OELA Luthier

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Rua: 22,

Quadra O Casa
8, Conj. São
Cristóvão, Zumbi
II, CEP:
69.084.580
Manaus -AM
Fone/fax: (92) 644 5459 / 638 26 67
[email protected].
br
www.oela.org.
br
Ficha catalográfica elaborada por Maria Carmolinda
Marques da Silveira Mourão CRB-11/049

G633m Gomes, Rubens


Manual de Lutheria: curso básico / Rubens Gomes,
Raul Lage, Arminda Mourão - Manaus: UNICEF, 2004.

48 p. Il.;
Manual.

1. Ensino profissional 2. Educação de adolecentes


I. Lage, Raul II. Mour’ao, Arminda III.T[itulo.

CDU (1997): 37.035.3


CDD (17.ed.): 371.425
PREFÁCI O florestas da Amazônia Brasileira. Mas, a nosso ver, essa idéia não se
destaca exclusivamente por sua poesia e originalidade. Instiga,
O início do apoio do UNICEF à Oficina Escola de Lutheria da Amazônia data do sobretudo, por simbolizar e sintetizar uma proposta consistente de
ano de 2000. Com recursos doados por cidadãos e cidadãs brasileiros - desenvolvimento social, ambiental e econômico sustentável para a Região Norte
arrecadados pelo Programa Criança Esperança, que é organizado e veiculado do país.
anualmente pela Rede Globo de Televisão - temos financiado diferentes Para a equipe responsável pela OELA e também para o UNICEF, o
atividades da OELA. Com o melhor de nossa capacidade técnica, temos tentado Desenvolvimento Sustentável está diretamente vinculado ao Desenvolvimento
contribuir para o bom andamento de seus trabalhos. O lançamento desta Humano e Social de todos os que vivem na região. Sabemos que o futuro e o
cartilha, que de algum modo vem coroar seis anos de intensas atividades, nos presente das crianças e adolescentes da Amazônia depende diretamente do
abre espaço para algumas reflexões. presente e do futuro de seu patrimônio natural. Entendemos que é necessário
Acreditamos que este Manual de Lutheria irá interessar a públicos bem distintos. garantir desde já os direitos dessas crianças e adolescentes, além de prepará-
Interessará àqueles e àquelas que pensam e trabalham pelo Desenvolvimento los e formá-los devidamente para que possam e saibam, amanhã, trabalhar,
Sustentável da Amazônia e pela preservação de suas florestas. Interessará aos produzir, ser felizes e gerar riquezas, sem comprometer ainda mais os
músicos, aos amantes da música, àqueles que se interessam pela cultura e ameaçados
àqueles que gostam de trabalhar com as mãos e valorizam a industria artesanal. eco-sistemas da região.
Interessará a todos que se preocupam com a formação profissional dos Vinculando-se a esta iniciativa, o UNICEF deseja potenciá-la, estimulando, o
adolescentes brasileiros, sobretudo daqueles que tendem a procurar atividades debate, a formulação e a implementação de políticas públicas de formação
produtivas e geradoras de renda antes mesmo de completar 18 anos. E profissional para adolescentes de baixa renda, que contemplem a necessidade de
interessará também a todos àqueles que sonham com um Brasil que respeita os um desenvolvimento econômico sustentado e adequado à gestão dos recursos
direitos e a cidadania de todas suas crianças, sejam elas meninos ou meninas, naturais da Amazônia. O que esperamos é que, desta forma, possamos estar
com deficiência ou não, pobres ou ricos, negros, índios ou brancos, no norte ou contribuindo para que o trabalho da OELA, além de garantir um presente e um
do sul, da cidade ou do campo. futuro melhores para os meninos e meninas que já passaram pela Oficina Escola
A idéia central da OELA chama a atenção por sua originalidade: trata-se de de Lutheria, possa gerar benefícios para a todas as crianças
ensinar crianças e adolescentes de famílias de baixa renda a produzir e adolescentes da Amazônia.
artesanalmente instrumentos musicais de alta qualidade, aproveitando resíduos
de madeira nobre retirada das
Jacques Schwarzstein
Escritório Zonal de Belém UNICEF
Brasil
I NTRODUÇÃO
O Projeto político-pedagógico que vem sendo construído pela OELA é
fruto de uma profunda reflexão sobre as finalidades da escola,
explicitando claramente o seu papel social. Como é um processo em
construção, é produto de reflexão e investigação.
O projeto político-pedagógico é um instrumento que busca ações que
fortaleçam um trabalho integrado e sistematizado que visa não só
profissionalizar os jovens envolvidos no processo, mas, sobretudo, busca
criar uma consciência cidadã.Para isso a OELA orienta-se pelos seguintes
pressupostos:
a) o desenvolvimento sustentável é possível; b) a adolescência é uma
construção social; c) as ações de formação devem contribuir para a
transformação sócio-cultural e política; d) busca de novas atitudes,
aspirações e modos de relação das pessoas com elas mesmas, com
os outros e com o planeta é fundamental para a construção da cidadania;
e) uma vida digna para todos exige a reinvenção do mundo do trabalho e
do papel que têm as iniciativas e os movimentos sociais que interferem na
organização do cotidiano e no atendimento das necessidades das pessoas.
Nesta perspectiva, este manual é fruto de um trabalho coletivo
efetivado pelos integrantes da escola. Dela participaram o Luthier
responsável por este belo projeto, Rubens Gomes, além dos monitores
que dão vida à escola. Tem como principal objetivo subsidiar trabalhos
futuros, socializando uma experiência tão rica como a desenvolvida
pela Oficina Escola de Lutheria da Amazônia. Ao profissionalizar, a
OELA contribui para forjar cidadãos que podem contribuir para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Evo l uç ã o d o Viol ã o Cuid a d o s in icia is

