GOMES, Fernando - Manual de Sobrevivencia

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MANUAL

DE
SOBREVIVENCIA

Fernando Ferreira Gomes


1ª Ed. 2018
3
Sumario
Capitulo 1 – Introducao .................................................................................... 20
Dimensionar.................................................................................................. 20
Usar os Sensos ............................................................................................ 21
Lembrar Localizações ................................................................................... 21
Esquecer do Medo ........................................................................................ 21
Improvisar ..................................................................................................... 21
Valorizar a Vida ............................................................................................ 22
Agir como Nativos ......................................................................................... 22
Viver com Cautela ........................................................................................ 22
Padrões de Sobrevivência ............................................................................ 22
Capitulo 2 – Psicologia da Sobrevivencia ........................................................ 23
Um olhar no estresse .................................................................................... 23
Necessidade de estresse.............................................................................. 23
Fatores estressantes na sobrevivência ........................................................ 24
Ferimentos, doenças e morte .................................................................... 25
Incerteza e ausência de controle .............................................................. 25
Ambiente ................................................................................................... 25
Fome e Sede............................................................................................. 25
Fadiga ....................................................................................................... 26
Isolamento................................................................................................. 26
Reações Naturais ......................................................................................... 26
Medo ......................................................................................................... 27
Ansiedade ................................................................................................. 27
Raiva e Frustração .................................................................................... 27
Depressão ................................................................................................. 28
Solidão e Tédio ......................................................................................... 28
Culpa ......................................................................................................... 28
Se preparando .............................................................................................. 29
Conheça a si mesmo................................................................................. 29
Antecipe seus medos ................................................................................ 30
Seja realista .............................................................................................. 30
Adote uma atitude positiva ........................................................................ 30
Lembre-se do que está em jogo ................................................................ 30

4
Treine ........................................................................................................ 30
Aprenda técnicas de gerenciamento de estresse ..................................... 30
Capitulo 3 – Planos e Kits de Sobrevivencia .................................................... 31
Importância do Planejamento ....................................................................... 31
Kits de Sobrevivência ................................................................................... 32
Água .......................................................................................................... 33
Fogo .......................................................................................................... 33
Abrigo ........................................................................................................ 34
Alimento .................................................................................................... 34
Cuidados Médicos ..................................................................................... 34
Sinalização ................................................................................................ 34
Diversidades ............................................................................................. 34
Capitulo 4 – Medicina Basica ........................................................................... 36
Requerimentos para manutenção da saúde ................................................. 36
Água .......................................................................................................... 36
Alimento .................................................................................................... 38
Higiene Pessoal ........................................................................................ 40
Emergências Médicas ............................................................................... 42
Primeiros-Socorros ................................................................................... 43
Capitulo 5 – Abrigos ......................................................................................... 65
Abrigo primário: Vestimenta.......................................................................... 65
Escolha do local de abrigo ............................................................................ 65
Tipos de abrigos ........................................................................................... 66
Uma água de lona/poncho ........................................................................ 66
Tenda de lona/poncho............................................................................... 68
Tenda de três postes de paraquedas/lona ................................................ 69
Tenda de um poste de paraquedas/lona ................................................... 71
Tenda de paraquedas sem poste .............................................................. 72
Abrigo de um homem (individual) .............................................................. 72
Rede de paraquedas ................................................................................. 73
Uma água de material natural ................................................................... 74
Cama de pântano ...................................................................................... 75
Abrigos Naturais ........................................................................................ 76
Cabana de detritos .................................................................................... 77
5
Abrigo na neve com um buraco e uma árvore .......................................... 78
Abrigo de sombra na praia ........................................................................ 79
Abrigos no deserto .................................................................................... 80
Capitulo 6 – agua ............................................................................................. 83
Fontes de água ............................................................................................. 83
Áreas geladas ........................................................................................... 83
No mar ...................................................................................................... 83
Na praia..................................................................................................... 84
Deserto...................................................................................................... 84
Construção de condensador ......................................................................... 88
Condensadores sobre o solo .................................................................... 88
Condensador no subsolo .......................................................................... 90
Desinfecção de água .................................................................................... 91
Dispositivos de filtragem de água ................................................................. 93
Capitulo 7 – Fogo ............................................................................................. 95
Princípios básicos do fogo ............................................................................ 95
Seleção do local e preparação .................................................................. 95
Seleção do material para o fogo ................................................................... 98
Exemplos de materiais: ............................................................................. 98
Construindo seu fogo .................................................................................... 99
Fogueira em tenda .................................................................................... 99
Cabana...................................................................................................... 99
Vala em cruz ............................................................................................. 99
Pirâmide .................................................................................................. 100
Fogo longo .............................................................................................. 100
Perímetro de fogo ................................................................................... 101
Fogueira quadrada .................................................................................. 101
Como acender o fogo ................................................................................. 101
Métodos modernos ................................................................................. 101
Métodos Primitivos .................................................................................. 102
Capitulo 8 – Alimento ..................................................................................... 106
Animais como alimento ............................................................................... 106
Insetos..................................................................................................... 106
Minhocas (anelídeos) .............................................................................. 107
6
Crustáceos .............................................................................................. 107
Moluscos ................................................................................................. 108
Peixes ..................................................................................................... 108
Anfíbios ................................................................................................... 109
Répteis .................................................................................................... 110
Aves ........................................................................................................ 110
Mamíferos ............................................................................................... 112
Armadilhas e Laços ................................................................................. 112
Uso de isca ............................................................................................. 114
Construção .............................................................................................. 115
Dispositivos para matar ........................................................................... 125
Dispositivos de pesca.............................................................................. 127
Cozinhando e armazenando animais ...................................................... 132
Capitulo 9 – Plantas Utilizaveis ...................................................................... 139
Comestibilidade de plantas ......................................................................... 139
Identificação de plantas .............................................................................. 141
Teste de Comestibilidade Universal ........................................................... 143
Plantas de clima temperado .................................................................... 145
Plantas de clima tropical ......................................................................... 146
Plantas de clima desértico ...................................................................... 146
Algas marinhas ....................................................................................... 146
Preparação de plantas para comer ......................................................... 147
Plantas Medicinais ...................................................................................... 147
Termos e definições ................................................................................ 147
Medicamentos específicos ...................................................................... 148
Usos diversos de plantas ........................................................................ 151
Capitulo 10 – Plantas Venenosas .................................................................. 153
Como as plantas envenenam ..................................................................... 153
Tudo sobre plantas ..................................................................................... 154
Regras para evitar plantas venenosas ....................................................... 155
Dermatite de contato .................................................................................. 155
Envenenamento por ingestão ..................................................................... 156
Capitulo 11 – Animais Perigosos.................................................................... 157
Insetos e aracnídeos .................................................................................. 157
7
Escorpiões .............................................................................................. 157
Aranhas ................................................................................................... 158
Centopeias e milípedes ........................................................................... 158
Abelhas, vespas e marimbondos ............................................................ 159
Carrapatos .............................................................................................. 159
Sanguessugas ........................................................................................ 159
Morcegos ................................................................................................ 160
Cobras, serpentes e víboras ................................................................... 160
Áreas sem cobras ................................................................................... 162
Lagartos perigosos .................................................................................. 162
Perigos nos rios ...................................................................................... 162
Perigos em baías e estuários .................................................................. 163
Perigos do mar ........................................................................................ 163
Outras criaturas perigosas do mar .......................................................... 165
Capitulo 12 – Armas Ferramentas e Equipamentos ....................................... 167
Bastões ................................................................................................... 168
Porretes................................................................................................... 168
Armas de lâmina ou ponta ...................................................................... 170
Cordames e amarras .................................................................................. 174
Seleção de cordame natural ................................................................... 174
Material para amarras ............................................................................. 175
Construção de mochila ............................................................................... 176
Mochila quadrada .................................................................................... 176
Roupas e isolamento .................................................................................. 177
Lonas, ponchos, etc ................................................................................ 177
Pele de animais ....................................................................................... 177
Fibras de plantas ..................................................................................... 179
Utensílios para cozinhar e comer ............................................................... 179
Bacias e tigelas ....................................................................................... 179
Garfos, colheres e facas ......................................................................... 180
Panelas e potes ...................................................................................... 181
Garrafas de água .................................................................................... 181
Cola ............................................................................................................ 181
Resina e carvão ...................................................................................... 181
8
Pele Crua ................................................................................................ 181
Capitulo 13 – Sobrevivencia no Deserto ........................................................ 183
Terreno ....................................................................................................... 183
Montanhas desérticas ............................................................................. 183
Platô rochoso .......................................................................................... 183
Dunas de areias ...................................................................................... 184
Desertos de sal ....................................................................................... 184
Terreno ressecado e trincado ................................................................. 184
Fatores ambientais ..................................................................................... 184
Pouca chuva ........................................................................................... 185
Intensa luz do sol e calor......................................................................... 185
Grande variação de temperatura ............................................................ 186
Pouca vegetação .................................................................................... 186
Alto conteúdo mineral próximo à superfície ............................................ 186
Tempestades de areia............................................................................. 187
Miragens ................................................................................................. 187
Necessidade de água ................................................................................. 188
Mortes por calor .......................................................................................... 190
Precauções ................................................................................................. 190
Riscos de morte ...................................................................................... 191
Capítulo 14 – Sobrevivência em clima Tropical.............................................. 192
Clima Tropical ............................................................................................. 192
Tipos de Selvas .......................................................................................... 193
Florestas tropicais ................................................................................... 193
Selvas secundárias ................................................................................. 194
Florestas perenes sazonais ou florestas de monções ............................ 194
Florestas de arbustos e espinhos (Caatinga) .......................................... 194
Savanas .................................................................................................. 195
Mangues ................................................................................................. 195
Pântanos/Brejos ...................................................................................... 195
Viagem através de áreas de selva .............................................................. 196
Considerações imediatas............................................................................ 197
Obtenção de água ...................................................................................... 197
Animais: Sinais de água .......................................................................... 197
9
Água de plantas ...................................................................................... 198
Alimento ...................................................................................................... 199
Plantas Venenosas ..................................................................................... 199
Capitulo 15 – Sobrevivencia em clima Frio .................................................... 200
Regiões frias e localidades ......................................................................... 200
Ambientes de clima frio úmidos .................................................................. 200
Ambientes de clima frio secos .................................................................... 200
Fator do frio do vento .................................................................................. 201
Princípios básicos da sobrevivência no clima frio ....................................... 202
Higiene........................................................................................................ 204
Aspectos médicos ....................................................................................... 204
Ferimentos por frio .................................................................................. 205
Abrigos .................................................................................................... 209
Fogo ........................................................................................................ 212
Água ........................................................................................................ 215
Alimento .................................................................................................. 216
Viagem/Deslocamento ............................................................................ 219
Sinais do Clima ....................................................................................... 220
Capitulo 16 – Sobrevivencia no Mar............................................................... 221
O mar aberto............................................................................................... 221
Medidas de precaução ............................................................................ 221
Caindo no mar......................................................................................... 221
Considerações sobre clima frio ............................................................... 230
Considerações para clima quente ........................................................... 231
Procedimentos para uso do bote salva-vidas.......................................... 231
Água ........................................................................................................ 240
Obtenção de comida ............................................................................... 242
Problemas médicos associados com a sobrevivência no mar ................ 245
Tubarões ................................................................................................. 246
Detectando terra ..................................................................................... 248
Técnicas para deslocar e aportar ............................................................ 249
Nadando até a praia ................................................................................ 251
Resgate ................................................................................................... 251
Costa ....................................................................................................... 252
10
Perigos especiais para a saúde .............................................................. 252
Alimento .................................................................................................. 254
Capitulo 17 – Travessia de agua .................................................................... 256
Rios e riachos ............................................................................................. 256
Corredeiras ................................................................................................. 257
Botes/Balsas ............................................................................................... 260
Bote de arbustos ..................................................................................... 260
Bote de poncho australiano..................................................................... 261
Bote rosquinha com poncho.................................................................... 262
Bote de toras ........................................................................................... 264
Boias ........................................................................................................... 264
Outros obstáculos na água ......................................................................... 265
Obstáculos de vegetação ........................................................................... 266
Capitulo 18 – Obter Direcao ........................................................................... 267
Usando a bússola ....................................................................................... 267
Tomando direções com a bússola .......................................................... 268
Usando o sol e as sombras ........................................................................ 270
Métodos da ponta da sombra .................................................................. 271
Método do relógio ................................................................................... 271
Usando a Lua ............................................................................................. 273
Usando as estrelas ..................................................................................... 274
O Céu do Norte ....................................................................................... 274
O Céu do Sul........................................................................................... 275
Improvisando uma bússola ......................................................................... 276
Outros meios de navegação ....................................................................... 277
Capitulo 19 – Sinalizacao ............................................................................... 278
Aplicações .................................................................................................. 278
Métodos de sinalização .............................................................................. 278
Sinais visuais .......................................................................................... 279
Sinais sonoros......................................................................................... 284
Códigos e Sinais ......................................................................................... 285
SOS......................................................................................................... 285
Código de emergência terra-ar ............................................................... 285
Sinais com painéis .................................................................................. 286
11
Confirmações das aeronaves .................................................................. 287
Capitulo 20 – Sobrevivencia em Perigos Antropicos ...................................... 289
O ambiente nuclear .................................................................................... 289
Efeitos de armas nucleares ..................................................................... 289
Ferimentos nucleares .............................................................................. 291
Radiação residual ................................................................................... 292
Reações corpóreas à radiação ............................................................... 292
Contramedidas contra penetração de radiação externa ......................... 294
Abrigo ......................................................................................................... 295
Materiais de blindagem ........................................................................... 295
Abrigos naturais ...................................................................................... 296
Outros abrigos ......................................................................................... 297
Telhados ................................................................................................. 297
Escolha do local do abrigo e preparação ................................................ 297
Tabela de tempo de exposição ............................................................... 298
Obtenção de água ................................................................................... 299
Obtenção de alimentos ........................................................................... 300
Ambientes biológicos .................................................................................. 302
Agentes biológicos e seus efeitos ........................................................... 302
Detecção de agentes biológicos ............................................................. 304
Influência do clima e terreno ................................................................... 304
Proteção contra agentes biológicos ........................................................ 305
Abrigo ...................................................................................................... 305
Obtenção de água ................................................................................... 305
Obtenção de alimento ............................................................................. 306
Ambientes químicos ................................................................................... 306
Detectando agentes químicos ................................................................. 307
Proteção contra agentes químicos .......................................................... 307
Abrigos .................................................................................................... 308
Obtenção de água ................................................................................... 308
Obtenção de alimentos ........................................................................... 308
Apendice A – Plantas Comestiveis e Medicinais ............................................ 310
Acácia ......................................................................................................... 310
Acácia-branca ............................................................................................. 311
12
Aegle marmelos .......................................................................................... 312
Agave ......................................................................................................... 313
Alfarrobeira ................................................................................................. 314
Amaranto .................................................................................................... 315
Amêndoas................................................................................................... 316
Amendoeira-da-praia .................................................................................. 317
Amora ......................................................................................................... 318
Araruta ........................................................................................................ 319
Aspargos..................................................................................................... 320
Atriplex ........................................................................................................ 321
Atriplex halimus .......................................................................................... 322
Avelã ........................................................................................................... 323
Azedinha ..................................................................................................... 324
Bambu ........................................................................................................ 325
Banana ....................................................................................................... 326
Baobá ......................................................................................................... 327
Bardana ...................................................................................................... 328
Batata-indiana ou batata-de-esquimó ......................................................... 329
Beldroega ................................................................................................... 330
Bignai-doce ................................................................................................. 331
Blackberry, raspberry ou dewberry ............................................................. 332
Bucha ......................................................................................................... 333
Cacto mamilária .......................................................................................... 334
Caju ............................................................................................................ 335
Calêndula-do-pântano ................................................................................ 336
Calligonum .................................................................................................. 337
Cana-de-açúcar .......................................................................................... 338
Canna indica ............................................................................................... 339
Caniço......................................................................................................... 340
Capparis decídua ........................................................................................ 341
Capim setaria.............................................................................................. 342
Caqui .......................................................................................................... 343
Cardo .......................................................................................................... 344
Caruru-de-cacho ......................................................................................... 345
13
Carvaho/Bolota ........................................................................................... 346
Castanea .................................................................................................... 347
Castanha-d’água ........................................................................................ 348
Cebola e alho silvestres .............................................................................. 349
Celtis ........................................................................................................... 350
Cereus ........................................................................................................ 351
Chamerion .................................................................................................. 352
Chicória....................................................................................................... 353
Coco ........................................................................................................... 354
Colocíntida .................................................................................................. 355
Cuipo .......................................................................................................... 356
Dente-de-leão ............................................................................................. 357
Dracena-vermelha ...................................................................................... 358
Empetrum-negro ......................................................................................... 359
Faia ............................................................................................................. 360
Feijão-alado ................................................................................................ 361
Figo-silvestre .............................................................................................. 362
Fruta-do-conde ........................................................................................... 363
Fruta-pão .................................................................................................... 364
Inhame ........................................................................................................ 365
Jambo ......................................................................................................... 366
Jícama ........................................................................................................ 367
Jujuba ......................................................................................................... 368
Junça .......................................................................................................... 369
Labaça ........................................................................................................ 370
Lírio-de-um-dia ........................................................................................... 371
Lótus ........................................................................................................... 372
Lovi-lovi....................................................................................................... 373
Maçãs silvestres ......................................................................................... 374
Mamão ........................................................................................................ 375
Mandioca .................................................................................................... 376
Manga ......................................................................................................... 377
Mirtilo .......................................................................................................... 378
Morango-indiano ......................................................................................... 379
14
Morangos .................................................................................................... 380
Musgo-da-islândia ...................................................................................... 381
Musgo-de-rena ........................................................................................... 382
Nenúfar ....................................................................................................... 383
Noz ............................................................................................................. 384
Opúncia ...................................................................................................... 385
Oxicoco (cranberry) .................................................................................... 386
Palmeira-de-bengala .................................................................................. 387
Palmeira-do-açúcar .................................................................................... 388
Palmeira-nipa.............................................................................................. 389
Palmeira-rabo-de-peixe .............................................................................. 390
Palmeira-ratan ............................................................................................ 391
Pandanus.................................................................................................... 392
Pinheiro....................................................................................................... 393
Pistache ...................................................................................................... 394
Pistia ........................................................................................................... 395
Rosas.......................................................................................................... 396
Sabal-da-flórida .......................................................................................... 397
Sabugueiro ................................................................................................. 398
Saguzeiro.................................................................................................... 399
Salgueiro-do-ártico ..................................................................................... 400
Samambaia................................................................................................. 401
Sassafrás .................................................................................................... 402
Saxaul ......................................................................................................... 403
Sorgo .......................................................................................................... 404
Sterculia ...................................................................................................... 405
Taboa ......................................................................................................... 406
Tamareira ................................................................................................... 407
Tamarindo................................................................................................... 408
Tanchagem ................................................................................................. 409
Tanchagem-da-água .................................................................................. 410
Taro ............................................................................................................ 411
Umbilicaria .................................................................................................. 412
Urtiga .......................................................................................................... 413
15
Uva-de-urso ................................................................................................ 414
Videiras silvestres ....................................................................................... 415
Zimbro......................................................................................................... 416
Zizânia (arroz silvestre)............................................................................... 417
Apendice B – Plantas Venenosas .................................................................. 418
Aroeira ........................................................................................................ 418
Avelós ......................................................................................................... 419
Bico-de-papagaio........................................................................................ 420
Chapéu-de-Napoleão ................................................................................. 421
Cinamomo .................................................................................................. 422
Comigo-Ninguém-Pode .............................................................................. 423
Copo-de-Leite ............................................................................................. 424
Coroa-de-Cristo .......................................................................................... 425
Espirradeira ................................................................................................ 426
Mamona ...................................................................................................... 427
Mandioca-Brava.......................................................................................... 428
Saia-Branca ................................................................................................ 429
Taioba-Brava .............................................................................................. 430
Tinhorão...................................................................................................... 431
Urtiga .......................................................................................................... 432
Apendice C – Insetos e Aracnideos Perigosos............................................... 433
Abelha......................................................................................................... 433
Aranha-armadeira ....................................................................................... 434
Aranha-violinista (marrom reclusa) ............................................................. 435
Aranha-teia-de-funil .................................................................................... 436
Carrapato .................................................................................................... 437
Centopéias.................................................................................................. 438
Escorpião .................................................................................................... 439
Tarântula..................................................................................................... 440
Vespas ........................................................................................................ 441
Viúva-negra ................................................................................................ 442
Apendice D – Serpentes e Lagartos Perigosos .............................................. 443
Serpentes ................................................................................................... 443
Maneiras de evitar picada de serpentes ..................................................... 443
16
Grupos de serpentes .................................................................................. 444
Peçonha .................................................................................................. 444
Veneno .................................................................................................... 444
Serpentes venenosas e não venenosas ................................................. 444
Descrições das serpentes venenosas ........................................................ 445
Viperidae ................................................................................................. 448
Crotalidae ................................................................................................ 448
Lagartos ...................................................................................................... 450
Serpentes venenosas das Américas .......................................................... 451
Cascavel-de-mojave ................................................................................... 451
Cascavel-diamante-ocidental...................................................................... 453
Cascavel-diamante-oriental ........................................................................ 455
Cascavel tropical ........................................................................................ 457
Cobra coral ................................................................................................. 459
Cobra-de-pestana ....................................................................................... 461
Jararaca-do-norte ....................................................................................... 463
Mocassim-d’água........................................................................................ 465
Serpente-mocassim-cabeça-de-cobre ........................................................ 467
Surucucu..................................................................................................... 469
Víbora-saltadora ......................................................................................... 471
Serpentes venenosas da Europa................................................................ 473
Gloydius halys ............................................................................................ 473
Víbora-cornuda ........................................................................................... 475
Víbora-europeia-comum ............................................................................. 477
Víbora ursinii ............................................................................................... 479
Serpentes venenosas da África e Ásia ....................................................... 481
Biúta ........................................................................................................... 481
Boomslang .................................................................................................. 483
Cobra-real ................................................................................................... 485
Habu ........................................................................................................... 487
Krait comum................................................................................................ 489
Mamba verde .............................................................................................. 491
Naja ou Cobra............................................................................................. 493
Naja-egípcia................................................................................................ 495
17
Víbora-bambu-indiana ................................................................................ 497
Víbora chifruda ........................................................................................... 499
Víbora-da-areia ........................................................................................... 501
Víbora-da-malásia ...................................................................................... 503
Víbora-das-árvores ..................................................................................... 505
Víbora-de-russell ........................................................................................ 507
Víbora-do-gabão ......................................................................................... 509
Víbora-do-templo ........................................................................................ 511
Víbora-escama-de-serra ............................................................................. 513
Víbora-lebentina ......................................................................................... 515
Víbora McMahon ........................................................................................ 517
Víbora-palestina.......................................................................................... 519
Víbora-rinoceronte ...................................................................................... 521
Víbora-toupeira ........................................................................................... 523
Serpentes venenosas da Autrália ............................................................... 525
Cabeça-de-cobre australiana...................................................................... 525
Cobra-da-morte .......................................................................................... 527
Cobra-tigre .................................................................................................. 529
Taipan ......................................................................................................... 531
Serpentes venenosas dos mares ............................................................... 533
Cobra-do-mar-pelágio ................................................................................. 533
Serpente-marinha-listrada .......................................................................... 535
Lagartos venenosos ................................................................................... 537
Lagarto-de-contas....................................................................................... 537
Monstro-de-gila ........................................................................................... 539
Apendice E – Peixes e Moluscos Perigosos .................................................. 541
Peixes que atacam o homem ..................................................................... 541
Tubarões ................................................................................................. 541
Outros peixes ferozes ............................................................................. 543
Peixes venenosos e invertebrados ............................................................. 544
Arraia....................................................................................................... 544
Peixe-aranha ........................................................................................... 544
Peixe-cirurgião ........................................................................................ 545
Peixe-escorpião ...................................................................................... 545
18
Peixe-pedra ............................................................................................. 546
Peixe-sapo .............................................................................................. 547
Siganus ................................................................................................... 547
Polvo-de-anéis-azuis ............................................................................... 548
Caravela-portuguesa ............................................................................... 548
Conchas cônicas ..................................................................................... 549
Concha terebra ....................................................................................... 550
Peixes com carne tóxica ............................................................................. 550
Apendice F – Cordas e Nos ........................................................................... 552
Nós básicos ................................................................................................ 553
Amarras de construção ............................................................................... 559
Apendice G – Nuvens Indicativas de Clima ................................................... 562
Cirrus .......................................................................................................... 562
Cumulus...................................................................................................... 562
Stratus ........................................................................................................ 563
Nimbus........................................................................................................ 564
Cumulonimbus ............................................................................................ 564
Cirrostratus ................................................................................................. 565
Cirrocumulus............................................................................................... 565
Scud ........................................................................................................... 566
Apendice H – Modelo de Plano de Acao de Evasao ...................................... 567
Organização de tarefas .............................................................................. 567
Bibliografia...................................................................................................... 572

19
Capitulo 1 – Introducao

Esta publicação é uma tradução e adaptação de dois outros manuais de


sobrevivência para diversos ambientes e situações, de origem estrangeira para
o Português. Diversas informações foram adicionadas e ampliadas para melhor
compreensão e o texto criado de forma inédita. A forma de apresentação do
conteúdo é clara e objetiva, considerando-se um leitor com nenhuma experiência
ou conhecimentos no assunto. Além disso, o material foi minuciosamente
selecionado visando atender o público civil, uma vez que as forças armadas
possuem seus próprios manuais específicos de operações.
AVISO LEGAL: As técnicas de sobrevivência descritas neste livro
possuem embasamento em pesquisas de centros militares e científicos ao redor
do mundo e são para uso em circunstâncias onde a segurança dos indivíduos
está em risco. Desta forma, o autor não se responsabiliza por nenhuma
prossecução ou consequências causadas a quaisquer pessoas ou seres vivos,
bem como ao Meio Ambiente como resultado do uso das técnicas aqui descritas.
Todas as ações levadas a efeito por quaisquer pessoas embasadas em técnicas
e conhecimentos descritos neste livro são de inteira responsabilidade dos
praticantes perante a lei.
Se você é um treinador/instrutor, use estas informações para montar seu
programa de treinamento levando em consideração a área em que desenvolverá
suas atividades. No entanto, utilize outros materiais e livros sobre sobrevivência
para criar seu programa de treinamento.
Como um sobrevivencialista, você pode se deparar com diversos biomas
e circunstâncias em suas atividades. O Brasil possui muitos biomas, tais como:
mata atlântica, cerrado, Amazônia, caatinga, pampa e pantanal. Além disso,
você pode se deparar com uma situação de sobrevivência em outras partes do
mundo e até no mar. Este manual tenta cobrir o máximo de situações que você
pode enfrentar em ambiente hostil, urbano ou natural, em grupo ou sozinho. As
técnicas e informações apresentadas permitirão sua sobrevivência até que você
retorne a um ambiente amigável e seguro.
Ações básicas de sobrevivência são: Dimensionar, Usar os Sensos,
Lembrar Localizações, Esquecer do Medo, Improvisar, Valorizar a Vida, Agir
como Nativos, Viver com Cautela.

Dimensionar
Observe seus arredores. Tome nota do ritmo do ambiente em que você
se encontra, seja ele floresta, deserto ou pastagens. Todo ambiente possui sons
de animais, insetos, cantos de pássaros, etc, ritmados ou que sigam um padrão
que são característicos ao local. Tome nota das movimentações de civis e
militares inimigos que estejam na área. Observe também sua condição física.
Muitas vezes você pode sentir-se compelido a ignorar certos tipos de ferimentos
que podem piorar a situação na qual você se encontra com o tempo. Faça um
20
apanhado de quais equipamentos você tem a mão e quais as condições deles.
Depois de realizar estas leituras, você pode começar a preparar seu plano de
sobrevivência. Tenha em mente as necessidades básicas humanas: água,
comida e abrigo.

Usar os Sensos
Você pode acabar em apuros se reagir rapidamente, sem pensar ou
planejar corretamente com antecedência; podendo até resultar em captura (por
inimigos) ou até a morte. Não aja ou se mexa somente para não ficar parado.
Antes disso, considere todos os aspectos da sua situação atual antes de tomar
suas decisões. Quando agir com pressa, você pode esquecer algum
equipamento ou ainda ficar desorientado no ambiente. Planeje seus movimentos
e esteja pronto para agir quando o perigo surgir. Use todos os seus sentidos,
observe, ouça, sinta cheiros, sinta alterações de temperatura.

Lembrar Localizações
Encontre sua posição em um mapa e relacione-a com o terreno ao redor.
Siga sempre este princípio básico. Se você possuir outros membros em uma
equipe, garanta que todos saibam onde estão e as distâncias aproximadas dos
marcos ou pontos de interesse no terreno. Tenha sempre em mente quem em
seu grupo possui um mapa e/ou bússola e lembre-se de obter estes recursos
desta pessoa em caso de algo fatal acontecer a ela. Mantenha sempre atenção
a onde você se encontra e para onde está indo. Não confie em outros para esta
tarefa, eles podem estar fazendo o mesmo e pode ser que ninguém no grupo
esteja tomando direções. Frequentemente tome direções e notas sobre sua
posição, atualizando à medida que avança. Tome notas de locais como fontes
de água, locais de possíveis abrigos, locais de determinadas espécies vegetais
utilizáveis, localização de seu acampamento, aliados e inimigos.

Esquecer do Medo
Os maiores inimigos em uma situação de evasão e sobrevivência é o
medo e o pânico. Sem o controle destes sentimentos, você pode perder a
capacidade de tomar decisões inteligentes, te fazer reagir a sentimentos e
imaginação, ao invés de fatos e situações reais. Podem ainda drenar sua energia
e causar outras reações negativas. Treinamento e autoconfiança podem dirimir
estes sentimentos e melhorar sua condição geral.

Improvisar
No mundo moderno existem itens e ferramentas para todas as
necessidades e todos os gostos. Muitos destes itens são relativamente baratos
e fáceis de se obter. Apesar de toda facilidade na sociedade moderna, numa
situação de sobrevivência você pode ter que improvisar algum item ou
ferramenta. Aprenda a improvisar; aprenda quais usos alternativos suas
ferramentas e itens podem ter e aprenda a usa-los de outras formas. Aprenda a
improvisar usando materiais naturais, usando fibras vegetais para fazer
21
cordames, pedras como martelos, etc. Mesmo se seu kit de sobrevivência for
bem completo, seu equipamento pode se desgastar e eventualmente precisar de
reposição, portanto, aprenda a improvisar.

Valorizar a Vida
Todos nascemos chutando e lutando para viver, no entanto, ao longo dos
anos, nos acostumamos a uma vida confortável e muitas vezes sedentária.
Quando deparamos com uma situação de sobrevivência, a vontade de viver
entra em ação e muitas vezes somos capazes de grandes feitos. Todo
treinamento e aprendizado durante sua vida entrará em ação e poderá salvar
sua vida. Perseverança, recusar-se a se render face aos problemas poderá te
dar a força de vontade e vigor físico necessários para conseguir seus objetivos.

Agir como Nativos


Pessoas nativas e animais de uma determinada região se adaptaram aos
rigores de seu ambiente e são estes costumes que você deverá mimetizar.
Quando e com o que eles se alimentam? Quando, onde e como eles obtém
alimentos? Quando e onde eles conseguem água? Quais horários eles
normalmente dormem e acordam? Essas ações são importantes para que você
obtenha o melhor do ambiente em que você se encontra. Animais também
podem lhe dar pistas de onde conseguir água e alimento. No entanto, seja
cauteloso quanto ao que comer, uma vez que vários animais podem comer sem
problemas alimentos que são tóxicos para humanos. Caso contate povos
nativos, seja cortês e respeite seus costumes. Aprenda com eles sobre suas
ferramentas, onde buscar água e alimento. Desta forma você pode fazer amigos
valiosos e aumentar seus conhecimentos.

Viver com Cautela


Sem treinamento adequado suas chances de sobrevivência em uma
emergência ou evasão são bem pequenas. Aprenda habilidades básicas
necessárias agora. Não quando você se deparar com a situação de
sobrevivência. Aprenda sobre o ambiente onde operará e quais habilidades
serão necessárias naquele ambiente. Planeje o equipamento que levará com
você com antecedência. Por exemplo, saber obter água em um deserto é crucial
e pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Padrões de Sobrevivência
Desenvolva padrões de sobrevivência diferentes para cada ambiente.
Estes padrões devem incluir água, alimento, abrigo, fogo, primeiros-socorros e
sinalização; ordenados de acordo com a prioridade destes tópicos. Por exemplo:
em um ambiente com neve, sua prioridade deve ser fogo, abrigo, armadilhas
para obter alimento, sinalizar por socorro e primeiros-socorros para manter sua
saúde. Se você está ferido, em qualquer ambiente, sua prioridade deve ser
primeiros-socorros, dentre outros exemplos. Modifique seu padrão de
sobrevivência para cada situação conforme suas prioridades.
22
Capitulo 2 – Psicologia da Sobrevivencia

É preciso muito mais que habilidades de fazer fogo, obter alimentos e


água, construir abrigos e viajar sem ferramentas modernas de navegação para
passar por uma situação de sobrevivência com sucesso. Algumas pessoas sem
treinamento já passaram por situações de perigo e sobreviveram, ao passo que
outras com treinamento adequado não usaram seus conhecimentos e morreram.
O ingrediente chave para vencer uma situação de sobrevivência é a
atitude mental do indivíduo envolvido. Ter conhecimentos e habilidades de
sobrevivência é importante; já a vontade de sobreviver é crucial. Sem o desejo
de sobreviver, habilidades adquiridas são inúteis e conhecimentos valiosos são
desperdiçados.
Existe uma psicologia da sobrevivência. Você vai enfrentar muitos fatores
estressantes em um ambiente de sobrevivência que podem acabar por afetar
sua mente. Estes fatores podem produzir pensamentos e emoções que, se mal
compreendidos, podem transformar um indivíduo bem treinado em uma pessoa
indecisa, ineficaz e com capacidade de sobrevivência questionável.
Portanto, você deve estar sempre atento e pronto a reconhecer os fatores
estressantes relacionados às situações de sobrevivência. É também imperativo
que você esteja atento às suas próprias reações a estes fatores estressantes.
Este capítulo tenta identificar e explicar a natureza do estresse, os fatores de
estresse da sobrevivência e as reações internas que você poderá experimentar
quando encarar uma situação de sobrevivência. O conhecimento que você
obterá neste capítulo e a memorização deste manual, ou parte dele, vai preparar
você para passar por situações perigosas e sair vivo.

Um olhar no estresse
Antes de entendermos as reações psicológicas em um cenário de
sobrevivência, é importante saber um pouco sobre estresse e seus efeitos.
Estresse não é uma doença que você cura e elimina. Ao invés disso, é uma
condição que todos experimentamos. Ele pode ser descrito como nossa reação
psicológica à pressão. É o nome que se dá à experiência que temos quando
fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente respondemos às
tensões da vida.

Necessidade de estresse
Nós humanos precisamos de estresse porque ele tem diversos efeitos
positivos em nosso corpo. Estresse nos apresenta desafios e nos dá a chance
de aprender sobre nossas forças e valores. Ele pode nos mostrar nossa
habilidade de lidar com pressão sem desistir. Testa nossa adaptabilidade e
flexibilidade e pode estimular a fazermos nosso melhor. Como não costumamos
levar em conta eventos desimportantes como estressantes, o estresse pode
servir de termômetro do que é importante para nós.
23
Precisamos de algum estresse em nossas vidas, mas estresse demais
pode ser prejudicial. O objetivo é ter estresse, mas não muito. Estresse
excessivo cobra seu preço em pessoas e organizações e pode levar a angústia
e sofrimento. Angústia causa uma tensão desconfortável da qual nós tentamos
escapar ou preferencialmente evitar.
Alguns dos sinais de angústia e sofrimento que você pode sentir quando
depara com estresse excessivo são: dificuldade em tomar decisões, acessos de
raiva, esquecimento, baixo nível de energia, preocupações constantes,
propensão a cometer erros, pensamentos de morte ou suicídio, problemas de
relacionamento, evitação de pessoas, esconder-se de responsabilidades,
descuido generalizado.
Como se pode ver, estresse pode ser construtivo ou destrutivo. Pode
encorajar ou desencorajar, nos impulsionar ou congelar em nosso caminho,
pode trazer sentido à vida ou torna-la sem sentido. Estresse pode te inspirar a
operar com sucesso e obter máximo de performance e eficiência em uma
situação de sobrevivência. Pode também causar pânico e esquecimento em
relação ao seu treinamento. A chave para a sobrevivência é gerenciar o estresse
inevitável que você encontra. A pessoa que sobrevive é aquela que trabalha com
o estresse ao seu favor, ao invés de contra ele.

Fatores estressantes na sobrevivência


Todo evento pode levar ao estresse e, como muitas pessoas sabem,
eventos não acontecem um por vez. É comum que eventos estressantes
aconteçam simultaneamente. Estes eventos não são estresse, mas são
chamados de fatores estressantes. Os fatores são a causa óbvia, enquanto o
estresse é o resultado. Uma vez que seu corpo reconheça um fator estressante,
ele começa a agir para se proteger.
Em resposta a um fator ou agente estressante, o corpo se prepara para
lutar ou fugir. Essa preparação envolve um “SOS” interno que é enviado por todo
o corpo na forma de hormônios e neurotransmissores (geralmente através de
adrenalina). À medida que o corpo responde a este “SOS”, as seguintes reações
biológicas ocorrem:
• O corpo libera combustíveis armazenados em forma de gordura e
açúcares, para disponibilizar energia rápida;
• Taxa de respiração aumenta para suprir mais oxigênio para o sangue e
órgãos e músculos;
• Tensão muscular aumenta e se prepara para lutar ou fugir;
• Mecanismos de coagulação se preparam para reduzir possíveis
sangramentos;
• Sentidos se tornam mais agudos para você ficar mais atento aos
arredores;
• Ritmo cardíaco e pressão sanguínea aumentam para prover mais sangue
aos músculos e órgãos.
24
Estas medidas protetivas ajudam a lidar com riscos e perigos potenciais,
mas não é possível manter este estado de alerta indefinidamente.
Agentes estressantes não reduzem seus efeitos quando outros agentes
aparecem. Eles se somam e se acumulam. Os efeitos cumulativos de agentes
estressantes menores podem ser a causa principal de angústia e desespero se
eles acontecem muito próximos uns dos outros. À medida que as resistências do
corpo de esvaem e os agentes estressantes se mantém ou aumentam,
eventualmente um estado de exaustão se instala. Neste ponto, a habilidade de
resistir ao estresse ou usá-lo ao seu favor desaparece e sinais de angústia
aparecem. Antecipar os agentes estressantes e desenvolver estratégias para
lidar com eles são dois ingredientes no efetivo gerenciamento do estresse. Além
disso, é essencial que você esteja alerta para os tipos de agentes estressantes
que você pode encontrar, que seguem listados a seguir.
Ferimentos, doenças e morte
Estes três agentes ou fatores estressantes são reais possibilidades que
você pode vir a encarar. Talvez nada seja mais estressante que estar sozinho
em um ambiente hostil onde você pode morrer por ações inimigas, acidentes ou
por comer algo inapropriado ou letal. Ferimentos e doenças também podem
somar ao nível de estresse, uma vez que reduzem sua capacidade de manobrar,
obter recursos, encontrar abrigo e se defender. Mesmo que estes fatores não
levem à morte diretamente, eles podem causar estresse através da dor,
desconforto e sofrimento que eles causam. Somente controlando o estresse
associado à vulnerabilidade à ferimentos, doenças e morte que você terá
coragem para correr os riscos necessários às tarefas de sobrevivência.
Incerteza e ausência de controle
Algumas pessoas têm dificuldade em operar em ambientes onde nada é
muito claro ou bem definido. A única garantia em sobrevivência é que nada é
garantido. Pode ser extremamente estressante operar com informações
limitadas em um ambiente onde você tem pouco controle dos seus arredores.
Esta incerteza e ausência de controle somam ao estresse de estar ferido, doente
ou correndo risco de morte.
Ambiente
Mesmo sob as condições mais ideias, a natureza é realmente formidável
e surpreendente. Na sobrevivência, você terá de lidar com fatores estressantes
como clima, terreno, variedades de criaturas e plantas que habitam a sua área,
calor, frio, chuva, ventos, montanhas, pântanos ou brejos, desertos, insetos,
répteis perigosos e outros animais são apenas alguns dos desafios que você
poderá enfrentar. Dependendo de como você lida com o ambiente ao seu redor,
ele pode ser tanto uma fonte de comida e proteção como pode causar extremo
desconforto levando a ferimentos, doenças ou até a morte.
Fome e Sede
Sem comida e água você enfraquecerá e, eventualmente, morrerá.
Portanto, obter e preservar comida e água tem importância diretamente
25
proporcional ao tempo em que você se encontra na situação de sobrevivência.
A obtenção de alimento e água pode, muitas vezes, ser um fator estressante por
si só, uma vez que estamos acostumados a ter nossos suprimentos sempre à
mão em supermercados e similares.
Fadiga
Se forçar a continuar sobrevivendo à medida que o cansaço chega não é
fácil. Muitas vezes é possível se tornar tão cansado que o ato de permanecer
acordado por si só é extremamente estressante.
Isolamento
Há diversas vantagens em encarar adversidades em grupo. Em geral,
vivemos e treinamos em quase todos os aspectos na forma de equipes e,
obviamente, somos animais sociais. Ter alguém por perto aumenta a sensação
de segurança por saber que há com quem contar caso haja algum problema
mais sério. Um fator estressante comum é saber que você precisa sobreviver
contando apenas com seus próprios recursos, habilidades e conhecimentos.

Os fatores e agentes estressantes apresentados neste capítulo não são


todos os que existem. Cada pessoa poderá experimentar estresse em contato
com diferentes fatores. Além disso, um determinado fator estressante pode não
causar estresse em todos os indivíduos. Suas experiências, treinamento,
perspectiva pessoal sobre a vida, condicionamento físico e mental e nível de
autoconfiança contribuem significativamente para o que você tomará como
estressante ou não numa situação de sobrevivência. O objetivo não é evitar o
estresse e sim utilizá-lo sempre a seu favor.
Agora que vimos os fatores estressantes mais comuns em ambientes de
sobrevivência, o próximo passo é compreendermos como são suas reações aos
fatores que você eventualmente encontrar.

Reações Naturais
A humanidade tem sido capaz de sobreviver a muitas mudanças em seu
meio ao longo dos séculos. Nossa habilidade de nos adaptar física e
mentalmente em um mundo em constante mudança nos manteve vivos enquanto
outras espécies gradualmente se extinguiram. Os mesmos mecanismos de
sobrevivência que mantiveram nossos ancestrais vivos podem ajudar você a
sobreviver também. No entanto, mecanismos de sobrevivência que podem te
ajudar também podem atrapalhar, se você não os compreender e antecipar sua
presença.
Não é surpresa que uma pessoa média terá reações psicológicas em uma
situação de sobrevivência. Os seguintes trechos explicarão um pouco sobre as
reações mais comuns que você ou alguém em seu grupo poderão desenvolver
quando apresentados aos fatores estressantes apresentados anteriormente.

26
Medo
Essa é nossa resposta emocional às circunstâncias de perigo que
acreditamos serem potencialmente capazes de nos causar a morte, ferimentos
ou doenças. Este perigo não é só relacionado aos danos físicos, perigos que nos
causam danos emocionais e psicológicos também podem nos deixar com medo.
Se você está numa situação de sobrevivência, o medo pode te ajudar a te manter
seguro e cauteloso em situações onde a imprudência pode levar você a se ferir.
Infelizmente o medo também pode te paralisar, te impedir de realizar tarefas de
sobrevivência essenciais. A maioria das pessoas apresentará medo quando
encarando uma situação adversa em um ambiente estranho, não há vergonha
nisso. Você precisa treinar para superar seus medos. O ideal são treinamentos
realistas para incrementar suas habilidades e conhecimentos de sobrevivência
de forma a aumentar sua autoconfiança e conseguir superar seus medos.
Ansiedade
Associada ao medo existe a ansiedade. Como é natural sentir medo,
também é natural ter ansiedade. Ansiedade pode ser desconfortável, um
sentimento de apreensão quando deparado com uma situação de perigo (físico,
mental, emocional). Quando utilizada a seu favor, a ansiedade pode te compelir
a agir e buscar acabar ou pelo menos superar os perigos aos quais você está
exposto. Sem ansiedade, você teria pouco ou nenhum interesse em promover
mudanças em sua vida. Em um ambiente de sobrevivência você pode reduzir
sua ansiedade praticando as atividades que vão garantir que você passe pela
provação e saia vivo.
À medida que você reduz sua ansiedade, você também começa a ter
controle sobre a sua origem: seus medos. Desta forma, ansiedade é benéfica;
entretanto, pode também ter um efeito devastador. Ansiedade pode te oprimir ao
ponto de você apresentar dificuldade para pensar corretamente. Uma vez que
isso aconteça, se tornará cada vez mais difícil fazer um bom julgamento e tomar
decisões inteligentes. Para sobreviver você precisa aprender técnicas para
acalmar sua ansiedade e mantê-la na faixa onde é benéfica e não causa
problemas.
Raiva e Frustração
Frustração se apresenta quando você não consegue obter seus objetivos
continuamente. O objetivo da sobrevivência é se manter vivo até encontrar ajuda
ou até que o socorro chegue até você. Para alcançar este objetivo você precisa
realizar tarefas utilizando recursos mínimos. É inevitável que num cenário assim
as coisas vão dar errado, que algo vai sair do seu controle e que com sua vida
em perigo, os erros tenham sua importância magnificada. Portanto, você terá
que lidar com frustração quando alguns de seus planos não derem certo. Uma
consequência da frustração é a raiva. Existem vários fatores em um cenário de
sobrevivência que vão te frustrar ou deixar com raiva. Se perder, se ferir,
esquecer equipamentos, clima, terreno ruim, patrulhas de inimigos, limitações
físicas, dentre outras. Frustração e raiva geram um comportamento impulsivo e
irracional, levam a decisões mal pensadas e, em algumas situações, a atitude
27
de desistência (pessoas evitando fazer aquilo que não conseguem dominar
bem).
Se você conseguir aproveitar e canalizar a intensidade emocional
associada com a raiva e a frustração, você pode responder de maneira produtiva
aos desafios da sobrevivência. Se você não focar sua raiva corretamente, você
poderá desperdiçar muita energia em atividades que não contribuirão em nada
para a sua sobrevivência ou a de seu grupo.
Depressão
Você seria uma exceção se jamais sentisse alguma tristeza, mesmo que
momentaneamente quando se deparasse com as dificuldades da sobrevivência.
À medida que esta tristeza se aprofunda, ela se torna depressão e está
correlacionada com raiva e frustração. Frustração lhe causará raiva de maneira
crescente, à medida que você não consegue obter êxito. Se a raiva não lhe
ajudar em suas tarefas, então a frustração aumenta ainda mais. Um ciclo
destrutivo entre raiva e frustração continuará a lhe desgastar até você se esgotar
(fisicamente, mentalmente, emocionalmente). Quando você chega neste ponto,
sua atitude alterna de “O que posso fazer?” para “Não há nada que eu possa
fazer”. Depressão é a expressão deste sentimento de desesperança e
impotência. Não há nada de errado em sentir-se triste quando você
temporariamente pensa em seus entes queridos e como a vida era na
“civilização”. Estes pensamentos podem, de fato, compelir você ao sucesso, a
tentar novamente e viver mais um dia. Porém, deixar se afundar em sentimentos
de depressão pode acabar com suas energias e, mais importante, sua vontade
de sobreviver. É imperativo que você resista a sucumbir à depressão.
Solidão e Tédio
Como dito anteriormente, o homem é um animal social e nós gostamos
da companhia de nossos semelhantes. Poucas pessoas vão desejar estar
sozinhas o tempo todo. Em um cenário de sobrevivência existe uma boa
possibilidade de que você esteja isolado e sozinho. Porém isto não é tão ruim.
Solidão e tédio podem trazer à tona qualidades suas que você pensava que só
outras pessoas possuíam. A extensão da sua imaginação e criatividade podem
te surpreender. Quando requerido, você pode descobrir talentos e habilidades
escondidas em si. Mais importante ainda, quando e se for preciso, você
descobrirá uma reserva de força e perseverança que nunca imaginou que
possuísse. Entretanto, a solidão e o tédio podem se tornar outra fonte de
depressão. Se você está sobrevivendo sozinho ou em grupo, você deve
descobrir maneiras de manter sua mente produtiva e ocupada. Adicionalmente,
você deve desenvolver um certo grau de autossuficiência e deve ter confiança
em sua capacidade de resolver as coisas sozinho.
Culpa
As circunstâncias que o levaram à situação de sobrevivência muitas vezes
são trágicas e dramáticas. Pode ser o resultado de um acidente, uma missão
militar (guerra), ou outro evento onde houve perda de vidas. Você pode ser o
28
único sobrevivente ou um dos poucos que sobreviveram. Apesar de aliviado por
estar vivo, você poderá estar simultaneamente de luto pelas mortes dos outros
que foram menos sortudos. Não é incomum que sobreviventes se sintam
culpados por terem sido poupados da morte enquanto outros não foram. Este
sentimento já ajudou algumas pessoas, encorajando-as a tentar novamente e
vencer, por acreditarem que foram poupadas por um objetivo maior a realizarem
na vida. Algumas vezes os sobreviventes se esforçam para continuarem vivos e
terminarem o trabalho dos colegas e companheiros que morreram. Qualquer que
seja a razão pela qual você quer sobreviver, não deixe a culpa te impedir. Os
vivos que abandonam suas chances de sobreviver não realizam nada. Tal ato
em si é que é a maior tragédia.

Se preparando
Sua missão em uma situação de sobrevivência é ficar vivo. A seleção de
pensamentos e sentimentos que você experimentará em um cenário de
sobrevivência pode trabalhar a seu favor, ou podem derrubar você. Medo,
ansiedade, frustração, depressão, culpa, solidão são muitas reações comuns
aos fatores estressantes mais comuns do meio de sobrevivência. Essas reações
quando controladas de maneira saudável aumentam suas chances de
sobrevivência. Elas te incentivam a prestar mais atenção no treinamento, lutar
quando amedrontado, agir para garantir segurança e sustento, ter fé em seus
companheiros e a esforçar-se mais contra grandes improbabilidades.
Quando você não consegue controlar essas reações de maneira
saudável, elas podem te paralisar. Ao invés de alocar seus recursos internos
você passa a ouvir seus medos internos. Estes medos podem te levar a
experimentar a derrota psicológica antes mesmo de sucumbir fisicamente.
Lembre-se, sobrevivência é natural para todos; ser inesperadamente jogado em
uma briga de vida ou morte pela sobrevivência não é. Não tenha medo das suas
reações naturais para situações não naturais. Prepare-se para dominar estas
reações para que elas te ajudem a sobreviver com honra e dignidade.
Estar preparado envolve saber que suas reações em um cenário de
sobrevivência são produtivas e não destrutivas. Desafios de sobrevivência
criaram inúmeros exemplos de heroísmo, coragem e auto sacrifício. Uma
situação de sobrevivência pode trazer estas qualidades à tona em você se você
houver se preparado. Abaixo seguem algumas dicas que te ajudarão a se
preparar psicologicamente para sobrevivência. Através do estudo deste manual
e de treinamentos em sobrevivência você poderá adotar uma postura de
sobrevivente.
Conheça a si mesmo
Você precisa tomar o tempo necessário através de treinamento, contato
familiar e com amigos para descobrir quem você é por dentro. Fortaleça suas
qualidades mais proeminentes e trabalhe para obter os conhecimentos e
habilidades necessárias para a sobrevivência.

29
Antecipe seus medos
Não pense que você não enfrentará alguns medos. Comece pensando o
que você enfrentará que lhe causará mais medo se forçado a sobreviver sozinho.
Treine nestas áreas que lhe preocupam. O objetivo não é eliminar o medo e sim
construir confiança em sua habilidade de funcionar apesar dos medos.
Seja realista
Não tenha medo de fazer uma avaliação honesta das situações. Veja
circunstâncias como são, não como você quer que elas sejam. Mantenha suas
esperanças e expectativas dentro da estimativa da situação. Quando você vai
para um cenário de sobrevivência com expectativas irreais você pode estar
criando as bases para uma decepção amarga. Siga o ditado: “Espere o melhor,
prepara-se para o pior”. É bem mais fácil receber surpresas positivas do que
encarar amargas frustrações.
Adote uma atitude positiva
Aprenda a enxergar coisas potencialmente boas em todas as situações.
Procurando por coisas boas não só impulsiona a moral, é também excelente para
exercitar a imaginação e criatividade.
Lembre-se do que está em jogo
Falhar em se preparar psicologicamente para a sobrevivência leva a
reações como depressão, descuido, falta de atenção, perda da confiança, más
tomadas de decisões e desistir antes que seu corpo não aguente. Lembre-se
que é a sua vida e a de outros que dependem de você que estão em jogo!
Treine
Através de treinamento e experiências de vida, comece hoje a se preparar
para lidar com os rigores da sobrevivência. Demonstrar suas habilidades durante
o treinamento pode te dar a confiança necessária para coloca-las em prática
quando for necessário. Lembre-se, quanto mais duro o treinamento, mais fácil a
operação.
Aprenda técnicas de gerenciamento de estresse
Pessoas sob estresse tem a tendência ao pânico quando não são bem
treinadas e não estão psicologicamente preparadas para quaisquer que sejam
as circunstâncias. Apesar de não controlar as circunstâncias nas quais você irá
operar, está ao seu alcance controlar as suas reações à estas circunstâncias.
Aprender técnicas de gerenciamento de estresse pode aumentar
significativamente sua capacidade de ficar calmo e focado enquanto você
trabalha para manter a si e aos outros vivos. Algumas técnicas que você pode
desenvolver incluem técnicas de relaxamento, habilidades de gerenciamento de
tempo, técnicas de assertividade e habilidades de restruturação cognitiva
(habilidade de mudar a forma como você enxerga uma situação). Lembre-se, a
vontade de sobreviver poder ser também considerada a recusa em desistir.

30
Capitulo 3 – Planos e Kits de Sobrevivencia

Um plano de sobrevivência se baseia em três pilares ou três P’s:


Planejamento, Preparação e Prática. Planejamento de sobrevivência não é nada
mais que compreender que algo pode lhe acontecer e lhe colocar em uma
situação de sobrevivência e, com isso em mente, tomar as medidas necessárias
para aumentar suas chances de sobrevivência. Pode acontecer com qualquer
um, em qualquer lugar, a qualquer hora, então lembre-se: não planejar é um
plano para a derrota.
Planos são baseados em considerações de evasão e restabelecimento
(E&R) e na disponibilidade de ressuprimento e pacotes de emergência. Você
deve levar em conta a duração das suas operações; a distância que se
encontrará de sua “base” ou do local seguro de onde partir; o meio ambiente,
incluindo terreno, clima e possíveis mudanças climáticas durante operações
prolongadas; e a plataforma onde você estará operando, como por exemplo
viagem aérea, marítima, se possuirá veículos ou apenas uma mochila. Planejar
também é levar em conta as rotas de E&R e saber de cabeça as principais
características geográficas, ou marcos do terreno, para o caso de você perder
seu mapa e bússola. Você pode usar fontes como internet, enciclopédias e
revistas geográficas para ajudá-lo a planejar.
Preparação significa também preparar o seu kit de sobrevivência para
aquelas contingências que você tem em seu plano. Um plano sem nenhuma
preparação é só um pedaço de papel. Ele não vai te manter vivo. Prepare-se
garantindo que suas imunizações (vacinas) e saúde bucal estão em dia. Prepare
suas vestimentas garantindo que você tem um pacote de vestimentas novas
preparadas para evasão. Você ainda pode costurar dispositivos de sinalização e
fios e cordames para armadilhas antecipadamente nas roupas. Verifique seu
calçado de evasão e garanta que ele tenha bom solado e que tenha propriedade
repelente a água. Estude a área, clima, terreno, métodos indígenas de obtenção
de comida e água se aplicável. Você deve continuamente avaliar as informações,
mesmo depois de ter terminado seu planejamento, para eventualmente atualizar
seus planos e garantir o máximo de chance de sobrevivência. Um exemplo de
preparação é encontrar as saídas de emergência em um avião quando você
embarcar. Pratique essas coisas que você tem planejado usando os itens que
você tem. Checá-los com alguma frequência garante que eles funcionam e que
você sabe usa-los. Faça fogo na chuva para que você saiba fazer quando for
crítico conseguir aquecimento. Reveja os itens médicos em seu kit e garanta que
instruções sejam impressas e colocadas nele para que você não cometa erros
ou para que outras pessoas sem treinamento possam usá-lo.

Importância do Planejamento
Planejamento detalhado e antecipado é essencial em potenciais situações
de sobrevivência. Incluir considerações sobre sobrevivência no planejamento de
suas viagens, acampamentos ou operações vão aumentar suas chances de
31
sobrevida se uma emergência ocorrer. Por exemplo, se você vai realizar um
trabalho um ambiente fechado e pequeno, pense onde você pode deixar sua
mochila de carga e equipamento com antecedência, de forma que ela não te
atrapalhe e esteja sempre a mão caso você precise iniciar uma evasão.
Um aspecto muito importante do planejamento antecipado é a medicina
preventiva. Garanta que sua saúde bucal e suas vacinas estejam em dia. Isso
vai lhe ajudar a evitar problemas severos; problemas dentários podem evoluir de
tal maneira que você não conseguirá, por exemplo, comer de forma adequada e
isso poderá te enfraquecer ou até matar. As vacinas vão garantir que seu corpo
está imunizado e preparado para as doenças prevalentes na área onde você vai
operar. Inclusive muitos destinos de viagens longas requerem que você se
imunize contra as doenças mais importantes da área de antemão.
Preparar e carregar um kit de sobrevivência é também muito importante.
Você deve preparar o seu kit para as especificidades do local onde irá
operar/trabalhar ou comprar um pronto. No entanto, kits montados por você
mesmo são geralmente mais baratos, possuem itens mais customizados e
provavelmente lhe atenderá de uma forma melhor. Ainda assim, muitos kits
prontos estão disponíveis no mercado e o custo-benefício é de certa forma
decente. Alguns locais específicos contem kits de sobrevivência, de forma
padronizada, por exemplo o interior de aeronaves. Verifique, sempre que
embarcar, a localização destes kits e estude seu conteúdo antecipadamente
sempre que for tomar um avião ou outro meio de transporte.

Kits de Sobrevivência
O ambiente de operação irá ditar quais itens você deve colocar em seu kit
de sobrevivência. Além disso, a quantidade de equipamento no kit está
diretamente ligada à maneira como você irá transportar o seu kit. Sempre crie
seus kits em camadas, primeiro o seu Everyday Carry (EDC, ou kit diário) que
incluirá itens que você carregará consigo por todo o tempo; em seguida sua
mochila de carga, bolsa ou similar, onde você levará itens mais pesados e que
nem sempre você levará com você; por fim, o kit de plataforma, que será
transportado em alguma espécie de veículo ou estará à disposição em uma base
de operações, devido ao peso e tamanho. Você deve sempre manter itens
essenciais com você, por exemplo seu mapa, bússola, faca e isqueiro. Itens
menos essenciais você pode transportar em sua mochila de carga e, os mais
pesados, como panelas, vasilhames diversos, machado, grandes armadilhas,
munição e armas extras (se você as levar consigo), leve em sua plataforma ou
deixe em seu abrigo.
Ao se preparar para sobrevivência, escolha itens multiuso, compactos,
leves, duráveis e funcionais. Um item não é bom se ele parece muito bom, mas
não faz aquilo que deveria. Você pode encontrar diversos facões e facas grandes
caras e chiques, no entanto, o velho facão de aço-carbono Tramontina® às
vezes pode ser mais eficiente e confiável, por exemplo.

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Além disso, os seus itens devem se complementar de uma camada à
outra. Seu espelho de sinalização em seu bolso pode ser complementado com
bastões de sinalização em sua cargueira e painéis de sinalização ou flare guns
em sua plataforma/abrigo. Seu isqueiro pode ser incrementado por uma barra de
magnésio em sua mochila e iscas de fogo adicionais em sua plataforma.
Seu kit de sobrevivência não precisa ser elaborado e custoso, ele precisa
ser funcional, conter os itens essenciais para você sobreviver e uma forma de
armazenar e transportá-los. Você pode compartimentar seus equipamentos em
diversas embalagens como latas de Altoids®, caixas de primeiros-socorros,
porta sabonete, latas de fumo, caixas de munição, embalagens plásticas
diversas, dentre outras. Estas embalagens devem ser:
• À prova ou resistentes à água;
• Facilmente transportáveis e ajustáveis ao corpo;
• Dimensionada para caber diversos itens de formatos diversos;
• Resistente e durável.
Seu kit de sobrevivência deve conter itens, recursos e materiais para
cobrir os seguintes aspectos e categorias:
• Água;
• Fogo;
• Abrigo;
• Comida;
• Cuidados Médicos;
• Sinalização
• Diversas outras funções
Cada categoria deve conter itens que te permitam sustentar suas
necessidades básicas.
Por exemplo, para água você deve ter itens para obter água (escavar,
sugar, drenar, etc), filtrar, desinfetar ou purificar, transportar, etc. Alguns
exemplos de itens para cada categoria acima citada seguem descritos abaixo:
Água
Comprimidos de desinfecção (Clor-in® e similares) ou sua versão líquida,
água sanitária, preservativos não lubrificados para transporte, sacos estanque,
cantis, garrafas, conta-gotas com iodopovidona (também chamado de PVPI) ou
tintura de iodo a 2%, cachecol ou bandana, esponjas, tubos ou canudos de
plástico ou borracha, dentre outros.
Fogo
Isqueiros, pederneiras, pistão de fogo, fósforos, barras de magnésio,
velas, lentes de aumento, fósforo à prova d’água, iscas de fogo previamente
preparadas, substâncias oleosas, apontador de lápis, pequena lâmina ou
canivete (para coletar iscas de fogo), dentre outros.

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Abrigo
Paracord 550 (cordões de velame de paraquedas, o número indica a
quantidade de libras de peso que suporta na tração), faca grande e resistente,
facão, machadinha, poncho, cobertor de alumínio, rede para dormir, mosquiteiro,
serrote de corrente, lonas diversas, barracas, dentre outros.
Alimento
Faca, arame, linha de nylon, anzóis, linha de anzol, tabletes de “caldo
Knorr”, barrinhas de energia, barrinhas de cereais, redes para pesca, papel
alumínio, sacos plásticos, sal, açúcar, fermento biológico, farinha, pó de café,
temperos diversos, sachês de chá, dentre outros.
Cuidados Médicos
ATENÇÃO, O USO DE MEDICAMENTOS DEVE SER PRECEDIDO DE
PRESCRIÇÃO MÉDICA E ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA. CONSULTE O
MÉDICO E O FARMACÊUTICO E LEIA A BULA!
Antibióticos de amplo espectro, lâminas cirúrgicas, bisturis, pinças,
suturas, manteiga de cacau (para boca), alfinetes de fralda, curativos borboleta,
medicamentos para diarreia, medicamentos contra malária, colírio antibiótico de
amplo espectro, antifúngicos, anti-inflamatórios, gaze, sabonete bactericida,
medicamentos para dor, soro reidratante, antibióticos e anestésicos locais (para
feridas), dentre outros.
Sinalização
Espelho de sinalização, estroboscópio (luz piscante), canetas flare, apito
de emergência, bandeira do seu país, cachecol ou tecido colorido, lanterna,
lanterna laser, cobertor solar, tecidos cujos lados tenham cores contrastantes
(por ex. azul e amarelo ou preto e branco), dentre outros.
Diversidades
Bússola de pulso, agulha e linha de costura, dinheiro, óculos extras,
afiador de facas, rolhas e cortiça, pintura de camuflagem, manuais de
sobrevivência, livros e manuais diversos, armas de fogo, munição, kits de
limpeza de armas, escova e creme dental, pinças pequenas, dentre outros.
O porte de armas de fogo no Brasil é crime se você não possuir a devida
autorização governamental. Em uma crise ou em uma emergência, no entanto,
você possivelmente não precisará se preocupar com estes detalhes. Leia e
pratique as técnicas de sobrevivência, a prática muitas vezes se demonstra mais
difícil que a teoria sugere e sem o devido treinamento prático você pode não
conseguir realizar as tarefas necessárias. Prepare seu kit de sobrevivência de
acordo com o local e o tipo de trabalho que você realizará. Use sua imaginação
para escolher itens multipropósito, leves e duráveis que poderão fazer a
diferença entre a vida e a morte. Uma boa regra geral é que seus itens,
equipamentos ou ferramentas devem ser capazes de realizar pelo menos três
tarefas, com exceção da obtenção de fogo, uma vez que o fogo é uma
ferramenta com múltiplas capacidades.
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De toda forma, mesmo com os melhores kits e ferramentas, você não será
capaz de sobreviver se não souber como utilizar os recursos de que dispõe.
Desta forma, antes de preparar seu kit ou equipamento, você precisa ter vontade
de viver (e vencer) e obter conhecimentos. Desta forma, obtemos uma pirâmide,
em que os kits e equipamentos são a ponta, sendo menos importantes que
conhecimento e vontade de viver.

Kit

Conhecimento

Vontade de
Sobreviver

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Capitulo 4 – Medicina Basica

Um dos maiores e mais complicados problemas que você pode se deparar


em uma situação de sobrevivência são os problemas e condições médicas
derivados de eventos não planejados como um pouso forçado, climas extremos,
combate militar, inundações, deslizamentos e desmoronamentos, surtos de
doenças, dentre outros.
Muitos sobreviventes reportaram dificuldades em tratar ferimentos e
doenças devido à ausência de treinamento e suprimentos médicos. Muitas vezes
levando à captura por forças inimigas, dificuldade em realizar as ações
necessárias ou total dependência em forças de resgate. Estas situações podem
levar a apatia e sentimento de impotência devido a não ser capaz de tratar-se
nestes tipos de ambientes.
Ser capaz de cuidar da sua saúde e da de outros pode elevar a moral do
grupo. Uma pessoa com itens e conhecimentos médicos pode fazer a diferença
nas vidas de muitos. Sem um médico ou outro profissional de saúde junto de
você, é você quem precisará tratar de seus problemas de saúde num cenário de
sobrevivência.

Requerimentos para manutenção da saúde


Para sobreviver você precisa de ar, alimento e água. Além disso precisa
de cuidados e higiene pessoal para evitar infecções e outros problemas.
A regra dos Três
Uma forma prática de organizar seu tempo de forma a priorizar as tarefas
mais emergenciais é se lembrar da regra dos três.
Você consegue sobreviver, em média:
• 3 minutos sem ar;
• 3 horas sem abrigo (em climas extremos e situações semelhantes);
• 3 dias sem água;
• 3 semanas sem alimento.
Obviamente estes números são aproximações e cada pessoa pode
apresentar diferentes reações à abstinência de cada um destes fatores
necessários à vida.
Água
Seu corpo perde água através de processos normais como por exemplo
suor, urina e nas fezes. Diariamente você perde em média, considerando uma
temperatura de 20ºC, cerca de 2 a 3 litros de água, o que significa que esta água
precisa ser reposta. Há outros fatores que aceleram esta perda, como calor
excessivo, frio excessivo, atividades extenuantes, altitudes elevadas,
queimaduras ou doenças, dentre outros.
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Desidratação ocorrerá se você falhar em repor os fluidos perdidos ao
longo do dia e poderá reduzir sua eficiência operacional e, se você estiver ferido,
aumenta o risco de choque hipovolêmico. Os seguintes sintomas podem ocorrer
em caso de desidratação:
• 5% de perda: sede, irritação, náusea e fraqueza generalizada;
• 10% de perda: tonturas, dor de cabeça, dificuldade de caminhar e
sensação de formigamento nos membros;
• 15% de perda: visão enfraquecida, dor ao urinar, inchaço na língua,
surdez e sentimento de torpor na pele;
• + de 15% de perda de fluidos geralmente resulta em morte.
Os sintomas mais comuns da desidratação são:
• Urina escura e com odor forte;
• Baixa quantidade de urina;
• Olheiras proeminentes;
• Fadiga;
• Instabilidade emocional;
• Perda da elasticidade da pele;
• Retorno do sangue capilar demorado nas unhas (quando
pressionado);
• Linha ou corte no centro da língua;
• Sede (fim da lista pois quando você sente sede, já está com 2% de
perda de líquidos em média).
Você deve repor água à medida que a perde, porém, repor este déficit em
uma situação de sobrevivência pode ser difícil e a sede não é um indicador de
quanta água você realmente precisa ingerir.
A maioria das pessoas não pode beber mais do que um litro de água por
vez, portanto, mesmo que não esteja com sede, beba pequenas quantidades de
água em intervalos regulares e curtos, a cada hora aproximadamente.
Se você está sob estresse físico ou mental ou sujeito a condições severas,
aumente a quantidade de água que você normalmente bebe. Beba água o
suficiente para manter um ritmo de aproximadamente meio litro (500mL) de urina
a cada 24 horas.
Em qualquer situação onde você esteja com reduzida ingestão de
alimentos, beba de 6 a 8 litros de água por dia. Em climas extremos, como
desertos e locais áridos, uma pessoa perde em média de 2,5 a 3,5 litros de água
por hora. Neste tipo de clima você deve beber de 230 a 350 mL de água a cada
30 minutos. É importante regular a perda de água através de ciclos de trabalho
e descanso pois a hiper-hidratação pode acontecer se você beber mais de 1400
mL de água por hora. Hiper-hidratação pode causar redução dos níveis de sódio
séricos (no sangue) resultando em edema pulmonar e cerebral que podem levar
a morte.
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Com a perda de água você também sofrerá perda de eletrólitos (sais
corporais). As dietas tradicionais geralmente vão manter os níveis de sais
corporais dentro dos limites necessários, mas em situações de doença ou outros
extremos, fontes adicionais devem ser providenciadas. Nestes caso você deve
aumentar a ingestão de carboidratos e outros eletrólitos necessários.
De todos os problemas de saúde que você pode vir a enfrentar, a
desidratação é o mais fácil de evitar; as seguintes diretrizes irão ajudar a reduzir
este problema:
• Sempre beba água quando estiver comendo. Água é usada e
consumida como parte do processo digestivo que pode levar a
desidratação.
• Aclimatize. Seu corpo funciona melhor em climas extremos quando
está climatizado com o local.
• Conserve suor, não água. Limite atividades que te façam transpirar,
mas beba água normalmente.
• Racionamento de “água”. Até que você encontre uma fonte adequada
de água, racione o suor, não a água. Limite atividades e ganho ou
perda de temperatura.
Você pode estimar a perda de fluidos de várias maneiras; um curativo ou
atadura padrão pode reter aproximadamente 250mL de fluidos. Uma camisa
encharcada retém de 500 a 750mL. Você ainda pode utilizar a pulsação e o ritmo
respiratório para determinar a perda de fluidos. Use os seguintes parâmetros:
• Com uma perda de 750mL de fluidos, a pulsação medida no pulso
estará abaixo de 100bpm e a respiração entre 12 a 20 movimentos
respiratórios por minuto.
• Entre 750mL e 1,5L de perda, a pulsação sobe para entre 100 e
120bpm e a respiração entre 20 e 30 movimentos por minuto.
• Entre 1,5L e 2L de perda de fluidos, a pulsação estará entre 120 e
140bpm e a respiração entre 30 e 40 movimentos respiratórios por
minuto.
• Sinais vitais acima destes valores requerem cuidados mais
avançados.
Alimento
Apesar de você conseguir sobreviver cerca de três semanas sem
alimentos, você precisa comer para permanecer saudável. Sem se alimentar
(mesmo que não morra), suas capacidades mentais e físicas irão deteriorar
consideravelmente e rapidamente. Comida fornece energia e repõe as
substâncias que seu organismo queima e consome para permanecer vivo e
produtivo. Alimento provém vitaminas, minerais, sais (eletrólitos), proteínas,
gorduras, carboidratos e demais elementos necessários ao seu corpo para
manter sua saúde. Além disso, alimentar-se provavelmente melhora a sua moral
e a do grupo.
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As três fontes básicas de alimentos de sobrevivência são plantas, animais
(incluindo peixes) e rações prontas (ou alimentos de longo armazenamento).
Todos eles provêm carboidratos, proteínas e gorduras, em quantidades diversas,
necessárias para o funcionamento do corpo. Misturar diversas fontes de
alimentos geralmente cria refeições diversificadas e mais completas, de forma
geral.
Calorias são uma medida de calor e energia potencial. Uma pessoa em
média necessita cerca de 2000 a 2500 calorias para funcionar de modo geral.
As quantidades precisas de calorias individuais que cada pessoa necessita
podem variar de acordo com peso, idade, nível de atividade, doenças, clima, etc.
Não só isso, os diferentes tipos de nutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras,
etc) devem estar razoavelmente balanceados na dieta para evitar problemas de
saúde e fraqueza, de modo geral.
Plantas
Alimentos à base de plantas fornecem principalmente carboidratos – a
principal fonte de energia. Diversas plantas também fornecem quantidades
decentes de proteína, para manter o corpo em níveis adequados de
funcionamento. Apesar das plantas não proverem uma dieta balanceada, elas
vão te sustentar até mesmo em climas como o do Ártico, onde a carne se torna
especialmente essencial. Muitas plantas, como oleaginosas (castanhas, nozes,
etc) e algumas raízes também proverão as proteínas e os óleos e gorduras
necessários ao funcionamento do organismo. Plantas comestíveis se tornam
ainda mais importantes se você está num ambiente hostil e precisa enganar seus
inimigos ou se a vida animal no seu ambiente é escassa, por exemplo:
• Você pode secar plantas através da ação do vento/ar, do sol ou do
fogo. Isto irá retardar o apodrecimento das plantas para que você
possa carregar consigo ou armazená-las para consumo posterior,
quando necessário.
• Você pode obter plantas mais facilmente e silenciosamente do que
carne. Isto se torna extremamente importante em cenários onde há
inimigos por perto.
Animais
Carne é mais nutritivo do que plantas. De fato, pode até ser mais acessível
em alguns lugares do que plantas. No entanto, para conseguir carne, você
precisa conhecer os hábitos dos animais e como captura-los.
Para satisfazer suas necessidades de alimento imediatas, procure os
animais mais abundantes e facilmente obtidos como insetos, crustáceos,
moluscos, peixes e répteis. Estes tipos de alimentos, apesar do aspecto e da
textura, vão satisfazer suas necessidades imediatas e lhe permitirão preparar
armadilhas para animais e presas maiores posteriormente.

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Higiene Pessoal
Em qualquer situação, limpeza e higiene são importantes fatores para
manutenção da saúde e para evitar doenças e infecções. São ainda mais
importantes em uma situação de sobrevivência em que a ausência de higiene
pode reduzir suas chances de sobrevivência.
Um banho diário com água quente e sabão é o ideal, mas você pode se
manter limpo sem este tipo de luxo. Use tecido com um pouco de água com
sabão para se lavar. Tenha cuidado especial com seus pés, axilas, virilhas, mãos
e cabelos, uma vez que estes locais são as principais áreas de infestações e
infecções. Se a água for escassa, tome “banhos de ar”; remova o máximo das
suas roupas possível e exponha seu corpo ao sol e ar por pelo menos uma hora.
Seja cuidadoso com os horários do sol para evitar queimaduras e insolação.
Se você não tiver sabão, use cinzas ou areia ou faça sabão a partir de
gordura animal e cinzas de madeira não resinosa se for possível. Para fazer
sabão siga os passos abaixo:
• Extraia banha da gordura animal cortando-a em pedaços pequenos e
cozinhando em um vasilhame;
• Adicione água na panela para evitar que a gordura grude enquanto
cozinha;
• Cozinhe lentamente, mexendo frequentemente;
• Depois que a gordura estiver processada, coloque a banha em um
vasilhame para endurecer;
• Coloque as cinzas em um vasilhame que contenha um bico/saída
próximo ao fundo;
• Coloque água sobre as cinzas e colete o líquido que pingar pelo bico
em um outro vasilhame. Este líquido é o composto alcalino ou
detergente. Também é possível obter este composto alcalino filtrando-
se a pasta de cinzas e água através de um tecido;
• Misture, em uma panela, duas partes de banha e uma parte do
composto alcalino;
• Coloque a panela sobre o fogo e ferva até que engrosse a mistura.
Após a mistura do sabão esfriar você pode utilizá-la no estado semilíquido
diretamente da panela. Você pode ainda colocar em uma frigideira, deixar
endurecer e cortar em barras para usar posteriormente.
Mantenha suas mãos limpas
Germes em suas mãos podem infectar alimentos e ferimentos. Lave
sempre suas mãos depois de manusear qualquer coisa que pode conter germes,
depois de urinar ou defecar, após cuidar de doentes e antes de manusear
quaisquer alimentos ou utensílios de cozinha e antes de beber água. Mantenha
suas unhas bem aparadas e mantenha seus dedos longe de sua boca.
Mantenha seu cabelo limpo
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Seu cabelo pode se tornar um paraíso para bactérias ou pulgas, piolhos
e outros parasitas. Manter seu cabelo lavado, penteado e aparado ajuda
bastante em evitar estas infecções e infestações.
Mantenha suas roupas limpas
Mantenha suas roupas e sua cama (ou substituto) limpas ao máximo para
reduzir as chances de infecções de pele e parasitas. Limpe sua roupa externa
sempre que estiver suja. Use roupas de baixo e meias limpas todos os dias. Se
a água for escassa, limpe suas roupas ao ar sacudindo-as, arejando e deixando-
as ao sol por pelo menos duas horas. Se você estiver usando um saco de dormir,
vire-o do avesso todos os dias quando acordar, afofe-o e deixe tomar ar e sol.
Mantenha seus dentes limpos
Limpe completamente sua boca e dentes com uma escova de dentes pelo
menos uma vez ao dia. Se você não tiver uma escova de dentes, faça uma
improvisada: encontre um graveto de aproximadamente 20cm de comprimento
e 1cm de largura. Mastigue um dos lados para separar as fibras e utilize esta
ponta para escovar os dentes completamente. Este método é arriscado, uma vez
que a graveto pode soltar farpas em suas gengivas. Outra maneira é enrolar um
pedaço de tecido em seu dedo e esfregar os dentes vigorosamente para remover
as partículas de comida. Este método é preferível. Você também pode escovar
os dentes com partículas de areia, bicarbonato de sódio, sal ou sabão. Enxague
sua boca com água, água salgada ou chá de casca de salgueiro. Além disso,
passe fio dental, fios de nylon ou fibras vegetais para aumentar a higiene bucal.
Se você apresentar cavidades nos dentes, você pode fazer
preenchimentos temporários com cera, tabaco, pimenta, pasta de dente, talco,
ou ainda porções de raiz de gengibre na cavidade. Faça uma limpeza da mesma
através de enxague ou remoção mecânica de resíduos antes de aplicar o
preenchimento.
Cuide de seus pés
Para prevenir sérios problemas nos pés, amacie seus calçados antes de
utilizá-los em campo. Lave e massageie seus pés diariamente e corte suas
unhas retas. Use palmilhas e um par de meias secas. Use talco (de preferência)
e cheque seus pés diariamente a procura de bolhas.
Se você apresentar uma pequena bolha, não a perfure. Uma bolha intacta
não vai infeccionar. Utilize algum material de preenchimento ao redor da bolha
para aliviar a pressão e reduzir fricção. Se a bolha estourar, trate como uma
ferida aberta. Limpe e faça curativos diariamente e acolchoe ao redor para evitar
maiores danos. Deixe bolhas grandes intactas. Para evitar que uma bolha
estoure ou rasgue sob pressão e cause uma ferida dolorosa, siga os passos
abaixo:
• Obtenha uma agulha de costura e um fio limpo ou esterilizado;

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• Passe a agulha e o fio pela bolha após sua limpeza;
• Retire a agulha da linha e deixe ambas a pontas do fio pendendo para
fora da bolha. O fio irá absorver o líquido dentro da bolha. Isto reduzirá
o tamanho do buraco e garantirá que ele não se selará;
• Faça um acolchoamento ao redor da bolha.
Descanse o suficiente
Você precisa de uma certa quantidade de descanso para continuar
funcionando. Planeje intervalos regulares de descanso de 10 minutos a cada
hora de trabalho. Aprenda a se permitir algum conforto nas situações
desagradáveis de sobrevivência. Alterne entre atividades mentais e físicas ou
vice-versa para refrescar o corpo e a mente quando a situação não permite
relaxamento total.
Mantenha seu acampamento limpo
Não suje seu acampamento com urina ou fezes, utilize latrinas, se
possível. Caso contrário, faça suas necessidades em buracos no solo em local
afastado do acampamento e cubra de terra após terminar. Colete água para
beber ou cozinhar rio acima em relação ao acampamento e sempre desinfete
toda a água.
Emergências Médicas
Problemas e emergências médicas sérias podem ocorrer na forma de:
problemas respiratórios, sangramento severo e choque hipovolêmico. Abaixo
seguem diretrizes sobre estes problemas e como proceder:
Problemas Respiratórios
Quaisquer dos itens abaixo podem causar obstrução das vias aéreas,
resultando em parada respiratória:
• Corpos estranhos na boca ou garganta que impedem a abertura da
traqueia;
• Ferimentos no pescoço e face;
• Inflamações e inchaços na boca e garganta causados por inalação de
fumaça, chamas, vapores irritantes ou por reação alérgica;
• “Torção” na garganta, causada pelo pescoço dobrado à frente, de
forma que o queixo repouse sobre o tórax;
• Bloqueio da passagem de ar pela língua em caso de inconsciência.
Quando o indivíduo se encontra inconsciente os músculos da
mandíbula e da língua relaxam, enquanto o pescoço dobra à frente,
forçando a mandíbula a ceder e a língua recua, bloqueando a
passagem de ar pela garganta.
Sangramento Severo

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Qualquer vaso sanguíneo calibroso no corpo pode causar severo
sangramento em caso de rompimento. Esta situação é extremamente perigosa,
pois a perda de 1L de sangue produzirá efeitos moderados de choque
hipovolêmico; 2L de sangue efeitos severos de choque que coloca o corpo em
extremo perigo. A perda de 3L ou mais de sangue geralmente é fatal.
Choque (hipovolêmico)
O choque (reação aguda à estresse) não é uma doença, mas uma
condição clínica caracterizada por sintomas que aparecem quando o débito
cardíaco (quantidade de sangue que sai do coração em um minuto) é insuficiente
para encher todas as artérias com sangue sob pressão adequada para prover
sangue a todos os órgãos e tecidos de maneira ideal.
Primeiros-Socorros
Controle o pânico, em você e nos outros, principalmente na vítima.
Tranquilize a vítima e tente mantê-la quieta. Faça um rápido exame físico,
procurando pela causa do ferimento e proceda ao ABC dos primeiros-socorros.
Comece pelas vias aéreas e respiração, mas seja perspicaz, em alguns casos
uma pessoa pode morrer de um severo sangramento mais rápido do que uma
parada respiratória ou obstrução de vias aéreas. Os parágrafos abaixo irão
orientá-lo em como tratar emergências de vias aéreas, sangramento e choque.
Abra as vias aéreas e mantenha
Você pode abrir vias aéreas das seguintes maneiras:
• Passo 1: Verifique se a vítima possui obstrução total ou parcial das
vias aéreas. Se ele puder tossir ou falar, deixe que elimine a obstrução
naturalmente. Aguarde, tranquilize a vítima e esteja pronto para limpar
as vias aéreas ou fazer respiração boca-a-boca caso a vítima fique
inconsciente. Se as vias aéreas estiverem completamente obstruídas,
aplique impulsos/pressão abdominal de baixo para cima até que as
vias aéreas se liberem.
• Passo 2: Utilizando um dedo, rapidamente remova corpos estranhos,
dentes quebrados, dentaduras e areia da boca da vítima.
• Passo 3: Agarre firmemente o queixo da vítima com as duas mãos e
gentilmente mova o queixo para cima enquanto gira a cabeça da vítima
para trás. Se os lábios estiverem fechados, abra-os com os dedões.
Para maior estabilidade, apoie os cotovelos na superfície onde a vítima
estiver deitada.

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Figura 1 Abrindo as vias aéreas

• Passo 4: Com as vias aéreas da vítima abertas, pince as narinas com


o dedão e o indicador e faça duas insuflações completas em sua boca.
Permita que o pulmão desinfle após a segunda insuflação. Não utilize
muita pressão durante os “sopros”. A prática de primeiros-socorros
leva tempo para atingir a perfeição. Após a segunda insuflação, faça
o seguinte:
o Olhe para seu tórax e veja se ele se movimenta para cima e
para baixo;
o Ouça o ar escapando de sua boca durante e expiração;
o Sinta o ar fluindo pela boca com a pele da face/orelha.

Figura 2 Ver, ouvir, sentir

• Passo 5: Se as insuflações não estimularem a respiração natural,


mantenha a vítima respirando através de ressuscitação boca-a-boca;
• Passo 6: Existe a chance de a vítima vomitar durante a ressuscitação
boca-a-boca, verifique sua boca regularmente para limpar o vômito se
necessário.

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NOTA: A ressuscitação cardiopulmonar pode ser necessária após a
desobstrução das vias aéreas, mas apenas se sangramentos grandes já
estiverem sob controle. Estude o máximo possível sobre primeiros-socorros para
aplicar as técnicas corretas de maneira correta quando for necessário.
Controle de Sangramentos
Em uma situação de sobrevivência você deve parar sangramentos sérios
imediatamente pois a reposição de fluidos normalmente não é possível e a vítima
pode morrer em questão de minutos. Sangramentos externos são classificados
em três categorias:
• Arterial: Sangue vermelho vivo, em jatos ou pulsos distintos que
correspondem ao ritmo cardíaco. Como o sangue em artérias está sob
alta pressão, um indivíduo pode perder muito sangue em um curto
período quando uma artéria calibrosa é rompida. Portanto,
sangramento arterial é o mais perigoso de todos e se não for
controlado pode ser fatal.
• Venoso: Sangue vermelho escuro, marrom ou azulado, em um fluxo
lento e constante significa sangramento de veias. Geralmente é
controlado mais facilmente que o sangramento arterial.
• Capilares: É o sangue proveniente de pequenos vasos situados
geralmente nas extremidades e geralmente são decorrentes de
pequenos cortes ou arranhões. Este tipo de sangramento dificilmente
é de grande severidade ou difícil de controlar.
Você pode controlar um sangramento externo através de pressão direta,
indireta (pontos de pressão), elevação, ligadura digital ou torniquete. Cada
método segue explicado abaixo.
Pressão direta
O método mais efetivo de se controlar um sangramento é aplicando
pressão diretamente sobre o ferimento. Esta pressão deve ser forte o suficiente
para parar o sangramento e durante tempo o bastante para o organismo selar o
sangramento.
Se o sangramento persistir após aplicação de pressão diretamente por 30
minutos, aplique um curativo de pressão. Curativo de pressão consiste em uma
gaze grossa ou outro material adequado (geralmente tecido dobrado várias
vezes) aplicado diretamente sobre o ferimento e seguro de maneira firme no
lugar por uma atadura. A atadura deve ser mais firme que um curativo comum,
mas não tanto que impeça a circulação no resto do membro. Depois de aplicada
esta técnica de curativo, não o remova, mesmo quando o curativo estiver
encharcado de sangue.

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Figura 3 Exemplos de curativo de pressão

Deixe o curativo de pressão direta no lugar por 1 ou 2 dias, após os quais


você pode remover e substituí-lo por um curativo menor. Na sobrevivência a
longo prazo faça sempre curativos novos todos os dias e inspecione por sinais
de infecção.
Elevação
Elevar a extremidade ferida o mais alto possível em relação ao coração
auxilia na redução da perda de sangue e retorno do sangue ao coração, além de
reduzir a pressão sanguínea no local da ferida. No entanto, somente a elevação
do membro não controlará a hemorragia completamente. Você deve aplicar
pressão direta no ferimento e, em seguida, elevá-lo. Quando for tratar uma
picada de serpente, certifique-se de manter o membro ferido mais baixo que o
nível do coração.
Pontos de pressão (pressão indireta)
Pontos de pressão são locais do corpo em que as artérias se apresentam
mais superficiais, geralmente onde passam sobre ossos. Você pode aplicar
pressão em um ponto de pressão para reduzir o fluxo de sangue ao membro
ferido até a aplicação de um curativo de pressão. Este método não é tão efetivo
quanto a pressão aplicada diretamente sobre o ferimento, e são raras as
ocasiões em que apenas uma artéria principal é responsável por irrigar um local
de ferimento.

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Figura 4 Pontos de pressão

Se você não conseguir se lembrar dos exatos pontos de pressão (que


inclusive requer treinamento para localização exata), siga esta regra: aplique
pressão na extremidade da junta imediatamente acima (em direção ao corpo) da
área com ferimento. Nas mãos e pés e cabeça aplique pressão no pulso,
tornozelo e pescoço, respectivamente.
Mantenha a pressão posicionando um graveto ou bastão cilíndrico na
articulação e então dobrando-a sobre o bastão; em seguida mantenha-a dobrada
amarrando com uma atadura. Utilizando este método você fica com as mãos
livres para realizar outros procedimentos.
Ligadura digital
Você pode parar ou desacelerar uma hemorragia aplicando pressão com
a ponta de um ou dois dedos na extremidade da veia ou artéria que está
sangrando. Mantenha a pressão até que a hemorragia pare ou reduza o
suficiente para aplicação de curativo de pressão, elevação, etc.
Torniquete
Utilize um torniquete única e exclusivamente quando nenhum dos outros
métodos anteriores for aplicável ou possível ou não solucionaram o
sangramento. Se você deixar um torniquete no lugar por muito tempo, o dano
aos tecidos pode progredir para gangrena com a amputação do membro
posteriormente. Um torniquete mal utilizado também pode resultar em dano
permanente aos nervos e outros tecidos no local da constrição. Se você precisar
utilizar um torniquete, coloque-o ao redor da extremidade, entre o ferimento e o
coração, 5 a 10cm acima do ferimento ou fratura, como demonstra a imagem.

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Figura 5 Método do torniquete

Depois de aplicar o torniquete, limpe e faça um curativo no ferimento. Um


sobrevivente sozinho não deve remover um torniquete que foi aplicado em si.
No entanto, em um grupo, um companheiro pode aliviar a pressão no torniquete
a cada 10 a 15 minutos por 1 ou 2 minutos para permitir o fluxo de sangue para
o resto do membro e prevenir a perda do mesmo.
Prevenção e tratamento de choque (hipovolêmico)
Anteveja a ocorrência de choque em todos os membros da equipe feridos.
Trate todos os feridos conforme a seguir, independentemente de seus sintomas:
• Se a vítima está consciente, coloque-a em uma superfície plana com
as extremidades inferiores elevadas a 15 ou 20cm.
• Se a vítima está inconsciente, coloque-a deitada de bruços ou de lado
(esquerdo) e mantenha sua cabeça virada para o lado para prevenir
asfixia por vômito, sangue e outros fluidos.
• Se você não tem certeza da melhor posição, coloque-a perfeitamente
na horizontal. Uma vez posicionada para o choque, não mova a vítima.
• Mantenha a temperatura corporal da vítima utilizando isolamento
térmico e, em alguns casos, aplicando calor externo.
• Se molhada, remova todas as roupas molhadas da vítima e substitua
por roupas secas assim que possível.
• Use líquidos ou alimentos quentes, um saco de dormir preaquecido,
outra pessoa abraçada à vítima, água aquecida em cantis, pedras
quentes enroladas em roupas ou fogo de cada lado da vítima para
fornecer calor externo.
• Se a vítima estiver consciente, dê pequenos goles de água morna com
sal ou açúcar, se possível.

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• Se a vítima estiver inconsciente, ou possuir ferimentos abdominais,
não dê fluidos pela boca.
• Faça a vítima repousar por pelo menos 24 horas.
• Se você for um sobrevivente sozinho, deite em alguma depressão no
solo, atrás de uma árvore ou qualquer outro lugar longe das
intempéries com sua cabeça mais baixa que seus pés.
• Se você estiver cuidando de outra pessoa, tranquilize seu paciente
constantemente.

