Apicultura II
Apicultura II
Apicultura II
Produção de Mel e
Aproveitamento da Cera
Módulo II
“O SENAR-AR/SP está permanentemente
empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2020-2024
CAPACITAÇÃO
NA APICULTURA
Produção de Mel e
Aproveitamento da Cera
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Teodoro Miranda Neto
Chefe Adjunto da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP
AUTOR
Celso Ribeiro Cavalcante de Souza
Técnico em Agropecuária, Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas, Farmacêutico, Proprietário do
Apiário D’terra e da Estação do Mel - Pindamonhangaba
REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente
FOTOS
Celso Ribeiro Cavalcante de Souza
DIAGRAMAÇÃO
FUNVIC - Fundação Universitária Vida Cristã
Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................9
I. MEL....................................................................................................................................... 10
1. Características do mel...................................................................................................... 10
2. Composição do mel.......................................................................................................... 11
V. BENEFICIAMENTO.............................................................................................................. 32
1. Materiais necessários ao beneficiamento......................................................................... 32
2. Limpeza e higienização da casa do mel........................................................................... 32
3. Limpeza e higienização do trabalhador da casa do mel................................................... 33
4. Desoperculação dos favos................................................................................................ 33
5. Centrifugação.................................................................................................................... 35
6. Acondicionamento do mel................................................................................................. 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................................................... 57
O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.
Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.
Apicultura não consiste necessariamente em produzir mel. Este não é o único objetivo
do apicultor, mas é o mais antigo, mais difundido, talvez o mais fácil, o mais comum.
Vale lembrar que muitos iniciaram no passado o cultivo de abelhas porque apreciavam outro
produto, tão nobre quanto: a cera de abelhas.
O mel continua sendo a base econômica da apicultura. Devemos lembrar que não são as
abelhas que produzem mel, elas apenas o elaboram. São as plantas, no pasto apícola, que
secretam o maravilhoso néctar, ou seja, sem flores não há mel e sem abelhas não há quem
o elabore.
Cabe ao Apicultor aplicar seu conhecimento (tecnologia) para que a atividade consiga obter
e transformar o máximo possível de néctar produzido, elaborando-o em mel.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o mel como uma substância açucarada obtida
a partir do néctar das plantas ou que se encontre sobre elas, que as abelhas trabalham,
transformam e combinam com matérias específicas, depositando depois nos favos da
colmeia.
É um produto das abelhas preparado por meio de processos específicos. Quando uma abelha
chega carregando, em sua vesícula melífera, néctar ou melato coletados em sua última
expedição de coleta, já os terá diluído com saliva, contendo secreções de várias enzimas,
usadas na elaboração do mel.
O mel pode ter origem em uma secreção açucarada das flores (néctar), em outras partes
não florais das plantas, em secreções de insetos ou em frutos maduros. De acordo com esta
origem, o mel será classificado em:
Mel Floral: aquele que se origina do néctar retirado das flores, podendo ser: monofloral,
quando apresenta no mínimo 70% do néctar de uma mesma espécie floral (mel de laranja),
e polifloral, quando apresenta néctar de várias espécies florais (mel silvestre).
Mel de Melato ou Extrafloral: aquele que tem origem nas secreções das partes vivas
das plantas (mel de cana), nas secreções de insetos (cochonilhas, pulgões, etc.) ou em
frutos maduros (isto só ocorre em caso de escassez de néctar floral).
1. CARACTERÍSTICAS DO MEL
O mel possui algumas características que são utilizadas principalmente para detectar sua
adulteração e pureza.
a) Aroma e Sabor - variam de acordo com a florada. Perdem-se com o aquecimento e com
a manipulação inadequada.
d) Umidade - é muito importante para o mel, pois condiciona seu tempo de vida. O teor ideal
é de 17 a 20% (impossibilita a fermentação).
f) Viscosidade - resistência que o mel oferece ao ser manipulado. Também varia de acordo
com a composição. É sensível à temperatura, diminuindo à medida que a temperatura
aumenta.