No século XIX, o Luthier espanhol Antonio de Torres Jurado (1817 - 1892),


O a mbien t e d e tr a ba l h o e est ud o
fez as transformações que servem como padrão até hoje, para o violão.
Um local de estudo e trabalho apropriado é uma das condições
necessárias para o bom resultado da atividade de Lutheria.
Sendo as mais importantes: O aluno (a) precisa de uma pequena área organizada, o que faz com
que o trabalho evolua rápido e racionalmente.
Design de nova silhueta; Seja qual for o espaço, algumas condições são imprescindíveis
Aumento da superfície vibrante do Tampo; tais como:
Reforço da potência sonora;
Aplicação sistema dos harmônicos em distribuição e posição de leques Ambien t e sec o

harmônicos. Todas as preparações para a confecção ou a restauração dos


Aumento da quantidade de trastes até 19, pois anteriormente só usavam instrumentos musicais devem seguir critérios rígidos no aspecto
12; de secagem:
Aumentou o tamanho da corda pulsante de 648 mm para 650 mm As atividades de lutheria devem ser realizadas somente em
(padrão); lugares secos. A madeira é uma matéria higroscópica, e as
Transformou o cavalete, agregando ao rastilho facilitando a ferramentas sofrem igualmente em umidade constante.
transmissão da vibração das cordas do Tampo;
Desenho das tarraxas mecânicas. Ár ea d e tr a ba l h o
A disposição sistemática das ferramentas e depósitos de outros
Antes de Antonio Torres, na segunda metade do século XVI, o poeta e materiais de trabalho em estantes abertas, economiza espaço e
músico espanhol Vicente Martinez Espinel, agregou a quinta corda e criou o contribui para a evolução racional do trabalho.
sistema de afinação que utilizamos até hoje.
Depois no ano 1760, século XVIII, foi agregado a sexta corda pelo Frei Ar e j a men t o
Miguel Garcia, conhecido como o Padre Basílio, sendo também o primeiro O local deve ser necessariamente arejado, em virtude do
músico a compor para o violão, nos moldes atuais. desprendimento de pó da madeira e vapores dos vernizes,
que se desprendem em grande quantidade em decorrência das
atividades.

08 09
I l umina ç ã o Af ia ç ã o d e f err a men t a s
O local tem que ser bem iluminado. No teto sobre o local de Todas as ferramentas cortantes precisam ser afiadas regularmente. O
trabalho deve ser instalada uma lâmpada florescente e um ponto processo de afiar um formão ou uma raspadeira deve ser efetuado em
de luz giratório para iluminação direta em trabalhos minuciosos. intervalos pequenos, e isto se faz durante o uso.

