Apostila Meio Ambiente

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NOÇÕES SOBRE

PROTEÇÃO AMBIENTAL
CURSO DE FORMAÇÃO DE INSPETOR DE EQUIPAMENTOS
BLACK BULL COMPANY | TREINAEND - DEPARTAMENTO EDUCACIONAL
Este curso e material didático foram desenvolvidos pela TREINAEND.
A TREINAEND é o departamento educacional da BLACK BULL COMPANY que visa o
aperfeiçoamento do profissional da indústria.
Prezado(a) estudante,

Você que está aqui estudando para se tornar um(a) Inspetor(a) de Equipamentos,
como imagina ser uma grande indústria? Você vê grandes equipamentos e máquinas?
É claro que sim. A tecnologia é parte fundamental de qualquer indústria. O(A)
técnico(a) de Inspeção de Equipamentos é o(a) responsável por garantir a
continuidade, segurança operacional e integridade estrutural dos equipamentos e
instalações das indústrias onde atua.

Este(a) técnico(a) é o(a) responsável pela integridade estrutural e segurança


operacional dos diversos sistemas de uma indústria, tais como dutos, vasos, torres,
reatores, trocadores de calor, caldeiras e demais equipamentos nos mais diversos
tipos de instalações on ou off-shore. Também são atribuições deste(a) profissional a
execução ou testemunho de ensaios destrutivos, não destrutivos e metalográficos,
testes de pressão, calibração de instrumentos de inspeção, de cálculo de taxa de
corrosão e definição da vida residual dos sistemas.

Esta apostila faz parte do seu programa de estudos. Nela você vai adquirir
conhecimentos importantes na sua preparação profissional. Lembre-se o quanto é
importante a profissão de Inspetor(a) de Equipamentos, esta lembrança sempre será
incentivo ao seu estudo. Nosso maior tesouro é a educação, ela é a garantia de um
futuro honroso e promissor.

Desejamos a você um excelente aprendizado!

Black Bull Company | Treinaend


CURSO DE FORMAÇÃO DE INSPETOR DE EQUIPAMENTOS
MÓDULO DE CONHECIMENTOS BÁSICOS
DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

OBJETIVO

O conteúdo desta apostila visa discutir resumidamente os aspectos que devem nortear
como esperamos a interação do homem com a natureza.
Neste início de século, em que o mundo vem passando por um importante processo de
reorganização, a questão ambiental tenta resgatar sua essência frente ás relações
sociedade natureza.
A compreensão tradicional das relações entre a sociedade e a natureza desenvolvidas
até o século XIX, vinculadas ao processo de produção capitalista, considerava o homem
e a natureza como pólos excludentes, tendo subjacente a concepção de uma natureza
objeto, fonte, ilimitada de recursos à disposição do homem.
Nossa geração parece ter presenciado a data limite para este processo extrativista
predatório e todas as formas irracionais e insustentáveis de utilização dos recursos
naturais. Precisamos, de forma urgente e inadiável, estabelecer procedimentos e
técnicas que permitam minimizar as agressões ao meio ambiente ocasionados pelas
atividades exercidas pelo homem. Precisamos ter a consciência que não há preço para
o ar que se respira, a água que se bebe, o Sol que nos ilumina e ter a consciência de
que os “donos da natureza” ainda estão por chegar, nossos filhos e netos que mesmo
antes de nascer devem ter direito a um mundo habitável.
Um acidente industrial, como os que infelizmente temos presenciado, seja na bacia de
campos, seja no Atlântico Norte, podem e devem ser evitados através da inspeção e
manutenção dos equipamentos, e por isso serão apresentadas informações
importantes buscando abrir canais de discussão e assim possibilitar, em cada um, a
criação de um “senso crítico de proteção ecológica” para que exerçam a função de
inspetor de equipamentos conscientes de sua responsabilidade na preservação
ambiental.

1. O HOMEM E SUA INTERAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE

1.1. Introdução

As tradições das diferentes culturas, sempre desempenharam o seu papel quanto ao


comportamento humano em relação ao ambiente. O homem ocidental com seu
dogma cristão-judaico, segundo o qual, ao contrário de outras criaturas, foi feito à
imagem e semelhança de Deus, tendo, portanto o direito de dominar o mundo.
“As plantas foram criadas por causa dos animais e os animais por causa do homem”
(Aristóteles, 350 a. C). Esta premissa grega da Antigüidade reforça a noção do mundo
destinado ao homem.

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A concepção do mundo para os índios americanos que viam na natureza virgem


símbolos do mundo espiritual, na antiga China, determinados aspectos da terra eram
interpretados como manifestações do ser cósmico, a noção Budista do consumo,
sendo o máximo de felicidade com o mínimo de consumo, contrastando com o
pensamento ocidental que prega o aumento de consumo para um “viver melhor”.
”O homem como elemento da natureza constitui uma noção relativamente recente no
pensamento ocidental, em parte como conseqüência do darwinismo, que não o
descrevia senão como outra forma de vida sobre a terra”. Alterações prejudiciais ao
ambiente, resultantes das atividades humanas, acabaram por acarretar na concepção
“ecológica”, na qual o homem não passa de um elemento como outro qualquer do
ecossistema geográfico.
Estas abordagens, no entanto, não são necessariamente certas ou erradas, mas todas
elas afetaram vigorosamente como o homem procurou moldar o ambiente que o
cerca. No passado estas diferenças teriam interesse puramente acadêmico, mas hoje a
relação do homem com o meio está chegando a uma situação crítica, na medida em
que as mudanças por ele processadas talvez se tornem irreversíveis. O homem deixou
de ser mero integrante do ecossistema em que vive, para se tornar cada vez mais um
elemento afastado do meio físico e biológico. “Quando se tornar capaz de fabricar ou
sintetizar alimentos de matérias inorgânicas – perspectiva que não é improvável -, um
vínculo basilar, o do homem com a terra viva, estará rompido”.

1.2. O controle sobre a natureza

Figura 1 – Reação do homem ao ambiente natural

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“A teoria segundo a qual as condições naturais governam o comportamento do


homem e até mesmo aspectos do seu caráter chama-se determinismo ou
casualidade”. Esta idéia antiquada de que o homem deve ser controlado pela natureza
e se adaptar a ela, se contrapõe com a noção do possibilismo que diz; o homem não é
um ser passivo e não se conforma com os caprichos da natureza e deve, dessa forma
prosperar e agir sobre o meio e a modificá-lo, dentro de limites naturais de espaço e
de possibilidades de desenvolvimento.
É impossível explicar as decisões e atividades humanas com base apenas nas limitações
ambientais. Se assim fosse, uma determinada fábrica para ser instalada, deveria ser
determinada sua localização pela proximidade de matéria-prima e energia e admitindo
a existência de um mercado. Na realidade, fatores econômicos, sociais e políticos, ou
mesmo à vontade do empresário, têm, no mínimo, importância igual. No entanto, a
espécie humana ainda está sujeita a natureza, a escassez de peixes em determinado
local em virtude de mudanças na temperatura das correntes em determinado ano, as
secas no Sudão e Etiópia, etc.
Ao contrário, há exemplos do homem dominando a natureza, como uma área urbana
em Phoenix, no Arizona nos Estados Unidos, construída no deserto, através de
recursos de irrigação. Nos arredores da cidade, cultiva-se algodão, frutas e tâmaras,
num verdadeiro oásis, são exemplos de interação homem-ambiente, demonstrando a
variedade do domínio do homem sobre a natureza e vice-versa.
Há sempre desastres noticiados pela imprensa todos os anos em diversas partes do
mundo. “Em certa medida, o esforço que se requer para a obtenção de um dado
retorno é proporcional ao grau de submissão às condições naturais – contrariar a
natureza das coisas” exige mais esforço. As aplicações de tecnologia ultramoderna têm
de ser estudadas com o maior dos cuidados, a fim de que sejam adequadas ao meio
ambiente e não tragam mais prejuízo do que benefício à população.
Em certos casos, o homem é subjugado pela natureza e aceita suas limitações, como as
áreas áridas, regiões tórridas e desérticas do planeta. É a natureza dominando o
homem.

