A Inserção Do Psicólogo No Contexto Hospitalar Resumo

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A Inserção do Psicólogo no Contexto Hospitalar

Sabe-se que a taxa de morbidade e mortalidade cresceu para às doenças


crônico-degenerativas, estando cada vez mais relacionadas com comportamentos
e estilos de vida prejudiciais. Isso sugere que a Psicologia precisa reconhecer
seu potencial para contribuir com políticas de saúde. A Psicologia da saúde
entra nesse contexto ao tentar promover e preservar a saúde física e emocional,
e que, em um sentido mais amplo, tenta trazer uma melhoria para o sistema de
saúde.

Contudo, a inserção do psicólogo nesse contexto se torna difícil uma vez


que seu aporte instrumental-teórico é escasso. Somente com a atualização das
diretrizes curriculares de 2003 que as universidades passaram a dar vez para
essa disciplina. Outro problema é a precariedade do sistema de saúde.

A função do Psicólogo Hospitalar nesse contexto, seria de minimizar o


sofrimento do paciente e de sua família, atuando de maneira focal ao dar
assistência aos aspectos que diz respeito à doença e hospitalização, e
associando a outros fatores como história de vida, forma como ele assimila a doença
e o seu perfil de personalidade.

Antigamente, século XVIII, a medicina manteve a visão dualista de mente e


corpo como partes separadas. Observa-se uma mudança nesse modelo, uma vez
que é sabido que experiencias tensionais da vida ajuda no desenvolvimento de
doenças crônicas e agudas, e vice-versa, contribuindo para seu agravamento.

Nem sempre o tratamento é visto com bons olhos pelo paciente, uma
vez que ele implica ameaças a integridade física, autoimagem, equilíbrio
emocional e ao ajustamento a um novo meio físico e social. Tem-se observado
que com a melhoria de técnicas diagnósticas, o contato entre médico/especialista
com o paciente vem sendo diminuído, não havendo uma escuta da totalidade
do paciente.

O profissional deve avaliar os dados subjetivos do paciente, contribuindo


para a aderência o tratamento e para a participação ativamente do processo de
hospitalização, ajudando o paciente a recuperar suas funções e formas de existir e
ser.
A primeira notícia de um psicólogo em ambiente hospitalar é do hospital
McLean fundado no ano de 1818 em Massachussets. No Brasil, há relatos na
década de 1950. Em 1987, Romano identificou que há uma maior concentração de
psicólogos hospitalares em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

A Psicologia hospitalar só foi reconhecida como especialidade pelo CFP


com resolução CFP 02/2001, desde 2000. A fundação da Sociedade Brasileira de
Psicologia Hospitalar (SBPH) vem fortalecendo a área, ampliando seu campo
científico.

Ao entrar em um hospital para trabalhar, o primeiro passo a ser tomado é


verificar a realidade da instituição, possibilitando a criação de uma linha de
trabalho e delimitando onde iremos atuar. Outra questão é o psicólogo cuidar
da equipe multiprofissional, sem que perca sua função de psicólogo hospitalar.

O Setting terapêutico na realidade hospitalar é peculiar, cabendo ao


profissional adaptar sua atuação às diversas condições hospitalares. Cabe
também ao profissional, ter postura no sentido de: ter bom senso, bom preparo
teórico e prático, respeitar os colegas da equipe e fazer-se respeitar e ter
resistência a frustação.

Para prestar assistência, o profissional deve conhecer a doença em todos


seus aspectos, além da rotina pela qual o paciente será submetido. Conhecer
sobre sua doença, faz com que o paciente tenha maior segurança, diminuindo
ansiedade, fantasias e desmistificando ideias preconcebidas, e possibilitando um
melhor engajamento no tratamento. Pode-se dizer que o principal papel do
psicólogo é acompanhar a evolução do paciente quanto aos aspectos
emocionais que a doença traz consigo. Contudo, o P.H pode também facilitar a
relação equipe/paciente/família. Mas as notícias do estado de saúdo e de óbito
são de responsabilidades médicas, cabendo ao psicólogo o acompanhamento pós-
notícia.

Os diferentes campos de atuação do psicólogo

A atuação do psicólogo em instituições hospitalares enfrenta o desafio de


definir o modelo voltado à saúde mental da coletividade. A atuação do P.H tem como
primeiro passo, o de definir se a reação do paciente é ou não patológica (se são
reações previsíveis como as dos psicóticos ou neuróticos ou, de certa forma, não
previsíveis como a de uma pessoa “normal”, não patológica). Não se dee esquecer
também da estrutura de personalidade do paciente e de sua capacidade de
adaptação no processo de doença e internação.

Sua atuação, logo, é definida no campo da assistência, do ensino e da


pesquisa.

