Modulo1 - O Confinamento Como Negócio
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Modulo1 - O Confinamento Como Negócio
Atualizados de Manejo
1) INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, com o advento de forrageiras como o braquiarão, cuja massa
diferida para a seca apresenta uma qualidade razoável, e de técnicas de
suplementação protéica (nitrogenada) de baixo custo, é possível manter os bois
gordos e em condição de abate, por um período mais longo, até os meses de
julho ou agosto. Paralelamente, cresceu no país a atividade do confinamento e
também a do semi-confinamento de bovinos. Desse modo, o diferencial de
preços da arroba do boi gordo, entre os períodos de safra e de entressafra,
reduziu-se nos últimos anos para cerca de 8 a 10 %.
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O confinamento hoje no Brasil é uma atividade que apresenta rentabilidade
reduzida e as justificativas para sua adoção não são mais preponderantemente
de ordem econômica. Hoje o confinamento deve ser encarado como uma
alternativa estratégica para produzir novilhos precoces, reduzir a lotação das
pastagens na seca, constituir uma reserva de alimentos volumosos, aumentar a
escala de produção da propriedade, etc.
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passou a ser determinante para a rentabilidade do confinamento. Enquanto que
nas décadas anteriores o diferencial de preços da safra para a entressafra
geralmente já garantia o lucro da atividade, mesmo que o desempenho técnico
(ganho de peso, conversão alimentar) fosse baixo, na década de 90, esse
diferencial de preços reduziu-se para apenas 8-10 % e tornou-se bem menos
importante para a rentabilidade do empreendimento do que os índices de
desempenho técnico. Os principais volumosos utilizados nas rações de
confinamento passaram a ser as silagens de capins tropicais (principalmente
Mombaça, Tanzânia e braquiarão), além da cana e seus subprodutos e do
crescente uso de silagens de sorgo forrageiro e de milheto. Acentuou-se a
associação do confinamento com as atividades de recria ou de ciclo completo.
Aquele esquema de giro rápido, com a compra dos bois magros na safra e a
venda dos bois gordos na entressafra, passou a ser de alto risco. Isto ocorreu
porque, como vimos, o diferencial de preços se reduziu, devido ao aumento da
oferta de bois gordos na entressafra e à elevação dos preços do boi magro na
safra. Especialmente os bois de qualidade, capazes de apresentar bom
desempenho técnico no confinamento, passaram a ser muito procurados e sua
cotação no mercado subiu. Por outro lado, os produtores que já utilizavam o
confinamento associado às atividades de cria e recria, passaram a tirar proveito
da produção própria de bezerros melhores, de raças e cruzamentos apropriados
para a produção intensiva de carne. A utilização de cruzamentos dirigidos,
visando a exploração da heterose (cruzamentos industriais), cresceu muito e as
centrais de inseminação passaram a vender mais sêmen de raças taurinas de
corte do que de raças zebuínas. Surgiram os confinamentos de novilhos
superprecoces (confinados logo após a desmama) e aumentou a participação de
fêmeas nos confinamentos, especialmente novilhas de cruzamentos industriais.
Cresceu muito também, nesta última década, a utilização da irrigação de
pastagens. Esta prática permite a engorda de bois durante a seca,
especialmente nas regiões do Centro-Oeste e do Nordeste. É mais uma técnica
que resulta em maior oferta de bois na entressafra, o que também concorre para
reduzir o diferencial de preços da arroba, durante o ano.
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O C ONFINA MENTO E O A BA TE TOTA L D E
BOVINOS NO B RA SIL
45.000
40.000
35.000
X 1.000 C ABEÇAS
30.000
25.000
A B A TIDA S
20.000 CONFINA DA S
15.000
10.000
5.000
0
01
83
85
87
89
91
93
95
97
99
19
19
19
19
19
19
19
19
20
19
Fonte: F NP
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3) VANTAGENS DO CONFINAMENTO
- Vantagens Técnicas:
- Vantagens Estratégicas:
- Vantagens Econômicas
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Ágio por Qualidade – O mercado, cada vez mais, remunera melhor pela
qualidade. Hoje em dia, a conjugação dos fatores qualidade e rastreabilidade já
proporciona um ágio de R$ 2,00 a R$ 5,00/arroba.