1.3. Níveis de Interferência

De fato, como vimos à manipulação do meio pelo homem, vai do controle quase total
do ambiente, como uma casa com calefação ou ar condicionado, e diversos aparelhos,
até uma influência mínima sobre o meio físico (indígenas da Austrália).
A distribuição do homem sobre a superfície da terra está desigualmente distribuída.
Devemos observar que o homem distribuiu-se na terra em larga escala, basicamente
em áreas de potencial agrícola ou florestal e também em regiões temperadas e
quentes. Devemos atentar também que, as áreas cobertas de gelo, as subárticas os
desertos, densidade demográfica baixa ou zero. Vale lembrar que a ausência física do
homem em determinada área, não significa que sua influência não está presente.

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Alterações nos oceanos, no clima, efeito estufa, etc. podem afetar a terra como um
todo.

1.4 Sistemas Naturais

A terra pode ser considerada como um enorme sistema, porém ela pode também ser
dividia em inúmeros subsistemas como:
• Atmosférico;
• Continental ou litosférico;
• Aquático ou hidrosférico.
É na zona de interação desses subsistemas que ocorre a vida (biosfera).

Figura 2 – Interação dos subsistemas básicos do ambiente natural.

Portanto, a Terra funciona como uma inter-relação de sistemas, todos parcialmente


independentes, mas fortemente vinculados entre si. A intervenção humana não pode
afetar de maneira significativa a atividade dos sistemas em escala global, como o
sistema atmosférico, mas os sistemas de ordem inferior, principalmente aqueles que
envolvem seres vivos (ecossistemas), são bastante vulneráveis as ações do homem.
Os exemplos abaixo são de subsistemas nos quais houve um percentual de intervenção
do homem, e conseqüentemente alteração do atual sistema.
• Ciclo do Nitrogênio

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Algumas causas:
- Introdução pelo homem de fontes artificiais;
- Volume de nitrogênio oriundo de fontes industriais.

Um dos efeitos desse fenômeno é o crescimento excessivo de algas.


• Ciclo do Fósforo

Algumas causas:
- Encurtamento, pelo homem, da escala em que o ciclo do fósforo se manifesta;
- Exploração de substâncias naturais ricas em fosfato
- Uso de fosfato mineral como fertilizantes e a fabricação de detergentes. Os resíduos
de detergentes são lançados indiscriminadamente em corpos d’água;
- Lançamento de elevadas cargas de fosfato oriundo dos esgotos vindo a contaminar
sistemas hídricos.

• Ciclo do Mercúrio
Algumas causas:
- Este metal apresenta-se em pequeninas quantidades nos sistemas naturais;
- Uso em larga escala para fins industriais;
- Na extração do ouro sendo lançados em rios, vindo a contaminar organismos
marinhos e conseqüentemente ao homem.

1.5. Impactos sobre os meios físicos


1.5.1. Os Solos
Fatores como clima, materiais de origem, topografia, a biota e o tempo determinam
um equilíbrio dinâmico com os solos. Qualquer alteração nesses mecanismos reverterá
ao solo.
De modo consciente ou não, são exemplos de como o homem modifica os solos:

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Tabela 1

Dentre os mais negativos efeitos do homem sobre o solo, está à erosão. Em ambientes
de delicado equilíbrio como os semi-áridos ou montanhosos, a erosão se mostra mais
prejudicial.

1.5.2. Plantas e Animais

A grande mudança na relação do homem e os demais seres vivos ocorreram com a


transição dos hábitos humanos da “caça e coleta” para a da “agricultura,
domesticação”.
Introduções pelo homem de espécies vegetais quando de suas migrações pelo planeta,
deve-se ao fato de serem importantes fontes de alimentos, ou seja, aonde ele ia,
levava aquelas espécies conhecidas para o ambiente desconhecido.

Animais e insetos muitas vezes foram introduzidos acidentalmente, transportados por


barcos e sementes trazidas com a roupa, etc.
Modificações profundas nos ecossistemas animais, através de desmatamentos
ocasionando transformações no habitat de várias espécies inclusive promovendo a
extinção de insetos, construção de represas para obtenção de energia hidroelétrica
acarretando paralisação da desova de trutas, etc.

1.6. Efeitos na Atmosfera, água, formas de relevo e nos oceanos.

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1.6.1. Atmosfera

A – Alterações microclimáticas:
A construção de um edifício busca obter abrigo criando um clima artificial inteiramente
controlado. Este edifício modifica muitos parâmetros climáticos ainda que em pequena
escala. No entanto, imagine uma grande cidade com centenas de milhares de edifícios
modernos, convertendo em calor a radiação solar que entra e modificando o padrão
do fluxo de ventos nas vizinhanças. Deste modo estas construções funcionam como
ilhas de calor como uma célula de convecção própria de ar quente ascendente.
B – Alterações mesoclimáticas:
Mudanças no uso da terra nas áreas rurais afetam o clima por centenas ou milhares de
quilômetros quadrados. Os efeitos se fazem maiores junto ao chão, mas as condições
atmosféricas são alteradas numa abóbada de 30 a100 metros de altura daquele ponto.
Queimadas em solos, prática bastante comum, alteram a zona protetora da vegetação,
aumentando a temperatura do solo e ainda a média de temperatura de dia e de noite
em mais de 10° C. o gradiente térmico aumenta 10 centímetros mais baixos da
atmosfera, cerca de 2° positivos.
A falta de árvores, por exemplo, afeta a velocidade do vento, aumenta a infiltração da
água da chuva no solo e em longo prazo, alterará a evolução do solo (maior lixiviação),
e daí a vegetação e novamente, portanto o microclima.
C – Alterações macroclimáticas:
O caso do deserto de Rajputana na fronteira entre o Paquistão e a Índia onde numa
área de cerca de 30 mil quilômetros quadrados, trata-se de um exemplo extremo de
desertificação. Deve-se em grande parte a intensa criação de cabras que através dos
anos acabou com a vegetação baixa existente. Com isso, a poeira em suspensão na
atmosfera faz que este deserto seja mais poeirento do mundo, ultrapassando os
valores de partículas em suspensão no ar, de muitas cidades industrializadas. Estas
partículas de pó fazem decrescer a quantidade de radiação solar incidente
promovendo o rebaixamento da temperatura na superfície da terra. Por sua vez, isso
reduz o volume do ar elevado por convecção, possível fonte de chuvas.

1.6.2. Água

“Pode-se dizer que a água doce é o mais importante recurso da humanidade,


individualmente considerado”. Setenta por cento do corpo humano é composto de
água, o que a torna vital para nossa sobrevivência.
Especialistas afirmam que é muito mais difícil suportar a sede que a fome. Por que eu
devo me preocupar, afinal, não basta abrir a torneira para ter água?