2. COMPOSIÇÃO DO MEL
A composição do mel depende da região e do tipo de flor, mas pode ser dada basicamente
por:
ÁGUA 17,20%
Frutose 38,19%
Glicose 31,28%
Maltose 7,31%
Outros 1,50%
Glucônico, cítrico, málico,
ÁCIDOS 0,57%
butírico, acético, fórmico
PROTEÍNAS E MINERAIS 0,43%
Os açúcares naturais dão energia ao corpo em forma de força e calor, enquanto o mel,
através da glucose, constitui-se em uma fonte de energia muscular.
311 calorias
75,4 hidrato de carbono
Em 100 g de mel temos:
0,40 de proteínas
nenhuma gordura
9 kg de cenoura
1,7 kg de carne bovina
2,6 kg de peixe fresco
1 kg de mel corresponde em
50 ovos
calorias a:
40 laranjas
25 bananas
2,5 l de leite
1. O “PASTO APÍCOLA”
É através da flora apícola que será determinado o manejo do apiário; para isso, o apicultor
deverá estabelecer um calendário apícola próprio, observando o ciclo médio de florada das
espécies de plantas presentes em seu pasto apícola.
O mel provém de flores. Não de qualquer flor, mas de um número relativamente pequeno
de espécies, que constituem a flora apícola principal. Como exemplos podem ser citados
a candeia, o capixingui, o assa-peixe, o eucalipto e a laranjeira. Além disso, é preciso ter-
se em conta que o mel armazenado nas melgueiras é o excedente, aquele que passou da
necessidade do consumo das próprias abelhas e o qual interessa ao apicultor.
ATENÇÃO!!!
A maior produção é obtida em um apiário que possibilite a exploração completa das flores
existentes no raio de ação útil das abelhas. No entanto, o mais importante é o pasto apícola
circundante ao apiário.
Se o pasto for de pomares cítricos terá uma disponibilidade excessiva durante um curto
período, seguido por uma situação de carência quase absoluta durante a maior parte do
ano. Ao contrário, se for de uma capoeira com uma área cultivada e algumas pastagens mal
cuidadas ou uma pequena mata, terá moderada disponibilidade de néctar durante quase
todo o ano.
Ou seja:
As monoculturas
• Devem ser exploradas pela apicultura migratória, pois fora da estação das floradas pouco
tem a contribuir às abelhas.
• Contendo diversas espécies de valor apícola, como matas e campos sujos, são favoráveis
à apicultura fixa, pois fornecem alimento quase o ano inteiro.
• Não se utiliza colocar muitas colmeias por apiário mas estas poderão permanecer o tempo
todo, pois encontrarão disponibilidade de alimento devido à diversidade de floração.
O requisito fundamental que uma área deve preencher é apresentar um bom pasto apícola,
isto é, deve possuir abundância de plantas nectaríferas e poliníferas. Obedecido este requisito,
grande parte do êxito do apicultor será obtido.
2. APIÁRIO
Os cavaletes não devem ficar muito afastados entre si, pois isto aumenta a área a conservar
limpa e a proteger contra o fogo e outros problemas.
Em regiões quentes deve-se preferir local com árvores, que criam microclima mais favorável
(ameno) para as abelhas e para o apicultor.
É preconizado que o número adequado de colmeias por apiário esteja entre 20 e 50.
O arranjo das colmeias em fila ou meia lua é o mais conveniente. Se for feita fila dupla
os alvados devem ficar em direções opostas.
ATENÇÃO!!!
Local adequado para guardar os equipamentos, utensílios e materiais (arame, cera alveolada),
bem como para o preparo e manutenção das colmeias.
5. CASA DO MEL
O prédio da sala de mel deverá ser ventilado e ter boa iluminação, inclusive artificial, para
facilitar os trabalhos noturnos. Deve ter também dispositivos que impeçam o acesso de
abelhas e outros insetos (telas nas janelas e portas, equipadas com escape de abelhas;
juntas de borracha nas portas e nos caixilhos das janelas).
Na sala do mel são efetuados os seguintes processos: recepção dos favos, desoperculação
dos favos, centrifugação, filtragem, decantação, envasamento e armazenamento. Se o apiário
tiver se submetido a Inspeção Sanitária, terá ainda o processo de rotulagem e expedição.
