Ultimo Trabalho Marcio Malta Ri Tpri Dois
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ARISTÓTELES:
Aristóteles nasceu em 384 a.C., em Estagira (por isso é também conhecido como o
estagirita), cidade grega situada a noroeste da Península da Calcídia. Seu pai, Nicômaco,
era médico e, como tal, descendia de uma família de médicos, pertencendo a uma
corporação em que a prática da medicina passava de pai para filho. Nicômaco era o
médico particular de Amintos, rei da Macedônia, sendo possível que Aristóteles tenha
passado a primeira infância na capital dessa região. Apesar de perder o pai com 7 anos
de idade, acredita-se que Aristóteles tenha sido iniciado na ciência da Medicina, pois,
sendo pertencente a tal família, estava destinado a ser também um médico. Essa
iniciação e as práticas de medicina de sua família marcarão seu grande interesse pela
natureza, pela Biologia, pelo estudo das plantas, dos animais, dos astros e da alma. Aos
18 anos, Aristóteles se transfere para Atenas e passa a acompanhar as lições dadas por
Platão na Academia. Ali permaneceu por 19 anos, até a morte de seu mestre, tornando-
se seu discípulo mais importante. Deixou a Academia de Platão, pois não concordava
com os novos rumos dados pelo novo diretor, Espeusipo (sobrinho de Platão). Este
transformou a escola platônica em um grande centro matemático e astronômico, por
acreditar que só por meio da Matemática se poderia chegar às verdades
O pensamento de Platão influenciou decisivamente as ideias de Aristóteles, apesar das
críticas realizadas ao mestre, principalmente no que diz respeito à divisão entre mundo
ideal e mundo real. A importância desses dois pensadores foi tão grande que todo o
pensamento ocidental teve como base de sua origem e constituição os sistemas
filosóficos elaborados por eles. Saindo de Atenas, Aristóteles passou por Eólida, Assos,
Aterneu, casando-se com Pítia, filha do rei Hémias. Depois se transferiu para Mitilene e
só então foi convidado por Filipe da Macedônia para ser o preceptor de seu filho,
Alexandre, que mais tarde se tornou Alexandre, o Grande. Em 335 a.C., quando
Alexandre herdou o trono de seu pai, Aristóteles voltou para Atenas, onde fundou sua
própria escola, o Liceu. Situada num bosque perto da cidade, sua escola era constituída
por um prédio, um jardim e uma alameda para passeio (perípatos). Devido a esse lugar e
ao hábito de Aristóteles de discutir filosofia e ministrar seus ensinamentos caminhando
com seus alunos é que a escola ficou conhecida como Escola Peripatética. Com a morte
de Alexandre em 323 a.C., surgiram em Atenas sentimentos antimacedônicos, o que fez
com que Aristóteles fosse acusado pelo povo da cidade de traidor, uma vez que teve
ligação com a Macedônia. Segundo o próprio filósofo, ele saiu de Atenas e foi para a
cidade de Eubéia, “para evitar que um novo crime fosse cometido contra a filosofia” (o
primeiro foi a morte injusta de Sócrates). Aristóteles veio a falecer em 321 a.C., aos 63
anos, devido a uma doença no estômago que o acompanhara por alguns anos.
Os escritos de Aristóteles se dividem em dois grupos. O primeiro é o dos “exotéricos”,
destinados às pessoas de fora da Escola, ao público em geral, e sendo compostos, em
sua maioria, de diálogos. O segundo é o dos “esotéricos” ou “acromáticos”, destinados
ao público interno do Liceu e que tratavam de estudos e de ensinamentos mais
especializados. A maioria dos escritos de Aristóteles são cópias de suas lições
compiladas por seus discípulos e obras ditadas pelo mestre e escritas pelos seus alunos.