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Normalmente, não temos consciência da importância da água. Somente nos períodos


de estiagem, quando falta água nas nossas casas, lembramos, um tanto nervoso, que
dependemos da água para as mais variadas atividades domésticas. E, com paciência,
temos que esperar. Dificilmente alguém se pergunta quanto consome de água por
mês; a maior parte das pessoas somente paga a conta no banco. Essa inconsciência
pode ser explicada pelo fato de vivermos em regiões onde a oferta de água é bastante
satisfatória.
Os moradores do Sertão, no Nordeste Brasileiro, provavelmente atribuem um valor
bem diferente à água.Em todo o mundo, com exceção da Europa, a principal utilização
da água está na agricultura. Ela é usada na irrigação de cultura e criação de animais.
Em algumas áreas da Ásia, o consumo de água na atividade agropecuária chega a ser
dez vezes maior que na produção industrial.
Durante muito tempo, pensou-se que a água, ao circular na natureza, seria capaz de
eliminar todos os seus poluentes e seria um bem infinito, assim os esgoto industriais e
domésticos eram despejados, sem tratamento, nos rios. Mas, atualmente, a água é
concebida pelos especialistas como um recurso renovável, porém finito, já que a
poluição e o uso dos recursos hídricos têm aumentado tanto, que não permitem a
reposição na velocidade necessária ao consumo.
Numa escala mundial, é o que inibe a expansão da agricultura e conseqüentemente o
povoamento das vastas regiões do planeta. Já em uma escala local, os recursos
hídricos determinam a localização de certas industriais, como a geração de energia;
antigamente, o estabelecimento de povoações estava em relação estreita com a
localização de rios e fontes.
As tecnologias desenvolvidas pelo homem como a construção de represas, desvios de
rios, drenagem de terras, extração de água subterrânea e até rebocamento de
icebergs, interferem no ciclo hidrológico.
O movimento da água entre os continentes, oceanos e a atmosfera é chamado de ciclo
hidrológico. Na atmosfera, o vapor da água em forma de nuvens pode ser
transformado em chuva, neve ou granizo, dependendo das condições do clima. Essa
transformação provoca o que se chama de precipitação. A precipitação ocorre sobre a
superfície do planeta, tanto nos continentes como nos oceanos.
Nos continentes, uma parte das precipitações é devolvida para a atmosfera, graças à
evaporação, outra parte acaba desaguando nos oceanos depois de percorrer os
caminhos recortados pelos rios. Os oceanos, portanto recebem água de duas fontes:
das precipitações e do desaguamento dos rios, e perdem pela evaporação. Na
atmosfera, o excesso de vapor sobre os oceanos é transportado para os continentes,
em sentido inverso ao desaguamento.
Abaixo a representação do ciclo hidrológico, mostrando grandes e pequenos pontos da
interferência humana.

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1.6.3. Formas de Relevo

As alterações introduzidas no relevo podem ser conseqüências deliberada ou


inadvertida de qualquer outra atividade. Na construção de rodovias e ferrovias, vales
artificiais ou a deposição de sedimentos nos estuários dos rios devido à erosão do solo
carregada pêlos rios, depressões gigantescas escavadas para a exploração de minérios,
assim como o surgimento de fossas internas quando da abertura de minas e da drenagem da
terra.

1.6.4. Oceanos

Os oceanos perfazem sete décimos da superfície do globo. O que se sabe é a


importância dos oceanos no controle dos fluxos globais de energia e no ambiente geral
do planeta. Todos os oceanos estão ligados entre si e as únicas barreiras são na
verdade, as diferenças de salinidade e temperatura. Os oceanos são considerados a
lata de lixo do mundo.

2. A POLÍTICA E A GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL

2.1 Evolução

Um dos mais importantes movimentos sociais dos últimos anos, promovendo


significantes transformações no comportamento da sociedade e na organização
política econômica, foi chamada “revolução ambiental”. Com raízes no final do século
XIX, a questão ambiental emergiu após a Segunda Guerra mundial, promovendo
importantes mudanças na visão do mundo. Pela primeira vez a humanidade percebeu
que os recursos naturais são finitos e que seu uso incorreto pode representar o fim de
sua própria existência. Com o surgimento da consciência ambiental, a ciência e a
tecnologia passaram a ser questionadas.
A exploração dos recursos naturais, o desbravamento do território, o saneamento
rural, a educação sanitária e os embates entre os interesses econômicos externos, os
conservacionistas que defendiam a proteção da natureza através da exploração
controlada como a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza (FBCN), e os
nacionalistas que defendiam a exploração pêlos brasileiros como a Campanha Nacional
de Defesa e Desenvolvimento da Amazônia (CNDDA), eram os temas dominantes.

2.1.1. Histórico

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É possível identificar pelo menos três tipos de políticas ambientais: as regulatórias, as


estruturadoras e as indutoras de comportamento.
• Políticas Regulatórias – Dizem á elaboração de legislação específica para
estabelecer ou regulamentar as normas e regras do uso e acesso ao ambiente
natural, bem como à criação de aparatos institucionais que o garantam o
cumprimento da lei.
• Políticas Estruturadoras – intervenção direta do poder público ou de organismos
não-governamentais na proteção ao meio ambiente (ex: unidade de
conservação).
• Políticas Indutoras – referem-se a ações que objetivam influenciar o
comportamento de indivíduos ou grupos sociais. (ex: linhas especiais de
financiamento ou de políticas fiscais e tributárias.

Foi somente no século XX que a preocupação com o meio ambiente resultou, no Brasil,
na elaboração e implementação de políticas públicas com caráter marcadamente
ambiental, especialmente a partir da década de setenta, quando a percepção da
degradação ambiental aumenta onde os efeitos podem ser irreversíveis e
catastróficos.

Podemos dividir a política ambiental brasileira em três grandes períodos:


a) O primeiro período de 1930 a 1971, marcado pela construção de uma base de
regulamentação dos usos dos recursos naturais.
b) O segundo período, de 1972 a 1987, em que a ação intervencionista do Estado
chega ao seu momento máximo, e ao mesmo tempo em que a percepção ecológica
aumenta.
c) O terceiro período, de 1988 ao dias atuais, marcado pelo processo de
descentralização e pela rápida disseminação da noção de desenvolvimento
sustentável.

2.2. Período de 1930 a 1971 – Base Regulamentadora

A Revolução de 1930 e a constituição de 1934 marcam a transição de um país


dominado pelas elites rurais para um Brasil que começa a se industrializar e urbanizar,
particularmente na Região Sudeste. Nacionaliza a exploração do petróleo estatiza a
Companhia Vale do Rio Doce. Tem um período caracterizado por políticas regulatórias,
mesmo que incipientes.
O decreto nº23. 793, de 23 de Janeiro de 1934, previa a criação de parques nacionais e
de áreas florestais protegidos nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste.

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O crescimento populacional desordenado e concentrado na região litorânea do país


levou a uma reestruturação levando assim á criação de unidades de conservação. Em
1937 foi criado o Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro parque nacional do país,
localizado no Rio de Janeiro.
Nas décadas de 1950 e 1960, criação de várias unidades de conservação no Centro-
Oeste estava associada ao processo de transferência da capital nacional para o interior
do país. Lembrando que em 1934 foram promulgados os códigos florestais, das águas e
das minas.
O fim da Segunda Guerra Mundial chamou a atenção do mundo para o poder de
destruição das bombas atômicas.
Em 1958, o governo federal criou a Fundação Brasileira para a Conservação da
Natureza (FBCN), onde o objetivo principal defender a fauna marítima, a flora aquática
e fiscalizar a pesca do litoral. O primeiro código de pesca foi promulgado em 1965. As
ações públicas foram basicamente nas regiões Sul e Sudeste em função do processo de
industrialização e urbanização estar avançados.

