Roberto Piva - Coxas
Roberto Piva - Coxas
Roberto Piva - Coxas
FEIRA DE POESIA
ROBERTO PIVA
\ COXAS
r e ,1
FEIRA DE POESIA
1979
COXAS
Sex f·ict-ion & delírios
li
1
Oswald de Andrade
1- OS ESCORPIÕES DO SOL
O adolescente a1oelhou- se abriu a braguzlha da calça de
Pólen & começou a chupar.
Eram 4 horas da tarde do mês de junho é!! o sol batia no
topo do Edifíczo Copan suas ra1adas paulistanas onde Pólem
& Lui'zinho foram Jazer amor é!! tomar vinho.
O adolesceT!te vestia uma camiseta preta com o desenho no
peito d(} um punho fechado socialista, calças Lee desbotadas
& calçava tênis branco com listras azws Você é mmha
putinha, disse Pólen. Isso, gTltou Luizinho, gosto de ser
chamado de putznha, puto, Vládo, bichmha, viadinho ah
acho que vou gozar todo o esperma do Un'lverso!
Neste instante um hellcóptero do City Bank aproximava- se
pedindo pouso & os dozs nem lzgaram contz'n uando com
suas blasfêmzas erótzcas heróz'cas & assassúias.
O guarda que estava no helicóptero então mirou & abnu
fogo
Luzúnho ficou morto lá 110 topo do Edifício Copan com
Onça Humana agarrou Pólen & foram trepar atrás da Rabo Louco enquanto Coxas Ardentes sodomizaw Lábzos
cortina, porque Onça Humana gostava dos mocós dignos da de Cereja. Lindo Olhar contorcia seu corpo imberbe &
sabedoria felina da Onça animal totem de muitas tnbos de maravz'lhoso debaixo de Rabo Louco que o det•orava
índzos brasileiros & com eles ameaçada de desaparecer sem Coxas Ardentes beijava Lábios de Cere1a & o pedia em
que ninguém fale nisso ou poucos falem msso & Onça casamento.
Humana queria que isso vivesse na mente permanente dos No andar de bai.x o Pólen & Onça Humana t•iam um filme
garotos do club & eles gostavam de Onça Humana que os sobre sociedades secretas & se beijavam
observava gulosa quando os via enrabarem- se mutuamênte Lindo Olhar juntou- se aos dois & começou lamentar seu
oumndo a Nona Sinfonia ou Chico do Calabar ou Guerra grande amor perdido Mário que foi fuzilado por rebelião &
Peixe. destilou sua amargura com a cabeça no peito de Pólen que
Onça Humana tinha lido Thalassa - Psychanalyse des passava a mão em seus cabelos & Onça Humana chorou &
origenes de la vze sexuelle do Dr Ferenczi & achava que Lindo Olhar queria que Márzo renascesse em forma de um
toda mulher devza querer se apropnar do sexo do homem pássaro Etrusco voando fora do túmulo & acumulando
engolindo- o com a t'agina úmzda simbolizando a grande mnhos amorosos na Lua ou num planeta solitário onde ele
caverna feliz onde nadamos despreocupados. Os garotos do Lindo Olhar iria encontrá- lo & beijar suas mãos nor:amente
clu b não transavam com Onça Humana. & ser sua escrat'a enlouquectda & se irestzr de carcital
Eles queriam revzver o ideal grego da Polis. O Eros grego adolescente renascentista & aparecer diante de uma imensa,
com seus cabelos cacheados & seus relâmpagos sexuais. fogueira na praia com uma tanga de pele de leopardo
Transai-am entre si, com Pólen & alguns conuedados enquanto as gaivotas botariam ovos de veludo nos rochedos
especiais do amor
No andar de Clma Lindo Olhar estava sendo enrabado por ,,J 1e1wb1'1dade d( Pólen estaira sem andaimes
3- CHIANTI TENUTA DI MARSANO
Múmia iadia
Dei~-.:a a pirâmide pegar Jogo & ouça o l'enlo da noite onde
Anúbrs domma
o Faraó morreu na org1a ao pôr do sol roxo de t'lnho
J"1úmia vadia
o amor atratcssou seu cammho de ataduras e11louquec1das
colhe o frênes1 na língua caótzca dos deuses & peça
o abraço de Osms deus da a~ncllltura subdesent>vh·1da
1\-Iolha a alma ,w Jangut• da rebelião
t·olta a adorar os deuses seml'adorcs de d1scórdraç
Pólen carregou Lmdo Olhar até o andar de cima colocou o
sobre as almofadas de uludo 11t'l{r0 & se be17ara111 alt
amanhecer, quando o l{randt rro eh/atou .suas á~1ws até o
fim do mundo & I.zndo Olhai f1t'Tcebt u qw o amor Ja:.w
uma IIOt'<l ronda cm .ma carne m11ltrpl1cczcla 011dt <H
gwtarra:i ela pa1:-:ào deixaram marcas de d1•t1tcs & /'t quenas
gotas de suor.
