Ezequiel 47 - o Rio Fluindo Da Casa
Ezequiel 47 - o Rio Fluindo Da Casa
Ezequiel 47 - o Rio Fluindo Da Casa
O livro de Ezequiel fala de dois rios. O primeiro rio, no capítulo um, é o rio
Quebar que estava no lugar onde o povo de Deus era mantido em cativeiro. O
segundo rio, no capítulo quarenta e sete, é o rio da vida na terra santa. O primeiro
rio é para levar a cabo o julgamento; o segundo rio é para suprimento de vida. Estar
próximo ao rio Quebar é estar num lugar de disciplina, mas estar próximo ao rio
de água viva é estar num lugar para receber vida. Nesta mensagem consideraremos
o rio que fluindo da casa.
Gênesis 2 fala da árvore da vida (v. 9) e de um rio que saía do Éden para
regar o jardim (v. 10). A árvore e o rio significam que Deus deseja Se dar ao homem
como vida. A árvore da vida indica que Deus quer que nós O comamos, e o rio
indica que Ele quer que nós O bebamos. A árvore e o rio em Gênesis 2 são o começo
de duas linhas—uma com respeito a Deus como alimento vivo e a outra respeito a
Deus como água viva—que corre ao longo da Bíblia até que elas se consumam com
a árvore da vida e com o rio da água da vida em Apocalipse 22. No que diz respeito
a Deus como alimento do homem, a Bíblia fala da carne do cordeiro, o pão sem
fermento, o maná, as várias ofertas, e todos os produtos, animal e vegetal, da boa
terra de Canaã. Em João 6 o Senhor Jesus falou claramente sobre isso: “Eu sou o
pão da vida” (v. 48); “Eu sou o pão vivo que desceu do céu” (v. 51); “Minha carne é
verdadeira comida, e Meu sangue é verdadeira bebida” (v. 55); “quem de Mim se
alimenta, por Mim viverá” (v. 57). Com respeito a Deus como água para o homem
beber, a Bíblia fala de fontes de água para homem (Êx 15:27), a água que sai da
rocha (17:6; Nm 20:11; 1Co 10:4), a água do poço (Nm 21:16-17), e água que sai
da terra (Jz 15:19). Salmo 36:8b diz, “E na torrente das tuas delícias lhes dás de
beber. Salmo 46:4 diz, “Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o
santuário das moradas do Altíssimo.” Joel 3:18 diz, “Uma fonte sairá da Casa do
SENHOR.” Zacarias 14:8 diz, “Naquele dia, também sucederá que correrão águas
vivas de Jerusalém.” O Evangelho de João fala da água viva em 4:14 e 7:37-38.
Essas porções da Palavra revelam que Deus como água viva tem fluido desde a
eternidade para satisfazer nossa sede.
A porção da Palavra que descreve o fluir da água viva de Deus com mais
detalhes é Ezequiel 47. É significativo que o fluir do rio da vida não está no capítulo
um. Naquele capítulo, em vez de o rio da vida, havia um fogo consu-mindo. No
capítulo trinta e sete havia um vento que se tornou sopro para nós, mas não havia
1
nenhuma água fluindo. O fluir da água não começou até o capítulo quarenta e sete.
A água não pôde vir antes do capítulo quarenta e sete, porque a casa não tinha
sido edificada.
Quando o Senhor viu todas essas coisas, Ele deve ter ficado muito con-tente.
Ele tinha uma casa—o lugar do Seu trono, um lugar para as plantas dos Seus pés,
um lugar onde Ele poderia habitar para o Seu descanso e satisfação. Ele viu a casa
com suas formas e estatutos, e viu os sacerdotes e as ofertas. Então, Ele enviou o
fluir do rio, e o rio começou a fluir da casa.