Figura 6 Posição de choque vítima consciente

Figura 7 Posição de choque vítima inconsciente

Ferimentos em ossos e articulações


Você pode se deparar com ferimentos em articulações e ossos dos tipos
fraturas (expostas ou fechadas), luxações e entorses. Siga as orientações abaixo
para tratar esses ferimentos.
Fraturas
Há basicamente dois tipos de fraturas, expostas e fechadas. Uma fratura
exposta significa que o osso rompeu a pele e se encontra exposto, complicando
o tipo de fratura pois acrescenta uma ferida aberta ao problema. Qualquer osso
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protuberante deve ser limpo com um antisséptico e mantido úmido. Você deve
utilizar uma tala na fratura e monitorar o fluxo sanguíneo abaixo da fratura.
Somente reposicione a fratura (voltando o osso para o lugar) se não houver fluxo
sanguíneo.
A fratura fechada não possui ferimentos abertos, siga as instruções para
imobilização e aplique talas à fratura.
Os sinais e sintomas de uma fratura são dor, sensibilidade, descoloração,
inchaço, deformidade, perda de função e um som ou sensação de raspagem que
ocorre quando as extremidades do osso fraturado se atritam.
Os perigos de uma fratura são o rompimento ou compressão de um nervo
ou vaso sanguíneo no local da fratura. Por esta razão, o mínimo de manipulação
do membro e da fratura deve ser feita e de forma bem cuidadosa. Se você notar
a área abaixo da fratura ficando inchada, dormente, fria ao toque ou
empalidecida e a vítima apresentando sinais de choque, um vaso sanguíneo
calibroso pode ter sido rompido. Você deve controlar esta hemorragia interna.
Restabeleça a fratura e trate a vítima como em estado de choque e reponha
fluidos perdidos.
Frequentemente você precisa manter a tração do membro com talas para
a cicatrização correta. Você pode efetivamente puxar osso menores como do
braço e da perna com as mãos. Você também pode criar tração calçando uma
mão ou pé em um nó em “V” de uma árvore e empurrando contra a árvore com
a outra extremidade, de forma a esticar o membro quebrado. Então, aplique a
tala.
Músculos muito fortes mantém um fêmur quebrado no lugar, tornando
muito difícil de manter tração durante a cicatrização. Você pode criar uma tala
de tração improvisada usando materiais naturais, como indicado na imagem.

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Figura 8 Improvisando imobilização de uma perna

• Consiga dois galhos bifurcados de no mínimo 5cm de diâmetro. Meça


um a partir da axila do paciente até 20 a 30cm além da perna
quebrada. Meça o outro galho a partir da virilha até 20 a 30cm além
da perna quebrada. Garanta que ambos os galhos fiquem com o
mesmo comprimento ao final da perna quebrada.
• Acolchoe a duas talas. Faça entalhes na extremidade inferior das talas
e amarre uma haste de 20 a 30cm de comprimento e 5cm de
espessura na transversal entre as talas.
• Utilizando materiais disponíveis, amarre a tala ao redor do tronco do
paciente e ao longo da perna quebrada. Siga as diretrizes para uso de
talas.
• Utilizando materiais disponíveis, faça uma amarra ao redor do
tornozelo da perna quebrada e prenda-a à haste transversal.
• Coloque um bastão de 2,5cm por 10cm entre os cordões da amarra e
entre a haste e o pé e, utilizando tal bastão, torça a amarra para
tracionar a perna de maneira a estica-la.
• Continue tracionando até que a perna estique o suficiente para ficar
igual ou ligeiramente mais longa que a perna intacta.
• Amarre o bastão de tração para manter a torção.
NOTA: Você perceberá que estas talas vão perder tração ao longo do
tempo devido ao desgaste a afrouxamento natural dos materiais. Cheque
a tração periodicamente. Se precisar trocar ou reparar as talas, mantenha
a tração manualmente por um curto período.
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Luxação
Luxações são a separação das articulações entre os ossos, fazendo os
ossos saírem do alinhamento natural. Estes desalinhamentos são extremamente
dolorosos e podem causar danos aos nervos ou à circulação abaixo da
articulação. É preciso recolocar estas articulações no lugar o mais rápido
possível.
Sinais e sintomas de luxações são dores nas articulações, sensibilidade,
inchaço, descoloração, movimento reduzido e deformidade da articulação. O
tratamento de luxações se dá pela redução, imobilização e reabilitação.
Redução ou “colocar no lugar” é basicamente tracionar o osso de volta ao
seu lugar. Pode-se utilizar força manual ou pesos para puxar o osso de volta
para o lugar. Uma vez realizada a redução, a dor da vítima reduz
consideravelmente e permite a movimentação e o fluxo sanguíneo correto. Sem
a disponibilidade de um raio x, você pode julgar o alinhamento pela aparência e
comparação com a articulação saudável do outro lado.
Imobilização nada mais é que o uso de talas na luxação após a redução.
Você pode usar qualquer material de campo disponível ou pode amarrar a
extremidade ao corpo. As diretrizes para imobilização são:
• Imobilize acima e abaixo da fratura;
• Acolchoe as talas para reduzir o desconforto;
• Cheque a circulação abaixo da fratura após fazer cada amarra na
imobilização.
Para reabilitar a luxação remova as talas após 7 a 14 dias. Utilize
gradualmente a articulação ferida até que ela esteja completamente sarada.
Entorses
O alongamento acidental de um tendão ou ligamento causa entorses.
Sinais e sintomas de entorses são dor, inchaço, sensibilidade e descoloração
(preto ou azul).
Quando tratando entorses, você deve seguir as orientações abaixo.
• Repousar a área ferida.
• Gelo nas primeiras 24 a 48 horas.
• Enfaixe comprimindo ou imobilize para ajudar a estabilizar. Se
possível, deixa a bota ou calçado no tornozelo ferido a não ser que a
circulação esteja comprometida.
• Eleve a área afetada.
NOTA: Gelo é preferível para entorses, mas água fria de nascentes pode
ser mais facilmente obtida em uma situação de sobrevivência e deverá servir na
ausência de gelo.
Mordidas e Ferroadas

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Insetos e pragas relacionadas são riscos em uma situação de
sobrevivência. Eles não só causam irritação, mas geralmente transmitem
doenças que causam severas reações alérgicas em alguns indivíduos. Em
algumas localizações você poderá ser exposto a doenças sérias ou letais não
comuns de sua região nativa.
• Carrapatos podem transmitir doenças como a febre maculosa, doença
de Lyme, babesiose, erliquiose, etc;
• Mosquitos podem transmitir malária, Dengue, Chikungunya, Zika,
dentre outras;
• Moscas podem transmitir doenças pelo contato com fontes
contaminantes. Elas são a causa de doença do sono, febre tifoide,
cólera e disenteria;
• Pulgas transmitem peste bubônica e tifo;
• Piolhos transmitem tifo, febre de trincheira e febre recorrente.
Existem várias doenças que são transmitidas por estes e outros vetores
e a forma mais eficaz de evitar complicações é manter suas imunizações
(vacinas) em dia, evitar áreas infestadas por estes insetos, utilizar mosquiteiros
e repelentes e utilizar todas as roupas de forma correta.
Se você for mordido ou picado, não coce, pois pode infeccionar.
Inspecione seu corpo diariamente para se certificar que não há insetos anexados
ao seu corpo, cubra-os com a substância (vaselina, óleos densos ou seiva de
árvores) que irá abafar e asfixiá-lo. Sem ar o carrapato irá se soltar e você poderá
removê-lo. Tenha cautela para remover e certifique-se de retirar o carrapato por
inteiro. Utilize pinças se você as tiver, agarre-o pela parte bucal que se prende à
pele. Não aperte o corpo do carrapato. Lave suas mãos após tocar o carrapato.
Limpe a ferida do carrapato diariamente até cicatrizar.
Tratamento
É impossível listar os tratamentos para todos os tipos de mordidas e
ferroadas. No entanto, você pode trata-las de forma geral, conforme a seguir.
• Se antibióticos estiverem disponíveis, aprenda seus usos antes de ir
para campo;
• Imunizações em dia podem prevenir a maioria das doenças
transmitidas por mosquitos e moscas;
• As doenças transmitidas por moscas mais comuns são usualmente
tratáveis com penicilina ou eritromicina;
• A maioria das doenças transmitidas por pulgas, carrapatos, piolhos e
ácaros são tratáveis com tetraciclina;
• A maioria dos antibióticos vem em comprimidos ou cápsulas de 250mg
ou 500mg (no geral). Se você não conseguir se lembrar do tratamento
exato para uma doença, 2 comprimidos, 4 vezes ao dia por 10 a 14
dias vai geralmente matar qualquer bactéria.

53
NOTA: Como citado anteriormente, medicamentos devem ser utilizados
com cautela, orientação do médico e do farmacêutico. O uso de medicamentos
de forma incorreta pode trazer sérios prejuízos à saúde. Antibióticos usados de
maneira incorreta podem incorrer em reincidência da infecção, geralmente de
forma mais agravada que a anterior devido à resistência bacteriana ao
medicamento. Além disso, a maioria dos antibióticos no Brasil atualmente é
medicamento de receituário especial (controlado) e necessita apresentação e
retenção da receita pela farmácia ou drogaria.
Ferroadas de abelhas e vespas
Se ferroado por uma abelha, imediatamente remova o ferrão e a glândula
de veneno se ainda estiver no lugar raspando com a unha ou uma faca. Não
aperte ou pegue no ferrão ou na glândula, uma vez que apertar irá forçar mais
veneno na ferida. Lave a ferroada completamente com sabão e água para reduzir
a chance de infecção.
Se você sabe ou suspeita que é alérgico a picadas de insetos, sempre
carregue um kit para ferroadas de insetos com você. Para aliviar a dor,
desconforto e a coceira da picada de inseto, use:
• Compressas frias;
• Uma pasta refrescante de lama e cinzas;
• Seiva de dentes-de-leão;
• Polpa de coco;
• Dentes de alho socados;
• Cebola.
Picadas de aranha e escorpião
A viúva negra é uma aranha identificada por uma mancha vermelha
geralmente em formato de ampulheta na parte superior de seu abdômen. Apenas
as fêmeas picam e possuem um veneno neurotóxico. A dor inicial não é severa
mas rapidamente se desenvolve. A dor gradualmente se espalha por todo o
corpo e se fixa no abdômen e pernas. Cólicas abdominais, náusea, vômito e
erupções cutâneas (exantema: feridas semelhantes às do sarampo) podem
acontecer. Fraqueza, tremores, sudorese e salivação podem ocorrer. Reações
anafiláticas podem acontecer. Os sintomas podem piorar pelos próximos três
dias e então começarem a ceder na próxima semana. Talvez seja necessário
tratar estado de choque. Esteja alerta para uma possível ressuscitação
cardiopulmonar (RCP). Limpe e faça curativos na área da picada para reduzir a
chance de infecção. Existe antídoto disponível.
A aranha marrom reclusa é uma aranha pequena de cor marrom claro,
identificada por um padrão em formado de violino na parte superior de seu
cefalotórax. Não há dor, ou pouca dor em sua picada, de forma que a vítimas às
vezes não ficam cientes da picada. Em algumas horas uma área dolorosa e
avermelhada com centro manchado e cianótico (azulado) aparece. Necrose nem
sempre ocorre, mas usualmente em 3 ou 4 dias uma área com formato de

54
estrela, firme e de coloração arroxeada aparece no local da picada. A área então
se torna negra e mumificada em uma semana ou duas. As margens se separam
e a cicatriz cai, deixando uma úlcera aberta. Infecções secundárias e nódulos
linfáticos próximos inchados se tornam visíveis nesta etapa. A característica
marcante da picada da aranha marrom reclusa é a úlcera que não cicatriza e
persiste por semanas ou meses. Em adição à úlcera há uma reação sistêmica
séria que pode inclusive levar à morte. Reações (febre, calafrios, dores nas
articulações, vômito e erupções cutâneas generalizadas) ocorrem
principalmente em crianças ou pessoas debilitadas.
Tarântulas são aranhas grandes e peludas encontradas nos trópicos.
Algumas não possuem veneno, outras na América do Sul sim. Elas têm
quelíceras (presas) grandes, cuja mordida é extremamente dolorida,
hemorrágica e possivelmente infeccionará. Trate a mordida da tarântula como
uma ferida aberta e tente prevenir infecção. Se os sintomas de envenenamento
aparecerem, trate como a mordida da viúva-negra. Tarântulas ou aranhas
caranguejeiras possuem vários olhos ao redor do cefalotórax e enxergam em
todas as direções, sendo praticamente impossível caçá-las ou capturá-las de
formas menos elaboradas.
Escorpiões são todos venenosos em graus variados. Há duas reações
diferentes, dependendo da espécie do escorpião:
• Reação local severa apenas, com dor e inchaço ao redor do local da
ferroada. Possivelmente uma sensação espinhosa ao redor da boca e
sensação de língua grossa, áspera.
• Reação sistêmica severa, com pouca ou nenhuma reação local visível.
Dor local pode se apresentar. A reação sistêmica inclui dificuldades
respiratórias, sensação de língua grossa ou áspera, espasmos
corpóreos, salivação excessiva (baba), distensão gástrica, visão
duplicada, cegueira, movimento rápido involuntário dos olhos,
evacuação e urinação involuntárias e insuficiência cardíaca. A morte
é rara ocorrendo principalmente em crianças ou adultos hipertensos
ou doentes.
Trate picadas de escorpião como a mordida da viúva-negra.
Picadas de Serpentes
A chance de uma picada de serpente em uma situação de sobrevivência
é de certa forma pequena, se você está familiarizado com as várias espécies e
seus habitats. Porém, pode acontecer e você precisa saber como tratar uma
picada de serpente. Mortes por picada de serpentes são raras. Nem sempre as
picadas acarretam em envenenamento e uma pequena porção delas causam
efeitos mais severos. No entanto, uma picada de serpente em um ambiente de
sobrevivência pode baixar a moral e, falhar em tomar as medidas e precauções
necessárias corretamente, pode resultar em uma tragédia desnecessária.

55
A primeira preocupação no tratamento de picada de serpentes é limitar a
quantidade eventual de tecido destruído ao redor da área da picada.
Uma mordida ou picada de qualquer animal pode potencialmente
infeccionar devido às bactérias da boca do animal. Venenosas ou não, as
infecções causadas pelas picadas de serpentes são responsáveis por grande
parte dos danos residuais que ocorrem.
Os venenos das serpentes não só contêm substâncias que atacam o
sistema nervoso (neurotoxinas) e a circulação (hemotoxinas), mas também
enzimas digestivas (citotoxinas) para ajudar na digestão da presa. Estes
venenos podem causar a destruição de tecido em uma grande área ao redor da
picada, causando uma grande ferida aberta. Esta condição pode levar à
necessidade de amputação se não for corretamente tratada.
Estado de choque e pânico em uma pessoa picada pode também afetar
sua recuperação. Excitação, histeria e pânico aceleram a circulação, fazendo
com que o corpo absorva mais rapidamente as toxinas. Sinais de choque podem
aparecer após 30 minutos da picada.
Antes de começar a tratar uma picada de serpente, determine se o animal
que picou é venenoso ou não. Uma serpente não venenosa ou não peçonhenta
morde e a mordida apresentará fileiras de dentes. Uma serpente venenosa ou
peçonhenta pica e, apesar de às vezes apresentar fileiras de dentes, duas ou
mais distintas perfurações de suas peçonhas (presas mais proeminentes) serão
visíveis. Sintomas das picadas podem variar; exemplos são sangramentos
espontâneos pelo nariz ou ânus, sangue na urina, dor no local da picada e
inchaço no local da picada nos primeiros minutos ou até em duas horas.
Dificuldade de respirar, paralisia, fraqueza, espasmos, torpor e dificuldade
de abrir os olhos por exemplo são sinais de neurotoxinas. Estes sintomas
aparecem cerca de uma hora e meia a duas horas após a picada.
Se você identificar que o indivíduo foi ofendido por uma serpente
venenosa, siga os procedimentos abaixo:
• Tranquilize a vítima e mantenha-o imóvel;
• Prepare-se para choque e forneça fluidos (mesmo que por via
intravenosa);
• Remova relógios, anéis, braceletes ou outros itens constritores;
• Limpe a área da picada;
• Mantenha as vias aéreas (principalmente se picado no rosto ou
pescoço) e prepare-se para realizar ressuscitação boca-a-boca e
manobra de RCP.
• Use uma faixa constritora entre o ferimento e o coração;
• Imobilize o local;
• Remova o veneno o mais cedo possível usando dispositivos de sucção
mecânico. Não aperte o local.
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Você também deve se lembrar de quatro pontos essenciais no tratamento
de picadas de serpentes.
• Não dar bebidas alcóolicas ou produtos de tabaco para a vítima.
Jamais dê atropina. Não dar morfina ou outros depressores do sistema
nervoso central.
• Não faça cortes mais profundos no local da picada. Cortar capilares
criará uma rota direta do veneno e infecções para o sangue.
• Não coloque suas mãos no seu rosto, pois podem estar contaminadas
com veneno que pode causar cegueira.
• Não estoure as bolhas que podem se formar ao redor da picada.
NOTA: O melhor procedimento em caso de picada de serpentes é lavar o
ferimento, elevar o membro e deslocar-se para atendimento médico de urgência
o mais cedo possível. Em um cenário de sobrevivência o atendimento médico
pode não estar disponível em nenhum lugar a nenhum momento. Se este for o
caso, exclusivamente, proceda da seguinte maneira: faça uma incisão (de no
máximo 6mm de largura e 3mm de profundidade) sobre cada perfuração das
peçonhas, objetivando alargar o corte sem aprofundá-lo e somente através da
primeira ou segunda camada da pele. Coloque um dispositivo de sucção sobre
a picada de forma a vedar de maneira perfeita para criar vácuo. Proceda à
sucção por no mínimo 30 minutos. Faça sucção com a boca única e
exclusivamente se este for o último recurso e somente se você não possuir
aftas ou úlceras na boca. Cuspa o sangue envenenado e lave sua boca com
água. Este método irá drenar cerca de 25 a 30% do veneno.
Após cuidar da vítima como descrito acima, tome as seguintes
providências para reduzir efeitos locais:
• Se infecções aparecerem, mantenha o ferimento aberto e limpo;
• Use calor após 24 ou 48h para ajudar a prevenir a difusão da infecção.
Calor também ajuda a reduzir a infecção;
• Mantenha o ferimento coberto com um curativo seco e estéril;
• Faça a vítima beber grandes quantidades de líquido até que a infecção
desapareça.
Ferimentos
Uma interrupção na continuidade da pele é caracterizada como ferimento.
Estes ferimentos podem ser abertos, doenças de pele, geladuras (“queimaduras”
causadas por frio), pé de trincheira (gangrena) ou queimaduras.
Feridas abertas
Feridas abertas são perigosas em uma situação de sobrevivência, não
apenas devido ao dano ao tecido e perda de sangue, mas principalmente pelo
risco de infecção. Bactérias no objeto que causou o ferimento, na pele ou roupa
do indivíduo ou ainda materiais estranhos ou solo que entrou em contato com o
ferimento podem causar infecções.
57
Tomando os devidos cuidados para com o ferimento você pode reduzir a
probabilidade da ocorrência de infecções e permitir a cicatrização. Portanto,
limpe o ferimento assim que possível das seguintes maneiras:
• Remova ou corte a roupa na área do ferimento;
• Procure pelo ferimento de saída caso causado por objetos
pontiagudos, projéteis de arma de fogo, flechas, etc.;
• Limpe a pele completamente ao redor da ferida;
• Enxágue (sem esfregar) com grandes quantidades de água sob
pressão. Você pode usar urina “fresca” se não houver água limpa
disponível, após descartar a primeira porção da urina que “lava” o trato
urinário.
Manter a ferida sem cobertura é a forma mais segura de tratar ferimentos
em uma situação de sobrevivência. Não tente fechar ferimentos através de
suturas ou procedimentos similares. Deixe a ferida aberta para permitir a
drenagem de pus resultante de uma possível infecção. Desde que a ferida possa
se drenar, ela não deve se tornar um problema de risco de morte,
independentemente de quão feia ou fedorenta esteja.
Cubra a ferida com um curativo limpo e seco. Coloque uma bandagem
sobre o curativo para mantê-lo no lugar. Troque o curativo diariamente e cheque
por sinais de infecção.
Se a ferida se apresentar muito aberta ou “escancarada”, você pode
aproximar as bordas com fita adesiva cortada em formato de borboleta ou
haltere. Use este método com extremo cuidado na ausência de antibióticos. Você
deve permitir a total drenagem da ferida para evitar infecção.

Figura 9 Criando um curativo borboleta

Em uma situação de sobrevivência, infecções em algum grau são quase


inevitáveis. Dor, inchaço, vermelhidão ao redor da ferida, elevação de
temperatura no local e pus na ferida ou no curativo são sinais de infecção.
Se o ferimento infeccionar, trate da seguinte maneira:

58
• Coloque uma compressa quente e úmida diretamente sobre o local.
Troque a compressa quando esfriar mantendo uma compressa quente
no local por um total de 30 minutos de 3 a 4 vezes ao dia;
• Drene a ferida. Abra a ferida e gentilmente examine com um
instrumento estéril;
• Aplique curativo e bandagem novos à ferida diariamente;
• Beba bastante água;
• Em caso de ferimento de tiro ou outro ferimento grave, pode ser melhor
lavar a ferida com a água mais limpa possível, vigorosamente, todos
os dias. Se água potável ou métodos de desinfecção ou purificação
não estiverem disponíveis ou limitados, não use sua água potável.
Lave a ferida com força todos os dias até que esteja curada. Sua
cicatriz pode ficar feia, mas suas chances de infecção serão menores.
• Continue este tratamento diariamente até que não haja sinais de
infecção.
Se você não possuir antibióticos à disposição e a ferida infeccionar
severamente, não cicatrizar e desbridamento (remoção de sujeira, pus, etc)
padrão é impossível, considere a utilização da terapia com larvas, apesar dos
riscos.
• Exponha a ferida a moscas por um dia e então cubra-a;
• Cheque diariamente por larvas;
• Uma vez que elas desenvolvam, mantenha a ferida coberta, mas
cheque diariamente;
• Remova todas as larvas quando elas tiverem limpado o tecido morto
e antes que elas comecem a se alimentar de tecido saudável. Aumento
da dor e sangue vermelho vivo no ferimento são indicativos que as
larvas chegaram ao tecido saudável.
• Lave a ferida repetidamente com água estéril ou urina fresca para
remover as larvas;
• Cheque a ferida a cada 4 horas por vários dias para se certificar que
todas as larvas foram removidas;
• Faça curativo e aplique bandagem como uma ferida normal. Ela deve
cicatrizar normalmente.
Doenças de pele e outras doenças
Furúnculos, infecções fúngicas e erupções cutâneas raramente se
desenvolvem para problemas de saúde sérios. Eles causam muito desconforto
e, por isso, merecem atenção adequada:
Furúnculos
Aplique compressas quentes para reduzir a dor e ajudar na extrusão do
pus. Evite espremer ou furar o furúnculo para não complicar ainda mais a
pequena infecção que é o furúnculo. Caso possua domínio da técnica, você pode
realizar uma pequena incisão com instrumento estéril na parte central do
59
furúnculo para ajudar na extrusão do pus. Remova o pus com água e sabão e
cubra a ferida, checando sempre por sinais de mais infecções.
Infecções por fungos (fúngicas)
Mantenha a pele seca e limpa e exponha a área afetada ao máximo de
luz do sol possível. Não coce a área afetada. É possível usar pós antifúngicos,
sabão de lixívia, água sanitária, álcool, vinagre, salmoura concentrada e PVPI
para tratar infecções por fungos com níveis variados de sucesso. Como são
métodos não ortodoxos de tratamento, utilize-os com cautela.
Rash cutâneo (erupções)
Para tratar o rash de forma eficiente é preciso primeiro determinar o que
o está causando. Esta determinação pode ser difícil na melhor das situações.
Portanto siga estas regras:
• Se estiver seco, hidrate;
• Se estiver úmido, seque;
• Não coce.
Use uma compressa de vinagre ou ácido tânico derivado de chás ou
através da infusão de bolotas (fruto do carvalho) ou casca de madeiras de lei
para ajudar a secar rash úmido. Mantenha rash seco hidratado esfregando uma
pequena quantidade de gordura animal processada ou banha na área afetada.
Lembre-se, trate rash como feridas abertas; limpe e faça curativos
diariamente. Há muitas substâncias disponíveis para sobreviventes no meio
natural ou até em cativeiros para utilizar como antisséptico no tratamento de
feridas. Sigas as seguintes recomendações:
• Tabletes de iodo: Use 5 a 15 tabletes por litro de água para produzir
uma boa solução de enxágue para ferimentos durante cicatrização;
• Alho: Esfregue na ferida ou ferva-os para remover os óleos essenciais
e usa a água para enxaguar a área afetada;
• Salmoura: Use 2 ou 3 colheres de sopa por litro de água para matar
bactérias;
• Mel de abelha: Use-o diretamente ou diluído em água. CUIDADO: Mel
não pasteurizado possivelmente causará botulismo, que afeta
crianças principalmente. Descontinue o uso se apresentar vômito,
visão duplicada, febre ou paralisia muscular.
• Musgo esfagno: Encontrado naturalmente em áreas brejosas, produz
um composto de iodo. Utilize como curativo;
• Açúcar: Coloque diretamente sobre a ferida e remova completamente
quando se tornar vítrea e escorrendo; então reaplique;
• Xarope: Em extremas circunstâncias, os mesmos benefícios do mel e
do açúcar podem ser obtidos utilizando-se qualquer fluido ou pasta
com alta concentração de açúcar.
NOTA: Utilize materiais preparados de forma artesanal com cuidado.
60
Queimaduras
O seguinte tratamento de campo para queimaduras alivia as dores de
certa forma, parece ajudar na cicatrização e oferece um pouco de proteção
contra infecções:
• Primeiro, remova a fonte da queimadura. Apague o fogo removendo
as roupas, extinguindo com areia ou água ou rolando no chão. Resfrie
a queimadura com água fria corrente. Para queimaduras causadas por
fósforo branco, remova a substância com uma pinça e não use água;
• Encharque curativos ou trapos limpos por 10 minutos em uma solução
de ácido tânico fervente (obtida de chá, casca de madeira de lei ou
bolotas fervidas em água);
• Resfrie os curativos ou trapos limpos e aplique sobre as queimaduras.
Mel e açúcar também funcionam em queimaduras, sendo mel
especialmente eficaz em promover a regeneração da pele e impedindo
infecções. Utilize ambos da mesma maneira que em feridas abertas
citadas anteriormente;
• Trate como uma ferida aberta para todos os efeitos;
• Reponha fluidos perdidos. Reposição de fluidos pode ser alcançada
por via oral (preferencial) ou intravenosa (quando os recursos para tal
estiverem disponíveis). Uma forma alternativa de reidratação é através
da via retal. Fluidos não precisam de ser estéreis, apenas
desinfetados. Uma pessoa pode efetivamente absorver até 1,5 litros
por hora, usando um tubo para fornecer hidratação por via retal;
• Mantenha as vias aéreas;
• Trate um possível estado de choque;
• Considere usar morfina a não ser que a queimadura seja perto do
rosto.
Lesões causadas pelo ambiente
Insolação, hipotermia, diarreia e parasitas intestinais são problemas
ambientais que você pode ter que enfrentar em uma situação de sobrevivência.
Abaixo seguem descritas maneiras de abordar estes problemas.
Insolação
O colapso do sistema de regulagem da temperatura corporal (temperatura
do corpo acima de 40,5°C) causa uma insolação. Sinais e sintomas de insolação
são:
• Face inchada cor de beterraba;
• Esclera (parte branca do olho) avermelhada;
• Vítima não transpira;
• Inconsciência ou delírios, que podem causar palidez, coloração
azulada nas unhas e lábios (cianose) e pele fria.

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NOTA: Neste momento a vítima estará em estado de choque severo.
Resfrie a vítima o mais rápido que puder em um riacho frio. Se não houver um
por perto, refresque a vítima com urina, água ou no mínimo compressas frias nas
articulações, principalmente pescoço, axilas e virilha. Certifique-se de molhar a
cabeça da vítima. Perda de calor pelo couro cabeludo é acelerada. Administre
intravenosas e providencie fluidos para a vítima beber. Você pode precisar
abanar a vítima.
Os seguintes sintomas podem ocorrer enquanto a vítima se resfria:
• Vômito;
• Diarreia;
• Debater-se;
• Tremores;
• Gritos ou murmúrios;
• Inconsciência prolongada;
• Insolação rebote dentro de 48 horas;
• Parada cardíaca; fique em alerta para RCP.
NOTA: Trate a reidratação com água levemente salgada ou soro de
reidratação.
Geladuras
Começam de maneira firme, fria e com manchas brancas ou acinzentadas
na face, orelhas e extremidades que podem apresentar bolhas ou descascar
igual a queimaduras após 2 ou 3 dias. Geladuras (ou queimaduras de frio) são o
resultado da exposição do tecido ao frio intenso e representa o início do
congelamento. A água dentro e fora das células congela, causando ruptura das
mesmas e dano tecidual. Aquecer a área com as mãos ou objetos quentes trata
este problema. Ventos gelados tem um papel crucial neste tipo de ferimento.
Medidas preventivas incluem camadas de roupas secas e proteção contra
umidade e vento.
Pé de Trincheira
Resultado de muitas horas ou dias de exposição dos pés a condições
úmidas e abafadas em temperaturas ligeiramente acima do congelamento. Os
nervos e músculos conseguem suportar a maior parte do dano, mas gangrena
pode acontecer. Em casos extremos a carne morre e pode ser necessário
amputar o pé ou a perna. A melhor prevenção é manter seus pés secos.
Carregue meias extras com você em uma embalagem à prova d’água. Seque
suas meias molhadas contra seu corpo. Lave seus pés diariamente e coloque
meias limpas e secas.
Congelamento
Este ferimento é causado pelo congelamento dos tecidos. Porém,
estendido a uma porção mais profunda da superfície corporal. Os tecidos se
tornam sólidos e imóveis. Seus pés, mãos e partes faciais expostas são
particularmente vulneráveis ao congelamento.
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Quando em grupos, previna o congelamento utilizando os companheiros
como ajuda. Cheque o rosto dos seus companheiros e faça-os checar o seu. Se
você estiver sozinho, periodicamente cubra seu nariz e a parte baixa da sua face
com suas luvas.
Não tente descongelar as partes afetadas colocando-as próximo a
chamas. Tecido congelado deve ser submergido em água entre 37 e 42°C até o
descongelamento (a temperatura da água pode ser determinada utilizando a
parte interna do pulso). Seque a parte afetada e coloque-a em contato com sua
pele para aquecer à temperatura corporal.
Hipotermia
É definida como a falha do corpo em manter a temperatura interna em, no
mínimo, 36°C. Exposição do corpo a temperaturas frias ou congelantes por
curtos períodos podem levar a hipotermia. Desidratação e falta de alimentação
podem lhe predispor a hipotermia.
Tratamento imediato é a chave. Mova e vítima para um abrigo, de
preferência protegido do vento, chuva e do frio. Remova todas as roupas
molhadas da vítima e coloque-a roupas secas. Reponha fluidos com bebidas
quentes e aqueça-a em um saco de dormir usando duas pessoas (se possível)
provendo contato pele-a-pele. Se a vítima não conseguir beber líquidos quentes,
reidratação retal pode ser usada.
Diarreia
Um problema comum e debilitante causado por drástica mudança de água
e alimentos, água contaminada, comida estragada, ficar fatigado e usar vasilhas
e talheres sujos. Você pode evitar a maioria das causas praticando medicina
preventiva. Contudo, se você apresentar diarreia, não tome medicamentos
antidiarreicos. Siga os passos abaixo:
• Limite sua ingestão de líquidos por 24 horas.
• Tome um copo de um chá forte a cada 2 horas até que a diarreia
diminua ou cesse. O ácido tânico dos chás ajuda a controlar a diarreia.
• Faça uma solução de um punhado de calcário, carvão ou ossos secos
e água tratada. Se você tiver bagaço de maçã ou casca de frutas
cítricas, adicione uma porção equivalente à solução. Tome duas
colheres das de sopa da solução a cada 2 horas até a diarreia diminuir
ou cessar.
Parasitas Intestinais
Você pode usualmente evitar parasitas intestinais se você tomar medidas
preventivas. Por exemplo, nunca ande descalço. A melhor forma de prevenir
parasitas intestinais é não comer carne crua, nunca comer vegetais
contaminados por esgoto ou similares e não utilize fezes humanas como adubo.
Porém, se você apresentar parasitas e não possuir medicamentos adequados,
você pode utilizar tratamentos caseiros. Tenha em mente que estes tratamentos

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têm como base o princípio de mudar o ambiente do trato gastrointestinal e forçar
a saída ou morte do verme. Os seguintes tratamentos podem ser utilizados:
• Salmoura: Dissolva 4 colheres de sopa de sal em 1 litro de água e
beba. Não repita este tratamento.
• Tabaco: Ingira 1 a 1,5 cigarros, ou aproximadamente 1 colher de chá
de tabaco. A nicotina do tabaco vai matar ou atordoar os vermes tempo
suficiente para o seu organismo se livrar deles. Se a infestação for
severa, repita o tratamento em 24 a 48 horas, mas não antes disso.
• Querosene: Ingira 2 colheres de sopa de querosene, mas não mais
que isso. Se necessário você pode repetir este tratamento em 24 a 48
horas. Tenha cuidado para não inalar os vapores, que podem causar
irritação pulmonar.
NOTA: Tabaco e querosene são técnicas muito perigosas de
tratamento, use com cuidado e se não houver outras alternativas.
• Pimenta: Pimentas são efetivas somente se elas forem uma parte
estável da sua dieta. Você pode comê-las inteiras ou acrescentadas
em sopas, arroz e carnes. Elas criam um ambiente que inibe a fixação
dos vermes.
• Alho: Fatie ou esmague 4 dentes de alho, misture em um copo de água
ou outro líquido e beba diariamente por 3 semanas.
Medicamentos Fitoterápicos
Nossa medicina moderna possui drogas, laboratórios e equipamentos que
tem obscurecido técnicas e tratamentos mais primitivos. Contudo, em muitas
áreas do mundo as pessoas ainda dependem destes tratamentos e técnicas para
curar suas doenças. Muitas ervas e tratamentos que eles utilizam são tão
eficientes quanto medicamentos modernos. Inclusive alguns medicamentos
modernos derivam de plantas medicinais.
CUIDADO: Utilize plantas medicinais com cuidado e somente quando não
houver suprimentos médicos disponíveis. Algumas ervas medicinais são
perigosas e podem causar mais efeitos adversos do que benéficos e até
intoxicações. O Capítulo 9 – Plantas Utilizáveis explicará alguns tratamentos
básicos utilizando plantas medicinais.

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Capitulo 5 – Abrigos

Um abrigo pode te proteger do sol, insetos, vento, chuva, neve, calor ou


frio e da observação inimiga. Ele pode te dar uma sensação de bem-estar e
aumentar sua vontade de sobreviver. Em algumas áreas a necessidade de um
abrigo pode ser mais urgente que a necessidade de alimento ou até mesmo
água. Por exemplo, exposição prolongada ao frio pode causar extrema fadiga,
fraqueza e exaustão. Uma pessoa exausta tende a assumir um olhar passivo,
reduzindo sua vontade de sobreviver.
Procure por abrigos naturais ou altere-os para satisfazer suas
necessidades, desta forma você poupa energia. Um erro comum ao fazer um
abrigo é fazê-lo muito grande e despender muita energia ao fazê-lo. Um abrigo
deve ser grande o suficiente para te proteger e pequeno o bastante para conter
o calor do seu corpo, especialmente em climas frios.

Abrigo primário: Vestimenta


Seu abrigo primário em uma situação de sobrevivência é sua vestimenta.
Isto é verdade independentemente do tipo de clima em que você se encontra:
frio, calor, tropical, deserto ou polar. Para sua vestimenta te proteger ela precisa
estar em boas condições e ser usada de forma apropriada.

Escolha do local de abrigo


Quando você está em uma situação de sobrevivência e compreende que
o abrigo é uma prioridade comece a procurar um local de abrigo assim que
possível. Enquanto faz isso, tenha em mente o que é preciso haver no local, que
geralmente são dois aspectos principais.
• O local precisa conter os materiais necessários para a construção do
abrigo que você pretende construir;
• Ser grande e plano o suficiente para que você consiga deitar de forma
confortável.
Considerando sua condição tática e sua segurança, leve ainda em conta
os seguintes aspectos sobre o local.
• Provê ocultação de observações inimigas;
• Possui rotas de fuga camufladas;
• É adequado para sinalização se necessário;
• Provê proteção contra animais selvagens e deslizamentos de pedras
ou quedas de árvores e galhos;
• Não contém insetos, répteis e plantas venenosas.
Leve também em consideração os seguintes problemas que podem surgir
em sua região relacionados ao seu abrigo.
• Enxurradas ou inundações em áreas na base de morros e montanhas;
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• Avalanches ou deslizamento de pedras em áreas montanhosas;
• Locais próximos à água que estão abaixo do nível da cheia.
Em algumas áreas a estação do ano terá uma forte influência no local que
você escolher. Locais ideais para abrigos no inverno são diferentes dos de verão.
No inverno você irá precisar de um abrigo que lhe proteja do vento e do frio, ao
mesmo tempo em que se encontra próximo de áreas com combustível e água.
No verão você precisará de uma fonte de água e de preferência livre de insetos.
Quando for escolher um local para seu abrigo, leve em conta os seguintes
aspectos:
• O local deve se harmonizar com os arredores;
• Baixa silhueta;
• Formato irregular;
• Pequeno;
• Isolado ou afastado.

Tipos de abrigos
Ao selecionar um local para seu abrigo, pense em que tipo de abrigo você
quer construir e nas seguintes questões abaixo:
• Quanto tempo e esforço você precisará para construir o abrigo?
• O abrigo lhe protegerá adequadamente dos elementos (sol, chuva,
vento, neve)?
• Você tem as ferramentas certas para construir? Se não, você sabe
improvisá-las?
• Você tem os tipos e quantidades certos de materiais para construir o
abrigo?
Para responder a estas perguntas você precisa conhecer os diferentes
tipos de abrigos e os materiais e ferramentas necessárias para construí-los.
Uma água de lona/poncho
Leva pouco tempo e recursos para fazer este tipo de abrigo. Você
precisará de uma lona ou poncho, 2 a 3 metros de cordame, três estacas de
30cm de comprimento e duas árvores ou dois postes ou similares afastados 2 a
3 metros entre si. Antes de selecionar as árvores ou postes verifique a direção
do vento, ele deverá soprar na parte de trás do abrigo, sobre o telhado de uma
água.

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Figura 10 Abrigo de uma água

Para construir esse abrigo siga as instruções abaixo:


• Se usar um poncho, amarre o capuz dele. Puxe o cordão do capuz
firmemente, enrole o capuz longitudinalmente, dobre-o três vezes e
amarre o pacotinho que formar com o próprio cordão do capuz.
• Divida o cordame ao meio. Posicione o poncho ou lona entre as
árvores ou postes e amarre cada metade do cordame em uma das
pontas da lona ou poncho. Você pode utilizar um ilhós ou outra
maneira de amarrar de sua preferência.
• Amarre um graveto de goteira (graveto de 10cm aproximadamente) na
corda a uma distância de cerca de 2,5cm do ilhós ou borda do poncho
ou lona. Estes gravetos vão impedir a água da chuva de descer pelo
cordame para dentro do abrigo. Você também pode utilizar pequenos
pedaços de cordame amarrados nos ilhoses na borda do poncho ou
lona.
• Amarre os cordames na altura da cintura ao redor das árvores ou
postes. Utilize uma volta redonda com dois cotes e um nó de liberação
rápida.
• Estique o poncho ou lona e ancore-o no chão com gravetos pontudos
através dos ilhoses.
Se você planeja usar este abrigo por mais de uma noite ou na chuva, faça
um suporte central no telhado usando uma corda no ilhós central e em um galho
sobre o abrigo. Não deixe folgas na corda.
Outra forma é utilizar um galho na vertical sob a porção central do poncho
ou lona. Porém, este método irá restringir o espaço e seus movimentos dentro
do abrigo.
Para proteção adicional contra o vento e chuva, coloque moitas, sua
mochila ou outros equipamentos nas laterais da abertura do telhado.

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Para reduzir a perda de calor para o solo utilize sempre algum tipo de
isolante térmico ou no mínimo folhas ou agulhas de pinheiro na parte de dentro
do abrigo com no mínimo 10cm de altura após comprimidas.
NOTA: Quando você está dormindo, você perde cerca de 80% do seu
calor corporal para o solo. A perda de calor para o solo é 25x maior que a perda
de calor para o ar.
Para aumentar sua segurança da observação inimiga abaixe a silhueta do
seu abrigo fazendo duas modificações: Amarre as cordas às árvores ou postes
na altura dos joelhos e não da cintura e usando gravetos da altura dos joelhos
ancorando os dois ilhoses centrais. Angule o poncho ou lona em relação ao chão
utilizando o método explicado anteriormente com gravetos.
Tenda de lona/poncho
Esta tenda provê uma silhueta reduzida e te protege dos elementos dos
dois lados por possuir duas águas. Ela tem, entretanto, menos espaço útil interno
e menor campo de visão para o exterior, reduzindo seu tempo de reação contra
inimigos. Para fazer este abrigo você precisa de um poncho ou lona, duas cordas
de 1,5m a 2,5m, seis gravetos pontiagudos de cerca de 30cm de comprimento e
duas árvores ou postes afastados 2 a 3 metros entre si.

Figura 11 Abrigo de duas águas

Para fazer este abrigo siga as instruções abaixo:


• Amarre o capuz do poncho.
• Amarre uma das cordas no ilhós central de cada lado do poncho ou
lona.
• Amarre a outra ponta das cordas na altura dos joelhos nas duas
árvores ou postes que você escolheu e estique bem o poncho ou lona.
• Estique o poncho e fixe-o ao chão utilizando os gravetos pontiagudos
através dos ilhoses de ambos os lados.

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Se você precisar de um suporte central, use os mesmos métodos do
abrigo de uma água. Outra maneira é fazer um apoio em formato de “A” na parte
externa sobre a porção central do telhado. Use dois galhos retos de
aproximadamente 90cm a 120cm, sendo um deles com uma ponta bifurcada.
Amarre o cordão do capuz nesta armação para melhorar a sustentação.

Figura 12 Abrigo de duas águas reforçado com vigas

Tenda de três postes de paraquedas/lona


Se você possuir um paraquedas (lona também serve, se for grande o
suficiente) e três postes ou galhos longos o suficiente e a situação tática permitir,
faça uma tenda. É muito fácil e toma pouco tempo para construir. Ele protege
contra os elementos e pode funcionar como um método de sinalização ao
potencializar a luz de uma pequena fogueira ou vela. É grande o suficiente para
acomodar várias pessoas e para permitir dormir, cozinhar e armazenar lenha.
Você pode fazer esta tenda utilizando partes de um paraquedas principal
ou reserva ou uma lona grande o suficiente. Utilizando um paraquedas ou lona
você precisará de três postes ou galhos de 3,5m a 4,5m de comprimento e cerca
de 5cm de diâmetro.

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Figura 13 Tenda de tripé

Instruções:
• Apoie os postes no chão e amarre os três em um dos lados usando
uma amarra de tripé.
• Coloque os postes na vertical e abra os pés para formar um tripé firme.
• Para mais apoio você pode adicionar mais galhos ou postes contra o
tripé. Cinco ou seis hastes adicionais são suficiente, mas não as
amarre ao tripé primário.
• Determine a direção do vento e coloque a entrada da tenda a 90° ou
mais da direção do vento.
• Coloque o paraquedas nas “costas” da tenda (oposto à entrada) e
localize o loop de nylon de freio do paraquedas no topo da tenda.
• Coloque o loop de freio sobre um poste independente. Coloque o poste
de volta apoiado no tripé de forma que o ápice do toldo do paraquedas
fique da mesma altura que a amarra de tripé.
• Enrole o toldo do paraquedas ao redor do tripé, que deverá ficar com
o dobro da espessura (pois estará dobrado por ser um paraquedas
inteiro). Você só precisa enrolar metade do tripé, pois o restante do
paraquedas irá circundar o tripé na direção oposta.

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• Faça a entrada enrolando as bordas do paraquedas envolta de dois
postes independentes. Para fechar a entrada, mova os postes e os
una.
• Enfie o restante do tecido por baixo dos postes para criar um piso no
abrigo.
• Deixe uma abertura de 30 a 50cm no topo para ventilação se você
quiser fazer uma fogueira dentro da tenda.
Tenda de um poste de paraquedas/lona
Você precisará de um toldo de paraquedas de 14 pregas, estacas, um
poste firme para o centro e os fios da alma dos cordões do paraquedas e uma
agulha. Corte os cordões do paraquedas exceto 40 a 45cm a partir da banda
lateral do toldo.

Figura 14 Tenda de um poste central

Instruções:
• Escolha o local do abrigo e desenhe um círculo de cerca de 4m de
diâmetro no chão;
• Afixe as bordas do paraquedas no chão usando as estacas e os
pedaços de linha que você deixou pendente da banda lateral.
• Após decidir onde colocar a entrada do abrigo, coloque a primeira
estaca e amarre a primeira linha firmemente.
• Estique o material do paraquedas em direção à próxima estaca e
amarre a segunda linha firmemente. Continue o processo até ter
amarrado todas as linhas nas estacas.
• Faça uma amarra frouxa do centro do paraquedas no poste central
com um cordão que você cortou anteriormente e através de tentativa
e erro, determine o ponto em que o material do paraquedas está
esticado quando você suspender o poste central.
• Então, amarre firmemente o paraquedas ao poste e erga-o.

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• Usando uma linha da alma do cordão, costure as bordas sobre a
entrada, deixando cerca de 1m a 1,2m para a referida porta.
Tenda de paraquedas sem poste
Exceto o poste central, você usará os mesmos materiais que a tenda de
um poste. Instruções abaixo:
• Amarre um cordão ao topo do paraquedas.
• Jogue o cordão por sobre um galho e amarre-o ao tronco da árvore.
• Começando do lado oposto à entrada, coloque uma estaca no círculo
desenhado no chão.
• Amarre a primeira linha à estaca.
• Continue colocando estacas e amarrando as linhas.
• Após colocar todas as estacas, desamarre o cordão do tronco da
árvore e estique-o o máximo possível. Amarre novamente no troco da
árvore de maneira firme.

Figura 15 Tenda sem postes centrais

Abrigo de um homem (individual)


Um abrigo individual você pode fazer facilmente usando um paraquedas,
uma arvore e três postes. Um poste deve ter aproximadamente 4,5m de
comprimento e os outros dois cerca de 3m de comprimento.
Para fazer este abrigo siga as instruções abaixo.
• Amarre o poste longo (4,5m) em uma árvore na altura da cintura e
apoie a outra ponta no chão.
• Coloque os dois outros postes (3m) paralelos ao principal, no chão, de
cada lado.
• Coloque a lona ou paraquedas dobrado por cima do poste principal
para formar um telhado de duas águas.

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• Envolva o excesso de tecido nos dois postes de 3m de cada lado e
abra parte do material no solo para formar um piso no abrigo.
• Use estacas ou uma haste transversal para manter os dois postes de
3m afastados entre si.
• Use o restante do tecido que sobrar para cobrir a entrada.
O tecido do paraquedas é suficiente para proteger o abrigo do vento e o
abrigo é pequeno o bastante para se manter aquecido. Uma vela utilizada de
forma cuidadosa pode manter o interior aquecido a uma temperatura confortável.
No entanto este abrigo é ineficiente em clima de neve.

Figura 16 Abrigo individual

Rede de paraquedas
Você pode fazer uma rede de paraquedas utilizando 6 pregas do
paraquedas e duas árvores afastadas a aproximadamente 4,5m entre si. Dobre
e amarre o paraquedas nas árvores conforme a imagem abaixo.

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Figura 17 Rede individual improvisada

Uma água de material natural


Se você estiver em uma área florestal e dispor de bastante material
natural, você pode fazer um abrigo de uma água sem a necessidade de muitas
ferramentas ou até mesmo com apenas uma faca. Este abrigo é mais demorado
para fazer que os anteriores, mas protegerá você dos elementos.
Você precisará de duas árvores ou postes verticais afastados
aproximadamente 2 metros entre si, um poste, galho ou haste de 2m de
comprimento e 2,5cm de espessura, cinco a seis hastes ou galhos de 3m de
comprimento e 2,5cm de espessura para as vigas; vinhas, cipós ou cordame
para fixar o suporte horizontal e outros galhos e hastes, arbustos ou vinhas para
cruzar as vigas. Siga as instruções abaixo.
• Amarre o poste de 2m de comprimento nas duas árvores na altura da
sua cintura ou tórax. Este será o suporte horizontal. Se árvores não
estiverem disponíveis, construa um bi pé com galhos em “Y” ou dois
tripés;
• Coloque uma das pontas das vigas de 3m de um lado do suporte
horizontal. Apoie a outra ponta no chão. Certifique-se que o telhado
ficará voltado de forma a bloquear o vento na área;
• Cruze vinhas ou galhos entre as vigas;
• Cubra a armação com arbustos, folhas, agulhas de pinheiro ou grama,
começando da parte inferior e subindo por todo o telhado.
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• Utilize palha, folhas, grama ou agulhas de pinheiro na parte interna do
abrigo como forramento.

Figura 18 Uma água de material natural com parede de fogo

Em climas frios, adicione uma parede refletora de fogo ao seu abrigo.


Coloque 4 estacas de 1,5m de comprimento fincadas no chão em frente ao
abrigo como colunas. Empilhe toras de madeira umas sobre as outras entre as
4 estacas para formar a parede. Faça duas fileiras de tronco empilhados e
preencha com terra entre elas para aumentar o isolamento e a resistência da
parede. Amarre o topo da parede para que os troncos e terra fiquem firmes no
lugar.
Com um pouco mais de esforço você ainda pode adicionar uma prateleira
de secagem. Corte algumas hastes de 2 cm de diâmetro compridas o suficiente
para apoiá-las no suporte horizontal do telhado e no topo da parede refletora.
Apoie as hastes em ambos e adicione gravetos cruzados entre elas para criar
uma prateleira para secar roupas, carne ou peixe.
Cama de pântano
Em um pântano ou brejo, ou qualquer área alagada, a cama de pântano
te mantém longe da água. Quando for escolher um local como esse, considere
o clima, vento, possíveis elevações do nível da água e os materiais disponíveis.

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Figura 19 Cama de pântano

Faça sua cama de pântano da seguinte maneira:


• Procure por quatro árvores agrupadas na forma de um retângulo ou
corte quatro hastes (de preferência de bambu) e finque-as firmemente
no solo no formato de um retângulo. Elas devem estar distantes o
suficiente para sua altura e serem fortes o suficiente para suportar seu
peso e seu equipamento;
• Corte duas hastes do comprimento equivalente ao comprimento do
retângulo e amarre-as às arvores ou postes. Certifique-se que elas
estejam altas o suficiente para evitar contato com a água e com as
cheias.
• Corte hastes adicionais e coloque-as transversalmente sobre as
hastes anteriores e amarre-as.
• Cubra o topo da cama com folhas largas ou grama, formando uma
superfície macia para dormir.
• Construa uma plataforma para fogo colocando argila, calcário ou lama
sobre uma das pontas da cama e deixe secar.
Outro abrigo designado para te tirar do chão úmido usa a mesma
configuração retangular da cama de pântano. Você simplesmente coloca
gravetos e galhos empilhados entre as quatro árvores ou hastes verticais até
formar uma plataforma firme e segura acima do nível da água.
Abrigos Naturais
Não negligencie formações naturais que possam oferecer abrigo.
Exemplos são cavernas, fissuras em rochas, aglomerados de arbustos,
pequenas depressões, grandes pedras no sota-vento (lado protegido do vento)
de morros, grandes árvores com galhos baixos e árvores caídas com galhos
grossos. De toda maneira, quando for escolher uma formação natural:
• Não utilize locais muito baixos como ravinas, vales estreitos ou leitos
de riachos. Áreas baixas coletam o ar frio mais denso da noite e,

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portanto, são locais mais frios que as áreas mais altas. Áreas baixas
muito arbustivas também tendem a ter mais insetos.
• Verifique o local em busca de serpentes, carrapatos, ácaros,
escorpiões, aranhas e formigas que ferroam.
• Observe com cautela se há pedras soltas, galhos mortos, cocos ou
outros materiais naturais sobre você que poderão cair sobre seu abrigo
(e sobre você).
Cabana de detritos
Para aquecimento e facilidade de construção, escolha a cabana de
detritos. Quando abrigo for uma necessidade urgente, escolha este tipo de
abrigo.
• Construa um tripé com duas estacas curtas e uma viga longa sobre
uma base firme.
• Firme a viga usando o tripé ou em uma árvore na altura da sua cintura.
• Escore varas grandes ao longo dos dois lados da viga central para
criar uma forma de cunha com as escoras. Certifique-se que as
escoras são largas o suficiente para lhe acomodar e inclinadas o
suficiente para escorrer a umidade.
• Coloque galhos mais finos e arbustos atravessados nas escoras, isso
formará uma treliça que manterá o material isolante (grama, agulhas
de pinheiros ou folhas) no lugar, impedindo-o de cair.
• Adicione detritos flexíveis e preferencialmente secos sobre as escoras
até que o isolamento fique com 1m de espessura. Quanto mais
espesso melhor.
• Adicione uma camada de 30cm de material isolante na parte interna.
• Na entrada, empilhe material isolante que você consiga arrastar para
dentro quando estiver dentro do abrigo para formar uma espécie de
porta.
• Após finalizar o abrigo, adicione galhos mais pesados por cima do
material isolante para evitar que o vento ou uma tempestade remova
o isolamento.

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Figura 20 Abrigo de detritos

Abrigo na neve com um buraco e uma árvore


Se você se encontrar em uma região fria e nevada onde existam árvores
sempre-verdes ou sempre-vivas (árvores que não desfolham no outono e
inverno) e possuir uma pá ou similar, faça o seguinte:
• Encontre uma árvore (por ex. um pinheiro) cujos galhos forneçam
cobertura superior.
• Cave a neve ao redor do tronco da árvore até você alcançar uma
profundidade e diâmetro desejados ou até alcançar o solo.
• Compacte a neve nas paredes do buraco e na parte externa para que
o buraco fique seguro e firme.
• Procure por ramos ou galhos de pinheiro ou similares e coloque-os
sobre o buraco para proteção e forre o fundo do buraco para
isolamento.

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Figura 21 Abrigo na neve abaixo de uma árvore

Abrigo de sombra na praia


Este abrigo te protege principalmente do sol, do vento, da chuva e do
calor. É bem fácil de fazer usando materiais naturais. Instruções:
• Encontre e colete madeira trazida pela maré ou outro substituto
equivalente. Para usar como suportes e como pá.
• Escolha um local que seja mais alto que o nível da maré mais alta.
• Cave uma trincheira no sentido norte-sul de forma que ela receberá o
mínimo de luz do sol. Faça a trincheira longa e larga o bastante para
que você se deite confortavelmente.
• Amontoe o solo (areia) em três dos lados da trincheira. Quanto mais
alto o montinho, mais espaço interno você terá.
• Coloque os suportes horizontalmente sobre a trincheira de forma a
criar uma armação para o teto.
• Alargue a entrada da trincheira conforme necessário cavando mais
adiante dela.
• Use materiais naturais como grama ou folhas para formar uma cama
dentro do abrigo.
• Você pode utilizar seu poncho ou algum material para aumentar a
impermeabilização do teto. Coloque solo sobre o poncho para que não
seja arrancado pelo vento. Uma camada grossa de galhos e folhas
também servirão para impermeabilização.

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Figura 22 Trincheira na praia

Abrigos no deserto
Em um ambiente árido, leve em consideração o tempo, esforço e os
materiais necessários para fazer um abrigo. Se você possuir um poncho,
paraquedas ou lona, utilize-o juntamente de atributos do terreno como
afloramento de rochas, montes de areia ou depressões entre dunas ou pedras.
Siga os passos adiante para construir um abrigo utilizando afloramento de
pedras:
• Ancore um lado do seu poncho ou lona na borda da rocha usando
pedras ou outros pesos.
• Estenda e ancore o outro lado do poncho de forma que ele crie uma
boa sombra.
Em uma área de areia:
• Faça um monte de areia ou use a lateral de uma duna para fazer um
dos lados do abrigo.
• Ancore o material do poncho ou lona no topo do monte usando areia
ou outro peso.
• Estenda e ancore o outro lado do poncho de forma que ele crie uma
boa sombra.
NOTA: Se você tiver material suficiente e espaço, dobre a cobertura ao
meio e ancore as pontas separadamente para criar um bolsão de ar entre as
camadas. Isto irá ajudar a reduzir a temperatura dentro do abrigo.
Um abrigo subterrâneo pode reduzir o calor do meio-dia em cerca de 16
a 22°C. Porém, construir um abrigo subterrâneo leva mais tempo e energia e te
fará transpirar, acelerando a desidratação. Por isso, construa-o antes do dia
esquentar.
Para fazer este abrigo você deve:

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• Encontre uma pequena depressão entre pedras ou dunas, cave uma
trincheira de 45 a 60cm de profundidade e larga e comprida o bastante
para acomodar você confortavelmente.
• Empilhe areia que você cavou em três dos lados da trincheira em
montes.
• Na abertura da trincheira, cave mais a areia para facilitar sua entrada
e saída do abrigo.
• Cubra a trincheira com seu material (poncho, lona ou paraquedas).
• Ancore o material usando areia, pedras ou outros pesos.
Se você possuir material sobrando, faça uma segunda cobertura sobre a
primeira, deixando um bolsão de ar de 30 a 45cm, isto irá reduzir ainda mais a
temperatura dentro do abrigo.

Figura 23 Trincheira no deserto com poncho

O abrigo do deserto aberto também tem construção similar, exceto que


todos os lados são abertos à circulação e correntes de ar. Para proteção máxima
você precisará de pelo menos duas camadas de tecido espaçadas em 30cm a
45cm. Branco é a melhor cor para refletir a luz do sol. A camada interna deve ser
preferencialmente escura.
• Apoie quatro pedras ou similares formando um quadrado ou retângulo
que caiba você, de aproximadamente 45cm de altura.
• Coloque a cobertura por cima e estique e ancore ao solo para que o
ar circule por baixo livremente.
• Coloque mais quatro pedras sobre as anteriores e faça outra camada
de cobertura, deixando o vão livre para aumentar o isolamento do
calor. Ancore a segunda camada ao solo usando cordões e pedras por
exemplo.

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Figura 24 Abrigo com poncho no deserto

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Capitulo 6 – agua

Água é uma das necessidades mais urgentes em uma situação de


sobrevivência. Você não consegue viver muito tempo sem ela, especialmente
em áreas quentes onde você perde água rapidamente para o ambiente através
de transpiração e perspiração. Até em áreas frias você deve ingerir 2L de água
diariamente para funcionar normalmente.
Mais de três quartos do seu corpo é composto de fluidos. Você perde
fluidos através do calor, frio, estresse e esforço. Para seu corpo funcionar
corretamente você precisa repor estes fluidos e, por isso, você precisa encontrar
uma fonte adequada de água.

Fontes de água
Em quase todo ambiente a água está presente em alguma quantidade. A
lista abaixo demonstra as fontes de água mais comuns em alguns tipos de
ambientes. Ela também fornece informações sobre como tornar a água potável.
NOTA: Se você não possuir um cantil, caneco, lata ou outro tipo de
vasilhame, improvise um a partir de plástico ou tecido impermeável. Molde o
material com pregas para obter um formato de bacia. Use alfinetes ou outros
materiais, ou até mesmo sua mão para segurar as pregas e manter o formato.
Áreas geladas
Gelo e Neve
Formas de obtenção e desinfecção: Derreter e desinfetar.
Observações: Não coma gelo ou neve sem derreter antes. Isso fará com
que seu corpo se resfrie e se desidrate mais rapidamente. Gelo e neve não são
mais puros que a água que os originou. Gelo do mar com coloração acinzentada
ou opaca é salgado. Não utilize sem dessalinizar. Gelo do mar cristalino ou
azulado tem pouco sal.
No mar
Mar
Formas de obtenção e desinfecção: Use um dessalinizador.
Observações: Não beba água do mar sem dessalinizar.
Chuva
Formas de obtenção e desinfecção: Colete a água em lonas e vasilhames.
Observações: Se a lona estiver coberta de sal ou sujidade, lave no mar
antes de coletar. Isso deixará pouco resíduo de sal.
Gelo do mar
Observações: Veja acima sobre gelo e neve.
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Na praia
Solo
Formas de obtenção e desinfecção: Cave um buraco fundo o suficiente
para permitir que a água infiltre. Obtenha pedras, faça fogo, aqueça as pedras e
coloque-as na água. Coloque um tecido sobre o buraco para absorver o vapor e
depois torça o tecido para obter a água. Não use pedras porosas pois irão
explodir quando colocadas no fogo.
Observações: Método alternativo se um vasilhame ou cumbuca estiver
disponível: Encha o vasilhame com água do mar, faça uma fogueira e ferva a
água para produzir vapor. Utilize o mesmo método do tecido explicado acima.
Água doce
Formas de obtenção e desinfecção: Cave atrás do primeiro grupo de
dunas de areia, isto irá permitir a coleta de água doce.
Deserto
Solo
(Em vales e áreas baixas, no pé de recôncavos ou leitos de rios secos, no
pé de penhascos ou afloramentos de rochas, na primeira depressão atrás da
primeira duna de areia de lagos secos, em qualquer lugar com areia úmida,
qualquer lugar com vegetação verde)
Formas de obtenção e desinfecção: Cave buracos fundos o suficiente
para permitir a infiltração da água.
Observações: Em um círculo de dunas de areia, qualquer água disponível
estará abaixo do fundo do vale original na borda das dunas.
Cactos
Formas de obtenção e desinfecção: Corte o topo do cacto barril e aperte
ou esmague a polpa para fora. CUIDADO: Não coma a polpa. Coloque a polpa
na boca, sugue o líquido e cuspa a polpa.
Observação: Sem um facão cortar um cacto é muito difícil e leva tempo,
uma vez que você precisa passar pelos espinhos longos e rígidos e da casca
dura.
Depressões ou buracos em pedras
Observações: Chuvas periódicas podem estar acumuladas em buracos
ou depressões em pedras ou se infiltrar em rachaduras.
Fissuras na pedra
Formas de obtenção e desinfecção: Insira um tubo flexível e sugue a
água. Se a fissura for larga o suficiente, você pode baixar um recipiente até a
água.
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Rocha porosa
Formas de obtenção e desinfecção: Insira um tubo flexível e sugue a
água.
Condensação no metal
Formas de obtenção e desinfecção: Use tecido para absorver a água e
depois torça o pano para obtê-la.
Observações: Variações extremas de temperatura entre a noite e o dia
podem causar condensações na superfície de metais. Algumas pistas para
ajudar a encontrar água no deserto:
• Todas as trilhas levam até a água. Você deve seguir na direção que
as trilhas convergem. Sinais de acampamento, cinzas de fogueiras,
fezes de animais e terreno compactado marcam as trilhas.
• Bandos de pássaros vão voar em círculos ao redor de locais com
água. Alguns pássaros voarão até a água ao pôr-do-sol ou ao raiar do
dia. Nestes momentos em específico seu voo será rápido e mais
próximo ao solo. Penas de pássaros ou seu gorjear pela manhã ou fim
da tarde indicam que água está próxima.
Se você não tiver uma fonte adequada de água para lhe suprir, fique alerta
para quaisquer maneiras que o ambiente ao seu redor possa lhe ajudar.
NÃO UTILIZE OS SEGUINTES FLUIDOS EM SUBSTITUIÇÃO A ÁGUA.
Bebidas alcoólicas: Desidratam seu corpo e atrapalham seu julgamento.
Urina: Contém excreta tóxica do organismo. Cerca de 2% sal.
Sangue: É salgado e considerado um alimento, portanto, requer mais
fluidos corporais para a digestão e pode transmitir doenças.
Água do mar: Tem cerca de 4% de sal. Seu organismo gasta cerca de 2L
de água para excretar os elementos em 1L de água do mar. Portanto, beber água
do mar acaba com suas reservas de fluidos e pode levar a morte.
Orvalho denso pode fornecer água. Amarre trapos ao redor dos tornozelos
e pernas e ande em uma área de vegetação com orvalho antes do nascer do sol.
Os trapos irão absorver a água; torça o tecido para obter a água. Repita o
processo até obter água suficiente ou até o orvalho evaporar. Nativos
australianos costumam obter cerca de 1L por hora com esse processo.
Abelhas ou formigas entrando em um buraco em uma árvore podem
indicar que o buraco está cheio de água. Drene a água do buraco com um tubo
de plástico em um vasilhame. Você também pode introduzir um tecido no buraco
para encharcar com água e depois torça o tecido para obtê-la.
Água às vezes se acumula em forquilhas de árvores ou fissuras nas
rochas. Use os procedimentos acima para obter a água. Em áreas áridas,
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excrementos de pássaros ao redor de fissuras em rochas podem indicar que há
água dentro ou próxima da fissura.
Varas de bambu verde são uma excelente fonte de água fresca. Água
proveniente de bambu verde é limpa e sem odores. Para obter esta água,
envergue o bambu, amarre na posição e corte o topo do bambu. A água irá
gotejar livremente durante a noite. Bambu velho e quebrado também pode conter
água.

Figura 25 Água obtida de bambu

CUIDADO: Sempre desinfete água que for beber de fontes duvidosas.


Sempre que encontrar uma bananeira ou cana de açúcar você pode obter
água facilmente. Corte a planta, deixando aproximadamente 30cm do caule
acima do solo e escave o interior do toco para que ele fique com um formato de
bacia. Água das raízes vão imediatamente começar a encher o buraco. Os
primeiros três enchimentos terão um sabor amargo, mas os enchimentos
posteriores serão mais palatáveis. O toco irá prover água durante cerca de 4
dias. Certifique-se de cobrir para manter os insetos longe.

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Figura 26 Água obtida de toco de bananeira

Algumas vinhas tropicais podem fornecer água também. Corte um entalhe


na vinha/cipó o mais alto que conseguir. Então, corte o mais próximo do chão e
colete a água que pingar em um recipiente ou beba diretamente.
CUIDADO: Certifique-se que a planta não é venenosa.

Figura 27 Água de vinhas e cipós

Água de coco verde (não-maduro) é um ótimo líquido reidratante. Porém,


a água de coco maduro, marrom ou amarelo contém um óleo com características
laxativas. Beba moderadamente.

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CUIDADO: Não beba o líquido se estiver leitoso, pegajoso ou amargo.
Nos trópicos das Américas você poderá encontrar árvores grandes cujos
galhos sustentam plantas aéreas. Estas plantas podem conter uma quantidade
considerável de água em suas folhas sobrepostas e grossas. Filtre a água em
um tecido para remover insetos e detritos.
Você pode obter água de plantas com o miolo úmido. Seccione a planta e
esprema ou esmague a polpa para a umidade sair e colete em um recipiente.
Muitas raízes de plantas também contêm água. Cave ou force as raízes
para fora da terra. Corte-as em pequenos pedaços e esmague a polpa para obter
o líquido.
Folhas carnudas, hastes e talos como o bambu contêm água. Corte ou
entalhe o talo na base do nódulo para drenar a água.
As seguintes árvores também podem fornecer água:
• Palmeiras, coqueiros, cana, ratan, etc. contêm líquido. Faça um
“machucado” em um galho folhoso e puxe-o para baixo de forma que
a árvore “sangre” pelo ferimento.
• Árvore do viajante, comum em Madagascar. Esta árvore possui uma
bainha em formato de copo na base das folhas que coletam água.
• Árvore guarda-chuva. A base das folhas e as raízes desta árvore
nativa do oeste africano podem prover água.
• Baobás. Esta árvore das planícies arenosas da Austrália e África
coleta água em seu tronco com formato de garrafa durante a estação
de chuvas. Frequentemente você pode encontrar água limpa e fresca
nestas árvores depois de semanas de estiagem.
CUIDADO: Não guarde a seiva de plantas por mais de 24 horas. Ela
começará a fermentar se tornando uma fonte de água perigosa.

Construção de condensador
Você pode usar condensadores em várias partes do mundo. Eles extraem
a umidade do solo e de material vegetal. Você precisa de certos materiais para
construir um condensador e precisa de tempo para coletar água suficiente. Um
condensador leva em torno de 24 horas para coletar 500mL a 1L de água.
Condensadores sobre o solo
Você pode construir dois tipos de condensador sobre o solo. Para fazer o
condensador de sacola você precisará de uma inclinação ensolarada no solo,
um saco plástico limpo, vegetação verde e folhosa e uma pequena pedra.
Para fazer este modelo:
• Encha o saco de ar abrindo-o na brisa ou soprando em seu interior.

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• Encha o saco plástico com folhas verdes até a metade ou três quartos
do volume total. Remova todos os espinhos, galhos e gravetos rígidos
que possam perfurar o saco.
NOTA: Não use vegetação venenosa pois irá fornecer água
envenenada.
• Coloque uma pequena pedra ou algo similar dentro do saco.
• Fecha a boca do saco bem vedado deixando o máximo de espaço
interno possível. Se você tiver um pedaço de mangueira ou algum talo
oco de vegetal não venenoso, insira na boca do saco antes de
amarrar. Então, tape o tubo para que o ar não saia por ele. Este tubo
irá permitir que você retire a água sem abrir o saco.
• Coloque o saco na superfície inclinada com a boca voltada para a
parte baixa da inclinação. Deixe a boca do saco ligeiramente mais alta
que a ponta mais baixa do mesmo.
• Ajeite o saco de forma que a pedra se posicione na parte mais baixa
do saco.

Figura 28 Condensador de saco plástico

Para obter a água deste condensador, afrouxe a amarra da boca do saco


e incline o saco de forma que a água coletada próximo da pequena pedra escoe
pela abertura. Então, amarre novamente a boca e coloque-o de volta na mesma
posição para mais condensação.
Troque a vegetação dentro do saco após extrair o máximo de umidade
delas. Isto irá garantir o máximo de suprimento de água.
Você também pode fazer um condensador de transpiração, similar ao
condensador de sacola, porém mais fácil de fazer. Simplesmente amarre um
saco plástico ao redor de um galho folhoso de uma árvore com uma mangueira
inserida pela boca do saco e amarre-o firmemente ao redor do galho. Envergue
o galho de forma que ele fique mais baixo que a boca do saco. A água será
coletada na parte mais baixa.

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O mesmo galho pode ser usado por 3 a 5 dias sem causar maiores danos
à planta ou galho. Ele irá se regenerar sozinho dentro de algumas horas após a
retirada do saco.

Figura 29 Condensador em galho de árvore

Condensador no subsolo
Para fazer este tipo de condensador você precisará de uma ferramenta
para cavar, um recipiente, um filme plástico limpo, um tubo ou canudo para beber
e uma pedra.
Escolhe um local em que o solo aparente ser úmido (como um leito de rio
seco ou local baixo onde água da chuva se acumula). O solo neste local deve
ser fácil de cavar e a luz do sol deve iluminar o local a maior parte do dia.
• Faça um buraco em formato de bacia no solo com aproximadamente
1m de largura e 60cm de profundidade.
• Cave um reservatório no centro do buraco. Este reservatório deve ser
grande o suficiente para conter o seu recipiente que coletará a água.
O fundo do reservatório deve permitir que o recipiente fique em pé
firmemente.
• Ancore o tubo ou mangueira ao fundo do recipiente usando um nó
simples frouxo na mangueira.
• Coloque o recipiente dentro do reservatório que você cavou no buraco.
• Estenda a outra ponta da mangueira para fora do buraco.
• Coloque o filme plástico limpo sobre o buraco e ancore as bordas com
terra ou pedras.
• Coloque uma pequena pedra no centro do plástico.
• A parte central do plástico deve ficar cerca de 40cm abaixo do nível do
solo (ou próximo da boca do recipiente) na forma de um cone invertido.
Certifique-se de que o plástico não encoste na terra ou a água será
absorvida.
• Coloque mais solo nas bordas para garantir vedação total da umidade
dentro do buraco.
• Vede a ponta do tubo quando não estiver bebendo para evitar perda
da água e insetos.

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• Você pode adicionar folhas verdes dentro do buraco para aumentar a
quantidade de água.
• Plástico preto irá reter mais calor do sol.

Figura 30 Condensador subterrâneo

Você pode beber a água sem mexer no condensador usando a mangueira


como canudo. Abrindo o condensador você perde o ar quente e úmido
acumulado em seu interior. Se você usar plantas, faça as laterais do buraco
inclinadas para colocar a folhagem.
Se sua única fonte de umidade for água poluída, cave uma pequena calha
fora do buraco a aproximadamente 25cm da boca do condensador. Cave a calha
cerca de 25cm de profundidade e 8cm de largura. Coloque a água poluída dentro
da calha. Certifique-se de não entornar água poluída próximo da boca do
condensador onde o plástico encosta no solo. A calha contém a água poluída e
o solo funciona como filtro à medida que ela infiltra. A água então condensa no
plástico e escorre para dentro do recipiente. Isto funciona muito bem se sua única
fonte de água for água do mar por exemplo.
Você precisará de pelo menos três condensadores destes para produzir
água suficiente para uma pessoa. Em comparação com os demais
condensadores, o condensador de saco plástico é o que mais produz.

Desinfecção de água
Água da chuva coletada em recipientes ou de plantas geralmente é segura
para se beber. Porém, desinfete água de lagos, poças, brejos, nascentes (às
vezes é preciso), rios, córregos, etc. especialmente próximo a assentamentos
humanos ou nos trópicos.
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Quando possível, desinfete toda a água obtida da vegetação ou do solo
fervendo-a ou usando hipoclorito (água sanitária) ou iodo (PVPI). Após
desinfetar/purificar um cantil de água, você deve parcialmente desatarraxar a
tampa do cantil e deixar fluir um pouco de água limpa pela rosca da tampa para
limpar o local onde sua boca irá tocar.
Desinfete a água através dos seguintes métodos:
• Use tabletes/comprimidos de desinfecção de água.
• Coloque 5 gotas de tintura de iodo a 2% em um cantil cheio de água.
Se a água estiver muito turva, use 10 gotas. Aguarde 30 minutos antes
de beber.
• Use 2 gotas de iodo povidona (PVPI) a 10% ou 1% de iodo povidona
titulada. O equivalente de uso caseiro é normalmente de 2%, então
são necessárias 10 gotas. Aguarde 30 minutos antes de beber. Se a
água estiver limpa, mas gelada, aguarde 60 minutos. Se estiver muito
gelada, adicione 4 gotas e aguarde 60 minutos.
• Use 2 gotas de água sanitária (hipoclorito de sódio a 5,25%) em um
cantil de água. Aguarde 30 minutos para beber. Se a água estiver
gelada ou turva, aguarde 60 minutos. Lembre-se que nem toda água
sanitária ou produto similar tem a mesma concentração. Cheque a
embalagem primeiro.
• Use permanganato de potássio em inúmeras aplicações. Os cristais
da substância geralmente são irregulares, portanto, julgue a
concentração a partir da cor do líquido após o preparo. Adicione alguns
cristais em 1L de água. Se a água se tornar rosa brilhante após 30
minutos a água é considerada desinfetada. Se a água ficar rosa
escuro, há muito permanganato para que se possa bebê-la. Adicione
mais água para diluir ou guarde para usar como antisséptico mais
tarde. Se a água ficar vermelha como a cor do suco de cranberry
(arando/oxicoco), ela pode ser utilizada como solução antifúngica.
• Ferva a água potável. Este é o método mais seguro de desinfecção.
Levantar fervura vigorosa na água vai garantir a destruição de todos
os possíveis patógenos mais comuns presentes na água, como giárdia
e cryptosporidium.
Beber água não potável pode te causar doenças ou introduzir parasitas
que vão lhe fazer mal em seu corpo e, possivelmente, levar a doenças por água
contaminada que podem ser fatais.
Os dois patógenos mais comuns em água não desinfetada ao redor do
mundo são:
• Giárdia (Giardia lamblia) causa giardíase que é caracterizada por
diarreias bem aquosas e explosivas, acompanhada de cólicas que
duram de 7 a 14 dias.

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• Cryptosporidium: (C. hominis, C. parvum) causa a criptosporidíase que
traz uma diarreia autolimitada em hospedeiros humanos com
imunidade normal. No entanto, pode ser grave em pessoas com
imunidade reduzida, como portadores de AIDS. Não há cura, além do
tempo.
NOTA: A única maneira efetiva de neutralizar o cryptosporidium é ferver
a água ou usar filtros comerciais ou sistemas de osmose reversa. Desinfetantes
químicos à base de iodo e hipoclorito mostraram-se não serem 100% efetivos.
Exemplos de doenças causadas por organismos presentes em água.
• Disenteria – Diarreia prolongada e severa que pode conter sangue nas
fezes, e causar febre e fraqueza.
• Cólera e febre tifoide – Você pode ser susceptível a estas doenças,
independentemente da inoculação por insetos. Cólera causa diarreia
aquosa e profusa, vômito e câimbras nas pernas. Febre tifoide causa
febre, dor de cabeça, perda de apetite, constipação e sangramento
intestinal.
• Hepatite A – Sintomas incluem diarreia, dor abdominal, icterícia e urina
escurecida. Esta infecção pode se espalhar através do contato de
pessoa para pessoa ou ingestão de água ou alimento contaminado.
• Esquistossomose – Água parada e poluída especialmente em áreas
tropicais geralmente contém Schistosoma mansoni. Se você engolir o
verme ele irá acessar a corrente sanguínea, parasitar seu corpo e
causar doenças.
• Sanguessugas – Se você deglutir uma sanguessuga, ela pode se
ancorar em sua garganta ou dentro do nariz e sugar seu sangue,
causando uma ferida ou pode se mover para outra área. Cada
sangramento pode infeccionar.

Dispositivos de filtragem de água


Se a água que você encontrar for barrenta, estagnada e com cheiro
estranho, você pode limpar a água da seguinte maneira:
• Colocando em um recipiente e deixando decantar por 12 horas.
• Utilizando um sistema de filtros.
NOTA: Estes procedimentos apenas vão limpar a água e torna-la mais
palatável, você ainda precisará purifica-la.
Para fazer um sistema de filtragem coloque vários centímetros ou
camadas de material filtrante como areia, pedras esfareladas, carvão ou tecidos
em um bambu, tronco oco ou peça de roupa.
Remova o odor da água adicionando carvão da sua fogueira. Carvão
também é interessante pois absorve vários produtos tóxicos derivados da
agricultura e indústria. Deixe a água descansar por 45 minutos antes de beber.
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Figura 31 Filtro primitivo

O carvão ativado é melhor que o carvão comum da fogueira e tem


capacidades absortivas muito mais eficazes. Ele absorve quase toda substância
tóxica, medicamento, veneno, metal pesado, dentre outros.

94
Capitulo 7 – Fogo

Em muitas situações de sobrevivência a habilidade de fazer fogo pode


fazer a diferença entre a vida e a morte. O fogo pode preencher várias
necessidades, pode providenciar conforto, calor, cozinhar alimentos, provê calor
no alimento, aquecendo o corpo e economizando nossas reservas energéticas.
Você pode usar o fogo para desinfetar água, esterilizar bandagens, sinalizar por
resgate e providenciar proteção contra animais. O fogo também melhora o
estado emocional elevando o moral do grupo. Você ainda pode utilizá-lo para
produzir ferramentas e armas.
Fogo pode causar problemas também, obviamente. Um inimigo pode
visualizar a fumaça ou a luz e te localizar. Ele pode causar incêndios florestais e
destruir equipamentos. Fogo também pode causar queimaduras e produz
monóxido de carbono que é totalmente tóxico e letal. Pondere sua necessidade
de fogo versus sua necessidade de evitar detecção de inimigos ou probabilidade
de intoxicação e queimaduras.

Princípios básicos do fogo


Para fazer fogo você precisa compreender os seus princípios.
Combustível em estado não gasoso não queima diretamente. Quando você
aplica calor ao combustível os compostos inflamáveis se volatilizam e aí sim, em
contato com o ar, queimam.
Compreender os mecanismos do tetraedro do fogo é muito importante na
construção e manutenção do fogo. O tetraedro (antigamente triângulo do fogo)
do fogo são ar, calor, combustível e reação em cadeia. Se você remover
quaisquer um desses, o fogo apaga. Saber as corretas quantidades de cada um
destes é importante para garantir que o fogo queime em sua capacidade
máxima. A única forma de aprender essas proporções é a prática.
Seleção do local e preparação
Você deve decidir o local onde irá fazer sua fogueira e qual arranjo irá
usar. Antes de construir a fogueira, considere:
• A área (terreno e clima) onde você estará operando.
• Os materiais necessários.
• Tempo: Quanto tempo você tem?
• Necessidade: Você precisa de fogo?
• Segurança: O quão perto você está perto do inimigo? Qual a
probabilidade de intoxicação ou queimaduras?
Procure um local seco que seja protegido do vento, razoavelmente
próximo ao seu abrigo, vai concentrar o fogo na direção que você deseja, possui
suprimento de lenha ou outro material utilizável.

95
Se você estiver em uma área de floresta ou arbustiva, limpe os arbustos
e raspe a superfície da terra no local que você escolheu. Limpe uma área de
aproximadamente 1m de diâmetro para evitar que o fogo se espalhe. Se você
for fazer uma fogueira maior, aumente essa área.
Se o tempo permitir, faça uma parede refletora de fogo usando pedras ou
troncos. Esta parede vai ajudar a refletir o calor de volta em você ou direcioná-lo
para onde você deseja. Além disso reduz a chance de brasas pulando da
fogueira e a incidência do vento sobre o fogo. No entanto, seja cuidadoso quanto
ao vento para seu fogo não ficar sem oxigênio.
CUIDADO: Não use pedras molhadas ou porosas no fogo ou parede
refletora pois estas podem potencialmente explodir e causar sérios ferimentos.

Figura 32 Paredes de fogo reta e angulada

Em algumas situações, você pode achar que o fogo em um buraco pode


ser mais interessante. Este método esconde as chamas e luz e reduz
consideravelmente a fumaça. Para fazer um fogo de buraco ou fogo subterrâneo,
proceda da seguinte maneira:
• Cave um buraco no chão.
• Do lado contra o vento do buraco, faça um segundo buraco menor e
conecte com o primeiro para ventilação.
• O método padrão de fogueira consiste em fazer o fogo na parte de
baixo e colocar o combustível por cima. No fogo de buraco, para
reduzir ainda mais a fumaça, coloque o fogo no topo da pilha de
combustível.
96
• Se for cozinhar ou ferver água, apoie galhos ou gravetos verdes
recém cortados de árvores para apoiar seu vasilhame sobre o fogo.
Você pode espetar o graveto na parede interna do buraco ou na
horizontal, transversalmente sobre a boca do buraco.
• Construa seu fogo como o ilustrado abaixo.
CUIDADO: Estes buracos podem ser traiçoeiros e causar sérios
ferimentos como entorses ou luxações caso você pise em um com desatenção.
Por isso, sempre cubra os buracos de volta com terra para evitar lesões de outras
pessoas desnecessariamente. Além disso, cobrir o buraco faz com que esconder
os vestígios da sua fogueira do inimigo seja mais eficiente e prático.

Figura 33 Fogo de buraco Dakota

Se você estiver em uma área coberta de neve ou solo muito úmido, utilize
troncos para fazer uma base seca para seu fogo. Árvores com galhos e troncos
da espessura do seu braço vão servir. Corte ou quebre vários troncos de madeira
e coloque dois deles sobre o chão, paralelos. Cubra com outros troncos mais
justos entre si. Este método permite o ar fluir por baixo da base do fogo. As
camadas de troncos devem ser perpendiculares entre si.

97
Figura 34 Base seca para o fogo

Seleção do material para o fogo


Você precisará de três tipos de materiais para fazer seu fogo.
Isca de fogo ou mecha, que pode ser encontrada em qualquer lugar
basicamente. Este material irá incendiar ou pelo menos formar brasas com muito
pouco calor. A isca deve ser absolutamente seca para garantir que irá pegar
fogo. Se você possuir um dispositivo que só gera faíscas, como uma pederneira,
pano carbonizado é a melhor isca. Ele irá manter a pequena brasa por bastante
tempo, permitindo que você coloque sua isca num ninho de gravetos para iniciar
a chama. Você pode fazer tecido carbonizado aquecendo trapos de tecido sem
queimá-los. Uma vez que o tecido ficar negro, você deve colocá-lo em um
recipiente selado para mantê-lo seco. Prepare este tecido de antemão para
facilitar sua vida. Adicione ao seu kit de sobrevivência uma pequena latinha com
um pequeno furo na tampa com um pouco de tecido carbonizado. Se for
necessário, coloque um pouco de tecido dentro, tampe e leve a latinha ao fogo.
Quando a fumaça parar de sair do buraco na tampa, remova do fogo e você terá
tecido carbonizado. Outra ótima isca é algodão com álcool ou gaze/algodão com
vaselina preparados de antemão.
Gravetos secos são o segundo combustível que você queimará usando a
isca após acendê-la. Gravetos devem estar absolutamente secos para
queimarem. Gravetos fornecem uma boa temperatura para iniciar a brasa nos
troncos maiores.
Combustível na forma de lenha é o passo final da construção do fogo e
são materiais que queimam lenta e constantemente após acesos, geralmente na
forma de brasas.
Exemplos de materiais:
Iscas de fogo
Casca de bétula; casca interna picotada de cedro, olmo vermelho ou
castanha portuguesa; aparas finas de madeira (feitas com um apontador de lápis
por exemplo); grama, samambaias ou musgo morto e seco; palha; serragem;
raspas finas de árvores coníferas; agulhas de pinheiros mortas (e secas);
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madeira podre e seca; pinhas (estróbilos) de árvores coníferas; resina de
coníferas; penugem de aves; cabeças de sementes secas e fibrosas; sementes
(parecidas com algodão) de Chamerion angustifolium; sementes imaturas
(parecidas com algodão) no interior dos bulbos de cardo (gênero Cynara); fibras
vegetais finas e secas; fungos conhecidos como bufas-de-lobo (Gêneros
Lycoperdon, Calvatia, Calbovista, etc.); partes cor de canela imediatamente
abaixo da casca de fungos conhecidos como casco de cavalo (Fomes
fomentarius); fungo conhecido como bola de carvão (Daldinia concentrica);
folhas de palmeira secas; filamentos da pele de bambu; penugens de bolsos,
meias e costuras; tecido carbonizado; aparas de bambu; pólvora; algodão;
absorvente feminino (interno).
“Gravetos”
Pequenos galhos; pequenas tiras de madeira; resina de coníferas;
papelão; pedaços de madeira removidos de pedaços maiores de lenha; madeira
embebida em materiais altamente inflamáveis como gasolina, óleo, cera, etc.
Combustível
Galhos e troncos secos (sem contato com o solo); interior seco de troncos
e galhos caídos; madeira verde que foi finamente cortada (facilitando a secagem
e possibilitando a queima); grama seca torcida em tufos; turfa seca o bastante
para queimar; fezes de animal secas; gordura animal; carvão, xisto de óleo ou
óleo na superfície da terra.

Construindo seu fogo


Existem diversas técnicas de se construir uma fogueira, cada uma com
vantagens específicas. A situação em que você se encontra irá determinar qual
característica é mais importante na construção do seu fogo.
Fogueira em tenda
Arranje os gravetos e a lenha em forma de uma tenda ou cone. À medida
que o fogo for consumindo a lenha, ela cairá no fogo, alimentando-o
automaticamente. Esse tipo de fogueira queima bem e funciona até com lenha
molhada.
Cabana
Finque um graveto no solo em um ângulo de aproximadamente 30°.
Coloque gravetos inclinados dos lados do central, formando um telhado dos dois
lados. Coloque sua isca bem fundo na “cabana” e acenda-a. À medida que os
gravetos e materiais forem queimando, adicione mais gravetos.
Vala em cruz
Cave uma cruz com as mãos no solo, com cerca de 30cm de comprimento
e largura e 7,5cm de profundidade aproximadamente. Coloque uma boa
quantidade de isca de fogo no centro da cruz e faça uma pirâmide de gravetos

99
em cima da isca. A vala permitirá correntes de ar que entrarão por baixo do fogo,
criando fluxo de oxigênio.
Pirâmide
Posicione dois troncos de madeira no chão, paralelos entre si. Coloque
uma camada de troncos atravessada sobre os dois apoios. Adicione camadas
adicionais consecutivas, sendo cada uma delas menor que a anterior e com os
troncos perpendiculares aos anteriores. Os primeiros dois troncos precisam de
alguns centímetros entre eles, cerca de 20 a 30cm para permitir o fluxo de ar de
baixo para cima para alimentar o fogo. Acenda sua mecha e ninho e coloque na
porção superior da fogueira. Este fogo queimará de cima para baixo, não
necessitando de manutenção (considerando que você colocou combustível para
queimar a noite inteira por exemplo).
NOTA: Fogo queimando de cima para baixo reduz drasticamente a
quantidade de fumaça expelida pela fogueira e pode ser uma melhor opção se
você quiser manter discrição ou quando usar o fogo de buraco, também
conhecido como fogo de buraco Dakota.

Figura 35 Tipos de fogueira

Fogo longo
Para criar um fogo longo você precisará de duas toras de madeira longas
e duas curtas e grossas. Posicione as duas toras menores a 1,5m de distância
entre si, aproximadamente. Então, coloque as duas toras longas sobre as duas
menores, atravessado. Após este arranjo, preencha o pequeno espaço que você
deixou (30cm aproximadamente) entre os dois troncos longos com madeira e
galhos secos. Quanto mais madeira, mais tempo irá queimar. Após iniciar o fogo
na parte entre as toras, adicione galhos médios diagonalmente sobre as toras.
Mantenha seu abrigo a aproximadamente 2 metros de distância dessa fogueira

100
gigante ou sua barraca/poncho/lona irá derreter. Fogueira útil para prover
grandes quantidades de calor e aquecer em noites realmente frias.
Perímetro de fogo
Para criar um perímetro de fogo, construa sua fogueira até a primeira
camada do modelo em pirâmide e então comece a adicionar os galhos e troncos
em formato de uma cerca nas bordas da pirâmide. Desta forma, o fogo irá
gradualmente secando a lenha nos arredores que eventualmente vão também
pegar fogo. À medida que queima, adicione mais combustível ao fogo. Você
pode simplesmente adicionar madeira sobre a “cerca” que você construiu. Isto
irá expor a madeira ao máximo de calor e secá-la rapidamente.
Fogueira quadrada
Parecida com o perímetro de fogo, construa uma tenda ou cone e, em
seguida, adicione grossos troncos ao lado da fogueira. Comece com dois no
chão, com o cone entre eles. Adicione dois outros sobre os primeiros,
perpendicularmente, formando uma espécie de quadrado. A próxima camada
deverá ficar sobre a segunda, porém na direção da primeira e assim por diante.
Este arranjo irá secar a lenha nas bordas e garantir um fogo alto e com grande
suprimento de oxigênio, que aumentará a temperatura da queima,
consequentemente.
Existem diversos modelos e formas de se construir uma fogueira além
destes. Mas, os apresentados neste livro são os mais comuns e eficientes. Sua
situação e a característica do local onde você está irá ditar a maneira ideal de
construir seu fogo.

Como acender o fogo


Sempre acenda o fogo de forma que o vento o sopre na direção do
material combustível e não para longe dele. Certifique-se de arranjar sua isca,
galhos e combustível de forma que seu fogo queime somente pelo tempo
necessário. Inflamadores são os mecanismos iniciais que vão fornecer calor
suficiente para incendiar a mecha ou isca e são classificados em duas
categorias, primitivos e modernos.
Métodos modernos
Estes são os mecanismos usados atualmente e geralmente são os itens
que pensamos inicialmente quando precisamos iniciar um fogo.
Fósforos
Certifique-se de usar fósforos à prova d’água ou armazene-o em um
recipiente à prova d’água. Não se esqueça também da faixa para riscar e
acender o fósforo.
Lentes convexas
Este método só é funcional em dias ensolarados e com poucas nuvens.
As lentes convexas podem vir de binóculos, câmeras fotográficas, telescópios
101
ou lentes de aumento. Angule a lente de forma a concentrar a luz do sol em um
ponto o menor possível na sua isca. Mantenha a lente no lugar até que a isca
comece a fumegar. Sopre ou abane a isca gentilmente até que ela abra chama
ou se transforme em brasas e aplique nos gravetos e materiais que vão iniciar o
fogo. Um saco plástico ou garrafa plástica com alguma parte arredondada cheios
de água limpa (cristalina pelo menos) também podem funcionar como lente. No
caso do saco plástico, amarre-o em formato arredondado.

Figura 36 Acendendo fogo com lente de aumento

Bateria
Use uma bateria razoavelmente potente para gerar uma faísca. Coloque
um fio em cada polo da bateria e raspe as pontas soltas dos fios uma contra a
outra de forma a gerar a faísca. Você também pode usar um pedaço de
esponja/lã de aço se a bateria for pequena o suficiente.
Pólvora
Eventualmente você possuirá munição em seus equipamentos. Se
possuir, remova a ponta cuidadosamente (algumas munições não podem ser
espremidas com alicate na região da espoleta senão detonam, seja cuidadoso)
do estojo e utilize uma pequena fagulha ou faísca sobre ela para iniciar o fogo.
Métodos Primitivos
Estes são os métodos usados no passado por nossos ancestrais. Podem
tomar muito tempo para funcionar e requerem que você seja paciente e
persistente.
Sílex e aço
As pedras de sílex ou cristais de quartzo quando atritadas rápida e
vigorosamente contra pedaços de aço-carbono (aço inox não funciona muito
bem) produzirão uma boa faísca. Este método requer um pulso frouxo e prática
para obter sucesso. Pode-se despejar a faísca sobre a isca ou posicionar a isca
(se possível) sobre a pedra ou cristal e golpear a borda da pedra com a peça de
aço-carbono. Desta forma a faísca “pula” e atinge a isca que está na parte de

102
cima da pedra. Seja cuidadoso pois os cristais e pedras de sílex possuem pontas
afiadas e um erro de golpe pode causar largos e longos ferimentos em seus
dedos.
“Arado” de fogo
É um método de ignição que utiliza a fricção como geradora de calor. Para
usar este método, corte um sulco reto em uma madeira macia (madeira de
coníferas por exemplo) e arraste para frente e para trás com um bastão de
madeira de lei dentro do sulco. O deslizar do bastão irá criar atrito suficiente para
aquecer e remover pequenas partículas da madeira macia a altas temperaturas.
A medida que você aumenta a pressão do bastão sobre o sulco, o atrito aquece
as partículas o suficiente para que elas entrem em combustão.

