.
2. Da decisão da Comissão Nacional de Eleições, cabe recurso ao Conselho
Constitucional, que julga em última instância.

123
Art. 40 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

ARTIGO 40
(Recurso ao chefe da missão)

1. Da decisão da entidade recenseadora situada no estrangeiro, cabe recurso


ao chefe da missão consular ou diplomática.
2. Da decisão do chefe da missão consular ou diplomática, cabe recurso à
Comissão Nacional de Eleições.
3. Da decisão da Comissão Nacional de Eleições, cabe recurso ao Conselho
Constitucional, nos termos da lei.

CAPÍTULO IV
Ilícito do recenseamento eleitoral

SECÇÃO I

Aspectos gerais

ARTIGO 41
(Concorrência com crimes mais graves e responsabilidade disciplinar)

1. As sanções cominadas nesta Lei não excluem a aplicação de outras mais


graves pela prática de qualquer crime previsto na legislação penal geral.
2. As infracções previstas na presente Lei constituem também falta disciplinar
quando cometidas por agente sujeito a essa responsabilidade.

ARTIGO 42
(Circunstâncias agravantes especiais)

Para além das previstas na lei penal geral, constituem circunstâncias agravantes
especiais do ilícito relativo ao recenseamento eleitoral o facto de:

a) a infracção poder influir no resultado da votação;


b) os agentes serem membros das entidades recenseadoras;
c) os agentes serem candidatos, delegados dos partidos políticos ou eleitos,
não abrangidos pela alínea b).

ARTIGO 43
(Punição da tentativa de crime e do crime frustrado)

Nos crimes relativos ao recenseamento eleitoral a tentativa de crime e o crime


frustrado são punidos da mesma forma que o crime consumado.

124
Lei n.º 5/97, de 28 de Maio Art. 48

ARTIGO 44
(Não suspensão ou substituição das penas)

As penas aplicadas por infracções criminais dolosas relativas ao recenseamento


eleitoral não podem ser suspensas nem substituídas por multa.

ARTIGO 45
(Suspensão de direitos políticos)

A condenação à pena de prisão por infracção criminal relativa ao


recenseamento eleitoral é obrigatoriamente acompanhada de condenação à
suspensão de direitos políticos de um a cinco anos.

ARTIGO 46
(Prescrição)

O procedimento por infracções criminais relativas ao recenseamento eleitoral


prescreve no prazo de um ano a contar da prática do facto punível.

ARTIGO 47
(Actualização do valor das multas)

O valor das multas devidas por infracções relativas ao recenseamento eleitoral


é actualizado pelo Conselho de Ministros.

SECÇÃO II
Infracções relativas ao recenseamento eleitoral em especial

ARTIGO 48
(Promoção dolosa de inscrição)

1. Aquele que, sem ter capacidade eleitoral, promover a sua inscrição no


recenseamento eleitoral é punido com a pena de prisão até seis meses e multa
de 80 000,00 MT a 160 000,00 MT.
2. Aquele que promover a sua inscrição no recenseamento eleitoral mais de
uma vez é punido com a pena de prisão de seis meses até um ano e multa de
80 000,00 MT a 160 000,00 MT.
3. Todo o cidadão que prestar falsas declarações ou informações a fim de obter
a sua inscrição no recenseamento eleitoral é punido com a pena de prisão até um
ano e multa de 60 000,00 MT a 120 000,00 MT.

125
Art. 49 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

ARTIGO 49
(Obstrução à inscrição)

Todo aquele que, por violência, ameaça ou artifício fraudulento, induzir um


eleitor a não promover a sua inscrição no recenseamento eleitoral ou a fazê-lo fora
do prazo legalmente estabelecido, é punido com a pena de prisão até um ano e
multa de 60 000,00 MT a 120 000,00 MT.

ARTIGO 50
(Obstrução à detecção de duplas inscrições)

Aquele que, dando conta de dupla inscrição, não tomar os procedimentos


tendentes a sanar a irregularidade em tempo devido, é punido com a pena de
prisão até seis meses e multa de 80 000,00 MT a 160 000,00 MT.

ARTIGO 51
(Falso documento comprovativo)

Todo aquele que passar falso documento comprovativo de incapacidade física


ou sanidade mental, com implicações no recenseamento eleitoral, é punido com a
pena de prisão até seis meses e multa de 80 000,00 MT a 160 000,00 MT.

ARTIGO 52
(Violação dos deveres relativos à inscrição no recenseamento eleitoral)

1. É punido com pena de prisão até um ano e multa de 80 000,00 MT a


160 000,00 MT todo aquele que se recusar inscrever no recenseamento eleitoral
um eleitor que haja devidamente promovido a sua inscrição.
2. O agente de recenseamento que, por negligência, deixar de cumprir as suas
obrigações de recenseamento eleitoral é punido com a multa de 100 000,00 MT a
200 000,00 MT.
ARTIGO 53
(Violação de deveres relativos aos cadernos de recenseamento eleitoral)

Todo aquele que não proceder à elaboração, organização e rectificação dos ca-
dernos de recenseamento eleitoral nos termos prescritos na presente Lei é punido
com a pena de prisão até seis meses e multa de 80 000,00 MT a 160 000,00 MT.

ARTIGO 54
(Falsificação do cartão de eleitor)

Todo aquele que, fraudulentamente, modificar ou substituir o cartão de eleitor,


é punido com a pena de prisão até seis meses e multa de 80 000,00 MT a
160 000,00 MT.

126
Lei n.º 5/97, de 28 de Maio Art. 59

ARTIGO 55
(Falsificação dos cadernos de recenseamento eleitoral)

Todo aquele que, por qualquer forma, alterar, viciar, substituir ou suprimir cader-
nos de recenseamento eleitoral, é punido com a pena de dois a oito anos de prisão
maior e multa de 200 000,00 MT a 400 000,00 MT.

ARTIGO 56
(Impedimento a verificação de inscrição no recenseamento eleitoral)

Aquele que não expuser cópias dos cadernos de recenseamento eleitoral ou


que impedir a sua consulta pelo cidadão eleitor inscrito, no prazo legalmente esta-
belecido, é punido com a pena de prisão até seis meses e multa de 80 000,00 MT
a 160 000,00 MT.

ARTIGO 57
(Não correcção de cadernos de recenseamento eleitoral)

Os membros das entidades recenseadoras que, por negligência, não procede-


rem à correcção de cadernos de recenseamento eleitoral ou que o fizerem contra-
riamente ao disposto na presente Lei, são punidos com a multa de 80 000,00 MT
a 160 000,00 MT.

CAPÍTULO V
Disposições finais e transitórias

ARTIGO 58
(Recenseamento eleitoral anterior)

O recenseamento eleitoral, efectuado ao abrigo da Lei n.º 4/93, de 28 de


Dezembro, é válido para os efeitos previstos na presente Lei, sem prejuízo das
actualizações a que haja lugar.

ARTIGO 59
(Passagem de certidões)

1. São obrigatoriamente passadas, a requerimento de qualquer interessado, no


prazo de cinco dias, as certidões necessárias para o recenseamento eleitoral.
2. A igual obrigação ficam vinculadas as entidades recenseadoras quanto às
certidões relativas ao recenseamento eleitoral, que lhe sejam requeridas.

127
Art. 60 Lei n.º 5/97, de 28 de Maio

ARTIGO 60
(Isenções)

São isentos de quaisquer taxas, emolumentos ou impostos, conforme os casos:

a) as certidões a que se refere o artigo precedente;


b) todos os documentos destinados a instruir quaisquer reclamações ou recur-
sos previstos na presente Lei, devendo as mesmas especificar os processos
em que são indispensáveis;
c) os reconhecimentos notariais para efeitos de recenseamento eleitoral.

ARTIGO 61
(Revogação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente Lei.

ARTIGO 62
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra imediatamente em vigor.

Aprovada pela Assembleia da República em 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim Mulémbwè.
Promulgada em 28 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

128
Lei n.º 12/97, de 31 de Maio

RECENSEAMENTO GERAL DA POPULAÇÃO


E HABITAÇÃO

LEI N.º 12/97


DE 31 DE MAIO

Reconhecendo a necessidade de recolher informação estatística numérica e


qualitativa das características da população, da habitação e da realidade sócio-
-económica do País, de modo sistemático e regular, em todo o território nacional,
impõe-se a institucionalização de um instrumento jurídico para o efeito.
Nestes termos, usando da competência conferida pelo disposto no n.º 1 do
artigo 135 da Constituição, a Assembleia da República determina:

CAPÍTULO I
Das disposições gerais

SECÇÃO I
Das definições, âmbito, objectivo, periodicidade e data

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos da presente lei entende-se por:


a) Recenseamento Geral da População e Habitação, abreviadamente designado
Recenseamento, o processo de recolha, compilação, avaliação, análise e
publicação ou outra forma de divulgação de dados demográficos, económicos
e sociais relativos a todas as pessoas e ainda de dados estatísticos relativos
a todas as unidades de alojamento e seus ocupantes do território nacional,
num momento bem determinado.
b) Agregado familiar, a pessoa singular ou o grupo de pessoas, ligadas ou não
por laços de parentesco, que vivem na mesma unidade de alojamento, que
reconhecem um adulto do sexo masculino ou feminino como seu chefe e que
partilham as despesas básicas de alimentação e alojamento.
c) Unidade de alojamento, o espaço físico onde vive um ou mais agregados
familiares.

129
Art. 2 Lei n.º 12/97, de 31 de Maio

d) Período de enumeração, o lapso de tempo durante o qual se procede a


entrevistas aos cidadãos nacionais e estrangeiros com vista à recolha de
dados estatísticos relativos a pessoas e unidades de alojamento.
e) Momento censual, as zero horas do dia do início do recenseamento.

ARTIGO 2
(Âmbito)

1. O Recenseamento é efectuado em todo o território nacional, abrangendo:


a) cidadãos nacionais residentes, presentes ou temporariamente ausentes;
b) cidadãos estrangeiros residentes, presentes ou temporariamente ausentes;
c) cidadãos nacionais ou estrangeiros, à data presentes;
d) as unidades de alojamento.

2. Exceptuam-se do disposto na alínea a) do n.º 1 do presente artigo os estran-


geiros membros do corpo diplomático que habitem nas respectivas embaixadas.

ARTIGO 3
(Objectivo)

O Recenseamento tem por objectivo permitir o conhecimento estatístico, quan-


titativo e qualitativo da população moçambicana e demais residentes e presentes
no território nacional, bem como do parque habitacional.

ARTIGO 4
(Periodicidade e data)
1. A periodicidade de realização do Recenseamento é decenal.
2. A data do Recenseamento é estabelecida pelo Conselho de Ministros.

SECÇÃO II

Da recolha de dados, obrigatoriedade de resposta


e confidencialidade estatística

ARTIGO 5
(Recolha de dados estatísticos individuais)

1. A recolha de dados estatísticos individuais é feita mediante entrevista directa


aos membros do agregado familiar dirigida por recenseadores, em cada unidade
de alojamento.
2. Os dados são inscritos qualitativa e quantitativamente no respectivo Boletim
de Recenseamento.

130
Lei n.º 12/97, de 31 de Maio Art. 8

ARTIGO 6
(Obrigatoriedade de resposta)

1. Todas as pessoas abrangidas pelo Recenseamento, nos termos do artigo 2,


são obrigadas a responder aos respectivos Boletins de Recenseamento fornecendo,
com verdade, os dados estatísticos que lhes forem solicitados nos termos da lei.
2. O cidadão nacional ou estrangeiro que se recuse a fornecer os dados
requeridos no Boletim de Recenseamento ou que os forneça falseando a verdade
incorre em infracção punível com as penas aplicáveis aos crimes de desobediência
ou de falsas declarações, previstas no Código Penal.

ARTIGO 7
(Confidencialidade estatística)

1. Os dados estatísticos individuais recolhidos através do Recenseamento têm


carácter confidencial, só podendo ser objecto de publicação ou de qualquer outra
forma de divulgação, na forma de dados estatísticos agregados.
2. É vedada aos funcionários, supervisores, agentes recenseadores e a todos
os outros indivíduos envolvidos no processo de recolha, processamento e análise
de dados, divulgar ou fazer uso indevido dos dados estatísticos individuais contidos
nos Boletins de Recenseamento.
3. Os funcionários e agentes do recenseamento que violarem o disposto no
número anterior, são passíveis de responsabilidade disciplinar, civil ou criminal nos
termos da lei.

CAPÍTULO II

Da estrutura orgânica

SECÇÃO I

Dos órgãos

ARTIGO 8

(Órgãos de direcção)

São órgãos de direcção, coordenação e execução central do Recenseamento:


a) o Conselho Coordenador do Recenseamento Geral da População e
Habitação, abreviadamente designado por CCRGPH;
b) o Instituto Nacional de Estatística, abreviadamente designado por INE.

131
Art. 9 Lei n.º 12/97, de 31 de Maio

SECÇÃO II

Do Conselho Coordenador do Recenseamento da População


e Habitação

ARTIGO 9
(Natureza)

O CCRGPH é o órgão do Sistema Estatístico nacional que dirige a realização


do Recenseamento, subordinado ao Conselho de Ministros.

ARTIGO 10
(Composição)

1. O CCRGPH é composto por:


a) membros designados pelo Conselho de Ministros;
b) presidente do INE;
c) dois representantes do INE, a designar;
d) um representante do Conselho Nacional do Ensino Superior.

2. O CCRGPH é presidido pelo Primeiro Ministro.


3. O Presidente do CCRGPH poderá convidar a participar nas reuniões do
CCRGPH outras entidades ou quadros cuja participação for julgada conveniente
e necessária.

ARTIGO 11
(Competências)

Compete ao Conselho Coordenador do Recenseamento Geral da População e


Habitação:
a) coordenar o processo de Recenseamento em todas as suas fases técnico-
administrativas e assegurar, ao nível nacional, a participação das diversas
estruturas envolvidas;
b) aprovar o plano de actividades e o orçamento do Recenseamento bem como
os instrumentos de notação;
c) esclarecer os cidadãos acerca dos objectivos do Recenseamento
designadamente através da comunicação social;
d) emitir directivas às estruturas subordinadas e garantir a sua implementação;
e) aprovar o seu regulamento interno.

132
Lei n.º 12/97, de 31 de Maio Art. 13

SECÇÃO III

Da estrutura executiva

ARTIGO 12
(Instituto Nacional de Estatística)

1. Cabe ao INE assegurar a realização de todas as operações censuais.


2. Nos distritos, postos administrativos, cidades e onde se julgue conveniente,
serão criados Gabinetes de Recenseamento dos respectivos escalões.
3. Compete ao INE a preparação e execução do Recenseamento quanto às
actividades de concepção, recolha, processamento, análise e publicação dos
respectivos resultados estatísticos.
4. No cumprimento de directivas e orientações emitidas pelo CCRGPH, é
devida ao INE toda a colaboração que este solicitar:
a) aos órgãos centrais do aparelho de Estado;
b) aos governos provinciais;
c) aos órgãos locais de Estado;
d) às autarquias locais;
e) às outras instituições e entidades públicas;
f) às entidades privadas concessionárias de um serviço público.

CAPÍTULO III

Do financiamento e pessoal

ARTIGO 13

(Financiamento)

1. As despesas relativas ao processo do Recenseamento, são suportadas por


verbas inscritas no Orçamento do Estado.
2. A disponibilização de verbas orçamentais referidas no número anterior far-
-se-á de acordo com o plano de actividades do Recenseamento aprovado pelo
CCRGPH.
3. A administração e execução orçamental das verbas disponibilizadas às
operações do Recenseamento ficam a cargo do INE.

133
Art. 14 Lei n.º 12/97, de 31 de Maio

ARTIGO 14
(Recrutamento, selecção e remuneração do pessoal)

1. A contratação de pessoal eventual necessário à realização do Recensea-


mento, quer sob a forma de contrato fora dos quadros, quer sob a forma de contrato
de prestação de serviços, não confere ao contratado a qualidade de funcionário
do aparelho de Estado.
2. O pessoal envolvido nas actividades do Recenseamento será remunerado
nos termos e condições a serem definidos pelo Conselho de Ministros mediante
proposta do CCRGPH.

CAPÍTULO IV

Das disposições finais e transitórias

ARTIGO 15
(Regulamentação)

No prazo máximo de trinta dias contados da data da publicação da presente


Lei, o Conselho de Ministros aprovará o Regulamento do Recenseamento mediante
proposta do CCRGPH.

ARTIGO 16
(Norma revogatória)

É revogada a Lei n.º 1/90, de 13 de Abril.

ARTIGO 17
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra imediatamente em vigor.

Aprovada pela Assembleia da República, aos 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed Issá.
Promulgada aos 31 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

134
Lei n.º 4/97, de 28 de Maio

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ÓRGÃO


DE DIRECÇÃO DE PROCESSOS ELEITORAIS

LEI N.º 4/97


DE 28 DE MAIO

Havendo necessidade de institucionalizar a organização e o funcionamento de


um órgão de direcção de processos eleitorais, no uso da competência atribuída
nos termos do n.º 1 do artigo 135 da Constituição, a Assembleia da República
determina:

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1
(Criação)

1. É criada a Comissão Nacional de Eleições.


2. As funções, competências, organização e funcionamento da Comissão
Nacional de Eleições são fixados na presente Lei.

ARTIGO 2
(Definição)

A Comissão Nacional de Eleições é o órgão de direcção de processos eleitorais.

ARTIGO 3
(Natureza)

A Comissão Nacional de Eleições é um órgão independente e, no exercício das


suas funções, deve obediência apenas à Constituição da República e demais leis.

ARTIGO 4
(Composição)

1. A Comissão Nacional de Eleições é composta por nove membros, sendo um


presidente e oito vogais.

135
Art. 5 Lei n.º 4/97, de 28 de Maio

2. Podem ser membros da Comissão Nacional de Eleições cidadãos moçam-


bicanos, maiores de 25 anos de idade e de reconhecido mérito moral e profissional
para exercer as suas funções com idoneidade, independência, objectividade,
competência e zelo.