Fo r mã o
FERRAMENT AS
As ferramentas que
umedecerem devem ser
I d en t if ic a ç ã o d a s f
e r r a men t a s secadas imediatamente e os
Este processo vestígios de ferrugem retirados
consiste em fazer o com querosene.
aluno (a) a conhecer As ferramentas devem ser
as diversas guardadas penduradas em
ferramentas utilizadas estantes abertas.
na atividade de Uma arrumação feita com
Lutheria. clareza facilita a evolução do
trabalho. Quando guardadas
em gavetas, alguns cuidados
Cuid a d o s c o m a s f
devem ser tomados para que
e r r a men t a s
as ferramentas não percam o
As ferramentas devem ser
corte
guardadas em local seco,
exemplo: o formão não pode
pois elas enferrujam com a
ser colocado ao lado da grosa
umidade e perdem
pois o atrito faz com que sem
rapidamente o corte e sua
corte.
capacidade de resistência.
As ferramentas também não
devem ser utilizadas para
uma finalidade a qual não
foram destinadas.
Limpar as ferramentas após o
uso e não esquecer de
adicionar uma gota de óleo
onde for necessário
(lubrificação).
10 11
O formão é afiado preferência uma
usando-se uma pedra prensa (morsa), de
de amolar úmida ou a modo que sobressaia
óleo, mas, tenha uma terça parte de sua
cuidado para não superfície.
passar óleo para a Em seguida, as bordas
madeira, pois isto são afiadas com
dificultará o processo precisão sobre a pedra
de colagem das de amolar que deve
peças. estar umedecida.
Primeiro amola-se o É importante que isto
lado espelhado, ocorra exatamente em
colocando-o em ângulo de 45°. Para isso
sentido plano sobre a coloca-se a lâmina ao
pedra e esfregando-se longo de um pedaço de
o formão sobre a madeira apoiado sobre a
mesma, com pedra de amolar.
movimentos circulares. Feito isto, retifica-se então as
Em seguida afia-se bordas com um amolador de
alternadamente com facas, triângulo ou dorso de
movimento reto, em uma goiva para se conseguir
sentido contrário ao do rebarba delicada, que forma
ferro, o lado chanfrado o corte de lâmina.
e o lado espelhado.

Ra spil h o
Com uma lima plana,
afiar o corte de uma
raspadeira retangular,
deixando a mesma com
as arestas vivas.
Para isso deve-se
fixar a lâmina em pé,
usando de
10 11
Além disso, pode-se colocar a raspadeira sobre o tampo de uma mesa, A Amazônia com seu potencial na diversidade de suas espécies, tem
com o lado do corte sobressaindo um pouco, passando em seguida o
apresentado através de pesquisas realizadas pelo INPA e LPF/IBAMA,
amolador uma vez com forte pressão sobre a face da lâmina.
resultados extremamente satisfatórios para a inclusão da Lutheria na
região, como uma atividade de alto valor agregado e que promove em sua
plenitude o uso racional dos recursos florestais.
MADEI RA
e são utilizadas para a
I d en t if ic a ç ã o d a Ma d eir construção dos fundos e
a
laterais dos violões.
A madeira e um material que b) Madeiras moles: (coníferas)
apresenta características árvores que crescem mais
individuais. É infinitamente rapidamente, e são
variável em cor, textura, figura e utilizadas para a construção
grã. dos tampos dos violões.
No interior de um
tronco se distingui
diversas camadas
estruturadas.
O cerne representa a parte
mais dura do tronco de uma
árvore e é a que se usa na
construção de instrumentos. O
alburno é a
camada externa do tronco, que
tem a função de canalizar a água
e absorver o alimento da arvore.
As espécies de árvores que
produzem madeira para a
construção de instrumentos são
divididas em dois grupos:

a) Madeiras duras:
(leguminosas) árvores que
crescem mais lentamente;
12 13
As madeiras tradicionalmente
utilizadas para a confecção
dos instrumentos de cordas
dedilhadas, como o violão,
cavaquinho, viola caipira e o
bandolim, são; para o tampo,
barras harmônicas e os
leques, o abeto europeu,
mais conhecido como pinho
(Picea abies), para o fundo
e as laterais, é o jacarandá
da Bahia (Dalbergia
nigra), para o braço, contra
faixa e culatra, são o cedro
(Cedrela odorata) e o
mogno ( Swietenia
macrophylla), e para a
escala a mais utilizada é o
ébano.
A pesquisa que buscou
identificar espécies
Amazônicas para a confecção
de instrumentos musicais de
corda dedilhada, através de
análise comparativa das
características e propriedades
físico, mecânica e acústica.