2.3. Período de 1972 a 1987 – Intervencionismo do Estado e a Crise Ecológica Global

Neste segundo período o Brasil foi fortemente influenciado pela repercussão do


informe do Clube de Roma onde a primeira reunião significativa aconteceu em 1968
onde a conclusão foi que o mundo teria que diminuir a produção de forma que os
recursos naturais fossem menos solicitados, e que houvesse uma redução gradual dos
resíduos, fundamentalmente do lixo industrial. ”Então, a primeira proposta do Clube
de Roma foi essa: vamos diminuir a produção”.
A próxima iniciativa no que diz a respeito à evolução do conceito de sustentabilidade e
consequentemente de produção mais limpa, ocorreu em Estolcomo na Suécia em
1972. Diante da previsão do relatório do Clube de Roma e das movimentações dos
anos 60, a ONU – Organização das Nações Unidas realizou, em junho de 1972,a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, congregando mais de
110 paises entre eles o Brasil que teve uma participação vergonhosa ao convidar
empresas poluidoras a se instalarem no país; quando então se chegou à conclusão de
que a solução não era diminuir a produção como propôs o Clube de Roma à solução
era começar a pensar em produzir melhor. Ao invés de produzirmos
indiscriminadamente, com grandes desperdícios, gerando grande quantidade de
resíduos tanto em forma de emissões gasosos, quanto efluentes líquidos e resíduos
sólidos, vamos pensar em produzir melhor, isto é produzir de forma mais limpa. Foi
consolidado, então o conceito de Desenvolvimento Sustentável que veio emergir em
92.

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A crise do petróleo no início de década de 1970 ampliou o debate mundial. Em 1971,


foi fundado o Greenpeace, uma das organizações não governamentais de maior
visibilidade no setor ambientalista. As políticas ambientais entram em contradição com
as políticas modernizantes e de integração nacional implementadas pelo regime
militar. As atividades de construção de estradas, barragens e linhas de transmissão de
energia elétrica etc.entre 1975 e 1985, foram pressionadas a realizar estudos de
impacto ambiental, bancados por empresas estatais e privadas. Em 1973, foi criada a
Secretaria Especial do Meio ambiente (SEMA).

2.4. Período de 1988 – Aos Dias atuais

Neste terceiro momento as políticas ambientais correspondem a uma mudança


significativa embora não radical, no que tange a problemática ambiental do país. A
divulgação do Relatório Brundtland, em 1987,introduz com grande repercussão o
conceito de desenvolvimento sustentável. No âmbito interno, o processo de
redemocratização leva à promulgação de uma nova Constituição,em 1988,com forte
tendência descentralizadora.
A sociedade de uma maneira geral começou a se envolver nas questões ambientais. As
responsabilidades passaram a ser divididas entre as várias competências federais,
estaduais e municipais acompanhadas pelas discussões sobre o papel dos diversos
atores sociais na reformulação das políticas públicas e no reordenamento das
demandas setoriais e regionais.
A Constituição de 1988 foi a primeira a tratar especificamente da questão ambiental,
há capítulos específicos sobre meio ambiente e nela se declarou como patrimônio
nacional a Mata Atlântica, Floresta Amazônica e o Pantanal.
Em 1989, Através de pressões sobre queimadas na Amazônia no governo Sarney, é
redefinida a política ambiental, reestruturando o setor público encarregado dessa
política o antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) foi
transformado em Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) As políticas ambientais voltadas para a adoção de medidas de
cunho normativo foram as que mais evoluíram no Brasil. Um novo código florestal foi
promulgado em 1996, ampliando a área de reserva legal de floresta nativa de 50 para
80% nas propriedades privadas.
No campo não-estatal ganharam força medidas voltadas para a certificação ambiental
(Selo verde) e para aquisição dos padrões ISO 9001 e 14000. As ONGs reuniram-se
durante a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e Desenvolvimento
(Rio 92) firmaram compromisso coma elaboração das Agendas 21 locais e regionais
que abordou como o centro da nova temática ambiental, o Desenvolvimento
Sustentável, Biodiversidade, Mudanças Climáticas, Águas (doces e oceanos) e
Resíduos. Abaixo segue o resumo das discussões que pautaram a Agenda 21:
• Desenvolvimento Sustentável – Sujeito as definições de ocasião, aponta em dois
sentidos principais. “Para os ricos, sustentabilidade exige transformações no

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estilo de vida, melhoria da eficiência energética, moderação do consumo e a


reciclagem ou o reaproveitamento dos materiais. Para os pobres, onde existam
recursos naturais, se trata de programar a exploração não predatória que
minimize impactos adversos, priorize a renovação, gere empregos e renda”.
Com isso não se pode separar, desenvolvimento e meio ambiente.
• Biodiversidade – À Biodiversidade estão relacionados os temas da biotecnologia,
do controle do desmatamento, do patenteamento, da proteção das culturas
locais ou primitivas e da agricultura sustentável. Basicamente, preservar,
estudar e conhecer as espécies para, eventualmente, utilizá-las.
• Mudanças Climáticas – Se concentram no efeito estufa e na destruição da
camada de ozônio. Agora as ações são de âmbito global. Material particulado,
CO, SO2, HC, são problemas de saúde e CO2/CFC são problemas da
humanidade.
Cooperação Internacional, apoio financeiro, transferência de tecnologia deverão
prevalecer para aqueles que reduzam contribuições para o efeito estufa (CO2).
Felizmente sobre o ar que respiramos, já existem centenas ou milhares de estações
automáticas espalhadas pelo mundo, filtros de mangas e lavadores de gases nos
equipamentos das indústrias. Felizmente, CO e CO2 não são totalmente
dissociados, e a redução de CO2 acabará resultando na melhoria da qualidade do
ar.
• Águas – Trata-se de controlar a poluição, os acidentes ou a produtividade dos
mares e oceanos, a água doce está escassa no mundo e as reservas estão se
contaminando a ponto de se tornar inaproveitável. As ações não estão voltadas
apenas para vibrião, metais pesados ou substâncias tóxicas que possam estar
presentes nos corpos d’água mais também na escassez que já produz conflitos
entre grupos étnicos e nações, estimulam a migração e pode ser prenúncio de
novas guerras. A desertificação também está relacionada às águas.
• Resíduos – Da mera saída das latas de lixo doméstico indo aos aterros sanitários
para uma questão bem mais ampla de como coibir o tráfico internacional de
resíduos tóxicos. Normalizar o comércio de resíduos entre nações, definir
medidas para redução ou a destinação adequada de resíduos nucleares. Dando
seqüência a um processo que passou pela Conferência da Basiléia, Protocolo de
Montreal e pela atuação de ONG’s internacionais.
No quadro geral da crise financeira das décadas de 1980 e 1990 as mudanças nas
estratégicas econômicas do Estado brasileiro repercutiram na política tradicional de
defesa dos recursos naturais. A privatização dos setores energéticos resultou na
transferência de responsabilidades na condução da gestão ambiental para alguns
segmentos do setor empresarial.

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A política ambiental ideal seria aquela que incorporasse as diversas dimensões


da vida humana em sociedade, o que inclui as suas dimensões sociais, ambientais,
políticas e econômicas. O planejamento deve assim orientar-se em torno do princípio
de sustentabilidade, entendido aqui como o principio que fornece as bases sólidas
para um estilo de desenvolvimento humano que preserve a qualidade de vida da
espécie no planeta. A dimensão ambiental deve, por isso, integrar de forma relevante
a política de desenvolvimento das nações em geral. A adoção da perspectiva ambiental
significa reconhecer que todos os processos de ajuste setorial e de crescimento estão
condicionados pelo entorno biofísico local, nacional e global. Deve, portanto, ser
combinada com outras perspectivas críticas baseadas na preocupação com os direitos
humanos, com os valores da autonomia nacional e da identidade cultural dos povos a
que se referirem.