ARTIGO 5
(Designação)

Os membros da Comissão Nacional de Eleições, respeitando o disposto no


número 2 do artigo 4, são designados da seguinte forma:
a) um presidente que dê garantias de imparcialidade, designado pelo Presidente
da República;
b) sete membros eleitos pela Assembleia da República, respeitando a
proporcionalidade da representação parlamentar;
c) um membro designado pelo Conselho de Ministros.

CAPÍTULO II
Competências

ARTIGO 6
(Competências da Comissão Nacional de Eleições)

1. Compete à Comissão Nacional de Eleições:


a) garantir que os processos eleitorais se desenvolvam em condições de plena
liberdade, justiça e transparência;
b) assegurar a igualdade de tratamento dos cidadãos em todos os actos do
processo eleitoral;
c) assegurar a igualdade de oportunidades e de tratamento das diversas
candidaturas;
d) receber e apreciar a regularidade das candidaturas às eleições legislativas
e autárquicas;
e) registar partidos políticos, coligações de partidos ou grupo de cidadãos, para
fins eleitorais;
f) promover, através dos órgãos de comunicação social e de outros meios de
difusão massiva, a educação e o esclarecimento cívicos dos cidadãos sobre
questões de interesse eleitoral;
g) efectuar os sorteios referentes às listas dos candidatos;
h) proceder a distribuição dos tempos de antena na rádio e na televisão do
sector público, pelas diversas candidaturas nas eleições presidenciais, legis-
lativas, autárquicas, com igualdade de direito e sem discriminação;

136
Lei n.º 4/97, de 28 de Maio Art. 9

i) garantir que as autoridades competentes criem as condições de segurança


necessárias à realização do recenseamento e dos actos eleitorais em todo
o território nacional;
j) participar ao Ministério Público quaisquer actos de ilícito eleitoral de que tome
conhecimento;
k) uma vez marcada a data das eleições, elaborar o calendário, contendo as
datas e a indicação dos actos sujeitos a prazo;
l) decidir da alteração do período de votação por tempo não superior a um dia;
m) apreciar a regularidade das contas eleitorais:
n) elaborar os mapas dos resultados das eleições;
o) decidir das reclamações sobre decisões tomadas pelos agentes do processo
eleitoral;
p) desempenhar as demais funções atribuídas pela presente Lei ou por outra
legislação aplicável.

ARTIGO 7
(Recurso)

Das deliberações da Comissão Nacional de Eleições cabe recurso para o


Conselho Constitucional.

CAPÍTULO III
Membros

ARTIGO 8
(Mandato)

1. O mandato dos membros da Comissão Nacional de Eleições é de cinco anos.


2. Os membros da Comissão Nacional de Eleições são designados até sessenta
dias após o início de cada legislatura.

ARTIGO 9
(Início e cessação do mandato)

1. Os membros da Comissão Nacional de Eleições tomam posse perante o


Presidente da República no prazo de trinta dias após a sua designação.
2. O mandato dos membros da Comissão Nacional de Eleições cessa com a
tomada de posse de novos membros.

137
Art. 10 Lei n.º 4/97, de 28 de Maio

ARTIGO 10
(Vagas)

As vagas que ocorram na Comissão Nacional de Eleições são preenchidas de


acordo com os critérios de designação constantes do artigo 5 da presente Lei, na
sessão seguinte à ocorrência da vacatura.

ARTIGO 11
(Incompatibilidades)

O mandato de membro da Comissão Nacional de Eleições é incompatível com


o exercício das funçõs de:
a) Presidente da República;
b) membro do Governo;
c) deputado da Assembleia da República;
d) magistrado judicial e do Ministério Público;
e) candidato em eleições para órgãos de soberania ou autárquicos;
f) membros das forças militares ou militarizadas e forças de segurança no
activo;
g) membros do Conselho Superior da Comunicação Social e do Conselho
Constitucional;
h) diplomatas no activo.

ARTIGO 12
(Inamovibilidade)

Os membros da Comissão Nacional de Eleiçoes são inamovíveis e indepen-


dentes, no exercício das suas funções.

ARTIGO 13
(Direito a subsídio)

Os membros da Comissão Nacional de EIeições têm direito a um subsídio


coberto pelo Orçamento do Estado.

CAPÍTULO IV
Funcionamento

ARTIGO 14
(Funcionamento)

1. A Comissão Nacional de Eleições entra em funcionamento noventa dias antes


do início do acto eleitoral e encerra trinta dias após a proclamação dos resultados.

138
Lei n.º 4/97, de 28 de Maio Art. 19

2. Para exercício das competências previstas na Iei, fora do período eleitoral,


a Comissão Nacional de Eleições entra em funções quinze dias antes do início do
recenseamento eleitoral e encerra quinze dias depois das operações a ele referidas.
3. A Comissão Nacional de Eleições funciona em plenário e em comissões de
trabalho.

ARTIGO 15
(Plenário)

1. O plenário só pode deliberar validamente estando presente a maioria dos


seus membros.
2. As deliberações são tomadas por maioria dos membros presentes.
3. Em caso de empate, o presidente tem voto de qualidade.

ARTIGO 16
(Regimento)

A Comissão Nacional de Eleições aprova o seu regimento que é publicado no


Boletim da República.

ARTIGO 17
(Secretariado Técnico da Administração Eleitoral)

1. No exercício das suas funções, a Comissão Nacional de Eleições é coadju-


vada pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral - STAE.
2. No período eleitoral, o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral
subordina-se exclusivamente à Comissão Nacional de Eleições.
3. O Director-Geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral tem
assento na Comissão Nacional de Eleições, mas sem direito a voto.

ARTIGO 18
(Orçamento)

Os encargos com a organização e funcionamento da Comissão Nacional de


Eleições são cobertos pelo Orçamento do Estado.

ARTIGO 19
(Instalações)

lncumbe ao Governo providenciar instalações necessárias ao exercício das


funções da Comissão Nacional de Eleições.

139
Art. 20 Lei n.º 4/97, de 28 de Maio

ARTIGO 20
(Dever de colaboração)

Os órgãos e agentes da Administração Pública, partidos políticos, coligações


de partidos e entidades privadas podem prestar à Comissão Nacional de Eleições
a colaboração e o apoio necessários ao eficaz e pronto desempenho das suas
competências.

CAPÍTULO V
Disposições finais e transitórias

ARTIGO 21
(Disposições transitórias)

As primeiras designações e posse da Comissão Nacional de Eleições


constituída nos termos da presente Lei tem lugar até trinta dias após a sua
publicação e o seu mandato termina com a actual Iegislatura.

ARTIGO 22
(Divulgação nos órgãos de comunicação social)

Os actos e deliberações da Comissão Nacional de Eleições têm divulgação


gratuita nos órgãos de comunicação social do sector público.

ARTIGO 23
(Revogação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei.

ARTIGO 24
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra imediatamente em vigor.

Aprovada pela Assembleia da República em 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim Mulémbwè.
Promulgada em 28 de Março de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

140
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

LEI ELEITORAL PARA AS AUTARQUIAS LOCAIS

LEI N.º 6/97


DE 28 DE MAIO

Havendo necessidade de estabelecer o quadro jurídico-legal para a realização


das eleições dos órgãos das autarquias locais, no uso da competência atribuída
pela alínea c) do n.º 2 do artigo 135 da Constituição, a Assembleia da República
determina:

TÍTULO I
Capacidade eleitoral

CAPÍTULO I
Capacidade eleitoral activa

ARTIGO 1
(Cidadãos eleitores)

São eleitores os cidadãos moçambicanos, maiores de dezoito anos à data


das eleições, recenseados na circunscrição territorial da respectiva autarquia
local, que não estejam abrangidos pelas incapacidades eleitorais activas previstas
na presente Lei.

ARTIGO 2
(Incapacidades eleitorais activas)

Não podem votar:


a) os interditos por sentença transitada em julgado;
b) os notoriamente reconhecidos como dementes, ainda que não estejam inter-
ditos por sentença, quando internados em estabelecimento psiquiátrico ou
como tais declarados por uma junta médica;

141
Art. 3 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

c) os definitivamente condenados a pena de prisão por crime doloso de delito


comum, enquanto não hajam expiado a respectiva pena, e os que se encon-
trem judicialmente privados dos seus direitos políticos;
d) os cidadãos sob prisão preventiva, por decisão judicial.

CAPÍTULO II
Capacidade eleitoral passiva

ARTIGO 3
(Cidadãos elegíveis)

1. São elegíveis os cidadãos moçambicanos que residam, à data da votação,


na autarquia local, há pelo menos 6 meses e não padeçam de qualquer incapa-
cidade eleitoral passiva prevista na presente Lei.
2. Não gozam de capacidade eleitoral passiva:
a) os cidadãos que não gozem de capacidade eleitoral activa;
b) os que tiverem sido judicialmente declarados delinquentes habituais de difícil
correcção;
c) os cidadãos que tiverem renunciado ao mandato imediatamente anterior.

ARTIGO 4
(Inelegibilidades)

1. Não podem ser eleitos:


a) os magistrados judiciais e os do Ministério Público, os funcionários de justiça
e os de finanças com funções de chefia, em efectividade de funções;
b) os membros das forças militares ou militarizadas e forças de segurança no
activo;
c) os falidos ou insolventes, salvo se reabilitados por Iei;
d) os devedores em mora com a autarquia local e respectivos fiadores;
e) os membros dos corpos sociais e os gerentes de sociedades, bem como os
proprietários de empresas que tenham contrato com a autarquia local não
integralmente cumprido ou de execução continuada.

2. Os magistrados judiciais e os do Ministério Público, os funcionários de justiça


e os de finanças com funções de chefia, os membros das forças militares e milita-
rizadas e das forças de segurança que, nos termos da presente Lei, pretendem
concorrer às eleições dos órgãos autárquicos, devem solicitar a suspensão do
exercício das respectivas funções até à apresentação da respectiva candidatura.

142
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 9

ARTIGO 5
(Direito a dispensa de funções)

A partir do início da campanha eleitoral, até ao fim da votação, os candidatos


admitidos têm direito a dispensa do exercício das respectivas funções, sejam
públicas ou privadas, contando esse tempo para todos os efeitos, incluindo o direito
à remuneração, como tempo de serviço efectivo.

ARTIGO 6
(Imunidade)

1. Nenhum candidato pode ser sujeito a prisão preventiva, a não ser em fla-
grante delito, por crime doloso punível com pena de prisão maior.
2. Movido processo crime contra algum candidato que não esteja em regime
de prisão preventiva e indiciado este por despacho de pronúncia ou equivalente,
o processo só pode seguir os seus termos após a proclamação dos resultados das
eleições.

TÍTULO II
Procedimento eleitoral

CAPÍTULO I
Marcação das eleições

ARTIGO 7
(Competência)

As eleições autárquicas são marcadas por decreto do Conselho de Ministros,


com a antecedência mínima de cento e vinte dias relativamente ao termo do
mandato cessante.

ARTIGO 8
(Data)

As eleições autárquicas realizam-se dentro dos trinta dias anteriores ao termo


de mandato cessante.

ARTIGO 9
(Simultaneidade das eleições)

As eleições para o presidente do conselho municipal ou de povoação e para


os membros da assembleia municipal ou de povoação são feitas simultaneamente.

143
Art. 10 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

CAPÍTULO II
Candidaturas

SECÇÃO I
Apresentação das candidaturas

ARTIGO 10
(Recepção e prazo)

1. As candidaturas são apresentadas perante o Secretariado Técnico da


Administração Eleitoral.
2. As candidaturas devem ser apresentadas até setenta e cinco dias antes da
data das eleições.
3. Findo o prazo referido no número anterior o Secretariado Técnico da
Administração Eleitoral organiza todo o processo das candidaturas e remete-o à
Comissão Nacional de Eleições para decisão quanto à regularidade das mesmas.

ARTIGO 11
(Exclusividade das candidaturas)

1. Nenhum partido político, coligação de partidos ou grupo de cidadãos eleitores


proponentes pode apresentar mais de uma lista à eleição de cada órgão da autar-
quia local.
2. Ninguém pode concorrer simultaneamente à eleição de dois ou mais órgãos
de diferentes autarquias locais.
3. Ninguém pode integrar mais do que uma lista de candidatura para o mesmo
órgão autárquico.
ARTIGO 12
(Requisitos formais da apresentação)

1. A apresentação das candidaturas consiste na entrega da lista contendo os


nomes e demais elementos de identificação dos candidatos e da declaração por
todos assinada, conjunta ou separadamente, de que aceitam a candidatura e ainda
da declaração, sob compromisso de honra, de que não se encontram feridos de
qualquer incapacidade eleitoral.
2. A referida apresentação deve ser acompanhada, para cada candidato, dos
seguintes documentos:
a) fotocópia autenticada do bilhete de identidade;
b) certificado do registo criminal;
c) certidão comprovativa de inscrição no recenseamento eleitoral;
d) fotocópia autenticada do cartão de eleitor.

144
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 16

ARTIGO 13
(Mandatários das candidaturas)

1. Os candidatos devem designar, de entre eles ou de entre os eleitores inscri-


tos na circunscrição autárquica a que respeita a eleição, um mandatário para os
representar em todas as operações do procedimento eleitoral.
2. A morada do mandatário é sempre indicada no processo de candidatura para
efeitos de notificação.

SECÇÃO II
Apreciação das candidaturas

ARTIGO 14
(Verificação das candidaturas)

Findo o prazo para a apresentação das candidaturas, a Comissão Nacional de


Eleições verifica, até 60 dias antes da data das eleições, a regularidade do respec-
tivo processo, a autenticidade dos documentos que o integram e a elegibilidade
dos candidatos.

ARTIGO 15
(Irregularidades formais)

1. Registando-se irregularidades formais, é o mandatário da candidatura em


causa imediatamente notificado a mando da Comissão Nacional de Eleições para
efectuar o respectivo suprimento, no prazo de cinco dias.
2. O não suprimento de qualquer irregularidade formal, no prazo previsto no
número precedente, implica a nulidade da candidatura.
3. O mandatário da candidatura nula é imediatamente notificado para que
proceda, querendo, à substituição da mesma, no prazo de dois dias. Se tal não
suceder, o lugar da candidatura nula é ocupado, na lista, pelo primeiro candidato
suplente cujo processo de candidatura preencha todos os requisitos exigidos, nos
termos do n.º 2 do artigo 12.

ARTIGO 16
(Rejeição de candidaturas)

1. Apenas podem ser rejeitadas as candidaturas de indivíduos sem capacidade


eleitoral passiva ou que tenham desistido, no termos da presente Lei.
2. O mandatário da candidatura rejeitada é imediatamente notificado para que
proceda à substituição do candidato ou candidatos inelegíveis no prazo de três dias

145
Art. 17 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

e, se tal não suceder, o lugar do candidato é ocupado, na lista, pelo primeiro


candidato suplente cujo processo de candidatura preencha a totalidade dos requi-
sitos exigidos.
3. A candidatura é definitivamente rejeitada se, por falta de candidatos suplen-
tes, não for possível perfazer o número legal dos candidatos efectivos.

ARTIGO 17
(Recurso para o Conselho Constitucional)

Das deliberações da Comissão Nacional de Eleições haverá recurso ao Conse-


lho Constitucional que deliberará em última instância.

ARTIGO 18
(Divulgação das listas definitivas)

1. A Comissão Nacional de Eleições procede à divulgação das listas definitivas


até trinta dias antes da data das eleições.
2. Cópias das listas referidas no número anterior devem ser afixadas nos luga-
res de estilo à porta da Comissão Nacional de Eleições, nos órgão de administração
eleitoral de nível central, provincial, distrital e local, nos lugares de estilo, e entre-
gues aos mandatários das listas.

ARTIGO 19
(Sorteio das listas apresentadas)

1. Depois da divulgação das listas definitivas, a Comissão Nacional de Eleições


procede ao sorteio das mesmas, na presença dos mandatários, para que lhes seja
atribuída uma ordem nos boletins de voto.
2. A organização e forma de realização do sorteio é definida pela Comissão
Nacional de Eleições.
3. Do sorteio referido no n.º 1 do presente artigo lavra-se auto e os resultados
obtidos são comunicados ao Secretariado Técnico da Administração Eleitoral para
efeitos de impressão dos boletins de voto.

ARTIGO 20
(Legitimidade)

Têm legitimidade para interpor recurso os candidatos, os respectivos mandatá-


rios, os partidos políticos ou os primeiros proponentes de candidaturas.

146
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 25

ARTIGO 21
(Interposição e subida do recurso)

1. O requerimento de interposição de recurso, do qual constarão os seus


fundamentos, é entregue no órgão eleitoral recorrido, acompanhado de todos os
elementos de prova.
2. Tratando-se de recurso contra a admissão de qualquer candidatura, o
Conselho Constitucional manda notificar imediatamente o mandatário da respectiva
lista para responder, querendo, no prazo de dois dias.
3. Tratando-se de recurso contra a não admissão de qualquer candidatura, o
Conselho Constitucional manda notificar imediatamente os mandatários das listas
que hajam impugnado a sua admissão, se for esse o caso, para responderem,
querendo, no prazo de dois dias.

ARTIGO 22
(Deliberação)

1. O Conselho Constitucional delibera no prazo de dez dias a contar dos prazos


mencionados no artigo anterior.
2. A deliberação é comunicada imediatamente, por qualquer meio disponível,
ao órgão eleitoral recorrido.

CAPÍTULO III
Campanha eleitoral

ARTIGO 23
(Propaganda eleitoral)

Entende-se por propaganda eleitoral a actividade que vise, directa ou indirecta-


mente, promover candidaturas, bem como a divulgação de textos, imagens ou sons
que exprimam ou reproduzam o conteúdo dessa actividade.

ARTIGO 24
(Período)

A campanha eleitoral inicia quinze dias antes da data das eleições e termina
dois dias antes da votação.

ARTIGO 25
(Promoção e realização)

A promoção e realização da campanha eleitoral cabe directamente aos candi-


datos, partidos políticos ou coligações de partidos e grupos de cidadãos eleito-
res proponentes de listas, sem embargo da participação activa dos cidadãos
eleitores em geral.