12 13
Qua d r o i Ca r a c t er íst ic a s e pr o pr ied a d es d a s espécie s
Os critérios que devem ser adotados na seleção das espécies Amazônicas
Espécies madeireiras tradicionais e amazônicas e suas aplicações na lutheria.
devem seguir os parâmetros descritos abaixo:
ESPECIES TRADICIONAIS ESPECIES AMAZÔNICAS
Aplicação Nome Nome vulgar Nome cientifico Nome vulgar
cientifico
Características anatômicas em geral (cor, grã, textura e figura)
Tampo Picea abies Abeto europeu Simaruba amara Marupá Propriedades físicas (densidades da madeira e contração) Propriedades
Tampo Cordia goeldiana Freijó
mecânicas (módulos de ruptura e elasticidade na flexão estática,
Tampo Pachira spp. Munguba grande
Tampo Schefflera Morototó compressões paralelas e perpendiculares à grã, cisalhamento e dureza).
morototoni
Fundo/lateral Dalbergia Jacarandá da Bahia Dalbergia spruceana Jacarandá do pará
nigra
Det er mina ç ã o d a s c a r a c t er íst ic a s g er a is
Platymiscium ulei Macacaúba
Brosimum rubescens Pau rainha Os cuidados que devem ser observados na escolha das madeiras para
Astronium lecointei Muiracatiara lutheria, devem obedecer alguns critérios, primeiro por tratar-se de uma
Aniba canellila Preciosa
Fundo/lateral Piptadenia suaveolens Faveira folha fina atividade altamente conservadora, tanto os consumidores finais, os luthiers
Cassia scleroxylon Muirapixuna e principalmente os músicos.
Swartzia leptopetala Gombeira
Para cada componentes dos instrumentos musicais é necessário que haja
Swartzia laxiflora Coração de negro
Braço Swietenia Mogno Cedrela odorata Cedr combinações específicas destas características. Para o tampo devem-se
macrophylla
o usar espécies de cor clara, fundos e laterais, espécies de cor marrom
Bixa arborea Urucú da mata
Braço Protium spp. Breu branco
escuro e para a escala ou espelho deve-se usar espécies de cor preta.
Escala Ébano Swartzia leptopetala Gombeira
Swartzia laxiflora Coração de negro
Co r :
Aniba canellila Preciosa
Dalbergia spruceana Jacarandá do pará A escolha da cor terá que levar em conta algumas exigências já consagradas
Cassia scleroxylon Muirapixuna pela tradição, por exemplo, o tampo dos instrumentos deve ser
Ocotea fragantissima Louro preto
confeccionado com madeira de cor clara, as laterais e o fundo de madeira
de cor marrom escuro e a escala com madeira de cor preta.

14 15
Fig ur a : Det er mina ç ã o d a s pr o pr ied a d es f ísic a s
A madeira para instrumentos musicais de cordas dedilhadas deve A densidade física é uma propriedade de grande importância por
ser perfeitamente quartelada, o que significa dizer que a figura causa da sua relação direta com outras propriedades como, por
aparece sobre a superfície radial. A madeira quarteada exemplo, a resistência mecânica.
geralmente apresenta uma quantidade considerável do tecido Na confecção dos componentes dos instrumentos musicais se
dos raios, que é em grande parte responsável pelo valor devem observar as diferentes densidades básicas das espécies.
decorativo e acústico da madeira. Por exemplo, o peso específico de uma madeira para o tampo
deve ser menor do que aquela usada para o fundo/ lateral.
Text ur a :
As diferenças no aparecimento dos anéis de crescimento, que
resultam das variações em tamanho e uniformidade das Co n str uin d o o in str umen to
dimensões das células, constituem a textura da madeira.
A maioria de espécies Amazônicas apresenta muitos poros
A ma d eir a ut il iz a d a na f a br ic a ç
grossos, com poros grossos de diâmetros acima de 300 micron
ã o d e vio lõ es na OELA.
e parênquima abundante visível a olho nu, o que dificulta o
processo de fino acabamento.
Para cada parte do violão é utilizada uma espécie de madeira.

