Always
Always
Always
Sinopse: Isa Marie e Jake Black eram os jovens astros do Brasil. Lindos, Ricos e
Famosos, tinham tudo e todos aos seus pés. Mas eles não souberam lidar com a fama
e acabaram se envolvendo em uma grande tragédia. Dos queridinhos do Brasil
passaram a ser decepção. Cinco ano se passaram e Isa nunca esqueceu por um dia se
quer aquela terrível noite, ela carrega no corpo e na alma as marcas daquela noite. O
que ela mais quer é um pouco de paz, mais no Brasil isso é impossível, tudo relembra
o seu passado. Isa resolve ir para os Estados Unidos, um lugar onde os paparazzis não
vão lhe perseguir, um lugar onde ninguém vai lhe apontar o dedo lhe acusando, um
lugar onde ela pode começar de novo, onde ela deixa de ser Isa Marie e passa a ser
Bella Swan, uma nova pessoa.
Capítulo 1- Prólogo
Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma
presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...
–Vamos Bella, você vai perder o voo!!! Minha mãe gritava, enquanto eu dava
uma ultima olhada no meu quarto e me perguntava se não estava esquecendo de nada.
–Mãe ainda falta uma hora para o voo, e o aeroporto fica a 15 minutos daqui.
–Eu sei Bella mais você é toda atrapalhada e é melhor ter um tempo extra, para
você tropeçar a vontade.
–Mas lá eles nem falam nossa língua, é um lugar desconhecido, longe de casa,
e alem de tudo eles comem bacon em pleno café da manhã.
–Alice é aquela menina que você fala pela eb, web, web...
–Web can, mãe. Sim é própria, ela vai estar me esperando no aeroporto.
–Ahan
–Vou sentir muitas saudades, se cuida filha, não faça nada daquelas coisas
grotescas, eu te amo muito.
–Ei não precisa chorar, eu nunca mais vou te decepcionar mãe, eu prometo. No
Natal eu venho fazer uma visita.
–Bella, fique longe de qual quer problema ok? E mande emails pelo menos
duas vezes por semana, e se for a Vegas não beba, porque você pode acabar casada.
–Você é triste.
–Ok mãe, tenho que ir. Tem certeza que não quer me acompanhar até o
aeroporto?
–Ok Mãe, se cuida – Disse entrando no carro. Ela tentava disfarçar as lágrimas
com um sorriso amarelo enquanto Charlie dava a partida.
–Como é que é?
–Bom, tem muitos, mais o principal é que você está nos abandonando por 4
anos.
–Claro nos Natais, como se o Natal fosse uma vez por mês – Charlie falou
fazendo bico.
–Eu sei Isa, é claro que eu sei, só prometa que vai se cuidar, e se alguma coisa
der errado você vai voltar correndo pra casa.
–Não posso voltar correndo, mais eu prometo que volto de avião – Ele me
olhou meio irritado.
–Por favor Isa, não perca o controle das coisas, eu não preciso te lembrar o que
acontece, você, você fica maluca Isa, eu não gosto nem de pensar a ultima vez que eu
encontrei você daquele jeito, aquela não era a minha garota, não podia ser a minha
garota – Charlie estava se controlando pra não chorar.
–Isa, você sabe que eu só concordei com essa ideia maluca de faculdade nos
Estados Unidos, porque eu acho que é a melhor forma de te manter longe daquele
delinquente que quase te colocou em um caminho sem volta – Charlie disse
apertando o volante.
–Não culpe só a ele pai, você sabe muito bem que eu também fui culpada.
–Mais foi ele quem te lev... – Não deixei ele terminar a frase
–Ele não me levou para caminho nenhum Charlie, eu fiz o que fiz porque eu
quis, ele não me obrigou a nada, por favor não tente me eximir de culpa.
–E Aquele maldito dia Isabella? Vai tentar livrar ele disso também?
–Você não acha que ele já está pagando pelo que fez? Você não acha que ele se
sente culpado?
–Por que você sempre defende ele? Você ainda o ama não é Isabella? Depois
de tudo que aconteceu você ainda consegue o amar.
–Tudo bem.
–Comigo fora, quem sabe eles deixem você e a mamãe mais sossegados. -
Charlie começou a rir.
–Você se acha em Isabella Marie Swan, esqueceu que a grande estrela é sua
mãe? - Falou com falso deboche.
–Eu também já tive meus momentos, ou você esqueceu que eu era a promessa
dos novos tempos?
–Você ainda pode ser, você pode ser melhor que seus avós, melhor que sua mãe
– Falou sério.
–Não atuando, eu não quero mais isso, quero deixar isso no passado. - Disse
convicta.
–Entendo, mais e a música? É para isso que você vai estudar não é? Você não
pretende gravar algum álbum?
–Não pensei muito sobre esse assunto ainda, mas se eu mudar de ideia, as
coisas não vão mudar muito, os abutres vão continuar me fotografando, os sites de
fofoca vão continuar falando de mim e a vida vai seguindo.
–É, tem razão. - Charlie sorriu e me levou para tomar um café, ficamos
jogando conversa fora e nem percebemos o tempo passar, foi então que chamaram
meu voo.
–Então é isso Charlie, nos vemos no Natal. - Ele me puxou para um abraço
apertado.
–Ah minha garota, eu te amo tanto, se cuida por favor, eu não viveria sem
você.
–Eu sei pai, cuida da mamãe, e abra os e-mails para ela, eu prometo me cuidar.
–Hei Charlie pare com isso, imagina se alguém fotografa o ministro da defesa
do país choramingando – Ele esboçou um sorriso.
–Não estou chorando, foi só um cisco que caiu em meus olhos. Adeus Isa.
–Adeus não Charlie, até mais – Disse sorrindo e me virando para ir embora.
Na viagem fiquei pensando na conversa que tive no carro com Charlie,
pensando nas pessoas que eu decepcionei, nas pessoas que eu perdi, na minha tia com
quem eu não tive mais coragem de falar, na minha mãe em estado de choque me
vendo naquele estado deplorável, e no meu pai sem saber o que fazer e como agir, me
olhando perdido, tentando achar algum sinal do que era sua filha.
Ah, a minha vida, como ela era tranquila até os 16 anos antes de Jacob e eu nos
metermos em uma furada.
Jake e eu fomos amigos desde sempre, era sempre eu e ele contra o mundo.
Quando éramos crianças nunca fomos castigados, pois um sempre acobertava o outro,
e nossos pais não sabiam qual dos dois tinha sido o culpado.
Jacob também foi meu primeiro amor, meu primeiro homem, me ensinou a
amar, a desejar, a me sentir completa. Ele era o garoto por quem todas as garotas
eram apaixonadas, moreno, alto, corpo atlético, simpático, feliz e prestativo. Com
Jake não tinha tempo ruim, mais o que eu mais amava nele era o seu sorriso, eu me
perdia naquele sorriso, era um sorriso contagiante.
–Como será que você está agora? Como a gente foi se meter naquilo?
–ISAAAA, corre aqui, preciso que você veja uma coisa, mais tem que ser
agora – Jake gritou eufórico.
–Que foi Jake? Vai tirar o pai da forca é? - Perguntei curiosa. Senti um par
de mãos tampando meus olhos.
–Adivinha quem é? - Ela disse rindo.
–Jane? É você? Você voltou? AAAHHHHHH eu não acredito, que saudades.
- tirei suas mãos do meus rosto e a abracei apertado – Porque não avisou que
voltaria? Nós teríamos ido te buscar no aeroporto. - Falei ainda abraçada a ela.
– Ah Isa, você sabe, eu não gosto desses paparazzis, se vocês fossem me
buscar, teria pelo menos uns 15 deles por lá, então resolvi fazer surpresa. - O sorriso
de Jane era radiante. - Estava morrendo de saudades Isa. - Disse me abraçando de
novo.
– E do irmão? Não sentiu saudades de mim não? - Jake estava enciumado.
–Claro que senti. Irmão ciumento. Vem cá. Tá na hora do abraço triplo.
– Adoro abraço triplo.- Disse ele esmagando nós duas em um abraço. -
Agora está na hora do, MONTINHO NA JANEEEE - Ele pulou em cima dela,
derrubando ela no sofá e eu pulei em cima dele. Estávamos os três gargalhando.
– Isso não vale Jake. Eu vou contar para a mamãe.
– Ah você vai contar pra mamãe é? - Ele começou a fazer cócegas nela. - Vai
contar agora? - Ela gargalhava e Jake continuava o ataque.
– Socorro Isa, me ajuda - Falou em meio as gargalhadas.
– Para Jake, ela está ficando sem ar. - Tirei ele de cima dela.
– Tá vendo o que acontece se você falar pra mamãe? - Falou rindo.
– Idiota - E uma almofada voou na cabeça dele. Jake deu um beijo na testa
da irmã.
– Vou buscar uma cerveja.
– Jane? - Ela olhou pra mim. Seus olhos azuis brilhava de felicidade. Eu a
abracei de novo.
– Oi.
– Me promete uma coisa? - Pedi.
– Que coisa?
– Promete que você nunca mais vai ficar tanto tempo fora? - Então seus
olhos perderam o brilho.
– Eu não posso Isa. - Disse se desfazendo do abraço. - Eu preciso ir embora.
- A voz dela ficou triste.
– Não Jane, não vá, fique aqui conosco. - Implorei.
– Você sabe que eu não posso – Ela começou a se afastar.
– Por favor, fique aqui, NÃO VÀ!
– Adeus Isa, sinto sua falta.
– VOLTA JANE, NÃOOO!
– Hei garota, calma, calma, ta tudo bem, você só teve um pesadelo. - Alguém
afagava meus cabelos.
Minha cabeça estava doendo muito, e eu não sabia onde estava. Eu ainda
conseguia ver Jane diante de mim. Mais ela se foi de novo, como sempre acontecia.
– Você pode me ouvir? Por favor abra os olhos – Sua voz era meio rouca
e preocupada. Eu obedeci e abri os olhos, e dei de cara com um par de olhos verdes
que mais pareciam esmeraldas, me olhando atentamente. Ele parecia um anjo, estava
vestido de branco, era alto, pele bem branca, cabelos bagunçados e em um tom de
bronze que eu nunca tinha visto. Ele sorriu pra mim, seu sorriso era lindo, ele poderia
fazer propaganda de creme dental.
– Oi – Era ele o dono da voz rouca que estava falando comigo.
– Oi.
– Como se sente? Você estava tendo um pesadelo. - Jane não era um pesadelo,
pesadelo era ter que acordar.
–Só estou um pouco tonta e com dor de cabeça. Aonde eu estou? - Quis saber.
– No hospital, você foi atropelada e teve que vir pra cá. Mais não foi nada
muito grave, você só teve um corte na testa e precisou levar alguns pontos, mais fique
tranquila, não ficará marca. - Disse sério. Passei a mão em minha testa e senti o
machucado.
–Como eu fui atropelada?
– Você não lembra?
– Lembro de estar no aeroporto procurando Alice, eu acho q vi ela do outro
lado da rua e...
– E você atravessou na frente do meu carro. Eu freei mais tava muito em
cima, então acabei te atropelando. - Falou em um tom de desculpas. Sorri sem humor.
Já consegui me meter em encrenca no primeiro dia.
– Claro, bem meu tipo. - Murmurei. - Então, você é médico?
– Não, porque? - Questionou levantando uma sobrancelha.
– É que você está todo de branco, e estamos no hospital... - Ele sorriu.
–Ah, é que sou um quase veterinário, me formo daqui 2 anos, estou
fazendo estágio. Não tive tempo de trocar de roupa. - Com certeza por minha culpa,
se eu não fosse tão desastrada, ele poderia estar em casa.
– Sinto muito ter te causado problemas.
– Tá tudo bem Bella, o importante é que você não se machucou muito. - Ele
deu uma espécie de sorriso torto que me deixo meio sem ar. Mais como ele sabia meu
nome?
– Como você sabe meu nome? - Perguntei confusa.
– Bem, parece que você é a amiga da minha irmã. Ela se atrasou para chegar
no aeroporto, porque ficou sem carro. Eu tive que levá-la, mais tinha que acabar de
assistir uma cirurgia.
– Você é o irmão da Alice? - Ele esboço um sorriso.
– É o que meus pais dizem. Edward Cullen, prazer. - Disse estendendo a mão.
Eu sorri.
– Bella Swan. A desastrada. Me desculpe de novo pelo transtorno - Apertei a
mão dele, e senti algo como uma corrente elétrica percorrer o meu corpo.
– Essas coisas acontecem, não se preocupe. Só tome mais cuidado ao
atravessar a rua. - Ele ainda segurava minha mão.
– Vou cuidar. - Os olhos de Edward eram lindos, tinha algo neles que me
hipnotizava e eu não conseguia desviar o olhar.
–Rum, rum... - Alguém coçou a garganta. Quebrando a hipnose.
– Vejo que já se conheceram. - E lá estava ela, pequena, magra, cabelos
espetados e olhos verdes, parecidos com os de Edward. Ela estava abraçada a um
homem lindo, ele parecia uma estrela de cinema, alto, loiro, olhos azuis, e um sorriso
maravilhoso, com certeza ele poderia participar com Edward do comercial de creme
dental.
– Estávamos nos conhecendo. - Disse Edward. Só então eu percebi que as
nossas mãos ainda estavam juntas. Corei violentamente, e tratei de nos separar. O
homem que estava com Alice riu.
– Bella, você me assustou sabia? Como você faz uma coisa dessas? Você
precisa olhar para os lados antes de atravessar as ruas. E se Edward não conseguisse
frear antes? Você estaria em pedacinhos. E se no lugar de um carro fosse um
caminhão? Você já pensou nisso? - Alice falava tudo muito rápido e parecia nem
respirar.
– Alice, você está assustando a garota – O loiro gato falou.
– Desculpe Alice, é que como você não apareceu lá, eu resolvi te procurar, eu
acabei não percebendo a rua, e aconteceu. Desculpe, por causar esse transtorno.
– Ta tudo bem Bella, não está causando transtorno nenhum, você só me
assustou. - Ela me deu um abraço apertado. Instantaneamente eu lembrei do sonho
com Jane. - Só tome mais cuidado ok?
– Ok. Eu prometo.
– Agora deixa eu te apresentar esse gatão aqui. - Disse apontando para o loiro.
- Bella, esse é Carlisle, o pai médico mais gostoso do mundo. O homem ficou
vermelho.
– Pai, essa é a Bella, a garota que vai dividir o apartamento comigo.
– Alice sempre muito exagerada. Prazer Bella, seja bem vinda aos Estados
Unidos, e a família Cullen, conte conosco para qual quer coisa. - Disse Carlisle
apertando a minha mão. - Se você precisar, nós podemos te dar algumas aulas de
transito. Eu fiquei vermelha, e os três caíram na gargalhada.
– Er... Obrigada Senhor Cullen, mais vou dispensar as aulas por enquanto. -
Eles continuaram rindo.
– Ele veio aqui só para te ver Bella. - Só para me ver? Porque? Será que ele
queria se certificar que eu não era uma serial killer?. Ele percebeu que eu não tinha
entendido e logo se pronunciou.
– Eu sou médico. - Médico? Médicos não usam branco? - Na verdade eu não
estou de branco, porque eu não trabalho aqui. - Meu Deus, ele lê mentes? - Alice me
ligou contando o que aconteceu, então eu vim dar uma olhada em você.
– Desculpe incomodá-lo Senhor Cullen.
– Não é incomodo algum. Estou passando as férias aqui em Malibu - Disse
encarando Edward, que desviou o olhar rapidamente. - Não custava nada vir até aqui.
– Então vamos logo pai. - Alice falou.
– Ok, enquanto eu examino ela vocês podem ir até a farmácia, comprem esses
remédios, são para tirar a dor no corpo. - Ele rabiscou alguma coisa em um papel e
entregou para Edward.
– Ok, já voltamos Bella. - Alice arrancou a receita das mãos de Edward, e ele
foi atrás dela reclamando. Carlisle e eu rimos da cena.
– Alice é uma figura. - Falou rindo. Então ele começou a fazer alguns exames
rápidos, para testar meus reflexos, por último ele pegou meu pulso, a fim de medir a
pulsação, de repente sua expressão ficou séria, logo percebi do que se tratava. Então
seu olhar se voltou para o meu outro pulso.
– Bonitas, suas cicatrizes.
– Obrigada. - Disse envergonhada. Então um silencio terrível invadiu o
quarto. Com certeza ele deveria estar pensando que o acidente tinha sido proposital -
Olha, eu sei que você deve estar pensando, que eu me joguei na frente do carro de
propósito, mais eu juro q...
– Eu acredito em você Bella. – Disse olhando em meus olhos, transparecendo
toda sinceridade do mundo. Eu acredito em você. Era a primeira vez em 6 anos que
alguém me dizia isso. Um sorriso bobo nasceu em minha face.
– Obrigada. Isso – Disse olhando para o meu pulso. - Aconteceu dia 13 de
setembro de 2005, dia do meu aniversario de 18 anos. Sabe qual era meu desejo de
aniversario? - Ele balançou a cabeça dizendo que não. - Meu desejo era morrer, era
tudo que eu queria, morrer, era esse o jeito que eu via pra me livrar da dor, que se
apossou de mim.
Aquele dia a noite, eu fui até a cozinha, peguei uma faca e me tranquei no
banheiro, lá eu sentei no chão e cortei um pulso e logo depois o outro. O mais
engraçado disso é que eu não senti dor. - Disse em um sorriso sarcástico. - Eu senti
felicidade, eu senti a paz chegando. Mais meu pai, arrombo a porta do banheiro e a
ultima coisa que eu me lembro é de pedir pra ele me deixar morrer, me deixar ter paz.
Como você pode ver, ele não atendeu meu pedido. Acordei dois dias depois no
hospital, e naquele dia eu percebi que eu não poderia morrer, que o meu castigo era
viver, viver cada miserável dia atormentada com meus erros do passado. - Ele passou
a mão nos meus cabelos.
– Você parece ter uma história e tanto.
– Nem me fale. - Murmurei.
– Você poderia estar morta. Mais não está. Você poderia ter morrido hoje.
Mais não morreu. Não acho que você esteja sendo castigada, pelo contrário, acho que
você está tendo mais uma chance. Nós não podemos escolher como ou quando vamos
morrer. Mais podemos escolher como viver. Escolha viver feliz. Porque, por mais que
você queira, você não pode mudar o passado. Você só tem o hoje, se permita
viver hoje. - Ele sorriu.
– Acredite, eu estou tentando, mas...
– Vamos Bella? Alice está esperando no carro. - Edward disse interrompendo
a conversa.
– Posso ir? - Perguntei a Carlisle.
– Pode. - Estava descendo da cama, quando senti uma tontura, tinha certeza
que iria dar com a cara no chão, mais um par de braços fortes me seguraram e eu
voltei a sentir aquela corrente elétrica. Edward me olhou preocupado.
– Tá tudo bem Bella? Você ta sentindo alguma coisa? –Ele estava me
segurando e nossos rostos estavam bem próximos. E seus olhos voltaram a me
hipnotizar, ele não desviava seus olhos dos meus e por mais que eu quisesse também
não conseguia desviar meus olhos dos dele.
– Vocês dois estão bem? - A hipnose se quebrou, e eu consegui desviar meu
olhar. Carlisle parecia segurar uma risada.
– Eu estou ótimo - Edward disse me soltando dos seus braços. Com certeza eu
estava vermelha.
– Eu também, só levantei um pouco rápido e isso me fez ficar tonta.
– Sei...
–Er... Então é melhor nós irmos né Bella?
– É, claro, é melhor nós irmos. - Carlisle nos olhava com olhar de deboche.
– Então vamos né?
– É vamos. - Uma gargalhada ecou no quarto, deixando eu e Edward ainda
mais sem graça.
– Do que você está rindo pai?
– Nada não, só me lembrei de uma piada.
– Ok. Então tchau pai. Obrigado por vir até aqui atender a Bella.
– Que é isso filho, você sabe que pode sempre contar comigo – Disse
abraçando Edward. - E você também Bella, conte comigo para qual quer coisa – Ele
me abraçou.
– Obrigada, obrigada por tudo. E quanto a conversa de hoje, será que você
pode manter segredo? - Murmurei perto do seu ouvido.
– Humm... Não me lembro de nenhuma conversa.- Eu ri
– Obrigada.
– O que vocês dois tanto murmuram ai em? - Edward parecia curioso.
– Está com ciúmes Edward? - Ha, essa é boa. Edward com ciúmes, em que
mundo paralelo Carlisle vivia?
–Er... Claro que não, só curioso. Vem Bella, vamos. - Edward me rebocava do
quarto. E Carlisle ria.
– Hei garotos!!! - Nos viramos, para vê-lo. Agora sua expressão estava séria.
– Nunca se esqueçam que Viver é desenhar sem borracha. - Edward coçou a
cabeça, não entendendo nada. Mas Carlisle estava falando aquilo pra mim,
reforçando o que ele tinha me dito minutos atrás, "você não pode mudar o passado,
escolha viver o hoje", eu assenti pra ele, e ele sorriu.
– Você bebeu pai?
– Não, só estou filosofo. - Ele piscou para mim.
– Ok, vamos Bella. - Ele me puxou pela mão, e de novo senti aquela sensação
estranha.
– E Bella? - Carlisle chamou de novo.
– Sim?
– Meu filho é um bom partido. - Eu fiquei roxa e pude perceber que Edward
também. Já Carlisle caiu na gargalhada.
– Tchau PAI. - Saímos do quarto constrangidos, enquanto Carlisle ainda ria.
~~*~~
Depois que Edward saiu, eu enchi minha, nada modesta banheira e fui tomar
banho, tentei relaxar um pouco, mais logo as lembranças do meu passado começaram
a me assombrar, então resolvi sair do banho. Vesti uma roupa bem confortável, calça
jeans azul marinho, blusa e jaqueta preta e um all star vermelho e penteei meus
cabelos com os dedos. Era assim que eu iria na festa, que segundo Alice, era uma
festinha, sendo assim, não precisava de roupa e calçado desconfortável.
Sentei no sofá esperando o tempo passar, quando vi o guitar hero olhando
para mim, como não tinha mais nada para fazer, resolvi jogar. O jogo era tão viciante
que eu nem percebi o tempo passar, quando resolvi dar uma olhada no relógio já eram
20:45, desleguei o vídeo game e fui para a varanda fumar e admirar aquele lugar.
Aquilo era realmente incrível, o lugar mais surreal que eu já tinha visto, acho que
nunca iria cansar de admirá-lo.
Estava tão distraída pensando na reação de Renée quando visse o lugar, que
levei um baita susto quando a campainha tocou.
– Ai que susto Ed.. - disse abrindo a porta. - ward. Minha boca se escancarou.
Ele estava, simplesmente INCRÍVEL. Calça jeans preta, um blusa branca, uma
gravata fininha preta e um paletó também preto, seu tênis era um all star branco,
combinando com a blusa e seus cabelos estavam cuidadosamente bagunçados.
Aquele seu sorriso torto também estava lá presente.
– Algum problema Bella? - Sussurrou, o que me fez ficar arrepiada..
– Er.. Na.. Não, eu, eu preciso, você, você está... - Balancei a cabeça tentando
sair do transe.
– Lindo? - Peguntou, sorrindo debochado. Corei.
– Eu iria dizer outra coisa, mais sim, você está lindo. E convencido. - Ele
gargalhou.
– Então, o que você ia dizer? - Ele se encostou na parede e cruzou os braços, e
aquele sorriso torto continuava ali, tentando tirar minha atenção, eu sacudi a cabeça
de novo, e respondi.
– Eu ia dizer que, que eu preciso trocar de roupa, Alice disse uma festinha
então eu ia assim mesmo, mas pelas suas roupas, parece que é uma festa mais..
– Essa é a sua festa, nada mais justo do que você se sentir a vontade, e você
está linda assim.
– É feio mentir - Murmurei entre os dentes, mais parece que ele escutou.
–É sério Bella, você está linda, na verdade você é linda. - Corei
violentamente.
– Er... Obrigada..
– E fica mais linda ainda quando está com vergonha. - Agora eu deveria estar
um tom roxo avermelhado.
– Ok, você está me deixando sem jeito. Vou me trocar, já volto. - Disse, me
virando para entrar, mais quando dei o primeiro passo, senti sua mão segurando o
meu braço, e aquela estranha corrente elétrica passando pelo meu corpo de novo.
Aquilo estava ficando cada vez mais estranho.
– Não faça isso Bella, é sério, não precisa trocar de roupa por minha causa. -
Ele fez uma cara de pidão.
– Mas Edwa...
– Já sei!!! - Ele disse, como se acabasse de ter uma grande idéia. - Me espera
aqui, 5 minutos, eu vou ali em casa e já volto, não troque de roupa. Fique parada ai
onde está. - Ele me deu um beijo na testa e correu até seu apartamento.
– O que esse maluco está aprontando? - Falei com os meus botões. Essa festa
que Alice inventou estava me dando calafrios. Não estava parecendo que iria ser só
uma "festinha" como ela disse. Acendi outro cigarro pra relaxar, enquanto Edward
não vinha.
Fechei os olhos fechados, imaginando que ficar em casa seria muito mais
interessante do que qualquer festa.
– Dormindo em pé? - Sussurrou em meu ouvido - Eu dei um pulo.
Não acreditei. Ele havia trocado de roupa, e por minha causa. Subiu no meio
conceito, não que eu tivesse algum. Edward colocou um bermudão jeans escuro um
moletom de touca preto e um tênis também preto. Continuava incrivelmente lindo. -
Encarei ele por alguns segundos.
– Você me assustou - Disse dando uma tragada no meu cigarro, não desviando
meu olhar.
– Não acredito que você fuma - Fez uma cara de desaprovação.
– É, fumo. - Dei um meio sorriso, e soltei a fumaça.
– Por que? - Era só o que me faltava, ter que escutar a mesma ladainha,
"Cigarro mata", "Você tem grandes chances de ter câncer", "Você não vê o que está
escrito na caixa do cigarro?" Dei de ombros..
– Porque me ajuda a relaxar.
– Ok. Vamos? - Ok. Vamos? Agora era para ser a hora do sermão.
– Ok? - Perguntei não acreditando.
– Ok. - Ele disse simplesmente. Eu olhei pra ele incrédula.
– Essa não era a hora, que você me fala de todos os malefícios do cigarro? -
Ele gargalhou.
– Não. Eu tenho certeza que muitas pessoas já te falaram isso, e com certeza
você deve achar chiclé, sempre ouvir a mesma coisa. Além de tudo você deve saber o
que é melhor pra você. Mais se um dia você quiser largar, pode contar comigo. -
Ok. Edward me surpreendeu, ele não fez um daqueles discursos moralistas, ele
simplesmente aceitou.
– Acho que você não existe. - Falei embasbacada. Ele riu. - Peraí, me lembrei
de uma coisa.
– O que? - Perguntou erguendo a sobrancelha.
– Não acredito que você trocou de roupa. - Tentei imitar seu tom de voz. Ele
gargalhou com minha tentativa frustrada.
– Vamos Maria fumaça, já estamos atrasados. - Falou me rebocando até o
Elevador.
5 minutos depois estávamos na frente da Summer House Dance, a boate que
ficava no nosso condomínio. Boate no condomínio? Eu ia demorar a me acostumar
com isso.
Ela ficava bem perto do nosso prédio, mais Edward quis vir de carro.
– Edward, não acredito que viemos de carro.
– Ah qual é Bella, eu sou Americano, tenho que manter a fama de sedentário e
tudo mais. - disse sarcástico.
– Ok, se ficar obeso não reclame.
– Você não vai mais ser minha amiga? - Peguntou levantando uma
sobrancelha. Acho que isso era seu cacoete. Fingi pensar um pouco e fiz cara de
indecisa.
– Claro que vou, a final eu não sou preconceituosa, Fofão - Apertei suas
bochechas, ele riu.
– Podemos formar uma dupla country, pensa comigo, Maria fumaça e Fofão, a
dupla que vai entrar em seu coração. - Disse ele, enquadrando as letras invisíveis com
as mãos. Olhei séria para ele por alguns segundos e depois caímos na gargalhada.
– Peça já no camelozão - Disse no meio das rizadas.
– Aproveite, está na promoção - E mais gargalhadas.
– Você precisa ter esse cdzão - Já estava sem ar de tanto rir e Edward estava
chorando.
– Eu não acredito nisso. - Uma vozinha atras de nós falou. Era Alice de braços
cruzados, com uma cara de poucos amigos olhando pra nós.
– Alice, nós vamos formar uma dupla. - Ele colocou o braço no meu ombro,
ainda rindo. E de novo senti aquela corrente.
– Eu ouvi - Alice estava batendo os pezinhos, impacientemente no chão.
– Qual o problema Alice? - Edward questionou.
– O PROBLEMA? O PROBLEMA É QUE VOCÊS ESTÃO
ATRASADOS. EU LIGUEI PRO SEU CELULAR 20 VEZES E VOCÊ NÃO
ATENDEU! ESTAVA PREOCUPADA ACHANDO QUE TINHA ACONTECIDO
ALGUMA COISA, CHEGO AQUI NA RUA E VOCÊS ESTÃO FAZENDO
PIADINHA. E POR ÚLTIMO MAIS NÃO MENOS IMPORTANTE, QUE ROUPAS
SÃO ESSAS? - A baixinha estava muito irritada, se fosse um pouco mais alta eu
realmente iria sentir medo.
– Desculpe Alice, mais como você disse que era uma festinha eu não me
preocupei com a roupa, e a culpa da roupa do Edward também é minha. - Falei séria.
– Sua? - Ela fez cara de interrogação.
– É, ele estava bem apresentável, mais trocou de roupa para me acompanhar
assim.
– É isso mesmo Alice, Bella ia trocar de roupa, mas eu não deixei. A festa é
pra ela, então ela vem do jeito que ela gosta e se sente bem. - Edward me defendeu.
– Eu não acredito Edward Cullen, vocês estão parecendo dois
mulambentos torcedores do red sox, ainda bem que deixei minha carteira no carro. E
eu posso saber onde está seu celular? - Disse apontando para Edward.
– Esqueci no carro.
– Edward. Querido irmãozinho, eu já te disse um milhão de vezes - Alice
estava falando tranquilamente, tentando arrumar o cabelo do irmão. - Que você
NÃO.PODE.ANDAR.SEM.O.CELULAR. TÁ.ME.ETENDENDO? - Ela berrou no
seu ouvido essa última parte. - Ela já me ligou três vezes, querendo falar com você. -
Ela? Ela quem?
– OK, eu vou lá no carro buscar o celular e retornar a ligação. Vejo vocês lá
dentro. - Disse ele meio sem jeito.
– Vamos Bella. - Alice me puxou pelo braço. - Tem uma festa esperando por
você.
A boate, estava lotada, tocava um flash dance e a galera já dançava animada.
Aquele lugar era animal, as luzes vermelhas e azul gigantes de led no teto,
faziam um efeito incrível, guitarras penduradas nas paredes, e muitos quados de
bandas famosas também enfeitava o lugar. No final da pista, tinha um enorme palco,
onde pelo visto iria tocar uma banda mais tarde. No canto direito, tinha um enorme
bar, onde os bar mans faziam malabarismo com os litros de bebidas. No segundo
andar estava a cabine do Dj. E de frente pra ela os camarotes com um Banner gigante
escrito: Bem vinda a Malibu Bella.
– Alice, você não disse que era uma, festinha?
– E é Bella, ta gostando? - Perguntou animada
– Essa boate ta lotada, você é maluca Alice. - Sabia que não deveria ter vindo.
– É a sua festa Bella, relaxa e aproveita. - Alice já dançava no ritmo da
música. - Vem, quero te apresentar o pessoal. - Disse me puxando.
Quando chegamos ao camarote todos os olhos se voltaram para mim. - E eu
agradeci que todas as luzes estavam apagadas, pois certamente eu fiquei roxa.
–Pessoal, essa é a Bella. - Falou Alice. Eu sorri envergonhada, e todos vieram
em minha direção, exceto uma garota que com certeza era modelo, alta, corpo
escultural, loira de cabelos ondulados e olhos azuis. Ela era linda, qualquer outra
garota perderia a autoestima perto dela. Ela me encarava incrédula, como se estivesse
vendo um fantasma. Teria ela me reconhecido? Será? Fui tirada dos meus
pensamentos quando alguém me tirou do chão.
– Até que em fim te conheci Bella, já estava começando a imaginar que você
era fruto da imaginação de Alice - Disse um gigante lindo, musculoso, de cabelos
curtos e escuros, com lindas covinhas e olhos azuis. - Eu sou Emmett – Disse me
colocando chão. - Conte comigo para qualquer coisa, se algum marmanjo te
incomodar você me chama que eu do um jeito nele. - Ele disse bastante
sério. Gargalhei. Emmett parecia o irmão mais velho querendo defender a irmãzinha
desprotegida.
– Ok. Obrigada Emmett, quando eu precisar eu vou te chamar em. - Disse
ainda rindo.
– Me chame mesmo ok? Fique com o meu cartão. - Ele tirou um cartãozinho
do bolso e me entregou. - É para qualquer emergência. Você sabe. - Disse ele olhando
orgulhoso para os músculos. - Os marmanjos sentem medo do papai aqui. - Eu voltei
a gargalhar.
– Pare de exibir seus músculos e deixe eu me apresentar Emmett - Disse
sorrindo um garoto alto, magro, de cabelos cor de mel e olhos castanhos expressivos.
Ele era muito bonito, assim como o resto dos Cullens, pareciam uma fábrica de
modelos. - Não ligue para as besteiras de Emmett, ele tem muitos músculos e pouco
cérebro. - O garoto disse rindo.
– Você deve ser Jasper?
– Como adivinhou?
– Bom, já conheci Edward, Carlisle e Emmett, então, só falta você.
– Você é esperta. É um prazer conhecê-la Bella - Ele me deu um beijo no
rosto.
– É um prazer conhecê-lo também Jasper. Temos que conversar sobre o
apartamento.
– Ah por favor Bella, não temos nada o que conversar sobre isso. Eu quero
que você aceite, e quando você for uma cantora famosa você me da um camarote
vitalício e fica tudo certo.- Percebi que ele não iria ceder.
– Ok então, estou te devendo todos os shows da minha futura carreira.
– Você também vai descolar uns camarotes pra mim não vai? E também vai
me apresentar para aquelas cantoras gostosas, não é mesmo? - Disse o grandão.
– Deixa só minha irmã ouvir isso - Jasper ameaçou.
– Isso o que? - Ele fez cara de confuso.
– Isso que você acabou de dizer.
– Eu? Eu nem disse nada. Você ouviu alguma coisa Bella? - Perguntou
segurando o riso.
– Não, não ouvi nada. - E nós três começamos a rir.
– Do que você estão rindo em? - Alice apareceu com a garota que me olhava
estranho.
– Piada particular amor - Jasper abraçou Alice por trás e lhe deu um beijo na
nuca. Ela pareceu arfar.
– Bella, essa é Rose, namorada do meu irmão cabeçudo e irmã desse gostosão
aqui. - A garota nada disse, continuou me encarando como se pudesse ver minha
alma. Eu tive certeza que ela sabia quem eu era.
– É um prazer conhecê-la - Disse eu, estendendo a mão e dando um sorriso
nervoso. Ela então foi se aproximando de mim e me abraçou.
– É um prazer conhecê-la pessoalmente Bella. Ou deveria dizer, Isa Marie? -
Ela sussurrou em meu ouvido abraçada a mim. Senti minhas pernas tremerem e
comecei a suar frio.
Claro que isso iria acontecer. Quem eu queria enganar? Sair do país e tentar
uma vida nova? Ideia idiota. Para qualquer lugar que eu fosse meu passado iria estar
lá, me perseguindo.
Agora a garota iria abrir a boca, e minha festa de boas vindas iria se tornar
festa de despedida.
E que mais me entristecia era pensar na decepção de Alice, Carlisle e Edward,
eu podia ver os olhos verdes dele me acusando.
– Não vai falar nada? - Perguntou.
– Vá em frente. Conte a eles - Disse ainda abraçada a ela.
– Por que você não falou a verdade para eles? - Sussurrou. Ri sem humor
– Porque? Porque eu queria esquecer por uma hora quem eu sou e o que eu
fiz. Porque eu queria poder deitar na cama uma única noite e conseguir dormir. Mas o
máximo que eu consigo dormir são 3 horas, depois eu acordo com todos aqueles
pesadelos horríveis. Porque eu quero tentar viver e não só existir. Porque eu quero ter
amigos.
Você acha que eles seriam meus amigos se soubessem? Olhe só pra você,
você nunca falou comigo, você não sabe o que eu sinto, você não tem noção do meu
tormento e já esta me acusando. Acha que com eles seria diferente? - Ela se soltou do
abraço, e por um minutos eu pude ver um olhar de solidariedade nos seus olhos. -
Conte a eles, eu não vou culpá-la por isso, a única culpada aqui sou eu. - Ela
continuava perto de mim me encarando, tentando decidir o que fazer. Então ela
suspirou.
– Eu não vou fazer isso. Mais a primeira pisada na bola que você der, eu abro
a boca e conto tudo. Essa família é a minha família e ela já sofreu demais, eu não vou
permitir que isso aconteça de novo. Estou de olho em você. - Senti um alívio no
peito. Pude ver que ela estava sendo sincera e realmente não iria falar nada. Ela
estava me dando uma chance. Ela sabia de tudo e estava me dando uma chance. Um
pequeno sorriso nasceu em meus lábios.
– Obrigada. Eu não vou decepcioná-la. - Disse tocando sua mão. Acho que
um pequeno sorriso apareceu em seus lábios, mais não tenho certeza.
– Sinto muito Emm, mais acho que você perdeu sua namorada para a Bella. -
Falou a baixinha, fazendo Jasper gargalhar. Rosalie lhe lançou um olhar mortal.
– Está com ciúmes Alice? - Ela mostrou a língua.
– O que vocês estavam cochichando em ursinha? Conta aqui pro seu Ursão. -
Rosalie rolou os olhos, ergueu as mão pro céus, parecendo fazer uma prece
silenciosamente e puxou Emmett pela mão.
– Nada demais Emm. Vem, vamos buscar uma cerveja.
– Minha irmã é um bom partido Bella. – Disse Jasper ainda rindo.
– Rá Rá Rá, muito engraçado você.
– Olá garotos. - Disse uma voz conhecida atrás de mim. - Esse lugar está
bombando em?
– Carlisle e Esme por aqui? Isso só pode ser uma miragem. - Disse Alice
caminhado na direção deles. - Mãe que saudades. - Disse abraçando a mulher de
cabelo marrom caramelado e com um rosto arredondado em forma de coração, com
covinhas assim como as de Emmett.
– Eu também estava morrendo de saudades. Estamos aqui perto, porque você
não foi nos ver? - Ela disse alisando os cabelos de Alice.
– Essa semana foi muito corrida e acabei ficando sem carro, mais eu iria
passar por lá amanhã, para dar um cheiro em vocês.
– Então é essa a garota? - Pergunto Esme sorrindo para mim.
– A própria- Respondeu Carlisle me dando um abraço. - Olá de novo Bella,
como está se sentindo? Tomou os remédios?
– Olá senhor Cullen. Estou me sentindo bem, às vezes eu até esqueço que
tenho um machucado. Tomei um remédio hoje a tarde.
– Ok. Se sentir alguma coisa me avise, segunda-feira já podemos tirar os
pontos. - Eu assenti. - Agora deixe-me apresentar minha esposa. - Disse segurando a
mão da mulher.
– Bella, essa é Esme a mulher da minha vida.
– E a causa dos seus cabelos brancos. - Jasper falou e todos começaram a rir.
Esme me abraçou.
– Fico feliz em conhecê-la querida, você nos assustou hoje a tarde.
– Me desculpe, é que sou meio desastrada. - Disse encabulada.
– Edward, papai e eu, vamos ensinar algumas lições de trânsito para ela. -
Eles gargalharam.
– Não ligue pra eles Bella. - Disse Esme. - Então, falando em Edward por
onde ele anda? E Emmett e Rosalie.
– Edward foi retornar uma ligação, se é que você me entende. - Alice disse
séria, olhando para os pais. - Já Emm e Rose, saíram daqui com propósito de pegar
uma cerveja, mais se eu bem conheço eles, eles devem estar em algum banheiro ou
algum canto bem escuro se com...
– Ok Alice, nós já entendemos, poupe-nos dos detalhes sórdidos. - Carlisle
disse meio envergonhado. - Bella, nós lhe trouxemos um presente.
– Presente pra mim? Porque?
– É um presente de boa vindas. - Disse Esme sorrindo.
– Gente, assim vocês me deixam sem graça. Não quero nenhum presente ok?
Alice já me deu essa festa.
– Deixa de frescura Bella, é um presente dos Cullens, vou lá no carro buscar. -
Falou Carlisle.
– Eu vou com você papai. - Ela fez alguma mimica com as mãos pra ele. Ele
respondeu piscando um olho. De repente ela começou a saltitar. Com certeza ela
estava aprontando alguma, e para o meu próprio bem, achei melhor nem saber o que
era. - Vem conosco Jasper.
– Pelo jeito eu também vou. Não chorem ok? Eu já volto. - Disse indo atrás
deles, me deixando sozinha com Esme.
Esme começou a falar dos seus filhos, Emmett era o mais velho com 26 anos,
namorava Rosalie desde o primário, ele estava cursando direito e faltava um ano para
se formar.
Já Edward tinha 25 anos, e resolveu cursar veterinária. Quando era
adolescente, seu cachorro morreu porque a doença foi diagnosticada muito tarde, e
desde então ele resolvera que seria veterinário.
Alice tinha acabado de completar 23 na última terça-feira. Ela cursava moda
em uma Universidade da Califórnia, mas acabou acontecendo um sério problema
pessoal, o que deixo Alice com um profunda depressão, que a fez trancar a matrícula
para se tratar. Agora que ela já estava curada, resolveu então transferir a faculdade
para cá.
Esme iria me falar de alguém chamada Mary quando Carlisle voltou.
– Sabe Bella, antes de querer me torna médico, eu queria ser um grande
guitarrista e ter uma banda mundialmente conhecida. Eu viva cantando as músicas do
Elvis e dizia que queria ser igual a ele, eu tinha até um topete parecido. - Ele disse
rindo. - Todo santo dia, antes de meu pai ir trabalhar, eu pedia para ele me trazer uma
guitarra, ele dizia que tinha que encomendar com o papai noel.
Então em uma manha de Natal, eu acordei e lá estava ela, dentro de um case
aberto. Eu me senti o garoto mais feliz do mundo. Fiquei aquele dia todo tentando
tocar, mas a única coisa que eu consegui, foi fazer um barulho desgraçado. - Nós
rimos. -Naquela noite minha mãe ficou muito doente, e meu pai teve que chamar um
médico. Eu me lembro que estava chorando, no lado da cama da minha mãe quando
ele chegou, vestido de branco e com olhos azuis brilhantes, ele me disse “não se
preocupe garoto, sua mãe vai ficar bem”, ele à medicou e no outro dia ela já estava
muito melhor. Aquilo me deixou fascinado.
Então eu decidi, iria ser médico, eu queria aliviar sofrimentos, curar feridas,
ajudar uma nova vida a vir ao mundo, eu queria infundir confiança nas pessoas.
Resumindo, abandonei minha carreira de guitarrista naquele mesmo dia, aposentei
minha guitarra com um dia de uso.
E aqui está ela, tem 43 anos, mais praticamente é uma recém nascida. - Disse
estendendo o case para mim. - Levei na loja hoje, para fazer um check up. Me
disseram que está inteirona, só foi preciso trocar as cordas. - Fiquei muda olhando
pro case, sem saber o que dizer. - Pega logo Bella, está pesada.
– Carlisle, er eu, eu não sei o que dizer, eu, eu, não posso aceitar. Foi seu pai
quem lhe deu, é um presente de família. - Gaguejei.
– Bella, como você acha que meu pai ficou, vendo a guitarra pegando poeira
sem ser usada? Ele ficaria feliz de ver que finalmente ela vai ter serventia. Pegue
Bella, é sua. - Eu exitei.
– Aceite Bella, essa guitarra está lá em casa só ocupando espaço, ninguém
usa. Pega logo, não faça essa desfeita. - Esme falou. Então eu peguei o case. Coloquei
no chão e destravei, quando o abri dei de cara com uma Gibson Melody Maker SG
1967, branca. Meu queixo caiu.
– Vocês só podem estar brincando comigo. Carlisle, isso é uma Melody Maker
67. - Eu fiz cara de espanto e ele parecia confuso.
– É isso mesmo. O cara da loja fez a mesma cara de espanto, é tão ruim
assim? - Eu ri.
– Ruim? Carlisle, essa guitarra é uma raridade. - Disse ainda não acreditando
no que os meus olhos viam.
– Uma raridade boa ou ruim? - Perguntou ainda com dúvidas.
– Uma raridade ÓTIMA. - Meu sorriso ia de orelha a orelha. Carlisle relaxou.
- Você tem certeza que quer me dar ela? Essa é uma guitarra de colecionador, pense
bem. - Ele gargalhou.
– Bella, eu tenho cara de colecionador? Ela é sua. Tenho certeza que está em
boas mãos. Você falou que ela é uma das melhores, inspire-se nela, quero que você
também se torne uma das melhores. - Carlisle era uma pessoa magnífica, não fazia
um dia que tínhamos nos conhecido, mais parecia que ele me conhecia a anos, tentou
me ajudar desde o primeiro minuto que me viu, não só fisicamente mais também
piscicologicamente. Não sabia como, mas acho que ele também sabia do meu
passado.
Eu sorri para ele e o abracei.
– Obrigada por tudo, pela guitarra, por ter ido me ver no hospital, mas
principalmente pelas palavras, obrigada por acreditar em mim. Olha, eu te conheci
hoje, mais você já é muito importante para mim. Prometo fazer de tudo para não
decepcioná-lo. - Estava emocionada, com certeza eu estaria chorando se eu
conseguisse.
– Não quero que me prometa nada Bella, só quero que você se sinta feliz. -
Disse dando um beijo em minha testa.
– É muito estranho dizer isso depois de tanto tempo, mais, eu acho que estou
momentaneamente feliz. - Ele sorriu.
– Isso já é um bom começo. - Esme acompanhava tudo sorrindo.
– ATENÇÃO, TESTE, 1, 2, TESTE, SOM – Aquela voz, só poderia ser de
Alice, me virei para ver o palco e lá estava ela, com Jasper ao seu lado. Mas o que
aquela maluca estava fazendo? - Pessoal, como todos vocês já sabem. - Jasper puxou
o microfone das mãos dela.
– Ou deveriam saber. - Disse ele. Ela rolou os olhos e pegou o microfone.
– Está é uma festa de boas vindas a nossa amiga Bella. - Todos começaram
assoviar e bater palmas, e eu resolvi sair dali imediatamente. Mas Esme me abraçou
de um lado e Carlisle do outro.
– Nem pense em fugir Bella.
– E como todos sabem – Continuou Alice, e de novo Jasper puxou o
microfone.
– Ou deveriam saber – Disse ele devolvendo o microfone pra baixinha.
– Ela veio para os Estados Unidos estudar música. Em breve teremos uma
grande cantora estourando nas paradas. - Quem disse para Alice que eu seria cantora?
– Não esquece Bella, você me deve um camarote vitalício. - Jasper tinha
roubado de novo o microfone. Eu estava procurando um buraco para me enfiar. -
Então nada mais justo... - Continuou ele, mais Alice voltou a pegar o microfone.
– Do que seu primeiro show, ser aqui e agora. - Disse Alice batendo palmas e
dando pulinhos. Eu fiquei apavorada, minha mente tentava achar algum plano de
fulga. Jasper voltou ao microfone.
– Nem pense em fugir Bella, estamos aqui esperando. - Alice começou a gritar
meu nome, o que logo foi imitado por todo o pessoal. Todos gritavam meu nome em
coro. E eu fui ficando cada vez mais apavorada. - Por favor sogrão, traga ela até aqui.
- Pediu Jasper.
– Vamos lá Bella, estão chamando por você.
– Carlisle, eu, eu não posso fazer isso. - Comecei a gaguejar. Ele ergueu a
sobrancelha, igualzinho a Edward, isso deveria ser um cacoete de família.
– Eu não vou conseguir, eu nunca fiz isso antes. - Tá certo que eu atuei em
algumas novelas, mas, atuar em novela é bem diferente de cantar em público, para
uma multidão de gente gritando seu nome.
– Bella.- Disse Esme. - Essa guitarra está a 43 anos parada pegando poeira.
agora ela é sua. Eu não entendo nada de guitarras, mas você disse que ela é uma das
melhores. O que você vai fazer com ela? Deixar mais 43 anos pegando poeira? Vai
tocar para as paredes? Vá até lá, e mostre do que você é capaz, mostre como sua
guitarra é boa e mostre que você é tão boa quanto ela. - Esme despertou o meu ego. E
eu decidi ir, afinal, eu sabia como tocar, não cantava muito mal, eles poderiam me
vaiar e isso era o máximo que aconteceria.
– É, você tem razão.
– Anda Bella, não temos a noite toda. - Falou uma Alice já impaciente.
– Vamos lá Bella, eu e Esme te escoltamos até no palco. - Carlisle carregou o
case para mim, e Esme me entregou outro presente, uma correia preta, com Bella
Swan bordado em branco, e uma caixinha de palhetas, também pretas, com o meu
nome em branco. - Vai lá garota, acredito em você. - Essa era a segunda vez no dia
que Carlisle me dizia isso. Não pude deixar de sorrir.
Subi na parte de traz do palco e Jasper rapidamente me apresentou a banda
The Siblings, que iria me acompanhar, combinamos de eu cantar 3 músicas e depois
eles continuariam o show.
Ajeitei a guitarra, e fui para frente do palco, e de novo o pessoal começou a
gritar meu nome. Com certeza, Alice deve ter liberado bebida para eles. Arrumei o
microfone na minha altura, fechei os olhos e respirei fundo 3 vezes.
–Boa noite pessoal. - Disse nervosamente. Esme e Carlisle estavam bem na
frente do palco sorrindo para mim. Eu procurava Alice e Jasper com os olhos, mas
eles haviam desaparecido de repente. - Bem, como vocês todos sabem. Ou deveriam
saber. - Eles gargalharam. - Eu sou Bella Swan. E graças a minha super amiga Alice,
eu vou cantar para vocês hoje. - Eles bateram palmas. - Antes eu gostaria de fazer
alguns agradecimentos.
Obrigada Alice e Jasper, eu não faço ideia de onde vocês se meteram, mas,
com amigos como vocês eu nem preciso de inimigos. - Todos riram. - Gostaria de
convidar os dois para virem até aqui em cima, vocês serão meus dançarinos. Eu sei
que vocês estão me escutando e se vocês não subirem até aqui, eu não vou cantar. - O
pessoal começou a gritar o nome deles, 5 minutos depois eles apareceram no palco
um pouco encabulados. Cada um tinha uma camiseta preta com a frase Let's Go
Bella, em branco. Alice me surpreendia a cada minuto. - Bem, agora que estamos
todos aqui.- Disse olhando para os dois. - Posso continuar meus agradecimentos.
Obrigada Carlisle – Disse olhando para ele - Por ter me atendido no hospital hoje.
Mesmo não sendo o hospital que você trabalha, mesmo estando de férias e mesmo
não me conhecendo, você se preocupou comigo. - Ele sorriu. - Obrigada também pela
Guitarra, prometo tomar conta dela. Não tenho dúvidas que você seria um mega rock
star, assim como você é um mega médico. E obrigada mesmo, por acreditar em mim.
Obrigada. - Todos aplaudiram e começaram a gritar o nome dele.
– Obrigada a você também Esme, por ter me feito subir nesse palco. - Agora
todos gritavam o nome dela, ela escondeu a cabeça no peito de Carlisle. Quando
pensei que tinha terminado meus agradecimentos, vi Edward chegar na frente do
palco, junto com Emmett e Rosalie, os três faziam companhia para Esme e Carlisle.
Ele Estava com uma camisa igual a de Alice e Jasper por cima do moletom. Segurava
um copo de bebida na mão e mantinha um grande sorriso no rosto olhando para mim,
quando percebi estava sorrindo bobamente.
– Obrigada para você também Edward, por ter trocado de roupa por minha
causa, eu sei que ser chamado de torcedor mulambento do red sox não deve ser uma
coisa muito boa. - O pessoal caiu na gargalhada. - E não se preocupe, a nossa dupla
ainda está de pé. - Pude perceber que ele gargalhou.
– Então, chega de conversa, vamos para as músicas. - O pessoal gritou
empolgado. - Eu amo Rock, e para mim, não existe não melhor do que Rock and Roll
das antigas. Quando eu vi Marty McFly tocando Jonnhy B.Good em “De Volta Para o
Futuro”. Eu pensei, “ Cara, eu quero ser assim quando crescer”, bem, como vocês
podem ver, eu não cresci muito, nem toco tão bem quanto McFlay, mais, eu aprendi a
tocar.
– Preparados dançarinos? - Eles balançaram a cabeça dizendo que sim. -
Então vamos lá. - Olhei para banda, contei até 3 e comecei a introdução que era só
com a guitarra. As pessoas pareciam gostar. E eu comecei a cantar.
http://letras.terra.com.br/chuck-berry/3832/traducao.html
Deep down in Louisiana close to New Orleans
Way back up in the woods among the evergreens
There stood a log cabin made of earth and wood
Where lived a country boy named Johnny B. Goode
Who never ever learned to read or write so well
But he could play a guitar just like a-ringin' a bell
Alice e Jasper estavam dando um show de dança, parecia que vinham direto
dos anos 60, o pessoal estava curtindo. Alguns cantavam, outros tentavam imitar
Alice e Jasper e outros faziam as duas coisas.
http://www.youtube.com/watch?v=ESOVrc4K3CQ
It's hard for me to say the things
É difícil para mim dizer as coisas
I want to say sometimes
Que às vezes quero dizer
There's no one here but you and me
Não há ninguém aqui, a não ser você e eu
And that broken old street light
E aquela velha lâmpada de poste quebrada
Lock the doors
Tranque as portas
leave the world outside
Vamos deixar o mundo lá fora
All I've got to give to you
Tudo que tenho para te dar
Are these five words tonight
São estas cinco palavras esta noite...
Rosalie e Emmett começaram o maior amasso no canto do palco. Isso fez com
que uma galera gritasse, mais eles nem se importaram, ou não estavam ouvindo.
– Desculpa - Dissemos juntos. Pera ai, eu conhecia aquela voz, olhei para
cima, e lá estava ele, tão lindo quanto da ultima vez que o vi.
– Edward!
– Bella! - Dissemos
– O que você está fazendo aqui? - Continuamos a falar juntos.
– Eu moro aqui. - Respondemos
– Eu estava indo... - Ainda falávamos juntos. Aquilo estava ficando estranho.
Resolvi ficar calada, mas ele se calou no mesmo tempo, então resolvi continuar.
– Eu estava meio que fugindo para comprar cigarros.
– Eu estava indo visitar você - Aquele negocio de falar ao mesmo tempo
começou a me irritar. Edward fechou a boca, e fez trancá-la com uma chave, isso me
fez rir.
– Alice finalmente me deixou sozinha depois de 4 dias, como ela sumiu com
todos os meus cigarros e eu não posso nem falar sobre eles perto dela, resolvi dar
uma escapulida para alimentar meu vício. Eu ia passar na sua casa depois, para ver
como você estava. - Ele sorriu torto, e levantou a sobrancelha.
– Quer dizer que você me deixou em segundo plano? - Questionou.
– Não. Só quer dizer que, depois de quatro dias, eu realmente preciso de um
cigarro.
– Eu poderia te viciar em alguma coisa mais saudável, sabe? Que com certeza
me deixaria em primeiro plano. - Sua voz era rouca e baixa, cheia de segundas
intenções. Eu certamente fiquei roxa.
– Er... Acho que um vício já é mais do que suficiente. - Disse desconcertada.
Ele riu.
– Então como você está? - Ótimo, voltamos a falar junto.
– Primeiro você Bella. - Edward se apressou em dizer.
– Estou bem, ainda espirro de vez em quando, mais a febre e a tosse já se
foram. Mesmo assim, Alice ainda me mantem prisioneira. - Edward sorriu.
– Bem, acho que Alice puxou a Esme. Ela estava ficando ali em casa desde
segunda, para cuidar de mim. Imagina que nem na cozinha ela me deixava ir?
Segundo ela, a cozinha estava muito úmida.- Com certeza Alice tinha herdado a
paranoia de Esme, pelo jeito Edward ficou tão preso quanto eu. Eu ri...
– Imagino, Alice me disse a mesma coisa. Você acredita que ela não
desgrudou de mim por um segundo?
– Na verdade, ela saia quando você pegava no sono e vinha me ver, mas as
visitas duravam menos de 10 minutos.
– Oh eu não acredito que eu perdia esses 10 minutos dormindo, eu podia ter
dado uma volta pelo apartamento nesse meio tempo. - Ele gargalhou.
– Você parece que esteve tão encrencada quanto eu.
– Nem me fale. - Disse balançando a cabeça. - E você, como está?
– Muito bem. Até convenci Esme a sair e me deixar sozinho.
– Fico feliz por você. - Disse sorrindo.
– Vamos? - Ele perguntou.
– Pra onde? - Quis saber.
– Comprar seus cigarros horas, não era isso que você estava indo fazer? -
Perguntou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
– Esme não vai brigar com você, se descobrir? - Ele revirou os olhos.
– Vamos logo Bella, eu não tenho mais 10 anos.
Edward me levou até um bar a duas quadras dali, comprei 3 carteiras de
Marlboro e um esqueiro.
Enquanto eu sentia a nicotina fazer efeito no meu corpo, Edward me relatava
sua semana, que pro sinal foi um pouco pior que a minha. Esme também acampou em
seu quarto, fazendo com que ele só tomasse sopa esses 4 dias, sua água foi substituída
por soro, e ele só pode tomar banho, quita feira de manha. Isso fez com que Alice se
tornasse uma santa para mim.
Depois de me contar seu drama, Edward acabou me convencendo a comer
uma pizza, prometendo que não demoraríamos e que eu chegaria em casa primeiro
que Alice.
Estávamos do lado de fora da pizzaria, precisava terminar meu cigarro para
podermos entrar. Edward estava me contando piadas, eu ria feito uma desvairada.
– Preocupadíssima, a loira liga para o celular do namorado:-Amorzinho, eu
tô com um problemão!
– Eu sei, lembro que você disse isso, mas é que eu não consigo achar nem os
cantos... É muito difícil!
– Ok, calma, calma. Qual é a figura que você tem que montar? Deve estar
desenhado na caixa!
– É um tigre.
Então ele pega a chave de sua BMW, sai de seu escritório e vai para a casa
dela. Chegando lá, ela o recepciona deixando transparecer a ansiedade e apressa-se
em resolver o dilema do quebra-cabeça.
Quando chegamos na pizzaria eles já estavam comendo, assim que nos viram
fizeram a maior algazarra. Alice sentou-se ao lado de Jasper, deixando só o lugar ao
lado de Edward vazio. Os dois se desculparam pela discussão mais cedo, e tudo ficou
bem.
Edward estava feliz da vida por ter ganho 50 dólares. Ele apostou com os
outros que, eu não levaria mais de 30 minutos para trazer Alice de volta.
Jasper perguntou como eu tinha conseguido tal feito, e pediu que eu passasse
a receita.
Já Emmett disse que nós tínhamos combinado tudo, e que certamente Edward
dividiria o dinheiro depois. Ele também disse que estava feliz em me ver de volta e
que precisávamos tratar de alguns assuntos, eu revirei os olhos tentando imaginar os
assuntos e disse que depois do jantar nós conversaríamos.
Rosalie nada falou, mas assim como Carlisle e Esme, ela sorriu, parecendo
feliz por todos estarem juntos.
Todos acabaram de jantar e só estavam esperando por mim, eu estava
devorando a sobremesa, Jasper começou a implicar comigo, dizendo que eu era
magra de ruim. Eu estava sempre de boca cheia para responder alguma coisa.
– Bella, chegou hoje para você. - Alice me estendeu uma envelope preto. - Ia
te entregar quando chegasse em casa, mas já que você veio até aqui.
– O que é isso? - Perguntei de boca cheia, pegando o envelope. Alice rolou os
olhos.
– Eu não abri Bella. - Deixe meus talheres de lado, e dei atenção ao envelope
todo preto, escrito Bella Swan em branco. Com todo cuidado tirei a fita preta, que
mais parecia fita isolante e abri o envelope. Peguei a carta também preta e comecei a
ler, "Saudações caloura. Você foi convocada para ingressar a escuridão. Bem vinda a
fraternidade Dark side of the girls. Sua convocação não tem volta. Reunião na
próxima quarta-feira, as 19:42 no mesmo lugar de sempre. Não toleramos atrasos.
Ass: Jéssica Stanley." Com certeza eu mataria Alice, lentamente para ela sofrer
bastante. Eu respirei fundo umas 5 vezes, e estendi o maldito papel para ela. A mesma
fez cara de desentendida.
– Eu te disse que eu não queria entrar Alice. - Ela pegou o papel. Conforme ia
lendo, seu sorriso crescia.
– Ahh Bella, você foi convocada, você foi convocada. - Eu olhei irada para
ela.
– Por que você fez isso? - Os outros olhavam e não entendiam nada.
– O que você fez Alice? - Perguntou Edward. - Bella foi convocada para que?
– Para a fraternidade Dark side of the girls. - Ela disse animadíssima. - Mas
não foi eu quem fez isso, eu nem cheguei a tocar no seu nome Bella, eu só fui
convocada essa semana, e eu não sai do seu lado, lembra? As conversas que eu tive
com Jéssica foram por telefone e você ouviu todas. - O que Alice dizia, fazia sentido,
ela falava durante horas no telefone com a tal Jéssica, mais meu nome nunca foi
mencionado. Não que eu me lembre.
– Mas se não foi você, quem foi? - Edward, tirou as palavras da minha boca.
– Foi eu. - Todos da mesa olharam em direção ao dono da voz.
– Você? - Todos perguntaram juntos e com cara de interrogação.
– Ah qual é gente. - Ele disse meio sem jeito.
– Por que você fez isso Emmett? - Perguntei bufando.
– Ah Bella, todo mundo da redondeza conhece essa fraternidade. Ela é
responsável pelas melhores festa da região. Eu vi uma boa oportunidade pra nós.
Temos que investir. - Ok Emmett, tinha pirado de vez.
– Investir? Você está louco? Investir em uma fraternidade? Para que?
– Não Bella, investir em você. Pensa comigo, a fraternidade é responsável
pelas melhores festa certo? - Eu assenti. - Essas festas lotam, os ingressos são
limitados e caríssimos. Só dá a nata, as pessoas vem de longe só para essas festas.
– Emmett, eu não estou interessada em nenhum tipo de nata, eu prefiro
margarina. - Emmett rolou os olhos.
– Posso continuar Bella? - Eu dei de ombros. - Nós vamos usar essa festa... -
Eu comecei a bebericar minha coca. - Para te promover como cantora, você vai ser
uma das grandes Bella, e vai começar por essas festas. - Eu me afoguei e acabei
cuspindo toda a coca que ainda não tinha engolido. Emmett tomou um verdadeiro
banho, e eu não conseguia parar de tossir. Edward começou a dar tapinhas nas minhas
costas.
– Levanta os braços Bella. - Edward disse assutado, eu o obedeci, enquanto
isso Emmett tentava se limpar com o guardanapo. O resto do pessoal ria sem parar,
até mesmo Rosalie, ela chorava de rir. Edward chegou seu rosto bem perto do meu e
soprou.
– Melhorou? - Eu assenti.
– Obrigada. - Seu sorriso torto se abriu me desnorteando.
– Disponha. - Aquele sorriso era perfeito, aqueles dentes brancos, aquela boca
macia, me lembrei como era bom beijá-lo.
– Você em Bella? Vou descontar esse banho do seu próximo show. - Emmett
disse arrenegado, me trazendo de volta para realidade.
– Emmett, você tá maluco? Que história é essa de me promover como cantora,
pirou de vez? - Ele me olhou sério.
– Você não lembra que eu sou seu empresário Bella? Eu já mandei fazer os
cartões de contato, já mandei fazer seu site e camisetas. - Eu o olhei incrédula.
– Emmett, eu não sou cantora, coloca isso na sua cabeça. É melhor você
cancelar todas essas coisas que mandou fazer. - Disse bufando, mais ele não se
alterou.
– Não é cantora não? Então que era aquela que estava cantando lá no Summer
Hause? Quem era aquela que levantou o pessoal com apenas 3 músicas? Por que você
está fazendo fazendo faculdade de música, se não é isso que quer? Você é tão boa
cantora que Jéssica mesmo sem te conhecer pessoalmente, não pensou nem duas
vezes antes de te colocar para dentro dessa fraternidade. - Emmett falava aquilo de
uma maneira tão séria, que quem o visse, não seria capaz de dizer que ele era um
palhaço.
– Emmett tem razão Bella. - Alice disse. - Você tem talento para música, isso
é uma coisa inegável.
– Concordo em gênero número e grau. - Jasper disse firme.
– Você fez Carlisle dançar Bella. - Esme sorriu. - Acredite, isso é quase um
milagre.
– Esse é simplesmente seu dom Bella. - Carlisle falou.
– Tenho que concordar com eles. -Rosalie murmurou.
– Bella, você tinha que se ver em cima daquele palco - Edward disse com os
olhos brilhando. - Você domina, você consegue prender a atenção de todos. Você
parece tão viva quando esta cantando. Você nasceu para isso Bella.
Todos estavam unidos para me convencer, as palavras deles ecoavam na
minha mente, mas a que mais martelava era a de Edward " Você parece tão viva
quando está cantando", e logo em seguida as palavras de Jane vieram a mente, "Você
vai ser cantora. E vai regravar Do You Wanna Touch me, em minha homenagem".
– Me explique melhor esse seu plano Emmett. - Acho que consegui ver todos
os sues dentes.
– Simples, você vai cantar nas 3 festas restantes da fraternidade esse ano. A
festa a fantasia, na semana que vem. Festa de Halloween, e a festa de encerramento
do ano, que acontece no último dia de aula.
Você vai tocar por uma hora, e com a parceria dos The Siblings, já que você
precisa de uma banda para te acompanhar. Eles vão ficar com a maior parte da grana.
Como você faz parte da fraternidade, elas só vão te pagar só 50% do exigido, ou seja
700 dólares por festa, os outros 700 ficam para a fraternidade. Mas isso compensa,
levando em consideração o público que vai estar te assistindo. - Emmett explicava
tudo com calma, e eu tinha que admitir que ele levava jeito para coisa.
– Ok, mais algo que eu deva saber? - Perguntei
– Sim. Você e a banda precisam ensaiar juntos, como uma das festas já é no
sábado que vem, vocês precisam ensaiar a semana toda, começando segunda as
17:30, lá no Summer Hause.
Eu fui até a Pepperdine hoje e peguei os seus horários, terças e quintas você
só tem aulas de manhã. Segundas, quartas e sextas as aulas vão até as 16:40. Como
todas as minhas aulas vão só até as 16:20 eu posso te dar carona. Você tem cerca de
30 minutos para matar um rango e se arrumar. Depois eu vou com você até o ensaio.
Só essa semana que vai ser assim puxado, mas depois fica tranquilo, com só um
ensaio por semana. - Eu estava de queixo caído com Emmett, assim como os outros.
Ele estava se mostrando totalmente competente.
– Acho que é isso. Você tem alguma dúvida?
– Quantas horas de ensaio por dia?
– Das 17:30 as 20:30, três horinhas. Não se preocupe, vou estar lá com você,
você não vai ficar sozinha com aquele marmanjos. - Revirei os olhos.
– Não estou preocupada em ficar sozinha com eles Emmett. - Quando disse
isso, Edward resmungou alguma coisa. - Quarta-feira vou precisar sair mais cedo,
tenho a tal reunião da fraternidade.
– Ok, quarta-feira até as 19:20 então. Mais alguma coisa?
– Estava pensando em comprar um amplificador, assim posso ensaiar terça e
quinta a tarde em casa.
– Boa ideia. Como eu não pensei nisso? - Perguntou bravo consigo mesmo.
– Você não pode pensar em tudo não é mesmo? Segunda a gente resolve isso.
Você me leva em alguma loja de música e eu compro.
– Tudo bem então. Quanto ao dinheiro, você só vai receber depois do show.
– Cuide do dinheiro Emmett, e de toda parte burocrática, por favor. Só me
informe os dias que eu preciso tocar, o resto é com você.
– Você não quer receber?
– Não. Prefiro que você cuide. Guarde ou invista, tanto faz, faça o que você
achar melhor. - Ele sorriu brilhantemente.
– Obrigado pela confiança Bella. Vou fazer uma conta no seu nome para ir
guardando o dinheiro lá depois a gente pode investir em uma banda só sua e... - Os
olhos de Emmett brilhavam de empolgação. Ele realmente acreditava que eu podia
me tornar famosa.
– Emmett!!! - Ele parou de falar. - Não esqueça da sua parte ok? Fique com
metade.
– O que? Você está maluca? - Ele parecia surpreso. - Bella, eu não quero nada
agora no começo, só vamos investir ok? Quando a coisa começar a engrenar
voltamos a falar sobre isso.
– Sem chances Emmett, eu quero que você fique com a metade, desde agora,
ou então nada feito. - Ele parecia cada vez mas surpreso, assim como os outros que
assistiam a tudo calados.
– Já que você insiste, eu fico com a metade. Vou investir esse dinheiro em
você.
– Péssima maneira de gastar seu dinheiro. - Os outros riram.
– Podemos ir embora agora? - Jasper peguntou, agoniado.
– Só mais uma coisa. - Eu disse. Jasper praguejou alguma coisa. - Você acha
que pode me arrumar um camarote para essas festas Emmett?
– Acho que sim, por que? - Perguntou confuso.
– Então me arrume um, e coloque no nome de Jasper, com muita bebida
liberada. - Jasper abriu um largo sorriso, ele ia falar alguma coisa, mais eu não deixei.
- Promessa é dívida Jasper. - Ele olhou para Emmett.
– Acho melhor você fazer o que ela diz. - Todos riram.
– Ah Bella.. - Emmett chamou.
– Ah para a palhaçada cara, vamos embora, vocês são vizinhos, você fala com
ela em casa. - Resmungou Jasper.
– Tá de carona mané, senta ai e espera. - Emmett disse meio bravo.
– Vamos logo Emm, eu também não aguento mais ficar aqui. - Alice pediu.
– Bella, você precisa de uma fantasia, acho melhor você procurar uma
amanhã. Porque semana que vem você não vai ter tempo.
– Fantasia?
– Claro, você precisa de uma. - Ele respondeu como se fosse a coisa mais
óbvia do mundo. Eu protestei.
– Mas eu vou tocar.
– Sim. Vai tocar, cantar, dançar e tudo mais, fantasiada, como o resto da
banda. - Eu bufei.
– Deixa ela comigo Emmett, amanhã nós vamos procurar as fantasias. Agora
por favor, vamos embora.
Finalmente depois de 2 horas, deixamos a pizzaria, Carlisle e Esme se
despediram lá mesmo e rumaram para casa. Eu e Edward pegamos uma carona com
Emmett e Rosalie, assim como Jasper e Alice.
Eu resmunguei o caminho todo, pensando que teria que tocar fantasiada, isso
não tinha cabimento, eu iria estar lá para tocar e cantar, e não para imitar o palhaço
Bozo. Por que eu não podia ir de jeans, camiseta e tênis?
Para piorar mais a situação, Alice que iria me ajudar a escolher a fantasia, e
com certeza, por livre espontânea pressão eu acabaria escolhendo alguma fantasia do
tipo Penélope charmosa, pantera cor de rosa ou alguma coisa bem rosa desse tipo.
Todos acabaram indo lá para casa, e continuaram falando sobre a tal festa com
entusiasmo, eles conversavam sobre que fantasia usar, resolvi sair dali antes que
começassem a fantasiar a minha fantasia. Me levantei dizendo que ia fazer
brigadeiro. Todos fizeram cara de interrogação e me perguntaram o que significava
brigadeiro. Eu não consegui traduzir ao pé da letra o significado, mas expliquei que,
brigadeiro não poderia faltar em uma festa de aniversário, e as pessoas depressivas
adoravam se empaturrar com ele assistindo filmes de romance. Emmett disse que nos
Estados Unidos isso se chamava pipoca. Já Jasper disse que o nome que eles usavam
era sorvete. Eu revirei os olhos e fui para cozinha.
No meio de tantos queijos, presuntos, ovos, bacons, ketchups, maioneses,
mostardas e muitas caixas de leite, eu encontrei uma solitária lata de leite
condensado.
Perguntei para Alice onde estavam as comidas saudáveis, ela me mandou abrir
o congelador. Eu nunca vi tanto hambúrguer reunido na minha vida, aquilo tava
parecendo uma franquia do McDonalds. Como alguém sobrevivia só de sanduíches?
Quando abri o armário procurando o nescau, dei de cara com umas 15 caixas de
sucrilhos. Ok, como alguém sobrevivia só de sanduíches e sucrilhos? Precisávamos
fazer compras urgentemente.
Foi muita sorte achar uma late de leite condensado por ali, fiquei com medo
de achar um mini hambúrguer dentro da lata. Quando em fim o brigadeiro ficou
pronto, todos o olharam com cara de nojo. Ninguém quis ser o primeiro a
experimentar, dei de ombros e comecei a comer, os 5 me observavam sem nada dizer.
Depois da minha sétima colherada, Edward tomou coragem pegou uma colher,
juntando-se a mim. Ele comeu uma colherada, duas, três, enquanto os outros
esperavam ele dizer alguma coisa.
– Bella, esse tal de brigadeiro é a melhor coisa que eu comi na minha vida. -
Ele disse de boca cheia, depois disso os outros atacaram. Em menos de 5 minutos
acabaram com tudo. Todos adoraram o desconhecido brigadeiro. Jasper disse que se
meu futuro não fosse com música, certamente seria como brigadeirista.
Alice disse que nunca mas poderia faltar doce de leite em casa. Ótimo, agora
sobreviveríamos de Sanduíches, Sucrilhos e Brigadeiros. Disse para ela que
precisávamos fazer compras, depois de irmos a loja de fantasias, ela me chamou de
louca e disse que a geladeira estava cheia, mais acabou concordando depois que eu
disse que ela ficaria obesa se continuasse comendo só aqueles sanduíches calóricos.
Emmett se convidou para o almoço do dia seguinte, já que iriamos comer algo
diferente de hambúrguer. Jasper gostou da ideia e disse que também viria. Acabou
que todos viriam para o tal almoço.
Montamos uma bandinha e fomos jogar rock band, Jasper ficou com a bateria,
Alice com o baixo, Edward com a guitarra, eu no vocal e Emmett e Rosalie
começaram a se pegar, por ali mesmo, ignorando a plateia. Era 2:35 quando os dois
finalmente resolveram terminar o serviço em casa. Edward resolveu ficar mais um
pouco, já que seu apartamento estava sendo indevidamente usado. Joguei mais uma
meia hora, depois fui para o meu quarto, Alice finalmente voltaria para o seu e eu
voltaria a ter privacidade. Me joguei na cama e liguei a TV, de todos aqueles 88
canais não teve nenhum que me interessou. Bufei de tédio, estava levantando para
voltar pra sala, quando meus olhos encontraram o violão. Sorri com a dedicatória que
estava escrita nele, eu o peguei.
– Te amo mais, sinto tanto sua falta. Essa sempre vai ser para você. - Fechei
os olhos e comecei as primeiras notas da música. Sorri ao lembrar de como ela
dançaria e gritaria o refrão. A melodia já tomava conta do ambiente, comecei a cantar.
We've been here too long
Tryin' to get along
Pretendin' that you're oh so shy
I'm a natural ma'am
Doin' all I can
My temperature is runnin' high
Cry at night
No one in sight
An' we got so much to share
Talking's fine
If you got the time
But I ain't got the time to spare
Yeah
My, my, my
Whiskey and rye
Don't it make you feel so fine
Right or wrong
Don't it turn you on
Can't you see we're wastin' time, yeah
– Isso não vai ficar assim. - Peguei o pouco que ainda restava na panela, parti
para cima dele, como ele era bem mais forte que eu, segurava meus braços com
facilidade. - Me larga Edward, isso não vale. - Ele levou minhas mãos até bem perto
de sua boca, e começou a lamber meus dedos. No começo eu tentei me soltar, mas
quando eu vi seus lábios em meus dedos, desisti completamente da ideia. Edward
fazia aquilo de uma maneira totalmente sexy. Eu estava ficando excitada com aquilo,
imaginando seus lábios por todo meu corpo. Pela primeira vez em anos eu começava
a sentia falta de sexo. Cedo de mais ele acabou, e para me deixar ainda com mais
vontade, ele soltou uma daqueles sorrisos torto.
– Como eu disse, está delicioso. - Falou com a voz rouca e baixa. Eu
continuei parada, o encarando, incapaz de me mover. Ele foi se aproximando
lentamente do meu rosto. - Aqui tem mais um pouco... - Murmurou, e então passou a
língua no canto da minha boca. Eu hiperventilei. O que diabos ele estava fazendo?
Beije-o, beije-o agora, dizia uma parte do meu cérebro. Não se atreva a fazer isso,
berrava a outra parte. Só então percebi que estava de olhos fechados, e ele continuava
ali, agora ele lambia e mordia meu queixo. Quanto tempo mais eu conseguiria
aguentar?
– Não se mova. - Sussurrou em meus ouvidos, então se afastou. Continuei ali
parada e de olhos fechados. Senti ele se aproximando de novo. Senti a ponta dos seus
dedos em meus lábios. Ele espalhou brigadeiro na parte de baixo e depois na parte de
cima, como se fosse batom. Eu sorri. - Não é quem tem um pouco em seus lábios
também? - Ele lambeu meus lábios, e eu não aguentei mais, minhas mãos foram para
seus cabelos, e minha língua invadiu sua boca, ele correspondeu imediatamente.
Nossas bocas se devoravam, os lábios de Edward misturados com o brigadeiro, era de
longe a melhor coisa que eu já havia experimentado. Joguei minhas pernas em cima
dele, entrelaçando sua cintura, instantaneamente ele me segurou, e me carregou até na
mesa, me sentando lá, acabamos derrubando duas garrafas de cerveja, mais isso não
tirou nossa concentração. Nossos beijos ficavam cada vez mais quentes e urgentes.
Suas mãos já estavam dentro da minha camisa, tentando desatacar meu sutiã.
– Edward, que barulho foi e..., OH MY GOD. - a voz de Rosalie, me trouxe
de volta para terra. O que eu estava fazendo? Me pegando com Edward, e ainda por
cima na cozinha? O que está acontecendo comigo?. Eu o empurrei e desci da mesa,
arrumei minha camisa que estava quase no pescoço, passei as mãos nervosamente
pelos cabelos, e arrisquei uma olhada para Rosalie. Ela nos olhava um pouco
surpresa, mais do noda começou a rir. Edward e eu nos olhamos sem entender nada.
– Não acredito... Se eu tivesse chego 15 minutos depois, eu tinha pego vocês
dois tra...
– Não é nada disso que você está pensando. - Edward se apresou em dizer, eu
ainda tentava recuperar minha voz. - Er... Eu, eu... - Ele começou a gaguejar, fazendo
com que Rosalie risse mais ainda - Eu só queria que Bella experimentasse o
brigadeiro que eu fiz, e então...
– Tudo bem Edward, não tente explicar, vai ficar cada vez pior. - Ela disse em
meio as risadas. - Mais se vocês não querem ser descobertos, é melhor fazerem isso
em outro lugar, a sala é logo aqui do lado, e a cozinha é completamente aberta,
então...
– Isso não vai mais acontecer. Nem aqui, nem em outro lugar. - Disse
firmemente, encarando Rosalie e depois Edward.
– Ok. - Ela respondeu. - Vim até aqui porque ouvi o barulho de algo
quebrando, mais já percebi que não foi nada demais. - Disse olhando para os cacos
das garrafas de cerveja. - Então, como está o almoço?
– Pronto. Só falta por a mesa. - Respondi.
– Eu posso fazer isso. Em quanto isso, você pode dar um jeito no seu rosto,
ele está meio marcado de chocolate, e bem, seus lábios... É melhor você dar uma
olhada. - Eu estava desconcertada. Consenti e fui voando pro meu quarto, escutei
Emmett berrando se eu iria tirar o pai da forca.
Quando me olhei no espelho, não acreditei no que via, eu estava
completamente descabelada, meu rosto estava vermelho e com vestígios de chocolate
por todas as partes, lavei ele com bastante sabonete, removendo todo o chocolate,
quando terminei, voltei a me olhar no espelho, só então percebi meus lábios, bem
inchados, e no meio do lábio inferior, tinha um roxo gigante. Oh céus, onde eu estava
com a cabeça? Como Edward conseguia me desestabilizar desse jeito? No começo de
meu relacionamento com Jake, nós parecíamos pegar fogo, mas eu nunca senti tanto
desejo de arrancar suas roupa, com senti de arrancar as de Edward. Eu nunca senti
tanto tesão, eu nunca me senti tão molhada. Realmente, se Rosalie não tivesse
aparecido, teria acontecido ali, sinceramente eu não sei se aguentaria até o fim. O que
você está pensando idiota? Isso não deve mais acontecer. Minha consciência impôs.
Encarei minha imagem no espelho.
– Nada de relacionamentos Bella, nem mesmo para saciar suas vontades. -
Disse para mim mesmo. Quando sai do banheiro, encontrei Edward sentado na minha
cama.
– Me desculpe... - Pediu. Eu suspirei
– Tudo bem, a culpa foi minha, foi eu quem te beijou.
– Foi eu quem provocou.
– Olha Edward, esquece isso ok? Esquece que Rosalie viu, esquece que nos
beijamos. - Ele murmurou algo que não consegui escutar.. - De qualquer forma isso
não pode e não vai mais acontecer.
– Por que não?
– Porque eu não quero nenhum tipo de relacionamento.
– E quem disse que eu quero? Foram só uns beijos sem compromisso Bella,
eu não pedi você em casamento. - Vendo desse ponto, ele estava certo, beijo sem
compromisso, eu bem que podia me aproveitar do seu corpo, sem nenhum
compromisso, só por uma noite, tenho certeza que Edward seria um ótimo amante..
Qual a parte do não se envolva você não entendeu? Minha consciência se meteu de
novo.
– É melhor sermos somente amigos que não se beijam. Ok? - Ele rolou os
olhos.
– Se você acha melhor assim.
– Acho. - Respondi não muito convicta. - Agora vamos almoçar.
Quando chegamos na cozinha, todos já tinham começado a comer, Alice,
Rosalie e inclusive Jéssica, nos olhavam com desconfiança. Fiz meu prato e sentei
bem longe delas, Edward sentou-se ao lado de Jéssica,
que não parava de falar gracinhas para ele.
Emmett, elogiou muito a minha comida, disse que eu era melhor do que
Esme, e que todos os sábados ele viria comer ali em casa. Jasper concordou e
perguntou onde eu tinha aprendido a cozinhar tão bem. Todos me olharam querendo
saber a mesma coisa. Dei de ombros.
– Morei 2 anos com meu namorado, aprendi a me virar. - Foi a minha
resposta.
– Você tem namorado? - Jéssica parecia interessada.
– Não, não estamos mais juntos faz 5 anos. - Respondi enfiando um pedaço de
carne na boca.
– Quantos anos você tem? - Jasper perguntou surpreso. Quando levantei meu
olhar para respondê-lo, todos me olhavam com a mesma cara, menos Rosalie.
– 23.
– Com quantos anos você foi morar com se namorado? - Agora era Alice
quem me interrogava.
– Comecei a namorar com ele, quando tinha 15 anos, quando completei 16
decidimos morar juntos. - Eles me olhavam cada vez mais espantados.
– Como seus pais permitiram isso? - Perguntou Emmett. - Você ainda era uma
criança.
– Eu e Jake nos conhecemos desde sempre, nossas mães são irmãs, ele é 5
meses mais velho do que eu.
Meu pai detestou a ideia de morarmos juntos, ele dizia que ainda eramos
muito jovens e acabaríamos nos magoando. - Sorri tristemente, se eu tivesse ouvido
Charlie, talvez não teríamos chego aquele ponto. - De qualquer forma ele nada pode
fazer. - Edward bufou.
– Eu teria te trancado dentro do guarda roupas. - Eu sorri.
– Então... Como acabou? - Questionou Jasper. Rosalie me olhou tensa.
– Meu pai tinha razão, eramos jovens demais. Imaturos demais, e muito
irresponsáveis. Como ele previu acabamos nos magoando da pior forma possível. -
Disse melancólica, brincando com a comida.
– Você ainda gosta dele não é? - Alice questionou. Como eu poderia deixar de
gostar? Nós crescemos juntos. Jane e eu sempre fomos suas protegidas, suas
queridinhas. Ele sempre fazia nossas vontades, por mais absurdas que fossem.
Sempre nos defendia de qualquer coisa. Jake nunca deixava um garoto se aproximar,
desde o jardim de infância até a adolescência. "Fique longe da minha irmã e da minha
prima" ele dizia para os que tentavam uma aproximação. Meu primeiro beijo foi com
ele, aos 13 anos, quando estávamos gravando uma novela, era para ter sido um beijo
técnico. Foi uma coisa verdadeiramente tensa, primeiro porque era meu primeiro
beijo, segundo porque eu considerava Jacob praticamente um irmão. De qualquer
forma, foi o beijo mais melecado da minha vida, não foi um primeiro beijo nada bom,
tinha muita saliva, e eu me perguntava o que a língua dele estava fazendo na minha
boca. Resumindo, tivemos que refazer a cena diversas vezes. Jane que acompanhava
tudo, não conseguia parar de rir, desde então ela começou com papo de cunhada, o
que me fazia revirar os olhos.
Meu segundo beijo foi em outra novela, e não foi com Jacob. James era lindo,
continuamos nos beijando, mesmo depois de o diretor mandar parar. Aquele beijo foi
muito, muito melhor que o primeiro. O garoto me chamou para ir ao cinema, mas
Jake deu um jeito de embaçar o encontro. Ele sempre fazia isso, sempre dava um jeito
de atrapalhar, eu já não aguentava mais, eu queria beijar alguém de verdade, não um
personagem. Foi dia 13 de setembro de 2002, eu estava completando 15 anos. Ainda
era de manhã, eu estava no estúdio com Jake, gravando uma outra novela. A novela
que nos tornou os queridinhos. Jacob era de novo meu par romântico, e de novo
teríamos que nos beijar. Eu estava muito brava com ele, já que ele tinha estragado um
outro encontro.
– O que você tem hoje em Isa? - Perguntou, se fazendo de desentendido.
– O que eu tenho? Qual o seu problema Jacob? Por que você se mete tanto
na minha vida? Por que não me deixa ter um encontro? Você pode ter as garotas que
quiser, Fernanda, Amanda, Roberta, Bruna, Grazi, Beta, e por ai segue. Cada dia
você fica com uma diferente. Parece um gigolô adolescente. Então, por que eu não
posso ficar com um garoto? Por que? - Perguntei irada.
– Você está com ciúmes? - Perguntou hesitante. Sorri irônica.
– Ah, faça-me o favor. Ciúmes de você? Há Há Há.
– Pessoal, vamos gravar. Todos em seus lugares. - O diretor avisou. Nos
encaminhamos para nossos lugares ainda discutindo.
– Eu só estou cuidando de você. Eles não são garotos para você Isa. - Meu
sangue ferveu, eu estava prestes a gritar.
– Jacob, você parece mais preocupado comigo do que com Jane. Você não
deixa nenhum garoto se aproximar de mim. Me diz, existe garoto certo para mim? -
Ele abriu e fechou a boca algumas vezes.
– Atenção, se preparem. 10 segundos. Vamos lá Isa, hoje é o seu aniversário,
tente sorrir. Gravando. Jacob ainda me encarava, o estúdio estava no mais profundo
silêncio. Eu espera pela fala dele.
– Será que você não percebe Isa? - Isso não estava no script. Ok, ele
continuaria, com a nossa conversa na frente de todos, ótimo. - Eles não querem nada
sério com você, eles só querem te usar, só querem você para beijar e dar alguns
amassos. - Ele estava indo longe demais, minha paciência chegou ao fim.
– E DAI JACOB? O QUE VOCÊ TEM COM ISSO? E SE EU QUISER DAR
SÓ UNS BEIJOS E UNS AMASSOS TAMBÉM? QUAL O PROBLEMA?
ADOLESCENTES FICAM, MAS GRAÇAS A VOCÊ, OS ÚNICOS BEIJOS QUE EU
JÁ CONSEGUI DAR, FORAM EM CENAS DE NOVELA. - O silêncio reinava no
estúdio. Jacob pareceu se irritar com o que eu disse.
– BEIJAR E DAR AMASSOS, ENTÃO É ISSO QUE VOCÊ QUER? -
Perguntou se aproximando de mim, eu bufei.
– É, é isso que eu quero. - Assim que terminei de falar, Jacob me puxou pela
cintura, e quando eu pensei em perguntar o que ele estava fazendo, seus lábios já
estavam colados nos meus. Ele não foi nada carinhoso, nem cuidadoso, ele me
beijava com voracidade, as mordidas que ele dava em meus lábios, certamente
deixariam marcas, sua língua invadiu minha boca sem a menor cerimônia, uma de
suas mãos segurava forte meus cabelos, e a outra que estava em minha cintura, me
prensava mais contra ele. Só então eu percebi que eu o correspondia, eu o beijava da
mesma maneira, com a mesma voracidade, minhas mãos puxavam seu rosto mais pra
perto, minha língua trabalhava junto com a sua. Eu me sentia quente, muito quente.
Esse beijo não lembrava em nada, aquele primeiro beijo. Não era um beijo ruim,
pelo contrário, era um beijo bom, muito bom, naquele momento eu não ligava que
eramos primos, eu não tinha a mínima vontade de parar aquele beijo.
– Isa e Jake, vocês tem todo o meu apoio, mas vocês podem deixar para fazer
isso mais tarde? Todas as pessoas do estúdio estão assistindo isso. - Jane disse,
segurando o riso. Continuamos nos beijando, sem ligar para o que ela dizia. -
Isabella, o tio Charlie está aqui do meu lado, ele nem se quer pisca. Você por um
acaso quer que ele morra infartado no dia do seu aniversário? - As palavras dela
fizeram com que Jake e eu nos separássemos instantaneamente. Por que diabos
Charlie resolveu aparecer no estúdio? Ele nunca fez isso. Eu encarei Jacob
totalmente sem graça.
– Eu posso lhe dar beijos e amassos, se é isso que você quer. - Ele
murmurava. - Mas eu quero mais que isso, eu quero ser mais que do que seu primo,
mais do que seu amigo. Você é muito mais do que isso para mim. Você é diferente das
outras garotas, só você faz meu coração disparar, só seu perfume me deixa louco.
Quando eu ouço os outros garotos elogiando você, querendo se aproximar de você,
eu fico possesso Isa, eu tenho vontade de socá-los. - Ele suspirou, e tocou meu rosto,
me fazendo encará-lo. - Eu nunca senti isso antes, mas eu acho que isso só pode ser
amor. - Seus olhos castanhos brilhavam intensamente, eles transpareciam uma
sinceridade inquestionável. - Eu planejava te falar isso hoje a noite,na sua festa. Na
verdade eu queria te pedir em namoro. - Jake falava cada vez mais baixinho. Eu
estava abismada. Namoro? Isso foi um pedido de namoro? Jacob estava se
declarando? Desde quando ele gostava de mim? Como isso foi acontecer? Jane
sabia? Por que ela não me falou? Jake e eu? Não seria errado? Mais aquele beijo
não foi nada errado, foi extremamente certo, eu me senti muito bem beijando-o. Meu
cérebro trabalhava a mil, tentando processar tudo o que foi dito.
– Uou Jake... - Passei as mãos pelos cabelos, bastante nervosa. - Er...eu, eu,
eu não sei o que dizer...
– Não diga nada agora, apenas pense sobre isso, talvez você sinta o mesmo,
só não percebeu ainda. De qual quer forma, eu não vou mais falar sobre isso, está
nas suas mãos, se hoje a noite você não voltar a tocar nesse assunto, eu vou
entender, e continuaremos sendo amigos, eu prometo parar de me meter na sua vida.
- Eu não consegui dizer nada, só assenti. - Agora vá falar com tio Charlie, antes que
ele me mande para febem, por beijar sua filhinha inocente, que só pensa em dar
beijos e amassos. Eu sorri e soquei seu braço.
– Bellaaaaaa... Terra chamando. - Emmett passava a mão na frente do meu
rosto. - Você tá me ouvindo? Fala comigo garota.
– Hei... - Respondi.
– Finalmente, tudo bem? - Perguntou um pouco preocupado.
– Tudo. O que vocês estavam falando?
– Alice tinha perguntado se você ainda gosta do seu ex. Então você paralisou.
- Jéssica falou.
– Deixem a garota em paz. Ela parece estar em um interrogatório. De quem
ela gosta ou deixa de gostar é um problema dela. - Rosalie intercedeu. Eu olhei para
ela agradecida.
– Rosalie tem razão. Deixem Bella almoçar sossegada. - Edward falou.
Ninguém mais tocou no assunto, todos terminaram de almoçar em silêncio.
Depois Alice e Jéssica lavaram a louça e arrumaram a cozinha, enquanto Rosalie e os
garotos estavam jogando baralho, eu me sentei ao lado deles, tentando ligar para
Charlie, do celular que Alice me emprestou. Depois da tentativa numero 33, eu em
fim consegui. Estava chamando.
– Oi? - Disse a voz paternal que eu tanto gostava. Só então me dei conta de
como eu já sentia saudades. Charlie era o melhor pai do mundo, eu não poderia negar
isso. Um outro pai já teria me internado no hospício.
– Alô??? - Disse já impaciente.
– Hei ministro. Ainda lembra da sua filha problemática? - Ele demorou um
pouco para responder.
– Isa??? É você? - Perguntou entusiasmado. Eu sorri.
– Por um acaso você tem outra filha problemática Charlie?
– Não tenho filha problemática. Pare de me chamar de Charlie. Por que você
não respondeu mais os e-mails? Você nem se quer me passou o seu telefone de
contato naquele e-mail que você me mandou. Quer me matar de preocupação?
– Pai, não fui eu quem escreveu o e-mail, foi Alice, na verdade eu nem sei
como ficou esse e-mail, já que ela passava tudo para o tradutor online.
– Pensei que você já estava desaprendendo o português,” Aqui estar todo
bom”, foi uma das coisas que você escreveu. - Eu gargalhei. Percebi que Jasper,
Emmett e Edward, me olhavam sem entender nada. Claro, eles não entendiam
português. Rosalie tinha um pequeno sorriso escondido. Será que ela entendia? - Isa,
você ainda está ai?
– Eu estava doente pai, peguei uma gripe federal. Alice não me deixou fazer
absolutamente nada. Ela me fez ditar o e-mail, enquanto ela colocava no tradutor.
Fiquei refém dela por quatro dias. Ontem que Edward conseguiu nos libertar.
– Você estava doente? Como não me avisam isso? Como você está agora Isa?
Você foi ao médico? Está tomando remédios? É só uma gripe mesmo?
– Calma senhor ministro, está tudo bem, o pai de Alice é médico, veio me ver
todos esses dias. Já estou curada.
– Tem certeza? - Perguntou preocupado.
– Tenho Charlie. - Ele suspirou.
– Esse Edward é o pai de Alice? - Eu sorri.
– Não. O pai de Alice se chama Carlisle. - Ele demorou um pouco para
responder.
– Hum... Quem é Edward então?
– Edward é um amigo pai. Irmão de Alice, ele também estava com gripe. -
Respondi olhando para Edward, que me olhava sério, provavelmente tentando
entender por que eu estava falando dele.
– Ahh tá. Foi ele quem te passo a gripe então? - Por que todos gostavam de
me interrogar?
– Não Charlie. Acho que pegamos a gripe no mesmo dia, ou algo assim. - Foi
praticamente impossível não lembrar o motivo pelo qual pegamos a gripe. Eu sorri
encarando Edward, ele retribuiu o sorriso, mesmo não entendendo o motivo.
– Mesmo dia é? Coincidência então?
– Pois é...
– Acho que eles estão falando de você. - Emmett disse para Edward.
– O que eles estão falando em Rose? - Jasper perguntou a irmã, acabando com
o resto da minha dúvida. Ela realmente entendia português.
– Isa, quem está ai com você? - Perguntou curioso.
– Os irmãos de Alice, seu namorado e sua cunhada.
– Sei... Edward está ai? - Por que meu pai teimou com Edward?
– Sim, está aqui na minha frente.
– Ele é bonito? - Charlie queria saber se Edward era bonito?
– Que pergunta é essa agora pai? Não me diga que não gosta mais de mulher.
- Fingi indignação.
– Há há há... Seu senso de humor está ótimo. Não vai responder a minha
pergunta não?
– Sim pai, ele é muito bonito. - Rosalie riu, e eu fiquei vermelha. Edward
continuava com cara de paisagem.
– Hum... Ele tem namorada? - Agora eu começava a entender onde Charlie
queria chegar.
– Eu não acredito que vamos falar sobre isso. - Disse alterada. - Não é porque
eu mudei de país que eu mudei de ideia ok? Nunca mais é nunca mais. Por que você e
a mamãe ainda insistem nisso?
– Nunca mais é muito tempo. - Ele resmungou.
– Ótimo. Então eu vou ficar muito tempo sozinha. - Charlie bufou irritado.
– Tudo por culpa daquele a... - Eu me irritei profundamente.
– CHEGA!!! NÂO TERMINE A DROGA DESSA FRASE. - Eu praticamente
gritei. Só então percebi que todos estavam me assistindo, inclusive Alice e Jéssica.
Respirei fundo algumas vezes. - Olha eu preciso desligar, eu mando notícias ok?
– Não Isa, não desligue. Me desculpe, me desculpe. Prometo tentar não falar
mais sobre isso.
– Tudo bem... Mas eu preciso desligar mesmo, esse telefone não é meu, e
ligação para o Brasil custa caro.
– Certo... - Charlie respondeu um pouco triste, me deixado triste também. Por
que as coisas tinham que ser tão difíceis? - Responda os e-mails, principalmente os de
sua mãe. Você sabe que ela se faz de forte, mais no fundo é toda sentimental.
– Vou responder ainda hoje. Diz para ela que eu mandei um beijão. Não se
preocupem comigo, está tudo sobre controle.
– Ok... Isa?
– Sim...
– Bernardo tem perguntado por você. Ele sente sua falta. - Suspirei.
– Também sinto a falta dele... Você sabe que eu gosto dele, mesmo não
demonstrando isso não sabe? - Murmurei. Charlie estava fungando.
– Sei. Sua mãe também sabe, não se preocupe com isso... - Permanecemos em
silencio por alguns segundos. Eu podia ouvir Charlie chorando. Me sentia terrível,
por fazê-lo sofrer. Me sentia terrível por não conseguir me aproximar de Bernardo.
Terrível por ter destruído nossa família. As vezes eu queria conseguir chorar, quem
sabe esse peso que eu sito diminui-se, mais nem lágrimas eu tinha mais. - É difícil
para você não é? - Demorei um pouco a responder.
– Eles teriam a mesma idade. - O choro de Charile pareceu aumentar. - Não
chora pai, por favor, não chora. - Implorei. Ele fungou mais algumas vezes.
– Quem disse que eu estou chorando? - Perguntou fazendo uma voz grossa.
– Você é um péssimo ator. - Ele riu.
– Pelo menos eu tentei certo?
– Continue tentando... Pai, eu preciso mesmo desligar. Cuide de todos por ai,
e por favor pare de chorar. Apesar da saudade de vocês, eu estou gostando desse
lugar, aqui eu me sinto melhor... Não esqueça do beijo na mamãe, de um no Bernardo
também.
– Prometo cuidar de todos. Cuide-se também Isa. Qualquer problema, por
menor que for, não hesite em me ligar. Tá me ouvindo?
– Deixa comigo. Vou tentar comprar um telefone semana que vem, se eu
conseguir eu ligo. Enquanto isso eu continuo com os e-mails.
– Ok. Tchau garota. Te amo.
– Tchau ministro. - Disse encerrando a ligação. Todos disfarçaram estar
fazendo alguma coisa, menos Edward, ele continuava olhando para mim, como se
soubesse de tudo, como se soubesse o que eu sentia, como se conseguisse ver minha
alma, se é que eu ainda tinha uma. Tentei sorrir para ele, mais foi uma tentativa
fracassada, desviei meu olhar e encostei a cabeça no sofá, mirando o teto. Será que
um dia as coisas ficariam um pouco menos complicadas? Por que eu tinha que
magoar minha família? Por que eu não conseguia mais dizer, eu te amo para eles.?
Mesmo eu os amando. Eu amava muito, os três, mesmo não conseguindo demonstrar.
Eram os únicos que eu amaria para o resto da vida. Só eles, mais ninguém. Fui tirada
dos meus pensamentos, quando Alice sugeriu jogar verdade ou desafio, todos
pareceram gostar, eu os olhei de canto e perguntei quantos anos eles tinham. Eles
insistiram diversas vezes para eu jogar, mas eu recusei todas as vezes. No fim
acabaram desistindo de me convencer e foram para a mesa da cozinha. Eu continuei
no sofá, sem me mover, agora de olhos fechados. Fique assim por um bom tempo,
pensando em como a minha vida era uma merda, até que senti Edward sentar ao meu
lado, me fazendo companhia em silêncio.
– Cansou da brincadeira? - Perguntei ainda com os olhos fechados.
– Eu acho que eles tem no máximo 15 anos. - Disse, me fazendo sorrir.
– Alice tem 13.
– Certo. Alice tem 13. - Concordou. O silêncio se fez presente de novo. - Você
quer dormir? - Abri meus olhos.
– Não. Eu não consigo. - Murmurei. Ele arqueou a sobrancelha.
– Não?
– Não. Eu tenho insônia, ou algo do tipo. - Disse me virando para ele, foi ai
que eu percebi que ele estava com uma garrafa de tequila nas mãos. - Você não sabe
beber com moderação não?
– Na verdade, não é só para mim. É para você também? - Edward queria me
embebedar?
– Sinto muito, mas não quero conversar com o Hugo hoje. E você não deveria
beber tanto, a não ser que tenha um fígado reserva. - Ele sorriu.
– Infelizmente eu não tenho. - Ele me olhou sério. - Eu quero lhe propor um
jogo.
– Que tipo de jogo? - Não consegui lembrar de nenhum jogo que envolvia
tanta cachaça.
– Eu te faço uma pergunta, se você não quiser responder você toma uma dose
de tequila. A mesma coisa acontece comigo, você pergunta, se eu não quiser
responder eu bebo. - Eu rolei os olhos.
– Você também tem 15 anos. Isso é praticamente o mesmo jogo que eles estão
jogando na cozinha.
– É, mais o único desafio é beber uma dose, e o resto do pessoal não vai
brincar. - Claro, ai sobra mais bebida para nós.
– Por que eu brincaria disso?
– Porque você não tem mais nada para fazer, porque você não consegue
dormir, porque você está triste e isso seria uma distração, porque você não negaria
isso para um garoto de 15 anos, e o mais importante, porque você vai ficar sabendo
mais sobre mim.
– Você está cada dia mais convencido. - Resmunguei.
– Isso é um sim? - Eu acho que sim, quer dizer, eu poderia brincar, quando eu
percebesse que estava ficando bêbada eu parava e pronto. Realmente eu estava
precisando me distrair.
– Qual sua cor preferida? - Ele abriu um sorriso gigantesco, quando percebeu
que aceitei.
– Azul. E a sua?
– Preto. Você sempre morou em Malibu?
– Não. Morava em Forks, quando acabei o colegial fui para Los Angels, eu
moro aqui a uns 3 anos. Aonde você morava lá no Brasil?
– Copacabana, Rio de Janeiro. Pra que time você torce?
– Los Angeles Dodgers. O que levou você a querer vir para cá? - Eu peguei a
tequila, e dei um gole. Senti o líquido descer queimando. Não consegui conter a cara
feia, Edward riu.
– Por que decidiu sair de Los Angeles? - Agora foi ele quem deu um gole na
tequila, mais ao contrário de mim, não fez cara feia. As perguntas prosseguiram,
respondíamos a maioria das perguntas, e estávamos empatados nas doses de tequilas.
Edward não quis responder, por que eles não gostava de Alec. Se a depressão que
Alice teve, tinha algo haver com o garoto. Se algum Cullen ainda falava com ele. Por
que eles não tentavam conversar. Mas não teve jeito, Edward se recusava a falar qual
quer coisa sobre o assunto.
Edward me perguntou, o que eu fazia no Brasil. Por que eu fiquei triste depois
de falar com meu pai no telefone. O que eu falei sobre ele no telefone. E por que as
vezes eu parecia tão distante. Também não respondi nenhuma dessas perguntas. Então
estava 5x5, e eu já sentia os efeitos da tequila em meu corpo, já me sentia mais leve e
solta.
– Você e o seu ex, ainda se falam? - As perguntas estavam ficando difíceis.
– Não, não nos falamos desde o termino. Com quantos anos foi seu primeiro
beijo?
– 14. Por que não se falam mais?
– Digamos que meu pai, deu um jeito para que isso acontecesse. Foi com
alguém que você gostava?
– Foi com uma amiga de Alice. Por que seu pai, não deu um jeito de impedi-la
de morar com o garoto?
– Por que sou emancipada. Você beija todas as amigas de Alice?
– Não. Só beijei duas até hoje. Como seu pai conseguiu que isso acontecesse
agora? - Tomei uma outra dose de tequila. Eu já não fazia mais cara feia, e não sentia
mais meu corpo queimar.
– Não ficou com Jéssica então? - Agora foi a vez dele beber.
– Se seu pai permitisse, você falaria com ele? - Virei outra dose.
– Quem era a garota das alucinações que Esme falou? - Ele virou mais uma.
– Por que vocês terminaram? - Estava tomando a oitava dose, meus olhos já
estavam pequenos, meu corpo dormente, e talvez o mundo estivesse girando. - Por
que tanta pergunta sobre Jacob?
– Curiosidade. Você ainda o ama? Prometo que essa é a última pergunta sobre
esse assunto.
– Eu gosto dele, não consigo odiá-lo, ele vai ser sempre uma parte da minha
vida. Mas amor de homem e mulher não, isso já não existe mais, talvez nem tenha
existido. - Edward sorrio torto. - Você sabia que esse seu sorriso é hipnotizante?
– Não. Você gostou de me beijar?
– Sim... E você, gostou de me beijar?
– Foi a melhor boca que eu já beije. Foi o melhor beijo que eu já provei. - As
palavras de Edward ativaram meu modo camaleão. Ele riu. - Se gostou, por que não
quer mais então?
– Não disse que não quero. Só disse que é melhor sermos somente amigos.
Amigos não se beijam certo?
– Acho que as vezes eles abrem uma exceção. Se eu te beijasse agora, você
retribuiria?
– Seria um último beijo? - Ele já estava colado em mim.
– Último de hoje. - Falou já com os lábios já colados nos meus.
~~*~~
Assim que acordei, tive que correr até a privada, Hugo estava com pressa em
me ver. Tinha quase certeza que minha cabeça explodiria. Me arrastei até o chuveiro
e abri na água mais gelada possível, me meti debaixo com pijama e tudo. Minhas
pernas tremiam, elas não estavam conseguindo me manter de pé, então eu sentei,
baixei a cabeça e deixei a água bater. Algumas lembranças do que tinha acontecido
vieram a minha cabeça. Edward e eu jogando e bebendo, disso eu lembrava bem.
Beijos, muitos beijos, e mais bebida, risadas, tudo muito vago e pela metade. A
verdade é que eu não fazia ideia do que aconteceu. Como eu parei na minha cama?
Como eu coloquei o pijama? A bebedeira foi tão forte, que nem pesadelos eu tive.
Com muito custo consegui sair do banho, vesti meu roupão e fui para cozinha. Alice
já estava lá, ela segurava uma risada, mais não falou nada, só me deu alguns remédios
para amenizar a ressaca. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que eu resolvi
perguntar o que tinha acontecido. A garota caiu na gargalhada e começou a falar.
Já era noite quando eles estavam acabando de brincar, Rosalie se levantou
para ir ao banheiro e não voltou mais, Alice então, resolveu ir atrás, foi quando ela
viu Rosalie furiosa, tentando ajeitar minha roupa e mandando Edward colocar a
blusa. Segundo ela, Rosalie não contou o que tinha visto, mas o roxo no meu pescoço
deixava tudo bem claro. Alice disse que só percebeu que estávamos bêbados, quando
eu contei uma piada totalmente sem graça, e Edward caiu na gargalhada. Ela
encontrou um litro vazio de tequila em cima da mesinha da sala, e outro pela metade.
Quando eu pensei que nada poderia ter sido pior, ela me conta que, Emmett, Jasper e
Jéssica apareceram na sala também, e que eu e Edward riamos descaradamente da
cara da garota, que foi embora furiosíssima. Nós não nos beijamos na frente de
ninguém, mas ficamos o tempo todo abraçados. Alice não sabia me dizer, como eu fui
parar na cama, já que ela tentou me levar, mas Edward não deixou, e eu não queria ir.
“Eu tenho uma proposta para fazer pra Bella” segundo ela, Edward dizia isso.
Proposta? Não lembro de proposta nenhuma, com certeza ele estava tão louco quando
disse isso. De qualquer forma, eu estava morrendo de vergonha, e não queria o ver
tão cedo, nem ele, muito menos Emmett e Jasper. Só gostaria de agradecer Rosalie,
com certeza ela inventou essa história de banheiro só para ver o que se passava na
sala, graças a ela, não fomos pegos por todos os Cullens.
O dia passou se arrastando, Carlisle veio tirar meus pontos, Alice contou para
ele da minha ressaca, eu não aguentava mas ouvi-la falando sobre isso, então me
refugiei no meu quarto e fiquei lá o resto do dia.
Pepperdine University Malibu era para lá que estávamos nos dirigindo. Alice
dirigia seu tanque tranquilamente, graças aos meus milhares de pedidos, o som estava
no último volume com alguma música do Black eyed peas, eu acho. Alice cantava
sem parar, e mexia uma das mãos para cima e para baixo freneticamente, com certeza
se achando uma happer, eu rolei os olhos com aquela cena e agradeci aos céus por o
vidro do carro ser bem escuro.
Estávamos nos encaminhando para o estacionamento no meu bloco, Alice
insistia em me ajudar a procurar minha sala, ela estava procurando um lugar para
estacionar quando vimos Alec. Ele estava fumando um cigarro, encostado em uma
Ferrari vermelha, de óculos escuro e braços cruzados, com uma expressão séria.
Quando ele viu o carro de Alice ele abriu um sorriso, eu também sorri ao vê-lo
sorrindo. Já Alice fechou a cara.