Poderá ser localizada afastada da área de terreno onde se situa o apiário, podendo inclusive,
ser urbana, desde que autorizada por órgão competente, com relação a códigos de postura,
saúde pública e defesa do meio ambiente.
6. SEGURANÇA
Prevenção contra incêndios: mantendo sempre limpa de vegetação uma faixa em torno
das colmeias e descartando o resíduo do fumigador em local seguro.
“RESPONSABILIDADE” DO APICULTOR
A situação das colônias é extremamente variável. A cada dia nascem e morrem muitas
abelhas, o fluxo nectarífero se modifica, as atividades das abelhas e da rainhas se intensificam
ou diminuem em decorrência de vários fatores; por isso, para manter todas as colmeias em
plena produção, o apicultor deve visitar e menejar constantemente todos os seus apiários.
Uma boa técnica a ser utilizada pelo apicultor é ter um apiário que chamamos de Berçário
(ou de Criação) e apiários de Produção.
Deve estar instalado próximo à residência do apicultor, em local seguro e de fácil acesso. Não
é necessário existir boa pastagem apícola, uma vez que as abelhas serão constantemente
alimentadas artificialmente.
criar rainhas
No berçário faz-se o necessário para que os enxames se desenvolvam o mais breve possível
e se tornem enxames produtivos com 10 quadros.
1.2. Produção
Ao mesmo tempo são levadas colônias novas do apiário de criação para os apiários de
produção, repondo as baixas ocorridas por diversos fatores como: morte da rainha, ataque
de formigas, traças, entre outras.
Apiário de
Apiário de Produção 3
Produção 1
Apiário de
Produção 2
ATENÇÃO!!!
A substituição de rainhas deve ser feita pelo menos a cada 2 anos, sendo que o ideal seria
a cada ano. Rainha jovem tem tendência de ser mais produtiva.
Proporciona:
Proporciona:
a) produção de 80% a mais por caixa que o obtido com a melgueira normal, com o mesmo
tempo despendido para a colheita e extração do mel.
b) substituição dos favos: NINHO ► MELGUEIRA ► NINHO, com maior economia e menores
quebras na extração (favos do ninho que subiram para a melgueira são mais resistentes),
além de economizar com cera alveolada.
c) limpeza do excesso de mel nos ninhos e fornecimento destes quadros com mel para as
colmeias carentes.
A tela excluidora é usada para impedir que a rainha migre para a melgueira, pois caso isso
ocorra dificultará o aproveitamento dos favos, que passarão a ter cria misturada com mel.
Deve ser colocada entre o ninho e a melgueira. Ao introduzir a melgueira sobre o ninho,
antes da florada, deve-se proceder à colocação da tela excluidora.
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 21
Proporciona:
c) mel de melhor qualidade por evitar a mistura com crias, o que eleva o teor de umidade.
d) controle da enxameação.
ATENÇÃO!!!
Como o próprio nome diz, a alimentação estimulante serve para “imitar” um fluxo de néctar
na colmeia.
Proporciona:
b) economia do mel que as abelhas consomem para fazer cera. Esta será feita com
antecipação do alimento fornecido (gasta-se, em média, 8 kg de mel para produzir 1 kg
de cera).
Proporciona:
A migração é o processo de levar as colmeias do apiário para outro local com a finalidade
de aproveitar diferentes floradas durante o ano.
Proporciona:
a) maior produção de mel (100 a 200%), mantendo o apiário produtivo durante quase todo
o ano.
retirar as melgueiras de sobre o ninho, pois o mel pode ser derramado e “afogar” as
abelhas.
Como fazer:
Pode-se utilizar uma espuma. Este procedimento é essencial para impedir a saída das
abelhas da colmeia a ser transportada.
A fixação pode ser feita através de sarrafos, elásticos ou equipamento específico. O importante
é que as partes da colmeia fiquem fixas durante o transporte.