A assistência: O psicólogo nas unidades hospitalares

Deve-se ter em mente o local onde o paciente é tratado no hospital:

1) Ambulatório: onde são realizadas investigações e elucidado tratamento e,


se necessário, a internação. Nesse contexto, o paciente costuma se
indicado ao psicólogo depois de passar pelo acompanhamento
médico, para uma posterior avaliação psicológica. O P.H deve
procurar queixas que vão além das doenças, e procurar fazer com
que o paciente crônico tenha condições de readaptação. Torna-se
necessário trabalhar a aceitação, permitindo com que o paciente conviva
com sua doença sem sofrimento adicional, para não menosprezar
mecanismos de defesa como negação (rejeição do diagnóstico,
diminuindo o impacto da notícia e reduzindo a ansiedade) e regressão
(Pode ser benéfica, ajudando na elaboração emocional dos momentos
mais difíceis da doença, ou nociva, ocorrendo atitudes egocêntricas,
aumento de dependência, redução de interesses e até depressão). O
P.H também deve se dispor para o acompanhamento da família.
2) Nas Unidades de Internação: O paciente ficará internado, não podendo ir
para casa no fim do dia. No princípio, isso não é uma escolha dele. O P.H
irá atuar com o paciente sua hospitalização, o que ela significa para o
doente e sua família, além de conhecer um pouco de sua história de
vida e doença. Na hospitalização, o paciente perde sua individualidade
e sua autonomia. As técnicas diagnósticas podem fazer com que ele se
sinta manipulado, invadido, sem opinar em seu tratamento. Ele pode
se apresentar bastante agressivo ou passivo. Com medos e ansiedades
quanto à dor física, anestesia, cirurgia, invalidez permanente.
3) Unidade Intensiva de Tratamento (UTI): Aqui, o papel do psicólogo
será em estabelecer o elo entre paciente/equipe/família, uma vez que
esta última não pode estar lá, diretamente com o paciente. O psicólogo
deve saber qual membro da família está mais apto emocionalmente
para receber e transmitir as informações aos demais. Ainda nesse
contexto, o paciente pode apresentar problemas psicopatológicos reativos
ou não ao processo de internação. O P.H deve ser pontual no
tratamento, pois o paciente nem sempre ficará internado. É importante
a devolutiva e encaminhamento.

A formação, o ensino e a pesquisa

Como a P.H é uma especialidade relativamente nova, os aportes teóricos são


poucos, e a atuação ainda não está bem definida, fazendo com que haja uma
rejeição por parte das instituições hospitalares sobre a contratação de P.H. Além
disso, há um distanciamento da prática e da teoria daquele que transmite o
conhecimento ao aluno. Além disso, há estagiários de P.H que não possuem
supervisores dentro da instituição hospitalar, e sim na de ensino (o professor).

A pesquisa é outro aspecto importante. Poucos são os psicólogos que tem o


habito de estudar, pesquisar, escrever e publicar. A pesquisa dentro do contesto
hospitalar é de grande relevância para validação e comprovação de eficácia da
atuação.

A entrevista psicológica como meio de acesso ao paciente.

A entrevista tem como principal objetivo a investigação. Beck afirma que a


entrevista inicial vai captar as informações essenciais, como o diagnóstico, a história
de vida, a situação atual de vida, os problemas psicológicos, as atitudes face ao
tratamento e sua motivação. Ela tem como objetivo, a redução da ansiedade do
paciente, além de aumentar o rapport e restaurar a confiança do paciente.

R. Mucchielli (1978) fala da entrevista de ajuda, servindo como um meio pelo


o qual o paciente pode expressar o problema. A relação de ajuda é
profissional, e o psicólogo deve compreender o problema nos termos em que
se coloca para o paciente e ajuda-lo a evoluir pessoalmente na sua melhor
adaptação.
Rogers, que defende a entrevista centrada no paciente, diz que o psicólogo
deve ter atitude de interesse aberto, promovendo a expressão espontânea do
outro, com atitude de não julgamento e ouvir tudo sem críticas, procurando não
ser diretivo. Contudo, em alguns casos, como os de psicose, o psicólogo deverá
repensar nesse tipo de abordagem. A linguagem deve ser compreensível e deve-
se, quando necessário, repetir as informações diversas vezes, para que o
paciente possa retê-las na memória.

A entrevista mais utilizada no ambiente hospitalar é a focal, que compreende


o paciente, levando em conta o momento pelo qual ele se passa (sua doença e
hospitalização). Ela se assemelha ao que Rogers colocou acima. Ela deve trabalhar
os conteúdos do paciente no aqui e agora, analisando as crenças
disfuncionais. Mas em alguns casos, deverá ser diretiva, pois nem sempre o
paciente quer falar do que diz respeito à internação.

A primeira entrevista bem conduzida pode fazer com que o paciente tenha
uma boa mobilização para um posterior atendimento psicológico continuado. Pois no
momento de fragilidade, foi que ele se sensibilizou para conhecer-se melhor.

A família, de preferência, deve não ficar no quarto durante a entrevista.


Também é necessário informar sobre o tratamento, pois aumenta o controle do
paciente sobre o que irá acontecer, aliviando de sua ansiedade.

A psicologia na equipe multidisciplinar

O trabalho em equipe visa tranquilizar o paciente e a família, avaliar e


cuidar do paciente em todos os aspectos, como um ser total. Contudo, não
basta existir somente a equipe multiprofissional, o trabalho deve ser de maneira
interdisciplinar, trazendo uma consonância no tratamento, troca de informações,
mesma linguagem e informações passadas ao enfermo. Deve-se escutar o outro e
repensar a sua própria visão do paciente e sua conduta futura. Cada profissional é
dono de seu saber, mas isso não invalida o saber do outro. Com a troca de
informações e ajuda m´tua, podemos ajudar e compreender melhor o processo
emocional do paciente.

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