147
Art. 26 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 26
(Âmbito)

Qualquer candidato, partido político ou coligação de partidos ou grupo de


cidadãos proponentes pode realizar livremente a campanha eleitoral em qualquer
lugar do território da autarquia.

ARTIGO 27
(lgualdade de oportunidades das candidaturas)

Os candidatos, partidos políticos, coligações de partidos ou grupos de cidadãos


eleitores proponentes têm direito a igual tratamento por parte das entidades públi-
cas a fim de efectuarem, livremente e nas melhores condições, a sua campanha
eleitoral.
ARTIGO 28
(Liberdade de expressão e de informação)

No decurso da campanha eleitoral não pode ser imposta qualquer limitação à


livre expressão de princípios políticos, económicos e sociais, sem prejuízo da
responsabilidade civil e criminal a que houver lugar.

ARTIGO 29
(Liberdade de reunião e de manifestação)

1. No período da campanha eleitoral, a liberdade de reunião e de manifestação


para fins eleitorais rege-se pelo disposto na Lei n.º 9/91, de 18 de Julho, com as
adaptações constantes do números seguintes.
2. Os cortejos e desfiles podem realizar-se em qualquer dia e hora, respeitando-
se os limites impostos pela manutenção da ordem pública, do ordenamento do
trânsito e do período de descanso dos cidadãos.
3. A presença de agentes da autoridade em reuniões ou manifestações
organizadas por qualquer candidatura apenas pode ser solicitada pelos seus órgãos
competentes, ficando a entidade organizadora responsável pela manutenção da
ordem quando não faça tal solicitação.
4. O prazo para o aviso, a que se refere o artigo 10 da Lei n.º 9/91, de 18 de
Julho, para efeitos da presente Lei, é reduzido para um dia.
5. O prazo para o aviso, a que se refere o n.º 1 do artigo 11 da Lei n.º 9/91,
de 18 de Julho, para efeitos da presente Lei, é fixado em doze horas.

ARTIGO 30
(Proibição de divulgação de sondagens)

É proibida a divulgação dos resultados de sondagens ou de inquéritos relativos


à opinião dos eleitores quanto aos concorrentes à eleição, dois dias antes do início
da votação até ao dia subsequente à mesma.

148
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 34

ARTIGO 31
(Publicações de carácter jornalístico)

As publicações noticiosas do sector público que insiram matéria respeitante à


campanha eleitoral devem conferir um tratamento jornalístico não discriminatório
às diversas candidaturas.

ARTIGO 32
(Salas de espectáculos)

1. Os proprietários de salas de espectáculos ou de outros recintos de normal


utilização pública, que reúnam condições para serem utilizados na e campanha
eleitoral, devem pô-las à disposição da Comissão Nacional de Eleições até 20 dias
antes do início do período de campanha eleitoral, com a indicação das datas e
horas em que essas salas poderão ter aquela utilização.
2. Em caso de comprovada insuficiência, a Comissão Nacional de Eleições
pode requisitar as salas e os recintos que considere necessários à campanha
eleitoral, sem prejuízo da actividade normal e programa dos mesmos.
3. O tempo destinado à campanha eleitoral, nos termos do numero anterior, é
igualmente repartido pelos partidos políticos, coligações de partidos e grupos de
cidadãos eleitores proponentes que o desejem e tenham apresentado candidaturas
para as eleições autárquicas.

ARTIGO 33
(Custo de utilização)

1. Os proprietários das salas de espectáculos ou os que as explorem, no caso


do n.º 1 do artigo anterior ou quando tenha havido a requisição aí prevista, indicam
o preço a cobrar pela sua utilização, depois de prévia negociação com as candi-
daturas interessadas.
2. O preço estipulado e demais condições de utilização são uniformes para
todas as candidaturas interessadas.

ARTIGO 34
(Utilização de edifícios públicos)

1. As candidaturas poderão utilizar, na campanha eleitoral, lugares públicos


pertencentes ao Estado e a outras pessoas colectivas de direito público, nos termos
a regulamentar pela Comissão Nacional de Eleições, sem prejuízo dos
regulamentos internos das respectivas instituições.
2. É interdita a utilização, para efeitos de campanha eleitoral, dos seguintes
lugares:
a) unidades militares e militarizadas;
b) repartições do Estado e das autarquias locais;

149
Art. 35 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

c) outros centros de trabalho durante os períodos normais de funcionamento;


d) instituições de ensino durante o período de aulas;
e) locais normais de culto;
f) outros lugares para fins militares ou paramilitares;
g) unidades sanitárias.

3. A utilização dos edifícios públicos para fins de campanha eleitoral é gratuita


mas não pode prejudicar o desenvolvimento normal dos serviços que neles se
prestam.

ARTIGO 35
(Afixação de material de campanha eleitoral)

1. É proibida a afixação ou pintura de material de campanha eleitoral em


edifícios públicos, templos, monumentos, instalações diplomáticas e consulares e
nos sinais de trânsito.
2. É proibida a afixação ou pintura de material de campanha eleitoral em
edifícios privados sem autorização dos usufrutuários.
3. Os mandatários das listas são considerados civilmente responsáveis pela
afixação de material de campanha eleitoral em locais proibidos.

ARTIGO 36
(Utilização em comum ou troca)

Os partidos políticos, coligações de partidos ou grupos de cidadãos eleitores


proponentes podem acordar na utilização, em comum ou na troca entre si, de
espaço de publicação que lhes pertença ou das salas de espectáculo cujo uso lhes
seja atribuído.

CAPÍTULO IV
Assembleias de voto

SECÇÃO I
Organização das assembleias de voto

ARTIGO 37
(Formação)

1. Cada assembleia de voto é constituída aproximadamente por mil elei-


tores.

150
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 40

2. Vinte e cinco dias antes das eleições, o órgão de administração eleitoral faz
divulgar o mapa definitivo das assembleias de voto na sua sede, no órgãos de
comunicação social e noutros lugares de fácil acesso ao público.

ARTIGO 38
(Locais de funcionamento)

1. As assembleias de voto funcionam em edifícios públicos que ofereçam as


indispensáveis condições de acesso e segurança.
2. Na falta de edifícios públicos adequados, podem ser requisitados, para o
efeito, edifícios privados.
3. O local de funcionamento da assembleia de voto coincide, sempre que
possível, com o posto de recenseamento eleitoral.
4. Não é permitido o funcionamento de assembleias de voto nos seguintes
locais:
a) unidades policiais;
b) unidades militares;
c) locais de culto, incluindo as residências dos respectivos ministros;
d) edifícios de partido político ou de associação afim;
e) edifícios pertencentes a organizações estrangeiras;
f) locais de venda de bebidas alcoólicas;
g) unidades sanitárias.

ARTIGO 39
(Anúncio do dia, hora e local)

A Comissão Nacional de Eleições anunciará publicamente, em cada lugar, o dia,


a hora e os locais onde funcionam as assembleia de voto.

ARTIGO 40
(Relação de candidaturas)

O Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, ao proceder à distribuição


dos boletins de voto, entrega ao presidente da mesa da assembleia de voto, junta-
mente com estes, as relações de todas as candidaturas definitivamente aceites,
com a identificação completa dos candidatos, a fim de serem afixadas no local onde
funcione a assembleia de voto.

151
Art. 41 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 41
(Dia de funcionamento)

As assembleias de voto funcionam, simultaneamente, em todo o país no dia


marcado para as eleições.

ARTIGO 42
(Mesa da assembleia de voto)

1. Em cada assembleia de voto há uma mesa que dirige a votação e efectua


o apuramento parcial dos resultados do escrutínio.
2. As mesas das assembleias de voto são compostas por cinco membros,
sendo um presidente, um vice-presidente, um secretário e dois escrutinadores.
3. Os membros das mesas devem saber ler e escrever português e possuir a
formação adequada à complexidade da tarefa.
4. Pelo menos dois dos membros das assembleias de voto devem falar a língua
local da área onde se situa a assembleia de voto.
5. Compete ao Secretariado Técnico da Administração Eleitoral a indicação dos
nomes dos membros das mesas de voto, ouvidos os representantes das candi-
daturas.
6. A função de membro da assembleia de voto é obrigatória para os membros
indicados, salvo motivo de força maior ou justa causa e é incompatível com a
qualidade de delegado de lista.

ARTIGO 43
(Constituição das assembleias de voto)

1. As mesas das assembleias de voto constituem-se na hora marcada para o


início do seu funcionamento e nos locais previamente estabelecidos.
2. A constituição das mesas fora dos respectivos locais implica a nulidade dos
actos eleitorais praticados, salvo motivo de força maior, devidamente comprovado
e ratificado pela Comissão Nacional de Eleições.
3. Os membros das mesas das assembleias de voto devem estar presentes
no local de funcionamento da assembleia duas horas antes do início da votação.
4. Se o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral verificar que, uma hora
antes do início da votação, há impossibilidade de constituição da mesa por ausência
de membros indispensáveis, designa os substitutos dos ausentes de entre os
cidadãos eleitores de reconhecida idoneidade.
5. Os membros designados para integrar as mesas das assembleias de voto
ficam dispensados do dever de comparência no respectivo local de trabalho,
enquanto durar a sua actividade e no dia útil imediato.

152
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 46

ARTIGO 44
(Inalterabilidade das mesas)

1. As mesas das assembleias de voto, uma vez constituídas, não podem ser
alteradas, salvo motivo de força maior, devendo a Comissão Nacional de Eleições
dar disso conhecimento público.
2. A presença do presidente ou do vice-presidente mais dois membros da mesa
é suficiente para se considerarem válidos a votação e o resultado do escrutínio.

ARTIGO 45
(Elementos de trabalho das mesas)

1. O Secretariado Técnico da Administração Eleitoral deve assegurar, em tempo


útil, o fornecimento, a cada mesa de assembleia de voto, de todo o material
necessário, designadamente:
a) cópia autenticada dos cadernos de recenseamento eleitoral referentes ao
eleitores inscritos na área abrangida pela respectiva assembleia de voto;
b) livro de actas das operações eleitorais, rubricado em todas as páginas e com
termo de abertura e de encerramento;
c) os impressos, mapas e modelos de registo e informação necessários às
operações eleitorais;
d) os boletins de voto;
e) as urnas de votação, devidamente numeradas a nível distrital;
f) cabinas de votação;
g) os selos, Iacre e envelopes para os votos;
h) esferográficas, lápis e borrachas;
i) almofada e tinta para impressões digitais e tinta indelével;
j) candeeiros e outros instrumentos de iluminação.

2. Aos órgãos locais de administração do Estado compete criar e garantir as


condições necessárias e indispensáveis à guarda, conservação, segurança e
inviolabilidade dos materiais referidos no número anterior.

SECÇÃO II
Delegados de lista

ARTIGO 46
(Designação dos delegados de lista)

1. Cada candidatura tem o direito de designar um delegado efectivo e outro


suplente para cada assembleia de voto.

153
Art. 47 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

2. Os delegados podem ser designados para uma assembleia de voto diferente


daquela em que estão inscritos como eleitores, dentro da mesma unidade
geográfica de recenseamento eleitoral.
3. A falta de designação ou de comparência de qualquer delegado não afecta
a regularidade dos actos eleitorais.

ARTIGO 47
(Procedimento de designação)

Até quinze dias antes da votação, as candidaturas indicam os respectivos


delegados para cada assembleia de voto, enviando os seus nomes à Comissão
Nacional de Eleições para efeitos de credenciação.

ARTIGO 48

(Direitos e deveres do delegado de lista)

1. O delegado de lista goza dos seguintes direitos:


a) estar presente no local onde funciona a mesa de assembleia de voto e
ocupar o lugar mais adequado para poder fiscalizar todos os actos eleitorais;
b) verificar, antes do início da votação, as urnas e as cabines de votação;
c) solicitar explicações à mesa da assembleia de voto, obter informações sobre
os actos eleitorais e apresentar reclamações;
d) ser ouvido em todas as questões que se levantem durante o funcionamento
da assembleia de voto, quer durante a votação, quer durante o escrutínio;
e) fazer observações sobre as actas, quando considere conveniente, e assinalá-
-las, devendo, em caso de recusa de assinatura, fazer constar as respectivas
razões;
f) rubricar todos os documentos respeitantes às operações eleitorais;
g) consultar a todo o momento os cadernos de recenseamento eleitoral.

2. O delegado de lista tem os seguintes deveres:


a) exercer uma fiscalização conscienciosa e objectiva da actividade da mesa
da assembleia de voto;
b) cooperar para o desenvolvimento normal da votação do escrutínio e do
funcionamento da mesa da assembleia de voto em geral;
c) evitar intromissões injustificáveis e de má fé na actividade da mesa da
assembleia de voto que perturbem o desenvolvimento normal dos actos
eleitorais.

3. O não exercício de qualquer dos direitos previstos no presente artigo não


afecta a validade dos actos eleitorais.

154
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 52

ARTIGO 49
(Imunidade dos delegados das candidaturas)

Os delegados das candidaturas não podem ser detidos durante o funcionamento


da mesa da assembleia de voto, a não ser em flagrante delito por crime punível
com pena de prisão superior a dois anos.

SECÇÃO III

Boletins de voto

ARTIGO 50
(Material e dimensões)

1. Os boletins de voto são impressos em papel a definir pelo Secretariado


Técnico da Administração Eleitoral.
2. Os boletins de voto são de forma rectangular, com as dimensões apropriadas
para neles caber a indicação de todas as candidaturas submetidas à votação.

ARTIGO 51
(Elementos integrantes)

1. Em cada boletim de voto são dispostos horizontalmente, uns abaixo dos


outros, por ordem de sorteio, os elementos de identificação das candidaturas.
2. São elementos de identificação as denominações, siglas e bandeiras ou
símbolos das candidaturas concorrentes, os quais, no caso dos partidos políticos
ou coligações de partidos, reproduzem os constantes do registo existente no
Conselho Constitucional e nos órgãos de administração eleitoral.
3. Na eleição do presidente do conselho municipal ou de povoação são
elementos de identificação os nomes completos dos candidatos, as suas fotografias
e o lema da campanha.
4. Na linha correspondente a cada candidatura figura um quadrado no qual
o eleitor deve assinalar, com uma cruz ou com a impressão digital, a sua
escolha.

ARTIGO 52
(Cor e outras características)

A cor e outras características dos boletins de voto são fixados pelo Secretariado
Técnico da Administração Eleitoral.

155
Art. 53 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

CAPÍTULO V
Votação

SECÇÃO I

Direito de sufrágio

ARTIGO 53
(Pessoalidade do voto)

1. O direito de sufrágio é exercido directamente por cada cidadão eleitor.


2. Em caso algum o direito de sufrágio é susceptível de representação.

ARTIGO 54
(Presencialidade do voto)

O direito de voto é exercido presencialmente pelo cidadão eleitor no local de


funcionamento da assembleia de voto em que se encontra inscrito.

ARTIGO 55
(Unicidade do voto)

A cada eleitor só é permitido votar uma única vez para a eleição de cada órgão
representativo das autarquias locais.

ARTIGO 56
(Direito e dever de votar)

1. O acto de votar constitui um direito e um dever cívico do cidadão eleitor.


2. Os serviços públicos e as direcções das empresas devem conceder aos
respectivos funcionários e trabalhadores, se for caso disso, dispensa pelo tempo
necessário para poderem votar.

ARTIGO 57
(Confidencialidade do voto)

1. O voto é secreto.
2. Ninguém pode, sob qualquer pretexto, ser obrigado ou obrigar outrem a
revelar o sentido do voto.
3. Dentro da assembleia de voto e fora dela, até à distância de mil metros,
ninguém pode revelar em que candidatura votou ou vai votar.

156
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 61

ARTIGO 58
(Requisitos de exercício do direito de voto)

Para efeitos de admissão à votação, o nome do eleitor deve constar do caderno


de recenseamento e a sua identidade reconhecida pela respectiva mesa.

SECÇÃO II
Processo de votação

ARTIGO 59
(Abertura da assembleia de voto)

1. As assembleias de voto abrem às 7 horas.


2. O presidente da mesa da assembleia de voto declara aberta a assembleia
de voto e procede, com os restantes membros e delegados das candidaturas, à
revista da cabina de voto e dos documentos de trabalho da mesa.
3. O presidente da mesa exibe as urnas vazias perante os outros membros da
mesa, delegados das candidaturas e eleitores presentes, após o que procede à
selagem das mesmas, elaborando-se a respectiva acta.

ARTIGO 60
(Impossibilidade de abertura da assembleia de voto)

A abertura das assembleias de voto não tem lugar nos casos de:
a) impossibilidade de constituição da respectiva mesa;
b) ocorrência, no local ou nas suas proximidades, de calamidade ou perturba-
ção da ordem pública, na véspera ou no próprio dia marcado para o acto
eleitoral.

ARTIGO 61
(Irregularidades e seu suprimento)

1. Verificando-se quaisquer irregularidades que impeçam o processo de


votação, a mesa procede ao seu suprimento dentro das duas horas subsequentes
à sua verificação.
2. Tornando-se impossível suprir dentro do prazo previsto no número anterior
as irregularidades, o presidente da mesa declara encerrada a assembleia de voto
e participa o facto ao Secretariado Técnico da Administração Eleitoral para decisão
final.

157
Art. 62 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 62
(Continuidade das operações eleitorais)

A votação decorre ininterruptamente, devendo os membros da mesa da


assembleia de voto fazer-se substituir quando necessário.

ARTIGO 63
(lnterrupção das operações eleitorais)

1. As operações eleitorais são interrompidas, sob pena de nulidade da votação,


nos seguintes casos:
a) ocorrência, na área da autarquia local, de calamidade ou perturbação da
ordem pública que possa afectar a realização do acto eleitoral;
b) ocorrência, na assembleia de voto, de quaisquer perturbações ou tu-
multos.

2. As operações eleitorais só são retomadas depois de o presidente verificar


a eliminação das causas que determinaram a sua interrupção.
3. Nos casos referidos no n.º 1 e sempre que se ponha em causa a integridade
das urnas, as operações eleitorais voltam a repetir-se, considerando-se sem efeito
quaisquer actos que eventualmente tenham sido praticados.