Figura 37 Fogo por atrito (arado de fogo)

Arco e broca
A técnica do arco e broca é simples e fácil, porém exige muito esforço e
persistência. Você precisará dos seguintes itens.
• Soquete: Um pedaço de pedra ou madeira de lei com uma pequena
depressão na parte de baixo. Use-o para manter a broca no lugar e
aplicar pressão para baixo.
• Broca: A broca deve ser um graveto ou bastão reto e seco com cerca
de 2cm de diâmetro e cerca de 25cm de comprimento. A ponta
superior deve ser arredondada e mais fina e a ponta inferior mais
rústica e grossa para gerar mais atrito.

103
• Tábua de fogo: Apesar de que qualquer tábua possa ser usada, uma
tábua seca de madeira macia é mais interessante. Deve possuir pelo
menos 2,5cm de espessura e ser suficientemente larga para
comportar um furo que caiba a broca. Faça o furo para encaixar a
broca na borda da tábua e na quina, faça um corte em “V” a partir do
furo.
• Arco: O arco pode ser feito com um galho verde e flexível, cerca de
2,5cm de diâmetro e com uma corda amarrada entre as pontas para
criar um arco. A madeira pode ser qualquer uma e o cordame qualquer
material resistente o suficiente. Não deixe o arco com folgas.
Para usar o arco e broca, primeiro prepare seu fogo, seus galhos, iscas e
tudo o mais. Coloque um pouco de isca debaixo do corte em “V” da tábua e
posicione um pé sobre a tábua. Dê uma volta do cordame do arco em torno da
broca e posicione a ponta inferior dentro do buraco na tábua. Posicione o
soquete na ponta superior da broca e mantenha-a fixa na vertical, ao mesmo
tempo em que força o soquete para baixo. Faça movimentos para frente e para
trás com o arco para fazer a broca girar. Aumente gradualmente a velocidade
dos movimentos e a força para baixo com o soquete. O buraco começará a soltar
um pó preto e quente e eventualmente irá produzir fumaça. Quando houver
fumaça suficiente, retire a broca do buraco, incline a tábua para derramar o resto
da brasa na isca e sopre gentilmente até abrir chama.

Figura 38 Fogo por atrito (broca com arco)

104
Fazer fogo de maneira primitiva é exaustivo e os métodos requerem
prática e treino. Se sua situação de sobrevivência exigir o uso de técnicas
primitivas, lembre-se das dicas abaixo.
• Se possível, use madeiras não aromáticas para combustível.
• Colete iscas e gravetos ao longo das trilhas durante sua caminhada.
• Adicione repelente de insetos às iscas.
• Mantenha a lenha seca.
• Seque lenha úmida próximo ao fogo.
• Arme o fogo de forma a garantir que as brasas se mantenham acesas
até o outro dia.
• Leve brasas junto com você de forma segura para facilitar acender
fogo na próxima parada.
• Certifique-se de apagar o fogo ao levantar acampamento.
• Não escolha madeira que esteja caída no solo. Ela pode aparentar
estar seca, mas geralmente não fornece atrito suficiente.

105
Capitulo 8 – Alimento

Uma das mais urgentes necessidades humanas é a alimentação. Ao


pensar em qualquer situação hipotética de sobrevivência, nossa mente
imediatamente se volta para obtenção de alimento. Até mesmo em uma situação
em um ambiente árido, a água geralmente vem depois do alimento em nossos
pensamentos. O sobrevivente deve se lembrar que os três principais recursos
para sobrevivência são água, alimento e abrigo. E a ordem de importância em
obtenção destas coisas muda de acordo com o ambiente onde você se encontra.
Esta estimativa precisa ocorrer a tempo e ser precisa. Podemos viver vários dias
sem alimento, mas obter alimentos e descobrir quais plantas podem ser
consumidas na região que você está pode levar vários dias também. Então os
procedimentos para obtenção de alimento devem começar o mais cedo possível
pois a resistência do corpo reduz dia após dia em que não recebe nutrientes.
Algumas situações vão ditar que você precisará de abrigo antes mesmo de água
ou comida.

Animais como alimento


A menos que você tenha a oportunidade e os meios para abater animais
grandes, concentre seus esforços nos animais pequenos. Eles são mais
abundantes e mais fáceis de preparar. Você precisa saber quais animais podem
ser consumidos. Há uma pequena quantidade deles que são venenosos e
formam uma lista pequena. Porém, é importante aprender os hábitos e os
padrões de comportamento de algumas classes de animais. Por exemplo,
animais que são uma ótima escolha para captura com armadilhas são aqueles
que vivem em uma área delimitada e possuem tocas ou ninhos, os que possuem
áreas para se alimentar fixas e aqueles que possuem trilhas que levam de uma
área a outra. Animais maiores, que formam rebanhos, como veados, alces,
búfalos, caribus, etc, ocupam amplas áreas abertas e são mais difíceis de
capturar usando armadilhas. Além disso, você deve entender quais são as
opções alimentares de certas espécies para determinar as melhores iscas.
Você pode, exceto raras exceções, comer tudo que rasteja, nada, anda
ou voa. Você primeiro deve superar sua aversão natural a determinados
alimentos. Historicamente pessoas em fome extrema recorreram ao consumo de
praticamente tudo que se possa imaginar para obtenção de nutrientes. Uma
pessoa que ignora um alimento nutritivo devido a vieses pessoais, nojo ou outras
aversões está arriscando sua própria sobrevivência. Apesar de ser difícil no
começo, você deve comer tudo que estiver disponível para manter sua saúde.
Algumas classes de animais e insetos podem ser ingeridas crus se necessário,
mas devem preferencialmente ser cozidos totalmente para evitar doenças e
infecções.
Insetos
A forma de vida mais abundante e facilmente obtida da face da Terra.
Alguns insetos provêm de 65 a 80% de proteína, em comparação com 20% de
106
um bife. Este fato torna os insetos uma fonte importante apesar de pouco
apetitosa de nutrientes. Insetos a se evitar são os adultos que mordem ou
ferroam, que possuem pelos ou cores vivas, além de lagartas ou insetos que
possuem odor pungente (como os percevejos). Além disso, não coma aranhas,
carrapatos, moscas, mosquitos, pulgas, ácaros e escorpiões.
Troncos podres sobre o solo são locais ideais para se procurar por insetos
incluindo formigas, cupins, besouros e larvas de besouros. Não ignore ninhos de
insetos no solo. Áreas gramadas como campos são ótimos locais pois os insetos
são facilmente vistos. Pedras, tábuas ou outros materiais que estão no solo são
ótimos locais para os insetos formarem seus ninhos. Cheque estes locais. Larvas
de insetos também são comestíveis. Insetos que possuem uma carapaça
externa dura como gafanhotos e besouros tem parasitas. Cozinhe-os bem antes
de comer. Remove sempre todas as asas e patas farpadas. Você pode comer
quase todos os insetos de casca macia crus. O sabor varia de uma espécie para
outra. Larvas em madeira tem sabor suave, mas algumas espécies de formigas
guardam mel em seus corpos, que confere sabor doce a elas. Você pode moer
os insetos em uma pasta, pode misturá-los com vegetação comestível ou
cozinha-los para melhorar seu sabor.
Minhocas (anelídeos)
Minhocas são excelentes fontes de proteína. Cave o solo húmido de
húmus e próximo às raízes bulbosas de moitas de grama ou observe-as sair do
solo após a chuva. Após captura-las, coloque-as em água limpa e desinfetada
por 15 minutos; as minhocas irão limpar-se e expurgar todas as impurezas
naturalmente e então você poderá comê-las.
Crustáceos
Camarões de água doce possuem tamanho de 0,25cm a 2,5cm de
comprimento. Eles podem formar grandes colônias em tapetes de algas
flutuantes ou no fundo lamacento de poços e lagos.
Os lagostins são parentes das lagostas e caranguejos de água salgada.
Você pode distingui-los por seu exoesqueleto rígido e cinco pares de patas,
sendo o par dianteiro modificado em pinças maiores. Lagostins são ativos
durante a noite, mas você pode localizá-los durante o dia olhando debaixo e ao
redor de pedras no leito dos rios. Você também poderá encontrá-los na lama fofa
próximo a buracos semelhantes a chaminés próximos de seus ninhos. Você
pode captura-los amarrando pedaços de miúdos ou tripas em uma linha. Quando
o lagostim alcançar a isca, puxe-o para a margem antes que ele capture a isca
e fuja.
Você pode encontrar lagostas, camarões e caranguejos de água salgada
na margem da rebentação ou ressaca para dentro da água a até 10m de
profundidade. Camarões podem vir à tona durante a noite quando você poderá
pesca-los com uma rede. Você pode pegar lagostas e caranguejos com uma
armadilha ou anzol iscado. Caranguejos virão até a isca colocada na margem da
rebentação, onde você poderá pegá-los com armadilhas ou uma rede. Lagostas
107
e caranguejos possuem hábitos noturnos e são melhor encontrados e
capturados à noite.
NOTA: Você deve cozinhar completamente todos os crustáceos,
moluscos e peixes de água doce. A água doce tende a conter parasitas e
organismos perigosos, contaminantes animais e humanos e possivelmente
poluentes industriais e agropecuários.
Moluscos
Esta classe inclui polvos e mariscos de água doce ou salgada como
caramujos, mexilhões, bivalves, percebes/cracas (cirripedia), caracóis, quítons
(polyplacophora) e ouriços do mar. Você encontrará bivalves semelhantes ao
mexilhão de água doce e caramujos aquáticos ou terrestres em todo o mundo
em ambientes úmidos ou aquáticos. Caramujos e caracóis são abundantes em
rios, lagos, poços, etc. no Brasil.
Em água doce, procure pelos moluscos nas partes rasas, especialmente
em águas com fundo arenoso ou barrento. Procure pelas trilhas estreitas que
eles deixam na lama ou por suas fendas escuras e elípticas de suas válvulas
abertas.
Próximo ao mar, procure nas poças formadas pela maré alta e na areia
molhada. Pedras ao longo da praia ou estendendo em forma de recifes para o
fundo do mar geralmente possuem mariscos agarrados. Caramujos e lapas
agarram-se às rochas e algas marinhas da marca da maré baixa para cima.
Caracóis grandes chamados quítons aderem-se firmemente a rochas acima da
área de rebentação.
Mexilhões geralmente formam colônias densas em piscinas naturais em
rochas, troncos ou na base de pedregulhos.
CUIDADO: Mexilhões podem ser venenosos no verão em climas tropicais.
Se uma notável maré vermelha tiver ocorrido nas últimas 72 horas, não coma
nenhum peixe ou marisco daquela fonte de água.
Cozinhe, ferva, asse ou use vapor em moluscos em suas conchas. Eles
são excelentes em caldos com tubérculos e folhas.
CUIDADO: Não coma mariscos que não estejam cobertos pela água
durante a maré alta.
Peixes
Peixes representam uma ótima fonte de proteína e gorduras. Eles
oferecem algumas distintas vantagens ao sobrevivente ou pessoas em evasão.
Eles são geralmente mais abundantes que mamíferos e a maneira de obtenção
de peixes é mais silenciosa. Para ter sucesso na pesca, você deve conhecer os
hábitos dos peixes que estiver pescando. Por exemplo, peixes tendem a se
alimentar muito depois de tempestades quando a água está barrenta e turva. Se
houver correntes fortes, os peixes estarão escondidos próximos a redemoinhos

108
e em rochas. Peixes também se reúnem onde há piscinas profundas debaixo de
galhos ou vegetação pendentes e entre e ao redor de vegetação e folhagem,
troncos ou outros objetos submersos.
Não há peixes de água doce venenosos. No entanto, bagres possuem
espinhos afiados e finos em suas nadadeiras laterais e dorsais e barbelas. Estes
espinhos perfuram profundamente causando ferimentos dolorosos e que
frequentemente infeccionam.
Cozinhe todos os peixes de água doce para matar os parasitas. Como
precaução, cozinhe também peixes de água salgada pescados em recifes ou
locais próximos ao deságue de água doce. Todos os animais obtidos mar
adentro distante da costa não contêm parasitas devido ao ambiente salgado do
mar. Você pode comê-los crus.
A maioria dos peixes encontrados são comestíveis. Os órgãos de algumas
espécies são venenosos para o homem. Outros peixes podem ser tóxicos devido
a elementos de sua dieta. A doença ciguatera ocorre em humanos que ingerem
peixes ou mariscos que acumularam ao longo do tempo substâncias tóxicas
através de sua dieta. Geralmente causada pelo acúmulo de substâncias tóxicas
presentes em algas comuns das regiões tropicais e subtropicais. Cozinhar não
elimina as toxinas, tampouco secagem, defumação ou marinado. Peixes
marinhos que geralmente causam ciguatera são: barracuda, peixe-gato,
cavalinha, peixe-porco, peixe-pardo e garoupa.
Muitas outras espécies de peixes de água quente possuem toxinas de
ciguatera. A ocorrência de peixes tóxicos é esporádica e nem todos os peixes de
uma determinada espécie ou determinado local serão tóxicos. Isso explica
porque o peixe-pardo e garoupa são cobiçados em algumas partes do mundo.
Outros exemplos de peixes tóxicos de água salgada são: bodião-porco, olho-de-
boi, xaréu-preto, baiacu-espinhoso, peixe-vaca, escolar e baiacu.
Anfíbios
Sapos e rãs são facilmente encontrados em todos os corpos de água
doce. Eles raramente se movem da segurança da margem da água. Ao primeiro
sinal de perigo eles saltam na água e se enterram na lama e detritos. As rãs
geralmente possuem pele lisa e úmida. Existem algumas poucas espécies de
rãs venenosas. Evite todas as rãs com cores vivas ou multicoloridas e aquelas
com uma marca distinta de um “X” nas costas, além de todas as rãs de árvores.
Sapos podem ser caracterizados como as rãs, mas aqui os trataremos como os
de pele seca e áspera ou rugosa. Eles geralmente são encontrados em terrenos
secos. Várias espécies de sapos secretam veneno através da pele como um
mecanismo de defesa. Portanto, nunca maneje sapos dos tipos descritos aqui
para evitar envenenamento.
Não coma salamandras. Cerca de apenas 25% das salamandras são
comestíveis, por isso não é seguro correr o risco de ter que selecionar
cuidadosamente o tipo de salamandra para comer. Salamandras são
109
encontradas próximas aos corpos d’água. Elas são caracterizadas por uma pele
lisa e úmida e possuem quatro dedos em cada pata.
Répteis
Répteis são uma boa fonte de proteína e relativamente fáceis de capturar.
Cozimento completo e higiene das mãos são imperativos quando for preparar
répteis. Todos os répteis são considerados de carregarem salmonela, que existe
naturalmente em sua pele. Tartarugas e serpentes são especialmente
conhecidas por infectar humanos. Se você estiver desnutrido e fraco e seu
sistema imune estiver comprometido, salmonela pode ser letal. Cozinhe
completamente e seja especialmente cuidadoso em limpar as mãos após
manejar répteis. Lagartos são muito comuns em várias partes do mundo. Eles
podem ser reconhecidos por sua pele seca e escamosa. Eles possuem cinco
dedos em cada pata. Os únicos lagartos venenosos são o monstro-de-gila e o
lagarto-de-contas. Cuidados e medidas especiais devem ser observados ao
cozinhar iguanas e o varano ou lagarto-monitor, pois eles possuem a bactéria da
salmonela em sua boca e língua. A carne do rabo é a mais saborosa e fácil de
preparar.
Tartarugas são uma ótima fonte de carne. Há atualmente sete tipos de
sabores de carne em cada tartaruga. A maior parte da carne virá da parte anterior
e posterior do ombro apesar de que tartarugas grandes possuirão carne em seus
pescoços. A tartaruga-de-caixa é uma tartaruga comum que você não deve
ingerir. Ela se alimenta de cogumelos venenosos e pode acumular grande
quantidade de veneno em sua carne. Cozinhar não destrói o veneno. Evite
também a tartaruga-de-pente encontrada no Oceano Atlântico devido a sua
glândula venenosa torácica. Serpentes venenosas, jacarés, crocodilos e grandes
tartarugas marinhas representam perigos óbvios ao sobrevivente.
Aves
Todas as espécies de aves são comestíveis, apesar que o sabor irá variar
consideravelmente. Apenas uma espécie de pássaro é venenosa, o pitohui,
nativo apenas da Nova Guiné. Você pode esfolar aves que se alimentam de
peixes para melhorar seu sabor. Como todo animal selvagem, você precisa
entender os hábitos das aves para poder captura-las. Você pode capturar
pombos de seus poleiros à noite com as mãos. Durante a estação de
aninhamento, algumas espécies não vão deixar seu ninho nem quando
aproximadas. Saber quando e onde os pássaros fazem ninhos fica mais fácil
para pegá-los. Pássaros tendem a ter rotas de voo regulares entre o ninho e
locais para comer ou beber água, etc. A observação cuidadosa destes hábitos
poderá ajudar a determinar a localização da rota de voo e facilitar a captura com
o uso de redes esticadas através da rota de voo. Locais de poleiros e poços de
água são os locais mais promissores para armadilhas e etc.

110
Figura 39 Captura de aves com rede

Aves em seus ninhos fornecem ainda outra fonte de alimento; ovos.


Remova todos exceto dois ou três ovos do ninho. Marque os que você deixar de
alguma maneira. A ave continuará a pôr ovos em seu ninho. Continue a remover
os ovos frescos, deixando os que você marcou.
Aves do interior
Locais de ninho: árvores, florestas e campos.
Temporada de aninhamento: primavera, início do verão em regiões
temperadas e árticas e o ano todo nos trópicos.
Garças
Locais de ninho: mangues ou árvores altas perto da água.
Temporada de aninhamento: primavera e início do verão.
Algumas espécies de corujas
Locais de ninho: árvores altas.
Temporada de aninhamento: final de dezembro até março.
Patos, gansos e cisnes
Locais de ninho: áreas de tundra próximo a lagoas, rios e lagos.
Temporada de aninhamento: primavera e início do verão em regiões
árticas.
Algumas aves marítimas
111
Locais de ninho: baixios e ilhas de areia baixas.
Temporada de aninhamento: primavera e início do verão em regiões
temperadas e árticas.
Gaivotas, cormorões, mergulhões, etc.
Locais de ninho: costas rochosas inclinadas.
Temporada de aninhamento: primavera e início do verão em regiões
temperadas e árticas.
Mamíferos
Mamíferos são uma excelente fonte de proteína e, para a maior parte dos
brasileiros, a fonte mais saborosa. Existem alguns inconvenientes em se obter
mamíferos. Em um ambiente hostil, o inimigo pode detectar armadilhas e laços
colocados no solo. A quantidade de ferimentos que um animal pode causar é
proporcional ao seu tamanho. Todos os mamíferos têm dentes e praticamente
todos irão ao menos morder para se defender. Até mesmo um esquilo pode
causar sérios ferimentos e qualquer mordida pode apresentar sérios riscos de
infecção. Além disso, qualquer mãe pode ser extremamente agressiva em
defesa de seus filhotes. Qualquer animal sem rota de fuga irá lutar se
encurralado.
Todos os mamíferos são comestíveis. Porém, o urso polar e a foca-
barbuda possuem níveis tóxicos de Vitamina A em seu fígado. O ornitorrinco, um
mamífero semiaquático que põe ovos, nativo da Austrália e Tasmânia, possui
garras venenosas em suas patas traseiras. Animais carniceiros como o gambá
podem carregar doenças.
Armadilhas e Laços
Para um sobrevivente desarmado ou pessoa em evasão, ou quando o
som de um disparo de arma de fogo pode ser um problema, laçar ou usar
armadilhas em animais menores pode ser a solução. Várias armadilhas e laços
bem colocados podem potencialmente prover mais alimento do que um homem
com um rifle pode abater. Para ser efetivo com qualquer tipo de armadilha ou
laço, você deve:
• Se familiarizar com a espécie de animal que você pretende pegar.
• Ser capaz de construir uma armadilha adequada e mascarar seu
cheiro adequadamente.
• Não alarmar a presa deixando sinais de sua presença.
Não existem armadilhas eficientes contra tudo. Você deve determinar
quais espécies estão na área e armar suas armadilhas de acordo com a
especificidade das espécies. Observe o seguinte:
• Trilhas e caminhos.
• Pegadas.
• Fezes.
112
• Vegetação mastigada ou roçada.
• Ninhos ou poleiros.
• Áreas de alimentação de dessedentação.
Posicione suas armadilhas onde há prova de que os animais passam por
ali. Você deve determinar se é uma trilha ou rota de fuga. Uma trilha mostra
sinais de uso por várias espécies e será bem distinta. Uma rota de fuga é
geralmente menor e menos distinta e contém apenas sinais de uma espécie.
Você pode construir uma armadilha perfeita, mas não irá capturar nada se
colocá-la ao acaso na floresta. Animais possuem locais de descanso, poços para
beber água e áreas onde se alimentam com trilhas que ligam uns aos outros.
Você deve colocar armadilhas ao redor destes locais para ser efetivo. Evite
colocar armadilhas diretamente sobre as trilhas para não perturbar a trilha e
afugentar os animais que a utilizam.
Se você estiver em um ambiente hostil, a ocultação das armadilhas e
laços é importante. Mas não criar distúrbios grandes demais que vão alarmar o
animal é tão importante quanto. Sendo assim, se você precisar cavar, remova
toda a terra fresca do local. A maioria dos animais vai instintivamente evitar
armadilhas do tipo de buracos. Prepare as várias partes da armadilha longe do
local, carregue-as até lá e arme a armadilha. Tais ações tornam fácil evitar
distúrbios na vegetação ao redor do local que vão alertar a presa. Não use
vegetação verde, recém-cortada para construir suas armadilhas. Este tipo de
vegetação irá escorrer seiva que possui um odor que os animais podem sentir.
Isto pode alarmar a presa.
Você também precisa remover ou mascarar o cheiro humano na
armadilha e arredores. Apesar de que pássaros não possuem um senso olfativo
aguçado, quase todos os mamíferos dependem do olfato ainda mais do que da
visão. Até mesmo o menor dos odores humanos irá alertar a presa e ela evitará
o local. Remover o cheiro humano totalmente é difícil, mas mascarar é muito
mais fácil. Use os fluidos da vesícula biliar (bílis) e urina de abates prévios. Não
use urina humana. Lama, particularmente de uma área cheia de vegetação
apodrecida é também uma boa escolha. Use-a para cobrir suas mãos enquanto
manuseia o material e para cobrir a armadilha quando estiver armando-a. Em
quase todas as partes do mundo os animais conhecem o cheiro de vegetação
queimada e fumaça. Apenas quando o fogo ainda está queimando próximo é
que eles ficam alarmados. Portanto, defumar a armadilha é um meio efetivo de
mascarar seu cheiro. Você ainda pode esfregar carvão fresco da fogueira nas
mãos e partes da armadilha para ajudar. Se nenhum dos métodos citados acima
estiver disponível, você pode deixar a armadilha secar no tempo por alguns dias
e então armar. Não manuseie a armadilha enquanto ela seca no tempo. Quando
posicionar a armadilha, camufle-a naturalmente da melhor forma possível para
evitar detecção inimiga e para não alarmar a presa.
Armadilhas posicionadas próximas a trilhas ou rotas de fuga devem usar
canalização ou afunilamento. Para construir um canal, faça uma barreira de cada
113
lado da trilha de forma que as paredes afunilem o caminho em direção à
armadilha. A canalização deve ser discreta o suficiente para não alertar a presa.
À medida que o animal se aproxima da armadilha, ele não consegue virar para
os lados e deve continuar em frente para a armadilha. Poucos animais selvagens
vão recuar, preferindo continuar na direção da viagem. Canalização não deve
ser uma barreira impossível, mas um caminho inconveniente para o animal
passar por cima ou através, uma vez que todo animal utilizará o caminho de
menor resistência. Para melhor eficácia, a canalização deve reduzir a largura da
trilha para aproximadamente pouco mais que a largura do corpo do animal.
Mantenha a canalização até pelo menos o comprimento do corpo do animal
antes da armadilha. Então, inicie o alargamento em direção à boca do funil.
O uso de armadilhas de metal para prender a pata do animal ou para
matar deve preceder preparo do local. Geralmente as armadilhas de prender o
animal no local devem ser enterradas ligeiramente para o animal não as veja,
mas suficientemente raso para que elas possam ainda funcionar.
Contanto que você não transpire no local ou deixe gotículas de suor cair
sobre a área da armadilha, cerca de 48h após a colocação os odores humanos
terão se dissipado o suficiente para que sua armadilha captura algo.
Gambás e guaxinins são extremamente curiosos e muitas vezes poderão
ser capturados em armadilhas que ainda não dissiparam totalmente o odor
humano.
Uso de isca
Iscar uma armadilha ou laço aumenta bastante suas chances de obter
comida. Quando estiver pescando, você deve iscar praticamente todos os
dispositivos e anzóis. Sucesso com armadilha sem isca depende muito do local
onde você a arma. Armadilhas iscadas vão geralmente atrair animais até ela. A
isca deve ser algo que o animal conheça. Porém, esta isca não deve estar
imediatamente disponível na área para que o animal possa pegá-la. Por
exemplo, iscar uma armadilha com milho no meio de um milharal não é eficiente.
Da mesma forma, se não há milho algum na região e você usa milho como isca,
isto pode aumentar a curiosidade do animal e deixa-lo alerta enquanto investiga
a comida estranha. Nestas circunstâncias, ele pode não ir para a isca. Uma isca
que funciona bem em pequenos mamíferos é a manteiga de amendoim
disponível em várias rações militares. Sal é também uma boa isca. Quando usar
iscas deste tipo, espalhe um pouco ao redor da armadilha para que o animal
prove e comece a desejar pelo alimento. O animal assim poderá superar sua
cautela antes de ir para a armadilha.
Se você armou uma armadilha com isca para uma espécie, mas outra
espécie veio e pegou a isca sem ser capturado, tente determinar qual foi esse
animal para ajustar a armadilha para seu porte e hábito.

114
NOTA: Uma vez que você capture um animal, você não só irá ganhar
confiança em suas habilidades, mas também terá um novo suprimento de iscas
para vários tipos de armadilhas.
Você pode iscar usando vários tipos de fluidos corporais de outros animais
e usar urina de outros abates ao redor para atrair a curiosidade da presa e, ao
mesmo tempo, mascarar o odor humano. Muitos animais são curiosos e irão
investigar objetos diferentes no ambiente, como ossos de animais, penas,
“postes de urinar”, ninhos de outros animais (que você pode encontrar em vários
locais, como de ratos), dentre outras coisas. É importante que o animal precise
se esforçar para alcançar ou retirar a isca do suporte, de forma a aumentar as
chances de a armadilha disparar. Uma isca frouxa ou facilmente acessível irá se
desprender sem a armadilha disparar.
Construção
As armadilhas e laços agem esmagando, sufocando, enforcando ou
enredando a presa. Uma armadilha ou laço irá incorporar dois ou mais desses
princípios. Os mecanismos que provêm força à armadilha são usualmente
simples. A presa se debatendo, a força da gravidade ou a tensão de um ramo
verde entortado provêm a energia necessária. O coração de qualquer armadilha
é o gatilho. Quando planejando uma armadilha ou laço, pergunte-se como que
ela irá afetar a presa, qual a fonte de força e qual o gatilho mais eficiente. Suas
respostas irão ajudar a decidir qual a melhor armadilha para cada espécie.
Armadilhas são desenhadas para pegar e segurar ou matar. Laços são
armadilhas que incorporam um nó corrediço para fazer ambas as funções.
Laço simples
Um laço simples consiste em um nó corrediço colocado sobre uma trilha
ou buraco de toca ligado a uma estaca enterrada firmemente no solo. Se o laço
for de algum tipo de cordame, use gravetos e folhas para segurá-lo na posição.
Filamentos de teia de aranha são excelentes para manter um laço aberto.
Certifique-se que o laço é largo o suficiente para passar livremente pela cabeça
da presa. À medida que o animal segue adiante o laço aperta ao redor do
pescoço dela. Quanto mais a presa se debate, mais o laço aperta. Este tipo de
armadilha geralmente não mata a presa. Se você usar cordame, ele pode
afrouxar o suficiente para liberar a cabeça da presa. Arame geralmente é a
melhor opção para este tipo de laçada.
Fios próprios para laçar animais geralmente são de uso único.
Principalmente se o animal for grande o suficiente e se debater bastante. O
formato de aro original do arame irá desaparecer, dando lugar a um fio
totalmente retorcido e disforme.
Materiais naturais ou alguns tipos de cordas e cordões podem ser
facilmente mastigados pelos animais, liberando-os, dê preferência ao uso de fios
de metal. Você pode improvisar usando cordas de aço de violão ou piano, por
exemplo.
115
Figura 40 Laço simples e colocação

Laço de arrastar
Use um laço de arrastar em uma rota de fuga do animal. Coloque galhos
bifurcados em cada lado da trilha e posicione uma robusta haste transversal
através deles. Amarre a laçada à haste e pendure-a acima da altura da cabeça
do animal (laços designados a apanhar a presa pela cabeça nunca devem ficar
baixos demais para permitir que o animal passe por cima ou por dentro dele com
o pé). À medida que o laço aperta ao redor do pescoço do animal, o animal
arrasta consigo a haste transversal e a vegetação ao redor rapidamente
entrelaça na haste e o animal se torna enredado.

116
Figura 41 Laço de arrastar e colocação

Galho envergado
Este mecanismo se baseia no uso de um ramo ou galho verde e flexível
que fornece energia quando tensionado e amarrado a um mecanismo de gatilho.
Selecione galhos verdes de madeira de lei ou mudas pequenas ao longo das
trilhas. Um galho envergado vai funcionar muito melhor se você remover todos
os ramos e folhas que saem dele.
Laço com galho envergado
Um laço com galho envergado simples usa dois gravetos bifurcados,
ambos com uma ponta longa e uma curta. Envergue o galho e marque a trilha
abaixo dele. Enfie o ramo longo do galho bifurcado na terra firmemente naquele
ponto. Certifique-se que o outro ramo deste galho esteja paralelo ao solo. Amarre
o ramo longo do outro galho em um pedaço de cordame amarrado ao galho
envergado. Corte o ramo curto deste segundo galho de forma que ele se agarre
ao ramo curto do galho bifurcado no solo. Estenda um laço sobre a trilha que
esteja preso ao segundo galho, que está preso à corda e ao galho envergado.
Arme a armadilha envergando o galho e encaixando os dois ramos curtos dos
galhos bifurcados. Quando o animal enrosca sua cabeça no laço, ele puxa e
separa os galhos bifurcados, soltando o galho envergado que irá saltar e enforcar
a presa.
NOTA: Não use galhos verdes como gatilho. A seiva que escorre deles
pode colá-los um no outro.

117
Figura 42 Laço com galho tensionado

Poste de esquilo
Um poste de esquilo é um poste ou haste longa posicionada contra uma
árvore em uma área com grande atividade de esquilos. Coloque vários nós
corrediços ao longo do poste, por sobre ele e nas laterais de forma que um
esquilo subindo por ele precise passar por um ou mais nós. Posicione os nós de
5 a 6cm de diâmetro a cerca de 2,5cm de distância do poste. Posicione o primeiro
e último nós a uma distância de 45cm da base e topo do poste para evitar que o
esquilo tenha uma base firme para se apoiar. Se isso acontecer o esquilo irá roer
a corda e escapar. Esquilos são animais curiosos. Após um período inicial de
cautela, eles vão começar a subir e descer pelo poste e serão enforcados pelos
nós. O animal debatendo irá, então, cair do poste e ficar pendurado. Outros
esquilos serão atraídos pela comoção gerada. Desta forma você conseguirá
pegar vários esquilos. Você pode colocar vários postes para aumentar a captura.

118
Figura 43 Poste de esquilos

Poste de aves Ojibwa (nome da tribo indígena)


Esta armadilha tem sido usada por tribos de índios nativos norte-
americanos por séculos. Para ser efetiva, ela precisa de ser colocada em uma
área relativamente aberta longe de árvores altas. Para melhores resultados
selecione um local próximo aos locais de alimentação das aves ou poços d’água.
Corte um poste ou haste de cerca de 2m de comprimento e remova todos os
galhos e folhagem. Não use madeira resinosa como pinheiro. Afie a ponta
superior de forma que os pássaros não possam pousar na haste vertical. Fure
um pequeno buraco a 5 a 10cm de distância da extremidade superior do poste.
Corte um pequeno bastão de 10 a 15cm de comprimento e esculpa uma ponta
de forma que ela quase encaixe no buraco. Isto será o poleiro. Finque o poste
no chão com a ponta afiada para cima. Amarre um pequeno peso
(aproximadamente igual ao peso da espécie alvo) a um pedaço de corda. Passe
a ponta livre da corda pelo buraco e faça um nó corrediço que cubra todo o
poleiro. Faça um nó simples na corda e encaixe o poleiro no poste de forma
frouxa, usando o nó simples da corda para ajudar a ancorar o poleiro no lugar.
Espalhe o laço corrediço sobre o poleiro de forma que ele cubra todo o poleiro e
sobre em ambos os lados. A maioria dos pássaros gosta de descansar em locais
mais altos que o solo. Assim que o pássaro pousar ele irá derrubar o poleiro e
permitir que o nó simples passe pelo buraco puxado pelo peso, apertando o nó
corrediço ao redor do pé da ave. Se o peso for muito grande poderá arrancar a
pata da ave e ela escapará. Outra opção é usar a tensão de um galho envergado
por exemplo ao invés de pesos como pedras.

119
Figura 44 Poste de aves Ojibwa

Vara de laçar
Uma vara de laçar ou galho de laçar é útil para capturar aves
empoleiradas ou pequenos mamíferos. Ela requer paciência do operador. A vara
é mais uma arma que uma armadilha. Ela consiste em uma haste (comprida o
bastante para você conseguir manejar) com um nó corrediço em uma das
pontas. Para capturar a presa, você passa o nó pelo pescoço dela e puxa o laço
firmemente. Você também pode posicionar o laço sobre uma toca e se esconder.
Quando o animal sair da toca e passar seu pescoço pelo laço, puxe-o firmemente
para estrangulá-lo. Carregue um porrete robusto para abater a presa.

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Figura 45 Vara de laçar

Laço de pedal
Use esta armadilha para pegar pequenos animais. Cave um buraco raso
em uma trilha e introduza um graveto bifurcado no chão em cada lado do buraco
do mesmo lado da trilha. Escolha dois galhos razoavelmente retos que alcance
os dois galhos bifurcados. Posicione os dois galhos atravessados entre os dois
outros gravetos fincados no chão. Coloque vários galhos sobre o buraco na trilha
estando uma ponta sobre o galho horizontal e outra ponta enfiada na terra. Cubra
o buraco com gravetos suficientes para que a presa precise pisar em pelo menos
um galho para ativar a armadilha. Amarre uma ponta de uma corda em um galho
envergado ou um peso e o passe por sobre um galho. O gatilho deve ter cerca
de 5cm de comprimento. Forme um laço corrediço com a outra ponta da corda.
Espalhe o laço sobre o buraco. Encaixe o gatilho contra o galho horizontal e
passe a corda para cima, de forma que a tensão gerada empurre o galho
horizontal para cima contra o galho bifurcado preso ao solo e o mantenha parado
no lugar. Ajuste o galho horizontal inferior de forma que ele mal segure o gatilho
no lugar. Assim que o animal pisar em qualquer graveto sobre o buraco, ele irá
forçar o galho horizontal para baixo, liberando o gatilho que irá laçar e pendurar
o animal no alto. Devido ao distúrbio criado na trilha, o animal estará atento. Use
canalização e se possível coloque isca no fundo do buraco.

Figura 46 Laço de pedal

Armadilha em “4”
121
Esta armadilha se baseia na energia potencial de um grande peso
equilibrado sobre uma armação em forma de “4” que se desfaz facilmente e solta
o peso sobre a presa. O peso deve ser grande o suficiente para matar ou
incapacitar a presa imediatamente. Se não houver peso suficiente para matar, o
peso deve ser no mínimo 4x o peso do animal para impedir seus movimentos
respiratórios e sufoca-lo. Construa a armação em “4” usando gravetos
entalhados conforme a figura abaixo. Os entalhes seguram os gravetos no lugar
quando sob pressão. Pratique a confecção destes entalhes antecipadamente;
eles requerem alta sensibilidade e ângulos precisos para funcionar.

Figura 47 Armadilha em 4

Armadilha de peso Paiute (nome da tribo indígena)


Similar a armadilha em ”4” porém utiliza um cordame no lugar da haste
horizontal. Ela tem a vantagem de ser mais fácil de armar que a armadilha em
“4”. Amarre um cordame na ponta inferior da haste diagonal e na outra ponta
amarre um pedacinho de pau de cerca de 5cm de comprimento. Dê meia volta
com esta ponta da corda na haste vertical e apoie um graveto entre a ponta do
pau e o peso. Sua isca deve estar neste graveto. Qualquer distúrbio causado no
graveto irá soltar o pedaço de pau e aliviar o cordame, assim a haste diagonal
voa para longe e o peso cai. Você pode fazer um pequeno buraco no chão
debaixo do peso com isca dentro para atrair a presa.

122
Figura 48 Armadilha de peso Paiute

Armadilha de arco
Esta é uma armadilha mortal. É perigosa para humanos e animais. Para
construir esta armadilha, construa um arco e ancore-o ao chão usando tocos de
árvores finas ou estacas. Ajuste a mira enquanto fixa o arco no chão. Amarre
uma haste de ativação ao gatilho. Duas estacas fincadas no solo irão segurar a
haste de ativação no lugar no ponto em que a haste irá prender a corda do arco
retesada. Encaixe um graveto entre uma estaca atrás do gatilho e o gatilho e
amarre uma corda neste graveto. Passe a corda ao redor da armação que você
fez para o arco e leva-a até a trilha da presa onde o arco irá alvejá-la. Quando
ela pisar na corda disparará o arco que a acertará imediatamente. Um entalhe
no arco ajudará a segurar a flecha no lugar.

Figura 49 Armadilha de arco

CUIDADO! Esta armadilha é letal. Aproxime-se dela com cuidado e opere-


a apenas pela parte de trás.
Armadilha de lança para porco
Para construir esta armadilha escolha uma vara ou galho longo e flexível
com cerca de 2,5m de altura. Em uma de suas pontas, amarre firmemente
diversas estacas pontiagudas e pequenas. Amarre firmemente a outra ponta em

123
uma árvore ao longo da trilha de forma que as pontas das estacas fiquem
voltadas para a árvore. Amarre uma corda em uma árvore ou estaca do outro
lado da trilha. Amarre a outra ponta desta corda a um graveto liso e resistente.
Amarre uma corda de ativação na primeira árvore e atravesse-a até o outro lado
da trilha a baixa altura e amarre a outra ponta em um graveto. Faça um anel
escorregadio de vinhas ou outro material similar. Envolva a corda de ativação e
o graveto liso com o anel deslizante. Coloque uma extremidade de outro graveto
liso dentro do anel e a outra extremidade contra a segunda árvore ou estaca.
Puxe o galho com as estacas até o outro lado da trilha e posicione-o entre o
graveto liso e a cordinha. Quando o animal pisa na corda de ativação ele puxa o
anel deslizante do lugar e libera os gravetos lisos, que saltam e liberam as lanças
(estacas) tensionadas na vara longa que empalam a presa.

Figura 50 Armadilha de lança de porco

Figura 51 Armadilha de lança de porco

124
CUIDADO! Esta armadilha é letal. Aproxime-se dela com cuidado e opere-
a somente pela retaguarda.
Armadilha de garrafa
Esta armadilha é bem simples usada para pegar ratazanas em geral. Cave
um buraco de 30 a 45cm de profundidade que é mais largo no fundo do que na
boca. Faça o topo tão pequeno quanto puder. Coloque um pedaço de casca de
árvore ou madeira podre sobre o buraco com duas pequenas pedras debaixo
para mantê-la a cerca de 2,5cm de altura do solo. Ratos vão tentar esconder
debaixo da madeira ou casca de árvore para fugir do perigo e cair no buraco.
Eles não conseguem subir devido às paredes com inclinação invertida. Tenha
cuidado quando for checar esta armadilha pois é um esconderijo ideal para
serpentes.

Figura 52 Armadilha de garrafa

Dispositivos para matar


Existem várias armas que você pode criar para ajudar a obter pequenos
animais. O bastão de coelho, lança, arco e flecha e a funda são alguns deles.
Bastão de coelho
Um dos dispositivos mais fáceis de se fazer é um bastão tão longo quanto
seu braço, da ponta do dedo ao ombro, chamado bastão de coelho. Você pode
arremessa-lo tanto por cima da cabeça quando pela lateral do seu corpo com
força considerável. O ideal é que ele acerte o alvo lateralmente, para aumentar
as chances de acertar. É uma ótima ferramenta para capturar pequenos animais
que param e ficam imóveis ou se fingem de mortos como mecanismo de defesa.
Lança

125
Você pode fazer uma lança para matar pequenos animais ou pescar.
Estoque com a lança, não a arremesse. Adiante explicaremos a pesca com
lança.
Arco e flecha
Um bom arco é o resultado de muitas horas de trabalho. Você pode fazer
um arco de uso por curto prazo razoavelmente rápido. Quando ele arrebenta a
corda ou se parte você poderá facilmente substituir a parte. Selecione um galho
de madeira de lei com cerca de 1m de comprimento, que não tenha ramificações
ou nós. Raspe cuidadosamente o lado mais grosso para que fique com a mesma
espessura da ponta mais fina. Um exame cuidadoso irá revelar a curvatura
natural do galho. Sempre raspe do lado que ficará voltado para você ou o arco
irá se partir na primeira vez que você puxar. Madeira morta e seca é preferível a
madeira verde. Para aumentar a pressão, amarre outro arco de frente para o
primeiro em forma de “X”. Amarre as pontas dos dois arcos com uma corda e
utilize a corda de retesar em um dos arcos.
Escolha flechas dos gravetos mais retos e secos possível. As flechas
devem ter a metade do comprimento do arco. Raspe as flechas para que fiquem
lisas cuidadosamente em todo seu entorno. Você talvez precise endireitar o
graveto. Coloque-o sobre brasas apenas o suficiente para que não se queimem
ou chamusquem para forçar a forma que você quer até esfriar.
Você pode fazer pontas de flecha de ossos, vidro, metal ou pedaços de
rochas. Você também pode afiar e endurecer com fogo a ponta da flecha. Para
tal, coloque-a sobre as brasas ou entre as cinzas, mas não as deixe queimar ou
chamuscar. O propósito deste endurecimento é retirar a umidade da madeira.
Você pode entalhar a outra ponta da flecha para encaixar na corda. Corte
o nó, não trinque a madeira. Adicionar penas à ponta de trás da flecha melhora
suas características aerodinâmicas. Adicionar penas é recomendado, mas não
imperativo em flechas de curto prazo.
Funda
Você pode fazer uma funda amarrando dois pedaços de cordame, ambos
com aproximadamente 60cm de comprimento nas extremidades opostas de um
pedaço de couro ou tecido do tamanho da palma da sua mão. Coloque uma
pedra no tecido ou couro e amarre uma das cordas no seu dedo médio e segure-
a na palma da mão. Segure a outra corda entre seu polegar e indicador. Para
arremessar a pedra, gire a funda sobre sua cabeça em círculos diversas vezes
e solte a corda que está entre o polegar e o indicador. Pratique muito para se
tornar eficiente no uso da funda, que é muito eficaz contra pequenos animais.
Girar a funda num plano inclinado entre o lado do seu corpo e o alto de sua
cabeça traz melhores resultados. A inclinação ditará a altura do disparo e o
momento de soltar a corda ditará o movimento lateral (direita-esquerda) do
projétil.

126
Dispositivos de pesca
Você pode fazer seus próprios anzóis, redes e armadilhas. Os parágrafos
abaixo descrevem diversos métodos para se obter peixes.
Anzóis improvisados
Você pode fazer anzóis improvisados usando alfinetes, agulhas, arame,
pregos ou outros pedaços de metal. Você também pode usar madeira, osso,
casca de coco, espinhos, sílex, conchas do mar ou casco de tartaruga. Você
também pode fazer anzóis com qualquer combinação dos itens acima.

Figura 53 Anzóis improvisados

Para fazer um anzol de madeira, corte um pedaço de madeira de lei com


cerca de 2,5cm de comprimento e cerca de 6mm de espessura. Corte um entalhe
em uma das extremidades para fazer a ponta. Coloque a ponta de sua escolha
(osso, arame, prego, etc.) no entalhe e amarre firmemente para que não solte.
Este será um anzol razoavelmente grande. Para anzóis menores, use materiais
menores.
Um anzol de goela é uma pequena haste de madeira, osso, metal ou outro
material. Ela é afiada em ambas as extremidades e entalhada no meio onde você
amarra a linha de pesca. Coloque a isca no sentido do comprimento do anzol.
Quando o peixe engolir a isca, ele também engolirá o anzol. Se você estiver
segurando a linha de pesca quando o peixe engolir a isca, não a puxe como você
faria com um anzol convencional. Deixe que o peixe engula a isca e o anzol de
goela para que ele desça o máximo possível em sua garganta até que se fixe
sozinho.
Armadilha com anzóis
Este dispositivo é muito útil em ambientes hostis. Para construí-lo, enfie
duas estacas no fundo do rio, lago ou poço onde você está pescando de forma
que sua extremidade superior fique ligeiramente abaixo do nível da água. Amarre
uma corda entre elas. Amarre algumas linhas de pesca na corda principal com
anzóis e iscas distantes o suficiente para que não enrolem uns nos outros ou nas
estacas. Os anzóis também não devem se enroscar na corda principal.

127
Figura 54 Armadilha com anzóis

Rede de pesca
Se você já não possuir uma rede de pesca, você pode fazer uma usando
os fios de velame do paracord ou outro material similar como linha de pesca.
Amarre um cordame entre duas árvores. Selecione as linhas que usará tomando
como base um comprimento de seis vezes a profundidade da rede. Pegue várias
linhas de comprimento igual e amarre-as na corda suspensa entre as árvores
pela metade delas, usando um nó prússico ou cabeça de sabiá. A profundidade
da rede determinará a distância entre as linhas. A distância recomendada é de
2,5cm. Começando de um lado da rede em direção ao outro, amarre a segunda
linha com a terceira linha usando um nó simples. Então amarre a quarta e a
quinta linhas, a sexta e a sétima linhas, etc. até chegar ao final da rede. Você
agora terá as linhas amarradas em pares e uma linha solteira de cada lado.
Comece a segunda fileira de nós amarrando a primeira linha com a segunda
linha, depois a terceira e a quarta e assim por diante. Amarre as linhas desta
forma alternando entre as fileiras de nós até o final da rede. Na base, amarre
uma corda para dar mais resistência a ela. Utilize a rede de maneira angulada
no fluxo da água para evitar acúmulo de detritos como mostrado na imagem
abaixo. Cheque a rede com frequência.

128
Figura 55 Improvisando uma rede de pesca

Figura 56 Como posicionar uma rede de pesca

Armadilhas de peixe
Você pode capturar peixes usando diversas armadilhas. Cestos de peixe
são um exemplo. Você os constrói amarrando diversos gravetos com vinhas e
fibras vegetais em forma de funil. Feche a parte de cima deixando uma abertura
grande o suficiente para a entrada dos peixes.

129
Figura 57 Outras armadilhas para peixes

Você pode também colocar armadilhas para pegar peixes de água


salgada. Como os cardumes de peixes regularmente se aproximam da costa
com a maré e geralmente se movem paralelamente à margem. Escolha uma
localização com maré alta para construir uma armadilha durante a maré baixa.
Em costas rochosas, escolha um local com piscinas naturais nas pedras. Em
ilhas de corais, use piscinas naturais na superfície dos recifes bloqueando as
aberturas à medida que a maré abaixa. Em costas com areia use os baixios e
valas que eles incluem. Construa uma armadilha em forma de um baixo muro de
pedras estendendo para fora em direção à água e formando um ângulo em
relação à costa. A face voltada para a água deve ser preferencialmente inclinada
para facilitar o acesso dos peixes e a face voltada para a terra deve ser
preferencialmente vertical para impedir que eles retornem.
Pesca com lança
Se você estiver próximo de águas rasas (altura da cintura) onde peixes
são grandes e abundantes, você pode usar uma lança para pegá-los. Para fazer

130
esta lança, corte um longo e reto galho. Afie uma das pontas ou amarre uma
faca, ponta afiada de osso ou metal afiado. Você também pode fazer a ponta
partindo a madeira em várias farpas e afiando-as. Insira um pequeno pedaço de
madeira para afastar as pontas e amarre com um cordame para impedir que a
lança se parta. Para pescar, escolha um local onde os peixes se aglomeram.
Coloque a ponta da lança dentro da água e lentamente mova-a em direção ao
peixe. Então, subitamente empale o peixe no fundo do rio ou poço. Não tente
levantar a lança, pois o peixe pode escorregar e você o perderá. Segure a lança
no lugar com uma mão e com a outra pegue o peixe. Não arremesse a lança,
especialmente se a ponta for a sua faca. Você não pode se dar ao luxo de perder
sua faca em uma situação de sobrevivência. Esteja alerta para os problemas
causados pela refração da luz quando olhando objetos submersos em água.
Você deve mirar abaixo da posição do peixe para acertá-lo.

Figura 58 Improvisando uma ponta de lança

Pesca com facão


Durante a noite, em áreas com muitos peixes, você pode usar uma luz
para atrair os peixes e então golpeá-los com um facão. Use as costas da lâmina
pois o fio pode partir o peixe ao meio e você perderá parte da carne.
Envenenamento de peixe
Outra forma de pegar peixes é usando veneno. Venenos funcionam rápido
e permitem que você permaneça escondido enquanto eles agem. Além disso
permitem que você capture vários peixes de uma só vez. Quando pescar com
veneno, certifique-se de pegar todos os peixes afetados, uma vez que peixes
mortos boiando rio abaixo pode levantar suspeitas. Algumas plantas que
131
crescem em regiões quentes do mundo contêm rotenona, uma substância que
paralisa e mata animais de sangue frio, mas não faz mal a seres humanos que
se alimentam desses animais. O melhor lugar para usar a rotenona ou partes
das plantas que a produzem são poços ou nascentes de cursos d’água que
possuem peixes. Rotenona funciona rapidamente em peixes em águas a 21°C
ou mais. Ela funciona lentamente em peixes em águas a 10°C e é inefetiva
abaixo desta temperatura.
Plantas que produzem rotenona são:
• Anamirta cocculus – Esta vinha cresce no sul da Ásia e ilhas do Sul do
Pacífico. Esmague as sementes em forma de feijões e jogue-as na
água.
• Croton tiglium – Este arbusto ou pequena árvore cresce em áreas de
resíduos nas ilhas do Sul do Pacífico. Ele possui sementes em três
cápsulas anguladas. Esmague-as e jogue na água.
• Barringtonia – Estas árvores grandes crescem próximo ao mar da
Malásia e partes da Polinésia. Elas possuem um fruto carnudo com
uma semente. Esmague as sementes e cascas e jogue-as na água.
• Derris elíptica – Este grande gênero de arbustos tropicais e vinhas é a
maior fonte de rotenona comercialmente produzida. Triture as raízes
em um pó e misture com água. Jogue em grandes quantidades na
água.
• Duboisia – Este arbusto típico da Austrália possui conjuntos de flores
brancas e frutos pequenos. Triture a planta e jogue na água.
• Tephrosia – Esta espécie de pequeno arbusto que possui vagens
cresce próximo aos trópicos. Esmague ou esfole as folhas e talos e
jogue na água.
• Cal – Você pode usar cal industrial ou produzir sua própria cal
queimando conchas ou corais. Jogue grandes quantidades na água.
• Cascas de nozes – Esmague cascas verdes de nozes pretas ou nozes
brancas. Jogue as cascas na água.
Cozinhando e armazenando animais
Você deve saber preparar animais e estoca-los em uma situação de
sobrevivência. Limpeza mal realizada ou armazenamento inadequado pode
resultar em alimento estragado.
Peixes
Não coma peixes que aparentem estar estragados, obviamente. Cozinhar
não garante que estarão bons para ingestão. Peixes estragados possuem as
seguintes características:
• Olhos fundos.
• Odor peculiar.

132
• Cor suspeita (brânquias devem ser vermelho para rosa, escamas
devem ter um tom nítido de cinza, não desvanecido.
• Chanfros que permanecem na carne do peixe quando você pressionar
com seu polegar.
• Pele viscosa, ao invés de úmida ou molhada.
• Sabor apimentado ou “agudo”.
Comer peixe estragado pode causar diarreia, náusea, cólicas, vômito,
comichão, paralisia ou sabor metálico na boca. Estes sintomas aparecem de
repente entre 1h e 6h após a ingestão. Induza vômito se os sintomas
aparecerem.
Peixes estragam rápido após a morte especialmente em dias quentes.
Prepare o peixe para comer assim que possível após pesca-los. Corte as
brânquias e os grandes vasos sanguíneos que ficam próximos à dorsal. Remova
as vísceras de peixes maiores que 10cm. Descame ou remova a pele dos peixes.
Você pode empalar um peixe inteiro em um graveto e cozinha-lo sobre o
fogo. No entanto, ferver o peixe com a pele é a melhor forma de obter o máximo
de nutrientes. As gorduras e óleos estão sob a pele e, fervendo-o, você pode
guardar o caldo para um ensopado mais tarde. Você pode usar quaisquer
métodos usados para preparar plantas. Enrole o peixe em uma bola de argila e
enterre sob brasas até que a argila endureça. Quebre a argila para obter o peixe
cozido. Peixes estão prontos quando a carne esfarela ou se parte em “flocos”.
Se você planeja guardar o peixe para depois, defume-o ou frite-o. Para preparar
um peixe para a defumação, corte a cabeça e remova a espinha dorsal.
Serpentes
Para preparar serpentes, corte sua cabeça, incluindo 10 a 15cm atrás da
cabeça. Isto irá garantir que você removeu as glândulas de veneno, que ficam
na base da cabeça. Enterre a porção venenosa para evitar contatos futuros.
Corte a pele no sentido do corpo, separe a pele da carne e então, puxe a pele
com uma mão e o corpo com a outra. Serpentes grandes podem requerer que
você corte a pele por toda sua extensão. Cozinhe serpentes da mesma forma
que outros animais. Remova as entranhas e descarte. Corte a serpente em
pequenos pedaços e fervente ou grelhe.

133
Figura 59 Preparando uma serpente para cozimento

Pássaros
Após matar o pássaro, remova suas penas arrancando-as ou esfolando-
o. Lembre-se, esfolar remove parte dos nutrientes presentes na pele. Abra a
cavidade abdominal e remova as entranhas. Guarde o papo/moela (em aves que
comem sementes), coração e fígado. Corte os pés. Cozinhe ferventando ou
grelhando em um espeto. Antes de cozinhar aves carniceiras, ferva-as por pelo
menos 20 minutos para matar os parasitas.
Esfolando e cortando animais
Sangre o animal cortando sua garganta. Se possível, limpe a carcaça
próximo a um rio. Coloque a barriga da carcaça para cima e corte a pele da
garganta ao rabo cortando ao redor de órgãos sexuais. Remova as glândulas de
almíscar (se presentes) (A e B na figura abaixo) para evitar a contaminação da
carne. Para animais menores, corte a pele ao redor do corpo, insira dois dedos
de cada lado e puxe.
NOTA: Quando cortando a pele, insira a lâmina da faca abaixo da pele e
gire a lâmina para cima, de forma a cortar de dentro para fora e garantir que só
a pele seja cortada. Isto também garantirá que os pelos não serão cortados e
depositados na carne.

134
Figura 60 Esfolando animais grandes

Figura 61 Esfolando animais pequenos

Remova as entranhas de animais pequenos partindo seu corpo ao meio


e puxando-as para fora com os dedos. Não se esqueça da cavidade torácica.
Para animais maiores, corte o esôfago do diafragma. Role as entranhas para
fora do corpo. Corte ao redor do ânus, alcance os intestinos por dentro e puxe
para remover. Remova a bexiga urinária beliscando as bordas com os dedos e
cortando abaixo deles. Se você derramar urina na carne, lave-a imediatamente
para evitar a contaminação da carne. Guarde o coração e o fígado. Corte-os e
inspecione em busca de vermes e parasitas. Verifique também a cor do fígado,
que pode indicar doenças no animal. A superfície do fígado deve ser lisa e
molhada e a cor vermelha escura ou roxo. Se o fígado parecer doente, descarte-
o. No entanto, um fígado doente não significa que a carne estará ruim.

135
Corte ao longo das pernas acima dos pés a partir do corte feito
anteriormente. Remova a pele puxando-a da carcaça e cortando o tecido
conjuntivo quando necessário. Corte a cabeça e os pés.
Note que para a utilização da pele para secagem e cura, os cortes devem
ser diferentes. Os cortes acima demonstrados arruínam o couro e são indicados
quando há apenas a necessidade de obtenção de alimentos
Corte animais grandes em pedaços menores. Primeiro, fatie o músculo
conectando as pernas dianteiras ao corpo. Não há ossos ou juntas conectando
as patas dianteiras ao tronco em animais quadrúpedes. Corte os quartos
traseiros onde eles se unem ao corpo. Você deverá cortar ao redor de um osso
grande no topo da perna e cortar a junta bola (cabeça do fêmur) e encaixe da
cintura pélvica. Corte os ligamentos ao redor da junta e dobre-a para trás para
separá-la. Remova os músculos grandes (o lombo) que se encontram de cada
lado da espinha dorsal. Separe as costelas da coluna. Há menos trabalho e
menos desgaste na sua faca se você quebrar as costelas primeiro e cortar nas
fissuras.
Ferva grandes pedaços de carne ou cozinhe-as em um espeto sobre o
fogo. Você pode fazer ensopados ou ferver pedaços menores, particularmente
aqueles que permanecerem presos aos ossos após o processamento inicial, em
forma de caldos ou sopas. Você pode cozinhar órgãos como coração, fígado,
pâncreas, baço e rins usando o mesmo método que para carne. Você também
pode cozinhar e comer o cérebro. Corte a língua, esfole-a, cozinhe-a até ficar
macia e coma-a.
Defumando carne
Para defumar a carne, prepare um invólucro ao redor do fogo. Dois
ponchos amarrados juntos são suficientes. O fogo não precisa ser alto ou
vigoroso. A intenção é produzir fumaça e calor, não chama. Não use madeira
resinosa pois a fumaça irá arruinar a carne. Use madeira de lei para produzir boa
fumaça. A madeira deve estar ligeiramente verde. Se estiver muito seca, molhe-
a. Corte a carne em fatias finas, não mais que 6mm de espessura e coloque-as
sobre uma armação. Certifique-se que os pedaços não se toquem. Mantenha os
ponchos fechados para manter a fumaça e fique atento ao fogo. Não deixe o
fogo esquentar demais. Carne defumada ao longo da noite desta maneira irá
durar 1 semana. Dois dias de defumação contínua irá preservar a carne por 2 a
4 semanas. Carne bem defumada irá parecer com um palito escuro, quebradiço
e retorcido e você poderá comê-la sem cozinhar novamente. Você também pode
usar um fosso para defumar a carne.

136
Figura 62 Defumador em tripé

Figura 63 Defumador em buraco

Secando carne
Para preservar a carne por secagem, corte tiras de 6mm no sentido da
fibra. Pendure as tiras de carne em uma armação em local ensolarado e com
bom fluxo de ar. Mantenha as tiras longe do alcance de animais. Cubra as tiras
para evitar moscas. Deixe a carne secar totalmente antes de comer. Carne seca
corretamente irá aparentar uma textura crocante e sequinha, não sendo fria ao
toque.

137
Outros métodos de preservação
Você também pode conservar carne através do congelamento, salmoura
ou uso de sal. Em climas frios, você pode congelar a carne e mantê-la
indefinidamente. Congelar não é um método de preparar a carne. Você ainda
precisará cozinha-la posteriormente. Você também pode conservar a carne
submergindo-a em água com sal. A solução deve cobrir totalmente a carne. Você
ainda pode usar sal diretamente na carne recobrindo-a totalmente com sal e
ainda combinando outros métodos junto a estes. Lembre-se de lavar a carne
para remover o excesso de sal. Este método geralmente requer grandes
quantidades de água em que se deixa a carne de molho por longos períodos,
descartando a água em seguida e repondo com água limpa diversas vezes.

138
Capitulo 9 – Plantas Utilizaveis

Após conseguir água, abrigo, carne ou peixes, você precisará procurar


por fontes de alimento vegetais. Em uma situação de sobrevivência, você deve
sempre estar à procura de plantas comestíveis e viver da terra sempre que
possível.
Não pense que você conseguirá viver vários dias sem alimento, como
muitas fontes sugerem. Até mesmo na mais estável situação de sobrevivência
em que você se encontrar, manter uma boa e equilibrada dieta te manterá
saudável, forte e te dará paz de espírito.
A natureza pode te suprir com alimentos que vão te permitir sobreviver a
qualquer provação, se você não comer a planta errada. Portanto, você deve
aprender o máximo possível sobre a flora local onde você estará operando.
Plantas também podem suprir você de remédios naturais em uma situação de
sobrevivência. Elas ainda podem prover substâncias para matar peixes,
preservar peles de animais e camuflar você e seu equipamento.
NOTA: Você encontrará ilustrações de plantas úteis e outros tópicos nos
apêndices no final deste livro.

Comestibilidade de plantas
Plantas são uma fonte valorosa de alimento, pois elas são amplamente
disponíveis, facilmente adquiridas e, nas quantidades certas, podem suprir todas
as suas necessidades nutricionais.
CUIDADO! O fator crítico para usar plantas como alimento é evitar
intoxicações acidentais. Coma aquelas plantas que você pode identificar
positivamente e que você saiba que são seguras para comer.
Identifique absolutamente todas as plantas que for comer. Muitas pessoas
já morreram envenenadas por cicuta por confundi-las com suas parentes, como
as cenouras selvagens e a pastinaca/chirívia.
Você pode se encontrar em uma situação de sobrevivência em que você
não teve a oportunidade de aprender sobre as plantas da região onde você está
operando. Neste caso, você pode usar o Teste de Comestibilidade Universal
para determinar quais plantas você pode comer e quais deve evitar.
É muito importante estar apto a reconhecer ambas as plantas cultivadas
e silvestres em uma situação de sobrevivência. A maior parte da informação
neste capítulo é direcionada a ajudar na identificação de plantas silvestres, pois
informações sobre plantas cultiváveis mais tradicionais estão à disposição em
qualquer lugar.
Considere as seguintes informações quando for escolher a planta que irá
comer:

139
• Plantas crescendo próximo à casas e construções ocupadas ou ao
longo de estradas podem ter sido borrifadas com pesticidas. Lave-as
vigorosamente. Em países mais populosos e com muitos automóveis,
evite as plantas ao longo de rodovias para evitar contaminação pelos
gases da exaustão dos veículos.
• Plantas crescendo em águas contaminadas ou águas contendo
Giardia lamblia e outros parasitas estarão também contaminadas.
Ferva-as ou utilize outro método de desinfecção.
• Algumas plantas desenvolvem toxinas de fungos extremamente
perigosas. Para reduzir as chances de intoxicação, não coma
nenhuma fruta que esteja apresentando sinais de apodrecimento ou
que apresente mofo ou fungos.
• Plantas da mesma espécie podem diferir em seus conteúdos tóxicos
ou subtóxicos devido a fatores genéticos ou ambientais. Um exemplo
disso são as folhas da cereja da Virgínia. Algumas destas plantas
possuem concentrações altíssimas de compostos cianídricos mortais,
mas outras possuem baixa concentração ou nenhum composto.
Cavalos morrem após ingerirem folhas murchas de cerejas silvestres.
Evite todas as ervas, folhas ou sementes com cheiro de amêndoas,
uma característica dos compostos cianídricos.
• Algumas pessoas são mais predispostas a dificuldades gástricas do
que outras. Se você for sensível desta forma, evite comer plantas
desconhecidas. Se você for extremamente sensível a hera venenosa,
evite todas as espécies da família, incluindo quaisquer partes de
mangas, cajus e sumagre.
• Algumas plantas silvestres comestíveis, como as bolotas e rizomas de
ninfeias-brancas são amargas. Estas substâncias amargas,
geralmente compostos de taninos, as fazem pouco palatáveis. Fervê-
las em várias trocas de água geralmente reduz o sabor amargo.
• Muitas plantas silvestres importantes possuem altas concentrações de
compostos de oxalato, também conhecido como ácido oxálico.
Oxalatos produzem uma sensação aguda e de queimação na boca e
garganta e podem danificar os rins. Assar, grelhar ou secar o alimento
geralmente destrói o oxalato. O bulbo de plantas da família das
aráceas também possuem cristais de oxalato e é preciso assar ou
secar lentamente antes de comer.
CUIDADO! Não coma cogumelos em uma situação de sobrevivência a
menos que você possa identifica-los com precisão. Não há espaço para
experimentação e dúvida. Alguns cogumelos possuem toxinas letais e muitos
causam sintomas após vários da ingestão, tornando irreversível a intoxicação.

140
Identificação de plantas
Você identifica plantas, ao invés de memorizar todas as particularidades
de uma espécie, através de fatores e características como a forma, margens e
arranjo das folhas, estrutura da raiz, etc.
As folhas das plantas são basicamente denteadas, lobadas e lisas (sem
dentes).

Figura 64 Tipos de folhas

As folhas também podem ser em formato de lança, elípticas, em formato


de ovo, oblongas, em forma de cunha, pontudas, em forma de balão ou
triangulares.

141
Figura 65 Formatos de folhas

Os tipos básicos de arranjos das folhas são: opostas, alternadas,


compostas, simples e roseta (roseta basal).

Figura 66 Disposição de folhas

Os tipos básicos das estruturas de raízes são: raiz ereta, tubérculo, bulbo,
rizoma, em dentes, coroa e bulbotubérculo.
142
Figura 67 Tipos de raízes

Aprenda o máximo que puder sobre as características únicas da planta


que você pretende usar para comer. Algumas plantas possuem partes
comestíveis e partes tóxicas. Algumas são comestíveis apenas em certas partes
do ano ou do seu crescimento. Outras possuem “primas” venenosas que se
parecem muito com as versões comestíveis.

Teste de Comestibilidade Universal


Existem muitas plantas ao redor do mundo. Provar ou engolir pequenas
partes de algumas pode ocasionar em desconfortos, desordens internas graves
e talvez até mesmo a morte. Portanto, se você tiver a mínima dúvida sobre a
comestibilidade de uma planta, você pode aplicar o Teste de Comestibilidade
Universal antes de comer uma porção da planta.
1. Teste apenas uma parte da planta por vez.
2. Separe a planta em seus componentes básicos – folhas, caules,
raízes, flores e embriões/frutos.
3. Cheire a planta em busca de odores fortes ou ácidos. Lembre-se que
cheirar apenas não indica que a planta é comestível.
4. Não coma nada por 8 horas antes de começar o teste.
5. Durante as 8 horas de jejum, teste a irritação por contato colocando
uma parte da planta que você está testando na parte de dentro do seu
cotovelo ou pulso. Geralmente reações alérgicas aparecem em 15
minutos.

143
6. Durante o período de teste, não ingira nada além de água desinfetada
e a parte da planta que você está testando.
7. Selecione uma pequena porção de uma única parte da planta e
prepare-a da maneira como você pretende consumi-la posteriormente.
8. Antes de colocar o alimento preparado na boca, toque uma pequena
parte dele (pitada) na parte externa do seu lábio por alguns minutos
para verificar a presença de ardência ou coceira.
9. Após 3 minutos, se não houver reação no lábio, coloque aquela pitada
da planta em sua língua e aguarde 15 minutos.
10. Se não houver reação, mastigue totalmente a pequena porção da
planta e aguarde 15 minutos. Não engula.
11. Se não aparecerem sintomas de queimação, coceira, pungência,
entorpecimento ou outras irritações durante os 15 minutos, engula a
comida.
12. Aguarde por 8 horas. Se algum efeito de doença ou mal-estar surgir
durante este prazo, induza o vômito e beba bastante água.
13. Se nenhum efeito prejudicial, de mal-estar ou doença aparecer
durante as 8 horas após a ingestão, coma ¼ (um quarto) de xícara do
alimento que você preparou e aguarde mais 8 horas.
14. Se nenhum efeito prejudicial, de mal-estar ou doença aparecer após
estas outras 8 horas, a parte desta planta preparada desta maneira
é segura para se comer.
CUIDADO! Teste todas as partes da planta individualmente, pois algumas
plantas possuem partes comestíveis e não comestíveis. Não considere que toda
a planta é segura para se comer se uma de suas partes for boa. Não considere
que uma parte de uma planta cozida segura (ou preparada de alguma forma)
seja também segura quando crua. Além disso, a mesma parte de uma mesma
planta pode apresentar sintomas diferentes em indivíduos diferentes.
Antes de testar pela comestibilidade da planta, certifique-se que há
plantas suficientes para fazer o teste valer o tempo e esforço gastos em sua
realização. Cada parte da planta necessita mais de 24 horas para ser testada,
portanto não desperdice seu tempo testando plantas que não são abundantes
na área.
Lembre-se: comer grandes porções de plantas com estômago vazio
podem causar diarreia, náusea ou cólicas. Dois bons exemplos disso são as
maçãs verdes e cebolas silvestres. Mesmo após testar a planta e verificar que é
segura para comer, coma com moderação.
Você pode ver a partir dos passos e tempo envolvido em testar a
comestibilidade da planta, o quão importante é saber identificar plantas
comestíveis.
Para evitar plantas potencialmente venenosas, evite plantas silvestres
desconhecidas que possuam:

144
• Seiva leitosa ou descolorida.
• Feijões, bulbos ou sementes dentro de vagens.
• Sabor amargo ou de sabão.
• Espinhos, pelos finos ou ganchos.
• Folhagem que lembre cenouras, nabo, endro (ou aneto) ou salsinha.
• Um cheiro de amêndoas nas partes lenhosas ou folhas.
• Cabeça dos grãos com esporas/picos róseas, roxas ou pretas.
• Um padrão de crescimento com três folhas.
Usando os critérios de exclusão acima antes de fazer o Teste de
Comestibilidade Universal, você irá eventualmente filtrar plantas comestíveis.
Mais importante que isso é que com estes critérios você evitará comer plantas
que são potencialmente venenosas e tóxicas ao ingerir ou até mesmo tocar.
Uma enciclopédia inteira de plantas comestíveis poderia ser escrita, mas
tempo e espaço limitam o número de plantas que serão apresentadas aqui.
Aprenda o máximo que puder sobre as plantas da região onde você vai operar,
por onde você se desloca com frequência e onde vive. Abaixo seguem algumas
plantas que são comestíveis ou que possuem efeitos medicinais. Fotografias e
descrições detalhadas seguem nos apêndices ao final do livro.

Plantas de clima temperado


Amaranto/Caruru (Amaranths Carvalho (Quercus sp.)
retroflex)
Caqui (Diospyros virginiana)
Araruta (Sagittarius sp.)
Tanchagem (Plantago sp.)
Aspargo (Asparagus officials)
Uva-de-rato (Phytolacca americana)
Faia (Fagus sp)
Opúncia (Opuntia sp.)
Amoras-silvestres (Rubus sp.)
Beldroega (Portulaca oleracea)
Mirtilo (Vaccinium sp.)
Sassafrás (Sassafra albidum)
Bardana (Arctium lappa)
Acetosela (Rumex acetosella)
Taboas (Typha sp.)
Morangos (Fragaria sp.)
Castanheira-portuguesa (Castanea
Cardo (Cirsium sp.)
sp.)
Lótus/Ninféia/Nenúfar (Nuphar sp. e
Chicória (Cichorium esculentus)
Nelumbo sp., etc.)
Dente-de-leão (Taraxacum
Cebolas e Alhos (Allium sp.)
officinale)
Rosa canina ou rosa-mosqueta ou
Lírios “de um dia” (Homerocallis
ainda rosa silvestre (Rosa sp.)
fulva)
Oxalis (Oxalis sp.)
Urtiga (Urtica sp.)
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Plantas de clima tropical
Bambu (Bambusa sp. e outras) Manga (Mangifera indica)
Banana (Musa sp.) Palmeira (várias espécies)
Fruta-pão (Artocarpus incisa) Mamão (Carica sp.)
Cuja e sua castanha (Anacardium Cana-de-açúcar (Saccharum
occidental) officinarum)
Coco (Cocoa nucifera) Taro (Colocasia sp.)

Plantas de clima desértico


Acácia-amarela (Acacia farnesiana) Tâmara (Phoenix dactylifera)
Agave (Agave sp.) Caruru/Amaranto (Amaranthus
palmeri)
Cactos (várias espécies)

Algas marinhas
Uma planta que você nunca deve ignorar é a alga marinha. É uma forma
de alga que cresce na costa dos oceanos. Há também algumas versões de água
doce. Algas são uma fonte valiosa de iodo, vários minerais e Vitamina C.
Grandes quantidades de algas em um sistema digestivo não acostumado pode
causar efeitos laxativos severos. Abaixo listamos as várias algas comestíveis.
Quando for pegar algas para comer, encontre plantas vivas presas às
rochas ou flutuando livres. Algas na areia da praia secando estragam
rapidamente. Você pode secar algas recém-colhidas para usar mais tarde.
Diferentes tipos de algas devem ser preparados de maneiras diferentes.
Você pode secar algas finas ou grossas ao sol ou sobre o fogo até ficarem
crocantes. Triture e adicione-as a caldos e sopas. Ferva algas grossas/espessas
por um curto período até amaciarem. Coma-as como salada ou junto de outros
alimentos. Você pode comer outras variedades depois de fazer o teste de
comestibilidade.
Algas comestíveis
Dulce (Palmaria palmata) Algas vermelhas (Porphyra sp.)
Alface-do-mar (Ulva lactuca) Algas marrons (Sargassum
fulvellum)
Musgo-do-mar (Chondrus crispus)
Alga doce (Laminaria saccharina)
Alaria (Alaria esculenta)

146
Preparação de plantas para comer
Apesar de que algumas plantas ou partes destas são comestíveis cruas,
você deve preparar algumas delas para serem comestíveis ou palatáveis.
Comestível significa que a planta irá prover os nutrientes necessários e palatável
significa que terá sabor agradável ou pelo menos neutro ou suportável. Muitas
plantas silvestres são comestíveis, mas raramente palatáveis. É importante
saber preparar, além de identificar plantas para comer.
Métodos usados para melhorar o sabor de plantas incluem deixar de
molho, ferver, cozinhar e filtrar. Filtrar ou lixiviar consiste em macerar/triturar a
planta, colocar em um filtro ou similar e por água quente sobre ela ou colocar em
água corrente.
Ferva folhas, caules/talos e botões até ficarem macios. Trocando a água
se necessário, inclusive, para remover o amargor.
Ferva, asse ou grelhe tubérculos e raízes. Secar ajuda a remover oxalatos
cáusticos de algumas raízes como as da família Arum (Aráceas).
Filtre bolotas em água se necessário, para remover o amargor. Algumas
nozes e castanhas como as castanhas-portuguesas são boas cruas, mas tem
melhor sabor se grelhadas.
Você pode comer vários grãos e sementes cruas antes de amadurecerem.
Quando eles estão duros ou secos, você talvez precise de ferver ou moê-los em
forma de farinha ou fubá.
A seiva de muitas árvores, como o bordo, bétulas, nogueira e figueira-
doida contém açúcar. Você pode ferver estas seivas em um xarope para adoçar
alimentos. É preciso 35 litros de seiva de bordo para produzir 1 litro de xarope
de bordo que contém vários minerais e nutrientes.

Plantas Medicinais
Para usar plantas como remédios é preciso identifica-las positivamente
assim como para comer. O uso apropriado dessas plantas também é importante.
Termos e definições
Os seguintes termos e definições são associados ao uso de plantas
medicinais:
Cataplasma
Isto são folhas ou outras partes da planta esmagadas e possivelmente
aquecidas que são aplicadas a um ferimento ou úlcera diretamente ou envolto
em papel ou tecido. Cataplasmas quando quentes aumentam a circulação na
área afetada e ajudam a absorção do medicamento acelerando a cura. À medida
que o cataplasma seca, ele extrai as toxinas do ferimento. Um cataplasma deve

147
ser preparado com a consistência de um purê de batatas e aplicados tão quentes
quanto o paciente aguentar.
Infusão ou chá
Esta solução é a preparação de ervas medicinais para uso interno ou
aplicação externa. Você coloca uma pequena quantidade da erva em um
recipiente e adiciona água quente sobre ele. Deixe a infusão descansar tampada
ou não por algum tempo antes de usar. Cuidado para não administrar grande
quantidade do chá no começo do tratamento uma vez que podem ocorrer
reações adversas em um estômago vazio.
Decocção
Este extrato é o resultado de um chá fervido até o fim de uma raiz ou folha
de erva. Você adiciona a folha ou raiz à água e ferve para soltar as substâncias
na água. Você pode ainda usar mais uma quantidade de água e deixar ferver até
reduzir novamente. A média é usar de 30 a 60g de erva para cada 500mL de
água.
Suco espremido
São os líquidos ou seiva da planta espremidos diretamente sobre um
ferimento ou transformados em outro medicamento.
Muitos medicamentos naturais funcionam mais lentamente que os
industriais. Portanto, comece com doses pequenas e dê tempo para que eles
façam efeito. Naturalmente alguns medicamentos vão fazer efeito mais rápido
do que outros. Muitos desses tratamentos são explicados mais detalhadamente
no Capítulo 4.
Medicamentos específicos
Os seguintes medicamentos devem ser usados apenas em uma situação
de sobrevivência. Não os utilize rotineiramente pois alguns podem ser
potencialmente tóxicos a longo prazo e causar sérios problemas como por
exemplo câncer.
Diarreia: Esta pode ser uma das mais debilitantes situações num
ambiente de sobrevivência ou para um prisioneiro de guerra ou pessoa
sequestrada. Beba chás feitos com raízes de amoras silvestres ou suas parentes
para parar a diarreia. Casca de carvalho branco e outras cascas contendo
taninos são também muito efetivas se usadas como chás fortes. Porém, devido
a possibilidade de efeitos prejudiciais nos rins, use estes métodos com cautela
e somente quando nada mais estiver disponível. Argila, cinzas, carvão, giz
pulverizado, ossos pulverizados e pectina podem ser consumidos ou misturados
em um chá de ácido tânico para melhores resultados. Essas misturas
pulverizadas devem ser usadas em uma dose de duas colheres de sopa a cada
2 horas. Argila e pectina podem ser misturadas para formar uma solução
antidiarreica (equivalente a um Pepto Bismol® rústico). Pectina pode ser obtida

148
na parte interna da casca de frutas cítricas ou do bagaço de maçã. Chá feito com
oxicoco (cranberry) ou folhas de avelãs funcionam também. Devido aos perigos
de alguns destes métodos em um organismo já debilitado e subnutrido de um
sobrevivente, vários destes métodos devem ser tentados simultaneamente para
parar a diarreia, que pode rapidamente desidratar até um indivíduo saudável.
Sangramentos: Prepare medicamentos para parar sangramentos a partir
de folhas de tanchagem ou, melhor que isso, das folhas de milefólio (Achillea
millefolium). Estes fornecem basicamente uma barreira física ao sangramento.
A opúncia (a parte descascada e crua) ou hamamélia podem ser aplicadas em
ferimentos. Ambas são ótimas por seu efeito adstringente (que causa
vasoconstrição). Para sangramentos gengivais ou aftas, liquidâmbar pode ser
mastigada ou usada como palito de dente. Ela contém propriedades químicas e
antissépticas.
Antissépticos: Use-os para limpar ferimentos, picadas de serpentes,
úlceras ou erupções cutâneas. Você pode produzir antissépticos do suco de alho
ou cebola silvestre espremido, do suco espremido de folhas de beldroega ou
folhas maceradas de acetosela (azedinha) (Rumex sp.). Você ainda pode fazer
antissépticos a partir da decocção da raiz de bardana, folhas ou raízes de malva,
ou casca de carvalho branco (ácido tânico). Opúncia, ulmeiro, milefólio e
liquidâmbar podem ser usados como antissépticos também. Todos estes
medicamentos são para uso externo apenas. Duas opções boas de antissépticos
são o mel e o açúcar. Açúcar deve ser aplicado ao ferimento até que ele comece
a melar, então deve ser lavado e reaplicado. Mel pode ser aplicado até três vezes
ao dia (ver Capítulo 4). Mel é o melhor dos antissépticos para feridas abertas e
queimaduras e açúcar o segundo melhor.
Febre: Trate as febres com o chá feito de casca de salgueiro (que contém
salicina), uma infusão de folhas ou frutos de sabugueiro, chá de flor de tília e
decocção de casca de ulmeiro ou álamo. Chá de milefólio ou de hortelã-pimenta
também são ótimos contra febre.
Resfriados e aftas na garganta: Trate essas condições com uma
decocção feita de folhas de tanchagem ou casca de salgueiro. Você também
pode usar o chá feito de raízes de bardana, flores e raízes de malva ou verbasco
ou folhas de milefólio ou hortelã.
Analgésicos: Externamente utilize cataplasmas de tanchagem, beldroega,
casca de salgueiro, alho ou acetosela (azedinha). Liquidâmbar também possui
algumas substâncias analgésicas. Mastigar a casca do salgueiro ou fazer um
chá com ela é a melhor opção para redução de dores (salicina vira ácido salicílico
no organismo que é o precursor do ácido acetilsalicílico, princípio ativo da
Aspirina®). Você também pode fazer bálsamos misturando estas plantas
maceradas em gordura animal ou óleos vegetais.
Anti-histamínicos e alergias: Alivie a coceira de uma picada de inseto,
queimadura de sol ou urticária de alguma planta aplicando um cataplasma de
149
maria-sem-vergonha (Impatiens biflora) ou folhas de hamamélia (Hamamelis
virginiana) que aliviam dando uma sensação refrescante e secando o local. O
suco espremido de maria-sem-vergonha também ajudará quando aplicado em
picadas de insetos ou erupções cutâneas causadas por hera venenosa. Maria-
sem-vergonha ou babosa (Aloe vera) também são ótimas para tratar
queimaduras de sol. Em adição a isso, seiva de dente-de-leão, dentes de alho
esmagados e liquidâmbar também são eficazes. Folhas esmagadas de bardana
são moderadamente eficazes em alguns casos. Porém, folhas verdes
esmagadas de tanchagem apresentam efeito após alguns dias. Maria-sem-
vergonha é provavelmente a melhor dessas plantas. Tabaco irá dessensibilizar
os nervos locais e pode ser usado para dores de dente.
Sedativos: Para cair no sono mais facilmente, use chás de folhas de
hortelã, folhas de maracujá ou flores de lavanda.
Hemorroidas: Trate-as com enxagues externos usando chá de casca de
olmo ou casca de carvalho, suco espremido de folhas de tanchagem ou com
decocção de raiz de selo-de-salomão. Ácido tânico ou hamamélia irão promover
um alívio calmante devido a suas propriedades adstringentes.
Erupção cutânea (rash): Ácido tânico ou hamamélia vão promover alívio
calmante devido a suas propriedades adstringentes. Amido de milho ou qualquer
planta não venenosa triturada em forma de farinha irá ajudar a secar uma
erupção cutânea após limpeza completa.
Constipação: Alivie a constipação bebendo chá de dente-de-leão, frutos
de rosa canina ou casca de nogueira. Comer flores cruas de lírios-de-um-dia
também pode ajudar. Grandes quantidades de líquidos, seja chá ou água ou
outra maneira também ajuda a aliviar a constipação.
Anti-helmínticos: A maioria dos tratamentos para parasitas intestinais são
tóxicos – apenas ligeiramente mais tóxico para os parasitas que para humanos.
Portanto, todos os tratamentos devem ser usados com moderação. Tratamentos
incluem o uso de chá feito de catinga-de-mulata (Tanacetum vulgare) ou de
folhas de cenoura silvestre (venenosa). Soluções bem concentradas de ácido
tânico também podem ajudar, mas devem ser usadas com cuidado devido aos
danos ao fígado. Veja o Capítulo 4 para mais opções.
Antigases: Use o chá de sementes de cenoura ou chá de folhas de hortelã
para acalmar o estômago.
Antifúngicos (enxágues): Faça uma decocção de folhas de nogueira,
casca de carvalho ou bolotas para tratar micoses ou pé-de-atleta. Aplique
frequentemente ao local, alternando com exposição direta à luz do sol.
Tanchagem de folhas largas também tem sido usada com sucesso. Mas todos
os tratamentos devem ser usados em combinação com exposição à luz do sol,
se possível. Maria-sem-vergonha e vinagre são excelentes enxágues para
micoses mas podem ser mais difíceis de encontrar.

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Queimaduras: Ácido tânico, açúcar e mel podem ser usados como
explicado no Capítulo 4.
Dentifrícios (produtos para limpar os dentes): Veja o Capítulo 4 para
outras técnicas em adição ao uso de gravetos de liquidâmbar por sua ação anti-
inflamatória, analgésica e antisséptica.
Repelentes de insetos: Alho e cebola podem ser comidos e esfregar a
planta crua na pele pode ajudar a repelir insetos. Folhas de sassafrás podem ser
esfregadas na pele. Pedaços de casca de cedro também podem ajudar a repelir
insetos ao redor de seu abrigo. Esfregue flores de lavanda diretamente na pele.
Citronela, erva-de-gato, cascata-gerânio, hortelã, manjericão, crisântemo e
alecrim também têm efeitos repelentes.
Ácido tânico: A solução desta substância possui diversas funções
medicamentosas e, por isso, saber obtê-la é importante. Toda planta fibrosa,
especialmente árvores, possuem ácido tânico/taninos. Madeira-de-lei
geralmente contém mais do que madeiras macias. Das madeiras-de-lei, o
carvalho, especialmente o carvalho vermelho e a castanha-portuguesa são os
que mais contêm. Os nós verrugosos nos troncos dos carvalhos podem conter
até 28% mais ácido tânico. Este nó, a casca interna das árvores e agulhas de
pinheiro (cortadas em tirinhas de 2cm) podem ser fervidas para extrair ácido
tânico. Fervura pode ser feita por 15 minutos (fraco), 2 horas (moderado) ou 3
dias (muito forte). As decocções mais fortes vão possuir uma cor mais escura
que vai variar dependendo da árvore. Todas vão possuir um sabor mais forte,
amargo e ruim, proporcionalmente à concentração de ácido tânico.
Usos diversos de plantas
Plantas podem ser suas aliadas desde que você saiba usá-las com
cautela. Certifique-se de que você conheça a planta e saiba usá-la. Algumas
plantas adicionais podem ser utilizadas conforme a seguir:
• Faça corantes/tinturas a partir de várias plantas para tingir qualquer coisa
ou pintar sua pele e se camuflar. Geralmente você precisará ferver as
plantas para obter melhores resultados.
• Cascas de cebolas e açafrão produzem amarelo, cascas de nozes e pó
de café produzem marrom e uva-de-rato e jabuticaba produzem cor roxa.
Urucum e cenoura produzem laranja. Beterraba e amoras, vermelho.
Folhas verdes em geral produzem o verde em tons diversos. Geralmente
o processo envolve macerar e misturar a massa com um pouco de água
quente para extrair os corantes e depois espremer o material através de
um pano para extrair apenas o líquido corante. Quanto mais água você
usar mais diluída ou aquarelada ficará a tinta.
• Faça cordas e amarras a partir de fibras vegetais. Os materiais mais
utilizados são talos de urtiga e serralha/asclepia. Tenha cuidado pois
algumas plantas possuem seiva leitosa tóxica. Sisal e pita (Yucca sp.) são
também ótimas opções ou a casca interna de tília. Os métodos mais

151
convencionais consistem em esmagar as tiras de cascas, fibras ou folhas
geralmente utilizando pedras ou batendo a parte da planta vigorosamente
contra o tronco de uma árvore. Desta forma você irá separar as fibras
individualmente. Para que a corda tenha resistência é importante deixar o
material secar, no entanto, para trançar a corda, é mais fácil com as fibras
úmidas. Posicione duas tiras lado a lado ou dobre uma tira de fibra ao
meio. Em qualquer dos casos, uma das tiras deve ficar mais comprida que
a outra. Torça uma fibra individual em um sentido (por ex. sentido horário)
e, em seguida, gire ambas em conjunto no sentido oposto (por ex. sentido
anti-horário). Em seguida, faça o mesmo com a outra tira que você não
havia torcido e repita o processo inúmeras vezes. O objetivo é girar as
tiras em um sentido e o conjunto no sentido oposto para que não
desenrole. Isto produzirá cordas de tamanhos diversos, baseado na
espessura da fibra que você usar. Você também pode trançar cordas finas
em cordas mais grossas, mas esse processo geralmente é mais difícil.
• Faça iscas de fogo usando a ponta fibrosa da taboa, casca de cedro, nós
menores de pinheiros ou seiva endurecida (cristalina/vítrea) de árvores
resinosas como pinheiros.
• Faça isolamento, acolchoamento ou travesseiros usando pontas fibrosas
de taboas ou serralha/asclepia.
• Faça repelentes colocando sassafrás ou queimando/esfregando as fibras
de taboas. Esfregando flores de lavanda, citronela, alecrim, etc.
Ao usar plantas como alimento, medicamento ou na construção de abrigos e
ferramentas, você deve sempre identificar corretamente a planta para evitar
envenenamentos e outros perigos.

152
Capitulo 10 – Plantas Venenosas

As plantas tóxicas, muitas das quais são ornamentais, podem ser


encontradas em jardins, quintais, parques, vasos, praças, terrenos baldios.
Algumas dessas plantas são bastante conhecidas e bonitas, mas quando
colocadas na boca ou manipuladas, podem causar graves intoxicações,
principalmente em crianças menores de 5 anos.
Medidas Preventivas:
• Mantenha as plantas venenosas fora do alcance das crianças.
• Conheça as plantas venenosas existentes no local onde você estiver
operando, nos trajetos que você faz e em sua casa e arredores pelo
nome e características.
• Ensine as crianças a não colocar plantas na boca e não as utilizar
como brinquedos (fazer comidinhas, tirar leite, etc).
• Não prepare remédios ou chás caseiros com plantas sem ter certeza
da identificação da mesma.
• Não coma folhas e raízes desconhecidas. Lembre-se que não há
espaço para envenenamento em um ambiente de sobrevivência. Nem
sempre o cozimento elimina a toxicidade da planta. Além disso o teste
de comestibilidade é demorado e geralmente você não terá tempo ou
estará necessitando alimentos com mais urgência do que 24 horas de
testes lhe permitem.
• Tome cuidado ao cortar as plantas que liberam látex e provocam
irritação na pele, principalmente nos olhos; evite deixar os galhos em
qualquer local onde possam vir a ser manuseados por crianças do
grupo; quando estiver lidando com plantas venenosas use luvas se
possível e lave bem as mãos após esta atividade. Em caso de
acidente, trate imediatamente todos os sintomas.

Como as plantas envenenam


Contato – Tocar a planta com a pele causará irritações, erupções
cutâneas ou dermatite.
Ingestão – Comer a planta causará os efeitos da intoxicação relativos a
ela.
Absorção ou inalação – Isto acontece quando a pessoa absorve o veneno
através da pele ou inala vapores e gases liberados pela planta.
Envenenamento por plantas variam de irritações menores até morte. Uma
pergunta comum é: O quão venenosa é esta planta?” É difícil responder a esta
questão, pois:

153
• Algumas pessoas requerem uma grande quantidade de contato antes
de apresentarem os sintomas, ao passo que outras pessoas podem
até morrer mediante pequeno contato.
• Toda planta possuirá diferentes quantidades de veneno devido a
fatores de crescimento relacionados ao ambiente e fatores genéticos.
• Cada pessoa possui diferentes níveis de resistência a substâncias
tóxicas diversas.
• Algumas pessoas podem ser particularmente mais sensíveis a
determinadas substâncias do que outras.
Alguns erros comuns relacionados a plantas venenosas são:
• Observe os animais e coma o que eles comem: A maior parte do
tempo isto é verdade. Porém, alguns animais conseguem comer
plantas que são venenosas para humanos.
• Ferva a planta para remover o veneno: Ferver remove vários venenos,
mas não todos.
• Plantas com coloração vermelha são venenosas: Algumas plantas que
são vermelhas são venenosas, mas não todas.
O ponto aqui é que não há uma regra rígida para ajudar a identificar
plantas venenosas. Você deve se esforçar para aprender sobre elas o máximo
que puder.