O transporte deve ser feito com o máximo de cuidado possível, evitando freadas bruscas e
alta velocidade, pois os quadros podem se soltar, provocando a morte de muitas abelhas e
até mesmo da rainha.
ATENÇÃO!!!
Proporciona:
a) menor competição.
A produtividade das colmeias pode ser multiplicada várias vezes, pelo efeito aditivo ou
combinado das várias técnicas à disposição do apicultor: Por exemplo:
Migração 100%
Primavera pobre 50%
Alimentação estimulante
Primavera favorável 20%
Substituição de rainhas 10%
Seleção massal (eliminação de colmeias improdutivas) 20%
TOTAL 180% - 200%
A extração do mel deve ser feita no período próximo ao fim de uma florada intensa, geralmente
na última semana, porém pode ser colhido aos poucos dependendo da intensidade da florada
e disponibilidade de tempo.
ATENÇÃO!!!
Em algumas regiões colhe-se o mel apenas uma vez por ano, em outras duas ou mais
vezes. A frequência varia de acordo com as condições climáticas e a natureza da flora
apícola local.
3. VERIFIQUE OS FAVOS
Deve-se retirar os favos de mel das colmeias quando seus alvéolos apresentarem-se
totalmente operculados, ou pelo menos dois terços dele.
Pode ocorrer que nem sempre as abelhas estão em condições de produzir cera para opercular
o mel maduro; neste caso, sabe-se que o mel está maduro quando, colocado o quadro de
cabeça para baixo e sacudindo-o ligeiramente, o mel não escorre.
ATENÇÃO!!!
Retirando favos com mel sem maturar, com excesso de água, é provável que
fermente em pouco tempo, perdendo qualidade para a comercialização.
4. RETIRE OS FAVOS
O apicultor necessita deixar alimento para as suas abelhas no período de escassez. Mas
No ninho deve-se retirar os dois quadros de mel das extremidades e completar com quadros
de cera alveolada, intercalando entre os quadros de cria; estes quadros são deixados na
melgueira para os períodos de entressafra. A repetição periódica deste procedimento
corresponde à renovação contínua dos favos.
5. COLHA O MEL
O ideal é que se trabalhe com no mínimo três pessoas, cada qual executando uma tarefa:
Essa tarefa deve ser realizada preferencialmente em dia seco, com bastante sol.
De acordo com o número de melgueiras a serem colhidas, mais operadores devem ser
acionados.
EPI apícola, fumigador, formão, vasilhame com água, vassourinha, ninhos ou melgueiras
vazias, fundos e tampas.
Com auxílio do formão, desloque os quadros que estiverem soldados com própolis.
As abelhas que ficaram aderentes nos favos serão varridas com auxílio de uma
vassourinha.
a) Agitação dos favos: Consiste na aplicação de fumaça suficiente para as abelhas descerem
ao ninho; em seguida retira-se um a um os quadros de mel e sacode-se fortemente o
quadro sobre a colmeia, a fim de que as abelhas aderentes caiam pelo choque.
ATENÇÃO!!!
b) Soprador de abelhas: É um aparelho destinado a remover as abelhas dos favos por meio
de um jato de ar. Constitui-se de uma ventoinha ou turbina (fonte do jato) à qual se adapta
uma mangueira flexível, utilizada para dirigir o jato de ar sobre os favos.
Coloque uma melgueira vazia apoiada em um fundo de colmeia ao lado da colmeia cujo mel
será colhido. Pode-se, também, utilizar caixas plásticas com tampa.
ATENÇÃO!!!
ou
Ao dirigir-se para outra colmeia, leve a caixa (melgueira) da qual os quadros foram retirados,
pois servirá de depósito para os próximos quadros a serem colhidos.
Caso não sejam retirados todos os quadros da colmeia, permaneça com a melgueira na
caixa.
À medida que as caixas (ninhos ou melgueiras) vão sendo completadas, deverão ser levadas
imediatamente para um veículo ou para uma sala de centrifugação. Podem ser transportadas
em carrinhos de mão, camionetas ou mesmo na mão, dependendo da distância do local em
que serão beneficiadas.