3. CONTROLE AMBIENTAL

O saldo deixado pela Conferência de Estocolmo, no plano das Normas há desde


legislação constitucional (nacionais e estaduais) até capítulos de leis orgânicas e planos
diretores. Há ainda, legislação específica, como a lei da Política Nacional do Meio
Ambiente, até resoluções CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), leis
estaduais e deliberação de conselhos e comissões estaduais de controle. Há ainda,
institucionalização rotinas de licenciamento e a fiscalização de atividades poluidoras
ou o controle ambiental.
No plano dos métodos, existem metodologias para monitoramento e diagnóstico da
qualidade do meio ambiente, avaliação do impacto, prevenção de riscos e poluição
acidental, tratamento de efluentes e resíduos, redução de emissões e de gases
poluentes, e despoluição.
No plano de recursos humanos, há pessoal especializado em planejamento ambiental,
análise de projetos e estudos de impacto ambiental, legislação, fiscalização,
licenciamento, despoluição, comunicação, pesquisa e educação ambiental.
O modelo era executado de forma descentralizada propiciando o florescimento de
experiências adaptadas às realidades dos estados:
• Rio Grande do Sul – voltou prioritariamente para a questão dos agrotóxicos;
• Minas Gerais – Para a siderurgia, mineração e carvão vegetal;
• São Paulo – Poluição industrial e meio urbano;
• Rio de Janeiro – Proteção dos corpos hídricos (Paraíba do Sul e Baía de
Guanabara);
• Paraná – Para o meio urbano e agrotóxicos;
• Santa Catarina – Carvão mineral;
• Bahia – Para as indústrias do pólo petroquímico.

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Depois veio a criação das OEMAS (Órgãos Estaduais de Meio Ambiente) em quase
todos os estados.
A SEMA se dedicava a fazer avançar a legislação e aos assuntos que demandavam
negociação a nível nacional, como a produção de detergentes biodegradáveis, a
poluição por veículos e a

criação de Unidades de Conservação. A pauta política mudou e esse sistema entra em


crise, pois o meio ambiente é matéria de relações exteriores e se reflete internamente
no país, através de articulações para a aprovação de convenções internacionais e de
leis (lei das patentes, contratação de créditos para a proteção à biodiversidade) e pela
própria reestruturação do aparelho do Estado. Surge um novo mercado de créditos e
tecnologias. Novos instrumentos neste nível são oferecidos: auditorias, certificação de
processos e produtos, análise de mapeamento de risco, centrais de tratamento de
resíduos, redes automáticas de monitoramento, sistemas de informações geográficas,
solo verde, etc. Novos atores estão em cena.

4. A CRISE DA POLÍTICA AMBIENTAL

SEMA, CONAMA, SISNAMA, não dariam conta desse desafio político. O modelo de
gestão dos órgãos estaduais de meio ambiente também entram em crise. A população
está mais consciente, questiona e exige novas posturas. É impossível dar conta das
demandas locais e da crise dos órgãos do SISNAMA.
É interessante notar que o caráter autoritário do Estado, restos de uma cultura
autoritária, fica escondido, aparecendo na ação dos órgãos públicos, na definição e
gestão de políticas, na morosidade da justiça, na representação parlamentar
desproporcional ao número de eleitores, na votação dos orçamentos, na burocracia,
no suborno, no jeitinho, no quebra-galho, no excesso de leis e nas leis que não pegam.
No entanto, no campo ambiental, conquistas democráticas moderaram esse caráter
autoritário do Estado na gestão da política como:
• Criação de órgãos colegiados com representações da sociedade (CONAMA, etc.);
• Realização de audiência públicas exigindo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA),
quando do licenciamento de novos empreendimentos;
• Apoio financeiro a iniciativas da sociedade através do Fundo Nacional do Meio
Ambiente, Fundos Estaduais, parcerias em projetos.

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5. ONGs

Segundo estimativa do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento),


a atuação das ONGs beneficia cerca de 250 milhões de pessoas nos países em
desenvolvimento. As organizações não governamentais e voluntárias tornaram-se
importantes peças de apoio aos programas de desenvolvimento nas últimas décadas.
Existem ONG’s atuando no plano local, nacional, regional e internacional. A vinculação
local e a conexão internacional possibilitam que as ações locais possam se interligar
globalmente. Os principais temas abordados são: cidadania, educação, políticas
públicas, movimentos sociais, direitos humanos e meio ambientes.
Atualmente as ONGs e Movimentos Ambientais vêm se organizando através de redes
temáticas como as redes Mata Atlântica, Cerrados, Águas, Educação Ambiental e
outras, promovem reuniões regionais, publicam boletins e estudos, se comunicam
intensamente através da Internet. No plano internacional as articulações se dirigem às
diferentes convenções (Clima, Biodiversidade, Resíduos, Águas, Doces e outras).

6. EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

6.1. Introdução

Para um estudo mais aprofundado, seria necessário um exame simultâneo da história


e das normas portuguesas na época do descobrimento, do Brasil-Colônia, das
Capitanias Hereditárias, do Governo Geral, etc.
Portanto, este resumo, abordará a Evolução da Legislação Ambiental após o advento
da República.

6.2. O Código Civil e as Questões relativas ao meio ambiente

O código Civil de 1916, quando a palavra “ecologia” tinha apenas algumas décadas e o
assunto não havia tomado proporções atuais, não trata de forma expressiva das
questões ambientais. Contudo os artigos 554 e 555, na seção relativa aos Direitos de
vizinhança, reprimem o uso nocivo da propriedade. O proprietário ou inquilino de um
prédio pode impedir que o mau uso da propriedade vizinha prejudique a segurança, o
sossego e a saúde. Ainda o Código Civil, no artigo 582, confere ao dono do prédio
vizinho que se sinta ameaçado, a possibilidade de solicitar o embargo de obras de
chaminés, fogões ou fornos.

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

6.3.Os anos vinte

Enquanto se inicia uma nova linguagem nacional, através de música, da pintura e da


literatura surge à construção de uma legislação própria brasileira.
Tal movimento, semana de arte moderna de 1922, na idade de São Paulo, surge à
exaltação das riquezas naturais (florestas, Pão de Açúcar, etc.), preconizadas por
Oswald de Andrade. É a época do impulso da industrialização e do urbanismo
brasileiro.
Com o decreto número 16.300 (de 31/12/1923), que rege sobre a saúde e
saneamento, importante passo foram dados em favor do controle da poluição, quando
proibiu instalações de indústrias nocivas e prejudiciais à saúde de residências vizinhas.

6.3. Os anos trinta

É a época voltada para a construção dos “interesses nacionais”. É criado o Ministério


do Trabalho em 1931 e são editadas inúmeras leis trabalhistas.
A constituição de 1934, no seu artigo 10 estabelecido a competência da União e dos
Estados para proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico.
Entretanto, houve uma grave omissão constitucional em relação aos Municípios que
ficaram sem previsão expressa do poder de polícia para proteção de suas riquezas
naturais.
ª
No artigo 5 , inciso XIX atribuiu exclusivamente à União, competência legislativa sobre
bens de domínio federal, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, água, energia
elétrica, florestas e sobre a caça e pesca.
São dessa época também o Código de Águas nos seus artigos 98 e 109, que,
respectivamente, proíbem construções capazes de poluir a água de poço ou nascente,
assim como classificam como ato ilícito à contaminação deliberada da água.
Já na constituição de1937, o artigo 16, inciso XIV, determinava a competência privativa
da União para legislar sobre os bens de domínio federal, minas, metalurgia, energia
hidráulica, águas, florestas, caça e pesca e sua exploração, não incluindo
expressamente (a exemplo da Constituição de 1934), a competência para legislar sobre
as riquezas do subsolo.