Capítulo 9 - A proposta Part.1
– Bem. Eu, eu queria te agradecer por domingo, eu não sei direito o que
aconteceu, mas Alice disse que você me ajudou. Obrigada.
– Não acredite em tudo que Alice diz.
– Certo. - Murmurei.
– Você bebe sempre assim? - Perguntou me olhando de canto.
– Não. Nem lembro a última vez que tinha bebido.
– Ainda usa drogas?
– Não. Depois da overdose e da tentativa de suicídio, eu voltei para a clínica
de reabilitação e desde então eu estou limpa. - Ela ficou um tempo em silêncio, eu
pensei que a conversa tinha acabado.
– Por mais que eu tente, eu não consigo entender, você tinha tudo. - Ela falou
com tom de decepção.
– Eu sei, não tenho uma explicação para isso. Jacob e eu começamos a morar
juntos e íamos em várias festas, lá eles nos ofereceram maconha e acabamos
aceitando. No começo só usávamos quando íamos em festas, depois começamos a
usar para relaxar depois das gravações, e depois já usávamos de manhã, meio dia, a
tarde, a noite. Até que já não fazia mais tanto efeito.
Foi em uma outra festa que começamos a usar cocaína, a partir dai as coisas
foram ficando piores.
– Você parou por um tempo não parou? Quando você es...
– Parei. - Falei, não deixando ela terminar a frase. Eu não queria ouvir o final
daquela frase. - Você não tem ideia de como foi difícil, eu estava muito dependente
da droga. Mas quando eu descobri, na mesma hora eu fui procurar ajuda.
Jane se tornou a pessoa mais feliz do mundo ao saber da novidade, e ao saber
que eu queria ajuda. No mesmo dia ela me arrumou uma clínica de reabilitação, e foi
junto comigo conversar com meu pai. Essa foi a parte mais difícil, falar com ele, ver
a decepção nos olhos dele. Embora as revistas sempre falassem que Jacob e eu
éramos usuários de drogas, ele nunca acreditou. Mas ele me deu todo apoio, e
também ficou feliz de saber da notícia boa.
– E Jacob? - Já tínhamos chego, Rosalie estacionou na frente do prédio e
continuamos a conversar.
– Jacob... - Suspirei. - Jacob ficou feliz com a notícia. Ele cheirou um carreiro
de cocaína para comemorar.
Jane e eu tentamos convencê-lo de ir para a reabilitação também, mas ele se
negou.
– Jane e Jacob eram irmãos certo? - Estávamos viradas uma para outra.
Aquilo era um pouco estranho, eu nunca tinha falado sobre essa história com
ninguém, mas eu realmente não me importava de falar sobre isso com ela.
– Eram gêmeos. - Sorri ao lembrar. - Era tão estranho, eles eram tão
diferentes. Jacob era moreno e tinha olhos escuros e uma personalidade forte. Jane
era branquela, e seus olhos eram azuis, ela ficava irritada uma vez por ano eu acho. -
Rosalie sorriu também.
– Você sente muita falta dela?
– A saudade aumenta a cada dia. - Sorri amargurada. - Sabe o que é pior? -
Rosalie negou com a cabeça. - Eu prometi a ela, que eu cuidaria dela, e que ela não
morreria antes de mim... Ela morreu nos meus braços, por culpa minha, e aqui estou
eu. As vezes eu acho que Deus não existe, ou ele está me castigando. Eu já tive uma
overdose, eu já cortei meus dois pulsos... e continuo viva.
– Não acho que a culpa tinha sido sua. Você estava limpa certo? - Afirmei
com a cabeça. - E pelo que eu sei você tentou evitar. Se tem algum culpado esse
alguém é Jacob.
– Eu tenho tanta culpa quanto ele, nós estávamos nisso juntos, começamos a
usar drogas juntos. Eu devia tê-lo forçado a se tratar, mais eu só propus, ele disse que
não e eu aceitei. Quando eu voltei da reabilitação e fui passar um tempo com meus
pais, ele pirou, ele achou que eu o tinha abandonado, o que só o fez usar mais drogas.
Aquela noite ele estava muito, muito doido, ele não faria o que fez se tivesse um
pingo de consciência, Jacob as amava tanto quanto eu.
– Como foi tudo?
– Jane sangrava muito, tinha um corte enorme na sua testa. Sua cabeça
também estava machucada, seus cabelos loiros, tornaram-se vermelhos por causa do
sangue. Ela estava toda machucada. Apesar disso ela aguentou firme até meia noite,
quando me desejou feliz aniversário... - Uma angustia tomava conta de mim ao
lembrar de tudo.
– Tudo bem Bella, não precisa falar. - Rosalie disse solidária, tocando minha
mão.
– Tá tudo bem. Acho que preciso mesmo desabafar com alguém. - Puxei o ar
lentamente. - Jane me desejou feliz aniversário. Disse que cuidaria de mim e pediu
que eu não chorasse. “Amo você”, foram as últimas palavras que ela disse... Seus
olhos perderam o foco e eu percebi...
– Ela estava morta.
– É... O desespero tomou conta de mim, eu me lembro que chorava muito. Eu
gritava com ela, mandando ela falar comigo, olhar para mim. Depois eu desmaiei.
Acordei uma semana depois no hospital, eu tinha esperança que tudo não
tivesse passado de um pesadelo, mas veio a confirmação. Depois de me confirmarem
a morte de Jane, me deram a segunda notícia.
O mundo para mim tinha acabado, eu não encontrava mais motivo para viver,
eu queria fechar os olhos e não abri-los mais. Eu rezava para Deus, eu rezava e pedia
para morrer. Eu só falava quando me perguntavam alguma coisa. Eu me recusa a
comer e beber, tiveram que me colocar no soro, fiquei quase um mês no hospital. Eu
não queria ir embora de lá, eu não tinha mais nada para fazer lá fora, eu não tinha
mais nada para fazer no mundo.
Então eu decidi me matar. Quando saímos do hospital eu pedi para minha mãe
parar no prédio que eu morava com Jacob, porque eu precisava pegar alguma coisa.
Ela quis subir até lá comigo, mas eu acabei a convencendo de subir sozinha.
Fui direto na gaveta que Jacob guardava as drogas, e lá encontrei um saquinho
com pó, não era muito, mas era o suficiente para o que eu precisava. Peguei um
espelhinho que ficava na mesma gaveta e fiz o primeiro carreiro. Eu hesitei por um
momento, mas me lembrei de Jane, seus olhos azuis sempre tão cheios de vida, e logo
em seguida a imagem dela toda ensanguentada morrendo nos meus braços veio em
minha mente. Cheirei aquele carreiro, já preparando outro.
Lembrei do dia que fui buscar o teste, e da felicidade que senti ao ver o
positivo escrito lá. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, e eu cheirei o
outro. A cocaína já fazia efeito, eu comecei a ouvir alguém me chamando, fiz mais
um carreiro.
Não faça isso Isa. - Era a voz de Jane, eu a procurava por todos os cantos
mas ela não aparecia. - Por que você esta fazendo isso?
– Jane? Cadê você? Aparece.
– Larga isso Isabella. Você não pode fazer isso. - Eu sorri alucinada.
– Não posso? Então observe. - Cheirei o outro carreiro.
– Você não vai morrer tá ouvindo? - A voz dela disse irritada. Meu ar
começou a faltar. Eu sorri feliz, sabendo que estava funcionando.
– Desculpe Jane, eu não posso mais. Eu morri quando vocês morreram, só
meu corpo que teima em continuar vivo.
– Isa? Isa? A meu Deus Isabella, você não fez isso. - Eu ouvia a voz da minha
mãe distante, e eu acho que consegui vê-la também, mas a voz e a imagem foram se
afastando cada vez mais.
Bom, como você pode ver, eu não morri. Só passei mais uma temporada no
hospital. Eu não me arrependia da tentativa, pelo contrário eu estava arquitetando um
plano para uma nova tentativa.
– A de cortar os pulsos. - Rosalie deduziu.
– Exato. Também não deu certo, meu pai chegou antes. Tudo que eu consegui
fui mais um tempo no hospital e uma temporada na clínica de reabilitação. De
qualquer forma eu percebi que não morreria tão fácil, e acabei desistindo. Deduzi que
eu precisava sofrer pelos meus atos, e que eu só poderia sofrer vivendo. E aqui estou
eu com minha miserável vida. - Rosalie me olhou por um bom tempo, sem nada
dizer.
– Eu não sei o que dizer... Eu não sabia de toda história, na verdade eu não
sabia nem da metade. - Uma curiosidade me invadiu.
– Você sabe bastante sobre mim. Eu me pergunto como você sabe tanto? - Ela
sorriu.
– Eu assistia novelas, na verdade eu ainda assisto. As novelas dos Estados
Unidos nunca foram boas, elas são muito desconexas, por isso não fazem sucesso
aqui. Um dia sem querer, eu achei um canal brasileiro e estava passando uma novela.
Foi a primeira vez que eu vi você. Você era tão pirralha quanto eu, não devia ter mais
de 10 anos. Eu simpatizei com você, você tinha um ar misterioso, eu achava linda a
cor de seus olhos, na verdade eu ainda acho. - Eu sorri. - A partir daquele dia eu
comecei a assistir essa novela. A parte ruim é que eu não entendia nada. Convenci
meu pai a me matricular em um curso para aprender português, foi difícil encontrar
um professor. Quando a novela chegou ao fim eu já entendia alguma coisa.
Comecei a pesquisar sobre você na internet. Todas as revistas brasileiras que
tinha algo sobre você eu dava um jeito de comprar. Sabe aquela frase “Você é meu
herói?”, era isso que você era para mim. Eu queria ser exatamente como você. - As
palavras dela me deixaram surpresa, Rosalie Hale a pessoa mais bonita de todo o
universo, que com certeza poderia ter tudo e todos aos seus pés, queria ser igual a
mim? Aprender português, comprar revistas brasileiras só para saber sobre mim? Ela
só podia estar brincando.
– Uns anos depois, você fez uma novela com Jacob, e naquele tempo eu já
entendia praticamente tudo, depois teve outra novela, James era seu par romântico,
nossa ele era lindo. No ano seguinte teve a outra novela com Jacob. Depois disso
você fez um filme e por último outra novela. - Acho que meu queixo caiu.
– Uau, você tem a minha ficha completa. - Ela sorriu.
– Você era a melhor... Eu era sua fã.
– Sinto muito ter decepcionado você. - Murmurei.
– Quando eu vi você lá na boate eu fiquei em choque, porque eu nunca
imaginei ver você, falar com você, aquilo era tão surreal, eu queria te abraçar e pedir
para tirar uma foto, e queria brigar com você também. Então Alice disse que você era
a Bella, a garota do Brasil, que ela falou sem parar por quase um mês. A raiva tomou
conta de mim, você não era Bella, você era a Isa Marie, e estava obviamente
enganando a todos, não sei como consegui não gritar para todos quem você realmente
era. Eu estava disposta a fazer isso, mas primeiro queria mostrar a você que eu sabia.
Foi quando Alice me carregou para te apresentar. Eu avisei você que sabia de tudo e
que contaria para todos. Você me surpreendeu quando me mandou ir em frente e
contar tudo, eu não esperava por aquilo, eu esperava que você pedisse, implorasse
para mim ficar quieta. Depois você me disse, "Olhe só pra você, você nunca falou
comigo, você não sabe o que eu sinto, você não tem noção do meu tormento e já está
me apontando o dedo." – Ela repetiu as palavras que eu falei aquele dia. - Aquela
frase começou a martelar na minha cabeça. Eu sempre quis que você se recuperasse e
desse a volta por cima. Percebi que eu poderia ajudar você, mas estava fazendo
exatamente o contrário, eu não estava te dando a chance de um recomeço, eu estava
te ajudando a se prender ao passado. Foi ai que eu decidi te dar um voto de confiança.
- Nunca pensei que fosse ter uma conversa tão franca com Rosalie, nunca imaginei
que um dia conversaríamos assim. - Eu falei sério quando disse que se você pisar na
bola, eu conto tudo. Os Cullen também já sofreram muito Bella. É incrível como sua
história é tão parecida com a nossa, eu estava pensando sobre isso nesses dias, isso
realmente é muito estranho. - O que minha história tinha de parecido com a deles?
Será que tinha algum ex viciado entre os Cullen? Será que isso tinha alguma coisa
haver com Alec?
– Rosalie, por que vocês odeiam o Alec? Eu sei que vocês eram todos amigos,
mas aconteceu alguma coisa, alguma coisa de muito ruim, que fez vocês brigarem.
Eu já perguntei para Alice, Edward e Alec, todos se recusam a falar sobre o assunto. -
Falei um pouco hesitante. Ela ficou em silencio por um bom tempo, eu pensei que ela
não fosse me responder.
– Você já ouviu falar em Kate? - Logo me lembrei de Alice falando na amiga
que morreu.
– A amiga de Alice que faleceu?
– Exatamente. Não só de Alice, era amiga de nós todos. - Falou um pouco
triste. - Kate e Alec eram irmãos. - Meu queixo caiu. - Kate gostava de viver a vida
intensamente, como ela mesmo dizia. Ela e Alice eram inseparáveis.
Não sei direito como aconteceu, mas elas começaram a fumar. Alec também
fumava, mas não fumava só cigarros normais, ele também fumava maconha. Acabou
que Kate também começou a fumar, Alice também fumava, mais só quando estava
bêbada. - Eu começava a entender o que aconteceu.
– Eles não pararam na maconha... - Eu deduzi. Rosalie assentiu.
– Não. Um tempo depois eles partiram para cocaína. Por sorte Alice não
aceitou usar, ela tentou convencer Kate a não fazer isso, mas não teve jeito. Dali em
diante as coisas foram decaindo, eles não conseguiam ficar mais um dia sem usar.
Um ano, talvez um pouco mais, foi o tempo que ela aguentou. - Era realmente
impressionante como nossas histórias eram parecidas. Agora eu entendia porque eles
odiavam Alec, eles o culpavam, como me culpariam se soubessem da minha história.
– Foi overdose? - Perguntei.
– Não. Eu acho que não posso te contar essa parte, ela não pertence a mim. Só
posso te dizer que não foi overdose, foi acidente. Ela estava fora de si, e acabou
batendo de frente com um caminhão. - Falou tristemente.
– Eu sinto muito. - Ela me encarou.
– Eu também sinto muito por você. Eu imagino com deve ser difícil.
– Sabe o que é pior?
– O que?
– Se eu contar toda a verdade para os Cullen, eles vão me odiar, assim como
odeiam Alec. Acho estranho você falar comigo. - Ela riu.
– Eu não sei como seria a reação deles Bella, talvez eles se importassem,
talvez não. De qualquer jeito nós não odiamos Alec por isso.
– Não?
– Não. Alec apresentou a maconha para Kate, mais a cocaína eles conheceram
juntos. Ela poderia ter negado, como Alice negou. - Franzi o cenho, não entendendo
mais nada.
– Então por que vocês o odeiam?
– Essa é a parte que não me pertence. Não sou eu quem tem que lhe contar
isso.
– Quem então? - Por que ela não podia me contar? Eu nunca fui uma pessoa
curiosa, só que dessa vez a curiosidade tomava conta de mim.
– Alice ou... - Ela desistiu do que ia dizer. - Se você quiser saber a versão de
Alec, tem que perguntar a ele.
– Alice foge desse assunto. E Alec não gosta de falar sobre isso... - Murmurei.
– Alec é perigoso Bella, você deveria se afastar dele. Ele se tratou, mas eu não
sei, talvez ele ainda use.
– Rosalie, eu não sei porque vocês o odeiam. Mas pessoas mudam. Demorou,
mas eu consegui mudar. As vezes eu sinto uma falta desgraçada daquela porcaria,
mas a falta que eu sinto delas, é infinitamente maior, e se não fosse por essa maldita
droga, elas estariam aqui. É nisso que eu penso quando eu sinto vontade de usar. Eu
penso nelas, eu devo isso a elas. Eu penso nos meus pais também, eles já sofreram
tanto, eu não quero mais magoá-los. Alec pode ter mudado também, pela irmã, pelos
pais, por vocês. É difícil explicar isso, para quem nunca usou. Me diga uma coisa da
qual você não vive sem?
– Café, eu sou verdadeiramente viciada em café. - Ela respondeu sem pensar
muito.
– Certo. Você é viciada em café, não vive sem café. Agora imagine se o café
começasse a destruir sua vida. As pessoas começassem a falar que o café mataria
você, se você não o deixasse. Você o deixaria?
– Tentaria, mas acho que seria difícil.
– Ok. Agora imagine Emmett, você o ama certo?
– Mais que tudo. - Eu sorri, com a declaração dela.
– Emmett está correndo perigo por causa do seu café, você não está colocando
só sua vida em jogo, a dele também está em jogo. Ele não toma café, ele detesta café,
ele já lhe te falou tudo o que acontece com quem toma café. Mesmo sabendo que isso
faz mal, ele não te abandona, ele continua ali ao seu lado, ele recusa-se a deixar você.
Então um dia Emmett se machuca por causa do seu café. Ele que nunca tomou café,
que sempre quis que você parasse com o café. O que você faria, vendo que ele estava
pagando por um erro seu?
– Procuraria ajuda para me livrar do café.
– Essa é a chave de tudo. A gente só para quando perde, ou quando toma um
susto muito grande. Alec, perdeu a irmã, talvez ele não queira perder seus pais, e seus
ex amigos.
– Você parou antes de perder alguém.
– Sim, mas só porque eu tinha ganho alguém. Alguém que dependia de mim,
que morreria se eu continuasse. Ironia ou não, não deu certo. Pense sobre isso. Você
me deu uma chance, sabia de toda minha história e da complexabilidade dela, e
mesmo assim você me deu essa chance. Por que não pode dar a mesma chance para
Alec? - Ela ficou em silêncio por um tempo.
– Acho melhor você subir e pegar sua guitarra, estamos 10 minutos atrasadas,
Emmett vai brigar comigo se souber que eu deixei você se atrasar. - Eu estava tão
envolvida na conversa que nem percebi o tempo passar. Corri até lá dentro peguei a
guitarra e uma caixa de cereais, e voltei pro carro. Rosalie achou engraçado eu
devorando a caixa de cereais.
– Como vão as coisas com Edward? - Ela perguntou de supetão.
– Eu não sei... - Murmurei.
– Não sabe? - Ela não parecia convencida.
– Não sei se você vai entender. É estranho...
– Tente. Eu sou loira, mais prometo me esforçar. - Eu ri.
– Edward me fez uma proposta. - Disse olhando para minhas mãos, já
sentindo meu rosto corar. - Tipo um... sex buddy...
– Uou... - Foi o que Rosalie respondeu, me fazendo ficar ainda mais
constrangida. - Você aceitou?
– Ele me pediu para pensar sobre o assunto. Já decidi não aceitar. - Ela ergueu
uma sobrancelha.
– Por que não? Vocês tem uma química forte.
– Eu não quero nenhum tipo de compromisso. E Edward é bom, ele não deve
perder o tempo dele comigo.
– Sex buddy não é nenhum compromisso Bella, é uma coisa causal, quando os
dois estão carentes ou algo assim. Tanto Edward, quanto você, vão poder se
relacionar com outras pessoas. Ele não vai estar preso a você ou coisa assim. -
Rosalie estava a favor disso? Por essa eu não esperava.
– É, eu sei... Só não acho isso uma boa ideia.
– Pelo que eu vi sábado, você parecia bem empolgada com ele. - Modo
camaleão ativar.
– Eu estava bêbada.
– Na cozinha também? - Oh Deus.
– Não, na cozinha não. Ok, eu não posso negar para você que temos química,
Edward desperta meus desejos mais selvagens, que eu nem sabia que existiam.
Quando ele se aproxima de mais, meus pensamentos somem, eu não tenho controle
de mim. Eu não sei. É uma coisa estranha. - Rosalie me analisou por um momento,
não prestando atenção na estrada. - Rosalie, você pode dirigir olhando para frente por
favor? - Ela voltou o olhar para estrada.
– Você tem medo de se apaixonar? - Ela perguntou.
– Não, claro que não. Isso é impossível, jamais aconteceria.
– Então qual o problema? Aproveite. - Ela estacionou na frente do Summer
House, e o assunto morreu.
Ensaiamos até tarde aquela noite, já que era o último ensaio. Rosalie ficou até
o final, ela cumprimentou Alec, o que o deixou surpreendido e muito feliz. Rosalie
era uma boa pessoa, e acho que agora éramos amigas.
Eu já me sentia a vontade com o pessoal da banda, e eles pareciam também se
sentir bem comigo, no final do ensaio começamos a tocar algumas músicas bem
velhas para brincar. Até Rosalie entrou na brincadeira, ela cantou blue sued shoes do
Elvis, seu timbre era bom, tentamos convencê-la de dar uma palha no show, mais ela
não gostou da ideia.
Depois do ensaio fomos na pizzaria. Rosalie era muito engraçada, por traz
daquela fachada dura, tinha uma pessoa bondosa e compreensiva. Falamos em
português boa parte do tempo, já que Rose queria praticar. Ela falava muito bem,
entendia tudo, só tinha um pequeno sotaque. Não voltamos a conversar sobre o
passado, nem sobre Edward. Eu falei para ela sobre minha primeira semana de aula,
falei sobre os professores legais e sobre a professora Mary Vaca.
Descobri que Rosalie não estudava, já que o pai dela queria que ela cursasse
engenharia, ou administração, e sua mãe queria que ela curasse moda. Rose tinha
planos bem diferentes, ela queria cursar psicologia, mas seus pais implicavam com
isso. A incentivei a fazer aquilo que ela gostava, já que não era sues pais que iam
trabalhar por ela.
Cheguei em casa depois da meia noite, estava começando a ficar nervosa,
pensando se tudo daria certo no tal show, Alice não estava em casa, então eu me
mandei para praia, dessa vez levei comigo o violão. Estava virando um ritual ficar na
praia a noite, era uma espécie de meditação, onde eu não me permitia pensar em
nada.
Mesmo sendo verão, eu nunca encontrei ninguém lá a noite.
Comecei com uma melodia que não levava a música nenhuma, e fiz uma nota
mental, de levar um caderno da próxima vez.
Lembrei que estava com saudades da música do blitz, a dois passos do
paraíso, comecei a cantarolar ela, realmente eu gostava daquele ritmo, não pulei nem
a parte do Arlindo Orlando.
As vezes eu tinha a impressão de estar sendo observada, olhava para todos os
lados, nunca encontrando ninguém.
Cheguei em casa de manhã, já bastante nervosa com a festa de mais tarde. Só
de me imaginar tocando com aquela fantasia, já sentia calafrios. Tomei um banho e
fui dormir. Precisava estar descansada.
Capítulo 12 - She's Got the Jack Part.1
http://www.youtube.com/watch?v=NXbYj9WOBHY
O som do AC/DC pairava pelo ar. Eu estava largada no sofá, meus pés se
mexiam freneticamente. O cinzeiro ao meu lado, já estava cheio, eu tinha fumado
quase duas carteiras, em menos de uma hora e meia.
O relógio já marcava 22:30, a hora parecia voar.
Alice já tinha ido para o local da festa as 20:00, já que ela precisava checar
tudo. Resumindo eu estava sozinha e apavorada. Talvez eu devesse desistir enquanto
ainda dava tempo.
Meu celular começou a tocar, era Emmett, fiquei em dúvida de atender ou
não. Respirei fundo, me xingando mentalmente de covarde, e atendi.
– Oi?
– Bella? Onde você está? Que barulho é esse?
– Em casa Emmett, isso que você chama de barulho é AC/DC, tenha mais
respeito. - Ele riu.
– Claro, claro. Você está pronta? - Olhei para minha roupa. Um camisete
branco, com detalhes em vermelho. Que deixava uma parte da minha barriga de fora.
Uma saia curtíssima xadrez, vermelha. Uma mini gravata combinando com a saia.
Uma meia branca e uma sandália vermelha alta de mais para o meu gosto. Sim eu
estava pronta, pronta para ir para a escola. Se bem que a saia estava muito indecente
para ir para a escola.
– Estou. - Murmurei sem vontade.
– Ótimo, então vem aqui. Vamos brindar antes de sair.
– Brindar?
– É, é um tipo de tradição. Sempre brindamos antes de sair para uma festa. -
Revirei os olhos.
– Emmett eu não estou a fim de brindar.
– Vamos lá Bella, é um brinde de boa sorte. - Será que todos os integrantes
daquela família eram teimosos?
– Me dê 5 minutos.
– Essa é minha garota. - Falou empolgado.
– Tchau Emmett. - Desliguei o telefone, e fui até meu quarto pegar minha
guitarra.
A porta do apartamento de Emmett, estava entre aberta, fui entrando sem me
anunciar, mas me arrependi profundamente disso, já que dei de cara com um sultão
dando uns bons amassos em uma Deusa grega no meio da sala.
– Rum, Rum... - Fiz coçar a garganta. Eles imediatamente se separaram.
Rosalie sorriu sem graça, e Emmett me olhou com espanto.
– Bella? - Ele estava com dúvidas?
– Não, o chapeuzinho vermelho. - Rosalie murmurou.
– Você está tão, tão, tão...
– Gostosa. - Completou Rosalie. Me deixando sem graça.
– É, você está gostosa. Mas não era isso que eu ia dizer.
– O que você ia dizer então? - Rosalie questionou.
– Ok. Vocês estão me deixando com vergonha.
– Você está, tão diferente. Era isso que eu ia dizer.
– Eu não posso andar todo dia por ai, fantasiada de estudante Emmett.
– Mas não é só a fantasia. Você está maquiada, de salto, e até batom você está
usando.
– Os sapatos fazem parte da fantasia, estou pensando seriamente em trocá-los
por um par de all star.
– Nem pense nisso. - Rosalie se impôs. - Você vai arrasar desse jeito.
– Edward se deu bem. Pena ele já ter saído. - Emmett murmurou.
– Eu vou dar um soco na sua cara, se você não parar com isso.
– Ah, qual é cunhadinha? Eu saquei muito bem o jeito de vocês no sábado.
Fora que na segunda você matou aula para sair com ele.
– Sábado estávamos completamente bêbados. Segunda não aconteceu nada
demais.
– Só a bebida liberta Bella. Graças a ela vocês fizeram coisas que queriam
fazer mas não tinham coragem. - Juro que estava prestes a socar Emmett.
– Cala boca Emmett, você não tem nada com a vida dos dois. - Rosalie
interferiu.
– Mas oncinha...
– Sem mas, Emmett. Pega logo o champanhe. - Ele abriu a boca para falar
algo, mas Rosalie foi mais rápida. - Anda logo Emmett. Bella não pode se atrasar. -
Ele obedeceu.
– Obrigada. - Murmurei. Ela sorriu.
– Ok. Vamos brindar ao que? - Emmett voltou, com 3 taças e a garrafa do
champanhe.
– Cada um faz um brinde. - Sugeriu Rose, pegando as teças da mão de
Emmett.
– Tudo bem por mim. - Emmett respondeu, abrindo cuidadosamente a garrafa
para não esparramar. Dei de ombros, e estiquei meu braço, para ele encher meu copo.
– Por mim também.
– Eu começo. - Emmett pediu. - Cada brinde nós bebemos uma taça ok? -
Claro, quem sabe bêbada, meu nervosismo passasse.
– Bella precisa tocar depois Emmett. - Rosalie respondeu.
– É só champanhe, Rose. Três taças não fazem nem cócegas.
– Ok. Ok. Eu bebo. Vamos logo com isso. - Emmett sorriu.
– Ao seu primeiro show Bella. Ao primeiro de muitos que estão por vir. -
Revirei os olhos. Emmett conseguia ficar bêbado só com o cheiro da bebida?
Batemos as taças e viramos.
– Agora minha vez. - Rosalie disse, enquanto Emmett reabastecia.
– Vá em frente.
– A noite que nos aguarda. - Batemos as taças e viramos de novo.
– Bom eu tenho dois brindes.
– Mais duas taças então. - Emmett respondeu. Eu e Rosalie reviramos os
olhos.
– Ok. O primeiro é a uma pessoa que infelizmente já não está mais aqui. Se
não fosse por ela, essa loucura toda, não estaria acontecendo. - Ergui minha taça. -
Jane, onde quer que você esteja, espero que me assista essa noite. - Emmett e Rosalie
juntaram suas taças a minha sem nada dizer e viramos.
– Tudo bem, agora o último brinde. Depois chega, você não pode ficar bêbada
antes de tocar. - Assenti com a cabeça.
– Aos Cullens, pela amizade e confiança. - Eles sorriram e batemos as taças.
Já tinha um movimento grande quando chegamos na Summer Hause. Alice
caprichou na decoração, certamente ela tinha se inspirado nos anos 60. Ao lado da
entrada, tinha um cadillac 1955 conversível, rosa, e dentro dele, um boneco do Elvis.
O teto da Summer estava totalmente coberto por baloes brancos e pretos,
algumas paredes brancas pareciam estar com catapora de bolinhas pretas, outras
tinham sombras de pessoas dançando.
Imagens do Elvis e companhia limitada em tamanho real, estavam espalhadas
por todo salão. Alice realmente levava jeito para a coisa.
Emmett me deixou em uma espécie de camarim, e depois foi deixar Rose no
camarote de Jasper. O champanhe que eu bebi, já fazia efeito, dissipando um pouco
do meu nervosismo.
Mike estava um clone de Axl Rose, assim como Fred estava um clone de
Freddie Mercury. Eles saíram apressados do camarim, dizendo que precisavam
resolver um assunto urgente.
Alec estava uma mistura de bad boy anos 60 com cabelo Elvis Presley. Ele me
olhava da cabeça aos pés, de um jeito muito esquisito.
– Hey Elvis, o que aconteceu com seu cabelo?
– Bella? - De novo não. Revirei os olhos.
– Não. Na verdade eu sou um alienígena, disfarçado.
– Uau, você está absolutamente sexy. - Senti meu rosto ganhar cor.
– Você também não está nada mal, com essa baby look coladinha e essa
jaqueta de couro. Só precisamos arrumar seu topete.
– Impossível, usei quase um pote de gel e não funciona. - Eu sorri
– Você não conhece meus dotes de cabeleireira. Tudo que precisamos é uma
escova, um secador e um pouco de fixador.
– Mike usou isso tudo no cabelo dele, acho que ele podemos pegar
emprestado.
Realmente, Mike tinha tudo o que precisávamos. Não foi difícil arrumar os
cabelos de Alec. Um secador e uma escova fazem milagres, se soubermos como
utilizar.
– Prontinho. Agora sim, um topete digno de Elvis. - Disse quando terminei de
por o fixador.
– Como você conseguiu? - Mike perguntou admirado, se olhando no espelho.
– Não precisa ser nenhuma expert para conseguir fazer isso. - Ele ficou me
analisando através do espelho por algum tempo, com uma cara estranha. - Que foi?
– Você é inteligente, divertida, teimosa, linda, humilde e minha amiga. Com
certeza você é fruto da minha imaginação. - Aposto que aquilo tudo era por causa da
minha fantasia de estudante.
– Você está me deixando sem graça. - Ele riu. E virou sua cadeira para mim.
– Ah, e tímida. Você também é tímida. - Senti meu rosto vermelho.
– Pois é. Pessoas tímidas não se dão bem com elogios. - Alec levantou-se da
cadeira e ficou de frente para mim.
– Você fica tão linda envergonhada. - Ele levantou meu queixo para que eu o
encarasse. Seus olhos verdes me olhavam com serenidade. Seu rosto era lindo. Sua
barba perfeitamente feita. Sua pele não tinha nenhuma marca de espinha, ou algo
parecido. Senti vontade de tocar seu rosto para ver se sua pele era tão lisa quanto
parecia. - Você é incrível Bella. - Por que ele estava falando aquelas coisas? Ele se
aproximou perigosamente de mim, e eu não fazia nada para afastá-lo. Não sei como,
mas minhas mãos foram parar no seu rosto. A medida que ele foi se aproximando,
meus olhos foram se fechado. Suas mãos me puxaram de encontro ao seu corpo. Eu
não senti nenhum tipo de corrente elétrica, como sentia com Edward. Menos mal, o
problema elétrico devia ser de Edward.
– Bella? - Ouvi uma voz irritadíssima atrás de mim. Eu não precisava me virar
para ver quem era. Meu corpo se afastou de Alec no mesmo instante.
– Edward... - Uau... Ele estava lindo, maravilhoso. Ele estava com uma calça
social preta, com uma camisa também social branca, e um colete vermelho por cima.
Uma capa vermelha do lado de dentro e preta do lado de fora, completava seu traje de
vampiro. Seu rosto estava super pálido, graças a alguma maquiagem. E seus olhos
estavam um vermelho sangue. Seus cabelos como sempre, totalmente bagunçados.
Ele estava de braços cruzados, lançando um olhar que amedrontaria qualquer um.
Mas naquele momento eu não conseguia sentir nenhum medo, tudo que eu sentia era
um calor. Edward ficava extremamente sexy, com aquela fantasia de vampiro.
– Vocês dois estão ficando? - Perguntou indignado, me trazendo de volta a
realidade.
– Não. - Respondi imediatamente. Ele riu sarcasticamente.
– Não claro que não. Se eu não tivesse interrompido, a essas horas vocês
estariam no maior amasso. - Falou com nojo. Eu não tinha o que dizer.
– E o que você tem haver com isso? - Alec o desafiou. Edward se aproximou.
– Eu não quero você perto dela. - Foi a vez de Alec se aproximar. Eles
estavam frente a frente. Se encarando, feito dois lutadores de boxe.
– E desde quando ela é propriedade sua? - Edward o socou no estômago,
deixando o garoto sem ar. Ele daria outro soco mas eu o puxei.
– Você está louco? Qual seu problema Edward? - Perguntei com a voz
alterada.
– VOCÊ. - Ele gritou. - Você é meu problema. Esse cara Bella? - Ele apontou
para Alec, que aos poucos recuperava o ar. - VOCÊ IA BEIJAR ESSE CARA. - Falou
com nojo.
– PROVAVELMENTE IRIA. E ISSO NÃO DIZ RESPEITO A VOCÊ. -
Edward tinha me irritado. Sua cara de nojo, se transformou em uma mascara dura e
fria, que não transparecia sentimento nenhum.
– Ótimo. Provavelmente vocês se merecem. Vou torcer para que ele não te
mate também. - Não sei em que momento Alec se recuperou e partiu para cima de
Edward.
– Eu não matei ela seu cretino. - Disse acertando o estômago de Edward. Eu
estava começando a entrar em desespero.
– ALEC, POR FAVOR CHEGA. - Ele me encarou e se afastou de Edward.
– Quer saber? Kate estava cansada de você. Você nunca disse alguma palavra
de confiança, pelo contrário, você jogava na cara dela todas as suas desconfianças.
Ela não aguentava mais, não aguentava mais você berrando, você xingando, você
desconfiando. - Edward, tentava manter sua máscara de indiferença, mas aos poucos
ela ia desaparecendo e dando lugar a uma expressão triste e de dor.
– Que amor era esse Cullen? Um amor egoísta. Você só pensava em si
mesmo, no seu sofrimento.
Você me culpa, para não se culpar. Você me culpa por não querer enxergar.
Por que você não foi atrás dela, naquela noite Cullen? Você simplesmente a deixou ir.
- Meu cérebro tentava assimilar todas aquelas informações. Kate e Edward eram
namorados? Lembrei do dia em que estávamos na praia. "Nosso relacionamento era
bem conturbado. Certas atitudes dela, me deixavam muito irado, ela precisava
de ajuda, mas não aceitava isso, e as discussões foram se tornando cada vez
piores. Eu já não sabia até quando conseguiria aguentar." "Quando ela se foi,
uma dor enorme se instalou em meu peito, era uma dor quase impossível de
suportar." Sim, só podia ser Kate a quem ele se referia. Edward namorava a irmã de
Alec, e por algum motivo ele o acusa de tê-la matado.
Assim como Alec o acusava de tê-la deixado sair. Edward não a impediu de
sair e ela morreu.
A dor nos seus olhos parecia cada vez maior, Alec acertou seu ponto fraco.
Era visível que Edward também se sentia culpado pela morte da garota. Agora eu
entendia por que ele não queria tocar no assunto. Com certeza era horrível para ele
reviver isso tudo.
Uma lágrima escapou dos seus olhos. Eu tive vontade de correr em sua
direção e abraçá-lo, confortá-lo. Dizer que ia ficar tudo bem. Que eu entendia a dor
que ele sentia.
– Você é covarde. É tão covarde que até sua própria...
– Cala sua boca Alec. Cala agora sua boca agora. - Edward falou com a voz
embargada se virando para ir embora. Alec não disse mais nada.
– Edward, espera. - Eu não queria que ele saísse assim. Ele parou, mas
continuou de costas.
– Boa sorte no show Bella. Vim até aqui te desejar isso. - Ele caminhou para
fora, me deixando ali sem reação. Meu cérebro me mandava ir atrás dele, mas minhas
pernas não obedeciam. Alec encostou no meu ombro.
– Você está bem?
– Kate, sua irmã, melhor amiga de Alice, era namorada de Edward?
– Sim. Acho que eles eram mais do que namorados. - Eu fiquei de frente para
ele.
– Alec, nós não podemos ser nada além de amigos normais. Amigos que não
se beijam. - Ele riu.
– Ok. Vamos ser amigos normais. - Eu assenti.
– Preciso ir atrás de Edward.
– Eu me pergunto quando você vai entender. - Franzi o cenho.
– Entender o que? - Eu não tinha tempo para entender nada naquele momento.
- Depois você me explica. Preciso ir atrás dele, ele não está bem. - Emmett, Mike e
Fred, apareceram antes que eu conseguisse sair.
– Bella, ajuste sua guitarra. Vamos começar em 5 minutos. - Emmett falou,
olhando Alec de cara feia. - Tudo bem Bella?
– Emmett, eu preciso falar com Edward. - Emmett sorriu sacana.
– Primeiro o trabalho, depois a diversão Bella. Depois você e Edward matam
a saudade ok? - Eu bufei, sem muita paciência.
– Emmett, Edward esteve aqui, ele e Alec discutiram. Edward, saiu daqui
nada bem. - Emmett lançou um olhar irado para Alec. Interferi antes que houvesse
outra briga. - Emmett, não quero saber de brigas. Eu preciso encontrar Edward.
– Bella, não temos tempo.
– Vai lá Bella. Nós tocamos as primeiras músicas sem você, e depois você
entra. - Alec sugeriu. Emmett teve que dar o braço a torcer.
– 5 minutos Bella, esse é seu tempo. Você sabe para onde ele foi?
– Tenho uma ideia. - Gritei já fora do camarim.
A boate estava lotada, tinha gente saindo pelas janelas, se eu não estivesse tão
preocupada com Edward, certamente estaria suando pelos cotovelos, de nervosismo.
O segurança não queria me deixar sair, só consegui depois de convencê-lo que
eu era da banda e que precisava chamar o último integrante.
Edward estava lá sentadinho, no mesmo lugar que eu o encontrei da outra vez.
Mas agora eu não tinha tempo de ser paciente. Corri até ele. Ele me lançou um olhar
triste. Eu não sabia o que falar. Então o abracei. No começo ele ficou imóvel, mas
depois ele encostou sua cabeça em meu ombro e retribuiu o abraço.
– Desculpe. - Murmuramos juntos.
– Você não tem que se desculpar Bella. Você não fez nada de errado. Mesmo
não gostando de Alec, eu não tenho direito de me meter na sua vida pessoal.
– Aquilo não vai mais acontecer. - Respondi.
– Não importa Bella. Se acontecer ou não. Isso é decisão sua, e eu tenho que
aceitar. Se você quiser ficar com ele, vá em frente, não se prenda por mim.
– Deixa de ser idiota e convencido Edward, eu não quero ficar com ele e isso
não é por sua causa. Eu não quero me envolver com ninguém, ao menos que role uma
atração física forte, muito forte. Alec, é lindo, mas não rola isso. - Edward arrumou
sua postura e me encarou.
– Já encontrou alguém, com quem role essa tal atração? - Talvez o humor dele
estivesse voltando.
– Bom, existe um cara... Um vampiro... Marrento, brigão, convencido e dono
de uma proposta indecente e muito tentadora. - Ele sorriu.
– Acho que conheço esse vampiro. Ele é um cara gente boa. - Ele se
aproximou do meu ouvido, isso fez com que meu coração causasse uma revolução. -
Quer saber de um segredo? - Murmurou. Em?
– Sim... - Foi o que eu consegui responder.
– Fiquei sabendo, que uma garota... Uma estudante... Extremamente linda,
sexy e gostosa, faz o tipo desse tal vampiro. - Oh god. Eu iria enfartar, Edward
sussurrando aquilo no meu ouvido, era minha perdição. A minha vontade era de
mandar esse tal show se explodir e carregar Edward lá pra casa, pro meu quarto. E
deixar ele me morder.
– Faz é?
– Faz. Foi para ela que ele fez a tal proposta. Ele me confidenciou que está
ansioso, esperando uma resposta. - Ele mordeu o lóbulo da minha orelha. Aquilo só
podia ser um teste para cardíacos.
– Ela... - Eu arfei. - Ela está pensando seriamente em aceitar, mesmo sua
consciência mandando ela negar.
– Talvez... - Ele disse se aproximando da minha boca. - Essa consciência
precise de uma amostra. - Sem nenhum aviso prévio ele atacou minha boca.
Por que os beijos de Edward, eram tão diferente dos outros? Por que meu
coração ficava tão descontrolado? Por que Edward dava choque? As coisas com ele
eram tão diferentes. Ele me fazia perder a noção de tudo, quanto estava assim
próximo de mim.
– Rum, Rum... - Alguém coçou a garganta. Edward e eu nos separamos.
Rosalie estava ali parada, olhando para nós e sorrindo feito uma tola.
– Rose, você está ficando profissional em chegar em momentos inoportunos. -
Edward reclamou.
– Desculpem, mas vocês precisam deixar isso pra depois. Bella, Emmett tá
doido atrás de você. A banda já começou. - A banda, a festa, tocar, cantar. Oh god,
Edward me deixava insana.
– A banda. - Falei alarmada. - Preciso ir. - Edward pegou meu braço.
– Eu te acompanho até lá. - Rosalie riu.
– Arrumou um segurança particular Bella? - Eu rolei os olhos.
– Ignore ela Bella. - Edward falou, me puxando pela mão. Ótimo, lá íamos
nós, de mãos dadas de novo, Edward ia na frente abrindo caminho. Enquanto Rosalie
vinha atrás, achando tudo muito engraçado.
Edward me levou até o camarim, onde Emmett estava bufando. Me ajudou a
colocar a guitarra e me levou até as escadas do palco.
Eu voltei a ficar uma pilha de nervos, minha vontade era de sair correndo pra
bem longe dali. Minhas mãos suavam frio.
– Fica calma Bella, vai dar tudo certo. Não tem porque ficar nervosa, você
sabe o que tem que fazer. - Claro, claro. Falar era muito fácil. Queria ver ele lá em
cima. Respirei fundo.
– Ok. Me deseje sorte. - Ele me puxou pela cintura, ficando bem perto de
mim.
– Boa sorte. Volte logo, vou estar esperando por você, precisamos resolver um
assunto inacabado... Ele me roubou um selinho. - Oh céus, agora meu coração
martelava o triplo.
– Bella, o que você ainda faz aqui em baixo? - As vezes Emmett era um
empresário muito exigente.
– Estou indo, estou indo. - Respirei fundo, e subi pro palco.
Eles estavam no meio de uma música, sweet child o'mine do guns. Comecei a
acompanhá-los na guitarra. Mike fazia uma performance digna de Axl Rose. Já que a
guitarrista base tinha chego, Freddie Mercury pode fazer o solo. Aqueles dois eram
muito bizarros. Olhei para trás procurando Alec, ele ria abertamente dos nossos
companheiros de banda. Ele fez sinal com a cabeça para que eu me aproximasse.
– Pelo tempo que demorou, presumo que tenha encontrado Edward. - Ele
berrou. Assenti com a cabeça. Alec riu e não falou mais nada. A música chegou ao
fim, o que me deixou mais nervosa.
– Boa noite galera. - A voz de Mike parecia a de um locutor de rádio. - É um
prazer estar tocando na 25ª festa a fantasia da fraternidade das garotas. Estamos
muito felizes por estarmos tocando aqui hoje. Eu sou Mike, o cara do contra baixo.
Esse do meu lado direito é o Fred, o cara que faz os solos. O da bateria é o nosso
mais novo integrante, ele está fazendo sua estreia hoje, palmas para o Alec por favor.
As garotas capricharam nas palmas, Alec levantou um pouco constrangido e deu um
tchauzinho, o que me fez gargalhar.
– Ela não é uma integrante da banda, mas estamos fazendo uma parceira. Na
guitarra base e vocal, também fazendo sua estreia hoje, Bella Swan. - Também teve
palmas para mim, acho que meu rosto iria explodir. Alguns engraçadinho começaram
com o couro de gostosa, tudo que eu mais desejava era achar um buraco. Agora era a
vez de Alec gargalhar.
– Nós compartilhamos da mesma opinião de vocês. - Mike falou. - Bella, você
quer dizer alguma coisa? - Eu não era nada boa com palavras em público, mas de
qualquer jeito era melhor falar alguma coisa e começar logo com as músicas. Me
aproximei do microfone.
– Boa noite pessoal... - Outro engraçadinho gritou gostosa. - Obrigada. -
Respondi, arrancando algumas risadas. - Bom, tudo que eu posso falar é que estou
nervosa ao extremo, e isso me deixa impossibilitada de falar algo muito coerente.
Então vamos as músicas, espero que vocês curtam um bom e velho rock and roll. -
Pude ouvir uns gritinhos e uhull, e muitas mãos levantas com um chifrinho.
Como estávamos falando de Rock and Roll, nada melhor do que começar com
AC/DC.
http://www.youtube.com/watch?v=jFlNo1NjAEQ
idin' down the highway
Dirigindo rodovia abaixo
Goin' to a show
Indo para um show
Stop in all the byways
Paro em todos os acostamentos
Playin' rock 'n' roll
Para tocar rock n'roll
Gettin' robbed
Sendo roubado
Gettin' stoned
Sendo apedrejado
Gettin' beat up
Sendo ultrapassado
Broken boned
Com os ossos quebrados
Gettin' had
Sendo possuído
Gettin' took
Sendo tomado
I tell you folks
Eu digo a vocês amigos
It's harder than it looks
É mais difícil do que parece
As pessoas pareciam animadas, cantavam junto comigo. Aos poucos fui me
acalmando.
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
Se você quer rock n' roll
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
Se você quer rock n' roll
If you think it's easy doin' one night stands
Se você acha que é fácil tocar por uma noite inteira
Try playin' in a rock roll band
Tente tocar em uma banda de rock
It's a long way to the top if you wanna rock 'n' roll
É um longo caminho ao topo se você quer rock n' roll
Hotel motel
Hotel, motel
Make you wanna cry
Fazem você ter vontade de chorar
Lady do the hard sell
Dama, faça a sua difícil venda
Know the reason why
Você sabe porque
Gettin' old
Ficando velho
Gettin' grey
Ficando grisalho
Gettin' ripped off
Sendo enterrado
Under-paid
Mal pago
Gettin' sold
Sendo vendido
Second hand
Em segunda mão
That's how it goes
É assim que funciona
Playin' in a band
Tocando em uma banda
Alice, Jasper, Rosalie e Edward acompanhavam tudo do camarote. Jasper
estava fantasiado de pirata com direito a tapa olho espada e tudo mais, só faltava
mesmo o papagaio.
Quando meus olhos paravam em Edward, eles se perdiam por um tempo.
Como ele podia ficar ainda mais gostoso fantasiado de vampiro?
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
se você quer rock n'roll
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
se você quer rock n'roll
If you wanna be a star of stage and screen
Se você quer ser uma estrela de palco e tela
Look out it's rough and mean
Tome cuidado, isso é duro e perverso
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
Se você quer rock n'roll
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
Se você quer rock n'roll
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
Se você quer rock n'roll
It's a long way to the top
É um longo caminho ao topo
if you wanna rock 'n' roll
Se você quer rock n'roll
Well it's a long way
Bem, é um longo caminho
It's a long way, you should've told me
É um longo caminho, você deveria ter me avisado
It's a long way, such a long way
É um longo caminho, tão longo
Não deixei a música acabar e já emendei Satisfaction dos Rolling Stones.
Ver todas aquelas pessoas cantando comigo me deixa realmente contente.
Meu nervosismo estava completamente dissipado, eu até arriscava uns passinhos de
vez em quando.
Depois dos Stones, toquei I love rock and roll da Joan Jett, seguido de Losing
my Religion do R.E.M, It´s my life do Bon Jovi, depois puxei uma sequência de anos
60, Johnny B.Goode e Roll Over Beethoven do Chuck Berry, Please Mr.Postman do
The Carpenters, Blue sued shoes e Tutti Frutti do Elvis e Hippy Hippy Shake e Twist
and Shout dos Beatles.
Meu tempo estava acabando, as músicas anos 60 empolgaram as pessoas de
uma forma indescritível, acho que não tinha uma pessoas imóvel no lugar.
Talvez eu levasse mesmo jeito pra coisa.
– Bom pessoal, essa vai ser a última música. - Ouvi um couro reclamando, o
que me fez sorrir. - Não se preocupem, a banda The Siblings vai continuar. Foi muito
legal tocar para vocês hoje, eu curti muito. Espero que vocês tenham curtido também.
- O pessoal começou a aplaudir e assoviar.
– Então essa última música eu quero oferecer para uma pessoa que já não vive
entre nós. É por causa dela, que eu estou aqui em cima desse palco hoje.
Onde quer que você esteja Jane, essa vai ser pra sempre sua.
As pessoas me olhavam sem entender nada, menos Alice, Rosalie e Edward,
eles sorriam para mim, me apoiando. Iniciei os meus tão conhecidos acordes, fechei
os olhos e dei início a música.
We've been here too long
Tryin' to get along
Pretendin' that you're oh so shy
I'm a natural ma'am
Doin' all I can
My temperature is runnin' high
Cry at night
No one in sight
An' we got so much to share
Talking's fine
If you got the time
But I ain't got the time to spare
Yeah
Era incrível como aquela música trazia as memórias de Jane, era como se ela
estivesse ali.
Do you wanna touch
Do you wanna touch
Do you wanna touch me there, where
Do you wanna touch
Do you wanna touch
Do you wanna touch me there, where
There, yeah
Yeah, oh yeah, oh yeah
Every girl an' boy
Needs a little joy
All you do is sit an' stare
Beggin' on my knees
Baby, won't you please
Run your fingers through my hair
My, my, my
Whiskey and rye
Don't it make you feel so fine
Right or wrong
Don't it turn you on
Can't you see we're wastin' time, yeah
Do you wanna touch
Do you wanna touch
Do you wanna touch me there, where
Do you wanna touch
Do you wanna touch
Do you wanna touch me there, where
There, yeah
A música chegou ao fim, eu tive que deixar as lembranças de lado e abrir
meus olhos.
– É isso pessoal. Por hoje é só, The Siblings assume daqui. - Houve outra
salva de palmas, aparentemente eles tinham gostado.
Pelos gestos de Jasper pude perceber que ele assoviava, Rosalie e Alice
gritavam aplaudiam e pulavam, tudo ao mesmo tempo. Edward aplaudia com um
sorriso bobo na cara. Sorri para eles e caminhei para fora do palco.
Capítulo 13 - She's Got the Jack Part.2
– Hey, você ainda está ai. - Ele falou no microfone assim que a música que
eles estavam tocando acabou. Levantei meu polegar. - Como eu sei que você adora
AC/DC a próxima música vai para você. Fiz um chifrinho com as mãos em sinal de
agradecimento e eles começaram a tocar.
The Jack era a música, levantei os braços fechei os olhos e comecei a me
mexer no ritmo dela. Cara, eu não sabia como eu tinha passado tanto tempo sem
saber que eu sabia mexer meus quadris daquele jeito.
http://www.youtube.com/watch?v=RW2heKjzjIA
She gave me the Queen
Ela me deu a Rainha
She gave me the King
Ela me deu o Rei
She was wheelin' and dealin'
Ela foi rodando e apostando
Just doin' her thing
Apenas fazendo seu jogo
She was holdin' a pair
Ela tinha um par
But I had to try
Mas eu tinha que tentar
Her Deuce was wild
Seu dois foi selvagem
But my Ace was high
Mas meu ás foi alto
But how was I to know
Mas como eu saberia
That she'd been dealt with before
Que ela já havia sido carteada antes
Said she'd never had a Full House
Disse que nunca tirou um Full House
But I should have known
Mas eu deveria saber
From the tattoo on her left leg
Pela tatuagem na perna esquerda dela
And the garter on her right
e pela liga na direita
She'd have the card to bring me down
Que ela tem a carta para me derrubar
If she played it right
Se ela jogar certo
Senti alguém chegando por trás de mim, e colando seu corpo no meu, não
precisava abrir meus olhos para saber que era Edward. Ele acompanhava meus
movimentos, se mexendo junto comigo, pudia sentir sua ereção toda vez que
subíamos e descíamos conforme a música. Tinha certeza que aquela cena vista de
fora, era completamente imoral e sem vergonha, mas eu não estava ligando.
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack, jack, jack, jack, jack, jack, jack
Ela tem o valete, valete, valete, valete, valete, valete, valete
She's got the jack
Ela tem o valete
Edward cantava o refrão no meu ouvido. Me virei, ficando de frente para ele,
coloquei o cigarro na boca, para ficar com as mãos livres, e comecei a passar elas
pelo seu corpo, de acordo com a música.
Poker face was her name
Poker era a cara dela
Poker face was her nature
Poker era a natureza dela
Poker straight was her game
Poker direto era seu jogo
If she knew she could get you
Se ela sabia que ela poderia pegar você
She played 'em fast
Ela jogava rápido
And she played 'em hard
E ela jogava duro
She could close her eyes
Ela poderia fechar os olhos
And feel every card
E sentir cada carta
But how was I to know
Mas como eu poderia saber
That she'd been shuffled before
Que ela tinha "sido embaralhada" antes
Said she'd never had a Royal Flush
Disse que nunca tirou um "Royal Flush"
But I should have known
Mas eu devia saber
That all the cards were comin'
Que todas as cartas vinham
From the bottom of the pack
Do fundo do monte
And if I'd known what she was dealin' out
E se eu soubesse que ela estava blefando
I'd have dealt it back
Eu teria apostado de volta
– Assim, eu não vou consegui aguentar Bella. - Ele sussurrou, me fazendo rir.
Eu me encostei na sacada do camarote e ele logo se encostou ao meu lado. Dei uma
tragada bem grande no meu cigarro, tentando controlar meus hormônios, que também
estavam prestes a explodir.
– Esse cigarro parece extremamente convidativo sendo tragado por você. Eu
desencostei da sacada e me posicionei de frente para ele, ficando no meio de suas
pernas.
– Quer experimentar? - Ele estendeu a mão, para que eu passasse o cigarro.
Eu não podia ver minha cara, mas com certeza era uma expressão muito safada. - Não
desse jeito Edward... - Ele franziu o cenho, tentando entender. Eu sorri e dei mais
uma tragada no cigarro. Fui me aproximando lentamente da sua boca, ele pareceu
entender o que eu faria e entreabriu a boca, fiquei a milímetros de distância e soltei a
fumaça lentamente, dentro de sua boca, mas sem encostá-las uma na outra.
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack, and who knows what else?
Ela tem o valete, e quem sabe o que mais?
She's got the jack, yeah, yeah
Ela tem o valete, yeah, yeah
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, Ela tem o valete
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, Ela tem o valete
She's got the jack, jack, jack, jack, jack, jack, jack
Ela tem o valete, Valete, valete, valete, valete, valete, valete
She's got the jack
Ela tem o valete.
Fui me afastando lentamente, mas ele me puxou pela gravata.
– Se você não quer beijos, não deveria me provocar desse jeito. - Ele
protestou.
– Talvez eu tenha mudado de ideia. - Ele arqueou uma sobrancelha,
duvidando, mas sem soltar minha gravata. - Eu aceito, aceito sua proposta. - Ele me
puxou para mais para perto.
– Tem certeza?
– 90%
– Ok. - Ele murmuro, com a boca já quase encostada na minha. - Isso já é o
suficiente. - E nossas bocas se uniram, Edward mordeu meus lábios com força e eu
fiz o mesmo com os dele, nossas línguas trabalhavam juntas, de uma forma suja,
vulgar, sacana e totalmente deliciosa. Deveria ser totalmente proibido beijar daquela
forma em público.
A música estava quase no fim, voltamos a dançar sem nunca se desfazer do
beijo.
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
Ooh, It was a bad deal, Jack
Ooh, foi um mau negócio, valete
She gave me the Jack, hey
Ela me deu o valete, hey
She's got the Jack, she's got the Jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the Jack, ooh can't you tell
Ela tem o valete, ooh você não pode dizer
She's got the Jack, jack, jack, jack, jack, jack, jack, jack
Ela tem o valete, valete, valete, valete, valete, valete, valete, valete
She's got the jack, she's got the Jack
ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack, she's got the Jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack, you never know!
Ela tem o valete, você nunca sabe!
She's got the jack, she's got the jack
Ela tem o valete, ela tem o valete
She's got the jack
Ela tem o valete
She's got the jack, and it hurts!
Ela tem o valete, e isso machuca!
She's got the jack
Ela pegou o valete
She's got the jack, jack, jack, jack, jack, jack, jack
Ela tem o Valete, Valete, Valete, Valete, Valete, Valete, Valete
She's got the jack
Ela tem o Valete
A música acabou, a banda se despediu o som eletrônico começou a tocar, e eu
e Edward ainda nos beijávamos, nos amassávamos.
– Vocês dois querem parar com essa pouca vergonha? - Era a voz de Emmett,
ele estava separando nossas cabeças.
– Procurem um quarto, um motel ou um banheiro. - Jasper estava com ele.
Edward bufou.
– Vocês não tem mais nada para fazer? - Perguntou bravo.
– Cara, ta todo mundo olhando, vocês estavam quase partindo para os
finalmentes. - Olhei ao meu redor, e realmente as pessoas que restavam ali, estavam
todas nos olhando. Elizabeth, Rose e Alice riam. Jéssica me lançava um olhar furioso
e Tom estava tão bêbado que talvez só estivesse olhando para um ponto fixo. De
qualquer jeito eu fiquei com vergonha e escondi o rosto no peito de Edward.
– Obrigado pelo aviso. Agora vocês podem nos dar licença? - Edward pediu
ainda um pouco bravo.
– Ok. - Emmett disse sem se mexer. - Se deu bem em irmãozinho.
– Não esqueçam a camisinha. - Jasper emendou. Edward lançou um olhar
furioso para eles, isso fez com que eles saíssem.
– Sempre aparece alguém para atrapalhar. - Murmurou, beijando o topo da
minha cabeça.
– Que vergonha. - Falei escondendo ainda mais meu rosto em seu peito. Ele
riu e me apertou em seus braços.
– Quer sair daqui? - Meu coração acelerou com a proposta.
– Aonde vamos?
– Lá em casa. Você é uma péssima vizinha, mora do lado e você nunca foi me
visitar. - Eu olhei divertida para ele.
– Você vai me apresentar a sua casa?
– Eu gostaria de apresentar meu quarto, mas se você quiser eu posso mostrar
os outros cômodos primeiro. - Oh god, porque ele falava aquilo de um jeito tão
indecente?
– Primeiro o quarto então. - Falei corando no mesmo instante. Ele sorriu e me
beijou, foi um beijo curto, mas o suficiente para fazer meu corpo arder de novo. - Já
te disse o quanto você fica sexy, assim fantasiado de vampiro? - Murmurei em sua
orelha, o fazendo arrepiar.
– Não, acho que não. - Murmurou.
– Você... - Falei beijando seu pescoço. - Fica extramente... - Continuei
investindo no pescoço, o fazendo arfar. Sexy... - Falei por fim, mordiscando o lóbulo
de sua orelha. Suas mãos apertaram forte minha cintura.
– Bella, vamos embora. - Ele separou nossos corpos e me puxou pela mão,
seus olhos estavam escuros e brilhavam.
Paramos para nos despedir do pessoal. Acho que Alice estava fazendo um
grande esforço para não começar a pular e bater palmas, Elizabeth me abraçou e me
mandou usufruir muito daquele corpo até eu não aguentar mais. Rosalie também me
abraçou.
– Resolveu aceitar? - Perguntou baixinho.
– Você tinha razão, eu já tinha aceito. - Ela riu.
– Vão ficar onde?
– Na casa dele, se não tiver problema para vocês. - Falei lembrando que
Emmett também morava lá.
– Sem problemas, Emmett e eu ficamos lá em casa. Afinal, não é todo dia que
Edward leva uma garota para dormir na sua própria casa. Acho que essa é a primeira
vez. - Não? Edward não levava nenhuma mulher para casa? Por que estava me
levando então?
– Irmãzinha, você quer largar Bella? Edward está prestes a entrar em erupção
e você ai, segurando a garota. - Jasper falou, fazendo os outros rirem e eu ficar
vermelha. Rosalie me soltou.
– É toda sua Edward. - Rose disse rindo. Edward passou seu braço em volta
dos meus ombros e me puxou para junto de si.
– Estamos indo. - Ele olhou para Emmett. - Hoje a casa é minha. - Tenho
certeza que Emmett diria alguma piadinha, mas conseguiu segurar. Antes de por os
pés para fora do camarote pude ouvir os gritinhos de Alice.
Quando chegamos no apartamento meu coração disparou. Estávamos prestes
a por em pratica todas as etapas do acordo. Minhas mãos começaram a suar, eu não
sabia se eu ainda sabia como fazer. Eu nem sequer sabia se eu era boa naquilo, Jake e
eu já tínhamos feito incontáveis vezes, mas Jake foi até então meu único parceiro.
Uma vez ouvi falar que fazer sexo era igual andar de bicicleta, a gente nunca
desaprende, eu rezava para que aquilo fosse verdade.
Edward saiu do carro e veio abrir a porta para mim.
– Vamos? - Disse me estendendo a mão. Assim que toquei sua mão, aquele
choque insistente, percorreu meu corpo. Edward fechou a porta, e seguimos para o
elevador de mãos dadas.
Meu coração aumentava os batimentos a cada andar que o elevador ia
subindo. Edward estava estranhamente quieto, já eu não conseguia pronunciar nada
coerente.
– Chegamos. - Murmurou abrindo a porta do apartamento. - Essa é minha
casa. - Ele me puxou para dentro. - A sala e a cozinha são idênticas a de vocês. Coisas
de Esme.
– É, percebi quando vim aqui mais cedo. - Falei lentamente, tentando respirar
normalmente.
– Você veio aqui? - Perguntou surpreso.
– Sim. Emmett me ligou, e pediu que eu viesse aqui, porque precisávamos
brindar antes de sair de casa. Ele me disse que é uma tradição ou algo assim. - Sentei
no sofá e tirei meus sapatos, sentindo um alívio imediato. Acho que nunca me
acostumaria com salto alto.
– Sempre brindamos antes de ir a uma festa. - Ele falou. - Droga, você nunca
vem aqui, quando vem eu não estou em casa. - Disse se lamentando.
– Foi ajudar Alice nos preparativos?
– Não. Tive que ir na casa dos meus pais resolver uns problemas. - Ele sentou-
se ao meu lado.
– Esme e Carlisle estão bem? - Perguntei preocupada.
– Estão ótimos. - Então o problema não era com eles, mas Edward não ia falar
sobre o assunto. - Ainda não acredito que você veio aqui e eu não estava. - Virei
minha cabeça para o lado, para olhá-lo. - Ele era lindo, sua pele pálida, fazia contraste
com seus lábios vermelhos. Era um perfeito vampiro. Eu sempre me perdia quando
olhava diretamente para seus olhos, talvez ele fosse realmente um vampiro, e tivesse
o poder de hipnotizar as pessoas. Sorri com o meu pensamento, fazendo o erguer uma
sobrancelha. - Aquilo me deixava maluca. - Tá rindo do que? - Perguntou.
– Eu estou na sua casa agora. Com você. - Não precisou de mais nada, para o
vampiro agarrar sua presa.
Capítulo 15 - Sex on Fire
– Você é uma garota muito má. Merece ser castigada. - Falou roçando seus
lábios nos meus.
– E que castigo seria esse? - Murmurei.
– Ficar trancada no quarto comigo por muito, muito tempo. - Isso passaria
longe de ser um castigo. Tava mais perto de ser uma recompensa. Passei meus braços
em volta de seu pescoço e ele me beijou vorazmente, com certeza voltaríamos para o
quarto.
– Rum, Rum, Rum... - Edward e eu nos separamos imediatamente e ao
mesmo tempo olhamos em direção da sala. Emmett, Rosalie, Jasper, Alice e Carlisle
nos olhavam prendendo o riso.
Eu paralisei, fiquei sem reação, aquilo era constrangedor demais.
A família de Edward, estava prestes a cair na gargalhada a qualquer momento.
Edward estava tão constrangido e paralisado quanto eu.
– Oi garotos. - Carlisle disse, quebrando o silêncio. Edward pareceu retomar a
consciência.
– O que vocês estão fazendo aqui? - Perguntou bravo.
– Cara, eu moro aqui. - Emmett tentou se defender. - E você já viu que horas
são? Eu não imaginei que vocês ainda estivessem na atividade. Meu Deus, vocês tem
algum parentesco com os coelhos. - A risada que todos seguravam explodiu. Eu tentei
me esconder atrás de Edward, desejando que aquilo fosse uma alucinação.
– Você não acha que comprou uma camiseta muito grande para o seu tamanho
Bella? - Jasper perguntou em meio as risadas. Eu levantei meu dedo do meio e
mostrei para ele. - E você Edward? Não tem camiseta não?
– Vá para o inferno Jasper. - Falei.
– Por que vocês não somem daqui em? - Edward estava muito irritado.
– Parece que os coelhos querem privacidade, acho que eles não estavam nem
perto do fim. - Agora era vez de Alice soltar uma piadinha.
– Tá com inveja Alice? Se Jasper não aguenta o tranco você deveria procurar
ajuda fora. - Edward falou, fazendo todos os sorrisos desaparecerem.
– Calma Edward. - Pediu Carlisle.
– Calma? Eu estava calmo, até vocês invadirem minha casa sem avisar. Por
que não ligaram?
– Eu tentei, mas você não atendeu. - Rosalie murmurou para Edward.
Provavelmente foi quando estávamos no banho.
– Por que não bateram na porta do quarto?
– Eu também tentei isso, mas ninguém me respondeu. - Rosalie ainda
murmurava. Com certeza estávamos no banho. Aquilo estava ficando cada vez mais
constrangedor.
– O que vocês querem afinal?
– Papai estava procurando por Bella. - Alice respondeu. Procurando por mim?
O que eu fiz? - Estávamos todos lá em casa, exceto vocês.
– Falamos que Bella foi visitar Edward. - Jasper continuou.
– Mas não falamos que vocês estavam tre... - Emmett olhou para Edward
antes de terminar a frase e resolveu se calar. - É estavam...
– Não se preocupem com isso, eu não vi e não sei de nada. - Carlisle falou,
tentando parecer sério.
– Pelo menos você achou a Bella. - Jasper disse para Carlisle.
– Então pai, o que você quer? - Edward perguntou.
– Vim até aqui, porque eu tenho um convite para Bella. - Carlisle falou.
– Convite para mim? - Perguntei surpresa. Carlisle sorriu.
– Pelo jeito ninguém te falou. - Falou o que?
– Papai tá de aniversário sexta feira. Vai rolar uma festa. - Alice se apressou
em dizer. Carlisle a olhou de canto.
– Além de ser a festa do meu aniversário, também vamos inaugurar a casa.
Esme e eu resolvemos nos mudar para Malibu, assim podemos ficar mais perto da
família. - Carlisle falou, encarando Edward.
– Aniversário...Inauguração... - Murmurei. - Festa... Sua casa... - Eu ainda
estava muito encabulada, meu cérebro ainda não conseguia processar as coisas
direito. Com certeza o tom da minha pele, nunca mais deixaria de ser vermelho.
– Sexta Bella tem ensaio. - Emmett se meteu.
– Ela pode ir depois do ensaio. - Rosalie disse. - Todos olhavam para mim
esperando uma resposta.
– Claro, estarei lá. - Carlisle sorriu satisfeito, tive quase certeza que ele me
abraçaria, mas parou no meio do caminho, parecendo lembrar que eu estava só de
camiseta.
– Mais algum recado? - Edward perguntou. Emmett abriu a boca para falar
algo, mas Edward lhe lançou um olhar nada amigável. - Ok. Então estamos indo para
cozinha preparar alguns hambúrgueres. - Edward me puxou pela mão, mas eu
continuei parada. Ele virou-se para mim.
– Preciso ir em casa colocar uma roupa. - Murmurei para ele. Ele parecia
muito aborrecido com a presença de sua família.
– Me desculpe por isso. - Pediu sem jeito. Conversávamos através de
sussurros.
– Não se preocupe, eu me recupero. - Ele sorriu.
– Quer que eu vá até lá com você? - Se ele fosse comigo, provavelmente não
voltaríamos, e adeus comida.
– Melhor não. Você fica e vai fazendo a comida.
– Ok. - Ele me puxou para junto de si. - Não demore. - Falou beijando o topo
da minha cabeça. Pude ouvir os risinhos dos outros.
– Alice, você tem as chaves do apartamento ai? Não sei onde estão as minhas.
– Provavelmente no quarto de Edward, ou na sala, junto com algumas peças
de roupa. - Eu não tinha o que falar, a única coisa que eu conseguia fazer era ficar
cada vez mais vermelha.
Alice jogou as chaves na minha direção, eu até tentei pegar, mas a gravidade e
eu nunca nos demos bem, então as chaves acabaram indo de encontro ao chão.
Edward lançou um olhar furioso para Alice e juntou as chaves para mim, eu peguei
da mão dele e sai dali o mais rápido que pude, aquele momento foi o mais
vergonhoso de toda minha vida.
Depois de decentemente vestida, fui até a sala, onde tinha deixado uma
carteira de cigarros, eu estava precisando urgentemente de um.
Fiquei sentada no sofá meditando sobre as ultimas 24 horas, a festa, Edward,
eu, sexo, sexo e mais sexo e por último mas não menos importante os Cullens. Tá
certo que eles sabiam o que aconteceria quando deixamos a festa, mas saber é uma
coisa e quase flagrar é outra. E Carlisle, ele não estava sabendo de nada, e de repente
nos pega no maior amasso.
– Pensando na vida? - Tomei um susto enorme. Carlisle estava parado, de pé
ao meu lado, e eu não tinha percebido.
– Que susto. - Murmurei o fazendo rir.
– Posso me sentar? - Perguntou apontando com a cabeça para o lugar ao meu
lado.
– Claro. - Tirei meu cinzeiro dali. - Se importa se eu continuar fumando?
– Por mim tudo bem. - Falou sorrindo. Permanecemos em silêncio por um
bom tempo.
– Então, como vão as coisas?
– Bem... No geral vão bem.
– Fiquei sabendo que você arrasou ontem. - Rolei os olhos.
– Seus filhos são muito exagerados.
– E você é muito modesta.
– Por que você e Esme não apareceram?
– Nós íamos, mas acabamos tendo alguns problemas.
–Hum...
–Então... - Carlisle murmurou. - Você e Edward? - Oh God, era extremamente
vergonhoso falar sobre aquilo com Carlisle.
– Er... Somos apenas amigos. - Falei encarando o chão.
– Amigos? - Ele coçou a cabeça. - Mas vocês estavam...
– Amigos, essa é a definição do nosso relacionamento. Não que nós tenhamos
algum relacionamento. - Arrisquei uma olhada para ele, que me olhava cada vez mais
confuso. - Em fim, amigos, essa é a definição. Não somos nada além de amigos. E
nunca vamos ser. - Carlisle permaneceu um tempo em silêncio, tentando absorver as
informações, até que ele pareceu entender, do que se tratava.
– Meu Deus. Vocês, vocês... - Eu sentia meu rosto queimar, provavelmente
estava mais roxa que uma beterraba.
– Por favor Carlisle... É extremamente vergonhoso para mim, falar sobre sexo
com você. Ainda mais quando isso envolve seu filho. Olhe para mim, estou sentindo
meu rosto queimar. - Ele sorriu.
– Posso fazer só mais uma pergunta? - Olhei suplicante para ele. - Não é uma
pergunta constrangedora.
– Ok. - Murmurei.
– Vocês estão apaixonados ou algo assim? - Eu gargalhei.
– Não, não. Claro que não. Não se preocupe, não tem a menor chance de eu
me casar com seu filho ou algo assim. Nós não estamos apaixonados, nós não somos
um casal, nem temos planos para o futuro. - Ele me olhou esquisito.
– Ficaria feliz se vocês se casassem. - Carlisle disse esboçando um sorriso.
Ele só podia ser maluco.
– Não diga besteira. Edward merece uma pessoa boa.
– Como você. - Sorri sarcasticamente.
– Você não diria isso, se me conhecesse melhor. - Seus olhos azuis me
encararam profundamente, como se ele pudesse ver minha alma.
– Tenho certeza que diria. - Nos encaramos em silêncio. Algo nos olhos de
Carlisle me dizia que ele sabia, sabia sobre tudo. - Preciso de sua ajuda.
– Minha ajuda? - Perguntei surpresa.
– Além de ser meu aniversario, sexta-feira eu e Esme completamos 28 anos de
casados.
– Uou, isso é muito tempo, acho que vocês merecem um prêmio.
– Meu prêmio é acordar ao lado dela todos os dias. - Ok, cade meu balde?
Preciso vomitar. Carlisle arqueou uma sobrancelha, provavelmente não entendendo
minha careta.
– Desculpe acho que preciso vomitar. - Ele riu. - Para que você precisa da
minha ajuda?
– Queria fazer uma homenagem para ela. Cantar uma música. Pensei que
talvez você pudesse me ajudar. Você toca violão e me ajuda a cantar. - Oh God, lá ia
eu atacar de cantora de novo.
– Qual vai ser a música? - Ele sorriu agradecido, vendo que eu tinha aceito.
– Não sei ainda. Você conhece alguma música romântica?
– Highway to hell?
– Meu Deus Bella, sera que você não é nem um pouco romântica? Eu sei que
você conhece músicas românticas, eu me lembro que você tocou uma na Summer.
Vamos me ajude. Eu sei que ainda bate um coração dentro dos muros de aço que você
construiu para ele. - Carlisle estava muito sentimental, pensei em rebater suas
afirmações, mas ele era pai de Edward. Pai de mulinha, mula é, então melhor não
discutir.
– Always do Bon Jovi. É a minha preferida.
– Eu conheço? - Perguntou tentando lembrar.
– Provavelmente. É um clássico. Espere ai, vou pegar o violão. - Carlisle
pareceu se empolgar.
– Estou esperando. - Peguei meu violão e voltei para sala.
– O que vai ser? - Perguntei para Carlisle, sentado ao seu lado.
– Comece com Always.
– Ok. Fiz uma pequena introdução e comecei a cantar. Era muito estranha
tocar uma música romântica para Carlisle, ri com meu pensamento.
Ele cantou sem desviar seus olhos dos meus, a cada palavra dita ele parecia me
olhar com mais intensidade. E nossa, ele cantava muito bem. Edward não desafinou
nem um pouquinho, sua voz já era uma perfeita melodia. Assim que acabou o trecho
da música ele continuou prendendo meus olhos nos dele. Era impossível eu desviar.
– Gostou? - Ele perguntou.
– Sim... - Foi tudo que eu consegui responder.
– Eu também gostei, a propósito. - Carlisle falou rindo. - Bella. - Ele colocou
a mão no meu ombro, me desconectando dos olhos de Edward. - Vamos ficar com
essa música. Vou treinar em casa, quem sabe eu não consiga hipnotizar Esme.
Edward, você bem que pode me dar umas dicas em? - Edward e eu ficamos sem jeito.
Carlisle levantou do sofá. - Vou deixar vocês a sós, preciso falar com Alice. Que dia
podemos ensaiar Bella?
– Er... terça e quinta eu tenho a tarde livre. E qualquer dia a noite. - Murmurei
envergonhada.
– Ok. Terça eu apareço. Devo telefonar antes? - Ele lançou um olhar divertido
para Edward.
– Não precisa. Se você usar a campainha, já esta de bom tamanho. - Murmurei
o fazendo rir.
– Ok. Até terça. - Falou já caminhando em direção da saída. - Ah garotos? -
Ele chamou, nos fazendo olhar para trás. - Divirtam-se e protejam-se. - Carlisle
fechou a porta me deixando vermelha e sem reação.
– Que vergonha. - Falei, colocando as mãos na frente do rosto.
– Me desculpe. - Edward falou, puxando minhas mãos para baixo. - Me
desculpe, minha família é um pouco anormal. As vezes é impossível controlá-los.
Ainda não acredito que eles nos atrapalharam. Me desculpe. - Edward se lamentava.
– Tudo bem. Eu acho que vou sobreviver. - Ele sorriu e me puxou para seus
braços. Estávamos abraçados e praticamente deitados no sofá.
– Então, como estava o hambúrguer? - Meu estômago roncou.
– Muito, muito bom. Na verdade eu estava me perguntando... Você vai querer
esse que esta sobrando?
– Hum... - Ele pareceu pensar. - Eu já comi uns lá em casa. Estou cheio na
verdade. Mas eu conseguiria comer mais um. - Eu olhei para ele com cara de
cachorro que caiu da mudança. - Mas eu posso negociar.
– Ok. - Falei aproximando meu rosto do dele. - Estou ouvindo. Qual sua
proposta?
– O hambúrguer em troca de alguns beijos. - Seus braços trataram de colar
ainda mais nossos corpos.
– Me parece justo. - Falei antes de unir minha boca a dele.
E assim foi o final de tarde, beijos e mais beijos, quando as coisas começaram
a esquentar os parentes de Edward ressurgiram, acabando com todo o clima de novo.
Eles trouxeram um filme para assistirmos. Diário de uma paixão, era o nome
do filme, eu não consegui assistir muita coisa. Quando Emmett apagou as luzes,
Edward me atacou. Ele sabia como me deixar sem ar.
Jasper resmungou que estávamos pior que Emmett e Rosalie. Alice concordou
com ele, eu estava muito ocupada para falar alguma coisa.
Assim que resolvemos ir para o quarto o telefone de Edward começou a tocar.
Ele ignorou completamente, fazendo Alice o olhar de cara feia. Ele levantou-se indo
em direção ao quarto. Tentei acalmar um pouco meus batimentos cardíacos e me
levantei para ir atrás dele. O telefone de Alice tocou. Ela atendeu com uma voz gentil
e carinhosa. A pessoa que estava falando com ela, na verdade queria falar com
Edward.
– Bella, entrega para Edward. - Ela pediu me estendendo o celular. Eu o levei
até meu quarto, minha curiosidade me fez olhar o display do celular. Onde marcava o
nome Jully. Edward estava deitado na minha cama, aquilo me fez ficar com uma
vontade imensa de desligar o telefone.
– É para você... - Falei estendendo o celular.
– Você atendeu? - Sua expressão parecia preocupada.
– Alice atendeu. - Ele pegou o celular da minha mão.
– Oi? - Edward atendeu com uma voz carinhosa. - Ela está aqui. - Edward
falou olhando para mim. - Humm... Acho que ela não lembra. - Por que ele parecia
falar de mim? - Agora? Carlisle não pode fazer isso para você? - Não que eu estivesse
curiosa, mas quem diabos era Jully? - No banheiro? Eu não posso falar com ele pelo
telefone? - Cada vez eu entendia menos. Edward sorriu vendo minha cara de confusa.
- Ok. Estou indo... Vou mandar... Beijos bonequinha. Edward desligou o telefone e
me lançou um olhar de coitado.
– Tudo bem? - Perguntei em dúvida. Ele suspirou.
– Eu preciso ir. - Claro, a bonequinha estava esperando.
– Ok. - Ele me abraçou e me apertou em seus braços.
– Eu não quero ir. - Murmurou.
– Se precisa ir, é melhor ir. - Ele se soltou do abraço para que pudesse me
olhar nos olhos. Seu sorriso torto estava lá.
– Vou tentar voltar rápido. Prometo. - Eu sorri sem graça.
– Oh não, não, não. Por favor não. Você não precisa e não deve me prometer
nada Edward. Nós não temos nada lembra? - Ele abriu a boca para falar algo, mas
acabou desistindo.
– Ok. Até mais então? - Perguntou sério me fazendo sorrir.
– Até mais.
– Então tchau.
– Tchau. - Ele caminho até a porta, mas algo o fez parar.
– Que tal um beijo de tchau, totalmente sem compromisso? - Eu fiz pensar.
– Me parece justo. - Ele veio ao meu encontro. Ele me jogou na cama e ficou
por cima de mim. Meus braços entrelaçaram seu pescoço. Seus olhos se prenderam
nos meus por alguns segundos e em seguida ele me beijou. Começou com um beijo
calmo, mas foi se tornando quente e perigoso. As mãos de Edward já percorriam meu
corpo, me fazendo arfar. Quando sua boca se afastou da minha procurando por ar, eu
lembrei que ele precisava ir.
– Edward... - Falei arfando. - Você precisa ir, lembra? - Ele deixou seu peso
cair em cima de mim, e suspirou. Sua boca procurou pela minha novamente, ele me
deu um selinho e levantou-se. Suas bochechas estavam vermelhas, e tenho certeza
que não era vergonha.
– Ok, eu volto. - Falou um pouco sem ar. - E isso não é uma promessa. - Eu
assenti e ele virou-se para ir embora. Eu continuei deitada, tentando acalmar minha
respiração. - Ah Bella. - Ele chamou segurado a porta.
– Oi? - Falei com a voz rouca.
– Jully mandou um oi...
– Quem? - Ele sorriu e fechou a porta, me deixando sozinha. Quem era Jully
afinal? Eu não conhecia nenhuma Jully. Conhecia? Levantei rapidamente e corri atrás
dele. Ele já estava abrindo a porta para sair do Apartamento.
– Edward? - Ele olhou para mim. - Quem é Jully? - Ele voltou a sorrir.
– Qualquer dia eu te apresento. - Falou fechando a porta e me deixando ali
sozinha sem entender nada. Me virei para voltar pro meu quarto, quando dei de cara
com quatro estatuas me olhando.
– Algum problema? - Perguntei.
– Nenhum. - Alice se apressou em dizer.
– Claro que não. - Jasper disse em seguida.
– Problema algum. - Emmett continuou. Ok, com certeza tinha um problema.
Rosalie foi a única não falar nada.
– Quem é Jully? - Perguntei para eles.
– Jully? - Emmett se fez de desentendido.
– Não conheço ninguém com esse nome. - Agora era vez de Jasper.
– Eu também não. - Alice prosseguiu. Com certeza eles queriam me enganar.
– Você atendeu ela no telefone Alice.
– Er... Eu, eu.. é... - Alice Cullen gaguejando? Com certeza a coisa era grave. -
Ah Bella, eu não sei. Deve ser alguma dessas garotas de Edward. São tantas que as
vezes eu não lembro mais. - Rosalie lançou um olhar furioso para Alice.
Aquilo até que fazia sentido. Edward era um galinha, provavelmente era uma
garota atrás dos serviços dele. Eu só não entendida o porque ela me mandou um Oi.
– Bella, senta aqui, vamos acabar de assistir o filme. - Rosalie falou.
Caminhei até o sofá, ainda tentando entender as coisas. Mas quanto mais eu pensava
menos eu entendia. Me sentei ao lado de Rosalie. Jasper tirou o filme do pause.
Resolvi parar de pensar a respeito dessa tal Jully e prestar atenção no filme.
Ei, eu conhecia aquele simpático casal de velhinhos e a conturbada juventude
deles.
– Eu já vi esse filme. - Falei.
– Já? - Emmett perguntou.
– Já. Ela tem Alzheimer e ele tem que lembrá-la todos os dias da história de
amor dos dois.
– Obrigada por contar o filme Bella. - Jasper falou.
– Disponha Jasper. Ah, no final os dois morrem. - Jasper tacou um almofada
em mim, me fazendo rir.
– Bella, sua estraga prazeres. - Alice falou.
– Posso dizer o mesmo de vocês. - Resmunguei baixinho, mas Rosalie acabou
ouvindo e começou a rir.
– Quer conversar sobre isso? - Ela perguntou baixinho.
– Estou no meu quarto. - Falei levantando e indo em direção ao quarto.
Alguns minutos depois Rosalie apareceu, ela sentou-se ao meu lado.
– Me desculpe por mais cedo. Eu juro para você que tentei avisar. Carlisle
queria falar com você, eu disse que você estava na casa de Edward assistindo filme, e
que deveríamos deixar vocês dois sozinhos. Mas ele queria muito falar com você e
não quis esperar. - Falou se desculpando.
– Tá tudo bem, eu sobrevivi. - Falei lembrando da cena. - Carlisle quer que eu
ajude ele em uma homenagem para Esme. Eu vou tocar violão e ele vai cantar, e
declarar todo seu amor.
– Hey, isso é romântico. - Ela disse empolgada.
– Muito. Talvez eu leve um balde para vomitar dentro. - Falei, fazendo-a
gargalhar.
– Um pouco de romantismo não faz mal a ninguém.
– Sei... - Resmunguei, discordando totalmente dela. Romantismo? Ui.. Isso
deixava as pessoas meio lesadas.
– Como foi? - Ela perguntou me tirando dos meus devaneios...
– Como foi o que? - Ela rolou os olhos.
– Você e Edward. Como foi? - Era vergonhoso falar sobre aquilo.
– Foi... foi bom... - Murmurei envergonhada, olhando para minhas mãos.
Rosalie riu.
– Não acredito que você está com vergonha. - Falou, me deixando com mais
vergonha ainda.- Hey, você está vermelha. - Disse rindo, com certeza me deixando
roxa. - Calma Bella, só estamos nós aqui. Depois da pegação de ontem lá na summer
hause e do flagra de hoje, você não deveria ficar com vergonha só por causa de uma
pergunta. - Ela estava certa. Ficar com vergonha de responder como foi? Ela nos viu
na maior pegação, hoje mais cedo. Me viu só com uma blusa e Edward sem camisa.
Falar como foi seria bem menos vergonhoso do que o flagra deles. Eu a encarei.
– Foi ótimo... Incrível, diria eu. Edward é um ótimo amante. Ele me faz
querer sempre mais. É cada vez melhor. - Passei as mãos pelos cabelos. - É tão
estranho, parece que o desejo que sentimos um pelo outro aumenta cada vez mais. É,
sei lá, cada vez que fizemos a vontade parece aumentar. Edward me faz perder a
noção de tudo, ele consegue roubar minha mente. E me faz parecer uma maníaca
compulsiva por sexo. - Rosalie estava de queixo caído.
– Bella, talvez, talvez você...
– Oi crianças. - Esme entrou no meu quarto, não deixando Rosalie terminar a
frase.
Ok, aquele estava sendo o dia das visitas inesperadas.
– Oi Esme. - Ela veio até mim e beijou meu rosto, fazendo o mesmo com
Rosalie que parecia ainda estar em estado de choque. Eu me perguntei o que eu tinha
dito de tão grave.
– O que vocês duas estavam cochichando em? - Alice também apareceu no
quarto.
– Nada. - Eu e Rosalie respondemos juntas.
– Por que vocês me excluem? - Ela perguntou chateada.
– Sem cenas Alice. - Pediu Rosalie.
– Não estamos te excluindo de nada. Só vim para o quarto porque já assisti
aquele filme.
– Eu também. - Rosalie se defendeu.
– Sei. Vocês também estavam de segredinhos la na Summer. - Alice parecia
uma criança emburrada.
– Meu Deus, como essa minha filha é ciumenta. - Esme disse abraçando
Alice.
– Possessiva, diria eu. - Falei fazendo Esme e Rosalie rir.
– Alice, você mora com ela. Para de ser ciumenta.
– Moro, mas ela não conversa assim comigo.
– Alice, eu estou aqui a duas semanas. Uma eu passei inteira com você, aqui
nesse quarto. A outra eu estava estudando de manhã e a tarde. Depois eu ia ensaiar, e
quando eu chegava em casa você não estava ou estava com Jasper.
– Você e meu irmão não se desgrudam. - Acrescentou Rosalie.
– Filha. Eu não posso acreditar que você realmente está com ciúme. Quantos
anos você tem Alice? Você já não é mais uma adolescente. Você já é adulta. - Esme
falou séria, dando uma dura na filha. Alice sentou-se na cama, entre Rosalie e eu.
– Me desculpem. - Ela pediu. - Prometo tirar um tempo pra nós 3. - Rosalie e
eu a abraçamos, uma de cada lado. E acabamos caindo na cama.
– Muito bem, agora que as mocinhas já se resolveram, acho que é minha vez.
- Esme falou. Nos sentamos na cama novamente.
– Então mãe, o que é que manda? - Alice questionou.
– Bella, eu preciso de sua ajuda. - Eu já tinha ouvido aquela frase antes.
– Minha ajuda?
– Carlisle te convidou para a festa de aniversário dele que vai ter lá em casa
sexta, certo? - Oh céus, ela queria a minha ajuda para a mesma coisa? Eu assenti. -
Além de ser aniversário dele é nosso aniversário de casamento. Eu estava pensando
em lhe fazer uma homenagem.
– Você quer minha ajuda para tocar uma música para ele.... - Falei sem deixar
ela concluir seu pensamento.
– Como você sabe? - Perguntou. Alice e Rosalie me lançaram um olhar que
amedrontaria qualquer um.
– Ah... você sabe, é que pensei que isso seria muito romântico, e que Carlisle
amaria, afinal são muitos anos de casados. Isso merece uma homenagem. - As vezes
era ótimo saber interpretar, acho que até Alice eu convenci.
– Exatamente isso que eu pensei. - Esme falou. Rosalie segurou o riso.
– Então, você tem alguma música em mente?
– A nossa música. - Eu fiz cara de interrogação. Eles tinham uma música? -
Stand by me. Essa era a nossa trilha sonora, Carlisle eu eu namorávamos ao som
dessa música. Ouvíamos essa música na noite em que Edward foi feito. - Oh Deus, eu
não queria saber dos detalhes.
– Por favor mãe, isso é nojento. Não me lembre que você e papai fazem sexo
ok? Prefiro pensar que viemos da cegonha. - Alice falou, nos fazendo rir.
– Ok. - Esme ficou vermelha.
– Essa música é bem fácil de tocar Esme. Só precisamos ensaiar para ver
como você se sai cantando.
– Boa sorte com isso Bella. - Alice falou.
– Hey, eu não sou tão ruim assim.... Bella, - Esme voltou seu olhar para mim.
- Que dia podemos... - Ela ficou paralisada olhando para mim, sem falar mais nada.
– Você está bem? - Perguntei preocupada. Ela sorriu.
– Vocês estão dormindo com a janela aberta?
– Não, por que? - Esme bateu com a cabeça?
– Porque o mesmo vampiro que pegou você, também pegou Edward. - Em?
Cada vez eu entendia menos.
– Seu pescoço. - Falou Rosalie.
– Tem um roxo. - Alice completou.
– Err... É... am... Foi...- Eu estava vermelha. Esme ria, acompanhada de Alice
e Rose.
– Tudo bem, não precisa explicar. Vocês dois não perdem tempo em...
– Por favor. Não vamos falar sobre isso. - Eu pedi.
– É melhor mudarmos de assunto, ela tá roxa mãe. - Alice falou.
– Ok. Vamos deixar os vampiros para lá então. Quando eu posso vir ensaiar?
– Terça e quinta na parte da tarde eu não tenho aula. Mas tenho compromisso
com Car... - Rosalie me cutucou antes que eu estragasse tudo. - Compromisso com
Carlinhos.
– Quem é Carlinhos? - Esme e Alice perguntaram. As vezes Alice era tão
lerda.
– Um amigo da faculdade. Vou ensiná-lo a surfar. De qualquer jeito eu posso
todos os dias a noite.
– Ok.. - Falou um pouco pensativa. - O que você acha de eu vir das 19:00 até
as 20:00?
– Tudo bem por mim.
– Certo. Ah isso é segredo. - Falou olhando para nós três. - Emmett e Jasper
entraram no quarto com os olhos vermelho e inchados.
– Emm, aconteceu alguma coisa? - Esme perguntou preocupada.
– Jasper o que vocês tem? - Alice também parecia preocupada.
– Nada. - Jasper respondeu com a voz embargada.
– Tem alguns ciscos nos meus olhos. - Emmett parecia segurar o choro. -
Rosalie levantou-se da cama e foi até ele. Ele a abraçou e escondeu o rosto em seus
cabelos. Aquela cena era quase engraçada, Emmett um monstro enorme, quase
chorando nos braços de Rose.
– Fala pra mim ursão. O que aconteceu? - Emmett não aguentou e começou a
chorar, seguido por Jasper, fazendo Alice correr até ele.
– É tão triste. Por que a vida é assim? Ele tinha que lembrá-la por que ela
esquecia. Ele a amava e ela nem lembrava disso. E no final eles morreram. - Eu cai
na gargalhada. Eu não podia acreditar naquilo. Emmett e Jasper estavam chorando
por causa de um filme? Eu não conseguia parar de rir. Enquanto isso Rose e Esme
consolavam Emmett e Alice consolava Jasper.
– Você é insensível. - Protestou Jasper apontando para mim. O que me fez rir
mais alto ainda.
– Desculpe. - Falei tentando parar de rir. - Desculpe mas isso é muito
engraçado. - Falei gargalhando de novo.
– Não vejo motivo de graça. - Emmett reclamou.
– Olha o tamanho de vocês dois. Você é enorme Emmett, e está chorando por
causa de um filme? Nem nos meus sonhos mais insanos eu poderia imaginar isso... E
além de tudo, eu contei para vocês dois o final.
– Eu não acreditei. - Ele respondeu. - E mesmo assim é triste. Imagina que
você é aquele cara, e Edward é a mulher. O que você faria se ele esquecesse a história
de vocês dois? Se você tivesse que lembrá-lo todo dia? Porque você continuava
sabendo todos os dias que o amava, mas ele simplesmente esquecia. - O sorriso que
estava no meu rosto desapareceu.
– Além de tudo você bebeu? Edward e eu não temos história nenhuma. Eu não
o amo ele não me ama e eu nunca vou precisar lembrá-lo de coisas desse tipo.
– Tem certeza? - Jasper perguntou.
– Nunca tive tanta certeza em toda minha vida.
– Ah qual é cunhadinha. Tá na cara de vocês dois que vocês se amam.
– Emmett e Jasper, eu adoraria espalhar para as pessoas da faculdade, que os
dois bebês choram com filmes românticos. - Eles ficaram sérios e secaram as
lágrimas que ainda rolavam.
– Você não faria isso. - Emmett falou.
– Paga pra ver? - Perguntei desafiando-os.
– Ela ta falando sério cara. - Jasper falou.
– Vou ficar quieta, se vocês pararem de implicar comigo e Edward. Ah, e
claro, se vocês esquecerem a cena de hoje mais cedo.
– Que cena? - Esme perguntou.
– Nenhuma. - Os dois responderam juntos. Sorri satisfeita, sabia que eles não
abririam a boca tão cedo.
– Que cena em? - Esme olhou para Rosalie e Alice, mas as duas deram de
ombro. - Ninguém vai me falar nada?
– Esme, que tal começarmos com o ensaio hoje? Carlisle merece uma coisa
digna. Quanto mais ensaio melhor.
– Você acha? - As vezes eu sabia distrair as pessoas.
– Claro. Emmett, você pode me passar o violão? - Ele fungou mais algumas
vezes e pegou o violão para mim.
– Você é muito chantagista para o seu tamanho. - Eu o olhei o ameaçando.
– Disse alguma coisa Emmett? - Ele coçou a cabeça.
– Queria saber se por um acaso você gostaria de tomar uma pepsi. - Era tão
bom ter ele e Jasper nas minhas mãos.
– Pode ser. - Respondi segurando o riso.
E assim meu domingo foi embora. Esme ficou lá em casa até as 10 da noite.
Ela não era uma das pessoas mais afinadas que eu conhecia, mas com um pouco de
ensaio a música sairia bem. Rosalie e Alice permaneceram no quarto conosco. Em
quanto Jasper e Emmett foram jogar vídeo game, eles olhavam envergonhados para
mim. E toda vez que eu os encarava eu sentia vontade de rir.
Minha segunda-feira não foi uma das melhores, quando estava indo com Alice
para faculdade, tive que relatar minha madrugada com Edward. Alice fazia uma
perguntas descabidas que eu não responderia nem para mim em voz alta. Aquela
baixinha era uma pessoa muito pervertida, eu me perguntava o que ela fazia com
Jasper. O coitado com certeza não tinha sossego.
Depois do interrogatório de Alice, tive que encarar Alec. Ele sismava em me
chamar de Cullen, e isso me deixava profundamente irritada. Ele conseguiu ver
Edward e eu nos pegando enquanto ainda estava tocando. E disse que eu deveria
agradecê-lo por ele ter puxado aquela música. Eu o olhei de canto e lhe mostrei meu
dedo do meio.
Elizabeth veio me visitar no intervalo, e eu tive que relatar tudo de novo para
ela. Ela era tão pervertida ou mais que Alice. Eu só precisava de um buraco para me
esconder dentro. O que interessava ela saber as posições as vezes e as palavras
incoerentes que saiam de nossas bocas? Alec gargalhava das perguntas dela, enquanto
eu ficava vermelha e me esquivava de todas.
Bom, pelo menos os dois ficaram amigo, eles até faziam piadinhas sobre meu
pescoço roxo.
Acabamos formado um grupinho, Elizabeth combinou de nos encontrar no
intervalo todos os dias.
Quando eu pensei que a segunda-feira não podia ficar pior, Mary vaca me fez
explicar uma parte do livro para todos da sala.
Quando as aulas chegaram ao fim, eu quase sai correndo, tudo que eu queria
era chegar em casa, antes que algo pior acontecesse.
Rosalie estava me esperando. Ela finalmente decidiu se matricular em
psicologia e começaria no próximo dia. Fomos até o Mc Donalds encher a pança para
comemorar, Alice também foi junto. Acho que estávamos tendo o resto do dia das
garotas.
Encostei meu corpo na porta por alguns segundos, respirei fundo, duas ou seis
vezes e a abri.
Lá estava ele, parado com um sorriso torto olhando para mim. Eu me
perguntava como ele conseguia ficar cada dia mais bonito. Ele usava uma calça social
preta, com uma blusa social também preta, com um paletó azul por cima. Sua barba
estava por fazer e seus cabelos bagunçados como sempre. O cheiro de hortelã que
vinha dele, fazia meu corpo se animar. Ficamos parados nos encarando por algum
tempo.
– Oi. - Ele disse meio desnorteado.
– Oi. - Respondi abobalhada.
– Você está incrível...
– Obrigada. - Disse meio encabulada, olhando para minha roupa. - Foi um
presente de Alice. Menos o tênis. - Ele sorriu. - Você também está... muito bonito.
– Também foi um presente de Alice. Menos o tênis também. - Falou olhando
para o nike preto em seus pés. Então o assunto acabou e o silêncio pairou no ar.
Era meio constrangedor encará-lo quando em minha mente vinham cenas de
nossos momentos íntimos, e pela cara dele ele pensava a mesma coisa.
– É melhor irmos. - Falei.
– Claro, tem razão. - Falou sem se mexer. Eu precisava reagir, se não
ficaríamos ali a noite toda. Desviei meus olhos dos seus e fui até a sala pegar meu
violão. Já do lado de fora eu tranquei a porta enquanto Edward chamava o elevador.
O elevador só podia estar de sacanagem, já que demorou uns bons 5 minutos
até chegar.
– Primeiro as mulheres. - Edward falou me deixando passar em sua frente. Ele
pegou o caze da minha mão. - Deixa que eu levo isso.
O caminho até o térreo estava longe demais, Edward e eu estávamos perto
demais. Ele roçou sua mão na minha, me fazendo sentir aquele choque estranho. Eu
olhei para cima e respirei fundo, tentando controlar meus malditos hormônios.
Agradeci aos céus quando o elevador chegou no térreo, tudo que eu queria era
sair dali, mas a mão de Edward me puxou, me colando em seu corpo.
– Desculpe, mas eu não vou consegui aguentar a noite inteira sem isso. - Ele
me beijo, sem nenhum aviso prévio, ali mesmo com o elevador aberto. Minhas mãos
criaram vida própria e puxaram seu rosto para mais perto. Minha boca devorava a
dele, com vontade, como se a minha vida dependesse daquele beijo. Edward me
prensou em uma daquelas paredes e suas mãos fora para minhas pernas.
Já as minhas mãos foram para dentro do seu paletó e se livraram dele. Deus,
aquele homem me tirava completamente a razão.
– Senhor Cullen? - Alguém chamou. Me escondi atrás de Edward, me
perguntando qual era o meu problema.
– Sim? - Edward respondeu completamente rouco e sem ar.
– Desculpe atrapalhá-los, mas é que temos câmera no elevador, e bem... Não é
permitido sexo dentro dele, e pelo que pude ver, talvez as coisas terminariam é... - O
homem parecia tão constrangido quanto eu. - O senhor sabe... - Alguém me arruma
um buraco? Meu rosto vermelho ou talvez roxo, estava completamente escondido nas
costas de Edward.
– Compreendo, me desculpe senhor Harrison.
– Tenha uma boa noite senhor Cullen. E use o quarto, é muito mais
confortável.
– Ok. Obrigado pela dica. - Ouvi os passos do porteiro se afastarem, tomei
coragem e sai de trás de Edward.
– Por que isso só acontece conosco? - Perguntou um pouco chateado.
– Você vai me deixar maluca Edward, maluca... - Falei ainda sem fôlego.
Tratei logo de sair dali, antes que ele me dominasse de novo.
Demoramos uns 15 minutos até chegarmos a casa dos Cullens. Para minha
sorte, ou azar, Edward não voltou a me agarrar. Ele me contou como sua semana foi
corrida. A clínica veterinária ocupou totalmente seu tempo. Ele operou 4 cachorros 2
gatos e cuidou de um cachorro que foi atropelado. Era engraçado ouvi-lo falar sobre
seu trabalho, eu não o imaginava cuidado de animais.
Depois de ele ter me contado sua semana, eu fiz um breve resumo da minha, e
quando percebi já tínhamos chego.
Edward parou em frente a um portão enorme, que logo me fez lembrar nosso
modesto condomínio. Ele deu faróis altos para o portão e o mesmo começou a se
abrir.
Eu não conseguia ver muitos detalhes, já que estava de noite, mas o caminho
que o carro fazia era todo iluminado por um tipo de lampiões elétricos, pendurados
em mini postes. Mais à frente eu já conseguia avistar uma casa de dois andares
bastante iluminada. Passamos pela casa até chegar na parte de trás dela. Lá tinha um
gigantesco salão de festas.
A música alta, tomava conta do ambiente e pela quantidade de carros que lá
estavam, a festa parecia estar bombando. Edward procurava um lugar para estacionar,
enquanto eu babava por muitos daqueles carros.
–Uau... Quantas pessoas seus pais convidaram para essa festa?
– Acho que umas 300. - 300? Eu ia tocar para 300 pessoas? Aquilo não me
deixava animada.
– Não se preocupe, vai dar tudo certo. - Edward lia pensamentos? Ele
desligou o carro.
– Tomara. - Respondi. Ele tirou o cinto e veio para cima de mim. - Edward,
melhor não. - Falei enquanto ainda conseguia. - Quando começamos, não
conseguimos parar. - Ele se afastou uns 15 centímetros.
– Vai me dar o prazer de sua companhia essa noite? - Sussurrou perto de mim.
Como eu poderia negar, como ele falando daquele jeito?
– Vou. - Respondi olhando para aquela boca carnuda. Ele se aproximou mais.
– E depois da festa também? - Roçou seus lábios nos meus.
– Também. - Murmurei quase sem voz. E nossas bocas já estavam unidas de
novo.
– Você não faz ideia de como seu corpo me faz falta. - Falou entre os beijos.
Eu poderia dizer a mesma coisa se achasse minha voz. Eu arfei, e talvez por um
milagre ou coisa do tipo, eu consegui afastá-lo.
– Depois da festa. - Falei completamente sem ar. Ele abriu aquele sorriso torto
e saiu do carro, vindo abrir a porta para mim. Minhas pernas estavam fracas e se seus
braços fortes não me segurassem, certamente eu teria caído.
Assim que se certificou que eu não cairia mais, Edward pegou o caze e
trancou o carro.
Segurando o caze em uma mão e minhã mão em outra, partimos para o local
da festa.
Na entrada do salão de festas, tinha uma mulher e alguns fotógrafos.
– Bom noite. - Ela parecia ser simpática.
– Boa noite. - Falamos jutos.
– Sejam bem vindos, sintam-se a vontade. Estamos aqui para qualquer coisa. -
Eu estava em uma festa ou em um hotel?
– Obrigado. - Edward disse simpático.
– Que tal uma foto do casal? - Ela pediu. Casal? Que casal? Olhei para trás
para ver com que ela estava falando.
– Claro. Por que não? - Edward respondeu. Eramos nós o casal? Nós não
eramos casal porra nenhuma. Ia abrir minha boca para falar, mas Edward me
repreendeu com um olhar. E quando percebi já estávamos abraçados fazendo poses
para as fotos.
– Vocês formam um lindo casal. - Ela falou, assim que a sessão de fotos
acabou. Edward agradeceu e eu continuei muda. Pelo menos ela nos liberou para
entrar.
– Por que todos insistem que somos um casal? - Perguntei emburrada,
fazendo Edward rolar os olhos.
– – Bella, você sabe que isso não é verdade certo? - Eu assenti. - Então
relaxa e que se dane os outros. - É talvez ele tivesse razão.
O caminho até o salão, era todo iluminado com os mesmos lampiões da
entrada. O salão de festas era feito de algum tipo de madeira, e suas paredes eram
todas de vidro. Grandes refletores no chão estavam virados em direção ao lugar, o
que o deixava com um efeito incrível.
– Me responde uma coisa. - Edward tirou minha concentração. - Qual
desculpa para você trazer o violão?
– Seu pai disse a Esme que Emmett me ofereceu para tocar. Isso resolveu o
problema dos dois lados. - Edward sorriu.
– Meu velho é bem inteligente. - Carlisle e Esme, esperavam os convidados
na porta do lugar. Assim que nos viram abriram um sorriso.
– Você pode largar minha mão? - Murmurei para Edward.
– Não. - Ele respondeu. Não pude falar mais nada, já estávamos cara a cara
com eles.
– Oi garotos. - Esme olhou para nossas mãos entrelaçadas e sorriu mais ainda.
– Esme, esse lugar é incrível. - Falei, largando minha mão da de Edward e a
abraçando.
– Obrigada. - Ela respondeu. - Vai dar tudo certo não vai? - Ela cochichou em
meu ouvido enquanto estava abraçada a mim.
– Claro que vai. Tente relaxar ok? Esta tudo sobre controle.
– Ok. - Falou se soltando de mim.
– Hey garota. Você está linda. - Carlisle me abraçou.
– Parabéns Doutor Carlisle. Quero que você seja muito feliz todos os dias da
sua vida. Você é uma das pessoas mais magníficas que eu conheço. Quero que saiba
que pode contar comigo a qualquer hora. - Ele me apertou.
– Obrigado Bella, você é uma pessoa maravilhosa. Nunca pense ao contrário.
- Dei um beijo em seu rosto e me soltei do abraço. - Eu tenho você como uma filha
Bella, e qualquer pai fica feliz em ver seus filhos felizes.
– Eu sinto que estou progredindo. - Falei fazendo-o abrir um enorme sorriso.
–Eu sei que está. - Esme sorriu satisfeita e Edward pareceu não entender nada.
– Edward Cullen, você está com ciúmes? - Fiz cara de incrédula. Carlisle
gargalhou.
– Não se preocupe filho, você sempre vai ser nosso bebezão. - Carlisle o
abraçou e beijou. Bebezão? Eu precisava fazer piada com aquilo.
– Ok. Eu divido meu pai com você. - Falou sorrindo para mim. - Mas só
porque é você. - Eu me aproximei dele e apartei suas bochechas.
- Obrigada bebezão. Isso é muito gentil da sua parte. Gutchi Gutchi. - Esme e
Carlisle riram.
– Você me paga. - Falou me lançando um olhar diabólico, aquele olhar que fazia
meu corpo sentir coisas e me tirava o ar.
-Mal posso esperar... - Murmurei sem desviar meus olhos dos dele.
– Acho que somos inocentes demais para ouvir esse tipo de conversa. - Carlisle
falou para Esme, nos deixando completamente sem graça. Esme ao perceber isso,
mudou de assunto.
– Que tal uma foto? - Perguntou empolgada, fazendo sinal com as mãos para
que o fotógrafo se aproximasse. - Ah não, mais fotos não.
– Ótima ideia. - Carlisle concordou, e mais uma seção de fotos começou.
Emmett, Rosalie, Alice e Jasper, logo apareceram por ali, cheguei a pensar que
ficaríamos o resto da noite sendo fotografados.
Depois de meia hora eu consegui me livrar das fotos e finalmente pude entrar no
salão de festas. O lugar era grande, e as luzes que vinham de fora o iluminavam. No
canto direito tinha uma enorme mesa de buffet, meu estômago rouco quando eu vi
aquilo.
Tinham muitas mesas, espalhadas pelo lugar, as toalhas das mesas eram azuis,
parecidas com a cor do paletó de Edward. Eu ri e o chamei de garçom, o fazendo
murmurar algo entendível.
Na frente tinha um mini palco, na parede atrás dele, tinha uma painel gigante
com duas fotos enormes, uma era Carlisle vestido de médico, sorrindo para uma
garotinha sentada em cima de sua mesa. Eu tinha quase certeza que conhecia aquela
garota. A outra era ele e Esme se divertindo na neve.
No palco estava um Dj, tocando músicas calmas, que chegavam a me dar sono.
Edward me acompanhou até no palco, onde eu tirei meu violão do caze e o
coloquei no pedestal, ajustei o som e chequei se o violão não tinha desafinado.
Depois disso nos juntamos aos Cullens, que tinham conseguido uma mesa bem em
frente ao palco. Emmett inventou de brindar, só que dessa vez era com whisky.
Brindamos quatro vezes. Uma Carlisle, outra a Esme, outra aos dois e por último
brindamos a festa, que segundo eles prometia. De qualquer forma, quatro doses de
whisky me deixaram animada, não só eu, mas todos os outros. Jasper começou a
analisar a roupa das pessoas, e seus comentários nos faziam rir como idiotas.
– Detona lá Bella. E volta logo pra gente toma mais umas. - Alice fez um
chifrinho com as mãos. Seus olhos já brilhavam demais.
– Mostra pra eles quem você é Bella. - Emmett falou empolgado e um tanto alto
demais.
– Bella is roooooock. Uhuullll.... - Rosalie gritou. Oh my god ela estava
bêbada.
– Boa sorte. - Edward inclinou seu rosto para que ficasse bem perto do meu.
Ele sorriu torto e quando percebi minha boca já estava na dele.