ARTIGO 64
(Presença de não eleitores)

1. Não é permitida a presença nas assembleias de voto:


a) de cidadãos que não sejam eleitores;
b) de cidadãos que já tenham exercido o seu direito de voto.

2. É, contudo, permitida a presença dos órgãos de comunicação social nas


assembleias de voto, desde que devidamente credenciados pela Comissão
Nacional de Eleições, devendo:
a) identificar-se perante o presidente da mesa da assembleia de voto, exibindo
a credencial referida;
b) abster-se de colher imagens em lugares próximos das cabinas e urnas de
votação e de registar declarações de eleitores dentro da área de 300 metros
circundante do local de funcionamento da assembleia de voto.

3. A Comissão Nacional de Eleições autorizará a presença de observadores


designados por organizações não partidárias.

158
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 67

ARTIGO 65
(Ordem de votação)

1. Os eleitores votam pela ordem de chegada às assembleias de voto dispondo-


se em fila, para o efeito.
2. Não havendo nenhuma irregularidade, votam em primeiro lugar os membros
das mesas de assembleia de voto, bem como os delegados das candidaturas que
se encontrem inscritos nos cadernos eleitorais correspondentes à assembleia de
voto que fiscalizam.
3. Os presidentes das mesas dão prioridade aos seguintes cidadãos eleitores:
a) incumbidos do serviço de protecção e segurança das assembleias de voto;
b) doentes;
c) deficientes;
d) mulheres grávidas;
e) idosos;
f) pessoal médico e paramédico.

ARTIGO 66
(Encerramento da votação)

1. O presidente da mesa declara encerrada a votação logo que tenham votado


todos os inscritos e presentes na assembleia de voto até às 18 horas do dia
previsto para as eleições.
2. Em caso de impossibilidade de cumprimento dos prazos eleitorais, cabe à
Comissão Nacional de Eleições decidir sobre a eventual alteração do momento de
encerramento ou da prorrogação da votação, por mais um dia.

SECÇÃO III
Modo de votação

ARTIGO 67
(Modo de votação de cada eleitor em geral)

1. Ao apresentar-se perante a mesa da assembleia de voto, cada eleitor mostra


as suas mãos aos membros da mesa e entrega ao respectivo presidente o seu
cartão de eleitor.
2. Identificado o eleitor é verificada a sua inscrição, o presidente entrega-lhe
os boletins de voto.

159
Art. 68 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

3. Em seguida, o eleitor dirige-se à cabina de voto onde, sózinho, assinala com


uma cruz, ou com a aposição da impressão digital, no quadrado correspondente
ao candidato em quem vota, dobra cada boletim de voto em quatro partes.
4. Voltando para junto da mesa, o eleitor introduz os boletins de voto nas urnas
correspondentes e mergulha o dedo indicador direito em tinta indelével, enquanto
os escrutinadores registam a votação, rubricando os cadernos de recenseamento
eleitoral na coluna correspondente ao nome do eleitor.
5. Se o eleitor não expressar a sua vontade em relação a um dos órgãos a
eleger, não recebendo ou não entregando o respectivo boletim de voto, esse facto
consta da acta como abstenção
6. Se, por inadvertência, o eleitor inutilizar um boletim de voto, deve pedir outro
ao presidente da mesa, devolvendo-lhe o primeiro, que é rubricado pelo presidente
e conservado.
7. Uma vez exercido o direito de voto, o eleitor recebe o cartão e retira-se do
local da votação.

ARTIGO 68
(Voto dos deficientes)

1. Os eleitores cegos e os afectados por doença ou deficiência física notória,


que a mesa verifique não poderem praticar os actos descritos no artigo precedente,
votam acompanhados de outro eleitor, por si livremente escolhido, que deve garantir
a fidelidade de expressão do seu voto, ficando obrigado a absoluto sigilo.
2. Se a mesa decidir que não se verifica a notoriedade da doença ou deficiência
física, exige que lhe seja apresentado, no acto da votação, documento passado
pela entidade competente, em comprovação da impossibilidade da prática dos actos
descritos no artigo anterior.

ARTIGO 69
(Voto dos cidadãos que não saibam ler nem escrever)

Os cidadãos que não saibam ler nem escrever e que não possam colocar a
cruz, votam mediante a aposição de um dos dedos no quadrado correspondente
à candidatura que escolhem, depois de o terem mergulhado em tinta apropriada
para o efeito, existente na cabina de voto.

ARTIGO 70
(Voto de eleitores com cartões extraviados)

Os eleitores cujos cartões se tenham extraviado só podem votar desde que


constem dos cadernos eleitorais respectivos, devendo, para o efeito, apresentar o
bilhete de identidade.

160
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 74

SECÇÃO IV
Garantias de liberdade de voto

ARTIGO 71
(Dúvidas, reclamações e protestos)

1. Além dos delegados das candidaturas, qualquer eleitor pertencente à assem-


bleia de voto pode colocar dúvidas e apresentar, por escrito, reclamações e protes-
tos relativamente às operações eleitorais da respectiva assembleia de voto,
devendo instruí-los com os meios de prova necessários.
2. A mesa não pode recusar a recepção das reclamações e dos protestos,
devendo rubricá-los e anexá-los às actas.
3. As reclamações e os protestos têm de ser objecto de deliberação da mesa
da assembleia de voto, que pode tomá-la no final da votação se entender que isso
não afecta o andamento normal da votação.
4. Todas as deliberações da mesa da assembleia de voto, sobre esta matéria,
são tomadas por maioria de votos dos respectivos membros, tendo o presidente
voto de qualidade.
ARTIGO 72
(Manutenção da ordem e disciplina)

1. Compete ao presidente da mesa da assembleia de voto, coadjuvado pelos


restantes membros, assegurar a liberdade dos eleitores, manter a ordem e a
disciplina, tomando, para o efeito, as providências adequadas.
2. Não são admitidos na assembleia de voto os eleitores que se apresentem
manifestamente embriagados ou drogados, os que sejam portadores de qualquer
arma, os dementes e os que, por qualquer forma, perturbem a ordem pública e a
disciplina.
ARTIGO 73
(Proibição de propaganda)

1. É proibida qualquer propaganda dentro das assembleias de voto e fora delas


e na área circundante até uma distância de 300 metros.
2. O disposto no número anterior aplica-se igualmente à exibição de símbolos,
sinais, distintivos ou autocolantes dos candidatos e de partidos políticos ou
coligações de partidos.
ARTIGO 74
(Proibição da presença da força armada)

1. Nos locais onde se reunirem as assembleias de voto e num raio de trezentos


metros, é proibida a presença de força armada, com excepção do disposto nos
números seguintes.

161
Art. 75 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

2. Quando for necessário pôr termo a tumultos ou obstar a agressões ou


violência quer no local da assembleia de voto, quer na sua proximidade ou ainda
em caso de desobediência às suas ordens, o presidente da mesa da assembleia
de voto pode, ouvida esta, requisitar a presença da força de manutenção da ordem
pública, com menção, na acta, das razões da requisição e do período de presença
da força armada.
3. Sempre que o comandante da força de manutenção da ordem pública
verificar a existência de indícios de que se exerce sobre os membros da assembleia
de voto coacção física ou psicológica que impeça o respectivo presidente de fazer
a respectiva requisição, pode mandar a força intervir, devendo esta retirar-se logo
que o presidente assim o determine ou quando a sua presença já não se justifique.
4. Nos casos previstos nos n.os 2 e 3, suspendem-se imediatamente as opera-
ções eleitorais até que o presidente considere reunidas as condições para que elas
possam prosseguir, sob pena de nulidade da eleição na respectiva assembleia de
voto.

CAPÍTULO VI
Apuramento

SECÇÃO I

Apuramento parcial

ARTIGO 75
(Operação preliminar)

1. Encerrada a votação, o presidente da mesa da assembleia de voto procede


à contagem dos boletins de voto que não foram utilizados pelos eleitores e dos
boletins de voto que se inutilizaram.
2. Encerra-os, de seguida, num envelope próprio, que é fechado e lacrado.

ARTIGO 76
(Contagem dos votantes e dos boletins de voto utilizados)

1. Concluída a operação preliminar, o presidente da mesa da assembleia de


voto manda contar o número dos votantes pelas descargas efectuadas nos
cadernos de recenseamento eleitoral.
2. Seguidamente, o presidente da mesa manda abrir as urnas uma a uma, para
conferir o número de boletins de voto entrados em relação a cada órgão autárquico,
voltando a introduzi-los terminada a contagem.
3. Em caso de divergência entre o número dos votantes apurados nos termos
do n.º 1 e o número dos boletins de voto contados, prevalecerá, para efeitos de
apuramento, o segundo destes números, desde que não seja superior ao número
de eleitores inscritos.

162
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 79

ARTIGO 77
(Contagem dos votos)

1. Após a reabertura das urnas de votação, o presidente da mesa da


assembleia de voto manda proceder à contagem dos boletins de voto, separada
para cada órgão autárquico e com respeito pelas seguintes regras:
a) o presidente abre o boletim, exibe-o e anuncia em voz alta qual a candidatura
votada;
b) o secretário regista os votos atribuídos a cada candidatura numa folha de
papel branco ou, caso exista, num quadro;
c) o segundo escrutinador coloca, em separado e por lotes, os votos já
anunciados, os votos em branco e os votos nulos;
d) o primeiro escrutinador procede à contagem dos votos e o presidente da
mesa divulga o número de votos que coube a cada lista.

2. Terminada a operação a que se refere o número anterior, o presidente


procede ao confronto entre o número de votos existentes na urna e o número de
votos de cada lote.
3. Logo de seguida, é afixado, na assembleia de voto, em lugar de acesso ao
público, edital contendo os dados do apuramento parcial.

ARTIGO 78
(Votos em branco)

É voto em branco o boletim de voto que não contenha qualquer sinal ou marca.

ARTIGO 79
(Votos nulos)

1. É voto nulo o boletim de voto no qual:


a) tenha sido assinalado mais de um quadrado;
b) haja dúvidas sobre o quadrado assinalado;
c) tenha sido assinalado o quadrado correspondente a uma candidatura que
tenha desistido das eleições;
d) tenha sido feito qualquer corte, desenho, rasura ou palavra.

2. Não é considerado voto nulo o boletim de voto no qual impressão digital ou


a cruz, embora não sendo perfeitamente desenhada ou excedendo os limites do
quadrado, assinale, inequivocamente, a vontade do eleitor.

163
Art. 80 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 80
(Intervenção dos delegados das candidaturas)

1. Depois de concluídas as operações referidas, os delegados das candidaturas


podem examinar os lotes dos boletins de voto separados, sem alterar a sua
composição.
2. Se entenderem dever suscitar dúvidas ou deduzir reclamações quanto à
contagem ou quanto à qualificação dada a qualquer voto, devem as mesmas ser
apresentadas ao presidente da mesa da assembleia de voto.
3. Caso as reclamações apresentadas não sejam atendidas pela mesa da
assembleia de voto, os boletins de voto e o objecto da reclamação em causa são
separados, anotados no verso com a qualificação dada pela mesa, rubricados pelo
presidente da mesa e pelo delegado de candidatura.

ARTIGO 81
(Destino dos votos objecto de reclamação ou protesto)

Os votos sobre os quais haja reclamações ou protestos são remetidos ao


Secretariado Técnico da Administração Eleitoral num prazo de dois dias, a contar
da hora do encerramento da votação, e acompanham as respectivas reclamações
ou protestos até decisão final.

ARTIGO 82
(Destino dos restantes votos)

1. Os restantes votos são metidos em pacotes devidamente lacrados e confia-


dos à guarda do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral.
2. Esgotados os prazos para a interposição de reclamação e de recurso ou
decididos estes definitivamente, o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral
promove a respectiva destruição.

ARTIGO 83
(Acta das operações eleitorais)

1. Compete ao secretário da mesa da assembleia de voto elaborar a acta das


operações de votação e apuramento.
2. Da acta constam obrigatoriamente:
a) o número de inscrição no recenseamento eleitoral e o nome dos membros
da mesa da assembleia de voto e dos delegados de candidatura;
b) o local de funcionamento da assembleia de voto;
c) a hora de abertura e de encerramento da assembleia de voto;
d) as deliberações tomadas pela mesa durante as operações eleitorais;

164
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 86

e) o número total dos eleitores inscritos, dos que votaram e dos que não
votaram;
f) o número de votos obtidos por cada candidatura;
g) o número de votos brancos e de votos nulos;
h) o número de boletins de voto sobre os quais haja incidido reclamação ou
protesto;
i) as divergências de contagem, se as houver, com a indicação precisa das
diferenças notadas;
j) o número de reclamações e protestos apensos à acta;
I) quaisquer outras ocorrências que a mesa julgar dignas de menção.

ARTIGO 84
(Envio de material eleitoral à assembleia de apuramento geral)

1. No dia seguinte ao apuramento parcial, os presidentes das mesas das


assembleias de voto entregam pessoalmente ou remetem pela via mais segura,
contra recibo, as urnas, as actas, os cadernos e demais documentos respeitantes
à eleição, ao Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, através das autori-
dades da administração local.
2. Os delegados das candidaturas podem acompanhar o transporte dos mate-
riais referidos no n.º 1 do presente artigo.

SECÇÃO II
Apuramento geral

ARTIGO 85
(Competência)

O apuramento geral da eleição na área de cada autarquia local e a proclamação


dos candidatos eleitos competem à Comissão Nacional de Eleições.

ARTIGO 86
(Elementos de apuramento geral)

1. O apuramento geral é realizado com base nas actas das operações das
assembleias de voto, nos cadernos eleitorais e demais documentos que os acom-
panhem.
2. Se faltarem os elementos de alguma ou algumas das assembleia de voto,
inicia-se logo o apuramento com base nos elementos das assembleia que os
tiverem enviado, devendo o presidente, nessa circunstância, convocar nova reunião,
dentro dos dois dias seguintes, para conclusão dos trabalhos.

165
Art. 87 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 87
(Operações preliminares)

1. No início dos trabalhos de apuramento geral, a Comissão Nacional de


Eleições deve analisar os boletins de voto com votos nulos e adoptar um critério
uniforme.
2. A Comissão Nacional de Eleições deve decidir se se deve ou não contar os
boletins de voto sobre os quais tenham recaído reclamação ou protesto.
3. Em resultado das operações dos números anteriores, os resultados da
assembleia de voto respectiva devem, se for caso disso, ser corrigidos.

ARTIGO 88
(Operações de apuramento geral)

O apuramento geral consiste:


a) na verificação do número total de eleitores inscritos, votantes e de absten-
ções, na área da respectiva local;
b) na verificação do número total de votos obtidos por cada lista, do número
de votos em branco e do número de votos nulos;
c) na distribuição dos mandatos pelas diversas listas;
d) na determinação dos candidatos eleitos por cada lista.

ARTIGO 89
(Acta do apuramento geral)

1. Do apuramento geral é imediatamente lavrada acta, da qual constam os


resultados das respectivas operações, as reclamações, protestos e contraprotestos
apresentados e as decisões que sobre eles tenham sido tomadas.
2. Nos dois dias posteriores ao da conclusão do apuramento geral, o Secreta-
riado Técnico da Administração Eleitoral envia dois exemplares da acta à Comissão
Nacional de Eleições.
ARTIGO 90
(Mapa dos resultados gerais das eleições)

A Comissão Nacional de Eleições, depois de recebidas as actas dos apuramen-


tos gerais, elabora o mapa final dos resultados das eleições, remetendo-o, em acta,
ao Conselho Constitucional, no prazo de cinco dias.

ARTIGO 91
(Fotocópia da acta do apuramento geral)

Aos candidatos e aos mandatários de cada lista proposta à eleição, é passada


pela Comissão Nacional de Eleições, uma fotocópia da acta de apuramento geral.
Esta fotocópia pode também ser passada a qualquer partido político ainda, que não
tenha apresentado candidatos, se o requerer.

166
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 94

ARTIGO 92
(Proclamação, validação e divulgação dos resultados)

1. Os resultados do apuramento geral são proclamados e validados pelo Conse-


lho Constitucional, de seguida afixados por meio de edital à porta do edifício da
sua sede, da Comissão Nacional de Eleições, do Secretariado Técnico da Adminis-
tração Eleitoral e nos lugares de estilo.
2. A divulgação dos resultados do apuramento geral deve ter lugar até quinze
dias após o acto eleitoral.

ARTIGO 93
(PUBLICAÇÃO DOS RESULTADOS GERAIS DAS ELEIÇÕES)

Após a proclamação e validação dos resultados gerais das eleições, o Conselho


Constitucional manda publicar, na 1.ª série do Boletim da República, no prazo de
cinco dias, dando a conhecer os seguintes dados:
a) número dos eleitores inscritos, por autarquia local;
b) número de votantes e abstenções, por autarquia local;
c) número de votos em branco e votos nulos, por autarquia local;
d) número, com a respectiva percentagem, de votos atribuídos a cada candi-
datura relativamente aos dois órgãos autárquicos;
c) número de mandatos atribuídos a cada candidatura relativamente aos dois
órgãos autárquicos;
f) nomes dos eleitos bem como dos suplentes das diversas listas relativamente
aos dois órgãos autárquicos.

TÍTULO III
Eleição do Presidente do Conselho Municipal ou de Povoação

CAPÍTULO I
Organização eleitoral

ARTIGO 94
(Mandato)

O presidente do conselho municipal ou de povoação é eleito para um mandato


de cinco anos.

167
Art. 95 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 95
(Princípio electivo)

O presidente do conselho municipal ou de povoação é eleito através de sufrágio


universal, directo, igual, secreto e pessoal.

ARTIGO 96
(Lista uninominal)

O presidente do conselho municipal ou de povoação apresenta-se ao eleitorado


em lista uninominal.