6.4. Os anos quarenta

Com relação à Legislação Florestal, no Decreto-lei nº 2.014 de 14/02/1940, autoriza os


Governos estaduais a promoverem a guarda e fiscalização das florestas. Na
Constituição Federal de 1946, consagrando o fim d Estado Novo e o restabelecimento
da vida democrática brasileira, no seu

20
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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

º
artigo 5 , inciso XV, voltou a atribuir à União competência para legislar sobre as
riquezas do subsolo, além da mineração metalurgia, águas, energia elétrica, florestas,
caça e pesca.
Já no Decreto Legislativo n.3 de 13.02.1948, importante passo foi dado com a proteção
da flora, da fauna e a conceituação de parques nacionais, reservas nacionais,
monumentos naturais, reservas de regiões virgens e aves migratórias.

6.5. Os anos sessenta

Em 21 de abril de 1960, é inaugurada a nova Capital, Brasília. Conseqüentemente o Rio


de Janeiro vai perdendo gradualmente seu status de capital cultural do Brasil.
Neste período, uns grandes números de Leis Ambientais são editados.
• Lei n° 3.964 (1961) – Protege os monumentos arqueológicos e pré-históricos;
• Lei n° 4.132 – Define os casos de desapropriação de terras por interesse social, na
hipótese de proteção do solo e preservação de cursos e mananciais de água,
bem como de reservas florestais;
• Lei Delegada n° 10 – Criava a SUDEPE (Superintendência do Desenvolvimento da
Pesca);
• Lei n° 4.504 – (30/11/1964), dispõe sobre o estatuto da terra, trazendo no seu
texto a função social da terra, ou seja, o Poder Público pode desapropriá-la
para quando seus proprietários não ponham em práticas normas de
conservação de recursos naturais;
• Decreto n° 55.795, de 24/01/1965 – Fica estabelecido à festa anual da árvore,
com o objetivo de difundir ensinamentos sobre a preservação florestal e
estimular a prática dos mesmos;
• Lei n° 4.717 de 29/06/1965 – Esta lei institui a ação popular, que constitui um dos
instrumentos legais para o cidadão, em nome da coletividade, obter a
invalidação de atos ou contratos administrativos, ilegais e lesivos ao patrimônio
federal, estadual e municipal. Foi proposta para anular uma autorização para a
extração de madeira em floresta protetora, mas também pode dela se servir o
cidadão que vise a pleitear em Juízo a invalidade do registro de loteamento que
esteja em desacordo com a legislação estadual ou municipal pertinente;
• Lei n° 5.197 de 03/01/1967 – Dispõe sobre a proteção à fauna e cria o tutelados
pelo Estado, conforme determinava o Decreto n° 24.646, de 1934.
Conceituação de fauna, para estender proteção da norma aos ninhos, abrigos e
criadouros naturais de animais fora do cativeiro;
• A constituição Federal de 1967 e a Emenda número 1 de 14/10/1969 – Esta
constituição que respaldou o regime autoritário em nosso país, não trouxe
maiores mudanças quanto à legislação ambiental;

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• Decreto – Lei n° 32 de 18/11/1966 – institui o Código Brasileiro do Ar.


• Decreto – Lei n° 221 de 28/02/67 – Dispõe sobre a proteção e estímulos à Pesca,
trazendo em seu artigo 37, o conceito de poluição;
• Lei n° 5.357 e 17/11/1967 – estabelece penalidades para embarcações e
terminais marítimos ou fluviais que lançarem detritos ou óleo em águas
brasileiras;
• Decreto n° 62.127 de 16/01/1968 – Aprova o Código Nacional de Trânsito, que
através do seu artigo 8, fixa a competência do Conselho Nacional de Trânsito
para determinar o uso, nos veículos automotores, de aparelhos que diminuam
ou impeçam a poluição do ar.

6.6. Os anos setenta

ª
• Lei n° 6.151 de 4/11/1974 – Dispõe sobre o 2 Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND) e dá enfoque à Política habitacional, além de Ter
traçado as prioridades, quanto à preservação do meio ambiente;
• Decreto n° 75.000, de 7/05/1975 – Protege as fontes de água mineral;
• Decreto n° 76.389, de 3/10/1975 – Dispõe sobre as medidas de prevenção e
controle da poluição industrial;
• Decreto n° 79.367, de 9/03/1977 – Determina as normas e o padrão de
potabilidade de água;
• Lei n° 6.576 de 30/09/1978 – declara o Pau-Brasil árvore nacional e institui o dia
do Pau-Brasil;
• Decreto n° 84.017 de 21/09/1979 – Institui o Código Florestal e regulamenta os
Parques Nacionais.

6.7. Os anos oitenta e noventa

Um dos maiores avanços na Legislação ambiental brasileira foi proporcionado pela Lei
n. 6.803 de 02/09/1980, que determinou as diretrizes básicas para o zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição.
O estudo de impacto ambiental (Lei n° 6.803) passou a ser realizada de forma
preventiva para a aprovação de zonas de uso estritamente industrial que se destinem
a localização de pólos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos, bem como
instalações nucleares. Esse estudo resulta na elaboração do relatório de impacto
ambiental - RIMA, que deverá ser apresentado aos órgãos públicos competentes e à
população.
Na resolução CONAMA n.001, de 23/01/1986, em seu artigo 1°, conceituou impacto
ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I – a saúde, a segurança e o bem–estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas;
III – a biota;
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos naturais.
Lei n° 6.938 de 31/08/1981 – Estabelece a política Nacional do Meio Ambiente,
constitui o sistema Nacional do Meio Ambiente, cria o CONAMA (Conselho Nacional do
Meio Ambiente) e institui o Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos da
defesa ambiental. No artigo 2° dessa norma, a Política Nacional do Meio Ambiente tem
por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
vida, visando a assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico,
aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana,
atendidos os seguintes princípios:
I. Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e doa ar;
III. Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. Controle e zoneamento das atividades potencial e efetivamente poluidor;
VI. Incentivos aos estudos e à pesquisa de tecnologias orientadas para uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. Recuperação de áreas degradadas;
IX. Proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. Educação ambiental em todos os níveis de ensino, incluindo a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.
Ainda nesta Lei, temos um importante instrumento de defesa ambiental que é a ação
de responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente.
• Lei n° 7347 de 24/07/1985 – Institui a ação civil pública de responsabilidade por
danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens de direito de valor histórico,
artístico, estético e paisagístico.
• Constituição Federal de 1988 – Traz enormes mudanças no Tratamento do meio
ambiente no Brasil. Nos trabalhos na subcomissão do Meio Ambiente da Comissão de
Direitos Humanos, se tornaram disposições constitucionais:

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

a) O estudo prévio do impacto ambiental;


b) O conceito do meio ambiente como patrimônio público e direito difuso da
coletividade;
c) Não se questiona mais sobre a responsabilidade civil do poluidor;
d) No artigo 5°, inciso LXXIII, possibilita a qualquer cidadão a proposta de ação popular
para anular ato lesivo ao meio ambiente;
e) À questão indígena também tem tratamento detalhado, “os direitos territoriais dos
povos indígenas como primeiros habitantes do Brasil”, cabendo a União demarcar e
reconhecer essas terras;
f) A localização das usinas nucleares deve ser definida por lei federal;
g) A Floresta Amazônica brasileira e a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
grossense e a Zona costeira, foram declarados patrimônio nacional;
h) Os sítios de valor ecológicos foram declarados patrimônio cultural brasileiro,
sujeitando os causadores de danos ou ameaças à sanção, na forma de lei;
i) A educação ambiental como princípio da Política nacional do Meio Ambiente, passa a
ser determinação federal contida expressamente no artigo 225, inciso VI,
incentivando-se a promoção desse tipo de educação em todos os níveis de ensino;
j) Determina aos exploradores de recursos minerais a recuperação do meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão competente, na
forma da lei;
k) Criado o controle de produção, comercialização e emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente.
Hoje, podemos afirmar que a regulamentação da legislação ambiental brasileira é uma
das mais avançadas do mundo.
Nas décadas de oitenta e noventa, temos algumas importantes leis e decretos
ambientais estruturadas na constituição de 1988.