– Boa noite a todos. - O que eu falo agora? Meu cérebro se perguntava. - É...
Eu sou Bella a propósito. - Falei fazendo algumas pessoas rirem. - Bom isso não
impota agora. - Murmurei arrancando mais risadas. Respira e se concentra Bella. - O
que realmente importa é que estamos hoje aqui reunidos para celebrar o aniversário
de Carlisle.
– MEU PAI... - Alice levantou-se da cadeira e berrou empolgado, saltitando e
batendo as mãos...
– É... O pai de Alice, Emmett e Edward. Acho que eles já sabem disso Alice... -
Falei coçando a cabeça.
– Eu conheço Carlisle a pouco tempo, 3 semanas para ser mais exata. - Dei
uma pausa para organizar meus pensamento. - Eu não sou uma das pessoas mais
cordeadas do mundo, na verdade essa tal de gravidade provavelmente me odeia...
Quando desembarquei nos Estados Unidos e sai do aeroporto tentando achar Alice,
Edward acabou me atropelando...Acho que aqui é uma maneira de dizer “Hey, seja
bem vinda.” - As pessoas começaram a rir. - Acabei desmaiando e acordei no
hospital.
Alice logo apareceu abraçada com um homem alto, loiro e de olhos azuis, que
mais parecia ter saído de algum comercial de TV. Esse homem era Carlisle e ele
estava lá para me examinar. Carlisle não trabalhava naquele hospital, ele não tinha
nenhum compromisso com aquele hospital. Na verdade ele estava de férias. Ele nem
me conhecia... Não tinha nenhuma obrigação de ter ido até o hospital, outro médico
podia ter me atendido e constatado que eu precisava de aulas sobre o trânsito. - Pude
ver Carlisle rindo. Olhei diretamente para ele. - Mas você se importou, você me
ajudou, não foi só com o corte em minha testa, você sabe disso. Depois do meu
desastre no trânsito, nada melhor que uma gripe bem forte, para me deixar de cama
certo? - Agora foi a vez de Edward rir. - E lá estava você de novo. Você me medicou
e foi me ver todos os dias. Mesmo Emmett e Jasper falando que eu estava com gripe
suína. Mas você não teve medo. Você e sua fiel enfermeira Alice. De qualquer jeito,
eu ferrei com suas férias... Fiquei sabendo que você combinou com Esme de passar as
próximas férias bem longe de mim. - As pessoas riram.
– Eu me sinto lisonjeada de ter conhecido você, de ter tido a testa remendada
por você. Me sinto lisonjeada por você ter entrado na minha vida. Eu tenho orgulho
de você, orgulho de conhecer você, de falar com você. Assim como eu tenho certeza
que seus filhos também se orgulham. Seus olhos transmitem uma sinceridade
inquestionável. Você é uma pessoa do bem, está sempre disposto a ajudar, a melhorar,
a estender a mão. Você sabe exatamente o que significa ser humano... Conheço
poucas pessoas assim.
Parabéns Carlisle, obrigada pela confiança, e pelas palavras sábias. Eu sou sua
fã e tenho certeza que todos os seus amigos e familiares também são, você é um
exemplo de pessoa. - O salão ficou no mais puro silêncio. Carlisle veio andando ao
meu encontro. Alguém puxou uma salva de palmas, desencadeando todo o resto, logo
em seguida alguém puxou o parabéns.
– Que tal um abraço? - Carlisle falou já do meu lado. Eu tirei o violão e o
encarei.
– Você está chorando? - Ele sorriu com os olhos brilhando pelas lágrimas.
– Você se importa?
– Não sei, mas eu me importo. - Ele me puxou para outro abraço, um abraço
quase esmagador. Ele beijou o topo da minha cabeça e em seguida me tirou do chão. -
Edward me coloca no chão, as pessoas estão olhando.
– E quem liga? O que você acha de girar? - Ele só podia estar de brincadeira.
– Eu nunca vou deixar você cair Bella. - Falou me segurando mais forte. Não
demorou para ele ficar tonto e parar com a brincadeira. Assim que ele me botou no
chão eu o encarei séria.
– Isso vai ter volta. - Não consegui conter o riso e acabamos rindo juntos.
– Essa é minha família. - Carlisle falou orgulhoso, olhando para nós dois, nos
trazendo de volta realidade, mas pela primeira vez eu não me senti encabulada
envergonhada ou coisa assim.
As pessoas nos olhavam sem entender muita coisa, e isso tornava as coisas
engraçadas.
A família de Carlisle voltou para seu lugar e assim progredimos com a
homenagem, eu recoloquei o violão e voltei para meu lugar. Carlisle ajeitou seu
microfone do meu lado.
– Obrigada pelas palavras Bella, você é uma garota incrível. Tenho você
como minha caçula, já que chegou por último. Eu que me sinto orgulhoso de ter você
nas nossas vidas, na vida dos meus filhos. A felicidade está voltando para nossa
família, e foi você que a trouxe de volta. - Eu sorri para ele sem saber o que dizer. -
Ok. Vamos prosseguir com as coisas, porque eu estou com fome. - Carlisle falou
arrancando risas.
– Eu estou com muita fome também. Meu estômago resmunga toda vez que eu
penso em comida. - Falei arrancando mais risadas.
– Ela é magra de ruim... - Ele falou apontando para mim. - Vamos logo com
isso então...
16 de Julho... Essa é uma data importante para mim. E não é uma data
importante por ser meu aniversário, não, longe disso.
Não é importante porque o Apolo 11 foi lançado no espaço, nem porque
aconteceu a primeira explosão atômica. - Carlisle olhou para mim. - E nem porque o
Brasil perdeu a copa do mundo pro Uruguai com o maracanã lotado.
– Isso foi trágico cara. Poderíamos ser Hexa. - As pessoas riram.
Esme se derretia enquanto Carlisle cantava, ele não desviava os olhos dela por
um segundo sequer. Era estranho, mas eu entendia a profundidade daquele
sentimento.
Tive que ajudar Carliale nas partes altas, já que ele não alcançava os tons.
Rosalie Alice também estavam chorando e eu era capaz de apostar que Emmett e
Jasper faziam o mesmo. Edward estava abraçado a mãe, secando suas lágrimas.
Assim que a música acabou Esme quase correu na direção de Carlisle, ela
priticamente se jogou em seus braços e o beijou fervorosamente. Eu me sentia a
maior vela do mundo ali bem no lado dos dois. Alguém começou a aplaudir e logo
todos aplaudiam. Assim que eles se largaram os aplausos sessaram. Meu estômago na
parava de resmungar com fome, eu precisava apressar as coisa.
– Eu acho que isso foi muito romântico. - Falei com um pouco de incerteza,
coçando a cabeça. As pessoas riram. - Esme você gostaria de falar alguma coisa? -
Faltava a homenagem dela. Ela caminhou até o microfone ao meu lado e secou umas
lágrimas que ainda caiam.
– Acho que você falou tudo sobre Carlisle ainda a pouco. Eu amo você
Carlisle! Eu agradeço a Deus todos os dias por ter te posto na minha vida. Por você
ser o pai dos meus filhos. Por ser essa pessoa boa, essa pessoa humana, como Bella
disse. Quando resolvemos nos casar, eu lembro que muitos nos chamaram de loucos,
por casar tão cedo. Eu não tive dúvida em nenhum momento, eu teria me casado com
você no mesmo dia que eu te conheci. Eu sempre soube que era pra sempre. - Esme
falou ainda emocionada. - Eu queria fazer uma homenagem para você hoje. Você teve
a mesma ideia. - Ela olhou para mim. - E a mesma cúmplice. - Eu sorri. - Lembra da
música que tocava sempre que estávamos namorando no carro? - Ela levantou o
polegar para mim, isso significava que eu podia começar e foi o que eu fiz.
http://www.youtube.com/watch?v=6TfVJBOju10
Esme conseguiu cantar até o refrão da música, depois disso Carlisle a agarrou e
eu tive que continuar sozinha.
– Porque você vai cantar comigo. - Não deixei nem ela pensar sobre o assunto
e já comecei.
http://www.youtube.com/watch?v=OdEDjHcVjfU&feature=related
Here's
A little song
I wrote
You might want
To sing it
Note for note
Don't worry
Be happy
Cantei a primeira estrofe e fiz sinal para que Rosalie continuasse. Ela pareceu
entender o ritmo.
In every life
We have some trouble
But when you worry
You make it double
Don't worry, be happy
Ela começou um pouco tímida, mas aos poucos foi se soltando. Eu cuidava dos
Ooo e lá, lá lás..
Oo, ooo
Lá, lá, lá
Oo, ooo
Lá, lá, lá
Don't worry
Pra não
Se estressar
Be happy
Pra se alegrar
Relax
Que tudo
Fica diferente
Oo, ooo
Lá, lá, lá
Olha a gentileza
Olha a gentileza
Oo, ooo
Lá, lá, lá
Simbora
Don't worry
Oo, ooo
Lá, lá, lá
Oo, ooo
Lá, lá, lá
Deixa pra lá
Vem pra cá
O que é que tem?
Oo, ooo
Lá, lá, lá
Oo, ooo
Lá, lá, lá
– É isso ai. Eu sou o empresário dela. Se vocês querem rock, Bella Swan is
rock. Interessados me procurem.
– Vocês não tem noção do quanto que essa garota come. - Carlisle falou rindo. -
Bella, por favor, quero que você faça as honras. - Falou apontando para a comida.
– Jully Cullen, prazer. Já ouvi muito falar de você. - Jully Cullen? Jully? A
garota do telefone? A garota de Edward? Era ela? Ela era um nisco de gente, seus
olhos extremamente verdes e seus cabelos eram meio acobreados, parecidos com os
de Edward. Seria ela prima de Edward?
Estendi a mão para ela, tentando organizar meus pensamentos.
– Tudo bem? - Ela perguntou, provavelmente notando minha cara de confusão.
–Tudo. Só pensei que você fosse uns 20 anos mais velha. - Agora era ela quem
parecia não entender. - Esquece isso. - Ela sorriu, mostrando uma janelinha na frente.
Pera ai, eu conhecia aquela garotinha e não era só da foto com Carlisle. Era ela, a
alucinação que eu tive quando estava doente, era a mesma garotinha.
– Por um acaso você já foi lá em casa?
– Já, quando você estava doente. Eu não consegui te ver direito.
– Eu lembro de você. - Ela sorriu e sentou-se ao meu lado.
– Você é tão linda.- Eu sorri.
– Você também é linda e muito simpática. Quantos anos você tem?
– 4, vou fazer 5. - Ela e Bernardo tinham quase a mesma idade.
– Eu tenho um irmão da sua idade sabia?
– E como é o nome dele? - Perguntou Curiosa.
– Bernardo.
– Ele mora na Brasil? - Ela falava corretamente. Seu inglês era perfeito, talvez
melhor que o meu.
– Mora. - Respondi.
– Ele fala inglês? - Perguntou.
– Está aprendendo.
– É difícil falar português?
– Não. Pelo menos eu acho que não.
– Você sabe falar mais alguma língua? - Ri com a quantidade de perguntas da
garota.
– Não. Só Inglês e Português. Você faz muitas perguntas sabia? - Ela sorriu.
– Edward diz a mesma coisa.
– Diz é? Ele também me faz muitas perguntas.
– Ele vive falando de você. - Em um gesto impensado eu a puxei e a sentei no
meu colo.
– Espero que ele fale bem. - Ela encostou a cabeça no meu peito.
– Você precisa ver a cara de bobo que ele faz. Ele me disse que você é a
garota mais linda e legal que ele conhece. Vocês são namorados? - A pergunta dela
me pegou de surpresa.
– Não. Somos bons amigos. - Bota bons nisso.
– Meus pais e meus tios dizem que vocês são namorados.
– Eu conheço seus pais e seus tios?
– Conhece. Carlisle e Esme. Tio Emm e tia Rose. Dinda Ali e dindo Jasper. -
Oh my god... Carlisle e Esme tinham mais uma filha? Por que ninguém me disse
isso? Por que eles se esquivaram quando eu perguntei quem era Jully? E por que ela
chamava os irmãos de Tios?
– Eu não sabia que Carlisle e Esme tinham uma pequena. - Falei passando a
mão em seus cabelos. Ela ficou em silêncio por um tempo.
– Eles não são meus pais de verdade... Eles não me encomendaram com a
cegonha. Ainda não entendo direito isso, mas são eles que cuidam de mim. - Ela era
adotada? Que criatura em sã consciência daria aquele anjinho para a adoção?
– Eles podem não ter encomendado você. Mas eles são seus pais de verdade,
nunca pense ao contrário, tenho certeza que eles te amam do mesmo jeito que amam
Emmett, Alice e Edward.
– Você acha? - Ela perguntou incerta.
– Tenho certeza.
– Eu também amo muito eles. Amo Edward também. - Eu sorri.
– Posso apostar que ama. - Ela se ajeitou melhor em meu colo.
– Um dia você me ensina a tocar violão? - Ela resolveu mudar de assunto.
– Ensino.
– Você toca muito bem. - Minha mão passeava pelo seu cabelo.
– Obrigada.
– Seu violão é muito bonito. Quer dar ele pra mim? - Sorri.
– Eu não posso dar aquele ali, porque ganhei de uma pessoa muito especial.
Mas posso comprar um pra você.
– De quem você ganhou? - Ela quis saber.
– Jane. Ela era minha prima.
– Ela também mora no Brasil? - A garotinha era uma máquina de fazer
perguntas.
– Na verdade agora ela mora no céu.
– Ela morreu? - Ela parecia surpresa.
– Morreu.
– Minha outra mãe também mora no céu. Será que ela conhece sua prima? -
Ela conhecia a mãe biológica? O que tinha de errado com a história daquela garota?
– Quem era sua outra mãe?
– Ai está você. - Edward apareceu acabando com nossa conversa. Jully sorriu
para ele.
– Hey Edward, Bella é mesmo muito linda, muito mais do que eu lembrava.
Sabia que ela vai me ensinar a tocar violão? - Ele olhou preocupado para mim, mas
sorriu assim que me viu sorrindo.
– É mesmo? - Perguntou se aproximando de nós.
– É. Ela tem um irmão chamado Bernardo, ele tem a minha idade e está
aprendendo a falar inglês. - Edward achou graça.
– Parece que você conseguiu arrancar mais coisas dela do que eu. - Eu ri.
– Ela é uma máquina de fazer perguntas.
– Será que tem um lugar ai pra mim? - Edward perguntou.
- Claro, deita aqui no lado da Bella. - Jully falou, não me deixando muitas
opções. Foi isso que Edward fez, deitou-se ao meu lado, com Jully deitada em cima
de mim. Ela estendeu a mãozinha para que ele segurasse. Quando eu percebi estava
sorrindo.
– Bella, você quer namorar com Edward? - Eu gargalhei e Edward ficou
constrangido.
– Não, eu não quero. - Ela pegou minha mão e juntou com a dele.
– Por quê? - Eu tinha muitas respostas para isso, mas nenhuma que eu pudesse
explicar para ela.
– Porque não.
– Dinda Ali diz que porque não, não é resposta. - Eu olhei para Edward
pedindo ajuda, mas ele fez não entender.
– Ok. Eu vou pensar em um motivo depois eu te digo.
– Você pode pensar sobre ser namorada dele também. - Edward sorriu, e
entrelaçou nossos dedos.
– Ok. - Foi tudo que respondi. Conversamos sobre várias coisas, na verdade
tive que prometer ensiná-la a falar português, e levá-la para conhecer o Brasil. Ela
também pediu que eu convencesse Edward a levá-la a Disney. Me fez relatar como
era o Brasil, como era Bernardo, meu pai e minha mãe. Me perguntou como se falava
várias palavras em português. Me perguntou se eu sabia nadar, e quando eu falei que
sabia surfar ela ficou extremamente empolgada, e me pediu para ensiná-la isso
também. Edward aproveitava algumas respostas para emendar mais perguntas. Eles
deram risadas de mim quando falei que não entendia nada sobre futebol americano e
hóquei no gelo. Jully pediu a Edward que me levasse em algum jogo e ele prometeu
fazer isso.
As vezes eu pegava Edward olhando para nós duas de um jeito estranho, seus
olhos brilhavam mais do que de costume, e ele escondia um sorrisinho bobo quando
nos encarava.
Não sei em que ponto da conversa Jully dormiu, só sei que acabei dormindo
também. Só que alguns clarões começaram a bater nos meus olhos, acordei assustada,
dando de cara com dois fotógrafos quase em cima de nós.
– Mas que porra é essa? - Perguntei brava e assustada. Edward que parecia
estar dormindo também acordou.
– O que vocês estão fazendo? - Ele meio que berrou, acordado sua irmã.
– Acho que estão nos fotografando. - Ela murmurou em meio a um bocejo.
– Já chega. - Aquela voz só podia ser de Alice. Pelo menos ela fez com que eles
parassem. Olhei para trás acompanhando Edward. Alice, Carlisle e Esme estavam lá,
nos olhando com a mesma cara, que Edward olhava Jully e eu. Qual era o problema
afinal?
– O que foi? - Perguntei confusa e ainda irritada. Esme estava chorando? Eles
aos poucos foram se aproximando. Carlisle ajoelhou ao nosso lado, sua mão acariciou
os cabelos de Jully.
– Vejo que finalmente se conheceram. - Falou ternamente.
– É. Bella é muito, muito mais legal. E é a garota mais linda que eu conheço. -
Ela falou com a voz sonolenta. Carlisle sorriu.
– Você está exagerando. - Falei para ela. Ela levantou a cabeça procurando me
olhar.
– Não estou não. - Ela me olhou um tempo sem dizer nada e de repente sorriu.
–O que foi? - Perguntei.
– Eu gosto da cor dos seus olhos, são como os de Edward e como os meus
também.
– É, são bastante parecidos. - Era impossível não sorrir para ela.
– Acho que está na hora de dormir mocinha. - Carlisle falou.
– Ah papai, nós estávamos conversando. - Ela protestou.
–Hum... Acho que vocês estavam dormindo. Os três.
– Tenho que concordar com seu pai. Estávamos quase roncando. - Ela riu. -
Melhor você dormir, já está tarde. - Ela sentou-se para que pudesse olhar diretamente
para mim.
–Você vai dormir aqui?
–Hum... Não. Vou dormir em casa.
–Dorme aqui. Nós temos muitos quartos vagos, e se você quiser, você pode
dormir no quarto de Edward. - Todos começaram a rir.
– Eu não trouxe pijamas e... - Ela não me deixou falar.
– Mamãe pode te emprestar um. Você empresta né mamãe? - Pediu olhando
para Esme, que ainda enxugava as lágrimas. Será que ela ainda estava emocionada
com a homenagem?
–Claro querida. - Esme esboçou um sorriso.
– Tá vendo. - Falou me olhando com cara de cachorro que caiu da mudança. -
Por favor. Por favor. - Seus olhos verdes brilhavam, e aquilo acabava com qualquer
defesa. - Por favor?
– Ok, ok. Eu durmo. - Ela abriu um sorriso de orelha a orelha e me abraçou.
– Obrigada, obrigada. Amanhã nós vamos nadar, tocar violão, falar português.
Nós podemos ir a praia também, você pode me ensinar a surfar... Edward nós
podemos levar Bella em um jogo de hóquei e depois nós podemos comer cachorro
quente. - Jully falava sem respirar, idêntico a Alice.
– Jully, assim você assusta Bella. - Edward falou carinhosamente com ela. Ela
olhou para mim preocupada.
– Eu assusto você? - Eu sorri com a preocupação dela.
- Não vejo jeito disso acontecer. - Ela sorriu torto, igualzinho a Edward.
– Agora que está tudo combinado, já podemos ir? - Carlisle perguntou a ela.
– Ok. Por que todos estão olhado? - Ela murmurou a pergunta para Carlisle.
– Essa é uma boa pergunta. - Eu também murmurei. Por que diabos eles
olhavam daquele jeito para nós?
–Achamos bonitinho vocês três dormindo juntos. - Ela sorriu, e deitou-se de
novo no meu colo. Resolvi ajudar Carlisle. Me impulsione para levantar, só então
percebi que minha mão ainda estava unida com a de Edward, ele pareceu perceber
isso também. Ele sorriu torto para mim, e eu retribui o sorriso e me soltei dele. Os
Cullens continuavam nos olhando estranho e aquilo estava começando a me
incomodar, ajeitei Jully em meus braços e nos levantei. Ela passou os bracinhos em
volta do meu pescoço e me olhou com uma certa ternura.
Foi impossível não pensar em como ela seria. Teriam quase a mesma idade.
– O que foi? - Jully me perguntou.
– Você me lembra uma pessoa que eu nem cheguei a ver. Ela colocou a
mãozinha no meu rosto.
– Você é tão linda. - Eu sorri.
– Você é muito, muito mais linda. - Falei lhe enchendo de beijos, a fazendo
sorrir. - Agora é melhor você ir dormi. Parece que teremos um dia longo amanhã. Ela
beijou minha bochecha.
– Boa noite.
– Boa noite. Sonhe com os anjos. - Falei a entregando para Carlisle.
– Até amanhã. Ela disse.
– Até amanhã. Respondi.
– Pera ai. - Alice finalmente voltou a falar. - Você não vai fazê-la prometer que
vai ficar aqui? - Ela perguntou para Jully.
– Não precisa, eu sei que ela vai ficar. - Todos riram e Alice realmente parecia
incrédula. - Boa noite Edward, amo você. - Ela falando aquilo era tão fofo.
– Boa noite princesa. Também te amo. Durma bem. - Falou jogando um beijo
para ela.
– Já volto crianças. - Carlisle falou.
– Por que ninguém nunca me falou sobre ela?
– Edward pode lhe explicar isso. - Por que Edward? Carlisle deixou a resposta
no ar e se foi, acompanhado de Esme. olhei para Alice procurando por uma resposta.
– Vou acompanhar papai e colocar Jully para dormir. - Disse saindo dali.
Acabou sobrando Edward e eu.
– Então?. - Ele levantou-se e foi até onde eu estava. Suas mãos agarram minha
cintura, transmitindo aquele choque. Aquilo nublou meus pensamentos, ele encostou
sua testa na minha.
– Eu posso explicar isso para você, mas não agora. - Respondeu.
–Por que não agora? - Murmurei, nem sabendo mais o que eu queria saber.
– Porque agora tenho outros planos. - Murmurou. Passei meus braços em volta
do seu pescoço.
–E que planos seriam esses?
–Ficar com você. - Disse com a boca já encostada na minha.
– Isso me parece uma boa ideia... - Falei o beijando. O que esta acontecendo
com você? Minha consciência berrava, mas os beijos de Edward se livravam dela
facilmente.
– Hey casal... - Para variar alguém chegou na hora errada, e esse alguém
atendia pelo nome de Emmett. Parei de beijar Edward e encostei minha cabeça em
seu peito.
–Fala sério, vocês só podem combinar. - Edward protestou, fazendo Emmett
rolar os olhos.
– Edward irmãozinho, deixa eu te dizer uma coisa. - Falou serio. - O mundo
não gira em torno de vocês dois. - Eu ri.
– O que você quer Emmett? - Perguntei. - Vim chamar vocês para se juntarem
ao resto dos mortais. - Não sei se aquilo me parecia uma boa ideia, ali fora estava tão
bom. Emmett pareceu perceber isso.
– Vamos lá Bella, afinal temos que comemorar.
– Comemorar? Já não estamos comemorando? - Emmett rolou os olhos de
novo.
– Comemorar sua contratação Bella. - Eu estava cada vez mais confusa.
–Que contratação? - Edward também parecia confuso.
– O pai de Rose, gostou do que viu e ouviu ainda pouco. Ele vai inaugurar um
hotel em Vegas. Abri do ano que vem, e adivinha quem vai tocar?
– Bella? - Edward perguntou?
– Bingo. - Eu? Hotel? Vegas?
– Oh my god... - Foi tudo que consegui dizer. Quando percebi já não estava
mais no chão, Edward tinha me levantado e girava.
– Isso é de mais... - Falou rindo.
– É, muito... Oh my god Vegass.. - Falei rindo, abraçada a Edward.
- Vegasss - Ele repitiu. - Vegass...
- Eu já entendi, parem de repetir Vegas. Edward coloca Bella no chão. -
Emmett pediu.
- Depois vocês dois comemoram particularmente, mas agora pode ser conosco?
Rosalie está tão eufórica quanto vocês dois.
- Ok. vamos lá então. - Falei ainda sem acreditar. Edward não me soltou.
- Emmett, 5 minutos e já estamos indo.
- Cara você está monopolizando. - Emmett reclamou. - 5 minutos ok? - Falou e
se foi nos deixando sozinhos.
Edward me abraçou, sem dizer nada, não entendi direito, mas retribui. Ele me
apertava como se a qualquer momento eu fosse fugir.
- Que foi? - Perguntei.
- Eu não quero que você vá embora. - Falou sem afrouxar o abraço.
– Eu não vou embora. Só vou ali dentro e você vai junto. - Ele riu e não disse
nada por algum tempo, só continuou abraçado a mim, e o pior de tudo é que eu
gostava daquilo.
Gostava de estar abraçada a ele, gostava da sensação de proteção que ele me
transmitia. Eu me sentia segura li, segura e confortável, como se nada pudesse me
atingir. Edward suspirou me trazendo de volta a terra.
- Acho q os 5 minutos já se foram, daqui a pouco Emmett volta. - Murmurei.
Ele me soltou, e me encarou.
- O que foi? - Perguntei.
- Obrigado. - Falou sorrindo torto.
- Por o que?
- Por ter vindo para os Estados Unidos. Por ter entrado na minha vida. Por estar
aqui. Estou feliz, por tudo isso ter acontecido. - Meu coração acelerou ouvindo
aquilo, e eu não tinha a mínima ideia do por que, assim como eu também não sabia o
motivo de estar sorrindo feito uma idiota.
- Também fico feliz de estar aqui, acho que essa foi a melhor ideia que já tive.
Me sinto bem melhor aqui. - Ele sorriu e eu o beijei.
- Eu não acredito que tive que voltar aqui. - Emmett parecia bravo. Dessa vez
eu consegui me largar de Edward caminhei em direção a Emmett, puxando Edward
pela mão.
- Estamos bem atrás de você Emmett. - Falei. Lá dentro a festa rolava solta. As
pessoas dançavam, gargalhavam e bebiam. As luzes estavam apagadas de novo, e
Rosalie e Jasper, estavam beem felizes. Assim que me viu, Rosalie veio correndo ao
meu encontro e pulou em cima de mim quase nos derrubando. Dei risada com a
empolgação dela.
- Vegass baby... - Ela estava bebaça...
- Isso não é incrível? - Perguntei empolgada.
- Vamos bater uma foto, você precisa me dar um autógrafo. - Falou em
português.
- Não seja absurda, eu não preciso te dar autógrafo.
- Eu sou sua fã cara, sempre quis um autógrafo seu. - Eu rolei os olhos.
- Rose, você não precisa de um autógrafo meu, nós somos amigas e nos
falamos praticamente todos os dias. - Ela abriu um gigantesco sorriso.
- Nós somos amigas.. Essa é a primeira vez que você diz isso. - Eu gargalhei.
- É isso que nós somo, não é?
- Claro que é. - Ela me abraçou de novo. - Eu sou sua fã amiga. Nossa isso é
demais. - Ela berrou. Eu não sabia o que era mais engraçado, a bebedeira de Rose ou
a cara de Jasper, Emmett e Edward, que não intendiam nada do que estávamos
falando.
- Heyyy fotografo - Rosalie gritou para o dito cujo que estava a meio metro de
nós. - Acho que ele é surdo. - Ela resmungou quando ele não olhou para ela.
- Rose, você tem que chamá-lo em inglês, acho que ele não entende português.
- Ela sorriu.
- Essa é uma boa ideia.
- Pelo amor de Deus. - Edward protestou. - Voltem a falar inglês...
- Ok. - Rose falou. - Heeeey fotografo. - Ela gritou de novo, só que dessa vez
em inglês, ele olhou instantaneamente. -Venha aqui, precisamos de umas fotos. -
Aquela com certeza era a noite das fotos e elas saíram de todos os tipos possíveis.
Depois de outra seção fotos, me juntei a eles, Esme, Carlisle e Alice, já tinha
voltado, eles pareciam extremamente felizes. Edward apareceu com outra garrafa de
whisky e ficamos ali bebendo e jogando conversa fora.
Lá pelas duas da manhã todos nós já estávamos bêbados, e os convidados já
tinham ido embora. Só sobrou os Cullens e eu. Carlisle e Esme também resolveram
se retirar.
Os outros resolveram que eu tinha que tocar violão para eles cantarem. Assim
fizemos, caminhei até o palco acompanhada de Emmett, a primeira música foi dele.
Ele cantou YMCA e dançou também, aquilo era muito hilário, aquele monte de
músculos rebolando daquele jeito, além de tudo ele era muito desafinado. Depois foi
a vez de Jasper, dando continuidade as musicas gays ele cantou its raining men, e se
ele e Alice não fossem tão apaixonados eu diria que ele nasceu para aquilo.
Alice e Rosalie foram as seguintes, e minha nossa senhora da periquita, elas
só cantaram Spice Girls, e o pior de tudo é que eu estava colaborando com aquilo.
Depois de cantarem umas seis músicas, se é que aquilo poderia ser chamado de
música, Rosalie pareceu se cansar.
- Agora é Edward - Ela falou.
- Vem aqui gostosão. - Alice o chamou. - Você não acha ele gostoso Bella? -
Ela perguntou. Eu o encarei e ele ergueu uma sobrancelha esperando pela resposta.
- Acho. - Falei, fazendo-o sorrir.
- Anda logo Edward, tira essa bunda da cadeira e vem aqui, você vai cantar
uma música para Bella. - Rosalie impôs.
- Vai? - Eu perguntei.
- Vai. - Alice respondeu. - Anda Edward. - Ela chamou de novo. Eu voltei a
encará-lo.
- Estou esperando. - Falei rindo. Ele levantou-se e veio, pegou o microfone das
mãos de Alice e voltou seu olhar para mim.
- O que quer que eu cante?
- Uma música para ela horas. - Rosalie falou.
- Ok. Eu começo e você me acompanha.
- Ok.
- Espera, espera. - Rosalie interferiu. - Eu vou fazer a abertura. - Céus,
estávamos todos bêbados.
- Vai lá. - Edward falou.
- De Edward para Bella, com muito amor e carinho. - Eu ri. - Pode começar
agora. Presta atenção Bella. - Ela falou.
Wise men say only fools rush in
Homens sábios dizem que só os tolos se apaixonam
Uau, ele estava cantando Elvis, para mim? E nossa aquele vozeirão faria até
minha vozinha sentir coisas.
But I can't help falling in love with you
Mas eu não consigo evitar de me apaixonar por você
Shall I stay would it be a sin
Eu deveria resistir? Seria um pecado
If I can't help falling in love with you
Se eu não consigo evitar de me apaixonar por você
Like a river flows surely to the sea
Como um rio que corre naturalmente para o mar
Darling so it goes some things are meant to be
Querida, desta mesma forma algumas coisas estão destinadas a acontecer
Take my hand take my whole life too
Tome minha mão, tome minha vida inteira também
For I can't help falling in love with you
Já que eu não consigo evitar de me apaixonar por você
Seu olhar não se desviou do meu por um segundo sequer, e mesmo que eu
tentasse eu não conseguia não encará-lo. Era algo mais forte que eu, mais forte que
tudo. A música que ele cantou me atordoou de um jeito que eu não conseguia
explicar, e meu coração, meu estúpido coração estava acelerado com aquilo tudo. Eu
me perguntava, eu berrava para mim, o que diabos estava acontecendo comigo. O
silêncio tomou conta do lugar, eu ainda estava paralisada tentando entender como
existia uma atração física tão forte, tão poderosa como aquela. Talvez fosse o whisky.
-Gostou? - Perguntou com os olhos ansiosos em busca de uma resposta.
Alguma parte irritante do meu ser, queria pular em seus braços e beijá-lo até faltar o
ar, arrancar suas roupas e fazer tudo ali mesmo. Mas a parte precavida me mandava
fugir o quanto antes, sair logo dali, ficar o mais distante possível de Edward. Foi isso
que eu fiz, tirei o violão, dei as costas para ele e fui para parte da piscina.
- Desculpe, preciso de um cigarro. - Murmurei antes de sair. Não sei por quanto
tempo fiquei por lá, deitada fumando, e pensando naquela coisa esquisita que eu
sentia quando estava muito perto de Edward. Consegui fumar metade da carteira de
cigarros e não cheguei a conclusão nenhuma.
Jully também me veio a cabeça, a garotinha era adorável e linda. Seus olhos
eram idênticos aos de Edward, e ela sorria torto igualzinho a ele. Se eles fossem
irmãos legítimos não se pareceriam tanto. A garota era adorável, ela conquistava
qualquer um só com um olhar. Era impossível negar algum pedido seu, aposto que ela
conseguia tudo o que queria. Isso me fez rir, e lembrar meus tempos de criança.
Quando eu queria uma coisa, fazia uma cara de cachorro que caiu da mudança que
convencia todo mundo, principalmente meu pai.
- Pensando na vida? - Edward me fez levar um susto tremendo.
- Pesando nos meus tempos de criança.
- Você era levada?
- Minha mãe diz que sim. Mas eu acho que era desastrada. Quebrei o braço
uma vez, quando Jacob, Jane e eu fizemos uma rampa para saltar de bicicleta. Outra
vez quebrei o pé direito quando Jane inventou que precisávamos aprender manobras
de skate. Queimei meu braço esquerdo com bom-bril quando tinha uns 6 anos, foi no
reveillon, eu queria imitar Jake a fazer faísca. - Olhei para o braço em procura da
cicatriz mas já não existia mais. - A cicatriz sumiu. - Ah, mas teve outra vez, que
estávamos brincando de esconder, e eu sai correndo atrás de Jake porque os
esconderijos dele eram sempre os melhores.
Ele pulou um muro com facilidade, e como eu era menor, não enxergava as
coisas muito altas, apoiei meu braço no muro para conseguir tomar impulso e pular,
só percebi que o muro era repleto de cacos de vidro quando meu braço já estava
enterrado em um. - Olha, esse eu ainda tenho a marca. - Falei mostrando meu
antebraço direito. Edward se aproximou e levou o rosto bem perto do meu braço, mas
não me tocou.
- Nossa, seu pai deve ter gasto uma fortuna com você no hospital. - Falou sério
me fazendo rir.
- É. Acho que sim. - Falei baixando o braço. - O pior é que só eu me
machucava, Jake e Jane não levavam nem um arranhão. - Edward riu.
- Você é desastrada desde criança, é um milagre não ter morrido.
- É. - Concordei e o assunto morreu. Edward sentou-se ao meu lado, só que no
chão.
- E por que você estava pensando sobre isso agora?
- Por que eu estava pensando em Jully. Ela deve conseguir tudo que quer com
aquela carinha de pidona e aqueles olhinhos verdes brilhantes. Eu fazia a mesma cara
de cão sem dono quando queria alguma coisa.. - Edward sorriu.
- É, é difícil negar algo a ela. Assim como é difícil negar algo a você. Vocês
são inegáveis.
- Por que você nunca me falou que ela era sua irmã?
- Pensou que ela fosse quem? Uma loira peituda? - Edward brincou.
- É... loira peituda, com roupas extremamente grudadas ao corpo, cara de vaca
e louca para dar. - Edward gargalhou.
- Que ideia você tem de mim.
- Foi você quem me passou isso.
- Eu não sou o monstro que você pinta. - Eu sorri. - De qual quer forma Jully
não é minha irmã.
-Pare de ser preconceituoso Edward. Só porque ela é adotada não significa que
não seja sua irmã. - Ele riu de alguma coisa que eu não entendi.
- Bella... - Ele murmurou e olhou para mim. - Eu quero contar para você a
história da Jully, quero contar tudo. Mas, não hoje. - Por que ele não desembuchava
tudo de uma vez?
- Quando então?
- Amanhã, no final do dia. Prometo que te conto tudo.
- Ok. - Sorri pensando no dia que viria, seria um longo dia. - Se Jully não
acabar comigo antes. - Edward também riu. - Teremos um longo dia. Que tal piscina
de tarde, depois vamos ao parque de diversões e por último cachorro quente?
- Me parece uma boa ideia. E de manhã? Ela dorme até muito tarde?
- Não, ela não. Mas de manha vamos estar ocupados.
- O que vamos fazer? - Perguntei o encarando sem entender. Mas quando vi sua
expressão, a ficha caiu.
- Você quer mesmo que eu te diga? - Perguntou levantando-se do chão.
- Não. - Respondi um pouco sem graça. Sem nenhum aviso ele me pegou no
colo.
- Ótimo - Falou.
- O que você esta fazendo? - Ele caminho em direção a piscina.
- Vamos nadar... - Meus olhos se arregalaram e eu tentei me livrar dele.
- Edward nããã - Eu já estava submersa. - O. - Terminei a palavra quando voltei
a superfície. - Seu maluco. - Falei muito brava. - Qual seu problema? Arrgg quer ficar
doente de novo quer? - Ele começou a rir da minha cara, me deixando mais furiosa.
Eu fui pra cima dele e comecei a socá-lo irada. Na terceira tentativa de soco ele
segurou meus braços.
- Não bate que eu gamo. - Murmurou perto do meu ouvido. Tentei me livrar
dos seus braços, mas ele me encostou em um dos cantos da piscina e começou a me
beijar. Eu ainda tentava me soltar, mas era impossível, ele era mais forte.
Resolvi ficar parada sem correspondê-lo. Ele beijava meu pescoço, mordia
meu queixo, e eu tentava pensar na tabuada de 9 para não correspondê-lo. Suas mão
apertavam com força minha cintura, me fazendo começar a tabuada de novo. Meu
corpo estava todo arrepiado eu não sabia se de frio ou por causa de Edward.
-Vamos lá Bella. Para de birra, deixe-se levar. - Ele murmurou no meu ouvido,
me fazendo fechar os olhos e as mãos para não agarrá-lo. Ele mordeu o lóbulo da
minha orelha me fazendo arfar. - Vamos Bella, não seja mau. Seu corpo é como um
combustível pro meu, e só você faz ele arder assim, só você faz ele queimar desse
jeito. - Oh God, aquele homem sussurrando aquelas palavras no meu ouvido, acabava
com toda minha resistência. Suspirei e minhas mãos agarraram com força seus
cabelos molhados, meus olhos continuaram fechados. Sua boca não demorou a
encontrar a minha, eram beijos quentes, sem pudor, sem vergonha e eu torcia para
ninguém atrapalhar aquele momento. Foi difícil livrar Edward daquela camisa, mas
não impossível. As mão habilidosas de Edward percorram minhas pernas, e foram
para debaixo do meu vestido me fazendo arfar em antecipação. Uma delas afastou
minha calcinha, abrindo espaço para seus dedos. Eles me invadiram me fazendo
gemer alto.
- Ah Bella, sempre tão pronta para mim... - Céus, eu acabaria morrendo,
morrendo de prazer.. Os dedos de Edward trabalhavam hora de vagar hora rápido, e
sua boca só desgrudava da minha para gemer palavras que me deixavam cada vez
mais louca.
Edward era o rei da tortura, quando ele percebia que eu estava quase
alcançando o ápice ele diminuía os movimentos. Me desvencilhei de seus beijos e o
encarei.
- Não me torture mais, eu não posso mais aguentar. - Ele sorriu torto e voltou a
me beijar. Seus movimentos aumentaram e eu sabia que ele não ia parar. Sentia meus
batimentos cardíacos cada vez mais rápido e minha alma abandou meu corpo.
Nenhum pensamento habitava mais ali. Deus, o que aquele homem fazia comigo?
Senti suas mãos me segurando forte, para que eu não afunda-se.
- Abre os olhos Bella. - Só então percebi que eles ainda estavam fechados. Eu
os abri e encontrei com os olhos dele, eles estavam tão escuros quanto da última vez,
eles exalavam toda a luxúria de Edward, e aquilo me excitava de todas as maneiras
possíveis.
- Eu quero você Edward. Quero sentir você em mim.. - Os olhos dele
pareceram escurecer ainda mais.
- Bella... eu estou tão... - Ele pareceu se esforçar para achar uma palavra. -
Duro.. que seria capaz de gozar só com suas palavras.. - Eu sorri sacana e me apoiei
nas minhas próprias pernas, sem ajuda de Edward. Minhas mãos desatacaram seu
sinto e abriram sua calça rapidamente. Uma de minhas mãos começou a acariciar seu
membro por cima da cueca e a outa puxou com força seus cabelos. Encostei minha
boca em seu ouvido.
- Então goza Edward. Goza para mim. Goza, eu quero ver você gozar. -
Murmurei em sua orelha, ele puxou o ar forte. Minha mão foi para dentro de sua
cueca e no primeiro movimento que ela fez, ele a puxou para fora e gemeu alto. Ele
estava gozando. Sorri satisfeita enquanto ele continha os gemidos beijando meu
pescoço.
Edward me abraçou forte, enquanto tentava controlar sua respiração. Minhas
mãos brincavam com seus cabelos.
-Você rouba todos os meus pensamentos. - Isso era bom, já que ele também
roubava os meus.
- Me parece justo, já que você faz a mesma coisa comigo.
- Eu não sei o que dizer. - Ele falou.
- Não pense que acabou. - Murmurei.
- Ainda nem começamos Bella. - Falou me beijando e atacando a calça. Assim
que fez isso ele me pegou no colo e começou a caminhar comigo.
- Aonde vamos?
- Ali dentro, preciso do meu paletó. - Falou subindo as escadas da piscina, sem
me soltar.
- Você tá com frio? - Ele riu.
- Não, claro que não. Mas meus preservativos estão lá dentro.
- Ah.. - Foi o que eu disse. O salão estava vazio, iluminado pelas luzes que
vinham de fora. O Paletó de Edward estava em cima da mesa que estávamos com
seus irmãos. Ele me sentou na mesa e ficou entre as minhas pernas.
– Se você quiser, não precisamos usar. - Claro, claro, já podia até imaginar
nós dois com uma penca de filhos.
– Quero que use, comecei a tomar anticoncepcional agora. Melhor não
arriscarmos.
– Ok. - Falou tirando dois pacotes de camisinha do paletó. Jesus, ali tinham
seis preservativos, ele queria me matar?
- Você sempre sai assim preparado? - Perguntei.
- Só quando eu saio com você. - Eu ri.
- Comigo e com a torcida do flamengo né? - Ele pareceu não entender.
- Quem é flamengo?
- Um time de futebol do Brasil, que tem a maior torcida. Qual a maior torcida
dos Estados Unidos?
- Dos Yankees, eu acho. - Ele parecia pensar.
- Então, comigo e com a torcida dos Yankees.
- Não. - Ele falou me beijando. - Só com você. Eu quero que se dane a torcida
dos Yankees, que se dane todas as torcidas do mundo, eu não me importo com elas,
só me importo com você. - Não pude falar nada, minha boca já estava muito ocupada.
Edward e eu passamos o resto da noite literalmente unidos. Depois de termos
feito loucuras no salão de festas, seguimos para o quarto. A parte mais engraçada,
divertida e perigosa da noite, foi quando entramos pelados dentro de casa, claro que
as roupas molhadas cobriam as partes estratégicas, e a casa estava um completo breu,
mas mesmo assim, se alguém nos pegasse seria muito, muito constrangedor. Por um
milagre divino isso não aconteceu. Acabei parando no quarto de Edward, as coisas
não saíram do jeito que planejei, e quando percebi já era dia. Não tive forças de me
arrastar até o "meu quarto", que eu não fazia a mínima ideia de onde ficava. De
qualquer forma, eu estava nocauteada, não conseguiria dar dois passos, a última coisa
que lembro é de Edward me puxar para seus braços.
~~*~~
Algum barulho chato e insistente me tirou do sono profundo, e aos poucos fui
abrindo os olhos. Eu e e Edward estávamos completamente abraçados, não pude
deixar de sorrir ao lembrar da madrugada.
O barulho insistente continuava, depois de algum tempo percebi que batiam
na porta do quarto. Lentamente levantei para atender, mas quando estava com a mão
na maçaneta, lembrei que estava completamente nua. Chamei Edward muitas vezes,
mas ele parecia estar em coma profundo, cocei a cabeça pensando no que fazer,
quando vi de relance o guarda-roupas. Eu sabia que era feio mexer nas coisas dos
outros, mas era uma emergência, já que o barulho insistente não sessava.
O guarda-roupas de Edward era cheio, como se ele morasse lá. Peguei uma
camiseta regata branca e um shorts amarelo de elástico. Céus eu parecia um cantora
de hip-hop. Antes de abrir a porta, cobri Edward, e escondi nossas roupas molhadas.
Me perguntei aonde era o incêndio aquelas horas da manhã, para baterem
tanto na porta. Não sabia que horas eram, mas sabia que era cedo. Abri a porta e
encontrei um pingo de gente com um sorriso enorme, e Esme que me parecia ter
chego ali naquele instante.
-Bom Diaa.. - Falou empolgada, abraçando as minhas pernas. Não pude deixar
de sorrir.
- Hey.. - Minha voz ainda não saia direito. Eu precisava me livrar daquela
preguiça, porque teríamos um longo dia.
Capítulo 19 – Revelações
– No quarto de Edward? - Por que ela tinha que perguntar sobre aquilo?
– Acho que quando Bella veio dormir ontem, as luzes estavam apagadas e ela
só acho esse quarto. - Esme falou me ajudando.
– É, foi isso.
– Por isso que você está com as roupas dele? - Ela era esperta.
– Vamos deixar Bella dormir amor. Ela esta cansada, e precisa descansar para
vocês brincarem depois. Bella me desculpe eu me distraí e ela correu para cá. - Os
olhos da garotinha se entristeceram. Quem conseguia resistir a ela?
– Tudo bem Esme, não vou mais dormir. - O sorriso dela voltou. - Eu só
preciso tomar um banho para espantar a preguiça e ir em casa pegar uma roupa.
– Não foi minha dinda. Papai, mamãe e eu, acordamos cedo e fomos as
compras...
– Vocês não precisavam ter feito isso. Mas, obrigada.
– Não tem de que. Papai está demorando com as sacolas, vou lá apresá-lo. -
Falou correndo pelo corredor, me deixando sozinha com Esme.
Esme era a única dos Cullens que ainda não tinha pego eu Edward nos
amassos, mas isso já não era necessário, eu no quarto dele e com as roupas dele já
diziam tudo.
– Bom dia Bella. - Carlisle falou. - Roupa maneira essa sua, com alguns
cordões e um boné, você vai ficar idêntica a um cantor de hip-hop.
– Não viaja papai, essas são as roupas de Edward. - Jully fez com que rissemos. -
Falando em Edward, ele ainda esta dormindo? - Ela quis saber.
– Ai dentro?
-É.
– Vocês dormiram juntos? - Céus, quanto tempo será que duraria a fase das
peguntas?
– Err... É, a cama é grande coube nós dois. - Carlisle me olhou com deboche.
– Nãoo. - Eu quase berrei.. - Não, não podemos. Ele está, é, está com, com
muita, muita dor de cabeça. Vamos deixá-lo dormir.
– Amor, vamos deixar Bella tomar banho, enquanto isso preparamos um café
da manhã para ela. - Esme falou rindo.
– Você me fez lembrar da minha mãe. Ela acha estranho comer bacon no café
da manhã.
– Acha?
Tomar banho nas casa de Edward era bom, porque eu podia usar seu shampoo.
Eu adorava o aroma daquele shampoo, ele era o cheiro de Edward. Como da última
vez, também o usei como sabonete. Quando desliguei o chuveiro percebi que não
fazia ideia de onde acharia uma toalha. Assim que abri o box para ir atrás de uma, dei
de cara com Edward, nu, com a maior cara de sono, e segurando uma toalha.
-Procurando por isso? - Perguntou sonolento. Estique meu braço para pegar a
toalha, mas ele me puxou, e beijou minha testa. Eu o abracei o molhando.
– Você sabe que horas fomos dormir?- Neguei com a cabeça. - 7:07 e agora são
10:30. Isso não dá nem 4 horas de sono.
– Mas comigo você dorme muito mais. - Falou convencido. E o pior é que era
verdade, ele me cansava de um jeito que nem pesadelos eu tinha.
Ele me encostou na parede gelada fazendo meu corpo arrepiar.
-Bom dia. - Murmurou beijando minha boca. - Toma banho comigo? - Falou
enquanto me beijava. Parei de beijá-lo enquanto ainda conseguia.
– Ela gostou mesmo de você. - Falou todo bobo. Aproveitei para pegar a toalha
de suas mãos.
– Eu não sei, se sei agir com crianças, meu irmão tem a mesma idade mas
nunca fomos muito próximos.
– Ok. Melhor eu descer antes que ela volte aqui e nos pegue pelados.
– Espere por mim, tomo banho rapidinho.
– Certo. - Ele voltou a me beijar. - Vai logo pro banho Edward. - Falei o
empurrando e rindo. Parecíamos dois pervertidos sedentos por sexo.
Edward saiu do banheiro vestido com a roupa que eu tinha usado, ele me
examinou de cima a baixo e me atacou, me derrubando na cama, consegui me livrar
dele o fazendo cócegas.
– Você não me pega. - Falei e sai correndo, ele vinha rápido atrás de mim,
mas eu era fera em descer escadas correndo e consegui chegar na cozinha primeiro.
– Nem vem. Eu ganhei porque sou mais rápida. Seu perdedor. - Carlisle, Esme
e Jully riam.
-Você pode me dizer como consegue fazer Edward correr? - Carlisle perguntou.
– Essa é uma boa pergunta. - Esme emendou.
– Acho que não queremos saber sobre isso. - Carlisle falou, me deixando sem
graça.
Jully correu em direção de Edward e pulou em seu colo. Ele sorriu e a encheu de
beijos, me peguei rindo daquele momento fofo. O café da manha estava caprichado,
tinha bacons, ovos, panquecas, weffles, bagel, e mais algumas gostosuras. Acho que
comi de tudo um pouco, Edward, Jully e Carlisle faziam piadinha de mim e diziam
que eu acabaria me tornando uma baleia. Carlisle disse que nem mulher grávida
comia assim, me fazendo o olhar de canto. Depois de satisfeita e de ter tomado um
banho de protetor solar, Edward, Jully e eu fomos para piscina. Quer dizer, Edward e
Jully foram para piscina, já eu deitei em uma daquelas espreguiçadeiras para pegar
um sol.
Jully me pedia de 5 em 5 minutos para entrar, assim como Edward. Depois de
um tempo eles cochicharam algo e pareceram desistir.
Aquele sol estava tão bom que talvez eu fosse capaz de dormir de novo, virei
de bruços tentando ficar mais confortável, o óculos foi uma boa ideia, livrava meus
olhos da claridade, fechei os olhos por uns minutos, mas voltei a abri-los quando
senti gostas caindo nas minhas costas. Olhei para cima e encontrei com Edward. Era
tarde para fugir, ele me pegou no colo, e segundos depois eu já estava dentro da
piscina.
Jully ria acompanhada de Edward, dessa vez não fiquei brava, mas resolvi
provocar Edward. O abracei por trás e encostei minha boca em sua orelha.
– Isso me faz lembrar a noite passada. Pena que não estamos sozinhos,
poderíamos repetir. - Murmurei o fazendo enrijecer, ri e fui para perto de Jully.
– O que ele tem? - Ela perguntou um pouco preocupada.
– Nada. Gostei dessa sua boia, como é o nome desse pato?
– Bill, pato Bill. - Falou beijando a cabeça do pato. Edward, chegou por trás
de mim e me abraçou, me fazendo sentir o quanto seu amigo estava animado. Ele não
tinha noção do perigo?
– Bill é um nome legal, você não acha Bella? - Perguntou para logo em
seguida beijar o meu pescoço. O que ele queria a final? Me deixar louca?
– Muito legal. - Falei suspirando. A garota riu.
– Tem certeza que vocês não são namorados? - Ela perguntou.
– Certeza absoluta. - Respondi.
– Parece que são? - Edward me apertou mais. – Parece? - Ele perguntou.
– Parece. Bella dormiu no seu quarto, na mesma cama que você, e vocês estão
abraçados e se olham com cara de bobos. - Disse rindo.
– Sei... E é isso que os namorados fazem? Se abraçam, dormem na mesma
cama e se olham feito bobos? - Perguntei para ela, a fazendo coçar a cabeça.
– Acho que é. Papai e mamãe fazem isso, eles também se beijam quando eu
faço que estou dormindo. - Não consegui conter a gargalhada.
– Jully, você faz que está dormindo, só para ver eles se beijarem? - Edward
parecia incrédulo, a garota fez cara de nojo.
– Uuuuiii, não. Eca, eca, é nojento. Faço que estou dormindo para eles me
carregarem para cama.
– Você é esperta. Sabe que eu também fazia isso.
– Vocês duas são um perigo. - Edward protestou nos fazendo rir. - Jully, você
não deve ficar espiando assim, é feio.
– É feio beijar na boca? - Ela perguntou. Eu ri, esperando a resposta de
Edward.
– Na sua idade é. Não é para você ver essas coisas e nem pensar sobre isso,
beijo na boca é coisa de adultos. - Ele lhe explicava calmamente.
– Eu nunca vi você beijando ninguém. - Ela parecia pensar. - Você já beijou? -
Tranquei o riso.
– Já.
– E foi nojento?
– Não. Foi maravilhoso, foi como se o mundo e as pessoas, tivessem deixado
de existir. Só restando aquele momento. - Ele respondia a pergunta de Jully olhando
para mim. - Foi como se ela tivesse roubado meus sentidos, tudo que eu conseguia
pensar, era nela. Na sua pele, no seu toque, nos seus lábios, no seu rosto corado, sua
respiração descompassada. Eu poderia beijá-la para sempre e mesmo assim seria
pouco. - Os olhos dele não se desviavam dos meus.
– Não entendi nada. - Jully reclamou nos fazendo sorrir.
– Quando você tiver seus 20 anos e der seu primeiro beijo, talvez você
entenda. - Ele explicou.
– 20 anos? - Perguntei rindo. - Você quer que ela case virgem também?
– De preferência. - Ele respondeu sério.
– O que é virgem? - Ela perguntou.
– Um signo do zodíaco princesa.
– Seu irmão é muito ciumento, estou muito impressionada. Chocada, para ser
mais exata.- Falei ainda rindo.
– Ele não é meu irmão. - Ela murmurou. Não acreditei que ele era assim
preconceituoso, ele tinha convencido a garota que não eram irmãos.
– Chega de conversa de adultos, vamos brincar de melhor salto na piscina? -
Edward mudou de assunto. Jully se empolgou com a ideia da brincadeira, e não tive
mais como tocar no assunto de irmãos.
Depois de melhor salto, veio quem aguentava mais tempo debaixo d'água, e
em seguida fizemos vários penteados nos cabelos de Edward, já passava das 14:00
quando Carlisle nos chamou para almoçar. O coitado acabou parando dentro da
piscina também, contra sua vontade. Jully só o liberou depois que fizemos um
moicano em seus cabelos.
Quando acabamos de almoçar, seguimos para sala, para assistir TV, meio
minuto depois, Edward e Jully estavam roncando, como eu não tinha paciência para
TV, voltei para área da piscina, era uma boa hora para fumar já que a garota estava
dormindo.
Sentei com os pés para dentro da piscina e fiquei lá fazendo nada, Carlisle
apareceu um tempo depois e sentou-se ao meu lado.
– Está um belo dia de verão. - Ele falou.
– Verdade. - Concordei.
– Preciso dar um mergulho, se não vou derreter. - Falou entrando na piscina.
– Você nunca pode visitar o Rio no verão.
– Por que? Eu sempre quis visitar o Rio.
– 40 graus na sombra. - Ele pareceu se assustar. - Meu pai não bota o nariz
para fora de casa o verão inteiro, não sei o que seria dele se não existisse ar-
condicionado.
– E você, enfrentava o calor?
– Eu não tinha paciência para ficar trancada o dia todo dentro de casa. Eu
ficava na praia surfando ou na piscina, e a noite eu sentava na areia para sentir o
vento bater.
No Rio não tem inverno, inverno. Você pode sair de shorts, regata e sandália o
ano todo, eu adoro isso.
– Você sente saudades de lá? - Ele quis saber.
– Não, do lugar não. Só da minha família. - Edward apareceu, cortando nossa
conversa.
– Você fugiu. - Ele murmurou.
– Você dormiu. - Me defendi.
– Dormi nada, só fechei os olhos um pouquinho. - Eu ri.
– Tá bom, acredito.
– Do que estavam falando? - Ele quis saber.
– Bella estava me falando sobre o Brasil. - Edward sentou-se ao meu lado.
– Meu pai tem fascinação pelo Brasil. Todo ano ele e Esme combinam de ir,
mas nunca acabam indo.
– É mesmo? Isso é bom... Edward, você pode pegar um envelope lá dentro do
meu case? - Ele não entendeu direito mas foi. Carlisle ficou com a mesma cara de
dúvida. Edward voltou com o envelope e me entregou.
– Espero que você se divirta no Brasil. - Falei lhe dando o envelope. Ele abriu
rapidamente, parecendo ansioso.
– Eu não acredito. - Falou abrindo um enorme sorriso.
– O que é? - Edward perguntou.
– Passagens aéreas para o Brasil e três semanas de hospedagens na pousada
dos meus pais, em Buzios.
- Seus pais tem pousada?
– Herança de família, era dos pais do meu pai.
– Você só pode estar brincando. - Carlisle ainda não acreditava.
– É seu presente de casamento. Me avise quando quer ir, eu ajeito tudo com
meu pai. - Esme apareceu por lá também.
– O que foi? - Ela perguntou ao ver Carlisle sorrindo feito um bobo.
– Querida, nós vamos para o Brasil. Rio de Janeiro. - Gargalhei ao ouvi-lo
falar Rio de Janeiro.
– Vamos? - Ela perguntou, e Carlisle lhe entregou o envelope.
– Uau, esse lugar parece lindo. - Ela folheava o panfleto.
– É dos pais de Bella. - Edward falou olhando com Esme.
– Bella nos deu de presente de aniversário de casamento. - Carlisle estava
empolgado.
– Hey, você não precisava ter feito isso. - Ela falou me abraçando.
– Depois de atrapalhar as férias de vocês, isso era o mínimo que eu podia ter
feito. - Falei rindo abraçada a ela.
– Isso vai ser demais. - Ela falou empolgada. - Quando vamos? - Quis saber.
– Quando quiserem ir, me avisem para que eu deixe tudo certo.
– Daqui um mês, um mês e meio. - Carlisle falou - Precismos tirar visto, você,
Jully e eu.
– Isso é praticamente uma lua de mel, vão levar Jully? - Edward perguntou.
– Tem ideia melhor? - Agora era vez de Esme perguntar.
– Deixem ela. Eu cuido dela, e Bella pode me ajudar. - Que? Eu? Eu mal e
mal sabia cuidar de mim. - Mesmo? - Carlisle se surpreendeu.
– Er.. Eu não sei se eu sei como cuidar de uma criança. - Murmurei para
Edward.
– Não se preocupe, daremos um jeito nisso.
– Ok. - Murmurei sem ter certeza.
– Converse com ela primeiro. - Carlisle meio que impôs.
– Vou fazer isso, hoje a noite. - Por que a noite não chegava logo?
– Teremos três semanas de Bella e Edward. - Esme brincou.
– E eles terão três semanas de Carlisle e Esme. - Era ali que morava o perigo.
E a faculdade? E os ensaios? Como cuidaríamos de uma criança, com tantos
afazeres? Edward sorria tranquilo e eu sorria de nervosa, pensando sobre o assunto.
O resto da tarde passou rápido, Edward e eu jogamos vídeo game até as
17:30, quando Jully acordou.
Nos arrumamos e fomos para o parque de diversões.
Jully estava elétrica, ela praticamente corria, arrastando Edward e eu pela
mão.
Fomos no carrocel, em um aviãozinho que subia e descia conforme
apertávamos um botão, no minhocão, na roda gigante e todos os brinquedos possíveis
para crianças daquele tamanho.
Eles também foram no carrinho de choque, mas nesse eu fiquei de fora, tinha
pavor de carros se colidindo, mesmo que fosse de brincadeira.
Comemos algodão doce, pipoca e tomamos sorvete. O passeio estava sendo
divertido.
Edward ganhou um kung fu panda de pelúcia, no tiro ao alvo e o deu para
Jully, e ganhou um Garfield para mim.
Eu não era nada boa em tiro ao alvo, acabei levando o prêmio de consolação,
que era um ursinho de colocar na caneta. Ele segurava um coraçãozinho, escrito você
me faz sorri. Dei de presente para Edward, para agradecer o que eu ganhei.
Jully fez Edward sentar no alvo da piscina de bolinhas, nós duas tentávamos
acertar o alvo para derrubá-lo, depois de umas 20 tentativas eu consegui. O ruim foi
que acabei sendo o próximo alvo, e ele acertou de primeira.
Jully comprou balões de gás para nós 3, o de Edward era de coração, igual ao
meu, já o da garotinha era da Minnie.
Os dois também me comprar um boné dos Yankees e outro do Los Angeles
Dodgers . Jully torcia pro Yankees, segundo Edward por má influencia de Carlisle.
Edward torcia pro Los Angeles Dodgers. Jully disse que ele era o único do contra na
família. Para não me meter em confusão eu disse que torcia para o flamengo.
Já passava das 22:00 quando resolvemos comer o tal cachorro quente. O de
Edward e Jully, tinha mais mostarda do que pão e salsicha, os dois eram
parecidíssimos, tinham até os mesmos gostos. Depois de se lambuzar e comer as
sobras do cachorro quente de Edward, o sono pareceu pegá-la de novo, ela deitou a
cabeça em minhas pernas e acabou dormindo.
Edward a carregou no colo, enquanto eu carregava todas as bugigangas, nos
direcionávamos para o carro, mas ele empacou na frente da roda gigante.
– Que foi? - Perguntei olhando para as coisas que eu carregava, vendo se não
tinha esquecido de nada.
– Vamos dar uma volta na roda gigante.
– Nós já fizemos isso hoje.
– Não do jeito certo. - Falou já andando em direção ao lugar.
– Qual é o jeito certo? Edward vamos embora, Jully esta dormindo. - Ele não
me escutou e murmurou algo com o garoto que cuidava do brinquedo. A criatura era
teimosa, não tinha como argumentar. Bufei e acabei entrando no brinquedo.
http://www.youtube.com/watch?v=ifm00JEjSeo
O parque estava praticamente vazio, já deveria estar fechando. Nós estávamos
subindo, com Jully adormecida, encostada em seu peito. Quando estávamos bem no
topo, a roda gigante parou, olhei para baixo procurando o motivo, mas aparentemente
ninguém iria entrar.
– Esse é o jeito certo. - Edward falou.
– Por que paramos? - Quis saber.
– Olhe a sua volta, podemos ver a cidade toda. - A vista era realmente linda,
eu não tinha notado aquilo antes. A cidade estava toda iluminada, aonde acabam as
luzes, começava o mar.
– Olhe a lua, ela esta sorrindo para nós. - Sorri, ela realmente parecia sorrir, e
o céu estava repleto de estrelas, aquilo estava parecendo cenário de filme.
-É mesmo tudo muito lindo. - Falei admirando. Sua mão livre me puxou mais
para perto. Meus olhos encontraram com os dele, e ficamos nos olhando por algum
tempo, em silêncio. Ele sorriu, me fazendo sorrir também. Sua mão colocou os fios
de cabelo que batiam no meu rosto para trás.
– Nada é mais lindo que você. - Ele falou, sem desviar os olhos dos meus.
– Nada é mais lindo que você. - Eu murmurei.
– Bella, eu... - Ele parecia procurar a palava certa. - Você... - Ele estava me
deixando ansiosa.
– Me beija? - Pediu me fazendo sorrir novamente. Aproximei meu rosto do
dele lentamente, e encostei meus lábios nos dele, os movimentando sem pressa,
sentindo todo aquele magnetismo que saia de nós. Era um beijo calmo, terno, um
beijo que transmitia coisas que eu não entendia, mas que faziam meu coração
acelerar, querer sair do peito, e me faziam sentir vontade de parar o tempo ali, de ficar
assim para sempre. Mas a roda voltou a se movimentar, trazendo consigo o mundo
real. Encostei minha cabeça no ombro de Edward, tentando entender aquela confusão
que se fazia dentro de mim.
Fomos para casa em silêncio, a mão de Edward só soltava da minha, quando
precisava trocar de marcha, tocava never say goodbye do Bon Jovi no som do seu
carro.
Quando cegamos em casa, Edward não me deixou sair do carro, antes de mais
um beijo daqueles. Encostei minha testa na sua, sentindo sua respiração no meu rosto,
eu precisava sair dali.
– Jully. - Resmunguei, tentando voltar a ter domínio de mim.
– Esta dormindo. - Ele falou baixinho. Abri meus olhos percebendo que os
dele ainda estava fechados.
– Melhor a levarmos para dentro. - Falei tentando convencer a mim mesmo.
Seus olhos se abriram.
– Não tenha medo de mim Bella. - Arrumei minha posição e abri a porta do
carro. - Bella? - Ele chamou me fazendo voltar a encará-lo.
– Precisamos conversar, sobre Jully. Lembra?
– Sim...
– Eu levo ela e você traz as bugigangas. - Ele falou.
Carlisle e Esme estavam na sala, assistindo TV, e quando nos viram vieram
ajudar. Esme pegou as sacolas das minhas mãos e disse que levava pra cima, e
Carlisle foi na ferente para abrir a porta do quarto, acabei ficando sozinha na sala.
Edward voltou uns 10 minutos depois, sozinho e com um porta retratos na
mão. Ele sentou-se ao me lado.
– Carlisle e Esme não vão mais descer? - Perguntei.
– Não, eles sabem que preciso falar com você. - Por que eles não podia ouvir?
– Vamos lá então... - Falei cruzando os braços. - Sou toda ouvidos. - Ele sorriu
nervoso e me estendeu o porta retratos.
Peguei meio sem entender, e olhei para foto. Era Edward, alguns anos mais
novo, ele ainda tinha cara de adolescente, ao seu lado tinha uma garota muito bonita,
loira da pele dourada, seus olhos era azuis e seu sorriso era lindo, ela segurava uma
criança, aparentemente recém nascida.
– Quantos anos você tinha nessa foto? - Perguntei.
– 20 eu acho.
– E a garota, quem é? - Ele ficou sério.
– Kate. - Uau, então aquela era Kate? Ela era mesmo muito linda. Ela e
Edward pareciam um desses casais famosos de Hollywood. Quando meus olhos se
desprenderam dos dois e foram para criança, tudo pareceu se encaixar.
– Oh My God... - murmurei atordoada. - "Minha outra mãe também mora no
céu. Será que ela conhece sua prima?" "Eu também amo muito eles. Amo Edward
também." "Tio Emm e tia Rose. Dinda Ali e dindo Jasper" "Eu gosto da cor dos seus
olhos, são como os de Edward e como os meus também." "Edward pode lhe explicar
isso." "Jully não é minha irmã." "Ele não é meu irmão." Deus, estava tudo tão claro,
como eu não percebi antes?
Jully era filha de Kate e Edward, aquilo era a coisa mais óbvia do mundo,
estava na cara para quem quisesse ver. Mas algo não fazia sentido.
– Por que? Por que ela mora com seus pais? Por que ela chama eles de papai e
mamãe? Por que diabos você não cuida dela Edward? - Murmurei as perguntas.
– Vou tentar explicar para você. Tudo, toda a história.
– Estou esperando.
– Kate e Alec, sempre foram muito próximos de nós, desde crianças. Nossos
pais eram bem amigos e isso fez com que nos tornássemos muito amigos também.
Estudamos todos no mesmo colégio, eramos uma turminha fechada. Os
Cullens, os Hale e os Thompsons. CHT, era assim que eramos conhecidos no colégio.
Aprontamos todas juntos quando eramos crianças e o mesmo aconteceu na
adolescência.
Alice sempre foi apaixonada por Jasper. Mas acredite, ela não tinha coragem
de se declarar. Rosalie veio com a ideia dos tal sete minutos no paraíso. Estava tudo
armado para que Alice e Jasper se trancassem dentro do guarda roupas. Mas não sei
por que diabos, todos tínhamos que participar. Menos Alec, ele se recusou a brincar
daquilo, ele dizia que os pares já estavam todos formados e que não iria se meter.
Eu tinha dezesseis anos nessa época, já tinha beijado algumas garotas, mas
nunca tinha transado. Já tinham pintado oportunidades, mas sei lá. Eu queria que
minha primeira vez fosse com alguém especial, de quem eu realmente gostasse.
Acabei parando dentro do guarda roupas com Kate, e naquela noite tivemos
nosso primeiro beijo e nossa primeira vez. Isso se repetiu de novo e de novo.
Ficávamos juntos nas festas, em casa, na escola. Acabei descobrindo que
estava amando, pelo menos eu pensa que fosse amor. Como ela também.
Eramos um casal feliz, quase nunca brigávamos, e as coisas se tornaram
sérias, começamos a namorar de verdade.
Um dia teve uma certa festa, dessas de encerramento do ano letivo. Eu tinha
feito ma operação para extrair o dente do ciso, e fiquei com muita febre, acabei não
podendo ir na festa.
Kate foi com Alice, eu não me importei, queria que ela fosse se divertir.
Maldito seja aquele dia, porque naquele dia ela começou a fumar maconha.
No começo eu não dei muita importância, Alice também dava uns tragos, quando
estava bêbada. Só que demorei para perceber que Kate não fazia isso só quando
estava bêbada, ela estava fumando aquilo todos os dias. Tentei fazê-la parar, ela
prometia que iria parar. Mas ao contrário de parar, ela evoluiu.
Alec levava cocaína pra casa, para casa deles. Eles acabaram viciados naquela
porcaria, não adiantava falar, pedir, implorar, não adiantava nada.
Foi nessa confusão toda que ela descobriu que estava grávida. E mesmo assim
ela não parou. Bella, ela não parou, ela continuou usando. Quantas vezes eu tive que
levá-la para o hospital, com princípio de aborto. Ninguém acreditava que aquela
criança chegaria a nascer. Mas nasceu, e graças a Deus, por um milagre de Deus, ela
nasceu saudável. Prematura mais saudável. - Aquela história era uma loucura, aquela
mulher era louca.
Edward, não conseguia mais conter as lágrimas, eu tentava processar tudo
aquilo, toda aquela história maluca, que cismava em se parecer com a minha.
– No dia em que Jully nasceu, eu intimei Kate. Ou ela parava e procurava
ajuda, ou eu pediria a guarda de Jully, e sumiria no mundo com a garota e ela nunca
mais botaria os olhos em nós. Aquilo pareceu assustá-la, ela percebeu que eu falava
sério, e prometeu, me jurou que ia parar. Mas ela não quis ir para uma clínica de
reabilitação, ela disse que conseguiria sozinha, com a ajuda dos amigos. Nessa época
nós morávamos em Los Angeles, ela foi morar comigo e com meus pais.
As três primeiras semanas as coisas foram bem, ela parecia ter largado
daquela porcaria mesmo, e parecia feliz.
Só que quando ela começou a se recuperar do parto, ela começou a sair de
manhã e voltar a noite. Enquanto eu estava estudando, ela aproveitava para escapar.
Jully acabava sempre ficando com minha mãe. Esme me escondia as escapulidas de
Kate, para não arrumar briga. Mas teve um dia que eu cheguei em casa, já era noite e
ela não estava. Tentava ligar no seu celular, mas caia sempre na caixa, já passava das
10 da noite, sendo que ela saiu de manhã.
Sai feito louco atrás dela, fui na casa de seus pais, das suas amigas,
conhecidas. Ninguém sabia, ninguém tinha visto. Até que encontrei um amigo
drogado de Alec, ele me indicou um beco, aonde eles iam para usar drogas. Fui até lá,
rezando para não encontrá-la, e adivinha?
– Ela estava lá. - Murmurei.
– Claro que estava, junto com Alec. Louca, ela estava louca,completamente
louca. A raiva tomou conta de mim, eu a puxei pelo braço e a joguei dentro do carro,
Alec disse que eu estava sendo grosso, quis brigar comigo. Foi a gota d'água, parti
para cima dele, eu estava completamente fora de mim. Se não me tirassem de cima
dele eu o tinha matado.
Eu ainda posso ouvir a voz desesperada de Kate, implorando que eu parasse.
Gritando que eu ia matá-lo.
Acabei tendo que dormi na cadeia naquela noite. Quando voltei para casa ela
ainda estava lá. Eu não dirigia a palavra a ela, eu a excluía, fazia de conta que ela não
existia. Segui com minha vida, como se ela não morasse lá, mesmo tendo que
esbarrar com ela todos os dias.
Esme me dizia que ela estava se comportando e que não saia mais de casa, só
que eu não queria mais saber. Eu estava cansado daquilo.
Teve uma festa na faculdade, festa dos calouros da minha turma, foi durante a
tarde, em um dia de semana, em frente ao nosso campus. Acabei bebendo demais, e
meio que fui agarrado por uma garota de lá, e não fiz nada para impedi-la.
Quando eu cheguei em casa, Kate me atirou, todos os objetos que estavam na
sua frente. Ela me xingava de traidor e infiel. Me acusava de estar acabando com o
nosso relacionamento. Me chamou de mesquinho, e disse que eu só pensava em mim
mesmo.
Não aguentei aquilo quieto, disse tudo que eu pensava sobre ela. A chamei de
doente, drogada, mentirosa e disse que nunca mais voltaria a confiar nela. - As
lágrimas de Edward não cessavam mais.
– Disse que minha vida seria muito melhor sem ela. Ela ficou alguns
segundos sem reação e então ameaçou ir embora. "Vai tarde" Essas foram as ultimas
palavras que eu disse para ela.
Ela pegou as chaves do meu carro e saiu cantando pneus.
Duas horas depois recebemos a ligação de que ela havia sofrido um acidente e
não resistiu. - Edward chorava feito criança ao meu lado, eu não sabia o que dizer.
Aquela história era tão horrível quanto a minha. Ele se sentia culpado, aquilo estava
óbvio, eu queria consolá-lo, mas o que eu poderia dizer? Tudo que fiz foi secar suas
lágrimas sem dizer mais nada.
– Eu fiquei maluco, não conseguia acreditar naquilo. Era culpa minha, eu a
deixei ir, eu quis que ela fosse.
Sai dirigindo feito um louco, sem direção, mas acabei na nossa antiga casa de
Forks.
Não vi o corpo dela, não participei do velório nem do enterro. Fiquei em
Forks por um ano. Só meu pai sabia aonde eu estava.
Resolvi voltar depois que ele me enviou uma foto de Jully. Ela estava
crescendo rápido, enquanto eu me escondia de mim mesmo. Percebi que precisava
voltar, Jully não tinha nada haver com nossas irresponsabilidades.
Quando eu voltei ela já falava algumas palavras. Papai e mamãe, era assim
que ela chamava meus pais. Fiquei morando um tempo com eles, mas naquela casa,
eu não conseguia.
Rose falou de morar em Malibu, no condomínio que seu pai estava acabando
de construir. Ela convenceu Emmett, eles me convidaram, Carlisle e Esme se
ofereceram para cuidar de Jully, e acabei vindo para cá com eles.
Jully sabe que eu sou pai dela, mas ela nunca me perguntou sobre isso. Não é
incrível? Ela adora fazer perguntas, mas nunca tocou nesse assunto. Para ela eu sou
Edward e ponto. Acho que fiquei feliz por meus pais terem ficado com ela. Por que
sempre que eu a olhava, Kate vinha na minha memória. O olhar, o olhar dela é
idêntico ao de Kate, posso ver Kate no olhar de Jully, e isso acabava comigo.
Mas agora, agora é diferente, eu já não me sinto mais assim. Eu gosto de
passar meu tempo com ela, gosto de fazê-la sorrir. É como se a prisão que me
prendesse já não existisse. Me sinto bem com ela.
– Ela é linda Edward, é a sua cara. - Murmurei. - Só eu para não ter percebido
isso. Vocês tem os mesmos olhos, o mesmo tom de cabelo, o mesmo sorriso. E vocês
adoram fazer perguntas. - Falei o fazendo rir.. - Ela é sua filha, não finja que não é.
Cuide dela, a ame. Ela precisa de você. Ela é um pedaço de Kate que continua vivo.
Ela poderia nem ter nascido, mas nasceu, nasceu perfeita, é uma pequena guerreira,
não merece sofrer a ausência do seu verdadeiro pai.
Aproveite enquanto ainda dá tempo, enquanto ela ainda é criança. Imagina o
que ela vai pensar quando crescer. Seu pai, o homem que convive com ela, nunca fez
questão de ser seu pai. Você não tem Kate, mas tem Jully. - Ele sorriu, fazendo com
que mais lágrimas escorressem.
– Eu sei, estou tentando consertar isso. - Murmurou.
– É por isso que você odeia Alec? - Ele secou as lágrimas com a camisa.
– Alec levou Kate até a minha festa da faculdade, eles ficaram lá me
observando a tarde toda. Depois que ela saiu lá de casa, em vez dele a ajudá-la ele a
drogou. E quando ela estava bem doida ele a deixou sair. - Alec fez aquilo?
– Ele é um doente drogado - Edward continuou. - Ele me da nojo. Todos esses
malditos drogados me dão nojo. - Eu não gostei de ouvir aquilo.
– Ele se tratou, não é mais um drogado. - Edward sorriu sarcástico.
– Ah, qual é Bella. Não existe ex drogado, não existe ex puta, não existe ex
padre. Ele é um drogado nojento e asqueroso, pode até estar um tempo sem usar
drogas, mas vai voltar a usar, eu sei que vai. São todos assim. - As palavras de
Edward me irritaram profundamente, quem ele pensava que era? O dono da verdade?
– Não fale do que você não sabe. As pessoas podem parar é uma questão de
vontade. - Tentei ficar calma.
– Pode até ser, mas o problema é que a vontade delas não dura para sempre.
São todas idiotas, viciadas, que mais cedo ou mais tarde voltam a usar aquela
porcaria.
– Não é assim. - Murmurei.
– Claro que é, você não conhece esse tipo de gente. Eles mentem, eles
manipulam, eles são falsos, fazem de tudo para conseguir a maldita droga. - Eu não
conhecia? Eu era uma daquelas pessoas que ele xingava. Eu sabia que não era assim,
que podia ser diferente.
– E se eu fosse uma drogada? - Ele deu risada.
– Você não é isso Bella. - Foi minha vez de rir.
– E se eu fosse? Me diz Edward, se eu fosse? Era isso que você ia pensar
sobre mim? Que eu era uma falsa, mentirosa, manipuladora, louca por drogas? Que
nunca largaria? - Ele ficou um tempo quieto.
– Sim. Era exatamente isso que eu pensaria. - Ouvir aquilo doeu, foi pior que
uma porrada, doeu muito. Eu fiquei completamente sem reação, sem saber o que
fazer o que dizer. Aquelas palavras ecoavam na minha mente. Quando ele soubesse
de tudo, ele iria me odiar. Tanto quanto odiava Alec. Ele jamais acreditaria em mim.
Senti sua mão tocar meu rosto.
– Não toque em mim. - Murmurei.
– Bella. - Ele falou.
– NÂO TOQUE EM MIM. TIRE AS SUAS MALDITAS MÃOS DE MIM. -
Eu gritei. Ele pareceu ficar assustado.
– Cama Bella.
– CALMA BELLA? CALMA O CARALHO. - Fechei os olhos e respirei
fundo tentando me controlar. - Você não sabe nada sobre a vida. Você é um homem...
Não, você não é um homem. Você é um garotinho mimado, que se esconde com
medo de enfrentar a vida.
Você já parou para pensar em Alec? Ou em qualquer outra pessoa usuária de
drogas? Se ele fez o que você disse que ele fez, você acha o que? Não acha que ele se
sente culpado?
Pelo amor de Deus Edward, eles eram irmãos. As pessoas mudam, elas
mudam. Quando elas querem eu sei que mudam, não tente me convencer do
contrário. - Falei dando as costas para ele. - E cuide da sua filha, se não quiser fazer
isso por você, faça por ela. - Falei antes de começar a caminhar para fora.
– Aonde você vai? - Ele parecia atordoado.
– Para casa.
– O que? Você ficou assim por causa de Alec? Eu não posso acreditar nisso
Bella. - Não respondi nada. - Vai embora como posso saber?
– A pé se for preciso.
– Não será. Eu levo você. - Carlisle falou descendo as escadas.
– O que? - Edward pareceu se enfurecer. - Você sabe por que ela está brava?
– Tenho ideia. - Carlisle falou. - Fique em casa Edward, não venha atrás de
nós. - Ele pediu antes de sairmos de dento de casa.
Capítulo 20 – Desculpa...
O caminho foi feito em silêncio. Carlisle não dizia e nem perguntava nada.
Eu olhava para fora da janela, vendo as coisas passarem rápido por mim, as
palavas de Edward não me deixavam em paz, elas martelavam na minha cabeça, eu
ainda podia o ouvir falando.
Drogada. Uma merda de uma drogada sem cura, era isso que eu era para ele.
Era isso que ele pensava sobre todos, não lhe interessava saber quanto tempo a pessoa
já não consumia mais drogas, ou quão grande era vontade dela de não usar mais
aquilo.
Não, nada disso importava para ele, porque para ele todos eram iguais, para
ele era uma questão de tempo até a pessoa voltar a usar.
Ele não sabia, não fazia a mínima ideia de como eu me esforcei dia após dia
naquela maldita clínica de reabilitação. Ele não tinha noção da maldita fase de
desintoxicação, das alucinações quando a droga começava a fazer falta, da
agressividade que isso causava, das convulsões, ansiedade e pânico. Ele não tinha
ideia do que significava estar em uma clínica de reabilitação, não fazia ideia do
inferno que era preciso enfrentar para se livrar daquela merda.
E mesmo assim ele julgava, de uma forma mesquinha, como se só existisse os
seus sentimentos, como se um viciado não tivesse sentimentos. Para ele não existia ex
viciados.
Mas eu sabia que existia, e não era Edward que me convenceria do contrário,
eu lutei, gritei, xinguei Deus e todo mundo, mas eu consegui. Eu estava limpa, a
quase cinco anos e não voltaria a usar aquilo.
Edward me odiaria quando soubesse de toda a verdade, ele teria nojo de mim,
e aquilo me magoava, porque eu tinha certeza que ele não ouviria minha história, não
teria a mínima vontade de me ouvir quando soubesse. Um dia ele acabaria
descobrindo e me odiando para sempre.
Carlisle desligou o carro quando parou na frente de nosso prédio.
– Quer conversar? - Perguntou calmamente. Me virei para ele e o encarei.
– Eu já usei drogas. - Murmurei. - Maconha e cocaína. Sou uma viciada,
mesmo não usando mais, continuo sendo uma viciada, segundo seu filho. Vou ser isso
até a morte. - Ele riu.
– Você é uma ex viciada Bella. Eu sei. Sempre soube. - Como eu imaginava,
ele já sabia, de algum jeito ele sabia.
– Meu pai?
– Sua mãe na verdade. Ela me ligou alguns dias antes de você vir. Ela tinha
muito medo que descobríssemos e acabássemos te expulsando. Ela tinha medo que
você não aguentasse mais isso. Ela me contou tudo. Sua prima, seu namorado, como
ficaram viciados, porque você quis parar, falou sobre o acidente, sobre a overdose.
Sobre os pulsos ela não falou. Eu lembro exatamente de uma frase que ela me disse,
"A vida vem sendo muito injusta com Isa. Acredite ela é uma garota incrível, só
precisa de uma chance para voltar a ser feliz."
Na hora eu não soube o que dizer, já tínhamos passado por problemas com
drogas na família, que teve um fim tão trágico quanto o seu. Disse para sua mãe que
pensaria sobre aquilo tudo e que voltaria a ligar.
Graças ao youtube eu conheci você, vi alguns vídeos de você atuando em
novelas e dando algumas entrevistas. Você começou cedo, vi vídeos que você ainda
era uma criança, achei engraçado que você não parecia uma criança metida, dessas
que se acham o máximo por estar na TV.
Achei engraçado que você atuava tão bem, mas na hora das entrevistas você
engasgava e ficava sem jeito, você parecia não gostar de estar ali falando sobre você.
E eu gostei de você, do seu jeito misterioso e tímido. Do jeito que você sorria
quando estava com seus amigos e da cara feia que fazia para os paparazzis.
Acabei abrindo um vídeo onde aparecia fotos de um carro capotado, muito
sangue e cacos de vidro pela estrada, e logo depois dois velórios, algumas fotos da
garota que morreu, de vocês três juntos, e por último você saindo do hospital.
Aquela pessoa era tão diferente da que eu tinha visto nos vídeos anteriores.
Era como se você fosse um robô, como se sua mente não estivesse mais ali. Você
estava funcionando fisicamente, mas era nítido que psicologicamente não tinha
restado muita coisa.
– Eu queria morrer.
– Eu sei. Era visível. Eu resolvi ajudar. Você era uma boa pessoa, tinha certeza
que era. Só um pouco imatura, mas com aquela idade quem não seria? Quando eu vi
você daquele jeito, tão sem vontade de viver, tive vontade de atravessar a tela e te
abraçar e dizer que tudo ficaria bem. A vida foi realmente injusta com você Bella,
você não merecia.
Você é bem diferente de Kate, procurou ajuda quando descobriu que uma vida
dependia de você. E conseguiu, você teve força de vontade.
– Não adiantou de nada. - Murmurei. Carlisle tocou meu rosto e fez com que
eu o encara-se.
– Não se culpe pelo acidente. Não foi culpa sua. O rapaz estava fora de
controle, você não podia fazer nada.
– Eu não o ajudei, eu fui embora. Ele pensou que eu o tinha abandonado. Eu
deveria tê-lo abrigado a se tratar.
– Você acha que se o obrigasse daria certo? A vontade de se tratar tinha que
partir dele e não de você Bella. Você não poderia fazer isso por ele. Se ele fosse
contra a sua própria vontade, acabaria fugindo ou daria um jeito de burlar alguma
regra.
– Pelo menos eu saberia que tentei ajudá-lo. - Carlisle sorriu.
– Não vou discutir isso com uma cabeça dura. - Ele disse me fazendo rir. - De
qualquer forma, quando eu vi você pela primeira vez lá no hospital, você não estava
muito diferente do que vi no vídeo, continuava parecendo uma morta viva.
Mas agora, agora você parece diferente, seus olhos já tem brilho, não como
antes, mas algo me diz que aquele brilho vai voltar. E você sorri, você canta, faz
piada, beija o meu filho e está disposta a ajudar. Posso dizer que você está voltando a
viver, que você está começando a sentir vontade de viver novamente. - Sorri com o
que Carlisle disse, eu realmente me sentia melhor ali, me sentia viva, eu gostava
daquelas pessoas, elas eram divertidas, e também pareciam gostar de mim, ninguém
me olhava atravessado. Carlisle talvez estivesse certo, talvez eu estivesse voltando a
viver, talvez eles estivessem me ensinando isso. Me ensinando como voltar a sorrir,
como voltar a me divertir, a cantar, brincar, a me sentir bem.
– E além disso, você está nos ajudando. Edward tinha um certo receio, ou
angustia, de se aproximar de Jully, mas desde que você chegou, vejo que as coisas
estão evoluindo entre os dois. Parece que com a sua chegada, as coisas estão voltando
para seus devidos lugares.
Acho que você pode ajudar Edward. - Sorri sarcástica
– Sem chances. Ele odeia pessoas do meu tipo. - Carlisle balançou a cabeça
negativamente.
– Ele só tem medo. Medo de se envolver e sofrer de novo. Medo de passar por
tudo outra vez. Brigas, mentiras, promessas. Edward foge de tudo que ele pensa que
pode ser perigoso. As coisas não foram fáceis para ele também.
– Ótimo, espero que fique bem longe de mim.
– Vejo que ficou mesmo magoada.
– Edward parece não ter noção do que é isso, para ele não existe meio termo.
Ou você nunca usou drogas e é uma pessoa boa. Ou você é um maldito drogado,
manipulador e mentiroso que nunca vai conseguir abandonar as drogas. Eu nunca
menti para ele. - Bufei irritada.
– Mas, não disse a verdade. - Ele continuou.
– Ele vai me odiar. - Falei, pensando em sua cara de ódio toda vez que
tocávamos no nome de Alec.
– Acho difícil isso acontecer. Mostre para ele que pode ser diferente e depois
conte a verdade. - Eu estava com raiva, não conseguia nem pensar em chegar perto
dele.
– Vou me manter distante, é isso que vou fazer. É melhor para nós dois.
– Você quem sabe. - Carlisle não insistiu.
– Vou entrar, obrigada pela carona. E obrigada pela confiança mesmo não me
conhecendo - Ele sorriu e me abraçou.
– Obrigado a você, por fazer parte das nossas vidas. Vai dar tudo certo garota,
tenho certeza disso. As coisas vão se ajeitar. Seremos felizes. Conte comigo sempre
que precisar. - Fiquei um tempo abraçada a ele, desejando que o que ele acabará de
falar fosse verdade.
– Diga a Jully que precisei ir embora. - Disse me soltando do abraço.
– Direi.
– E faça o cabeça dura do seu filho agir como um pai.
– Acredite, estou tentando. - Eu sorri e sai do carro.
– Boa noite Carlisle. - Disse fechando a porta.
Quando cheguei em casa dei de cara com os Cullens jogando vídeo game, eles
tentaram me chamar, mas passei reto sem dirigir a palavra a eles e bati forte a porta
do meu quarto.
Me tranquei lá e liguei a TV no último volume, tentando não ouvir as batidas
insistentes na porta e os pedidos para abri-la. Todos tentaram exceto Rosalie.
Precisava ficar sozinha não queria descontar minha raiva em ninguém.
Quem Edward Cullen pensava que era? O dono da verdade? Ele não sabia
nada sobre mim, nada sobre o meu passado. Como ele ousava falar aquilo sobre
pessoas que ele não conhecia? Mas eu ia mostrar para ele que eu não era assim, que
eu não era a viciada que ele falava. Edward ia ter que engolir tudo que disse, eu o
faria fazer isso.
Troquei todos os canais da TV, mudei diversas vezes de posição, ouvi música,
tomei banho, voltei a ouvir música, mas o sono não aparecia. Eu acompanhava os
minutos trocarem no relógio da TV. Eram 4:15 da manha, quado alguém voltou a
bater na porta.
– Bella, abre sou eu. - Era voz de Rosalie.
– Só me deixe sozinha ok? Estou bem.
– Bella, abre, prometo ficar calada. - Acabei abrindo. Rosalie me abraçou, e
ficamos ali abraçadas por um tempo.
– Carlisle não quis falar para Alice, mas falou para mim. - Ela murmurou.
– Ele me odeia. Sem saber, mas odeia. - Ela riu de algo.
– Com certeza ele não te odeia Bella. O sentimento dele é o reverso de ódio. -
Não falei mais nada, não queria mais discutir. - Posso fazer companhia para você, se
quiser.
– Você ronca? - Ela sorriu.
– Não, acho que não.
– Sinta-se a vontade. - Falei caindo na cama. - E não se assuste se eu gritar,
são só pesadelos.
– Ok.
Continuei olhando a hora enquanto Rosalie babava, ela conversou comigo
durante uma meia hora, tentou me animar, disse que Edward era cabeça dura, mas
que no fundo tinha um bom coração, só tinha medo de sair magoado de novo.
Quando Rose, percebeu que estava falando sozinha resolveu ficar quieta e 5 minutos
depois caiu no sono.
Não sei por quanto tempo fiquei acordada, mas lembro de ser 5:43 da manhã
quando fechei os olhos.
Os pesadelos vieram com força total. O pesadelo do dia do acidente, Jane
ensanguentada, toda machucada, tentando manter os olhos abertos, mas Jane se
transformava em Kate, e Edward aparecia dizendo que eu era a culapada. Ele me
acusava, gritava comigo me chamava de viciada e dizia que eu era a culpada.
Acordei gritando muito, Rosalie parecia muito assustada. Ela falava que
estava tetando me acordar, mas não conseguia. Tive que tranquilizá-la ao invés de ser
ao contrário.
Passavam-se 5 minutos das 8 horas, sabia que não dormiria mais, quando
fechava os olhos via a imagem de Kate, pelo jeito agora ela fazia parte dos meus
pesadelos.
O resto de mês de julho passou voando, eu estava tocando todas as quintas
com a a banda de Alec em um barzinho na cidade. Nossos ensaios tinha passado para
terças, e quartas tínhamos as reuniões da fraternidade.
Edward, me mandou muitas mensagens querendo conversar, me ligou todos
os dias, por duas semanas a fio, mas não atendi nenhuma ligação, e quando ele estava
por perto eu ficava o mais longe possível.
Os Cullens nunca me perguntaram sobre aquela noite, e eu agradecia a Deus,
Carlisle e Rosalie por isso.
Tentava manter minha mente sempre ocupada, meti minha cara nos livros,
mas eu sempre me flagrava pensando nos beijos de Edward, nos sorrisos de Edward,
no corpo de Edward, mas por fim eu lembrava dele falando todas aquelas coisas, e
me convencia a continuar longe. Eu já não estava mais magoada, mas era melhor
continuar distante.
Jully também me ligava todos os dias, ficávamos horas no telefone, ela
insistia em saber porque eu não tinha ido mais lá, e todos os dias me pedia para ir vê-
la. Carlisle levou ela lá em casa uma vez, mas ela insistia para que chamássemos
Edward, acabando com qualquer chance de diálogo.
Kate agora fazia parte dos meus pesadelos e eu não tinha conseguido dormir
mais do que as minhas habituais 3 horas.
Nunca toquei sobre aquele assunto com Alec, nunca lhe questionei nada, eu
não queria saber demais nada daquela história, queria me manter distante. Ele
percebeu que eu não falava mais de Edward, chegou até a me questionar, mas pareceu
entender meu silêncio e minha atenção na aula de Mary Vaca.
Agora eu era uma aluna participativa nas suas aulas, eu sabia o livro sobre a
matéria de trás para frente, não só o de Mary, mas todos os outros.
Rose, Alice, Elizabeth e eu, tínhamos a noite das garotas as sexta-feiras depois
da aula, aonde a maioria das vezes íamos ao cinema ou ao boliche, e sempre
parávamos na pizzaria. Depois acabávamos indo para casa de Rose comer brigadeiro
e jogar conversa fora, antes de ir para casa eu sempre passava na praia e ficava por lá
até amanhecer.
Estava sozinha em casa, sábado a tarde, quando a campainha tocou. Alice
tinha acabado de sair, ela ia em uma festa na casa dos pais de Jasper, não só ela, como
todos os Cullens, também fui convidada, mas tinha marcado de sair com Alec. A
campainha tocava insistentemente e podia apostar que era Alice, ela vivia esquecendo
as chaves.
– Já vou Alice. - Berrei, levantando do sofá, mas a campainha continuou.
– Calma porra, vai tirar o pai da forca? - Perguntei abrindo a porta.
Não era Alice, antes fosse Alice, era Edward.
Meu coração acelerou feito louco e minhas pernas bambearam.
– Oi... - Falou sério. Acho que minha voz tinha sumido.
– Er.. Alice saiu. - Consegui murmurar.
– Eu sei. Vim falar com você.
– Acho que não temos o que conversar. - Falei.
– Por favor Bella, é rápido. Prometo.
– Ok. Vá em frente. - Falei cruzando os braços.
– Bella, isso está acabando comigo, você não responde minhas mensagens,
não atende minhas ligações, não dirige a palavra a mim, fica o mais distante possível.
- Ele tentou me tocar mas me afastei. - Olha, me desculpe ok? Sinto muito por tudo
aquilo que eu falei.
Olha, se você fosse...se você realmente fosse uma viciada, eu arrumaria um
jeito de confiar em você. Juro que arrumaria, acredite em mim.
Posso até tentar ser educado com Alec e prometo não falar mal dele na sua
frente. Só não posso ser amigo dele.
Tudo bem que nosso trato foi por água a baixo, que você não queira mais ficar
comigo, mas por favor volte a falar comigo. - Ele praticamente implorava, seus olhos
me olhavam ansiosos esperando uma resposta. Ele realmente parecia arrependido, e
se ofereceu até para falar com Alec, aquilo era realmente inacreditável. - Por favor? -
Pediu de novo, era visível a sinceridade em seus olhos. Suspirei e descruzei os
braços.
– Tente ser menos preconceituoso. Acredite Edward, as pessoas podem mudar,
se realmente quiserem isso. Não importa se são viciadas, condenadas,
preconceituosas, ou qualquer outra coisa.
– As que não amam também? - Sorri.
– Essas talvez não.
– Amigos então? - Ele estendeu a mão
– Amigos. - Falei apertando sua mão e sentindo aquela corrente que algum
tempo não sentia. Ele sorriu, e acho que pude ver todos os seus dentes.
– Trouxe uma surpresa para você. Na verdade era meu segundo plano, caso
você não aceitasse minhas desculpas. - Ergui as sobrancelhas tentando imaginar do
que se tratava.
– O que é? Comida? - Ele riu.
– Pode vir agora. - Berrou, e a porta do seu apartamento se abriu. O pingo de
gente veio correndo em minha direção. Me ajoelhei para ficar do seu tamanho, mas
ela pulou em meus braços e acabou me derrubando, caindo em cima de mim.
– Que saudades. - Ela falou sem me largar.
– Também estava com saudades. - Falei estirada no chão - Muita saudade para
falar a verdade. - Ela saiu de cima de mim e eu pude me sentar.
– Você e Edward já tão de bem? - Perguntou olhando Edward de canto, me
fazendo rir.
– Já. Edward admitiu que é um bocó. - Ela riu. - Por falar nisso, eu tenho uma
pergunta para você. - Ela me olhou séria.
– Para mim?
–É. Para você Jully Cullen.
– E o que é?
– Por que você não chama Edward de pai? É isso que ele é não é? Seu outro
pai? - A garota corou violentamente, acho que ela podia ficar mais roxa que eu.
Edward sorriu vendo a vergonha dela, fazendo com que ela escondesse o rosto no
meu pescoço.
– Eu não sei, acho que ele não gosta de ser papai. - Ela murmurou. Edward
sentou-se no chão, de frente para nós duas, o rosto dela ainda estava escondido, ele a
puxou para seus braços.
– Você está com vergonha de mim? - Perguntou carinhosamente para ela, que
voltou a esconder o rosto só que agora em seu peito. - Jully, você é maravilhosa, é a
garotinha que todo pai gostaria de ter. Me desculpe se as vezes eu não pareço seu pai,
prometo que vou melhorar. Eu tenho muito, muito, muito orgulho de ser seu pai. O
dia que você me chamar de pai, acho que vou ser o cara mais feliz do mundo. - Ela o
abraçou.
– As vezes quando você dorme lá em casa, e vai no meu quarto desejar boa
noite, eu respondo boa noite papai, quando você sai do quarto. - Edward sorriu
emocionado.
– Eu amo você pequena, amo ser seu pai. Você não precisa ter vergonha de
mim, podemos conversar sobre qualquer coisa. Eu quero que sejamos amigos. Ok?
Você pode me perguntar tudo que quiser a respeito de qualquer coisa. Nunca sinta
vergonha de mim.
– Eu também amo você. Muito, muito. Amo quando você vai lá em casa
espantar os monstros do banheiro e fica dormindo comigo. - Eu sorri, e graças a Deus
eu não sabia mais como chorar, porque se não estaria chorando com aquela cena.
Meu celular começou a tocar, desmanchando o momento fofura, passei
trabalho para tirá-lo do bolso.
– Hey, já estou descendo. - Murmurei desligando o telefone. Edward e Jully
olhavam para mim. - Er... É, eu preciso ir. Alec e eu vamos pegar um cinema.
– Tio Alec? - Jully falou empolgada me fazendo rir.
– O próprio. - Me toquei que nunca tinha conversado sobre Jully com Alec.
Edward ficou sério.
– Eu adorooo o tio Alec. - Edward estava mesmo ferrado. - Podemos ir junto?
- Ela pediu.
– Jully... - Edward murmurou. - Talvez os dois queiram ir sozinhos. -
Colocaria Edward a prova. Ele não disse que trataria Alec melhor?
– Por mim tudo bem. - A garota pulo empolgada.
– Vamos Edward, por favor vamos... - Eu ergui minhas sobrancelhas para ele
e me levantei do chão. - Por favor, por favor, por favor.
– Ok. - Edward levantou as mãos rendido. - Nós vamos. - Ela pulou, pulou,
pulou e pulou de novo. Aquilo era uma Alice em miniatura. O celular começou a
tocar de novo.
– Saiam dai, quero fechar a porta. - Falei os fazendo sair do meio do caminho,
Edward rebocou Jully até o elevador.
Ahh o elevador e Edward ali dentro me lembravam coisas.
– Por que vocês estão tão quietos? - Jully perguntou.
– Não temos o que falar. - Edward respondeu.
– Por que não descemos pelas escadas?
– Por que seu pai é sedentário. - Ele me olhou fingindo estar ofendido.
– O que é sedentário? - Ela gostava mesmo de perguntar.
– Uma pessoa que não faz exercícios físicos. - Respondi. Ela ficou 10
segundos quieta.
– Por que você nunca me disse que era amiga de tio Alec?
– Por que você nunca me perguntou. - Ela abriu a boca para fazer outra
pergunta quando o elevador nos deixou no térreo. Antes que ela perguntasse eu a
ataquei fazendo cócegas.
– Por que? Por que? Por que? - Falei, enquanto ela gargalhava e tentava fugir
de mim. Ela correu em direção a rua, mas antes que pudesse sair eu a peguei.
Saímos do Edifício gargalhando, Alec estava com sua Ferrari estacionada bem
lá na frente. Ele nos olhou surpreso e meio incrédulo, achei engraçado ele tirar os
óculos escuro, para checar se era aquilo mesmo.
Mas acabou abrindo um enorme sorriso, quando nos viu sorrindo para ele.
Coloquei Jully no chão e ela correu em direção a Alec.
– Tio Alec... - Ela adorava se jogar em cima das pessoas, ele a pegou
facilmente e a abraçou.
– Que saudades garota. Por que não foi lá em casa essa semana?
– Edward e eu estávamos muito ocupados essa semana. - Ele voltou a parecer
surpreso e a colocou no chão.
– Não me diga? - Eu dei risada.
– Oi para você também Alec. - Falei o abraçando.
– Você precisa me explicar isso depois. - Ele pediu.
– Ok.
– Que filme vamos ver? - Ela perguntou.
– Você vai junto? - Alec perguntou.
– Na verdade, nós vamos juntos. - Edward falou caminhando em nossa
direção. Alec olhava para, mim tentando entender alguma coisa. - Como vai Alec? -
Estávamos todos meios tensos, só Jully parecia se divertir.
– Bem. - Ele respondeu, sem ter certeza.
– Que bom. - Edward até tentou sorrir. Ok aquilo realmente era estranho.
– É melhor irmos então. - Falei.
– Qual é o cinema? - Edward perguntou.
– Malibu Movie. - Alec respondeu.
– Nos encontramos lá então. - Falou puxando Jully.
– Por que não vamos todos juntos? - Jully e seus por quês.
– Alec e eu veríamos outro filme, mas agora vamos ver um que você possa
assistir. Depois nós dois vamos assistir ao outro, por isso temos que ir em dois carros.
- Ela concordou e foi com Edward para o carro, enquanto eu, entrei na Ferrari de
Alec.
Tive que explicar para ele sobre eu ter conhecido Jully, ele ficou um tempo
mudo quando eu disse que Edward me contou tudo, depois ele tentou falar sua
versão, mas eu disse que não queria saber mais nada sobre aquela história.
Ele também quis saber por que eu e Edward tínhamos brigado, mas eu não
quis responder, quando ele viu que não arrancaria nada de mim, resolveu mudar de
assunto, mas antes disso quis saber se eu continuaria me envolvendo com Edward,
um alto e sonoro não foi a resposta.
Jully escolheu assistir meu malvado favorito, ela fez Edward comprar um
pacote gigante de pipoca salgada para ela, e doce para mim, além de coca cola. Alec
comprou só um refrigerante e chocolate. Acabei sentando entre Edward e Alec, Jully
sentou-se ao lado do pai.
A garota era a única que parecia realmente assistir o filme, Alec ficava me
falando piadinhas não me deixando prestar atenção na tela, já Edward ficava bufando
por alguma coisa.
– Quer chocolate? - Alec perguntou.
– Guarde um pedaço para mim, quando terminar com a pipoca eu pego. -
Falei enfiando um monte de pipocas na boca.
– Acho que você não tem fundo. - Ele fez graça.
– Ha ha ha. Quer pipoca? - Ofereci.
– Não gosto de pipoca doce. - Peguei um punhado de pipocas.
– Você é muito enjoado. Abre a boca. - Pedi com as pipocas perto de sua boca.
Ele negou com a cabeça. - Anda, seja um bom menino e abre a boca. - Ele riu,
aproveitei para enfiar as pipocas em sua boca. - Bom garoto, agora mastiga. - Falei
rindo.
– Até que não é tão ruim. - Falou de boca cheia. - Se você der na minha boca
eu posso comer mais. Edward levantou-se rapidamente.
– Hey. - Chamei, o fazendo olhar para mim - Aonde você vai?
– Tomar um ar. - Falou rapidamente. - Você pode ficar de olho em Jully?
– Claro. Você está bem?
– Não se preocupe comigo Bella. - Falou saindo dali.
O filme já estava perto do fim e Edward, ainda não tinha aparecido, me
deixando preocupada, talvez ele estivesse passando mal. Alec murmurava alguma
coisa comigo, que eu não fazia a mínima ideia do que era. Senti a garota chacolhar
minhas pernas, me tirando do transe.
– Que foi? - Ela riu de mim.
– Vamos?
– Onde?
– Sair, o filme já acabou. - Disse como se fosse óbvio. - Você tava com uma
cara engraçada.
– Ela deve ter comigo pipoca estragada. - Alec falou fazendo a garota rir.
– Vamos logo, precisamos encontrar Edward. - Fale séria, fazendo os dois me
obedecerem.
Edward estava sentado em um banquinho perto do banheiro, sua cabeça
estava encostada na parede e seus olhos fechados, quando eu toquei nele para
perguntar se estava tudo bem, seus olhos se prenderam nos meus por segundos, então
ele disse que precisava ir e se afastou de mim.
Jully pediu que eles ficassem mais um pouco, mas concordou em ir quando
ele disse que estava com muita dor de cabeça.
Alec e eu encaramos mais uma sessão de cinema, fomos ver um filme com a
musa inspiradora dele, Angelina Jolie, ele não desprendeu os olhos do filme, já eu,
estava preocupada com a dor de cabeça de Edward, ele não parecia bem.
Depois do cinema fomos ao boliche, eu era muito ruim, Alec me detonou, foi
vergonhoso e humilhante, minhas bolas sempre caiam antes de chegar nos pinos.
Quando ele percebeu que não tinha graça nenhuma jogar comigo, ele desistiu.
Acabamos parando em um barzinho perto do meu condomínio, o lugar estava
lotado. Ficamos la até umas onze da noite, bebendo, fumando e jogando conversa
fora. Quando estava alegre demais para o meu gosto, pedi que Alec me levasse para
casa.
Ele dirigiu até o condomínio ouvindo hip hop, além de tudo ele cantava
aquela coisa, me fazendo rir.
– Essa música é horrível.
– Eu sei, sempre acabo ouvindo isso quando bebo a mais. - Ele parou o carro
na frente do meu edifício. - I melt in your mouth girl, not in your hands hahaha. - Ele
cantou acompanhando a música. Eu gargalhei e roubei o boné de sua cabeça. O
colocando na minha.
– Girl what we do - Entrei na brincadeira e cantarolei o refrão da música
– (what we do) - Alec fazia a segunda voz.
– And where we do
– (and where we do)
– The things we do
– (things we do)
– Are just between me and you
– (oh yeah) - Caímos os dois na gargalhada, céus estávamos bêbados. Eu
precisava entrar.
– Vá pra casa ok? A gente se fala segunda. - Ele baixou o som do carro.
– Ok, comandante. - Eu sorri e me aproximei dele para me despedir.
– Boa noite. - Minha intenção era beijar seu rosto, mas ele virou e acabei
beijando sua boca. Ele tentou dar continuidade no beijo, mas eu me afastei. - Não
faça isso Alec. - Murmurei.
– Por que? - Ele quis saber.
– Até segunda. - Falei escapulindo do carro.
Eu não queria ter algum tipo de relação com Alec que não fosse só amizade.
Ele era ótimo, mas como amigo, nada além disso. Edward era um exemplo de que
amizade colorida não dava certo, e além de tudo talvez ele não gostasse de me ver
com Alec, não que isso fosse do interesse dele, mas de qualquer forma já existia
conflitos demais entre os dois, e quanto menos eu atrapalhasse melhor seria. E eu
estava um pouco bêbada para pensar a respeito daquilo naquele momento, tudo que
eu queria era pensar em nada, ou em coisas inúteis como, o que leva uma pessoa a
escrever a música que estávamos ouvido.
Peguei o elevador e comecei a cantarolar aquela música idiota.
Girl what we do what we do
And where we do and where we do
The things we do things we do
Are just between me and you oh yeah
Mexia minhas mãos para cima e para baixo, e minhas pernas se
movimentavam de acordo com o som que tocava na minha cabeça. Quando olhei
minha imagem refletida no espelho não pude deixar de gargalhar. O boné de Alec
estava virado para trás, eu parecia um mano.
– Você tem que parar com a bebida. Olha o que ela faz com você. - Falei para
minha imagem.
Sai do elevador assoviando e ainda mexendo as mãos, mas quando olhei para
minha porta parei em seco. Meu sorriso se desfez e meu coração parecia querer sair
pela boca.
Edward estava no chão, suas pernas estavam esticadas, e a porta segurava sua
cabeça que pendia para trás, ele estava desacordado.
Corri até ele e me atirei no chão ao seu lado.
– Edward? Edward, fala comigo por favor. - Pedi o chacoalhando
desesperada.
Capítulo 21- Resista...
Sai do elevador assoviando e ainda mexendo as mãos, mas quando olhei para
minha porta parei em seco. Meu sorriso se desfez e meu coração parecia querer sair
pela boca.
Edward estava no chão, suas pernas estavam esticadas, e a porta segurava sua
cabeça que pendia para trás, ele estava desacordado.
Corri até ele e me atirei no chão ao seu lado.
– Edward? Edward, fala comigo por favor. - Pedi o chacoalhando
desesperada. Ele abriu os olhos lentamente. - Você está bem? Tá sentindo alguma
coisa? Onde dói? - Eu não sabia o que fazer.
– Calma Bella, está tudo bem. Não dói nada. - Respirei um pouco mais
aliviada.
– Então o que você está fazendo ai, e desse jeito?
– Estava esperando você, e acabei caindo no sono. - Ele falou bocejando.
– Você tem noção do susto que me deu? - Falei brava.
– Desculpe, não foi minha intenção. - Seus olhos verdes pareciam tristes,
acabando com minhas defesas.