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que p1•di: entre outras coisas que toei• de unho & fumo
Q( 'E VOCE QLJ_llER
Os manl)ru tos de l.mdo Olhar se dirigiam aos cozmhe1Tu:,
a duxe ,"\LA REBAD A \'A ESTRAD A DAS Il.l SOES stm
aos funzlezr os às numzcur es distraíd as aos Jabnca ntes de
as Jrontezras entre acaso & necessidade
Jormicz âa aos garotos 110 cba posterio r ao dc:.caba çamento
Pólen comia uma maçã- do amor em cumJmnl11a de Lmdo
às ràs (!J às manifes tações do pule,ro
Olhar que acompa1 1ham o ritmo do rock com os ,ltdos
batendo na pt•le do ornJLorn11co Coxas Ardente s era sru porta- wz & secretar io geral do club
As primeira s Joguezras foram actsa.s Osso & Liberda de
Rabo Louco era espectali'sta em bbtzkrte g
Pintou uma roda de samba- chmts- dodt, afô111< o i•w E:::ra
Lábzos d1• Cere1a organzza1-a as .sessõ,s de orgasmo colt t1vo
Pound l1 um mulatmh o que tocat,a pande,r o se trcmsjor mou
(!/ cruelda des r.nstalm as
11u111a borbolet a tiermelh a com pt rfumc•s raros
Suas asas bailam contra o coraçao do mu11do um ,w110 Entrega em Prof1111d1dade .St' r.m:arn•g cwa dos debates &
chamad o Aurora /01 rtceb1do com 21 tiros de canhiio dú1.,1das metafisi cas
p
6- BA R CA ZZO D 'OR O
" ... la physi onum ie 11 ' c:.l q'un
assem blagt : dt• trait!> .iuxc1 uels
nous a\'ou s lié des iclc'.'·e!> ... "
Cond ,llac
de 11ut·, m no
ate os ombr os seti: brace letes em form a
anteb raço d, marf im
O relóg w que bate as paixõ es dehra .
1 ogol & Praxzs O adolesce11lt sabe que o.s ll71JOS
estão
.
sol louco
morto s Suas coxas lateja m de tesão & calm a Gtras
V
I
de
ela manh ã 110 Bar Ca:z:zo D Oro onde pequ enass gotas
e
chuta .sen•cm de mund o ao outon o enqu anto a cidad
de coca cola crdad e de .\ao
d,•sjJC ria seus parda is bêba dos
gasol ina lin, ar &
"-r ( Paulo 77 um rw coax ando na mem
/"'dre gosa no coraç ão de 200 U'att s à
óna
derit a sem baca
ca
ntes
~
con.10 nada entende de polít1ca o jaburú comt• /ucad111lw &
ttra a bengala do ar zgapo!> .sonham com coalhada a mcnma
o ficou atrapalhada na rasa das máqumas ft ncbrmo
zmpeachml'nt do caos Engd~ dt' lliTbantc & w Dwfrct1rn d,•
la Naturalcza (que Pólc•n l,•u clw/mdo nas montanha.5 d<'
Atzbata) cantando um agente da C l . A . dl' rlwturas
cidades de mt'ial pruár,o um qwmo110 juna o prmct/11• das
tri•vas dos Ot'OS saltaram clua.s anãs obsc1 11as q11E' cuNiaram
1
A ('ararmia ladra & os cães passam Hitler sacudindo seu pau mole para os Capitães de Areia
r•oré mija na boca aberta da bicha locomotivas nas planícies bêbadas de vmho
0 .1 anjo.1 quebraram suas coxas no muro do hotel todo ilhas magnéticas rolando pelos mares
vnmelho de susto com seus pássaros exóticos tocando banjo & flauta doce
o leitão blindado dança no zzg- zag de Heronimus Bosch o garoto sofreu o ataque da ave de rapina chamada Zeus &
seu tango de petúnias seus testículos hipnotizaram a luz do sol vedando a
o botão de controle da Sala das Torturas adoração da luz para os patriotas do pornosamba & suas
no porão do hospital é um olho parado amarelo matracas tatuadas
vozes cachos de tâmaras tafetás rasgados de onde salta a noite La terra trema
gritos de garotos de botas & biquinis a toca do coelho paranóico & sua Baviera de folhas verdes
sendo flagelados por vinte putas alucinadas de cocaína ronronando até o ponto máximo da febre amarela
corredores apinhados de gerentes de banco Muchachos ragazzi garçons boys garotos com vaselinas- antenas
dando o cú para druz·das com os paus embrulhados em duplas mãos na escadaria da Pensão Coração Adormendo pés
celofane descalços pisam bocas entreabertas dos zrmãos
prldos sintonizados de vinte mil pombas no telhado transbzOlógicos
La terra trema travesseiros recheados de penas pornográficas
galáxzas alvejadas derramando seu suco sobre nossas vôo rasante da última senzala iluminada gargalhando de
cabeças esplendor.
10 - ANTINOO & ADRIANO Esta é a zona batida pelos afogados
Esta é a t•eloczdade máxzma de quem submerge
" L'énigme du labyrinthe est aqui as romãs romanas não crescerão mais
celle-ci: Comment desci odre & duas águias de névoa on'<llhando sandálws
jusqu'à Dionysos sans perdre la adolescentes na grama de przmavera escret:em
connaissancc d u chemin?" a palavra: R emember
L 'homme et ses labyrmthes o doce Antinoo com seu arco carregando
corações maduros na aijava na f enda essência
A Kremer- M anettz
da hzstória
os semáforos do tempo acendem seu sinal
"The rain o utside was cold in verde por cima de sua
Hadrian's sou!" longa cabeleira
este doce garoto
A ntm ous
partw o coração do imperador r.
Fernan do Pessoa 0 1 m pérw adorando um deus adolescente afogado no /1.. zlo
sem esp erar a Manhã egípcia chegar
Adn ano chorou o rest o de sua
vzda na t11lla ao sul de Roma
as paredes rachavam p elas tardes
deixando entrar as lembranças
houve um tempo nas montanhas da
Bztmia quando as caçadas se prolongavam
até a hora do amor
o i mho Falerno aderindo aos estômagos
1