7. ISO-14000

7.1. Introdução

Com o objetivo de uniformizar as ações a serem tomadas nesta nova postura mundial
quanto ao meio ambiente, a ISO – Organização Internacional para a Normalização
(Internacional Organization for Standardization, organismo mundial constituído em
1947, que tem a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – como um de seus
membros fundadores).
A ISO é uma organização não governamental e conta com mais de 100 membros,
(representando cada um seu país de origem) – decidiu criar um sistema de normas que

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

trata basicamente da gestão ambiental. A série ISO–14000, a nova série de normas


trata basicamente da gestão ambiental e não deve ser confundida com um conjunto
de normas técnicas.
A série ISO – 14000 constituem provavelmente o conjunto de normas mais amplo que
já se tentou criarem de forma simultânea. Contêm, em seu corpo, normas que regulam
sua própria utilização e que definem as qualificações daqueles que deverão auditar sua
aplicação (ISO–14010 – Diretrizes para Auditoria Ambiental – incluindo os critérios de
qualificação dos próprios auditores).
Um dos grandes méritos deste sistema consiste em proteger produtores responsáveis
contra outros concorrentes predadores que por não respeitarem as leis e os princípios
da conservação ambiental, produzem mais barato e não internalizam alguns custos
que acabam sendo arcados pelas sociedades.
Portanto, seria perfeito se a implantação da nova série de normas ambiental
respeitasse conceitos e procedimentos se perderem de vista características e valores
regionais.

7.2. Histórico

Por outro lado, algumas iniciativas foram tomadas de forma isolada, em alguns países,
com a criação de símbolos ou rótulos ecológicos de produtos que não agrediam o meio
ambiente. Um produto que os tivesse, seria considerado um produto “ambientalmente
correto”, merecedor, portanto da preferência do consumidor.
Um novo passo para a abordagem sistêmica as atividades relacionadas ao meio
ambiente foi dado pela British Standards Institution (BSI), em 1992, com a
homologação da norma BS 7750 que cria procedimentos para se estabelecer um
Sistema de Gestão Ambiental nas empresas. A norma BS 7750 estabelece um paralelo
ambiental com a norma britânica de gestão da qualidade BS 5750 e esta, por sua vez,
serviu de base para a elaboração das normas internacionais da série ISO 9000 de
Gestão da Qualidade e garantia de Qualidade, já adotadas Universalmente.
Com esta experiência, a cumulada na elaboração das normas de série 9000 e
sensibilizada pelas ações que já vinham sendo tomadas por diversos países para criar
suas próprias normas de gestão e certificação ambiental, a ISO criou, em 1993, um
novo comitê técnico, o TC 207, incumbido de elaborar normas internacionais que
assegurem essa abordagem sistêmica à gestão ambiental e possibilitem a certificação
das empresas e dos produtos que as cumpram.
Para poder desenvolver esse plano de normalização, ambicioso por sua abrangência e
pelo curto prazo em que se pretende implantá-lo, o TC207 foi estruturado em seis
subcomitês técnicos, além de um comitê coordenador:

• SC1 – Subcomitê de Gerenciamento Ambiental


• SC2 – Subcomitê de Auditoria Ambiental

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• SC3 – Subcomitê de Rotulagem Ambiental


• SC4 – Subcomitê de Avaliação de Desempenho Ambiental
• SC5 – Subcomitê de Análise de Ciclo de Vida
• SC6 – Subcomitê de Termos e Definições
Pretende-se unificar, no futuro, as séries 14000 e 9000, relacionando os aspectos da
qualidade na empresa e em seus produtos, incluindo a qualidade da produção, do
meio ambiente, da segurança e da saúde ocupacional.
Além do mais, as normas ISO 14000, são voluntárias e não prevêem a imposições de
limites próprios para medidas de poluição, padronização de produtos, níveis de
desempenho, etc. são, ao contrário, sistemas orientadores.

7.3. A Nova Ordem

Com a entrada em vigor da série ISO 14000, as fronteiras são derrubadas e colocam a
gestão ambiental, no mesmo plano já alcançado pela gestão da qualidade.
Conciliar as características ambientais dos produtos com os paradigmas da
conservação ambiental será, por isso e cada vez mais, um requisito essencial para as
empresas serem competitivas e manterem posições comerciais arduamente
conquistadas.
Por outro lado, as empresas que vêem na qualidade ambiental não um empecilho, mas
um fator de sucesso para se posicionarem no mercado tem, nas normas ISO 14000, a
oportunidade para se valorizarem internacionalmente.
Um dos grandes méritos do programa de normalização da série ISO 14000 é a
uniformização das rotinas e procedimentos necessários para uma empresa certificar-se
ambientalmente, cumprindo um mesmo roteiro-padrão de exigências que será válido
internacionalmente. Para que esse certificado seja reconhecido internacionalmente é
necessário, contudo, que o procedimento de certificação seja feito por uma terceira
parte, isto é, umas entidades especializadas, reconhecidas junto a um organismo
autorizado ou credenciadas.
As dificuldades atualmente encontradas por empresas que são obrigadas a comprovar
a correção ambiental de seus produtos e processos e a cumprir exigências burocráticas
em cada país onde exportam ficam, assim, superadas ou, pelo menos, bastante
reduzidas.
Para alcançar a certificação ambiental, uma empresa deve:
• Ter implantado um sistema de Gestão Ambiental;
• Cumprir a legislação ambiental aplicável ao local da instalação;
• Assumir um compromisso com a melhoria contínua de seu desempenho
ambiental.

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7.4. Objetivos e Abrangência

Em sua concepção a série de normas ISO 14000 tem como objetivo central um sistema
de Gestão Ambiental que auxilie as empresas a cumprirem seus compromissos
assumidos com o meio ambiente. Como conseqüência, cria sistemas de certificação,
tanto das empresas como de seus produtos, possibilitando assim distinguir aquelas
empresas que atendem à legislação ambiental e cumprem os princípios do
desenvolvimento sustentável.
Tendo por base um Sistema de gestão Ambiental, as normas da série ISO 14000
também vão estabelecer, quando inteiramente implantadas, as diretrizes para
Auditorias Ambientais, Avaliação do Desempenho Ambiental, Rotulagem Ambiental e
Análise do Ciclo de Vida dos produtos, exigindo assim a total transparência da empresa
e de seus produtos com relação aos aspectos ambientais. As normas deverão,
portanto, servir de modelo para a implantação desses programas no âmbito da
empresa, possibilitando harmonizar os procedimentos e diretrizes aceitas
internacionalmente com a experiência e a tradição empresarial local.