O processo de beneficiar o mel é realizado na Casa do Mel e deve ser efetuado dentro das
Normas estabelecidas pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a
quais possuem regras específicas de higiene a ser seguidas, garantindo assim, a qualidade
do produto para o consumidor final.
ATENÇÃO!!!
Limpeza: retirada dos resíduos orgânicos e minerais. É realizada em três fases: Pré-
lavagem (água), Lavagem (água + detergente) e Enxágue.
Da mesma forma que o ambiente e os equipamentos devem ser limpos e desinfetados, o(s)
responsável(is) pelo processo de beneficiamento dentro do Casa do Mel também deve(m)
estar devidamente limpo(s). Devem usar roupas brancas, toucas, máscara e luvas.
Consiste na retirada dos opérculos, ou seja, as capas de cera que protegem os alvéolos
cheios de mel.
ATENÇÃO!!!
Para pequenas extrações, qualquer cuba ou tambor de aço provido de peneira e suporte
substitui a mesa, permitindo o escoamento do mel dos opérculos e eventuais favos
quebrados.
O instrumento mais usado é o garfo, porém pode-se utilizar facas de lâmina flexível, com corte
Os opérculos são deixados para escorrer durante algumas horas sobre uma peneira de tela
metálica.
Após desopercular os dois lados dos quadros, deixe-os na mesa novamente. Repita o
processo em todos os demais quadros.
O mel escorrido pode ser misturado com o centrifugado ou utilizado separadamente, pois
pode conter teor de umidade mais elevado.
5. CENTRIFUGAÇÃO
São aparelhos cuja rotação obriga a saída do mel, expelido pela força centrífuga e jogado
contra as suas paredes internas, sem contudo prejudicar os favos.
centrífuga radial (mais utilizada) - construída com capacidade para médio ou grande
número de quadros. Deriva seu nome do fato de os quadros ficarem dispostos ao redor
do eixo, no sentido dos raios do círculo, com os sarrafos superiores voltados para o lado
externo da centrífuga. Ela extrai o mel de ambas as faces do favo simultaneamente. Os
modelos com capacidade para 40 ou mais favos são dotados de acionamento a motor
elétrico, permitindo que, durante a extração de um conjunto de quadros, o apicultor proceda
à desoperculação de outro conjunto, aumentando o rendimento do trabalho.
Caso algum quadro esteja quebrado ou danificado, amarre com arame, formando uma rede.
Aconselha-se deixá-lo por último para ser centrifugado.
6. ACONDICIONAMENTO DO MEL
O mel que flui da centrífuga ou extrator deve passar por algumas operações antes de ser
dado ao consumo.
Para maior eficiência, o coador deve ser múltiplo, usualmente com três a quatro estágios,
dotados de malhas progressivamente mais finas. Podem ser usadas telas nº 12, 30, 50 e
80 (número de fios por polegada).
1. EMBALAGEM
Caso o mel tenha na sua origem a predominância de uma espécie vegetal, ela deve ser citada
no rótulo, pois isto valoriza o produto. Antes, porém, verifique com certeza a origem floral do
mel (pelo enxame microscópico dos pólens nele contidos), evitando cair em descrédito. Se o
apicultor for membro de uma associação apícola, deve utilizar seu nome e selo de garantia
para prestigiar seu produto.
ATENÇÃO!!!
Existem certos lugares em que a florada é contínua durante o ano. Isto certamente não é a
regra, mas a exceção. Normalmente temos ao longo do ano períodos de safra ou de produção
em que as abelhas colhem bastante néctar e pólen, podendo acumular excedentes. Eles são
intercalados por épocas em que a entrada de alimento na colmeia é nula ou muito pequena,
insuficiente para a manutenção da colônia, as quais chamamos períodos de entressafra.
A identificação desses períodos são variáveis segundo a constituição da flora apícola de cada
região. Um dos requisitos básicos para a execução de um bom manejo é, precisamente, o
conhecimento desses períodos para que o apicultor possa tomar as providências adequadas
a cada situação com a devida antecedência.
