A Família Verbo

A Família Verbo
A família Verbo
Como tudo começou…
A senhora dona maria Ação estava casada há muitos
anos com o senhor Manuel Verbo. No Inverno, à lareira, viam
televisão e conversavam sobre os filhos e netos. Eram um casal inseparável. Tinham três
casas: uma na praia, situada na rua Primeira Conjugação, lote –ar; outra no Alentejo, no
monte Segunda Conjugação, sítio do –er/or; e outra, onde passavam mais tempo, na vila
Terceira Conjugação, vivenda –ir.
Na casa da praia, o casal costumava conversar, jogar às cartas e cantar com os netos.
No monte, preferiam ler histórias, fazer bolos, beber chá e conviver. Quando estavam na vila,
tinham de ir às compras, fugir ao trânsito e ouvir os vizinhos a discutir. Quando isto acontecia,
fugiam de novo para o monte Segunda Conjugação, para pôr o sono em dia, repor as
energias, dispor o corpo para outra semana de trabalho.
O casal Verbo tinha vários filhos. O mais velho era o Modo Indicativo, que tinha
sempre a certeza de todas as coisas.
Dos outros havemos de falar.
O Indicativo dera ao casal Verbo cinco netos. Nos seus registos de batismo,
constavam os nomes: Ana Presente do Indicativo, João Pretérito Perfeito do Indicativo,
Alberto Pretérito Imperfeito do Indicativo, José Pretérito-Mais-Que-Perfeito do Indicativo
e Jorge Futuro do Indicativo.
Ana Presente do Indicativo está agora na Universidade. O João Pretérito Perfeito
andou na mesma escola que a irmã. O Alberto Pretérito Imperfeito não se adaptava a
nenhuma escola. O mesmo não acontecera com José Pretérito-Mais-Que-Perfeito. O Jorge
Futuro do Indicativo irá para o infantário da vila. Fica mais perto da Avó.
Mário Santos, Inédito

A família Verbo
Episódio II
Era Páscoa. E, nesse mesmo dia, toda a família estava reunida.
O Modo Indicativo – o filho mais velho da casa Verbo – recebeu com
alegria o Modo Infinitivo e os seus dois rebentos: o Pessoal e o
Impessoal.
Atrasados, como de costume, chegaram os irmãos Modo Condicional, que nada faria
levantar cedo da cama, e o Modo Imperativo, que tinha a mania de mandar em toda a gente.
Logo que entrou em casa, o Imperativo desatou a dar ordens:
-Estai quietos meninos! Sentai-vos já à mesa!
Se o tempo melhorasse, talvez viesse o último dos irmãos, o Modo Conjuntivo, que
morava muito longe.
E não é que ele veio mesmo…
O almoço pascal correu, então, muito bem, porque a família Verbo, apesar de
numerosa, era muito unida.
Mário Santos, Inédito

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Como tudo começou…

A senhora dona maria Ação estava casada há muitos

anos com o senhor Manuel Verbo. No Inverno, à lareira, viam

Terceira Conjugação, vivenda –ir.

energias, dispor o corpo para outra semana de trabalho.

sempre a certeza de todas as coisas.

Dos outros havemos de falar.

constavam os nomes: Ana Presente do Indicativo, João Pretérito Perfeito do Indicativo,

Alberto Pretérito Imperfeito do Indicativo, José Pretérito-Mais-Que-Perfeito do Indicativo

e Jorge Futuro do Indicativo.

Ana Presente do Indicativo está agora na Universidade. O João Pretérito Perfeito

nenhuma escola. O mesmo não acontecera com José Pretérito-Mais-Que-Perfeito. O Jorge

Mário Santos, Inédito

Era Páscoa. E, nesse mesmo dia, toda a família estava reunida.

O Modo Indicativo – o filho mais velho da casa Verbo – recebeu com

alegria o Modo Infinitivo e os seus dois rebentos: o Pessoal e o

Logo que entrou em casa, o Imperativo desatou a dar ordens:

-Estai quietos meninos! Sentai-vos já à mesa!

morava muito longe.

E não é que ele veio mesmo…

numerosa, era muito unida.

Mário Santos, Inédito

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