– Me esperando? Para que?
– Jully me pediu pra ficar na casa dos avós maternos, Carlisle a deixo lá e eu
vim pra casa. Pensei que talvez você já estivesse chego, e quem sabe você também
estivesse fazendo nada como eu. Resolvi vir até aqui para quem sabe fazermos nada
juntos. Toquei a campainha mais ninguém atendeu, resolvi esperar um pouquinho,
quem sabe você aparecesse. - Eu não podia estar ouvindo aquilo.
– Um pouquinho? Desde que horas você está aqui?
– Umas 7 eu acho. - Falou coçando a cabeça.
– São 11:15 Edward, você está ficando louco. - Ele suspirou mas não disse
nada. - Levante-se, vamos entrar, disse também levantando.
Eu não tinha a mínima noção de como era fazer nada com Edward. Quer
dizer, a gente nunca ficou sem fazer nada, desde o primeiro dia. Cocei a cabeça e fui
em direção do sofá, me estiquei lá e liguei a TV. Edward sentou-se do meu lado.
– E agora? - Eu perguntei.
– Não sei, isso é estranho. - Ele murmurou.
– Completamente. - Resmunguei.
– Procure um filme na TV, vou fazer um brigadeiro. - Ele disse se levantado.
E foi isso que fizemos, não demorei a achar um filme, dali 10 minutos
começaria “Top Gun”, e eu descobri que nunca tinha visto aquele filme.
Deixei naquele canal e fui por meu pijama. Na verdade não era bem um
pijama, era uma blusa gigante e poida do pink floyd e um shorts velho. Quando voltei
para sala Edward já me esperava com o pote de brigadeiro na mão e a colher na boca.
Aquela cena fez meu corpo se assanhar. Ele ficou paralisado quando me viu.
– Tudo bem? - Quis saber.
– Tudo. - Falou em meio a um suspiro. - Só preciso me controlar. -
Murmurou. Eramos dois, porque eu também precisava de controle. Me sentei ao lado
dele e ataquei o brigadeiro o fazendo rir. Quando o filme começou e ele me olhou de
canto. - Top gun?
– Eu nunca assisti esse. - Me defendi.
– Sua sem cultura. - Provocou.
– Cala boca Edward. - Falei prendendo o riso.
O filme estava indo muito bem, até Tom Cruise e a mulherzinha se beijarem e
acabarem na cama. Seria normal, se Edward não estivesse a centímetros de mim, se
não estivéssemos sozinhos, se as luzes não estivessem apagadas, se a sua mão não
estivesse tocando minha, se minha mão não estivesse retribuindo, e se meu coração
não estivesse acelerado, como o coração de uma adolescente de 13 anos.
Meus olhos tentavam não desviar da televisão, porque eu sabia que os olhos
dele estavam em mim, ele chegou ainda mais perto e sua mão tocou meu rosto, me
forçando a olhá-lo. Por que aquela música romântica idiota ainda tocava na TV?
– Eu me sinto um adolescente inexperiente, tendo seu primeiro encontro. - Ele
murmurou. Continuava em silêncio, incapaz de me pronunciar. - Você destrói todas as
minhas defesas Bella. - E ele fazia o que com as minhas? Seu rosto estava a
centímetros do meu. Reaja Isabella, reaja. Meu cérebro mandava.
– Adolescentes inexperientes, no máximo pegam na mão no primeiro
encontro. - Murmurei, o fazendo sorrir torto.
-Nada de beijos? - Perguntou sem se afastar.
- Não. Isso é coisa de encontros futuros.
– Nem selinho? - Eu vacilei por alguns segundos, foi suficiente para ele
encostrar os lábios nos meus. Você sabe o que ele pensa sobre pessoas como você.
Minha consciência alertava, fazendo com que eu me afastasse.
– Você ainda não me perdoou. - Ele murmurou cabisbaixo.
– Não é isso. - Falei. - Er... Eu fiquei, muito, muito irritada e magoada com
você naquele dia. Minha vontade era socar sua cara para você deixar de ser tão
preconceituoso. Mas, com o tempo a raiva e a magoa se dissiparam.
Só não sei se é certo continuarmos com isso Edward. Eu não quero.. Nós
somos.. Nossos pensamentos são completamente diferentes. Pude perceber o quanto
somos diferentes, nossas realidades são diferentes.
– Bella, você não ouviu o que eu disse mais cedo? Eu prometi a você que vou
tentar mudar.
Quando você foi embora aquele dia, eu vi como fui idiota. Você tem razão, eu
sou preconceituoso. Mas estou disposto a mudar isso.
Olha, essas semanas que ficamos afastado, eu fui até um desses encontros de
ex viciados, para ver como tudo funciona. Ouvi depoimentos incríveis, existem
pessoas que estão afastada das drogas a mais 30 anos. Isso não é incrível? Muitas
daquelas histórias são uma lição de vida.
Nunca pensei que diria isso, mas acho que se Alec tiver vontade, ele pode
mesmo conseguir. - Alec, ele falava de Alec, queria ver sua reação se soubesse de
mim, mas ele estava tentando, era nítido que estava.
– Tenho certeza que pode. Qualquer um pode. - Disse sorrindo. - Não vamos
precipitar as coisas dessa vez Edward, vamos com calma ok?
– Ok. - Murmurou vencido. Mas me puxou para seus braços. - Abraços são
coisas de primeiro encontro. - Falou me fazendo sorrir.
Voltamos a assistir o filme, só que deitados e completamente abraçados.
Depois de Top Gun, começou Doce Novembro, mas não assisti muito daquilo,
meus olhos ficaram pesados e acabei adormecendo.
Um cheiro de comida invadia meu sono, mas eu não tinha força para abrir os
olhos e acabava dormindo de novo, mas algum tempo depois uma luz filha da mãe
invadiu a escuridão do meu sono e me acordou.
Demorei um tempo para saber aonde eu estava, comecei a ouvir conversas, e
uma risada estrondosa que só podia ser de Emmett. Aos poucos fui abrindo os olhos,
tinha um braço me segurando forte e meu braço estava em volta de alguma coisa.
Senti uma respiração batendo em minha testa e olhei para cima. Ele também
estava abrindo os olhos. Tínhamos adormecido no sofá, e pelo jeito já era dia.
Edward sorriu sem forças para falar, e seus braços me apertaram ainda mais.
– Boa tarde garotos. - A voz vinha da janela, Edward e eu olhamos em direção
dela, encontrado Carlisle com um sorrisinho tolo. Pelo jeito foi ele que me tirou da
profundeza do sono em que eu estava. Edward e eu continuávamos mudos. - Vejo que
fizeram as pazes. - Ele disse.
– Pois é. - Murmurei quase sem voz.
– Somos amigos. - Edward também murmurou. Carlisle gargalhou.
– Amigos, claro. - Falou sarcástico. - Estou vendo. - Pensei em rebater sua
gracinha mas estava sem forças.
– Que horas são em? - Perguntei.
– 14:30 - Que?
– Como você faz isso? - Perguntei para Edward. Ele franziu o cenho não
entendendo.
– Isso o que?
– Isso. Você, faz meus pesadelos sumirem e eu consigo dormir.
– Eu não sei, eu só...
– Até que em fim acordaram. - Alice apareceu não sei de onde e se jogou em
cima de nós dois. Quando eu ia abrir minha boca para xingá-la, ouvi Emmett gritando
montinho e se atirou em cima de nós também, seguido de Jasper e Rosalie, com
certeza eu não sobreviveria.
Enquanto eles riam eu tentava respirar.
– Vocês vão machucar Bella. - Edward disse bravo. Isso fez com que eles
fossem saindo de cima. Me sentei no sofá buscando ar.
– Vocês são loucos. - Reclamei.
– Pensei que fossem dormir para sempre. - Emmett disse rindo. - Pareciam a
Bella e o Bello adormecido. - Levantei meu dedo do meio para ele.
– Ainda bem que estão de roupa. - Jasper continuou.
– Sexo de reconciliação é o máximo não é? - Alice perguntou empolgada.
– Já estão namorando agora? - Jasper voltou a perguntar.
– Eu e Rose vamos ser padrinhos. - Emmett disse.
– Da pra vocês calarem a boca? - Edward pediu. - Qual o problema de vocês?
– Não vão responder nossas perguntas? - Jasper perguntou de novo.
– Não Jasper. A resposta é não, para todas as suas perguntas. Não teve sexo e
não estamos namorando. - Respondi.
– E se um dia isso acontecer, você e Emmett não seriam padrinhos de nada. -
Edward continuou.
– Mal humor em. - Rose disse rindo.
– Tenho certeza que não fizeram nada mesmo. Quando os dois transam o
humor deles vai a mil. Riem de tudo, fazem piadinha de tudo. Para o nosso próprio
bem, vocês deveriam transar sempre. - Alice esbravejou. Céus aquilo era castigo. Só
podia ser. Por que eu tinha que ouvir aquilo? E ainda por cima na frente de Carlisle.
– Chega Alice. - Carlisle disse rindo. - Você está os envergonhado.
– O almoço está pronto. - Esme gritou la da cozinha.
– Esme também veio? - Perguntei. - A final, porque estão todos aqui? -
Emendei a pergunta.
– Bella cabeção. Esse é o último final de semana de papai e mamãe aqui,
depois eles vão para as férias no Brasil.
– Ahh.. - Foi o que respondi. Tinha me esquecido completamente, isso porque
eu ajeitei tudo a uma semana atras. Como eu podia ser tão esquecida? Precisava ligar
para meu pai depois e ver se estava tudo em ordem.
– Resolvemos fazer um almoço para juntar a família. Só não sabia onde vocês
dois estavam. Esme teve um palpite que estariam aqui, então viemos todos para cá. -
Carlisle falou.
Depois que Esme falou a palavra almoço, o cheiro de comida voltou a possuir
meu nariz, meu estomago, todo meu ser.
– Eu estou com fome. - Falei.
– Novidade. - Eles falaram todos juntos.
O almoço foi engraçado e agitado. Os Cullens me fizeram muitas perguntas
sobre o Brasil. Emmett quis saber se lá era sempre calor, se tinha carnaval o ano
inteiro e se eu conhecia o Ronaldinho Gaúcho. Jasper perguntou qual era o maior
time de futebol, como era o maracanã, se macacos andavam pelas ruas, e se Carlisle e
Esme não correriam risco de serem assaltados. Alice perguntou sobre o cristo
redentor, o pão de açúcar, as praias, as baladas e se caipirinha era mesmo bom.
Rosalie me perguntou como funcionavam as aulas, se eram em tempo integral,
quantos anos iam até terminar o colegial, e se as pessoas aprendiam inglês no colégio.
Edward, Esme e Carlisle ouviram e deram muitas risadas com as perguntas e
respostas, mas não questionaram nada.
Depois de todos os questionamentos vieram os pedidos para Esme e Carlisle.
Emmett pediu um macaco de rua. Me fazendo dar um tapa em sua cabeça. Eu
não podia acreditar que ele realmente pensava quem existiam macacos a solta pelas
ruas.
Alice pediu um biquíni fio dental, segundo ela ninguém batia os biquínis das
brasileiras.
Jasper pediu um CD de samba.
Rosalie pediu algum livro do Paulo Coelho.
Edward pediu uma camisa do flamengo, me fazendo sorrir.
Depois dos pedidos, tive que prometer que um dia levaria todos eles para lá, e
que seria a guia turística. Ri imaginando o que os jornais de la iam falar sobre meus
amigos estrangeiros, eles não nos dariam um minuto de paz.
Para o mesmo não acontecer com Esme e Carlisle, eu tinha combinado tudo
com meu pai. Os seguranças iam os buscar a paisana e os levariam direto para
Búzios, onde os paparazzis não tinham acesso. Depois meu pai daria um jeito de
mostrar os pontos turísticos a eles, sem serem notados.
Quando acabei de ajeitar a cozinha, junto com Rose, nos dirigimos para a
varanda onde estavam todos os outros. Fazia muito calor em Malibu ultimamente.
Emmett convidou Rose para irem para praia, acabei me escalando para ir
junto, eu estava a fim de surfar. Acabou que todos os Cullens resolveram ir. Coloquei
meu biquíni rosa pink e minha roupa de neoprene por cima, deixei meu rosto branco
de protetor e sentei no sofá para esperar os outros. Emmett, também estava com uma
roupa de neoprene que destacava todos os seus músculo.
Rose colocou um biquíni tomara que caia vermelho, que deixava suas curvas
em evidência, e fazia Emmett cochichar no seu ouvido frenquentemente.
Jasper estava com um shorts preto, que contrastava com sua cor quase
transparente.
Emmett, Rose e eu, resolvemos descer na frente, já que iriamos pela escada
por causa das pranchas. Combinamos com Jasper de nos encontrar na praia, já que os
outros ainda estavam se arrumando. Enquanto Rose, estendia as toalhas na areia,
Emmett e eu nos alongávamos, e os outros ainda não tinham aparecido.
Rosalie percebendo nossa agonia, nos mandou logo para água e disse que
podia muito bem ficar sozinha por alguns minutos. Concordamos sem reclamar e
caímos na água, que apesar do calor estava um gelo.
Nadamos até aonde as ondas começavam a se formar. Sentei na prancha e
olhei para areia, os Cullens estavam chegando. Alice abanou a mão, nos fazendo
acenar de volta.
Iniciamos a maratona de ondas, eu levava uma vantagem, já que minha
prancha era maior, era bem mais simples entrar nas ondas. Mas Emmett, eram muito
habilidoso e não ficava para trás.
Dávamos risadas uns do outro, quando caíamos ou quando perdíamos uma
onda fácil.
Eram provocaçõezinhas bobas e engraçadas. Emmett me apelidou de surfista
de rio, enquanto eu o chamava de surfista de lagoa.
Depois de mais de uma hora de vai e volta eu estava exausta e resolvi
descaçar um pouco, nadei até onde não tinham mais ondas e fiquei la descansando,
Emmett fez a mesma coisa.
– Hey surfista de rio, você até que mandou bem. - Dei risada.
– Você também, mandou muito bem.
– Eu gosto de surfar. Sempre que estou bravo, ou preciso de um tempo
sozinho eu venho surfar.
– Essa é uma boa terapia. - Falei
– É, realmente muito boa. - Disse sorrindo.
– Mas eu não imagino o que pode te chatear. Perder o desenho animado?? -
Perguntei rindo, o fazendo rir também.
– Os pais de Rose, não gostam muito do nosso relacionamento. - Falou um
pouco incomodado.
– Sério? - Perguntei surpresa.
– Sério. Rose nega, tenta desconversar, mas uma vez eu ouvi o pai dela
dizendo que eu tinha músculos de mais e cérebro de menos. E que ela acabaria, com
três filhos pequenos tendo que cuidar da casa, e das contas, enquanto eu estaria
contando piadas idiotas. - Falou sentido.
– Que cara idiota. - Murmurei brava. Quem aquele homem pensava que era
para pisar nas pessoas daquele jeito? - Por isso você fica tão sério na frente deles?
– Sim, tento mostrar que não sou o idiota que ele pensa. A primeira vez que
ele concordou comigo, foi na festa dos meus pais, quando eu disse que você tinha um
talento incrível. Ele ficou surpreso de eu levar esse negócio de empresário a sério, e
mais surpreso ainda quando eu falei do projeto que tenho para você. Ele até nos
contratou.
– Que se dane ele Emmett, nós não precisamos fazer isso, para provar nada a
ele. Ele não sabe a pessoa magnifica que você é. Posso apostar que você é muito mais
inteligente que ele.
– Não quero fazer isso para mostrar a ele, quero fazer porque é algo que
realmente gosto. É divertido fazer isso. Arrumar lugares para você tocar, brigar por
preços, mostrar seu material. Eu gosto disso, você ainda vai ser famosa, tenho
certeza. - Rolei os olhos.
– Caso isso não aconteça, é melhor você ter um plano B. - Falei séria.
– Eu já tenho, já sou quase um advogado. - Falou fazendo cara feia.
– Isso é bom. - Falei e o assunto morreu. Ficamos em silêncio por algum
tempo.
– Edward é um cara bom. - Ele falou olhando para mim.
– Sei que é. - Respondi.
– Depois que Kate morreu, eu nunca mais tinha o visto com uma mesma
mulher, todas pareciam descartáveis para ele. Até você aparecer. O cara ficou fora de
órbita esse tempo que você deu um gelo nele.
– Nós não temos nada Emmett.
– E os beijos que presenciei?
– Foram apenas beijos, sem compromisso, e isso não voltou a acontecer
ontem.
– Sei... E não vai mais voltar a acontecer? - Ele tentava me por contra a
parede.
– Sinceramente, eu não sei. Vamos voltar para a praia, seus pais já estão indo
embora. - Murmurei, nadando para pegar uma onda e fugindo dali.
Esme e Carlisle estavam levantando acampamento, e Alice e Jasper estavam
indo junto.
Alice pegaria Jully na casa dos pais de Alec, e depois a levaria até a casa dos
pais.
Me despedi dos dois, já que não poderia acompanhá-los até o aeroporto no dia
seguinte. Desejei-lhes boa viagem e disse para não esquecerem o protetor.
Rose, Emmett, Edward e eu, continuamos na praia.
– Rose, você pode abrir aqui atrás para mim? - Mostrei o zíper da minha
roupa.
– Edward faz isso para você. Emmett amor, você pode me ensinar a surfar? -
Ela deu as costas para mim, me deixando completamente no vácuo.
– Claro ursona, tudo que você quiser. - Os dois caminharam para o mar me
deixando sozinha com Edward. Ele levantou-se e se aproximou de mim.
– Eu abro para você.
– Ok. Falei virando e colocando meus cabelos para frente. Senti suas mãos
abrindo o zíper, e era impossível não lembrar de suas mãos me despindo. Ele colocou
as mãos dentro da roupa, para me ajudar a tirá-la, e aquela corrente elétrica acabou
aparecendo de novo.
Me deitei de bruços em uma daquelas toalhas, Edward deitou-se ao meu lado,
se virando para mim.
– Você dormiu na metade do filme. - Eu sorri.
– Desculpe. Cerveja me deixa com sono.
– Você bebeu?
– Alec e eu fomos naquele barzinho aqui perto, acabamos bebendo umas
cervejas a mais. - Ele permaneceu um tempo em silêncio.
– Vocês estão saindo? - Murmurou a pergunta.
– Em que sentido?
– Ficando?
– Oh não, somos amigos normais. Do tipo que não fica.
– Sei... - Ele não parecia convencido. - Ele nunca tentou te beijar?
-Tentou. Ontem quando me deixou em casa, ele me roubou um beijo. - Edward
fechou os olhos e respirou fundo, tive vontade de rir. - Mas eu não retribui. - Falei
fazendo ele voltar a abrir os olhos.
- Por que não? - Ele quis saber.
– Não sei. Nós não temos nada além de amizade, é estranho beijá-lo. - Seus
olhos prenderam os meus.
– E nós? Temos algo além de amizade? - Eu queria que não. Mas quem eu
queria enganar? Se meu corpo ardia só de estar perto do seu. Se meu coração idiota
batia mais forte quando ele chegava perto.
– Er... Eu não sei... - Ele sorriu e pegou minha mão, a levando até seu peito.
Senti seu coração bater tão desconsertado quando o meu.
– Só você faz isso comigo. - Sorri e peguei sua mão, imitando seu gesto.
– Posso dizer a mesma coisa sobre você. - Ele sorriu feito um bobo. Sua mão
foi para meu rosto o acariciando e me fazendo fechar os olhos.
– Me fala sobre você. - Ele pediu.
– O que quer saber? - Ele pareceu pensar um pouco.
– O que gosta de fazer no inverno?
– Hum... Onde eu morava não tínhamos muito inverno. Mas, sempre
tirávamos dias de folga e íamos para Parati. Eu gostava de me enfiar debaixo das
cobertas e assistir filmes velhos, tomando chocolate quente. E você?
– Gosto de enrolar 10 minutos a mais na cama, gosto de tomar um banho bem
quente, e gosto de sentir a fumaça da comida batendo no rosto. A noite gosto de
passear na praia, sentir o vento frio bater no rosto. As noites de inverno são lindas.
– Isso me parece ser bom.
– E é, podemos fazer isso juntos se você quiser.
– Eu aceito. - Murmurei bocejando.
– Parece que tem alguém com sono. - Abri os olhos antes que acabasse
dormindo.
– Acho que o surf me deixou cansada. - Ele sorriu.
– Quer ir pra casa tomar banho e assistir mais algum filme velho?
– Quero. Poderíamos colocar o colchão no chão.
– Como quiser madame.
Demos tchau para Emmett e Rose que se agarravam dentro do mar e seguimos
para casa. Edward me fez vestir sua camiseta e carregou minha prancha. Ele largou
ela lá em casa, e foi para sua casa tomar banho, eu fiz o mesmo.
Quando sai do banho ele já estava lá em casa, enchendo um colchão inflável.
Fui para cozinha e fiz uma macarronada, quando eu voltei o colchão já estava cheio,
tinha dois travesseiros e uma coberta sobre ele. Devoramos a macarronada e bebemos
2 litros de refrigerante, acabamos dormindo por ali de novo, e de novo sem pesadelos.
Alice teve que nos acordar no outro dia de manhã, e perguntou o que
tínhamos contra a cama. Tomamos um café da manha super rápido, já que os dois
tinham que ir para o aeroporto, e me deixarem na faculdade antes.
Quando as aulas chegaram ao fim, eu sai de lá sem saber como iria para casa.
Alec saiu mais cedo e os Cullens não deram sinal de vida. Encarei a estrada e resolvi
ir a pé.
Estava quase saindo da faculdade quando ouvi uma buzina atrás de mim.
– Quer carona gata? - Sorri e virei para trás, era Jully junto com Edward.
– Essa é uma proposta bem tentadora. - Respondi. Edward baixou o vidro da
frente, e levantou um saco com lanche do McDonald's.
– E o que acha da proposta de Jully, junto com a minha proposta? - Perguntou
balançando o saco com o lanche. Abri a porta do carro e me joguei para dentro.
– Uma proposta irrecusável. - Falei os fazendo gargalhar.
Edward dirigia, eu comia e Jully cantarolava. Aquele lanche estava realmente
muito bom.
– É verdade que você vai ficar lá em casa com Edward cuidando de mim? -
Eu tossi meu lanche e tive que beber muito refrigerante para desafogar.
– Quem disse isso? - Perguntei depois de desengasgar.
– Eu sei que ficamos um tempo sem nos falarmos, mas tínhamos meio que
combinado lembra? - Claro que eu lembrava, mas eu torcia para que ele não
lembrasse. Três semanas sozinha com Edward, em uma casa sem mais ninguém, isso
não podia dar certo.
– Você vai? Vai? Vai? - A garota não parava de perguntar. Céus e agora, o que
eu faria?
Capítulo 22 - Tem um monstro no meu quarto
– Muito, muito bom, eu gostei disso. - Era o pai de Alec, junto com Jully que
batia palmas empolgada. Tinha uma mulher junto com eles, alta e muito magra, a pele
bronzeada, olhos azuis e cabelos loiros. Ela olhava bem séria para mim, deveria ser
ela a mãe de Alec.
A vergonha me fez ficar muito vermelha. Alec dava muitas risadas.
– Obrigado fãs, obrigado, muito obrigado. - Ele disse no microfone.
Jully correu ao meu encontro e me abraçou, já que eu ainda estava de joelhos
no chão.
– Bella, isso foi incrível, você precisa me ensinar como faz.
– Uma outra hora quem sabe. - Murmurei envergonhada.
– Você canta muito bem garota. - Senhor Thompson falou.
– Obrigada. - Sorri sincera.
– Bella, essa é minha mãe, Angelina. - A mulher continuava me olhando séria,
me deixando ainda mais sem jeito.
– Prazer em conhecê-la. - Acabei falando, já que ninguém dizia nada.
– Igualmente. - Ela se limitou a dizer.
– Olha só, comprei um tênis igual ao seu. - Jully apontou para o all star
vermelho em seus pés.
Tirei a guitarra e a coloquei no chão.
– Que bacana, é de botinha. - Ela sorriu. - Mas vou lhe contar um segredo,
senta aqui. - Ela sentou-se de frente para mim.
– O que é?
– Eu nunca amarro meus tênis.
– Não? Mas se não amarrar vou cair. - Eu ri.
– Olha o meu. - Nossos tênis realmente eram iguais.
– Você escondeu o cadarço. - Ela tentava entender. Desamarrei o tênis e tirei
do pé dela.
– Você tem que deixar bastante folga no cadarço, quando passa ele nessas
casinhas. - Ela olhava atentamente, eu afrouxando o cadarço. - Isso diminui o
tamanho dele. Tá vendo? - Ela confirmou com a cabeça. Eu coloquei de novo o tênis
no seu pé, e peguei o outro, fazendo o mesmo procedimento. - Se o que sobrar ficar
curtinho, você pode deixar assim mesmo, mas se sobrar um pedaço maior você
esconde ele dentro do tênis igual ao meu. O seu ficou bom desse jeito, não precisa
por para dentro. - Ela olhou admirada e em seguida sorriu.
– Obrigada. - Seus olhos ainda estavam nos tênis.
– Não acha que mereço um beijo? - Em questão de segundos ela se pôs de pé
me abraçou e me beijou. Além de me derrubar e subir para cima de mim.
– Viu, fiz igualzinho Edward. - Dei risada. Eu avisei ele para não fazer certas
coisas na frente dela.
– Como foi a balada ontem? - Pela careta nela, nada boa.
– Não muito boa. Não tinha nenhuma criança e a música era muito ruim. O tio
Alec não quis tocar rock and roll.. - Alec e seu pai darem risada.
– Você é muito mau tio Alec. - Peguei no pé dele.
– Sou nada, fiz companhia para ela a festa toda, essa mal agradecida. - Alec se
fez de ofendido.
– Podemos tocar rock and roll agora. - Senhor Thompson saiu da porta e
entrou no quarto, indo em direção ao contra baixo.
– Vamos descer Jully, eles vão fazer barulho. - A mulher realmente não
parecia ter paciência.
– A não vovó, quero ficar aqui com eles.
– Desça comigo, nós podemos jogar vídeo game. - Ela insistiu.
– Não, quero ficar aqui. - Ela não convenceria Jully.
– Deixa ela Angelina. - O homem impôs, a fazendo bufar. O barulho
ensurdecedor que ela fez ao fechar a porta, mostrava que ela não deveria estar nada
feliz.
– Ela é um pouco estressada. - Disse em tom de desculpas.
– Vamos tocar rock and roll. - Jully vibrou descontraindo o clima.
– Claro, assim que você sair de cima de mim, nós podemos começar. - Ela riu
e se impulsionou para levantar, mas aparentemente algo em mim, chamou sua
atenção.
– Que foi? - Quis saber.
–Você e Edward são muito desastrados. - Ela me deixou sem entender.
– Por que?
– Você andou batendo o pescoço, igualzinho a ele. - O pai de Alec caiu na
gargalhada. - Aonde você bateu? - Ela continuou.
– Não lembro. - Com certeza eu estava vermelha.
– Como vocês se machucam desse jeito e não lembram? Já viu o tamanho
disso? - Ela me deixava cada vez mais sem jeito.
– Jully? - Alec chamou, a fazendo o olhar. - O rcok and roll lembra? - Graças
a Alec ela pareceu esquecer do meu pescoço, e saiu de cima de mim. Murmurei um
obrigada para ele o fazendo sorrir.
Tocamos uma meia hora, o pai de Alec era um ótimo baixista e cantava muito
bem também.
Jully tocava uma guitarra desligada, e fazia muitas caras e bocas, nos fazendo
rir a todo momento. Combinamos de tocarmos juntos mais vezes, antes de desligar os
instrumentos para começar o trabalho.
Senhor Thompson, ou melhor Tyler, como ele quase me obrigou a chamá-lo,
nos deixou sozinhos e disse que cuidaria do jantar.
Acabamos tudo perto das 21:00 e fomos para cozinha, pelo cheiro que vinha
de lá, só podia estar rolando um cachorro quente.
Acho que comi uns 3 ou 4. A tal Angelina ficou na cozinha conosco mas não
falou nenhuma palavra. As vezes ela olhava como se quisesse me bater e aquilo me
assustava. Fiquei aliviada quando o interfone tocou e ela foi ver quem era. Bom, não
tinha a mínima ideia de quem poderia ser o santo, mas a fez sorrir e nos deixar
sozinhos.
Ficamos conversando sobre antigas bandas de rock, e o declínio da música.
Jully prestava atenção em cada palavra dita, como se entendesse absolutamente tudo
sobre o assunto.
Uns 10 minutos depois a mulher voltou fazendo Jully correr, pensei que fosse
para ela, mas quando a garota berrou Edward, soube que ele estava ali, me virei para
vê-lo.
– Boa noite. - Ele parecia um pouco acuado.
– Deus do céu, tenho medo que o mundo despenque na minha cabeça. - Tyler
disse, e levantou-se para cumprimentá-lo. Já Alec, murmurou um boa noite e
continuou comendo.
– Eu disse que qualquer dia aparecia não disse? - Falou, apertando a mão do
homem.
– Edward querido, quer comer? - Nossa, ela sabia como ser simpática e
educada.
– Não Ange, obrigado.
– O que veio fazer aqui? - Jully era direta. Ele sorriu para ela e olhou para
mim.
– Essa é fácil. Vim buscar minhas garotas - Acabei sorrindo para ele. - Se
sente melhor Bella?
– Sim. Não senti mais nada hoje. - Foi a vez dele sorrir.
– Bella estava doente? - A garota quis saber.
– Estava. Coisas de mulher, um dia você vai saber. - Edward explicou.
– Dinda Ali, diz que essas coisas de mulheres não são nada boas. - Todos nós
gargalhamos.
– Ela está completamente certa. - Concordei. Ela me olhou séria.
– Já sarou? - Perguntou preocupada. - Nós podemos ligar para o papai, ele nos
diz um remedinho. - Sorri com sua preocupação, não existia criança mais fofa.
– Já sarou princesa. Seu papai Edward me deu um remedinho. - As bochechas
dela ficaram vermelhas e ele a beijou.
– Vamos embora? - Ele convidou.
– O que vamos fazer hoje? - Ela estava com a corda toda.
– Dormir. - A ideia não pareceu animá-la.
– Posso dormir com vocês?
– Podemos negociar... - Ele respondeu olhando para mim.
– Por favor, eu prometo não falar nada quando vocês se beijarem. - O pai de
Alec voltou a rir, e eu a ficar vermelha.
– Ok, vamos embora. - Falei levantando da mesa. Edward também ria. Já a
mulher me olhava com a cara cada vez mais feia.
– Onde estão suas coisas? - Edward perguntou a Jully.
– Lá no meu quarto. - Ele a pôs no chão.
– Corre lá então, para podermos ir.
– Eu vou com você querida. - Angelina disse. - Não quer subir Edward?
– Hoje não Ange, vamos esperar na sala.
– Ok. - Ela parecia outra pessoas com Edward. Completamente simpática e
sorridente.
– Bella é uma ótima música. - Tyler disse para ele.
– É, eu sei que é.
– Sempre tão exagerado. - Falei olhando para ele.
– Vamos embora. Boa noite Tyler, obrigado por cuidar de Jully. - Edward
apertou a mão do homem de novo.
– Bom saber que você está voltando. A vida segue rapaz. - Falou para Edward
que sorriu sincero.
– Boa noite Alec. - Edward murmurou.
– Boa noite. - Alec respondeu meio a contra gosto.
– Tchau Tyler, apareça nos nossos ensaios, vamos tocar mais juntos.
– Vou aparecer lá com Alec, pode ter certeza.
Corri até Alec e beijei seu rosto o fazendo sorrir. - Até amanhã tio Alec.
– Até, tente não chegar tarde. - Fiz prestar continência.
– Entendido capitão.
Edward me puxou pela mão até na sala, os dois ficaram lá na cozinha.
Jully ainda não tinha decido. Olhei para o piano e lembrei do que Alec tinha
me dito.
– Fiquei sabendo que sabe tocar piano. - Ele me olhou meio surpreso.
– É, eu tocava. Não toco mais.
– Toca para mim? - Pedi.
– Não Bella, peça qualquer outra coisa, menos isso.
– Por favor Edward. Eu quero muito ver você tocando. Por favor, faz isso por
mim. Por favor? - Lhe lancei um olhar pidão, como Jully fazia.
– Você está ficando perigosa igualzinho a Jully. - Ele murmurou.
– Isso é um sim? - Ele me olhou por um tempo e me puxou para o piano, me
sentei ao seu lado.
– Vamos ver se o livro ainda é o mesmo. - Ele foleava o tal livro a procura de
uma música. Assim que a encontrou ele arrumou certinho a partitura, esticou e
estralou os dedos e tocou em algumas teclas do piano.
Parou por um tempo e olhou para mim, depois fechou os olhos.
http://www.youtube.com/watch?v=rxHlo9TmRQc&feature=fvsr
I was a quick wet boy
Ele cantou a primeira frase da música e em seguida começou a tocar o piano.
Diving too deep for coins
All of your straight blind eyes
Wide on my plastic toys
And when the cops closed the fair
I cut my long baby hair
Stole me a dog-eared map
And called for you everywhere
Have I found you?
Flightless bird, jealous, weeping
Or lost you?
American mouth
Big bill looming
Now I'm a fat house cat
Cursing my sore blunt tongue
Watching the warm poison rats
Curl through the wide/white fence cracks
Kissing on magazine photos
Those fishing lures thrown in the cold and clean
Blood of Christ mountain stream
Edward ficava divino daquele jeito, naquele piano. Ele não abriu os olhos por
um segundo se quer, e eu desejei muito saber o que se passava na sua cabeça.
Have I found you?
Flightless bird, climbing, bleeding
Or lost you?
American mouth
Big bill, stuck going down
Só quando o silêncio voltou a reinar na sala foi que ele abriu os olhos, e os
fixou em mim.
– Gostou? - Uma mecha de seus cabelos caiu sobre seus olhos. Passei minha
mão por ali, para ajeitar.
– Muito. Você parece alguma espécie de anjo quando está tocando. - Ele me
escorregou para mais perto. Sua mão tocou meu rosto me fazendo fechar os olhos,
senti sua respiração batendo no meu rosto.
– Bella. - Ele murmurou. - Eu a..
– Por favor, não façam isso aqui. - Era a voz de Angelina e ela parecia
implorar. Levantei de onde estava, me distanciando de Edward.
– Eles fazem isso o tempo todo. - Jully murmurou.
– Pelo amor de Deus Angelina. - Tyler apareceu por ali, pelo jeito ele estava
nos espiando. - Kate está morta.
– Vocês nem parecem lembrar que um dia ela existiu. - A mulher disse brava.
– Ok. - Cochichei para Edward. - Vou esperar lá fora.
– Essazinha ai, está querendo roubar o lugar dela. - Apontou o dedo me
acusando, meu sangue ferveu.
– Não fala assim de Bella. - Edward ordenou. Eu a encarei séria.
– Eu não estou querendo roubar o lugar de ninguém, até mesmo porque, pelo
que eu sei, sua filha está morta. Mas não se preocupe comigo, Edward e eu não temos
nada, fique tranquila.
– Você não deve explicações Bella. - Alec apareceu ali também.
– Bella, Bella, Bella eu não posso mais escutar falar de você. É Jully, Alec e
agora Edward e parece que Tyler também vai entrar na onda. - A mulher estava
descontrolada.
– Não brigue com ela vovó. - Jully pediu. Eu estava prestes a explodir.
– Espero vocês do lado de fora. - Falei saindo dali.
Aquela mulher era maluca, descontrolada e neurótica. Quem ela pensava que
era para falar de mim daquele jeito?
Acendi um cigarro e chutei muitas vezes o pneu do carro de Edward.
– Inferno, inferno, inferno. - Murmurei ainda batendo no pneu.
– Você está brava? - Ouvi a voz de Jully tristonha.
– Não princesa. - Respondi respirando fundo.
– Parece. - Falou se sentando na escada e apoiando a cabeça sobre os braços.
– Estou nervosa, mas não é com você.
– Vovó diz que você quer roubar o lugar da minha mãe. - Ela estava realmente
triste.
– É, eu ouvi. - Murmurei.
– E você quer? Quer ser minha mãe? - Ela murmurou. Maldita Angelina, a
mulher queria por a garota contra mim.
– Não Jully. Sua vó, não sabe o que diz. Eu não quero roubar o lugar de sua
mãe, nem nada disso. - Pela primeira vez, desde que a conheci, ela ficou quieta. Eu
voltei a fumar meu cigarro, mas eu a ouvi chorrar. Ela estava com a cabeça escondida
entre as pernas. Joguei fora o cigarro e fui até ela.
– Hey princesa, o que foi? Porque está chorando - A aninhei no meu colo, ela
escondeu o rosto com as mãos.
– Papai diz que eu sou uma boa garota, mas eu não sei. Edward não gostava
de ser meu pai. E você, você ficou brava quando vovó disse que você pegaria o lugar
de minha mãe. - Céus, eu a tinha magoado. Para ela, era uma coisa boa, a mulher ter
me acusado de querer pegar o lugar de sua mãe. Pelo que entendi ela queria que eu
fizesse isso.
Tirei suas mãozinhas da frente do seu rosto e enxuguei suas lágrimas.
– Hey, não foi isso que eu quis dizer. Você é uma ótima garota, a garota mais
esperta, linda e carinhosa que eu conheço. Ficaria feliz de ter uma filha assim.
– Você não está mentindo? - Perguntou com mais lágrimas nos olhos. Aquilo
me angustiava. Como eu pude ter a deixado daquele jeito.
– Não, claro que não. Olha, vou lhe contar um segredo, eu nunca contei isso
para ninguém, porque é uma coisa que me deixa muito, muito triste.
– O que é? - Perguntou secando as lágrimas.
– Uma vez... A algum tempo atrás, eu encomendei um bebê. - Ela arregalou os
olhinhos.
– Sua barriga cresceu? - Eu ri.
– Cresceu, cresceu muito. Mas, um dia eu bati de carro, e o bebê acabou
morrendo, junto com a minha prima que eu disse para você que mora no céu.
Lembra? - Ela balançou a cabeça afirmando.
Eu não pude ver esse neném, porque fiquei algum tempo no hospital, e
quando acordei, já não estava mais na minha barriga. Mas, eu soube que era uma
garotinha.
Antes de conhecer você, sempre que eu pensava nela, eu não tinha uma
imagem formada na minha cabeça, de como ela seria. Mas agora, quando eu penso
sobre isso, quando ela me vem a cabeça eu a imagino assim, parecida com você. - A
garotinha sorriu.
– Você está triste agora?
– Um pouquinho, mas se você me abraçar, passa. - Ela ficou de pé e me
abraçou. Não me dei conta de em que momento meus olhos tinham se fechado, mas
eu abraçava apertado, matando a saudades de alguém que eu nem conheci mas que
sentia tanta falta.
– Amo você. - Ela falou sem me largar. Eu sorri largo.
– Eu também amo você. - Murmurei. Me dei conta do que eu tinha acabado de
dizer. Aquilo tinha saído da minha boca? Finalmente, eu pude dizer aquela frase?
Sim, eu tinha conseguido. Comecei a rir alto. - Amo você, eu amo você, amo você. -
Murmurava rindo sem parar, fazendo ela rir junto comigo.
– Hey Edward, você estava ai. - Jully o chamou, me fazendo enrijecer. Teria
ele ouvido nossa conversa?
-Estava. - Ele sentou-se ao meu lado e buscou insistentemente meus olhos,
mas eu não o encarava.
- Podemos ir embora agora? - Perguntei querendo sair dali.
– Bella, olha para mim. - Ele pediu, eu continuei sem encará-lo mas suas
mãos seguraram meu rosto para que eu o olhasse. - Está tudo bem. Me conte quando
você se sentir a vontade para contar.
– Ok. - Murmurei.
– Contar o que em? - Jully perguntou.
– Você anda querendo saber demais garota. Vem aqui.- Ele a tirou dos meus
braços e a sentou do seu lado. - Esse é aquele momento em que você tem que fechar
os olhos. - A garota colocou as mãos na frente dos olhos e Edward aproximou seu
rosto do meu.
– Não vamos fazer isso a... - É, eu não terminei a frase, ele já estava me
beijando.
– Arrrgg.. O que a sua língua tá fazendo na boca dela? - Minha gargalhada
interrompeu completante o beijo.
– Que coisa menina, não disse para fechar os olhos? - Edward tentava parecer
sério.
– Disse, mas esses barulhos me deixam curiosa. - Continuei rindo, enquanto
Edward visivelmente tentava parecer sério.
– Agradeça sua curiosidade por ter que dormir no seu quarto hoje. - Ela o
olhou apavorada.
– Ah não, ah não Edward. Por favor não. Eu prometo não espiar mais, vou
ficar quietinha quando vocês fizerem essas coisas nojentas. Eu prometo, prometo.
– Tarde demais. - A garota veio até onde eu estava e segurou minhas mãos.
– Por favor Bella, pede para ele. Prometo ser boazinha, vou me comportar. -
Ela quase suplicava. Tentei parar de rir e olhei para Edward.
– A culpa é sua, já disse para não fazer isso na frente dela. - Ele me olhou
incrédulo. - Não se preocupe princesa, se Edward não deixar você dormir no quarto
dele, eu durmo com você.
– O que é isso? Estão armando um complô? - A garota estava abraçada a mim,
e escondeu o rosto.
– Mulheres unidas, jamais serão vencidas meu caro. - Levantei dali com ela
no colo.
– Agora vamos, quero todo mundo no banho antes de dormir. - Jully deu
risada.
– Você tá parecendo minha mamãe Esme. Ela é assim mandona. - Edward
levantou-se também.
– Melhor obedecermos o capitão. - Ele tirou ela dos meus braços e a levou
para o carro.
– Fique ai quietinha, e nada de espiar. - Pude ouvi-lo murmurar.
Depois disso ele voltou-se para mim.
– Como sou o segundo no comando também posso dar ordens. - Eu ri. Ele me
puxou pelo braço e me prensou na caminhonete. - Adoro quando fica mandona sabia?
- Seus lábios no meu pescoço me fizeram ficar arrepiada.
– A garota está no carro Edward. - Falei enquanto ainda era possível.
– Os vidros são pretos, e suas costas são a única coisa que ela pode ver. -
Ronronou no meu ouvido me fazendo suspirar. - Não parece tão mandona quando eu
estou tão perto de você. - Ele provocou.
– Não me provoque. - Ele sorriu e voltou a beijar meu pescoço.
– Céus Edward, o que está fazendo? - Falei soltando o ar.
– Sabe quanto tempo faz que não sinto seu corpo junto ao meu? Quase dois
meses Bella. Não imagina como eu sinto falta. - Sim, eu sabia. Todas as malditas
noite eu pensava sobre aquilo. Sobre a falta que me fazia.
– Eu posso imaginar. - Ele trilhou um caminho de beijos e mordidas do
pescoço até meu ouvido, me fazendo arfar.
– Quando meus pais voltarem de viagem, eu vou te sequestrar por um final de
semana. Vou te levar para longe daqui. Um lugar onde só exista nós dois, e nenhum
Cullen para nos atrapalhar.
Eu vou te despir lentamente, e em seguida vou beijar, morder e lamber todo o
seu corpo. - Aquilo era tortura, só podia ser. Meu cérebro pervertido imaginava tudo
aquilo. - Depois de fazer isso, eu vou me deliciar com seu gosto. Ah o seu gosto, você
não tem ideia de como ele me deixa insano. - Minha respiração estava forte, e meu
coração martelava freneticamente, Edward me enlouqueceria, eu tinha certeza que me
enlouqueceria. - Você gosta quando eu faço isso?
– É. - Foi o que consegui murmurar.
– É o que? - Ele mordiscou o lóbulo da minha orelha. E minhas mãos
agarraram seu cabelo.
– Céus Edward. - Disse soltando o ar. - Sim, eu gosto, muito.
– Que bom. - Sorriu sacana, com os olhos cheios de desejo. - Depois de fazer
isso tudo, eu vou me unir a você, lentamente. E nós vamos fazer isso de vagar, como
nunca fizemos antes. Um olhando nos olhos do outro. Quero olhar nos seus olhos
quando você estiver alcançando o ápice, eu quero chegar junto com você. - Deus, eu
acabaria o agarrando ali mesmo. O que ele estava pensando? Aquela voz rouca e
baixa, junto com aquele monte de sacanagem, deixaria até minha vozinha molhada.
– Você quer fazer isso Bella? - Minha respiração não poderia ficar mais
irregular.
– Quero. - Ele sorriu e eu não aguentei mais, o beijei, com todo desejo e
vontade existentes no meu corpo, mas ele se separou de mim rapidamente.
– Calma Bella, calma. Isso não vai ser hoje. Primeiro porque Jully está no
carro, segundo porque você está temporariamente indisponível. - Ele sorriu sarcástico
enquanto eu tentava controlar minha respiração.
– Seu filho da mãe. - Disse arfando o fazendo rir.
– Um banho frio vai te ajudar. - Falou antes de se virar e ir para dentro do
carro. - O que ele fez comigo? Ou melhor o que ele fazia comigo? Como me deixava
naquele estado. Eu arfava como se tivesse corrido meia maratona.
Esperei alguns minutos para tentar me controlar antes de entrar no carro.
Quando me senti menos quente eu entrei. Edward ria como um idiota.
– Você me paga Cullen, não deveria mexer com quem está quieto. - Disse
bastante séria e ele parou de sorrir.
– Isso é uma amostra de como me sinto todos os dias, quando sua pele encosta
na minha. E eu não estava brincando quando falei de um final de semana só nosso. -
Ele cochichou para que a garota não ouvisse. - Aliás, eu não estava brincando em
nada que disse. - Falou com um sorriso sacana.
– Por que cochicham tanto? - A garota quis saber.
– Coisas de adultos querida. - Edward respondeu. Eu ainda estava me
recuperando para poder falar alguma coisa.
– Saco, tudo é coisa de adultos. - Ela se lamentou nos fazendo rir.
Eu realmente precisei de um banho frio quando cheguei em casa.
... As semanas com aqueles dois passavam voando, e quando dei por mim, já
estávamos na nossa última sexta-feira.
Edward e eu não evoluímos em nada no quesito finalmente, já que a garota
dormiu todos os dias conosco. Era tão frustrante dormir com ele todas as noites sem
poder tirar casquinha.
Isso era motivo de muita zoação das minhas queridas amigas. Alice, Rose e
Elizabeth, elas viviam fazendo piadas, e tudo que eu podia fazer era rir junto. Ficou
pior quando Emmett e Jasper descobriram, Edward também não teve mais paz.
Tirando nossas frustrações sexuais, aquelas semanas foram o máximo, nós
três fizemos muitas coisas juntos e demos muitas risadas.
Edward as vezes era mais infantil do que Jully, sobrando para mim a função
de ser a adulta da casa. Ele não apagava as luzes ao sair dos cômodos, deixava a
toalha molhada em cima da cama, assim como as roupas sujas. Reclamava quando eu
pedia para ele levantar do sofá e ir lavar a louça. Me imitava quando eu dava alguma
ordem, e fazia planos contra mim.
Eu era constante vítima de guerras de travesseiro e ataque de cócegas. Jully
até tentava me defender, mas Edward podia com nós duas sem muito esforço.
Sempre que eu pedia para ele desligar a TV e ir dormir ele resmungava, mas
assim que eu virava as costas ele já estava atrás de mim me paparicando.
Jully e eu estávamos cada vez mais unidas, e isso muitas vezes deixava
Edward com ciúmes.
Ela me abraçava, beijava e dizia coisas fofas o tempo todo. E sempre brigava
com Edward quando ele me atacava. Nós duas éramos um time. E quando queríamos
alguma coisa, Edward não deveria nem pensar em nos negar, já que como castigo nós
os excluíamos de nossas conversas.
Ele vivia resmungando algo como, "Imagina quando Jully crescer e vocês
duas ficarem de TPM, o que vai ser de mim?"
Alec me deixou em casa sexta a noite. Tivemos que ensaiar depois da aula, já
que no dia que era para termos feito isso, eu estava na casa dele, fazendo trabalho e
escutando baboseiras de sua mãe alucinada.
Os Cullens iriam passar aquele final de semana conosco, e pelo barulho que
eu podia ouvir lá de fora, já estavam todos ali. Acho que a risada de Emmett podia se
propagar por quilômetros.
– Olá crianças. - Disse aparecendo na sala, onde estavam quase todos.
Jully que estava sentada no sofá aparentemente tentando socar Emmett,
levantou-se e veio correndo ao meu encontro. Nessas três semanas aprendi como
pegá-la sem me desequilibrar.
– Você demorou. - Protestou no colo.
– Desculpe. Assim que o ensaio acabou eu vim, não fiquei de papo nem um
minutinho. - Dei um beijo estalado em sua bochecha.
– Cadê meu beijo? - Pedi, ela me beijou imediatamente. - Como foi seu dia? -
Eu quis saber.
– Não muito bom, você e Edward demoraram hoje. E faz pouco tempo que
todo mundo resolveu aparecer.
Sabia que meu dindo e o tio Emmett estão cozinhando? - Nem ela parecia
acreditar.
– Acho isso altamente perigoso. - Ela deu risada. Percebi que todos estavam
parados nos assistindo.
– Por que eles vivem fazendo isso? - Jully pareceu perceber a mesma coisa.
– Boa pergunta. Também gostaria de saber. - Odiava quando eles faziam
aquilo. Era como se nós duas fossemos alguma espécie de ET. Coloquei ela no chão e
caminhamos até onde eles estavam. Me joguei no sofá ao lado de Emmett, e Jully
sentou no colo de Alice. Eles voltaram a prestar atenção na TV.
– O que estão assistindo? - Perguntei.
– Um especial sobre vampiros na Discovery. - Emmett parecia empolgado.
– Vampiros? Tá passando isso de novo? Vocês realmente não tem nada para
fazer não é? - Disse zoando.
– Eles matam pessoas e bebem o sangue delas. E os olhos deles são
vermelhos, e a pele é gelada. - Jully relatou assutada.
– Eles não existem pequena, são só mitos bobos. Inventaram um monte de
histórias bobas, dizem que eles dormem em caixões e não podem sair na luz do dia.
Mas são tudo coisas de Hollywood para ganhar dinheiro. - Ela sorriu.
– Igual ao Shrek? - A garota era esperta.
– Exatamente.
– Bella, você está desatualizada. Agora eles não dormem mais, eles não
podem fazer isso. - Alice contou.
– E além de tudo, eles podem sair na luz do dia, sendo que não tenha sol. -
Rose continuou.
Eu dei risada. Que espécie de vampiros eram aqueles? Seria aquilo uma
evolução?
– Só falta vocês me dizerem que eles não matam mais pessoas, e sim animais.
- Falei sarcástica.
– Quem não mata mais pessoas? - Edward estava descendo as escadas. Ele
passava as mãos nos cabelos molhados, para deixá-los bagunçados. Céus aquele
homem me tirava o ar.
– Vampiros. - Murmurei desviando meus olhos do corpo dele.
– Mas eles não existem, são só invenções de Hollywood para ganhar dinheiro.
- Jully contou a ele, fazendo todos rirem.
– Não acredito que estão assistindo o especial sobre isso na Discovery. Eu não
sabia que iria reprisar. Tentei ver essa semana, mas Bella me mandou dormir. - Mais
risadas vieram, só então Edward se deu conta do que falou.
– É isso ai Bella, manda quem pode obedece quem tem juízo. - Rose disse
rindo.
– As mulheres mandam maninho, aprenda isso. Acho que já aprendeu. - Alice
continuo a zoação.
– Já está assim mandadinho Edward? - Emmett deu gargalhada.
Olhei para Edward prendendo o riso.
– Se entregou sozinho. - Murmurei levantando do sofá e indo de encontro a
ele.
Enquanto os outros riam e continuavam com as piadinhas, Edward aproveitou
para conversar comigo.
– Como foi seu dia?
– Cansativo, acho que preciso de férias. - Ele sorriu.
– Meus pais estão chegando, vou te levar para um final de semana de férias. -
Sorri sacana.
– Não pretendo descansar nesse tal final de semana. - Foi a a vez dele sorrir. -
Vou tomar um banho, não deixe eles destruírem a casa.
Ah, pelo jeito Jasper está na cozinha, cuide para que nada pegue fogo. - Antes
que eu pudesse subir as escadas ele me puxou e me deu um selinho.
– Huuummmm... - Ouviu um couro atrás de nós, o que me faz rir.
– Presentem atenção nos vampiros crianças e nos deixem em paz. - Disse
subindo as escadas.
Enchi a modesta banheira do "meu quarto" e tomei um banho demorado, e
relaxante. A única coisa que estava para fora da espuma era o cigarro que eu fumava.
Quando me senti completamente relaxada sai dali. Coloquei meu pijama,
penteei meus cabelos e desci.
Já estavam todos na cozinha jantando. Jasper fez o macarrão e Emmett o
molho. Ficou uma macarronada meio grudenta, mas aquilo não me importou, com a
fome que eu estava seria capaz de comer tudo sozinha.
Como cheguei por ultimo e terminei por último, a louça acabou sobrando para
mim. Enquanto isso eles voltaram para sala para assistir o monstro que eu mais
odiava, que atendia pelo nome de Shrek.
Lavei tudo tranquilamente e depois fiz uma panela enorme de brigadeiro,
dividi em 4 tigelinhas. Quando voltei para sala, estavam todos deitados em colchões
de ar, que eu não fazia a mínima ideia de onde tinham surgido.
Distribui as tigelinhas e me estiquei no sofá, que era o único lugar vago.
Emmett ria alto com o burro, e aquilo me fazia rir também. Não do burro, mas
sim das risadas de Emmett, ele parecia uma criança grande.
Jully que estava deitada em cima de Edward, murmurou algo com ele e com
Rose, que estava do seu lado. O cochicho dos três mobilizou todos dali, pelo jeito
estavam arrumando um lugar para mim.
– Vem aqui do nosso ladinho. - Ela pediu. Não existia criança mais fofa no
mundo. Levantei com preguiça e tentei não pisar em cima dos outros.
Edward esticou o braço para que eu deitasse minha cabeça.
A garota pegou minha mão e juntou as deles, como tinha feito no dia que nos
conhecemos. Sorri com a lembrança, e pelo jeito Edward também lembrou. Ele
beijou minha mão e em seguida a cabeça da garota, e voltamos a prestar atenção no
monstro idiota.
O filme não estava nem na metade quando Jasper começou a roncar, nos
fazendo rir. Emmett tentou fazer uma gracinha, mas Alice não deixou.
Eu também já estava quase dormindo, resolvi levantar e ir deitar na cama.
– Gente eu vou dormir. - Anunciei me sentando .
– Acho que é uma boa ideia. - Edward bocejou a frase.
– Então eu também vou. - Concluiu a garota. Rose deu risada.
– Jully, fica aqui com a tia mais um pouquinho. - Ela pediu, mas a garota
balançou a cabeça negativamente.
– Vou com eles.
– Ah Jully, fica só um pouquinho. Tenha dó dos seu pai, ele está necessitado. -
Emmett falou, me fazendo lançar um olhar de repreensão.
– Do que você está necessitado Edward? - Ela quis saber.
– De uma noite de loucuras. Olha para ele, o coitado só fica na vontade. -
Emmett continuou. Rose o bateu.
– Vontade de que? - Bufei irritada olhando para Emmett.
– Parabéns Emmett, agora responda todas as perguntas dela. - Falei brava.
– Seu pai é um homem, e sua quase mãe é uma mulher. Quando eles estão
perto demais, ou se beijando eles sentem vontade de... - Eu não podia acreditar
naquilo.
– Pelo amor de Deus Emmett, cala essa boca. Você não vai dizer isso para
uma criança de 4 anos. - Levantei brava dali. O outros ainda estavam incrédulos com
o que ele iria falar. - Ficou maluco? Perdeu de vez o juízo? - Eu estava indignada.
– Por que está brava? Eu não estou entendendo nada. - A garota reclamou.
– Seu tio tem alguns parafuso a menos. - Edward também parecia aborrecido.
– Não vão me contar o que acontece? - Lancei outro olhar raivoso para
Emmett.
– Não acontece nada. - Respirei fundo tentando me controlar. - Jully, isso é
um assunto de adultos, eu não posso te explicar.
– Não pode me explicar por que beija Edward na boca se não são
namorados? - Eu mataria Emmett.
- As pessoas se beijam na boca, quando se gostam. - Rose ajudou.
– Então você gosta de Edward? - Ela quis saber.
– De uma certa forma, gosto.
– Então por que não namoram? - Ah Emmett, vou fazer você em pedacinhos.
– Porque não é a forma certa de gostar, para namorar. Eu gosto dele, mas não
da forma que Rose gosta desse sem miolo, por exemplo. - Ela coçou a cabeça.
– Não consigo entender.
– Você vai entender, quando for maior. Prometo te explicar melhor, quando
tiver idade para isso. Por enquanto não se preocupe com isso ok? E nem dê ouvidos
para Emmett, ele não sabe o que fala. - Ela levantou-se e caminhou até onde eu
estava.
– Você promete que um dia me conta? - Pediu me fazendo sorrir.
– Prometo. - A peguei no colo. - Agora vamos dormir? - Ela concordou e
deitou a cabeça em meu ombro.
– Você não vem Edward? - Jully quis saber.
– Que Edward o que garota? Chame ele de pai. - Alice a deixou constrangida.
– Preciso concordar com sua dinda, nunca vai chamá-lo de pai? - Perguntei
baixinho.
– É estranho chamá-lo assim. - Ela respondeu escondendo mais o rosto.
– É só até você se acostumar, depois fica fácil. As vezes você chama que eu
ouço. Não precisa ficar com vergonha. - Murmurei tentando olhar para ela.
– Jully, qualquer garota ficaria com inveja de você, vendo o pai bonitão que
você tem. - Rose falou. A garota não disse mais nada, continuou escondendo o rosto
no meu ombro.
– Vamos subir. - Olhei para Edward. - Te encontro lá me cima. - Ele sorriu um
pouco triste.
– Já estou subindo.
Subimos as escadas em silêncio, já que a garota parecia acuada. A levei para
por o pijama e escovar os dentes, e por incrível que pareça fizemos isso em silêncio.
Da última vez que ela ficou tanto tempo em silêncio acabou chorando.
A coloquei na cama e apaguei a luz, depois me deitei ao seu lado. Ela suspirou
e deitou-se em cima de mim.
– Quer conversar? - Perguntei.
– Acha que eu sou mau? - Ela quis saber.
– Não. Tenho certeza que não é mal. Acho que é a criança mais maravilhosa
do mundo.
– Então por que tenho vergonha de chamar Edward de papai? - Ela se
lamentou.
– Porque não está acostumada. - Minhas mãos alisavam seus cabelos.
Quando você nasceu, Edward teve que ficar um tempo longe. Você conviveu
esse tempo com Carlisle e Esme. Como ouvia Emmett e Alice, os chamando de pai e
mãe, você aprendeu a chamá-los assim também.
E é por esse mesmo motivo que chama Edward de Edward, as pessoas o
chamavam assim e você aprendeu.
– Por que ele ficou um tempo longe?
– Por que quando sua mãe morreu, ele ficou muito, muito triste. Sem saber o
que fazer, acho que ele não sabia como seguir em frente.
– Mas por você eu resolvi voltar. - Edward nos surpreendeu ao entrar no
quarto. - Mesmo sem saber o que fazer, eu voltei. - Ele deitou-se ao nosso lado. -
Porque de uma coisa eu tinha certeza, não poderia abandonar você. Você é o que eu
tenho de mais valioso no mundo.
Eu queria explicar muitas coisas para você, mas são coisas que você não
entenderia agora, ainda é muito pequena para toda essa história.
– Por que nunca me falou sobre minha mãe?
– O que quer saber sobre ela? - Edward tentava parecer tranquilo, mas eu
sabia que não estava.
– Meu vô sempre me diz que meu sorriso é igual ao dela. É verdade?
– É. - Ele sorriu. - É verdade sim, é inevitável ver você sorrindo e não lembrar
da Kate. Seu nariz meio empinadinho também é parecido com o dela, o jeito que coça
a cabeça.
– Ela era legal?
– Era. Adorava contar piadas. A maioria não tinha graça nenhuma, mas ela
sempre arrumava um jeito de fazer todo mundo rir. E dançar, ela amava dançar. Não
podia ouvir uma música que já começava a se mexer.
Foi ela que escolheu o seu nome, desde que éramos crianças ela sempre dizia
que sua filha se chamaria Jully.
– Você gosta do meu nome? - Perguntou um pouco preocupada. Eu me sentia
uma intrusa ouvindo a conversa dos dois.
– Amo. É o nome da princesa mais linda e carinhosa do mundo. Eu amo tudo
em você, você é o meu milagre Jully. Meu pequeno milagre.
Eu tenho plena certeza que Deus existe quando eu olho para você, e lembro de
todos os problemas que você teve que enfrentar mesmo antes de nascer. Sim ele
existe, e me deixou ficar com você. - Eu não precisava enxergar direito para saber
que Edward estava chorando.
Peço que me desculpe, porque sei que não sou um pai legal. Eu não cuido de
você como você merece. Sei que sou um babaca. - As lágrimas da garota, também
caiam, molhando minha camiseta. - Mas eu amo você, acredite em mim. Eu amo
muito você. Me desculpe se algum dia eu fiz você pensar ao contrário. Eu agradeço a
Deus todos os dias por ele ter me deixado ficar com você.
E não importa se algum dia você vai começar a me chamar de pai ou não. Eu
sei que sou seu pai e isso basta, vou continuar amando você do mesmo jeito.
Não importa o lugar que eu esteja. Perto ou longe de você, vou sempre
carregar você comigo, na minha memória e no meu coração. - Ele terminou
fungando.
Aquelas palavras eram tão simples mas tão profundas. Os dois estavam
chorando, uma em cima de mim, e o outro do meu lado. Eu queria abraçá-los e dizer
alguma coisa, mas sabia que nem deveria estar ali.
A garota saiu de cima de mim e se jogou nos braços de Edward. E tudo que eu
ouvi por algum tempo foram soluços de ambas as partes. Aquela era uma cena
comovente, tinha certeza que se conseguisse chorar estaria fazendo. Edward
finalmente acertou os ponteiros com a filha, aquilo era óbvio. Um abraço tão simples,
mas que ao mesmo tempo dizia tantas coisas. Um abraço que eu muitas vezes sonhei
ganhar, mas que sequer recebi um.
– Eu te amo papai, você é o melhor pai do mundo. - A garota falou em meio
aos soluços. - Sorri com tudo aquilo. Edward era um cara de muita sorte. Ele a podia
abraçar, beijar, conversar sobre seu dia, e antes de dormir ele sempre ouviria aquelas
palavras.
– Eu também te amo Jully. - Ele falou ainda abraçado a ela. Eu sabia o quanto
aquelas palavras era verdadeiras. Não existe amor maior do que o de pai e mãe.
Quando eu era adolescente e deixava meu pai preocupado ele sempre me dizia
"Você um dia vai ter filhos, e vai ver como é." Ele tinha razão. Eu nunca cheguei a
vê-la, mas só de saber que estava lá, dentro de mim, dependendo de mim,
transformou completamente minha vida.
Ela passou a ser minha prioridade, eu não pensava mais em mim, e sim nela.
O que seria melhor para ela.
Talvez só quem fosse pai e mãe, ou quem chegou perto disso, entendesse esse
amor que Edward declarava a filha. Com certeza esse era o amor maior do mundo
que Roberto Carlos cantarolava em uma de suas músicas.
Aos poucos os dois foram se acalmando e voltando ao normal. Edward
aninhou Jully em seu peito e secou suas lágrimas. Os dois olharam para mim no
mesmo instante.
– Essa foi a coisa mais fofa que eu já presenciei. - Falei, fazendo os dois
sorrirem.
– Eu amo você também. - Ela me disse, me fazendo sorrir.
– Também te amo Jully Cullen. - Edward me puxou para junto deles.
– Vocês são as minhas garotas. Só minhas, demais ninguém. E eu me orgulho
muito de ter as duas. - Ele murmurou beijando o topo de minha cabeça. Passei meu
braço em volta dos dois e fechei os olhos com um sorriso no rosto. Eu também me
orgulhava muito daqueles dois.
Adormecemos os três bem abraçadinhos.
... Quando acordei com o sol batendo no meu rosto, Jully não estava mais na
cama. O que era muito estranho, já que quando ela acordava primeiro, ficava deitada
nos observando dormir. Fui até o banheiro procurar por ela, mas não estava lá, o que
me deixo preocupada. Já estava saindo do quarto quando coloquei meu pé em cima
de um bilhete que tinha meu nome.
"Bella/Edward, passei por aqui mais cedo, Jully estava acordada observando
vocês dois dormirem, consegui a convencer de ir para piscina conosco. Aproveitem e
divirtam-se. E a propósito De nada. Beijos Alice."
Ahh, eu adorava Alice, ela merecia uma medalha.
Tranquei a porta do quarto e fui até o banheiro, escovei os dentes e voltei para
cama.
Edward dormia de bruços abraçado ao travesseiro. E graças a Deus já estava
sem camiseta. Comecei a distribuir beijos por suas costas largas, o deixando
arrepiado. Quando cheguei no seu pescoço o ouvi suspirar.
– Esse é um ótimo jeito de me acordar. - Murmurou quase sem voz. Cheguei
minha boca perto de sua orelha.
– Bom dia, Edward. - Murmurei para logo em seguida mordê-lo.
Aquilo pareceu despertá-lo. Seus braços me derrubaram e ele veio para cima
de mim.
– Jully? - Perguntou beijando meu pescoço.
– Alice passou por aqui enquanto dormíamos e a carregou para piscina. -
Edward abriu um enorme sorriso.
– Lembre-me de agradecê-la depois. - Falou antes de beijar minha boca.
Eu estava com pressa, muita pressa. Não aguentava mais aquela longa espera
de semanas. Tirei ele de cima de mim para que pudesse me livrar da minha camiseta.
– Com pressa? - Perguntou.
– Com a sorte que temos, melhor apressar tudo. - Murmurei jogando a
camiseta no chão. - Ele voltou a vir para cima de mim. Beijou meu pescoço, e foi até
a clavícula. Aqueles lábios pareciam rastos de fogo, faziam meu corpo arder. Seus
beijos foram descendo por todo meu corpo desnudo, ele ia de vagar para me torturar
mais. Suas mãos brincavam com o cós do meu shorts, sem pressa alguma. Bufei em
agonia o fazendo rir.
– Apressada. - Murmurou descendo meus shorts.
Ao me ver só de calcinha ele parou de me beijar e ficou me olhando por
algum tempo.
– Eu não me canso de admirar você. Suas medidas são perfeitas, cada vez
mais tenho a certeza que foi feita para mim. - Eu me sentei na cama e ataquei sua
boca. Tudo que ele falava me deixava ainda mais louca, com mais vontade.
– Bella? Papai? - Jully de novo não, não. Não podia ser. - Continuamos nos
beijando, torcendo para que ela desistisse. - Já acordaram? Por que a porta está
trancada? - Ela não desistiria.
– Não pode ser verdade. - Murmurei na boca de Edward.
– Gente é sério, precisam abrir a porta. - Rosalie? Aquela traidora também
estava ali? - Não viria aqui se não fosse necessário. - Edward caiu para trás, bufando.
– Rosalie - Disse arfando. - Para o seu próprio bem, espero que o mundo
esteja acabado. - Disse alto. Sai a procura da minha roupa. Primeiro coloquei o shorts
e catei meu sutiã no banheiro
– Ataca para mim Edward. - Pedi o fazendo sentar. Ele atacou e logo em
seguida voltou a beijar meu pescoço, e meu coração que estava se acalmando voltou a
acelerar. Me virei lentamente e encontrei sua boca. Puxei seus cabelos com desejo
vontade, ele me puxou para cima de si, me fazendo esquecer de tudo.
– O que estão fazendo? - A garota voltou a falar. Me soltei de Edward fazendo
um enorme esforço e alcancei minha camiseta, respirei fundo umas 3 ou 7 vezes e
abri a porta.
– Aonde é o incêndio? - Perguntei a Rosalie.
– Pelo jeito é aqui. - Carlisle apareceu na minha frente com Jully no colo.
Passei as mãos no cabelo tentando me controlar.
– Carlisle, você não voltaria só amanhã? - Protestei e ele riu. - Cada dia mais,
eu me convenço que o mundo é cruel. - Murmurei o fazendo rir mais.
– Desculpe, me desculpe. Não era minha intenção. Edward deve estar uma
fera. - Não respondi nada.
– Por que está tão vermelha e sem ar? E por que que trancaram a porta? -
Perguntas naquele momento não eram uma boa ideia.
– Por alguns motivos que você não deve saber. Mas de qualquer forma culpe
os hormônios.
– Quem? - Carlisle riu alto.
– Eles queiram ficar sozinhos querida. - Ele explicou.
– Ela não parece bem. Olha só como está vermelha e parece que estava
correndo. - Ótimo, agora eu era motivo de risada.
– É porque ela está com calor, quando o corpo dela esfriar ela vai melhorar. -
Ela me olhou procurando uma confirmação.
– Exatamente isso. Acordei com calor sabe?
– E Edward? - Ela pôs a cabeça dentro do quarto para procurá-lo.
– Provavelmente está no banho. - Ah, eu não podia pensar em Edward. Céus
era muito azar.
– Eu vou descer. - Rose tentava prender o riso. - Vejo vocês lá em baixo. - Ela
me lançou um olhar de desculpas. - Coloque o biquíni Bella, e pule na piscina vai
melhorar. - Não respondi nada, ainda estava tentando entender tanto azar.
– Você precisa ir lá embaixo ver o presente que papai trouxe para você. - Jully
disse empolgada.
– Presente? Agora? - Carlisle podia me dar de presente uma voltinha com
Jully para longe dali.
– É, tá lá embaixo. - Ela continuava empolgada.
– Não gastou dinheiro comigo gastou? - Ele sorriu e não disse nada.
– Você vai gostar. - A garota falou.
– E o que é? - Um Edward sozinho em uma praia deserta?
– É surpresa, tem que ir lá embaixo ver.
– Sem pista? Ah, me dá uma pista vai. - Entrei na brincadeira da garota, já que
não tinha mais jeito mesmo.
– É grande. - Poderia mesmo ser Edward.
– Não consigo pensar em nada. - Carlisle me olhou uma cara de por que será?
– Vamos lá, sei que vai gostar. - Ela insistiu. Era melhor ir de uma vez.
– Ok, deixa eu por meu biquíni então. - Entrei no quarto e lembrei que minhas
roupas não estavam lá. - Lá no outro quarto. - Murmurei. Os dois riram e vieram atrás
de mim.
Como eles não tinha semancol ficaram sentados na minha cama, tive que me
trocar no banheiro. Coloquei meu biquíni rosa pink e meu micro shorts, passei muito
protetor e coloquei meu óculos de sol.
Edward já estava ali com eles, com um shorts de banho e sem camisa para
meu delírio. Ele me lançou um olhar de cobiça, e tenho certeza que fiz o mesmo com
ele.
– Pelo amor de Deus. - Carlisle resmungou.
– Então, vamos ver meu presente. - Murmurei desviando os olhos de Edward.
– Estou tão curioso quanto você, já que não me disseram o que é. Tomara que
seja algo muito, muito bom. - Edward disse olhando para o pai.
– É, Bella vai amar. - Carlisle respondeu. Ok, era tanto suspense que
realmente estava ficando curiosa.
Jully me puxou pela mão me rebocando dali. Ela praticamente me fez descer
as escadas correndo, acabei a pegando no colo para andarmos mais rápido. Quando
chegamos na piscina onde estavam todos, eu parei em seco ao ver meu presente.
Coloquei a garota no chão e tirei o óculos para ter certeza do que eu estava
vendo.
Capítulo 24 - A melhor surpresa do mundo
Assim que me viu, ele parou de conversar com Esme e virou-se para mim. Um
enorme sorriso nasceu em seu rosto. Ele esticou os braços, me esperando. Forcei
minhas pernas a se movimentarem e corri até ele.
-Paiii! - Me joguei em seu colo, exatamente como Jully fazia comigo. Seus
braços firmes me seguraram forte. Fechei meus olhos e deitei minha cabeça em seu
ombro, como eu fazia quando era pequena.
Por algum tempo ficamos ali daquele jeito. Abraçados sem dizer nada, só
matando a saudade. Aquele sentimento tomava conta de mim, junto com um sorriso
enorme que eu não conseguia desfazer. Me dei conta de como senti falta dele,
daquele abraço, dos seus braços protetores, do seu cheiro tão familiar.
Depois de Jane, meu pai era meu melhor amigo. Foi ele quem me criou,
enquanto minha estava ocupada trabalhando. Tínhamos algum tipo de ligação que
dispensavam palavras. Ele sempre sabia o que eu sentia, mesmo eu não dizendo nada.
Desde que eu era criança, sempre foi assim. E eu com o tempo aprendi a saber o que
ele sentia sem precisar perguntar nada também.
- Você no faz ideia do tamanho dela Isa. - Sua voz embargada, denunciou que
estava chorando. Desenlacei minhas pernas dele, para poder ficar de pé.
Eu o observei atentamente. Ele estava com uma aparência cansada, talvez pela
viagem. Estavam começando a aparecer alguns cabelos brancos, e aquilo o deixava
mais charmoso. Sua barba para fazer, como sempre. Sua roupa era bem casual, calça
jeans, camiseta e tênis. Sorri ainda tentando acreditar que ele estava ali. Levei minha
mão ao seu rosto, o fazendo fechar os olhos. Sequei suas lágrimas que ainda insistiam
em cair.
- Você faz tanta falta pequena. Tanta falta. Eu não estava aguentando mais.
Céus, você cresceu. - Eu dei risada.
- Pai eu no cresço mais desde os 16. Continuo com os mesmo 1,67. - Deitei
minha cabeça em seu peito, e seus braços passaram em volta de mim. Ele beijou o
topo da minha cabeça.
Charlie suspirou, e aquilo não era nada bom. Não entendia o que estava
acontecendo entre eles, mas não vinham bem à algum tempo. Depois do acidente,
minha me pareceu se distanciar.
- Não podê vir. Trabalho sabe? Sem falar do pavor que sente de aviões. Mas
mandou dizer que te ama, sente sua falta, e está contando os dias para dezembro. -
Ele murmurou triste, inclinei minha cabeça para cima, para poder vê-lo.
- Vamos conversar sobre isso mais tarde. Precisa me contar o que está
acontecendo. - Ele me encarou por algum tempo, e abriu um meio sorriso.
Quando elas chegavam lá em casa, ele se refugiava no meu quarto. Mas, nunca
falávamos nada, eu não dava papo para ele, e muito menos brincava com ele. Sempre
foi assim. Provavelmente porque ele nasceu no mesmo dia de toda aquela tragédia, ou
porque ele teria a mesma idade da minha filha. Ou porque olhando para ele eu
lembrava de tudo. Não sabia ao certo, mas nunca me aproximei. Ele era um garoto
adorável, as vezes eu chegava em casa e o encontrava dormindo no sofá, abraçado ao
meu pai, exatamente como eu fazia.
Quando soube que eu vinha para os Estados Unidos, ele ficou umas três
semanas me rodeando, até me dizer o que queria.
- Você pode me trazer um Play Station 3, no dia que voltar? - Ele murmurou a
pergunta. Era visível que ele tinha medo de mim, mesmo eu nunca tendo brigado
com ele. Era um pouco grossa as vezes, mas nunca brava. Desliguei a TV e sentei no
sofá. Seus olhos verdes me observavam atentamente.
- Posso. - Ele sorriu de canto. Me fazendo me odiar ainda mais, ele era só uma
criança, que nunca fez nada para mim.- Quer mais alguma coisa?- Ele pareceu
surpreso com minha pergunta. E balançou a cabeça, afirmando que queria. - E o quê
?
- Papai disse que você precisa ir, porque pode melhorar. - Ele murmurou
olhando para o chão. - Quero que melhore. Vi umas fotos suas, de quando não era
assim. Você parecia ser legal, até sorria. - Murmurou bem baixinho, sem nunca olhar
para mim.
Fiquei perplexa por até o garoto notar meu estado. Ele deu as costas para sair
da sala.
- Bernardo espera. - Ele parou, mas não se virou para mim. - Vem aqui. - Acho
que o medo o impediu de se mexer. - Não precisa ter medo de mim, fala sério eu
nunca te fiz nada. - Parece que minhas palavras fizeram efeito, pois ele resolveu
caminhar até onde eu estava. Ele ficou de frente para mim, e me arriscou uma
olhada.
- Olha só, não se preocupe com isso ok? Papai fala demais, eu não tenho
problema algum. Cuide dele enquanto eu estiver fora, e se um dia você o ver triste,
apenas o abrace e fique um tempo com ele.
- Você sabe lhe dar melhor com ela do que eu. Vocês são mais unidos, tenho
certeza que vai saber o que fazer. E largue um pouco o computador garoto, pratique
algum esporte, ou sei lá, algo que não envolva computador. Aprenda alguma coisa
nova. Combinado? - Estendi a mão para ele, que me olhou por algum tempo.
- Bernardo está bem. Jogando futebol, acredita? E estudando inglês, ele quer
que você se orgulhe dele. - Eu ri. - Ele queria vir junto comigo, mas Reneé, achou
melhor não. - Charlie parecia mesmo magoado com minha mãe. - Mas ele te mandou
um abraço, e pediu para não esquecer o vídeo game dele. Ah e ele falou em um tal
guitar, guitar...
- Deve ser porque é meu irmão. Somos filhos dos mesmo pais. Isso ajuda
bastante sabe? - Ele sorriu.
- Sei. Mas não só fisicamente. Mas guloso, marrento, tímido, desastrado e vive
no mundo da lua. Você sabe, eu conheço uma pessoa assim. Sem falar que ele tá ou é
mais teimoso que você. Acredita que nesses dias mostrou o dedo do meio para os
paparazzis? - Me lembrei da foto que vi, mas claro que meu pai não podia nem
sonhar, que eu andava procurando notícias. Então eu ri.
Queria muito ter estado junto para ajudá-lo. Já que eu que fiz aquela moda.
- Imagino.
- Não entendo nada do que estão conversando, sabia? - Jully, estava a poucos
metros de nós. No colo de Esme, que conversava com Edward. Mas a atenção da
garota, estava em nós.
- Que garota curiosa. - Brinquei. - Conhece Jully, certo pai? - Ele sorriu feito
bobo para a garota.
- Ahh, foi tão lindo vocês dois se abraçando. Pena eu não estar com a câmera
na hora. Ficaria uma linda foto. Talvez depois vocês possam fazer isso de novo. -
Alice começou a tagarelar, Charlie olhou para mim, arqueando as sobrancelhas, me
fazendo rir.
- O famoso Edward? - Meu pai perguntou, e estendeu a mão para ele. - Prazer
em finalmente conhecê-lo rapaz. Espero que nos entendamos melhor ao vivo, porque
por telefone foi feio. - Edward sorriu e apertou a mão de Charlie.
- Já se falaram? - Alice quis saber. Edward tentou se comunicar por olhar com a
irmã, que o ignorou.
- Já. Liguei para falar com Bella e ele atendeu. Bella tinha ido ao mercado com
você, ou algo assim. Pelo menos foi o que eu entendi.- Alice tentava visivelmente no
rir.
- Bella tinha tocado em uma festa na noite anterior. Faz algum tempo, acho que
foi a primeira festa que ela tocou aqui. - Edward e eu nos olhamos cúmplices. Carlisle
deu as cosas para nós, para não rir, com certeza. Alice continuou seu teatro.
- A festa a fantasia foi ótima. Foi bem produtiva diria eu. Aconteceu a maior
pegação sabe? As músicas pareciam animar as pessoas. Fazê-las dançar coladinhas e
se beijarem quase pornograficamente. - Meu pai não era burro, e aquelas alturas do
campeonato ele já tinha entendido. Ele olhou para mim parecendo surpreso.
Tudo que eu podia ouvir, eram gargalhadas. Eu não queria desenterrar minha
cabeça do peito de Charlie nunca mais.
- Jully, olha a cor do seu pai. Nunca, ninguém conseguiu o deixar assim
vermelho. - Alice disse em meio aos risos.
- Imagina quando você arrumar alguém para beijar na boca, e alguma pessoa
contar isso para Edward, ou Carlisle na sua frente. - Alice explicou ainda rindo. -
Acho que vai ficar com vergonha.
- Eca, beijar é nojento. Não vou fazer isso. - Meu pai deu risada.
- Edward e Emmett, também. Acho que todos são assim. - Carlisle comentou
rindo. - Pena que as crianças crescem.
- Vamos lá Bella. Olhe para mim. - Meu pai pediu. Eu neguei com a cabeça. -
Não acredito que está com vergonha, como se eu nunca te visse beijando.
- Vamos Isa, olhe para mim. - Ele cochichou em meu ouvido em português.
Suspirei e levantei minha cabeça o encarando. Ele abriu um sorriso.
- ótimo, e não pense. Não temos e não teremos nada demais. - Falei
rapidamente, para que ele nem começasse o interrogatório. Charlie só sorriu e beijou
minha testa.
- Me desculpe. Não sabia que era segredo. - Pediu. Tentei me manter séria.
- Não está brava? - Ela ainda parecia incerta e esticou os braços para que eu a
pegasse.
- Prometo que no vou contar para mais ninguém. - Todos começaram a rir de
novo.
- Ainda vai me matar de vergonha Jully. - Edward estava voltando a sua cor
normal. Mas não ousávamos a nos encarar.
- Desculpa papai. - Ela pediu, deitando a cabeça no meu ombro. Fazendo todos
sorrirem. Edward se aproximou de nós.
- Sabe que a culpa é sua não sabe? - Perguntei em um cochicho enquanto ele a
pegava.
- Me sinto viva de novo. Não esqueci o passado, e sei que nunca vou esquecer,
ainda penso sobre isso todos os dias. Mas acho que estou aprendendo a lhe dar com
isso. Estou começando a entender o significado de, "a vida segue." Não vai ser como
era antes, mas não pode continuar como estava sendo. - Terminei meu pensamento, e
traguei meu cigarro.
- Não sabe como eu fico feliz em ouvir isso. Em te ver assim. Te ver sorrindo
de verdade. Te ver prestando atenção nas conversas, nas pessoas. As vezes eu
chegava a pensar que não tinha mais jeito, que sempre teríamos você daquele jeito.
Viva. Sem nenhum problema aparente, saudável. Mas completamente sem vida por
dentro. - Ele sabia exatamente como eu me sentia. Tinha descrito exatamente o que
eu pensava.
Uma frase qualquer que um dia ouvi em algum lugar, resumia exatamente o
que Charlie disse. "Embora quem quasse morre esteja vivo, quem quase vive já
morreu." Era assim que eu me sentia, morta, com um corpo vivo. E poderia apostar
que seria assim para o resto da minha vida. Mas aquilo mudou, no pouco tempo que
eu estava ali.
- Eles são ótimos. - Disse olhando para aquela família que dava risadas na
piscina.
- A história deles se parece com a nossa. - Charlie também voltou o olhar para
eles.
- Ele sofreu. - Disse soltando fumaça. - Mas as coisas estão melhorando, ontem
ele e Jully, meio que acertaram os ponteiros sabe? Foi meio intenso, vê-los abraçados
soluçando, declarando o amor que um sente pelo o outro. - Meu pai sorriu e voltou a
olhar para mim.
- Estão ajudando um ao outro. - Talvez fosse aquilo. Por isso sentia tantas
coisas confusas por Edward. Por sua história ser parecida com a minha.
- Acho que estamos. Ele é incrível. - Charlie sorriu e eu olhei de canto. - Não é
no sentido que está pensando pai. Somos grandes amigos, em primeiro lugar.
Escutamos um ao outro e nos consolamos.
- Ele sabe? - Edward não poderia saber, sempre que pensava sobre isso
chegava a essa conclusão. A noite que ele me falou sobre Kate. Sua cara de ódio, ao
falar sobre os usuários de drogas.
- Não. Ele meio que odeia gente do meu tipo. - Charlie me olhou sem entender.
- Algo que Kate fez, o levou a acreditar, que no existem ex viciados. Não existe meio
termo. - Charlie fechou a cara.
- Isso no verdade. Quem esse garoto pensa que é? Eu mesmo conheço pessoas
que estão longe das drogas uma vida inteira. - Droga, por que fui abrir minha boca
grande? Tudo que eu menos queria era que Charlie ficasse de cara feia com Edward.
- Calma ministro. Edward está tentando mudar seus conceitos. Me disse que
foi em reuniões de ex viciados, e que talvez eles possam mesmo se manter afastados.
Dê um tempo para ele ok? Ele sofreu um bocado com isso. A mulher dele, não parou
de usar drogas na gravidez.
A garota ter nascido e perfeita foi praticamente um milagre. E depois de tudo,
ela continuou usando. O que quer que ele pense?
- Não fale assim. Sabe o quanto difícil. Se não tivesse procurado ajuda,
também não teria conseguido. E mesmo lá dentro, eu tive muita, muita vontade de
usar. As primeiras semanas foram o verdadeiro inferno. - Charlie bufou.
- Maldito Jacob. - O repreendi com o olhar. E o que quer que ele iria dizer, ele
engoliu. - Ainda sente falta? - Ele me perguntou, me fazendo desviar o olhar.
- No conheço Edward. Mas acho que nunca teria de volta sua confiança se um
dia voltasse a usar. - Balancei a cabeça concordando.
- Eu sei. Não se preocupe pai. Não vou voltar a fazer isso. Por Jane, por Laura,
por você, Reneé e pela garota. - Falei me referindo a Jully. - E para provar a Edward
que é possível ser um ex viciado.
- Claro que é possível. Se não tivesse tentado aquela idiotice, estaria a mais de
5 anos limpa. - A idiotice que ele se referia, era a tentativa de suicídio. Aquilo ainda o
machucava, era visível quando ele se expressava.
- Diga para ele que eu estou feliz, por ele ter feito isso. - Murmurei.
- Por que você no faz isso? - Deus. Eu tinha brigado feio com ele. Eu o acusei,
eu cheguei a xingá-lo e duvidava de sua existência. Há tempos eu não rezava mais.
Há tempos tinha me esquecido dele.
- Não diga isso Isabella. - Meu pai me repreendeu. - Claro que existe. Tenha fé.
Acha que esse tipo de coisa só aconteceu com nossa família? Deus existe sim, e ele
gosta muito de você. Porque te deu 3 chances. Tem noção que renasceu de novo por 3
vezes? E duas foram tentativas de suicídio. Ele gosta muito, muito de você. Porque
quem se suicida, vai para longe de Deus. - Não sabia como meu pai tinha certeza
sobre aquelas coisas. Resolvi não contrariá-lo e terminar aquele assunto ali. Ficamos
alguns minutos em silêncio.
- E tio Billy? - Perguntei de novo sem encará-lo.
- Sabemos que isso não é verdade. Jane está morta e Jacob... - Meu pai bufou.
- Sabe que ele não pode ficar lá para sempre. - Charlie se irritou.
- Não vou discutir isso com você. Enquanto eu puder deixá-lo lá, lá que ele vai
ficar. - Foi minha vez de fechar a cara.
- Você rancoroso pai. rancoroso. Se odeia Jacob ok. Mas se ponha no lugar de
tio Billy, ou da tia Júlia. - Charlie fez n;ao me ouvir e olhou para frente, fazendo
prestar atenção nos Cullens que estavam na piscina. - Ótimo me ignore.
- Não vou fazer o que quer. - Resmungou ainda olhando para piscina. Bufei
irritada, era impossível conversar sobre aquele assunto com ele.
Ele odiava Jacob, odiava com todas as forças, nunca vi um ódio daquele tipo.
Não disse mais nada. Meus pensamentos se voltaram para Jacob, fariam 5 anos que
eu não o via. Como será que ele estaria? Seria ainda forte? E será que ainda matinha
aquele corpo bronzeado? E seu sorriso, que eu amava, ser que ainda sorria daquele
jeito?
- Do que está rindo? - Charlie quis saber. - Não vai querer saber. - Ele bufou e
voltou a olhar para frente.
- Por favor Isabella. Quer que eu te lembre o que ele fez? - Voltei a ficar séria.
Realmente era impossível levar aquele assunto a diante. Foi minha vez de olhar para
frente.
Ele deve socar o saco de boxe o dia todo. Me lembro de Jacob, quando éramos
pirralhos. Ele abraçava Jane e eu, e dizia para você. "Pode deixar tio Charlie, eu tomo
conta delas. Vou ficar de olho em todos os garotos." - Charlie deixou escapar um
sorriso. - Ele sempre dividia as suas coisas. Jane era tão gulosa quanto eu, nunca
dividamos nossos chocolates.
Jake era o único a fazer isso, tudo que ele ganhava, divida em três partes iguais.
Ele vivia fazendo nossas vontades, por mais absurdas que fossem. Mesmo depois de
crescidos ele continuava assim, dividindo, paparicando, fazendo tudo que pedíamos.
Sempre com aquele sorriso gigante no rosto.
Jacob é bom pai, sabe que jamais teria feito aquilo, se no estivesse drogado.
Ele errou, assim como eu errei, fomos responsáveis por isso tudo. Nem por isso você
me mantem trancada. Aposto que ele se sente 100 vezes pior, do que eu me sentia.
Dê uma chance a ele pai. Se não quer fazer isso por ele, faça por mim, por tio
Billy e tia Júlia. - Charlie permaneceu em silêncio por um bom tempo, desisti de vez.
Ele vivia me chamando de teimosa, pelo visto eu tinha a quem puxar. Acendi
outro cigarro o fazendo me olhar torto de novo.
- E se eu fizer o que quer, e ele vir atrás de você? - Teria eu ouvido certo? Abri
um sorriso enorme.
- Não sou mais aquela garotinha pai. Eu sei me cuidar, e ele não vai vir atrás de
mim. Seria estranho Jake e eu sermos amigos como antes. Eu só quero que ele possa
recomeçar.
- Vou pensar a respeito. - Meu sorriso aumentou. - Não se anime, disse que vou
pensar. Não gosto nada dessa ideia. E caso eu aceite e ele se aproxime, eu o mando de
volta para onde está.
- Não me irritaria com sua implicância. Olha, vou até apagar o cigarro. - Falei
dando uma última tragada e o jogando fora. Charlie sorriu.
- Não acreditaria, se a meses atrás me dissessem que você estaria desse jeito
hoje. - Ele me puxou para seus braços. - A minha pequena está voltando. - Sorri e me
ajeitei melhor. em seus braços.
- Agora vamos falar sobre você. O que está acontecendo realmente entre você e
Reneé. Não me diga que nada. Você no me engana. - Ele suspirou.
- Eu não sei. E quer saber? Desisti de querer saber, estou cansado. Não sei o
que eu fiz, desde que tudo aconteceu ela vem se distanciando. Eu costumava
perguntar qual o problema, ela me encara com aqueles olhos verdes, e eu sabia que
ali tinha algo. Mas ela respondia que estava tudo bem, me dava um beijo e passava.
Ela chorou, e chorou por um bom tempo. Quando se acalmou disse que me
amava e não queria me perder. Me pediu desculpas, não faço ideia do porquê. Ela me
beijou e acabamos, você sabe. - Ele disse desconfortável.
- Fazia mais de um ano, que não ficávamos juntos. Pensei que talvez as coisas
estivessem voltado ao normal. Mas percebi que não, quando acordei e encontrei
aquele mesmo olhar. As coisas só ficaram piores. Acho que ela nem me enxerga mais.
Quando ela chega em casa, estou deitado assistindo a TV, ela vai para o banheiro
toma banho, deita-se de costas para mim, apaga o abajur e dorme. Resolvi dormir no
seu quarto agora.
As mulheres caim aos seus pés, literalmente se jogavam para cima dele, desde
que eu me conhecia por gente. Mas elas pareciam invisíveis para ele. Charlie só tinha
olhas para Reneé, ele a olhava com admiração, respeito, carinho. Bastava olhar para
Charlie quando ele estava junto com Reneé, para notar o quanto ele a amava.
- Eu sinto muito pai, sinto muito mesmo. Talvez ela só precise de descanso,
talvez esteja estressada. - Ele sorriu fraco.
- Está tentando enganar quem Isa? Você, ou eu? Ela arruma todos os trabalhos
possíveis para ficar fora de casa. - Aquilo era um pouco estranho.
- Você sabe. - Ele concluiu. - Do jeito que está não da mais. Estou no meu
limite. Ela finge que eu não existo e isso me machuca.
- Tá saindo com outra pessoa? - Ele desviou o olhar do meu. Sim ele estava. -
Ela sabe?
- Saí para espairecer a cabeça um dia desses. Bebi demais, e uma dessas
garotinhas se jogou para cima de mim. Eu estava bêbado, magoado, não entedia
porque sua mãe me rejeitava. Fomos fotografados saindo juntos do bar.
- Entendi pai, não preciso saber detalhes. - Saber que meu pai traiu minha me
mãe deixou triste, nenhum filho gostaria de ouvir aquilo.
Aquilo aconteceu bem debaixo do meu nariz, e eu era tão egoísta que não
queria saber mais de ninguém, além do meu próprio sentimento.
- Não se preocupe, ela se vingou no melhor estilo. Foi a uma festa com o
Mayer, ficaram de cochichos e risadinhas a noite toda. Já passava das 3:00 quando ela
chegou em casa. - Balancei a cabeça negativamente.
- O que deu em vocês dois? Não quero nem imaginar o bafafa que está dando
isso. Se perderam o respeito um pelo o outro, eu sinto muito. Mas pensem em
Bernardo, o garoto é uma criança. O que vão falar quando ele for para a escola? Vão
rir da cara dele. E os paparazzis? Eles sempre soltam gracinhas você sabe. Pelo amor
de Deus pai, vocês dois tem uma família, pense em Bernardo. - Ele suspirou vencido.
- Sei que está certa. Vou por um fim nisso, enquanto ainda nos sobra um pouco
de dignidade. Tentei conversar com ela, disse que iria sair de casa. Ela me pediu que
esperasse até o início do ano, não sei porque, mas acabei concordando.
Ela pediu que eu tentasse não ser fotografado, ao sair por ai com mulheres.
Falou tudo isso com lágrima nos olhos, eu via a Reneé pela qual me apaixonei lá. Eu
podia ver seus sentimentos naqueles olhos. Mas quando eu perguntei o por que dela
ter se afastado, ela voltou a por a máscara.
- O que pode ter acontecido de tão grave? Mamãe sempre foi tão feliz, tão para
cima. Não imagino o que possa a estar sufocando.
- Eu também não. Mas desisti. Não tenho mais forças. Amo sua mãe, e sei que
vou amar para sempre. Mas não dá mais. Vamos passar nosso último Natal e réveillon
juntos, nós 4. Não sei como vai ser isso, mas com você e Bernardo lá, ela vai se
comportar. Depois disso eu vou procurar um lugar para morar. Graças a Deus esse
ano eu me livro da política. Vou começar uma vida nova.
- Sinto muito por tudo. Não queria que isso estivesse acontecendo. E se vai
mesmo trair ela, tente ao menos ser discreto. - Charlie balançou a cabeça,
concordando comigo e não disse mais nada.
- Eu não quero, e não permito que se sinta culpada Isabella. Você esát me
ouvido? Se fizer isso eu nunca mais conto nada para você. - Charlie me conhecia
como ninguém. - A culpa não é sua. Não tente se culpar por isso também. Reneé só
pode estar ficando maluca, ou ter outro cara. Vou ficar muito bravo se resolver se
culpar por isso. - Ele disse sério, segurando meu rosto para que eu o encarasse. - Se
fosse por esses motivos, que aposto que está pensando, Billy e Júlia estariam
separados há tempos. Mas, pelo contrário, estão cada vez mais unidos. E a situção
deles é milhares de vezes pior que a nossa. Perderam uma filha, uma neta, e Jacob
continua lá.
Mais uma vez resolvi ficar quieta e não contrariá-lo. Voltei meus pensamentos
para meus tios, eu tinha saudades deles, não tive mais coragem de vê-los depois de
tudo. Quando eles apareciam lá em casa eu me trancafiava no meu quarto. Charlie
vinha me avisar quando eles se iam.
- Vivem perguntando sobre você. Eles sentem sua falta querida, por que faz
isso com eles? Eles não estão bravos, nem tem culpam por nada. Júlia nesses dias me
disse, que queira ver você e te abraçar, quem sabe assim diminuísse a saudade que ela
sente de Jane.
- Também sinto falta deles. Só não sei, como seria. Não saberia o que falar e
como agir. - Meu pai sorriu.
- Apenas seja você, como sempre foi. Vai saber o que fazer, na hora certa.
- Talvez tenha razão. Talvez possamos passar o réveillon juntos, como sempre
fazíamos. - Charlie voltou a sorrir.
- Ela vai ficar muito feliz ao saber que disse isso. - Estava na hora de começar a
encarar as coisas de frente. E nada melhor do que começar por meus tios e meu
irmão.
- O que está acontecendo entre você e o rapaz? Seus olhos sempre param nele,
e ele olha de 5 em 5 minutos para cá. - Por que meu pai era tão observador?
- Somos amigos, como te falei. Mas, sei lá, sempre acabamos ficando. Um tipo
de atração física que não consigo explicar. Edward me faz sentir coisas estranhas. -
Charlie arqueou as sobrancelhas.
- Coisas estranhas?
- Sei lá uma mistura de sentimentos. Ele me faz sorrir quando estou para baixo.
Quando ele me abraça é com se me livrasse de todos os problemas, como se o mundo
parasse de existir. Ele me faz sentir protegida e segura. E quando ele se aproxima,
meu coração dispara feito um maluco. Quando cochicha no meu ouvido minhas
pernas ficam bambas e meu corpo arrepia. Mas o mais estranho, quando nos tocamos,
eu sinto uma espécie de descarga elétrica percorrer todo meu corpo. - Charlie ouvia
tudo atentamente, de uma maneira insondável.
- Não seja absurdo pai. Eu não tenho medo de nada. E não sinto o que está
pensando.
- Está mais envolvida do que imagina. E mais do que queria estar não ? - Sim,
mas eu não admitira para Charlie. Eu realmente estava mais envolvida do que queria
estar. Mas aquilo não significava, o que Charlie estava pensando. - Aposto que pensa
nele quando estão separados, e que quando estão juntos você sente o tempo voar. Ele
te faz sorrir por qualquer bobagem não faz? - Meu pai estava atacando de me Dina, e
aquilo me incomodava.
- Chega pai, eu não quero mais ouvir. - Ele gargalhou. - Pare com essas
coisinhas, pelo amor de Deus. Não estou apaixonada nem algo do tipo. Só somos
bons juntos, nos fazemos bem. Não significa que vamos nos envolver amorosamente.
Nosso relacionamento se resumi a sexo.
- Ah Isabella, por favor, poupe-me dos detalhes. - Foi minha vez de rir.
- A garotinha que você pegou para descontar sua frustração sexual, também
tem pai. E você é um pouco mais velho que ela, acho que o pai dela deve querer
matar você. - Ele ficou sério.
- Fala sério, ela se jogou para cima de mim. Só faltou tirar as roupas lá mesmo.
Você fez isso com Edward? - Ri ao lembrar da noite que ficamos.
- Não. Edward bebeu um pouco a mais e eu estava de carona com ele. Fomos a
para casa, caminhando pela praia. Acabamos brincando de pegar, ele me pegou no
colo, tropeou nos próprios pés e caiu. Cai por cima dele, e acabamos nos beijando.
Ficamos de novo na festa que eu toquei, e aconteceu.
- Não, eu não estava. Estava no banho. - Não contaria para ele sobre nosso
acordo, seria demais para um pai ouvir aquilo.
- Não gosto nem de pensar no que aconteceu depois que desliguei o telefone. -
Ele bufou me fazendo rir de novo.
- No pense pai, no pense. - Edward levantou a mão na piscina quando viu que
eu estava olhando. Dei um tchauzinho discreto.
- Então não chegue perto de Edward, para não ter perigo de esquentar de novo.
- Levantei meu dedo do meio para Jasper, e não disse mais nada.
- Não pai, não se preocupe. Costumamos fazer isso quando estamos a sós. Só
que sempre aparece um Cullen para atrapalhar.
Jully saiu da piscina e veio correndo até nós. Carlisle vinha atrás com duas
cervejas.
- Uma cerveja para refrescar? - Ele entregou uma budweiser ao meu pai que
sorriu, como se tivesse encontrado água no deserto.
- Faz tempo que não bebo dessas. - Rolei os olhos. - Vai lá com eles Bella, vou
ficar bem aqui.
- Ah, até porque eu estou aqui fazendo companhia para ele. Você sabe, minha
companhia é ótima. - Carlisle se achou a última bolacha do pacote.
- Joga o pato Bill Jasper. - Pedi, e ele milagrosamente me obedeceu, sem dizer
nenhuma gracinha. Coloquei o pato na cintura da garota. - Agora sim. No três a gente
corre ok?
- Eu conto. - Ela pediu. - Ummmm, doiss, trêss e jã. - Ela começou a correr me
puxando pela mão. Respingamos áua em todos os Cullens da piscina.
Emergi dando risada. Jully ria de Emmett, que fazia careta e limpava os olhos.
- Para o tamanho de vocês duas, até que conseguiram fazer um estrago em. -
Jasper resmungou também limpando os olhos.
- Nada. Eu meio que expliquei algumas coisas. Fique frio Cullen, ele não vai
mandar te prender. - Edward riu.
- Casal vinte. O pai de Bela tá de olho. - Emmett avisou. - Acho que ele quer
ver um beijo. - Eu ri e me virei para eles. Edward me abraçou por trás.
- Fala sério, ele já sabe mesmo. Jully deixou tudo bem explicado. - Alice falou.
Edward beijou meu rosto.
- Sabe que papai não gosta de ver isso. Ele fica magoado. - Ela se defendeu.
- Parabéns Alice. Você desvendou o segredo dos pais. - Eu disse rindo. - Eles
são ciumentos e possessivos sabe? Odeiam ver essas cenas, por mais que saibam o
que acontece. Preferem não ver.
- Preciso concordar com Bella, meu pai também é assim. - Rose nos ajudou.
- Nós sempre vencemos. - Disse convencida. - Por isso estou aqui, para
brincarmos da tal guerrinha que Jully falou. - Emmett não me deixou terminar de
falar, e já subiu Rose em seus ombros.
Jasper fez o mesmo com Alice e Edward comigo. Prendi meus pés nas costas
dele, para me equilibrar melhor.
- Ok, Jully, você é a juíza. Vai dizer quem caiu primeiro. - Ela concordou
empolgada.
Não demorou muito para Alice cair, e Rose também não era uma das melhores,
na terceira tentativa eu a derrubei. E ainda estava sem nenhum arranhão nos braços.
Emmett não nos deu tempo e já pôs Rose em seus ombros de novo.
- Nem pensem que acabou. - Pelo visto ele odiava perder. Ganhamos todas as
10 vezes que brincamos, deixando Emmett furioso. Quanto mais ele reclamava mais
eu ria.
Edward já deveria estar cansado de me segurar, isso fez com que eu desistisse
da brincadeira. Meus braços receberam alguns arranhões, mas nada demais. Depois
disso Jully decidiu que tínhamos que fazer penteados nos garotos, e foi o que
fizemos. Emmett tinha muita cabeça e pouco cabelo, então não deu de fazer nada de
revolucionário, mas Jasper e Edward ficaram engraçados.
Alice tirou centenas de fotos deles, nossas, de todos juntos, do meu pai e do
dela conversando. Tudo que ela via se mexendo ela fotogravava. Carlisle trouxe uma
caixa de isopor cheia de cervejas para onde Charlie estava e pelas latas no chão, eles
já deveriam estar alegres demais. Confirmei isso, quando os dois se levantaram
empolgados e disseram que iriam preparar um churrasco.
- Bella, por que nunca me contou que seu pai um Deus grego? Gente que
homem era aquele? Passa George Clooney para trás. Viram o sorriso dele? E aquele
olhar sério, o que é aquilo? E me Deus que homem cheiroso. Quando ele me abraçou,
quase tive um treco. Ele é completamente charmoso, e pude perceber que não tem
nenhuma barriguinha. - Rose e eu olhamos uma para outra e caímos na gargalhada.
- Que empolgação toda é essa Alice? Você tem namorado. - Disse em meio as
risadas.
- Só porque tenho namorado não posso achar um homem bonito? Fala sério, ele
é muito gato. Falo mesmo.
- Alice tem razão Bella. - Rose tentava parar de rir. - Seu pai é o quarentão
mais lindo que já vi. O que são os braços daquele homem? - Sorrir orgulhosa.
- Sua mãe não tem ciúmes não? - Rose quis saber. Aquela era uma ótima
pergunta, eu j[a não sabia demais nada.
- Eu no sei. Acho que não são mais um casal de verdade, estão vivendo de
aparências. - Murmurei me lamentando.
- Por quê? Ele é infiel? - A curiosidade de Alice estava a mil. Meu silêncio a
fez tirar suas próprias conclusões.
- Minha mãe trabalha muito, e em vez de diminuir o ritmo ela aumentou nesses
últimos anos. E ele trabalha em Brasília, as vezes fica a semana toda por lá. Sei lá,
acho que quase não se veem, e pelo jeito quando se veem eles brigam. Meus pais são
queridos no Brasil, são como Angelina Jolie e Brad Pitt aqui. As pessoas gostam
deles.
- Sua mãe deve ser maluca. Não é qualquer uma que tem a sorte de ter um
Deus grego desses em casa. Na cama.
- Arrg Alice, isso é nojento. É meu pai. Chega desse assunto. - Rose riu e Alice
pegou o celular.
- Vou ligar para Elizabeth, ela vai babar litros pelo seu pai. - Eu a olhei de
canto, mas ela pareceu no se importar.
- Esse já tem a aba quebrada, precisava ser reta. - Meu pai disse.
- Desse jeito ela está parecendo uma torcedora mulambenta dos Dodgers. -
Carlisle continuou e foi apoiado por Rose.
- Epa, não ofendam assim meu time. - Eu pedi. Carlisle ficou indignado.
- Os Yankees são incontáveis vezes melhor que esse timezinho. - Ele provocou.
- Preciso concordar com Bella. Viram como fica o maracanã, em dia de jogo
né? - Os dois balançaram a cabeça afirmando.
- Edward, você precisa assistir a um jogo de futebol lá. O lugar chega a tremer.
- Carlisle falou admirado.
- Pai, mãe, Charlie, essa Elizabeth, uma amiga nossa.- Esme a beijou e
abraçou, seguida de Carlisle e por último meu pai. Ela até tentou disfarçar, mas olhou
mais para Charlie do que realmente era necessário. Edward riu e me cutucou ao
perceber isso. Alice e Rose também riram.
- Uma cerveja. - Ela pediu. Charlie tirou uma cerveja do isopor gigante deles, e
até abriu para a garota. Ela sorriu abobalhada, quando ele lhe entregou a bebida.
Esme pareceu perceber também e resmungou algo para Alice.
- Bella, ele é lindo. Mais que George Clooney. - Eu já tinha ouvido aquilo de
Alice. - As mulheres devem babar por ele. - Eu também já tinha ouvido aquilo.
- É , elas babam.
- E nossa, que homem cheiroso? Jesus, que homem é esse? - Por que ela
perguntava as mesmas coisas que Alice?
- Comporte-se Elizabeth. - Pedi tentando não rir. - Ele ainda é casado com
minha mãe, e você poderia ser filha dele. Então aquiete a piriquita.
- Vou tentar me comportar por sua mãe. Não pela idade, toda mulher deveria
experimentar um homem mais velho. Fala sério Bella, vai me dizer que você nunca
teve uma quedinha por um homem mais velho? - Eu não precisei pensar muito para
lhe responder.
- Claro, com Edward Cullen, quem vai pensar em outro homem? - Sorri
abobalhada.
Jasper, Emmett e Jully não demoraram muito a voltar. Os dois trouxeram mais
5 caixas de cerveja. Com certeza as coisas não acabariam bem. Meu pai estava
empolgado na churrasqueira. Ele fez alguns pãozinho de alho como petisco e o
pessoal avançou.
Esme e Carlisle contavam tudo que lembravam sobre sua viagem. No fim do
relato, falaram que caipirinha era uma delícia. Meu querido pai, disse que eu fazia
uma caipirinha como ninguém, então eu fui sorteada para fazer isso para a turma.
Em falta de cachaça fiz com vodka mesmo. Eles realmente gostaram da bebida,
e o pior que estavam misturando tudo. Eu era a única sóbria do lugar, os outros já
estavam para lá de felizes.
Jully parecia não entender muito bem, por que eles riam de tudo que ela falava,
mas achava engraçado. Já passava das das 17:00 quando tudo ficou pronto. Todo
mundo almoçou largado em qualquer canto. Emmett trouxe prato e copos plásticos, e
aquilo facilitou as coisa.
Alimentei Jully primeiro, já quem nem Esme parecia sã para fazer aquilo.
Depois fiz meu prato. Não comi muito, já que lambisquei todo tempo. Charlie,
Elizabeth, Carlisle e Jasper eram os mais alterados. Eu estava de olho em Charlie que
conversava animadamente com Elizabeth, e eles se tocavam a toda hora.
O sono pareceu pegar Jully, depois do almoço. Ela me pediu colo e deitou-se
em meu ombro.
- Tá. - Levantei com ela no colo e fomos até na sala, tirei suas sandálias e
peguei algumas almofadas para ela abraçar. Liguei a TV, em um canal de desenho.
- Não querendo ser chata. Mas já sendo. Pare por favor de beber. - Ele riu.
- Eu gosto de caipirinha. Você fica tão gostosa com minha camiseta sabe? Eu te
imagino sem nada por baixo dela. - Foi minha vez de rir.
- Sei que meu pai está olhando, e suas mãos descerem mais cinco centímetros
ele não vai ficar feliz.
- Pare de beber, por favor? Vou precisar de sua ajuda para lhe dar com eles.
Estão todos bêbados. - Seus olhos que brilhavam pela bebida me analisaram um
tempo.
- Tá. Vou beber um refrigerante para ver se melhoro. - Ele no parecia com
vontade de sair do lugar que estava.
- Ok. Vou buscar para você. - O isopor estava do lado do meu pai, e ele me
olhou de canto quando peguei uma coca.
Emmett achou um baralho, não sei aonde e decidiu que deveríamos jogar truco.
Eu bem que tentei negar, mas todos sem exceções me mandaram parar de ser chata.
Então formei dupla com Edward.
Éramos ele e eu contra Emmett e Rose. Não foi difícil ganhar de dois bêbados,
acho que eles nem sabiam o que estavam fazendo. Alice e Jasper não estavam muito
diferente, e Carlisle e Esme também não. Não sei exatamente quantas partidas
jogamos, mas todas que jogamos ganhamos.
Emmett estava furioso, e ele quase nos expulsou da mesa, dizendo que
estávamos roubando. Resolvemos dar uma chance para eles, e abandonamos o jogo.