CAPÍTULO II
Candidaturas

ARTIGO 97
(Poder de apresentação de candidaturas)

1. As candidaturas ao cargo de presidente do conselho municipal ou de


povoação podem ser apresentadas:
a) pelos órgãos dos partidos políticos ou coligações de partidos políticos
estatutariamente competentes, apoiados por 1% de assinaturas relativamente
ao universo de cidadãos eleitores recenseados na respectiva autarquia;
b) por grupos de cidadãos eleitores, inscritos na área da respectiva autarquia
local, com um mínimo de 1% de assinaturas relativamente ao universo de
cidadãos eleitores recenseados.

2. Nenhum partido político, coligação de partidos ou grupo de cidadãos eleitores


proponentes pode apresentar mais de uma lista à eleição de cada órgão da autar-
quia local.
3. As assinaturas serão apresentadas em papel próprio conforme modelo
previamente depositado no Secretariado Técnico da Administração Eleitoral res-
pectivo.

ARTIGO 98
(Desistência dos candidatos)

1. Qualquer candidato pode desistir da candidatura, até dez dias antes da data
do acto eleitoral, mediante declaração escrita, com a assinatura notarialmente
reconhecida, entregue à Comissão Nacional de Eleições.
2. Verificada a regularidade da declaração de desistência, a Comissão Nacional
de Eleições manda imediatamente afixar cópia à porta da sua sede, fazendo-o
publicitar pelos meios da comunicação social disponíveis

168
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 101

ARTIGO 99
(Morte ou incapacidade dos candidatos)

1. Em caso de morte de qualquer candidato ou da ocorrência de qual-


quer circunstância que determine a incapacidade do candidato para continuar a
concorrer à eleição autárquica o facto deve ser comunicado ao Secretariado
Técnico da Administração Eleitoral, no prazo de um dia, com a indicação da
intenção de substituição ou não do candidato sem prejuízo do normal andamento
da campanha eleitoral, devendo aquele órgão eleitoral fazer a sua adequada
publicitação.
2. Sempre que haja a intenção de substituir o candidato, o Secretariado Técnico
da Administração Eleitoral concede um prazo de três dias para a apresentação de
uma candidatura e comunica o facto à Comissão Nacional de Eleições e esta ao
Conselho de Ministros para os efeitos do previsto no n.º 4 do presente artigo.
3. A Comissão Nacional de Eleições tem dois dias para apreciar e decidir da
aceitação da candidatura de substituição.
4. O Conselho de Ministros, sob proposta da Comissão Nacional de Eleições,
marca uma nova data para a eleição autárquica não excedendo o período de vinte
dias, contado da data inicialmente prevista para a votação.
5. Não havendo intenção de substituir a candidatura, as eleições têm lugar na
data anteriormente fixada.

CAPÍTULO III

Regime da eleição

ARTIGO 100
(Eleição à primeira volta)

É logo eleito o candidato que obtiver mais de metade dos votos validamente
expressos, não se contando os votos em branco, os nulos e as abstenções.

ARTIGO 101
(Necessidade de uma segunda volta)

1. Se nenhum dos candidatos obtiver essa maioria, procede-se a um segundo


escrutínio, ao qual concorrerão apenas os dois candidatos mais votados na primeira
volta.
2. No segundo escrutínio, considera-se eleito o candidato que obtiver o maior
número de votos validamente expressos.

169
Art. 102 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 102
(Empate)

Em caso de empate entre candidatos que devam passar à segunda volta e entre
candidatos que disputam essa segunda volta, o Conselho de Ministros marca nova
votação, à qual concorrerão apenas os candidatos empatados.

CAPÍTULO lV

Segunda volta

ARTIGO 103
(Marcação)

A data da segunda volta é marcada pelo Conselho de Ministros.

ARTIGO 104
(Data)

A segunda volta tem lugar até trinta dias após a publicação dos resultados
eleitorais.

ARTIGO 105
(Morte ou incapacidade de um dos candidatos)

1. Em caso de morte ou de incapacidade de um dos dois candidatos mais


votados, a Comissão Nacional de Eleições convoca, sucessivamente e pela ordem
de votação, os restantes candidatos, até cinco dias depois da publicação do apura-
mento do primeiro escrutínio, para que declarem expressamente a sua vontade de
concorrer ou não à eleição referente ao segundo sufrágio.
2. Encontrados os dois candidatos que concorram ao segundo sufrágio, nos
termos estabelecidos pelo número antecedente, a Comissão Nacional de Eleições
manda afixar, imediatamente, edital à porta da sua sede e comunica o facto ao
Secretariado Técnico da Administração Eleitoral e ao Conselho de Ministros, asse-
gurando a sua publicação na 1.ª série do Boletim da República, até dez dias depois
da publicação do apuramento da primeira votação.
3. Não se verificando o previsto nos números anteriores do presente artigo, o
segundo sufrágio não terá lugar, sendo eleito o único candidato existente.

ARTIGO 106
(Campanha eleitoral)

A campanha eleitoral da segunda volta tem a duração de dez dias e termina


um dia antes do dia das eleições.

170
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 111

ARTIGO 107
(Votação e apuramento)

Ao segundo escrutínio aplicam-se, com as devidas adaptações, as disposições


que regulam a votação e o apuramento.

TÍTULO IV

Eleição dos membros da assembleia municipal ou de povoação

CAPÍTULO I

Organização eleitoral

ARTIGO 108
(Mandato)

O mandato dos membros das assembleias municipais e de povoação é de cinco


anos.

ARTIGO 109
(Número de membros a eleger)

O número de membros a eleger por cada autarquia local é divulgado pela


Comissão Nacional de Eleições, mediante edital e nos órgãos de comunicação
social, com a antecedência mínima de trinta dias da data do acto eleitoral.

CAPÍTULO II

Candidaturas

ARTIGO 110
(Poder de apresentação de candidaturas)

Podem apresentar candidaturas à eleição da assembleia municipal os partidos


políticos, as coligações de partidos e grupos de cidadãos eleitores, inscritos na área
da respectiva autarquia local, em número não inferior a 1% do universo dos
cidadãos eleitores inscritos.

ARTIGO 111
(Coligações de partidos políticos para fins eleitorais)

1. É permitido a dois ou mais partidos políticos apresentarem conjuntamente


uma lista única à eleição da assembleia municipal ou de povoação, desde que tal

171
Art. 112 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

coligação, depois de autorizada pelos órgãos competentes dos partidos, seja anun-
ciada publicamente até ao início do período de apresentação de candidaturas.
2. As coligações de partidos políticos para fins eleitorais constituem-se nos
termos previstos na Lei n.º 7/91, de 23 de Janeiro.
3. Os partidos políticos que realizem convénios de coligação para fins eleitorais
devem comunicar o facto, mediante a apresentação da prova bastante à Comissão
Nacional de Eleições até à apresentação efectiva das candidaturas, em documento
assinado conjuntamente pelos órgãos competentes dos respectivos partidos
políticos.
4. A comunicação prevista no número anterior deve conter:
a) a definição do âmbito da coligação;
b) a indicação da denominação, sigla e símbolos da coligação;
c) a designação dos titulares dos órgãos de direcção ou de coordenação da
coligação;
d) o documento comprovativo da aprovação do convénio da coligação.

ARTIGO 112
(Substituição de candidatos)

1. Pode haver lugar à substituição de candidatos, até vinte dias antes do acto
eleitoral, apenas nos seguintes casos:
a) posterior rejeição de candidato por inelegibilidade superveniente;
b) morte ou doença de que resulte incapacidade física ou psíquica do
candidato;
c) desistência do candidato.

2. É necessária a publicitação da nova lista de candidatura alterada.

ARTIGO 113
(Desistência de lista e de candidatos)

1. É permitida a desistência de candidatura até cinco dias antes da data do


acto eleitoral.
2. A declaração de desistência, a apresentar à Comissão Nacional de Eleições,
é subscrita pelo respectivo mandatário.
3. É também lícita a desistência de qualquer candidato através de declaração,
por ele assinada e notarialmente reconhecida, entregue à Comissão Nacional de
Eleições, dentro daquele mesmo prazo.

172
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 118

CAPÍTULO III

Organização das listas

ARTIGO 114
(Listas plurinominais fechadas)

1. Os membros da assembleia municipal são eleitos em listas plurinominais.


2. Não é permitida a transferência de candidatos entre listas ou a alteração da
respectiva posição relativa.

ARTIGO 115
(Candidatos efectivos e suplentes)

1. As listas propostas à eleição dos membros à assembleia municipal ou de


povoação devem conter a indicação de candidatos efectivos em número igual ao
número dos mandatos a preencher.
2. As listas propostas à eleição da assembleia municipal ou de povoação
devem conter, pelo menos, metade de candidatos suplentes.

ARTIGO 116
(Ordenação nas listas)

Os candidatos de cada lista consideram-se ordenados segundo a sequência


constante da respectiva declaração de candidatura.

ARTIGO 117
(Distribuição de mandatos dentro das listas)

Os mandatos dentro das listas são atribuídos segundo a ordem de precedência


delas constante.

ARTIGO 118
(Incompatibilidade e morte ou impedimento)

1. A existência de incompatibilidade entre a função desempenhada pelo


candidato e o exercício do cargo de membro da assembleia municipal ou de
povoação não impede a atribuição do mandato.
2. Em caso de morte ou doença que determine a impossibilidade física ou men-
tal do candidato, o mandato é atribuído ao candidato imediatamente a seguir, de
acordo com a ordem de precedência mencionada.
3. Não há lugar ao preenchimento de vaga ocorrida na assembleia municipal
ou de povoação no caso de já não existirem candidatos efectivos ou suplentes da
lista a que pertencia o titular do mandato vago.

173
Art. 119 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

CAPÍTULO IV
Regime da eleição

ARTIGO 119
(Princípio electivo)
Os membros da assembleia municipal ou de povoação são eleitos com base
no sufrágio universal, directo, igual, secreto e pessoal.

ARTIGO 120
(Voto singular de lista)
Cada cidadão eleitor dispõe de um voto singular de lista.

ARTIGO 121
(Conversão dos votos em mandatos)
A conversão dos votos em mandatos faz-se através do método da represen-
tação proporcional, segundo a variante de Hondt, obedecendo às seguintes regras:
a) apura-se em separado o número de votos recebidos por cada candidatura
no colégio eleitoral respectivo;
b) o número de votos apurado por cada candidatura é dividido sucessivamente
por 1, 2, 3, 4, 5, etc., sendo seguidamente alinhados os quocientes pela
ordem decrescente da sua grandeza, numa série de tantos termos quantos
os mandatos atribuídos ao colégio eleitoral respectivo;
c) os mandatos pertencem às candidaturas a que correspondem os termos da
série estabelecida pela regra anterior, recebendo cada uma das candidaturas
tantos mandatos quantos são os seus termos na série;
d) no caso de restar um só mandato para distribuir e de os termos seguintes
das séries serem iguais e de candidaturas diferentes, o mandato cabe à
candidatura que tiver obtido menor número de votos.

TÍTULO V
Contencioso e ilícito
CAPÍTULO I
Contencioso eleitoral
ARTIGO 122
(Reclamação para a Comissão Nacional de Eleições do processo eleitoral)
1. As irregularidades ocorridas no decurso da votação e no apuramento parcial
e geral podem ser apreciadas em reclamação apresentada à Comissão Nacional
de Eleições, desde que hajam sido objecto de reclamação ou protesto apresentados
no acto em que se verificaram, quando delas se teve conhecimento.

174
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 125

2. Da decisão sobre a reclamação ou protesto podem recorrer, além do


apresentante da reclamação, protestos ou contraprotestos, os candidatos, os seus
mandatários e os seus partidos políticos que, na circunscrição distrital, concorrem
à eleição.
3. A reclamação é apresentada no prazo de dois dias, a contar da afixação do
edital que publicita os resultados eleitorais.
4. A Comissão Nacional de Eleições, delibera sobre a reclamação, no prazo
de três dias.
ARTIGO 123
(Recurso ao Conselho Constitucional)

1. Das deliberações tomadas pela Comissão Nacional de Eleições sobre recla-


mações apresentadas cabe a interpor junto do Conselho Constitucional.
2. O recurso é interposto no prazo de três dias a contar da comunicação da
deliberação da Comissão Nacional de Eleições sobre a reclamação apresentada.
3. No prazo de cinco dias, o Conselho Constitucional julga definitivamente o
recurso, comunicando imediatamente a decisão a todos os interessados, incluindo
os órgãos eleitorais.
ARTIGO 124
(Nulidade das eleições)

1. A votação em qualquer assembleia de voto e a votação em toda a área da


autarquia local só são julgadas nulas desde que se hajam verificado ilegalidades
que possam influir no resultado geral da eleição referente a cada órgão autárquico.
2. Declarada nula a eleição de uma ou mais assembleias de voto, os actos
eleitorais correspondentes são repetidos até vinte dias depois, em data a fixar pelo
Conselho de Ministros, sob proposta da Comissão Nacional de Eleições.

CAPÍTULO II
Ilícito eleitoral

SECÇÃO I
Disposições gerais

ARTIGO 125
(Concorrência com crimes mais graves e responsabilidade disciplinar)

1. As sanções cominadas nesta Lei não excluem a aplicação de outras mais


graves pela prática de qualquer crime previsto na lei penal geral.
2. As infracções previstas nesta Lei constituem também faltas disciplinares
quando cometidas por agentes sujeitos a essa responsabilidade.

175
Art. 126 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 126
(Circunstâncias agravantes especiais)

Para além das previstas na Iei penal geral, constituem circunstâncias agravantes
especiais do ilícito eleitoral penal:
a) o facto de a infracção influir no resultado da votação;
b) o facto de os seus agentes fazerem parte dos órgãos eleitorais;
c) o facto de o agente ser candidato, delegado de candidatura ou mandatário
de lista.

ARTIGO 127
(Punição da tentativa de crime e do crime frustrado)

A tentativa de crime e o crime frustrado são punidos da mesma forma que o


crime consumado.

ARTIGO 128
(Não suspensão ou substituição das penas)

As penas aplicadas por infracções eleitorais dolosas não podem ser suspensas
nem substituídas por qualquer outra.

ARTIGO 129
(Suspensão de direitos políticos)

A condenação em pena de prisão por infracção eleitoral dolosa prevista na


presente Lei é obrigatoriamente acompanhada de condenação em suspensão dos
direitos políticos de um a cinco anos.

ARTIGO 130
(Prescrição)

O procedimento criminal por infracção relativa às operações eleitorais prescreve


no prazo de um ano a contar da data da eleição.

ARTIGO 131
(Actualização do valor das multas)

O valor das multas devidas por infracções previstas na presente Lei é actuali-
zado pelo Conselho de Ministros.

176
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 136

SECÇÃO II
Infracções relativas à apresentação de candidaturas

ARTIGO 132
(Candidatura de cidadão inelegível)

Aquele que, não tendo capacidade eleitoral passiva, dolosamente aceitar a sua
candidatura é punido com a pena de prisão de 6 meses a 2 anos e multa de
200 000,00 MT a 500 000,00 MT.

ARTIGO 133
(Candidatura plúrima)

Aquele que, intencionalmente subscrever mais do que uma lista de candidatos


à assembleia municipal ou de povoação a presidente do conselho municipal ou de
povoação é punido com a pena de multa de 400 000,00 MT a 1 500 000,00 MT.

SECÇÃO III

Infracções relativas à campanha eleitoral

ARTIGO 134
(Violação do dever de neutralidade e imparcialidade)

Todo aquele que violar o dever de neutralidade e imparcialidade perante as


candidaturas é punido com a pena de prisão até um ano e multa de 250 000,00
MT a 500 000,00 MT

ARTIGO 135
(Utilização indevida de denominação, sigla ou símbolo)

Aquele que, durante a campanha eleitoral, utilizar a denominação, a sigla


ou símbolo de um partido ou coligação de partidos com intuito de os prejudicar ou
injuriar é punido com a pena de prisão até um ano e multa de 80 000,00 MT a
160 000,00 MT

ARTIGO 136
(Violação da liberdade de reunião eleitoral)

Aquele que impedir a realização ou o prosseguimento de reunião, comício,


cortejo ou desfile de propaganda eleitoral é punido com a pena de prisão de 6
meses a um ano e multa de 200 000,00 MT a 400 000,00 MT.

177
Art. 137 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 137
(Reuniões, comícios, desfiles ou cortejos ilegais)

Aquele que, durante a campanha eleitoral, promover reuniões, comícios, desfiles


ou cortejos, sem o cumprimento do disposto na Lei n.º 9/91, de 18 de Julho, e no
artigo 31 da presente Lei, é punido com a pena de prisão de 6 meses a um ano e
multa de 1 000 000,00 MT a 2 000 000,00 MT.

ARTIGO 138
(Desvio de material de propaganda eleitoral)

Aquele que desviar, retiver ou não entregar ao destinatário circulares, cartazes


ou papéis de propaganda eleitoral de qualquer lista é punido com a pena de prisão
até um ano e multa de 80 000,00 MT a 160 000,00 MT.

ARTIGO 139
(Propaganda depois de encerrada a campanha eleitoral)

1. Aquele que, no dia das eleições ou no dia anterior, fizer propaganda eleitoral
por qualquer meio é punido com a pena de prisão até 6 meses e multa de
80 000,00 MT a 160 000,00 MT.
2. Aquele que, no dia das eleições, fizer propaganda nas assembleias de voto
ou nas suas imediações até 300 metros é punido com a pena de prisão até um
ano e multa de 80 000,00 MT a 200 000,00 MT.

ARTIGO 140
(Revelação ou divulgação de resultados de sondagens)

Aquele que fizer a divulgação dos resultados de sondagens ou de inquéritos


relativos à opinião dos eleitores quanto aos concorrentes às eleições dos órgãos
das autarquias locais, no período de dois dias, antes da votação e no dia subse-
quente ao acto eleitoral, é punido com prisão até um ano e multa de 400 000,00
MT a 1 500 000.00 MT.

SECÇÃO IV
Infracções relativas ao acto eleitoral

ARTIGO 141
(Violação da capacidade eleitoral activa)

1. Aquele que, não possuindo capacidade eleitoral activa, se apresentar a votar


é punido com a pena de multa de 100 000,00 MT a 200 000,00 MT.
2. A pena de prisão até um ano e multa de 200 000,00 MT a 300 000,00 MT é
imposta ao cidadão que, não possuindo capacidade eleitoral activa, consiga exercer
o direito de voto.