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8. SEGURANÇA AMBIENTAL

Dois são os enfoques “tradicionais” que damos à segurança no meio industrial:


seguranças patrimoniais, que visa à proteção dos bens das industriais sejam eles
físicos, sejam conhecimentos específicos da atividade e a segurança no trabalho, que
está relacionada à manutenção da integridade física das pessoas, tendo como foco a
prevenção dos acidentes.
Contemporaneamente veio a tona a necessidade de se estabelecer critérios para a
obtenção da Segurança Ambiental. A segurança ambiental é aquela que visa proteger
os ecossistemas locais de possíveis impactos ocasionados pela atividade industrial, e
verificou-se que este deve ser mais um enfoque dado ao tema segurança.
Estas duas últimas, segurança do trabalho e segurança ambiental, estão intimamente
ligadas principalmente pelo fato de que um indivíduo que pratica atos inseguros pode

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

vir a lesar a si próprio, a colegas de trabalho, a indústria e, com grande freqüência, ao


meio ambiente; e que clamam por atenção urgente das empresas preocupadas com a
sustentabilidade do negócio, e devem fazer parte (como vimos no capítulo anterior) da
visão estratégica da empresa. Esta ligação é tanta que na prática as grandes empresas
mantém uma única diretoria para os principais enfoques de segurança, por exemplo, o
SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança Patrimonial) a Petrobrás ou o HSE (Healthy,
Safety/Security and Environment) da Shell.
A atividade de inspeção de equipamentos mostra-se intrinsecamente ligada a estes
conceitos quando tenta prevenir as falhas que podem vir a causar não só paralisação
das atividades industriais como acidentes. Por diversas vezes ao exercer a profissão
deve-se levar em consideração o “peso” de um risco ambiental, seja ao inspecionar um
equipamento de conservação ambiental, como separadores água óleo, seja
prevenindo a corrosão em um duo enterrado. Para tanto é necessário se estabelecer
critérios claros de prioridade e detalhamento de equipamentos, conceito da moderna
inspeção baseada em riscos (RBI). Uma técnica que tem sido usada para a elaboração
de planos de inspeção é o uso de uma matriz de riscos, por exemplo:

É bem verdade que gostaríamos que fosse possível manter todo o nosso parque
industrial mundial sob atenta vigilância e análise a fim de erradicarmos os acidentes
ambientais causados por grandes indústrias, entretanto, isso se mostra uma utopia
devido a seus custos proibitivos e que, portanto justifica o uso de tabelas como a
acima.
A seguir, faremos um breve estudo do maior risco, em abrangência e em freqüência,
presente nas indústrias Brasileiras.

- Derrames
No Brasil a atividade de inspeção de equipamentos industriais está muito concentrada
no ramo Petroquímico (não que seja inexistente em outros ramos) e quando falamos

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de Petróleo e seus derivados estão em geral falando de produtos fluidos e, portanto do


risco de derrames.
O primeiro passo para estudarmos um risco, no caso os derrames, é procurarmos suas
causas, ou seja, a forma como o petróleo e seus derivados fluidos vão parar em rios e
mares, neste caso:
• Despejos acidentais ou propositais, criminosos, ocorridos em áreas urbanas
(postos de gasolina, oficinas mecânicas...);
• Operações de navios petroleiros e/ou acidentes em transporte
• Esgotos oleosos de fábricas, vazamentos em refinarias e terminais...
• Vazamento natural (poços) e a condensação das frações leves que se evaporam e
retornam em forma de chuva.

O segundo passo pode ser a percepção de que todas estas causas podem ser evitadas
pela elaboração de normas rígidas de manejo e principalmente a criação e o
cumprimento de legislação que regulamente o tópico.
Um terceiro passo é aquele que gostaríamos de não ter que por em prática, a
elaboração de planos de contingência para a redução do impacto ambiental, para
tanto se faz necessário conhecer o problema e seus fenômenos.
Ao ser derramado na água a primeira modificação que o óleo sofre é o seu
espalhamento na superfície líquida formando uma grande mancha que se alongará em
função das correntes, normalmente se tratando de petróleo este processo pode levar
uma semana, podemos então, notar que, de forma geral, o petróleo e seus derivados
são mais leves do que a água e por isso flutuarão, ficando sobrenadando na superfície
na forma de uma fina, mas extensa camada, como um filme. Durante estes processos
estará havendo a evaporação das fazes mais leves tornado o derrame cada vez mais
viscoso e aderente às pedras, praias e tudo o que encontrar no caminho, incluindo a
vida marinha. A evaporação também é a maior responsável pelo grande risco de
incêndio, e explosões, nas 24 h após o derrame.
Considerando o problema exposto acima podemos pensar em casos hipotéticos para a
aplicação da matriz de riscos apresentada anteriormente, sendo os casos:
• Tubulações aéreas, sobre o mar, que transporta grandes volumes de petróleo
entre um terminal e uma refinaria;
• Trecho de tubulação aérea dentro da bacia de tanques de armazenamento,
movimentando grandes volumes de petróleo entre tanques.

Qual será o caso que necessita de maior atenção e dispêndio de tempo e dinheiro?
Analisando a matriz de risco podemos verificar que a ocorrência de um furo pode
acontecer com ambos com a mesma freqüência, ou seja, provavelmente “já ocorreu
na instalação”, entretanto ao analisarmos frente ao impacto causado verificamos que
a tubulação na bacia de tanques atinge uma área controlada, confinada, enquanto a

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

tubulação sobre o mar pode causar desastre ambiental, ou seja, risco 3 e 1


respectivamente em nossa matriz. Racionalmente a tubulação sobre o mar exige maior
atenção.
A técnica acima trata de como gerenciar a prevenção do problema, ou seja, focar os
esforços onde realmente é necessário para prevenir os acidentes, entretanto, como
atuar quando não conseguimos evitar um acidente? Neste caso, como vimos
anteriormente é necessário Ter um

plano de contingência muito bem estruturado e uma forma de se conseguir elaborá-lo


é através da Análise Histórica de Acidentes.
A análise histórica de acidentes consiste na associação dos perigos identificados na
análise crítica dos resultados e das causas dos acidentes ocorridos em instalações
similares a analisada. A forma mais comum de elaboração desta análise é a consulta a
bancos de dados e referências bibliográficas.
É importante que a pesquisa seja abrangente, envolvendo publicações internacionais e
consultas até mesmo a empresas concorrentes, e deve ser tratada de forma
estatística, fornecendo assim índices de trabalho para causas e conseqüências,
possibilitando a estruturação de um plano de contingência.
Voltando a relacionar o derrame como principal problema, em ocorrências, vamos
citar como exemplo acidentes que foram exaustivamente estudados para a definição
de planos de contingência:
TORREY CANYON - Até o acidente de Torrey Canyon a preservação do meio ambiente
marinho estava praticamente restrita a Convenção Internacional para a prevenção da
Poluição do Mar por Óleo (Internacional Convention for the Prevention of Pollution of
Sea by Oil).
O Petroleiro encalhou na costa da Bretanha, em 1967, sendo totalmente destruído
pelo mar, derramado 117000 toneladas de Petróleo do Kuwait, cerca de 390 Km de
litoral da França e Inglaterra foram atingidos, mostrando ao mundo o quanto estava
despreparado para enfrentar estas situações.
Devido ao emprego de dispersantes a população marinha sofreu agressões por mais de
dez anos.
BARCAÇA FLÒRIDA – Em 1969, a Barcaça Flórida, que levava cerca de 2500 toneladas
de óleo combustível, naufraga na baia de Bazzard em Massachusetts. Este acidente é
muito importante, pois ocorreu em águas interiores e foi muito estudado pelos Nortes
Americanos. Suas conseqüências mais notáveis foram à mortandade de pequenos
peixes, invertebrados e organismos de pântano além de trocas na estrutura genética
de populações marinhas locais, esterilidade de alguns moluscos e principalmente
desajuste comportamental.
Estes são exemplos de acidentes que poderiam ser evitados ou ter suas conseqüências
reduzidas pelo uso das técnicas que discutimos. Entretanto, o desenvolvimento destas
e de outras técnicas, todas muito eficientes por sinal, só acarretaram em resultados se

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DISCIPLINA: NOÇÕES SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL

forem aplicadas de forma extensiva, e para tanto se faz necessária à formação de uma
cultura ambiental, não apenas na gestão das empresas como se encarrega a ISO
14000, mas determinantemente no dia a dia das pessoas sejam eles operários de
indústrias sejam donas de casa ou crianças, com a mesma determinação que devemos
buscar um sistema de gestão ambiental “vivo”, dinâmico, devemos incentivar a coleta
seletiva de lixo, dar preferência a produtos “ecologicamente corretos” e incentivar a
educação ambiental em casa e na escola, dentre outros.

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