Tudo sobre plantas


Muitas plantas venenosas se parecem exatamente como suas parentes
não-venenosas. Por exemplo, cicuta venenosa se parece muito com cenouras
selvagens. A mandioca-brava e a taioba-brava são praticamente indistinguíveis
de suas parentes não-tóxicas. Algumas plantas são seguras para se comer em
certas partes do ano. Outras são seguras para se comer em certos estágios de
seu crescimento e, então, venenosas em outros estágios. Por exemplo, folhas
de uva-de-rato/caruru-de-cacho são comestíveis no início do seu crescimento,
mas logo se tornam venenosas. Outas plantas e frutas só podem ser comidas
quando estão totalmente maduras. Por exemplo, a fruta madura de mandrágora
é comestível e as outras partes da planta e a fruta verde são venenosas.
Algumas plantas possuem partes comestíveis e venenosas ao mesmo tempo,
batatas e tomates são alimentos comuns, mas suas partes verdes são
venenosas.
Algumas plantas se tornam venenosas após murcharem. Por exemplo,
quando a cereja preta começa a murchar ela libera ácido cianídrico. Métodos de
preparação específicos tornam algumas plantas comestíveis, quando são
venenosas cruas. Você pode comer fatias bem finas e totalmente secas (secar
pode levar até um ano) do receptáculo de asclépias que são venenosas se não
preparadas desta forma específica.

154
Aprenda a identificar e usar plantas antes de uma situação de
sobrevivência. Algumas fontes de informações sobre plantas são panfletos,
livros, filmes, revistas, trilhas e excursões, jardins botânicos, mercados locais
(feiras) e populações nativas e indígenas. Reúna informações e faça referências
cruzadas sobre elas com o máximo de fontes possíveis, pois muitas fontes
podem não conter toda a informação necessária.

Regras para evitar plantas venenosas


A melhor política a se adotar é saber identificar a planta só de vê-la e
conhecer seus perigos. Muitas vezes, certeza absoluta não é possível. Se você
possuir pouco ou nenhum conhecimento da vegetação local, use as regras para
selecionar as plantas para fazer o Teste de Comestibilidade Universal.

Dermatite de contato
Dermatite de contato por plantas geralmente causará os maiores
problemas no campo. Os efeitos podem ser persistentes, espalhar através da
coceira e serem particularmente perigosos se há contato ao redor dos olhos.
A principal toxina que as plantas usam é geralmente óleo que impregna
na pele mediante contato com a planta. O óleo também pode ficar no seu
equipamento e então infectar quem quer que toque o equipamento. Nunca
queime uma planta que causa envenenamento por contato, pois a fumaça pode
ser perigosa tanto quanto a planta. Você tem um perigo maior de ser intoxicado
quando você está superaquecido ou transpirando muito. A infecção pode ser
local ou espalhar pelo corpo.
Sintomas podem variar de poucas horas a vários dias para aparecerem.
Sintomas incluem queimaduras, vermelhidão (rubor), aquecimento (calor),
coceira (prurido), inchaço (tumor), dor e bolhas.
Quando você realiza seu primeiro contato com a planta ou quando os
primeiros sintomas aparecerem, tente remover a substância oleosa lavando com
água fria e sabão. Se não houver água disponível, esfregue sua pele com areia
ou terra. Não use terra se você tiver bolhas. A terra pode estourar as bolhas e
abrir portas para infecções. Após remover o óleo da pele, seque a área. Você
pode lavar com uma solução de ácido tânico e esmagar ou esfregar maria-sem-
vergonha na área afetada para tratar as erupções cutâneas que podem vir a
aparecer.
Plantas venenosas que causam dermatite de contato:
Feijão-da-flórida Sumagre venenoso Rengas (Gluta
renghas)
Hera venenosa Lianas grandes
Carvalho venenoso

155
Envenenamento por ingestão
Este tipo de intoxicação pode ser muito perigosa e levar à morte
rapidamente. Não coma plantas a menos que você saiba identifica-las com
precisão antes. Mantenha um registro/diário de todas as plantas ingeridas.
Sintomas de envenenamento por ingestão incluem náusea, vômitos,
diarreia, dor abdominal, cólicas abdominais, batimentos cardíacos reduzidos,
respiração reduzida, dores de cabeça, alucinações, boca seca, inconsciência,
coma e morte.
Se você suspeita de envenenamento por plantas, tente remover o material
tóxico da boca e estômago da vítima assim que possível. Se a vítima estiver
consciente, induza vômito enfiando o dedo no fundo da garganta ou fazendo-a
beber água com sal quente. Se a vítima estiver consciente, dilua o veneno
administrando grandes quantidade de líquidos.
As seguintes plantas podem causar envenenamento por ingestão:
Mamona Cicuta Bico-de-papagaio
Amargoseira Ervilha-do-rosário Copo-de-leite
Zigadenus Fava-de-santo-inácio Avelós
(Zigadenus (estricnina)
Cinamomo
venenosus)
Mandioca-brava
Aroeira
Lantana
Taioba-brava
Saia-branca
Mancenilheira
Tinhorão
Espirradeira
Oleandra
Chapéu-de-napoleão
Urtiga
Purgueira
Comigo-ninguém-
Jatropa pode
Veja os apêndices para fotos e descrições de plantas venenosas.

156
Capitulo 11 – Animais Perigosos

O perigo dos animais é menor que outros fatores do meio ambiente.


Contudo, o bom senso lhe diz para evitar encontros com leões, ursos, onças e
outros animais grandes ou perigosos. Você também deve evitar encontros com
grandes animais ruminantes, e com chifres grandes, cascos ou que sejam muito
pesados. Ter cuidado ajuda a prevenir encontros indesejados. Não atraia
predadores deixando comida espalhada pelo acampamento. Cuidadosamente
observe o ambiente antes de entrar em florestas ou na água.
Animais menores geralmente representam os maiores perigos do que
animais grandes. Para compensar por seu tamanho, a evolução lhes deu armas
como presas, ferrões e veneno para se defenderem. A cada ano, menos pessoas
são atacadas por tubarões, ursos ou jacarés. A maioria destes ataques é culpa
da vítima. No entanto, a cada ano mais pessoas morrem de mordidas de cobras
e serpentes venenosas, relativamente pequenas, do que de ataques de animais
grandes. Estes animais menores são os que você provavelmente vai encontrar
à medida que você involuntariamente adentra seus territórios ou tropeça em um.
Manter a cabeça baixa e prestar atenção no ambiente ao seu redor vai te
manter vivo se você tomar algumas medidas de segurança. Não deixe a
curiosidade ou descuido matar ou ferir você.

Insetos e aracnídeos
Insetos, exceto as centopeias, possuem seis patas (3 pares), aracnídeos
possuem oito (4 pares). Todas essas pequenas criaturas se tornam pragas
quando elas ferroam, picam ou irritam você.
Apesar de que os venenos delas podem ser muito dolorosos, abelhas,
vespas e marimbondos raramente irão matar uma pessoa que não seja alérgica
àquela toxina particular. Até mesmo as aranhas mais perigosas raramente
matam e os efeitos das doenças transmitidas pelo carrapato são lentos. Porém,
em todos os casos, evitar estes contatos é a melhor defesa. Em ambientes onde
sabidamente existem aranhas e escorpiões, cheque suas botas, roupas, saco de
dormir e barraca todas as manhãs e quando for dormir. Tenha cuidado ao
manusear troncos e pedras. Veja os apêndices para exemplos, imagens e
descrições de insetos e aracnídeos.
Escorpiões
Você encontrará escorpiões em desertos, selvas e florestas tropicais,
subtropicais e áreas temperadas mais quentes do mundo. Eles possuem,
geralmente, hábitos noturnos. Escorpiões de deserto variam do nível do mar no
Vale da Morte (Califórnia-EUA) até elevações de até 3600m nos Andes (Chile,
Peru, etc.).
Geralmente marrons ou pretos em sua maioria, podem ser amarelos ou
verdes nos desertos. Seu tamanho médio é de 2,5cm e alguns podem chegar a
157
20cm de comprimento nas selvas da América Central, Nova Guiné e Sul da
África. Fatalidades envolvendo escorpiões são raras, mas podem ocorrer em
crianças, idosos e pessoas doentes. Escorpiões parecem pequenas lagostas
com uma cauda elevada e segmentada e um grande ferrão na ponta. A natureza
imita os escorpiões na forma de amblipígios e escorpiões-vinagre. Estes são
inofensivos e têm uma cauda parecida com um fio ou chicote ao invés da cauda
segmentada e com o ferrão dos escorpiões verdadeiros.
Aranhas
A aranha marrom reclusa ou aranha violinista (Loxosceles reclusa), na
América do Norte é reconhecida por um desenho proeminente de um violino nas
suas costas. Como o nome sugere, esta aranha gosta de se esconder em
lugares escuros. Apesar da picada ser raramente fatal, ela pode causar
excessiva degeneração tecidual ao redor da ferida, levando a amputações de
dedos se não for tratada.
Membros da família das viúvas (Latrodectus sp.) podem ser encontradas
no mundo inteiro, apesar da viúva-negra ser a mais conhecida. Encontrada em
locais quentes ao redor do mundo, as viúvas são aranhas pequenas, escuras e
quase sempre com um desenho de ampulheta em seus abdomens de cores
branca, vermelha ou laranja.
As aranhas-teia-de-funil (Atrax sp.) são aranhas grandes e cinzentas ou
marrons (espécies Australianas). Maciças e com pernas curtas, elas são
capazes de se mover rapidamente em suas teias com formato de funil. As
populações locais a consideram letais. Evite-as à medida que elas se
movimentam. Especialmente à noite, quando elas caçam. Sintomas da picada
são semelhantes àqueles da viúva-negra – dor severa acompanhada de inchaço
e calafrios, fraqueza e episódios de debilidade ao longo de uma semana.
Tarântulas são aranhas grandes e peludas (Theraphosidae sp. e Lycosa
sp.) amplamente conhecidas pois são vendidas em petshops. Há uma espécie
na Europa, mas a maioria vem da América tropical. Algumas da América do Sul
injetam uma toxina perigosa, mas a maioria só produz uma picada muito
dolorosa. Algumas tarântulas podem ser tão grandes quanto um prato. Todas
têm grandes presas para capturar sua caça como pássaros, lagartos e ratos. Se
picado por uma tarântula, dor e sangramento são certos e infecção é provável.
Centopeias e milípedes
Estão são em sua maioria pequenas e inofensivas, apesar de que
algumas espécies tropicais e do deserto podem alcançar até 25cm. Poucas
variedades de centopeias possuem veneno, mas infecções são o maior dos
perigos, pois suas presas e garras afiadas perfuram a pele. Para prevenir
perfurações na pele, escove-as para longe na direção em que elas estiverem
andando.

158
Abelhas, vespas e marimbondos
Estes insetos existem em diversas variedades e possuem uma grande
variedade de hábitos e habitats. Você reconhece abelhas por seus corpos
grossos e cabeludos, ao passo que vespas e marimbondos tem corpos mais
esguios e quase sem pelos. Algumas abelhas, como as abelhas melíferas, vivem
em colônias. Elas podem ser tanto abelhas domesticadas quanto silvestres,
vivendo em cavernas ou troncos ocos. Você pode encontrar outras abelhas,
como as abelhas carpinteiras em buracos individuais em árvores ou no solo. O
maior perigo das abelhas é o grande e serrilhado ferrão localizado na parte
posterior do seu abdômen. Quando uma abelha ferroa você, o ferrão é arrancado
dela, juntamente com a glândula de veneno e suas tripas e a abelha morre.
Exceto a abelha assassina, as abelhas tendem a ser mais dóceis que
vespas e marimbondos, que possuem ferrões lisos e são cabazes de várias
ferroadas consecutivas.
Evitar contato com esses insetos é a melhor forma de não ter problemas.
Fique atento para flores e frutas onde as abelhas possam estar se alimentando.
Cuidado com vespas carnívoras quando estiver manuseando carne e peixes. Um
indivíduo médio possui um tempo de reação à picada das abelhas relativamente
curto e em poucas horas se recupera totalmente quando a dor local e a dor de
cabeça desaparecem. As pessoas alérgicas a abelhas têm severas reações,
incluindo choque anafilático, coma e morte. Se medicamentos anti-histamínicos
não estiverem disponíveis e você não encontrar um substituto, um sobrevivente
alérgico corre sérios riscos.
Carrapatos
Carrapatos são comuns nos trópicos e áreas temperadas. Eles são
familiares a todos nós. São aracnídeos pequenos e redondos. Eles podem ter
um corpo macio ou rígido e precisam de hospedeiro com sangue para se
alimentarem. Isto os torna extremamente perigosos pois eles podem transmitir
doenças como a doença de Lyme, febre maculosa, encefalite e outras que
podem ser incapacitantes ou até letais. Há muito pouco que você pode fazer
para tratar tais doenças uma vez contraídas, mas tempo é seu aliado, uma vez
que leva em torno de 6 horas anexado ao seu corpo para o carrapato transmitir
o organismo patógeno. Assim, você tem tempo suficiente para inspecionar seu
corpo completamente em busca de carrapatos. Tenha cuidado com carrapatos
quando atravessando vegetação espessa onde eles se penduram, quando
limpando animais caçados que possam conter carrapatos e quando coletando
materiais para construir um abrigo. Use repelente de insetos sempre que
possível.
Sanguessugas
Estas são criaturas que sugam sangue e possuem uma aparência de
verme. Você as encontra em regiões tropicais e temperadas. Você certamente
as encontrará quando estiver nadando em águas infestadas ou atravessando
áreas pantanosas/brejosas, vegetação tropical e lamaçais. Você também as
159
encontrará ao limpar animais de água doce, como tartarugas. Sanguessugas
podem rastejar por pequenas aberturas, portanto, evite acampar em regiões
onde elas vivem quando possível.
Mantenha suas calças enfiadas em suas meias e botas. Cheque-se
frequentemente em busca de sanguessugas. Sanguessugas engolidas ou
comidas podem se tornar um grande perigo. É, portanto, essencial tratar água
que possivelmente as contenha, fervendo ou usando produtos químicos.
Sobreviventes desenvolvem sérias infecções na garganta ou nariz causados por
ulcerações dos ferimentos causados pelas sanguessugas.
Morcegos
Apesar das lendas e mitologia, morcegos são um pequeno perigo para
você. Há muitas espécies de morcegos ao redor do mundo, mas você encontra
o verdadeiro morcego vampiro apenas na América Central e América do Sul.
Eles são pequenos roedores ágeis e voadores que pousam em vítimas
dormindo, em sua maioria vacas e cavalos para sugar seu sangue. Sua saliva
contêm uma substância anticoagulante que mantém o sangue fluindo pelo
ferimento. Todos os morcegos são considerados de carregar raiva. Qualquer
contato físico com um pode ser um risco de contágio. Eles também podem
carregar outras doenças e infecções e vão morder rapidamente quando
manuseados. No entanto, se abrigando em uma caverna infestada de morcegos
é mais perigoso devido à possibilidade de inalar o pó de suas fezes. Essa poeira
carrega muitas doenças. Comer morcegos muito bem cozidos não representa
nenhum risco, mas note que a ênfase é o cozimento completo.
Cobras, serpentes e víboras
Não há uma forma segura de determinar espécies de cobras no ambiente
natural. Muitas vezes porque estas determinações dependem de uma série de
observações de perto e manuseio do animal. A cobra coral verdadeira por
exemplo possui uma cópia não venenosa, chamada de falsa coral. Existem
vários métodos descritos por aí indicando como diferenciar as duas e todos são
falhos. O método correto de diferenciação da coral e falsa coral é a presença da
peçonha na verdadeira e ausência na falsa. Esta observação é claramente
perigosa e, portanto, não deve ser realizada, uma vez que possivelmente levará
a acidentes com o ofídio. A melhor forma, portanto, de evitar cobras é deixar o
réptil de lado e sair de perto. Se onde você estiver houver grande população de
cobras e você verificar com segurança a presença de espécies venenosas (ou
souber de antemão), não é vantajoso tentar obtê-las, uma vez que o risco da
picada cancela o valor energético que se pode obter delas.
• Ande cuidadosamente e observe onde pisa, onde põe a mão e onde
se assenta. Evite dar passadas por cima de troncos no chão. Ao invés
disso, suba nele e pise adiante para ter visibilidade do terreno à frente.
• Jamais coloque uma mão, pé ou outra parte do corpo em um local que
você não esteja vendo claramente.

160
• Observe cuidadosamente os arredores quando estiver pegando frutas
ou se movendo pela água.
• Não provoque, moleste ou cutuque uma cobra. Elas não podem fechar
os olhos, por isso é impossível dizer se estão dormindo ou não.
Algumas cobras como as mambas, najas e surucucus atacarão
ferozmente se encurraladas ou se estiverem defendendo um ninho.
• Use paus e galhos para virar troncos e pedras.
• Use calçados e perneiras adequadamente, especialmente à noite. As
cobras no Brasil têm em média 1m de comprimento e o bote médio
(das cobras que dão bote) é de 1/3 (um terço) seu tamanho. Portanto,
o bote médio de uma cobra média no Brasil é de 30cm e uma perneira
irá proteger 90% dos ataques de ofídios. Os outros 10% geralmente
são nas mãos e outros locais do corpo.
• Sempre verifique seu abrigo, sua cama ou saco de dormir e roupas,
principalmente calçados.
• Fique calmo se encontrar uma cobra. Cobras não escutam, elas só
detectam o calor do corpo, cheiros e vibrações no solo, sendo os dois
primeiros os sentidos mais apurados. Portanto, agitar-se ou assustar
a cobra pode resultar em levar uma picada. Afaste-se devagar e
cuidado onde pisa. A cobra fugirá se tiver a oportunidade.
• Tenha extremo cuidado se precisar matar uma cobra para se
alimentar. Apesar de ser incomum, os corpos quentes de humanos
dormindo atraem cobras. Fogo e luz no acampamento vão afugentar
a maior parte dos animais e predadores do seu acampamento. Mas
irão denunciar sua presença a inimigos.
Abaixo seguem listadas as cobras mais comuns de alguns lugares do
mundo:
Brasil
Cascavel Jararaca
Surucucu Sucuri
Coral
Américas
Cascavel Coral
Cabeça-de-cobre Mocassim d’água
Surucucu Jararaca
Europa
Víbora europeia comum
Víbora da Sibéria

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África e Ásia
Naja Mambas
Boomslang Biúta
Víbora-do-Gabão Víbora-rinoceronte
Víbora-bambu Víbora-de-Russell
Habu Víbora-de-areia
Krait comum Víbora-escamas-de-serra
Víbora-da-Malásia Víbora-do-templo
Austrália
Cobra da morte Serpente-tigre
Taipan-costeira Cobra-do-mar-pelágio
Áreas sem cobras
As áreas polares não são habitat de cobras devido à temperatura. Outras
áreas consideradas sem cobras são a Nova Zelândia, Cuba, Haiti, Jamaica,
Porto Rico, Irlanda, Polinésia e Havaí.
Lagartos perigosos
O monstro-de-gila do sudoeste americano e do México é um lagarto
perigoso e venenoso com a pele escura e altamente texturizada com manchas
róseas. Ele tem tipicamente 35 a 45cm de comprimento e possui uma cauda
grossa e robusta. O monstro-de-gila não costuma morder a menos que
provocado e tem uma mordida venenosa.
O lagarto-de-contas do México lembra o monstro-de-gila. No entanto,
possui pintas mais uniformes ao invés de listras coloridas. Ele também é
venenoso e possui uma natureza dócil. Ele é encontrado no México e América
Central.
O dragão-de-Komodo é um lagarto gigante que pode chegar a mais de
3m de comprimento. Ele pode ser perigoso se você tentar captura-lo. Este
lagarto indonésio pode pesar mais de 135kg. Seu estilo de ataque é envenenar
a presa e persegui-la por vários dias lentamente, enquanto ela sucumbe aos
efeitos de seu veneno.
Perigos nos rios
O bom senso lhe dirá para evitar confrontos com hipopótamos, jacarés,
crocodilos e outras criaturas grandes dos rios. Porém, as seguintes criaturas
menores encontradas em rios também são muito perigosas.
Enguias elétricas – podem chegar a 2m de comprimento e 20cm de
diâmetro. Evite-as ao máximo. Elas são capazes de gerar 500 volts (V) de
corrente elétrica em certos órgãos em seu corpo. Elas usam este choque para
162
imobilizar suas presas ou predadores. Normalmente você encontra estas
enguias nas bacias dos rios Orinoco e Amazonas na América do Sul. Elas
parecem preferir águas rasas que são mais oxigenadas e fornecem mais
alimento. Elas são mais robustas que as enguias americanas. A parte superior
de seus corpos é cinza escuro ou preto com a parte de baixo de cor clara.
Piranhas – Em quase todo o Brasil e vários rios e bacias da América do
Sul há piranhas. Elas variam muito de tamanho e cores, mas são geralmente
combinações de laranja em baixo e cores escuras em cima. Elas possuem
dentes brancos afiados, que são claramente visíveis. Chegam a 50cm de
comprimento. Sua mordida pode arrancar dedos e pedaços de carne. Tenha
cuidado ao atravessar rios cheios de piranhas. Sangue irá atraí-las. Elas são
mais perigosas em águas rasas, nas estações de secas. Um cardume de
piranhas consegue matar e devorar até mesmo um boi vivo em segundos.
Tartarugas – tenha cuidado ao capturar tartarugas de água doce como as
tartarugas-mordedoras, as mata-matas e tartarugas-de-carapça-mole. Todas
essas tartarugas vão morder para se defender e podem amputar dedos ou
arrancar nacos de carne de membros.
Ornitorrincos – são o único membro de sua família e facilmente
reconhecidos. Possuem corpos longos e cobertos com pelos lisos e escuros,
rabo de castor e um bico de pato. Crescem até cerca de 60cm e podem parecer
uma boa fonte de alimento. Porém, este mamífero que põe ovos, o único do
mundo, é perigoso pois os machos possuem um esporão venenoso em cada
pata traseira que pode infligir ferimentos dolorosos. Eles são encontrados
basicamente na Austrália em cursos d’água e leitos lamacentos.
Perigos em baías e estuários
Em áreas onde rios desaguam no mar, há vários perigos associados à
água doce e à salgada. Em águas rasas, há várias criaturas que podem infligir
dor e possivelmente infecções. Ouriços-do-mar por exemplo podem causar
dores intensas e infecções. Ao se mover em águas rasas, use algum calçado
resistente e arraste seus pés pelo fundo, ao invés de levantar o pé e pisar.
Arraias – são o real perigo de águas rasas. Elas possuem uma cauda
pontuda com um ferrão na ponta que pode ser venenoso. O ferrão pode causar
ferimentos extremamente dolorosos e perigosos se você pisar em uma arraia.
Elas têm um formato de pipa e podem ser encontradas nas costas das Américas,
África e Austrália
Perigos do mar
Há vários peixes que você não deveria manusear, tocar ou entrar em
contato. Há alguns outros que você não deve comer. Estes peixes seguem
listados abaixo.
Tubarões – são os mais temidos animais. Geralmente ataques de
tubarões não podem ser evitados e são considerados acidentes. Você deve

163
tomar todas as precauções necessárias para evitar todo e qualquer contato com
tubarões. Há várias espécies de tubarões, mas em geral, tubarões perigosos
possuem bocas grandes e dentes visíveis, enquanto os inofensivos possuem
bocas pequenas e na região inferior da cabeça. Ainda assim, tubarões podem
infligir ferimentos dolorosos e às vezes fatais, seja através da mordida ou através
de abrasões devido a sua pele áspera.
Os peixes do gênero Siganus vivem em recifes de corais principalmente
no Oceano Índico e Pacífico. Eles possuem espinhos muito afiados e
possivelmente venenosos em sua dorsal e barbatanas. Tenha cuidado ao
manuseá-los, se você o fizer. Este peixe, como muitos outros peixes perigosos
considerados nestes parágrafos, é considerado comestível pelos nativos onde o
peixe vive. Porém mortes acontecem devido ao descuido no manuseio. Procure
outros peixes não venenosos para comer se possível.
Peixe-cirurgião – chegam a 20 a 25cm de comprimento, e são muito
bonitos e coloridos. Eles são chamados peixes-cirurgiães por causa dos seus
espinhos semelhantes a um bisturi localizados na cauda. Os ferimentos
causados por estes espinhos podem causar até morte, devido a infecção,
envenenamento e perda de sangue, o que pode acidentalmente atrair tubarões.
Peixe-sapo – vivem em águas tropicais na Costa do Golfo, nos Estados
Unidos da América e em ambas as costas da América do Sul e Central. Estes
peixes de cor clara medem de 18 a 25cm de comprimento. Eles tipicamente se
enterram na areia esperando pela sua presa ou outros peixes. Eles possuem
espinhos afiados e muito tóxicos em sua dorsal.
Peixe-escorpião – se encontram ao redor de recifes nas áreas tropicais
dos Oceanos Índico e Pacífico e nos Mares Mediterrâneo e Egeu. Medem de 30
a 75cm de comprimento e sua coloração é muito variável, de marrom
avermelhado a quase roxo ou marrom escuro. Eles possuem longas e onduladas
barbatanas, e espinhos ao longo das barbatanas. Sua picada é intensamente
dolorosa. Parentes menos venenosos deste peixe vivem no Oceano Atlântico.
Peixe-pedra – vivem nos Oceanos Pacífico e Índico. Eles injetam um
poderoso veneno através de espinhos em sua dorsal quando manuseados
indevidamente ou pisados. Eles são muito difíceis de ver devido a sua
camuflagem entre corais e pedras. Podem chegar a 40cm de comprimento e
relatos indicam que até mesmo morfina não é capaz de aliviar a dor da ferroada.
Peixe-aranha – possuem em média 30cm de comprimento e são difíceis
de ver pois permanecem enterrados. Vivem nas costas da Europa, África e Mar
Mediterrâneo. Sua cor geralmente é marrom fosco a cinza. Eles possuem
espinhos venenosos em sua dorsal e brânquias.
NOTA: Os apêndices trazem fotografias e descrições de peixes
venenosos e moluscos detalhadamente.

164
Os fígados de ursos polares são considerados tóxicos devido a altas
concentrações de Vitamina A. Existe uma chance de morte após a ingestão
deste órgão. Outra carne tóxica é a da tartaruga-de-pente. Estes animais são
distinguidos pelo seu bico virado para baixo e bolinhas amarelas no pescoço e
patas dianteiras. Elas pesam mais de 275kg e são improváveis de se capturar.
Muitos peixes que vivem em lagoas, estuários, recifes ou próximo à costa
são venenosos e alguns são venenosos em certas estações. Apesar que a
maioria são peixes tropicais. Tenha cuidado ao comer peixes não identificados
onde quer que você esteja. Alguns peixes predatórios como a barracuda e pargo
podem se tornar venenosos após se alimentarem de peixes venenosos. Os mais
venenosos aparentam ter bicos de papagaio ou peles duras com espinhos e que
eventualmente podem inflar-se como balões.
Baiacu – são peixes mais tolerantes a águas frias. Eles vivem em costas
tropicais e temperadas ao redor do mundo e em alguns rios do Sudeste da Ásia
e África. Com corpos robustos e redondos, muitos destes peixes têm pequenos
espinhos em podem inflar a si mesmos em forma de balão quando alarmados ou
agitados. Seu sangue, fígado e gônadas são tão tóxicas que apenas cerca de
30mg pode ser fatal. Estes peixes variam em cores e podem crescer até 75cm
de comprimento. No entanto, em certas épocas do ano, povos indígenas
consideram o baiacu uma iguaria.
Peixe-porco – ocorrem em grande variedade, em sua maioria, em água
tropicais. Eles possuem corpos profundos e comprimidos, lembrando uma
panqueca nadando pelo mar com 60cm de comprimento. Possuem grandes
espinhos em sua dorsal. Evite-os em geral, pois têm carne tóxica.
Barracuda - apesar que a maioria das pessoas as evitam devido a sua
ferocidade, eventualmente também as comem. Estes predadores vivem
geralmente em mares tropicais e podem chegar a 1,5m de comprimento e
atacam humanos sem provocação. Eles ocasionalmente carregam a doença
ciguatera em sua carne, fazendo-os mortais se consumidos.
Outras criaturas perigosas do mar
Os polvos-de-anéis-azuis, águas-vivas, conus e outras conchas da família
Terebridae são outras criaturas marinhas perigosas. Portanto, você deve sempre
estar alerta e se mover com cuidado adicional na água.
A maioria dos polvos são ótimos quando preparados adequadamente.
Porém, os polvos-de-anéis-azuis podem infligir uma mordida letal com seu bico
de papagaio. Por sorte eles estão restritos pela Grande Barreira de Corais da
Austrália e são muito pequenos. Ele é facilmente identificável devido aos anéis
azul-acinzentados em sua pele. Autoridades alertam que todos os polvos
tropicais devem ser tratados com cautela devido a suas mordidas venenosas,
apesar que sua carne é comestível.

165
Mortes relacionadas às águas-vivas são raras, mas sua ferroada é
extremamente dolorosa. A caravela-portuguesa lembra um grande balão rosa ou
roxo flutuando no mar. Ela possui tentáculos venenosos pendurados a até 12m
de comprimento. Os imensos tentáculos são na verdade colônias de células-
ferrão. A maior parte das mortes causadas por águas-vivas são atribuídas às
caravelas. Outras águas-vivas também podem causar ferroadas muito
dolorosas. Evite seus longos tentáculos em geral. Mesmo aquelas encalhadas
na areia da praia aparentemente mortas.
As conchas do gênero Conus, tropicais ou subtropicais (Conidae sp.)
possuem farpas semelhantes a arpões venenosos. Todas possuem um fino
padrão de tela ou rede em suas conchas. Uma membrana pode possivelmente
obscurecer estas colorações. Existem algumas conchas muito venenosas e até
mesmo letais nos Oceanos Pacífico e Índico. Evite todas as conchas parecidas
com um cone de sorvete.
As Terebridae são conchas parecidas com finas brocas cônicas
compridas. Elas são encontradas em mares tropicais e temperados. Aquelas
nativas dos Oceanos Índico e Pacífico possuem venenos mais poderosos em
suas farpas e ferrões. Não coma estes moluscos pois sua carne pode ser
venenosa.

166
Capitulo 12 – Armas Ferramentas e Equipamentos

Sendo um sobrevivente, você sabe da importância do cuidado e


manutenção das suas armas, ferramentas e equipamentos. Isto é ainda mais
importante em relação a sua faca ou ferramenta cortante. Você sempre deve
manter sua faca afiada devidamente e pronta para uso. Ela é a sua maior
ferramenta de sobrevivência. Imagine estar em uma situação sem armas,
ferramentas ou equipamentos exceto sua faca. Isto pode acontecer. Você pode
até estar sem a sua faca. Você provavelmente se sentirá desamparado e inútil,
mas com o devido treinamento e conhecimento você poderá improvisar vários
itens.
Em situações de sobrevivência em que você não se encontra com todos
os seus equipamentos e ferramentas à mão, você terá de improvisar diversos
itens para sobreviver. A necessidade de um item deve contrabalancear o esforço
em fazê-lo. Pergunte-se se o item é realmente necessário ou só interessante em
possuir. Lembre-se que a pressa é inimiga da perfeição. Exemplos de
ferramentas e equipamentos que podem tornar sua vida muito mais fácil são
cordas, mochilas, roupas e redes.
David (Dave) Canterbury da Escola de Sobrevivência Pathfinder em Ohio,
nos Estados Unidos da América, criou o sistema dos 5Cs/10Cs da sobrevivência,
que são itens ou categorias de itens que são indispensáveis para a
sobrevivência. São eles:
1 – Corte
2 – Combustão
3 – Cantil
4 – Cobertura
5 – Cordame
Ele ainda expandiu a lista, estendendo para 10 com outros 5Cs da
sobrevivência que são:
6 – Luz (Candle)
7 – Tecido de algodão (Cotton)
8 – Bússola (Compass)
9 – Silver Tape (Cargo tape)
10 – Agulhão (Canvas needle)
Estes itens secundários são importantes, se não essenciais, mas os 5
primários são indispensáveis. Muitos destes itens são fáceis de obter e possuem
custos baixos. A ideia por trás desta lista é que estes itens são interessantes em

167
se levar pois o esforço e tempo necessários para produzi-los de forma artesanal
ou improvisada são muito grandes, portanto, é interessante poupar energia com
este tipo de estratégia. Além disso, muitos deles necessitam materiais especiais
para fabricação não disponíveis ou difíceis de se obter no ambiente natural,
como nylon, tecidos especiais e metais temperados ou magnetizados.
Armas servem para dois propósitos: para sua defesa pessoal e do seu
grupo e para obter alimentos. Elas ainda podem fornecer uma sensação de
segurança e permitir que você cace enquanto se move.
Bastões
Um bastão deve ser a primeira ferramenta que você fará. Para andar,
provê equilíbrio e segurança para subir e descer morros. Ele também fornece
alguma capacidade de combate se usado corretamente, especialmente contra
cobras e cães. Ele deve ser da mesma altura que você ou pelo menos da altura
da sua sobrancelha. O bastão não deve ser maior do que você consiga
efetivamente utilizar quando cansado ou malnutrido. Ele também fornece boa
proteção para os olhos quando você está se movendo entre arbustos densos e
vegetação espinhosa no escuro.
Porretes
Você segura um porrete para bater em coisas. Nunca o arremessa. No
entanto, um porrete pode estender seu alcance de ataque além do comprimento
dos seus braços. Além disso serve para aumentar a força do impacto de golpes
sem você se machucar. Os três tipos básicos de porretes são explicados abaixo.
Porrete simples
Um porrete simples é um bastão ou galho. Ele deve ser curto o suficiente
para que você o maneje com facilidade, mas longo e pesado o suficiente para
você causar mais danos e ter melhor alcance. O diâmetro deve adequar a sua
mão, mas não ser fino demais de forma que ele quebre com o impacto. Um
pedaço reto de madeira-de-lei é a melhor opção.
Porrete pesado
Um porrete pesado é um porrete simples com alguma espécie de peso
anexado em uma das pontas. O peso pode ser algum material natural como um
nó maior na madeira ou algo adicionado, como uma pedra amarrada ao porrete.
Para fazer um porrete pesado, primeiro encontre uma pedra que possua
um formato que lhe permitirá amarrá-la ao porrete de forma mais fácil. Uma
pedra com um leve formato de ampulheta ajuda muito. Se você não encontrar
uma pedra boa o suficiente, improvise uma usando uma pedra menor como
talhadeira para entalhar uma pequena depressão na pedra maior de forma que
ela se encaixe melhor.
Encontre um pedaço de madeira que seja confortável o suficiente para
manejar com a pedra adicionada. Ele deve ter um comprimento adequado para

168
ser utilizado de forma correta. Finalmente, amarre a pedra ao porrete usando
uma das técnicas abaixo, considerando o tipo de porrete que você quer
construir.

Figura 68 Improvisando um porrete pesado ou martelo primitivo

Porrete de peso com corda (malho/mangual)


Um malho ou mangual é um porrete com uma pedra amarrada a ele por
um pedaço de corda. Ele tem cerca de 8 a 10cm de comprimento na corda e um
bastão de 35 a 45cm de comprimento. Este tipo de arma além de aumentar o
alcance do golpe, multiplica a força através do peso suspenso na corda.

169
Figura 69 Improvisando um malho/mangual

Armas de lâmina ou ponta


Facas, lanças e flechas se encaixam nesta categoria de armas. Abaixo
explicaremos a respeito destas armas.
Facas
Uma faca tem basicamente três funções: perfurar (perfurante), cortar
(cortante) e golpear (corto-contundente). Além disso, uma faca é uma ferramenta
de sobrevivência muito valiosa. Você pode estar sem uma faca ou lâmina
decente ou pode precisar de uma faca pois a sua se quebrou ou se perdeu. Para
improvisar lâminas, você pode usar pedras, ossos, madeira ou metais.
Pedra
Para fazer uma faca de pedra você precisará de um pedaço de pedra com
uma borda afiada, uma ferramenta de desbaste e algo para lixar/afiar. O
desbaste pode ser realizado com pedras arredondadas de tamanhos variados
para fazer desbastes em diferentes níveis de detalhe. Após alcançar um formato
razoavelmente próximo a uma lâmina, proceda a afiação batendo levemente com
um pedaço de pedra, osso ou metal macio contra as margens da lâmina. Você
pode, então, amarrar a lâmina a alguma haste para fazer uma lança ou até
mesmo uma faca com cabo confortável.
NOTA: Fabricar este tipo de lâmina requer muito tempo, materiais naturais
ideias e muita paciência. A ausência de prática com o método pode levar a várias
falhas e perda de material. Por isso, sempre tenha consigo uma lâmina de metal
confiável. Carrega-a consigo em uma bainha firme e segura em sua cintura. Você
só perderá esta faca se perder as suas calças junto dela.

170
Osso
Você pode fazer lâminas de osso usando ossos longos de animais e
partindo-os com uma pedra pesada. Selecione os fragmentos mais parecidos
com um fio de faca e afie-o esfregando contra uma pedra áspera e plana. Se a
lâmina for pequena demais, adicione um cabo a ela ou use como pontas de
flecha se possível.
Madeira
Você pode fazer lâminas de madeira usando as partes mais duras de
madeira-de-lei (evite usar as partes internas e o miolo da madeira). Selecione
um pedaço de madeira que pareça bom e entalhe o formato da faca, incluindo o
fio. Você pode afiar a ponta e a lâmina em uma pedra áspera e plana. Se for
fazer uma lança pontuda, coloque a ponta da lança sobre o fogo até que fique
ligeiramente chamuscada. Isso secará a madeira e a fará mais dura. Quanto
mais seca, mais dura. Durante o endurecimento através do uso de fogo você
pode alternar entre períodos de afiação em pedra e endurecimento no fogo.
Se usar bambu, remova o máximo de madeira possível para fazer a
lâmina mais fina na parte de dentro da madeira. Isto se deve ao fato de que a
parte externa do bambu ser mais rígida e resistente para uma lâmina. Se for
realizar endurecimento com fogo, não exponha a parte externa da madeira ao
fogo, somente a interna.
Metal
Metal é o melhor material para fazer uma lâmina improvisada. Primeiro,
selecione um pedaço de metal que já tenha um formato de lâmina. Dependendo
do objetivo, você pode criar uma ponta e um gume esfregando o metal em uma
pedra áspera. Se o metal for macio o suficiente, você pode bater com uma pedra
lisa para criar um gume. Faça um cabo de madeira, osso ou outro material
adequado para proteger sua mão.
Outros materiais
Você pode usar outros materiais para criar armas de lâminas. Vidro é uma
boa opção se não houver outro material disponível. Escolha um pedaço de vidro
e o molde da mesma forma que o osso. Vidro geralmente já possui bordas
cortantes, mas é menos durável e há sempre o risco de que se parta e possa
causar ferimentos no usuário. Plástico grosso e rígido o suficiente também pode
servir de material para uma lâmina.
Lanças
Para fazer lanças, use os mesmos métodos apresentados acima para a
confecção de lâminas. Selecione então uma haste de 1,5m de comprimento. O
comprimento deve ser ideal para que você maneje a lança com destreza. Não
faça a lança curta demais ou você corre o risco de cair sobre ela se tropeçar.
Amarre a lâmina da lança na ponta usando cordas. O método preferido é partir
ligeiramente a ponta do cabo e inserir a lâmina, amarrando em seguida. Você
pode ainda usar materiais rígidos diretamente como ponta sem uma lâmina
171
diferente, como uma ponta de madeira de uma haste afiada. Bambu também
produz lanças muito resistentes. Proceda como anteriormente e lembre-se de
não remover material da parte de fora do bambu.

Figura 70 Improvisando lanças

Pontas de flechas
Para fazer pontas de flechas, use os mesmos procedimentos para as
lâminas e pontas anteriormente citados. Quartzo, sílex e rochas do mesmo tipo
são ótimas para pontas de flechas. Você ainda pode usar outras pedras, osso
ou até vidro. Devido a seu peso ínfimo e espaço pequeno ocupado, pontas de
flechas prontas vendidas em lojas especializadas são uma ótima opção para se
carregar em algum bolso pequeno ou até em sua carteira.
Outras armas improvisadas
Algumas armas improvisadas que você pode fazer no campo são o bastão
de arremesso, equipamento de arquearia e boleadeiras, que seguem descritas
abaixo.
Bastão de arremesso
O bastão de arremesso, também conhecido como bastão de coelho é bem
efetivo contra pequenos animais, como coelhos, esquilos e outros roedores. O
bastão não possui pontas e é razoavelmente curvado. Escolha um galho com a
curvatura desejada de uma árvore com madeira-de-lei. Corte as pontas de forma
que ele fique com a aparência de um bumerangue. Você precisa praticar a
técnica de arremesso para ter melhor pontaria e velocidade. Primeiro, alinhe-se
com o alvo estendendo o braço não utilizado em linha com o meio do animal.
Devagar e repetidamente levante o braço de arremesso para cima e para trás
até que o bastão cruze suas costas em um ângulo de 45 graus ou até que esteja
alinhado com o quadril do lado oposto. Traga o braço de arremesso para frente
até que ele esteja ligeiramente acima e paralelo ao outro braço. Este será o ponto
de soltar o bastão. Pratique lentamente e repetidamente para obter pontaria.

172
Figura 71 Bastão de coelho

Equipamento de arquearia
Você pode fazer arcos e flechas a partir de materiais disponíveis em seu
ambiente. Para fazer um arco, use o procedimento abaixo descrito.

Figura 72 Improvisando um arco

Remova a madeira da parte interna do arco (que ficará virada para você).
Deixe a parte externa da madeira intocada para evitar que ela rache ou até se
parte.
Fazer um arco e flechas é razoavelmente fácil, porém, seu uso é bem
difícil. Você precisa praticar por bastante tempo para garantir que atingirá seu
alvo quando for usar. Um arco improvisado também não irá durar muito tempo
até que você precise fazer um novo. Pelo tempo e esforço requerido, você talvez
decida por usar outro tipo de arma improvisada.
Boleadeira
A boleadeira sempre foi muito utilizada por populações indígenas nas
Américas e outros povos ao redor do mundo. Sua função é se enroscar
173
rapidamente em torno das pernas ou patas do alvo após arremessada para que
o atacante possa se aproximar rapidamente. Para arremessar, segure pelo nó
central e gire rapidamente e de forma estável sobre sua cabeça. Então, quando
o momento for adequado (você talvez precise praticar um pouco), solte o nó e a
boleadeira voará até o alvo.

Figura 73 Improvisando uma boleadeira

Cordames e amarras
Muitos materiais são fortes o suficiente para serem usados como cordas.
Vários materiais sintéticos e naturais estão disponíveis em uma situação de
sobrevivência. Por exemplo, você pode usar diversos materiais como cintos e
alguns tecidos como corda se os desfizer em seus fios que compõem a trama.
Então, use os fios para linha de pesca, amarras, costurar, etc.
Você também pode remover os fios da alma do paracord ou das linhas de
suspensão de paraquedas e usá-los como linha.
Você pode ainda cortar uma garrafa plástica (pet) em uma tira fina e
contínua e usar como cordame. Após realizar amarras, aqueça para que o
plástico se contraia e aperte a amarra firmemente.
Seleção de cordame natural
Antes de tecer cordas, você deve proceder a testes simples no material.
Primeiro, puxe o material no sentido da fibra para determinar se é resistente.
Depois, gire as fibras entre seus dedos e verifique se o material não irá partir ou
quebrar. Se ele suportar estes testes, lace um nó na ponta do material fibroso e
separe o feixe de fibras em dois feixes. Abaixo segue descrita a maneira de
trançar a corda de maneira correta.

174
Figura 74 Trançando corda

Eventualmente você poderá também girar um feixe de fibras no sentido


horário e então o par de feixes no sentido anti-horário e repetindo até terminar.
Desta forma geralmente as fibras não tendem a desenrolar facilmente.
Material para amarras
O melhor material para amarrar pequenos objetos são os tendões de
animais. Retire os tendões dos animais que você caçar e deixe-os secar
totalmente. Esmague os tendões secos de forma que eles se separem em fibras
menores. Molhe as fibras e torça-as em um cordão contínuo. Se você precisar
de cordas mais fortes, você pode trançar múltiplos feixes de tendões. Quando
amarrar objetos pequenos com tendões, você não precisa de nós pois o tendão
molhado é pegajoso e endurece quando secar.
Você pode rasgar e trançar fibras de plantas da parte interna da casca de
árvores para fazer cordame. Você também pode usar tília, olmo, nogueira,
carvalho branco, amoreira, castanha-portuguesa e cedro branco ou vermelho.
Depois que fizer a corda, teste-a para garantir que ela suportará o trabalho que
você pretende para ela. Você pode ainda trançar várias cordas finas em uma
corda mais grossa para aumentar sua resistência.
Você também pode usar peles de animais em tiras para amarras mais
fortes. Após retirar a pele do animal, remova todo excesso de carne ou gordura
na parte de dentro da pele raspando com uma faca cega ou o dorso de uma faca
sobre uma superfície plana. Então, seque a pele totalmente. Você não precisa
esticar a pele para secar. Não é necessário remover os pelos da pele. Depois de
seca, faça uma incisão no centro da pele e corte uma tira contínua de 0,5cm de
largura aproximadamente em forma de uma espiral. Encharque então a pele por
2 a 4 horas ou até ficar macia. Use-a molhada para fazer a amarra esticando-a
ao máximo. Ela ficará mais resistente quando secar. Esticar o máximo garante
que ela não ficará frouxa se molhar novamente depois de seca.

175
Construção de mochila
Se você precisar de uma mochila improvisada pois a sua rasgou ou não
é mais possível utilizá-la por qualquer motivo, coloque qualquer material de
tecido disponível no chão, como um poncho, cobertor ou lona. Coloque os itens
na borda do tecido. Posicione os itens de forma achatada ao longo do material.
Enrole o tecido junto dos materiais em direção à outra borda e amarre as duas
pontas do rolo firmemente. Adicione amarras extras ao longo do rolo. Você pode
pendurar o rolo nas costas amarrando uma corda entre duas das amarras.

Figura 75 Improvisando uma mochila de lona

Mochila quadrada
Faça uma armação em forma de caixa usando galhos ou bambu. O
tamanho varia de acordo com o equipamento que você deseja carregar. Amarre
cordas ou linhas entre os gravetos no sentido vertical. Crie alças com a corda.

176
Figura 76 Improvisando uma mochila quadrada (de caixa)

Roupas e isolamento
Você pode usar vários materiais para criar roupas e isolamento do clima.
Ambos os materiais naturais como alguns sintéticos como lonas, tecidos, etc.
são utilizáveis.
Lonas, ponchos, etc
Considere uma lona ou poncho inteiramente utilizável para preenchimento
de isolamento. Use todo material disponível de forma alternativa sempre que
possível. Antes de cortar uma lona grande ou poncho, considere primeiro suas
necessidades, como abrigo, pois uma vez cortado, o material perde boa parte de
sua resistência.
Pele de animais
A seleção de peles de animais em uma situação de sobrevivência se limita
ao que você consegue caçar ou capturar com armadilhas. Porém, se houver vida
selvagem suficiente, considere as peles de animais maiores com pelagem
grossa e amplas camadas de gordura. Não use peles de animais doentes ou
infectados se possível. Como vivem no meio ambiente, estes animais tendem a
carregar pragas como carrapatos, pulgas e piolhos. Devido a este fato, utilize
água para lavar completamente a pele antes de usar. Se não houver água
177
disponível, ao menos sacuda a pele no ar para retirar grosseiramente a maior
parte das pragas. Remova também a gordura e restos de carne da parte de
dentro da pele e seque a pele. Use as partes das patas para fazer sapatos, meias
e gorros. Use com o pelo para dentro para aumentar o fator de isolamento.
A técnica de cura da pele usando o cérebro do animal é muito antiga e
vastamente utilizada. Porém, toma uma grande quantidade de tempo e,
dependendo do tamanho do animal, será preciso mais de uma pessoa.
Para aproveitar totalmente a pele de um animal, faça um corte ao redor
das patas traseiras. A partir deste corte, faça um corte ao longo da pata, de
preferência na porção interna da pata e desça com o corte até os órgãos sexuais.
Faça este tipo de corte em ambas as patas. Agarre o couro e puxe perna abaixo,
como uma meia. Quando alcançar o abdômen, puxe o couro separando-o da
pele de forma que ele saia como um tubo por completo. Para remover o rabo,
corte ligeiramente o couro na região no sentido longitudinal do rabo e puxe o
rabo de dentro da pele. Finalize removendo o tubo de pele pela cabeça. Se você
realizar este processo com cuidado você terá uma pele completa, incluindo
olhos, orelhas, focinho, boca e rabo. Remova as patas dianteiras da mesma
forma que as traseiras.
Este tipo de processo geralmente fornece peles completas e com maior
valor de mercado. Peles rasgadas, perfuradas ou cortadas tendem a ter menor
capacidade isolante e menor valor estético e comercial.
Após remover a pele, coloque-a sobre uma superfície plana e raspe a
gordura e o restante da carne da parte interna da pele com uma lâmina cega.
Seque a pele completamente por alguns dias e, quando for aplicar a solução de
cura, molhe-a e deixe secar parcialmente, de forma que a parte dos pelos não
possua quase nenhuma água. Se necessário, esfregue a parte de dentro da pele
na casca de uma árvore ou um toco cortado e firme no chão. Terminada esta
etapa, retire o cérebro do animal de seu crânio e coloque em um pote com um
pouco de água morna para quente. Esta quantidade deve ser aproximadamente
o volume do cérebro. Amasse, esmague, triture e misture bem o cérebro até a
água ficar com uma aparência leitosa rosada e não haja mais pedaços ou
grumos de cérebro.
Aplique gentilmente a substância na parte de dentro da pele e não deixe
o pelo molhar. Esfregue bem a substância no couro interno. Com exceção dos
búfalos, um cérebro de qualquer animal é o suficiente para curar sua pele.
Aplique todo o líquido e quando estiver terminando a aplicação, deixe uma boa
camada e dobre a pele sobre si mesma de forma a evitar que o líquido escorra
para fora.
Enrole a pele dobrada em um cobertor ou tecido grosso e deixa-a secar
completamente por alguns dias. Não a deixe congelar se estiver em um ambiente
frio. Após esta etapa, use uma ferramenta cortante cega para raspar o interior
da pele de forma a abrir os poros e remover qualquer material em excesso ou
178
umidade. Você também pode esfregar a parte interna em uma casca de árvore
ou toco, como dito anteriormente. Esta etapa de raspagem é importante e leva
várias horas e muito esforço. Se você estiver curando uma pele grande você
talvez precise de dividir o trabalho com outra pessoa, pois pode ser muito
cansativo. As partes da cara do animal geralmente são mais rígidas e exigem
mais trabalho. Remova toda a umidade da pele desta forma. Cuidado com os
buracos dos olhos, patas e boca para não rasgarem.
Após remover a umidade, aperte, torça e amasse o couro o máximo
possível para que ele fique mais maleável. Monte um tripé com estacas e apoie
a pele ao redor do tripé em forma de cone ou tenda. Faça um pequeno fogo
abaixo do tripé e alimente-o lentamente com madeira razoavelmente úmida para
criar grandes quantidades de fumaça para defumar a pele. Você não deve fazer
um fogo alto, porém um fogo baixo e com bastante fumaça para que a pele fique
macia e impermeável. Você pode enrolar uma lona por fora do tripé para prender
mais fumaça no interior. A pele deve ficar com o pelo para fora.
Quando terminada a pele deve ter cheiro de fogueira/fumaça. Existem
vários métodos para curar peles, mas este leva geralmente menos tempo e os
materiais necessários para tal são mais fáceis de conseguir, pois o principal que
são os taninos, você obtém com o cérebro do animal em questão.
Existem muitas receitas de soluções de taninos feitas a partir de cascas
de árvores, bolotas, folhas de diversas árvores, etc.
Fibras de plantas
Várias plantas podem fornecer isolamento do frio. Taboas são plantas de
áreas alagadas ou brejosas encontradas em lagos, poços, etc. A ponta peluda
no topo da taboa pode ser usada como preenchimento para criar bolsões de ar
que isolam o clima. Outros materiais fofos e volumosos quando secos podem ser
usados. Use também folhas secas e materiais semelhantes por dentro de seu
casaco e feche o zíper (se houver) para manter o material dentro e aumentar o
isolamento.

Utensílios para cozinhar e comer


Você pode usar vários materiais para fazer equipamentos de cozinha.
Geralmente todos os materiais podem servir para algum tipo de propósito em
uma situação de sobrevivência.
Bacias e tigelas
Use madeira, ossos, chifres, cascas de árvores ou outros materiais para
fazer uma tigela ou bacia. Para fazer tigelas de madeira que irá comportar sua
comida ou água, use pedaços de madeira com buracos grandes. Pendure a
tigela sobre o fogo e coloque pedras quentes direto da fogueira dentro do
recipiente para ferver a água ou cozinhar a comida. Remova as pedras e
adicione mais delas quentes se necessário.

179
CUIDADO! Nunca aqueça pedras porosas ou aeradas, como arenito e
calcário. Elas tendem a explodir quando aquecidas.
Você também pode usar este método com recipientes feitos de casca de
árvore ou folhas. Porém, estes recipientes vão queimar acima do nível da água
a não ser que você os mantenha úmidos ou mantenha o fogo baixo. Um gomo
de bambu também funciona muito bem para este propósito.
Você ainda pode usar um casco de tartaruga limpo, casca de coco,
concha do mar, etc. Garrafas plásticas, apesar do senso comum, podem ser
usadas desde que cheias de água. Elas se deformam um pouco mas suportam
o fogo desde que contenham água. Este método geralmente irá destruir a garrafa
em poucos usos, portanto, se for seu único recipiente para água, tente usar outro
método.

Figura 77 Improvisando vasilhames e recipientes

CUIDADO! Um gomo de bambu selado irá explodir quando colocado no


fogo devido ao ar e água presos. Corte e abra o gomo antes de levar ao fogo.
Garfos, colheres e facas
Esculpa talheres a partir de madeiras não resinosas para não contaminar
a comida ou criar sabor desagradável. Madeiras não resinosas incluem carvalho,
bétula e outras madeiras-de-lei.
NOTA: Não use árvores que secretam seiva ou uma espécie de xarope
ou líquido resinoso pela casca ou quando cortado.

180
Panelas e potes
Você pode fazer estes itens a partir de cascos de tartaruga ou madeira.
Como descrito na seção de tigelas, use pedras quentes para ferver a água.
Bambu é o melhor material para fazer panelas.
Para usar casco de tartaruga para esse fim, primeiro ferva uma porção de
água completamente na casca e descarte a água.
Garrafas de água
Faça garrafas de água com os estômagos (buchos) de animais grandes.
Enxágue vigorosamente o estômago com água corrente, amarre a parte de baixo
e deixe a parte de cima aberta com alguma forma de abrir e fechar o bocal.

Cola
Para fazer cola existem diversos métodos. Abaixo descrevemos alguns
que podem ser facilmente feitos em ambientes de sobrevivência. Tenha em
mente que muitos itens de sobrevivência que você pode ter consigo são ótimas
opções para colar coisas.
Resina e carvão
Para fazer cola dessa forma você precisará de resina de pinheiro ou
coníferas, carvão e filamentos de sementes das cabeças de taboas. Derreta uma
parte de resina de pinheiro em um caneco sobre as brasas. Não use fogo
diretamente, a resina de pinheiro é altamente inflamável e você não pode deixa-
la pegar fogo dentro do caneco. Quando a resina estiver derretida, adicione uma
parte igual de carvão triturado em forma de pó. Misture bem até formar uma
espécie de piche bem uniforme. Adicione as fibras brancas do interior da cabeça
de taboas. Algumas pitadas já são suficientes. Misture bem e tenha cuidado com
o fogo. Quando a consistência estiver grossa, retire o caneco do fogo e espere
esfriar um pouco. Use a haste da taboa (corte a cabeça) para introduzir na
mistura que deve estar com a consistência de uma pasta pegajosa. Introduza e
retire o palito e deixe a camada de cola secar um pouco. Então, reintroduza para
criar mais uma camada e retire para esfriar. Repita o processo até obter um
grande cilindro de cola seca ao redor do palito. Depois, reaqueça um pouco para
amolecer o material e usar como cola. Se necessário de imediato, utilize
diretamente do caneco. Depois de esfriar, a cola deve estar dura o suficiente
para que você a bata em madeira e ela não se parta ou frature.
Pele Crua
Corte pequenas tiras de couro cru (limpo e seco mas não curado) de
animal e coloque em água quente. Coloque o caneco de volta próximo ao fogo
por algum tempo, mas não deixe ferver. Mexa bem sem ferver até reduzir
bastante e ficar bem pegajoso. Filtre o líquido através de um pedaço de tecido e
recolha o líquido em uma lata e deixe esfriar. Depois de fria, a cola deve ficar
com uma aparência gelatinosa e firme. Para usar, reaqueça para derreter e
aplique.

181
Outros métodos utilizam outras partes cartilaginosas de animais e resinas
vegetais. Sempre pesquise sobre a criação de materiais e recursos no meio
ambiente para maior autossuficiência.

182
Capitulo 13 – Sobrevivencia no Deserto

Para sobreviver e evadir em terrenos áridos ou de deserto, você deve


entender e se preparar para este tipo de clima e terreno que você irá enfrentar.
Você deve determinar quais equipamentos levar consigo, as táticas que irá
utilizar e como o clima no local irá afetar você e suas táticas. Sua sobrevivência
depende do seu conhecimento do terreno, dos elementos básicos do clima e da
sua habilidade de lidar com estes elementos, além da vontade de sobreviver.

Terreno
A maior parte das regiões áridas possuem diversos tipos de terrenos. Os
cinco mais comuns são:
• Montanhas desérticas
• Platôs rochosos
• Dunas de areias
• Desertos de sal
• Terreno ressecado e trincado
Terrenos de deserto são locais de difícil e exaustiva locomoção.
Navegação por terra se torna muito difícil por haver pouquíssimos marcos no
terreno. Cobertura e camuflagem também são muito limitadas, portanto, o perigo
da exposição aos elementos e a inimigos é constante.
Montanhas desérticas
Montanhas e morros espalhados em uma determinada área separadas
por terra seca e infértil caracterizam montanhas desérticas. O terreno alto pode
ter inclinação suave ou abrupta, chegando a vários metros acima do nível do
mar. A maior parte das raras chuvas ocorrem na parte alta do terreno e correm
rapidamente na forma de inundações para as partes baixas. Estas inundações
causam ainda mais erosão no terreno, formando cânions e ravinas e depositando
areia e cascalho nas partes baixas. Então a água rapidamente evapora,
deixando a terra trincada e seca como antes. Apesar disso, pode haver
vegetação verde de curta duração em alguns locais. Se entrar água suficiente
nas depressões para compensar o ritmo de evaporação, lagos rasos podem se
formar, como o Grande Lago Salgado em Utah, EUA ou o Mar Morto no Oriente
Médio. Estes lagos geralmente possuem grande concentração de sal.
Platô rochoso
Estes locais possuem áreas de ligeiro alívio do terreno, intercalados com
extensas áreas planas cheias de rochas sólidas ou fragmentadas na superfície
ou próxima desta. Podem possuir grandes inclinações, vales erodidos,
conhecidos como uádis (wadis) no Oriente Médio e cânions ou arroios nas
Américas. Apesar dos fundos planos dos vales serem atrativos por sua
característica de reunir água, vales estreitos podem ser muito perigosos para
pessoas, equipamentos e materiais devido ao perigo das inundações em

183
enxurrada após as chuvas. As Colinas de Golã na Síria são um exemplo de platô
rochoso.
Dunas de areias
Desertos de dunas de areia podem se estender por vários quilômetros em
áreas planas. Plano é um termo relativo, uma vez que as dunas possuem
ondulações com inclinações variadas e altura variada. Transitar por estes locais
depende do barlavento ou sota-vento e da inclinação das dunas, além da textura
da areia. Porém, outras áreas podem ser planas por mais de 3 quilômetros. A
flora pode variar de nenhuma à arbustos de 2m de altura. Exemplos de desertos
deste tipo incluem as bordas do Saara, o quarto vazio do Deserto Arábico, áreas
da Califórnia, Novo México, América do Sul e o deserto Kalahari da África do Sul.
Desertos de sal
São áreas planas e desoladas, algumas vezes preenchidas com
aglomerados de grama, mas desprovidas de outras vegetações. Elas ocorrem
em áreas áridas onde a água da chuva coletou e evaporou, deixando grandes
depósitos de sais alcalinos e água com alta concentração de sal. A água é tão
salgada que não é potável. Uma crosta que pode ter de 2,5cm a 30cm de
espessura forma sobre a água salgada.
Em áreas áridas, existem desertos de sal com vários quilômetros
quadrados de área. Estas áreas geralmente são habitadas por insetos, cuja
maioria pica. Evite desertos de sal. Este tipo de terreno é altamente corrosivo
para as botas e equipamentos em geral, além da pele. Um bom exemplo é o leito
Shatt al Arab na fronteira do Irã com o Iraque e o Salar de Uyuni.
Terreno ressecado e trincado
Todas as áreas áridas contêm solo trincado ou altamente ressecado.
Tempestades que erodem areia fina e cava cânions formam este terreno. Um
uádi pode ter de 3m de largura e 2m de profundidade até vários metros. A direção
que os cânions seguem varia, assim como seu tamanho. Eles retorcem e se
curvam em um padrão de labirinto. Um uádi lhe fornecerá boa cobertura e
ocultação, mas não tente se mover através dele pois é um terreno difícil de se
navegar.

Fatores ambientais
Sobreviver e evadir de um local passando por terreno árido depende muito
do que você sabe e como você está preparado para enfrentar as condições
ambientais. Como dito anteriormente, determine seu equipamento, sua tática e
como o ambiente irá afetar ambos.
Em uma área de deserto, há 7 fatores ambientais a se considerar, são
eles:
• Pouca chuva
• Intensa luz do sol e calor
• Grande variação de temperatura
184
• Pouca vegetação
• Alto conteúdo mineral próximo à superfície
• Tempestades de areia
• Miragens
Pouca chuva
Obviamente a ausência de chuva na maior parte do tempo é o fator
ambiental mais notado em desertos. Alguns desertos recebem menos que
100mm de precipitação anualmente e estas chuvas vem em forma de chuvas
torrenciais curtas e rápidas e que drenam através do solo rapidamente. Você
não pode sobreviver muito tempo sem água nas altas temperaturas do deserto.
Em uma situação de sobrevivência no deserto, você, primeiro, precisa avaliar a
quantidade de água que você possui e outras fontes de água.
Intensa luz do sol e calor
Ambos os fatores estão presentes em todas as áreas áridas. A
temperatura do ar pode chegar a 60°C durante o dia. O ganho de calor pode vir
através da exposição direta ao sol, ventos quentes soprando através da areia,
calor refletido na areia a calor condutivo pelo contato com a areia e rochas do
deserto.

Figura 78 Condução, convecção e irradiação no deserto

A temperatura na areia e nas rochas do deserto tipicamente variam de


16°C a 22°C durante o dia, mais do que o ar. Por exemplo, quando a temperatura
do ar estiver a 43°C, a areia poderá estar a 60°C.

185
Luz e calor intensos do sol causam o aumento da necessidade de água
do corpo. Para conservar os seus fluidos corporais e energia, você precisará de
um abrigo para reduzir sua exposição ao calor do dia. Viaje à noite para reduzir
a necessidade de água.
Rádios e itens sensíveis do seu equipamento podem se danificar e
apresentar defeitos se expostos à luz solar direta ou calor excessivo.
Grande variação de temperatura
Temperaturas em áreas áridas podem chegar a 55°C ou mais durante o
dia e 10°C ou menos durante a noite. A queda de temperatura à noite acontece
rapidamente após o pôr-do-sol e vai congelar uma pessoa que não possui
vestimenta adequada e não pode se mover. O entardecer mais frio e as noites
são o melhor momento para trabalhar e viajar. Se você planeja descansar à
noite, você vai gostar de ter à mão um suéter de lã, calças quentes e um gorro
de lã.
Pouca vegetação
Vegetação é sempre esparsa em áreas desérticas ou áridas. Por isso,
você terá grande dificuldade em achar abrigos e camuflar seus movimentos.
Durante o dia, grandes áreas do terreno são visíveis e facilmente controladas
por forças inimigas, no caso de você estar em evasão.
Se estiver viajando em território considerado inimigo, siga os seguintes
princípios:
• Esconda-se ou procure abrigo em uádis ou arbustos densos de
vegetação e se cubra da observação oblíqua.
• Use as sombras dos arbustos, pedras e afloramentos de rochas. A
temperatura nas áreas de sombra serão de 11°C a 17°C mais frias que
a temperatura do ar.
• Cubra objetos que irão refletir a luz do sol.
Antes de se mover, observe a área em busca de locais que fornecem
abrigo e ocultação. Nestes locais áridos você terá dificuldade em medir
distâncias. A vastidão do deserto faz as pessoas subestimarem distâncias em
um fator de três vezes. O que aparenta ser 1km de distância na verdade são 3km
de distância, em média.
Alto conteúdo mineral próximo à superfície
Todas as regiões áridas possuem áreas da superfície do solo que contém
alto conteúdo mineral (bórax, sal, alcalinos e calcário). Material em contato com
este solo se desgasta rapidamente e água desses locais são extremamente
duras (alto teor de metais) e raramente potáveis. Molhar sua vestimenta nessas
águas para refrescar o corpo pode causar irritação na pele. O Grande Lago
Salgado em Utah, EUA, é um exemplo teste tipo de água concentrada. Há pouca
ou nenhuma vegetação próxima e, portanto, abrigo é difícil de se achar. Evite
estas áreas se possível.

186
Tempestades de areia
Estes ventos carregados de areia ocorrem com frequência na maioria dos
desertos. Os ventos do Deserto do Sistão no Irã e Afeganistão sopram
constantemente por até 120 dias. Na Arábia Saudita ventos tipicamente variam
de 3 a 5km/h e podem chegar a até 120km/h no fim da tarde. Espere por
tempestades de areia ou poeira ao menos uma vez por semana.
O grande perigo é se perder na grande parede de areia rodopiante. Use
óculos e cubra sua boca e nariz com tecido. Se não houver abrigos naturais
disponíveis, marque sua direção de viagem, deite-se e espere pela tempestade
passar.
Poeira e areia sopradas pelo vento podem interferir nas comunicações via
rádio. Portanto, esteja pronto para usar outros meios de sinalização de resgate,
como luzes pirotécnicas, espelhos de sinalização ou painéis de sinalização se
possível.
Miragens
Estes são fenômenos óticos causados pela refração da luz através do ar
quente na superfície da areia ou pedra. Ela ocorre no interior do deserto a até
10km da costa. Elas fazem com que objetos localizados a 1,5km ou mais
pareçam se mover.
Este efeito da miragem faz com que seja difícil identificar um objeto à
distância. Além disso, ela borra tanto a visão de contornos a longas distâncias
que você se sente cercado por uma lâmina d’água da qual elevações de areia
saem como ilhas.
O efeito da miragem torna difícil uma pessoa identificar alvos, estimar
distâncias e ver objetos com clareza. Porém, se você subir a uma altura razoável
(3m ou mais do nível geral) você pode vencer a lâmina de ar superaquecido e o
efeito da miragem desaparece. As miragens também tornam a navegação por
terra difícil, pois obscurecem os atributos do terreno. Você pode observar o
terreno nas partes da noite, alvorecer e crepúsculo, quando as chances de
miragens são mínimas.
Os níveis de luz no deserto são maiores e mais intensos que em quaisquer
outras áreas. A luz do luar geralmente é cristalina, ventos se dissipam, neblina e
brilhos desaparecem e a visibilidade é excelente. Você pode ver luzes, lanternas
vermelhas, luzes de emergência, velas, etc. a grandes distâncias. O som
também viaja para muito longe.
Entretanto, noite com pouca luz do luar torna a visibilidade extremamente
ruim. Viajar nestas condições pode ser extremamente perigoso. Você deve evitar
se perder, cair em ravinas ou “tropeçar” em outros perigos como pessoas e
animais. Mover-se em noites sem luar só é viável se você possuir uma bússola
e passou o dia descansando, observando e memorizando o terreno, para então
escolher sua rota.

187
Necessidade de água
O assunto da relação água e homem no deserto gerou considerável
interesse e confusão desde os primeiros dias da Segunda Guerra Mundial
quando as forças aliadas se preparavam para desembarcar no norte da África.
Uma das táticas adotadas foi condicionar os soldados ao uso de menores
quantidades de água de forma que o suprimento deles durasse por mais tempo.
Isso causou diversas mortes devido a desidratação e calor.
O fator-chave da sobrevivência no deserto é compreender a relação entre
atividade física, temperatura do ar e consumo de água. O corpo necessita de
certa quantidade de água para um certo nível de atividade física em uma certa
temperatura. Por exemplo, uma pessoa trabalhando no sol com temperatura
ambiente de 43°C precisará de cerca de 19L de água por dia!
Ausência da quantidade de água necessária causará rápido declínio da
habilidade de um indivíduo tomar decisões e de realizar tarefas adequadamente.
A temperatura normal do corpo humano é aproximadamente 37°C. Seu
corpo se resfria eliminando água (que se aquece nos tecidos) através do suor.
Quanto mais quente seu corpo estiver, mais água ele irá eliminar. Quanto mais
água você elimina, mais hidratação você perde, obviamente. Suor é a principal
causa da perda de água. Se você para de suar durante períodos de atividades
extremas ou calor excessivo, você rapidamente apresentará insolação. Esta
condição é uma emergência que requer atendimento médico imediatamente.
A lista abaixo traz informações sobre os variados tipos de atividades e a
quantidade de água necessária em cada tarefa. Compreender como a
temperatura do ar e sua atividade física afeta suas necessidades de água lhe
permite tomar medidas para aproveitar ao máximo sua fonte de água.
• Encontre uma sombra, saia do sol.
• Coloque algo entre você e o solo quente.
• Limite seus movimentos.
• Conserve suor. Use sua vestimenta adequadamente. Role as mangas
para baixo, cubra sua cabeça e proteja seu pescoço com um lenço,
shemagh ou similar. Estes passos vão proteger seu corpo dos ventos
quentes e dos raios de sol. Sua roupa irá absorver seu suor,
mantendo-o contra sua pele, aproveitando totalmente seu efeito
refrescante. Manter-se na sombra quieto, completamente vestido, sem
conversar, mantendo a boca fechada e respirando pelo nariz, fará sua
necessidade de água diminuir drasticamente.
• Se a água for escarça, não coma. Comida requer água para sua
digestão, portanto, comer irá fazer seu corpo usar a água que serviria
para resfria-lo.

188
Figura 79 Gráfico consumo de água pela atividade e temperatura

Sede não é um indicador confiável para sua necessidade de água.


Uma pessoa que utiliza sede como indicador da necessidade de água vai beber
apenas dois terços da sua necessidade diária. Para prevenir esta desidratação
voluntária, use o guia a seguir:
• Em temperaturas abaixo de 38°C, beba 500mL a cada hora.
• Em temperaturas acima de 38°C, beba 1L a cada hora.
Beber água em intervalos regulares ajuda seu corpo a se manter frio e
reduz o suor. Mesmo quando seu suprimento de água for reduzido, dê pequenos
goles regularmente para manter seu corpo mais frio e reduzir a perda de água
através do suor. Conserve seus fluidos corporais reduzindo sua atividade
durante o dia. Não racione sua água. Se você racionar água você corre sério
risco de morrer desidratado.

189
Mortes por calor
Suas chances de morrer devido ao calor como um sobrevivente é grande,
devido a ferimentos, estresse, falta de itens críticos do seu equipamento, etc.
Abaixo seguem as mais frequentes causas de morte por calor e como solucioná-
las quando há pouca água ou nenhuma ajuda médica disponível.
Câimbras por calor
A perda de sais através da sudorese excessiva causa câimbras. Sintomas
são câimbras musculares moderadas a severas nas pernas, braços ou abdômen.
Você deve parar todas as atividades, ir para a sombra e beber água. Se você
falhar em reconhecer os sintomas iniciais e continuar a atividade física, você terá
severas câimbras musculares e dor. Trate como exaustão por calor, como
abaixo.
Exaustão por calor
Uma grande perda da água e sais corporais causam exaustão por calor.
Sintomas são dor de cabeça, confusão mental, irritabilidade, sudorese
excessiva, fraqueza, tonturas, câimbras e pele pálida, úmida e fria.
Imediatamente coloque o paciente na sombra, faça-o deitar-se em uma
plataforma a pelo menos 45cm de altura do solo, afrouxe suas roupas e borrife-
o com água fresca e o abane. Faça-o beber pequenas quantidades de água a
cada 3 minutos. Certifique-se que ele fique quieto e descanse.
Insolação
Uma extrema perda de água e sais corporais e a inabilidade do seu corpo
de se resfriar causa uma insolação. O paciente pode morrer se não for resfriado
imediatamente. Sintomas são ausência de suor, pele quente e seca, dor de
cabeça, tonturas, pulsação acelerada, náuseas e vômito e confusão mental que
pode levar à inconsciência. Imediatamente coloque a pessoa na sombra,
coloque em uma plataforma elevada do solo, afrouxe suas roupas, derrame agua
sobre ele (mesmo se for água suja ou não potável) e abane-o vigorosamente.
Massageie seus braços, pernas e corpo. Se ele recobrar a consciência, faça-o
beber pequenos goles de água a cada 3 minutos.

Precauções
Em uma situação de sobrevivência ou evasão no deserto, é quase certo
que você não terá um médico ou suprimentos médicos para tratar problemas
associados ao calor excessivo. Portanto, tenha cuidado extra para evitar estes
problemas. Descanse durante o dia, trabalhe durante as noites. Vigie e peça aos
seus companheiros para se vigiarem mutuamente para detectar
superaquecimento (como ausência de suor, desmaios, etc). Observe as
seguintes diretrizes:
• Certifique-se de falar para alguém aonde você vai e quando você
retornará.
190
• Observe por sinais de superaquecimento. Se alguém reclamar de
cansaço ou vaguear para longe do grupo, ele pode ser uma fatalidade
associada ao calor.
• Beba água pelo menos uma vez por hora.
• Fique na sombra quando estiver descansando. Não deite diretamente
no solo.
• Não retire suas vestes para trabalhar durante o dia.
• Verifique a cor da sua urina, uma cor clara significa que você está
bebendo água suficiente. Uma cor escura significa que você está
desidratando.
Riscos de morte
Existem vários riscos de morte exclusivos do deserto. Estes incluem
insetos, cobras, plantas espinhosas, água contaminada, queimaduras solares,
irritação dos olhos e estresse climático.
Insetos de quase todos os tipos são encontrados nos desertos. O homem,
como uma fonte de alimento e água atrai piolhos, ácaros, marimbondos e
moscas. Eles são extremamente desagradáveis e podem carregar doenças.
Construções velhas, ruínas e cavernas são os habitats favoritos de aranhas,
escorpiões, centopeias, piolhos e ácaros. Estas áreas provêm proteção dos
elementos e atraem outras formas de vida. Portanto, tenha extremo cuidado
quando estiver nestes locais. Use luvas o tempo todo no deserto. Não coloque
suas mãos em nenhum lugar que você não tenha checado antes. Inspecione
uma área visualmente antes de se deitar ou se sentar.
Quando se levantar, sacuda e inspecione suas botas e roupas. Todas as
áreas de desertos possuem serpentes. Elas habitam ruínas, vilas nativas,
depósitos de lixo, cavernas e afloramentos de rochas naturais que fornecem
sombra. Nunca saia descalço ou ande por estes locais sem antes inspecionar
cuidadosamente em busca de serpentes. Preste atenção onde você coloca seus
pés e mãos. A maioria das picadas acontecem quando se pisa ou se coloca a
mão em uma serpente sem notar. Evite-as. Quando vir uma serpente, dê a ela
amplo espaço e distância.

191
Capítulo 14 – Sobrevivencia em clima Tropical

A maioria das pessoas pensam que os trópicos são feitos de florestas e


selvas fechadas e imensas e que cada passo deve ser dado com cuidado e que
cada centímetro destes locais está infestado de perigos. Na realidade, mais da
metade das terras nos trópicos são áreas de cultivo.
O conhecimento em habilidades de campo, habilidade de improvisar,
aplicação dos princípios da sobrevivência, além do equipamento adequado vão
aumentar suas chances de sobreviver. Não tenha medo de enfrentar uma
floresta ou selva sozinho. Medo leva ao pânico que pode levar a exaustão, que
irá reduzir suas chances de sobrevivência.
Tudo prospera na selva, incluindo germes, bactérias e parasitas que se
multiplicam em uma taxa assustadoramente rápida. A natureza proverá água,
alimento e muitos materiais para construir abrigo.
Populações indígenas viveram por milênios e ainda vivem em selvas
tropicais caçando e coletando. Porém, levará algum tempo para uma pessoa
desacostumada a se familiarizar com o ritmo frenético de atividade na
sobrevivência na selva.

Clima Tropical
Altas temperaturas, chuva pesada e alta umidade relativa do ar
caracterizam as regiões equatoriais e subtropicais (entre a Linha do Equador e
ambos os Trópicos de Capricórnio e Câncer), exceto em elevadas altitudes. Em
áreas baixas, as temperaturas variam entre raramente 10°C e frequentemente
35°C ou mais. Em altitudes acima de 1500m pode haver formação de gelo. A
chuva tem uma sensação refrescante, mas quando cessa a temperatura sobe
drasticamente. As chuvas podem ser muito fortes e geralmente acompanhadas
de raios. Chuvas repentinas atingem as copas das árvores transformando os
pingos em torrentes violentas e fazem os rios subirem rapidamente. Da mesma
maneira, a chuva também para repentinamente. Tempestades violentas ocorrem
geralmente no fim do verão.
Furações, ciclones e tufões podem se formar no mar e se moverem em
direção ao continente, causando ondas altas e devastação na costa. Ao escolher
o local onde se estabelecer, escolha áreas mais altas para evitar inundações. A
direção predominante do vento pode variar entre o verão e inverno. A época de
seca possui chuvas uma vez ao dia e a época de chuvas pode causar chuvas
por dias a fio. No Sudoeste asiático ventos provenientes do Oceano Índico
trazem chuvas torrenciais prolongadas e ventos vindo do continente geralmente
trazem épocas de seca.
Dias e noites em áreas tropicais possuem duração igual. A escuridão da
noite cai rapidamente e o raiar do dia é tão abrupto quanto.

192
Tipos de Selvas
Não existem selvas padrão. As áreas tropicais podem conter os seguintes
tipos:
• Florestas tropicais
• Selvas secundárias
• Florestas perenes sazonais ou florestas de monções
• Florestas de arbustos e espinhos
• Savanas
• Mangues
• Pântanos/Brejos
Florestas tropicais
O clima varia muito pouco em florestas tropicais. Você pode encontrar
estas florestas ao longo da Linha do Equador na Amazônia e Congo, partes da
Indonésia e várias ilhas do Pacífico. Até 3,5m de chuva cai ao longo do ano.
Temperaturas variam de 32°C durante o dia a 21°C durante a noite.
Existem cinco camadas de vegetação nestas florestas. Quando intocadas
por humanos, árvores em selvas crescem a até 60m de altura. Abaixo delas,
árvores menores que formam conjuntos de copas tão densos que quase
nenhuma luz do sol atinge o solo da floresta. As mudas e rebentos lutam para
conseguir um pouco de luz solar e vinhas e cipós sobem ao longo das árvores.
Samambaias, musgos e plantas herbáceas crescem através do grosso tapete de
folhas e dividem o espaço com uma grande variedade de fungos.

Figura 80 Camadas/estratos da floresta

Devido à ausência de luz solar no solo da floresta, há pouco crescimento


de vegetação arbustiva para atrapalhar o deslocamento nestas áreas, no
entanto, o crescimento denso de árvores limita a visão a aproximadamente 50m.

193
Desta forma você pode perder facilmente o senso de direção em selvas, além
disso, torna muito difícil que resgastes aéreos vejam você.
Selvas secundárias
Selvas secundárias são muito similares a florestas tropicais. O
crescimento de plantas de forma prolífica, onde o sol penetra as copas das
árvores caracteriza esta formação florestal. Tal crescimento ocorre
principalmente ao longo das margens de rios, orlas da floresta e áreas que o
homem desmatou e limpou. Estas últimas, quando abandonadas, tendem a
crescer rapidamente vegetação densa e enroscada. Nestes locais, você pode
geralmente encontrar plantas de cultivo em meio à vegetação nativa.
Florestas perenes sazonais ou florestas de monções
As características das florestas perenes sazonais nas Américas e África
correspondem às florestas de monções Asiáticas. Suas características são as
seguintes:
• Suas árvores ocupam dois níveis de altura dos três estratos destas
florestas. As árvores do nível superior variam de 18m a 24m. As
árvores do nível inferior variam de 7m a 13m de altura.
• O diâmetro médio das árvores é de 50cm.
• Suas folhas caem durante secas sazonais.
Exceto o sagu, palmeira-nipa e coqueiros, as mesmas plantas
comestíveis que crescem em florestas tropicais crescem nestas áreas.
Você encontra estas florestas em porções da América Central, Venezuela
e Amazônia. Porções ao sudeste do Quênia, Tanzânia e Moçambique na África,
no Nordeste da Índia, boa parte da Tailândia, Birmânia, Indochina, Ilha de Java
e partes de outras ilhas da Indonésia na Ásia.
Florestas de arbustos e espinhos (Caatinga)
As principais características destas florestas são:
• Há uma estação de seca definida.
• As árvores desfolham durante a estação de seca.
• O solo é árido exceto por pequenos tufos de plantas, grama é
incomum.
• Plantas com espinhos são predominantes.
• Fogo ocorre frequentemente espontaneamente.
Você pode encontrar estes tipos de vegetação de caatinga na costa Oeste
do México, na península Yucatan, Venezuela e Brasil. Na costa Noroeste e
partes centrais da África e no Turquestão e Índia na Ásia.
Na época da seca na caatinga você não encontrará tantas plantas
comestíveis quanto na época de chuvas.

194
Savanas
Características gerais das savanas são:
• É encontrada nas zonas tropicais da América do Sul e África.
• Tem a aparência de um prado amplo e gramado, com árvores muito
espaçadas entre si, como o Cerrado Brasileiro.
• Frequentemente possui solo avermelhado.
• As árvores são atrofiadas, retorcidas e rugosas/nodosas, como
macieiras, muito espalhadas. Palmeiras também são recorrentes em
regiões de Savana.
Você encontra Savanas/Cerrado em partes da Venezuela, Brasil e
Guianas na América do Sul. Na África você as encontra na região Sul do Deserto
do Saara (região Centro-norte do Gabão, Camarões e Sudão), Benim, Togo,
grande parte da Nigéria, Nordeste da República do Congo, ao Norte em Uganda,
Oeste do Quênia, parte de Malavi, Tanzânia, Sul do Zimbábue, Moçambique e
Oeste de Madagascar.
Mangues
Mangues são comuns em áreas costeiras sujeitas a inundações da maré.
As árvores nos mangues podem chegar a 12m de altura. Suas raízes enroscadas
são um obstáculo para o deslocamento. A visibilidade neste tipo de pântano é
muito baixa e a movimentação extremamente difícil. Algumas vezes, alguns
cursos d’água em que se pode navegar se formam, mas você deverá viajar
majoritariamente a pé nestes pântanos.
Você encontra mangues no Oeste africano, Madagascar, Malásia, Ilhas
do Pacífico, Américas Central e do Sul e no delta do Ganges na Índia. Os
pântanos nos deltas dos rios Orinoco e Amazonas e rios da Guianas consistem
em lama e árvores que oferecem pouca sombra. A maré em mangues pode subir
vários metros.
Tudo nos mangues pode parecer hostil a você, desde as sanguessugas
e insetos até jacarés e caimões. Evite todos os animais perigosos nestes
pântanos.
Evite mangues sempre que possível. Se houver canais no meio do
mangue, você pode usar alguma embarcação para sair dele.
Pântanos/Brejos
Você encontrará estes pântanos de água doce em áreas de baixio no
interior do continente. Suas características são massas de pequenas árvores
retorcidas e espinhosas, juncos, gramíneas e eventualmente pequenas
palmeiras que reduzem a visibilidade e tornam o deslocamento difícil. Há,
frequentemente, ilhas que pontuam estes pântanos, permitindo que você saia da
água. Vida selvagem geralmente é abundante nestas áreas brejosas.

195
Viagem através de áreas de selva
Com um pouco de prática, se movimentar através de vegetação densa e
áreas de selva pode ser feito de forma eficiente. Use sempre mangas compridas
para evitar arranhões e cortes.
Para se movimentar através de selvas densas, você deve desenvolver um
“olho de selva”. Isto é, você deve se concentrar não nos padrões formados pela
vegetação arbustiva e árvores, mas focar no caminho à frente, procurando
aberturas na vegetação. Observe através da floresta, não para ela. Pare e se
abaixe para analisar o solo da floresta. Fazer isto pode revelar trilhas de animais
que você eventualmente poderá seguir.
Fique alerta e mova-se de forma lenta e constante. Pare periodicamente
para ouvir e se orientar. Use um facão para cortar um caminho através da
vegetação densa, mas não corte nada desnecessariamente pois você pode
desgastar sua ferramenta de corte ou se cortar. Quando usando um facão, faça
cortes de baixo para cima para reduzir o barulho. Nas selvas, o som viaja a
longas distâncias. Use um bastão de caminhada para abrir a vegetação e afastar
formigas, aranhas ou serpentes de forma segura. Não agarre em arbustos ou
vinhas quando subindo encostas, pois podem possuir espinhos afiados ou pelos
irritantes.
Muitos animais que habitam as florestas e selvas seguem trilhas. Estas
trilhas se cruzam e dão voltas, mas frequentemente levam até corpos d’água ou
clareiras. Use estas trilhas se elas levarem para a direção da sua viagem.
Em muitos países, linhas de energia ou telefone viajam por muitos
quilômetros através de áreas esparsas inabitadas. Geralmente as áreas por
onde passam são limpas o suficiente para permitir que você viaje através delas.
Quando usar estes caminhos, tome cuidado ao se aproximar de transformadores
e estações retransmissoras pois podem possuir cabos e fios perigosos ou, em
território inimigo, podem estar guardadas.
Movimentar-se através da selva ou vegetação densa requer que você
esteja constantemente alerta e atento aos arredores. As seguintes dicas de
viagem podem ajudar você:
• Marque bem (de preferência em um mapa) sua localização inicial da
forma mais precisa possível. Se você não possuir uma bússola, utilize
métodos alternativos de navegação e localização.
• Leve consigo um estoque de água e alimento, além dos seus
equipamentos.
• Mova-se em uma direção, mas não necessariamente em linha reta.
Evite obstáculos. Se estiver em território hostil, tire vantagem de
coberturas naturais e da ocultação fornecida pela vegetação.
• Mova-se de forma suave e sutil pela floresta. Não ande cegamente
pela vegetação, pois você pode se cortar e arranhar. Gire seus
196
ombros, mova seus quadris, curve seu corpo e estique ou encurte seu
passo para deslizar pela vegetação.

Considerações imediatas
Existe menor probabilidade de ser resgatado em uma selva devido às
copas das árvores densas que bloqueiam a visão. Você talvez precise viajar para
alcançar a segurança.
Se você foi vítima de um acidente aéreo, os itens mais importantes para
levar com você a partir do local do acidente são um facão, uma bússola, um kit
de primeiros-socorros e um paraquedas ou outro material para usar como abrigo.
Abrigue-se das chuvas tropicais, do sol e dos insetos. Mosquitos
transmissores de malária e outros insetos são perigos imediatos, então, proteja-
se de todas as picadas.
Não deixe a área do acidente sem antes determinar claramente sua rota
de viagem. Use sua bússola, saiba qual direção irá tomar.
Nos trópicos, até mesmo o menor dos arranhões pode se tornar
rapidamente perigoso se infectado. Trate imediatamente qualquer ferimento que
sofrer, não importa o quão pequeno.

Obtenção de água
Apesar da água ser um recurso abundante em áreas tropicais, você pode
eventualmente ter dificuldade em encontrá-la. Se você encontrar uma fonte,
pode ser ainda que não seja seguro beber. Algumas das muitas fontes são
vinhas, cipós, raízes, palmeiras e condensação. Você também pode seguir
animais até a água. Frequentemente você pode encontrar água limpa em rios e
lagos lamacentos cavando um buraco no solo arenoso a aproximadamente 1m
de distância da margem. Assim a água irá infiltrar no buraco. Você ainda
precisará desinfetar/purificar a água coletada desta maneira.
Animais: Sinais de água
Animais podem frequentemente levar você até a água. A maioria dos
animais precisa beber água regularmente. Animais ruminantes, como cervos,
veados, etc, geralmente não ficam muito distantes da água e normalmente
bebem da fonte no início do dia ou fim da tarde. Trilhas convergentes também
levam até fontes de água. Carnívoros não são indicadores confiáveis da
presença de água. Eles obtêm hidratação a partir dos animais que comem e, por
isso, podem ficar longos períodos sem beber água.
Pássaros também são um bom indicador. Pássaros que comem grãos,
como pombos e tentilhões nunca ficam muito distante de fontes de água. Eles
também bebem água no raiar do dia e ao pôr-do-sol. Quando voarem em linha
reta e baixo, estão indo para água. Quando estiverem retornando da fonte de
água, estarão cheios e pesados e voarão de árvore em árvore parando para
descansar. Não dependa destes tipos de aves para levar você até a água. Eles
197
podem voar por longas distâncias sem parar. Águias, gaviões, e outras aves de
rapina se hidratam através da carne que comem e não são bons indicadores da
presença de água.
Insetos, especialmente abelhas, são bons indicadores da presença de
água. Abelhas dificilmente se afastam mais de 6km de suas colmeias e
geralmente vão ter uma fonte de água dentro desta distância. Formigas também
precisam de água, uma coluna de formigas subindo em um tronco de árvore
pode indicar que estão indo buscar água em algum local na própria árvore. Você
pode encontrar estes reservatórios em árvores até em regiões áridas. A maioria
das moscas, especialmente as de coloração verde iridescente geralmente
estarão a menos de 100m de uma fonte de água.
Rastros de humanos geralmente vão levar a uma fonte de água, como
poço, rio ou cisterna. Porém, estes locais podem ser locais hostis, dependendo
da situação em que você se encontra.
Água de plantas
Você encontra vários tipos de vegetação em uma situação de
sobrevivência dependendo de onde você se encontra. Plantas como vinhas,
cipós, raízes e palmeiras são boas fontes de água.
Vinhas e cipós
Vinhas ou cipós com cascas grossas e com cerca de 5cm de diâmetro
podem ser uma boa fonte de água. Você precisa aprender através da experiência
quais vinhas fornecem água e quais não fornecem, além de saber reconhecer
quais são venenosas. As vinhas venenosas irão verter uma seiva leitosa e
grudenta quando cortadas. As vinhas não venenosas verterão líquido limpo.
Algumas vinhas podem causar irritação na pele através do contato, portanto,
colete o líquido ou deixe gotejar diretamente em sua boca, ao invés de tocar na
vinha ou cipó. No capítulo 6 você encontrará informações e esquemas sobre
como obter água de cipós e vinhas.
Raízes
Na Austrália, o baobá, o carvalho do deserto e o conduru-de-sangue
possuem raízes próximas à superfície. Arranque estas raízes do solo e corte
tocos de 30cm de comprimento. Remova a casca completamente e chupe o
líquido. Ou então descasque a raiz em uma polpa e esprema-a em sua boca.
Palmeiras
A corypha, coqueiro e palmeira-nipa contêm um fluido açucarado que é
muito bom para beber. Para obter o líquido, entorte um caule inflorescente de
uma destas palmeiras e corte sua ponta. Se você cortar uma pequena fatia a
cada 12 horas, o fluxo de líquido irá se renovar, tornando possível obter até 1L
de fluidos por dia. Nipas crescem diretamente do chão, portanto é possível
utilizá-las diretamente a partir do solo. No entanto, árvores maiores ou outras

198
espécies às vezes vão requerer que você as escale. Água de coco possui alto
potencial de hidratação. Porém, possui alto potencial laxativo em cocos maduros
(que apresentarão coloração marrom ou amarelo). Por isso, beba somente os
cocos com a casca externa verde.
Água de condensação
Geralmente outros métodos requerem muito esforço para cavar em busca
de raízes. Pode ser mais fácil deixar a planta produzir água para você em forma
de condensação. Amarrar um saco plástico limpo ao redor de um galho folhoso
vai prender a condensação e acumulá-la no fundo do saco. Este e outros
métodos estão contemplados no Capítulo 6.