178
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 146

3. Se, para exercer aquele direito, utilizar fraudulentamente identidade de outro


cidadão regularmente recenseado, a pena de prisão prevista no número anterior
pode ir até um ano e seis meses e a multa é de 500 000,00 MT a 800 000,00 MT.

ARTIGO 142
(Admissão ou exclusão abusiva do voto)

Aquele que concorrer para que seja admitido a votar quem não tem esse direito
ou para a exclusão de quem o tiver e, bem assim, quem atestar falsamente uma
impossibilidade de exercício do direito de voto é punido com a pena de prisão e
multa de 500 000,00 MT a 800 000,00 MT.

ARTIGO 143
(Impedimento de sufrágio)

O agente de autoridade que dolosamente, no dia das eleições, sob qualquer


pretexto, impedir qualquer eleitor de exercer o seu direito de voto é punido com a
pena de prisão e multa de 200 000,00 MT a 400 000,00 MT.

ARTIGO 144
(Voto plúrimo)

Aquele que votar ou permitir dolosamente que se vote mais de uma vez é
punido com a pena de prisão de 6 meses a 2 anos e multa de 200 000,00 MT a
300 000,00 MT.

ARTIGO 145
(Mandatário infiel)

Aquele que acompanhar um cego ou um deficiente a votar e dolosamente


exprimir infielmente a sua vontade é punido com a pena de prisão de 6 meses a
dois anos e multa de 200 000,00 MT a 300 000,00 MT.

ARTIGO 146
(Violação do segredo de voto)

1. Aquele que, na assembleia de voto ou nas suas imediações até mil metros,
usar de coacção ou artifício de qualquer natureza ou se servir do seu ascendente
sobre o eleitor para obter a revelação do voto é punido com a pena de prisão até
6 meses.
2. Aquele que, na assembleia de voto ou nas suas imediações até mil metros,
revelar em que lista vai votar ou votou é punido com a multa de 50 000,00 MT a
150 000,00 MT.

179
Art. 147 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 147
(Coacção e artifício fraudulento sobre o eleitor)

1. Aquele que, por meio de violência ou ameaça de violência sobre qualquer


eleitor, usar de artifícios fraudulentos para constranger ou induzir a votar em
determinado candidato, ou a abster-se de votar, é punido com a pena de prisão
de 6 meses a 2 anos e multa de 200 000,00 MT a 500 000,00 MT.
2. A mesma pena é aplicada àquele que, com a conduta prevista no número
anterior, visar obter a desistência de algum candidato.
3. A pena prevista nos números anteriores é agravada, nos termos da lei pe-
nal geral em vigor, se a ameaça for praticada com o uso de arma ou a violência
for exercida por duas ou mais pessoas.
4. Se a mesma infracção for cometida por cidadão investido de poder público,
funcionário ou agente do Estado, agente de outra pessoa colectiva pública, ministro
de qualquer culto ou seita é punida com a pena de prisão de 6 meses a 2 anos e
multa de 300 000,00 MT a 1 000 000,00 MT.

ARTIGO 148
(Despedimento ou ameaça de despedimento)

Aquele que despedir ou ameaçar despedir algum cidadão do seu emprego,


impedir ou ameaçar impedir alguém de obter emprego, aplicar qualquer outra
sanção para o forçar a votar ou a não votar, porque votou ou não votou em certa
candidatura ou porque se absteve de votar ou de participar na campanha eleitoral,
é punido com a pena de prisão de 6 meses a 2 anos e multa de 600 000,00 MT a
1 500 000,00 MT.

ARTIGO 149
(Corrupção eleitoral)

Aquele que, para persuadir alguém a votar ou a deixar de votar em determinada


lista, oferecer, prometer ou conceder emprego público ou privado, outra coisa ou
vantagem a um ou mais eleitores ou, por acordo com estes, a uma terceira pessoa,
mesmo quando a coisa ou vantagem utilizadas, prometidas ou conseguidas, forem
dissimuladas a título de indemnização pecuniária dada ao eleitor para despesas
de viagem, de estada ou de pagamento de alimentos, bebidas ou a pretexto de
despesas com a campanha eleitoral, é punido com a pena de prisão e multa de
200 000,00 MT a 400 000,00 MT.

ARTIGO 150
(Não exibição da urna)

1. O presidente da assembleia de voto que dolosamente não exibir a urna


perante os eleitores no acto da abertura da votação é punido com a pena de prisão
até seis meses e multa de 50 000,00 MT a 150 000,00 MT.

180
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio Art. 155

2. Quando se verificar que na urna não exibida se encontravam boletins de


voto, a pena de prisão será até 2 anos e multa de 100 000,00 MT e 300 000,00
MT, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo seguinte.

ARTIGO 151
(Introdução de boletins de voto na urna e desvio desta ou de boletins de voto)

Aquele que, fraudulentamente, depositar boletins de voto na urna antes ou


depois do início da votação, se apoderar da urna com boletins de voto nela
recolhidos mas ainda não apurados ou se apoderar de um boletim de voto em
qualquer momento, desde a abertura da assembleia de voto até ao apuramento
geral da eleição, é punido com a pena de prisão de seis meses a dois anos de
multa de 300 000,00 MT a 1 000 000,00 MT.

ARTIGO 152
(Fraudes nos boletins de voto)

O membro da mesa da assembleia de voto que dolosamente aponha ou permita


que se aponha indicação de confirmação em eleitor que não votou, que troque na
leitura dos boletins de voto a lista votada, que diminua ou adicione votos a uma
lista no apuramento de votos ou que, por qualquer forma, falseie o resultado da
eleição é punido com a pena de prisão de um a dois anos e multa de 200 000,00
MT a 500 000,00 MT.

ARTIGO 153
(Oposição ao exercício dos direitos dos delegados das candidaturas)

1. Aquele que impeça a entrada ou saída de delegados das candidaturas nas


assembleias de voto ou que, por qualquer forma, se oponha a que eles exerçam os
poderes que lhes são reconhecidos pela presente Lei é punido com prisão até seis.
2. Tratando-se de presidente da mesa, a pena de prisão não será, em qualquer
caso, inferior a um ano.

ARTIGO 154
(Recusa de receber reclamação, protestos e contra-protestos)

O presidente da mesa da assembleia de voto que injustificadamente se recusar


a receber reclamações, protestos ou contra-protestos é punido com a pena de
prisão até seis meses e multa de 300 000,00 MT a 700 000,00 MT.

ARTIGO 155
(Perturbação das assembleias de voto)

1. Aquele que perturbar o normal funcionamento das assembleias de voto com


insultos, ameaças ou actos de violênca, originando tumulto, é punido com a pena
de prisão até seis meses e multa de 200 000,00 MT a 400 000, 00 MT.

181
Art. 156 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

2. Aquele que, durante as operações eleitorais, se introduza nas assembleias


de voto sem ter direito a fazê-lo e se recusar a sair, depois de intimidado pelo
respectivo presidente, é punido com a pena de prisão até seis meses e multa de
500 000,00 MT a 1 000 000,00 MT.
3. Aquele que se introduza armado nas assembleias de voto fica sujeito a
imediata apreensão da arma e é punido com pena de prisão até dois anos e multa
de 50 000,00 MT a 120 000,00 MT.

ARTIGO 156
(Obstrução dos candidatos, mandatários e representantes das candidaturas)

O candidato, mandatário, representante ou delegado de candidatura que pertur-


bar o funcionamento regular das operações eleitorais é punido com pena de prisão
até um ano e multa de 50 000,00 MT a 150 000,00 MT.

ARTIGO 157
(Não cumprimento do dever de participação no processo eleitoral)

Todo aquele que for designado para fazer parte da mesa de assembleia de voto
e, sem motivo justificativo, não realizar ou abandonar essas funções é punido com
multa de 200 000,00 MT a 500 000,00 MT.

ARTIGO 158
(Falsificação dos documentos relativos à eleição)

Aquele que, de alguma forma com dolo, vicie, substitua, suprima, destrua ou
altere os cadernos eleitorais, os boletins de voto, as actas das assembleias de voto
ou quaisquer outros documentos respeitantes à eleição é punido com a pena de
dois a oito anos de prisão maior e multa de 500 000,00 MT a 1 500 000,00 MT.

ARTIGO 159
(Reclamação e recurso de má fé)

Todo aquele que, com má fé, apresentar reclamações, recursos, protestos ou


contra-protestos, ou que impugne as decisões dos órgãos através de recursos
infundados é punido com a pena de multa de 500 000,00 MT a 700 000,00 MT.

ARTIGO 160
(Não comparência da força policial)

Se, para garantir o regular decurso da operação de votação for competente-


mente requisitada uma força policial e esta não comparecer e não for apresentada
justificação idónea no prazo de 24 horas, o comandante da mesma é punido com
a pena de prisão até seis meses e multa de 150 000,00 MT a 300 000,00 MT.

182
Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

TÍTULO Vl

Disposições finais e transitórias

ARTIGO 161
(Observação das eleições)

Os actos referentes ao sufrágio eleitoral podem ser objecto de observação por


entidades nacionais nos termos a regulamentar pela Comissão Nacional de
Eleições.

ARTIGO 162
(Isenções na emissão de certidões)

São isentos de quaisquer impostos, taxas, emolumentos e outros encargos os


documentos destinados ao cumprimento do preceituado nesta Lei.

ARTIGO 163
(Conservação de documentação eleitoral)

1. A documentação relativa a apresentação de candidaturas é conservada pelo


Secretariado Técnico da Administração Eleitoral durante o período de cinco anos
a contar da investidura dos órgãos eleitos, após o que um exemplar da referida
documentação é transferido para o Arquivo Histórico de Moçambique.
2. Toda a outra documentação dos processos eleitorais será conservada pelo
Secretariado Técnico da Administração Eleitoral nos termos da lei.

ARTIGO 164
(Investidura dos órgãos eleitos)

A investidura dos órgãos eleitos tem lugar:


a) até vinte dias depois da proclamação dos resultados gerais das eleições,
para o presidente do conselho municipal ou de povoação;
b) até quinze dias depois da proclamação dos resultados gerais da eleições,
para a assembleia municipal ou de povoação.

ARTIGO 165
(Data das primeiras eleições autárquicas)

1. As primeiras eleições autárquicas serão realizadas em 1997, em data a


definir por decreto do Conselho de Ministros.
2. A marcação da data será publicada até 180 dias antes das eleições.

183
Art. 166 Lei n.º 6/97, de 28 de Maio

ARTIGO 166
(Revogação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente Lei.

ARTIGO 167
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra imediatamente em vigor.

Aprovada pela Assembleia da República em 30 de Abril de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim Mulémbwè.
Promulgada em 28 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

184
Índice alfabético e remissivo

ÍNDICE ALFABÉTICO E REMISSIVO

A conteúdo 164
envio de material eleitoral à
Abate de bens 63 assembleia de apuram 165
contagem
Actas 41 afixação do edital contendo os dados
Acto eleitoral do apuramento 163
ver também infracções relativas ao acto boletins de voto que não foram
eleitoral 178 utilizados 162
Actualização do recenseamento boletins de voto que se inutilizaram
eleitoral 116 162
boletins de voto utilizados 162
Administração Central do Estado 10 conferência do número de boletins
Alienação de bens de voto 162
hasta pública 63 divergência entre o número dos
Apreciação das candidaturas votantes e o número 162
irregularidades formais 145 dos votos 163
notificação 145 formalidades 163
listas definitivas votantes 162
afixação de cópias 146 votos em branco 163
divulgação 146 votos nulos 163
listas 146 delegados das candidaturas
recurso 146 exame dos lotes dos boletins de voto
rejeição 145 164
definitiva 146 operação preliminar 162
notificação 145 Aquisição de bens
substituição do candidato 145 concurso público 63
sorteio das listas 146
Articulação e cooperação 10
verificação 145
Assembleia da Povoação
Apuramento 162
alteração da composição
Apuramento geral morte, renúncia, suspensão ou perda
acta 166 de mandato 28
competência 165 competência 29
elementos 165 competências - gestão ambiental 31
fotocópia da acta 166 composição 26
operações preliminares 166 constituição 26
proclamação, validação e divulgação instalação 26
dos resultados 167 mandato 26
Apuramento parcial mesa 27
acta das operações eleitorais presidente
competência 164 competências 32

185
Índice alfabético e remissivo

regimento 43 composição 13
secretário eleição 13
competências 32 substituição 14
sessões - duração 29 morte, renúncia, suspensão ou perda
sessões - publicidade 29 de mandato 14
sessões extraordinárias 28 natureza 12
sessões ordinárias 28 publicidade das sessões 15
regimento 43
Assembleia de voto
sessões
abertura
extraordinárias 15
formalidades 157
ordinárias 14
selagem das urnas 157
sessões extraordinárias 15
continuidade das operações
sessões ordinárias 14
eleitorais 158
encerramento da votação 159
Assembleia Municipal ou de Povoação
formação 150
eleição 171
impossibilidade de abertura 157
primeira instalação 44
interrupção das operações
eleitorais 158
Atribuições e competências
irregularidades e seu suprimento 157
transferência de funções
ordem de votação
financiamento 55
delegados das candidaturas 159
gradualidade 55
lugar dos membros das mesas 159
inscrição orçamental 55
prioridade de alguns cidadãos
eleitores 159
Auditorias financeiras e de
presença de não eleitores 158
desempenho 10
presença de observadores 158
presença dos órgãos de comunicação
Autarquias locais
social
atribuições 4
formalidades 158
autonomia 5
proibição 158
autoridades tradicionais 10
retoma das operações 158
categorias 3
ver também organização das
classificação 4
assembleia de voto 150
competências próprias
violação da integridade das urnas 158
acção social 61
voto dos deficientes 159
cultura, tempos livres e desporto 61
Assembleia Municipal educação e ensino 60
alteração da composição 14 energia 60
competência 16 equipamento rural e urbano 60
do Presidente 19 gestão ambiental 61
do Secretário 19 política de solos 62
protecção do meio ambiente 18 saneamento básico 60
composição 12 saúde 61
constituição 12 transportes e comunicações 60
duração das sessões 15 urbanismo 62
instalação 13 controlo financeiro 10
mandato 13 criação 4, 44
mesa decisões e deliberações 6
competência 14 definição 3

186
Índice alfabético e remissivo

despesas 9 C
dissolução 11
empréstimos 9 Cadernos de recenseamento eleitoral
extinção 4 actualização 121
finanças e património 8 comunicação dos dados 122
legalidade 7 cópias dos cadernos 122
mandato 7 consulta e reclamação dos
municípios 3 interessados 122
órgãos 7 correcção de erros 122
poder regulamentar 6 elaboração 121
povoações 3 encerramento 122
publicidade dos actos 6 exposição de cópias 122
quadro de pessoal 7 inalterabilidade 123
receitas 8 numeração 121
regras orçamentais 8 reclamação
representação do Estado e dos seus decisão 123
serviços 5 legitimidade 123
responsabilidade reclamações e recursos
prestação de serviços públicos 64 prazo 123
realização de obras públicas 64 recurso
responsabilidade civil 11 Comissão Nacional de Eleições 123
sectores do investimento público 10 Conselho Constitucional 123
transferência de competências 10 recurso - administração eleitoral
tutela 6 decisão 123
formalidades 123
Autonomia notificação 123
administrativa 51 prazo 123
financeira 51 recurso - entidade recenseadora no
patrimonial 51 estrangeiro
chefe da missão 124
Autonomia e tutela
Comissão Nacional de Eleições 124
princípio da legalidade 103
Conselho Constitucional 124
Autonomia patrimonial Campanha eleitoral 143, 147
definição 51
definição e âmbito 51 Candidatos 143

Autoridades tradicionais Candidaturas


enquadramento 10 apreciação
opiniões 10 ver apreciação de candidaturas 171
sugestões 10 apresentação
Comissão Nacional de Eleições 144
exclusividade 144
B mandatários 145
pelas coligações de partidos
Boletins de voto políticos 168
cor e outras características 155 pelos órgãos dos partidos
elementos de identificação 155 políticos 168
elementos integrantes 155 por grupos de cidadãos
material e dimensões 155 eleitores 168

187
Índice alfabético e remissivo

prazo 144 Cobrança dos impostos autárquicos


recepção 144 comissões locais de justiça tributária
requisitos formais 144 composição 79
Secretariado Técnico da funcionamento 79
Administração Eleitoral 144 competência 79
coligações 171 contencioso fiscal
desistência de candidatos 172 comissões locais de justiça
desistência de lista 172 tributária 79
desistência dos candidatos impugnações 79
formalidades 168 reclamações 79
prazo 168 execuções fiscais 79
morte ou incapacidade dos candi-
datos, 169 Coimas
substituição de candidatos 169, 172 contra-ordenação 78
contra-ordenações
Capacidade eleitoral 141 instrução - competência 79
montante - posturas municipais 79
Capacidade eleitoral activa montante - regulamentos municipais 79
cidadãos eleitores 141 Colaboração interautárquica
autarquia local 141 criação de empresas públicas 52
eleitores 141 designação de concessionário 52
incapacidades eleitorais activas prestação de serviços 52
condenados a pena de prisão por realização de obras 52
crime 142
dementes 141 Comissão Nacional de Eleições
interditos por sentença 141 actos e deliberações
prisão preventiva 142 divulgação 140
competências 136
Capacidade eleitoral passiva composição 135
cidadãos elegíveis 142 criação 135
dispensa de funções 143 definição 135
votação 143 deliberações
imunidade 143 recurso 137
incapacidades eleitorais passivas 142 designação 136
cidadãos que não gozem de dever de colaboração 140
capacidade eleitoral activa 142 funcionamento 138
cidadãos que tiverem renunciado ao inamovibilidade 138
mandato 142 incompatibilidades 138
judicialmente declarados instalações 139
delinquentes 142 membros
inelegibilidades 142 cessação do mandato 137
início do mandato 137
Cartão de eleitor 118 vagas 138
natureza 135
Certidões orçamento 139
isenções na emissão plenário 139
emolumentos 183 posse 140
impostos 183 primeiras designações 140
taxas 183 regimento 139