Agora podemos entender por que não há menção do fluir do rio antes do
capítulo quarenta e sete. O fluir do rio depende da edificação. Sempre que e onde
quer que um grupo de crentes estejam edificados em unidade como descrito por
Ezequiel, haverá o fluir do rio da edificação. Se há edificação em sua localidade, o
fluir virá da edificação. Suponha que em relação à igreja em sua localidade o
Senhor diga, “Este é o lugar do Meu trono, este é o lugar onde posso colocar as
plantas dos Meus pés, e este é o lugar onde posso habitar, descansar, e ficar
satisfeito.” Se o Senhor é capaz de dizer isso sobre seu lugar, o rio certamente fluirá
da edificação.
E as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do altar (v.
1b). O oriente é a direção da glória do Senhor (Nm 2:3; Ez 43:2). O fluir para o
oriente indica que o rio de Deus sempre fluirá na direção da glória de Deus. O rio
se importa com a glória de Deus.
Tudo na vida da igreja deve ser para a glória de Deus. Por exemplo, em nossa
pregação do evangelho, devemos buscar a glória de Deus. Se nossa pregação do
evangelho for para a glória de Deus, haverá um fluir de água viva. Porém, se não
nos importarmos com a glória de Deus, o fluir será limitado. Todos na igreja devem
buscar e se importar com a glória de Deus. Então a água viva fluirá da igreja.
Ezequiel 47:1c também nos diz que as águas fluíam do lado direito da casa.
De acordo com a Bíblia o lado direito significa a posição mais elevada. O fluir da
água do lado direito indica que o fluir do Senhor deve ter a preeminência.
Precisamos dar ao Senhor a posição mais elevada, e também precisamos dar ao
Seu fluir a posição mais elevada. Então o fluir será prevalecente e se tornará o fator
controlador em nosso viver e obra.
O fluir é pelo lado do altar (v. 1d). Isso indica que o fluir é sempre por meio
da cruz. Se não tivermos o lidar da cruz, o fluir será frustrado. Se quisermos ter o
fluir, temos que ter o lidar da cruz. Precisamos estar dispostos a passar pela cruz
de forma que o fluir possa vir em seguida.
O ponto principal aqui é o homem com um cordel de medir em sua mão (v.
3). Esse homem que é o próprio Senhor Jesus tem a aparência de bronze (40:3).
Como temos ilustrado, o bronze em tipologia, ou cobre, significa julgamento e
provação. O Senhor Jesus foi provado e julgado como um homem, e porque Ele foi
provado e foi julgado, Ele está agora provando e julgando. Porque Ele foi provado,
Ele está qualificado para provar, e por ter sido julgado, Ele está qualifi-cado para
julgar. Ele é Aquele com um cordel de medir em Sua mão, plenamente qualificado
para nos medir.
O homem veio com um cordel de medir na sua mão para medir o fluir do rio
(47:3-5).
Quando esse homem mediu o rio a primeira vez, havia pouca água saindo da
casa. Então ele mediu mil côvados, e o fluir ficou mais profundo, até os tornozelos
(v. 3). Novamente ele mediu mil côvados, e o fluir ficou mais profundo, até os joelhos
(v. 4). Depois disso o homem ainda mediu outros mil côvados, e o fluir ficou ainda
mais profundo, até os lombos (v. 4). Quando ele mediu mil côvados pela quarta vez,
o fluir se tornou um rio que não se podia passar, e o rio se tornou águas para
nadar.
4
Senhor e experienciaremos Sua provação e julgamento. Mesmo depois de vários
anos, podemos ainda não ter sido completamente possuídos pelo Senhor, e assim
precisaremos ser medidos novamente, provados, julgados e possuídos por Ele.
Você pode estar desejando saber como podemos determinar o quanto fomos
medidos e possuídos pelo Senhor. Determinamos isso pela profundidade do rio. Se
o rio estiver apenas até nossos tornozelos, isso prova que não temos sido medidos
completamente pelo Senhor. A profundidade do rio depende do quanto somos
medidos pelo Senhor. Não há necessidade de discutirmos e nos justifi-carmos. Em
vez disso, devemos simplesmente considerar a profundidade do nosso fluir. Qual é
a profundidade do seu fluir? Ele está até os tornozelos? Até os joelhos? Até os
lombos? O fluir se tornou um rio que não se pode atravessar? O fluir se tornou
águas para nadar? Precisamos considerar nossa situação pessoal dessa maneira.