Gr ã :
Tampo = Marupá
A grã se relaciona às direções gerais das fibras e outros
Fundo e Lateral = Pau-rainha e Tauari
elementos da madeira, podendo ser definida como: direita,
Escala e Cavalete = Preciosa
espiralada, reversa, ondulada e torcida. Para lutheria devem-se
Braço = Breu-branco
utilizar as madeiras que apresentam grão direita, o que
possibilitara um enorme ganho na trabalhabilidade e nas
Em todas as etapas de fabricação, a madeira recebe uns
propriedades acústica das espécies.
tratamentos especiais, ficando em ambiente fechado
desumidificado para que o produto final saia com qualidade.

16 17
I - Desd o br a men t o I I - Co n f ec ç ã o d e Ta mpo

Faça o corte da madeira em radial (veios longitudinal), para maior O Tampo é a parte mais importante do violão, por ele, transmite
resistência e melhor condução da vibração, veja figuras 1, 2, 3. as vibrações das cordas, através do cavalete. Ao vibrar, provoca
o movimento do ar contido na caixa de ressonância.
1 O Tampo é construído por duas peças continuas de madeira,
medindo, 550mm de comprimento, por 200 mm de largura e por
0,4 mm de espessura, veja figuras 4 e 5.
Uma vez unidas as duas peças, desenhe por meio de um molde
a silhueta do violão. Efetue o corte com uma serra tico-tico ou
manua, veja figura 6.

Corte radial 4 5

2
Veios e raios
identicos ao máximo possível

6
3
Desdobro da
madeira

18 19
Após o corte da silhueta, calibre o tampo para 3.5 mm. Para efetuar o corte no tampo para incrustar a roseta, utilize
O passo seguinte, é a incrustar da marchetaria (roseta ou um cortador circular, veja figura 8 A.
mosaico).
Para definir o centro da boca do Violão Clássico, divida a linha 8A
Cortador circular
central do Tampo em 3 partes, usando o primeiro terço superior,
veja figura 7. Cortador circular, veja figura 8. 7

Limite da
La
marchetaria
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8
Presilha controladora de grau

20 21
Ponta da lâmina

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compasso â
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20 21
Para o primeiro corte (interno), regule o cortador circular com As funções principais da Roseta, são: (i) estrutural; reforçar
51 mm. O segundo corte (externo), regule o cortador circular os terminais dos veios ao redor da boca do instrumento, evitando
com 63 mm de abertura, veja figura 9. que o tampo venha a rachar, (ii) decorativo, e também, se usa
Após os dois cortes iniciais, efetuem vários outros cortes entre como meio de personificar o luthier pelo seu desenho e estética.
eles, para facilitar a retirada da madeira. Para esta operação, No caso da OELA o projeto foi baseado, a cúpula do Teatro
utilize um pequeno formão, veja figura 10. Amazonas, veja figura 11.

9
51mm

Largura da escala

10

63mm

Centro

Formão Montagem repetida

22 23
Após a retirada do excesso de madeira entre os dois cortes Incrustada a roseta, calibre o tampo com lixa grão 120 até 240,
iniciais, encrave as fatias dos blocos do desenho central da até a espessura de 3 mm. Após o acabamento, efetue o
roseta. Aguarde 24 horas para uma colagem perfeita. traçado dos leques e barras harmônicas, veja figuras 13 e 14.
13
Para incrustação das bordas, inferior e superior da roseta
(5 mm cada), veja figura 12.
12

Leque formato lateral

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4mm
No radial

24 25
Efetue o corte da circunferência da boca do violão, com 86 mm; Cole os leques e barras harmônicas e reforço da boca,
Veja figura 15. após 24 horas de cura da cola, efetue acabamento com as
O detalhe de confecção de reforço da boca, e dos leques lixa de grão 280, 320, veja figuras 19, 20, 21,22.
harmônicos. Veja as figuras 16, 17, 18.