188
Índice alfabético e remissivo

secretariado técnico 139 Conselho da Povoação


subsídio 138 competência 34
composição 32
Comissões administrativas 98
designação e cessação de funções de
Comissões locais de Justiça Tributária vereador 32
competência 79 incompatibilidades 33
composição 79 instalação 33
funcionamento 79 mandato 33
presidente
Comparticipações ver também Presidente do Conselho
proibição da Povoação 35
excepções 69 reuniões 33
Competência tributária vereadores 33, 38
criação de impostos, taxas ou derramas Conselho Municipal
determinação do valor 52 competência 21
Competência tributária das autarquias composição 19
locais designação e cessação de funções de
determinação do valor das tarifas e vereador 20
taxas incompatibilidades 20
equidade - equilíbrio 52 instalação 20
princípios 52 mandato 20
natureza 19
Competências 10 presidente
transferência 10 competência 23
delegação de poderes nos
Competências exercidas em regime de
vereadores 25
colaboração
eleição 22
contratos-tipo 61
impedimento permanente 22
critérios de selecção 62
natureza 22
regulamentação 61
posse 23
Competências próprias das autarquias substituição 22
locais reuniões 21
acção social 61
cultura, tempos livres e desporto 61 Consignação de receitas
educação e ensino 60 proibição
energia 60 excepções 53
equipamento rural e urbano 60 Construção de aeroportos 69
equipamento social
aprovação de projectos 61 Construção de auto-estradas 69
gestão ambiental 61
saneamento básico 60 Construção de barragens 69
saúde 61 Construção de estradas 69
transportes e comunicações 60
Construção de portos 69
Concurso público 63
Contabilidade autárquica, prestação de
Condenados contas e inspecções
informações a prestar pelos tribunais caução 81
119 contabilidade autárquica 80

189
Índice alfabético e remissivo

contas Contencioso fiscal


apreciação e julgamento 81 reclamações e impugnações 79
exame público e reclamações 81 Contra-ordenações
exactores 80 instrução - competência 79
gestão de tesouraria 80 posturas e regulamentos
normalização 80 violação 78
plano geral de contabilidade
- aplicação 80 Contribuinte
povoações 80 deveres 52
princípios orientadores 80 garantias 52
reclamações ou queixas criação de impostos, taxas ou
destino 82 derramas 52
requisitos 82 Controlo financeiro
tramitação 82 controlo externo 10
relatório especial 82 Inspecção Geral de Finanças 10
conteúdo 82 Tribunal Administrativo 10
publicidade 82 controlo interno 10
simplificação 80 auditorias 10
termo do mandato 82 inspecções 10
inventário - termo de entrega 83 inspecções 10
inventário dos bens patrimoniais 83 Correcção dos efeitos negativos de
tutela inspectiva 81 investimento
uniformização 80 construção de aeroportos 69
Contas construção de auto-estradas 69
apreciação e julgamento 81 construção de barragens 69
exame público e reclamações 81 construção de estradas 69
reclamações ou queixas construção de portos 69
cópias - destino 82 programas de expansão e renovação
forma 82 urbana 69
tramitação 82 Criação das autarquias locais 44
relatório especial Criação de impostos, taxas ou
conteúdo 82 derramas
termo do mandato 82 princípio da legalidade 52
termo de mandato
compromissos - proibição 83 Crimes
criação de encargos - proibição 83 ver também ilícito eleitoral 176

Contencioso e ilícito 174 D


Contencioso eleitoral
nulidade das eleições 175 Delegados de lista
reclamação para a Comissão Nacional designação 153
de Eleições falta 154
apuramento parcial 174 procedimento 154
irregularidades 174 direitos e deveres 154
recurso ao Conselho Constitucional imunidade 155
comunicação 175 Deliberações
julgamento do recurso 175 actas 41
prazo 175 executoriedade 42

190
Índice alfabético e remissivo

Deliberações anuláveis 42 Deveres


Deliberações e decisões titulares e membros dos órgãos
actas 41 ajudas de custo 97
deliberações anuláveis 42 assistência médica e medicamen-
deliberações nulas 42 tosa 97
executoriedade férias 98
das deliberações 42 funcionamento dos órgãos 95
impugnabilidade 43 legalidade e direitos dos cida-
quorum 41 dãos 94
tomada de deliberações 41 prossecução do interesse público 94
votação 41 remuneração 97
responsabilidade civil e criminal 95
Deliberações nulas 42 senhas de presença 97
Derramas
Deveres do contribuinte 52
contribuição industrial 70
contribuição industrial e predial 70 Direcção do recenseamento
imposto de turismo 70 eleitoral 115
lançamento 70
montante 71 Direito de sufrágio
produto da cobrança confidencialidade do voto 156
calamidade pública 71 dever de votar
projecto de investimento 70 dispensa de tempo para votar 156
projectos de investimento 71 direito de votar 156
reabilitação de infraestruturas 71 direito de voto
requisitos de exercíco 157
Desenvolvimento autárquico pessoalidade do voto 156
contratos-programa 68 presencialidade do voto 156
contratos-tipo 68 unicidade do voto 156
dotação global complementar 69
dotações especiais para correcção de Direitos
efeitos negativos 69 titulares e membros dos órgãos
dotações especiais para implementação remuneração 96
de programas
Direitos do contribuinte
expansão e renovação urbana 69
criação de impostos, taxas ou derramas
dotações específicas 68
princípio da legalidade 52
mecanismos operativos de apoio 68
programas integrados de Direitos e deveres – órgãos
desenvolvimento 68 órgãos autárquicos 38
Designação de vereadores 20 Disposições finais e transitórias
Despesas capacitação das autarquias 84
correntes 9, 58 empreendimentos em curso 84
bens e serviços 58 Fundo de Compensação Autárquica
fundos de salários 58 montante 83
correntes e de capital 57 liquidação e cobrança dos impostos 85
de capital 9 novas competências
de funcionamento 9 transferência de meios finan-
Dever de fundamentação ceiros 83
decisões 6 sistema tributário
deliberações 6 competência regulamentar 86

191
Índice alfabético e remissivo

sistema tributário nacional projectos de investimento nas


adicionais aos impostos do Estado 85 autarquias locais 68
contribuição predial urbana 85
imposto predial autárquico 85
isenções 85 E
prédios arrendados 85
sistema tributário nacional - Efeitos negativos de investimento
harmonização 85 avaliação prévia das necessidades 69
transferência de bens patrimoniais orçamento do Estado - previsão 69
casas de função 84 ver também correcção dos efeitos
edifícios arrendados 84 negativos de investimento 69
edifícios do Estado - serviços 84
imóveis ocupados ilegalmente 84 Eficácia de certos actos
administrativos
Dissolução actos dependentes de ratificação 104
autarquias locais 11 dependência de ratificação 104
Dissolução dos órgãos Eleição do Presidente do Conselho
fundamento 39 Municipal ou de Povoação
Dissolução dos órgãos das autarquias candidaturas 168
locais desistência dos candidatos 168
ver Tutela administrativa das autarquias eleição à primeira volta 169
locais 108 eleição à segunda volta 169
empate 170
Distritos municipais incapacidade dos candidatos 169
conversão 44 lista uninominal 168
conversão em municípios 44 mandato 167
Do Município morte ou incapacidade dos candida-
designação 11 tos 169
órgãos 12 princípio electivo 168
unidades administrativas 12 segunda volta 170
campanha eleitoral 170
Documentação eleitoral data 170
conservação incapacidade de candidato 170
Arquivo Histórico de Moçambi- marcação 170
que 183 morte de candidato 170
Dotação global adicional votação e apuramento 171
projectos de iniciativa local
Eleição dos membros da Assembleia
complemento dos recursos
Municipal ou de Povoação
próprios 69
candidaturas
Dotações específicas apresentação 171
projectos de investimento - caracte- coligações de partidos 171
rísticas desistência de candidatos 172
contratos-programa de desistência de lista 172
desenvolvimento 68 substituição de candidatos 172
disponibilização das dotações 68 conversão dos votos em mandatos 174
outros programas 68 listas
programas integrados de candidatos efectivos e suplentes 173
desenvolvimento 68 distribuição de mandatos 173

192
Índice alfabético e remissivo

impedimento dos candidatos 173 orçamento de custos 65


incompatibilidades dos candidatos plano de financiamento 65
173
Execuções Fiscais
morte dos candidatos 173
Juízo de Execuções Fiscais 79
ordenação 173
plurinominais 173 Expropriação
mandato 171 aquisição extrajudicial 63
número de membros a eleger 171 declaração de utilidade pública
caducidade 63
Eliminação de inscrições
renovação 63
cidadãos falecidos 120
declaração de utilidade pública
cidadãos que perderam a nacionali-
urgente 63
dade 120
posse administrativa 63
comunicação 121
reversão a favor do expropriado 63
incapacidades eleitorais 120
prazos 120
reclamações 121 F
prazo 121
transferências 120 Finanças 8
Empate - eleições 170 Fiscais dos partidos políticos
Empresas públicas autárquicos credenciais 116
contabilidade deveres 116
plano geral de contabilidade 80 direitos 116

Empréstimos 9 Fundo de Compensação Autárquica


a serviços autónomos e empresas fins 67
públicas 57 fórmula 67
regulamentação especial 57 montante 67
curto prazo prazos de efectivação de transferências
amortização 57 67
dificuldades ocasionais de tesoura- regime transitório 83
ria 57 montante 83
montante 57 regras de distribuição 67
plurianuais
amortização 57
G
ratificação ministerial 57
Encargos financeiros 98 Gabinetes técnicos
composição 44
Entidades recenseadoras 115
membros 44
Especialidade 7
Garantias de liberdade de voto
Execução de obras públicas dúvidas, reclamações e protestos 161
administração directa 65 legitimidade 161
concurso público 65 manutenção da ordem e disciplina
cronograma de execução dos trabalhos competência 161
prazos - início e conclusão 65 não admissão dos eleitores
elaboração e aprovação do projecto 65 dementes 161
estudo de viabilidade manifestamente embriagados ou
conveniência e oportunidade 65 drogados 161

193
Índice alfabético e remissivo

perturbadores da ordem pública e a não suspensão da pena 125


disciplina 161 pena acessória 125
portadores de qualquer arma 161 responsabilidade disciplinar 124
obrigatoriedade de deliberação suspensão de direitos políticos 125
deliberações da mesa da assembleia tentativa de crime
de voto 161 punição 124
obrigatoriedade de recebimento 161
Ilícito eleitoral
proibição de propaganda 161
circunstâncias agravantes especiais
176
H multas 176
responsabilidade disciplinar
Hasta pública 63 faltas disciplinares 175
sanções 175
Heranças, Iegados, doações e outras
liberalidades Imposto Autárquico de Comércio e
consignação efectuada pelo doador 56 Indústria
exclusão das receitas próprias 56 actividades de natureza artesanal 76
comércio em feiras e mercados 76
incidência 75
I prestação de serviços
indústria doméstica 76
Ilícito do recenseamento eleitoral sem estabelecimento 76
circunstâncias agravantes especiais taxas 76
124 graduação 76
crimes 124 modo de pagamento 76
crimes frustrado vendedores ambulantes 76
punição 124
infracções 125 Imposto de Turismo 77
falsificação de cartão de eleitor 126 Imposto Pessoal Autárquico
falsificação dos cadernos de formas de pagamento 72
recenseamento eleitoral 127 incidência 71
falso documento - incapacidade isenções 71
física 126 prazos de pagamento 72
falso documento - sanidade mental taxas 71
126
impedimento a verificação de Imposto Predial Autárquico
inscrição 127 agravamento de imposto
não correcção de cadernos 127 terrenos desaproveitados 74
obstrução à detecção de duplas bonificações da taxa
inscrições 126 construção ou aquisição de
obstrução à inscrição 126 habitação 74
promoção dolosa de inscrição 125 definição de prédio urbano 72
violação dos deveres relativos à depreciação monetária - correcção de
inscrição 126 efeitos 73
violação dos deveres relativos aos incidência 72
cadernos 126 isenção de taxa
infracções criminais construção ou aquisição de
prescrição 125 habitação 74
não substituição da pena 125 isenções 74

194
Índice alfabético e remissivo

sujeitos da obrigação do imposto 73 violação da liberdade de reunião


taxas 73 eleitoral 177
taxas - competência para a fixação 73 violação do dever de neutralidade e
valor colectável - determinação 73 imparcialidade 177
Imposto sobre o Rendimento do
Infracções relativas ao acto eleitoral
Trabalho - secção B
admissão ou exclusão abusiva do
cobrança 76
voto 179
taxas
artifício fraudulento sobre o eleitor 180
fixação - competência 76
coacção sobre o leitor 180
Imposto sobre Veículos Automóveis 77 corrupção eleitoral 180
despedimento ou ameaça 180
Impugnabilidade dos actos desvio da urna 181
administrativos autárquicos 43 desvio de boletins de voto 181
Incompatibilidades e impedimentos dever de participação no processo
impedimentos eleitoral – não cumprimento 182
titulares e membros dos órgãos das falsificação dos documentos 182
autarquias 93 força policial – não comparência 182
incompatibilidades fraudes nos boletins de voto 181
declaração 93 impedimento de sufrágio 179
membro da assembleia autár- introdução fraudulenta de boletins de
quica 92 voto na urna 181
presidente do conselho municipal ou mandatário infiel 179
de povoação 92, 93 não exibição da urna 180
vereador 92 obstrução dos candidatos, mandatários
vereadores 93 e representantes das candidatu-
ras 182
Infracções oposição ao exercício dos direitos dos
relativas à apresentação de delegados 181
candidaturas 177 perturbação das assembleias de voto
relativas à campanha eleitoral 177 insultos, ameaças ou actos de
relativas ao acto eleitoral 178 violência 181
introdução abusiva nas assembleias
Infracções relativas à apresentação de
de voto 182
candidatura
introdução de armas nas
candidatura de cidadão inelegível 177
assembleias 182
candidatura plúrima 177
reclamação e recurso de má fé 182
Infracções relativas à campanha recusa de receber reclamação,
eleitoral protestos e contra-protestos 181
desvio de material de propaganda violação da capacidade eleitoral activa
eleitoral 178 178
propaganda depois de encerrada a violação do segredo de voto 179
campanha eleitoral 178 voto plúrimo 179
reuniões, comícios, desfiles ou cortejos
ilegais 178 Infracções relativas ao recenseamento
revelação ou divulgação de resultados eleitoral
de sondagens 178 falsificação do cartão de eleitor 126
utilização indevida de denominação, falsificação dos cadernos 127
sigla ou símbolo 177 falso documento comprovativo 126

195
Índice alfabético e remissivo

impedimento a verificação de inscri- definição 59


ção 127 delimitação 59
não correcção de cadernos 127 realização
obstrução à detecção de duplas financiamento e execução dos
inscrições 126 empreendimentos 58
obstrução à inscrição 126 gestão e funcionamento dos
promoção dolosa de inscrição 125 empreendimentos 58
violação de deveres relativos aos identificação, elaboração e
cadernos 126 aprovação de projectos 58
violação dos deveres relativos à manutenção dos empreendimen-
inscrição 126 tos 58
Inscrição Investimentos de iniciativa local
exterior do país 117 dotação global adicional 69
processo 118
Isenções
teor 117
certidões 128
Inscrições documentos para instruir reclamações
eliminação 120 ou recursos 128
reconhecimento notariais 128
Inspecção Geral de Finanças
controlo externo 10
L
Inspecções 10
Inspecções e auditorias Legalidade 7
controlo interno 10 Liberdade de voto
Interditos e condenados ver também garantias de liberdade de
informações a prestar pelos tribu- voto 161
nais 119 Liquidação dos impostos autárquicos
Internados em estabelecimentos comissões locais de justiça tributária
psiquiátricos composição 79
alta do estabelecimento 120 funcionamento 79
anomalia psíquica 120 competência 79
demência 120 contencioso fiscal 79
informações a enviar à entidade Loteamentos
recenseadora 120 competência 62
Investidura dos órgãos eleitos
prazo
M
para a assembleia municipal ou de
povoação 183
Mandato 7
para o presidente do conselho
municipal ou de povoação 183 Mandatos
dissolução dos órgãos 39
Investimento público nas autarquias
perda 39
locais
renúncia 40
âmbito 58
suspensão 40
carácter unitário da gestão 59
coordenação 59 Maputo
coordenação das actuações 59 ver município de Maputo 47

196
Índice alfabético e remissivo

Mecanismos operativos de apoio O


princípios e regras
competência 68 Obras públicas
publicação 68 empresas públicas autárquicas 65
criação-competência 65
Modo de votação
execução
cidadãos que não saibam ler nem
condições 65
escrever 160
responsabilidade das autarquias
eleitor em geral
locais 64
cartão de eleitor 159
serviços autónomos públicos 65
exibição das mãos 159
criação-competência 65
identificação do eleitor 159
eleitores com cartões extraviados 160
Observação das eleições
Moradores sufrágio eleitoral 183
participação 43
Mudança de residência 119 Operações de loteamento
competência 62
Multas
ver também ilícito eleitoral 176 Orçamento
Município ano financeiro 53
assembleia municipal 12 anualidade 53
designação 11 aplicação de saldos 55
órgãos 12 atrasos na aprovação 54
unidades administrativas 12 consignação de receitas 53
consultas públicas 53
Município de Maputo
despesas
ajudas de custo
princípio da legalidade 58
presidentes da Assembleia Munici-
despesas correntes 57, 58
pal 49
despesas de capital 57, 58
vice-presidente, secretários e
elaboração 53
membros da Assembleia Munici-
elaboração, publicidade e gestão
pal 50
princípios gerais 53
Assembleia Municipal
empréstimos 55, 56, 57
composição 48
empresas públicas autárquicas 57
fixação de remunerações 50
serviços autónomos 57
mesa 48
empréstimos de curto prazo 57
senhas de presença 49
empréstimos plurianuais 57
atribuições 47
entrada em vigor 54
Conselho Municipal
equilíbrio 53
constituição 48
gestão 53
Presidente do Conselho Municipal
informação estatística 54
estatuto 49
investimento
tutela administrativa 48
âmbito 58
unidades administrativas 48
áreas prioritárias de desenvolvi-
vereadores
mento 59
remuneração 49
articulação com o sistema de
Municípios planeamento 59
criação de municípios de cidade 87 competência regulamentar 59
criação de municípios de vila 88 delimitação e coordenação 59