Em relação ao fato econômico, a melhor solução que o apicultor pode dar a todos estes
problemas é a remoção do apiário para outra região onde ocorra uma florada apícola
precisamente nesse período, ou seja, fazer apicultura migratória. Isso, entretanto, nem sempre
é possível ou conveniente. Neste caso, cabe ao apicultor, utilizando a técnica, a criatividade
e o esforço, manter seu apiário em condições satisfatórias durante esse período desfavorável
para que as abelhas voltem a proporcionar-lhe boas colheitas quando as flores voltarem.
Após a extração do mel procede-se à triagem dos favos separando os que devem ser fundidos
e os que poderão ser reutilizados.
A limpeza dos quadros é feita pelas próprias abelhas. Para isso, o apicultor deverá colocar
os quadros nas melgueiras e levá-los a um local cerca de 100 metros do apiário, empilhando-
as de forma que as abelhas limpem o mel residual.
Se retornar às colmeias, deverão ter número suficiente para restaurar sua condição do início
da florada, ou seja, ninho e uma melgueira completa. Se forem armazenados para uso futuro,
2. REVISÃO PÓS-COLHEITA
Poucos dias após a colheita do mel, deve ser feita uma meticulosa e completa revisão das
colmeias.
Todas as partes das colmeias que se apresentem em mau estado devem ser
substituídas.
A situação de cada família deve ser avaliada, especialmente em relação à rainha (se está
presente e qual seu desempenho). Deve-se verificar também a quantidade e qualidade
da cria, das reservas (mel e pólen) e a população de cada família.
Favos defeituosos ou muito velhos são eliminados nesta revisão pós-colheita. Se algum
destes estiver com cria, poderá ser passado (sem a rainha) para cima da tela excluidora
e eliminado após a emergência das abelhas.
3. UNIÃO DE FAMÍLIAS
Ao final da florada podemos ter no apiário algumas famílias fracas devido a várias causas:
orfandade, enxameação, rainha deficiente, pilhagem, doenças, etc. Entre estas “famílias
fracas”, aquelas que possuírem rainha jovem e boa poedeira poderão ser mantidas e
desenvolvidas, originando novas colmeias de produção na safra seguinte.
Para os demais casos, entretanto, pode ser mais conveniente sua união com outra família
forte, pois as famílias órfãs ou possuidoras de rainha deficiente provavelmente extinguir-se-
ão dentro do período desfavorável do ano.
3.13. Coloque este ninho sobre o outro ninho com jornal + xarope de mel
Deve-se fazer uma seleção dos melhores quadros, fazendo então a composição de um só
ninho.
Durante o período sem flores, que pode durar um ou vários meses, as colmeias devem ser
controladas periodicamente apenas pelo exame externo. Verifica-se principalmente:
o movimento do alvado
ATENÇÃO!!!
• ser mantidas com os alvados reduzidos a cerca de 15-20% de sua abertura máxima.
A quantidade de alimentação a ser dada é regulada pelo consumo das colmeias. Levantando-
se a parte posterior de cada colmeia pode-se avaliar o estado de suas reservas alimentares.
Se estiverem muito leves a alimentação deverá ser intensificada. Em caso de dúvida, abre-
se umas poucas caixas ao acaso e examinam-se os favos da melgueira e, se estiverem
totalmente vazios, verificam-se os favos laterais do ninho. A dose ideal de alimento a ser
ministrada é aquela que permita a manutenção das reservas de alimento remanescentes na
parte superior dos favos da cria, mas não leve à armazenagem de alimento.
Se o apiário estiver em local distante ou de difícil acesso para o apicultor, é conveniente que
a alimentação seja dada em forma sólida, ou seja, açúcar puro, que poderá ser umedecido
para torná-lo mais atrativo. Deve ser administrado por alimentadores de cobertura com
capacidade adequada ao período entre cada visita, que poderá ser de um ou mais meses.
Ao se aproximar a época das flores, pode-se elevar o nível da alimentação, que não terá
mais como objetivo a manutenção e sim a estimulação da postura.
ATENÇÃO!!!