Alimento
Comida geralmente é abundante em áreas tropicais. Para obter alimento
animal, use os procedimentos descritos no Capítulo 8.
Em adição aos animais, você pode precisar suplementar sua dieta com
plantas comestíveis. Os melhores lugares para coletar são as margens dos rios.
Onde quer que o sol penetre na floresta, haverá crescimento de uma massa de
vegetação, mas os leitos de rios são os mais acessíveis.
Se você estiver fraco, não gaste energia subindo ou caindo de árvores em
busca de alimento. Existem formas mais fáceis de se obter comida próxima ao
solo. Não colete mais comida do que você consegue comer. A comida estraga
rapidamente em ambientes tropicais, por isso, deixe o alimento na árvore ou
planta até que precise se alimentar.
Há um sem-número de plantas comestíveis que você pode selecionar. A
menos que você consiga identificar positivamente estas plantas, é mais seguro
começar com palmeiras, bambus e frutas comuns. Veja os Apêndices para
informações detalhadas sobre plantas comestíveis.

Plantas Venenosas
A proporção de plantas venenosas em regiões tropicais é basicamente a
mesma que em qualquer região do mundo. Porém, pode parecer que existem
mais plantas venenosas em áreas tropicais devido à grande densidade de
crescimento vegetal nestas áreas. Veja os Apêndices para informações
detalhadas sobre plantas venenosas.

199
Capitulo 15 – Sobrevivencia em clima Frio

Uma das mais difíceis situações de sobrevivência é o cenário de clima


frio. Lembre-se que o frio é um adversário quase tão perigoso quanto um soldado
inimigo, um predador faminto ou doença mortal. A cada vez que você se aventura
no frio, você estará competindo com os elementos. Com um pouco de
conhecimento do ambiente e das plantas e equipamento apropriado, você pode
vencer este inimigo. À medida que você remove um destes fatores, a
sobrevivência se torna cada vez mais difícil. Lembre-se que o clima no inverno
é altamente variável. Prepara-se para se adaptar a uma condição de nevasca
mesmo em dias ensolarados e limpos.
O frio é muito mais perigoso para a sobrevivência do que parece. Ele
reduz sua capacidade de pensar e enfraquece sua vontade de fazer qualquer
coisa que não seja se aquecer. O frio é um inimigo insidioso, uma vez que
entorpece o corpo e a mente, reduzindo as chances de sobrevivência.

Regiões frias e localidades


Regiões frias incluem o Ártico e áreas subárticas imediatamente
adjacentes. Áreas da Antártida geralmente não são habitadas e não são rotas
de voos ou navios, mas são semelhantes às regiões polares ao norte. Pode-se
classificar aproximadamente 48% da massa de terra no Hemisfério Norte como
regiões de frio devido a influência da temperatura do ar. Correntes marinhas
afetam o clima frio e causam grandes áreas normalmente temperadas a se
tornarem frias no período do inverno. A altitude também possui um efeito
marcante para definição de áreas frias.
Nas regiões de clima frio, você poderá enfrentar dois tipos de ambientes
frios: seco ou úmido. Saber em qual destes tipos de ambientes você estará
operando afetará diretamente o planejamento e execução das operações nestes
locais.

Ambientes de clima frio úmidos


Clima frio e úmido existe quando a temperatura média em 24h é de -10°C
ou superior. As características destes locais são suportáveis durante o dia devido
ao derretimento e congelante durante as noites frias. Apesar da temperatura ser
mais amena no frio úmido, o terreno é geralmente lamacento. Você deve se
concentrar em se proteger do solo frio e de chuvas frias ou neve que
eventualmente podem cair.

Ambientes de clima frio secos


Estes climas existem quando a temperatura média em 24h é menor que -
10°C. Mesmo as temperaturas sendo mais baixas que o normal você não terá
problemas relacionados ao congelamento e derretimento. Nestas condições,
você precisará de mais camadas de roupas internas para proteger você da

200
temperatura (que pode chegar a -60°C). Quando combinada com ventos, a baixa
temperatura pode ser extremamente perigosa.

Fator do frio do vento


O vento em ambientes frios aumenta o perigo ao reduzir efetivamente a
temperatura ambiente e sensação térmica. Este efeito é geralmente mais efetivo
em pele desprotegida. Por exemplo, um vento de 27,8km/h em uma temperatura
de -10°C é o equivalente a uma temperatura de -23°C.
A tabela abaixo fornece valores de temperaturas reais em decorrência da
temperatura ambiente e da velocidade do vento. Lembre-se que mesmo sem
vento, você criará o mesmo efeito ao esquiar, correr, ser puxado por esquis atrás
de um veículo ou trabalhar próximo a uma aeronave que produza correntes de
ar.

Figura 81 Frio e vento

Para estimar a velocidade do vento, use as diretrizes abaixo:


10km/h: Vento sentido no rosto, cata-ventos começam a se mover.
20km/h: Pequenas bandeiras se estendem.
30km/h: O vento levanta papéis soltos, grandes bandeiras se agitam e
pequenas árvores entortam.
40km/h: Pequenas árvores começam a oscilar e grandes bandeiras se
estendem e agitam fortemente.
50km/h: Grandes galhos das árvores se mexem, fios telefônicos assoviam
e é difícil usar um guarda-chuvas.
60km/h: Grandes árvores se entortam e é difícil andar contra o vento.

201
Princípios básicos da sobrevivência no clima frio
É mais difícil atender as suas necessidades de água, alimento e abrigo
em climas frios do que em climas mais quentes. Mesmo se você tiver os
requerimentos certos, você ainda precisa se vestir adequadamente com roupas
quentes e possuir muita força de vontade. A força de vontade nestes ambientes
é tão importante quanto as outras necessidades. Há relatos de incidentes em
que pessoas treinadas e bem equipadas não sobreviveram a ambientes frios
devido à falta de força de vontade, ao passo que pessoas com menos
treinamento e equipamentos e muita força de vontade conseguiram sobreviver
por longos períodos.
Existem muitos itens diferentes de equipamento para clima frio em
diferentes lojas e categorias. Vestimentas mais modernas utilizam roupas de
baixo de polipropileno, vestes de tecido impermeável e botas específicas. Porém,
você pode funcionar muito bem com equipamentos e vestes menos sofisticadas,
como as boas e velhas roupas de 100% lã, com exceção de um blusão ou
sobretudo para reduzir a sensação do vento.
Você não só deve ter roupas suficientemente adequadas para te proteger
do frio, como deve saber aproveitar o máximo de suas capacidades isolantes.
Uma boa dica é manter sua cabeça coberta sempre que possível. Você pode
perder de 40 a 45% da temperatura através da cabeça, e ainda pescoço, pulsos
e tornozelos. Estas áreas do corpo são bons radiadores para o corpo, uma vez
que possuem pouca cobertura de gordura. O cérebro é muito pouco resistente
ao frio e é o primeiro a sentir seus efeitos. Devido à presença de grande
quantidade de vasos sanguíneos no cérebro que geralmente estão na superfície,
você pode perder calor rapidamente se não cobrir sua cabeça.
Existem cinco princípios básicos para seguir para se manter aquecido que
são:
• Mantenha sua roupa limpa: Este princípio é sempre importante para a
higiene e conforto. No inverno, é também importante do ponto de vista
do aquecimento. Roupas cobertas de terra e graxa perdem muito do
seu valor isolante. Calor pode escapar mais facilmente do corpo
através das roupas se os micro bolsões de ar presentes na fibra
estiverem preenchidos com substâncias ou se comprimidos.
• Evite superaquecimento: Quando você esquenta demais, você sua e
sua roupa absorve a umidade. Isto afeta o aquecimento de duas
formas: a umidade reduz o fator de isolamento das vestes e, à medida
que o suor evapora, ele esfria seu corpo rapidamente, podendo levar
à hipotermia. Ajuste a temperatura corporal de seu microclima para
que você não transpire. Faça isto abrindo parcialmente sua jaqueta ou
sobretudo, removendo uma camada interna de roupa, removendo
luvas pesadas externas, baixando o seu capuz ou ainda trocando para

202
vestes menos quentes. A cabeça e as mãos agem como ótimos
dissipadores de calor quando necessário.
• Use suas roupas frouxas e em camadas: Usar roupas e calçados
apertados restringe a circulação de sangue, que é um convite para
ferimentos causados por frio. Elas também diminuem a quantidade de
ar parado e preso entre as camadas de tecido, que é o principal
isolante térmico. Várias camadas de tecidos leves são melhores que
uma camada igualmente espessa de um tecido grosso e pesado, pois
o ar retido entre as camadas promove melhor isolamento. Além disso,
usar várias camadas permite que você adicione ou retire camadas
isolantes para realizar um controle fino da temperatura corporal.
• Mantenha suas roupas secas: Em temperaturas baixas, suas roupas
internas podem se molhar através do suor, ao passo que as externas,
se não impermeáveis ou repelentes à água, podem se molhar pelo
derretimento de neve ou condensação do ar frio. Dê preferência às
roupas repelentes à água ou impermeáveis. Antes de entrar em um
abrigo aquecido, remova restos de neve e umidade congelada das
suas roupas. Apesar das precauções, vão haver momentos em que
você irá eventualmente se molhar. Em tais situações, secar as roupas
podem ser um grande problema. Enquanto caminha, pendure suas
meias e luvas molhadas na sua mochila. Às vezes em temperaturas
congelantes, o vento e o sol irão secar estas roupas. Você também
pode colocar meias e luvas molhadas sem dobrar próximas a seu
corpo para que seu calor corporal as seque. No acampamento,
pendure roupas molhadas dentro do abrigo, próximo ao teto, usando
linhas ou estantes improvisadas. Você pode até conseguir secar uma
peça molhada segurando-a próximo ao fogo. Seque itens de couro
lentamente. Se não houver outro meio de secar suas botas, coloque-
as próximas a seu saco de dormir de forma que o calor do seu corpo
ajude a secá-las. Se elas não forem de material sintético, você ainda
pode esquentar pedras não porosas na fogueira e jogá-las dentro das
botas para ajudar a secar mais rápido.
• Examine e repare suas roupas em áreas sujas, desgastadas ou
rasgadas, você pode improvisar um kit de costura usando as linhas da
alma de paracord ou outro cordame similar e uma lasca de osso ou
até madeira. Não demore para costurar buracos, pois eles tendem a
alargar e se tornam irreparáveis.
Um saco de dormir pesado e forrado é uma peça valiosa que você pode
ter com você. Certifique-se de que o forro permaneça seco. Se molhado, perderá
seu valor isolante. Se você não tiver um saco de dormir, você pode usar sacos
de lixo, cobertores ou lonas dobradas em forma de saco e enchê-los com
material natural seco como folhas, agulhas de pinheiro ou musgo. Você precisará
de aproximadamente 10cm de camada isolante natural depois de comprimida
pelo peso do seu corpo para combater a condução de calor.

203
Outro item importante para a sobrevivência no frio é uma boa faca,
fósforos à prova d’água armazenados em recipiente vedado, um pedaço de sílex
ou quartzo, pederneiras, uma boa bússola com pelo menos uma lente de
aumento, espelho e anel de marcação de graus móvel, mapa, relógio, lanternas,
forro impermeável para colocar sob o saco de dormir, cobertura, binóculos,
óculos escuros, alimentos de emergência calóricos, equipamento para obtenção
de comida, itens de sinalização, etc.
Lembre-se que um ambiente de clima frio pode ser muito severo. Planeje
muito bem o equipamento que levará consigo. Se não estiver seguro de como
usar um item, acampe em seu quintal por uma noite e teste-o antecipadamente.
Uma vez que você selecionou seus equipamentos para sobreviver no frio, não
os perca depois de adentrar o ambiente frio.

Higiene
Apesar de que lavar-se pode ser pouco prático ou desconfortável em
ambientes frios, você deve fazê-lo. Lavar-se ajuda a prevenir erupções cutâneas
que podem se agravar em problemas piores.
Em algumas situações, você pode até tomar um “banho de neve”. Pegue
um punhado de neve e lave seu corpo onde suor e umidade se acumularam,
como nas axilas e virilhas. Em seguida, seque-se totalmente. Se possível, lave
seus pés diariamente e coloque meias limpas e secas. Troque suas roupas de
baixo pelo menos duas vezes por semana. Se você não puder lavar sua roupa
de baixo, tire-a, sacuda-a e deixe arejar por pelo menos 2 horas no sol.
Se você estiver utilizando um abrigo que foi utilizado anteriormente,
cheque seu corpo e roupas à procura de piolhos todas as noites. Se suas roupas
estiverem infestadas, utilize repelente em pó se você possuir. Do contrário,
pendure suas roupas no ambiente externo e bata-as ou escove-as. Isto irá ajudar
a remover os piolhos, mas não os seus ovos.
Se você se barbear, tente fazê-lo antes de ir dormir. Isto irá dar à sua pele
a chance de se recuperar antes de ser exposta ao extremo frio.

Aspectos médicos
Quando você está saudável, sua temperatura corporal permanece em
cerca de 37°C. Como seus membros e cabeça possuem menos gordura, suas
temperaturas podem variar e não alcançarem os 37°C.
Seu corpo tem um sistema de controle de temperatura que permite que
ele reaja aos extremos de temperatura para manter o equilíbrio interno. Existem
três fatores principais que afetam este equilíbrio. Produção de calor, perda de
calor e evaporação. A diferença entre a temperatura interna do corpo e a
temperatura do ambiente governa a produção de calor no corpo. O suor ajuda a
controlar o equilíbrio de temperatura. A transpiração máxima irá abaixar a
temperatura corporal tão rápido quanto o esforço máximo produz calor.

204
Tremedeira devido ao frio faz com que o corpo produza calor. Porém
também gera fadiga que pode reduzir a produção de calor. A movimentação do
ar ao redor do corpo também afeta a temperatura corporal. Percebeu-se que um
homem nu exposto a um ambiente com ar parado a 0°C consegue manter o
equilíbrio da temperatura corporal se ele tremer o máximo que conseguir, no
entanto, ele não pode tremer para sempre.
Também foi notado que um homem em repouso, usando o máximo de
roupas para clima ártico possível em um ambiente frio consegue manter sua
temperatura corporal em climas muito abaixo de 0°C. Contudo, para suportar
frios realmente extremos, ele precisará ficar ativo ou tremer.
Ferimentos por frio
A melhor forma de lidar com ferimentos e doenças é prevenir. Trate um
ferimento ou doença assim que ocorrerem para evitar agravamento.
O conhecimento dos sinais e sintomas básicos e o uso de companheiros
para se vigiarem são métodos muito importantes em clima frio. Os seguintes
parágrafos cobrirão estes aspectos mais profundamente.
Hipotermia
Hipotermia é a redução da temperatura corporal mais rápido do que o
corpo produz calor. As causas de hipotermia podem ser exposição generalizada
ao frio, ou molhar subitamente o corpo em líquidos frios, como a água de um
lago, ou esguichos de combustíveis ou outros líquidos muito frios.
O sintoma inicial são as tremedeiras. Elas crescem de amplitude até uma
intensidade que a vítima não consegue mais controlar e atrapalha suas
atividades. Isto começa quando a temperatura corporal reduz para 35.5°C ou
menos. Quando a temperatura corporal atinge de 35°C a 32°C, o pensamento
se torna lento, pensamentos irracionais e uma falsa sensação de aquecimento.
Temperaturas entre 32°C e 30°C ou menos podem resultar em rigidez muscular,
inconsciência e sinais vitais quase indetectáveis. Se a temperatura da vítima cair
a menos de 25°C a morte é quase certa.
Para tratar hipotermia, reaqueça o corpo inteiro. Se houver meios para tal,
reaqueça a pessoa primeiro submergindo seu tronco em água quente de 37,7°C
a 43,3°C.
CUIDADO: Reaquecer o corpo inteiro em banho de água quente pode ser
perigoso e deve ser feito apenas em hospitais devido ao aumento do risco de
parada cardíaca e choque de reaquecimento.
Uma das maneiras mais rápidas de se aquecer uma pessoa é usar
enemas (clísteres ou enxágues intestinais) mornos. Porém, estes produtos
podem não estar disponíveis. Outro método é colocar a vítima em um saco de
dormir previamente aquecido junto de outra pessoa que já está aquecida. Ambas
as pessoas devem estar nuas em contato pele-a-pele.

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CUIDADO: O indivíduo colocado no saco de dormir junto com a vítima
pode desenvolver hipotermia se ficar lá dentro por muito tempo.
Se a vítima estiver consciente, de a ela líquidos quentes e açucarados.
Mel ou dextrose são os melhores, mas se não estiverem disponíveis, use açúcar,
cacau ou outro adoçante similar solúvel.
CUIDADO: Não force uma pessoa inconsciente a beber ou comer.
Existem dois perigos no reaquecimento da vítima, o reaquecimento muito
rápido e uma hipotermia rebote. Reaquecer muito rapidamente pode causar
problemas circulatórios na vítima, que pode causar parada cardíaca. O rebote
de hipotermia pode ocorrer quando se retira a vítima do banho quente. Sua
causa provável é o retorno do sangue estagnado nos membros para o tronco
(core) quando a circulação volta. Concentre-se em aquecer a área do core e
estimular a circulação periférica, isso vai reduzir as chances destes problemas.
Imergir o torso em água morna é o melhor tratamento.
Geladuras (“queimaduras” por frio)
Estes ferimentos são decorrentes do congelamento do tecido corporal.
Geladuras leves envolvem apenas a pele que se torna pálida. Geladuras
profundas e severas estendem-se a camadas inferiores da pele. Os tecidos se
tornam sólidos e imóveis. Seus pés, mãos e áreas faciais expostas são
particularmente vulneráveis às geladuras. Portanto, use luvas, meias, calçados
adequados, gorros e se possível uma balaclava.
A melhor maneira de prevenir as geladuras, se você está com
companheiros, é pedir que uns chequem os outros por sinais. Se você estiver
sozinho, verifique-se com um espelho frequentemente e cubra seu nariz e parte
inferior do rosto com suas luvas.
Os seguintes pontos podem ajudar a evitar a ocorrência de geladuras e
ajudar a se manter quente caso não possua roupas adequadas ou o clima seja
muito severo:
• Face: mantenha a circulação facial fazendo caretas e aqueça seu rosto
com as mãos.
• Orelhas: mexa em suas orelhas e aqueça-as com as mãos.
• Mãos: mexa-as dentro das luvas. Aqueça-as colocando-as próximas
ao corpo.
• Pés: Mova seus pés e mexa seus calcanhares dentro das botas.
A perda da sensibilidade nas mãos e pés é sinal de geladura. Se você
tiver perdido a sensação por apenas um pequeno período, a geladura é
provavelmente leve. Do contrário, assuma que a geladura é profunda. Para
reaquecer uma área afetada, use suas mãos ou luvas para reaquecer sua face
e orelhas. Coloque suas mãos sob suas axilas. Coloque seus pés próximos à
barriga de um companheiro. Uma geladura que derreta e volte a se congelar
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pode causar mais danos do que uma pessoa comum não treinada pode lidar. A
lista abaixo traz alguns pontos a se observar.
• Periodicamente cheque seu corpo
• Reaqueça geladuras leves
• Não deixe áreas danificadas recongelarem
• Não esfregue neve nos ferimentos
• Não beba bebidas alcóolicas
• Não fume
• Não tente descongelar uma geladura profunda se você está distante
do atendimento médico especializado
Pé de trincheira e pé de imersão
Estas condições são o resultado de exposição por muitas horas ou até
dias em locais úmidos ou molhados em temperaturas próximas de 0°C. Os
sintomas são sensação de formigamento e agulhas “fincando”, perda de
sensibilidade e, então, dor. A pele inicialmente vai aparentar estar úmida ou
molhada, esbranquiçada e enrugada. À medida que progride e o dano aparece,
a pele ficará avermelhada e, depois, azulada ou enegrecida. O pé se torna frio,
inchado e dá a sensação de estar pesado e anestesiado. Os nervos e músculos
suportam a maior parte do dano, mas pode ocorrer gangrena. Em casos
extremos pode ocorrer morte do tecido e pode ser necessário amputar o pé ou
a perna. A melhor prevenção é manter seu pé seco. Carregue consigo meias
extras em uma embalagem à prova d’água. Você pode secar suas meias
molhadas dentro de sua jaqueta contra seu torso, bem como próximo do fogo.
Lave seus pés, seque bem e coloque meias secas todos os dias.
Desidratação
Quando estiver empacotado em várias camadas de tecido para se
proteger do frio, você pode não se dar conta de que está perdendo hidratação.
Suas roupas pesadas, se forem do material correto, irão absorver a umidade e
evaporar no ar. Você deve beber água para repor sua hidratação. Sua
necessidade de água é a mesma em clima frio quanto em clima quente. Uma
forma de verificar sua condição de hidratação é a cor da sua urina na neve ou
quando estiver urinando. Se a cor estiver amarelo claro ou cor de palha, você
está com teor de hidratação normal. Se apresentar coloração escura, como
amarelo escuro próximo a laranja, você está com teor de hidratação baixo. Neste
caso a urina também pode apresentar odor mais concentrado.
Diurese pelo frio
Exposição ao frio irá aumentar seu volume de urina e você precisará repor
os líquidos perdidos. Beba água frequentemente.
Queimaduras solares

207
A pele exposta ao sol pode apresentar queimaduras mesmo quando a
temperatura do ar está abaixo de 0°C. Os raios solares refletem na neve, água
e gelo em ângulos variados, atingindo partes sensíveis do corpo como lábios,
narinas e pálpebras. A exposição ao sol resulta em queimaduras solares mais
rapidamente em elevadas altitudes do que em terras baixas. Aplique filtro solar
ou protetor labial no rosto quando estiver exposto ao sol.
Cegueira na neve
O reflexo da luz ultravioleta do sol na neve causa esta condição. Os
sintomas de cegueira na neve são uma sensação de areia nos olhos, dor dentro
e ao redor dos olhos, que aumenta com a movimentação dos mesmos. Olhos
vermelhos e lacrimejantes e uma dor de cabeça que se intensifica com a
exposição continuada à luz. Exposições muito prolongadas podem causar danos
permanentes aos olhos. Para tratar a cegueira na neve, enfaixe a cabeça na
área dos olhos até os sintomas cessarem.
Você pode prevenir este tipo de situação utilizando óculos escuros. Se
você não possuir óculos escuros, improvise. Corte duas tiras finas em um pedaço
de casca de árvore, papelão, madeira fina ou outro material opaco disponível e
ajuste cordas para colocar em volta da cabeça.

Figura 82 Improvisando um óculos

Constipação
É muito importante aliviar-se e fazer suas necessidades fisiológicas
quando necessário. Não postergue a ida ao banheiro por causa do clima frio.
Demorar para fazer as necessidades por causa do frio, associado com alimentos
desidratados, beber pouco líquido e hábitos alimentares irregulares podem
causar constipação. Apesar de não te desabilitar a constipação pode causar
desconforto. Aumente sua ingestão de líquidos para pelo menos 2 litros acima
do normal se possível. Coma frutas e outros alimentos que vão soltar o intestino.
Picadas de insetos
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Picadas de insetos podem se tornar infectadas mesmo em clima frio
devido à constante fricção da coceira. Moscas podem carregar diversas doenças
consigo. Para prevenir use repelente, telas e redes e use roupas apropriadas
para cobrir sua pele.
Abrigos
O ambiente em que você está e o equipamento que você leva consigo vão
determinar que tipos de abrigos você conseguirá levantar. Você pode construir
abrigos em áreas florestais, campo aberto ou áreas desérticas. Áreas de floresta
geralmente são os melhores locais, enquanto áreas desérticas (tundra) só
fornece neve como material. Áreas de floresta vão fornecer madeira para
construção de abrigo, para fogo, proteção contra o vento e observação
indesejada.
NOTA: Em frio extremo, não utilize estruturas de metal como a fuselagem
de um avião como cobertura. O metal irá conduzir para fora o pouco calor que
você conseguir produzir ou reter dentro do abrigo.
Abrigos feitos de gelo ou neve geralmente requerem ferramentas como
machados e serras para neve. Além disso, você deve gastar muita energia e
tempo para construir abrigos deste tipo. Certifique-se que o abrigo é ventilado
especialmente se você deseja fazer fogo dentro dele. Sempre bloqueie a entrada
do abrigo para o vento não entrar e manter o calor dentro. Utilize sua mochila ou
um bloco de neve ou gelo. Construa um abrigo do tamanho mínimo necessário
para economizar calorias e tempo. Isso também irá reduzir a quantidade de
espaço que você precisará aquecer. Um erro fatal com a construção de abrigo
na neve é fazê-lo grande demais pois ele irá roubar calor do seu corpo ao invés
de ajudar a reter.
Nunca durma diretamente no solo. Coloque algumas folhagens, grama ou
outro material isolante para evitar a condução térmica do solo com seu corpo.
Este isolamento deve possuir no mínimo 10cm de altura após comprimido.
Nunca durma sem antes desligar seu fogão ou lamparina. Intoxicação por
monóxido de carbono pode ocorrer em locais fechados onde há queima de
combustíveis. O monóxido de carbono é inodoro e incolor e é muito perigoso.
Via de regra, todas as vezes que você tiver uma chama ela estará criando
monóxido de carbono. Sempre verifique sua ventilação. Até mesmo em um
abrigo ventilado, combustão incompleta de materiais pode causar intoxicação
por monóxido de carbono. Geralmente não há sintomas de tal condição. Quando
você inspirar monóxido de carbono demais, cairá inconsciente e sufocará até a
morte sem apresentar sintomas. Apesar disso, raramente alguns sintomas
podem aparecer como pressão nas têmporas, ardência nos olhos, dor de cabeça
e pulsação latejante, além de tonteiras e náusea. Uma característica marcante
da intoxicação por monóxido de carbono é uma coloração avermelhada nos
lábios, boca e interior das pálpebras. Se você notar quaisquer destes sintomas,
vá para um local arejado o mais rápido possível.

209
Há diversos tipos de abrigos que você pode fazer ou improvisar em
campo, muitos utilizam neve como isolante.
Caverna de neve
Este abrigo é muito efetivo devido às qualidades isolantes da neve.
Lembre-se de que há um grande gasto de tempo e energia para sua construção
e que você ficará molhado durante o processo. Primeiro, você precisa de
encontrar um local aberto apropriado, de no mínimo 3m de profundidade de neve
em que você possa cavar. Enquanto for construindo, mantenha o teto em formato
de arco para reforço estrutural e para que a neve que derreter escorra para os
lados. Construa o local onde você irá dormir mais alto que a entrada. Separe
esta plataforma das paredes do abrigo cavando uma pequena trincheira para
que a água que originar da neve derretendo escorra e não molhe você. Faço o
teto alto o suficiente para que você possa ao menos se sentar na plataforma de
dormir. Bloqueie a entrada do abrigo com um bloco de neve ou sua mochila e
utilize a área mais baixa da entrada para cozinhar. As paredes e teto devem
possuir no mínimo 30cm de espessura. Faça o seu duto de ventilação no teto e
na porta ou em local que julgar mais apropriado. Se o local não possuir neve
suficiente, você pode fazer uma variação deste abrigo que é empilhar e
compactar neve suficiente para que você consiga cavar nela.

210
Figura 83 Abrigos na neve

Abrigo trincheira de neve


A ideia por traz deste abrigo é ficar abaixo do nível do solo, onde há vento
e convecção térmica e usar as qualidades isolantes da neve. Se você estiver
uma área de neve compactada corte blocos de neve e utilize-os como cobertura.
Senão, use um poncho ou outro material para a cobertura. Construa apenas uma
entrada e utilize blocos de neve ou sua mochila para bloquear a entrada.
Abrigo de blocos de neve e lona

211
Utiliza blocos de neve para os lados (círculo) e uma lona, paraquedas ou
outro material como cobertura. Se nevar drasticamente você precisará limpar a
cobertura ou ela poderá ceder.
Iglu
Em algumas áreas, os nativos frequentemente utilizam-se deste tipo de
abrigo, como local para descanso para caça e pesca. Eles são muito eficientes,
mas requerem prática para sua construção. Além disso, você deverá estar em
uma área com bastante neve e possuir ferramentas para cortar a neve como
facas e serras de neve.
Abrigo de buraco sob árvore
Cave a neve ao redor do tronco de uma árvore até o solo. Utilize os galhos
cortados para alinhar o abrigo. Utilize galhos e folhagem como forração e sua
lona ou poncho como cobertura contra a neve que eventualmente cairá da
árvore. Se construído corretamente, este abrigo proporcionará 360° de
visibilidade.
Outros abrigos
Você pode improvisar um abrigo de telhado de uma água como nos outros
biomas, porém, use neve para isolar os lados do vento.
Se encontrar uma árvore caída, a neve embaixo dela não será tão grossa
e será mais fácil limpar. Cave sob a árvore e remova os galhos ou os utilize para
limpar ou nivelar o solo.
Você pode ainda utilizar barcos, canoas e caiaques inclinados como
proteção contra a neve que cai, enquanto forra o chão e cria barreiras contra o
vento a partir de materiais naturais ou que você traga consigo.
Fogo
Fogo é especialmente importante em clima frio. Ele não só proporciona
um recurso para cozinhar alimento, derreter neve, desinfetar a água e fornecer
calor. Como também proporciona um alívio psicológico por te fazer se sentir mais
seguro na situação em que você está.
Utilize as técnicas descritas no Capítulo 7 – Fogo para construir e acender
sua fogueira. Se você estiver em território hostil, lembre-se de que o fogo produz
luz, fumaça e cheiro que podem revelar sua posição. Além disso a luz reflete de
árvores e pedras próximas, aumentando ainda mais a exposição. A fumaça
tende a subir em linha reta em climas frios e calmos, tornando sua fogueira um
sinalizador da sua localização. Em climas mais quentes a fumaça tende a se
espalhar próxima ao solo, dificultando sua detecção, mas espalhando seu odor.
Se estiver em território hostil, utilize galhos e árvores mortas ao invés de
cortar árvores inteiras para uso. Uma árvore caindo pode ser visível durante o
dia de longas distância ou a partir de aeronaves.

212
Todo tipo de madeira vai queimar, mas algumas madeiras produzem mais
fumaça do que outras. As coníferas, principalmente, se possuírem resinas e
alcatrões produzirão fumaça mais espessa e escura do que árvores decíduas.
Existem poucos materiais para se usar como combustível em áreas
montanhosas do Ártico, Antártida e Sibéria. Você pode encontrar vegetação
rasteira e musgo, mas muito pouco. Quanto mais baixa a elevação, mais
combustível disponível. Você poderá encontrar moitas de salgueiro ou abetos
baixos, acima da linha das árvores, nas regiões montanhosas. No gelo do mar,
combustíveis são aparentemente inexistentes. Madeira à deriva ou óleos e
gorduras podem ser a única opção de combustível nas desérticas costas em
clima ártico.
Combustíveis abundantes dentro da linha de árvores em regiões mais
baixas:
• Abetos (Picea sp.) são árvores coníferas comuns em regiões do interior.
Sendo conífera, fazem muita fumaça quando queimadas, principalmente
na primavera e verão. No entanto, queima quase sem fumaça no fim do
outono e inverno.
• A árvore Larix laricina também é uma conífera. Ela é o único gênero
dentro da família dos pinheiros que perde suas agulhas (folhas) no outono
e inverno. Sem suas agulhas, ela parece um abeto morto. Mas ela ainda
possuirá muitos cones e inflorescências em seus galhos nodosos.
Quando queimada a Larix faz muita fumaça e é muito boa para fins de
sinalização por resgate e socorro.
• Bétulas são árvores decíduas e a sua madeira queima alto e rápido devido
aos óleos voláteis em sua composição. A maioria das bétulas cresce
próximo de rios e lagos, mas ocasionalmente você pode encontra-las em
terreno alto longe da água.
• Salgueiro e amieiro são árvores que crescem em regiões árticas,
normalmente em áreas pantanosas ou próximo de rios e lagos. Estas
madeiras queimam alto e rápido sem muita fumaça.
Musgo, grama e salgueiros arbustivos secos são outros materiais que
você pode usar como combustível. Estes são usualmente abundantes próximos
a cursos na tundra (terreno aberto sem árvores). Torcendo e embolando a grama
ou musgo secos, você cria uma massa mais densa, que queimará mais devagar
e eficientemente.
Se combustível ou óleos de um veículo destruído ou aeronave caída
próximos a você estiver disponível, utilize-os no seu fogo. Deixe o combustível
em seu tanque para melhor armazenamento, pegando somente quando for
necessário de pouco em pouco. Óleos e alguns combustíveis congelam em
temperaturas muito baixas, portanto, drene-os de antemão do veículo enquanto
ainda quente se não houver perigo de explosão ou incêndio. Se você não possuir

213
um recipiente para isso, deixe o líquido drenar sobre a neve e apanhe do solo à
medida que for necessário.
CUIDADO: Não exponha sua pele aos derivados de petróleo,
combustíveis e lubrificantes. Seu estado líquido pode enganar sobre sua
temperatura e ele pode causar geladuras.
Alguns produtos plásticos como talheres e embalagens de MREs (Rações
prontas para consumo), visores de capacete, borracha e espumas queimarão
facilmente se expostas a uma chama. Eles ainda irão queimar tempo suficiente
para ajudar a iniciar seu fogo. Por exemplo, uma colher de plástico irá queimar
por quase 10 minutos.
Em regiões frias, há alguns perigos de se utilizar fogo, seja para
aquecimento ou cozimento, são eles:
• Fogo pode queimar sob o solo, reemergindo em seguida em um local
próximo. Portanto, não construa seu fogo muito próximo de seu abrigo.
• Em abrigos de neve, o fogo poderá derreter sua camada isolante de
neve que é também sua camuflagem nestes ambientes.
• Em abrigos de neve sem a ventilação adequada, o fogo poderá causar
intoxicação por monóxido de carbono.
• Uma pessoa tentando se aquecer próximo ao fogo ou secar suas
roupas pode se descuidar e se queimar ou queimar suas roupas e
equipamentos devido à sensação exacerbada de frio.
• Derreter a neve sobre sua cabeça pode te deixar molhado, soterrar
você e seu equipamento e possivelmente extinguir seu fogo.
Em geral, um pequeno fogo e algum tipo de fogão é a melhor combinação
para cozinhar. Um fogão portátil tubular é particularmente bom no ambiente
polar. Ele é fácil de fazer a partir de uma lata e é muito eficiente em economizar
combustível. Uma cama de brasas é o melhor método para se cozinhar. Brasas
de uma fogueira de galhos entrelaçados irá se assentar uniformemente no fundo.
Um galho apoiado em uma bifurcação de um outro galho irá apoiar sua panela
ou caneco para cozinhar adequadamente.

214
Figura 84 Métodos de cozimento no frio

Para aquecimento, uma única vela provém calor suficiente para aquecer
um abrigo pequeno e bem fechado. Uma fogueira pequena, do tamanho de uma
mão é o ideal para se utilizar em território hostil. Requer pouco combustível e
gera calor suficiente para aquecer líquidos se necessário.
Água
Existem muitas fontes de água no clima polar ou subpolar. Sua localização
e a estação do ano vão determinar onde e como obter água.
Nestas regiões, as fontes de água são mais seguras e limpas, devido às
condições climáticas e ambientais. Durante os meses do verão, as melhores
fontes de água fresca são lagos, rios, poços, açudes, nascentes, etc. Água
corrente em rios e riachos ou nascentes borbulhantes é geralmente fresca e
pode ser bebida diretamente. Água de poços, lagos e açudes tendem a ser água
estagnada, mas ainda pode ser utilizada após o devido tratamento.
A água amarronzada de superfície encontrada na tundra é geralmente
uma boa fonte de água. Porém, você precisará desinfetar a água.
Você pode ainda derreter gelo de águas limpas ou neve para obter água.
Derreta completamente antes de colocar em sua boca. Derreter neve na boca
pode causar perda de calor corporal ou causar danos pelo frio internamente. Se
estiver sobre blocos de gelo no mar ou próximo destes você pode usar gelo
antigo do mar como fonte de água. Em tempo, gelo marítimo dessaniliza com o
tempo, procure por blocos de gelo arredondados e de coloração azulada.
Você pode usar o calor do seu corpo para derreter a neve. Coloque a neve
em um saco impermeável e coloque-a entre as camadas de sua roupa. Este é
215
um processo lento, porém você pode utiliza-lo quando estiver se movimentando
ou próximo ao fogo.
NOTA: Não desperdice combustível para derreter gelo ou neve se você
tiver fonte de água limpa disponível.
Quando tiver gelo disponível, derreta-o em detrimento da neve. Um copo
de gelo fornece mais água do que um copo de neve. O gelo também leva menos
tempo para derreter que a neve. Você pode derreter gelo ou neve em um saco
plástico, saco de ração militar, lata ou outro recipiente improvisado colocando-o
próximo ao fogo. Comece com pequenas quantidades de neve ou gelo no
recipiente e à medida que for derretendo, adicione mais.
Outra forma de derreter gelo ou neve é colocar o material dentro de um
recipiente poroso, por exemplo um saco de tecido e suspender sobre o fogo.
Coloque um recipiente embaixo para coletar a água que pingar.
Em clima frio, evite beber muita água antes de ir dormir. Rastejar para fora
do seu abrigo quente para o ambiente frio para urinar representa menos
descanso e mais exposição ao frio.
Assim que você tiver água, mantenha-a próxima de seu corpo para evitar
que congele novamente. Além disso, não encha seu cantil de água até o topo.
Permitir que ela se agite no recipiente ajudará a mantê-la líquida.
Alimento
Existem diversas fontes de alimento em regiões polares. O tipo de comida
- peixes, animais, caça ou plantas – e a facilidade em obtê-la dependerá da
localidade em que você está e época do ano.
Peixes
Durante os meses do verão, você pode facilmente pescar peixes ou outras
formas de vida aquáticas nas áreas costeiras ou de rios, lagos e afins. Use as
técnicas descritas no Capítulo 8 – Alimento.
No Atlântico Norte e Pacífico Norte, áreas costeiras são ricas em frutos do
mar. Você pode facilmente encontrar lagostins, caramujos, mariscos, ostras e
caranguejo-rei. Em áreas onde há uma grande diferença entre a altura da maré
alta e baixa, você pode facilmente encontrar crustáceos durante a maré baixa.
Você pode também cavar em áreas de areias planas, procurar em poças
causadas pela maré e recifes no mar. Em áreas onde há pequena diferença entre
as alturas da maré, tempestades geralmente trazem grandes quantidades de
crustáceos para a praia.
Os ovos do ouriço-do-mar encontrados em águas ao redor das Ilhas
Aleutas e no Sul do Alasca são um alimento excelente. Procure por ouriços-do-
mar em poças causadas pela maré. Quebre a casca do ouriço colocando-o entre
duas pedras e apertando. Os ovos são de coloração amarelo claro.

216
A maioria dos peixes e ovas de peixes do Norte do globo são comestíveis.
Exceções são a carne do tubarão do ártico e os ovos dos peixes da família
Cottoidea.
Os bivalves como as amêijoas e mexilhões são usualmente mais
palatáveis do que os frutos do mar espiralados como os caramujos.
O pepino-do-mar é outro animal comestível. Dentro de seu corpo você
encontrará cinco longos e brancos músculos que tem gosto de mexilhão.
CUIDADO: O mexilhão preto, um molusco comum do águas do extremo
norte podem ser tóxicos em qualquer estação. Algumas toxinas encontradas
nestes mexilhões podem ser tão tóxicas quanto estricnina.
No início do verão, eperlanos (peixe) aparecem na região de formação e
quebra de ondas. Às vezes você pode até mesmo pega-los com as mãos.
Você pode muitas vezes encontrar ova de arenque nas algas, no meio do
verão. As algas do tipo kelp, longas, semelhante a fitas e outras algas menores
que crescem em rochas em alto mar são também comestíveis.
Animais marinhos polares
Você pode encontrar ursos polares em praticamente toda a costa do
ártico. Mas raramente em ilhas. Evite-os se possível. Eles são os mais perigosos
de todos os ursos. Eles são caçadores incansáveis, espertos, com ótima visão e
um faro extraordinário. Se você precisar caçar um urso polar para alimento,
aproxime-se com cautela. Mire no cérebro; um tiro em qualquer outra região do
corpo raramente irá mata-lo. Sempre cozinhe carne de urso polar antes de
comer.
CUIDADO: Não ingira o fígado do urso polar, uma vez que ele contém
níveis tóxicos de vitamina A.
Carne de foca é uma das melhores carnes que estão disponíveis em
ambientes polares. No entanto, você precisará de muita habilidade para se
aproximar e matar uma foca. Na primavera as focas geralmente se estendem ao
sol no gelo próximo a seus buracos no gelo. Elas levantam a cabeça a cada 30
segundos aproximadamente à procura de seu predador, o urso polar.
Para se aproximar de uma foca, faça como os esquimós. Fique contra o
vento em relação a ela. Cautelosamente se aproximando enquanto ela dorme.
Se ela se mover, pare e imite seus movimentos deitando-se no gelo, movendo
sua cabeça para cima e para baixo e sacudindo seu corpo ligeiramente.
Aproxime-se da foca com seu corpo de lado, seus braços próximos ao seu corpo,
de forma que você pareça ao máximo possível com outra foca. O gelo na borda
de seus buracos no gelo para respirar são geralmente lisos e escorregadios e o
menor movimento da foca a fará escorregar para a água. Portanto, tente se
aproximar entre 22 e 45 metros de distância, mire no cérebro e mate-a
instantaneamente. Em seguida tente alcançar a foca antes que ela escorregue
217
para a água. No inverno as focas mortas tendem a flutuar, mas é bem difícil
recolhê-las na água.
Evite contato do respirador ou da pele da foca com arranhões ou lesões
em sua pele. Você pode desenvolver uma doença chamada dedo de foca, que
pode causar grandes inchaços nas mãos.
Tenha em mente que onde há focas há ursos polares. Há relatos de ursos
polares espreitando e matando caçadores de focas.
Você pode também encontrar porcos-espinho em regiões subárticas, mais
ao sul, onde há árvores. Porcos-espinho se alimentam das cascas das árvores.
Se você encontrar galhos de árvore sem casca, você provavelmente encontrará
porcos-espinho na área.
Aves como o lagópode, corujas, Perisoreus canadensis, perdizes e corvos
são comuns e permanecem no ártico durante o inverno. Eles são muito escassos
além da linha de árvores. Lagópodes e corujas são ótimos alimentos como
qualquer outro tipo de ave caçada. Corvos são muito magros e tem pouca carne
e não compensam o esforço gasto para pega-los. Lagópodes são difíceis de
encontrar, pois mudam de cor para se camuflar na paisagem. Algumas espécies
voam em pares e você consegue facilmente se aproximar deles. Outras espécies
vivem em aglomerados de salgueiros em áreas mais baixas. Estes se agrupam
em grandes revoadas e você consegue facilmente captura-los com redes ou
armadilhas. Durante o verão, aves do ártico passam por um período de muda
em que não podem voar, de duração aproximada de 2 a 3 semanas e são mais
fáceis de capturar nesse período. Utilize uma das técnicas descritas no Capítulo
8 – Alimentos para captura-los.
Esfole e corte sua caça enquanto ainda está quente. Se você não tiver
tempo para esfolar e cortar sua caça, pelo menos remova suas entranhas, suas
glândulas de almíscar e genitália antes de guardá-la. Se o tempo permitir, corte
a carne em pedaços utilizáveis, e congele-os separadamente de forma que você
pode usar a carne quando necessário. Deixe a gordura em todos os animais com
exceção das focas. Durante o inverno carne de caça congela rápido se deixada
exposta ao ambiente. Durante o verão você pode armazena-las em buracos no
gelo, subterrâneos.
Plantas
Apesar da tundra suportar vários tipos de plantas durante os meses
quentes, todas são menores, se comparadas com plantas similares em locais
quentes. Por exemplo, o salgueiro e a bétula no ártico são arbustos, ao invés de
árvores. Você encontrará informações mais detalhadas sobre plantas
comestíveis do clima frio nos apêndices.
Existem algumas plantas que crescem em regiões polares que são
venenosas se ingeridas. Veja os apêndices para mais informações. Ingira

218
apenas plantas que você conhece e na dúvida, faça o Teste de Comestibilidade
Universal.
Viagem/Deslocamento
Você irá enfrentar muitos obstáculos se sua emergência ou sobrevivência
for em regiões polares. Sua localização e a época do ano vão determinar os tipos
de obstáculos e os perigos inerentes. Você deve:
• Evitar viajar durante uma nevasca (tempestade de neve).
• Tenha cuidado ao atravessar gelo fino. Distribua seu peso deitando-
se sobre ele e rastejando.
• Atravesse cursos d’água quando o nível estiver mais baixo.
Geralmente congelamento e degelo de cursos d’água podem causar
alterações em seu nível de até 2 a 2,5 metros por dia. Esta variação
pode acontecer a qualquer hora do dia, dependendo da distância do
curso até as geleiras, a temperatura e o terreno. Considere esta
variação do nível da água quando escolher um local para acampar
próximo de cursos d’água.
• Cuidado com o céu limpo polar. Ele te fará estimar distâncias
incorretamente, e você frequentemente estimará distâncias para
menos, ao invés de para mais.
• Não viaje quando o terreno se apresentar totalmente branco, o
chamado “branco total”. A ausência de cores contrastantes pode
tornar difícil de se julgar o terreno e as distâncias.
• Sempre atravesse pontes de neve em ângulos retos em relação ao
obstáculo que você está cruzando. Encontre a parte mais grossa e
firme da neve enfiando um bastão, galho ou outro instrumento na neve.
Distribua seu peso rastejando ou usando sapatos de neve ou esquis.
• Faça seu acampamento mais cedo, de forma que você tenha tempo
suficiente para fazer seu abrigo.
• Considere rios congelados ou não como avenidas para viagem.
Porém, alguns rios que aparentam estar congelados podem ter
regiões mais degeladas e abertas que podem tornar a viagem difícil
ou não permitir andar, esquiar ou o uso de trenós.
Use sapatos de neve se você está viajando em uma região coberta de
neve. Neve com 30cm ou mais de profundidade torna a viagem muito difícil. Se
você não possuir sapatos de neve, faça um par usando salgueiro, tiras de tecido,
couro ou outro material apropriado.
É quase impossível viajar em neve profunda sem sapatos de neve ou
esquis. Viajar a pé deixa uma marca bem visível para quaisquer perseguidores
seguirem. Se você precisar viajar em neve profunda, evite cursos d’água
cobertos com neve. A neve, que age como isolante, pode ter prevenido o curso
de se congelar. Em terreno montanhoso, evite áreas onde avalanches podem
acontecer ou parecem possíveis. Viaje pela manhã, bem cedo, em áreas onde
você acha que podem haver avalanches. Em cordilheiras, a neve se acumula no
219
sota-vento, em pilhas suspensas chamadas beirais ou cornijas. Estas estruturas
se estendem para longe da cordilheira ou cume, podendo desmoronar se você
andar sobre elas.
Sinais do Clima
Na maioria das situações você pode determinar os efeitos do clima sobre
as necessidades básicas para a sobrevivência. Vários indicadores podem ser
utilizados, como descrito a seguir:
Vento
Você pode determinar a direção do vendo deixando cair folhas ou grama
ao solo ou observando as copas das árvores. Uma vez que você determina a
direção do vento, você pode prever o tipo de clima que está por vir. Ventos
mudando de direção rapidamente indicam uma atmosfera instável e uma
possível mudança no tempo.
Nuvens
Nuvens vem em diversas formas e padrões. Um conhecimento geral
sobre nuvens e as condições atmosféricas que elas indicam pode ajudar você a
prever o clima. Nos apêndices você encontrará mais informações sobre as
formações de nuvens.
Fumaça
Fumaça subindo em uma coluna fina e vertical indica tempo bom. Fumaça
que sobe pouco ou se espalha de forma plana indica clima de tempestade.
Aves e insetos
Aves e insetos voam mais baixo próximo ao solo do que o normal em
atmosfera carregada e úmida. Tal voo indica que chuva é provável. A maior parte
da atividade de insetos aumenta antes de uma tempestade, mas a atividade de
abelhas aumenta antes de um clima bom.
Frentes de baixa pressão
Ventos lentos ou de difícil percepção acompanhados de ar carregado e
úmido geralmente indicam uma frente de baixa pressão. Este tipo de frente pode
indicar a chegada de clima ruim, que poderá perdurar por vários dias. Você pode
cheirar e ouvir estas condições, literalmente. O ar úmido torna os odores de
ambientes selvagens mais pronunciados do que em condições de frente de alta
pressão. Em adição a isso, sons são mais aguçados e viajam mais longe em
frentes de baixa pressão.

220
Capitulo 16 – Sobrevivencia no Mar

A sobrevivência no mar é talvez a situação emergencial mais complicada


e difícil de vencer. A sobrevivência a curto ou longo prazo depende da
quantidade de rações que você tem, equipamentos disponíveis e sua
ingenuidade. Você deve ser engenhoso para sobreviver.
Água cobre cerca de 75% (3/4) da superfície de nosso planeta sendo
cerca de 70% oceanos e mares. Você pode seguramente assumir que em algum
momento você irá transpor uma vasta extensão de água. E há sempre uma
chance de que o navio ou avião em que você está poderá ter problemas devido
a tempestades, colisões, fogo ou até mesmo guerras.

O mar aberto
Como um sobrevivente no mar aberto você irá enfrentar ondas e vento.
Além disso você também pode enfrentar calores ou frios extremos. Para afastar
esses problemas ambientais, ou impedir que se tornem problemas sérios, tome
medidas de precaução o mais cedo possível. Use os recursos disponíveis para
se proteger dos elementos e do calor ou frio extremos, além da umidade.
Se proteger do clima irá atender apenas uma das suas necessidades.
Você deverá ser capaz de obter água e alimento até ser resgatado. Satisfazer
estas necessidades básicas vai ajudar a prevenir sérios problemas físicos e
psicológicos. No entanto, você também deve saber cuidar de problemas de
saúde que possam surgir.
Medidas de precaução
Sua sobrevivência no mar depende de:
• Conhecimento e habilidade para usar equipamento de sobrevivência.
• Habilidades especiais e capacidade de lidar com os perigos que você
enfrentar.
• Vontade de viver.
Quando você entra em um navio ou aeronave, procure saber quais
equipamentos de sobrevivência há no veículo, onde estão guardados e qual seu
conteúdo. Por exemplo, quantas boias, botes salva-vidas e barcos infláveis ou
jangadas infláveis há no veículo? Onde estão guardadas? Que tipo de
equipamento de sobrevivência eles possuem? Quantas pessoas estes recursos
podem alojar? Além disso, se você estiver responsável por outras pessoas a
bordo, certifique-se que eles saibam onde você está e você saiba onde eles
estão.
Caindo no mar
Se a aeronave na qual você está cair no mar, siga os procedimentos a
seguir. Independentemente de você estar em um barco inflável ou nadando:

221
• Saia de dentro da aeronave imediatamente e posicione-se contra o
vento em relação a ela. Porém, fique nas proximidades até que ela
afunde.
• Saia de águas onde há combustível, para não ser queimado se o
combustível se incendiar.
• Tente encontrar outros sobreviventes.
Uma busca por sobreviventes geralmente ocorre no entorno do local do
acidente e próximo a ele. Pessoas desaparecidas podem estar inconscientes ou
flutuando baixo na água.
A melhor técnica para resgatar pessoas da água é jogar uma boia
amarrada a uma corda para elas (A). Outra forma é enviar alguém para resgatar
usando boias e uma corda amarrada nelas para suportar o peso da pessoa e
ajudá-la a economizar energia para ajudar quem está sendo resgatado (B). Uma
terceira maneira de se fazer isso é enviar alguém amarrado a uma corda sem
boias extras para resgatar a outra pessoa (C). Em todos os casos, a pessoa que
resgata deve sempre utilizar boias em si. Ao resgatar uma pessoa, não
subestime sua força quando em pânico. Aproxime-se cautelosamente para evitar
ferimentos ao socorrista.
Quando o socorrista se aproximar de um sobrevivente em problemas
pelas costas, há pouco risco de ser atingido por chutes, arranhões ou de que
seja agarrado. O socorrista nada até um ponto imediatamente atrás do socorrido
e agarra as alças de sua boia. Utilizando-se de braçadas laterais com o outro
braço para se moverem até um bote salva-vidas ou similar.

222
Figura 85 Resgatando pessoas ao mar

223
Se você estiver na água, tente alcançar o bote salva-vidas. Se não houver
um, tente encontrar um pedaço grande de detrito que esteja flutuando e segure-
se nele. Relaxe. Uma pessoa que sabe relaxar em alto mar corre pouco risco de
se afogar. A flutuabilidade natural do corpo humano manterá pelo menos o topo
da cabeça para fora d’água. Mas ainda é necessário um pouco de movimentação
para manter o rosto fora d’água.
Flutuar de barriga para cima é o método que gasta menos energia. “Deite-
se” de costas na água, abra seus braços e pernas, arqueie suas costas.
Controlando sua respiração você manterá seu rosto fora d’água todo o tempo e
você pode até dormir nesta posição por curtos períodos. Sua cabeça ficará
parcialmente submersa, mas seu rosto estará fora da água. Se você não
conseguir flutuar de barriga para cima devido a agitação do mar, flutue com a
barriga para baixo, como demonstrado abaixo.

Figura 86 Flutuar de bruços

Estas são os melhores tipos de nados para deslocar na água em uma


emergência:
• Cachorrinho – este tipo de nado é excelente para quando se está com
roupas ou utilizando um colete salva-vidas. Apesar da baixa
velocidade, requer pouco energia.

224
• Nado de peito – Utilize este tipo de nado para nadar submerso, através
de óleo ou detritos ou em mares agitados. É provavelmente o melhor
tipo de nado para longas distâncias: ele permite que você conserve
energia e mantenha uma velocidade razoável.
• Braçada lateral – É um bom nado para aliviar os músculos pois utiliza
apenas um dos braços para se mover e boiar.
• Nada de costas – Excelente nado para alívio dos músculos pois utiliza
músculos diferentes dos outros tipos de nado. Utilize-o também se
você suspeita de uma explosão embaixo d’água.
Se você estiver em uma área onde o óleo está queimando na superfície
da água, se livre de seus calçados e boias. Se sua boia não tiver sido inflada
ainda, guarde-a consigo.
• Cubra seu nariz, olhos e boca e vá para debaixo d’água rapidamente.
• Nade debaixo d’água o mais longe possível antes de emergir para
respirar.
• Antes de emergir ou quando ainda estiver debaixo d’água, use suas
mãos para empurrar possíveis fluidos combustíveis para longe de
onde você irá emergir. Quando a área estiver limpa o suficiente,
emerja e tome fôlego. Tente virar seu rosto a favor do vento antes de
inalar.
• Submerja os pés primeiro e continue com o resto do corpo até se livrar
das chamas.
Se você estiver em uma área coberta com óleo, mas sem chamas,
mantenha sua cabeça o mais alto que puder, para manter o óleo longe dos seus
olhos. Afixe sua boia em seu pulso e utilize-a como um bote salva-vidas.
Se você possuir uma boia ou salva-vidas, você pode flutuar por um
período indefinido. Neste caso, utilize a “Posição de Redução da Perda de
Calor”. Fique parado nesta posição até o resgate chegar. Fique parado, em
posição fetal, para ajudar a manter o calor corporal.
Você perde cerca de 50% da sua temperatura corporal pela cabeça.
Portanto, mantenha-a fora d’água. Outras áreas de grande perda de calor são o
pescoço, as laterais do torso e a virilha.

225
Figura 87 Posição de Redução da Perda de Calor

Se você estiver em um bote ou barco salva-vidas:


• Cheque as condições físicas de todos a bordo. Faça primeiros-
socorros se necessário. Tome pílulas para enjoo em alto mar se
necessário e disponível. A melhor forma de tomar essas pílulas é
coloca-las debaixo da língua e deixa-las dissolver. Existem ainda
supositórios e injeções para reduzir o enjoo. Vomitar, seja por doença
ou enjoo, aumenta as chances de desidratação.
• Tente recuperar todos os equipamentos que estejam flutuando –
rações, cantis, garrafas térmicas e outros recipientes, roupas,
assentos de poltronas, paraquedas e tudo o mais que parecer útil para
você. Certifique-se de que os itens não possuem pontas afiadas que
possam perfurar o bote.
• Se existirem outros botes salva-vidas, amarre-os uns aos outros de
forma que eles estejam a aproximadamente 7,5m de distância entre
si. Esteja preparado para puxa-los para perto se você vir ou ouvir um
avião. É mais fácil para a tripulação de aeronaves enxergar os botes
juntos do que separados.
• Lembre-se que o resgate em alto mar é um esforço cooperativo. Use
todos os recursos visuais ou eletrônicos de sinalização para fazer
contato com os socorristas. Por exemplo, levante uma bandeira,
material refletivo ou um remo o mais alto que puder para atrair
atenção.
226
• Localize o rádio de emergência e faça-o funcionar. Instruções de
operação estarão escritas nele. Utilize o transponder de emergência
somente se houver aviões e navios amigáveis por perto.
• Prepare outros equipamentos de sinalização prontos para uso. Se
você estiver em território hostil, evite utilizar estes tipos de
equipamentos pois poderá alertar inimigos. No entanto, se sua
situação for muito precária, você pode sinalizar o inimigo para ser
resgatado se quiser viver.
• Cheque seu bote e veja se está bem inflado, se há vazamentos ou
pontos de atrito. Certifique-se que os balões de flutuação estão firmes
(bem redondos) mas não excessivamente cheios. Faça esta
verificação regularmente. O ar expande no calor e se contrai no frio,
portanto, em dias quentes libere um pouco do ar e bombeie mais em
dias frios.
• Descontamine seu bote de todo e qualquer óleo ou combustível.
Petróleo e derivados irão enfraquecer suas superfícies plásticas e
descolar suas juntas.
• Jogue a âncora ao mar, ou improvise um dispositivo de
arrasto/resistência utilizando a embalagem do bote, um balde ou um
rolo de roupas. Esse tipo de âncora ajuda a manter você próximo do
local do acidente, facilitando para que o resgate te encontre mais
rapidamente. Sem uma âncora, você pode derivar até 160 km por dia,
dificultando bastante que você seja encontrado. Você pode ajustar a
âncora do bote para te manter na área do acidente ou para ajudar a
viajar com a corrente marinha. Você faz este ajuste abrindo ou
fechando o cume da âncora que tem formato de balde. Quando aberto,
a âncora produzirá arrasto, que irá diminuir sua velocidade de
movimento. Quando fechado, a âncora se tornará um bolso grande
que a corrente marinha irá forçar e deslocar seu bote.

227
Figura 88 Conexão e uso da bomba manual

Figura 89 Âncora do mar de botes salva-vidas

Além disso, ajuste a âncora para que quando o bote estiver na crista da
onda, ela esteja no vale da onda e vice-versa.

228
Figura 90 Poisicionamento da âncora

• Enrole a corda da âncora com tecido para prevenir que ela esfregue e
cause danos ao bote. A âncora também ajuda a manter o bote
aprumado nos ventos e ondas.
• Em águas tempestuosas, equipe o escudo acolchoado que protegerá
o bote contra a água imediatamente. Em um bote para 25 pessoas,
mantenha o toldo superior erguido o tempo todo. Mantenha seu bote
o mais seco possível e mantenha-o balanceado e equilibrado da
melhor forma possível. Todas as pessoas devem permanecer
sentadas e a mais pesada ao centro.
• Calmamente considere todas as variáveis da sua situação e determine
o que você e seus companheiros devem fazer para sobreviver. Faça
inventário de todo o equipamento, comida e água. Isole itens que não
podem se molhar ou que podem se corroer com água salgada. Isto
inclui bússolas, relógios, sextantes, fósforos e isqueiros. Racione
comida e água.
• Determine uma função para cada membro do grupo, ou forme times
para, por exemplo, coletar água, coletar comida, ficar de vigia, operar
o rádio, sinalizadores e pessoas para tirar água do bote.
NOTA: A posição de vigia não deve exceder duas horas seguidas. Tenha
em mente e lembre aos outros que cooperação é a chave para a
sobrevivência.
• Mantenha um registro escrito. Anote a última posição do navegador se
possível, a hora da queda, os nomes e condições físicas do pessoal e
o cronograma de consumo de rações. Também registre as condições
do vento, clima, direção das ondas, horários do nascer e pôr do sol e
outras informações de navegação.
• Se você cair em águas hostis, tome medidas de segurança extra para
evitar ser detectado. Não viaje durante o dia, jogue sua âncora e
aguarde pela noite antes de hastear velas ou utilizar os remos.
229
Mantenha-se baixo no bote, permaneça coberto e com o lado azul da
lona virado para cima. Certifique-se que uma aeronave é amigável ou
hostil antes de atrair sua atenção. Se um inimigo detectar você e você
estiver próximo de ser capturado, destrua o rádio, o livro de registro,
equipamentos de navegação, mapas, equipamento de sinalização e
armas. Pule do bote e submerja se o inimigo começar a atirar.
• Decida se você permanecerá onde está ou irá viajar. Pergunte-se:
“Quanta informação foi passada antes do acidente? Minha posição é
conhecida pelo resgate? Eu mesmo sei minha posição? O clima é
favorável para uma busca? É provável que outros navios ou aeronaves
passem em minha posição? Quantos dias de água e comida eu tenho
comigo?
Considerações sobre clima frio
Se você estiver em uma região de clima frio, ao mar:
• Coloque um traje anti-exposição. Se não possuir um, vista o máximo
de roupas possível para proteger seu corpo do frio. Deixa-as frouxas
e confortáveis.
• Tome cuidado para não perfurar o bote com suas botas ou objetos
pontiagudos.
• Equipe uma barreira de vento, um escudo contra água ou um toldo
sobre você.
• Tente manter o fundo do bote seco, retirando a água frequentemente.
Cubra-o com tecidos e lonas para isolamento.
• Amontoe-se junto aos outros para se manter aquecido, movendo-se o
suficiente para manter o sangue circulando. Cubra o grupo com outra
lona, vela ou paraquedas.
• Dê rações extras a quem estiver sofrendo com exposição ao frio (p.ex.
hipotermia).
O maior perigo que você vai enfrentar no frio no mar é ser submergido
completamente na água, que causará morte por hipotermia.
A temperatura média do oceano ao redor do mundo é 11°C. Porém, não
seja enganado pela água morna ou quente, hipotermia ainda pode acontecer em
águas a até 27°C. Quando você é submergido em água fria, a hipotermia
acontece rapidamente, devido à redução nas qualidades isolantes da roupa
molhada e o resultado da água deslocando o ar capturado nas fibras do tecido
que envolve o corpo. A taxa de troca de calor com a água é cerca de 25x mais
rápida do que com o ar frio. A lista abaixo informa o tempo esperado até a
ocorrência de hipotermia em água fria.

Temperatura da água Tempo

230
21,0 – 15,5°C 12 horas
15,5 – 10,0°C 6 horas
10,0 – 4,5°C 1 hora
Abaixo de 4,5°C Menos de 1 hora
NOTA: Utilizar um traje anti-exposição pode aumentar estes tempos para
até um máximo de 24 horas.
Sua melhor proteção contra os efeitos da água fria é subir no bote salva-
vidas, permanecer seco e se isolar da superfície fria do fundo do bote. Se estas
ações não forem possíveis, utilizar o traje anti-exposição irá aumentar as
chances de sobrevida drasticamente. Lembre-se de manter sua cabeça e
pescoço para fora da água e bem isolado dos efeitos da água fria quando a
temperatura for menor que 19°C. Utilizar boias também podem aumentar
drasticamente as chances de sobrevida, uma vez que permite você manter uma
maior parte do corpo fora d’água.
Considerações para clima quente
Se você estiver em clima quente:
• Equipe um para-sol ou toldo sobre você, deixando espaço suficiente
para ventilação.
• Cubra sua pele, onde for possível, para prevenir queimaduras solares.
Se possível, utilize filtro solar e creme para queimadura de sol em
todas as partes expostas. Suas pálpebras, atrás das orelhas e debaixo
do queixo queimam facilmente em alto mar.
Procedimentos para uso do bote salva-vidas
A maioria dos botes salva-vidas em navios e aviões vão satisfazer as
necessidades de proteção, modo de viagem e camuflagem e evasão.
NOTA: Antes de entrar em um bote salva-vidas, remova e anexe sua boia
ao bote ou a você. Certifique-se de remover todos os objetos pontiagudos que
você esteja carregando. Após subir no bote, coloque sua boia novamente.
Em todos os botes, lembre-se da regra dos 5 A’s. Estas são as coisas que
você deve fazer se você for a primeira pessoa a entrar no bote:
• Ar – cheque se todas as câmaras estão infladas e todas as válvulas
de enchimento estão fechadas e as braçadeiras de equalização (em
botes maiores) estão presas quando o bote estiver completamente
inflado.
• Assistência – Assista os outros para entrarem no bote. Remova todos
os objetos pontiagudos dos bolsos e mova todos os equipamentos de
flutuação para trás do corpo. Utilize as técnicas corretas para subir no
bote, por exemplo, as alças de abordagem no bote para 7 pessoas e
as rampas de abordagem nos botes de 25, 35 e 46 pessoas.
231
• Âncora – Certifique-se que a âncora esteja lançada apropriadamente.
Ela pode ser encontrada a 180° do tubo de equalização nos botes
maiores.
• Acessórios – Localize a bolsa de acessórios. Ela estará presa entre o
cilindro de CO2 e a rampa de abordagem mais próxima.
• Avaliação – avalie a situação e mantenha uma atitude mental positiva.
Botes individuais
O bote individual possui uma célula de enchimento principal. Se a garrafa
de CO2 não funcionar ou se o bote apresentar um vazamento, ele pode ser
inflado com a boca.
O escudo contra umidade funciona como abrigo do frio, vento e água. Em
alguns casos esse escudo serve como isolante. O fundo isolante do bote reduz
a condução de calor, protegendo você, assim, da hipotermia.
Você pode viajar mais eficientemente inflando ou desinflando o bote para
obter vantagem da corrente marinha ou do vento. Você pode usar a cobertura
do escudo de umidade como vela e o balde de lastro como utensílio de arrasto.
Você pode também usar a âncora como controle de velocidade e direção.
Existem botes desenvolvidos para uso tático que são pretos. Estes botes
se camuflam com o fundo do oceano. Você pode ainda modificar estes botes
parcialmente desinflando-os para reduzir sua silhueta.

232
Figura 91 Modelo de bote individual

Uma corda de fiel conecta o bote individual a um sobrevivente


paraquedista que caia no mar. Você pode, então, inflar o bote quando aterrissar
na água. Você não nada até o bote, mas puxa-o até você usando a corda. O bote
pode se inflar de cabeça para baixo na água, mas você pode consertar sua
posição aproximando-se pelo lado onde há o cilindro de CO2 no fundo e virar o
bote. O escudo de água deve estar no bote para expor as alças de mão. Siga os
5 A’s descritos acima ao abordar o bote individual.

Figura 92 Abordando um bote individual

233
Se você possuir um ferimento no braço, a melhor forma de abordar o bote
é virar suas costas para a ponta menor do bote, empurrando o bote para debaixo
de suas nádegas e deitando-se. Outra forma de abordar o bote é afundar a ponta
menor do bote até que um dos seus joelhos esteja dentro dele e, então, inclinar-
se para dentro dele.

Figura 93 Posicionando-se dentro do bote individual

Em mar agitado, pode ser mais fácil para você agarrar a ponta menor do
bote e, em uma posição de bruços, chutar e colocar-se dentro do bote. Quando
você está deitado de barriga para baixo no bote, coloque e ajuste a âncora. Para
sentar-se na vertical você precisará desconectar um lado do kit de assento e
rolar para aquele lado. Então, você ajusta o escudo contra água. Existem duas
variações do bote individual: o modelo mais moderno que tem o fundo e o escudo
infláveis que dão mais isolamento. O escudo contra a água ajuda a te manter
seco e quente em clima frio e te protege do sol no calor.

234
Figura 94 Escudo contra água e frio

Bote para 7 pessoas


Alguns veículos possuem estes tipos de botes, para até 7 pessoas. É um
componente do kit de sobrevivência. Este bote pode se inflar de cabeça para
baixo, portanto, aproxime-se para ajustar sua posição. Sempre opere do lado do
cilindro de CO2 para evitar que ele cause ferimentos se o bote virar
repentinamente. Use o vento a seu favor para ajudar a desvirar o bote. Utilize as
alças na lateral do bote para subir nele.

235
Figura 95 Bote para 7 pessoas

Figura 96 Desvirando um bote

Utilize a rampa ou escada de abordagem se outra pessoa estiver


segurando o barco do lado oposto. Se você não tiver ajuda, vá para o lado do
cilindro e tente subir com o vento nas suas costas para reduzir a chance de o
236
bote virar. Siga os 5 A’s descritos acima. Agarre o suporte do remo e a alça de
abordagem e bata as pernas para posicionar seu corpo de bruços na superfície
da água. Então, bata as pernas e puxe-se para dentro do bote. Se você estiver
fraco ou ferido, você pode desinflar o bote parcialmente para conseguir subir.

Figura 97 Abordando um bote de 7 pessoas

Use a bomba manual para manter as câmaras de flutuação e o assento


transverso firmes. Nunca infle demais o bote.
Botes para 25, 35 e 46 pessoas
Alguns veículos estão equipados com botes maiores para uma maior
quantidade de pessoas. Existem botes que suportam dezenas de pessoas. Estes
botes às vezes estarão armazenados na parte externa da fuselagem, próximo às
asas de aviões, por exemplo. Sempre haverá botes suficientes para acomodar
toda a tripulação e passageiros em cada tipo de veículo. Independentemente de
seu tamanho, uma vez inflado, estará pronto para ser usado. Um cordão irá
conectar o kit de acessórios ao bote. Você deve inflar a câmara central com a
bomba manual. Aborde botes grandes a partir do navio ou aeronave antes de
afundarem, se possível. Senão, faça o seguinte:
• Aproxime-se pela rampa de abordagem seguindo as setas impressas
na parte externa do bote
• Retire sua boia e amarre em si ou no bote, para recuperar em seguida.
• Agarre as alças de abordagem e bata as pernas para colocar seu
corpo de bruços na água. Então, bata as pernas e puxe pelas alças
até entrar no bote.

237
Figura 98 Bote de 25, 35 ou 46 pessoas

Um bote parcialmente inflado será mais fácil de abordar. Aproxime-se da


interseção do bote e da rampa de abordagem, agarre a alça de abordagem
superior e jogue uma perna sobre o centro da rampa, como montar um cavalo.
Imediatamente aperte a braçadeira de equalização quando entrar no bote
para prevenir que ele desinfle completamente em caso de perfuração do plástico.
Use as bombas para manter o centro e câmaras de flutuação firmes. Eles
devem estar bem arredondados, mas não excessivamente cheios. O anel central
mantém o centro do fundo do bote flutuando e dá aos ocupantes algo para apoiar
os pés e evitar que todos deslizem para o centro do bote.

238
Figura 99 Arrumando o bote

Navegando com botes


Botes não possuem quilhas, portanto, você não pode velejar com eles
contra o vento. Porém, qualquer pessoa pode velejar a favor do vento. Você pode
ainda, no máximo, velejar com um desvio de 10° do ângulo do vento. Não tente
velejar o bote a menos que você tenha terra à vista. Se você decidir velejar e o
vento estiver soprando na direção desejada, encha completamente o bote,
sente-se ereto, pegue a âncora, equipe uma vela e use um remo como leme.
Em botes para 7 pessoas, erga uma vela quadrada usando os remos e
suas extensões como mastro e suporte transversal. Você deverá usar uma lona
impermeável ou material de paraquedas como vela. Se o bote não possuir
soquete para mastro erga o mastro amarrando-o firmemente ao assento
transverso usando braçadeiras. Acolchoe a porção embaixo do mastro para
evitar perfuração ou desgaste do plástico no local. O calcanhar de um calçado,
com o ponta enfiada debaixo do assento transverso é um ótimo soquete de
mastro improvisado. Não prenda as pontas de baixo da vela. Segure as linhas
239
amarradas nestes cantos com suas mãos para que a brisa não rasgue a vela,
derrube o mastro ou vire o bote.
Tome todas as precauções para evitar que o bote vire. Em águas
agitadas, mantenha a âncora longe do bote. Peça aos passageiros que sentem
baixo no bote, com seu peso distribuído para segurar o lado do bote que estiver
contra o vento. Para prevenir que caiam do bote, peça que evitem se assentar
nas bordas ou ficar de pé. Evite movimentos bruscos sem avisar aos outros
tripulantes. Quando a âncora não estiver em uso, amarre-a ao bote de forma que
ela vá segurar o bote imediatamente se ele virar.
Água
Água é o recurso mais importante para o ser humano. Apenas bebendo
água, você pode suportar de 2 a 3 semanas sem alimento. Quando for beber
água, umedeça seus lábios, língua e garganta antes de engolir.
Pouca água potável
Quando você tem um estoque limitado de água potável, você pode repor
o que for usado por meios físicos ou químicos. Proteja seus estoques de água
potável de contaminação com água do mar. Mantenha seu corpo na sombra,
protegido do calor, para reduzir a perda de líquidos. No entanto, permita que o
ar ventile em seu abrigo no bote. Umedeça suas roupas no mar durante os
períodos mais quentes do dia. Não faça atividades extenuantes. Relaxe e durma
sempre que possível. Determine a quantidade de água diária necessária após
levar em conta a quantidade de água que você já tem, o ritmo de produção dos
destiladores solares ou do dessalinizador e o número e a condição física do seu
grupo.
Se você não tiver água disponível, não coma. Se sua água potável
disponível for dois ou mais litros por dia, você pode comer qualquer quantidade
de rações ou alimentos que você obtenha no ambiente, como pássaros, peixes
ou camarões. O movimento do bote salva-vidas e a ansiedade podem causar
náuseas. Se você comer quando estiver com náusea, você pode vomitar e
perder todo aquele alimento ingerido. Se estiver com náuseas, relaxe e descanse
o máximo que puder e beba apenas água.
Para reduzir a perda de líquidos através da transpiração, molhe suas
roupas no mar e torça-as antes de vesti-las. Não faça isso em demasiado em
dias quentes nos quais você não possua um toldo ou cobertura. Esta é uma troca
onde você ganha proteção contra o calor ao custo de furúnculos, úlceras e
erupções cutâneas causados pelo sal da água. Além disso tenha cuidado para
não deixar o fundo do bote molhado.
Observe as nuvens e esteja preparado para qualquer chance de chuva.
Mantenha a lona ou cobertura impermeável pronta para ser hasteada e lembre-
se de escorrer a água do uso anterior antes de guardar. Se a lona estiver com
pelotas de sal grudadas, lave-a no mar. Normalmente uma pequena quantidade

240
de água do mar misturada com água da chuva é aceitável e não causará
nenhuma reação física. Porém, em mares agitados, você não conseguirá obter
água da chuva descontaminada de água do mar.
Dessalinizador Manual de Osmose Reversa
A maioria dos botes salva-vidas hoje estão equipados com um
dessalinizador manual por osmose reversa (DMOR). O DMOR é muito eficiente
na purificação de água, desenvolvido para remover as partículas de sal e outros
elementos da água, tornando assim a água potável. Note que até o momento,
falamos de desinfecção de água, não purificação. Purificação é obtida somente
através de processos complexos, muitas vezes caros, que necessitam
maquinário especial. A osmose reversa é um método de purificação de água.
Existem vários modelos disponíveis e cada um deles possuirá uma capacidade
de produção por hora, dia, etc e uma quantidade máxima de água purificada em
sua vida útil. A obtenção de água no mar é um trabalho 24/7, portanto, reveze
com o resto da equipe e não pare de obter água. O DMOR muitas vezes tem
vida útil de mais de 150.000 litros de água purificada. Alguns possuem vida útil
de prateleira (antes de ser usado) de 10 anos, e então deve ser enviado à fábrica
para ser reformado.
Para operar o DMOR, coloque as duas mangueiras (entrada e saída)
dentro da água do mar. Comece a bombear manualmente em ciclos de 2
segundos, 1 segundo para cima e 1 segundo para baixo. Um indicador de
pressão irá despontar na parte principal do DMOR indicando que um fluxo
adequado está sendo mantido. Remova o agente antimicrobiano que vem no
filtro bombeando por 2 minutos e, então você poderá coletar a água potável da
mangueira de saída.
NOTA: Certifique-se que a água não possui resíduos de petróleo ou
líquidos lubrificantes, combustível de jato, etc, antes de usar o DMOR. O filtro é
muito sensível a derivados de petróleo e se tornará inutilizável se você bombear
óleo através dele. Desta forma você provavelmente ficará sem capacidade de
obtenção de água.
Destilador solar
Quando você tiver destiladores solares disponíveis leia as instruções e
monte-os imediatamente. Use o máximo de destiladores que puder, dependendo
da quantidade de pessoas no bote salva-vidas e na disponibilidade de luz solar.
Prenda os destiladores solares ao bote com cuidado. Estes equipamentos só
funcionam em mares calmos e “planos”.
Kits de dessalinização
Quando você possuir kits de dessalinização disponíveis em adição aos
destiladores solares, utilize-os apenas para necessidades imediatas de água ou
durante longos períodos de agitação no mar onde você não conseguirá utilizar o
destilador solar. De qualquer maneira, mantenha kits e estoques de água
241
emergenciais para quando você não puder usar o destilador ou coletar água da
chuva.
Água de peixes
Beba o fluido aquoso encontrado ao longo da espinha e nos olhos de
peixes grandes. Cuidadosamente corte o peixe em dois para obter o fluido da
espinha e sugue os olhos. Se você estiver tão desidratado ou sem água que
você precisa fazer isto, não beba nenhum dos outros fluidos do peixe. Estes
outros fluidos são ricos em proteína e gordura e vão gastar mais ainda suas
reservas de água para a digestão do que eles mesmos provêm.
Gelo marinho
Em águas polares, use gelo antigo como fonte de água. Este gelo tem um
tom azulado, possui cantos arredondados e se estilhaça facilmente. Ele é
praticamente livre de sal. Gelo novo é acinzentado, leitoso, duro e salgado. Água
de icebergs é fresca, mas icebergs são perigosos de se aproximar. Utilize-os
como fonte de água somente em emergências.
Como em qualquer situação de sobrevivência, existem muitos perigos
quando você está substituindo ou comprometendo necessidades básicas.
Mesmo sabendo que água é uma necessidade básica e crucial, tenha em mente
as seguintes dicas:
• NÃO beba água do mar.
• NÃO beba sua urina.
• NÃO beba álcool.
• NÃO fume.
• NÃO coma nada, a não ser que você tenha água disponível.
Dormir e descansar são as melhores formas de suportar períodos com
pouca ou nenhuma água e comida. No entanto, certifique-se que você tenha
sombra suficiente quando estiver cochilando durante o dia. Se o mar estiver
agitado, amarre-se ao bote, feche qualquer cobertura e saia da tempestade o
melhor que puder. Relaxar é a chave. Tente relaxar.
Obtenção de comida
No mar aberto, peixes serão a principal fonte de alimento. Existem
algumas espécies venenosas e outras perigosas entre os peixes marinhos, mas,
em geral, quando distante de terra firme, peixes são seguros para se comer.
Próximo à costa existem peixes venenosos e perigosos para se comer. Existem
alguns peixes, como a barracuda e o luciano-do-golfo que são normalmente
comestíveis, mas venenosos quando próximos de atóis e recifes. Peixes-
voadores podem até pular para dentro do seu bote!
Peixes
Quando for pescar, não segure a linha diretamente com as mãos e nunca
a enrole nas suas mãos ou amarre-a ao bote. O sal que se adere à linha pode
242
faze-la um fio cortante perigoso para suas mãos e o bote. Use luvas, se
estiverem disponíveis ou enrole algum tecido em volta de suas mãos para
prevenir ferimentos também de finas barbatanas e das bordas das brânquias.
Em regiões quentes, eviscere e sangre o peixe imediatamente após
pescar. Corte peixes que você não for comer imediatamente em tiras finas e
pendure-as para secar. Um peixe seco corretamente permanece comestível por
vários dias. Peixes que não forem limpos ou suas carnes não secas ao ar
poderão estragar em até 12 horas. Peixes com carne escura são mais passíveis
de apodrecimento. Se você e seus companheiros não comerem os peixes
imediatamente, não comam as sobras. Use-as para isca.
Nunca coma peixes que possuem brânquias pálidas e brilhantes, olhos
fundos, pele ou carne flácidas ou odor desagradável. Peixes bons para comer
terão características opostas. Peixes marinhos terão um cheiro de água do mar
ou cheiro limpo de peixe. Não confunda enguias com serpentes marinhas, que
possuem um corpo obviamente escamado e uma cauda achatada como um
remo. Ambas são comestíveis, mas você precisa manusear a serpente marinha
com cuidado devido à picada venenosa. O coração, sangue, parede intestinal e
fígado da maioria dos peixes são comestíveis. Cozinhe os intestinos. Também
comestíveis serão os peixes parcialmente digeridos dentro dos estômagos de
peixes maiores. Em adição a isso, tartarugas marinhas são comestíveis.
Carne de tubarão é uma boa fonte de alimento, seja crua, seca ou cozida.
Carne de tubarão estraga rapidamente devido à alta concentração de ureia em
seu sangue, portanto, sangre-o imediatamente e mergulhe a carne em vários
banhos com água limpa. Algumas pessoas preferem certas espécies de tubarões
em detrimento de outras. Considere todas as espécies comestíveis, exceto o
tubarão da Groelândia, cuja carne contém concentrações muito altas de vitamina
A. Não coma os fígados, pois também possuem concentrações tóxicas de
vitamina A.
Auxílios para pesca
O kit de acessórios contém um kit de pesca muito bom em seu interior que
irá atender às suas necessidades em praticamente qualquer parte do mundo.
Você também pode usar materiais diferentes para fazer implementos para pesca
como descrito a seguir:
• Linha de pesca: Use pedaços de lona ou tecido. Desfie as fibras e
amarre-as umas nas outras em pedaços não muito longos e agrupe-
as em 3 ou mais linhas. Cadarços e linhas de suspensão de
paraquedas também funcionarão.
• Anzóis: Ninguém ao mar deve estar desprovido de equipamento de
pesca apropriado, mas se você estiver, improvise anzóis como
demonstrado no Capítulo 8 – Alimento.
• Atrativos: Você pode improvisar atrativos para peixes amarrando um
anzol duplo em qualquer pedaço brilhante de metal.

243
• Arpão: Use arpões para apanhar algas. É possível chacoalhar algas e
encontrar caranguejos, camarões ou pequenos peixes do meio delas.
Estes você pode usar para comer ou como isca. Você pode ainda
comer algas, mas somente se você possuir água potável em
abundância. Improvise arpões a partir de madeira. Use um pedaço
pesado de madeira como haste principal e amarre três pedaços
menores à haste como ganchos de arpão.
• Iscas: Você pode usar pequenos peixes como isca para peixes
maiores. Capture peixes pequenos usando uma rede. Se você não
tiver uma rede, faça uma usando tecidos de algum tipo. Mantenha a
rede debaixo d’água e puxe sempre para cima. Use as tripas de
pássaros e peixes como isca. Quando usar iscas, tente mantê-las se
movendo na água para dar a aparência de que estão vivas.
Dicas úteis de pesca
Sua pesca deverá ser bem-sucedida se você se lembrar das seguintes
dicas importantes:
• Seja extremamente cuidadoso com peixes que podem conter dentes
e espinhos.
• Corte sua linha se pegar um peixe grande demais ao invés de arriscar
virar seu bote salva-vidas. Tente pegar peixes pequenos ao invés de
grandes.
• Tenha cuidado para não perfurar seu bote com anzóis e arpões.
• Não pesque quando houver tubarões grandes na área.
• Observe e procure cardumes de peixe. Mova-se para perto destes.
• Pesque à noite usando luzes. A luz atrai peixes.
• Durante o dia, a sombra atrai alguns peixes, você poderá encontra-los
debaixo de seu bote.
• Improvise uma lança de pesca atando uma faca a um remo. Esta lança
pode ajudar a pegar peixes maiores, mas você deve traze-los para
dentro do bote ou ele pode escorregar da lâmina. Além disso, amarre
sua faca de forma bem segura ou você pode perder sua faca.
• Sempre cuide de seu equipamento de pesca. Seque suas linhas de
pesca, limpe e afie seus anzóis e não deixe que eles se embolem nas
linhas.
Pássaros
Como explicado no Capítulo 8 – Alimento, todas as aves marinhas são
comestíveis. Coma quaisquer aves que você capturar. Algumas vezes alguns
pássaros podem pousar em seu bote, mas geralmente estarão atentos. Você
pode conseguir atrair alguns pássaros amarrando um pedaço brilhante de metal
atrás de seu bote. Isto trará os pássaros a uma distância de tiro, considerando
que você tenha uma arma.

244
Se as aves pousarem perto de você, você poderá captura-las diretamente.
Se a ave pousar do outro lado do bote ou longe demais, você pode usar um laço
em um bastão. Coloque isca no meio do laço e aguarde a ave pousar. Quando
ao menos um pé da ave estiver no centro do laço, puxe-o e aperte firmemente
para capturar.
Use todas as partes da ave. Use as penas como isolante, as entranhas e
pés como isca, etc.
Problemas médicos associados com a sobrevivência no mar
No mar você pode desenvolver enjoos, feridas com a água salgada ou
ainda alguns outros problemas que acontecem também em solo, como
desidratação, hipotermia ou queimaduras solares. Estes problemas podem ser
críticos se não forem tratados.
Enjoos
Os enjoos ao mar são náuseas e vômitos causados pela movimentação
do bote ou barco em que você está e pode resultar em:
• Perda de fluidos extrema e exaustão.
• Perda da vontade de sobreviver.
• Outros desenvolvendo enjoos.
• Atração de tubarões para o bote.
• Condições de sujeira e imundície.
Para tratar o enjoo ao mar:
• Lave o paciente e o bote para remover qualquer sinal de vômito ou
odor.
• Mantenha o paciente sem se alimentar até a náusea passar.
• Mantenha o paciente deitado e descansando.
• Dê ao paciente pílulas anti-enjoo (antieméticos) se disponível. Se o
paciente não conseguir tomar oralmente, introduza-as no reto através
do ânus para absorção. Não tome pílulas para enjoo se você já estiver
vomitando com frequência. Elas costumam te enjoar ainda mais e se
você vomitar num intervalo de 2 horas depois de tomar você pode ter
vomitado a substância intacta ou digerida, mas não absorvida. Sempre
tome estas pílulas antes de desenvolver todos os sintomas do enjoo.
NOTA: Algumas pessoas ao mar reportaram ao longo do tempo que erigir
um toldo ou usar o horizonte ou uma nuvem como ponto focal para o
paciente olhar ajudou a reduzir o enjoo do mar. Outras reportaram que
nadar ao lado do bote por curtos períodos ajuda a reduzir o enjoo. Mas
tenha cuidado extremo ao nadar em alto mar.
Úlceras por água salgada

245
Estas ulcerações resultam de um rompimento na pele exposta à água
salgada por longos períodos. Elas também podem ocorrer em áreas onde suas
roupas apertam, como a cintura, tornozelos ou pulsos. Estas úlceras podem
ainda formar pus e cicatrizes ou casquinhas. Não abra ou drene o ferimento.
Lave-o com água fresca, se disponível, e deixe secar. Aplique antisséptico se
disponível.
Apodrecimento por imersão, geladuras e hipotermia
Estes problemas são similares àqueles encontrados em ambientes de
clima frio. Sintomas e tratamentos são os mesmos dos abordados no Capítulo
15 – Sobrevivência em Clima Frio.
Cegueira e dor de cabeça
Se chamas, fumaça ou outros contaminantes entrarem em contato com
os olhos, lave imediatamente com água salgada e, então, com água fresca, se
disponível. Aplique unguentos ou pomadas se disponíveis. Faça ataduras ao
redor da cabeça nos olhos por 18 a 24 horas ou mais, se necessário. Se o brilho
do céu e do mar fizer seus olhos se avermelharem e inflamarem, faça bandagens
suaves. Para prevenir este problema, use óculos de sol. Improvise óculos de sol
se preciso.
Constipação
Esta condição é muito comum em um bote salva-vidas em alto mar. Não
tome laxantes, pois isso pode causar desidratação adicional. Exercite o máximo
que puder e beba água adequadamente, levando em conta o exercício.
Dificuldade em urinar
Este problema não é incomum e é geralmente devido à desidratação. É
melhor não tratar, uma vez que pode causar mais desidratação.
Queimaduras solares
Queimaduras solares são um problema sério na sobrevivência no mar.
Tente preveni-las se mantendo na sombra e mantendo sua cabeça e pele
cobertas. Use creme ou bastão labial protetor solar do seu kit de sobrevivência.
Lembre-se, reflexo da água do mar também causa queimaduras solares em
locais onde o sol geralmente não atinge, como os lóbulos das orelhas, pálpebras,
nariz, queixo e na parte de baixo dos braços.
Tubarões
Estando você em um bote salva-vidas ou boiando no mar, você deve
observar vários tipos de vida marinha ao seu redor. Alguns tipos mais perigosos
que outros. Geralmente tubarões são os maiores perigos. Outros animais como
baleias, golfinhos e arraias podem parecer perigosos, mas não apresentam um
grande risco em alto mar.

246
Das centenas de espécies de tubarões, apenas 20% são conhecidas por
atacar humanos. Os mais perigosos deles são o tubarão-branco, o tubarão-
martelo, o tubarão-mako e o tubarão-tigre. Outros tubarões conhecidos por
atacar seres humanos são o tubarão-cinzento-dos-recifes, o tubarão-azul, o
tubarão-limão, o tubarão-touro, o tubarão-enfermeiro, o tubarão-da-areia e o
tubarão-galha-branca-oceânico. Considere quaisquer tubarões com mais de 1m
de comprimento perigosos.
Existem tubarões em todos os oceanos e mares do mundo. Enquanto
alguns vivem e se alimentam nas profundezas do mar, outros caçam perto da
superfície. Tubarões que vivem perto da superfície são os que você
provavelmente irá encontrar. Suas barbatanas dorsais frequentemente se
projetam acima da superfície da água. Tubarões em águas tropicais e
subtropicais são muito mais agressivos do que aqueles em águas temperadas.
Todos os tubarões são basicamente máquinas de comer. Sua dieta
normal é de animais vivos de quaisquer tipos, e eles vão atacar animais feridos
e desamparados. Visão, faro e audição irão guia-los até o alvo. Tubarões tem
faro muito agudo e o cheiro de sangue na água os deixa agitados. Eles também
são muito sensíveis a quaisquer vibrações anormais na água. Os esforços de
um animal ou nadador ferido, explosões submarinas ou até mesmo um peixe
lutando contra um pescador vão atrair tubarões.
Tubarões conseguem morder de quaisquer posições. Eles não precisam
se virar para morder. As mandíbulas dos maiores tubarões são tão avançadas
que eles podem morder objetos flutuantes sem precisar se virar de lado.
Tubarões podem caçar sozinhos, mas a maioria dos relatórios de ataques
cita mais de um presente. Os tubarões menores tendem a caçar em cardumes e
atacam em grupo. Quando um tubarão encontra uma vítima, outros tubarões irão
rapidamente se juntar a ele. Tubarões também comerão um tubarão ferido tão
rápido quanto suas vítimas.
Tubarões se alimentam em qualquer hora do dia ou da noite. A maioria
dos ataques reportados foram durante o dia e muitos destes foram no fim da
tarde. Algumas das medidas que você pode tomar para se proteger de tubarões
quando você está na água são:
• Fique junto de outros nadadores – Um grupo pode manter uma vigia
de 360°, em detrimento de se estar sozinho. Além disso, em grupo,
você pode lutar ou afugentar tubarões mais eficientemente do que
sozinho.
• Sempre observe por tubarões – Mantenha suas roupas, incluindo seus
sapatos. Historicamente tubarões atacam pessoas sem roupas em
grupos, primeiro. Principalmente nos pés. Roupas protegem contra
abrasão se o tubarão raspar as escamas em sua pele.
• Evite urinar – Se você precisar, urine em pequenas quantidades para
que ela se dissipe melhor. Se você precisar defecar, também faça em
247
pequenas quantidades e jogue o mais longe possível de você. O
mesmo se aplica a vômito.
Se um ataque de tubarão é iminente quando você está na água, bata a
água violentamente e grite alto para manter o tubarão afastado. Muitas vezes
gritar debaixo d’água e agitar vigorosamente os membros afugenta os tubarões.
Conserve sua energia para lutar com um tubarão se ele vier para cima atacar.
Quando atacado, chute e soque o tubarão. Acerte o tubarão em suas
brânquias ou olhos se possível. Se você socar o nariz do tubarão você pode
machucar suas mãos se ela escorregar e atingir os seus dentes.
Quando você estiver no bote e avistar tubarões:
• Não pesque. Se você tiver um peixe fisgado, deixe ele escapar. Não
limpe peixes na água.
• Não jogue lixo ao mar.
• Não deixe suas pernas e braços e equipamentos pendendo do bote
na água.
• Fique quieto e não se mova.
• Sepulte os mortos assim que possível. Se houver muitos tubarões ao
redor, faça o sepultamento à noite.
Quando você estiver no bote salva-vidas e um ataque de tubarão for
iminente, acerte o tubarão com qualquer coisa que você tiver disponível, exceto
suas mãos. Você causará mais danos às suas mãos do que ao tubarão. Se você
bater com um remo, tenha cuidado para não o perder ou quebrar.
Detectando terra
Você deve observar cuidadosamente por sinais de terra. Existem muitos
indicadores de que terra está próxima.
Uma nuvem cumulus fixada em um ponto do céu limpo ou em um céu
onde todas as outras nuvens estiverem se movendo geralmente flutua sobre uma
ilha ou ligeiramente próxima, no sentido do vento.
Nos trópicos, o reflexo da luz do sol em lagoas ou camadas de recifes de
corais causa um esverdeamento do céu.
Nos polos reflexos de coloração clara nas nuvens geralmente indicam
campos de gelo ou neve adiante. Estes reflexos são bem diferentes do cinza
escuro do mar aberto.
Águas profundas possuem coloração azul ou verde escuro. Cores claras
indicam águas rasas e podem indicar que há terra por perto.
À noite, ou na neblina, névoa ou chuva, você pode conseguir detectar
terra pelos odores e sons. O cheiro mofado e salgado de manguezais e cheiro
de lama viajam por longas distâncias. Você ouve os rugidos da rebentação em
uma praia muito antes de ver as ondas quebrando. O aumento constante dos
248
cantos e piados de pássaros, vindo de uma direção, indica a direção de seus
ninhos em área de terra próxima.
Existem geralmente mais pássaros perto da terra do que no mar aberto.
A direção da qual os bandos voam ao alvorecer e a direção para qual voam ao
entardecer podem indicar a direção dos seus ninhos e da terra. Durante o resto
do dia os pássaros voam em busca de alimento e, por isso, a direção de seu voo
não tem significado.
Miragens ocorrem em quaisquer latitudes, mas são mais prováveis nos
trópicos, especialmente durante o meio do dia. Tenha cuidado para não
confundir uma miragem com terra próxima. Uma miragem desaparece ou sua
aparência e elevação mudam quando observadas de uma altura ligeiramente
diferente.
Você pode ser capaz de detectar terra pelo padrão de ondas (refratadas)
à medida que elas se aproximam da terra. Viajando junto com as ondas e
paralelo às áreas ligeiramente turbulentas marcadas com “X” no esquema abaixo
você alcançará terra.