15 16
19
20

Reforço

21 Cunha
100mm

3mm

22
20mm
17 8mm

4mm
No radial

26 Leque harmônico 27
30mm

8mm
Rebaixamento a partir da linha central

26 27
Veja as figuras, 25,26,27,28.
I I I - Br a ç o
25
O

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14º Ângulo
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m 14º Ângulo

x 20mm
329mm

29 80mm
2 200mm
600mm
0

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24

28 29
Em uma peça de madeira medindo 140 mm x 80 mm x 50 m, Colado ao braço, efetue um corte para encaixe das laterais.
molde e corte a forma do salto, veja figura 30. As laterais são presas a esse corte com a ajuda de duas cunhas,
veja figura 32,33,34,35,36.
Salto bruto
30

4mm
2m 2

Faça o alinhamento do m m
salto com o braço e cole
10m m
prensando com grampos
m
de marceneiro
(sargentos), por um 1
período de 24 horas, para
0
a cura da cola, veja figura
m
31.
m

30 Pressão 31
5mm
20mm
2mm

2mm
5mm
5mm

329mm

30 31
Esculpir o salto utilize um formão bem afiado, veja as figuras 37,
40
38,39,40,41,42.

37 38

Matriz do salto

30mm

41

20mm

39 Raio de
43mm

42

Limite do Ângulo

32 33
I V - V o l ut a (c a beç a ) Siga a ordem das figuras 44,45,46,47,48,49,50,51.

C 45

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76mm
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43
36

Pestana

Voluta
34 35
50 V - Fun d o d o vio l ã o

A função do fundo do violão e refletir o som produzido pelo


Pestana
tampo, e é construído com uma espécie de madeira mais densa.
Para a construção do fundo, serão necessárias duas peças de
madeira, com corte radial, na seguinte medidas; 550 mm de
comprimento, por 200 mm de largura por 0,4 mm de espessura,
veja figura 5. (madeira para o tampo).
O processo do preparo para a colagem das peças que compõem
o fundo, e o mesmo do tampo, e deve ser colado com um filete
ao centro, composto de uma lamina de madeira branca, de menor
densidade, para garantir uma boa colagem.
Aplique um reforço central na junta (área colada), observando
os veios da madeira do reforço no sentido perpendicular aos veios
da madeira do fundo, e deve ter; 15 mm largura e 2 mm de
51
espessura, cole até 5 mm antes do salto e 5mm antes da culatra.
Para garantir a rigidez necessária aplique 3 travessas ou barras
transversais, veja figuras 52.53.

52

Lâminado
claro

15mm de largura
2mm de espessura
53
Travessa

Travessa

36 37
Após o processo de colagem, por meio de um gabarito, efetue o Para dobrar as laterais, umedeça levemente as peças e aqueça
desenho da silhueta do fundo do violão, e corte com uma serra em um forninho com resistência elétrica, até 98 graus. Por meio
tico- tico. de um gabarito, modele ate o ponto desejado, veja figura 55 e
Calibre a peça do fundo, deixando a 2 mm, utilizando um 56.
calibrador com lixas grão 80, 100, 120, 150, ou raspilho.
Forno
55 ferro com resistência
56
na parte interna

VI - La t er a is

É a parte que define a 54.


silhueta e une o tampo
com o fundo e o braço do
instrumento, fechando a
caixa de ressonância.
A madeira da lateral é a
mesma utilizada para a
confecção do fundo, e
observe, sempre com o
corte radial, veja figura 5.
Uma vez fatiado em serra de
fita ou circular, faz-se uma
seleção por pares de corte e
com veios iguais. Calibre com
lixa de grão 80, 100, 120, 150
e no acabamento final com
grão de 180, 220
e 240. Ficando com uma
espessura de 1,8 a 2,0 mm,
dependendo da densidade da
madeira utilizada, veja figura
38 39
760mm

1 mm

VI I - Cul a tr a Parte da culatra Parte salto

Peça de madeira de baixa


densidade, que reforça a
união do tampo, fundo e
laterais, veja figura 57.
54 57

9
91mm
6
m
m

98mm
60mm

38 39
VII I - Esc a l a 60 12º traste

É confeccionada por uma espécie de madeira densa e escura, e 53mm


62mm

é colada sobre a frente do braço até a boca do instrumento. Sua


função é receber os 19 trastes, necessários para um violão,
Angulo
distribuídos mediante cálculos matemático, para garantir a da boca 42,5mm raio

afinação do instrumento, veja figura 58.