O maior risco que ocorre nos favos, quando longe das abelhas, é o ataque de traças. Uma
forma de preveni-las é guardá-los longe uns dos outros, em local bem arejado, como um
barracão aberto.
Outra possibilidade é o expurgo dos favos, o qual tem de ser repetido a cada 2-3 semanas
devido à reinfestação que normalmente ocorre. O expurgo pode ser realizado pela fumigação
com enxofre (flor de enxofre) ou por inseticidas gasosos desprovidos de efeitos residuais,
como o dibromo-etileno ou qualquer produto utilizável no expurgo de grãos comestíveis,
como as fosfinas.
a) Reúna o material
Quando as abelhas não dispõem de flores onde possam colher néctar, tornam-se ávidas
por qualquer outra fonte de alimento doce. Uma dessas fontes pode ser a reserva de outra
colônia, de sorte que, tendo acesso a essa reserva, as abelhas imediatamente transportam-na
para sua própria colmeia. Na luta que se estabelece, milhares de abelhas morrem, podendo
as famílias saqueadas perecer, dispersar-se ou abandonar sua colmeia.
Para evitar isso, as colmeias devem ser adequadamente construídas, evitando frestas, partes
rachadas ou empenadas. Os alvados devem ser mantidos bem reduzidos, em especial nas
famílias fracas, deixando-se abertura de 1 a 2 cm apenas.
O apicultor, em geral, é que cria condições para que a pilhagem ocorra, provocando a
excitação das abelhas que, posteriormente, passam a atacar as colmeias. Isto porque:
abre as colmeias de forma incorreta (período e tempo) expondo os favos às outras colmeias.
As inspeções das colmeias devem ser reduzidas ao máximo e feitas sempre com a maior
rapidez possível.
distribui alimento fora da hora. A distribuição de alimento apresenta grande risco de incitar
a pilhagem. Por isso, deve ser realizada de preferência no final do dia, ao anoitecer ou,
se possível, à noite.
Se por algum motivo a pilhagem acontecer, envolvendo numerosas colmeias com risco
imediato de perda de algumas, o apicultor deve fechar completamente e o mais rápido
possível essas colmeias. Os alvados podem ser fechados com feixes de capim e, se houver
disponibilidade de água, pode-se dispersar e “esfriar” as saqueadoras com jatos de água
(pulverizada).
ATENÇÃO!!!
A deserção também pode ser causada por condições impróprias da colmeia, como o ataque
de traças, formigas ou de outras abelhas.
Como consequência, o apicultor perde uma porcentagem de seus enxames durante o período
de entressafra (cerca de 5 a 20% do total).
Para minimizar este problema é importante a adoção das seguintes medidas: alimentação,
redução de alvado, remoção de quadros ou melgueiras em excesso.
Uma precaução a mais é certificar-se de que as abelhas dispõem de fontes onde coletar
água nas proximidades do apiário. Se isto não ocorrer, deve ser providenciado um ou mais
bebedouros, de preferência com água corrente.
Um recurso a mais que pode ser utilizado para impedir a deserção é a colocação de tela
excluidora, sob o ninho ou no alvado.
Cerca de 30 a 40 dias antes da próxima florada o apiário será novamente revisto, aferindo-
se a situação em relação à rainha (rainhas ruins serão marcadas para substituição), cria e
provisões. Será decidida então a conveniência de iniciar a alimentação estimulante, que será
fornecida de 1 a 4 vezes por semana, conforme a necessidade e possibilidade do apicultor,
bem como tipo de alimentador usado.
Ao início da florada o apiário será igualizado, transferindo-se favos de cria nascente das
colmeias mais fortes para as mais fracas. Serão também repostas as colmeias que se
perderam no período, restaurando-se o número original de colmeias de produção.
Em tempos mais remotos a obtenção da cera, juntamente com o mel, constituía a razão básica,
senão única, para a prática da apicultura. Mesmo após o desenvolvimento da indústria do
açúcar de cana, que relegou o mel a plano secundário como adoçante, a procura e utilização
da cera se mantiveram elevadas. Vale lembrar a propósito que este por produto (cera), e
não o mel, é que se deu o início da criação de abelhas no Brasil. A cera era importantíssima
para a confecção de velas e imagens para os cultos religiosos.