Edward já não estava mais tão bêbado. Nos sentamos na beira da piscina, com os pés
para dentro da água. Já era bem noite, e as luzes que vinham de dentro da piscina
deixava nossos pés azuis. Eu conseguia ter uma visão de todos do lugar que eu
estava.
- Melhor. Acho que já náo estou mais muito bêbado. - Eu sorri. - Seu pai e
Elizabeth, parecem íntimos. - Ele observava os dois, meus olhos também estavam
neles.
- Eu também. - Ele tirou uma mecha dos meus cabelos que estavam na frente
dos meus olhos. Sorri, percebi que nossos rostos estavam completamente perto.
Fechei meus olhos esperando o beijo. Mas meu celular tocou. - Minha mãe parece ter
um sexto sentido. - Murmurei para ele, que sorriu e beijou minha testa.
- Não, fique aqui. Você não vai entender nada de qualquer jeito. - Ele
concordou. - Oi Reneé, lembrou que tem uma filha? - Perguntei fazendo graça.
- Não minta para mim. O que está acontecendo com vocês mãe? - A ouvi
suspirar.
- Ele te contou?
- Contou. Mas ele não entende. Você não o ama mais é isso? - Ela demorou um
tempo para responder.
- Amo, muito. Vou amar para sempre. Ele me deu o melhor presente do mundo.
- Ela vivia me dizendo aquilo. Eu era o melhor presente do mundo. Pelo menos para
ela. - Só que as vezes você faz coisas, das quais não pode voltar atrás. E isso começa
a atormentar você, eu no consigo mais olhar nos olhos dele.
- Céus mãe. O que você fez? Conte para ele, tenho certeza que ele vai te
perdoar. - Talvez ela estivesse chorando.
- O que quer que seja o problema, daremos um jeito. Mas você precisa nos
dizer o que é.
- Não Isa, vocês não entenderiam. - Ela falou bastante séria. - Não vamos falar
sobre isso ok? Coisa minha, deixe estar. Como estão as coisas ai? Me desculpe náo
ter ido. Só acho que não tem clima nenhum. Mas estou morrendo de saudades,
acredite. Não vejo a hora de dezembro chegar. Quero abraçar você, te beijar e te
paparicar muito. Eu te amo tanto Isa, jamais faria algo para te magoar, jamais. -
Porque ela estava falando aquilo afinal? Eu estava triste com a situção dos dois, mas
não estava magoada com nenhum deles.
- Eu sei mãe, eu sei. As coisas estão bem por aqui. Tá ouvindo o samba? Meu
pai e Carlisle, estão fazendo um churrasco, com direito a caipirinha e tudo. Quase me
sinto no Brasil. - Reneé riu.
- Como ele está? Como realmente está? - Olhei de novo direto para onde ele
estava, mas para minha surpresa, já no estava mais lá. - No exato momento bêbado.
Acho que tem haver com a briga de vocês sabe? Ele tenta não demostrar mais isso
está acabando com ele.
- Ele não parecia nada acabado quando foi fotografado saindo de um bar com
uma garota.
- E você parecia quando saiu com Mayer? - Ela pareceu se surpreender com
minha pergunta e ficou muda algum tempo.
- Pense em Bernardo mãe. Vocês não estão só se expondo, estão expondo ele
também. - Ela voltou a ficar muda. - Diga a ele que mandei um beijo. E que no final
do ano, vou mostrar para ele como se joga Guitar Hero. - Ela começou a chorar.
Realmente ela não estava bem. - Ah, por favor mãe, pare com isso. Sabe que se
contar tudo para Charlie ele vai te entender. Ele é caidinho por você.
- Preciso mesmo desligar. - Ela sabia se fechar como ninguém. - Pode deixar
que dou o recado para Bernardo. Cuide-se Isa, não faça nenhuma besteira.
- Não vou fazer. - Ela talvez fosse a mãe mais destrambelhada do mundo, mas
eu sabia que se preocupava comigo. - Beijos mãe. - Falei antes de desligar o telefone.
- Se quer fazer algo, faça agora, porque se Charlie e Elizabeth foram lá para
trás do salão, com certeza não foram brincar de esconder.
Levantei rápido dali e caminhei em passos largos até o lugar, que estava
completamente escuro. Eles estavam tão bêbados que não nos perceberam chegando.
Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez
em quando, nem que seja muito de vez em quando... você nem precisa trazer
maçãs, nem perguntar se estou melhor... você não precisa trazer nada, só você
mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico
ouvindo o seu silêncio... juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado
da linha, ou do outro lado da porta, ou do outro lado do muro... "Mas eu preciso
muito, muito de você."
Caio F. Abreu
http://www.youtube.com/watch?v=vUSzL2leaFM&ob=av3n
Edward se livrou da camisa, sapatos, e meias, e em seguida, veio em minha
direção. Ele estendeu a mão querendo que eu levanta-se.
– Dança comigo? - Eu ri.
– Por que? - Quis saber.
– Porque é seu aniversário, e eu gosto de dançar com você. - Rolei os olhos
mas acabei pegando sua mão e levantando.
Capítulo 26 - Feliz Aniversário
– Então é assim, eu saio por uns dias e você resolve agarrar Rose. - Era a
voz dele, eu sorri largo, e me virei para ele o abraçando apertado.
– Você voltou! - Minha voz não poderia ter saído mais feliz. - Você voltou! -
Ele riu alto.
- Não sei, muitas tequilas. Mas não estou bêbada. - Ele voltou a gargalhar.
– Sei, acredito. - Eu me soltei dele, ele pegou meu rosto, e aproximou sua boca
da minha.
– Eu quero, mas pode ser em casa? Estou cansado, acordei cedo e viajei até
aqui só para ver você.
– Já me viu, agora pode ir embora, já que não quer me beijar. - Não entendida de
onde ele achava tanta graça.
– Deus do céu, que mulher dramática. Se não quiser vir comigo, vou te botar
nas costas e te arrastar. Eu viajei a essas horas só para ficar com você Bella, não acha
que eu mereço?
– Não. - Respondi emburrada cruzando os braços. - Não parece que quer ficar
comigo, nem me beijar você quer. - Reclamei. Ele passou o braço em volta do meu
pescoço.
– Claro Bella, claro. - Ele me segurou mais forte, e eu acabei deitando minha
cabeça em seu peito. - Estamos indo, Bella bebeu demais por hoje. - Falou à Carlisle
– Estão todos assim Edward, Rosalie e Emmett estão piores eu acho. Fiquem lá
em casa, vou levar Rose e Emmett pra lá também.
– Pelo amor de Deus filho, olhe o estado dela. Não está pensando em fazer
nada com ela desse jeito, está?
– Fa, fazeeer nada. Seu pai quer dizer, sexo? Claaro que está pensando em
fazer, não está? Eu estou. - Edward gargalhou.
– Eu vou ri muito de você amanhã. - Falou beijando minha testa. - Vamos ficar
na casa de Carlisle. Precisamos de carona, porque vim de táxi. Carlisle jogou as
chaves do carro.
– Vai com o meu, eu levo Emmett e Rose. E temos que deixar a garota em casa.
- Disse apontando para Elizabeth.
– Abre os olhos em. Esme não ficaria nada feliz ao saber que foi cantado a
noite toda. - Edward disse rindo.
– Hey, Hey, Heeeeyyyy. I cant get know, satisfaction, I cant get knowww. -
Resolvi cantar com a banda, o papo dos dois estava chato.
– Você não ficaria naaada feliz, se soubesse quem eu sou. - Falei o fazendo me
encarar.
– Leve ela para casa Edward, ela já não diz coisa com coisa. - Carlisle olhou
sério para mim, e eu sabia que aquilo significava, cale a boca.
– Tchau Rooose gatona. - Gritei para ela, que estava agarrada a Emmett.
Quando ela me ouviu, largou de Emmett.
– Ahhh Bella, está indo tirar o atraso né amiga? Essa é das minhas, não perde
tempo. Tá feliz agora?
– Estou.
– Você não sabe o estresse dessa pessoa durante a semana, se você ficar um
mês fora, teremos que nos mudar para o Alasca.
– Rosalie para com isso. - Falei brava. - Eu vou embora. - Disse saindo dali.
Edward me alcançou beijou minha cabeça mais não disse nada.
– Vamos transar? - Perguntei animada, levando minha mão até seu casaco. Ele
sorriu e tirou minha mão de lá.
– Não, vamos tomar banho. Vem, levanta. - Ele me ajudou a ficar de pé, e me
rebocou para o banheiro. Entrou comigo dentro do box e me pôs debaixo da água fria.
– Não. Não quero que ela me veja assim. - Murmurei. - Prometo ficar
quietinha. - Disse me sentando no piso frio e deixando a água bater. Fechei os olhos e
me encolhi, abraçando minhas pernas.
Eu tremia feito vara verde, e queria gritar para ele me tirar dali, mas não queria
acordar ninguém, e não conseguiria sair sozinha dali. Senti as mãos de Edward nos
meus cabelos, os penteando para trás.
Eu não entendia porque ele estava ali, cuidando de mim. Não entendia porque
parecia se preocupar, aquilo era estranho para mim.
– Por que está fazendo isso? - Meus dentes batiam pelo frio.
– Me desculpe, mas você precisa desse banho frio para melhorar. - Ele não
entendeu minha pergunta.
– Porque eu, eu. - Ele fez mais uma pausa. - Porque eu gosto de você. - Eu
sorri, e encostei a cabeça em seu braço.
– Graças a Deus, eu não sou Jacob. - Ele passou a toalha nos meus cabelos, e
depois secou meu corpo. - Só um cara idiota para não cuidar da melhor mulher do
mundo. - Acho que ele enfiou uma de suas camisetas em mim, depois me carregou
para cama. Fechei os olhos no mesmo segundo que deitei.
– Obrigada. - Murmurei depois de algum tempo. - Você é o cara mais legal que
eu conheço. - Ele me fez sentar e engolir uns remédios.
– Já. - Senti suas mãos os meus cabelos. - Por que que bebeu tanto Bella?
– Porque precisava ir naquela festa tocar, e não tinha um pingo de vontade de
sair de dentro de casa. Tudo que conseguia fazer era pensar em você. No seu sorriso,
no seu abraço, na sua voz, nos seus beijos, no seu corpo, no seu toque, no seu
carinho, na sua risada. Em você Edward. Céus, o que você está fazendo comigo?
– Me parece que o mesmo que você está fazendo comigo. É tão difícil saber o
que se passa dentro de você, você esconde seus sentimento tão bem. Eu nunca sei o
que pensa, o que sente, o que quer. - Sentia o sono tomar conta de mim. - Me diz, o
que sente por mim Bella?
– Acho uma ótima proposta, podemos falar sobre isso caso lembre amanhã. E
eu só não sou assumidamente seu, porque você não quer. Mas de qualquer jeito, meu
coração já é seu, desde que ficamos juntos, naquela festa a fantasia. - Ele me fez
sorrir.
– Edward, sei que estou um pouquinho bêbada, mas quero que saiba, que eu
nunca faria nada para te magoar. Você é muito importante para mim.
– O que você sente por mim? - Fiz a mesma pergunta que ele tinha me feito. Mas não
pude ouvir a resposta, o sono me tomou completamente.
~~*~~
Acordei com um gosto horrível na boca, o mundo dava voltas, meu corpo doía
e eu precisava vomitar.
Demorei para saber aonde eu estava. Não tinha a mínima noção de como fui parar na
casa de Carlisle. Corri para o banheiro e vomitei toda a tequila da noite anterior.
Senti as mãos de Edward segurando meus cabelos. Então aquilo era real,
Edward apareceu mesmo lá, eu me lembrava de algo assim.
Eu não queria que ele me visse vomitando, aquilo era totalmente vergonhoso,
além de ser nojento.
– Não vou te deixar sozinha. Não se preocupe comigo, já fiz isso muitas vezes.
- Disse rindo, enquanto eu vomitava mais.
Depois de ficar uma meia hora abraçada a privada, levantei e fui até a pia.
– Preciso de uma escova de dentes. - Ele me entregou uma que só podia ser
dele.
A pessoa que refletia no espelho estava acabada, mais branca que uma folha de
A4, com uma cara terrível.
Olhei para camiseta de Edward em mim, e uma calcinha que eu tinha certeza
que não era a que usava na noite anterior. Me perguntei como estava daquele jeito.
– Como vim parar aqui? - Perguntei para ele quando sai do banheiro.
– Não. - Falei sentando ao lado dele. - Do começo da festa eu lembro, acho que
da metade também, mas o final são só flashs. Carlisle nos mandou parar de beber,
Emmett estava feliz por sei lá o que, e nos trouxe mais um litro de tequila, você
apareceu e só. Por que que fui beber tanto? Não posso perder o controle desse jeito.
– Minha cabeça dói, meu estômago dói, meu corpo dói. Nem sei se já estou
completamente sã. - Reclamei.
Só então me dei conta que Edward tinha voltado, ele estava de volta, sorri com
aquilo.
– É, você me disse isso ontem. E eu respondi que também senti a sua. Por isso
peguei um táxi ontem a noite e me joguei para cá. Mas você estava bêbassa, tive que
ameaçar te colocar no meu ombro e te arrastar de lá, para você aceitar vir para casa.
– Sério?
– Não vou descer desse jeito. - Eu estava só de camiseta. Ele sorriu e foi até o
guarda roupas, jogou uma calça minha que estava por lá.
– Ficou aqui, acho que esqueceu no tempo que passou aqui. - Vesti a calça e
descemos.
Ouvia barulho de desenho animado na sala. Jully estava vidrada nas meninas
super poderosas, mas quando me viu pareceu esquecer a TV.
– Vocês também dormiram aqui? - Perguntou empolgada, antes que ela pulasse
nos meus braço e eu acabasse caindo de fraca, me joguei no sofá.
– Nem um pouco. Minha cabeça dói e meu estomago também. - Ela alisou
meus cabelos parecendo preocupada.
– Quer um remedinho? Você também comeu algo estragado? Tio Emm, e tia
Rose também estão assim. Tio Emm disse que comeu camarão estragado. - Sorri
vendo a inocência da garota.
– Não eu não. Quando cheguei, já tinham comido tudo. Não vai me dar um
beijo e um abraço não? Não sentiu minha falta? - Ela sorriu.
– Senti, um montão.
Tirei minha cabeça de cima das pernas dela, para que pudesse sair. - Ela correu
até Edward, ele a levantou e a jogou para cima a fazendo rir. Depois a encheu de
beijos. Sorri vendo aquilo, os dois ficavam lindos juntos.
– Viu, comer demais fica ruim. - Ela me deu uma bronca fazendo Edward rir.
– Muito ruim. - Murmurei. - Acho que quero a minha mãe. - Ela riu.
Rose estava sentada ao lado dele, Carlisle e Esme estavam fazendo suco e me
olhavam tentando não rir.
– Péssima. Acho que a morte seria menos doloroso. - Carlisle e Esme riram.
– Por que? - Jully quis saber. Edward sentou-se com a garota, de frente para
mim.
– Não briga com eles papai, eles tem cara de coitadinhos. - A garota pediu
fazendo todos rirem. Encostei minha cabeça no ombro de Rosalie.
– Tadinha papai, você precisa dar um remedinho para ela. - Ele pediu
preocupada.
– Obrigada. - Murmurei. Quando peguei o copo, percebi que minhas mãos tremiam.
Tomei tudo sem protestar, eu me sentia tão fraca, um verdadeiro zumbi. Senti Jully
segurando minha mão.
– Claro que vou. Amanhã vou estar bem, só preciso descaçar um pouquinho. -
Ela me olhava analisando se eu dizia a verdade.
– Quero. - Falei levantando. Ela segurou forte a minha mão, como se pudesse
evitar de eu cair. Me atirei no sofá e fechei os olhos.
– O que mais você quer? - Ela quis saber. Abri os olhos e a puxei para cima de
mim.
– Eu não consigo mais ficar um dia sem vir vê-la, é como se faltasse uma parte
de mim. Amo quando ela agarra minhas pernas, quando ela me olha nos olhos,
transparecendo toda a verdade e inocência, quando diz que me ama, quando se
preocupa comigo. - Carlisle sorriu.
– Você sabe que ela sabe que você e Edward tem algo. Vocês se beijam na
frente dela, isso é coisa de casais. Na cabeça dela, Edward é seu pai, e você como par
dele... - Ele não completou a frase. - Essa é imagem que ela tem de você. Não é difícil
perceber isso, só basta ver o jeito que ela te trata.
Ela se preocupa com você, ela fica irritada quando você demora a aparecer, e a
maioria do tempo o assunto é você. - Ele suspirou. - Uma coisa é bem óbvia para ela,
se Edward é o seu outro pai, você é a outra mãe.
– Eu não posso ser mãe de ninguém Carlisle. Eu não sei ser isso, não sei nem
cuidar de mim. - Murmurei.
– Você sabe que isso é mentira. Você só tem medo Bella, mas já está
visivelmente envolvida. Não sinta medo dela, posso jurar para você que ela seria a
última pessoa a te magoar. - A garota suspirou, e se arrumou em meu colo, me
abraçando ainda mais. - Você abriu um caminho para ela entrar, nesse coração de
pedra. Ela está ai agora, dá para perceber isso quando você olha para ela.
– Eu teria uma filha com essa idade, é impossível não lembrar dela olhando
para Jully. Quando ela me abraça, me beija, diz que me ama. Eu sinto coisas que não
sei explicar. É difícil não imaginar como seria entende? As coisas seriam assim,
simples, mas tão intensas. Não seriam?
– É, meu pai não dormiu por uma semana, quando Jake me deixou em casa um
dia de manhã, sendo que tínhamos saído a noite. Ele ligou as coisas rapidinho.
– Está rindo porque é mulher. Esme passou pelo mesmo problema com os
garotos. - Ficamos em silêncio por alguns minutos. - Jully está no começo, você pode
acompanhar e fazer parte de toda a evolução dela. Só depende de você. - Permaneci
em silêncio, só observando sua respiração calma, minha mente traidora imaginou,
imaginou aquilo tudo.
Imaginou ela chegando em casa, depois de ter ido a sua primeira festa. Ela
deitaria a cabeça em minhas pernas, e conversaríamos o resto da noite, enquanto
comíamos brigadeiro.
– Não, esse nosso soninho fez a dor ir embora. - Ela voltou a sorrir.
– Na cozinha com Esme. - Carlisle respondeu, Jully sorriu ouvindo sua voz.
– Tá com fome? - Isso era uma pergunta com intenções de ir para cozinha.
– Vou. - Ela rolou para o lado de dentro do sofá. para que eu pudesse levantar.
- Você vem papai? - Perguntou para Carlisle, que sorria com cara de bobo.
What you got if you aint got love? The kind that you just wanna give away It's
okay to open up Go ahead and let the light shine through I know it's hard on a rainy
day You wanna shut the world out And just be left alone Don't run out on your faith
Sometimes that mountain you've been climbing Is just a grain of sand What
you've been out there searching for forever, Is in your hands When you figure out
love is all that matters, after all It sure makes everything else Seem so small
So easy to get lost inside A problem that seems so big, at the time It's like a
river that's so wide And swallows you whole While you sittin round thinking about
what you can't change And worryin' about all the wrong things Time's flying by,
moving so fast Better make it count, cause you can't get it back
Sometimes that mountain you've been climbing Is just a grain of sand What
you've been out there searchin for forever Is in your hands Oh, When you figure out
love is all that matters after all It sure makes everything else Seem so small
Sometimes that mountain you've been climbing Is just a grain of sand What
you've been out there searchin for forever Is in your hands Oh, When you figure out
love is all that matters after all It sure makes everything else Oh it sure makes
eveyrthing else Seem so small
http://letras.terra.com.br/carrie-underwood/1049337/ (tradução da música)
Edward voltou com meus tênis quando eu tocava os últimos acordes da
música. Ele parou na frente do palco com os tênis nas mãos. Aquilo o deixava tão
sexy. Quando a música acabou, coloquei minha guitarra no pedestal, e pedi que
continuassem, enquanto eu trocava de sapato.
Caminhei em sua direção e tentei pegar os tênis de suas mãos, mas ele não
deixou.
– Eu coloco para você Cinderela. - Ele me puxou pelas mãos e me levou até a
mesa que estávamos, só que ela estava vazia, aparentemente todos os casais
dançavam as músicas românticas.
Ele tirou minhas sandálias me fazendo sentir alívio imediato nos pés. Logo
em seguida colocou os tênis.
– Coube perfeitamente, acho que encontrei minha princesa. - Eu sorri.
– Príncipe, você não tem ideia de como está sexy essa noite. – Foi a vez dele
sorrir. - Mas agora preciso voltar para o palco. - Disse me pondo de pé. Ele levantou-
se rapidamente, e me puxou pela cintura.
– Vai mesmo dançar uma música comigo depois? - Dei risada.
– Claro que vou. Espere por mim. - Ele me deu um selinho.
– Estou esperando a algum tempo. - Ele sorriu e me largou. Antes de ir eu o
dei outro selinho.
– Não beba. - Ele bateu uma continência me fazendo rir.
Voltei para guitarra, me sentindo zilhares de vezes mais confortável.
Tocamos mais 2 músicas melosas e depois começamos o rock and roll, a
pedido dos noivos, não tocaríamos só rock, o pop também iria ter vez. Essas eram por
conta de Mike e Fredy, eu só os acompanhava na guitarra.
Jully ficou um bom tempo lá sentada na cadeirinha nos observando, mas com
o passar das horas o sono pareceu dominá-la. Fiz sinal com a cabeça para que Edward
a pegasse, e foi isso que ele fez. Ficou na frente do palco e abriu os braços, ela
caminhou lentamente até ele, e deitou em seu ombro. Ele a pegou e caminhou com
ela para fora dali. O mais patético foi eu rindo da cena fofa.
Já eram quase três da manha quando Jasper fez sinal de positivo com o
polegar, me liberando da função.
O lugar ainda estava bem cheio, as pessoas estavam bêbadas e empolgadas.
Algumas me cumprimentaram quando desci dali.
–Muito bom Bell, Bellazinha, muitooooo bom, muito bom... Uhuuulll. -
Carlisle estava completamente bêbado.
– Céus Carlisle, o que aconteceu com você? - Perguntei incrédula.
– É aquela... aquela... aquela o que mesmo? - Perguntou se apoiando em mim.
- Ahhhhh lembrei, lembrei, lembrei, euu lembrei. - Eu não conseguia parar de rir. -
Pretensão, aquela velha hissstória, quem não bebe, não vê o mundo girarrr. - Carlisle
completamente bêbedo deveria ser registrado.
– Me da esse copo aqui, você vai é ver o mundo girar quando acordar de
ressaca. - Confisquei o copo da mão dele. - Onde está Esme? - Pela cara dele, ele mal
sabia quem era Esme.
– Esme. - Ele sorriu feito bobo. - É uma gracinha não é não? Aquela
mulheerrr me dá coisas. - Ele estava apoiado em mim, e eu sentia o cheiro de álcool
vindo do seu hálito.
– Sei, por isso são casados certo? - Ele fez cara de triste.
– Não me fale em casamento, a minha menina está noiva, noiva. Aquele
marmanjo queerr tiraarr ela de mim. Meu Deusss, meu Deuus, que mundo injusto. -
Ele se lamentava. Graças ao bom Deus, Edward apareceu. - É muita injustiça, muita.
Ai como eu sofro. - Edward lançou um olhar incrédulo para a figura do pai.
– Manguaça das fortes em velho. - Edward tentava não rir.
– Edddw arrd... - Ele voltou a sorrir. - Meu filho é tão lindo, você não acha
Bella? - As bochechas de Edward foram apertadas, me fazendo gargalhar.
– Acho, realmente ele é lindo. - Um sorriso bobo, nasceu em Edward.
– Vocês dois, vocês doiss, abraça ela, abraça. - Carlisle se desapoiou de mim
para que Edward pudesse me abraçar. - Olha que casal lindo, vocês dois sim podem
casar. Eu pago tudo, pago, pago, podem casar que eu pago. Euu não me importo. -
Edward e eu tínhamos sérios problemas para parar de rir.
– Vocês querem casar? Eu faço a cerimônia, eu faço. Vamos fazer isso agora. -
As vezes ele pendia para o lado, mas conseguia se equilibrar antes de cair.
– Hoje não Carlisle, vamos você precisa deitar. - As pessoas estavam
começando a olhar. - Onde está Esme? - Perguntei a Edward.
– Encontrei com ela lá dentro de casa, ela me mandou vir aqui dar um jeito
nele. Está possessa. - Ele murmurou para mim.
– IIIIrrmãos, estamos aqui, reunidos no dia de hoje, paaara celebrar o
casamento desses dois cristãos. - Eu agradecia tanto o som ainda estar alto.
– Edward Cullen, você aceita Bella Swan, como sua legítima esposa, e
promete amá-la, respeitá-la, pagar as contas de água, luz, telefone, cartão de crédito,
supermercado, cabeleireiro, manicure, pedicure, viagens e tudo mais que for
necessário, por todos os dias da sua vida? - Edward riu alto. - Anda meu filho, não
tenho a noite toda. Responde logo, aceita ou não?
– Sim, prometo e aceito tudo. - Não estávamos fazendo aquilo.
– Bella Swan. - Falou tentando olhar para mim. - Você aceita Edward Cullen,
esse meu filho lindo. - Carlisle voltou a puxar as bochechas do filho. - Como seu
legiíimo esposo, promete amá-lo, respeitá-lo, aturar seus pitis de vez enquanto, lavar
as cuecas dele, fazer comida, cuidar da casa, cuidar de Jully, cuidar dos outros futuros
filhos, e torrar a grana de Edward, por todos os dias da sua vida? - Já tínhamos
alguma plateia. Jasper, Alice, Rose e Emmett eram parte dela. - Anda logo, eu sei que
você o ama, aceita de uma vez. Minhas horas são caras. - Rolei os olhos.
– Tá, tá, eu aceito. Mas Edward cuida do supermercado e do banho das
crianças.
– É, acho que ele pode fazer isso.
Enntãooo eu Carlisssle, em nome de Deus, e dos Estadosss Unidoss da
América, os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. - Disse sorridente
– Ok, agora que somos casados, você vai para cama Carlisle. - Ele tentou
fazer que não com o dedo.
– Primeiro o beijo, acha que vou sair daqui sem ver isso? - Suspirei e virei
para dar um selinho em Edward.
– Pronto, beijei agora vamos.
– Você tá de sacanagem comigo? Isso foi uma bitoca muito mal dada. Eu digo
beijo assim ó. - Ele arrumou uma mulher invisível, fez segurá-la e beijá-la. Ainda
bem que ela não exista, porque se não, seu rosto estaria lavado. Não tinha ninguém da
nossa pequena plateia que não desse risada. - Vamos lá, sei que vocês conseguem. -
Suspirei vencida e passei meus braços na cintura de Edward. Ele olhou par mim e
sorriu. Suas mãos me puxaram mais para perto.
– Nosso primeiro beijo depois de casados, senhora Cullen. - Não sei se foi
aquele sorriso radiante, ou o senhora Cullen, ou os dois juntos, mas aquilo fez minhas
pernas ficarem bambas e meu coração disparar.
Edward quebrou a pouca distância entre nós lentamente, e por fim me beijou.
Começamos com um beijo calmo, mas a medida que Edward ia sumindo com
meus pensamentos, o beijo ia ficando mais urgente.
– Tá bom, tá bom, tá bom, já chega. - Carlisle nos separou. - A lua de mel é no
quarto.- Edward me lançou um sorriso de orelha a orelha, que foi igualmente
retribuído. - Ahh, o amoorrr é lindo. Adoro ver um casal apaixonado. - Me perguntei
quanto Carlisle tinha bebido, para estar daquele jeito.
– Ok, agora você vai para casa. Vai ficar quietinho e dormir. Esme está uma
fera, e se você começar a falar besteirinhas, vai acabar dormindo no sofá. - Cochichei
em seu ouvido.
– Esme está uma fera? - Ele parecia com medo.
– Sim, Carlisle não acredito que bebeu tanto.
– Não foi tanto, foi só um litro de Black, que estava solitário na nossa mesa. -
Nossa, um litro de whisky. Eu o abracei de um lado.
– Ajuda aqui Edward, vamos levá-lo para dentro. - Edward o abraçou do outro
lado, e caminhamos para fora com Carlisle, que ia cantarolando a música que a banda
estava tocando.
– Querem que eu pague a lua de mel de vocês dois? Eu pago. Que tal Paris?
Veneza também é romântico. - Ele foi falando sozinho até chegarmos no quarto. Tirei
seus sapatos o terno a gravata e a camiseta.
– Agora é com você Edward, de um banho nele, vou lá em baixo pegar um
remédio.
– Ok, me dê 10 minutos.
Esme estava uma fera lá na cozinha, ela não podia acreditar que Carlisle tinha
bebido tanto. Segundo ela, isso só tinha acontecido uma vez, e foi na festa de
formatura. Carlisle ficou tão bêbado que vomitou todo o banheiro masculino e acabou
dormindo em cima do palco da banda.
Alice e Rose tentavam deixá-la calma, enquanto eu voltei lá para cima com
água e remédio.
– Agora que são casados, quando vão me dar outro neto? Dessa vez eu quero
um garotinho. - Ele falava para Edward.
– Não sei pai, prefiro garotas, mas Bella também prefere menino. - Edward
estava dando trela para o homem. Continuei encostada na porta, ouvindo.
– Menino, menino. Eu posso ensinar muitas coisas para ele.
Imagina como ele seria lindo. Olhos claros, nariz meio em pé como o de
Bella, e com a cor dos cabelos dela.
A cor dos cabelos dela, é uma cor bonita, não é não?
– É pai, Bella é linda, perfeita. - Eu sorri feito uma idiota.
– Então, com a cor dos cabelos dela, mas seriam bagunçados como os seus, e
ele sorria assim do jeito que você sorri. Bella quase baba quando você sorri. - Tive
que segurar a risada. - Seria, ou não seria lindo?
– Seria pai, seria. Agora tente dormir. - Edward pareceu voltar a si.
– Edward, não importa o que aconteça, Bella é uma pessoa boa, nunca duvide
disso. - Edward pareceu não entender.
– Por que eu duvidaria disso? - Resolvi entrar no quarto, antes que Carlisle
desse com a boca nos dentes.
– Então, o banho ajudou?
– Não muito. - Edward respondeu. Sentei na beira da cama e lhe entreguei o
copo de água e um comprimido.
– Toma Carlisle, e sem reclamar. Você tem que melhorar, Esme não está nada
feliz. - Ele sentou e me obedeceu sem dizer nada. Depois ele voltou a deitar e se
tapou até as orelhas.
– O mundo está girando, não está não? - Ele quis saber.
– Feche os olhos e durma pai. Infelizmente, amanhã vai se sentir pior.
– Ok, boa noite. Apaguem as luzes para mim. E curtam a lua de mel no
Caribe. Eu amo o Caribe... - Ele continuou murmurando coisas incoerentes até
sairmos do quarto.
– Tá vendo o que um noivado faz com um pai? - Edward me parecia meio
preocupado, o que me fez rir.
– Não se preocupe, ainda faltam muitos anos para você pensar sobre isso. - O
tranquilizei.
– Vamos voltar para a festa, você me deve uma dança. Principalmente agora,
que é minha mulher.
– Estava mesmo precisando de um dinheiro extra para minha viagem. - Tentei
parecer séria, mas o olhar de incrédulo que ele me lançou, me fez gargalhar.
– Já pensando no divórcio? - Perguntei. Ele me abraçou.
– Não, estava pensando em que banco pediria um empréstimo...
Quando voltamos para o salão, a festa já estava terminando. Ainda tinha uma
meia duzia de gatos pingados, tão bêbados quanto Carlisle. Provavelmente a banda
estava nas últimas músicas.
Fredy se revelava cantando um dance music.
Edward me abraço e eu descansei minha cabeça em seu peito, ficamos um
tempo assim, na frente do palco, dando um apoio moral a banda. Quando a música
acabou, Mike foi até o microfone.
– Vocês também estão bêbados? - Perguntou a nós dois.
– Completamente sóbrios, Edward respondeu.
– OK. Então essa é a ultima, e é para vocês dois. O casal do ano, segundo
Jasper. - Era melhor eu não contratirar, quem sabe se eu concordasse eles parariam de
pegar no nosso pé.
Como já estávamos abraçados, só começamos a nos mover lentamente,
conforme a música.
– Se eu cantar essa música para você, corre o risco de você fugir de novo? -
Murmurou a pergunta no meu ouvido.
– Não. Da última vez que fugi, você me jogou na piscina. - Ele riu, e em
seguida começou a cantarolar a música.
http://www.youtube.com/watch?v=UrIiLvg58SY&feature=player_embedded
Senti minhas pernas tremerem, comecei a suar frio e meu coração parecia
querer sair do peito.
Estava completamente sem reação, e ele parecia da mesma forma. Nossos
olhos não se desgrudavam.
– Acho que ainda se conhecem certo? - Tio Billy me fez voltar a respirar e me
trouxe de volta para a terra. Ele estava parado atrás de Jacob.
– Oi. - Depois de cinco anos, eu voltei a ouvir a voz de Jacob. Aquela voz
grossa e firme.
– Oi. - Acho que eu falei. Meu coração continuava frenético, talvez eu não
conseguisse mais me mover. Estávamos na porta do restaurante, atrapalhando a
entrada das pessoas. Puxei o ar com força e me obriguei a reagir, eu não podia ficar
ali parada feito uma estatua. Eu precisava ir.
– Preciso ir. - Murmurei baixando. Voltei a respirar fundo e forcei minhas
pernas a se moverem, saindo dali.
Eu andava desnorteada, sem saber para que direção estava indo. Mil coisas
passavam na minha cabeça, mil lembranças. Meu coração estava a mil, e talvez eu
nunca mais parasse de tremer. Foi inevitável acender um cigarro.
Jacob estava ali. Jacob, meu primo, meu ex namorado, o pai da minha filha.
O que ele estava fazendo ali? Não deveria estar preso?
Eu queria dizer tantas coisas, mas simplesmente não consegui dizer nada. Eu
não tinha me preparado para aquilo. Por que não me avisaram que ele viria?
– Isa espera. - Ouvi ele me chamando e parei no mesmo momento. Não
consegui me virar para ele, mas ouvia seus passos se aproximando. Jacob passou por
mim e parou na minha frente.
Nossos olhos voltaram a se medir.
– Você cresceu. - Falou depois de alguns segundos.
– É, você também. - Foi o que consegui murmurar. Lágrimas começaram a
cair dos olhos dele, me deixando ainda mais sem reação.
– Me desculpe. - Ele se atirou em meus pés. - Me desculpe, eu acabei com a
vida delas. - Jacob já soluçava. Fechei os olhos e respirei fundo, sentindo um nó na
garganta. -Eu sou um miserável assassino, eu acabei com elas. - Eu desejava que
aquele momento, fosse só outro pesadelo. Porque eu não tinha ideia do que fazer. -
Eu fui cruel, mesquinho, eu sou um monstro. - Ele continuava se lamentando,
enquanto eu puxava o ar cada vez mais forte. Eu não queria abrir meus olhos. - Eu
matei Jane, matei nossa filha Isa, eu matei. - A angustia tomou conta de mim e o nó
na garganta se tornou insuportável.
O que eu pensei que jamais fosse voltar a acontecer, estava prestes a
acontecer, eu tentava me controlar, mas sabia que seria impossível.
– Eu sei que acabei com você também Isa. Eu também matei você. - Senti as
lágrimas escorrem pelo meu rosto, como há tempos não sentia. Eu não conseguia
mais evitar, elas estavam rolando. - Eu matei você, sei que matei. Eu acompanhei
tudo, do jeito que eu podia.
Eu desejava morrer, cada vez que via você sem vida. Então eu me metia em
brigas e apanhava muito, até desmaiar. Porque eu queria apanhar muito, eu queria
sofrer muito. Eu quero isso todo dia, eu mereço sofrer muito. - Eu ouvia os soluços
vindos de mim e não conseguia fazer nada para detê-los. Deixei meu cigarro cair no
chão. Jacob agarrou minhas mãos.
– Sei que vai me odiar para sempre, mas mesmo assim, quero que saiba que
sinto muito Isa. Muito, todos os dias, minutos e horas. Trocaria minha miserável vida
por a delas, juro para você. Eu só não me matei ainda, porque eu sei que eu não
mereço a morte.
Não, eu não mereço isso. A morte seria boa demais para mim, e eu não
mereço coisas boas. Eu mereço sofrer bastante Isa, é isso que eu mereço. - Abri meus
olhos lentamente, as lágrimas deixam a imagem de Jacob embaralhada.
– Para Jake, não diga isso. Levanta. - Consegui murmurar. Minhas mãos
largaram as dele, e puxaram sua camisa, para que ele levantasse, e assim ele fez.
– Eu sinto muito Isa, eu sinto muito. - Ele não parava de murmurar.
Me joguei nos braços dele. Jacob me abraçou apertado, e eu fiz o mesmo com
ele.
Choramos juntos, como deveríamos ter feito alguns anos atrás. Eu chorava
por tantas coisas, por tantos motivos. Por nossas irresponsabilidades, por nossa filha,
por Jane, por nossa família, por tudo ter terminado mal, por saber que por mais que
sentíssemos muito, nada as traria de volta.
Ficamos abraçados daquele jeito, até tio Billy aparece. Ele colocou as mãos
em nossos ombros.
– Que tal conversarem lá dentro? - Ele também estava chorando.
Me dei conta que estávamos no meio da rua, e com certeza sendo assistidos.
Jacob e eu nos largamos lentamente. Nós ainda chorávamos. Seus dedos
tetavam secar as lágrimas que caiam dos meus olhos.
– Pensei que nunca mais voltaria a chorar. - Murmurei tentando sorrir.
– Eu só te fiz sofrer Isa. - Balancei a cabeça negativamente.
– Erramos nós dois. Eramos adolescentes, imaturos e drogados. - Continuei
murmurei.
– Não, você não era mais isso. Eu era, eu estraguei tudo, eu ferrei com todo
mundo.
– Aquele não era você. Você não é daquele jeito. - As lágrimas não me
abandonavam mais.
– Por favor, pare com isso. Não tente me defender quero que me xingue, me
bata, diga que eu sou o culpado por tudo.
– Desculpe, mas não vou dizer isso.
– Vamos entrar garotos. - Tio Billy chamou de novo.
Caminhei até minha casa chorando e fumando.
Quando abri a porta de casa dei de cara com Charlie que estava sorrindo, mas
quando me viu daquele jeito, assumiu um semblante preocupado.
– Isa, por que está chorando? O que aconteceu? - Renée e tia Júlia,
apareceram também. Olhei para os três e entrei em casa, abrindo espaço para Jacob,
que entrou hesitante.
Tia Júlia praticamente pulo em seus braços. Eu fiz a mesma coisa com
Charlie, para que ele não pulasse no pescoço de Jacob. Renée também veio me
abraçar.
– O QUE ESSE MARGINAL ESTÁ FAZENDO AQUI? - Meu pai exigia
uma resposta. - O que ele te fez Isa? Ele machucou você?
– Não fala assim pai. - Respondi chorando. - Ele não me fez nada, pare com
isso. Nós só nos encontramos.
– Ainda não me explicaram o que ele faz aqui. - Ele disparou de novo.
– Jacob ganhou liberdade para o réveillon, tem que voltar amanhã até meio
dia. - Tio Billy explicou.
– E por que o trouxe aqui? - Me segurava forte em Charlie, para que ele não
avançasse em Jacob.
– Júlia estava aqui, o trouxe para vê-la, ia deixar Jacob lá no restaurante, mas
Isa pareceu por lá e eles se esbarram na saída.
– Ótimo, que ótimo final de ano. - Charlie se lamentou bufando. Limpei
minhas lágrimas com o braço e o encarei.
– Pai, para com isso. Deixe Jacob ficar, está tudo bem ok? Eu quero que ele
fique, deixe ele ficar conosco. - Ele negou. - Por favor pai. - Pedi deixando escapar
mais algumas lágrimas. - Por mim, por favor? - Tentei fazer a cara que Jully fazia,
quando queria muito alguma coisa.
Charlie me olhou nos olhos por alguns segundos e suspirou, aparentemente
vencido.
– Só hoje. Nunca mais me peça isso. Só hoje, entendeu? - Afirmei. - E eu não
preciso nem dizer que estou de olho - Ele falou olhando com fúria para Jacob. - Não
tente nenhuma gracinha, para seu próprio bem. - Jacob concordou e baixo a cabeça.
Me assegurei que Charlie estava bem, e fui até Jacob de novo, ele voltou a me
abraçar.
– Obrigado. - Murmurou. Sorri e beijei seu rosto.
– Senti muito a sua falta Jake. - Foi a vez dele beijar meu rosto.
– Eu também senti muito a sua Isa. Você está mais linda do que nunca. - Eu
sorri.
– Ah é, você também continua bonitão. - Nós dois acabamos sorrindo e o
clima se amenizou.
O puxei pela mão para sentarmos no sofá. Charlie acompanhava tudo bem de
perto.
Bernardo apareceu por lá, acho que pelo barulho. Ele se aproximou de nós
lentamente e olhou atentamente para Jacob.
– Esse é Bernardo, meu irmão. - Falei o puxando para perto de mim.
– Oi garoto. - Bernardo sentou-se no meu colo e me abraçou.
– Oi. - Ele respondeu sério e talvez um pouco bravo. Jacob esboçou um
sorriso.
– Ele se parece com você. - Acho que Bernardo rolou os olhos ao mesmo
tempo que eu, por que Jacob riu.
– Todo mundo fala isso. - Expliquei.
– Como vai? - Bernardo cruzou os braços e bufou.
– Eu sei quem você é, e eu não gosto de você. Isa tem pesadelos a noite, e eu
sei que a culpa é sua. - As palavras do garoto me surpreenderam, e me deixaram meio
sem reação.
– Bernardo, peça desculpas. Você não sabe de nada. - Falei um pouco brava,
Jacob sorriu.
– Tudo bem, deixa o garoto Isa. - Jacob encarou o garoto. - Temos algo em
comum Bernardo, porque eu também não gosto de mim. - Ele disse, e o pior é que ele
parecia sincero.
Nossa família nos observava atentamente, parece que o nosso choro contagiou
Renée e tia Júlia também.
Bernardo se soltou dos meus braços e se juntou a Charlie e os dois ficaram
nos vigiando.
Jacob voltou a se desculpar, ele fez isso por mais de meia hora, tive que
ameaçar não falar mais com ele para que parasse com aquilo.
Depois ele me contou de todo o tempo que passou na prisão, das brigas e
encrencas que arrumava por lá e do tempo que estava livre das drogas.
Quando Charlie teve que sair dali para trocar de roupar, deixou Bernardo no
seu lugar. O garoto sentou-se ao meu lado, e olhava Jake de cara feia.
Quando já eram quase 22:00, deixei Jake conversando com tia Júlia e fui
acabar de me arrumar.
Tirei o vestido e coloquei meu biquíni branco, já pensando no banho de mar,
depois recoloquei o vestido. Coloquei as sandálias altas, que Renée me deu. Ajeitei
meu cabelo, e fiz uma maquiagem leve. Sorri ao perceber que meu rosto já não estava
mais inchado.
Tentei de novo ligar para Edward e não obtive sucesso. Resolvi deixar uma
mensagem no correio de voz.
– Er... Oi Edward, sou eu, Bella. Não que seja da minha conta, mas aonde
você se meteu? Liguei para te desejar feliz ano novo, e dizer um olá...
Quando puder me liga, tenho novidades... Então é isso... Feliz ano novo, da
um beijo em Jully. Beijo para você também, e... é... eu sinto sua falta. - Murmurei
antes de desligar. Suspirei olhando para o celular e saí do quarto.
Todos já me esperavam na sala, Jacob sorriu a o me ver, 13 centímetros mais
alta e maquiada.
– Está linda. - Ele elogiou já ao meu lado.
– Ah você sabe, nada que muito reboco não dê jeito. - Ele riu.
– Você é linda ao natural Isa. Não precisa usar nenhum tipo de maquiagem. -
Sorri sem saber o que dizer, e Charlie apareceu por ali.
– Tenho um presente para você. - Charlie murmurou em meu ouvido.
– E o que é?
– Vem comigo, já, já vai saber. - Seguimos em comboio, para o salão de festas
da pousada.
A piscina estava coberta de balões brancos. Tocava um samba animado, ouvia
risadas e muitas conversas. Os amigos de Renée se misturavam com os hóspedes da
pousada. Com certeza, mais de 200 pessoas estavam ali. Os garçons circulavam com
diversas bebidas, aquilo me lembrava os velhos tempos.
Charlie me rebocou até o final da piscina e os outros vieram atrás. Ele parou
bruscamente.
– É todo seu. - Sorri para ele não entendendo. Mas seus dedos apontaram para
alguns metros a frente. E quando meus olhos bateram nele, não consegui ver mais
ninguém.
Abri um sorriso gigantesco, tentando acreditar no que meus olhos viam.
Edward estava ali, lindo como sempre. Ele estava com um bermudão branco e
uma regata também branca, seus pés estavam dentro de uma havaianas. Ele estava
exatamente do jeito que eu imaginei, quando estávamos na piscina de bolinhas.
Suas mãos estavam no bolso e ele me lançava um sorriso lindo.
Pela segunda vez naquele dia, meu coração disparou. Só que não do mesmo
jeito que disparou ao ver Jacob, era um jeito diferente, melhor, que me fazia sentir
vontade de sorrir.
Tive vontade de correr, mas como estava de saltos, acabei só caminhando.
Me joguei em seus braços e ele me abraçou apertado e girou comigo me
fazendo sorrir ainda mais.
– Não acredito que me enganou Cullen. - Ele gargalhou.
– Surpresa. Céus mulher, você é muito cheirosa.
– Olha quem fala. - Murmurei sorrindo. - Edward, se eu não tivesse tão feliz
por te ver aqui, eu te espancaria. Você não tem noção de quanto eu te liguei hoje?
Alice sabia? Eu vou matar aquela bandida. - Ele voltou a gargalhar.
– Pedi que não falassem nada. - Me soltei do abraço e beijei seu rosto, fui
retribuída no mesmo segundo.
– Vem, quero te apresentar minha família. - Eu o puxei pela mão, ele passou o
braço pelo meu pescoço.
– Não imagina o quanto está gostosa dentro desse vestido indecente. -
Cochichou no meu ouvido me fazendo rir.
– Comporte-se. - Murmurei antes de alcançarmos os outros.
– Mãe, Bernardo. Esse é Edward. - Bernardo sorriu para ele, e então eu
lembrei que aquele bandido em miniatura, com certeza também fazia parte da
gangue.
– Oi cara. - Edward riu e se abaixou.
–E ai cara? Viu? Ela nem ficou brava. - Eu ri.
– Mamãe disse que ela resmungou a tarde toda. - Bernardo me fez gargalhar,
acho que Edward não entendeu direito o que ele disse.
– Ok, depois vocês dois tentam conversar. - Falei. - Edward, essa é minha
mãe, Renée. - Renée estava atrás de Bernardo, Edward levantou-se e apertou a mão
dela.
– É um prazer conhecê-lo, famoso Edward. - Ele sorriu meio encabulado, eu
achei aquilo engraçado.
– O prazer é meu. - Ela sorriu encantada.
– Meu pai e você são cúmplices, então já se cumprimentaram certo? - Ele riu.
– Estávamos juntos a tarde toda. - Olhei incrédula para Charlie.
– Você me paga pai. - Charlie deu risada.
– Então, esse é meu tio Billy. - Os dois apertaram a mão firmemente.
– Minha tia Júlia. - Tia Júlia era como Jane, gostava de abraçar as pessoas.
– Você é cheiroso. - As palavras dela o deixaram com vergonha e me fizeram
rir.
– Obrigado. - Murmurou.
– E esse, é Jacob. - O sorriso de Edward se desfez, ele fechou a cara legal.
Jacob estava tranquilo, nem feliz nem triste. Ele estendeu a mão primeiro.
– E ai cara? - Falou um pouco sério demais. Edward demorou mas apertou sua
mão.
– E ai. - Foi tudo que respondeu. E o silêncio se fez, deixando um clima chato
no ar. Charlie percebendo isso interferiu.
– Quer beber alguma coisa Edward? - Ele estava extremamente simpático
com Edward.
– Whisky. - Respondeu simplesmente. Um garçom que passava por ali, nos
deixou algumas bebidas.
– Vamos logo lá para dentro então. - Tia Júlia convidou e todos seguimos para
dentro.
Já como a festa era da nossa família, Renée praticamente me obrigou a bater
algumas fotos para a coluna social. Tia Júlia fez o mesmo com Jacob. O problema é
que não era um fotógrafo, eram pelo menos uns treze.
Jacob e eu fomos os mais fotografados, eles pediam por fotos só nossas.
Depois de muita insistência, e de percebermos que quanto mais cedo cedêssemos,
mais cedo seriamos liberados. Nós nos juntamos, e os flashs vieram de todos os
lados.
– Como nos velhos tempos. - Ele murmurou em meu ouvido.
– Pensa no falatório que isso vai dar amanhã. - Respondi e ele abriu um
sorriso.
– Isa Marie, e Jake Black estão de volta. - Ele enquadrou uma manchete
inexistente com as mãos, me fazendo rir. - Seu amigo está com ciúmes. - Jake voltou
a murmurar, desviei meus olhos para Edward, que conversava com Charlie, mas com
os olhos em nós.
Ele não estava nem um pouco sorridente, e pelo que me pareceu estava na
segunda dose de whisky.
– Está indo rápido demais com a bebida. - Murmurei. - Ele não pode ficar
bêbado. - Tinha planos para aquela noite. Planos em que Edward estava
completamente sã, planos de nós dois pelados.
– Por que? - Jake quis saber. Abri um sorrisinho sacana, e ele me olhou
surpreso. - Ok, não me responda isso. - Edward pegou um novo copo do garçom que
passava por ali.
– Ok, chega de fotos. Vou salvar a minha noite. - Beijei a bochecha de Jake e
fui em direção de Edward. Puxei o copo de sua mão e me abracei a Charlie.
– Não pretende mesmo ficar bêbado, pretende? - Perguntei.
– Não. - Foi tudo que respondeu. Charlie sorriu.
– Isa, querem que você bata foto com o gatão ai. - Renée apareceu
cochichando no meu ouvido. Eu sorri e ecarei Edward, que tinha cara de poucos
amigos.
– Por que não? - Puxei ele pela mão, que ficou sem entender nada. Paramos
na frete dos fotógrafos. Abracei ele e sorri.
– Sorria. - Sugeri.
– Não estou entendendo nada. - Falou me puxando mais para perto.
– Minha mãe é famosa lembra? - Ele afirmou. - Minha tia também é. Elas
estão dando a festa. É a primeira festa desde que tudo aconteceu. Tem muitos
fotógrafos de várias revistas aqui. E agora fica essa chatice, Renée não quer me
liberar. - Cochichei em seu ouvido.
– Estou me sentindo uma celebridade. - Nós conversávamos entre sussurros e
aquilo me fazia rir.
– Não diga seu nome para eles. - Ele não entendeu. - Se dizer, vão inventar
trocentas mil coisas sobre nós.
– É seu namorado? - Um fotografo perguntou.
– Não, meu amigo. - Respondi sorrindo. Era engraçado ver que ele não
entendia nada, mas acabava sorrindo para as fotos.
– Como é o nome dele?
– De onde ele é?
– Onde vocês se conheceram?
– Quantos anos eles tem? - As perguntas foram disparadas, estava na hora de
parar com as fotos.
– Desculpa gente, não vou responder essas coisas. - Reboquei Edward dali,
para longe deles.
Renée e Charlie estavam conversando com Bernardo.
– Muitas perguntas? - Charlie questionou rindo.
– Muitas. - Edward continuava em entender.
– Pelo amor de Deus, o que está acontecendo? - Perguntou um pouco
assustado nos fazendo rir.
– Com o tempo você se acostuma. Aqui as coisas são sempre assim. Renée é
uma pessoa pública, e isso acaba afetando todos nós. - Charlie explicou.
– Viram a quantidade de fotógrafos? Nunca fui tão fotografado.
– Por isso que eu odeio essas festas. - Expliquei para ele. - Olha só minha
roupa, minhas sandálias. Eu queria estar descalço agora. - Ele me analisou da cabeças
aos pés e sorriu.
– Eu gosto de você assim. - Renée e Charlie riram e fiquei sem graça.
– Por que não trouxe Jully junto? - Bernardo perguntou. Edward sorriu.
– Bella, esse garoto é a sua cara.
– É por isso eu sou gatão. - Ele respondeu, fazendo Edward cair na
gargalhada.
– Jully vai vir, amanhã ela está ai. - Ele explicou, aquilo me surpreendeu.
– Sério? - Perguntei animada.
– Sim, resolveram vir todos. Estão super animados.
– Isso é ótimo. - Edward conseguiu me deixar ainda mais animada.
– Renée... - Tia Júlia chamou. - Querem fotos da família agora. - Olhei de
canto para minha mãe.
– Eu não quero fazer isso de novo. Por favor mãe. - Ela me abraçou e me
rebocou de lá. Lancei um olhar de desculpas para Edward, que também parecia não
gostar daquilo tudo.
– Só mais umas. Depois você aproveita seu gatão. - Murmurou no meu
ouvido.
– Não é meu gatão, é só meu amigo. - Ela sorriu.
– Okay. - Charlie apareceu cm Bernardo no colo e mais fotos recomeçaram.
Jake e seus pais também entraram para as fotos, eles de novo, pediram para
deixar Jacob e eu juntos. O que fez Charlie resmungar.
Jacob falava coisas engraçadas sobre os fotógrafos no meu ouvido, sempre me
fazendo rir. Aquilo fazia alegria dos fotógrafos, não era sempre que eu estava
sorrindo daquele jeito. Ficamos uns bons dez minutos ali,quando procurei Edward,
ele já não estava mais onde eu o deixei.
Fiquei conversando com Jake, sobre as coisas que eu andava fazendo. Ele não
era mas o velho Jacob, seu sorriso não era sincero, parecia forçado. Seus olhos não
brilhavam mais do jeito que que gostava, e as vezes, eu podia jurar que ele não
prestava atenção no que eu dizia.
Ele me deixou falando sozinha por algum motivo que só fui entender, quando
Nando apareceu na minha frente e me abraçou.
Ele estava tão diferente, parecia ter crescido. Estava mais alto, forte,
bronzeado e seus cabelos apreciam os de Edward, só que loiros.
Conversamos por um bom tempo, ele me contou que morava no Canadá,
cursava engenharia e estava solteiro.
Conversamos sobre Jane, sobre a saudades que sentíamos. Ele contou como
foi difícil superar, e que ainda não tinha feito isso completamente. Eu tentei me
desculpar com ele, mas ele disse que nem queria ouvir, sabia que a culpa não era
minha.
Meus olhos as vezes procuravam por Edward, mas continuavam sem
encontrá-lo. A banda tocava um samba que deixava o pessoal animado.
Como não encontrei Edward, puxei Nando pelas mãos e o levei até o local da
comida.
Lá eu fiz meu pequeno prato e procuramos uma mesa vaga, continuamos com
a conversa enquanto comíamos. Faltavam quinze para meia noite, quando acabei de
jantar.
– Quem você tanto procura garota? - Nando perguntou.
– Edward, um amigo meu. Sumiu faz quase uma hora. - Murmurei ainda
procurando.
– Seu namorado? - Eu ri.
– Não. Ficamos de vez em quando. Quer dizer, quase sempre. - Ele riu. - Mas
não é meu namorado.
– Por que? - Ele quis saber.
– Porque eu exclui relacionamentos amorosos da minha vida. - Ele voltou a
rir.
– Claro, por isso está tão preocupada em encontrá-lo. - Não respondi nada. -
Vai logo atrás dele garota. Se não esta aqui dento, só pode estar lá fora, observando os
fogos que já estão rolando. - Eu levantei apressada dali.
– Okay. Você não vem?
– Tenho cara de vela? - Eu ri e fui.
Passei no bar antes e peguei uma garrafa de champanhe, uma não, duas. Sei
que fui fotografada com elas, mas não me importei.
Já tinha um pessoal aglomerado lá fora, mas acabei encontrando Edward, no
mirante que ficava perto da piscina. Ele estava lá com o resto da minha família, mas
um pouco mais afastado.
– Até que enfim. - Charlie bufou. - Aonde estava?
– Jacob está aqui pai, então não se preocupe. Eu estava com Nando.
– Olha ali o garoto. Ele não parece nada feliz, você some e o larga assim. -
Bufei fui até Edward.
– Te encontrei a tempo. - Murmurei me aproximando. Ele se encostou na
proteção do mirante e não me respondeu nada. Parecia magoado. - Desculpe. -
Murmurei me aproximando mais.
– Tudo bem, acho que não deveria ter vido. - Ele cruzou os braços e não
olhava para mim. Odiei ouvir aquilo. Ele tinha mesmo se arrependido de ter vindo? -
Você é uma pessoa assediada aqui. - Tentou se defender. - Eu não entendo nada do
que dizem. - Suspirei vendo como eu estava sendo idiota. Ele estava ali por mim, e eu
o largava para fotos, ficava de papo, e o deixava de lado.
– Me desculpe. - Pedi. - Fui uma completa idiota.
– Só está matando a saudade dos seus amigos. - Ele enfatizou os amigos e
olhou para Jake. - Eu não sabia que esse cara viria.
– Nem eu. Conseguiu liberdade para o ano novo.
– Já são amigos de novo? - Ele quis saber.
– É, nós somos. - Ele bufou.
– Não gosto desse cara. - Rolei os olhos. Era tão ótimo começar uma
discussão com Edward, faltando alguns minutos para o ano novo.
– Você não o conhece. - Defendi.
– Você fica cheia de sorrisinhos quando está com ele. - Edward estava com
ciúmes ou o que?
– Pare com isso. Estou aqui com você não estou? - Ele sorriu cínico.
– Não, eu estou aqui com você. - Comecei a ficar sem paciência. - Eu sou só
seu amigo idiota, que veio de longe para te ver. É isso que disse para eles não é?
Porque o máximo que fez foi me dar um abraço e um beijo no rosto. Eu ainda me
pergunto porque não pode me beijar? - Alguém começou a contagem regressiva,
enquanto ainda discutíamos.
– O que é essa cena toda afinal? Tudo isso por causa de um beijo? Ou por
causa de Jacob?
– Tudo isso porque você quase nunca se permite ser você. Está mais
preocupada com que eles vão pensar. - Ele também parecia irritado.
– Eu não me importo com o que eles pensam. - Falei irritada me aproximando
ainda mais dele.
– CINCO. - Algum infeliz berrou perto da na minha orelha.
– Ah não? - Ele arqueou a sobrancelha e descruzou os braços.
– QUATRO. - Porque precisavam berrar?
– Mas é claro que não.
– TRÊS.
Edward suspirou e me puxou para junto dele.
– DOIS.
– Então prove.
– UM.
Eu olhei em seus olhos, e me perdi ali, eles brilhavam refletindo a minha
imagem. E dai que todos iriam ver? Quem ligava? Eu sorri e passei os braços em
volta de seu pescoço.
– Feliz ano novo, Cullen. - Disse antes de beijá-lo.
Capítulo 32 - Eu te adoro cada vez mais... Part1
Até tentei começar um beijo calmo, mas percebendo que aquilo não seria
possível, fiz uma pequena pausa, para colocar as garrafas no chão. Depois com as
mãos livres, eu voltei a beijá-lo.
Eu beijava Edward com vontade, quase sem pudor, sem dar o mínimo de
atenção para o que acontecia ao nosso redor. Uma de suas mãos segurava minha
cintura me trazendo mais para perto, enquanto a outra estava na minha nuca.
Minhas mãos afundaram em seus cabelos, tentando o puxar ainda mais para
perto.
Algumas pessoas ali perto de nós, cantavam Adeus ano velho, junto com a
banda. Gotas de champanhe que alguém estourou ali por perto, nos molhavam, me
fazendo sorrir e meu coração batia acelerado, achando aquilo tudo o máximo.
Nossas respirações estavam ofegantes, mas não ousávamos nos separar.
Percebi o quanto eu senti falta daqueles lábios daquelas mãos, daqueles toques.
Daquele homem, que estava ali, única e exclusivamente por mim. Sorri ainda mais ao
pensar sobre aquilo e me afastei minimamente dele.
Edward abriu o sorriso que eu adorava.
– Talvez eu devesse mesmo ter vindo. - Falou alto, por conta dos fogos e da
música. Foi minha vez de sorri.
– Feliz ano novo Bella. O ano que acabou de ficar para trás, foi o melhor ano
da minha vida, porque ele me trouxe você. - Ele murmurou em meu ouvido me
fazendo sorrir largo, feito idiota.
– Com certeza foi o melhor da minha também. Porque ao me levar até você,
ele me devolveu a vida. - Nos abraçamos apertado.
– Não sei, mas algo me diz, que o ano que começou agora, será ainda melhor.
- Eu não imaginava como poderia ficar melhor do que estava, mas Edward estava
dizendo e eu nunca duvidava de suas palavras. Ele se soltou do abraço e me encarou
sorrindo. Sorri também ao voltar a me ver refletida em seus olhos.
– Bella... - Ele murmurou, sem desviar os olhos dos meus. Edward me
analisava e parecia se decidir entre dizer algo, ou não. Ele respirou fundo parecendo
tomar coragem. - Bella, eu...
– Me deixe lhes desejar feliz ano novo, antes que eu tenha que chamar os
bombeiros. - Renée interrompeu Edward. Ela me puxou para si e me abraçou
apertado.
– Feliz ano novo meu amor, que esse ano seja repleto de felicidades, porque
você merece, merece muito. Tenho certeza que vai ser um dos melhores anos de sua
vida, até porque já começou muito bem. - Eu sorri.
– Obrigada mãe. Feliz ano novo, espero que você e Charlie tomem juízo e se
resolvam de vez. Eu amo você.
– Eu também amo você pequena. Jamais faria algo para te fazer sofrer. - Ela
murmurou e antes que eu pudesse dizer algo, Charlie me puxou para ele. Renée foi
abraçar Edward.
– Finalmente saiu um beijo. - Eu ri. - Continuo sendo ciumento, mas vou abrir
uma exceção hoje. - Eu o abracei apertado. - Feliz ano novo Isa. Liberte-se de vez, de
tudo o que aconteceu. Sei que uma vida maravilhosa está esperando por você, não
tenha medo, a agarre logo. Sei que ainda vai ser muito feliz, minha garotinha. - Ele
me fez sorrir e quase chorar.
– Obrigada pai. Feliz ano novo. Desejo que você e Renée se acertem. Mas
acima de tudo, quero que sejam muito felizes. Quero que você seja muito feliz. Eu te
amo pai, você é meu herói. - Falei com a voz embargada, ele se soltou do abraço e me
encarou, seus olhos estavam marejados.
– Eu também amo você. Conte comigo sempre, para qualquer coisa. - Eu
assenti e voltei a lhe abraçar, até que senti minhas pernas sendo abraçadas e tive que
sorrir.
– Hey garoto. - Puxei Bernardo para meu colo e logo ele se agarrou em meu
pescoço.
– Feliz ano novo Isa. - Eu sorri.
– Feliz ano novo para você também, gatão. Sei que eu não fui uma boa irmã
durante todo esse tempo, mas eu prometo para você que as coisas vão melhorar, vou
compensar o tempo perdido.
Eu amo você Bê, você é um garoto incrível. O garoto mais amável e
carinhoso que eu conheço, me desculpe ter ficado tanto tempo afastada.
– Eu também amo você Isa. Vou cuidar de você para o papai e Edward. - Eu
ri, ele se recusava a afrouxar os braços do meu pescoço. - Não vou deixar esse tal
Jacob, te fazer triste de novo, eu prometo. - Falou sério e eu acabei sorrindo. - Você é
a melhor irmã do mundo. - Eu quase o esmaguei em meus braços, o garoto era muito
fofo e me fazia sentir muito bem. Me xinguei mentalmente por os anos que fique
longe dele, mesmo estando tão perto.
Charlie acabou o tirando dos meus braços e eu fui abraçar o resto a minha
família.
Desejei feliz ano novo para tia Júlia, tio Billy e Jake, antes de voltar para
Edward.
Peguei as garrafas de champanhe que estavam perto dos pés dele e lhe
entreguei uma.
– Jane e eu, costumávamos não usar taças. - Ele sorriu e se livrou de todos os
apetrechos da garrafa, a estourando em seguida. Fiz o mesmo com a minha.
– Para que taças? - Eu ri e ergui minha garrafa.
– Feliz ano novo, Cullen. Que esse ano seja ainda melhor, se é que é possível.
- Ele sorriu e bateu sua garrafa na minha.
– Feliz ano novo e que você seja minha por completo, Swan. - Eu já não era?
Depois de darmos alguns goles na bebida, voltamos a nos beijar.
– Vamos para praia. - Murmurei em sua boca. - Quero tomar um banho de
mar. - Ele parou de me beijar e me fitou.
– O que? - Eu ri.
– É um costume. Dizem que o mar revigora as pessoas. Você toma um banho,
deixa todas as coisas negativas ali e começa um ano novo revigorado. - Ele sorriu.
– Ok, então vamos. - Entreguei minha garrafa para ele e me livrei das
sandálias. Voltei a pegar minha garrafa e dei outro gole, puxei Edward pela mão e
caminhamos até minha família.
– Vamos até a praia. - Comuniquei. Tia Júlia sorriu.
– Tomar banho de mar? - Foi minha vez de sorri.
– Exatamente.
– Posso ir junto? - Bernardo pediu.
– Ah cara, dessa vez vou ter que te negar. - Respondi fazendo todos rirem.
– Ahh, por que? - Por que crianças gostavam de perguntar coisas, das quais
não podiam saber a resposta?
– Acho que eles querem ficar sozinhos. - Renée ajudou. Beijei a bochecha do
garoto.
– Vamos fazer assim, hoje eu vou com Edward, amanhã combinamos um dia
para irmos os três.
– Mesmo?
– Mesmo. Combinamos tudo amanhã, agora me deixa ir. - Ele sorriu. - Até
mais pequeno.
– Até amanhã. - Meus olhos acabaram parando em Jacob, que assistia a tudo
um pouco sério.
Com certeza quando eu voltasse ele não estaria mais ali. Fui até ele e o
abracei.
– Tchau Jake. - Murmurei para que só ele ouvisse. - Vou tirar você de lá.
Prometo que vou. Aguenta só mais um pouquinho.
– Não se preocupe comigo Isa. - Murmurou retribuindo o abraço.
– Um por todos, todos por um. Lembra? - Jake, Jane e eu, sempre usávamos
aquela frase dos três mosqueteiros. Era assim que as coisas eram entre nós. Sempre
ajudávamos uns aos outros. Jake sorriu mais não disse nada. - Não desista de você
Jake. Por favor não faça isso. - Ele soltou-se do abraço e me encarou.
– Divirta-se Isa. - Ele tentou sorrir, lhe lancei um último sorriso e voltei para
Edward.
– Tchau família. - Falei antes de sairmos.
– Previnam-se. - Tio Billy gritou fazendo piada. Levantei meu polegar sem
olhar para trás. Edward me abraçou, e caminhamos em direção a praia.
Paramos várias vezes no meio do caminho, hora para nos beijarmos, hora
apara assistir aos fogos que ainda rolavam, hora para beber champanhe e hora para
nos beijarmos novamente.
Quando finalmente chegamos na praia, aconteceu um beijo fervoroso,
daqueles que me tiravam completamente de órbita.
– Desculpe. - Disse ofegante. - Me desculpe por ter dado mais atenção a eles
do que você. - Ele sorriu.
– Tudo bem, está compensando agora. - Sorri e dei mais um gole no meu
champanhe.
– Estou muito, muito feliz mesmo, por você ter vindo. - Ele me puxou para
mais um beijo.
– Estou feliz de ter vindo. - Murmurou contra minha boca. - Não aguentava
mais de saudades.
– É, eu também não. Hoje a tarde, eu pensei que fosse enlouquecer. Seu
celular caía sempre na caixa postal. Eu fiquei muito irritada, não faça mais isso
garoto. - Ele deu risada.
– Surpresa é surpresa. - Rolei os olhos.
– Sei... Vem, vamos entrar na água. - O puxei pela mão e caminhamos em
direção ao mar.
– Tá gelada. - Ele reclamou.
– Tá nada, não seja covarde. - Ele parou de andar e me lançou um olhar
incrédulo.
– Ah eu sou covarde? - Eu adorava quando ele arqueava as sobrancelhas.
– É. - Assim que respondi, ele me pegou no colo e começou a caminhar
comigo, para dentro da água. - Me põe no chão Edward, não vai me jogar. Preciso me
acostumar com a água primeiro, não me jogue assim direto. - Quase implorei,
enquanto ele dava risada. Ele já estava com água pela cintura, as ondas que
estouravam e respingavam em mim, me deixavam arrepiada.
– Quem mesmo é covarde? - Não tive tempo de responder, porque ele me
jogou. Senti a água gelada me encobrir.
Voltei para superfície bufando. A primeira coisa que fiz, foi tentar socá-lo.
Quando abri a boca para dizer algo, ele me puxou e me beijou. Tudo que me restou,
foi descontar minha raiva no beijo.
Eu mordi seus lábios com força, minha boca parecia querer devorar a dele.
Suas mãos estavam em minhas pernas, as apertando com força. Graças a Deus a água
nos encobria, porque meu vestido já não cobria mais a parte de baixo.
Edward atacou meu pescoço, quando seu ar acabou e aquilo estava me
deixando insana. Se ele continuasse daquele jeito, eu teria um momento Cicarelli e
abriria as pernas ali mesmo.
– Não vamos fazer isso aqui. - Murmurei. Ele me prensou contra seu corpo,
me fazendo soltar um longo suspiro, quando senti o tamanho de sua empolgação.
Seus beijos continuavam, ele pareceu não me ouvir. Me agarrei ao último fio de
consciência que ainda me restava e me afastei um pouco. Ele ficou sem entender.
– Vamos para casa. - Falei tentando respirar. Edward caiu de costas na água,
me fazendo sorrir. Ele levantou-se logo e sem paciência para muito esperar, eu o
puxei pela mão. Ajeitei o máximo que pude, me vestido antes de sair dali.
Edward foi me beijando, provocando e falando coisinhas no meu ouvido, todo
o percurso.
A casa estava aparentemente vazia. Ele esperou exatamente o tempo de eu
fechar a porta e voltou a me atacar.
Estávamos pingando e salgados, mas aquilo não nos importava. Ele mordeu
minha boca com força e me prensou na porta que eu tinha acabado de fechar. Minhas
mãos não foram nada delicadas ao puxarem seus cabelos. Suas mãos deslizaram até
minhas pernas, e me levantaram. Eu as prendi em sua cintura e ele me carregou até o
balcão da cozinha, me sentando lá.
Passei algum trabalho para me livrar de sua camiseta molhada. Já ele era mais
habilidoso e não pareceu ter dificuldade para me deixar só de biquíni.
Minhas pernas continuavam o abraçando, para que ele não se afastasse nem
um milimetro.
– Céus mulher, como você é gostosa. - Murmurou na minha boca, me
deixando ainda mais insana.
– Você me deixa louca Edward. Completamente maluca. - Respondi arfando.
– Deus do céu, vocês não deveriam estar na praia? - A voz de Charlie fez com
que nos separássemos.
Rapidamente peguei a camiseta de Edward, que estava ao meu lado e me
cobri. Respirei fundo muitas vezes e arrisquei uma olhada para ele.
Charlie estava com Bernardo no colo, que dormia tranquilo. Renée, trancava a
risada para não acordar o garoto.
Edward estava petrificado com o flagra, eu sinceramente não sabia o que
fazer.
O olhar que Charlie lançou para nós, não foi nada feliz, ele caminhou para
dentro, para por Bernardo no quarto, e com certeza voltaria.
Aproveitei para descer do balcão e por a camiseta, meu corpo ainda
queimava, e meu coração continuava frenético.
Minha mãe não aguentou mais e caiu na gargalhada. Isso fez com que Edward
voltasse a se mover, ele me olhou procurando ajuda, sem saber o que fazer.
– Fique calmo. - Murmurei. Por motivos óbvios ele continuou virado para o
balção.
Charlie voltou para a cozinha e nos encarou por um tempo.
– Réveillon é meu carma. - Ele murmurou e acabei rindo. Edward não
entendeu. - Já pensaram se chegássemos dez minutos depois? - Perguntou para nós
dois.
– Desculpe, fomos irresponsáveis. - A respiração de Edward estava
completamente irregular, assim como sua voz.
– Pai, eu flagrei você e Renée em situação pior. E vocês sabiam que
estávamos em casa. - Ele ficou sem resposta.
– Seu pai só está sendo ciumento amor, dê um tempo a ele. - Renée o
defendeu. Eu também ainda estava ofegante, Edward olhava para o chão
envergonhado. Acabei rindo daquilo tudo.
– Ok. Vou para o quarto então. - Charlie me olhou ainda mais sério.
– Sozinha? - Renée riu e eu também. Aquilo era uma resposta. - Maravilha. -
Murmurou.
– Podemos ficar onde eu estou. - Edward murmurou. Aquela era uma ótima
ideia, me perguntei porque não tinha pensado naquilo antes.
– Ótima ideia. - O puxei pelas mãos.- Até amanhã gente. - Beijei minha mãe e
Charlie.
– Vai sair desse jeito? - Ele apontou para a camiseta de Edward que cobria
meu corpo.
– Estou de biquíni por baixo e é só até o chalé de Edward. - Dei de ombros. -
Boa noite pai, divirtam-se e não esqueçam que Bernardo está em casa. - Não esperei
por resposta, puxei Edward para fora e gargalhei alto.
– Meu Deus Bella, viu o jeito que ele olhou para mim? Sério, estava pensando
em sair correndo. - Ri ainda mais alto.
– Que homem medroso. Eu defenderia você. - Edward acabou rindo também.
– Por que ele disse que réveillon é um carma?
– Porque minha primeira vez foi em uma noite de réveillon. Saí com Jake e
Jane para um banho de mar e acabei chegando em casa no outro dia, as seis da
manhã. Charlie estava esperando no meu quarto, ele viu Jacob me deixando na porta
de casa, com certeza viu os amassos, e viu também que estávamos sozinhos. - Sorri
ao lembrar. - Nossa, ele ficou quase um mês de bico comigo.
– Hum... - Esse foi o comentário de Edward.
O chalé de Edward ficava depois do salão de festas. Tentamos passar
despercebidos por ali, mas com certeza fomos fotografados. Até mesmo porque fui
até o bar pegar outra garrafa de champanhe e taças. Depois disso seguimos para seu
chalé.
Me toquei que nunca tinha visto como eram os chalés da nossa pousada, a
única coisa que conhecia era nossa casa. Eu gostei do chalé, tinha uma cozinha, uma
sala e um banheiro na parte de baixo e em cima era o quarto, uma suíte, segundo
Edward..
Ele trancou a porta e puxou a garrafa da minha mão.
– Vou tomar um banho. - Avisei, mas ele me puxou pelo braço.
– Não, vamos continuar de onde paramos. - Era uma ótima proposta, mas eu
me sentia grudada com a água do mar secando.
– Deixa eu tomar um banho, estou grudando, depois podemos fazer o que
quiser. - Mordisquei sua orelha.
– Você está ferrada. - Ameaçou com um sorriso sacana.
– Ótimo. Adoro estar ferrada, sendo que seja com você. - Me livrei de sua
camiseta e subi as escadas. Ele não tirou os olhos de mim. - Tome um banho também.
- Pedi.
Não demorei muito no banho, afinal tinha um Deus grego me esperando no
andar de baixo. Sequei um pouco meus cabelos com a toalha, me enrolei na mesma e
desci.
Ele também já tinha saído do banho, a toalha branca em volta de sua cintura
me deixava louca.
Edward era perfeito, seu abdômen era perfeito, seus braços, pernas, o corpo
inteiro. Ele sorriu ao perceber que eu estava praticamente o secando.
– Algum problema? - Perguntou com um sorriso safado. Ele enchia as taças de
champanhe. Me aproximei lentamente.
– Na verdade... - Murmurei encostando meu corpo no dele. - Tem um
problema sim... - Murmurei, ele pareceu curioso.
– E o que é? - Sorri e peguei uma taça.
– Essa sua toalha, ela está atrapalhando minha visão. - Ele sorriu.
– A sua está fazendo a mesma coisa comigo. - Deus, só Edward sabia falar
baixo e rouco daquele jeito. Sua mão, desatou o nó da minha toalha a fazendo cair.
Seus olhos famintos me devoravam.
Eu também me desfiz de sua toalha e era capaz de apostar que meus olhos
estavam tão cheios de luxúria quanto os dele. Ele estendeu sua taça e sorriu.
– A você, Bella Swan, que me faz o homem, mais completo do mundo. - Eu
sorri e encostei minha taça na dele.
– A você Edward Cullen, que faz o mundo desaparecer, quando estamos
juntos. - Nós brindamos e viramos. Logo em seguida ele me puxou para um beijo
avassalador. Quando o ar faltou ele se afastou minimamente, aproveitei para largar
minha taça em qualquer lugar. Ele pegou a garrafa de champanhe e me puxou para o
sofá, me derrubando lá.
Um sofá enorme, e confortável, agradeci aos céus, por Renée, nunca
economizar quando comprava algo. Edward sentou-se no cão, virado para mim.
– É uma pena não termos morango. - Murmurou antes de derrama champanhe
em no meu corpo. Ele me deu um verdadeiro banho de champanhe, quando se deu
por satisfeito se ajoelhou e começou a sugar todo líquido.
Eu sempre gostei de champanhe, mas depois daquele dia, champanhe tinha se
tornado minha bebida preferida...
Eu não sabia exatamente quantas vezes ficamos juntos aquela noite, quando
eu cochilava, os beijos de Edward já estavam lá me acordando de novo. Quando já
estava amanhecendo, ele me carregou para o quarto e antes que eu caísse desmaiada,
nós voltamos a nos unir. Não sei se ele tentou mais alguma coisa depois daquilo, mas
se tentou eu estava completamente inconsciente. Edward esgotou com todas as
minhas energias, eu não podia mais nem com o peso das minhas pálpebras, o dia já
estava claro quando fechei os olhos.
Quando acordei ele ainda dormia, suas pernas estavam entrelaçadas na minhas
e seu braço por cima do meu corpo. Meus joelhos doíam horrores, graças ao chão da
sala, que não tinha nenhum tapete. Eu não sabia se tinha força para me mexer, mas
meu estômago roncava exigindo comida, muita comida. Minha mente era povoada
por imagens da madrugada. Céus, eramos completamente insanos, Talvez Edward
tivesse um kamasutra em casa. Aqueles pensamentos faziam meu corpo pervertido
querer dar sinal de vida.
Saí dali sem acordá-lo e fui para o banho. Quer dizer, me arrastei para o
banho, lá eu percebi que meus joelhos estavam meio roxos e meu corpo tinha alguns
hematomas. Preferi nem pensar sobre meu pescoço.
Coloquei meu biquíni que já havia secado e fui até a mala de Edward,
roubando outra camiseta. Penteei meus cabelos, escovei os dentes e fui para missão
quase impossível, acordá-lo.
Nem meus beijos o fizeram se mexer, aquilo me fez sorrir, Edward parecia tão
acabado quanto eu.
– Hey, bicho preguiça, acorde. - Murmurei em sua orelha. - Vamos, eu estou
com fome. Muita fome na verdade, acho que comeria um javali. - Voltei a murmurar.
Vi um pequeno sorriso em seus lábios e aquilo me animou. - Acorda preguiçoso. -
Murmurei de novo. Ele abraçou o travesseiro e deitou-se de bruços, me deixando a
vista suas costas arranhadas pelas minhas unhas. Ri daquilo, precisávamos parar de
nos marcar, aquilo era feio.
Comecei a beijar suas costas o que o fez suspirar, sim ele estava acordado.
– Já são seis da tarde, dormimos um monte. - Continuei meu monólogo. - Eu
tenho fome, muita fome, você quase me matou. - O ouvi rindo preguiçosamente.
– Não sei se consigo me levantar. - Por fim ele falou. Sua voz estava muito
rouca e preguiçosa.
– Sei que consegue, deve estar com fome também. - Eu quase implorava, ele
voltou a se virar para mim, e abriu os olhos lentamente. Ele sorriu ao me ver, e
ficamos nos encarando sem dizer nada. Quer dizer, não dizíamos uma palavra, mas
nossos olhos se diziam muitas coisas.
– Ok, vou para o banho. - Murmurou me puxando para um beijo. Um beijo
calmo e terno. Mas meu estômago não queria saber de nenhum tipo de beijo, ele
queria era saber de comida e deixou isso muito claro num resmungo, fazendo Edward
rir. - Que mulher gulosa essa. - Murmurou antes de sentar-se. - Separe uma roupa
para mim, não demoro. - Ele me deu um selinho e levantou-se indo para o banho.
Peguei uma bermuda jeans azul e uma regata azul clarinho, e uma Calvin
Klein branca.
Quando ele voltou completamente nu e secando os cabelos com a toalha, tive
que me afastar, para evitar possíveis ataques.
Quando estávamos devidamente prontos, ou melhor, ele estava pronto. Eu
ainda precisava de um shorts. Saímos em busca de comida.
O sol fez meus olhos quase se fecharem, estava um dia lindo na rua, encostei
minha cabeça no peito de Edward e ele passou o braço em volta de meus ombros,
caminhamos assim. Pessoas que estavam hospedadas ali e que me reconheceram,
tiraram algumas fotos de nós dois, que com certeza seriam vendidas para revistas.
Mas eu não estava ligando, meu humor estava a mil e não haveria foto que o roubaria
de mim.
– Vamos almoçar no restaurante da pousada. - Ele concordou. - Só preciso ir
em casa antes e colocar um shorts.
– Seu pai provavelmente quer me mata. - Disse temoroso me fazendo rir.
– Não se preocupe, ele gosta de você. E você não é Jacob, então ele não quer
te matar. - Respondi simplesmente.
– Agora que Jacob parece estar de volta, o que pretende fazer? - Ele perguntou
receoso.
– Me casar com ele, ter vários filhos e formar uma família feliz. - Falei rindo,
fazendo Edward revirar os olhos.
– Boba. - Respondeu.
– Não vou fazer nada ué. Vou voltar com você para os Estados Unidos e ele
vai seguir a vida dele. - Ele ficou pensativo e não disse mais nada.
Antes de entramos na minha casa ele respirou fundo me fazendo rir.
Charlie estava deitado no sofá e Renée abraçada a ele. Com certeza Bernardo
estava no vídeo game.
– Oi gente. - Murmurei os fazendo voltar o olhar par mim.
– Se não é a minha filha. - Renée estava sorrindo. Já Charlie, estava de cara
feia. Caminhei até eles e me abaixe para beijar Renée, depois fiz a mesma coisa com
Charlie que ficou imóvel.
– Vim por um shorts, e estou indo almoçar. - Charlie bufou alto e Renée o
cutucou.
– Ok, pendurem lá no restaurante. - Pendurem lá no restaurante, significava,
que ninguém precisaria pagar.
– Certo. Ahh, peguei uma garrafa de champanhe ontem no bar. - Avisei. Tudo
que eu falava parecia fazer Charlie bufar.
– Certo. - Respondeu rindo. Edward continuava imóvel no lado da porta.
Bernardo deve ter me ouvido falar e apareceu por lá.
– Hey Edward, quer jogar vídeo game? - Por que ele gostava tanto de
Edward?
– Vamos almoçar primeiro. - Respondeu e se abaixou, para ficar do tamanho
de Bernardo.
– Almoçar? - Ele perguntou para mim em português. - Mas já é quase noite. -
Eu ri e fui até os dois.
– Dormimos até tarde pentelho, quer ir conosco? - Ele pareceu se empolgar.
– Eu posso?
– Claro que pode, só deixa eu por um shorts. - Baguncei os cabelos dele e
segui para meu quarto. Botei um shorts que tinha ganho de Renée, onde apareciam os
bolso e fiz um nó na camiseta de Edward, para ficar mais justa no corpo. Peguei os
óculos que tinha ganho de Jully e coloquei uma havaiana. Pensei em prender os
cabelos, mas meu pescoço roxo não permitiu.
Edward já estava sentado no sofá conversando com Renée e Bernardo estava
sentado em suas pernas.
– Vamos garotos? - Minha mãe sorria abobadamente para nós três.
Os dois levantaram rapidamente, cada um me deu uma mão me fazendo rir.
Charlie desviava os olhos sempre que acabavam em mim.
– Algum plano para noite? - Questionei.
– Seus avós querem pegar Bê, para ficar com eles hoje a noite. Se seu pai
voltar a falar, podemos ir para alguma balada. - Meu queixo quase caiu, Renée queria
ir em uma balada? Aquilo acontecia poucas vezes na vida.
– Estamos dentro. Agora eu vou, estou faminta. - Ela até pensou em fazer um
comentário, mas evitou, com certeza por Charlie.
Nosso almoço foi bem engraçado, Bernardo e Edward tentavam se comunicar,
horas em português, horas em inglês e de algum jeito estranho acabavam se
entendendo.
Comemos duas porções de camarões, e um peixei grelhado, limpamos tudo,
não sobrou nem um bago de arroz. Edward parecia tão faminto quanto eu, e aquilo
me fazia rir.
De sobremesa pedimos petit gateau.
– Ô Isa, precisamos levar Edward no Cristo, no pão de açúcar e no maracanã.
- Bernardo estava empolgado. Mas só de pensar no calor que enfrentaríamos eu
desanimava.
– Vamos esperar o resto da família dele chegar, assim fazemos isso só uma
vez. - Ele assentiu.
– Hã? - Edward não entendia nada, nos fazendo rir.
– Estamos conversando sobre levar você e sua família nos pontos turísticos do
Rio. - Ele sorriu.
– Eu quero conhecer o Cristo Redentor. - Edward falou Cristo Redentor em
português, seu sotaque fez com que Bernardo e eu garalhássemos, o deixando sem
graça.
– Você fica muito fofo com esse sotaque. - Falei enquanto lhe apertava as
bochechas.
– Vocês dois são namorados? - Bernardo questionou.
– Amigos. - Era bom Edward não entender português, as vezes.
– Uhum... - Aquela miniatura estava insinuando que eu mentia. - Eu vi você
beijando ele ontem. Eca. Amigos não beijam na boca. - Ele fazia cara de nojo e eu
acabei rindo.
– É que depende do tipo de amizade, existem as amizades normais, aonde os
amigos não se beijam. E existe a amizade do tipo colorida, aonde os amigos se
beijam. - Ele coçou a cabeça.
– Mas vocês não usam calças coloridas. - Eu gargalhei alto.
– Claro que não. Já me imaginou de calça colorida, Bernardo? - Ele riu e
balançou a cabeça negativamente. - Não falo sobre as roupas. O nome da amizade é
colorida, mas não precisamos ser emo para isso.
– Então amizade colorida é tipo namoro, mas tem outro nome. - Ele concluiu.
Edward já estava impaciente sem entender nada.
– É, mas não é. Ahh garoto, eu não posso te explicar isso, você é muito jovem
para essas coisas. Esquece isso, um dia eu te explico. - Limpei o canto da boca dele,
que estava sujo de chocolate, aquilo o fez sorrir. Bernardo pegou minha mão e
entrelaçou seus dedos nos meus, fazendo Edward e eu sorrirmos. Acabei o beijando e
puxando para meu colo.
Ficamos mais um tempo por ali, só conversando, ou tentando isso. Tinha
quase certeza que Bê e Edward acabariam inventando uma língua nova, Portuglês, ou
algo assim. Eu me divertia com as tentativas de diálogos dos dois.
Quando voltamos para casa, Renée e Charlie continuavam no sofá, um virado
para o outro, aparentemente conversando. Me sentei no sofá vizinho junto com
Edward e Bernardo. Suspirei e olhei para Charlie que voltou a desviar o olhar.
– Que tal você mostrar seus jogos para Edward e para mim, Bê? - Renée
obviamente queria nos deixar a sós. O garoto aceito sem dificuldade, Edward também
entendeu e foi sem reclamar.
Charlie fazia prestar atenção na TV, suspirei e me joguei no seu sofá. Ele
continuou me ignorando, me abracei a ele, assim com Renée fazia minutos antes.
– Para com isso pai. Você não viu nada demais. - Ele suspirou.
– Não, só minha filha quase nua, em cima do balcão da cozinha, se pegando
com um rapaz quase nu também. - Falou entre dentes.
– Você e a mamãe estavam literalmente se pegando, quando flagrei vocês. E
nem vou falar nada sobre o episódio dos Estados Unidos.
– É diferente. - Protestou. - Você é minha filha, ainda é minha criança. Não
gosto de pensar que faz essas coisa, imagina então ver você quase... - Ele não
continuou. - Tive insônia a noite toda. Uma coisa é você saber que sua filha tem uma
vida sexual ativa, outra bem diferente é quase ver acontecendo. - Eu ri do drama dele.
– Desculpe, não sabia que chegariam tão cedo. Não planejamos, só aconteceu.
Edward está com medo de você. - Charlie suspirou.
– Tirando a parte do que eu vi e ouvi. Ele é uma boa pessoa. - Sorri.
– É, é sim.
– Quando viu ele, até largou Jacob falando sozinho. - Revirei os olhos.
– Não comece pai. Jacob e Edward, não tem nada haver um com o outro. Vai
deixar Jake livre, não vai? - Ele não respondeu de imediato.
– Talvez, mas não agora. Só quando eu souber que já aterrizou nos Estados
Unidos. - Rolei os olhos.
– Foi bom revelo, abraçá-lo. - Ele olhou para mim.
– Ele não tentou nenhuma gracinha para cima de você, tentou?
– Não, claro que não. Por que tentaria? - Ele rolou os olhos como se fosse
óbvio.
– A cara de pateta apaixonado dele, ainda é a mesma. Se ele tentasse algo,
você... - Não deixe ele acabar a frase.
– Claro que não. Não seja ridículo, não sinto mas nada por ele, nesse sentido.
– Santo Edward. - Murmurou e não satisfeito emendou uma pergunta. - E por
Edward, já descobriu o que sente? - Eu não gostava de pensar, nem falar sobre aquilo,
eu preferia excluir aquele assunto da minha mente. Não conversava sobre aquilo nem
comigo mesma.
– Vamos aonde hoje a noite? - Mudei completamente o assunto, aqui fez
Charlie rir.
– Em um barzinho ou boate, lá na rua das pedras. Sua mãe pegou um
camarote para nós.
– Vamos cair na noite então. - Ele sorriu.
– Acho que o motorista precisa nos levar, nada de ser o motorista da rodada
hoje. - Pelo jeito a noite seria agitada.
– Os Swan, estão de volta. - Falei animada o fazendo gargalhar...
Não estava a fim de colocar salto e roupa bonitinha para sair, então só
coloquei um tênis e fui do jeito que estava.
Edward fez o mesmo. Com certeza Alice nos chamaria de mulambentos se
nos visse daquele jeito.
O lugar já estava cheio quando chegamos, e foi impossível não sermos
fotografados na entrada. Bati algumas fotos até chegar ao camarote, que ficava no
andar de cima.
Uma bandinha tocava MPB, e as pessoas conversavam animadas, Os garçons
carregavam muito chopp para tudo quanto era lado.
Tia Júlia e Tio Billy estavam por lá. O garçom trouxe chopp para todo
mundo, menos para Edward que pediu uma caipirinha. Charlie e tio Billy
sequestraram Edward de mim e eu me juntei com as mulheres.
Tia Júlia contou que a banda que tocava era de um conhecido seu, e sugeriu
que eu desse uma canja, mas mudei de assunto.
Um tempo depois, Nando acabou aparecendo por lá também. Ele e meus
familiares tinha se encontrado na noite anterior e agora pareciam matar a saudade.
Depois que ganhei uma câmera, eu estava praticamente uma paparazzi,
fotografava todos, fazendo Charlie resmungar, e o traidor do meu amigo colorido,
concordava com meu pai.
Nando e eu engatamos uma conversa sobre músicas e estilos. Com quatro
chopps na cabeça, já começávamos a achar graça de tudo.
Entre dez frases que Nando dizia, seis eram sobre Edward estar olhando para
nós. Pelo jeito aquilo era verdade, ele não tirava os olhos de nós. Me dei conta que
Edward não tinha a mínima noção de quem era Nando. Quando fui até ele para levá-
lo até Nando, ele me encostou na parede e me beijou. Acabei esquecendo o que fui
fazer e me perdi no beijo, até Charlie começar a tossir perto de nós.
Lembrei do que tinha ido fazer e reboquei Edward até Nando que gargalhava.
– Edward, esse é Nando. Ele era o namorado de Jane. - Tive que quase gritar,
por a música estar alta.
Edward pareceu relaxar e sorriu sincero para o garoto.
– Nando, esse é Edward. - Eles pareceram se gostar e apertam as mãos.
Tio Billy voltou a puxar Edward para a conversa deles e dessa vez ele pareceu
não se importar em me deixar sozinha com Nando.
– Quando vai ser o casamento? - Perguntou no meu ouvido, eu dei risada.
– Casamento? De que casamento estamos falando? - Eu quis saber.
– Do de vocês dois.
– Não viaja garoto. Edward e eu não temos nada. Nos usamos para fins
sexuais. Sabe, isso é ótimo. Todas as pessoas deveriam fazer isso. - Ele gargalhou.
– Vocês estão apaixonados Isa, isso está mais na cara do que nariz. - Nando
bebeu demais, já estava afetando seu cérebro.
– Não viaja. Não estamos apaixonados, só estamos nos curtindo. - Ele sorriu,
mas não voltou a insistir.
A banda parou, e minha tia estava por lá, suspirei já sabendo o que vinha pela
frente. Ela pegou o microfone e foi para frente do palco.
– Oi gente, boa noite. - As pessoas a amavam, do mesmo jeito que amavam
minha mãe. - Como muitos sabem eu sou Júlia Volturi. - Alguns berraram gostosa,
me fazendo rir. Edward se aproximou de mim e comecei a traduzir para ele.
– Acho que a maioria de vocês, já conhece minha família também. - Ela
apontou para nosso camarote. Renée, e Charlie. Meu marido Billy gostosão Black.
Nando e Edward, são agregados. - Ela me fez rolar os olhos. - E Bella, ou Isa, como
preferirem. - As pessoas davam tchauzinho para nós, e sorriam.
– Seu nome é Isa? - Edward quis saber. Era só um nome, e eu não tinha como
esconder.
– Isabella. Meus familiares me chamam de Isa, mas eu prefiro Bella. -
Realmente passei a preferir Bella.
– Por que nunca me disse que se chamava Isabella? - Desviei meus olhos dele.
– Odeio que me chamem de Isabella. Só não mudo no cartório porque não dá.
E eu gosto que me chamem de Bella. - Ele sorriu convencido.
– Ok Isa... - Era estranho o ouvir me chamando assim. - Bella. - Ele pareceu
também achar estranho. Eu sorri e ele me abraço.
Tinha me desligado completamente do papo de minha tia, mas percebi que
todos continuavam olhando para cima.
– Vamos lá Isa, estamos esperando por você. - O que eu temia aconteceu,
queriam que eu tocasse. Edward não tinha entendido.
– Tenho que descer lá, querem que eu toque. - Ele sorriu e me largou, não
antes de beijar minha testa.
– Hey Nando. - Eu o chamei, ele veio rápido.
– Fique aqui com Edward e traduza para ele ok? - Ele riu.
– Deixa comigo patroa. - Soquei seu braço e fiquei na ponta dos pés para
alcançar o ouvido de Edward.
– A primeira vou tocar para você. - Ele sorriu e eu desci.
As pessoas me fotografavam muito, passei algum trabalho para chegar no
palco. Cumprimentei a banda e peguei um violão que me emprestaram. Sentei em um
banquinho e ajeitei o microfone.
Todos estavam quietos para me ouvir, eu não fala em público desde todo
aquele acontecimento. Fiquei um pouco nervosa com os olhares deles, mas encontrei
com os olhares confiantes da minha família e o sorriso bobo de Edward.
– Boa noite pessoal. - Murmurei. - Obrigada tia Júlia por me meter em uma
encrenca. - Ela riu, acompanhada de algumas pessoas. Eu não fazia a mínima ideia do
que pensavam de mim, mas muitos com certeza me odiavam.
– Bom, eu gosto mesmo é de rock and roll, mas tem algumas mpbs que eu
curto muito. Então vamos lá, essa vai para o pessoal lá de cima. - Olhei para nosso
camarote encontrando com Edward, ele sorriu me incentivando e eu comecei.
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Os três vieram correndo atáas de mim, só que eu era mais rápida. Eu teria
conseguido me safar se, Charlie não estivesse entrando em casa, quando eu estava
saindo, aquilo acabou com meus planos. Edward me pegou pelo braço e me derrubou
no chão. Ele e Jully, vieram para cima de mim e as cócegas começaram.
– Pai, me ajuda. - Pedi entre as risadas. - Por favor pai. - Eu tentei dizer. -
Chega, eu não consigo respirar. - Pedi em vão. Minhas risadas, pareceram chamar
atenção, já que Renée e meus tios vieram ver o que acontecia.
– Ela está ficando sem ar. - Tia Júlia os adivertiu, e as cócegas sessaram.
Fiquei um tempo de olhos fechados, tentando controlar minha respiração. Eles
me fizeram rir tanto, que até chorei.
– Eu não acredito que fizeram isso. - Protestei. - Quase me mataram. - Disse
séria, abrindo os olhos.
– E você pai, ia deixar eles acabarem comigo. - Ele riu.
– Acho que nunca riu tanto em toda sua vida. Eu estava espantado. - Bufei.
– Estou de mal com vocês três. Isso não vale. - Jully e Bernardo ficaram
sérios.
– Eu não fiz cócegas em você. - O garoto se defendeu.
– Mas não me ajudou. Poxa, eles quase acabaram comigo. - Eu parecia uma
criança magoada.
Ainda não tinha forças para levantar do chão.
– Me desculpa. Não vou fazer mais isso. - A garota pediu.
– Você quase ajudou seu pai a me matar. - Reclamei. Ela se jogou em cima de
mim sem nenhum aviso. Deitou a cabeça em meu peito e me abraçou.
– Desculpa. - Murmurou de novo.- Não vou mais fazer isso, não fique brava
comigo. - Acabei sorrindo e passei meus braços em volta dela.
– Certo. Dessa vez passa. - Falei alisando seus cabelos.
Bernardo observava tudo de perto, ele parecia triste por eu não ter o
desculpado, sorri e abri os braços para ele.
- Vem aqui você também. - Ele sorriu e também se jogou em cima de mim. Nós
três rimos.
– Vocês deveriam me ajudar e não ajudar ele.
– Mas eu não ajudei ele, garota teimosa. - Bernardo me fez rir.
– Sei... Me dá um beijo, vai. - Pedi. Ele prontamente me atendeu, Jully fez o
mesmo. Nosso momento fofura, foi interrompido por meu celular, que começou a
tocar de novo.
– Ok. saiam de cima de mim, precisamos pegar seus parentes. Deve ser
Emmett. - Falei para Jully, que logo levantou. Bê pareceu entender e fez o mesmo.
Eles estenderam a mão para me ajudar a levantar.
Minha família assistia aquilo tudo, com um sorrisinho bobo, me fazendo
revirar os olhos.
Edward também levantou e me lançou um olhar de desculpas. Resolvi deixá-
lo de castigo.
–Espere ai, já voltamos. - Ordenei, e dei as costas para ele.
Caminhamos os três de mãos dadas, até os chalés dos Cullens. Assim que nos
viram eles vieram nos encontrar.
Alice puxou Bernardo da minha mão e o pegou no colo, o deixando
envergonhado.
– Esse seu irmão é muito gato Bella. - Ela o encheu de beijos. Sorri vendo a
cara de assustado do garoto.
– É, ele é sim. - Jully se soltou da minha mão e foi até Esme, pelas risadinhas
de Esme, a garota estava fofocando alguma coisa.
Apoiei meus braços nos ombros de Rose, que sorriu.
– Vou falar só português enquanto estiver aqui. - Falou animada.
– Acho que os Cullens não vão gostar disso. - Respondi também em
português.
– Pronto, começaram. - Emmett protestou nos fazendo rir.
– Ok, vamos andando. - Falei em português, eles me olhavam com cara de
paisagem.
– Ela disse, vamos. - Rose traduziu.
O caminho que eu demorava no máximo dez minutos para fazer, fizemos em
vinte, já que eles paravam para bater foto de tudo.
Quando chegamos, Charlie, tio Billy e Edward já estava na churrasqueira.
Rindo e bebendo cerveja.
Esme e Carlisle se juntaram a eles, e os outro foram para dentro de casa
comigo, conhecer Renée. Ela e tia Júlia vieram ao nosso encontro sorridente. Como
eu continuava apoiada em Rose, comecei por ela.
– Mãe, tia Júlia, essa é Rose, a loira mais gata do mundo. - Rosalie pareceu
ficar constrangida.
– E Bella, é a pessoa mais exagerada do mundo. - Elas ficaram surpresas, ao
ver Rose falando português.
– Como foi aprender português? - Renée perguntou abraçada a ela. Eu ri.
– Você vai querer saber dessa história mãe.
– Eu gostaria muito de um autógrafo seu. - Rose pediu envergonhada, se
soltando do abraço. Renée e tia Júlia pareciam ainda mais surpresas. - E seu também.
- Ela falou indo abraçar tia Júlia. Renée me olhou querendo respostas, lhe lancei um
olhar junto com palavra depois.
– E essa baixinha aqui é Alice. - A garota me lançou um olhar nada amigável,
pela palavra baixinha. - Ela consegue falar mais do que você, eu acho, e adora uma
festa. Tenho certeza que vocês duas vão se dar muito bem. - As duas sorriam e se
abraçaram. Cochicharam algo sobre a minha pessoa, que preferi nem ouvir.
– Esse branquelo aqui é Jasper. Irmão de Rose e noivo de Alice. - Achei
engraçado, Jasper parecia tímido com quem ele não conhecia. Cumprimentou Renée
e tia Júlia sem falar nenhuma gracinha.
– Eu sou Emmett. - O grandão nem me deixou falar. Abraçou Renée e a tirou
do chão, como sempre fazia comigo. - Com todo respeito, você é gatona. - Todos nós
rimos e Renée ficou sem jeito.
– Emmett é o namorado de Rose. - Falei rindo.
– Relaxa, ele é assim mesmo. - Rose falou envergonhada.
Depois de por Renée no chão, ele fez a mesma coisa com tia Júlia e disse que
ela dava um caldo, a fazendo gargalhar, assim como todos nós.
– Vem cá dona Renée, a senhora pode me dizer aonde eu encontro um macaco
de rua, Bella está escondendo o jogo. - Renée deu risada, com certeza pensando ser
uma brincadeira de Emmett.
– Emmett, eu sinto partir seu frágil coraçãozinho, mas aqui não existe
macacos soltos pelas ruas. - Murmurei.
– Mas eu vi nos Simpsons. - Jasper parecia envergonhado pelo cunhado.
– Não liguem para ele. - Jasper se pronunciou. - Quando ele nasceu, Carlisle
bateu na cabeça, pesando que era bunda. Então, ele se tornou isso. - Todos deram
risada.
Carlisle e Esme apareceram para cumprimentar minha mãe e tia Júlia. Carlisle
passou um tempo tentando explicar para Emmett, que os produtores dos Simposon só
tentaram ser sarcásticos, e que realmente não existiam macacos de rua no Brasil. A
mula não pareceu muito convencida, vendo que não teria jeito mesmo, eu resolvi não
falar mais sobre aquilo e reboquei todos para a churrasqueira.
Edward me puxou para junto dele, para saber se eu estava brava pela
brincadeira. Depois de lhe garantir que não e lhe dar alguns beijinhos, ele pareceu
convencido e me liberou.
Minha tia conversava animada com Esme e Alice, enquanto Renée conversava
com Rose, me juntei as duas, e o assunto morreu.
– Estavam falando mal de mim? - Quis saber.
– Não. - Responderam juntas e muito rápido para meu gosto.
– Estavam sim. - Rose riu.
– Claro que não. Estava contando para sua mãe porque falo português e tudo
mais. - Aquilo era meia verdade, sabia que me escondiam algo.
– Sei... - Renée rolou os olhos.
– Fique a vontade querida. - Renée falou a Rose e se junto a Alice e Esme, nos
deixando o sozinhas.
Rose se apoiou em mim.
– Como foi seu réveillon?
– Foi... - Eu procurava uma palavra e Rose ria. - Produtivo, diria eu. - Ela
gargalhou. - Acredita que Charlie e Renée quase nos pegaram no flagra? Estávamos
tirando as roupas, no balcão da cozinha quando eles apareceram. - Rose riu mais alto.
– Bella, você dois são muito azarados. E dai o que aconteceu?
– Bom, graças aos céus eles chegaram antes. Edward petrificou, não sabia o
que fazer. Charlie subiu com Bê, e depois voltou todo bravo. Acabamos dormindo no
Chalé de Edward. - Eu estava rindo, lembando da cena. - Charlie ficou bicudo até no
outro dia.
– Imagino. - Rose ainda ria, fazendo as garotas nos olharem.
– E o seu, como foi?
– Foi em Vegas, então foi ótimo. Tequila, Emmett e eu pelados. - Franzi o
cenho.
– Ok, entendi. - Ela voltou a sorrir.
– Hey Isa. - Charlie veio até nós. - Que tal você fazer algumas caipirinhas? -
Eu o lancei um olhar, de advertência. Da última vez que misturaram cerveja e
caipirinha, Charlie e Elizabeth se pegaram.
– Tudo bem Bella, acho que dessa vez vai dar certo. - Rose pareceu ler mus
pensamentos.
– Ok. Mas quero que se comporte. - Murmurei para Charlie, ele sorriu
assentindo.
Fui para pia ao lado da churrasqueira e comecei a fazer as caipirinhas. Edward
era meu ajudante e tratava de experimentar e distribuir, quando ficavam prontos.
Depois de um tempo fazendo e vendo que eles bebiam feito água. Fui até o
restaurante da pousada e peguei emprestado, uma panela gigante, daquelas de sopa.
Fiz uma big caipirinha. Coloquie uma concha lá dentro e Edward, levou até o balção.
Quando voltei a me juntar a Rose, ela já ria sem motivos.
– Quantas já bebeu loira? - Ela riu da minha pergunta.
– Duas ou quatro. - Balancei a cabeça negativamente.
– Vai de vagar, está de estômago vazio. Não quer capotar quer?
– Acho que não. - Respondeu, antes de virar o resto que tinha no copo. Tia
Júlia deu risada. - Bella deu bronca geral, na casa dos Cullens, ano passado. Estavam
todos bebaços, menos ela.
Ela falou umas duas ou três frases, e a festa acabou dois minutos depois.
– Isa, sempre foi mais temperamental. Ela brigava por Jane no colégio.
Enquanto Jane chorava, Isa tirava satisfação.
– Você fazia isso? - Rose parecia surpresa.
– Não mecha com minha família. - Ela gargalhou.
– Não sabia desse seu lado brigão.
– Ela surpreende. - Tia Júlia comentou. Rose voltou a se pendurar em mim.
– É, sei que é. Além de tudo, Bella é a única mulher no mundo, que fica linda
de jeans, camiseta e tênis. - Balancei a cabeça discordando.
– Fala sério loira. Já se viu no espelho? Você fica bem, até de mendigo.
– As duas são lindas. - Minha tia se meteu.
– Então, o que fez na semana que passou longe de Edward? - Rosalie
questionou. - Não está com saudades do frio?
– Não, nem um pouco, adoro minha pouca roupa. Então, eu cheguei já era
quase noite, passei em Copacabana, e logo em seguida vim para cá. No outo dia já era
véspera de natal. Fui surfar com Charlie e nos desligamos do mundo. Era quase noite
quando chegamos em casa.
Meus avós maternos vieram para o natal. Ah você precisa conhecer meu vô,
as vezes ele é insano.
Meus tios também vieram, junto com um casal de amigos dos meus pais. Tive
um natal feliz, como algum tempo eu não tinha.
O resto da semana eu meio que passei surfando com Charlie . Menos dia 31,
nesse dia Charlie me deixou dormindo e roubou Bernardo, os dois fugiram me
deixando irritadíssima. E você sabe, quando eu estou irritadíssima, eu fumo muito.
Foi isso que fiz, fumei até meus cigarros acabarem.
– Não acredito que ainda está os devorando desse jeito, tem que parar com
isso. - Rolei os olhos e tia Júlia riu. - Tá, continua.
– Fui comprar cigarros e quando estava saindo do restaurante, esbarrei com
Jacob. - Murmurei a última parte. Rose arqueou as sobrancelhas, e ficou um tempo
quieta. Com certeza, para não dizer besteiras na frente da minha tia.
– Jacob, Jacob? - Eu ri.
– É, Jacob, Jacob. Jake.
– Oh, my God. - Murmurou. - E o que aconteceu? Edward já estava aqui? O
que você fez? - Eu ri do turbilhão de peguntas.
– Calma loira. Edward ainda não estava aqui, quer dizer, deveria estar, mas
meu pai quis fazer surpresa.
Nós conversamos e ele passou o réveillon conosco. - Ela me olhou incrédula.
– Conversaram, tipo de boa? - Dei de ombros.
– É. - Ela balançou cabeça, reprovando.
– Sabe o que penso sobre isso.
– Sei, e você também sabe o que eu penso sobre isso.
– Então ele está solto? - Tia Júlia fazia não prestar atenção na conversa.
– Não, só conseguiu liberdade pro réveillon, mas Charlie me prometeu que
quando meu voo aterrizar nos Estados Unidos, ele dá um jeito de libertá-lo. - Contei
sorrindo.
– Hum... - Ela deu um gole na caipirinha. - E Edward? O que achou disso? -
Sorri lembrando.
– Acho que ficou meio que com ciúmes, sei lá. Ele perguntou bem sério:
Vocês já são amigos de novo? - Tentei imitar a voz de Edward, Rose gargalhou, assim
como minha tia.
– Imagino, ele tem ciúmes até da sua sombra, imagina de Jacob. Quando eu
digo que isso ainda acaba em casamento. - Rolei os olhos.
– Não viaja Rose. E posso saber, que história é essa que estão apostando sobre
eu ter filhos. - Ela gargalhou.
– Culpe Jully, ela disse que quer um irmão. Apostei em um garoto, não me
decepcione. - A olhei de canto.
– Sonha Rosalie, sonha.
– Vai me chamar para madrinha, não vai? - Fiz nem ouvir aquele absurdo. Dei
um gole na cerveja. - Estou falando Bella, não faz que não está ouvindo. - Continuei
em silêncio. Ela me chocalhou. - Fala comigo mulher. - Tia Júlia riu.
– O que quer? - Perguntei tentado não rir.
– Perguntei se eu vou ser madrinha do seu filho.
– Eu não vou ter filhos. - Foi a vez dela rolar os olhos.
– Mas se tiver. - Suspirei e resolvi responder de uma vez.