O quadro que segue apresenta uma relação dos investimentos necessários para
estruturar um confinamento com capacidade para 2.000 bois. O valor total atinge
R$ 335,00/boi alojado. Contudo, parte desses investimentos, como tratores e
curral de manejo, já pode estar disponível na propriedade. Além disso, o
conjunto de tratores será apenas parcialmente utilizado para a produção da
quantidade de silagem indicada, o que poderia ser contratado de terceiros.
Excluindo os tratores da relação de investimentos, o valor total do investimento é
reduzido para R$ 235,00/boi.
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RELAÇÃO DE INVESTIMENTOS – CONFINAMENTO PARA 2.000 BOIS
Instalações
Currais de confinamento (cochos, cercado, preparo terreno) 104.000,00
Barracão 10X20 m para ração 50.000,00
Silos trincheira p/silagem capim 7.500,00
Sistema captação de água e rede hidráulica 11.500,00
Rede Elétrica 15.000,00
SUBTOTAL 188.000,00
Equipamentos para Ensilagem de Capim (5.000 t /ano)
01 forrageira de área total 75.000,00
02 carretas ensiladoras cap 24 m3 44.000,00
01 Trator 120 HP 90.000,00
02 Tratores 75 HP 120.000,00
01 carreta distribuidora de esterco cap 10 m3 35.000,00
01 adubadora-calcareadora cap. 5 t 7.500,00
SUBTOTAL 371.500,00
TOTAL 679.000,00
5) CUSTOS DO CONFINAMENTO
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economizado no custo diário da ração representa uma economia final de R$
1,00 por boi confinado. Isto é muito e os pecuaristas não devem prescindir de
consultoria técnica nesse momento. Um bom técnico em nutrição animal, ao
avaliar os bois a confinar, o volumoso a ser utilizado e os alimentos disponíveis,
geralmente consegue economizar entre 5 a 10% sobre o custo de rações
comerciais padrão, adquiridas pelo pecuarista no mercado. E isso sem
alteração, e talvez até com melhoria, do desempenho dos bois confinados.
Desse modo, o técnico pode conseguir uma redução de pelo menos R$ 0,15 a
R$ 0,20/boi.dia e isto, com 2.000 bois confinados pode representar um lucro
adicional de R$ 30.000,00 s R$ 40.000,00.
Concentrado
Sorgo Moído 3,00 0,240
Casquinha de Soja 1,20 0,200
Farelo de Trigo 0,50 0,310 1,35 64,3
Farelo de Algodão 38 0,30 0,540
Uréia 0,08 0,870
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ESTRUTURA DE CUSTOS DO CONFINAMENTO DE BOVINOS
Peso vivo médio inicial dos bois confinados = 360 kg
Númer o de dias de confinamento = 100 dias
Ganho de Peso médio diár io = 1,250 kg/ cabeça.dia
Peso vivo médio final dos bois confinados = 485 kg
CUSTO DO CONFINAMENTO
CUSTO CUSTO
DISCRIMINAÇÃO DIÁRIA GANHO % do % do
(R$/ BxD) (R$/ @) desembolso total
Aliment os 2,100 40,883 85,80 81,48
Pr odut os Vet er inár ios 0,045 0,876 1,84 1,75
Mão de Obr a 0,025 0,487 1,02 0,97
Cust o Oper acional Máquinas 0,210 4,088 8,58 8,15
Manut enção de Inst alações 0,026 0,506 1,06 1,01
Ener gia Elét r ica (f ábr ica r ações) 0,042 0,811 1,70 1,62
SUBTOTAL 2,448 47,651 100,00 94,96
Depr eciação de Inst alações e Equipament os 0,127 2,472 4,93
Jur os sobr e o Cust o Aliment os (4% ao mês) 0,003 0,055 0,11
TOTAL 2,577 50,178 100,00
6) ESPECULAÇÃO X PRODUÇÃO
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estocagem de gado nos confinamentos proporcionou nos 2 triênios
considerados.