Figura 100 Detectando a localização de ilhas e porções de terra

Técnicas para deslocar e aportar


Uma vez que você tenha encontrado terra firme, você deve alcançar a
praia rapidamente. Para navegar até a costa, você pode usualmente utilizar seu
bote individual sem perigo. Porém, aproximar-se da praia em uma arrebentação
forte pode ser perigoso. Não tenha pressa, selecione seu ponto de desembarque
com cuidado. Tente não desembarcar quando o sol está baixo e bem à sua
frente. Tente não desembarcar no lado sota vento de uma ilha ou em um ponto
de terra ressaltando mar adentro. Mantenha-se atento para vãos na
249
arrebentação e vá para eles. Evite recifes de corais e escarpas rochosas. Não
há recifes de corais em aberturas de rios de água doce (deságue). Evite
correntes de retorno ou fortes correntes de maré que possam carregar você para
mar adentro. Sinalize a costa por socorro ou navegue mais até encontrar um
ponto de ancoragem melhor.
Se você tiver que atravessar a rebentação para alcançar a praia, retire o
mastro. Mantenha suas roupas e calçados em você para evitar cortes severos.
Ajuste e infle sua boia salva-vidas. Estenda a âncora para trás usando o máximo
de corda que você tiver disponível. Use os remos e constantemente ajuste a
âncora para manter a tensão na linha da âncora. Estas ações vão manter o bote
voltado para a praia e prevenir que o mar jogue a popa e vire o bote. Use os
remos para ajudar a surfar nas costas das ondas maiores.
A rebentação pode ser irregular e as velocidades podem variar. Então,
modifique os procedimentos à medida que as condições demandarem. Um bom
método de atravessar a rebentação é dividir a equipe em metade de cada lado
do bote, voltados uns para os outros. Quando uma onda vier, metade deve remar
em direção ao mar até que a crista passe. Então, a outra metade deve remar
vigorosamente em direção à praia até que a próxima onda venha.
Contra um vento forte e uma rebentação pesada, o bote deve ter toda a
velocidade possível para passar rapidamente através da crista que se aproximar,
para evitar se virado de lado ou ser arremessado de um lado para o outro. Se
possível, evite encontrar uma onda no momento em que ela quebrar.
Se em uma rebentação mediana com pouco vento, ou vento fora da costa,
evite que o bote passe por sobre uma onda rápido demais, de forma que ele caia
de volta na água depois de passar por sobre a crista. Se o bote virar na
rebentação, tente agarra-se a ele e terminar a travessia.
À medida que o bote se aproxima da praia, surfe nas costas de uma onda
maior. Reme o mais forte que conseguir e surfe até a praia o mais longe que
você conseguir. Não pule do bote até que ele tenha encalhado na praia. Então,
pule na areia e puxe o bote praia adentro rapidamente.
Se você tiver escolha, não desembarque à noite. Se você tiver razões
para acreditar que pessoas vivam na costa, fique longe da praia, sinalize e
aguarde os habitantes saírem e resgatarem você.
Se você encontrar icebergs ou outro gelo marinho, desembarque somente
nos grandes e estáveis. Evite icebergs que podem virar seu bote ou os pequenos
blocos de gelo ou que estejam obviamente desintegrando. Use remos e as mãos
para evitar que o bote esfregue nas bordas do gelo. Retire o bote da água e
guarde-o longe da borda do gelo. Você pode conseguir usá-lo como cobertura.
Mantenha o bote inflado e pronto para uso. Qualquer bloco de gelo pode se partir
sem aviso prévio.

250
Nadando até a praia
Se você não conseguir ou não puder navegar até a praia e você precisar
de nadar, use seus sapatos e pelo menos uma camada de roupa. Use braçadas
laterais ou nado de peito para economizar energia.
Se a rebentação for moderada, surfe nas costas de uma pequena onda
nadando para frente junto dela. Mergulhe a uma profundidade rasa antes da
onda quebrar.
Em uma rebentação forte, nade em direção à costa nos vales entre as
ondas. Quando uma onda em direção ao mar se aproximar, mergulhe. Quando
ela passar, nade em direção à costa novamente no próximo vale. Se for pego na
ressaca de uma onda grande, empurre o fundo com as pernas e nade até a
superfície e continue nadando em direção à praia.
Se você precisar desembarcar em uma costa rochosa, procure por um
lugar onde as ondas sobem nas pedras. Evite lugares onde as ondas explodem
nas rochas em um spray branco e forte. Nade devagar quando estiver se
aproximando. Você precisará das suas forças para se segurar nas rochas. Você
deve estar totalmente vestido e utilizando calçados para diminuir os ferimentos.
Após escolher o local de desembarque, avance por trás de uma onda
grande até a linha de arrebentação. Fique de frente para a praia e adote uma
posição de assento com seus pés à frente, 60 a 90cm mais baixo que sua
cabeça. Esta posição irá permitir que seus pés absorvam o impacto quando você
“aportar” ou atingir pedregulhos debaixo d’água ou corais. Se você não alcançar
a praia atrás da onda que você escolheu, nade com suas mãos apenas. À
medida que a próxima onda se aproxima, adote a posição de sentado com seus
pés à frente. Repita o processo até que você alcance a praia.
Água é mais quieta no lado sota vento onde há grande crescimento de
algas. Aproveite a vantagem de tal crescimento. Não nade através das algas.
“Rasteje” sobre a vegetação agarrando-a com movimentos das mãos.
Atravesse um recife de corais ou área rochosa como você faria em uma
costa rochosa. Mantenha seus pés juntos e seus joelhos ligeiramente
flexionados, em uma posição assentada relaxada para amortecer os impactos
contra os corais ou pedras.
Resgate
Ao ver um veículo de resgate se aproximando, como um avião,
helicóptero, navio ou barco, rapidamente remova todas as linhas (de pesca, dos
kits de dessalinização, etc) ou outros equipamentos que possam se enroscar e
atrapalhar o resgate. Prenda todos os itens soltos no bote. Abaixe toldos e lonas,
velas e outros apetrechos para um resgate seguro. Após prender todos os itens,
coloque seu capacete (se tiver um) e infle totalmente sua boia salva-vidas e
permaneça no bote, a não ser que ordenado o contrário. Remova todos os
equipamentos exceto a boia salva-vidas. Se possível, você receberá ajuda do

251
pessoal do resgate que será abaixado até a água. Lembre-se de seguir todas as
instruções da equipe de resgate.
Se o helicóptero de resgate não possuir assistentes, proceda da seguinte
maneira:
• Prenda todos os equipamentos no bote, bolsa de acessórios e nos
bolsos.
• Jogue a âncora, bolsas de estabilidade e bolsa de acessórios.
• Desinfle parcialmente o bote e encha-o de água.
• Desconecte o kit de sobrevivência dos arreios de paraquedas.
• Agarre a alça do bote e role para fora dele.
• Deixe que o equipamento de resgate ou o cabo chegar à superfície da
água.
• Mantenha-se segurando na alça do bote até que o equipamento de
resgate esteja em sua outra mão.
• Monte o equipamento de resgate evitando enroscar-se com o bote.
• Sinalize para o operador do veículo de resgate colocando um braço
esticado para o lado com o polegar para cima enquanto você segura
o equipamento com a outra mão. Vigorosamente chapinhe na água,
espirrando-a fortemente, enquanto levanta o braço com sinal de “joia”.
NOTA: Uma vez resgatado, NÃO tente alcançar o helicóptero ou a
tripulação para tentar ajudar a entrar no veículo. Deixe que a tripulação puxe
você para dentro por conta própria.
Costa
Aviões de busca e resgate, bem como barcos e navios nem sempre
encontram um bote ou indivíduo nadando sozinhos. Você pode precisar alcançar
uma praia para ser resgatado. Sobreviver na costa é obviamente mais fácil que
em alto mar, água doce e comida são mais abundantes e abrigo é obviamente
mais fácil de localizar e construir.
Se você estiver em território amigável e decidir viajar, é melhor mover-se
ao longo da costa do que ir para o interior. Não deixe a costa exceto para desviar
de obstáculos como penhascos e pântanos ou caso você encontre uma trilha
que você tenha certeza que leve para assentamentos humanos.
Em tempos de guerra, lembre-se que inimigos patrulham principalmente
a costa. Estas patrulhas podem lhe causar problemas se você desembarcar em
terras hostis. Você terá opções de viagem extremamente limitadas nesta
situação. Evite contato com outros seres humanos e faça todo o esforço possível
para cobrir seus rastros.
Perigos especiais para a saúde
Sobrevivendo na costa do mar certamente pode prover uma maior
abundância para suas necessidades básicas, mas podem existir perigos. Corais,

252
peixes venenosos ou agressivos, marés e ressacas podem representar um
perigo especial para a saúde que você deve conhecer e saber como lidar.
Corais
Recifes de corais vivos ou mortos podem infligir dolorosos cortes e
ferimentos. Existem centenas de perigos nas águas que podem causar
perfurações e lacerações profundas, sangramento profuso e o risco de infecção.
Limpe ferimentos causados por corais completamente. Não use iodo para
desinfetar cortes por corais. Alguns pólipos de corais se alimentam de iodo e
podem crescer por dentro de sua pele se você usar iodo.
Peixes venenosos
Muitos peixes possuem carne tóxica. Em algumas espécies a carne é
sempre venenosa e em outras só em certas épocas do ano. Os venenos estão
presentes em todas as partes dos peixes, mas especialmente no fígado,
intestinos e ova. Isto é devido à sua ingestão de bactérias venenosas que
crescem nos recifes de corais. Esta bactéria é tóxica para humanos.
Toxinas de peixes são solúveis em água. Não há como neutralizar através
do cozimento. Elas não possuem sabor, por isso, testes de comestibilidade são
inúteis. Aves são menos susceptíveis aos venenos, portanto, não pense que se
um pássaro pode ingerir um peixe, aquele peixe é seguro para você comer.
As toxinas irão produzir uma sensação de dormência nos lábios, língua,
dedos dos pés e pontas dos dedos da mão, coceira severa e uma inversão da
sensação térmica notável. Itens frios vão parecer quentes e itens quentes vão
parecer frios. Pode ainda ocorrer náusea, vômito, perda da fala, tonteira e uma
paralisia que pode eventualmente matar.
Em adição aos peixes com carne venenosa, também existem os que são
perigosos de se tocar. Muitas arraias possuem um ferrão venenoso em suas
caudas. Há também espécies que podem lhe dar um choque elétrico, como
algumas enguias. Alguns peixes de recifes como o peixe-pedra e peixe-sapo
possuem espinhos venenosos que podem causar ferimentos muito dolorosos
que raramente são fatais. O veneno destes espinhos pode causar uma sensação
de queimação ou dor agonizante que é muito desproporcional à severidade do
ferimento. Uma água-viva, apesar de não ser letal, pode infligir ferimentos muito
dolorosos se você tocar seus tentáculos. Veja o Capítulo 11 – Animais Perigosos
e os apêndices para informações mais detalhadas sobre peixes perigosos.
Peixes agressivos
Você deve também evitar peixes ferozes e violentos. A barracuda é uma
espécie que foi reportada por atacar homens usando objetos brilhantes em seu
corpo. Elas podem atacar luzes ou objetos brilhantes à noite. O robalo, que
pode crescer a até 1,7m é um outro peixe a se evitar. As moreias, que

253
possuem muitos dentes afiados e que podem alcançar até 1,5m de
comprimento também podem ser agressivas se perturbadas.
Serpentes marinhas
Serpentes marinhas são venenosas e muitas vezes encontradas no
meio do oceano. Elas não costumam morder a não ser que sejam provocadas.
Evite-as.
Crocodilos
Crocodilos vivem em baías de águas tropicais ou mangues próximos a
estuários e podem chegar a até 65km mar adentro. Poucos permanecem
próximos de áreas habitadas. Você encontrará crocodilos comumente nas áreas
mais remotas. Considere espécimes acima de 1m de comprimento como
perigosos, especialmente as fêmeas guardando os ninhos. Carne de crocodilo é
uma ótima fonte de alimento quando disponível.
Ouriços-do-mar, biscoitos-do-mar, esponjas-do-mar e anêmonas
Estes animais podem causar dores extremas e raramente são fatais.
Geralmente encontrados em águas tropicais rasas próximo a recifes de corais,
os ouriços-do-mar lembram pequenos e redondos porcos-espinhos. Se forem
pisados, eles liberam finas agulhas de calcário ou sílica na pele, onde elas
quebram e podem infeccionar. Se possível, remova todos os espinhos e trate
para possíveis infecções. Os outros animais mencionados causam ferimentos
similares.
Marés e ressaca
Se for pego na ressaca (corrente de retorno) de uma grande onda,
empurre suas pernas do fundo ou nade até a superfície e nade em direção à
praia em um vale entre as ondas. Não lute contra a força da corrente. Nade com
ela ou perpendicular a ela até que perca força e, então, nade para a costa
Alimento
Obter comida na costa não deverá ser um problema. Existem muitos tipos
de algas e outras plantas que você pode comer facilmente. Veja o Capítulo 9 –
Plantas Utilizáveis e os apêndices para mais informações. Existe também uma
variedade muito grande de animais que você pode utilizar como alimento neste
tipo de emergência ou situação de sobrevivência.
Moluscos
Mexilhões, lapas, amêijoas, caramujos-marinhos, polvos, lulas e lesmas-
do-mar são todos comestíveis. Mariscos irão suprir a maior parte das proteínas
ingeridas por um sobrevivente na costa. Evite os polvos-de-anéis-azuis e
mariscos de concha cônicas, descritos no Capítulo 11 – Animais Perigosos e nos
apêndices. Também tenha cuidado com as marés vermelhas que tornam os

254
moluscos venenosos. Faça o teste de comestibilidade universal em cada espécie
antes de comer.
Minhocas
Minhocas na costa são geralmente comestíveis, mas é melhor usa-las
como isca para peixes. Evite minhocas com pelos que pareçam com lagartas
penugentas. Evite também vermes tubulares que vivem em tubos com bordas
afiadas. Anfioxos não são minhocas verdadeiras. Você as encontra na areia.
Eles são excelentes fritos ou secos.
Caranguejos, lagostas e cracas
Estes animais são raramente perigosos para o homem e são uma
excelente fonte de alimento. As pinças de grandes caranguejos e lagostas
podem esmagar o dedo de um adulto. Muitas espécies possuem espinhos em
suas cascas, sendo preferível usar luvas para pega-las. Cracas podem causar
arranhões ou cortes e são difíceis de remover de seu ponto de ancoragem. Mas
as espécies maiores são uma excelente fonte de alimento.
Ouriços-do-mar
Estes são comuns e podem causar ferimentos doloridos quando tocados
ou pisados. Mas, são ótimas fontes de alimentos. Manipule-os com luvas ou de
outra forma segura devido aos espinhos.
Pepinos-do-mar
Este animal é uma importante fonte de alimento nas regiões orientais.
Use-os inteiros após eviscerar ou remova as cinco fibras musculares que se
estendem pelo seu comprimento. Coma-as defumadas, em conserva ou cozidas.

255
Capitulo 17 – Travessia de agua

Em uma situação de sobrevivência, você pode precisar atravessar um


obstáculo de água, que pode ser na forma de um rio, riacho, brejo, lago, areia
movediça, atoleiro, pântano ou charco. Mesmo no deserto, enchentes podem
ocorrer, tornando riachos um obstáculo. Qualquer que seja o caso, você precisa
saber como atravessa-lo com segurança.

Rios e riachos
Você pode aplicar quase todas as características a rios e riachos, etc. Eles
podem ser rasos ou fundos, com correntezas fortes ou fracas, largos ou estreitos,
etc. Antes de você tentar atravessar um curso d’água, faça um bom plano.
Seu primeiro passo é procurar por um lugar alto de onde você possa ter
uma boa visão do curso. Deste lugar, você pode procurar por um bom lugar para
atravessar. Se não existir um lugar alto, suba em uma árvore. Bons locais de
travessia são:
• Um trecho plano onde o curso de bifurca em vários canais menores.
Dois ou três canais mais estreitos são geralmente mais fáceis de
atravessar do que um rio caudaloso.
• Uma margem ou banco de areia raso. Se possível, selecione um ponto
rio acima a partir do banco de areia de forma que a corrente irá te
carregar até ele se você não der pé.
• Uma direção através do curso d’água que leva rio abaixo de forma que
você o atravesse em um ângulo de 45°.
As seguintes áreas podem representar perigo, evite-as se possível.
• Obstáculos no lado oposto do curso d’água que possam dificultar sua
travessia. Tente selecionar um ponto a partir do qual sua viagem será
mais fácil e segura.
• Uma saliência rochosa que atravessa o curso d’água. Estas formações
geralmente indicam corredeiras perigosas e cânions.
• Uma cascata profunda ou veloz ou canais profundos. Nunca tente
atravessar um curso d’água acima ou próximo a estes perigos.
• Lugares rochosos que podem causar sérios ferimentos caso
escorregue ou caia ou que tornem o equilíbrio muito difícil. Uma rocha
ou outra que ocasionalmente reduza a corrente pode vir a calhar.
• Um estuário de um rio, pois é geralmente largo e possui fortes
correntes, além de ser susceptível às marés. Estas marés podem
influenciar alguns rios muitos quilômetros acima de seus deságues ou
deltas. Volte rio acima para encontrar um local de travessia mais
seguro.

256
• Redemoinhos, que podem produzir um poderoso puxão abaixo da
obstrução causando o redemoinho e puxando você para dentro
d’água.
A profundidade de um curso d’água que você deseja atravessar não deve
ser empecilho se você conseguir andar pelo seu fundo. Na verdade, água
profundas geralmente correm mais devagar e são, portanto, mais seguras do
que corredeiras rasas. Você pode sempre secar suas roupas posteriormente, se
necessário ou, você pode fazer um bote para te ajudar a carregar seus
equipamentos e roupas através do curso d’água.
Você não deve tentar atravessar um curso d’água se a água estiver em
temperaturas muito baixas. Este nado pode ser fatal. Tente fazer um bote de
alguma forma. Atravesse se você for molhar apenas seus pés. Seque-os
vigorosamente assim que você chegar à outra margem.

Corredeiras
Se necessário, você pode atravessar seguramente uma corredeira
profunda. Para atravessar uma corredeira profunda, nade com a corrente, nunca
contra ela. Tente manter seu corpo na horizontal, isto reduzirá a chance de você
ser puxado para baixo d’água.
Em corredeiras rápidas e rasas, deite de costas com os pés virados rio
abaixo, mantendo suas mãos ao lado dos quadris. Esta posição vai aumentar
sua flutuabilidade e ajudar a desviar de obstáculos. Mantenha seus pés altos
para evitar que eles se machuquem em rochas ou fiquem presos.
Em corredeiras profundas, deite de bruços, cabeça voltada rio abaixo em
direção à margem oposta. Observe obstáculos e seja cuidadoso com
redemoinhos em locais estagnados ou correntes convergindo, uma vez que
estes locais possuem os turbilhões mais perigosos. Correntes convergindo
ocorrem quando novos cursos d’água se juntam ao curso principal (afluentes) ou
quando a água foi divergida em torno de um obstáculo grande, como uma ilha.
Para atravessar uma corredeira veloz e traiçoeira, aplique os seguintes
passos:
• Remova suas calças e camisa para reduzir o arrasto da água em você.
Mantenha seus calçados para proteger seus pés e tornozelos das
pedras. Eles também vão te garantir uma pisada firme.
• Amarre suas calças e outros artigos de vestimenta em cima da sua
mochila ou em uma trouxa, se você não tiver uma mochila. Desta
forma, se você precisar soltar seu equipamento, todos os seus
pertences estarão juntos. É mais fácil encontrar uma mochila grande
do que vários itens pequenos.
• Carregue sua mochila corretamente nos seus ombros e certifique-se
de que consegue se desvencilhar dela facilmente, caso necessário.

257
Não conseguir largar sua mochila a tempo pode te arrastar você para
o fundo, não importa o quão forte você seja.
• Encontre um bastão resistente de aproximadamente 7.5cm de
espessura e 2 a 2,5m de comprimento, para ajudar você a se
locomover. Agarre o bastão e finque-o firmemente do seu lado rio
acima para ajudar a enfraquecer a corrente. Coloque seu pé
firmemente a cada passo e mova o bastão para frente e ligeiramente
rio abaixo em relação à sua posição anterior, mas ainda rio acima em
relação a você. Com seu próximo passo, coloque seu pé debaixo do
bastão. Mantenha o bastão bem inclinado de forma que a força da
corrente mantenha o bastão contra seu ombro.
• Atravesse o curso de forma que você irá atravessar a corrente em um
ângulo de 45°.

Figura 101 Travessia individual com auxílio de bastão

Usando este método, você pode seguramente atravessar correntes que


seriam muito fortes para uma pessoa sozinha aguentar. Não se preocupe com o
peso de sua mochila, pois o peso extra irá te ajudar ao invés de impedir seu
progresso ao longo do curso.
Se houver outras pessoas com você, atravessem a corredeira juntos.
Certifique-se que todo mundo preparou suas roupas e mochilas conforme
explicado acima. Posicione a pessoa mais pesada rio abaixo no bastão e a
pessoa mais leve no lado rio acima do bastão. Ao usar este método, a pessoa
rio acima quebra a força da corrente e os demais podem se mover com relativa
facilidade no redemoinho criado pela pessoa rio acima. Se a pessoa rio acima
(primeira) perder o equilíbrio ou o apoio, os outros podem segurar firme enquanto
ela se recupera.

258
Figura 102 Travessia em grupo com auxílio de bastão

Se você tiver três ou mais pessoas e uma corda disponível, você pode
usar a técnica mostrada na figura abaixo, para atravessar o curso d’água. O
comprimento da corda deve ser três vezes a largura do curso d’água.

259
Figura 103 Travessia em grupo com auxílio de corda

Botes/Balsas
Se você possuir dois ponchos, você pode construir um bote de arbustos
ou um bote de poncho australiano. Com qualquer destes botes você pode flutuar
sua carga seguramente através de cursos de águas lentas.
Bote de arbustos
Este bote, se for construído corretamente, irá suportar aproximadamente
120kg de carga. Para construir, use arbustos verdes, ponchos, duas árvores
jovens (mudas) e cordas ou cipós, como descrito a seguir:
• Empurre o capuz do poncho para a parte de dentro e amarre
firmemente o pescoço do capuz usando as cordinhas de ajuste deste.

260
• Amarre as cordas ou cipós aos ilhós das bordas de cada poncho.
Certifique-se que elas sejam longas o suficiente para que cruzem o
poncho e possam ser amarradas nas cordas do lado oposto.
• Abra o poncho no chão com o lado interno para cima. Empilhe
arbustos verdes (sem galhos grossos) no poncho até que a pilha
alcance cerca de 45cm de altura. Puxe os cordões do capuz para cima
em meio aos arbustos.
• Faça um X usando as duas mudas/árvores jovens e coloque-as sobre
a pilha de arbustos. Amarre a estrutura em X com os cordões do
capuz.
• Empilhe mais arbustos verdes sobre a pilha já criada com mais 45 cm
de altura e então comprima levemente a pilha toda.
• Puxe as bordas do poncho para cima dos arbustos e, usando os cipós
ou cordas nos ilhós, amarre-as diagonalmente quina com quina e lado
com lado.
• Abra o segundo poncho no chão com o lado interno para cima.
• Role o pacote que você criou anteriormente para dentro do segundo
poncho de forma que as amarras feitas fiquem para baixo. Amarre o
segundo poncho da mesma forma que você fez anteriormente.
• Coloque na água com o lado das amarras do segundo poncho para
cima.

Figura 104 Bote para equipamento

Bote de poncho australiano


Se você não tiver tempo para coletar arbustos e outros materiais para o
bote explicado acima, você pode fazer o bote australiano usando o poncho. Este
“bote”, apesar de ser mais à prova d’água que o anterior, irá suportar apenas
35kg de equipamento. Para fazê-lo você precisará de dois ponchos, duas
mochilas, duas varas ou galhos de 1,2m de comprimento e cordas ou cipós,
cadarços, etc.

261
• Empurre o capuz para dentro do poncho e amarre usando os cordões
de ajuste do capuz na altura do pescoço dele.
• Abra o poncho no chão com o lado de dentro para cima. Coloque os
dois galhos ou varas sobre o poncho cerca de 45cm de distância.
• Coloque suas mochilas, bolsas ou outro equipamento que deseja
atravessar entre os galhos ou varas. Além disso, coloque qualquer
item que você queira que permaneça seco. Junte as bordas do poncho
como um embrulho de bombom.
• Use a ajuda de quaisquer outros companheiros para completar o bote.
Segure a ponta que você criou juntando as bordas do ponho no ar e
enrole-a bem apertado em direção ao equipamento. Certifique-se de
enrolar toda a largura do poncho.
• Torça as pontas do rolo que você acabou de fazer para formar rabos
de porco em direções opostas. Dobre estas torções sobre o pacote e
amarre-as firmemente no lugar usando as cordas ou cipós.
• Abra o segundo poncho no chão com o lado interno para cima. Se
você precisar de mais flutuação, coloque alguns arbustos verdes sobre
o poncho.
• Coloque o embrulho que você fez anteriormente sobre o segundo
poncho. Enrole o segundo poncho em volta do embrulho seguindo o
mesmo procedimento que você fez com o primeiro poncho.
• Amarre usando cordas, cipós ou cadarços ao redor do pacote a uma
distância de 30cm das pontas do embrulho. Coloque suas armas em
cima do embrulho e amarre firmemente.
• Amarre uma corda a um cantil vazio e a outra ponta ao bote que você
criou. Isto irá ajudar a rebocar o bote pela água.

Figura 105 Bote de poncho australiano

Bote rosquinha com poncho


Outro tipo de bote feito com o poncho é o em formato de rosquinha. Leva
mais tempo para ser confeccionado do que os anteriores apresentados neste
262
capítulo, mas é efetivo. Para fazê-lo, use um poncho, pequenas mudas, salgueiro
ou cipós e cordas, cadarços ou outro material para amarras. Proceda, então,
como explicado a seguir:
• Faça uma estrutura circular colocando várias estacas no chão que irão
grosseiramente delinear as bordas interna e externa da “rosquinha”.
• Usando mudas jovens e pequenas ou galhos flexíveis, salgueiro ou
cipós, construa uma rosquinha dentro da área delimitada
anteriormente.
• Amarre várias voltas de cordame ao redor do anel formado espaçando
cerca de 30 a 60cm entre as amarras.
• Coloque o capuz do poncho para o lado de dentro e amarre a área do
pescoço usando os cordões de ajuste do capuz firmemente.
• Coloque o poncho no chão, com o lado interno virado para cima.
Coloque o anel de cipós ou galhos que você fez em cima do poncho
com o capuz no centro do anel. Amarre o poncho por cima do anel e
amarre cada um dos ilhós a ele.
• Amarre uma ponta de uma corda a um cantil vazio e a outra ponta ao
bote. Esta corda irá ajudar você a manejar o bote.

Figura 106 Bote de rosquinha

Quando for lançar à água quaisquer dos botes acima descritos, tome
cuidado para não perfurar o poncho ou rasga-lo ao arrastar no chão. Antes de
começar a travessia usando o bote, deixe o bote flutuar na água por alguns
minutos para se certificar de que ele boia corretamente.
Se o rio for muito profundo para atravessar, empurre o bote à sua frente
enquanto você nada. Os designs dos botes acima não suportam o peso de uma
pessoa completamente. Use-os como auxílio de flutuação para nadar.
Não se esqueça de checar a temperatura da água antes de começar a
travessia. Se a água estiver extremamente fria e você não encontrar um local
raso para atravessar, não realize a travessia. Invente outra forma de atravessar.
Por exemplo, você pode derrubar uma árvore e improvisar uma ponte. Ou você
pode construir uma jangada maior para transportar você e seu equipamento.
263
Para isso, no entanto, você vai precisar de um machado, faca, cordas ou cipós
e tempo.
Bote de toras
Você pode fazer um bote ou jangada usando toras de madeira seca e
morta. No entanto, as piceas encontradas nas regiões polares resultam nas
melhores jangadas. Um método simples de fazer esta jangada é usar travessões
amarrados firmemente para criar pressão e manter as toras juntas.

Figura 107 Balsa para travessia

Boias
Se a água estiver quente o suficiente para nadar e você não tiver tempo
ou material para construir um dos tipos de botes apresentados neste capítulo
você pode usar diversos tipos de boias improvisadas. Alguns itens que você
pode usar como boia seguem abaixo:
• Calças: Amarre cada perna da calça na bainha e feche a braguilha.
Com as duas mãos, agarre o cós pelos lados e balance a calça no ar
para enche-la de ar. Rapidamente junte o tecido do cós fechando o
pacote para manter o maior volume de ar possível dentro e segure a
calça debaixo d’água para o ar não escapar. Agora você tem uma boia
para atravessar o curso d’água
NOTA: Molhe a calça antes do processo para prender o ar melhor.
Você pode precisar de inflar novamente esta boia antes de terminar a
travessia de um curso muito largo.
• Sacolas plásticas e ponchos: Encha duas ou mais sacolas plásticas
de ar e amarre-as pelas alças. Use seu poncho e enrole vegetação
verde bem apertado dentro dele. Este rolo deve ter pelo menos 20cm
de diâmetro. Amarre as pontas seguramente. Você pode usá-lo ao
redor da sua cintura ou por cima de um dos ombros e embaixo do
braço oposto.

264
• Toras: Use uma tora à deriva encalhada se houver uma disponível ou
encontre uma tora próxima à água e use como flutuação. Certifique-
se de testar a tora antes de atravessar. Alguns tipos de toras, como a
palmeira irá afundar mesmo se a madeira estiver morta. Outro tipo de
método é amarrar duas toras entre si, afastadas a 60cm. Sente entre
as toras com suas costas apoiada em uma e suas pernas sobre a
outra.

Figura 108 Boia de troncos

• Taboas: Colete talos de taboa e amarre-os em um molho de cerca de


25cm de diâmetro. A taboa possui ótima capacidade flutuante se não
estiver apodrecendo. Teste o molho de taboa antes de atravessar para
certificar-se que ele suportará seu peso.
Existem muitos outros tipos de boias improvisadas que você pode fazer
usando sua imaginação. Apenas certifique-se de testa-los antes de utilizar para
atravessar um obstáculo.

Outros obstáculos na água


Outros obstáculos que você pode encontrar são pântanos, atoleiros, areia
movediça e lodaçais. Não tente atravessar estes obstáculos a pé. Tentar levantar
seu pé enquanto está de pé fará você afundar. Tente evitar estes tipos de
obstáculos. Se você não tiver como evita-los, você pode conseguir improvisar
uma ponte com toras, troncos, galhos ou folhagem.
Uma forma de atravessar um pântano é deitar de barriga para baixo com
suas pernas e braços abertos. Use uma boia ou forme bolsões de ar em sua
roupa. Nade ou puxe seu corpo adiante, movendo-se devagar e mantendo seu
corpo na horizontal.
Em pântanos, as áreas que tem vegetação são geralmente
suficientemente firmes para suportar seu peso. No entanto, a vegetação não
estará presente em lamaçais abertos ou áreas encharcadas. Se você for um

265
nadador razoável você não terá problema em nadar por estes locais. Rastejar
também funciona.
Areia movediça é uma mistura de areia e água que forma uma massa
incerta e móvel. Ela cede facilmente sob pressão e suga para baixo e engolfa
objetos em sua superfície. Variam em profundidade e tamanho e são geralmente
um problema pontual em um determinado local. Areia movediça geralmente
ocorre em costas e praias planas, em rios sufocados por lodo com cursos
sinuosos e próximo de deltas e deságues de rios grandes. Se você não tem
certeza se uma área arenosa é areia movediça ou não, jogue uma pequena
pedra nela. A pedra irá afundar na areia movediça. Apesar da areia movediça ter
mais sucção que o barro/lama ou esterco, você pode atravessá-la da mesma
forma que você faria em um pântano ou lodaçal. Deite-se de bruços, abra braços
e pernas e rasteje devagar.

Obstáculos de vegetação
Algumas áreas com água podem conter plantas submersas que podem
atrapalhar a andar ou nadar através do obstáculo. Porém, você pode nadar
através de vegetação relativamente densa se você mantiver a calma e não se
debater. Fique o mais próximo da superfície possível e use nado peito com
movimentos rasos das pernas e braços. Remova as plantas ao redor de você
como você faria com roupas.
Quando estiver cansado, flutue ou nade de costas até que você tenha
descansado o bastante para seguir nadando o nado peito.
Manguezais são outro tipo de obstáculo que aparecem em áreas ao longo
de costas tropicais. Árvores e arbustos em manguezais possuem muitas raízes
aéreas que podem formar massas densas e emboladas. Para atravessar um
manguezal aguarde pela maré baixa. Se você estiver vindo do interior, procure
por um caminho de árvores estreito e siga por ele até o mar. Você pode também
tentar encontrar o leito de um curso d’água entre as árvores e segui-lo até o mar.
Se você estiver na costa, procure por canais ou cursos d’água em direção ao
interior. Esteja atento para crocodilos ao longo dos canais ou em águas rasas.
Se houver algum próximo a você, saia da água e suba nas raízes aéreas.
Quando for atravessar um manguezal, é possível coletar comida de piscinas
criadas pela maré alta ou entre as raízes das árvores.
Uma área grande de pântano requer mais tempo e esforço, portanto, se
você precisar atravessar uma área destas, faça algum tipo de bote ou jangada.

266
Capitulo 18 – Obter Direcao

Em uma situação de sobrevivência você será muito sortudo se tiver uma


bússola e um mapa da área. Se você possuir estes dois itens, você poderá
facilmente navegar até a ajuda. Se você não souber usar uma bússola e um
mapa, você deve treinar bastante as técnicas de navegação com estes itens. Na
verdade, tendo um mapa e bússola à mão, você não deveria estar perdido.

Usando a bússola
A bússola é um equipamento que possui uma agulha magnetizada que
flutua equilibrada em um pivô. Muitas bússolas possuem líquidos especiais na
câmara da agulha para melhorar a flutuação da mesma e para reduzir vibrações
e imprecisões.
A agulha magnetizada possui um polo norte e um polo sul, como qualquer
ímã. Por isso, seu polo sul será atraído pelo norte magnético da Terra e vice-
versa. O lado que aponta para o Norte magnético da Terra geralmente vem
destacado em coloração diferente.
Bússolas também podem incluir um clinômetro, que serve para determinar
o ângulo de inclinação em uma visada, ajudando a calcular alturas e distâncias
em campo.
Uma boa bússola também deve possuir sistemas de visada, um anel
externo ao redor da agulha com marcações de graus de 1 a 360 o mais preciso
possível, um espelho sobre a agulha para facilitar a visualização das medições
enquanto se faz a visada e uma lente de aumento para leitura de mapas e outros
usos com aumento de no mínimo 4 vezes.
Prepare sua bússola de antemão adicionando um contador de passos a
ela. Para fazer isso, amarre dois pedaços de corda, paracord ou barbante grosso
à bússola, como um fiel e adicione miçangas às cordas, colocando 9 em uma
delas e 4 na outra.
Determine uma distância de 100m em um lugar plano, em um lugar de
aclive e um lugar de declive. Comece a caminhar os três trajetos determinados
contando a quantidade de passos que você dará para cruzar a distância de 100m
nas três situações, plano, aclive e declive. Anote todos os resultados. Os passos
devem ser contados cada vez que o mesmo pé tocar o solo, para obter números
pequenos. Você pode ainda fazer contagem de passos em outros tipos de
terrenos para melhorar a precisão da contagem de passos. Evite dar passadas
forçadamente largas. Ao determinar sua contagem de passos, caminhe
normalmente como você caminharia em um ambiente selvagem. Se você tem o
costume de caminhar carregando seu equipamento, faça a contagem usando
seu equipamento e mochila.

267
Depois de determinar a quantidade de passos para se deslocar 100m, use
as miçangas ou contas nos cordões na bússola para contar a distância
percorrida. Toda vez que você atingir a contagem de passos, passe uma
miçanga para a outra ponta da corda marcando 100m. Recomece a contagem
até atingir 100m novamente e repita o processo até alcançar seu destino.
Quando chegar à 9ª miçanga, você terá percorrido 900m. Quando contar
novamente seus passos para 100m, você terá atingido 1km. Então, mova todas
as 9 miçangas de volta para o lado inicial do cordão e mova 1 miçanga do outro
cordão, que agora indica 1km. Repita todo o processo e quando chegar à 4ª
miçanga num cordão e à 9ª miçanga no outro, você terá percorrido 4900m. Ao
percorrer novamente sua contagem de passos, resete seu contador e você terá
percorrido 5km.
Tomando direções com a bússola
Todo ser humano sofre de um problema chamado desvio lateral quando
tenta andar em linha reta sem referências. Este desvio é bem pequeno, mas em
longas distâncias ele pode se acumular e te colocar fora da sua rota. Este efeito
tende a se acumular e causar o fenômeno de andar em círculos que muitas
pessoas que estão perdidas relatam experimentar.
Para evitar o desvio lateral, você pode colocar um azimute em sua bússola
e, enquanto você estiver seguindo a direção do azimute na bússola, você estará
andando em linha reta. O mesmo vale para atributos do terreno que você possa
ver. Enquanto você estiver vendo o objeto-alvo da sua caminhada, você estará
se movendo em linha reta. No entanto, eventualmente você entrará em uma
mata fechada ou descerá por ravinas e outros acidentes do terreno que vão
impedir que você visualize o atributo do terreno que você seguia e isso pode
levar a desvios. É por isso que usamos a bússola para navegar com segurança.
Para colocar o azimute de um ponto de referência na bússola, alinhe o
marcador de 0° do anel da bússola e use a mira no ponto de referência, como
por exemplo uma colina, um prédio, uma grande árvore ou o que quer que seja.
Então, visualize no espelho qual ângulo será apontado pela ponta norte da
agulha da bússola. Coloque agora o marcador N ou de 0° alinhado à agulha da
bússola, norte com norte. Enquanto você caminhar com a agulha da bússola
alinhada ao marcador N ou 0° do anel da bússola você estará caminhando em
linha reta em direção ao seu ponto de referência.

Figura 109 Posicionando um azimute na bússola

268
Você também pode colocar um azimute recebido de outra pessoa em sua
bússola. Para tal, coloque o ângulo informado no topo do anel da bússola,
alinhado com a mira da mesma. Gire então seu corpo, segurando a bússola até
que a agulha norte se alinhe como o marcador N ou 0°. Pronto, o topo da bússola
(onde você posicionou o azimute recebido) indica a direção de navegação até
aquele local informado.
Se você estiver navegando por um local desconhecido, anote todos os
azimutes medidos e a distância percorrida (usando o contador de passos para
medir) em um caderno. Ao terminar seu trajeto ou se você errar o caminho, você
pode usar o azimute reverso de cada medição para voltar ao ponto de origem.
Para determinar o azimute reverso, some 180 ao azimute se este for menor que
180° ou subtraia 180 se ele for maior que 180°. Por exemplo, se seu azimute
tomado foi 105° após caminhar 400m, você deverá se direcionar para o azimute
285° (180+105) e caminhar 400m para retornar ao ponto de origem.
É também interessante fazer anotações de detalhes da paisagem à
medida que se anota os azimutes e distâncias, para eventual confrontação com
um mapa ou caso você deseje fazer seu próprio mapa.
Se você tiver tempo e for necessário criar seu próprio mapa, faça o
seguinte:
• Escolha uma superfície para desenhar e um objeto para fazer os
desenhos, pode ser papel e caneta, pedras e carvão, o chão e um
graveto, ou qualquer outro material que você achar que vá servir.
• Determine um ponto no mapa que será seu ponto de partida. Se
estiver desenhando em um caderno, coloque-o no chão, em local
plano. Se estiver desenhando diretamente no chão, escolha um local
plano.
• Após determinar seu ponto de partida, use sua bússola para encontrar
o azimute que você navegou. Para tal, coloque o azimute no topo da
bússola e gire a mesma até que o Norte da agulha se alinhe com o
norte do anel externo.
• Posicione a bússola de forma que uma das suas quinas toque o ponto
de partida.
• Seguindo a direção apontada pelo topo da bússola, use uma régua ou
similar (muitas bússolas possuem réguas). Você também pode fazer
marcações equidistantes em alguma ferramenta longa sua, como um
machado ou facão de antemão para usar como régua. Não é preciso
que as marcações sejam precisas em algum sistema de medidas. Só
é necessário que elas sejam do mesmo tamanho entre si.
• Determine a escala que ficará mais confortável para você. Por
exemplo, você pode usar 1cm na régua para cada 10m ou 1 marcação
na ferramenta para cada 20m. E, então, faça uma linha do tamanho
equivalente à distância percorrida no primeiro azimute. Por exemplo,

269
se você estiver usando 1cm para cada 10m e percorreu 300m, sua
linha deverá ter 30cm.
• Repita o processo para todos os pontos onde foi tomado um azimute
e adicione as informações da paisagem à medida que o mapa vai
ficando pronto. Quanto mais você explorar a área, mais completo seu
mapa poderá ficar.
NOTA: Dependendo das distâncias percorridas, escalas muito
pequenas como a exemplificada acima podem requerer espaços muito
grandes para desenhar seu mapa. Tenha em mente a maior distância
percorrida e crie sua escala com base nela, calculando as demais
medidas para as demais distâncias.

Figura 110 Criação de mapas improvisados

Existem vários outros métodos que você pode usar para determinar
direções usando o sol ou as estrelas. Estes métodos, no entanto, irão lhe
fornecer apenas direções gerais. Você pode se orientar mais precisamente se
você conhecer o terreno do local onde você está.
Você deve aprender o máximo que puder sobre o terreno do local onde
você irá operar de antemão, especialmente características proeminentes do
terreno.

Usando o sol e as sombras


A relação entre a Terra com o Sol pode ajudar você a determinar direções
na superfície do planeta. O sol sempre nasce no Leste e sempre se põe no
270
Oeste. Mas não necessariamente Leste ou Oeste precisos. Existe sempre uma
variação decorrente das estações do ano. As sombras se moverão no sentido
oposto ao do sol. Elas se moverão do Oeste para o Leste e, no Hemisfério Norte,
apontarão para o Norte e no Hemisfério Sul apontarão para o Sul ao meio-dia.
Os métodos de navegação por sombras usados para determinar direções são
vários, e apresentaremos alguns deles abaixo.
Métodos da ponta da sombra
No primeiro método, encontre uma vareta reta com cerca de 1m de
comprimento e um local nivelado e limpo onde a vareta criará uma sombra bem
definida. Este método é simples e consiste em quatro passos:
• Passo 1: Finque a vareta no solo do local escolhido. Marque a ponta
da sombra com uma pedra, galho ou outros meios. Este primeiro ponto
marcado no solo é sempre o Oeste, em qualquer lugar do planeta.
• Passo 2: Aguarde cerca de 10 a 15 minutos até que a ponta da sombra
mova alguns centímetros para o lado. Marque novamente a posição
da ponta da sombra. Este marco será o Leste.
• Passo 3: Desenhe uma linha reta entre os dois marcos feitos no solo
para obter uma linha aproximada Leste-Oeste.
• Passo 4: Posicione-se com a primeira marca à sua esquerda e a
segunda marca à sua direita. Você estará agora voltado para o norte.
Esta informação será verdadeira em qualquer lugar do planeta.
Um método alternativo que pode ser usado e é mais preciso, porém
requer mais tempo. Arranje sua vareta e marque a primeira posição da ponta da
sombra pela manhã. Use um pedaço de cordão para desenhar um círculo
perfeito partindo do marco que você fez, ao redor da vareta. Ao meio-dia a
sombra praticamente desaparecerá debaixo da vareta e, pela tarde, se esticará
novamente do lado oposto. Quando a ponta da sombra tocar novamente o
círculo, marque o local. Risque uma linha entre os dois marcos e você terá uma
linha Leste-Oeste bem precisa.
Método do relógio
Você também pode determinar direções usando um relógio comum ou
analógico (que tenha ponteiros). A direção será precisa se seu relógio estiver
ajustado ao horário local e descartando quaisquer alterações decorrentes de
horário de verão por exemplo. Lembre-se, quanto mais longe você estiver da
Linha do Equador, mais preciso este método será. Se você tiver apenas um
relógio digital (mostrador sem ponteiros) você pode desenhar um relógio com
ponteiros num papel ou no chão com o horário mostrado no seu relógio digital.

271
Figura 111 Método das duas sombras

No Hemisfério Norte, segure o relógio na horizontal e aponte o ponteiro


das horas para o sol. Divida o ângulo formado entre o mostrador das horas e a
marcação de 12 horas para encontrar a linha Norte-Sul. Se você tiver dúvidas
sobre qual direção é Norte ou Sul, lembre-se que o sol nasce no Leste e se põe
no Oeste e sempre estará voltado para o sul se você se encontra no Hemisfério
Norte e estará voltado para o norte se você se encontra no Hemisfério Sul. O sol
estará ao Leste antes de meio-dia e ao Oeste depois do meio-dia.
NOTA: Se o seu relógio estiver ajustado para o horário de verão, use o
marcador de 1h ao invés do de 12h.

272
Se você se encontrar no Hemisfério Sul, aponte o marcador de 12h para
o sol. Divida o ângulo formado entre o marcador e o ponteiro das horas e você
terá uma linha Norte-Sul.

Figura 112 Método do relógio

Existe ainda outro método do relógio chamado método das 24 horas. Use
a hora no formato 24h e divida por 2. Imagine que este resultado é seu ponteiro
de horas. No hemisfério Norte, aponte o valor resultante para o sol e o marcador
de 12h será seu Norte. Por exemplo, se são 16h, divida por 2 e obterá 8h. Aponte
o marcador de 8h para o sol e o marcador de 12h será seu Norte. No Hemisfério
Sul, aponte o marcador de 12h para o sol e o marcador do resultado obtido, no
exemplo 8h, irá apontar para o Sul.

Usando a Lua
Devido ao fato da Lua não ter brilho próprio, nós só podemos enxerga-la
quando ela reflete a luz do sol. Como sua órbita em torno da Terra dura 28 dias,
o formato da luz refletida pode variar de acordo com sua posição. Existem 4
fases da Lua, sendo a Nova quando ela se encontra do lado oposto da Terra em
relação ao sol. Ao se mover para fora da sombra da Terra, ela começa a ganhar
uma forma de foice, na fase Crescente. Então, aparece totalmente banhada em
luz solar na fase Cheia e por fim começa a entrar na sombra da terra novamente
em sua fase Minguante até completar o ciclo. Você pode usar esta informação
para determinar direções. Se a Lua surgir antes do sol se pôr, o lado brilhante
da Lua será o Oeste. Se a Lua surgir depois da meia-noite, o lado iluminado será
o Leste. Com esta informação simples, você pode conseguir traçar uma linha
Leste-Oeste durante a noite.

273
Usando as estrelas
Sua localização no Hemisfério Sul ou Norte determina quais constelações
e grupos de estrelas você consegue ver e, portanto, quais pode usar para
navegar.
O Céu do Norte
As principais constelações do céu do Norte são a Ursa Maior, Ursa Menor
e Cassiopeia. Utilize-as para encontrar Polaris, a Estrela Polar ou Estrela do
Norte. Polaris é uma estrela considerada estacionária, pois ela rotaciona apenas
1,08° ao redor do polo Norte do planeta. A Estrela do Norte é a última estrela da
constelação de Ursa Menor e pode ser confundida com a Ursa Maior. No entanto,
a constelação de Ursa Menor é composta de 7 estrelas não muito brilhantes e é
bem difícil de ver, a não ser que você esteja bem afastado das luzes das cidades.
Para prevenir confusões, use as posições da Ursa Maior e da Cassiopeia para
determinar a posição da Polaris. Ambas as constelações ficam geralmente de
lados opostos do céu e giram em sentido anti-horário ao redor da estrela Polaris.
A Ursa Maior é uma constelação formada por 7 estrelas brilhantes e tem o
formato de uma pá ou às vezes uma panela com um cabo longo. As duas estrelas
formando a borda oposta ao cabo da “panela” são as estrelas que vão indicar a
posição da Polaris. Faça uma linha imaginária entre as duas estrelas
mencionadas e estenda esta linha cerca de 5 vezes o comprimento entre as duas
estrelas e você encontrará Polaris.
Cassiopeia é uma constelação formada por 5 estrelas brilhantes com o
formato de um “W” com uma das pernas mais aberta que a outra. Você poderá
encontrar a estrela Polaris dividindo o ângulo formado pelas estrelas do lado da
perna mais aberta e traçando uma linha reta para cima do “W”. A estrela Polaris
estará entre Cassiopeia e Ursa Maior.
Após encontrar a Estrela Polar ou Estrela do Norte, trace uma linha
diretamente para baixo e este será o Norte.

274
Figura 113 Determinação do Norte pela Estrela Polaris

O Céu do Sul
Como não há nenhuma estrela diretamente apontando para o Polo Sul,
que seja brilhante o suficiente para determinar a localização do Sul, você
precisará usar o Cruzeiro do Sul. Você pode utiliza-la como uma placa de
indicação para o Polo Sul. O Cruzeiro do Sul possui 5 estrelas. Suas 4 estrelas
mais brilhantes formam um crucifixo. As duas estrelas que formam o eixo mais
longo são o seu indicador. Para determinar o Sul, imagine uma distância 4,5x a
5x a distância entre as duas estrelas do eixo longo do Cruzeiro. As duas estrelas
Alfa Centauro e Beta Centauro se destacam em um par à esquerda do Cruzeiro
servem para dois propósitos: ajudar a determinar a correta posição do Sul e
discernir entre o Cruzeiro do Sul verdadeiro e o Cruzeiro Falso. A interseção
entre a linha feita anteriormente e uma linha partindo do meio das duas estrelas
Alfa e Beta Centauro indicam uma localização chamada Saco de Carvão, um
local mais escuro do céu, com menos estrelas. A partir deste local, olhe
diretamente para baixo, no horizonte e marque alguma coisa no chão que indique
a direção. Durante o dia, tente encontrar alguma característica proeminente do
terreno naquela direção para conseguir navegar.

275
Figura 114 Determinação do Sul pelo Cruzeiro do Sul

Improvisando uma bússola


Você pode construir uma bússola improvisada usando um pedaço de
metal ferromagnético que possa ser moldado em forma de agulha ou uma lâmina
achatada (como a de barbear) e uma fina linha ou fio de cabelo para suspendê-
la. Você pode magnetizar ou polarizar o metal ao vagarosamente esfregar em
um pedaço de seda ou em seus cabelos, com movimentos sempre na mesma
direção. Você também pode magnetizar o metal ao raspar uma das pontas em
um imã com movimentos sempre na mesma direção. Você também pode usar
eletricidade, se tiver uma bateria e alguns fios. Os fios usados devem estar
encapados ou você pode enrolar a agulha em um pedaço de papel ou folha para
evitar o contato com os fios. A bateria deve ser de no mínimo 2V. Faça uma
bobina (mola) com o fio e conecte suas pontas à bateria. Repetidamente, insira
a agulha dentro da bobina e retire. A agulha então se tornará magnetizada.
Quando suspensa em um fio ou cordão não metálico ou flutuado em líquido
sobre um pedaço de madeira, rolha ou uma folha robusta, a agulha se alinhará
indicando uma linha Norte-Sul.
Você pode fazer bússolas mais elaboradas usando uma agulha de costura
ou um objeto metálico fino, um recipiente não metálico, por exemplo o fundo de
uma garrafa plástica e a ponta prateada de uma caneta. Para fazer esta bússola,
pegue sua agulha de costura comum e parta-a em duas. Uma das metades irá
formar sua agulha e a outra o eixo. Empurre a metade que será usada como eixo
através do fundo da garrafa plástica, esta porção deverá estar nivelada no fundo
e não pode interferir com a tampa. Afixe o centro da outra parte da agulha

276
quebrada na ponta da caneta usando cola, seiva de árvores ou plástico derretido.
Magnetize a ponta da agulha indicadora e equilibre sobre o eixo criado.

Outros meios de navegação


Os ditados antigos sobre o crescimento de musgo de certo lado de uma
árvore para indicar o norte ou o sul não é verdadeiro, pois musgos crescem ao
redor de toda a árvore em muitos casos. Na verdade, o crescimento é mais
exuberante no lado da árvore voltado para o sul no Hemisfério Norte e vice-versa
no Hemisfério Sul. Se houver árvores caídas, procure pelos tocos. O crescimento
delas é mais vigoroso no lado voltado para a Linha do Equador e os anéis de
crescimento da árvore serão mais espaçados. Por outro lado, os anéis de
crescimento estarão mais juntos do lado voltado para os polos. Verifique várias
árvores quando usar esta técnica.
A direção do vento também pode ser útil em algumas ocasiões onde há
direções prevalentes para o vento e você as conhece.
Reconhecer as diferenças entre as vegetações e os padrões de umidade
em encostas voltadas para o Norte ou Sul pode também ajudar a encontrar
direções. No Hemisfério Norte, encostas voltadas para o Norte receberão menos
incidência de luz solar e serão, portanto, mais frias e úmidas. No verão, encostas
voltadas para o Norte tendem a reter porções de neve. No inverno, as árvores e
as áreas abertas nas encostas voltadas para o Sul e o lado Sul de pedregulhos
e pedras grandes são os primeiros a perder a neve. A camada de neve no chão
também é fina devido ao aquecimento do sol. No Hemisfério Sul todos estes
efeitos são o contrário.

277
Capitulo 19 – Sinalizacao

Uma das suas primeiras preocupações quando você se encontrar em uma


situação de sobrevivência é comunicar aos seus amigos e familiares ou aliados.
Geralmente, comunicar é enviar e receber informações. Em uma situação de
sobrevivência, você primeiramente deve chamar a atenção do resgate e depois
passar uma mensagem que a equipe de resgate consiga entender. Formas de
capturar a atenção de pessoas são objetos criados pelo homem, como formas
geométricas, linhas, círculos, triângulos ou X dispostos em áreas abertas. Uma
grande fogueira ou o piscar de uma lanterna; um objeto grande e brilhante,
movendo-se lentamente; ou contraste, seja por cores ou luz e sombra. O tipo de
sinal a ser utilizado vai depender do seu ambiente e da situação em que você se
encontrar.

Aplicações
Se você estiver em uma área pacífica ou não-hostil, você precisará
encontrar a maior clareira que puder, no local mais alto que estiver disponível.
Por outro lado, se você estiver em ambiente hostil ou tempos de guerra,
precisará ser o mais discreto possível. Você não vai querer atrair a atenção de
pessoas hostis para sua posição.
Qualquer que seja a técnica de sinalização que você pretende usar,
certifique-se que não colocará sua saúde ou vida em risco. Saiba como utilizar e
esteja preparado para colocar o dispositivo em funcionamento assim que for
necessário, por exemplo quando ouvir sons de aeronaves de busca.
Um rádio comunicador é a melhor forma de informar sua posição ao
resgate e obter informações deles, de forma clara. Se você puder leve um rádio
consigo e deixe outro em sua base (sua casa, fazenda, sítio, acampamento
principal, etc). Certifique-se que ambos estejam funcionando e que o da base
esteja ligado a todo o tempo.
Existem muitos tipos de equipamentos de sinalização como flares,
lanternas fluorescentes, pistolas sinalizadoras, sinalizadores por GPS, dentre
outros. Se possível, leve alguns destes com você e aprenda como utiliza-los de
antemão.

Métodos de sinalização
Existem duas maneiras principais de se comunicar, através de sons e do
visual. Os meios que você usará para se comunicar com o resgate vai depender
do meio onde você se encontra e dos recursos disponíveis. Ao longo deste
capítulo você verá referências a “grupos de três”. Isto é devido ao fato de que a
natureza raramente replica coisas em grupos de três, portanto, quaisquer
montagens de grupos de três tendem a ser criações humanas. Equipes de
resgate são treinadas em encontrar estes tipos de sinais.

278
Sinais visuais
Estes sinais são materiais ou equipamentos que você tem disponível e
que são utilizados para criar comunicação visual com o resgate. Sinais visuais
podem incluir fogo, fumaça, flares e muitos outros meios.
Fogo
Durante a escuridão da noite, o fogo é um ótimo método de sinalização
visual. Construa três fogueiras em um padrão de triângulo ou em uma linha reta,
afastadas 25m uma da outra. Construa-as assim que for possível e mantenha-
as protegidas do ambiente. Esteja preparado para acende-las assim que ouvir
sinais de que o resgate está próximo. Se você estiver sozinho pode ser difícil
manter três fogueiras, se for o caso, construa apenas uma. A cama de brasas
deixada pela fogueira também serve de sinalização para aeronaves que estejam
equipadas com visão infravermelha ou visão termal.
Quando for construir fogueiras de sinalização, considere sua localização
geográfica. Se estiver em uma selva ou floresta, procure uma clareira natural ou
a margem de um curso d’água onde você poderá construir as fogueiras de forma
que as copas das árvores não bloqueiem o sinal. Você pode precisar limpar uma
área para tal. Se estiver na neve, limpe o solo onde você construirá as fogueiras
para evitar que a neve derretida apague seu fogo.
Uma árvore pegando fogo (árvore-tocha) é uma boa forma de atrair
atenção. Você pode colocar fogo em árvores ainda verdes se estas possuírem
seiva oleosa e combustível, como pinheiro ou bétula. Você pode ainda queimar
outros tipos de árvores colocando madeira seca em sua base e acendendo, de
forma que as chamas atinjam os galhos e folhas. Antes da árvore principal ser
queimada, corte pequenas arvores a adicione ao fogo, ainda verdes, para gerar
bastante fumaça. Sempre escolha uma árvore isolada para este método de
forma que você não comece um incêndio florestal e coloque sua vida em risco.

279
Figura 115 Árvore tocha

Fumaça
Durante a luz do dia, construa um gerador de fumaça, e use a fumaça
para atrair a atenção do resgate. O sinal internacional de perigo são três colunas
de fumaça. Tente criar uma cor de fumaça que contraste com o fundo. Fumaça
escura em solo branco e vice-versa. Se você adicionar folhagem verde, musgos
ou um pouco de água a uma fogueira, você criará fumaça branca. Se adicionar
trapos embebidos em óleo, borracha ou outros derivados de petróleo, você terá
fumaça preta.
Em um deserto, a fumaça não sobe muito, ficando próxima ao solo, mas
os pilotos de resgate conseguem identificar colunas de fumaça no deserto em
áreas abertas.

280
Figura 116 Gerador de fumaça

Sinais de fumaça são efetivos apenas em dias relativamente calmos, com


pouco vento. Chuvas, tempestades, ventos fortes ou neve dispersarão a fumaça.
Pistolas Flares, granadas de fumaça e munição tracejante
Existem diversos tipos de pistolas flare, que disparam um projétil em
chamas brilhantes de cores vivas, como fogos de artifício, a alturas consideráveis
e que brilham fortemente por vários segundos. Sempre atire o flare em áreas
abertas para que o projétil não ricocheteie nas árvores e volte para o solo,
correndo o risco de criar um incêndio florestal. Além disso, certifique-se de atirar
à frente da aeronave de busca e salvamento, mas não em direção a ela. Se for

281
uma aeronave militar, o piloto pode confundir seu sinalizador com tiros e revidar.
O mesmo se aplica para munição tracejante. Se você possuir este tipo de
munição e uma arma de fogo, você pode utiliza-la para sinalizar como o flare.
Use grupos de três tiros, sempre em direção ao céu aberto, em frente à
aeronave, mas não em direção a ela diretamente. Granadas de fumaça podem
funcionar como os sinalizadores de fumaça. Mantenha-as secas e utilize-as
assim que necessário. Cuide para não incendiar a vegetação ao redor. Fumaça
vermelha é o sinal internacional de perigo, mas qualquer cor de fumaça irá atrair
a atenção do resgate.
Espelhos e objetos refletivos
Em um dia ensolarado, um espelho é um ótimo método de sinalização. Se
você não possuir um espelho (sua bússola deve possuir um que pode ser usado
para este fim) tente polir o seu caneco de cantil, sua fivela do cinto ou objetos
similares. Direcione os flashes para a aeronave usando sua mão à frente do
reflexo ou os dedos em um sinal de V para mirar. Pratique esta técnica de
antemão para ter certeza que saberá proceder quando necessário. Faça
movimentos com o espelho para cima e para baixo de forma que o reflexo atinja
o observador em padrões de flashes. Utilize grupos de três ou o sinal
internacional de socorro (SOS), fazendo três flashes curtos (rápidos), três flashes
longos (lentos) e mais três flashes curtos. Neblina, nevoeiros e miragens podem
dificultar para o piloto do resgate ver seus sinais. Portanto, dispare-os do local
mais alto possível. Se você não conseguir determinar a direção da aeronave,
direcione os flashes para onde vem o som dela.

Figura 117 Utilizando espelho como sinalização

Lanternas e função estroboscópio e lasers


À noite você pode usar lanternas no lugar de espelhos ou um
estroboscópio para enviar um sinal SOS para uma aeronave. Existem diversos
tipos de lanternas com função estroboscópio em seus sistemas eletrônicos.
Algumas piscam uma vez por segundo, outras piscam em padrão SOS. Outras

282
possuem luzes de cores diferentes, como vermelho ou azul. Escolha
corretamente sua lanterna de forma que ela possa ser utilizada como
equipamento de sinalização caso necessário.
Lasers também podem ser utilizados para sinalizar aeronaves pois
possuem um longo alcance com muita visibilidade. Estes dispositivos podem ser
miras à laser de armas, ponteiros a laser usados em salas de aula, dentre outros.
Roupas
Espalhe suas roupas no chão ou nas copas das árvores para sinalizar.
Selecione artigos de vestimenta que possuam cores contrastantes com o
ambiente natural, como laranja ou violeta. Arranje-as em padrões geométricos
para aumentar as chances de serem vistas.
Materiais naturais
Se você não possuir meios de sinalização adequados, você pode utilizar
materiais naturais ou o ambiente para sinalizar. Construa montículos que vão
criar sombras, você pode usar arbustos ou folhagens de quaisquer tipos, pedras
ou blocos de neve.
Em áreas cobertas de neve, caminhe pela neve para abrir valas em forma
de letras e encha-as com material contrastante, como galhos ou pedras. Na
areia, use pedregulhos, vegetação ou algas para formar símbolos e mensagens.
Em áreas cobertas de vegetação, corte caminhos para formar letras ou
mensagens ou queime a superfície do chão. Na tundra, cave trincheiras ou
remova a vegetação e vire a terra das raízes para cima.
Em qualquer terreno, use materiais contrastantes que vão tornar seus
símbolos visíveis para aeronaves. Oriente os sinais numa linha norte-sul para
obter o máximo de benefício da luz solar e das sombras para aumentar o
contraste.
Marcadores de corante para o mar
Várias aeronaves possuem kits de sobrevivência em seu interior e muitos
dos kits possuem tinturas e corantes que podem ser usados para sinalizar por
socorro. Se você estiver numa situação de sobrevivência em grandes superfícies
aquáticas, utilize estes corantes para sinalizar durante o dia. Estas manchas de
tinta criadas pelos corantes permanecem conspícuas por aproximadamente 3
horas, exceto em mares agitados. Mantenha o corante vedado e utilize somente
quando o socorro estiver próximo. Estes marcadores são visíveis a uma distância
maior que 11km para uma aeronave voando a 2000 pés de altitude. Para
conservar seu corante, não use todo de uma vez. Vá pingando a substância na
água até que a mancha colorida alcance um raio de 30m. Você também pode
utilizar os marcadores de corantes para tingir a neve e escrever mensagens.

283
Sinais sonoros
A outra forma de sinalizar por resgate é usar sinais sonoros, como apitos,
rádios e tiros de armas de fogo para captar a atenção do resgate
Rádio
A maioria dos radiocomunicadores possuem capacidade de transmissão
de voz ou tom. Porém, por serem um equipamento que opera usando ondas
eletromagnéticas em linha reta, quaisquer elevações no terreno podem
comprometer a comunicação. Além disso, a altitude da aeronave recebendo o
sinal, o terreno, a densidade da vegetação, clima, carga da bateria e o tipo do
rádio podem interferir na qualidade do sinal. Para obter o máximo de
performance, proceda da seguinte maneira.
• Tente transmitir apenas em terreno aberto.
• Mantenha a antena em ângulos retos em relação à aeronave
receptora. Apontar a antena para a aeronave é pouco efetivo.
• Se o rádio possuir capacidade de transmissão de tom, coloque-o em
uma superfície elevada, na vertical, para poder realizar outras tarefas.
• Nunca deixe que qualquer parte da antena ou seu suporte encoste ou
se atrite contra suas roupas, pele, folhagem ou o chão. Este tipo de
contato reduz drasticamente a potência do sinal.
• Conserve a bateria de seu rádio. Desligue-o quando não estiver em
uso. Não transmita e receba mensagens constantemente.
Principalmente em território hostil.
• Em clima frio, mantenha as baterias dentro de suas roupas quando
não estiver usando o rádio. O frio rapidamente drena a bateria e você
pode ficar sem poder usar o rádio. Não exponha a bateria ao calor
extremo como o sol no deserto. Calor extremo pode explodir a bateria.
Os rádios geralmente são à prova d’água, mas tente sempre manter o
rádio e sua bateria o mais secos possível, pois a água pode destruir
seus circuitos.
• Existem rádios equipados com equipamento de rastreio por satélite,
usado por equipes de busca e resgate no mundo todo. Leia o manual
e aprenda como utilizar este sinalizador por GPS de seu rádio.
Apitos
Apitos são excelentes sinalizadores para curta distância. Em alguns
casos, há relatos de serem ouvidos a distâncias superiores a 1km. Apitos
manufaturados possuem maior alcance que assovios humanos.
Tiros
Em algumas situações você pode usar armas de fogo para sinalização.
Três tiros disparados em intervalos distintos geralmente indicam sinal de perigo.
Não use esta técnica em território hostil ou em direção a locais habitados.

284
Códigos e Sinais
Agora que você já sabe como chamar a atenção de equipes de resgate,
você precisa de saber como dar a eles informações sobre sua situação. É mais
fácil formar símbolos no chão do que escrever mensagens inteiras. Portanto,
aprenda os símbolos e códigos que todos os pilotos de aeronaves entendem.
SOS
Você pode usar luzes ou bandeiras para enviar um SOS. Três pontos (...),
três traços (---) e três pontos (...), formando assim o SOS (...---...). O sinal SOS
é o sinal internacionalmente reconhecido para situação de socorro em Código
Morse. Um ponto é um sinal curto, rápido; e um traço um sinal longo, lento. Fique
repetindo o sinal. Quando usar bandeiras, segure-as do seu lado direito para
pontos e do lado esquerdo para traços.
Código de emergência terra-ar
Este código é, na verdade, cinco sinais definidos e com significados
específicos. Faça estes símbolos com pelo menos 4m de largura e 6m de
comprimento. Se você os fizer maiores, mantenha a proporção de 2:3. Os braços
e pernas dos símbolos devem possuir pelo menos 1m de espessura e 1m de
altura para maximizar as chances de visualização. Certifique-se que o sinal
contraste bem com o solo. O sinal pode ser construído com quase qualquer
coisa, pedaços de aeronaves ou veículos, troncos, folhas, etc. Lembre-se,
tamanho, proporção e ângulos, linhas retas e cantos quadrados não são
encontrados na natureza. Você deve considerar como o sinal irá contrastar com
o fundo. Faça o sinal em uma área aberta facilmente visto do ar.
SINAL Mensagem
V Preciso de assistência.
X Preciso de assistência médica.
N Não ou negativo.
Y Sim ou positivo.
↑ Prossiga nesta direção
Sinais corporais
Quando uma aeronave estiver perto o suficiente para que o piloto veja
você claramente, use movimentos corporais para enviar mensagens.

285
Figura 118 Sinais corporais terra-ar

Sinais com painéis


Se você possuir uma lona grande do seu bote salva-vidas ou um substituto
como cobertor de emergência, tecido grande com uma cor diferente e
contrastante em cada lado, use os símbolos mostrados abaixo para enviar
mensagens.

286
Figura 119 Sinais com painéis terra-ar

Confirmações das aeronaves


Uma vez que o piloto da aeronave com asa fixa de resgate tenha visto
você, ele irá sinalizar que viu você voando baixo, movendo a aeronave ou
piscando as luzes do avião. Esteja preparado para enviar as mensagens
necessárias uma vez que ele confirme que recebeu sua mensagem inicial. Use
o rádio se possível para enviar mensagens mais complexas. Se você não possuir
rádio, use as mensagens abordadas nos parágrafos anteriores.
Geralmente durante o dia as aeronaves vão chacoalhar de um lado ao
outro para confirmar o recebimento e compreensão de uma mensagem. Durante
a noite, irão piscar luzes verdes da aeronave.

287
Se receberem ou visualizarem a mensagem, mas não compreenderem,
irão voar em círculos em sentido horário durante o dia. E, durante a noite, irão
piscar luzes vermelhas.

288
Capitulo 20 – Sobrevivencia em Perigos Antropicos

Armas nucleares, químicas e biológicas (NBQ) têm se tornado perigos em


potencial em qualquer lugar no globo. Apesar das doutrinas das organizações
mundiais, muitos países optam por usar armas químicas e biológicas com
frequência. O uso destes tipos de armas aumenta os perigos em uma situação
de sobrevivência devido às partículas radioativas ou contaminação produzida
por agentes biológicos e químicos.
Nestes casos, você deve utilizar medidas especiais para sobreviver em
situações como essas. Se você estiver em uma situação de sobrevivência onde
há perigos antrópicos (criados pelo homem), as dicas deste capítulo podem
salvar sua vida. O capítulo traz informações de fundo sobre estes tipos de
perigos para que você compreenda como funcionam e como fazer para reduzir
os efeitos das contaminações.

O ambiente nuclear
Prepare-se para sobreviver em um ambiente com altos níveis de radiação.
Certifique-se de estudar o que esperar em tais ambientes e como fazer para
reagir aos problemas enfrentados.
Efeitos de armas nucleares
Os efeitos das armas nucleares são classificados como iniciais ou
residuais. Efeitos iniciais ocorrem na área imediata da explosão e são perigosos
nos primeiros minutos após a explosão. Efeitos residuais podem durar por vários
dias, meses ou anos após a explosão e podem causar a morte. Os principais
efeitos iniciais são a explosão e a radiação.
Onda de choque
A explosão causa uma onda de choque, que é a rápida movimentação do
ar para fora da área da explosão. Junto a essa movimentação de ar há um
grande acúmulo de pressão que segue a onda de choque. A onda de choque
arremessa detritos e pessoas ao ar, colapsa pulmões, rompe tímpanos,
desmorona estruturas e pode causar morte nas imediações ou ferimentos graves
com seu efeito esmagador.

289
Figura 120 Onda de choque de uma explosão

Radiação térmica
Este efeito é o calor e a irradiação de luz emitidos pela bola de fogo da
explosão nuclear. Irradiação de luz consiste em luz visível e ultravioleta e luz
infravermelha. Radiação térmica produz extensos incêndios, queimaduras na
pele e cegueira.
Radiação nucelar
A radiação nuclear se divide em duas categorias. Os efeitos podem ser
radiação inicial e radiação residual.
A radiação inicial consiste em intensos raios gama e emissão de nêutrons
produzidos durante o primeiro minuto após a explosão. Esta radiação causa
extensos danos às células ao longo do corpo. Danos causados por esta radiação
podem ser dores de cabeça, náusea, vômitos, diarreia e até mesmo a morte,
dependendo da dose de radiação recebida. O maior problema em proteger-se
contra a radiação inicial é que quando você vir a explosão você provavelmente
já recebeu a dose que pode ser letal de radiação antes de conseguir tomar
quaisquer medidas. A radiação viaja na mesma velocidade que a luz, portanto
ela alcançará você no mesmo momento que a luz da explosão. Pessoas
expostas a quantidades letais de radiação provavelmente morrerão ou terão
ferimentos letais devido à onda de choque ou à radiação térmica.
Radiação residual consiste em toda a radiação produzida depois de 1
minuto após a explosão. Ela tem mais efeitos sobre os tecidos vivos que a
radiação inicial.
Tipos de explosões nucleares

290
Existem três tipos de explosões nucleares, as de superfície, as aéreas e
as subsuperfície. O tipo de explosão afeta diretamente suas chances de
sobrevivência. Uma explosão subsuperfície ocorre completamente no
subterrâneo ou debaixo d’água. Seus efeitos permanecem abaixo da superfície
ou na área imediata onde a superfície colapsa em uma cratera. Explosões
subsuperfície causam nenhuma ou pouca exposição radioativa a não ser que
você entre na área imediata da cratera.
Uma explosão aérea ocorre quando o dispositivo é detonado no ar, acima
do solo ou da água. Este tipo de explosão provê a maior dispersão possível da
radiação e é a mais perigosa em termos de exposição à radiação inicial.
Uma explosão de superfície ocorre quando o dispositivo é detonado sobre
o solo ou sobre a água. Grandes quantidades de partículas radioativas são
geradas e lançadas na atmosfera e apresentam sérios perigos a longo prazo.
Este tipo de explosão é a mais perigosa de todas.
Ferimentos nucleares
A maioria dos ferimentos em um ambiente nuclear resultam dos efeitos
iniciais da explosão após a detonação. Estes ferimentos são categorizados como
ferimentos de onda de choque, ferimentos térmicos ou ferimentos por radiação.
Outros ferimentos ou problemas de saúde podem ocorrer se você não tomar as
precauções necessárias contra as partículas na atmosfera. Indivíduos na área
próxima à explosão vão provavelmente sofrer com a combinação de todos os
três tipos de ferimentos.
Ferimentos por onda de choque
Estes tipos de ferimentos produzidos por armas nucleares são similares
àqueles causados por armas explosivas convencionais. A alta pressão da onda
de choque pode colapsar pulmões e romper órgãos internos. Ferimentos por
projéteis podem ocorrer à medida que a onda de choque arremessa detritos no
ar. Grandes pedaços de detritos causarão fraturas ou danos massivos
internamente. A onda de choque pode ainda arremessar você no ar e causar
sérios ferimentos quando você cair de volta ao chão. Cobertura substancial e
estar distante da explosão são as medidas de prevenção contra estes
ferimentos. Cubra os ferimentos causados pela onda de choque o mais rápido
possível para impedir a penetração de partículas radioativas.
Ferimentos térmicos
O calor e a luz emitidos pela explosão causam ferimentos térmicos. Estes
ferimentos podem ser de primeiro, segundo ou terceiro grau. Você ainda pode
experimentar cegueira momentânea ou permanente, dependendo do nível de
exposição à luz. Cobertura substancial e estar distante da explosão são as
medidas de prevenção contra estes ferimentos. Roupas irão ajudar a proteger
contra estes ferimentos. Cubra o máximo que puder a pele exposta antes de uma
explosão nuclear. Os primeiros socorros devem ser adotados como para uma

291
queimadura. Cubra queimaduras abertas (segundo ou terceiro grau) para
prevenir a penetração de partículas radioativas. Lave todas as queimaduras
antes de cobrir com água limpa.
Ferimentos por radiação
Nêutrons, radiação gama, alfa ou beta podem causar sérios ferimentos.
Nêutrons são partículas velozes e de alta penetração que destroem células ao
longo do seu corpo. Nêutrons quando atingem núcleos de átomos podem parti-
los em dois menores, este é o princípio da fissão nuclear na bomba atômica.
Radiação gama é similar aos raios X e é altamente penetrante. Durante a
explosão inicial a radiação gama e os nêutrons são o perigo mais iminente.
Radiação alfa e beta são emissões radioativas normalmente associadas às
partículas suspensas na atmosfera após a explosão. Estas são radiações de
curto alcance. Você pode facilmente se proteger contra elas se você tomar certas
precauções.
Radiação residual
A radiação residual consiste em toda radiação emitida após 1 minuto da
explosão. Estas podem ser radiação induzida ou partículas radioativas
suspensas na atmosfera.
Radiação induzida
Este termo descreve uma área relativamente pequena e altamente
radioativa diretamente abaixo da bola de fogo da explosão nuclear. A terra
irradiada neste local permanecerá radiativa por um tempo extremamente longo.
Você não deve viajar por áreas de radiação induzida.
Poeira radioativa
A poeira radiativa consiste de partículas do solo ou água que receberam
radiação da explosão e foram suspensas no ar pela força da mesma, bem como
fragmentos da bomba, etc. Durante a detonação de superfície ou quando a bola
de fogo de uma explosão aérea atinge o solo, grandes quantidades de água e
de solo são vaporizadas juntamente com os fragmentos da bomba e lançados a
altitudes de mais de 25000m. Quando estes resíduos vaporizados resfriam,
podem formar mais de 200 tipos de subprodutos radioativos. Os pedaços
vaporizados condensam em partículas bem pequenas que o vento pode carregar
para qualquer lado até que caiam de volta na terra como poeira radioativa. Esta
poeira emite radiação alfa, beta e gama. Radiações alfa e beta são relativamente
fáceis de combater e a radiação residual gama é muito menos intensa que a
radiação gama inicial. A poeira radioativa é sua maior preocupação,
considerando que você não recebeu uma dose letal de radiação durante a
explosão.
Reações corpóreas à radiação
Os efeitos da radiação no corpo humano podem ser largamente
classificados como efeitos agudos ou crônicos. Efeitos crônicos são aqueles que
292
ocorrem alguns anos após a exposição à radiação. Exemplos são câncer e
defeitos genéticos. Efeitos crônicos são uma preocupação menor pois não
afetam a sua sobrevivência no curto prazo. Por outro lado, efeitos agudos são
de uma importância vital para sua sobrevivência. Alguns efeitos agudos
aparecerão após algumas horas da exposição à radiação. Estes efeitos resultam
dos danos físicos diretos ao tecido causados pela radiação. Síndrome aguda da
radiação e queimaduras por radiação beta são exemplos de efeitos agudos.
Síndrome aguda da radiação pode trazer náusea, diarreia, vômitos, fadiga,
fraqueza, queda de cabelo, dentre outros sintomas. Radiação beta mais
penetrante pode causar queimaduras que são similares às queimaduras
causadas pelo fogo.
Capacidade de recuperação
A extensão dos danos causados ao corpo depende basicamente da área
afetada e quão longo foi exposta à radiação, bem como sua capacidade
intrínseca de recuperação. Cérebro e rins possuem pouca capacidade
regenerativa, ao passo que a pele e a medula óssea possuem grande
capacidade regenerativa. Geralmente uma dose de 600 cGy (centigrays) ao
corpo inteiro vai resultar em morte. Se apenas suas mãos receberam esta
mesma dose, sua saúde em geral não deve sofrer muito, apesar que suas mãos
vão sofrer danos severos.
Perigos internos e externos
Um perigo externo ou interno pode causar danos ao corpo humano.
Radiação gama altamente penetrante ou as menos penetrantes como a radiação
beta que causam queimaduras podem causar danos externos. A entrada de
partículas contendo radiação alfa ou beta no corpo podem causar danos
internos. Os perigos externos causam irradiação generalizada e queimaduras.
Os perigos internos resultam em irradiação de órgãos vitais como o trato
gastrointestinal, glândulas tireoide e ossos. Uma quantidade pequena de
partículas radioativas pode causar grandes danos a estes e outros órgãos
internos. Os perigos internos podem penetrar no corpo através do consumo de
água contaminada, alimento contaminado ou absorção através de cortes e
abrasões. Materiais que entram no corpo através da respiração representam um
perigo menor. Você pode reduzir o perigo de radiação interna usando bons itens
de higiene pessoal e cuidadosamente descontaminando sua água e alimentos.
Sintomas
Os sintomas dos efeitos da radiação incluem náusea, diarreia e vômitos.
A severidade destes sintomas se dá devido à alta sensibilidade do trato
gastrointestinal aos efeitos da radiação. A severidade dos sintomas e a
velocidade com que se desenvolvem são indicadores da quantidade de radiação
absorvida. Os danos gastrointestinais podem se originar da radiação interna ou
externa.

293
Contramedidas contra penetração de radiação externa
Conhecimento dos perigos da radiação discutidos acima é extremamente
importante para sobreviver em uma área com poeira radioativa. Saber como se
proteger da penetração de radiação externa é também uma medida crítica, pois
esta é a mais perigosa forma de radiação residual.
Os meios, para você se proteger da penetração de radiação externa
residual, são tempo, distância e blindagem. Você pode reduzir os níveis de
radiação e aumentar suas chances de sobrevivência controlando a duração da
exposição. Você também pode se locomover para o mais longe possível da fonte
de radiação. Por fim, você pode colocar material de blindagem ou de absorção
de radiação entre você e a fonte de radiação.
Tempo
Tempo é importante de duas formas, quando você está em uma situação
de sobrevivência. Primeiro, doses de radiação são cumulativas. Quanto mais
tempo você ficar exposto a uma fonte de radiação, maior a dose que você
receberá. Obviamente, devido a isto, permaneça o mínimo possível em áreas
radioativas. Em segundo lugar, a radioatividade diminui com o tempo. Este
conceito é conhecido pelo termo meia-vida radioativa. Portanto, um elemento
radioativo decai ou perde metade de sua radioatividade em um certo período. A
regra geral é que o decaimento radioativo reduz em 10 vezes a radiação a cada
período de 7 vezes o tempo após o pico de radiação. Por exemplo, se uma área
radioativa possui 200 cGy por hora de radiação máxima, esta taxa reduzirá para
20 cGy após um período de 7 horas. Reduzirá ainda mais para 2 cGy após um
período de 49 horas. Até mesmo um observador não treinado poderá perceber
que o maior perigo em uma área radioativa ocorre imediatamente após a
detonação. Você deve evitar ficar em áreas de queda de poeira radioativa até
que a radiação reduza para níveis seguros. Se você puder evitar uma área
radioativa por tempo suficiente para que toda a radioatividade decaia, você
aumenta suas chances de sobrevivência.
Distância
A distância fornece uma maneira bem efetiva de se proteger contra
radiação gama penetrante, porque todo tipo de radiação perde intensidade
equivalente ao inverso do quadrado da distância. Por exemplo: se você estiver
a 1m de distância e receber 1000 cGy, ao se mover para 2m de distância você
receberá 1/2² que é ¼, ou seja, 250 cGy. Movendo-se para 3m de distância você
receberá 1/3² que é 1/9, ou seja, 111 cGy. Esta fórmula é válida para pequenas
áreas com concentração de radiação, mas pode ser mais complicado realizar
estes cálculos para áreas grandes cobertas por poeira radioativa. Este princípio
também funciona para feixes de luz de lanternas e lasers.
Blindagem

294
Blindagem é basicamente o método mais importante de proteção contra
radiação penetrante. Das três contramedidas apresentadas, a blindagem é a
mais efetiva e oferece a maior proteção, além de ser o método mais fácil de usar.
Portanto, é o método mais desejável de se usar. Se não for possível usar
blindagem, use os outros dois métodos ao máximo possível.
Blindagem atua por absorver ou enfraquecer a radiação penetrante,
reduzindo, portanto, a quantidade de radiação que alcança seu corpo. Quanto
mais denso o material, melhor a blindagem. Chumbo, ferro/aço e concreto ou
água são boas blindagens contra radiação.
Aspectos médicos especiais
A presença de poeira radioativa na sua área requererá pequenas
mudanças nos procedimentos de primeiros-socorros. Você deve cobrir todos os
ferimentos para prevenir contaminação e a entrada de partículas radioativas.
Você deve primeiro lavar as queimaduras por radiação e, então, trata-las como
queimaduras comuns. Tome medidas extras para prevenir infecção. Seu corpo
estará extremamente sensível a infecções devido a mudanças na sua
composição sanguínea. Preste atenção para a prevenção de gripes e resfriados,
além de infecções respiratórias. Rigorosamente pratique higiene pessoal para
prevenir infecções. Cubra seus olhos com óculos improvisados para prevenir a
penetração de partículas.

Abrigo
Como dito anteriormente, a eficiência dos materiais para blindagem
depende de sua densidade e espessura. Uma grande espessura de material de
blindagem reduzirá a radiação para níveis insignificantes.
A principal razão para encontrar e construir um abrigo é para obter
proteção contra a radiação inicial de alta intensidade e poder penetrante, o mais
rápido possível. 5 minutos para encontrar um abrigo é uma boa regra. Rapidez
para encontrar abrigo é essencial. Sem abrigo, a dose de radiação recebida nas
primeiras horas excederá as quantidades recebidas ao longo do resto da semana
em uma área contaminada. A dosagem recebida durante a primeira semana
excederá a dosagem acumulada ao longo do resto da vida gasto na mesma área
contaminada.
Materiais de blindagem
A espessura requerida de material de blindagem para reduzir ou
enfraquecer a radiação gama proveniente da poeira radioativa é bem menor
daquela requerida para se proteger da dose inicial de radiação emitida pela
explosão. Contra a radiação da poeira, uma espessura bem fina de material de
blindagem é mais que suficiente. As espessuras e os tipos de materiais seguem
descritos abaixo.

295
Figura 121 Materiais de blindagem e suas espessuras

O princípio é que cada camada reduz uma certa quantidade e dobrando


a camada você reduzirá novamente a intensidade da radiação por esta
quantidade. Por exemplo, se uma camada de tijolos de 5cm de espessura reduz
a radiação gama pela metade, outra camada de 5cm de tijolos reduzirá
novamente à metade, reduzindo para um total de ¼ do valor total. 15cm de tijolos
reduzirá a radiação para 1/8 do total e assim por diante. Portanto, um abrigo
protegido por 1m de terra reduzirá a intensidade da radiação de 1000 cGy por
hora do lado de fora para 0,5 cGy por hora do lado de dentro.
Abrigos naturais
Terrenos que provêm blindagem natural e fácil construção de abrigos é o
local ideal para um abrigo de emergência. Bons exemplos são valas, ravinas,
afloramentos rochosos, colinas e margens de rios. Em áreas planas sem
proteção natural, escave trincheiras.
Trincheiras
Quando for escavar uma trincheira, trabalhe de dentro da trincheira assim
que ela for grande o suficiente para que você entre. Em campo aberto, tente
escavar a trincheira agachado ou deitado de bruços, empilhando a terra
cuidadosamente e uniformemente ao redor da trincheira. Em terreno plano,
empilhe a terra ao redor do seu corpo para aumentar a proteção. Dependendo
das condições do solo, a construção de um abrigo poderá levar minutos ou
horas. Se você escavar o mais rápido possível, você receberá a menor dose
radioativa possível.