1. CERA DE ABELHAS
A secreção da cera é realizada por quatro pares de glândulas cerígenas localizadas no 4o,
5o, 6o e 7o segmento abdominal, nos quatro esternitos visíveis.
O processo de elaboração fica a cargo das abelhas operárias, com idade entre 12 e 21 dias
de vida. Para produzir a cera as abelhas precisam de muito calor (temperatura de 30 - 35ºC)
e o estômago cheio de mel e algum pólen. Estima-se que as abelhas consomem 8 kg de
mel para produzir aproximadamente um quilo de cera.
As abelhas secretam a cera para construção dos favos formados de alvéolos hexagonais,
nos quais elas incubam as crias, estocam o mel e ocasionalmente a água.
As escamas são invariavelmente brancas e frágeis, a cor amarela nos favos são causados
pelos pigmentos solúveis do pólen. Os favos tornam-se escuros devido à saliva das abelhas
e à deposição de própolis.
Toda a cera que as abelhas produzem é por elas utilizada na construção dos favos ou como
opérculos, pontes e pontos de apoio. A cera que utilizamos é, portanto, recuperada a partir
dos favos. A este processo chamamos extração da cera.
A maioria dos processos de extração da cera baseia-se em seu ponto de fusão relativamente
baixo e na sua menor densidade em relação às impurezas.
É o mais simples, por esta razão é útil para quem está iniciando na apicultura. O seu
rendimento é baixo e a qualidade da cera obtida é geralmente prejudicada pela dificuldade
do controle da temperatura.
Procedimento:
Pode ser necessário colocar dentro do saco um peso para que os favos não flutuem.
Quando iniciar a ebulição, reduza o aquecimento e deixe por mais algum tempo.
A cera irá derreter e por ser mais leve virá para a superfície, formando um pequena nata.
Coloque um calço sob um dos lados da lata, para facilitar a remoção do bloco de cera.
No dia seguinte a cera solidificada estará na superfície e, sob ela, a água que passou junto
carregada de impurezas solúveis.
Se a cera apresentar cor escura, coloque-a novamente para ferver com água limpa, o que
removerá mais impurezas solúveis. Não será necessário coar novamente.
O aparelho consiste em uma caixa de metal ou madeira coberta por uma ou duas lâminas de
vidro, separadas por alguns milímetros. O fundo é horizontal, com a parede vertical posterior
mais elevada do que a parede dianteira, obtendo-se, assim, um ângulo favorável para a
incidência dos raios solares.
Caso sejam colocados favos escuros neste aparelho, eles devem ser tratados separadamente
dos favos claros e opérculos, para que não alterem a cor da cera obtida destes.
Colocam-se os favos em uma caixa cujo fundo é constituído por chapa perfurada ou por
tela metálica. Sob a caixa há um coletor (tremonha ou funil), abrindo-se sobre uma forma ou
recipiente, onde se acumulará a cera obtida. Regula-se a estufa para 70-75º C. À medida
que a cera se funde, vai descendo, por gravidade, atravessando o crivo no fundo da caixa e
separando-se dos casulos e outras impurezas sólidas. O coletor inferior recolhe a cera que
goteja para o recipiente onde se solidificará.
A aplicação simultânea destes dois agentes (calor a água) dá origem a diversas variantes de
métodos, entre as quais se pode incluir o já descrito método do saco. Mais especificamente,
entretanto, consideram-se aqui os processos de extração com auxílio de caldeiras.
b) Acenda o fogo
c) Separe os favos
Com o calor a caldeira irá produzir vapor, que entra em contato com os favos através de um
pequeno orifício; a cera derretida escoa ao fundo através de uma tela, impedindo a passagem
da maioria das impurezas.
Não se tem técnicas específicas para incrementar a produção de cera, mas pode-se valer
das próprias características comportamentais das abelhas:
Sem a rainha elas produzem significativamente menos cera do que na presença dela.
A melhor época do ano para estimular a construção de favos é durante o fluxo principal
de néctar.