– SE acontecer um descuido, e isso acontece... É praticamente impossível,
mas SE acontecer... Sim Rosalie, eu chamo você para madrinha. - Ela me abraçou.
– Ahhhh, que lindo. Você também vai ser madrinha do meu filho. - Acabei
rindo e retribuindo o abraço.
– Sua maluca. - Disse dando risada. Tia Júlia sorria com os olhos cheios de
lágrimas, me desprendi de Rose..
– O que foi tia? - Ela secou as lágrimas com os dedos.
– Nada. Lembrei quando Jane fazia o mesmo com você. Te abraçava depois
de você ceder alguma coisa. E você falava o mesmo "Sua maluca". - Sorri lembrado
daquilo.
– Verdade, Jane sempre acabava me convencendo.
– Fico feliz por ter arrumado uma amiga, com quem voltou a se abrir. Muito
feliz. - Sorri e a abracei.
– Eu não sei o que dizer tia. Se houvesse um forma...
– Xii.. Não diga nada, só fique um pouquinho abraçada comigo - Concordei.
Rose sorriu com a cena e foi encher seu copo.
– Jane é insubstituível tia. - Murmurei.
– Assim como Rosalie.
– Exatamente. Rose se tornou uma grande amiga. Ela me ajudou, acabamos
criando uma amizade forte. Isso me assusta um pouco, eu não quero mais perder
ninguém.
– Não vai perder querida, tenho certeza que não vai. Se permita viver, e sentir
tudo que sente. Amar nem sempre é sofrer. - Não disse nada, só continuei abraçada
com ela por mais um tempo, até meu pai colocar um samba para tocar, e minha mãe
vir buscá-la para ensinar Alice a sambar.
Me juntei a Edward, Emmett e Rose, que assistiam tudo dando risada. Eles já
tinham bebido bem mais que o suficiente , todos eles, e o pior é que implicavam
comigo, por eu não estar mais bebendo.
Charlie disse que eu estava me tornando chata. Logo Charlie que não gostava
que eu bebesse. Talvez eu estivesse mesmo me tornando chata, mas se eu ficasse
bêbada, quem cuidaria das crianças?
Enquanto eles riam de coisas sem graça eu só observava. Rosalie e Esme não
demoraram muito para tentarem cair no samba também, até Jasper e Emmett tentam
uma sambadinha.
Carlisle e Charlie falavam sobre um filme da época da minha vozinha, tio
Billy parecia não entender direito, mas dava seus pitacos.
Já Edward estava bêbado de mais, para fazer alguma coisa, então ele só estava
apoiado na parede, e eu encostada ao seu lado.
Eu tinha certeza que o churrasco sairia torrado, e fiquei feliz por estar
praticamente satisfeita, já que me empaturrei de pão, linguicinha, corações e tudo
mais. Lembrei de alimentar Bernardo e Jully também, que não desgrudavam mais do
videogame, que agora estava na sala. Eles com certeza também estavam satisfeitos.
Uma hora depois Jully apareceu na varada, observou que todos falavam alto e
davam risada demais. Ela me procurou, estava bocejando e esfregando os olhos. Sorri
e a peguei no colo.
– Eles estão estranhos de novo?
– Estão, acho que estão pior do que aquele dia.
– Nossa. - O comentário espantado dela, me fez rir.
– Tá com sono? - Ela afirmou com a cabeça. - Quer dormir?
– Aonde? Minha casa é mais pra lá.
– Mas a minha é aqui, pode dormir no meu quarto. Eu te levo lá. Cadê
Bernardo? - Ela deitou cabeça no meu ombro.
– Acabando de jogar.
– Vamos lá então. - Murmurei caminhando com ela no colo.
– Aonde vão? - Minha mãe quis saber.
– Jully está com sono, vou levá-la para dormir. - Ela sorriu grande.
– Você é uma ótima mãe. - Eu rolei os olhos e saí.
Encontramos Bernardo no corredor, e ele se juntou a nós. Tirei os sapatos da
garota, e de Bernardo e acabei deitando na cama, no meio dos dois. O silêncio as
vezes era ótimo.
– Está com sono também? - Jully quis saber.
– Estou cansada. - Bernardo começou mexer no meu cabelos.
– Então dorme, eu fico aqui com vocês. - Ele disse, me fazendo sorrir.
Nós três ficamos quietos e acabei adormecendo.
Alguém mexendo nos meus pés me acordou. Abri os olhos lentamente, e
encontrei meu pai, tirando meus tênis, Carlisle estava mais atrás sorrindo.
Sentei na cama com todo cuidado e levantei, saindo do quarto.
– Que horas são? - Perguntei sem noção de tempo.
– Quatro da manhã. - Charlie respondeu, ele não parecia mais muito bêbado.
– Nossa, eu dormi.
– Estávamos procurando você. - Carlisle também parecia já bem.
– Jully estava com sono, Bernardo e eu nos deitamos um pouquinho com ela,
e acabamos dormindo os três. Cadê Edward? - Carlisle riu.
– Capotado no sofá. Ele murmurou muito por você, até eu conseguir o arrastar
para o sofá. Prometi que te buscaria, meio segundo depois ele estava roncando. - Eu
ri.
– Você perdeu. Ele perguntava de você para todo mundo, e falava muitas
coisas. - Charlie emendou. Eu bocejei.
– Ok, melhor conversarmos sobre isso amanhã. Vou buscar Edward e trazê-lo
pro quarto de hóspedes. Depois deixo Bernardo no quarto dele. E vocês, tratem de
dormir seus pinguços, e não façam barulho. - Eles sorriram para mim de um jeito
estranho. - Qual o problema de vocês em? - Perguntei, os fazendo andar.
Carlisle arrastou Esme que também estava acabada, para casa. Os outros já
tinham ido, me sentei no sofá, e comecei a chocalhar Edward.
– Edward, acorda. - Murmurei perto do seu ouvido.- Acorda vamos para
cama. Vai acordar com dor no corpo se dormir ai. - Ele suspirou e abriu os olhos.
– Bella, você voltou. - Ele sorriu e me puxando para um abraço, me fazendo
rir. - Aonde estava? Por que me deixou? Eu estava preocupado. - Gargalhei.
– Eu está dormindo Edward. Jully estava com sono.
– Jully, nossa filha. - Eu rolei os olhos, ele estava trebado. - Nossa filha mais
velha, ela ama tanto você.
– Eu também amo ela, agora vamos para cama, você precisa dormir. Senta. -
Eu o puxei ajudando a sentar. Ele voltou a sorrir para mim. - Você é linda, amor. Meu
amor...
Capítulo 34 - Sentimentos estranhos
– Lar, doce lar. - Edward esticou os braços ao abrir a porta de casa, para que
eu entrasse primeiro.
– Frio, nada doce frio. - Reclamei o fazendo rir.
– Vou esquentar você, eu prometo. - Eu sorri.
Estacionei minha mala ao lado da porta de entrada e caminhei até a porta da
sacada. Abri para o ar entrar e tirar o cheiro de casa fechada.
– Depois de amanhã, começa tudo de novo. Aquela correria. - Suspirei,
pensando nas aulas que me aguardavam.
– Minhas tardes são quase todas livres. Graças a Deus falta pouco. - Senti um
pouco de inveja dele. Enquanto para ele faltava só aquele ano, para mim faltavam,
mais três.
– Conseguiu me deixar com inveja. - Caminhei atrás dele, indo em direção ao
sofá.
– Inveja nada. Daqui duas semanas, começo a trabalhar. - Edward me fez
lembrar de algo, que eu sempre esquecia de comentar com ele.
– Sabe que eu nunca fui no seu trabalho. - Eu não sabia nem o local exato.
– Sei, você deveria se envergonhar disso. Eu sempre vou no seu. - Eu ri.
– Admita, o meu é mais divertido.
– O seu é divertido. Mas eu prefiro o meu.
– Ok. Com certeza operar cachorros, não é melhor que tocar e cantar, mas não
vamos discutir sobre isso. - Joguei os pés em cima do pufe e deitei minha cabeça no
ombro dele.
Edward ligou a TV, e segundos depois estava rindo de um desenho que
passava.
– Tenho um presente para você. - Murmurei sem me mover.
– Um presente? - Ele tirou os olhos da TV.
– Sim.
– E o que é? - Desencostei dele e levantei.
– Vem comigo. - Estendi a mão. Ele me olhou desconfiado, mas segurou a
minha mão e levantou-se.
– Feche os olhos. - Pedi quando paramos em frente ao quarto hospedes. O
olhar de desconfiança dele aumentou. - Anda Edward, confie em mim. - Ele sorriu e
me obedeceu. - Só abra quando eu disser para abrir.
– Ok. - Murmurou sorrindo. Abri a porta do quarto e o puxei pela mão.
– Não abra ainda. - Murmurei enquanto o puxava para frente do presente.
– Agora pode abrir. - Ele riu.
– Tem certeza?
– Tenho. Abra. - Ele abriu e ficou alguns segundos em silêncio, olhando para
o piano negro em sua frente. Depois ele me encarou e ergueu a sobrancelha.
– Um piano... - Concluiu.
– Um piano. - Repeti o que ele disse. Ele sentou-se ali e me puxou para seu
lado.
– O que isso significa? Quer me contratar como seu pianista particular?
Minhas horas são caras, e a forma de pagamento não é dinheiro. - Eu dei risada.
– Isso é bom, adoro a forma de suas cobranças. - Disse junto com um sorriso
sacana. - Você toca muito bem, gostaria de ouvi-lo tocar mais vezes, você fica
perfeito, concentrado no piano.
E além de tudo, eu meio que preciso da sua ajuda. - Ele voltou a erguer a
sobrancelha. - Na semana que eu fiquei no Brasil sem você, eu escrevi alguns
rascunhos de músicas. Não ficaram muito bons.
Fiz as melodias também, só que sei lá, parece que falta algo. Com o som do
piano a melodia sairia mais cheia, mais completa. - Ele sorriu torto.
– Isso é uma indireta? - Eu ri.
– É mais ou menos isso. Mas o piano eu comprei antes de escrever e fazer
qualquer coisa. Eu realmente adoro ver você tocando.
Queria ter te dado junto com o outro presente de natal, mas não tínhamos
tempo de vir até aqui. Então é um presente de ano novo. - Seus braços me puxaram
mais para perto.
– Quando eu penso que não existe mais formas de você me surpreender, você
me aparece com essa. Obrigado. Eu adorei. - Ele me fez sorri.
– Vamos tocar então. - Ele passou os dedos pelas teclas e pareceu lembrar de
algo. - Só uma dúvida, a cama e o guarda roupas que estavam aqui? - Aquela era uma
boa pergunta.
– Não sei. Eu falei para Alice sobre minha ideia, e no outro dia, quando
cheguei em casa, o quarto já estava deserto.
Foi ela também quem cuidou da entrada do piano. Juro para você que não
tenho noção de como o colocaram ele aqui. - Edward deu risada.
– Nunca duvide de Alice Cullen. - Falou antes de começar uma melodia.
Naquele dia até eu acabei tocando piano, mas de uma forma diferente, bem
diferente, aonde sons nada melódicos saim.
Passamos o resto do fim de semana, todo dentro de casa, já que eu não tinha
vontade de enfrentar o frio.
Como tínhamos uma semana só nossa, montamos um acampamento na sala,
sem nos preocupar com qualquer intervenção.
Domingo a noite, eu fui dormir, literalmente dormir, bem cedo. Já que era
bom ir ao primeiro dia de aula, bem disposta. Mas não deu muito certo, o celular não
despertou, e quando Edward me deixou em frente ao meu bloco, já estava na hora do
intervalo.
Como eu não fazia ideia de onde seria minha próxima aula, e odiava ficar
procurando naquele quadro que sempre me deixava confusa, resolvi ir até o
refeitório.
Sorri ao ver que Alec estava por lá. Ele e Elizabeth conversavam
animadamente, e não perceberam minha presença.
– Olá estranhos, lembram de mim? - Falei ao sentar ao lado de Elizabeth, que
instantaneamente me abraçou.
– Bella!!! Que saudades mulher. Alec disse que você ainda não tinha
aparecido. Já estávamos bolando um plano de ir até o Brasil te sequestrar. - Dei
risada.
– Estou nos Estados Unidos desde sábado. O celular de Edward não despertou
e acabamos perdendo a hora. - Expliquei.
– Já começou o ano bem, sua safada. - Eu a larguei e sorri.
– Feliz ano novo Elizabeth. - Desejei e beijei seu rosto.
– Feliz ano novo Bella. Muita saúde, muita paz e muito, muito sexo. - Depois
eu quem era a safada.
– Para você também. - Levantei e fui até o outro lado. Alec nem esperou eu
chegar, veio ao meu encontro.
– Feliz ano novo Alec. - Murmurei enquanto era esmagada por seus braços.
– Feliz ano novo Bella, que seus sonhos se realizem. - Ficamos mais um
tempo abraçados, até ele resolver me soltar. Alec beijou meu rosto e eu retribui da
mesma forma.
– Então quais as novidades? - Me sentei de frente para Elizabeth, Alec sentou-
se ao meu lado.
– Alec está apaixonado. - A garota falou empolgada.
– Hummm... Isso é muito bom. - Disse rindo, olhando para ele. - E que é ela?
Eu conheço? - Ele desviou os olhos dos meus.
– Ele prefere morrer a dizer o nome da pessoa. - Elizabeth comentou.
– Ok, vamos por partes. Me atualizem, porque até aonde eu sei vocês estavam
de rolo.
– Nós ficamos duas ou três vezes Bella. Depois acabou a empolgação e fim. -
Ela explicou tranquilamente.
– Simplesmente acabou? Mas assim tão rápido? - Os dois deram risada da
minha pessoa.
– Nós não estávamos apaixonados Bella. - Alec explicou ainda rindo. - Deixa
para lá, você não entende o que é isso. - Resolvi nem questionar o que ele estava
querendo insinuar.
– Desembucha logo garoto. Que é ela? - Ele voltou a desviar os olhos.
– Melhor irmos para sala. Está na nossa hora. Já não veio no primeiro período,
não vai querer chegar atrasada agora, vai? - Ele levantou-se rapidamente.
Elizabeth e eu trocamos um olhar cúmplice, que nada mais significava do que:
Quando você descobrir, me conta.
– Você pode correr Alec, mas não pode se esconder. - Ele deu risada da minha
frase.
– Gente, que tal um happy hour depois da aula? - Elizabeth sugeriu. - Bella
precisa nos contar das férias no Brasil.
– Por mim, tudo bem. - Alec concordo.
– Estou dentro, só preciso avisar Edward.
– É sempre bom avisar o namorado. - Levantei meu dedo do meio para
Elizabeth.
– Nos encontramos no bloco B, certo? - Bloco B, significava: Boteco. Ele
ficava logo em frente ao nosso campus.
– Certo. Quem chegar primeiro já pede um litro de whisky. Eu pago. - Alec
estava empolgado para o primeiro dia do ano.
– Vamos começar bem. - Elizabeth comentou antes de seguir caminho.
Engatei no braço de Alec e fizemos o mesmo.
– Vai me falar agora? - Ele fez não me ouvir. - Ela é casada tem namorado ou
algo assim?
– Não. - Ele murmurou.
– Você não confia em mim?
– Confio Bella. - Ele suspirou. - Eu só não sei como te contar isso. É estranho
até para mim, imagina o que você vai pensar.
– Ah meu Deus, ela tem treze anos... - Aquilo realmente era estranho. Alec se
apaixonar por uma criança, chegava a ser nojento.
– Vinte três. - A resposta dele me deixou aliviada.
– Não é casada, não é criança. É banguela? - Perguntei arqueando a
sobrancelha, aquilo o fez gargalhar.
– Não.
– Prostituta? - Eu estava parecendo o Kiko, só faltava brincar com o nariz de
Alec.
– Acho que minha mãe aceitaria melhor, se fosse isso. - Suspirei vencida.
– Desisto. Odeio mistérios e charadas. E o que quer que ela seja, não é motivo
para você esconder dos amigos. - Ele me encarou e suspirou.
– Experimente trocar o ela, por ele. - Ele murmurou desviando o olhar.
Eu parei de andar, petrifiquei.
– Oh my God. - Teria eu entendido direito? Ele me disse aquilo mesmo? Alec,
meu amigo Alec, estava apaixonado por um homem? - Mas você, você... - Eu estava
tão surpresa que nem conseguia formular uma frase.
– Sou hétero. - Ele murmurou. - Quer dizer, até aonde eu sabia eu era. - Ele
suspirou de novo. - A verdade é que minha vida virou do avesso. Eu passei a metade
do ano apaixonado por você. - A confissão dele, me deixou ainda mais surpresa. - Um
amor impossível.
Você e Edward, vocês simplesmente nasceram para ser um do outro. Até um
cego vê isso.
No réveillon, eu estava sem nada para fazer. Curtindo a minha fossa,
lembrando dos nossos melhores momentos como amigos, quando o Freddy me ligou,
e convidou para ir em um bar.
Eu fui, já que minha mãe odeia réveillon e meu pai já tinha ido dormir.
Cheguei lá e Freddy me apresentou os primos deles.
Jack e eu conversamos a noite toda, bebemos muita vodka com coca cola, e
no final da noite, quando eu fui deixá-lo em casa, ele partiu para cima de mim, me
atacou e eu não fiz nada para impedi-lo.
Quando eu acordei e lembrei do ocorrido, coloquei a culpa na bebida, eu tive
nojo de mim, queria lavar minha boca com cloro.
Só que ele me ligou, me chamou para sair e ao invés de negar, dizer que foi
tudo um mal ocorrido, eu aceitei sair com ele. Simplesmente não consegui negar. - Eu
continuava imóvel, processando tudo aquilo.
– Isso é nojento, eu sei. Eu estou tão confuso. - Eu não estava com nojo,
jamais teria nojo de Alec, mesmo que ele saísse com três homens por vez, estava
apenas surpresa.
Eu o encarei e o abracei apertado.
– Isso não é nojento Alec. Não pense desse jeito.
– Claro que é nojento, o que os outros vão pensar? - Murmurou.
– Não, não é. Não tenha medo e nem vergonha de ser você Alec, não se
reprima por outras pessoas.
Muitas pessoas não vivem para si, elas vivem para os outros.
Elas não são o que gostariam de ser, por medo de enfrentar o mundo, a
sociedade.
A verdade é que é muito bom falar da vida alheia, discutir a vida dos outros. É
impressionante como as pessoas gostam de discutir sobre a vida do vizinho, dos
amigos. Mas quando é para falar de si mesmo, todo mundo se esquiva e se fecha.
Todos nós temos teto de vidro. Todo mundo já varreu uma sujeirinha para
debaixo do tapete.
Não Alec eu não tenho nojo de você. Eu tenho orgulho, orgulho de você ter
admitido para si mesmo. Orgulho por você ter sido sincero com você mesmo.
Muitas pessoas vivem 60, 70, 80 anos e morrem, sem terem descoberto quem
elas realmente eram, apenas por medo de enfrentar.
Conte comigo para qualquer coisa. Estou nesse barco com você. E jamais
sinta vergonha da sua felicidade. Se é feliz assim, que se dane o mundo. - Depois de
murmurar tudo na orelha dele, eu nos soltei. Ele sorriu para mim.
– Obrigado Bella, obrigado mesmo. Obrigado por ouvir, por entender e por
não julgar. Eu me sinto mais leve, me sinto muito mais leve, eu precisava desabafar
com alguém - Sorri e beijei o rosto dele.
– Bella... - Aquela voz era de Edward, me desencostei de Alec e me virei para
ele.
– Ciúmes a vista. - Alec murmurou. - É nessa hora que eu dou o fora.
A nossa sala é a última do lado esquerdo desse corredor. Te espero lá. - Ele
nem esperou resposta e foi logo saindo.
– Edward... - Sorri me aproximando dele.
– Por que você e Alec estavam abraçados e o que cochichavam tanto? - A voz
dele não era nada feliz.
– Porque estávamos conversando. - Respondi simplesmente.
– E desde quando você abraça as pessoas daquele jeito para conversar com
elas?
– Desde quando o assunto é particular.
– E que assunto particular seria esse? - Rolei os olhos pelo interrogatório.
– Edward, presta atenção. A única coisa que posso te contar é que, Alec está
apaixonado e não, não é por mim. - Edward que já abria a boca, para com certeza
lançar mais uma pergunta, a fechou, quando entendeu o que eu disse. - Era sobre isso
que conversávamos. - Eu não posso dizer por quem ele está apaixonado, então não
me pergunte.
Agora eu vou para minha sala, que já passa da hora. - Edward sorriu, e não era
qualquer sorriso, era um sorriso largo. Acabei sorrindo também, depois de rolar os
olhos.
– Ok. Boa aula. - Ele beijou minha testa. - A minha já acabou, vou indo para
casa. Venho te pegar mais tarde.
– Na verdade, combinei um happy hour, com Elizabeth e Alec, vai ser ali no
bloco B. Você vem?
– Claro. Esperem por mim. - Nos despedimos e cada um seguiu seu caminho.
Alec e eu trocamos bilhetinho, durante todas as aulas. Fiquei por dentro de
toda a história, menos a parte pornográfica, é claro.
No fim da aula seguimos a pé para o bloco b. Elizabeth já estava lá, e pela
alegria com que nos recebeu, percebi que ela já tinha começado a festa sem nossa
presença.
A bebida a ajudou a esquecer sobre o misterioso amor de Alec, para alívio
dele.
Conversamos boa parte do tempo sobre minhas férias no Brasil. Tudo que eu
contava parecia os deixar animados. Os dois começaram a fazer planos para todos
passarem as férias do meio do ano por lá.
Edward chegou tarde, já passava das 21:00. O bar estava lotado, e aquilo fez
com que ele demorasse a nos encontrar. Eu ria ao ver ele levantando os pés para olhar
por cima das pessoas. Por fim Alec balançou as mãos e ele nos encontrou.
– Boa noite. - Ele estava simpático. - E ai cara? - Meu queixo quase caiu,
quando além de sorrir sincero para Alec, ele estendeu a mão. Alec demorou alguns
segundo para processar o acontecimento. Quando se recuperou da surpresa, ele
retribuiu o sorriso e apertou a mão de Edward.
– Tudo bem? - Edward sorriu ainda mais.
– Tudo ótimo. - Ok, ele não estava bem. - Como vai Elizabeth? - Elizabeth
além de um aperto de mão ganhou um beijo no rosto.
– Bem, obrigada. - Ele sorriu e sentou-se ao meu lado.
– Tem gente que vai reclamar de dor de cabeça depois. - Ele pegou no meu pé,
olhando para meu copo de whisky. Não tive tempo de responder nada, já que ele me
beijou.
– Você demorou. - Comentei quando nos separamos.
– Dei uma passada na clínica antes. - Explicou.
– Uhum... Sei.. - Alec acabou rindo do que eu disse, assim como Edward. - O
que foi? - Questionei sem entender.
– Kate, você me lembrou ela agora. - Alec explicou. - Uhum... sei... Ela
sempre dizia isso, quando Edward se atrasava.
– Hum... - Foi meu comentário.
– Você não sente ciúmes dela? - Elizabeth me questionou.
– De Kate? - Arqueei a sobrancelha. Ela balançou a cabeça afirmando. - Não.
Por que eu sentiria?
– Porque ela e Edward eram um casal...
– Edward tem o passado dele, assim como eu tenho o meu. Kate vai fazer
parte da vida dele para sempre, mas só isso. Com todo respeito mas, ela não vai
voltar.
– E se ela estivesse viva? - Bêbados gostavam de filosofar.
– Bom, dai eles estariam juntos e nós seriamos amigos convencionais.
– Se ela estivesse viva, eles estariam separados. - Alec entrou na conversa.
– Como sabe? - Elizabeth questionou.
– Porque quando você encontra o chinelo certo para seu pé cansado, todo os
outros chinelos, parecem perder o sentido. - Ok. Falar em código com pessoas que já
tinham bebido, não era lá grande ideia. - Kate não era o chinelo de Edward.
– Gente, isso está ficando profundo demais. - Comentei. - O que não falta na
vida de Edward é chinelo, só no Brasil ele comprou dois pares. - Eles gargalharam.
– E você Edward, o que me diz sobre isso? Você e Kate estaria juntos?
– Não, com certeza não. Já não estávamos mais juntos... - Ele não acabou a
frase.
– Bella, eu acho que ela odiaria você. - Elizabeth começou a fazer teorias.
– Tá brincando? - Alec falou. - Kate adoraria Bella. Eu consigo imaginar as
duas fumando juntas, conversando sobre bandas de rock. - Edward riu.
– E sobre as maluquices de Alice. - Ele completou.
– Estão me deixando com vontade de falar com a garota. - Os dois deram
risada.
– Ok. Chega de papo furado, vocês três estão meio alterados. Vamos embora
Bella? - Edward convidou.
– Vamos, mas antes eu quero passar no burguer king.
– Por que eu já tinha essa desconfiança? - Edward fez os outros rirem.
– Vai ver, você lê meus pensamentos. - Ele sorriu.
– Só pode ser isso. - Nos despedimos dos dois e fomos embora.
A semana com Edward e com as aulas, passou voando. Posso dizer que nós
aproveitamos e muito, nossas noites completamente sozinhos, e graças a isso eu
cheguei quase todas as manhãs atrasada na aula. As vezes por acordar tarde, as vezes
por acordar cedo e Edward querer aproveitar os minutos de sobra. Só que os minutos
de sobra, nunca eram suficientes, e isso gerava mais atraso. E a sexta-feira, acabou
chegando rápido demais.
Na sexta a tarde, resolvi fazer uma surpresa para Edward, assim que saí da
aula.
Ele resolveu voltar a trabalhar mais cedo, já que reclamava que as tardes sem
minha presença eram muito tediosas.
Como a aula já tinha chego ao fim e ele não apareceu para me buscar, resolvi
pegar uma carona com Alec e ir até a clínica que Edward trabalhava, lhe fazer uma
surpresa.
– Vocês não tem mais jeito mesmo em. Quando sai o casamento? - Ele pegou
no meu pé.
– Deixa eu ver. - Fiz pensar. - Dia trinta, trinta de fevereiro. - Ele deu risada.
– Sei, me engana que eu gosto. Acho que não passa desse ano. - Eu o encarei
para ver se estava brincando, mas falava sério demais.
– Eu não acredito que está falando sério. - Disse indignada.
– Seríssimo. Ah Bella, por favor vocês são um casal, daqueles de filmes de
romance. Apaixonados ao extremo.
– Você bebeu? Claro que não somos isso. Deixa só sua mãe ouvir isso. - Ele
deu risada.
– Minha mãe, ela só tem ciúmes. Ela se tornou uma mulher amarga depois da
morte de Kate. - Ele voltou a ficar sério. - Para ela, ver todos dando atenção para
você, é sei lá. Minha mãe pensa que você fez com que todos esquecessem Kate.
Entende?
– Entendo. Mas isso não é verdade. Isso não vai acontecer. Kate preencheu
um espaço na vida deles, do qual eu nunca vou me apossar. - Eu sorri.- Edward e
Jully as vezes conversam sobre ela. Sua mãe deveria ver o jeito carinhoso, com o qual
ele fala sobre ela. E deveria, ver como os olhos de Jully brilham ao ouvir tudo.
– Jully ama você. - Eu sorri.
– Também amo ela. - Alec estacionou o carro na frente da clínica.
– Acho que ele já foi. Pode me esperar? Vou até ali, perguntar. - Pedi.
– Claro madame, para isso servem os chofers. - Ri e saí do carro.
Uma garota que aparentava ter uns dezoito, com um sorriso simpático, veio
me atender.
– Boa tarde.
– Boa tarde. Edward ainda está por ai? - Ela sorriu.
– Não. Edward ainda não apareceu esse ano. - Ok, eu não gostei e nada de
ouvir aquilo. Uma raiva começou a crescer dentro de mim. - Ele está de férias, com a
namorada no Brasil. - Franzi o cenho.
– Namorada? - Ela riu.
– Pois é, ele foi fisgado. Você não tem noção da quantidade de mulheres que
aparecem aqui atrás dele, mas ele está dispensando todas faz meses.
– Ele disse para você que está namorando? - Ela riu. Com certeza imaginando
que eu fosse uma das vacas atrás dele.
– Não, isso não foi preciso. Uma pessoa que fica meses a fio, com uma
mesma mulher. Passa os dias de folga com ela, e vai para o Brasil para ficar com ela,
devem ser o que, além de namorados? - Deve ser uma completa idiota e burra,
acreditando que ele estava trabalhando a semana toda.
Edward deveria estar se encontrando com outra por ai. E de noite ainda tinha
coragem de me tocar, a eu estava possessa, iria fazer pedacinhos daquele mentiroso.
– Certo. Então eu vou indo. Até mais. - Murmurei e dei as costas para garota.
– Quer deixar recado? - Eu me virei para ela.
– Diga que Isabella apareceu. - Ela sorriu assentindo.
Bati a porta do carro de Alec com tanta força que ele assustou-se.
– Hey, o que foi? Deixe a a porta do carro ai.
– Aquele mentiroso, ele me paga. Eu vou torcer aquele pescocinho. -
Murmurei entre dentes, torcendo um pescoço invisível.
– O que foi? Por que está assim possessa? - Eu o encarei furiosa.
– Edward, ele não aparece aqui, desde o ano passado. Ele mentiu para mim
durante toda essa semana. Ah que ódio, ele vai ver só. - Eu queria socar alguma coisa.
– Eu não sei o que dizer. - Alec murmurou pensativo.
– Ele me paga, aquele cretino me paga. - Falei soltando o ar. - Me leva para
casa. - Alec aprendeu a não tentar um dialogo, quando eu estava brava. No meio do
caminho meu celular tocou, era o cretino.
– Alô... - Me concentrei para dizer alô, ao invés de: vai tomar no cu.
– Bella, aonde você está? - A voz dele soava tranquila.
– Indo para casa. - Já a minha, soava cada vez pior.
– Desculpe eu me atrasei. - Claro, porque para Edward sempre existia tempo
para uma rapidinha.
– Não se preocupe, em primeiro lugar vem o trabalho, certo? - Minha voz saiu
acida.
– Você está brava? - Furiosa era a palavra certa.
– Conversamos em casa. Tchau. - Não esperei resposta, desliguei na cara dele.
– Obrigada pela carona, falo com você amanhã. - Murmurei para Alec antes
de abrir a porta.
– Bella, tente ficar calma. Você não sabe o que aconteceu. - O ignorei e fui
embora.
Cheguei em casa e me joguei no sofá. Fechei os olhos massageando minhas
têmporas.
O cretino não demorou a chegar.
– Oi? - Ele me fez abrir os olhos. Eu não o respondi.
– Como foi seu dia? - Perguntou se jogando no sofá ao meu lado.
– Bom. E você, trabalhou muito?
– Muito. - Ele respondeu. Aquilo foi o fim. A cara de mentiroso dele me levou
ao extremo.
– Mentiroso, você é um filho da mãe mentiroso. - Esbravejei e levantei do
sofá.
– O que? - Ele se fez de desentendido.
– Sabe quanto tempo você não vai na clínica? Desde dezembro.
Por que? Por que mentiu para mim? Era mais fácil dizer, Bella eu não quero
mais, estou saindo com outra. Mas não, tinha que ser cretino ao ponto de mentir.
Homens, eles são todos, todos iguais. - Ele sorriu e se aproximou, me fazendo afastar.
– Ok, eu menti que estava trabalhando na clínica. Não estava trabalhando lá,
mas estava trabalhando. - Ele tentou se aproximar de novo.
– Pare de mentir, não minta, não seja covarde. - Eu me controlava para não
berrar.
– Não é mentira, eu posso te provar. Pode vir comigo por cinco minutos?
Cinco minutos, se você não se convencer, então me esculacha, me bate, me morde,
faz o que quiser, mas de o benefício da dúvida por cinco minutos. - Ele pediu, me
fazendo bufar. - Por favor Bella, cinco minutos? - Disse de novo estendendo a mão.
– Cinco minutos. - Murmurei. - Eu te sigo, não preciso da sua mão. - Ele
sorriu e seguiu em frente. Parando na frente do ex quarto de hospedes.
– Foi o melhor que consegui fazer. - Murmurou abrindo a porta.
Meu queixo meio que caiu.
As paredes estavam isoladas com isopor, para que o som não fugisse dali. O
teto estava repleto de bandeiras, de países como Estados Unidos, Inglaterra, Austrália,
Brasil e uma bandeira dos confederados.
E as paredes, elas tinham muitos quadros de bandas de rock, assim como
cartazes dos lugares em que eu toquei.
O piano estava mais para o canto, e caixas de som e amplificadores mais
potentes tinham ali.
Em um canto da parede tinham cabides, aonde estavam pendurados meus
violões e minhas guitarras.
– Faz quinze minutos que acabei. - Ele murmurou me trazendo de volta a
realidade.
Depois de me recuperar da surpresa, me xinguei milhões de vezes de idiota.
Eu tinha o acusado, queria o matar sem ao menos ouvir o que tinha a dizer.
Era óbvio que ele trabalhou muito para fazer aquilo em uma semana e como
eu passava o dia fora e a noite ele não me dava folga, eu nem passei perto do quarto
durante a semana.
Tirei os olhos do lugar e me voltei para ele.
– Desculpe. - Foi o que eu murmurei. - Desculpe, fui uma idiota. - Ele me
abraçou.
– Eu menti então, teve motivos para desconfiar. - Ele ria. - Gostei de te ver
irritadinha, pensando que eu estava te traindo. - Ri e deitei minha cabeça em seu
peito.
– Obrigada, eu adorei. Você é o melhor Edward. - Ele sorriu e me encarou.
– Quem disse que acabou. Olhe o que tem em cima do banco do piano. - O
encarei por alguns segundo e sorri antes de ir até lá.
Encontrei uma Gibson Lucille, preta, com uma laço de presente cor de rosa,
no braço.
Balancei a cabeça negativamente, sorrindo.
– Não acredito que fez isso. Que fez tudo isso. Quanto gastou com tudo? -
Perguntei sem tirar os olhos da guitarra.
– Aposto que menos do que você gastou com o piano. - Peguei a guitarra e
arrumei a correia para colocá-la. Voltei a sorrir ao ver que tinha meu nome estampado
nela.
– Achei esse modelo bonito. - Ele murmurou conçando a cabeça. Tirei o laço
cor de rosa de lá.
– Sabe por que esse modelo chama-se Lucille? - Ele balançou a cabeça
negando. - Porque é o nome da mulher do BB King. Foi uma homenagem a ela.
– Hum isso é interessante... O dia que for famosa e a Gibson te deixar por um
nome em uma guitarra. Vai por qual? - Eu ri e fui até ele, o puxei para dentro da sala
e fechei a porta.
– Cullen. Esse vai ser o nome da minha guitarra. Cullen, em homenagem a
Edward Cullen. - Ele abriu um sorriso enorme e me puxou para junto de si, me
beijando. Ri ao lembrar de algo.
– Sabia que as pessoas acham que somos namorados? - Murmurei me
afastando um pouco.
– É eu sei. Você se importa com isso? - Voltei a beijá-lo.
– Nem um pouco. - Murmurei contra sua boca.
Bom, nós inauguramos a sala de música, de um jeito diferente que a maioria
das pessoas inaugurariam. Mas com certeza, do jeito mais prazeroso existente,
Sábado de manhã, arrumamos nossas coisas e resolvemos que ficaríamos a
próxima semana no aparamento de Edward.
Depois de me ajudar com as coisas, ele resolveu ir até a clínica, dessa vez de
verdade. Queria ver como estavam as coisas por lá, eu fiquei em casa, na preguiça,
tapada até as orelhas, assistindo um episódio reprisado da Oprah.
Já era quase meio dia quando Edward voltou e eu estava quase cochilando.
– Feche os olhos. - Foi a primeira coisa que me pediu.
– Hum? - Eu estava meio sonolenta.
– Feche os olhos, trouxe algo para você. Quer dizer, para nós. - Franzi o
cenho.
– Comida? - Ele riu.
– Não gulosa. Não é comida. Anda, fecha os olhos que vou buscar. - Ele tinha
um sorriso travesso.
– Ok. - Eu também já sorria. Fechei os olhos como ele pediu. Ele foi e voltou
correndo.
– Abra as mãos, mas mantenha os olhos fechados. - O obedeci.
– O que é ? - Questionei sorrindo. O senti sentando perto de mim.
Algo peludo e que se mexia foi colocado em minhas mãos. Eu sorri e abri os
olhos.
– Ahhhh é lindo, que fofo Edward. - Eu me empolguei, minha reação foi
quase como as de Alice, quando via algo que amava.
Tinha um filhote de Yorkshine em minhas mãos, pretinho, com os pelos lisos,
e lindo, lindo ao extremo. Eu não conseguia parar de sorrir.
– Linda, é uma cachorra. - Respondeu rindo, passando a mão nos pelos do
bicho.
– Ahh que fofura, tenho vontade de esmagá-la. Hey, hey garota, você é muito,
muito linda e fofa. - Eu a segurava pelas patas da frente, a encarando.- Qual é o seu
nome em? Você tem um nome fofura? - Eu me concentrava para não atacar de Felícia
e a esmagar em meus braços.
– Não. Nós temos que colocar um. Vamos lá, já que você é a mãe, você
escolhe. - Eu ri.
– Ah eu não sei. Queria um nome diferente. - Cocei a cabeça pensando em um
nome e meus olhos acabaram na TV.
– Oprah. - Edward olhou para TV.
– O que tem ela? - Eu ri.
– Vai ser o nome dassa gostosura aqui. Oprah. - Ele franziu o cenho.
– Oprah que nem a Oprah, da TV?
– É. - Disse simplesmente. - Hey, Oprah. - A coloquei no chão e bati nas
pernas. - Oprah, você gosta desse nome? Oprah, Oprah. - A cachorra pulou em
minhas pernas e soltou um latidinho me fazendo rir.
– Viu só, ela disse que gostou. - Edward gargalhou.
– E desde quando entende cachorrês? - Dei de ombros.
– Desde sempre horas. Você não entende não? Au au au, au au a au. - Ele riu
muito ao me ver falando cachorrês.
– E o que significa isso? - Questionou rindo.
– Significa, adorei nosso presente. Obrigada. - Ele se aproximou.
– Au au. - Murmurou perto da minha boca.
– Tenho quase certeza que sei o que isso significa. - Comentei antes de beijá-
lo. Oprah latiu, e voltou a pular em minhas pernas, pedindo atenção e me fazendo rir.
– Sua filha está reclamando por atenção. - Disse ao me afastar e pegar a
cachorra.
O novo membro de nossa "família" era hiperativo. Oprah não nos deixava em
paz, ela queria brincar. Ela só queria brincar. Quando não recebia atenção ela comia
meus cabelos, e lambia o rosto de Edward. Ela com certeza tinha alguma bateria
embutida, só podia ter. Sábado a noite mesmo, ela estava impossível.
– Tenho medo que ela não nos deixe dormir a noite. - Comentei com Edward.
– Vamos dar um cansaço nela, o que acha? - Ele levantou-se do sofá.
– Como fazemos isso?
– Vamos até a praia, correr com ela. - Ele me estendeu a mão. Eu estava tão
quentinha embrulhada na coberta, assistindo TV.
– Mas aqui está tão quentinho. E você nem gosta de correr. - Protestei o
fazendo rir.
– O que adianta estar quentinho e não poder dormir? - Suspirei, vendo que ele
tinha razão, então eu levantei.
Coloquei minha outra jaqueta e um cachecol, junto com um gorro preto, e
depois um par de tênis e então descemos com aquele nisquinho hiperativo.
Depois que Edward colocou uma coleira nela, ela empacou e se recusava
andar. Enquanto isso eu dava pulinhos para tentar não congelar de frio. Comecei a rir
muito, já que Edward não conseguia progresso e a cachorra continuava lá, nada afim
de se mover.
– Oprah, obedeça seu pai garota. - Disse entre as risadas.
– Tá rindo é, então por que não tenta? - Ele questionou me entregando a guia.
Peguei um chocolate que estava no bolso do casaco e abri. Em seguida botei
perto do nariz dela, que se animou. Dei um passo a frente, e mostrei de novo o
chocolate a fazendo andar, e assim caminhamos até a praia.
– Assim não vale. - Ele protestou. - Está a comprando pelo estômago.
– Vale sim, ela andou. E agora nem mais de chocolate ela precisa. - Ele passou
o braço em volta do meu pescoço.
– Não deixe ela comer isso. Faz mal, não podemos a acostumar com essas
comidas não caninas.
– Certo Doutor. Até porque eu jamais dividiria um chocolate com um animal.
- Ele riu.
– Gulosa. - Acabei caminhando até a casinha de salva vidas abandonada e me
sentei lá.
– Costumava vir aqui, nas primeiras semanas que cheguei. Antes de não nos
envolvermos. - Contei.- Quando eu tinha insônia. Eu sentava aqui, e passava parte da
noite. - Ele sorriu e sentou-se ao meu lado.
– Então era aqui que se escondia. - Foi minha vez de sorrir. Acabei olhando
para lua.
– Era. Sempre acabava lembrando história que em contou sobre a lua e o sol. -
Ele sorriu e também encarou a lua que estava cheia.
– Tantas coisa já aconteceram daquele dia para cá. - Ele pareceu pensar alto.
– Verdade. - Eu também murmurei, pensando sobre o assunto.
– O pedido que fez naquele dia, se realizou? - Ele questionou voltando os
olhos para mim. Eu sorri.
– É, ele se realizou. E o seu? - Ele sorriu torto.
– Acho que está no caminho para a realização. - Murmurou. Quando nossas
bocas estavam quase unidas, a cachorra latiu, nos fazendo rir.
– Nova Cullen. - Murmurei levantando. - Então Oprah, vamos ver quem é que
se cansa primeiro.
Olha que eu era acostumada a correr em. Fazia isso todos os dias com seu
avô. - Ela balançava a calda e prestava atenção em mim. - Vamos brincar de pegar.
Seu pai pega. - Falei tocando em Edward e saí correndo. A cachorra veio correndo
atrás de mim, assim como Edward.
– Quem disse que eu começo? - Ele falou arfando, enquanto eu corria e ria.
– Eu disse. - Respondi.
Sem que ele esperasse eu parei em seco e lhe dei um olé, isso o fez tropeçar
nos pés e cair. Me fazendo gargalhar alto.
– Quando eu juntar forças para levantar daqui, você me paga Isabella. - Ele
falava com dificuldade.
– Você não é de nada Cullen. - Provoquei, chegando perto de onde ele estava
caído. - O Cullen não é de nada, o Cullen não é de nada - Ah é, eu tinha voltado os
dez anos de idade. Só faltava ficar saltitando. Ele esticou o braço e agarrou meu pé.
– Peguei. - Murmurou. Ele levantou, me pegando no colo, como tinha feito
meses atrás.
– Quem não é de nada? - Ele tentava me por medo e aquilo me fez rir mais.
– Você.
- Não tem medo de cair no mar, não? - Dei risada.
– Tenho, muito. Assim como você tem medo de pegar outra gripe, daquelas. -
Ele sorriu, e girou comigo. Acabamos caindo, não sei se de proposto ou não.
Acabei Ficando por cima dele. Ríamos que nem duas crianças, até nossos
olhos se encontrarem. Ele levou sua mão até meus cabelos, os colocando para trás.
- Nós estamos fazendo. - Murmurou com a voz baixa, sem desviar os olhos
dos meus.
– Fazendo o que? - Murmurei também.
– Passeando na praia, em uma noite de inverno. Como combinamos que
faríamos. Estamos fazendo. - Sorri, assim como ele.
– É, nós estamos fazendo. - Concordei, para em seguida beijá-lo.
Eu me sentia absurdamente feliz, me sentia tão bem, tão em paz, tão
completa.
Nosso beijo foi interrompido por patas, e uma língua que lambia nossos
rostos. Ri e me desgrudei de Edward.
– Oprah, isso é nojento. - Reclamei limpando o rosto. A cachorra latiu me
fazendo rir.
– Ok, vamos brincar. - Eu me pus de pé, e toquei Edward que ainda estava
deitado.
– Peguei. - Murmurei e saí correndo. Garalhei ao ouvi-lo reclamar.
– Isso não vale. Eu estava de figa, volta aqui Isabella, você está roubando. -
Era o que ele gritava enquanto corria atrás de mim.
Nossa brincadeira na praia foi até de madrugada. Aquela noite eu conclui que
Edward definitivamente, não nasceu para correr. Ele foi humilhado, no fim eu fiquei
com pena e o deixe me pegar.
Conseguimos alcançar nosso objetivo, quando a cachorra chegou em casa, ela
bebeu muita água e em seguida, caiu exausta em sua caminha.
Depois de tomarmos banho, Edward e eu fizemos o mesmo.
Acordamos cedo no domingo, nem tomamos café, fomos direto para o
aeroporto, buscar Jully.
Jully voltou com um bronzeado de dar inveja a qualquer um, sua pele morena
contrastava com seus olhos claros a deixando ainda mais linda.
Ao contrário de Jully, Alice, Jasper e Emmett voltaram em um tom vermelho
vibrante, o que me deixou em duvidas se eu deveria rir ou sentir pena. Rose foi a
única dos adultos que conseguiu uma corzinha, não ficou tão bronzeada quanto Jully,
mas ganhou uma cor.
Depois de pegar Jully e suas bagagens e fazer algumas piadas com os
camarões, nós três seguimos para casa. A garota ficou saltitante ao conhecer Oprah, e
as vezes eu temia pela saúde da cachorra.
– Imagino que essas horas de voo devem ter deixado você com muita fome, a
que a comida do avião nunca é muito boa. Vou fazer uns sanduíches, enquanto isso
seu pai te dá um banho. - Ela olhou para ele que riu.
– Começou a mandar. - Edward implicou comigo, rolei os olhos e fui para
cozinha.
Depois de dar banho em Jully e literalmente tomar um banho. Edward
apareceu com a garota na cozinha, enquanto eu ainda acabava de fritar os
hambúrgueres.
– Hummm esse cheiro é muito bom. - Ela disse de olhos fechados passando a
mão na barriga. Aquilo me fez rir.
– Hambúrguer e batata frita, do jeito que você gosta.
– E Ketchup, muito ketchup. - Ela comentou. Levei os lanches para a mesa, e
me sentei ao lado dela.
– Cuidado, está quente. - Avisei beijando sua cabeça.
Comemos boa parte dos lanches em silêncio, até Jully acabar o dela e nos
encarar. Ela olhava de Edward para mim. Nós dois nos olhamos sabendo que viria
coisa.
– O que foi? - Edward questionou.
– Gosto da comida de Bella, e gosto quando meu pai me dá banho e me leva
pra cama. Gosto de quando Bella meche nos meus cabelos e quando me coloca para
dormir em cima dela. E gosto quando nós três assistimos TV juntos. Até um cachorro
temos agora. Gosto de nós três morando juntos. - Eu estava sorrindo.
– Eu também gosto, gosto muito. - Minha resposta a fez sorrir ainda mais.
– Eu concordo com as duas, e acho que deveríamos fazer isso mais vezes.
– Concordo. - Falei de boca cheia.
– Uhuu. - Ela comemorou levantando os braços.
– Quero ver toda essa empolgação amanhã no jardim. - O sorriso dela
murchou.
– Eu não gosto dessa ideia. - Ela reclamou. - Eu não quero ir.
– Mas você vai. - Edward impôs. O olhei de canto e a encarei.
– Precisa ir, precisa aprender. Escrever, ler, fazer contas, saber mais sobre os
Estados Unidos, vai aprender muitas coisas sobre seu país.
– Vocês dois vão me levar?
– Claro. Seu pai precisa falar com a diretora.
– E você?
– Vou junto, como prometi a Carlisle. - Ela olhou para cima me encarando.
– Até na sala?
– Até na sala. Conhecer a professora. Depois é com você.
– Ok. - Ela suspirou. - O que você aprendeu sobre os Estados Unidos? - Eu ri.
– No Brasil, nós aprendemos sobre o Brasil. Tudo que eu ouvia sobre os
Estados Unidos, é que eram porcos capitalistas. - Edward deu risada.
– Sabem que eu não entendo esse negócio do dia da ação de graças? E aquele
tal de black friday? Quando eu descobri já era tarde. - Jully e Edward gargalharam.
– Eu gosto do dia do San Patrick's. - Ela comentou.
– O que diabos é esse dia? - Os dois voltaram a rir.
– Explica para ela pai. - A garota disse rindo.
– Eu não, explica você. Eu explico o valentine's day...
Fomos dormir tarde aquela noite. Eles me botaram a par de todos os feriados e
datas festivas do país. E graças aquilo fiquei sabendo que a próxima grande data
festiva, seria o tal valentine's day também conhecido como dia dos namorados, que
para eles acontecia em fevereiro...
Edward caminhava a passos largos com a garota no colo, sua mão livre
segurava a minha e minha mão livre segurava a mochila dela.
A secretária ia na frente, nos levando até a sala da diretora. Depois de nos
anunciar ela se foi.
A diretora era uma mulher de estatura mediana, morena, meio cheiinha e com
alguns cabelos brancos. Ela nos olhou por cima dos óculos, sorriu, e nos apontou as
cadeiras.
– Bom dia. - Ela disse sorridente.
– Bom dia. - Edward e eu respondemos juntos.
– Então essa é a garota fujona, que resolveu esticar as férias por uma semana?
- Jully escondeu a cabeça nos ombros de Edward.
– A própria. - Edward respondeu.
– Você é Carlisle? - Ela questionou.
– Não, sou Edward. Filho de Carlisle, pai de Jully.
– Certo. - Ela murmurou parecendo confusa. - E você? É a mãe da garota... -
Ela concluiu me deixando meio sem jeito.
– Não. Sou...
– Namorada do rapaz.. - Ela podia esperar a resposta em vez de ficar
imaginando. Abri a boca para responder mais ele foi mais rápido.
– Algo do tipo. - Pela primeira vez eu concordei com o que ele disse. Melhor
dizer aquilo do que dizer para diretora da escola de sua filha, que apenas nos
usávamos para fins sexuais.
A mulher sorriu para nós dois.
– Ela parece com vocês dois. - Vi de canto de olho a garota sorrir
envergonhada.
– Acha que ela precisa repor as aulas que perdeu? - Edward questionou.
– Acho que não terá necessidade, mas vamos ficar atentos.
– Certo. - Ela estendeu uma folha para ele.
– Uma lista dos materiais letivos que ela vai precisar. É melhor já trazer algo
amanhã. - Olhei o tamanho da lista e me assustei. Eu já disse que ter filhos custa
caro?
– Amanhã ela trará. - Ele respondeu sorridente.
– Ok. Então vamos lá. Vem comigo Jully, vamos conhecer sua professora e
seus colegas. - Jully pulou do colo de Edward e se jogou no meu.
– Você prometeu que iria até lá comigo. - Ela me murmurou me fazendo
sorrir.
Levantei com ela no colo.
– Tem algum problema acompanharmos vocês até na sala? - Questionei, a
mulher sorriu.
– Claro que não. Primeiro dia de aula é assim mesmo. Me sigam.
A coloquei no chão e dei a mão para ela. Edward fez o mesmo.
Quando Jully ficava muito tempo em silêncio significava encrenca.
– Vai ser legal, vai ver só. - Murmurei com medo que ela caísse no choro. -
Vai conhecer um monte de crianças legais, vai aprender a escrever, dai vou poder te
ensinar a escrever em português.
Ah, e vai aprender umas musiquinhas legais. - Eu continuava com meu
monólogo enquanto cruzávamos o corredor.
A diretora parou na frente da porta, e Jully apertou minha mão. Eu estava tão
nervosa quanto a garota, já que ela parecia não querer ficar.
– Não se preocupe, o primeiro dia é assim mesmo. - Ela repetiu o que tinha
dito na diretoria, deu três batidas na porta e entrou na sala. Edward Jully e eu a
seguimos.
Todos se voltaram para nós, e qualquer mínimo barulho acabou.
– Bom dia crianças. Bom dia professora Nora. - A mulher sorriu.
– Bom dia. - Aquele bando de crianças respondeu em couro.
– Essa é Jully Cullen, a aluna que estava faltado. - A última parte ela disse
olhando para professora. - Ela estava viajando por isso se atrasou. Digam oi para
Jully.
– Oiii Jully. - Eles voltaram a falar em couro. Acabei sorrindo.
– Vem Jully, eu ajudo você a encontrar um lugar. - A professora foi até nós e
estendeu a mão para ela. A garota soltou a mão de Edward e grudou na minha perna.
Me abaixei e ela imediatamente me abraçou.
– Hey amorzinho, precisa ficar. - Murmurei baixinho.
– Eu não quero, por favor não me deixa aqui. - Sua voz era de desespero.
– Jully, eles são legais, você vai ver só. Vão ser todos seus amiguinhos.
Precisa ficar, precisa aprender. - Ela continuou agarrada a mim, e eu sentia as
lágrimas dela no meu pescoço. Edward abaixou-se também.
– Filha, que feio, está todo mundo olhando. Quer que digam que é chorona? -
As palavras dele, fizeram o choro dela aumentar, e eu o olhar de canto.
– Jully, você precisa ficar. - Edward disse sério, mas não bravo e nem alto. -
Bella e eu temos aula também, tem que ficar.
– Não. - Murmurou chorando. - Não me deixem aqui sozinha. - Pediu. Ela me
largou e segurou meu rosto. Seus olhos brilhavam pelas lágrimas. - Fica aqui comigo
então. - Me pediu.
Suspirei e limpei as lágrimas dela.
– Se eu ficar, vai ser só hoje. - Edward me repreendeu com o olhar, mas eu
não conseguia dizer não para ela.
– Só hoje, prometo. - Mais lágrimas caíram.
– Promete mesmo? Só hoje, amanhã eu vou para minha aula e você para sua. -
Ela balançou a cabeça concordando.
– Prometo. - Olhei para Edward, que balançou a cabela negativamente.
Levantei dali, seguida dele.
– Tem algum problema se eu ficar hoje? - Perguntei a diretora, que sorriu.
– Tudo bem, sendo que seja só hoje. - Assenti.
– Só hoje. Nós prometemos, não é Jully? - Ela balançou a cabeça afirmando.
Encarei Edward que acabou sorrindo.
– Minha mochila está no seu carro.
– Eu pego para você. - Concordei com a cabeça e ele saiu, seguindo a
diretora.
Jully e eu continuamos no meio da sala.
– Então crianças, digam oi para a tia, tia? - Nora me questionou.
– Bella. - Respondi rindo.
– Para tia Bella.
– Oiii tia Bella. - Aquele momento jamais passou pela minha cabeça. Eu no
jardim de infância, com a filha de Edward. Sorri e puxei Jully pela mão, procurando
um lugar vago.
Acabamos sentando atrás, ao lado de uma garotinha ruiva, que sorriu tímida
para nós.
Alguém bateu na porta minutos depois, aquilo só me fez constatar que só
podia ser Edward.
– É seu pai. Vou pegar minha mochila e já volto. Prometo. - Disse a olhando
nos olhos. Ela assentiu e eu fui.
Ele sorriu e me puxou para fora da sala.
– Já fazem parte da turminha do mal, que senta nos fundos? - Eu ri.
– Vamos montar uma gangue. Vou ensiná-los a colar chicletes debaixo das
carteiras, colocar taxinhas na cadeira da professora, fazer aviõezinhos de papel e
jogar pela sala, e matar tempo quando forem ao banheiro. - Ele deu risada.
Me encostei na parede ao lado da porta.
– Ah se eu não te conhecesse. - Foi o comentário dele. - Venho buscar vocês,
as cinco. Vou sair mais cedo e comprar esses materiais. Você viu quantos? Será que
vão usar isso tudo mesmo? - Eu ri.
– Provavelmente. Matricula a filha em colégio particular, e não quer gastar
dinheiro? - Ele riu.
– Carlisle fez isso, ele é o cara do dinheiro. - Peguei minha mochila.
– Deixa eu entrar, antes que ela apareça aqui. - Ele me prensou na parede do
corredor. - Edward, é um jardim de infância, pare com isso. - Murmurei, mas não
tentei me afastar.
– Isso é bom. Assim esses moleques aprendem como se faz. - Dei risada.
– Ahan. Já pensou que podem usar sua filha de cobaia? - Ele parou de sorrir.
– Coitado do moleque que se atrever a fazer isso. - Voltei a dar risada. - Fique
de olho em, qualquer coisa me diga.
– Uhum, assim que você me deixar entrar, eu fico. - Ele sorriu e me beijou.
– Eu nunca fiz isso nos meus tempos de colégio. - Murmurou contra minha
boca. - E você?
– Fiz. Mas não no jardim de infância. - Levantei meus pés para ficar do seu
tamanho, e mergulhei minhas mãos em seus cabelos. Não dissemos mais nada, só
demos continuidade do beijo.
Se alguma criança aparecesse, seriamos culpados, por tirar dela a inocência, e
como nos Estados Unidos eles eram meio neuróticos, tinha certeza que acabaríamos
na prisão.
As mãos de Edward, nunca se contentavam em ficar por cima das minhas
roupas.
– Rum, Rum. - Pois é, a professora nos pegou no flagra me deixando muito
sem graça.
– Acho que vou ter que deixar vocês dois no cantinho do pensamento, para
refletirem sobre isso que estão fazendo. - Ela até tentou parecer séria no começo.
– Nós estávamos... - Edward começou.
– Descobrindo novas línguas. Sei como é. - Ela não nos deu chances. - É
extremamente proibido beijos nos corredores, ou em qualquer parte da escola. - Eu
cocei a cabeça olhando para longe dali.
– Me desculpe, a culpa foi minha. - Edward parecia tão constrangido quanto
eu. A mulher riu.
– Bella, sua filha levantou a mão e me pediu para vir me certificar que você
ainda está aqui. - Filha? Por algum motivo, eu não disse que não era mãe da garota.
Edward sorriu gigantesco.
– Venho buscar vocês, as cinco. Diga para nossa filha que vamos conversar
sobre a ceninha dela em casa. - Ele murmurou para mim, me fazendo sorrir.
– Vou dizer. - Respondi sorrindo. Ele beijou minha testa e se afastou.
– Tchau. - Murmurou caminhando de costas, para não tirar os olhos de mim.
– Vai logo Edward. - Respondi rindo, ele mandou um beijo e foi. Acabei
suspirando.
– Crianças, quando elas descobrem o amor. - A mulher sorriu e abriu a porta,
esticando o braço para que eu entrasse primeiro e foi o que eu fiz.
Larguei minha mochila em cima da mini carteira e sorrindo beijei o rosto de
Jully, que mesmo sem entender sorriu.
A professora deu continuidade na aula, eles estavam aprendendo o abcedário,
e uma musiquinha ajudava eles, uma musiquinha que eu tinha certeza que não sairia
tão cedo de minha cabeça.
Eu fazia prestar atenção na aula, para que a garota nem pensasse em
conversar. As vezes eu a olhava com o canto dos olhos, e sorria satisfeita ao perceber
que ela prestava atenção.
No intervalo, as crianças foram para a rua, pelo menos a maioria dela. A
garotinha que estava perto de nós ficou ali, lambiscando uma bolachinha. Jully as
vezes olhava para ela, mas não sabia como puxar um assunto.
– Então, qual o seu nome? - Eu perguntei, a deixando vermelha.
– É Victória. - Eu sorri.
– Bonito nome Victória, tão bonito quanto a dona. - Ela sorriu.
– Obrigada, você também é linda. - Eu sorri.
– Você gosta de vir para aula? - Jully perguntou, a voz da garota a deixou um
tempo sem responder.
– No primeiro dia não é muito bom, mas minha mãe disse que a gente se
acostuma. - Eu ri.
– Tomara. - Ela murmurou.
– Por que só veio hoje?
– Porque estava de férias no Brasil. - Ela contou, a garotinha pareceu se
interessar.
– Sério, você viu muitos macacos? - Por que todos insistiam em perguntar
aquele absurdo? - Jully riu.
– Claro que não. Vi muitas praias, e o Cristo Redentor. Lá é calor, tomei muito
banho de mar. - A menina ficou mesmo interessada.
– Calor? Mas é inverno. - Ela não entendia.
– No Brasil é verão. E quando aqui é verão lá é inverno. - Eu expliquei.
– Legal. - Ela murmurou. - Querem uma bolachinha? - Ofereceu.
– Não obrigada. - Eu realmente não estava com fome, e Jully ainda não a
conhecia direito, o que a fez negar.
As duas engataram um papo sobre a Disney, aonde Victória foi no final do
ano.
Fiquei boa parte do tempo em silêncio para que as duas interagissem e Jully
fizesse amizade com a menininha.
Depois do intervalo a professora fez todos dizerem de onde eram. A timidez
de Jully, fez com que ela ficasse por último. Sua mão suada de nervosa, segurava a
minha. Quando ficaram em silêncio ela me olhou e eu assenti para que falasse.
– Eu morava em Los Angeles, mas ano passado me mudei para cá. Agora eu
moro durante a semana na rua do centro e muitos finais de semana no condomínio
Summer Hause. - As bochechas dela estavam vermelhas, ela olhava pro chão, mas
falou bonitinho, me fazendo sorrir.
– Muito bem Jully. - A professora elogiou, e ela sorriu envergonhada. Um
garoto virou para trás e olhou para mim.
– E você tia? - Eu ri,
– Eu morava no Brasil. - Eles começaram a cochichar. - Agora eu moro no
Summer Hause, estudo na Pepperdine, faço música.
– Você morava mesmo no Brasil? - Outro garoto perguntou admirado.
– Viu, eu disse que o sotaque dela não era daqui. - Outro falou.
– É, ainda passo trabalho para falar garota e mundo. Eita palavrinhas difíceis
viu? - A professora riu.
– Mundo é a palavra que é considerada mais difícil, para os estrangeiros
conseguirem pronunciar correto.
– Posso apostar que é.
– Você poderia se apresentar em português. - Uma garota sugeriu. A
professora assentiu e eu fiz. No final estavam boquiabertos, me fazendo rir.
– Cara, isso é demais. - Um garoto por fim disse, me arrancando risos.
– Hey, não é no Brasil que tem aquela estatua gigante de braços abertos? - A
sala toda parecia interessada no Brasil.
– É o Cristo Redentor. - Jully explicou. - É enorme. - Ela continuou o
comentário.
– Maior que a estatua da liberdade? - Outro quis saber.
– Não sei. Nunca vi a estatua da liberdade de perto. Mais o Cristo é muito
gigante, você precisa esticar todo o pescoço para vê-lo completamente.
Muitas perguntas vieram depois daquela, deixei Jully responder e só me metia
quando ela não sabia a resposta. No final da aula ela já tinha feito muitos amigos, e
até ensinava palavras em português para alguns.
Edward ficou orgulhosa em saber daquilo, e aquela conversa que eles teriam
acabou nem acontecendo.
Jully foi para aula no dia seguinte sozinha, só precisei levá-la até a sala.
Cumprimentei meus novos amigos pentelhos e voltei para o carro, podendo voltar
para minha aula.
Os amiguinhos dela também pareciam estar convencidos que eu era mãe da
garota, e todos os dias eu os ouvia gritando "Jully sua mãe chegou", eu até pensei em
dizer para eles que eu não era mãe dela, mas fiquei com medo que aquilo a magoasse.
Ela nunca falou sobre aquele assunto comigo, nem eu com ela, então as coisas
continuava assim.
Esme e Carlisle voltaram no último dia de Janeiro e nós nos dividíamos entre
levar e buscar Jully no jardim. Eles levavam e nós buscávamos, e aquilo parecia
funcionar bem para todos.
E os três primeiros meses do ano passaram assim. Eles pareciam passar
voando, ou era eu que andava muito ocupada.
Eram raros meus finais de semana a noite serem livres, Emmett me pôs para
trabalhar legal, eu já tinha tocado em toda redondeza, até em Los Angeles eu toquei.
Edward meu fiel escudeiro, sempre estava junto.
Nos finais de semana na parte do dia, nos dedicávamos a Jully e Oprah.
Oprah, estava devorando o apartamento, ela comeu três tênis meus, com
cadarço e tudo, e os sapatos de Edward, ela tinha adoração por eles. Os bichos de
borracha eram altamente descartáveis para ela, e aquilo começava a me assustar.
Edward e eu conseguimos ensaiar a música que eu fiz quando estava no
Brasil, e com o piano dele ela tinha ficado boa.
Como tocaríamos na festa em Vegas eu o convenci a tocar conosco, e então
fizemos alguns ensaios lá em casa, ele a banda e eu.
Abril já era um mês considerável, bem menos frio. Aquilo fez todos nós
cairmos na piscina térmica e coberta, do hotel que estávamos em Vegas.
Estávamos hospedados em um hotel luxuoso, de cinco estrelas, éramos
hospedes exclusivos, já que ele só inauguraria a noite. O pai de Rose fez questão de
bancar tudo.
O lugar era enorme, mas parecia um condomínio do que um simples hotel.
Tinha boate, muitos bares, piscinas cobertas, não cobertas, com ondas e normais.
Cassino, e até uma daquelas capelinhas que realizam casamento.
– O que acham de irmos para boate depois de Bella se apresentar? - Emmett
convidou. Não só os Cullen, como o resto da banda que estava na piscina conosco,
incluindo Alec.
– To dentro. - Rose foi a primeira.
– Nós também. - Alice falou.
– Contem comigo. - Freddy parecia empolgado.
– E comigo também, vai ter muita mulher a solta por lá. - Foi o comentário de
Mike.
– Também vou. - Alec comentou.
– E você Bella? - Emmett perguntou.
– Tenho que confirmar com Edward. - Malditas foram minhas palavras,
porque começaram a pegar no meu pé.
– Isso porque elas não são namorados. - Mike começou.
– Não, imagina, são pior que isso. - Alice continuou.
– Eles são tipo marido e mulher, moram juntos desde o final do ano passado e
até um cachorro arrumaram. - Jasper se meteu.
– Por que vocês não vão encher a paciência de outro em? - Esbravejei.
– Por que os outros admitem que são namorados. Menos vocês. - Freddy
respondeu.
– Nós não somos.
– Por isso estão dividindo o mesmo quarto de hotel. - Alice comentou.
– Ok, criaturas irritantes. - Murmurei. - Vocês sabem que nós dois não somos
exatamente amigos. Todo mundo sabe disso. Mas não, nós não somos namorados.
– Edward é mole em, ele já deveria ter pedido. - Até Alec estava na
brincadeira.
– Se ele pedir você aceita? - Alice, sim Alice Cullen, estava unida a Alec.
Todos contra minha pessoa.
– Não estamos mesmo falando disso. - Balancei a cabeça negativamente.
– Tem duvidas que ela aceita? Olhe na cara dela. Bella ama Edward. - Mike
estava com sérios problemas mentais.
– Tá maluco garoto? De onde vocês tiram esses absurdos? - Eles estavam
quase conseguindo me irritar.
– Ah pelo amor de Deus Bella. - Emmett resolveu falar. - Você só pode ser
cega, ou não quer ver. Está na cara, na cara de vocês dois.
Vamos combinar Bella, não é só sexo. Acho que nunca foi só sexo. - Ele
continuou, e o pior? Nunca o vi tão sério. - O jeito como se olham, como se
entendem. Quando estão juntos, vocês simplesmente não conseguem ficar longe um
do outro. Vocês se atraem. São feito imãs. Vocês são grudentos, defendem um ao
outro. Quando você sorri, ele sorri e vice e versa.
Edward tenta demonstrar isso de todas as formas possíveis, só você não vê.
E eu nem vou falar sobre o relacionamento de vocês dois com Jully. Acha
mesmo que se fosse só sexo você se envolveria tanto? Pelo amor de Deus, você a
trata como filha, está tão na cara. - Eu buscava em meu cérebro resposta para aquilo
tudo, para dizer que ele estava enganado. Mas desisti.
Emmett estava me acusando de amar Edward, aquilo era absurdo demais. E
eu estava disposta a não ouvir mais aquilo, eu não queria ouvir tamanha besteira. Eu
bufei irritada e nadei até as escadas.
– Loucos, vocês são loucos. - Murmurei antes de sair dali.
Quando eu cheguei no meu quarto dei de cara com Edward vindo do
banheiro, ele estava só de cueca, como eu tinha o deixado quando saí. Ele sorriu para
mim, eu até pensei em retribuir o sorriso, mas lembrei das palavras do idiota do
Emmett.
– Oi. - Foi isso que murmurei e de muito mal gosto.
– Tudo bem? - Ele questionou ao perceber meu oi.
– Claro. - Disse dando de ombros. Ele voltou a sorrir e se aproximar.
– Senti sua falta. - Ele murmurou e me abraçou. "Edward tenta demonstrar
isso de todas as formas possíveis, só você não vê" As palavras de Emmett ecoaram na
minha cabeça.
Não, Edward não era aquele tipo de pessoa, ele não se apaixonava. Ele me
encarou percebendo que eu não retribui seu abraço.
– O que aconteceu Bella? - Ele ergueu meu queixo para que eu o encarasse.
– Nada, só estou cansada. Vou tomar um banho, depois preciso me arrumar. -
Me larguei dele e fui para o banheiro, segundos depois ele estava atrás de mim.
– Por que está mentindo? - Eu bufei irritada.
– DROGA EDWARD. - É eu gritei. Fechei os olhos e busquei me controlar. -
Por que, por que me conhece tão bem?
– Por que você me conhece tão bem? - Respondeu minha pergunta com outra.
– Eu não sei. Na verdade acho prefiro não saber. Seus irmãos, eles eles estão,
estão me acusando de amar você. Eles dizem que nós nos amamos. E nada do que eu
diga vai fazê-los mudar de ideia.
– Está brava por que eles estão errados, ou por que está com medo que seja
verdade? - Ele se aproximou de mim. O encarei por um tempo.
– Isso é um absurdo. - Murmurei, mas por algum motivo não conseguir
manter meus olhos nos dele.
– Ok, então não tem porque estar assim. - Ele colocou os braços rente a minha
cabeça, me impedindo de fugir. Eu suspirei.
– O que você acha disso? - Ouve um tempo de silêncio.
– O que você acha? - Eu odiava quando ele devolvia minhas perguntas com
mais perguntas.
– Acho que eles são uns idiotas. - Murmurei voltando a encará-lo. Ele me
analisou por um bom tempo. As vezes eu achava que ele diria algo, mas por fim
sorriu.
– Ótimo. Então eles são uns idiotas. - Murmurou antes de me beijar. Respirei
aliviada ao ouvir aquilo dele, aquilo nada mais era uma confirmação que aqueles
lunáticos tinham problemas. Me livrei daqueles pensamentos, assim como me livrei
da cueca dele, para em seguida entrarmos no banho.
Depois da terapia intensiva com Edward eu relaxei, e me sentia bem melhor.
Já era noite, quando ficamos prontos. Alice me fez colocar um vestido que ela
me deu de natal, junto com um salto altíssimo, e disse para eu nem reclamar, já que
era um evento chique.
Por isso eu estava dentro de um vestido branco, com a manga comprida de um
lado e o outro sem, manga. Ele era curto, como todos os outros vestidos que Alice me
dava. O scarpin também era branco e muito, muito alto, ele me deixava poucos
centímetros menor que Edward.
Além de tudo, ela me fez um coque e até a maquiagem foi feita por ela.
Foi Alice também quem escolheu a roupa de Edward, na qual eu não podia
reclamar nada, nada. Ele estava para lá de gostoso dentro de um terno vinho, camisa
social branca, e uma gravata preta.
Quando Alice finalmente se foi, eu pensei em tirar uma casquinha de Edward,
mas Emmett abriu a porta do nosso aposento e praticamente gritou que estava na
hora. Ele exigiu que eu estivesse lá em baixo em cinco minutos e se foi.
Edward e eu o obedecemos e seguimos até o salão central do hotel, que para
minha surpresa estava cheio, e sim Alice tinha razão, todos estavam muito bem
arrumados, eu estava devendo uma para a baixinha.
Meus olhos não acreditaram ao ver Tom Cruise, Katie Holmes e Vin Diesel
por lá, eu travei por alguns minutos e meus olhos não desgrudavam dos três, que
tiravam fotos juntos.
– É, é... - Eu disse olhando na direção deles. - Cara, eu amo o Tom Cruise. -
Foi o que eu consegui dizer.
– Eu não. - Edward murmurou.
– Até que em fim apareceram. - Rose chegou por ali, linda e alta. - Bella, está
na hora. - Ela avisou, mas eu ainda não conseguia tirar os olhos daquele trio.
– É o Tom Cruise. - Ele falei para ela.
– Sim, ele a Katie e o Vin, tiramos fotos com eles ainda a pouco. Estão
cobrando os olhos da cara para estarem por aqui hoje. Segundo meu pai, George
Clooney também vem. - Meu coração bateu forte.
– Ahh, é sério? - Eu quase gritei de empolgação, fazendo Rose me olhar
espantada.
– O que deu nela? Nunca a vi assim. - Ela perguntou a Edward.
– Nem eu. - Ele deu de ombros bufando.
– Ah gente, pelo amor de Deus. Eu sempre via eles por filme, e agora estão a
metros de mim. Vocês não tão empolgados não?
– Não sou fã de nenhum dos três. - Rose deu de ombros.
– Nem eu. Prefiro a Megan fox. - Eu odiava a Megan Fox, e as palavras de
Edward me fizeram a odiar ainda mais.
– Eu vou lá pedir um autógrafo. - Disse decida, já começando a andar, mas
Rose segurou meu braço.
– Nada disso, nem caneta você tem. Primeiro você vai lá em cima, aonde já se
encontra o resto da banda.
Vai cantar bonitinho, como você sempre faz. Depois eu te prometo, que vou
com você até eles e peço para fotografarem com você. - Eu gostei de ouvir aquilo.
– Promete? - Ela deu risada.
– Prometo Jully Cullen, agora se manda. - Eu sorri ainda de olho nos três.
– Eu levo ela. - Edward me rebocou dali.
Quando eu tirei os olhos deles e comecei a andar ao lado de Edward, eu fiquei
nervosa o extremo, por me dar conta que iria tocar para meus ídolos. Percebi que
minhas mãos tremiam.
A primeira coisa que fiz ao ver Alec, foi pedir um cigarro, que eu fumei em
menos de dois minutos, em seguida fumei outro, me fazendo Edward olhar feio.
– Uaaauu... você está gatona. - Emmett finalmente resolveu reaparecer. Eu
rolei os olhos.
– Você já tinha me visto lá em cima. - Ele sorriu.
– Mas você estava muito junto a Edward pare eu ter te visto por completo. -
Ele encarou Edward. - Vai passar trabalho hoje irmãozinho. - Era o esporte preferido
de Emmett implicar conosco. A aposta que ganhei não adiantou em nada.
– Vá se foder Emmett. - Murmurei. Quando eu ficava nervosa eu ficava muito
sem paciência.
– Calma esquentadinha. - Ele ligou uma câmera que tinha nas mãos e a
apontou para mim. - Hoje eu vou filmar. - Ele estava muito empolgado.
– Baixa essa porra Emmett. - Desviei meus olhos da câmera.
– Ah vamos lá Bella, diga suas últimas palavras como uma pessoa
desconhecida. - Eu bufei e voltei a olhar para a câmera. Levantei meu dedo do meio.
– Va.Se.Foder.Emmett. - Falei pausadamente, e aquilo o fez gargalhar.
– Ok, depois quando você estiver mais calma você fala alguma coisa. - Ele
não desligava a merda da câmera. - Agora vamos lá, está na hora. Meu querido sogro
detesta atrasos. - Jasper apareceu não sei de onde, e nem me importei em saber. Tudo
que eu fiz foi pegar o copo de whisky da mão dele e virar tudo de uma vez só.
Respirei fundo e coloquei a guitarra, depois disso me voltei para Edward.
– Você fica por perto, na última eu te chamo para tocarmos juntos. - Ele me
puxou e me deu um beijo.
- Entendido capitão. Você está com um gosto ótimo de whisky. - Eu rolei os
olhos - Boa sorte baby, não se preocupe, vai dar tudo certo. - Acabei sorrindo.
Graças aos meus saltos eu nem precisei levantar os pés para lhe dar um selinho.
Emmett riu daquilo, aquele ser irritante continuava me filmando, e antes que ele
falasse mais alguma gracinha eu saí dali, e subi as escadas do palco. Assim que
caminhei para frente do mesmo, uma luz gigante e forte, fechou em mim. Conforme
eu ia andando, a luz me seguia, aquilo só servia para me deixar ainda mais
desconfortável.
Freddy afinava tranquilamente a guitarra dele, chamando atenção par nós. Me
perguntei mentalmente o motivo dele não ter feito aquilo antes, quando todos nós
fizemos.
Respirei fundo e conectei minha guitarra a caixa de som, quando levantei a
cabeça, percebi que Alec ria de mim e eu caminhei até ele.
– Ta rindo de que palhaço? - Perguntei irritadíssima, o fazendo rir ainda mais.
– Você fica linda nervosa. E isso não é uma cantada. - Rolei os olhos e respirei
fundo, tentando me acalmar.
– Bom você é lindo de qualquer jeito, e isso também não é uma cantada. - Ele
voltou a rir.
– Eu sei, você só tem olhos para Edward. - Mesmo falando de brincadeira, eu
sabia que ele falava sério. Tudo que eu fiz foi levantar meu dedo do meio para ele e
saí dali.
– Tudo pronto? - Senhor Hale, o pai de Rose me questionou. Seria ele que
anunciaria o início da festa.
– É, eu posso fazer isso. - Murmurei mais para mim do que outra coisa, mas
ele acabou ouvindo.
– Então vamos lá. - Ele caminho tranquilamente até o microfone.
– Boa noite senhoras e senhores. Fico feliz por vocês estarem aqui comigo
hoje, inaugurando mais um hotel. Carlisle um dos meus sócios, infelizmente não pode
vir, mas Tyler, meu outro sócio está aqui. - Ele apontou para baixo, indicando o
senhor Tyler. - Ele é meio tímido, por isso não quis subir. - Acabei sorrindo, assim
como outras pessoas. - Mas nós três estamos muito felizes, por mais essa conquista, e
queremos dividir essa felicidade com vocês, por isso além da inauguração formal,
daremos uma festa, que não tem hora para acabar, e não tem nada melhor do que
começar com um bom e velho rock and roll.
Meu amigos sabem, que eu nunca fui um cara muito fã de pop, reggae, dance,
hip hop, ou coisas do tipo.
Eu gosto mesmo é de rock and roll, e encontrei nessa garota ao meu lado,
muito, mais muito rock and roll.
Por isso ela está aqui. Presentem atenção nela, ela tem um talento incrível,
tanto para cantar, como para tocar.
Ahh, e quem quiser contratá-la é só falar com Emmett meu genro. - Emmett e
Rose devem ter ficado tão surpresos quanto eu ao ouvir a palavra genro sair da boca
do homem, aquilo me fez sorrir. - Agora chega de delongas, deixo vocês com Bella
Swan e a banda The Siblings. Tenham uma boa noite e aproveitem.
Eu estava muito nervosa para falar qualquer coisa, então comecei logo os
acordes da primeira música. Achei legal começar com a música de Jane, então foi o
que eu fiz.
http://www.youtube.com/watch?v=pdLPJDYDJ_c
Tocar conseguia acalmar meus nervos e aos poucos eu fui me acalmando,
quando a música chegou ao fim, eu já me sentia segura, para me pronunciar.
– Boa noite senhoras e senhores, garotos e garotas, meninos e meninas. -
Meus olhos encontram com os de Edward, que estava bem em frente ao palco. Ele ria
da minha graça o que me fez sorrir. - Eu sou Bella Swan e essa é a banda The
Siblings, como o senhor Hale falou. A banda e eu tocamos em parceira desde o ano
passado, na verdade acho que já somos uma coisa só.
– Ou algo assim. - Mike falou.
– Ou algo assim. - Eu sorri. - Senhor Hale. - O homem já estava embaixo do
palco, junto com Edward e Tyler. - Se rock and roll é o que o senhor quer, rock and
roll é o que irá ter. Não se preocupe com isso.
Foi tudo o que disse antes de começar outra música, que foi seguida de muitas
outras. Tocamos mais de duas hora e meia, sem parar.
A medida que as músicas iam passando, eu ia me sentindo cada vez mais a
vontade, então as gracinhas que os integrantes da banda e eu fazíamos, iam
aparecendo.
O combinado era tocarmos somente duas horas, mas senhor Hale pediu a
Emmett por mais, já que as pessoas estavam gostando. E a medida que a bebida
alcoólica entrava na corrente sanguínea deles, mais empolgados eles ficavam.
Quando começamos com anos 60, a pista ficou pequena. Toda aquela gente chique,
resolveu se requebrar, mas claro, sem nunca perderam o glamour.
Tom Cruise e sua mulher, ficaram todo o tempo na frente do palco nos
assistindo e as vezes dançando, mas eu nunca concentrava meus olhos nos dois,
porque aquilo trazia meu nervoso de novo.
Meia hora depois, quando finalmente tínhamos chego a três horas de música,
e o repertório estava para lá de escasso, nós resolvemos encerrar. Não sem antes,
Edward participar. Assim que Freddy acabou o solo da última música eu voltei ao
microfone.
– A próxima é a última música.
– AAAHHH... - Fique feliz ao ouvir aquelas pessoas reclamando.
– Não fiquem tristes, depois temos DJ, música eletrônica e tal. - Eles
continuaram reclamando, me fazendo rir.
– Então, vocês devem ter se perguntado, o que diabos um piano faz aqui no
meio palco, já que ninguém usou para nada. Na verdade era pra eu sentar, quando
estivesse cansada. - Alec riu alto, algumas pessoas o acompanharam.
– Seu senso de humor está ótimo Bella. - Alec comentou no microfone.
– É que agora vou finalmente beber algumas tequilas. Fico até com água na
boca, vendo o garçom passar para lá e para cá com essas bebidas. - As pessoas dessa
vez riram. - Mas como diz a velha frase: Primeiro o trabalho. Ok, chega de filosofia. -
Ouvi a risada de Tom Cruise. -Então, o piano não está aqui a toa. Está qui porque
nessa última música, teremos uma participação especial.
É uma música própria, eu compus quando estava no Brasil. A música deixa
bem claro, como eu me sentia a algum tempo atrás. - Filosofei. - Edward me ajudou
na melodia. E é o próprio Edward que subirá aqui em cima, e tocará conosco. -
Edward já tinha saído da frente do palco fazia algum tempo.- Edward, aonde quer que
você esteja, apareça homem. - Pedi, fazendo as pessoas rirem.
Ele não demorou para aparecer. Meio encabulado, e sem jeito, por ver aquele
aglomerado de pessoas de cima. Ele respirou fundo, sorriu para mim e foi até o piano.
Levei meu microfone até perto dele, o coloquei aonde eu pudesse ver o
público e Edward.
– Podemos? - Perguntei longe o microfone. Ele suspirou.
– Podemos. - Respondeu estralando os dedos.
– É com você então. - Era ele quem começava. Segundos depois o som do
piano invadiu o local.
http://www.youtube.com/watch?v=3LKD-XQjEHs
http://letras.terra.com.br/aerosmith/109/traducao.html
I kept the right ones out
And let the wrong ones in
Had an angel of mercy to see me through all my sins
There were times in my life
When I was goin' insane
Tryin' to walk through
The pain
When I lost my grip
And I hit the floor
Yeah, I thought I could leave, but couldn't get out the door
I was so sick and tired
Of livin' a lie
I was wishin' that I
Would die
It's amazing
With the blink of an eye you finally see the light
It's amazing
When the moment arrives that you know you'll be alright
It's amazing
And I'm sayin' a prayer for the desperate hearts tonight
That one last shot's a permanent vacation
And how high can you fly with broken wings?
Life's a journey not a destination
And I just can't tell just what tomorrow brings
You have to learn to crawl
Before you learn to walk
But I just couldn't listen to all that righteous talk
I was out on the street
Just tryin' to survive
Scratchin' to stay alive
It's amazing
With the blink of an eye you finally see the light
It's amazing
When the moment arrives that you know you'll be alright
It's amazing
And I'm sayin' a prayer for the desperate hearts tonight
Desperate hearts
Desperate hearts
Did you wanna see without and give it out now
Oh, oh
Yeah, yeah
Oh yeah, yeah ya-ka-kow, ya-ka-ka-ka-kow
Oh, it's amazing
Quando a música chegou ao fim meus olhos estavam presos nos de Edward, e
só se desprenderam dele, quando uma salva de palmas e muitos assovios, me
trouxeram de volta pro mundo para a terra. As pessoas aplaudiam e assoviam
empolgadas.
– Obrigada. - Agradeci, mas palmas não sessavam. - Obrigada mesmo, eu não
sei o que dizer. - Com certeza um Cullen puxou o Bella Swan is rock, e tudo que se
pudia ouvir no locar, era o couro de pessoas gritando aquilo. - Vocês são tão rock
quanto eu. Obrigada pessoal, espero vê-los por ai. Tenham uma boa noite, e
aproveitem hoje, que tudo é de graça. Fiquem agora com o Dj Habits.
A música eletrônica começou. Desliguei o microfone e tireia a guitarra.
Edward levantou-se do piano sorrindo.
– Arrasou am... - Ele parou no meio da palavra me fazendo franzir o cenho. -
Você é a melhor.
– Arrasamos, você tem culpa nisso. Você fica divino no piano. - Ele sorriu e
beijou o topo da minha cabeça.
– Vamos descer. - O puxei pela mão. Antes de descermos, cumprimentamos o
resto da banda, que estava tão empolgada quanto nós dois.
Os Cullens como de costume estavam me esperando ao lado do palco, e como
de costume exageraram nos elogios, e em unanimidade perguntaram pela última
música. Emmett continuava filmando tudo. E ficava pegando depoimento dos
Cullens, sobre a minha pessoa, me fazendo ignorá-lo.
Eu beijei a testa de Jasper, quando ele me apareceu com um copo de tequila
com muito gelo e umas rodelas de limão, que eu tomei em um gole só.
– Com licença. - Eu vi Tom Cruise na minha frente, falando aparentemente
comigo e aquilo me fez paralisar. O que pareceu engraçado para ele.
– Hey Tom. - Rose o cumprimentou simplesmente, como se ele fosse o João
da padaria. Como se ela o visse todos os dias.
– Olá garotas e garotos. - Todos disseram oi, menos eu, eu ainda não tinha
achado minha voz. Ele voltou o olhar para mim. - É Bella, certo? - Afirmei com a
cabeça, o fazendo rir mais.
– Qual o problema dela? - Ele perguntou.
– Não sei, ela estava falando até agora. - Alice respondeu. Ela me cutucou. -
Bella, sabe quem é esse? - Ela estava mesmo me perguntando aquilo? Quem não
mundo não sabia quem ele era?
– Cara. - Eu consegui pronunciar. - Eu, eu, eu - Respirei fundo me xingando
mentalmente por gaguejar. - Cara, eu sou muito, muito sua fã. - Desembuchei por
fim, o fazendo rir.
– Isso é bom, porque também virei seu fã. Você toca e canta muito bem.
Aquela música do final, foi você mesma quem escreveu.? - Meu coração sairia pela
boca. Tom Cruise estava conversando comigo, me dizendo que era meu fã.
– Foi sim, Edward ajudou na melodia. - Ele sorriu.
– É uma ótima música, a letra a melodia, eu fiquei arrepiado. - Ok, se fosse
um sonho eu queria continuar dormindo.
– Obrigada. - Murmurei, o fazendo rir.
– Então, com quem mesmo eu tenho que falar para te contratar para minha
festa? - Meu queixo quase foi ao chão, e voltei a perder a voz.
– Quer mesmo contratar Bella? - Edward questionou um pouco surpreso.
– Quero. Kate e eu vamos dar uma festa, daqui um mês em Los Angeles, é o
aniversário dela.
Me diz que você não tem nada agendado para dois de junho. - Eu abri a boca,
mas minha voz não saiu.
– Ela não tem nada agendado para esse dia, fique tranquilo. - Emmett falou
rapidamente, fazendo Tom rir. - Só precisa nos passar a hora e o endereço, e
estaremos lá.
– Você é o empresário? - Se eu tivesse forças eu socaria Emmett e tiraria
aquela câmera das mãos dele.
– Sou.
– Precisamos acertar tudo então. Preciso saber sobre o preço, e se vocês já
tem toda a aparelhagem, e luzes.
– Hey, antes de vocês conversarem sobre isso. - Eu me forcei a falar. - Será
que podemos tirar uma foto? - Ele deu risada.
– Claro. - Jasper estava com uma câmera na mão, e disparou vários flashes em
nossa direção.
Kate a mulher dele, chegou acompanhada de George Clooney e Vin Diesel, e
os dois deixaram Alice tão sem voz quanto eu.
– Hey garota, você toca e canta muito bem, essa última música mesmo, foi
perfeita. - George Clooney tinha me elogiado.
– Conseguiu contratar ela Tom? - Katie perguntou. Desabracei ele
envergonhada.
– Consegui, segundo o empresário dela, esse dia estão livres.
– Me convidem para essa festa em. - Vim Gigante Diesel pediu. - Você tem
futuro garota. - Ele emendou.
– Cara, isso é surreal. - Murmurei fazendo Tom gargalhar.
– Hey garoto do piano, você toca muito bem também. - Kate o elogiou.
– Obrigado. - Murmurou envergonhado. Ele veio para o meu lado, fazendo
Tom sorrir.
– São namorados? - Abrir minha boca para dizer não, mas ele foi mais rápido.
– Algo do tipo. - Olhei incrédula para ele.
– Foram um lindo casal. - Kate elogiou.
– Obrigado. - Ele agradeceu, eu o olhei de cano, e aquilo nada mais
significava do que "Você vai ver só depois"
– AHHHHHHHH, eu amo você George e você também Vin. - Alice voltou a
falar e se jogou nos baços deles.
Nossa tietagem com os famosos não agradou em nada, Jasper e Edward. Os
dois disputavam um campeonato de quem esticava um bico maior. Eles nos
arrastaram para a boate sem ao menos nos deixar nos despedirmos direito dos outros.
Enquanto Edward ficava incomunicável comigo, eu bebia muita tequila com
gelo e limão, assim como o resto dos Cullens e a banda.
Conseguimos acabar com mais de três litros de tequila em menos de uma
hora. Sim, eu estava para la de Bagdá. E quando isso acontecia eu me sentia livre,
leve e solta para dançar, e na minha cabeça de bêbada, eu fazia aquilo com perfeição.
Tentei duas vezes conversar com Edward, mas aquilo foi em vão, ele se
recusava a desemburrar. Eté Jasper já tinha desencanado e estava aos beijos com
Alice.
E como eu era ignorada, eu descontava minha frustração na tequila. Então eu
bebia e dançava e comemorava com os outros a minha contratação.
– Bella, agora você precisa dizer algo para a câmera, poxa você vai ficar
famosa, diga algo. - Emmett ainda não tinha largado a câmera.
– Olá câmera amiga, eu estou feliz por ter sido contratada por Tom Cruise e
Kate Holmes. Então um salve para os dois. Aléém de muiiitoo feliz, eu estou muitooo
bêbada, gente tequila é tudo não é não? Eu amo tequila, se eu ficar famosa como você
diz Emm, vou pedir muita tequila no meu camarim.
Outra coisa importante. - Virei o que sobrava em meu copo. - Se quando eu
for famosa, Edward esticar o bico assim por qualquer coisa. Juro que vou deixar ele
de castigo em casa, no cantinho do pensamento.
Poxa gente, todo mundo ai, se divertindo, se pegando, se beijando no maior
agarramento, e ele lá, bicudo. E quem sofre as consequências sou eu. Ô mundo cruel
viu. - Eu tinha cansado de falar para a câmera, e ao ouvir o DJ tocando Lady Gaga,
abandonei tudo e fui dançar. Eu me remexia para cima e para baixo ao som de Bad
Romance, remixado, quando senti uma mão em meu ombro.
– Oi... - Uma voz masculina falou bem próximo ao meu ouvido, me virei e o
encarei.
– Oi? - Perguntei tentando lembrar se o conhecia. Ele era loiro, alto, meio
magrelo, e eu estava alcoolizada de mais para ver a cor dos olhos dele.
– Sou Johnny, prazer. Te vi tocando lá fora, você arrasou. - Eu sorri
agradecida.
– Obrigada. Sou Bella. - Ele sorriu.
– Realmente o nome faz jus a pessoa. - Eu ri. - Está sozinha?
– Não, estou com todo esse pessoal, e isso me faz te perguntar, como
conseguiu entrar no camarote? - Ele riu.
– Isso me faz responder, que tenho meus meios. - Balancei a cabeça
concordando, enquanto tentava formular uma resposta..
– É uma boa resposta. - Ele ria demais.
– Então, além de estar com todo esse pessoal, está com alguém em especial? -
Edward.
– Comigo, para ser mais exato. - Eu tinha aberto minha boca para responder,
mas ele apareceu de repente e fez aquilo por mim. Sorri afirmando com a cabeça.
– Desculpe, eu não sabia. - Ele pediu para Edward. - Foi bom conhecer você
Bella.
– Nos vemos por ai John. - Falei alegre e ele se foi.
Quando me virei para Edward, para quem sabe beijá-lo e ir embora, ele já
tinha me dando as costas. Se eu não estivesse bêbada talvez o ignorasse, mas como eu
estava bêbada resolvi tirar satisfação e marchei atrás dele. O puxei pelo braço, até que
consegui que ele me olhasse.
– qual a porra do seu problema? - Esbravejei.
– Meu problema? Você estava toda saidinha para cima dos caras famosos, e
depois esse ai chega e você fica toda sorrisinhos.
– Você é um idiota Edward. Eu sou fã daqueles caras, e eu não me joguei para
cima de nenhum deles. Eu só os estava conhecendo, ouviu bem? E Johnny veio falar
comigo, queria que eu fizesse o que? Desse as costas e não respondesse nada? ME
RESPONDE, COM QUANTAS VADIAS VOCÊ FALA POR DIA? - Eh amigo, a
sorte é que o som da boate estava muito alto.
– Eu não gosto de te ver falando com eles. - Ao perceber o quão irritava eu
estava ele mudou o tom de voz.
– ÓTIMO. Eu não gosto de muitas coisas, mas eu tento me controlar,
principalmente quando eu vejo o quão absurda estou sendo.
– Ok me desculpe ok? Eu exagerei, mas eu não gosto de ver você falando com
outro cara. - Eu suspirei, sentindo suas mãos me puxarem para perto.
– Por que não gosta? - Questionei.
– Você está bêbada. - Ele abriu um sorrisinho.
– Não respondeu minha pergunta. - Ele suspirou.
– Porque eu sinto ciúmes. Tenho ciúmes de você. - Aquilo me fez sorrir.
– E por que tem ciúmes de mim? - Perguntei fazendo charme.
– O que você quer ouvir Bella? - Murmurou beijando o meu pescoço. Passei
meus braços em volta do pescoço dele.
– Quero ouvir, ouvir o que sente por mim.
– Se eu contar, você vai fugir. - Eu sorri.
– Não, eu não vou fazer isso. - Eu mal conseguia andar em linha reta, imagina
fugir. Eu já nem sabia direito meu nome.
– Porque acha que eu tenho ciúmes? - Ele voltou a beijar meu pescoço.
– Você gosta de mim? - Ele riu e assentiu. Eu sorri. - Muito? Tipo assim? - Eu
abri os braços mostrando o tamanho, aquilo o faz gargalhar.
– Maior, bem maior. Acho que não tem fim esse tamanho. - Meu sorriso se
alargou ainda mais.
– Você me ama? - Lembrei que alguém tinha me dito que nós nos amávamos,
então resolvi perguntar. Ele suspirou.
– Amo. - Eu senti meu coração bater forte. - Amo muito, cada dia mais.
– Mesmo? - Perguntei empolgada com um sorriso quase maior que o rosto?
– Mesmo Bella. Eu amo você. - Meu rosto estava entre suas mãos. - E é uma
pena, você estar bêbada, porque isso vai fazer com que não lembre amanhã.
– Eu não estou bêbada. Você é meu amor Edward. - Murmurei antes de
abraçá-lo.
– Diz de novo? - Ele pediu me apertando entre seus braços.
– Você é o meu amor Edward, o meu amor, só meu e de mais ninguém.
– Você também é o meu amor Bella, meu verdadeiro amor. A pessoa que me
ensinou o significado dessa palavra. - Foi isso que ele murmurou antes de me beijar.
Capítulo 36 Enxergando a verdade... Part 2
...Acordei como uma ressaca de cão, sem fazer ideia de onde estava, que dia
era, se era noite ou dia. Minha cabeça parecia que explodiria.
Abri os olhos e vi Edward dormindo ao meu lado, tranquilamente, percebi que
estávamos em nosso quarto.
Tentei lembrar de como fui parar lá, mas nada vinha em minha mente, era
com se simplesmente não tivesse existido.
Me perguntei muitas vezes o por que eu bebi tanto. Bebi como se as tequilas
estivessem extintas, e as da noite anterior fosse as últimas existentes no mundo. E por
falar em mundo, talvez o mundo estivesse girando.
Além da dor de cabeça, eu estava sentindo uma imensa vontade de chamar
meu grande amigo Hugo. Eu arrumei forças não sei da onde e levantei, cambaleei
toda torda e sem muita força até o banheiro. Quando meus olhos bateram na privada,
a minha vontade de por tudo para fora triplicou, e eu corri até ela com a mão tapando
a boca. Assim que me joguei de joelhos diante dela, o Hugo apareceu. E eu fiquei lá,
agarrada a ela por um bom tempo. Vomitei tudo e mais um pouco. Quando a ânsia
passou e percebi que não tinha mais nada para por para fora, eu literalmente me
arrastei até o chuveiro.
Me pus de pé e forcei minhas pernas trêmulas a me aguentarem, liguei a
ducha na água gelada e fique uns dez minutos lá debaixo, tentando amenizar um
pouco daquela ressaca maldita.
Depois de sair do banho eu me apoiei na pia afim de escovar os dentes. Levei
a mão até a testa, para colocar meus cabelos para trás, foi quando senti um metal
gelado na minha pele. Me olhei no espelho, e meus olhos pararam no meu dedo
anelar esquerdo, aonde se encontrava uma grossa e larga aliança de ouro.
Lentamente eu tirei os olhos do espelho e levantei a mão esquerda, não era
uma miragem, realmente tinha uma aliança lá, cravejadas de pedrinhas que se não
eram reais, eram uma imitação perfeita de diamantes.
Eu ainda não tinha começado a raciocinar sobre aquele anel, quando o
Edward apareceu no banheiro.
– Bom dia. - Ele estava todo sorridente.
Em vez de responder qualquer coisa, meus olhos foram logo para as mãos
dele, e sim ele tinha um anel aparentemente idêntico ao meu, em sue dedo anelar
esquerdo.
Não, não, não podia ser. Aquilo só poderia ser, uma brincadeira de muito,
muito mal gosto. Só podia ser aquilo, eu me recusava a pensar no que significavam
aquelas alianças em nossos dedos.
Caminhei até o quarto, completamente confusa. Me sentei na cama, eu estava
ruim, me sentia tonta, minha cabeça doía horrores, assim como meu estômago e
aqueles anéis só pioraram as coisas. Edward surgiu na minha frente, e me analisou
por um bom tempo.
– O que foi? - Eu apontei para o anel dele e mostrei o meu.
– O que aconteceu? - Eu tinha certeza que não queria saber daquilo, mas
precisava. Ele voltou a me encarar por algum tempo e por fim suspirou.
– Você bebeu demais. - Aquilo era óbvio.
– Disso eu sei, você sabe que não é sobre isso, a minha pergunta.
– Você bebeu demais, nós passamos em frente a capelinha do hotel. Alice deu
a ideia de nos casarmos, e você achou aquilo o máximo. Então casamos. - Deus,
aquilo não podia ser verdade, não podia estar acontecendo. Eu rezava para que fosse
um pesadelo, não, eu nunca iria achar a ideia de casamento o máximo.
– Isso é uma brincadeira? - Eu nem brigaria com ele se fosse, eu só respiraria
aliviada. Mas ele balançou a cabeça negando.
– Não, Emmett gravou tudo, se não acredita, pode assistir. - Ahh eu estava
acabada. Casada? Eu? Meu pai me mataria, nós precisávamos desfazer aquilo o
quanto antes.
– Você, eu não lembro de ter bebido. - Pensei alto.
– Eu não bebi. - Aquilo não fazia o menor sentido, ele não bebeu e aceitou
uma insanidade daquelas? Edward era louco?
– Por que fez isso? - Ele conseguiu me irritar. - Não acredito que aceitou isso.
Você é louco. - Esbravejei.
– Por que? Quer mesmo saber por que? - Por que ele parecia bravo? Eu que
tinha que estar brava e não ele.
– Mas é obvio que quero. - Respondi jà com a voz alterada. - Se não estava
bêbado por que diabos fez isso?
– Por que eu amo você. - Ele respondeu imediatamente. - Porque eu te amo,
eu te amo. Eu te amo Bella. - As palavras que estavam prestes a sair da minha boca,
foram esquecidas ao ouvir aquilo. O que ele tinha acabado de dizer, ecoava na minha
cabeça.
Aquilo só podia mesmo ser um pesadelo, e eu tentava a todo custo acordar.
Edward disse que me amava? Ele sabia que não podia me amar, ele não podia.
Amar mudava tudo, sentimentos mudavam tudo. Eu balançava minha cabeça
negativamente, e freneticamente, negando aquele absurdo dito por ele.
– Não. - Murmurei em um fio de voz. - Você não pode. - Continuei.
– Mas eu amo. Eu amo e não posso mais esconder isso. - Ele tentou se
aproximar, mas eu me afastei.
– Você não me ama. - Eu impus aquilo. - Você não me conhece, você não
pode me amar. - Comecei a me desesperar.
– Isso é absurdo Bella. Pare com isso e me ouça, não seja covarde. - Me virei
furiosa para ele.
– EU NÃO QUERO OUVIR. VOCÊ SABIA DESDE O COMEÇO QUE
ISSO NÃO PODIA ACONTECER. FICOU TUDO BEM CLARO, DESDE O
COMEÇO. - Ele me segurou pelos ombros e me chocalhou.
– MAS ACONTECEU E EU TE AMO. - Ele alterou a voz também. - Eu te
amo por você ser assim tão teimosa e irritante. Amo por você ser verdadeira, amo por
ser divertida, por ser gulosa, por não se importar com o que os outros pensam, por me
fazer sorrir, por amar a minha filha, por me tornar um homem melhor. Amo porque
desde que apareceu, minha vida parece ter começado a fazer sentido. Amo porque
perto de você eu me sinto feliz e completo, amo porque só você sabe me beijar e me
tocar. Amo porque te amo.
Eu não sei como aconteceu, talvez tenha te amado desde de o primeiro dia que
te vi, quando você parecia tão indefesa e triste, e eu quis te proteger. Ou desde aquele
dia na praia, quando nos beijamos, e eu percebi que não conseguiria viver mais sem
seus beijos. Ou talvez, desde a nossa primeira vez, quando eu tive certeza, que
precisaria de você para sempre.
Eu não sei ao certo desde quando, ou porque, só sei que não aguento mais
ficar com isso só para mim, é um sentimento grandioso e eu não estou conseguindo
mais escondê-lo.
Ontem quando você me propôs casamento, eu sabia que estava bêbada, eu até
tentei te convencer de não casarmos. Só que seus olhos Bella, eles se conectaram nos
meus e você me disse: “Por favor amor, eu quero tanto me casar com você." Eu
simplesmente não consegui mais negar.
Eu declarei meu amor ontem, você sorriu e me disse: “faz amor comigo
Edward.” Eu vi Bella, juro para você que eu vi amor nos seus olhos também. -
Edward ainda me segurava, eu não tinha o que dizer.
Meu cérebro processava toda aquela declaração, que ele tinha feito. Tudo
aquilo martelava na minha cabeça, que doía cada vez mais.
Edward me olhava ansioso, esperando que eu dissesse algo. Mas o que ele
queria ouvir, infelizmente eu não podia dizer. Talvez se tivéssemos nos conhecido
antes, se ele tivesse conhecido aquela outra Bella, sonhadora, ai sim. Eu tinha certeza
que daria certo, as coisas com Edward eram simples e fáceis. Ele era perfeito, mas
não podia ser.
Ele não me amaria se ele soubesse da verdade. E ele estava ali na minha
frente, era só eu abrir a boca e contar. Ser verdadeira como ele tinha sido comigo. Era
só contar e pronto, estaria tudo acabado. Mas ao invés de fazer isso, eu me afastei.
Coloquei uma roupa qualquer, peguei uma mochila e joguei meus documentos
dentro.
– Desculpe Edward, eu não posso fazer isso. - Foi tudo que eu murmurei,
antes de sair do quarto.
Andei apressada por aqueles corredores, apertei o botão do elevador
incontáveis vezes, meus pés batiam freneticamente contra o chão. As palavras de
Edward continuavam martelando na minha cabeça.
– Hey Cullen, aonde vai? - Emmett aparece não sei de onde.
– Estou voltando para Malibu, fique com Edward e leve as minhas coisas. -
Falei bem séria, como nunca tinha falado. Emmett pela primeira vez desde que o
conheci, não disse nenhuma gracinha e me observou sério.
O elevador finalmente tinha chego.
– Você também o ama. - Sorri triste e entrei no elevador.
Peguei um táxi, que me levou até o aeroporto. O próximo voo para LA, sairia
dali trinta minutos.
Eu estava me sentindo péssima. Péssima pela ressaca, péssima por Edward,
péssima pela minha maldita vida. Péssima por magoar as pessoas.
Graças a um garoto ao meu lado que me cutucou e apontou para meu celular,
que quase gritava, eu descobri que ele estava tocando. Nem me dei ao trabalho de ver
quem era, só que depois da quinta tentativa, e de ver o garoto bufando ao meu lado,
eu resolvi atender. Com certeza era Alice, e com certeza estava furiosa.
– Não me culpe ok? Já me sinto culpada suficiente.
– Mas eu só queria saber por onde anda. - Era a voz de Nando.
– Oi Nando. - Eu não tinha nem vontade de abrir a boca.
– O que aconteceu Isa? - Perguntou preocupado.
– Ah você sabe, minha vida é uma merda. Não vamos falar sobre isso. - Ele
ficou em silêncio, assim como eu.
– Está aonde? Eu estou nos Estados Unidos a passeio. Especificamente em
Los Angeles.
– Estou pegado um voo para voltar para Los Angeles, estou em Vegas agora.
Meu voo sai daqui meia hora. - Murmurei.
– Vou te esperar no aeroporto então. Você vai me contar seu problema. -
Talvez fosse bom desabafar.
– Ok. Até mais tarde. - Não esperei por respostas só desliguei o celular.
Eu não contei o tempo que demorei de Vegas a LA, na verdade eu nem sabia
se era de manhã ou de tarde. Eu me sentia meio que um zumbi, ouvi as vozes e
seguia.
Edward não saía da minha cabeça por um segundo sequer, e o problema, é que
alguns momentos que eu vivi com ele, também me invadiam.
Nando estava me esperando, como disse que ia estar, sem dizer nada eu me
joguei nos braços dele, e fiquei lá por um bom tempo.
Ele me rebocou até uma cafeteria onde tomei um café forte e preto. Lá eu
relatei o show da noite anterior, contei que tinha sido contratada por Tom Cruise, e
contei da minha bebedeira.
– E por que está com essa cara? O que aconteceu de mau? - Eu suspirei e tirei
o anel do meu bolso, entregando para Nando.
– Bebi demais e acabei casando com Edward. - Ele deu uma enorme
gargalhada, e eu assisti em silêncio.
– E por isso está assim? É só um papel Isa. - Falou, quando finalmente acabou
de rir.
– Ele disse que me ama. Edward não estava bêbado quando casamos. Ele
disse que casou comigo porque me ama.
– Continuo não vendo problema. Você também o ama. - Falou como se fosse a
coisa mais óbvia do mundo.
– Não amo. - Ele acabou de comer seu bolo tranquilamente, e então fixou seu
olha em mim.
– Acredite, não está enganado a mim. Está enganado você mesma. É óbvio
que o ama, está na sua cara.
Você o ama Isa, mas do que possa imaginar. Se não o amasse não teria se
preocupado em achá-lo antes da contagem regressiva no réveillon. Se não o amasse,
não teria ficado com ele na frente da sua família. Se não o amasse não teria se
deixado fotografar aos beijos com ele. Se não o amasse não teria cantado aquela
música melosa para ele, e muito menos teria me mandado traduzir. Se não o amasse,
não teria o deixado chegar tão perto. Se não o amasse Isa, mesmo bêbada, não teria
aceitado se casar com ele, e não teria fugido assim, como o diabo foge da cruz.
Mas você o ama, ama tanto quanto ele te ama, essa é a verdade, a verdade que
por puro medo, você não quer ver. - Neguei com a cabeça.
– Não você está errado, eu só me preocupo com ele, é diferente. - Nando
sorriu.
– Você se preocupa com ele como se preocupa com Emmett, ou Jasper?
– É diferente. Emmett e Jasper não são tão unidos a mim. - Ele voltou a sorrir.
– Vocês são um casal Isa. Vocês praticamente moram juntos, vocês não ficam
com ninguém, vocês se olham com olhares apaixonados. Você trata a filha dele, como
sua filha. Isa, Edward não é Jacob, liberte-se disso, e deixe-se viver.
– Eu sei que ele não é Jacob. E eu não tenho medo de nada, só não o amo. -
Nando bufou.
– Me responda, com que frequência pensa em Edward? - Rolei os olhos. - Me
responda. Só faça isso. - Suspirei.
– Eu não sei. Quando não estamos juntos eu penso frenquentemente, eu acho.
- Ele assentiu.
– Sente falta dele quando ele está distante? - Bufei. - Vamos Isa, seja sincera
com você.
– É, eu sinto.
– E se ele demora, você fica de mau humor?
– Fico.
– Quando vai fazer alguma coisa, a que pergunta a opinião primeiro?
– Edward.
– Quando vê ele conversando com outra mulher, o que sente? - Eu odiava vê-
lo conversando e sorrindo para outra mulher.
– Raiva.
– Quando ele se aproxima, seu coração dispara?
– É, dispara. - Céus, talvez eu estivesse ferrada.
– Quando ele te liga, você sorri feito idiota? - Balancei a cabeça afirmando. -
E quando não liga?
– Eu fico angustiada. - Murmurei, pensando sobre aquela loucura toda.
– Então pense Bella, pense, você não sentiria essas coisas, se não o amasse.
Quem senti isso por um simples relacionamento baseado a sexo? Me responda. - As
palavras de Nando faziam minha cabeça doer ainda mais. - Me responda, anda. Me
responda o que sente, não seja covarde. Responda para você mesma, você também
precisa saber da resposta. - As perguntas dele, as minhas respostas. Os sentimentos
que eu escondia de mim. Eu ficaria maluca.
– Eu não sei Nando, eu não sei. Estou confusa, minha cabeça está prestes a
explodir, não me sinto bem. Preciso pensar. - Ele suspirou e balançou a cabeça
negativamente.