296
Outros abrigos
Uma cobertura subterrânea de 1m de terra ou mais é a melhor proteção.
Porém, outros abrigos naturais podem ser muito úteis, como por exemplo:
cavernas e túneis com paredes de no mínimo 1m de largura de terra; porões
contra tempestade ou de armazenamento; bueiros; porões de casas
abandonadas; construções abandonadas feitas de pedras ou barro (tijolos).
Telhados
Não é obrigatória a construção de um telhado no seu abrigo. Construa um
apenas se os materiais estiverem imediatamente disponíveis e com pouca
exposição à radiação externa. Se construir um teto em seu abrigo for causar
longa exposição à contaminação externa, é melhor deixar seu abrigo sem teto.
A única função do teto é impedir que as partículas de poeira caindo ao chão
entrem em contato com seu corpo. A não ser que você construa um telhado
grosso para proteger contra a radiação, ele não proverá muita proteção.
Você pode construir um telhado simples com um poncho ou lona ancorado
com terra, pedras ou outros detritos. Você pode remover partículas maiores de
poeira que se acumularem no poncho ou lona batendo nele de dentro do abrigo
em intervalos frequentes. Esta cobertura não oferecerá blindagem contra
partículas radioativas depositadas em sua superfície, mas aumentará a distância
entre a poeira radioativa e você, além de reduzir a contaminação do interior do
abrigo.
Escolha do local do abrigo e preparação
Para reduzir o tempo de exposição e, com isso, reduzir a dosagem de
radiação recebida, lembre-se dos seguintes fatores quando for selecionar e fazer
um abrigo:
• Quando possível, procure um abrigo rústico pré-existente que você
possa melhorar. Se não houver nenhum disponível, cave uma
trincheira.
• Cave o abrigo fundo o bastante para obter proteção, então, cave para
expandir e obter conforto.
• Cubra o topo da sua trincheira com quaisquer materiais disponíveis e
uma grossa camada de terra, se você puder fazê-lo sem sair do abrigo.
Enquanto um teto e camuflagem são importantes, é mais seguro ficar
sem ambos do que se expor à radiação do lado de fora.
• Quando estiver construindo o abrigo, mantenha todas as partes do seu
corpo coberta por roupas para reduzir a exposição à radiação beta.
• Limpe o abrigo de quaisquer deposições em sua superfície usando um
galho ou outro objeto que você possa descartar. Execute esta limpeza
para remover todos os materiais contaminantes da área que você vai
ocupar. A área limpa deverá se estender por pelo menos 1,5m para
além da área do abrigo.
• Descontamine os materiais que você trouxer consigo para dentro do
abrigo. Estes materiais incluem grama ou folhagem para isolamento
297
ou acolchoamento, bem como suas roupas externas (especialmente
os calçados). Se o clima permitir e você tiver roupas altamente
contaminadas, você pode enterra-las próximo ao seu abrigo, com pelo
menos 30cm de terra de profundidade e pegar de volta quando sair do
abrigo após o decaimento radioativo. Se as roupas estiverem secas,
você pode descontaminar batendo ou sacodindo as roupas do lado de
fora da entrada do abrigo. Você pode usar qualquer curso d’água,
mesmo contaminado, para lavar suas roupas e remover o excesso de
partículas radioativas. Apenas mergulhe a roupa e depois sacuda-a no
ar. Não torça a roupa pois isto irá aprisionar as partículas radioativas
nas fibras.
• Se possível, e sem sair do abrigo, lave seu corpo completamente com
água e sabão, mesmo se a água disponível estiver contaminada. Este
banho vai remover a maior parte da poeira radioativa que causará
problemas. Se você não tiver água disponível, limpe seu rosto e outras
partes expostas da pele com um pano limpo. Você pode também usar
um punhado de terra descontaminada. Para isso, remova a camada
superior da terra que está contaminada e use a terra de baixo, sem
contaminação.
• Após completar o abrigo, deite-se, mantenha-se aquecido e durma e
descanse o máximo de tempo que puder enquanto estiver no abrigo.
• Quando não estiver descansando ou dormindo, mantenha-se ocupado
planejando ações futuras, estudando mapas ou fazendo o abrigo mais
confortável e eficiente.
• Não entre em pânico se você apresentar náusea e sintomas da
síndrome aguda de radiação. Seu maior perigo da síndrome aguda de
radiação é a infecção. Não há primeiros socorros para a síndrome.
Descanse, beba líquidos, tome quaisquer medicamentos para prevenir
o vômito, mantenha a ingestão calórica e previna contra exposição
adicional, isto irá ajudar a prevenir infecção e ajudar na recuperação.
Até pequenas doses de radiação podem causar estes sintomas, mas
eles desaparecem em pouco tempo.
Tabela de tempo de exposição
Os tópicos adiante irão lhe informar sobre os tempos de exposição para
evitar doses altas de radiação e permitir que você enfrente os problemas da
sobrevivência.
• Isolamento completo por 4 a 6 dias após detonação da última bomba.
• Uma exposição breve (de no máximo 30 minutos) para obtenção de
água no 3° dia é aceitável.
• Uma exposição de não mais de 30 minutos no 7° dia.
• Uma exposição de não mais de 1 hora no 8° dia.
• Exposições de 2 a 4 dias a partir do 9° dia ao 12° dia.
• Operações normais, seguidas de descanso no abrigo a partir do 13°
dia.
298
• Em todas as circunstâncias, faça suas exposições serem o mais breve
possíveis. Considere apenas necessidades obrigatórias como
desculpa para se expor. Descontamine a cada parada.
Os tempos informados acima são conservadores. Se você for forçado a
se mover após o 1° ou 2° dia, você talvez possa fazê-lo. Certifique-se de que as
exposições não são mais longas do que o estritamente necessário.
Obtenção de água
Em uma área contaminada por poeira radioativa, fontes de água
disponíveis podem estar contaminadas. Se você esperar pelo menos 48h antes
de beber qualquer quantidade de água para permitir o decaimento radioativo e
selecionar a fonte de água mais segura o possível, você reduzirá
significativamente o risco de ingerir quantidades altas de partículas radioativas.
O uso de filtros com carvão ativado também ajuda a reduzir
significativamente a quantidade de partículas radioativas na água.
Apesar que muitos fatores como direção do vento, chuva ou queda de
sedimentos possam influenciar suas escolhas para escolha de uma fonte de
água, considere as seguintes diretrizes.
Fontes de água seguras
Água de nascentes, poços ou outras fontes subterrâneas que passam por
filtragem natural pelo solo serão as mais seguras. Qualquer água dentro de
canos ou recipientes em casas abandonadas como caixas d’água ou caixas de
vasos sanitários também estarão livre de radiação. Esta água será segura para
consumo, mas você ainda precisa tomar as medidas de precaução contra
bactérias e outros agentes presentes na água.
Neve coletada a partir de 15cm de profundidade em relação à superfície
em uma área de queda de poeira radioativa também é segura para consumo
como água.
Cursos d’água
Água proveniente de rios e riachos estarão relativamente livres de
partículas radioativas após alguns dias depois da detonação da última bomba
devido a diluição. Se possível, filtre a água antes de beber para se livrar ao
máximo das partículas. O melhor método de filtragem é escavar buracos de
drenagem ao longo da margem do curso para que a água filtre através da terra
e alcance o buraco. Este método removerá cerca de 99% das partículas
radioativas. Você deve cobrir os buracos para evitar que partículas da atmosfera
caiam na água limpa.
Água parada
Água proveniente de lagos, lagoas, açudes, etc, é provável de estar
contaminada; apesar que os isótopos radioativos de átomos mais pesados irão

299
sedimentar no fundo. O seguinte método irá ajudar a descontaminar esta água:
encha um balde até ¾ do volume com a água contaminada. Coloque então terra
limpa no balde, escavada de no mínimo 10cm de profundidade abaixo da
superfície e misture com a água. Use cerca de 2,5cm de terra para cada 10cm
de água. Misture a água barrenta até ficar homogênea. Deixe a misture assentar
por 6 horas no mínimo. As partículas de terra quando se assentam carregam as
partículas radioativas consigo e tornam a água limpa. Você pode então retirar a
água por cima, cuidando para não misturar a terra contaminada do fundo
novamente na água. Filtre esta água para maior efetividade.
Precauções adicionais
Como medida adicional de precaução contra doenças, trate toda a água
que coletar com tabletes de desinfecção, água sanitária, tintura de iodo,
permanganato de potássio ou outro método disponível em seu kit de
sobrevivência. Você pode também ferver a água para eliminar agentes
patógenos como giárdia e cryptosporidium.
Obtenção de alimentos
Obter alimentos em uma área contaminada com radiação pode ser um
problema sério, mas não impossível. Você precisa seguir uma série de
procedimentos especiais para selecionar e preparar rações ou alimentos locais.
Rações militares geralmente possuem embalagens seladas que protegem o
alimento da contaminação. Suplemente rações, comida enlatada ou outras
fontes que você possa ter com você com alimentos encontrados em suas
expedições para fora do abrigo.
Construções abandonadas podem ter comida armazenada. Elas serão
seguras para comer após proceder à descontaminação. Comida enlatada ou
empacotada devem ser lavadas para remover a poeira radioativa das
embalagens. Estas precauções também se aplicam a comida armazenada em
porões ou recipientes fechados. Todos os alimentos devem ser
descontaminados antes de serem comidos ou manipulados.
Se você não encontrar alimentos processados disponíveis em sua área,
você deverá suplementar sua dieta com plantas e animais.
Animais
Considere que todos os animais, independente do seu habitat ou
condições de vida foram expostos à radiação. O efeito da radiação nos animais
é similar aos efeitos no homem. Portanto, a maioria dos animais em uma área
contaminadas irá adoecer e eventualmente morrer dentro de um mês após uma
explosão nuclear. Apesar de que animais não estarão livres de contaminantes
radioativos perigosos, você pode e deve usa-los em uma situação de
sobrevivência. Com um preparo cuidadoso e seguindo diversos princípios
importantes, animais podem ser uma boa fonte de alimento.

300
Primeiro, não coma um animal que aparente estar doente. Ele pode ter
desenvolvido infecções devido à contaminação por radiação. Carne
contaminada, mesmo completamente cozida, pode causar sérias complicações
e até mesmo a morte.
Cuidadosamente esfole os animais para prevenir quaisquer partículas
radioativas na pele do animal de entrar no corpo. Não coma a carne próxima de
ossos e juntas, pois o esqueleto do animal irá conter 90% da radiação. No
entanto, o resto da carne do animal será segura para se comer. Antes de
cozinhar, separe a carne do osso, deixando pelo menos 3mm de carne no osso.
Descarte todos os órgãos internos, pois tendem a acumular radiação beta e
gama.
Cozinhe toda a carne até estar muito bem cozida ou passada. Para
garantir um cozimento absoluto, corte a carne em pedaços de no máximo 1,5cm
de espessura. Tais cortes também reduzirão o tempo de cozimento,
economizando combustível.
A extensão da contaminação em peixes e animais aquáticos será bem
maior do que em animais terrestres. Isto também é verdadeiro para plantas
aquáticas, especialmente em áreas costeiras. Use fontes de alimento aquáticas
somente em casos de urgência.
Todos os ovos, mesmo se postos durante o período de queda da poeira
radioativa serão seguros para se comer. Evite leite de quaisquer animais desta
área pois eles absorvem grandes quantidades de radioatividade das plantas que
comem.
Plantas
A contaminação de plantas ocorre através da deposição de partículas
radioativas em suas superfícies ou absorção de elementos radioativos pelas
raízes. Sua primeira opção de plantas para comer devem ser vegetais como
batatas, cenouras, inhames, nabos e outras plantas cuja parte comestível fica
enterrada. Estas são as mais seguras, uma vez que você as lave e remova a
casca.
Em segundo lugar, são as plantas cuja parte comestível você possa
descontaminar lavando em água corrente ou removendo cascas ou peles da
superfície. Por exemplo bananas, maçãs, tomates, peras e outros semelhantes.
Em terceiro lugar na ordem de preferência, ficam as plantas e vegetais
que você não consegue facilmente lavar ou remover a casca/pele, como frutas
e vegetais de casca lisa.
A efetividade da descontaminação por esfregação da casca é
inversamente proporcional à rugosidade desta. Vegetais de superfície lisa
perderão 90% da contaminação quando lavados, enquanto vegetais de
superfície rugosa perderão apenas 50%.

301
Coma vegetais de superfície rugosa, como alface por exemplo, somente
em último caso, pois você não pode efetivamente descontaminar descascando
ou lavando. Outros alimentos difíceis de descontaminar por lavagem incluem
frutas secas (figos, pêssegos, peras, damascos e ameixas) e soja.
Em geral, você pode usar qualquer planta como alimento se puder colher
e efetivamente descontaminar. Porém, plantas em crescimento podem absorver
materiais radioativos pelas folhas, bem como pelas raízes, especialmente se
tiver chovido durante ou após o período de queda da poeira radioativa. Evite usar
este tipo de plantas exceto em emergência.

Ambientes biológicos
O uso de agentes biológicos é real. Prepare-se para sobrevivência em
ambientes deste tipo através do estudo prévio e obtenção e guarda de
equipamentos necessários para se proteger dos riscos.
Agentes biológicos e seus efeitos
Agentes biológicos são microrganismos que podem causar doenças em
pessoas, animais e plantas. Eles podem também causar a deterioração de
materiais. Estes agentes caem em duas grandes categorias: patógenos
(geralmente chamados de germes) e toxinas. Patógenos são microrganismos
vivos que causam doenças letais ou incapacitantes. Bactérias, protozoários,
fungos e vírus são patógenos. Toxinas são substâncias produzidas por plantas,
animais ou microrganismos naturalmente. Toxinas usadas em armas biológicas
incluem uma variedade de neurotoxinas (que afetam o sistema nervoso central)
e toxinas citotóxicas (que causam a morte de células).
Germes
São organismos vivos usados para causar problemas de saúde em
pessoas, plantas e animais saudáveis. Algumas nações usaram armas
biológicas no passado, como o uso de corpos em decomposição para contaminar
fontes de água, ou atiravam cadáveres de vítimas de doenças como varíola ou
peste bubônica para dentro das muralhas de uma cidade sitiada. Apenas alguns
poucos germes são suficientes para iniciar uma infecção. Especialmente se
inalados para dentro dos pulmões. Devido ao fato dos germes serem muito
pequenos e possuírem peso desprezível, o vento pode espalha-los facilmente e
eles podem entrar em ambientes cujo ar não é filtrado ou que não sejam vedados
hermeticamente. Construções e bunkers podem prender e acumular germes
com o tempo. Eles geralmente não afetam o corpo imediatamente, eles precisam
se multiplicar dentro do corpo primeiro e, então, vencer as defesas do organismo.
Este processo é chamado de período de incubação. Estes períodos podem variar
de várias horas até vários meses, dependendo do germe. A maioria dos germes
deve viver e se proliferar dentro de outro organismo vivo, chamado de
hospedeiro. Condições de clima como vento, chuva, frio e luz solar rapidamente
matam os germes.

302
Alguns germes podem ainda formar cascas protetoras, chamados cistos
ou esporos, para permitir que sobrevivam fora do hospedeiro. Agentes que
esporulam ou formam cistos são um perigo a longo prazo que você deve eliminar
descontaminando pessoas e locais contaminados. Felizmente, a maioria dos
agentes biológicos não formam esporos.
Estes agentes devem encontrar um organismo vivo para infectar em
aproximadamente 1 dia ou morrem. Germes possuem três rotas básicas para
entrar no organismo humano: através do trato respiratório, do rompimento da
pele ou através do trato digestório. Sintomas de infecção podem variar conforme
o agente patógeno ou a doença desenvolvida.
Toxinas
Toxinas são substâncias químicas que plantas, animais ou
microrganismos produzem naturalmente. Estas toxinas são geralmente o que
vão na verdade fazer mal aos seres humanos, não as bactérias em si. Um
exemplo é a toxina botulínica, que produz o botulismo. A ciência moderna trouxe
produção em larga escala da toxina sem o uso dos germes para sua produção.
Toxinas podem produzir efeitos similares aos dos agentes químicos. Contudo,
vítimas de intoxicação podem não responder a tratamentos de primeiros-
socorros como responderiam em caso de agentes químicos. Toxinas entram no
corpo da mesma forma que germes. Porém, algumas toxinas, diferentemente de
germes, podem penetrar a pele intacta. Sintomas aparecem quase que
imediatamente, uma vez que não há período de incubação. Muitas toxinas são
extremamente letais, mesmo em doses pequenas. Sintomas no geral podem
incluir os seguintes:
• Tontura.
• Confusão mental.
• Visão turva ou dupla.
• Adormecimento de membros ou formigamentos.
• Paralisia.
• Convulsões.
• Erupções cutâneas ou bolhas.
• Tosse.
• Febre.
• Dores musculares.
• Cansaço.
• Náusea, vômitos e diarreia.
• Sangramento de aberturas no corpo.
• Sangue na urina, fezes ou saliva.
• Choque.
• Morte.

303
Detecção de agentes biológicos
Agentes biológicos são por natureza difíceis de detectar. Você não pode
detecta-los através de nenhum dos seus 5 sentidos. Geralmente, o primeiro sinal
da presença de agente biológico serão sintomas nas vítimas expostas. Sua
melhor chance de detectar agentes biológicos antes de afetarem você é
reconhecer os meios de propagação dos agentes, que são:
• Munição explosiva: Estas podem ser bombas ou projéteis cuja
explosão causa quase nenhum dano. A explosão irá produzir uma
pequena quantidade de líquido ou poeira no local. Esta nuvem irá se
dispersar eventualmente. O ritmo de dispersão dependerá do terreno
e condições climáticas.
• Tanques-spray ou geradores de spray: Aeronaves, veículos-tanque ou
geradores no solo criando jatos de spray produzem uma nuvem de
aerossol de agentes biológicos.
• Vetores: Insetos como mosquitos, pulgas, piolhos e carrapatos
carregam patógenos. Grandes infestações destes vetores podem
indicar o uso de agentes biológicos.
Sinais de possíveis ataques biológicos são a presença de substâncias
incomuns no solo ou na vegetação e plantas, áreas de cultivo ou animais com
aparência decrépita.
Influência do clima e terreno
Seu conhecimento sobre como o clima e o terreno afetam a dispersão de
agentes biológicos pode afetar suas chances de sobrevivência. Efeitos
climáticos maiores como luz do sol, vento e precipitação afetam agentes
patógenos. Sprays de aerossol tendem a concentrar em áreas baixas do terreno,
similar à névoa da manhã.
A luz do sol contém raios ultravioleta que rapidamente matam a maioria
dos agentes biológicos usados como armas. No entanto, cobertura natural ou
artificial pode proteger alguns dos patógenos da luz do sol. Outras cepas de
patógenos mutantes podem ser resistentes à luz solar.
Ventos rápidos aumentam a dispersão de agentes patógenos, diluem sua
concentração e desidratam as células dos microrganismos. Quanto mais o
agente viaja no vento, menos efetivo ele se torna devido a diluição e morte de
patógenos. No entanto, a área que fica adiante a favor do vento em relação ao
local de lançamento dos agentes, ainda pode ser perigosa e não deve ser
ignorada.
Precipitação em forma de chuva moderada a chuva forte tende a lavar a
área e retirar os agentes patógenos do ar, reduzindo as chances de infecção. No
entanto, os agentes ainda estarão viáveis e podem causar infecções nas áreas
onde foram depositados após a chuva.

304
Proteção contra agentes biológicos
Apesar de você precisar manter um certo respeito em relação aos agentes
biológicos, não há necessidade de pânico. Você pode reduzir susceptibilidade a
agentes biológicos mantendo em dia vacinações e imunizações, evitando áreas
contaminadas e controlando roedores e pragas. Você deve também usar
devidamente as medidas de primeiros-socorros para o tratamento de feridas e
usar apenas fontes de alimento e água seguros e descontaminados. Você deve
certificar-se de descansar o suficiente e dormir o bastante para evitar uma
situação degradante. Você deve usar apropriadamente procedimentos de
higiene em campo.
Assumindo que você não possua uma máscara protetora, tente manter
seu rosto coberto sempre que possível com algum tipo de tecido. Poeira pode
conter agentes biológicos, use algum tipo de máscara quando há poeira no ar.
Suas roupas e luvas vão proteger você contra picadas de insetos vetores.
Mantenha sua vestimenta completamente abotoada ou fechada e enfie suas
calças em suas botas. Use algum tipo de vestimenta por cima para proteção
contra agentes químicos, se disponível, uma vez que provêm melhor proteção
que roupas comuns. Cobrir sua pele também reduzirá as chances de o agente
biológico penetrar seu corpo através de ferimentos ou arranhões. Sempre
mantenha altos níveis de higiene e saneamento para prevenir o aparecimento
de vetores.
Tome banho com sabão e água sempre que possível. Use sabonete
germicida se possível. Lave seus cabelos e corpo rigorosamente. Limpe debaixo
de suas unhas. Limpe seus dentes, gengivas, língua e o céu da boca
frequentemente. Lave suas roupas em água quente com sabão, se puder. Se
não puder lavar suas roupas, deixe-as estendidas ao sol por pelo menos 1 hora
para matar os germes. Após um ataque com toxinas, descontamine-se como se
fosse para agente químico usando kits específicos ou tomando banho com água
e sabão.
Abrigo
Você pode construir abrigos improvisados sob contaminação biológica
usando as mesmas técnicas descritas no Capítulo 5 – Abrigos. Porém, você deve
fazer pequenas mudanças para reduzir a chance de contaminação biológica.
Não construa seu abrigo em depressões no solo. Evite construir seu abrigo em
áreas de vegetação, uma vez que vegetação provê sombra e certa proteção aos
agentes biológicos. Evite usar vegetação para construir seu abrigo, pela mesma
razão. Coloque a entrada do seu abrigo em um ângulo de 90° da direção do
vento prevalente. Este tipo de posicionamento irá limitar a entrada de patógenos
e, ao mesmo tempo, prevenir a estagnação do ar dentro do abrigo. Sempre
mantenha seu abrigo limpo.
Obtenção de água
Obter água em uma área com contaminação biológica é bem difícil, mas
não impossível. Sempre que possível, tente usar água que estava selada em
305
algum tipo de recipiente. Você pode assumir que água dentro de recipientes
selados não está contaminada. Lave o recipiente por fora primeiro, com água e
sabão para descontaminar as superfícies antes do uso. Ferver a água no
recipiente por 10 minutos antes de romper o lacre também é eficiente.
Se não houver água guardada em recipientes selados disponível, sua
próxima escolha deve ser água de nascentes, somente em emergências.
Novamente, ferva essa água por pelo menos 10 minutos antes de beber.
Mantenha a água coberta enquanto ferve para evitar a contaminação pelo ar.
Sua última opção, em situação de extrema emergência, é usar água parada.
Vetores e germes podem sobreviver facilmente em água estagnada. Ferva essa
água por um longo período para matar todos os patógenos. Filtre esta água em
seguida por um tecido adequado para remover os vetores mortos. Use tabletes
de desinfecção de água, água sanitária, tintura de iodo ou permanganato de
potássio em todos os casos.
Obtenção de alimento
Assim como a obtenção de água, é algo difícil neste tipo de ambiente, mas
não impossível. Rações militares ou alimentos selados como enlatados e
empacotados são seguros para consumo. Para garantir a segurança, lave o
invólucro por fora, com água e sabão antes de abrir ou ferva em água por 10
minutos.
Você pode suplementar suas refeições com plantas e animais locais,
somente em emergência extrema. Não importa o que você faça para preparar
o alimento, não há garantia que cozimento vá matar os patógenos. Use alimentos
locais somente em situações de vida ou morte. Lembre-se, você pode sobreviver
um longo período sem se alimentar, especialmente se a comida que você
pretende comer vai matar você.
Se você precisar definitivamente se alimentar de fontes locais, selecione
somente plantas e animais com aparência saudável. Não selecione vetores
conhecidos como ratos e outros insetos e vermes. Selecione e prepare plantas
da mesma forma que em áreas radioativas. Prepare animais como você prepara
plantas. Sempre use luvas e vestimenta de proteção quando estiver
manuseando animais e plantas. Prepare apenas através do cozimento. Ferva o
alimento por no mínimo 10 minutos para matar os patógenos. Não tente fritar,
assar ou grelhar alimentos locais. Não há garantia que todas as partes infectadas
tenham atingido a temperatura adequada para matar os patógenos. Não coma
alimentos crus.

Ambientes químicos
O uso de agentes químicos por diversos países é um perigo real. Estes
agentes podem criar uma situação bem delicada para a sobrevivência, mas você
poderá superar estes problemas com o equipamento adequado, conhecimento
e treino. Em uma situação de sobrevivência, sua primeira linha de defesa contra
agentes químicos é a sua proficiência em treinamento NBQ, incluindo saber usar
306
máscaras e vestimentas protetivas, realizar descontaminação individual,
reconhecer sintomas de agentes químicos e primeiros-socorros individuais para
contaminação por agentes químicos.
Para mais informações sobre agentes químicos específicos e seus
antídotos e tratamentos, acesse a literatura disponível e leia. As informações
abaixo trarão conhecimentos gerais sobre o reconhecimento e tratamento de
perigos químicos, mas é recomendável uma pesquisa específica no assunto.
Detectando agentes químicos
A melhor maneira de detectar agentes químicos é o uso de um kit detector
de químicos. Se você possuir um, use-o. Do contrário, em uma situação de
sobrevivência, você precisará se guiar pelos seus 5 sentidos, basicamente.
Você deve estar alerta para detectar sinais e indícios do uso de armas
químicas. Indicadores gerais da presença de agentes químicos são lágrimas,
dificuldade de respirar, asfixia, coceiras, tosse e tontura. Com agentes que são
difíceis de detectar, você deve observar pelos sintomas em outras pessoas. Seus
arredores vão prover indícios valiosos para a presença de agentes químicos, por
exemplo: animais mortos, pessoas doentes, ou pessoas e animais
demonstrando sinais de comportamento anormal.
Seu olfato pode ajudar a detectar agentes químicos. A maioria dos
agentes químicos em estado líquido ou sólido possuem cor. No estado gasoso
você pode ver alguns agentes químicos como uma névoa imediatamente depois
que a bomba ou dispositivo explode. Observando os sintomas em outros e
observando seus arredores por sinais de distribuição do agente, você pode
conseguir detectar o emprego de agentes químicos. Gás mostarda no estado
líquido terá aparência de manchas oleosas em folhas de plantas ou em
construções.
O som das munições explosivas usadas para disseminar os agentes
químicos também pode indicar a presença destes. Explosões ou barulhos de
tiros abafados são um bom indicador.
Irritação no nariz ou olhos e na pele é um alerta urgente para você
proteger seu corpo do agente químico. Adicionalmente, gosto estranho na
comida, água, cigarros podem servir como aviso de que estes foram
contaminados.
Proteção contra agentes químicos
Em uma situação de sobrevivência, sempre siga os passos abaixo, na
ordem listada, para se proteger de um ataque químico.
• Use equipamentos de proteção.
• Aja rapidamente para primeiros-socorros quando contaminado.
• Evite áreas onde há agentes químicos.
• Descontamine seu equipamento e corpo assim que possível.

307
Uma máscara de proteção e roupa protetiva são a chave para sua
sobrevivência. Sem estas, você terá pouca chance contra um ataque químico.
Você deve cuidar destes itens e protege-los de danos. Você deve praticar e
saber os procedimentos de primeiros-socorros corretos antes da exposição a
agentes químicos. A detecção de agentes químicos e evitar áreas contaminadas
são as melhores medidas contra este tipo de ataque. Se estiver em uma situação
de sobrevivência, evite áreas contaminadas a todo custo. Você deve esperar não
receber ajuda alguma se se contaminar. Se você se contaminar, descontamine-
se assim que possível usando procedimentos adequados.
Abrigos
Se você se encontrar em uma área contaminada, tente se mover para fora
da área imediatamente. Viaje contra o vento para reduzir o tempo de exposição
ao agente. Se você não puder deixar a área por alguma razão e precisar construir
um abrigo, use as técnicas de construção de abrigos já abordadas anteriormente
com algumas modificações. Remova a camada superficial do solo na área do
abrigo para descontaminar a área. Mantenha a entrada do abrigo fechada e
orientada a 90° da direção do vento prevalente. Não faça fogueiras com madeira
contaminada, pois a fumaça pode ser tóxica. Tenha extremo cuidado quando for
entrar em seu abrigo, para não trazer contaminação para dentro.
Obtenção de água
Assim como em ambientes biológicos e nucleares, obter água em
ambientes de contaminação química é muito difícil. Obviamente água em
recipientes selados será segura para consumo. Você deve proteger esta água o
máximo que puder. Certifique-se de descontaminar os recipientes antes de usar.
Se você não puder obter água em recipientes selados, tente obter de uma
fonte de água vedada, como água de encanamentos no subsolo. Você pode
eventualmente usar água da chuva como fonte de água ou neve, se não houver
indícios de contaminação. Use a água de cursos d’água lentos, se necessário,
mas sempre cheque primeiro por sinais de contaminação e sempre filtre sua
água como descrito para o ambiente nuclear. Sinais de contaminação em fontes
de água são cheiros estranhos como de alho, mostarda ou gerânio; amêndoas
amargas; manchas oleosas na água e presença de animais mortos na água
como peixes. Se estes sinais estiverem presentes, não use esta fonte de água.
Sempre ferva e desinfete sua água com substâncias químicas como descrito
anteriormente.
Obtenção de alimentos
É muito difícil obter alimentos em ambientes contaminados com agentes
químicos. Além disso você precisará remover sua máscara de proteção para se
alimentar. Se você for comer, procure uma área onde você possa remover a
máscara com segurança. A fonte de alimento mais segura será sempre as
rações ou comidas empacotadas ou enlatadas que você trouxer consigo.
Descontamine as embalagens antes de abrir e comer.

308
Se você precisar suplementar sua dieta com alimentos locais, plantas ou
animais, não use plantas de áreas contaminadas ou animais que aparentam
estar doentes. Quando for manusear animais ou plantas, sempre use luvas e
roupa de proteção.

309
Apendice A – Plantas Comestiveis e Medicinais

Em uma situação de sobrevivência, plantas podem prover alimento e


remédios improvisados. A sua segurança de uso depende de identificação
positiva, saber como preparar a planta ou parte dela e saber quaisquer
propriedades perigosas que elas possam ter. Familiaridade com botânica e
informação sobre onde elas vão crescer irá facilitar encontrar as plantas certas.
Este apêndice provê fotografias e esquemas de plantas, bem como descrições,
características, habitats e outras informações úteis, suas partes comestíveis e
medicinais.

Acácia

Nome científico: Acacia farnesiana


Nome popular: acácia.
Partes comestíveis: as folhas jovens, flores e vagens são comestíveis cruas ou
cozidas.
Habitat: Acácias crescem em áreas abertas e ensolaradas. São encontradas ao
longo de toda a faixa tropical do globo. São mais prevalentes na África, Ásia e
Austrália, mas muitas espécies podem ser encontradas nas Américas.

310
Acácia-branca

Nome científico: Moringa pterygosperma.


Nome popular: acácia-branca, moringa, muringueiro, árvore-rabanete-de-cavalo,
quiabo-de-quina, dentre outros.
Partes comestíveis: As folhas são comestíveis cruas ou cozidas, dependendo da
sua dureza. Corte as vagens jovens em tiras curtas e cozinhe-as como feijão-de-
corda ou frite-as. Você pode obter óleo fritando ou fervendo os frutos jovens de
palmeiras e coletando o óleo da superfície da água. Você pode comer as flores
como salada. Você pode morder as vagens verdes e frescas e comer as
sementes suculentas e macias. As raízes podem ser moídas e usadas como
substituto de tempero similar à raiz-forte.
Habitat: Esta árvore é encontrada em florestas tropicais e florestas estacionais
semideciduais nas regiões tropicais. É muito difundida na Índia, sudeste da Ásia,
África e América Central. Procure em campos e jardins abandonados e nas
margens de florestas.

311
Aegle marmelos

Nome científico: Aegle marmelos


Nome popular: fruto de Bael, árvore de Bael
Partes comestíveis: A fruta, que amadurece em dezembro, está em sua melhor
qualidade quando está de vez, ou quase madura. O suco da fruta madura, diluído
em água e misturado com tamarindo e açúcar e mel é uma bebida azeda, mas
refrescante. Como outras frutas cítricas, ela é rica em Vitamina C.
Habitat: Furto de Bael é encontrado em florestas tropicais e florestas estacionais
semideciduais nos trópicos. Ela também cresce em áreas silvestres na Índia e
Burma.

312
Agave

Nome científico: Agava spp.


Nome popular: agave
Partes comestíveis: As flores e botões são comestíveis. Ferva antes de comer.
Habitat: Agave preferem áreas secas e abertas. São encontradas na América
Central, no Caribe e parte dos desertos no Oeste dos Estados Unidos e México.

313
Alfarrobeira

Nome científico: Ceratonia siliqua.


Nome popular: alfarrobeira, pão-de-joão, pão-de-São-João, figueira-de-
pitágoras e figueira-do-egito.
Partes comestíveis: As vagens jovens e suculentas são comestíveis cruas ou
fervidas. Você pode pulverizar as sementes em vagens maduras e cozinhar
como um mingau.
Habitat: Esta árvore é comum na região Mediterrânea, Oriente Médio e partes
do Norte da África.

314
Amaranto

Nome científico: Amaranthus spp.


Nome popular: amaranto, bredo, caruru.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis, mas algumas podem
conter espinhos que você deve remover antes de comer. As plantas jovens e as
pontas de crescimento das plantas mais maduras são ótimos vegetais de se
comer. Simplesmente ferva as partes da planta ou coma-as cruas. Suas
sementes são muito nutritivas. Sacuda as partes superiores das plantas maduras
para obter as sementes. Coma as sementes cruas, cozidas, em farinha ou como
pipoca.

315
Amêndoas

Nome científico: Prunus amygdalus


Nome popular: amendoeiro, amêndoa-de-coco, amêndoa-durázio e amêndoa-
molar.
Partes comestíveis: Os frutos maduros do amendoeiro se parte no sentido do
comprimento pela lateral, expondo a amêndoa madura. Você pode facilmente
alcançar a amêndoa dentro do fruto simplesmente abrindo o fruto com uma pedra
ou similar. Amêndoas são ricas em valor nutricional como todas as nozes.
Colete-as em grandes quantidades e armazene como alimento de sobrevivência.
É possível sobreviver longos períodos somente com amêndoas.
Habitat: São encontradas em florestas de arbustos e espinhos nos trópicos, ou
florestas temperadas, além de arbustos nos desertos. Pode ainda ser
encontrada no Sul da Europa, Leste do Mediterrâneo, Irã, Oriente Médio, China,
Madeira, Açores e Ilhas Canárias.

316
Amendoeira-da-praia

Nome científico: Terminalia catappa.


Nome popular: amendoeira-da-praia, anoz, árvore-de-anoz, castanholeira,
coração-de-nego, castanhola, sete-copas, chapéu-de-sol, guarda-sol, terminália,
figueira-da-índia e caroceiro.
Partes comestíveis: A semente é uma boa fonte de alimento. Remova a casca
verde carnuda e coma a semente crua ou cozida.
Habitat: Esta árvore é usualmente encontrada próxima ao oceano. É comum e
abundante no Caribe, América Centra e América do Sul. É também encontrada
em florestas tropicais no sudeste da Ásia, Norte da Austrália e Polinésia.

317
Amora

Nome científico: Morus spp.


Nome popular: amora, amoreira.
Partes comestíveis: A fruta é comestível crua ou preparada. Pode ser seca e
armazenada para uso posterior.
Habitat: São encontradas em florestas, ao longo de rodovias e em campos
abandonados nas zonas tropicais e temperadas da América do Norte, América
do Sul, Europa, Ásia e África.
Outros usos: Você pode desfiar a casca interior da árvore e usar para fazer
corda. A folha da árvore é o alimento preferido das larvas de bicho-da-seda, que
produzem casulos feitos de filamentos que são usados na produção de seda.

318
Araruta

Nome científico: Maranta spp. e Sagittaria spp.


Nome popular: araruta, agutiguepe, araruta-caixulta, araruta-comum, araruta-
gigante, araruta-palmeira, araruta-raiz-redonda, araruta-ramosa, embiri e
agutingue-pé.
Partes comestíveis: A raiz da planta tem aparência de tubérculo branco e possui
carboidratos. Ferva a raiz em água até ficar macia para comer, como mandioca,
cenouras, etc.
Habitat: Araruta é encontrada ao redor do mundo em zonas temperadas e nos
trópicos. É mais comum em ambientes úmidos ou encharcados.

319
Aspargos

Nome científico: Asparagus officinalis


Nome popular: aspargo, espargo.
Partes comestíveis: Coma os talos jovens antes da formação das folhas. Cozinhe
no vapor ou ferva-os por 10 a 15 minutos antes de comer. Aspargos crus podem
causar diarreia. As raízes carnudas também são uma fonte de carboidratos.
Habitat: São encontrados ao redor do mundo em zonas temperadas. Procure
nos campos, habitações antigas e próximo de cercas.

320
Atriplex

Nome científico: Atriplex spp.


Nome popular: erva-armola, espinafre-francês, espinafre-da-montanha, erva-
amolês, arroio, armola.
Partes comestíveis: Toda a planta é comestível cozida ou fervida.
Habitat: Restritas a solos salgados. São encontradas nas costas Norte
Americanas, e nas praias de lagos alcalinos. São também encontradas ao longo
da costa de países Mediterrâneos até áreas do interior do Norte da África e ao
Leste, na Turquia e Sibéria.

321
Atriplex halimus

Nome científico: Atriplex halimus.


Nome popular: salgadeira.
Partes comestíveis: As folhas são comestíveis. Na área onde crescem possuem
a reputação de serem as únicas capazes de sustentar o homem em momentos
de necessidade.
Habitat: Encontrado em solo alcalino ou salgado em costas e praias do
Mediterrâneo até áreas do interior do Norte da África e ao Leste, na Turquia e
Sibéria. Geralmente pode ser encontrada em florestas tropicais de arbustos e
florestas de espinhos; estepes em regiões temperadas e na maioria das áreas
desérticas.

322
Avelã

Nome científico: Corylus spp.


Nome popular: avelã, aveleiro.
Partes comestíveis: Avelãs amadurecem no outono, quando você poderá
quebra-las e comer o miolo. A noz seca é extremamente deliciosa. O conteúdo
de óleos da noz faz dela uma ótima comida de sobrevivência. Quando elas estão
ainda verdes, você pode abri-las e comer o miolo também.
Habitat: São encontradas na América do Norte, especialmente na metade Leste
dos Estados Unidos, ao longo da costa do Pacífico. São também encontradas
na Europa. A avelã também é comum na Ásia, especialmente na região Lesta
Asiática, do Himalaia à China e Japão. A avelã geralmente cresce em matas
densas ao longo de margens de rios e áreas abertas. Não são plantas de
florestas densas.

323
Azedinha

Nome científico: Rumex acetosella ou Rumex acetosa.


Nome popular: azedinha, azeda, azeda-brava, erva-vinagreira, vinagreira.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis cruas ou cozidas.
Habitat: Procure em campos abandonados e outras áreas perturbadas pela ação
humana.
Perigos: A planta possui ácido oxálico e o consumo em grandes quantidades
dela crua deve ser evitado. Cozinhar parece destruir a substância.

324
Bambu

Nome científico: Bambusa spp., Dendrocalamus spp. Phyllostachys spp.


Nome popular: bambu, taquara, mossô, bambu-chinês, bambu-gigante, bambu-
imperial, etc.
Partes comestíveis: Os brotos de bambu são comestíveis, crus ou cozidos.
Brotos crus tem um sabor ligeiramente amargo que desaparece quando cozido.
Para preparar, remova a casca dura que pode vir coberta com pelos. Os grãos
da semente de um bambu em flor também são comestíveis. Cozinhe as
sementes como arroz ou transforme em pó, para preparo de panificados.
Habitat: Bambu cresce em áreas quentes e úmidas, em áreas abertas, selvas,
em planícies ou montanhas. Bambus são nativos do Oriente, zonas tropicais e
temperadas, e tem sido difundidos praticamente ao redor de todo o globo.

325
Banana

Nome científico: Musa spp.


Nome popular: banana, pacoba ou pacova.
Partes comestíveis: As pseudobagas, ou frutos de todas as espécies de bananas
com exceção da banana-da-terra podem ser comidos crus. Todas as espécies
podem ser comidas cozidas. Você também pode cozinhar e comer as flores.
Você pode ainda cozinhar e comer as raízes e bainhas das folhas de muitas
espécies. O centro ou coração da planta também pode ser comido cru ou cozido
em qualquer época do ano.
Habitat: Procure por bananeiras em campos abertos ou margens de florestas.
Existem plantações comerciais do vegetal em vários locais. Elas crescem
largamente em áreas úmidas nos trópicos. Geralmente sua presença em áreas
naturais pode indicar uma nascente.

326
Baobá

Nome científico: Adansonia digitata


Nome popular: baobá, embondeiros, imbondeiros, calabaceiras.
Partes comestíveis: Você pode fazer uma sopa com as folhas e as raízes
carnudas da árvore jovem também são comestíveis. A polpa dos frutos e as
sementes também podem ser comidas. Para obter farinha, torre as sementes e
depois moa. Você pode misturar a polpa com água para uma bebida refrescante.
Habitat: Estas árvores crescem em savanas. São encontradas na África, partes
da Austrália e na ilha de Madagascar.

327
Bardana

Nome científico: Arctium lappa.


Nome popular: bardana, arctium.
Partes comestíveis: Descasque os caules tenros e coma-os crus ou cozidos
como salada. As raízes também são comestíveis fervidas ou assadas.
Habitat: Encontrada em toda parte temperada do mundo, procure por áreas
abertas na primavera e verão.
Outros usos: Líquido feito das raízes (chá ou decocção) ajuda a baixar febres e
aumenta a diurese. Seque a raiz e ferva em água. As fibras do talo seco podem
ser usadas para fazer cordas.

328
Batata-indiana ou batata-de-esquimó

Nome científico: Claytonia spp.


Nome popular: batata-indiana, batata-de-esquimó, beleza-da-primavera.
Partes comestíveis: Os tubérculos são comestíveis, mas você deve ferve-los
antes de comer.
Habitat: Algumas espécies são encontradas em florestas ricas, onde são
conspícuas antes das flores se desenvolverem. Espécies ocidentais são
encontradas em todo a região Norte da América do Norte.

329
Beldroega

Nome científico: Portulaca oleracea.


Nome popular: beldroega, beldroega-comum, onze-horas e salada-de-negro.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis. Lave e ferva a planta para
obter um legume/verdura saboroso ou coma-as cruas. Use as sementes para
fazer farinha ou coma-as cruas.
Habitat: Cresce em áreas cultivadas bem ensolaradas, margens de campos e
outras regiões onde há relva e ervas daninhas ao redor do mundo.

330
Bignai-doce

Nome científico: Antidesma bunius


Nome popular: bignai-doce
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis cruas. Não coma outras partes da
planta. Na África as raízes são tóxicas. Outras partes da planta podem ser
venenosas.
Habitat: Florestas tropicais e estacionais semideciduais nos trópicos. Encontrada
em locais abertos e em florestas secundárias. Cresce do Himalaia ao Sri Lanka
e ao Leste pela Indonésia e Norte da Austrália. Mesmo assim pode ser
encontrada em outras partes tropicais.

331
Blackberry, raspberry ou dewberry

Nome científico: Rubus spp.


Nome popular: amoras, framboesas, amora-preta.
Partes comestíveis: Os frutos e os brotos jovens descascados são comestíveis.
Sabores e aromas variam bastante.
Habitat: Esta planta cresce em áreas abertas e ensolaradas, nas margens de
florestas, lagos, cursos d’água e estradas em regiões temperadas. Existe ainda
uma framboesa do ártico.

332
Bucha

Nome científico: Luffa cylindrica


Nome popular: bucha, bucha-dos-paulistas, bucha-dos-pescadores, bucha-de-
cerca, bucha-de-parreira, esfregão, fruta-cocta, fruta-dos-paulistas, gombô-
grande, mamalongo e quingombô-grande.
Partes comestíveis: Você pode ferver o fruto de vez (meio maduro) e comer
como legume. Adicionar leite de coco irá melhorar o sabor. Após amadurecer, a
bucha se transforma em uma esponja fibrosa não comestível. Você pode
também comer os brotos tenros, flores e folhas jovens depois de cozinha-los.
Torre um pouco as sementes maduras e coma-as como amendoins.
Habitat: Membro da família das abóboras, que também inclui as melancias,
pepino e o cantalupo, a bucha é largamente cultivada em zonas tropicais. Pode
ser encontrada em um estado semisilvestre em clareiras ou jardins abandonados
em florestas tropicais e estacionais semideciduais.
Outros usos: A bucha depois de madura produz uma esponja excelente para
esfregar o corpo e ajudar na limpeza. Também pode ser usada como bucha de
munição em armas de antecarga (carga pela boca do cano). A bucha também
pode ser usada como palmilha.

333
Cacto mamilária

Nome científico: Mammilaria spp.


Nome popular: cacto mamilária, cacto-de-azol, cacto-almofada-de-alfinetes,
assento de sogra.
Partes comestíveis: Boa fonte de água no deserto.
Habitat: Estes cactos são encontrados nas regiões desérticas do oeste dos
Estados Unidos e várias partes da América Central.
Semelhantes: O cacto-barril também possui características similares e sua polpa
é rica em água que pode ser consumida.

334
Caju

Nome científico: Anacardium occidentale.


Nome popular: caju, cajueiro.
Partes comestíveis: A castanha envolve uma semente. A semente é comestível
quando torrada. A fruta piriforme também é comestível, agridoce e adstringente.
É segura para consumo e faz suco refrescante e saboroso.
Habitat: É uma árvore nativa das Índias Ocidentais e Norte da América do Sul,
mas o transplante de espécimes espalhou o cajueiro para todas as áreas
tropicais. No velho mundo ela se proliferou e se apresenta silvestre em partes da
África e Índia.

335
Calêndula-do-pântano

Nome científico: Caltha palustres.


Nome popular: calêndula-do-pântano, calêndula-do-brejo.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis se fervidas.
Habitat: Esta planta é encontrada em brejos, lagos e locais de água paradas ou
lentas. É abundante nas regiões árticas e subárticas e na maior parte da região
Leste dos Estados Unidos.
Perigos: Como todas as plantas aquáticas, não coma esta planta crua. Plantas
aquáticas cruas podem carregar patógenos perigosos que são removidos
durante o cozimento.

336
Calligonum

Nome científico: Calligonum comosum.


Nome Popular: N/A.
Partes comestíveis: quando florescendo, as flores são comestíveis e contém
altos níveis de açúcares e componentes de nitrogênio.
Habitat: Esta parte é encontrada em arbustos em várias zonas climáticas. Ela
habita bastante as regiões desérticas do Norte da África. Ela também pode ser
encontrada nos desertos do Oriente Médio e bem ao leste, no Deserto Rajputana
no Oeste da Índia.

337
Cana-de-açúcar

Nome científico: Saccharum officinarum.


Nome popular: cana, cana-de-açúcar.
Partes comestíveis: O caule é uma excelente fonte de açúcar e é muito nutritivo.
Descasque o caule com seus dentes ou faca e mastigue a polpa do caule crua.
Você também pode retirar os sucos da polpa do caule espremendo para obter
garapa.
Habitat: Geralmente localizada em campos abertos, só cresce nos trópicos ao
redor do mundo. No Brasil é possível encontrar grandes plantações de cana em
quase qualquer lugar.

338
Canna indica

Nome científico: Canna indica


Nomes populares: Birí, caeté, pirí, birí-preto, pirí-preto, birí-vermelho, cana-da-
índia, caité, coquilho, erva-dos-feridos, albará, bananeira-do-mato, caeté-imbirí,
piriquiti, caité-de-ladim, sagu, caeté-vermelho, bananeirinha, birú-manso,
araruta-bastarda, araruta-de-porco,bananeirinha-de-flor, albará.
Partes comestíveis: As raízes grandes e ramificadas contêm grande quantidade
de carboidratos e é comestível. As partes jovens podem ser picadas e cozidas
ou pulverizadas em um caldo ou sopa. Adicione temperos a gosto.
Habitat: Como planta silvestre, a cana-da-índia é encontrada em todas as áreas
tropicais, especialmente em áreas úmidas próximas de rios, nascentes, valas e
margens de florestas. Pode também ser encontrada em áreas temperadas
montanhosas úmidas. Ela é facilmente reconhecida por ser uma planta de jardim
bem comum.

339
Caniço

Nome científico: Phragmites australis.


Nome popular: caniço, caniço-de-água
Partes comestíveis: Todas as partes da planta são comestíveis cruas ou cozidas
em todas as estações. Colete os talos a partir do solo e ferva-os. Você pode
também coletar antes que eles floresçam e, então, secar e triturar em farinha.
Você pode também escavar e ferver os talos subterrâneos, mas eles são
geralmente duros. Sementes são comestíveis cruas ou fervidas, mas são
raramente encontradas.
Habitat: Procure em áreas abertas, úmidas, especialmente as que foram
perturbadas por dragas. O caniço é encontrado ao longo de regiões temperadas
de ambos os Hemisférios.

340
Capparis decídua

Nome científico: Capparis aphyla.


Nome popular: alcaparra-selvagem, karir, kair, kerda, kirir, karril.
Partes comestíveis: Os frutos e brotos de talos jovens são comestíveis crus.
Habitat: Esta planta forma arbustos retorcidos em florestas de espinhos e nos
arbustos de desertos. São comuns no Norte da África e no Oriente Médio.

341
Capim setaria

Nome científico: Setaria spp.


Nome popular: capim-seta, capim-rabo-de-raposa.
Partes comestíveis: As sementes são comestíveis, mas são duras e amargas.
Ferva-as em água para ficarem macias e reduzir o amargor.
Habitat: Procure em áreas abertas, ensolaradas, ao longo de estradas e nas
margens de campos. Algumas espécies ocorrem em áreas úmidas, brejosas.
Espécies de capim-seta são encontradas nos Estados Unidos, Europa, Ásia
ocidental e África tropical. Em alguns locais do mundo o capim é usado como
cultivo para alimentação.

342
Caqui

Nome científico: Diospyros spp.


Nome popular: caqui, caquizeiro, dióspiro, diospireiro.
Partes comestíveis: As folhas são uma boa fonte de Vitamina C. As frutas são
comestíveis cruas ou assadas. Para fazer chás, seque as folhas e coloque-as
em água quente. Você pode também comer as sementes torradas.
Habitat: É comum nas margens de florestas. É muito difundido na África, leste
da América do Norte e no Oriente. Muito cultivada no Sul e Sudeste do Brasil.
Perigos: Algumas pessoas não conseguem digerir polpa de caqui. Caquis
verdes são indigestos e altamente adstringentes.

343
Cardo

Nome científico: Cirsium spp.


Nome popular: cardo.
Partes comestíveis: Descasque os talos, corte em pequenos pedaços e ferva-os
antes de comer. As raízes são comestíveis cozidas ou cruas.
Habitat: Cresce em todo o mundo em florestas e campos secos.
Outros usos: Trance as fibras resistente dos talos para fazer corda.
Perigos: Algumas espécies de cardo podem ser venenosas.

344
Caruru-de-cacho

Nome científico: Phytolacca americana.


Nome popular: caruru-de-cacho, uva-de-rato, erva-tintureira.
Partes comestíveis: As folhas e talos jovens são comestíveis se cozidos. Ferva-
os duas vezes descartando a água da primeira fervura. As frutas são
consideradas venenosas, mesmo se cozidas.
Habitat: Procure por esta planta em áreas abertas, ensolaradas em clareiras de
florestas, campos e ao longo de estradas, no Caribe, América Central e Leste da
América do Norte.
Outros usos: Use os sucos da fruta como tintura.
Perigos: Todas as partes desta planta são venenosas se comidas cruas. Nunca
coma as raízes. Não coma nenhuma planta maior que 25cm de altura ou com
coloração avermelhada aparente.

345
Carvaho/Bolota

Nome científico: Quercus spp.


Nome popular: carvalho, bolota.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis, mas geralmente contém
grandes quantidades de taninos, que são amargos. Bolotas de carvalho-branco
geralmente tem um sabor melhor que as do carvalho-vermelho. Colete e
descasque as bolotas. Submerja as bolotas de carvalho-vermelho em água por
1 a 2 dias para remover os taninos. Você pode acelerar este processo
adicionando cinzas de fogueira na água. Ferva as bolotas ou triture em farinha e
use para panificação. Você pode usar bolotas torradas como substituto de café.
Habitat: Carvalhos são encontrados praticamente em toda a América do Norte,
América Central e partes da Europa e Ásia.
Outros usos: Uma solução de bolotas ou da casca interna do carvalho é rica em
taninos e pode ser usado para ajudar a cicatrizar ferimentos na pele, para
gargarejo em casos de feridas na boca e garganta, bem como para prender o
intestino. A solução também pode ser usada para curtir couro.
A madeira do carvalho é excelente para construir objetos ou para uso
como lenha. Carvalhos pequenos podem ser rachados e cortados em tiras
longas e finas e usados para tecer tapetes, colchonetes, cestas ou armações
para mochilas, trenós, móveis, etc.
Perigos: Ingerir taninos em excesso pode levar a problemas renais.

346
Castanea

Nome científico: Castanea sativa.


Nome popular: castânea, castanheira-portuguesa, castanheiro, castanheira,
castanheiro-bravo, castinheiro ou castiro.
Partes comestíveis: As nozes são um ótimo alimento de sobrevivência. Nozes
maduras são geralmente colhidas no outono, apesar que nozes imaturas
colhidas ainda verdes também podem ser usadas como alimento. Quiçá a melhor
forma de preparar seja através da torra em brasas. Cozida dessa forma elas são
muito saborosas e você pode comer em grandes quantidades. Outra forma é
ferver os miolos da castanha após remover a casca. Ferva até ficarem macias.
Você pode ainda esmagar como um purê.
Habitat: Zonas temperadas, é encontrada em florestas de coníferas e de
madeira-de-lei. Nos trópicos é encontrada em florestas estacionais
semideciduais. São encontradas em todo a Europa Central e Sul e ao longo da
Ásia Central até a China e o Japão. São relativamente abundantes nas margens
de pradarias e como componentes de florestas. A espécie europeia é a mais
comum. Castanheiras silvestres asiáticas são uma espécie parente da europeia.
Outros usos:

347
Castanha-d’água

Nome científico: Trapa natans.


Nome popular: castanha-de-água, monguba, cacau-selvagem, castanheira-de-
guiana, castanheira-do-maranhão, mamorana, mongaba.
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis cruas ou cozidas. As sementes
também são boa fonte de alimento.
Habitat: A castanha-de-água é uma planta de água doce. É nativa da Ásia, mas
se espalhou para muitas partes do mundo em regiões temperadas e tropicais.

348
Cebola e alho silvestres

Nome científico: Allium spp.


Nome popular: alho, cebola, alho-poró.
Partes comestíveis: Os bulbos na base do talo são comestíveis, bem como as
folhas jovens, crus ou cozidos. Use em ensopados ou para temperar carne.
Habitat: Encontrados em locais abertos e ensolarados em regiões temperadas.
Pode ser encontrado como cultivo em outros locais.
Outros usos: Comer grande quantidade de cebola fará seu corpo adquirir um
odor que irá repelir insetos. Sumo de alho age como antibiótico em ferimentos.
Perigos: Existem várias plantas que parecem cebolas, mas que são
extremamente venenosas. Certifique-se que as plantas que você está
manuseando são cebolas. Evite todas que não possuírem o odor característico
das cebolas.

349
Celtis

Nome científico: Celtis spp.


Nome popular: celtis, esporão-de-galo, jameri, dentre outros conforme espécie.
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis quando estão maduras e caem da
árvore.
Habitat: A planta é largamente encontrada ao longo dos Estados Unidos,
especialmente próximo a lagoas.

350
Cereus

Nome científico: Cereus spp.


Nome popular: cacto cereus, cacto-coluna, cacto-lápis, cacto-colunar, cacto-
vela, mandacaru-do-peru, dentre outros.
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis, mas algumas podem ter efeito
laxativo.
Habitat: Em desertos e outras áreas secas e abertas, ensolaradas, ao longo do
Caribe, América Central e Oeste dos Estados Unidos.
Outros usos: A polpa do cacto é uma boa fonte de água. Quebre o vegetal e
escave a polpa.

351
Chamerion

Nome científico: Epilobium angustifolium.


Nome popular: chamerion, epilóbio-de-flor-miúda.
Partes comestíveis: As folhas, talos e flores são comestíveis na primavera, mas
se tornam duras no verão. Você pode partir os talos de plantas maduras e comer
o mesocarpo (a medula) cru.
Habitat: Encontrada em florestas abertas, colinas, margens de rios e próximo à
costa nas regiões árticas. É especialmente abundante e áreas queimadas.
Chamerion-anã é encontrada ao longo de rios, bancos de areia e margens de
lagos e em encostas alpinas e árticas.

352
Chicória

Nome científico: Cichorium intybus.


Nome popular: chicória.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis. As folhas jovens são
comidas como salada, ou podem ser refogadas. Cozinhe as raízes para comer.
Pode ser usada como substituto de café, torrando as raízes até que fiquem
marrom escuro e depois moendo-as.
Habitat: Procure em campos abandonados, lotes baldios e ao longo de estradas.
É nativa da Europa e Ásia, mas também encontrada na África e maior parte da
América do Norte, onde cresce como erva daninha.

353
Coco

Nome científico: Cocos nucifera.


Nome popular: coco, coqueiro, coco-da-Bahia.
Partes comestíveis: O fruto é a parte comestível. A água do coco é altamente
hidratante quando o coco está verde e é rica em açúcares e vitamina. A polpa
também é altamente nutritiva e rica em óleos. Você pode secar a polpa ao sol
para preservação. Cuidado, o fruto maduro (amarelo) pode ser laxativo.
Habitat: Encontrado em praticamente todo o globo em áreas costeiras nos
trópicos.
Outros usos: Use o óleo para cozinhar, recobrir lâminas e madeira, couro, etc.
Use o óleo também como hidratante para a pele contra feridas causadas pela
água do mar, queimaduras solares e pele ressecada. O óleo também pode ser
improvisado em tochas. As cascas do fruto são bons materiais flutuantes. Faça
um buraco no toco da árvore para usar como armazenamento de comida. As
fibras das cascas ainda podem ser usadas para fazer cordas e outros itens. Use
as fibras similares a gaze na base da folha como material filtrante ou para fazer
uma tela de mosquitos, ou ainda para acolchoar ferimentos. As cascas são
também abrasivas. Fibras secas das cascas são ótima isca de fogo. Cascas em
brasas repelem mosquitos. Para obter óleo de coco, coloque a polpa no sol,
aqueça em fogo baixo ou ferva num pote com água. Cocos trazidos pela
correnteza até alto mar são uma boa fonte de água e alimento para o
sobrevivente em alto mar.

354
Colocíntida

Nome científico: Citrullus colocynthis.


Nome popular: colocíntida.
Partes comestíveis: As sementes dentro cabaças maduras são comestíveis
quando estão completamente separadas da polpa amarga. Torre ou ferva as
sementes, seus cernes são cheios de óleos. As flores são comestíveis. As
pontas de talos suculentos podem ser mastigados para se obter água.
Habitat: Esta planta rastejante da família das melancias pode ser encontrada em
qualquer zona climática, geralmente como arbustos em desertos. Cresce
abundantemente no Saara, muitos outros países Árabes, na costa sudeste da
Índia e em algumas ilhas do Mar Egeu. A colocíntida geralmente cresce nos
locais mais quentes.

355
Cuipo

Nome científico: Cavanillesia plataniflonia.


Nome popular: cuipo, quipo.
Partes comestíveis: Para obter água dessa planta, corte um pedaço da raiz e
limpe a terra e a casca de uma ponta, mantendo a raiz na horizontal. Coloque a
ponta limpa na sua boca ou cantil e levante a outra ponta. A água dessa árvore
tem gosto de água de batatas.
Habitat: Localizada principalmente na América Central em florestas tropicais e
áreas montanhosas.

356
Dente-de-leão

Nome científico: Taraxacum officinale


Nome popular: dente-de-leão.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis. Coma as folhas cruas ou
cozidas. Ferva as raízes como legume. Raízes torradas e moídas são um bom
substituto ao café. Dentes-de-leão são ricos em Vitaminas A e C e cálcio.
Habitat: Crescem em áreas abertas, ensolaradas ao longo do Hemisfério Norte.

357
Dracena-vermelha

Nome científico: Cordyline terminalis.


Nome popular: dracena-vermelha, dracena, cordiline.
Partes comestíveis: As raízes e as folhas muito tenras e jovens são bons
alimentos de sobrevivência. Ferva ou cozinhe as raízes curtas e robustas
encontradas na base da planta. Elas são uma valiosa fonte de amido. Ferva as
folhas jovens para comer. Você pode usar estas folhas para enrolar outros
alimentos para cozinhar sobre brasas ou no vapor.
Habitat: Procure por esta planta nas margens de florestas ou próximo a
habitações em áreas tropicais. É nativa do Oriente, mas já é largamente
difundida em todas as regiões tropicais do planeta.
Outros usos: Use as folhas para fazer coberturas em abrigos ou capas de chuva.
Corte as folhas para fazer revestimento de calçados; isto funciona especialmente
se você possuir uma bolha. Faça sandálias improvisadas a partir das folhas. A
folha terminal, se não estiver completamente desabrochada pode ser usada
como bandagem estéril. Corte as folhas em tiras e trance em corda.

358
Empetrum-negro

Nome científico: Empetrum nigrum.


Nome popular: empetrum-negro, baga-de-corvo.
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis frescas ou podem ser secas para
uso posterior.
Habitat: Encontrada na tundra, ao longo das regiões árticas da América do Norte
e Europa.

359
Faia

Nome científico: Fagus spp.


Nome popular: fagus, faia.
Partes comestíveis: As nozes maduras da faia caem das cascas facilmente.
Você pode come-las quebrando a castanha triangular com a unha e comendo o
miolo branco e doce. Nozes de faia são as mais gostosas das nozes silvestres.
Possuem alto teor de gorduras e são um alimento muito bom na sobrevivência.
Você também pode usar as nozes como substituto para o café. Torre as nozes
de forma que o miolo delas fique marrom-dourado e endurecido. Macere a noz
em um pó e prepare como café.
Habitat: Esta árvore é encontrada em zonas temperadas. Ela cresce no Leste
dos Estados Unidos, Europa, Ásia e Norte da África. É encontrada em áreas
úmidas, principalmente florestas. Esta árvore é comum ao longo do sudeste da
Europa e da Ásia temperada. Alguns parentes da faia são encontrados no Chile,
Nova Guiné e Nova Zelândia.

360
Feijão-alado

Nome científico: Psophocarpus tetragonolobus.


Nome popular: feijão-alado, feijão-de-asa, fava-de-cavalo, feijão-de-cavalo,
feijão-forrageiro, feijão-miúdo, fava-cavaleira, fava-cavalina, fava-da-holanda.
Partes comestíveis: Você pode comer as vagens quando jovens. As sementes
maduras são uma boa fonte de proteína, após secar ou torrar em brasas. Você
pode germinar as sementes em musgo úmido e comer os brotos. As raízes mais
grossas são comestíveis cruas. Elas são ligeiramente doces, com a firmeza de
uma maçã. Você também pode comer as folhas jovens como salada, cruas ou
cozidas no vapor.
Habitat: Cresce na África, Ásia, Índias Orientais, Filipinas e Taiwan, em regiões
tropicais. Este membro da família dos feijões serve para ilustrar um tipo de feijão
comestível do Velho Mundo. Feijões silvestres comestíveis desse tipo são mais
comuns em clareiras e ao redor de jardins abandonados. São raros em áreas
florestais.

361
Figo-silvestre

Nome científico: Ficus spp.


Nome popular: figo-silvestre, figo, figueira.
Partes comestíveis: Os frutos são comestíveis crus ou cozidos. Alguns figos
possuem pouco sabor.
Habitat: Figos são plantas tropicais e subtropicais. Elas crescem em vários tipos
de habitats, incluindo florestas densas, margens de florestas e ao redor de
assentamentos humanos.

362
Fruta-do-conde

Nome científico: Annona squamosa.


Nome popular: fruta-do-conde, condessa, fruta-pinha.
Partes comestíveis: A polpa da fruta é comestível crua.
Habitat: Procure pela fruta-do-conde nas margens de campos, próximo a vilas,
e ao redor de habitações nos trópicos.
Outros usos: Você pode usar as sementes trituradas finamente como inseticida.
Perigos: O pó das sementes é extremamente perigoso para os olhos.

363
Fruta-pão

Nome científico: Artocarpus incisa.


Nome popular: fruta-pão, jaca-de-pobre, rima e árvore-do-pão.
Partes comestíveis: A polpa da fruta é comestível crua. A fruta pode ser fatiada,
seca e moída em farinha para uso posterior. As sementes também são
comestíveis se cozidas.
Habitat: Margens de florestas e habitações nas áreas úmidas dos trópicos. É
nativa da área do Pacífico Sul, mas tem sido difundida nas Índias Ocidentais e
partes da Polinésia.

364
Inhame

Nome científico: Dioscorea spp.


Nome popular: inhame, cará, caranambu, caratinga, cará-de-folha-colorida,
cará-liso, cará-de-pele-branca ou inhame-cará.
Partes comestíveis: Ferva o tubérculo e coma como legume.
Habitat: O inhame verdadeiro é restrito aos trópicos. Procure em campos,
clareiras e jardins abandonados. São encontrados em florestas tropicais,
florestas estacionais semideciduais e florestas de arbustos nos trópicos. Em
áreas quentes temperadas são encontrados em florestas de folhosas e florestas
mistas de coníferas e folhosas, bem como em regiões montanhosas.

365
Jambo

Nome científico: Eugenia jambos ou Syzygium jambos.


Nome popular: jambo, jambeiro, jambo-rosa, jambo-vermelho, pé-de-jambo.
Partes comestíveis: A fruta inteira é comestível crua ou cozida de alguma forma.
Habitat: Largamente plantada nos trópicos, pode ser encontrada silvestre em
matas e florestas secundárias.

366
Jícama

Nome científico: Pachyrhizus erosus.


Nome popular: jícama, feijão-batata, feijão-de-batata, feijão-jacatupé, linguiça-
vegetal, yeticopé, yacatupé, patate-cochon, mexikanische yams-bohne.
Partes comestíveis: Os tubérculos são do tamanho de um nabo e são crocantes,
doces e suculentos com um sabor de nozes. São nutritivos e matam a sede.
Coma-os crus ou fervidos. Para fazer farinhas, fatie o tubérculo cru, deixe secar
ao sol e triture em farinha que será rica em amido e pode ser usada para
engrossar ensopados.
Habitat: Nativa das áreas tropicais das Américas, mas foi carregada há muitos
anos para a Ásia e ilhas do Pacífico. Hoje é comumente cultivada nestes locais
e é encontrada crescendo silvestre em áreas florestais. Esta planta prefere
regiões úmidas dos trópicos.
Perigos: As sementes cruas são venenosas.

367
Jujuba

Nome científico: Ziziphus jujuba.


Nome popular: jujuba, jujubeira, açofeifeira, açofeifa, açofaifa e açofaita.
Partes comestíveis: A polpa triturada e misturada em água faz uma bebida
refrescante. Se o tempo permitir, você pode secar a fruta madura no sol como
tâmaras. A fruta é rica em Vitaminas A e C.
Habitat: A jujuba é encontrada em florestas temperadas e arbustos nos desertos.
É comum em várias áreas tropicais, do Velho Mundo. Na África é encontrada
principalmente na costa Mediterrânea. Na Ásia é especialmente comum em
áreas secas da Índia e China. A jujuba também é encontrada em partes das
Índias Orientais. Pode também ser encontrada nas bordas de desertos. No Brasil
é encontrada da Bahia a São Paulo.

368
Junça

Nome científico: Cyperius esculentus.


Nome popular: junça, junquinha-mansa, chufa.
Partes comestíveis: Os tubérculos são comestíveis crus, fervidos ou assados.
Você pode também os triturar e usar como substituto para o café.
Habitat: Cresce em áreas úmidas e arenosas, ao redor do mundo. É
frequentemente uma erva abundante cultivada em campos.

369
Labaça

Nome científico: Rumex crispus.


Nome popular: labaça, labaça-crespa, regalo-da-horta, cata-cruz, sorrel e yellow
dock.
Partes comestíveis: Devido textura tenra em sua folhagem, a labaça é muito útil
em desertos. Você pode comer as folhas suculentas frescas ou ligeiramente
cozidas. Para remover o sabor forte, troque a água uma ou duas vezes durante
o cozimento.
Habitat: Estas plantas podem ser encontradas em quase todas as zonas
climáticas do mundo. Podem crescer em áreas com muita ou pouca chuva.
Muitas espécies são encontradas como ervas daninhas em campos, ao longo de
estradas e em lugares baldios.

370
Lírio-de-um-dia

Nome científico: Hemerocallis fulva.


Nome popular: lírio-de-um-dia, lírio-amarelo, lírio-de-São-José, hemerocalis,
lírio.
Partes comestíveis: As folhas jovens são comestíveis cruas ou cozidas. Os
tubérculos também são comestíveis crus ou cozidos. Você pode ainda comer as
flores cruas, mas elas têm sabor melhor se cozidas. Você também pode fritar as
flores para armazenar.
Habitat: Apesar de não serem um lírio verdadeiro, recebem esse nome devido a
aparência e estão difundidas ao redor do mundo nos trópicos e áreas
temperadas. Elas são cultivadas como legume no Oriente e como planta
ornamental no resto do mundo.

371
Lótus

Nome científico: Nelumbo spp.


Nome popular: lótus, flor-de-lótus, lótus-da-índia, lótus-sagrado.
Partes comestíveis: Todas as partes da planta são comestíveis cruas ou cozidas.
As partes submersas contêm grande quantidade de amido. Cave as partes
carnudas da lama e ferva-as ou asse-as. Ferva as folhas jovens e coma-as. As
sementes possuem um cheiro agradável e são nutritivas. Coma-as cruas ou
asse-as levemente e triture em uma farinha.
Habitat: Os lótus de flores amareladas são nativas da América do Norte. Os de
flores rosadas são muito comuns no Oriente, mas são plantadas em várias partes
do mundo. Lótus são encontradas em locais de água doce calmos.

372
Lovi-lovi

Nome científico: Flacourtia inermis


Nome popular: lovi-lovi, lobi-lobi, ameixa-batoko.
Partes comestíveis: Coma a fruta crua ou cozida/preparada.
Habitat: Esta planta é nativa das Filipinas, mas é largamente cultivada como fruta
em outros locais. Pode ser encontrada em clareiras e nas bordas de florestas
tropicais da África e Ásia.

373
Maçãs silvestres

Nome científico: Malus spp.


Nome popular: maça-silvestre.
Partes comestíveis: Prepare as maçãs-silvestres para comer da mesma forma
das maçãs cultivadas. Coma-as frescas quando maduras ou cozidas. Se precisar
armazenar, corte em rodelas finas e seque. São ótima fonte de vitaminas.
Habitat: Encontradas nas regiões de savana nos trópicos. Em áreas temperadas
estarão em áreas de floresta. Mais frequentemente são encontradas nas
margens de florestas ou em campos. São muito comuns ao longo de todo
Hemisfério Norte.
Perigos: Sementes de maçãs contém compostos de cianeto, não as coma.

374
Mamão

Nome científico: Carica papaya.


Nome popular: mamão, papaia, ababaia.
Partes comestíveis: A fruta madura é rica em Vitamina C. Coma-a crua ou
cozinhe como abóbora. Coloque a fruta verde no sol para faze-la amadurecer
mais rápido. Cozinhe as folhas verdes do mamão, bem como as flores e os
caules cuidadosamente, trocando a água como para o taro.
Habitat: Mamão é encontrado em praticamente todas as florestas tropicais, bem
como nas estacionais semideciduais nos trópicos e em algumas regiões
temperadas. Procure em áreas úmidas próximas a clareiras e habitações
abandonadas. Também é encontrado em áreas abertas, ensolaradas e selvas
desabitadas.
Outros usos: Use a seiva leitosa da fruta verde para amaciar carne dura
esfregando o sumo na carne.
Perigos: Cuidado para não deixar cair a seiva leitosa em seus olhos. Isso
causará intensa dor e cegueira temporária, às vezes permanente.

375
Mandioca

Nome científico: Manihot utillissima.


Nome popular: mandioca, aipi, aipim, castelinha, uaipi, macaxeira, mandioca-
doce, mandioca-mansa, maniva, maniveira, pão-de-pobre, mandioca-brava e
mandioca-amarga.
Partes comestíveis: Os tubérculos são cheios de amido e ricos em valor nutritivo.
Dois tipos de mandioca são conhecidos: a mandioca-amarga e a mandioca-doce.
Ambas são comestíveis. A mandioca-amarga possui cianeto de hidrogênio que
é tóxico. Para preparar mandioca, primeiro triture a raiz recém-colhida em uma
polpa e, então, cozinhe por 1 hora para remover o sabor amargo. Então, amasse
a polpa em bolinhos e asse como pão. Bolos de mandioca se mantidos secos e
longe de insetos duram praticamente para sempre. Enrole a mandioca em folhas
de bananeira para proteção.
Habitat: Mandioca cresce em todas as regiões tropicais, principalmente as
úmidas. Apesar de que mandioca é cultivada extensivamente, pode ser
encontrada em jardins ou plantações abandonadas ou em áreas silvestres.

376
Manga

Nome científico: Mangifera indica.


Nome popular: manga, mangueira.
Partes comestíveis: As frutas são uma fonte de alimento nutritiva. A fruta verde
pode ser descascada e a polpa comida como salada em tiras finas. A fruta
madura pode também ser comida depois de descascada e comidas cruas ou
pode-se fazer suco com elas. Os miolos das sementes podem ser comidos
quando torradas.
Habitat: Esta árvore cresce em regiões quentes e úmidas. É nativa do Norte da
Índia, Myanmar e Oeste da Malásia. Atualmente é cultivada e cresce silvestre
em quase todas as regiões tropicais, incluindo o Brasil.
Perigos: Se você for sensível a hera-venenosa, evite comer manga pois pode
lhe causar reações indesejadas em indivíduos sensíveis.

377
Mirtilo

Nome científico: Vaccinium spp. e Gaylussacia spp.


Nome popular: mirtilo e similares.
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis cruas.
Habitat: Estas plantas preferem locais abertos e ensolarados. Elas são
encontradas ao longo das zonas temperadas ao Norte, e em grandes altitudes
da América Central.

378
Morango-indiano

Nome científico: Duchesnea indica.


Nome popular: morango-indiano, morangueiro-de-rato.
Partes comestíveis: A fruta é comestível. Coma-a fresca.
Habitat: Nativa do Sul da Ásia, mas é uma erva comum em ambientes
temperados. Procure em jardins, na relva e ao longo das estradas.

379
Morangos

Nome científico: Fragaria spp.


Nome popular: morango, morango-silvestre.
Partes comestíveis: Os frutos são comestíveis crus, secos ou cozidos. Morangos
são ótimas fontes de Vitamina C. Você também pode comer as folhas da planta
ou seca-las para fazer chá. Há que se ter cuidado extra no manuseio de
morangos em áreas habitadas onde se faz uso de fezes humanas como
fertilizante. Nem mesmo água sanitária e cloro vão remover todas as bactérias
efetivamente.
Habitat: São encontrados em zonas temperadas do Norte e em regiões
montanhosas do Sul do Hemisfério Oeste. Morangos preferem áreas abertas e
ensolaradas. São também muito cultivados por populações humanas.
Perigos: Coma somente os morangos verdadeiros de flores brancas. Outras
plantas similares sem flores brancas podem ser venenosas.

380
Musgo-da-islândia

Nome científico: Cetraria islandica


Nome popular: musgo-da-islândia.
Partes comestíveis: Todas as partes do musgo da Islândia são comestíveis.
Durante o inverno ou estações secas ele é seco e crocante, mas macio quando
úmido. Ferva o musgo para remover o amargor. Após ferver, coma ou adicione
leite ou grãos como agentes espessantes. A planta seca tem bom tempo de
armazenamento.
Habitat: Procure por ela em áreas abertas. Só é encontrada nas regiões árticas.

381
Musgo-de-rena

Nome científico: Cladonia rangiferina


Nome popular: musgo-de-rena, líquen-de-rena, líquen-das-renas.
Partes comestíveis: A “planta” toda é comestível, mas possui uma textura
crocante, quebradiça. Encharque com água misturada com cinzas de madeira
para reduzir o amargor e seque e triture. Misture com leite ou outros alimentos.
Habitat: Procure por este líquen em áreas secas e abertas. Ela é muito comum
em regiões frias do Hemisfério Norte.

382
Nenúfar

Nome científico: Nuphar spp.


Nome popular: nenúfar, lírio-da-água-amarelo, figos-de-rio-amarelo, golfão-
amarelo, boleira-amarela.
Partes comestíveis: Todas as partes são comestíveis. A fruta contém diversas
sementes marrom escuro que você pode secar ou tostar e moer em farinha. As
raízes grandes contêm amido. Escave da lama, descasque e ferva a parte de
dentro. Algumas vezes as raízes contêm grandes quantidades de um composto
amargo. Ferver a planta em várias trocas de água pode remover o amargor.
Habitat: Esta planta cresce em toda a extensão da América do Norte. São
encontradas em água doce calma e rasa.

383
Noz

Nome científico: Juglans spp.


Nome popular: noz, nogueira.
Partes comestíveis: O miolo das nozes amadurece no outono. Você pode obtê-
lo quebrando as nozes com uma pedra. A castanha dentro da noz é muito
nutritiva devido a seu conteúdo proteico e gorduroso.
Habitat: A nogueira silvestre é encontrada do sudeste da Europa até a Ásia,
China e é abundante no Himalaia. Várias outras espécies de nozes são
encontradas na China e Japão. A nogueira-negra é comum no leste da América
do Norte.
Outros usos: A árvore produz taninos e iodo naturalmente. As cascas dos frutos
verdes podem ser esfregadas em ferimentos para ajudar fechar ferimentos. Ou
você pode preparar uma decocção usando as folhas e usar a solução para lavar
a pele. O iodo natural pode ser usado para tingir roupas, tecidos e ferramentas,
bem como para desinfetar ferimentos. Triture as cascas das nozes verdes e
jogue em lagoas para envenenar peixes naturalmente.

384
Opúncia

Nome científico: Opuntia spp.


Nome popular: opúncia, figo-do-diabo.
Partes comestíveis: Todas as partes da planta são comestíveis. Descasque as
frutas e coma-as frescas ou esmague-as para preparar uma bebida refrescante.
Evite os espinhos pequenos. Torre as sementes e moa-as em farinha.
Habitat: Este cacto ou palma é encontrado em regiões áridas e semiáridas em
áreas secas, arenosas de locais mais úmidos. Comum na América do Sul,
Central e do Norte. Algumas espécies são plantadas em outras partes áridas do
mundo também.
Outros usos: A palma é rica em água. Descasque-a cuidadosamente para retirar
os espinhos antes de colocar em sua boca. Você pode também usar as palmas
para acelerar a cicatrização. Parta as placas ao meio e use a polpa nos
ferimentos.
Perigos: Evite todas as plantas que se parecem com a opúncia, mas possuem
seiva leitosa!

385
Oxicoco (cranberry)

Nome científico: Vaccinium macrocarpon.


Nome popular: oxicoco, cranberry, arandos.
Partes comestíveis: Os frutos são muito azedos quando comidos crus. Cozinhe
em uma pequena quantidade de água com açúcar e faça uma geleia se possível.
Habitat: Cresce em áreas abertas, ensolaradas e úmidas em regiões frias do
Hemisfério Norte.
Outros usos: Oxicocos agem como diurético. São usados para tratamento de
infecções do trato urinário.

386
Palmeira-de-bengala

Nome científico: Corypha elata


Nome popular: palmeira-de-bengala
Partes comestíveis: O tronco possui carboidratos em seu interior que é
comestível cru. A ponta do tronco também é comestível crua ou cozida. Você
pode obter grandes quantidades de líquido açucarado a partir da inflorescência
da palmeira. O miolo das sementes também é comestível.
Habitat: Esta árvore cresce em áreas costeiras das Índias Orientais.
Outros usos: As folhas podem ser usadas como material de tecelagem.
Perigo: As cascas das sementes podem causar dermatite em algumas pessoas.

387
Palmeira-do-açúcar

Nome científico: Arenga pinnata.


Nome popular: palmeira-do-açúcar, arenga, palmeira-arenga, palmeira-da-
malásia, tuaqueira, gomuti.
Partes comestíveis: A principal utilização desta palmeira é para obtenção de
açúcar. No entanto, suas sementes e as pontas dos talos são comida de
sobrevivência. Esmague um talo jovem de inflorescência com uma pedra e colete
o suco que virá dele. É uma excelente fonte de açúcar. Ferva as sementes. Coma
as pontas dos talos como legumes.
Habitat: Nativa das Índias Orientais, mas tem sido plantada em muitas outras
áreas tropicais. Pode ser também encontrada nas margens de florestas tropicais.
Outros usos: O material desgrenhado na base das folhas pode ser usado para
fazer boas cordas pois é forte e resiste ao apodrecimento.
Perigos: A polpa cobrindo as sementes pode causar dermatite de contato.

388
Palmeira-nipa

Nome científico: Nipa fruticans.


Nome popular: palmeira-nipa, nipa, pameira-de-mangue.
Partes comestíveis: O talo jovem da inflorescência e as sementes são uma boa
fonte de alimento e água. Corte o talo da inflorescência e colete o fluido. Este
suco é rico em açúcares. As sementes são duras, mas comestíveis.
Habitat: Esta palmeira é comum em áreas costeiras lamacentas de regiões do
Leste da Ásia.
Outros usos: As folhas são excelentes materiais para se usar como palha ou na
tecelagem mais grosseira.

389
Palmeira-rabo-de-peixe

Nome científico: Caryota urens.


Nome popular: palmeira-rabo-de-peixe.
Partes comestíveis: A principal fonte de alimento é o amido armazenado em
grandes quantidades em seu tronco. O suco da palmeira-rabo-de-peixe é muito
nutritivo, mas você precisa ingerir rapidamente após a obtenção do broto da
inflorescência da palmeira. Ferva o suco para obter um xarope rico em açúcar.
Use o mesmo método para a palmeira-de-açúcar para obter o suco.
Habitat: Nativa nos trópicos na Índia, Assam e Myanmar. Várias espécies
relacionadas também existem no Sudeste da Ásia e nas Filipinas. Estas
palmeiras são encontradas em áreas abertas, morros e selvas.

390
Palmeira-ratan

Nome científico: Calamus spp.


Nome popular: palmeira-ratan, ácoro, ácoro-aromático, cálamo, cálamo-
aromático, cana-cheirosa, pimenta-de-abelhas, raiz-de-cantor, raiz-doce,
vancha, etc.
Partes comestíveis: A planta guarda grandes quantidades de amido nas pontas
de seus talos jovens. Você pode come-las cruas ou torradas. Em outras espécies
uma polpa gelatinosa doce ou azeda circunda a semente. Você pode sugar esta
polpa. O palmito da planta também é comestível cru ou cozido.
Habitat: É encontrada na África tropical, na Ásia, Índias Orientais e Austrália.
Cresce predominantemente em florestas tropicais.
Outros usos: Você pode obter grandes quantidades de água potável cortando as
pontas de longos talos. Os talos também podem ser usados para fazer cestos e
armadilhas para peixes.

391
Pandanus

Nome científico: Pandanus spp.


Nome popular: pandanus, pândano, vacuá.
Partes comestíveis: Colete a fruta madura e arremesse-a ao chão para separar
internamente a polpa da casca rígida. Coma a parte interna macia. Cozinhe em
um fogão de terra as frutas que não estiverem totalmente maduras. Antes de
cozinhar, enrole as frutas em folhas de bananeira, fruta-pão ou outras folhas
grossas disponíveis. Após cozinhar por aproximadamente 2 horas, você pode
comer os segmentos do fruto como se fosse maduro. O fruto verde cru não é
comestível.
Habitat: Planta tropical que cresce em florestas tropicais e florestas estacionais
semideciduais. Pode ser encontrada ao longo de praias, apesar que alguns tipos
crescem no interior. De Madagascar ao Sul da Ásia e as ilhas do Pacífico
Sudoeste são os locais mais comuns onde esta planta cresce. Existem cerca de
180 espécies.

392
Pinheiro

Nome científico: Pinus spp.


Nome popular: pinheiro, pinus.
Partes comestíveis: As raízes de todas as espécies são comestíveis. Você pode
coletar os cones masculinos jovens, que crescem na primavera, como comida
de sobrevivência. Ferva ou asse os cones jovens. A casca de galhos jovens e
finos também é comestível. Você pode mastigar a casca interna suculenta, que
é rica em vitaminas e açúcares. Coma as sementes cruas ou cozidas. Chá das
folhas em agulhas (acúleos) é rico em Vitamina C.
Habitat: Pinheiros crescem em áreas abertas e ensolaradas. São encontrados
ao longo da América do Norte, América Central, Caribe, Norte da África, Europa
Central e alguns lugares na Ásia. No Brasil podem ser encontrados, mas
geralmente florestas inteiras de pinheiros são raras.
Outros usos: Use a resina para tornar objetos resistentes à água. A resina
também pode ser usada como cola. Colete a resina da árvore. Se não houver
resina suficiente na árvore, corte um entalhe na madeira e espere a resina se
acumular. Coloque a resina em um recipiente para aquecer. A resina aquecida
é sua cola, mas pode ser aprimorada com carvão e taboa. Você pode usar a
resina endurecida como preenchimento para um dente quebrado ou perdido.

393
Pistache

Nome científico: Pistacia spp.


Nome popular: pistache, pistácia, pistácio.
Partes comestíveis: Você pode comer o cerne oleoso das nozes após seca-la
sobre brasas.
Habitat: Cerca de 7 espécies de pistache são encontradas em áreas desérticas
ao redor do Mar Mediterrâneo, até a Turquia e o Afeganistão. O pistache é
geralmente encontrado em florestas de arbustos.

394
Pistia

Nome científico: Ceratopteris spp.


Nome popular: pistia, alface-de-água, erva-de-santa-luzia, repolho-d’água e
golfo.
Partes comestíveis: Coma as folhas frescas como alface. Seja cuidadoso para
não molhar as folhas na água contaminada onde a planta cresce. Coma apenas
as folhas que estão fora d’água.
Habitat: Encontrada nos trópicos ao longo do Velho Mundo na Ásia e África.
Outra espécie similar é encontrada no Novo Mundo da Flórida (USA) até a
América do Sul. Pistia cresce apenas em locais encharcados e frequentemente
como planta flutuante em água. Procure em lagos e lagoas parados e em áreas
represadas de rios.
Perigos: A planta possui características carcinogênicas e deve ser consumida
apenas como último recurso.

395
Rosas

Nome científico: Rosa spp.


Nome popular: rosa-silvestre, rosa-canina, etc.
Partes comestíveis: As flores e botões são comestíveis cozidos ou crus. Em uma
emergência você pode descascar e comer os brotos jovens. Você pode ferver
folhas jovens e frescas em água para fazer chá. Após as pequenas pétalas
caírem, coma os pequenos frutos. A polpa é altamente nutritiva e excelente fonte
de Vitamina C. Esmague ou triture as frutinhas secas para fazer farinha.
Habitat: Procure em campos secos e florestas abertas ao redor do Hemisfério
Norte.
Perigos: Coma apenas a polpa da fruta. Algumas espécies possuem sementes
irritantes que podem causar problemas internos.

396
Sabal-da-flórida

Nome científico: Sabal palmetto.


Nome popular: sabal-da-flórida, palmeto.
Partes comestíveis: Os frutos são comestíveis crus. As sementes duras podem
ser trituradas em farinha. O palmito desta palmeira é uma fonte de alimento
nutritiva em qualquer época do ano. Corte o topo da árvore para coletar o
palmito.
Habitat: Nativa da Flórida (EUA), Bahamas e Cuba cresce bem em clima tropical
e subtropical.

397
Sabugueiro

Nome científico: Sambucus nigra, Sambucus canadenses.


Nome popular: sabugueiro, sabugueirinho.
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis quando maduras. As flores
também podem ser comidas ou pode-se fazer suco, deixando-as de molho por
8 horas, descantando as flores e bebendo o líquido.
Habitat: Encontrada em áreas abertas, geralmente úmidas em margens de
pântanos, rios, valas e lagos. Ela é muito comum por quase todo Leste da
América do Norte.
Perigos: Todas as outras partes desta planta são tóxicas e perigosas se
ingeridas.

398
Saguzeiro

Nome científico: Metroxylon sagu.


Nome popular: sagu, saguzeiro.
Partes comestíveis: Estas palmeiras, quando disponíveis, são muito úteis ao
sobrevivente. Um tronco, cortado antes de florescer irá fornecer sagu para uma
pessoa por 1 ano. Sagu é uma espécie de fécula extraída desta árvore. Corte no
comprimento ao meio e soque o miolo esbranquiçado e macio do tronco o
máximo que puder. Sove a massa com água e esprema em um pedaço de tecido
grosseiro em um recipiente. O sagu fino e branco irá se assentar no recipiente.
Uma vez que a fécula se assente, está pronta para usar. Remova o excesso de
água e deixe secar. Cozinhe como panquecas, use no lugar de farinha de aveia,
etc. 2 kg de sagu possui o equivalente nutricional de 1,5kg de arroz. A parte
superior do tronco não produz sagu, mas você pode torrar em pedaços. Você
pode ainda comer as nozes jovens do saguzeiro, além dos brotos.
Habitat: Florestas tropicais. Comum nas terras baixas e úmidas da Península
Malaia, Nova Guiné, Indonésia, Filipinas e ilhas adjacentes. É encontrada
principalmente em pântanos, ao longo de rios, lagos e riachos.

399
Salgueiro-do-ártico

Nome científico: Salix arctica.


Nome popular: salgueiro-do-ártico.
Partes comestíveis: Você pode coletar os pequenos brotos do salgueiro-do-
ártico no início da primavera. Retire a casca externa, e coma as porções internas.
Você pode fazer o mesmo com as raízes das plantas jovens. As folhas das
plantas jovens são riquíssimas em Vitamina C, contendo de 7 a 10 vezes mais
que laranjas.
Habitat: Região do Ártico, tundras da Europa, América do Norte e Ásia. Você
também pode encontra-los em regiões montanhosas frias temperadas.

400
Samambaia

Nome científico: Várias espécies.


Nome popular: samambaia, árvore-samambaia, dentre outros.
Partes comestíveis: As folhas jovens e a porção interna, macia do tronco são
comestíveis. Ferva as folhas jovens e coma como salada. Coma a porção interna
do tronco crua ou asse-a.
Habitat: São encontradas em áreas úmidas, em florestas tropicais.

401
Sassafrás

Nome científico: Sassafras albidum.


Nome popular: sassafrás, canela-de-sassafrás.
Partes comestíveis: As folhas e galhos jovens são comestíveis verdes ou secos.
Você pode adicionar estas partes secas à ensopados. Escave a porção
subterrânea, remova a casca e deixe secar. Então coloque em água fervente
para preparar um chá de sassafrás.
Habitat: Cresce nas margens de florestas e estradas, geralmente em locais
abertos e ensolarados. É comum em várias partes do mundo.
Outros usos: Rasgue os gravetos macios para improvisar uma escova de dentes.

402
Saxaul

Nome científico: Haloxylon ammondendron.


Nome popular: saxaul.
Partes comestíveis: A casca grossa age como uma caixa d’água. Você pode
obter água pressionando boas quantidades da casca. Esta planta é uma
importante fonte de água em regiões áridas onde cresce.
Habitat: Encontrada nos desertos e regiões áridas. É comum nos desertos de sal
da Ásia Central, particularmente na região do Turquestão e ao Leste do Mar
Cáspio.

403
Sorgo

Nome científico: Sorghum spp.


Nome popular: sorgo, sorghum.
Partes comestíveis: Os grãos são comestíveis em qualquer etapa do
desenvolvimento. Quando jovens, os grãos são leitosos e comestíveis crus.
Ferva os grãos maduros. Sorgo é um alimento nutritivo.
Habitat: Sorgo é encontrado em climas quentes ao redor do mundo. Todas as
espécies são encontradas em áreas abertas e ensolaradas.

404
Sterculia

Nome científico: Sterculia foetida.


Nome popular: sterculia, chichá-fedorento, oliva-de-java, castanha-da-índia.
Partes comestíveis: As grandes vagens vermelhas produzem várias sementes
comestíveis. As sementes de todas as sterculias são comestíveis e possuem um
sabor agradável parecido com cacau. Você pode come-las como nozes ou
castanhas, cruas ou tostadas.
Habitat: Existem mais de 100 espécies de sterculias distribuídas ao longo de
todas as áreas tropicais. Elas são árvores majoritariamente de floresta.
Perigos: Evite comer grandes quantidades. As castanhas podem ter um efeito
laxativo.

405
Taboa

Nome científico: Typha latifolia.


Nome popular: taboa, tabúa, tabúa-de-folha-larga, morrão-dos-fogueteiros,
foguetes.
Partes comestíveis: Os brotos jovens e macios são comestíveis crus ou cozidos.
O rizoma é muito duro, mas contém carboidratos. Esmague o rizoma para extrair
o amido e use-o como farinha. O pólen é também uma excepcional fonte de
amido. Quando a taboa está imatura e ainda verde, você pode ferver a parte
feminina e comer como uma espiga de milho.
Habitat: São encontradas basicamente em todo o planeta. Procure-os próximos
a áreas alagadas e ensolaradas, como margens de lagos, rios, canais, brejos,
etc.
Outros usos: As folhas secas são excelente material para tecelagem. As
sementes felpudas são boas para se fazer travesseiros e para isolamento. As
penugens são ótimas iscas de fogo. Taboa seca também é um ótimo repelente
de insetos quando queimada.

406
Tamareira

Nome científico: Phoenix dactylifera.


Nome popular: tâmara, tamareira.
Partes comestíveis: A fruta é comestível fresca, mas é muito azeda se comida
antes de estar madura. Você pode secar as tâmaras para preserva-las por um
longo período.
Habitat: Cresce em regiões áridas semitropicais. É nativa do Norte da África e
do Oriente Médio, mas tem sido plantada em regiões áridas em todo o mundo.
Outros usos: O tronco fornece bom material de construção nas regiões
desérticas, onde há poucas árvores disponíveis. As folhas são duradouras e
você pode usar como material de tecelagem ou como palha/forração. A base das
folhas lembra um tecido áspero que você pode usar para esfregar e limpar.

407
Tamarindo

Nome científico: Tamarindus indica.


Nome popular: tamarindo, tamarindeiro, tamarineira, tamarineiro, tamarina e
jubaí.
Partes comestíveis: A polpa ao redor das sementes é rica em Vitamina C e é
uma importante comida de sobrevivência. Você pode fazer bebidas saborosas
cítricas misturando a polpa com açúcar ou mel e água e deixando a mistura
sazonar por vários dias. Sugue a polpa para aliviar a sede. Cozinhe as frutas
verdes, imaturas ou vagens junto de carne. Use as folhas jovens em sopas. Você
deve cozinhar as sementes. Torre-as no fogo ou em brasas. Outra forma é
remover a casca da semente e mergulhar em água salgada com coco ralado por
24 horas e, então cozinha-las. Você pode ainda descascar o tronco e mascar a
casca.
Habitat: A tamarindo cresce em parte secas da África, Ásia e Filipinas. Apesar
de ser considerada nativa da África, foi cultivada na Índia por tanto tempo que já
é considerada nativa de lá. É também encontrada nos trópicos na América do
Norte, Índias Ocidentais, América Central e América do Sul tropical.

408
Tanchagem

Nome científico: Plantago spp.


Nome popular: tanchagem, chinchagem, chinchage, chantage, chentage,
chincais, engorda-porcos, erva-das-sete-linhas, erva-dos-sete-castelos,
sinchais, tanchagem-folha-larga, tanchagem-maior, tantage.
Partes comestíveis: As folhas jovens tenras são comestíveis cruas. Folhas
velhas devem ser cozidas. Sementes são comestíveis cruas ou torradas.
Habitat: Procure em relvas e ao longo de estradas ao Norte nas regiões
temperadas. Esta planta é uma erva daninha comum ao redor do mundo,
incluindo Brasil.
Outros usos: A tanchagem apresenta muitos usos medicinais, como tratamento
de ferimentos e escaras através da limpeza. Encharque a folha e aplique no
ferimento. Para tratar diarreia, beba o chá feito das folhas em água fervida. As
sementes e cascas também são laxantes.

409
Tanchagem-da-água

Nome científico: Alisma plantago-aquatica.


Nome popular: tanchagem-da-água, alface-dos-arrozais, alisma, colhereira,
colhereiro, coresia, erva-alface, erva-couveira, orelha-de-mula, pão-de-rã,
tanchagem-aquática, tanchagem-de-água.
Partes comestíveis: As raízes são boa fonte de amido. Ferva-as ou mergulhe em
água para remover o gosto amargo.
Habitat: Procure esta planta em água doce em regiões úmidas, ensolaradas, nas
zonas tropicais e temperadas.
Perigos: Sempre cozinhe plantas aquáticas para evitar parasitas.

410
Taro

Nome científico: Xanthosoma caracu.


Nome popular: taro, inhame-coco, inhame-dos-Açores.
Partes comestíveis: Os tubérculos são ricos em amido. Cozinhe-os antes de
comer para destruir uma substância venenosa presente em todas as partes da
planta.
Habitat: Esta planta cresce por todo o Caribe. Procure em áreas abertas e
ensolaradas.
Perigos: Sempre cozinhe antes de comer.

411
Umbilicaria

Nome científico: Umbilicaria spp.