197
Índice alfabético e remissivo

planos de médio e de longo locais de funcionamento


prazo 59 edifícios privados 151
planos de ordenamento do terri- edifícios públicos 151
tório 59 mapa definitivo 151
planos de pormenor 59 mesa 152
planos de urbanização 59 composição 152
modelo orçamental 53 incompatibilidade 152
novas atribuições e competên- indicação dos nomes 152
cias 55 língua local 152
preparação 54 obrigatoriedade 152
preparação e aprovação 54 relação de candidaturas 151
princípios simultaneidade 152
anualidade 53
Organização das listas
especificação e equilíbrio 53
candidatos efectivos e suplentes 173
não compensação 53
distribuição de mandatos 173
não consignação 53
impedimento 173
unidade e universalidade 53
incompatibilidades 173
princípios gerais 53
listas plurinominais fechadas 173
proposta orçamental 54
morte 173
publicação 53
ordenação nas listas 173
publicidade 53
receitas próprias Organização eleitoral
designação 55 princípio electivo 168
recursos complementares Órgãos 7
empréstimos 56
transferências 56 Órgãos autárquicos
reforços e transferências 54 actas 41
revisões deliberações 41
limites e ratificação 54 deliberações e decisões 41
direitos e deveres 38
Organização das assembleias dissolução 39
de voto perda de mandato 39
anúncio do dia, hora e local 151 renúncia ao mandato 40
constituição responsabilidade civil e criminal 39
dispensados do dever de suspensão do mandato 40
comparência no respectivo local Órgãos das autarquias
de trabalho 152 primeiras eleições 44
na hora 152
Órgãos das autarquias locais
nos locais 152
dever de colaboração 92
presentes antes do início da vota-
direitos adquiridos 98
ção 152
dispensa de funções 92
substitutos dos ausentes 152
executoriedade das deliberações 42
das mesas
funções dos vereadores 92
elementos de trabalho 153
membros 91
guarda, conservação, segurança e
titulares 91
inviolabilidade 153
inalterabilidade 153 Outras receitas tributárias
quorum 153 coimas 78
formação 150 multas 78

198
Índice alfabético e remissivo

tarifas pela prestação de serviços 78 Patrocínio judiciário 43


taxas pela prestação de serviços 78
taxas por licenças concedidas Percentual de impostos do Estado 55
cobrança 77 Perda de mandato
fixação - competência 78 fundamento 39
incidência 77 ver tutela administrativa das autarquias
valores das taxas 78 locais 108
Outros impostos
Perda do mandato
critérios de partilha 77
casos 39
imposto de turismo - percentagem 77
imposto sobre veículos automóveis Planeamento
- percentagem 77 articulação 59
percentual de impostos do Estado 55 competências
elaboração e aprovação 59
P investimento público 59
planos de médio e longo prazo 59
Participação dos moradores 43 Planeamento territorial
Partidos políticos - ver também acto ver urbanismo e política de solos 62
eleitoral
Planeamento, urbanismo e política de
colaboração 115
solos 62
fiscais - credenciais 116
fiscais - deveres 116 Planos
fiscais - direitos 116 ver urbanismo e política de solos 62
fiscalização 115
Poder regulamentar 6
Passagem de certidões 127
Política de solos
Património 8 ver urbanismo e político de solos 62
abates 63, 64
administração – competência 63 Povoação
alienação de bens 63 Assembleia da Povoação
alienação de bens imóveis cedidos pelo alteração da composição 28
Estado 64 competência 29
âmbito 63 composição 26
aquisição de bens 63 constituição 26
concurso público 63 designação 25
hasta pública 63 duração das sessões 29
autorização 64 instalação 26
concessão, permissão ou autoriza- mandato 26
ção 64 mesa – composição e eleição 27
regime e formas de publicidade 64 natureza 26
dano de bens 64 publicidade das sessões 29
acção disciplinar, civil e criminal 64 sessões extraordinárias 28
devolução de bens sessões ordinárias 28
transferência, exoneração e dis- Conselho da Povoação 32
pensa 64 competência 34
extravio de bens 64 composição 32
acção disciplinar, civil e criminal 64 designação e cessação de funções
permissão 64 de vereador 32

199
Índice alfabético e remissivo

incompatibilidades 33 Prestação de contas


instalação 33 apreciação
mandato 33 competência 81
natureza 32 boletim diário de tesouraria 80
reuniões 33 exactores 80
designação 25 caução 81
órgãos 25 exame público 81
Assembleia da Povoação 25 julgamento 81
Conselho da Povoação 25 competência 81
Presidente do Conselho da reclamações
Povoação 25 local de consulta 81
Presidente da Assembleia reclamações ou queixas
competências 32 relatório do termo de mandato 82
Presidente do Conselho da Povoação tramitação 82
competência 36 tesoureiro
delegação de poderes nos boletim diário de tesouraria 80
vereadores 38 tutela inspectiva 81
eleição 35 inquéritos 81
impedimento permanente 35 participações dos cidadãos 81
natureza 35 queixas dos cidadãos 81
posse 36 sindicâncias 81
substituição 35
Secretário Primeiras eleições autárquicas
competência 32 data 183

Presidente da Assembleia da Povoação Princípio da legalidade


competência 32 assumpção de encargos 58
efectivação de despesas
Presidente do Conselho da Povoação cabimento orçamental 58
competência 36 cobertura legal 58
delegação de poderes 38 previsão 58
eleição 35 violação
impedimento permanente responsabilidade disciplinar, civil
morte, incapacidade física, renúncia e criminal 58
ou perda de mandato 35
Procedimento criminal
posse 36
prescrição 176
substituição 35
valor das multas
actualização 176
Presidente do Conselho Municipal
competência 23 Procedimento eleitoral
delegação de poderes 25 eleições autárquicas
eleição 22 data 143
impedimento permanente 22 marcação 143
posse 23 simultaneidade 143
substituição 22
Processo de votação 157
Presidente do Conselho Municipal
ou de Povoação Programas de expansão e renovação
eleição 167 urbana 69

200
Índice alfabético e remissivo

Proibição da presença da força armada sondagens


excepções proibição de divulgação 148
agressões 162
Providências orçamentais
coacção física ou psicológica 162
extraordinárias
desobediência às ordens do
resolução de bloqueamentos graves 69
presidente da mesa 162
situações de calamidade pública 69
existência de indícios 162
requisição da presença da força de Publicidade dos actos 6
manutenção da ordem 162
suspensão das operações eleitorais
162 Q
tumultos 162
violência 162 Quorum 41

Propaganda eleitoral
R
âmbito 148
edifícios públicos
Receitas
utilização 149
próprias
espaços
correntes 8
troca 150
de capital 9
utilização em comum 150
subvencionadas 9
igualdade de oportunidades das
candidaturas 148 Receitas próprias
liberdade de expressão e de informação enumeração 55
148 receitas tributárias 77
liberdade de reunião e de manifestação
Receitas tributárias - outras
148
coimas 78
material de campanha eleitoral
multas 78
afixação 150
tarifas 78
proibição de afixação ou pintura 150
taxas pela prestação de serviços 78
responsabilidade dos mandatários
taxas por licenças concedidas 77
das listas 150
período 147 Recenseamento eleitoral
promoção 147 actualidade 113
publicações noticiosas âmbito territorial 114
publicações de carácter jornalístico unidades geográficas 114
149 âmbto temporal 114
tratamento jornalístico não capacidade eleitoral - presunção 114
discriminatório 149 fiscalização dos partidos políticos
realização 147 deveres dos fiscais 116
salas de espectáculos direitos dos fiscais 116
colocação à disposição da Comissão emissão de credenciais 116
Nacional de Eleições 149 indicação dos fiscais 116
custo de utilização 149 local de inscrição 115
gratuitidade 150 cidadãos militares 115
interdição de utilização 149 forças de manutenção da lei e da
repartição do tempo destinado à ordem 115
campanha eleitoral 149 obrigatoriedade 113, 114
requisição de salas e recintos 149 oficiosidade 113, 114

201
Índice alfabético e remissivo

operações cidadãos estrangeiros 130


actualização 116 cidadãos nacionais 130
anúncio do período de actualiza- confidencialidade estatística
ção 117 violação 131
cartão de eleitor - conteúdo 118 Conselho Coordenador do
cartão de eleitor - extravio 118 Recenseamento da População
cidadão eleitor - modificação do competências 132
nome 118 composição 132
condenados - informações 119 financiamento e pessoal 133
conservatórias do registo civil - Instituto Nacional de Estatística
informações 119 competência 133
eliminação de inscrições 120 dever de colaboração 133
estabelecimentos psiquiátricos - momento censual 130
internados 120 objectivo 130
inscrição no exterior do país 117 obrigatoriedade de resposta 131
inter nados - informações 119 órgãos de direcção
interditos e condenados - informa- Conselho Coordenador do
ções 119 Recenseamento Geral 131
internados em estabelecimentos Instituto Nacional de Estatística 131
psiquiátricos - informações 120 órgãos de direcção, coordenação e
modo de inscrição 117 execução central 131
mudança de residência 119 periodicidade e data 130
novas inscrições 118 período de enumeração 130
período de actualização 117 recolha de dados estatísticos 130
período de actualização - publici- recrutamento, selecção e remuneração
dade 117 do pessoal 134
processo de inscrição 118 unidade de alojamento 129
teor da inscrição 117
transferência de inscrição 119 Reclamações e recursos 123
organização Reforços e transferências orçamentais
colaboração e fiscalização dos princípios e regras 54
partidos políticos 115
direcção 115 Regime da eleição
entidades recenseadoras 115 conversão dos votos em mandatos
regra geral 113 método de Hondt 174
unicidade 113, 114 representação proporcional 174
universalidade 113 primeira volta 169
princípio electivo 174
Recenseamento eleitoral anterior 127 segunda volta 169
voto singular de lista 174
Recenseamento Geral da População
e Habitação Regimento 43
agregado familiar 129 Regras orçamentais 8
âmbito 130
cidadãos estrangeiros residentes 130 Remuneração dos membros dos
cidadãos nacionais residentes 130 órgãos autárquicos
unidades de alojamento 130 escrituração 58
âmbito, objectivo, periodicidade e fixação - competência 58
data 129 limite 58

202
Índice alfabético e remissivo

Remuneração dos titulares dos órgãos S


autárquicos
escrituração 58 Secretariado Técnico da Administração
fixação - competência 58 Eleitoral 139
limite 58 Sectores do investimento público
Remuneração dos titulares dos órgãos articulação e cooperação 10
autárquicos Segunda volta
escrituração 58 campanha eleitoral 170
Remuneração dos titulares e membros data 170
dos órgãos autárquicos marcação 170
limite 58 morte ou incapacidade de candida-
suporte 58 tos 170
votação e apuramento 171
Renúncia ao mandato 40
Serviços autónomos autárquicos
Representação do Estado e dos seus contabilidade
serviços 5 plano geral de contabilidade 80
Responsabilidade civil 11 Serviços públicos
autarquias locais 11 concessão da exploração 65
Responsabilidade civil e criminal 39 concurso público 66
escolha do concessionário 66
Responsabilidade crimimal fiscalização 66
não suspensão ou substituição das regulamentação 66
penas 176 rescisão dos contratos 66
punição da tentativa de crime de tarifas 66
crime 176 informações obrigatórias 66
punição do crime frustrado 176 utentes
suspensão de direitos políticos 176 atendimento 66
Responsabilidade criminal participação 66
crime frustrado 176 petições 66
prescrição 176 reclamações 66
substituição da pena 176 representação 66
suspensão da pena 176 Sistema Tributário Autárquico
suspensão de direitos políticos 176 derramas
tentativa de crime 176 contribuições industrial e predial 70
Resultados do apuramento geral imposto de turismo 70
prazo para a divulgação 167 impostos 70
impostos autárquicos
Resultados gerais das eleições
imposto autárquico de comércio e
mapa 166
indústria 70
proclamação e validação 167
imposto pessoal autárquico 70
publicação 167
imposto predial autárquico 70
Revisões do orçamento autárquico imposto sobre rendimentos de
limites 54 trabalho 70
princípios e regras outros impostos - imposto de
ratificação pelos órgãos de tutela 54 turismo 77
proibições 54 outros impostos - imposto sobre
saldos de exercícios findos 55 veículos automóveis 77

203
Índice alfabético e remissivo

tarifas 78 direitos 96
taxas autárquicas 70 dispensa de funções 92
coimas 78 encargos financeiros 98
multas 78 enumeração 91
tarifas pela prestação de serviços 78 férias 98
taxa por actividade económica 75 garantias dos direitos adquiridos 98
taxas pela prestação de serviços 78 impedimentos 93
taxas por licenças concedidas 77 incompatibilidades 93
declaração de inexistência 93
Subsídios
incompatibilidades e impedimentos
proibição
incompatibilidades 92
excepções 69
regime de desempenho de funções 92
Suspensão do mandato 40 remuneração 96
responsabilidade civil e criminal 95
senhas de presença 97
T Titulares e membros dos órgãos
Tarifas pela prestação de serviços autárquicos
enumeração 78 remuneração
fixação - competência 78 escrituração 58
fixação - competência 58
Taxa por actividade económica
limites 58
incidência 75
taxas Titulares e membros dos órgãos das
casos especiais 75 autarquias locais
fixação 75 deveres e direitos 95
modo de pagamento 75 direitos e deveres 96
Taxas pela prestação de serviços Transferência de competências 10
enumeração 78
Transferência de inscrição 119
fixação - competência 78
Transferências extraordinárias
Terrenos desaproveitados 74
comparticipações - proibição 69
Tesouraria providências orçamentais
caixa única 80 extraordinárias
depósitos 80 resolução de bloqueamentos 69
disponibilidades 80 situações de calamidade pública 69
exactores 80 subsídios - proibição 69
boletim diário de tesouraria 80
Transferências orçamentais
prestação de contas 80
desenvolvimento autárquico 68
fundos de maneio 80
contratos-programa 68
gestão 80
contratos-tipo 68
prestação de contas 80
dotação global complementar 69
Titulares dos órgãos das autarquias dotações específicas
locais programas integrados de
actos e deliberações desenvolvimento 68
recurso 137 Fundo de Compensação Autárquica 67
ajudas de custo 97 transferências extraordinárias
assistência médica e medicamentosa 97 proibição de subsídios e
deveres 94 comparticipações 69

204
Índice alfabético e remissivo

providência orçamentais inspecção


extraordinárias 69 definição 104
resolução de bloqueamentos modalidades
graves 69 inspecções, inquéritos, sindicâncias
situação de calamidade pública 69 e ratificações 104
pedido de informações e
Tribunal Administrativo esclarecimentos 104
controlo externo 10 não ratificação
Tutela 52 fundamentação - obrigatoriedade 105
aprovação do orçamento 54 inexequibilidade 105
contas das autarquias órgãos de tutela 105
conhecimento ao órgão de tutela 81 delegação de competências 106
controlo financeiro 10 perda de mandato
definição 6 defesa do arguido 108
empréstimos plurianuais 57 efeitos 109
expropriação faltas às reuniões 107
aquisição extrajudicial - caduci- fundamento 106
dade 63 impugnação contenciosa 108
declaração de utilidade pública inelegibilidade 107
urgente 63 interposição do recurso - efeitos
renovação da declaração de utilidade suspensivos 108
pública 63 interposição do recurso - prazo 108
Órgão de tutela 6 interposição do recurso - reparação
planos de desenvolvimento 60 do acto 108
precedência de inquérito ou
revisões do orçamento 54
sindicância 107
revisões do orçamento autárquico 54
precedência de sentença judicial
urbanismo
107
ratificação do Governo - lotea-
processo - urgência 108
mento 62
processo e competência 107
Tutela administrativa processo e competência para a
princípios e normas 52 decisão 107
princípio da legalidade 103
Tutela administrativa das autarquias proibição de introduzir ou propor
locais alterações e subsituição 105
âmbito 103 ratificação
definição 103 definição 104
dissolução dos órgãos enumeração 104
casos 108 ratificação tutelar
comissão administrativa 109 reclamação graciosa 105
competência 108 recurso contencioso 105
decreto de dissolução 109 recusa - fundamentação 105
decreto de dissolução - impugnação ratificação tutelar parcial 105
contenciosa 109 ratificação tutelar sob condição
efeitos 109 suspensiva ou resolutiva 105
impugnação contenciosa - prazo 110 ratificação tutelar tácita 105
fiscalização reclamação graciosa
regular e ocasional 104 legitimidade 105
inquérito recurso contencioso
definição 104 legitimidade 105

205
Índice alfabético e remissivo

recusa de ratificação tutelar declaração de utilidade pública -


reclamação graciosa 105 caducidade 63
recurso contencioso 105 declaração de utilidade pública -
sanções 106 renovação 63
dissolução do órgão 106 declaração de utilidade pública
perda de mandato do titular 106 urgente 63
sindicância posse administrativa 63
definição 104 reversão 63
operações de loteamento 62
Tutela de mérito plano de urbanização geral 62
proibição plano parcial ou de pormenor 62
excepções 103 planos 62
planos de pormenor 62
Tutela inspectiva planos de renovação urbana 62
gestão financeira e patrimonial 81 ratificação do Governo - casos
inquéritos e sindicâncias 81 excepcionais 62
inspecções - periodicidade 81 recuperação de centros históricos 62
zonas de protecção urbana 62

U
V
Universalidade 113
Vereadores
Urbanismo e política de solos
delegação de poderes 25, 38
áreas críticas de recuperação e
reconversão urbanísticas 62 Votação
competência 62 ver também direito de sufrágio 156
expropriação ver também modo de votação 159
aquisição extrajudicial 63 ver também processo de votação 157

206

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