61

58 Linha
12º traste paralela

Pestana

12º traste

Deve ser respeitadas sua forma e dimensão, veja figura 59,60,61.

59
Pestana
de 4mm
325mm 12º traste

8mm

7mm de
espessura

40 41
Para determinar a distância de um traste a outro, utilize esta
I X - Ca va l et e
formula matemática 12 2 = 1.059463 ao que nomearemos
Fator K de proporcionalidade.
Peça de madeira, confeccionada da mesma espécie e densidade
Exemplo: calculo da escala de um Violão Clássico 650mm.
da escala e com corte radial.
É a peça do instrumento que sustenta as cordas, suportando
Comprimento de corda pulsante = 650 mm
grande tensão, aproximadamente 40 kg.
Fator K = 1.059463 = 613,51835 Além de sustentar as cordas, tem a função de transmitir através
do rastilho, feito de osso de canela de boi, a vibração das cordas
650 - 613,51835 = 36,48 1º traste para o tampo e conseqüentemente para a caixa de ressonância.
613,51835/1.059463 = 579,08426 As seqüências de sua construção, veja as figuras 62,63,64,65,66,
67,68.
613,51835 - = 34,43 2º traste
579,08426
579,08426/1.059463 = 546,5828 62
10mm

579,08426 - 546,5828 = 32,50 3º traste


546,5828/1.059463 = 515,9055
546,5828 - 515,9055 = 30,67 4º traste 180mm 30mm

E assim sucessivamente, até o 19 traste.

63

80mm

50mm

42 43
64 67 Vista lateral

12mm

5mm Rastilho

Rastilho

Base
Abas

65 Bloco Cordal
68
Espessura da
marchetaria Centro

27,5mm

55mm

Exemplo de marchetaria sobre o bloco cordal


Posição dos furos 11mm

A base inferior do cavalete tem que estar plana, sem defeito, para uma colagem perfeita.

66

44 45
X - ma r chet a r ia Prepare as Peças

71
Para montar uma
marchetaria e preciso Papel milimetrado
72 Bo
laminas de madeira com da

cores distintas de acordo


com suas idéias. As Nú

laminas são de 0,5 ou 0,7


mm de espessura, veja
figuras 69 e 70.

69 70

Marfim

Preciosa

É preciso ter cuidado, as


laminas são frágeis. Faça
um projeto de desenho
desejado, veja figura
71,72.

46 47
Com as laminas, prepare
os filetes, veja figura 73.

73

Através do projeto,
podemos saber a
quantidade exata de
laminas, veja figura 74.
Junte as laminas
formando as fileiras 1, 2,
3 e assim até a ultima
fileira, veja figuras 74 e
75.

74 75

Tiras da
lamina de
madeira

46 47
Para colá-las não é preciso impor muita pressão, para evitar que Esse é o ângulo em que deve ser colado o bloco de marchetaria,
desfaça o desenho desejado. Os tacos de pressão, podem ser prepare uma base com esse ângulo, onde será colado o bloco,
fixados com pregos, veja figura 76. veja figuras 77, 78,79.

76 Prego 77

Base para suporte

T
a
c
o
s

p
a
r
a

p
r
e
s
s
ã
o

Largura do projeto 11,25mm

78
Após o processo de juntar os filetes com base
colagem, espere 24 horas, no projeto.
para a cura da cola. Logo
após, quando as peças
estiverem secas, calibrar
com 0,7 mm, para que
cada tira se torne um
quadrado. Depois, é só
48 49
Peças soltas
Pressão

Bl o c o Fina l
A Press
B
ão
Roseta com
corda
é em
volta
colada
com um
raio de
curva.
Para
chegar
a esse
raio
inicial
some:

Raio da boca = 43
mm
Raio da borda da
boca = 2mm de
espessura;
Espessura da
borda da
marchetaria = 5
mm = 51 mm de raio

48 49
79

Após 24 horas de espera para cura da cola, fatie na transversal


o bloco com 2 mm de espessura. Faça uma forma que encaixe
o bloco enquanto você corta, veja figura 80.

80

50 51

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