O primeiro grupo de escritos se perdeu quase por completo, restando apenas alguns
fragmentos e títulos. Porém, a maior parte de sua obra acromática resistiu às vicissitudes
do tempo e das contingências, chegando aos dias atuais, todas tratando de problemas
filosóficos e das ciências naturais. Alguns autores defendem que, ao todo, seriam
quatrocentas as obras de Aristóteles. Outros dirão que esse número pode chegar ao total
impressionante de mil obras
Para se conhecer Aristóteles, é necessário antes compreender a filosofia platônica. Isso
porque muito da filosofia aristotélica se apresenta como uma crítica àquilo que seu
mestre disse. Isso pode dar a impressão de inimizade ou oposição entre os dois, mas, ao
contrário, Aristóteles foi um genuíno platônico, principalmente por desenvolver uma
visão crítica, ou seja, por ser um filósofo propriamente dito, aquele que busca o saber
com seus próprios esforços e atitude. Partindo da teoria de seu mestre, Aristóteles tenta
superá-la. Uma diferença fundamental entre os dois é que Platão nutria um grande
interesse pela matemática, vista como meio de alcançar o conhecimento verdadeiro, e
não pelas ciências empíricas, pois, para ele, a verdade está além da matéria, além
daquilo que pode ser experimentado. Aristóteles, ao contrário, volta-se diretamente para
os fenômenos da natureza, para aquilo que pode ser experimentado, com o objetivo de
conhecer as coisas e o mundo por meio da empiria. Porém, a diferença mais importante
entre os mestres da filosofia antiga e ocidental é a rejeição de Aristóteles ao dualismo
platônico expresso nas duas realidades: o sensível, mundo real e imperfeito, e o
inteligível, mundo ideal, das formas perfeitas. Aristóteles apontará as dificuldades de se
estabelecer as relações existentes entre o inteligível e o sensível. Segundo ele, existem
dois problemas em se admitir a diferença entre essas duas realidades: como garantir a
existência da realidade superior e como admitir os efeitos dessa existência para o
conhecimento dos seres. Aristóteles afirmará que aquilo que Platão chama de ideia
inteligível, que estaria na origem de todos os seres – como a ideia de beleza –, não passa
de uma característica dos próprios seres, uma qualidade, não existindo, portanto, uma
ideia de beleza separada dos seres reais. Para o estagirita, quando o homem conhece,
por exemplo, a beleza, o que permanece na mente são as representações ou abstrações
daquilo que se conheceu e não uma entidade metafísica, uma ideia separada que existe
por conta própria fora do intelecto humano. Aristóteles se esforçará para demonstrar que
o inteligível de Platão está no próprio sensível, sendo possível que o homem conheça o
próprio sensível e faça uma ciência verdadeira a partir dele. A grande diferença entre os
dois maiores pensadores da Antiguidade é que, enquanto Platão tentou explicar por que
o mundo é como é, buscando suas respostas no inteligível, fora da realidade sensível,
Aristóteles tentou explicar como o mundo é como é,
buscando suas respostas no próprio sensível, nas coisas em si, encontrando seu sentido e
explicação nele mesmo. De uma forma mais simples: segundo o estagirita, a divisão que
Platão faz da realidade é desnecessária e leva a uma duplicidade incoerente, podendo
tornar a vida e o mundo sensível sem sentido. Desse modo, Aristóteles elaborará uma
filosofia em que o inteligível platônico está no próprio sensível, sendo possível assim
um conhecimento, uma ciência verdadeira da realidade em si, isto é, é possível conhecer
as ideias universais ou as essências dos seres, pois elas estão nas próprias coisas.
De acordo com o que foi dito, para Aristóteles, a ciência tem como objetivo conhecer
verdadeiramente as coisas do mundo. O conhecimento de todos os seres, dos modos de
ação do homem e dos objetos produzidos pelos homens é a própria filosofia. Vale dizer
que, desde Aristóteles até o século XIX, não havia diferença entre filosofia e ciência.
Segundo o filósofo, as ciências se diferenciam de acordo com o seu objeto de estudo.
Desse modo, o estagirita divide as ciências em três: ciências teóricas ou teoréticas,
ciências práticas e ciências produtivas ou poiéticas. • Ciências teóricas ou teoréticas:
São as ciências que buscam o saber em si mesmo. Tais ciências investigam as causas e
os princípios dos seres que existem na natureza independentemente da vontade e da
ação do homem e que se desenvolvem sem qualquer participação humana. Como
independem da ação humana, o conhecimento desses seres só pode se dar por teoria ou
contemplação. Fazem parte das ciências teóricas físicas (que investigam os seres que
tem movimento): a ciência da natureza (o que chamamos de física), a biologia e a
psicologia. Temos também a ciência teorética matemática, que estuda as coisas que,
embora tenham existência física, podem ser estudadas sem relação com a materialidade
em movimento. Fazem parte dessa ciência a aritmética, a música, a geometria e a
astronomia. Enfim, temos a filosofia primeira ou metafísica ou teologia, que se refere ao
estudo mais importante e fundamental da filosofia aristotélica, ou seja, ao estudo dos
primeiros princípios de todos os seres, ao estudo do ser enquanto ser. Refere-se também
ao estudo da substância imóvel e independente do ser, aquilo que está para além da
mobilidade e da materialidade das coisas. A filosofia primeira diz respeito também ao
princípio de todas as coisas, ao ser imutável que é o princípio do mundo, ao ser
absolutamente necessário a tudo o que existe, se referindo àquilo que Aristóteles
chamará de primeiro motor imóvel.