– Tudo bem, vamos pegar um táxi te deixo em casa. - Ele parecia
decepcionado.
– Não. Em casa não, eu não vou ter paz. Tudo que eu preciso é me livrar dessa
dor de cabeça, e depois tentar por as coisas no lugar.
– Estou em um hotel, tem dois quartos, um está vago, se quiser pode ficar lá. -
Suspirei e o encarei.
– É, eu quero. - Nando pagou a conta e nós fomos. Antes paramos na farmácia
para comprar remédios para dor de cabeça.
Ao chegarmos no hotel, ele fechou a porta que dividia o meu quarto do dele,
travei e fui para o banho, com a cabeça a mil.
Coloquei o roupão do hotel e depois me joguei na cama, mirando o teto. A
música melosa que Nando ouvia, não contribuía em nada comigo.
http://www.youtube.com/watch?v=t5DMiz6H2no
Suspirei e fechei meus olhos, me permitindo deixar nossos momentos
invadirem minha cabeça por completo.
“Você pode me ouvir? Por favor abra os olhos.”
“Você é o irmão da Alice?”
“É o que meus pais dizem. Edward Cullen, prazer.”
“Ele gosta de você.”
“Eu também gosto dele, nós somos amigos, ou pelo menos eramos. Você está
bem?”
“Nunca estive melhor. Ele não gosta de você só como amiga Bella. Ele está a
fim de você.”
“Você é linda. Você me atrai Bella, de uma maneira única, é uma atração
diferente de todas as que eu já senti, é uma coisa que eu não consigo explicar, eu
tenho medo de ficar louco.”
“Por onde você andou esse tempo todo Bella?”
“Você sabia que o sol tem uma história de amor?”
“Eu poderia te viciar em alguma coisa mais saudável, sabe? Que com certeza
me deixaria em primeiro plano.”
“Edward Convencido Cullen, você está apaixonado? Quem é a garota em?
Edward tá apaixonado, Edward ta apaixonado!!!! É loira ou morena em? Se for
loira você pode ensinar ela a montar o quebra cabeça de sucrilhos”
“Não me faça uma pergunta, na qual você não quer saber a resposta Bella.”
“Por que eu brincaria disso?”
“Porque você não tem mais nada para fazer, porque você não consegue
dormir, porque você está triste e isso seria uma distração, porque você não negaria
isso para um garoto de 15 anos, e o mais importante, porque você vai ficar sabendo
mais sobre mim.”
“Você gostou de me beijar?”
“Sim... E você, gostou de me beijar?”
“Foi a melhor boca que eu já beije. Foi o melhor beijo que eu já provei.”
“Deixa de ser idiota e convencido Edward, eu não quero ficar com ele e isso
não é por sua causa. Eu não quero me envolver com ninguém, ao menos que role
uma atração física forte, muito forte. Alec, é lindo, mas não rola isso.”
“Já encontrou alguém, com quem role essa tal atração?”
“Bom, existe um cara... Um vampiro... Marrento, brigão, convencido e dono
de uma proposta indecente e muito tentadora.”
“Fiquei sabendo, que uma garota... Uma estudante... Extremamente linda,
sexy e gostosa, faz o tipo desse tal vampiro.”
“Edward... Está de olho em você.”
“Ele está com Jéssica.”
“Mas parece que é em você que ele está interessado.”
“Ele se interessa por todas.”
“Ele não olha para todas do mesmo jeito que ele olha pra você.”
“Se você não quer beijos, não deveria me provocar desse jeito.”
“Talvez eu tenha mudado de ideia. Eu aceito, aceito sua proposta.”
“Você me deixa louco, me faz perder a noção.”
“Isso é ruim?”
“Seria... Se não fosse com você.”
“Olha, se você fosse...se você realmente fosse uma viciada, eu arrumaria um
jeito de confiar em você. Juro que arrumaria, acredite em mim.”
“Pensei que talvez você já estivesse chego, e quem sabe você também
estivesse fazendo nada como eu. Resolvi vir até aqui para quem sabe fazermos nada
juntos.”
“Eu me sinto um adolescente inexperiente, tendo seu primeiro encontro. Você
destrói todas as minhas defesas Bella.”
“Prefiro as revoltadas, que usam all star, camisetas, tocam guitarra e cantam
rock. Além de serem muito gulosas.”
“Sinto falta dos seus beijos, do seu corpo, do prazer que me proporciona.
Você é diferente de todas as outras, soube disso desde o primeiro dia. Quando
te vi desacorda lá no chão.”
“O que veio fazer aqui?”
“Essa é fácil. Vim buscar minhas garotas”
“Edward, você não imagina o quanto é difícil para mim dizer essas coisas.”
“Ok, você não precisa dizer isso”
“Você é importante para mim. Eu me importo com você. E isso vai contra
meus princípios.”
“Isso é ruim?”
“Talvez. Eu prometi para mim mesma, nunca mais me importar com ninguém.
Mas eu não consigo controlar, simplesmente me importo.”
“Conte comigo sempre, para qualquer coisa. Eu posso ser o que você quiser.
Amigo, ouvinte, conselheiro, palhaço, posso cantar, contar piada, e até correr. É só
você me dizer o que quer.”
“Dança comigo?”
“Por que?”
“Porque é seu aniversário, e eu gosto de dançar com você.”
“Para você nunca esquecer de nós dois. O outro está sem foto, o dia que você
encontrar alguém que conquiste seu coração você põe ai.”
“Acho que eu já te disse isso, mas não custa dizer de novo. Você é o cara
mais legal que eu já conheci.”
“E você, é a mulher mais incrível que eu já conheci. Acho que Jasper tem
razão quando diz que foi Deus quem mandou você.”
“Se ele fez mesmo isso, fez porque sabia que eu encontraria você. Eu
precisava encontrar você.”
“Você vai ficar comigo para sempre, não vai?”
“Enquanto me quiser, vou estar aqui.”
“Então reserve os próximos 200 anos para mim.”
“Já disse que adorei a música que cantou para mim?”
“Já, mas já faz muito tempo.”
“Eu adorei a música que cantou para mim.”
“Eu teria um filho com você.”
“Por que?”
“Porque você é linda e teimosa. Porque é gulosa, porque me ensinou a gostar
de brigadeiro, porque só você me surpreende. Porque me faz sorrir e sonhar, porque
quando estou com você, eu me sinto o homem mais feliz e completo do mundo.
Porque não existiria uma mãe para meus filhos, melhor do que você Bella. Você é
perfeita. E eu adoraria ter uma filha assim, idêntica a você, completamente igual a
você, não só fisicamente, gostaria que ela herdasse até sua teimosia, muitas vezes
irritante.”
“Você me ama? O meu coração dispara cada vez que você chega perto. E
meus olhos, eles não veem mais ninguém quado encontram você. Seus abraços, eles
são únicos, é só eles que meus braços querem. Eu não sei explicar direito.”
“Diz para mim amor, diz que também sente a mesma coisa. Diz?”
“Eu sinto Edward, sinto a mesma coisa. Mesmo não devendo sentir, eu sinto.”
“Diz que me ama?”
Abri os olhos lentamente, mas eu já não conseguia mais enxergar o teto, as
lágrimas que rolavam, deixavam tudo embaçado. Eu sorria, sim eu sorria entre as
lágrimas, sorria por ter descoberto, e sorria de nervoso, por não saber direito o que
fazer.
– Sim Edward, eu amo você. - Murmurei tentando me livrar das lágrimas. - Só
uma imbecil como eu, para não querer enxergar, que é amor. – Eu era uma toupeira,
não até uma toupeira era mais inteligente.
Claro, tudo aquilo tinha uma explicação óbvia. A tal descarga elétrica, a
sensação de me sentir completa, a sensação de me sentir segura, os ciúmes, os beijos
e abraços e a felicidade constante.
Eu me enganei aquele tempo todo, não me permiti pensar sobre aquilo,
porque se parasse para pensar, eu chegaria a conclusão que eu o amava.
O amor que eu sentia por ele, era diferente de todos que eu senti ou sentia por
outras pessoas. Era mais forte, e se tornou gritante.
Era impossível saber quando ou como aconteceu, talvez tenha acontecido
quando ele me fez sorrir, em um momento que eu me sentia triste. Ou quando me
abraçou apertado e de algum jeito me fez sentir segura e protegida. Talvez quando
parou para me ouvir, e sofreu junto comigo. Ou quando me olhou nos olhos e me
disse que eu poderia contar com ele para qualquer coisa. Quem sabe por todos esses
motivos juntos e mais alguns.
Dizem que o amor é algo inexplicável, não dizem? Não seria eu quem tentaria
entender ou explicar como aconteceu.
O que eu prometi a mim mesma que jamais aconteceria, aconteceu. Eu o
amava, amava de diversas formas diferentes, amava e não podia fazer nada contra
aquilo. Eu brinquei com o fogo, e teria que encarar as consequências.
Edward, ele me odiaria ao saber a verdade, e a verdade precisava ser dita. Eu
não podia esconder a verdade, não da pessoa que eu amava. Só que a verdade fez
meu choro aumentar. É difícil você finalmente entender que ama uma pessoa, e ter
que perdê-la por erros que cometeu antes de conhecê-la.
Levantei dali brava, irritada comigo, com a minha vida, com a merda do meu
passado, com a minha lerdeza, com minha idiotice de ter aceitado uma proposta
daquela, e com ódio de mim por saber que eu sofreria, e muito.
Tentei abrir a porta do quarto para sair dali, mas ela não abriu. Aquilo foi
suficiente para descontar toda minha frustração, eu comecei a esmurrar a porta com
força e raiva.
– DROGA, DROGA. QUE MERDA DE VIDA É ESSA? - Eu xingava
berrando, enquanto socava e chutava a porta. - POR QUR TUDO TEM QUE SER
SEMPRE TÃO DIFÍCIL?
– Isa? - Nando chamou assustando do outro lado. - Abre a porta. - Ele pediu.
Esmurrei de novo aquela porcaria e parei.
– Essa merda não abre. - Resmunguei.
– Tente destravá-la, vai ajudar. - Claro, a idiota tinha travado. O próprio
Nando ao ouvi-la ser destravada a abriu.
Eu estava de olhos fechados, tentando controlar as lágrimas, mas era
impossível, então os abri e encarei Nando, que sorriu e me puxou para seus braços.
– Antes tarde do que mais tarde ainda. - Ele murmurou, afagando meus
cabelos. Com certeza ele concluiu que eu finalmente tinha descoberto.
Eu o abracei forte.
– Isso não podia ter acontecido. - Resmunguei.
– Era um risco que corria ao se envolver.
– E agora? - Perguntei deixando mais lágrimas escaparem.
– Bom.. - Ele suspirou. - Agora acho justo você o procurar e admitir. Acho
que ele vi ser o cara mais feliz do mundo. - Balancei a cabeça negativamente.
– Não. Ele vi me odiar, ele odeia gente do meu tipo. Ele odeia ex drogados,
ele odeia Nando, odeia muito. Eu vi nos olhos dele.
– Ele não vai te odiar Isa. Se odiar é porque ele não te conhece. Se ele fazer
isso é porque não merece seu amor.
– Ele vai me olhar com desprezo, vai sentir nojo de mim. Eu vi, vi o ódio que
se instala nele quando ele fala de pessoas que usam ou usaram drogas.
– Você não usa mais, se ele conviveu com uma pessoa que usou, ele vai ver
que você não é uma drogada Isa. - Ele se soltou do abraço e me encarou.
– Olha, você vai ter que encarar essa. Vai ter que pagar para ver, você não
pode ficar aqui trancada fazendo suposições. Faça sua parte, conte a verdade, diga o
que sente, ele merece ouvir o que você sente, ele merece ouvir a verdade.
Vocês estão se enrolando a quase um ano, mentindo para vocês mesmos. Está
na hora de colocar um ponto final nisso, ou começarem uma linha nova. Mas vocês
não podem continuar nesse impasse.
Se tem uma coisa que você nunca foi, essa coisa é covarde, não vai se
acovardar agora. Você vai até ele, de cabeça erguida e você vai contar, vai contar
tudo. - Suspirei e limpei as lágrimas com os braços. As palavras de Nando faziam
total sentido, aquilo precisava acabar, de um jeito bom ou mal, mas precisava acabar.
E era melhor eu me arrepender de ter contado tudo, do que ter ficado quieta pensando
em como poderia ser.
– Tem razão. Eu preciso falar com ele. - Nando sorriu.
– Vou chamar um táxi. - Sorri fraco.
– Vou por minhas roupas.
Quinze minutos depois eu estava dentro do táxi, torcendo para que pelo
menos uma vez na vida, a minha vida desse certo.
Já estava anoitecendo, e por incrível que pareça, não demoraria a chover, na
sempre ensolarada Califórnia.
Antes de ir até Edward, eu passei em casa, precisava pegar uma foto.
Encontrei com Alice deitada sofá.
– Bella? Pelo amor de Deus, aonde se meteu? Eu estava tão preocupada, seu
telefone só caía na caixa. - Ela tinha um semblante sério e preocupado.
– Precisava de um tempo Alice. Um tempo para pensar em tudo. - Murmurei a
encarando. Ela pareceu meio espantada quando viu meu rosto.
– Estava chorando? - Só ouvir a palavra chorando fazia eu ter vontade de
chorar de novo. Olhei para cima e pisquei para evitar que as lágrimas caíssem.
– Estava. - Murmurei com a voz embargada. Ela levantou-se do sofá e veio ao
meu encontro. Ela tentou me encarar mas desviei o olhar. Então ela só me abraçou, o
que fez minhas lágrimas voltarem. - Pode me dizer, como fui tão cega? - Murmurei a
abraçando.
– No fundo você sempre soube, só tinha medo de admitir para si mesma. - Eu
funguei e me soltei dela.
– Preciso falar com Edward. - Ela limpou minhas lágrimas.
– Ele está em casa, meio incomunicável com o mundo, se é que me entende. -
Eu imaginava. Não era todo dia que uma pessoa casava e horas depois a mulher
fugia.
– Só preciso pegar uma coisa no meu quarto, depois vou lá. - Ela assentiu. -
Alice, ligue para Rose, ligue e peça para vir aqui. Diga a ela que eu pedi, pedi para
ela te contar tudo, toda a verdade.
– Se a verdade a qual se refere é sobre seu passado, eu já sei. - Ela sorriu
fraco. - Acha mesmo que eu não me informaria por qual motivo você é tão assediada
no Brasil? - Alice me deixou sem reação.
– Acha que consegue me perdoar? - Outra lágrima escapou. Alice sorriu fraco.
– Perdoar o que Bella? Você nunca nos fez nada de mal, pelo contrário, você
fez com que nossas vidas voltassem ao normalidade. Você fez meu irmão enxergar a
filha, Bella. Você ama aquela garota, como se fosse a sua filha. Você fez o pai de
Rose, enxergar Emmett. Você arrumou uma solução para que eu não precisasse casar.
Você me fez usar uma camiseta. - Eu acabei sorrindo.
– Vocês são muito importantes para mim Alice, todos vocês, sem exceções.
Obrigada por tudo. - Ela tinha lágrimas nos olhos também.
– Vai dar tudo certo Bella. Você não é Kate, e Edward sabe disso.
Quando eu descobri tudo, eu ainda estava lá no Brasil, e eu fiquei chocada,
porque eu jamais imaginei que um dia você tinha usado drogas. Eu tive que perguntar
para o seu pai, se aquilo era realmente real. Ele me confirmou e me contou tudo.
Eu tenho orgulho de você Bella, orgulho por você ter conseguido. Eu sei que
não é fácil, todos da minha família sabem. Mas você me provou que é possível, que é
só preciso ter força de vontade. E eu me lamentei, por Kate não ter tido a vontade que
você teve. - As lágrimas dela, também caim.
– Não foi fácil. - Foi tudo que murmurei.
– Eu sei que não. Mas você conseguiu, e coitado daquele meu irmão
cabeçudo, se ele não enxergar isso. - Sorri fraco.
– Eu vou lá, acabar de vez com essa história. - Ela me deu mais um abraço e
beijou meu rosto.
– Vai dar tudo certo. - Como eu desejei ter aquela certeza. Deixei Alice na sala
e fui até meu quarto, peguei a foto que precisava, respirei fundo e fui, com a cara e
com a coragem.
A porta do apartamento dele estava entre aberta, como Alice tinha dito que ele
estava sozinho, eu entrei sem me anunciar. A TV estava ligada, e ao chegar mais perto
percebi que Edward estava deitado no sofá, já que era possível ver seus pés
balançando.
– Ah, eu estou tão feliz. - A voz de Alice, me fez olhar para a TV. Ela estava lá
saltitando com a maior cara de bêbada. - Eu te disse que você seria minha cunhada,
não disse? - Ok, se a cara de Alice era de bêbada, ainda não tinham inventado um
nome para a minha. Era o vídeo da noite anterior, acho que era o vídeo do meu
casamento.
– É, disse eu me lembro que disse. Ela disse sabia Edward? - Edward riu. Ele
estava lindo como no começo da festa, e aparentemente sóbrio, também como no
começo da festa.
– Sabia, ela me disse também. - Paramos na frente de nosso quarto. No vídeo
era só possível ver Edward, Alice e eu, mas pelas vozes Rose e Jasper estavam
presentes. Além é claro do câmera men Emmett.
– Edward, diga alguma coisa para sua mulher, antes de entrarem para noite de
núpcias. - Emmett incentivou, mas Edward nada disse.
– Vamos Edward, estou esperando. Seja romântico. - Pedi, o fazendo sorrir.
– Você é a mulher mias incrível que eu conheço. - Murmurou. - Eu sei que
essa foi a maior loucura que cometi. Não por casar com você, e sim por você estar
bêbada. Acho que amanhã vai me odiar, mas caso não me odeie eu serei o homem
mais feliz do mundo.
Eu te amo Bella, e acho que só você não enxerga isso. Eu te amo tanto, que as
vezes tenho medo de ficar louco. Eu não aguento mais esconder isso de você, não
aguento mais esconder meu amor.
Eu quero dizer todos os dias para você que eu te amo, e que eu não sei mais
viver sem você. Sem seu jeito mandão e encantador, sem seu jeito tímido e
completamente lindo. Você as vezes é minha menina e as vezes minha mulher, você
sabe as doses certas.
Se caso ao acordar e saber o que aconteceu e mesmo assim não me odiar e me
aceitar. Nós podemos nos casar com você sóbria. - No vídeo eu olhava para ele com
uma cara de boba, que agora era óbvio que era cara de pessoa apaixonada. Já ali, eu
deixei umas lágrimas caírem ao ouvir e ver o jeito carinhoso como ele falava comigo.
– Faça amor comigo Edward. - Eu pedi, e alguém desligou a câmera. Os
chiados invadiram a TV.
– Eu fiz Bella, desde seu aniversário, é isso que eu sempre faço com você. -
Ele murmurou para a TV.
Respirei fundo, buscando força e coragem.
– Eu sei. - Murmurei e fiz minhas pernas andarem até ele. Edward parecia
assustado de me ver ali. Ele sentou-se rapidamente. Parei na frente dele e o encarei. -
Agora eu sei. - Edward pareceu ter chorado tanto quanto eu. A minha vontade era me
jogar nos braços dele, e pedir desculpas por ter fugido, por ter sido idiota, declarar
meu amor e me abraçar a ele até me acalmar. Nos entreolhamos por um bom tempo
sem nada dizer.
– Bella. - Murmurou, talvez um pouco constrangido. - Você está bem?
– Acha que eu pareço bem? - Ele balançou a cabeça negando. Eu voltei a
puxar forte o ar. Me sentei na ponta do sofá, o fazendo se virar para mim. - Edward. -
Soltei o ar e voltei a encará-lo. - Nós precisamos conversar.
– Não precisa ter pena de mim Bella, eu já entendi acredite. Não estou bravo
nem magoado. Você não precisa me explicar nada.
– Por favor fique quieto e me escute, antes que eu perca a coragem e saía
daqui correndo. - Ele balançou a cabeça assentindo e não disse mais nada.
– Edward, eu amo você. - Disse em alto e bom som, sem tirar meus olhos dos
dele. Ele me encarava com uma mistura de incredulidade e surpresa.
– O que? - Perguntou em um murmurio.
– Eu amo você. Por isso... por isso que sinto um choque estranho cada vez que
você me toca. Por isso fico de mal humor quando não está por perto. Por isso meu
sorriso cresce quando aparece. Por isso sinto ciúme das outras mulheres. E por isso
eu canto para você. - Fiz uma pausa puxando o ar.
– Por esse motivo minhas pernas ficam bambas quando me toca, e por esse
motivo meu coração acelera quando você chega. E é por isso o mundo some, quando
estamos juntos.
Por isso, eu não gosto de ver você triste. Por isso, divido a mesma cama com
você quase todas as noites. E é por isso Edward, é por isso que eu consigo dormir
com você. - Eu suspirei. - E com certeza foi por isso, que aceitei essa loucura de
casamento.
Você é um homem maravilhoso, você foi meu amigo quando eu precisei que
fosse meu amigo, e foi meu amante quando precisei que fosse meu amante.
Você me fez rir quando eu estava triste, e me abraçou quando eu senti medo.
Você me ouviu, quando eu precisava desabafar. Você riu das minhas piadas sem
graça. E veio quando eu liguei.
Você ficou comigo todo esse tempo, durante quase um ano, e nunca me
cobrou nada.
Você fez amor comigo durante todo esse tempo, e conseguiu guardar isso só
pra você. Eu não sei como conseguiu, porque agora que eu sei o que eu sinto, isso é
tão gritante, tão forte, tão intenso. Eu sinto vontade de berrar para o mundo que eu
amo você Edward. - Eu já não conseguia mais conter as lágrimas, ele parecia com o
mesmo problema.
– Tenho vontade de gritar que foi você, você o responsável por me ensinar o
que é o amor, por me ensinar a amar, me ensinar a sorrir. Você é o responsável por me
trazer de volta a vida.
Você me salvou, me tirou da depressão, me deixou conhecer sua filha.
A sua filha Edward, é como se fosse minha filha. Ela é a filha que eu não tive.
E você, me deu a oportunidade de viver isso.
Sabe o que eu acho engraçado? Me lembro que no aniversário do seu pai, ele
disse que poderia ficar a noite toda falando de Esme e ainda faltaria tempo. Eu achei
aquilo absurdamente exagerado. Doce engano.
Com toda certeza do mundo, eu conseguiria ficar aqui até amanhã, falando
sobre você. Falando dos motivos pelo qual eu amo você.
É isso Edward, eu te amo, você me mostrou o que é isso, o que é amor. Eu
não consegui manter a promessa que eu me fiz. Não consegui, você é inegável, é
impossível não te amar. - Ele sorria ente as lágrimas. - Mas eu também sinto medo,
além de amor eu sinto medo, muito medo. Eu estou apavorada. - Murmurei tentando
secar as lágrimas.
– Você não precisa sentir medo. - Ele murmurou com a voz embargada, se
aproximando de mim.
– Você precisa saber da verdade Edward. É impossível esconder algo de quem
se ama. Eu não posso mais esconder de você. - Suspirei, e me afastei dele. O olhei
bem nos olhos, com o coração batendo a mil.
– Nem sempre fui essa Bella que conhece. - Comecei. Ele assentiu esperando
eu continuar. - No Brasil todos me conheciam e me conhecem por Isa Marie. Filha d
Renée Volturi e Charlie Swan. Eu era uma grande promessa para a nova geração de
atrizes. Era isso que eu era, uma atriz mirim.
Por isso os paparazzis no Brasil.
Eu fiz isso até meus dezessete anos, depois eu desisti. Eu não queria seguir os
passos de minha mãe, nem dos meus avós. Eu odiava ser perseguida, odiava a mídia,
odiava ter minha vida exposta.
– Eu não me importo, não me importo com o que tenha sido. - Ele tratou de
dizer e tentou se aproximar novamente. Mas fiz sinal com a mão para que ele
esperasse.
– Essa é parte boa da história, Edward. Precisa ouvir a ruim. - Ele me encarou
sem entender.
Lhe estendi a foto que tinha pego mais cedo. Ele pegou da minha mão, tirou
os olhos de mim e encarou a fotografia. Ele prendeu os olhos nela por um longo
tempo. Depois voltou a olhar para mim. - Incrédulo, era isso que ele parecia,
completamente incrédulo.
– Jacob também era ator. Nosso primeiro beijo foi em cena.
No dia em que eu completei quinze anos ele se declarou. Disse que me
amava, e emendou um pedido de namoro. Que foi aceito no mesmo dia.
Descobri que namorando com ele, era mais fácil de sair, ir para festas. Meus
pais tinham confiança nele. Nós nos dávamos bem, era raro quando discutíamos.
Fomos feliz por quase um ano.
Perto de completar dezesseis, nós fomos em uma festa de um amigo de Jake.
Bebemos muito aquela noite. Muito mesmo. Ficamos até o final, tentando melhorar
da bebedeira para irmos embora. Estávamos sentados no sofá, quando dois garotos
sentaram ao nosso lado e começaram a fumar maconha. Eles nos ofereceram, e nós
acabamos aceitando.
Depois daquela festa, não teve nenhuma outra, em que fomos e não fumamos.
Só que meses depois, aquilo começou a ficar estranho. Porque nós não
precisávamos mais estar bêbados para fumar. Pelo contrário, eu prefira não beber e
fumar. As vezes fumávamos quatro, cinco cigarros de maconha por noite.
As festas foram ficando cada vez mais frequentes e nós cada vez mais
viciados.
Em um dia de gravação quando demos uma pausa para o almoço, Jake me
levou para um lugar deserto, e me mostrou o cigarro que conseguiu. Daquele dia para
frente, nós passamos a não precisar mais de festas para fazer aquilo.
Foi dai que surgiu a ideia de morarmos juntos. Se morássemos, teríamos uma
casa só para nós. Ou seja, sem pai, mãe ou irmã, para desconfiar ou dizer algo. Meu
pai foi o único a ser contra.
Não foi difícil ganhar um apartamento dos pais de Jake.
Foi na festa de inauguração do apartamento que mudamos de estágio. Jake
ganhou um saquinho de pó de presente de um de seus amigos.
No final da festa, quando não tinha mais ninguém, ele me mostrou, e nós
cheiramos. Ali começou a loucura.
Dos dezesseis aos dezessete, um ano de loucura total. Eu vivia louca, drogada,
perdida no tempo.
Eu faltava a compromissos, eu não ligava para meus pais, para meus amigos,
eu não prestava mais atenção no mundo nem nas pessoas. Eu vivia para a cocaína. Eu
tinha me tornado escrava da droga, só que eu não percebia aquilo. Eu me iludia,
dizendo que quando eu tivesse vontade iria parar.
Quando meu corpo sentia falta da droga, eu ficava agressiva. Jacob e eu as
vezes nos estapeávamos por isso, fomos muitas vezes, agressivos um com o outro.
Perdi as contas de quantas vezes prometi para Jane que iria parar. Só que eu
não conseguia mais parar, não sem ajuda. E o problema é que eu não queria ser
ajudada.
E no meio dessa loucura toda eu fique grávida. - Dei uma pausa para secar as
lágrimas, eu não tinha mais coragem de olhar nos olhos de Edward, eu olhava para o
chão.
– Quando eu descobri, quando eu peguei o exame nas mãos e vi. Juro para
você, que o primeiro pensamento que veio a minha cabeça foi: Eu preciso de ajuda,
eu preciso parar agora.
Foi esse pensamento que me levou até Jane. Depois de muita gritaria e
histeria por ela saber que teria um afilhado, eu pedi, pedi para ela me ajudar.
O mais difícil foi contar para o meu pai, ver a decepção nos olhos dele.
Charlie colocava a mão no fogo por mim. Ele ficava muito possesso com o jornais,
TV e internet, quando eles diziam que eu usava drogas. Vivia falando em processar
todos.
Além de dar a notícia que eu era uma merda de uma viciada, eu dei a notícia
que ele seria avô, e que eu estava me internando para me livrar do vício.
Ele deu total apoio, mas era visível que ele só estava ali fisicamente, os
pensamentos dele estavam longe.
A reabilitação é uma coisa terrível, acho que ninguém merece aquilo. Quando
a droga começa a fazer falta e você não a ingere, você começa a delirar. Você vê
monstros, você grita, se encolhe, você treme, você chora. Você fica desorientado.
Raiva, você fica com muita raiva, você chuta tudo que vê pela frente. Por esses
motivos que te trancam em um quarto sem nada. Para você não se machucar e não
machucar alguém. Até por sabonete eu procurei para raspar e cheirar. Quando você
pensa que não pode ficar pior, você tem convulsões.
Acredite Edward, o arrependimento vem. Você se pergunta, o que eu fiz com
a minha vida?
Eu tinha uma vida ótima, sempre tive tudo que quis. Dinheiro, atenção dos
meus pais, amigos, namorado.
Você procura uma resposta do porque ter se metido naquela insanidade, e não
acha. Porque a resposta é simples, você entra naquilo por uma simples estupidez.
Empolgação do momento, se deixa levar pelos outros e usa, essa é a resposta.
Quem já esteve em uma clínica de reabilitação, sabe que nenhum momento de
alucinação, euforia e excitação, vale o seu sofrimento, o sofrimento da sua família,
das pessoas que amam você.
Depois de ter ficado em quarentena e a droga ter sido expulsa do meu corpo,
eu pude sair do quarto isolado e conviver com os outros.
Mas não é só porque a droga não está mais em seu corpo, que você não sente
mais vontade de usar. Porque você sente, as vezes eu ainda sinto. Todo o processo
demora um bom tempo.
Eu fiquei quase oito meses da minha gravidez lá dentro. E me arrependo de
não ter ficado até ter ganho a criança.
Quando eu saí Jacob estava pior do que antes . Ele ficou possesso por saber que
eu ficaria até o final da gravidez na casa dos meus pais. Ele pensou que eu estava o
abandonado. Mas eu não estava, eu só não queria correr o risco de voltar a usar a droga.
Uma vez eu li em um livro onde dizia que não existe perigo nenhum com o fogo, é só
você não chegar perto demais.
Isabella Swan, a mulher da minha vida, a mulher que eu amo, a mulher com a
qual desejo passar o resto da minha vida.
Seu sorriso, sua timidez, sua teimosia, gula, o jeito que rola os olhos, seu
olhar, tudo naquela mulher é encantador.
Ela me deixa louco, toda vez que passa os dedos pelos cabelos, castanhos
meio avermelhados. Me deixa louco cada vez que sorri sacana, cada vez que
murmura ao pé do meu ouvido, cada vez que tira a minha camiseta e vai para o
banho.
As vezes Emmett a chama de magrela, mas não, ela não é magrela. Bella foi
feita na medida certa, ela tem as curvas certas, tudo nela é bem distribuído e
perfeitamente simétrico. Tudo nela parece se encaixar perfeitamente em mim.
Desastrada, a mulher é desastrada, ela consegue se enrolar com uma mochila
na mão, até hoje eu me pergunto como ela consegue correr, e como consegue se
manter equilibrada em cima de uma moto.
Mas qualquer timidez e descoordenação que ela possui, se perdem, quando ela
se concentra em tirar minhas roupas, ela faz isso com maestria, não só isso, como
todo o resto. De moleca ela passa a ser mulher, e meu amigo, que mulher, ela me
deixa completamente insano. Bella sabe exatamente todos os meus pontos fracos. Ela
sabe aonde beijar, onde tocar, o que sussurrar, e o mais interessante é que, ela sempre
soube, é como se ela soubesse mais de mim, do que eu mesmo.
Todo mundo sabe que sinto por ela, já passou a muito tempo de ser só desejo.
Eu a amo, amo cada vez mais e mais. Não sei desde quando, porque quando paro para
pensar, parece que sempre amei.
De qualquer jeito, isso é uma situação complicada, já que ela se dispôs a
nunca voltar a amar alguém, graças a um idiota que atende pelo nome de Jacob. Ele
não fodeu só com a vida dela, indiretamente ele fez isso com a minha também, já que
Bella, fechou-se para o amor.
Meus pais, meus irmãos e até os pais dela, me dizem que ela também me ama,
que é um sentimento mútuo, mas eu não sei.
Algumas vezes quando eu olho nos olhos dela, talvez eu também veja isso,
mas é só. Os olhos dela, são eles, a única forma de eu enxergar um pouco dos
sentimentos de Bella, é neles que eu deposito minha confiança.
Bella, sabe esconder perfeitamente seus sentimentos, ela se fecha, se esconde
dela mesma. A única maneira dela abrir a boca e dizer o que sente é quando ela está
bêbada.
E foi exatamente isso que ela resolveu fazer, depois de beber todas, junto com
Rose, Alice, Jasper, Emmett ela me chamou de amor e me pediu em casamento, e era
por esse motivo que eu estava na frente do altar, com um sorriso bobo no rosto,
esperando por minha futura esposa.
Flash back on
http://www.youtube.com/watch?v=Z4a8QtvOkBQ&feature=player_embedded#at=69
– Larga um pouco de Edward, Bella, vem dançar. - Depois de ter a ouvido me
chamar de amor, e de me sentir imensamente feliz por aquilo eu a beijei, tentando
demonstrar para uma alcoolizada, todos os sentimentos que eu sentia, mas Alice
chegou, cortando o clima.
– Mas agora que fizemos as pazes. - Ela comentou sem se afastar de mim.
– Ah, qual é Bella? Não está ouvindo? É Lady Gaga, nossa diva. - Rose se
meteu, fazendo Bella sorrir.
– Ok, vamos dançar. Eu amo você Lady Gaga, Uhulll. - Ela levantou os
braços e saiu dançando com as outras duas alucinadas, me fazendo rir.
Olhei para o sofá onde estava meu irmão, e meu aspirante a cunhado. Eles não
pareciam nada melhores que elas. Emmett não largava a tal câmera, com certeza ele
tinha algumas baterias reservas.
Peguei uma água e fui para o sofá, me sentei ao lado deles, que falavam sobre
a bolsa de valores.
– E você irmãozinho, tem ações na bolsa? - Eu sentia o hálito de álcool de
Emmett de longe.
– Não Emmett, eu não tenho. - Eu podia apostar que ele também não.
Meus olhos estavam em Bella, que provocava qualquer um, dançando quase
até o chão daquele jeito.
– Por que o galo canta de olhos fechados? - Jasper mudou completamente de
assunto ou eu não presentei atenção no final da conversa.
– Hã? - Emmett não entendeu.
– Por que o galo canta de olhos fechados? - Ele perguntou de novo.
– Porque ele não consegue cantar com olhos abertos? - Emmett respondeu
incerto.
– Não. - Jasper tentou balançar o dedo. - Por que Edward? - Minha atenção se
voltou para Jasper.
– Não sei. - Jasper caiu na gargalhada, ele ria muito nos deixando sem
entender nada.
– Porque, porque... - Ele tentava parar de rir. - Porque ele já sabe a música de
cor. - Enquanto eu rolava os olhos, Emmett ria junto com Jasper. Eles repetiam a
resposta e voltavam a gargalhar.
– Eu sei uma boa, eu sei uma boa, eu sei uma boa. - Emmett falava rindo.
– Conta, conta. - Deus, eles estavam tortos.
– O que é, que o advogado do frango, foi fazer na delegacia? - Aquela era
mais velha que minha vozinha.
– Foi soltar a franga. - Respondi de imediato. Jasper gargalhou, já Emmett
pareceu não gostar de eu ter respondido.
– Como você sabe?- Rolei os olhos.
– É uma coisa meio óbvia e velha, Emmett.
– Ok, senhor sabichão, então conta uma ai vai. - Busquei uma piada tão sem
graça quanto as deles.
– Por que a mulher do Hulk, divorciou-se dele? - Questionei, eles ficaram em
silêncio pensando.
– Amor, vem dançar junto comigo. - Bella, chegou e me puxava pela mão.
– Amor? - Jasper pareceu desistir de pensar, estava mais interessado na
palavra que Bella proferiu. - Chamou mesmo Edward de amor? - Ela sorria, assim
como eu.
– Claro, ele é meu amor. - Ela desistiu de me levantar e sentou-se em meu
colo.
– Tá filmando isso Emmett? - Jasper parecia assustado e incrédulo.
– Estou. Fala isso para a câmera Bella. - Ela riu e beijou meu rosto.
– Câmera, você é chata em, sua bateria nunca acaba não? - Ela começou. - De
qualquer jeito, eu só quero que você saiba, que Edward é meu amoor. Ahh e o Eddie
também é um amor. Geennte, o cara é valente. - Aquela última frase era a
confirmação de que Bella estava louca.
– Quem diabos é Eddie? - Jasper questionou.
Aposto que Bella sempre edita essas partes, então só para deixar esclarecido,
“Eddie” ninguém mais é do que, meu órgão sexual. Bella o batizou de Eddie.
– Bella amor, por que a mulher do Hulk divorciou-se dele? - Tratei logo de
fazer ela pensar sobre outra coisa, antes que que ela começasse a revelar nossos
apelidos sexuais para os outros.
– Angelica se separou do Hulk? Sério? Cara, eu to passada.... Mas por que?
Eles ficavam tão lindo juntos. Poxa, fiquei triste agora. - Eu não fazia a mínima ideia
de quem era Angelica.
– Hey, o nome da mulher do Hulk não é Angelica. - Jasper, começava a
cabeça pensando naquilo.
– Claro que é. Ela canta “vou de táxi, você sabe, tava morrendo de saudade”. -
Bella cantava em um microfone invisível, algo que eu não tinha noção do significado.
Ela jogava os cabelos de um lado para o outro.
– Ah, e ela e tem uma pinta aqui ó. - Ela subiu o vestido, mostrando as coxas.
Percebi que não foram só meus olhos que pararam naquele par de coxas e aquilo me
fez bufar. Tirei a mão dela de la e arrumei o vestido. Não queria saber de marmanjo
olhando para aquelas coxas.
– Amor, o Hulk do qual estamos falando, é aquele cara verde. - Expliquei
pacientemente. Aquilo fez ela cair na gargalhada, ela riu tanto que chegou a chorar.
– Ah amor, eu pensei que você estava falando do Luciano, o marido da
Angelica, fala sério. - Ela ainda ria. - Ah, eu não sei quem é a mulher do Hulk verde,
mas deve ser alguma prima da Fiona. - Ela me fez rir. - Por que ela pediu o divorcio?
– Vocês sabem? - Questionei aos outros dois.
– Não. - Eles responderam.
– Porque ela queria um cara mais maduro. - Os três começaram gargalhar, eles
riam como se fosse a coisa mais engraçada do mundo, no fim até eu estava rindo
daquela coisa sem graça.
– Eu sei uma, eu sei, eu, eu... - Bella dizia enquanto secava as lágrimas.
– Vai lá Bellão. - Jasper incentivou.
– Por que é que Hitler, perseguia os judeus? - Ela ria, esfregando as mãos,
provavelmente sabendo que não iriamos acertar.
– Porque os judeus eram ricos e estavam dominando a economia Alemã? -
Jasper questionou.
– Não.
– Porque os judeus perseguiram Jesus? - Foi a vez de Emmett.
– Não.
– Por que então? - Questionei lhe roubando um beijinho.
– Porque ele não conhecia os Argentinos. - Assim que acabou de falar, ela
começou a gargalhar. Acabei rindo junto, já os outros dois pareciam não saber da
rivalidade entre o Brasil e a Argentina.
– Qual a graça? - Emmett perguntou.
– Brasil e Argentina tem rivalidade. Tente colocar o Iraque no lugar da
Argentina, que você vai achar graça. - Expliquei. Segundos depois ele ria.
– Eu não achei graça. - Jasper comentou. - Bella, você não sabe contar piadas.
– Sei sim. - Ela parou de rir.
– Não sabe.
– Sei.
– Não.
– Seeiii... - Ela me encarou. - Edward briga com ele. - Pediu emburrada, me
fazendo rir.
– Pare de implicar com ela Jasper. Ela sabe sim contar piadas, e as suas piadas
não são nada melhores do que as dela. - Eu a defendi.
– Ai, ai. Essa doeu. - Emmett ria.
– Vou contar para Alice, que você está brigando comigo. - A bebida além de
libertar, regredia a idade das pessoas.
– Fala com a minha mão Jasper. - Bella estendeu a mão para ele me fazendo
rir.
– Há há, sem graça. Você tem um cigarro ai? - Jasper questionou, fazendo
fumar um cigarro.
– Tenho. Por que? - Ela questionou.
– Me dá um? - Bella e eu o olhamos sem acreditar.
– Tá maluco garoto? Não, é claro que não.
– Então me vende um. - Eu não estava acreditando, Jasper queria mesmo
fumar?
– Não dou, não vendo e nem empresto. Não vou ser eu a culpada por ter te
incentivado. E você não deveria fazer isso, Alice é ex fumante, vai estar a provocando
se cheirar a cigarro perto dela. - Depois de dar uma bronca em Jasper, Bella levantou-
se do meu colo e saiu.
– Ai, essa doeu. - Emmett comentou rindo.
– Ouça ela. - Eu sugeri.
– Mas esses cigarros que ela fuma são tão cheirosos. - Ele se defendeu, me
fazendo rolar os olhos.
– Isso é porque ela não encontrou os que costuma fumar, aqueles não são nada
cheirosos.
– Nunca te vi reclamando de beijar ela. - E eu poderia? Eu beijaria Bella, até
se ela fosse uma chaminé ambulante. E além de tudo, ela vivia mascando chicletes,
então a maioria das vezes, o hálito dela tinha gosto de menta ou tutti frutti.
Eu não queira dar o braço a torcer e incentivar Jasper, mas os cigarros que ela
estava fumando ultimamente tinham cheiro bom, e deixava os lábios dela com gosto
de cereja. Sempre que ela me pedia para comprar cigarros, era daqueles que eu
levava.
– Eu não me importo. - Disse levantando. - Já sou acostumado. - Afinal Kate
sempre fumou.
Meus olhos procuraram por Bella, que estava debruçada, sobre a proteção do
camarote, fumando e observando o pessoal que ainda restava lá embaixo. Sorri e fui
até ela a abraçando por trás.
– Um beijo, por seus pensamentos.
– Só um beijo? Nada feito. - Ela sorriu, antes de tragar o cigarro.
– Podemos negociar, pago quantos beijos quiser. - Beijei seu pescoço, que
estava completamente exposto, já que os cabelos dela estavam presos.
– Quero muitos beijos, pelo resto da vida. - Abri um largo sorriso ao ouvir
aquilo.
– Posso reservar todos os meus beijos só para você. Depende única e
exclusivamente de você.
– O que isso significa? - Ela acabou de fumar e virou-se para mim.
– Significa, que só depende de você sua boba. Porque eu estou rendido, de
quatro, loucamente apaixonado. Quero você para o resto da vida e até depois dela. -
Ela abriu um sorriso lindo, e conectou os olhos nos meus. Não era só pela bebida que
eles brilhavam.
– Promete que vai dar certo? - A puxei pela cintura, e levei minha mão até sua
nuca.
– Prometo, eu vou cuidar de você. Não vou deixar mais nada de ruim
acontecer.
– Eu confio em você Edward, acho que sempre confiei. - Ela respondeu antes
de juntar os lábios aos meus.
– Ô vocês dois. - Bufei irritado. Por que eles tinham sempre que nos
atrapalhar? Só podia ser de propósito.
– O que é Rosalie? - Perguntei irritado. Ela nada mais fez além de rir.
– Au au para você também Edward. Os seguranças querem fechar essa joça,
não adiantou em nada eu dizer que sou a filha do dono. Eles estão de sacanagem
comigo, só porque eu estou um pouquinho bêbada. - Uhum, um pouquinho bêbada.
Não tinha ninguém só um pouquinho bêbado ali.
Rosalie já tinha largado o copo e aderido ao gargalo, fazia tempo. Quem em
são consciência acreditaria nela?
– Então vamos, nós bebemos lá na rua. Não podem nos expulsar de lá. - Bella
pegou o litro de Rose e em três grandes goles, tomou o que restava. As duas sorriram
e se abraçaram.
– Ahh amiga eu estou tão feliz por você. - Rose comentou, balançando Bella
de um lado pro outro.
– Eu também estou feliz. Hollywood que nos aguarde babyyy. - Elas
começaram a pular graças a uma música agitada que começou.
– Vou ali pegar mais um litro de tequila e a gente pode ir. - Rose largou Bella,
mas ambas não pararam de pular.
– Pegue uma caixa de cigarros para mim. - Bella pediu. Rose assentiu e foi.
Eu rezava para música acabar logo para que ela acabasse de pular, porque até
eu já estava pulando junto.
– Não quero nem ver a sua ressaca amanhã. - Comentei a fazendo parar.
– Amanhã a gente pensa nela, se eu for pensar nisso agora, vou deprimir. - Ela
me fez rir.
– Bora? - Rose logo voltou com a bebida e os cigarros.
Meia hora depois estávamos saindo, pra não dizer, sendo expulsos da boate.
Antes de sair, Bella apertou as bochechas do segurança e o chamou de gutchi, gutchi
da titia.
– Hey, está amanhecendo. - Jasper parecia surpreso, já eu tinha certeza que
estava amanhecendo, embora eles não fizessem noção de hora, eu sabia que já eram
quase seis.
– Lembra quando esperamos o nascer do sol amor? - Me perguntei se um dia
pararia e sorrir ao ouvi-la me chamando de amor.
– Ela chamou Edward de amor? - Alice questionou Jasper, que começou a
explicar.
– Lembro, claro que eu lembro.
– Hey, desde de quando vocês se declararam que eu não estou sabendo? -
Rose berrou vindo atrás de nós.
– Desde hoje, quando Edward disse que me amava. - Bella me abraçou.
– Viu só sua teimosa, eu disse, eu disse. - Emmett comentou.
– É, você disse. - Como ela não conseguia andar sem estar apoiada em mim,
tivemos que parar para ela acender um cigarro.
– Diga alguma coisa para a câmera Bella. - De dez em dez minutos Emmett
pedia aquilo para ela, e eu era capaz de apostar que, ela só não tinha feito aquela
câmera em pedacinhos ainda, porque não lembrava que já tinha dito pelo menos umas
vinte coisas para a câmera.
Bella tragou o cigarro e olhou para trás.
– Mãeee, Paaaii, Bê, beijos gente, eu amo vocês. Tô aqui em Vegas, Tom
Cruise me contratou. Ahhh e eu amooo, amoo tequila. - Eu queria muito ver a cara
dela no outro dia, quando visse aquele vídeo.
– Heyy Charlie, Ela ama meu irmãão tambémm. - Alice e Jasper se seguravam
um no outro, para não irem ao chão.
– Ama? - Jasper perguntou confuso.
– Eu não vou responder isso para vocês, seus metidos. - Ela riu e me puxou
para que andássemos.
– Heyyy para, para, para, pode parar tudo. Para tooodo mundo. - Rose
ordenou e fez com que Bella parasse em seco. Nós nos voltamos para eles. Todos
encaravam Rosalie, esperando ela se pronunciar. Ela apontou sorrindo. - A capelinha
ainda está aberta. Alguém tem que casar hoje.
– Amorr, morzão, prestenção no seu tigrão aqui. - Rolei os olhos, ao ver como
Emmett falava com ela. - Eu quero muito, muito, casar com você. Se você quiser a
gente casa agora, mas, mas... - Ele pareceu esquecer o que ia dizer. - Lembrei, mas
esqueci a cueca da sorte em casa. - Rosalie suspirou parecendo triste.
– Ahh que droga ursão, então não dá. Sem a cueca do elefantinho, não vai ser
a mesma coisa. - Eu ri alto.
Emmett, meu irmão Emmett, tinha uma cueca de elefantinho? E além de tudo,
era da sorte? Eu pegaria muito, mais muito no pé dele no dia seguinte. Eu precisava
de uma cópia daquele DVD, ele me renderia lucros.
– Você tem uma cueca de elefantinho? - Bella também ria.
– Tenho o que que tem? - Ele perguntou na defensiva.
– Você deveria comprar uma para o Edwarrrd também Bella. Quando o
elefantinho vê a elefantinha, ele levanta o trombão. - Rosalie conseguiu arrancar
muitas gargalhadas de todos nós. Pensei que Bella fosse passar mal de tanto rir.
Já Rose e Emmett pareciam não achar nada engraçado.
– Rose... - Bella até tentou, mas voltou a rir. - Olha só, prestenção... - Ela
ainda ria. - Não daria certo para mim. A elefantinha aqui, não gosta de perder tempo
tirando as roupas do elefantinho. Então quanto menos tralha melhor. - Ela explicou
secando as lágrimas.
– Pervertidos. - Emmett reclamou.
– De qualquer jeito, nós não vamos casar, não sem a cueca. - Ela se lamentou.
– Papai me mataria, se eu casasse assim. Jasper e eu teríamos que fugir pra
sempre. - Depois de acabar de rir, Alice comentou. Fiquei feliz de ver que mesmo
bêbada ela ainda tinha juízo.
– Muito bem, então vamos embora, vocês precisam dormir. - Voltei a puxar
Bella pela mão.
– Belllllaaaaaaaaa!!! - Alice nos fez parar de novo e de novo nos voltamos
para eles.
– Hã? - Bella com certeza não sabia direito onde estava.
– Você tem que casar com Edward. - Eu tinha uma irmã insana. Nem
respondi, sabia que Bella faria aquilo.
– Tenho? - Ao olhar para ela, percebi que ela sorria, aparentemente gostando
da ideia.
– Issssooo, isso, isso. Tem que casar com Edward. - Rose concordou.
– Cara, sempre soube que você casaria primeiro. - Emmett comentou, todo
sorridente.
– Casa com ele Bellinha, casa, por favor, vai ser muito legal. - Alice tentava
pular, mas a bebida não ajudava muito.
– Vocês já se amam mesmo e praticamente moram juntos, não custa casar. -
Rose e Alice, estavam unidas naquilo.
– Casa, casa,casa... - Os quatro começaram em couro.
Bella se voltou para mim, toda sorridente, e eu não sabia se aquilo era bom ou
ruim.
– Você quer casar comigo Edward? - Ela proferiu uma frase que eu jamais
imaginei que sairia daquela boca. Eu tinha uma vontade enorme de dizer que sim.
A qualquer momento, a qualquer hora, eu faria aquilo, se ela não estivesse
trêbada. Então eu só sorri.
– Quero, quero muito. Mas não hoje. - Ela franzi o cenho.
– Por que não hoje?
– É por que não? - Alice ouvia nossa conversa..
– Porque você está bêbada Bella. - Ela bufou, rolou os olhos e cruzou os
braços, como costumava fazer quando era contrariada.
– Não estou não. Se não quer casar comigo é só dizer, não precisa mentir. -
Reclamou chateada me fazendo rir.
Tudo que eu mais queria era viver com aquela teimosa para sempre.
– Acredite Bella, eu quero muito casar com você. - Suspirei e segurei o rosto
dela entre minhas mãos. - É o que mais quero. - Murmurei a olhando nos olhos,
tentando transmitir todo o amor que eu sentia. - É o que eu mais quero, amor. - Ela
acabou sorrindo e eu beijei sua testa.
– Então vamos casar, porque eu também quero casar com você. - Ela disse
aquilo com toda seriedade que um bêbado não costumava ter.
Por mais que aquilo fosse absurdo, eu já não sabia por quanto tempo
continuaria negando.
Bella, a mulher da minha vida, estava ali na minha frente, me pedindo em
casamento. Tá certo que ela estava bêbada mas eu poderia ignorar aquilo, não
poderia?
Balancei a cabeça negando, com medo de minha voz me entregar.
– Por favor, por favor Edward. Eu não estou bêbada, e se estou, deveria
acreditar ainda mais em mim, bêbado nunca mente. Por favor amor, eu quero tanto
me casar com você. - Eu estava vencido, ela me olhava com olhos esperançosos e me
pedia por favor por uma coisa que eu é quem deveria pedir.
Eu sabia que ela continuaria insistindo e sabia que me convenceria.
- Por favor? - Pediu de novo.
Se eu fizesse aquilo, sabia que não poderia mais continuar fingindo. Quando
acordasse e se desse conta do que aconteceu, ela com certeza procuraria por
explicações.
Eu teria que encarar Bella e contar a verdade, contar que eu a amava e não
aguentava mais guardar todo aquele sentimento só para mim. Eu já não aguentava
esconder aquilo dela, já não aguentava mais tanta enrolação. Eu queria poder dizer
para todo mundo que aquela mulher era minha mulher, só minha. E ela estava ali, na
minha frente, pedindo por favor, para ser minha.
Suspirei vencido, sabendo que quando ela acordasse, não seria fácil. Não seria
nada, mais nada fácil, tinha certeza que ela iria querer me matar.
– Você vai pedir o divórcio amanhã. - Murmurei.
– Nãããoo. Casamento é pra sempre, você nunca mais vai se livrar de mim. -
Eu sorri, rezando para que aquilo fosse verdade.
– VAMOS CASARRR. - Bella levantou os braços comemorando, e todos os
outros fizeram o mesmo, já eu sorri nervoso.
Caminhamos em comboio para dentro da tal capela, todos se segurando, uns
nos outros.
– Olá, no que posso ser útil? - Um sósia nada parecido com Élvis veio nos
atender, com sorriso de orelha a o orelha, tudo porque ele ganharia uma grana.
– Bella e Edward querem casar. - Rosalie tratou de dizer logo.
– É, nós queremos. - Bella sorria.
O sorriso do homem aumentou.
– Certo, temos vários planos e preços variados.
– Hey, nada de preços, meu pai é o dono de todo esse puteiro aqui, eles vão
casar e é de graça. Até porque o pai de Edward, também é dono. - Jasper se
pronunciou.
– É isso ai. - Rosalie apoiou o irmão.
– Vocês são filhos do senhor Hale? - O sorriso de Élvis desmanchou, ele não
parecia acreditar neles.
– Somos. Jasper e Rosalie Hale, prazer. - Jasper os apresentou.
– Não vou poder casar ninguém de graça, a não ser com a própria autorização
do senhor Hale. - Era nessa hora que eu deveria puxar Bella pela mão e sair dali, mas
eu queria ficar.
– Vai me fazer ligar para meu pai a essas horas da manhã? - Rosalie bêbada
era uma figura.
– Desculpe, normas da casa. - Ela bufou e demorou um certo tempo para tirar
o celular de dentro da bolsa. Ela resmungava coisas que não eram possíveis de
entender.
– Você fala ou eu falo? - Questionou com Jasper enquanto ligava.
– Você, se for eu a essas horas, ele me deixa de castigo. - Bella riu alto.
– Castigo Jasper? Quantos anos você tem? - Ela perguntou rindo.
– Eu não gosto de desobedecer ele, tá? - Jasper se defendeu e dessa vez até eu
ri.
– Heyy velhoo!!! - Rosalie falava animada ao telefone. - Não, não. Está tudo
bem, tudo ótimo, bezelaa pura. - Pelo jeito que ela rolava os olhos, ele não gostou
nada de ser perturbado. - Eu sei, mas os seus funcionários não fazem nada sem sua
autorização. Poxa pai, nós somos seus filhos, podia nos liberar dessa chatice. - Ela
reclamou com ele. - Estamos na capelinha. - Capelinha pareceu acordar o homem,
que falava alto com ela a fazendo rir. - Pai, pai, calma, calma. Eu não vou casar, não
sou eu. - A voz do homem diminuiu. - Não, não se preocupe, Carlisle não vai matar
Jasper.
Bella e Edward é que vão casar. - Ele disse algo que faz Rose rir. - Bella não
tenho medo de Angelina pai.
Pode falar com esse Élvis falsificado e autorizar que façam o casamento de
graça? - Ele disse mais alguma coisa, ela sorriu e estendeu o telefone para o Élvis. -
Meu pai tem mau humor quando é acordado, boa sorte. - Ele sorriu meio nervoso,
pegou o celular e se afastou, para com certeza não ouvirmos a bronca. Menos de dois
minutos depois ele voltou, com o rosto meio vermelho e com um sorriso falso,
entregou o telefone para Rose e nos encarou.
– Bom, então se querem casar, vieram ao lugar certo. - Todos exceto eu,
levantaram os braços comemorando.
– Você rapaz vem comigo. Enquanto isso vocês garotas, podem escolher as
alianças, escolham a que quiserem, é por conta do senhor Hale. Entrem na segunda
porta a direita, temos um funcionário lá para lhes ajudar.
Rose e Alice arrastaram Bella. Jasper e Emmett foram ver em que lugar
ficaria melhor a filmagem. Já eu segui com Élvis.
Aquela capelinha, de inha não tinha nada, aquele lugar parecia enorme, tinha
muitas portas, que eu não tinha ideia para onde dava. Bom, pelo menos descobri que
uma levava até o escritório e a outra até as alianças.
Sentei na cadeira do escritório pensando na loucura que estava prestes a
cometer, mesmo sabendo que ela me odiaria eu não tinha forças para acabar com
aquilo.
– Então, os dois são Americanos? - Ele me tirou dos meus pensamentos.
– Não, eu sou. Bella é brasileira. - Ele me encarou com um semblante sério.
– Vão ter problemas com a imigração. Eles vão marcar entrevistas com vocês
dois, separadamente e vão perguntar sobre a vida de um para o outro.
Veja bem, muitas pessoas se casam só para conseguirem um visto permanente.
Se vocês não forem bem nessas entrevistas, ela vai ser deportada e nunca mais vai
poder por os pés nos Estados Unidos, e você vai parar na cadeia.
– Eu sei, não se preocupe com isso. - Ir para a cadeia era tudo que sempre
sonhei.
Passei alguns dados meus e dela para ele, e depois de dez minutos, ele me
levou para outro lugar, onde lá sim, tinha uma capelinha, com altar e alguns bancos.
Ele me deixou lá, dizendo que precisava chamar o juiz, que realizaria o
casamento.
– Nervoso? - Jasper apareceu.
– Nervoso vou ficar quando eu acordar.
– Hey Edward, Alice apareceu por lá e cambaleou até aonde eu estava. - Bella
perguntou o que você quer que grave na aliança dela. - Acabei sorrindo.
– O que ela mandou gravar na minha? - Ela parou para pensar um pouco.
– Um trecho da música do Bon Jovi eu acho. I'll be there for you. (Eu estarei
lá por você.) É isso, foi isso. - Meu sorriso cresceu ainda mais.
– Só a palavra always. (sempre) - Assim uma completaria a outra.
– Só a palavra always, só a palavra always, só a palavra always, só a palavra
always, só a palavra always. - Alice foi falando, certamente para não esquecer.
Depois que Alice se foi, apareceu uma mulher com alguns cravos nas mãos.
Ela pregou um em meu terno sem dizer nada.
– Quem é o padrinho? - Ela questionou com o outro cravo na mão. Eu não
tinha muitas opções, já que só tinha Jasper e Emmett ali e Emmett estava muito
ocupado filmando.
– Jasper. - Respondi.
– Está tão bêbado quanto a noiva? - Ela me questionou.
– Não, eu estou bem. - Ela riu.
– São namorados pelo menos? - Suspirei e olhei para longe dali.
– Não.
– Bom se você for assassinado, eu sei quem foi. Não se preocupe, eu aviso a
polícia. - Ela deu um tapinha em meus ombros e foi até Jasper.
– Se ajeitem, vou chamar a noiva. - Ela disse, depois de por o cravo em
Jasper.
Emmett apareceu segundos depois, ele filmava tudo que era possível.
Meu coração começou a bater forte. Mesmo Bella estando bêbada, era nosso
casamento. Eu me casaria com ela, com aquela mulher teimosa e amável.
Minha mulher, ela estava prestes a se tornar minha mulher, a se tornar a
senhora Cullen.
– Nem despedida de solteiro com umas morenas gostosas deu para fazermos. -
Emmett se lamentou.
– Eu já tenho uma morena gostosa, que dispensa qualquer outra. - Disse
sorridente.
O juiz apareceu, e se posicionou no seu lugar.
Élvis que tinha ido combinar as músicas com minha quase esposa, estava de
volta, e veio até o altar, ficando no canto direito.
Flash back off
http://www.youtube.com/watch?v=0JVUaHJcZp4
http://letras.terra.com.br/bon-jovi/4925/#traducao
Assim que meus olhos bateram nela, eu não pude fazer mais nada além de
abrir um gigantesco sorriso.
O vestido continuava branco, mas já não era mais o mesmo modelo. Ele era
frente única, uma fina alcinha o prendia no pescoço. Tinha um detalhe que parecia
uma tira larga, bem abaixo do busto e depois ele ficava meio larguinho. Não era
comprido, mas também não era muito curto, acho que ficava quatro dedos acima dos
joelhos e ele possuía um bolso em cada lateral.
O all star branco em seus pés me fez sorrir ainda mais. Mas é claro que ela
casaria de all star, se não, não seria a minha Bella.
Suas mãos seguravam um buque de cravos vermelhos.
Seus cabelos tinham sido soltos, sua franja caiu na frente dos olhos. Ela
passou os dedos por lá, a jogando para o lado, como sempre fazia.
Quando seus olhos se encontrar com os meus, ela sorriu travessa e me
mostrou a língua, em seguida começou a caminhar ao meu encontro.
Me perguntei se ela tinha ideia do que estava fazendo, e mesmo as chances
que ela soubesse fossem minúsculas, eu tentava confiar nelas.
Cada passo dado, fazia meu coração bater mais e mais forte. Meus olhos não
se desprendiam dela, não perdiam um movimento se quer. Eles não viam mais nada.
Toda minha atenção estava naquela menina mulher, que se aproximava cada
vez mais de mim.
Desci os degraus e esperei ela anular o espaço existente entre nós.
– Tem certeza? - Questionei de frente para ela.
– Essa é a maior certeza que já tive na vida. - Foi o que ela respondeu.
Eu conseguia ver amor nos olhos dela também, Os olhos dela me
demonstravam amor, eles não brilhava só pela bebida, eu tinha certeza que não.
Depois de beijar sua testa, eu estendi o braço para ela, que o pegou
determinada.
– Vamos lá então. - Murmurei, nos conduzindo para o altar.
– Bom dia. - O juiz disse sorridente.
– Dia? Boa noite você quer dizer. - Ela comentou o fazendo rir.
– Ok, boa noite, pelo que vejo ainda não dormiram. - Ele ria.
– Bom, estamos aqui reunidos para realizar o casamento de Edward Cullen e
Isabella Swan. - Ela sorriu, apertou minha mão e olhou para mim. - Eu não vou fazer
sermão porque não sou um padre. Sou um juiz e as vezes sou pastor. Mas pelo o que
vejo, muitos de vocês não entenderiam uma palavra do sermão.
– Está querendo dizer que somos burros? - Jasper perguntou.
– Não, só querendo dizer que estão alcoolizados. - Ele respondeu.
– Olha aqui... - Bella levantou o dedo indicador. - Alcoolizada é sua vozinha.
Por um acaso você estava conosco para saber se bebemos ou quanto bebemos? - Ele a
tinha irritado.
– Calma amor, calma. - Pedi a fazendo suspirar.
– Abusado. - Ela reclamou.
– Vamos logo com isso. - Ouvi o falso Élvis murmurar.
– É por livre e espontânea vontade que estão aqui hoje? - Ele nos questionou.
– Sim. - Eu respondi, já Bella me encarava.
– Senhorita Isabella. - O homem a cutucou e ela piscou para em seguida o
encarar.
– O que? - Ele riu.
– É por livre e espontânea vontade que está aqui hoje.
– Claro que é, que pergunta absurda é essa? - Eu tentei não rir já o homem
rolou os olhos.
– Ok, então então deem a mão direita uma para o outro. - Fizemos o que ele
pediu e unimos nossas mãos. - Repita comigo, Isabella.
Eu...
– Você. - Tive vontade de gargalhar. Céus, o que eu estava fazendo chegava a
ser um crime.
– Não Isabella. - Ele disse bufando. - Você precisa dizer a palavra eu. - Ela
arqueou as sobrancelhas entendendo.
– Eu. - Ela falou.
– Isabella Swan, te recebo como meu esposo Edward... - Ele continuou para
ela repetir.
– Isabella Swan, te recebo como meu esposo Edward... - Ela sorria e não
tirava os olhos de mim.
– E te prometo ser fiel, amar-te e repeitar-te... - Ela rolou os olhos.
– E te prometo ser fiel, amar-te e repeitar-te, na saúde e na doença, na alegria
e na tristeza, sendo eu milionária ou uma mendiga, se o flamengo ganhar ou se perder
e se eu estiver de TPM ou não, por todos os dias das nossas vidas, e até depois disso.
- Eu sorri, sorri enorme ouvindo o carinho com que ela falava aquilo.
– Agora você rapaz, precisa de ajuda? - O homem questionou.
– Não, posso fazer sozinho. - Bella sorria.
– Eu Edward Cullen, te recebo como minha esposa Isabella, e te prometo ser
fiel, amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, em dias de
chuva ou de sol, nos Estados Unidos ou em qualquer outra parte do mundo, por todos
todos os dias da minha vida e até depois disso. - Bella sorriu enorme, aumentando
ainda mais o meu sorriso. Já eramos casados.
– Tragam as alianças agora. - Élvis voltou a cantarolar, dessa vez, “Love Me
Tender”.
Alice e Rose vinham cambaleando, uma segurando na outra. Elas tentavam
não chorar para não borrar a maquiagem.
Rose se jogou nos braços de Bella e Alice fez o mesmo comigo.
– Estou tão feliz por você. - Ela fungou.
– Obrigado, estou feliz também, apesar disso ser loucura. - Ela me largou e
beijou meu rosto.
– Ela ama você, seu bobo. - Não disse nada, só sorri.
Alice me entregou a caixa com as alianças e foi abraçar Bella, trocando com
Rose.
– Se um dia você fazer ela sofrer Edward, eu juro que mato você, ouviu bem?
- Eu ri.
– Eu não vou fazê-la sofrer Rose, jamais faria isso. - Ela me beijou e me
largou indo para o lado de Jasper, que também chorava. Alice fez o mesmo.
Entreguei a caixa com as alianças para o juiz. Ele tirou uma larga e grossa
aliança lá de dentro e entregou a Bella.
– Dê sua mão esquerda para ela. - O homem pediu. Meus olhos se
encontraram com os dela, que nunca abandonava o sorriso. Fiz o que ele disse,
estendi a mão para ela.
– Vamos lá, repita comigo Isabella. - Ele pediu calmante. - Edward, aceite
essa aliança...- Ela voltou a rolar os olhos.
– Edward, aceite essa aliança, como prova do meu amor e da minha
fidelidade. - Ela disse sem ajuda alguma, depois de escorregar a aliança para meu
dedo anelar ela beijou minha mão.
O juiz me entregou a aliança dela, que era tão larga e grossa quanto a minha, a
diferença eram os diamantes que a dela carregava. Com certeza o pai de Rose teve
uma despesa grandinha.
– Isabella, receba essa aliança, como prova do meu amor e da minha
fidelidade. - Deslizei a aliança para o seu dedo e em seguida imitei o que ela tinha
feito e beijei sua mão.
– Pelo poder em mim investido e pelos Estados Unidos da América, eu vos
declaro marido e mulher. - Ele olhou para mim. - Pode beijar a noiva.
– Eu amo você, Isabella Cullen. - Murmurei antes de beijá-la.
Um beijo calmo e terno. Meu coração batia disparado, minha mulher, ela tinha
se tornado minha mulher, eu sentia uma felicidade sem fim.
Ao perceber que ela começava a se empolgar com o beijo, eu tive que pará-lo.
Emmett entregou a câmera para Rose e veio nos abraçar, seguido por Jasper.
Depois de assinarmos alguns papeis, Alice nos rebocou para fotos. Ela estava
com sua câmera digital na bolsa, e aquilo rendeu muitas, mas muitas fotos. Bella e eu
fizemos um book.
Élvis nos deu uma garrafa de champanhe, o primeiro brinde Bella até fez com
ele, mas os outros brindes foram com tequila mesmo.
O sol já brilhava, quando saímos do lugar.
– Diz suas primeiras palavras depois de casada Bella? - Emmett parecia ter
descoberto sua verdadeira profissão.
– Eu estou muito felizz... Ahh, meu pai vai me matar quando descobrir que
casei.
– Não se preocupe, mamãe também vai matar Edward. - Alice me fez rir.
– E você Edward, o que tem a dizer?
– Eu estou muito feliz também, afinal casei com o amor da minha vida.
– Ohhh. Isso é lindo. - Rose comentou.
– Chama ele de amor Bella. - Emmett pediu.
– Edward amor... - Ela parou e me encarou. - Que tal termos a nossa lua de
mel agora? - Eu ri.
– Como quiser senhora Cullen, sou seu eterno servo.
Caminhávamos todos em comboio, indo em direção ao quarto em que Bella e
eu estávamos, lá era o fim para meus irmãos e cunhados, depois o negócio seria
comigo e com ela.
– Ah, eu estou tão feliz. - Alice quase se jogou para cima de Bella. - Eu te
disse que você seria minha cunhada, não disse?
– É, disse eu me lembro que disse. Ela disse sabia Edward? - Acabei rindo da
cara de bêbada da minha esposa.
– Sabia, ela me disse também. - Por fim, paramos na frente de nosso quarto.
– Edward, diga alguma coisa para sua mulher, antes de entrarem para noite de
núpcias. - Emmett me pediu. Tudo que eu queria era arrancar aquela porcaria das
mãos dele.
– Vamos Edward, estou esperando. Seja romântico. - Eu não falaria nada a
princípio, mas como era minha mulher que estava pedindo, eu seria romântico, como
ela queria.
– Você é a mulher mais incrível que eu conheço. - Murmurei, prendendo meus
olhos aos dela. - Eu sei que essa foi a maior loucura que cometi. Não por casar com
você, e sim por você estar bêbada. Acho que amanhã vai me odiar, mas caso não me
odeie eu serei o homem mais feliz do mundo.
Eu te amo Bella, e acho que só você não enxerga isso. Eu te amo tanto, que as
vezes tenho medo de ficar louco. Eu não aguento mais esconder isso de você, não
aguento mais esconder meu amor.
Eu quero dizer todos os dias para você que eu te amo, e que eu não sei mais
viver sem você. Sem seu jeito mandão e encantador, sem seu jeito tímido e
completamente lindo. Você as vezes é minha menina e as vezes minha mulher, você
sabe as doses certas.
Se caso ao acordar e saber o que aconteceu e mesmo assim não me odiar e me
aceitar, nós podemos nos casar com você sóbria. - Ela sorria, com os olhos brilhando,
sim, com certeza eu via amor neles.
– Faça amor comigo Edward. - Ela pediu.
– Chega. - Ouvi Rose dizendo, pelo que me pareceu, ela tinha desligado a
câmera de Emmett.
Nos despedimos deles rapidamente, e entramos para nosso quarto.
– Enfim sós. - Eu sempre quis falar aquilo. Bella riu e me rebocou até o
quarto. Lá ela tirou os tênis e jogou-se na cama, eu me sentei ao lado dela.
– Feliz? - Ela sorriu.
– Muito.
– Não vai desistir de tudo amanhã? - O dedo dela tentou fazer que não.
– Por que eu faria isso?
– Porque está bêbada. - Ela rolou os olhos.
– Já disse, bêbados sempre falam a verdade.
– Então sempre quis casar comigo? - Ela parecia pensar sobre o assunto.
– Acho que nunca pensei sobre casamento. Mas se fosse para casar com
alguém, com certeza seria você. - Meu sorriso bobo cresceu. - E você, sempre quis
casar comigo?
– Desde que me apaixonei por você. - Os olhos dela estavam pequenos, ela
parecia lutar contra o sono.
– Por que nuca disse que era apaixonado por mim?
– Porque tinha medo de você fugir.
– Bobo. - Ela sorria de olhos quase fechados.
– Bobo é? Quero só ver mais tarde, quando você acordar, acho que eu vou ter
que correr... - Sorri ao ver que já falava sozinho, ela dormia, com um sorrisinho nos
lábios.
– Dormindo na nossa manhã de núpcias Isabella? - Sorri e levantei da cama.
Tirei a roupa dela e coloquei o pijama, Bella dormia tão pesado, que qualquer
pessoa poderia colocá-la nas costas e roubá-la que ela não acordaria.
Depois de por o pijama nela, eu fiz o mesmo em mim, e me deitei ao lado
dela. Peguei sua mão, sorrindo para a aliança que tinha lá.
– Você vai me matar, tenho certeza que vai. - Fechei os olhos e antes de
dormir, pedi a Deus que me ajudasse, porque eu tinha certeza que aquele dia não seria
nada fácil, e que minha vida seria decidida dali algumas horas...
Capítulo 38 - Você é a minha felicidade...
Ao por os pés na rua percebi que realmente choveria e pelo jeito, choveria
forte. O céu estava escuro, e o vento batia forte.
Nunca, nunca mesmo, em todo o tempo que eu passei na Califórnia, tinha
chovido. Mas é claro que teria que chover naquele dia.
Caminhei lentamente em direção a praia, mais especificamente até a casa de
salva vidas abandona.
Tirei a caixa de cigarros do bolso e sentei. Senti o primeiro pingo de chuva
cair na minha testa.
Acendi um cigarro e mirei o horizonte, já era praticamente noite, e não tinha
uma alma viva por ali.
– Deus. - Eu murmurei. - Você pode me dizer o que tem contra mim? Pode me
dizer o que eu fiz de tão mau? Por que nada na minha miserável vida pode dar certo?
- Talvez minhas lágrimas nunca mais cessassem.
– POR QUE? ME RESPONDE POR QUE? - Eu esbravejei. - VOCÊ NÃO
ACHA, NÃO ACHA QUE JÁ PAGUEI PELOS MEUS ERROS? VAI ME
CASTIGAR ATÉ QUANDO? - EU continuava berrando, e como resposta a chuva
despencou.
– ÓTIMO. OBRIGADA, MUITO OBRIGADA. - Ouve um ronco de trovão. -
OBRIGADA MESMO. - O cigarro que eu estava fumando, além de ter ficado
ensopado, obviamente apagou-se. O joguei para longe, enfurecida.
Não que fosse adiantar alguma coisa, mas eu coloquei a touca da jaqueta.
Encostei minha cabeça na parede, e fiquei ali. Ali olhando para frente,
encarando o mar.
Eu não tinha mais forças para me levantar, não tinha forças para um passo se
quer. Eu estava esgotada, casada, acabada.
Eu tentava entender o motivo de tanta falta de sorte. Eu fui uma viciada, perdi
duas pessoas que eu amava, meu namorado foi preso por ter causado o acidente, eu
tentei me matar, tive depressão por anos e quando finalmente eu consegui encontrar
uma pessoa que me trouxe de volta a vida, eu simplesmente não podia ficar com ela,
por erros cometidos antes de conhecê-la.
Aquilo só podia ser um castigo, eu estava sendo castigada, por ter tentado
acabar com minha vida. Deus não gosta de pessoas que tentam suicídio, gosta?
Sempre ouvi que pessoas assim não vão para o céu, ou para sei lá onde. Pessoas que
cometem suicído o padre sequer pode fazer a missa, o corpo sequer pode entrar na
igreja.
Talvez não adiantasse de nada, mas eu me arrependia, me arrependia e muito.
De todas as estupidez que eu cometi, a do suicído foi a maior. E mesmo nunca tendo
voltado a falar com Deus desde o acidente, ele provavelmente sabia daquilo, mas
talvez ainda estivesse zangado comigo. E por que ele me ajudaria, se eu nunca me
desculpei, se nunca agradeci e se eu nunca pedia ajuda? Talvez ele estivesse certo ao
esbravejar comigo através da chuva e dos trovões. Talvez ele só estivesse querendo
me perguntar: “Fiquei visível para você agora?”
– Eu sinto muito, por tudo. - Murmurei com a voz embargada. - Gostaria que
um dia me perdoasse, mas se não o fazer, vou entender. - Ouve outro trovão, talvez
aquilo fosse uma resposta, só restava saber se boa ou ruim.
Eu tentava imaginar o que fazer. Quer dizer, eu precisava reagir. O máximo
que poderia ficar ali, era aquela noite, depois eu precisaria levantar e seguir em
frente.
Seguir em frente, sem magoas, sem ressentimentos, sem depressão, sem
drogas.
Meu choro aumentava toda vez que eu pensava que eu precisava seguir sem
ele.
Porque eu não conseguia imaginar mais nada sem ele. Edward, a algum tempo
fazia parte de todos os meus planos, de todos os meus pensamentos, de todos os meus
sonhos, e de repente não podia mais ser. Ele simplesmente ficaria para trás, ficaria ali,
naquele dia. Dali para frente eu estava sozinha.
Ele não estaria mais no estacionamento, me esperando com um sorriso aberto.
Não estaria na frente do palco, aplaudindo cada música tocada. Não me levaria para
casa, depois dos shows.
Ele não estaria mais lá quando eu precisasse de seus abraços, de suas palavras.
Não estaria mais lá, quando eu precisasse de sua voz, de suas mãos afagando meus
cabelos.
Ele não abriria mais seus braços para me acolher, assim que eu reclamasse de
frio.
Seus beijos, abraços, carinhos, já não me pertenciam mais.
Eu não saberia mais como foi seu dia. Suas provas, o dia de trabalho, os
sonhos loucos que ele tinha. Não o ouviria mais me chamando de gulosa, ao me ver
devorando os lanches do mc'donalds. Nem me chamando de freezer, como fazia
quando eu colocava os pés gelados nele.
E seu sorriso eu não veria mais o seu sorriso, aquele sorriso torto encantador,
só Edward conseguia sorrir daquele jeito, as vezes, quando eu me sentia triste, era
aquele sorriso que me fazia sorrir.
E o que eu faria ao chegar no estacionamento e ver que ele não estava lá? Ao,
ao chegar em casa e encontrá-la vazia? Para quem eu olharia enquanto estivesse
cantando? Para quem eu cantaria? Para quem eu contaria meus planos? Para quem eu
sorriria?
Todos aqueles pensamentos só serviam para me fazer chorar ainda mais.
Minhas lágrimas se misturavam com a forte chuva que caía, e meus soluços eram
abafados pela mesma.
A noite tomou conta do céu e eu continuei lá, feito uma estatua, sem me
mover, sem reagir.
Assim como eu, a chuva era teimosa, e se recusava a ir embora, pelo
contrário, ela parecia cada vez mais forte.
Eu estava ensopada, minhas roupas grudadas e pesadas, mas aquilo não me
importava.
Tirei meu tênis ensopados, e descontei minha raiva nele, o atirando
para longe, fiz o mesmo com o outro e com as meias.
Tentei a todo custo acender outro cigarro, mas era impossível, eles estavam
tão molhados quanto eu. Aquilo me enfureceu ainda mais e eu os joguei para longe
dali também.
Me encolhi ali e abracei meus joelhos. Fechei meus olhos e encostei a cabeça
nos joelhos, eu me mexia para frente e para trás, igual uma retardada.
– Vai ficar doente desse jeito. - Meu coração acelerou no mesmo segundo em
que eu ouvi aquela voz. Era a voz dele, ele estava ali.
Parei de me mexer e lentamente levantei minha cabeça a fazendo se mover na
direção em que vinha a voz. Então eu o vi, parado a poucos metros de mim. Ele
estava tão encharcado quanto eu, a única diferença é que estava sem jaqueta e seus
cabelos estavam escorridos, mas também com aquela chuva, não existiria gel no
mundo, que deixasse seus cabelos em pé.
Eu não sabia o que fazer ou o que dizer, então eu só fiquei calada,
acompanhando ele se aproximar. Edward parou na minha frente, o que fez meu
coração bater ainda mais frenético.
– Quer que Alice te deixe de castigo por uma semana, incomunicável com o
mundo? - Ele questionou alto, por conta da chuva barulhenta.
Meus olhos permaneceram nos dele por poucos segundo e pelo que eu pude
perceber, talvez ele não me odiasse.
– Tanto faz. - Murmurei desviando os olhos.
Ele deu mais alguns passos, parrando ao meu lado, em seguida abaixou-se e
sentou lá.
Naquele dia eu cheguei a conclusão que eu não tinha nenhum problema
cardíaco.
– Por que não me contou antes? - Ele olhava para mim, já eu mantinha meu
olhar no mar.
– Porque me odiaria. - Minha voz saiu embargada.
– Acha que eu odeio você? - A voz dele soava calma.
– Talvez. - Foi minha resposta.
– Acha que eu viria até aqui, se odiasse você? - Dei de ombros.
– Não sei. - Os olhos dele continuavam em mim e os meus continuavam no
mar.
– Eu não odeio você Bella. - Ao ouvir aquilo, eu senti com se tivessem tirado
um elefante das minhas costas. - Acho que jamais conseguiria odiar você. - Ele tentou
tocar minha mão, mas eu não deixei.
Tentei secar as lágrimas e chuva, sem sucesso algum.
– Edward... - Eu puxei o ar, buscando concentração. - Eu me sinto leve, muito
mais leve, agora que disse que não me odeia. Me sinto como se tivessem tirado um
fardo enorme das minhas costas.
Mas eu acho que por enquanto, nós não podemos ser amigos. Primeiro eu
preciso superar tudo isso que eu sinto por você. A verdade é que eu não quero ser só
sua amiga. Não por enquanto.
– Ouça Bella... Eu não sei direito como lidar com isso... - Suspirei.
– Você não precisa me dar explicações. É sério, eu entendo. Sei o que viveu,
sei que não é fácil. Acredite, eu entendo perfeitamente.
– Você pode ficar quieta e me ouvir? As vezes você é irritante, sabia? - Ele
disse aquilo de um jeito divertido.
– Desculpe. - Murmurei ainda de olho no mar.
– Você tem razão, eu já vivi algo assim. Conviver com uma pessoa
drogada não é fácil, não é nada fácil. Muitas vezes eu tinha vontade de espancar Kate,
e traçá-la em uma dessas clínicas, até ela se recuperar.
Eu entendo os efeitos que a droga causa. Impaciência, frustração,
comportamentos insanos, inquietação, irritabilidade, ansiedade.
Olhos sempre avermelhados, as olheiras profundas, a pele pálida, insônia, falta de
sono, falta de apetite.
Pessoas usuárias passam noites fora de casa, andam sempre com um canudo
ou espelho dentro dos bolsos, para cheirar a cocaína. - Ele fez uma pausa, puxando o
ar.
– Eu lembro, me lembro de tudo isso, e todas essas lembranças me fazem ter
certeza que você não é assim. A não ser é claro pelo seu apetite sexual, mas isso é
porque eu sou muito gostoso, fica difícil recusar.– Acabei sorrindo da gracinha dele,
e talvez um fio de esperança tenha surgido em mim.
– O que quer dizer com isso Edward? - Tirei meus olhos do mar e me voltei
para ele.
– Quero dizer, quero aprender... aprender a lidar com isso, porque eu sei que
você não é Kate.
Quero dizer que você é a mulher mias incrível que eu conheço e que passado
nenhum vai me fazer pensar diferente.
Quero dizer que eu confio em você, que eu acredito em você.
Quero dizer que você continua sendo a mãe que eu quero para meus filhos,
que você continua sendo extraordinária, que continua fazendo meu coração bater
forte.
Quando você saiu lá de casa e aquela porta se fechou eu voltei para o mundo.
Eu pensei sobre tudo, tudo que me contou. E eu percebi...percebi que não me
importava o seu passado. Percebi que eu não queria, que não podia deixar você ir.
Porque se você for Bella, vai estar levando a minha felicidade com você.
Você disse que eu te devolvi a vida, percebe que fez o mesmo comigo?
Você me devolveu a felicidade, você me fez conhecer a minha filha, você me
fez ter vontade de constituir família. Você me fez sonhar, me fez sorrir. Você me
completou Bella.
E eu não estou disposto a abrir mão disso tudo por causa do seu passado.
Você não é Kate, eu sei que não. Existe um mundo de diferença entre vocês
duas. - Apesar dele estar bem próximo de mim, eu já não o enxergava direito, as
lágrimas não me deixavam fazer aquilo.
Talvez eu fosse precisar de outro coração, porque pelo jeito que aquele batia,
ele não sobreviveria por muito tempo.
Eu sentia uma revolução no estômago, talvez aquelas fossem as tais
borboletas, das quais muitas vezes ouvi falar.
Não tinha mais espaço no rosto, para meu largo sorriso.
– Eu sonhei por muito tempo em ouvir de você, o que me disse lá dentro.
Agora que ouvi, eu seria um completo idiota se te deixasse escapar assim.
Eu quero muito Bella, quero muito fazer isso dar certo. E se você me
desculpar por eu ter te deixado sair, eu prometo que vou fazer de tudo, para te fazer a
mulher mais feliz do mundo. - A voz dele ficou embargada, o que me fez concluir que
ele também chorava.
– Está mesmo falando sério? - A minha voz estava pior do que a dele.
– Eu nunca falei tão sério em toda minha vida, princesa. - Eu não sabia o que
dizer, na verdade eu não sabia como abandonar o sorriso.
Virei meu corpo para ele e sentei sobre os joelhos, ele não tirava os olhos de
mim.
– Eu amo você Edward, amo de um jeito que eu imaginasse não existir. - Ele
sorriu ainda mais e tocou meu rosto.
– Sabe por quanto tempo eu esperei ouvir isso, saindo assim da sua boca? -
Sim ele estava chorando.
– Me desculpe. Desculpe por tê-lo abandonado em Vegas, desculpe por tê-lo
feito sofrer. - Ele não disse nada, só puxou meu rosto, levando minha boca de
encontro a dele. E eu senti todo aquele magnetismo, que só acontecia quando ele me
tocava, quando ele me beijava, quando ele me abraçava.
Demorou, mas finalmente eu entendia o significado daquilo. Tudo aquilo
tinha um nome, um nome que eu abominei por anos, mas que eu não consegui
resistir. Aquilo se chamava amor. O mais sincero e puro amor.
Ficamos por um bom tempo misturando o beijo, com lágrimas e chuva, até eu
rir ao lembrar que era casada.
Sim, a história que bêbados, sempre diziam a verdade, estava comprovada. A
Bella bêbada, a que não tinha medo, ela já sabia a muito tempo que amava Edward.
– Tá rindo do que? - Ele questionou, entre os beijos.
– Estou lembrando que sou uma mulher casada. - Respondi me afastando
minimamente.
– Noiva fujona. - Ele sorria.
Voltei a me sentar ao lado dele, ele passou os braços pelo meu ombro e deitei
minha cabeça em seu peito.
– O que vamos fazer agora? - Ele riu e beijou meu pescoço.
-Já pensando no divórcio, amor? - Ronronou em meu ouvido.
– Na verdade não. Eu não me importo de continuar casada.
– Sério? - Ele questionou com um sorriso.
– Sério. A não ser que você... - Ele tapou minha boca com os dedos.
– Você nunca mais vai se ver livre de mim Isabella, eu jamais lhe daria o
divórcio. - Eu ri.
– Como eu consegui casar com você? Quer dizer, eu sou brasileira. Não tem
todo um procedimento, para que eles tenham certeza, que eu não esteja tentando
morar aqui para sempre?
– Tem. Eles vão nos mandar uma carta, vão fazer entrevistas conosco. Vão
perguntar de você para mim e vice versa.
– E se eu não souber responder o que me perguntarem?
– Nosso casamento é desfeito, você é expulsa do país e eu vou preso. - Eu
arregalei os olhos assutada.
– Precisamos fazer questionários, e se e u não souber responder alguma coisa?
- Ele deu risada.
– Não se preocupe com isso. Carlisle tem um amigo que pode nos ajudar.
Já disse que não vai mais se livrar de mim. - Ele tirou uma mecha de cabelo
do meu rosto, deixando visível sua aliança, peguei sua mão e sorri. A admirando sem
medo, pela primeira vez.
– É linda. - Murmurei.
– Foi presente de Rose. Jogou a sua fora? - Rolei os olhos.
– Claro que não. - Enfiei a mão no bolso e a tirei de lá. - Está aqui. - Mostrei.
Quando ia por no dedo ele roubou.
– Eu faço isso, já que não lembra da noite anterior. - Eu sorri.
– Então me dê a sua? Eu também quero lembrar disso. - Ele sorriu e tirou, me
entregando.
Percebi que tinham coisas gravadas nelas. Aproximei meu rosto para analisar.
A de Edward, estava gravado I'll be there for you. Na minha estava gravado
always.
Sorri vendo que era o nome de duas letras do Bon Jovi.
– Parece que você esconde um amor platônico por Bon Jovi, escolheu a
música dele para por ai e para entrar na igreja. - Eu sorri.
– Bon Jovi é o dono das melhores músicas românticas existente. - Ele sorriu
torto.
– Ok, então vamos lá...Isabella.. - Ele começou. A chuva que não dava trégua,
o que o fazia falar alto. - Você me fez o homem mais feliz ao aceitar se casar comigo.
Você me completa de tantas formas diferentes. Você é meu primeiro
pensamento do dia e meu último pensamento da noite.
Você me tornou um cara responsável. Concordou comigo quando eu tinha
razão e me deu broca quando foi preciso. Me fez sorrir, sonhar, desejar, me fez sentir,
me fez amar.
Graças a você minha filha me chamar de pai. E você faz a melhor comida do
mundo.
Por essas e infinitas outras coisas que eu amo você.
Eu prometo para você, que vou fazer o que estiver em meu alcance para fazer
você a mulher mais feliz do mundo.
Te prometo cumprir o que está gravado nessas alianças. Eu estarei lá, estarei
em qualquer lugar, quando você precisar.
Eu sempre estarei lá. Na alegria e na tristeza. Talvez eu não possa sofrer por
você, mas pode ter certeza que vou sofrer com você. Assim como vou comemorar
cada vitória, vou sorrir cada alegria, vou sentir cada emoção.
Eu te dou meu coração, a minha alma, e o meu amor eterno. - Ele consegui
fazer com que eu voltasse a chorar.
Depois que deslizou a aliança para meu dedo, ele beijou minha mão.
– Acho que todas as lágrimas que eu tinha represado até hoje, estão indo
embora. - Murmurei o fazendo sorrir.
Tentei secar as lágrimas e a chuva do meu rosto, e respirei fundo.
– Edward... - Eu o olhei nos olhos. - Quando eu abri meus olhos, e vi você
pela primeira vez, eu pensei que você fosse um anjo. Acho que os anjos devem ser
assim, acho que eles tem o tom da sua pele, a cor do seus cabelos e o verde dos seus
olhos. A voz deles devem ser assim, melódica, como a sua, assim como devem ter
uma risada gostosa.
Quando me tocou, você me fez sentir algo diferente, você me atraiu desde o
primeiro olhar.
Quando me beijou, você fez meu mundo desaparecer. Quando me abraçou me
fez desejar nunca mais sair dos seus braços.
Desde que eu abri os olhos e vi você, a minha vida mudou. Você me
transformou, você me fez sentir vontade de viver e se hoje eu sou feliz, foi você, um
dos maiores responsáveis por isso.
Você e sua filha me fazem a mulher mais feliz do mundo. Vocês devolveram o
sorriso para o meu rosto, me devolveram a palavra amor.
Eu te amo tanto e tantas formas diferentes, sei lá, eu não sei direito como
explicar, mas tudo em você me faz te amar.
Seu sorriso torto. Quando você franzi o cenho e quando arqueia as
sobrancelhas. Quando sussurra em meu ouvido. Quando me abraça e me chama de
freezer.
A sua risada, eu amo muito a sua risada, e a sua voz, tenho certeza que nunca
vou me cansar de ouvir você falando.
Seus beijos, eles me tiram de órbita, assim como seu toque, algumas vezes
sutil, outras tão cheio de desejo.
Não importa o quão mal eu me sinta, ou o quão nervosa eu esteja, quando
você aparece, eu consigo me acalmar. Sua presença em si me acalma. Você não
precisa me dizer nada, não precisa me prometer nada, só precisa estar ali, para eu ter
certeza que tudo vai ficar bem.
Então Edward, eu prometo para você, fazer de tudo para te merecer, para
merecer essa confiança que está depositando em mim. Prometo fazer de tudo para
não decepcioná-lo.
E apesar de só hoje eu ter me dado conta do quanto eu te amo, o meu coração,
a minha alma e meu amor eterno, eles já eram seus a algum tempo. - Deslizei a
aliança para o dedo dele, e voltei a encará-lo.
– Eu te amo Cullen. - Ele sorriu e aproximou-se ainda mais.
– Não mais do que eu te amo Swan. - Murmurou antes de me beijar.
Sorri e mergulhei minhas mãos em seus cabelos molhados. Ele levantou-se
dali comigo no colo, mas sem parar de me beijar.
– Aonde vamos? - Perguntei entre os beijos.
– Tomar banho de mar. - Parei de beijá-lo e o encarei.
– Não se contenta com o banho de chuva?
– Não. Vamos fazer o que deveria ter feito naquela noite. - Sorri e não
respondi mais nada só voltei a beijá-lo.
Quando a água chegou na cintura dele, Edward me pôs no chão.
– Eu te amo, amo, amo. - Ele murmurava beijando todo meu rosto, me
fazendo sorrir. - Sabe quantas vezes eu quis dizer isso para você? Quantas vezes
desejei berrar isso?
EU AMO VOCÊ ISABELLA, EU TE AMO. - Sim ele berrou, me fazendo
sorrir ainda mais.
– EU TAMBÉM AMO VOCÊ EDWARD. - Depois de também berrar, eu caí
para trás, mergulhando no mar. Ele fez o mesmo, e veio até aonde eu estava.
Edward me puxou pela cintura me abraçando por trás. Ele beijou meu pescoço
e me fez virar para si. Sua mão foi até o zíper da minha jaqueta e o abriu. Para em
seguida tentar se livrar dela.
– O que está querendo? - Murmurei sem parar de beijá-lo.
– Tenho planos, planos para ficarmos sem roupas. - Dei risada e me separei
dele.
– Eu gosto do seu plano, mas a praia é pública, é melhor fazermos isso entre
quatro paredes. - Murmurei me largando dele.- Vamos pegar a próxima onda, aposto
que chego primeiro na areia. - O desafiei, e dei algumas braçadas pegando a onda,
que me carregou por uns bons metros.
Olhei para trás e percebi que ele estava me alcançando, o que me fez rir e
correr.
Assim que saí da água, sua mão alcançou minha jaqueta, ele me puxou e nós
acabamos caindo. Ele por cima de mim.
– Agora que você é uma cidadã norte americana, eu preciso te contar um
segredo. - A água de seus cabelos caiam em meu rosto.
– Estou ouvindo.
– Californianos tem medo de água. Eles acham que são feitos de açúcar ou
algo do tipo.
Então, quando cai uma gotinha de água, você já não encontra mais nenhum na
rua. Imagina quando cai um toró desses.
Não vai aparecer nem mosquito aqui essa noite. - Dito isso ele inverteu nossas
posições.
– Tem certeza? - Perguntei já vencida. Ele tirando minha jaqueta, já era uma
resposta.
– Absoluta. - Respondeu ao se livrar da camisa que eu tinha por baixo. - E
além do mais. - Murmurou distribuindo beijos pelo meu pescoço. - Você está me
devendo a noite de núpcias, já que dormiu na nossa. - Ele me fez rir.
– Ok, então vamos fazer isso. Vamos fazer amor...
~~*~~
A gente se vê, Jannie. - Dessa vez eu dei as costas para a lápide e não voltei a
olhar para trás.
Acho que eu me sentia uns cem quilos mais leves, me sentia como se algo
muito pesado que estava preso em mim, tivesse sido solto.
Caminhava em passos largos e decididos para fora daquele lugar. O vento
batendo forte no meu rosto, me fez abrir um largo sorriso.
Aquele era o fim de um ciclo, um ciclo que me fez sofrer e quase desistir, mas
um ciclo que também me levou até as pessoas mais importantes da minha vida, que
me ajudaram a me reerguer.
Um ciclo de perdas e ganhos, tristezas e alegrias, saudades e esperanças,
medos e confianças. Um ciclo de aprendizagens que me fez crescer, que me fez
aprender com os erros, que me fez ver que a até a pessoa mais infeliz do mundo, pode
ser feliz se desejar ser feliz.
Posso dizer que a maior lição que eu tirei desse ciclo, é que você sempre pode
recomeçar, independente dos erros que cometeu, tudo e todos podem ter um
recomeço. Basta só você querer, desejar, erguer a cabeça e encarar de frente. Não é
fácil, mas a vida não é fácil, talvez por isso ela seja tão interessante.
Talvez você tropece e caia no meio do caminho, mas esses tropeços vão servir
para fazer você se levantar mais forte e mais determinado.
Talvez em uma dessas quedas, você perca completamente a vontade de
levantar, mas vai encontrar pessoas que vão te estender a mão, vão ajudar você a se
por de pé, vão cuidar dos seus machucados e vão seguir caminho com você.
Por fim, quando você se der conta, vai ver que conseguiu, vai ver que venceu,
que se reergueu. E quando olhar para trás, vai perceber que todos os obstáculos
tortuosos, o transformaram em uma pessoa melhor, mais responsável e madura.
Com certeza você vai continuar errando, isso é inevitável, todo mundo erra,
mas com certeza também, você vai continuar aprendendo com seus erros.
Não importa o que você queira, nem o quão difícil seja para você conseguir,
porque se você quiser mesmo, se desejar de verdade, vai conseguir, vai vencer.
É como diz uma conhecida letra de Raul Seixas "Queira, basta ser sincero e
desejar profundo, você será capaz de sacudir o mundo, tente outra vez."
Eu quis, eu tentei e eu consegui, hoje eu posso bater no peito e dizer de
cabeça erguida...
– Eu tenho orgulho de ser Isabella Swan...
Capítulo 41- Sentidos para a vida... Part1
Anos depois...
– Aaahhhh parece mentira!!! - Levantei meus braços comemorando e estiquei
os pés em cima do painel do carro de Emm.
– É sempre bom voltar para casa, não é? - Emmett também estava feliz.
Fazia mais de dois meses que estávamos longe dos Estados Unidos e fazia
quase um mês que eu não via minha família. Resumindo, eram bom demais voltar
para casa.
– É ótimo. Eu vou abraçar e beijar muito os meus filhos. - Aquele era meu
plano para quando chegasse em casa.
– Vou fazer o mesmo com os meus. - Emm e Rose tinham gêmeos. Dois
meninos de três anos, Seth e Kurt, duas pestes fofas e bagunceiras e talvez piores que
furacões. Eles são gêmeos idênticos, loiros como Rose, olhos azuis e as covinhas
simpáticas de Emmett.
Rose acabou ficando grávida por descuido, o senhor Hale não gostou nada
daquilo a princípio e praticamente obrigou os dois a casarem um mês depois, além de
ter ficado um bom tempo de cara feia com a filha, mas ele não conseguiu resistir
aqueles dois fofos e acho que ele consegue ser um vô mais babão que Carlisle.
Edward e eu eramos padrinhos de Seth, o mais velho por um minuto e quinze
segundos, Alice e Jasper eram padrinhos de Kurt.
Por falar em Alice e Jasper, eles também casaram fazia quase dois anos. Acho
que Carlisle bebeu o maior porre da vida dele naquele dia, ele deu vexame, tentou
fazer um dueto comigo e vomitou todo o palco.
Jully nunca esqueceu o ocorrido e nunca perde a oportunidade de pegar no pé
dele. Já Carlisle com certeza, se pudesse, apagaria todo o vexame daquele dia.
Alice e Jasper também arrumaram um filho, Johnny, meu afilhado de dez
meses. Os cabelos dele são da cor dos de Jasper, mas revoltados como o do dindo
Edward e seus olhos são tão verdes quanto os de Alice. Alice coloca cada roupa no
garoto que, às vezes, eu tenho medo de pegá-lo e amassá-las.
– O que acha de um almoço amanhã? Para matarmos a saudade de todos? -
Sugeri, pensando no quanto eu sentia falta de todos eles.
– Ótima ideia. Na sua casa? - Eu assenti. - Ok, eu convoco todos.
– Certo. - Ao ouvir uma música minha começando na rádio, eu troquei de
estação o que fez Emmett rir.
– E os planos para seu aniversário? - Rolei os olhos pensando no meu
aniversário, que seria dali a dois dias e eu não estava nada animada.
Trocar a casa dos vinte para a dos trinta já é triste, imagina então, quando a
casa dos trinta começa a andar. Fora que eu continuo não gostando da data.
– Pretendo passar a manhã trancada em um quarto com meu marido, depois
pretendo almoçar com ele e meus filhos em um lugar simples, calmo e reservado. À
tarde tem a festinha do Bê e à noite... - Suspirei pensando em Edward... - A noite, eu
pretendo sequestrar Edward. - Emmett riu alto.
– Você continua com a mesma cara de apaixona de sete anos atrás. -
Comentou rindo.
– Vai ver é porque eu continuo apaixonada... Bem que você poderia me deixar
na clínica né? Quero dar um beijo nele antes de ir para casa. - Ele sorriu.
– Porque eu tinha certeza que me pediria isso? - Eu sorri e apertei a bochecha
dele.
– Porque você lê meus pensamentos, empresário. Emmett, tem noção que
você se tornou meu melhor amigo? Eu falo sobre menstruação e marcas de
anticoncepcionais com você. - Ri pensando naquilo.
– Ai biii, você sabe que a minha está atrasada... - Ele imitou uma bicha louca,
me fazendo gargalhar. - Não sei mais o que faço, meu bofe vai me matar.
– Seu bofe vai é te matar se você não parar com essa história de viagens. Sério
Emm, eu não quero ouvir você falando sobre trabalho pelos próximos seis meses e
sobre marcar shows por um ano. Você e eu precisamos sossegar um pouco, nós temos
família e nós precisamos de um tempo para eles. Nunca ouviu o ditado que diz: que
quem não da assistência, abre espaço para concorrência? - Ele sorriu, estacionou na
frente da clínica e voltou-se para mim.
– Sabe que eu sei que tem razão, não sabe? - Sorri e assenti. - Estamos de
férias por, pelo menos, um ano, prometo. - Sorri e tirei meu cinto.
– Ok. Vá para casa, dê um beijo em Rose, nos meninos e diga que estou
morrendo de saudades. Deixa a minha mala no seu carro, amanhã eu pego. - Ele riu.
– Que pressa em? Deixe para começar a tirar as roupas, quando estiver na sala
dele. - Eu mostrei a língua e abri a porta do carro.
– Tchau seu chato, até amanhã. - Não esperei respostas, saí do carro e
praticamente corri para dentro do lugar.
– Boa tarde... - Leah desejou antes mesmo de ver quem era e ao me ver ela
sorriu. - Hey Bella, não estava na Itália? - Sorri e a beijei, cumprimentando.
– Sim, acabei de chegar. Edward está? - Era impossível não sorrir pensando
nele.
– Está na sala dele, hoje a tarde dele está livre. - Meu sorriso cresceu ainda
mais.
– Posso? - Ela riu e estendeu a mão.
– Sinta-se em casa. - Meu coração começou com aquela loucura à medida que
fui me aproximando da porta do doutor Cullen. Nem bati, fui logo entrando e para
minha surpresa, Carlisle também estava ali e qualquer coisa que ele estivesse falando
com Edward, eles pararam ao me ver.
Antes que alguém pudesse falar alguma coisa, Oprah que também estava por
ali, começou a ganir e pular nas minhas pernas. Sorri, desviei os olhos do meu marido
gostoso e me abaixei pegando ela.
– Hey garota, você também está aqui? Estava com saudades de ser acordada
por você comendo meus cabelos, sabia? - Ela começou a lamber meu rosto me
fazendo rir.
– Você também estava com saudades? - Ela continuou a me lamber. - Mamãe
trouxe uma coleira da hora pra você, cheia de strass. Sua fofa!!!
– E de mim, você não sentiu falta? - Carlisle questionou se aproximando.
Sorri e coloquei Oprah no chão.
– Muita. - Respondi antes de abraçá-lo.
– Não chegaria só amanhã? - Me questionou.
– Sim, mas estava morrendo de saudades de todos e dei um jeito de virmos
hoje.
– Sabe que se voltar a demorar tanto tempo assim, vai deixar sua família
maluca. - Eu o apertei mais um pouco e nos larguei.
– Estou de férias, 365 dias de férias. - Carlisle riu e beijou meu rosto, foi
quando eu senti um par de mãos me puxando. Nós nos encaramos por um tempo sem
dizer nada, nossos olhos conversavam entre si, e como se combinado sorrimos ao
mesmo tempo.
– Nunca mais demore assim. - Foi o que ele murmurou antes de me beijar.
Suspirei e mergulhei minhas mãos em seus cabelos, o trazendo mais para
perto. Os braços dele me esmagavam e os meus faziam o mesmo com ele. Como
sempre acabava acontecendo o beijo começou a ficar quente.
As mãos de Edward rapidamente fizeram minha jaqueta cair e, quando as
minhas procuraram pelos botões do jaleco dele, Carlisle tossiu, nos lembrando que
ele ainda estava ali. Depois de mais um beijinho nós nos separamos.
Deitei a cabeça no peito dele, o abracei e soltei um longo suspiro.
– É, acho que eu vou indo. - Carlisle nos fez rir.
– As crianças estão na sua casa? - Mesmo tendo vontade de ficar ali, eu
pegaria uma corona com ele, queria ver meus filhos.
– Não, eles não apareceram por lá hoje. - Ergui a cabeça encarando Edward.
– Jully está com Alice, provavelmente em algum shopping. Bernardo está em
casa, Robert quis ficar com ele.
– Os dois melhoraram da gripe? - Rob e Bê tinham ganho uma gripe das
bravas e ficaram quase uma semana de molho.
– Sim, mas ainda estão tomando os remédios, o que os deixam com sono. -
Me explicou.
– Bernardo é teimoso, todo ano é a mesma coisa. Ele prefere ficar dias de
cama a tirar as amídalas. - Era só dar um ventinho mais forte para as amídalas dele
inflamarem.
– Sabe que eu não sei a quem ele puxou? Tanto na teimosia, quanto no medo
de hospitais? - Edward pegou no meu pé, o que me fez lhe mostrar a língua.
– Bom, eu vou. - Carlisle ria. - Se precisarem de babas hoje à noite, Esme e eu
estamos disponíveis.
– Eu vou ficar muito agradecido. - Edward empolgou-se.
– Não, hoje não amor. Estou morrendo de saudades deles e amanhã todos vão
almoçar lá em casa, inclusive você e Esme, Carlisle. - O intimei. – Mas nós vamos
ficar muito agradecidos se vocês ficarem com os três depois de amanhã à noite. - Ele
voltou a rir.
– Ok, dia treze está reservado para você. Ah, eu gostei da sua camiseta, mas
não tinha uma do seu tamanho? - Minha camiseta era azul marinho e a bandeira dos
Estados Unidos ocupava boa parte dela.
– Eu ganhei de algum fã... tinha guardado para trazer para Edward, mas como
era a última limpa, tive que usar. - Carlisle sorriu e aproximou-se, me beijou e bateu
nas costas de Edward.
– Vou indo e para o bem de Oprah, vou deixá-la com Leah. - Ele pegou a
cachorra e se foi.
Edward rapidamente foi até a porta a trancando.
– Eu gostei da minha camiseta. - Ele murmurou ao aproximar-se. - E como ela
é minha, é melhor você tirá-la. - Sorri sacana e fui até ele, começando a desabotoar
seu jaleco.
– Se quer ela, venha pegar, Cullen. - Ele abriu um sorriso sacana e desceu as
mãos até a barra da camiseta, para em seguida, tirá-la.
– Vou deixar ela ali um pouquinho... - Murmurou ao beijar meu pescoço. -
Depois eu pego.
– Uhum... - Foi o que consegui responder.
– Comprei um sofá novo, eu estava esperando você, para inaugurá-lo. - Foi o
que ele disse, antes de me pegar no colo e me conduzir para o sofá...
~~*~~
– Mãe, mãe preguiça, acorda, abre os olhos... - Sorri ao ouvir a voz baixa de
Robert e sentir suas mãos nos meus cabelos.
– Como entrou aqui? - Minha voz quase não saiu.
Pelo que eu lembrava, Edward trancou a porta no meio da madrugada.
– Meu pai me mandou, ele disse: vai lá acordar sua mãe e diz que as visitas
estão chegando. – Rapidamente, eu abri os olhos e dei um pulo da cama.
– Nossa Rob, porque não veio me acordar antes? - Fui até o guarda-roupas e
peguei uma toalha.
– Bem que eu quis, mas ele não deixou. Disse que era para te deixar
dormindo, para você recuperar nosso fuso horário. - Uhum, um fuso horário chamado
Edward, que só me deixou fechar os olhos quando o dia estava nascendo.
– Okay, eu vou para o banho. Peça para ele, tirar o mignon do congelador e
por no micro-ondas para descongelar e por...
– Mãe... - O garoto ria. - Calma, respira, relaxa... A comida está quase pronta,
meu pai quase acordou primeiro que eu e está cozinhando. - Eu me calei e meu
queixo quase caiu.
– Edward cozinhando? - Tá que ele tinha aprendido, mas eu não sabia se ele
sabia fazer comida em grande quantidade.
– Ahan, e o Bernardo tá dando uma força. - Bernardo também tinha dotes
culinários, ele e Edward se viram bem por lá.
– Ok, vou rezar para isso dar certo, caso contrário vamos passar vergonha na
frente das visitas. Agora me deixa correr para o banho. Quem já está ai? - Ele ria
aparentemente de algo que eu não tinha pego.
– Tá rindo de que, garoto? - Acabei rindo também, por vê-lo sorrir.
– Da camiseta do meu pai, que você pôs do avesso. - Ao olhar minha figura
no espelho, percebi que estava mesmo do avesso, além de perceber que eu estava
com a maior cara de acabada.
– Rum... estava escuro quando eu pus. - Eu nem lembrava de tê-la posto,
aquela era a verdade.
– Os avós de Jully chegaram e meus avós também. - Menos mal, era bom ter
alguém para fazer sala para os Thompsons.
– Certo, então você vai lá, senta bonitinho e faz uma sala para eles, daqui dez
minutos eu apareço. - O beijei, tirei do chão, abracei, beijei de novo e o coloquei em
cima da cama, o fazendo rir.
– Tá, já vou lá, te amo gata. - Sorri e voltei a beijá-lo.
– Também te amo, meu gato...
Quando cheguei na sala, encontrei com Robert, sentado nas pernas de Esme,
enquanto Jully fazia o mesmo nas pernas de Tyler, aparentemente eles conversavam
sobre as aulas ou algo que Robert achava muito chato.
– Olha, ela ressurgiu das cinzas. - Carlisle foi o primeiro a me ver. Sorri e fui
até ele o abraçando.
– Meu despertador resolveu não me acordar, hoje. - Expliquei de olho em
Robert que sorriu.
– Seu despertador bem que tentou, mas seu marido não deixou ele nem chegar
perto. - Jully dedou.
– Viu, eu disse. - Rob se defendeu.
Depois de beijar Carlisle, Esme e Jully, fui até os Thompsons e os
cumprimentei rapidamente. Angelina e eu ainda não eramos tão próximas para
abraços, então um aperto de mão estava de bom tamanho.
– Me dão uma licença rápida, eu vou lá ver se a minha cozinha continua
inteira e já volto. - Pedi a eles, que riram.
– Nem tente, você vai ser expulsa, aqueles chatos não me deixaram nem lavar
a louça. - Jully avisou. Sorri e fui até lá.