Todos nós precisamos ser medidos e possuídos pelo Senhor. Para o Seu
medir o Senhor precisa de nossa cooperação. É difícil para o Senhor nos medir,
nos julgar, nos possuir e nos assumir sem cooperação adequada de nossa parte.
Que possamos clamar ao Senhor por sua misericórdia para que por meio do Seu
medir em todas as Suas igrejas locais haja um rio no qual ninguém possa passar.
É fácil caminhar em terra seca, mas o fluir do rio torna o caminhar mais
difícil. Quando a água está até os tornozelos, nós ainda podemos caminhar, mas
não é muito conveniente. Quando a água está até os joelhos, é mais difícil
caminhar. Quando a água está até os lombos, é muito difícil caminhar. Isso indica
que antes de nós desfrutarmos a graça do Senhor como o fluir, podemos fazer tudo
que gostamos. Quando experimentarmos o fluir do Senhor apenas de maneira
superficial, nós ainda podemos caminhar por meio do nosso próprio esforço. Mas
quando o fluir se torna mais profundo, alcançando até os joelhos, caminhar se
torna muito mais difícil. Nós temos graça, mas a quantidade de graça que temos
não é suficiente, assim continuamos exercitando nosso esforço próprio.
5
Quando o fluir aumenta, ele incomoda, restringe e nos frustra. Quando o
fluir da graça eleva ainda mais, até os lombos, essa é a hora mais difícil para ser
um cristão. Nossa situação se torna impraticável. Por exemplo, por um lado,
podemos ter graça suficiente para ficar difícil perdermos nossa paciência; por outro
lado, podemos não ter graça suficiente para superar nosso temperamento. Nós
temos graça, mas ainda precisamos exercitar nosso esforço próprio. Isso é um
dilema. O rio da graça está conosco, mas não é profundo o bastante. Mas uma vez
que o fluir da graça se torna tão profundo a ponto de não podermos passar,
louvaremos o Senhor e começaremos a nadar no rio. Quando nadamos, já não
tentaremos nos levantar em nossos pés. Em vez disso, abandonaremos nosso
esforço próprio e começaremos a nadar no rio.
Preocupa-me o fato de que muitos entre nós não tem, contudo deixado seu
esforço próprio, mas ainda estão tentando se manter em pé no seu próprio esforço.
Eles continuam lutando em seus esforços para se manterem em pés. Isso significa
que estão exercitando seu esforço próprio para ser um vencedor. Esses que estão
em tal situação precisam perceber que necessitam de mais graça. Eles precisam de
um fluir mais profundo de maneira que deixem de tentar ficar em pé e em vez disso
nadem no rio. A melhor maneira para nadarmos no rio é pôr nossa confiança no
fluir do rio, esquecer de nossos esforços próprios, e deixar o fluir nos levar adiante.
Quando recebermos a abundância de graça, essa será nossa experiência.
Embora a graça seja suficiente, nós ainda precisamos avançar com o fluir da
graça do Senhor. Quando estamos sendo levados adiante pelo rio, não devemos
tentar preservar nossa própria direção. Devemos abandonar nossa direção e
devemos nos mover na direção do fluir. Porém, o fluir pode estar numa direção,
mas nossa intenção é nos mover na direção oposta. Por essa razão, o Senhor
frequentemente tem problemas conosco.
Onde quer que o rio flua, tudo viverá e será cheio de vida (Ez 47:9). Esse rio
é o rio da vida, e somente vida pode fazer as coisas viverem. Meros ensinamentos
e dons não são importantes aqui, porque eles não podem dar vida. Ezequiel não
diz que tudo conhecerá ou que tudo exercitará os dons; ele diz que onde quer que
o rio chegue tudo viverá.