Ao afirmar que “concebemos a filosofia como possuindo a totalidade do saber, tanto
quanto isto é possível, mas sem possuir a ciência da cada objeto determinado”,
Aristóteles está dizendo que a filosofia primeira ou metafísica é a mais difícil e a mais
ampla de todas as ciências, uma vez que sua busca se concentra nas coisas que estão
mais distantes das sensações, ou seja, nas essências que, apesar de estarem nas próprias
coisas, só podem ser concebidas enquanto ideias ou conceitos dos seres. É precisamente
a ciência que se ocupa das realidades que estão acima das realidades físicas. Dessa
forma, a filosofia aristotélica busca o conhecimento daquilo que está para além do
mundo empírico, uma realidade metaempírica. A metafísica, sendo o conhecimento por
excelência, tem sentido em si mesma, não estando voltada para o conhecimento prático
e empírico, com utilidade imediata na vida dos homens. A metafísica responde não às
necessidades materiais da vida humana, mas às necessidades espirituais, às necessidades
de saber, que são próprias e exclusivas do homem. Dessa forma, o filósofo afirma que
“todas as outras ciências podem ser mais necessárias ao homem, mas superior a esta
nenhuma”.
Ao contrário de Platão, Aristóteles concebia que a realidade que existe é única e
material. Enquanto Platão buscava as verdades ou o conhecimento verdadeiro dos seres
na realidade inteligível, Aristóteles busca esse conhecimento, a essência dos seres, na
própria realidade existente. Essa realidade é constituída por seres singulares, concretos e
mutáveis, e é nessa realidade que o homem deve buscar as verdades através da
experimentação desses seres. É a partir das experiências da realidade empírica que os
homens devem estabelecer definições essenciais dos seres e atingir o universal, que é o
objetivo da metafísica. Para isso, o sujeito conhecedor deve partir dos dados sensíveis
que lhe mostram o individual e o concreto para alcançar, por um processo de indução
(da experiência dos seres particulares para um conceito geral), as verdades universais ou
essências dos seres. Dessa forma, o conceito universal ou essência seria um produto do
intelecto humano e não uma ideia em si e por si buscada em outra realidade, como
queria Platão. Assim, o homem poderia alcançar as estruturas primeiras dos seres – o
objeto da metafísica –, que seriam os conceitos gerais obtidos por meio dos dados
capturados pelos cinco sentidos. Para compreendermos como é possível alcançar o
conhecimento dos seres, precisamos antes entender alguns conceitos fundamentais da
teoria do conhecimento de Aristóteles.
As formas, na filosofia de Aristóteles, seriam as ideias de Platão. Porém, se para este a
ideia existe fora dos seres, para Aristóteles, as ideias são abstraídas dos próprios seres
por meio do pensamento indutivo. Por exemplo: a ideia de homem só é possível por
meio de uma abstração da forma que está contida em todos os homens reais. Pela
experiência de vários homens particulares, o intelecto separa matéria e forma e alcança
a forma, a ideia de homem por meio da abstração.
Após tratar das ciências teoréticas, Aristóteles trata das ciências práticas, aquelas que
dizem respeito ao comportamento dos homens vivendo em sociedade e o fim que eles
querem atingir, tanto indivíduos quanto como seres políticos. O princípio fundamental
que guiará toda a reflexão aristotélica é a noção de felicidade. Para o filósofo, todas as
ações humanas têm um fim que devem alcançar, que seria o seu “bem” último. Todas
essas ações, em conjunto, tenderiam para o bem supremo do homem, que é a felicidade.