D ife re n c ia l d e P re ç o s e C u s to d o B o i M a g ro
1 9 8 1 -1 9 8 3 X 1 9 9 8 -2 0 0 0
V A L O R D A A R R Ô B A (U S D e R $ ) D IF E R E N Ç A
JU NH O O UTUB RO (R $ )
BOI GORDO BOI M AGRO BOI GORDO em 1 @ em 12 @
U S D 1 4 ,6 3 U S D 1 9 ,4 5
1981-1983
5 8 ,2 9 7 7 ,4 9 1 9 ,2 0 2 3 0 ,4 4
U S D 1 5 ,0 6 -2 ,8 6 % 2 9 ,1 5 % 3 2 ,0 1 %
SIMULAÇÃO
R$ de Mai/04
6 0 ,0 0
U S D 2 0 ,4 7 5 ,0 8 % 8 ,7 9 % 3 ,7 1 %
1998-2000
6 3 ,0 5 6 5 ,2 8 2 ,2 3 2 6 ,7 3
U S D 2 1 ,5 1 U S D 2 2 ,2 7
F o n te d o s v a lo re s e m U S D : A N U A L P E C 2 0 0 1
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7) LUCRO DO CONFINAMENTO
Os quadros do capítulo anterior deixam claro que nos dias de hoje o lucro do
confinamento depende cada vez mais de planejamento e de eficiência.
Valor da @ baixo
Insumos caros
Valor da @ alto
Insumos baratos
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Independente das regiões indicadas no mapa, um outro fator pode ser
decisivo para a rentabilidade do confinamento:
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- Se o confinador não vender rapidamente os bois já terminados
A demora em vender os bois já terminados reduz todos os índices de
desempenho técnico. Bois já terminados apresentam elevada exigência de
manutenção, ganham pouco peso e convertem mal. Isso acontece por um
motivo fisiológico: na composição do ganho de peso de bois já gordos
predomina a deposição de mais gordura ainda na carcaça. E a conversão dos
alimentos em gordura corporal é 5 vezes menos eficiente do que a conversão
desses mesmos alimentos em massa muscular. Por isso, no início da engorda
em confinamento a conversão pode ser muito boa, menos de 6,00 kg MS/kg
GPV, e ao final do período de confinamento, pode piorar para mais de 15,00 kg
MS/kg GPV, conforme apresentado no quadro que segue.
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do uso da terra, assim como a de outros fatores de produção, passou a ser
perseguida pelos pecuaristas-empresários. Na pecuária de corte brasileira, a
intensificação da produção envolve principalmente o aumento da produção
forrageira da propriedade, com o conseqüente aumento da lotação das
pastagens, visando produzir mais carne por hectare por ano.
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Comparação entre Sistemas de Engorda de Bovinos
Premissas: - início da engorda - junho
- peso dos bois magros - 360 kg
- idade dos bois magros - 20 meses
- peso dos bois gordos - 460 a 480 kg
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A seguir, apresentamos um estudo de caso que exemplifica o impacto que a
adoção da atividade do confinamento pode ter sobre a produtividade e
lucratividade de um sistema de produção de gado de corte, em regime de ciclo
completo, numa fazenda com apenas 340 ha de pastagens. Os mapas da figura
abaixo apresentam o uso das pastagens da fazenda, antes e depois da
implantação do confinamento.
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PRODUÇÃO DO NOVILHO PRECOCE (MACHO)
Custos de Produção da Arrôba nas 3 Fases de Produção de Gado de Corte
- Cria, Recria e Engorda a Pasto (Sistema Intensivo)
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Rentabilidade de Sistemas de Pr odução de Gado
de Cor te - Ciclo Completo
Engorda a Pasto X Engorda em Confinamento
Pr emissa: Pr opr iedade com 340 ha de pastagens
ENGORDA ENGORDA
Discriminação A PASTO CONFINADA
No. cabeças vendidas por ano 159 241
Produção (@/ha.ano) 7,57 11,48
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NECESSIDADES DE INSUMOS PARA OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO,
COM E SEM CONFINAMENTO
(*) Cria-Recria-Engorda a Pasto - 259 matrizes (**) Cria-Recria-Engorda Confinada - 334 matrizes.
- Capacidade de investimento
- Planejamento
- Treinamento de mão de obra
- Estrutura para aquisição de insumos
- Gerenciamento de operações mecanizadas
- Controles da produção e dos custos
- Administração intensiva
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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