Era incrível como dois homens podiam ser bem organizados quando queriam,
a cozinha estava intacta e limpa, nem parecia que um almoço estava sendo preparado
lá e por dois homens. Os dois estavam tão distraídos falando sobre futebol que nem
me perceberam.
– Tem certeza que está saindo almoço? - Minha pergunta os fez me
perceberem.
– Bom dia, Isa. - Bernardo sorriu e se aproximou, me abraçando.
– Bom dia, filho. - Beijei seu rosto e tentei bagunçar seus cabelos.
– Não tá sentindo o cheiro, não? - Edward questionou e eu fui até ele.
– Estou, um cheiro muito, muito bom, que me faz ter vontade de lambiscar. -
Murmurei ao lhe beijar. - Por Deus, você quase me matou. - Continuei murmurando,
para que só ele ouvisse.
– Ainda acha que eu estive com outra? - Provocou com voz de deboche.
– Vocês querem que eu me retire? -Bernardo questionou, me fazendo rir.
– A responta é não, para a sua pergunta Edward e para a sua Bê. - Respondi ao
me afastar de Edward e ir até a cafeteira.
– Então, o que eu faço? - Questionei ao encher minha caneca de café.
– Nada, vá para sala e fique lá, fazendo sala, nós cuidamos da cozinha. -
Edward respondeu.
– E isso é uma ordem. - Bernardo continuou e eu levantei as mãos rendida,
nem tentaria discutir.
– Ok, mas não se irritem. Sintam-se a vontade nessa cozinha que um dia já foi
minha. - Eles riram e eu peguei o jarro da cafeteira.
– Vou levar isso comigo. - Edward me olhou de cara feia ao ver aquilo, mas
eu o ignorei, o beijei, beijei Bernardo e voltei para a sala.
Sentei na minha confortável e fofa poltrona, que eu tanto estava com saudades
e pus o jarro da cafeteira em cima da mesa de centro.
– Fui expulsa. - Expliquei e eles riram.
– Eu avisei. - Jully lembrou, me fazendo sorrir.
– Só vai tomar isso de café? - Carlisle questionou, apontando a jarra.
– Vício totalmente incontrolável. - Expliquei.
– Principalmente quando não se dorme a noite... - Jully sorriu sarcástica, sem
tirar os olhos de mim.
– Você não dormiu à noite? - Robert parecia confuso, desceu das pernas de
Esme e veio ao meu encontro, sentando-se nas minhas.
– Claro que dormi. Não ligue para Jully, você sabe que eu gosto de café. - Ele
sorriu, aparentemente convencido.
– Você gosta muuuuuuuito de café. Meu pai disse que economizamos mais de
cem dólares de café, nesses meses que você esteve fora. - Com aquela, eu ri.
– É só o que me faltava, vocês começarem a pegar no meu pé por isso. -
Reclamei.
– Pelo menos ela largou o cigarro. - Tyler entrou na conversa e eu levantei o
polegar por ele ter me defendido.
– É verdade que você fumava? - Robert me questionou.
– É verdade. - Afirmei.
– Mas daí ela ficou grávida de você e parou. - Esme continuou e eu assenti
afirmando.
– E por que você fumava? - Questionou curioso.
– Digamos que para conter a ansiedade e o nervosismo... - Ele franziu o cenho
sem entender.
– E por que você ficava nervosa e ansiosa. - Dei um gole no meu café,
pensando em como responder.
– Rob, você já superou a fase dos porquês, filho. Eu não tenho uma resposta
para isso agora, te respondo daqui alguns anos, pode ser? - Ele suspirou e rolou os
olhos.
– Eu vou lembrar de perguntar. - Ele me fez sorrir.
– Com certeza, eu vou lembrar de responder. - Ele sorriu e beijou meu rosto.
– Não fica mais nervosa nem ansiosa agora? - Veio mais uma pergunta.
– Fico... Não tanto quanto antes, mas ainda fico... Acho que vou ficar pelo
resto da vida, mas o café me ajuda a controlar. - Ele riu.
– Então quando você estiver de TPM, é só te dar bastante café. - Deduziu,
arrancando risada de todos.
– Café com alguns potes de sorvete, acho que podem resolver... - Continuei. -
E claro, se vocês três colaborarem com muita paz e harmonia, tentarem não brigar,
também ajudaria e muito. - Ele riu e me abraçou.
– Você é a mãe mais legal, linda e gulosa do mundo, sabia? - Robert era outro
que me fazia derreter constantemente.
– Eu amo você, sabia? - Me declarei com um sorriso enorme.
– Muito? - Questionou.
– Muito, muito, sem tamanho. - Respondi ao juntar meus lábios aos dele.
– Eu não sei quem é o mais patético. O pai ou o filho. - Jully resmungou me
fazendo rir.
– Eu também te amo sem fim, ciumenta. Quer um colo também? Tenho uma
perna livre. - Ela sorriu sem graça, mas levantou-se e veio ao meu encontro,
sentando-se lá.
– Viu? Ela também me ama sem fim. - Provocou o irmão que mostrou a
língua.
– Mas eu é muito, muito sem fim. - Rebateu me fazendo revirar os olhos.
– Não comecem. - Pedi pausadamente e eles se calaram.
– Quando surgir o quarto, talvez eles se descabelem. - Carlisle comentou
rindo.
– Provavelmente, eu vou parar no manicômio ou algo assim. - Também sorri
pensando.
– Você tá grávida? - Robert questionou preocupado, me fazendo rir.
– Não ainda, mas as minhas férias de um ano, junto com a dívida que eu tenho
com seu pai, provavelmente vão fazer a família crescer. - Ouve um murmurio de Jully
e Robert que eu não consegui entender.
– Isso é sério? - Esme questionou com um sorriso largo.
– Seríssimo, não consigo mais enrolar Edward. Jully e Bernardo daqui uns
anos vão para a faculdade, Robert já está quase na pré aborrecencia e o cheiro de
bebê de Johnny, me fez sentir saudades de um.
– Essa não? Eu preciso urgente mudar de quarto. - Jully murmurou. - Tem
noção que eu dormi muito mal essa noite? - Questionou comigo me deixando sem
graça.
– Precisamos de uma casa maior, com mais quartos, um espaço para Robert
brincar e Oprah correr. O problema é que não tem apartamento maior aqui e eu gosto
desse lugar. - Os dois rolaram os olhos.
– Larga a mão de ser mão fechada, Isabella. Fala sério, você tem dinheiro para
ter uma casa em cada canto desse lugar. Vamos embora para Los Angeles. - Jully
sugeriu e eu rolei os olhos.
– Nem pensar, Los Angeles é um caos, vamos ficar por aqui mesmo. - Ela
suspirou.
– Vamos embora para Nova York, lá tem neve. - Foi a vez de Robert.
– Credo Rob!!! Lá chove muito, sem falar que eu vou congelar. Não, Nova
York também não.
– Carolina do Norte? - Jully tentou de novo.
– Texas? - Robert voltou a sugerir.
– Carolina do Sul?
– Alabama?
– Alasca?
– Havaii!!! - Os dois disseram juntos e bateram as mãos.
– Nossa, eu não sabia que queriam ir para tão longe de nós. - Esme se fez de
magoada.
– Nem eu. - Angelina ajudou.
– Eu não vou sair da Califórnia e isso não é discutível. Vamos mudar no
máximo, estourando, de bairro.
– E se for no Brasil? - Robert questionou.
– Daí você começou a falar minha língua. - Respondi em português o fazendo
rolar os olhos.
– Não começa mãe. - É, era vergonhoso ele ser filho de uma brasileira e não
entender o mínimo de português. Eu até tentei ensinar, mas ele não quis aprender.
– No Brasil, você derreteria no primeiro dia do verão e morreria de fome,
porque não sabe falar absolutamente, nada. - Jully cortou o barato dele.
– Isso é injusto, porque só eu nunca fui no Brasil? - Reclamou comigo.
– Você não quer nem aprender o português, pensei que o Brasil fosse um dos
lugares do mundo que não interessa você. - Ele rolou os olhos.
– Eu acho legal lá, as fotos que eu vejo, me deixam com vontade de ir, mas
português é muito difícil de aprender, porque cada coisa tem a sua coisa e não é assim
porque tem que ser assado e coisarada que faz meu cérebro dar nó. - A confusão que
eles fez para explicar aquilo, fez todos gargalharem.
– Então deixa eu te dar uma notícia boa, é bem provável que você fique
conhecendo o Brasil nesse final do ano.
– Sério? - Questionou animado.
– Sério, preciso falar com seu pai antes, mas acho que não tem problema. -
Ele pulou das minhas pernas.
– Ah que legal!!!! Eu vou lá falar com ele. Uhuuu!!!! Nós vamos para o
Brasil, isso é demais.
PAIII, BERNARDO!!! - Ele praticamente voou até a cozinha, nos deixando
rindo.
– Ele não sabe nem falar, Brasil, sem sotaque. - Jully implicou.
– Você também não. - Devolvi a provocação.
– Sei melhor que ele. Brasil... - Ela tentou me fazendo rir.
– Brasil, Rio, Janeiro. - Ela riu. - Rio... - Tentou e eu gargalhei.
– Ri, ri, ri, ri... Não dobre a língua, não é inglês. - Ela tentou algumas vezes,
todas as vezes em vão, me fazendo rir mais.
– Ok, eu desisto, sou uma carioca americanizada. - Falou em português, me
fazendo sorrir e beijá-la.
– Você é o meu orgulho, Jully Cullen. - Falei também em português a fazendo
sorrir e me abraçar, foi quando a campainha tocou e Jully se pôs de pé.
– Eu abro. - Assenti e dei outo gole no meu café.
– Gostando das férias? - Tyler questionou.
– Muito. É bom acordar em casa, encontrar os três reunidos, mesmo que
estejam brigando. É muito bom estar em casa. Indescritível, diria eu. - Eu os fiz sorrir
e voltei a encher minha caneca.
– Tá viciada mesmo, em? - Carlisle pegou no meu pé.
– É, o vício é uma coisa terrível. - Comentei ao levantar, vendo minha família
se aproximar.
– Ainda anda bebendo muito café, Isabella? - Charlie questionou ao me
abraçar.
– Muito não, o necessário. - Ele balançou a cabeça negativamente, me beijou
e largou.
– Olá!!! - Renée sorriu sem jeito e eu a puxei para um abraço.
– Oi mãe. - Murmurei ao beijá-la. - Então... - Me voltei para os Thompsons
que pareciam curiosos, por verem uma pessoa nova.
– Essa é Renée, minha mãe. - Expliquei em inglês e vi os olhos surpresos
deles. - Esses são Tyler e Angelina, os avós maternos de Jully. - Os olhos de Renée
também ficaram surpresos e eu quase acabei rindo.
– Isabella Cullen, da próxima vez que você desaparecer por dois meses
inteiros e levar meu marido junto, juro que mando o FBI atrás de vocês. - Rose me
fez rir e me voltar para trás. Nós nos abraçamos apertado e nos balançamos de um
lado para o outro, por um bom tempo.
– Ele já contou para você, sobre nossos 365 dias de férias?
– Já e eu já disse pra ele que se ele inventar serviço antes disso, eu vou ser a
mais nova divorciada da Califórnia. - Eu ri.
– Isso aí, mostra quem manda.
– Ah tá, vocês vão ficar grudadas por muito tempo ainda? Se eu fosse Emmett
e Edward, teria ciúmes de vocês duas. - Alice nos fez rir e separar.
– Como você é a Alice, tem ciúme pelos dois. - A fiz me mostrar a língua. -
Vem cá pequeno pônei, tem abraço para você também. - Ela sorriu e me abraçou,
imitando o abraço de Rose, nós ficamos nos balançando e rindo.
– Tá, eu sei que todo mundo já te encheu o saco, por ter ficado tanto tempo
longe, então faço as palavras deles as minhas. - Ela me beijou e me largou.
– Cara, vocês vão enjoar de mim. - Rose me entregou um litro de tequila, com
uma fitinha laranja de presente.
– Lembra do Cuervo? - Questionou me fazendo rir.
– E como... - Respondi sem tirar os olhos dele.
– E as crianças? - Questionei antes de mais nada.
– Jasper e Emmett deixaram eles na casa dos meus pais. Hoje vamos ter um
dia para relembrar os velhos tempos. - Rosalie respondeu, me fazendo sorrir largo.
– E podem me dizer o que eu faço com Robert, Bernardo e Jully? - Questionei
com elas.
– Papai, Charlie e Angelina. - Alice os chamou e de repente ouve silêncio.
– Quero saber qual de vocês, vai se oferecer para ficar com os filhos de Bella
hoje a tarde. - Alice, sempre tão direta, me envergonhou.
– José Cuervo, o retorno? - Carlisle questionou de olho em mim.
– Pensando em casar de novo, Isa? - Charlie pegou no meu pé.
– Olha, tem muitas pessoas de prova que a culpa dessa vez não é minha, elas
que trouxeram o Cuervo e deixaram os filhos em casa. - Eu os fiz rir.
– Nós ficamos com eles, sem problemas. - Charlie se ofereceu.
– Depois eu passo uma lista de recomendações. - Sorri agradecida e eles
riram.
– Podemos ir junto, para dar um reforço. Que tal cinema? - Carlisle se
ofereceu e sugeriu.
– Boa ideia. - Renée concordou.
– Gente, peguem pelo menos umas três seções e não devolvam as crianças
antes de falar com Bella ou Edward, quando eles bebem eles meio que perdem a
noção das coisas e viram perversos. - Rosalie disse aquilo com toda naturalidade
possível.
– Não brinca? - Alec e Jack apareceram e, para não perder o costume, Alec já
chegou pegando no meu pé.
– Vamos combinar que eles nunca precisaram de muita bebida para se
pegarem por aí. - Ele dedou antes de me dar um abraço rápido.
– Fofoqueiro. - Reclamei com ele, fazendo os outros rirem.
– Hey Jack, quanto tempo homem. - Ele sorriu e me abraçou.
– Pois é, nos dias de hoje é mais fácil falar com o papa, do que com a
celebridade, Isabella Swan. - Acho que não faltava mais ninguém para pegar no meu
pé.
– Deus!!! Isso é uma miragem, não é possível, é você mesmo, Isabella? -
Jasper, faltava ele.
– Em carne e osso. - Eu ri e ele me abraçou me tirando do chão.
– Ahhhh, eu sou seu fã, muito seu fã!!! Ahhhh, eu não acredito, me dá um
autógrafo? Tira uma foto comigo? - Enquanto eu ria daquele idiota debochado, ele
me esmagava.
– Também senti sua falta, Jasper. - Depois de me beijar, ele me pôs no chão.
– Alice e Rose já te entregaram o presente? - Eu ri.
– Já, mas eu acho que vai faltar tequila, para tanta gente empolgada. Lembra
que daquela vez foram seis litros?
– Onde eu deixo isso, magrela? - Emmett apareceu com uma caixa lacrada de
tequila nos braços, me fazendo olhar abismada.
– Gente, o que é isso tudo? Mudaram a fábrica do José Cuervo para cá? Eu
não quero passar meu aniversário de ressaca, nem fugindo da pessoa com quem com
certeza eu vou casar, se beber só metade disso. - Meu comentário os fez dar risada.
– Deixa na cozinha, em cima da geladeira. - Ele assentiu e foi para a cozinha.
Meio que espremidos, todas as pessoas que na sala estavam, conseguiriam um
cantinho para sentarem. Peguei minha caneca de café, enchi e levantei dali com a
jarra.
– Vai ser cerveja para todo mundo ou alguém quer algo diferente? -
Questionei geral.
– Eu aceito um pouco desse seu café. - Alec pediu.
– Você também toma uma jarra de café? - Carlisle questionou com ele.
– Se deixar, Alec toma duas. - Jack respondeu.
– Isso é... interessante. - Carlisle murmurou me fazendo rir.
– Pega. - Estendia a jarra a Alec. - Cuide bem desse líquido precioso, vou
buscar outra caneca e as cervejas. - Ele riu, assentiu, e eu rumei para a cozinha.
Emmett estava lá, implicando com Jully, enquanto Edward e Bernardo riam e
Robert pendurava-se nos braços do tio gigante.
– Nossa casa está super lotada. - Comentei com eles. - Tem certeza que não
precisam de ajuda? - Os dois negaram com a cabeça.
– Já para sala, faça companhia as visitas. - Bernardo me ordenou.
– Vim buscar cerveja e outra caneca. Preciso de uma ajuda. - Olhei para
Robert, Emmett e Jully.
– Eu levo as cervejas. - Emmett abriu a geladeira como se fosse dono da casa.
– Eu ajudo você, tio chato, me entrega umas. - Jully pegou algumas bud's.
– Eu levo a caneca. - Peguei a caneca no armário e entreguei a Robert.
– Não corra, entregue para Alec. - Ele assentiu e foi andando, atrás dos outros
dois.
– Alec, está na lista dos caras que eu mais amo. - Edward murmurou, fazendo
Bernado rir.
– Se Jack ouve, vai ficar com ciúmes. - O provoquei.
– Bella, Alec só é gay, porque você não quis ele. - Rolei os olhos e decidi nem
discutir.
– Ciumento.- Murmurei o abraçando por trás.
– Uhum, bem eu que tive um ataque ontem a noite. - Rebateu.
– Ah ta bom, vou sair qualquer dia desses e chegar em casa as 3:30, sem
atender o celular ou ligar para avisar onde estou. - Ele voltou-se para mim e me
beijou.
– Eu coloco toda a polícia da Califórnia atrás de você. - Murmurou me
fazendo rir.
– Rum... - Bernardo fez coçar a garganta, nos fazendo rir e eu me afastar de
Edward.
– Quer um beijo também primogênito?- Questionei o abraçando e enchendo
de beijos, o deixando com vergonha.
– Melhor você ir para a sala, quando estiver pronto eu chamo. - Murmurou me
fazendo rir mais.
– Ok, continuem cuidando bem da cozinha. - Eu até tentei ir, mas Edward me
puxou.
– E o meu beijo? - Sorri e fiz o que ele queria. - Eles trouxeram tequila... -
Contei para ele que sorriu.
– Vai querer me arrastar para Vegas para renovarmos os votos? - Questionou
me fazendo rir.
– Quem sabe? Acho que hoje é um bom dia para praticarmos... - Meus olhos
diziam para ele o quê e ele sorria sacana.
– Vou pedir para Esme ficar com eles. - Nossa conversa era murmurada.
– Alice já pediu, não se preocupe com isso. - Ele riu.
– Mal posso esperar. - Murmurou me roubando um beijo.
– Somos dois. Agora eu vou, tem gente resmungando. - Lhe dei outro beijou,
baguncei os cabelos de Bernardo e voltei para a sala, onde Emmett tinha ligado o som
e Lady Gaga cantava.
Como minha poltrona estava vazia, eu voltei a sentar lá.
– E aí, qual os planos para seus próximos 365 dias? - Alec questionou.
– Não sei... Mas o Brasil e mais um filho fazem parte do plano. - Ela sorriu.
– Angelina Jolie que se cuide. - Alice fez o comentário.
– Segundo Jully teremos que comprar um ônibus. - Contei os fazendo rir.
– Eles não tem ciúmes um do outro? - Jack questionou.
– Depende do dia, tem dias que eles se implicam muito e eu fico quase louca,
tem dias que se amam e se defendem, e tem dias que cada um fica na sua, esses
geralmente são os dias que estou de TPM. - Eles deram risada.
– Oh, lá vem o mais tímido. - Alec comentou, acompanhei com os olhos
Bernardo se aproximar e vir ao meu encontro.
– Estavam falando de mim? - Questionou comigo.
– Porque estaríamos falando de você? - Devolvi a pergunta.
– Porque pa... - Ele freou o que ia dizer. - Deixa para lá. - Ri da vergonha dele
e o puxei para mim, o fazendo sentar nas minhas pernas.
– Porque pais gostam de falar dos filhos? - Questionei se era aquela pergunta.
– Algo assim. - Murmurou com as bochechas vermelhas.– Edward pediu para
avisar que está praticamente pronto. - Mudou de assunto.
– Emm, Jasper? - Os chamei. - O almoço está pronto, como sei que são os
mais envergonhados, por favor, puxem a fila. - Não precisei pedir duas vezes, eles
logo agilizaram uma fila e quase todos foram se servir.
– Verdade que vamos para o Brasil? - Bernardo sim sabia falar Brasil, pelo
menos ainda sabia, restava saber até quando.
– É, se Edward aceitar... - Ele riu.
– O dia que Edward não aceitar algo que você queria, me avisa, porque Deus
vai estar na terra, fazendo o julgamento final. - Ele me fez sorrir.
– E você, o que acha da ideia? - Ele sorriu.
– Acho que vai ser legal ir para o Brasil com você. Já faz algum tempo... -
Murmurou a última parte.
– Quase oito anos para sermos exatos. - Ele concordou com a cabeça,
enquanto me olhava parecendo decidir se dizia algo ou não.
– Vocês dois são muito parecidos. - Angelina que estava por ali, comentou e
Bernardo pareceu desistir do que diria.
– É o que dizem... Esses cabelos estão dando uma clareada agora, talvez
também fiquem parecidos com os meus. - Comentei sorrindo, enquanto passava as
mãos por seus cabelos.
Ele sorriu sem humor e eu o olhei sem entender.
– É tão estúpido pensar... - Ele murmurou. - que você um dia foi minha...
irmã. - O final da frase ele quase murmurou.
– É, depois que descobrimos pareceu sempre tão óbvio. - Ele concordou com
a cabeça. - Ainda sente falta de casa? - De Renée, era aquilo que eu queria perguntar.
– A minha casa é aqui, ou qualquer outro lugar que você vá morar. - A
resposta dele me fez sorrir, e abraçá-lo apertado. Por incrível que pareça, ele
retribuiu.
– Amo você, Isa... - Murmurou sem me largar.
– Eu também amo você filho, amo muito. - Quando abri meus olhos e o
larguei do abraço, encontrei com Charlie e Edward parados nos encarando. Charlie
sorriu abertamente.
– Meus dois pequenos guerreiros. - Murmurou, nos fazendo sorrir.
– Não vão almoçar? - Edward questionou e Bernardo levantou-se me
estendendo a mão.
– Caso tenha ficado realmente bom, eu passo o cargo para vocês dois. -
Bernardo olhou com cara de: estamos ferrados, para Edward que riu e passou o braço
ao redor do pescoço do garoto.
– Seu filho leva jeito para a coisa, acho que não foi só fisicamente que ele
puxou a você. - Edward elogiou, o fazendo sorrir.
– Nem tenta me passar o cargo, cara. A ideia de cozinhar foi sua, eu só ajudei.
- Acabei rindo ao vê-lo se esquivando.
– Ok, eu vou almoçar. Dividimos os dias do almoço depois. - Peguei no pé
deles. - Minha cozinha está liberada? - Os questionei.
– Claro amor, ela é toda sua e de Jully. - Claro que a louça sobraria para mim.
– Tá bom, entendi a indireta. - Meu cometário os fez rir. - Vou lá então. Caso
eu não volte até as 15:00 é porque a pia me engoliu. - Eles riram.
– Primeiro vamos almoçar. - Bernardo me puxou pela mão, me rebocando
para a pequena fila que ainda existia e nós dois acabamos almoçando na cozinha,
junto com Jully, Carlisle e Esme.
Eram 15:00 em ponto quando eu acabei com toda a louça e finalmente pude
voltar para sala, junto com minhas ajudantes, Alice e Jully. Pelo que eu pude notar,
eles já tinham começado a diversão com o Cuervo.
Shakira música
– Dormindo o sono da tarde no quarto dele. - Não precisei dar bronca já que
deduzi que eles começaram a brincar depois de Robert dormir.
– Vamos lá Bella, sua vez. Olha, arrumamos até tequileiros. - Acabei rindo
ao ver Emmett e Jasper com chapéis mexicano que eu não tinha noção de onde
surgiram.
– Passo minha vez, deixa para mais tarde. - Rosalie rolou os olhos.
– Meu Deus, eles vão matá-la!!! - Jully parecia preocupada, o que me faz
rir mais.
– Não vão não... - A tranquilizei rindo. Alice levantou-se de lá rindo e
começou a dançar a música que Shakira cantava, Rose que já estava empolgada,
começou a dançar junto, ensinando a coreografia a Alice, me fazendo rir mais ainda.
Quando sentei lá, todos ficaram em silêncio me fazendo rir e lembrar de algo.
– Olá, meu nome é Isabella Swan, eu tenho trinta anos... - Alec gargalhou,
sabendo do que eu estava falando.
– Só estava brincando, cara pálida. Vamos lá, cadê a tequila? - Por algum
motivo todos continuavam quietos e com os olhos em mim.
– Não, nem pensar, eu não vou mesmo fazer isso... - Me defendi antes que
tentassem.
– Está todo mundo reunido e você nunca nos contou direito essa história,
essa é uma boa oportunidade e você só vai precisar falar um vez. - Alice me fez a
olhar incrédula.
– Okay... - Suspirei e levantei a cabeça. - Vou fazer isso por vocês dois,
espero que prestem atenção e jamais cometam essa mesma estupidez, porque
acreditem em mim, a maior parte das vezes, não tem volta... - Os dois assentiram e eu
respirei fundo, tentando organizar os pensamentos. – Não acredito que vão me fazer
chorar, no meu último dia dos trinta... - Murmurei antes de começar.
A primeira droga que eu conheci e usei foi a maconha, isso foi quando eu
tinha quinze anos... Eu estava em uma festa, uns conhecidos me ofereceram, a minha
curiosidade, junto com a minha estupidez e a minha vontade adolescente de “viver a
vida como se não houvesse amanhã”, me fizeram aceitar e experimentar. Afinal,
aquilo era só maconha, maconha não faz mal, quando você quiser, você para. Era isso
que os meus amigos maconheiros diziam.
Eu gostei, gostei da sensação de paz, da calmaria, da tranquilidade que eu
senti usando aquilo... era como se alguém pausasse o mundo e o colocasse para rodar
em câmera lenta... Quando eu estava drogada, eu conseguia diminuir o ritmo,
esquecer quem eu era, relaxar.
Este foi motivo me levou a usar de novo, de novo e de novo, e quando eu
percebi, eu já usava de manhã, essa era a primeira coisa que fazia depois de acordar,
fumar um “fino”; depois, eu fumava outro na hora do intervalo na escola e outro
depois do almoço. À tarde, eu tinha gravações e nós sempre fazíamos uma pausa de
meia hora, nessa pausa eu aproveitava para escapulir e fumar mais um. Antes de ir
para casa tinha outro e antes de dormir mais outro. Em média, eu fumava seis
cigarros de maconha por dia, quando eu tinha festas à noite, esse número passava
tranquilamente para nove.
Tudo piorou quando eu saí da casa dos meus pais e fui morar com meu
namorado, que assim como eu, também consumia, na verdade nós entramos naquela
loucura juntos... Como estávamos sozinhos, sem ninguém para nos vigiar, as coisas
só progrediram.
Nós já estávamos tão acostumados com a maconha que mesmo a usando em
grande quantidade, ela já não surtia mais o efeito de antes e aquilo nos fez mudar de
estágio, fazendo a cocaína entrar na jogada... Contudo, a cocaína ao contrário da
maconha, ela acelera você, ela faz você perder o medo, a timidez, faz você se sentir o
dono do mundo... Você fica eufórico, ela te dá a sensação de prazer, faz você ficar
excitado, faz você delirar. Durante a primeira meia hora que você está sobre o efeito
dela, você sem duvida nenhuma, se sente a melhor pessoa do mundo.
No início, eu cheirava um carreiro por dia, no final do dia, quando eu chegava
em casa estressada, eu cheirava para relaxar, para me sentir poderosa ou sei lá... Só
que o problema da cocaína, assim como o da maconha, é que a medida que seu
organismo vai se acostumando, os efeitos vão diminuindo e levam você a usar mais e
mais. Isto é um ciclo continuo que aos poucos vai tornando você, cada vez mais
dependente daquilo e foi o que aconteceu comigo.
Dois meses depois que eu comecei a usar a droga, eu já não conseguia cheirar
só um carreiro, eu já cheirava três - de manhã, meio dia e à noite e, como o consumo
foi aumentando, eu fui me perdendo do mundo. Comecei a faltar aulas, faltar ao
trabalho, comecei a ignorar meus pais, meus amigos e todo mundo que se importava
comigo. A verdade é que eu cheguei num ponto que eu não me importava com mais
ninguém, eu só me importava com a droga, eu passei a viver para ela em função dela.
Jane, mesmo nunca tendo ouvido da minha boca: “eu cheiro cocaína”, ela
com certeza sabia que eu cheirava e ela praticamente me implorar para que eu
parasse, antes que aquilo acabasse me matando... mas não, eu não queria parar, eu
queria continuar, eu queria sentir cada vez mais aquela sensação de poder e eu passei
a não querer mais sentir aquilo só as vezes. Não, eu queria sentir sempre, era tão
bom, tão mágico que eu não entendia porque me diziam que fazia mal, porque na
minha cabeça, não fazia mal, fazia bem, muito bem, melhor do que qualquer outra
coisa no mundo, então para que parar? Pelo contrário, eu queria mais e mais, eu
queria me sentir daquele jeito vinte e quatro horas por dia.
O dia que eu quis parar de verdade, foi quando cheguei em casa e encontrei
Jane, sentada no meu sofá, dando risada do azul da TV. Não foi difícil eu perceber
que ela tinha fumado um dos cigarros de maconha que tinha lá em casa... Eu fiquei
muito possessa com aquilo, lembro de ter juntando todos os cigarros de maconha que
tínhamos em casa e ido até o banheiro, os jogando na privada... Eu não queria que ela
fumasse aquilo, não queria que ela sequer se aproximasse daquilo tudo, porque eu
tinha em mente que era bom única e exclusivamente para mim, não para ela. A ideia
de vê-la drogada me atordoava. Jane não combinava com aquilo, com aquele mundo,
com aquela vida louca, e nós acabamos discutindo por causa desse assunto... Por fim,
ela me fez prometer que eu pararia.
Eu “tentei” até a droga começar a fazer falta, eu surtar e ter uma crise de
raiva, o que me fez arranhar os braços e o rosto de Jacob, eu saí no tapa com ele, sem
ao menos explicar para ele o que eu queria, o porque de estar fazendo aquilo...
Naquele dia, nós nos estapeamos, nos socamos por causa de uma coisa insignificante
que cabe na palma da mão... Depois de brigarmos e eu ter cheirado meu carreiro de
pó, eu resolvi tomar banho e acabei parando na frente do espelho, a imagem que eu vi
refletida lá, ela me deixou em choque... A pessoa que refletia lá tinha hematomas pelo
corpo, era magra ao extremo, tinha uma cor estranha, de pessoa doente, e olheiras
profunda... Aquela pessoa ninguém mais era do que eu, ou o que tinha sobrado de
mim... O meu nariz estava machucado, na verdade ele estava todo arrebentado por
dentro, às vezes quando eu acordava, encontrava o travesseiro cheio de sangue... A
minha boca estava cortada, o meu pescoço tinha a marca das mãos de Jacob...
resumindo, eu estava um lixo... um lixo humano. Eu tinha acabado de completar
dezessete, mas eu tive certeza que uma pessoa de trinta e sete, com certeza tinha uma
aparência melhor do que a minha.
“O que você fez com a sua vida, Isabella?” Foi o que eu murmurei para
aquela imagem quase irreconhecível. Aquela imagem me incomodou tanto que eu
não consegui me olhar por muito tempo e quando eu baixei os olhos, eles acabaram
parando em um pacote de absorvente em cima da pia e, de repente, eu estava
pensando a quanto tempo eu estava sem menstruar... Como eu não tinha mais noção
de tempo, eu não conseguia ter certeza se fazia mais de um mês e como a cocaína
estava acabando com a minha memória, eu não conseguia mas nem lembrar da última
vez que eu fiz aquilo.
Resolvi esquecer aquela paranoia e fui para o meu banho, quando eu saí e fui
até a cozinha, senti o cheiro de macarronada que Jacob estava fazendo, aquilo me fez
correr para o banheiro e vomitar... De novo, quando eu fui lavar a boca, eu vi o
pacote de absorventes. Aquilo começou a martelar na minha cabeça e eu não
consegui mais pensar em nada o resto da noite.
Então, sete horas da manhã do dia seguinte, eu estava coçando o nariz,
batendo as mãos impacientes e olhando para todos os lados, esperando a clínica abrir
para eu fazer o exame de gravidez.
Naquela semana de espera pelo exame, eu tentei usar o mínimo de cocaína
possível, mas não deu muito certo, eu não conseguia nem diminuir. Lembro que antes
de ir buscar o exame, eu cheirei mais um para caso fosse o último, eu tivesse tido
uma despedida.
Sim, o exame deu positivo e me deixou completamente perdida, sem saber o
que fazer. Eu oscilava entre a felicidade e o desespero. Não me imaginava com um
filho, eu era muito irresponsável até para ter um gato, imagina então um filho e eu
ficava me perguntando, como eu vou cuidar dele? Como vou alimentá-lo, dar banho,
pôr para dormir, como eu vou me comunicar com ele, se ele não vai entender
nenhuma palavra do que eu digo?
Eu fiquei alucinada com aqueles pensamentos, quase arranquei meus cabelos,
eu comecei a andar sem rumo, igual a uma pessoa louca, fora da realidade e minhas
pernas acabaram me levando para um parquinho... Eu sentei lá e eu fiquei observando
as crianças brincarem, meus olhos acabaram parando em um menino que não deveria
ter mais de três anos... ele estava fazendo um buraco na areia e acho que uma formiga
grudou na mão dele, o que o fez levantar-se assustado e correr até a mãe que sorriu e
tirou a formiga de lá. Depois disso, ele abraçou e beijou muito ela, como se ela fosse
a mulher maravilha, sabe? E eu não sei... ali eu vi que não me importava como, nem
o quanto eu iria penar, mas com certeza, eu largaria aquela vida maluca e eu
aprenderia, aprenderia a ser mãe. Porque eu me via ali, sabe? Eu via eu e meu filho,
no lugar da mulher e da criança, e de repente eu estava correndo... Sério, eu corri,
corri muito e sem parar, até a casa de Jane.
Eu estava com medo de mim mesma, porque sabia que não ia conseguir
sozinha e sabia que quanto mais tempo eu ficasse sozinha, maiores seriam as chances
de procurar por outro carreiro de pó. Eu invadi a casa dos meus tios completamente
alucinada, passei por eles sem ao menos dizer um oi, expulsei o namorado de Jane do
quarto e me tranquei lá com ela.
No começo, ela não me deixou falar, me deu bronca por eu estar drogada já de
manhã e repetiu o mesmo de sempre: “Isso vai acabar matando você, Isabella” e
então, para ela calar a boca e me escutar, eu tive que ser a mais direta possível
“Eu estou grávida”, foi a primeira frase que consegui dizer...
Jane sempre pareceu saber o que as pessoas pensavam, sem que as mesmas
precisassem dizer, ela me olhava por um minuto e conseguia saber... Eu sempre quis
perguntar para ela, como ela adivinhava, mas sempre acabava deixando para o outro
dia, o que eu não sabia é que o outro dia, ele não existe... Ela ligou para o meu pai,
me mandou tomar banho e me deu roupas limpas e não pretas. Quando eu saí do
banho, ela estava me esperado, sentada na cama com uma bandeja com dois
sanduíches e um copo de suco de laranja e nós não saímos de lá sem antes eu comer
tudo... Depois ela me rebocou para fora do quarto, disse para tia Júlia e tio Billy que
eles precisavam vir connosco e rebocou nós três para casa de Charlie.
Eu nunca vi os olhos do meu pai tão tristes, vazios e decepcionados como eu
vi naquele dia, acho que ele não escutou metade das coisas que eu contei, acho que
ele criou uma barreira, sabe? Para não escutar o quão longe eu tinha ido por causa das
drogas.
Acho que não existe decepção maior para um pai, saber que a filha mentiu,
manipulou, roubou e vendeu a maioria dos móveis que tinha em casa para comprar
drogas. Quando ele ouviu que eu estava grávida, os olhos dele ficaram ainda mais
desesperados, era como se ele me perguntasse: “E agora? O que você vai fazer om
um filho? Você não passa de uma irresponsável droga, como vai conseguir criá-lo?”.
Fiquei com vergonha, vergonha de olhá-lo nos olhos, vergonha de encará-lo,
de falar com ele, acho que demorou uns bons meses para eu conseguir levantar a
cabeça e encará-lo...
Não existe nada, nada mesmo, pior do que a reabilitação... Acho que se existe
mesmo inferno, com certeza ele é parecido com aquele lugar! Eu fui para lá naquele
mesmo dia, eles me deram roupas brancas, me explicaram os procedimentos e me
trancaram em um quarto branco, lá tinha uma cama, um travesseiro e tinha um
banheiro.
Quando a droga começou a fazer falta, eu comecei a ficar irritada e comecei a
gritar para me tirarem de lá, e como ninguém aparecia a minha irritação aumentou, eu
comecei a socar a parede, a porta e a gritar desesperada para que me tirasse de lá ou
que me trouxessem um carreiro de pó. Ao perceber que não adiantava exigir, eu
comecei a implorar, caí de joelhos no chão e comecei a chorar, a pedir por favor, pelo
amor de Deus, que me dessem umas gramas de cocaína... Tudo piorou quando eu
comecei a ver coisas que não existiam... Eu via pessoas deformadas, monstros rindo
de mim e tentando me pegar, e na tentativa de afastá-los de mim, eu me batia, me
arranhava, me estapeava. Eu não conseguia mais saber que aquilo não era real, que
era só o efeito da abstinência, não conseguia mais raciocinar, tudo que eu sentia era
medo, raiva e angustia... Quanto mais eu gritava, mais aqueles pessoas riam de mim e
me assombravam, e como não me trouxeram o que eu queria, comecei a procurar por
lá mesmo, só que não tinha nada lá, então eu fui para o banheiro e lá eu encontrei um
sabonete. Eu raspei ele freneticamente na parede, quando eu fiz um montinho para
cheirá-lo, dois enfermeiros chegaram me impedindo... Eu não sei como, mas eu me
debati tanto que eu consegui me livrar dos dois, foi preciso de mais dois, para
conseguirem me segurar.
Depois que eles pegaram o sabonete e qualquer outra coisa que eu pudesse
destruir para cheirar, eles foram embora e me deixaram lá, sozinha de novo. Eu
continuei brigando com os monstros, gritando, batendo nas paredes, até que resolvi
vomitar, acho que eu vomitei o quarto todo, o que me fez querer tomar um banho...
Sentei lá, debaixo da água fria, com a cabeça apoiada na parede e os olhos fechados...
a última coisa que eu lembro, foi de ter uma convulsão, depois disso acho que
apaguei ou me doparam, eu não sei, nem nunca questionei...
Quando eu acordei, eu continuava em um quarto branco, mas tinha uma
enfermeira ao meu lado, e tinha um soro no meu braço, ela explicou que eu estava
fraca, falou da convulsão e que as vinte e quatro horas que eram as piores, já tinham
passado e prometeu que quando eu estivesse um pouco mais forte, eu poderia sair de
lá e me juntar aos outros.
No final daquele dia mesmo, isso aconteceu e eu pude conviver com as outras
pessoas, ganhei um quarto normal e algumas tarefas. Naquele dia, quando voltei a ver
um sabonete e não tive vontade de raspar para cheirá-lo, eu me senti feliz, na verdade
me senti feliz ao sabe que estava a vinte e quatro horas limpa.
Parece idiotice, mas nos primeiros meses, cada dia que você vence, é como se
você tivesse ganho um título... A abstinência serve para livrar seu organismo da
droga, mas não é porque seu organismo se livrou daquilo, que você não sinta mais
vontade de usar, porque sente. Você só não necessita mais daquilo, mas continua
tendo vontade, com o tempo ela diminui, mas sumir por completo, ela nunca vai...
Eu fiquei lá por quase oito meses e, por fim, os médicos, pacientes e Jane, me
convenceram que estava na hora de sair, me convenceram que eu conseguiria e que
seria legal eu terminar a gravidez em casa e ir me acostumando com tudo.
Fui morar com meus pais, para sequer correr o risco de voltar a usar drogas,
porque se eu voltasse para casa, eu tinha certeza que não conseguiria e voltaria para
aquela loucura. Eu me sentia segura na casa de Charlie, com ele me vigiando vinte e
quatro horas por dia, parece estranho, mas eu gostava de ser vigiada, eu gostava de
tê-lo lá comigo, porque eu sabia que ele não me deixaria fraquejar.
O primeiro dia que eu passei algumas horas longe de Charlie foi dia 13 de
setembro de 2005, dia do meu aniversário de dezoito anos. Renée me deu um carro,
Jane me convenceu e convenceu Charlie a me deixar ir em uma festa que ela estava
dando para mim. - Aquela era a parte mais difícil de toda a história, fiz uma pausa e
puxei o ar, tentando não chorar, mas eu sabia que seria inevitável.
– E nós fomos, no meu carro. - Minha voz já tinha embargado e a primeira
lágrima caiu. - Eu não fiquei mais de uma hora lá, acabei discutindo com Jacob e
resolvi vir embora... Jane vendo como ele estava descontrolado, resolveu vir comigo.
Tudo correu bem até metade do caminho, quando ela resolveu tirar o cinto
para pegar a bolsa que estava no banco de trás e foi aí que bateram atrás do carro.
Quando olhei pelo retrovisor, vi que era Jacob, como não tinha acostamento, eu
resolvi acelerar para tentar fugir, só que o carro dele era mais rápido e ele encostou do
meu lado e me fechou... Eu consegui retomar o controle na primeira batida, mas não
consegui fazer o mesmo na segunda, nós capotamos e eu desmaiei.
Quando voltei a acordar, eu estava de cabeça para baixo, presa pelo cinto de
segurança, quando olhei para o lado e não vi Jane, eu me apavorei mais do que já tava
apavorada e quando olhei para frente e vi o corpo dela jogado a metros dali... -
Balancei a cabeça, tentando me livrar das imagens que invadiam minha mente. - Não
faço ideia de como me desprendi daquele cinto, nem de como me arrastei até ela, mas
eu fiz e eu cheguei a tempo de encontrá-la com vida. Eu apoiei a cabeça dela nas
minhas pernas e ordenei que ela ficasse acordada, que não fechasse os olhos e que
falasse comigo.
“Viva bem a sua vida Isa e cuide bem do seu filho. Eu amo você.” Essas
foram as últimas palavras dela, acho que eu posso viver mil anos que eu nunca vou
esquecer disso, quando eu fecho os olhos e penso sobre isso, é como se eu estivesse
vivendo isso de novo...
Acho que o desespero, todo aquele sangue, meu e dela que se misturavam, e a
dor que eu sentia pelo corpo, fizeram com que eu desmaiasse.
Quando eu acordei, além de confirmar que Jane tinha morrido, Charlie me
disse que a criança não tinha sobrevivido... Aquilo para mim foi... o fim... Era
demais... muito mais do que eu podia suportar... Era um fardo, centenas de vezes,
mais pesado do que eu podia carregar... Nunca me senti tão desesperada,
desamparada quanto naquele momento, eles precisaram me dopar e amarrar meus
pulsos na cama para não correr o risco de eu arrancar os aparelhos, o soro e fugir. Eu
não tentei nada disso, quando eu acordei, tudo que eu sentia era um vazio sem fim e
uma vontade enorme de fechar os olhos para sempre, de morrer, de não pensar mais.
Tudo que eu queria era que meu cérebro parasse de funcionar para que eu pudesse
esquecer de toda a minha miserável vida, esquecer de como eu tinha acabado com
tudo...
Eu não via mais motivos para continuar viva, eu pensava em tudo o que eu
causei e aquilo fazia eu sentir vontade de me matar, eu não merecia a vida, não
merecia estar viva, porque as pessoas que eu amava, elas tinham morrido por minha
causa, minha irresponsabilidade e eu me perguntava: Porquê? Porque elas e não eu?
Fui eu a errada, eu quem me meti em toda aquela merda, porque então elas que
tinham que pagar? Que Deus mais injusto era aquele? Naquele dia, eu briguei com
ele, cortei relações e passei a duvidar da sua existência.
Quando eu saí do hospital, fiz Renée parar no apartamento que eu tinha com
Jacob e a convenci a me deixar subir sozinha. Lá, eu cheirei três carreiros de pó, um
seguido do outro, eu sabia que aquela quantidade me faria ter uma overdose, assim
como sabia que a maioria das vezes, overdose é fatal... Teria dado certo, se Renée não
tivesse aparecido a tempo, ela acionou a emergência, eles chegaram rápido e eu voltei
para reabilitação. O tempo que eu fiquei lá, eu fiquei bolando um plano mais eficaz
de morte, porque com certeza, eu não conseguiria mais tão fácil, acesso a drogas. -
Sequei as lágrimas que nublavam minha visão e levantei os olhos, encarando
Bernardo que tinha os olhos cheios de lágrimas.
– Lembro que uma vez você me perguntou, como eu machuquei meus pulsos.
- Mostrei os pulsos para ele, que piscou, deixando as lágrimas escaparem.
– Eu cortei... Nós estávamos com visita em casa, o que fez Charlie desgrudar
de mim, consegui passar despercebida pela sala e fui até a cozinha, peguei uma faca e
praticamente corri até o banheiro. Lá eu cortei, primeiro o direito, depois o esquerdo,
mas de novo não deu certo porque a visita me viu com a faca na mão e Charlie
arrombou a porta do banheiro, antes mesmo de eu desmaiar.
Depois de um acidente, uma overdose, de cortar os pulsos e continuar viva, eu
desisti de morrer. Conclui que era melhor mesmo, eu continuar viva e sofrer pelas
coisas que eu causei, eu merecia sofrer, eu merecia aquilo, merecia aquele tormento,
aquelas lembranças... Aquela era a minha merecida sentença e, finalmente, eu a
aceitei e decidi esperar a morte...
Sonhei por todas as noites, por mais de quatro anos seguidos, com aquele
acidente, nunca consegui dormir mais de quatro horas, eu sempre acordava gritando e
as imagens não me deixavam mais dormir.
Eu exclui de todas as maneiras possíveis, o até então, meu irmão da minha
vida. Ele tinha quatro anos, quando eu lhe dei o primeiro abraço e cinco quando eu
fui pela primeira vez no quarto dele. Ele tinha medo de mim, porque eu não falava, eu
não sorria, eu não saía, nem esboçava reações, eu era uma morta viva... Eu falava
com ele somente o necessário, ou seja, tinham vezes que passava o mês e eu não
falava com ele. Eu o ignorava mais do que ignorava os outros, porque sempre que eu
olhava para ele, eu lembrava que eu deveria ter uma filha, com aquela mesma idade,
e eu lembrava da criança beijando e abraçando a mãe no parquinho e lembrava das
vezes que eu sonhei com aquilo. Por fim, lembrava que aquilo jamais iria acontecer...
Ignorá-lo era a forma que eu encontrava de talvez sofrer menos.
Para tentar fugir de tudo, das pessoas, das lembranças, do tormento e ter quem
sabe só um pouquinho de paz, eu vim para cá e aqui, eu encontrei Edward, Jully e os
Cullens, e o resto vocês sabem...
Vocês me devolveram a vontade de viver, devolveram o meu sorriso,
devolveram a minha paz de espirito e eu ganhei uma filha, a que eu não tive... Acho
que foi amor a primeira vista, lembro perfeitamente do dia que nos conhecemos, da
quantidade de perguntas e de promessas que ela me fez fazer. Jully foi responsável
por me devolver a palavra amor, pois foi para ela que eu consegui desengasgar
um “eu te amo”. - Levantei meus olhos e a encarei, a encontrando com os olhos
nublados pelas lágrimas.
– E você não tem noção do quanto eu amo, por você eu espantaria todos os
monstros do mundo. - Ela tentou sorrir, deixando mais lágrimas caírem.
– E achei o amor da minha vida, o homem que me faz feliz, realizada, que me
aceitou, mesmo tendo sofrido um monte por causa de uma história bem semelhante à
minha, mesmo como todos os motivos para desconfiar de mim, ele confiou, me
estendeu a mão e cuidou de mim...
Além de ter me dado Jully, ele me deu Robert que é um dos motivos da minha
existência... e quando eu pensei que eu tinha mais do que eu merecia, eu descobri
você. - Meus olhos voltaram para Bernardo que não controlava mais as lágrimas.
– Meu irmão que morou quatro anos no quarto do lado ao meu e que eu tanto
exclui, era na verdade meu filho, aquele mesmo, que Jane me disse para cuidar bem.
Eu sei que foi difícil, talvez ainda seja, mas você não sabe o quanto eu agradeci e
agradeço a Deus, por ele ter deixado você comigo, eu adoro assistir você dormir, ver
seu peito subir e descer, ver o quão perfeito e saudável você é. Quando eu olho para
você, eu tenho plena certeza que milagres, eles existem. Você é uma prova viva disso.
- O garoto tentava em vão, secar as lágrimas com os braços, Charlie que o
acompanhava nas lágrimas o puxou pelo braço e Bernardo não hesitou, jogando-se lá.
– Eu perdi a minha adolescência para as drogas, perdi a minha dignidade, meu
respeito e eu perdi Jane... Uma pessoa inocente que fez de tudo para que eu parasse,
que me ajudou, me apoiou nos momentos mais difíceis. A cocaína tirou ela de mim,
mesmo ela nunca tendo cheirado uma grama.
É isso que acaba acontecendo na maioria das vezes, quando a droga não rouba
de você a sua vida, ela rouba a de alguém que você ama. Por onde ela passa, ela deixa
dor, tristeza, destruição e, às vezes, você fica tão destruído que não consegue mais...
não sabe mais... - Soltei o ar lentamente.
Às vezes, eu ainda sinto falta e eu acho que isso vai seguir comigo até o fim,
assim como as lembranças do que toda essa história me causou... É engraçado,
porque sempre que eu tenho essa vontade, eu lembro de tudo e de repente, a vontade
some.
Eu não quero e eu não vou mais chegar perto disso, juro para vocês que não,
eu não tive nenhum motivo para começar, mas vocês, meu pai, meus filhos, Edward e
Jane, são meus motivos para continuar longe.
Jane não morreu em vão, assim como Edward não me deu sua confiança em
vão, eu vou merecer isso, juro que vou... E quer saber? Eu quero mais é que a cocaína
vá se foder. - Respirei fundo e sequei as últimas lágrimas, antes de levantar a cabeça e
encontrar Edward parado na minha frente. Ele era o único que já tinha ouvido aquilo,
foi o único para quem eu contei os mínimos detalhes e era o único para quem eu
corria quando a vontade batia e o medo me apavorava.
Ele sorriu e me estendeu a mão, a qual foi pega no mesmo segundo e,
rapidamente, eu me pus de pé.
– Eu tenho muito, muito orgulho de você e da sua força de vontade. Eu sei
que não vai fraquejar, nós estamos juntos nessa e eu não vou deixar você cair. -
Murmurou abraçado a mim.
– Você pode contar comigo sempre, mãe. - Jully transformou o abraço em
triplo.
– Nós amamos você, e nos orgulhamos muito de você, Magrela. - Emmett
também juntou-se a nós.
– E temos ainda mais orgulho de ter você na família. - Foi a vez de Carlisle,
depois veio Rose, Alice, Jasper, Esme, Charlie e Renée. Aquele abraço em grupo me
fez ter ainda mais certeza que eu conseguiria, porque eles seguiriam comigo e não me
deixariam fraquejar. Depois de ser abraçada e confortada por todos, eu fui até meu
quarto, lavar o rosto e respirar um pouco, para depois voltar para a festa. Quando saí
do banheiro, me surpreendi com Bernardo ali, sentado em minha cama e de cabeça
baixa.
– Tudo bem? - Ele balançou a cabeça afirmando. Suspirei e fui até ele, me
sentando ao seu lado. Como eu não sabia o que dizer, só passei meu braço em volta
dos seus ombros e o acompanhei no silêncio.
– Sinto muito... - Ele murmurou aquilo tão baixo, que eu não tive certeza se
foi mesmo aquilo que ele disse.
– Bernardo. - Murmurei tocando em seu queixo para que ele me encarasse. -
Eu quero que prometa para mim que você nunca...
– Eu nunca vou usar isso, mãe. - Mãe? Ele tinha mesmo me chamado de mãe?
Acho que paralisei por alguns segundos, meu coração batia rápido e meu cérebro
repetia aquela frase freneticamente, meus olhos se enxeram de lágrimas e acho que
não tinha mais espaço no meu rosto para meu sorriso.
– O quê? - Acho que eu precisa ouvir de novo, para ter certeza se era aquilo
mesmo. Ele me abraçou e começou a chorar junto comigo.
– Eu nunca vou usar isso, mãe. - Repetiu com a voz mais alta. - Você é a mãe
que qualquer um gostaria de ter, você largou as drogas por mim, fez isso sem nem ao
menos saber quem eu era e eu sei que foi difícil. - Ele murmurava fungando. - E você
sofreu quando pensou que eu estava morto, eu vi isso, vi seus pesadelos todos os dias.
Me desculpe por tê-la feito sofrer, quando disse que não era minha mãe, não é mais
assim que penso hoje, quando a palavra mãe vem na minha cabeça é em você que eu
penso, só em você e em mais ninguém. - Ele murmurava com a voz embargada,
enquanto eu chorava e sorria ao mesmo tempo, ouvindo tudo aquilo.
– Não sabe o quanto fico feliz em ouvir isso. - Consegui murmurar.
– Não sabe o quanto eu fico feliz em poder dizer isso. - Nos soltei, limpei as
minhas lágrimas e as dele, e segurei seu rosto entre minhas mãos.
– Me prometa que nunca vai cometer a mesma estupidez que eu cometi.
Aquilo quase acabou com minha vida Bê, se eu não estivesse ficado grávida de você,
não sei te dizer se estaria viva. - Ele voltou a me abraçar e me aperou forte.
– Eu prometo mãe, prometo. Você tem minha palavra, pode confiar em mim. -
A voz dele saiu embargada.
– Eu confio filho. Eu confio, muito... Eu te amo meu pequeno, te amo tanto,
tanto. - Eu praticamente o esmagava naquele abraço.
– Eu também te amo e confio em você, nunca duvide disso. - Sorri e o beijei,
as três batidas na porta, nos fizeram olhar para a mesma.
– Atrapalho? - Edward perguntou antes de entrar.
– Não. - Murmurei com a voz embargada, Bernardo secou as lágrimas na
jaqueta, olhou para Edward e levantou-se.
– Obrigado por cuidar da minha mãe, cara. - Murmurou antes de abraçar
Edward e as lágrimas voltarem ao meu rosto. - E continue cuidando, eu amo você. -
Murmurou antes de sair dali.
– Ele me chamou de mãe. - Lhe contei, sorrindo entre as lágrimas. Ele sorriu,
parou na minha frente e me estendeu a mão...
– Sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, o garoto te adora Bella.
Ele é um garoto maravilhoso, eu tenho certeza que vai ser um adulto maravilhoso
também. - Murmurou roçando os lábios aos meus.
– É, sei que vai. - Beijei Edward que sorriu e me puxou pela mão.
– Melhor irmos lá para a sala, antes que eu desista. Estão todos esperando por
você, especialmente o Cuervo. Eles não vão desistir antes de você tomar. - Sorri,
pensando no Cuervo.
– Depois que as crianças saírem, eu vou bater um papo muito íntimo com o
Cuervo.
– Eu deveria ter ciúme desse cara, mas foi ele que ajudou você a casar
comigo... Então, eu abro uma exceção. - Edward me fez rir alto. Ao abrir a porta do
quarto demos de cara com Jully, Robert e Bernardo.
– Mãe, pai, estamos indo. - Jully nos avisou.
– Comportem-se bem, os três, nada de brigas, nem de implicâncias,
mostrem que você foram bem educados e não nos envergonhem por aí. - Era sempre
bom lembrá-los daquilo, antes deles irem para qualquer lugar.
– Mãe, nós só vamos no cinema. - A voz sonolenta de Robert, junto com seus
olhos quase fechados, me fizeram ter certeza que alguém acordou ele.
– Rob, desde quando existe lugar para vocês se implicarem? - Ele até abriu a
boca para responder, mas viu que não tinha respostas então calou-se.
-Tá, a gente vai se comportar, eu cuido dos dois. - Jully os fez rolar os olhos.
– Quem vai dar o dinheiro, você ou o papai? - Robert sempre era o responsável
por pedir o dinheiro.
– Quarenta, trinta, vinte... Aqui, cem dólares, fica com você que é o mais
econômico. - Edward entregou a Bernardo que sorriu e guardou o dinheiro.
– Só cem? - Foi minha vez de ficar incrédula com a incredulidade deles. - Com
cem, eu iria no cinema o mês inteiro, vocês acham que dinheiro dá em árvore, por um
acaso?
– Ô mãe, larga de ser casquinha, você é rica... - Robert começou.
– Nem por isso nós precisamos jogá-los fora desse jeito. É aquele velho ditado,
quem guarda, tem. Cem dólares dá muito bem para as entradas, as pipocas e
refrigerantes ou é isso ou nada, escolham. - Era sempre bom impor limites.
– Tá, tá. - O garoto bufou, antes de vir até onde eu estava e levantar os braços,
para que eu o erguesse.
– Tchau mãe casquinha, até depois, e mesmo você sendo assim pão duro, eu
amo você. - Aquele garoto abusado me fez rir.
– Tchau, pai casquinha Cullen. - Ele abriu os braços para que Edward o
pegasse.
– Você vai tipo, sustentar seus netos, certo? - Jully tirou minha atenção de
Edward e Robert.
– Nem nos meus sonhos mais insanos. - Respondi rindo. - Vem cá garota, por
um acaso me acha com cara de avó? Credo, Deus me livre, bate na madeira. - Ela riu
e me abraçou.
– Ainda não, mas quando eu tiver assim uns vinte e sete, trinta, você vai ser. -
Ri incrédula.
– Até lá nós conversamos e eu penso melhor na ideia de avó. Comporte-se e
não tenha um ataque de pelanca com seus irmão em público. - Ela riu.
– Deixa comigo. Tá comigo, tá com Deus. Olha a minha auréola.- Ela fez um
circulo com o dedo, em volta da cabeça.
– Tchau Isa, pode deixar que eu trago o troco. - Bernardo me fez rir.
– Não precisa trazer o troco, gastem esses cem, mas só eles, nada de
presentinhos de Charlie e Renée e nem de Esme e Carlisle. - Ele concordou com a
cabeça.
– Tá, nada de presentinhos de Esme e Carlisle. - Ele me fez rir e ter certeza que
eles chegariam em casa cheios de sacolas.
– Porque tá beijando ele assim? - Robert que ainda estava nos braços de
Edward, questionou.
– Vamos lá, que eles devem estar esperando por vocês. - Avisei, os rebocando
do quarto. Jully me abraçou de um lado e Bernardo de outro.
– Ok, é melhor irmos logo. - Carlisle parecia incrédulo com tudo aquilo, assim
como Renée e Esme.
– Nós voltamos lá pelas 23:00. - Avisou.
– Então a gente já vai, tchau, tchau. - Charlie puxou Jully e Bernardo que riam
e eles foram.
– Agora abre essa boca e não se faça de difícil. - Jasper já estava na minha
frente com um litro de tequila e, depois de rir, eu o obedeci e fiz o que eles queriam.
Quando eu engoli ele sacudiu minha cabeça de todos os lados possíveis,
fazendo os outros gritarem. Imitando Alice da primeira vez que tomou, assim que
Jasper me largou eu sai pulando e me abracei a ela e Rose, e nós ficamos pulando,
enquanto Katy Perry cantava.
– Eu não sou uma Califórnia girl... - Comentei com elas.
– As mais velhas são as melhores, Alice. - Minha resposta com duplo sentido as
fez rir alto.
– Mais tarde você volta, gato! - Ele sorriu largo e me beijou, me fazendo
pendurar os braços em seu pescoço, mas Alice as tirou de lá e Rose de novo, o
separou de mim.
– Vaza Edward, depois é depois. Ela vai estar esperando, não se preocupe. -
Alice continuou.
– É, ela vai ser a mulher de branco. - Rose fez eu olhar para as minhas roupas.
– Eu não tenho nada branco... - Dei uma espiada na calcinha, para confirmar. -
É, nada mesmo.
– Vai lá amor, eu sou a mulher de regata bordo e shorts jeans claro. - Ele sorriu.
– Okay e a bebida? Foi uma dose de tequila e só? Isso não me fez nem cócegas.
- Reclamei, querendo mais.
– Jasper se apossou do litro, vou buscar outro. - Alice estava indo mas eu a
segurei.
– Os litros estão em cima da geladeira, você mal alcança a pia, deixa que a
Rose vai. - Rosalie riu alto, enquanto Alice me mostrou o dedo do meio.
– Nossa, tô vendo que vou começar meus trinta e um com uma ressaca de cão.
- Comentei com Alice.
– Nem pense em fazer isso. Amanhã você tem que estar zerada. - Ela tirou algo do
bolso e me entregou. - Toma isso, é para evitar a ressaca no dia seguinte. - Abri a
embalagem e engoli aquilo sem ao menos água para ajudar. – Edward me disse que
vai te levar em um restaurante chique que abriu a poucos dias, amanhã à noite. Então,
nada de olheiras, nada de aparência cansada, nada de cara de ressaca... Ah e eu te fiz
um vestido lindo, lindo. - Rolei os olhos, não gostando da ideia.
– Vou convencer ele a irmos nesse restaurante outro dia, não estou a fim de sair
amanhã à noite. - Foi a vez dela rolar os olhos.
– Pena que ele já fez reserva e convidou a família toda, ou seja, você vai. - Eu
adorava tanto quando ele fazia as coisas sem me avisar.
– Você vai amar o lugar e não adianta fazer bico, porque eu estou muito
empolgada com esse acontecimento. - De novo, eu emborquei a tequila.
– Ânimo mulher, vamos fazer uma continuação dessa festa lá, amanhã. -
Suspirei e voltei a emborcar o Cuervo.
– Tá né, mas não quero ouvir ninguém cantando parabéns. - Avisei e elas riram.
– Você vai dividir isso conosco ou vai tomar tudo sozinha? - Alice questionou
apontando para meu melhor amigo, Cuervo.
– O quê? - Questionei.
– Está com ciúmes do seu irmão e do seu cunhado? Eles nem tocaram em mim.
- Me defendi abismada. – E me esfregar, eu só me esfrego em você e em mais
ninguém. - Acho que minha voz sacana no final da frase, o fez esquecer qualquer
absurdo.
– Agora dança. Vamos fazer de conta, que você é meu gogo boy,
particular... - Sugeri e ele sorriu sacana.
– Vou buscar tequila. - Bem que tentei me desvincilhar, mas ele me segurou,
esticou o braço e pegou um litro já pelo final em cima da mesinha de canto.
– Abre a boca que eu sirvo você. - Ele puxou os cabelos da minha nuca, me
fazendo sorrir e obedecê-lo.
– Agora engole bonitinho. - Eu tive vontade de rir ao ouvir aquilo, mas como
poderia me afogar, eu fiz o que ele sugeriu.
– Acho que vou ligar para Carlisle e pedir para ele trazer as crianças só amanhã
de manhã. - Respondeu sem deixar eu me afastar.
– Nós não queremos ver uma cena de sexo. - Alice me puxou e eu caí com a
bunda no chão.
– Tira a sua bata Alice. - Ela ordenou, deixando todos sem entenderem.
– Talvez você queira explicar o que quer dizer com isso... - Alice murmurou
incrédula e talvez assustada.
– Tá né, mas jamais digam para alguém que um dia, Alice Cullen fez isso. - Ela
nos fez rolar os olhos.
Emmett e Jasper afastaram a mesa do centro da minha sala, para que nós
pudêssemos deitar lá, Edward e Alice foram para cozinha, atrás de copos, mais
tequilas e cerejas.
Eles voltaram com os copos, cerejas e canudinhos, segundo eles seria mais
competitivo se bebessem a primeira dose de canudinho e, como já não estávamos
mais raciocinando direito mesmo, todos acabamos concordado e achando uma grande
ideia.
Alice também trouxe um litro de Champanhe, que seria dado a dupla campeã.
O combinado foi dez partidas e além do champanhe nós fizemos uma
vaquinha, então a dupla campeã ganharia seiscentos dólares.
Depois de quase meia hora, finalmente a brincadeira começou. Eu ria deitada no chão
da sala, com a tequila escorrendo pelo meu abdômen.
Emmett se afogou tomando no canudinho, o que fez Edward rir e se
desconcentrar, então Jasper acabou primeiro, foi rápido com Alice e com a cereja, e
aquilo fez eles saírem na frente.
Como já tínhamos perdido aquela mesmo, Edward e eu acabamos dividindo a
cereja e um beijo, fazendo os outros reclamarem.
- Agora concentra amor, nós não podemos perder para eles. - Pedi, ele riu e
levantou-se.
– Obrigado a minha mãe, meu pai, meus filhos, o pessoal do trabalho, a minha
mulher gostosa, sem ela eu não teria conseguido. Oprah, um beijo para você também,
papai te ama... - Enquanto ele agradecia, eu ria.
– Manda um abraço pro pessoal da Xurupita, amor. - Pedi pra ele que me
olhou sem entender.
– Vocês ouviram, um abraço pra o pessoal desse lugar aí, se é que ele existe, e
para todo mundo que nos apoiou em mais essa batalha difícil, meu muito obrigado!!!
- Com certeza o subconsciente de Edward, conhecia a Xuxa.
– Nós vamos gastar isso no motel, só vadiando. - Aquela parecia de longe uma
ótima ideia.
Ele mordeu meus lábios e sorriu sacana, aquilo me fez prender os braços em
seu pescoço e pular para cima dele, prendendo minhas pernas em sua cintura, sem
parar de beijá-lo.
- Chega!!! Se larguem para batermos uma foto descente de vocês dois, que
todos possam ver. - Alice pedia, enquanto continuávamos nos beijando e Emmett e
Rose cantando a música.
– Vou bater as fotos assim mesmo. - Ela ameaçou me fazendo rir e parar de
beijar Edward.
Levantei os braços e comecei a mexê-los de um lado para o outro, enquanto
recomeçava a cantar com os outros dois.
– Não vai pôr ela no chão para a foto? - Jasper questionou.
Edward era o único Californiano que eu conhecia, que não tinha medo de
chuva, então os outros logo entraram, nos deixando lá sozinhos.
Como estávamos sozinhos, aproveitamos para dar uns bons amassos, sem ter
que ouvir alguém reclamando, mas por fim, para não cometermos atentado ao pudor,
aos poucos fomos diminuindo o ritmo e tentando acalmar as coisas.
Edward segurava meu rosto entre as mãos, seus lábios sugavam lentamente os
meus, enquanto ele parecia tentar acalmar a respiração.
– Quando eles forem embora, nós vamos fazer mau uso da sala. - Avisou entre
os beijos e eu ri.
– Tô com saudade do balcão da cozinha... - Comentei e ele riu.
– Vamos fazer mau uso dele também, sua safada. - Se dependesse de mim, nós
só não faríamos mau uso dos quartos das crianças...
Edward e eu ficamos na sacada de beijinho e gracinha até a chuva ir embora,
depois disso nós resolvemos entrar e nos deparamos com a sala vazia, pelo jeito os
quatro tinha ido embora sem ao menos nos darem tchau.
– Enfim sós, vou buscar uma cerveja.- Os olhos de Edward estavam cheios
da mais pura malícia e aquilo me animava e muito.
Resolvi dançar, enquanto ele não voltava com a cerveja. Meus olhos estavam
fechados e eu requebrava conforme a música, indo quase até o chão, me sentindo a
verdadeira Gaga, cantando e dançando, até que de repente a música foi interrompida.
Abri os olhos e olhei para o som procurando o problema, quando vi que o problema
foi Edward ter desligado. Bufei em protesto.
– Ah Edward, eu estava ouvindo. - Reclamei e ele sorriu.
– Faz tempo que eu não ouço uma música. - Ele abriu um sorriso sacana e
apertou o play. - E eu gostaria muito de relembrá-la com você. - O meu sorriso saiu
mais sacana do que o dele, ao perceber de que música se tratava.
Rapidamente fui até a mesa de centro onde Alec tinha esquecido a caixa de
cigarros. Eu não fumava mais, parei na gravidez de Robert, mas já que
relembraríamos os velhos tempos, o cigarro tinha que fazer presença. Não precisei ir
muito longe para acendê-lo, já que o esqueiro estava dentro da caixa. Traguei
lentamente para depois encarar Edward que parecia acompanhar cada movimento
meu, dei mais uma tragada e fui até ele, o empurrei contra a parede e me posicionei
entre suas pernas.
http://www.youtube.com/watch?v=XNmccXdKLZs
Era o que ele cantarolava sem nunca tirar os olhos dos meus, mordi meus
lábios com força antes de começar a dançar na frente dele.
- Assim eu não vou conseguir aguentar, Bella. - Ri ao lembrar que ele disse o
mesmo, anos antes. Dei mais uma tragada no cigarro, antes de jogá-lo no chão. Com
as mãos livres, eu as subi pelo seu corpo e as prendi em seu pescoço, antes de soltar a
fumaça em sua boca.
Eu não sabia o que fazer, o que dizer e aonde enfiar a cara. Os dois talvez nem
soubessem mais como se mover, já Edward estava tão entretido que pelo jeito não
tinha ouvido a voz da garota.
– Edward, chega. - Eu achei minha voz e a fiz soar séria, ele não me obedeceu.
Colei meu corpo no dele, para Bernardo e Jully não me vissem, mais do que já
tinham visto.
– Edward, para. - Ordenei de novo e puxei seus cabelos. - Jully e
Bernardo, estão assistindo. - Aquelas palavras mágicas o fizeram parar e levantar a
cabeça.
Eu não sei quantos minutos de silêncio houveram, mas acho que pelo menos
um, houve.
– Muito bem, venham até aqui. - A voz de Edward soava nervosa, me deixando
ainda mais tensa.
– Ela está bem? - Ouvi Jully murmurar a pergunta. Depois de respirar fundo
algumas vezes, eu tirei as mãos na frente do rosto e levantei a cabeça, os encarando.
Os dois tinham as bochechas vermelhas e Bernardo não tinha coragem de me
encarar.
– Mas que diabo... - Edward esbravejou. - Vocês não deviam estar no cinema?
O que diabos estão fazendo aqui? - Continuou a esbravejar.
– Calma Edward, calma. - Resolvi interferir, afinal a culpa não era deles. Passei
os dedos pelos cabelos, em sinal de nervosismo.
– Okay, vocês ainda não são adultos para compreender certas coisas, mas
também não são mais tão crianças para ainda acreditarem em cegonhas, certo? -
Bernardo afirmou com a cabeça, já Jully levantou o polegar.
– Certo... O que eu quero dizer é que nós somos casados e essas coisas... - Oh
Deus, eu só queria um buraco para pôr minha cabeça.
– O que a mãe de vocês quer dizer, é que é para vocês esquecerem o que viram
e ouviram, façam de conta que não aconteceu e se um dos dois pensar em pôr em
prática, o que presenciaram antes de completarem pelo menos dezessete, eu deixo de
castigo até os vinte e um, estão entendendo? - Eles voltaram a afirmar com a cabeça.
– Olha só... - Tentei de novo. - Nós fomos irresponsáveis de ter começado isso
aqui na sala e não no quarto, mas eu só quero que entendam, que o que estávamos
fazendo aqui, são coisas que acontecem entrem um casal, mas é claro que tudo tem
seu tempo, entendem?
– Ô mãe, se vocês estão preocupados quanto a eu resolver imitar essa cena com
algum garoto da escola, pode ficar tranquila. Eu... eu... olha, sinceramente, não sei se
um dia eu quero fazer isso... Quer dizer... É tudo tão... constrangedor. - A garota
murmurou. – Olha só, eu entendo o que estava acontecendo e sei que nenhum de nós
veio da cegonha, assim como meus ouvidos continuam bons e o quarto de vocês é ao
lado do meu, então... - Ela me arriscou uma olhada. - Mesmo que eu tente, às vezes...
vocês... se expressão alto. - Ela voltou a ficar vermelha.
– Faço das palavras da Jully, as minhas. - Bernardo não levantava os olhos do chão. -
Não é porque vimos que vamos sair por aí imitando, nós não temos idade muito
menos coragem para isso. - Ele ficava cada vez mais vermelho, a medida que as
palavras iam saindo. - Olha, não se preocupem com isso. Nós sabíamos que
acontecia, eu também tenho ouvido e meu quarto fica na frente do de vocês. Eu só
acho que vocês deveriam lembrar que tem filhos, e mesmo que estejam sozinhos em
casa, deveriam pensar que um de nós pode sempre acabar aparecendo e eu acho que
não seria legal se Robert visse isso. - Ouve um minuto de silêncio. Bernardo tinha nos
dado bronca e tanto eu quanto Edward, sabíamos que ele tinha razão.
– Ok... vocês tem razão e nós sabemos disso. - Resolvi encerrar a conversa, já
que estava tudo entendido. - Nos desculpem pelo o que viram e ouviram, jamais
imaginávamos que vocês apareceriam. - Eu ainda estava sem jeito.
– Sem problemas. - Jully parecia aliviada pela conversa ter chego ao fim.
– Er... estamos indo então. - A garota era a porta voz. - O quarto de vocês é o
último do corredor, fica no lado esquerdo e qualquer coisa, nos liguem. - Depois de
dizer isso, ela puxou Bernardo pela mão e eles se foram. Ao ouvir a porta sendo
fechada, eu soltei um longo suspiro e encarei Edward e, mesmo não querendo, eu
comecei a rir, segundos depois ele me imitava.
– Acho que estou rindo de nervosa. - Eu podia apostar que ainda estava
vermelha.
– Graças a Deus, Robert resolveu não subir junto. - Balancei a cabeça,
concordando com Edward.
– Nós precisamos de uma casa Edward, me deixa fazer isso. - O machismo de
Edward se recusava a me deixar comprar uma casa. Ele dizia que quem compraria a
casa seria ele, por aquele motivo ainda morávamos no apartamento que Carlisle nos
deu.
– Não vamos entrar nesse assunto agora. - Ele rapidamente levantou-se do
sofá e me pegou no colo. - Vamos continuar o que estávamos fazendo. - Sugeriu me
beijando, me impossibilitando de dizer qualquer coisa e me carregou para o quarto,
dando continuidade ao que as crianças tinham interrompido...
~~*~~
– Acorda mãe, acorda, acorda, acorda acorda acorda!!! - Os gritos empolgados
e os pulos de Robert na cama, me tiraram da inconsciência. - Anda dorminhoca,
acorda, se mexe, abre esses olhos. - Ele continuou, mas eu tinha muita preguiça para
fazer o que ele queria, então só sorri. – Acordou? - Ele jogou-se em cima das minhas
costas e me abraçou.
– Rob, me deixa dormir mais um pouquinho. - Continuava imóvel, minha voz
não passou de um murmurio.
– Você já dormiu um monte, já são quase onze, nós já chegamos da casa do vô
e você tá aí desse jeito ainda. Como ainda está com sono? - Ele insistiu.
– Vai ver é porque ela foi dormir de dia. - Pelo jeito, Jully também estava por
ali.
– Porque ela iria dormir de dia? - O garota não entendia.
– Serão extra. - Constatei que meus três filhos estavam ali e antes que a
inocência de Robert fosse embora, eu abri os olhos, para em seguida, tirar o garoto de
cima das minhas costa, foi só eu me virar de barriga para cima, para ele voltar para
cima de mim.
– Acordou? - Ele questionou me analisando, acabei sorrindo por ver Edward
no meu filho. Os cabelos, os olhos, o jeito de me olhar e de sorrir, era tudo idêntico
ao do pai.
– Você fica cada dia mais parecido com o seu pai. - Ele sorriu torto e colou a
testa na minha.
– Meus dentes de coelho são iguais aos seus. - O comentário dele me arrancou
uma gargalhada. - E eles dizem que eu sou tão guloso quanto você.
– Alguma coisinha tinha que parecer comigo, certo? - Eu o abracei apertado.
– Você sabe que dia é hoje? - Eu me fiz de desentendida.
– Domingo? Dia de dormir até mais tarde, o que acha de dormirmos, bem
abraçadinhos? - Sugeri. Ele levantou a cabeça para me encarar.
– Mãe, presta atenção, hoje é o seu aniversário. - Ri do jeito incrédulo dele.
– Eu não gosto de lembrar disso. Eu estou ficando velha, sabia que eu já
encontrei cabelos brancos? É depressivo ter que passar dos trinta. - Ele rolou os olhos
pela minha reclamação.
– Você parece minha dinda, quando reclama assim. - Jully caiu na cama,
vindo para o meu lado, eu ainda estava envergonhada pelo flagra do dia anterior, já
ela parecia ter superado.
– Vai reclamar também, quando chegar nessa idade. - Ela sorriu e balançou a
cabeça negando.
– Vai Robert, deseja logo o feliz aniversário e desocupa, antes que eu te
expulse daí. - Ela resmungou com o irmão, me fazendo sorrir.
– Chata. - Ele murmurou, antes de me encarar. - Feliz aniversário mãe, você é
a melhor mãe do mundo, eu amo muito você, eu vou morar com você para sempre e
vou cuidar de você para sempre. - Eu me derreti ouvindo aquilo.
– Obrigada Rob, eu também amo muito você e eu sou a mãe mais feliz do
mundo, por ter os melhores filhos do mundo. - Ele sorriu e juntou os lábios aos meus,
para depois me abraçar apertado.
– Ok, ok, agora chega. Sai que a mãe também é minha. - Jully tirou o irmão
de cima de mim, o que o fez reclamar. Ela o ignorou e tomou seu lugar, vindo para
cima de mim.
– Feliz aniversário mãe!!! Muita saúde, paz, muitos e muitos anos de vida.
Que você trabalhe menos e descanse mais, que os paparazzis deixem você em paz e
que meu pai continue te fazendo feliz e te deixando sem juízo. - Sorri e a apertei em
meus braços.
– Obrigada princesa. Obrigada por tudo, obrigada por existir e por me deixar
ser sua mãe. - Nossa conversa era murmurada.
– Sabe, eu já não lembro de muitas coisas dos meus quatro, cinco anos, mas
acho que nunca vou esquecer daquela noite que eu fui atrás de você na piscina.
Lembro que eu fiquei pensando em um jeito, de fazer você ficar para sempre. - Sorri
e beijei o topo da cabeça dela.
– Você foi uma das grandes responsáveis em ter me feito ficar e, se depender
de mim, o para sempre ainda vai ser pouco. Eu amo você Jú e eu não gosto quando
você começa com a história de preferido. - A senti rindo, quando ela levantou, vi que
seus olhos estavam cheios de lágrimas.
– Eu também amo você mãe, acho que foi amor a primeira vista. - Sorri e
passei meu dedo no rosto dela, limpando a lágrima que caiu.
– Tenho certeza que foi. - Ela sorriu e beijou minha testa.
– Só digo que ele é o preferido para irritar você. - Depois de dizer isso, ela
rolou para o lado, saindo de cima de mim.
– Sua vez Blak. - Ao levantar a cabeça, encontrei Bernado de pé, encostado na
parede, nos observando. Ele me lançou um sorriso envergonhado, para em seguida
jogar-se na cama, vindo para cima de mim.
– Parabéns mãe! - Ele murmurou e enterrou a cabeça no vão do meu pescoço.
– Feliz aniversário, Bê. Muitas felicidades filho, que você continue assim,
esse garoto maravilhoso que você é. Conte comigo para qualquer coisa, qualquer
coisa mesmo. Sempre que precisar de mim, é só me chamar, não importa o lugar que
eu esteja, eu volto correndo. - Ele apertou os braços em mim.
– Obrigado, por tudo. Tudo que já fez por mim. - Ele murmurou. - Você sabe
que eu não sou muito de expressar meus sentimentos, mas eu amo você Isa, nunca
duvide disso e eu concordo com eles, quando eles dizem que você é a melhor mãe do
mundo. - Eu sorri e para não dar uma de mãe chorona, resolvi não dizer mais nada, só
beijei os cabelos negros dele.
– Hey, agora você já pode sair de cima dela. - Robert protestou, já Bernardo
nem se mexeu.
– Ai Robert, tenho certeza que você entrou pelo menos, vinte vezes na fila da
chatice. - Jully implicou com irmão.
– Vinte? Acho que umas cinquenta. - Foi a vez de Bernardo.
– Vocês que são chatos. O que custa sair de cima dela? - Ele questionou
irritado.
Bernardo levantou a cabeça e virou-se para o irmão.
– Hoje é o meu aniversário, então eu tenho mais direito sobre ela do que você.
- Foi o que ele respondeu a Robert, antes de voltar a deitar a cabeça em meu ombro.
– Chato!!! Mãe, manda ele sair. - O garoto fez bico.
– Você pode deitar nas minhas pernas, e Jully, você pode ficar com o outro
ombro. Tem mãe para todo mundo, não quero ninguém brigando por isso. Hoje é meu
aniversário também e tudo que eu mais quero é que vocês não briguem. - O garoto
bufou, mas não voltou a reclamar e fez o que eu disse.
– Nós não vamos cantar parabéns? - O garoto questionou.
– Temos que esperar Edward. - Jully respondeu.
– Estava justamente pensando nisso... Onde está Edward? - Será que aquele
cachorro tinha me abandonado sem ao menos deixar um bilhetinho?
– Serve esse? - Meu olhos se voltaram para porta. Sorri ao vê-lo com a calça
do pijama, minha camiseta de dormir, os cabelos amaçados e uma bandeja enorme
nas mãos.
– É, dá para o gasto. - Minha resposta, o fez fazer cara de incrédulo.
– Não sei se você merece, o que tenho aqui, depois dessa sua resposta. -
Comentou, vindo ao nosso encontro. Ao sentir o cheiro de panquecas invadir minhas
narinas eu suspirei.
– Você é o único que serve. - Minha resposta fez todos rirem.
– E isso não tem nada haver com as panquecas. - O comentário de Jully
arrancou ainda mais risadas.
– Vocês três roubaram minha mulher. - Ele protestou, ao pôr a bandeja com
cuidado em cima da cama.
– Não tá escrito Edward, na testa dela. - Robert me fez rir alto.
– Mas está escrito no dedo. - Ele pegou minha mão, mostrando a Robert, a
tatuagem com o nome dele, na lateral do meu dedo anelar.
– O nosso também está. - O garoto o lembrou e sentou-se. Seu indicador,
apontou para os outros nomes, nas laterais dos outros dedos. Jully estava no
mindinho, Robert no do meio e Bernardo no indicador.
Edward tinha feito os mesmas tatuagens, mas no lugar do nome dele, ele pôs
o meu, obviamente.
– Eu sou dos quatro. Agora, quero todo mundo sentado, porque quero devorar
essas panquecas. - Enquanto Jully sentou, Bernardo rolou para o lado, me
possibilitando de poder sentar. Acabei lambendo os lábios, ao ver aquelas gostosuras,
cobertas de calda de chocolate e ri ao ver uma velinha cor de rosa e outra azul, em
cima das panquecas.
– Só você mesmo. - Comentei sorrindo, para em seguida inclinar a cabeça e
lhe dar um selinho.
– Bom dia amor! - Ele murmurou e me roubou outro beijinho.
– Ele não podia ter começado melhor. - Edward sabia exatamente ao que eu
me referia.
– Rum... - Jully fingiu coçar a garganta, nos fazendo rir e nos afastar.
– Ok, vamos cantar os parabéns para depois atacar. - Meu marido sugeriu, ao
acender as velas.
– Você não vai dizer feliz aniversário para ela? - Robert questionou o pai.
– Já desejei. - “E como.” Foi o que eu pensei.
– É melhor você nem perguntar Robert. - Jully interferiu antes que viessem
mais perguntas, para em seguida puxar a cantoria.
Depois de Bernardo e eu soprarmos as velinhas, nós literalmente, atacamos.
Enquanto os três conversavam, Robert e eu, aproveitávamos para comer. Acabou
sobrando apenas uma panqueca, ele e eu a espetamos ao mesmo tempo, o que nos fez
rir.
– Pode ficar, já estou satisfeito. - Ele rapidamente tirou o garfo de lá.
– Vamos dividir, meio a meio. - Sugeri ao cortar a panqueca, pondo uma
metade no prato dele.
– Vocês dois são magros de ruim. - Foi o comentário de Jully.
– Fala com minha mão, Jully. - Foi a resposta de Robert. Eu olhei atravessado
para os dois, para que eles nem começassem.
– Onde vamos almoçar hoje em? - Questionei, o que fez Bernardo gargalhar.
– Está acabando o café e já pensando no almoço? - Questionou ainda rindo.
– Essas panquecas estão divinas, mas não vão me sustentar por muito tempo. -
Robert levantou o polegar, concordando.
– Verdade, elas mal tapam o buraquinho do meu dente. - Ele me fez rir.
– Fisicamente até pode se parecer comigo, mas de resto, é sua cópia. - Edward
também ria.
– Que tal a gente almoçar no restaurante mexicano? - A sugestão de Robert
me agradou e muito.
– Tô dentro. - Jully amava comida mexicana.
– Hoje vamos deixar os aniversariantes decidirem. - Edward cortou o barato
dos dois.
– Decida Bê, eu aceito qualquer lugar que tenha comida. - Eles voltaram a rir.
– Comida mexicana é uma ótima opção, mas depois do que eu vou te contar,
você não vai querer mexicano. - Mordi o último pedaço de panqueca e o encarei.
– Estou ouvindo.
– Abriu uma churrascaria brasileira, fica bem perto do colégio. Nossa, você
precisa experimentar Isa, é melhor do que a que a gente costumava ir lá no Rio. Com
direito a maionese e tudo. - De repente, a comida mexicana me pareceu
desinteressante ao pensar na churrascaria. Eu sentia tanta falta de um espeto corrido
decente, Bernardo era tão brasileiro quanto eu e se ele dizia que era bom, é porque
era.
– É nesse lugar que nós vamos então. Tem queijo? - Ele riu e afirmou com a
cabeça.
– Tem até abacaxi. - Levantei meus braços em sinal de comemoração.
– Ok, está decidido, vamos almoçar nesse pedaço do céu. Todos para o banho,
quero encontrar todo mundo pronto, lá na sala, até o meio dia. - Eu fui a primeira a
pular da cama.
– Ô mãe, aqueles caras chatos são piores quando você tá. - Robert odiava os
paparazzis.
– Rob, acredite em mim, quando você experimentar a comida, vai ver que
vale muito a pena. - Tratando-se de comida, ele nunca discordava comigo, então foi o
segundo a se por de pé.
– Tá, vou tomar banho então, te amo gata. - Ele beijou minha mão e correu
para fora do quarto, me deixando rindo.
– O que a comida não faz com dois mortos de fome. - A garota levantou-se e
imitando o irmão, me beijou antes de sair do quarto.
– Só a comida liberta. - Bernardo já estava de pé, com a bandeja agora vazia
nas mãos. - Já estou pronto, então vou esperar na sala. - Foi o que ele disse, ao parar
na minha frente.
– Ok, não vamos demorar prometo. - Ele assentiu. - Gostei da sua camiseta. -
Era uma camiseta dos dodgers, azul marinho, que combinava perfeitamente com ele.
– Ganhei de presente de aniversário, foi seu marido quem deu. - Ele sorriu ao
olhar para Edward. Os dois se davam muito bem e quando começavam a conversar
sobre jogos, eles não paravam mais. Eles constantemente saiam para assistir algum
jogo de beisebol ou basquete e sempre estendiam a saída para algum restaurante.
– Meu marido tem bom gosto. - Meu comentário, os fez sorrir.
– Olha, o número da camiseta é a minha idade. - Ele virou-se para me mostrar.
Além do número 13 estampado em branco, o nome Bernardo Swan também estava lá.
Com certeza só podia ser presente de Edward, já que ele aboliu completamente o
Blak de lá, me fazendo balançar a cabeça negativamente e prender o sorriso.
– De trás pra frente, dá a minha idade. - Comentei. Ele voltou-se para mim e
sorriu.
– Mensagem sublimar. - Depois de se inclinar para beijar meu rosto, ele
seguiu caminho, me deixando sozinha com Edward.
– Você adora abolir o Blak do nome do garoto. - Edward se fez de inocente.
– Ele prefere o Swan. - Sorri e voltei a balançar a cabeça negativamente.
– Toc, toc... - Como a porta estava aberta, Jully falou os toc, toc. Por algum
motivo, ela ria.
– Qual a piada? - Edward questionou com ela.
– Vocês ontem estavam com a corda toda, em? Presta atenção no que eu vou
ler, notícia fresquinha. - Ela tinha um papel nas mãos, o abriu voltou a rir e coçou a
garganta, atende de começar.
– Aí que calor.. - Ela começou assim.
“Bella Swan e sei marido Edward Cullen que costumam serem discretíssimos
quando o assunto é relacionamento, provaram na tarde chuvosa de ontem, que na
intimidade ps dois no mínimo pegam fogo. O casal foi flagrado na sacada do
apartamento em que moram, no maior amasso, parecendo não se importarem com os
amigos que com eles estavam.
Isabella vestia uma camiseta que cabia no mínimo duas dela dentro, o que nos
faz concluir que a mesma era do marido, que vestia apenas uma bermuda.
Fontes dizem que a festa na casa do casal começou cedo e que foi possível
ouvir o som alto até o início da noite. O casal que estourou uma garrafa de
champanhe e desperdiçou mais da metade nos amigos e em cima das próprias
cabeças, mostrava claros sinais de embriaguez.
Os filhos do casal foram vistos saindo de casa com os avós, logo apos as
15:00.
Pelo jeito Beward, aproveitaram a folga para matar a saudade e tirar o
atraso, já que Bella Swan estava a quase dois meses fora de casa.
Bella que hoje completa trinta e um, parece ter começado o seu trigésimo primeiro
aniversário da melhor forma possível...
Haja fôlego em, Edward?”
Jully gargalhou e me entregou a folha impressa, onde tinha uma foto enorme
das minhas pernas abraçando a cintura de Edward, enquanto eu o beijava.
– Como eles conseguiram essa foto? - Murmurei incrédula.
– Preparem os ouvidos, porque hoje vocês vão ouvir muitas gracinhas. - Jully
debochou ainda rindo.
– Agora sim, vou para o banho, beijos adolescentes com os hormônios a flor
da pele. - Depois de tirar sarro da nossa cara, ela foi, mas por algum motivo, voltou. –
E cuidado, o prédio a frente tem olhos e ouvidos. - Ela riu alto e se foi.
– Vou para o banho. - Murmurei balançando a cabeça negativamente,
incrédula com meus vizinhos fofoqueiros.
– Nós vamos... - Edward me corrigiu, antes de vir atrás de mim...
~~*~~
– Você não vai mesmo fazer isso. - Murmurei e vendo o sorriso safado dele,
resolvi fugir dali.
– Onde pensa que vai? - É, Jully me segurou.
– Logo ali. - Apontei e ela riu.
– Logo ali, você quer dizer? - Bernardo me fez virar para o palco.
– Anda logo, não seja covarde. - Robert me puxou pela mão e, sem escolha,
eu fui arrastada até a frente do palco por meus filhos.
– Tá bom o som, amor? - Ele questionou comigo e eu me aproximei mais. -
Adorei sua dancinha. - Ouvi as pessoas rindo.
– Edward, o que você está fazendo aí? - Questionei entre dentes e ele riu.
– Vou cantar, horas ou acha que é a única na família que pode fazer isso? -
Questionou no microfone, arrancando risadas.
– Tá bom o som? - Ele questionou com alguém que cuidava da mesa do som
e, pelo sorriso, acho que aquilo significava que sim.
– Pessoal, por favor, eu peço um pouquinho da atenção de vocês. - Ele pediu e
o lugar ficou totalmente em silêncio. - Obedientes. - Comentou sorrindo e arrancando
risadas.
– Acho que todos aqui sabem, que além de hoje ser o nosso casamento, é o
aniversário da Bella...
– DISCURSO!!! - Emmett gritou. Enquanto eu procurava um buraquinho no
chão, Edward ria abertamente do meu nervosismo por ser o centro das atenções.
– Se disser a minha idade, você vai dormir no sofá. - Eu não disse aquilo alto,
mas disse devagar e pela risada dele, ele entendeu muito bem.
– Ela está completando vinte e cinco anos hoje. - Sorri e levantei os polegares.
– Então, Isabella Swan... - Começou olhando para mim. - Você é uma mulher
mundialmente conhecida, os caras te chamam de gostosa na minha frente, na maior
cara dura. - Eu tive que rir por ele se fazer de incrédulo. - Eles te pedem em
casamento, te propõem fuga, te dão presentes e de novo, chamavam você de gostosa.
Então, aí vai um aviso para esses caras: É gostosa, mas é minha e sinto muito em lhes
informar, mas ela casou comigo de novo. Rá, posso ter trinta e três mais ainda dou
conta da patroa, não brinco em serviço. - Ele me fez rir alto e arrancou risadas de
muitas pessoas.
– Mas enfim, vamos deixar isso de lado, para os vizinhos com tempo, que
gostam de nos fotografar na atividade. - De novo, ele arrancou risadas. - Bom, não
são só os caras que são seus fãs, você tem fãs mulheres, crianças, idosos, negros,
brancos, albinos, de todas as raças e cores, você tem centenas de fãs clube espalhados
pelo mundo e, muitas dessas pessoas, mesmo sem conviverem com você, mesmo sem
verem você ao vivo e a cores, mesmo sem nunca terem falado com você, elas te
amam. Inclusive, talvez você não saiba, mas existe um pequeno fã clube seu aqui em
Malibu que também ama muito você. É um fã clube meio diferente, porque as
pessoas que participam dele, elas ficam imensamente mais felizes quando você acaba
um show, ou uma turnê e volta para casa. Quando você diz que vai tirar férias então,
nossa essas pessoas vão ao delírio, já quando você demora a voltar, essas pessoas
começam a surtar e entrar em desespero... Uns ficam de mal humor, outros doente,
outros brigam com o mundo e outros dizem que só vão voltar para a aula, quando a
mãe voltar de viagem. - Eu ri alto e Robert escondeu a cabeça atrás dos meus braços.
– Não se preocupe Robert, corto meu pescoço mas não digo que é você quem
faz isso. - De novo eu ri alto, acompanhada de Jully e Bernardo. - Tem uma menina
desse fã clube que a medida que o tempo passa e Bella não aparece, ela começa a
usar a palavra chato, no lugar da virgula... “Ai garoto chato vê se não enchê.” “Pai,
esses chatos roubaram o controle da TV”. “Como você é chato.” “Que chato isso.”
“Escola é muito chato.” “Dever de casa é chato.” “O mundo é chato.” - Enquanto eu
ria, Jully levantava os polegares para Edward. - Ah e claro, tem um cara, o mais
falante da família. Juro que quando Bella saí para tocar, a voz dele vai junto.
– Eu também te amo, cara. - Bernardo murmurou envergonhado me fazendo
rir ainda mais.
– É, eu suspeito disso. Eu também amo você, a propósito. - Ele deixou
Bernardo ainda mais constrangido.
– Aliás, hoje esse cara também está de aniversário. Por favor assistente de
palco, liga esse telão e põe uma foto dos dois ali, claro que depois nós vamos cantar
parabéns aos dois. - Segundos depois o telão estava ligado e aparecia uma foto minha
e de Bernardo jogados na neve, no último natal. - É eu sei, eles são parecidos. -
Edward provavelmente tinha pegou umas dicas com o palhaço Bozo.
– Depois a gente canta parabéns para ele, não podemos esquecer, ele ama isso.
Para falar a verdade, eu não sei qual dos dois ama mais esse negócio de atenção
pública, acho que da empate técnico. Quando Bella fica nervosa e toma três jarros de
café no dia, pode ver que ela tem uma entrevista na TV no dia seguinte. - De novo,
ele arrancou muitas risadas. - E quando Bernardo tem insônia à noite e vai para sala
no meio da madrugada olhar uma TV apagada, pode ver que no outro dia, ele precisa
apresentar um trabalho na aula. - Jully ria alto e Robert a acompanhava.
– Mas então, voltando ao assunto do fã clube... Dizem as más línguas que o
último membro desse fã clube é o que fica mais irritado e chato quando você não
volta. Parece que a resposta dele é sempre não, antes mesmo dele ouvir a pergunta e
parece também que os funcionários, os filhos, pais, irmãos e amigos, sofrem muito
nas mãos desse cara, nesse tempo que você tá por aí. Pessoalmente, eu não acho isso
não, acho ele um cara muito bonito, legal, inteligente, simpático, bonito, bem
humorado, bonito, um pai legal, prestativo, bonito. - Edward estava conseguindo
arrancar risadas de todos ali presentes.
– Pois bem, hoje você vai conhecer os membros desse seu fã clube. Vou
chamá-los ao palco, para me fazerem companhia. - Ele coçou a garganta e, de novo,
eu tive que rir. - São eles, Bernardo Swan, Jully Cullen, Robert Anthony Cullen e eu,
Edward Cullen. - Meus filhos me abandonaram e foram para cima do palco,
juntando-se a Edward, enquanto a mãe e esposa babona aqui, os aplaudia e assoviava.
– LINDOS!!! - Gritei antes de voltar a assoviar.
– Nós sabemos amor, temos internet e espelhos em casa. - De novo, aquele
abusado fez todos rirem.
– Então, somos nós quatro... Eu sei que não é muita coisa, mas dizem que
cada um tem aquilo que merece, então por favor, não reclame. Nós temos até um
mascote, assistente de palco, passa a foto por favor. - Ei ri alto, ao ver uma foto dos
quatro sentados com a maior cara de tédio no sofá da nossa casa e Oprah com as
patas em cima dos olhos, também parecendo entendiada. - Tá rindo é? É assim que
ficamos... depressivos e uma hora com Rosalie hoje em dia, custa caro,
principalmente quando ela precisa falar com Oprah. - De novo, eu tive que rir alto.
– Mas então, como um bom fã clube, nós quatro nos reunimos todas as noites
na nossa cama, que quando você não está, vira praticamente uma repartição pública, e
conversamos sobre você... Nesses dias, entre um lamento e um pote de sorvete,
Robert levantou uma questão interessante, ele me questionou: “Pai, como essa gente
toda pode amar a minha mãe, se a maioria deles nunca nem falou com ela?” Eu
pensei sobre aquilo por um tempo e cheguei a conclusão que não existe uma resposta
exata para essa pergunta. Sabe porquê? Porque não existe uma resposta exata para o
amor, acho que essa é uma resposta particular demais, cada pessoa com certeza tem
uma resposta diferente para essa pergunta.
Eu, por exemplo, um dos motivos por eu amar você, é por você me fazer
sorrir... Não teve um dia em todos esses anos, que você não me fez sorrir... Parece
bobinho e coisa de adolescente, mas sempre que você olha nos meus olhos e diz que
me ama, eu ganho meu dia, eu sorrio feito um idiota apaixonado, eu até suspiro. -
Não estava faltando muito para eu começar a derreter.
– E eu amo você, porque os seus braços são o melhor lugar do mundo e
quando eu estou neles, eu sei que ninguém vai conseguir me machucar. - Edward
passou o microfone para Robert, que arrancou um corou geral de Ownnww!!!
– E eu amo você porque, cara... - Jully pôs a mão nos cabelos e me fez rir alto.
- São tantos os motivos que eu não consigo decidir o principal, acho que tem alguns
que empatam, mas... um deles é por você ter sido minha mãe, desde aquele dia que
nos conhecemos lá na piscina... Você mudou a minha vida, eu tenho certeza que ela
não seria assim perfeita do jeito que é hoje, se não fosse por você e você sabe disso.
Nós podemos até não ter o mesmo sangue, mas o amor que existe entre você e eu, ele
com certeza é de mãe e filha, e com certeza muito mais forte do que muitos que
existem por aí, onde os sangues são os mesmos. - É, acho que até que eu tinha
aguentado demais sem chorar, Jully fez as primeiras lágrimas caírem e de novo o
microfone trocou de mãos, indo para as de Bernardo.
– E eu amo você por você não ter desistido de mim, desde o começo, quando
eu ainda só existia na sua barriga e depois, quando descobrimos tudo, você ter
insistido em nós, mesmo quando eu pedia o contrário... Você me trouxe para cá, me
deixou fazer parte dessa família e hoje eu não consigo imaginar a minha vida de outra
forma, eu não consigo imaginar as coisas sem você, mãe... - Era injusto eles me
fazerem chorar daquele jeito no dia do meu casamento e aniversário.
Tentei secar as lágrimas e sorrir para Bernardo, que tinha devolvido o
microfone a Edward.
– Pois é, a idade deixa as pessoas emotivas. - Ele comentou com um sorriso
torto, sem tirar os olhos de mim. Respirei fundo e sequei as últimas lágrimas, o
fazendo sorrir mais.
– Então, agora que nós mais ou menos explicamos alguns dos motivos por
sermos seus fãs e amarmos você, vamos dar continuidade... Sempre que o ídolo faz
aniversário, os fãs ficam alvoraçados, preparam homenagens, descobrem o endereço
da nossa casa, mandam coisas para lá, escrevem cartas, se declaram na internet e tudo
mais de inimaginável, eles fazem. Então, Jully decidiu que era vergonhoso para nós,
ficarmos atrás, afinal, se essas pessoas que moram em todos os cantos do mundo,
fazem essas coisas... nós que dividimos a mesma casa com você, não podíamos ficar
atrás.
Ela pôs todo mundo para pensar e ordenou que alguma coisa tinha que sair,
como demoramos mais de cinco minutos para pensar, ela decidiu tudo sozinha, só
avisou que precisaria de nós. - Eu ri alto. Edward, Bernardo e Robert, não
acompanhavam as ideias rápidas de Jully, eles se perdiam sem a garota ao menos
chegar na metade.
– Você, Isabella Swan, saí de casa para cantar, sua voz e esse jeito rock and
roll que só você tem, arrastam multidões. As pessoas enfrentam horas de fila, às vezes
passam frio, calor, sede, fome, se molham, ficam apertados para ir no banheiro, têm
os pés esmagados e tudo mais, única e exclusivamente para ver e ouvir você. Elas
fazem tudo isso sem perder o bom humor, na verdade eu acho que elas nem se
importam com essas adversidades. A sua música, ela deixa as pessoas felizes, nos
deixa felizes e essas coisas fazem com que você seja feliz.
Então hoje, nós vamos cantar para você e eu espero que consigamos transmitir
metade da felicidade que você nos transmite, quando é você quem está aqui em cima
cantando... E nós queremos que você saiba que, mesmo morrendo de saudade, nós
ficamos felizes ao ver você cantando, porque quando você está aqui em cima, você é
feliz e a sua felicidade, ela é a nossa felicidade... - Ele me fez suspirar.
– Ah, deixa eu deixar um aviso... Como você sabe, nós não somos
profissionais, então se desafinarmos, você finge que não ouviu e aplaude do mesmo
jeito. - Sorri largo e levantei os polegares concordando.
– Bom, o cara do contrabaixo... foi suado conseguir ele, viu? Até agora eu tô
para descobrir o que Jully falou para convencê-lo.
– Eu sei onde você mora, então mando a conta depois. Ah, e eu dei aulas para
ele e foram muitas e por muitas horas, então mereço um aumento também. Robert
também, afinal os ouvidos dele suportaram tudo isso, calados. - Ela fez com que
todos rissem, nem Edward conseguiu permanecer sério.
– Vocês não têm noção do quanto eu sofro, quando Bella e Jully resolvem tirar
o dia para implicarem com as pessoas do sexo masculino, lá em casa. - Assim como
eu, Jully riu alto.
– Tá vendo, tão arrastando asa para cima do seu filho. - Edward tirou sarro da
minha cara.
– Bella está dizendo que é ciumenta e isso é verdade, quase acabei dormindo
no sofá, antes de ontem a noite. - Contou fazendo todos rirem.
– Meus bolsos ficam felizes em ouvir isso, vou até pensar sobre o reajuste...
Continuando... Nós não tínhamos ninguém para bateria, então Jully teve a
ideia de convidar um baterista famoso, para juntar-se a nós nessa noite e ele aceitou
nossa proposta... Espero eu que, sem cobrar nada.
Tio Alec, onde quer que você esteja, apareça... - Ao olhar para trás vi Alec em
uma das mesas do fundo, ele rapidamente levantou-se e veio a passos largos.
– Tá linda, noiva. - Tocou meus ombros e subiu, indo para o seu posto na
bateria.
Como todo baterista, a primeira coisa que ele fez, foi batucar e ajeitar melhor
as coisas. Jully e Bernardo foram até ele, murmuraram alguma coisa e Jully começou
o conhecido solo dos guns. Meu queixo quase caiu, ao ver meu filho a acompanhando
perfeitamente no baixo.
A garota voltou-se para Bernardo e comentava algo com ele, enquanto ele
tinha os olhos nas notas que ela fazia, algo que ela disse o fez rir. Eles murmuraram
mais algumas coisas, ela veio até o microfone e parou de tocar, fazendo os outros
dois a imitarem.
– Preciso de mais retorno, não consigo me ouvir. - Ao falar aquilo, ela me fez
rir, era eu a dona daquela frase. De novo ela começou algumas notas, que
aparentemente não levavam a música nenhuma, depois disso ela levantou o polegar e
Bernardo começou a tocar “Pretty Woman”, virando-se para Alec.
– Limpa a baba, mãe. - Jully implicou, me fazendo lhe mostrar a língua, ela me
mandou um beijo e de novo se juntou, aos três.
Edward e Robert fizeram o mesmo e eu ri, pensando no que eles iriam
aprontar.
– Além de cantar, nós dois também vamos dançar... É aí que entra um outro
elemento... Como estávamos precisando de mais um dançarino, contratamos Charlie.
- Com aquela, eu gargalhei.
– Você dormiu tanto na sexta-feira, que eu cheguei em casa as 22:00,
roubei Jully e Bernardo, e você e Robert que já dormiam no sofá, nem sequer abriram
os olhos, podíamos ter roubado a casa que vocês continuariam hibernados. Ah, e
culpe seu pai por eu ter chegado em casa as 3:30 da manhã, estávamos ensinando a
dancinha a ele. Seus filhos são meus cúmplices, então sim, os dois ouviram toda a sua
cena de sexta de madrugada. - Eu os encarei incrédula, abismada e sem palavras, os
fazendo rir.
My Girl
Eu sabia que no telão passavam fotos nossas, acho que de todas as fases da
minha vida, mas não conseguia desviar os olhos deles por um segundo sequer, para
poder prestar atenção nas fotos, então torci para que Emmett estivesse filmando tudo,
para eu assistir e reassistir depois.
O meu sorriso orgulhoso ocupava meu rosto todo, não sabia se aplaudia,
assoviava ou gritava, então meio que fazia tudo junto. Com certeza, eu era a pessoa
mais empolgada e bêbada do lugar e eles estavam rindo descaradamente daquilo.
– Que tal você vir aqui, nos dar um abraço? - Edward não precisou sugerir
duas vezes, eu praticamente corri e, como as escadas estavam longe, eu meio que
pulei para cima do palco, arrancando muitas risadas. O primeiro que eu esmaguei foi
Robert que ria da minha loucura.
– Fez tudo pelas minhas costas, né? Você me paga Cullen... - O ameacei o
fazendo rir e me roubar um beijo e aquilo fez os Cullens gritarem gracinhas.
–Ok, agora chega de lero, vamos curtir a festa, aproveitem que é tudo por
conta de Edward. - Juntei os lábios aos dele e lhe devolvi o microfone.
– Okay, vamos começar a festa então, mas para isso acontecer, os noivos
tem que dançar a tal valsa. - O olhei com cara de, nem pensar, o que o fez rir.
– Como você não gosta de valsa e nem eu, eu tive uma ideia melhor. Vai,
desce ali e me espera. - O olhei com cara de interrogação e ele assentiu para que eu
fizesse aquilo, então eu dei de ombros e desci, o esperando.
– Nós temos um convidado para lá de especial essa noite e ele vai fazer
companhia para Jully na guitarra. - Explicou sem tirar os olhos de mim. - Essa
música, é a música que não pode mesmo, faltar na noite do seu aniversário e hoje não
é o CD que vai tocar, hoje o cara veio aqui pessoalmente, cantar ela para nós. - Eu
estava tentando entender se era aquilo mesmo ou se eu estava viajando.
– Eric Clapton, é com você cara. - Foi quando Edward acabou com
qualquer duvida existente e eu vi Eric Clapton ao vivo e a cores, subir naquele palco.
Depois de cumprimentar Edward, Jully, Bernardo, Robert e Alec, ele foi até o
microfone e me encarou.
– Estou bem e você? - Ele riu, provavelmente da minha cara de quem não
estava acreditando.
– Estou bem também obrigado, nunca mais apareceu por Londres. - Fazia
mais de um ano que eu não o via pessoalmente. Nós já tínhamos nos esbarrado em
alguns festivais, mas a primeira vez que paramos para conversar foi quando eu estava
em um restaurante de Londres almoçando e ele chegou, me cumprimentou e sentou-
se lá. Começamos a conversar e ele acabou almoçando com Emmett e comigo.
– Talvez depois possamos tocar uma juntos, o que acha? - Nós marcamos
naquele almoço de tocarmos juntos, mas aquilo acabou não acontecendo e, tipo, eu
queria muito tocar com Eric Clapton, aquilo era o sonho de qualquer pessoa.
– Acho que com certeza vamos tocar. - Respondi empolgada e ele riu.
– Leva sim, ela toca desde os seis. - Aproveitei para babar a cria.
Wonderful Tonight
– Você não existe. Caras como você, não existem, eles vivem presos
dentro de contos de fadas. - Ele voltou a sorrir torto.
Quando eu bati os olhos em você, algo me disse que era você... era você a
princesa perfeita para mim... E com você eu aprendi, que contos de fadas, eles não
são feitos só de amor, cem por cento do tempo... Aprendi que as vezes existem erros,
brigas, impaciências e desacordos, e são essas imperfeições que tornam esse conto de
fadas perfeito, sabe? São essas coisas que nos tornam diferentes dos casais daqueles
contos de fadas dos livros...
– Eu amo você e eu agradeço a Deus todos os dias, por você existir e fazer
parte da minha vida. - Ao murmurar aquilo, mais lágrimas me escapuliram e, de
novo, ele tentou limpá-las, mas eu não deixei, só fechei os olhos e me joguei para
cima dele o beijando enlouquecidamente, tentando demonstrar naquele beijo, um
pouco do amor que eu sentia por ele, porque era algo tão sem tamanho, tão grande,
tão sem proporção, que eu não conseguia encontrar uma palavra para definir aquele
sentimento. As palavras elas não conseguiam demonstrar o tamanho daquilo.
A salva de palmas que ecoou pelo lugar, me fez lembrar que não estávamos
sozinhos e que estávamos sendo assistidos por mais de cem pessoas, aquilo fez
Edward rir e eu rir junto.
– Dança comigo? - Sorri por ouvir aquela frase que tinha se tornado parte
dos meus aniversários.
FIM