Nome popular: umbilicária, líquen-umbilicária.
Partes comestíveis: Todas as partes do líquen são comestíveis. Raspe de sua
superfície na pedra e lave para remover a sujeira. O líquen pode ser seco e
crocante. Mergulhe na água até que fique macio. A umbilicária pode conter
grandes quantidades de substâncias amargas. Deixar de molho em várias trocas
de água pode ajudar a reduzir o amargor.
Habitat: Procure em rochas e pedregulhos pelo líquen. Ele é comum em várias
partes do mundo.
Perigos: Existem alguns relatos de intoxicação por umbilicaria. Por via das
dúvidas, faça o Teste de Comestibilidade Universal.

412
Urtiga

Nome científico: Urtica spp. e Laportea spp.


Nome popular: urtiga, ortiga.
Partes comestíveis: Brotos jovens e folhas são comestíveis. Ferva a planta por
10 a 15 minutos para neutralizar os venenos nos pelos. A planta é muito nutritiva.
Habitat: Urtigas preferem áreas úmidas ao longo de rios ou nas margens de
florestas. São encontradas ao longo da América do Norte, América Central,
Caribe e Norte da Europa.
Outros usos: Os talos maduros possuem camadas fibrosas que você pode dividir
em fibras individuais e tecer cordas.

413
Uva-de-urso

Nome científico: Arctostaphylos uvaursi


Nome popular: bearberry, uva-de-urso, uva ursina, buxilo, medronheiro, ursina,
uva dos ursos.
Partes comestíveis: As frutas são comestíveis cruas ou cozidas. Você pode fazer
um chá refrescante com as folhas jovens.
Habitat: Esta planta é encontrada em regiões árticas, subárticas e temperadas,
mais frequentemente em terreno arenoso ou rochoso.

414
Videiras silvestres

Nome científico: Vitis spp.


Nome popular: videira, uva, uva-silvestre, vite, vinhal, vinha, parreira.
Partes comestíveis: A uva madura é a parte comestível. Uvas são ricas em
açúcares e, por esta razão, são muito procuradas como comida de energia.
Nenhuma uva é venenosa.
Habitat: São distribuídas em todo o mundo. Algumas espécies são encontradas
no deserto, outras em florestas temperadas e outras em áreas tropicas. Elas
crescem escalando outras vegetações. O melhor lugar pra procurar por uvas
silvestres é na borda de florestas.
Outros usos: Você pode obter água dos ramos da parreira cortados. Corte o
ramo na base e coloque dentro de um recipiente. Faça um corte inclinado na
mesma rama a uma altura de cerca de 2m.
Perigos: Para evitar envenenamento, não coma frutos parecidos com uvas que
tenham apenas uma semente.

415
Zimbro

Nome científico: Juniperus spp.


Nome popular: zimbro, junípero.
Partes comestíveis: As frutinhas e os ramos/rebentos são comestíveis. Coma as
frutinhas cruas ou torre as sementes e use como substituto de café. Use as frutas
secas e esmagadas como tempero para carne. Colete ramos verdes para fazer
chá.
Habitat: Procure pelo zimbro em áreas abertas, secas e ensolaradas ao longo
da América do Norte e norte da Europa. Algumas espécies são encontradas no
sudoeste da Europa, ao longo da Ásia até o Japão e nas montanhas no Norte da
África.
Perigo: Muitas vezes os zimbros são chamados de cedro, mas não são cedros
de verdade. Procure pelas frutas, folhas em agulhas (acúleos) e a seiva resinosa
e fragrante para se certificar que se trata do zimbro.

416
Zizânia (arroz silvestre)

Nome científico: Zizania aquática.


Nome popular: arroz-silvestre, zizânia.
Partes comestíveis: Durante o verão e primavera a porção central do caule e
brotos de raízes são comestíveis. Remova toda a casca antes de comer. No fim
do verão e no outono, colete as cascas cobertas de palha. Seque as cascas,
quebre-as e remova o arroz. Ferva ou toste e triture o arroz em farinha.
Habitat: Arroz silvestre cresce apenas em áreas muito úmidas e encharcadas
nos trópicos e zonas temperadas.

417
Apendice B – Plantas Venenosas

As plantas envenenam basicamente por contato, ingestão, absorção ou


inalação. Elas causam irritações dolorosas na pele após contato, causam
envenenamento interno após ingestão, e envenenam também após absorção
pela pele ou inalação pelo sistema respiratório. Muitas plantas comestíveis
possuem semelhantes venenosas. Aprenda a identificar plantas de antemão.
Não há espaço para experimentações no que diz respeito a plantas,
especialmente em locais desconhecidos.

Aroeira

Nome científico: Litharae brasiliens March


Nome Popular: pau-de-bugre, coração-de-bugre, aroeirinha preta, aroeira-do-
mato, aroeira-brava.
Partes tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: o contato ou, possivelmente, a proximidade provoca reação
dérmica local (bolhas, vermelhidão e coceira), que persiste por vários dias; a
ingestão pode provocar manifestações gastrointestinais

418
Avelós
Nome científico: Euphorbia tirucalli L.
Nome Popular: graveto-do-cão, figueira-do-diabo, dedo-dodiabo, pau-pelado,
árvore de São Sebastião.
Partes tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço)
de lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com olhos
provoca irritação, lacrimejamento, edema (inchaço) das pálpebras e dificuldade
de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarréia.

419
Bico-de-papagaio

Nome científico: Euphorbia pulcherrima Willd.


Nome Popular: rabo-de-arara, papagaio.
Partes tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço)
de lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com olhos
provoca irritação, lacrimejamento, edema (inchaço) das pálpebras e dificuldade
de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarréia.

420
Chapéu-de-Napoleão

Nome científico: Thevetia peruviana Schum.


Nome Popular: chapéu-de-napoleão, jorro-jorro, bolsa-de-pastor.
Partes tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a ingestão ou contato com o látex pode causar dor e queimação
na boca, salivação, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia, tonturas e
distúrbios cardíacos que podem levar a morte.

421
Cinamomo

Nome científico: Melia azedarach L.


Nome Popular: jasmim-de-caiena, jasmim-de-cahorro, jasmim-de-soldado,
árvore-santa, loureiro-grego, lírio-da-índia, Santa Bárbara.
Partes tóxicas: frutos e chá das folhas.
Sintomatologia: a ingestão pode causar aumento da salivação, náuseas,
vômitos, cólicas abdominais, diarréia intensa; em casos graves pode ocorrer
depressão do sistema nervoso central.

422
Comigo-Ninguém-Pode

Nome científico: Dieffenbachia picta Schott.


Nome Popular: comigo-ninguém-pode, aninga-do-Pará
Partes Tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação,
edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação
abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar
irritação e lesão da córnea.

423
Copo-de-Leite

Nome científico: Zantedeschia aethiopica Spreng.


Nome Popular: copo-de-leite.
Partes Tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a ingestão e o contato podem causar sensa- ção de queimação,
edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação
abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar
irritação e lesão da córnea.

424
Coroa-de-Cristo

Nome científico: Euphorbia milli L.


Nome Popular: coroa-de-cristo.
Partes tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço)
de lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com olhos
provoca irritação, lacrimejamento, edema (inchaço) das pálpebras e dificuldade
de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarréia.

425
Espirradeira

Nome científico: Nerium oleander L.


Nome Popular: oleandro, louro rosa.
Partes tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a ingestão ou contato com o látex pode causar dor em
queimação na boca, salivação, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia,
tonturas e distúrbios cardíacos que podem levar a morte.

426
Mamona

Nome científico: Ricinus communis L.


Nome Popular: carrapateira, mamoneira, palma-de-cristo, carrapato.
Partes tóxicas: sementes.
Sintomatologia: a ingestão das sementes mastigadas causa náuseas, vômitos,
cólicas abdominais, diarréia mucosa e até sanguinolenta; nos casos mais graves
pode ocorre convulsões, coma e óbito.

427
Mandioca-Brava

Nome científico: Manihot utilissima Pohl. (Manihot esculenta Cranz).


Nome Popular: mandioca, maniva.
Partes tóxicas: raiz e folhas.
Sintomatologia: a ingestão pode causar cansaço, falta de ar, fraqueza,
taquicardia, taquipnéia, acidose metabólica, agitação, confusão mental,
convulsão, coma e óbito.
ATENÇÃO: Só é possível diferenciar a mandioca-brava da mandioca-mansa
através de exames laboratoriais para determinação do teor de ácido cianídrico.
Não consuma nenhuma mandioca se você não tem este nível de certeza.

428
Saia-Branca

Nome científico: Datura suaveolens L.


Nome Popular: trombeta, trombeta-de-anjo, trombeteira, cartucheira, zabumba.
Partes tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a ingestão pode provocar boca seca, pele seca, taquicardia,
dilatação das pupilas, rubor da face, estado de agitação, alucinação, hipertemia;
nos casos mais graves pode levar à morte.

429
Taioba-Brava

Nome científico: Colocasia antiquorum Schott.


Nome Popular: taioba-brava, cocó, taió, tajá.
Partes Tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação,
edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação
abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar
irritação e lesão da córnea.

430
Tinhorão

Nome científico: Caladium bicolor Vent.


Nome Popular: tinhorão, tajá, taiá, caládio.
Partes Tóxicas: todas as partes da planta.
Sintomatologia: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação,
edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação
abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar
irritação e lesão da córnea.

431
Urtiga

Nome científico: Fleurya aestuans L.


Nome Popular: urtiga-brava, urtigão, cansanção.
Partes tóxicas: pêlos do caule e folhas.
Sintomatologia: o contato causa dor imediata devido ao efeito irritativo, com
inflamação, vermelhidão cutânea, bolhas e coceira.

432
Apendice C – Insetos e Aracnideos Perigosos

Insetos são frequentemente negligenciados ou esquecidos como um


perigo na sobrevivência. Mais pessoas morreram no mundo devido às doenças
e complicações da picada de mosquitos e pernilongos do que em todas as
guerras da humanidade combinadas. Alguns insetos são venenosos o suficiente
para matar, mas são raros. O maior perigo é a transmissão de doenças.

Abelha

Descrição: Inseto com corpos peludos pretos ou marrons. Geralmente


encontrado em colônias. Muitos constroem colmeias de cera. Geralmente
possuem listras amarelas no abdômen.
Habitat: Árvores ocas, cavernas, habitações. Próximo à água no deserto.
Distribuição: Todo o mundo.
Perigos: Abelhas possuem um ferrão farpado e morrem após ferroar pois seu
saco de veneno e órgãos internos são puxados no ataque.

433
Aranha-armadeira
Phoneutria sp.
Descrição: Corpo de 3,5cm a 5cm e pernas de até 17cm de comprimento.
Altamente agressivas, atacam com as patas dianteiras levantadas. Podem se
esconder em roupas e sapatos. No abdômen, possuem manchas formando
listras claras longitudinais.
Habitat: Locais úmidos e escuros de dia, ativas à noite. Não constroem teias.
Distribuição: América do Sul, Central, desde a Guatemala até a Argentina.
Perigos: Veneno altamente tóxico, picadas sucessivas. Responsáveis por quase
50% dos acidentes com aracnídeos no Brasil.

434
Aranha-violinista (marrom reclusa)
Laxosceles reclusa
Descrição: Coloração de marrom a preto com um violino nitidamente desenhado
no dorso do cefalotórax. Corpo robusto com pernas finas e longas de 2,5 a 4cm
de comprimento.
Habitat: Debaixo de detritos, pedras e troncos. Cavernas e lugares escuros.
Dentro de roupas e calçados pouco usados.
Distribuição: Praticamente todo o planeta.

435
Aranha-teia-de-funil
Atrax robustus e Atrax formidablis
Descrição: Grandes, marrons, volumosas. São agressivas quando incomodadas.
Habitat: Florestas, selvas e áreas arbustivas. A teia possui formato de funil.
Distribuição: Majoritariamente Austrália. Outras espécies não-venenosas em
todo o mundo.

436
Carrapato

Descrição: Corpo arredondado do tamanho de uma cabeça de alfinete até 2,5cm


de largura. Possui 8 patas e presas para sugar sangue. Existem cerca de 850
espécies ao redor do mundo.
Habitat: Principalmente em florestas e gramados. Também encontrado em áreas
urbanas e fazendas.
Distribuição: Todo o mundo.

437
Centopéias

Descrição: Corpos multi-articulados de até 30cm de comprimento. Cores em


laranja para marrom com olhos pretos em pontos na base da antena. Existem
mais de 2800 espécies ao redor do mundo.
Habitat: Debaixo de cascas e pedras durante o dia. Ativas durante a noite.
Distribuição: Todo o mundo.

438
Escorpião
Ordem Scorpianidae
Descrição: Marrons, amarelos e pretos. Vão de 7,5cm a 20cm de comprimento,
com pinças semelhantes às das lagostas, e cauda articulada recurvada sobre as
costas. A ponta da cauda possui o telson (ferrão) e duas glândulas de veneno.
Habitat: Matéria em decomposição, debaixo de detritos, troncos e pedras. Se
alimenta à noite. Às vezes se escondem em calçados pouco usados. Pode se
esconder em tubulações não-utilizadas.
Distribuição: Todo o mundo em áreas tropicais, temperadas e áridas.
Perigos: Escorpiões ferroam com a cauda, possivelmente causando dor local,
inchaço, incapacitação e até morte.

439
Tarântula
Theraphosidae sp. e Lycosa sp.
Descrição: Muito grandes, peludas, pretas, avermelhadas, marrons. Grandes
quelíceras (presas) causam doloroso ferimentos.
Habitat: Áreas desérticas, trópicos.
Distribuição: Américas e Sul da Europa.

440
Vespas

Descrição: Geralmente de corpos lisos e esguios. Muitos fazem ninhos


individuais de barro ou em colônias de ninhos de papel. Ferrão liso que permite
múltiplas picadas. Existem centenas de espécies ao redor do mundo.
Habitat: Podem ser encontradas em qualquer lugar.
Distribuição: Todo o mundo.
Nota: Uma exceção à aparência geral é a formiga-veludo, uma vespa sem asas
comum do Sul da América do Norte e México que possui listras coloridas
aveludadas

441
Viúva-negra
Latrodectus sp.
Descrição: Aranhas escuras com marcações vermelhas ou laranjas no abdômen
da fêmea.
Habitat: Debaixo de troncos, pedras e detritos. Em locais sombreados.
Distribuição: Várias espécies distribuídas ao redor do mundo. No Brasil está
amplamente distribuída, principalmente nas áreas litorâneas.
Perigos: As fêmeas são o gênero venenoso. A viúva-vermelha é a única aranha
do Oriente Médio sabidamente letal para humanos.

442
Apendice D – Serpentes e Lagartos Perigosos

Serpentes
Se você tem medo de serpentes é provavelmente porque você não está
familiarizado com elas ou possui informações incorretas sobre elas. Não há
motivo para ter medo de serpentes se você sabe:
• Seus habitats.
• Como identificar os tipos perigosos.
• Precauções a se tomar para evitar picadas.
• Quais ações a serem tomadas em caso de picada.
Para um homem usando sapatos/botas e calças vivendo no campo o
perigo de ser picado por uma serpente venenosa é pequena, em comparação
com os perigos da malária, cólera, disenteria e outras doenças.
Quase todas as serpentes evitam o homem se puderem. Algumas poucas
– a cobra-real do sudeste da Ásia, a surucucu e a cascavel da América do Sul,
e a mamba da África – podem ser agressivas e atacarem o homem, mas mesmo
essas serpentes o fazem muito raramente. A maioria das serpentes foge da
presença humana e são raramente vistas.

Maneiras de evitar picada de serpentes


Serpentes são largamente distribuídas. Elas são encontradas em todas
as regiões tropicais, subtropicais e temperadas. Algumas espécies de serpentes
possuem glândulas especializadas que contêm venenos e toxinas e longos e
ocos dentes na frente da boca para inocular o veneno (peçonha).
Apesar que as serpentes peçonhentas usam seu veneno para garantir
alimento para si, elas também o utilizam para autodefesa. Acidentes com
humanos ocorrem quando você não vê ou ouve a serpente, quando você pisa
nelas ou quando você se aproxima demais delas.
Siga estas simples regras para evitar a chance de picadas acidentais com
serpentes:
• Não durma próximo de arbustos, grama alta, pedregulhos grandes ou
árvores. Estes são bons locais de esconderijo de serpentes. Coloque
seu saco de dormir ou outro sistema em uma clareira. Use tela
mosquiteiro bem fechada para fornecer uma barreira extra.
• Não coloque suas mãos em locais escuros, como fendas em rochas,
arbustos densos ou troncos ocos, sem antes checar.
• Não dê passos por sobre troncos caídos. Pise em cima do tronco e
veja se não há uma serpente do outro lado primeiro. Sempre olhe por
onde anda.

443
• Não pegue nenhuma serpente a não ser que você esteja
absolutamente seguro de que não é peçonhenta.
• Não pegue serpentes recentemente mortas se antes cortar a cabeça.
O sistema nervoso pode ainda estar ativo e uma serpente morte pode
dar uma picada por reflexos nervosos.

Grupos de serpentes
Serpentes perigosas para o homem se dividem em duas categorias:
proteróglifa e solenóglifa. Os dentes e veneno são melhor descritos por estas
categorias.
Categoria Tipo de peçonha Tipo de veneno
Proteróglifa Fixa Geralmente neurotóxico
Solenóglifa Retrátil Geralmente hemotóxico

Peçonha
As proteróglifas possuem, na porção frontal da mandíbula superior e
precedendo dentes normais, um par de dentes grandes, permanentemente
eretos. Este par é chamado de peçonha fixa.
As solenóglifas possuem dentes eréteis que são um par de dentes
grandes que elas podem mover para a posição erétil e retrair para dentro da
boca. Este par é chamado de peçonha retrátil.
Veneno
As serpentes de peçonhas fixas geralmente possuem venenos
majoritariamente neurotóxicos. Estes venenos afetam o sistema nervoso da
vítima, fazendo com que ela não consiga respirar, dentre outros efeitos.
As serpentes de peçonhas retráteis geralmente possuem venenos
majoritariamente hemotóxicos. Estes venenos afetam o sistema circulatório,
destruindo células sanguíneas, danificando tecidos e causando hemorragia
interna.
Lembre-se, no entanto, que a maioria das serpentes venenosas possuem
ambos os tipos de venenos. Geralmente um tipo de veneno na serpente é
dominante e o outro é mais fraco.
Serpentes venenosas e não venenosas
Não há uma característica específica que diferencie serpentes venenosas
de não venenosas, exceto a presença das peçonhas e glândulas de veneno.
Somente em espécimes mortos que você poderá verificar tais atributos, portanto,
na dúvida, não manipule ou se aproxime de uma serpente.
A cobra coral é uma espécie brasileira que possui uma semelhante não
venenosa. No entanto, a única maneira de identificar a falsa coral e a verdadeira

444
é através da análise minuciosa de sua cabeça, que só é possível com o animal
morto. Portanto, trata qualquer coral como sendo verdadeira, por exemplo.
Para considerar o bote de algumas serpentes, leve em conta que a
maioria só consegue alcançar cerca de 1/3 do seu comprimento com o bote. A
medida média de serpentes no Brasil é de aproximadamente 1m e, portanto, o
bote médio de uma serpente no Brasil é de aproximadamente 30cm. Esta é a
altura aproximada dos joelhos de um humano em pé, por isso, use sempre botas
ou perneiras adequadas.

Descrições das serpentes venenosas


Existem muitos tipos de serpentes venenosas ao redor do mundo. É muito
improvável você ter contato com todas, exceto em um zoológico ou serpentário.
Este manual descreve apenas algumas espécies mais comuns. Porém, você
pode identificar uma serpente venenosa se você:
• Aprender sobre os dois grupos de serpentes e as famílias a que elas
pertencem (descrito abaixo).
• Examinar as fotografias e ler as descrições das serpentes neste
apêndice.
• Pesquisar a respeito, visitar um zoológico ou um serpentário e se
aprofundar no assunto.
Efeitos clínicos de picadas de serpentes:
Grupo Família Efeitos locais Tipo de veneno
Solenóglifa Viperidae Dor forte, inchaço, Hemorrágico,
necrose falência múltipla
Veneno Víboras
de órgãos,
dominante tipo verdadeiras com
destruição de
hemotóxico que peçonha retrátil
células
causa danos a
Crotalidae sanguíneas
partir do sistema
circulatório Víboras com
fosseta loreal e
peçonha retrátil
Trimeresurus
Proteróglifa Elapidae
Veneno Peçonha fixa
dominante tipo
Cobra Dores variáveis, Colapso
neurotóxico que
inchaço, necrose respiratório
afeta o sistema
nervoso Krait Sem efeitos locais

445
Micrurus Pouca ou
nenhuma dor, sem
efeitos locais
Laticaudidae e Dor local e
Hydrophidae inchaço
Serpentes
marinhas com
peçonha fixa

Famílias de serpentes:
Viperidae
Víbora europeia comum Víbora palestina
Víbora-cornuda Biúta
Víbora-do-gabão Víbora-rinoceronte
Víbora-lebetina Víbora de Russell
Víbora-chifruda Víbora da areia
Víbora McMahon Víbora-escama-de-serra
Víbora-toupeira Víbora ursinii
Elapidae
Cabeça-de-cobre-australiana Mamba verde
Naja comum Cobra-real
Cobra coral Krait comum
Cobra-da-morte Taipan
Naja-egípcia Cobra-tigre
Crotalidae
Serpente-mocassim-cabeça-de- Cobra-de-pestana
cobre
Jararaca
Boomslang
Trimeresurus stejnegeri
Víboras-das-árvores
Habu
Surucucu
Víbora-saltadora
Mocassim-d’água
Víbora-da-malásia
Cascavel-diamante-oriental
446
Cascavel-de-mojave
Gloydius halys
Cascavel tropical
Víbora-do-templo
Cascavel-diamante-ocidental
Laticauda colubrina

447
Hydrophidae
Cobra-do-mar-pelágio

Viperidae
A família viperidae das víboras verdadeiras, geralmente possuem corpos
grossos e cabeças muito mais largas que seus pescoços. No entanto, existem
muitos tamanhos, marcas e colorações variados.
Este grupo de serpentes desenvolveu meios muito sofisticados de aplicar
o seu veneno. Os espécimes possuem presas longas e ocas, que funcionam
como agulhas subcutâneas. Elas injetam o veneno profundamente na ferida.
As presas deste grupo de serpentes são móveis. Estas serpentes retraem
a peçonha no céu de suas bocas. Quando atacam, as presas vêm à frente,
perfurando a vítima. A serpente controla o movimento de suas presas; o
movimento destas não é automático. O veneno é geralmente hemotóxico.
Porém, existem várias espécies que possuem grande quantidade de elementos
neurotóxicos, fazendo deles mais perigosos ainda. As víboras são responsáveis
por muitas fatalidades humanas ao redor do mundo.
Crotalidae
As crotalíneos ou cobra-covinha podem ter corpos delgados ou grossos.
A cabeça é geralmente bem mais larga que o pescoço. Estas serpentes recebem
o nome devida as covas profundas localizadas entre os olhos e as narinas
chamadas fossetas loreais. Elas são geralmente marrom escuras com manchas
escuras, mas algumas são verdes.
Cascavéis, cabeças-de-cobre, mocassins-d’água e muitas outras
espécies de serpentes perigosas da América do Sul, Central, Ásia, China e Índia
entram nesta categoria. As fossetas são órgãos altamente sofisticados e
sensíveis que conseguem detectar as mínimas variações em temperatura. A
maioria dos crotalíneos são de hábitos noturnos. Eles caçam por comida à noite,
com auxilio das fossetas loreais que permitem encontrar suas presas na
escuridão total.
As cascavéis são as únicas crotalíneas que possuem chocalho na ponta
da cauda.
A Índia possui cerca de 12 espécies destas serpentes. Você as encontra
em árvores ou no chão em todo tipo de terreno. As serpentes de árvores são
delgadas, enquanto as de chão são mais robustas. Todas são perigosas.
Na China há uma cobra-covinha similar à mocassim-d’água encontrada
na América do Norte. Você pode encontra-las em áreas rochosas das remotas
montanhas do Sul da China. Ela alcança um comprimento de 1,4m mas não
ataca a menos que seja incomodada. Você pode também encontrar uma
pequena cobra-covinha com cerca de 45cm de comprimento nas planícies do
448
Leste da China. Esta é muito pequena para representar um perigo para um
humano usando calçados.
Existem cerca de 25 espécies de cascavéis nos Estados Unidos e México.
Elas variam de cor e podem ou não ter manchas ou pintas. Algumas são
pequenas, mas outras como a costas-de-diamante podem alcançar 2,5m de
comprimento.
Existem 5 espécies de cascavéis nas Américas do Sul e Central, mas
somente as cascavéis tropicais são largamente presentes na natureza. O
chocalho na ponta da cauda é identificação suficiente para uma cascavel.
A maioria tentará fugir sem lutar ou picar quando aproximadas, mas há
sempre uma chance de que uma delas irá picar uma pessoa passando por perto.
Elas nem sempre dão o aviso com o chocalho, podendo picar antes de agitar o
chocalho.
O gênero Trimeresurus é um subgrupo dos crotalíneos. Estas são cobras-
covinhas asiáticas. São normalmente residentes de árvores, mas algumas vivem
no chão. Elas basicamente possuem as mesmas características dos crotalíneos,
corpo esguio e muito perigosas. Suas picadas geralmente são nas extremidades
superiores: cabeça, pescoço e ombros. Seu veneno é muito hemotóxico.
Elapidae
Os elapídeos são uma família de répteis também conhecidos como
cobras, altamente perigosos, que possuem veneno neurotóxico. Este veneno
afeta o sistema nervoso e causa paradas respiratórias. Incluídas nesta família
estão as cobras corais, najas, mambas e todas as serpentes venenosas
australianas. A cobra coral é uma serpente pequena e delgada que pode causar
fatalidades humanas. As espécies mais comuns da Austrália estão entre as
serpentes mais venenosas do mundo, causando muitas fatalidades.
Apenas ao examinar a cabeça de um elapídeo morto é que você poderá
identificar se é uma cobra ou apenas uma semelhante. Nas cobras, kraits e
corais, a terceira escama do lábio superior toca o olho e a narina ao mesmo
tempo. A krait também possui uma fileira de escamas mais largas ao longo das
costas.
Você pode encontrar cobras da África e no Leste da Ásia em quase todos
os habitats. Uma espécie pode viver na água ou próximo dela, enquanto outra
em árvores. Algumas são agressivas e ferozes. A distância que um elapídeo
pode atacar é a mesma distância que sua cabeça se levanta do solo. Algumas
cobras, entretanto, podem cuspir veneno a distâncias de 3 a 3,5m. Este veneno
é inofensivo a não ser que atinja os seus olhos; podendo causar cegueira se não
for lavado imediatamente. Cutucar buracos e pilhas de pedras pode ser perigoso
devido à chance de encontrar uma cobra cuspideira.
Laticaudidae e Hydrophidae

449
Uma subfamília dos elapídeos, estas serpentes são especializadas em
sobreviver nos oceanos. O motivo de viverem nos oceanos ainda não é
esclarecido totalmente.
Serpentes marinhas são diferentes em aparência de todas as outras, pois
possuam uma espécie de barbatana em formato de remo na ponta da cauda
para auxiliar na natação. Algumas espécies de serpentes marinhas possuem
venenos muitas vezes mais potentes que as cobras. Devido ao seu ambiente
marinho, elas raramente têm contato com humanos. As exceções são
pescadores que as capturam em redes e mergulhadores incautos que nadam
nas águas onde vivem estas serpentes.
Existem muitas espécies de serpentes marinhas. Elas variam bastante em
cor e forma. Suas escamas as distinguem das enguias, que não têm escamas.
Serpentes marinhas são nativas de água salgada ao longo das costas em
todo Pacífico. Existem ainda serpentes marinhas na costa Lesta da África e no
Golfo Pérsico. Não existem serpentes marinhas no Oceano Atlântico.
Não existe motivo para temer serpentes marinhas. Elas não são
conhecidas por atacar humanos nadando. Pescadores ocasionalmente são
picados por uma serpente capturada em suas redes. A picada é muito perigosa.
Colubridae
Os colubrídeos são o maior grupo de serpentes ao redor do mundo. Nesta
família existem espécies que possuem dentes posteriores. Porém, a maioria é
inofensiva para o homem. A família possui espécimes que produzem veneno e
dentes grandes ranhurados posteriores na boca, que permitem que o veneno
flua para a ferida. Esta peçonha se mostra muito ineficiente e o veneno
especializado só é efetivo em animais de sangue frio, como sapos e lagartos e
não é considerado perigoso para humanos. No entanto, a boomslang e a cobra-
galho africana podem causar fatalidades humanas.

Lagartos
Há muito pouco o que se temer em relação a lagartos, desde que você
siga as mesmas precauções para evitar picadas de serpentes. Existem apenas
duas espécies de lagartos venenosos, o monstro-de-gila e o lagarto-de-contas
mexicano. O veneno de ambos os lagartos é neurotóxico. Os dois lagartos são
da mesma família e ambos são lentos e dóceis.
O dragão-de-komodo (Varanus komodensis), apesar de não ser
venenoso, pode ser perigoso devido ao seu enorme tamanho. Estes lagartos
atingem 3m de comprimento e mais de 115kg de peso. Não tente capturar este
lagarto.

450
Serpentes venenosas das Américas

Cascavel-de-mojave
Crotalus scutulatus
Descrição: Todo o corpo desta serpente é pálido, cor de areia com algumas
manchas escuras em formato de diamante margeadas por escamas claras e
listras escuras na cauda.
Características: Apesar dessa cascavel possuir um tamanho moderado, sua
picada é muito séria. Seu veneno possui quantidades de neurotoxinas que
podem afetar o sistema nervoso. Há relatos de mortes pela picada das
cascavéis-de-mojave.
Habitat: Encontradas em regiões áridas, desertos, e colinas rochosas do nível
do mar até 2400m de altitude.
Comprimento: Média de 75cm, chegando a 1,20m.
Distribuição: Sudoeste dos Estados Unidos, particularmente no Deserto de
Mojave, Califórnia, Neva e sudoeste do Arizona, Texas e México.

451
452
Cascavel-diamante-ocidental
Crotalus atrox
Descrição: O corpo é amarelo claro, com diamantes ou losangos marrom
escuros nas costas. A cauda possui listras pretas e brancas.
Características: Esta robusta cascavel não foge em um encontro. Quando
enrolada e agitando o chocalho ela está pronta para se defender. Ela injeta
grandes quantidades de veneno quando pica, tornando-a uma das mais
perigosas serpentes. Seu veneno é hemotóxico, causando dor considerável e
danos teciduais.
Habitat: É muito corriqueira, encontrada em pradarias, desertos e florestas e
cânions.
Comprimento: Média de 1,50m, chegando a 2,00m.
Distribuição: Sudoeste dos Estados Unidos.

453
454
Cascavel-diamante-oriental
Crotalus adamanteus
Descrição: Cores marrom claro ou preto, delineada por uma fileira de escamas
cor de creme ou amarelado. Parte de baixo em cores oliva ou marrom.
Características: É a maior serpente venenosa dos Estados Unidos. Grandes
espécimes podem possuir peçonhas de até 2,5cm de comprimento. Esta espécie
possui uma disposição rabugenta e está sempre pronta para se defender. Seu
veneno é hemotóxico e muito potente, causando muita dor e danos aos tecidos.
Habitat: Encontrada em palmitos e arbustos, pântanos, florestas de coníferas e
planícies. Ela também foi observada nadando vários quilômetros de distância da
praia no Golfo do México, alcançando algumas ilhas fora da costa da Flórida
(EUA).
Comprimento: Média de 1,40m, chegando a 2,40m.
Distribuição: Áreas do sudoeste dos Estados Unidos.

455
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Cascavel tropical
Crotalus terrificus ou Crotalus durissus
Descrição: Coloração de marrom claro a escuro com uma série de marcações
em diamante ou losango margeados por escamas claras.
Características: Extremamente perigosas com uma disposição irritável, prontas
para atacar com quase nenhum aviso prévio (uso do chocalho). Esta espécie
possui um veneno altamente tóxico, com neurotoxinas e hemotoxinas que
paralisam o sistema nervoso e causam grandes danos aos tecidos.
Habitat: Encontrada em áreas arenosas, plantações e colinas secas.
Comprimento: Média de 1,40m a um máximo de 2,10m.
Distribuição: Sul do México, América Central e toda a América do Sul, exceto o
Chile.

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Cobra coral
Micrurus fulvius
Descrição: Belamente marcada por anéis ou listras vermelhas, amarelas ou
pretas. Para identificar a espécie verdadeira da falsa-coral é necessária análise
da cabeça, o que é extremamente perigoso em animais vivos. Portanto,
considere todas as cobras corais como sendo verdadeiras.
Características: Comum em sua categoria, mas reservada em seus hábitos,
portanto é pouco vista. Possui curtas peçonhas fixas. Frequentemente mastiga
a presa para liberar o veneno no ferimento. Seu veneno é extremamente
poderoso. A toxina atua no sistema nervoso causando parada respiratória na
vítima que morre por sufocamento.
Habitat: Encontradas em vários habitats, como áreas de florestas, pântanos,
palmitos e arbustos. Cobras corais frequentemente se aventuram dentro de
residências.
Comprimento: Média 60cm, chegando a 1,15m.
Distribuição: Sudeste dos Estados Unidos, passando pela América Central e
praticamente toda a América do Sul. Encontrada em todo o Brasil.

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Cobra-de-pestana
Bothrops schlegelii
Descrição: Identificada pela sequência de escamas pontudas sobre cada um dos
olhos. A coloração é altamente variável, de amarelo claro em todo o corpo, e
manchas avermelhadas ao longo do corpo.
Características: Serpente arbórea, que raramente vai ao solo. Se sentem mais
seguras em árvores baixas onde se penduram para caçar sapos e aves. É uma
espécie perigosa, pois suas picadas ocorrem na parte superior do corpo. Possui
uma disposição irritável e atacará mediante pouca provocação. Seu veneno é
hemotóxico, causando sérios danos aos tecidos. Mortes foram relatadas após
picadas destas serpentes.
Habitat: Vivem em árvores em florestas tropicais, comuns em plantações e em
palmeiras.
Comprimento: Média de 45cm, até 75cm.
Distribuição: Sul do México, ao longo da América Central e parte da América do
Sul.

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Jararaca-do-norte
Bothrops atrox
Descrição: Coloração variável, de cinza a oliva, marrom ou avermelhado, com
triângulos escuros margeados por escamas claras. Os triângulos são estreitos
no topo e largos na base.
Características: Esta serpente altamente perigosa é responsável por uma alta
taxa de mortalidade. Possui uma disposição irritável, pronta para atacar sem
muita provocação. As fêmeas são altamente prolíficas, produzindo mais de 60
filhotes por vez, todos com picadas venenosas. O veneno da espécie é
hemotóxico, doloroso e hemorrágico, causando profusa hemorragia interna. O
veneno causa massiva destruição de tecidos.
Habitat: Encontrada em áreas cultiváveis e fazendas, frequentemente entrando
em casas em busca de roedores.
Comprimento: Média de 1,40m, chegando a 2,40m.
Distribuição: Sul do México, ao longo da América Central e América do Sul.

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Mocassim-d’água
Agkistrodon piscivorus
Descrição: Cores são variáveis. Adultos possuem coloração uniforme marrom
esverdeado ou preto. Os espécimes mais jovens possuem manchas em listras
ao longo do corpo de marrom escuro.
Características: Estas serpentes aquáticas perigosas lembram vagamente as
cobras-d’água, que são inofensivas. Por isso, é melhor não manusear nenhuma
serpente aquática para evitar o risco. Geralmente as mocassins mantêm a
posição quando ameaçadas. Uma mocassim irritada irá retrair a cabeça para
próximo do corpo e abrir sua boca, mostrando o interior branco. Seu veneno é
muito potente e hemotóxico. Picadas são susceptíveis a gangrena.
Habitat: Encontradas em pântanos, brejos, lagos e lagoas.
Comprimento: Média de 90cm, alcançando 1,80m.
Distribuição: Sudeste dos Estados Unidos.

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Serpente-mocassim-cabeça-de-cobre
Agkistrodon contortirix
Descrição: Cores acastanhadas são dominantes, com listras escuras marrons
que se tornam mais estreitas na parte de cima e largas na parte de baixo. O topo
da cabeça possui coloração acobreada.
Características: Muito comum em sua categoria, com uma camuflagem natural
que permite se mesclar com o ambiente. Cabeças-de-cobre são quietas e têm
uma disposição inofensiva, mas irão se defender vigorosamente. Picadas
ocorrem quando um indivíduo pisa nelas ou se aproxima e se senta ou deita
próximo. Uma cabeça-de-cobre em uma cama de folhas é praticamente invisível.
O veneno é hemotóxico.
Habitat: Encontrada em regiões de florestas e áreas rochosas em montanhas.
Comprimento: Média de 60cm, chegando a 1,20m.
Distribuição: Vários estados do sudeste dos Estados Unidos.

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Surucucu
Lachesis muta
Descrição: A coloração do corpo é rósea ou marrom pálido, com uma série de
manchas largas marrom escuras ou pretas ao longo do corpo. Suas escamas
são extremamente ásperas.
Características: Considerada a maior cobra-covinha do planeta. Esta imensa
serpente não é muito comum na sua categoria. Vive em áreas remotas e
inabitadas, e é majoritariamente noturna em seus hábitos alimentares.
Raramente pica, por isso há poucos relatos. Uma picada, no entanto, pode ser
muito perigosa ou fatal, se atendimento médico não for dispensado
imediatamente. As picadas geralmente acontecem em zonas do interior de
selvas, muitos quilômetros e horas ou até dias de viagem da civilização. As
peçonhas são grandes, alcançando 3,8cm em alguns espécimes grandes. O
veneno é muito poderoso e hemotóxico.
Habitat: Encontrada principalmente em florestas tropicais.
Comprimento: Média de 2,1m, alcançando 3,7m.
Distribuição: Norte da América do Sul e partes da América Central, incluindo
Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Trinidad e Brasil.

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Víbora-saltadora
Bothrops nummifer ou Atropoides nummifer
Descrição: Possui uma silhueta encorpada. As espécies do solo possuem cores
variadas entre marrom e cinza e possuem manchas dorsais escuras. Não
possuem padrões para a cabeça.
Características: É majoritariamente noturna. Sai da toca no fim da tarde para se
alimentar de lagartos, roedores e sapos. Como o nome implica, esta espécie
pode atacar com uma força tão grande que é capaz de saltar do chão. Seu
veneno é hemotóxico. Há relatos de mortes humanas decorrentes das picadas
da víboras-saltadoras grandes. Elas frequentemente se escondem em troncos
caídos e pilhas de folhas e são difíceis de ver.
Habitat: Encontradas em florestas tropicais, plantações e colinas com árvores.
Comprimento: Média de 60cm, atingindo 1,20m.
Distribuição: Sul do México, Guatemala, Honduras, Costa Rica, Panamá e El
Salvador.

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Serpentes venenosas da Europa

Gloydius halys
Agkistrodon halys
Descrição: Colorida em cinza, bronze ou amarelo, com marcas similares às da
cabeça-de-cobre.
Características: Esta serpente é tímida e raramente ataca. Seu veneno é
hemotóxico, mas raramente fatal.
Habitat: Campos abertos, encostas e regiões de fazendas.
Comprimento: Média em 45cm até um máximo de 90cm.
Distribuição: Ao longo de todo o sudeste da Europa.

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Víbora-cornuda
Vipera ammodytes
Descrição: Coloração acinzentada, marrom ou avermelhada com um padrão
zigue-zague marrom ou preto nas costas. Uma listra negra é usualmente
encontrada atrás de cada olho.
Características: Uma serpente pequena, comumente encontrada. O termo
“cornuda” vem das projeções de pequenas escamas encontradas na ponta do
nariz. Esta víbora é responsável por muitas picadas. Mortes têm sido registradas.
Seu veneno é hemotóxico, causando dor severa e massivos danos teciduais. A
chance de sobrevivência após a picada é boa se houver assistência médica.
Habitat: Campos abertos, áreas de cultivo, fazendas e encostas rochosas.
Comprimento: Média de 45cm chegando a 90cm.
Distribuição: Itália, Iugoslávia, Norte da Albânia e Romênia.

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Víbora-europeia-comum
Vipera berus
Descrição: Sua cor é variável. Alguns espécimes adultos são completamente
pretos, enquanto outros possuem um padrão de zigue-zague escuro nas costas.
Características: A víbora-europeia-comum é uma víbora pequena que vive em
árvores e possui pavio curto, atacando sem hesitação. Seu veneno é
hemotóxico, destruindo células sanguíneas e causando danos teciduais. A
maioria das picadas ocorrem em campistas, mochileiros e trabalhadores do
campo.
Habitat: São comuns em vários habitats, de campos gramados à encostas
rochosas, em fazendas e áreas de cultivo.
Comprimento: Média de 45cm a um máximo de 60cm.
Distribuição: Muito comum ao longo de quase toda a Europa e Norte do
Marrocos.

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Víbora ursinii
Vipera ursinii
Descrição: A víbora ursinii, víbora-europeia-comum e víbora-cornuda possuem
basicamente a mesma coloração e padrão de zigue-zague. A exceção entre elas
é que a víbora-europeia-comum e a ursinii não possuem a projeção na ponta do
nariz com as cornudas.
Carcaterísticas: Estas pequenas víboras possuem uma disposição irritável. Elas
irão atacar prontamente quando aproximadas. Seu veneno é hemotóxico.
Apesar de raras, mortes pela picada desta serpente já foram registradas.
Habitat: Prados, fazendas, encostas rochosas e pradarias abertas.
Comprimento: Média de 45cm, chegando a 90cm.
Distribuição: Maior parte da Europa, particularmente Grécia, Alemanha,
Iugoslávia, França, Itália, Hungria, Romênia, Bulgária e Albânia; bem como Norte
do Marrocos.

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Serpentes venenosas da África e Ásia

Biúta
Bitis arietans
Descrição: Amarela, marrom claro ou laranja, com marcas tipo bifurcação
marrom clara ou pretas.
Características: A biúta é a segunda maior entre as víboras perigosas. É uma
das mais comuns da África. É largamente noturna, caçando à noite e procurando
abrigo durante o calor do dia. Ela não é tímida quando aproximada. Ela puxa a
cabeça para perto do corpo enrolado, fazendo um sibilo alto e ataca rapidamente
um intruso. Seu veneno é fortemente hemotóxico, destruindo células sanguíneas
e causando extrema destruição de tecidos.
Habitat: Regiões áridas a pântanos e florestas densas. Comuns ao redor de
assentamentos humanos.
Comprimento: Média de 1,20m, máximo de 1,80m.
Distribuição: Maior parte da África, Arábia Saudita e países vizinhos do sudoeste
da Ásia.

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Boomslang
Dispholidus typus
Descrição: A coloração varia, mas é geralmente verde ou marrom, que a torna
muito difícil de enxergar no seu habitat.
Características: Irá atacar se perturbada. Seu veneno é hemotóxico; mesmo
pequenas doses podem causar severas hemorragias, o que a torna
extremamente perigosa para o homem.
Habitat: Encontrada em florestas. Gasta a maior parte do tempo em árvores ou
procurando por camaleões e outras presas nos arbustos.
Comprimento: Geralmente menos de 60cm.
Distribuição: Encontrada ao longo da África subsaariana.

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Cobra-real
Ophiophagus hannah
Descrição: Uniformemente oliva, marrom ou verde com anéis pretos ao longo do
corpo.
Características: Apesar de ser a maior cobra venenosa do planeta e possuir uma
disposição que faz jus ao nome, ela raramente pica humanos. Ela aparenta
possuir algum grau de inteligência. Ela evita atacar outras serpentes venenosas
com medo de ser picada. Ela se alimenta exclusivamente de espécies
inofensivas. A fêmea constrói o ninho e põe os ovos. Deitando próxima a eles,
ela os guarda e é altamente agressiva em relação a qualquer coisa que se
aproxime do ninho. O veneno é uma potente neurotoxina. Sem assistência
médica a morte é certa para as vítimas.
Habitat: Selvas densas e campos cultivados.
Comprimento: Média de 3,50m, podendo chegar a 5,50m.
Distribuição: Sul e sudeste da Ásia, particularmente Tailândia, Sul da China,
Península da Malásia e Filipinas.

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Habu
Trimeresurus flavoviridis
Descrição: Coloração marrom clara ou amarelo oliva com marcas pretas e a
abdômen amarelo ou branco/verde.
Características: Esta serpente é responsável por picar muitos humanos e sua
picada pode ser fatal. É uma espécie irritável, pronta para se defender. Seu
veneno é hemotóxico, causando dor considerável e dano aos tecidos.
Habitat: Encontrada em vários habitats, indo das terras baixas até regiões
montanhosas. Frequentemente encontrada em casas antigas e paredes de
pedra circundando casas.
Comprimento: Média de 1,00m, a um máximo de 1,50m.
Distribuição: Okinawa e ilhas vizinhas; e Kyushu.

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Krait comum
Bungarus caeruleus
Descrição: Preta ou preto-azulado com listras brancas estreitas e uma cabeça
delgada.
Características: Kraits são encontradas apenas na Ásia. Esta serpente é
especialmente preocupante para o homem. Ela é mortal – cerca de 15x mais
mortal que uma naja comum. Ela é ativa durante a noite e relativamente passiva
durante o dia. A população nativa frequentemente pisa nelas enquanto
caminham através de seu habitat. A krait tem uma tendência de procurar abrigo
em sacos de dormir, botas e tendas. Seu veneno é muito poderoso, do tipo
neurotóxico que causa parada respiratória.
Habitat: Campos abertos, assentamentos humanos e densas selvas.
Comprimento: Média de 90cm, chegando a 1,50m.
Distribuição: Muito do Sul e sudeste da Ásia, particularmente Índia, Sri Lanka e
Paquistão.

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Mamba verde
Dendraspis angusticeps
Descrição: A maioria das mambas possuem coloração uniforme verde brilhante
por todo o corpo. A mamba negra, a maior das espécies, é uniformemente oliva
à preto.
Características: A mamba é a mais temida serpente de todas as africanas. Trate
com grande respeito. É considerada uma das serpentes mais perigosas que
existem. Não é apenas altamente venenosa, mas é agressiva e a vítima tem
pouca chance de escapar de sua picada. Seu veneno é altamente neurotóxico.
Habitat: Mambas se sentem em casa em arbustos, árvores e galhos baixos, onde
procuram por aves, a dieta comum da espécie.
Comprimento: Média de 1,80m podendo chegar a até 3,70m.
Distribuição: Maior parte da África.

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Naja ou Cobra
Naja naja
Descrição: Geralmente cinza ardósia para marrom no geral. O dorso do capuz
pode ou não possuir um padrão.
Características: Uma espécie muito comum responsável por muitas mortes todos
os anos. Quando irritada ou ameaçada, a naja levanta a cabeça do solo e abre
o capuz, fazendo-a mais ameaçadora. Seu veneno é altamente neurotóxico,
causando parada respiratória e alguns danos teciduais. A cobra tentará fugir, se
possível, mas se for encurralada, pode se tornar uma criatura muito perigosa de
se lidar.
Habitat: Encontrada em muito habitats, campos de cultivo, pântanos, campos
abertos e habitações humanas, onde procura por roedores.
Comprimento: Média de 1,20m, podendo chegar a 2,10m.
Distribuição: Do sudeste ao sudoeste da Ásia, incluindo a Indonésia.

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Naja-egípcia
Naja haje
Descrição: Cores amarelo, marrom escuro ou preto com topo uniforme e listras
marrons. Sua cabeça às vezes é preta.
Características: É extremamente perigosa. Responsável por muitas fatalidades
humanas. Uma vez irritada ou ameaçada, irá atacar e continuar atacando até
que sinta que é possível fugir. Seu veneno é neurotóxico e muito mais potente
que da naja comum. Seu veneno causa paralisia e morte devido a falência
respiratória.
Habitat: Campos de cultivo, campos abertos e zona rural árida. É frequentemente
vista próxima de residências em busca de roedores.
Comprimento: Média de 1,50m, alcançando 2,50m.
Distribuição: África, Iraque, Síria e Arábia Saudita.

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Víbora-bambu-indiana
Trimeresurus gramineus
Descrição: Verde brilhante ou fosco uniforme com amarelo claro nos lábios
faciais.
Características: Uma serpente arbórea pequena com alguma importância,
apesar de não ser considerada mortal. É uma espécie perigosa pois a maioria
das suas picadas acontecem na cabeça, pescoço e ombros. Ela raramente
desce ao solo e se alimenta de aves, lagartos e sapos.
Habitat: Encontradas em florestas densas tropicais e plantações.
Comprimento: Média de 45cm, podendo chegar a 75cm.
Distribuição: Grande parte do Sul e Sudeste da Ásia, particularmente Índia,
Myanmar, Malásia, Laos, Tailândia, Camboja, Vietnã, China, Indonésia e
Taiwan.

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Víbora chifruda
Cerastes cerastes
Descrição: Amarelo pálido com marcas escuras e uma escama pontuda sobre
cada olho.
Características: Como todas as víboras verdadeiras que vivem no deserto, ela
encontra refúgio se enterrando para fugir do calor do dia, saindo à noite para
caçar. É difícil detectar sua presença quando enterrada. Entretanto, muitas
mordidas resultam de a serpente ser acidentalmente pisada quando enterrada.
Seu veneno é hemotóxico, causando severos danos às células sanguíneas e
tecidos.
Habitat: Encontradas apenas em locais muito áridos.
Comprimento: Média de 45cm, podendo chegar a até 75cm.
Distribuição: Maior parte do Norte da África e Oriente Médio.

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Víbora-da-areia
Cerastes vipera
Descrição: Geralmente uniformemente pálida, com três fileiras de pintas marrom
escuras.
Características: Habitante bem pequeno dos desertos, que pode se enterrar na
areia durante o calor do dia. Tem hábitos noturnos, saindo à noite para caçar
lagartos e pequenos roedores do deserto. Possui temperamento instável, e
atacará várias vezes seguidas. Seu veneno é hemotóxico.
Habitat: Restrita a áreas desérticas.
Comprimento: Média de 45cm, chegando a 60cm.
Distribuição: Maior parte do Norte da África e sudoeste da Ásia.

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502
Víbora-da-malásia
Callaselasma rhodostoma
Descrição: Cor avermelhada tendendo à rosa no abdômen, com marcas
triangulares marrons delineadas por escamas claras. As bases das marcas
triangulares terminam na linha média. Ela possui marcas em formato de ponta
de flecha marrom escuras no topo de cada lado da cabeça.
Carcaterísticas: Esta serpente possui peçonhas grandes, é mal-humorada e
responsável por muitas picadas. Seu veneno é hemotóxico, destruindo células
sanguíneas e tecidos, mas a vítima tem grande chance de sobrevivência se
receber assistência médica. Esta víbora vive no solo que se movimenta por
muitas áreas em busca de alimento. O maior perigo é pisar em uma destas com
pés descalços.
Habitat: Plantações de seringueiras, fazendas, vilas rurais e florestas tropicais.
Comprimento: Média de 60cm, a um máximo de 1,00m.
Distribuição: Tailândia, Laos, Camboja, Java, Sumatra, Malásia, Vietnã,
Myanmar e China.

503
504
Víbora-das-árvores
Atheris squamiger
Descrição: Também chamada de víbora-das-folhas, sua cor varia entre cores do
solo e verde pálido até oliva, marrom ou marrom ferrugem. A víbora usa sua
cauda preênsil para se prender às árvores.
Características: Espécie arbórea que geralmente desce ao solo para se
alimentar de roedores. Não é agressiva, mas irá se defender se perturbada. Seu
veneno é hemotóxico, adultos saudáveis raramente morrem devido a seu
veneno.
Habitat: Encontradas em florestas tropicais e bosques circundando pântanos e
florestas. Frequentemente encontrada em árvores, galhos baixos ou arbustos.
Comprimento: Média de 45cm, chegando a 75cm.
Distribuição: Maior parte da África, particularmente em Angola, Camarões,
Uganda, Quênia e no Congo.

505
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Víbora-de-russell
Vipera russellii
Descrição: Corpo marrom claro com três fileiras de borrões pretos ou marrom
escuros delineados por cores claras ao longo de todo o corpo.
Características: Esta espécie perigosa é abundante em sua área. É responsável
por mais fatalidades humanas do que qualquer outra serpente venenosa. Ela é
irritável. Quando ameaçada, se enrola bem apertado, sibila e ataca com
velocidade assustadora, de forma que a vítima tem pouca chance de escapar da
picada. Seu veneno é hemotóxico e é um poderoso coagulante, danificando
tecidos e células sanguíneas.
Habitat: Variável, de fazendas as densas florestas tropicais. É comumente
encontrada ao redor de assentamentos humanos.
Comprimento: Média de 1,00m, podendo chegar a 1,50m.
Distribuição: Maior parte do Sul e sudeste da Ásia, particularmente Sri Lanka,
Sul da China, Índia, Península Malásia, Java, Sumatra, Bornéu e ilhas
circundantes.

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Víbora-do-gabão
Bitis gabonica
Descrição: Coloração rosa à marrom, com uma série de manchas amareladas
ou marrom claro alongadas sobre o dorso, conectadas em um padrão de
ampulheta em cada lado. Possui uma listra marrom atrás de cada olho. Esta
víbora perigosa é quase invisível no chão de florestas. Uma víbora de 1,80m
poderia pesar até 16kg.
Características: A maior e mais pesada de todas as víboras, possuindo uma
cabeça triangular bem grande. Ela sai no entardecer para se alimentar.
Felizmente, não é muito agressiva, mas não irá fugir se ameaçada. Ela pica
quando molestada ou pisada. Sua peçonha é enorme, frequentemente medindo
5cm. Ela injeta grandes quantidades de veneno quando pica. Seu veneno é
neurotóxico e hemotóxico.
Habitat: Florestas tropicais densas. Ocasionalmente encontrada em áreas rurais
abertas.
Comprimento: Média de 1,20m, podendo chegar a 1,80m.
Distribuição: Maior parte da África.

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Víbora-do-templo
Trimeresurus wagleri
Descrição: Verde com listras brancas margeadas de azul ou roxo. Possui duas
linhas dorsais, em cada lado da cabeça.
Características: A víbora-do-templo recebe este nome, pois certas religiões
colocavam espécimes desta serpente dentro de seus templos. Picadas não são
incomuns. Felizmente, fatalidades são raras. Possui longas peçonhas. Seu
veneno é hemotóxico, causando morte celular e tecidual. É uma espécie arbórea
e suas picadas são geralmente nas extremidades superiores.
Habitat: Florestas tropicais densas, mas frequentemente encontradas próximas
a assentamentos humanos.
Comprimento: Média de 60cm, máximo 1,00m.
Distribuição: Península e Arquipélago Malásios, Indonésia, Bornéu, Filipinas e
Ilhas Ryukyu.

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Víbora-escama-de-serra
Echis carinatus
Descrição: As cores são amarelo claro e tons de marrom, vermelho fosco ou
cinza. Seus lados apresentam um padrão de cores claras. Na sua cabeça há,
geralmente, duas listras escuras que começam atrás dos olhos e se estendem
até as costas.
Características: Pequenas, mas extremamente perigosas. Elas recebem o nome
de escama-de-serra devido ao movimento que faz esfregando as escamas umas
nas outras, produzindo um som de raspado. Seu temperamento mal-humorado
a faz atacar qualquer intruso. Seu veneno é altamente hemotóxico e bem
potente. Muitas mortes são atribuídas à esta espécie.
Habitat: Encontrada em vários ambientes. É comum em assentamentos rurais,
campos cultivados, regiões áridas, celeiros e paredes de pedra.
Comprimento: Média de 45cm, chegando a 60cm.
Distribuição: Ásia e África, incluindo Síria, Índia, Iraque, Irã, Arábia Saudita,
Paquistão, Jordânia, Líbano, Sri Lanka, Argélia, Egito e Israel.

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Víbora-lebentina
Vipera lebetina
Descrição: Cinza para marrom pálido, com grandes manchas marrom escuro nas
costas e uma marca no topo da cabeça semelhante a um “V” invertido.
Carcaterísticas: Esta víbora pertence ao grande grupo das víboras verdadeiras.
Como suas primas, ela é grande e perigosa. Seu veneno é hemotóxico. Muitas
mortes já foram reportadas causadas por sua picada. É uma serpente forte, com
uma disposição irritadiça, ela sibila alto quando está pronta para atacar.
Habitat: Varia bastante, de fazendas a áreas montanhosas.
Comprimento: Média de 1,00m, podendo chegar a 1,50m.
Distribuição: Maior parte da Ásia Menor e sudoeste da Ásia, particularmente
Grécia, Iraque, Síria, Líbano, Turquia, Afeganistão e partes do Sul da antiga
União Soviética e Arábia Saudita.

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Víbora McMahon
Eristicophis mcmahonii
Descrição: Cores de areia, amarelado dominam o corpo, com pintas marrom
escuras nas laterais do corpo. A placa do nariz é muito larga, ajudando a se
enterrar.
Carcaterísticas: Muito pouco é sabido a respeito dessa serpente. Ela é
aparentemente rara ou raramente aparece. Esta víbora é muito irritadiça; ela
sibila, se enrola e ataca em qualquer intruso que se aproxime demais. Seu
veneno é hemotóxico, causando grande dor e danos teciduais.
Habitat: Árido ou semidesertos. Ela se esconde do sol durante o dia, saindo à
noite apenas para se alimentar de pequenos roedores.
Comprimento: Média de 45cm, alcançando 1,00m.
Distribuição: Oeste do Paquistão, Irã e Afeganistão.

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Víbora-palestina
Vipera palaestinae
Descrição: Cor oliva à marrom ferrugem com uma marca em “V” escura no topo
da cabeça e um padrão zigue-zague marrom ao longo das costas.
Carcaterísticas: A víbora-palestina é uma parente da víbora de Russell da Ásia.
Como sua prima, é extremamente perigosa. É ativa e agressiva durante a noite
mas razoavelmente plácida durante o dia. Quando ameaçada ou molestada ela
irá enroscar mais apertado, sibilar alto e atacar rapidamente.
Habitat: Regiões áridas, mas muitas podem ser encontradas ao redor de
estábulos e celeiros. Já foi vista entrando em casas à procura de roedores.
Comprimento: Média de 80cm, máximo de 1,30m.
Distribuição: Turquia, Síria, Palestina, Israel, Líbano e Jordânia.

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520
Víbora-rinoceronte
Bitis nasicornis
Descrição: Cores claras com marcas arroxeadas ou
avermelhadas/amarronzadas e pintas pretas e oliva claro ao longo das costas.
Na sua cabeça possui uma marca triangular que começa na ponta do nariz.
Possui um par de escamas longas que parecem chifres na ponta do nariz.
Características: Sua aparência é magnífica; seus chifres e escamas muito
ásperas dão uma aparência sinistra. Ela é irritadiça, mas não é agressiva a
menos que seja perturbada. Seu veneno é hemotóxico e neurotóxico.
Habitat: Florestas tropicais, ao longo de cursos d’água e em pântanos.
Comprimento: Média de 75cm, máximo 1,00m.
Distribuição: África equatorial.

521
522
Víbora-toupeira
Atracaspis microlepidota
Descrição: Uniformemente preta ou marrom escuro com uma cabeça pequena e
delgada.
Carcaterísticas: Uma víbora que não parece com uma. É pequena em tamanho
e sua cabeça pequena não indica a presença de glândulas de veneno. Ela possui
uma disposição inofensiva, mas irá rapidamente se virar e picar se tocada ou
agarrada. Sua hemotoxina é potente para uma serpente tão pequena. Suas
presas são excepcionalmente longas. Uma picada pode acontecer mesmo
pegando-a atrás da cabeça. É melhor não se arriscar a mexer com essa
serpente.
Habitat: Áreas de plantio e localidades áridas.
Comprimento: Média de 55cm, chegando ao máximo de 75cm.
Distribuição: Maior parte da África subsaariana.

523
524
Serpentes venenosas da Autrália

Cabeça-de-cobre australiana
Denisonia superba
Descrição: Coloração vermelho-amarronzado para marrom escuro. Algumas
poucas de Queensland são pretas.
Características: Disposição preguiçosa, porém irá picar se for pisada. Quando
irritada, levanta sua cabeça poucos centímetros do chão com seu pescoço
ligeiramente arqueado. Seu veneno é neurotóxico.
Habitat: Pântanos.
Comprimento: Média de 1,20m, máximo 1,80m.
Distribuição: Tasmânia, Sul da Austrália, Queensland e Ilhas Canguru.

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526
Cobra-da-morte
Acanthophis antarcticus
Descrição: Avermelhadas, amareladas ou amarronzadas em cor, com distintas
listras marrom escuras. O final da cauda é preto, terminando em espinho duro.
Características: Quando irritada, esta serpente irá achatar todo o corpo, pronta
para atacar a uma curta distância. É noturna, escondendo-se durante o dia e
saindo à noite para se alimentar. Apesar da sua aparência de víbora, é uma
parente da naja, sendo considerada uma cobra. Seu veneno é uma poderosa
neurotoxina que causa mortalidade de aproximadamente 50% das vítimas,
mesmo com tratamento.
Habitat: Geralmente encontradas em regiões áridas, campos e bosques.
Comprimento: Média de 45cm, máximo de 90cm.
Distribuição: Austrália, Nova Guiné e Ilhas Molucas.

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528
Cobra-tigre
Notechis scutatus
Descrição: Oliva a marrom escuro em cima, com abdômen amarelo claro ou oliva
claro e listras. As subespécies da Tasmânia e Vitória são uniformemente pretas.
Características: É a mais perigosa serpente da Austrália. É muito comum e picam
muitos humanos. Possui um veneno neurotóxico muito potente, que ataca o
sistema nervoso. Quando irritada, é muito agressiva e ataca qualquer intruso.
Ela achata o pescoço, tornando-o uma estreita tira.
Habitat: Encontrada em muito habitats, de áreas áridas a assentamentos
humanos ao longo de cursos d’água até as pradarias.
Comprimento: Média de 1,20m, chegando a 1,80m.
Distribuição: Austrália, Tasmânia, Ilhas do Estreito de Bass e Nova Guiné.

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Taipan
Oxyuranus scutellatus
Descrição: Geralmente oliva ou marrom escuro, uniformemente ao longo do
corpo, com uma cabeça marrom escura.
Características: Considerada uma das mais perigosas serpentes. Possui uma
disposição agressiva. Quando irritada, pode apresentar uma aparência
amedrontadora achatando sua cabeça, levantando-a do chão ondulando-a para
frente e para trás e de repente atacando com velocidade assustadora, de forma
que a vítima pode receber várias picadas antes dela recuar. Seu veneno é uma
poderosa neurotoxina que causa parada respiratória. Suas vítimas têm pouca
chance de recuperar sem auxílio médico imediato.
Habitat: Vários habitats, encontrada de savanas a planícies do interior.
Comprimento: Média de 1,80m, máximo 3,70m.
Distribuição: Norte da Austrália e Sul da Nova Guiné.

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Serpentes venenosas dos mares

Cobra-do-mar-pelágio
Pelamis platurus
Descrição: Parte superior do corpo é preta ou marrom escuro e a inferior amarelo
brilhante.
Características: Uma serpente altamente venenosa, pertencente à família das
cobras (najas). Esta serpente é a verdadeira cobra-do-mar-pelágio, que nunca
deixa a água para ir à costa. Possui uma cauda similar a um remo para ajudar a
nadar. Esta espécie rapidamente se defende se preciso. Serpentes marinhas
raramente atacam, mas deliberadamente se viram e picam se molestadas. Uma
pequena quantidade das neurotoxinas desta serpente pode matar.
Comprimento: Média de 70cm a 1,10m máximo.
Distribuição: Ao redor do Pacífico, das muitas ilhas do mesmo até o Havaí e até
a costa das Américas Central e do Sul.

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Serpente-marinha-listrada
Laticauda colubrina
Descrição: De escamas lisas, com um tom azulado pálido com listras pretas. Sua
cauda similar a um remo provê a propulsão a nado.
Características: Mais ativa durante a noite, nadam próximo à costa e algumas
vezes entram em piscinas da maré. Seu veneno é uma neurotoxina muito forte.
Suas vítimas geralmente são pescadores que desembaraçam estas serpentes
perigosas de suas redes por acidente.
Comprimento: Média de 75cm, chegando a 1,20m.
Distribuição: Oceano Pacífico em regiões costeiras da Austrália e sudeste da
Ásia e áreas costeiras do Oceano Índico.

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Lagartos venenosos

Lagarto-de-contas
Heloderma horridum
Descrição: Menos coloridos que seu primo, o monstro-de-gila. Possui bandas
pretas ou amarelo pálido em toda as suas costas.
Características: Pernas muito fortes permitem este lagarto rastejar sobre pedras
e se enterrar. É mal-humorado. Irá se virar e abrir sua boca em uma maneira
ameaçadora se incomodado. Seu veneno é hemotóxico e potencialmente
perigoso para o homem.
Habitat: Encontrado em regiões áridas ou desertos, frequentemente em
encostas rochosas, saindo à noite ou nas primeiras horas do dia.
Comprimento: Média 60cm, máximo 90cm.
Distribuição: México e ao longo da América Central.

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Monstro-de-gila
Heloderma suspectum
Descrição: Robustos, com cabeças grandes e cauda pesada. Seu corpo é
recoberto por escamas semelhantes a miçangas. É capaz de armazenar gordura
para tempos difíceis quando a comida é escarça. Sua cor é gritante com
contraste entre pretos e amarelos ou rosas.
Características: Não é um lagarto agressivo, mas se defenderá quando
provocado. Se for aproximado demais, irá se virar para o intruso com sua boca
aberta. Se ele morder, se pendurará tenazmente e precisa ser arrancado. Suas
glândulas de veneno e dentes frisados estão na mandíbula inferior.
Habitat: Encontrado em regiões áridas, saindo à noite ou cedo pela manhã para
caçar pequenos roedores e ovos de aves. Durante o calor do dia ele fica debaixo
de pedras ou arbustos.
Comprimento: Média de 30cm, alcançando 50cm.
Distribuição: Estados Unidos: Arizona, Novo México, Utah, Nevada; Norte do
México e extremo sudeste da Califórnia.

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540
Apendice E – Peixes e Moluscos Perigosos

Peixes e moluscos pode ser sua maior fonte de alimento, dependendo do


ambiente. Por isso, é importante saber quais deles são perigosos e quais perigos
você pode encarar, além das precauções a se tomar e o que fazer se for ferido
por algum destes animais.
Peixe e moluscos vão representar perigo de uma das três maneiras –
atacando ou mordendo você, injetando toxinas perigosas no seu organismo e se
alimentando de peixes ou animais que são venenosos e vão contaminar a sua
carne.
O perigo de encontrar esses animais é relativamente pequeno, mas ainda
sim significante. Quaisquer um desses peixes pode matar você, evite-os.

Peixes que atacam o homem


O tubarão é geralmente o primeiro peixe em que pensamos quando
consideramos peixes que atacam o homem. Outros peixes também podem
entrar nesta categoria, como a barracuda, moreias e piranhas.
Tubarões
Tubarões são potencialmente os mais perigosos peixes que atacam
pessoas. O perigo mais óbvio do tubarão é que eles são capazes de ferir
seriamente, desmembrar ou até matar com a sua mordida. Das muitas espécies
de tubarão, somente algumas são relativamente perigosas. A maioria dos
ataques de tubarão em humanos são de tubarões-brancos, tigre, martelo e azuis.
Existem registros de ataques do tubarão-cabeça-chata, tubarão-enfermeiro e o
mako. Abaixo seguem figuras de tubarões e seus tamanhos.
Evite tubarões a todo custo. Siga os procedimentos descritos no Capítulo
16 – Sobrevivência no Mar para se defender do ataque deles da melhor forma
possível.

541
Figura 122 Tamanhos e espécies de tubarões

Tubarões variam em tamanho, mas não há nenhuma relação entre o


tamanho de um tubarão e a probabilidade de um ataque. Mesmo os menores
tubarões podem ser perigosos, especialmente quando eles estão viajando em
cardumes.
Se mordido por um tubarão, a mais importante medida a se tomar é parar
o sangramento o mais rápido possível. Sangue na água irá atrair mais tubarões.
Vá ou leve a vítima para dentro do bote ou para a praia assim que possível. Se

542
estiver na água, forme um círculo em torno da vítima, se não estiver sozinho e
pare o sangramento com um torniquete.
Outros peixes ferozes
Em água salgada, outros peixes ferozes incluem a barracuda, robalo e
moreia. O robalo é geralmente encontrado em mar aberto. Ele é perigoso devido
a seu grande tamanho. Ele pode remover grandes pedaços de carne humana
com a mordida. Barracudas e moreias são conhecidas por atacar o homem e
podem infligir mordidas ferozes. Seja cuidadoso com essas duas espécies ao
entrar na água próximo a recifes e água rasa. Moreias são agressivas quando
perturbadas.

Figura 123 Espécies de peixes ferozes mais comuns

Se estiver em água doce, as piranhas são o único perigo significante. Elas


habitam os trópicos e são restritas ao Norte da América do Sul (praticamente
todo o Brasil). Estes peixes são pequenos, cerca de 25cm a 60cm de
comprimento, mas possuem grandes dentes e se movem em grandes cardumes.
Elas podem devorar um adulto, ou até mesmo um animal maior como um boi em
poucos minutos.

543
Peixes venenosos e invertebrados
Existem várias espécies de peixes venenosos e invertebrados perigosos
que vivem em água salgada. Todos são capazes de injetar venenos poderosos
através de espinhos localizados em nadadeiras, tentáculos ou pela mordida.
Seus venenos causam dor intensa e são potencialmente fatais. Se ferido por um
dos peixes a seguir, trate como as feridas de picada de cobra.

Arraia
Dasyatidae sp.
Arraias vivem em águas rasas, especialmente nos trópicos, mas em
regiões temperadas podem estar presentes. Todas têm o formato distintivo das
arraias, mas a coloração pode variar e dificultar sua localização, a não ser que
estejam nadando. O espinho farpado venenoso em suas caudas pode causar
ferimentos muito dolorosos ou fatais. Arrais geralmente tem a parte de cima
escura e o abdômen claro.

Peixe-aranha
Trachinidae sp.
O peixe-aranha é um animal tropical, que é razoavelmente estreito e com
cerca de 30cm de comprimento. Todas as nadadeiras possuem espinhos
venenosos que causam ferimentos dolorosos.

544
Peixe-cirurgião
Acanthuridae sp.
Medem cerca de 20 a 25cm de comprimento, com um corpo ovalado, boca
pequena e coloração brilhante. Possuem espinhos em formato de agulhas dos
lados da cauda que causam ferimentos extremamente dolorosos. Este peixe é
encontrado em todas as regiões tropicais.

Peixe-escorpião
Scorpaenidae sp.
Peixe-escorpião ou peixe-leão é uma espécie que vive nos recifes dos
Oceanos Pacífico e Índico. Eles variam entre 30cm e 90cm de comprimento, são
geralmente avermelhados, e possuem longas e finas barbatanas. Infligem uma
ferroada intensamente dolorosa.
545
Peixe-pedra
Synanceja sp.
São encontrados em águas tropicais dos Oceanos Pacífico e Índico.
Medindo em média 30cm de comprimento, suas cores discretas e formato
granuloso dão a eles excelente camuflagem. Quando pisados, os espinhos das
nadadeiras dorsais infligem ferimentos extremamente dolorosos e às vezes
fatais.

546
Peixe-sapo
Batrachoididae sp.
Peixes-sapo são encontrados em águas tropicais fora da costa da
América do Sul e Central. Eles medem cerca de 17 a 25cm de comprimento e
possuem uma cor apagada e bocas grandes. Eles se enterram na areia e podem
ser facilmente pisados. Eles possuem espinhos afiados e altamente venenosos
nas nadadeiras dorsais.

Siganus
Siganidae sp.
É um peixe pequeno, de cerca de 10 a 15cm de comprimento que parece
com um pequeno atum. Seus espinhos venenosos ficam em suas barbatanas
dorsais e ventrais. Estes espinhos podem infligir ferroadas dolorosas.

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Polvo-de-anéis-azuis
Hapalochlaena sp.
Este pequeno polvo é geralmente encontrado na Grande Barreira de
Coral, ao Leste da Austrália. Ele é branco-acinzentado com marcações em
formato de anéis azuis iridescente. Este polvo geralmente não ira morder a não
ser que seja pisado ou manuseado. Ele é extremamente venenoso e às vezes
letal.

Caravela-portuguesa
Physalis sp.
Apesar que lembra uma água-viva, a caravela-portuguesa é geralmente
uma colônia de células independentes. Geralmente encontrada nas águas dos

548
trópicos; no entanto, a corrente do Golfo pode carrega-las até a Europa. Pode
também ser encontrada até o Sul, na Austrália. A porção flutuante da caravela
pode ter apenas 15cm de altura às vezes, mas os tentáculos abaixo podem
chegar a 12m de comprimento. Estes tentáculos infligem ferroadas poderosas e
incapacitantes, mas é raramente fatal.

Conchas cônicas
Conidae sp.
Estas conchas com formatos cônicos são sarapintadas de múltiplas cores
e aberturas longas e estreitas na base da concha. Este molusco vive sob pedras,
em rachaduras e recifes de corais, bem como ao longo de litorais rochosos e
baías protegidas em águas tropicais. Todas possuem pequenos dentes que são
similares a agulhas subcutâneas. Podem injetar um veneno extremamente tóxico
que age rapidamente, causando dor aguda, inchaço, paralisia, cegueira e
possivelmente morte dentro de algumas horas. Evite manusear concas cônicas.

549
Concha terebra
Terebridae sp.
Este molusco é encontrado em regiões temperadas e tropicais. São
similares às conchas cônicas, porém muito mais finas e compridas. Seu veneno
é similar, agindo da mesma maneira, mas é menos potente.

Peixes com carne tóxica


Não existem regras simples para determinar quais peixes são
comestíveis e quais possuem carne venenosa. Todos estes peixes contêm
vários tipos de substâncias venenosas ou toxinas em sua carne e são perigosos
de se comer. Eles possuem as seguintes características em comum:
• A maioria vive em águas rasas ao redor de recifes e lagoas.
• Muitos possuem corpos “quadrados” ou redondos, com pele similar à
uma casca, coberta por placas ósseas ou espinhos. Eles possuem
bocas pequenas similares a um bico de papagaio, pequenas
brânquias e nadadeiras ventrais pequenas ou ausentes. Seus nomes
sugerem seu formato.
Em adição aos peixes acima e suas características, barracuda e o luciano-
do-golfo podem carregar ciguatera em sua carne, uma toxina que se acumula
nos peixes que se alimentam em recifes marinhos tropicais.
Sem informações específicas locais, tome as seguintes precauções:
• Seja muito cuidadoso com pescados de lagoas normalmente rasas ou
com fundo arenoso ou recifes partidos. Espécies que se alimentam
nos corais são predominantes e podem ser venenosas.
• Evite peixes venenosos do lado sota-vento de ilhas. Estas áreas de
águas rasas consistem em fragmentos de recifes de corais e espaços
abertos que podem se estender mar adentro por alguma distância.

550
Muitos tipos diferentes de peixes, alguns venenoso, habitam estas
águas rasas.
• Não coma nenhum peixe pego em áreas onde a água está
artificialmente descolorida. A mudança na coloração pode indicar
plâncton que podem causar vários tipos de toxicidade em peixes que
se alimentam deles.
• Tente pescar no lado barlavento ou em locais profundos que levam do
mar aberto à lagoa, mas seja cuidadoso com correntes e ondas.
Recifes de corais vivos se aprofundam abruptamente na água e
formam linhas divisórias entre os peixes suspeitos de águas rasas e
peixes desejáveis de águas profundas. Peixes de águas profundas
são geralmente não tóxicos. Você pode eventualmente capturar
peixes de águas rasas em águas profundas. Descarte todos os peixes
que suspeitar serem peixes de recifes, capturados no oceano aberto
ou próximos aos recifes.

551
Apendice F – Cordas e Nos

Para poder construir abrigos, armadilhas e laços, armas e ferramentas e


outros dispositivos, você deve saber como fazer nós e amarras e conhecer
cordas e cordames. Os termos ou terminologias seguem abaixo descritos:
• Alça: Uma simples dobra em “U” em que a corda não passa por cima
de si mesma.
• Amarras: Uma forma de usar voltas e estrangulamentos para amarrar
duas varas, postes ou troncos de forma a se criar armações ou tripés.
Amarras geralmente começam e terminam com volta-do-fiel.
• Anel ou seio: Volta em que as partes de um mesmo cabo se cruzam.
• Chicote: Ponta livre de uma corda que se usa para realizar nós e
amarras.
• Coçar: Desgaste de um cabo ao atritar contra superfície áspera.
• Desacochar: Quando o chicote não possui uma falcaça e a trama se
desfaz em fibras menores.
• Estrangular: Prender por pressão uma corda com ela mesma ou com
uma superfície.
• Falcaça: Arremate feito na ponta de uma corda ou cabo para que não
desacoche. É a união das fibras de uma corda por um fio de forma que
não se desfaça a trança ou enrolamento dos fios da trama. Em cabos
de fibra sintética pode ser feita queimando-se as extremidades.
• Trama: A forma como a corda é trançada, enrolada ou tecida.
• Vivo ou firme: A parte que se localiza entre uma amarra ou nó e o
chicote.
• Volta: Quando a corda é passada em torno de um objeto como poste,
trilho, vara ou similar e sai pelo lado oposto.
• Volta redonda: Quando uma corda é passada em torno de um objeto
como um poste, trilho, vara ou similar, dando uma volta completa e
saindo pelo mesmo lado que entrou.

552
Figura 124 Partes de uma corda/cabo

Nós básicos
Os nós básicos e os métodos de faze-los seguem descritos abaixo. A
orientação correta das partes dos nós reduz a chance dele se desfazer sozinho
ou afrouxar. Fazer nós de forma incorreta pode reduzir a força e confiabilidade
do nós em 50%.
• Cote: Este é um simples nó usado para arrematar um outro nó ou para
dar segurança a um chicote solto e evitar que ele deslize e um nó se
desfaça. Tem a tendência de se desfazer quando não está sob tensão.
• Meia volta: Este é o nó simples que a maioria das pessoas faz como
a primeira metade do nó de amarrar os cadarços dos sapatos. Por ser
também utilizado como falcaça temporária na ponta de uma corda.
Este nó pode substituir o cote como nó de finalização. Este nó sozinho
irá reduzir a resistência de uma corda reta em 55%.

553
Figura 125 Meia volta

• Nó direito: Um bom e simples nó para uso em geral, principalmente no


que tange a unir dois cabos de mesmo material e dimensão. Este nó
é basicamente duas meia voltas opostas e reversas. Pode ser
arrematado com uma meia volta em cada extremidade para maior
segurança. É fácil de inspecionar pois forma duas alças opostas e é
fácil de desfazer.

Figura 126 Nó direito

• Volta redonda com dois cotes: Este é um bom nó de ancoragem para


pontes de uma corda só e outras aplicação que precisam de um bom
nó de ancoragem e nas quais cargas pesadas poderiam fazer outros
nós apertarem-se e se tornarem difíceis de se desfazer. É muito
utilizado para atar cordas a postes ou árvores.

554
Figura 127 Volta redonda com dois cotes

• Volta-do-fiel e volta do fiel pelo chicote: Pode ser usado para amarrar
cordas em árvores, canos e coloca um pouco de tensão na corda. É
um nó muito fácil de ancorar mas a tensão deve ser permanente ou o
nó pode se desfazer. Isso pode ser remediado ao se dar mais uma
volta ao redor do objeto e debaixo do centro da volta-do-fiel.

Figura 128 Volta do fiel em alça

Figura 129 Volta do fiel pelo chicote

• Catau: Um bom método de se encurtar uma corda ou retirar a tensão


de um ponto enfraquecido ou coçado. É um nó temporário a não ser

555
que você prenda as duas alças que se formam no final ao cabo
principal em ambos os lados.

Figura 130 Nó de catau

• Nó de escota duplo: Este nó é usado para unir dois cabos de diâmetro


diferentes ou iguais. Ele também pode ser usado em cabos molhados,
e não irá escorregar ou correr quando sob tensão. Pode ser usado
para amarrar vários cabos à ponta de um só cabo. Quando uma corda
única é amarrada com diversos nós de escota duplos, a alça é formada
com as múltiplas cordas.

Figura 131 Nó de escota e nó de escota duplo

• Nó prússico (ou prussik): Este nó amarra um pequeno pedaço de


corda em uma corda maior de tal maneira que a corda mais fina irá
deslizar pelo cabo maior se não estiver sob tensão e irá travar e não
deslizar se sofrer tensão na corda menor. Este nó pode ser amarrado
com um chicote ou uma alça. Quando feita com uma ponta da corda,
o nó é finalizado com um lais de guia. O fato do nó não escorregar pela
corda mais grossa permite ser usado para escalar cordas usando

556
estribos e alças de mão. Pode também ser usado para ancorar cordas
ou a ponta tracionada de uma tala em um galho ou bastões de esqui.

Figura 132 Nó prússico

Figura 133 Nó prussico com corda e com laço fechado

Figura 134 Finalizando nó prússico com lais de guia

557
• Lais de guia e lais de guia finalizado com meia volta: Lais de guia ao
redor do corpo vem sendo usado há muitos anos como um nó de
salvamento, pois ele possui formato de alça que não corre e não
esgana no corpo. Pode ser substituído pelo nó de oito em muitas
aplicações, uma vez que o nó de oito não enfraquece a corda. Pode
ser finalizado com uma meia volta.

Figura 135 Lais de guia

• Nó de oito e nó de oito guiado: Este é o nó usado majoritariamente em


resgates atualmente. Sua vantagem é ser mais forte que o lais de guia,
fácil de atar e checar. Sua desvantagem é que com corda molhada
pode ser difícil desatar após aplicada a tensão. O nó de oito também
pode ser usado como âncora em cordas fixas. Além disso, pode ser
usado para prevenir que a ponta da corda escorregue por uma alça ou
nó de correr quando um nó direito ou meia volta não são suficientes
para travar a ponta da corda.

Figura 136 Nó de oito e nó de oito guiado

558
Amarras de construção
Existem inúmeros itens que requerem amarras para sua construção.
Abaixo seguem figuras de como proceder às amarras e quais você pode usar
para fazer abrigos, tripés e prateleiras.
• Amarra paralela: usada para unir duas varas ou postes paralelamente,
pode-se usar inclusive para apoiar um poste ou alongar o comprimento
total da haste.

Figura 137 Amarra paralela

• Amarra quadrada: usada para unir duas varas ou postes de forma


perpendicular, para formar uma quina.
• Amarra diagonal: similar à amarra quadrada, porém, as varas e postes
cruzados não ficam com disposição perpendicular.

559
Figura 138 Amarra quadrada ou diagonal

• Amarra de tripé: usada para unir três varas por uma mesma ponta de
forma que após amarradas as varas possam ser abertas em três
direções criando-se um tripé firme.

560
Figura 139 Amarra de tripé

561
Apendice G – Nuvens Indicativas de Clima

Cerca de 200 anos atrás um inglês classificou as nuvens de acordo com


o que pareciam a uma pessoa vendo do solo. Ele as agrupou em três categorias
e lhes deu nomes em Latim: cirrus, cumulus e stratus. Estes três nomes,
combinados com algumas outras palavras em Latim são usados para identificar
as diferentes formações de nuvens.
Se familiarizar com as diferentes formas e posições de nuvens e quais
climas elas podem preceder ajuda a efetivamente se preparar e se proteger.

Cirrus
Nuvens cirrus são as nuvens bem altas que parecem finas listras e
cachos. Elas ficam aproximadamente a 6km ou mais de altitude e são
geralmente sinal de clima bom. Em climas frios, no entanto, nuvens cirrus que
começam a se multiplicar nos céus são acompanhadas de aumento dos ventos
polares que podem indicar a aproximação de uma nevasca.

Figura 140 Nuvem cirrus

Cumulus
Nuvens cumulus são fofas, brancas e amontoadas. Estas nuvens, que são
mais baixas que as cirrus são geralmente indicativas de clima bom. Elas
aparecem geralmente em torno de meio-dia em um dia ensolarado, parecendo
grandes chumaços de algodão com a base plana. À medida que o dia avança,
562
elas podem aumentar de tamanho e subir na atmosfera, se empilhando em forma
de uma montanha de nuvens. Estas formações podem se transformar em nuvens
de tempestade.

Figura 141 Nuvem cumulus

Stratus
Nuvens stratus são baixas e cinzas, às vezes criando até uma camada
uniforme cinza sobre todo o céu. Estas nuvens geralmente significam chuva.

Figura 142 Nuvem stratus

563
Nimbus
Nimbus são nuvens de chuva de cinzas uniformes que se estendem por
todo o céu. Estas nuvens geralmente indicam chuva.

Figura 143 Nuvem nimbus

Cumulonimbus
Cumulonimbus são formações de nuvens que resultam de uma cumulus
aumentar de tamanho e alcançar grandes altitudes, ganhando forma de uma
bigorna. Você pode esperar uma tempestade com raios se esta nuvem está se
movendo em sua direção.

564
Figura 144 Nuvem cumulonimbus

Cirrostratus
São uma camada razoavelmente uniforme de nuvens stratus bem altas
que são mais escuras que as cirrus. Cirrostratus indicam clima bom.

Figura 145 Nuvem cirrostratus

Cirrocumulus
São nuvens pequenas, brancas e arredondadas em grandes altitudes.
Indicam clima bom.

565
Figura 146 Nuvem cirrocumulus

Scud
Uma nuvem vaporosa, dispersa trazida pelo vento é sinal de clima ruim e
tempestades em seguida.

Figura 147 Nuvem scud

566
Apendice H – Modelo de Plano de Acao de Evasao

Planejar-se devidamente para as possíveis contingências que podem


ocorrer eventualmente é um bom posicionamento para ser capaz de enfrentar
com sucesso as mudanças na situação. O PAE (plano de ação de evasão) é um
documento importante para um indivíduo ou grupo que se vê obrigado a evadir
de um local. Primeiro, o plano irá prover um ponto de início onde os operadores
podem começar a operar com eficiência após o início da evasão. Em segundo
lugar, ele dá às equipes de busca e salvamento a habilidade de saber para onde
o operador foi e tornar o salvamento mais fácil. Um bom PAE que qualquer um
possa entender é um importante documento para o operador.
NOTA: Caso você vá sair para atividades outdoor ou similares, deixe um
plano de ação de evasão em casa com familiares ou outras pessoas para caso
seja necessário irem procurar você, se você não voltar no prazo esperado.

Organização de tarefas
1- SITUAÇÃO
a. Zonas Climáticas do País
i. Clima tropical chuvoso
ii. Clima seco
iii. Clima temperado
iv. Clima frio (seco ou chuvoso)
v. Polar
b. Zonas Climáticas Terrestres
i. Litoral
1. Temperatura
2. Precipitação
3. Direção geral do vento
4. Cobertura de nuvens
ii. Planícies (igual ao litoral)
iii. Desertos (igual ao litoral)
iv. Platôs/Planaltos (igual ao litoral)
v. Montanhas (igual ao litoral)
vi. Pântanos (igual ao litoral)
c. Informações sobre luminosidade (crepúsculo, alvorecer, nascer
da lua, pôr da lua, porcentagem de iluminação)
d. Terreno
i. Fronteiras próximas
ii. Zonas terrestres gerais
1. Litorais
a. Descrição geral e tamanho
b. Vegetação
i. Natural
1. Tundra
567
2. Floresta de coníferas
3. Floresta de decíduas
4. Pradarias temperadas
5. Manguezais
6. Deserto
7. Pastos e campos agrícolas
8. Floresta tropical
9. Savana
ii. Cultivada
iii. Obscurecimento (densidade)
iv. Estações de crescimento
v. Comestibilidade
1. Valor nutricional
2. Obtenção (verdes e
maduras)
3. Preparação
4. Cozimento
vi. Venenosa
vii. Uso medicinal
viii. Outros usos
c. Animais e Peixes
i. Domésticos
1. Valor nutricional
2. Obtenção
3. Preparação
4. Cozimento
5. Uso medicinal
6. Perigosos
7. Venenosos
8. Outros usos
ii. Selvagens (animais, peixes, insetos
e répteis) (igual domésticos)
d. Fontes de água
i. Obtenção
ii. Portabilidade
iii. Preparação
2. Planícies (igual Litoral)
3. Desertos (igual Litoral)
4. Planaltos (igual Litoral)
5. Montanhas (igual Litoral)
6. Pântanos (igual Litoral)
7. Rios e lagos (igual Litoral)
iii. Barreiras naturais do terreno
1. Cordilheiras
2. Rios largos ou profundos

568
e. População Civil
i. Números populacionais
1. Totais e densidade demográfica
2. Divisões urbanas, rurais, suburbanas e nômades
ii. Vestimenta e costumes
iii. Forças de segurança internas/Milícias
iv. Controles e restrições
v. Patrulhamento de fronteiras
f. Forças amigáveis/aliadas
i. Contatos
ii. Amigos próximos
iii. Familiares
iv. Localização de embaixadas e consulados
v. Locais de extração
g. Força hostis
i. Doutrinas
ii. Táticas
iii. Informações diversas
1. Identificações
2. Localizações
3. Atividades
4. Forças e fraquezas
5. Poder de fogo, etc
2- MISSÃO (objetivos, rota principal, rotas alternativas, meios de
transporte, equipamentos ou conjuntos de equipamentos a se levar,
pessoal envolvido, etc)
3- EXECUÇÃO
a. Plano Geral (ações para as primeiras 48h e ações para além de
48h)
i. Quando você inicia sua movimentação?
ii. Localização do Ponto de Movimentação Inicial
iii. Ações no Ponto de Movimentação Inicial
iv. Localização de locais de esconderijo
v. Movimentação para locais de esconderijo
vi. Ações ao redor dos esconderijos
vii. Aproximação do esconderijo
viii. Ações no esconderijo
1. Construções
2. Ocupação
3. Movimentação para fora do esconderijo
ix. Localização de outros esconderijos
x. Ações em outros esconderijos
xi. Localização do Ponto Final de Movimentação
b. Outras missões
i. Movimentação

569
1. Formação
2. Posições individuais
3. Navegação
4. Discrição/observação
5. Segurança
a. Barulhos
b. Luzes
c. Segurança de perímetro
6. Cobertura, camuflagem e ocultação
7. Ações durante as pausas
a. Observação (5 a 10min)
b. Alongamentos
8. Ações em áreas perigosas
9. Ações para detecção por hostis
10. Pontos de encontro
a. Localizações
b. Ações
ii. Cuidado com feridos e doentes
1. Ponto de movimentação inicial
2. Ao longo da rota de movimentação
iii. Ações para atravessar fronteiras
iv. Ações em locais de recuperação
v. Outras ações
vi. Treinamento e ensaios
vii. Inspeções antes de iniciar o movimento
4- SERVIÇOS E SUPORTE
a. Auxílios de sobrevivência
i. Saúde
1. Primeiros-socorros
2. Doenças
ii. Água
1. Obtenção
2. Desinfecção/Purificação
3. Transporte
iii. Alimento
1. Obtenção
2. Preparação
3. Cozimento
4. Transporte
iv. Abrigo, conforto e aquecimento
v. Meios de começar fogo
vi. Recuperação
vii. Viagem
b. Kits de sobrevivência
c. Equipamentos especiais

570
d. Inspeções
i. Responsabilidades
ii. Equipamento, itens de sobrevivência e kits
5- Comandos e sinais
a. Cadeia de comando (hierarquia, superiores e comandados)
b. Sinais (códigos e sinais que serão empregados pela equipe)
i. Frequências
1. Primárias
2. Alternativas
ii. Agenda de comunicação
1. Primária
2. Alternativa
iii. Códigos
1. Senhas
2. Símbolos
3. Palavras-passe
4. Etc

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Bibliografia

Série Folk Skills. Direção: Dave Canterbury. Produção: Pathfinder School.


Youtube. Pathfinder Shool LLC, 2018. Disponível em:
https://www.youtube.com/channel/UCfa-XVztQrDlf-2v1UUdkwg. Acesso em: 04
de Maio de 2018.
Série Materia Medica. Direção: Dave Canterbury. Produção: Pathfinder School.
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de Maio de 2018.
Série Primitive Skills. Direção: David Canterbury. Produção: Pathfinder School.
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de Maio de 2018.
Série Survival Basics. Direção: David Canterbury. Produção: Pathfinder School.
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Série Survival Knowledge. Direção: David Canterbury. Produção: Pathfinder
School. Youtube. Pathfinder Shool LLC, 2018. Disponível em:
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de Maio de 2018.
US ARMY. Headquarters. FM 3-05.70: Survival. Washington, DC: Department Of
The Army, 2002. 676 p. v. 1.
WISEMAN, J. L. Collins. SAS New and Updated Survival Handbook. London,
UK: Harper Collins Publishers. 2009. 576 p. v. 1.
Os direitos autorais das imagens utilizadas neste livro são resevados a seus
autores.

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