Nesse fluir vivem as árvores que dão frutos doces e deliciosos todos os meses
(v. 12). Também, a água produz uma abundância de peixe (v. 9). O gado está
implicado pelos nomes de duas cidade—En-Gedi e En-Eglaim (v. 10). En-Gedi quer
dizer “a fonte do cordeiro”, e En-Eglaim quer dizer “a fonte de dois bezerros.” Essas
6
fontes são para o gado jovem, os cordeiros e os bezerros. De tudo isso vemos que o
fluir do rio produz árvores, peixes e gado.
Com o fluir do rio, também há peixes (v. 10). Pescar significa o aumento em
números. Se o número de pessoas em sua igreja local não aumenta ano após ano,
isso significa que não há pesca, e sem pesca significa que não há fluir. Se tivermos
pesca, devemos ter o fluir. Precisamos de um lugar para lançar e espalhar nossa
rede. Precisamos de pesca para ter um aumento em números.
Ezequiel 47:8 diz que o rio flui em direção ao Mar Oriental. De acordo com o
mapa, o Mar Oriental é o Mar Salgado ou o Mar Morto. Por meio do fluir do rio da
casa, a água salgada do Mar Morto será curada. Isso significa que a morte será
tragada pela vida. Quando houver um fluir de vida rico e profundo numa igreja
local, muita morte será tragada pela vida. Porém, se não houver nenhum fluir
numa determinada igreja, essa igreja se tornará um “mar morto” cheio de sal. Mas
se houver o fluir do rio, a morte será tragada pela vida, e então o “mar morto” será
vivificado.
Embora o Mar Morto e os lugares secos possam ser vivificados e morte pode
ser tragada pela vida, os pântanos e os charcos não podem ser curados (v. 11). Um
pântano é um lugar que é nem seco nem molhado. Consistindo em parte de lama
e em parte de água, um pântano nem é molhado nem é seco. Um pântano significa
uma situação cheia de concessões. Isso significa que onde quer que haja uma
situação de concessão, ai haverá um pântano. Nós nunca deveremos estar
envolvidos com qualquer situação “pantanosa.”
O Senhor Jesus reprovou a igreja em Laodicéia por ser morna e não ser nem
quente nem fria. Ele disse àqueles em Laodicéia que deveriam ser quentes ou frios,
mas não mornos. Ele também disse que se eles permanecessem mornos, Ele os
vomitaria da Sua boca (Ap 3:15-16). Ser morno é estar numa situação pantanosa,
estar num pântano.
7
Nossa posição em relação à igreja deve ser absoluta. Se você se posicionar
em uma denominação, você deve se posicionar absolutamente. Se você se
posicionar com um grupo independente, você deve se posicionar absolutamente
com esse grupo. Se você se posicionar na base da igreja, você deve se posicionar
absolutamente. Você deve ser frio ou quente, mas jamais deve ser morno. Ser
morno é estar num pântano. Se você desiste das denominações e dos grupos
independentes, e, contudo não é absoluto pela base adequada da igreja, você está
num pântano. É possível alguém estar na vida da igreja sem ser absoluto. Tal uma
pessoa é um pântano.
A igreja também deve buscar um lugar segundo a sua espécie. Gênesis 1:11-
12 diz que a relva, as árvores e as ervas produziam cada um segundo a sua própria
espécie. Uma macieira não pode produzir uma maçã-pêssego. Produzir uma maçã-
pêssego, isto é, algo que não é segundo a sua espécie, é ser um pântano. Um
homem deve ser um homem e uma mulher deve ser uma mulher; ninguém pode
ser um homem-mulher. Se você está numa denominação, busque lá a sua espécie.
Se você está num grupo independente, busque lá a sua espécie. Do mesmo modo,
se um grupo de santos numa determinada localidade for a igreja ali, eles devem
ser a igreja segundo a sua espécie.