Por felicidade, Aristóteles entende a busca pelo aperfeiçoamento. Dessa forma, o
homem precisa se tornar perfeito exatamente naquilo que o separa de todos os outros
seres, ou seja, na capacidade racional. Felicidade não seria a posse de bens materiais,
nem o prazer do gozo e desmedido, nem a honra diante dos homens. O homem,
enquanto ser racional, tem como fim a realização de sua natureza específica, a
racionalidade. É exatamente na realização de sua natureza de ser racional que consiste a
felicidade. Como já vimos, o homem não tem somente uma alma racional, mas possui
também uma alma ou natureza apetitiva que busca a satisfação dos prazeres. Porém, ele
não deve se entregar a esses prazeres, devendo submetê-los à sua capacidade racional.
Tais apetites e instintos se opõem à razão, mas podem ser regulados e submetidos a ela.
Tal submissão ocorre por meio das virtudes éticas, pelas quais a razão impõe sua
determinação aos apetites e instintos, podendo dominá-los. Tais virtudes constituem o
que conhecemos por “justa medida” ou “meio termo”, que seria a medida entre o
excesso e a falta. Exemplos: O sentimento original é o prazer, seu excesso é a
libertinagem, sua falta é a insensibilidade, seu meio termo ou virtude é a temperança.
Honra: seu excesso é a vulgaridade, sua falta é a vileza, sua virtude é o respeito próprio.
Generosidade: seu excesso é a prodigalidade, sua falta é a avareza e sua virtude é a
liberalidade. Dessa maneira, praticando constantemente a virtude, tornando-a hábito,
modo de ser, ela se torna a vitória da razão sobre os instintos. Segundo Aristóteles, o
homem não nasce bom, mas torna-se bom a partir da prática da virtude, alcançando
assim a felicidade.
Segundo Aristóteles, o homem é um “animal político”. Isto significa que o homem
nasceu para viver na cidade, em comunidade e não pode se realizar, encontrar a
felicidade, sem que conviva com os demais homens. Aristóteles dirá que o homem
político, o cidadão da polis, é aquele que participa da vida política da cidade, que ocupa
cargos na administração pública. Os escravos e estrangeiros, assim como os homens
livres que não tinham tempo para se dedicar à política, acabavam sendo meios para
atingir a felicidade dos verdadeiros cidadãos. O pensamento aristotélico traz o
preconceito claro da cultura grega de seu tempo: aqueles que não são cidadãos, os
escravos (bárbaros presos de guerra) e estrangeiros têm uma natureza inferior à do
homem grego.
“Platão e Aristóteles são semelhantes em relação a existência do homem contemplado
no mundo e o significado dessa existência. Ambos tentaram entender o que significa
estar ciente de uma existência e como a existência está relacionada com a dos outros.
Platão foi aluno de Sócrates, Aristóteles foi um estudante de Platão. Embora ele
discorde de seu professor sobre alguns pontos-chave, muito do trabalho de Aristóteles é
considerado uma evolução das ideias formuladas pela primeira vez por Platão. A obra
de Platão, no entanto, foi mais individualmente focada e preocupada com a alma.
Aristóteles era mais um pensador político que tentou colocar suas ideias em um
contexto social. Para ele, era impossível considerar um sem considerar o outro. Muito
de seu pensamento científico foi com base neste mesmo princípio. Para Platão, ser era
ser. Para Aristóteles, observar era ser.
Muitas das ideias de Aristóteles são um casamento entre as de Sócrates e Platão. Diz-se
que Platão foi o primeiro filósofo político e Aristóteles foi o primeiro cientista político.
Os dois filósofos fundaram escolas. A escola de Platão era A Academia, em que
Aristóteles estudou. A escola de Aristóteles foi o Liceu, que foi parcialmente financiado
por Alexandre, o Grande.
A principal diferença entre Platão e Aristóteles encontra-se em suas crenças sobre o que
era mais autêntico sobre a existência. Platão acreditava que a realidade última não está
presente em experiências cotidianas. Aristóteles pensava que o mundo de todos os dias é
mais autêntico do que o mundo das ideias de Platão.
Tanto Platão quanto Aristóteles escreveram sobre muitos assuntos diferentes, que vão
desde a forma adequada de governo, passando por uma definição de beleza estética e
indo até a própria natureza da realidade. A divisão entre as suas perspectivas
permaneceu entre muitos filósofos modernos também”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: